#5
ANO 2014
EDIÇÃO / IDEALIZADOR
RAPHAEL ARAÚJO
PROJETO GRÁFICO
Vinicius Guimarães
THIAGO ARRUDA Leonardo prata
REVISÃO
Júlia Paternostro
Tradução para o inglês
Rogério Araújo
Alcides Junior
NESTA EDIÇÃO
ALEXANDRE BRUNORO ALLAN KARDEC Heitor Riguette Huemerson leal LÊ ALMEIDA LEONARDO PRATA LUCAS KLITZKE ROGÉRIO ARAÚJO THIAGO ARRUDA
CAPA Lê Almeida CONTRA CAPAS rAPHAEL ARAÚJO ILUSTração p.31 vinicius Guimarães
huemerson leal test violator alexandre brunoro Lê Almeida
tiragem 1000 exemplares papel Offset 120g/m3 tipografia Bell gothic e alternate Gothic
UDU SEDE
Rua João Balbe, n°25. Bento Ferreira. Vitória-ES. CEP: 29050-725
GRINGO
SEJA UM COLABORADOR UDU
ROLÊ
Ao lado da escola Aristóbolo Barbosa Leão
uduzine@gmail.com www.facebook.com/ UndergroundDoUnderground
FEVEREIRO, 2014 RAPH
AEL A
RAÚJ
O
Lucas Klitzke
8 12 14 16 20 22 24 26 31 32 34
7 editorial
A importância física Dois momentos de materialização “Oitenta por cento da sua vida é orientada pelos olhos. Não deveria ser assim; tem de se restabelecer um equilíbrio. Também deve tocar, porque o tato permite sensações que os olhos não podem veicular.” (Osho) Primeiro momento
Segundo momento
Tudo continua, ao mesmo tempo em que tudo se transforma. Nesse paradoxo da continuidade da transformação, a mudança faz parte das nossas existências diariamente. Enquanto revista estamos em um novo número, com novas participações e conteúdos, essa é a mudança óbvia que justifica o fato de uma nova publicação, mas nesse número estamos com uma novidade que vai além da sequencia editorial, trata-se daquilo que tange a experiência física da publicação. A quinta revista é a primeira impressa da Underground do Underground! Deixe suas mãos fazerem uma leitura dessa revista junto com seus outros sentidos, leve-a para um lugar onde você nunca leu algo e desfrute desse novo arranjo de lugar e leitor que muitas vezes só uma revista impressa pode proporcionar. A UDU #5 está em suas mãos e esperamos que aproveite dessa experiência, da mesma forma que desfrutamos ao produzi-la.
A UDU enquanto revista e página agregou, nos últimos tempos, pessoas dispostas a produzir em diferentes frentes, mas com um mesmo compromisso underground. Nesse contexto surgiu a oportunidade de criar um espaço físico para exposições, intercâmbio de experiências e trabalho coletivo. A nossa segunda materialização. Mais trabalhosa, cara e desafiante, mas tão potencializadora quanto toda atividade feita com prazer. A tarefa da reforma estava dentro da nossa capacidade de empenho e coordenação, mas além do nosso poder aquisitivo, para isso foi necessário um financiamento colaborativo. Depois de 60 dias de campanha (vencidos em 28 de outubro de 2013) com um enorme engajamento de conhecidos e simpatizantes, conseguimos alcançar a meta para a reforma inicial do Espaço UDU. Terminado o trâmite burocrático, inicia-se a cotação e contratação de alguns serviços mais técnicos (dedetização, parte elétrica e telhado). Estamos muito felizes porque sabemos da importância do físico, da materialidade, tanto do objeto cultural quanto do convívio. Nos vemos nas ruas ou futuramente no Centro Cultural UDU.
Abraços Leonardo Prata e Equipe UDU
foto: Heitor Riguette
Esta revista em formato impresso foi contemplada por edital da Secretaria de Cultura do Estado do Espirito Santo e recursos do Funcultura
8 GALERIA
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GALERIA
THIAGOARRUDA.gravura@gmailcom
pg.08 Amantes
Papel: 98 x 72 cm Impressão: 90 x 58 cm Nº de edição: 02
pg.09 Mãe
Papel: 94 x 120 cm Impressão: 76 x 112 cm Nº de edição: 10
Suporte: Papel de japonês 10g
Suporte: Papel de japonês 10g
2012
2010
pg.10 Sem Título
pg.11 Sem Título
Papel: 96 x 75 cm Impressão: 77 x 55 cm Nº de edição: 08
Papel: 42 x 36 cm Impressão: 36 x 28 cm Nº de edição: 08
Suporte: Papel de japonês 10g
Suporte: Papel de japonês 10g
2011
2011
12 Leonardo prata
13 cargocollective.com/leonardoprata
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Rogério Araújo
www.flickr.com/photos/20_eyes
Casa Trinta. Primeiro Ano Por Rogério Araújo
Os tortuosos caminhos da vida me trouxeram a Bragança Paulista, cidade do interior de São Paulo, distante da capital cerca de 80 km, conhecida como a terra da linguiça e do Leptospirose. Mudei-me de mala e cuia no início de março de 2013. Já vivia, há alguns anos, num ir e vir entre São Paulo e São Bernardo do Campo e não estava mais aguentando. Finalmente, corri para as montanhas. Nos meus primeiros dias pela cidade me instalei na Casa Trinta, uma espécie de república, ateliê, galeria de arte, espaço para shows, cursos, oficinas, exibições de filmes e ensaios de grupos de teatro. O lugar tornou-se, em pouco tempo, um ponto de referência nessa parte do interior do estado e o principal realizador de atividades na cidade. Em seu primeiro ano já desenvolveu todo tipo de atividade artística e tem atraído público de toda a região. E, por ali, já passaram diversos artistas. A diversidade define bem o lugar e todas as suas ações, que hoje começam a sair do espaço físico e se expandem em outras ações individuais de uma forma mais abrangente. A sala da Casa ficou pequena e isso é bom. Morei na Casa por volta de um mês e meio. Também moravam lá, nessa época, o Matias, amigo de longa
data, o Dan, o Mineiro e o Marlon. Eles e mais alguns amigos são os que organizam as coisas por lá. A grana dos eventos é utilizada para pagar as contas. O bom e velho esquema DIY colocado em prática, vivendo isso no dia a dia. Os shows acontecem em uma pequena sala que também abriga as exposições. Acomodam-se ali cerca de 30 a 40 pessoas (em dias cheios). Em dias com maior lotação, as portas do ateliê, que fica localizado na parte de baixo da casa, são liberadas, há ainda uma área aberta com um belo visual de parte da cidade. Em seu primeiro ano, a Trinta foi palco de diversas bandas do Brasil e de algumas bandas gringas. Praticamente todas as bandas da cidade já tocaram por ali. Test, Elma, Running Like Lions, Camarones Orquestra Guitarrística, Leptospirose, bandas que tem tocado bastante por tudo que é buraco desse mundão de meu deus também se apresentaram na sala da Trinta, divulgando seus discos e turnês. O primeiro ano já foi. Agora é esperar e ver o que será do próximo ano na sempre dura e difícil realidade de se viver de arte no país do futebol.
Jesus and the Groupies
Duo formado por Marco Butcher e Luis Tissot. Os dois são responsáveis por outros incontáveis projetos e agitam a cena garage punk de São Paulo. São o verdadeiro rock de SP, e vai saber o que estou querendo dizer com isso. Passaram pela Trinta no mês de junho e tocaram com o projeto do Matias Espacial Picón, Maldito Dinosaurio. As obras de fundo ficaram a cargo do próprio Matias e da Simone Sapienza Siss, artista de Atibaia (SP). http://www.youtube.com/watch?v=bPk256z01-g&feature=youtu.be
Thaís Pace - Sem título
jesusandthegroupies - SP - 15.05.13
Félix Barreira - O Walkman sobre papel - Abril 2013
Lucas Cabu - O Walkman sobre papel - Abril 2013
Cruel Hand (EUA)
Distante cerca de 80 km de São Paulo, a Trinta começou a abrigar alguns shows de bandas gringas pela proximidade com a capital. E, em dias que normalmente seriam um day off, algumas bandas de fora do país passaram pela cidade. O Cruel Hand tocou numa segunda-feira de maio com a casa cheia e com os heróis locais, Leptospirose. http://vimeo.com/38315562
Los Viejos (MEX)
O México invadiu a Trinta no mês de setembro. Los Viejos, pela primeira vez no Brasil, fizeram um belo rolê. Rapaziada agilizada, soltaram alguns vídeos no Youtube mostrando um pouco da tour. O público não foi dos melhores, mas os poucos que ali estavam viram um bom show e puderam conhecer um pouco do skatepunk mexicano. De cenário, as obras de Daniel Lima e Filipe Guimarães, conhecido também como Pipoca de Campinas.
Tour no Brasil Parte 1 http://goo.gl/1VUy4O Parte 2 http://goo.gl/8sGtbf Parte 3 http://goo.gl/cZqkEl Parte 4 http://goo.gl/FvNhds
público show Cruel Hand - EUA - 28.05.13
damn stoned bird - GO - 30.07.13
Murilo Pommer - O Walkman sobre papel - Abril 2013
Conheça o trabalho de: Matias Espacial Picón
Daniel Lima
facebook.com/matias.picon.50 matiaspicon.tumblr.com
dronedrone-drone.tumblr.com issuu.com/dronedronedrone/docs/portifolio
leptospirose - SP - 28.05.13
maldito dinosaurio - SP - 15.05.13
16 GALERIA
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GALERIA
flickr.com/huemersonleal
pg.08 Ganga
pg.09 Aquamonge
Dimensão: 29,7 x 42 cm Técnica: Desenho digital 2013
pg.10
Escalada Dimensão: 29,7 x 42 cm Técnica: Desenho digital 2013
Dimensão: 29,7 x 42 cm Técnica: Desenho digital 2013
pg.11
Acabado Dimensão: 42 x 29,7 cm Técnica: Desenho digital 2013
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entrevista
testdeath.tumblr.com
TEST
Porta do Carioca Club, show do Cannibal Corpse, São Paulo. 2011
A formação da banda como uma dupla e a ausência do baixo era uma ideia de vocês desde o início ou foi fluindo de acordo com o tempo? Foi proposital. É bem mais fácil fazer as coisas em dois, não é um ódio ao instrumento.
A formação reduzida parece ter tornado tudo mais fácil, junte ainda uma vontade incrível de tocar em todos os cantos possíveis e o Test se tornou uma das bandas que mais toca por aí. A vontade de tocar é tanta que eles passaram a se apresentar em portas de shows, na rua, simplesmente fazendo as coisas à sua maneira: o JUST DO IT. Contando apenas com João Kombi (Are You God?) na guitarra e vocal e Thiago Barata (DER) na bateria, o duo grindcore ganhou notoriedade e passou a ser apreciado por fãs do gênero e curiosos por “novidades”. A banda já fez duas turnês pela Europa, foi até o México tocar no maior festival de música extrema do planeta, o Obscene Extreme, e tem tocado de norte a sul no país. Abaixo, João e Barata explicam como surgiu a ideia de fazer tanto barulho com tão poucas pessoas e porque eles não param de tocar. fotos: Samuel Esteves
Em pouco tempo de banda vocês conseguiram turnês na Europa, México, além de shows em diversas partes do país. O fato de ser uma dupla ajuda bastante no meio underground, onde os recursos, muitas vezes, são escassos e quem organiza se desdobra para pagar a conta do show. Por outro lado, pagar ensaio se torna algo bem caro para vocês. Quais são os prós e os contras dessa formação pouco usual dentro da música extrema? Só tem um lado ruim: carregar as coisas. A gente pensa bem diferente das outras bandas. Ensaio, a gente não faz. É melhor tocar toda semana que ensaiar, isso mantém a banda mais ativa e gasta menos. É a filosofia “Just do it”. (João) Quando a gente ensaia é só pra fazer música nova e é na casa do João e, mesmo assim, bem pouco. A gente aceita quase qualquer show, também, pra não precisar ensaiar. (Barata)
Um fato notório que, com certeza, marca o Test são os shows em portas de outros shows, nas ruas mesmo. Como surgiu essa ideia? Contem um pouco sobre essa experiência de “abrir o show” da banda que vocês quiserem, reação do público nas ruas, etc. Todo show grande de metal lota de gente na porta, daí veio a ideia. Tocar onde o público já está dá bem menos trabalho que organizar show underground. Toda vez é o mesmo nervosismo, mas quase sempre dá certo. (João) No começo era surpresa pra todo mundo que estava na fila esperando o show começar. Hoje em dia, um pessoal já espera que a gente apareça e, quando a gente divulga que vai tocar, tem quem cole na porta só pra ver a gente. (Barata) Em cima dessa ideia de tocar em portas de shows, vocês organizaram um evento em meio à Virada Cultural. Reuniram diversas bandas do underground, montaram o som e fizeram um evento de música extrema em meio à festa da Prefeitura. Apesar de todos os elogios que ouvi sobre esse evento de vocês, pude ver certa indignação de sua parte (João) em relação a algumas bandas que tocaram. Acredita que no underground, por mais que se tente fugir dos excessos cometidos por bandas mainstream, sempre haverá bandas que se acomodem e que repitam estas mesmas atitudes?
Acho que eu fiquei um pouco bravo porque fiquei muito cansado. Analisando hoje, penso que deu tudo certo. Não tem como exigir nada de ninguém, acho que eu não concordo com o jeito que as bandas conduzem as coisas, mas quem sou eu pra tentar mudar, mesmo fazendo tudo meio cagado, todo mundo tem conseguido um bom resultado final, então, problema é deles se quiserem ter mais trabalho com as coisas. Arabe Macabre é o disco mais novo de vocês e, antes de lança -lo, vocês fizeram uma campanha no Catarse. Mas essa campanha era um pouco diferente do que a maioria das bandas costuma fazer. Contem mais sobre a ideia da campanha e o resultado obtido. Hoje em dia tem tanto recurso pra gravar disco que é muito feio você pedir dinheiro pra fazer uma gravação cara. Da até vergonha de falar, mas aquela mentalidade de gravadora pegou nas bandas. O cara gasta não sei quanto pra gravar e as pessoas ouvem mp3, e ele não percebe que poderia investir esse dinheiro para produzir outras coisas pra banda. Eu quero gastar muita grana pra gravar, mas não tenho. Gravadora pra bancar, também não. Vou pedir, então, para as pessoas? Que não sabem de nada e acabam dando a grana? Muitos desses têm até estúdio próprio. Como a gente fez tudo aqui em casa, com a ajuda de equipamentos de amigos, gastamos muito pouco. Fizemos a campanha pra garantir 50 reais, mas acabamos juntando mais de mil.
Entrevista Allan Kardec respondida por João Kombi e Barata
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entrevista
violatorthrash.bandcamp.com
VIOLATOR Festival Mundo João Pessoa . 2010
fotos: Rafael Passos
Passados onze anos desde o início da banda, hoje o Violator já deixou de ser o que os críticos de revistas costumam chamar de “promessa” e já se tornou referência dentro da cena underground. Não se limitando a tocar em um nicho específico e sem se prender a uma fórmula de fazer música, recentemente, lançaram seu mais novo álbum, sendo este o que contou com a maior produção. Some a isso turnês pela Europa, Japão, além de já terem pisado em quase todos os cantos da América Latina. E se, para muitos, isso seria sinônimo de “salto na carreira” ou “mudança de nível”, eles preferem continuar seguindo sob controle de suas atividades e tocando em todos os locais possíveis. Abaixo, o baixista/ vocalista conta algumas histórias recentes sobre a banda.
Onze anos atrás, vocês começavam com a banda e criavam um ritmo de show incrível, ainda mais se tratando de uma banda sul-americana. Passados poucos anos (5 anos?), chegaram ao ponto de rodar boa parte da América Latina e, naquela época, eram muito menos conhecidos. Mesmo assim, vocês fizeram uma turnê extensa, tocando em locais pouco atingidos pelo underground (o que inclui as extremidades do território brasileiro). Fale um pouco dessa experiência e o que seria possível repetir dela hoje, um pouco mais conhecidos e, também, o que a torna mais difícil. Isso foi no segundo semestre de 2007. Eu havia terminado a faculdade, estava desempregado, e os outros caras eram todos estudantes, faziam estágio e trabalhavam fazendo bicos. Decidimos, então, largar tudo por um semestre e nos jogar em uma turnê que passaria por quase todos os estados brasileiros e quase todos os países da América do Sul (não conhecíamos nenhuma banda no Suriname). Foi uma das experiências mais incríveis da minha vida, me despertou um sentimento de pertencimento a esse continente, de história compartilhada, que eu, até então, desconhecia. Tocamos em muitas cidades periféricas que não costumam receber bandas internacionais, mas o esquema era que cada cidade
era responsável por nós até nos mandar para a próxima cidade, de ônibus mesmo, o que tornava os custos muito baixos. Somando as horas, passamos mais de 25 dias dentro de ônibus. Bem, de alguma maneira, sabíamos que essa seria a única oportunidade que teríamos de fazer algo dessa magnitude nas nossas vidas. Hoje, apesar de recorrentemente voltarmos aos países da América do Sul para tocar em fins de semana, não teríamos tempo disponível para fazer uma turnê assim. É uma das consequências negativas da escolha de não viver ou fazer dinheiro com a banda. Mas existem outras positivas, então tudo bem. Scenarios of Brutality é o mais novo disco de vocês e teve um processo de gravação diferente de todos os outros: foi gravado e produzido na Europa. Qual o impacto que vocês sentiram ao gravá-lo e, no resultado final, ao ouvi-lo? O mais positivo possível. Acho que conseguimos uma qualidade inédita na trajetória da banda. Gravar fora foi uma escolha muito acertada por diferentes razões. Primeiro, o Andy Classen é um cara que entende profundamente, em termos de vivência mesmo, tudo sobre o tipo de música que a gente gosta de fazer junto e, além disso, é entusiasta. Segundo, porque o tempo que tivemos lá (duas semanas), numa vilazinha no interior da Alemanha, só gravando, cozinhando e jogando Mario Kart, permitiu um mergulho no processo de gravação e finalização da com-
posição que a gente nunca tinha experimentado, sempre gravando a noite, depois do trabalho, naquele esquema de muita correria. Por último, nem sai tão caro assim. Surpreendentemente, a gente gastaria mais no Brasil pra conseguir uma qualidade aquém do que gostaríamos. Esse disco tem lançamento em quantos países e que tipo de contato vocês possuem com cada selo ao redor do mundo? Em CD, o disco é produzido aqui no Brasil e distribuído pro resto do mundo via Kill Again Records, um selo daqui da Ceilândia, que compartilha com a gente basicamente todos os valores que temos sobre produção underground, metal e faça-você-mesmo. Não temos nenhum tipo de contrato, fazemos tudo baseados na amizade. É um alívio poder ter espaços assim, nesse mundo em que todas as relações são mediadas por dinheiro. Enfim, via Kill Again, licenciamos os discos pra sair em vinil em versões europeias e norte-americanas por outros selos que parecem ser bacanas. Houve uma época em que vocês eram envolvidos com outras bandas de diversos estilos. Quais bandas ainda estão na ativa e porque deixaram de tocar em algumas? Hoje, o Capaça e o Batera tocam em uma banda de death metal carroceiro, chamada Considered Dead, e o Cambito segue com a outra banda thrash, que ele tinha antes do Violator, chamada Slaver. A gente teve junto uma banda grindcore, a Scumbag, que acabou
por enrolação nossa. Eu também toquei em outras bandas de hardcore, crossover e punk rock: Possuído Pelo Cão, Ameaça Cigana e Cidade Cemitério. Acabei saindo porque queria me afastar um pouco da cena daqui e não conseguiria fazer isso sendo displicente com as bandas, preferi um corte maior. Recentemente, como gosto muito de fazer barulho por barulho, comecei uma nova banda pra fazer punk rock doidão. O nome provisório é Mystery-0. Vocês são uma das poucas bandas brasileiras que tocaram no Japão. Qual a dificuldade para as bandas conseguirem tocar lá? Como é o público japonês e qual foi o país com maior choque cultural que você já tocou? Acredito que a maior dificuldade é mesmo material: o preço das passagens. Nem acredito que teve um louco (Mikitoshi Matsuo, grande figura) que levou a gente duas vezes pra lá. O público não é muito diferente de outros lugares do mundo. Apesar da cultura ser muito diferente (e seria bobo negar isso), a gente compartilha uma paixão que pula por cima desses muros e faz um show de thrash ser aquele amontado de corpos suados em qualquer lugar do mundo. Todos os shows lá foram muito animados, ao contrário do que pode parecer a primeira vista. Então, o maior choque cultural nem deve ter sido no Japão, mas talvez na periferia da Bolívia, onde nos deparamos com uma miséria ainda mais pesada do que a que vemos por aqui. Pra ser sincero, toda a pontualidade e profissionalismo da Europa ocidental também geram um grande choque cultural com o nosso ritmo tranquilo e preguiçoso sul-americano.
Entrevista por Allan Kardec respondida por Pedro Poney
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alexandre brunoro
Trailer - youtube.com/watch?v=gIkz_SN9_7Y
ZOMBIO 2 Tudo começou quando vi anúncios na internet falando sobre o filme e convocando pessoas que estariam interessadas em participar. Logo de cara pensei comigo mesmo: quem é que vai ficar por conta dos efeitos e maquiagens? Fiquei realmente preocupado com isso, porque vi que havia uma galera comprometida em fazer o trabalho acontecer. Depois de alguns dias tentando arrumar algum jeito de ir a Palmitos, me vieram à cabeça as milhas de voo que meu velho tinha acumulado e nunca usou. Três dias depois do último dia de filmagem do Mar Negro, no qual estava trabalhando como assistente de maquiagem, parti para Porto Alegre, onde fiquei hospedado na casa do grande amigo de longa data, Daniel Villaverde. Passei a noite lá e ao meio dia do dia seguinte já estava a caminho da Canibal City Palmitos. Ao chegar a Palmitos, fui recebido pelo astro do filme, Airton Bratz, mais conhecido como “Chibamar Bronx”. No rancho Baiestorf, encontrei os rapazes mineiros da fotografia: Flamingo, Pyrata e Sanzio, que já estavam em ritmo de festa. Ainda deu tempo de tomar o último gole da cana que eles haviam levado, além de rever o Petter, depois de alguns meses, após sua passagem por terras capixabas. Lá também estavam Leyla Buk, Coffin Souza e Gisele Ferran. Todos me receberam muito bem, me senti em Vila Velha, só que com mais frio do que o normal. Estava reunida ali a equipe de produção principal de Zombio 2: Chimarrão Zombies. O trabalho já foi pesado desde o primeiro dia: muitas maquiagens, várias feridas sangrentas, muita gosma de polvilho. Tudo isso embalado a muita música boa e risadas, afinal, fazer filmes rodeado de amigos é a melhor coisa que existe. Nem se viam as 18 horas diárias passando. Alguns dias foram caóticos por conta do clima, a chuva fodeu com boa parte de nosso tempo hábil. Começamos a ficar bem preocupados com isso, pois ainda faltava uma caralhada de cenas a serem filmadas. O ritmo de trabalho começou a ficar mais pesado. Trabalhávamos agora até o cérebro começar a dar sinais de desligamento, chegamos a ficar 30 horas no set para fazer a sequência do banheiro. Esse dia foi o ápice do
stress. Nossos corpos já estavam esgotados e, na cabeça, mil pensamentos ao mesmo tempo. Isso serviu para pararmos para pensar que não era possível realizar a façanha de filmar mais de 90 sequências em 15 dias. Era desumano naquele contexto de clima doido, pouca grana e equipe reduzida. Depois que decidimos isso, tiramos um peso das costas, pois realmente não daria certo. Fizemos uma reunião naquele dia regada à cerveja e decidimos que rolaria outro bloco de filmagem. E foi isso mesmo que aconteceu. Após alguns meses estávamos reunidos novamente pra terminar esse lindo filme. Mas já chegamos lá sabendo que seria tudo diferente. Tínhamos em mente o que fazer com mais clareza, principalmente em relação à maquiagem e efeitos especiais. A equipe já estava funcionando como uma família, todo mundo muito entrosado. O trabalho foi muito mais dinâmico no segundo bloco. Acordávamos, na maioria dos dias, às 5 da manhã, o que fez com que aproveitássemos a maior parte de sol do dia. Os efeitos estavam bem mais esclarecidos, e já tínhamos uma estética bem marcada para produção das maquiagens, a Leyla destruiu no concept dos zumbis raivosos. O que mais marcou, para mim, nessa produção foi a determinação de todos os envolvidos em fazer o filme da melhor maneira possível, parecia que todo mundo já visualizava o filme pronto, tínhamos certeza que ficaria foda! Foi a minha estreia na direção de maquiagem de um filme, me senti muito à vontade e seguro no trabalho. Mesmo com toda pressão e correria, o Petter sempre soube lidar muito bem com isso, sempre gentil e cuidadoso com o que falava, me senti em casa. Sem dúvidas foi a produção mais importante que trabalhei até hoje. Além do trampo nas maquiagens e efeitos, pude experimentar um pouco do que é atuação em cenas de ação: ser atropelado em cena não tem preço! Vou lembrar disso tudo pro resto da vida.
fotos: Andie Yore
26 GALERIA
27 Lê Almeida
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GALERIA
CRACOLAGEM.TUMBLR.COM
pg.26 Bad Vibration Dimensão: 22 x 16 cm Técnica: Colagem sobre papel 2011/2013
pg.28 PA Tour Dimensão: 14, 4 x 18,6 cm Ténica: Colagem sobre papel 2011/2013
pg.27 Missa com o bode Dimensão: 15,6 x 19,7 cm Técnica: Colagem sobre papel 2011/2013
pg.29 Maioralmente Dimensão: 14,2 x 15,4 cm Técnica: Colagem sobre papel 2011/2013
31 Lucas Klitzke
Sinestesia e Criatividade
A criatividade muitas vezes precisa de estímulos que raramente encontramos em nossa rotina. É preciso mais do que ver, é preciso tocar, ouvir – respirar a realidade. Trabalhar dia e noite diante de uma tela nos isola da possibilidade de exercitar outros sentidos e suas relações, por isso, sempre que tenho a oportunidade de ir para algum lugar diferente, retorno com algo a mais. Nossa mente precisa de um banco de dados repleto de sentidos para sobrepor e unir essas informações e construir nossas melhores memórias e o conhecimento como um todo. A nossa experiência de chuva não é apenas uma imagem achatada, mas um dia cinzento, o cheiro da terra molhada, o som das gotas caindo no chão e, também, a sensação da água tocando a pele. A partir disso, muitas de nossas experiências se encaixam de maneira surpreendente, a exemplo dos sinestésicos que conseguem associar involuntariamente uma cor a um cheiro. Nós também fazemos ligações, de uma maneira ainda mais singela – uma música a determinado evento, um perfume a uma estação. Preciso confessar - a grande verdade é que nós nos adaptamos muito rápido a essas autolimitações. Certamente há quem prefira, hoje, assistir a um show ou a um jogo de futebol pela tv a ir a um desses eventos sob a premissa do conforto, da comodidade. Entretanto, quando a transmissão é interrompida ou quando um comercial atravessa o instante somos subitamente levados de volta à nossa sala. Não é preciso um radicalismo irracional – não precisamos praguejar contra as telas de plasma, 4k, audio 5.1, eles são um entretenimento fantástico em nossa rotina, porém, essa experiência não nos basta. Às vezes é sensato sair, viver, inundar nosso cérebro de sensações a fim de desenvolver nossa criatividade.
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gringo
The physical importance. Two moments of materialization. “80% of your life is oriented by the eyes. It should not be like this; it has to reinstate a balance. Also needs to touch, because tact allows sensations eyes are not able to convey.” (Osho)
First moment Everything continues, and transforms at the same time. On this continuity of transformation paradox, changing is part of our existences daily. We have a new issue of our magazine, with new participations and contents, this is the clear changing that justifies a new publication, but on this new issue we have news that goes beyond the editorial sequence, in what regards the physical experience of the publication. The 5th issue is the 1st printed Undergound do Underground magazine! Let your hands read this magazine along with your others senses take it to a place you never have read anything and enjoy this new place that many times only a printed magazine can offers. UDU #5 is in your hands and we hope you enjoy this experience as we did while we produced it.
Second moment UDU magazine and website, lately put together people doing different kinds of work but with the same underground commitment. In this context, the opportunity to create a psysical space to set up an exhibit, to share experiences and collective work shows up. Our second materialization. Harder, more expensive and challenging, but powerful as any activity doing with pleasure. We have the skills and the strength do do the building renovation but not the money. Was necessary a financial support. After 60 days of campaign (ended on October 2013) with a huge help from friends and supporters, we have reached our goal to start the UDU Space renovation. After all the paperwork, we start to calculate the material and labour costs (pest control, electrical work and roof). We are very happy cause we know the importance of the physical space, of the materialization, as cultural object and social relations. We’ll see you in the streets or futurely in UDU Cultural Centre.
TEST The band line-up still as a duo and the idea of not having a bass player was since you guys started the band or was growing over the time? Was intentional. It is way too easy doing stuff as a duo, it is not a hate to the instrument.
In a short period as a band, you did tours in Europe, Mexico, besides gigs all over the country. The fact you guys are a duo, helps a lot in the underground scene, where the resources, most of time, are limited and the producers reinvent themselves to pay the gig bill. On the other hand, to pay for the rehearsal is more expensive for you guys. What are the pros and cons of this unusual extreme music line-up? There is only one bad side: to carry all the stuff. We have a different thought from the other bands, we don’t do rehearsals, it is better play every week than to do a rehearsal. It keeps the band more active and we spend less. It is the “just do it” philosophy. (João) We only do rehearsals to make new songs and we do at João’s house, and even so, not often. We also play any gig to not have to rehearsal. (Barata)
One notorious fact marks Test, the gigs at others gigs doors, right there in the middle of the street. How did you guys come up with this idea? Tell us about this experience of being the opening band of any gig you guys want to, the public reaction, etc. Every big metal show is full of people at the door, that’s where the idea came from: to play where the people already are. It is less work than organizing a gig. Every time is the same stress, but works almost every time.. (Joao) When we started it was a surprise for everybody who was at the line waiting for the show to begin. Nowadays some people already wait for us and when we promote, some people go only to see us. Since we are talking about these “at the door” gigs of yours, you guys have organized a side event during Virada Cultural. Put together lots of underground bands, set up a extreme music event during the municipal government fest. Despite all the compliments I heard about it, I felt a little resentment from you (Joao) about some bands that have played. Do you believe in the underground scene, as much as they try to stay away from the excess from the mainstream bands. always will be bands that repeat the same kind of attitude? I guess I got a little pissed because I got very tired. Nowadays I think everything worked out… we can’t demand anything
from anyone, I think I don’t agree with the way some bands manage their stuff but who I am to try to change things, even though we do things a little fucked up, things are working out, so it is their problem if they want to put more effort on things.
Arabe Macabre is the new album form you guys and before you release it. You guys did a campaign on Catarse. But this campaign was a little different from most of bands usually do.Tell us about this campaign idea e the final result. Nowadays we have so many ways to record an album that turns weird to ask for an expensive record. It feels embarrassing to talk but that big record label mentality got the bands, they spent so much money to produce an album ( and people will listen to it on mp3), thet don’t know they could invest this money to produce thing to the band. I want to spend a lot of money to record an album but I don’t have a record label to put money towards it. Why I would ask people who don’t know nothing to give the money? Many of these people have even their own record studio. Since we did everything here at home, with friends helping, we spent so little. We did the campaign to make sure we have R$50, but ended up with more than a thousand.
VIOLATOR Eleven years ago, you guys started the band and began an amazing number of gigs for a south American band. After a few years(5 years?) you got to the point of have toured a big portion of Latin America and in that time, less people knew you guys, even though you did a huge tour, doing gigs in unknowing places(what includes the extremities of brazilian territory). Tell us about this experience and what can make it possible to do it again today, a little more known and what makes it more difficult? It was in the second semester of 2007, I’ve just finished college, was unemployed and the other guys were all students, doing internship and working as freelancers. We decided to leave everything behind for a semester and go for a tour over almost every Brazilian states and almost every south American country(we didn’t know any bands in Suriname). Was one of the most amazing experiences of my life, it bonded me to this continent, of stories that I didn’t know. We did a lot of small cities that didn’t have the habit of having international bands playing there, but the deal was every city would taking care of us until we get to the next city, in a bus, what made the costs pretty low. Putting all the hours together, we spent more than 25 days inside a bus. Well, somehow,
we knew this would be the only chance to do something this big in our lives. Today, besides we go often to some South American countries to play on weekends, we couldn’t have time to do a tour like this again. It is one of bad consequences to choose to not having a band for a living. But it has a positive side too, so that’s fine.
Scenarios of Brutality is the new album from you guys and it was different than the others, was record in Europe. How was to record it and what is your opinion about the album? The best one possible, I think we achieved the finest quality in the band history. Recording in Europe was a right choice, for different reasons. First of all, Andy Classen is a guy who knows every little thing about the kind of music we like to make and he is an enthusiast. Second, the time we had there(2 weeks), in a German little village, just recording, cooking and playing Mario Kart, made us going deep in the record process and to finish a composition we didn’t even try before. Always recording at night, after work, always in a hurry. For the last, it wasn’t so expensive. Surprisely, we would spend more money doing it in Brazil and having a quality way worse than we wanted.
In how many countries this album will be released and how good you know record labels around the world? CD format is produced here in Brazil and release around the world via Kill Again Records, a label from Ceilândia, that shares all kinds of values over underground production, heavy metal and DIY. We don’t have any kind of contract, we do everything based on friendship. It’s a relief to have places like this in a world that money is everything. Anyway, via Kill Again, we permit them to release our album on vynil format in Europe and US , in labels we like.
You guys used to play another style of music in other bands. What of those bands still playing and why are you guys are not playing in some of these bands? Today, Capaça and Batera they play in a death metal band called Considered Dead and Cambito still playing with another trash band he played before Violator called Slaver. We used to play together in a grindcore band called Scumbag, that no longer exists and I used to play in others hardcore, crossover and punk rock bands: Possuido Pelo Cão, Ameaça Cigana and Cidade Cemitêrio. I drop out cause I wanted to stay away from the scene here. Recently, as I really like to make some noise, I started this new punk rock band. The name, for now, is mystery-0.
You guys are one of the few bands that have played in Japan, how difficult it is to get to play there? How is the Japanese public and how was the country with the biggest cultural shock you ever played?
I believe the hardest part is the flight tickets. I couldn’t believe that was this crazy man (Mikitoshi Matsuo, grat guy) who took us twice there. The public is not that different from other places in the world. Even though the culture is way different ( and would be silly to deny that), we share a passion to go through this and we make a trash metal show be that sweat bodies pile anywhere in the world. All the shows there were very excited, in opposite to what could be in the first sight. So, I believe the biggest cultural shock wasn’t in Japan but maybe in Bolivia peripheries where we got to see poverty even worse than here. To be honest, all the west Europe timeliness was a big cultural shock for our lazy and calm South American rhythm.
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Casa Trinta First Year The tortuous life path brought me to Bragança Paulista, countryside of São Paulo, 80km away from the capital. City as know as the land of sausage and home town of Leptospirose. I’ve moved here for good in march of 2013. I was living for a few years between São Paulo/São Bernardo do Campo and I couldn’t take it anymore. Finally, I ran to the hills. In my first days, I stayed at Casa Trinta, sort of student residence, studio, art gallery, place for gigs, courses, workshops, movie theater, rehearsal for theater groups. The place shortly became the landmark around the state countryside area and the main place for activities in town. In its first year, it already developed all kind of artistic activities and attracted people from all over the region. Several artists went there. Diversity defines the place well and nowadays all individual actions can not fit the physical space anymore. The Casa living room became too small and that is good. I lived there for a month and a half roughly, also at this time used to live Matias, long time friend, Dan, Mineiro and Marlon. Them and some other friends used to organize thing there. All the money from the events was used to pay the bills. The good and old DIY way, living it day by day. The gigs take place in a small room that also is the gallery art. Around 30/40 people fit in there (in a busy day). In busier days, the studio door, situated in the house low area, is opened. It has an outdoor area with a beautiful city view. In its first year, bands from Brazil and from abroad played at Trinta. Almost every band from the city played there. Test, Elma, Running Like Lions, Camarones Orquestra Guitarristica, Leptospirose, any band from this whole world already played there, promoting their albums and tours. The first year has gone, now is time to wait to see what comes next year in the hard and difficult reality of the soccer country.
ZOMBIO 2 Jesus and the Groupies
Marco Butcher and Luis Tissot duo. Both are responsible for others countless projects and they rock the São Paulo garage punk scene. They are the true rock from Sao Paulo and who knows what I am trying to say with that. They played at Trinta in June with Matias Espacial Picón project, Maldito Dinosaurio. The background art was from Matias and Simone Sapienza Sis, artist from Atibaia (SP).
Cruel Hand
Around 80km far from Sao Paulo, Trinta started to book gigs from international bands for its proximity to the capital. Normally in days off, some international bands played there. Cruel Hand played on a Monday of May with the house completely packed and with the local heroes, Leptospirose.
Los Viejos
Mexico invaded Trinta in September, for the first time in Brazil they did a nice tour. They know how to get stuff done, they released a few videos from the tour on youtube. The public was a little weak but the few ones who were there saw a good show and could get to know their Mexican skatepunk. The background art was from Daniel Lima and Filipe Guimaraes a.k.a Pipoca de Campinas.
All started when I saw the movie advertising on internet calling people who had interest in be part of it. First thing, I think to my self: who’s gonna be in charge of the special effects and make ups? I got really concerned about this, cause I knew people really wanted to make this happen. After a few days trying to sort thing out to go to Palmitos, it came to my mind all the flight mileage my father had and never happened to use it. After 3 days of the Mar Negro’s shooting last day, which I was working as make up assistant, I went to Porto Alegre, where I stayed at the house of my old friend Daniel Villaverde. I crashed there for the night and next day at noon, I was on my way to Canibal City Palmitos. When I got there, I was welcomed by the star of the movie Airton Bratz, a.k.a “Chibamar Bronx”. At the Baiestorf’s ranch, I met the guys who were in charge of the photography, from Minas Gerais: Flamingo, Pyrata e Sanzio, who were partying already. I still had time to had the last sip of the booze they brought, besides see Peter again, after a few months after his trip to Espirito Santo. Also were there Leyla Buk, Coffin Souza and Gisele Ferran. Everybody welcomed me so greatfuly that it made me feel home but only colder than normal. It was reunited there the Zombio 2: Chimarrao Zombies crew. Work started hard since day one: lot of make ups, loads of bloody wound, lot of goo starch. All of this full of good music and laughs, after all, make movies surround by friends is the best thing in the world. We didn’t even seen the 18 hours of work going through. Some of the days were chaotic because of the weather, the rain fucked our time up. We started to get worried about it, cause we still had a shitload of scenes to shoot. The work was getting even more tough. Now we worked until our brains give signs of fatigue, to shoot the bathroom scene, we worked for 30 hours straight. That was the most stressful day. Our bodies were already exhausted, and in our heads, thousands of thoughts at the same time. That was useful to stop and think that wasn’t possible to shoot 90 sequences in 15 days. Was merciless doing it this way, with little money and reduced movie crew. After we figured this out, was a weight off our shoulders, cause it couldn’t work out like this. We did a meeting –with loads of beer- and decided to make another shooting. And that was what happened. After a few months, we were reunited again to finish this beautiful movie. But we get there knowing would be different. We were clear about what to do, specially about make ups and special effects. The crew was working like a family, everybody was getting along. The work was way more dynamic on the second
shooting. Most of the days we wake up at 5AM, what made us take advantage of the sunny parts of the day. The effects were more clear and we had already a good aesthetic for the make up production – Leyla rocked on the angry zombies concept. One thing that really caught me on this production was the will of everybody envolved on this movie to make it the best way possible, it seemed everybody had in mind the movie done, we knew the movie would rules! Was my debut as the head of the make up department on a movie, I felt very confortable doing this work. Even under pression, Peter always knew how to deal with it, always nice and careful with the words, I felt like home. Was the most important production I worked so far, no doubts about it. Besides the make ups and effects, I had a little taste of what is acting in action scenes: there is no price in being hit in a footage! I will remember it for the rest of my life.
Sinesthesia and creativity Criativity , many times, needs stimulus that quite rarely we find on our daily basis. It needs more than see, it needs to touch, listening – to breath the reality. Work day and night by a computer screen, make us unable to exercise other senses and their relations, by that, everytime I have the opportunity to go to some different place, I come back with something else. Our mind needs a databank ful of senses to overlay and to bond those informations and build our best memories and the knowledge as a whole. Our rain experience it is not only a flattened image, but a gray day, the smell of wet dirty, the sound of the drops hitting the ground, and also, the feeling of the water touching the skin. From that, a lot of
our experiences surprisingly fit in, like the synesthetics that can unwittingly associate a colour to a smell. We also make connections, in an even simple way – a song to a certain event, a scent to a season. I must admit – the great truth is we suit quickly to these self-limitations. Certainly in these days, some people prefer to see a concert or to watch a soccer match on tv than going to these events under the assumption of comfort and convenience. However, when the transmission is interrupted or when an advertising pops up, we suddenly feel like we are in our living room again. It doesn’t need a mindless radicalism – we don’t need to curse the plasma screens, 4k, audio 5.1, they are a fantastic entertainment in our routine, but this experience is not enough. Sometimes it is sensible to go out, to live, to soak our brains with sensations in order to develop our creativity.
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Rolê
mortopelaescola.bandcamp.com
Morto Pela Escola Daquelas bandas que você fica indeciso para decidir qual a melhor fase. Já mudaram o modo de tocar, de baterista, de vocalista, mas continua sendo a banda que surpreende a cada show.
fotos: Heitor Riguette
fotos: Heitor Riguette
soundcloud.com/raphaelburro
Sons of Hate Os shows de hardcore de madrugada em Vila Velha voltaram definitivamente em 2013. Nesse dia acontecia o maior evento gospel de praia do Brasil do lado da casa de show, criando constrastes de atitudes, visuais e artísticos.
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Rolê zerozero.bandcamp.com
Zero Zero Vejo o Zero Zero como uma banda praiana, piruleta, sem limites, sem pudor, e para quem não conhece o lugar da foto, Motel Haiti, é conhecido por ser o ambiente de trabalho dos travestis em Vitória.
soundcloud.com/casatorna
Casatorna Banda recente que chegou disposta a fazer bastante, já lançando EP, muitos shows, preparando novas gravações, mas ainda está num processo de construção de identidade.
fotos: Heitor Riguette foto: Heitor Riguette
inerte.bandcamp.com
Inerte O underground tem o grande problema que é a aparente facilidade que as bandas acabam, principalmente as boas. O underground nos faz sentir parte das bandas sem necessariamente tocar, compor nelas. Inerte deixou essas duas sensações bem claras em 2013. lajarex.bandcamp.com/album/l-cifer
Os pedrero foto: Raphael Araújo
Ensaio regado a uma boa quantidade de álcool, dando o tom certo para a arte do novo disco intitulado “Lúcifer“