UDU #4

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Ilustração: Guido Imbroisi


2 \\

#4 Edição / idealizador

ÍNDICE Guido Imbroisi..........................................02

Raphael Araújo

MERDA...................................................................06 Revisão

Rogério Araújo Leonardo Prata

Nesta Edição

Alexandre brunoro André magnago Guido Imbroisi Isabela bimbatto Lucas Klitzke Matias picon Rogério Araújo

André Magnago..........................................12 Quique Brown..............................................18 Podcast..............................................................21 Mar Negro.......................................................22 Matias Picon...............................................24 Isabela Bimbatto...................................30

Seja um coloborador UDU: uduzine@gmail.com www.facebook.com/ UndergroundDoUnderground Abril, 2013

Rôle......................................................................34 Lucas Klitzke...........................................39


// 3

A banda Merda , nascida em Vila Velha , fez uma mini tour pelos EUA no fim do ano passado. O Rogério (vulgo japonês), relata alguns acontecimentos dessa viagem. ista

Ele Quique

também Brown,

entrev-

guitarrista

e

vocalista da banda Leptospirose, recém eleito vereador de Bragança Paulista. No fim do ano passado, a UDU visitou o set de filmagens do “Mar Negro”, próximo longa do Rodrigo Aragão. Além de escrever sobre o filme, conversamos com alguns personagens do cinema underground

brasileiro

como:

Petter

Baiestorf,

Coffin Souza e Gurcius Gewdner que estavam por aqui gravandos suas participações nessa produção. Ainda temos nossa galeria onde estão expostos os trabalhos dos artistasAndré Magnago, Isabela Bimbatto e Matias Picon.

Espero que gostem da UDU #4, que foi feita com muito amor e atraso para vocês. Raphael Araújo


06\\

Foto por : Mateus Mondini e Sergiodeatchuck

Ouça “Indio Cocalero”


Merda//07

é ÍIndios Cocaleros invadem a América. Por: Rogério Araújo

Ah... a América. Estados Unidos da América,

mente impressiona e como estar sempre dentro de um

aquele país lá no norte, a super potência mun-

filme, lugares que estão em nossas mentes sem nunca

dial, sempre ouvi falar. As bandas, os filmes,

termos colocados nossos pés. Um dejá vu constante.

as guerras... Tudo vem de lá. Nós, sulamerica-

Encontramos muitos amigos brasileiros que por lá ten-

nos não éramos muito bem-vindos, mas o tem-

tam a vida. Capixabas, cariocas, mineiros, paulistas...

po passa e o mundo, ele dá voltas. Em meio à

Vários sotaques que hoje falam o inglês. Alguns já fa-

crise e ao “crescimento” econômico do nosso

lando com a língua presa. Escorregando na língua pátria.

país as portas se abriram. Desvalorização do

dólar ou fortalecimento do real? Nosso rico din-

Depois de dois dias passeando e bebendo era a hora de

heirinho agora é desejado. E o antes, tão difícil

começar o que viemos fazer. Era a hora de começar a

e cobiçado visto, já é distribuído aos lotes.

tour. O Dan veio nos buscar, para no dia seguinte pegar-

mos a estrada rumo a Baltimore e ao nosso primeiro show.

E eis que o Conjunto de Música Rock MERDA

se atreveu a preparar mais uma de suas aven-

Na frente uma pequena porta que levava a uma área bem

turas, depois de Sudamérica, Japão (de caro-

espaçosa. Uns galpõezinhos. Um era uma grande oficina,

na com o MDR), Europa... Era a vez dos EUA.

num outro ocorriam os shows. Ao fundo havia uma escada

Vistos em mãos, conseguidos de forma apre-

que levava a parte externa, um quintal... mais que um quin-

ensiva, porém tranquila. Disco novo com lança-

tal. Havia uma pequena horta. A mosquitada curtiu o sangue

mento em LP em terras norte-americanas e um

latino. Faziam cerveja e mantinham alguns cursos ligados

cassete com os (in) sucessos do grupo e com

a plantio para comunidade. Nossa fazendinha do CRASS.

a ajuda do nosso amigo Peter Azen e do nosso novo amigo Dan MacGregor marcamos alguns shows, seriam seis, acabaram sendo 10.

Tocaram várias bandas de diversos estilos. Não sei nome de nenhuma banda (não só desse, mas todos os shows). E se não estivéssemos numa ressaca filhadaputa, o show

Chegamos a New York, ficamos por lá dois dias,

teria sido mais divertido, mas foi um bom show. Um bom pú-

sem shows. Fazer turismo, compras e conhec-

blico assistiu atento, isso ocorreu bastante, pessoas interes-

er um pouco a “Grande Maçã”. New York real-


08\\ Diário de Viagem

sadas em ver um show, prestando atenção e vindo tro-

eram. Deixamos alguns dólares por lá. Paramos para

car ideia. Tocamos ainda meio agarrado. Seguimos para

um ranguinho leve e pedimos dois baldes de frango

comer no 7 Eleven, era ir deitar em algum canto, na casa da ex mina do Dan. Descolei um sofá bem grande e macio. Era domingão e teríamos dois shows no dia. O primeiro em Washington D.C. e o segundo novamente em Baltimore. Dos dez shows, cinco foram entre essas duas cidades. Em Baltimore fizemos até algumas amizades. Éramos quase “locais”. Em D.C. o show foi num centro comunitário. Poucas pessoas assistindo os shows... Frio. Quase um ensaio. Guardar nossas coisas no carro e pegar a estrada novamente. Voltando pra Baltimore... Tocaríamos na Barclay House, um pequeno prédio num bairro negro. Uma galera alugava o lugar, que tinha um... um... porão. Seria nosso primeiro porão na América, é para conhecer o role, tem que fazer o role. Seriam mais alguns... Todos muito foda. Esse foi o primeiro show de verdade. Oi, América. Descansados, grau alcoólico nível médio, rápidos stand ups. Um show muito agradável. Rolou até um pedido de: Uno más! Os próximos três dias seriam de day off. Por opção nossa. Mas nos chamaram para mais um show em Baltimore, na terça. Aceitamos, seria em uma outra casa. E o Dan acabou nos dizendo que haveria um show na casa em que ele morava, na segunda e poderíamos tocar também. Topamos. Acabou que só rolaria um day off na quarta, e quase tocamos num clube, mas preferimos beber em paz. Começamos a segunda indo a uma loja de discos. Na verdade era uma loja de quadrinhos, que tinha uma loja de discos atrás. E que loja foda, as duas

frito. Um erro. Não é agradável entrar num carro depois de comer no KFC e pegar a estrada. Estávamos de volta a D.C. Mais um porãozinho para conta. Esse era bem longo e escuro, e havia uma salinha no fundo, lá aconteciam os concertos. Ficamos num backyard tomando umas cervejas, trocando ideia... Uns entravam, tocavam e voltavam. Chegou a nossa vez, tocamos e voltamos para nossos lugares no jardim. Divertido. Ficaríamos e dormiríamos por ali mesmo. A casa era uma zona... Tipo um furacão tinha passado por ali. Demos uma geral na sala, ajeitamos uns sofás, uns colchões, jogamos as tranqueiras que estavam no chão pros cantos. Mas fomos informados sobre uma possível infestação de “bad bugs”. Mayyyyybe... Um gringo ficava dizendo que era possível a casa estar infestada desses bichinhos nojentos (uma espécie de pulga, carrapato), mas não tinha certeza disso. Outro disse: - Têm sim, mas só no andar de cima. Peraí tem no andar de cima e não tem no de baixo? Esses malditos carrapatos gringo não sabia descer a escada? Okay! Resolvemos sair para comer e depois encarar os possíveis “bad bugs”. Caminhamos de madrugada de uma segunda-feira, num bairro negro. Quatro brasileirinhos caminhando em território estrangeiro atrás de comida. Uma galera sinistra e doida pelas ruas. Uns carros de polícia passavam devagar. Comemos e voltamos rápido. Era hora de encarar os malditos. Deitamos e ficamos naquela nóia... “Porra, acho que senti um badbug...” Quando todos começavam a conseguir dormir vinha um gato e pulava em cima. Mas uma hora o cansaço venceu.


Merda//09

Acordamos e ficamos um pouco sentados na frente da

Um tempo depois desenrolou. E finalmente seguimos.

casa, vendo o movimento, depois fomos conhecer os

pontos turísticos da capital federal americana e visi-

Chegamos a New Brunswick em New Jersey. Cidade

tar o Obama. Começou com um pedaço de pizza gi-

bonitinha, bem americana mesmo. Encontraríamos

gante. Depois os monumentos, uma passada na Casa

nosso amigo Alcides de Vila Velha, estava vindo de

Branca. Uma caminhada filho da puta, num sol sin-

New York. Ou seja, essa noite seria longa. A cidade

istro. Voltar para Baltimore para mais um show. Era

era bonitinha, mas para variar, tocaríamos no lado B

uma festa numa casa e mais um porão. Uma galera

da cidade, dessa vez não em um bairro de negro e sim

vendo filme, uma galera cozinhando, uns do lado de

num bairro de latinos, na loja de bebida não precisava

fora. Algumas das pessoas do nosso primeiro show

nem gastar o inglês, era em espanhol mesmo. Alcides

estavam por lá. O show foi um pouco mais curto, to-

já chegou com um Jack Daniels em mãos e fomos

camos uns sons que não estavam no set e foi muito

comprar mais algumas cervejas e alguns Four Lokos

foda, uma galerinha agitando, apesar do aperto e calor.

(uma espécie de energético com alto teor alcoólico). Fi-

camos no backyard bebendo e conversando enquanto

Acabamos ficando por ali mesmo, cada um se jogou

as pessoas chegavam para o show, que também seria

num canto da sala. Acordamos e fomos almoçar num

em um porão. Esse foi um dos shows mais legais, co-

restaurante bem simpático e de comida boa. Rolou

lou uma galerinha boa, bebedeira razoável... Alcides

um refri de gengibre, achei uma merda. Prefiro Coca-

e Peter estavam bem animados e conseguiram conta-

cola. Finalmente tínhamos um day-off. Dia de descan-

giar a todos. Foi muito divertido. Foi nesse show que

so. Ficamos por ali bebendo, usando internet. Depois

o peladão ficou encoxando o Mozine. Até hoje ainda

compramos mais cervejas e voltamos para a casa

nos perguntam: Quem era aquele cara pelado? A res-

em que estávamos, ficamos bebendo, ouvindo som

posta é sempre a mesma: É um cara que vai em show

e jogando vídeo game, vendo filme. Tchau day-off.

e curte ficar pelado. Simples. Depois ficamos bebendo

mais, colando adesivos do Maradona e conversando

Com nossa companheira ressaca seguimos rumo a

com a galera da cidade que ficou por ali. Era hora de

New Jersey. Essa era a ideia, mas o Dan tinha que

dormir mal e acordar de ressaca (grande novidade).

buscar umas coisas na casa dos pais dele que mora-

vam próximo a Baltimore. Essa historinha demorou

Acordei um pouco mais cedo e aproveitei para usar o

um pouco, o cara não sabia o que ficava o que ia.

banheiro e tomar um banho. É sempre uma boa tática.

Colocou um bagageiro no teto do carro, mas estava

Tomamos nosso café da manhã em um mercadinho por

quebrado em uma das travas... uma confusão sinis-

perto, depois aquela velha história de carregar o carro e

tra, que era resolvida a passos de tartaruga. Ima-

pé na estrada de novo. Uma hora e pouco e estaríamos

gina quatro caras de ressaca e agora com fome es-

de volta a New York para tocar dessa vez. Mas, tinha

perando esse desenrolar debaixo do sol. Felicidade.

um trânsito no meio do caminho, no meio do caminho...


10\\ Diário de Viagem

Assista “Indio Cocalero”


Merda //11

Demorou, demorou e demorou. Ressaca, aperto e trân-

estava sold out por nossa causa, também tocaria uma

sito, eu amo tudo isso. Meu desejo era poder ficar na

banda chamada “Defiance, Ohio”, uns lance meio punk

horizontal uns dez minutos, nada além disso. Precisava

com folk e eles são bem conhecidos por lá. O show

disso. Mas só deu para deixar umas coisas na casa do

foi muito bom, uma galera olhando, prestando atenção,

Peter, tomar um rápido banho que não adiantava nada,

uns pequenos agitos pelo salão. Depois ficamos num

por que o seu apartamento era a filial de Mossoró, para

Pub do lado tomando umas cervejas com nossa amiga

ficar quente tinha que esfriar muito. Primeiro acontece-

brasileira a Rosini e o seu marido gringo. Demos umas

ria um show num lugar e depois aconteceria um outro,

voltas pela cidade, bastante gente nas ruas e clima

num novo lugar. Não entendi muito. Era um show pós

de festa. Bela cidade. Merda em Boston, ótima piada.

show. E uma parte dessas pessoas que estavam no

show, estariam no pós também. Galerinha louca por um

Enfim, chegamos ao fim. Domingo teríamos dois

barulho e diversão. O primeiro show teve umas bandas

shows, o primeiro num prédio bonitão, parecia até

mais conhecidas como o School Jerks, Cülo e o Hoax

uma igreja, na verdade era um prédio da prefeitura

(melhor show), também tocou o Inservibles do México,

de Easthampton. O lugar era bem grande e basica-

que seguiria em tour com a gente nos próximos shows.

mente só tinha a gente e o pessoal que estava or-

ganizando. Montamos o som, tocamos, vimos nos-

Tocamos num prédio num bairro mais afastado, num

sos amigos mexicanos, colocamos tudo de volta no

bairro industrial, com cara de abandonado. O show foi

carro e partimos. Pá , pou... Agora era voltar para o

dentro de um apartamento aonde moram umas 5 pes-

estado de Nova York para o último show em Albany.

soas. Tiram a mesa de jantar e ali é o lugar que as

bandas tocam. Tinha uma boa galera, fiquei pensando

Seria mais um porão, mesmo que esquema dos outros,

como caberia todo mundo no lugar. Uns ficavam pelos

nesse havia um mini ramp. Quando chegamos já tinha

corredores bebendo e uma outra galera ficava no terra-

uma galera bebendo no fundo da casa. O show foi de-

ço do prédio, vendo a iluminada Manhattam ao fundo.

mais, bastante gente assistindo, uns andando de skate,

Rolou uma treta no show da primeira banda, o clima

clima muito foda. Fechamos o role com chave de ouro. De-

ficou meio estranho, mas apesar disso e do nosso ex-

pois foi tomar um porre de Four Lokos e comemorar com

tremo cansaço, já era umas 4 da manhã, nosso show

nossos amigos mexicanos que continuariam em tour. Ai-

foi foda. Brasileiros, mexicanos e uns americanos per-

nda ficamos dois dias em NY passeando e consumindo.

didos agitando bastante. Agora só queríamos dormir.

Saldo final mais que positivo, nunca tínhamos ido aos

No outro dia seguimos para Boston, viagem chatinha,

EUA que é realmente um país incrível. Fomos muito bem

chuva e trânsito. Chegamos em cima da hora, descar-

recebidos pelos gringos e foi muito foda poder reen-

regamos rápido, montamos a banquinha. Tocamos num

contrar amigos de longa data que estão por lá. Alguns

pico chamado Democracy Center, uma casa bem legal,

bons shows, outros nem tanto, mas sempre uma gal-

o show seria numa grande sala e estava lotado, quando

era muito interessada e curiosa em ver uma banda de

chegamos já não havia mais ingressos. Lógico que não

hardcore brasileira tocando por lá. Valeu demais, quem sabe em breve a gente volta, então... Até a próxima.


12\\ Galeria


AndrĂŠ Magnago //13


14\\ Galeria


AndrĂŠ Magnago //15


16\\ Galeria


AndrĂŠ Magnago //17


18\\ Entrevista Entrevista 14\\


Quique Brown //19

Quique Brown

Por: Rogério Araújo

Conheci o Quique lá em 2005, quando ele organizou um show do Merda em Bragança Paulista. Um cara simpático que tocava numa banda sensacional, o Leptospirose. O tempo passou, fomos para Europa com nossas bandas, quase morremos e fiquei, praticamente, de babá dos Leptos. Ficamos amigos... E tenho orgulho disso. Em 2012, pela segunda vez, se candidatou para a câmara de vereadores dado

por

de

sua

muitos

cidade

amigos,

e que

em

uma

campanha

acreditaram

limpa,

nele,

se

aju-

elegeu.

E para um cara como eu que não acredita em política e nas pessoas, é uma luz no fim do túnel. Boa sorte ao meu amigo. Segue

o

cola,

produtor

é

Luís

papo

com

o

músico,

cultural

Henrique

mais

e

professor,

pai,

agora

vereador,

conhecido

como

dono o

seu

Quique

de

esnome

Brown.

1 - Músico, professor, produtor cultural, dono de escola de música e agora vereador da cidade de Bragança Paulista. Quando e por que você decidiu que tentaria ser vereador da sua cidade? O que acha que poderá fazer por Bragança?

pra Bragança. Pra se ter uma ideia, teve gente que se elegeu este ano, com 536. Nesta eleição a coisa foi muito diferente, fiz uma campanha real e bem planejada que acabou me dando o pódio com 1.326 votos.

R: Decidi há quase 10 anos. Em 2003 um partido me procurou no último dia destinado a filiação e eu não me filiei, fiquei com esse papo de eleição na cabeça e decidi me lançar na eleição seguinte por alguns motivos simples; sou bastante conhecido aqui em Bragança, sou um cara bastante ativo na cena cultural da cidade e acima de tudo, conhecia alguns meandros da política e sentia de forma não tão romântica - que era sim - possível fazer alguma coisa pela cidade.

Tenho lido as leis municipais e o regimento interno da câmara e o Ângelo que será meu assessor também tem feito isso, a meta é chegar bem alinhado com o que pode e o que não pode ser feito. Minha meta de trabalho nesse começo de mandato é buscar informações a respeito das diversas associações formais que existem na cidade e bater um papo com elas; ver se estão funcionando, se estão alinhadas de alguma forma com o governo e tentar traçar algumas metas de trabalho em conjunto para os próximos anos. Existe desde associação dos romeiros até associação de corredores e da pra fazer muita coisa em parceria.

Fui candidato pela primeira vez em 2008 pelo PCdoB e numa campanha totalmente tosca (praticamente sem sair de casa) obtive 549 votos, o que é muito significativo


20\\ Entrevista

Pretendo criar junto ao governo, políticas públicas de apoio ao jovem em geral (cultura, esporte, lazer, trabalho etc). O prefeito que ganhou é do meu lado e eu estou bastante estimulado com esse novo desafio. Ainda preciso sentir o drama de que como é o rock lá dentro, antes de ficar por aí falando o que vou fazer ou não. Mas basicamente a ideia é trabalhar lado a lado com as pessoas/grupos de áreas bem específicas e dar voz a elas, dar voz ao underground do underground hehehe. 2 – Pude acompanhar de longe sua campanha, que foi feita com pouca grana e com muitas pessoas talentosas te ajudando. Como foi reunir todo esse pessoal? E como é possível fazer uma campanha política praticamente só com ideias?

R: O número de pessoas que andam a cavalo é tão pequeno dentro da massa-mídia, quanto o número de pessoas que tocam música, e assim como na música existem vários gêneros e subgêneros, no universo dos cavalos, das artes marciais, dos esportes radicais, da cultura, da educação, da saúde e etc também existem. Nesta eleição, eu era o cara que entendia muito bem a importância e a forma como se desenvolvem e interagem esses grupos sociais e foi com uma retórica altamente focada nisso que eu consegui fazer uma campanha cheia de ideias e pessoas legais. As pessoas que vieram junto comigo sacam total o quão importante/fascinante é o “mundo alternativo” tinha; nutricionista do esporte, skatista, punk, metalúrgico, boiadero, vegetariano, médico, triatleta e várias outras pessoas muito bacanas que entraram 100% na proposta pela proposta, em prol de um olhar mais atento a uma série muito grande de coisas que na maioria das vezes, inexiste no cérebro/olho do poder público.

3 – Qual é o real poder do rock? E qual o poder da política? R: Dentro do que eu acredito como poder, o poder do rock é imensuravelmente maior que o poder da política. No universo do rock, a política é a cultura de massa - e o rock - é a contracultura. Nesse contexto, o rock foi o responsável direto por várias inovações sociais que aconteceram no mundo desde o seu surgimento nos anos 50.

4 – E assumindo o cargo, como ficam suas outras atividades, Jardim Elétrico, Leptospirose, organização de shows? R: A princípio continua tudo igual.

5 – Quais são os planos agora? R: Assumir o cargo e meter o pau!


Podcast

Podcast //21

Para ouvir o bate-papo na íntegra: Petter Baiestorf https://soundcloud.com/canal-udu/entrevista-petter-baiestorf

Coffin Souza https://soundcloud.com/canal-udu/entrevista-coffin-souza-udu-4

Gurcius Gewdner

Fotos: Raphael Araújo Texto: Alexandre Brunoro

Entrevista por: Raphael Araújo e Alexandre Brunoro

https://soundcloud.com/canal-udu/entrevista-gurcius-gewdner-udu

1.

3.

2.

1. Petter Baiestorf fala sobre seu primeiro contato com os quadrinhos de horror, "Espectro" e "Pesadelo" da editora Vecchi. Também como a música é importante na construção de seus filmes e sua participação na cena fanzineira nos anos 90. Fala sobre sua primeira experiência no audivisual "Criaturas Ediondas", tendo sua reprodução e distribuição totalmente DIY, com direito a capa de xerox e tudo mais. Após esse feito, as produções começaram a acontecer com mais frenquência, logo depois veio o longa "Monstro Legume do Espaço" e vários outros.

2. Coffin Souza fala sobre sua experiência tocando com a banda “Os Legais”, traça um breve histórico sobre o início de sua carreira, como começou a se envolver com o cinema nos anos 80 gravando com super8, ainda da época que se mudou para Fortaleza, onde produziu mais de 5 horas de filmes experimentais. Alguns como: 743 (2001), Zombi X (2001), Yo non creo en fantasmas (2001),Shojo Blues (2002). 3. Gurcius Gewdner fala sobre seu primeiro filme “Poluição dos Mares e Oceanos”, 1996, ano que começou sua banda “Os Legais”. Em 2000, retomou as atividades cinematográficas fazendo um musical, totalmente experimental, tendo seu roteiro baseado nas letras da banda “Os Legais”. Logo depois, em 2003 ao entrar na faculdade, finalmente conseguiu montar seus filmes, dando seguimento ao seutrabalho ao lado de outros diretores, como Petter Baiestorf, Fernando Rick e Ivan Cardoso. Atualmente Gurcius mora no Rio de Janeiro, onde trabalha como montador e assistente do conceituado diretor Ivan Cardoso.


22\\ Matéria

ÍMar Negro Por: Raphael Araújo

Rodrigo Aragão esta finalizando seu terceiro longa metragem que se chama “Mar Negro”. O último de uma triologia criada por ele mesmo. Alguns aspectos permanacem e ligam suas três produções: Mangue Negro, Noite do Chupa Cabras e Mar Negro, como: as locações , todas em Guarapari; os atores principais e o enredo das histórias.Dessa vez, o filme é dominado por criaturas fantásticas vindos do mar, como o “Baiacu Sereia”. Rodrigo, costuma misturar histórias, mitos e lendas locais com elementos trash tradicionais comuns em filmes do gênero. O concept das criaturas, dessa vez, teve as mãos do ilustrador Eduardo Cardenas. Quando a UDU esteve no set de filmagem, a impressão era de estar numa convenção do cinema underground onde marcavam presença diversos nomes como Cristian Verardi, Joel Caetano, Gisele Ferran, Giselle Quarterone, Gurcius Gedwner, Petter Baiestorf, Coffin Souza (estes bateram um papo conosco) e até presenças internacionais como Oso Térico, do México e Ernesto Valverde, da Costa Rica. A Fábulas Negras encabeçada por Rodrigo agita a vida da cidade de Guarapari, ainda nesse meio tempo rolou um festival de cinema organizado por eles o “Cine Terror na Praia” onde rolaram filmes de todo o Brasil e do Espirito Santo, contando com oficinas gratuitas abertas a qualquer pessoa. Voltando especificamente ao filme, Mar Negro com certeza irá surpreender pela qualidade das imagens, efeitos especiais, som e atuações. De maneira geral, a produção vem melhorando em todos os aspectos, almejando assim trilhar novos caminhos e novos horizontes.


Mar Negro //23


24\\ Galeria


Matias Picon //25


26\\ Galeria


Matias Picon //27


28\\ Galeria


Matias Picon //29


30\\ Galeria


Isabela Bimbatto //31


32\\ Galeria


Isabela Bimbatto //33


34\\ Rôle

Mukeka Di Rato Bar do Roque, Vila Velha

Harmonia Turbulenta Bar do Roque, Vila Velha

Guitarria Águia Marcante, Vila Velha

Erro Águia Marcante, Vila Velha

Deaf Kids Pós Graduação, Vila Velha

The Alchemist Pós Graduação, Vila Velha

Sick Visions Pós Graduação, Vila Velha

Fotos: Raphael Araújo


//35


36\\


//37


38\\


Lucas Klitzke //39

Uma das coisas mais importantes que aprendi com a filosofia é que alguns conceitos são tão amplos que podem ser aplicados à praticamente tudo. As ideias do Mito da Caverna, por exemplo, inspiraram interpretações religiosas, militares e até políticas. Muitos desses conceitos surgiram na tentativa de, vagamente, contornar o que é indizível, algo que a nossa gramática não consegue trazer à luz. Mas não é só na academia que a comunicação através de termos nebulosos acontece. No meu dia-a-dia frequentemente me deparo com ideias vagas, trabalhando como um intérprete de impressões e anseios, tentando compreender em que direção devo conduzir meu processo de criação. Confesso que muitas vezes, essas charadas fazem com que seus esforços vão além da técnica, e eu acabo me divertindo como um detetive do vocabulário. Certa vez um cliente me pediu para criar um layout pós-moderno e minha primeira reação foi de questionar em pensamentos se ele fazia alguma ideia do que estava falando, porque eu não tinha tanta certeza se sabia. Há tantas discussões acerca da modernidade que não pude encontrar elementos que me remetessem à tal pós-modernidade. Depois de uma boa conversa, percebi que ele queria algo futurista, um bom e velho 3D; problema solucionado. Ainda mais enigmático que os termos abstratos, é ausência de termos. Sons, gestos, caretas, toda uma perfórmace que tem o seu grand finale com: “ - Está quase bom, só falta aquele tchan!” Respiro fundo e penso no quão vago isso me soou. Arrisco colocando mais cor, mais contraste, mas é um tiro no escuro, uma tentativa da intuição. E no fim do dia, quando tudo está em silêncio, eu me pego pensando “- Que valor tem o vernáculo sem as nossas abstrações cotidianas?”



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