Unifatos 2016 2ª - edição

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MAIARA COELHO

Espelho, espelho meu!

Pais precisam saber agir com a vaidade infantil

RAFAEL ÓLIKA

Páginas 4 e 5

ESTÁDIO OLÍMPICO

Págs. 8,9 e 10

UNIFATOS

Jornal Laboratório elaborado pelo 3º ano do Curso de Jornalismo da Univel - ano XV - edição 76 - Junho 2016 LAURA SIQUEIRA

KAUANE OLIVEIRA

BR-163:

Rodovia da graduação THAÍZ BOURSCHEIDT

ENTREVISTA: “Confiança para superar a crise”, diz José Marion Charme & Lucro

Respeitável público!

Empreendedores apostam Entre malabarismos, em inovação comercial aplausos e longas viagens pela América do Sul

Página 3

Eles fazem o público sorrir a cada espetáculo, mas poucos conhecem o que enfrentam atrás das cortinas. Além do talento no palco, profissionais circenses convivem com a distância de casa e a vida turbulenta das turnês. Pág. 16

Pág. 11

Universitários de toda região têm Cascavel como referência em ensino superior e diariamente se deslocam pelas rodovias em busca de conhecimento. Uma das mais perigosas e em péssimo estado de conservação é a BR-163, que liga o País de norte a sul. A conquista da sonhada graduação envolve muito estudo e mais de cinco horas diárias de estrada: somadas, ao fim do curso, são cinco meses entre uma viagem e outra. Págs. 14 e 15


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Editorial

Dilma Rousseff é afastada por 180 dias do posto de presidente da República, pois o seu processo de impeachment foi aprovado pelo Senado por 55 votos favoráveis e 22 contrários. Uma maioria esmagadora que não era imaginada nem mesmo pelos nossos representantes políticos. A grave crise que afeta nosso País reflete em todos os setores e um deles é a educação. Nem todas as cidades têm instituições de ensino superior e as que possuem atraem estudantes de todas as regiões do Estado. Para que venham de pequenas cidades até as grandes é necessário que tenham conforto e segurança. No entanto, não é isso que nossos acadêmicos enfrentam diariamente pelas rodovias que ligam Cascavel aos demais municípios. O valor do pedágio para um ônibus nas rodovias do Paraná varia entre R$ 23,20 e R$ 56,40, dependendo da quantidade de eixos do ônibus em uma das principais rodovias federais: a BR-277. A administração é mantida por uma sociedade anônima, alvo de críticas populares, devido o alto valor cobrado nas praças. Também fica evidente a demora em atender anseios como a duplicação deste trecho até Curitiba. A conta gotas, as obras são executadas. Mas a arrecadação vem no sentido contrário. É como a própria estrutura do trecho: a pista simples só ganha novas pistas no ponto de arrecadação, na praça do pedágio onde estão as guaritas para o motorista pagar pelo serviço. A pergunta é: será que precisaremos privatizar todas as rodovias do Estado e pagar valores exorbitantes para termos segurança e trânsito seguro? Na contramão do cuidado com a BR-277 encontramos a BR-163, que deveria ser cuidada pelo Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes). No trecho paranaense o cenário é de total abandono e descuido com o patrimônio público. Caminhões transportam acima do limite permitido e o reflexo é a situação do pavimento. Buracos e mais buracos que transformam a rotina dos universitários em um caos. Além do alto risco de acidentes graves, ônibus quebram com frequência. Tem ainda o alto custo do transporte, arcado pelos estudantes que buscam um futuro profissional e também regional melhores. A rodovia passa por obras, consertos e início da duplicação. Mas a falta de cuidado é nítida, tanto que a cada remendo no pavimento, um novo buraco surge. A expectativa regional está relacionada a continuidade das obras, com a mudança governamental – o regime de Michel Miguel Elias Temer Lulia: político, advogado, professor universitário e escritor brasileiro, atual presidente interino da República Federativa do Brasil. É preciso cautela por parte dos novos gestores para que serviços importantes tenham continuidade e cortes a revelia não prejudiquem o futuro de quem busca o desenvolvimento de si e da sociedade.

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Opinião

Fies: o sonho que não pode ser interrompido Para milhares de brasileiros, o Fies (Financiamento Estudantil) é uma das poucas maneiras de se ingressar nas universidades particulares, na batalha pela conquista da graduação. O programa surgiu com intuito de financiar os estudos em instituições particulares em todo o País. Porém, engana-se quem pensa que é fácil conseguir esse benefício - cada dia mais escasso no Brasil. A redução de incentivo do Ministério da Educação impossibilita o ingresso e frustra sonhos. Muitos jovens querem entrar em uma universidade com o intuito de obter conhecimento, uma profissão e o sucesso na carreira. Mas onde está a ajuda que os jovens precisam? De onde deveria vir o incentivo vêm a desesperança, o mal exemplo de gestão pública e o sucateamento educacional. Não é possível atingir os objetivos profissionais sem ter a base específica para aplicar no mercado. Estamos caminhando para trás, em um percurso de enorme prejuízos à Nação. Em uma instituição de ensino superior de Cascavel, em 2014, foram 300 financiamentos. Em 2015 esse número caiu para 220 financiamentos e já em 2016 somente 112 estudantes que conseguiram o benefício. Pouco, muito pouco para quem quer crescer em um momento de crise. Nossos gestores públicos não sabem a diferença entre gasto e investimento. Em se tratando de educação, temos que oferecer mais oportunidades para que possamos ter a retribuição da formação de qualidade. Imagine-se trabalhando como estagiário - como muitos nos dias de hoje -, um salário que mal dá para se manter e ter que ajudar nas despesas da casa. Pagar integralmente pelo curso é totalmente inviável. Vivemos uma barreira imposta pelo Ministério da Educação que estanca o sonho do ensino superior.

Crítica

Artigo

Com esse sonho “impedido”, os jovens não conseguem conquistar autonomia econômica para que possamos dar um passo na sociedade. Resta viver na dependência dos pais e da sociedade: a marginalização do jovem que além de enfrentar as barreiras do mercado de trabalho, ainda tem que enfrentar os efeitos da crise econômica. Nós – jovens – somos submetidos a prisão da ignorância. Não há como olhar para frente, para o futuro, se estamos, cada vez mais, presos ao passado. Será que voltaremos duas décadas, onde as pessoas que cursavam um ensino superior particular, ou nasceram em berço de ouro ou tiveram a sorte – após anos e anos de cursinho e ensino privilegiado em escolas particulares – passaram em uma universidade pública? O passado está voltando, o que acarreta na falta de incentivo ao desenvolvimento intelectual. Com essas medidas, há um forte indício de que o governo estimula a ignorância popular para que tenhamos um País mergulhado no passado. Devemos lutar para manutenção desse sistema que tem ajudado muitos estudantes que sempre sonharam com a graduação e não tem condições de adentrarem em uma instituição de ensino. Regredir, nunca. Não é possível tolerar calado o que é uma conquista. Somos jovens que sonham e precisam de incentivos. O Fies deve ser expandido e não limitado. Enquanto tivermos gestores que tratam educação como um custo viveremos na marginalidade de uma sociedade ignorante e sem direitos. Enquanto houver conhecimento, haverá resistência aos limitadores da educação nacional. Gabriel Turatto, acadêmico do 3º ano de Jornalismo.

Mogli: O Menino Lobo: Mais que um filme, uma poesia

Em 2010, quando o filme Alice no País das Maravilhas - do diretor Tim Burton - chegou aos cinemas e faturou um bilhão de dólares em todo o mundo, a Walt Disney Pictures viu ali que os filmes baseados em seus clássicos seriam uma verdadeira mina de ouro. Nos anos seguintes chegaram ao público Oz: Mágico e Poderoso (James Franco - dando vida ao um ilusionista), Malévola (Angelina Jolie - vivendo uma bruxa magoada), Cinderela (Lily James interpretando uma princesa mais forte e realista) e neste ano fomos premiados com Mogli: O Menino Lobo (Estados Unidos, 105 minutos). O primeiro fator relevante na tela é o ator que interpreta Mogli: o jovem Neel Sethi - única atuação live action - ator em carne e osso. Em segundo são os efeitos especiais. O filme custou US$ 175 milhões e podemos ver que foram bem gastos, pois o realismo, os detalhes e as expressões faciais dos animais essenciais na narração - são espetaculares. O filme, como toda megaprodução da Disney, tem uma mensagem. Neste é valorizar a família, preservar os amigos e a natureza. O longa metragem narra como o homem pode fazer mal a um animal irracional e deixar uma marca profunda, provocando a intolerância, o ódio e a vingança, temas muito presentes nesta obra e na sociedade atual. Na versão em Inglês, os animais tiveram a dublagem dos atores Bill Murray (o urso Balu), Ben Kingsley

(a pantera Baguera), Idris Elba (o tigre Sheri Khan), LupitaNyong’o (a loba-mãeRaksha), Giancarlo Esposito (o lobo-pai Akera), Scarlet Johansson (a serpente Kaa) e Christopher Walken (o orangotango Rei Louie). Na versão em Português, tão bom quanto em Inglês, os animais tiveram a dublagem dos atores Marcos Palmeira (o urso Balu), Dan Stulbach(a pantera Baguera), Thiago Lacerda (o tigre Sheri Khan), Júlia Lemmertz (a loba-mãe Raksha), Dário Castro (o lobo-pai Akera), Alinne Morais (a serpente Kaa) e Thiago Abravanel (o orangotango Rei Louie). É um filme que vale o ingresso, a pipoca e o refrigerante!

Felipe Barossi, acadêmico do 3º ano de Jornalismo.

Quem somos Univel (União Educacional de Cascavel) - Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas de Cascavel. Avenida Tito Muffato, 2317 - Bairro Santa Cruz. CEP: 85.806-080 - Cascavel - Paraná. Telefone: (45) 3036-3636. Diretora Geral: Viviane Silva. Unifatos. Jornal laboratório elaborado na disciplina de Técnicas de Reportagem, Entrevista e Pesquisa III do curso de Jornalismo. Coordenadora: Patrícia Duarte. Professor orientador: Josimar Bagatoli. Acadêmicos (textos e fotos): Aline Gabriela Redel, Beatriz Ebbing, Bruno Rodrigo, Felipe Barossi, Gabriel Turatto, Ismael Elias, Kauane Oliveira, Kelly Rocha, Keslyn Oliveira, Laura Siqueira, Maiara Coelho, Michelli Lazzeri, Natielle Kaiomi, Paulo Eduardo, Rafael Ólika, Tamitsa Sendoski, Tatiane Thomazini, Thaíz Bourscheidt. Diagramação: Kauane Oliveira e Michelli Lazzeri. Projeto gráfico: Josimar Bagatoli. Tiragem: 1 mil exemplares. Impressão: Jornal O Paraná. E-mail para contato: unifatos@univel.br


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EMPREENDEDORISMO

Cascavelenses mostram como o “plano B” se tornou o principal e as adaptações feitas em meio a crise

Quando a segunda opção vira a primeira para chegar ao topo

E

m tempos de crise, abrir um negócio pode ser o título de um filme de terror. Juros altos, quedas nas vendas e o aumento na probabilidade de falência são apenas alguns dos aspectos temidos. Contudo, em face ao atual cenário econômico do País, muitos empreendedores têm adotado estratégias para conseguir driblar a crise com habilidade, inovação e espírito administrativo, que é o caso da advogada Amanda Machado. Natural de Assis Chateaubriand e moradora de Cascavel há quase dez anos, tornou-se reconhecida por seu talento: produção de acessórios finos. Iniciar um negócio requer observação do mercado e criatividade. Para lançar algo novo e criativo a advogada, e atual designer de joias, apostou em inovação. Com apenas R$50 deu início em ao projeto de criação de bijuterias, sem saber que se tornaria um sucesso. Amanda que almejava advogar encontrou nas mídias sociais uma forma de impulsionar o que a princípio era para ser apeAmanda Machado, empreendedora de acessórios nas uma fonte de renda extra: “Sempre sonhei ser adque largou a profissão de advogada vogada. Contudo, quando me formei levei certo tempo para passar no exame da OAB [Ordem dos Advogados do nico na Band, Nicole Bahls, usam e divulgam a marca que Brasil], e enquanto eu não podia advogar precisava en- já conta com dois pontos no Paraguay, dois nos Estados contrar uma forma de ajudar meu marido nas despesas Unidos e um na Austrália. “Atualmente meu marido lardomésticas. Foi então que ele me emprestou R$50 para gou sua carreira e me ajuda com a loja na parte adcomprar as primeiras peças que eu criei e divulguei, na ministrativa. Ao todo estamos em sete pessoas aqui no época no Orkut.” Atualmente a empresaria divulga sua atelier, e temos planos de criar uma loja física aqui em Cascavel, a fim de que ela se torne marca em uma página no Facebook e uma loja modelo com o nome da marno Instagram. Além disso, ela salienta ca”, aponta Amanda sobre os planos que nunca exerceu nenhum curso para para o futuro. a produção das peças, mas que sempre procurou manter-se atenta as tendênDOCE SUCESSO cias pela internet, como forma de cresA região Oeste do Paraná guarda cer e se consolidar. “Até eu me fixar no doces segredos de sucesso que consemercado passei por altos e baixos, tais Andria Castro, guem enxergar na crise uma oportunicomo problemas com fornecedores e a assistente do Sebrae dade de apostar em uma nova área. A análise correta do que realmente estaunião de duas administradoras com um va dando lucro para o que estava dando publicitário gerou “O Doce Segredo de prejuízo”, comenta. Além disso, a designer conta que a principal arma usa- Charllote”. Patricia Marcato, Kawana Lamboia e Gustada para se adaptar a crise e manter o reconhecimento vo Henrique Dalpare largaram suas respectivas carreiras com o público alvo foi a diversificação do material pro- para apostar na área de doces, a princípio produzindo duzido. “Buscamos atender a todos os públicos criando para festinhas de empresa, como lembrancinhas, e não peças maiores, como as tiaras e brincos”. A designer de é que deu certo? A empreitada rendeu encomendas nuacessórios chega a usar até duas mil pedras em seus aces- merosas, que fizeram com que os três se dedicassem a sórios que custam de R$20 à R$250, aproximadamente. produção de um espaço aconchegante e intimista a fim Atualmente ela já tem 70 pontos de vendas em todo o de atender todo o público. “A princípio produzíamos em Brasil. A modelo e assistente do programa Silvio Santos, casa, e com bastante dificuldade fazíamos os quitutes no Helen Ganzarolli, e a ex-apresentadora do programa Pâ- período da noite, para que conseguíssemos atender a deFOTOS:THAÍZ BOURSCHEIDT E NATIELLE KAIOMI

Ser determinado é uma característica que o empreendedor deve ter

Doce sucesso: Patricia Marcato, Kawana Lamboia e Gustavo Dalpare apostaram na ideia manda. Levou um mês para fosse possível lançar a loja física”, explica Patrícia, uma das sócias do café que costuma receber jovens e adultos durante as tardes, atraídos pelos doces oferecidos no café. Cada brigadeiro leva um segredo único e especial criado por eles.Para driblar o mercado competitivo, os sócios contam que buscam oferecer produtos autênticos e produzidos por eles mesmos. “Nada é terceirizado, além de cozinhar, nós inventamos nossas próprias receitas e testamos”.

Reportagem: Thaíz Bourcheidt e Natielle Kaiomi

Como se especializar? O Sebrae tem soluções específicas para micro e pequenas empresas e empreendedores que buscam abrir um negócio. Para quem deseja colocar uma ideia em prática, ele está disponível para orientar, com as principais informações quanto a clientes, fornecedores, concorrências e valores. Basta ir a unidade de atendimento que fica na Rua Vitória, 2.564 – Alto Alegre, Cascavel, Paraná, ou então entrar em contato através do fone (45)3321-7050.

COMO SER UM EMPREENDEDOR DE SUCESSO? Além de boa ideia, abrir o próprio negócio exige planejamento. Segundo a assistente de atendimento empreendedor do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empreas), Andria Castro dos Santos, para tornar-se um empreendedor é necessário buscar informações e auxílio, diante de uma crise o cuidado deve ser ainda maior. “É fundamental que se esteja reagindo de acordo com o mercado e em busca de inovação. Enquanto uns choram, outros vendem lenço e o empreendedor precisa aproveitar o momento para vender o que se destacará em meio a tantos outros no mercado”. Ela também comenta que é necessário saber explorar ao máximo as oportunidades. “Ser determinado, ter dinamismo, mostrar dedicação e otimização são apenas umas das características que o empreendedor deve ter.

É necessário que ele saia de sua área de conforto e planeje assumindo os riscos que devem ser calculados previamente”. Toda atenção é necessária em virtude ao atual cenário econômico. A economista Gressieli Fazoli alerta que antes de pensar em abrir um negócio é imprescindível investigar o setor o máximo possível. “Não basta ter espírito inovador e aversão ao risco. A informação total e maior possível ameniza o risco de falência nos primeiros anos de existência da empresa. Na crise surgem algumas oportunidades que se o empreendedor conseguir identificar vale a pena arriscar”, alerta a economista.


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COMPORTAMENTO

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Elas já aprenderam a pintar as unhas, vestirem-se como suas mães e se comportam como mulheres adultas

Crianças trocam bonecas pelas maquiagens

O

Pequena Miss

salto alto faz parte do imaginário de toda menina, que na infância, dá os passos atrapalhados sobre o calçado da mãe. A maquiagem do estojo guardadinha na bolsa é um verdadeiro parque de diversões. Bem que elas tentam, mas a coordenação motora não ajuda muito e o batom fica borrado. Tesoura então é um perigo em todos os sentidos! Priscila Galan tem cinco anos, já é vaidosa e tem a mãe como inspiração para se arrumar. “A minha mãe se maquiava, então eu também queria me maquiar. Ela fica mais bonita. No início eu só passava batom e ela fazia o resto”. A pequena tem preferência por batons fortes, vermelho ou rosa. Mas nem todos compreendem tamanha

vaidade e na escola aparecem as primeiras críticas, que Priscila não tem dentro de casa. “Um dia eu me maquiei para ir à aula e a professora brigou porque achou meu batom muito escuro, então não usei mais maquiagem na escola”. Os pais são as primeiras influências dos filhos e a partir das atitudes em casa moldam aos poucos seus comportamentos. Com apenas seis anos, Maria Clara Valões gosta de se maquiar e tem como incentivo a própria mãe que comprou um estojo de maquiagem só para a menina. “Aprendi a me maquiar olhando minha mãe. Ela que compra as minhas maquiagens e eu gosto de usar para sair. Também gosto de maquiagem fraquinha para ir à escola”. Além das maquiagens, Maria Clara é apaixonada

por botas de saltinho, ama estar com as unhas pintadas e costuma escolher as próprias roupas para sair. Adriana Melo, mãe da menina, afirma que desde bebê Maria Clara gostava de coisas delicadas, e “com o tempo começou a pegar as maquiagens e se rebocava toda, pois ainda não tinha noção de como se arrumar. Nunca briguei por ela ser vaidosa. Acho fofo porque é uma menina delicada que gosta de ser mulher. Tudo precisa ter cautela, e se eu proibir vou acabar criando um menininho. E não, eu quero uma menininha!”

Os concursos de beleza vêm crescendo no Brasil e sempre provocam discussões e críticas por parte de todos nós, afinal, por que meninas tão pequenas querem participar de concursos de beleza? Os concursos infantis são realizados com frequência em todos os estados do País e as crianças consideradas mais bonitas disputam o Miss Brasil Mirim. A cascavelense Isabely Eduarda de apenas cinco anos vem se destacando e já conquistou alguns títulos, entre eles estão: Pequena Boneca das Nações 2015, Miss Personalidade 2016 Cascavel, Princesinha do Mar (1° lugar no Paraná e 2° lugar no Brasil). Fora das passarelas a pequena é uma criança extrovertida. “Não tenho vergonha de desfilar, quando estou na passarela eu penso que estou passeando com meus pais. Só passo maquiagem quando vou desfilar”, conta Isabely. Gisele Francine, mãe de Isabely, relata que pelo fato de a filha ser menor de idade, é proibido ganhar dinheiro nos concursos, então ela recebe em roupas,

calçados e brinquedos. “Acredito que os concursos não prejudicam a vida da Isa, na verdade eles acabam acrescentando, pois ela acaba se amando um pouco mais. Existe o mundo do glamour, é claro, mas os concursos são realizados por meio de brincadeiras também”, explica a mãe da pequena Miss. Mas afinal, será que existe um limite para a vaidade infantil? Sim, existe! É necessário que a criança seja orientada desde pequena para o que é certo ou errado, o que é exagerado ou não, até porque todo exagero em nossa vida é prejudicial.“Existe o lado bom da vaidade que está ligado com o cuidado consigo mesmo, amor próprio, higiene pessoal. Essa vaidade é saudável e precisa ser colocada na vida das crianças, porém em doses homeopáticas para que ela não pule etapas da sua infância e entre em mundo adulto que ainda não a pertence, usando decote, salto alto, maquiagem exagerada e química no cabelo”, explica a psicóloga, Katieli Kiçula Constança.

Reportagem: Maiara Coelho


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Dia de Princesa Nos últimos anos o mercado de beleza só cresceu e a procura por salões especializados nessa área aumentou. Dados divulgados pela ABIHPEC (Associação Brasileira de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos) apontam que o segmento de cosmético infantil obteve um crescimento médio de 14% nos últimos cinco anos, alcançando faturamento de R$4,5 bilhões em 2014. O Brasil é líder em consumo de produtos para cabelo infantil, representando 24% do consumo mundial. Hoje, o País fica em segundo lugar no consumo mundial de cosméticos infantis. Dina Mara Lopes, proprietária de um salão infantil, explica como surgiu a ideia de investir em um salão.

Os pais devem impor limites à vaidade infantil

“As crianças têm medo de cortar o cabelo, e alguns cabelereiros não gostam de cortar o cabelo das crianças, pois dá um pouco mais de trabalho. Como eu cresci dentro de um salão de beleza, via necessidade de atender as crianças em um ambiente totalmente diferente”. Silvana Fátima dos Santos levou a filha de quatro anos pela primeira vez no salão infantil. “Salão de adultos é mais complicado, além do corte não sair de forma adequada para uma criança, eles não têm a paciência que os funcionários de um salão infantil têm. O valor é bem acessível e vale a pena. Minha filha ficou apaixonada, não quer mais sair daqui, se sentiu bem pelo salão ser de criança”, relata a nova cliente. A psicóloga Katieli Kiçula Constança acredita que os salões infantis não são prejudiciais para as crianças, pois geralmente são temáticos, com serviços personalizados, fazendo com que a criança sinta-se mais a vontade. Desde que usado com responsabilidade, bom-senso e limite, ela acredita que esse serviço seja interessante na vida da criança. Nem todos os pais apoiam essa ideia. “Eu não vejo necessidade de salão de beleza exclusivo para crianças. Acho isso uma forma de extorquir as pessoas, porque lá é tudo três vezes mais caro e as crianças não precisam disso”, afirma Adriana Melo. Não há como evitar que as crianças de hoje sejam bombardeadas com a ideia de que a felicidade está ligada à beleza e ao consumo. Atualmente o legal é ser

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bonito e vaidoso para ser bem-sucedido na vida. E é essa a ideia que elas recebem a todo tempo. “É necessário ficar atento com os programas de televisão que a criança assiste, pois a mídia tem uma influência muito grande nesse aspecto”, observa Katieli. Que as crianças de hoje são completamente diferentes das que fizeram parte da geração passada, todo mundo já percebeu. No entanto, essa vaidade desenfreada e a pressa de se comportar como um adulto vem preocupando (e muito) alguns pais. Afinal de contas, já tem muita menina por aí trocando a festinha de aniversário por sessões com várias amigas em salões de beleza. Lavagem, escova, penteado e unha feita. Serviços que antes eram desejados pelas mulheres, agora também são disputados por crianças. Alguns salões de beleza infantis se tornaram cenário para a comemoração de aniversário e as meninas podem ter seu dia de princesa na própria festa. “Aqui é um ambiente voltado apenas para elas, então podem correr, brincar, gritar, que ninguém vai reclamar. A questão da vaidade infantil varia de criança pra criança. Nós não podemos induzir elas a se maquiar. Quando tem algum evento, aniversário e a criança quer passar alguma coisa no rosto e na unha, a gente faz. Mas não fazemos aquela maquiagem diária”, afirma a empresária.

O uso excessivo e precoce de cosméticos na infância pode causar alergias e até queimaduras


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Ambas escolheram Pedagogia para formação e falam também da convivência com os outros universitários e professores FOTOS: KELLY ROCHA E TAMITSA SENDOSKI

Freiras universitárias destacam importância do ensino superior para vida religiosa E

nfrentar a sala de aula e a rotina de estudos é desafiador. Além dos livros, trabalhos e provas, as freiras da Congregação das Pequenas Irmãs da Sagrada Família se deparam também com a curiosidade dos demais acadêmicos. Maria Imelda Angst, 53, e Isabel Cristina Niedermayer, 24, cursam o primeiro semestre de Pedagogia. “É diferente para eles. Um aluno até questionou: Mas as irmãs estudam? Eu respondi: – Claro! Somos gente também [risos]. É diferente por ser raro ver religiosos indo estudar”, conta Maria Imelda. Ambas desde criança já tinham vontade de seguir a vida religiosa e sempre contaram o apoio da família. Maria Imelda entrou para convento com 25 anos. “Sempre tive esse desejo, mas o apego à família, a vida tranquila também impediam, mas depois que assumi fui a muitos lugares que me marcaram muito [...]. Trabalhei em um abrigo de idoso e agora em uma creche. É uma experiência bonita o que nós fazemos. Se fosse escolher nascer de novo, escolheria ser freira. Estou muito feliz e realizada na minha vocação”, conta. O apoio familiar também fez toda a diferença para Isabel Cristina. Por isso, aos 14 anos entrou para a vida religiosa. “Tenho mais quatro irmãos. A questão de participar da missa no fim de semana, rezar o terço junto à família contribuiu. Desde criança eu já queria ser irmã”. Ela ainda teve uma inspiração: outra freira. “Eu mal sabia falar e já gostava dela. Depois fui descobrindo que queria ser igual a ela na questão da alegria, o seu sorriso me cativou. Então falei assim: ‘também quero ser alegre como ela’.

Apesar de parecer inusitado, atualmente frei- que ninguém proíbe, mas se eu escolhi essa vida, não ras e outros membros eclesiásticos estão ocupando posso ir a qualquer lugar, porque se eu for as pessoas cada vez mais espaços nos ambientes acadêmicos. vêem a igreja. Além disso, muitos ambientes não con“Antigamente o religioso não estudava, mas hoje é dizem com a nossa forma de viver”, ressalta. preciso. Ele tem que saber também. Mas eu vejo um Regina Lúcia também é freira e atualmente cursa carinho e respeito muito grande nos alunos e profes- o 4º ano de Pedagogia na Univel. Diferente das outras sores. É uma região que tem esses valores católicos”, duas, que são facilmente notadas por usar o hábito completa Isabel Cristina. (vestimenta comum aos eclesiásticos), a estudante A colega de classe, Thais Regina, relata que a afirma que poucas pessoas sabem da sua vida reliconvivência tem sido incentigiosa. “Quando cheguei, não me aprevadora. “A gente sabia que ao sentei com irmã, mas como Regina, pois chegar aqui no começo do ano não queria que todos soubessem de reSe fosse nascer de teria alguma coisa diferente. pente, mas com o passar do tempo”. novo, escolheria Elas são ricas em conhecimenEm relação aos professores e conteúser freira. Estou tos e ajudam a gente bastante”. dos abordados, é necessário estar receptimuito feliz na A professora Janelucy Pevo a novos aprendizados. “Não me ofendo minha vocação nharvel, que ensina história para com os assuntos tratados, pois temos que a classe em que as freiras estão separar o que é cientifico e religioso. É matriculadas, afirma que se suruma questão de opinião”, conta Regina. Maria Imelda, freira de 53 anos preendeu com as novas alunas. A maior dificuldade por enquanto é “Quando eu entrei na sala, me asconciliar trabalho e estudo: situação sesustei. Elas são humildes, abertas melhante a de muitos estudantes.“Nós para o conteúdo. Por exemplo, quando faço alguma críti- duas não moramos no mesmo local, mas na minha ca ou abordo algum conteúdo envolvendo a Igreja Cató- rotina começamos a oração às 5h40. Temos os Sallica, vejo olhares se direcionando a elas, mas não estão mos, depois a meditação até 6h40. Então tomamos preocupadas. Nada mudou na maneira de dar aula”. o café e às 7h15 as crianças já estão chegando para A visão de conventos fechados, sem liberdade estudar. Trabalho em período integral até às 17h”, ou freiras reclusas ficou no passado. Como todas as conta Maria Imelda. Depois elas vêm para a faculoutras profissões, os valores e normas precisam ser dade onde estudam até as 22h45. respeitados. Por isso, Maria Imelda tem cuidado ao O curso foi escolhido devido ao trabalho exerescolher os locais que frequenta. “Tem muita coisa cido com as crianças. Geralmente o foco dos estudos é direcionado aos cursos com aplicabilidade em educação, pastoral, teologia, saúde, enfermagem e serviço social. Para ambas, o objetivo na faculdade não é apenas a profissionalização, mas principalmente o conhecimento. “Precisamos saber e entender a realidade para poder ajudar. Nosso objetivo como religião é ajudar pessoas, e nunca deixando de se dedicar aos estudos, pois mesmo que não tenha uma faculdade, nós estudamos muito em casa”, finaliza Maria Imelda.

Maria Inelda e Isabel Cristina buscam ampliar o conhecimento: ensino superior é o novo desafio

Reportagem: Kelly Rocha e Tamitsa Sendoski


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SOLIDARIEDADE

Há 44 anos abrigo acolhe idosos sem vínculos familiares em Cascavel e traz bem-estar para os moradores

FOTOS: BRUNO RODRIGO

Abrigo São Vicente de Paulo é exemplo de acolhimento a idosos O

envelhecimento mundial cresce ano após ano. No Brasil, isso já é uma realidade. Em 1940, os idosos eram apenas 2,5% da população brasileira, já em 2010, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 10,8% dos habitantes brasileiros já estão passando dos 60 anos. Em Cascavel, são cerca de 20 mil idosos, segundo os dados do último censo do IBGE. Com isso, a necessidade de abrigos vem crescendo a cada ano. Na cidade, o principal local de acolhimento é o Abrigo São Vicente de Paulo, localizado no Jardim Maria Luiza, que atende a 38 idosos, mas tem capacidade para 40. Fundado em 1972, o Abrigo São Vicente de Paulo acolhe idosos desde que estejam com vínculos familiares rompidos, fragilizados ou até mesmo por não terem em condições de permanecer com sua família. “O primeiro critério para acolher é que sejam idosos, sem vínculos familiares, ou que estejam rompidos. Pessoas que moram somente com sobrinhos ou outros familiares de parentesco distante” afirma Vanice Schaedler, assistente social do Abrigo. São 1 9 ho m e ns e 19 m u l h e r e s q u e v i v e m n o a bri go: 2 2 s ã o c a de i r a n t e s. S ã o 22 fu n ci o n á r i o s que z ela m pel o l o c a l , d e n t r e e l e s, e n fe r m e i r a s, fisi o ter a peuta s e c u i d a d o r a s. A l é m d i sso , médi cos v o l u ntá ri o s e e st a g i á r i o s d e cu r so s d a á rea d e s a úde v i s i ta m r e g u l a r m e n t e o l o ca l . “ Pesso a s qu e tê m v í n cu l o s fa m i l i a r e s e st r e i t o s só p o de m s e r a c o l h i d a s a t r a v é s d e o r d e m judi cial , a té po r qu e a g e n t e e st á co m u m demand a re pri m i da . ” co m p l e t a .

Idosos têm espaço para recreação e descanso no abrigo

Todos os acolhidos têm problemas de saúde e dependem de medicamentos diários. Para isso, o abrigo conta com uma farmácia, que recebe medicamentos doados. Celestrino Rodrigues, 78, é um dos idosos que reside no abrigo. Ele diz que o local traz paz. “Gosto muito daqui. É um local sossegado e que me deixa em paz. A gente luta pela vida e tem que continuar batalhando e aqui eu consigo fazer isso sem muitas complicações”. O abrigo recebe diversas doações, como alimentos, roupas e cobertores. “Recebemos muitas doações aqui no abrigo da própria comunidade. Não

precisamos pedir doações, temos uma credibilidade muito boa com a sociedade e com as empresas que nos auxiliam” conta Vanice. No entanto o local não se mantém somente das doações. Também são promovidos almoços a cada 45 dias pelos vicentinos, grupo católico representante de São Vicente de Paulo, que promove caridade e que faz parte da diretoria do abrigo. Além disso, há um convênio com a Prefeitura que repassa cerca de R$ 11 mil, no entanto o custo mensal se aproxima dos R$50 mil. “A Prefeitura nos ajuda com um dinheiro que não chega a R$300 por idoso, mas nos ajuda muito na manutenção,” completa.

Reportagem: Bruno Rodrigo

História do Abrigo O Abrigo São Vicente de Paulo é uma entidade sem fins lucrativos e que presta atendimento a idosos. Construído em 1972, o Abrigo funcionava como Departamento do Centro Social Nossa Senhora Aparecida, e passou a ser privado no ano de 1977. Hoje é administrado principalmente pelos vicentinos, grupo católico que tem como princípio a caridade. O Abrigo acolhe idosos que não possuem vínculo familiar. Para serem encaminhados para a entidade, os idosos passam por atendimento realizado no CREAS III (Centro de Referência em Assistência Social), onde há uma avaliação da situação do idoso. Após a aprovação, o idoso é levado para o Abrigo e acolhido. Aproximada-

Monumento de São Vicente de Paulo em frente a instituição que abriga idosos em Cascavel

mente 150 idosos já viveram no Abrigo, que tem capacidade para 40 moradores.


FOTOS: RAFAEL ÓLIKA

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ESPORTE Inaugurado em 1982, o Estádio Olímpico Arnaldo Busato passa por uma ampla reforma; equipe

Reforma do Estádio Olímpico renova

N

o primeiro jogo do Estádio Olímpico, Cas-

narrando o primeiro jogo, o primeiro gol perpe-

cavel e São Paulo fizeram a bola rolar du-

tuado nos anais e assinalado pelo jogador do São

rante 90 minutos. A equipe paulista saiu

Paulo Futebol Clube, Paulo César”.

fora de temporada de jogos e treinos, o local também é utilizado como palco de eventos, shows e cultos religiosos.

vencedora pelo placar de 1 a 0. O primeiro gol no

O estádio foi construído e administrado pela Prefei-

estádio foi marcado por Paulo César, que jogava

tura de Cascavel. Em sua planta original, a capacidade do

no São Paulo Futebol Clube. A derrota da serpen-

estádio era de 42 mil espectadores. Porém, no jogo inau-

Para os próximos meses, está prevista

te ficou na memória do jornalista e narrador es-

gural, o público foi de 45 mil pessoas. Recorde, que pro-

também a retirada dos portões de saída

portivo Edson Morais, que transmitiu o primeiro

vavelmente não será superado, pois pelas atuais regras

de emergência e de acesso ao estádio.

jogo do Olímpico pelas ondas da Rádio Colméia.

da FIFA (Federação Internacional de Futebol), o estádio

De acordo com o secretário de Esporte

comporta 30 mil pessoas sentadas.

e Lazer, Wanderley Faust, outras duas

Morais teve dois momentos marcantes da car reira de narrador esportivo. “Este foi o primeiro [inauguração do estádio], e o segundo momento foi a copa do mundo no México em 1986, que tive a honra de transmitir”. Atualmente, seus principais usuários são o CCR (Cascavel Clube Recreativo), e o FCC(Futebol Clube Cascavel), que este ano não pôde mandar seus jogos do campeonato paranaense série A devido a reforma do estádio, levando seu mando de campo para o Estádio 14 de Dezembro, em Toledo. Quando está

licitações serão para a compra e ins-

Após 34 anos, ele guarda boas lembranças daquela partida. “Foi um espetáculo grandioso, não apenas no aspecto arquitetônico, mas principalmente pela repercussão do evento. O foco da mídia nacional estava direcionado para Cascavel”, afirma Morais.

Ainda segundo o narrador, o estádio, na época, era um dos mais modernos do interior do Brasil, com boa iluminação, gramado, vestiários, saguão, drenagem e sistema de som. Quanto a participação da equipe de narração, Morais diz que foi uma transmissão inesquecível. “É sempre memorável ter contribuído com a história

ECONOMIA NAS OBRAS

talação de cadeiras para as arquibancadas e armários para os vestiários, além do sistema de som e monitoramento. Para a licitação das cadeiras, a Prefeitura optou por economizar. Serão compradas cadeiras que foram substituídas durante as obras nos estádios do mundial. Pelos cálculos do secretário de Esportes, cada cadeira custará no máximo

Empreiteira enfrenta atraso de repasses Desde agosto do ano passado, o Olímpico Regional passa por adequações. O custo da obra será de cerca de R$ 8 milhões. A maior parte do dinheiro, R$ 6,5 milhões, está sendo repassado pelo Ministério do Esporte, e o restante, cerca de R$ 1,5 milhão é contrapartida do Município. É válido lembrar, que desde o ano passado o governo federal não cumpre com o acordo e segue com atraso nas parcelas do repasse. Em novembro, para não paralisar as obras, a construtora continuou com a reforma usando recursos próprios. Após alguns meses, a dívida foi quitada, mas um novo repasse no valor de R$ 1,2 milhão está atrasado novamente. “Caso o governo federal não efetue o pagamento, desta vez as obras correm o risco de serem paralisadas”, afirma Araê Dalmina, engenheiro da obra e diretor da N Dalmina, construtora vencedora da licitação. A reforma conta com a retirada de cadeiras, remoção e substituição da parte da cobertura, que já está em fase de acabamento, instalação

de elevador e plataformas elevatórias, catracas eletrônicas, de sistema elétrico para sonorização, monitoramento remoto, cobertura dos bancos de reservas e proteção arquibancada coberta e piso emborrachado nos vestiários e túneis de acesso. Para o jornalista e narrador Edson Morais, essas adequações já deveria ter acontecido. “Eu não diria que veio em boa hora, diria que passou da hora, afinal é um patrimônio público que foi erguido por cada um dos contribuintes independentemente da esfera governamental”, comenta Edson. O solo do campo teve um tratamento especial e uma nova grama foi plantada, mas um problema na drenagem fez com que parte do gramado secasse. “Tivemos um problema com o gramado, e parte da grama teve que ser replantada”, explica o engenheiro. Outro ponto importante da reforma é o acesso aos cadeirantes, que terão um espaço adequado na área coberta e nas arquibancadas. Segundo o secretário de Esportes, Wanderley Faust, já estava na hora de uma reforma acontecer no Estádio Olímpico

pois as condições de segurança e acessibilidade realmente estavam ultrapassadas e impediam que grandes eventos acontecessem na cidade. “Após a reforma teremos condições para receber todo tipo de competição. Também vamos asfaltar o entorno do campo para que ali possam ser feitas competições do paradesporto”, comenta Faust. Para os próximos meses estão previstos a pavimentação do estacionamento e recape da pavimentação interna. Na calçada externa serão implantados blocos de paver, o que facilitará a caminhada dos visitantes.


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de reportagem do Unifatos foi atrás da história para saber qual a importância da estrutura esportiva

a esperança do futebol profissional

R$47, que se fossem novas cus-

FALTA DE APOIO

eventos. Em relação a renda, o valor arrecadado

tariam R$230 cada.

Um dos maiores problemas que os clubes de

será administrado pelos promotores dos eventos.

Serão adquiridos 22 mil assen-

futebol de Cascavel enfrentam é a falta de apoio

Gustavo Pyettro, jogador do CCR, também se

tos e ocusto da licitação chega a

financeiro dos empresários da cidade. Paulo Ro-

diz preocupado com a falta de apoio para os dois

R$1,045 milhão, a expectativa é

berto Bacinello, mais conhecido por Paulinho

clubes que representam a cidade. “Várias vezes nos

gerar economia no caixa do Mu-

Cascavel, ex- jogador e campeão do Parana-

deparamos com falta de campos para treinamento

nicípio. “A aquisição de cadeiras

ense de 1980 pela serpente, diz estar um pou-

e ônibus para viagens. Coisas simples mas que difi-

semi-novas terá um custo menor, e

co triste com o esporte cascavelense.

cultam o empenho de quem defende o esporte local

faremos uma economia de R$2,9 mi-

Segundo ele, o futebol local poderia estar me-

lhões, já que este valor não sairá do

lhor, pois a cidade tem uma boa estrutura, mas o ca-

sem obter lucro nenhum”, reclama o jogador. Segundo Paulinho Cascavel, a reforma estava na

caixa do município”, afirma Faust.

lendário estadual não está a favor. As equipes jogam

hora de acontecer. “É um patrimônio da nossa cidade,

Porém, se tratando de eco-

por três ou quatro meses e depois já são desfeitas e

e isso é importante porque grandes times irão jogar

nomizar, nem sempre o que está

os clubes precisam de dinheiro para manter. “Espero

aqui. A economia local pode ser beneficiada com a

previsto acontece. Segundo o

que algum empresário encare essa dificuldade e aju-

reforma”, ressalta Bacinello.

engenheiro, Araê Dalmina, parte

de com patrocínios para os clubes que representam

da grama que secou devido a um

a nossa cidade”, enfatiza Paulinho.

Segundo Araê Dalmina, as obras estão 70% concluídas, e a previsão de entrega da reforma é para o fim

problema na drenagem gerou um

Após a reforma, o Estádio Olímpico ainda será

de agosto. Mas ainda faltam outras adequações que de-

custo a mais ao ser replantada.

administrado pela Secretaria de Esporte e Lazer e

pendem de novas licitações, por isso o espaço só ficará

“Esse custo ainda não foi calcu-

será utilizado pelos times de futebol de Cascavel

totalmente pronto no fim do ano.

lado, mas assim que for finaliza-

no mando de jogos da primeira e segunda divisões

do será divulgado”.

do campeonato paranaense, além de locação para

Reportagem: Ismael Elias e Rafael Ólika


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“Espero que a reforma seja concluída com qualidade” G

ustavo Pyettro veio de Goiânia, Goiás, para de-

tório sujo e mal cuidado”, relata Gustavo.

fender as cores do CCR (Cascavel Clube Recre-

Segundo ele, uma cidade com 300 mil habitantes e

ativo), e há três anos mora em Cascavel. Vê a

com um dos maiores estádios do estado, não pode ter

readequação do Estádio Olímpico com bons olhos, e

seus representantes mandando jogos em cidades vizi-

segundo ele, a reforma serve como um recomeço para

nhas, por falta de liberação do bombeiro e da polícia.

o esporte na cidade. Servirá de referência como estru-

Ele faz uma crítica sobre a demora para con-

tura e principalmente na formação de atletas locais,

clusão e entrega da reforma. “É a terceira ou

que em muitas ocasiões desistem ou

quarta vez, desde que moro

procuram outras cidades por falta

aqui, que o estádio passa por

de estrutura dos clubes.

O futebol é nosso trabalho e o estádio é nosso escritório. E nada pior que você receber amigos e clientes em um escritório sujo e mal cuidado

Segundo Gustavo, a importância da reforma é grande, já que a cidade é polo para vários esportes, menos para o futebol. Levando em consideração que hoje existem dois clubes representando Cascavel no cenário estadual e nacional falta apoio. O jogador diz ainda que é inadmissível um estádio que está entre os três maiores do estado não ter

reformas e os clubes não podem utilizá-lo, pois as obras acontecem em época de competição e nunca são concluídas”, reclama o jogador. Segundo ele, as reformas servem apenas para enriquecer construtoras e políticos. “A obra que deveria ser entregue em abril já se alongou para setembro e com um adicional

a menor condição para a prática

Gustavo Pyettro, jogador do CCR

do esporte, com goteiras, 20 tipos de grama, vestiários em condições

muito maior que o previsto”, diz Gustavo. Ele ainda faz uma compara-

precárias e com água fria, cadeiras e cabines de im-

ção com o estádio de Goiás, em que a refor-

prensa depredadas e sem conforto algum para quem

ma foi concluída com um valor bem abaixo do

quer assistir e transmitir uma partida. “Espero que a

orçamento previsto para o Olímpico. “Morava

reforma seja concluída com muita qualidade para que

em Goiânia e o Estádio Serra Dourada, palco

os moradores e amantes do esporte tenham uma casa

de jogos do campeonato brasileiro séries A e B,

aconchegante para grandes espetáculos O futebol é

foi reformado com metade do valor do Estádio

nosso trabalho e o estádio é nosso escritório. E nada

Olímpico, e oferece conforto a todos que visi-

pior que você receber amigos e clientes em um escri-

tam a estrutura”, defende Gustavo.

Quem foi Arnaldo Busato? Arnaldo Faivro Busato

no de Jayme Canet. Com a frase, “Saúde não é

formação do Jornal O Paraná e também na

é natural de Jáu (SP), nasceu

um privilégio. É um direito humano” Busato e sua

transferência da propriedade do jornal, que

no dia 19 de maio de 1934.

equipe inovaram, realizando inéditas campanhas

era do então prefeito Jacy Scanagatta, para

Fomou-se em Medicina pela

imunizatórias por todo o Estado, como a da varío-

Emir Sfair e André Costi. Na inauguração do

UFPR (Universidade Federal

la, meningite, dentre outras, o que lhe renderam

jornal O Paraná, em 16 de maio de 1976, Bu-

do Paraná), em 1957, e no

vários prêmios por sua gestão.

sato representou o governador Jayme Canet

ano de 1962 ingressou na car-

Um fato que o destacou como secretário

Junior e declarou: “Agora, Cascavel pode

reira política, e com a quin-

da Saúde, segundo o historiador Alceu Spe-

solicitar à região sua propalada univer-

ta maior votação do Estado

ranza, foi o apoio a criação do HU (Hospital

sidade. Poderá mostrar e reivindicar o

elegeu-se

esta-

Universitário). “ O vereador André Wypych o

seu progresso, pois, para isso, O Para-

dual sem fazer campanha.

convenceu a apoiar o projeto de criação do

ná estará defendendo os interesses do

deputado

Em 1966 foi reeleito deputado, sendo

Hospital Regional de Itaipu [atual HU] em Casca-

Oeste”.

o mais votado. No mesmo ano assumiu

vel. O hospital estava projetado para ser constru-

A maior herança deixada com o

a Secretaria de Saúde no governo de

ído em Foz”, afirma Speranza.

nome de Busato está no Estádio Olimpico

Paulo Pimentel.

Regional, localizado em Cascavel.

Hoje, poucos lembram ou conhecem o

Já em 1970 foi eleito para a de-

nome de Arnaldo Busato, mas segundo Speranza,

Após 18 anos na política, com apenas 45

putado federal, novamente o mais votado

historiador e adversário de Busato na época, ele

anos, Busato foi vítima de câncer. A doen-

do Estado, reelegendo-se em 1974 para

era muito popular, e tinha uma capacidade enorme

ça o consumiu rapidamente, levando-o a

a Câmara Federal com impressionantes

de se comunicar com todas as classes sociais, prin-

óbito no dia 1º de março de 1980, deixan-

118.818 votos. Em 1975 retornou à Secre-

cipalmente com os mais humildes.

do uma lacuna difícil de ser preenchida

taria de Saúde, mas desta vez, no gover-

na politica brasileira.

Busato teve ainda uma forte influência na

ARQUIVO PESSOAL

Gustavo Pyettro, jogador do Cascavel Clube Recreativo, faz duras críticas a falta de incentivos ao futebol

ESPORTE


UNIFATOS | 11

CASCAVEL, JUNHO DE 2016. www.univel.br/_unifatos

ENTREVISTA

Economista José Carlos Marion esteve na Univel palestrando na 12ª Semana de Negócios

“Você dificilmente vai encontrar um contador ão”desempregado” de Direito do Largo São Francisco; participou em

de agosto de 1949. Graduado pela Faculdade de

mais de 150 bancas examinadoras e já orientou

Ciências Econômicas de São Paulo, da Fundação

mais de 80 alunos entre mestrado e doutorado.

Álvares Penteado, em 1973, formou-se bacharel em

Atualmente, além de consultor de empresas, é

Economia, e no ano de 1974 em Ciências Contábeis.

escritor na área contábil e financeira, palestrante,

No ano de 1992, Marion fez pós-doutorado no

professor

Kansas (EUA). E em 1994, foi professor titular

Contábeis e Financeiras), visiting professor da Florida

do Departamento de Contabilidade e Atuária da

Christian University, Orlando, EUA, professor da FCG

FEA (Fundação Educacional de Andradina) /USP

(Faculdade de Campo Grande) e presidente do IMEC

(Universidade de São Paulo), professor associado

(Instituto Marion de Excelência Contábil). Considerado

na

de

referência profissional para estudantes e profissionais

São Paulo) em 2000 e chefe do Departamento

da área de Contabilidade, José Carlos Marion esteve em

de

2004.

Cascavel na 12ª Semana de Negócios da Univel, evento

Possui em seu currículo mais de uma centena de cursos

organizado pelos cursos de Administração e Ciências

ministrados em institutos e empresas e introduziu a

Contábeis, onde falou sobre a importância da profissão,

disciplina Contabilidade Empresarial na Faculdade

empregabilidade

PUCSP

(Pontifícia

Contabilidade

da

Universidade FEA-RP/USP

Católica até

da

PUC/SP

(mestrado

profissional

e

em

crise

FOTO E ENTREVISTA: ISMAEL ELIAS E RAFAEL ÓLIKA

J

osé Carlos Marion nasceu em São Paulo no dia 9

Ciências

econômica.

“Sempre agradeço a Deus por ter me colocado no momento certo e na profissão certa”. Unifatos: Como iniciou seu interesse pela área contábil? Marion: O meu primeiro emprego foi em uma empresa de análise financeira. E quem diagnosticava as empresas eram contadores. Portanto, eu vi que os contadores eram uma espécie de médicos de empresas e isso me atraiu muito, examinar e diagnosticar empresas, dar receitas, direção, e isso me chamou atenção. Unifatos: Como o senhor vê a importância dessa área na sociedade? Marion: É fundamental porque você toma decisões em cima de dados contábeis. E isso é tanto para a pessoa jurídica, principalmente, quanto para a pessoa física, pois muitas pessoas descontrolam seu orçamento e seu fluxo de caixa, porque não têm uma base financeira em sua vida. A contabilidade fornece um banco de dados e informações que ajudam na gestão da pessoa física e jurídica.

Unifatos: Em 1992, o senhor foi para o Kansas-EUA, para fazer pós-doutorado na Kansas-University. O que encontrou de diferente que trouxe para o Brasil? Marion: Duas coisas basicamente: A primeira e mais importante para mim: atualmente eu sou professor da PUCSP e ministro uma matéria chamada Metodologia do Ensino da Contabilidade Fui ver como se ensinava contabilidade nos Estados Unidos, pois a contabilidade é muito árida de se ensinar. Trouxe métodos novos de ensino. E a segunda pesquisa foi exatamente na área rural. Fui ver o que eles estavam fazendo e tinham de avanço, e trouxe algumas coisas. Logo no início fiz um trabalho de como se fazia um fluxo de caixa para uma atividade rural e trouxe várias ferramentas de lá.

A contabilidade é uma profissão de empregabilidade 100%. Você dificilmente vai encontrar um contador desempregado ; na crise que nós vivemos, é uma profissão muito importante

Unifatos: Um dos seus primeiros livros foi na área rural, no ano de 1977. Por que foi escolhida essa área para ser estudada e virar parte de um de seus livros? Marion: Na época eu era professor de Administração, Economia e Contabilidade na USP e eu via muitos profissionais e empresários ir na Universidade em busca de informações contábeis e financeira na área rural. E nós, como uma universidade estadual, tínhamos que atender essa demanda, e eu vi que era uma boa área que eu poderia contribuir, desenvolver pesquisas e DIVULGAÇÃO

ganhar um bom dinheiro. E de fato, essa área foi uma bênção na minha vida.

Unifatos: Qual é o objetivo do IMEC (Instituto Marion de Excelência Contábil)? Marion: É a excelência da contabilidade. Nós fazemos auditorias, sugestões e avaliamos as instituições. Fornecemos um selo de qualidade para faculdades e cursos de Ciências Contábeis.

José Carlos Marion esteve na Univel para palestrar na 12ª Semana de Negócios empresários. O Brasil é um país empreendedor, por isso, os empreendedores precisam voltar a ter confiança no País, e isso realmente pode-se conseguir. Essa é a expectativa que nós estamos tendo agora. Unifatos: O senhor é visto como referência profissional para estudantes e profissionais da área contábil. Como se sente em saber que seus estudos contribuíram para a formação contábil? Marion: Eu sou cristão e em todas as minhas orações e agradeço a Deus por ter me colocado nessa profissão. A contabilidade se desenvolveu muito nos últimos 40 anos, então eu fiz parte desse desenvolvimento. Não porque eu seja melhor que os outros, mas era o momento, foi onde o Brasil começou a crescer economicamente, e a contabilidade só se desenvolve quando á crescimento econômico. A década de 1970 foi muito boa, com muito desenvolvimento e a partir daí passamos a ter padrões melhores de contabilidade, e felizmente nesse momento eu estava em ação e pude trazer essa contribuição. Mas sempre agradecendo a Deus por ter me colocado no momento certo na profissão certa.

O governo anterior perdeu a confiança, e um país só cresce se tiver reputação interna e externa

Unifatos: Sabe-se que a crise está afetando cada vez mais o setor econômico. Podemos esperar uma mudança nesse setor com a troca de governo? Marion: A curto prazo não há recursos. É como uma empresa sem caixa, uma família sem dinheiro e com dívidas. Para resolver isso, demora muito tempo. Eu creio que nós vamos ultrapassar as eleições de 2018 para depois começar a ter melhoras. Mas o caminho é bom, estou feliz com isso. Unifatos: Em sua opinião, qual seria a metodologia para driblar a crise? Marion: A metodologia é a confiança. O governo anterior perdeu a confiança e um país só cresce se tiver reputação interna e externa. O que nós precisamos é de investidores e

Unifatos: Uma mensagem para nossos estudantes, futuros contadores e administradores. Marion: A minha mensagem é especialmente para os estudantes de Ciências Contábeis. A contabilidade é uma profissão de empregabilidade 100%. Você dificilmente vai encontrar um contador desempregado, e no momento de crise que nós vivemos é uma profissão muito importante. Embora não seja uma profissão de grande destaque, mas tem um retorno financeiro muito grande. Tem um professor na USP, que é muito meu amigo, e ele sempre diz o seguinte: Você nunca vai encontrar um contador pobre. Isso diz tudo sobre nossa profissão.


12 | UNIFATOS LEGISLAÇÃO

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Até o momento, só um comerciante conseguiu alvará para exercer a profissão de acordo com as exigências

Comércio ambulante sofre com exigências O

hoje vereador pelo PDT, que apenas detalhou o documento, e de acordo com a legislação, Dauri teria que deixar o ponto. O ambulante o desafiou. “Eu não saio [do local]! E não vou parar. Sou um ser humano, tenho direito de sobreviver da maneira que escolhi, trabalhando honestamente de camelô”. Dauri ignorou a notificação e foi surpreendido com a ação dos agentes que recolheram toda a mercadoria. Desolado, deu início a um protesto. Fez greve de fome durante aproximadamente 84 horas. Para continuar as atividades Dauri precisou da assinatura dos proprietários das lojas próximas da sua barraca, comprovando a autorização para comercializar no local. “Para mim foi gratificante. Eu e minha esposa sofremos muito na época, mas valeu a pena. Consegui recuperar a mercadoria e voltar a vender, mostrando meu direito de cidadão dessa maneira”.

“Vamos lutar por mudanças, para que a lei volte a ser como era, sem prejudicar o povo da rua”

BEATRIZ EBBING

s vendedores ambulantes são importantes para economia das cidades. Eles distribuem bens e serviços acessíveis, oferecendo aos consumidores opções de varejo convenientes e baratas. Sempre foi comum ver esses profissionais autônomos no Centro de Cascavel. Uns ficam sentados em uma cadeira ao lado de seus produtos, outros em pé oferecendo sua mercadoria para quem ali passar e também têm aqueles que ficam perambulando em busca de novos compradores. Apesar de ser fundamental para a economia do País, a profissão ainda passa por muitos desafios. Novas exigências da lei municipal e as obras do PDI (Programa de Desenvolvimento Integrado) têm dificultado o trabalho. Dauri Guedes, 58, sempre trabalhou na roça, mas quando o corpo não aguentou mais tanto esforço decidiu sobreviver do comércio. Com ajuda da esposa, ele vende produtos agrícolas há 17 anos em uma barraca fixa, no cruzamento das ruas Souza Naves e Rio Grande do Sul, no Centro de Cascavel. Dauri ficou ainda mais conhecido na cidade ao fazer uma manifestação inusitada: uma greve de fome. Em 2011 o comerciante recebeu uma notificação da Prefeitura determinando a retirada da barraca do local, em um prazo de trinta dias. “Eu não acreditei, achei que era algum errado do setor de fiscalização”. Ele foi em busca de esclarecimentos na Secretaria de Finanças, na época comandada por Luiz Frare,

Legislação garante direitos aos vendedores nas ruas de Cascavel Quando a discussão do projeto de lei teve início, em 2013, não oferecia direito aos comerciantes de rua, apenas aos carrinhos de lanche. Uma emenda parlamentar incluiu os camelos, garantindo participação na Coplaa (Comissão Permanente de Licença para Atividades Ambulantes). Sancionada em 2014, a lei do comércio ambulante regulamenta a profissão. Considera-se comércio ambulante a atividade temporária, lícita, varejista e geradora de renda, exercida por pessoa jurídica ou física, de forma móvel ou itinerante, mediante licença

expedida pela Secretaria Municipal de Finanças. É proibido o exercício do comércio ambulante fora dos horários e locais demarcados pelo município. A multa para quem descumprir a lei é de dez UFMs (Unidades Fiscais do Município), dobrando de valor em caso de reincidência. “Todos os trabalhadores deste ramo devem estar devidamente cadastrados na Prefeitura, conforme a legislação”, afirma a secretária de Finanças, Sônia Klann. Para melhor atender a comunidade, os trabalhadores devem estar identificados e possuir um alvará de funcionamento, caso contrário, o ambulante

Obras do PDI dificultam trabalho

As obras do PDI (Programa de Desenvolvimento Integrado) fazem parte do maior projeto de mobilidade urbana e de transportes do interior do Paraná. Iniciaram em maio de 2015, viabilizadas com recursos do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) por meio de um empréstimo de U$ 28,7 milhões. A previsão é que as obras durem cinco anos. O foco é a revitalização da Avenida Brasil, com previsão de término em dezembro deste ano. Com isso, muitos vendedores tiveram que se deslocar e alguns optaram por encerrar as atividades temporariamente. “Fechei

o lanche por enquanto. As obras seguem e a gente fica sem ganhar dinheiro, é o preço que temos que pagar por melhorias”, desabafa Simone Alamo, proprietária de um carrinho de lanche. O secretário de Planejamento, Alessandro Lopes, informa que estão em busca de uma solução. “Com relação à Avenida Brasil, os vendedores ambulantes não podem ficar no canteiro central, está em análise a possibilidade de que os mesmos possam permanecer nos alinhamentos prediais, ou seja, na linha divisória entre o lote e a via pública”.

corre o sério risco de perder toda a sua mercadoria durante uma fiscalização. A lei está em vigor há aproximadamente dois anos. Na prática, só existe um ambulante cadastrado de acordo com as exigências. “A fila de espera é grande, até o momento só um alvará foi liberado” confirma Sônia. Algumas adaptações interferem na agilidade do processo. A lei foi regulamentada, isso demandou muito estudo e tempo, com os novos ajustes os processos precisam passar por vistorias para obtenção de pareceres necessários para embasamento da análise da Coplaa. O presidente da Coplaa, Leonir Cruz, e representante da Associação dos Vendedores Ambulantes de Cascavel, explica que a maior dificuldade é a falta de documentos. “A comissão avalia minuciosamente cada pedido de alvará e verifica a documentação exigida. Muitos vendedores estão com documentos pendentes, e cada um precisa fazer a sua parte, tanto a vistoria quanto o comércio ambulante”. É necessário um parecer técnico das secretarias de Planejamento, Finanças, entre outros setores para o protocolo dos pedidos e por fim deferimento ou indeferimento por meio de análise da Coplaa. Dauri Guedes, ambulante, reclama da documentação, e segundo ele, não depende apenas do comprometimento dos ambulantes e sim da exigência da assinatura do proprietário do imóvel disponibilizando a utilização do local. “Antes só pediam a assinatura do proprietário das lojas, agora querem a assinatura do proprietário do imóvel que na maior parte dos casos nem mora aqui. Essa é a grande dificuldade, mas vamos lutar por mudanças, para que a lei volte a ser como era, sem prejudicar o povo da rua”. Reportagem: Beatriz Ebbing


UNIFATOS | 13 FOTOS: GABRIEL TURATTO

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Expectativa! A Univel está com mais um curso para o próximo semestre. A primeira turma de Engenharia Civil está para chegar. Para fazer a matrícula, basta se inscrever no Vestibular de Inverno pelo site ou pelo telefone 0800 600 3636. Agende o melhor dia e realize a prova. Depois é esperar o resultado da seleção e fazer a matrícula na secretaria acadêmica!

ÁGUA NA BOCA:

Maria Letícia Linzmeier, Lucas Naoto Maruyama e Edilaine de Gois preparando um strogonoff de nozes com praline e biscoito.

Giro Universitário

MÃO NA MASSA:

Lais Giacomini do 2º ano de Gastronomia em aula prática

Eliane Biernaski, do 4º ano de Ciências Contábeis, em consulta ao acervo da nova Biblioteca

Carolina Manica do 2º ano de Pedagogia na nova biblioteca Desde o início da civilização, ele é adorado como um deus. Apocalypse, o primeiro e mais poderoso mutante do universo, acumulou os poderes de muitos outros mutantes, tornandose imortal e invencível. Ao acordar depois de milhares de anos, ele está desiludido com o mundo em que se encontra e recruta uma equipe de mutantes poderosos, incluindo um Magneto desanimado, para purificar a humanidade e criar uma nova ordem mundial, a qual ele reinará. Como o destino da Terra está por um fio, Mística, com a ajuda do Professor X, deverá levar uma equipe de jovens X-Men para conter o seu maior inimigo e salvar a humanidade da completa destruição.

O aroma das refeições perfuma os corredores da Univel. Endrio Jivam do 2º ano de Gastronomia em meio as panelas da cozinha da faculdade


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CAMINHO DA FACULDADE

Acadêmicos passam mais

Cinco meses de ônibus FOTOS: LAURA SIQUEIRA

U

m longo percurso para estudar é enfrentado por milhares de estudantes que têm Cascavel como polo universitário. E tem quem venha de longe, todos os dias, para conseguir a sonhada graduação.

O acadêmico de Gastronomia, Lucas Kultz, 22, vem de Realeza e viaja 200 quilômetros por dia para estudar. “Não tenho tempo para ler todo material. A estrada é muito ruim, toda esburacada, e ainda por cima, por causa das obras, chego atrasado à aula”. Se levarmos em consideração as quatro horas de viagem por dia dos estudantes para chegar até a faculdade, em um mês o tempo equivalente é de 80 horas: três dias e meio. Em um ano são 40 dias dentro de um ônibus. No fim do curso, caso seja de cinco anos, como por exemplo, o curso de Direito, são 200 dias ou seis meses para concluir a graduação. Essa é apenas mais uma das dificuldades enfrentadas pelos acadêmicos em busca

Obra é realizada no trecho entre Capitão Leônidas Marques e Santa Lúcia

Nelso Ferrom faz o mesmo percurso há um ano e meio

da formação no ensino superior. Quem vem de fora tem ainda pela frente os riscos do trânsito e as péssimas condições das rodovias. A BR-163 está há anos em uma situação precária. Além de buracos, não há sinalização, principalmente nas curvas perigosas, muito menos fiscalização para coibir os abusos dos motoristas e limitar o transporte de cargas. O trecho que liga Cascavel ao distrito de Marmelândia já foi palco de muitos acidentes devido à imprudência

Depois da longa espe BR-163 finalment Dificuldades

A duplicação da rodovia que liga o Brasil de norte

A acadêmica de Engenharia Civil, Franciane Pedron, 21, vem de ônibus há dois anos de Realeza

a sul finalmente está em andamento em dois trechos do

para Cascavel, em um percurso que demora quatro horas - somando ida e volta. A acadêmica

Oeste do Paraná. As obras são realizadas pela Construtora

reclama das dificuldades de estudar fora de sua cidade. “Fico muito tempo dentro do ônibus, não

Sanches Tripoloni e pela Maia Melo Engenharia, pelo valor

consigo estudar e também não me possibilita trabalhar no que eu quero, por causa da hora que

contratado de R$ 579 milhões. Até o momento foram gastos

saio da cidade. É muito transtorno”.

mais de R$ 30 milhões, entre Cascavel e Marmelândia, e

Assim como a maioria das cidades da região, a Prefeitura de Realeza repassa um auxílio-transporte aos acadêmicos, com recursos próprios e também uma contribuição do Governo do Estado. Franciane também conta que escolheu Cascavel pela estrutura da faculdade, mas afirma que mesmo com as dificuldades não pretende se mudar de Realeza. “Optei por estudar em Cascavel pela estrutura ser melhor do que [Francisco] Beltrão que é mais perto, mas não venho morar aqui porque terei mais gastos”. Juliano Simon, 29, acadêmico de Direito, morava em Planalto e conta que só depois que saiu da

de Toledo a Marechal Cândido Rondon. Segundo o vice-presidente da Faciap (Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Paraná) e diretor para assuntos estratégicos da Caciopar (Coordenadoria das Associações Comerciais e Empresariais do Oeste do Paraná), Sérgio Antonio Marcucci, no projeto da rodovia não está inclusa a implantação de um pedágio.

cidade a Prefeitura entrou em acordo para beneficiar os alunos que estudam em Cascavel. “Demorou

No ano passado, Marcucci foi a Brasília com representantes

muito para sair do papel, estava só em projeto e passaram por uma votação que levou muito tempo

e líderes empresariais da região Oeste do Paraná reivindicar

para finalizarem.” O estudante diz que o valor da ajuda é de R$60 por mês, e que os responsáveis pelo

por melhorias na BR-163. Falaram com o ministro dos

auxílio não conseguiram uma aprovação para fazer a diferenciação de verba na distância dos lugares, é

Transportes, Antonio Carlos Rodrigues, e manifestaram

igual para todos. “Eu acho injusto isso, quem vai estudar em Realeza ganha a mesma quantia de quem

a indignação com a demora na duplicação. “Isso é uma

estuda em Cascavel, deveria ser uma distribuição de acordo com a distância.”

sacanagem com a nossa região”, relata Marcucci. Ele


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de quatro horas por dia na estrada para estudar em Cascavel

até a graduação de caminhoneiros, pela falta de placa e iluminação na estrada. A distância de Realeza a Cascavel é de 100 quilômetros, e muitos motoristas correm o risco de perderem suas vidas por não existir adequações. O caminho mais longo percorrido é dos acadêmicos que vêm de Capanema; são 121 quilômetros de periculosidade enfrentada todos os dias. A expectativa é de que a estrada tenha mais sinalização e que também não tenha mais buracos. Nelso Ferrom, 51, é motorista do ônibus universitário que traz alunos da cidade de Realeza para Cascavel. Ele faz o mesmo percurso de segunda à sexta-feira e reclama das péssimas condições da BR-163. “Como a estrada é cheia de buracos eu me preocupo com os alunos, porque às vezes não consigo chegar a tempo nos horários da faculdade”. O motorista ainda ressalta a ineficiência dos reparos realizados na rodovia no ano de 2015. “Tem trechos que foram reformados ano passado e está pior do que os que não foram, e para desviar dos buracos tem que entrar na outra faixa”. Para Nelso, a solução para o fim dos buracos e o aumento

Franciane Pedron encara quatro horas de ônibus todos os dias

Pavimentação antiga já passou por vários recapes que não resistiram ao movimento

da durabilidade da pista é a implantação de uma balança e melhorias na sinalização. Ele afirma que o fluxo de caminhões é grande, e em muitos casos, os motoristas carregam mais do que o permitido, devido a falta de fiscalização.

ra, duplicação da e sai do papel

Acadêmicos migram de cidade devido aos obstáculos enfrentados

ainda se sente inconformado com o descaso do governo em relação à lentidão das obras. “Pagamos um absurdo de impostos e não recebemos nada em troca”. Por enquanto, a obra está apenas no início, com serviços de remoção da camada vegetal e terraplanagem. A conclusão está prevista para 2018. O engenheiro subunidade do Dnit (Departamento Nacional

de

Infraestrutura

de Transportes), Adriano

Odilon, afirma que apesar do pedágio não constar no

É tanta dificuldade para estudar fora que muitos jovens deixam as cidades de origem, sem intenção de voltar tão cedo. O reflexo é o aumento populacional considerável dos polos educacionais. A acadêmica de Direito, Mariana Künzel, 18, morava em Pérola d’Oeste, e resolveu se mudar para Cascavel, devido a longa viagem para conseguir chegar a sala de aula. “É muito cansativo, são horas que não se aproveitam, não dá para estudar”. Ela também conta que era muito transtorno vir de sua cidade todos os dias. “Eu tinha que pegar carona e ir até Capanema para poder pegar o ônibus e vir para a faculdade”.

projeto, haverá a instalação da balança para a região

Mariana conta que decidiu vir morar para Cascavel para evitar transtornos e porque era perigoso

próxima de Quatro Pontes, na BR-467, e na BR-163 ainda

demais ir e vir todos os dias. “Como a estrada é ruim, o grande medo da minha família era esse, não

está sendo estudada. “Esta ainda não tem uma data para

queriam que eu ficasse todos os dias na estrada, principalmente em dias de chuva, por isso queriam

ser implantada, mas isso não impede de ser construída

que eu viesse logo para Cascavel”. Ela relata que no começo não queria trocar de cidade, mas quando

futuramente. A Polícia Rodoviária Federal pode, a qualquer

mudou de ideia teve apoio de sua família. “Como sou apegada a minha família, eu não queria sair de

momento, nas rodovias federais, fiscalizar o excesso de

casa logo, mas a minha cidade é muito pequena, não tem futuro, e eles me deram o maior apoio”.

peso dos veículos pesados através de conferência pela Nota Fiscal, independentemente de balanças”. Reportagem: Laura Siqueira e Paulo Eduardo

Juliano Simon, 29, é de Planalto. Agora reside em Cascavel. “Contando a hora que eu saia do serviço até chegar a faculdade e mais o tempo da volta dá umas seis horas perdidas”. Ele declara que estava ficando perigoso demais na estrada, pelo trecho ser ruim e pelo motorista aparentar sono durante a viagem, além do desempenho negativo em função da rotina cansativa. “Gastaria mais se continuasse naquela situação. Não estava rendendo no trabalho e nem no estudo, ainda mais agora que tenho TCC (Trabalho de Conclusão de Curso)”.


16 | UNIFATOS ENTRETENIMENTO

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Trabalhar no circo é sofrido, mas “com certeza, é mais glamour” diz Enrique Alvarado, funcionário do Tihany

O circo atrás das cor tinas V

ocê já parou para pensar na vida circense como 14. Então essa vida sozinha, já tenho há bastante tempo, profissão? Em temporada do Tihany Spetacular mas a vida circense é muito diferente, é bem legal.”, em Cascavel, fomos buscar relatos de pessoas conclui Bianca. Outro personagem que também nasceu que viram no circo uma opção de trabalho e com talentos artísticos nas veias foi Emiliano Friguglietti, estilo de vida. Na escuridão, caminhamos abaixo das 24, que atua como palhaço e cresceu no meio artístico, arquibancadas, até chegar à escada que dá acesso ao ao qual, sua paixão é o palco. palco, observamos tudo que está por trás das cortinas, Em contrapartida, existe também quem leva essa o corre-corre nos bastidores, do que podemos citar como vida como uma profissão como outra qualquer. Nada de uma fábrica de encantos e magia. paixões pelo público ou sonho de ser A “agitação” é perceptível. circense. Com formação em Jornalismo O espetáculo depende do e especialização em Relações Públicas, comprometimento de todos, a fim de Enrique Alvarado, 40, é de nacionalidade encantar o público. Mas não estamos mexicana, responsável pelo marketing aqui para falar do espetáculo. O do circo há três anos e meio. Ele diz objetivo é ir mais além de shows que trabalhar no circo é sofrido, mas musicais, malabarismo ou mágicas “com certeza, é mais glamour”. O incríveis. O que dá sentido a decisão preconceito com o circense ainda daqueles que optam por seguir a vida existe, e foi com detalhes que Alvarado circense? Seus corações levam a uma expressou sua experiência em relação profissão, ou existe algo a mais no que a esse preconceito. “O preconceito é estão executando?! bem variado. Começa quando chego a Os profissionais que cuidam da uma cidade e falo: sou do circo. O fato parte técnica e administrativa moram de falar ‘circo’ já gera um preconceito. no circo, em casas rodantes, que são Acham que você não vai pagar a mídia. Bianca Palheta, trailers equipados com a infraestrutura Acham que você vai fugir na metade da bailarina de 19 anos de uma casa, abrigando famílias com temporada. Acham que você tem um até quatro pessoas, já a atração espetáculo ruim. Acham que a estrutura artística com 40 pessoas reside em hotéis. A maioria dos é ruim. Acreditam que você não vai ter umas poltronas funcionários é multifunções, desde a venda de pipoca confortáveis. Recebemos muitos idosos que chegam com até o auxilio a alguns artistas no palco, exceto os artistas almofada em baixo do braço achando que vão encontrar que concentram suas atividades no espetáculo. Quando o uma arquibancada de madeira. São coisas assim, e nas circo chega a cidade são abertas vagas para contratação questões circenses também, muitas pessoas não acreditam temporária como: orientadores de público, bilheteiros, na qualidade do show, dos figurinos”. seguranças, bombeiros, paramédicos, e montagem da Reportagem: Kauane Oliveira e Tatiane Thomazini estrutura, tendo uma média entre 100 a 200 pessoas que

Eu comecei balé com sete anos e sai de casa com 14. Então essa vida sozinha, já tenho há bastante tempo, mas a vida circense é muito diferente, é bem legal

FOTOS: KAUANE OLIVEIRA

veem no circo uma opção de trabalho. Conhecemos três meninas que transmitem um brilho no olhar enquanto a maquiagem é finalizada. Aryelle Freitas, 24, Victória Marinho, 21, e Bianca Palheta, 19, são as únicas bailarinas brasileiras que compõem a equipe do circo. Mesmo com pouca idade profissional já carregam consigo a dedicação e compromisso com a carreira, com a responsabilidade de uma vida independente. “Eu comecei balé com sete anos e sai de casa com

História do circo O circo como conhecemos hoje já tomava forma durante o império Romano. O primeiro a se tornar famoso tinha capacidade para 150 mil pessoas, tendo sua atração principal as corridas de carruagens, mas com o tempo foram acrescentadas as lutas de gladiadores, as apresentações de animais selvagens e de pessoas com habilidades incomuns, como engolidores de fogo. Com o fim do império dos Césares e o início da era medieval, artistas populares passaram a improvisar suas apresentações em praças públicas, feiras e entradas de igrejas, assim nasceram às famílias que viajavam de cidade em cidade para apresentar seus números cômicos, de malabarismo, dança e teatro. Mas foi só na Inglaterra do século XVIII que surgiu o circo moderno, com seu picadeiro circular e a reunião das atrações que compõem o espetáculo como acontece hoje. No Brasil, no século XIX, o circo apareceu com famílias vindas da Europa que se divulgavam em apresentações teatrais. As manifestações artísticas eram de acordo com a aceitação do público, o que não agradava, não era mais mostrada naquela determinada região. Algumas atrações foram adaptadas ao estilo brasileiro. O palhaço europeu, por exemplo, era menos falante, usando a mímica como base, já no Brasil, o palhaço fala muito, utilizando de comédia sorrateira, e também de instrumentos musicais, como o violão. O público brasileiro gosta das atrações perigosas, como os malabares em trapézios e domadores de animais ferozes.


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