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NEGÓCIOS: A volta por cima das gravadoras
NEGÓCIOS
A MÚSICA GRAVADA, PERTO DE FURAR SEU PICO HISTÓRICO
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Grandes gravadoras, em crescimento contínuo, alcançam valores recordes após sair à bolsa; o que explica os resultados tão bons?
por_ Lucia Mota de_ San Francisco, EUA
Exatas duas décadas depois do pico histórico nas receitas — e do enorme tombo que veio a seguir, com a pirataria —, as gravadoras não só recuperaram sua força como alcançam valorizações recordes. Em outubro, por exemplo, um mês depois de fazer sua primeira oferta pública de ações (OPA), a Universal Music, maior do mundo, cravou estratosféricos US$ 52,4 bilhões de valor de mercado.
A Warner Music, que também fez sua primeira OPA em 2020, cresceu US$ 10 bilhões em valor de mercado desde então, para coisa de US$ 27 bilhões. E a Sony Music viu suas receitas digitais se multiplicarem 33% unicamente no terceiro trimestre de 2021.
Mas o que está provocando toda essa primavera de resultados fantásticos?
A resposta longa é, talvez, longa demais e inclui fatores diversos, com destaque para o crescente interesse do mercado de capitais pela música, tida como um asset sólido. Basta lembrar a onda de mega-aquisições de catálogos por fundos de investimento, que apresentamos na edição de maio passado da Revista.
Fiquemos, então, com a resposta curta: streaming.
“A música, como ativo, vai se valorizar muito mais nos próximos anos. É uma aposta sem volta que acompanha essa explosão do streaming”, disse Cris Falcão, diretora da Ingrooves Group. Gravadoras, como se sabe, são parte importante da composição acionária de importantes serviços de streaming. E mais: são as principais beneficiárias da distribuição do bolo de royalties.
O analista de mercado Tim Ingham vê uma tendência de mais e mais lucros no médio prazo: “Os resultados positivos no forte mercado europeu têm mantido a Universal constantemente acima de US$ 50 bi de valor de mercado. Pensemos que, em 2013, a (francesa) Vivendi, controladora da gravadora, recusou uma oferta de venda por US$ 8,5 bilhões. Os acionistas devem estar festejando até agora.”
O valor total do mercado de música gravada, se transposto a um gráfico de barras, teria um formato claro de U. Desde o pico de 2001, a queda foi acentuada até 2010, com estabilidade até 2014 e, desde então, crescimentos contínuos. Este ano deve fechar em mais de US$ 25 bilhões, segundo projeção da IFPI, a federação internacional das gravadoras. Analistas preveem que 2022 ou 23, no máximo, marcarão a virada, o momento de recorde histórico do mercado de música. A grande diferença estará na composição das receitas: da quase totalidade advinda de mídias físicas de 2001, para o peso de 62% do streaming de agora, podendo chegar perto de uma quase totalidade num futuro não muito distante.
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