I. A Educação de Pares
República de Angola Ministério da Educação
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Manual de educação de Pares Sobre Sexualidade
Curte a Vida com Cuidado! Manual de Educação de Pares sobre a Sexualidade
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Manual de Educação de Pares sobre a Sexualidade
V – Infecções Transmitidas Sexualmente – ITS
FICHA TÉCNICA Ministério da Educação & UNICEF Angola 2014 Todos os direitos são reservados. É permitida a reprodução parcial ou total deste material desde que seja citada a fonte. É proibida a sua utilização para fins comerciais Coordenação: Domingos Torres Junior – Ministério da Educação Eneida Martins - UNICEF Autoria: Este material foi desenvolvido com base em adaptações de vários manuais mencionados na lista bibliográfica em anexo. Consultoria: Soraya Hoios Colaboração: Sílvio Santos Conceição Bento Mendes Katia Rodrigues Carla Coelho da Silva Revisão final: Eneida Martins Edição: Judite Baloi Projecto Gráfico, Capa e Diagramação: José Meio Dias Ilustração: Vitorino Kiala, Armando Eduardo e José Dias
Manual de Educação de Pares sobre a Sexualidade
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V – Infecções Transmitidas Sexualmente – ITS
ÍNDICE Nota de Apresentação.......................................................................................................................................................... iv Estrutura do Manual..............................................................................................................................................................v Introdução.............................................................................................................................................................................1 I. A Educação de Pares.............................................................................................................................3 1.1 O que é a Educação de Pares?..........................................................................................................................................5 1.2 Quem é e o que faz o Educador de Pares?........................................................................................................................5 1.3 Princípios do Educador de Pares......................................................................................................................................6 1.4 Vantagens da Educação de Pares.....................................................................................................................................6 1.5 Desvantagens..................................................................................................................................................................7 1.6 Exemplos de Sessões de Educação de Pares.....................................................................................................................7 Dica:......................................................................................................................................................................................8 Testa os Teus Conhecimentos.................................................................................................................................................8 II. Da infância para a Vida adulta.......................................................................................................9 2.1 O Que Está a Acontecer?.................................................................................................................................................11 Mudanças Físicas Observadas no Corpo dos Rapazes...........................................................................................................12 Mudanças Psicoemocionais que Acontecem com os Rapazes.............................................................................................. 12 Mudanças Físicas Observadas no Corpo das Raparigas ....................................................................................................... 12 Mudanças Psicoemocionais que Acontecem com as Raparigas............................................................................................13 2.2 O Sexo Masculino...........................................................................................................................................................13 Órgãos Sexuais Externos......................................................................................................................................................14 Dica.....................................................................................................................................................................................14 Órgãos Sexuais Internos .....................................................................................................................................................15 2.3 O Sexo Feminino............................................................................................................................................................17 Órgãos Externos..................................................................................................................................................................17 Dica.....................................................................................................................................................................................19 Órgãos Internos...................................................................................................................................................................20 2.4 A Menstruação.............................................................................................................................................................. 22 2.5 Género, Sexo e Identidade de Género............................................................................................................................24 O que é o Sexo e o que é o Género? Qual é a Diferença entre Sexo e Género?.......................................................................25 O que é um Transsexual?..................................................................................................................................................... 27 O Que é uma Pessoa Transgénero?.......................................................................................................................................27 Falando do Machismo e do Feminismo................................................................................................................................27 Dica.....................................................................................................................................................................................28 Manual de Educação de Pares sobre a Sexualidade
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2.6 Orientação Sexual .........................................................................................................................................................30 Tipos de Orientação Sexual..................................................................................................................................................31 Homofobia e Discriminação ................................................................................................................................................32 Dica.....................................................................................................................................................................................33 Testa os Teus Conhecimentos...............................................................................................................................................33 III Relações Humanas e Sexualidade.................................................................................................35 3.1 Relações Humanas........................................................................................................................................................37 A Amizade...........................................................................................................................................................................38 O Namoro............................................................................................................................................................................40 Dica.....................................................................................................................................................................................41 Testa os Teus Conhecimentos...............................................................................................................................................41 3.2 Sexo Seguro...................................................................................................................................................................42 O que é o Sexo Seguro?.......................................................................................................................................................42 Qual é a Idade Ideal para Iniciar a Vida Sexual?...................................................................................................................43 O que fazer para Ter Relações Sexuais Sem Risco?...............................................................................................................43 Métodos Contraceptivos......................................................................................................................................................44 Tabela de Métodos Contraceptivos......................................................................................................................................45 Preservativo Masculino e Feminino.....................................................................................................................................48 Dúvidas sobre o preservativo...............................................................................................................................................51 IV - Vulnerabilidades e Riscos na Vivência da Sexualidade........................................................................55 4.1 Reconhecendo as Vulnerabilidades e os Riscos..............................................................................................................57 Situações de Risco...............................................................................................................................................................58 4.2 Falando de Violência......................................................................................................................................................59 Afinal, o que é a violência?..................................................................................................................................................59 Violência Doméstica............................................................................................................................................................59 Violência no Namoro...........................................................................................................................................................61 Bullyng............................................................................................................................................................................... 63 Violência Sexual..................................................................................................................................................................65 Dicas...................................................................................................................................................................................67 Testa os Teus Conhecimentos..............................................................................................................................................68 4.3 Uso de Álcool e Drogas..................................................................................................................................................69 4O Álcool............................................................................................................................................................................ 70 O Cigarro............................................................................................................................................................................. 71 Os Solventes e Inalantes......................................................................................................................................................71 A Liamba.............................................................................................................................................................................71 O Crack................................................................................................................................................................................71 A Cocaína............................................................................................................................................................................72 Quais são as razões que fazem uma pessoa consumir bebidas alcoólicas ou outras drogas?............................................... 72 Como posso reduzir os danos causados pelo álcool?............................................................................................................73
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Existe alguma maneira rápida e fácil para ficar lúcido/sóbrio?............................................................................................73 As mulheres podem consumir bebidas alcoólicas durante a gravidez?............................................................................... 74 Que grupos de pessoas devem ter um cuidado especial com o consumo de álcool?............................................................74 Como obter ajuda para lidar com a dependência do álcool e outras drogas?.......................................................................74 Dicas...................................................................................................................................................................................75 Testa os teus Conhecimentos ..............................................................................................................................................75 4.4 Gravidez na Adolescência..............................................................................................................................................76 4.5 Conversando sobre o Aborto..........................................................................................................................................78 O que é o aborto?................................................................................................................................................................78 Dica.....................................................................................................................................................................................79 Testa os Teus Conhecimentos...............................................................................................................................................79 V – Infecções Transmitidas Sexualmente – ITS.........................................................................................81 5.1 O que são ITS?................................................................................................................................................................83 Herpes Genital.....................................................................................................................................................................84 Tricomoníase.......................................................................................................................................................................84 Papiloma Humano...............................................................................................................................................................84 Hepatite B............................................................................................................................................................................85 5.2 Vamos Saber mais Sobre o VIH e SIDA?.......................................................................................................................... 86 onceitos de VIH e do SIDA....................................................................................................................................................86 Quanto Tempo leva para o seropositivo ficar doente?..........................................................................................................88 Como se transmite o VIH?....................................................................................................................................................89 O VIH não se transmite........................................................................................................................................................89 Quais são os sintomas provocados pelo SIDA quando já se está doente?.............................................................................90 Que cuidados devo ter para não infectar-me pelo VIH?.......................................................................................................90 Como posso saber se tenho o VIH?.......................................................................................................................................91 Que cuidados deve ter a mulher grávida?............................................................................................................................92 O que é o estigma e a discriminação e como podemos combatê-lo e preservar os direitos das pessoas que vivem com o VIH e Sida?................................................................................................................................................................94 Que cuidados deve ter uma pessoa seropositiva?.................................................................................................................94 Quais os direitos das pessoas que vivem com o VIH?............................................................................................................95 Quais são os deveres das pessoas que vivem com o VIH?.....................................................................................................96 Dica.....................................................................................................................................................................................96 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA....................................................................................................................97 Lista dos Centros de Aconselhamento e Testagem de Angola............................................................................................. 99
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Nota de Apresentação
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ada vez mais, os jovens iniciam a sua vida sexual mais cedo. Eles recebem informações de várias fontes, nomeadamente amigos, familiares, escolas, meios de comunicação social, música, entre outros. Nem sempre estas informações são as mais correctas e muitas vezes são tão diferenciadas que chegam a confundi-los. A Educação sobre Sexualidade é o processo de informação e formação de valores e atitudes sobre o sexo, a identidade sexual, relacionamentos e intimidade. A educação sobre a sexualidade tem por objectivo reduzir os riscos de consequências potencialmente negativas dos comportamentos sexuais, como gravidezes indesejadas ou não planeadas e infecções sexualmente transmissíveis, incluindo o VIH. Visa também contribuir para que os jovens tenham uma experiência positiva da sua sexualidade, melhorando a qualidade dos seus relacionamentos e a sua capacidade de tomar decisões informadas sobre a sua vida. A educação sexual deve ser mais do que apenas a puberdade e a biologia reprodutiva; deve ajudar o jovem a sentir-se seguro, ser confiante e desfrutar da sua sexualidade.
É importante para todos nós que compreendamos a sexualidade para que possamos tomar decisões informadas sobre ela. Este Manual propõe-se abordar temas relacionados com a sexualidade dos adolescentes e jovens de forma aberta, sem criar juízos de valor sobre o que é certo ou errado, bonito ou feio! Os adolescentes e jovens são encorajados a fazerem as suas escolhas de forma informada, mas sempre respeitando a opinião e decisão dos outros. Aborda temas que normalmente são vistos com preconceito e como tabu e encoraja os adolescentes e jovens a partilharem conhecimentos, procurarem informações e a adoptarem comportamentos saudáveis e responsáveis. Isso tudo de forma simples e com base na confiança e no respeito.
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V – Infecções Transmitidas Sexualmente – ITS
Estrutura do Manual O nosso Manual está dividido em 5 Capítulos!
No Capítulo I poderás aprender mais sobre uma forma inovadora de educação: a EDUCAÇÃO DE PARES, aprenderás sobre o conceito de pares e educação de pares, as suas vantagens, em que princípios se baseiam e conhecer o nosso papel enquanto educadores de pares.
No Capítulo II discutiremos as diferenças entre RAPAZES e RAPARIGAS do ponto de vista físico e psicossocial.
O Capítulo III reserva-nos um espaço para a reflexão e debate sobre questões relacionadas com a nossa sexualidade. Falaremos sobre a amizade, a atracção por outra pessoa, o namoro como lidamos com as diferentes expressões da sexualidade, as nossas escolhas e as escolhas das pessoas que nos rodeiam, conhecidos, familiares, amigos e até estranhos. Também fará parte deste momento uma reflexão sobre as várias formas de discriminação associadas aos nossos valores, crenças, atitudes e práticas.
No Capítulo IV Iremos reflectir sobre as situações onde nos sentimos vulneráveis e em risco. Vamos olhar para estes riscos e vulnerabilidades e discutir formas de promover comportamentos positivos e saudáveis. Aqui falaremos também da gravidez precoce e indesejada, do planeamento familiar, do aborto, do uso excessivo do álcool e das drogas e, não menos importante, da violência.
No Capítulo V e para terminar falaremos das Infecções Transmitidas Sexualmente, dando especial atenção ao VIH. Além de informações práticas sobre cada um dos assuntos abordados ao longo do Manual, no final de cada Capítulo encontrarás algumas dicas-chave e pequenos questionários que te permitirão consolidar os teus conhecimentos.
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introdução Falar de sexualidade nem sempre é fácil. É uma área coberta de tabus e preconceitos, o que leva ao aumento dos riscos e das vulnerabilidades a ela associados. Afinal, o que é a sexualidade? Para a maioria das pessoas, falar de sexualidade é falar do acto sexual e da reprodução. Mas a sexualidade é muito mais do que isso. Quando falamos de sexualidade, estamos também a falar das relações entre as pessoas, independentemente de ser rapaz ou rapariga, da sensualidade e sensibilidade, dos sentimentos e emoções, da forma como nos expressamos, vestimos, andamos, dançamos, do nosso cuidado com o corpo e da nossa saúde. A sexualidade é parte da vida de todos os seres vivos, pessoas, animais e plantas. Todo o ser humano é sexual desde o dia em que nasce até o dia em que morre. A nossa sexualidade afecta a nossa forma de ser e de nos expressarmos. Ela é fundamental nas nossas vidas, possuindo dimensões físicas, emocionais, sociais, culturais, entre outras. A sexualidade pode ser definida como uma forma de expressão dos afectos, uma maneira de cada indivíduo se descobrir e descobrir os outros. Para cada um de nós, a vivência da sexualidade envolve dois elementos muito importantes: nossos desejos físicos e nossos sentimentos. Sendo a sexualidade tão importante nas nossas vidas, é importante conhecermos bem as suas várias dimensões para que possamos desfrutá-la de forma saudável e, aprendendo a cuidar de nós mesmos e de nossos parceiros, evitando infecções sexualmente transmissíveis, gestações não desejadas, violência e discriminação e mais do que tudo, respeitando-nos e respeitando as pessoas à nossa volta. Este Manual foi concebido para servir de instrumento de consulta e apoiar os facilitadores e educadores de pares na consolidação dos seus conhecimentos. Ele vai permitir-nos reflectir mais profundamente sobre estas questões e trocar experiências sobre temas relacionados com a nossa SEXUALIDADE.
Vamos começar? Manual de Educação de Pares sobre a Sexualidade
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I. A Educação de Pares
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I. A Educação de Pares
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I. A Educação de Pares
I. A Educação de Pares Viver é aprender. Sempre e em todos os lugares. Não só nas escolas, institutos e universidades. Aprendemos no dia-a-dia, nas nossas conversas com os nossos amigos, com os mais velhos e os mais novos, com a família, vizinhos, ouvindo a rádio, assistindo programas televisivos, enfim, estamos sempre a aprender!
1.1 O que é a Educação de Pares? A Educação de Pares é um processo de ensino / aprendizagem onde pessoas ou grupos com certas semelhanças, interesses comuns ou afinidades partilham conhecimentos, habilidades e valores. Estas pessoas conversam entre elas de igual para igual sobre assuntos variados. Este termo vem do inglês Peer Education e é utilizado quando uma pessoa ou um grupo de pessoas desenvolvem acções educativas voltadas para o grupo do qual faz parte. Isto permite que a comunicação entre elas seja mais fluída, a informação passe mais depressa e as discussões sejam mais abertas. Estas pessoas podem ser do mesmo sexo ou não, podem ter a mesma idade ou não. Normalmente, os pares têm interesses comuns, o que facilita muito a comunicação entre eles. Esta metodologia é importantíssima, principalmente quando se trabalha com adolescentes e jovens. É fundamental que os educadores de pares sejam devidamente formados para que possam passar informações correctas, combater ideias preconceituosas e atitudes discriminatórias, bem como promover a adopção de comportamentos positivos e saudáveis.
1.2 Quem é e o que faz o Educador de Pares? O/A Educador/a de Pares é uma pessoa, adulta ou não, que escuta sem julgar, partilha informação e experiências, orienta, mobiliza os seus pares sobre determinados assuntos. O Educador de Pares forma outras pessoas mas também aprende durante o processo; é importante que o/a educador/a de pares procure sempre actualizar e melhorar o seu conhecimento e as suas habilidades. Ele/Ela também deve ser capaz de: • Reconhecer o conhecimento dos seus pares como ponto de partida para a promoção de novos conhecimentos e habilidades; • Promover ambientes de aprendizagem colectiva através da partilha de informação, reflexão conjunta, questionamentos, debates e construção de consensos; • Respeitar as opiniões e valorizar as experiências dos outros;
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I. A Educação de Pares
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Mobilizar os seus pares para a adopção de comportamentos positivos; Ouvir sem julgar e fazer-se ouvir; Aconselhar e orientar os seus pares; Saber conviver e lidar com as diferenças; Saber gerir conflitos; Outros.
Qualquer adolescente e jovem pode realizar esse trabalho. É verdade que ninguém nasce com todas essas habilidades, elas são desenvolvidas através de acções formativas e da experiência de vida.
1.3 Princípios do Educador de Pares • Sabe ouvir e não julga as pessoas;Respeita as opiniões; É sensível às diferenças entre meninas e rapazes, tratando a todos com respeito e interesse, independente do seu Género e orientação sexual;É sensível às diferenças culturais respeitando os valores, crenças, práticas e opiniões de cada um;Não impõe o conhecimento, facilita e promove a troca de ideias e experiências entre o grupo;Está comprometido com o trabalho, que muitas vezes é feito de forma voluntária.
1.4 Vantagens da Educação de Pares • Permite partilhar conhecimentos, habilidades e valores de uma forma aberta e directa; • Envolve a quem dela participa no desenvolvimento de seus conhecimentos e habilidades nos temas em discussão; • É uma forma de educação bastante flexível, podendo acontecer em qualquer lugar e com poucos recursos; • Influencia positivamente as atitudes e conhecimentos sobre a saúde sexual, reprodutiva e VIH; • Permite atingir todos os jovens, principalmente os mais vulneráveis; • Nela, todos podem aprender com a experiência um dos outros e promove o desenvolvimento de capacidades como tomada de decisão, comunicação com os demais e liderança nos seus grupos; • Contribui para melhorar a convivência entre os jovens e entre estes e os adultos.
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I. A Educação de Pares
1.5 Desvantagens Normalmente, os educadores de pares são voluntários/as, o que, por vezes, torna difícil o seu recrutamento. Este carácter de voluntariedade pode fazer com que facilmente se percam as pessoas formadas para o programa. Por isso, é importante que os/ as educadores/as de pares sejam pessoas responsáveis, bem formadas e estejam comprometidas com o seu trabalho. Outra possível desvantagem é que as sessões de formação de educação de pares devem ser feitas com um número relativamente reduzido de participantes (15-20), para que haja tempo suficiente para a aprofundar. Para além do número reduzido, ela utiliza técnicas interactivas, o que implica uma participação activa do formando. Muitas vezes, estes formandos podem sentir-se intimidados em falar de temas sensíveis como o da sexualidade. O facilitador deve ter a capacidade de identificar estas situações e introduzir dinâmicas que permitam a desinibição e encorajem a participação de todos.
1.6 Exemplos de Sessões de Educação de Pares • Acções espontâneas – numa conversa informal pode-se falar sobre temas importantes, debater, questionar, colocar as nossas dúvidas e opiniões, discutir atitudes, enfim... Este tipo de acções não precisam ser planeadas, acontece espontaneamente. Lembra-te que podes ser um educador de pares quando estás com os teus amigos, quer seja na escola, em festas ou num outro ambiente qualquer. • Encontros temáticos – Pode sempre convidar pessoas diferentes para falar sobre temas que achar importante. Pode ainda convidar especialista para falar e debater determinados assuntos. Os encontros exigem alguma preparação. • Formações – Estas são actividades que exigem maior planificação. Há que identificar o público-alvo, decidir sobre o lugar onde decorrerá, convidar os participantes com a devida antecedência, preparar um programa, os conteúdos, metodologias, entre outros.
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I. A Educação de Pares
Dica: Queres ser um bom educador de pares? Então, respeita a opinião dos outros, escuta atentamente o que os teus pares te dizem e nunca julgues as suas atitudes. Lembra-te, aconselhar não é julgar!
Testa os Teus Conhecimentos Marcar V - verdadeiro e F - Falso diante de cada afirmação: 1. Para ser um educador de pares preciso ser professor ( ) 2. A educação de pares chega onde a educação formal nem sempre alcança ( ) 3. Posso envolver na educação de pares até mesmo os meus familiares ( ) 4. Na educação de pares o respeito pelas diferentes visões do mundo e valores morais não é tão importante ( ) 5. Os conhecimentos prévios de cada participante de um encontro de educação de pares não precisam ser considerados ( ) 6. O meu comportamento tem o poder de inspirar o comportamento dos meus pares ( )
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II. Da infância para a Vida adulta
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II. Da infância para a Vida adulta
II. Da infância para a Vida adulta
2.1 O Que Está a Acontecer? O corpo com que nascemos transforma-se ao longo da nossa VIDA! Ao chegarmos à PUBERDADE, etapa que marca a nossa transição da infância para a adolescência, este CORPO sofre mudanças mais radicais. E a nossa MENTE reflecte todas estas mudanças. Os órgãos sexuais vão mudando com o tempo: Aumentam de tamanho, mudam de cor, cobrem-se de pêlos, entre outras transformações quer por fora quer por dentro. Conhecermos o nosso corpo ajudar-nos-á a familiarizar-nos com o mais íntimo do nosso ser, para que possamos desfrutar mais plenamente a nossa vida e a nossa sexualidade. É sobre isso que vamos falar! Antes de tudo, vamos entender o que provoca as mudanças nos nossos CORPOS e MENTES quando passamos da INFÂNCIA para a ADOLESCÊNCIA. Já ouviste falar de Hormonas? Possivelmente sim. HORMONAS são substâncias produzidas pelas glândulas que existem no nosso CORPO e que vão produzir mudanças físicas e de comportamento durante a nossa adolescência. As hormonas são produzidas nos ovários e testículos e definem o desenvolvimento físico e psicoemocional nas diferentes fases da vida das raparigas e rapazes.
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Mudanças Físicas Observadas no Corpo dos Rapazes Surgem pêlos nas axilas, púbis, nasce a barba e o bigode! O pénis e o saco escrotal irão aumentar de tamanho! A voz muda e fica mais grave! Por outras palavras: a voz engrossa! Durante esta fase, os mamilos ficam mais sensíveis! É comum o aparecimento de espinhas e cravos na pele (ACNE), sobretudo no rosto! • Os músculos vão ficar mais definidos! • O interesse e o desejo pelo SEXO aumentam! • Início dos sonhos eróticos acompanhados de ejaculação (polução nocturna) • • • • •
Mudanças Psicoemocionais que Acontecem com os Rapazes Aprende que: Homem não chora Homem tem que ser forte Tem que ser líder
Mudanças Físicas Observadas no Corpo das Raparigas No CORPO das raparigas verificam-se as seguintes mudanças físicas: • As formas do corpo arredondam-se! As curvas ficam mais acentuadas! Os seios aumentam de tamanho! • Os mamilos ficam mais sensíveis a diferentes estímulos! • Nascem os pêlos nas axilas e na púbis! • É comum o aparecimento de espinhas, cravos e manchas na pele, sobretudo no rosto (ACNE)! • A vagina aumenta de tamanho! • Aparece a primeira menstruação, também conhecida por menarca! • Aumenta o desejo sexual.
Adaptação “Sexo para adolescentes” (2004), textos de Conchita Madueño. Didáctica Editora. Lisboa, p. 13.
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II. Da infância para a Vida adulta
Mudanças Psicoemocionais que Acontecem com as Raparigas • • • •
Aumenta a sensibilidade; Alteração do humor; Instabilidade emocional; Têm sonhos eróticos acompanhados de lubrificação da vagina;
Mudanças Psicossociais nos Rapazes e Raparigas O desejo de independência da família e dos mais velhos aumenta! Maior interesse pelos seus amigos; A vaidade aumenta; Aumenta a curiosidade; Aumentam os questionamentos e conflitos; Começam a tomar consciência da sua orientação sexual; Passam por uma fase de negação (tudo o que acontece aos outros não admitem que possa acontecer com eles); • Tornam-se egocêntricos (acreditam ser o centro das atenções); • Iniciam as actividades sexuais, como por exemplo a masturbação; • Inicia o interesse por outras pessoas e o desejo de uma relação sexual com penetração. • • • • • • •
A solidariedade, a busca da compreensão, o afecto e o diálogo são aspectos importantes para construíres e manteres as tuas amizades! Atenção: A adolescência é a fase de formação/amadurecimento. Embora aconteça um aumento do interesse e desejo de sexo, aconselha-se o retardamento da vida sexual.
2.2 O Sexo Masculino Os órgãos genitais são fontes de imenso prazer e permitem gerar novas vidas. Por isso é importante conhecer as suas funções e cuidar devidamente deles. Os órgãos genitais masculinos dividem-se em internos e externos.
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Órgãos Sexuais Externos: Os órgãos externos são o pénis, o prepúcio e o saco escrotal (que contém os testículos e os epidídimos). Vamos conhecê-los?
Pénis
Prepúcio
glande testículos
Dica: Cuida do teu corpo, ele é precioso para ti!
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II. Da infância para a Vida adulta
O Pénis – É o órgão reprodutor masculino; quando o rapaz fica excitado, endurece, aumenta de tamanho e deita um líquido transparente semelhante a clara de ovos (líquido de Cowper). Este líquido é responsável pela lubrificação da uretra e, ATENÇÃO, pode conter espermatozóides. O pénis tem três funções: Dar prazer, reproduzir e urinar. Durante a relação sexual, no estado de excitação máxima, o pénis liberta um líquido viscoso chamado esperma. A isto chamamos ejaculação. Esse líquido contém os espermatozóides (células reprodutoras masculinas) que quando se unem ao óvulo (célula reprodutora feminina) formam o embrião, o futuro bebé.
As pessoas preocupam-se exageradamente com o tamanho do pénis; Na realidade, o tamanho não influencia a qualidade da relação e do prazer sexual, mesmo porque a vagina ajusta-se ao pénis devido à sua elasticidade. Na relação entre casais, o amor, o respeito e o carinho são fundamentais e contribuem para o aumento do prazer sexual, particularmente quando se têm em atenção os preliminares (troca de carícias que ajudam a descontrair e a excitar antes da penetração).
Órgãos Sexuais Internos: URETRA
CANAIS DEFERENTES
VESÍCULAS SEMINAIS PRÓSTATA
PÉNIS
MEATO
URINÁRIO
epididimo
OU
ENTRADA DA URETRA
SACO ESCOTRAL TESTÍCULOS
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II. Da infância para a Vida adulta
MEATO URINÁRIO OU ENTRADA DA URETRA – é o orifício localizado na glande por onde saem a urina e o esperma As VESÍCULAS SEMINAIS são o órgão que produz o líquido seminal. A PRÓSTATA é o órgão que produz o líquido prostático. O líquido seminal e o prostático em conjunto com os espermatozóides (células reprodutoras) formam o ESPERMA, líquido branco e leitoso, também chamado de SÉMEN. SACO ESCOTRAL – É o saco onde se alojam os testículos e o epidídimo. A sua função é de regular a temperatura corporal para a protecção dos testículos. TESTÍCULOS – são duas glândulas ovóides situadas abaixo do pénis, dentro do saco escrotal. É responsável pela produção dos espermatozóides, a partir da puberdade. EPIDÍDIMO – É o local onde os espermatozóides amadurecem. CANAIS DEFERENTES – São dois canais que saem do epidídimo, têm como função levar o espermatozóide para a uretra. A URETRA - É um canal que nasce na bexiga, atravessa a próstata e percorre o pénis até o meato urinário e tem a função de expelir a urina e o sémen. EJACULAÇÃO - É a libertação do esperma pelo pénis na altura da excitação máxima.
Testa os Teus Conhecimentos Responde V - Verdadeiro ou F - Falso! 1. A pele que cobre a glande do pénis chama-se prepúcio 2. A circuncisão masculina não é importante para a higiene sexual 3. A Ejaculação nocturna é sinónimo de doença 4. O tamanho do pénis influencia o prazer sexual 5. O esperma e o espermatozóide são a mesma coisa
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II. Da infância para a Vida adulta
2.3 O Sexo Feminino O sexo feminino deve merecer todo o nosso carinho, cuidado e respeito. Ele pode dar-nos imenso prazer, permite engravidar e gerar uma nova vida. Os órgãos genitais femininos dividem-se em internos e externos.
Órgãos Externos: Os órgãos externos são: Os seios, a vulva, os grandes e os pequenos lábios, o clítoris, a entrada da vagina, a vagina e o orifício uretral. Vamos conhecê-los?
Vulva
GRANDES LÁBIOS CLÍTORIS
pequenos LÁBIOS
URETRA
vagina HÍMEN
entra da vagina
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II. Da infância para a Vida adulta
SEIOS – Também conhecidos por “mamas”. São glândulas bastante sensíveis, quando tocados delicadamente dão imenso prazer; produzem leite quando a rapariga tem um bebé. É normal que, durante a puberdade estejam mais sensíveis e doridos, já que se encontram em fase de formação. Essa sensibilidade também pode manifestar-se durante o período menstrual. É importante fazer regularmente o auto-exame dos seios (apalpando-os) para verificar se existe algum caroço. Quando detectado, deve-se consultar imediatamente um(a) médico(a). VULVA – A vulva é a parte exterior do órgão genital feminino, inclui o púbis, também conhecido por monte de Vénus, os grandes e os pequenos lábios, o clítoris e a abertura para a uretra (por onde sai a urina) e a vagina. Os lábios vaginais têm a função de protegerem a vagina das agressões externas e auxiliam na lubrificação da vagina. A vulva está muito próxima do ânus e da uretra. É importante cuidar da higiene de forma adequada para evitar infecções. A rapariga deve limpar-se sempre de frente para trás, principalmente depois de defecar, e de preferência lavar esta zona com água e sabão. Todas as raparigas têm dois pares de lábios como parte da vulva: Os GRANDES LÁBIOS que são a parte externa da vulva. São dois, um do lado direito e outro do lado esquerdo e são cobertos de pêlos. OS PEQUENOS LÁBIOS estão escondidos pelos grandes lábios; são dois, não têm pêlos e são muito sensíveis.
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II. Da infância para a Vida adulta
Dica: Os grandes e pequenos lábios devem ser afastados durante a lavagem para permitir uma higiene correcta. É importante cuidar da higiene dos órgãos sexuais femininos para evitar infecções que podem trazer problemas sérios para a saúde das meninas. O uso de calcinhas (cuecas) protege os órgãos genitais. A calcinha mais adequada é a de algodão. O tipo “fio dental“ pode estar na moda mas atenção, pode irritar a pele e provocar infecções.
O CLÍTORIS – está localizado na parte superior da vulva, na junção dos pequenos e grandes lábios. É um órgão bastante sensível, sendo a fonte de prazer da vulva. O seu tamanho pode variar de menina para menina e também com o grau de excitação em que se encontra. A URETRA – É uma pequena abertura por baixo do clítoris por onde sai a urina.
ENTRADA DA VAGINA – é o orifício situado por baixo do canal uretral, por onde sai o sangue menstrual, entra o pénis durante a relação sexual e sai o bebé durante o parto normal. A entrada do canal vaginal é coberta PARCIALMENTE pelo HÍMEN, que é uma membrana que cobre a entrada do canal vaginal. A sua principal função é evitar infecções que podem ocorrer nesta região nas fases iniciais da vida de uma menina. O hímen pode ter diferentes espessuras e rompe-se normalmente com a primeira relação sexual com a penetração. O hímen não impede que o sangue menstrual saia da vagina!
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II. Da infância para a Vida adulta
Órgãos Internos:
OVÁRIOS
Trompas UTERINAS
COLO DO ÚTERO ÚTERO VAGINA
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II. Da infância para a Vida adulta
A VAGINA é o canal que se estende do útero aos lábios vaginais. É elástica, durante a relação sexual adapta-se ao pénis e alarga-se para a saída do bebé durante o parto. É coberta por uma membrana que produz um líquido que a lubrifica e que a protege contra os micróbios. O COLO DO ÚTERO é a parte estreita do útero que se encontra no fundo da vagina. Ele separa os órgãos internos dos externos da vagina, estando mais exposto ao risco de doenças e alterações relacionadas ao acto sexual. Tem o formato de um cilindro e possui uma abertura central conhecida por canal cervical, que liga o interior do útero à cavidade vaginal – local onde ocorre a eliminação do fluxo menstrual e a entrada do esperma. É através do colo uterino que se dá a passagem do feto durante o parto vaginal. O ÚTERO é um dos órgãos internos mais importantes das mulheres. Em muitas partes do mundo, as pessoas chamam-no de “mãe do corpo”, pois é justamente aí onde crescem os bebés. O útero é o lugar onde o feto se desenvolve durante a gravidez. Quando a mulher não está grávida, tem o tamanho aproximado de um punho fechado e o formato de pêra. Fecha o teu punho e imagina que ele é um útero! As Tubas ou Trompas UTERINAS são parte integrante do ÚTERO. É aqui onde o óvulo une-se ao espermatozóide, dando origem a uma gravidez. Os OVÁRIOS – são glândulas genitais femininas. São dois, um de cada lado da pelve; são muito importantes na VIDA de uma mulher. Eles produzem os óvulos, desde a primeira menstruação até à menopausa. A sua função é produzir e armazenar óvulos. Os óvulos são libertados dos ovários durante o ciclo menstrual e encaminham-se para o útero através das trompas. Quando o óvulo é fecundado pelo espermatozóide, forma-se um embrião que se fixa na parede interna do útero (endométrio) e se desenvolve até se tornar num bebé.
Testa os Teus Conhecimentos Responde V - Verdadeiro ou F - Falso! 1. É importante fazer regularmente o exame da mama 2. A urina e o sangue menstrual saem pelo mesmo orifício 3. O tipo de calcinha mais adequado é o chamado “fio dental” 4. É importante cuidar da higiene de forma adequada para evitar infecções
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2.4 A Menstruação Na puberdade, as raparigas começam a ovular e a menstruar e os rapazes começam a produzir esperma e a ejacular, tornando-se ambos biologicamente capazes de gerar bebés. Só o facto de se mencionar a palavra ‘menstruação’ ou ‘período’ pode fazer com que muitas raparigas se encolham de medo e dor. As raparigas até têm códigos para dizerem que estão com o período: estar com a Dona Chica, Estar com a história, ‘estar naqueles dias’, ‘estar naquela altura do mês’. A maioria das raparigas passa por dores menstruais e mal-estar, que podem fazer-se acompanhar de irritação, dores abdominais, enjoos, dores de cabeça, depressão, entre outros sintomas. É importante procurar orientação médica para assegurar que as dores não estejam associadas a problemas de saúde. Também é importante aprender a reconhecer os sinais e sintomas pré-menstruais que podem transformar uma menina meiga e carinhosa numa pessoa desagradável. O bom é que depois do período menstrual passar, todos esses sintomas desaparecem e ela acaba por ser inundada por uma nova energia. A primeira menstruação aparece normalmente entre os 10 e os 16 anos, o que não quer dizer que não possa acontecer fora desta faixa etária. A menstruação é provocada pelas hormonas e inicia na fase da puberdade. Com a primeira menstruação, o corpo da rapariga já pode conceber uma criança, o que não significa que ela já esteja preparada emocional e financeiramente para ser mãe. Os primeiros períodos menstruais podem não ser regulares, pode levar algum tempo para se definirem em termos de cor, espessura e duração do período. O sangue menstrual é na verdade o tecido que cobre o interior do útero. Uma vez por mês, se a rapariga não estiver grávida, o corpo produz uma hormona que faz com que este tecido seja expulso. É a forma do corpo limpar o útero, para que este possa preparar um novo tecido para receber o óvulo fertilizado, se uma mulher ficar grávida. Este tecido liberta-se em forma de sangue. O período entre o aparecimento de uma menstruação até o aparecimento da outra chama-se ciclo menstrual. Ao contrário do que muita gente pensa, durante a menstruação pode-se lavar a cabeça, regar as plantas, ir ao dentista, ter relações sexuais, fazer bolos, juntar-se aos rapazes, andar descalça, ir ao cabeleireiro, tomar banho, tomar medicamentos, entre outros. É importante que a rapariga tenha uma atenção mais particular à sua higiene durante o período menstrual. Hoje, existem várias formas de cuidar da higiene durante o período
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menstrual. Os pensos higiénicos são os mais fáceis de usar, já que a sua utilização não é complicada e são descartáveis. Os pensos higiénicos devem ser mudados, de preferência de 3 em 3 horas, para evitar fugas e odores desagradáveis. Há quem prefira usar pequenas toalhinhas, mas estas exigem cuidados extras para evitar infecções, já que são reutilizáveis. Outras preferem usar os tampões, que acabam por desempenhar a mesma função mas ficam no interior do corpo. Este tipo de protecção pode parecer à partida mais difícil, mas a chave do sucesso é mesmo relaxar. Uma vez colocado o tampão, a mulher não deve sentir que está a usá-lo. Se sentir algo, é porque ele não ficou na posição correcta. Não te preocupes em empurrar demasiado pois há um ponto de onde ele não subirá mais. A boa notícia é que a menstruação não dura para toda a vida. Por norma, ela desaparece por volta dos 50 anos. Ao fim do período menstrual chamamos menopausa.
ATENÇÃO: Embora a menstruação seja algo que acontece apenas as às raparigas, é importante que os rapazes também se informem a respeito dela para poderem perceber o que acontece, ajudarem as suas parceiras e participarem de forma activa e informada nas decisões relacionadas com a sexualidade do casal.
Testa os Teus Conhecimentos Responde V - Verdadeiro ou F - Falso! 1. A primeira menstruação nunca aparece antes dos 12 anos 2. Não é normal o período menstrual fazer-se acompanhar de mal-estar físico e psicológico 3. Durante o período menstrual pode-se lavar a cabeça, regar as plantas, ir ao dentista, ter relações sexuais, fazer bolos, juntar-se aos rapazes, andar descalça, ir ao cabeleireiro e tomar banho 4. Um penso higiénico pode ser utilizado um dia inteiro 5. O tipo de calcinha mais adequado é o chamado “fio dental” 6. É importante cuidar da higiene de forma adequada para evitar infecções
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2.5 Género, Sexo e Identidade de Género: Já ouviste falar de género? Percebes a diferença entre os conceitos de género e de sexo? Vamos falar sobre este assunto! Cada cultura e cada sociedade têm a sua própria maneira de expressar a feminilidade e a masculinidade. O que significa “ser rapaz ou rapariga”, “ser homem” ou “ser mulher” depende em grande medida do meio social, cultural e religioso no qual somos educados. Nós, homens e mulheres, apesar de sermos fisicamente diferentes, temos comportamentos que são fruto da educação que recebemos nas nossas famílias e comunidades. Em geral, os rapazes são educados para serem fortes e durões. São ensinados desde pequenos que devem brincar com bolas e carros por exemplo e que quando crescerem, devem trabalhar fora de casa e assegurar o sustento da família. As raparigas, pelo contrário, são educadas para serem boas donas de casa e para cuidar das crianças. Mas esta realidade está aos poucos a mudar, não é verdade? Hoje em dia vemos mais e mais mulheres a trabalharem fora de casa e a assumirem a liderança e a responsabilidade pelo sustento das suas famílias. A maioria dos pais quer o melhor para os seus filhos, uma boa educação e um bom trabalho, não importa se são rapazes ou raparigas.
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II. Da infância para a Vida adulta
O que é o Sexo e o que é o Género? Qual é a Diferença entre Sexo e Género? O SEXO é o elemento mais importante na sexualidade humana. Quando falamos de sexo, estamos a falar de “características biológicas que são usadas para descrever as pessoas ou animais como fêmeas ou machos de uma espécie”. Esta definição é feita no momento do nascimento com base na observação da genitália (órgãos reprodutores pénis e vagina) externa do recém-nascido. Muitas vezes, a palavra sexo é utilizada para falar do acto sexual, por exemplo, fazer sexo, que significa ter relações sexuais. Também é utilizada para falar do género de cada indivíduo. Então o que significa GÉNERO? Género: Refere-se aos papéis que a sociedade atribui aos rapazes e raparigas, ou seja o comportamento que se espera de uma pessoa por ser rapaz ou rapariga. O Género pode ser: Género Masculino: papel e comportamentos relacionados ao sexo masculino. Género Feminino: papel e comportamentos relacionados ao sexo feminino. Muitas vezes ouvimos dizer “homens não choram” ou “cuidar da casa é trabalho de mulher”. Isto são valores que algumas sociedades definiram para os rapazes e raparigas e esperam que as pessoas se comportem de acordo com esses valores. Por outras palavras, criam expectativas. São as expectativas de género que criam o julgamento sobre como nos comportamos, vestimos, andamos, falamos, e até mesmo como pensamos. A educação que recebemos nas nossas famílias, nas escolas, igrejas e nas comunidades prepara-nos para determinados tipos de comportamentos de acordo com o nosso sexo (feminino ou masculino) e estes comportamentos nos são cobrados por todos diariamente.
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Menino, não chores que isso não é coisa
Menina, vai brincar com as bonecas, os carros são do teu irmão!
Menino, deixa que a tua irmã vai cozinhar, isso não é serviço de homem!
de homem! Marido, é tua obrigação pagar a renda de casa, não vou usar o meu dinheiro para isso!
Você é mulher fica em casa, eu vou sair com os meus amigos!
Menina, tens que obedecer aos homens!
O dinheiro não chega para colocar as duas crianças naquela escola que é muito boa. Vamos mandar o Kilua, que é homem, para lá para ter uma boa formação. A Tchissola é mulher, pode continuar na mesma escola
As frases acima são exemplos de orientações dadas e decisões que são tomadas com base no facto de se ser rapaz ou rapariga, homem ou mulher. A isto chamamos relações de género. Serão elas justas? Será que o facto de termos nascido com o sexo masculino ou feminino deverá determinar tudo o que fazemos nas nossas vidas e que oportunidades devemos ter? Olha o exemplo do Kilua e da Tchissola, achas que a oportunidade deve ser dada ao Kilua apenas porque é rapaz? E se a Tchissola for mais inteligente e dedicada aos estudos, será que deve perder essa oportunidade pelo facto de ser rapariga? Sabes o que é IDENTIDADE DE GÉNERO? É o sentimento de cada pessoa em relação ao seu género (masculino ou feminino), que pode ou não coincidir com o sexo com que nasceu. Como podem observar mesmo nas nossas sociedades, embora exista na maior parte das vezes coincidência entre o sexo à nascença e a identidade de género, existem também casos em que isso não acontece. Há pessoas que afirmam ter uma identidade de género diferente daquela que corresponde ao seu sexo. Daqui nasce o termo TRANSGÉNERO.
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O que é um Transsexual? Uma pessoa TRANSSEXUAL é aquela que tem uma identidade de género diferente da sua à nascença e tem o desejo de viver e ser aceite como sendo do sexo oposto. Usualmente, os homens e as mulheres transsexuais não se sentem confortáveis com o seu sexo de nascimento e desejam mudar de sexo. Muitos conseguem alcançar o seu desejo com ajuda médica.
O Que é uma Pessoa Transgénero? TRANSGÉNERO – É alguém que possui uma identidade de género diferente do género de nascimento. Contudo estas pessoas não desejam viver e ser aceites como sendo do sexo oposto. Elas estão constantemente a passar de uma identidade para outra. Fazem-no por prazer ou por razões profissionais. Neste grupo de pessoas temos, por exemplo, os travestis, os transformistas e os drag queens. O respeito pelo género e pela identidade de género é um aspecto de extrema importância para a construção nas relações humanas saudáveis e para a promoção da paz e da tolerância.
Falando do Machismo e do Feminismo O Machismo é um preconceito. Baseia-se na ideia de que o homem é superior à mulher em todos os sentidos e que é obrigação da mulher servir o homem. Ao longo da história, a mulher foi tendo um papel de pouca importância, comparando com os homens. Ela foi considerada o sexo frágil e incapaz, sendo muitas vezes vista com o único propósito de cuidar da casa, da família e servir ao homem. Durante muitos anos, por exemplo, foi negado à mulher o direito ao voto e a expressão dos seus desejos e necessidades. Felizmente, os tempos, as culturas e os valores estão em constante transformação, algumas boas outras nem tanto, mas estas transformações estão a produzir muitas mudanças positivas nas relações de género Por exemplo, durante a Revolução Francesa no século XVIII, o MOVIMENTO FEMINISTA (mulheres em várias partes do mundo, mas principalmente em França, exigiam o reconhecimento dos seus direitos civis e políticos) começa a ser visível quando as mulheres saíram às ruas de França para exigir o respeito pelos seus direitos e a igualdade entre homens e mulheres. Elas foram conquistando alguns direitos em algumas sociedades, mas é em 1948 que realmente os seus direitos são reconhecidos internacionalmente com a adopção da Convenção contra Todas as Formas de Discriminação Contra a Mulher.
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Os anos 60 também constituíram um momento importante, uma vez que o Movimento Feminista ganha mais força com a descoberta dos anticoncepcionais (também conhecidos por anticonceptivos ou contraceptivos), que passaram a dar à mulher mais liberdades sexuais. O Movimento Feminista tem por objectivo não só conquistar a igualdade de direitos entre homens e mulheres, mas também combater a ideia de que a mulher é o sexo frágil e de que o seu lugar é em casa a cuidar dos filhos. A adopção do dia 8 de Março como Dia Internacional da Mulher tem por objectivo chamar a atenção para a importância de reconhecer a igualdade de género e promover o respeito pelos direitos das mulheres! É importante saberes que, perante a Declaração Internacional dos Direitos do Homem e a Constituição Angolana, homens e mulheres nascem livres e iguais em direitos e dignidade, sem que haja distinção de sexo. As mulheres já conquistaram muito, sendo hoje reconhecida a sua igualdade perante os homens. Hoje aumentaram as oportunidades para as mulheres em quase todas as áreas, principalmente na educação e no emprego. Contudo, as desigualdades de género ainda são muito visíveis e percebemos e sentimos estas diferenças no nosso quotidiano.
Dica: Não te esqueças: uma sociedade onde existe a igualdade de género e o respeito pelas diferenças é uma sociedade justa, onde homens e mulheres, independentemente da sua identidade sexual se respeitam mutuamente, têm as mesmas oportunidades, dividem as tarefas entre si e assim podem crescer como seres humanos melhores e mais preparados para a construção de um futuro melhor para TODOS.
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II. Da infância para a Vida adulta
Testa os Teus Conhecimentos Responde V - Verdadeiro ou F - Falso! 1. Homens e mulheres devem ter a mesma oportunidade 2. Os homens são superiores às mulheres 3. O machismo é um preconceito que pode gerar violência 4. A transsexualidade é uma prática que deve ser fortemente combatida 5. O rapaz, quando criança, não pode brincar com bonecas para não ficar efeminado 6. O verdadeiro homem não chora 7. O homem e a mulher podem dividir as tarefas domésticas 8. Os homens são melhores chefes 9. Transsexual e transgénero são a mesma coisa 10. Mulheres que trabalham não são boas mães nem boas esposas
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2.6 Orientação Sexual Desde a sua formação, o feto desenvolve diferentes características por influência das hormonas; essas células serão as responsáveis pela definição do sexo da criança, ou seja, do seu aspecto biológico e físico (se a pessoa terá barba ou não, se terá ovários ou testículos, etc.). Essas influências jogarão um papel muito importante na vida adulta da pessoa definindo e orientando os seus anseios e desejos sexuais. A estas definições e orientações dos anseios e desejos sexuais chamamos de ORIENTAÇÃO SEXUAL. Na verdade, a nossa SEXUALIDADE manifesta-se de várias e diferentes maneiras. Na forma como nos vestimos, como andamos, um abraço, uma carícia, um beijo, um olhar... Tudo isto são maneiras de manifestarmos a nossa SEXUALIDADE. E são manifestações que nos dão muito prazer e satisfação. Nem todos nós sentimos desejo de sexo e afecto em relação a pessoas do sexo oposto do nosso. Por exemplo, rapazes atraídos por raparigas, ou raparigas atraídas por rapazes. Existem rapazes que se sentem atraídos por rapazes e raparigas que se sentem atraídas por raparigas. Além disso, há pessoas que se sentem atraídas por ambos os sexos.
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Orientação sexual é a atracção física, emocional, sexual ou afectiva por outra pessoa. É a expressão que identifica para quem direccionamos os nossos interesses sexuais. Quando a atracção sexual é dirigida para pessoas de sexo diferente do nosso, damos o nome de orientação heterossexual.
Tipos de Orientação Sexual: Orientação Heterossexual - Quando a atracção é dirigida a pessoas do sexo oposto; Orientação Homossexual - Quando a atracção é dirigida a pessoas do mesmo sexo; Orientação Bissexual - quando a atracção é dirigida a pessoas dos dois sexos;
As expectativas de género podem causar uma pressão social tão grande que as pessoas com uma orientação sexual diferente da heterossexual têm dificuldades em assumir a sua orientação, e as que o fazem são muitas vezes vítimas de estigma e discriminação.
É importante lembrar que devemos respeitar a orientação sexual de cada um! A violência e a discriminação são crimes condenados pela Lei de Angola!
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II. Da infância para a Vida adulta
Homofobia e Discriminação Já ouviste falar em homofobia?
Homofobia é um preconceito e sentimento de repulsa, uma atitude de agressão e hostilidade contra pessoas com orientação sexual diferente da nossa.
A forma mais grave da homofobia é a que resulta em qualquer tipo de violência contra o outro! A DISCRIMINAÇÃO provoca DOR, HUMILHAÇÃO e até mesmo VIOLÊNCIA, particularmente nas pessoas cuja única diferença é terem uma orientação sexual diferente das demais. Muitas vezes, estas pessoas são motivo de gozo e maus tratos e, em alguns casos, são até expulsas dos seus lares, comunidades, dos seus ambientes de trabalho e lazer. Toda a forma de discriminação tem a sua origem num preconceito e deve ser firmemente combatida! Coloca-te no lugar destas pessoas. Será que o facto de terem uma orientação sexual diferente da tua é motivo para não serem respeitadas, serem humilhadas, discriminadas ou até violentadas? Como te sentirias se por uma razão qualquer fosses motivo de humilhação e discriminação e até de violência?
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II. Da infância para a Vida adulta
Dica: Não te esqueças, o respeito pelo próximo é um princípio fundamental para a boa convivência entre as pessoas.
Testa os Teus Conhecimentos Responde V - Verdadeiro ou F - Falso! 1. Os homossexuais têm os mesmos direitos que as pessoas heterossexuais 2. Ser homossexual é ser promíscuo 3. As lésbicas são homossexuais femininas 4. Homofobia significa gostar de homens 5. A homofobia pode despertar violência e até causar a morte
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III Relações Humanas e Sexualidade
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III Relações Humanas e Sexualidade
III Relações Humanas e Sexualidade 3.1 Relações Humanas Nós, seres humanos, somos seres sociais. Isto quer dizer que nos relacionamos com as outras pessoas, ou seja, com a nossa família, namorado ou namorada, amigos, colegas de escola ou de trabalho, vizinho, membros das igrejas, entre outros. Estes relacionamentos acontecem de várias formas, com alguns é mais íntimo, com outros mais distantes. Os nossos sentimentos e emoções são as reacções ao que experimentamos do ambiente em que vivemos e convivemos. Eles são afectados pelo que os nossos sentidos nos dão, ou seja, pelo que vemos, ouvimos, tocamos, cheiramos ou sentimos o paladar. As nossas emoções podem manifestar-se de várias maneiras: felicidade, excitação, aborrecimento, tristeza, medo, alegria, preocupação, fúria, etc. Portanto, os nossos sentimentos e emoções podem ser bons ou maus - isso é normal. O importante é que consigamos colocá-los para fora, evitando assim que cresçam e causem situações de stresse, conflito ou doença. Contudo, os sentimentos negativos devem ser partilhados de forma que não causem danos a nós mesmos ou a outros. A fúria acontece quando alguém é magoado, por exemplo, ser ignorado, rejeitado, desrespeitado, ameaçado ou agredido. Nos nossos relacionamentos diários, é importante aprendermos a controlar a forma como manifestamos a nossa fúria, evitando assim agredir outras pessoas e gerar mais conflito. Os nossos valores são coisas que achamos serem importantes na nossa vida, aquilo que acreditamos e defendemos. As pessoas têm diferentes valores, o mais importante é fazer valer os nossos valores, respeitar os dos outros e aprendermos com os outros valores positivos. Outro aspecto que devemos ter em conta é que os nossos valores influenciam os nossos relacionamentos. Por um lado, podemos aprender valores positivos com os nossos relacionamentos, por outro, podemos ser influenciados por valores negativos porque queremos ser aceites por alguém ou em determinados grupos.
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Exemplo de Valores que contribuem positivamente nas relações de amizade: Respeito – significa valorizar a pessoa, assim como as suas ideias e crenças, mesmo que sejam diferentes das nossas, tratando-a da mesma forma que gostaríamos de ser tratados; Responsabilidade – Ser confiável e assumir as nossas obrigações, contribuindo para o nosso e o bem-estar dos outros; Ser compreensivo – Conhecer e ouvir as outras pessoas, as suas crenças, sentimentos e vontades; Esforçar – Empenharmo-nos para manter a amizade; Cuidar – Preocuparmo-nos com as outras pessoas, dando um pouco de nós para elas; Partilhar – Apoiar um ao outro, principalmente em tempos difíceis. Partilhar comida, livros, como valores e ideias.
A Amizade Quem São os nossos Amigos? Para percebermos quem são os nossos amigos, temos que perceber primeiro o conceito de amizade.
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III Relações Humanas e Sexualidade
A amizade é um conjunto de sentimentos de afecto, carinho, lealdade, protecção, entre outros, que uma pessoa tem por outra. A amizade pode existir entre homens, mulheres, irmãos, namorados, casais, enfim, entre pessoas com os mais variados vínculos. É um relacionamento social, voluntário e de intimidade que pode ter por base características como a reciprocidade, ou seja, dar e receber, afecto, confiança, respeito, compreensão, ajuda mútua, etc. As pessoas não precisam ser parecidas ou ter os mesmos gostos e interesses para serem amigas. Amigos podem ter diferentes opiniões, valores, cultura e religião. Às vezes é nas diferenças que nasce a amizade, pois podem partilhar ideias, curiosidades e experiências de vida que se complementam. Os nossos amigos influenciam as nossas escolhas e os nossos comportamentos. As relações de amizade saudáveis podem ajudar-nos a enfrentar muitos dos desafios que a vida nos apresenta. O importante é termos em mente que tudo começa pela auto-estima e pelo respeito: Respeito por nós mesmo e respeito pelos outros. A auto-estima significa gostarmos de nós em primeiro lugar, quer dizer que temos cuidado para não fazermos coisas que nos façam mal ou deixar que outras pessoas nos magoem ou prejudiquem. Assim, partilhamos algumas ideias sobre o respeito por ti próprio e pelos outros para reflectires: 1. É importante conheceres bem a ti próprio/a para saberes o que gostas e o que não gostas, prestares atenção aos teus comportamentos e como eles atingem as pessoas à tua volta. Só assim poderás minimizar as situações que te fazem mal ou que podem fazer mal a outras pessoas; 2. Deves pensar nas outras pessoas e tratá-las com consideração, respeitando as suas opiniões, sentimentos e motivações. Para tal, é importante saberes ouvir; 3. Por outro lado, para teres relacionamentos saudáveis, não basta ouvir, tens que saber falar, explicar as tuas opiniões, vontades e dificuldades. É importante falares com clareza, sinceridade, serenidade e respeito; 4. A gentileza, cordialidade e a simpatia também ajudam muito. Podes saudar as pessoas, ajudar uma pessoa a levar um saco sem que te peça, enfim, ajudar sem esperar algo em troca; Manual de Educação de Pares sobre a Sexualidade
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III Relações Humanas e Sexualidade
5. Por fim, a ética ou seja, agir correctamente com as outras pessoas, não prejudicar propositadamente, ser justo, respeitar o espaço dos outros e os acordos, mesmo que não tenham sido estabelecidos formalmente (por exemplo, não atirar lixo para o chão). Se observares todos estes aspectos nos teus relacionamentos, quer sejam amorosos ou não (no relacionamento com familiares, vizinhos, colegas, e conhecidos), verás que a convivência com as outras pessoas será mais saudável e haverá menos conflitos. O importante é que sempre exista RESPEITO entre as pessoas. Respeito é uma ATITUDE que implica a aceitação do OUTRO como ele é, independentemente das suas características ou formas de pensar e agir.
O Namoro Ao longo da nossa vida vai surgindo um outro tipo de sentimento: a ATRACÇÃO SEXUAL e o AMOR diferente do sentimento que nutrimos pelos nossos pais, irmãos e amigos. Namorar é um sentimento muito especial. No início, é bom saber que alguém está interessado em nós, principalmente quando também temos interesse. Como deves saber, os relacionamentos podem começar de várias formas: porque a tua amiga apresentoute a pessoa, porque é colega de escola ou trabalho, porque cruzaram-se em algum lugar e há uma forte atracção física ou seja, “bateu aquele clic”. Podes conhecer a pessoa e apaixonares-te por ela com o tempo, ou ela pode entrar de repente na tua vida, trazendo fortes emoções, aquela sensação de ansiedade, frio na barriga, entre outros. Então, o que é o Namoro? O namoro é uma relação amigável e de ternura entre duas pessoas. É o momento em que duas pessoas que gostam uma da outra, que se apreciam e se amam procuram conhecerse, trocar emoções, experiências e fazem planos de uma vida em comum. Essa relação pode ser por um período curto ou duradouro, no qual os namorados fazem projectos ou tomam decisões prós (a favor) ou contra o casamento. Durante o namoro, frequentemente, as pessoas dialogam, trocam afectos especiais, tais como beijos, carícias e algumas vezes têm relações sexuais. Por essa razão, o namoro deve ser visto como uma relação séria e responsável e, como tal, ele deve basear-se na: • Responsabilidade, compreensão e respeito; • Conhecimento do que o outro pensa, sente e faz; • Conhecimento e aceitação pela família do/a outro/a, etc.
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III Relações Humanas e Sexualidade
Há um período em que tudo é perfeito, és feliz e queres estar sempre ao lado da pessoa amada. Com o tempo as coisas podem deixar de ser tão perfeitas, o que não quer dizer necessariamente que deixaram de gostar um do outro. Apenas a atracção física deixa de ser a única coisa importante e as pessoas passam a dar mais atenção aos seus sentimentos e vontades. É importante que numa relação respeites os teus sentimentos e vontades, mas que também respeites os sentimentos e vontades do/a teu/tua parceiro/a.
Beijar na boca é “fixe”. Há algo de incorrecto no beijo? Não. O beijo é um acto íntimo e muito bonito quando existe amor, carinho e paixão. É também uma forma de manifestarmos os nossos sentimentos. Mas não te esqueças que deves também cuidar da higiene da tua boca e dos teus dentes para que o beijo te saiba bem!
No namoro, como em qualquer outro tipo de relação, a observação das regras de higiene individual é bastante importante. O cheiro de uma pessoa pode atrair, como pode afastar as pessoas. Por exemplo, quando uma pessoa tem um cheiro agradável, sentimo-nos bem ao seu lado. Caso contrário e se o cheio for incomodativo, a tendência é de nos afastarmos.
Dica: Não te esqueças, o respeito pelo próximo é um princípio fundamental para a boa convivência entre as pessoas.
Testa os Teus Conhecimentos Responde V - Verdadeiro ou F - Falso! 1. A auto-estima não é importante para o relacionamento entre as pessoas 2. Devo respeitar os valores do meu/minha namorado/a 3. A amizade é importante na relação entre namorados 4. É normal o namorado ter ciúmes e bater a namorada e vice-versa, afinal é uma prova de amor
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III Relações Humanas e Sexualidade
3.2 Sexo Seguro O que é o Sexo Seguro?
SEXO SEGURO são todas as práticas sexuais responsáveis e sem riscos de engravidar ou de contrair uma infecção transmitida sexualmente, através de um parceiro ou uma parceira infectado/a.
Praticar sexo seguro é uma forma de responsabilidade contigo próprio e com o/a teu/tua parceiro/a. É uma protecção da saúde física e mental.
SEXO SEGURO é uma relação de RESPEITO e de NÃOVIOLÊNCIA! Envolve consenso, ou seja, deve existir consentimento dos participantes, isto é, só acontece quando as pessoas envolvidas na RELAÇÃO estão de acordo quanto ao que querem e se RESPEITAM
Por todos estes motivos, o SEXO SEGURO começa com uma ACÇÃO importante: a negociação da forma como se dará a RELAÇÃO. NEGOCIAR é combinar qual a responsabilidade de cada um, independentemente do tipo de relação (sexo entre duas ou mais pessoas de forma regular ou ocasional), seja heterossexual, homossexual ou bissexual.
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III Relações Humanas e Sexualidade
Qual é a Idade Ideal para Iniciar a Vida Sexual? Não existe uma idade definida como ideal para o início da actividade sexual. Contudo aconselha-se a aguardar pelo momento em que o/a jovem já tenha conhecimento e maturidade suficientes para tomar decisões informadas e ter uma sexualidade saudável e responsável. A decisão de iniciar a vida sexual não deve ser tomada apenas pelo facto de estarmos apaixonados. É importante termos a certeza do passo que estamos a dar e como queremos dar. Não devemos ceder à pressão do/a companheiro/a ou de outras pessoas. A decisão deve ser nossa e devemos, de preferência, procurar aconselhar-nos junto de profissionais da área ou de pessoas adultas responsáveis em quem confiamos. É importante conhecermos bem o/a nosso/a parceiro/a, criar uma relação de confiança, conversar sobre o assunto, medindo os prós e contras”. A responsabilidade pela vida sexual saudável e segura é do casal. Tanto os rapazes como as raparigas têm o dever de procurar uma orientação não só para evitar uma gravidez que não desejam, mas também para evitar infecções.
O que fazer para Ter Relações Sexuais Sem Risco? Existem diversas formas de dar e receber prazer sexual sem contrair uma infecção transmitida sexualmente ou engravidar. Nas relações amorosas, as pessoas podem expressar os seus sentimentos com beijos, abraços e carícias. Podes praticar a ABSTINÊNCIA SEXUAL, que é a decisão de não ter relações sexuais até que te sintas seguro/a para fazê-lo. Masturbação – São carícias realizadas pela própria pessoa ou por outras nos órgãos genitais, seios e restantes partes eróticas (que dão prazer sexual) do corpo. Através da masturbação podemos conhecer melhor o nosso corpo e saber quais os locais que são mais sensíveis; para além disso, podemos descobrir qual a melhor maneira de nos tocarmos e sentirmos mais prazer.
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A Masturbação é Prejudicial à Saúde? Não, a masturbação é uma prática normal, em qualquer idade. Ela não causa qualquer prejuízo físico ou psicológico; não faz crescer pêlos nem calos nas mãos; não faz a coluna ficar torta; a rapariga pode se masturbar sem perder a virgindade; não faz esgotar a quantidade de espermatozóides; não cria impotência sexual; não engrossa, não afina e nem entorta o pénis. Contudo, a masturbação torna-se preocupante quando o/a adolescente ou o/a jovem utiliza objectos que podem magoar ou provocar infecções. É importante também que dediquem parte dos seus tempos livres a outros compromissos ou actividades importantes como jogar, ler, conviver, caminhar, etc. Fidelidade - Significa ter apenas um/a único/a parceiro/a sexual. A fidelidade é importante e necessária, pois permite-nos ter uma relação estável, baseada no respeito e no amor. Ela permite-nos reduzir os riscos de adquirir infecções transmitidas sexualmente, incluindo o VIH e Sida. Uso Correcto e Consistente do Preservativo – significa usar correctamente o preservativo em todas as relações sexuais. Esta é a forma mais segura de evitar os riscos de uma gravidez indesejada e de contrair uma infecção transmitida sexualmente. Existem outras formas de evitar os riscos de gravidezes indesejadas a que chamamos de MÉTODOS CONTRACEPTIVOS; vamos saber mais sobre o assunto?
Métodos Contraceptivos São formas de evitar uma gravidez. Hoje em dia, existe uma variedade grande de métodos para evitar uma gravidez. Estão disponíveis nos postos de saúde, nos hospitais, nas consultas de planeamento familiar e nas farmácias. É importante que quando decidires iniciar a tua vida sexual, procures um profissional de saúde que te possa aconselhar para que vivas a tua sexualidade de forma saudável e segura. Como dissemos anteriormente, tanto os rapazes como as raparigas têm o dever de procurar uma orientação não só para evitar gravidezes indesejadas, mas também para evitar infecções sexualmente transmissíveis.
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Tabela de Métodos Contraceptivos
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Tabela de Métodos Contraceptivos (Continuação)
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Tabela de Métodos Contraceptivos (Continuação)
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Preservativo Masculino e Feminino O preservativo (masculino ou feminino) é considerado o único método de dupla protecção, isto é, protege-nos não só de uma infecção transmissível sexualmente, incluindo o VIH e Sida, mas também ajuda a prevenir uma gravidez não desejada. Em África em geral e em Angola em particular, é cada vez maior o número de pessoas que infectadas pelo VIH por não usarem o preservativo de forma correcta e consistente, principalmente em situações de risco. Para os jovens que têm uma vida sexual activa e que tiveram ou têm mais do que um/a parceiro/a, é altamente recomendado o uso do preservativo durante todas as relações sexuais, sejam ocasionais ou não. Para o uso correcto do preservativo, é necessário ter em atenção alguma cuidada: Não pode ser usado em mais do que uma relação sexual; deve ser conservado com cuidado, para assegurar que esteja em condições quando precisarmos usar. Os preservativos masculinos e femininos funcionam como uma barreira que evita que o espermatozóide (semente masculina) se encontre com o óvulo (semente feminina), prevenindo a fecundação ou a concepção de uma nova vida. Além disso, os preservativos evitam também o contacto dos fluídos corporais durante as relações sexuais, protegendo assim as pessoas envolvidas de se infectarem com uma infecção sexualmente transmissível, incluindo o VIH.
Uso Correcto do Preservativo
Sempre que se adquirir um preservativo, é importante observar o estado de conservação da embalagem e a data de validade. Estes aspectos são de extrema importância e quando não observados contribuem para o rebentar do preservativo no acto sexual e com isso, aumenta-se o risco de contaminação por uma ITS ou VIH.
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Passos para usar o preservativo masculino
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Depois de verificarmos o seu estado de conservação e a data de validade, devemos abri-lo com muito cuidado para não rasgar. Existe um espaço apropriado para a sua abertura. Não é preciso objectos perfurantes ou cortantes para o abrir (imagem 1). Para colocar o preservativo masculino é necessário que o pénis esteja erecto (rijo). É importante verificar se está do lado certo, para poder ser desenrolado ao longo do pénis (imagem 2). Em seguida, aperta-se a ponta (ou reservatório), deixando-se aquele espaço para o esperma. Depois de apertar a ponta, coloca-se sobre a cabeça do pénis e vai-se desenrolando devagar (imagem 3). Depois da ejaculação, devemos tirar o pénis da vagina com ele ainda erecto, a fim de evitar que o preservativo fique dentro da vagina (imagem 4). Depois do acto sexual, devemos se possível, voltar a colocar no invólucro ou pacote de onde saiu ou embrulhar num guardanapo de papel ou papel higiénico, deitar no lixo fora do alcance das crianças (imagem 5).
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Passos para usar o preservativo feminino 4
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Empurrar com o dedo para que não torça
Segurar o anel interno e apertar
O anel externo deve permanecer fora. Introduzir o pénis no interior do preservativo
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Introduzir o mais fundo possível Depois do acto, retirar, embrulhar e deitar no lixo
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dúvidas sobre o preservativo
Sou virgem e o meu noivo é casto, mesmo assim devemos usar preservativos? Enquanto não conhecermos o estado de saúde da(o) parceira(o), devemos sempre e em todas as relações sexuais utilizar o preservativo - Antes de nos envolvermos com alguém, devemos realizar os testes do VIH, Hepatite B e Sífilis, bem como as consultas de ginecologia e urologia para termos a certeza de que estamos bem e tratarmos qualquer problema que possa colocar em perigo a nossa saúde. Quando precisares de ter relações sexuais, seja por via oral, vaginal ou anal e não conheceres o estado de saúde da(o) parceira(o), o melhor é usarem correctamente o preservativo.
Existem preservativos masculinos de vários tamanhos? - Sim, mas o preservativo é feito de borracha ou látex, com capacidade elástica para servir e adequar-se a todos tipos de pénis. Existem de diferentes tipos, cores e incluindo com diferentes sabores.
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Somos virgens, eu e o meu noivo, mesmo assim devemos usar preservativos? – Já fizeram os testes do VIH, Hepatite B e Sífilis? Os resultados foram negativos? Se a resposta for sim, então poderão ter relações sexuais sem preservativo. Se houver dúvida, o melhor é optar pelo preservativo.
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Usei um preservativo, mas o seu cheiro me incomodou; além disso, era muito seco! – Existem preservativos com ou sem cheiro. O que te incomodou foi o cheiro do látex de que eles são feitos. Os que têm odores disfarçam o cheiro do látex. Quanto a serem secos, lembra-te que existem aqueles que vêm com lubrificantes.
Na minha religião não se aceita o uso de preservativos ou contraceptivos! – Todas as religiões têm no seu seio o respeito e o amor pelos outros como DOUTRINA. Se uso o preservativo é porque devo cuidar e zelar pela pessoa com quem me relaciono.
“Não sinto prazer com o uso do preservativo!”. – Hoje existem preservativos super sensíveis, que não alteram em nada o prazer obtido pelo rapaz durante a RELAÇÃO SEXUAL. Alguns deles têm textura especial que aumenta o prazer tanto do rapaz quanto da rapariga.
Sinto que se uso o preservativo a minha dama sente-se ofendida. – Fala abertamente com ela sobre a importância, para os dois, da prática do SEXO SEGURO. Demonstra a ela que se trata de uma expressão do teu carinho e consideração por ela.
De vez em quando esqueço-me de trazer comigo um preservativo! – Procura nunca esquecê-lo, muitas vezes a tua parceira pode ter um na carteira. Ou algum dos amigos que estão por perto traz um preservativo extra. No entanto, se nenhuma destas alternativas funcionar, contentemse com SEXO sem penetração. Divirtam-se com todas as opções que uma RELAÇÃO SEXUAL sem penetração pode oferecer. Depois dessa nunca mais saia de casa sem um preservativo no bolso.
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Já sou um homem maduro e não me vejo a usar preservativo! – As infecções sexualmente transmissíveis e as gravidezes não planeadas não vêem a idade, atingem os jovens e os mais velhos. Protege-te e a tua parceira usando o preservativo. Até cavalo velho aprende coisas novas!
Ter de usar preservativo quebra a magia e a tesão, Meu namorado até perde a erecção. Usa o preservativo como um acessório erótico, usa a tua imaginação!
Tenho medo que os meus pais descubram que tomo pílula! – Para esta situação há duas saídas: ou abres o jogo e contas que já tens relações sexuais e não gostarias de ter uma gravidez fora de hora, ou tomas a pílula às escondidas. De qualquer forma, sempre será melhor do que uma gravidez indesejada ou até mesmo um ABORTO.
Existem preservativos de vários tamanhos? – Claro que sim. É só procurar aquele que te servirá melhor.
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IV
IV - Vulnerabilidades e Riscos na VivĂŞncia da Sexualidade
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IV - Vulnerabilidades e Riscos na Vivência da Sexualidade A VULNERABILIDADE pode ser entendida como a condição de risco em que uma pessoa se encontra. Pode ser um conjunto de situações mais ou menos problemáticas, que colocam a pessoa numa condição de fragilidade. Exemplo: uma pessoa que consome drogas pode tornar-se vulnerável porque está em risco de intoxicar-se, de perder a sua capacidade de avaliar os riscos em que se coloca, podendo ser atropelada por não perceber a aproximação de um carro, pode ainda ser assaltada porque não tem noção do perigo à sua volta, pode envolver-se numa relação sem preservativo e gerar uma criança ou contrair uma infecção sexualmente transmissível, etc. RISCO é um termo que define uma situação de perigo ou exposição a situações que ameaçam o bem-estar da pessoa em causa. Por exemplo, a nossa alimentação - ao alimentarmo-nos bem e com qualidade, teremos boa saúde. Mas qualquer excesso poderá gerar doenças e até a morte. O mesmo acontece quando falamos da vivência da nossa sexualidade. Podemos escolher formas e momentos de exercer a nossa sexualidade de forma responsável e segura. Isto quer dizer com menos risco e mais segurança. Assim protegemos a nós mesmos e a quem amamos. São muitos os riscos associados à vivência da nossa sexualidade. Entre eles, a violência, o uso de drogas incluindo o álcool, as relações sexuais sem protecção que nos colocam em risco de sermos pais em momentos menos apropriados ou desejados, e até mesmo de contrairmos uma infecção sexualmente transmissível. É importante que tenhamos a percepção dos riscos e das vulnerabilidades que nos rodeiam para que possamos reagir a elas. Por outras palavras, devemos ter consciência de que as nossas escolhas e comportamentos colocam-nos em situações que podem ser boas ou más, pelo que é importante reflectirmos sobre elas antes de tomarmos qualquer decisão.
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Situações de Risco
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4.2 Falando de Violência Afinal, o que é a violência? VIOLÊNCIA é um comportamento intencional que pode causar danos físicos e ou emocionais ao próximo. Está baseada no uso excessivo da força. Ela é normalmente usada por pessoas mais fortes para demonstrarem poder perante as mais fracas. Essas pessoas que praticam a violência têm sérios problemas mentais que podem ser provocados pela violência que praticam no seu dia-a-dia ou porque foram vítimas de violência. Contudo, isto não é uma desculpa para se ser violento. Estas pessoas devem procurar ajuda profissional para resolver o seu problema.
Já foste vítima de algum tipo de violência? Como te sentiste? O que podes fazer para combater a violência? Existem várias formas de violência. Vamos conhecê-las?
Violência Doméstica É uma forma de violência que acontece quando uma pessoa da nossa família, ou alguém que mora na nossa casa ou com quem se tem ou teve uma relação íntima pratica ou é vítima de actos que magoam, maltratam ou tenta magoar ou maltratar. Ela apresenta-se sob várias formas: Maus Tratos Psicológicos e Emocionais: • Quando os pais, as pessoas que deveriam cuidar de nós, os irmãos ou outros familiares nos insultam, gritam, ameaçam, intimidam ou humilham; • Quando os pais, as pessoas que deveriam cuidar de nós, os irmãos ou outros familiares nos isolam ou afastam de pessoas que são importantes para nós ou nos proíbem de conviver com elas. Maus Tratos Físicos: Quando os pais, as pessoas que deveriam cuidar de nós, os irmãos ou outros familiares usam a agressão física, a força física ou a ameaça para nos controlar, humilhar ou castigar.
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Alguns exemplos: • • • • • •
Dar bofetadas, murros ou pontapés; Bater ou atirar objectos; Empurrar ou lançar; Amarrar ou prender; Morder e queimar; Ameaçar que nos vão fazer mal.
Violência Sexual: • Quando alguém nos faz comentários sexuais indesejados; • Quando alguém toca ou tenta tocar nos nossos órgãos sexuais, nos força ou convence a tocar nos nossos órgãos sexuais ou nos de outra pessoa; • Quando alguém nos obriga ou convence a praticar actos sexuais: penetração anal, vaginal e/ou oral, com partes do corpo ou objectos; • Quando alguém nos obriga ou convence a participar em vídeos e/ou fotos de natureza sexual, em actos de pornografia ou espectáculos eróticos. A violência sexual pode envolver outras formas de violência, tais como a violência psicológica, emocional e física: • • • •
Intimidar; Ameaçar; Chantagear; Usar a força física ou agredir.
Exploração pelo Trabalho: Quando os pais, outras pessoas da família ou os cuidadores nos obrigam a fazer tarefas ou actividades claramente excessivas, que deveriam ser realizadas por adultos e que prejudicam o nosso desempenho escolar e crescimento. Negligência: • Quando os pais ou as pessoas que deveriam cuidar, proteger e garantir a nossa saúde, higiene, alimentação e/ou educação não o fazem. • Quando os pais ou as pessoas que deveriam cuidar de nós não dão o carinho, a atenção e o afecto que precisamos ou não mostram interesse por nós.
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Testemunhar Agressões e Discussões entre os Pais: • Quando vemos, ouvimos ou ficamos a saber que os nossos pais, os nossos familiares ou as pessoas com quem vivemos se agridem física, verbal, psicológica ou sexualmente. Lembra-te: Se fores vítima de violência, • Tens o direito de viver num ambiente livre de violência. • Os teus pais, familiares e as pessoas que deveriam cuidar de ti não têm o direito de te agredir, magoar, assustar ou humilhar.
Violência no Namoro É um acto de violência, pontual ou contínua, cometida por um dos parceiros (ou por ambos) numa relação de namoro, com o objectivo de controlar, dominar e ter mais poder do que a outra pessoa envolvida na relação. Existem diferentes formas de violência no namoro: Violência Física: Por exemplo, quando o/a teu/tua namorado/a: • Empurra-te; • Agarra-te ou prende-te violentamente; • Atira-te objectos; • Bate-te; • Ameaça usar a força física ou agredir-te de outra forma. Violência Sexual: Por exemplo, quando o/a teu/tua namorado/a: • Obriga-te a praticar actos sexuais (sexo anal, sexo oral e/ou vaginal), mesmo quando não queres; • Acaricia-te (ou força carícias), contra a tua vontade.
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Violência Verbal: Por exemplo, quando o/a teu/tua namorado/a: • Chama-te nomes e/ou grita contigo; • Humilha-te através de críticas e comentários negativos (ex.: “Não vales nada.”); • Intimida-te e ameaça-te. Violência Psicológica: Por exemplo, quando o/a teu/tua namorado/a: • Parte ou estraga os teus objectos ou roupa; • Controla a tua maneira de vestir; • Controla o que fazes nos tempos livres e ao longo do dia; • Liga-te constantemente ou envia mensagens; • Ameaça terminar a relação como estratégia de manipulação. Violência Social: Por exemplo, quando o/a teu/tua namorado/a: • Humilha-te, envergonha ou tenta denegrir a tua imagem em público, especialmente junto dos teus familiares e amigos; • Mexe, sem o teu consentimento, no teu telemóvel, nas tuas coisas, etc.; • Proíbe-te de conviver com os teus amigos e/ou com a tua família. Podem acontecer diferentes formas de violência na mesma relação no namoro. Por exemplo, as agressões verbais podem ocorrer antes de uma agressão física. Todas as formas de violência no namoro têm um objectivo comum: magoar, humilhar, controlar e assustar.
Lembra-te: • A violência nunca é uma forma de expressar amor ou paixão por outra pessoa. • Os ciúmes não servem de justificação para qualquer comportamento violento.
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Bullyng Já Ouviste falar de Bullying (intimidação, perseguição, agressão/assédio moral)? Este termo tem sido muito usado para descrever a violência contínua que acontece entre colegas da mesma turma, da mesma escola ou entre pessoas que tenham alguma característica em comum (por exemplo: terem mais ou menos a mesma idade; estudarem no mesmo sítio ou andarem à volta dos sítios frequentados por adolescentes e jovens). No Bullying existe algum desequilíbrio de poder entre quem agride e quem é agredido: • Quem agride é mais forte ou está em maior número do que a vítima (por exemplo, um grupo de colegas da mesma turma agride um colega de outra turma); • A vítima tem alguma característica física que a torna “diferente” dos outros (por exemplo, é mais baixa/ mais alta que os colegas; usa óculos ou aparelho nos dentes; tem uma forma diferente de se vestir; é de uma etnia diferente da maioria ou tem outra nacionalidade); • A vítima tem alguma característica na sua “forma de ser” que a pode tornar mais frágil (por exemplo, ser inseguro/a, calado/a e isolado/a). Os comportamentos agressivos repetem-se no tempo: acontecem mais do que uma vez. Os comportamentos agressivos são propositados: têm o objectivo de assustar, magoar, humilhar e intimidar a vítima. As agressões podem ser cometidas contra uma vítima ou contra várias vítimas.
Que formas de Bullyng existem? Bullying Físico: • Empurrar, amarrar ou prender; • Dar bofetadas, murros ou pontapés; • Cuspir, morder; • Roubar dinheiro ou outros bens pessoais; • Rasgar roupa e/ou estragar objectos.
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Bullying Sexual: • Insultar ou fazer comentários de natureza sexual; • Obrigar à prática de actos sexuais. Bullying Verbal: • Chamar nomes; • Gritar; • Gozar, fazer comentários negativos ou críticas humilhantes; • Ameaçar. Bullying Social: • Deixar de fora dos trabalhos de grupo e/ou dos jogos; • Inventar mentiras; • Espalhar rumores, boatos ou comentários negativos ou humilhantes; • Receber recorrendo ao uso da força e sob ameaças o lanche e os pertences de outros jovens e adolescentes. Cyber Bullying: • Espalhar informação falsa, assediar/perseguir, incomodar e/ou insultar através de SMS, MMS, e-mail, websites, chats, redes sociais. Bullying Homofóbico: Forma de bullying motivada pelo preconceito em relação à orientação sexual ou identidade de género de outra pessoa (seja essa pessoa homossexual, heterossexual, bissexual ou transsexual). Pode tomar a forma de bullying físico, sexual, verbal, social e/ou cyberbullying, como, por exemplo: • Contar (ou ameaçar contar) a outras pessoas, contra a nossa vontade, segredos ou informações sobre a nossa sexualidade; • Discriminar com base na nossa identidade e expressão do género sexual (relacionado com a maneira como nos vestimos ou nos expressamos); • Fazer comentários negativos de cariz sexual e/ou gestos obscenos; • Praticar toques sexuais indesejados ou outros actos sexuais contra a nossa vontade; • Fazer comentários e/ou piadas homofóbicas; • Denegrir a nossa imagem junto de outras pessoas, inventando mentiras ou espalhando rumores/informação falsa; • Excluir propositadamente do nosso grupo de amigos e/ou forçar o afastamento dos amigos ou das pessoas que nos são mais próximas; • Deixar de fora das actividades, dos desportos/jogos e/ou das coisas que gostamos de fazer.
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LEMBRA-TE: Independentemente da orientação sexual ou identidade de género, qualquer pessoa pode ser vítima de bullying homofóbico. Estes comportamentos continuam a ser uma forma de violência e podem acontecer dentro e fora da escola, no caminho para casa ou num outro lugar qualquer. O BULLYING É CRIME! Estas diferentes formas de bullying podem evoluir, de formas menos graves para formas mais graves. Por exemplo: os insultos ou comentários negativos podem dar lugar às agressões físicas. A VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA está presente em cada uma destas formas de bullying: qualquer que seja o tipo de bullying, o objectivo é causar mal-estar, desconforto, medo, vergonha e insegurança à vítima.
Violência Sexual É qualquer acto sexual indesejado, ou tentativa de acto sexual, avanço ou comentário sexual não desejado, assim como quaisquer outros contactos e interacções de natureza sexual efectuados por uma pessoa sobre outra, contra a sua vontade. A violência sexual pode ser cometida por diferentes pessoas, por exemplo: • • • • • • • •
Por estranhos; Por alguém que se conhece (ex.: colega; vizinho/a); Por alguém próximo (ex.: familiar; amigo/a; (ex.) namorado/a); Por adultos contra crianças/jovens; Entre adultos; Entre jovens; Por homens ou mulheres; Por rapazes ou raparigas.
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Pode, por isso, acontecer em diferentes relações, tais como: • • • • • •
Nas relações mais íntimas; Nas relações familiares; Nas relações de namoro; Nas relações de amizade; Nas relações ocasionais (“numa curte” ou relacionamento de uma noite); Nas relações formais (com colegas de trabalho, por exemplo).
Também pode acontecer em diferentes contextos, por exemplo: • • • •
Em casa; Na escola; Na rua; Na internet.
O/A agressor/a pode usar diferentes estratégias para concretizar a violência sexual: • Força física ou violência; • Ameaçar e/ou chantagear, humilhar ou intimidar (ex.: ameaçar que faz mal a alguém próximo da vítima; ameaçar que vai revelar um segredo da vítima se esta não se envolver sexualmente com o/a autor/a da ameaça); • Aproveitar a relação de confiança que tem com a vítima para a agredir sexualmente (pode, por exemplo, acontecer nas situações de violência sexual em que a vítima e o/a agressor/a são próximos/as); • Aproveitar o seu maior poder ou autoridade para pressionar ou forçar a vítima (ex.: quando um/a chefe ou superior hierárquico usa o seu estatuto para forçar os seus funcionários à prática de actos sexuais); • Colocar previamente a vítima num estado em que não seja capaz de resistir ao que está a acontecer (ex.: quando a violência sexual é cometida depois de a vítima ser intoxicada com álcool ou drogas).
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A VIOLÊNCIA SEXUAL PODE TER VÁRIAS FORMAS: Toques íntimos não desejados, como beijar, acariciar ou apalpar; Comentários ou piadas de carácter sexual que causam desconforto ou receio; Carícias indesejadas nos órgãos sexuais ou outras partes do corpo; Ser forçado/a a tocar nos órgãos sexuais de outra pessoa; Ser forçado/a a ter relações sexuais com outra pessoa; Ser obrigado/a a assistir ou a participar em filmes, fotografias ou espectáculos pornográficos; • Ser forçado/a a envolver-se na prostituição. • • • • • •
O não consentimento ou a não autorização da vítima para o envolvimento em actos sexuais é uma das características da violência sexual. Quando a vítima é uma criança ou jovem com menos de 14 anos, não interessa se ela mostrou ou não vontade de se envolver sexualmente com outra pessoa. A Lei parte do princípio que a prática de actos sexuais por parte de crianças e jovens com menos de 16 anos é sempre prejudicial ao seu desenvolvimento saudável, pelo que considera o seu eventual consentimento como irrelevante. Isto é, mesmo que a criança ou jovem tenha praticado o acto sexual de livre vontade, a pessoa que com ele/a praticou o acto está a cometer um crime. Em alguns casos, também os actos sexuais praticados com crianças ou jovens entre os 14 e os 17 anos aparentemente consentidos podem constituir crime, por exemplo, quando são levados a cabo por alguém que tenha algum tipo de autoridade sobre a criança, ou quando a pessoa abusa da inexperiência desta para a levar a praticar o acto.
Dica: • O teu corpo pertence-te! Ninguém pode obrigar-te a ter relações sexuais contra a tua vontade; é crime! • Quando alguém diz NÃO, significa Não. A sua vontade deve ser respeitada! • Os adultos que praticam sexo com crianças e adolescentes estão a cometer o crime de pedofilia. Denuncia!
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Testa os Teus Conhecimentos Assinala V - Verdadeiro ou F - Falso! 1. A maioria dos casos de abusos sexuais de crianças e adolescentes são praticados por pessoas conhecidas, da família, ou de pessoas próximas da família 2. O incesto só acontece apenas nas famílias pobres 3. Os violadores são facilmente identificados pelo seu aspecto e comportamento 4. Quando a mulher diz não, quer realmente dizer sim 5 A mulher violada estava a pedi-lo pela maneira de vestir
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4.3 Uso de Álcool e Drogas O consumo de álcool e drogas é um problema muito sério. Enquanto alguns jovens optam por não consumir bebidas alcoólicas e outras drogas, outros começam a experimentar estas substâncias muito cedo. É importante conheceres os efeitos do álcool e das drogas para que decidas por ti mesmo qual deverá ser a tua atitude perante estas substâncias. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, droga é qualquer substância que não é produzida pelo organismo que tem a propriedade de actuar sobre um ou mais dos seus sistemas, produzindo alterações no seu funcionamento, causando mudanças na forma de sentir, pensar, agir e expressar. Uma droga não é por si só boa ou má. Existem substâncias que são utilizadas para produzir benefícios, como é o caso do tratamento de doenças, e portanto são consideradas medicamentos. Amigos, o álcool é uma droga, mas como é um tema muito importante e queremos chamar uma atenção especial para os seus efeitos, neste Manual falaremos do “Álcool e outras drogas”. O álcool e outras drogas são substâncias que causam mudanças na nossa forma de agir e perceber o que se passa à nossa volta. Claro que depende do tipo de substâncias, a quantidade que consumimos e da forma como cada organismo tolera essas substâncias. Muitas vezes perguntamo-nos porquê as pessoas consomem álcool e drogas. Embora a resposta pareça simples, ela não é. Não existe uma única resposta. Muitos dizem que ajuda a descontrair, outros dizem que ficam mais felizes, outros para esquecerem as frustrações, para enfrentar a timidez, porque os amigos também o fazem, enfim, as respostas são muitas. Enfim, já deu para perceber que não é um tema fácil de tratar, sim? Vamos analisar o consumo do álcool. Este é um hábito generalizado. Muita gente consome álcool. Com certeza na tua família ou comunidade conheces várias pessoas que consomem o álcool. O problema não está no consumir, mas sim em não conhecer os limites, quando a pessoa começa a ficar com o vício do álcool e não consegue parar, mesmo sabendo que já passou dos limites que o seu organismo aceita. Esta pessoa acaba por se colocar em situações de risco, pois os seus sentidos e reflexos ficam atrofiados, teima em conduzir ou andar pelas ruas, pois muitas vezes ninguém a consegue controlar.
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QUANTAS VEZES OUVISTE DIZER QUE OS ACIDENTES RODOVIARIOS SÃO A PRIMEIRA CAUSA DE MORTE EM ANGOLA E QUE OS JOVENS SÃO AS MAIORES VÍTIMAS? DEVES TER TAMBÉM OUVIDO DIZER QUE ESSES ACIDENTES SÃO CAUSADOS PELO CONSUMO EXCESSIVO DE ÁLCOOL, SIM? Muitas vezes quando falamos de drogas associamos apenas a liamba, cocaína, gasolina, crack, êxtase, etc. Contudo, precisamos saber que o álcool, o cigarro e alguns medicamentos também são drogas. A diferença é que algumas são permitidas, enquanto outras são proibidas.
O Álcool O Álcool é uma droga permitida por Lei. Ele provoca diversos efeitos que aparecem em duas fases: Numa primeira fase, logo que começamos a consumir, tem um efeito estimulante. A pessoa fala com mais facilidade, solta-se e pode chegar à euforia. Com o passar do tempo, a pessoa passa a ter dificuldades de concentrar-se ou de equilibrar-se e até pode sentir sono. Este é o início da segunda fase que é de depressão. Quando o consumo, é exagerado, pode mesmo causar um coma alcoólico. Nem todas as pessoas toleram o álcool da mesma forma. Algumas podem beber mais quantidades e sentirão os efeitos com menor intensidade, mas outras basta um pouco para causar muitos estragos, principalmente quando não estão habituadas a beber. De qualquer forma, é recomendado para quem tem o hábito de consumir bebidas alcoólicas consumir de forma moderada, alternar com água e outras bebidas não alcoólicas e evitar consumir álcool quando se está a tomar medicamentos.
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O Cigarro O cigarro é uma droga que estimula o cérebro. Quando se fuma, a nicotina (substância que sai do cigarro) é absorvida pelos pulmões e vai até ao cérebro em aproximadamente 9 segundos. Quando usado ao longo do tempo, a tendência é de fumar cada vez mais para sentir os mesmos efeitos que sentia no início, com muito menos cigarros. O cigarro pode causar cancro. Se uma pessoa quiser deixar de fumar, pode usar outras fontes de nicotina que não fazem mal ao seu corpo: comer alimentos ricos em vitamina C, comer gomas e usar adesivos próprios para quem quer deixar de fumar. Esses produtos podem ser encontrados nas farmácias.
Os Solventes e Inalantes Os solventes, como a própria palavra diz, são substâncias que podem dissolver coisas. Os inalantes são as substâncias que podem ser introduzidas no organismo pela aspiração, ou seja, inalação do produto. Pode ser feita pela boca como pelo nariz. Exemplos desses produtos são: a cola, acetona para remover o verniz, a gasolina, o esmalte, etc. São produtos que podem ser comprados nas lojas e são usados nas tarefas do dia-a-dia, mas que muitos adolescentes e jovens usam para se drogarem. A intoxicação por esses produtos é muito perigosa, pois pode levar ao coma e à morte. A sua inalação pode provocar danos no cérebro que são irreversíveis e que podem levar a dificuldades de concentração e à perda de memória.
A Liamba A liamba é uma droga que perturba o sistema nervoso central e provoca sérios danos ao corpo. Existem liambas mais fortes e outras menos fortes, dependendo do solo em que são produzidos. Os efeitos variam de pessoa para pessoa. Há pessoas que toleram bem o seu efeito, mas noutras pode provocar até intoxicação. O seu consumo contínuo pode criar dificuldades de concentração, perda de memória, diminuição de reflexos e da motivação para as actividades diárias.
O Crack O crack é uma substância derivada da cocaína, tem a forma de pedra e os seus efeitos duram aproximadamente 5 minutos. Isso faz com que as pessoas que usam o crack usem a droga com muita frequência, causando uma rápida dependência. Esta droga provoca um estado de excitação, tornando as pessoas muito activas, perda da sensação de cansaço, de sono, de apetite e de peso. Rapidamente as pessoas que consomem crack começam a sentir dores no peito, contracções musculares, convulsões e podem entrar em coma. O crack é uma das drogas que mais mata no mundo inteiro. Manual de Educação de Pares sobre a Sexualidade
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A Cocaína A cocaína é uma substância natural extraída das folhas de uma planta que só existe na América do Sul (a Erythoxylon coca). As pessoas consomem a cocaína por aspiração (puxam pelo nariz) ou injectam. Ela provoca efeitos estimulantes de excitação, energia, poder, etc. A tendência das pessoas que a usam é de consumir cada vez mais para poderem sentir efeitos cada vez mais fortes. Contudo, chegam a um ponto em que acabam por ter um comportamento violento, sentem-se sempre irritadas e começam a tremer. Há casos em que a tensão arterial sobe tanto que acaba por provocar ataque cardíaco e a pessoa morre. Estes efeitos só diminuem com o consumo de mais droga, levando à criação do vício. O álcool e as outras drogas fazem parte do nosso dia-a-dia; para além dos estragos que podem provocar na nossa saúde física e mental, contribui também para aumentar a violência, a criminalidade e outros danos sociais e económicos para as nossas comunidades e famílias.
Quais são as razões que fazem uma pessoa consumir bebidas alcoólicas ou outras drogas? Muitos jovens dizem que bebem ou consomem drogas para descontrair, para serem aceites num determinado grupo ou ainda para ganharem coragem e fazer coisas que no seu estado normal não fariam, para a ocupação dos tempos livres, a falta de emprego, a desestruturação familiar, a falta de diálogo, a pobreza entre outros. Contudo, quando as pessoas não sabem quando parar e acabam por beber de mais, podem acabar por perder o controlo e fazer coisas bastante embaraçosas e até mesmo perigosas, como por exemplo: Tornar-se agressivas com estranhos e até mesmo com amigos e familiares; Tornar-se emotivas; Vomitar, embaraçando-se a si próprias e as pessoas a sua volta; Ser rejeitadas por amigos, namorado/a e até por estranhos; Comportamento sexual inconsciente, o que pode provocar uma gravidez indesejada ou mesmo contrair uma infecção transmitida sexualmente; • Perder o controlo e ferir-se ou ferir outras pessoas (por exemplo, tendo um acidente de carro por estar a conduzir sob o efeito do álcool); • • • • •
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É provável que todos nós já tenhamos visto alguém a passar por uma ou mais situações semelhantes às que acima se menciona, não é verdade? O álcool e as outras drogas podem também gerar dependência quando são consumidos em excesso e de forma regular. O corpo se habitua-se a funcionar com álcool presente. Depois de consumir algum, torna-se difícil parar sem ajuda de um profissional, podendo mesmo danificar órgãos como o fígado, o cérebro, pulmões, etc.
Como posso reduzir os danos causados pelo álcool? • O álcool deve ser consumido moderadamente. Tu não precisas do álcool para descontrair; podes conversar com os teus amigos, dançar passear, praticar desporto que irás divertir-te na mesma; • Sede? – O álcool não sacia a sede, pelo contrário, desidrata a pessoa. Se tiveres sede, bebe água, pois isso vai ajudar a evitar a desidratação; • Deves comer quando estiveres a tomar bebidas alcoólicas; • Não te deixes pressionar por outras pessoas que estejam a beber. Não precisas provar nada a ninguém consumindo álcool.
Existe alguma maneira rápida e fácil para ficar lúcido/sóbrio? Não há nenhuma maneira rápida e fácil de ficar sóbrio. Muitas pessoas acreditam que vomitar, beber café ou até mesmo tomar um banho possam ajudar. Na realidade, a única solução é o tempo para curar a bebedeira. É importante que te lembres disso antes de colocares a tua vida e a dos outros em risco.
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As mulheres podem consumir bebidas alcoólicas durante a gravidez? Não, elas não devem tomar bebidas alcoólicas durante a gravidez, pois pode afectar seriamente o crescimento do bebé, que pode inclusive nascer prematuro e desenvolver uma série de efeitos físicos e comportamentais. Durante a gravidez ou a gestação, pode causar danos graves à saúde do bebé, como a baixa de peso, problemas de saúde mental na criança, adolescência até na idade adulta. Uma mãe que estiver a amamentar pode consumir bebidas alcoólicas? Não, ela não deve ingerir bebidas alcoólicas durante os primeiros 12 meses de vida do bebé pois, o álcool pode causar danos ao cérebro em desenvolvimento.
Que grupos de pessoas devem ter um cuidado especial com o consumo de álcool? • • • • • •
As pessoas com idade inferior a 18 anos; As mulheres grávidas; As mulheres que estejam a amamentar; As pessoas que tenham um histórico familiar de problemas relacionados ao álcool; As pessoas que estejam a tomar medicação; As pessoas que sofram de condições médicas que serão afectadas pelo consumo de álcool, como a hepatite C.
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IV - Vulnerabilidades e Riscos na Vivência da Sexualidade
Como obter ajuda para lidar com a dependência do álcool e outras drogas? Se achas que tens problemas com álcool ou outras drogas, ou se conheces alguém nesta situação, deves procurar imediatamente ajuda de pessoas em quem confias ou de profissionais de saúde.
Dica: As drogas causam dependência e podem causar sérios danos à vida das pessoas. O melhor é não experimentares.
Testa os Teus Conhecimentos Assinala V - Verdadeiro ou F - Falso! 1. O álcool é uma droga que deprime o Sistema Nervoso Central (cérebro) 2. As mulheres são mais sensíveis aos efeitos do álcool que os homens 3. Uma mulher grávida que consome álcool tem mais probabilidades de dar à luz a uma crianças com deficiência 4. Beber é uma forma de curar a tristeza
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4.4 Gravidez na Adolescência As crianças são concebidas a partir de uma relação sexual sem protecção entre um homem e uma mulher. Nem toda a relação sexual implica a concepção de uma nova VIDA. No entanto, como vimos atrás, hoje existem vários recursos para evitar uma gravidez que não desejamos. Contudo, surpreendemo-nos muitas vezes com situações de adolescentes grávidas. Vamos conversar sobre o assunto? Primeiro, é importante percebermos o conceito de Gravidez Precoce. Precoce significa antes do tempo. Então, uma gravidez precoce é aquela que acontece antes do tempo. Ela acontece na adolescência e é considerada de risco principalmente quando acontece nos primeiros anos desta fase, por exemplo, entre os 11 e os 14 anos de idade, em que normalmente a menina não tem maturidade física ou psicológica para ser mãe, muito menos está socialmente preparada para desempenhar esse papel com segurança e responsabilidade. É verdade que em alguns contextos socioculturais as meninas iniciam a maternidade muito cedo. No nosso país, temos regiões em que esta prática começa entre os doze e os treze anos. Contudo, é fortemente recomendado pela Organização Mundial da Saúde que a maternidade seja adiada pelo menos até o momento em que a estrutura física da menina se encontre preparada para receber um bebé com segurança. Será que um/a adolescente está preparado (a) para ser pai ou mãe? Com base na definição de adolescente ou adolescência, nunca um adolescente estará preparado para ter um filho e ser pai ou mãe no verdadeiro sentido da palavra. Para além de ser uma gravidez de risco, a possibilidade de surgirem feridas que resultam do parto (chamadas fístula obstétrica) entre outras complicações físicas que podem ocorrer e que podem colocar a vida da mãe e da criança em risco, podem surgir problemas de foro psicológico, social e económico tanto para o pai e a mãe, como para as famílias envolvidas.
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Ver abaixo algumas das possíveis consequências de uma gravidez na adolescência: • Abandono dos estudos, quer por vergonha de regressar à escola, quer por ter de ficar em casa a cuidar do bebé. Isso geralmente quebra o sonho dos jovens que querem educar-se para trabalhar e sustentar uma família; esta situação normalmente atinge mais profundamente as raparigas, mas em muitos casos os rapazes também têm de adiar ou até mesmo desistir dos seus planos de trabalharem e sustentarem a família. • A rejeição de muitas famílias. Ainda são muito comuns os pais que abandonam os seus filhos nesse momento. Noutras situações, a solução encontrada pelos pais é obrigar os jovens a casar. Apesar de ser a rapariga a ter o filho, os rapazes não podem esquecer a sua importância e responsabilidade. Por isso, quando uma adolescente engravida, não é apenas a sua vida que sofre mudanças. O pai do bebé, assim como as famílias de ambos também passam pelo difícil processo de adaptação a uma situação imprevista e inesperada. • Muitos são os rapazes que acabam por não assumir a paternidade, não se responsabilizando pelo sustento e educação da criança, acabando estas por serem privadas do convívio e do amor paterno. Estas crianças acabam, muitas vezes, por ser vítimas, não recebendo os cuidados e a atenção necessária porque os pais são ainda bastante imaturos e os avós não aceitam ou têm outras preocupações que não os permitem cuidar desta criança. • Alguns gostariam de estar envolvidos na educação dos filhos, mas não podem devido a factores como a separação, migração e prisão; ou porque as mães reclamam. Tais circunstâncias impendem aos mesmos de ser modelos que gostariam de ser para seus filhos. Na nossa sociedade, as tarefas relacionadas com a educação dos filhos estão muito mais concentradas na mulher do que no homem. A verdade é que a educação dos filhos deve ser uma tarefa de ambos (homem e mulher) e pode ser compartilhada por todos os membros da família. Por isso, é importante que os casais procurem fazer planos sobre quando e quantos filhos vão ter, porque isto ajuda a evitar a desestruturação das famílias, permitindo dar mais atenção e carinho às suas crianças.
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Ser pai e ser mãe requer de nós a vontade e a preparação para assumir tamanha responsabilidade. Por isso é tão importante que esta decisão seja tomada EM COMUM ACORDO e no momento certo pelos dois, o rapaz e a rapariga. Há que se responder às seguintes perguntas: Estamos preparados para sermos pais? É este o momento certo? Se a resposta for negativa, precisamos conhecer e saber usar os recursos que PREVINEM a gravidez. Este conhecimento e esta decisão sobre que recursos vão ser usados pelo casal devem ser feitos de forma consciente e participativa, já que as consequências de cada decisão afectarão a vida de ambos.
4.5 Conversando sobre o Aborto O que é o aborto? O aborto é uma prática que consiste na interrupção de uma gravidez, o que implica a morte de um embrião ou de um feto. Ele pode ser espontâneo ou provocado. O aborto é espontâneo quando o feto (embrião) sai por si só, sem a intervenção de ninguém. É provocado quando há uma intenção de interromper a gravidez e o feto (embrião) é retirado do útero. Estima-se que mundialmente sejam realizados anualmente mais de 40 milhões de abortos, a maioria em condições precárias, com sérios riscos para a saúde da mulher. As discussões em torno do aborto são muito polémicas, já que é um assunto delicado e complexo. Há os que defendem que é um acto irresponsável, pois interrompe a vida de um ser e os que argumentam que é um direito não dar continuidade a uma gravidez não desejada. Em Angola, o aborto provocado é proibido por lei, salvo em situações de má formação do feto, violação ou em que a vida da mãe está em risco. Apesar disso, muitos adolescentes e jovens, e não só, principalmente em Luanda, têm recorrido com muita frequência a esta prática, sendo realizada na maior parte das vezes em situações inseguras, por pessoas não capacitadas e que apenas visam o lucro e causando a morte a um elevado número de meninas jovens.
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Os adolescentes também recorrem a métodos caseiros e ilegais, colocando a própria vida em risco. Um aborto pode ter várias consequências, tais como infecções, hemorragias (perdas muito grandes de sangue), esterilidade (impossibilidade de voltar a ter filhos) e a perfuração do útero, são as mais graves complicações do ABORTO e podem levar à morte, principalmente quando é realizado por pessoas incapazes, gananciosas e pouco escrupulosas. Existem ainda outras complicações do aborto, em que incluímos as que afectam os nossos sentimentos, emoções e a consciência moral de cada um de nós. Sabias que uma das principais causas de morte materna associada à gravidez em Angola é o aborto?
Portanto, a solução é evitar uma gravidez e não a realização de um aborto. Como? Através da adopção de práticas de sexo seguro, tais como: sexo sem penetração, uso da camisinha ou outros métodos de contracepção aconselhados pelo/a profissional de saúde materno-infantil capacitado/a para tal. As adolescentes que engravidam e pensam em interromper a gravidez devem conversar com as pessoas adultas com quem têm relações de confiança, de entendimento e de respeito, para serem bem orientadas sobre os riscos do aborto.
Dica: O mais importante é que percebas que o aborto não é uma forma de prevenção de gravidez não desejada. Já vimos no tema anterior que existem várias formas de prevenir a gravidez.
Testa os Teus Conhecimentos Assinala V - Verdadeiro ou F - Falso! 1. Uma adolescente de 15 anos está preparada para ser mãe 2. A responsabilidade pelo planeamento familiar é da rapariga 3. O aborto é uma das principais causas da mortalidade materno-infantil em Angola Manual de Educação de Pares sobre a Sexualidade
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V – Infecções Transmitidas Sexualmente – ITS
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V – Infecções Transmitidas Sexualmente – ITS
V – Infecções Transmitidas Sexualmente – ITS Sabias que é possível contrair algumas infecções pelo contacto sexual? Algumas delas podem ser bastante sérias, causando graves problemas para a saúde. Por isso, é importante falarmos das infecções transmissíveis sexualmente para que possas reconhecer os sinais e sintomas e procurar ajuda junto aos profissionais de saúde.
5.1 O que são ITS? As ITS são infecções transmissíveis sexualmente, causadas por vírus, bactérias ou outros micróbios que entram no nosso corpo através de relações sexuais sem protecção com uma pessoa infectada. Em alguns casos, podem apresentar sintomas como: comichão, corrimento, verrugas, bolha, íngua, feridas, entre outros. Noutros casos, os sinais ou sintomas podem não ser visíveis. Por isso, é importante fazer exames médicos periódicos, principalmente quando nos envolvemos em situações de risco. As ITS podem provocar infertilidade, complicações na gravidez e, em casos extremos, a morte. Os bebés filhos de mães portadoras de ITS, têm 50% de probabilidades de desenvolver infecções nos olhos que podem levar à cegueira.
Exemplos de ITS: Gonorreia Em linguagem vulgar, é conhecida por “esquentamento”. É muito comum e normalmente aparece entre o 2º e o 8º dia após a relação sexual com uma pessoa infectada. Nos rapazes manifesta-se por um ardor ou formigueiro ao urinar e um corrimento amarelo ou esverdeado que sai pela uretra (canal por onde sai a urina). Nas raparigas embora nem sempre se manifeste, pode-se observar um corrimento amarelo ou esverdeado ou provocar dores durante a relação sexual.
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Sífilis É uma infecção causada por uma bactéria de nome Treponema pallidum, capaz de contaminar qualquer órgão ou tecido do corpo. Essa bactéria entra no corpo através de uma relação sexual sem preservativo com uma pessoa infectada. Ela manifesta-se através de uma ferida no pénis, vagina, boca ou ânus, duas ou três semanas após a relação sexual. Apesar da ferida não doer, não ter cheiro nem sangrar, ela é altamente contagiosa e perigosa. Por vezes desaparece por si só, sem nenhum tratamento, o que leva as pessoas a pensarem que estão bem, o que não é verdade. A bactéria continua no organismo e pode manifestar-se mais tarde com manchas no corpo, entre outras complicações mais sérias que podem levar à morte.
Cancro Mole É também uma infecção sexualmente transmissível causada por uma bactéria. Normalmente, os sintomas começam a surgir duas semanas após o contágio com o aparecimento de feridas genitais (vagina, pénis e ânus) muito dolorosas e ínguas na virilha. Com o tratamento correcto, a pessoa infectada pode ficar completamente curada.
Herpes Genital É uma ITS causada por um vírus que causa bolhas e feridas nos órgãos genitais masculinos e femininos. É muito contagiosa, principalmente quando os sintomas se manifestam. O Herpes produz comichões intensas e ardor. Desaparece espontaneamente, mas pode voltar muitas vezes durante a vida da pessoa atingida. Não existe nenhuma cura conhecida para esta ITS, mas existem tratamentos que ajudam a controlar e a evitar feridas.
Tricomoníase A tricomoníase é causada por um parasita que se instala no organismo através de relações sexuais sem preservativo com uma pessoa infectada. Ela ocorre com maior frequência nas raparigas, mas pode ser transmitida aos seus parceiros sexuais. Os principais sintomas são: comichão nos órgãos genitais, corrimento de cor amarela ou esverdeada e com mau cheiro, ardor, dificuldade em urinar e dores durante as relações sexuais. O parceiro de uma rapariga com tricomoníase também deve ser submetido ao tratamento.
Papiloma Humano O Papiloma Humano é provocado por um vírus candiloma ou HPV. É também conhecido por verruga genital ou crista de galo. Este vírus é muito contagiante e está presente principalmente entre a população mais jovem.
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V – Infecções Transmitidas Sexualmente – ITS
Alguns países já dispõem de vacinas que são aplicadas em meninos e meninas antes do início de qualquer actividade sexual. O Papiloma Humano não tem cura. O máximo que se consegue fazer é retirar as verrugas que afectam as áreas íntimas dos rapazes e raparigas. Ele pode afectar a boca e garganta quando transmitido através do sexo oral.
Hepatite B: É uma ITS silenciosa provocada por um vírus que causa a inflamação do fígado e a cirrose. É um dos principais problemas de saúde em todo o mundo. Ela é transmitida através do sangue e outros fluídos orgânicos pela partilha de escovas de dente, seringas e agulhas. Um dos factores que contribui para aumentar o risco de infecção são as relações sexuais sem preservativo e a existência de outras ITS no organismo. A Hepatite B pode ser prevenida pela vacinação, pelo uso correcto e consistente do preservativo durante as relações sexuais, evitando partilhar escovas de dente e outros materiais cortantes e perfurantes.
VIH e SIDA O VIH é o vírus que causa o SIDA. Por ser um tema muito importante, desenvolveremos mais profundamente no ponto seguinte.
LEMBRA-TE: • Vive a tua sexualidade com responsabilidade! • Uma pessoa pode ter uma ITS e não saber. Fazer o teste é uma forma de proteger a ti e ao teu parceiro ou parceira. • Se tens uma ITS, tens mais chances de apanhar o VIH. Procura os serviços de saúde. Evita fazer tratamentos caseiros. • Usa o preservativo sempre e em todas as tuas relações sexuais; para além da abstinência, é o único método eficaz para prevenir as infecções de transmissão sexual (ITS).
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V – Infecções Transmitidas Sexualmente – ITS
5.2 Vamos Saber mais Sobre o VIH e SIDA?
O SIDA É UMA EPIDEMIA QUE TEM DIZIMADO MILHÕES DE PESSOAS EM TODO O MUNDO. HOJE MAIS DE 30 MILHÕES DE PESSOAS VIVEM COM O VÍRUS DO SIDA E SÃO NA SUA MAIORIA JOVENS ENTRE OS 15 E 24 ANOS
Segundo o Relatório do Governo de Angola de 2012 ao UNGASS: 19,5% dos adolescentes em Angola têm a primeira relação sexual antes dos 15 anos. 29,8% das mulheres e homens de 15 a 49 anos declararam ter tido mais do que um parceiro sexual e ter usado preservativo nas relações sexuais nos últimos 12 meses. 6,7% dos homens e mulheres (sendo 15,8% dos homens e 03% das mulheres) declararam ter tido relações sexuais com mais de um parceiro sexual. 46% dos jovens entre os 15 e 24 anos de idade têm conhecimento suficiente para se prevenirem do VIH. 14,9% das mulheres e homens de 15 a 49 anos foram testados nos últimos 12 meses e conhecem o resultado.
Conceitos de VIH e do SIDA O que é o VIH? O VIH é o vírus que causa o SIDA. A sigla significa: - Vírus - Imunodeficiência - Humana
V I H
Portanto é o vírus que ataca o sistema imunológico humano. Este vírus ataca os glóbulos brancos, que são as células que fazem a defesa do organismo contra as doenças, destruindoos.
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O que é um vírus? Um vírus é um micróbio muito pequenino que não é possível ver a olho nu.
E o que é SIDA?
Sida é o “Síndrome da Imunodeficiência Adquirida” A sigla significa:
S – Síndrome I – Imuno D – Deficiência A – Adquirida Ou seja, é um conjunto de sinais e sintomas de doenças que se verificam no organismo. Acontece quando o VIH destrói os glóbulos brancos e por ter pouca defesa, o organismo começa a adquirir as doenças. Quem é portador do VIH não apresenta sinais da doença, dizemos somente que está INFECTADO pelo vírus, ou que é SEROPOSITIVO. Quem tem SIDA é a pessoa que apresenta os sinais da doença.
O que é um seropositivo? Seropositivo, é uma pessoa que tem o vírus no corpo e não esta doente, mas transmite para as outras pessoas através de relações sexuais sem protecção. Só o teste pode dizer se alguém é ou não seropositivo. Importante: uma pessoa com uma ITS está mais exposta a infectar-se com o VIH, pois o seu corpo está mais fraco! O que é um doente de SIDA? É uma pessoa infectada pelo VIH e que tem várias doenças.
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Quanto Tempo leva para o seropositivo ficar doente? Depende do organismo, varia muito de pessoa para pessoa e do comportamento de cada indivíduo, mas os cientistas afirmam que sem tratamento, uma pessoa infectada pode levar normalmente entre 5 a 10 anos a ficar doente. Um indivíduo seropositivo pode passar por quatro fases, ou quatro estágios, até atingir o estágio de SIDA:
Fase 1. A pessoa não apresenta sinais ou sintomas da infecção. O seu corpo está forte. Ela só saberá se tem o VIH se fizer o teste. Mesmo assim, estará a passar o vírus para outras pessoas com quem tiver RELAÇÕES SEXUAIS SEM PROTECÇÃO.
Fase 2. Doença leve Perde-se peso corporal, podem ocorrer infecções mais frequentemente no peito e no ouvido, problemas de pele e dores de garganta.
Fase 3. Doença grave Perde-se mais peso e a pessoa apresenta muito cansaço, mesmo sem grandes esforços. Surgem infecções mais graves como pneumonias, tuberculose, aftas na boca e na garganta e diarreias que duram muitos dias. Fase 4. SIDA As resistências do corpo estão esgotadas. Podem surgir cancros, pneumonias graves, herpes-zoster, meningite e aftas em todo o aparelho digestivo – da boca ao recto, passando pelo esófago, o que dificulta muito a alimentação. O peso do corpo está muito diminuído, ao que chamamos de caquexia.
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V – Infecções Transmitidas Sexualmente – ITS
Como se transmite o VIH? Qualquer pessoa pode ser infectada pelo VIH envolvendo-se em situações de risco em que se coloca em contacto com sangue infectado, sémen (esperma) ou fluídos vaginais (líquido da vagina). Abaixo são apresentados alguns exemplos de situações de risco: • Ter relações sexuais (vaginal, oral ou anal) sem protecção com uma pessoa infectada; • Partilhar materiais contaminados que cortam ou perfuram o nosso corpo. Por exemplo, equipamento para fazer escarificações, piercing, seringas e agulhas. É importante que estes materiais sejam descartáveis ou devidamente esterilizados; para além do VIH, a pessoa pode infectar-se também com o vírus da Hepatite B ou C; • Durante a transfusão de sangue se o sangue contiver o VIH. Por isso é importante que o sangue seja sempre testado; • Uma mãe infectada pelo VIH pode transmitir o vírus ao seu bebé antes e durante o parto e ainda durante a amamentação se não forem tomados os devidos cuidados. Importante: uma pessoa com uma ITS está mais exposta a infectar-se pelo VIH, pois o seu corpo está mais fraco!
O VIH não se transmite: • • • • • • • • •
Pelo beijo no rosto ou na boca, aperto de mão ou abraço. Por usar a mesma casa de banho, sanita, ou piscina. Pelo suor, lágrima, urina, ar, tosse ou espirro. Por frequentar a mesma escola, hospital ou trabalhar no mesmo local, Pela picada de mosquito ou de outros insectos. Pela partilha de sabonete, toalha ou lençóis. Por usar a mesma roupa, colheres, garfos, chávenas, copos e pratos. Por beber a mesma água. Através de relações sexuais com uso correcto do preservativo em todas as relações sexuais.
Existe uma vacina contra o SIDA? Não. Até o momento, as experiências continuam no sentido de encontrar uma vacina eficaz, capaz de eliminar o vírus do nosso organismo.
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Quais são os sintomas provocados pelo SIDA quando já se está doente? Quando o portador do vírus padece das doenças que se aproveitam da fraqueza do corpo provocada pelo VIH, pode apresentar uma série de sintomas como: Cansaço permanente durante muito tempo; Suor nocturno; Diarreia frequente; Tosse prolongada; Febre prolongada – coceira ou comichão; Manchas avermelhadas ou escuras na pele; Emagrecimento; Gânglios inflamados (ínguas).
Que cuidados devo ter para não infectar-me pelo VIH? • Usar correctamente preservativos lubrificados em todas as relações sexuais, quer sejam vaginais ou anais; • Usar uma barreira de látex (plástica) não lubrificada em todas as relações sexuais orais; • Evitar ter muitos parceiros sexuais; • Não partilhar agulhas, seringas ou outros objectos cortantes e perfurantes, principalmente se não tiveres a certeza de que foram devidamente esterilizados.
Lembra-te: Basta uma relação sexual sem preservativo para alguém correr o risco de contaminar e/ ou ser contaminado pelo VIH. Quanto maior for o número de parceiro/as, maior é o risco de contrair essas infecções.
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V – Infecções Transmitidas Sexualmente – ITS
Como posso saber se tenho o VIH? A única forma de saberes se tens ou não o VIH é fazendo o teste. Em Angola, podes fazer o teste nos hospitais, clínicas, postos de saúde, Centro de Aconselhamento e Testagem. No fim deste Manual, poderás encontrar uma lista com os nomes e contactos destes locais. O teste é confidencial, isto é, protegem a tua identidade e o resultado do teu teste! Nos serviços públicos de saúde, os serviços de aconselhamento e testagem são grátis. Conhecer o nosso estado serológico é cuidar da nossa saúde! O aconselhamento antes e depois do teste é tão importante quanto o teste. Ele consiste numa conversa com profissionais treinados para te explicarem tudo o que precisas saber sobre o VIH e o teste e aconselhar-te-ão sobre como proceder. Todos os lugares que oferecem o teste do VIH oferecem também serviços de aconselhamento antes e depois do teste. Deves exigi-lo, pois é um direito teu. O aconselhamento após o teste é fundamental, pois se o resultado for negativo, a pessoa receberá orientações sobre como manter-se negativo. Mas se o resultado for positivo, receberá apoio psicológico, orientações e será encaminhada para um serviço de tratamento, tendo assim mais chances de se manter saudável por muito tempo.
Lembra-te sempre: Há muitas pessoas que vivem com o VIH e não o sabem porque nunca fizeram o teste e o seu corpo tem uma aparência saudável. Há casos em que a pessoa vive com o VIH por mais de dez anos sem sentir nada. Uma pessoa pode infectar ou ser infectada sem saber. Por isso é importante usar sempre o preservativo e fazer o teste do VIH!
Atenção! Existe um período de tempo, que varia de três a nove meses após a relação sexual com uma pessoa infectada com o VIH, em que não é possível determinar se somos ou não portadores do vírus. Este período é conhecido como janela imunológica. Por isso, sempre que temos uma relação sexual não protegida, sobretudo nos casos de violência sexual, é preciso repetir o exame, a testagem, seis meses e um ano depois. Esta medida é para se certificar de que a pessoa não foi contaminada pelo VIH!
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Que cuidados deve ter a mulher grávida? • No início da sua gravidez, toda a mulher grávida logo, deve fazer a consulta antes do nascimento da criança, isto é, a consulta pré-natal. Aí ser-lhe-á oferecido o teste do VIH, a medicação para fortalecer o desenvolvimento e prevenção de problemas de saúde da mãe e da criança no útero; • Uma mulher grávida que vive com o VIH pode transmiti-lo para o seu bebé durante a gravidez, trabalho de parto ou na amamentação. A isso se chama TRANSMISSÃO VERTICAL; é importante que as mulheres grávidas que vivem com o VIH participem das consultas onde esse problema poderá ser resolvido, para que tenham uma gravidez sem risco e um bebé saudável; • É importante fazer as consultas pré-natais no Centro de Saúde ou na maternidade e seguir as orientações que lhe forem dadas. Só assim poderá diminuir a possibilidade de passar o VIH para o seu bebé; • Sempre que possível, a mulher grávida, independentemente de ter ou não o VIH, deve ter o bebé na unidade sanitária para que possa receber os cuidados e medicamentos necessários; a mãe receberá toda a orientação sobre como cuidar do seu bebé para que não seja infectado pelo VIH. A mulher grávida pode obter tratamento nas seguintes Unidades Sanitárias: • Nas Maternidades • Nos Centros de Saúde • Nos Hospitais • Nos Postos de Saúde Nestes locais, encontrará grupos de apoio e profissionais que podem orientar sobre como viver com o VIH de forma positiva.
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V – Infecções Transmitidas Sexualmente – ITS
Importante: MUITA GENTE NÃO FAZ O TESTE POR MEDO. AGINDO ASSIM, SÓ PIORAM AS SUAS POSSIBILIDADES DE TRATAMENTO E DE PROTEGEREM OS SEUS PARCEIROS.
Atenção! Existem várias marcas e muitos tipos de testes para o VIH; uns detectam mais rápido a presença do vírus no organismo do que outros. Na maioria dos países, os testes mais utilizados são: • DETERMINE - que é um teste rápido, mais acessível e é usado normalmente para a primeira testagem; • UNIGOLD - que é um teste rápido, recomendado normalmente para a confirmação de um resultado positivo do Determine; • ELISA - é um teste comprovativo de laboratório, recomendado em casos de dúvida em relação a um resultado de um teste UNIGOLD. Todos os testes têm um tempo chamado de janela imunológica ou período de janela. O período de janela, é o tempo que cada organismo leva para produzir anticorpos que podem ser detectados por exames de sangue. No caso do VIH, esse período é de 90 dias, sendo que os técnicos de saúde recomendam a realização de um teste a cada 3 meses dentro deste período. Um exame realizado durante a janela imunológica pode apresentar um falso negativo, ou seja, o resultado aparece negativo porque a quantidade de vírus no sangue é tão baixa que o teste não consegue captar. Por isso, recomenda-se sempre um exame após o período determinado pela janela imunológica.
Lembra-te sempre: Há muitas pessoas que vivem com o VIH e não o sabem porque nunca fizeram o teste e o seu corpo tem uma aparência saudável. Há casos em que a pessoa vive com o VIH por mais de dez anos sem sentir nada. Uma pessoa pode infectar ou ser infectada sem saber. Por isso, é importante usar sempre o preservativo e fazer o teste do VIH!
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V – Infecções Transmitidas Sexualmente – ITS
O que é o estigma e a discriminação e como podemos combatê-lo e preservar os direitos das pessoas que vivem com o VIH e Sida? O estigma é um comportamento provocado pelo preconceito e pelo medo. Medo daquilo do que não conhecemos ou de algo com que não sabemos como lidar. É um comportamento que desacredita significativamente a vítima aos olhos de outros. Também provoca importantes consequências na forma como cada indivíduo se vê a si próprio. O estigma pode alterar completamente a vida das pessoas afectadas, fazendo com que sejam rejeitadas, desonradas, podendo até chegar à agressão. A discriminação ocorre quando se trata outra pessoa de forma desigual ou injusta. O estigma e a discriminação associados ao VIH e SIDA podem ter efeitos muito negativos, como por exemplo a baixa auto-estima, a depressão o desespero e até a morte. O estigma e a discriminação também dificultam a prevenção porque as pessoas preferem não conhecer o seu estado serológico com receio da reacção dos outros. Outras ainda, mesmo sabendo que estão infectadas ou em risco de o serem, insistem em ter relações sexuais sem preservativo, crendo que assim evitam levantar suspeitas acerca do seu estado. Viver livre da discriminação é um direito humano fundamental, fundado em princípios de justiça natural que são universais e perpétuos. Os direitos humanos são inerentes aos indivíduos porque eles são humanos e aplicam-se a toda a gente, em toda a parte.
Que cuidados deve ter uma pessoa seropositiva? • A pessoa seropositiva deve cuidar-se para evitar voltar a infectar-se. Por exemplo, evitar envolver-se sexualmente com outra pessoa seropositiva ou sem protecção, correndo assim o risco de apanhar outras infecções que podem provocar resistência à medicação que se está a fazer e agravar a situação da pessoa; • Todos precisamos de uma alimentação saudável, mas é ainda mais importante para as pessoas que vivem com o VIH, pois permite-lhes ganhar peso e melhor resistir às doenças.
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Adoptar um estilo de vida saudável: Não fumar, não consumir bebidas alcoólicas ou usar drogas. Não beber muito café ou chá. Beber muita água. Manual de Educação de Pares sobre a Sexualidade
V – Infecções Transmitidas Sexualmente – ITS
Podes desfrutar do sexo, mas lembra-te de usar o preservativo! Sem preservativo podes passar o vírus para outra pessoa; É importante fazer exercício, entretanto algumas pessoas por razões de saúde precisam de orientação profissional. Exemplo de algumas formas boas de exercício: caminhada, dança, corrida lenta, exercícios de alongamento, ioga.
Quais os direitos das pessoas que vivem com o VIH? Em Angola existe a Lei 8/04 sobre o VIH e SIDA, que determina os direitos e os deveres das pessoas que vivem com o VIH e SIDA, como por exemplo: • O resultado do teste é confidencial. Ninguém tem o direito de divulgar o estado serológico de outra pessoa. • A pessoa que vive com o VIH tem o direito de: Receber cuidados de saúde nas unidades públicas de saúde. Saber tudo sobre o seu estado de saúde e de poder participar das decisões relativas ao seu tratamento. Receber informações precisas sobre os planos de assistência médica. Saber o nome do médico, da enfermeira ou do enfermeiro que lhe está a acompanhar. Ter assistência social e psicológica oferecida pelos Serviços Públicos ou ONG e grupos de auto-ajuda Ter um tratamento médico privado e confidencial. Dar o seu consentimento para o tratamento médico. Obter uma segunda opinião de outro médico. Apresentar queixa de profissionais da saúde que não fornecem os serviços de saúde de maneira respeitosa. Manual de Educação de Pares sobre a Sexualidade
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V – Infecções Transmitidas Sexualmente – ITS
Quais são os deveres das pessoas que vivem com o VIH? • • • • • • •
Cuidar de si próprios. Respeitar os outros utentes e os profissionais da saúde. Usar os serviços de saúde, mas não abusar deles. Dar aos médicos ou profissionais de saúde a informação correcta sobre a sua saúde. Seguir os procedimentos indicados para o tratamento. Cuidar para não infectar outras pessoas Aderir (cumprir) à medicação e às orientações dadas pelo profissional de saúde.
Dica: Vive a tua sexualidade com responsabilidade e evita contrair uma ITS!
Testa os Teus Conhecimentos Assinala V - Verdadeiro ou F - Falso! 1. Uma adolescente de 15 anos está preparada para ser mãe 2. A responsabilidade pelo planeamento familiar é da rapariga 3. O aborto é uma das principais causas da mortalidade materno-infantil em Angola
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V – Infecções Transmitidas Sexualmente – ITS
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA • • • • • • •
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UNICEF & LONGMAN – 2004: Sara Healthy Lives – Skills for Life, Modules 1, 2, 3, 4; Instituto Nacional de Luta contra a SIDA, Ministério da Saúde (2010). Perguntas e respostas sobre ITS/VIH/SIDA. Manual do Activista. Angola. 2ª. Edição. MADUEÑO Conchita (2004). Sexo para adolescentes. Didáctica Editora. Lisboa. Ministério da Saúde e Ministério da Educação do Brasil (2011). Saúde e prevenção nas escolas. Adolescentes e Jovens para a Educação entre Pares. Textos Básicos de Saúde. Brasília – DF. Ministério da Saúde e Ministério da Educação do Brasil, UNESCO, UNICEF, UNFPA (2007). Saúde e prevenção nas escolas. Atitude para curtir a vida. Guia para a Formação de Profissionais de Saúde e de Educação. Brasília – DF. Ministério da Saúde, Ministério da Educação do Brasil (2011). Adolescentes e jovens para a educação entre pares. Projeto Saúde e prevenção nas escolas. Série B. Textos Básicos de Saúde. 8 Fascículos. Brasília – DF. Programa Saúde e Prevenção nas Escolas, Ministério da Saúde, Ministério da Educação, UNESCO, UNICEF, UNFPA (2011). Eu preciso fazer o teste do HIV/AIDS? Mobilização nacional de Adolescentes e jovens do Ensino Médio para Prevenção da Infecção pelo HIV e da AIDS. Com o apoio de MTV. Brasilia; UNICEF - Guia Direitos Sexuais e Direitos reprodutivos (S.d.); Advocates for Youth (2002). Guide to Implementing TAP (Teens for AIDS Prevention). A Peer Education Program to Prevent HIV and STI. Washington, DC. COLEMAN Marina, YALO Sisifo (2009). HIV & AIDS. Your complete guide and resource book. Jacana Media, Johannesburg, South Africa; PSI Angola, PNLS, USAID, UNICEF (Sem data). Manual de Comunicação Interpessoal na Prevenção das ITS-HIV/SIDA. Um guia prático de instrumentos metodológicos para as actividades de comunicação interpessoal. Luanda. UN Interagency Group on Young Peoples Health Development and Protection in Europe and Central Asia, Sub-Committee on Peer Education (2003). Peer Education Training of Trainers Manual. UNICEF (2011). Tecendo redes: uma experiência de prevenção de DST/aids entre meninos e meninas em situação de rua. Iniciativa: Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, do Ministério da Saúde, UNICEF. Brasília, DF. UNICEF, Revista Viração, Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto (sem data). De Jovem para Jovem. Educação entre Pares. São Paulo, Brasil. United Nations Population Fund and Youth Peer Education Network (Y-PEER), USA, Family Health International/YouthNet (2005). Youth Peer Education Toolkit. Standards for Peer Education Programmes.
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V – Infecções Transmitidas Sexualmente – ITS
Outra bibliografia consultada: • • • • • • • • • • • • • • •
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ANDI, UNICEF, PETROBRAS (2004). Remote Controle. Linguagem, conteúdo e participação nos programas de televisão para os adolescentes. Série Mídia e Mobilização Social Nº 7, Cortez Editora. Brasília. CDC (2006). HIV/AIDS among Women Who Have Sex With Women. Fact Sheet, Last Reviewed: October 17, 2006. CDC (2010). El VIH en hombres homosexuales (gay), bisexuales y otros hombres que tienen relaciones sexuales con hombres (HSH). Hoja Informativa. Revisada en septiembre de 2010. Entre jóvenes. Comunicación y VIH. Herramientas periodísticas para crear campañas de prevención del VIH/SIDA. UNESCO. Buenos Aires, 2005. Ministério da Educação de Moçambique (2003). Estratégia de Comunicação sobre o HIV/SIDA. República de Moçambique. Ministério de Planeamento, Instituto Nacional de Estatística (2010). Inquérito Integrado Sobre o Bem Estar da População (IBEP) 2008-09. Principais Resultados Definitivos. Luanda, Angola. ORTIZ ARROYAVE Javier Omar (sem data), “El problema de los jóvenes somos los adultos”. Colectivo Hombres y Masculinidades, Corporación Extramuros, docente de CENFOR. Sem publicar, Bogotá. Por un cambio en la salud de la población juvenil. Cuaderno de UNICEF sobre la programación para el Desarrollo y la Salud de la Población Juvenil. UNAIDS (2011). Terminology Guidelines. UNESCO, Las otras voces (2005). Entre jóvenes. Comunicación y VIH. Herramientas periodísticas para crear campañas comunitarias de prevención de VIH/SIDA. Las otras voces, 1a edição, Buenos Aires. UNGASS (2012). Relatório sobre o Progresso do País para dar Seguimento aos Compromissos da Sessão Especial sobre VIH e SIDA da Assembleia Geral das Nações Unidas, periodo 2010-2011. Março 2012. UNICEF (2004). Deporte, recreación y juego. New York. International Center for AIDS Care and Treatment Programs – ICAP, Columbia University (2009). Comprehensive Peer Educator Training Curriculum. International Federation of Red Cross and Red Crescent Societies (2009). Standards for HIV peer education programmes. International HIV/AIDS Alliance, Academy for Educational Development, International Center for Research on Women (2007). Compreender e Confrontar o estigma relacionado com o HIV: um manual para passar à acção. Com o apoio de USAID, Sida e UNICEF MATICKA-TYNDALE Eleanor, PENWELL BARNETT Jessica (2009). Peer-led interventions to reduce HIV risk of youth: A review. In: Elsevier, Evaluation and Program Planning; UNICEF (2012). Manual do Participante. Paciente ajudante formadores – PAFs. Baseado no Módulo orientador sobre Cuidados crónicos com ARV. Esboço sem publicar; UNICEF Oficina Regional para América Latina y el Caribe (2001). Adolescencia en América Latina y el Caribe: Orientaciones para la formulación de políticas. Bogotá.
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V – Infecções Transmitidas Sexualmente anexos – ITS
Testa os Teus Conhecimentos Assinala as respostas correctas: 1. O que é o VIH? a) Um fungo b) Um vírus c) Uma bactéria
2. Qual dos seguintes métodos melhor protege contra as infecções sexualmente transmissíveis? a) Os preservativos b) A utilização de espermicidas com pílula c) A utilização de espermicidas
3. Qual a diferença entre um portador do VIH e uma pessoa com SIDA? a) Qualquer pessoa infectada com VIH é um portador e por isso tem SIDA; b) Ter SIDA e ser portador do VIH é a mesma coisa. c) O portador do VIH não pode ter SIDA. d) O portador do VIH pode vir a ter SIDA mais tarde. e) Não sei a resposta certa.
4. Quais das alíneas têm apenas infecções transmissíveis sexualmente (ITS)? a) VIH, gonorreia, sífilis, clamídia, hepatite A. b) Hepatite B, VIH, sífilis, gonorreia, cancro mole, herpes labial. c) VIH, herpes labial, hepatite A, gonorreia, sífilis. d) Sífilis, gonorreia, cancro mole, hepatite B, VIH. e) Não sei a resposta certa.
5. Cuidar de um amigo ou parente com SIDA exige: a) Tratar normalmente a pessoa, evitando apenas contacto com fluidos do corpo b) Oferecer ajuda, com ênfase em diminuir o preconceito próprio e das outras pessoas. c) Ajudar e estimular a procura de assistência médica regular. d) A combinação de todos os itens anteriores. e) Não sei a resposta certa. Manual de Educação de Pares sobre a Sexualidade
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V – Infecções Transmitidas Sexualmente – ITS
Escolha a(s) resposta(a) correcta(s): 11.1 O que significa ITS? a) Infecção Sexual Temporária b) Importâcia do sexo e do tratamento c) Infecções Sexualmente Transmissíveis d) Infecções Sempre transmissíveis 11.2 Qual a principal forma de transmissão de uma ITS? a) Através de um abraço; b) Através do aperto de mão; c) Através de uma relação sexual com preservativo feminino ou masculino; d) Através de uma relação sexual sem preservativo masculino ou feminino. 11.3 O que é o VIH? a) Um fungo b) Um vírus c) Uma bactéria 11.4 a) b) c)
Qual dos seguintes métodos melhor protege contra as infecções sexualmente transmissíveis? Os preservativos A utilização de espermicidas com pílula A utilização de espermicidas
11.5 a) b) c) d) e)
Qual a diferença entre um portador do VIH e uma pessoa com SIDA? Qualquer pessoa infectada com VIH é um portador e por isso tem SIDA; Ter SIDA e ser portador do VIH é a mesma coisa. O portador do VIH não pode ter SIDA. O portador do VIH pode vir a ter SIDA mais tarde. Não sei a resposta certa.
11.6 a) b) c) d) e)
Quais das alíneas têm apenas infecções transmissíveis sexualmente (ITS)? VIH, gonorreia, sífilis, clamídia, hepatite A. Hepatite B, VIH, sífilis, gonorreia, cancro mole, herpes labial. VIH, herpes labial, hepatite A, gonorreia, sífilis. Sífilis, gonorreia, cancro mole, hepatite B, VIH. Não sei a resposta certa.
11.7 a) b) c) d) e)
Cuidar de um amigo ou parente com SIDA exige: Tratar normalmente a pessoa, evitando apenas contacto com fluidos do corpo Oferecer ajuda, com ênfase em diminuir o preconceito próprio e das outras pessoas. Ajudar e estimular a procura de assistência médica regular. A combinação de todos os itens anteriores. Não sei a resposta certa.
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V – Infecções Transmitidas Sexualmente – ITS
RESPOSTAS DO TESTE DE CONHECIMENTO 1.
Educação de Pares
a.
F; - b. V; - c. V; - d. F; - e. F; - f. V
2.
Da Infância a Vida Adulta
a.
V; - b. F; - c. F; - d. F; - e. V; - f. V; - g F; - h F; - i V
3.
A Menstruação
a.
F; - b. F; - c. V; - d. F; - e. - V; g V; - h F; - i F; - j. f
4.
Relações de Género e Identidade de Género
a.
V; - b. F; - c. V; - d. F; e. F; f. F
5.
Orientação Sexual
a.
V; - b. F; - c. V; - d. V; - e. F;- f. V
6.
Relações Humanas
a.
V; - b. V; - c. V; d. F;
7.
Métodos Contraceptivos
a.
V; - b. V; - c. V; - d. F; - e. V;
8. Violência a.
V; - b. F; - c. F; - d. F; - e. F;
9.
As Drogas
a.
V; - b. V; - c. F; - d. V; - e. V; - f. V
10.
Gravidez na Adolescência
a.
F; - b. F; - c. V; - d. V
11.
ITS e VIH
11.1 O que significa ITS? RESPOSTA CERTA: c)Infecções Sexualmente Transmissíveis
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V – Infecções Transmitidas Sexualmente – ITS
11.2 Qual a principal forma de transmissão de uma ITS? RESPOSTA CERTA: d) Através de uma relação sexual sem preservativo masculino ou feminino.
11.3 O que é o VIH? b) Um vírus 11.4 Qual dos seguintes métodos melhor protege contra as infecções sexualmente transmissíveis? RESPOSTA CERTA: a) Os preservativos
11.5 Qual a diferença entre um portador do VIH e uma pessoa com SIDA? RESPOSTA CERTA: d) O portador do VIH pode vir a ter SIDA mais tarde.
Quais das alíneas têm apenas infecções transmissíveis sexualmente (ITS)? RESPOSTA CERTA: b) Hepatite B, VIH, sífilis, gonorreia, cancro mole, herpes labial; d) Sífilis, gonorreia, cancro mole, hepatite B, VIH.
11.6 Cuidar de um amigo ou parente com SIDA exige: RESPOSTA CERTA: a) Tratar normalmente a pessoa, evitando apenas contacto com fluidos do corpo b) Oferecer ajuda, com ênfase em diminuir o preconceito próprio e das outras pessoas. c) Ajudar e estimular a procura de assistência médica regular.
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V – Infecções Transmitidas Sexualmente – ITS
1. Lista de Centros de Aconselhamento e Testagem em Luanda
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V – Infecções Transmitidas Sexualmente – ITS
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Manual de Educação de Pares sobre a Sexualidade
V – Infecções Transmitidas Sexualmente – ITS Anexos
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V – Infecções Transmitidas Sexualmente – ITS
V
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