Paradigma V01

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Paradigma

BeyoncĂŠ, Formation, Feminismo Negro e mais...

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Paradigma A revista que quebra preconceitos. Se você busca desconstruir ideias já enraizadas na sociedade, através de opiniões de quem sofre diariamente com diversos tipos de preconceitos, você comprou a revista certa. A Revista Paradigma busca questionar nosso leitor, através de textos opinativos sobre diversos assuntos, desde feminismo, a racismo e transfobia. Todo mês traremos pessoas novas para discutir temas que já são velhos na sociedade e as mudanças que estão ou podem ocorrer.

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Nossa ideia não é que você apenas absorva o que está escrito na revista, mas questione sobre as coisas que estão acontecendo a sua volta, coisa que você pode encarar como natural, mas que não verdade são verdadeiros atos preconceituosos. Até mais, jovem formador de opinião, espero que curta se envolver nos paradigmas e se deixe desconstruir!

Equipe Revista Paradigma

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Sumário

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04 Mulheres nos quadrinhos: Representatividade Importa 05 Homens: qual o problema com o feminismo? 06 Eu não amo homens! 07 Quem tem medo do feminismo negro? 08 beyonce no superbowl 10 (in)Humanidade trans 12 sobre sair do armario

Expediente Revista Paradigma Editora-Chefe: Iasmyn Gordiano Revisão: Victor Rosa

Diagramação: Uanderson Lima Coordenação Geral: Juliano Mascarenhas

Textos: Artur Francischi IasmynGordiano Julianna Gonçalves Wag Walter Djamila Ribeiro Thainá Dayube


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As mulheres nos Quadrinhos Representatividade importa

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ntes mesmo de saber ler, eu já amava as palavras, pedia todos que lessem pra mim histórias e mais histórias. Aos seis anos, finalmente pude entender como funcionava aquela combinação de símbolos para que se tornassem palavras, frases, textos e até livros. Assim que peguei o jeito da coisa, só pensava em praticar: ler, escrever, ler, escrever, ler... E foi nesse ínterim que as histórias em quadrinhos entraram na minha vida. Junto com Ruth Rocha, Lygia Bojunga, Monteiro Lobato e Os irmãos Grimm, elas me acompanharam nas minhas primeiras aventuras por outros mundos. Ou seja, eu cresci lendo HQs. Meus primeiros quadrinhos foram da Turma da Mônica, depois de alguns anos vieram o Batman, o Super Homem, Homem Aranha etc. Acho que foi aí que se deu meu primeiro contato com a representatividade e o quão importante ela é. Lembro-me que adorava Turma da Mônica porque me sentia representada nas meninas. Todo o universo delas e deles (Cebolinha, Cascão, Franjinha, Chico Bento etc) se mostra muito conjunto, meninas brincam com os meninos, correm, jogam bola e fazem o que bem entendem. E eu lembro que isso me deixava extremamente confortável. Eu percebia que não havia problema nenhum em querer brincar com meus amigos tanto quanto com minhas amigas, que eu podia comer o tanto que eu quisesse e o principal: que eu não deveria nunca ter medo de enfrentar os garotos se preciso fosse. A Mônica foi a primeira figura que me mostrou que garotas não são indefesas e nem devem atender às vontades de nenhum deles. Ficando mais velha, na casa dos 12/13 anos, fui conhecendo HQs mais complexas e começando a desbravar o mundo dos super-heróis. Foi aí que me tornei fã do Batman e passei a devorar quadrinhos e mais quadrinhos do meu herói favorito. Mas aí, em meio a tanto super-herói, a representatividade pesou de novo. Eu era uma garota de 12 anos e que estava percebendo mais do que nunca que obviamente, eu não me tornaria quando crescesse, uma cara musculoso, com quase dois metros de altura e com voz grossa. Então, eu não condição de mulher não poderia salvar o mundo? Eu teria que ficar sempre a espera do super-herói pra me tirar de apuros? Foi aí que a Diana Prince entrou na minha vida. Cheguei nas suas histórias porque decidi que apesar de gostar muito do Batman, não podia passar a minha vida esperando que ele me ajudasse. Eu mesma tinha que resolver os meus problemas e a Mulher Maravilha me mostrou que é claro que eu posso (e devo!) fazer isso. E isso foi incrível, sim, mais uma

Thainá Dayube vez eu me senti representada. Eu era uma garota e me tornaria uma mulher e isso não é atestado nenhum de fraqueza ou inferioridade. “Hiketeia” é uma HQ da Mulher Maravilha que conta a história de Danielle Wellys, que lutou e matou um homem para vingar a morte da sua irmã, assim, se tornando alvo de Batman. Danielle vai atrás da MM e invoca o ritual Hiketeia, buscando a proteção de Diana, que aceita e faz de tudo para proteger a garota. É definitivamente um dos meus HQs favoritos, que me deixou esfuziante na primeira vez que li. Como não ter os olhinhos brilhando com a MM defendendo até o fim o seu pacto com a Danielle? Em hora alguma ela se mostrou com medo do Batman, que a todo momento tenta impor a sua vontade. Reli “Hiketeia” recentemente e além das impressões da primeira leitura, vi também que esse quadrinho é o um ótimo exemplo de sororidade. Em representações estéticas, o universo das super-heroínas precisam sim, seguir outros caminhos. Já que todas seguem os padrões europeus de beleza e com seus corpos sempre magros e definidos, mas, isso são questões para outra discussão. Aqui, o enfoque foi como as super-heroínas me ajudaram a tomar consciência do meu papel na sociedade como mulher, foi a partir dessas pequenas histórias que comecei a pesquisar e buscar entender as nossas lutas dentro desse sistema do patriarcado. Além da Mulher Maravilha, atualmente, muitas outras mulheres figuram a minha vida e me fazem refletir sobre a nossa luta. Arya Stark, Beatrix Kiddo, Hit Girl, The Runaways, Lisbeth Salander, River Song, Donna Noble, Daenerys Targaryen, Romana, Imperatriz Furiosa, Hermione Granger, Elisabeth Bennet e tantas outras personagens da literatura, música, cinema e do universo nerd em geral me ajudam a tomar cada vez mais consciência do poder que nós temos e que, mais do que nunca, devemos nos manter unidas para combater dia a dia o pior vilão que reina sobre nossa sociedade: O machismo.

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Homens :

qual o problema com o feminismo?

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sses dias, em algum canto da internet, me deparei com uma frase dita por um homem que me incomodou muito. Tentei ignorar, mas a problemática foi tão intensa que não foi possível e eu tive que, sim, rebater isso de alguma forma. O rapaz foi perguntado sobre o que o amedrontava e ele respondeu, sem rodeio algum: “Essa tendência do vitimismo gay atual. Bem como a banalização do feminismo.” E a resposta dele me inquietou de uma forma gigantesca. Vamos lá. Banal, no dicionário, significa: “s.m. e s.f. Desprovido de originalidade; que é comum ou ordinário; trivial: conversa banal” e ele provavelmente usou esse termo pra se referir à forma como, nos últimos três anos, o feminismo cresceu e foi ganhando, principalmente na internet, adeptas de várias idades. É um dos movimentos que, a nível mundial, vem sido cada vez mais discutido e divulgado, deixando de ser algo puramente acadêmico para se tornar parte do dia-a-dia de mulheres que, muitas vezes, não tem acesso a um ensino superior ou algo do tipo. E isso é errado? E isso é motivo de causar medo? Não, caro colega. Em nenhum momento. Não tem problema algum em um assunto de extrema importância se tornar corriqueiro, comum ou, como disse o amigo ali, banal. Vivemos na Era da Informação, onde o acesso à informação se tornou democratizado e

Julianna Gonçalves facilitado para diversas camadas sociais, diversos grupos sociais e quanto mais conhecimento, melhor. Então, por que ter medo da “banalização do feminismo”? Quanto mais pessoas discutindo, aprendendo, trocando informações, debatendo informações, ampliando horizontes e trocando experiências, melhor. E no feminismo, isso é algo extremamente significativo. Feminismo não é algo que tem de ser discutido dentro da universidade. Feminismo não é algo que tem de ser restrito a um grupo de pessoas. O feminismo é pra todas. Feminismo é pra toda a população feminina mundial. É pra todas as mulheres, de todas as idades, de todas as classes econômicas, pertencentes a todos os grupos sociais. Não tem nada de errado o fato do feminismo se tornar acessível, principalmente por meio de internet. Não tem problema nenhum em cada vez mais mulheres ganharem coragem de se dizerem feministas. Você, como homem, talvez tenha o que temer quanto a isso, sim. Porque cada vez mais teremos mais mulheres com coragem de apontar o dedo na tua cara e expor teu machismo. Cada vez mais teremos mais mulheres que não se calarão diante de meia dúzia de xingamentos seus. Cada vez mais teremos mais mulheres que são cientes de seus direitos e que não terão medo de aumentar sua voz cada vez que se sentirem oprimidas. E isso não torna a banalização do feminismo uma coisa ruim. Pra você, homem, talvez. Mas pro mundo todo e, principalmente, pras mulheres, não.

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Eu não amo homens!

Por que a necessidade de explicar que “sou feminista, mas amo homens”?

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m 2015, fomos apresentados a nova hashtag da campanha #HeForShe, comandada pela atriz Emma Watson, junto com a também atriz negra e transexual, Laverne Cox: #ILoveMenButHatePatriarchy. Essa tag me fez pensar em como as feministas são vistas por grande parte da sociedade – principalmente os homens. É como se tivéssemos de pedir perdão por acreditarmos e lutarmos pela equidade feminina, ao mesmo tempo que tivéssemos de garantir para os homens que não, não os odiamos. Porém, será que os homens amam as mulheres? Eles nos sexualizam. Colocam nossos corpos como um quadro a ser avaliado, criticado, observado. Nos expõem, colocam nossa sexualidade como principal medidor de nosso caráter, nos silenciam, violentam, amedrontam. Nos colocam como loucas, fofoqueiras, fúteis, nos dividem entre “pra casar” e “pra comer”, fazem pouco caso da violência sofrida por nós. Ganhamos menos, mesmo tendo a mesma qualificação. Fetichizam nossas relações com outras mulheres. Matam as mulheres trans, sexualizam ainda mais as mulheres negras – essas sendo as que mais sofrem nas mãos da sociedade machista e racista, tendo em vista que o Brasil é o país com o maior número de assassinatos à trans e travestis e a violência contra a mulher negra cresceu cerca de 54% em 2015. Eu não amo homens. Homens não me amam. Eu amo homens específicos – os da minha família, meu namorado, meus amigos. E sei que, ainda assim, eles também reproduzem os mesmos comportamentos do sistema machista que os beneficiam. Por que eu preciso garantir que amo homens? Por que preciso da aprovação deles para continuar lutando por equidade? Por que tantas mulheres necessitam que ho-

Iasmyn Gordiano mens continuem falando por elas, mesmo quando eles não têm vivência para tal? Fomos criadas para acreditar que só seriamos felizes se seguíssemos a regra do “crescer-casar-ter filhos”. Acreditamos fielmente durante anos que não dava pra ser feliz sem uma presença masculina do lado. Mas aí desconstruímos esse pensamento e percebemos que a principal receita para ser feliz seria aceitando e amando a nós mesmas. A nossa presença. E isso certamente mexeu com o ego masculino.

Eles deixaram de ser o nosso objetivo de vida e passaram a ser um detalhe. Começamos a nos importar mais em nos agradar e não a agradar eles e seus imaginários. Começamos a não ligar para qualquer regra que eles quisessem impor em cima de nossos corpos. E passamos a gritar aos quatro ventos que sim, aquele era o momento de sermos ouvidas, após anos em silêncio. Eu não amo homens e tampouco sou obrigada a amar. Enquanto eles não me amarem também, não haverá mudanças.

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Quem tem medo do feminismo Negro?

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Djamila Ribeiro

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feminismo negro começa a ganhar força a partir da segunda onda do feminismo, entre 1960 e 1980, por conta da fundação da National Black Feminist, nos EUA, em 1973 e porque feministas negras passaram a escrever sobre o tema criando uma literatura feminista negra.Porém, gosto de dizer que, bem antes disso, mulheres negras já desafiavam o sujeito mulher determinado pelo feminismo. Em 1851, Sojourner Truth, ex-escrava que tornou-se oradora, fez seu famoso discurso intitulado “E eu não sou uma mulher?” na Convenção dos Direitos das Mulheres em Ohio. Dentre alguns questionamentos, ela diz: “Aquele homem ali diz que é preciso ajudar as mulheres a subir numa carruagem, é preciso carregar elas quando atravessam um lamaçal e elas devem ocupar sempre os melhores lugares. Nunca ninguém me ajuda a subir numa carruagem, a passar por cima da lama ou me cede o melhor lugar! E não sou uma mulher? Olhem para mim! Olhem para meu braço! Eu capinei, eu plantei, juntei palha nos celeiros e homem nenhum conseguiu me superar! E não sou uma mulher? Eu consegui trabalhar e comer tanto quanto um homem – quando tinha o que comer – e também agüentei as chicotadas! E não sou uma mulher? Pari cinco filhos e a maioria deles foi vendida como escravos. Quando manifestei minha dor de mãe, ninguém, a não ser Jesus, me ouviu! E não sou uma mulher?” Ou seja, já anunciava que a situação da mulher negra era radicalmente diferente da situação da mulher branca. Enquanto àquela época mulheres brancas lutavam pelo direito ao voto, ao trabalho, mulheres negras lutavam para serem consideradas pessoas. No Brasil, o feminismo negro começa a ganhar força nos anos 80. Segundo Núbia Moreira, “A relação das mulheres negras com o movimento feminista se estabelece a partir do III Encontro Feminista Latino-ame-

ricano ocorrido em Bertioga em 1985, de onde emerge a organização atual de mulheres negras com expressão coletiva com o intuito de adquirir visibilidade política no campo feminista. A partir daí, surgem os primeiros Coletivos de Mulheres Negras, época em que aconteceram alguns Encontros Estaduais e Nacionais de mulheres negras. Em momentos anteriores, porém, há vestígios de participação de mulheres negras no Encontro Nacional de Mulheres, realizado em março de 1979. No entanto, a nossa compreensão é que, a partir do encontro ocorrido em Bertioga, se consolida entre as mulheres negras um discurso feminista, uma vez que em décadas anteriores havia uma rejeição por parte de algumas mulheres negras em aceitar a “identidade feminista”. Isso acontecia devido ao fato de não se identificarem com um movimento até então majoritariamente branco e de classe média e pela falta de empatia em perceber que mulheres negras possuem pontos de partidas diferentes, especificidades que precisam ser priorizadas. Existe ainda por parte de muitas feministas brancas uma resistência muito grande em perceber que apesar do gênero nos unir, há outras especificidades que nos separam e afastam. Enquanto feministas brancas tratarem a questão racial como birra, disputa, em vez de reconhecerem seus privilégios e pontos de partida, o movimento não avança, só reproduz as velhas e conhecidas lógicas de opressão. Em O Segundo sexo, Beauvoir diz: “se a questão feminina é tão absurda é porque a arrogância masculina fez dela uma querela e quando as pessoas querelam não raciocinam bem”. E eu atualizo para a questão das mulheres negras: se a questão das mulheres negras é tão absurda é porque a arrogância do feminismo branco fez dela uma querela e quando as pessoas querelam não raciocinam bem.

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Há uma história não contada sobre a apre

Beyoncé no SuperB

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o domingo (7/02), Beyoncé se apresentou no Super Bowl ao lado de Coldplay e Bruno Mars, e fez uma grande homenagem a Michael Jackson e aos Panteras Negras. Ao final de sua performance, Queen Bey anunciou uma turnê mundial, “The Formation World Tour”, e um fundo para as crianças da cidade de Flint, no Michigan, a qual sofre com uma crise de água contaminada. A apresentação da cantora com seu mais novo single, “Formation”, foi muito elogiada nas redes sociais, mas foi sua homenagem ao ativismo ao movimento contra o racismo nos Estados Unidos o verdadeiro destaque do show do intervalo. Com roupas e boinas pretas, que se assemelham ao Partido dos Panteras Negras, as dançarinas de Beyoncé levantaram punhos e transmitiram uma poderosa mensagem de empoderamento à população negra. Mas há uma história não contada, que acrescenta ainda mais simbolismo à performance do último domingo. Após o show, a pedido de RheemaEmyCalloway e Ronnisha Johnson, ativistas do movimento Black LivesMatter, as dançarinas de Beyoncé gravaram um curto vídeo pedindo justiça a

Mario Woods, um homem negro de 26 anos morto pela polícia de São Francisco, em dezembro do ano passado. Segundo o site The Independent, Woods foi cercado por policiais e morto com 15 tiros, após se negar a soltar uma faca que ele teria utilizado para matar uma pessoa horas antes. Contudo, filmagens do tiroteio mostram o rapaz com braços soltos quando a polícia começou a atirar, o que gerou ainda mais fúria por parte de ativistas, os quais acreditam que ele poderia ter sido rendido sem precisar ser morto. RheemaEmyCalloway e Ronnisha Johnson, do movimento Black LivesMatter contaram ao jornal The Guardian que perseguiram as dançarinas para perguntar se gostariam de participar do protesto. “Pelo olhar delas, elas já tinham ouvido falar sobre o caso”, afirmou Calloway. “Muitas pessoas vêm a São Francisco para celebrar o Super Bowl sem ter conhecimento dos apuros que as pessoas negras estão enfrentando”, acrescentou Johnson ao Mic. “Sabemos que São Francisco está capitalizando sobre o Super Bowl às custas de comunidades negras pobres que vivem aqui.” A cantora Alicia Keys, que já lançou uma música sobre a violência policial em 2014, também fez coro aos protestos. Através de seu agente, a cantora entrou em contato com o grupo Black LivesMatter para saber sobre os desafios da comunidade negra em São Francisco, e tomou conhecimento do caso de Mario Woods. De acordo com o Guardian, durante um show realizado no dia 6 de fevereiro, na cidade do Super Bowl, ela teria feito o seguinte comentário: “Quero agradecer a vocês pelo seu compromisso em fazer justiça a Mario Woods. Enquanto mãe de dois meninos negros, meu coração fica partido ao ver o que estamos vendo, as mortes que estamos vendo nas câmeras e todas as pessoas que nunca veremos.


esentação de

Bowl

Artur Francischi

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As vidas dos negros importam e todos nós, de todas as cores, precisamos nos unir para acabar com esse racismo sistêmico.” Embora o gesto das dançarinas e a performance de Beyoncé tenham sido aplaudidos, nem todo mundo ficou satisfeito com o que viu. Rudy Giuliani, ex-prefeito da cidade de Nova York, criticou a cantora chamando a apresentação de “ridícula” e uma afronta à polícia. “Achei um ultraje ela usar [o momento] como uma plataforma para atacar policiais, que são as pessoas que a protegem e nos protegem e que nos mantêm vivos. O que deveríamos fazer na comunidade negra, e em todas as comunidades, é construir respeito aos policiais.” Algumas pessoas mais ofendidas com a apresentação sugeriram ainda um boicote à voz de “Crazy In Love”. Entretanto, a reação de uma pessoa é o que conta de verdade. Gwen Woods, mãe de Mario Woods, elogiou a atitude das dançarinas. “Eu estava muito deprimida e isso me deu uma sacudida. Vê-las segurando o cartaz me sacudiu de volta à realidade. Fui edificada”, ela contou ao Guardian, acrescentando que a participação de Beyoncé à causa é importante. “Nós, mães negras, não deveríamos ver nossos filhos mortos como animais… Precisamos fazer algo [a respeito], isso é de demais.”


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(In)Humanidade Trans

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Wag Walter

essoas transexuais e travestis compõem uma das camadas mais fragilizadas da nossa sociedade. Corpos abjetos, expostos a crueldade humana e destinados exclusivamente a marginalização. Quando farão algo a respeito? O ciclo de “vida” de pessoas trans, em sua maioria, segue uma ordem sistemática de violências psicológicas e físicas que tem início ainda muito cedo dentro do próprio meio familiar e, posteriormente, escolar, causando a evasão precoce dessa população do ensino básico. Tanto a repressão e maus-tratos por parte de pais, professores e alunos, quanto à proibição de direitos básicos, como o uso do banheiro correspondente ao seu gênero, são fatores que expulsam pessoas transgêneras do âmbito acadêmico. Sem apoio familiar, sem moradia e sem qualificação e preparo que possibilite o seu ingresso no mercado de trabalho, a prostituição aparece como única alternativa de sobrevivência para essa população. Cerca de 90% das travestis e transexuais precisam se prostituir no Brasil. Assim, perpetuando o estigma que a sociedade transfóbica nos impregnou: pessoas (máquinas) com o único fim de servir ao prazer sexual, sem qualquer preocupação com afetividade ou romantismo. Não somos dignas de tal privilégio. Não há nenhum outro grupo populacional, no nosso país, em que 90% dos seus integrantes estejam inseridos na prostituição. Não há nenhum outro grupo populacional brasileiro em que a média de vida seja de, apenas, 30 anos, uma realidade que aflige apenas a pessoas trans. Não há nenhum outro país, no mundo, que apresente números tão exorbitantes de morte por transfobia como o Brasil. Somente no primeiro mês de 2016, já foi registrado mais de 60 mortes por transfobia no país. Como uma sociedade inteira pode ignorar um genocídio que está acontecendo debaixo de nossos narizes? Simples. Não há representatividade. Portanto, somos sub-gente, não existimos e não importamos. Invisíveis e inumanas, isoladas a margem, como aquela sujeirinha jogada para debaixo do tapete para não causar incômodo a quem detém o poder.

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T

Sobre sair do Armário

enho dois irmãos: um gêmeo e outro que é pouco mais de um ano mais novo. São as pessoas que eu mais amo nesse mundo todo, mas sempre me senti diferente deles. E quando digo sempre, essa estranheza vem desde quando éramos pequenos. Algo em mim não me tornava igual a eles. Havia algo que eu não conseguia explicar, que me fazia sentir esquisito. Com meus primos e amigos, o mesmo sentimento sem nome. Isso não atrapalhava o meu relacionamento com ninguém, mas só quem já teve esse sentimento de “não pertencer” talvez entenda o que eu escrevo. Na creche, eu tive uma namorada, a Tamires. Dela, lembro-me apenas dos longos cabelos pretos e encaracolados que eu adorava. Era um namoro de criança: sem beijo, mãos dadas às vezes, abraços esporádicos… Era divertido. Nunca mais vi a Tamires depois dessa fase escolar. Nessa época ainda, tive muitas amigas. Amigos eram bem poucos. Já meu gêmeo tinha mais amigos. Na escolinha, eu gostava de brincar de bonecas com as meninas, algo que a professora não deixava, e os meninos me zombavam. Lembro-me de um dia, quando um menino que vivia pegando no meu pé, me chamou de “maricas”. Foi o suficiente pro meu irmão partir para cima do garoto. Augusto sempre foi mais esquentado do que eu. Sempre deixei me agredirem, verbalmente e fisicamente, sem revidar; ele, no entanto, era bem o contrário de mim. O tempo foi passando, e o sentimento de inadequação só foi aumentando: por algum motivo, eu me sentia representado em personagens femininas, nas novelas, nos filmes, nos desenhos… Era algo bem louco na minha cabeça, afinal, eu deveria me identificar com personagens masculinos, não? Não era esse o certo? Se havia um personagem, homem, com quem rolava uma identificação, era o Shun de Andrômeda, dos Cavaleiros do Zodíaco. Ele usava uma armadura rosa, era sensível e odiava lutar. “Parece comigo”, eu pensava. Mas, exceto o Shun, todas minhas personagens preferidas eram meninas: a SakuraCardCaptors, a Sailor Júpiter, a Misty do Pokémon e a Mimi do Digimon. Vale acrescentar que, por mais que eu tivesse uma família

Artur Francischi

católica, meus pais nunca viram problema em nada disso que eu gostava. Nesse sentido, tive sorte. Meus pais não quiseram saber o sexo dos bebês antes do parto, portanto, roupas rosas ou violetas vestiam a mim e meus irmãos. Não era uma dor de cabeça. Além disso, meu pai até fez um báculo igual ao que a Sakura usava no desenho. Afinal de contas, eu era um criança e só queria brincar. E nesse meio tempo, eu aprendi a escrever e a gostar de escrever. Meu pai tinha uma oficina no fundo da casa, e fez uma escrivaninha para mim, onde eu escrevia minhas histórias. Eu pegava folhas sulfite, dobrava-as ao meio, grampeava-as, e escrevia contos infantis, com ilustrações que eu fazia com meus próprios lápis coloridos. Foi nessa

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época que eu soube que sempre queria escrever. Sempre foi minha terapia. Até hoje. No entanto, se existe algo terrível na vida, ela se chama escola. Conforme fui crescendo, o meu jeito “diferente” foi me afastando dos meninos e me aproximando das meninas. Ainda assim, os desenhos que eu gostava, minhas personagens preferidas, todas elas, foram parar no lixo. De repente, eu tinha vergonha delas. De repente eu tinha vergonha de mim. Ninguém podia saber que eu gostava de coisas ditas “de menina”. O que pensariam de mim? Pior: o que minha família pensaria de mim? Quando criança, meus pais podiam tolerar meus gostos, mas e agora en-

trando na adolescência? Eu não me adequava. A minha saída foi ser o estudioso da classe. E isso me custou amizades. Não só porque o “nerd” sempre acaba sendo o mais zoado da turma (como se inteligência fosse algo ruim), mas porque eu usava aquilo que eu sabia contra os meus colegas. E na minha tentativa de compensar meu jeito diferente, acabei afastando muita gente e me isolando. Foi na adolescência que as coisas pioraram em vários sentidos: havia uma cobrança para que eu começasse a minha vida afetiva e sexual. Meus primos falavam sobre suas paqueras, as namoradas, os rolos… Meus irmãos e eu escutá-

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vamos e ríamos de algumas histórias. Todos passaríamos por isso. E eu passaria também. Ou pelo menos isso era esperado. Essa foi a época em que eu percebi que não me sentia atraído por meninas, mas por meninos. E isso foi um choque na minha cabeça. Mas não havia espaço para conversar sobre isso em casa. Nunca houve. Meus pais não aceitavam homossexualidade, apesar de eu nem saber o que era isso. Era tudo muito confuso. Então, fui me fechando. E fui me forçando a acreditar que era só uma fase, que mudaria assim que eu conhecesse uma menina que tirasse o meu chão. E muitas delas apareceram, mas não tiraram meu chão no sentido que a família esperava. A minha resposta, sempre que me perguntavam se eu gostava de alguém era: “eu não gosto de ninguém”. E era verdade. As meninas eram minhas amigas. Os meninos pareciam bobos e não me atraíam. Alguns eram até bonitos, mas não me chamavam tanta atenção. Hoje, percebo algo que me fez muita falta: eu nunca tive um amigo gay. Existiam aqueles meninos que a turma desconfiava, mas que jamais assumiriam. Não naquela época. E como eu sempre vivia rodeado por meninas, não gostava de jogar bola, e tinha um gosto esquisito por coisas coloridas, logo, o gay era eu. E foi durante a época do ginásio que a tortura começou. Eu era zoado todos os dias, praticamente. Todo dia havia algo a ser dito sobre mim. Algumas vezes, isso vinha de gente que eu nem conhecia, mas que se sentiam no direito de me atacar. Sozinho em casa, eu chorava. Se Deus existia mesmo, por que me fez tão diferente? Eu só queria estudar, fazer amigos e passar de ano. Por que tinha que ser algo tão difícil? Foi aí que aprendi que ser gay era errado. No colegial, eu comecei a me impor, o que diminuiu o bullying comigo. Não me entenda mal: quando você é o alvo, você será sempre o alvo. Mas a partir do momento em que falava alto e engrossava a voz, isso parecia me dar alguma trégua no campo de batalha que foi a adolescência. Aliás, sempre que me perguntam, eu digo: não sinto falta de ser adolescente. Nunca sofri tanto na vida. Até as amizades dessa época da vida, quase 95% não vingou. E eu não sinto falta alguma de quem foi embora. Até evito esses convites saudosos no Facebook para relembrar os tempos de colégio. A falta de um amigo gay me impossibilitou conversar sobre as diversas coisas que se passavam na minha cabeça. Eu não tinha com quem conversar sobre masturbação, beijos, sexo e outras coisas que só pessoas como eu poderiam entender. Eu vivia fechado. E isso ajudou a acabar com a minha autoestima, que já era bem perto de zero. A insegurança que eu carrego hoje, vem de muito tempo. E bem, já que eu negava veemente que era gay, para os amigos e para a família, afinal, sempre houve uma cobrança dentro de casa também, como era possível eu não


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ter beijado alguém ainda? Eu estava terminando o colegial, como não beijei uma menina ainda? Como não transei ainda? As cobranças externas já estavam internalizadas. Eu sofria calado. Eu não sabia quem eu era, não tinha com quem conversar e achava que a minha própria existência já era errada. Uma vez apenas eu pensei em tirar minha vida. Foi só uma vez, quando fui até a cozinha, na casa do meu pai, e peguei a faca de cortar carne. Me faltou coragem. Eu parei ali, por vários minutos com ela na mão, mas fui incapaz de dar continuidade ao meu plano. Guardei a faca e corri pro banheiro chorar. Foi então que, num dia, eu vi um moço grande, forte, na rua. Ele me olhou e eu olhei pra ele. A troca de olhares foi o suficiente para saber que ele estava interessado em mim. Mas eu tinha medo e, claro, me sentia culpado por ser quem eu era. Ainda assim, quando ele fez um sinal com a cabeça para que eu o seguisse, eu fui. Estava confuso, mas uma parte de mim estava curiosa e inquieta demais para não ir atrás. Fui. Ele queria transar ali, num canteiro. Era uma tarde chuvosa. Eu não queria, no entanto, fiquei ali. De alguma forma, o medo de que ele pudesse me bater ou fazer algo comigo era muito maior. Ele era duas vezes o meu tamanho. E se ele me espancasse ali caso eu tentasse fugir? Era um estranho total. Quando ele terminou, eu corri para casa. Chovia muito. No meu rosto, as lágrimas misturavam-se com a água que caía. Tomei banho no minuto que cheguei. Eu me sentia sujo, culpado e com nojo de mim mesmo. E o pensamento de alguém saber o que eu tinha feito não me deixou descansar naquele dia. Isso é algo que eu nunca contei abertamente para ninguém, até recentemente, quando fiz meus primeiros amigos gays.

Aliás, a lembrança desse episódio me faz chorar e ficar mal até hoje. Não sei se eu chamo isso de abuso ou de qualquer outro nome, mas fato é que, desde então, relatos de abusos e estupros mexem comigo. E mexem no sentido de me fazerem mal, muito mal. Parece que eu vivo tudo de novo. Por isso a minha revolta quando alguém desconfia de uma mulher ou criança que diz ter sido abusada. Não admito alguém duvidar do que essas pessoas dizem. É muito dolorido para alguém mentir sobre isso. Essa foi a única experiência que eu tive. Se eu pudesse, apagaria ela da minha memória, mesmo que tenha moldado uma parte de quem eu sou hoje, para o bem e para o mal. E se cabe dizer, eu nunca fantasiei transar com alguém por amor. Mas sempre quis que fosse com alguém com quem eu me sentisse confortável, e não com um estranho na rua. Me chame de careta, mas é assim que eu penso que todas as relações sexuais deveriam ser: com alguém que você se sinta bem, com quem você possa se abrir e dizer o que topa e o que não topa. E, na minha cabeça, isso não implica, necessariamente, ter algum tipo de envolvimento romântico. Eu só comecei a chegar aos termos comigo mesmo em 2013, quando comecei a fazer terapia. Quando conversava com minha analista sobre sexualidade, eu chorava. Mas ao final daquele ano, eu sabia que não dava mais para negar a mim mesmo: eu sou gay. Sempre fui. E o motivo pelo qual eu me sentia diferente perto dos meus irmãos, primos e amigos, não era por isso, mas pelo fato de que a sociedade é que não me aceita como eu sou, e fez um ótimo trabalho para que eu me sentisse culpado somente por existir. E não é errado ser quem você é. Queria saber disso quando eu ainda era uma criança descobrindo o mundo.


Apesar de ter claro, na minha mente, quem eu era, contar à família não era uma opção ainda. Eu tinha medo da reação dos meus pais e dos meus irmãos, que eram (e ainda são) as pessoas com quem eu mais me importo no mundo. Foi quando, ouvindo “Unconditionally“, da Katy Perry, os versos bateram com aquele meu momento. “Liberte-se e seja livre”, ela canta. Eu precisava me libertar mesmo, esconder quem eu era doía por dentro e era exaustivo. “A aceitação é a chave para ser verdadeiramente livre”, Katy Perry canta perto do fim dessa música, que tem um significado muito forte para mim. Então eu contei aos poucos. Comecei com uma das minhas melhores amigas, a Vivi. Depois minha tia, minhas primas e primos, amigas mais próximas. Cada um tem seu tempo, e eu jamais aconselharia contar esse segredo sem antes você se amar profundamente e ter certeza de que esse amor existe. Tão importante quanto, conte para quem você sabe que isso jamais seria um problema. E caso seja, bem, isso não é amigo de verdade. A conversa com meus irmãos aconteceu em separado, mas nas duas ocasiões, foi tudo bem. Nos abraçamos e eu pude ter certeza de que eu tenho os melhores irmãos do mundo. Com minha mãe, no entanto, foi mais complicado, pois eu estava muito nervoso e pensei em desistir. Dizem que mãe sempre sabe, mas eu queria que ela ouvisse da minha própria boca. E ela ouviu. Foi uma conversa de meia hora, se eu não me engano, onde morrer parecia mais fácil do que fazer aquilo. “Não era o que eu esperava para você, mas eu te amo tanto quanto seus irmãos e quero que você seja

feliz”, ela me disse. Um peso saiu de mim, mas, nossa, a sensação de liberdade que vem depois é a melhor do mundo. Eu ainda sou bem inseguro com várias outras coisas (paquerar, falar em público etc), mas pela primeira vez na vida, me sinto bem com quem eu sou. E é o que eu desejo para todo mundo, sem exceção. Escrevi esse texto por vários motivos. O primeiro é porque queria colocar em palavras o que eu sinto. Segundo, se você é gay/lésbica/bissexual/pessoa trans, você não está sozinho. A sua história não é tão diferente de outras pessoas como nós. Descobri isso só recentemente. Depois, queria que, se você ainda está no armário, que se sinta fortalecido. Como eu disse, cada um tem seu momento, e você não é nem obrigado a contar a qualquer pessoa sobre sua orientação sexual. Ela é sua e não diz respeito a ninguém. Mas se você quer contar, sinta-se bem consigo. Ame-se. E se precisar de ajuda, conte comigo. Tem a caixa de contato do blog, tem o meu email: artur.francischi@gmail.com… Sinta-se à vontade para entrar em contato, se quiser. A sua sexualidade não te faz menos humano do que qualquer outra pessoa. E, aos heterossexuais, que chegaram até aqui, espero que eu tenha conseguido criar empatia em vocês. O mundo é muito perverso com que não segue a maioria. Parem de reproduzir discursos e atitudes opressivas. Sexualidade a gente não escolhe. A gente nasce com ela. E é só uma parte de quem somos. Existe toda uma complexidade em cada indivíduo, que torna todos nós únicos. E no fim, todos queremos a mesma coisa: respeito e acolhimento.

Obrigador por ler. Aqui vai um abracinho para você.



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