Caro estudante,
Desde a criação da Unifacs, acreditamos que formação é muito mais do que preparação técnico-científica e que nossa missão como Universidade é proporcionar ao estudante uma educação para toda a vida, embasada no domínio do conhecimento, na fixação de valores e no desenvolvimento de habilidades e atitudes. É proporcionar o desenvolvimento integral do indivíduo.
Mais do que profissionais, queremos formar pessoas com visão abrangente do mundo e das transformações da dinâmica social, com competência para avaliar de forma crítica e criativa as questões que nos cercam. Pessoas capazes de enfrentar os desafios que se coloquem ao longo de sua vida e de sua trajetória profissional, e de aprender permanentemente e de forma autônoma.
Buscamos atingir este objetivo - fundamentados na nossa missão e no nosso Projeto Pedagógico Institucional - por intermédio das diversas atividades acadêmicas, dentro e fora da sala de aula, que compõem o Currículo Unifacs e que desenvolvem e fortalecem habilidades essenciais para a formação do perfil do egresso Unifacs; como um “DNA” reconhecido pela sociedade e pelo mercado de trabalho. Este Currículo compõe-se dos elementos descritos a seguir:
Disciplinas de Formação Humanística: oferecidas em todos os cursos de graduação da Unifacs; Disciplinas de Formação Básica: conferem conhecimentos e competências comuns aos cursos de uma mesma área do conhecimento, para o futuro exercício profissional; Disciplinas de Formação Específica: proporcionam a formação técnica e o desenvolvimento de habilidades e atitudes necessárias ao perfil profissional do curso; Atividades integradoras: permitem vivenciar na prática os conteúdos teóricos trabalhados em sala de aula, através do desenvolvimento de projetos específicos; Atividades Complementares: oferecem oportunidades de ampliação do conhecimento fora da sala de aula, a exemplo da Iniciação Científica, ações comunitárias, programas de intercâmbio, cursos de extensão e participação em Empresas Juniores, entre outras; Estágio Supervisionado; Trabalho de Conclusão de Curso e demais atividades acadêmicas.
As disciplinas de Formação Humanística, em especial, cumprem um papel fundamental na consecução desse perfil. Preparam uma sólida base de conhecimentos gerais que permitirão uma compreensão mais ampla da formação técnica de cada curso, estimulando o pensamento crítico e sensibilizando o estudante para as questões sociais, políticas, culturais e éticas que envolvem sua atuação como cidadão e profissional; motivando à busca do saber perene.
Em complementação, portanto, à formação técnico-profissional proporcionada pelas disciplinas de Formação Básica e Específica, as disciplinas de Formação Humanística possibilitarão ao estudante adquirir quatro importantes saberes: aprender a aprender, aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser.
Esta é a concretização do nosso compromisso de formar pessoas melhores, cidadãos atuantes e profissionais comprometidos para a construção de um mundo melhor.
Cordialmente,
Prof. Manoel J. F. Barros Sobrinho Chanceler
Formação Humanística Unifacs Conforme explicitado no Projeto Pedagógico Institucional da Unifacs, as disciplinas de Formação Humanística têm como objetivo:
Possibilitar aos discentes a visão abrangente do mundo e da sociedade, propiciando aquisição de competências relativas ao processo de comunicação e raciocínio lógico, necessárias para a formação profissional; bem como conhecimentos inerentes aos direitos humanos, à ética, às questões sócio-ambientais que envolvam aspectos ecológicos, psicológicos, legais, políticos, sociais, econômicos, científicos e culturais, delineando a formação cidadã.
As disciplinas de Formação Humanística e seus objetivos são:
1. Comunicação Desenvolver a capacidade de ler criticamente e produzir textos de forma autônoma, adequando-se às diversas situações comunicativas presentes no dia-adia, e reconhecer a importância do desenvolvimento destas habilidades para sua vida pessoal e profissional.
2. Introdução ao Trabalho Científico Despertar o interesse pela ciência, apontando seu papel na construção do conhecimento e mostrar como o método científico pode ser utilizado para a solução de questões cotidianas.
3. Sociedade, Direito e Cidadania. Promover uma reflexão sobre o exercício da cidadania e os mecanismos que garantem sua efetividade, bem como a participação nos processos sociais, de forma a interferir positivamente na sociedade.
4. Conjuntura Econômica Habilitar à compreensão da dinâmica da economia e do impacto das suas diversas variáveis e características no dia-a-dia de países, empresas e cidadãos.
5. Arte e Cultura Proporcionar o conhecimento e a valorização das manifestações artísticas e culturais e ampliar a percepção estética como habilidade relevante para profissionais de qualquer área do conhecimento.
6. Meio Ambiente e Sustentabilidade Transmitir conceitos fundamentais sobre ambiente, sustentabilidade e suas relações com o desenvolvimento e despertar atitude político-ambiental nos estudantes, a partir do entendimento de seu papel como profissionais e cidadãos.
7. Psicologia e Comportamento Estudar as interações dos indivíduos no cotidiano, nos grupos dos quais fazem parte, e avaliar papeis e funções nas relações pessoais e profissionais.
8. Filosofia Discutir as grandes questões da vida humana pela compreensão das diversas correntes de pensamento filosófico e de suas contribuições.
9. Empreendedorismo Desenvolver a atitude empreendedora como elemento indispensável para o sucesso pessoal e profissional, seja trabalhando em organizações ou como empresário.
10. Saúde e Qualidade de Vida Enfatizar a importância dos cuidados preventivos com a saúde para obter uma melhor qualidade de vida dando a base para o pleno desenvolvimento dos projetos pessoais e profissionais.
CONJUNTURA ECONÔMICA Autor: Gustavo Cassebi Pessoti
© 2012. Universidade Salvador – UNIFACS – Laureate International Universities É proibida a reprodução parcial ou total desta obra sem autorização. Disciplina: Conjuntura Econômica.
Universidade Salvador – UNIFACS Diretor Presidente
Marcelo Henrik Chanceler
Manoel Joaquim Fernandes de Barros Sobrinho Reitora
Marcia Pereira Fernandes de Barros Pró-reitora de Graduação
Maria de Fátima Silveira Ferreira Pró-reitor de Pesquisa, Extensão e Inovação
Leonardo Maestri Teixeira Coordenadora do Eixo de Formação Humanística
Sílvia Rita Magalhães de Olinda EAD UNIFACS Coordenador Geral
Péricles Nogueira Magalhães Junior Coordenadora Pedagógica
Maria Luiza Coutinho Seixas Coordenadora Acadêmico-Administrativa
Rita de Cássia Beraldo Coordenadora do Curso
Sílvia Rita Magalhães de Olinda Coordenador de Tecnologia da Informação
Guna Alexander Silva dos Santos Coordenadora do Laboratório de Mídias
Agnes Oliveira Bezerra Designers
Jorge Antônio Santos Alves José Archimimo Costa Conceição Daniel Sousa Santos Apoio do Laboratório de Mídias
Adusterlina Cerqueira Lordello Coordenadora SPACEAD
Renata Lemos Carvalho Revisão / estrutura
Séfora Joca Maciel Sonildes de Jesus Sousa
Contato: www.unifacs.br | UNIFACS Atende: 3535-3135 - Demais Localidades: 0800 284 0212
Sumário Formação Humanística Unifacs..............................................................................................................................................3
CONJUNTURA ECONÔMICA............................................................................................................... 5 AULA 01 - INTRODUÇÃO À ECONOMIA....................................................................................................................................... 11 Aula 02 - ANÁLISE DA DEMANDA E OFERTA DE MERCADO............................................................................................. 25 AULA 03 - inflação........................................................................................................................................................................... 39 AULA 04 - aNÁLISE DAS POLÍTICAS ECONÔMICAS NO BRASIL........................................................................................ 55 AULA 05 - CRESCIMENTO X DESENVOLVIMENTO.................................................................................................................... 67 Aula 06 - O PRODUTO INTERNO BRUTO E A ANÁLISE DA ECONOMIA BAIANA........................................................ 79 Aula 07 - FRAGILIDADES DA ECONOMIA BAIANA E A DEPENDÊNCIA EXTERNA..................................................... 95
APRESENTAÇÃO Caro amigo,
Nos próximos meses, vamos mergulhar na análise da conjuntura econômica. Embora pareça trabalho de economistas, a análise de conjuntura está presente em todas as áreas do mercado de trabalho. É indispensável para qualquer carreira conhecer bem as nuances da economia, bem como os limites e possibilidades que o saber econômico pode proporcionar, facilitando a geração de novos negócios nos mais diversos campos de atuação, e também no sentido de conhecer as particularidades do mercado baiano, que tem especificidades e limitações impostas por suas características econômicas. Especificamente em relação a essa disciplina, busquei abarcar as principais discussões da análise econômica. Num primeiro momento, vamos entender a lógica de funcionamento de um mercado e as leis fundamentais da oferta e demanda. Feitas essas considerações de caráter mais conceitual, partimos para a análise de conjuntura propriamente dita, com destaque para o desempenho econômico do Brasil e da Bahia na atualidade. Neste curso, será possível entender como as variáveis econômicas se relacionam às mais diferentes atividades. Em nosso módulo, vamos analisar as principais decisões econômicas como, por exemplo, os instrumentais de atuação do governo no combate à inflação, na determinação do nível ótimo do crescimento do PIB, na geração de empregos, bem como as políticas de determinação do desenvolvimento econômico do nosso país. Em uma de nossas aulas, será esclarecida a questão do crescimento econômico e do desenvolvimento, variáveis que longe de serem sinônimas, interferem diretamente no bem-estar da nossa população. Assim também esclareceremos por que o Banco Central do Brasil assume uma importância tão grande em nossa economia e como as decisões tomadas por esse organismo podem afetar os nossos negócios e, inclusive, as nossas exportações para os demais países do globo. Devido ao caráter dinâmico da análise da Conjuntura Econômica Internacional e Nacional, decidimos tratar as atualidades através de discussões orientadas em fóruns abertos no AVA ao longo dos semestres letivos. Desta forma, garantimos a construção e o compartilhamento do conhecimento de fatos relevantes e atuais em cada momento de interação. A maior parte do nosso contato se dará no AVA – Ambiente Virtual de Aprendizagem. Lá estarei à disposição para dirimir todas as dúvidas que possam surgir.
Espero que esta matéria seja uma oportunidade de abrirmos um grande debate, não com a pretensão de formar somente economistas, mas de contribuir para o aperfeiçoamento e excelência dos cursos de graduação da UNIFACS. Lembremos que o sucesso desta empreitada depende muito de nossa interação com a nova possibilidade de um aprendizado multidimensional e do desejo individual da busca por novos horizontes, fatores que, em um mercado altamente competitivo, são diferenciais para uma boa inserção no mercado de trabalho.
Gustavo Casseb Pessoti.
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AULA 01 - INTRODUÇÃO À ECONOMIA Autor: Gustavo Casseb Pessoti Olá,
O objetivo nessa primeira aula de Conjuntura Econômica é lhe instrumentalizar de conceitos relativos à avaliação da atividade econômica, com base no conhecimento da teoria econômica. Vamos conhecer a dinâmica do sistema econômico (principais teorias) e as relações das variáveis econômicas, como forma de estabelecer um prérequisito para a análise da conjuntura econômica, alvo desse programa.
CONCEITO DE ECONOMIA A palavra economia, etimologicamente vem de uma dupla combinação do grego (oikos nomos), significando, ao pé da letra, aquele que administra uma casa. De forma mais generalizada, a economia pode ser entendida, dentro desta questão de semântica, como a administração da “coisa pública” ou o conjunto de decisões normativas utilizadas para administrar recursos. A economia passou por muitas evoluções na sua concepção teórica até que se pudesse amplificar o seu conceito e adequá-lo ao ramo das ciências sociais. O ter-
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mo foi estudado pelas mais diversas escolas do pensamento econômico, até que se chegasse a um denominador comum e universal sobre a proposta real de análise das ciências econômicas. Para efeitos do nosso estudo, vamos simplificar e dizer que economia é uma ciência social que estuda a maneira pela qual os homens decidem empregar recursos escassos, a fim de produzir diferentes bens e serviços a atender às necessidades de consumo. Paulo Sandroni, em seu Novíssimo Dicionário de economia (1999) – material esse que é obrigatório para todos aqueles que querem aprender as principais expressões do “economês” -, corrobora essa definição anterior. Segundo este autor, a economia é assim definida: Ciências que estudam a atividade produtiva. Focaliza estritamente os problemas referentes ao uso mais eficiente de recursos materiais escassos para a produção de bens (SANDRONI, 1999, p.?).
Esta ciência também estuda as variações e combinações na alocação dos fatores de produção (terra, capital e trabalho), na distribuição de renda, na oferta e procura e nos preços das mercadorias. Sua preocupação fundamental refere-se à mensuração e análise da atividade produtiva, recorrendo para isso aos conhecimentos matemáticos, estatísticos e qualitativos (históricos).
De forma geral, esse estudo pode ter por objetivo a unidade de produção (empresa), a unidade de consumo (família) ou então a atividade econômica de toda a so-
A QUESTÃO DA ESCASSEZ
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macroeconomia.
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ciedade. No primeiro caso, os estudos pertencem à microeconomia e, no segundo, à
Um dos princípios fundamentais da Economia é a chamada “lei da escassez”, segundo a qual as necessidades humanas são ilimitadas, enquanto que os recursos necessários à produção dos bens, capazes de satisfazer a essas necessidades são escassos, ou seja, existem em quantidades limitadas. As necessidades humanas variam desde as mais elementares, tais como alimentação, segurança, moradia etc., até as mais sofisticadas, como a cultura e o lazer. Além disso, são consideradas ilimitadas, basicamente, por dois motivos: a) porque se renovam no dia a dia, exigindo contínuo suprimento de bens para atendê-las (por exemplo, alimentação, vestuário, transporte, etc); b) porque tendem a seguir uma escala de sofisticação: a cada dia surgem novos desejos e novas necessidades, motivadas pelas perspectivas de aumento do padrão de vida da sociedade (por exemplo, cultura, lazer, moda, etc). Para atender à imensa gama de desejos humanos, é preciso que sejam produzidos certos bens. Entende-se o conceito de bem como sendo tudo aquilo capaz de atender a uma necessidade humana. Os bens podem ser materiais (quando é possível ________________________ atribuir-lhes características físicas, tais como tamanho, forma e cor) e imateriais (os ________________________ chamados bens intangíveis como, por exemplo, os diversos tipos de serviços). A produção dos bens, por sua vez, exige o uso de certo conjunto de recursos, também chamados fatores de produção, que podem ser classificados em três grandes grupos: a) o fator de produção “Terra”, incluindo o solo e os diversos recursos naturais: minérios, florestas, recursos hídricos etc.; b) o fator de produção “Trabalho”, representado pela força de trabalho humano, seja ele físico ou intelectual; c) o fator de produção “Capital”, que corresponde às máquinas, equipamentos, ferramentas, instrumentos, infra-estrutura, enfim, bens que foram produzidos anteriormente e que continuam a ser utilizados durante algum tempo para a produção de outros bens.
Ocorre que toda sociedade, num dado momento, possui um estoque limitado desses recursos ou fatores de produção. Isto significa que não é possível produzir uma quantidade infinita de bens, porque os recursos são limitados. Assim, surge o problema econômico da escassez: de um lado, as necessidades humanas são ilimitadas; do outro, os recursos ou fatores de produção que devem ser utilizados para produzir os bens (que irão atender a essas necessidades) são limitados. Ou seja, não é possível produzir todos os bens de que a sociedade necessita, mas é possível utilizar os recursos da melhor maneira possível, para produzir o máximo
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de bens e desse modo atender à maior gama possível de necessidades. Isso nos leva a uma das idéias-chave na Economia, que é a idéia da eficiência: maximizar a produção de bens e serviços, dadas as restrições colocadas pela quantidade limitada de fatores de produção. Assim, a sociedade como um todo se organiza de modo a tentar produzir os bens e serviços de forma eficiente, ou seja, empregando de forma racional os recursos disponíveis, visando otimizar seus resultados, maximizando o nível de bem-estar da população. Nesse contexto, a Economia se apresenta como a ciência social que se ocupa da administração dos recursos escassos entre usos alternativos e fins competitivos. Para fins didáticos, costuma-se “dividir” a Ciência Econômica em áreas específicas, dentre as quais se destacam a Microeconomia – o estudo do comportamento das unidades produtivas, dos indivíduos, dos mercados, etc – e a Macroeconomia – o estudo do comportamento dos grandes agregados econômicos: produto interno bruto, inflação, desemprego, etc. A Macroeconomia trata do estudo dos agregados econômicos (conjunto de todas as atividades econômicas), de seus comportamentos e das relações que guardam entre si. Tenta-se avaliar o desempenho da economia no sentido de satisfazer as necessidades da sociedade.
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Assim, uma das questões fundamentais da Macroeconomia – nosso objeto de estudo daqui por diante – é justamente avaliar esse desempenho econômico. Em outras palavras, como “medir” a quantidade total de bens e serviços que estão sendo disponibilizados à sociedade, e verificar as relações econômicas que estão na base desse processo produtivo. A Macroeconomia nos fornece um conjunto de variáveis que permitem saber se a economia de um país, num certo momento, está “crescendo” ou está em “recessão”, se existe “desemprego de fatores” ou “pleno emprego”, como está o “nível geral de preços”, etc. Assim, o ponto de partida é medir o desempenho da economia através de algum indicador. Normalmente os mais utilizados são: o Produto (bens e serviços produzidos ao longo de um ano), a Renda (todo rendimento que é gerado na economia, sob a forma de salários, lucros, aluguéis, etc) e a Despesa (todos os gastos que são realizados em consumo, investimento, importações, etc) para se mensurar o nível de atividade econômica de um país, de uma região ou cidade.
PROBLEMAS ECONÔMICOS FUNDAMENTAIS A Ciência Econômica, como vimos anteriormente, é conhecida como “ciência da escassez”. Ela parte do princípio que as necessidades humanas são ilimitadas, enquanto que os recursos necessários para que as empresas produzam os bens e serviços capazes de satisfazer a essas necessidades são escassos, ou seja, existem em quantidades limitadas.
O QUE e QUANTO produzir?
Significa que produtos deverão ser produzidos (feijão, televisores, sapatos etc.)
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nômicos fundamentais:
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As sociedades humanas, de modo geral, se defrontam com três problemas eco-
e em que quantidades deverão ser colocadas à disposição dos consumidores. O sistema econômico precisa se organizar para que as unidades produtivas – as empresas – passem a gerar estes bens, nas quantidades desejadas pela população. COMO produzir?
Esta questão diz respeito à tecnologia a ser empregada na produção dos diversos bens e serviços. As empresas devem escolher, dentre vários processos técnicos, aquele que for mais eficiente, ou seja, que seja capaz de gerar a máxima produção possível a partir de certa quantidade de recursos (terra, trabalho e capital). PARA QUEM produzir?
Este problema diz respeito ao modo como serão os bens e serviços “distribuídos” à população, na medida em que será necessário, de alguma forma, estabelecer um preço para os itens produzidos pelas empresas. Diante de tudo o que foi visto até aqui, percebe-se que a Economia é uma ciência preocupada com problemas de escolha. Quando o sistema econômico se defronta com os problemas de “o que e quanto”, “como” e “para quem” produzir, é necessário ________________________ fazer escolhas entre várias opções possíveis. ________________________ A escolha é necessária porque o “estoque” de fatores de produção (terra, trabalho e capital), no curto prazo, é dado, é limitado, enquanto que existem diversas demandas por bens e serviços. Assim, as empresas têm que decidir sobre a forma de alocar ou distribuir os recursos disponíveis entre milhares de diferentes possíveis linhas de produção. Quantos hectares de terra deverão ser utilizados para o cultivo de milho? E quantos para a criação de gado? Quantos televisores devem ser fabricados por ano? E quantos caminhões? E quantos navios? Etc. Dadas as limitações dos recursos produtivos e do nível tecnológico, os diversos países tentam organizar suas economias a fim de resolver os problemas do quê, quanto, como e para quem produzir, de forma eficiente, isto é, com o menor desperdício possível. Numa economia de mercado (aquela em que não há intervenção econômica do Estado), os três problemas fundamentais são resolvidos de forma descentralizada, pelo livre jogo de demanda (ou procura) e oferta nos diversos mercados de bens e serviços. Nenhum agente econômico (indivíduo ou empresa) se preocupa em desempenhar o papel de gerenciar o bom funcionamento do sistema de preços. Preocupam-se em resolver isoladamente seus próprios negócios. As empresas todo o tempo estão lutando para somente sobreviver, num ambiente altamente competitivo, graças à concorrência imposta pelos mercados (tanto na venda de produtos finais, quanto na compra dos fatores de produção). Esse jogo econômico é todo baseado nos sinais dados pelos preços.
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Tudo é realizado através dos ajustes nos preços das mercadorias, em que se procura compatibilizar o preço desejado pelos indivíduos (o mais baixo possível) com o preço desejado pelas empresas (o mais alto possível). O desejo dos indivíduos determinará a magnitude da demanda, e as intenções das empresas determinarão a magnitude da oferta. O equilíbrio entre demanda e a oferta será sempre atingido pela flutuação do preço do produto em questão. Se a demanda for maior do que a oferta, o preço tende a subir. Se a oferta for maior do que a procura, o preço tende a cair. Se houve coincidência entre oferta e demanda, o preço tende a ficar estável – essa corresponde à situação de equilíbrio de mercado. Assim, o mecanismo de preços se torna um grande sistema de ajustes, de modo que ao final de várias interações entre produtores (do lado da oferta) e de consumidores (do lado da demanda), surge o preço de equilíbrio, determinando as quantidades a serem transacionadas no mercado. Desta forma, numa economia de mercado, os problemas básicos da economia – o que, quanto, como e para quem produzir - podem ser resolvidos pela concorrência dos mercados e pelo mecanismo dos preços. O consumidor tentará maximizar a sua satisfação, e o produtor, o seu lucro. O gráfico a seguir demonstra a interação das forças de oferta e demanda, resultando no preço e na quantidade de equilíbrio.
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Gráfico 1 - Interação das forças oferta e demanda
Os consumidores estabelecem os preços máximos que estão dispostos a pagar pelos produtos colocados no mercado. Essa avaliação é subjetiva (individual a cada consumidor) e deriva do conceito de utilidade (uma espécie de saciedade) que o consumidor procura maximizar. Assim, a curva de demanda de mercado delimita o preço máximo. Por sua vez, os produtores estabelecem o preço mínimo que estão dispostos a receber por cada quantidade ofertada, diante de todos os seus custos e seu objetivo de maximizar lucros. Assim a curva de oferta representa o limite mínimo.
sam maximizar seus objetivos, o que é a essência dos problemas econômicos.
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e demanda, garantem a maneira mais eficiente, para que consumidores e produtores pos-
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Desta forma, o equilíbrio será no ponto E. As leis do mercado econômico, de oferta
A ORGANIZAÇÃO E O FUNCIONAMENTO DO SISTEMA ECONÔMICO O sistema econômico é formado a partir da interação entre a demanda e oferta da economia. Veremos, exatamente na aula 2, as principais características da interação entre oferta e demanda da sociedade, de forma a complementar os ensinamentos do sistema econômico. Por hora é importante que saibamos que, nas relações de troca que envolvem a economia, existe sempre uma mão dupla: de um lado estão aqueles que são produtores e que vão até o mercado, colocar à disposição aquela quantidade de recursos que não é utilizada na sua própria subsistência. De outro estão aqueles para quem a produção da economia vai ser dirigida para a satisfação de suas necessidades. Estamos falando dos agentes que compõem as diversas transações da vida econômica. São eles: as famílias de consumidores, os produtores (empresas), o governo e um agente, até muito pouco tempo atrás desprezado pelos manuais de economia, o resto do mundo. Os consumidores são todos aqueles que têm necessidades básicas e para atendê-las têm que se dirigir para o mercado econômico para realizar operações de troca. ________________________ Devem possuir no mínimo um fator de produção, isto é, a sua força de trabalho, por ________________________ meio do qual estão aptos a participarem da vida econômica de um país. Numa economia moderna, as unidades familiares ativas participam do aparelho produtivo por meio das empresas, para as quais convergem os seus recursos individuais de produção (como o trabalho) e outros ativos (como a poupança), destinados não só à produção corrente de bens e serviços, como também à formação e expansão da capacidade instalada de produção. Por sua participação no processo econômico de produção ou por seu acesso aos benefícios previdenciários existentes, convergem para as unidades familiares diferentes tipos de rendas, como salários, aluguéis, juros, lucros e dividendos, além de outros tipos de transferências. Nas unidades produtoras enquadram-se todas as unidades que compõem o aparelho de produção da economia nacional. Reúnem-se aqui as empresas que se dedicam a atividades primárias, secundárias ou terciárias, produzindo os bens e serviços que atendam às necessidades de consumo e de acumulação da sociedade. A característica principal das empresas, do ponto de vista da contabilidade social, é o fato de que reúnem, organizam e remuneram os fatores de produção fornecidos pelas unidades familiares. Cada uma das empresas integradas no processamento da produção é um centro de convergência e de aplicação de recursos, de cuja atividade resulta a oferta agregada dos mais diferentes tipos de bens e serviços. Assim, pode-se afirmar que as empresas produzem para que as famílias possam consumir os bens e serviços produzidos. Mas o que garante que esses bens e serviços
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se revertam para o consumo das famílias é o fato de que os consumidores, ou seja, as famílias, são também proprietários dos fatores de produção. As famílias “cedem” esses fatores às empresas para que eles possam ser utilizados na produção. E, fazem isso justamente para obter, em troca, a garantia de sua participação na divisão dos produtos resultantes. Para intermediar esse processo e evitar que os produtores queiram se sobrepujar aos consumidores, ou para defender, criar condições favoráveis ao pleno funcionamento do sistema econômico, aparece o seu terceiro elemento, o governo. O governo destaca-se como um dos mais importantes agentes ativos do sistema, devido às particularidades que envolvem suas ações econômicas. O governo deve ser entendido como um agente coletivo que contrata diretamente o trabalho de unidades familiares e que adquire uma parcela da produção das empresas para proporcionar serviços úteis à sociedade como um todo. Apesar de ter uma capacidade limitada para a contração de membros das unidades familiares, o governo também participa do sistema econômico realizando políticas públicas que devem (ou deveriam) ser direcionadas para os grupamentos mais necessitados das unidades familiares. O governo trata-se de um centro de produção de bens e serviços coletivos. Suas receitas resultam majoritariamente da retirada compulsória de poder aquisitivo das famílias e empresas; e suas despesas são caracterizadas pelos pagamentos efetuados
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aos agentes envolvidos no fornecimento dos bens e serviços públicos à sociedade. Finalmente, é importante lembrar que nem tudo que é produzido em uma economia fica restrito ao espaço físico interno. Uma parte dessa mercadoria é exportada e outra, em função de nossas necessidades complementares é importada, isto é, comprada de outros produtores que não estão localizados no mesmo país de nossos produtores. Então, surge o quarto dos nossos agentes do sistema econômico: o resto do mundo. Esta categoria destina-se a registrar as transações econômicas entre unidades familiares, empresas e governo do país com semelhantes agentes pertencentes a outros países. Citam-se aqui como exemplo os fluxos de importações e exportações, os pagamentos pelos serviços internacionais e as transferências unilaterais de toda espécie com que os residentes de um país beneficiam os de outros países. Esses quatro agentes são responsáveis por todo o funcionamento e organização do sistema econômico. Todas as relações econômicas que veremos ao longo desse curso derivam do comportamento de cada um desses agentes econômicos.
A EVOLUÇÃO DA TEORIA ECONÔMICA
Antigüidade: gregos e romanos Alguns autores defendem que a economia constitui um conjunto de preceitos ou de soluções adaptadas a problemas particulares, a exemplo de Pinho e Vasconcelos (2003). Por isso na antiguidade surgiram apenas algumas idéias econômicas muito
distribuídos para suas províncias e assim estimulava transações comerciais e a criação de companhias mercantis.
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redes de estradas e navegações em que, do centro de afluência, os produtos eram
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fragmentadas. Tanto na Grécia como em Roma a unidade econômica foi mantida por
Idade média Já na Idade Média, surgiram atividades econômicas intra e inter regionais muito importantes que foram as feiras periódicas organizadas por corporações de ofícios e impulsionadas pelo comércio no Mar Mediterrâneo. Porém a doutrina econômica medieval era dependente da filosofia ou da prática de subordinação a moral cristã, que condenava as taxas de juros e defendia os “preços justos”, como equilíbrio dos agentes econômicos.
Mercantilismo Doutrina econômica que caracterizava o período histórico da Revolução Comercial, entre os séculos XVI a XVIII, marcado pela desintegração do feudalismo e pela formação dos Estados Nacionais. Teve como premissa básica o acúmulo de divisas em metais preciosos pelo Estado por meio de um comércio exterior de caráter protecionista. Os princípios básicos do mercantilismo foram:
o Estado deve incrementar o bem-estar nacional, ainda que em detrimento de seus vizinhos e colônias; a riqueza da economia nacional depende do aumento da população e do aumento do volume de metais preciosos no país; o comércio exterior deve ser estimulado, pois é por meio de uma balança comercial favorável que se aumenta o estoque de metais preciosos; o comércio e a indústria são mais importantes para a economia nacional que a agricultura.
Essa concepção levava a um intenso protecionismo estatal e a uma ampla intervenção do Estado na economia. Todo esse processo se desenvolveu com uma forte autoridade central tida como essencial para a conquista de novos mercados e para a proteção dos interesses comerciais. Essa doutrina era constituída por um conjunto de concepções desenvolvidas na prática por uma classe dominante formada por administradores e comerciantes, com objetivos não só econômicos, como também político-estratégicos. Sua aplicação variava conforme a situação do país, os recursos e o modelo de governo. Vale ressaltar que na Holanda, o poder do Estado era subordinado às necessidades do comércio, enquanto que na França e na Inglaterra, a iniciativa econômica estatal constituía outro braço das intenções militares do Estado, geralmente, agressivas em relação a seus vizinhos e colônias.
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O liberalismo: escolas, princípios comuns Doutrina econômica com um caráter ideológico das revoluções antiabsolutistas que ocorriam na Europa, principalmente Inglaterra e França nos séculos XVII e XVIII, e a luta pela independência dos Estados Unidos. Correspondia aos anseios da classe em ascensão, a burguesia, que consolidava a sua força econômica frente à aristocracia em decadência amparada pelo absolutismo monárquico. Os princípios básicos do liberalismo foram: ampla liberdade individual; democracia representativa com separação de poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário); direito inalienável à propriedade; a livre iniciativa e a concorrência como forma de alcançar o progresso social.
Dessa forma, deve-se destacar o princípio do laissez-faire, laisser-passer (Deixar fazer, deixar passar), que proclamou a mais absoluta liberdade de produção e comercialização de mercadorias, condenando toda intervenção do Estado na economia, pois função do Estado era a garantir a propriedade privada e a livre concorrência, caso sofressem qualquer ameaça.
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Cabe destacar, nesse rápido passeio pela ciência econômica, os doutrinadores econômicos que influenciaram com suas teses e concepções ideológicas as ciências econômicas. Adam Smith, divisão internacional do trabalho e a “mão invisível” Adam Smith, economista escocês, tem em sua obra mais célebre, A Riqueza das Nações: Investigação sobre sua Natureza e suas Causas, o marco inicial dos autores clássicos. Smith reconhece o trabalho como a verdadeira origem da riqueza e distingue o valor de uso (as mercadorias consideradas do ponto de vista da capacidade que elas têm de satisfazer as necessidades humanas) e o valor de troca (a proporção em que elas são trocadas umas pelas outras). Para ele, o valor de troca não se fundamenta na utilidade de uma mercadoria e sim no trabalho, ou seja, o tempo necessário para sua produção. Desta forma, Smith inicia a análise dos efeitos da divisão do trabalho sobre a produtividade, demonstrando, contrariamente, a ponto de vista dos mercantilistas, que à medida que o comércio aumenta a divisão do trabalho todos se beneficiam do conseqüente aumento da produtividade. Outra tese defendida por Adam Smith é o individualismo, considerando que os interesses individuais livremente desenvolvidos seriam harmonizados por uma “mão invisível” e resultaria no bem estar coletivo. Essa “mão invisível” entraria também em jogo no mercado dos fatores de produção enquanto imperasse a livre-concorrência. A apologia do interesse individual e a rejeição da intervenção estatal na economia se transformariam nos princípios básicos do liberalismo. Malthus: População X Crescimento da Produção de Alimentos e Lei dos Rendimentos Decrescentes
enquanto a população tenderia a aumentar em progressão geométrica, o que levaria a pobreza e a fome generalizada. Essa tese foi contestada por outros economistas da época, uma vez que Malthus ignorava a estrutura social da economia e as possibilida-
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ção. Defendia a tese em que a produção de alimentos cresce em progressão aritmética,
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Economista e clérigo inglês é autor da obra Ensaio sobre o Princípio da Popula-
des criadas pela tecnologia agrícola. A sua concepção sobre a renda diferencial da terra é semelhante a outros autores da época, a exemplo de Ricardo, através da aplicação da Lei dos Rendimentos Decrescentes, que admitia que o proprietário rural ocupava áreas menos férteis à medida que a população crescia. Ricardo: renda diferencial da terra, teoria das vantagens comparativas de custo Economista inglês, assim como Malthus, David Ricardo acreditava que a maior demanda, acarretada pelo aumento da população, exigia o cultivo de terras menos férteis, nas quais os custos de produção sejam mais elevados dos que nas terras mais férteis. Entretanto os custos e lucros deveriam ser mantidos no mesmo nível nos dois casos, pois, de outro modo, as terras de pior qualidade deixariam de ser cultivadas. Porém a grande contribuição de Ricardo foi à formulação da Lei dos Custos Comparativos, ou Lei das Vantagens Comparativas, com que procurou demonstrar a vantagem de um país importar determinados produtos mesmo que pudesse produzilos por preço inferior, desde que sua vantagem, em comparação com outros produtos, fosse ainda maior. Essa lei constitui atualmente uma parte importante da teoria do comércio internacional. Stuart Mill: teoria do valor e estado estacionário Filósofo e economista clássico inglês, ao analisar a teoria do valor, procurou demonstrar como o preço é determinado pela igualdade entre a demanda e a oferta e como a demanda recíproca de produtos afeta os termos do intercâmbio entre os países. Lançou a idéia da elasticidade da demanda, expressão introduzida mais tarde pelos neoclássicos, para analisar possibilidades alternativas de comércio. Assim como Ricardo e Malthus, Mill previa a ocorrência de um “estado estacionário” fruto do crescimento populacional e responsável pelo cultivo de terras cada vez menos férteis. Ao chegar a determinado limite, o lucro seria tão baixo que a acumulação de capital simplesmente acabaria, prejudicando o desenvolvimento econômico. Marx: teoria de mais valia — conseqüências e causas Filósofo e economista alemão, foi o mais eminente teórico do comunismo, cuja obra mais conhecida, O capital, teve seus dois últimos volumes acabado após sua morte pelo amigo Friedrich Engels. O conceito de mais-valia consiste no valor trabalho não pago ao trabalhador, isto é, na exploração exercida pelos capitalistas sobre seus assalariados. Marx, assim como outros teóricos clássicos, considerava que o valor de toda mercadoria é determinado pela quantidade de trabalho socialmente necessário para produzi-la. Sendo a força de trabalho uma mercadoria cujo valor é determinado pelos meios de vida necessários à subsistência do trabalhador (alimentos, roupas, moradia
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transporte etc.) e se este trabalhar além de um determinado número de horas, estará produzindo não apenas o valor correspondente a sua força de trabalho, que é pago pelo capitalista sobre forma de salário, mas também um valor a mais, um valor excedente sem contrapartida, denominado mais-valia. Os Marginalistas ou Neoclássicos: o conceito de utilidade Com a mudança na definição dos problemas econômicos da determinação das causas do desenvolvimento da riqueza, os economistas passaram a se preocupar com a alocação de recursos escassos entre usos alternativos, com o fim de maximizar a utilidade ou a satisfação dos consumidores. Essa teoria econômica define o valor dos bens a partir de um fator subjetivo denominado utilidade, isto é, sua capacidade de satisfazer as necessidades humanas. Como a necessidade é uma característica subjetiva, também a utilidade de um bem terá sua avaliação subjetiva, e um mesmo bem ou serviço terá diferentes utilidades e, portanto, valores diferentes, de acordo com a satisfação de cada indivíduo. Por isso, cada indivíduo diferente deve saber como maximizar sua satisfação. Essa maximização de negócios não era possível se houvesse uma autoridade armada que colocasse dificuldade no desenvolvimento dos negócios econômicos. Por isso a Teoria Neoclássica se destacava ao colocar o mercado como principal agente econômico. Sob a influência de Smith, seus teóricos defendiam a mínima par-
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ticipação do estado na economia, uma clara alusão ao Estado absolutista que tolhia as liberdades individuais e impedia a maximização dos lucros. O Neoliberalismo contemporâneo tem suas raízes nessa concepção teórica, por defender o livre mercado e a interferência do governo restrita à defesa da propriedade privada e da segurança nacional. Keynes: A Revolução Econômica De todos os filósofos que se preocuparam com a formulação de teorias para explicar o comportamento econômico, talvez o de maior importância tenha sido John Maynard Keynes, considerado como o pai da macroeconomia. Em seu mais importante legado, o livro que escreveu durante a grande depressão da economia mundial de 1929 - Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda -, Keynes destacava que a formulação das teorias anteriores, classificadas por ele como clássicas, já não davam conta de explicar os problemas da superprodução e do desemprego estrutural que assolava a economia norte-americana. É justamente por isso que, a despeito de suas influências teóricas, vai formular uma nova lei econômica, defendendo a intervenção do governo como a principal forma de alavancar a economia de um país, em substituição à clássica idéia que as livres forças de mercado (Adam Smith) eram capazes que conduzir a economia ao equilíbrio de pleno emprego. Keynes, ao analisar a situação de colapso da economia mundial, concluiu que o desemprego era uma dos principais problemas para a insuficiência de demanda. Dessa forma, defendia que o governo deveria intervir na economia a partir de seus gastos para estimular o consumo. A lógica keynesiana era bastante intuitiva: quando o governo gastava na contratação de funcionários públicos, trazia de volta para o mercado de trabalho uma série de consumidores que estavam alijados do sistema econômico.
a realizar novos investimentos em novos produtos para essa nova fatia de consumidores. Dessa forma, a intervenção governamental acabou estimulando o investimento privado. A esse fenômeno Keynes batizou de efeito multiplicador dos gastos governa-
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está ocorrendo uma retomada no crescimento, estimulando que as empresas voltem
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Esses trabalhadores públicos, voltando a consumir, sinalizam para os investidores que
mentais, pois um aumento da participação do governo na economia significou também uma elevação dos gastos privados, de forma que toda a sociedade ganhava com essa intervenção. A “era keynesiana” foi rica em contribuições em todos os espectros da economia, sobretudo, aos ligados à macroeconomia e vigorou como expressão dos acontecimentos mundiais até o final da década de 1970.
O período Moderno A partir das sistematizações oferecidas pela teoria keynesiana, começaram a surgir contrapontos interessantes, evidenciando que não existe, na ciência econômica, uma só teoria capaz de explicar todos os fenômenos do mundo moderno. Muitas das considerações aventadas pelos pensadores econômicos não podiam trabalhar com a hipótese do desenvolvimento da internacionalização do mundo, com a velocidade como seu deu o processo de globalização e financeirização das economias mundiais. A revolução tecnológica encurtou as distâncias entres os países de tal ________________________ forma jamais pensada pelos autores que descrevemos anteriormente. ________________________ Isso, em hipótese alguma, inviabiliza suas considerações teóricas, muitas delas válidas até hoje e defendidas por um conjunto de economistas que ainda acreditam na retomada do desenvolvimento econômico no século XXI, com base em uma política keynesiana. A crise mundial, a que estamos assistindo em 2008, é uma prova inequívoca de que o sistema de livre mercado da corrente neoliberal que se instalou no mundo pós Consenso de Washington (1989) já está em fase de esgotamento. Assim como esteve em 1929. Todo o escopo teórico da economia avançou consideravelmente. Hoje a análise econômica engloba quase todos os aspectos da vida humana e os impactos desses estudos na melhoria do padrão de vida e no bem estar de nossa sociedade é considerável. O controle e planejamento macroeconômico permitem antecipar muito problemas e evitar algumas situações desnecessárias. A teoria econômica passou a ter um conteúdo empírico que lhe conferiu uma prática maior. Hoje as novas frentes de trabalho se direcionam para as áreas de finanças empresariais, a incorporação de algumas técnicas econométricas, conceitos de equilíbrio de mercado e hipóteses sobre o comportamento dos agentes econômicos revolucionaram a teoria econômica. Essa explosão de negócios internacionais colocam, a todo momento, a economia no cerne das discussões contemporâneas.
Síntese O objetivo dessa aula foi mostrar uma visão evolutiva da ciência econômica,
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com definições, conceitos, interação de fatos e a contribuição de doutrinadores econômicos que se destacaram no decorrer dos tempos. Com isso, demos o primeiro passo, no sentido de conhecer a dinâmica do sistema econômico e suas relações, como forma de estabelecer um preâmbulo para a análise da conjuntura econômica.
questão para Reflexão Com base nas diversas correntes do pensamento econômico, qual deve ser o papel do Estado na economia: intervenção para o desenvolvimento ou regulação complementar ao equilíbrio de mercado?
Leituras indicadas MANKIW, N. Gregory. Introdução à Economia princípios de micro e macroeconomia. 5 ed. São Paulo:Thomson, 2007.
Sites Indicados Dicionário de Economia: http://economiabr.net/teoria_escolas/monopolio.html
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Referências O’ SULLIVAN, Arthur. Princípios de Economia. Rio de Janeiro: LTC, 2000.
PINHO, Diva Benevides; VASCONCELOS, Marco Antônio S. (Org.). Manual de Economia. Equipe de Professores da USP. 4 ed. São Paulo: Saraiva, 2003.
SANDRONI, Paulo. Dicionário de economia do século XXI. Rio de Janeiro: Record, 2005.
VASCONCELOS, Marco Antônio S; GARCIA, Manuel E. Fundamentos de Economia. 2 ed. São Paulo: Saraiva, 2006.
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Aula 02 - ANÁLISE DA DEMANDA E OFERTA DE MERCADO
Autor: Gustavo Casseb Pessoti
Bem pessoal, dando continuidade a nossa disciplina vamos estudar hoje a análise da demanda e da oferta de mercado com o objetivo de demonstrar como se dá o equilíbrio econômico no mercado. Essa aula será um primeiro passo para que vocês possam conhecer a dinâmica dos mercados e suas estruturas. Para isso precisamos entender bem os conceitos dessas variáveis e seu comportamento no mercado.
INTRODUÇÃO Antes de iniciarmos o estudo da demanda e da oferta será interessante entendermos o Fluxo Circular da Renda de uma economia, que é uma espécie de grande mercado onde interagem dois dos principais agentes do sistema econômico, que apresentamos em nossa aula 1. A lógica de funcionamento desse fluxo é bastante sim-
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plória e vai nos ajudar a estabelecer as relações entre a oferta e a demanda de uma sociedade. De um lado estão as empresas que são as responsáveis pela produção de todos os bens e serviços que são colocados à disposição da economia. Nessa produção, estão incluídos bens de consumo, como alimentos e artigos de vestuário; os bens de capital como carros, eletrodomésticos e casas; e, mesmo os serviços que são prestados na sociedade, como aulas de economia, serviços de manutenção, música, etc. Enfim, as empresas ofertam para a sociedade todo o conjunto de bens e serviços que processam no interior de seus processos produtivos. De outro lado, estão as famílias (consumidores) que participam ativamente do fluxo econômico. Como as famílias são formadas por seres humanos, o primeiro prérequisito deste agente é que ele tem uma série de necessidades básicas que devem ser atendidas para que a vida aconteça. Por exemplo, as famílias precisam comer, vestir-se, transportar-se, etc. Assim sendo, vão demandar os bens e serviços que serão colocados no mercado econômico pelas empresas. Vejamos no esquema a seguir como acontece o fluxo de recursos entre empresas e famílias.
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O fluxo circular da renda é assim chamado, pois o processo se inicia em um determinado ponto e retorna para ele, como podemos ver nos esquemas indicados por setas que vão e voltam para cada um dos elementos constituintes da vida econômica. Vamos entender como funciona a economia de uma maneira bastante intuitiva, pois apesar de ser uma representação gráfica, os elementos ai presentes são totalmente reais e as relações estabelecidas são a base do nosso sistema capitalista. O fluxo se inicia quando os indivíduos procuram as empresas para trabalhar. A premissa é que qualquer indivíduo que participa da vida em sociedade possui um fator de produção a oferecer em troca de salários. Uns possuem terras, capital guardado em banco, máquinas, equipamentos. Outros não possuem nada disso, mas têm os seus braços e sua inteligência para oferecer. Munidos de qualquer um desses itens, que chamamos de fatores de produção (fatores que são empregados na produção para que ela aconteça), as famílias se direcionam para o mercado de fatores de produção para vendê-los para as empresas capitalistas (vide esquema). Portanto, as firmas compram o uso dos fatores de produção dos indivíduos, no mercado de fatores. De posse dos fatores de produção, as firmas vão realizar uma série de atividade que vai culminar com a produção de todo o conjunto de bens e serviços que são ofertados para a sociedade. Repare que os dois agentes têm igual importância no fluxo: primeiro as famílias vendem seus talentos ou posses para as empresas; depois, dispondo de tecnologia apropriada, as empresas empregam esses fatores para produzir os bens e serviços que serão vendidos no mercado de bens e serviços. Como dependem de itens que são oferecidos no mercado de bens e serviços para sobreviverem, as famílias que agora têm um salário, por sua participação no processo produtivo, passam a comprar esses bens e serviços. Esse esquema que começa e termina nas famílias representa o Fluxo Circular da Renda, elemento fundamental para se compreender o funcionamento de um determinado sistema econômico e compreender os conceitos de demanda e oferta.
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DEFINIÇÃO DE DEMANDA Oferta e demanda são duas expressões que nós, economistas, usamos com muita freqüência e que estão por traz de todos os fatos econômicos que acontecem no mercado econômico. Por trás de um vendedor, tem que existir antes um comprador, para que o negócio aconteça. Como define Mankiw (2005, p. 64) oferta e demanda são as forças que fazem as economias de mercado funcionar. São elas que determinam a quantidade produzida de cada bem e o preço pelo qual este será vendido. Se alguém quiser saber como a economia será afetada por essa crise financeira internacional, como esta que marcou a conjuntura econômica mundial em 2008, precisa antes entender os movimentos sobre a oferta e demanda da sociedade. Assim, há que se esclarecer uma coisa: os conteúdos expostos nessa aula são uma sistematização dos principais manuais de economia que estão colocados nas referências bibliográficas do nosso curso. No caso dessa aula, não há como fugir do curso de explicar como se dá o equilíbrio de mercado. Dessa forma, precisaremos nos apoiar em conceitos que são, há muito, estudados e sistematizados pelos pensadores econômicos. E para entender à lógica de funcionamento dos mercados e, por conseguinte, os conceitos de oferta e demanda, basta olhar o fluxo circular da renda que apresentamos na seção anterior. Os termos oferta e demanda se referem àquela lógica de
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comportamento dos agentes envolvidos na visa econômica de uma sociedade. É a interação entre famílias que aparecem para nós como os compradores e as empresas que ofertam bens e serviços que vai definir o conceito de demanda e oferta. Vamos voltar ao fluxo: a idéia dele é que existe uma interação entre dois mercados (vide figura anterior), o de fatores de produção e o mercado de bens e serviços. Então o mercado aparece para nós, como o espaço (que hoje em dia pode ser até virtual) onde compradores e vendedores se relacionam objetivando maximizar a sua satisfação. De um lado, os compradores querem comprar o máximo possível ao menor preço e melhor qualidade; de outro, estão os vendedores, interessados em maximizar suas vendas para aumentar o lucro. Sem perceber, estamos falando de demanda e oferta a todo o momento. A demanda ou procura é a quantidade de um bem qualquer (ou uma cesta deles) que os compradores desejam e podem comprar (alocação de sua renda). A quantidade demandada pelo consumidor é a quantidade de produto que ele vai procurar no mercado, de acordo com suas preferências, sua renda e outros fatores. Dentre esses fatores está a qualidade dos bens necessitados, mas sobretudo, há um determinante que, no caso de nós consumidores é fundamental para que a compra efetivamente aconteça: o preço. Se você está com uma vontade tremenda de tomar um sorvete e ao passar em frente á uma sorveteria descobrir que cada bola de sorvete custa R$ 20,00, muito provavelmente, se você for um consumidor de classe média vai preferir abrir mão da vontade, em função do preço. Assim sendo, por incrível que pareça, nesse exemplo simplório, já definimos uma complexa relação econômica: quanto maior o preço de um bem ou serviço, tanto menor será a demanda (procura) por esse bem ou serviços. Dito conforme nós economistas gostamos de fazer, a quan-
lida e aceita universalmente pela economia que nós economistas chamamos essa relação entre preço e procura de Lei da Demanda. Então, para complicar um pouco (como nós
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Essa relação entre o preço e quantidade demandada da maioria dos bens é tão vá-
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tidade demanda é negativamente relacionado com o preço.
adoramos fazer), a formulação da lei da demanda fica assim enunciada: tudo mais permanecendo constante (coeteris paribus), quando o preço de um bem aumenta diminui; quando o preço do bem diminui, sua quantidade demanda aumenta. Coeteris Paribus é uma expressão muito utilizada por nós, pois a economia como ciência também faz muitos testes antes de determinar uma lei de funcionamento econômico. Assim, essa expressão significa, simplesmente, que todas as demais variáveis são tomadas como constantes para que se possa entender apenas o comportamento de determinada variável. Assim, dizemos que: coeteris paribus, a demanda de um bem é afetada unicamente pelo seu preço. Ou seja, estamos dizendo que, supondo inalterados a renda e os gostos ou preferências dos consumidores, sua demanda sofrerá influência em função da variação do preço do bem ou serviço em questão. É por isso que quando analisamos o gráfico a seguir, que mostra a demanda de um produto qualquer, podemos perceber uma reta negativamente inclinada. No gráfico um dos eixos é a quantidade demandada e o outro é o preço. A reta indica que todo aumento no preço significa diminuição na quantidade demandada por esse produto. Vejamos o gráfico que evidencia a lei da demanda, conceito universalmente aceito por qualquer corrente do pensamento econômico.
Gráfico 1 - Lei de demanda
A interseção de P1 - Q1 representa o ponto de equilíbrio na demanda desse bem. Significa que: dada uma restrição orçamentária (isto é, dado seu nível de renda) ao preço 1, a sociedade aceita adquirir a quantidade 1. Esse é o ponto de equilíbrio da demanda. A restrição orçamentária mencionada refere-se ao poder de compra dos consumidores. Esse gráfico foi uma simples esquematização de um bem qualquer, mas
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na vida real, nós consumidores temos muitos desses gráficos em nosso imaginário, pois para atender às nossas necessidades, precisamos de uma combinação de vários bens e serviços que são ofertados pelas empresas. A combinação desta cesta de bens vai depender de duas variáveis principais: do tamanho da minha restrição orçamentária (renda) e da minha preferência por qualquer tipo de bem ou serviço. Tendo um orçamento limitado, ou seja, um determinado nível de renda, o consumidor procurará distribuir esse seu orçamento (renda) entre os diversos bens e serviços de forma a alcançar a melhor combinação possível, ou seja, aquela que lhe trará maior nível de satisfação ou utilidade. Ou seja, percebemos agora que a demanda não é só influenciada pelo preço. Existe uma série de variáveis que afetam direta ou indiretamente a procura pela composição da melhor cesta de bens por parte dos consumidores. A formulação econômica a esse respeito diz o seguinte: saindo da condição de coeteris paribus e analisando as relações do mundo real, cada consumidor busca alocar sua renda na aquisição de uma cesta de produtos (uma combinação de bens e serviços) de acordo com: o nível de sua renda, suas preferências (gosto), o preço do bem e de seus similares ou substitutos e de suas expectativas em relação ao comportamento da economia. A idéia subjacente a essa formulação é a de que cada consumidor é um agente extremamente racional e sabe perfeitamente, dada a sua restrição orçamentária, isto é, sua renda, maximizar a aquisição de bens e serviços de acordo com a utilidade que
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esses bens e serviços vão atender na sua vida em sociedade. A análise de quão importante é cada uma dessas variáveis na determinação da demanda vai depender do perfil de consumidor que estamos analisando. Assim sendo, tomando Antônio Erminio de Moraes (dono do grupo Votorantim) como referência, certamente as variáveis que vão mais influenciar no seu padrão de demanda serão as suas preferências e as expectativas em relação ao comportamento do mercado econômico, dado que sua restrição ao consumo é muito baixa. Assim analisando o perfil de consumidor do qual esse seu professor faz parte, as variáveis que mais afetam o nosso padrão de consumo são os preços dos bens e a existência ou não de substitutos. Para esse perfil de consumidor existe uma dupla alternativa quando o preço de um bem sobe: ou ele troca de marca e passa a consumir produtos similares (como substituir o consumo de manteiga por margarina, quando o preço da primeira sobe, ou carne de primeira por carne se segunda na mesma situação) ou reduz o consumo, até que o preço desse produto volte a encaixar na sua restrição orçamentária. Quanto mais baixo o padrão de vida (menor nível de renda), mais as demais variáveis como gosto e expectativas tendem a se tornar nulas na determinação da demanda, isto é, maior a relação entre a demanda e o preço do bem. Quanto maior o padrão de vida maior importância é conferida à preferência de um bem que maximize o prazer daquele que o adquire, em detrimento do nível de preço que acaba assumindo importância menor.
presas que produzem e vendem os diversos tipos de bens no mercado. A definição é similar à da demanda com a mudança de uma palavra, senão vejamos: a quantidade
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Vamos agora analisar o que acontece do lado dos produtores, ou seja, das em-
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DEFINIÇÃO DE OFERTA
ofertada de um bem ou serviço é a quantidade que os vendedores querem e podem vender. E olha que coisa interessante é análise econômica! A oferta do bem depende basicamente do próprio preço deste bem. Admitindo-se a hipótese coeteris paribus, podemos afirmar que quanto maior for o preço do bem, mais interessante será produzi-lo e, portanto, a oferta é maior. Ou seja, a análise entre oferta e demanda é bastante parecida, só mudando o foco dos compradores (caso da demanda) para os produtores (que são responsáveis pela oferta de bens e serviços no mercado econômico). Relacionando a quantidade ofertada de um bem com seu preço, obteremos, portanto a curva de oferta, ilustrando uma relação crescente entre preços e quantidades:
Gráfico 2 - Curva de oferta
Reparou que apesar de parecida com a curva da demanda, no caso da oferta a curva é positivamente inclinada? É que nesse caso, estamos analisando a ótica de um produtor. Assim sendo, quanto maior o preço de mercado, maior será a possibilidade de lucro desses produtos e assim mais ele vai querer ofertar. Aumentos nos preços provocam maior interesse em oferecer produtos para a sociedade, pois aumenta a expectativa de lucros dos empresários Com isso, podemos também definir a Lei da Oferta, aceita universalmente por toda a corrente do pensamento econômico e traduzida no seguinte enunciado: com tudo mais mantido constante (coeteris paribus), quando o preço de um bem aumenta, a quantidade ofertada desse bem também aumenta; quando o preço de um bem cai, a quantidade ofertada desse bem também cai.
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Como já entendemos que a lógica de funcionamento é a mesma, só invertendo os papeis, podemos passar logo para entender quais são os fatores que afetam a oferta, no mundo real, isto é, quando as demais variáveis não são tidas como constantes. Como a oferta está condicionada ao produtor, as variáveis são menos subjetivas, como no caso do consumidor em que, por exemplo, os gostos podem interferir na demanda. No caso do produtor, o nível de oferta vai depender: do preço do bem que ele se propõe a produzir; do preço dos demais bens e serviços produzidos por outros produtores; do custo de produção (insumos e mão-de-obra); do nível de tecnologia e capital que o produtor dispõe; do número de vendedores concorrentes; e das expectativas em relação ao comportamento da economia. Assim, o número de variáveis que interfere, direta ou indiretamente, na oferta é muito maior e pode excluir muitos pretensos vendedores do mercado. Se por exemplo, o número de vendedores de um determinado produto for muito grande, eles terão que oferecer o mesmo produto com preços diferenciados. A depender do custo de produção e da escala de vendas, pode acontecer que determinados produtores tenham que ofertar a um preço mais alto. Certamente, o consumidor vai preferir aqueles produtos com preços mais baixos, obrigando o ofertante a baixar o preço ou a sair desse mercado. Em outra análise, o preço das demais mercadorias também influencia na produção de um determinado bem qualquer. Suponha um fabricante de derivados de açúcar
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que produz x quantidades de chocolates e y quantidades de sorvetes. Se o preço do sorvete no mercado econômico for mais alto do que o chocolate, esse fabricante, na busca de maximização dos lucros, vai direcionar sua fábrica para fazer mais sorvete e menos chocolate, pois as expectativas de lucros serão maiores no mercado do sorvete do que no de chocolate. A mesma formulação, agora dita no vocábulo do economista diz que: se os preços dos demais bens subirem e o preço de um bem x qualquer permanecer idêntico, sua produção tornar-se-á menos atraente em relação à produção dos outros bens, conseqüentemente diminuindo sua oferta. Se sobre os consumidores impera uma lei da racionalidade para maximização da sua satisfação, dada sua restrição orçamentária, os produtores maximizam sua utilidade, intensificando a produção daqueles bens e serviços que tem vantagens comparativas aos demais produtores da sociedade, isto é: vai aumentar a oferta quanto maior o preço de mercado e menor o seu custo de produção. Essa lógica funciona para todo o entendimento das relações econômicas. Se um agricultor acreditar que o preço da soja vai estar elevado em 2009, aumenta o plantio já em 2008. Caso contrário, substitui a sua produção por de outro produto mais rentável, até que o preço volte a aumentar e estimular a sua produção. A lógica do consumidor é maximização de satisfação ao menor preço de mercado; o do produtor é maximizar o seu lucro ao maior preço de mercado.
O EQUILÍBRIO DE MERCADO A aula já teria acabado se os ofertantes e demandantes não interagissem em
entre esses dois agentes que têm a mesma lógica de atuação, mas objetivos completamente diferentes.
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ra que já conhecemos o comportamento da oferta e demanda, como se dá o equilíbrio
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um mesmo ambiente econômico, o mercado. Assim sendo, precisamos entender ago-
Em economia, a palavra equilíbrio define uma situação em que diversas forças estão em igualdade. Trazendo essa definição para nosso estudo do mercado econômico, o equilíbrio ocorreria em uma situação em que a determinado preço, a quantidade de um bem que os compradores desejam e podem comprar é exatamente igual à quantidade que os vendedores desejam e podem vender. Nesse caso, o mercado está satisfeito e maximizado: os compradores compram tudo o que desejam e os vendedores maximizam seus lucros. O gráfico a seguir mostra a interação entre as forças de oferta e demanda.
Gráfico 3 - Interação entre as forças de oferta e demanda
Observe a interseção das curvas no ponto E, pois este é o único ponto em que o mercado está em equilíbrio. Nele, consumidores e vendedores conseguem maximizar a sua função utilidade. Uma vez que o mercado atinja o seu equilíbrio, todos os compradores e vendedores ficam satisfeitos e não há pressão nem para cima nem para baixo dos preços. Analisado o ponto de equilíbrio, vejamos agora os casos em que não equilíbrio entre oferta e demanda. Isso também pode ser visualizado nesse mesmo gráfico. Para qualquer preço superior a P1, a quantidade que os ofertantes desejam vender é maior que aquela que os consumidores desejam comprar. Em linguagem técnica, dizemos que existe excesso de oferta. De outra parte, para qualquer preço inferior a P1, surgirá excesso de demanda. Em qualquer dessas situações não existe equilíbrio pela incompatibilidade de desejos entre os agentes econômicos. Vejamos o que acontece em cada uma dessas situações. Quando existe excesso de demanda: já sabemos que se existe um excesso de demandantes no mercado por um produto é porque o preço desse bem está compatí-
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vel com a restrição orçamentária de toda a sociedade. Nesse caso, os consumidores estão dispostos a pagar mais de suas receitas para conseguirem quantidades adicionais de determinado produto. A conseqüência imediata é que os vendedores percebendo essa situação passam a fabricar mais desse produto de modo a suprir o excesso de demanda e trazer a economia de volta para o equilíbrio. Se não for possível produzir quantidades extras do produto que atendam à demanda da sociedade, a conseqüência natural é que os produtores subam o preço do produto, de forma a restringir o consumo e trazer de volta a economia ao equilíbrio. Quando existe excesso de oferta: nesse caso diversos produtores ofertaram produtos no mercado e a resposta do público foi uma retração no consumo. Isso indica que pela maior concorrência e pela grande quantidade de produtos no mercado, os preços dessa mercadoria deverão cair, de modo a sugerir um aumento no consumo. Suponha que você vá ao mercado para comprar um saco de pão e perceba que a lata de leite saiu de R$ 5,00 para R$ 1,99. Mesmo que não precise naquele momento, como você precisará de leite no futuro, impulsionado pela queda no preço aumenta a demanda de leite. Assim sendo, o ajustamento do equilíbrio no caso de um excesso de oferta se dá pela queda no preço que estimula o consumo e fazendo a economia voltar para o equilíbrio de mercado.
ESTRUTURAS DE MERCADO ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
Infelizmente ainda não podemos encerrar essa aula, pois embora já saibamos de muitos elementos que caracterizem a oferta e demanda de mercado, o equilíbrio a que nos referimos na seção passada vai depender justamente do tipo de mercado em que as relações econômicas acontecem. Se só existisse uma situação em que compradores e vendedores pudessem ajustar a produção e preço de equilíbrio, a própria lei da oferta ou da demanda se encarregaria de colocar a economia no nível de equilíbrio. Entretanto, a depender do número de ofertantes, o mercado pode ser mais ou menos competitivo. E quanto menos competitivo, maior a dificuldade para chegar ao equilíbrio. Os mercados assumem diferentes formas. Às vezes são altamente organizados, tais como os mercados de produtos agrícolas. Neles, compradores e vendedores se encontram em lugares e horários determinados. Os preços quase todos são conhecidos e as vendas são organizadas nas feiras. Mas, existem também mercados completamente desorganizados, onde os compradores estão em diferentes pontos do mundo e os vendedores oferecem seus produtos diferenciados. Cada vendedor estabelece o seu preço e cada comprador escolhe onde comprar Cada estrutura de mercado se destaca pela interação entre a oferta e a demanda, e se diferencia uma da outra pela observância de uma ou de todas as características observadas em mercados existentes, tais como: a quantidade e o tamanho das empresas; o grau de diferenciação dos produtos; o grau de transparência do mercado; a possibilidade da entrada de novas empresas, etc. Assim, os mercados podem ser mais competitivos (concorrência perfeita) ou menos competitivos (oligopólio e monopólio).
te sobre o preço de mercado. Cada vendedor tem um controle limitado sobre o preço porque os outros produtores oferecem produtos similares. Nesse mercado, um vendedor não tem motivos para realizar promoções e se cobrar mais caro, os compradores
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vendedores, de modo que cada um deles, individualmente, tem impacto insignifican-
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Um mercado competitivo é aquele em que há muitos compradores e muitos
vão fazer suas compras em outro lugar. Da mesma forma, comprador algum pode influenciar os preços de mercado, porque cada um deles compra uma pequena quantidade em relação ao total comercializado no mercado. Nesse caso, estamos diante de um mercado perfeitamente competitivo ou em concorrência perfeita. O mercado em concorrência perfeita é estudado por muitos economistas, dentro da idéia do que seria uma estrutura ideal de funcionamento para beneficiar, sobretudo, a classe de consumidores. Mankiw (2005, p.64) define as seguintes características de uma estrutura de concorrência perfeita: existe grande número de compradores e vendedores; o os produtos são homogêneos, isto é, são substitutos perfeitos entre si; existe informação completa sobre o preço do produto (e todo mundo sabe onde é mais barato comprar e vender); a entrada e a saída das firmas no mercado é livre, não havendo barreiras para quem quiser participar (compradores e vendedores); os compradores e vendedores precisam aceitar o preço de equilíbrio do mercado, por isso ambos são tomadores de preço. O mercado determina e eles assumem.
Além disso, esse mercado de concorrência perfeita assume a idéia de que firmas que apresentarem custos de produção superiores àquele que é imposto pelo mercado fecharão suas portas. Do mesmo modo, se um mercado apresentar elevados ganhos para suas empresas, essa situação vai atrair novas firmas para esse mercado e eventuais ganhos adicionais tendem a desaparecer. De modo que a economia nunca sai do equilíbrio, onde a oferta é exatamente igual a demanda. Há mercados em que o conceito competição perfeita se aplica perfeitamente. Isso acontece normalmente nos mercados agrícolas. No mercado produtor de mandioca, que é um produto com baixa capacidade de exportação para exterior, há milhares de agricultores que vendem mandioca e outros tantos consumidores que a utilizam como subsistência. Como não há um comprador ou vendedor específico que seja capaz de influenciar o preço da mandioca, cada um deles aceita o preço como dado. Mas nem todos os bens e serviços são negociados em mercados plenamente competitivos. Alguns mercados têm um só vendedor, que é quem determina o preço. Um mercado nessas condições é chamado de monopólio. Em alguns casos, o monopólio pode acontecer porque a entrada de mais firmas encareceria demais, para os consumidores, os preços das mercadorias. Assim, por exemplo, o transporte ferroviário. Imagine se houvesse duas firmas que ofertasse esse serviço. Cada uma teria que construir sua própria via férrea e isso terminaria por encarecer os serviços para toda a sociedade. Nesses casos, em que a entrada de mais concorrentes encarece o preço dos bens ou serviços produzidos por uma economia, dizemos que existe um monopólio natural.
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Assim, as características de um monopólio são completamente diferentes da concorrência perfeita. Neste caso, basta negar as características contempladas na concorrência perfeita que entenderemos bem a ocorrência de um monopólio. No monopólio, o setor é a própria firma, porque existe um só produtor que realiza toda a produção. Dessa forma, a oferta da firma é a oferta da economia. Negando as demais características da concorrência perfeita chegamos ao pleno entendimento de monopólio, senão vejamos:
o setor é constituído de uma única firma; existem barreiras à entrada de novas firmas; a firma produz um produto para o qual não existe substituto próximo; existe concorrência entre os consumidores; a firma não é “tomadora”, mas sim “formadora do preço de mercado”.
Alguns mercados ficam entre o extremo da concorrência perfeita e do monopólio. Um mercado nessas condições é chamado de oligopólio e é caracterizado por ser o meio termo entre uma e outra estrutura de mercado. Um oligopólio tem um pequeno número de empresas produzindo ou uma grande quantidade de empresas, mas apenas as maiores dominam a maior parte do mercado. Suas características o aproximam
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mais de um monopólio do que da concorrência imperfeita, mas os empresários nesse mercado não têm tanto poder de mercado como os monopolistas. Segundo Vasconselos (2006, p. 78) as estruturas oligopólicas, das quais o mercado aéreo brasileiro faz parte têm as seguintes características: existência de empresas dominantes, com poder de influência e, portanto, de fixação do preço de mercado; os consumidores têm baixo poder de reação às variações do preço; existem barreiras à entrada de novas firmas no mercado; os lucros extraordinários persistem no longo prazo, como conseqüência das barreiras à entrada de novas firmas.
Outra estrutura de mercado que está entre a concorrência perfeita e o monopólio é a concorrência imperfeita. Tal como oligopólio, esta estrutura está no meio termo, mas diferente do oligopólio que pende mais para as características do monopólio, no caso da concorrência imperfeita (também chamada de concorrência monopolística), as características são um pouco mais parecidas com os da concorrência perfeita. De modo semelhante à concorrência perfeita, a concorrência monopolística (ou competição imperfeita) apresenta um elevado número de empresas; todavia, a grande diferença entre os dois modelos é que na concorrência monopolística, as empresas produzem produtos ligeiramente diferenciados, embora substitutos próximos (isto é, existe diferença na forma e na qualidade de empresa para empresa, de marca para marca). Por isso, esta estrutura é mais próxima da realidade que a concorrência perfeita, na qual se supõe um produto homogêneo, produzido por todas as empresas (aqui se supõe que não há diferenças na qualidade entre os produtos).
corrência monopolística que a aproxima da concorrência perfeita é o fato de que não existem barreiras à entrada de novas firmas no mercado. Isso significa que, diferentemente dos sistemas de monopólio e oligopólio onde os lucros tendem a ser potencia-
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nativas para reagirem a eventuais aumentos de preços. Outra característica da con-
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A existência de substitutos próximos confere aos consumidores muitas alter-
lizados, na concorrência imperfeita, pelo menos a longo prazo, há uma tendência de lucros normais, isto é, mais repartidos entro todas as firmas que participam do sistema econômico. Por fim é importante destacar ainda existem outras estruturas de mercado como o monopsônio onde existem muitos vendedores, mas um único comprador que pode definir o preço de compra e a qualidade esperada. As estruturas de mercado mais conhecidas podem ser sistematizadas da seguinte forma, conforme indica Vasconselos (2006, p.85): Estrutura de Mercado Concorrência Perfeita Monopólio Concorrência Monopolística (Imperfeita) Oligopólio
Quantidade de Firmas
Produto
Infinita
Homogêneo
Uma única firma
Grande número de firmas
Sem substitutos próximos
Diferenciado
Poucas firmas dominam
Homogêneo ou
o mercado
Diferenciado
Barreiras à entrada Não existem Existem
Não existem
Existem
As estruturas de mercados, dessa forma, impõem condicionantes para o equilíbrio das forças de mercado entra a lei da demanda e a lei da oferta. Quanto mais competitiva é uma estrutura de mercado, maior o poder da demanda e dos consumidores; quanto mais concentrado, maior o poder dos empresários.
SÍNTESE Essa aula foi de extrema importância para entendermos um conjunto de relações econômicas que podem ser modificadas ou potencializadas pela conjuntura econômica. Aqui, conhecemos os conceitos e o comportamento das variáveis oferta e demanda. De um lado estão os vendedores que querem aumentar preços para maximizar suas receitas e seus lucros. De outro estão os compradores que fazem parte das famílias de consumidores. Estes participam do mercado cedendo seus fatores de produção para as empresas e por isso têm direito a uma determinada renda que os condiciona a participar diretamente do fluxo circular da economia. Seu papel é maximizar a sua satisfação através de uma cesta de produtos que atendam às suas necessidades.
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No jogo entre ofertantes e demandantes é a estrutura de mercado que vai definir o ponto de equilíbrio, situação em que tanto as empresas como os consumidores estão satisfeitos com os níveis de preços e quantidades transacionadas no mercado econômico.
QUESTÃO PARA REFLEXÃO Em que sentido a estrutura de um mercado pode interferir no equilíbrio entre a oferta e a demanda?
SITE INDICADO Dicionário de Economia: http://economiabr.net/teoria_escolas/monopolio.html
REFERÊNCIAS DORNBUSCH, Rudiger e FISCHER, Satnley. Macroeconomia. 5 ed. São Paulo: Makron Books do Brasil, 1991.
MANKIW, N. Gregory. Introdução a Economia. 3 ed. São Paulo: Thomson, 2005.
PINDYCK, Robert S. e RUBINFELD, Daniel L.. Microeconomia. 5. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2002.
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PINHO, Diva Benevides; VASCONCELOS, Marco Antônio S. (Org.). Manual de Economia. Equipe de Professores da USP. 4 ed. São Paulo: Saraiva, 2003.
VASCONCELOS, Marco Antônio S; GARCIA, Manuel E. Fundamentos de Economia. 2 ed. São Paulo: Saraiva, 2006.
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AULA 03 - inflação Autor: Gustavo Casseb Pessoti Olá,
Agora que já passamos pela análise conceitual e pela ótica microeconômica, vamos nos dedicar mais às análises macroeconômicas. A inflação é um dos principais problemas da macroeconomia atual do Brasil. O objetivo dessa nossa aula é compreender o conceito de inflação, seus indicadores e sua ligação com os problemas sócioeconômicos vivenciados no dia-a-dia da população, enfatizando também as conseqüências e os principais tipos de inflação encontrados no Brasil. Vamos entender que a inflação é um dos principais problemas econômicos e que seu combate pode significar em aumento na taxa de desemprego e diminuição no crescimento econômico, causando um grande conflito para os formuladores de políticas econômicas.
CONCEITO DE INFLAÇÃO Segundo Sandroni (2005, p. 222), o conceito de inflação é “aumento persistente dos preços em geral, de que resulta uma contínua perda do poder aquisitivo da mo-
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eda”. Deve ficar claro assim, que esse aumento no índice de preços deve ser generalizado e contínuo, ou seja, os movimentos inflacionários não podem ser confundidos com altas ocasionais de preços, em função de fatores sazonais ou outros que acontecem em períodos limitados. De acordo com Lanzana (2001) é importante destacar que a inflação é: (a) é um processo e não um fato isolado;
(b) envolve aumentos contínuos e não esporádicos de preços; e
(c) aumentos generalizados de preços e não isolados. (LANZANA, 2001, p. 302)
De um modo geral, não se pode padronizar as fontes que ocasionam a ocorrência de um processo inflacionário em um país. Isso vai depender das condições do momento econômico e de outros fatores que envolvem: o tipo de estrutura de mercado (oligopolista, concorrencial etc.), que condiciona a capacidade dos vários setores repassarem aumentos de custos aos preços dos produtos; o grau de abertura da economia ao comércio exterior: quanto mais aberta a economia à competição externa, maior a concorrência interna entre fabricantes, e menores os preços dos produtos; e
dades e maior a pressão sobre os preços.
Portanto, a inflação é definida como sendo uma alta persistente e generalizada
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dicatos, maior a capacidade de obter reajustes salariais acima dos índices de produtivi-
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a estrutura das organizações trabalhistas: quanto maior o poder de barganha dos sin-
dos preços na economia. A alta dos preços deve ser generalizada, ou seja, todos os produtos da economia devem sofrer acréscimos em seus preços. Se apenas alguns dos bens e serviços produzidos na economia apresentarem elevações de preços, enquanto outros apresentarem redução, isso não é inflação. Este fenômeno pode decorrer simplesmente do mecanismo de ajuste dos respectivos mercados em virtude de alterações da demanda ou da oferta.
Figura 1 - Variação anual da inflação segundo diferentes medidas Fonte: IBGE
EFEITO SOBRE A DISTRIBUIÇÃO DE RENDA O processo inflacionário, especialmente aquele caracterizado por elevadas taxas, promove profundas distorções na estrutura produtiva de um país. Dentre os efeitos mais nocivos provocados por taxas elevadas de inflação, destaca-se a diminuição relativa do poder aquisitivo das pessoas. Esse efeito ocorre principalmente nas classes de assalariados que dependem de rendimentos fixos e com reajustes fixados em prazos estabelecidos por meio da política salarial instituída pelo governo. Nesse caso, quanto maior for o intervalo de reajuste maior é a redução do seu poder de compra que só é restabelecido a partir de novo reajuste. Os governos contemporâneos colocam a redução da inflação entre as principais metas de sua política econômica. Isso ocorre porque a inflação provoca alguns efeitos na economia. O principal deles é a perda do poder aquisitivo dos salários e de outras rendas fixas, como é o caso dos aluguéis e dos lucros do sistema capitalista. A classe trabalhadora é, sem dúvida, a que mais perde com a elevação das taxas de inflação, principalmente os trabalhadores de baixa renda, que não têm condições de se proteger, por exemplo, com aplicações financeiras, visto que consomem pratica-
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mente a totalidade de sua renda com a sua própria subsistência (alimentos, moradia e transportes). Se os assalariados não sofrerem reajustes nominais em seus vencimentos ou se esse reajuste for inferior ao nível do índice de preços, todos perderão com a inflação, pois a elevação continuada dos preços reduzirá paulatinamente seus salários reais, ou seja, a quantidade de bens e serviços que eles podem adquirir. Já os empresários, que podem reajustar seus preços de venda de seus produtos e, conseqüentemente, seus lucros, têm melhores condições de se proteger desse efeito danoso da inflação. Outros efeitos provocados por esse fenômeno, a inflação, segundo Pinho e Vasconcelos (2003, p.337) podem promover profundas distorções na estrutura produtiva, devem aqui ser destacados.
Efeito sobre a balança de pagamentos A balança de pagamentos, como veremos na aula 4, é o registro de todas as transações que um país realiza com outros do mundo. Mede o fluxo global das exportações de bens e serviços e as importações que o país realiza. Um país que tenha inflação significativamente maior do que a dos seus parcei-
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ros poderá ter seus fluxos de comércio exterior seriamente prejudicados, pois a elevação contínua dos preços internos diminui a competitividade e o volume das exportações. De outro lado, a inflação interna faz com que as mercadorias importadas fiquem cada vez mais baratas. Isso causa um efeito bastante negativo para o país, pois tende a desestimular a produção interna, uma vez que os consumidores vão preferir comprar produtos vindos de fora com preços mais em conta. Além disso, com importações em alta e exportações em baixa, gera-se um déficit nas relações externas do país que pode comprometer as políticas públicas desse país.
Efeito sobre o mercado de capitais Tendo em vista o fato de que, num processo inflacionário intenso, o valor da moeda se deteriora rapidamente, ocorre um desestímulo à aplicação de recursos no mercado de capitais financeiros. As aplicações em poupança e títulos devem sofrer uma retração. Por outro lado, a inflação estimula a aplicação de recursos em bens de raiz, como terras e imóveis, que costumam se valorizar. No Brasil, essa distorção foi bastante minimizada pela instituição do mecanismo da correção monetária, pelo qual alguns papéis, como os títulos públicos, cadernetas de poupança e títulos privados passaram a ser reajustado (ou indexado) por índices que refletem aproximadamente o crescimento da inflação. Em épocas de aceleração da inflação, isso contribui para um verdadeiro desvio de recursos de investimentos no setor produtivo, para aplicação no mercado financeiro.
ção das expectativas sobre o futuro. Particularmente, o setor empresarial é bastante sensível a esse tipo de situação, dada a relativa instabilidade e imprevisibilidade
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Outra distorção provocada por elevadas taxas de inflação prende-se à forma-
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Outros efeitos
de seus lucros. O empresário fica num compasso de espera, enquanto a conjuntura inflacionária perdurar, ele dificilmente tomará iniciativas no sentido de aumentar seus investimentos na expansão da capacidade produtiva. Assim, a própria capacidade de produção futura e, conseqüentemente, o nível de emprego pode ser afetado pelo processo inflacionário. Embora os trabalhadores sejam os maiores prejudicados, as perdas salariais farão com que os capitalistas também percam, porque venderão menos, além do governo, que, com as quedas de renda dos trabalhadores e das vendas, terá a arrecadação de impostos reduzida. No âmbito do poder público, vale destacar o efeito de altas taxas de inflação sobre as finanças públicas. De acordo com o chamado Efeito Oliveira Tanzi, a inflação tende a diminuir o valor real da arrecadação fiscal do governo, pelo hiato de tempo existente entre o fato gerador e o recolhimento efetivo do imposto (VASCONSELOS, 2003, p. 340). Nesse caso, quanto maior inflação, menor a arrecadação real do governo. Uma vez discutidas as distorções provocadas por elevadas taxas de inflação, ________________________ torna-se necessário analisar a inflação a partir de fatores causais. A próxima seção vai ________________________ destacar as causas da inflação, destacando os principais tipos de inflação.
CAUSAS DA INFLAÇÃO
Inflação de Demanda Essa inflação refere-se ao excesso de demanda em relação à produção disponível de bens e serviços na economia. A inflação de demanda ocorre quando a economia está próxima de sua capacidade máxima, ou seja, não pode aumentar substancialmente a oferta de bens e serviços em curto prazo para acompanhar o crescimento da demanda. A inflação de demanda, considerada o tipo mais “clássico” de inflação, diz respeito ao excesso de demanda agregada em relação à oferta de bens e serviços. Normalmente, a inflação de demanda tem a sua origem em três fatores: aumento da renda disponível em decorrência de reajustes salariais ou da redução da carga tributária, ocasionando um aumento no poder aquisitivo e pressionando o consumo em níveis maiores do que a capacidade de expansão da produção, gerando um desequilíbrio no mercado e pressionando os preços para cima; expansão do crédito ao consumidor que, mesmo com limitações na sua renda disponível passa a dispor de um mecanismo de compra; diminuição das taxas de juros, que quando altas limitam o poder de compra do con-
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sumidor. A diminuição nas taxas de juros estimula as compras, principalmente a prazo, o que estimula a inflação.
Inflação de Custos Esse tipo de inflação é causado pelo aumento no custo de produção. O aumento das despesas com os fatores de produção tais como o trabalho, os recursos naturais e o capital, ocasionam este tipo de inflação. Com relação ao trabalho, caso haja um aumento na sua remuneração, (salário) haverá inflação, pois esse aumento normalmente é repassado para o preço final das mercadorias. No que se refere aos recursos naturais, caso das matérias-primas, um aumento em seus custos — decorrente, por exemplo, de aumento nos preços internacionais ou por problemas nas condições climáticas — ocasionará aumento nos custos de produção que, por sua vez, será repassado para o preço final. Por último, com relação ao capital, caso haja uma elevação dos juros, haverá uma restrição no acesso a financiamentos; o dinheiro torna-se mais caro com os juros elevados, repassando, portanto, esse alto custo para o preço das mercadorias. A inflação de custos também conhecida como “inflação de oferta” ocorre quando o nível de demanda permanece o mesmo, mas os custos dos fatores de produção
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aumentam. Essa situação provoca uma queda na produção induzindo um aumento dos preços de mercado. Podem-se detectar como principais causas da inflação de custos: aumento do custo da mão de obra; aumento do custo das matérias-prima e materiais secundários; aumento da taxa de juros (esse item ocorre quando as empresas utilizam capital de terceiros sobre o qual pagam remuneração); e aumento da carga tributária.
Cabe aqui destacar outros tipos de inflação, normalmente, não muito estudado nos cursos de introdução de economia.
Inflação Inercial A inflação inercial ocorre em função da indexação da economia, portanto, de forma independente das pressões de demanda ou de custos. Normalmente, o processo inflacionário é auto-alimentado pelo reajuste pleno de preço tomando como base a inflação do período anterior. De acordo com Lanzana (2001): o aspecto mais negativo da indexação é o fato de a mesma tornar a inflação rígida para baixo, isto é, mesmo sem pressões de demanda e de custos a inflação não cede. (LANZANA, 2001, p. 311)
Um dos grandes responsáveis pela inflação inercial é a indexação da economia. A indexação consiste em se corrigir as rendas recebidas pelos agentes econômicos e
salários dos trabalhadores, os aluguéis de imóveis, a taxa de câmbio da economia, o capital emprestado pelo poupador, os títulos da dívida pública emitidos pelo Governo, entre outros, são reajustados periodicamente com base na inflação passada. Dessa
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que reflita a taxa de inflação no período de tempo entre os reajustes. Desse modo, os
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o valor dos ativos de sua propriedade com base na variação de um índice de preços
forma, a indexação acaba perpetuando a inflação, pois os agentes econômicos criam expectativas acerca do nível dos preços e sempre tenderão a reajustar os rendimentos pela inflação passada, impedindo que a taxa de inflação venha a cair no futuro. É necessário lembrar que essa diferenciação de tipos de inflação se dá no plano teórico. Na realidade, há um entrelaçamento variado entre todos esses tipos de inflação. O Brasil foi um dos países pioneiros no uso da indexação para “corrigir” a inflação. Porém desde o a aplicação do Plano Collor 2, esse mecanismo como medida de correção monetária foi oficialmente abolida.
Inflação de Lucros Neste tipo de inflação é importante considerar a inserção da empresa no mercado. Empresas que têm força de mercado podem elevar o preço de suas mercadorias sem enfrentar maiores obstáculos, dado que estas empresas possuem o poder de estabelecer preços (principalmente no caso dos monopólios e oligopólios que vimos na ________________________ aula passada). No caso de existir um grande número de empresas com estas carac- ________________________ terísticas, há a possibilidade delas entrarem em acordo para elevação conjunta dos ________________________ preços com o intuito deliberado de aumentar a taxa de lucro. É exatamente esse tipo ________________________ de acordo que caracterizam os cartéis econômicos.
INFLAÇÃO E CRESCIMENTO ECONÔMICO O cenário econômico do Brasil em 2008 favorece a discussão do trade-off inflação e crescimento econômico. Com o aumento nos preços das commodities agrícolas e do petróleo no mercado internacional, há expectativa com relação ao retorno da inflação o que poderá diminuir o crescimento econômico para os próximos anos. Considerar o crescimento como algo distinto de controle inflacionário evidencia uma confusão básica, pois uma inflação baixa estimula a estabilidade no setor financeiro e a combinação dos dois promove o crescimento. Essa discussão é muito importante e muito rica na história econômica do Brasil. Não por acaso estamos propondo, ainda nesta aula, a discussão dos Planos e Programas que abriram mão de uma política voltada para o crescimento e desenvolvimento para se concentrar em medidas de combate à inflação. Particularmente no país, a partir de 1980, os índices de inflação atingiam níveis astronômicos (hiperinflação) e impediam o desenvolvimento, porque afetava principalmente a renda dos mais pobres. Assim, a estabilidade dos preços é o primeiro passo para um país que objetive gerar crescimento econômico de suas atividades produtivas
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A inflação baixa estimula o crescimento, segundo Wood (2001, p. 2), de três maneiras: quando a inflação passa a ser alta, cresce a impopularidade do governo (se o país é uma democracia) e da elite rica (no poder em países não democráticos), junto à opinião pública.. Em ambos os casos, os governantes tentam deter a inflação promovendo um aperto monetário, provocando pelo menos um desaquecimento econômico e, possivelmente, uma recessão. Essa perspectiva se constitui em obstáculo aos investimentos, o que compromete o crescimento; a inflação gera confusão em torno do significado das variações nos preços. A mudança de preço de uma mercadoria em relação a outras, uma alteração de preços relativos, é o que afeta a alocação de recursos. Se o preço de uma mercadoria sobe em relação ao de uma mercadoria substituta, então os consumidores provavelmente comprarão a alternativa mais barata, ao passo que os produtores incrementarão a produção da mercadoria cujo preço aumentou. Os consumidores gastam suas rendas de modo a maximizar seu bem-estar, ao passo que os produtores buscam aumentar a eficiência com que empregam seus recursos. Essas ações conjuntas melhoram a economia e o bem-estar das pessoas que vivem e trabalham nelas; inflação baixa estimula a estabilidade financeira. A estabilidade financeira, por sua vez, estimula o crescimento. Se as instituições financeiras ficam vulneráveis ou perdem sua vitalidade, não funcionam bem na transmissão de capital de poupadores para investidores. Com isso, não se concretizam muitos investimentos em projetos perfeitamente viáveis e o crescimento deixa de acontecer.
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Então quando sobe o nível geral de preços de uma economia, a maior parte da população perde muito dinheiro e a diminuição do poder de compra dos seus ativos provoca retrações nos negócios que são realizados na economia. Mesmo os investidores perdem, pois praticamente não conseguem fazer com que seus lucros sejam suficientes para honrar todos os compromissos, como por exemplo, os empréstimos bancários e os salários de seus funcionários que têm que aumentar para que possam adquirir produtos os quais ele (empresário) coloca à disposição no mercado. Além disso, a inflação provoca efeitos nocivos a uma série de outras estruturas como as que foram descritas anteriormente - no caso do nível da arrecadação pública (Efeito Tanzi), sobre o balanço de pagamentos, sobre a distribuição de renda e, portanto, provoca distorções em todos os setores produtivos, pois prejudica o funcionamento de inter-relações entre os agentes econômicos que vimos na aula passada: famílias, empresas, governo e resto do mundo. As dificuldades de interação entre esses agentes provocam distorções sobre a demanda e oferta da economia, levando a uma diminuição nos negócios realizados e uma paralisação na atividade econômica, desestimulando o crescimento. Com inflação em alta e lucros menores, certamente, os empresários vão ofertar menores postos de trabalho, gerando desemprego na economia. As pressões sobre o governo também serão maiores e este, ao invés de investir em uma política de desenvolvimento nacional, terá que se preocupar com programas emergenciais e assistenciais. Assim, todos perdem com a inflação. Se as medidas de combate, muitas vezes são “dolorosas”, o seu descontrole significa a “morte do paciente”, pois, no Brasil, quem mais perde com a inflação é a classe trabalhadora que depende basicamente de um salário mínimo. Isso, para não falar dos trabalhadores informais, que muitas vezes nem
aça a estabilidade econômica de países como Estados Unidos, Alemanha ou Itália.
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para o Brasil. Sugiro que você pesquise na Internet como a inflação, vez por outra, ame-
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chegam a ganhar um salário mínimo. E isso vale para qualquer país do mundo, não só
PRINCIPAIS PROGRAMAS DE COMBATE A INFLAÇÃO DA HISTÓRIA BRASILEIRA RECENTE Como já mencionado anteriormente, a história brasileira é riquíssima e foram muitos os fenômenos econômicos que assolaram a nossa economia – e que estão por trás da grande inflação que enfrentamos. Tais fenômenos estão relacionados à conjuntura interna e externa, como por exemplo, a crise da dívida externa, os choques do petróleo, etc., a partir dos anos 1980, certamente extrapolaria aos objetivos dessa aula. Para se aprofundar no tema, sugiro a consulta de qualquer um dos manuais de economia que anexei nas referências bibliográficas dessa aula. A inflação sempre preocupou muito as autoridades brasileiras ao longo da nossa história econômica. Particularmente na década de 1980, isto é, no pós segundo choque do petróleo, houve uma pluralidade de planos econômicos que, estavam mais comprometidos com a estabilização macroeconômica dos preços do que com o crescimento econômico propriamente dito. A seguir, faremos um breve resumo desses principais programas de combate à inflação dos últimos 20 anos. As medidas de estabilização tomadas no período 1981-1985, no final do go- ________________________ verno Figueiredo, foram baseadas em rigoroso controle monetário e em esforço para ________________________ reduzir o déficit público (isto é, a participação do governo na economia). O objetivo ________________________ era retirar a grande quantidade de moeda que estava em circulação, principalmente ________________________ pela elevação dos gastos públicos em anos anteriores. Entretanto, parafraseando nosso exemplo anterior, a dose do remédio foi tão forte que o paciente morreu. A redução dos investimentos públicos e a contração monetária provocaram fortes recessões na economia brasileira (períodos consecutivos em que a taxa de crescimento da economia ficou negativa), com grande diminuição do PIB sem que isso significasse diminuição também nos níveis de preços. Entre 1981 e 1983, a inflação brasileira passou de um patamar de 100 para 200% ao ano. Como não conseguiu sucesso, o governo tentou retomar o projeto desenvolvimentista, aumentando os gastos públicos em 1984 e 1985, para pelo menos fazer o país voltar a crescer. Mas como a inflação estava em níveis altíssimos e nem crescimento econômico a política brasileira conseguiu gerar. Assim o déficit público e a inflação cresceram de tal forma que o país entrou em uma severa recessão. Com o fracasso da política anterior que foi comandada por Delfim Neto, assume o poder em um processo histórico o presidente José Sarney e em fevereiro de 1986 anuncia o Plano Cruzado, composto das seguintes medidas: congelamento de preços e salários, aluguéis e taxas de câmbio; substituição do cruzeiro pelo cruzado à razão de mil por um; e extinção dos sistema de indexação generalizada de impostos, salários, aluguéis e ativos financeiros existentes no país.
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As medidas introduzidas pelo Plano Cruzado foram recebidas pelos brasileiros com grande entusiasmo e euforia, mas logo encontraram um conjunto de obstáculos impostos pela teoria econômica, principalmente relacionados ao congelamento de preços (LEITE, 2000, p. 620): iniciou-se um processo de desabastecimento, com o sumiço das mercadorias das prateleiras dos supermercados; instalou-se um mercado paralelo (mercado negro), com alimentos básicos sendo vendidos às escondidas com preços superiores aos tabelados; revelou-se a insuficiência de fiscais para impor e acompanhar o congelamento dos preços (apesar do clamor do presidente Sarney para que todos os brasileiros fossem fiscais do plano); iniciou-se uma especulação com os estoque secretos das mercadorias em falta; tornou-se necessária a importação de alimentos (carne, arroz, leite) costumeiramente produzidos e até exportados pelo país.
Ao final de 10 meses, o Plano Cruzado foi “sepultado” com o descongelamento de preços e retorno da inflação aos níveis anteriores. Ágio e Câmbio Negro foram as expressões que melhor caracterizaram o Plano Cruzado. Em função do fracasso do Plano Cruzado, assume o cargo de ministro da economia Luis Carlos Bresser Pereira (renomado economista brasileiro) que julgava ter
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entendido os erros do Plano Cruzado. Em junho de 1987 é lançado no Brasil o Plano Bresser que também centrou seu plano no congelamento de preços, salários, aluguéis e taxa de câmbio, bem como num sistema de indexação defasada de salários e preços. Entretanto, desta feita, o congelamento foi precedido de um reajustamento das tarifas públicas, de uma minidesvalorização da moeda nacional e da promessa de uma política monetária restritiva e política fiscal de diminuição da participação do Estado na economia. Conforme destaca Leite (2000, p. 621), o Plano Bresser não contou com o apoio público que beneficiou o Plano Cruzado. Em vez de contar com boa vontade popular, o plano enfrentou forte reação dos setores prejudicados, especialmente as pressões por aumentos salariais da parte das empresas estatais e do próprio governo federal. O aumento dos salários dos funcionários terminou por impedir a contenção do déficit público que aumentou brutalmente. O governo teve também que “afrouxar” os controles monetários para evitar a recessão e, como resposta, a inflação alcançou incríveis 400% no ano de 1987. Obvio dizer que o Plano Bresser foi abandonado em dezembro de 1987 com a demissão de seu criador. Diante ao momento de recessão e forte elevação nos preços, o governo Sarney desistiu das investidas mirabolantes e passou a utilizar mecanismos mais tradicionais de controle da inflação, combinando políticas monetárias e fiscais restritivas (esse assunto será retomado em nossa próxima aula). O Plano que entrou em vigor em 1988, na gestão de Maílson da Nóbrega como ministro da economia, foi por isso mesmo, batizado de Feijão com Arroz.
em recessão, com forte retração de 5% na taxa do PIB e inflação que atingiu 1000% ao ano.
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contenção monetária, mas a economia não deu respostas positivas e entrou de vez
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O Plano Feijão com Arroz até conseguiu diminuir o déficit público e gerar uma
Em 1989, novo plano, dessa vez batizado de Plano Verão com novo congelamento de preços, salários, aluguéis e câmbio. O Plano veio acompanhado de uma reforma monetária caracterizada pelo surgimento de uma nova moeda, denominada de Cruzado Novo, valendo mil cruzados antigos. O Plano Verão até foi bem intencionado e propôs, inclusive, um corte no número de ministérios, autarquias e cargos públicos, demitir funcionários públicos não concursados e privatizar empresas públicas deficitárias objetivando conter a escalada do déficit público e aumento na dívida externa que engessava a ação do governo brasileiro com o pagamento de muitos milhares de dólares com credores internacionais. Entretanto, a sociedade brasileira não agüentava mais o congelamento de preços e as expectativas inflacionárias aceleravam cada vez mais a inflação. Quando a taxa de inflação batia em 25% ao mês, os empresários já tomavam medidas defensivas esperando um novo congelamento e aumentavam, para acima de seus custos, os preços das mercadorias comercializadas, principalmente os gêneros alimentícios. O fracasso do Plano Verão foi tão evidente que a inflação chegou a bater em 50% ao mês e a pressão eleitoreira em função das campanhas presidenciais e de renovação do congresso, fez com que se flexibilizasse a política em relação aos funcionários públicos e empresas estatais, retomando dessa maneira, a escalada do déficit público. Os índices econômicos pioraram tanto no final do governo Sarney que, além de inflação que já atingia 1200% ao ano, o governo foi obrigado a deixar de pagar os compromissos da dívida externa, decretando moratória da dívida e comprometendo o futuro do país com a diminuição de financiamentos externos. Está claro, com essas rápidas passagens da análise da economia brasileira entre 1980 e 2008, que muitos foram os programas de combate à inflação nesse período. Uma análise mais detida sobre as especificidades desses planos, bem como a conjuntura econômica da época, deve ser aprofundado nos livros de economia que estou colocando nas referências bibliográficas de cada aula. Aqui, nos interessa apenas analisar algumas medidas do combate à inflação, bem como evidenciar como a inflação causou males para a histórica econômica do Brasil. Dentro desse clima extremamente adverso de inflação descontrolada, crise na dívida externa, decretação de moratória, baixo crescimento do PIB, aumento do déficit público, a democracia brasileira, após anos de ditadura militar colocou à frente do país, o presidente Fernando Collor de Melo, com o objetivo de restabelecer a confiança na economia brasileira, retomar o crescimento econômico e controlar a hiperinflação. Ao tomar posse em 15 de março de 1990, o governo Collor com uma só medida, resolveu, pelo menos no curto prazo, os problemas da hiperinflação, pagamento da dívida e o déficit público ao longo dos últimos 20 anos, ao decretar o bloqueio de 70% dos ativos financeiros do setor privado por 18 meses com devolução posterior em 12
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parcelas ajustadas com a correção monetária e taxas de juros de 6% ao ano. Essa foi a principal medida do governo Collor que prometera acabar de vez com a inflação.
Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Fernando_collor.jpg
Partindo do princípio de que a inflação era sustentada pelo desequilíbrio orçamentário (déficit público) e alimentada pelo volume de ativos financeiros indexados e de liquidez imediata, o Plano Brasil Novo, lançado pelo governo e conhecido na mídia como Plano Collor I tinha as seguintes premissas: promoveu nova reforma monetária, como a readoção do cruzeiro (Cr$) como moeda
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oficial (Cr$1,00 = NCz$1.000,00); determinou o bloqueio da maior parte dos ativos financeiros; estabeleceu congelamento temporário de preços e salários e reajustou as tarifas públicas; implementou um programa de privatização com o propósito de reduzir a participação do Estado na economia.
O choque inicial do Plano Collor I provocou uma redução imediata no poder de compra da população e, em conseqüência, maior retração das atividades econômicas. O PIB brasileiro sofreu uma forte queda em 1990, com retração de 4,3%, valor mais baixo registrado pela economia desde 1981. O setor industrial foi o mais atingido com queda de 8,6% em relação a 1989 e a taxa de emprego da economia brasileira caiu 4% naquele mesmo período. Apesar desse mau resultado, em relação ao equilíbrio orçamentário, as medidas de privatizações de empresas estatais (no seio do Programa Nacional de Desregulamentação) bem como demissão de funcionários públicos estáveis, e ainda, a venda de imóveis e veículos diminuíram o valor da dívida do setor público. A inflação no primeiro ano do plano não recuou, mas se estabilizou no patamar de 11% ao mês. Entretanto, com a crise do petróleo no Oriente Médio, as importações provocaram a retomada da escalada de preços. Com uma inflação de 500% no ano de 1991, o plano Collor I chegava ao seu final, com total desaprovação pela população brasileira e com a inflação totalmente fora de controle. Um novo Plano foi preparado ainda na vigência do governo Collor, batizado como Plano Collor II. Este previa a desindexação da economia, o tabelamento para a
descongelamento dos preços. O rigor da política do governo teve como primeiro impacto uma aumento ex-
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tinuaram austeras, com juros altos e crédito restrito para inibir o consumo na época do
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cesta básica e o congelamento de preços e salários. As políticas monetária e fiscal con-
pressivo de desemprego (5,8% em relação ao ano anterior) e um crescimento quase nulo do PIB brasileiro, próximo a 0,3% em 1992. A inflação não se estabilizou e chegou a patamares de 50% ao mês, atingindo no final de 1992 uma taxa acumulada de quase 2000% ao ano. Para sorte dos brasileiros, o governo Collor foi interrompido antes do seu fim. Marcado por uma corrupção muito grande, o presidente recebeu um grande veto ao seu mandato pelo povo e sofreu o impedimento de continuar à frente do país, tendo que renunciar ao mandato. A partir de 1993, com a queda de Collor, assume Itamar Franco e estabelece um novo plano econômico, dessa vez tendo como ministro da fazenda o sociólogo Fernando Henrique Cardoso. Cabe aqui apenas um registro que Itamar não conseguiu acertar a economia de primeira. Antecederam ao ministro Fernando Henrique, três outros ministros que continuaram a ciranda da inflação alta nos primeiros cinco meses do governo. Estamos apenas encurtando um pouco a história, pois essa aula deve ser melhor explicada em um curso de economia brasileira, que conforme já ressaltado aqui, escapa aos nossos objetivos. O plano econômico lançado pelo então ministro Fernando Henrique ficou conhecido como Plano de Ação Imediata (PAI) aprovado em julho de 1993. Entre os principais fatos que marcaram esse plano podemos destacar: retomada do controle inflacionário, ainda elevado mas em níveis já bem mais baixos (150% em 1993); abertura da economia em bases liberais com a diminuição do papel do Estado na economia; progressiva melhora nas contas públicas com a recuperação de confiança externa (abalada desde a moratória do governo Sarney); austeridade no gasto público, mantendo os gastos com programas sociais; privatizações de empresas estatais; saneamento do sistema bancário (envolvendo banco federais e estaduais).
O PAI ou Plano FHC como ficou popularmente conhecido definiu seu objetivo principal assegurar a retomada do crescimento econômico em bases sustentáveis e com baixo índice de inflação. Assim, embora não tenha mitigado a inflação, o Plano FHC foi fundamental para criar as bases necessárias para que a inflação invertesse a sua trajetória ascendente. Ainda em 1994, é lançado o Plano Real que está em vigor desde então. O Plano Real foi montado por equipe de especialistas e implementado com grandes diferenças em relação aos anteriores: primeiro, não houve qualquer tentativa de congelamento de preços, salários e muito menos bloqueio de ativos financeiros;
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segundo, o plano real foi antecipado para a sociedade antes mesmo de acontecer, de forma a ganhar o apoio popular, fator subjetivo, mas muito importante para o sucesso do plano. Além disso, o sucesso da abertura comercial, iniciada no governo Collor e continuada no governo de Itamar Franco, possibilitou uma reestruturação na economia brasileira e maior internacionalização nas relações econômicas. A idéia da equipe econômica era criar uma unidade monetária forte, de forma a evitar a sua corrosão a explosão no processo inflacionário. Em entrevista ao portal Uol, o cientista político e ex assessor do Ministério da Fazenda, Sérgio Fausto assim definiu o processo de implementação do Plano Real: O Plano Real se desdobrou em três fases e, diferentemente dos anteriores, foi anunciado antecipadamente à sociedade. Em nenhum momento houve congelamento de preços. A primeira fase, que durou do final de 1993 a fevereiro de 1994 consistiu na batalha por aprovar no Congresso medidas que assegurassem um mínimo de controle sobre as contas públicas. Essa foi uma lição aprendida com os planos anteriores: como a inflação alta ajudava o governo a fechar as suas contas, se o objetivo era derrubá-la e mantê-la no chão, era preciso tomar as rédeas das contas públicas.
A segunda fase transcorreu de fevereiro a junho de 1994 e foi marca-
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da pela progressiva cotação dos preços em URV, uma unidade real de valor, ou seja, uma referência estável de valor. O cruzeiro novo não saiu de cena de imediato. A cada dia, o Banco Central fixava uma taxa de conversão da URV em cruzeiros, baseada na média de três índices diários de inflação.
A URV era uma quase moeda, porque servia de unidade de conta, de reserva de valor, mas não de meio de pagamento. Ou seja, os bens e serviços continuavam a ser pagos em cruzeiros novos, mas passaram a ter referência numa unidade de valor estável, mais ou menos como se fosse um substituto do dólar. Assim, a URV permitiu o alinhamento dos preços sem necessidade e as inconveniências do congelamento. A terceira fase começa com a emissão da nova moeda, o Real, em lugar dos cruzeiros novos. A URV foi a parteira do Real.
(http://educacao.uol.com.br/historia-brasil/plano-real.jhtm)
Em primeiro de julho de 1994, o governo procedeu a reforma monetária, adotando o real como moeda corrente, de valor equivalente à URV do dia anterior (Cr$ 2.750,00) e mantendo a paridade com o dólar de US$1,00 para R$0,93. A valorização da moeda foi um trunfo para combater a inflação. Com a forte valorização da moeda (além de todas as medidas anteriores, da época de Itamar Franco, como as privatizações para diminuir a participação do setor público e a abertura da economia), houve um aumento nas importações de bens de consumo do exterior, de forma que os empresários brasileiros foram obrigados a baixar os preços internos para continuarem vivos na concorrência pelo consumidor brasileiro.
teceu: a inflação recuou ainda em 1994, atingindo cerca de 50% ao ano, para nunca mais atingir patamares como esse. Em 1995, a economia brasileira cresceu 4,3% e o nível de preços permaneceu num patamar jamais observado de 10%. Em, 1996 o índice
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e com a retomada da confiança na economia brasileira, o que parecia impossível acon-
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Com maior controle dos gastos públicos, uma política fiscal e monetária austera
de preços ao consumidor chegou a menos de 2%. Hoje em dia, o patamar de inflação é determinado pelo Banco Central dentro de um determinado intervalo normalmente situado em um mínimo de 4,5% ao ano até no máximo 6,5%. Com toda turbulência ocorrida em 2002, quando houve a troca do governo FHC pelo governo Lula e a possibilidade de descontinuidade na política econômica, a inflação se descontrolou um pouco e atingiu 9,8%. Um verdadeiro alento se considerarmos os 2000% já registrados no governo Collor.
Síntese Percebemos nessa aula que a inflação é um fenômeno relacionado ao aumento generalizado dos preços dos diversos produtos de uma economia. Suas conseqüências são extremamente prejudiciais para o funcionamento do sistema econômico e podem barrar ou mesmo impedir o crescimento econômico. Uma inflação descontrolada pode inclusive prejudicar as relações de um país com o resto do mundo ao tornar caras as exportações e baratas as importações. É por
essa razão que, a partir da década de 1980, quando o nível de preços no Brasil atingiu ________________________ o status de hiperinflação, começaram a ser desenvolvidos planos e programas de com- ________________________ bate a inflação. Nenhum deles logrou sucesso, até que em 1994, o Plano Real, no final ________________________ do governo Itamar Franco, conseguiu reduzir os níveis inflacionários para patamares ________________________
________________________ ________________________ questão para Reflexão ________________________ ________________________ Por que a inflação pode comprometer todas as metas do crescimento econômi- ________________________ co da economia brasileira? ________________________ ________________________ Leituras indicadas ________________________ ________________________ FILGUEIRAS, Luis. História do Plano Real. São Paulo: Boitempo, 2000, 232p. ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ Sites Indicados ________________________ ________________________ Dicionário de Economia: http://economiabr.net/teoria_escolas/monopolio.html ________________________ Fundação Getúlio Vargas (FGV): www.fgvdados.br ________________________ Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE): www. ________________________ ________________________ dieese.org.br ________________________ Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE/USP): www.fipe.org.br/ ________________________ jamais observados na história econômica do Brasil.
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Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE): www.ibge.gov.br/ Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI): www.sei.ba.gov.br/
Referências DORNBUSCH, Rudiger e FISCHER, Satnley. Macroeconomia. 5 ed. São Paulo: Makron Books do Brasil, 1991.
FAUSTO Sérgio. Fim da inflação e conquista da estabilidade econômica. Disponível em: <http://educacao.uol.com.br/historia-brasil/plano-real.jhtm>. Acesso em: 25 nov. 2008.
LANZANA, Antonio E. Teixeira. Economia brasileira: fundamentos e atualidades. São Paulo: Atlas, 2001.
PINHO, Diva Benevides; VASCONCELOS, Marco Antônio S. (Org.). Manual de Economia. Equipe de Professores da USP. 4 ed. São Paulo: Saraiva, 2003.
SACHS, Jeffrey; LARRAIN B., F. Macroeconomia. São Paulo: Makron, 1992.
SANDRONI, Paulo. Dicionário de economia do século XXI. Rio de Janeiro: Record, 2005.
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VASCONCELOS, Marco Antônio S.; GARCIA, Manuel E. Fundamentos de Economia. 2 ed. São Paulo: Saraiva, 2006.
WOOD, Geoffrey E. Controle de inflação e crescimento. São Paulo, 2001.
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AULA 04 - aNÁLISE DAS POLÍTICAS ECONÔMICAS NO BRASIL Autor: Gustavo Casseb Pessoti Olá,
Como vai você? Espero que bem e principalmente estudando os assuntos passados! Esta é uma aula muito importante sobre políticas econômicas, com destaque para as políticas fiscal, monetária e cambial. A análise desses instrumentos é a chave para entender como as decisões econômicas de um governo são diretamente afetadas pela conjuntura interna e externa, e como elas interferem em nosso dia a dia, no nosso bolso e nos nossos planos. A política econômica é o conjunto de todos os instrumentos de que dispõe um governo para sua intervenção na economia. Essa intervenção pode ser dar com o propósito de aumentar o desenvolvimento econômico ou simplesmente gerar crescimento da atividade econômica e estabilidade nos preços. Esses assuntos serão complementados em nossa aula seguinte. Por hora, entendamos que o Estado assume a função importante na economia, buscando alocar os recursos escassos na direção de projetos que diminuam as desigualdades econômicas, promovam o aumento do emprego e da renda circulante na economia, gerando bem estar social. E isso é feito
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através das políticas econômicas. Até antes de 1980 as políticas econômicas do Brasil tinham como objetivo maior a criação de um ciclo econômico sustentável e necessário para o desenvolvimento econômico. Se pesquisarmos alguns planos e programas implementados como o Plano de Metas de Juscelino, o Plano SALTE e os Programas Nacionais de Desenvolvimento da era militar, perceberemos que o foco da participação do governo na economia era acabar com os gargalos que impediam o desenvolvimento do país. As políticas econômicas daquelas épocas visavam investimentos pesados por parte do setor público em setores considerados estratégicos como a infra-estrutura, energia, transportes e na indústria de base (metalurgia e siderurgia). Não por acaso, o final dos anos 1960 e início dos 70 é batizado como a época do milagre brasileiro, período em que a economia nacional crescia a taxas superiores a 5% anual, expandindo a oferta de trabalho e gerando maior volume de renda, traduzido por grande expansão no PIB per capita do Brasil. Essa era a época em que as políticas econômicas tinham um propósito desenvolvimentista. A partir da segunda metade da década de 1980, a economia brasileira entra num colapso jamais percebido ao longo de toda a sua história contemporânea. A crise da dívida externa, em função do aumento dos gastos públicos do governo em épocas anteriores, fez com que o país enfrentasse uma grande dificuldade de financiamento do seu desenvolvimento. Em paralelo, observa-se uma grande explosão nos níveis da inflação interna. O desemprego em alta, a inflação e o baixo dinamismo da economia brasileira nesse período, batizaram os anos 1980 como a década perdida. Nessa época, o PIB per capita despencou e as relações do Brasil com o resto do mundo reduziram-se a quase nada. Naquela época, todo o comércio internacional do Brasil representava
Como resposta desse período conflituoso, diminuíram-se os investimentos externos no país e o governo brasileiro passou por uma necessidade: priorizar as políti-
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país com tanto potencial econômico como o Brasil.
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apenas 1% da corrente de comércio do mundo, uma taxa muito insignificante para um
cas econômicas para o controle da inflação. Nessa época, a intervenção das políticas econômicas tinha um novo foco: as políticas saíram do propósito de propiciar as condições para o desenvolvimento e passaram a enfatizar o controle macroeconômico. Essas políticas são as que hoje em dia são aplicadas pelo governo brasileiro. Vamos agora entender um pouco mais de cada um desses instrumentos, pois eles nos ajudam a entender a dinâmica da atuação do governo na economia. Para tentar atingir os principais objetivos econômicos traçados, quais sejam, um crescimento econômico, com equidade e controle do nível de preços, o governo do país utiliza três políticas econômicas principais: a política fiscal, a política monetária e a política cambial. Cada uma dessas políticas econômicas tem seu próprio objetivo e seu mecanismo de intervenção. A política fiscal, por exemplo, é aquela em que o governo utiliza com programas sociais e econômicos, os recursos que arrecadou de toda a sociedade por meio de impostos e tarifas. Gastar seus recursos com programas e assistências e arrecadar tributos sob a atividade econômica significa que o governo está exercendo o seu mecanismo fiscal de intervenção. Na política monetária, o governo controla a quantidade de moeda em circulação com o objetivo evitar o aumento nas ________________________ transações econômicas e segurar o nível dos preços. Assim, quando o governo retira a moeda de circulação, por exemplo, subindo a taxa de juros e tornando as aplicações financeiras mais rentáveis, ele o faz por meio de sua política monetária. Já na política cambial, o governo fixa “níveis ótimos” na relação entre o valor de face do Real (moeda brasileira) em comparação ao valor de outras moedas mundiais (normalmente o dólar e Euro são os valores de referência). Esse controle objetiva regularizar o fluxo de entrada e saída de divisas do país, por meio de exportações e importações. Toda vez que o governo gastar com suas diversas políticas públicas mais do que arrecadar com todos os impostos diretos (aqueles que incidem diretamente sobre a renda o patrimônio, tipo o imposto de renda, o IPTU e o IPVA) e indiretos (aqueles que incidem sobre os preços das mercadorias que consumimos, dos quais o ICMS é o principal), dizemos que ele produziu um déficit orçamentário ou déficit público. Quando os déficits públicos são elevados, isso significa que o governo gasta mais do que arrecada, por tanto tem uma grande importância na renda que é gerada internamente em um determinado país. Imagine que o déficit do governo esteja atrelado ao programa Bolsa Família. Diminuir esse déficit significaria reduzir o volume de famílias beneficiadas, diminuindo dessa forma o consumo da economia e sinalizando para os investidores, de forma negativa, que o momento deve ser de cautela. Assim, nesse caso extremo, observamos que nem todo o déficit público é prejudicial à economia. Isso depende não só da natureza do gasto e dos programas implementados pelo Estado, mas também da capacidade futura de pagamento desse déficit.
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A medida de referência para medir o déficit público, e por tabela o endividamento do governo, é a relação dívida/PIB. Se esse percentual for muito elevado, estaremos diante de uma situação de que o país terá dificuldade de financiamentos para outras atividades e programas, pois uma parte de toda a sua produção econômica será necessária para honrar compromissos “velhos”. Então, devemos ver com cautela o aumento do déficit público, pois como vimos nos conceitos anteriores, essa dívida que fica passa por uma correção monetária e pela atualização de taxas de juros, dificultando que novas ações sejam tomadas antes do pagamento aos devedores. Um alto endividamento do setor público foi a razão do insucesso da economia brasileira na década de 1980, que apresentou baixo dinamismo econômico e alta inflação. Falando em inflação, é importante mencionar que o volume de dinheiro injetado na economia através das políticas econômicas tem também a possibilidade de, longe de alcançar um objetivo positivo, acabar por incentivar o aumento de preços. Voltemos ao nosso caso da Bolsa Família e suponhamos que o governo decida continuar com uma política fiscal expansionista, aumentando gastos com programas, independente do volume de impostos arrecadados. Nesse caso, teríamos uma situação prejudicial ao governo, pois com o aumento do déficit ele terá dificuldade de implementar novos programas. Mas, além disso, com uma quantidade muito grande de dinheiro em circulação, há uma tendência de que as pessoas comecem a gastar mais e mais e isso provoque um aumento nos preços dos diversos itens da economia,
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gerando a inflação. Assim sendo, um descontrole nos gastos públicos pode ter como efeito colateral um aumento da inflação na economia. Para evitar que isso aconteça, surge um novo instrumento de política econômica que tem como objetivo fazer com que a economia cresça, mas sem com isso aumentar também o nível de preços gerando inflação. Estamos falando da política monetária, isto é, a intervenção do governo controlando a liquidez (volume de moeda em circulação) do sistema econômico de forma racional e equilibrada aos demais objetivos das políticas econômicas. Nesse sentido, ganha uma importância cada vez mais crescente a política monetária, como principal instrumento econômico para combate à inflação e aumento da renda sem necessariamente aumentar a participação do setor público na economia, como o faz a política fiscal. A política monetária do governo é desenhada por uma instância governamental chamada de Conselho Monetário Nacional e executada pelo principal órgão componente desse conselho que é o Banco Central do Brasil. O Banco Central, no controle monetário tem as seguintes funções: emissão moeda; depositário de reservas internacionais que chegam das relações do país com o resto do mundo; guardião das reservas monetárias dos bancos comerciais como Bradesco, Itaú, etc; é responsável pelos empréstimos para instituições financeiras com problemas de caixa; é responsável pelo controle seletivo do crédito que é disponibilizado no Brasil pelos bancos de investimento, como o BNDES. É também o banqueiro do governo, pois é depositário dos recursos captados pela União sob a forma de receitas tributárias (isto é, os impostos arrecadados pelo governo ficam no Banco Central). No Brasil, principalmente depois do Plano Real, o grande objetivo da política monetária é a estabilização dos preços, mesmo que isso signifique diminuir um pouco
do governo Collor em 1991), o governo brasileiro não flexibiliza a política monetária brasileira, de forma que, se for preciso sacrificar o crescimento econômico para manter a meta de inflação, a equipe econômica do governo não vai pensar duas vezes. A meta
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ção atingia 2.000% (isso mesmo, dois mil pontos percentuais ao ano, como na época
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a intensidade do crescimento econômico. Traumatizado com a época em que a infla-
de inflação do Brasil é de 4,5% ao ano, com uma flexibilidade dois pontos percentuais, podendo no máximo atingir 6,5% ao ano. Em 2002, a inflação no Brasil atingiu 10% o que significou uma mudança no rigor da política monetária desde os inícios do governo Lula. Para realizar a política monetária, o Banco Central utiliza instrumentos qualitativos e quantitativos. Os primeiros são aqueles que modificam a disponibilidade de crédito para as agências de fomento e bancos de desenvolvimento. Os segundos são aqueles que têm como missão regular a oferta de moeda na economia. Entre esses instrumentos estão as taxas de juros, as operações de open market (compra e venda de títulos públicos) e as operações de controle das reservas dos bancos comerciais, para que estes não emprestem dinheiro para a sociedade acima do permitido para não gerar inflação. No Brasil, o principal instrumento de controle monetário é a taxa de juros. Todos os meses, nós, economistas, aguardamos ansiosamente qual será a decisão do Banco Central em relação às taxas de juros cobradas no sistema financeiro. A depender do comportamento da Taxa SELIC, que é a taxa que serve de referência para o sistema financeiro brasileiro, sabemos se o Banco Central quer aumentar a liquidez da economia para incentivar o consumo ou se o objetivo é segurar os preços da economia, de forma a evitar a inflação. E o instrumento para isso é a taxa de juros. Entendamos a lógica desse instrumento. O que é a taxa juros?
De maneira bastante simplificada, podemos dizer que é a remuneração que o sistema financeiro paga para que você, consumidor, abra mão de ter seu dinheiro (na mão) para realizar transações e o deixe aplicado em poupança ou em algum título público. Assim, quando a taxa de juros se eleva, aqueles que têm dinheiro aplicado conseguem um ganho adicional no mercado financeiro. E o que o Banco Central faz é bastante intuitivo. Quando ele quer restringir a oferta de moeda na economia, para evitar a alta nos preços, aumenta a taxa de juros. Esse aumento faz com que muitas pessoas deixem de comprar e passem a poupar para ganhar no mercado financeiro. Quando esses compradores diminuem o volume das compras, os empresários não têm outra saída senão abaixar os preços para não provocar uma queda no consumo. Além disso, quando as taxas de juros estão altas, as pessoas têm mais dificuldade de conseguir empréstimos bancários, pois estes ficam muito caros e diminuem a procura pelo dinheiro de forma a causar pouca pressão sobre a inflação. Assim, quando o Banco Central quer elevar o consumo da sociedade ou aumentar a disponibilidade de crédito, basta que diminua a taxa de juros. Todos aqueles
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poupadores vão se sentir desestimulados a manterem o dinheiro parado e voltarão a realizar gastos na economia, pois com a queda na taxa de juros pode ser que o custo de oportunidade de deixar o dinheiro parado seja muito alto e valha mais a pena realizar aquele gasto que você gostaria, em relação a um bem ou serviço da economia. Perceba, dessa forma que quando as taxas de juros aumentam e o consumo diminui, há uma pressão sobre o desempenho da economia que pode ter uma baixa taxa de crescimento em função do maior estímulo à poupança em detrimento do consumo. No caso contrário, quando as taxas de juros baixam o consumo é incentivado e com isso aumenta a possibilidade do país apresentar uma taxa de crescimento elevada. Isto é, o governo tem que escolher entre crescimento e inflação. No caso do Brasil, a idéia é do crescimento sem inflação. Caso a inflação ameace a estabilidade econômica, a equipe do governo aumenta a taxa de juros, pois o objetivo da política monetária do Plano Real é a estabilização nos preços, custe o que custar. No Brasil, as taxas de juros sempre estiveram sujeitas a algum tipo de interferência governamental, por causa da prevenção existente, em certos setores, contra a rentabilidade do capital financeiro. Durante muito tempo houve uma lei de Usura que estabelecia limites para as taxas de juros. Ainda hoje, a Constituição Federal estabelece um teto de 12% a.a. para os juros, embora tal teto não tenha sido obedecido, nem mesmo pelo governo federal, em suas operações da dívida interna.
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Principais Taxas de Juros do Mercado Brasileiro Taxa Referencial (TR): é uma taxa básica criada com o propósito de estabelecer um patamar móvel para fundamentar as demais taxas de juros. A variação da TR decorre tanto de modificações na inflação esperada, quanto no custo básico do capital. Taxa Básica Financeira: corresponde à média das taxas de juros do CDBs das 30 maiores instituições financeiras do país, sendo as duas extremas (a maior e a menor) expurgadas do cálculo. Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP): é fixada pelo BACEN e aplicável às operações financeiras de longo prazo realizadas pelo BNDES. A taxa do Sistema Especial de Liquidação e Custódia (SELIC) expressa na forma anual, é a taxa média ponderada pelo volume das operações de financiamento por um dia, lastreadas em títulos públicos federais e realizadas no SELIC, na forma de operações compromissadas. É a taxa básica utilizada como referência pela política monetária. Taxa Over/CDI: é a taxa referente às transações de um dia realizadas com os Certificados de Depósitos Interbancários Taxa CDB: é a taxa dos Certificados de Depósitos Bancários, principal taxa de captação de recursos dos bancos comerciais, incidindo sobre os depósitos de alto valor e de prazo fixo (30/60 dias). Influencia decisivamente as taxas dos empréstimos bancários.
Assim, as taxas de juros desempenham um papel fundamental na política econômica, não somente porque influenciam o investimento, consumo e a poupança, internamente influenciando o produto, o emprego e o crescimento econômico, mas também porque podem servir de instrumento para o combate à inflação de demanda. Os juros influenciam ainda na determinação do déficit operacional do governo e no
lítica fiscal expansionista. As políticas econômicas do governo terão também como objetivo incentivar o
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a qual incide a correção monetária e a taxa de juros), engessando o efeito de uma po-
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estoque da dívida pública (aquela dívida que o governo ainda não pagou e que sobre
aumento da produtividade e a expansão tanto do mercado interno quanto do nosso volume de comércio com o exterior, reduzindo a vulnerabilidade da economia brasileira a choques externos. Por isso, uma nova modalidade de política que tem como principal atribuição tornar mais competitivos os produtos nacionais no exterior, ganha importância na determinação do equilíbrio econômico: a política cambial. O avanço do comércio internacional possibilita aos países que se inserem com maior ou menor intensidade uma série de vantagens econômicas, das quais destacamos algumas: especialização na produção de bens com maior vantagens comparativas (menor custo de produção) de forma que o comércio entre os países potencializa o ganho da eficiência produtiva; diversificação de produtos que o cidadão tem acesso; diversificações de opções de investimentos (em bolsa de valores ou produtivos,) reduzindo-se o risco do negócio; ampliação da concorrência, limitando o poder de oligopólios nacionais; e controle da inflação em função da concorrência com o produto internacional (normalmente mais barato) que obriga um rebaixamento dos preços nacionais para não perder mercado.
As transações internacionais são influenciadas pelos preços internacionais. Os dois preços internacionais mais importantes são a taxa de câmbio nominal e a taxa de câmbio real. Taxa de câmbio nominal: é a taxa à qual se pode trocar a moeda de um país pela moeda de outro país; Taxa de câmbio real: é a taxa à qual se pode trocar os bens e serviços de um país pelos bens e serviços de outro país, ou seja, compara o preço de bens domésticos e internacionais na economia doméstica. A taxa de câmbio real é o preço em reais de uma cesta de bens estrangeiros, em relação à uma cesta brasileira.
A taxa de câmbio real é um fator chave na determinação de quanto um país exporta e importa. Ela é dada pela seguinte fórmula. Não se assustem com a fórmula, pois nós vamos exemplificar como ela funciona e qual o seu significado. Exemplo:
Preço de um automóvel produzido no Brasil = R$ 15.000,00 Preço de um automóvel produzido nos EUA = US$ 12.000,00 e = taxa de câmbio nominal = R$ 1,00/US$ 1,00 R = taxa de câmbio real = (1,00 X 12.000) / 15.000 = 0,8
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Conclusão: o automóvel norte-americano é 20% mais barato que o brasileiro. Nesse caso, a depender dos custos de transação (frete, seguro, necessidade do bem, imposto de importação) valeria a pena comprar o produto norte-americano em detrimento da produção nacional. Exatamente por isso a política de câmbio tenta impedir que esse produto nacional fique mais caro que o importado, para que não percamos mercado consumidor externo. Num caso como esse, a melhor forma de garantir o aumento nas vendas externas é desvalorizar o câmbio nominal (e), pois com isso o carro brasileiro, deste exemplo em particular, ficaria mais barato aos preços da moeda internacional. Assim, o governo teria que agir para que a paridade real/dólar aumentasse (desvalorização), isto é, R$2,00 = US$1,00. Não por acaso, os setores exportadores estão “sangrando” com a atual valorização da moeda nacional que, desde o início de 2008, antes da crise mundial, esteve com uma cotação média de US$1,00 = R$1,65. Quanto mais forte a moeda melhor para importar produtos do exterior, pior para exportar. Quando exportamos recebemos divisas do resto do mundo; quando importamos, mandamos divisas para o resto do mundo. Existem diversos tipos de câmbio, mas apenas dois tipos são mais usados, são eles o câmbio fixo e o flutuante. No regime de taxas fixas, o Banco Central tem a função de comprar ou vender moeda estrangeira, que muitas vezes é o dólar em um preço fixo em moeda nacional. No regime flutuante, a taxa de câmbio se altera de acordo
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com a oferta e necessidade do mercado. Apesar da definição da taxa de câmbio flutuante não mencionar a participação do governo na determinação da taxa de câmbio de equilíbrio que é determinada pelo mercado de divisas (oferta e de demanda). Na prática podem ocorrer duas situações em que esta atuação do governo acaba acontecendo mesmo com o câmbio flutuante: Dirty Floating: (mais adotado) regime de câmbio flutuante, mas com intensa atuação do Banco Central, na venda e na compra, que procura mantê-la em níveis relativamente estáveis; Minibanda Cambiais: o regime é flutuante, porém dentro de limites fixados pelo Banco Central.
No caso brasileiro, o regime atualmente vigente é o de câmbio flutuante (sujo), pois quando a cotação da moeda brasileira começa a disparar em relação ao dólar, o Banco Central começa a comprar ou vender dólares de suas reservas internacionais para equilibrar uma paridade que seja adequada para sua política cambial, mas que também não provoque inflação. A inflação do Brasil também está relacionada com o Dólar? Sim, infelizmente está só para mostrar como são complexas as relações do sistema econômico. Para responder a essa pergunta da maneira mais trivial possível, lembremo-nos de que é Brasil não é auto-suficiente em uma série de produtos que são consumidos diariamente pela população brasileira. Para simplificar vamos pegar o exemplo do pãozinho francês. Para fabricar pães, as indústrias brasileiras (panificadoras) precisam importar grandes quantidades
dade complementar de trigo de que necessita. Mas, para importar não se pode pagar em Reais, produtos que são comprados no exterior, mesmo no caso de países vizinhos como é o caso da Argentina. Para concretizar essa operação o país tem que efetivar
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insuficiente para dar conta de toda a demanda, o país importa da Argentina a quanti-
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de trigo, principal insumo do pãozinho. Uma vez que a produção de trigo no Brasil é
suas compras em dólar que é a moeda internacionalmente usada para essas transações. Agora suponha as seguintes informações: que o Brasil tenha uma paridade de R$1,00 para US$1,00 (ou seja, um real vale um dólar), e que compre mensalmente 100 quilos de trigo com esse custando US$1,00 por quilo. Assim, para adquirir os 100 quilos mensais, o Brasil gastaria o equivalente a R$100. Suponha agora que, por medidas que envolvam as relações internacionais, houve uma desvalorização na moeda brasileira e esta passou agora para uma relação de US$1,00 para R$2,00 (isto é, agora o mesmo 1 dólar vale 2 reais). Com essa mudança cambial, para que o Brasil adquira os mesmos 100 quilos, vai precisar não mais de R$100, mas R$200, em função simplesmente da modificação no câmbio. Resultado é que tendo que pagar o dobro que pagava antes para obter os mesmos 100 quilos de trigo, a indústria que faz os pãezinhos vai ter que repassar esse custo para o consumidor, elevando a inflação. Esse mesmo exemplo vale para toda a indústria brasileira de eletro-eletrônicos, que importa a maior parte dos insumos que precisa para produzir os produtos que chegam até a casa dos consumidores. O Banco Central tem desta forma que regular as operações de entradas e saídas de divisas do país e não perder de vista que a política cambial também é forte aliada do controle inflacionário. O Brasil do Plano Real, logo no início, em julho de 1994 sobrevalorizou a taxa de câmbio em US$1,00 valia R$0,92 (1 dólar valia 0,92 centavos de real), de forma a facilitar a importação, pois com a maior importação de produtos similares aos que são produzidos aqui, o aumento da concorrência faz com que os preços dos produtos baixem para estimular o consumo. Além de tudo isso, a política cambial também interfere diretamente na balança comercial do país e, por tabela, no balanço de pagamentos que são de fundamental importância para o equilíbrio externo do país. Mas você sabe o que é balança comercial e balança de pagamentos?
Para entendermos esses conceitos e ao mesmo tempo podermos finalizar os aprendizados dessa aula, precisamos agora fazer a inter-relação entre as políticas econômicas e o setor externo. O instrumento macroeconômico que registra todas as operações financeiras que um país realiza com o resto do mundo é chamado de Balanço de Pagamentos. O Balanço de Pagamentos é um registro contábil de todas as transações de um país com o resto do mundo. Envolve tanto transações com bens e serviços como transações com capitais físicos e financeiros. O Balanço de Pagamentos apresenta dois tipos de transações: correntes: associadas aos fluxos de bens e serviços
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movimento de Capitais: associadas aos direitos e obrigações, principalmente relacionadas com o investimento e o endividamento.
A estrutura do Balanço de Pagamentos de qualquer país do mundo é dada pelo seguinte conjunto de contas: A – Balança de Transações Correntes (BTC ou Saldo em Conta Corrente do BP = A1 + A2 + A3)
A1 – Balança Comercial A1.1 – Exportações (FOB): débito A1.2 – Importações (FOB): crédito A2 – Balança de Serviços e Rendas A2.1 – Transportes (fretes, etc.) e Seguros A2.2 – Viagens Internacionais e Turismo A2.3 – Rendas de Capital (lucros, juros, dividendos, lucro reinvestido pelas multinacionais) A2.4 – Royalties e licenças
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A2.5 – Diversos (serviços governamentais – embaixadas, consulados, representações no exterior, etc.) A3 – Transferências Unilaterais Correntes (donativos) B – Conta Capital e Financeira (Balança de Capitais)
B1 – Investimentos direto líquido (instalação e participação do capital de multinacionais no país) B2 – Reinvestimentos (reinvestimentos de multinacionais já instaladas no país) B3 – Empréstimos e Financiamentos a Longo e Médio Prazo (Banco Mundial, etc.) B4 – Empréstimos a Curto Prazo B5 – Amortizações de Empréstimos e Financiamentos B6 – Empréstimos de Regularização do FMI (problemas de liquidez) B7 – Capitais a Curto Prazo (aplicações no mercado financeiro)
C – Erros e Omissões
D – Saldo do Balanço de Pagamentos (A + B + C)
A Balança Comercial aparece classificada dentro das transações correntes do
o desempenho positivo do país e maiores fluxos financeiros vão entrar na conta de reservas internacionais do Banco Central. Essas reservas são a garantia de que o país pode honrar compromissos assumidos em moedas estrangeiras.
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valores monetários e aquilo que importamos. Quanto maior esse saldo, maior será
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balanço de pagamentos é se refere à diferença de tudo aquilo que exportamos em
Mas o que tudo isso tem a ver com a política cambial?
A resposta é fácil e, de certa forma, já estava implícita em nossas discussões anteriores. Quanto mais desvalorizada a taxa de câmbio maior serão as exportações e menor as importações, pois a moeda nacional fica mais barata de ser comprada pela moeda estrangeira e, por conseguinte, o volume do que se pode comprar tendo moeda estrangeira aumenta em grandes proporções. Assim, é importante que o Banco Central avalie a possibilidade de mexer na taxa de câmbio todas as vezes que o seu valor prejudicar muito a comercialização com o resto do mundo. O volume de importações de um país depende do nível da atividade econômica (renda nominal) e da taxa de câmbio real, que reflete a competitividade da produção doméstica em relação à externa. Quanto maior o nível de renda, maiores serão as importações. Mas as importações do país somente se elevarão se o câmbio real estiver valorizado, tornando o produto doméstico mais caro que o “estrangeiro”. Já as exportações dependem da renda do resto do mundo, uma vez que quanto maior o nível de atividade dos demais países maior será demanda por nossos produtos ________________________ que só se traduzirá em ampliação das vendas se o preço dos produtos nacionais for ________________________ mais barato que os internacionais (câmbio real). Nesse caso, é uma desvalorização do ________________________ câmbio real que barateia os produtos nacionais cotados em moeda estrangeira. ________________________ Não precisa ser especialista no assunto para saber que o Brasil é um país subdesenvolvido e que, portanto, depende muito do comércio exterior para escoar a sua produção interna. Mas é preciso ficar alerta também para o fato de que uma grande parte da economia brasileira depende de importações do resto do mundo. Uma taxa de câmbio muito desvalorizada encarece muito as importações e pode gerar uma grande inflação interna. Como vimos não são nada fáceis as decisões da equipe econômica do governo quanto ao rumo das políticas econômicas!
Síntese Assim, nessa aula vimos como são complexas as decisões do governo brasileiro para atingir os objetivos de crescimento econômico, de inserção externa e controle do nível de preços. A utilização da política fiscal pode aumentar o crescimento, mas se a dívida do setor público subir muito esse fato pode anular a eficiência da política. Em relação à política monetária, estudamos quais são os principais instrumentos de que dispõe a autoridade monetária para controlar o nível de preços e barrar a inflação no país.
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Por fim, percebemos que uma corrente de comércio para o país também advém do exterior e que, portanto, a política cambial joga um importante papel para garantir que esses fluxos melhorem o saldo de sua balança comercial e garantam o pagamento das dívidas contraídas pelo país com o resto do mundo.
questão para Reflexão Como vimos, o governo dispõe de três políticas principais para o alcance de seus objetivos internos e externos. Por assim dizer, poderíamos definir as políticas fiscal e monetária como as responsáveis pelo equilíbrio interno e a política cambial mais diretamente relacionada com o equilíbrio externo. E já que o governo dispõe dessas possibilidades, qual a melhor política para garantir o equilíbrio interno: a fiscal ou a monetária?
Leituras indicadas Minicurso de Política Econômica: do economês ao português - Estudo encomendado pela Universidade Federal do Espírito Santo. Disponível: www.ccje.ufes.br/ peteconomia/apostilaeconomes.pdf
Sites Indicados ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ ________________________
Banco Central do Brasil: www.bcb.gov.br Ministério da Fazenda do Brasil: www.fazenda.gov.br Ministério do Planejamento do Brasil: www.planejamento.gov.br Centro de Estudos do Comércio Exterior: www.funcex.com.br
Referências MANKIW, N. Gregory. Introdução à economia princípios de micro e macroeconomia. 5 ed. Thomson, 2007.
PINHO, Diva Benevides; VASCONCELOS, Marco Antônio S. (Org.). Manual de economia. Equipe de professores da USP. 4 ed. São Paulo: Saraiva, 2003.
VASCONCELOS, Marco Antônio S; GARCIA, Manuel E. Fundamentos de economia. 2 ed. São Paulo: Saraiva, 2006.
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AULA 05 - CRESCIMENTO X DESENVOLVIMENTO Autor: Gustavo Casseb Pessoti Olá, Pessoal! Como estão todos? Espero que todos estejam bem!!! Nesta aula conheceremos dois conceitos econômicos muito utilizados e também confundidos, até mesmo por grandes especialistas: crescimento e desenvolvimento econômico. Há alguma semelhança entre crescimento e desenvolvimento econômico? Quais seriam as principais características de cada um destes termos? Quais contradições podem existir entre o aumento aferido pelo PIB e a efetiva melhoria da qualidade de vida da população? Para responder a essas questões, vamos direto ao assunto!
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO O desenvolvimento deve ser entendido como um processo de transformação de uma determinada sociedade que tem como “subprodutos” o crescimento econômico e a melhora do bem estar para determinada população de um determinado território. Isso significa que crescer é uma condição necessária, mas não suficiente para se chegar até o desenvolvimento. Se após o processo de transformação da estrutura produtiva não houver uma melhor distribuição de renda entre todos aqueles que participam do tecido econômico, então verdadeiramente esse processo não ensejou
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desenvolvimento. Dentro da teoria econômica o termo desenvolvimento tem dividido opiniões sobre os estágios que uma sociedade precisa alcançar para ser considerada desenvolvida. Schumpeter (1982), por exemplo, associava o desenvolvimento à capacidade de inovação de uma determinada economia. Para o pensador econômico, a inovação constitui o determinante fundamental do processo dinâmico da economia e, ao mesmo tempo fundamental para definir a competitividade econômica, especialmente em nível regional e global. A seguir, veremos outras definições igualmente importantes, de diversos pensadores que trabalharam com a dicotomia entre desenvolvimento e crescimento econômico. Uma comparação mais objetiva e clara entre desenvolvimento e crescimento econômico de um país, foi feita por Kindleberger (1967 apud GONZAGA DE SOUSA, 2004, p. 170) que afirmava: Implicitamente no uso geral, e explicitamente no que se segue, o crescimento econômico significa maior produção, enquanto desenvolvimento econômico implica maior produção e mudanças nas disposições técnicas e institucionais, pelas quais se chega a esta produção. O crescimento pode implicar, não só maior produção, como também em mais insumos e mais eficiência, isto é, em um aumento no produto, por unidade de tempo. O desenvolvimento vai mais além, significando mudanças na estrutura da produção e na alocação de insumos, por setores. Numa analogia com o ser humano, enfatizar o crescimento significa focalizar a altura e o peso, enquanto explicar o desenvolvimento é dirigir a atenção para a capacidade
Para alguns autores, a exemplo de Baldwin (1979, p.2), o desenvolvimento econômico é uma decorrência direta e imediata do crescimento econômico nacional
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funcional, para a coordenação motora, por exemplo, ou para a ca-
quando se expressa dizendo que: a economia do desenvolvimento é o estudo do relacionamento econômico-chave, que determina os níveis e taxas de crescimento da renda per capita nas nações menos desenvolvidas. Existem algumas diferenças na maneira em que vários escritores dividem os países em nações desenvolvidas e menos desenvolvidas (ou em desenvolvimento), mas, geralmente, segue-se à classificação que divide todos os países em economias de mercado desenvolvidas, economias centralmente planejadas, e economias de mercado em desenvolvimento [...].
Já os trabalhos desenvolvidos por Hewlett (1981, p.15) sobre esta questão, destacam a relação entre o desenvolvimento econômico e a melhora do bem estar medida pelo PIB per capita. Segundo ele, o desenvolvimento econômico é usualmente definido como um aumento significativo na renda real per capita de uma nação. Seu propósito fundamental é a obtenção de melhor alimentação, melhor saúde, melhor educação, melhores condições de vida e uma gama cada vez mais ampla de oportunidades de trabalho e de lazer para as pessoas dessa nação. Em essência, desenvolvimento significa a transformação das estruturas econômicas da sociedade a fim de se atingir um novo nível de capacidade produtiva. Isto, por seu turno, requer níveis sem precedentes de poupança e de investimento.
Poderíamos expor aqui um grande número de outras definições sobre esta questão. Seja qual for o entendimento do verdadeiro significado sobre o desenvolvimento econômico, mas por hora vamos nos ater a essa dupla associação, condição sine qua non para o desenvolvimento: crescimento e distribuição de renda.
ESTRATÉGIAS PARA O DESENVOLVIMENTO
O desenvolvimento é um processo muito mais complexo do que o uso da função de produção1. O desenvolvimento alcançado por muitos países ocorreu com parte do movimento da saída de uma economia agrícola para uma economia industrial (DORNBUSCH; FISCHER, 1991). O essencial deste alcance positivo tem sido um aumento extraordinário da produtividade agrícola, acompanhado pelos rápidos aumentos da produtividade na manufatura. “A industrialização parece ser, portanto, a chave para o desenvolvimento” (DORNBUSCH; FISCHER, 1991, p. 865). 1 A função de produção é a relação existente entre a produção de um bem e os insumos ou fatores de produção necessários para produzi-los. Uma função de produção pode ser apresentada da seguinte forma: Q = f(L,K,t), onde Q é o produto, L é a força de trabalho, K é o capital e o t o progresso técnico.
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Várias estratégias de desenvolvimento foram seguidas no período pós-Segunda Guerra Mundial. As economias em desenvolvimento mais bem-sucedidas, as novas economias em processo de industrialização, têm seguido políticas direcionadas para o setor externo e, após, um período restrito ao protecionismo, expõem os produtores domésticos à competição estrangeira. O desenvolvimento econômico ocorre, também, como resultado da acumulação de fatores de produção, incluindo capital humano, operando com um instrumental político e econômico estável. Isso geralmente envolve maior produtividade agrícola que permite que a população seja alimentada por apenas uma pequena parte da força de trabalho, facilitando o processo de industrialização. Hirschmann (1961) constata que embora muitos pensadores, englobando várias áreas do saber, tivessem apontado caminhos para o desenvolvimento econômico de países subdesenvolvidos, era preciso perceber que as prescrições não davam certo porque a experiência demonstrava que as aptidões para desenvolver-se poderiam existir em qualquer povo, raça ou grupo humano e que mesmo não tendo recursos naturais apropriados, nações pobres podem conseguir desenvolver-se. E acrescenta: “O papel propulsor do capital é geralmente depreciado por aqueles que acentuam a importância do espírito empreendedor e dos conhecimentos administrativos e técnicos.” (HIRSCHMANN, 1961, p.138). Então o capital não é garantia de desenvolvimento e sim a conjugação dele
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com a capacidade que as pessoas têm de fazer a sua gestão. Isso pode ser definido como empreendedorismo, algo que, segundo o autor, não falta aos países subdesenvolvidos. Para analisar e criar estratégias de desenvolvimento é necessário que o país tenha capital, traduzido através de certos recursos e fatores de produção, mas também seja capaz de organizar e aplicar corretamente tais recursos, o que só é possível através da descoberta de aptidões das pessoas que habitam o local. Hirschmann (1961) admite que o desenvolvimento seja gerado dentro do contexto local, embora possa receber contribuições externas, como capitais. Se um país não tem condições materiais de buscar o desenvolvimento, pode receber capital de outras nações. Entretanto, isso não pode ser determinante da concepção de crescimento, ou seja, o capital precisa ser aplicado e gerido de acordo com as aptidões locais, que são constituídas pela cultura, espaço geográfico, e necessidades do lugar e não de acordo com a concepção de desenvolvimento de países que têm realidades completamente diferentes dos países do “Terceiro Mundo”. Assim, ele reconhece que um país subdesenvolvido pode desejar o desenvolvimento a partir da constatação de que outras nações o obtiveram. No entanto, crer que somente por isso caminharão seguindo os mesmos passos é um equívoco, pois, os países subdesenvolvidos vêem somente os frutos do progresso econômico e poucos sabem sobre as rotas que precisam perfazer para alcançá-lo. Se desejarem os frutos, de qualquer forma se disporão a procurá-los. Assim, descobrirão quais as modificações do próprio meio social requeridas no curso do processo de desenvolvimento, à medida que tomarem iniciativas erradas e as acertarem, e superarão os sucessivos obstáculos. Dessa forma, melhor do que
do desenvolvimento não se manifesta, deste modo, tanto entre lucros e sacrifícios conhecidos, quanto entre a meta e ignorância e as idéias errôneas acerca das trilhas que conduzirão a esta meta (HIRS-
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ticos são retrógrados e devem ser reformados ou abolidos. A tensão
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a priori, determinarão quais de suas instituições e traços caracterís-
CHMANN, 1961, p.147).
No entanto, é preciso que cada país cometa acertos e erros, sem necessariamente fazerem isso porque são retrógrados, mas porque trilham o próprio caminho rumo às novas condições geradas pelo crescimento econômico, ou seja, é preciso tecer a nova realidade necessariamente a partir da existente. Assim, não são as nações ricas, já desenvolvidas, que podem determinar o exato tempo em que o subdesenvolvimento é superado pelo desenvolvimento. Elas não ditam o que é ou deixa de ser ultrapassado e sim a própria nação subdesenvolvida, que descobre isso paulatinamente, durante o transcorrer do processo. Quando Hirschmann (1961) considera as condições históricas para explicar o subdesenvolvimento e entendê-lo como uma etapa necessária, quer dizer que a experiência atual é levada em conta na elaboração das novas concepções científicas sobre o assunto. Isso implica dizer que o desenvolvimento é uma etapa posterior que só é alcançada porque as condições e o tempo histórico para isso, presentes no subdesenvolvimento, não foram desprezados.
CRESCIMENTO ECONÔMICO ________________________ Apenas para antecipar futuras discussões, a medida do crescimento econômico ________________________ é dada pelo PIB (vide a aula 6 dessa disciplina), que é a soma anual de todas as ativida- ________________________ des produtivas (bens e serviços) realizadas dentro do país. Ele representa o desempe- ________________________ nho econômico de uma nação, independentemente da nacionalidade das empresas e ________________________ das remessas de lucros feitas por elas ao exterior. Quando a taxa do PIB é positiva, isto significa que a economia de um determinado país está em crescimento, embora nem sempre o suficiente para gerar emprego e elevar a renda média da população. Taxa próxima de zero revela uma situação de estagnação econômica. Taxa abaixo de zero é um claro indicador de recessão econômica do país, semelhante ao que ocorreu no Brasil dos anos 1980, na chamada década perdida, que conjugou taxas negativas no PIB, com alto índice de desemprego e inflação elevada. Nesse conceito está explicita a idéia do crescimento como a expansão da atividade produtiva de um país. Se um determinado país recebe investimentos de uma fábrica de carros, que antes só produzia fora, os incrementos dos veículos que agora passam a ser produzidos internamente, fazem aumentar a quantidade de produtos ofertados por essa economia. Aumenta a sua capacidade produtiva e, dessa forma, gera-se um aumento do PIB e conseqüentemente tem-se o crescimento econômico. Entretanto, como essa indústria de carros é capital intensivo, isto é, tem como principal ativo o capital empregado em máquinas e equipamentos, seguramente a sua instalação não significará uma grande quantidade de empregos gerados, muito menos a distribuição da renda, uma vez que a tendência global é o aumento dos lucros dos grandes capitalistas. Assim sendo, em que pese o aumento na produção ter pro-
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piciado ao país um crescimento de sua economia, essa estratégia não consegue gerar desenvolvimento por concentrar os benefícios do crescimento em uma pequena faixa da população. Não por acaso, como veremos a seguir, a Bahia é a sexta maior economia do país, mas só a 19ª quando o critério de análise é o desenvolvimento social. Além disso, como destacou o pesquisador Cláudio Mendonça (2006, s.p.) no portal da Internet UOL, o PIB, como elemento para análise do desenvolvimento acaba apresentando algumas distorções. O PIB não é o reflexo apenas do lado construtivo da economia de um país. Nele também são somadas mazelas, tragédias e desperdício. Cada vez que um cidadão acelera o seu automóvel ele está contribuindo para elevar o PIB. Melhor ainda se ele bater o carro e tiver despesas com funilaria e pronto socorro. Neste caso, quanto maior o acidente melhor para o PIB. Na sua contabilidade entra tudo e, por essa razão, são omitidos os custos ambientais, os problemas sociais e o desperdício tão necessário à sociedade de consumo.
Apesar do “exagero” desse exemplo, fica bastante claro que o conceito de PIB e, portanto, a associação ao crescimento econômico, acaba conjugando elementos que vão de encontro ao desenvolvimento propriamente dito. Para desenvolver é preciso crescer, mas esse crescimento não pode passar por cima da melhoria do bem-estar da população. Por isso, diz-se que o desenvolvimento é um processo, dando a idéia de
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algo perene e só alcançado em longo prazo, com a conjugação de um conjunto de fatores. Assim, por exemplo, vejamos o caso da economia baiana que, ao longo dos últimos anos tem apresentado taxas de crescimento do PIB sempre superiores às do Brasil. Em 2004, por exemplo, o estado da Bahia apresentou um crescimento real do PIB que chegou a 10%. Entretanto, a estratégia adotada na Bahia para estimular o crescimento tem sido a atração de grandes empreendimentos industriais. De uns anos para cá, é notória a chegada de grandes conglomerados internacionais e mesmo nacionais oriundos de outros estados brasileiros. São exemplos, a Ford, a Monsanto (fábrica de fertilizantes), a Continental Pneus, a Aracruz Celulose, entre outras, como a Azaléia Calçados e tantas outras menos conhecidas. A característica principal da industrialização competitiva mundial é importar o que há de mais moderno em termos de máquinas e equipamentos, para produzir bens e serviços cada vez mais especializados e complexos. Quem conhece a fábrica da Ford em Camaçari, sabe do que eu estou falando. Praticamente o homem fica com a responsabilidade dos designs dos carros ou para alimentar o processo, para que o robô faça todo o trabalho. Isto é, boa parte da indústria que está instalada na Bahia (petroquímica, papel e celulose, plástica, automobilística e metalúrgica) é intensiva em capital, ou seja, tem como principal ativo o capital gerado nos processos produtivos. Especialistas calculam que para cada R$1 bilhão investido na indústria de celulose são gerados apenas 3 empregos diretos com carteira assinada. Assim, a chegada dessas indústrias para a Bahia, permite um grande crescimen-
é limitada quanto a distribuição de renda, que acaba quase toda com os capitalistas estrangeiros (até porque o comando acionário dessas empresas é quase todo de matrizes do exterior). Por isso, muitas vezes essas estratégias pautadas em desenvolver
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Mas, por serem empreendimentos intensivos em capital, tanto a geração de empregos
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to econômico, com o aumento da produção de bens e serviços produzidos no estado.
uma região através de industrialização terminam por conseguir gerar apenas uma das pernas do desenvolvimento que é o crescimento econômico. Resumidamente, a partir de agora, entendemos que crescimento econômico é o aumento da quantidade produzida de bens e serviços que atendam às necessidades da população. No processo do desenvolvimento, esses bens e serviços produzidos têm que proporcionar melhor qualidade de vida e possibilidade de usufruto por toda a população, independentemente de idade, cor ou raça, de forma bastante distribuída e não concentrada entre os partícipes da sociedade. Ou de maneira mais geral: o crescimento é quantitativo; o desenvolvimento é qualitativo.
ANÁLISE DO ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO (IDH) NO BRASIL E NA BAHIA O debate sobre desenvolvimento no Brasil e, especificamente na Bahia não é tão recente. A partir da década de 1960 afloraram várias teorias que apontavam caminhos para o desenvolvimento econômico do país, e nas Unidades da Federação. Atualmente a expressão crescimento econômico tem ocupado lugar de destaque nos debates econômicos, expressada, principalmente, pelo valor atribuído ao Produto Interno Bruto — PIB. Partindo-se das premissas demonstradas ao longo desta aula, a exemplo, das principais características de cada um destes termos, tornou-se necessário discutir as contradições entre o aumento aferido pelo PIB e a efetiva melhoria da qualidade de vida da população. Com base nestas discussões propõe-se trabalhar com o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), como proposta para abarcar uma dimensão mais abrangente dos benefícios alcançados pela população com o advento do crescimento econômico. O IDH é uma espécie de nota – de zero a um – que avalia a qualidade de vida em 177 países com base nos critérios renda, escolaridade e longevidade da população. Quanto maior o número, mais elevada é a qualidade de vida no país.
Não é raro que nos deparemos com artigos de jornais, revistas, artigos científicos, dissertações, teses, entre outros, discutindo um assunto tão em voga atualmente. Trata-se do tema crescimento econômico, ou simplesmente crescimento, mensurado através da explicitação de índices como Produto Interno Bruto (PIB). Sobre isso se faz oportuno observar o que diz o relatório da Unesco (1999, p. 28): [...] o maior problema talvez surja do equilíbrio que automaticamente estabelece-se entre os níveis mais altos de produção — e por inferência, de consumo — e o desenvolvimento. A economia e todas as outras disciplinas reconhecem que, na melhor das hipóteses, trata-se de uma meia-verdade. O que é produzido e o fim que é dado ao produto tem igual importância no processo que a quantidade fabricada. Por outro lado, é evidente que o dólar que duplica a renda
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de uma pessoa pobre, cumpre papel diferente do dólar de acréscimo auferido por um milionário, para quem se trata de uma soma
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insignificante. Entretanto, em geral, equipara-se o desenvolvimento, quantificado em função de uma única medida técnica — habitualmente o PIB — com o progresso global da sociedade e do bem-estar. Faz parte da mentalidade do século XX, que considera que o meio é mais importante que o fim e o nível de atividade, mais importante do que os objetivos para os quais ela serve.
Para Franco “[...] não se pode mais aceitar a crença economicista de que o crescimento do PIB representa tudo e vai resolver por si só todos os problemas econômicos e sociais do país.” (2000 apud MARTINELLI, 2004, p. 15) O relatório da Unesco propõe como mecanismo aferidor do desenvolvimento humano o IDH - Índice de Desenvolvimento Humano - do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) “que procura considerar as numerosas dimensões do bem-estar humano, já que a atenção concentrar-se-ia assim sobre os fins para os quais o desenvolvimento deve servir, em vez de fazê-lo apenas sobre os meios, por exemplo, para o aumento da produção” (UNESCO, 1999, p. 28-29). Veiga (2005, p. 87) defende o uso do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) uma vez que “as decisões políticas muitas vezes demandam uma medida sumária que incida mais claramente no bem-estar humano do que no rendimento”. Veiga considera
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ainda que: O PNUD admite que o IDH é um ponto de partida. Recorda que o processo de desenvolvimento é muito mais amplo e mais complexo do que qualquer medida sumária conseguiria captar, mesmo quando completada com outros índices. [...] O IDH não é uma medida compreensiva, pois não inclui, por exemplo, a capacidade de participar nas decisões que afetam a vida das pessoas e gozar do respeito dos outros na comunidade. [...] uma pessoa pode ser rica, saudável e muito instruída, mas sem essa capacidade o desenvolvimento é retardado (VEIGA, 2005, p. 87).
Corroborando o pensamento de Veiga, Besserman (2005, p. 103) acrescenta que “todo indicador, entretanto, tem grandes limitações. O IDH deixa de considerar muitas variáveis importantes e combinam medidas que podem mudar rápido (freqüência à escola, renda per capita) com medidas que exigem mais tempo para mudar (analfabetismo, esperança de vida)”. Por este motivo, acredita ele, “muitas vezes o IDH é severamente criticado”. Veiga (2005, p. 100) complementa sua abordagem corroborando o esforço de sistematização acima proposto quando afirma: [...] o desenvolvimento pode ser medido e comparado a uma dada configuração projetada, mediante cada um dos indicadores e de seu conjunto. Ou seja, em vez de um duvidoso índice sintético, que pretenda expressar em um único número a complexidade do desenvolvimento, é preferível ter um conjunto integrado de indicadores.
foi dito anteriormente, realiza o cálculo do IDH que tem a particularidade de, na sua avaliação da qualidade de vida da população, considerar critérios abrangentes dessa população, pois considera os aspectos econômicos, e outras características sociais,
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nifica que alguns esforços para sua mensuração não sejam realizados. O PNUD, como
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O fato de não haver consenso sobre o conceito de desenvolvimento, não sig-
culturais e políticas que influenciam a qualidade da vida humana. De qualquer forma e, apesar de suas limitações, o IDH apresenta-se como um avanço na questão da tentativa de mensurar o desenvolvimento a partir de uma perspectiva mais humana e social. Como se não bastasse, evidencia também certa insatisfação em relação ao método limitado que vinha sendo proposto e até então aceito.
O IDH no Brasil Dentro do Brasil ocorrem diferenças em relação ao IDH, que avalia as condições de vida das pessoas em nível geral ou particular, então existem regiões, estados ou municípios com maior ou menor índice de IDH. Através de estudos realizados pela PNUD, ficou constado que dentro do território brasileiro existem praticamente cinco países, ou seja, cinco realidades distintas. De forma ordenada, podemos classificar em primeiro lugar a região que compreende o sul, em sua totalidade, abrangendo ainda São Paulo, Rio de Janeiro e o Distrito Federal, esses representam o melhor IDH. Em seguida está a região intermediária que corresponde aos estados do Espírito Santo, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, fazem parte ainda Minas Gerais, Goiás e Amapá. Na terceira região estão presentes os estados de Tocantins, Pará, Amazonas, Rondônia e Roraima. O quarto grupo, (ou quarta região) é formado pelo Acre, Bahia, Pernambuco, Ceará e Rio Grande do Norte, e, por fim, o quinto grupo é composto pelos estados do Maranhão, Piauí, Alagoas, Sergipe e Paraíba. O IDH desses últimos estados pode ser comparado ao dos países mais pobres do mundo, como Bangladesh e Haiti. O relatório do PNUD com as estatísticas de 2000, dava ao Brasil a nota 0,789, o que o situava entre as 83 nações de “médio desenvolvimento humano” — Colômbia, Venezuela e Albânia estavam entre seus vizinhos no ranking. A promoção para o andar superior ocorre principalmente graças a um significativo ajuste estatístico. Ao atualizar a metodologia do cálculo do Produto Interno Bruto, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) descobriu que, em 2005, éramos 10,9% mais ricos do que imaginávamos. Com esse incremento no PIB e na renda per capita, o IDH sobe para exatos 0,800 — o mínimo necessário para o Brasil entrar no grupo de 70 países com “alto desenvolvimento humano” — liderado pela Noruega e Islândia (0,968) e onde já estão os vizinhos Argentina (0,869), Chile (0,867) e Uruguai (0,852). Estima-se que com o crescimento da economia em 2006, de 6%, a nota brasileira suba para 0,803.
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A pobreza, a miséria e os efeitos nocivos dos constantes períodos de estiagem ainda são características marcantes do Nordeste brasileiro. Os recentes dados relativos ao Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), calculados para o Brasil, regiões, estados e municípios, expõem de maneira inequívoca a situação desta região. Nesse sentido, considerando os dados do IDH calculados para o Brasil, em 2000, pelo Programa das Nações Unidades para o Desenvolvimento (PNUD), verificamos que a Região Nordeste se sobressai apresentando o mais baixo IDH (0,610), quando comparado com as outras macrorregiões do país. Em 2000 essas estatísticas mostraram que dos 21 municípios com os piores índices de IDH do Brasil 18 estão localizados no Nordeste, apresentando valores até 0,500. Ou seja, após vários anos de “intervenção planejada do Estado”, a Região Nordeste do Brasil ainda se apresenta como uma “região-problema” ou sendo o que chamara Furtado (1983): “o espelho onde a imagem do Brasil se reflete com brutal nitidez”. A partir dessas constatações é que se faz necessário discutir quais foram os elementos determinantes para o impedimento de um processo efetivo de desenvolvimento na região Nordeste do Brasil, apesar da aplicação de políticas públicas explícitas voltadas para a superação das desigualdades regionais, notadamente a partir do início dos anos 1960, quando se criou toda uma moldura econômica, política e institucional direcionada para esse fim.
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O IDH na Bahia O IDH, inferido pelo PNUD em 2000, apresenta um interessante referencial comparativo. Atualmente, a Bahia ocupa a 20ª posição no ranking do IDH (0,693) do país entre as 27 unidades da federação. Já o IDH-M (o IDH Municipal) de maior destaque em 2000 foi do município de Salvador com 0,805. O menor, neste mesmo período, pertence ao município de Itapicuru com 0,521, situado na região nordeste do estado. Cabe ressaltar que mesmo no município de Salvador, que apresenta maior IDH-M do estado, existem distorções acentuadas entre suas localidades pesquisadas.
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O Estado da Bahia é exemplo das contradições existente entre desenvolvimento econômico e crescimento por ser sexta maior economia do país, com um PIB medido pela SEI em 2006 de aproximadamente R$96,5 bilhões, é um estado que apresenta uma situação pouco favorável em relação aos indicadores sociais. A grande concentração econômica registrada em sua região metropolitana e o baixo dinamismo dos municípios da região semi-árida do estado (ver mapa acima), onde estão 2/3 dos 417 municípios baianos, e estão a maioria das manchas de cor cinza que significa IDH menor, provocam grandes distorções para a inserção econômica e social na Bahia.
SÍNTESE Após essa aula já é por demais conhecido o argumento de que desenvolvimento econômico e crescimento não são sinônimos. Sinteticamente, podemos definir o crescimento econômico como a elevação do produto agregado do país, que é avaliado a partir da mensuração de valores agregados de uma determinada economia em um determinado período de tempo. Já o desenvolvimento econômico é um conceito bem mais amplo, que leva em conta a elevação da qualidade de vida da sociedade e a redução das diferenças econômicas e sociais entre seus membros.
QUESTÃO PARA REFLEXÃO É possível gerar desenvolvimento em uma situação de estagnação da economia?
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LEITURAS INDICADAS PREBISCH, Raúl. Dinâmica do desenvolvimento latino-americano. Rio de Janeiro: Fundo de Cultura, 1964. FURTADO, Celso. Teoria e política do desenvolvimento econômico. São Paulo: Abril Cultural, 1983. (Série Os Economistas).
SITES INDICADOS Banco Mundial: www.worldbank.org Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea): www.ipea.gov.br Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE): www.ibge.gov.br/ Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD): www.pnud.org.br/ Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI): www.sei.ba.gov.br/
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REFERÊNCIAS BALDWIN, R. E. Desenvolvimento e crescimento econômico. São Paulo, PIONEIRA, 1979.
BESSERMAN, S. Indicadores. In: TRIGUEIRO, A. Meio Ambiente no Século 21. 4.ed., Campinas: Armazém do Ipê (Autores Associados), 2005.
DORNBUSCH, Rudiger e FISCHER, Satnley. Macroeconomia. 5. ed. São Paulo: Makron Books do Brasil, 1991.
FRANCO, A. de. Por que precisamos de desenvolvimento local integrado e sustentável? In: Separata da Revista Século XXI. N. 3. Brasília: Millenium – Instituto de Política, 2000.
FURTADO, Celso. Teoria e política do desenvolvimento econômico. São Paulo: Abril Cultural, 1983. (Série Os Economistas).
GONZAGA DE SOUSA, Luís (2004) Ensaios de economia, edición electrónica. Disponível em: http://www. eumed.net/cursecon/libreria/. Acesso em 17 nov 2008.
HEWLETT, S. A. Dilemas do desenvolvimento. Rio de Janeiro, ZAHAR, 1981.
HIRSCHMANN, Albert. Estratégia do desenvolvimento econômico. São Paulo: Fundo de Cultura, 1961.
MARTINELLI, D. P.; JOYAL, A. Desenvolvimento local e o papel das pequenas e médias empresas. Barueri: Manole, 2004.
PINHO, Diva Benevides; VASCONCELOS, Marco Antônio S. (ORG). Manual de economia. 4.ed. Equipe de
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PNUD. Brasil - 2008. Relatório de desenvolvimento humano 2007/2008. Combate à mudança do clima:
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Professores da USP. São Paulo: Saraiva, 2003.
solidariedade em um mundo dividido.
PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO (PNUD). Atlas do desenvolvimento humano no Brasil. Disponível em: http://www.pnud.org.br/atlas/>. Acesso em: 29 jun. 2008.
SCHUMPETER, J. A. Teoria do desenvolvimento econômico. São Paulo: Abril Cultural, 1982.
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VASCONCELOS, Marco Antônio S; GARCIA, Manuel E. Fundamentos de economia. 2.ed. São Paulo: Saraiva, 2006.
VEIGA, J. E. da. Desenvolvimento sustentável: o desafio do século XXI. Rio de Janeiro: Garamond, 2005.
SANDRONI, Paulo. Dicionário de economia do século XXI. Rio de Janeiro: Record, 2005.
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Aula 06 - O PRODUTO INTERNO BRUTO E A ANÁLISE DA ECONOMIA BAIANA Autor: Gustavo Casseb Pessoti Olá, meus amigos!
Na aula de hoje nós vamos analisar o comportamento do mais importante indicador de conjuntura econômica que é o Produto Interno Bruto (PIB). Com base nesse indicador vamos mergulhar na análise de conjuntura e estudar algumas características estruturais da economia baiana que limitam e/ou potencializam uma grande gama de negócios econômicos no estado da Bahia.
O Que é o Produto Interno Bruto (PIB)? O PIB é a expressão monetária do conjunto de todos os bens e serviços finais que são gerados em uma economia em determinado período de tempo. Bens finais são aqueles que já passaram por todas as transformações produtivas e estão aptos a chegarem até a casa dos consumidores. Como não se pode somar carros com bicicletas ou com horas de aula de um professor, transforma-se essa produção total de uma economia em um valor, atribuindo um preço a cada bem ou serviço gerado e depois
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agregando todos sob a forma de um único indicador. O PIB, por agregar todos os setores da economia, acaba se transformado no mais poderoso indicador de tendência de uma economia. Pela sua expressão é possível examinar se as políticas públicas implementadas por um determinado governo surtiram o efeito esperado. Incrementos positivos no PIB significam que a soma das riquezas de um país são cada vez maiores. Uma queda no valor do PIB significa que a atividade econômica do país está enfrentando dificuldades. Apesar de ser um indicador importante, por medir o desempenho da atividade econômica, é muito importante que se mencione que o cálculo do PIB é feito por uma metodologia específica, estudada e debatida entre o IBGE, órgão responsável pela sua medição no Brasil, os demais órgãos de estatística do país e mesmo outros organismos mundiais como a Organização das Nações Unidas (ONU). Tudo isso, para estabelecer uma metodologia robusta e confiável que possa ser comparada no tempo e no espaço com as informações dos outros países do mundo. É válido que se diga que, por se tratar de um indicador de tendência, o PIB não consegue dar conta de explicar todas as relações econômicas que se estabelecem no mundo real. Ele capta movimentos do desempenho macroeconômico, mas não consegue dar resposta dos porquês. Isso quer dizer que por trás do número gerado pelo computador, existem as análises de conjuntura que dão respaldo ao resultado e que ajudam a explicar o porquê de um aumento na atividade setorial ou a razão que explica a diminuição na atividade em queda no nível de emprego. PIB, dessa forma, não explica, ou melhor, não se propõe a analisar o desenvolvimento econômico, conceito que já trabalhamos na aula anterior. O PIB apenas mede o tamanho do crescimento econômico gerado em um determinado momento. A forma
2008, isso quer dizer que a riqueza brasileira, o total do produto gerado no Brasil cresceu 6%. Mas isso não quer dizer que todos os brasileiros se beneficiaram igualmente desse crescimento econômico. Para medir o nível de melhora do padrão de vida das
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dida pela análise do PIB. Por isso, quando falamos que o PIB do Brasil cresceu 6% em
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como esse processo de crescimento é distribuído pela população não pode ser enten-
pessoas, são usados indicadores sociais, dos quais o IDH, também analisado na aula anterior, é o principal. Mesmo assim, não se pode diminuir a importância do PIB, pois ele funciona como um “termômetro” do desempenho econômico de um país. Sua medida freqüentemente é usada como fator político, por governos que, usando a bandeira do crescimento econômico acabam conseguindo benefícios junto à população mais carente. O PIB é também usado por nós pesquisadores, professores, consultores ou acadêmicos e mesmo pelas equipes de planejamento estadual que fixam seus objetivos orçamentários em relação à magnitude do PIB. O PIB normalmente é usado para medir o desempenho macroeconômico de um país, mas, hoje em dia, as pesquisas avançaram tanto que já é possível medir o nível de atividade do pequeno município de Cabaceiras do Paraguaçu no recôncavo baiano e comparar seus resultados com a grande cidade Campos no Rio de Janeiro.
A mensuração do PIB
Mas como é que o IBGE faz para calcular o PIB de todos os estados do Brasil?
Existem três óticas diferentes para se mensurar o PIB: a ótica do dispêndio ou da despesa, a ótica do produto e a ótica da renda.
Ótica do Dispêndio: avalia o produto de uma economia considerando a soma dos valores de todos os bens e serviços produzidos no período que não foram destruídos (ou absorvidos como insumos) na produção de outros bens e serviços. Possui esta denominação, pois avalia o que a economia despendeu para consumo, investimento e exportação líquida. Ótica do Produto: calcula o valor que cada unidade produtiva agregou (adicionou) a determinada mercadoria. Ótica da Renda: é calculada através da soma de todas as remunerações monetárias pagas aos fatores de produção em um determinado período de tempo. Por exemplo, a remuneração do trabalho é o salário, a remuneração da terra é o aluguel e etc.
Os cálculos podem ser realizados pelas três distintas óticas, mas o resultado será sempre o mesmo, ou seja, existe uma identidade entre produto, dispêndio e renda. Embora existam essas três diferentes maneiras de se calcular o PIB de um país, a
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forma mais habitual é relacionar o PIB com a demanda agregada de um país (riqueza). Desta forma a equação básica de cálculo seria a seguinte: PIB = Consumo das Famílias + Investimentos Privados + Gastos Governamentais + Saldo Externo da Balança Comercial
Consumo das Famílias: O consumo corresponde à parcela da renda destinada à aquisição de bens e serviços para a satisfação das necessidades dos indivíduos. Para tal, os indivíduos adquirem vários tipos de bens que podem ser classificados em quatro categorias: Bens de consumo leves: aqueles que são consumidos rapidamente, como por exemplo, os alimentos e o vestuário; Bens de consumo duráveis: aqueles que são consumidos durante um longo período de tempo: materiais elétricos, carros, eletrodomésticos; Serviços: tais como educação, saúde, habitação; e, Bens públicos: que são aqueles que financiamos com nossos impostos e que servem a toda a coletividade (produzidos pelo governo na função de Estado).
Investimento das Empresas:
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O investimento corresponde à aquisição de bens de capital, máquinas, equipamentos e estoques com o objetivo de gerar maior produção futura. Pode ser dividido entre formação bruta de capital fixo (investimentos que têm vida útil superior a um ano como, por exemplo, os apartamentos, terrenos, carros, etc.) e variação de estoques em que a vida útil define a sua classificação. O investimento é uma das variáveis mais importantes para o desempenho do PIB de um país. Ele é o “motor” que vai permitir aumentar a capacidade de produção, gerar novos empregos e aumentar a circulação de recursos monetários na economia. Quando os empresários optam por fazer investimentos produtivos, isto é, aqueles que são realizados no processo de produção toda a economia cresce. Quando optam por fazer investimentos financeiros, isto é, na aquisição de papéis de outras empresas nas bolsas de valores acabam restringindo a possibilidade de gerar efeitos multiplicadores para a economia que possam desencadear em aumento do bem-estar da população.
Gasto público: O gasto público está associado à intervenção do governo na economia. Suas políticas públicas, a forma como o orçamento estabelecido se converte em benefícios para a população, fazem parte dos chamados gastos públicos. Vimos em aulas anteriores que quando o governo gasta com os recursos que ele arrecada dos tributos e impostos indiretos, ele está utilizando uma política fiscal expansionista para aumentar o bem estar da população. Além das despesas de custeio, isto é, o pagamento dos funcionários públicos que movimentam as economias regionais e dos gastos para manter a máquina pública (água, luz material de escritório), o governo é um importante aliado do setor privado na questão de financiar a infra-estrutura (estradas, pontes, aeroportos,
economia e incentivar que a iniciativa privada também eleve os seus investimentos. Saldo Externo da Balança Comercial
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realiza investimentos na economia, objetivando aumentar a capacidade produtiva da
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etc.). Assim, ao lado do setor privado, o governo também é um importante agente que
Essa questão já é trivial para nós, pois a estudamos na aula 4 quando falamos do setor externo. Mesmo assim vamos fazer aqui essa revisão! Esse saldo externo da balança comercial é a diferença entre as exportações e as importações do país. Quanto maior o saldo, maior a produção em território nacional e, por conseguinte, maior o nível de emprego e de crescimento econômico. Em contraposição, quanto menor o saldo, menor o nível de emprego, pois com a crescente participação das importações há um desestímulo à produção nacional. É óbvio que nenhum país se exclui totalmente do comércio internacional, mas o ideal é manter um superávit na balança comercial. Vale ressaltar que nenhuma economia mantém-se sempre superavitária havendo a necessidade de um mercado interno bem estruturado para que não ocorra uma redução na taxa de crescimento do PIB quando as exportações diminuírem.
Outras Medidas Relacionadas ao PIB Antes de passarmos para a análise que estou propondo nessa aula, evidenciado a inter-relação entre o PIB e a economia baiana, acho que é importante mencionar as
derivações que podem ser feitas com o PIB. Isto é, o PIB possibilita a criação de uma sé- ________________________ rie de outras medidas de análise do desempenho da economia. As principais medidas ________________________ estão discriminadas a seguir:
PIB nominal X PIB real Quando se analisa o resultado do PIB, já falamos que para poder somar carros com laranjas, precisamos antes converter os produtos gerados em valores econômicos (isto é, atribuir preços). Assim, quando calculamos todo o PIB gerado em uma economia, estamos diante de um valor nominal, isto é, uma quantidade total multiplicada por um preço. Então, para sabermos quanto foi o crescimento somente da parte “física da economia”, da quantidade produzida, precisaremos retirar a influência dos preços. Quando dividimos o valor do PIB por um deflator (um índice de preços estabelecido em metodologia), nós retiramos desse valor aquela parte que foi dada pelo aumento de preços e ficamos apenas com parte das quantidades produzidas (questão meramente matemática). Esse valor, descontado da inflação, é chamado de PIB real. Esse é o valor real que é utilizado para dizer se o país cresceu ou não em um ano em comparação com o período anterior. O PIB real leva em conta apenas as variações nas quantidades produzidas dos bens, e não nas alterações de seus preços de mercado.
PIB X PNB Qual a diferença entre os dois conceitos? O PIB é o valor de toda a produção de bens e serviços finais ocorrida dentro das fronteiras do país, sem considerar a nacio-
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nalidade do capital que gera essa produção e nem se preocupar com o destino que será dado a ela. O PNB considera o processo de geração de riquezas por empresas de capital nacional, não importando onde elas estejam, espalhadas pelo mundo. No PNB o critério decisivo é a origem do capital que gera a produção; no PIB o fato decisivo é a localidade da produção (interna). Isto é, vamos simplificar para facilitar o entendimento: suponha o caso da Ford que opera em Camaçari e da Petrobrás que está na Bolívia. No caso da Ford, apesar de estar produzindo carros em “solo baiano”, ela é uma empresa estrangeira e, portanto, remete lucros para o exterior. Assim sendo, a Ford faz parte do PIB do Brasil, mas não faz parte do PNB, uma vez que envia renda ao exterior, isto é, lucro. Vejamos agora o caso da Petrobrás que é uma empresa de capital nacional operando em solo estrangeiro. Assim, o valor que ela produzir lá na Bolívia é contabilizado no PNB do Brasil, por ser uma empresa de capital nacional, mas não será computado no PIB, pois a produção não é realizada internamente no Brasil. O PIB difere do produto nacional bruto (PNB) basicamente pela renda líquida enviada ao exterior (RLEE): ela é desconsiderada no cálculo do PNB, e considerada no cálculo do PIB. Esta renda representa a diferença entre recursos enviados ao exterior (pagamento de fatores de produção internacionais alocados no país) e os recursos recebidos do exterior a partir de fatores de produção que, sendo do país considerado, encontram-se em atividade em outros países. Assim, temos a seguinte fórmula:
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PNB = PIB – Renda Enviada ao Exterior + Renda Recebida do Exterior.
No caso brasileiro, uma vez que é grande o número de empresas multinacionais operando nos vários estados brasileiros e é baixa a presença de empresas brasileiras operando em solo estrangeiro, o PIB é sempre maior do que o PNB. Raciocínio diferente temos para os Estados Unidos que têm o PNB maior do que o PIB.
PIB Per Capita Trata-se de um indicador muito utilizado para definir as metas das políticas públicas. Basta dividir o PIB de um país pela população, obtém-se um valor médio per capita:
O valor per capita foi o primeiro indicador utilizado para analisar a qualidade de vida em um país. Atualmente, usam-se outros índices - que revelam o perfil da distribuição de renda de um país (tais como o Índice de Desenvolvimento Humano) - para se obter uma avaliação mais precisa do bem-estar econômico desfrutado por uma população. Países podem ter um PIB elevado por serem grandes, mas por terem muitos habitantes, seu PIB per capita pode ser baixo, já que a fórmula mostra que é a renda
situação exatamente oposta: possuem um PIB moderado, mas que é suficiente para assegurar uma boa qualidade de vida a seus poucos milhões de habitantes. Daí seu PIB per capita ser alto.
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capita baixo: a Índia e a China. Países como a Noruega e a Dinamarca exibem uma
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total dividida pela população. Assim, são exemplos de países com PIB alto e PIB per
Entretanto, analisada de maneira incorreta, a medida do PIB per capita pode não ter significado algum. O PIB per capita do Brasil em 2008 era de aproximadamente R$14.000. Isso, como já sabemos, não significa que todos os habitantes do Brasil ganhem R$14 mil. Muito pelo contrário!
Leia mais sobre essa questão no artigo LEITURA DA ECONOMIA BAIANA PELA ÓTICA DO PIB: 1975-2007 que publiquei na Revista de Desenvolvimento Econômico (RDE) da UNIFACS, cuja leitura indico no final desta aula.
Período 1 (1975–1986): transformações estruturais e crescimento acelerado O período que vai de 1975 até 1986 tem como característica principal a transformação estrutural do PIB da Bahia, que deixa de ter como carro-chefe a agropecuária, passando a ser impulsionado pela indústria. Crescimentos acelerados (em torno de 6,5% ao ano) foram a tônica dessa época, marcada pela expansão do segmento industrial baiano, que apresentou taxas de crescimento de aproximadamente 9%. Esse processo teve origem em meados dos anos 1950, embora, até o início dos anos 1970, a estrutura produtiva da economia baiana ainda estivesse fundada no setor primário-exportador, que se complementava com a economia de subsistência praticada em quase todas as suas regiões. Durante décadas essa dinâmica foi comandada pelo agrobusiness do cacau, que era o principal produto agrícola estadual e o seu maior gerador de divisas. Contudo, a renda gerada pela cacauicultura foi em parte alocada no próprio setor, aprofundando e mantendo a monocultura do cacau, sendo o restante canalizado para consumo ou investimentos fora do Estado, principalmente em imóveis. Esse setor, por sua vez, devido às suas características estruturais, era incapaz de irradiar seu dinamismo para a economia baiana como um todo. A partir dos anos 1970, com o avanço da industrialização, essa estrutura produtiva começa a mudar e perde sua feição agroexportadora. Alguns fatores, a seguir comentados, podem ser apontados como principais para o desenvolvimento desse processo. Em primeiro lugar, as políticas macroeconômicas adotadas no país a partir da década de 1930, que alteraram profundamente a divisão nacional do trabalho no Brasil. O principal projeto era o de substituições de importações e é a partir da sua implantação, juntamente com a do processo de desconcentração da economia — promovido pelo Governo Federal e incentivado pelos estados periféricos, dentre eles a Bahia, para reduzir desequilíbrios regionais — que, finalmente, nos anos 1970, a Bahia se insere na matriz industrial brasileira, com a chamada “especialização regional”. Tal especialização levou o Estado a voltar-se para uma
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industrialização centrada no setor químico, especialmente na petroquímica, e na metalurgia.
Ainda no âmbito de medidas macroeconômicas, é importante salientar os incentivos fiscais e financeiros criados pelo Governo Federal para atrair investimentos para outras regiões brasileiras que não o Centro-Sul. Esse sistema de incentivos fiscais beneficiou o processo de reestruturação da dinâmica econômica da região Nordeste, observando-se que tais incentivos foram, em sua grande maioria, alocados no Estado da Bahia. Isso se deu pela proximidade da Bahia em relação ao Centro–Sul, e pelo fato de a produção nacional não oferecer alguns insumos básicos demandados pela indústria de transformação do Sudeste. Entre os fatores sistêmicos da competitividade, a Bahia contava ainda com as vantagens de ser, à época, a maior produtora de petróleo do país e de já possuir uma refinaria, a Landulfo Alves. Em relação ao poder local, foi montada uma explícita política industrial, setorial e regional. Além de participar diretamente de alguns empreendimentos, com estudos, investimentos e infra-estrutura, o Governo Estadual concedeu um amplo conjunto de incentivos fiscais e financeiros, o que possibilitou ao capital privado reduzir drasticamente o risco de sua participação no processo produtivo e garantiu vantagens comparativas à Bahia em relação aos demais Estados do Nordeste.
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Em decorrência das medidas acima descritas, vários projetos foram implantados, destacando-se os localizados no Centro Industrial de Aratu (CIA), nos Distritos Industriais do interior do Estado e no Complexo Petroquímico de Camaçari (COPEC).
Tabela 1
Fonte: SEI/Coordenação de Contas Regionais
Essas alterações estruturais na economia baiana incrementaram fortemente seu produto interno. Em termos de taxas de crescimento real do PIB, a Bahia supera o Nordeste e o Brasil ao longo da década de 1970. No período entre 1975 e 1986, a indústria cresce acumuladamente 156,4%, a agricultura 30%, o comércio 117% e as
1985 — e contribuiu de forma positiva para a expansão do setor terciário da economia (em média 7,6% ao ano), particularmente na Região Metropolitana de Salvador - RMS.
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sua participação na economia nacional — de menos de 4% em 1975 passa a 5,4% em
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comunicações 1.383%. Esse crescimento fez com que a economia baiana aumentasse
É importante destacar que a consolidação da indústria de transformação no processo de desenvolvimento econômico estadual, na primeira metade da década de 1980, ocorreu num período de grande recessão e crise da economia brasileira, da qual poucos Estados lograram escapar. A Bahia, exatamente pelo avanço da sua indústria, estava entre estes últimos, ou seja, apresentou, malgrado a crise, crescimento do nível de atividade econômica. Nos anos 1980, inicia-se uma política de desvalorização cambial que torna caros os produtos importados. Esses fatores macroeconômicos fizeram com que aumentasse a demanda, por parte das indústrias instaladas no Centro-Sul, pelos petroquímicos produzidos na Bahia. Apesar de a economia ter se concentrado principalmente na RMS, outras áreas do interior do Estado também apresentaram significativo crescimento no final da década de 1970. Entre os destaques têm-se: produção de feijão na região de Irecê; expansão do pólo cafeeiro na Chapada; extração de minérios em determinadas áreas do Estado (Caraíba Metais etc.); rápida ocupação do Vale do Iuiú (pecuária e algodão) e desenvolvimento de regiões como o Extremo-Sul, com a extração de madeira.
Período 2 – 1986 a 1992: inflexão do crescimento e crise econômica A partir da segunda metade dos anos 1980, o vigoroso crescimento ocorrido entre 1975 a 1985 sofre um forte processo de inflexão. Entre 1986 e 1992, o ritmo de crescimento do PIB cai de 6,5% ao ano para aproximadamente 0,1%. Em dez anos, ou seja, de 1975 a 1986, o PIB baiano, sob o efeito do Pólo Petroquímico de Camaçari, cresceu 92% acumuladamente. Entretanto, no período subseqüente, entre 1986 e 1992, o crescimento acumulado foi de apenas 0,9%. Em que pese à diferença quantitativa dos anos entre os dois períodos, essa comparação tem como único objetivo salientar que entre 1986 e 1992 a economia baiana praticamente se estagnou. A figura 1, a seguir, evidencia claramente esse processo. Entre 1986 e 1992, o cenário apresentado foi de recessão, com variação negativa do nível de atividade nos três últimos anos desse período.
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FIGURA 1 Evolução do PIB da Bahia segundo taxa anual de crescimento – 1976-2005
________________________ ________________________ ________________________ Fonte: SEI/Coordenação de Contas Regionais ________________________ ________________________ ________________________ Os fatores que explicam essa crise podem ser encadeados da seguinte forma: ________________________ ________________________ a crise da economia nacional nos anos 1980 (a chamada década perdida), capitaneada ________________________ pela crise fiscal e financeira do Estado brasileiro, levou à falência o modelo anterior, no ________________________ qual o Estado era o motor da acumulação capitalista e sob o qual se pautou o crescimen________________________ to da economia baiana entre 1975 e 1986. O endividamento interno e externo do Estado ________________________ inviabilizou os investimentos projetados e a manutenção da acumulação capitalista, na ________________________ forma até então vigente; ________________________ a queda no ritmo de crescimento da economia ocasionou altas taxas de inflação, ín________________________ dices crescentes de desemprego e elevação das taxas de juros, o que desencadeou a ________________________ chamada “ciranda” financeira e teve, portanto, efeitos negativos diretos na demanda ________________________ agregada da economia brasileira, principalmente no consumo das famílias e nos gastos ________________________ do Governo; ________________________ deu-se um redirecionamento da economia brasileira para o mercado externo: incenti________________________ varam-se assim, as exportações que geravam divisas, garantiam o fechamento do balan________________________ ço de pagamentos e mantinham o nível da atividade econômica. ________________________ ________________________ ________________________ Os efeitos dessa crise para o Estado da Bahia foram altamente negativos, podendo-se ________________________ destacar alguns deles como os mais graves, como se pode verificar a seguir:
foram geradas cadeias produtivas, a terceira geração da petroquímica. Dessa forma, a economia baiana permaneceu apenas como produtora de bens intermediários e o Complexo Petroquímico não recebeu novos investimentos;
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foram paralisados os investimentos previstos para o Pólo de Camaçari e, assim, não
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diminuiu o ritmo de crescimento da produção da indústria química baiana, tendo esse segmento, nos anos de 1988, 1990 e 1991, apresentado taxas negativas, de 3,6%, 6,8% e 7,6%, respectivamente. Pelo elevado peso que a indústria química tem na estrutura do segmento industrial baiano, os reflexos negativos sobre o PIB eram inevitáveis; foi gerada, com a paralisação do processo de investimentos, uma economia duplamente concentrada na formação do PIB: na agricultura, o cacau, em crise, continuava a ser o principal produto de exportação. Na indústria, deu-se uma elevada concentração em torno do gênero químico. Em termos macroeconômicos, a geração espacial da renda concentrou-se na RMS e no litoral, principalmente na área de influência dos municípios de Ilhéus e Itabuna; cresceu a taxa de desemprego na RMS, conseqüência da forte migração — em parte derivada do fato de a Bahia possuir uma população rural muito grande (ainda hoje a maior do país em termos absolutos, e vivendo de forma precária no semi-árido) — para essa região, atraída pelo Pólo. Esse processo fez de Salvador a terceira mais populosa cidade do país, com uma das maiores taxas de desemprego dentre as cidades estudadas pelos institutos de pesquisas brasileiros; finalmente, identifica-se um último efeito, que se manifestou em meados dos anos 1980, decorrente da reestruturação produtiva mundial: a crise nos produtos tradicionais de exportação da agricultura baiana. A partir desse período, registraram-se sucessivas quedas nos preços internacionais dessas commodities, resultantes do crescimento da sua oferta mundial, com a entrada, no mercado, de novos países produtores, com menores custos médios e maiores rendimentos por hectare. Dentre os produtos baianos cujos preços caíram, citam-se: o cacau, que também foi atingido pela grave doença conhecida como “vassoura de bruxa”, e a mamona, o sisal, o fumo, o café e o algodão. O forte declínio do cacau, principal cultura agrícola do Estado na segunda metade dos anos 1980, ocorre sem que outra lavoura a substitua de imediato.
Assiste-se assim a uma total desestruturação do Estado da Bahia: suas finanças desorganizam-se; seu patrimônio público — estradas, escolas, hospitais etc. — passa por um processo de desgaste; seu funcionalismo tem grandes perdas em termos reais. Os fatores sistêmicos da competitividade baiana seguem na mesma direção da situação financeira do setor público acima mencionado. A educação não apresenta grandes avanços, a concentração da renda aumenta, as estradas pioram de situação, o crescimento dos setores de serviços e comunicações é lento etc. Em conclusão, esse período, diferentemente do anterior, é marcado por uma redução da participação do PIB baiano no PIB nacional, em conseqüência de ter-se estagnado o ritmo de crescimento da economia baiana (na comparação com o período anterior, 1975/1985) e de se terem expandido fortemente outras áreas no Brasil, como o Centro-Oeste, incentivadas pela produção pecuária e agroexportadora, principalmente de grãos.
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Período 3: anos 1990 e a retomada do crescimento econômico O período compreendido entre 1992 e 2000 — tem algumas características marcantes, como: crescimento econômico acompanhando a média nacional; consolidação e ampliação da indústria montada no primeiro período, ou seja, petroquímica e metalurgia; consolidação de setores que se beneficiaram com a política nacional de incentivo às exportações e que tiveram vantagens comparativas no estado, a exemplo da silvicultura, da produção de papel e celulose, dos frutos e grãos; alcance, pela agricultura, de um novo patamar de produção, com base na política nacional de incentivo às exportações iniciada no segundo período; esgotamento dos produtos tradicionais, a exemplo do fumo, que chegam ao fundo do poço, e esboço de recuperação dos níveis de produção de outros, graças às políticas dos Governos Estadual e Federal; surgimento de novos setores industriais, notadamente de bens finais, portadores de mudanças futuras na estrutura do Estado e promotores de sua inserção na divisão nacional do trabalho; maior preocupação com o turismo local, que passa a operar em um patamar mais elevado, a partir de investimento do Governo Estadual e de programas nacionais com
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parceiros internacionais, a exemplo do PRODETUR.
O crescimento médio do PIB baiano correspondeu a 3,1% a.a. ou, em taxa acumulada, foi de 27,5%, no período de 1992 a 2000. Os setores agropecuário e industrial cresceram no mesmo patamar: 3,1% e 2,9% respectivamente. Outros segmentos, como o comércio e comunicação, foram de grande destaque nesse período, alcançando um crescimento acumulado de 28,3% e 255,7% respectivamente. A mudança na política econômica nacional, o Plano Real, a abertura do mercado brasileiro e a reestruturação do Governo Estadual fizeram a economia voltar a crescer. Abriu-se um novo período de investimentos produtivos e a perspectiva de outro ciclo sustentado de crescimento, agora menos concentrado. Antes de tudo, verifica-se um forte crescimento do comércio e do consumo nos primeiros três anos do Plano Real, em função da estabilidade econômica e das facilidades de financiamento. Esse processo beneficiou mais fortemente as classes menos favorecidas, que representam a maioria da população baiana. No que diz respeito ao comércio exterior, a competitividade da economia baiana fica evidente ao se verificar o significativo incremento do valor das exportações baianas, da ordem de quase 50% entre 1991 e 1998, apesar das dificuldades com que se defrontaram as exportações brasileiras no período. A conta de comércio (exportação + importação) cresce mais de 50%.
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Balança Comercial – Bahia (em U$ bilhões - FOB)
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Tabela 2
Fonte: PROMO – Centro Internacional de Negócios da Bahia
Na esfera governamental, a Bahia passou por um processo de reforma do Estado desde 1991 e promoveu um ajuste administrativo, fiscal e financeiro. Os primeiros resultados foram o equilíbrio das finanças públicas estaduais — o que levou à recuperação do crédito público nacional e internacionalmente — e o fato de o Estado passar a ter capacidade de gerar poupança interna e externa, abrindo assim a possibilidade de investimentos e de contar com programas de incentivos fiscais e financeiros. Em conjunto, esses fatores viabilizaram múltiplos investimentos privados em novas áreas da atividade econômica, a exemplo dos segmentos industriais de bens de consumo populares, automobilístico, cerâmico e madeireiro/moveleiro, turismo etc. Esse movimento tem contribuído para a expansão e diversificação da economia, proporcionando uma maior integração industrial, com a abertura de novos horizontes que indicam um novo ciclo de crescimento. Concluindo, é possível afirmar-se que, do ponto de vista da geração do PIB, esse período se constitui no momento histórico em que foram lançadas as bases para um novo ciclo de expansão do produto baiano e para que se reestruture a composição desse indicador, sobretudo no que concerne ao peso que aí têm a agropecuária e a indústria.
Período 4 – 2000-2007: manutenção do crescimento e consolidação industrial A partir do ano 2000 começam a ser observadas mudanças na estrutura produtiva do Estado da Bahia oriundas de dois fatores principais: a) pela austera política macroeconômica colocada em prática pelo Governo Federal, priorizando a proteção da moeda contra desvalorizações, buscando uma meta inflacionária extremamente baixa. Utilizando-se do instrumental de controle da taxa de juros, a política econômica do Brasil priorizou o curto prazo, pondo fim definitivo ao projeto nacional desenvolvimentista. Esse fato tem grande relevância para a análise da evolução do PIB, pois, como já mencionado, a Bahia como unidade da federação brasileira passou por grandes problemas nos setores demandantes de recursos (atrelados ao crédito de lon-
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go prazo, praticamente inexistente nesse período). Essa conjuntura prejudicou muito o desempenho do setor de serviços baianos que, aos poucos, perdeu participação. b) pela política de atração de indústrias que se consolidou no Estado, atraindo uma montadora de veículos e seus sistemistas, grande geradora de valor agregado e outras tantas indústrias calçadistas grande geradoras de emprego. O empreendimento do Complexo Amazon que trouxe uma unidade da Ford para a Bahia gerou efeitos multiplicadores para a economia estadual. Como decorrência desse processo, vários sistemistas, inclusive de outros países, vieram para a Bahia e começaram a consolidar a indústria automobilística no Estado. Em menos de cinco anos de operação, a montadora baiana já bateu recordes de produção, e antecipou etapas, inicialmente previstas para 2006. A despeito disso a “baianização” dos veículos ainda é pequena tal qual o montante de empregos diretos gerados vis a vis o montante dos investimentos, devido a grandes recursos tecnológicos utilizados na produção. A reformulação das atividades industriais baianas, como parte de um plano, da diversificação produtiva, alcançou maior impulso, a partir de 2001, com o lançamento de uma política de atração de investimentos para estimular fluxos de produção e renda no Estado. Segundo dados da Secretaria de Indústria e Comércio e Mineração do Estado (2005), foram realizados na Bahia no período 2000-2007 cerca de R$30,7 bilhões em investimentos industriais, responsáveis por aproximadamente 135 mil empregos diretos. Merece destaque o fato de que 80% desses investimentos foram destinados à implantação de novas plantas industriais no Estado, sendo, portanto, 20% outros des-
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tinados à reativação de plantas já existentes. Desta Forma vieram para a Bahia entre 2000 e 2007, diversas indústrias de diversas áreas. Delas destacam-se, seja pelo valor do investimento, seja pela elevada geração de emprego e valor agregado: a FORD e seus sistemistas de produção, a VERACEL CELULOSE, atualmente maior produtora de celulose do mundo, a MONSANTO, com produção de fertilizantes e diversas indústrias calçadistas, que são grandes geradoras de empregos. O destaque desse último empreendimento deve ser dado ao fato de ter permitido uma ”interiorização” pelo território baiano. Tabela 3 Investimentos Industriais Realizados no Estado da Bahia no período de 2000 a 2007
Fonte: SICM
caram por conta da indústria de transformação (40,5%), agropecuária (31,4%) e, em menor fôlego, o setor de serviços (11,6%).
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to, acumulando 20,3%. Ainda em relação à taxa acumulada os grandes destaques fi-
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O PIB da Bahia alcançou, nesse período, uma taxa média de 3,8% de crescimen-
Um outro aspecto que pode ser observado com a implementação dos novos arranjos produtivos é a mudança no perfil industrial da Bahia, que chegou em 2001 a concentrar mais de 57% da estrutura de sua indústria de transformação no segmento químico. A geração do valor agregado de uma indústria automobilística, além dos investimentos nas indústrias de papel e celulose e alimentos têm contribuído para a diminuição na participação dessa estrutura, que passa, ainda que timidamente, por um processo de desconcentração industrial. A Bahia apresentou nesse período um crescimento médio do PIB superior ao do Brasil (na média — 3,8% Bahia e 2,2% Brasil — no acumulado, 20,3% Bahia e 11,4% Brasil). Os investimentos alocados no Estado proporcionaram uma elevação da base produtiva e da geração de valor agregado. Tais investimentos, além de se constituírem em impulso à indústria de transformação, foram fundamentais para a competitividade — inclusive internacional — do Estado. Em relação a essa última observação, é importante destacar a evolução do comércio exterior da Bahia nesse período. Somente em 2005, o Estado da Bahia atingiu o recorde de sua história econômica recente, quando suas exportações somaram aproximadamente U$6 bilhões expandindo-se 48% em relação a 2004. A título de infor- ________________________ mação, apenas para que se perceba a relevância do resultado estadual, nesse mesmo ________________________ período as exportações brasileiras expandiram-se 23%. Tabela 4 Balança Comercial da Bahia - 2000-2005
Fonte: MDIC/SECEX
Em 2001 a economia baiana apresentou uma taxa de crescimento apenas satisfatória (aproximadamente 1,0%), como reflexo de uma conjuntura bastante conflituosa. Crise de energia, desaceleração da economia norte-americana, crise na Argentina, ataques terroristas, desvalorização do Real marcaram negativamente esse período. Na Bahia, houve ainda uma intensa seca, que atingiu praticamente todos os estados da região Nordeste e prejudicou sensivelmente o desempenho do setor agropecuário, não se podendo esquecer da posição de destaque que o mesmo tem na estrutura do PIB. Nesse cenário, o governo brasileiro foi obrigado a agir, primeiro, para tentar separar as imagens do Brasil e da Argentina; em segundo lugar, para manter a meta
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inflacionária, grande âncora do Plano Real e condição obrigatória dos acordos de ajuda monetária com o FMI. Esses compromissos praticamente congelaram a ação da política macroeconômica brasileira em 2001. Para tentar equilibrar a economia frente a tantos problemas, o Governo foi obrigado a manter elevadas as taxas de juros internas. Na macroeconomia básica, um aumento na taxa de juros, em que pese a diminuição da liquidez da economia com redução na inflação, tem como reflexo imediato uma retração nos investimentos produtivos que, por sua vez, diminuem a demanda agregada e paralisam a atividade interna. Em um cenário como esse, diminui a procura pelo crédito e a inadimplência aumenta. Sofrem os impactos dessa situação o comércio, que depende muito dos financiamentos de médio e longo prazo; a indústria, que é fomentada pelos investimentos produtivos e que, praticamente em sua totalidade, utiliza insumos importados (comprados em dólar); e outros setores, como os serviços que, inevitavelmente, apresentaram diminuições nos indicadores de emprego e renda. Em 2003, com a eleição do novo presidente que ao longo de sua história política tinha posições contrárias à política econômica que vigorava até então, esperava-se uma mudança nesse quadro de juros altos para combater a inflação e segurar o câmbio. Esperava-se também o reinicio de um projeto nacional desenvolvimentista capaz de fomentar o crescimento econômico para todas as regiões do Brasil. Entretanto, o que se tem acompanhado é a manutenção das “regras do jogo” em que o mercado
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continua imperando de forma absoluta e o cumprimento das metas de inflação o único objeto de política econômica. Nesse cenário fica difícil fazer qualquer prognóstico sobre o desempenho macroeconômico do país, que apresentou crescimento da economia ao longo dos anos 2000, muito mais pela insuficiência da demanda agregada do que pelo projeto colocado em prática. O Brasil, e particularmente a economia baiana (e nordestina de maneira geral) carecem de um projeto nacional de desenvolvimento mais engajado em diminuir os desequilíbrios regionais do Brasil desenvolvido do Sul e Sudeste, e o empobrecido do Norte e Nordeste. Ou seja, enquanto vigorar essa política econômica, a agricultura da região Nordeste vai continuar a depender das chuvas para apresentar bons resultados e as atividades que dependem do crédito e do investimento de longo prazo vão continuar subordinadas ao “nervosismo do mercado” e à tradicional pouca vontade da iniciativa privada brasileira. Finalmente — e esperando-se ter alcançado o objetivo proposto inicialmente, qual seja, mostrar os principais fatos que proporcionaram ou limitaram o crescimento econômico da Bahia entre 1975 e 2007 — poder-se-ia dizer que política industrial, crise e recessão, retomada do crescimento e nova configuração industrial são as expressões que, respectivamente, melhor caracterizam cada um dos períodos aqui delimitados: 1975/1986, 1986/1992 e 1992/2000, 2000/2007.
Síntese Como ficou demonstrado nessa aula, o PIB é um indicador macroeconômico que permite identificar como se dá a geração da riqueza (mas não a sua distribuição) de um determinado local em um determinado período de tempo. Na Bahia existem
representa aproximadamente 4,2% da economia brasileira. Apesar disso, a economia baiana é extremamente concentrada espacialmente e setorialmente e apresenta uma série de problemas econômicos e sociais de difícil equacionamento.
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larmente em 2007 esse indicador mensurou um montante de R$109 bilhões, o que
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distintas formas de analisar o comportamento do PIB ao longo do tempo. Particu-
questão para Reflexão E então? Depois de ter estudado esse material e de ter refletido sobre o seu conteúdo você acha que crescimento no PIB significa desenvolvimento econômico?
Leituras indicadas PESSOTI, Gustavo Casseb. Uma leitura da economia baiana pela ótica do PIB – 1975/2005. Revista de Desenvolvimento Econômico, Salvador, a. VIII, n. 14, p. 78-89, jul. 2006.
Sites Indicados IBGE – Departamento de Contas Nacionais do Brasil: www.ibge.gov.br/home/ estatistica/economia/contasnacionais/referencia2000/2004_2005/default.shtm Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia – SEI: www.sei.ba.gov.br
Referências PINHO, Diva Benevides; VASCONCELOS, Marco Antônio S. (Org). Manual de Economia. Equipe de Professores da USP. 4.ed. São Paulo: Saraiva, 2003.
SUPERINTENDÊNCIA DE ESTUDOS ECONÔMICOS E SOCIAIS DA BAHIA. O PIB da Bahia: 30 anos em análise. Série de estudos e pesquisas. Salvador: SEI, nº 72, 2006.
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Aula 07 - FRAGILIDADES DA ECONOMIA BAIANA E A DEPENDÊNCIA EXTERNA Autor: Gustavo Casseb Pessoti
Nesta aula vamos apresentar um pouco da economia baiana atual. Vamos ver que, se do ponto de vista econômico o estado vai muito bem como sexta maior economia do país, do ponto de vista social, há muitas carências. Esse estudo é de fundamental importância para a sua compreensão do mercado de trabalho. É imprescindível que você conheça as possibilidades e limitações do “espaço territorial” onde habita e onde será alocado, no futuro, como profissionais.
PANORAMA ECONÔMICO E SOCIAL DA BAHIA NO SÉCULO XXI Como já vimos na aula 6 deste módulo, essa é a característica estrutural da economia baiana dos últimos 50 anos:
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Composição Setorial do PIB Baiano
Fonte: SEI
Até 1960, o estado era dependente da produção agrícola, principalmente relacionado com a atividade cacaueira do sul do estado. A partir da década de 1970, com o surgimento do Pólo Petroquímico de Camçari (1978), esse panorama começa a mudar. Observe que já em 1980 o setor secundário da economia dobra de participação atingindo 31,6% de participação econômica. Ainda assim, em função do surgimento deste complexo, diversas atividades de serviços auxiliares surgiram, como os serviços de alojamento e alimentação, comércio, transporte e armazenagem e passaram a atuar a reboque do pólo petroquímico, logrando grande expansão econômica.
flação do período e a grande corrupção, foram as marcas daquela época. Não veio para a Bahia nenhum grande empreendimento industrial e pequena foi a participação do estado brasileiro para diminuir as desigualdades regionais entre o sudeste desenvolvi-
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estrutura produtiva da Bahia, até porque a abertura econômica desmedida, a alta in-
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A partir de 1990, na época do Governo Collor, poucas alterações ocorreram na
do e o norte nordeste excluídos do cenário nacional. Por isso, no final da década de 1990 e início dos anos 2000, o governo da Bahia começou com um programa de atração de investimentos industriais através de isenções fiscais e doações de terreno e infra-estrutura de apoio. Nesse período, e através dos incentivos, vieram para a Bahia uma série de novas indústrias dos mais variados gêneros: calçados, fertilizantes, plásticos, químico e petroquímico, mas, o grande empreendimento dessa época foi a chegada da Ford e suas empresas auxiliares de componentes para veículos. A resposta foi imediata no PIB. Nesse período, a economia baiana cresceu muito. Em 2004, o PIB cresceu quase 10%, o dobro do crescimento da economia brasileira. Assim, a indústria, ou setor secundário da economia, passou a ser o mais importante da estrutura produtiva do estado da Bahia. Mas será que esse fato é positivo ou negativo? Vamos passar para a próxima informação para começarmos a formular essa resposta.
Fonte: SEI
Observe que a estratégia adotada pelo governo baiano, carente de maior suporte do governo federal – que estava preocupado apenas com o controle da inflação e com os ajustes econômicos deixados pelo governo Collor – acabou produzindo um grande crescimento, mas não houve, em contrapartida, uma geração de empregos para a economia baiana. Adotar uma estratégia de dar isenção fiscal para atrair indústrias foi uma boa até para tornar o estado mais equipado do ponto de vista industrial, mas observe que são a agropecuária e o setor de serviços os grandes responsáveis pela geração de empregos na Bahia. A indústria que é responsável por mais da metade do PIB da Bahia é responsável por apenas 14% do emprego gerado na economia baiana.
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Agora olhe que coisa impressionante: a indústria de transformação gera a mesma quantidade de empregos que o trabalho doméstico: 8,7% um e 8,8% o outro. Ou seja, vou falar bem alto para todo mundo ouvir: indústria não foi feita para gerar emprego. Quem gera emprego são os pequenos negócios e o setor de serviços. Mas isso não aparece politicamente, ou se aparece demora muito para dar frutos, se é que você me entende. Na Bahia, uma oportunidade de emprego está no setor turístico, mas demorou muito para que os governos da Bahia percebessem que turismo não é só carnaval. E mais: que a Bahia não é apenas Salvador. Distribuição dos Ocupados na RMS Dezembro - 2007
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Fonte: SEI
Sim, mas então essa estratégia de industrializar-se foi um equívoco, não é mesmo professor?
Infelizmente não posso concordar com essa resposta e veremos agora por quê. Observe a pauta de exportações do estado da Bahia. Como você sabe, o comércio exterior exerce grande importância na dinamização econômica de um determinado local. A partir dele pode-se lucrar com a venda de produtos e, ao mesmo tempo, complementar a produção interna, ao importarmos aquilo que não temos condições de produzir localmente ou que temos, mas com um alto custo de produção. Reparou bem a nossa pauta? Totalmente concentrada em poucos produtos e liderada pela produção petroquímica. Se retirarmos também o segmento automotivo, papel e celulose e a metalurgia o que sobra para todas as demais atividades é extremamente pulverizado.
Químicos e Petroquímicos Metalúrgicos Petróleo e Derivados Papel e Celulose Automotivo Soja e Derivados Minerais Cacau e Derivados Borracha e suas Obras Café e Especiarias Couros e Peles Sisal e Derivados Algodão e seus Subprodutos Móveis e Semelhantes Calçados e suas Partes Frutas e suas Preparações Maq., Apars. e Mat. Elétricos Fumo e Derivados Pesca e Aquicultura Demais Segmentos Total
VALORES (US$ 1000 FOB) 2006 2007 1.351.022 1.580.387 1.029.267 1.076.532 1.099.312 1.003.710 715.376 897.384 920.652 761.556 270.403 392.559 221.742 222.487 209.561 224.650 75.985 246.847 111.100 118.187 92.372 108.997 82.840 84.330 107.654 153.150 71.502 65.563 62.489 82.542 115.469 138.252 57.670 74.975 24.614 22.480 12.067 7.597 142.202 146.544 6.773.299 7.408.729
VARIAÇÃO % 17,0 4,6 -8,7 25,4 -17,3 45,2 0,3 7,2 224,9 6,4 18,0 1,8 42,3 -8,3 32,1 19,7 30,0 -8,7 -37,0 3,1 9,38
PARTICIPAÇÃO % 21,3 14,5 13,5 12,1 10,3 5,3 3,0 3,0 3,3 1,6 1,5 1,1 2,1 0,9 1,1 1,9 1,0 0,3 0,1 2,0 100,00
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SEGMENTOS
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Principais Segmentos de Exportação da Bahia: 2006 e 2007
Fonte: MDIC/SECEX, Dados Coletados em 12//11/2007 Elaboração: PROMO - Centro Internacional de Negócios da Bahia
Para tentar transformar esse quadro de dependência da produção química, é que aquela política de atração de investimentos industriais premiava com isenção por período mais longo aqueles empreendimentos ligados à indústria de bens finais, complementares da cadeia petroquímica. Por isso, o estado insistiu tanto com a tentativa de dinamizar outros municípios e outras atividades econômicas.
Ah, então, a atração de investimentos industriais conseguiu ao menos dinamizar a economia baiana?
Vejamos como é rica e complexa a análise da economia baiana. Para que essa dinamização ocorresse, era preciso – já que nossa pauta de exportações é concentrada no segmento químico – pelo menos que as nossas importações fossem complementares à produção química, mostrando que nós, para dinamizar o nosso parque industrial, importamos máquinas e equipamentos. Mas o que revela a tabela é que a maior parte das nossas importações é também de produtos químicos, para nossa frustração. Para produzir os produtos petroquímicos, a Bahia necessita da matéria prima, ou seja, nafta. Como a Petrobras da Bahia não produz tudo aquilo que nossa produção necessita, temos que importar. Resultado da ópera: exportamos petroquímicos e importamos petroquímicos!
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Então, para analisar a economia baiana, precisaremos apresentar outros indicadores, e aí sim teremos condições de fazer o nosso julgamento final sobre a estratégia recente de tentativa de desenvolver a economia baiana. Comecemos pelo PIB, indicador que mede o desempenho da atividade econômica de local em determinado período de tempo.
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Fonte: SEI
Como podemos observar, com base no gráfico, a despeito de, até esse momento, não podermos formar uma opinião concreta a respeito da atual economia baiana, as atividades econômicas do estado têm mostrado uma evolução bastante favorável nos últimos anos. Principalmente no setor industrial! Por isso, um efeito positivo da atração dos investimentos industriais foi alavancar a indústria, que desde 2000 vem crescendo em ritmo ascendente. Mas você reparou que, mesmo sem incentivos, a agropecuária, que gera bastante emprego, é quem teve o melhor desempenho nessa série considerada. Em 2004, cresceu mais de 24%. Também o setor comercial, que gera bastante emprego tem um comportamento ascendente ao longo da série, exceto nos anos de mudança eleitoral (2003), pois com medo do efeito Lula, FHC teve que aumen-
guir, parece que a estratégia de industrialização vai continuar a ser adotada também no governo Wagner, que está chegando à sua metade. Em 2007, foram quase R$5 bi-
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Apesar de todos esses diagnósticos, como podemos observar na tabela a se-
101 conjuntura
tar muito a taxa de juros para combater a inflação.
lhões em investimentos industriais e no período 2008-2012 deveremos ter quase R$20 bilhões em novos investimentos industriais.
Apesar da expectativa de se gerar 81 mil novos postos de trabalhos com os projetos industriais, esse número é bastante longe do ideal, frente ao “estoque de desemprego” que temos acumulado. Ou seja, vamos continuar com um contingente grande de desempregados que não vão conseguir acesso ao mercado de trabalho. Senão vejamos:
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A tabela é desanimadora. Como pode ser notado, a população da Bahia está situada em torno de 14 milhões de pessoas. Desse contingente, pouco mais de 7,1 milhões são os chamados economicamente ativos, isto é, aptos e querendo trabalhar. Mas na limitada economia baiana só há espaço para 6,5 milhões. Isto é, cerca de 700 mil pessoas que querem e podem trabalhar não conseguem emprego. Mas a estratégia principal do governo baiano é industrializar a economia. Parece que estamos na contramão total, mas infelizmente não é bem assim. Vamos entender isso melhor ao refletirmos: será que esse contingente de desempregados, tem preparo técnico necessário para a nova economia do século XXI? Uma economia marcada pela globalização e pela internacionalização das comunicações?
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As informações do grau de instrução da população baiana deixam qualquer economista estarrecido e o pior, sem solução de curto prazo para resolver esse problema estrutural. Mais de 35% da população baiana são analfabetos funcionais (isto é sabe ler e assinar o nome mas não consegue raciocinar o que lê e fala)! É muita gente! Como colocá-los no mercado de trabalho? Você contrataria para sua empresa, uma pessoa dessas? Pois é, os grandes empresários que têm investido na Bahia também não querem! E a tabela a seguir não deixa qualquer dúvida sobre a questão que estamos querendo enfatizar. Repare os dados propositalmente assinalados em vermelho. 30% da população economicamente ativa da Bahia, situada na zona rural é analfabeta. Se considerarmos aqueles que não têm sequer o nível fundamental completo, eles atingem 86% da população economicamente ativa da zona rural da Bahia. Só 3% dos baianos têm mais de 15 anos de ensino.
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Essa informação é relevante pois, quanto mais baixo o grau de instrução da população, menor o seu nível de renda. Então, você, quando formado, vai trabalhar num mercado limitado e bastante concentrador de rendas. Vejamos um pouco mais de perto alguns números que evidenciam quão limitada e concentrada é a economia da Bahia.
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Pelos números disponíveis na tabela, podemos ver que apenas três municípios (Salvador, Camaçari e São Francisco do Conde) respondem por cerca de 43% da economia baiana. A importante cidade de Feira de Santana só representa 3,8% da economia
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baiana. Dá impressão de que essa informação está errada, não é? Apesar de ser a “porta de entrada” da capital baiana, Feira de Santana, com tantos serviços, só pesa 3,8% do PIB baiano. Queria ser animador e dizer que realmente esse dado está incorreto, mas a verdade é que a economia baiana é a Região Metropolitana de Salvador. O restante da economia baiana é bastante pulverizado e sem grande expressividade. Vejamos um número ainda mais curioso.
Eu queria colocar numa só tabela um conjunto x de municípios de juntos chegassem a 1% do PIB. Mas não foi possível fazer isso, pois eu teria que somar a contribuição dada por 57 municípios. Isto é, dos 417 municípios da Bahia, os 57 mais pobres juntos
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mais pobres da Bahia e quase tomei um susto quando me propus a fazer um exercício.
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Nessa tabela, eu tentei montar uma estrutura que evidenciasse os municípios
não formam 1% do PIB do estado. Apenas como valor de referência, fiz esse mesmo comparativo com o estado de Minas Gerais que tem 853 municípios, isto é, o dobro da Bahia. O número deveria ser bem maior, não é? Mas não, para pegar os municípios mais pobres que representassem juntos, apenas 1% do PIB, eu só precisei, no caso mineiro, somar 17 municípios. Infelizmente moramos num estado pobre, de analfabetos em sua maioria, e grande concentrador de rendas, com uma enorme população desempregada e sem perspectivas de ingresso no mercado de trabalho local. Para finalizar esta aula, vejamos alguns mapas econômicos da Bahia segundo atividades econômicas. A legenda é a mais fácil possível: quanto mais marrom escuro, maior o desenvolvimento municipal. Do contrário, quanto mais amarelo e branco mais pobre é a região e menor a geração de renda. Vejamos os gráficos em sequência.
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Bahia, que ocupa 2/3 do território baiano, ou 70% da população. Retirando a Região Metropolitana de Salvador, é a região Oeste que tem destaque na produção do agronegócio e o extremo sul do estado que se destaca por conta da produção de celulose, quase a totalidade dos demais espaços apresenta atividades econômicas rudimentares, de subsistência e de baixa penetração no mercado internacional. Se analisarmos o mesmo mapa, só que agora analisando apenas os espaços do território que são mais industrializados, a concentração é ainda mais brutal e restrita à Região Metropolitana de Salvador, principalmente em função de Camaçari, onde está o Pólo Petroquímico, e São Francisco do Conde em função da refinaria da Petrobrás.
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Fonte: http://www.sei.ba.gov.br/
Esses mapas, assim como as informações contidas nas tabelas anteriores, não deixam a menor dúvida de que o processo de desenvolvimento econômico, efetivamente, não aconteceu na Bahia. O desenvolvimento, já definido em aulas anteriores, é um processo de transformação da estrutura produtiva de um determinado local em que, após esse processo, há uma melhoria na qualidade de vida da população deste local. O que nós observamos é que as políticas econômicas adotadas na Bahia, nos últimos anos, realmente geraram crescimento econômico, tanto sim que o PIB acumula ano após ano taxas positivas, muitas vezes superiores às registradas pela própria economia brasileira. Entretanto, não houve uma distribuição justa deste crescimento entre as mais longínquas áreas do estado. A riqueza concentrou-se basicamente em 20 municípios dos 417 municípios existentes. A maior parte desses municípios são pequenos e sem qualquer viabilidade econômica. Sobrevivem graças às transferências constitucionais, principalmente advindas
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da distribuição do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e o Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Nesses municípios, os pesos da administração pública e dos recursos do INSS (aposentadoria e pensões) são fundamentais para o giro dos negócios, pois a renda oriunda das atividades econômicas é extremamente pequena e quase sempre concentrada na produção da subsistência. Do ponto de vista dos serviços a atividade econômica na Bahia também é bastante limitada. Embora disponham de uma vasta possibilidade de exploração de atividades culturais, os governos da Bahia, erroneamente, sempre associaram turismo ao carnaval, o que jogou por terra possibilidades de desenvolvimento regional. Só agora, em pleno desenvolvimento do século XXI, é que começaram a se desenvolver alternativas de roteiros turísticos pelo interior do estado (principalmente pela costa do descobrimento), mas a exploração do chamado turismo de eventos ainda é bastante incipiente. Na contramão de nossas belezas naturais, estão a falta de planejamento do desenvolvimento, nosso limitado mercado interno, e o despreparo técnico e científico de nossa população, principalmente a do interior do estado. Com uma população despreparada para os novos desafios impostos pela globalização mundial e pelo atraso econômico e social que nós temos em relação aos centros mais desenvolvidos do país, que estão localizados no Sul e no Sudeste, cabe à Bahia, assim como ao Nordeste, um papel apenas secundário na dinamização econômica do país. Sem um planejamento do desenvolvimento, uma política de cunho
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nacional que repense os gargalos e os desequilíbrios das economias regionais, vamos continuar a depender de políticas assistencialistas e continuar elegendo os governantes que ao invés de defender uma reforma estrutural no país, continuam oferecendo para a população remédios apenas paliativos. Por isso, o tema de nossa aula é a fragilidade do desenvolvimento baiano, mas poderia ser perfeitamente a inexistência do referido processo. Agora que já estudamos as principais teorias e variáveis que interferem na dinâmica da economia, convido você a participar dos nossos fóruns propostos no AVA para discutirmos e debatermos sobre a Conjuntura Econômica na atualidade. Será fundamental compreendermos a Conjuntura Econômica Internacional e associá-la às possíveis repercussões para as realidades nacional e local. Este será o momento de empregar todo o conhecimento produzido ao longo da disciplina para analisar o contexto atual e melhor se preparar para tomadas de decisões estratégicas, seja como gestor governamental, empresarial ou mesmo consumidor.
SÍNTESE A economia baiana apresenta, em pleno desenvolver do século XXI, uma forte concentração espacial e setorial. Do ponto de vista setorial, sua atividade está concentrada na produção química e petroquímica, sobretudo por empresas fortemente ligadas ao mercado internacional como a Braskem e a Petrobras. Na pauta de exportações e importações do estado, os segmentos químicos e derivados sempre figuram como os mais importantes. Do ponto de vista espacial a economia baiana está concentrada em aproximadamente 20 municípios, que juntos representam mais de 80% do PIB do
mais de 50% das riquezas produzidas no estado. Do ponto de vista social, o estado apresenta problemas estruturais de difíceis
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Somente os municípios da Região Metropolitana de Salvador são responsáveis por
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estado. Apenas para lembrar, no total, 417 municípios compõem o estado da Bahia.
soluções. Uma taxa de analfabetismo muito alta e um grande desemprego de sua população. Segundo os dados do IBGE, somente em 2006 eram cerca de 700 mil desempregados. Objetivando mudar esse quadro e realizar um processo de desenvolvimento, o governo do estado “apostou” na estratégia de atração de investimentos industriais. Longe de alcançar o objetivo, que só pode ser feito com o apoio do governo federal e a criação de um projeto nacional desenvolvimentista, houve grande crescimento do PIB, mas não houve, nesse mesmo período, melhoria na qualidade de vida da população, que continua marginalizada, em sua grande maioria, e dependente de medidas assistencialistas, como os programas Bolsa Família, Vale Gás, etc.
QUESTÃO PARA REFLEXÃO Quais são os principais fatores que justificam o baixo dinamismo da economia baiana quando comparados com os principais centros, localizados nas regiões Sul e Sudeste do país?
________________________ ________________________ ________________________ LEITURAS INDICADAS ________________________ ________________________ PESSOTI, Gustavo Casseb. Uma leitura da economia baiana pela ótica do PIB – ________________________ 1975/2005. Revista de desenvolvimento econômico, Salvador, a. VIII, n. 14, p. 78-89, ________________________ jul. 2006. ________________________ ________________________ GUIMARÃES, José Ribeiro Soares. Panorama social da Bahia com base na PNAD ________________________ 2007. Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia. On-line, ________________________ disponível em: http://www.sei.ba.gov.br/index.php?option=com_content&view=arti ________________________ cle&id=303:panorama-social-da-bahia-com-base-na-pnad-2007&catid=3:destaques ________________________ ________________________ ________________________ SITES INDICADOS ________________________ ________________________ Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE): www.ibge.gov.br ________________________ Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI): www.sei.ba.gov.br ________________________ ________________________ ________________________ ________________________ REFERÊNCIAS ________________________ ________________________ ENCONTRO DE ECONOMIA BAIANA, 1, 2, 3 e 4. Salvador. Anais... Salvador: SEI, 2005, 2006, 2007 e 2008. 4 ________________________ CD-ROM.
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SUPERINTENDÊNCIA DE ESTUDOS ECONÔMICOS E SOCIAIS DA BAHIA. O PIB da Bahia: 30 anos em Análise. Série de Estudos e Pesquisas. Salvador: SEI, nº 72, 2006.
SUPERINTENDÊNCIA DE ESTUDOS ECONÔMICOS E SOCIAIS DA BAHIA. Economia Brasileira e Baiana no pósReal. Revista Bahia Análise & Dados. Salvador: SEI, nº 4, v. 16, 2007.
SUPERINTENDÊNCIA DE ESTUDOS ECONÔMICOS E SOCIAIS DA BAHIA. Revista Conjuntura & Planejamento. Salvador: SEI, 2008.
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