Viver Bahia - Maio/Junho 2010

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A maior festa regional do Brasil traz turistas, movimenta a economia e gera emprego e renda para milhares de baianos

S達o Jo達o da Bahia

Foto: Jota Freitas

Gratuita

Distribui巽達o

Revista Oficial de Turismo da Bahia Maio/Junho 2010 - ano 3 /no 12 - Bahia Brasil e xempl ares

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2 | Viver Bahia

www.bahia.com.br

Viver Bahia | 3


Foto: Rita Barreto

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Altar de Santo Antônio em Santo Amaro, Recôncavo Baiano

o candomblé, ele é sincretizado como Ogum, o orixá guerreiro, o destemido senhor dos metais. Sua dança ritual é caracterizada pela expertise com que utiliza a espada. Na Igreja Católica, é considerado padroeiro dos pobres e santo casamenteiro, venerado pelos milagres. Por todo esse ecletismo é que Santo Antônio é um santo de grande popularidade na Bahia. Monumentos seculares, sólidos e imponentes, como as igrejas de Santo Antônio da Barra e de Santo Antônio da Mouraria e o Forte e a Igreja de Santo Antônio Além do Carmo, demonstram quão fiel e antiga é a fé que os baianos lhe dedicam. Segundo a Arquidiocese de Salvador, somente na capital baiana, oito igrejas e 12 capelas são dedicadas a ele. Empresta seu nome também ao hospital das Obras Sociais de Irmã Dulce, localizado na Cidade Baixa, e ainda é oficialmente reconhecido como padroeiro do município de Santo Antônio de Jesus, no Recôncavo Baiano, sem contar com outras inúmeras referências pelo interior afora. Em 1855, o monge franciscano foi reconhecido pela Câmara de Vereadores de Salvador como padroeiro da cidade, mas não chegou a ser confirmado. Santo Antônio nasceu em Lisboa, em agosto de 1195. Batizado com o nome de Fernando de Bulhões, ainda jovem, entrou para um

convento agostiniano e, em 1220, mudou o nome para Antônio, ingressando então na Ordem Franciscana. Na Bahia, tornou-se conhecido também como Santo Antônio Militar. Reza a lenda que, em 1595, ele teria impedido a invasão de piratas franceses, que acabaram naufragando nas imediações de Morro de São Paulo. Pelo feito, em 1816, D. João VI lhe conferiu a patente de tenentecoronel do Exército, com direito a soldo. O pagamento só veio a ser suspenso em 1907. Em junho, Santo Antônio dá início aos festejos juninos, que se estendem por todo o mês. Ao lado de São João e São Pedro, ele reina em vários lares da Bahia. Durante os primeiros treze dias do mês, as famílias se reúnem para rezar a tradicional Trezena de Santo Antônio. O costume passa de geração a geração e, como baiano que se preza não dispensa festa, no dia 13, data em que se comemora o dia do Santo, após a reza, já se pode ouvir os primeiros acordes de forró, regados a comidas e bebidas típicas relacionadas aos festejos juninos. Santo Antônio é famoso também por saciar a fome dos necessitados e promover fartura. A tradição é tão forte que é raro encontrar um baiano que nunca tenha pagado uma promessa ao Santo, distribuindo pão aos pobres. Para ter um ano de fartura, as pessoas costumam colocar o famoso pão de Santo Antônio dentro das farinheiras.

Hino a Santo Antônio Salve grande Antônio, Santo universal, Que amparais os aflitos, Contra todo o mal. Bem merecestes, Ter com amor Em vossos braços O Salvador. Desprezando as honras, Pela sã pobreza, A Jesus vos destes, Com ardor e firmeza. Em santas missões, Povos converteu, Vossa língua santa, Que não pereceu. No berço sois glória, Para os lusitanos, E depois grandeza, Aos italianos. Irmão protetor, Sois dos brasileiros Que milagres cantam, Por séculos inteiros. Neste centenário, De grande esplendor Do céu nos mandais, Luz, graça e amor. Bem merecestes, Ter com amor, Em vossos braços, O Salvador.

Oh! Glorioso Santo Antônio Viver Bahia | 5


Índice Carta da Redação

J

unho é mês de festa na Bahia. É tempo de homenagear os três santos mais populares: Santo Antônio, São João e São Pedro. Mas, ao contrário do que muitos pensam, as festas populares da Bahia são também oportunidades de trabalho e de geração de emprego e renda para o baiano. O São João da Bahia, a maior festa regional do Brasil, acontece nos 417 municípios do Estado e movimenta um volume de recursos superior ao que circula durante os dias de Carnaval.

Nesse período, os baianos viajam mais pelo Estado e o comércio de roupas, calçados, alimentos e bebidas aumenta significativamente. São mais de 1.700 viagens de ônibus intermunicipais por dia e mais de 300 mil carros cruzando o Estado. Nos palcos, mais de 1.600 shows de bandas de médio e grande porte, sem contar com os tradicionais trios de forro pé de serra. Por isso, nesta edição, demos destaque especial a essa festa que é de todos os baianos, mas também daqueles que a elegerem como sua. A redação

Expediente Viver Bahia - Revista Oficial do Turismo da Bahia Ano 3 número 12 – Maio/Junho 2010 Uma publicação da Secretaria de Turismo do Estado da Bahia Av. Tancredo Neves, Desenbahia Bloco B, Caminho das Árvores. CEP 41.820-904 - Salvador, Bahia, Brasil. Assessoria de Comunicação: 55 71 3116-4103 Portal de Internet: www.bahia.com.br Site Institucional: www.setur.ba.gov.br E-mail: ouvidoria@setur.ba.gov.br Governo do Estado da Bahia Governador: Jaques Wagner Secretário de Turismo: Antonio Carlos Tramm Chefe de Gabinete: Francisco Sampaio Presidente da Bahiatursa: Emília Silva Superintendente de Investimentos em Polos Turísticos: Clarissa Amaral Redação Editora Responsável: Clarissa Amaral – DRT/ BA 956 - clarissa@setur.ba.gov.br Redação: Clarissa Amaral, Gabriel Carvalho, Eduardo Pelosi, Simone Cabral, Acácia Martins, Daniel Meira, Silmara Menezes, Fernanda Freitas, Tânia Feitosa e Bruna Santana. Estagiários(as): Clarissa Pacheco, Patrick Silva, Caroline Martins, Ricardo Costa, Pedro Garcia, Karina Brasil, Mariana Lélis e Natália Gusmão Produção: Rhene Jorge e Viviane Santos

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Fotografias: Rita Barreto e Arquivo SeturBahiatursa

Carta do leitor Escreva, mande e-mail com sugestões de pautas, dicas, dúvidas, críticas e sugestões.

Capa (foto): Jota Freitas

ouvidoria@setur.ba.gov.br

Erramos A foto publicada nas páginas 60 e 61 da última edição da Viver Bahia não é do Grupo Olodum, como consta na legenda, e sim de um outro grupo baiano de percussão. Gostei muito da matéria intitulada Amadas mulheres de Jorge. É quase um romance sobre as personagens mulheres do nosso eterno e amado Jorge. Maria Luísa Assunção Ilhéus-BA 6 | Viver Bahia

Revisão: Tânia Feitosa Diagramação e Editoração: Yoemi e Ko

A pesquisa do Ministério do Turismo/Vox Populi não deixa dúvidas. A Bahia é mesmo preferência nacional e internacional. Boa matéria! Saulo Ramos Santos Piracicaba-SP Veio em boa hora o projeto de requalificação da Feira de São Joaquim, assunto da última edição da Viver Bahia. Ponto para a Secretaria de Turismo que soube valorizar a maior feira

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São João da Bahia, a maior festa regional do Brasil

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Rota da Independência

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Baianês: língua nativa, idioma oficial

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Entrevista: Cid Teixeira fala sobre a Bahia

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Sítios arqueológicos: viagem aos primórdios

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Trancoso: entre o luxo e a simplicidade

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O discreto charme dos hotéis-butique

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Produção Associada: Rota do Couro

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Zoológico é atração turística

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Aventura em Paulo Afonso

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Festa do Divino matém tradição

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Igreja é restaurada

livre do Brasil. Pôncio dos Santos Salvador-BA

Tratamento de Imagens: Marcelo Campos Fotolito e Impressão: Qualigraf Serviços Gráficos.

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Novos roteiros em Salão Nacional

Excelentes as fotos publicadas na última Viver Bahia, em especial as que ilustram a matéria sobre a Península Itapagipana. Parabéns! Mauro Bom Jardim Salvador-BA

Viver Bahia é um título de propriedade da Empresa de Turismo da Bahia S. A. – Bahiatursa, Governo do Estado da Bahia.

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Novos voos para a Argentina

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Cozinha Baiana

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Agende-se – Programação cultural Viver Bahia | 7


São João da Bahia

A maior festa regional do Brasil acontece nos 417 municípios baianos e impulsiona a economia local

Fotos: Rita Barreto

Canjica com dendê n Gabriel Carvalho

S

ão exatamente 30 dias de alegria em mais de 400 municípios. Assim é o mês de junho na Bahia, tempo em que o comércio amplia as vendas e mais de um milhão de pessoas viajam estrada afora em busca do aconchego e da agitação que só os baianos são capazes de proporcionar. É neste período que mais de 400 mil pessoas saem de Salvador com destino às mais variadas cidades do interior. O sexto mês do ano é também uma época em que as temperaturas baixam em todo o Estado, proporcionando um friozinho agradável, quando as pessoas são facilmente aquecidas pelo calor da fogueira e também pelos tragos de licor e de quentão, bebidas autenticamente nordestinas.

Dominguinhos, presença no Sâo Joâo da Bahia 8 | Viver Bahia

Alceu Valença participou das edições anteriores

Este ano, a festa na capital e no interior será ainda mais animada. Com os jogos do Brasil na Copa do Mundo da África, programados para o mês de junho, baianos e turistas devem comemorar os gols e as vitórias da Seleção Canarinho ao som de muito forró. A decoração, que normalmente abusa das cores, deve ser dominada pelo verde e amarelo na maioria das cidades. Em Salvador, a folia junina começa no dia 11 de junho e, este ano, o principal palco dos festejos será montado na Praça Castro Alves, lugar que já tem tradição de receber grandes multidões. Até o dia 26, grandes forrozeiros passarão por lá, durante oito noites. São eles: Dominguinhos, Geraldo Azevedo, Alceu Valença e o Trio Nordestino. Os artistas da terra também estão escalados no time da alegria. Adelmário Coelho, Carlos Pitta, Zelito Miranda, Lui Muritiba, Val Macambira, Del Feliz e a Banda Estakazero estão garantidos nos agitos da capital.

O Pelourinho também não vai ficar de fora. Trios de forró pé de serra e outras atrações se apresentarão no local, que é um dos principais cartões-postais do mundo. As quadrilhas, por sua vez, vão exibir seus figurinos coloridos e as suas belíssimas coreografias na Praça Municipal, pertinho do Elevador Lacerda, outro ponto turístico importante de Salvador. Para garantir a consolidação dos festejos como produto turístico, a Secretaria de Turismo e a Bahiatursa lançaram o São João da Bahia para agentes e operadores de viagens em Minas Gerais e São Paulo. Os dois estados são responsáveis por um fluxo de 2,5 milhões de visitantes no Estado, segundo dados da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).

Gilberto Gil abre a programação do São João na praça Castro

O forró de Adelmário Coelho atraiu uma multidão ao Centro Histórico de Salvador

Uma das principais parceiras do São João da Bahia é a operadora CVC, que em 2008 comercializou 19 mil pacotes de viagem para o Estado, no período junino. Prévias – O som da sanfona, da zabumba e do triângulo começou a ser ecoado na Bahia ainda no mês de março, com o início da temporada de ensaios dos forrozeiros da terra. Artistas como Adelmário Coelho, Zelito Miranda,

Alves, em Salvador

Del Feliz, Carlos Pitta e as bandas Estakazero e Jerimum Assado promoveram muito arrasta pé até o mês de maio e estão com agenda praticamente lotada para o São João da Bahia e também de outros estados. Um dos que já “exportam” o forró da Bahia é Adelmário Coelho, que deve tocar em Sergipe e na cidade de Caruaru, em Pernambuco. Carlos Pitta também já levou o mais nordestino dos ritmos para longe do Estado. Durante seis anos, ele participou do Montreux Jazz Festival, na Suíça. Gereba, com seu jeito matuto e seus belos arranjos musicais, destacouse em São Paulo por muitos anos e há três está de volta, sendo sempre figurinha carimbada do São João da Bahia. Durante os ensaios de São João, a Banda Estakazero convidou diversos artistas da música nordestina para apresentações em Salvador. Destaque para Elba Ramalho e Geraldo Azevedo que, juntos com o grupo baiano,

Lívia Matos: voz feminina no forró

ajudaram a lotar a casa de shows Bahia Café Hall, nas noites de sexta-feira de abril e maio. O Jerimum Assado levou o melhor do pé de serra e da música de Luiz Gonzaga, sempre presente em seu repertório, aos ensaios da banda, na Orla Marítima de Salvador. A sanfoneira baiana Lívia Matos também se preparou para encantar multidões neste São João. A artista, que já fez participação em shows de Dominguinhos, disse que sente um grande apoio do público. Viver Bahia | 9


Foto: Rita Barreto

Foto: Eduardo Pelosi

Capital terá ônibus do forró

Fotos: Jota Freitas

São João da Bahia

O

s agitos de Salvador não se resumem apenas à folia no Centro Antigo da cidade. Atrações itinerantes também fazem parte do vasto leque de opções que a cidade possui no período das festas juninas. Uma delas é o Forró do Trem, sob o comando do músico Carlos Pitta. Os vagões, animados ao som da zabumba, da sanfona, do triângulo e do forrozeiro que é a cara da Bahia, percorrem um trajeto de 4 km do bairro da Calçada até o de Paripe, no Subúrbio Ferroviário de Salvador. O trem também para estrategicamente nas estações de Periperi, Plataforma e Itacaranha. Para garantir o passaporte da alegria sobre trilhos, o interessado deve adquirir uma camiseta, que custa R$ 25. Mais informações no telefone 8767-0941. Salvador Bus - O ônibus turístico que normalmente percorre os mais importantes cartões-postais da capital baiana é o principal meio de transporte dos hóspedes dos grandes hotéis da cidade, durante o São João. No período das festas, o veículo passará por todos os grandes hotéis, recolhendo os foliões e deixando-os no centro de Salvador para curtir o arrasta pé. Durante o trajeto, eles seguirão animados por trios de forró e poderão ainda saborear comidas e bebidas típicas. 10 | Viver Bahia

Turistas curtem forró no Salvador Bus

Santo Antonio é celebrado na capital e no interior com trezenas, comes e bebes

Santo Antônio também é querido entre os baianos

Trio de forró recepciona turistas nos hotéis e os leva até o centro de Salvador

Programação diversificada contempla todas as idades

As quadrilhas destacam a cultura junina da Bahia

Os festejos começam no primeiro dia de junho com a abertura da trezena de Santo Antônio. O varão português, que nas imagens sacras carrega o Menino Jesus, é um dos santos mais queridos dos nordestinos e, em especial, dos baianos. Como sua fama zoa, o casamenteiro faz com que o número de seus devotos cresça a cada ano. Ele também é tido como milagreiro pelos fiéis, por ajudar a achar objetos perdidos. Na Bahia, tanto na capital como no interior, Santo Antônio tem suas orações cantadas nas igrejas que levam o seu nome e também nas residências de diversas famílias. É o caso do policial civil Antônio Carlos Falcão. “Minha mãe sempre rezou para Santo Antônio e, antes de morrer, ela nos deixou esse compromisso”, explica. Quem também herdou da mãe a tarefa de homenagear o Santo foi a aposentada Maria

Delzuita Brito, que todos os anos cumpre o ritual das trezenas em sua casa, no bairro do Largo do Tanque, em Salvador. Nas igrejas que levam o nome do Santo, a intimidade e a devoção reúnem devotos durante treze dias. No Santuário de Santo Antônio da Barra e na Igreja de Santo Antônio Além do Carmo, devotos e párocos têm como costume e tradição secular louvar e exaltar o “glorioso” com muita devoção e fé. Durante comemorações do santo casamenteiro, os fiéis recebem um pãozinho bento. Nas noites de homenagem a Antônio, a fartura é grande nas casas, com a oferta de lanches, mingaus e comidas típicas de junho. Em alguns lares, o dia 13 de junho é celebrado com muito forró depois da reza. A programação da festa nas igrejas de Santo Antônio está disponível no site www. saojoaobahia.com.br . Viver Bahia | 11


Fotos: Eduardo Pelosi

São João da Bahia

É com o reforço das mais de 400 mil pessoas que deixam Salvador entre os dias 20 e 25 de junho que as cidades do interior dão um verdadeiro show no que se refere à organização dos festejos juninos. São mais de 400 cidades em festa e, entre elas, destaque para lugares como Amargosa, Senhor do Bonfim e Cruz das Almas, que devem movimentar mais de R$ 40 milhões com o São João. Além do Recôncavo e do Sertão, outras regiões baianas como a Chapada Diamantina e os litorais Norte e Sul também se destacam quando o assunto é São João. Nos festejos de grande porte, forrozeiros tradicionais, bandas e artistas de destaque nacional fazem a alegria dos foliões. A festa é democrática e, em alguns lugares, abre espaço para os cantores sertanejos como Daniel e as duplas Zezé di Camargo e Luciano, e César Menotti e Fabiano. Entre os nordestinos, destaque para Flávio José, Alcimar Monteiro, Jorge de Altinho e bandas como Mastruz com Leite, Aviões do Forró, Forró do Muído e Calcinha Preta. Em Santo Antônio de Jesus e Cachoeira, no Recôncavo, o arrasta pé rola até o dia clarear. A capital baiana do comércio terá entre suas atrações a dupla Zezé di Camargo e Luciano e a banda cearense Aviões do Forró. 12 | Viver Bahia

Fotos: Jota Freitas

Cidades do interior fervem no mês de junho

Grade diversificada em Amargosa

Amargosa reúne nativos e turistas Grandes nomes do forró se apresentam em Cruz das Almas

Quadrilhas mantêm tradição nordestina

Luz e adrenalina em Cruz das Almas

Senhor do Bonfim tem tradição centenária

A pequena distância em relação a Salvador (cerca 150 km) é um dos grandes atrativos da cidade localizada no Recôncavo. Mas quem conhece os festejos de lá sabe que o São João de Cruz é muito mais. Mesmo com diversas atrações em sua praça principal, os festejos do município se destacam mesmo pela tradicional Guerra de Espadas. O espetáculo de luz e muita adrenalina encanta os moradores locais e principalmente os turistas que logo aprendem a manusear os fogos de artifício e partem para as arriscadas aventuras. Os nativos da terra garantem que, com algumas precauções, a brincadeira não oferece riscos. Este ano, a animação na praça fica por conta das bandas Saia Rodada, Flor Serena e artistas como Elba Ramalho, Flávio José, Alcimar Monteiro. Os baianos Virgílio e Zelito Miranda também estão confirmados. Todas as apresentações são abertas ao público. A festa privada que ocorre na cidade é o Forró do Bosque, onde a Banda Chiclete com Banana faz show com repertório junino. Mais Guerra de Espadas em Cruz das Almas informações no site www.forrodobosque.com.br.

Com mais de cem anos de festejos, a cidade situada a 380 km de Salvador é conhecida como a Capital Baiana do Forró. Este ano, são 30 dias de festa com a programação iniciada nos bairros e em seguida levada para os palcos do Arraiá da Tapera, no Parque da Cidade, e o Forrobodó, no centro. Este ano, passarão pela cidade artistas como Targino Gondim, Gilberto Gil, Alcimar Monteiro, Flávio José e Adelmário Coelho. O público pode conferir toda a programação sem nenhum custo. As alvoradas, em que as pessoas caminham pelas ruas da cidade cantando e dançando ao som de fanfarras e trios nordestinos, também são muito festejadas. O Show de Espadas, que sempre ocorre nas noites do dia 23 de junho, também encanta turistas e moradores locais. Uma das novidades deste ano é o Trem do Forró, que percorrerá a zona rural do município. Quem gosta de badalação pode ir ao Forró do Sfrega. A festa terá participação de atrações como Asa de Águia, Aviões do Forró, Jammil, dentre outras. Mais informações no site www. forrodosfrega.com.br.

Milhares de turistas lotam os hotéis e pousadas da Cidade Jardim durante o São João. A economia local se aquece e muitas famílias ganham um dinheiro extra, utilizando as próprias residências como meio de hospedagem. Este ano, a programação – que é gratuita e ocorre na Praça do Bosque - já tem confirmados os nomes de Zé Ramalho, Flávio José, Cavaleiros do Forró, César Menotti e Fabiano, dentre outros. A criançada pode aproveitar a Vila Amargosa e ver de perto miniaturas de fazendas e de casas de reboco, além de animais que vivem no campo. Outra atração dos festejos juninos da cidade é o Forró do Piu Piu, um evento privado que ocorre desde a década de 90 do século passado, na cidade. O evento é caracterizado por misturar atrações da axé music com bandas de forró. Para saber quem vai tocar e os preços das camisetas da festa, acesse o site www.forrodopiupiu.com.br.

Programação religiosa também atrai visitantes Viver Bahia | 13


ferve em todas as épocas do ano e se transforma num verdadeiro caldeirão, com a mistura de cores, povos e sotaques. Durante o São João, quem dá o tom são as bandas que tocam forró universitário. Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador, tem festa na sede e também à beiramar. Arembepe realiza uma das melhores festas de São João do litoral, com atrações de peso. São Francisco do Conde terá uma megaestrutura para receber os visitantes. Um grande palco armado na principal praça da cidade deve reunir os grandes nomes da música brasileira. Bate-volta - Na operação realizada por empresas de

Pesquisa aponta satisfação

C

om milhares de horas de shows e atrações

culturais em todas as regiões do Estado, o São João é também a festa preferida de baianos e turistas. De acordo

Geraldo Azevedo: tom romântico

com pesquisa aplicada pela

turismo, os visitantes podem curtir os agitos do interior e dormir no conforto dos hotéis de Salvador. As opções são variadas e incluem transporte (ida e volta), serviço de bordo com comidas e bebidas típicas, e camisetas das principais festas privadas. Os passaportes dos eventos têm preços que variam de R$ 100 a R$ 700. Mais informações no site www.veromundo.com.br.

Secretaria de Turismo da Bahia, 86,9% dos visitantes que curtiram as festas juninas tiveram suas expectativas atendidas ou superadas. Os que recomendariam ou Grandes nomes do forró, como o grupo Estakazero, se apresentam na capital e no interior

Foto: Eduardo Pelosi

Se no Sertão e na Chapada Diamantina o São João bomba, no litoral a coisa não é diferente. Principais portões de entrada do turismo no interior, as cidades de Ilhéus e Porto Seguro conseguem aliar festejos juninos às suas belezas naturais. Na terra de Gabriela, o turista tem diversas opções de hospedagem, desde as mais simples às mais sofisticadas. Durante o dia, o visitante pode curtir as belezas de Olivença, do Pontal ou até mesmo saborear um quibe no tradicional Vesúvio. À noite, o arrasta pé toma conta da cidade. A terra do Descobrimento não fica atrás. Com atrações como Trancoso, Arraial D’ Ajuda e a Passarela do Álcool, a cidade

Foto: Jota Freitas

Festa se estende ao litoral

Foto: Jota Freitas

São João da Bahia

têm o desejo de retornar à festa chegam a 82% e 90%,

Site oferece informações atualizadas e interatividade

respectivamente.

Programação dos eventos, história das festas juninas e comidas típicas são apenas alguns dos diversos itens disponíveis no site oficial da festa. Ao acessar o endereço www.saojoaobahia.com.br, o internauta pode ver as fotos dos eventos e também dos principais forrozeiros do Brasil. A ferramenta também é um guia completo de informações sobre o São João. Lá é possível conferir as opções de hospedagem, restaurantes, como chegar, linhas de ônibus disponíveis e a distância para Salvador. Em 2009, o site teve cerca de 1,2 milhão de acessos de todo o Brasil e também do exterior. As seções mais visitadas foram as relacionadas às programações do evento em Salvador e no interior. Programação atualizada de todos os municípios

com ligeira vantagem para

Com relação ao perfil dos turistas, a pesquisa apontou que há um grande equilíbrio, os homens, que são 52,7% dos visitantes. A idade média varia dos 16 aos 31 anos, e quanto ao grau de instrução, cerca de 86% tem nível médio completo. Os estudantes representam um quinto dos turistas e a renda média individual dos que viajam pela Bahia no período junino é de R$ 1.720,40. O principal meio de hospedagem é a casa de parentes e amigos (70%). Já os meios de transporte mais utilizados foram ônibus (60%) e automóveis (30%). Colaboraram Ricardo Costa e Pedro Garcia

Sol, praia e forró atraem turistas para o litoral norte de Salvador 14 | Viver Bahia

Viver Bahia | 15


abriga dezenas de imagens conservadas e um teto recoberto com pinturas no estilo barroco. No grande coreto é realizada a novena de Santo Amaro, uma das cerimônias mais marcantes para os moradores. Santo Amaro cresceu acompanhando a margem do rio Subaé, onde os moradores pescavam, lavavam roupas e utilizavam a água para abastecimento da cidade. O Centro Histórico, entre as praças do Rosário e da Purificação, concentra mais de 50 prédios de valor histórico e arquitetônico. Uma das primeiras construções da região foi o Solar Paraíso, um casarão suntuoso e imponente cravado no alto da rua Santa Luzia, que pode ser visto de vários pontos da cidade. A construção é um dos exemplares mais representativos da arquitetura do século XIX e passa por processo de restauração. O solar já foi residência do dono da antiga fábrica siderúrgica de Santo Amaro.

Foto: Rita Barreto

Foto: Eduardo Pelosi

Circuito Recôncavo

Rota da Independência Roteiro alia conhecimento sobre a história da Bahia à cultura peculiar do Recôncavo Baiano Eduardo Pelosi

R

epleta de cenários, personagens e emoções, a Rota da Independência é um prato cheio para quem quer conhecer a Bahia através da história das lutas pela libertação contra os portugueses. Entre as cidades do Recôncavo que foram parte fundamental da história, a Viver Bahia visitou Santo Amaro, Cachoeira, São Félix e Muritiba 16 | Viver Bahia

para mostrar como essas cidades se desenvolveram e conservaram o patrimônio histórico e as suas belezas naturais quase duzentos anos depois. Saindo de Salvador, a primeira parada é na cidade de Santo Amaro. Pela BR-324, deve-se percorrer 59 km até o entroncamento da BA-026. Em direção à cidade, são mais 11 km. Santo Amaro desempenhou um importante papel na luta pela Independência da Bahia. Foi na Câmara Municipal, em 14 de junho de 1822, que se reuniram os representantes da cidade, civis, poetas e populares para decidir que o Brasil deveria ter direito a um Poder Executivo,

Exército e Marinha, comandados pelo Príncipe Regente, D. Pedro I. Além disso, Santo Amaro contribuiu com alguns batalhões e um esquadrão de cavalaria fardado, comandado e mantido por Antônio Joaquim de Oliveira e Almeida. O Centro Histórico concentrase ao redor da Praça da Purificação, onde fica a Casa de Câmara e Cadeia, o chafariz inglês e a Igreja de Nossa Senhora da Purificação. O traçado irregular, do século XVIII, expressa o perfil das construções da região. A cidade se envolve pela história estampada nos sobrados e monumentos dos séculos XVIII e XIX. A antiga Casa de Câmara e

Canhão encontrado no Rio Paraguaçu

Cadeia, onde hoje funcionam a Prefeitura Municipal e a Câmara de Vereadores, foi construída na segunda metade do século XVIII e possui arquitetura semelhante à da Câmara de Salvador. O local, tombado pelo Patrimônio Histórico, em 1941, foi palco de uma das primeiras reuniões na luta pela Independência da Bahia, em 14 de junho de 1822, e já abrigou a sede da Imprensa Oficial da Vila, em 1916. Construída no século XVII, a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Purificação foi erguida no mesmo local onde havia uma rústica capela de oração e batismo em homenagem à santa - construída pelos senhores de engenho, na época em que a cidade tinha mais de 200 engenhos - que hoje permanece dentro da igreja. Com painéis em azulejos e colunas decoradas em mármore, o templo

Foto: Rita Barreto

Casa de Câmara e Cadeia de Santo Amaro foi palco de uma das primeiras reuniões na luta pela Independência

Na rua do Imperador, um grande casarão de dois pavimentos, construído em 1873, foi recentemente reformado. O Solar do Conde de Subaé, tombado pelo Patrimônio Histórico em 1979, remonta à fase áurea da aristocracia no Recôncavo. Às margens do rio Subaé, o local foi residência de Francisco Moreira de Carvalho, conde de Subaé. Decorada com elementos neoclássicos, um pórtico e uma escadaria de mármore, a casa já hospedou o imperador D. Pedro II. De acordo com alguns funcionários do casarão, às vezes o imperador “passeia” pelo local e é possível ouvir seus passos no pavimento superior, assustando quem está por perto. Restaurado em 2007, hoje o solar abriga a Casa do Samba de Roda, um centro cultural que reúne a história e a cultura do ritmo que animava os terreiros e as rodas de capoeira. Documentos, fotografias e gravações integram o enorme acervo do local. No espaço,

Solar do Conde de Subaé já hospedou o imperador D. Pedro II Viver Bahia | 17


Fotos: Eduardo Pelosi

Fotos: Eduardo Pelosi

Circuito Recôncavo

Relíquias na Casa do Samba, em Santo Amaro

Museu do Recolhimento dos Humildes conserva acervo com 493 peças dos séculos XVIII e XIX

são expostos os instrumentos peculiares do ritmo, como o prato, o pandeiro, a viola, o atabaque e o berimbau. Também margeado pelo rio Subaé, o Museu do Recolhimento dos Humildes é outra boa opção para quem busca turismo cultural. O acervo composto por 493 peças inclui relíquias como imagens barrocas do século XVIII, mobiliário do século XIX, alfaias e imaginária. Destaque especial para as imagens de traços orientais e ricos detalhes em ornamentação e as peças e monumentos artístico-religiosos elaborados a mão pelas freiras, a exemplo da Divina Pastora - uma relíquia artesanal exposta em redoma de vidro. Seguindo a pé pela margem, é possível visitar o Mercado Municipal. O local vende frutas, verduras, peixes, mariscos e o famoso dendê da região, procurado por muitos turistas. Ali acontece uma das principais festas populares da cidade, o Bembé do Mercado. A festa, que comemorou 121 anos em

2010, acontece sempre no fim de semana próximo ao dia 13 de maio. O evento celebra a abolição da escravatura e é realizado desde 1889, quando o pai de terreiro, João de Obá, saiu para agradecer à princesa Isabel pela libertação de seus irmãos negros. Com uma grande riqueza cultural, Santo Amaro possui um vasto calendário de eventos populares. As comemorações começam no primeiro domingo do ano, com a Festa do Nosso Senhor do Bonfim. Entre as principais datas, estão a de Nosso Senhor Santo Amaro (6 a 15/01), Nossa Senhora do Perpétuo Socorro (segunda semana de janeiro), Regata de Canoa (domingo de Carnaval), aniversário da cidade (13/03), São João (21 a 24/06), Independência da Bahia (02/07) e Nossa Senhora da Conceição (8 de dezembro). Além do Bembé do Mercado, a festa mais celebrada pelos santamarenses é a de Nossa Senhora da Purificação, que vai de 24 de janeiro a 2 de fevereiro. Os festejos para a padroeira

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começam com o novenário composto para a santa. As manifestações movimentam também a cultura e a culinária, concentradas no tradicional Bagacinho, espaço com barracas padronizadas. A lavagem do adro da Igreja Matriz acontece sempre no último domingo de janeiro, com grupos folclóricos e centenas de baianas. No dia 2 de fevereiro, as comemorações são encerradas na tradicional procissão, que conta com mais de 40 andores.

Mercado Municipal de Santo Amaro

Igreja Matriz de Santo Amaro

Praça da Purificação conserva as mesmas características arquitetônicas do século XIX

Dona Canô recorda os velhos tempos

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odos se encantam com a magia desta terra simpática, que presenteou o Brasil com muitos filhos ilustres. Dentre eles, estão Caetano Veloso, Maria Bethânia, o artista plástico Emanuel Araújo e os valentes Besouro Cordão de Ouro e Popó, mestres de capoeira e maculelê. Na avenida Viana Bandeira mora uma das mais ilustres personalidades santamarenses: Dona Canô, mãe de Caetano e Bethânia, que com 102 anos viu a cidade crescer e se desenvolver. A casa de Dona Canô já se tornou ponto turístico, muitos visitantes param para fotografar o local e, com um pouco de sorte, ouvi-la contar as histórias da cidade. Recuperando-se de uma fissura no fêmur, ela recebeu a redação da Viver Bahia para conversar. Apesar disso, ela mostrou-se muito lúcida e disposta, com energia de sobra. De acordo com Dona Canô, há quase cem anos a

cidade não possuia nenhum atrativo para os visitantes. “Antigamente não tinha nada, só recebíamos visitantes quando o rio Subaé enchia, aí vinham as embarcações. A cidade começou a ser visitada mesmo depois de Caetano e Bethânia, né? Eles ficaram conhecidos e os fãs vinham para Santo Amaro ver onde eles tinham nascido”, relata. Sobre a sua casa se tornar ponto turístico, ela diz que não gosta muito da ideia de deixar a porta da casa aberta. “Tem uns malucos que propõem isso, mas tem que ter um limite, né? Eu nem posso fazer isso”, explica a centenária santamarense. Entre as coisas que Dona Canô mais gosta na sua cidade natal, a religiosidade fala mais alto. Para ela, o ponto alto da cidade é o período da festa de Nossa Senhora da Purificação, uma festa “muito bonita, com novena e com muita gente na praça”. Após oferecer um café, ela

Dona Canô fala sobre a sua terra

comenta que antigamente a cidade era muito próspera. Com onze usinas, todos os moradores tinham onde trabalhar nas fábricas, que produziam o açúcar. “Era muita gente e muito trabalho, o açúcar daqui ia para todo canto, era um açúcar cristal, especial”, relembra. Com relação ao ponto turístico preferido, Dona Canô elege a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Purificação. “Você já foi ver a nossa igreja? É muito linda, é nossa riqueza”, exclama. Viver Bahia | 19


Fotos: Rita Barreto

Fotos: Rita Barreto

Circuito Recôncavo

Legenda

Cachoeira, palco da luta armada

Patrimônio arquitetônico é conservado em Cachoeira

Foto: Eduardo Pelosi

Em Cachoeira, brasileiros lutaram contra a canhoneira portuguesa no século XIX

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ocalizada a 120 km de Salvador, a cidade de Cachoeira é um dos principais palcos das lutas pela Independência da Bahia. Saindo de Santo Amaro, são 38 km através da BA-026 para chegar à cidade. Cachoeira foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em 1971, e passou a ser considerada Monumento Nacional. As casas, igrejas, prédios históricos e a imponente ponte D. Pedro II preservam a imagem do Brasil Império - quando o comércio e a fertilidade do solo fizeram de Cachoeira a vila mais rica, populosa e uma das mais importantes do país, nos séculos XVII e XVIII. 20 | Viver Bahia

Arquitetura colonial retrata o período

Igreja e Casa de Oração da Ordem 3a do Carmo

No século XIX, as lutas contra a canhoneira portuguesa e a proclamação do príncipe D. Pedro I como Regente são fatos que, ainda hoje, enchem de orgulho os moradores da cidade. Com mais de 33 mil habitantes, a cidade volta a crescer e a atrair novos moradores e turistas. A instalação da Universidade Federal do Recôncavo (UFRB),

em 2009, e de outras faculdades, acelerou o desenvolvimento de Cachoeira, que a cada dia inaugura novos restaurantes, lojas, bares, hotéis, pousadas, pensões e equipamentos de infraestrutura. Só na UFRB, são 1.200 alunos e mais de 100 professores, número que deve dobrar até o próximo ano. Ao entrar na cidade, a

arquitetura dos casarões já impressiona e revela uma parada obrigatória para o turismo histórico. O prédio da Câmara dos Vereadores, antiga Câmara e Cadeia, é o ponto de partida para uma verdadeira viagem no tempo. Imponente, a construção remonta ao período de elevação da Freguesia de Nossa Senhora do Rosário à Vila de Nossa

Representantes das vilas do Recôncavo se reuniram no prédio da Câmara e Cadeia, no 25 de junho de 1822

Senhora do Rosário do Porto da Cachoeira do Paraguaçu. A estrutura rochosa abriga no térreo as antigas celas da cadeia local, onde ficavam os presos comuns. Um espaço onde hoje funciona uma área de exposições, com documentos dos séculos XVIII e XIX, contém fotos antigas de autoridades, monumentos, momentos cívicos, religiosos e imagens que permitem comparar as modificações arquitetônicas. No local, é possível conhecer um canhão encontrado nas águas do rio Paraguaçu, que se acredita ser parte da canhoneira que atacou a cidade. A carroça que carrega a imagem do Caboclo, no dia 25 de junho, também está exposta. No segundo pavimento do prédio continua funcionando a Câmara Municipal. Imagens de heróis da cidade, como o barão de Belém e Maria Quitéria, misturam-se ao cenário com portas reforçadas, grades,

janelas com gradis de ferro e portas com gradis de madeira. Os gradis do pavimento superior cercavam a cela dos homens de bem, que abriga hoje uma sala de reuniões. A sala das sessões plenárias abriga umaimagem de D. Pedro I, que foi ali aclamado como príncipe Regente, no dia 25 de junho. O quadro de Antônio Parreiras, chamado O 1º Passo para a Independência (1937), ilustra o momento de libertação da cidade. Outra homenagem é feita a Ana Nery, heroína cachoeirana que se alistou no exército brasileiro durante a Guerra do Paraguai e se tornou patronesse da enfermagem no Brasil. Nas janelas e varandas da Câmara, o visitante pode apreciar a praça da Aclamação, o Museu Regional e a cidade vizinha de São Félix. Em todos os cantos de Cachoeira sempre há alguma bela e imponente obra arquitetônica. Viver Bahia | 21


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ma das vantagens de Cachoeira é permitir que o turista conheça cada ponto, caminhando pelas ruas da cidade. Durante o percurso, é possível conhecer cada detalhe das ruas e dos pontos turísticos e conversar com moradores. Saindo da

Ordem 3a do Carmo abriga um dos maiores conjuntos de obras tumulares da América Latina 22 | Viver Bahia

junto com outras obras. No local, também é possível conhecer um dos maiores conjuntos de obras artísticas tumulares da América Latina, restaurado há 10 anos, que abriga túmulos com inscrições em latim, onde eram enterrados os ricos donos de engenho. Na parte superior da sacristia, uma sala abriga uma grande imagem do Senhor dos Passos e um armário com pinturas de estilo oriental. Nesse local, os devotos do candomblé frequentam, às sextas-feiras, para rezar ao Senhor dos Passos, um espaço que abriga o sincretismo religioso. Logo ao lado, a Igreja da Ordem 1ª do Carmo é outra construção em estilo barroco. Finalizada em 1773, a construção não ostenta tanta riqueza como a Ordem 3ª; possui escaiola com marmorização, forros e pinturas nos corredores laterais e nave. No local onde funcionava o Convento dos Carmelitas, hoje está a Pousada do Carmo, com área para eventos, restaurante e quartos. Este é o maior e mais requintado hotel da cidade, com diárias que variam entre R$ 55 e R$ 215. Atualmente, a Ordem 1ª abriga as atividades da Igreja Matriz de

Cristo com olhos puxados, acreditase que tenha vindo de Macau

Foto: Eduardo Pelosi

Nossa Senhora do Rosário, que se encontra fechada para restauração dos bens artísticos. A Igreja Matriz é um monumento da primeira metade do século XVIII, tombado pelo Iphan em 1939. Painéis em azulejo recobrem a lateral da nave e são um dos mais importantes exemplares desse tipo de obra na América Latina, por possuir grande extensão e altura. Ao lado da Igreja Matriz, um grande casarão branco, que hoje abriga um posto de informações turísticas e uma unidade da polícia, é a antiga residência de Ana Nery. Perto dali, a Casa da Irmandade da Boa Morte é uma parada obrigatória para quem quer conhecer a maior festa religiosa de Cachoeira. Formada há cerca de 150 anos por mulheres negras e mestiças, a irmandade tinha o intuito de alforriar escravos ou darlhes fuga. Todos os anos, a Festa da Boa Morte atrai para a cidade um grande número de visitantes, entre estudiosos e turistas de diversas partes do mundo. Perto da Casa da Irmandade fica a praça D’Ajuda, local que abriga o primeiro templo religioso de Cachoeira, a Capela D’Ajuda, construída entre 1595 e 1606, em homenagem a Nossa Senhora do Rosário. A pintura artística primitiva da cúpula é um dos destaques da construção; o desenho é composto de ramagens flamejantes, em um trabalho com padrões do século XVII. Na praça, uma grande festa é realizada na segunda quinzena de novembro. A Festa D’Ajuda reúne devotos em comemorações que misturam o sagrado e o profano. Com uma extensa programação

Ordem 3a do Carmo é toda decorada com detalhes em ouro

que se prolonga por vários dias, a festa é encerrada com o Terno da Alvorada, reunindo mascarados, cabeçorras e muitos populares nas ruas de paralelepípedos, ao som de filarmônicas e fanfarras. Seguindo para a Praça Teixeira de Freitas, encontramos monumentos em homenagem aos heróis da independência. A praça fica em frente ao antigo Hotel Colombo e próxima às margens do Rio Paraguaçu que, com aproximadamente 600 km de extensão, é o maior rio genuinamente baiano e responde pelo abastecimento de água de vários municípios.

Foto: Rita Barreto

Senhor dos Passos atrai devotos do catolicismo e do candomblé

Câmara, é possível caminhar até a Igreja e Casa de Oração da Ordem 3ª do Carmo, uma monumental obra construída pelos Carmelitas Descalços. Do lado de fora, a igreja parece ser simples, porém, o interior revela todo o seu esplendor e refino, com forros e a nave em detalhes do barroco rococó. Construído no século XVIII, o templo reunia a aristocracia da região e os senhores de engenho. Por ser composta de muitas pinturas e detalhes em ouro, ela é considerada pelos moradores uma réplica em pequena escala da Igreja de São Francisco, em Salvador. O claustro da Igreja, feito de tijoleira, estava recoberto com terra e foi restaurado. Na sacristia, um curioso conjunto de imagens representa a Paixão de Cristo, mostrando Jesus com olhos puxados e traços orientais. Acredita-se que essas imagens tenham vindo de Macau,

Foto: Eduardo Pelosi

Igrejas reúnem significativo patrimônio cultural

Fotos: Rita Barreto

Circuito Recôncavo

Igreja da N. S. da Purificação, em Santo Amaro Viver Bahia | 23


Cemitério dos Nagôs, em Cachoeira

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a margem do rio, pode-se caminhar para ter uma vista panorâmica da cidade vizinha, São Félix - vista que mostra a disposição das casas formando um triângulo, com uma cruz no topo, desenho que rendeu ao local o apelido de cidade presépio - e apreciar a imponência da ponte D. Pedro II. Construída como ponte ferroviária, a D. Pedro II liga as cidades de Cachoeira e São Félix e, hoje, é utilizada para a travessia de pedestres, bicicletas e automóveis. A ponte metálica teve sua estrutura importada da Inglaterra - segundo alguns historiadores iria ser montada sobre o rio Nilo, no Egito - e foi inaugurada em 1885, com a presença do próprio Imperador; possui comprimento total de 365 metros, com vigas em treliça. Por autorização do Imperador, foram fixadas as armas imperiais sobre o fecho da ponte. Este é o mais forte elo de ligação de Cachoeira com a sua cidade irmã, São Félix.

Foto: Eduardo Pelosi

e Suerdieck, a cidade virou centro de referência na produção fumageira. Batizar o grupo com o nome da fábrica de charutos foi a estratégia utilizada pela sambista para agradar aos patrões e conseguir tempo para realizar os ensaios. Com quase 52 anos Foto: Rita Barreto

ara quem gosta de samba de roda, a parada obrigatória é a Casa do Samba, na rua da Matriz. A sambista, Dona Dalva Damiana, a mais importante sambista do Recôncavo, inaugurou recentemente a casa onde promove ensaios às quartasfeiras e oferece comidas e bebidas típicas da região, todos os dias. Aos 82 anos, Dona Dalva conta que começou a fazer samba quando era garota. Logo em seguida, ela começou a trabalhar na fábrica de charutos Dannemann e depois na Suerdieck, onde montou o Samba Suerdieck, grupo formado por trabalhadores da fábrica, que até hoje se apresenta sob o comando da fundadora. No início do século XX, Cachoeira mostrava grande estabilidade econômica. Com as fábricas de charutos Dannemann

de samba, Dona Dalva compôs músicas como Amor de Longe, Jiló, Samba do Avião, Ciúme, Imperador, Papai Nicolau e Irerê. Na Casa do Samba, ela reúne fotos, troféus e lembranças de meio século dedicado à música. O local também é espaço para ensaios do Samba Suerdieck, do Samba de Roda Mirim e de outros grupos de samba formados na região. Outro ponto importante do turismo étnico-afro de Cachoeira pode ser encontrado no Alto do Rosarinho, onde estão erguidos a Igreja da Nossa Senhora da Conceição do Monte e o Cemitério dos Nagôs. O templo é uma referência para o povo negro da região, onde se reuniam os negros com alguma ascenção social. No cemitério, lápides com inscrições em línguas africanas indicam as origens dos negros que ali estão enterrados, dentre eles, alguns sacerdotes do candomblé.

Casa do Samba de Roda

Ponte D. Pedro II une as cidades de Cachoeira e São Félix

Cidade fica cravada entre o rio e a serra

São Félix e as batalhas contra a canhoneira portuguesa

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urante as lutas pela Independência da Bahia, em 1822, São Félix teve fundamental importância nas batalhas contra a canhoneira portuguesa. Da margem do rio, os manifestantes partiam em canoas para atacar os inimigos. Depois de muitas baixas, os sanfelistas conseguiram enfraquecer a esquadra lusitana e levá-la à derrota, junto com o povo de Cachoeira. Cravada entre o rio e a serra, São Félix teve uma importante função de terminal tropeiro, pois dali partia a Estrada de Minas, que passava pela Chapada Diamantina, até chegar a Minas Gerais e Goiás. Durante os séculos XVIII e XIX, o desenvolvimento comercial fez a cidade crescer em um ritmo acelerado. Às margens do rio Paraguaçu foram instalados depósitos e armazéns de fumo e três grandes fábricas de charuto, que fizeram São Félix ser chamada de Cidade Industrial. A produção de charutos local já foi a maior exportadora da República e foi responsável pela construção da estrada de ferro.

A cidade reúne monumentos e prédios seculares datados dos séculos XVII, XVIII e XIX, que compõem o acervo arquitetônico e histórico. Logo ao atravessar a ponte, o visitante chega à praça Manoel Vitorino, onde fica localizada a Igreja Matriz de Deus Menino. A fachada do templo possui uma grande portada e quatro janelas no coro, todas com vergas recortadas e molduras em argamassa. No acervo, diversas imagens da Sagrada Família, de Nossa Senhora do Rosário e Cristo Crucificado. Foto: Eduardo Pelosi

Foto: Rita Barreto

Herança africana atrai turistas internacionais

Ponte une cidades irmãs

Foto: Rita Barreto

Circuito Recôncavo

Praça Inácio Tosta, em São Félix Viver Bahia | 25


Chegada da Família Real desencadeou processo

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10 Passo para a independencia do Brasil de Antonio Parreiras, registra manifestação em Cachoeira

português ao Forte de São Pedro e ocupação da capital. Após os ataques, os representantes das vilas do Recôncavo reuniram-se na Câmara de Cachoeira, no dia 25 de junho de 1822, para montar um governo interino e lutar pela retirada das tropas portuguesas. A manifestação foi atacada por uma canhoneira portuguesa no rio Paraguaçu, A troca de tiros durou até o dia seguinte, com a vitória do povo cachoeirano. Em homenagem a esse dia histórico, desde 2007 a cidade de Cachoeira transforma-se na capital do Estado no dia 25. Outras batalhas fizeram os brasileiros ganharem forças na luta da Independência da Bahia, como a batalha de Cabrito, Pirajá e a tentativa de ocupação portuguesa em Itaparica. A esquadra naval de Lord Cochrane cercou os portugueses em Salvador, enquanto em terra exércitos do Recôncavo faziam o bloqueio. Madeira de Melo foi forçado a abandonar a cidade no dia 2 de

margem do rio Paraguaçu é possível conhecer a única fábrica de charutos que ainda funciona na cidade. A Fábrica e Centro Cultural Dannemann mantém a fabricação artesanal feita pelas habilidosas charuteiras, que transmitem o delicado ofício de mãe para filha. O trabalho de confecção artesanal dos charutos faz com que a fábrica tenha um padrão reconhecido internacionalmente. A fábrica funciona com 11 charuteiras que produzem entre 200 e 400 charutos por dia, a depender do tipo fabricado; ao todo, são produzidos nove tipos de charutos. O Centro Cultural Dannemann é um espaço utilizado para exposições, oficinas e cursos. O local é sede do Festival de Filarmônicas e da Bienal do Recôncavo, que este ano será realizada a partir do dia 27 de novembro. Além de conhecer cada passo da produção fumageira, o visitante pode adotar uma árvore,

Exército brasileiro chega em Salvador

julho de 1823, quando esta foi ocupada pelas tropas baianas, libertando definitivamente a Bahia do domínio lusitano. O 2 de Julho ficou assim marcado como a data da Independência da Bahia, comemorada todos os anos com muita festa, em todo o Estado.

Turistas do mundo inteiro visitam a fábrica

Fábrica e Centro Cultural Dannemann conserva tradição local Fotos: Eduardo Pelosi

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m 1808, com a chegada da Família Real ao Brasil, grandes transformações levaram o país ao caminho da Independência. Aos poucos, a instalação da corte lusitana fez o Brasil passar de colônia a Reino Unido a Portugal e Algarves. No fim do século XVIII, a Bahia passou por um movimento popular pela emancipação da província, contra a carga de impostos cobrados pela Coroa e o sistema escravista, conhecido como Conjuração Baiana ou Revolta dos Alfaiates (1798) e que culminou na guerra pela Independência da Bahia. Após a formação da Junta Provisória (1821), tropas da Legião Constitucional lusitana foram enviadas a Salvador, a fim de garantir a ordem. Militares e civis foram para a Câmara de Salvador e convocaram o povo para exigir a deposição da Junta. A Legião Constitucional foi então chamada para ocupar a praça Municipal, sob comando do governador das Armas, Inácio Madeira de Melo. Os conflitos fizeram com que um grande número de famílias baianas abandonasse a capital rumo às vilas do Recôncavo. A partir da eleição de membros para uma nova Junta, a revolta acirrou as manifestações entre portugueses e brasileiros, culminando no ataque

Foto: Rita Barreto

Fabricação artesanal de charutos atrai visitantes

Circuito Recôncavo

Charuteiras produzem de 200 a 400 peças por dia

que é plantada através de um projeto de reflorestamento com árvores nativas. No prédio que abrigava a antiga sede da Dannemann, construído no fim do século XIX, hoje funciona a Casa de Cultura Américo Simas. O espaço abriga cursos de línguas, artesanato e de educação patrimonial, oficinas, e serve como sede da organização de eventos locais, como a Festa da Independência. O nome da casa é uma homenagem ao

engenheiro Américo Simas, sanfelista responsável pela construção da barragem de Bananeiras, atual usina hidrelétrica de Pedra do Cavalo. Outra construção do final do século XIX é o prédio da Prefeitura de São Félix. No local, é possível encontrar detalhes conservados, como os vitrais, que representam a produção agrícola local, e pinturas nacionalistas no teto. A fachada tem inspirações em detalhes do Palácio de Berlim e do Palácio do Catete, no Rio de Janeiro. Duas águias e o relógio despontam de forma majestosa na parte superior do prédio. A praça Inácio Tosta foi palco do comício feito por Miguel Guanais, em 1831, para mobilizar os populares a invadir o Convento do Carmo, em Cachoeira. Agípio José de Souza, avô do poeta Castro Alves, foi um dos que aderiram ao movimento, que iniciou o processo de tomada da invasão da Câmara de Cachoeira onde foi constituído o governo provisório. Na mesma praça, está o sobrado Arraial de São Félix, às margens do Paraguaçu, antiga residência de Castro Alves. Viver Bahia | 27


Fé e devoção a Senhor do Bonfim em Muritiba

Circuito Recôncavo

Fotos: Rita Barreto

Fotos: Eduardo Pelosi

Fundação Hansen abriga exposição permanente

Casa conserva decoração e obras originais de Hansen Bahia

São Pedro também reúne devotos em Muritiba

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ubindo a serra pela ladeira de Santa Bárbara, São Félix revela uma vista encantadora da região, com a grande barragem de Pedra do Cavalo e os belos traços dos casarões de Cachoeira. Na subida, a casa onde viveu o artista xilógrafo alemão Karl Heinz Hansen, conhecido como Hansen Bahia, abriga exposições e permanece como um museu, onde é possível conhecer a maneira inovadora de como o artista integrava as obras de arte e suas ferramentas à arquitetura do ambiente. Atualmente, a Casa Hansen abriga uma exposição comemorativa dos 95 anos de nascimento do artista. Foi nessa casa que Hansen Bahia viveu até 1978, quando morreu. O espaço reúne algumas das matrizes de suas obras, como a Via Crucis no Pelourinho, de 1967, e algumas obras restauradas, como a série Navio Negreiro, inspirada no poema de Castro Alves. O artista apreciava muito o artesanato local 28 | Viver Bahia

Artista reunia artesanatos de baianos em sua casa

e decorava sua casa com muitas dessas peças. Trabalhos de Genaro de Carvalho e Carybé, que ficavam incrustados na parede do local, foram restaurados. As janelas do espaço revelam uma bela vista de São Félix e Cachoeira que, segundo pesquisadores, teria atraído Hansen pela semelhança com as paisagens de sua terra natal, Hamburgo. A Fundação Hansen, que administra a casa e uma sede em Cachoeira, realiza oficinas e cursos em parceria com órgãos

estaduais e federais, além de 21 instituições museais da região. Os alunos de São Félix e Cachoeira são treinados no ofício da xilogravura, seguindo o desejo do artista de levar aos jovens o conhecimento da arte. Com mais de seis mil visitantes por ano, a instituição atrai um grande público internacional, e seu acervo é composto por mais de quatro mil obras. Com 30 anos de existência, a casa conserva praticamente a mesma forma como o artista a deixou.

ubindo a serra de São Félix, através das ruas íngremes e cheias de curvas, é possível ver bem do alto a paisagem com o rio Paraguaçu e Pedra do Cavalo. O caminho leva ao município de Muritiba, cidade com pouco mais de 27 mil habitantes, famosa pela tradicional Festa do Senhor do Bonfim. Os moradores da cidade participaram ativamente nas lutas pela Independência; dentre eles, destacam-se o major José Antônio da Silva Castro, avô do poeta Castro Alves. O major comandava o Batalhão dos Periquitos, formado

por 700 homens, incluindo um rapaz valente, que se descobriu depois ser Maria Quitéria. Em 1859, enquanto ainda era uma vila de Cachoeira, o local recebeu o imperador D. Pedro II, que se hospedou ali e bebeu um copo de água da Fonte dos Padres. Na cidade, a Igreja Matriz de São Pedro é o que mais atrai os turistas. Com 305 anos de construção, o templo possui duas sacristias sobrepostas, um grande painel de azulejos que conta a história de São Pedro, datado de 1780, e a pia de mármore onde foi batizado Castro Alves. Afastado do movimento da cidade, Cachoeirinha é um local que reúne belas paisagens, cachoeiras expressivas, a charmosa linha por onde passa o trem, e ricas flora e fauna, no meio do Recôncavo. O lugar agrupa seis cachoeiras que fazem o curso do rio Cachoeirinha e indicam caminhos ideais para trilhas e passeios ecológicos. Em fevereiro, a Festa do Senhor do Bonfim é o grande momento de comemorações da cidade. Com forte apelo popular, a festa inclui novena, missa solene e as tradicionais barracas

de largo que oferecem fartura de comidas e bebidas típicas. Outro grande evento local é a Festa de São Pedro, em junho, com quadrilhas, grupos folclóricos e bandas de forró. Nesse período, a famosa Guerra de Espadas proporciona um show de luzes e pirotecnia nas ruas da cidade. Informações

úteis

Santo Amaro Cachoeira São Félix Muritiba

BR 324 Santo Amaro Cachoeira São Felix Muritiba

Salvador

Como Chegar Saindo de Salvador pela BR-324, deve-se percorrer 59 km até o entroncamento da BA-026, e seguir mais 11 km em direção a Santo Amaro. Saindo de Santo Amaro, são 38 km através da BA-026 para chegar a Cachoeira. Para a próxima parada, São Félix, cidade vizinha de Cachoeira, basta atravessar a ponte D. Pedro II. Subindo a serra de São Félix, através das ruas íngremes e cheias de curvas, para a Ladeira da Misericórdia, por um quilômetro, até chegar a Muritiba.

Onde ficar Santo Amaro Amaros Hotel - Rua Conselheiro Saraiva, nº 27, Centro. (75) 3241-1202 Hotel Casa Grande - Praça da Purificação (75) 3241-1721 Hotel Lobo - Rua Conselheiro Paranhos (75) 3241-1721 Cachoeira Hotel Fazenda Vila Rial - Zona Rural Ladeira do Padre Inácio (75) 3602-4600 Cachoeira Apart Hotel - Rua Lauro de Freitas (75) 3425-1792 Aclamação Apart Hotel - Praça da Aclamação, nº 02 (75) 3425-3428 Pousada do Convento do Carmo - Rua Inocêncio Boaventura (75) 3425-1716 Pousada D’Ajuda - Ladeira D’Ajuda, nº 02 (75) 3425-5278 São Félix Pousada Paraguaçu - Avenida Salvador Pinto, nº 01 (75) 3438-3369 Pousada Rio Doce - Praça Ignácio Tosta (75) 3438-3484

Rio Cachoeirinha reúne seis cachoeiras

Muritiba Pousada das Palmeiras - Rua Virgílio Gonçalves Pereira (75) 3424-7524 Pousada da Serra - Rua Danneman, na subida de São Félix (75) 3424-1623 Pousada da Teço - Rua Sabino Santiago, nº 06, Centro

Viver Bahia | 29


O jeito baiano de falar continua rendendo histórias e atraindo gente do mundo todo Clarissa Pacheco

30 | Viver Bahia

Muitos dizem que a verve criativa do baiano está até nisso, pois no idioma nativo não se fala a palavra inteira: junta tudo – ou corta pela metade. Mas o atropelo linguístico é visto pelos próprios baianos sob outro prisma. “É um universo de linguagem que, além de pitoresco, é sábio, lírico e saboroso. É delicioso e estrangeiro o que nós falamos”, observa o poeta e compositor José Carlos Capinan, que, como bom baiano, orgulha-se da rica cultura popular da terra natal.

Mas os baianos que nos desculpem, porque não tem na Bahia ninguém com mais propriedade para falar do baianês que o autor do dicionário oficial da língua, o publicitário, fluminense de Itaperuna, Nivaldo Lariú. Apesar de “estrangeiro”, Lariú tem sangue nagô correndo nas veias, há 35 anos. Para ele, se o baiano é bom em literatura, música e cultura, nada mais natural que desenvolvesse uma linguagem própria. “Na minha adolescência, li Capitães da Areia, de Jorge Amado, e ele já escrevia em baianês. Depois ouvi a música de Caymmi, de Caetano, Gil e Bethânia, aí eu falei: vou morar nesse lugar!”, conta.

Para o autor do dicionário, que já se encontra na terceira edição, com mais de 1.400 verbetes e 170 mil exemplares vendidos, o

Dicionário de Baianês

O registro oficial e original das expressões baianas, contidas no Dicionário de Baianês, foi criado por Lariú e já completou 17 anos. A primeira edição do livro começou a ser escrita em 1984 e levou seis anos para ser lançada. “Comecei a observar as expressões mais ditas e tentar entender. Peguei aquele hábito feio, mas gostoso, de ouvir conversa dos outros no ônibus. E é assim até hoje! Ficava ouvindo e anotava tudo em canhotos de talão de cheque, porque naquela época não tinha essa facilidade de digitar tudo”, explica o publicitário.

reconhecimento como referência é gratificante. “É uma média de quase 10 mil exemplares vendidos por ano. E eu passei por todas as dificuldades de um escritor alternativo: muitas portas fechadas, esperanças frustradas, até conseguir lançar”. Foi pelas mãos do professor de História, Cid Teixeira, que o documento finalmente recebeu o reconhecimento devido até a sua publicação e distribuição. A primeira tiragem, de pouco mais de 1.000 exemplares, esgotou-se em menos de um mês, vendidos em mesas de bares e restaurantes da capital baiana.

Foto: Rita Barreto

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alar baianês é mais do que dominar uma língua. É status. A língua nativa da Bahia e idioma oficial daqueles que querem se inserir na comunidade é um falar cantado e irreverente. Tem um quê de eufemismo brincalhão e bem-humorado. E engana-se quem ainda se firma na ideia de que baianês só é palavra. Que nada, meu rei! Baianês só é baianês se tiver sotaque e for composto por gestos que complementem a performance. Baianês é, por natureza e excelência, língua e cultura e expressa duas características peculiares do povo da Bahia: bom humor e criatividade.

Ilustração: Túlio Carapiá

AXÉ, MEU REI

Peguei aquele hábito feio, mas gostoso, de ouvir conversa dos outros no ônibus.

Baianês

Nivaldo Lariú

Viver Bahia | 31


Catapultado à condição de status quo, o baianês, porém, já é referência linguística da Bahia há priscas eras. Utilizado e difundido por Jorge Amado, Zélia Gattai, Dorival Caymmi, Caetano Veloso, Maria Bethânia, Gilberto Gil, quem não se lembra ou não brincou com a expressão, falada de modo bem arrastado: “A Bahia é linda...”, do filho de Dona Canô? Quem consegue esquecer os personagens Baiano e os Novos Caetanos, criados pelo humorista Chico Anísio, cuja graça residia apenas no jeito baiano de falar? Ainda hoje, com expressões mais fortes e evidentes, inventadas e incorporadas a cada dia, o “idioma” vai se espalhando mundo afora e ganhando fama. No site de relacionamentos Orkut, a comunidade intitulada Baianês – língua e cultura, criada em maio de 2004, já reúne cerca de quatro mil membros que se divertem com histórias num bom e bem dizido dialeto. Em outra 32 | Viver Bahia

comunidade, a Eu adoro falar baianês, implantada em janeiro de 2005, 1.300 componentes também se divertem com as mesmas histórias. Em todo o site de relacionamentos há mais de mil comunidades com alguma referência ao jeito baiano de se expressar. Ainda que bem difundido pelas mídias sociais, a música e o teatro constituem hoje as principais formas de exposição do baianês. A administradora de empresas campinense Cláudia Fernandes Mendes, 30 anos, residente há cinco em Santa Rita do Sapucaí, no sul de Minas Gerais, diz que sempre gostou muito do jeito de Ivete Sangalo falar. “Acho o máximo, é uma delícia! Dá vontade de ficar conversando por muito tempo, porque é superautêntico”, explica a administradora. O teatro, através de personagens marcantes, também mostra com detalhes as

características do linguajar baiano – e com extremo bom humor. A peça Vixe Maria, Deus e o Diabo na Bahia!, de Gil Vicente Tavares, Cacilda Póvoas e Cláudio Simões, pinça personagens hilários para traduzir a cultura baiana: desde a mãe-de-santo que tenta descobrir o Orixá de Deus, aos percussionistas do Olodum, todos falam no melhor estilo baianês. Natural de Santo Antônio de Jesus, o ator Luiz Miranda, intérprete de Vovó Arlinda e Dona Edith, em Terça Insana, não deixa de imprimir o sotaque e alguns vocábulos nas falas das personagens. Mas, em matéria de difusão do baianês, nada se comprara ao filme que virou seriado de TV, Ó Pai, ó, que não apenas usa o vocabulário, como os gestos, trejeitos e frases inteiras genuinamente baianas – afinal de contas, o filme tem como cenário principal o Pelourinho, maior centro de baianês do Estado.

reto Bar

Entenda o idioma Agora, aprenda alguns vocábulos da língua e entenda como funciona o baianês. Adijuntório: ajuda Armengue: improviso, gambiarra; pessoa ou coisa feia, mal ajambrada Bregueços: móveis e utensílios, coisas de alguém. Ex: Carregue logo seus bregueços! Califom: sutiã Estoporar: passar mal, ter congestão. Ex: O cara tomou café quente e depois água gelada. Aí, estoporou. Furdunço: bagunça, confusão, briga Ingruiado: encolhido de frio Jaburu: mulher feia Lutrido: ousado, metido Quetar o facho: ficar quieto. Ex: Pode quetar o facho aí, que você não vai sair! Raspar canela: chifrar, cornear Revertério: reviravolta, mudança

Ilustração: Túlio Carapiá

Cultura passada através de gerações

Rita

Mas a grande qualidade do livro de Lariú é que, além do significado das expressões, ele consegue passar aos leitores, através das palavras, o sotaque baiano, que faz com que as palavras soem anasaladas. Baiano não fala banana, fala bãnãna.

Dificilmente, fala R antes de S: não é conversa, é convessa; não é Bar do Thirso, é Bar do Thisso; não é barzinho, é bazinho. Só na Bahia, sapatão tem feminino: é sapatona; aqui, também, aonde é advérbio de negação: Aonde?. Tem coisa que só baiano faz – e ensina. “Oxe! eu já tô imitando o jeito de falar, não consigo falar do meu jeito. É gostoso, a gente se sente agraciado de estar na Bahia”, conta a advogada Daniela Reis, 30 anos, natural do município de Valinhos, interior de São Paulo. Ela e a amiga Gabrielle Dortes, que diz ter um pé na Bahia, garantem que, com cinco dias em Salvador, já estão falando baianês fluentemente. De falar, ninguém duvida. Mas, entender baianês? Bom, aí já é outra história. “Brasileiros entendem. Eu procuro falar sempre certinho. Quando é de fora, tento enfeitar pra pessoa entender. A gente dá aquela inventada”, explica a baiana Cássia Alcântara, 30 anos, que há três meses recepciona turistas na entrada de uma das lojas localizadas no Pelourinho, Centro Histórico de Salvador. A trançadeira Mariana de Jesus Santos, 29 anos, já é mais experiente na língua. Há oito anos trabalhando no Pelourinho, garante que se vira para se fazer entender e para decifrar o que os clientes dizem: “A maioria das freguesas é estrangeira, mas a minha linguagem as diverte. A gente fica procurando um jeito de se comunicar e acaba dando certo”, brinca. Paulista de Tatuí, a produtora Daniele Vieira Fogaz, 24, diz que não entende muito. “Mas todo mundo aqui fala assim. Acho muito interessante e superdiferente”, diz.

o: Fot

Foto: Patrick Silva

O reconhecimento pela obra é amplo. Lariú recebe até hoje cartas e e-mails de baianos vivendo na Europa: de Paris, Londres; e do Brasil inteiro, relatando a proximidade com os termos do dicionário. Além dos próprios baianos, importantes autores e linguistas já elogiaram a obra, a exemplo do filólogo Antônio Houaiss, do crítico literário Afrânio Coutinho e do folclorista Mário Souto Maior, dentre outros.

Oxente, negona! Tá ficando toda ajeitada!

Teste o baianês

seu

Teste agora seu nível na língua baianês. Complete as frases abaixo com a respectiva expressão idiomática e confira com as respostas corretas no final do quadro. 1) O buzu tava ...... de gente. a) socado b) cheio c) lotado 2) Veja de toma ....., rapaz! a) juízo b) tenência na vida c) jeito 3) Menino, deixe de ........ . a) baixaria b) agrestia c) mau-gosto Respostas baianês: 1-a; 2-b; 3-b

Baianês

Viver Bahia | 33


Foto: Rita Barreto

Entrevista: Cid Teixeira

“Venderam o Pelourinho apenas como mercadoria turística, e isso não é auto-sustentável”

N

ascido em 11 de novembro de 1924, numa terça-feira ensolarada, o historiador soteropolitano Cid José Teixeira Caval-

cante é um dos mais ilustres personagens da história recente da Bahia. Em 1948, formouse em Direito pela Universidade Federal da Bahia (Ufba). Apesar disso, não foi nos fóruns e tribunais que ele se destacou. A advocacia foi preterida em nome de diversas outras funções como guia de turismo, repórter, doutor, professor, dentre muitas atividades que exerceu. Ensinou nas universidades Católica de Salvador e Federal da Bahia e também teve passagem importante pelo rádio. Em entrevista exclusiva ao repórter Gabriel Carvalho, Cid Teixeira falou sobre as mudanças ocorridas na geografia, na música e também na cultura baiana no último século. 34 | Viver Bahia

Viver Bahia – Em primeiro lugar, eu queria ouvir do senhor um resumo da sua vida profissional. Cid Teixeira – Ensinou e escreveu, nada mais aconteceu. Afrânio Peixoto que mandou colocar isso no túmulo dele. Bem (pausa), eu comecei a ensinar em ginásio, ainda no primeiro ano de faculdade. Eram ginásios particulares. O primeiro foi o São Salvador e o segundo foi o Ginásio Brasil. Nenhum desses existe mais. Depois fiz concurso para o Ginásio da Bahia, onde passei a ensinar história. Estive também no Instituto Normal (Colégio Estadual) Severino Vieira. Depois fui admitido como assistente voluntário da Escola de Belas Artes e fiz concurso para Docente Livre da Universidade Federal. Nessa altura, me formei em Direito e passei um tempo advogando, depois larguei a advocacia. Também passei pela Universidade Católica e, - não dê risada não, viu? – também ensinei História para padres num curso de seminário. Me aposentei aos 70 anos. VB - Por que deixou a carreira jurídica? CT – Não dava tempo para fazer as duas coisas. Não podia ser bem medíocre e tive de fazer uma opção. VB - O senhor teve uma longa carreira de historiador e de educador, mas também houve uma passagem pelo rádio, não é?

CT - Meu grande orgulho é o rádio, porque eu acho que fazer a educação pelo rádio é a grande saída, é a grande solução. Não creio que o ideal seja deixar o sujeito sentado durante 40 minutos ouvindo o outro falar. No rádio você aprende sentado, deitado, dormindo, montado... VB - Como foi essa passagem? CT - Primeiro colaborei com as emissoras, sobretudo na Rádio Cultura. Colaborei também com a fundação do Irdeb (Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia), onde eu fazia alguns programas radiofônicos e onde fiz grandes amigos, como o radialista Perfilino Neto. No rádio, você também fica amigo de quem você nunca viu. Depois, começaram as interferências políticas. – Tem que entrevistar não sei quem (sic), tem que dar uma colher de chá para o secretário não sei das quantas. Aí, eu peguei minhas coisas e disse: boa viagem.

Meu grande orgulho é o rádio, porque eu

acho que fazer a educação pelo rádio é a grande saída, é a grande solução. Não creio que o ideal seja deixar o sujeito sentado durante 40 minutos ouvindo o outro falar. No rádio você aprende sentado, deitado, dormindo, montado...

VB - Nesse período em que o senhor passou pelas salas de aula e pelo rádio, muitas coisas mudaram em Salvador, o que se destaca nessas mudanças? CT - Tudo. Mas não foi para melhor e nem para o pior. O Pelourinho hoje é Pelô. Antes era Maciel de Baixo, Maciel de Cima... Pelô agora é tudo aquilo ali. Onde estou aqui sentado conversando com você (Pituba) era uma fazenda cheia de bois. A cidade só ia até o fim de linha de Amaralina, o resto eram as fazendas de ‘seo’ Juventino (Silva), de Manuel Dias da Silva. Essa parte de cá, incluindo Brotas, era toda rural. A (Avenida) Suburbana, o Lobato, São Thomé de Paripe, Escada, eram todos bairros residenciais. Para você ter uma ideia, aos meus oito anos de idade, meu pai alugou um saveiro para veranearmos em Itapuã. Na época, esse era o único acesso àquela parte da cidade. Viver Bahia | 35


Foto: Rita Barreto

A música baiana, com

toda influência africana e o samba de roda permaneceu a mesma. Hoje falam em Axé Music. Axé Music não é coisa nenhuma. Desculpa os que acham o contrário, mas Axé é uma palavra sagrada, mítica, da religião nagô, que passou a ser banalizada como um gênero de música que nada mais é do que um batuque africano.

VB - Nessa época, o saveiro tinha uma importante função econômica, não é? CT- Sim, aquela rampa do Mercado (Modelo) era o ponto de concentração de saveiros de todo o Recôncavo. Jaguaripe, Nazaré, Cachoeira, São Félix, Ilha de Maré... A Baía de Todos-os-Santos era colorida de tantas velas de saveiros.

tem que acontecer, permaneceu um sentimento de baianidade. Um carioca, um gaúcho, um catarinense, um paulista, eles todos se parecem entre si, mas um baiano se faz diferente e isso não mudou.

VB – Voltando a Itapuã, podemos dizer que Dorival Caymmi imortalizou o bairro? CT - Ele que colocou Itapuã na ordem do dia. Ele morou na Rua do Bângala e foi quem cantou Itapuã e a colocou para todos saberem de sua existência. Ele é o grande publicitário da importância urbana de Itapuã.

VB - E a música baiana mudou? CT - Você tem Assis Valente, José de Barros, Caymmi e grandes nomes que se projetaram. Os de fora, como Ary Barroso, usaram a Bahia como tema de seu trabalho. A música baiana, com toda influência africana e o samba de roda permaneceu a mesma. Hoje falam em Axé Music. Axé Music não é coisa nenhuma. Desculpa os que acham o contrário, mas Axé é uma palavra sagrada, mítica, da religião nagô, que passou a ser banalizada como um gênero de música que nada mais é do que um batuque africano.

VB – Algumas pessoas dizem que as canções dele ajudaram a construir uma imagem de que o baiano é preguiçoso... CT – Não concordo. Desde quando o baiano é preguiçoso? Qual a diferença entre ser baiano, paraense ou gaúcho? VB - Mas Jorge Amado construiu vários personagens. Eles têm a cara da Bahia? CT - Eu tenho uma tese que não é muito de acordo com o que se pensa. Eu acho que Jorge Amado é tão romancista como sociólogo. Os livros dele são pesquisas em torno de ações, atitudes e modos de ser da vida baiana. Capitães da Areia é uma realidade do menino abandonado na beira do cais. É uma obra de ficção, mas com personagens reais. É preciso trabalhar Jorge (Amado), sob o ponto de vista sociológico e não só sob o ponto de vista literário. VB - Ainda hoje a Bahia desperta muito encanto no imaginário das pessoas de outros lugares do Brasil e do mundo, por que isso ocorre? CT - As pessoas acreditavam e ainda acreditam que a Bahia se conservou. Apesar de todas as invasões do progresso, e isso

36 | Viver Bahia

VB - E por que isso não mudou? CT- Graças a Deus, graças a Deus.

VB - A Bahia importou muitos aspectos culturais da África e se tornou um lugar de identidade única. Como isso ocorreu? CT- Salvador foi o maior receptor da cultura africana no mundo. Eles (os escravos) não vieram só para puxar enxada. Eles trouxeram consigo a linguagem, o jeito de ser... Vou te perguntar uma coisa: nunca lhe rezaram não? A herança dos orixás se fundiu ainda com a religiosidade do pré-descobrimento. Hoje, o catolicismo também convive harmoniosamente com as religiões de matriz africana. VB – Então, podemos dizer que a Bahia tem vários lugares dentro dela... CT - Sim. Se você vai a Barra, do (Rio) São Francisco, você não está na Bahia, você está em Barra. Se você vai ao Sul, no limite com o

Espírito Santo, você está em outra Bahia. Essa Bahia afro, vatapá, caruru e orixá é a Bahia da cidade de Salvador e arredores. VB - Por que isso ocorre? CT - Quando ocorreu a abolição, o açúcar estava em declínio. Os proprietários de escravos não tinham condições de mantêlos comendo e dormindo e isso foi redesenhando a geografia do estado. O Pelourinho, por exemplo, era uma localidade nobre e começou a receber os descendentes de escravos do Recôncavo. Isso foi mudando o perfil socioeconômico da cidade. Os grã-finos, por exemplo, saíram do Centro Histórico e foram morar na Barra, na Graça... A mesma coisa aconteceu na Pituba, que era uma localidade rural. Assim, surgiram as periferias, pois os mais pobres tiveram de se deslocar. A periferia de Salvador de hoje vai ser um reduto de arranha-céus no futuro. Quando eu vim morar na Pituba, isso aqui era um areal e só havia um ônibus no início. Para comprar pão era uma dificuldade. VB - Por que não há essa projeção para o Centro Antigo da cidade? CT – Lá pela metade do século XX, deixaram o Pelourinho se transformar em zona de prostíbulos, de malandragem. Depois, tentaram colocar aquela região exclusivamente como zona turística, sem nenhuma habitação. Esse foi um grande equívoco. Vendem o Pelourinho como mercadoria e isso não é auto-sustentável. Ninguém vai a um bairro só para ver casinhas coloridas. Outra coisa que é errada misturar o Pelourinho com escravo. Eu lhe dou um doce se você me der um registro de um escravo apanhando lá. Eles apanharam nas fazendas de engenho, mas nunca na via pública. Viver Bahia | 37


Viagem no tempo

Foto: Eduardo Pelosi

Turismo Arqueológico

Visita a sítios arqueológicos proporciona conhecimento da pré-história da Bahia e do Brasil

Foto: Rita Barreto

Pinturas rupestres são encontradas na Chapada Diamantina, na Caatinga, no Cerrado e no Vale do São Francisco

Imagem do Toxodonte, no sítio Riacho Largo, em Central, é uma das pinturas mais emblemáticas

Eduardo Pelosi

professor, o turismo arqueológico é extremamente importante para o desenvolvimento econômico dos municípios que abrigam esse tipo de sítio, mas alerta para a necessidade de um sistema de controle de visitação que evite o vandalismo e garanta a integridade do material exposto. Nesse sentido, o envolvimento da comunidade local é de fundamental importância. Algumas cidades, a exemplo de Morro do Chapéu, Lençóis, Palmeiras, Iraquara e Wagner já estão trabalhando com projetos de educação e sensibilização da população local, para gerir o patrimônio e discutir as atividades

C

onhecer de perto a vida dos nossos antepassados e reconstruir a história e costumes dos povos antigos, antes de qualquer colonização, é um privilégio de poucos no mundo moderno. Os sítios arqueológicos da Bahia proporcionam uma experiência única de contato com a civilização pré-histórica que habitava o interior do Estado há milhares de anos. Pinturas rupestres, gravuras em pedras, artefatos e fósseis compõem um rico acervo que leva o visitante a uma verdadeira viagem no tempo. 38 | Viver Bahia

Em mais de 50 municípios baianos agrupam-se centenas de sítios arqueológicos com pinturas e gravuras rupestres, espalhados em várias partes do Estado, como na Chapada Diamantina, na região da Caatinga, no Cerrado e no Vale do São Francisco, em uma gama de ambientes onde se podem encontrar diversas tradições de arte rupestre. Muitos sítios arqueológicos mostram pinturas sobrepostas, indicando que os desenhos foram feitos em épocas diferentes. A estimativa de datações dos tipos de pinturas é realizada, geralmente, através da análise de artefatos encontrados próximos

às pinturas e de análise das rochas que abrigam esses desenhos. Por serem feitas com pigmentos minerais, ainda não há uma técnica eficaz para datar essas pinturas. (ver matéria ao lado) Segundo o professor de Arqueologia do Departamento de Antropologia da Universidade Federal da Bahia, Carlos Etchevarne, a história das pinturas rupestres está ligada aos primeiros povos que viveram no Estado; portanto, esses sítios fazem parte da história de ocupação da Bahia. Trata-se do início do que existe hoje, são locais visualmente muito expressivos e devem ser visitados. Para o

sociais que envolvem os sítios. “De alguma forma precisamos estimular a visitação. Os trabalhos de pesquisa são caros e, geralmente, são custeados pelo governo. Então, isso tem que ser devolvido de alguma forma para a sociedade. A arqueologia não deve se limitar aos especialistas”, observa Etchevarne, lembrando que os visitantes de sítios arqueológicos não estão interessados apenas em ver uma “novidade”. “Eles querem informação, querem absorver a cultura e a história, por isso, precisamos registrar cada detalhe histórico do sítio e preparar os guias locais”, complementa o arqueólogo.

Entre os roteiros dos municípios baianos que abrigam os sítios arqueológicos, a Viver Bahia escolheu a região central da Chapada Diamantina para destacar as potencialidades do turismo arqueológico no Estado. Seguimos pela BA-052, conhecida como Estrada do Feijão, para mostrar algumas dessas obras que contam a história da humanidade e foram conservadas por milhares de anos. Entre os locais de visitação procurados por turistas, encontram-se os municípios de Morro do Chapéu, Central e Gentio do Ouro, que agrupam cerca de 30 sítios arqueológicos com pinturas rupestres. Viver Bahia | 39


D

S

istante 390 km de Salvador, Morro do Chapéu possui

mais de 10 sítios que reúnem pinturas em grutas e pedras, com uma infinidade de cachoeiras, paredões, desfiladeiros e a maior Bahia. A região é habitat natural

Sítios mostram pinturas sobrepostas, com desenhos feitos em épocas diferentes

do colibri-dourado, uma espécie

paredão, com cerca de 90 metros,

rara de beija-flor presente na

repleto de pinturas. As pinturas

região. A cidade, localizada a

nas paredes indicam um conjunto

mais de 1.000m de altitude, é

de imagens com figuras humanas

também o paraíso dos fãs de

bem pequenas, detalhadas com

esportes radicais, rota certa para a

vestimentas, um grande grupo

prática de rapel, mountain biking,

de homens enfileirados e cenas

trekking e cavernismo.

compostas por rituais que incluem

A Toca da Figura, na região do Ventura, possui uma paisagem composta por blocos de rochas

homens com cocares e ferramentas como cestas, tacapes e lanças. A Gruta da Boa Esperança,

que formam abrigos e tocas

a 53 km de Morro do Chapéu,

em meio ao vale. Os grandes

agrupa pinturas rupestres e

painéis do sítio mostram

possui uma espécie de altar que

homens enfileirados, animais em

sugere ter sido espaço para rituais

movimento, desenhos pequenos

religiosos. No Lagedo Bordado,

com traços detalhados, cenas

às margens do rio Salitre, as

de caça, homens carregando

artes rupestres aparecem em

instrumentos e artefatos. As

uma rocha, onde também se

pinturas da Toca da Figura

encontram pegadas de animais.

combinam no mesmo desenho

Para quem se interessa por

cores diferentes, como vermelho,

paleontologia, a Toca dos Ossos,

amarelo, marrom e branco.

em Ourolândia, é um local

Perto dali, a Toca do Pepino

Grutas conservam desenhos milenares

repleto de fósseis, de onde já

é um grande abrigo, que deve

foram retirados mais de dez

ter sido utilizado por caçadores

mil exemplares, incluindo uma

e é composto por um grande

preguiça gigante.

40 | Viver Bahia

Cobra da Canoa, onde o deus Tupã viajava pelo universo carregando os espíritos

Foto: Rita Barreto

concentração de orquídeas da

aindo de Morro do Chapéu e percorrendo 118 km em direção de Irecê, o município de Central possui sítios vinculados aos territórios de calcários. Tanto as pinturas geométricas coloridas atribuídas à Tradição Geométrica, feitas em tocas e abrigos, como cenas da Tradição Nordeste, incluindo o famoso Toxodonte, feitas em espaços abertos, mostram a diversidade da arte rupestre dos sítios daquela região. O sítio Riacho Largo fica próximo ao local onde

Fotos: Eduardo Pelosi

Pré-história e aventura em Morro do Chapéu

Museu de arte rupestre a céu aberto em Central

Fotos: Eduardo Pelosi

Turismo Arqueológico

Toca dos Búzios, em Central

Museu arqueológico de Central possui fósseis raros em seu acervo Viver Bahia | 41


42 | Viver Bahia

Fotos: Rita Barreto

o município começou a ser povoado. Percorrendo 1 km de trilha até a Fonte do Lajedão, começa a série de pinturas rupestres do sítio. Os desenhos com figuras de animais extintos, cenas de caça e rituais mágicoreligiosos revelam pinturas com até 12 mil anos. Alguns desenhos remontam a representações onde os pré-históricos acreditavam receber o espírito da caça para se fortalecer. Perto dali, há um painel com representações de mulheres, pássaros e da lua. Entre os desenhos, a mão de fogo do Pajé representa o ritual onde o chefe espiritual do grupo tomava o chá sagrado e sentia suas mãos arderem para curar os doentes e proteger a tribo. Ainda no Riacho Largo, encontramos o Toxodonte, a pintura mais famosa dos sítios da região, que representa com detalhes os homens caçando um animal, uma espécie de rinoceronte pré-histórico. No desenho, os caçadores carregam lanças e uma rede que é atirada no animal. Ao lado, um pato com a boca aberta observa o momento da caça. As pinturas do Riacho Largo foram feitas em pontos de visibilidade, locais de passagem temporária, em pedras de arenito, calcário e quartzito. Além das cenas de caça, é possível visualizar representações de plantas e vegetais, pinturas de mãos chapadas e vazadas e desenhos geométricos.

Foto: Rita Barreto

Turismo Arqueológico

Museu arqueológico de Central recebe visitas de estudantes e pesquisadores

Outro sítio da região, a Toca dos Búzios fica na estrada da Capoeira da Serra, próxima ao Pé do Morro. Este sítio tem características peculiares, pois agrupa um grande número de imagens da Tradição Astronômica, tornando-se um dos pontos de maior atenção dos pesquisadores desse tipo de pintura. Os desenhos de planetas, astros e sistemas ficam no mesmo lugar onde, de acordo com as pesquisas da arqueóloga Maria Beltrão, pode estar um fóssil humanídeo, com cerca de 300 mil anos, e onde já foram encontrados outros materiais arqueológicos com essa datação. A expectativa de que ali se encontra enterrado um exemplar humanídeo tão antigo pode transformar as teorias de povoamento das Américas construídas até aqui. Por conta disso, o local atrai pesquisadores de diversos países.

Fendas e paredões conservam um rico acervo de pinturas

Calendários e sistemas solares desenhados há milhares de anos

Além da Toca dos Búzios, outro sítio possui vestígios de povoamento no período Pleistoceno médio. A Toca da Esperança é o sítio arqueológico mais antigo das Américas. No local, foi encontrado um Chopper, uma das ferramentas primitivas utilizadas para cortar e amassar alimentos, com cerca de 300 mil anos. Pinturas de animais, como tatu gigante e o cavalo extinto, calendários solar e lunar reforçam a teoria da Tradição Astronômica que indica o conhecimento dos astros pelos antepassados. O rico acervo de fósseis e pinturas encontrados no município acha-se hoje no Museu Arqueológico de Central, inaugurado em 1995. Localizado no antigo Mercado Municipal, na praça da Feira, o espaço agrupa telas com reproduções das pinturas, cerâmicas, panelas, batedores, chopper e cavadeiras encontradas nas escavações. O museu também exibe fósseis de animais atuais, paleolhama, cavalo extinto, mastodonte e do tatu gigante, animal do tamanho de um Fusca. Um espaço reproduz o cenário de uma escavação arqueológica, com marcações, fitas e pincéis. O acervo do museu ainda reúne uma antiga urna funerária e, em uma sala, fotos e textos contam a história da passagem da Coluna Prestes pela cidade, com depoimentos dos moradores. O museu é frequentado por estudantes, pesquisadores e turistas; só na Semana dos Museus, em maio, mais de 1.500 pessoas visitaram o local. Viver Bahia | 43


Paredões agrupam as imagens pintadas há milhares de anos, em Gentio do Ouro

D

epois de Central, o último destino da viagem é Gentio do Ouro, cidade com pouco mais de 12 mil habitantes. Depois de seguir pela Estrada do Feijão até Xique-Xique, é só pegar a BA-160 em direção à cidade. A região, que já foi repleta de minas de ouro, hoje é explorada por mineradores de cristais. Entre as serras e cânions do município, pinturas associadas à Tradição Geométrica chamam a atenção por sua diversidade de cores e pelos longos paredões que estão cobertos com as figuras. Um bom exemplo das pinturas nos paredões de Gentio do Ouro é o sítio de Poções. Na região, as pinturas com traços, ziguezagues e marcações de calendários 44 | Viver Bahia

estendem-se por cerca de 200 a 300 metros entre os cânions. Os blocos de paredões de arenito e paredes com fendas, pintados em painéis compostos por cores fortes, integram a paisagem que acompanha o curso da água. Na região, pinturas de figuras humanas e animais felinos misturam-se a desenhos de cruzes, semelhantes às da Ordem de Cristo, que indica a conservação da prática da pintura por parte dos grupos indígenas que foram colonizados e convertidos ao catolicismo, durante a exploração portuguesa. Ainda em Gentio do Ouro, o Sítio do Caldeirão, no povoado de Água Doce, reúne pinturas feitas em paredões de áreas descobertas,

com pequenos desenhos geométricos, representações de calendários, animais e algumas figuras humanas. As pinturas do Caldeirão são compostas de várias cores, predominando o vermelho, o amarelo e o branco. No Sítio da Cachoeira do Encantado, imagens geométricas, bastonetes, grades, pentes, animais, lanças e cestas são encontrados separados. Algumas figuras humanas isoladas também são encontradas no local e possuem olhos que ocupam toda a face. No local, uma das paredes pintadas sofreu alterações por conta do vandalismo de alguns visitantes e chama a atenção para a necessidade de preservação dos sítios.

Sítios baianos possuem acervo variado

A

arte rupestre encontrada na Bahia segue uma linha semelhante às encontradas em outros estados do Nordeste. Os pesquisadores costumam categorizar os desenhos através de tradições históricas que se repetem em uma região ou em uma época específica. As figuras e gravuras da Bahia dividemse entre a Tradição Nordeste, Tradição Agreste, Tradição São Francisco e Tradição Astronômica. A Tradição Nordeste consiste em uma série de cenas compostas por figuras de animais e de homens sempre interagindo na mesma cena, onde normalmente há algum movimento de capturas, caças, lutas, rituais, com bastante dinamismo e traços finos e delicados, geralmente com 10 a 15 centímetros de altura, além de alguns com dois centímetros. Já a Tradição Agreste, também composta por motivos de animais e homens, agrupa figuras maiores e sem compor uma cena de ação específica, em traços largos e contornados. Algumas imagens de ave com grandes asas, de até 1,5 metro de altura, de lagartos, tartarugas e palmas das mãos costumam ser recorrentes. Uma terceira tradição, a São Francisco, encontrada na região do Vale do São Francisco, reúne desenhos geométricos e figuras em policromia. Representações de grades, pentes, lanças, cestas, traços em ziguezagues e animais são comuns. As imagens datam de 2.700 anos a até 12 mil anos. A Tradição Astronômica, considerada por alguns pesquisadores, revela em pinturas de mapas astrais, sistemas

Fotos: Rita Barreto

Foto: Eduardo Pelosi

Gentio do Ouro reúne pinturas diversificadas

Fotos: Rita Barreto

Turismo Arqueológico

Na Bahia, é possível encontrar pinturas de miniaturas e grandes desenhos

de planetas e astros, além de calendários e fenômenos como o solstício e fases da lua. Em grafismos de aproximadamente 3.200 anos, as figuras geométricas dessa tradição são atribuídas a alguns conhecimentos astronômicos por parte das tribos indígenas que habitavam a região há milhares de anos.

Animais compõem grande parte das cenas

Informações

úteis

Onde ficar

Xique-Xique

Irecê Morro do Chapéu

BA 132

Feira de Santana

BR 324

Gentio do Ouro Salvador

Como chegar Saindo de Salvador pela BR-324, até Feira de Santana, é só pegar a BA-052, conhecida como Estrada do Feijão, e percorrer 265 km até Morro do Chapéu. Seguindo na Estrada do Feijão, na direção de Irecê, são 118 km até o município de Central. Para chegar em Gentio do Ouro, depois de seguir pela Estrada do Feijão até XiqueXique, é só pegar a BA-160 em direção à cidade.

Morro do Chapéu Central Gentio do Ouro

Morro do Chapéu Diamantina Pálace Hotel - Rua Honório Pereira, nº 43 - Centro (74) 3653-2124 Hotel Gruta dos Brejões - BA-052, Km 273, Estrada do Feijão (74) 3653-2202 Hotel Oliveira - Rua Rui Barbosa nº 122 - Centro (74) 3653-1099 Hotel e Churrascaria Pó-Só - Av. Contorno, BA-052, km 272, nº 379. (74) 3653-1128/2201 Itamarati Hotel - Av. Coronel Dias Coelho, n° 77 (74) 3653-2352 Central Porto Conterrâneo - BA-052, Entrada de Central (74) 3655-1086 Hotel São Francisco - Avenida Central, nº 243 (74) 9980-6814 Hotel e Restaurante Guedes - Avenida Central, nº 264 (74) 3255-1044 Gentio do Ouro Pousada Mira Serra - Praça Vanderlino Vieira (74) 3637-2325

Viver Bahia | 45


Sol&Mar

Entre o luxo e a simplicidade Foto: Jota Freitas

Citada pelo The New York Times como um dos destinos mais desejados do mundo, Trancoso encanta pela mistura harmoniosa de opções

A

Paisagens repletas de coqueiros e falésias atraem turistas do mundo inteiro para a Praia do Espelho 46 | Viver Bahia

s águas cristalinas, areias brancas e os ares de uma pequena vila fazem de Trancoso, no litoral do Extremo Sul da Bahia, um dos lugares mais desejados do mundo para variadas opções. Seja para o descanso, o lazer ou a badalação, a localidade encanta desde os moradores locais que ali vivem e trabalham deliciando-se com suas belezas naturais até aqueles mais ilustres, como a cantora Elba Ramalho, e os leitores e editores do jornal norte-americano The New York Times, que a elegeram como um dos destinos mais desejados. Recentemente, a publicação estrangeira enalteceu as potencialidades do destino que possui várias opções de restaurantes, bares e espaços para as baladas. Além disso, também foram enfatizados a riqueza e o requinte das suas mansões, muitas avaliadas em milhões de dólares, bem como alguns empreendimentos hoteleiros, que oferecem conforto diferenciado em ambiente à beira-mar. Apesar de toda a atmosfera de riqueza e beleza que cercam a localidade, Trancoso ainda possui toques de simplicidade e guarda um pouco do estilo “paz e amor”, propagado pelo Movimento Hippie do

fim dos anos 60 e início dos anos 70 do século passado. Isso pode ser visto facilmente em algumas casas, barracas de praia e até mesmo nas pessoas que comercializam pequenas peças de artesanato no local. Situada a mais de 800 km de Salvador e a 47 de Porto Seguro, a pequena localidade que pertence à Costa do Descobrimento também conserva características deixadas pelos jesuítas ainda no século XVI. Exemplo disso é o Quadrado, espécie de vila que concentra a igrejinha local e as casinhas coloridas, que hoje funcionam como lojas, bares, restaurantes e pequenas pousadas. Lá também é possível ter contato com a natureza, o local é repleto de árvores centenárias como jaqueiras, mangueiras, amendoeiras e jacarandás. Praias – Ao sair do centro de Trancoso, o visitante depara-se com um vasto leque de opções de passeios. São pelo menos nove opções de praias para desfrutar na região, entre elas as do Espelho, Itapororoca e Coqueiros. A Praia do Espelho é a mais conhecida e também foi um dos atrativos citados pelo The New York Times, principalmente para aqueles que preferem fugir da agitação. Viver Bahia | 47


A exatamente 20 km de Trancoso, e próxima ao povoado de Caraíva, o lugar seduz pelo fascínio de suas paisagens repletas de coqueiros e falésias. As águas, normalmente cristalinas, podem ser vistas nas cores verde e azul. O reflexo do sol, entre as 10h e às 14h, também dá um toque especial ao mar, que fica numa tonalidade prateada, tal qual a de um espelho. Em Itapapororoca, o destaque fica por conta das piscinas naturais formadas quando a maré está baixa. Já a Praia de Coqueiros fica próxima a Trancoso e possui muita badalação. Lá é possível frequentar as barracas que servem petiscos e refeições tipicamente da culinária baiana. Gastronomia - Uma boa comida é sempre uma grande atração nos principais destinos

turísticos do mundo. Em Trancoso não é diferente. Lá, o visitante encontra figurinhas carimbadas da culinária baiana como acarajé, abará, caruru, vatapá e as tradicionais moquecas, mas também pode saborear iguarias – muitas vezes peixes e frutos do mar – temperados ou acompanhados de ingredientes exóticos ou nada convencionais. Em alguns restaurantes é possível degustar peixes regados a diferentes molhos. Quem quer fugir das comidas típicas regionais também não fica sem alternativa. Em Trancoso há opções de restaurantes que servem massas, filés e até comida oriental. Aliás, saborear sushis e sashimis nesse paraíso do litoral baiano tem sido uma das principais pedidas dos paulistas, cariocas, mineiros e goianos que invadem a região em todos os períodos do ano.

Fotos: Jota Freitas

Caraíva é atração à parte Muitos visitantes que vão a Trancoso aproveitam a viagem para passar por Caraíva. As principais atrações da cidade são as ruelas de areia fofa, onde muitas pessoas praticam caminhadas e arriscam alguns passos de forró. O ritmo nordestino, que contagia a maioria dos visitantes que passa por Caraíva, tem seu lugar certo. O Forró do Ouriço, que existe há mais de 15 anos, é parada obrigatória para aqueles que não perdem um arrasta pé. Na praia, uma das principais atrações surge de forma sazonal e depende das condições climáticas para ser vista. A lua cheia é muito apreciada pelos casais que vão Trancoso oferece infraestrutura turística para quem quer

ao litoral da Bahia em busca de tranquilidade e romantismo. A ausência de iluminação, escolhida pelos nativos para conservar os ares originais de Caraíva, leva os moradores e visitantes a fazer uso de pequenas lanternas. A recompensa pelo pequeno sacrifício é dada pelo céu repleto de estrelas, sobretudo nas noites de verão. Destinos gay friendly Tanto em Trancoso como em Caraíva e na Praia do Espelho, o público formado por gays, lésbicas e simpatizantes é bem recebido em hotéis, restaurantes e pousadas. Segundo empresários da região, o segmento representa 20% do fluxo turístico local.

desfrutar de praias paradisíacas com conforto Informações

úteis

Como chegar Trancoso está a 47 km ao sul de Porto Seguro (cerca de uma hora e meia de viagem). A melhor opção de acesso para quem viaja de carro é a BR-101. No km 772 da rodovia, em Eunápolis (BA), o motorista deve entrar na BR-67, seguir até o km 33 dessa estrada e por mais 47 km em direção a Trancoso, pela via estadual BA-001. Quem vai para Caraíva (a 74 km de Porto Seguro) deve sair da BR-101 no km 753 e entrar no povoado de Monte Pascoal. São 43 km de estrada de terra até chegar a Caraíva e mais 12 km para chegar à Praia do Espelho. Também é possível desembarcar em Porto Seguro, de ônibus ou avião, e pegar um táxi, van ou a linha local de ônibus para descer até às praias.

Eunápolis BR 101

Onde ficar Trancoso

BR 367 Porto Seguro BA 001

Trancoso

Monte Pascoal

Caraíva

Transporte Aéreo Aeroporto Internacional de Porto Seguro - Estrada do Aeroporto, s/nº - Cidade Alta - Tel: (73) 3288.1880 www.infraero.com.br TAM - Tel: (11) 4002-5700 e 0800 570 57 00 (outras localidades) www.tam.com.br Gol - Tel: 0300 115 2121 www.voegol.com.br

Salvador

Caraíva

Transporte Rodoviário

Ambiente rústico conserva os cenários originais de Caraíva 48 | Viver Bahia

Terminal Rodoviário de Porto Seguro - Estrada do Aeroporto, s/nº - Cidade Alta. Tel: (73) 3288-1039 Viação Águia Branca - Tel: (11) 4004-1010 e 0800 725 1211 (outras localidades) www.viacaoaguiabranca.com.br Viação São Geraldo - Tel: 0800 311 312 - www.saogeraldo.com.br

Pousada Mundo Verde - Rua do Telégrafo, 43 Tel: (73) 3668-1279 www.pousadamundoverde. com.br Etnia - Av. Principal, s/nº Tel: (73) 3668-1137 www.etniabrasil.com.br Pousada Aldeia do Sol - Estrada do Rio Verde, 740 Tel. (73) 3668-1984 e (11) 5018-4711 www.aldeiadosol.com.br Pousada Bom Astral - Quadrado, s/nº Tel: (73)3668-1270 www.bomastraltrancoso.com Pousada Canto do Sossego - R. João Vieira, 5 Tel: (73) 3668-1089 - http:pousadacantodososse go.50webs.com/ Pousada Pandoro - Rua Principal,117 Tel: (73) 3668-1158 www.pousadapandoro.com.br Hotel Club Med Trancoso - Fazenda do Taipe, km 18 Tel: (73) 3575-8400 www.clubmed. com.br

Trancoso Caraíva

Pousada da Barra - Tel: (73) 9985-4302 www. caraiva.com Pousada Lagoa - Tel: (73) 9985-6862 e (73) 3225-5845 www.lagoacaraiva.com.br Vila do Mar - Tel: (73) 3668-5111 www. pousadaviladomar.com.br

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Discreto charme dos hotéis-butique

Fotos: Rita Barreto

Hospedagem

Fotos: Rita Barreto

Hotéis de alto luxo capricham na infraestrutura, decoração dos quartos e áreas de lazer, agregando mais opções de entretenimento para os clientes

Zank inova e implanta em Salvador conceito do luxo despretensioso Karina Brasil

A

mbientes personalizados e atendimento exclusivo com todos os mimos e atenções. Esta é a nova concepção hoteleira que começa a ser implantada em Salvador. Os chamados hotéis-butique pretendem oferecer ao hóspede o conforto e a tranquilidade das pequenas pousadas, sem esquecer o bom gosto e o luxo dos grandes hotéis. A junção de simplicidade e requinte é o charme desse novo conceito em hospedagem, que desde 2008 é praticada pelo Zank Boutique Hotel. O empreendimento das irmãs paranaenses Raquel, Eliane, e Cecília Zanchet tem como objetivo mostrar ao visitante a arte e a cultura brasileira, unindo peças de várias épocas, culturas e lugares, criando 50 | Viver Bahia

assim um ambiente que liga, de forma harmônica, o antigo e o contemporâneo. Situado no boêmio e famoso bairro do Rio Vermelho, conhecido por nomes ilustres que residem ou residiram no local, como Jorge Amado e Zélia Gattai, João Ubaldo Ribeiro, Caymmi, Carybé e Mario Cravo, o Zank possui uma localização privilegiada nessa parte de Salvador, que tanto atrai artistas e intelectuais. A vista para a pacata Praia da Paciência compõe o cenário como uma belíssima obra de arte da natureza. “A vista é um presente de Iemanjá”, diz Raquel Zanchet. Além da paisagem, o cuidado com a decoração de cada ambiente, aliado à escolha de cada item, é um dos diferenciais. Os cestos de palha, encontrados na Feira de São Joaquim, e as peças artesanais adquiridas em várias cidades brasileiras, principalmente baianas, complementam-se com objetos das mais diversas

décadas, como mesas, cadeiras, lustres e luminárias, exuberantes pela beleza e design. Tudo isso, dividido em dois ambientes: o casarão de época, construído por volta de 1895 e 1907, e o prédio contemporâneo de linhas minimalistas, unindo, através de uma passarela de madeira, a tradição e a modernidade. Complementar a essa profusão artística, os apartamentos contam a história brasileira através do tempo. Diferenciados e únicos, criam os mais diversos ambientes. O colonial, inspirado na cidade de Cachoeira; o barroco, que evoca personagens como Catarina Paraguaçu e Coco Chanel; o modernista, que traz a elegância dos primeiros móveis modernos brasileiros; o tropicalista, com móveis em fibra de vidro, dos anos 70; os clássicos contemporâneos, compostos por elementos do design brasileiro; e o neobarroco, que utiliza na composição dessa atmosfera o refinamento e a

Ambientes misturam requinte com características da cultura baiana e contemplam necessidades de um público exigente

contemporaneidade. “Busquei materializar uma estética que traduzisse momentos e atmosferas brasileiros. Uma ‘viagem’ pelas nossas matrizes, vista através de um olhar leve, despretensioso e contemporâneo”, explica a designer de interiores responsável pela decoração do hotel, Judith Pottecher. Mesmo com todos os elementos que pertencem ao universo artístico, os luxos dos grandes hotéis não são desprezados. Aliado à beleza e tranquilidade do local, o hóspede pode desfrutar de áreas como deque, terraço e jardim, além de um spa com sauna e tratamentos corporais; e de um lounge com piscina e hidromassagem, tudo isso unido à belíssima vista para a Praia da Paciência, bastante explorada na arquitetura do local. Para incrementar o mergulho na cultura nordestina, uma biblioteca, que com foco na literatura de cordel divide espaço com as famosas gravuras de

Hansen Bahia, são alguns dos diferencias do hotel-butique. O hotel, que realiza dia de noiva e pacotes especiais para a noite de núpcias, começa a investir também no turismo de negócios, e já recebeu eventos de todo o Brasil, como o da Phillips na Bahia, curso de maquiagem da marca francesa Givenchy, lançamento do CD da cantora baiana Mariene de Castro, dentre outros. Tranquilidade, sossego e os mimos oferecidos aos hospedes só são possíveis devido ao número reduzido de apartamentos, o que confere ao hotel um clima próximo ao familiar. De acordo com a sócia do Zank, Raquel Zanchet, tudo é feito para que o hóspede sinta-se em casa: “Tratamos o hóspede como se fosse nosso convidado, realizamos suas vontades, como jantar romântico em nosso lounge, e outros mimos”, diz Raquel. Esse clima, o ambiente e o tratamento exclusivo conquistaram personalidades nacionais e internacionais, a

exemplo de Reynaldo Gianechinni, Mariana Ximenes, Luana Piovani, Christiane Torloni, Sônia Braga, Camila Pitanga, Jesus Luz e também o cantor e compositor americano Clifton Davis, que compôs músicas para os Jackson´s Five, revelando Michael Jackson ao mundo. A individualidade e interatividade, associadas aos elementos de arte, é o diferencial do conceito dos hotéis-butique, que vêm ganhando espaço no cenário hoteleiro do país. A atmosfera tranquila cria um ambiente relaxante e faz com que o visitante não queira mais ir embora. Colaborou Caroline Martins ões Informaç

úteis Diárias

rada*: Baixa tempo 0,00+10% estilo R$53 Apartamento Classe (com de categoria Apartamento % 10 + 00 637, banheira) R$ da*: ra po m te Alta 0,00+10% estilo R$59 to en m ta ar Ap Classe (com de categoria Apartamento % 10 + 708,00 . banheira) R$ al e Réveillon dos, Carnav ria fe to ce * Ex

Viver Bahia | 51


Turismo Rural

Encontro com a Natureza Hotéis-fazenda oferecem experiências diferenciadas aos turistas

Crianças podem conhecer de perto os filhotes

Estrutura semelhante a dos hotéis e resorts

Passeios de charrete, banhos de riacho, trilhas e colheitas de pequenas frutas divertem a família nos hotéis-fazenda

Q

uem passa pelas cidades de Cachoeira, Santo Amaro, Ilhéus e Itabuna, naturalmente associa a paisagem aos elementos étnicos da cultura africana ou aos romances de Jorge Amado e à saga dos coronéis do cacau. O que poucos imaginam é que esses dois polos turísticos do Estado destacam-se pela vasta quantidade de estabelecimentos aptos a receber visitantes interessados em experiências 52 | Viver Bahia

similares à vida no campo. Andar a cavalo, ordenhar vacas e apreciar a produção de queijos, iogurtes e coalhadas são algumas das atividades oferecidas por fazendas que possuem estrutura de hotel. “A proposta é tirar os hóspedes das suítes com TV a cabo e ar-condicionado e fazer com que eles vivenciem o ambiente rural”, explica a presidente da Associação Baiana de Turismo Rural (Abatur), Jane Figueiredo. Mesmo com a proposta de

levar os turistas a um ambiente essencialmente campestre, muitos estabelecimentos baianos, principalmente no Recôncavo e na Costa do Cacau, oferecem conforto semelhante aos dos hotéis e resorts do litoral. Piscinas, campos de futebol, salão de jogos e ambiente climatizado são figurinhas carimbadas nos estabelecimentos de maior porte. Em Cachoeira e Santo Antônio de Jesus, por exemplo, alguns hotéis-fazenda cumprem bem

Pôneis são as atrações para as crianças

essa proposta. Mesmo possuindo atividades que buscam o encontro com a natureza e as práticas do campo como banhos de riacho, trilhas e colheitas de pequenas frutas, os estabelecimentos também oferecem passeios de charretes, pedalinhos e até apresentações de música ao vivo e sessões de cinema. A produção associada ao turismo também é destacada na atividade rural, seja em pequena ou em larga escala. Em alguns hotéis-fazenda, como o Vila Rial, em Cachoeira, milhares de litros de leite são produzidos e consumidos pelos próprios hóspedes. Além do leite, muito do que é servido no café da manhã e demais refeições do dia também é produzido internamente. Nas estradas que se interligam à BR-101, principalmente nas proximidades de Santo Antônio de Jesus e na região do Vale do Jiquiriçá, cinco fazendas, que datam do século XIX, prepararam uma pequena infraestrutura para receber turistas. Todas estão organizadas para visitação e apenas uma delas não oferece o serviço de pernoite.

Gastronomia é um dos destaques As comidas típicas e as iguarias do ambiente rural também são irresistíveis, a começar pelo café da manhã. Um variado cardápio inclui muitas opções de doces, bolos, pães, frutas, geleias, sucos e derivados de leite, como queijo, requeijão e iogurtes. Os ovos de quintal, o aipim frito ou cozido, a banana-da-terra frita ou cozida também caem bem nas primeiras horas do dia. Os mais adeptos a uma “sustança” podem saborear carne-do-sol, linguiça frita e até ensopado de frango na refeição matinal. No almoço, a carne bovina, normalmente assada, a galinha de quintal e outras comidas caseiras dominam o cenário. Muitos dos ingredientes utilizados na cozinha de hotéis e pousadas rurais são originados na propriedade onde estão instalados os estabelecimentos, principalmente verduras e hortaliças utilizadas em saladas.

Chalé de casal oferece vista para a cidade

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Segmento busca expansão

Turismo Rural

Hotéis-fazenda do Recôncavo reúnem características do século XIX

Um desses estabelecimentos é o São Geraldo Hotel Fazenda, que fica próximo à sede de Santo Antônio de Jesus. O estabelecimento reúne todas as condições para a hospedagem de famílias e casais que apreciam o turismo rural. Móveis coloniais, lustres do século XIX e primeiras décadas do século XX, remanescentes dos engenhos de cana-de-açúcar e até mesmo cartas de alforria podem ser vistos nos estabelecimentos. Entre os objetos herdados de bisavós, avós e pais, conservados e guardados com bastante cuidado pelos atuais proprietários, estão ainda vitrolas e antigas armas brancas e de fogo. Os mais nostálgicos podem ouvir as canções de Orlando Silva e Nelson Gonçalves em meio aos chiados dos discos de 78 rotações. Em Santo Amaro da Purificação, município localizado a menos de uma hora de Salvador, três fazendas funcionam para visitação e hospedagem. Além dos hóspedes convencionais, os espaços também recebem excursões de empresas e de escolas dos ensinos infantil e fundamental. Uma delas é a Fazenda Santa 54 | Viver Bahia

Mônica, que sedia o Traripe Espaço Rural, lugar ideal para quem gosta de tranquilidade e do ecoturismo. “Somos originalmente uma fazenda que resolveu abrir suas porteiras para trabalhar o turismo rural direcionado à preservação e educação ambiental”, conta Jane Figueiredo, da Abatur, que também é proprietária do local. Localizado em região de remanescentes de Mata Atlântica, o hotel tem em suas proximidades nascentes, riachos e uma pequena cachoeira. Situado a 211 metros acima do nível do mar, o espaço possui um clima agradável, com temperaturas amenas, sobretudo à noite. “Lá ensinamos os hóspedes a amar insetos e animais como os lagartos, pássaros, micos e aves”, ressalta Jane. Quem pensa que é caro desfrutar as delícias de se hospedar na zona rural, dormir cedo e acordar com a passarada, está enganado. O empresário Geraldo Bulhões, proprietário do São Geraldo Hotel Fazenda, disse que uma diária para casal e criança de até oito anos varia entre R$ 150 e R$ 200 com o café da manhã incluído.

Com mais de 100 estabelecimentos entre hotéis e pousadas, o segmento de turismo rural na Bahia prevê um crescimento de 10% na atividade em 2010. Para isso, os representantes da câmara técnica e associações que representam o setor buscaram apoio do governo estadual, que garantiu a confecção de um catálogo ilustrativo e a promoção em feiras e eventos de turismo que ocorrem em todo o país, através da Bahiatursa. A Secretaria de Turismo do Estado garantiu ainda a inclusão de pequenas e médias empresas do segmento nos programas de qualificação profissional, que são desenvolvidos em parceria com instituições como Senac, Sebrae e Uneb.

Bar, piscina, futebol e salão de jogos são opções de lazer

Ambiente bucólico atrai turistas para o Recôncavo e a Costa do Cacau Informações

úteis

Traripe Espaço Rural - Fazenda Santa Mônica (Santo Amaro-BA) - End.: Localidade de Oliveira dos Campinhos, Santo Amaro-BA Tels.: (75) 3208-1017 (75) 3208-1206 São Geraldo Hotel Fazenda - Situado a 5 km da BR-101 e a oito minutos de Santo Antônio de Jesus. Mais informações no site: www.saogeraldohotelfazenda.com.br Hotel Fazenda Villa Rial - Cachoeira-BA Mais informações no site: www.villarial.com.br

Turismo rural também promove a educação e preservação do

meio ambiente

Hotéis-fazenda oferecem passeios a cavalo

*Mais hotéis-fazenda no site: www.bahia.com.br

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Produção Associada ao Turismo

Couro e Companhia

Fotos: Rita Barreto

Alternativa viária para a Chapada Diamantina possibilita parada para compras de artigos de couro em Ipirá e Itaberaba Eduardo Pelosi

V

endidos em todo o Brasil, os artigos de couro produzidos no centro norte baiano já transformaram a região em um ponto de parada para quem quer aproveitar a viagem para comprar bolsas, calçados, chapéus, coletes, cintos e artigos de selaria. Quem vai visitar a Chapada Diamantina, tem na rota do couro uma boa opção para as compras. Saindo de Salvador pela BR-324, até Feira de Santana, é só pegar a BA-052, conhecida como Estrada do Feijão, até o município de Ipirá, onde algumas lojas de fábrica encontram-se já na entrada da cidade. Localizada a 211 km de Salvador, Ipirá é uma das grandes fabricantes de artigos de couro da região da Bacia do Jacuípe. A produção local tem números significativos, com cerca de 150 microempresas e um faturamento médio de R$ 3 milhões/mês. Considerada por alguns a capital do couro no Estado, Ipirá tem no centro da cidade um comércio 56 | Viver Bahia

Calçados femininos de Ipirá são vendidos em todo o país

Fábricas utilizam a mão de obra da região para confeccionar as bolsas, carteiras, cintos e calçados

bastante movimentado, com diversas lojas que vendem artigos de couro. Na feira livre, são comercializadas muitas peças feitas de forma quase que artesanal fabricadas no povoado do Malhador, a 10 km da cidade, onde surgiu a tradição local da produção de peças em couro. Lá, os primeiros fabricantes começaram a fazer o corte do couro e criar peças como sandálias. Os próprios empresários faziam a distribuição dos produtos em todo o Brasil. Hoje, as principais fábricas da região já contam com distribuidores espalhados por todo o país; algumas já possuem lojas próprias em cidades da região. Uma das principais fabricantes de carteiras, cintos e bolsas da cidade é a Aredda Couro, que tem sua sede logo na entrada da cidade, no km 84 da Estrada do Feijão. A fabricação começou no Malhador, em 1996, e depois foi transferida para o centro de Ipirá. No início, a produção funcionava num pequeno depósito, e eram confeccionadas 300 peças por dia. Em 2002, a produção já alcançava

mais de 1.000 peças diárias e os produtos foram diversificados. Atualmente, a empresa tem distribuidores que atuam em todas as regiões do Brasil e acompanha todas as tendências para inovar no estilo dos seus produtos. Em uma área de 1.500 m², a fábrica que hoje produz 1.600 peças é totalmente integrada com a loja, na entrada da cidade. O local é amplo e possui um espaço receptivo, com mesas e uma área de lanches e bebidas, para quem acabou de chegar de viagem. Através de um vidro no fundo da loja, é possível ver a fabricação dos produtos. Ao todo, são 10 vendedores na loja e 80 pessoas na fábrica. A matéria-prima dos produtos de couro feitos em Ipirá vem do interior de São Paulo e de Pernambuco, mas toda a transformação do produto é realizada aqui, desde o corte do couro até a embalagem, tudo é feito dentro da linha de montagem, que manda o produto novinho direto para a loja. De acordo com o empresário

Preço baixo atrai visitantes às lojas do interior Viver Bahia | 57


Dilson Gomes, a ideia de montar a empresa surgiu da vontade de seguir a tradição do pai, que fabricava artigos de selaria. Gomes explica que toda a mão de obra é captada no município. “Valorizamos quem é daqui, não temos um treinamento específico, eles aprendem na fábrica e na loja, com a prática do dia a dia”, explica o empresário, que aponta a falta de qualificação a grande dificuldade para o crescimento do negócio, mas a empresa já planeja buscar apoio de outras organizações para capacitar os futuros trabalhadores. A gerente da loja, Rosângela Silva, conta que muita gente que compra na loja já planeja a viagem com uma parada em Ipirá. “Quando as pessoas programam as viagens, elas já incluem a cidade como uma parada para as compras. Além disso, quem passa na rodovia e vê a nossa loja também resolve parar para conhecer”, relata. De acordo com a gerente, os dias mais movimentados são as quintasfeiras, sextas e os sábados. Para ampliar as vendas, a empresa planeja melhorar a infraestrutura do acesso da loja, com uma entrada completamente asfaltada e área de estacionamento, além de abrir outras lojas, para atingir cada vez mais o consumidor final. Interessada pelas bolsas de couro vendidas na loja, a estudante Mariana Rabelo veio com a mãe, de Salvador, para conhecer o local. Depois de olhar os diversos modelos e cores de bolsas, ela escolheu uma bolsa 58 | Viver Bahia

vermelha, bem grande, para levar tudo que precisa e ficar na moda. “Eu vim porque a minha amiga, que nasceu em Ipirá, me contou que aqui tem essas lojas. Dá vontade de levar tudo, em Salvador essas bolsas custam uns R$ 200 a mais”, comenta. Ainda em Ipirá, outra empresa que atua na fabricação e comércio de artigos de couro é a Dominus Couro. Com mais de 15 anos no mercado, o início da fabricação também começou de forma quase que artesanal, no povoado do Malhador, sendo uma das primeiras empresas a fabricar a Sela Montada. Atualmente no centro da cidade, a Dominus possui uma loja pequena, ao lado da fábrica, já que foca mais na distribuição dos seus produtos. O gestor da empresa, Paulo

Fotos: Rita Barreto

Produção Associada ao Turismo

Linha de montagem produz 1.600 peças por dia em Ipirá

Carteiras e bolsas são fabricadas acompanhadando as tendências do mercado internacional

Produção utiliza matéria prima de diversas cores e texturas

Vinícius Macedo, conta que toda a estrutura de fábrica e loja serão transferidas, em breve, para um espaço maior, na entrada da cidade. “Precisamos de um galpão maior para ampliarmos a nossa equipe e a quantidade de peças produzidas; estamos investindo na qualidade dos produtos e em clima de crescimento. Pretendemos mudar para o novo espaço ainda este ano, já que tudo é feito com os recursos da empresa”, explica Macedo. Com uma produção de 500 peças por mês, a fábrica conta com, aproximadamente, 40 funcionários - todos da região - e utiliza mais de 20 texturas diferentes para produzir bolsas, pastas, carteiras, sapatos e calçados. Para treinar os novos funcionários, a empresa Viver Bahia | 59


investe na capacitação e realiza uma escolha criteriosa para novas contratações. Seguindo viagem pela BA233, são 73 km de uma estrada novinha que liga Ipirá a Itaberaba, portão de entrada da Chapada Diamantina. No percurso, o cenário já contempla a bela visão das serras e morros característicos da região. Em Itaberaba, algumas fábricas e lojas de artigos de selaria também diversificam os produtos comercializados para integrar a Rota do Couro. Localizada no Mercado Velho, a Selaria Campo Rural ainda possui uma pequena estrutura, mas já vende as selas e artefatos country para moradores do sudeste e centro-oeste que visitam a cidade. Com 12 anos no mercado, o empresário Israelício Oliveira explica que algumas selas são fabricadas na região, mas como o trabalho é feito em família, ele produz apenas cinco selas por mês, o resto é comprado em fábricas de outras regiões, como o sul da Bahia, Feira de Santana e a cidade de Cachoeirinha, em Pernambuco. “O nosso termômetro para a venda é a seca; quando chega o mês de junho, nossas vendas melhoram e, com isso, podemos investir mais. A nossa dificuldade hoje é a queda no número de vaqueiros; hoje é muito mais barato para o fazendeiro tocar o gado com motos, que custam menos e não precisam de tanto cuidado como os animais. Por isso, precisamos diversificar a produção”, conta Oliveira. 60 | Viver Bahia

Fotos: Rita Barreto

Produção Associada ao Turismo

Produção de calçados emprega mais de 30 mil pessoas em 20 municípios da Bahia

Preço das bolsas chega a até 50% mais barato do que nos grandes shoppings centers

Também em Itaberaba, a Selaria Puma já possui uma estrutura maior. Além de selas, a loja já vende chapéus, sapatos, botas, coletes, itens de decoração, acessórios e cintos de couro, tudo para diversificar o comércio e atrair novos consumidores. Para a administradora Joana Almeida, de 27 anos, vale a pena percorrer os 180 km que separam Seabra de Itaberaba para comprar artigos de couro. “Tudo aqui é muito trabalhado, a costura é detalhada e o material dura bastante. Além disso, não encontramos esses preços em outros lugares, eu prefiro vir até Itaberaba para fazer as compras”, relata. Depois das compras, o visitante pode conhecer alguns dos principais pontos turísticos de Itaberaba, como a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, construída

em 1906, que possui um belíssimo acervo de imagens sacras e uma imagem de estilo barroco da Virgem do Rosário, padroeira da cidade. Portal da Chapada, Itaberaba também revela alguns cenários típicos das cidades da região. Saindo de Itaberaba, a viagem pode continuar de forma esplendorosa com um passeio pela Chapada Diamantina. A vasta Mata Atlântica, campos floridos e planícies de um verde sem fim dividem a paisagem com toques de caatinga e cerrado. Imensos paredões, desfiladeiros, cânions, grutas, cavernas, rios e cachoeiras completam o cenário de rara beleza da região. Polo calçadista - Em Ipirá, uma grande fábrica utiliza couro e outros produtos sintéticos para a fabricação de calçados. A Paquetá, tradicional empresa do ramo que

criou a linha Ortopé, possui mais de mil funcionários trabalhando na cidade e fabrica calçados das grandes marcas Diadora e Adidas, no interior da Bahia. A empresa integra o Polo Calçadista da Bahia, que possui 30 empresas na área de calçados e emprega mais de 30 mil pessoas em 20 municípios. As indústrias instaladas em municípios como Ipirá, Itaberaba, Jequié, Jacobina e Ruy Barbosa contabilizaram, em 2009, mais de 35 milhões de pares de calçados produzidos, num valor global de R$ 850 milhões, de acordo com o Sindicato da Indústria de Calçados, Componentes e Artefatos da Bahia (Sindcalçados). Em 2010, o polo calçadista baiano deve crescer ainda mais. O Governo do Estado investe cerca de R$ 42 milhões para apoiar o desenvolvimento do setor e fortalecer a cadeia produtiva. Uma nova instalação da Ramarim, em Jequié, deve gerar 1,1 mil novos empregos diretos e a duplicação de galpões da fábrica Free Way, em Jacobina, vai gerar mais 330 empregos. A Vulcabrás/Azaléia, por exemplo, maior calçadista brasileira e maior produtora de artigos esportivos da América Latina – fabricante de marcas como

Reebok, Olympikus, Vulcabrás, Azaléia e Opanka – planeja, para 2010, investimentos de R$ 14,6 milhões nas 19 unidades fabris no Estado, sendo R$ 9,6 milhões para ampliação produtiva. “A capacidade de produção da empresa na Bahia, que esteve ociosa em boa parte de 2009, voltou a ser plenamente utilizada. Nossa expectativa é de fechar 2010 com 18.513 empregados na Bahia, 881 a mais do que dezembro de 2009”, afirmou o presidente da Vulcabrás/Azaléia, Milton Cardoso. No portão de entrada da Chapada Diamantina, outra fábrica planeja crescimento nas suas unidades da Bahia em 2010. O Grupo Dass, instalado em Itaberaba, está entre os três maiores grupos industriais do Brasil e os cinco maiores da América Latina no setor e espera crescer 12% no Estado.

Polo calçadista produziu 35 milhões de pares

Informações

úteis

Ipirá Itaberaba

Salvador

BA 052

Ipirá

Feira de Santana

BR 324

BA 488

Itaberaba

Salvador

Como chegar Saindo de Salvador pela BR-324, até Feira de Santana, é só pegar a BA-052, conhecida como Estrada do Feijão, até o município de Ipirá. Seguindo viagem pela BA-233, são 73 km pela nova estrada que liga Ipirá a Itaberaba, portão de entrada da Chapada Diamantina.

Onde ficar Ipirá Phyccus - Pousada e Restaurante - Rua Glicério Dutra Santos, nº 253 www.pousadaphyccus.com.br (75) 3254-1220 Pousada e Restaurante Girassol Rua Artur Neiva, nº 46 (75) 3254-1423 Supreme Apart Hotel - Travessa Coronel João Reis, 4 Tel. 3254-1173 Itaberaba Pousada Portal do Sol - BR-242, km 90 (75) 3251-5151 Hotel Casagrande.Br - BR-242, km 203 (75) 3251-5399 Hotel Morro das Flores - Pça. Flávio Silvany, nº 53 (75) 3251-2779 Pousada Bahia - Av. Rio de Janeiro, nº 815 (75) 3251-1996 Pousada Diamantina - Av. Ruy Barbosa, nº 786 (75) 3251-1203 Pousada Puma - NR-242, km 203 (75) 32515054

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Parque Zoobotânico

É o bicho, é o bicho... Atraindo crianças de todas as idades, Zoológico de Salvador recebe 25 mil visitantes todos os meses Gabriel Carvalho

S

ituado em um terreno de 250 mil metros quadrados de área verde, o Parque Zoobotânico Getúlio Vargas, mais conhecido como Jardim Zoológico é a opção de lazer preferida entre as crianças que visitam Salvador e também entre aquelas que moram na capital baiana. Lá é possível observar animais conhecidos e espécies exóticas e também uma grande diversidade de plantas e flores.

A diversidade é um dos diferenciais do Zoo. O local conta com mais de 1,4 mil bichos, sendo que 94% deles são essencialmente da fauna brasileira. É o caso da Arara Azul de Lear e do MacacoPrego-do-Peito- Amarelo, duas das principais estrelas do Zoo baiano. O primata, juntamente com o Mico-Leão-da-CaraDourada, é um bicho muito comum no Litoral Sul da Bahia, especialmente nas áreas situadas no município de Itacaré. Já a ave pode ser vista voando na região do Raso da Catarina, no norte baiano. Entre os bichos preferidos dos frequentadores do parque, estão os felinos, que há pouco mais de um ano ganharam um ambiente especial, com a retirada das antigas jaulas e a readaptação do

espaço, que agora funciona como uma espécie de minifloresta, com galhos e pequenas árvores. A visualização das onças pintadas, onças pretas, jaguatiricas e leões para os usuários do parque também ficou mais fácil. Um grande vidro à prova de impactos permite que adultos e crianças possam observar melhor os felinos e também garante a proteção dos animais. Outros animais que também chamam bastante atenção dos frequentadores são as serpentes. Oito delas são originárias da Bahia, mas são as cobras sucuri e cascavel as que mais atraem os olhares dos curiosos. Se os felinos ganharam um ambiente especial, o mesmo

também ocorre com as aves que, agora, possuem um local para aprimoramento do voo e recuperação de antigas características perdidas após a vida em cativeiro. No novo aviário, que é o quarto maior do país, cerca de 220 animais de 42 espécies interagem com a natureza e também com os visitantes. O local conta com um dispositivo especial para evitar a fuga dos bichos e também possui áreas destinadas aos biomas da Caatinga, Manguezal e Mata Atlântica. Cortinas de borracha e portas de metal mantêm os animais no aviário. Lá é possível ver flamingos, cardeais, araras e pássaros como o sofrê, que após a transferência para o novo ambiente recuperaram as características naturais, sobretudo a coloração. No espaço destinado aos primatas, os pequenos macaquinhos aprendem algumas lições para retornar à vida selvagem.

Turismo – Uma dado que chama a atenção no parque é o número de turistas que visitam o local todos os meses. Segundo levantamento feito pela direção do espaço, dos 25 mil visitantes mensais do Zoo, mais de 7 mil são de outros estados e outros países. Os estrangeiros, por exemplo, chegam a 20 mil, em um ano. Já os moradores de estados como São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal chegam a 15% das 300 mil pessoas que vão ao Zoológico anualmente.

Os períodos de maior visitação são os domingos e feriados. O 12 de Outubro, quando se comemora o Dia da Criança, atrai cerca de 35 mil visitantes ao Zoológico. Os passeios e excursões de escolas também garantem uma grande movimentação no parque. Cuidados especiais – Os bichos e as espécies da flora do Zoo de Salvador recebem um tratamento especializado de uma equipe formada por 136 pessoas entre veterinários, biólogos, botânicos e técnicos.

Zoológico de Salvador reúne milhares de espécies da fauna brasileira

O mico leão dourado é um dos exemplares da fauna brasileira

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Colaborou Caroline Martins

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Espaço entre jaulas e corredor protege animais do

contato com os visitantes

Habitat é reproduzido para o conforto dos animais Foto: Rita Barreto

O coordenador-geral do espaço, Gerson Norberto, explica que os animais recebem acompanhamento desde a gestação até, em alguns casos, a soltura, com a devolução ao seu habitat natural. “Somente entre novembro de 2009 e fevereiro deste ano, houve 255 nascimentos no Zoológico de Salvador. Este número é impressionante”, ressalta. Norberto lembra ainda que o mais comilão dos animais é o leão. Cada felino dessa espécie consome 15 quilos de carne por semana. Além disso, o coordenador do Zoo destaca que há mais de 90 cardápios diferentes para os animais que habitam o local. Se os adultos recebem cuidados especiais, com os filhotes o mimo é ainda maior. A pequena Vivi, onça preta de seis meses de idade, conta com o carinho e a dedicação dos funcionários para a adaptação ao meio animal. Muitas vezes, alguns filhotes são rejeitados pelos machos e são afastados do convívio com bichos da mesma espécie por questões de sobrevivência.

Foto: Rita Barreto

Foto: Rita Barreto

Setor das aves ganhou mais espaço e área verde

Veterinários no trato com os animais

Ala dos felinos foi completamente reformada

O avestruz é uma das espécies exóticas

Ala dos felinos foi totalmente reformada para o conforto dos visitantes e dos animais

Conviva bem com os animais

Escolas levam crianças para conhecer os animais em visita guiada

Museo do Zoo abriga fósseis e animais empalhados

• Ao visitar o Zoo, jamais alimente os animais. Eles possuem uma dieta especial e diferenciada de acordo com a espécie e tamanho. • Procure sempre um funcionário para tirar dúvidas. • Não arremesse objetos e não tente chamar a atenção dos animais.

Informações

úteis

Parque Zoobotânico de Salvador Endereço: Alto de Ondina s/n, Ondina Salvador - Bahia CEP: 40170-110 Funcionamento: Terça a domingo e feriados das 8h30 às 17h.

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Turismo de Aventura

Radical chique Paulo Afonso destaca-se no cenário nacional como um dos principais destinos do Brasil para prática de esportes radicais Karina Brasil

Foto: Eduardo Pelosi

C

om uma beleza que encanta moradores e, principalmente, visitantes, a cidade de Paulo Afonso, localizada a 486 km de Salvador, com certeza, é abençoada por todos os santos, principalmente por São Francisco. O Santo dá nome a um dos principais rios do Brasil que, em seus 2.830 km de extensão, abrange 504 municípios brasileiros, dentre eles, Paulo Afonso. O Velho Chico, como

carinhosamente é chamado, faz parte de um dos cenários mais magníficos já produzidos pela mãe natureza. A região do Baixo São Francisco (de Paulo Afonso (BA) até a foz, entre Sergipe e Alagoas), é detentora de uma beleza peculiar e única. Os paredões rochosos, com cerca de 65 km de extensão, profundidade que vai de 30 a 170 metros, e largura entre 50 e 330 metros, faz com que seja considerado o maior cânion navegável do mundo. Com a ajuda e trabalho das águas e ventos, o local apresenta diversas formas de relevo conferindo ao lugar, de paisagem única, o ambiente ideal para a prática de esportes

radicais. A fama do local para a prática desse tipo de atividade esportiva, espalhou-se mundo afora, conferindo à cidade o título de meca dos esportes radicais. Rapel, tirolesa, escalada, bungee jump, canoagem, são algumas das atividades praticadas, que atraem, cada vez mais, pessoas interessadas no turismo de aventura. A cidade, conhecida por abrigar a hidrelétrica mais antiga do país, chamou a atenção dos organizadores de eventos esportivos, que reconheceram no lugar as características adequadas para a prática de diversos esportes. Hoje, Paulo Afonso é palco de

vários eventos como a Copa de Velas e a Maratona Bahia de Canoagem que, há dois anos, é realizada no local. Após reconhecer a potencialidade do local para a prática da Canoagem, a empresa Brasil Wild, organizadora da Maratona de Bahia de Canoagem, escolheu Paulo Afonso para a realização do evento. “Escolhemos Paulo Afonso por causa das características que favorecem a prática do esporte na região, como o rio sem correntezas fortes e os grandes lagos, propícios para a canoagem olímpica”, diz o diretor da Brasil Wild, Harald Adam. O percurso da competição é de aproximadamente 60 km e vai da barragem PA4, em Paulo Afonso, até a de Canindé de São Francisco, em Xingó. Conforme Adam, na última edição, 130 atletas desceram o rio, sem contar as pessoas que se deslocaram apenas

para acompanhar o evento. A estimativa é que, este ano, o número chegue a 200 atletas. Para os organizadores do evento, a beleza e energia do local foram alguns dos motivos que incentivaram na escolha da cidade. A aproximação do homem com a natureza é um dos objetivos do evento, que também tem como intenção promover o turismo de aventura. A realização desses eventos reafirma os dados da pesquisa do perfil do Turista de Aventura no Brasil, realizado pela Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura (Abeta). O estudo aponta que 32% dos turistas de aventura preferem a região Nordeste e valorizam alguns aspectos como a água (cachoeiras, rios e mar), cultura regional, matas e florestas, jeito do povo, fauna, e personagens da cultura regional, abundantes em Paulo Afonso. O município

está na zona turística Lagos do São Francisco, que recebe aproximadamente 110 mil pessoas por ano. Além das competições realizadas, quem visita o município também tem a possibilidade de ver e até mesmo praticar esportes radicais durante todo o ano. Na cidade, empresas e pessoas especializadas realizam passeios e pacotes que contemplam o espírito aventureiro. Um deles é o turismólogo e bombeiro militar Valdison dos Anjos, de 38 anos, que realiza rapel, tirolesa, trilhas, mergulhos, passeios de catamarã e lanchas no cânion do rio São Francisco. “Possuo todos os equipamentos para a prática dos esportes, para garantir a segurança do visitante”, afirma Valdison. O instrutor conta que atende em média 40 pessoas por mês e realiza passeios para diversos lugares, porém o local mais

Topografia da cidade de Paulo Afonso é propícia para a prática de esportes radicais

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Fotos: Eduardo Pelosi

procurado é a hidrelétrica. A hidrelétrica da Chesf, fundada em 1948, é um dos locais mais procurados pelos turistas. Segundo o guia de turismo Herivaldo Alves, de 52 anos, há mais de duas décadas a hidrelétrica é um marco na cidade. “Ela trouxe mais infraestrutura”, avalia. Antes da instalação da usina, o local era distrito do município de Glória; só após o início das obras a cidade cresceu e prosperou. Apenas em 1958 é que Paulo Afonso foi emancipada. Junto com a Chesf, veio também uma maior visibilidade para a cidade, que atraía visitantes interessados na paisagem, tranquilidade e história do local. O conjunto infraestrutura e organização foi o que mais impressionou o estudante Cláudio Santana, 20 anos, que visitou a cidade no Carnaval de 2009. “Foi maravilhoso, passei cinco dias lá, a cidade é muito linda e me impressionou pela organização e tranquilidade”, diz Cláudio, que faz planos de retornar à cidade no Carnaval de 2011. O estudante da cidade baiana de Ribeira do Pombal viajou com mais três pessoas, conheceu o cânion, as piscinas naturais e passeou de catamarã pelo rio São Francisco e tomou banho no Velho Chico. O passeio de catamarã é apenas uma das atividades que podem ser praticadas na região. Diversos locais são bastante indicados pelos guias, pela beleza, como o bondinho que liga a cidade de Paulo Afonso (na margem direita do rio São Francisco) ao município de Delmiro Gouveia, em Alagoas (na

Maratona de canoagem atrai turistas e esportistas para Paulo Afonso

outra margem) e que também é utilizado como “trampolim” para a prática de rapel; a ponte D. Pedro II, localizada entre os cânions do São Francisco. A construção de metal tornou-se ícone na cidade e famosa pelos amantes do bungee jump, jump base e rapel; o Raso da Catarina, reserva biológica e indígena, ideal para quem gosta de caminhar; além da cachoeira de Paulo Afonso; Serra do Umbuzeiro; Furna do Morcego; Ilha de Paulo Afonso; Ilha do Urubu; Lago do Capuxu; Mirante da Cachoeira, e outros lugares famosos pela beleza surpreendente. A culinária da região não fica de fora e encanta pelas delícias. A tilápia é uma das especialidades local, os peixes de água doce são bastante apreciados devido à sua carne leve e saborosa. Porém,

mesmo gostando de peixe, o estudante Cláudio provou mesmo a moqueca de camarão “é uma delícia, muito saborosa”, diz. A picanha de cordeiro e os caldos, considerados energéticos pelos conhecedores e vendedores dessas iguarias, também são famosos e bastante apreciados na noite de Paulo Afonso. Depois do sol se pôr, a cidade se transforma e os bares, restaurantes e casas noturnas com shows ao vivo, viram as principais atrações. O clima descontraído e animado é excelente para sair com os amigos e conhecer novas pessoas. A hospitalidade dos moradores de Paulo Afonso impressiona a quem chega à cidade, o que faz com que o visitante sinta-se em casa e queira retornar ao local de paisagens exuberantes esculpidas pelos deuses, santos e orixás.

Águas e cânion do rio São Francisco são ideais para a prática de esportes radicais Informações

úteis

Como chegar

Partindo de Salvador, seguir pela BR-110. Paulo Afonso fica a aproximadamente 480 km da capital baiana. O município fica na fronteira entre os estados da Bahia, Alagoas, Sergipe e Pernambuco e é acessível também pelas rodovias BR-210 e BR-423.

Paulo Afonso Paulo Afonso

Salvador

Onde ficar

Hotel Porthal da Ilha - Av. Apolônio Sales, 1090, Centro Tel.: 075 3281-1494 / 075 8829-9005 - Fax: 075 3281-1565 Equipamentos: TV, frigobar, ar-condicionado, wirelles. San Marino Hotel - Av. Getúlio Vargas, 03, Centro - Tel.: 075 3501-0101 - Equipamentos: TV a cabo e parabólica, ar-condicionado, frigobar, piscina, wirelles, elevador. Site: www.sanmarinohotel.com.br - E-Mail: sanmarino. hotel@ig.com.br Residence Hotel - Av. Landulfo Alves, 188, Centro - Tel.: 075 3281-1381 / 075 9198-7789 - Fax: 075 3281-4723 - Equipamentos: TV, frigobar, ar-condicionado. Site: www.residencehotelpa.com.br E-mail: residence.hotel@ig.com.br Hotel Belvedere - Av. Apolônio Sales, 457, Centro - Tel.: 075 3281-3814 Equipamentos: TV c/ parabólica, frigobar, wi-fi, piscina, salão de jogos - Site: www.hotelbelvederepa.com.br - E-mail: atendimento@hotelbelvederepa.com.br Executive Hotel - Av. Getúlio Vargas, Centro - Tel.: 075 3281-1174 Equipamentos: TV, ar-condicionado, frigobar. - Site: www.executivehotel.com. br - E-mail: executive@executivehotel.com.br Pousada Energia - Av. Apolônio Sales, 910, Centro - Tel.: 075 3281-5528 Pousada Lima - Av. Otaviano Leandro de Moraes, 255, Centro Tel.: 075 32812822 / 075 9142-3068 - Equipamentos: TV, ar-concicionado e ventilador. Pousada Ilha Bela - Av. Otaviano Leandro de Moraes, 381, Centro Tel.: 075 3281-2086 - Equipamentos: tv, ar condicionado e ventilador. Pousada Lua Cheia - Av. Eraldo Rocha, s/n, Prainha - Tel.: 075 3282-5742 Equipamentos: TV, frigobar, ventilador, ar-concicionado. Motel Caza Blanca - Rua Cachanga, 8000, Btn 2 - Tel.: 075 9139-6172 Motel Lago Azul - Av. Projetado, 22, Jardim Aeroporto - Tel.: 075 3281-7979 Pousada Central - Rua Monsenhor Magalhães, 402, Centro - Tel.: 075 32815671 - Equipamentos: ventilador e tv

BR 110

Salvador

Onde comer Rancho da Carioca - Balneário Prainha - Tel.: 075 3282-6361 / 075 8803-5744 - Pratos Principais: moqueca de surubim ao molho de camarão, moqueca de surubim especial, picanha, carne de sol, sarapatel, mariscada, muito mais... Restaurante Ponto Firme - Vila Matias - Cel.: 075 9968-1339 - Pratos Principais:buchada, galinha de capoeira, bode assado, filé de tilápia, fígado de bode assado e acebolado Restaurante La Fronteira - Av. Getúlio Vargas, 03, Centro - Tel.: 075 3501-0101 Pratos Principais: diversos pratos, destaque para a tilápia Pop Self-Service - Av. Getúlio Vargas, 03, Centro - Tel.: 075 3501-0101 Camarão e Cia - Balneário Prainha - Cel.: 075 9199-4878 Pratos Principais: Moquecas e pratos regionais - Tira-gosto de aves, carnes, peixe e frutos do mar Visual - Av. Getúlio Vargas, Centro - Tel.: 075 3282-0555 / 075 8127-7214 - Pratos Principais: filé à parmegiana, medalhão ao molho madeira, filé de peixe ao molho de camarão, camarão à parmegiana, carne de sol visual, estrogonofe de carne, pizzas Sparttacus - Rua Juscelino Kubitschek, 265, Perpétuo Socorro Tel.: 075 3281-0921 / 075 8814-1323 - Pratos Principais: pratos à la carte Aconchego do Egídio - Travessa dos Navegantes, Centro - Tel.: 075 32812444 / 075 9191-2677 Pratos Principais: filé à parmegiana, filé ao molho madeira, tilápia, camarão, salmão, surubim, peixada Vovó Tereza - Av. Getúlio Vargas, 688, Centro - Tel.: 075 3281-0278 / 075 88060019 Pratos Principais: sopa, strogonofre de frango, lasanha, pizzas à noite Restaurante Pimentas - Rua das Camélias, 01, Alves de Souza - Tel.: 075 3281-2066 - Pratos Principais: lombo recheado, frango à parmegiana, peixe, estrogonofe, filé de frango grelhado, lasanha, panqueca, feijoada e bode Restaurante e Pizzaria Tambau - Rua Juazeiro, s/n, Alves de Souza - Tel.: 075 3282-1146 - Pratos Principais: sef-service e à la carte Restaurante Velho Chico - Av. Antonio Carlos Magalhães, 15, Panorama Tel.: 075 3281-4290 / 075 9132-0181 - Pratos Principais: surubim ao molho, surubim ao molho de camarão, tilápia ao molho, tilápia ao molho de camarão, carneiro ao molho e na brasa Quiosque do Gaúcho - Balneário Prainha - Cel.: 075 8808-7551 Pratos Principais: moqueca, peixe, surubim frito, filé de tilápia c/ legumes, caldo (camarão, peixe, dobradinha, sururu, mocotó), picanha do gaúcho, churrasco misto, frango grelhado, frango empanado, estrogonofre Camarão & Cia. - Balneário Prainha - Cel.: 075 9199 4878 / 075 8809 7856 Pratos Principais: peixe, camarão, moqueca de peixe, caldos de peixe

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Turismo Religioso

Divina Tradição Festa dedicada ao Espírito Santo completa 240 anos em Salvador e no interior do Estado

Fotos: Iranildes Mascarenhas/Divulgação

Acácia Martins

T

odos os anos, o bairro de Santo Antônio Além do Carmo, no Centro Histórico de Salvador, volta ao passado colonial. Revive uma tradição secular: a Festa do Divino Espírito Santo ou Festa de Pentecostes que, em 2010, completa 240 anos. A data é móvel e as homenagens acontecem sempre 50 dias depois da Páscoa. A tradição, herdada dos portugueses do arquipélago dos Açores, representa a descida do Divino Espírito Santo sobre os apóstolos e a Virgem Maria, 50 dias depois da Páscoa. É a Festa de Pentecostes. Guarda ainda o ritual das grandes comemorações religiosas da Igreja Católica. Todos os anos os fiéis lotam a Igreja de Santo Antônio Além do Carmo durante as seis missas preparatórias para a festa. Em Salvador, a festa acontece no bairro de Santo Antônio. O ritual começa bem cedo, às 6h, com uma alvorada. Uma missa às 8h é celebrada em memória dos irmãos da Irmandade do Divino Espírito Santo. Após a celebração, a Irmandade sai pelas ruas até a Igreja de Nossa Senhora da Conceição do Boqueirão, também no bairro, para buscar o Menino Imperador, retornando em cortejo. 70 | Viver Bahia

O cortejo sempre atrai a atenção de todos, e sai da Igreja do Boqueirão até a Paróquia de Santo Antônio Além do Carmo. À frente, os estandartes do Divino Espírito Santo, seguidos do Menino Imperador, com seu manto ricamente confeccionado. No cortejo, adolescentes representam os pajens, também vestidos com trajes de época, e a Irmandade do Divino Espírito Santo, que chama atenção pela indumentária vermelha dos seus membros. Todos se unem às autoridades e desfilam solenemente em procissão

Crianças participam das comemorações

pelas ruas do bairro. Na Igreja, após a celebração eucarística, a comunidade acompanha o indulto de presos com bom comportamento e a coroação do Menino Imperador que presidirá a festa do próximo ano.

Fieis lotam a igreja para louvar o Divino

Sagrado e profano misturam-se nas cidades do interior

O Menino Imperador puxa o cortejo durante a Festa de Pentecostes

Na Chapada Diamantina, a Festa do Divino acontece com toda a pompa em Andaraí, a 424 km de Salvador. Não tem libertação de presos, mas como é costume na Bahia, o sagrado se une ao profano. Os dois dias que antecedem o dia da festa são marcados por muita animação, ao ritmo do autêntico forró. Este ano, Dão de Abreu, Muvuca, Seu Maxixe e Trilheiros foram as atrações do dia 21/05; e no dia 22/05, a Banda Radikais, o forrozeiro Adelmário Coelho, Forró Seu Malaquias e Mister João fizeram a festa de um grande público. Segundo a Secretaria de Turismo de Andaraí, geralmente, os visitantes são de diversas localidades da Bahia e de outros estados. No dia da festa, além da alvorada, missa, procissão religiosa e o cortejo do Imperador, a marujada de

Andaraí toma parte ativa nos festejos do Imperador do Divino, percorrendo as ruas das cidades. A manifestação folclórica é, a rigor, uma Chegança de Marujos, com velhas cantigas de marinheiros e de guerra, além de coreografias executadas pelos marujos. Também antes das novenas, a um mês do dia da festa, acontece o Domingo do Mastro. O Mastro do Divino tem ao alto uma bandeira do Espírito Santo, que é fincado em frente à Igreja. O mastro é conduzido para a cidade, acompanhado pela comunidade, ao som de uma filarmônica. Antes de ser fincado, dá margem a uma perigosa brincadeira, o Rabeio do Mastro, que consiste em girá-lo em alta velocidade, na via pública. Trazida para a região pelos primeiros garimpeiros de Minas Gerais à procura de diamantes, em 1897, foi a Irmandade de

Nossa Senhora da Glória que iniciou as novenas e festejos públicos. Em 1917, foi introduzida a figura do Imperador escolhido, como agora, entre crianças de 7 a 15 anos. Até o ano passado, cento e dezoito crianças foram escolhidas imperadores da festa. A escolha do Imperador é feita por sorteio, com um ano de antecedência, entre os nomes indicados pelas famílias que queiram concorrer. O sorteio é feito após a missa da coroação do Imperador da festa, antes da bênção, distribuição do Pão do Divino, das lembranças e dos santinhos. A Festa do Divino acontece ainda nos municípios baianos de Brotas de Macaúbas, Bom Jesus da Lapa, Cairu, Jacobina, Camaçari, Juazeiro, Rio de Contas, Cachoeira, Poções, Morro do Chapéu, Correntina, Nova Viçosa, Barra, Prado e Curaçá.

Viver Bahia | 71


Monumentos históricos

Igreja do Boqueirão é reformada e ganha acessibilidade Construído em 1726, após a publicação de um requerimento do vice-rei, Vasco Fernandes César de Menezes, o templo religioso tem, sobretudo, um significado emblemático, que é a sua ligação com os descendentes dos povos africanos. Segundo o documento expedido por Meneses, o prédio localizado no Centro Antigo de Salvador e edificado sobre uma antiga área de trincheiras teria de ser voltado aos homens pardos, mulatos e mestiços que, àquela época, representavam uma nova raça e não podiam compartilhar dos espaços religiosos com os brancos ou com os negros alforriados ou até mesmo os escravos puros. O traço arquitetônico, semelhante ao implementado na Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, não é um mero acaso, uma vez que a Igreja do Boqueirão seguia uma linha típica de Irmandade de Ordem Terceira. Esse padrão se disseminaria largamente na Bahia do século XVIII e era caracterizado pela rica e bem ornamentada nave com forro pintado, sacristia bem implantada e artisticamente bem decorada. As semelhanças com a Igreja do Rosário são enfatizadas na modenatura do frontispício, nas torres em bulbo e no frontão rococó revestido de azulejos brancos. A concepção da decoração interna do Boqueirão é neoclássica, em talha dourada de fatura entre 1836 e 1837, executadas por Joaquim F. de Matos e Antônio de S. Santa Rosa. O forro da nave em perspectiva ilusionista barroca, de inspiração italiana, é atribuído a aluno de José Joaquim da Rocha. Diante de tanta riqueza sob seus aspectos simbólico e cultural, a igreja foi um dos monumentos históricos contemplados no Prodetur 72 | Viver Bahia

para um projeto de reestruturação, cujos investimentos foram de R$ 3 milhões. Durante a última reforma, concluída este ano e conduzida pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (Ipac), foram realizados serviços de recuperação da cobertura e restauração dos pisos e assoalhos. Apesar do bom estado de conservação em que se encontrava, problemas como infiltrações e aparecimento de mofo surgiam sempre após o período de chuvas intensas em Salvador. No período em que as obras estavam sendo executadas, foram descobertas algumas peculiaridades, como a descoberta de uma pintura dourada – provavelmente do início do século XX – em folhas de ouro e policromada, com motivos fitomorfos e, ainda, em excelente estado de conservação. Os traços estiveram escondidos por mais de 100 anos sob um papel de parede.

Reforma preservou a fachada original da igreja

Turismo investe na recuperação de monumentos

Trabalho de restauração durou um ano e meio

Equipamentos históricos e arquitetônicos como a Casa das Sete Mortes, Oratório da Cruz do Pascoal, Igreja e Cemitério do Pilar e os palácios Rio Branco e da Aclamação e a Igreja do Rosário dos Pretos estão com as obras de restauro em fase avançada de execução. Os investimentos para a recuperação dos monumentos do Centro Antigo de Salvador são do Prodetur e somam R$ 20 milhões.

Fotos: Rita Barreto

Fotos: Rita Barreto

Os reparos na Igreja de Nossa Senhora do Boqueirão receberam os elogios de ninguém menos que o arcebispo-primaz do Brasil, Dom Geraldo Majella. Ele comemorou a restauração e mostrou-se satisfeito por ver a igreja ser devolvida aos fiéis. “Para nós, a preservação das igrejas é motivo de muita felicidade. Esse trabalho de restauração foi precioso”, comenta. Com a reforma, a igreja também ganhou novos acessórios que contemplarão, principalmente, os usuários. Rampas e elevadores foram instalados para melhorar as condições de acessibilidade para os portadores de necessidades especiais. A localização do monumento histórico, que foi inserido no Conjunto Arquitetônico e Urbanístico de Salvador pelo Governo Federal nos anos 80, também se destaca. Situada no topo do aclive da Ladeira do Boqueirão, o que lhe confere uma perspectiva peculiar, a igreja é valorizada pelos sobrados de oitão que direcionam o olhar para a elegante fachada do edifício. A bela vista da Baía de Todosos-Santos completa o cenário perfeito que une a história à cultura e à riqueza arquitetônica do local.

Igreja foi reinaugurada com uma missa solene

Salão Nacional de Turismo

Bahia lança novos roteiros Redação Bahiatursa Maior evento de turismo do país, o Salão do Turismo - Roteiros do Brasil realizou sua quinta edição, entre 26 e 30 de maio, no Anhembi, em São Paulo. O encontro reuniu cerca de 100 mil pessoas para mobilizar, promover e comercializar os roteiros turísticos desenvolvidos a partir das diretrizes do Programa de Regionalização do Turismo - Roteiros do Brasil, promovido pelo Governo Federal, por meio do Ministério do Turismo. A Bahia esteve presente nos cinco dias do evento, através da Bahiatursa, num estande de 60 m² a 80m², dividido pelas cinco regiões turísticas baianas (Costa dos Coqueiros, Baía de Todos-os-Santos, Costa do Dendê, Costa do Descobrimento e Chapada Diamantina), as quais fazem parte os destinos indutores de Mata de São João, Salvador, Maraú, Porto Seguro e Lençóis, além das outras oito regiões turísticas (Costa do Cacau, Costa das Baleias, Lagos e Cânions do São Francisco, Vale do São Francisco, Caminhos do Sertão, Caminhos do Jiquiriçá e Caminhos do Oeste). Todas estas regiões foram representadas pelas prefeituras municipais; integrantes do Fórum Estadual de Turismo; representantes das Instâncias de Governança Regional; cooperativas e associações

Fitinhas do Bonfim foram disputadas na feira de hotéis, agências de turismo, restaurantes, bares, entre outras; empresários do setor: meios de hospedagem, gastronomia, parques temáticos, entre outros; representantes de organizações comunitárias, que promoveram e divulgaram os roteiros turísticos. Durante o salão, a Bahia foi premiada pelo Roteiro de Trekking no Vale do Pati, no município de Andaraí, na Chapada Diamantina, pelas suas paisagens exuberantes e trilhas que atraem turistas de várias partes do mundo, apaixonados por aventura. A escolha foi feita pelo Ministério do Turismo. No Salão do Turismo, os roteiros turísticos das 27 unidades da Federação foram apresentados e pacotes e produtos/serviços turísticos foram vendidos. Os visitantes puderam ainda ver e comprar o artesanato, os produtos da agricultura familiar e a gastronomia típica, além de assistir a manifestações artísticas de diversas regiões do País. O público pôde também assistir a debates e palestras e ainda conhecer casos de sucesso, trabalhos científicos e projetos relacionados ao turismo. Viver Bahia | 73


Linha Direta

Sinalização Turística beneficia Litoral Sul

Novos voos deixam Argentina a quatro horas da Bahia

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Foto: Gabriel Carvalho/Divulgação

Dados da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) apontam que mais da metade dos nove milhões de turistas que circulam pela Bahia anualmente fazem suas viagens de ônibus ou de automóvel. Com uma malha rodoviária extensa, o Estado possui limites terrestres com outras nove unidades da federação. Ao todo, são 841 rodovias administradas pelo governo estadual e mais de 6,5 mil quilômetros sob responsabilidade da União. Tão importante quanto a pavimentação, a sinalização das estradas representa um diferencial quando o assunto é viagem de lazer. Para os turistas, sobretudo aqueles que não conhecem as rodovias por onde trafegam, as placas de orientação se configuram como um importante agente facilitador e, sobretudo, de informação para os mais desavisados. Diante disso, a Secretaria de Turismo da Bahia iniciou uma série de estudos e mapeou algumas importantes zonas turísticas para a implantação de projetos de sinalização: o Litoral Sul e a Chapada Diamantina. No litoral, o projeto já se encontra em fase avançada de execução e a previsão de conclusão para a implantação das 2,4 mil placas ao longo de 700 km está prevista para o fim de junho. A sinalização rodoviária e turística contempla 20 municípios que fazem parte das zonas da Costa do Cacau, Costa do Dendê, Baía de Todosos-Santos e Costa do Descobrimento. Ou seja, grande parte da BA-001 contará com placas informativas no trecho de Bom Despacho até Belmonte, beneficiando mais de 1,5 milhão de turistas que passam por essas regiões todos os anos. O conteúdo dessas placas, que contam com o selo Bahia Turismo e são devidamente certificadas pelo DNIT, é bastante diversificado e reúne aspectos relevantes como informações relacionadas a direcionamentos e

Foto: Rita Barreto

Sinal Verde

Estradas do litoral terão 2,4 mil placas ao longo de 700 km distâncias, a indicações de mirantes, lugares e edificações históricos. Os trechos da rodovia também estão ganhando mapas animados das regiões, informando percursos, trilhas, atrativos e roteiros náuticos. O recém-inaugurado trecho da BA-001, mais conhecido como Rodovia Itacaré-Camamu é um dos locais contemplados com a nova sinalização. Na cidade, que é conhecida como o paraíso dos surfistas, tanto a sede como a localidade de Taboquinhas foram incluídas no projeto. Os acessos a Comandatuba, em Una e Canavieiras, na Costa do Cacau, também contarão com a orientação das placas. No Mirante da Serra Grande, na Costa do Cacau, o visitante obtém informações importantes sobre a história do local e também aspectos relacionados à vegetação e a fauna existentes. A placa foi confeccionada nos idiomas inglês e português. Além deste, outros 12 pontos receberão sinalização semelhante. Quem chega à Serra do Conduru e dá uma paradinha a fim de contemplar a paisagem, vai saber a data de criação, a extensão e os municípios abrangidos pelo parque. Será possível conhecer

também algumas curiosidades da APA do Pratigi, que está localizada entre a Costa do Dendê e a Costa do Cacau. Aspectos históricos e culturais também fazem parte do conteúdo presente nos equipamentos de sinalização, principalmente nas áreas urbanas, que receberão 47 placas. Para compreender melhor as áreas turísticas do Litoral Sul, os visitantes terão acesso a 11 mapas animados que englobam toda a Costa do Dendê, de Valença, ao norte, até parte do município de Itacaré, ao sul. Os equipamentos abrangem ainda as rodovias BR-101 e BA-001, principais portas de entrada às regiões. A ideia é despertar o turista para as belezas naturais da região, fazendo com que eles busquem conhecer novos locais, além dos tradicionalmente divulgados. A madeira escolhida para a execução dos suportes das placas ecológicas foi o eucalipto. Além de ser de grande durabilidade, seu manejo é sustentável e, portanto, tem sua função ecológica. O eucalipto apresenta também uma aparência robusta, garantindo assim sua resistência e eficiência, além de possuir uma estética diferenciada que proporciona uma beleza natural.

Voos ligando a Bahia a outros países passaram de 14 para 30 frequências semanais O caminho entre a Bahia e a Argentina está agora mais curto com a retomada de um voo direto entre Salvador e Buenos Aires. Com duas frequências semanais, operadas pela Aerolineas Argentinas, às quintasfeiras e aos domingos, o trajeto entre as capitais passa a ter uma duração de quatro horas, o que representa mais rapidez e conforto durante a viagem. Em menos de seis meses de operação, o voo já transportou três mil pessoas. Implantado com apenas uma frequência no início deste ano, a linha registrou uma ocupação de 90% na alta estação e agora conta com taxas próximas a 75%, o que, segundo o diretor internacional da companhia, Fabián Lombardo, é um número bastante representativo. O executivo destacou o grande fluxo de argentinos que vêm à Bahia e disse ainda que a intenção da empresa é a de ampliar o número de viagens dos baianos para o país portenho. “Hoje a cada dez bilhetes vendidos, sete são para argentinos que viajam para a Bahia, por isso iniciamos algumas parcerias com operadores para fazer com que essa proporção seja mais equilibrada”, explica. Um dos parceiros da companhia é

a CVC, responsável pelo bloqueio de 50 lugares no voo Salvador-Buenos Aires. De acordo com números da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), os argentinos representam 8% dos 514 mil estrangeiros que vêm à Bahia durante todo o ano. De olho nesse mercado, a Secretaria de Turismo do Estado e a Bahiatursa têm intensificado as ações promocionais na Argentina. “Hoje todas as pesquisas da Organização Mundial do Turismo (OMT) apontam que os turistas preferem viajar trajetos mais curtos, e esse voo vai ao encontro das nossas estratégias”, explica o secretário Antonio Carlos Tramm. De janeiro de 2007 a maio deste ano, o número de voos internacionais ligando a Bahia à Europa, América do Sul e América do Norte cresceu mais de 100%, passando de 14 para 30 frequências semanais. Sobre o voo – Nas rotas SalvadorBuenos Aires e Buenos Aires-Salvador, a Aerolineas Argentinas opera com uma aeronave 737-700, com capacidade para 128 passageiros. O desembarque em Buenos Aires é feito no Aeroparque, o que possibilita um melhor acesso aos equipamentos hoteleiros e também aos bairros do centro da capital argentina.

Charter liga Salvador e Paris Bruna Santana e Daniele Del Colli

A partir do próximo mês de outubro, todas as semanas, a aeronave Boeing 737-800 da XL Airways, com capacidade para transportar 189 passageiros, deverá deixar mais de cinco mil franceses na capital baiana, durante seis meses. Oferecido pela operadora francesa Helíades, o voo charter deve impulsionar a vinda dos parisienses à Bahia, sobretudo no período da alta estação. A conquista deve-se ao intenso trabalho do governo baiano no país europeu. A Secretaria de Turismo e a Bahiatursa realizam, desde 2007, pelo menos cinco promoções na França por ano. A divulgação do Estado é feita através de grandes eventos como, por exemplo, a Lavagem de La Madeleine e a Feira Top Resa, além de road shows anuais realizados nas principais cidades francesas. Este ano estão previstos também festivais gastronômicos para divulgar a culinária baiana. A presidente da Bahiatursa, Emília Silva, comemorou o resultado, pois é a primeira vez que essa operadora francesa fecha um voo para a Bahia, respondendo positivamente às tentativas de negociação para o incremento do turismo no Estado. Para chamar ainda mais a atenção dos parisienses, a empresa está apostando em pacotes turísticos em parceira com o Grupo Sauípe S/A. “Nossos pacotes serão 30% mais baratos que nossos competidores, graças à nossa estratégia de fretamento. Com a Copa do Mundo em 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016, o Brasil vai se beneficiar de um enfoque de mídia máximo”, assegura Jean Brajon, diretor geral da Helíades. A França é o segundo maior emissor de turistas para a Bahia, atrás apenas dos Estados Unidos, com um fluxo de 56.026 visitantes em 2008. Em abril, Salvador ganhou mais uma ligação direta com Madri. O voo da companhia Iberia tem frequência semanal, com saída às terças-feiras. O objetivo é atender à demanda dos espanhóis pelo Nordeste brasileiro. Viver Bahia | 75


O chef Beto Pimentel conta os segredos do prato que leva maturi, aipim, leite de coco e dendê

Fotos: Patrick Silva

Dandá de Camarão Texto: Clarissa Pacheco

“V

ocê já viu um tempero que é ao mesmo tempo cravo e canela? Pois aqui na minha horta tem! Tem sapoti, beriberi, ingá e mais uma porção de coisas que a maioria das pessoas nunca ouviu falar!”. É com o orgulho de produzir boa parte dos exóticos temperos que lhe deram 11 prêmios consecutivos de Melhor Cozinha Baiana do Brasil, pelo Guia Quatro Rodas, além do importante prêmio francês Cordon Bleu, que o chef Beto Pimentel recebe seus clientes há mais de 15 anos. “Desde menino, sempre gostei de fazer minhas comidas. Depois de 28 anos em São Paulo, a saudade da terra mexeu com tudo e resolvi abrir um restaurante em Salvador”, conta o chef, apelidado de “Alquimista da cozinha baiana”. O prazer pela gastronomia faz parte da história do chef. Aos sete anos, Beto cultivava a própria horta, e tanta dedicação não seria em vão. “Quando você está na Bahia, você não tem vontade de comer um acarajé, um sarapatel, um vatapá 76 | Viver Bahia

todos os dias. Mas quando você está longe da sua terra, como eu estava quando morava em São Paulo, todos os dias você quer comer aquilo. E eu sempre fui muito ligado à comida daqui. Quando voltei, abri um restaurante”, conta Beto, hoje, um dos maiores especialistas em tempero baiano. Que a comida da terra da alegria é abençoada por Todos os Santos, não resta dúvidas. Mas Beto Pimentel levou o nome do Estado mundo afora. Representou a Bahia em Portugal, na Espanha, na França, teve passagens pela Europa inteira, até pela China. E garante: “Ninguém tem a variedade que nós temos: frutas, hortaliças, temperos, sabores. Nós temos o que ninguém tem e precisamos aproveitar tudo isso para fazer uma culinária

diferente e saborosa”. E o segredo de Beto está no próprio quintal. “Tenho um pomar com mais de seis mil pés de fruta. Tudo é feito aqui”, conta o chef de cozinha, formado em agronomia e verdadeiro apaixonado pelo que faz. “Sempre tenho um cuidado especial com o prato. Onde eu iria encontrar couve azul de Macau, na China, vinagre natural ou quioiô, para colocar no feijão? Então, planto tudo aqui”, explica. O sabor de cada prato é testemunha de que a variedade deu certo. Cardápio - O apelido de alquimista é mais que merecido. Beto é o criador de um cardápio inovador. Em meio à variedade, os acompanhamentos, bebidas

e sobremesas também fazem sucesso. Os sucos, cremosos e feitos com o sumo da fruta, são famosos, e as sobremesas, inúmeras. “As pessoas adoram e ficam surpresas quando eu digo que não tem água no suco. É feito com a polpa da fruta e servido em taças, para tomar com colher. É quase um sorvete. A sobremesa, incluída na refeição, deixa os turistas doidos, porque tem frutas que eles nunca viram, nem sabiam que existiam!”, conta. Beto se orgulha também de preparar pratos mais leves. O leite de coco e o azeite de dendê, principais ingredientes de qualquer moqueca baiana, usado em seus pratos, é também feito em casa. “Meu leite de coco é feito com coco verde ralado e batido com a própria água. Certa vez, um cliente experimentou e me disse que era uma vitamina!”, brinca. O azeite de dendê não fica atrás. “Descasco o dendê, fatio todo, ralo e peneiro aquela massa. Fica um azeite extra-virgem maravilhoso”, diz. Dica do chef - Mesclar sabores e fazer os chamados meio-termos é especialidade do chef. Um dos pratos mais requisitados, o Dandá de Camarão (ver receita) é preparado com creme de aipim, maturi (castanha de caju verde), leite de coco do ouricuri verde e azeite de dendê. A mistura resulta num creme que tange o vatapá e o bobó de camarão, com um sabor leve e apurado, ao mesmo tempo. Para Beto, o prato é perfeito para turistas, que não estão acostumados com o famoso tempero baiano. “O Dandá é mais

leve que o vatapá e tem o sabor um pouco mais acentuado que o bobó. É o meio-termo que agrada a todos. E o molho é escolha do cliente: pode ser uma pimenta mais leve, uma mediana ou mais forte”, explica. O cuidado de Beto com o preparo do prato é admirável. “Um cliente me disse, certa vez, que chega a encher os olhos antes de encher a barriga”, brinca. Prestes a apresentar o famoso Dandá, Beto tem cuidado até mesmo com o brilho da comida. Um misto de cores e aromas ressalta o tropicalismo e a baianidade da criação. “O cheiro da comida é essencial. Por isso experimento e inovo tanto. Se eu não poderia encontrar, por exemplo, uma pimenta de cheiro que não ardesse, resolvi o problema. Fiz o cruzamento da pimenta biquinho com a de cheiro e cheguei nisso aqui. Olha o cheiro!”, diz Beto, empolgado.

Dandá de Camarão Ingredientes: 400g de camarões grandes e limpos 400ml de leite de coco verde 1 colher (sopa) de salsa picada 3 colheres (sopa) de tomate picado 1 colher (sopa) de cebola picada 15 g de camarão defumado e descascado 2 colheres de azeite de oliva 5 g amendoim torrado 5 g de castanha de caju 1 colher de azeite de dendê Sal a gosto 40g de maturi (castanha de caju verde) 300g de aipim (mandioca) cozido Modo de Preparo: 1º passo: Colocar os camarões em uma panela pequena e reservar. 2º passo: Refogar os temperos picados com azeite de oliva. 3º passo: No liquidificador, bater o leite de coco com os temperos refogados, o amendoim, a castanha e os camarões defumados. 4º passo: Colocar os ingredientes batidos sobre os camarões, juntar o azeite de oliva e sal a gosto. Cozinhar por 3 minutos. 5º passo: Enquanto isso, bater no liquidificador o maturi e o aipim, com a metade do creme (que já foi batido no liquidificador) até ficar homogêneo. Juntar com os camarões e finalizar com azeite de dendê. Servir.

Beto Pimentel destaca a variedade de frutas, hortaliças, temperos e sabores Viver Bahia | 77


Trajetos e Evocações Foto: Isabel Gouvêa

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Gastro nomia Trajetos e evocações Celebra três décadas de trabalho de Isabel Gouvêa, marcadas por imagens como as da Festa de Iemanjá, espetáculos cênicos e a Bahia dos anos 70. Onde: Centro Cultural Correio, Praça Anchieta, 20, Pelourinho Quando: seg a sex, das 10 às 18h, sáb das 8 às 18h, até 19 de junho Quanto: Grátis FREEHAND O fotógrafo novaiorquino Burt Sun apresenta sua primeira exposição no Brasil. A mostra é uma série de 25 fotografias em preto e branco, que

combinam técnicas de pintura abstrata e caligrafia chinesa. Treinado em caligrafia chinesa, Sun foi influenciado pela pintura abstrata nesta série de retratos. Já expôs nos EUA, América Central e Europa e tem quatro livros de arte publicados. Atualmente filma o documentário Bel Borba Aqui, sobre o artista plástico baiano Bel Borba. Onde: Galeria RV Cultura e Arte Quando: De 21/05 a 31/07 - seg a sex, das 9h às 19h; sáb, das 9h às 15h Quanto: Grátis

COMIDA DI BUTECO Até o dia 20 junho Salvador vai exalar um cheiro diferente. Em 31 bares da cidade, começa o festival gastronômico Comida di Buteco, que chega mais cedo este ano (em 2009, aconteceu em setembro), em sua terceira edição na capital baiana. O projeto procura valorizar a cultura local através de um concurso de melhor petisco entre bares da cidade que sejam tocados num esquema de pequeno negócio. Para votar, o cliente pede o prato indicado pelo bar e avalia numa cédula o sabor, além do atendimento, higiene e temperatura da bebida. Na temporada 2009, foram 19 mil votos. Entre os botecos concorrentes estão o Koisa Nossa (vencedor de 2009), Navona - Bar do Tonho, La Kantuta, Ki-Camarão, Vista Pro Mar, Biritódramo e Cantina do Julliu’s. Comida di Buteco em 31 bares de Salvador até 20 de junho. Endereços, informações e promoções no site www.comidadibuteco. com.br

cine vídeo CINEMA E LITERATURA Mostra apresenta filmes alemães baseados em livros e discutem a interação entre as duas artes; fazem parte da mostra filmes recentes e preciosidades do cinema em 16 mm. Onde: Cine-Teatro do Goethe-Institut – ICBA Quando: 11/5 a 29/6, as terças, 20h Quanto: Grátis

da n ç a BALLET IMPERIAL DA RÚSSIA O grupo apresenta a coreografia Dom Quixote. Criada por Marius Petipa (18181910) em 1869, reveste de irreverência a aventura de Dom Quixote - um fidalgo que perdeu a razão por ler muitos romances de cavalaria - e seu fiel escudeiro, Sancho Pança. Onde: Teatro Castro Alves, Pça. Dois de Julho - s/n Campo Grande Quando: 01/06, às 21h Quanto: de R$50 a R$300

Cinema e Literatura - Nirgendwo in Africa

Biblioteca Pública do Estado da Bahia Mostra comemorativa dos 199 anos da primeira biblioteca pública do Brasil e da América Latina. Onde: Biblioteca Pública do Estado da Bahia Quando: 10/5 a 10/6, 8h30 às 18h Quanto: Grátis Circo Estanes - Um grande pequeno circoFoto: Flávia Bonfim

Circo Estaner - Um Grande Pequeno Circo Mostra contemplada pelo edital Portas Abertas para as Artes Visuais, da Fundação Cultural do Estado da Bahia, Circo Estaner traz fotografias de Flávia Bonfim, que registram o cotidiano de uma família circense dentro e fora do picadeiro, na sua itinerância pelo interior do Bahia. Onde: Galeria Pierre Verger Quando: Abertura: 6/5, 19h; Visitação: 7/5 a 6/6, seg a sex, 9h às 21h; sáb, dom e feriados, 16h às 21h Quanto: Grátis

Arte Sacra Exposição aborda o acervo da Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, em comemoração ao Dia do Artista Plástico. Onde: Biblioteca Pública do Estado da Bahia Quando: 10/5 a 10/6, 8h30 às 18h Quanto: Grátis

Agdás Urbanos na Contemporaneidade O artista Denissena mostra ao público o fruto de quase 10 anos de pesquisa no universo do candomblé de Angola. A tradicional cerâmica é a base das criações. Ele apresenta a importância dos agdás que, além de terem função culinária, são muito presentes na religião, utilizados em rituais de oferendas aos orixás. Onde: Palacete das Artes - Museu Rodin Bahia, Rua da Graça, 292 - Graça Quando: De 20/05 a 20/06, ter a sex, das 10h às 18h; sab e dom, das 13h, às 17h Quanto: Grátis

ETERNAMENTE AGORA – UM TRIBUTO A MÁRIO CRAVO NETO O fotógrafo Mário Cravo Neto que traduziu, através de suas lentes, a Bahia e seus personagens, é homenageado na exposição “Eternamente Agora – Um Tributo a Mário Cravo Neto”. A exibição aproxima o público do artista que vivia mergulhado nas suas criações, no bairro de Castelo Branco, assim como em todos os cantos da cidade que tanto inspirou os seus registros. No acervo do artista, constam 33 fotos coloridas e em preto e branco, além de autoretratos clicados ao longo de 62 anos. Onde: Palacete das Artes - Museu Rodin Bahia, Rua da Graça, 292 - Graça Quando: 8/4/2010 a 6/6/2010, Ter a dom, 10h às 18h. Quanto: Grátis

Freehand

Norte do Chile Mostra contemplada pelo edital Portas Abertas para as Artes Visuais, da Fundação Cultural do Estado da Bahia, Norte do Chile é composta por fotografias de Karomila Marcos, que retratam o norte da capital chilena, além do deserto de Atacama e de reservas naturais daquele país. Onde: Galeria Xisto Bahia Quando: Abertura: 6/5, 19h; Visitação: 7/5 a 6/6, seg a sex, 9h às 21h; sáb, dom e feriados, 16h às 21h Quanto: Grátis

Fragmentos: Artefatos populares, o olhar de Lina Bo Bardi Foto: Carla Bahia

Artes V i s ua i s

FRAGMENTOS: ARTEFATOS POPULARES, O OLHAR DE LINA BO BARDI Reúne parte do acervo coletado no Nordeste entre as décadas de 50 e 60 pela arquiteta italiana Lina Bo Bardi. Onde: Centro Solar Ferrão, Pelourinho Quando: ter a sex, das 10 às 18h, fins de semana e feriados, das 13h às 17 h, até 30 de junho Quanto: Grátis

ABRIL INDIGENA 2010 Exposição sobre a arte do traçado indígena, com objetos para pesca, para transporte e armazenamento de alimentos e de uso doméstico dos índios Wuará e Kamayurá. Onde: Museu de Arqueologia e Etnologia da UFBA, Terreiro de Jesus, s/nPelourinho Quando: 15/03 a 18/06 -13h as 18 h Quanto: Grátis

Eternamente agora - um tributo à Mário Cravo Neto Foto: Mário Cravo Neto

Bahia - Litoral e Sertão A exposição exibirá entre cartões-postais e fotografias, 204 imagens de 39 cidades baianas do final do século 19 e início do século 20, proporcionando aos visitantes um passeio por cidades do interior da Bahia e também de Salvador. Onde: Museu Tempostal Quando: 1/6/2010 a 6/6/2010 Ter a sex, das 10 às 18h; sáb e dom, das 13 às 17h Quanto: Grátis

Ballet Imperial da Rússia

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música 1º Festival de Jazz do Capão Uma das regiões mais bonitas do país, a Chapada Diamantina, na Bahia, combina jazz com música instrumental e sonoridades suaves. Então, prepare a viagem e a boa vibe. O evento vai reunir dois mestres da MPB, Hermeto Pascoal (4) e Toninho Horta (5), além das atrações regionais Coral do Capão, Grupo Instrumental do Capão, Grupo Garagem e Banda de Boca. Onde: Vale do Capão, município de Palmeiras, a 445 km de Salvador Quando: 4 e 5 de junho, às 19h Quanto: Grátis

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EVA E JAMMIL Dia 2 de julho, data em que se comemora a Independência da Bahia, o Wet’n Wild vai receber as bandas Jammil e EVA, que prometem comandar um superevento. Primeira banda a subir ao palco, Jammil incluirá no repertório do show a nova canção, Haja coração, que foi registrada há pouco tempo no clipe que o grupo gravou no Pelourinho. E, para encerrar a noite, sobe ao palco o Eva, de Saulo Fernandes, com o seu forte e contagiante som percussivo. A data do show coincide também com um dos jogos das quartas de finais da Copa do Mundo, que pode ter o Brasil jogando. Onde: Wet’n Wild - Av. Paralela, s/n Quando: 02/07 Quanto: Pista - R$ 50 / Camarote - R$ 120 (F) e R$ 150 (M) SALVADOR FEST A festa vai reunir diversas bandas irreverentes e vários espaços como o Palco Pagodão, a Vila do Forró, a Praça do Reggae e a Boate Funk. O evento é uma mistura de ritmos e de estilos, entre eles Samba, Pagode, Reggae, Forró e Arrocha. Entre as atrações da sexta edição da festa da cidade, estão os grupos Sorriso Maroto, Exaltasamba (foto), Harmonia do Samba, Parangolé, Revelação, Sampa Crew e muito mais. Onde: Parque de Exposições de Salvador - Av. Luiz Viana Filho (Paralela) - s/n Quando: 18/07 Quanto: R$ 30 a R$70

FORRÓ MARIA BUNITA O evento traz na grade 2010 bandas como Chiclete com Banana, Jammil e Harmonia do Samba. Dia 23: Chiclete com Banana, Aviões do Forró, Adão Negro e Menina Faceira Dia 26: Jorge e Matheus, Jammil, Harmonia do Samba e Arreio de Ouro Onde: São Gonçalo dos Campos Quando: 23 e 26/06 Quanto: Pista Meia R$ 90 - Passaporte Pista (2 dias) R$ 150 Camarote Feminino: R$ 180 / Masculino: R$200

FORRÓ DO VISGO A edição 2010 do Forró do Visgo, contará com apresentações de bandas como Calypso, Jammil, Harmonia do Samba e Araketu. Dia 24: Calypso, Jammil, Harmonia do Samba e Tio Barnabé Dia 25: Parangolé, Calcinha Preta, Araketu e Colher de Pau Onde: Santo Antônio de Jesus Quando: 24 a 25/06/2010 Quanto: R$80 e R$160

Dia 25: Chiclete com Banana, Cavaleiros do Forró, Tio Barnabé e trio forrozeiro. Dia 26: Asa de Águia, Jau, Forró do Muído e trio forrozeiro Onde: Amargosa Quando: 24 a 26/06 Quanto: Pista Individual: R$ 130,00 (meia) / Pista Passaporte: R$ 350,00 (meia) / Camarote Individual: R$ 250,00 (meia) / Camarote Passaporte: R$ 690,00 (meia)

FORRÓ DO PIU-PIU Uma das maiores festas do São João baiano, o forró do Piu-Piu traz na grade 2010 bandas como Asa de Águia, Chiclete com Banana, Eva e Aviões do Forró. A festa vai acontecer em Amargosa, no Hotel Fazenda Colibrí. Neste ano, no qual comemora 14 anos, o Forró do Piu-Piu vai voltar a ter cerveja free nos três dias de festa. Dia 24: Banda Eva, Peixe, Aviões do Forró e trio forrozeiro.

FORRÓ DO SFREGA As bandas Aviões do Forró e Asa de Águia já estão confirmadas para o Forró do Sfrega 2010. O evento contará também com o Palco do Coreto, onde a Banda Curral Dance fará apresentações durante os intervalos dos shows do Palco Principal. Onde: Senhor do Bonfim Quando: 24 e 25/06 Quanto: Pista (inteira) R$ 398 / Camarote (inteira) R$ 796

FORRÓ DA MARGARIDA Tradicional festa de camisa de Jequié, traz para a edição 2010 Adelmário Coelho, Bruno e Marrone, Cavaleiros do Forró e Tomate. A festa acontece no dia 26 de junho e incluirá o consumo de bebida e comida no valor do ingresso. Quando: 26/06 Onde: Parque de Exposições de Jequié FORRÓ DO BOSQUE Realizado na Fazenda do Bosque, na cidade de Cruz das Almas, na quarta-feira, 23, quem abre o evento é o veterano Flávio José, que há 11 anos participa do Forró do Bosque. Na sequência, nomes como Banda Eva, Timbalada, Saia Rodada e Seu Maxixe. Já no sábado, 26, o primeiro grupo a se apresentar é Estakazero, seguido das bandas Garota Safada, de Fortaleza, Chiclete com Banana e Forró do Muído. Onde: Cruz das Almas Quando: 23/06/2010

t e at r o Desafinado Conta a virada de jogo de uma mulher que se anulou em função da carreira do marido músico. Ela resolve retomar o posto de advogada, elaborando um contrato de casamento moderno. A peça tem dois finais e se ele aceita ou não a exigência dela, cabe ao público decidir. Onde: Ciranda Café, Cultura e Artes – R. Fonte do Boi, Rio Vermelho Quando: qui e dom, 20h; sex e sáb, 21h. Até 20 de junho. Quanto: R$ 30 e R$ 15. CÓCEGAS Ingrid Guimarães e Heloísa Perissé dão vida a nove histórias diferentes. Elas interpretam mulheres sempre envolvidas em situações limite, mas tudo com muito bom humor e irreverência. São histórias de mulheres às voltas com suas carreiras ou em crise pela falta delas. Modelos, esposas que dependem dos maridos, atrizes figurantes em programas infantis, evangélicas, adolescentes, mulheres da noite ou desempregadas - todas à beira de um ataque de nervos. Onde: Teatro SESI Casa do Comércio - Av. Tancredo Neves, 1109 Quando: 03/06 a 06/06 Quanto: de R$ 60 a R$ 80

O MELHOR DO HOMEM Peça se passa em Manhattan, nos Estados Unidos, e fala da relação marginal, sexual, fascinante e excitante entre dois homens ex-presidiários. Apesar de se tratar de duas personagens que vivem um jogo homo-erótico, o diretor destaca que não se trata de homens afeminados, aspecto necessário para “discutir a construção de identidades”, diz o diretor. Onde: Teatro Martim Gonçalves - Rua Araújo Pinho, s/n, Canela Quando: 27/05 a 13/06 Quanto: R$ 20

Amanheceu História de Maria, uma mulher comum, costureira, fã de música sertaneja e que tem o rádio como seu companheiro fiel das madrugadas. Onde: Theatro XVIII, Rua Frei Vicente, 18 Quando: 28/5 a 20/6, sex a dom, 20h Quanto: R$ 5

Amanheceu

Cócegas

IMPROVÁVEL Peça de total improviso, que conta com a participação da plateia. Como tudo é baseado no improviso, o público sempre verá uma peça diferente e interativa. Por isso, o espetáculo nunca se repete, com novos textos e piadas a cada sessão. As cenas gravadas durante os espetáculos de 2009 viraram febre na Internet, com recorde de 700 mil acessos diários e 15.489.174 acessos no total. O espetáculo conta sempre com atores convidados, que atuam nas cenas ao lado dos criadores do espetáculo. Quem explica as regras dos Jogos de Improvisação que serão apresentados e coordena os temas propostos é o mestre de cerimônia, e outro ator convidado participa dos jogos de improviso. Onde: Teatro Jorge Amado - Av. Manoel Dias, 2177 Quando: 11/06 a 13/06 Quanto: R$ 50 – inteira

cursos ARTE E PROFISSIONALIZAÇÃO NO SUBÚRBIO A Cia. Beluna de Arte realiza quatro oficinas de qualificação artística: Maquiagem Cênica, Interpretação Teatral, Direção Teatral e Técnicas Vocais para a Cena. Os interessados devem ter idade acima de 16 anos e residir na região suburbana de Salvador. Cada oficina tem carga total de 24 horas e conta com patrocínio do Fundo de Cultura, através do Edital de Qualificação Artística da Funceb. Onde: Centro Cultural Plataforma Direção Teatral: 26/5 a 11/6, qua e sex, 8h à 12h; Dicção e Técnica Vocal para a Cena: 24/5 a 9/6, seg e qua, 14h às 18h; Maquiagem Cênica: 28/5 a 12/6, sex e sáb, 8h às 11h30; Construção de Personagem: 26/5 a 11/6, qua e sex, 14h às 18h Quanto: Grátis

Viver Bahia | 81


Bahia Marina | Av. Contorno, 1010, Comércio, T. 3322.7244 Marina de Itaparica | Av. 25 de Outubro, s/n, Itaparica, T. 3631.3003 Aeroporto Aeroporto Internacional de Salvador | Pça. Gago Coutinho, s/n, São Cristóvão, T. 3204.1010, diariamente, 24h Companhias Aéreas Gol | T. 0300.7892121 www.voegol.com.br Webjet | T. 0300. 2101234 www.webje.com.br

Rodoviária Terminal Rodoviário Armando Viana de Castro | Av. ACM, 4362, Pituba, T. 3460.8300, diariamente, 24h

Lanchile | T. 3241.1401 www.lanchile.com

Confidence Câmbio | Aeroporto Internacional de Salvador, São Cristóvão, T 3252.9090 Iguatemi Turismo | Av. Tancredo Neves, 148, Pituba (Shopping Iguatemi, 2º Piso). T. 3450.0200

Tap Air | Portugal T. 0800.7077787 www.agentestapbrasil.com.br

Shopping Tour | Av. Centenário, 2992, Barra (Shopping Barra, 1º Piso). T 3264.3344.

Localiza | Av. Oceânica, 3057, Ondina. T. 3332.1999 / 3332.1995

Air Europa | T. 3347.8899 www.aireuropa.com.br Azul Linhas Aéreas T. 0800.7021053 www.voeazul.com.br

Ferry-Boat

Correios Agência da Pituba | Av. Paulo VI, 190, Pituba, T. 0800.5700100 Agência do Aeroporto Internacional de Salvador | São Cristóvão. T. 0800.5700100 Agência do Campo Grande Rua Forte de São Pedro, 66, Campo Grande T. 0800.5700100 Agência do Pelourinho | Lgo do Cruzeiro de São Francisco, 20, Pelourinho. T. 0800.5700100

Terminal Turístico Marítimo | Av. da França, s/n, Comércio, T. 3319.3434 / 3242.4366, seg a dom, 6h/19h30.

Porto de Salvador | Av. da França, Comércio, seg a sab, 6h/17h30; dom, 7h/10h Marinas Marina da Ribeira | Av. Porto dos Tainheiros, Ribeira, T. 3316.1406 82 | Viver Bahia

Artesanato Mercado Modelo | Pça. Visconde de Cayru, 250, Comércio. T. 3241.2893 Instituto de Artesanato Visconde de Mauá | Pça. Azevedo Fernandes, 02, Porto da Barra. T. 3116.6110 Feira de Artesanato do Pelourinho | R. Gregório de Mattos, 05, Pelourinho. T. 3322.5200 /3322.5100 Gerson Artesanato de Prata| R. do Carmo, 26, Santo Antônio. T. 3242.2133 Feira de São Joaquim | Av. Jequitaia, s/n, Calçada

Porto Câmbio Banco do Brasil | Aeroporto Internacional de Salvador, São Cristóvão T.3377.2574 Citibank | R. Marques de Leão, 71, Barra. T. 4009.6310

Locadora de Automóveis Car Rental Hertz | Aeroporto Internacional de Salvador, São Cristóvão. T. 3377.6554

Ocean Air | T. 4004.4040 www.oceanair.com Tam | T. 4002.5700 www.tam.com.br

Shopping Itaigara | Av. Antônio Carlos Magalhães, 656, Itaigara. T. 3270.8900, seg. a sex., 9h/21h; sáb, 9h/20h

Olímpia Turismo | Pça. Padre Anchieta, 16, Centro Histórico. T. 3322.0863

Onex Câmbio | Av. Sete de Setembro, 14, Barra (Hotel Sol Barra). T 3264.0000

Afro Bahia | Largo de São Francisco, 10, Pelourinho. T. 3321.3709 Loja de Artesanato do Sesc | R. Francisco Muniz Barreto, 02, Terreiro de Jesus, Pelourinho. T. 3321.0161

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Sol e praia? Sim, mas a Bahia é muito mais.

Aerocar | R. Fonte do Boi, 26, Lj. 2, Rio Vermelho. T. 3335.1110 Unidas | Aeroporto Internacional de Salvador, São Cristóvão. T 3204.1175 e Av. Oceânica, 3097, Ondina. T. 3247.2121. Business Rent a Car | R. Direita do Santo Antônio, 20, Santo Antônio Além do Carmo. T. 3241.3586

Shopping Piedade | R. Junqueira Ayres, 08, Barris. T. 3328.1555, seg a sex, 9h/21h; dom, 9h/20h

Telefones Úteis Disque Bahia Turismo | 3103-3103 Samu | 192 Polícia / Bombeiros | 193 Central Antiveneno | 0800 2844343 Correios | 0800 5700100 Defesa Civil | 199 Defesa do Consumidor | 3116 8514 Delegacia de Proteção ao Turista | 3322.7155

Shopping Center Shopping Barra | Av. Centenário, 2992, ChameChame. T. 2108.8222, seg a sex, 9h/22h; sáb, 9h/21h e dom,15h/21h Salvador Shopping | Av. Tancredo Neves, 2915, Iguatemi. T. 3443.1000, seg a sáb, 9h/22h e dom, 12h/21h Shopping Center Lapa | R. Portão da Piedade, 155, Piedade. T. 3343.1000, seg a sáb, 9h/22h e dom, 12h/21h Shopping Iguatemi | Av. Tancredo Neves, 148, Pituba. T. 3350.5050 / 3350.0300

Delegacia de Proteção à Mulher | 3245.5481 Detran | 3343.8888

Fotos: Eduardo Moody e Jota Freitas / Bahiatursa

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Disque Denúncia (drogas, homicídios, roubos, etc.) | 3245.5481 Disque Denúncia (exploração sexual contra Crianças e Adolescentes) | 100 Polícia Civil | 197 Polícia Militar | 190 Polícia Federal | 3242.1518 Serviço Salvador Atende | 156 Serviço de Informações dos Transportes Urbanos de Salvador | 3377.6311 Táxi Coomtas | 3377.6311 / 0800.710311 Táxi Coometas | 32444500 / 0800.282 4500

Venha e desfrute de praias, montanhas, festas, shows, esporte, cultura e gastronomia. Em cada canto da Bahia tem uma viagem inesquecível. Agora com voos diários Lisboa-Salvador.

Viver Bahia | 83


www.bahia.com.br

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Fotos: Bruno Ribeiro, Eduardo Moody e Jota Freitas / Bahiatursa


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