Empresa de Porto Alegre cria skate que simula os movimentos do surf.
Ana Paula Figueiredo
Daniel Nunes
/9 O skate que faz você surfar no asfalto
/13 O que acontece quando uma espécie é extinta Na última década, cerca de 30 espécies brasileiras deixaram de existir.
Publicação Experimental do Curso de Jornalismo da Unisinos — Edição 14 — São Leopoldo/RS — Novembro de 2010
/7
Pesquisa do Ibope indica que a Classe C mudou. Atualmente ela representa 64% do poder de consumo nacional. /4 e 5
A nova classe média brasileira
Divulgação/Rafael Remus
Mais jovens na tribuna Guilherme Barcelos
Seguindo o exemplo da deputada reeleita Manuela D’Ávila, 314 jovens com até 24 anos foram candidatos na última eleição.
/11
Mudança de hábito Ministério da Saúde estima que, caso brasileiros não mudem sua rotina, o Brasil atingirá taxas norte-americanas de obesidade.
/14
Aula sem sair de casa Falta de tempo e de dinheiro dos alunos faz com que, a cada ano, cresça o número de universidades com graduação a distância.
PÁGINA
2
SXC.HU
2 Babélia n Unisinos n Novembro/2010
Editorial Babélia associa prática ao ensino de jornalismo
A
prática é fundamental no tempo que antecede o exercício da profissão. Um dos instrumentos pedagógicos que dá conta desta função no curso de Jornalismo é o Babélia. Em agosto, mais uma edição começou a ser planejada. Durante a primeira reunião dos professores, ficou estabelecido o número de páginas da edição 2010/2, que foi colocado em relação direta com o número de repórteres, fotógrafos, articulistas e cronistas envolvidos na produção, resultando no planejamento minucioso do espaço que cabia a cada um: o número de caracteres com espaço a ser preenchido pelas matérias, os toques definidos de cada título. As pautas foram pensadas: notas, notícias, reportagens, artigos e editoriais, para dar uma nova cara ao jornal espelhada em
um total de 24 páginas. Com o desenrolar do processo de apuração, das entrevistas e da pesquisa documental, os primeiros resultados apareceram. A eles foram se juntando as discussões em sala de aula, as pequenas correções e, finalmente, a edição dos materiais. A equipe toda, cerca de 140 alunos e seis professores, se empenhou muito até que os resultados fossem centralizados na Agexcom para diagramação. Depois das atividades de edição das páginas, na sexta-feira, 19 de novembro, a Thais e o Behs comandaram o fechamento do nosso jornal. Missão cumprida, trabalho impresso. Neste momento, finalmente, entrou em jogo, o último elemento que faltava para que, mais uma vez se encerre um ciclo de produção jornalística. Você, leitor a quem desejamos uma boa leitura!
Universidade do Vale do Rio dos Sinos Sao Leopoldo
TEXTOS: Produção dos alunos das disciplinas de Redação Jornalística
Linha Direta (51) 3591 1122
dos alunos da disciplina de Fotojornalismo Carina Mersoni, Cristiane
Email: unisinos@unisinos.br Reitor: Marcelo Aquino Vice-reitor: José Ivo Folmann Pró-reitor Acadêmico: Pedro Gilberto Gomes Diretor de Graduação: Gustavo Borba Coordenador do Curso de Jornalismo: Edelberto Behs
I, II e III, sob orientação dos professores Anelise Zanoni, Beatriz Marocco, Edelberto Behs e Thaís Furtado. IMAGENS: Produção Abreu, Daniel Nunes, Guilherme Barcelos, Luana Elias, Maicon Ribeiro de Assunção, Priscila Pilletti, Ramiro Furquim e Taíssa Bach, sob orientação do professor Flávio Dutra. PLANEJAMENTO GRÁFICO: elaborado pelos alunos da disciplina de Planejamento Gráfico II de 2009/2 Amanda Fetzner, Andressa Almeida Barros, Ândrio Maier Barbosa, Clarissa Souza Figueiró, Eder Fernando Zucolotto, Eder Romeu Kurz, Eduardo Saueressig, Gabriela Zanchet Jorge, Juliana Hagemann da Silva, Márcia de Fátima Lima, Rafael Soares Martins, Ricardo Machado e Vanessa Peixoto Reis, e pelo aluno de Planejamento Gráfico II de 2010/1 Vinícius Corrêa (logotipo), sob orientação do professor Carlos Jahn. EDITORAÇÃO: realizada pelos estagiários da Agência Experimental de Comunicação (Agexcom) Gabriela Schuch e Marcelo Grisa, sob supervisão do jornalista Marcelo Garcia. PUBLICIDADE: Anúncios vencedores da categoria “Redação Publicitária I” das edições 2010/1 e 2010/2 do Propaganderia. Anúncio “Converse”: Criação: aluno Douglas Zimmer. Orientação: professor Ângelo Cruz. Anúncio “it’s mais”: Criação: aluno Bruno da Silva Kieffer. Orientação: professor Sérgio Trein. Arte-finalização: realizada pelo estagiário da Agexcom Renan Steyer, sob supervisão do professor Ângelo Cruz e do publicitário Robert Thieme.
Comunicação na prática Carina Mersoni Redação Jornalística III
Praticar a teoria ensinada na universidade é fundamental, especialmente se tratando de comunicação. Porque comunicar não envolve o professor ou os colegas, mas um número infindável de pessoas pertencentes a diferentes grupos. O desafio de ser repórter, portanto, vai muito além da sala de aula, perpassa as avaliações – necessárias – e chega aos laboratórios acadêmicos. O Babélia é fruto deste essencial “experimentar”. Para muitos universitários, não atuantes na área, esta é a primeira vez que seus nomes se transformam em créditos. Construir uma edição de jornal possibilita desde o trabalho de redação, com a criação da pauta, definição de fontes e debate entre colegas, até a atividade de rua, com as entrevistas. De volta à sala
de aula, são levadas as experiências e, muitas vezes, as frustrações de um assunto que não rendeu da forma imaginada. Preparando para o mercado de trabalho, os laboratórios acadêmicos compõem a alternativa mais acertada para as primeiras práticas comunicacionais, já que contam com o acompanhamento de docentes no processo. É este ensaio que desperta a enorme responsabilidade do jornalista ao publicar informações para milhares de leitores, interferindo em suas rotinas e opiniões. Que todo esse conhecimento adquirido e construído na universidade não seja apenas absorvido e balizado pelas grandes empresas, às quais muitos acadêmicos desejam se integrar. Mas que seja transformador da comunicação em muitos cantos da sociedade onde a informação ainda é uma lacuna.
O papel do comunicador Cândida M. Portolan Redação Jornalística III
Opinar pode ser meramente ilustrativo para um comunicador que busca, através de um veículo midiático, simplesmente transmitir alguma sensação ou opinião pessoal. Pensar que a opinião pela opinião se basta, pode ser um agravante para essa situação. Neste caso, a missão de formar opinião e formar formadores de opinião pode ficar comprometida. Muito se discute sobre o papel do comunicador na sociedade. Nas grades dos cursos de Comunicação Social estão embutidas inúmeras disciplinas que tratam dos princípios éticos que embasam o “ser” comunicador. Ao mesmo tempo, nota-se na mídia incontáveis opiniões questionáveis, aparentemente despreocupadas com o papel formador do comunicador social.
Tristão de Ataíde, pensador e crítico literário, disse que “o autêntico jornalista informa para formar”. À parte as utopias éticas que cercam a profissão, o anseio de ser formador permanece e a tentativa de alcançar este objetivo é sempre válida. Se, portanto, o pensamento não passar por uma avaliação quanto a sua relevância social e pela escolha consciente da melhor forma de comunicá-lo, antes de ser exposto na mídia, possivelmente não será mais do que um desabafo. A aplicação do que se aprende como acadêmico em comunicação é uma boa base para a realização dessa tarefa. Aos aspirantes a comunicadores, fica a certeza de que a formação contínua, a ética, a autocrítica e o bom senso são bons guias para opinar e, sobretudo, formar formadores de opinião. É bom para quem faz e útil para quem consome.
Divulgação
Produtores sofrem com oscilação de preço do boi Em Gravataí e Glorinha pecuaristas reclamam da oscilação do preço do boi gordo, que varia conforme o consumo de carne no mercado interno e externo. A instabilidade atrapalha o comércio de carne, que registra, em 2010, movimento menor do verificado no mesmo período do ano passado na região. (Eduardo Meireles / Redação Jornalística I)
JULIANA FREITAS Redação Jornalística I
Novos investimentos, como a caneca mágica, da empresa FPrint Estampas, de Sapucaia do Sul, é uma das apostas para o aumento de vendas na cidade neste Natal. “A caneca revela a imagem impressa assim que recebe líquido quente”, conta um dos sócios, Clebio Oliveira de Freitas. Ele explica que nesta época de final de ano as vendas aumentam consideravelmente e é preciso apresentar novidades e bons preços para chamar a atenção do público. “Os pedidos são feitos em maior quantidade, pois a procura é 50% maior, principalmente de camisetas personalizadas e canecas.”, diz o micro-empresário que, em dezembro de 2009, faturou cerca de R$ 3.000,00. A empresa recebe encomendas de todo o Brasil. Elas
podem ser feitas pelo site ou por telefone. Com o comércio de Sapucaia do Sul desenvolvendo-se cada vez mais rápido, investimentos são necessários. Segundo o presidente do Clube de Dirigentes Lojistas (CDL) de Sapucaia do Sul, Rogério Teixeira Rodrigues, isso já começa a acontecer. “O comércio vem aumentando seus pontos de vendas, capacitando seus colaboradores e atualizando seus espaços para fidelizar mais clientes.” afirma. A expectativa do comércio é que haja um aumento de 15% em relação às vendas do ano passado. Para Clebio, o fator preço é o mais importante. “Creio que se o produto tem um preço bom, a negociação também será boa”, diz o empresário, que coloca grande expectativa neste Natal.
Projeto beneficia escolas de Gravataí FERNANDA DA S. MACIEL Redação em RP II
Moradores próximos das 76 escolas municipais de Gravataí beneficiadas com o projeto da empresa Rio Grande Energia (RGE) de racionalização de consumo vão receber kits de lâmpadas econômicas. Até agora, 63 escolas tiveram a rede elétrica avaliada e acondicionada aos novos parâmetros de uso. Nas cerimônias de entrega das reformas elétricas, a comunidade escolar dos educandários que receberam as melhorias contou com atividades e palestras voltadas à reeducação ambiental. A escola ganhou, ainda, lixeiras e material didático sobre uso racional da energia elétrica. O Conselho Escolar desses educandários, representado por professores, alunos, pais e funcionários, complementa o projeto com atividades
interativas com a comunidade envolvente, nas quais os moradores têm a consciência despertada quanto à necessidade de evitar o desperdício de energia elétrica no lar. A representante municipal da Coordenação Institucional de Programas e Projetos de Gravataí, Sandra Becker, explicou que o critério de escolha das escolas que receberam o apoio da RGE deu-se pelo parâmetro do consumo de energia. Todas as escolas beneficiadas funcionam em prédio próprio, nos quais a Secretaria Municipal de Administração constatou consumo de energia acima da média. Com a reforma na rede elétrica, a prefeitura quer diminuir a conta junto aos benfeitores. O programa ajuda a comunidade fora dos muros das escolas a controlar a conta de luz.
Babélia n Unisinos n Novembro/2010
economia
Uma feira para todos os públicos Olga Ferreira
Comércio aposta em novidades para o Natal
3
Expointer: Catadores trabalharam 12 horas por dia coletando lixo reciclável Iury Gomes Redação Jornalística I
A
última edição da Expointer, maior evento envolvendo o agronegócio da América Latina, não trouxe oportunidades de emprego apenas para grandes empresários que veem na feira uma das maiores chances de lucro no ano. Em 2010, cerca de 400 empregos temporários foram gerados pela feira, no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio. Dezesseis catadores da Associação de Recicladores
e Catadores de Esteio (ARCA) e da Associação Mãos Amigas Recicladoras (AMAR) enfrentaram, de 28 de agosto a 5 de setembro, 12 horas de trabalho por dia, divididos em dois turnos, recolhendo uma parte das 50 toneladas de lixo produzidas por dia no evento e que tinham a possibilidade de ser recicladas. “O material foi comercializado e o dinheiro dividido igualmente entre os associados que trabalharam no evento”, explicou a coordenadora da ARCA, Eliane Borges. Ao todo, a Expointer faturou cerca
de R$ 1,1 bilhão em 2010, segundo dados da organização do evento. O volume de negócios foi gerado pela venda de animais, máquinas, implementos agrícolas e produtos da agricultura familiar. Artesãos venderamperto de R$ 1 milhão. Com isso, uma das maiores feiras do ramo da agricultura no mundo apresenta-se como fonte de renda não só para aqueles que podem comprar as melhores máquinas ou cabeças de gado, mas também aos catadores de material reciclado, artesãos e ambulantes.
Convênio amplia produção de aves WuilLiam S. born mello Redação em RP II
São Vendelino ganhará 12 novos aviários, aumentando assim a coleta de impostos do município, depois do acordo firmado entre avicultores locais com a Sadia, empresa líder em produção de alimentos frigoríficos. O acordo contou com o apoio
do secretário municipal de Agricultura do município, Harry Lotário Seibert. A prefeitura de São Vendelino comprometeu-se a investir em água e luz para os novos aviários. A avicultura é uma das principais atividades econômicas e fonte de arrecadação de São Vendelino, mesmo antes de sua emancipação política, em 1988.
Fundada em 1944, a Sadia é, hoje, a primeira empresa no ranking comercial brasileiro de aves, carnes industrializadas, suínos e bovinos, e a segunda no mercado de soja. Depois de passar por grave crise financeira, a Sadia anunciou, em 2009, fusão com a Perdigão, nascendo daí uma nova gigante no setor de alimentos, a Brasil Foods.
economia reportagem especial
4 Babélia n Unisinos n Novembro/2010
Quem faz parte da classe média do Brasil? Com o objetivo de conhecer melhor esse público, Ibope divulga pesquisa que traça o perfil desse grupo
A nova realidade da Classe C no Brasil
BRUNA HENSSLER ÉDERSON SILVA MAÍSA RODRIGUES
E
Redação Jornalística II
magem Elenir Rodrigues, 22 anos, observa as mudanças na conjuntura econômica do país nos últimos anos: “Nesse período, pude comprar minha casa, eletrodomésticos, DVD, televisão. Na época dos meus pais, por exemplo, seria impossível adquirir tanta coisa. Foi uma felicidade imensa ter minha casa própria, que foi financiada pela Caixa Econômica Federal. É a realização de um sonho e uma satisfação pessoal. No futuro, quero me estabelecer financeiramente e poder comprar um carro”, diz. A pesquisa do Ibope demonstra que, comparadas às classes A e B, menos pessoas da Classe C estão estudando atualmente. Mas, na prática, embora ainda de maneira tímida, os adolescentes acreditam
no seu desenvolvimento pessoal e buscam vagas no Ensino Superior. Um exemplo é a acadêmica de Jornalismo Mara Priscila de Carvalho, 19 anos, que confia no seu potencial e hoje é estudante na Unisinos: “Estou contente porque, através do Programa Universidade para Todos (ProUni), consegui ingressar na faculdade e fazer o curso que eu tenho interesse.” Ela também está no percentual de brasileiros que não gosta de ter dívidas, por isso controla seus gastos em busca de um objetivo específico: “Diminuí minhas compras no cartão e agora pago muito mais à vista. Com isso, estou poupando dinheiro para que, em pouco tempo, consiga realizar meu sonho: adquirir uma moto”, conta ela. Mara Guilherme Barcelos
les são a maioria no país – quase 100 milhões de pessoas – e se tornaram os protagonistas da economia, conforme o estudo A nova Classe C Urbana do Brasil: Somos Iguais, Somos Diferentes, divulgado pelo Ibope Mídia Brasil. Segundo dados da pesquisa divulgada em outubro de 2010, os integrantes da nova classe média brasileira recebem salários entre R$ 600 e 2.099 por mês, são predominantemente jovens (maior percentual de pessoas até 34 anos) e concentram-se principalmente nas regiões metropolitanas do país. Esses brasileiros têm grande potencial para consumir, pois representam 64% do poder de consumo nacional. Porém são mais cautelosos na hora de comprar, já que 61% dos entrevistados garante não gostar de contrair dívidas. Contudo, muitos setores da indústria de bens e serviços vêm se beneficiando com esse público, que não abre mão de suas conquistas. Um bom exemplo é a sonhada casa própria, que 19% dos entrevistados manifestaram ter interesse em adquirir em breve. Para o setor automobilístico, a pesquisa também revela dados promissores: 9,5 milhões de brasileiros pretendem comprar um automóvel – novo ou usado – nos próximos doze meses, fazendo com que o transporte público deixe de ser o principal meio de locomoção dessa classe. O setor de idiomas também tem grandes chances de crescimento, pois apenas 23% dos brasileiros da classe média falam mais de uma língua. Segundo o coordenador do curso de Economia da Unisinos, Sérgio Leusin Junior, a perspectiva de melhoria de vida dos trabalhadores é imprescindível para alavancar o
consumo. “Diante do bom cenário da economia, eles se sentem mais confiáveis para contrair dívidas”, explica. Dados da pesquisa do Ibope revelam que as expectativas futuras dos brasileiros da classe C estão em alta: em 2005, 74% estavam otimistas com o próximo ano; em 2009 esse percentual passou a ser de 84%. Sérgio destaca também que antigamente as pessoas trabalhavam apenas pensando em seu sustento e de sua família. Hoje, os brasileiros têm novas necessidades. Televisão de alta definição, eletrodomésticos, celular, computador e casa própria estão na lista desses novos desejos conquistados pela classe C através dos financiamentos com prazos mais elásticos. A técnica em enfer-
Por que a classe C aumentou seu poder de consumo? O Coordenador do Curso de Economia da Unisinos, Sérgio Leusin Junior, atribui a expansão do consumo da Classe C a quatro fatores distintos:
destaca ainda as novas aquisições de sua família: “Um dos últimos bens que conseguimos adquirir foi um computador com tela de LCD, pagamos à vista”. As mulheres, aliás, ocupam papel importante na economia: elas exercem maiores responsabilidades sobre a família. Sendo assim, possuem maior autonomia financeira e, como consequência, tendem a consumir mais. O setor de cosméticos tem muito a lucrar com elas: segundo a pesquisa, 64% consideram muito importante manter-se jovem. As mulheres de 20 a 34 anos são as que mais movimentam os setores de beleza e cuidados pessoais. O espaço ocupado pela classe C influencia em decisões importantes do país, como a escolha dos governantes. A visibilidade conquistada por essa parcela significativa da população é fruto do avanço econômico vivido no país nos últimos anos. De acordo com dados apresentados pela pesquisa Ibope, essa situação tende a melhorar cada vez mais – tanto com pessoas das classes mais baixas migrando para Classe C, como para classes sociais mais altas. Conquista: eletrônicos, celular, computador e casa própria estão na lista dos desejos dos novos consumidores
l Controle
da inflação – esse fenômeno iniciou em 1994, com o surgimento do Plano Real; l Crescimento real da renda – salário cresceu mais do que a inflação. Segundo Sérgio, transformando o salário mínimo de dez anos atrás em valores praticados
hoje em dia, o salário atual vale muito mais do que o praticado há uma década; l Crescimento do emprego formal no país – segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego, quase sete milhões de trabalhadores foram admitidos de 2004 a 2010 no país;
Ampliação do crédito e dos prazos – a redução das taxas de juros foi um dos fatores que mais contribuíram para essa expansão. Diante disso, os trabalhadores têm mais oportunidades de adquirir bens e encaixar as parcelas no orçamento. l
O crescimento no Estado Segundo Roger Ritter, Presidente da Câmara da Indústria, Comércio, Serviços e Agropecuária do Vale do Paranhana e tecnólogo em processos gerenciais, o fenômeno do crescimento da classe C no Rio Grande do Sul está ligado a três fatores essenciais: O primeiro é a geração de empregos formais em níveis recordes. Somente neste ano foram criados 141.137 novos empregos formais no Estado e a taxa de desemprego na Região Metropolitana de Porto Alegre está abaixo dos 5%, segundo a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE. Esse patamar está abaixo, hoje, de quase todos os países da Comunidade Europeia. O segundo motivo é o real aumento do salário mínimo. Em 1994, o salário mínimo era de US$ 100. Hoje o mesmo está cotado em US$ 300 mensais, o que representa um aumento real, em dólares, de 300%. Ou seja, se uma família de quatro pessoas tem dois trabalhadores ocupados com renda de apenas um salário mínimo cada, considerando ainda
Opinião
A moda é comprar
o 13º salário, férias e abonos do PIS, ela já atinge a classe C. Por fim, os programas de benefícios sociais como transferência de renda mínima (Bolsa Família e Cartão Alimentação), Assistência Social e Segurança Alimentar e Nutricional repassaram mensalmente até setembro de 2010 R$ 1.088.680.099,43 às 455.935 famílias cadastradas em programas sociais, que geraram em média, mensalmente R$ 265,31. Segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2009 (PNAD) do IBGE, a remuneração média de um gaúcho era de R$ 1.162,05 em 2009, ou seja, já acima do piso para a classe C. “Todos esses fatores contribuíram sobremaneira para o aumento da capacidade de compra dessa classe, alterando padrões de consumo e investimento das empresas. Os programas de renda mínima também levaram ao consumo milhares de famílias, que fazem o fluxo da renda girar com maior velocidade”, salienta Roger Ritter.
Dienifer Cecconello Redação Jornalística III
Pedro Barbosa
Computadores, celulares modernos, internet, automóveis e a tão sonhada casa própria. Esses e muitos outros produtos estão cada vez mais ao alcance da crescente classe C. Muito se fala da melhoria da renda, das ofertas de crédito e até de planos do Governo, que realmente favorecem esse público, como o bolsafamília, por exemplo. Tendo em vista esse favorável cenário financeiro a moda é comprar, seja à vista, seja a prazo ou superparcelado. A nova classe média está no foco do comércio. Esse novo perfil está acelerando as campanhas de marketing que, cada vez mais criativas e elaboradas, chamam a atenção do “povão”. De acordo com dados do Ibope essas estratégias têm dado resultado, já que 64% do consumo nacional está na mão da classe C. Com essa mudança também alterou a rotina das camadas mais inferiores que não compram um computador, porém adquirem a sua comida em um mercado onde o dono é da classe C, exemplificou o presidente da Nielsen, Arturo G. García Castro. Com o mercado, cresce também a exigência desse consumidor que antes comprava apenas pelo preço e agora está unindo esse fator com a qualidade do produto. O que realmente impressiona é que, além de comprar, esses consumidores estão sabendo planejar seus gastos de acordo com os seus salários, porque uma coisa que ninguém quer é ficar endividado, independentemente da classe. Então que cresça a classe C e que seja bem-vinda, porque mais pessoas com condições de comprar indica que as coisas mudaram para melhor. E isso é incontestável e extremamente positivo para a economia do país.
Primeiro turno registra 77 propagandas irregulares
política
6 Babélia n Unisinos n Novembro/2010
Aumenta rejeição a políticos JAIRTON CAMISOLÃO Redação Jornalística I
A cada eleição municipal que passa, parte dos eleitores perde o gosto de votar nos candidatos de Viamão. Votando em ninguém, brancos, nulos e abstenções crescem a cada pleito eleitoral. Conforme o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RS), em 2000, a cidade tinha 126.283 eleitores, 3,73% anularam o voto, 5,80% votaram em branco e 9,56% nem compareceram às urnas. Em 2004, a cidade contava com 142.915 eleitores, 6,16% votaram em branco, nulos 4,96% e a abstenção ficou em 10,84%. Em 2008, a situação piorou: dos 153.660, 9,13% votaram em branco, 7,17% anularam e a abstenção foi de 13,84%.
Na opinião da moradora Cristina Pereira, 47 anos, esse fenômeno acontece porque os candidatos não conseguem convencer os eleitores. Em 2008, brancos, nulos e abstenções somados chegaram a 42.133 votos. Se eles estivessem concorrendo à prefeitura teriam ficado em segundo lugar com uma diferença de 9.491 votos em relação ao atual prefeito Alex Boscaini (PT). Conforme o cientista político Adelmo Moraes de Almeida, o Brasil não acredita nas pessoas que concorrem a cargos eletivos. Segundo ele, o descrédito surge com os escândalos. “O impostômetro registrou R$ 800 bilhões arrecadados do bolso do povo. A isso soma-se os votos brancos, nulos e abstenções”, disse Moraes de Almeida.
Candidatos nas redes sociais ANDRÉ CORRÊA Redação Jornalística I
Seguindo a estratégia americana, os candidatos à presidência do Brasil também aderiram às redes sociais em 2010. A febre do Twitter, Youtube e Facebook funcionaram como ferramentas de marketing, para se aproximar do eleitorado. Em 2008, Barack Obama inovou e se popularizou através de seus perfis nas redes. Um dos destaques foi o vídeo que mencionava o bordão “Yes we can” – (Sim, nós podemos), um dos mais visitados na época. Com o sucesso, surgiram diversos especialistas ministrando workshops sobre o assunto, no estilo David Axelrod, estrategista chefe do presidente norte-americano.
Nicolas Sarkozy, Angela Merkel e Silvio Berlusconi foram alguns chefes de estado e de governo e que também usufruíram da internet a seu favor. No Brasil, entre os presidenciáveis, Marina Silva destacou-se pelos tweets que exibiu 79 milhões de vezes no microblog. Em seguida, está José Serra, com 40 milhões de impressões. Dilma Rousseff aparece com 19 milhões de exibições. O sociólogo Vagner Vargas afirma que as redes sociais tiveram importância nessas eleições, nas suas devidas proporções, apesar de ser uma ferramenta nova. A respeito de Marina Silva, o sociólogo acredita que a internet não foi fator determinante, para o sucesso.
Transtornos no voto biométrico LUAN PAZZINI Redação Jornalística I
Canoas entrou para a história no último 3 de outubro, sendo a primeira no Estado a ter a eleição biométrica. Cerca de 216 mil pessoas votaram. O método biométrico foi implantado para gerar maior segurança e inibir fraudes. Para alcançar a meta de recadastrar os 240 mil eleitores, Canoas passou por um processo que se iniciou em novembro de 2009, com término em março de 2010, e horários de funcionamento ampliado e estendidos aos finais de semana. Neste processo, existiu a preocupação em realocar pessoas portadoras de necessidades físicas em locais de fácil acesso. Uma pesquisa realizada pelo Tribunal
Regional Eleitoral do RS, após o término do recadastramento, concluiu que o número de jovens entre 16 e 18 anos que tem como opção o voto facultativo foi decrescente. A estudante Dankiele Tibolla, 18 anos, que cursa Contabilidade, conta que desde cedo, os jovens devem cumprir o papel de cidadão. “Se com menos idade já pensamos ser adultos, temos que mostrar neste momento que podemos fazer a diferença”, diz. Para o vereador de Canoas Dario da Silveira, do PDT, a cidade foi escolhida por estar próxima da Capital e pelo número de habitantes. “Foi importante, pois foi através de uma iniciativa conjunta das autoridades locais que conseguimos ser pioneira neste processo”.
Para a Procuradoria Regional Eleitoral do RS, os principais processos de propaganda irregular são de colocação de outdoors e pintura em muros superior aos quatro metros quadrados. As punições aplicadas são remoção imediata da propaganda, multa e cassação de tempo em horário partidário na TV e no rádio do candidato. (BRUNO CARDOSO / Redação Jornalística I)
População cobra promessas LEANDRO LUZ Redação Jornalística I
U
m grupo de moradores da Rua Nossa Senhora da Conceição, em Canoas, se uniu para protestar contra a promessa não executada pelo atual prefeito Jairo Jorge, do PT, de asfaltar a localidade. Com frases de indignação e críticas, espalharam placas pelos postes da via. Apontado como líder dos manifestantes, o comerciário Olavo Lopes Duarte confessa seu desânimo com a política: “Votamos em peso para eleger o prefeito e ele prometeu que, em um mês, teríamos asfalto, e até hoje nada”. O comerciário também contesta a legitimidade do orçamento participativo (OP): “Reunimos toda a comunidade e vizinhos próximos para votarmos em peso na nossa causa. Mas perdemos para uma pequena rua que nem no mapa aparece!” protesta ele. A rua a qual Olavo se refere, a Martin Luther King venceu a votação popular. “É tudo carta marcada! Quem faz a apuração dos votos? Porque não podemos parti-
cipar da contagem?”, questiona Olavo. O subprefeito da região noroeste de Canoas, Júlio Ribeiro, explica que a auditoria da votação é executada por uma empresa contratada. De acordo com ele, a rua vencedora do pleito é maior do que as que se uniram: “Apesar dela não aparecer no mapa, ela une três vilas”. Júlio Ribeiro garante que a
rua só será asfaltada se vencer a votação do OP: “Estamos cumprindo as promessas de pavimentação, e a maneira mais democrática é através de votação popular”. Em relação às placas, o subprefeito minimiza o caso: “Isto é obra de um morador, de uma pessoa só, não de uma mobilização popular. Desde o wprimeiro mês do nosso mandato já existem as placas”.
Fotos Leandro Luz
Indignação: placas feitas pelos moradores cobram melhorias a políticos
O preço da presidência da Unisinos Bruno Lima Rocha, o que pode ter contribuído para esse aumento, é o maior rigor por parte dos órgãos comA cada quatro anos, os valores investidos petentes com aqueles que estourarem o nas campanhas se tornam mais altos. Em orçamento inicial. Não seria uma eleva2010, os gastos com a corrida presidencial ção dos valores, mas sim, foram três vezes maiores prestações de contas mais que em 2006. Fazendo Os custos com as fiéis, e que declarações de dessa à eleição mais cara campanhas dos candidatos eleições passadas ficavam de nossa história. que disputaram o segundo longe da realidade. SegunEste ano, os custos returno em 2010 podem do o Tribunal Regional ferentes aos candidatos Eleitoral (TRE), a punição chegar a R$ 347 milhões que disputaram o segundo para quem descumprir a turno chegam a R$ 347 lei será uma multa de cinco a dez vezes milhões. A mais votada no primeiro turdo valor excedido. no, Dilma Rousseff (PT), com R$ 157 miPara Carlos Alfredo Gadea, doutor em lhões, e José Serra (PSDB), que ficou em sociologia política e também professor segundo lugar, foi o dono da maior verba, na Unisinos, é a midiatização das campaR$ 190 milhões. Acrescentem-se os gastos nhas que as tornam cada vez mais caras. das demais legendas, e o total chega a R$ A profissionalização do processo eleitoral 463,5 milhões. Na eleição passada, a quanaumentou os custos. Gadea ainda afirma tia empregada por todos os presidenciáveis que deveria haver limites, e a criação de foi R$ 137 milhões. um teto seria essencial. Para o cientista político e professor LUCIANO PACHECO Redação Jornalística I
O Brasil tem muitos filiados partidários Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), existem quase 100 milhões de eleitores, e cerca de 13,8 milhões deles estão filiados a algum partido político. Bruno Lima Rocha, cientista político e jornalista, diz que o país estaria em polvorosa se os números refletissem a participação do povo. (Émerson Ribeiro / Redação Jornalística I)
7 Babélia n Unisinos n Novembro/2010
política
Divulgação/Rafael Remus
Opinião
Jovens na política Ubirajara da Costa Redação Jornalística III
Tenho constatado que a presença ou não de jovens na política brasileira está ligada a elementos como: preconceito, descrença, inexperiência bem como a falta de uma ideologia com propostas aos jovens. Para as mulheres, a Lei da Paridade, 12034/09, aprovada na Minirreforma Eleitoral, e com vigor nas eleições deste ano, reserva que os partidos no Brasil precisam preencher 30% de suas vagas com mulheres. Vemos que dentro desta pretensa cota ao sexo feminino, ficam subentendidos os espaços aos jovens sem um regramento concreto. Aqui no Estado, dois cases que deram certo na carreira política destacam-se no cenário onde atuam. O primeiro, da reeleita deputada federal, Manuela D’ávila, 29 anos, com mais de 480 mil votos em 2010, filiada ao Partido Comunista Brasileiro (PC do B). O outro vem do interior do estado, Sentinela do Sul. Marcus Vinicius Vieira de Almeida, 26 anos, é filiado ao Partido Progressista (PP) e já foi o mais jovem prefeito eleito do RS e do Brasil. Passou pelos movimentos estudantis como Manuela, fato bem característico de todos os exemplos que podemos analisar. Manuela D’ávila já foi vereadora e concorreu à Prefeitura de Porto Alegre. Marcus Vinícius de Almeida foi vereador em seu município, e, bem recentemente, presidiu a Federação das Associações dos Municípios do Rio Grande do Sul (FAMURS), de 2009 a 2010. Os dois cases até hoje seguem uma coerência: tem assessores jovens e trabalham políticas públicas para os jovens. Qual a semelhança de ambos. Venceram ou enfrentaram preconceito e desconfiança. A receita: lutar pelos seus espaços sem perder o respeito e o carisma.
Carisma: recém eleita, Manuela D’Ávila desperta o carinho dos pequenos
Jovens incrementam participação nas eleições 2010. Número de candidatos com até 24 anos cresce consideravelmente na última eleição
Juventude em busca de espaço Bruno Gross Dayane Garcia da Silva Dieverson Colombo Redação Jornalística II
S
e a juventude tem sido, historicamente, excluída da participação no poder e se ainda há preconceito contra o jovem para cuidar do futuro do país, as eleições de 2010 representaram um começo de virada nesse quadro. Para se ter uma ideia, 14 jovens com idade entre 18 e 20 anos apresentaram ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) suas candidaturas para os cargos de deputado federal e estadual nas eleições de outubro. Foram rejeitadas. Aos 18, só se pode concorrer a vereador. No entanto, o número demonstra o crescente interesse da população mais jovem em exercer os seus direitos políticos. Já na faixa etária entre os 21 e 24 anos, os números são realmente animadores. Em 2006, eram 161 candidatos, em 2010 foram 314, um aumento de quase 100% na quantidade de representantes da juventude para os cargos de deputado federal e estadual em todo o país. Gabriel Souza, de Tramandaí, é um exemplo desses jovens. Militante do PMDB desde os 15 anos, não teve nenhuma influência política dentro de casa. Filho de um contador e de uma dona de casa, afirma que sua paixão pela política iniciou com a entrada para o grêmio estudantil da escola. Em 2010, aos 26 anos, fez uma votação expressiva na primeira tentativa ao cargo de deputado estadual.
Mais de 26 mil eleitores acreditaram no jovem político, que é presidente nacional da Juventude do partido. “Os jovens são a parcela de população que tem maior capacidade de indignação. Logo, a política pode representar a obtenção de uma ferramenta capaz de mudar o que está errado, e isso sim é um grande atrativo”, diz o candidato. Souza não foi eleito, mas sua caminhada na política não para, e ele afirma: “Penso que é necessário para o Brasil a renovação partidária, e a juventude organizada é protagonista nesse processo. Cada um deve fazer a sua parte, quero fazer a minha”. Se tivesse entrado para a Assembleia Legislativa, seu principal foco seria o combate ao crack, o que é matéria de caráter emergencial no país. Sobre candidaturas feitas em cima de popularidade, sua visão é objetiva: “Repare que o primeiro mandato pode ser conquistado pelo sobrenome, mas o segundo deve ser pela competência. Há muitos que se reelegem, provando que mereceram, outros porém...”. A deputada federal reeleita Manuela D’Ávila também iniciou cedo a sua vida política, ingressando aos 18 anos na União da Juventude Socialista. Para ela, inserir-se na política não se resume a estar filiado a algum partido, antes mesmo disso o jovem pode, e deve, engajar-se politicamente. “Fazer parte do movimento estudantil, do movimento cultural, do hip hop e, atualmente, até a participação dos jovens nos debates sobre a democratização da internet já é uma forma de se
engajar politicamente.” Manuela considera necessária essa inserção dos jovens: “Podemos dizer que é positivo, pois demonstra uma renovação. O que devemos levar em conta é que todos nós vivemos as consequências da política, seja ela boa ou má. Por exemplo, o Prouni é fruto da boa política, a falta de segurança que vitimiza muitos jovens de todas as classes é resultado de má política”. A juventude sempre teve a necessidade de expressar seus ideais, embora muitos jovens, como a deputada diz, não percebam ou prefiram criticar ou rotular. Esses anseios juvenis são a bandeira defendida por Manuela: “Minha militância sempre teve uma identificação com milhares de jovens que não se conformavam com a ideia de que os problemas não podem ser resolvidos”. Essa inserção, no entanto, é discutível. O publicitário e doutor em Comunicação Sociopolítica Sérgio Trein diz que a participação de jovens ainda é muito reduzida. Para ele, o bom desempenho de alguns jovens dá a impressão de que a participação deles é maior. O especialista em Marketing Político opina sobre aspectos relevantes no mundo da política com essa inserção de jovens. Trein afirma que os jovens podem conquistar o voto de pessoas mais velhas. Segundo o publicitário, esses eleitores podem pensar em renovações quando votam em candidatos iniciantes. Ou também votam neles pela própria vontade que os jovens têm de querer mudar o mundo.
Divulgação
Aumenta a procura por esporte olímpico
esporte
8 Babélia n Unisinos n Novembro/2010
Clube Cruzeiro inicia obras JULIANA LITIVIN Redação Jornalística I
Inicia neste mês, em Cachoeirinha, a construção da arena do Esporte Clube Cruzeiro, numa área de três hectares, localizada na Avenida Frederico Ritter, nos fundos do Centro de Tradições Gaúchas Rancho da Saudade. “A nova arena será um projeto modesto e moderno”, definiu o presidente do clube, Dirceu de Castro. A previsão é que a arena esteja concluída em um ano. Já as obras do Centro de Treinamento do Cruzeiro (CT) estão mais adiantadas. Elas começaram em outubro, no Bairro Jardim Betânia, numa área de sete hectares. A escolha pelo município ocorreu, segundo a assessoria de imprensa do time,
por causa da potencialidade econômica da cidade, que não tinha, até então, um clube de futebol profissional. A prefeitura assinou com o clube o contrato de transferência do estádio, localizado na capital gaucha, para a região. De acordo com o secretário de Desporto e Lazer de Cachoeirinha, Irani Teixeira, a vinda do Cruzeiro não significa apenas a presença de uma equipe profissional, mas também representa desenvolvimento econômico à região. O estádio terá capacidade para 16 mil torcedores. Para a imprensa haverá sala de conferências e entrevistas. Outra medida é a adequação às exigências da FIFA. “A cidade nunca teve time de força. Com o Cruzeiro passamos à elite do futebol gaúcho”, vibrou Marcelo Jacobs.
Cidade cria futuros craques TATIANA OLIVEIRA DA SILVA Redação Jornalística I
João Vitor Lopes, 11 anos, capitão da equipe do Internacional sub-11, foi goleador em todas as competições que participou pela escolhinha Sparta Real, em Santo Antônio da Patrulha. O menino está há dois anos no Colorado e já tem títulos acumulados: campeão 2010 do Encontro Pan-Americano de Futebol Infantil (EFIPAN), vice campeão da Taça Internacional Saudades e campeão gaúcho sub-10. Esse é um dos atletas, entre tantos, que surgiram em Santo Antônio da Patrulha nos últimos anos. Só em 2010, a Sparta Real teve 31 meninos avaliados e aprovados por grandes clubes: 25 estão no
Cerâmica, quatro no Internacional, um no Grêmio e um no Juventude. Na cidade existem cinco escolinhas: Sparta Real, GCO Society, Gol de Placa, Pelézinho e a Escolinha do Laerte. Juntas, elas treinam 450 crianças e adolescentes dos quatro aos 16 anos. Alguns alunos são de baixa renda e não pagam a mensalidade, fixada em R$ 20,00. O município revelou craques como Murilo Engelmann, goleiro campeão da Libertadores pelo Grêmio; Rodrigo Caetano, diretor executivo do Vasco da Gama; Cassiano Rocha, que jogou no Grêmio, no Botafogo e em 11 países; e Claiton Peixoto, que joga no Grêmio. Todos eles iniciaram nas extintas escolinhas de futebol América e Jaú, de Santo Antônio da Patrulha.
Cerâmica integra pessoas JULIETE ROSY DE SOUZA Redação Jornalística I
Com três anos de experiência no futebol profissional, o Cerâmica Atlético Clube não se mostra apenas como um time campeão, mas também um realizador de sonhos. Colecionando vários títulos e vitórias, entre eles o vice-campeonato da Copa Lupi Martins, em 2008, o clube mostra que quer fazer mais pela comunidade. Ele mantém uma escolinha de futebol e cinco núcleos esportivos que proporcionam atividades para meninos e meninas dos seis aos 15 anos. Os núcleos são: Portinho, Caveirense, Sesi Gravataí, Sesi Cachoeirinha e Vila Elisa. Na escolhinha e nos núcleos a me-
ninada aprende táticas e técnicas sobre o futebol de campo e o futsal. Em média, 100 crianças participam em cada núcleo. As atividades ocorrem duas vezes na semana, nas terças-feiras e nas quintas-feiras. Existe a ideia de criar atividades nos outros dias da semana, para que as crianças não fiquem nas ruas, mas se envolvam em atividades esportivas que serão importantes na construção de um futuro melhor para elas. “Tornando-se ou não atletas, no mínimo essas crianças serão cidadãs de boa índole”, frisou Daiani de Lima, assistente social. Com uma excelente infraestrutura, o estádio Antônio Vieira Ramos tem capacidade para 6 mil pessoas e vários departamentos para atender os jogadores.
Desde que o Taekwondo passou a ser esporte olímpico, em 2000, aumentou a procura de pais querendo incluir seus filhos em escolinhas. Além de ser uma arte marcial não violenta, o Taekwondo ensina a controlar o corpo e a mente, ajudando a formar cidadãos. O esporte é praticado há mais de 20 anos em Canoas. (Dijair Brilhantes / Redação Jornalística I)
Arena polemiza o Humaitá
Mauro Saraiva Júnior
Renata Santos Redação Jornalística I
A
s obras do novo estádio do Grêmio já começaram, mas uma polêmica pode complicar o projeto da empresa OAS Empreendimentos, responsável pela construção. Segundo a presidente da Associação de Moradores do Bairro Humaitá, Palmira Marques da Fontoura, a comunidade quer evitar a transferência dos 600 alunos que estudam na Escola Estadual Osvaldo Vergara. A comunidade teme ainda a transferência da Escola Técnica Santo Inácio e do CTG Vaqueanos da Tradição para darem lugar à arena O local escolhido para o projeto da nova sede da escola Vergaro é uma área eleita pela comunidade para a construção de um centro poliesportivo, que atenderia as crianças no turno inverso às aulas para a prática de esportes e brincadeiras. A assessoria de imprensa do clube afirmou que a OAS pretende realizar o projeto escola de produtividade, que qualificaria os moradores da região para trabalharem na
Impasse: bairro poderá perder duas escolas para receber estádio
construção do estádio, no total duas mil contratações, entre armadores e serventes. Palmira disse que até o momento nenhum morador foi procurado. Para ela, o problema não é a construção da Arena, e sim a retirada das escolas e do CTG, estruturas conquistadas com muito tra-
balho pela comunidade. A OAS Empreendimentos informou que está em negociação com os moradores, e não quer se pronunciar sobre a polêmica. Contando com uma área de 34 mil hectares, a conclusão das obras da Arena está prevista para 2013.
Futebol move rivalidade na Serra Letícia Rossa
se, Sandro Bazzan. A competitividade que atinge Gramado é a mesma que mexe com os ânimos de caO Centro Esportivo Gramadense e o Esnelenses. É o que conta o técnico da equipe porte Clube Serrano confirmam cada vez principal do Serrano, Zoinho. “Não adianmais a tradição de rivalidade entre os munita fingir. Gramado e Canecípios de Canela e Gramala são cidades rivais desde do. Após duas partidas de A média de público nos que foram criadas”, disse. futebol realizadas nos dias jogos realizados entre os A torcida não fica de fora 10 e 17 de outubro entre as times do Gramadense e das provocações. O adequipes pelo Campeonato Serrano desde 1933 é de vogado canelense Nelson Estadual de Amadores, o 1.200 torcedores Pereira exibe com orgulho time de Gramado conquisaquilo que chama de sua tou a vaga para a semifinal “maior prova de fidelidade ao Serrano”: o da competição. Os jogos confirmaram que nome do time tatuado no braço. “Fiz para a competitividade entre os clubes continua mostrar que somos melhores”, destaca. dentro e fora de campo. Em Gramado a situação não é diferente. Apesar de não demonstrar abertamente Ex-treinador da equipe juvenil do clube, Roque existe rivalidade entre os times, memberto Foss começou a participar das atividabros da equipe técnica do grupo de Grades do time de um modo inusitado. “Tudo mado deixam claro que torcer por um quer aconteceu graças ao pai de um amigo que dizer que não pode haver simpatia com o me levou para assistir a um jogo do Gramaoutro. “Vira casaca não existe aqui”, disse dense. Foi amor à primeira vista”, conta. o técnico da equipe juvenil do GramadenRedação Jornalística I
CULTURA E-books passam a competir, no mercado, com os livros impressos
Opinião
Ação! Lívia Freo Saggin Redação Jornalística III
Eles recebem Oscars, são mostrados em festivais, alguns pagam para vê-los e outros não gostam tanto. Os amantes do cinema adoram os curta-metragem. A popularidade desses filmes cresce a todo vapor. Filmagens caseiras, como a da namorada do seu vizinho gritando na portaria do prédio atrás do chip dela, podem até fazer sucesso no YouTube, mas, se você está interessado em algo mais substancial, há muitas coisas a aprender. Talvez seja necessário fazer um curso sobre cinema para compreender as competências necessárias, como por exemplo, escrever um roteiro, dirigir, operar equipamentos antes e depois das filmagens. Porém, há alguns passos iniciais que podem ser entendidos com facilidade. A pré-produção basicamente se preocupa em organizar e planejar o filme antes de filmar. Os curtas possuem, geralmente, 2 a 30 minutos, e para se ter uma história concisa em tão pouco tempo, é preciso ter uma história bem tramada e simples. Luz, câmera, ação! É na fase da produção que a história planejada na pré-produção ganha vida. Manter o cronograma das atividades, o orçamento previsto e saber lidar com imprevistos, como uma chuva inesperada numa filmagem ao ar livre, é fundamental para que o trabalho saia como o esperado. Na pós-produção são feitos os últimos ajustes do curta. O diretor faz a edição e a montagem da produção cinematográfica bruta. A trilha sonora é adicionada, bem como os efeitos sonoros, especiais. É nessa etapa que o filme ganha seu aspecto final. Fazer um curta-metragem é um desafio. O orçamento é apertado e o corpo técnico enxuto. Porém, sempre haverá espaço para produções sobre histórias atraentes.
P. 6
Oscar Siqueira, o guardião que zela pelo Theatro São Pedro há 35 anos P. 7
Leandro Maciel
Movimento luta pela redução dos impostos para baratear games P. 8
Curta o curta
O experimentalismo do curta-metragem e as novas mídias criam, cada vez mais, novas janelas para o cinema contemporâneo estefânia Souza Camargo dani botelho
Luana Elias
Redação Jornalística II
A
(r)evolução começou. É impossível alguém não saber, hoje, a importância dos meios digitais na sociedade contemporânea. No cinema, não é diferente. A internet e as novas tecnologias estão mudando a produção audiovisual. O mercado se torna cada vez mais democrático, assim com a recepção é mais abrangente. Atualmente, com os novos meios, produzir curtas é mais fácil e barato. Já existem filmes feitos com câmera de celular e postados em sites como Youtube e Vimeo. Porém, as novas mídias não possibilitam apenas mais acesso. Essas tecnologias também influenciam no tempo de produção do filme. É o que explica Zeca Brito, formado em Realização Audiovisual pela Unisinos e um das cabeças pensantes do Coletivo Inconsciente, grupo de cineastas gaúchos que produz filmes pelo Estado. “O tempo de realização de um curtametragem depende do modelo de produção do filme”. Ele conta que já produziu um curta em apenas um dia, “Arthur”, que está disponível no Youtube. Outro exemplo é “Bullying”, de Warlla Christie, gravado com câmera de celular no Estado do Tocantins. Para quem pensa que as facilidades das novas formas de fazer cinema se limitam ao tempo de produção e acessibilidade, está enganado. Hoje é possível fazer um curta com uma equipe bastante reduzida. “Nada impede que um filme seja produzido por um grupo pequeno, tudo depende da ideia que se tem em mente”, afirma Guilherme Castro, cineasta e professor do curso de Seminário Livre de Cinema, da Unisinos. Certamente, um dos melhores exemplos de produção independente no cinema gaúcho é Limbo, de Fernando Mantelli. O curta conta a história de um homem solitário que certo dia recebe uma estranha visita e foi produzido por apenas uma pessoa. Isso mesmo, você não leu errado. Mantelli escreveu o roteiro, interpretou dois personagens, filmou e editou. Ou seja, produziu o filme absolutamente sozinho. A solitária empreitada e a dupla interpretação lhe renderam o prêmio de melhor ator na Mostra Gaúcha do Festival de Gramado, este ano. Mas, se você ainda pensa que o trabalho acaba quando o filme está pronto, está enganado. Uma das fases mais importantes é a pós produção. De nada adianta um belo filme se
Equipes reduzidas são comuns nos filmes de menor duração e não comprometem qualidade ele não chega às pessoas. “É preciso ter uma equipe de produção preocupada com a divulgação, ligada nos festivais do mundo inteiro, que faça o filme ser visto”, afirma Zeca Brito, que teve o curta Aos Pés exibido em festivais de Nova York e do Nordeste do Brasil. O cineasta conta que as experiências são importantes para a formação do profissional pela troca de vivências com outras pessoas da área. Em um mundo digitalizado, novas janelas surgem para o fomento do audiovisual. No entanto, mídias mais tradicionais apóiam a produção em cinema. Na RBSTV, o programa Curtas Gaúchos exibe toda semana filmes de pouca duração. Assim como o programa TV Cine, da TVE, que, além de exibir curtasmetragens, ainda conta o que há de novo no cinema gaúcho. Na internet, por exemplo, o site patrocinado pela Petrobrás, www.portacurta.com.br, tem, desde 2006, um projeto chamado Curta na Escola. Com o intuito de promover e incentivar o uso didático de curtas-metragens na educação, há parceria direta com professores que relatam continuamente no portal suas experiências com os alunos.
Um pouco de história No Brasil, o pioneiro foi Humberto Mauro, que produziu mais de 300 curtas, em plena era de Getúlio Vargas, em 1937. Mesmo com tanta oferta, os curtas funcionavam como prova para futuros longas-metragens de ficção. Com o tempo, surgiu a primeira lei que obrigava a exibição de filmes de curta duração nos cinemas. Porém, a falta de incentivo era realidade para os cineastas, o que dificultou o desenvolvimento do gênero. A cena cinematográfica melhorou na década de 1960, com o Cinema Novo, movimento que elaborarou novas formas de pensar o cinema. Os jovens vanguardistas queriam produções baratas e acessíveis. O lema dos adeptos desta geração era “uma câmera na mão, e uma ideia na cabeça”.
Babélia
n
A vida não para depois dos 60 anos Thaís Zimmer Martins Redação Jornalística I
Teatros, músicas, danças e livros raramente são destinados à terceira idade. Atualmente, a fase ainda é excluída, em parte, pela sociedade. A Semana Nacional do Idoso, que chegou à 19ª edição, está mudando a realidade. O evento ocorreu nos primeiros dias de outubro, assim como há 19 anos e, geralmente, todas as cidades do país programam atividades. Mas sete dias por ano é muito pouco para a terceira idade se entreter. Por isso, a existência de projetos sociais torna-se fundamental. A musicoterapia também se infiltra no meio dos idosos, não só no Estado, como em todo o Brasil, e os ajuda a evitar doenças mentais por meio de canções ou da terapia. Maria Carolina Brites é aluna de graduação deste cur-
so, na EST (Escola Superior de Teologia) e tem contato com três projetos da faculdade destinados aos idosos. “A musicoterapia é importante para todas as pessoas, porque promove cultura e saúde. Para a terceira idade, o resultado é significativo. Não é preciso saber tocar instrumentos para participar. Usamos a música como linguagem”, relata Maria Carolina. Ela conta que com o recurso é possível minimizar ou evitar doenças mentais como depressão e alzheimer. Ione Maidana Freitas foi vítima de alzheimer e faleceu em setembro. A família relembra o enclausuramento da senhora que não se relacionava com ninguém, além de parentes, e tampouco lia ou participava de atividades. Era tão difícil convencê-la a sair de casa que a família desistiu, mas hoje se arrepende.
Casa de Cultura festeja 20º aniversário Jaqueline Loreto Redação Jornalística I
Em 24 horas ininterruptas de espetáculos culturais, 60 atrações marcaram os 20 anos da Casa de Cultura Mario Quintana (CCMQ), em Porto Alegre. Nos dias 24 e 25 de setembro, a secretaria da Cultura do Estado preparou um ciclo de comemorações, levando entretenimento para os frequentadores do local. Com entrada franca, o público acompanhou saraus, intervenções literárias, shows, teatro, oficinas, workshops, exposições de arte e uma festa balonê. Também ocorreu uma homenagem teatral aos 104 anos do poeta. Com a variedade de espetáculos, a aposentada Jane Maria disse que a festa foi um grande presente para ela e para a família. Ela afirma que o legado da cultura de Quintana já faz parte da vida dela.
O 20º aniversário movimentou não somente o espaço da casa, mas o comércio do bairro. Segundo Décio Antônio, funcionário de um bar junto à casa, a circulação aumentou entre 5% a 10%, devido às festividades. O “parabéns oficial” da CCMQ foi inusitado. Com queima de fogos, a festa teve um flash mob, organizado pela Internet, que reuniu mais de 150 pessoas que, por mais de cinco minutos, dançaram diferentes ritmos da música comemorativa. A Casa de Cultura Mario Quintana é um local aconchegante, que abre portas para quem deseja inspirar poesias urbanas. Como no teatro, que existem várias passagens de enredo, a casa celebrou o seu 20º ato com uma belíssima passagem entre o poeta, a poesia, a cultura e o espectador.
Desconto garante diversão
Assistir a uma sessão de cinema pode ser mais caro do que se imagina. Em média, os ingressos custam em torno de R$18. Enquanto os valores não sofrem uma mudança, que seja cômoda para os usuários e para as redes de cinema, a maneira é aproveitar os descontos, como dias de promoção e carteirinha de estudantes. (Jorge Leite / Redação Jornalística I)
Unisinos n Novembro/2010 n
Trash the Dress, mania fotográfica LM Produções
2
Inovação: foto de Thanise e Gabriel durante o ensaio fotográfico em Canela Nathalie Abrahão Córdova Redação Jornalística I
E
squeça a foto de casamento formal. A moda é jogar o vestido no lixo, como sugere a tradução do novo conceito de ensaio fotográfico para matrimônios, o Trash the Dress, tendência que surgiu em Las Vegas, em de 2001, quando o fotógrafo John Michael quis dinamizar o álbum de casamento reutilizando o vestido de noiva. O ensaio é feito antes ou depois do casamento, para contrastar a elegância dos trajes com o cenário eleito. O estilo é a alternativa para os pares modernos que não desejam
se render às tradições, em estúdios e locais fechados. Para a fotógrafa Andréa Graiz, que há 15 anos trabalha com fotojornalismo e casamentos, todo local é válido, praias são as mais procuradas. “Há os trashs mais comportados e outros mais à vontade. O importante é sair do convencional.” A estudante Thanise Gomes Tibursky, 24 anos, quando procurou realizar o ensaio, buscava algo diferente. “Não conhecia o estilo, mas foi uma experiência inesquecível”, conta ela, que fez o ensaio em Gramado e Canela com o noivo, Gabriel.
Apesar de a expressão significar “acabar com o vestido”, a ideia não é destruí-lo, mas utilizá-lo em locais diferentes e menos convencionais. Fotógrafo há 20 anos, Leandro Miguel de Souza diz que é difícil fazer as noivas relaxarem. “Cuidar do vestido continua para elas um dever e, às vezes, deixam de fazer algo para não sujá-lo ou danificá-lo” conta Leandro. As sessões Trash the Dress podem levar de horas a um dia de ensaio, variando de acordo com o local. O preço fica em torno de R$1 mil, dependendo da impressão e quantidade de fotos.
Sarau Elétrico comemora sucesso Renata Teixeira Gomes Redação Jornalística I
O encontro literário Sarau Elétrico, que ocorre no bar Ocidente às terças-feiras é a cara de Porto Alegre, e fixou seu nome no calendário cultural da Capital. Este ano, comemora 11 anos de atividades. Nomes consagrados como Luís Fernando Verissimo, Lya Luft, Fabrício Carpinejar e Nei Lisboa fazem parte do sucesso do evento. Comandado por um quarteto nada anônimo no cenário gaúcho, como a radialista e apresentadora Katia Suman, a publicitária e escritora Cláudia Tajes e os professores e escritores Luiz Augusto
Cláudia Tajes. Fischer e Cláudio Moreno, reúne um público fiel e disposto a ouvir Embora seja um encontro leve, exige dedicação. “É precileituras sobre os mais variados so selecionar trechos que vamos temas e autores. O objetivo é tornar a leitura acessível por meio ler com antecedência, e também pesquisar os auda combinação de uma boa conversa, tores para falar Comandado por um deles”, esclarece entrevistas intequarteto, o encontro é Cláudia. ressantes, humor uma combinação de boa e informação. O ambiente conversa, entrevistas agradável, os Toda semana, e literatura temas e a múum novo tema é escolhido pelos sica fazem do Sarau Elétrico, uma boa opção quatro comandantes, geralmente pelas oportunidades, como uma para aprofundar-se de literatura e cultura. Para Cláudia, é uma data comemorativa ou por um oportunidade de aprender mais fato literário relevante.“Quando ficamos sem ideia, a gente apee se divertir. “Se ainda por cima desse dinheiro, aí seria o munla para temas que dão certo, do perfeito”. como sexo ou humor”, comenta
Angra faz show na Capital
Para lançar o novo álbum, a banda de metal Angra faz show em Porto Alegre dia 5 de dezembro, no bar Opinião. O conjunto é formado por Eduardo Falaschi, Ricardo Confessori, Felipe Andreoli, Kiko Loureiro e Rafael Bittencourt. Além das músicas clássicas, será divulgado o single “Arising Thunder”. (Rodrigo Ullmann Langanz / Redação Jornalística I)
MPB ganha Festival de Música A música “Quem Dera”, interpretada por Gelson Oliveira e escrita por Jerônimo Jardim, foi a grande vencedora do 13º Festival de Música de Porto Alegre. O evento ocorreu em outubro no Teatro Renascença e recebeu 256 inscrições. Chamou atenção na platéia o violonista Yamandú Costa, que foi apreciar o evento. (André Pereira / Redação Jornalística I)
Babélia
Unisinos n Novembro/2010 n
3
Divulgação
n
Grupo lança disco com composições que remetem ao cenário urbano de Porto Alegre
Rock original e com bom humor
Guilherme Endler Lucas Steinmetz Rodrigo Ávalos Redação Jornalística II
O
modismo tomou conta da indústria musical brasileira. Novas bandas “enlatadas” são lançadas quase que diariamente pela mídia. O processo é sempre o mesmo: as letras melosas e melodias simples que parecem todas iguais. Além disso, os cortes de cabelo e as roupas coloridas são, de fato, lugarcomum entre as novas bandas do rock nacional. Mas também há bandas fora do mainstream, que fogem dos padrões estéticos musicais impostos pela indústria. Em 7 de maio de 2007, um grupo de amigos de Guaíba reuniu-se no estúdio Tambor, em Porto Alegre, para o primeiro ensaio da banda Sociedade Bico de Luz. Após algumas mudanças na formação, o grupo iniciou a composição de canções próprias. A banda faz um rock’n roll clássico, com letras que falam sobre temas conhecidos do povo gaúcho, sempre com uma boa dose de humor. Essa veia da comédia pode ser notada no título do primeiro álbum da banda. O Doe rock ao emocentro será lançado de forma independente em dezembro deste ano. O CD conta com o auxílio de Raul Albornoz (que lançou bandas como Tequila Baby, Acústicos e Valvulados e Bidê ou Balde) e Vini Tonello, da gravadora Aciti. Mesmo com o tempo relativamente curto de existência, a SBL conquistou uma quantidade grande de fãs na região metropolitana de Porto Alegre. Muitos deles atuaram como figurantes no primeiro videoclipe da banda, da música Nosso amor é rock. Entre eles, Bruna Souza de
Aguiar, de 22 anos. Ela conta que conheceu a SBL através de uma amiga que a convidou para ir num show em 2008. Logo de cara simpatizou com as letras despojadas e a presença de palco do grupo, que não deixa ninguém parado. “Espero vê-los com projeção nacional. Poxa! Tem tanta banda mais ou menos rolando por aí. A SBL faz um trabalho de muita qualidade e tem tudo para dar certo. Gostaria que eles achassem um lugar ao sol também.” Além dessa, várias outras canções tornaram-se marcantes por falarem sobre a realidade da grande maioria de quem escuta. Excursões pra Expointer é nostálgica e relembra as viagens feitas com a escola na oitava série. Centro de Porto Alegre pinta um quadro muito bem detalhado na imaginação das pessoas que passam com freqüência pela Rua dos Andradas ou Voluntários da Pátria. Eu tenho uma banda que quer ser Strokes faz uma sátira e polemiza o cenário das bandas Indies da região. E Suplementos alimentares critica frequentadores assíduos de academias que supervalorizam a aparência. O grupo afirma que lançar um CD de maneira independente possui vantagens, como a oportunidade de conhecer muitas pessoas e criar laços mais profundos com os fãs, mas ressalta também existir um lado ruim. “Tu acabas tendo que fazer um trabalho de ‘empresa’, tendo que vender o show, cuidar da parte de produção e divulgação. Às vezes tu acabas ficando mais tempo fazendo esses trabalhos de ‘escritório’ do que tocando”, diz o baixista Cláudio Busatto. Sociedade Bico de Luz sempre foi um nome que deixou muitos fãs curiosos a respeito de sua origem.
Alguns até dizem que os integrantes trabalhavam com eletrônica e que essa seria a inspiração. “Vem de uma piada interna da galera aqui. Macharada que tinha namorada dava banda escondida da mulher, e a gente ficava folgando que o cara ia ligar um bico de luz. Mas não fazemos mais jus à esse nome. Tá todo mundo quieto”, explica o vocalista Igor Almeida. A SBL é a prova de que não é preciso seguir tendências para fazer boa música, e de que a indús-
tria musical deve se reciclar para abranger estilos diferentes, mesmo dentro do rock, ao invés de bombardear o público com o mesmo tipo de música incessantemente. Embora o Doe rock ao emocentro só vá ser lançado em dezembro, quem quiser ouvir as músicas pode baixar o CD gratuitamente e na íntegra pelo link www.tinyurl.com/doerockaoemocentro. A banda também possui contatos no Orkut e Twitter (@banda_SBL), além da página oficial em www.myspace.com/bandasbl.
A banda foi criada em 2007 e já se apresentou em várias cidades do Rio Grande do Sul e até fora do Estado
Opinião
O longo caminho ao topo Silvia Dalmas Redação Jornalística III
Entre milhares e milhares de artistas que tentam chegar ao topo, são poucos aqueles que resistem a toda caminhada e ganham o devido reconhecimento. Formar uma banda é o sonho de muitos e conquista de poucos. Troca de integrantes, brigas internas, falta de incentivo e dinheiro são alguns dos problemas que todo conjunto provavelmente terá que enfrentar. O lançamento do CD da banda Sociedade do Bico de Luz é uma grande realização, pois além de ser produzido de forma independente, tem um estilo de música cada vez mais desprezado. A verdade é que cena roqueira em Porto Alegre está, aos poucos, de-
caindo e perdendo público. Hoje em dia, restam poucos locais na capital que ainda conseguem se manter com o estilo. O eletro rock foi a última cartada para os proprietários dos bares atraírem mais pessoas, mas a maioria preferiu mudar a identidade do bar, migrando para estilos mais atrativos. Isso é mais uma dificuldade enfrentada pelas bandas, que não encontram mais lugar para mostrar seus trabalhos e não se sentem incentivadas. Outro ponto a ressaltar é que na indústria da música as bandas de “modinha” é que tomam conta, com melodias simples. Já na SBL, as canções nos remetem a um rock’n roll clássico, misturando com doses de humor. A iniciativa da banda é louvável e merece o devido reconhecimento, não só pelo esforço de divulgar seu trabalho e conquistar seu lugar, mas também pelas composições de ótima qualidade, que nos fazem lembrar aquele bom e velho rock’n roll cada vez mais esquecido.
4
BabĂŠlia
n
Unisinos n Novembro/2010 n
n
Babélia
Unisinos n Novembro/2010 n
5
Dona Idalina, 105 anos Texto e fotos de Cristiane Abreu Fotojornalismo
N
o beco de número 116 reside a moradora mais velha da Vila Brás, em São Leopoldo. Idalina Soares da Rosa, de inacreditáveis 105 anos, é a matriarca da família, ao redor da qual todos se reúnem e, apesar das precárias condições de vida, desfrutam da companhia um do outro. Por negligência médica, ela perdeu a visão do olho direito e conta principalmente com ajuda da filha, Maria de Fátima Camargo, e da neta, Raquel Madalena, para enfrentar as debilitações naturalmente causadas pela idade avançada. A humilde casa de madeira na qual vive Dona Idalina foi erguida sobre um terreno irregular. Quando chove,
a água sobe e custa a descer. Para utilizar o banheiro, uma latrina que fica no pátio, ela calça cuidadosamente um par de botas de borracha para não molhar os pés. Os vizinhos da antiga moradora enfrentam o mesmo problema, alguns chegam a ficar ilhados e reclamam que estão esquecidos. Analfabeta, Dona Idalina exibe a esperteza daqueles que estudaram na escola da vida. Quando perguntada sobre como anda a vida, ela apenas responde: “Curta, minha filha, a vida anda curta”. As meias rosa com estampa florida poderiam tranquilamente pertencer a uma criança. Mas não, em vez disso estão confortavelmente calçando pés que viram 105 anos de chão. Parafraseando o poeta Fabrício Carpinejar, pode-se dizer que Dona Idalina envelheceu, mas tem muita infância pela frente.
6
Babélia
n
Ramiro Furquim
Bibiana Kranz Daniela Villar Lucas Reis Redação Jornalística II
P
raticidade, de simples acesso e informação completa sobre diversos assuntos. São essas algumas das várias qualidades que os e-books trazem. Esses livros, baixados da internet para serem lidos através da tela dos microcomputadores pessoais, estão tomando um espaço próprio na área da literatura, facilitando a vida de vários leitores e internautas. A questão não é discutir sobre o fim do livro impresso e sim apresentar uma segunda opção de uso para ele, nesse caso aliado à tecnologia. Já faz tempo que é possível ler livros no computador através dos conhecidos PDFs, no entanto, esse formato não possui possibilidade de marcação de página, notas e, por vezes, até mesmo seleção. Hoje, através de programas como o Adobe Digital Editions, é possível suprir essas necessidades. O novo formato de e-book é chamado ePub (Publicação eletrônica) e pode ser lido em qualquer tipo de tela. Com ele, você pode aumentar ou reduzir o tamanho da fonte ou largura do texto, marcar páginas e fazer anotações. A grande vantagem é que o arquivo com extensão ePub pode ser transferido do seu computador, sem conversões complicadas, direto para o seu dispositivo móvel com suporte a leitura. Eduardo Melo, fundador da Editora Plus ONG, que só publica ebooks e é sócio da Simplíssimo, uma empresa de produção de e-books, ressalta o motivo pelo qual os livros digitais não fazem sucesso no Brasil: “As livrarias não querem vender e-books, querem vender livros”. Ele afirma que o valor justo para um ebook seria no mínimo 50% menos do que o da versão impressa, enquanto as livrarias querem vender com uma diferença de 30%. “Para o leitor, não compensa. Tem que compensar, do contrário ele baixa de graça.” Já na opinião dos professores do Curso de Comunicação da Unisinos Sérgio Endler e Valério Brittos, responsáveis pela primeira publicação de um livro digital do curso, lançado em 2010, o livro eletrônico reduz bastante o custo e dá a possibilidade de publicação em diferentes setores. Além de tudo, devido aos preços baixos, ele circula na internet de uma maneira muito ampla. O livro Comunicação, consumo e identidade no Brasil foi constituído por seis capítulos, com três textos da turma de Iniciação ao Conhecimento Científico de cada professor. Para ambos, os livros impressos, mesmo com a chegada de novas tecnologias, têm um espaço cativo na vida dos leitores. “O livro impresso ainda tem uma função importante, porque temos toda uma história de relação com o papel, uma possibilidade de transporte e lei-
Unisinos n Novembro/2010 n
O novo formato de e-book pode ser lido em qualquer tipo de tela
Primeiro esculpido na pedra, depois escrito no couro, mais tarde no papel e hoje digitalizado na sua tela
A (r)evolução da literatura
Opinião
Tecnologia às portas VANESSA LOPES Redação Jornalística III
O século XI possui as tecnologias mais diversas e o mundo busca cada vez mais produtos tecnológicos que, além de venderem muito bem, prendem e fazem a cabeça do público dos pequenos até os mais velhos. Tudo está se tornando virtual, o “papel” já era, e as telinhas estão chegando para ficar. Há quem goste de folhear o velho e bom jornal impresso, há quem goste de ir ao bar e jogar uma sinuca, cartas. Há também, aqueles que gostam de ler noticias online e navegar entre os diversos joguinhos. Vai de cada um, mas, uma coisa é certa, não tem quem não se encante com os novos aparelhos eletrônicos como Iphone, Ipad ou Kindle que ganham cada vez mais espaço no novo mundo virtual. Um dos produtos mais recentes, em
formato tablet, é o Ipad. O preço estimado nos Estados Unidos é de aproximadamente US$ 499 em uma versão mais simples de 16 GB. Esse produto foi anunciado no começo do ano na cidade de São Francisco. O Iped é nada mais nada menos que um computador com tela sensível ao toque, destinado à leitura de publicações eletrônicas, às navegações na internet e exibição de vídeos. O Iped é uma loja gigante onde a internet faz o caminho oposto ao que estamos habituados: o conteúdo é disponibilizado de forma grátis, aberta e livre. Uma de suas principais características é a possibilidade de escrever diretamente em sua tela com uma caneta especial. Não é de prender a atenção de qualquer um? O público virtual é grandioso. Muitos ficaram anos aguardando o lançamento desse tipo de aparelho e ao fazerem a compra, não se importaram com o altíssimo valor. Dos 287 milhões de computadores vendidos em 2008, 0,5% eram tablets.
tura nos mais diversos espaços. Eu acho que o livro em papel tem muito espaço ainda, mas não sei até quando irá”, destaca Valério. O professor Sérgio considera que os dois livros, impressos e digitais, são invenções igualmente geniais: “De um lado temos uma plataforma milenar, capaz de nos transportar para lugares melhores. Do outro, algo muito inovador, sem que possamos ver até onde vai. São duas construções culturais maravilhosas e coletivas acima de tudo”. Para Alessandro Vargas, professor de música e fã dos e-books, os livros digitais são a evolução natural da literatura: “Trata-se de uma tecnologia cômoda que possibilita o acesso rápido a livros e matérias, inclusive aos raros e importados.” Contudo o rapaz pondera: “O ponto ruim do e-book é o fato de misturarmos a leitura com outras atividades costumeiras que o computador nos possibilita. Talvez essa seja a grande desvantagem em relação ao livro físico, é mais difícil reter o conteúdo levando isso em conta.” Apesar disso, os livros virtuais vêm colaborando cada vez mais na vida de Vargas. “Essa tecnologia vem me ajudando principalmente na área de material didático. Como professor de música, eu tenho os e-books como principal fonte de pesquisa”, explica. “E a literatura em geral é uma das artes que mais acesso. O e-book só vem complementar isso.” Os e-books estão a cada dia melhores, menores, com possibilidade de adaptação para diversas plataformas e com uma forte tendência a uma redução considerável no custo. Se você ainda não leu um livro através de uma tela, acredite: em breve lerá.
n
Babélia
Unisinos n Novembro/2010 n
7
Ramiro Furquim
Apaixonado pelo trabalho, o zelador é reconhecido por funcionários e visitantes e gosta de recordar histórias do passado do teatro
Há 35 anos na zeladoria do Theatro São Pedro, Oscar Siqueira é o guardião do prédio que compõe o coração de Porto Alegre
A alma do São Pedro lho e amar o que faz. Não existe quem não o conheça dentro do São Pedro: Redação Jornalística II atores, funcionários, freqüentadores assíduos e as almas de outro mundo, o centro da cidade de Porto que ele afirma vagarem nos corredoAlegre encontramos firme e res. Até mesmo fantasmas famosos, resistente ao tempo, graças a como o do amigo e ator Paulo Auduas grandes reformas, o Theatro São tran, falecido em 2007. Ele recorda Pedro. Mas quais histórias o prédio também do fantasma de uma mulher sesquicentenário guarda entre suas que fica no banheiro do sexto andar paredes e espetáculos? As histórias do teatro. Questionado sobre o que de 150 anos atrás podem ser contadas poderia estar fazendo lá, ele ri e diz apenas por documentos e livros de nunca se lembrar de perguntar: “Até história, porém, os últimos 35 anos mesmo a Dona Eva já disse para eu podem ser narrados por uma pessoa, perguntar e ver o que ela quer, mas eu o zelador Oscar Siqueira. nunca lembro”. Chega-se à portaria do teatro e, em Considerado um marco, Oscar já passos lentos, surge um homem, no está acostumado a conceder entreauge dos seus oitenta e poucos anos, vistas e ser procurado para servir de se apresentando com voz falhada. Um guia turístico a jornalistas ou curiosos. teatro tão antigo como o São Pedro Com muita satisfação, mostra em um não poderia deixar de ter um personados corredores no subsolo do teatro o gem marcante. teto côncavo que ajudou a construir Natural de Quaraí, na fronteira na década de 80, e relembra histórias oeste do Rio Grande do Sul, ele veio maravilhosas, como o primeiro espepara a Capital a convite de um amigo táculo que assistiu e marcou sua vida: fazendeiro para construir um estacioPiaff, com Bibi Ferreira na reinaugunamento que nunca existiu. Como ele ração, em 1984. mesmo afirma, ele “deu azar”, porque Um pouco mais solto, o zelador se o amigo faleceu na semana semostra um apreciador da músiguinte a sua chegada. Depois ca gaúcha e diz adorar as aprede trabalhar dois anos e sete Eva Sopher devolve a sentações de Renato Borghetti. meses na antiga CRT, foi convida ao São Pedro Histórias pra contar não faltam vidado a participar da reforma, na vida desse senhor. Se despeno comando de Eva Sopher, em Após a esperada inauguração, em 1858, o de com um sorriso no rosto. Mas 1975. Atualmente, apontaeorTheatro São Pedro não sofreu reformas até não convida para tomar chimargulhosamente todos os canti1973, ao ser tomado por cupins e interditarão, afinal, não bebe desde que nhos que ajudou a levantar. sua mulher disse que já estava do. Eva Sopher entrou no comando do teaO simpático e sorridente virando um vício, pois acordar tro em 1975, onde liderou a reconstrução e senhor mostra onde largou o às 4h30min só para esquentar a martelo e o serrote, no ano de reestruturação total do prédio até 1984, na água não é normal. 1984, para assumir a função de sua reinauguração. LETÍCIA SILVEIRA NATÁLIA MUSSI
N
zelador: “Foi ali em cima, terminando o telhado, agora meu trabalho é só aqui embaixo”, afirma orgulhoso por ter participado de um momento tão especial para o Rio Grande do Sul, a reconstrução de uma parte da nossa história. Como não dar valor a um prédio histórico, no centro de uma capital movimentada como Porto Alegre, que nunca foi assaltado, ou até mesmo pichado? Após tantas mudanças na vida e na história do São Pedro, Oscar não nota muita diferença no fluxo da juventude que freqüenta os espetáculos, e ninguém melhor que ele para saber disso, já que não perde nenhuma apresentação desde que assumiu o cargo. É o primeiro a chegar e último a sair, sendo o detentor de todas as chaves e conhecedor de cada palmo, do lobby da entrada até as paredes dos porões. Começa sua rotina pontualmente às 6h, sempre com hora incerta para cerrar as portas da frente. Com todas as oito filhas casadas, 15 netos e dois bisnetos, com um sorriso no rosto, ele conta que não tem nada melhor do que morar no traba-
Opinião
História de um gigante da cultura Guilherme Dexheimer Redação Jornalística III
Ser uma pessoa culta significa ter conhecimento em vários assuntos decorrentes da vida, um deles é o teatro. Espetáculos cênicos, concertos musicais, entre outros, são atrações que podemos encontrar em uma casa deste tipo. O Theatro São Pedro, no centro da capital gaúcha, é uma escola para o aumento da bagagem cultural da sociedade. A história deste local recheado de coisas interessantes, vem de longo tempo. Tudo começou com o movimento de edificação do Theatro São Pedro, quando o presidente da província, Manoel Antonio Galvão emitiu, em 1833, uma carta de titulo de doação do terreno para construção do teatro. O presidente autorizou, em 1847, após a Revolução Farroupilha, um empréstimo dos cofres provinciais. Este dinheiro financiou a execução do projeto de Felipe Normann. Muitas polêmicas rodearam este projeto, principalmente porque mesmo com o empréstimo do banco da província, faltou verba para terminar as obras que se iniciaram em 1850. A polêmica só terminaria oito anos depois. Em 27 de junho de 1958 era inaugurado o grandioso teatro que já recebeu em suas galerias e camarotes artistas como Villa Lobos. Mas nem todos os visitantes, deste ilustre colégio cultural, foram bem recebidos. Os cupins começaram a tomar conta da estrutura e no ano de 1973, o teatro foi fechado pois quase desabou na apresentação de um concerto. Foi fechado por falta de segurança e problemas na estrutura do prédio. Felizmente hoje, o São Pedro está mais vivo do que nunca apresentando belíssimos espetáculos.
8
Babélia
n
Unisinos n Novembro/2010 n
Carina Mersoni
Movimento Jogo Justo visa diminuir impostos para expandir mercado nacional de games
Por jogos mais baratos Além da grande variedade de títulos, o preço alto também dificulta na hora da compra
Douglas Bonesso Fernanda Kern Samantha Gonçalves Redação Jornalística II
Q
uando uma mercadoria entra no país para ser comercializada, sofre taxação de diversos impostos. Se o produto em questão for um videogame, um jogo ou um periférico, a tarifa cobrada pode chegar a cerca de 70% do valor total do artigo. Logo, um jogo que custa R$ 250,00 poderia custar menos de R$ 100,00. Mesmo sendo um software, no Brasil os games são tratados como mercadoria, portanto, pagam ICMS equivalente. Para mudar a realidade
cara dos aficionados ou simpatizantes dos jogos digitais, o administrador e amante dos games Moacyr Alves Júnior idealizou o movimento Jogo Justo. Reduzir os impostos dos jogos importados, torná-los mais acessíveis e contribuir com a diminuição da pirataria no país são os objetivos do projeto. A iniciativa pretende incentivar o mercado nacional de forma semelhante ao que aconteceu no México, onde o governo reduziu impostos dos games, levando grandes empresas do setor a investir no país. Para João Bittencourt, coordenador do curso de Jogos Digitais da Unisinos, o projeto, além de ter po-
Opinião
Pão velho Dyeison Martins Redação Jornalística III
Realmente não sabemos os motivos que fazem os impostos serem como são no Brasil. Que são altos e desproporcionais, isso é de conhecimento geral. Enquanto algumas coisas são por demais caras, outras que deveriam ser mais baratas, não o são. Falo isso porque os preços com que os consoles e jogos de videogame chegam no Brasil são absurdos. Alias, não os preços com que eles chegam no Brasil. Eles vêm em dólar, nem é a conversão que eleva seus preços. São esses impostos que fazem com que um jogo de 50 dólares chegue a quase 250 reais. Sim, isso ai, o preço fica cinco vezes maio. E o dólar, equivale a cinco reais? Criou-se no Brasil a perspectiva de
que jogos de videogame são “coisas de riquinho”. Infelizmente é uma verdade, pois como um cara que ganha R$600,00 por mês vai comprar um Xbox de R$ 1500,00? Só muito parcelado, ou com a ajuda de alguém, ou vá saber. O problema é que lá fora não é assim. Os games podem não estar ao alcance de todos, mas são bem fáceis de conseguir. Os consoles novos de última geração podem ser um pouco caros, só que logo entram no orçamento das classes menos favorecidas (que não estão na linha da miséria, mas são da classe média-baixa norte-americana). Se os pobres dos Estados Unidos podem ter um videogame novo e bom, porque só os “ricos” do Brasil podem ter algum acesso aos games? Sim, pois nem é um acesso de acompanhar os lançamentos, é geralmente comprar jogos piratas e consoles ilegais. Tudo isso por causa dos impostos, que colocam os preços lá em cima.
tencial para realizar o que se propõe, levantará a discussão sobre a área. “O Jogo Justo despertará a atenção do público para o mercado de jogos no Brasil, que é um ótimo local para debater todas essas questões a respeito das tributações”, diz. Além dos impostos, a falsificação é um dos grandes vilões que desafia o mercado nacional de games. Como esse não é simplesmente um problema socioeconômico, a questão precisa ser estudada com cuidado. “A pirataria brasileira, antes de tudo, é uma questão cultural. Na Apple Store, por exemplo, existem aplicativos que são vendidos por U$ 0,99 e, mesmo assim, são pirateados. Atualmente, grande parte dos jogos digitais é produzida no exterior e importada com preços inflacionados. O que deve existir no país é um fortalecimento do mercado interno e o fim do preconceito de que se for produzido por aqui é ruim”, destaca Bittencourt. Apesar de não ser um fato recente, a cópia dos jogos evoluiu, bem como os consoles e as mídias por eles utilizadas. Com o advento do CD, as falsificações se tornaram mais fáceis e de “melhor qualidade”. Para compensar as perdas, o varejo aumenta os preços dos produtos originais, deixando o consumidor em “maus lençóis”. Márcio Brizola, dono da loja TC Informática, em São Leopoldo, não acredita que os tributos baixos diminuiriam a pirataria. “Comprar produtos falsificados está na cultura dos brasileiros. Mesmo com menos impostos, os jogos piratas serão mais baratos e o consumidor não deixará de comprá-los”, diz. Através de um relatório baseado em informações comerciais colhidas com desenvolvedores e lojis-
tas, o Jogo Justo quer a diminuição dos preços de jogos, consoles e periféricos. A mobilização, que teve início no segundo semestre de 2010, enfrentará seu primeiro desafio em novembro, quando apresentará à Receita Federal, em Brasília, todos os benefícios que a redução tributária trará. No mesmo mês, está previsto, também, o dia sem imposto. Nessa data, ainda a ser definida, lojas e distribuidoras comercializarão títulos selecionados a preços simbólicos, sem impostos, subsidiando o valor de desconto. Quem pretende participar desse dia é Tiago Ribeiro, 24 anos. Apaixonado por jogos, o jovem, que cursa Jogos Digitais na Unisinos, apoia o movimento. “Ainda não sei quais títulos irei adquirir, mas se cada um comprar pelo menos um game pensando nos benefícios que essa iniciativa irá trazer, o Dia do Jogo Justo será um sucesso”, prevê. Todo esse esforço é para que o consumidor final tenha maior contato com essa forma de cultura que é, cada vez mais, disseminada mundo afora. “O Brasil é o país da vez. Todo mundo está querendo investir aqui. Se o Jogo Justo der certo, poderemos ter um futuro brilhante nessa área”, completa Maurício Gehling, professor do curso de Comunicação Digital da Unisinos. O projeto não recebe apoio apenas de gamers e desenvolvedores. Grandes empresas e redes varejistas já declararam estar ao lado da redução de impostos, como Walmart; Electronic Arts - a produtora do Fifa Soccer-, Activision, responsável pela série Guitar Hero e a Blizzard Entertainment, produtora do Starcraft 2.
Lajeadenses reforçam torcida no Olímpico Em todos os dias de jogos do Grêmio, sai de Lajeado - a 110 km de Porto Alegre - um fiel grupo de 15 torcedores rumo à Capital. Nas partidas mais importantes, como o Gre-Nal, chega a mais de cem o número de lajeadenses que partem para o Olímpico, munidos de bumbos, bandeiras e cornetas. (Guilherme Trentini / Redação em RP II)
9 Babélia n Unisinos n Novembro/2010
esporte
Daniel Nunes
Chega ao mercado um novo modelo de skate criado para os surfistas
Surf no asfalto Gabriel Reis marcus Von Groll Rafael Kehl Redação Jornalística II
“E
u hoje acordei, querendo ver o mar, mas eu moro bem no meio de uma selva de pedras.” A frase de uma das músicas do compositor e surfista Armandinho parece não ser mais um problema para os amantes do surf. Criada em 1999 pelos irmãos Wainer e Wagner Kesterke, a empresa Surfeeling, localizada na cidade de Porto Alegre, e que tinha inicialmente o seu foco voltado para a fabricação de roupas, lançou recentemente sua divisão de skates feitos especialmente para um público em específico: os surfistas. Determinados, os irmãos pensaram em todos os detalhes na montagem de seu novo produto, tanto no visual do design retrô clássico dos shapes com acabamentos e logos, até a parte técnica, como eixos, rodas, rolamentos e trucks inovadores, que são importados dos Estados Unidos. Tudo isso foi planejado durante três anos, com intuito de levar a sensação do surf para as ruas. “Hoje, com a correria que as pessoas enfrentam diariamente nos centros urbanos, nem sempre é possível ir à praia todos os finais de semana, ou então, encontrar um mar que esteja em boas condições para a prática do surf. Assim, desenvolvemos um produto baseado nas origens do skate que pudessem transmitir a sensação do movimento do surf em qualquer lugar”, declara Wainer. Com o crescimento do interesse pelos surfistas no surf style no asfalto, Wainer vê com bons olhos essa nova alternativa: “O skate surgiu através do surf e com o tempo se tornou um esporte independente, mas, há alguns anos, retomou a ligação com o surf de uma forma moderna, com base nas manobras executadas nas rampas”, afirma. Wainer ainda ressalta o crescimento dessa nova modalidade. “A tendência é que isso se torne mais frequente para os que não gostam de manobras, pois abrange diversas faixas etárias.” Disponível no mercado desde o começo do ano, os skates da Surfe-
eling estão conquistando seus usuários. André Mantese, jornalista da revista Solto, é um desses. “Mudou minha concepção de skate. Surf no asfalto!” O radialista e apresentador da Pop Rock Paulo Inchauspe não conseguiu esconder sua satisfação com o produto: “Andar num Surfeeling me devolveu algumas sensações inexplicáveis”. Contudo, a transposição do surf para as ruas gera muitas polêmicas entre os praticantes do surf e do skate. O skatista de rua e vocalista do grupo de Rap Dus Corre, Rafael Vargas, mais conhecido como Seko, de 23 anos, acostumado a desafiar obstáculos impostos pela arquitetura das cidades, não mostrou entusiasmo ao provar o Surfeeling. “Não me adaptei a esse modelo. Prefiro o skate tradicional, com o qual pratico diversas manobras com alto grau de dificuldade nas ruas e nos ambientes adaptados para a prática. O Surfeeling serve mais para se locomover e não para praticar saltos”, afirma. Para Wagner, basta usar a imaginação. “Se analisarmos, uma simples árvore pode se tornar um tubo, o cordão da calçada pode ser a crista da onda, e uma entrada de garagem pode ser uma parede para uma boa rasgada.” O surfista William Menezes, de 24 anos, de Canoas, que já aderiu ao Surfeeling, afirma que a sensação de andar nesses modelos de skate é surpreendentemente semelhante ao de estar surfando. “Depois que andei com um Surfeeling, não quis mais andar com um skate tradicional. Evidentemente que prefiro surfar, mas um skate nesses moldes traz a vantagem de poder praticar o surfe na cidade grande. Nada como poder se divertir com as manobras todos os dias depois do trabalho”, destaca. Andar de skate virou algo comum entre os adolescentes de todo mundo. Os modelos são os mais variados, mas o importante é sentir prazer, adrenalina e emoção, mas primeiramente é preciso ter equipamentos apropriados, como joelheiras e capacetes, além de tomar muito cuidado quando for praticar esse esporte nas ruas tomadas de veículos.
Sensação: Wainer Kesterke, criador do skate surfeeling, “surfa” nas ruas de Porto Alegre
Opinião
Lixa não é parafina Eduardo Pedroso Redação Jornalística III
Surf e skate parecem irmãos, mas não têm nada em comum. Falo por experiência própria, já que foram quase 10 anos surfando, até que as pranchas foram substituídas pelo skateboard. O curioso é que a troca ocorreu por culpa da pista – que nem existe mais - de uma loja chamada Planeta Surf, que ainda vende roupas, acessórios e equipamentos não só para surfistas, mas também para skatistas. Acredito que esta união é promovida, sobretudo, pelo faturamento gigante do varejo de moda, que ainda não quer diferenciar os praticantes de cada esporte para não perder clientes que simpatizam com o estilo de ambos. No entanto, o resultado é o enfraquecimento dos esportes perante o público leigo, já que parece que um não existe sem o outro.
Para quem ainda acredita que surf e skate são similares, sustento que são tão irmãos quanto rugby e futebol, dois esportes em que o abismo é mais visível. No Brasil, o rugby pode ser considerado irmão do esporte mais popular do país, já que está ligado a Charles Miller, inglês que trouxe também o futebol. Como acontece com estes esportes ingleses, a origem, ainda que seguidamente contestada por especialistas, é o único elo que aproxima os boarders do mar e o do asfalto. Hoje, a única característica que compartilham é a falta de reconhecimento. O Comitê Olímpico Internacional não reconhece a Federação Internacional de Skate e considera complexa a inclusão do surf no evento. Ainda assim, o windsurf, nascido em 1960 e derivado do surf, é esporte olímpico. Deve ser porque não existe windsurfwear e os maiores interessados na modalidade são os próprios atletas.
Divulgação
Associação oferece tratamento contra câncer
saúde
10 Babélia n Unisinos n Novembro/2010
Um inimigo cada vez mais jovem LUIZ FERNANDO VIEIRA Redação Jornalística I
Ela talvez ainda seja uma doença reconhecida por atingir pessoas mais velhas, especialmente acima dos 60 anos. O AVC (acidente vascular cerebral) afeta, cada vez mais, jovens abaixo de 30 anos. Diante disso, a medicina tenta buscar formas para descobrir os motivos de a doença atacar a população em geral, desmistificando a idéia de que atinja de forma restrita os idosos. No Brasil, a cada ano cerca de 20 mil jovens sofrem acidentes vascular cerebral. Em grande parte das vezes, a doença entre jovens decorre de um segundo mal também relacionado ao processo natural de envelhecimento, a aterosclerose
(deterioração e estreitamento das paredes da artéria, causados pelo acúmulo de placas de gordura e de cálcio). Em Porto Alegre, o neurologista Marco Antonio Stefani se mostra pragmático e faz um alerta fundamental. Para o médico, pacientes idosos ou com lesões hemorrágicas exibem maior taxa de letalidade nos primeiros 30 dias. Depois, em cinco anos, existe pouca diferença nas taxas de mortalidade (em torno de 40 a 50%). Na visão do especialista, sobreviventes de qualquer idade e tipo de AVC, precisam ser sempre reavaliados. Programas intensivos para recuperação devem ser constantes e sem prazos finais. Tais procedimentos são considerados extremamente importantes e eficazes.
Câncer, um vilão da pele CLARICE ALMEIDA Redação Jornalística I
Durante a primavera, muitas pessoas querem um bronzeado e acabam esquecendo a proteção. O contato direto com os raios ultravioletas pode causar danos irreversíveis à epiderme. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer, o câncer mais freqüente é o epitelial, correspondendo a cerca de 25% de todos os tumores no mundo. A população deve estar atenta, principalmente quem tem pele e olhos claros. As estatísticas mostram que a incidência da doença na infância é muito rara, mas, quando ocorre, pode ser letal. É exatamente nesse período que deve começar a prevenção. Segundo dados do Registro
Nacional de Patologias Tumoral e Diagnósticos de Câncer de Pele do Ministério da Saúde, a enfermidade é comum em ambos os sexos e cerca de 95% dos casos identificados e tratados precocemente revelaram índices de cura. Para o dermatologista Fernando de Stefanine, o uso de filtro solar é indispensável para a prevenção e deve ser aplicado em todo o corpo. Bonés, chapéus e óculos escuros também fazem parte do receituário. No entanto, observe a proteção ultravioleta oferecida pelo óculos. Segundo especialistas, além do câncer, a radiação pode causar envelhecimento precoce, disfunções lacrimal, inflamação permanente da superfície ocular e catarata. Os cuidados com a pele devem ocorrer durante todo o ano.
Dê um adeus ao tabagismo JÚLIA KLEIN Redação Jornalística I
O câncer de pulmão está na lista dos tumores que mais matam, e a cada ano tem aumento de 2% na incidência mundial. O tabagismo é o principal fator de risco, responsável por 90% dos casos. As lesões provocadas pelo cigarro no organismo são cumulativas e costumam aparecer por volta dos 55 anos. Segundo o médico Eduardo Garcia, pneumologista da Santa Casa de Misericórdia da Capital, uma radiografia de tórax pode confirmar a suspeita. “As chances de cura existem, mas dependem do tipo de câncer e de sua localização”, afirma. Entre os principais sintomas do carcinoma estão tosse persistente, encurta-
mento da respiração, escarro com sangue, dor forte ao respirar, pneumonias de repetição e cansaço. “Os indícios poderão se tornar óbvios apenas quando a doença estiver avançada”, ressalta o médico. Os tumores malignos do pulmão podem ser tratados com cirurgia (quando a doença é descoberta em estágio inicial), quimioterapia ou radioterapia, usadas para garantir a sobrevida dos pacientes. De acordo com Garcia, o câncer é silencioso, pois o pulmão é destituído de sensores nervosos, o que dificulta o aparecimento de sinais. “O tempo de desenvolvimento do tumor é impreciso, podendo levar de seis meses a um ano para aparecer”, explica. A melhor maneira de evitar a doença é manter-se longe do cigarro.
A cura do câncer infantil está relacionada ao diagnóstico precoce e ao tratamento. Para quem mora em Novo Hamburgo ou São Leopoldo, a Associação Assistência ao Menor em Oncologia (AMO) atende a jovens e crianças, oferecendo diagnósticos gratuitos, consultas, medicamentos e outros benefícios. O telefone de contato é (51) 3582-4800 (Luana Cunha / Redação Jornalística I)
A busca pelo corpo perfeito
Maicon Ribeiro de Assunção
FERNANDA BORBA Redação Jornalística I
A
tualmente, existe um grande culto à magreza, que gera uma busca incessante pela perda de peso, e que, associado a outros fatores, pode ocasionar transtornos alimentares. Um deles é a anorexia que caracteriza-se pelo medo de engordar e a recusa alimentar. Outro é a bulimia, que distingui-se por episódios de comer compulsivamente, seguido de comportamento compensatório, com vômitos induzido e uso indevido de laxantes. Segundo o nutricionista do Grupo de Estudos e Assistência em Transtornos Alimentares, com sede em Porto Alegre, Rafael Soares, raramente é necessária a internação. “Os transtornos alimentares são doenças psiquiátricas que geram alterações graves no comportamento alimentar, sendo fundamental a abordagem da terapia nutricional”, diz o nutricionista. O Hospital de Clinicas de Porto Alegre (HCPA), desde 2007, tem um programa para auxiliar pacientes com
Pela boa forma: dietas sem prescrição podem levar à anorexia
transtornos alimentares. Emi da Silva, do serviço de enfermagem em Saúde Pública do HCPA, diz que o objetivo do grupo é de traçar um perfil dos pacientes para ter uma melhor estratégia de tratamento. Segundo a enfermeira, o grupo que é composto por psiquiatras, terapeutas familiares, nutricionistas e enfermeiras que atendem por mês
uma média de 20 pacientes com idades que variam de 18 a 72 anos. “As anoréxicas normalmente não procuram auxílio. Veem normalmente por desnutrição grave diretamente para internação. As bulímicas tendem a sofrerem mais com o comportamento e procuram ajuda mais tarde”, afirma a enfermeira.
Arte e ciência unidas pela saúde RAÍSA BARBOSA Redação Jornalística I
A rotina de uma bailarina que pretende seguir carreira profissional se resume em aulas e ensaios. Depois de 28 anos dedicados à dança, Sílvia Suzana Wolff, 35 anos, sofreu um ataque vascular cerebral (AVC), um dia antes de viajar para Zurique, Suíça, e iniciar sua pesquisa de mestrado. Hoje, de volta ao Brasil, a bailarina pretende introduzir uma nova técnica para reabilitação de pacientes com AVC. “Quando percebi que estava diante de uma doença e que meu corpo estava com o lado esquerdo imóvel, pensei no que iria fazer com todos os anos dedicados a dança”, afirma. Em 2007, seis meses depois de ter o AVC, Sílvia viajou para Suíça e iniciou sua pesquisa prática. Para a fisioterapeuta Claúdia Zambiasi, os pacientes que sofrem acidentes, que
tenham como seqüela a perda de movimentos do corpo, a pior parte da reabilitação é a evolução. “Não existe tempo determinado, porque aquele corpo precisa ser adaptado, reinventado. Para isso, o paciente precisa estar preparado para enfrentar lutas diárias”, diz. O estudo da bailarina, chamado de Rehab Dance, mostrou que, durante um mês, 95,5% dos pacientes que praticaram aulas de dança, no Zentrum fur Ambularte Reabilitation de Zurique (Centro Ambulatório de Reabilitação), demonstraram melhoras físicas e psicológicas. “A dança consegue uma coisa diferente, porque a reabiliDivulgação tação é chata e cansativa. Nas aulas a gente pode ouvir músicas, liberar energia e isso basta para seguir em frente”, declara Sílvia. Reabilitação: Sílvia Wolff deseja introduzir técnica para reabilitar pessoas com AVC
Prevenção gratuita para o uso indevido de drogas Falar sobre drogas é importante para ajudar usuários e quem deseja prevenção. O Vivavoz, um serviço do Governo Federal, gratuito e anônimo, oferece auxílio para prevenção do uso indevido de drogas e informa locais de tratamento no Brasil. O atendimento é feito pelo telefone 0800 5100015, de segunda á sexta-feira, das 8h ás 24h. (Kamila Karolczak / Redação Jornalística I)
saúde
11 Babélia n Unisinos n Novembro/2010
Priscila Pilletti
Pesquisa do IBGE aponta que metade da população brasileira está obesa
Por uma vida mais leve e feliz Bruno Lois Eduardo Saueressig Redação Jornalística II
P
raticar exercícios e manter uma alimentação saudável soa impossível frente à correria diária de trabalho e estudos, comum à rotina do atual jovem adulto, mas, ao que tudo indica, é a solução para mudar um quadro preocupante. Se o atual ritmo acelerado de pessoas com sobrepeso se mantiver, a estimativa do Ministério da Saúde é de que em dez anos o Brasil atingirá taxas norte-americanas de obesidade, as maiores do mundo. Segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o excesso de peso é registrado em maior parte nos homens (51%). No entanto, na faixa etária dos 20 anos, são as mulheres que apresentam mais excesso de peso. O cálculo que define o índice de massa corporal, o IMC, é feito dividindo o peso pela altura ao quadrado. Os índices aceitáveis são de 18,5 a 25. De 25 a 30 há sobrepeso e, a partir de 30, é considerado obesidade. A endocrinologista da Santa Casa de Porto Alegre Graciele Tombini atenta para um fator importante que o cálculo do IMC não aponta: “A mulher pode ter um IMC de 25 - que ainda é considerado normal - e ter uma cintura acima de 80 centímetros, o que caracteriza acúmulo de gordura visceral, também perigoso”. A especialista preocupa-se com o crescimento acelerado de casos não só de obesidade (com IMC maior que 30), mas também de sobrepeso e faz um alerta: “Do ponto de vista de riscos, ambos estão mais expostos a doenças como o diabetes tipo 2, hipertensão, doenças cardíacas, acidente vascular cerebral, artrose de joelho, entre outras”. Os tratamentos para obesidade são variados e não há fórmula mágica. Para emagrecer e manter um peso ideal é preciso dedicação e disciplina. A primeira opção deve ser uma mudança no estilo de vida. Aposentar o sedentarismo e apostar em uma dieta balanceada é um começo. Há também o tratamento com associação de medicamentos e, por último, as técnicas cirúrgicas indicadas para obesos mórbidos, ou seja, IMC acima de 40 ou para aqueles com IMC
acima de 35, mas que tenham doenças associadas à obesidade. Em recente viagem a Houston, a médica Graciele comprovou algo que já observa no seu consultório: dá para emagrecer e obter ótimos resultados apenas com reeducação alimentar e exercícios físicos. No The Methodist Hospital, unidade referência americana no tratamento à obesidade, acompanhou obesos que perderam até 70kg só com dieta. Para fugir da realidade, Bernard Johann não se olhava no espelho. Aos 12 anos, o sobrepeso começou a incomodar. O momento mais crítico foi quando iniciou a faculdade. A falta de horários definidos para refeições acelerou o ganho de peso. “Retornava tarde da faculdade e ficava até duas horas da manhã vendo TV e lanchando. No outro dia, acordava tarde e ia direto pro almoço”, conta. O jovem portoalegrense de 26 anos chegou ao seu recorde de peso aos 24, com 147kg, quando o corpo deu sinais de que a saúde não ia bem. Após passar mal e procurar atendimento médico, Bernard descobriu quadro hipertensivo. Estava na hora de encarar um tratamento para a obesidade. Com o auxílio da médica Graciele Tombini e de um profissional de educação física, Bernard perdeu 60kg. No auge da dieta, chegou a pesar 87kg. Com trabalho de musculação que mantém até hoje, seu peso atual é de 91kg, com ganho de massa magra. Segundo a nutricionista Patricia da Veiga, a pessoa deve ter cuidado mesmo após emagrecer: “Se não tiver mudança de hábito alimentar, a doença pode voltar e causar grandes danos à saúde”. Por isso, Bernard segue atento à alimentação, com cardápio focado em proteínas. Evita gordura, carboidratos, doces e fast foods. As vestimentas antigas foram doadas. O guarda roupas ganhou peças menores. Seu manequim passou do 62 para o 42. “Poder entrar em qualquer lugar e não ter de calcular se a cadeira me aguenta, entrar em uma loja de roupas sem ter que pedir tamanho extragrande é ótimo”, comemora aliviado o jovem empresário que já fez parte de uma estatística preocupante e hoje é exemplo de superação.
A ciência decreta: obesidade é doença grave e deve ser controlada
Opinião
Quando a balança é inimiga Lorena Risse Redação Jornalística III
Cada vez mais a obesidade vem atingindo adultos e adolescentes. Mas, mais do que nunca os representantes da infância. As crianças estão cada vez mais preocupadas com a balança e com os tamanhos GG das roupas. Segundo a pesquisa do IBGE realizada em 2008 cerca de 10% da população dos pequenos brasileiros está acima do peso e 7,3% sofrem de obesidade. Na escola, a lanchonete é o vilão diário. Salgadinhos, guloseimas, frituras e nada natural. Em algumas cidades e estados esse “lachinho” mal supervisionado preocupou bastante e gerou a implementação de medidas mais enérgicas contra a obesidade. Na cidade da Aracaju, no Sergipe, (Lei nº 3.814) por exemplo, leis já foram implantadas para que em ambientes escolares seja proibida a venda e a
distribuição gratuita de alimentos altamente calóricos e salgados para que a inserção de frutas e legumes no cardápio seja feita diariamente o aumento de peso controlado. De acordo com o autor da lei e diretor da câmara de vereadores do município, Emmanuel Nascimento, a importância da medida está em oferecer melhoria na qualidade de vida dos jovens. “Com hábitos alimentares mais saudáveis, podemos prevenir doenças e diminuir os gastos do poder público com tratamentos e internações”. Mas o problema não está só fora, mas dentro de casa. Quando um dos pais é obeso, o risco de a criança ser obesa é de 50%. Se o pai e a mãe são obesos, esse risco sobe para 90. Com isso não se pode negar o efeito do exemplo e compartilhamento de atitudes da família. Ou seja, o bom exemplo neste caso se traz de casa.
Divulgação
Área sustentável na Região Metropolitana
meio ambiente
12 Babélia n Unisinos n Novembro/2010
A Fazenda Guajuviras, em Canoas, será revitalizada e abrigará um presídio e um distrito industrial, mostrando, assim, que é possível aliar desenvolvimento e sustentabilidade. O local será transformado em uma área de proteção ambiental, tornando-se o segundo maior parque ecológico da Região Metropolitana. (Gisele Agliardi/ Redação Jornalística I)
Morro Reuter aposta na ecologia JÉSSICA PEDROSO Redação Jornalística I
Todos os anos, mais de 4 mil turistas vão a Morro Reuter para conhecer a cultura germânica do lugar e suas belezas naturais. Lá, o meio ambiente é tão importante que ganhou espaço próprio no roteiro turístico oficial da cidade, chamado “Caminho da Ecologia”. Quatro são os principais pontos turísticos da cidade: Mirante Belvedere, Morro da Embratel, Balneário do Rio Loch e o centro de manutenção da vida de animais silvestres Arca de Noé. O chefe do Departamento de Turismo, Rodrigo Goettems, explicou que estes espaços ecológicos são fundamentais para atrair os turistas: “O Caminho da Ecologia recebe pessoas que procuram fugir do caos da cidade, da loucura do dia-adia. Como são pontos de fácil acesso e livre visitação, acabam recebendo maior
atenção. Geralmente os turistas passam o dia inteiro nestes lugares, comprando no comércio local, alavancando a economia do município”, disse. Todos os locais, com exceção do criadouro Arca de Noé, são mantidos pelo governo municipal. A secretária do Meio Ambiente, Dorothea Thobe, informou que há um biólogo disponível para fazer avaliações periódicas destes locais. “De três em três meses ele faz coletas das águas do rio, estuda a vegetação destes lugares e verifica se há existência de dejetos deixados pelos turistas”, afirmou. As crianças da cidade recebem educação ambiental nas escolas, sendo estimuladas a preservar a paisagem natural desde cedo. “Não apenas fazem para morar em uma cidade bonita e que todos apreciam, mas porque entendem que o meio ambiente precisa de nossa atenção”, frisou Dorothea
Osório tratará esgoto em 2011 YNGRID LESSA Redação Jornalística I
A construção da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) de Osório deverá estar concluída em março do próximo ano. Faltam, ainda, o término da canalização e as redes coletoras. O esgoto, antes enviado sem tratamento para a Lagoa do Marcelino, agora será levado à ETE, onde passará por vários processos, permitindo que a água saia dali com quase 100% de pureza. De acordo com osorienses, a ETE é um grande avanço para o município e o meio ambiente. Moradores que vivem perto da lagoa destacam que a estação ganha uma
importância além da ambiental. “Durante anos lutamos para que não colocassem mais esgoto na Lagoa do Marcelino. Depois que a unidade começar a funcionar, poderemos sonhar com a despoluição da nossa lagoa”, afirmou a osoriense Olga da Silva. A ETE só foi possível através de um financiamento de 18 milhões de reais, junto à Caixa Econômica Federal. O município entrou com a contrapartida de 3,6 milhões de reais que, depois, será reembolsado, quando a Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) começar a pagar o financiamento.
Exemplo da SAP chega ao lar CAMILA CAPELÃO VARGAS Redação Jornalística I
A funcionária da empresa alemã de Sistemas Aplicativos e Produtos para Processamento de Dados (SAP), Luciana Zanoto, introduziu em sua casa medidas para evitar o desperdício de água e a diminuição do lixo. “São soluções simples”, conta Luciana, que as aprendeu na SAP. A empresa instalou-se no ano passado no câmpus da Unisinos, em São Leopoldo, introduzindo uma política ambiental que incentiva o uso racional de recursos naturais e a proteção do meio ambiente. Pesou na decisão da SAP de se instalar no câmpus da Unisinos a abundância de mão de obra especializada disponível, e
o fato de esta região ser beneficiada pela zona de fuso horário das Américas. O prédio sede da SAP em São Leopoldo é totalmente sustentável, com sistema de iluminação automatizada, estacionamento para bicicletas e reciclagem de água. Funcionários usam copos de cerâmica e os copos plásticos foram praticamente descartados. Para a aluna de Jornalismo e estagiária, Jéssica Pedroso, as idéias sustentáveis da SAP não são marketing: “Se fosse apenas marketing, não viveríamos com tanta intensidade dentro da empresa essas medidas”, argumenta. Uma vez no câmpus, o funcionário locomove-se a pé, pois na área existem restaurantes, agências bancárias, Correio, lojas e outras facilidades.
Amor aos animais em cena
Venise Borges
Venise Borges Redação Jornalística I
A
peça teatral “Procura-se um dono de estimação” traz um diferencial em sua proposta: abordar a questão de animais abandonados e maltratados pelos seus donos. Esse é o tema escolhido pelo grupo Krakety, que quer enfatizar a convivência harmoniosa entre homens e animais. É impossível saber exatamente o número de animais que são abandonados nas ruas das cidades diariamente. O que se sabe é que esse número aumenta gradativamente a cada dia, segundo a Sociedade Mundial de Proteção Animal (WSPA, a sigla em inglês). Os motivos dos abandonos são os mais variados: deficiência física, doenças, insatisfação no comportamento e, às vezes, até motivos de viagens. Existem diversas ONG’s que trabalham com a castração voluntária, que tem como finalidade reduzir o nascimento e proliferação dos bichos. Em alguns lu-
Cia Krakety: conscientização pela arte é a proposta do grupo
gares realizam a castração e devolvem os animais às ruas, já que não contam com ajuda governamental, somente com parceiros voluntários. Rosane Gomes, a responsável pelo grupo e autora da peça teatral, é apaixonada por animais. Esse foi um dos motivos que a levou a produzir a peça, juntando uma história e uma causa, transmitindo uma mensagem de
amor e cuidados. Entre os personagens que encantam crianças e adultos tem a palhaça que faz malabares com os cães. “Um dos momentos que mais emocionam a platéia é quando entra a imagem de São Francisco de Assis, o protetor dos animais”, conta Rosane, entusiasmada com seu projeto que, além de inovador, faz um importante trabalho social.
Teutônia recupera o Boa Vista servação por meio de painéis, mostrando os tipos de lixo que foram coletados. Queremos que a população se conscientize”, exNuma ação desenvolvida pela ONG Parplica Kelem. ceiros Voluntários, foi recolhida, durante O secretário da Agricultura e Meio Amo mês de outubro, uma tonelada de lixo e biente, Luiz Rückert, ressalta que estão esplantadas 500 mudas de árvores à beira do tudando alternativas para evitar que dejetos arroio Boa Vista, em Teutônia. humanos e animais acabem A iniciativa faz parte de nas águas do arroio. “É preuma série de ações que inO principal manancial de ciso um estudo aprofundado tegram o projeto Revive água que corta a cidade sobre o que fazer, para aí darBoa Vista, para a revitalitem sua nascente em Carlos mos início à recuperação do zação do manancial, vítimanancial”, afirma Rückert. Barbosa e desemboca ma da poluição. Dentre as alternativas, está a no Rio Taquari A coordenadora da entipossibilidade de construção dade no município, Kelem de uma estação de tratamento de esgotos. Eibel, diz que o Revive Boa Vista fortaleceNa década de 90, o pastor Sílvio Meinrá o envolvimento de voluntários e emprecke já organizava a Caminhada de Amor sas, conscientizando a comunidade para a ao Boa Vista, para alertar que o arroio esimportância da preservação do arroio, além tava morrendo. Meincke, hoje morando na de recolher o lixo e encontrar soluções para Alemanha, aplaude o projeto desenvolvido que dejetos humanos e animais não parem em Teutônia, pois acredita na conscientizano manancial. “Ainda faremos um trabalho ção das pessoas. com as escolas, de conscientização e de preÉDSON LUÍS SCHAEFFER Redação Jornalística I
Veja aves da Mata Atlântica no iPhone O aplicativo Aves do Brasil – Mata Atlântica foi lançado em parceria entre o projeto Planeta Sustentável, da Editora Abril, e a WWF Brasil. O objetivo é facilitar a identificação das aves. O programa custa US$ 6,99 na Apple Store. Podem ser inseridos dados como cores predominantes e porte dos animais. (Marcelo Grisa / Agexcom)
13 Babélia n Unisinos n Novembro/2010
meio cartola ambiente
O número de animais e plantas extintos nos últimos tempos revela uma realidade preocupante. Todos os dias, no mundo, várias espécies deixam de existir
A biodiversidade e a preservação da vida Lucas Brito de Barros Luísa Schenato
Pedro Barbosa
Redação Jornalística II
S
empre existiram no planeta ciclos naturais ou acidentais de extinção. Depois, a vida ressurge evoluída e readaptada. Porém, desde o início da época moderna, com o aumento da população e da poluição provocada pelo homem, presencia-se um fenômeno novo. Os processos de extinção acontecem, agora, muito mais rapidamente. Segundo dados do Plano das Nações Unidas para o Meio Ambiente - documento organizado pela ONU que propõe métodos de preservação ambiental existem cerca de 10 milhões de espécies no planeta. Hoje, somente 1,4 milhões são conhecidas, e 25% estão ameaçadas de extinção. Todo dia, no mundo, desaparecem quase trezentas espécies devido à destruição de seus habitats, a caça e pesca predatória, a poluição e o tráfico de animais. De acordo com Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), na última década, cerca de 30 espécies brasileiras deixaram de existir livres seu habitat natural Na tentativa de controlar essas extinções, existe, no Brasil e em todo mundo, institutos governamentais e privados que buscam preservar a biodiversidade. O Instituto brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) é a autoridade que tem a atribuição de fiscalizar e denunciar crimes ambientais, mapear e proteger as espécies em vias de extinção e emitir licenças para a comercialização internacional e nacional de qualquer espécie da flora e fauna protegida pela Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção (Cites). A Cites é um dos acordos ambientais mais importantes para preservação das espécies. O Brasil aderiu à Convenção em 1975, regulamentando a exportação e importação de animais e plantas. Segundo dados do Ibama, o conjunto de espécies brasileiras vem sendo destruído gradativamente, o que afeta, inclusive, a economia do País. Mesmo com todas essas iniciativas, a ação humana continua extinguindo os seres vivos de forma alarmante. Sendo assim, o que acontece quando eles deixam de existir? Qual é o refle-
Risco: o tigre de bengala é uma espécie praticamente extinta no meio selvagem
Opinião
Perigos ambientais LILIANA EGEWARTH Redação Jornalística III
Um dos assuntos mais comuns dentro da temática de meio ambiente é a extinção de plantas e animais. No Brasil, infelizmente, esse número cresce de tempos em tempos. Esse fator torna-se relevante, se levarmos em conta que o ser humano depende da harmonia de várias espécies para sua própria sobrevivência. Tem-se falado muito em espécies bastante ameaçadas, como por exemplo, entre os animais, o mico-leãodourado, as baleias, o urso-panda e a arara-azul, e, entre as plantas, o paubrasil, o mogno, o cedro, a aroeira e o jacarandá. Segundo pesquisas, nos últimos três séculos houve casos de mudanças ambientais e animais ameaçados de extinção, como nunca. Não podemos esquecer que se não
dermos a devida atenção às centenas de espécies de plantas e animais que estão ameaçadas e continuarmos a agravar ainda mais essa situação, nós podemos acabar sendo a próxima espécie a entrar nessa lista. Por isso, devemos nos conscientizar e começar a cuidar do mundo ao nosso redor. Acredito que, para melhorarmos, temos que começar a cuidar da maneira como utilizamos nossa água, como separamos o nosso lixo doméstico. As pequenas atitudes, quando tomadas em conjunto, podem trazer grandes resultados, e assim poderemos habitar um planeta melhor. O homem se denomina a espécie dominante do planeta. Muitas vezes nos orgulhamos em falar isso, por podermos estar presentes em vários lugares, mas não levamos em conta todas as espécies vivas que existem no mundo. Se quisermos salvar os animais e plantas, cabe a cada um de nós uma revisão de postura e atitudes.
xo disso em nossas vidas e na Terra como um todo? Quando espécies desaparecem, temos uma redução na biodiversidade. O Manual Global de Ecologia, texto referência no assunto, relaciona com a biodiversidade os recursos fundamentais (alimentação, respiração) que os homens precisam. Por exemplo, o oxigênio. Ele é criado e mantido na atmosfera por conta da fotossíntese, realizada por vegetais, principalmente pelas algas oceânicas microscópicas, que muitas vezes pensamos não servir para nada. Já o solo necessita dos microorganismos que decompõem a matéria orgânica para enriquecê-lo com nutrientes. Além disso, existem áreas para as quais a biodiversidade é fundamental, como a medicina. A bióloga Vanessa de Oliveira atua como pesquisadora do Museu de Ciências Naturais do Jardim Botânico do Rio Grande do Sul e afirma : “Temos que ver o planeta como um grande ser vivo. Quando uma espécie é extinta, o sistema inteiro fica comprometido, como se um órgão deixasse de funcionar. Todo o resto fica doente. Se, por exemplo, um inseto é extinto, desaparecem espécies de plantas que necessitavam dele para o transporte de pólen ou de sementes. Com isso temos uma diminuição na absorção de gás carbônico, deixando tudo mais poluído”. Já Renato Petry, de 69 anos, que trabalha como biólogo do Zoológico de Sapucaia do Sul desde 1968, destaca as implicações morais desse aspecto. Segundo Petry, para preservar e conservar as outras espécies, é necessário pensar eticamente. “Quem nos deu o direito de destruir, expulsar ou acabar com o habitat das espécies de animais? Não existe mais lugar para eles”, afirma o biólogo, que também chama a atenção para a necessidade de criar parques e reservas naturais capazes de suportar populações viáveis das espécies ameaçadas. Cada ser vivo é uma peça fundamental para a manutenção do ecossistema onde está inserido. Destruir formas de vida tão massivamente, como vem ocorrendo nos últimos séculos, desequilibra o ciclo natural e coloca em risco a vida na Terra como nós conhecemos hoje, inclusive a nossa, pois o ser humano não tem condições de viver independente da natureza.
Mais vagas nas escolas para 2011
educação
14 Babélia n Unisinos n Novembro/2010
O Ministério da Educação anunciou ampliação da oferta de turno integral em escolas públicas da Educação Básica em 2011. Os números passarão dos atuais 10 mil para 15 mil escolas e de 2,2 milhões para 3 milhões de alunos. O investimento previsto pelo MEC também sofrerá um aumento: de R$ 387 milhões para R$ 600 milhões. (Gabriela Schuch / Agexcom)
Formar-se mais rápido, pagar menos e aprender como no ensino presencial, esses são os benefícios de quem faz cursos à distância. Pedagogia é destaque na procura
Agora ainda mais fácil, via Internet Taíssa Bach
Fernanda Becker Rita Rodrigues Tamires Fonseca Redação Jornalística II
P
ara quem sonha em se graduar, basta querer. Falta de tempo e dinheiro não são mais desculpas para não estudar. A cada ano vem crescendo o número de universidades com graduações a distância. Além de não precisar frequentar as aulas, o tempo para conclusão dos cursos é menor. Muitos deles já são dados nesse formato, mas o mais procurado e um dos primeiros a ser disponibilizado é o de Licenciatura em Pedagogia. Márcia Martins, professora do curso de Pedagogia em Taquari, da Universidade Luterana do Brasil (ULBRA), explica como funciona essa nova forma de aprender. De acordo com a pedagoga, as aulas funcionam através de um ambiente virtual de aprendizagem, ou seja, disponível na internet. “Os alunos acessam o conteúdo das vídeoaulas e do material gráfico, que está permanentemente à disposição, e compartilham a sala de chat, o fórum e os sistemas de envio de mensagens eletrônicas”, explica ela. Aproveitando os benefícios que esse tipo de curso oferece, a professora de Ensino Fundamental há 20 anos Maria Inês Porto Bach, 51 anos, optou há quatro meses pelo ensino a distância. É estudante do curso de Pedagogia, do Centro Universitário Leonardo da Vinci de Indaial (Uniasselvi), em Santa Catarina, o qual oferece um método de ensino à distância, o chamado Nead. A Universidade, com ajuda do município, locou uma escola particular, na cidade de Capão da Canoa, Litoral Norte do estado do Rio Grande do Sul, para poder realizar as aulas presenciais do curso. Maria Inês diz ter iniciado a graduação para se qualificar mais no magistério e escolheu o ensino à distância, pois é bem mais em conta, em termos financeiros. Porém, antes de iniciar a faculdade, ela pesquisou bem esse tipo de ensino, e seu preconceito inicial deu
Do preconceito à certeza: para Maria Inês é mais prático estudar pelo método à distância
Opinião
oprofessormoranamatrix.com Athos Beuren Redação Jornalística III
A modalidade de ensino à distância é hoje uma ferramenta à disposição do aluno e do professor. Criamos salas de aula virtuais, eliminamos distâncias de acesso à informação e personalizamos aplicativos de estudo. Todos estes mecanismos virtuais, no entanto, não dispensam a tutela de um mentor. Dependendo apenas de nós mesmos para aprendermos uma matéria, nossa tendência à procrastinação, ausência de metas e prazos e especialmente nosso comodismo iriam nos sabotar. O professor demanda qualidade, datas de entrega, objetivos claros e específicos. O ensino à distância é apenas um atalho a estes organizadores do processo de aprendizagem. Hoje, uma infinidade de centros virtuais de ensino gratuitos minis-
tram aulas através de vídeos na internet. Estes, no entanto, são altamente requisitados por uma maioria de alunos de ensino médio, determinados a aprender matérias para serem aprovados em suas escolas. Aprendem utilizando uma ferramenta virtual, mas impulsionados pelas demandas de um professor real. Compreender determinado assunto é apenas uma parte de um todo que chamamos educação. Esta, no sentido integral, envolve aspectos humanos que vão além da matéria ensinada. Comportamento, atitude, proatividade, coerência, forma de raciocínio e lucidez de idéias muitas vezes só podem ser forjados por um professor dedicado a aprimorá-los. A garantia de formamos profissionais competentes, mas também com caráter e bom senso depende indispensavelmente do envolvimento humano, mesmo que a distância.
lugar à certeza de que a Uniasselvi seria uma boa escolha para o seu aprendizado. Segundo Maria Inês, a faculdade está sendo muito produtiva, ela faz uma reciclagem dos métodos ultrapassados do ensino, ajudando muito no exercício das suas atividades, em sala, com seus alunos. As aulas a distância são mais exigentes do que as presenciais, fazendo com que o aluno tenha um comprometimento maior com os estudos. São distribuídas apostilas de estudo no primeiro dia de curso. Durante a semana o aluno tem que estudálas e assistir a vídeo-aulas sobre o conteúdo. Aos sábados pela manhã, ocorrem as aulas presenciais, onde o professor explica os conteúdos estudados. Logo depois são feitas avaliações. Outro caso é o da diretora Maria Luiza Silveira, que trabalha em uma escola estadual de Montenegro. Professora há 26 anos e no cargo de direção há cinco, Luiza graduou-se em Pedagogia, Habilitação Magistério com licenciatura plena, em 1991, na Unisinos. Após 20 anos na escola, a diretora resolveu que era momento de especializar-se. Começou a buscar opções de cursos de pós-graduação, quando lhe chamou a atenção um novo método, o ensino à distância: “Depois de um bom tempo procurando um curso que se adaptasse ao meu horário livre, percebi que o método não-presencial é o que melhor se encaixava, tanto que não tive mais dúvidas em relação a isso”, conta ela. Mostrando quão satisfeita ficou com o curso, Luiza cita apenas vantagens na escolha que fez: os benefícios de ter mais tempo livre e de esse tipo de ensino não pesar tanto no bolso. Desvantagens? Ela acredita que não existem: “Não vejo muitas, porque na faculdade era praticamente o mesmo trabalho: o professor dava o conteúdo, nós pesquisávamos, apresentávamos trabalhos e fazíamos provas”. E ainda completa: “Eu indiquei este tipo de ensino para outras pessoas e sim faria novamente”.
15 Babélia n Unisinos n Novembro/2010
opinião crônicas do câmpus
Estacione se puder, mas pague Ângelo Daudt Redação Jornalística III
Sete horas da noite é um bom horário para se chegar à Unisinos. Depois de passar pelo trânsito fluido da BR, o motorista entra facilmente pelos “bretes” da universidade em menos de 10 minutos. A contar da passagem pelos portões, basta que o centro de destino seja escolhido.Todos eles têm estacionamento pago. E muito bem pago por sinal. Agora com o tíquete em mãos e desfilando pela impecável avenida que atravessa o câmpus, o motorista pode optar pelo local mais próximo do seu centro. Uma circulada perto do prédio permite uma avaliação das vagas a serem escolhidas. Caso não exista uma próxima do prédio, é necessário buscar uma um pouco mais distante. Sempre há alguma, até porque usualmente podemos encontrar automóveis estacionados
ocupando mais de uma vaga. Sim, é moda no estacionamento os “queridões” estacionarem cruzando duas vagas oblíquas na horizontal. Caso o motorista não encontre uma próxima do seu centro pode buscar em algum outro. Depois dos 25 minutos, ainda há tempo de sobra para buscar uma vaguinha. Direita aqui, esquerda ali, sempre tem alguém saindo (vaga esperança). Basta observar atentamente. Atrás das árvores sempre tem lugar livre. Na qual o carro do lado ficou tão mal estacionado que impossibilita o acesso a “dita cuja”. São 19h30min e a aula vai começar. Se ainda não estacionou, tem duas opções: cruzar o carro aonde impossibilite acesso dos demais, ou é claro, colocar o carro em cima da grama! Na grama ou não, se deixar de pagar o tíquete vai arrumar confusão.
45 a 50 segundos de crônica Filipe Anderson Redação Jornalística III
Como eu gostaria que minha crônica fosse uma crônica dentro de uma crônica, algo como um filme dentro de um filme. Seria uma crônica dirigida por François Truffaut e com roteiro de Charlie Kaufman, algo que enlouqueceria o leitor em seu primeiro parágrafo. É fácil ter metalinguagem num texto de crônica. Por isso, venho aqui desabafar e questionar a respeito do meu ofício de cronista. Como vou escrever esse texto? Por onde começar? Socorro! Vou começar dessa maneira: Externa – Câmpus da Unisinos – Dia Talvez seja melhor descrever de outra forma, menos cinematográfica. Sábado, 9 horas da manhã. Caminhando pelo pátio vazio do Centro 3 da Unisinos, me deparo com um grupo de alunos com câmeras nas
mãos. Uma filmagem. Bom, nada surpreendente, pois o Centro 3 é o da Comunicação. Porém, nesse dia não estavam gravando uma reportagem ou filmando para um comercial publicitário qualquer. Presenciava ali uma gravação de um mini curta para o curso de “Introdução a Prática Audiovisual” - curso de extensão que acontece aos sábados pela manhã. A duração do mini curta é idêntica ao primeiro padrão estabelecido pelos irmãos Lumière, em 1895, 45 a 50 segundos de filme - o mesmo tempo que você vai levar para ler essa crônica, e o mesmo tempo que durou a minha aflição para escrevê-la. Afinal, o meu desabafo deve ter ficado despercebido quando fugi do assunto inicial. Difícil mesmo é ser cineasta, pois se o filme enrolar muito o expectador não vai ficar no cinema até o fim.
Amor para uma tarde inteira Roberto Ferrari Redação Jornalística III
O ócio desapareceu automaticamente quando seu perfume impregnou minhas narinas naquela tarde. Estava jogado no banco, ao marasmo, esperando o tempo passar. O centro administrativo do câmpus estava pouco movimentado, ainda mais numa sexta-feira. O vento, a luz do sol e a minha alma estavam mornos. Você passou e descobri qual era o antídoto para minha estagnação. O doce balançar de seus braços me encantou e não conseguia mais admirar outra coisa senão estes que, esguios, seguiam graciosamente o fluxo do ar e mesmo assim se mostravam fiéis ao restante do corpo. Para alguns conhecidos, você é apenas uma numa multidão. “Ora, na Unisinos é o que mais tem, não ligue para isso, Roberto”, me diriam. Sua beleza, po-
rém, havia impedido que qualquer conselho do tipo tivesse efeito, se proferido. A realidade é hipnótica e não posso ver nada além da sua silhueta e beleza. Foi um choque à minha estagnação perante o mundo. Perdi a noção e entrei numa ironia. Não queria mais que os minutos passassem. Pare o tempo! Quente. A temperatura subiu de uma hora pra outra e não tinha como controlar meus instintos. Ansiedade. Precisava fazer alguma coisa, antes que a imagem se dissolvesse sem poder eternizá-la. “Caramba, onde está a minha câmera?” Num movimento rápido, peguei a máquina e foquei na sua direção. Sem flash e apenas alguns cliques. Agora tenho certeza que nunca vou te esquecer. Que ângulo, que luz, que perspectiva! És minha! Certamente irei me lembrar de você no próximo setembro, dia 21.
Tive a ocasião, não a companhia Vitor de Arruda Pereira Redação Jornalística III
Enquanto isso na Unisinos... Universitários por todos os lados e eu ali, me somando com eles. Feliz com o horário de verão. Pronto para encarar aula de Rádio Jornalismo. Tudo estava aparentemente normal: alunos desanimados num canto, por ser apenas segunda-feira. Peguei o elevador, junto com dois colegas. Foi só o Diego apertar o botão, para ir ao quarto andar, que faltou luz bem na hora. Pronto. Se foi a normalidade. Putz, logo numa segunda – feira. E o pior de tudo, com dois homens. No meu ponto de vista, isso foi muito azar. Mas se fosse com uma bela moça, tudo mudaria. Seria um momento de sorte. Como diz um bom malandro: “Uma
chance para se aproximar”. A cena seria totalmente diferente... Imagina ela nessa hora: - Aah, meus Deus... - Calma, moça! Deve ter faltado luz. - Como você sabe? - É que na última sexta- feira na Unisinos faltou luz duas vezes. - Então vai ver que foi isso... - Mas mudando de assunto. Como você se chama? Não foi isso o que aconteceu. Foram minutos lamentáveis, nada de cena de filme. Além disso, tinha dois homens para dividir o oxigênio comigo. A sorte que a falta de energia durou poucos minutos. Mesmo assim, acabou com a normalidade do dia. E o pior de tudo, não tem graça nenhuma em comentar esse fato. Mas por que será que estou comentando?
Publicação Experimental do Curso de Jornalismo da Unisinos
São Leopoldo/RS Novembro de 2010
CULTURA Luana Elias
/Central 105 anos de vida Idalina Soares da Rosa é a moradora mais velha da Vila Brás, em São Leopoldo, e conta com a ajuda da família para enfrentar as dificuldades causadas pela idade avançada. Cristiane Abreu
/Capa O novo cinema Novas tecnologias estão tornando o mercado audiovisual cada vez mais democrático. Atualmente, produzir curtas é mais fácil e barato.
/3 Música com bom humor Banda Sociedade Bico de Luz, de Guaíba, lança seu primeiro CD: Doe rock ao emocentro.