vila brás | são leopoldo | novembro/2011 | edição 131 DIENIFER CECCONELLO
Um olhar esperto
Páginas 7, 8 e 9
Era uma vez... Quem nunca sonhou com um príncipe encantado? Confira como Dona Dorida encontrou o dela!
Páginas 10 e 11
Menino sensibilizou moradores de outro município e ganhou mais do que esperava!
Páginas 14 e 15
DANIELA FANTI
enfoque
Jovens do Projeto Aceleração relatam como foi sua visita à Unisinos e o que viram por lá.
Brassificados
ROBERTO FERRARI
Que beijinho doce que ele tem
Na Rua dos Beijos, casais da Vila recriam cenas marcantes do universo da fotografia Página 13
2
Coleção
Enfoque - Vila Brás, São Leopoldo - Novembro de 2011
Carta ao leitor O Enfoque chega à última edição de 2011. É tempo de fazer um balanço do que aconteceu. Desde o primeiro número do jornal, em 2004, muitas histórias já foram contadas por aqui. O Enfoque, produzido por alunos do curso de Jornalismo da Unisinos, quer conversar bem de perto com os moradores da Vila Brás. Escrevia no espaço. Nós, do Enfoque, ficamos animados Hoje, grafo no tempo, com a ideia de que, de alguma forma, na pele, na palma, nossa atividade possa cooperar para a na pétala, comunicação do pessoal da vila. Uma luz do momento das maiores satisfações que temos, tratada nas páginas 7, 8 e 9 desta edição, Paulo Leminski é a mudança de foco que nossa turma buscou na parceria com jovens estudantes da Brás. Hoje, com sorte, eles têm outras perspectivas para o próprio futuro. Outro ponto que vale ser destacado neste semestre é o que chamamos de “editoria que deu certo”. Nas três visitas feitas à vila no segundo semestre de 2011, pudemos observar o quanto funciona a seção dos Brassificados. Todos que participaram de certa maneira se identificaram com Neusa, que acompanhou o surgimento do projeto na Vila Brás, guarda todas publicações do jornal os alunos da Unisinos. A aceitação da coluna foi maior a cada edição. O pessoal se mostrou mais e mais receptivo e disposto. Abordava a equipe do Enfoque na rua e queria saber como participar. Há um diferencial nesta edição: poemas e haikais, versos de origem japonesa que valorizam a precisão e a objetividade. Os pequenos textos reproduzidos ao longo do Enfoque (um deles aí em cima) são de Arnaldo Antunes, músico, poeta, compositor, ex-integrante dos Titãs e dos Tribalistas, e do curitibano Paulo Leminski Filho, falecido em junho de 1989, importante escritor, poeta e tradutor.
O Enfoque é um jornal direcionado aos moradores da Vila Brás, em São Leopoldo/RS. A produção é dos alunos das disciplinas de Redação Experimental em Jornal e Fotojornalismo do Curso de Jornalismo da Unisinos. Fale conosco! (51) 3590 8463 / 3590 8466
enfoque
enfoquevilabras@gmail.com Av. Unisinos, 950 - Agexcom/Área 3 - São Leopoldo/RS
Confira quando circulam as próximas edições! 129
130
131
17/9
15/10
11/11
[REDAÇÃO] Orientação: professor Eduardo Veras. Monitoria: aluna Lílian Stein. Textos: alunos André Fröhlich Seewald, Dieines Fróis (edição), Dierli dos Santos, Eduardo Saueressig, Fernanda Brandt, Jaqueline Fernanda Silva de Loreto, Júlia Klein Caldas, Juliana de Brito, Liliana Egewarth, Lorena de Risse Ferreira, Marcelo Ferreira da Silva, Natália Barbosa Gaion, Natália Vitória de Oliveira Silva, Pablo Luis Furlanetto, Priscila Guimarães Corrêa Gomes, Renata Parisotto, Rita de Cassia Trindade, Thayná Candido de Almeida, Vitor de Arruda Pereira e Viviane Borba Bueno. [FOTOGRAFIA] Orientação: professor Flávio Dutra. Monitoria: aluno André Ávila. Fotos: alunos Amanda Pereira, Angelo de Zorzi, Bruna Vargas, Bruna Silva, Daniela Sgrillo, Daniela Fanti, Dienifer Martins, Douglas Bonesso, Eduardo Meireles, Fernanda Estrella, Gabriela Nunes, Greice Nichele, Joane dos Santos, João Diego Dias, Lílian Stein, Lisiane Machado, Livia Saggin, Lucas Neto, Marília Dias, Marina Cardozo, Natacha Oliveira, Rafaela Kley, Renata Strapazzon, Roberto Ferrari, Samantha Gonçalves, Stéfanie Telles e Tamires Fonseca. [ARTE] Projeto gráfico e diagramação realizadas pela equipe de jornalismo da Agência Experimental de Comunicação (Agexcom). Supervisão: professores Eduardo Veras e Thaís Furtado. Projeto gráfico: jornalista Marcelo Garcia. Diagramação: estagiário Marcelo Grisa. Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS Av. Unisinos, 950, Bairro Cristo Rei - São Leopoldo/RS Telefone: (51) 3591 1122. E-mail: unisinos@unisinos.br Reitor: Marcelo Fernandes de Aquino. Vice-reitor: José Ivo Follmann. Pró-reitor Acadêmico: Pedro Gilberto Gomes. Pró-reitor de Administração: João Zani. Diretor da Unidade de Graduação: Gustavo Borba. Gerente de Bacharelados: Gustavo Fischer. Coordenador do Curso de Jornalismo: Edelberto Behs.
“
“
Fã desde a primeira edição do Enfoque
A moradora diz que o veículo ajudou a mudar a visão que muitos tinham da vila Priscila Gomes (Texto) Tamires Fonseca (Foto)
E
m cada uma das três pastas, existe uma pilha de edições do jornal Enfoque Vila Brás. Essa é a coleção de Neusa Egger da Silva, 40 anos. Um dos seus passatempos favoritos é ler o veículo e guardar os volumes de recordação. A leitura até recebe um lugar especial: o seu quarto. “Gosto de folhear o impresso na cama. Depois, eu o guardo, pois as reportagens me remetem a diversas lembranças e, ainda, me permitem acompanhar as mudanças do local que eu vivo há 25 anos”, sublinha. Neusa acompanhou o início do projeto em 2004. Na época, ela ocupava o cargo de presidente do Conselho Fiscal da Associação de Moradores. “Quando a Unisinos apresentou a ideia, achei ótima! A partir de então, a cara da vila começou a mudar”, ressalta. Segundo ela, o local era conhecido apenas pela violência. “Se falássemos que moravamos na Brás ficava complicado até para conseguir emprego, por exemplo”, lembra. Neusa conta que quando os alunos de Jornalismo da Unisinos começaram a pisar no local em busca de histórias, a realidade se tornou outra. “O jornal começou a destacar as coisas boas que acontecem aqui. Com ele, a comunidade pôde conhecer as belezas, os projetos e as pessoas maravilhosas que vivem na localidade. Certamente, o veículo ajudou a
mudar a visão que muitos tinham da vila”, destaca. Como hoje Neusa trabalha no Serviço Municipal de Água e Esgotos (Semae), que fica no centro de São Leopoldo, ela lê o Enfoque para se manter informada sobre os fatos que ocorrem na Brás. “Até levo ele para mostrar para os meus
colegas de trabalho”, diz. A filha Giovana Egger da Silva, seis anos, já quis pegar os jornais da mãe para brincar de cortar as letras. “Não deixei. Em troca, dei uma revista para ela. Na minha coleção não pode mexer. Sou fã do Enfoque”, conta com risadas.
A voz da Vila No começo, o jornal Enfoque era produzido por estudantes de Jornalismo da Unisinos dentro do campus da própria universidade, em São Leopoldo. Para produzir textos e fotografias, os alunos não saíam para as ruas. Em 2004, isso mudou radicalmente. As turmas passaram a se deslocar até a Vila Brás. O objetivo, agora, se tornara outro: levar informação e entretenimento aos moradores da vila, valorizar seus feitos, suas histórias e seus projetos, assim como acompanhar suas bandeiras e reclamações. A primeira edição nesse formato, ainda em preto e branco, foi veiculada em setembro daquele ano. A manchete apresentava famílias em que as mulheres, sozinhas, tinham assumido o sustento dos filhos. A matéria contava histórias como as de Adriana da Rosa, que com 27 anos tinha a missão de não deixar faltar comida para suas seis crianças. Ela era uma mãe cheia esperança e sonhos. O impresso também destacou a luta de Fagner Gonçalves, de 15 anos, para se tornar famoso jogador de futebol. Na época, o jovem praticava o esporte no projeto Genoma Colorado, um núcleo de uma escolinha do Internacional. Desde então, 44 publicações sobre a Vila Brás já foram distribuídas gratuitamente para a comunidade.
Enfoque - Vila Brás, São Leopoldo - Novembro de 2011
Gente que faz
3
Montando o próprio negócio Valdoci Domingues deixou os bicos na indústria metalúrgica para se dedicar ao acabamento de pequenas peças de metal Júlia klein (Texto) Marina cardozo (Fotos)
H
á pouco mais de um mês, Valdoci Costa Domingues, 40 anos, trocou o trabalho informal para abrir seu próprio negócio. Profissional com experiência no ramo metalúrgico e alguns contatos na área, Valdoci recebe os fragmentos metálicos para lixar, polir e colar pedrinhas de strass. As peças metálicas são, em sua maioria, fechos de bolsas e casacos, tachinhas de roupas e calçados, enfim, diversos adereços que compõem acessórios do vestuário. O recente empreendimento chama-se Strass & Cia, e a tendência é de que o trabalho aumente em função do final de ano. “Nosso foco é colar as pedrinhas de strass nas peças de metal. As pessoas não valorizam muito isso, só notam mesmo quando cai a pedrinha do produto que compraram”, comenta o ex-metalúrgico. Falando nisso, a própria esposa de Valdoci, Elisângela Domingues, comprou uma bolsa que incluía um detalhe com pedrinhas coladas por eles. “Quando ela chegou em casa, veio toda faceira mostrar a bolsa. Foi comprada aqui pertinho, no Centro, e reconhecemos o fecho. Deu orgulho ver nosso trabalho na rua!”, conta o novo empresário da Brás. Atualmente, 15 pessoas trabalham com Valdoci, e cerca de 15 mil peças são preparadas diariamente. Após a colagem das pedrinhas, os metais vão para uma estufa, onde ficam em torno de três horas, aguardando a secagem. Terminado o processo, as peças metálicas são embaladas e enviadas de volta para a metalúrgica, onde recebem um tratamento final. Nívea Camargo, 35 anos, é vizinha e amiga da família. E agora, também faz parte da Strass & Cia. “Estou conseguindo uma renda extra e ainda trabalho pertinho de casa, está sendo muito bom”, entusiasma-se. Sobre trocar os bicos ou o emprego formal pelo trabalho em casa, Valdoci não pensa duas vezes: prefere a nova empreitada. “Estou muito contente por trabalhar em casa, porque além de dar oportunidade para pessoas da família, tenho liberdade para fazer outras coisas, sair para resolver problemas, manter um contato maior com meus filhos. Agora sou eu quem cuida do meu nariz”, finaliza.
“
“
Com ajuda de um palito de dente, Valdoci Domingues, seus parentes e vizinhos colam strass em peças de metal para bolsas
Clientela fiel
O melhor também acontece Arnaldo Antunes
Fabricados na Vila, produtos de limpeza são vendidos a preços inferiores aos do mercado
Marina Lessa, 47 anos, fabrica e comercializa produtos de limpeza. Ela mesma mistura os produtos químicos, criando uma variada combinação de cores. Todos os produtos são semelhantes aos oferecidos nos supermercados. A vantagem é o valor: alguns chegam a custar quatro vezes menos no carrinho de dona Marina. Há cinco anos nesse ramo, a comerciante diz que abandonou a profissão de confeiteira em função de problemas de saúde. Hoje, Marina percorre toda a Vila Brás e atende aproximadamente 400 clientes por mês. “Tem gente que me liga para fazer pedido de produto quando eu não passo aqui. Só não venho nos dias de chuva”, diz. Fique atento: o carrinho de dona Marina percorre a Vila aos sábados e às quarta-feiras, durante o dia todo.
4
Gente que faz
Aquilo que você não viu Marcelo Ferreira (Texto) Pablo Furlanetto (Texto)
l Foram calculadas 400 gramas de linguiça por pessoa. A compra foi consignada (quando se paga somente pelo que foi consumido). Dos 110 quilos comprados, 64 foram consumidos e 44 devolvidos ao fornecedor, que é de Lomba Grande. O valor pago foi de R$ 11 o quilo. A consignação só foi possível porque Schütze e Müller são, segundo o fornecedor, pessoas honestas. Ele disse: “Homem, conhecemos no andar”; l A compra das bebidas também foi consignada. Foram consumidas 20 caixas de cerveja; l Sobraram seis cucas, que foram vendidas a preço de custo; l Como a venda dos ingressos era feita boca a boca, havia a previsão de 90 bilhetes vendidos. Na hora, 76 foram comprados. Uma ficha valia para duas pessoas; l A banda que, a princípio, iria tocar cancelou o show 10 dias antes do evento. Foi preciso correr atrás de outro conjunto, a banda Veneza; l A mãe do Antônio, diretor de eventos, passou o sábado todo fazendo o pão de milho da festa; l Quem fez as conservas foi o diretor de eventos e sua mulher, Gleri. Exceto o pepino, que já foi comprado pronto; l Na compra dos copos plásticos, foi possível economizar muito. O cento que seria comprado por R$ 11 custava R$ 4,50 na Feitoria; l A filha do Antônio, diretor de eventos, começou a trabalhar na organização da festa às 8h de sábado e só parou às 6h de domingo; l Maicon Müller foi o designer dos convites. Só teve um problema. A primeira banda cancelou o show 10 dias antes e, assim, o garoto teve que refazer cartões novos com o nome da Veneza; l Aos 45 do segundo tempo: na manhã do sábado, Schütze e Müller foram buscar os bancos que seriam emprestados pela igreja. Na hora, ficaram sabendo que haveria um casamento e, assim, a igreja não poderia emprestá-los. Na Associação, havia apenas bancos para 65 pessoas. Os organizadores conseguiram em outro local os assentos que faltavam. Também, uma hora antes da festa foi detectado que faltariam talheres. Uma das caixas havia sumido. Mesmo com o empréstimo da escola e de moradores, os organizadores tiveram que comprar mais. Ironia: no fim das contas, a caixa reapareceu.
Paulo Leminski
“
“
Empreendedorismo nos negócios e na vida Nova lancheria na Leopoldo Wasun: a coragem de quem decide ir por caminhos diferentes
Na última ida à Vila Brás, conversamos com Claudimir Schütze e Antônio Vanderlei Müller, presidente e diretor de eventos da Associação de Moradores, respectivamente. Na ocasião, eles nos contaram “segredos” sobre a organização da festa de 30 anos, que ocorreu no dia 24 de setembro. Confira algumas das curiosidades e dificuldades que eles viveram para tornar a festa da cuca e da linguiça um sucesso:
Vozes a mais vozes a menos a máquina em nós que gera provérbios é a mesma que faz poemas, somas com vida própria que podem mais que podemos
Enfoque - Vila Brás, São Leopoldo - Novembro de 2011
Marcelo Ferreira (Texto) stéfanie telles (Foto)
“M
udar é bom. Temos sempre que correr atrás do que queremos.” A frase de Carla Mercedes Lopes Thambourindeguy, 49 anos, traz muito mais informação do que, à primeira vista, pode parecer. Ao deixar para trás o Brechó da Tia Carla e abrir a Lancheria Tobýss, a moradora encara o desafio de crescer sem medo do imprevisto e da novidade – ingredientes básicos tanto para o empreendedorismo quanto para a vida. Carla tem uma história marcada por mudanças. Ao falar da mais nova lancheria da Avenida Leopoldo Wasun, número 17, recorda-se dos muitos anos trabalhados como cozinheira em empresas e restaurantes, além dos doces e salgados para festinhas de aniversário que fazia. Conheceu o marido, Lauro Osvaldo Vieira, nos bailes do Gigante do Vale. Após muitas quartas-feiras namorando no sofá, casaram-se. Isso há seis anos, quando ela então se tornou moradora da Vila Brás e decidiu, em comum acordo com Osvaldo, abrir o brechó. A virada nos negócios da família é estratégica. “Hoje existem muitos brechós na Brás. Tem lugar para todos sim, mas, como sou muito organizada, acabei cansando de ter que arrumar as roupas todo o dia”, conta Carla. “Adoro cozinhar
Carla prepara um sorvete nos últimos dias de funcionamento do brechó e, agora no verão, o movimento da lancheria vai ser bom, vamos abrir de segunda a segunda, das oito da manhã à uma da madrugada.” Devido ao horário estendido, Carla conta que a Lancheria Tobýss vai ser um
negócio em família. “O marido vai ajudar depois do trabalho. Os filhos também podem pegar junto”, revela, com um sorriso no rosto e a felicidade de quem olha para o seu futuro e o da Vila Brás com entusiasmo e visualizando boas perspectivas.
Encontro de violas Liliana egewarth (Texto) natacha oliveira (Foto) Todo o sábado é dia de encontro de violas. Na verdade um conjunto de pessoas se reúne para realizar esse evento que acontece em vários lugares de São Leopoldo, inclusive no Bar da dona Salete, na Vila Brás. Salete Batista, 46 anos diz que a festa começa geralmente ao meiodia e segue até às 22h. Segundo ela, esse horário vem sendo rigorosamente seguido, pois não incomoda os vizinhos. Dona Salete não cobra entrada das pessoas que querem participar ou dos que querem assistir às apresentações. Essa é uma forma de promover as duplas e também o local onde está ocorrendo o evento. Geralmente 25 duplas de violeiros cantam e tocam. “Nos encontros de violas não acontece nenhuma briga. Serve para que as pessoas se divirtam e também para cultivar a tradição”, complementa.
João gosta mesmo é de cantar músicas tradicionalistas Salete ressalta que quem começou com a idéia de grupo de violeiros foi Sidnei Lima. Ele faz a apresentação das duplas antes dos shows e também, coloca as aparelhagens de som.
Para Dinorá Alkinson, que gosta muito dos bailes promovidos na vila, é um momento de descontração para os moradores. “Gosto de olhar eles tocando, mas gosto também de dançar quando tenho um par”, complementa. João Nunes, companheiro de Sidnei, costuma ajudar a colocar as aparelhagens e a organizar os shows. Segundo ele, que gosta apenas de cantar musicas tradicionalistas e também modas sertanejas, essa se torna uma oportunidade para ver os amigos reunidos e cantando. “Se aparecer alguém aqui, que saiba cantar, já saio cantando junto”, brinca ele. Dona Salete, mãe de quatro filhos diz que todos vão até seu bar participar dos eventos que ela e seus parceiros promovem. Bastante orgulhosa, ela gosta de ver essa participação dos filhos, vizinhos e amigos, além deles, gosta de ver a casa cheia, com uma média de 60 a 70 pessoas prestigiando os eventos.
Enfoque - Vila Brás, São Leopoldo - Novembro de 2011
Meninas, desde cedo, trabalhadoras
Infância
5
As duas irmãs, de nove e 10 anos, já têm uma profissão: são recicladoras. No meio do caminho, o trabalho acaba virando brincadeira, afinal, são crianças
lorena risse (Texto) lucas portal (Fotos)
O
Nos pés, o retrato do esforço que as pequenas fazem para ganhar seu dinheiro no final do dia. Amoras divertem e pintam as mãos das duas meninas, revigorando e tornando o trabalho mais divertido
“
Tão doce, tão cedo tão já tudo de novo vira recomeço Paulo Leminski
“
sábado é geralmente um dia de descanso para muita gente. É o dia em que todo mundo está em casa para conversar, passar o final de semana junto e se preparar para a próxima semana. Mas, em alguns casos, não é isso que acontece. Em um sábado de visita à Vila Brás, avistei de longe uma menina com um carrinho de ferro cheio de papelão, trabalhando no meio-fio. Aos nove anos, Joana* trabalha ao lado da irmã Jaqueline*, três dias por semana, para ajudar em casa. Cata papelão, garrafas PET, latinhas e outros materiais recicláveis. Chegam em casa, classificam o que foi arrecadado, montam fardos e depois vendem. Do processo todo, tiram de R$4 a R$6, dependendo de quanto conseguirem pegar na rua e vender. As duas irmãs estão na terceira série do Ensino Fundamental da Escola Municipal Padre Orestes João Stragliotto. A mais nova, Joana, diz que é boa em matemática, ganhou até uma medalha de honra ao mérito pelo bom desempenho. Já Jaqueline, 10 anos, confessa que tem muita dificuldade em Português e que ainda não sabe ler: “Eu sei as letras, conheço elas, mas não sei juntar, não sei ler a palavra”. Essa realidade é a de muitos brasileirinhos que precisam trabalhar para ajudar os pais com a despesa da casa. Poucos sabem que isso é contra a Constituição brasileira, que é clara: menores de 16 anos são proibidos de trabalhar. Aos adolescentes de 14 e 15 anos que precisam de um ofício, é permitido é o trabalho como aprendiz. De acordo com dados da PNAD 2009 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), existem no Rio Grande do Sul cerca de 1.670.000 crianças entre 5 e 14 anos. Dessas, 74.000 são classificadas como ocupadas. Esse número representa 4% da população gaúcha que, assim como as irmãs Joana e Jaqueline, assumem responsabilidades de gente grande. Mesmo com a avenida inteira por ser percorrida, as meninas reservaram um pouco do seu tempo para sentar e conversar. Foi assim que descobri que as duas vivem hoje separadas, uma com a tia, e a outra com os avós – os pais não moram no Estado. Mesmo com as dificuldades, gostam muito do que fazem, afinal podem ajudar a família. “A coisa mais boa é trabalhar. A gente tem o nosso dinheirinho”, diz Jaqueline. A rotina das duas começa cedo, às 5h da manhã, quando acompanham a tia na venda de balas. A escola é frequentada no horário da tarde, entre o Balanço Geral, quando saem de casa, e a Malhação, quando voltam. Gostam de brincar de pular corda e de esconde-esconde. Passam o dia juntas, mas, nos sonhos, as duas preferem caminhos separados, uma quer voltar a morar com a mãe e ser professora, a outra prefere ficar como está e seguir com a reciclagem. Sonhos que ainda podem mudar assim como os de qualquer criança.
6
Onde eu moro
Enfoque - Vila Brás, São Leopoldo - Novembro de 2011
Dois meses de obras paradas Atraso na construção de casas populares revolta a comunidade
Obras devem ser finalizadas até março de 2012 segundo a prefeitura
N
o início da construção das residências populares na Vila Brás, eram esperadas 150 moradias, com um valor de investimento em torno de R$ 1,8 milhão. A promessa da prefeitura de São Leopoldo animou muitas famílias da vila, que seriam logo realocadas, e passariam a ter uma boa moradia em um curto espaço de tempo. Mas, segundo o segurança da obra, a paralisação nas obras
está trazendo revolta a população. Em contrapartida, a prefeitura tem motivos para o atraso, mas reitera que as obras não estão paradas. Alguns moradores da comunidade, preocupados com o atraso, chegam a pressionar o guarda. “Os moradores vem aqui e reclamam para mim, mas eu não posso fazer nada, é com a prefeitura”, confessa Arione Correa da Silva, encarregado da segurança. Arione diz que esse sentimento de espera e incertezas faz algumas pessoas cometerem atos de rebeldia
Casas populares As unidades habitacionais terão 42 metros quadrados cada, distribuídos em sala, cozinha, banheiro e dois quartos. Ao fim das atividades, 54 casas estarão disponíveis para a comunidade da vila. e violência. “Durante a noite eles vêm aqui e quebram vidros, chutam coisas, e quando nos veem, reclamam e mandam agente fazer o trabalho andar.” Segundo a secretária Municipal de
Habitação, Isabella da Costa Albrecht, as obras não estão paradas. O atraso ocorreu, de acordo com a realocação das famílias que tiveram que sair de suas casas, após a construção do Trensurb na vila. “Tivemos que fazer várias casas rapidamente, e realocar algumas famílias que foram transferidas de residência, agora estamos terminando de arrumar o terreno e prepará-lo para a construção do restante das casas.” A prefeitura tem um novo prazo para a construção total da habitação: março de 2012.
“
O que se quer se deixa querer Arnaldo Antunes
À espera de um novo lar viviane bueno (Texto) JOANE GARCIA (Foto) O sol já tinha se posto no dia 5 de outubro quando se iniciaram as primeiras labaredas. Naquela noite, os moradores da Rua 26, na Vila Brás, nada puderam fazer para impedir que o fogo consumisse a casa de Valmir da Silva Peixoto, 41 anos, popularmente conhecido por Tatu. Por sorte, o pai de família, a esposa, Adriana Pereira Vargas, 33 anos, e os dois filhos, Matheus Vargas, quatro, e Jean Vargas, 14, não estavam em casa. As únicas coisas poupadas pelo incêndio foram a cadeira de rodas de Valmir, um fogão e um aparelho de televisão. Cadeirante há sete anos (ao pular em uma piscina, teve a coluna lesionada, Valmir depende da ajuda de vizinhos e parentes para poder se reerguer. Da casa de alvenaria que tinha cinco peças e garagem, só restaram os pedaços de tijolos e um muro que revelam o quanto aquele local foi devastado pelo fogo, consequência de um curto circuito. Valmir já procurou a ajuda da Prefeitura de
São Leopoldo e já falou com integrantes da Defesa Civil, mas nenhuma notícia foi animadora. A esperança que ele tenta enxergar vem da ONG Uma Nova Visão Social (NVS), que está fazendo promoções para arrecadar materiais de construção para seu novo lar. Sem ter onde morar, a solução foi procurar o filho mais velho, em uma residência, na Rua 24. “Também estou organizando a rifa de uma bicicleta que me foi doada. É a maneira de tentar reconstruir minha casa”, declara Valmir. Com sérios problemas de saúde, só neste ano Valmir já foi internado cinco vezes. Além do fato de depender de uma cadeira de rodas para se locomover, as dificuldades decorrentes da diabetes, aliada a uma anemia, tornam a sua vida ainda mais necessitada de atenção e cuidados médicos. “Pela quantidade de moradores existentes na Brás, se cada um doar R$ 1 conseguiremos reconstruir a casa de Valmir”, estima o integrante da ONG NVS, Bruno Garcia, mais conhecido por Laranjinha.
“
Eduardo Saueressig (Texto) Ângelo De Zorzi (Foto)
Matheus, quatro anos, brinca nos destroços que um dia foram sua casa, na Rua 26
Sobre a ONG As atividades da ONG NVS têm previsão para se iniciarem ainda neste mês de novembro, na sede localizada na Avenida Leopoldo Wasun, 1166. Com o intuito de ajudar pessoas com alguma deficiência física, a NVS contará com palestras, telecentro e doações, por meio de parcerias, de cadeiras de rodas e bengalas. “Vamos ajudar o Valmir a atravessar esse momento difícil. Ele sempre foi uma pessoa solidária e agora é ele que depende da solidariedade das pessoas”, conclui Bruno Garcia.
Contatos para quem desejar ajudar Valmir: l Rua 24, nº 238 l E-mail: laranjinhanvs@
yahoo.com.br l Telefone: 9426.9789
Mãos à obra
Enfoque - Vila Brás, São Leopoldo - Novembro de 2011
De olho no futuro
Alunos da Escola João Goulart conhecem o Complexo Desportivo da universidade
Visita à Unisinos possibilita o encontro com diferentes áreas profissionais andré seewald (Texto) dierli santos (Texto) juliana dE brito (Texto) MARCELO GARCIA (Fotos)
D
ando continuidade à parceria com a Escola João Goulart, o Enfoque convidou um grupo de alunos do projeto Seguindo em Frente (Aceleração) para visitar a Unisinos, na terça-feira, dia 11 de outubro. O objetivo era apresentar novas perspectivas profissionais para esses jovens. Durante uma tarde, eles puderam conhecer diferentes áreas de conhecimento: Jornalismo, Engenharia e Educação Física.
Os visitantes foram acompanhados por alguns repórteres que produzem o Enfoque e pelas professoras da escola, Renata Garcia Marques e Juliana Fogaça. Os estudantes puderam conhecer a TV Unisinos e a Rádio Unisinos, um laboratório de Engenharia Mecânica e o Complexo Desportivo. Na mesma semana, foi realizada uma atividade prática na Associação de moradores da Vila Brás, onde os alunos foram convidados à contar suas impressões sobre a visita. Os relatos e o entusiasmo do grupo demonstram que a iniciativa foi bem sucedida. O resultado você confere nas páginas 8 e 9.
Segue
7
8
Mãos à obra
Enfoque - Vila Brás, São Leopoldo - Novembro de 2011
Novos sonhos Por Ana Paula dos Santos
A
visita à Unisinos foi importante para os alunos da Escola João Goulart pensarem mais sobre o futuro. Primeiro, conhecemos o estúdio da TV e o da Rádio Unisinos. Nunca imaginei que por trás de uma imagem precisasse de tantos profissionais, tantas salas para fazer com que a imagem chegue até nossas casas. Na Rádio, também é preciso de muitas pessoas, umas para fazer redação, outras para montar as músicas de fundo e os áudios e outras para a locução. Também conhecemos a parte de Engenharia Mecânica. Vimos os equipamentos, as ferramentas e as peças que os próprios alunos construíram em aula. Estavam bem feitas, e também foi legal ver que alguns colegas se interessaram por Engenharia Mecânica. Fomos para a Área de Esportes. Lá ficamos pouco tempo, mas deu para conhecer todo o espaço, que, por sinal, é bem grande. Todas as áreas que conhecemos na Unisinos são bem organizadas. Após essa visita, mudei bastante minha ideia sobre meu futuro. Espero poder cursar uma graduação na Unisinos e trabalhar lá também. Com certeza, foi muito importante passar uma tarde na universidade. Gostei e espero que possamos voltar mais vezes.
TV Unisinos e Engenharia Mecânica Por Luane Soares e Ânderson Rodrigues
N
a Unisinos conhecemos quatro áreas: televisão, rádio, Engenharia Mecânica e Complexo Desportivo. A TV e a Engenharia foram as que mais nos interessaram. Na TV Unisinos, descobrimos coisas novas e superlegais. Antes
de conhecer o funcionamento da TV, pensávamos que não existia tanta gente envolvida no trabalho. É tudo muito complexo. Descobrimos que não existe só o estúdio, onde são gravados e apresentados os programas, mas há várias salas para ajustar o som e a imagem. Os efeitos visuais e tudo que vimos lá nos impressionaram. É uma área
muito legal. Na Engenharia Mecânica, conhecemos a parte da criação de peças e algumas das máquinas usadas nesta área. Fomos instruídos por um laboratorista da Unisinos. Entre as peças criadas pelos alunos, vimos bicicletas e jipes. O instrutor nos explicou que, para criar uma peça, é
preciso fazer muitos cálculos, não simplesmente acionar uma máquina. Para criar qualquer coisa, eles devem calcular o peso e o impacto que a peça será capaz de suportar, por exemplo. Também nos foi apresentada a produção de uma peça por meio de um torno automatizado. Por isso, essa foi uma área que nos interessou.
Mãos à obra
Enfoque - Vila Brás, São Leopoldo - Novembro de 2011
Rádio Unisinos Por elismara bonato e luana patrícia esper
E
m uma visita à Unisinos vimos várias profissões importantes. As funções que conhecemos na Rádio Unisinos foram as que mais nos interessaram. Entendemos que na rádio se divulgam notícias, músicas, entrevistas e muita cultura para os ouvintes. Quando fizemos a visita, não imaginávamos que é um pouco complicado trabalhar lá. Sinceramente, achamos muito legal a profissão de jornalismo, pois parece ser muito bom saber de pessoas e coisas interessantes que acontecem no nosso Rio Grande do Sul. Eu, particularmente, escuto o Boogie Night. Este programa apresenta a cultura musical, principalmente do rock ‘n roll, que, para mim, é o melhor estilo musical que existe.
Esportes Por Rodrigo dos Santos
N
a terça-feira, 11 de outubro, fizemos, eu e meus colegas, uma visita à Unisinos, onde aprendemos muitas coisas. Me identifiquei mais com o Complexo Desportivo, um lugar muito grande e bonito, que tem de tudo. Já tinha ido algumas vezes lá para competir e, graças a Deus, fui bem. Gostei de todas as vezes em que participei, e gostaria de participar mais. Foi dito que a pista de atletismo foi considerada a maior pista da América Latina. Lá são feitas várias modalidades de corrida, assim como outros tipos de esporte de arremessos e lançamentos. Como esportista, foi legal e, como universitário, também deve ser, pois tem toda aquela estrutura que vimos e um espaço que uma universidade deve ter.
Novas possibilidades Por Luane Soares
N
a visita à Unisinos, descobri uma área que achei muito interessante: a televisão. Foi uma descoberta que me deixou com uma opção a mais para meu futuro. Apesar de hoje estar decidida a cursar Enfermagem, o Jornalismo foi algo que me interessou muito.
“
“
Tudo é vago e muito vário, meu destino não tem siso, o que eu quero não tem preço, ter um preço é necessário, e nada disso é preciso Paulo Leminski
9
Perfil
N
Enfoque - Vila Brás, São Leopoldo - Novembro de 2011
Era uma vez...
ão é preciso coroas e espadas, tampouco elfos e duendes para que sua história vire um conto fantástico. Basta um pouquinho de imaginação e criatividade para que a maioria dos fatos pareça tão especial quanto uma lenda dessas que têm um final encantador. É o caso, por exemplo, do encontro entre Dorida e Danilo, casal que vive na Brás como se fossem rei e rainha. Outra história que você vai ler aqui é a de Alcides
e seu fiel companheiro, o neto Maicon, que catam minhocas para pescar no Sinos. Por fim, você tem a chance de acompanhar a história de Joana. Quando a equipe do Enfoque chegou em sua rua, quatro amigas tomavam chimarrão e conversavam sobre a vida. Uma delas chamou a atenção pelo seu olhar. Aparentemente queria dizer alguma coisa. E disse. Revisitou os episódios marcantes dos seus 67 anos de vida.
“
Um conto de fadas na vida real
As coisas não começam com um conto nem acabam com um Paulo Leminski
“
10
Jaqueline Loreto (Texto) dienifer cecconello (Foto) Em uma terra distante, nativa e com florestas densas, havia uma jovem princesa que sonhava em encontrar alguém para se unir e construir seu próprio castelo. Em um reino distante, há algumas léguas de distância, se encontrava o jovem príncipe Danilo Flores, que com seus 22 anos foi participar de uma competição no condado de Alecrim, onde vivia a nossa princesa, Dorida da Rosa. Os dois irmãos de Dorida lutaram bravamente no torneio de bola e, durante a prova, conheceram o jovem valente que batalhava do lado oposto. Perceberam que, ele além de forte, era um brilhante cavalheiro e o chamaram para o baile real que aconteceria no império, afinal, já estava em tempo de sua irmã conhecer alguém para casar. Na festa, os dois se escontraram e foi amor à primeira vista. Como manda o figurino, o príncipe deveria pedir o consentimento do rei para poder namorar sua amada. – Eu lhe darei permissão para ficar com minha filha, jovem nobre, mas terás que partilhar desse amor somente neste território. Casarás e construirás uma nova família nesta terra – proclamou o pai da moça. Nosso moço, mesmo não aceitando totalmente a imposição feita pelo rei, casou-se com Dorida, e por um tempo ficou vivendo entre sua região e a de sua esposa. Cansado das viagens e da saudade que sentia, Danilo Flores propôs que partissem para onde sopravam ventos distintos e onde o verde é mais verde. Assim o fizeram, viajaram pelos campos e morros, cruzaram por colônias e povoações. No entanto, o que encontraram não servia para erguer a moradia prometida.
O casal Dorida da Rosa Flores e Danilo Flores enfrentou obstáculos e hoje vive feliz em seu reino Ao chegarem à região conhecida por Vila Brás, se instalou e levantou os muros de seu palácio. Do matrimônio, tiveram três herdeiros para o trono: Rogério, hoje com 35 anos, Maurici, 33, e Giovani, 30. Hoje a rainha cuida da propriedade enquanto o rei trabalha para manter a ordem e
a prosperidade do palácio. Para chegar até o seu destino, Danilo Flores utiliza uma carruagem especial que o leva e o traz no final da aurora. No tempo em que fica sozinha Dorida tem a companhia de um ou mais netos que, seguidamente, estão presentes para cumprir os afazeres ne-
cessários. Aliás, justamente por causa dos pequenos nobres, o palácio sofrerá algumas reformas para aumentar o espaço e dar maior comodidade aos futuros reis e rainhas. Ao olhar para trás e perceber que não ficou um arrependimento, a rainha Dorida diz para seu amado: “Não imagino minha vida
sem você.” Ele responde: “Eu não penso em viver sem ti.”. E eles viveram felizes para sempre? Não, eles continuam vivendo a felicidade que a história ensina, passando por obstáculos e dificuldades, enfrentando o que vier pela frente de cabeça erguida e sem desistir dos sonhos.
Perfil 11
Enfoque - Vila Brás, São Leopoldo - Novembro de 2011
...na Vila Brás Hora de catar minhoca natália vitória (Texto) bruna santos (Foto) Sábado, 10 da manhã, um senhor e uma criança catam minhocas num terreno cheio de mato, barro e lixo. O motivo? Precisam das minhocas para pescar de tarde, no Rio dos Sinos. Esse é o passatempo favorito de Alcides Luis de Almeida, 66 anos. Seu neto, Maicon Diego de Almeida Schultz, 11 anos, companheiro dele na aventura, faz da busca por minhocas uma grande brincadeira. Para Alcides, o campo a céu aberto é o lugar ideal para conseguir minhocas. Os moradores foram transformando o local em um depósito de lixo informal, e a decomposição dos detritos atrai os bichos. Quando tem o sábado de folga, Alcides passa o dia pescando. Operário da construção civil, ele diz que “trabalha de pedra”. Natural da cidade de Três Passos, mora há 15 anos na Vila Brás. Há 12, pesca no Sinos. Nos últimos três, conta sempre com o mesmo parceiro fiel. Desde que ensinou o neto a pescar, ouve a toda hora do menino que está na hora de catar minhocas. A pesca é um hábito que Alcides sempre cultivou. Já pescou
Alcides e o neto procuram pelas iscas, em terreno abandonado, antes de iniciar a pescaria no Rio dos Sinos no Uruguai e na Argentina. Seu material é simples, um caniço, anzol e as iscas, nada de redes. Desde que reside em São Leopoldo, nunca deixou de lado sua paixão. Quando vai ao Sinos,
não sente o tempo passar. “Nem sei quantas horas fico pescando, mas antes de escurecer volto pra casa”, ressalta. Maicon revela que, além de pescar com o avô, adora o peixe
frito que ele faz. Alcides tem os seus segredos. Antes da fritura, deixa o peixe de molho no vinagre ou limão por cerca de uma hora. “Tem um gosto de óleo. Com tempero, sai o gosto”, explica.
“Daqui pra frente é eu e Deus” Meu nome é Joana Franco dos Santos. Nasci no dia 24 de junho de 1944, em Mata, município que depois passou a ser São Vicente. Fica próximo a Santa Maria. Acho que é Rio Grande do Sul, perto de Itaqui. Quando tinha 10 anos, eu, minha mãe e dois irmãos fomos de trem para Colônia Vitória, em Santo Ângelo. Ficamos lá por cinco anos. Morávamos na roça. Depois, fomos para Guarani das Missões, e, após, sozinha, fui para Santo Ângelo. Nessa cidade, morei por 15 anos, trabalhando como doméstica. Tenho duas filhas. Uma nasceu em Mato Queimado, município de Caibaté. Seu nome é Neusa Maria dos Santos, tem 43 anos e mora
em Novo Hamburgo. A outra também nasceu em Mato Queimado. Se chama Maria Cleonice, tem 37 anos e mora em Cerro Largo. Vim para São Leopoldo quando minha filha mais velha engravidou do primeiro filho, Tiago Eduardo Limbergue. Isso, há 24 anos. Quando ele tinha nove anos, me mudei para a Vila Brás. Hoje, ajudo minha filha. Tenho uma neta doente e que precisa de cuidados. Vou até Canudos durante a semana. Pego dois ônibus para ir e dois para voltar. O fim de semana é para ficar com as vizinhas. Graças a Deus, morei sozinha a vida inteira, eu e Deus. Acho que agora, nesta mi-
nha idade, não tenho mais muito que pensar. Não consigo descansar. Preciso pagar as contas. Assim, desanimo. São muitas coisas para fazer. Creio que sou feliz. Todos os dias vou para a igreja, faça chuva ou faça sol. Lá encontro a minha felicidade. Vivendo sozinha, na igreja encontro paz. Antes, tive uns momentos difíceis. Aconteceram tantas coisas, só Deus para saber. Hoje sou feliz. Daqui para frente é a igreja e eu, não tenho mais o que fazer.
Dona Joana tem a igreja como companheira
Um alerta: a Prefeitura de São Leopoldo informa que a pesca artesanal, sem o uso de redes, está liberada no Rio dos SInos. O consumo, porém, não é recomendado.
Texto de Joana Franco dos Santos Anotado por Pablo Furlanetto Foto de Douglas Bonesso
Amigo imaginário
Enfoque - Vila Brás, São Leopoldo - Novembro de 2011
Pequenos autores
“
Gurizada cria uma história para Brasinha, personagem que estreou no último Enfoque
“
12
Estrela sozinha de repente uma voz falando dentro da minha Paulo Leminski
Na manhã de sábado, meninos e meninas da Vila Brás toparam a ideia de inventar uma aventura para um garoto que não existe rita TRINDADE (Texto) samantha gonçalves (Foto)
A
última edição do Enfoque abordou a importância da leitura na vida das crianças. A reportagem citou alguns dos benefícios do hábito de ler e conversou com algumas crianças, que relataram ter ou não o costume de saborear os livros. Para exercitar a criatividade dos pequenos, foi criado o personagem “Brasinha”, um garoto de 10 anos que mora na Vila desde que nasceu. Oito crianças criaram diferentes características para o personagem. Brasinha foi gremista, colorado, comeu lasanha. Nesta edição, o Enfoque conversou com mais sete crianças, que, juntas, criaram uma história sobre como seria um dia na vida do Brasinha. Confira como ficou a história do garoto, pelos pequenos autores da Brás.
Menino muito mimado Brasinha acordou muito contrariado, em uma manhã de sábado, pois ele tinha que ir para a aula. Depois de muita birra, levantou da cama mal-humorado, colocou os chinelos e foi escovar os dentes. No café da manhã, tinha pão com manteiga e mortadela e café preto. Após a refeição, Brasinha foi para aula, ele estudava na Escola João Goulart e estava na 4° série. A matéria preferida de Brasinha era Matemática, ele era muito bom em contas, sua professora sempre o elogiava. No recreio, Brasinha jogou bola e pulou corda. Estava sempre brincando com seus amigos. Depois da aula, Brasinha foi almoçar com sua família, tinha pedido para seus pais para comer batatas fritas em um restaurante. Como Brasinha era filho único, seus pais, Dalmo e Marlene, sempre tentavam atender as vontades do menino, então o levaram ao restaurante. O garoto comeu tudo o que
queria: batatas fritas, pastel, cachorro-quente, pizza, refrigerante, ele já estava satisfeito, mas seu olho era maior do que sua barriga, então ele comeu ainda sagu e ambrosia. Após o farto almoço, Brasinha resolveu andar de skate, sua mãe disse não, mas o garoto não deu atenção, ele estava aprendendo algumas manobras com seu melhor amigo, Gabriel. Depois de brincar na rua, voltou para casa e foi jogar videogame com os amigos, jogou algumas partidas de futebol e mandou seus amigos embora, porque estava cansado e queria dormir. Tirou um cochilo e, quando acordou, já era noite. Brasinha tinha sonhado que fora ao parque de diversões, então, quando acordou, foi a primeira coisa que disse para seus pais: Quero ir ao parque, me levem agora. Como seus pais não negavam nada, foram todos para o parque. Brasinha se divertiu a noite toda e comeu todas as gulosei-
mas que encontrou por lá: pipoca, rapadura, algodão doce, sorvete. Depois de muito correr e brincar, o menino começou a passar mal, pois havia comido muito durante todo o dia e ainda tinha brincado em todos os brinquedos do parque, até os mais radicais. Como seus pais nunca diziam não para o garoto, ele fazia tudo o que tinha vontade. O resultado disso, na maioria das vezes, não era bom. Dessa vez, não foi diferente, depois do garoto passar o dia comendo porcarias e brincando, ele se sentiu mal e acabou sendo levado para o hospital, com fortes dores de estômago e um grande mal-estar. Depois desse susto, Brasinha e seus pais aprenderam uma lição. Crianças devem respeitar seus pais, pois eles sempre sabem o que é melhor para os pequenos. Os pais nunca devem deixar de colocar limites em seus filhos, é preciso saber dizer não, é preciso saber educar.
Enfoque - Vila Brás, São Leopoldo - Novembro de 2011
É o amooor 13
Uma rua que inspira o romance O Enfoque convidou casais da Brás para recriar os beijos mais famosos da história da fotografia Vitor Pereira (Texto) roberto ferrari e gabriela giralt (Fotos)
O
local, no coração da Brás, não poderia ter nome mais romântico: Rua dos Beijos. Mesmo não remetendo a casais apaixonados (e sim a uma flor, também conhecida como maria-sem-vergonha), a rua serviu de inspiração para um ensaio fotográfico. A convite do Enfoque, Gilson Costa e Lisiane Amaral, Luis Antônio Silva de Souza e Fabiane da
“
Silva, Mateus da Rosa e Fernanda de Sousa recriaram, respectivamente, as poses de “O beijo do Hôtel de Ville”, de Robert Doisneau (1950), “O beijo do Dia da Vitória”, de Alfred Eisenstaedt (1945), e “Casal se beijando em Vancouver”, de Rich Lam (2011). A Rua dos Beijos da Vila Brás (CEP 93000-000) é a antiga Rua 9. O nome foi escolhido por uma companhia de telefone, em 2005. Gilson, 35 anos, há 12 morando no local, garante que, ali todo mundo é beijoqueiro.
Em cada poro um beijo
Mateus, 26 anos, e Fernanda, 20, estão juntos há quase uma década. A estudante de Fotografia Gabriela Giralt convenceu a dupla a reproduzir a cena captada em 2011 pelo canadense Rich Lam: durante confronto com a polícia em Vancouver, namorado deitou no chão ao lado de garota que havia se ferido
“
Arnaldo Antunes
Luis Antonio, 17 anos, e Fabiane, 15, recriam “O beijo do Dia da Vitória”. Os namorados foram abordados pelo Enfoque quando saíam de um minimercado e toparam na hora repetir a cena. A foto original retratava as comemorações pelo fim da Segunda Guerra, em Nova Iorque. O marinheiro que tacou um beijo na enfermeira nem conhecia a garota Na Rua dos Beijos, na Vila Brás, o casal Gilson e Lisiane faz pose igual à dos franceses de “O beijo do Hôtel de Ville”, foto que Robert Doisneau produziu em 1950 e que se tornou um clássico. Na hora de posar, Lisiane não hesitou, mas pediu uns minutos para pentear o cabelo
14
Enfoque - Vila Brás, São Leopoldo - Novembro de 2011
Brassificados
Textos DIEINES FRÓIS FERNANDA BRANDT RENATA PARISOTTO
FOTOS DANEILA FANTI
DESTAQUE Na edição nº 129, o Brassificados divulgou o sonho do pequeno Felipe Silva Costa, de 10 anos, que queria ganhar uma bola de futebol. Ele juntou vários brinquedos para oferecê-los em troca. Um grupo de amigos de Ivoti, leitores do Enfoque Vila Brás, viu o recado, e se juntou para comprar uma bola para Felipe. No dia 15 de outubro, a repórter fotográfica Lívia Saggin, que foi quem levou exemplares do jornal ao pessoal de Ivoti, entregou ao menino. “Estou muito feliz, achei que não iria ganhar. Essa bola é muito mais bonita do que eu poderia imaginar ter um dia”, disse Felipe, agradecendo aos leitores.
FERNANDA ESTRELLA
lancheria fica na esquina entre a Rua dos Girassóis e a Avenida Leopoldo Wasun.
“Convido todos os moradores da Vila a conhecerem a feirinha de produtos coloniais. Todo o sábado, das 8h30min às 17h30min, ofereço uma variedade de produtos, como queijo, salame, torresmo, mel e pão caseiro.” Francisco Lima, 49 anos. A feira acontece em frente à igreja A Glória de Deus, na Avenida Leopoldo Wasun, 1341.
Jonas dos Santos Soares, 18
anos. Contato pelo telefone 9990.6856.
“Quero mandar recado para a prefeitura. É preciso que tomem alguma atitude para transformar o terreno abandonado perto do Arroio Gauchinho em uma área de lazer.” Eduíno Pich, 69 anos.
LÍVIA SAGGIN
para a sobrinha Tamilly, de 11 meses.
Adilson dos Santos Silva, 31 anos. A
DANIELA FANTI
Gabriela Pinto Lauxen, 13 anos,
“Estou vendendo o meu coração para as meninas. Não sou muito exigente, só com a idade: que tenha de 15 a 18 anos. Gosto de academia e sou trabalhador.”
FERNANDA ESTRELLA
“Tamilly, a titia te deseja muita saúde, paz e muito sucesso nesta vida, que se inicia a partir de agora. Feliz aniversário! Um grande beijo, te amo muito.” Carine
“Tu és muito legal, obrigada pelas notas, pois, mesmo eu não podendo ir durante um mês nas aulas, tu me deu notas boas.” Larissa Schütze, 10 anos, para a professora Cris, de Artes.
SERVIÇOS
“Pessoal da Vila Brás, estamos iniciando um novo empreendimento. Convidamos os moradores a conhecerem o Kaku’s Lanches. Vamos oferecer cachorroquente, xis e vários outros lanches.”
LÍVIA SAGGIN
LÍLIAN STEIN
“Mãe, tu é tudo na minha vida, obrigada por me amar assim. Quero te agradecer por me dar tudo que eu quero. Fiquei muito feliz quando eu disse que queria comer cachorro-quente e tu pediu pra mana ir ao mercado só pra comprar as coisas e fazer o cachorro pra mim. Te amo!” Raul Ronaldo Gamarra da Rosa, nove anos, para a mãe, Marli O. Gamarra.
RAFAELA KLEY
“Em primeiro lugar, agradeço a Deus por ter me enviado esse presente, que é o amor da minha vida. Depois de tantos anos vivendo separados, hoje, graças a Deus, finalmente, estamos juntos. Amo ele demais.” Maria de Lurdes Rodrigues Coppniagen, 62 anos, para seu marido Élio João Coppniagen, 65 anos.
RAFAELA KLEY
Crianças admiram o presente recebido por Felipe
LÍLIAN STEIN
RECADOS
Repórter fotográfica Lívia Saggin entrega a bola ao Felipe
“Ofereço meus serviços de costura. Faço todo o tipo de conserto: bainha, emenda, botão. O que precisar, é só falar comigo. Adoro costurar, a máquina de costura garante a minha renda.” Gessi Giareta, 64 anos. Contato na Rua 18, nº 81.
FERNANDA ESTRELLA
DANIELA FANTI
Paulo Leminski
15
VENDAS
“Faço serviços de mecânica: limpezas de bicos, injetores e carburador, além de troca de óleo. Não trabalho em domingos e feriados.”
AMANDA SPOHR
“Precisamos trocar de casa, porque meu marido trabalha com carreta e precisamos de mais espaço, principalmente morar em uma rua mais larga. Por isso, colocamos nossa casa à venda na Rua 18, e aceitamos também troca. Mas não queremos sair da Vila Brás.” Letícia Soares, 26 anos. Contato pelo telefone 9306-2561, com Márcio.
Odair dos Santos, 31
anos. Contato pelo telefone 2568.0273 ou 8485.6098.
“Revendo CDs e DVDs de músicas e filmes. Cada um custa R$ 2,50.” Marcos Carvalho da Silva, 12 anos. Contato na Rua Q, nº 126. FERNANDA ESTRELLA
TROCAS DANIELA FANTI
RAFAELA KLEY
“Estou há apenas um mês aqui na Vila, por isso convido todos a conhecer meu estabelecimento, Giro Motos, especializado em mecânica de motos.” Marcos
Você está tão longe que às vezes penso que nem existo nem me fale em amor que amor é isto
“
“
Enfoque - Vila Brás, São Leopoldo - Novembro de 2011
Roberto Lucas, 23 anos.
Contato: Avenida Leopoldo Wasun, 548, Giro Motos ou Moto Mecânica.
“Vendo casa na Rua Petúnias, com cozinha, sala, dois quartos e banheiro, por R$ 50 mil. Pode ser feito financiamento.” Flavio Bitello, 31 anos. Contato pelo telefone 9624.9080.
Lurdes Lunardi Primas, 57
“Gosto muito de escrever e quero ganhar um caderno novo para a aula. Tenho várias bonecas que não brinco mais, então, se alguém quiser, troco uma boneca por um caderno grande.” Edna Pinheiro, 10 anos. Contato pelo telefone 9389-9072
“Troco roupas de meninas por de meninos. Há bastante procura, mas não tenho muitas.” Fátima Margarete Medeiros, 49 anos. Contato: Avenida Leopoldo Wasun, 500, Brechó Fátima.
anos. Contato pelo telefone 3572.6061.
“Vendo geladeira bege da marca Cônsul, 320 litros, único modelo que comporta uma bandeja de ovos inteira, por R$ 400. Só aceito pagamento à vista.” Claudio Ferreira, 46 anos. Contato pelo telefone 9273.4908
FERNANDA ESTRELLA
LÍLIAN STEIN
FERNANDA ESTRELLA
“Faço serviços gerais como jardinagem, limpeza de terrenos e fretes com carreto. Também vendo lenha.” Giovani Vital, 38 anos. Contato pelo telefone 9163.2633 ou na Rua 26, Beco 2.
FERNANDA ESTRELLA
RAFAELA KLEY
“O brechó beneficente que se realiza todos os sábados é uma iniciativa do Posto de Saúde da Vila, com a intenção de arrecadar fundos para dividir dentro da Brás, nas creches, asilos, etc.” Vani Nunes Seimetz, 50 anos. Contato: Avenida Leopoldo Wasun (entre o Posto de Saúde e o Prédio da Associação de Moradores).
“Vendo pasteis congelados ou fritos na hora. Aceito encomenda para festas. Custam de R$ 2 a R$ 3 e tenho nos sabores frango, presunto e queijo, e chocolate.”
Enfoquinho tHayná candido (Texto e ilustrações)
VIla Brás - São Leopoldo/RS Novembro de 2011 enfoque
Profissões: curiosidades NADADORES O nadador brasileiro Cesar Cielo é recordista mundial dos 50 e 100m livres em piscina olímpica e é considerado o maior nadador da história da natação brasileira.
PROFESSORES ASTRONAUTAS Por que os astronautas parecem flutuar quando andam na lua? O motivo dos astronautas parecerem flutuando é que a força da gravidade lunar é seis vezes menor que a Terrestre. Isso quer dizer que se uma pessoa que pesa 60 quilos na Terra, na Lua, pesará 10 quilos.
Nem sempre o ensino no Brasil foi organizado com um professor à frente do quadro negro e crianças em fileiras. Até a primeira metade do século XIX, o método era o monotorial. Isso quer dizer que o professor ensinava o conteúdo a alguns alunos, que tinham mais facilidade em aprender o conteúdo. Esses alunos, os monitores, repassavam o conhecimento aos outros alunos que tinham mais dificuldades.
VETERINÁRIOS Gostar de animais é a condição mais importante para ser um veterinário, mas além da afeição, é preciso ter vocação, por isso existe o curso de medicina veterinária dura cerca de 5 anos. Atualmente, no Brasil, existem mais de 100 cursos de veterinária, em instituições públicas e particulares.
Respostas: professor, médico, astronauta, juiz, artista, cantor, nadador, veterinário.