Unifatos 2017 - 2º edição

Page 1

Foto: Everton Schmitt

Jornal Laboratório elaborado pelo 5º semestre do curso de Jornalismo da Univel - Ano XVI - Edição 81 - Maio 2017

DOSE DE MÚSICA:

UMA ALTERNATIVA AO TRATAMENTO DO AUTISMO População convive com falta de acessibilidade Pág. 06

Problemas de logística atrasam o crescimento da região Pág. 09

Os dilemas na duplicação da BR277, das obras de modernização do aeroporto e da falta de investimento na Ferroeste interferem em toda a economia regional. São empregos não gerados e empreendimentos perdidos.

Pág. 04 Tito Muffato: obras ainda não tem prazo para iniciar Pág. 12


2

Maio 2017

EXPEDIENTE Univel (União Educacional de Cascavel) - Faculdade de Ciências

EDITORIAL

A Bela e a Fera

Aplicadas de Cascavel. Av. Tito Muffato, 2317 Cascavel - PR. Fone: (45) 3036-3636 www.univel.com.br unifatos@univel.br

Direção Geral Viviane Silva Coordenadores Anderson Antikievicz Costa Rodrigo Cardoso Professor Orientador Josimar Bagatoli Editores Lyrian Prestes Periolo Natalia Paiva Reportagens e Fotografias Afonso Magalhaes Carlos Targa Daniela Cervi Débora Bernardo Débora Valdez Elesbão Everton Schmitt Fernanda Vieira Marques Guilherme Aldenucci Jader Milioransa Débora Dias de Oliveira Priscila Zulin Colognese Núbia Hauer Projeto Gráfico e Diagramação Diego Cavalcante Vitor Miekzikowski Impressão: Gráfica O Paraná S/A Tiragem: 1.500

Opinião Desculpe o transtorno, mas preciso (amos) falar sobre a depressão Natalia Paiva Precisamos conversar sobre depressão. Nos últimos dias o assunto que mais ouvi ser comentado foi esse. Sei dos motivos que levaram a isso, mas não tenho tanta certeza se as pessoas entendem sobre o que estão falando. Com o "Boom" da série norte-americana “Os 13 Porquês” e os recentes casos de adolescentes que participaram do “jogo” Baleia Azul, o assunto depressão voltou à tona, muitos preocupados, outros apenas afirmando que não passa de frescura. Mas será depressão uma doença ou mais uma forma de chamar atenção? Bem, não acho que 800 mil pessoas morreriam todos os anos por frescura. Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde) hoje no mundo

CRÍTICA DE CINEMA

Natalia Paiva

Cascavel não voa! “Deus não dá asas à cobra”. A expressão comum no ditado popular é muito pertinente para nossa cidade. De fato, Cascavel não voa: nem o animal rastejante e muito menos nosso aeroporto que não “decola”. Aviofobia é a denominação a fobia daqueles que tem medo de viajar de avião. Em Cascavel parece uma unanimidade: o medo não é do transporte aéreo, mas de seu próprio aeroporto. Apesar dos quase 40 anos de existência, o Aeroporto Adalberto Mendes da Silva ainda não agrada os passageiros. Com uma estrutura precária, valores elevados de passagens e viagens demoradas, muitos preferem manter distância ou procuram o aeroporto de Foz de Iguaçu para fazerem suas viagens. O aeroporto passa por obras de modernização e ampliação desde 2010, que ainda estão em andamento e tem o término previsto para 2020. Segundo uma pesquisa do Urban Systems, o aeroporto de Cascavel está entre os dez regionais com maior potencial econômico, e já está mais do que na hora de mostrar esse potencial. Infelizmente ainda teremos que aguardar a conclusão das reformas para vermos se Cascavel ganha uma estrutura aeroportuária à altura da cidade ou se vai ser mais fácil cobras criarem asas.

mais de 350 milhões de pessoas sofrem de depressão, sendo 11,5 milhões apenas no Brasil. Ainda segundo a entidade, o transtorno é o principal motivo de incapacidade e considerada por muitos o “mal do século”. Muitas pessoas não veem depressão como doença. Sempre escuto frases do tipo “Ah, ele só quer chamar atenção”, “É tudo frescura” ou ainda “é modinha, deixa que passa”. É a partir desse pensamento que muitas pessoas acabam se afundando ainda mais na depressão, pois elas têm medo de dizer como se sentem e de sofrer preconceito. Sentimento de culpa, incapacidade, tristeza, baixa autoestima, insônia, problemas de concentração, ansiedade e sentimento de vazio. Tenho certeza que identificou alguém com essas características. Saiba que são apenas alguns sintomas da depressão que chega sorrateiramente, mas que transforma a vida da pessoa em um inferno. Desde crianças até idosos, todos estão sujeitos a serem vítimas dessa doença silen-

ciosa, então não diga que é frescura. Frescura é não querer tomar banho na água fria, não comer a bolacha porque ela está quebrada ou não assistir filme legendado. Depressão é sim uma doença e não é de hoje. Presente quase que desde o início da humanidade, o transtorno tem sim tratamento, porém vai depender do paciente querer melhorar. Psicólogos e psiquiatras trabalham muitas vezes juntos para garantir um melhor resultado. E não pensem “psiquiatra é coisa de louco”, depressão não é loucura, além de ser um pensamento preconceituoso. O maior problema é que não damos a necessária atenção ao tema, podem ter certeza que logo irá aparecer um assunto para sobrepor “Os 13 Porquês” e a Baleia Azul e ninguém mais vai falar sobre isso, até porque a sociedade não sabe lidar com o que ela não pode ver. Para ela o que é invisível não existe. A questão é saber até quando isso vai continuar.

Prepare a pipoca, o refrigerante e os lencinhos (muitos) para assistir a Live Action de “A Bela e a Fera”. O filme que foi lançado recentemente é ideal para quem gosta de romance, musical e claro da Disney. O filme é extremamente fiel a animação de 1991, mas houve algumas mudanças, que deixaram o filme melhor. Por exemplo, a troca de alguns personagens caucasianos por atores negros, para muitos pode não parecer muita coisa, mas essas mudanças deixam claras as intenções do diretor em dizer não ao racismo. Segundo, a personagem de Bela, que no filme é interpretada por Emma Watson, segue a linha de pensamento da atriz, que dá a personagem uma maior liberdade e força. Por último e mais importante, o filme traz a questão da homossexualidade, que é tratada de uma forma delicada e sem preconceitos. Outro ponto forte foi a escolha do elenco, que parece ter sido feita a dedo. Os atores são extremamente parecidos fisicamente com os personagens originais, o que mais impressionou foi o ator Luke Evans que além de trazer toda a personalidade duvidosa ficou idêntico ao personagem Gaston. O ator Dan Stevens também surpreendeu com a similaridade com o príncipe Adam enquanto pessoa, porém o ator poderia ter sido melhor aproveitado em algumas cenas, mas isso não acaba em nada com a magia do filme. Magia que por sinal traz momentos lindos, principalmente quando o assunto são os objetos mágicos do castelo e suas cenas musicais, que relembram brilhantemente o original. Os objetos mágicos dessa vez têm uma maior força consigo, dando a eles uma maior importância. Mas como já dito, prepare os lencinhos, pois é quase certeza que irá chorar. Os momentos de emoção são lindos, principalmente por serem com personagens tão queridos. Infelizmente nem tudo são rosas, o filme tem sim pontos negativos, o que mais marcou foi o fato da Disney ter optado por usar efeitos especiais na caracterização da Fera e não maquiagem, com certeza o estúdio tem profissionais capazes de fazer uma maquiagem digna de Fera. Mas saiba que vale sim a pena assistir o filme, para os Disney maníacos é mais uma oportunidade de aproveitar toda a mágica do estúdio.


SAÚDE

Maio 2017

3

Treino Funcional e CrossFit incentivam a perda de peso Muita gente já ouviu falar das modalidades, mas não sabem a diferença entre uma e outra Lyrian Prestes Periolo Música eletrônica, treinos repetitivos e frequentadores exibicionistas. Essas são características comuns nas academias e que aumentam a rejeição nesses ambientes. Mas como alternativa para quem busca qualidade de vida e um corpo com músculos definidos surge o CrossFit e o Treino Funcional. Muitos confundem os dois já que suas práticas são novas e parecidas, mas algumas explicações básicas ajudam a esclarecer. Um treino de CrossFit é funcional, mas nem todo treino funcional é CrossFit. O nome CrossFit é uma marca fundada em 2000 pelos norte-americanos Greg Glassman e Lauren Jenai. “É uma franquia, por isso, que esse nome é tão divulgado. Para você realizar o CrossFit, você tem que fazer o curso oficial, que é realizado até fora do país e algumas vezes, vem para o Brasil, para capacitar profissionais que queiram trabalhar com esse treinamento”, explica Matheus Graeff, instrutor e professor de Educação Física. O treino é uma combinação de levantamento de peso olímpico, ginástica e outros exercícios. O objetivo dessa mistura de atividades é desenvolver um indivíduo capaz de realizar bem qualquer tarefa do dia a dia, praticar vários esportes e estar preparado para o desconhecido. O principal equipamento para o treino é o próprio corpo, mas também há a utilização de barras e anilhas olímpicas, pesos livres, cordas, caixas,

Em síntese, CrossFit é simplesmente um esporte. O esporte do fitness

Diferente das academias tradicionais, o principal equipamento é o peso do próprio corpo / Foto: Natalia Paiva

pneus, bolas, elásticos e correntes. A servidora pública Tânia Lejanoski, 26, procurou por um treino que não fosse tão parado como a musculação. “O interessante dele é que é um treino pesado que trabalha muitas coisas, mas que você não cansa tanto. Não fica tão entediado. Ele trabalha, exige bastante energia, mas deixa renovado, e mesmo que canse, ainda não é monótono quanto a musculação”. Para o professor de Educação Física Matheus Graeff o acompanhamento de um profissional da área é extremamente importante Foto: Lyrian Prestes Periolo

BENEFÍCIOS: Os benefícios do CrossFit são variados, como diz o instrutor Matheus Graeff. “Melhora o preparo físico, a condição cardiorrespiratória, melhora a imagem corporal e a autoestima”. A prática é recomendada para a pessoa que não gosta de academias tradicionais, quer ter um estilo de vida saudável, envelhecer com saúde e independência. O treino funcional é uma forma diferente de praticar a musculação. Nessa modalidade os alunos focam o treino em movimentos como agachar, empurrar e puxar. O esporte é indicado para quem busca um corpo atlético, mas sem excesso de músculos.

OBJETIVOS: O principal objetivo da modalidade é a melhoria das condições físicas do corpo, utilizando o grupo de musculaturas responsáveis pela estabilização e sustentação do tronco. O treino funcional trabalha os músculos de forma conjunta e não isolada. “O funcional trabalha os grupos musculares do corpo, onde você desenvolve

vários exercícios com aeróbico e com exercícios de contração muscular. Já na musculação você trabalha mais específico o grupo muscular”, afirma o instrutor de academia e educador físico, Jefferson Kochinski Costa.

DICAS: Jefferson Kochinski, educador físico, tem uma maneira simples e prática de fazer suas aulas funcionais. “Eu trabalho com estações. Monto várias estações onde os alunos em duplas fazem aproximadamente um tempo de 12 a 15 minutos sem intervalo de exercícios variados que duram de 30 a 45 segundos cada um”. A técnica em enfermagem e aluna Eliane Bertula (44) aprova o método de seu professor. “Eu gostei da aula. É uma aula bem legal, agitada e gostosa de fazer”. Embora sejam atividades de grande intensidade, qualquer pessoa pode praticar o CrossFit ou treino funcional. “Qualquer um pode praticar, o exercício vai do limite do aluno, estipulamos uma meta, mas se o aluno não consegue atingi-la ele vai até o seu limite”, responde o professor Matheus Graeff.


4

Maio 2017

Musicoterapia auxilia no tratamento do autismo A harmonia entre os sons e melodias resulta em uma terapia baseada na música

Valentina, que tem três anos, apresentou melhoras desde o início das sessões de musicoterapia / Foto: Everton Schmitt

Carlos Targa Débora Bernardo Everton Schmitt

A música influencia diretamente na maneira que você se sente ou reage em algumas situações. Essa composição harmoniosa de sons transforma comportamentos. Imagine-se no trânsito caótico, em um carro sem ar condicionado, com altas temperaturas e o som do seu carro no último volume com um rock. Para muitos o estresse seria bem maior. Você pode imaginar também o inverso: temperatura agradável e uma música calma, provavelmente o efeito da música – acompanhado da temperatura agradável – tornaria o trânsito menos estressante. A música exerce influência direta nas reações humanas. Ela é tão poderosa que já é reconhecida por especialistas e é usada em tratamentos, como do autismo. A musicoterapia é uma vertente da medicina e apresenta o poder significativo dos sons nos tratamentos terapêuticos. A musicoterapeuta Elaine Taffarel, 40, que atua há 18 anos na área da musicoterapia conta que mesmo antes de ser considerada como terapia,

os reis de antigos reinos já utilizavam AUTISMO músicas para se acalmar. “Com o pasQuando nasceu, Miguel Dantas, 5, não sar dos anos, a musicoterapia deixou de ser considerada ‘mágica’ e come- demonstrava nenhuma diferença comçou a ser estudada e testada cientifi- parado com outras crianças. Durante o camente, assim vem se aperfeiçoando crescimento, as crianças se desenvolvem a cada dia mais, com excelentes resul- constantemente, aprendem a caminhar e emitir sons, por exemplo, com Miguel, os tados em diferentes áreas”, diz. A musicoterapia consiste na uti- pais nunca perceberam qualquer problelização da música e seus elemen- ma. Porém, na escola, aos quatro anos, a tos - som, ritmo, harmonia e melodia professora percebeu que havia algo erra- em um processo estruturado para do. Miguel não interagia com os demais facilitar e promover a comunicação, colegas e também não acompanhava o o relacionamento, a aprendizagem, mesmo ritmo de aprendizado. Ele não a mobilização, a expressão e a orga- havia falado qualquer palavra que tivesnização física, emocional, mental, so- se algum sentido. Apenas se expressava por gestos e ruídos. cial e cognitiva, para A engenheira agrôdesenvolver potências noma Lidiane Trombini ou recuperar funções, A musicoterapia Dantas, 24, quando rede forma que o inditraz para a criança cebeu o aviso da escola, víduo possa alcançar autista a abertura decidiu procurar ajuda uma melhora nas relade um novo canal profissional, ao consulções comunicacionais de comunicação, tar um neurologista, a e na qualidade de vida. síndrome foi constatada Por essas finalidades, uma nova forma de em Miguel. A mãe conta a musicoterapia é usasocialização que uma das maiores dida para tratamento de Leonardo Francisco Citon ficuldades ao lidar com pessoas que possuem o autismo são as crises transtornos do especque o filho apresenta. tro autista.

“Quando ele tem crises, ficam olhando ou até falam que é mal educado” diz. Segundo Lidiane, o autismo não apresenta características físicas, e por isso, se torna difícil perceber quem possui o transtorno. O Autismo, ou TEA (Transtornos do Espectro Autista), é um transtorno psicológico que atinge cerca de 1% da população. De acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde), estima-se que existam 70 milhões de pessoas com autismo no mundo. No Brasil, a estimativa é de que dois milhões de pessoas possuam algum grau do transtorno. Segundo a médica psiquiatra, Júlia Fonseca Farage Saito, 34, o autismo é marcado pelo prejuízo no funcionamento de três áreas: comunicação/interação social, linguagem e comportamento. “Existe uma limitação na capacidade de comunicação social, com prejuízo no contato visual e dificuldade, por exemplo, em se colocar no lugar do outro e imaginar como esse outro percebe o ambiente. Costuma ser difícil para a pessoa com autismo perceber naturalmente o que é e o que não é adequado socialmente em determinados ambientes” explica. A linguagem é afetada nos autistas e em alguns casos a fala pode ser ausente, deficiente ou peculiar. Em outros, os autistas falam bem, podem ter um vocabulário vasto, mas não adequam a fala ao momento, podendo usar formalidades em um ambiente informal. A psiquiatra complementa dizendo que cada caso de autismo é singular, tem intensidades de comprometimento distintas, indo desde casos muito leves até casos com maior comprometimento e dependência. O grau de TEA não se agrava se não tratado, no entanto, as características se tornam mais evidentes conforme o crescimento da criança e das exigências sociais. “A abordagem precoce do autismo melhora em muito os resultados no tratamento, mas isso não quer dizer que o autismo se agrave com a idade”, complementa a psiquiatra Juliana Farage Saito.


SAÚDE

Maio 2017 TRATAMENTO Embora existam dificuldades a serem enfrentadas devido aos distúrbios que a síndrome desenvolve, pessoas com autismo podem ter alguma forma de sensibilidade sensorial. Isso pode ocorrer em um ou em mais dos cinco sentidos (visão, audição, olfato, tato e paladar). A maioria das pessoas com autismo possui melhor aprendizagem nos aspectos visuais, algumas são muito atentas aos detalhes e à exatidão, geralmente com capacidade de memória muito acima da média. Além disso, autistas conseguem se concentrar em áreas de interesse especifico e podem optar por estudar ou trabalhar nas áreas afins. Por meio de atividades específicas de musicoterapia é possível estimular alguns pontos importantes e que são características do autismo. “O olhar, a atenção conjunta, a vocalização e até atividades mais complexas que envolvem a coordenação entre sensação, percepção, elaboração, planejamento e execução” explica a musicoterapeuta, Elaine Taffarel. Os tratamentos para a síndrome são variados de acordo com as particu-

laridades de cada autista, pois nenhum caso de autismo é igual. As sessões de musicoterapia se adequam conforme a resposta da criança e qual objetivo se quer atingir. Elaine explica que primeiro é feita a análise do caso, identificando o ISO (Identidade Sonora) do paciente. Dentro desta identidade, utilizam-se os recursos musicais, podendo fazer parte: instrumentos e outros adereços sonoros, que funcionam como ferramentas de tratamento para que se conclua o objetivo traçado para cada sessão. A musicoterapia é indicada para qualquer grau do espectro autista, porém quanto mais precoce o tratamento, melhores os resultados obtidos. O autismo ainda não tem tratamento por meio de medicamentos. Especialistas apontam que substâncias farmacêuticas ajudam a amenizar algumas características do transtorno. “As medicações podem ser usadas para tratar sintomas-alvo, tais como inquietação, insônia, agressividade contra os outros e contra si próprio, dificuldade de concentração, ansiedade e depressão. Em casos cuidadosamente avaliados, a medicação pode auxiliar muito a pessoa com autismo e sua família”, esclarece Júlia Saito.

5

Lívia, de dois anos, demonstra o quanto as sessões de musicoterapia são especiais / Foto: Everton Schmitt

CAUT O Caut (Centro de Autismo de Cascavel) foi criado para prestar assistência especializada aos autistas. Idilsa Fermo, 58, presidente do grupo, é mãe de Rafael Fermo de Oliveira, 34, que tem a síndrome e luta por tratamento no SUS (Sistema Único de Saúde). “Nossos filhos não têm terapias na rede básica de saúde, queremos algo específico para os autistas. Quando iniciamos foi para ajudar as mães e lutar pela causa, e continuamos” conta. Rafael fazia musicoterapia. Ele já chegou a fazer cerca de seis sessões por dia. A mãe reconhece a importância da vertente terapêutica da música no tratamento de crianças com autismo. “A musicoterapia é o que mais ajuda, pois eles se identificam por

meio da música, teatro, instrumentos musicais e amam o circo”, finaliza. Segundo o pós-graduado em musicoterapia Leonardo Francisco Citon, 26, que há seis meses trabalha na Apae, a musicoterapia proporciona uma abertura para a comunicação com os autistas. “Pelas experiências musicais é possível trabalhar o compartilhamento, a aceitação, a disciplina, organização, a relação terapeuta-paciente, a coordenação motora global, o estímulo à linguagem, a fala, percepções sensoriais, memória e outros aspectos cognitivos”, conta. Para Citon, não existe “melhor terapia”, no entanto, as terapias aliadas – psicoterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional, fisioterapia, musicoterapia, entre outros – complementam-se e ajudam no desenvolvimento global do autista.

Foto: Carlos Targa

A ONU (Organização das Nações Unidas) definiu o dia dois de abril como o Dia Mundial de Conscientização do Autismo. O dia serve como alerta ao tratamento, aos problemas e aos direitos dos autistas. A cor do movimento é o azul, pois a doença é mais comum no gênero masculino, 90% dos casos do distúrbio acontecem em homens. O Caut (Centro de Autismo de Cascavel) e o exército realizaram um evento em frente à Catedral, no dia dois (domingo), afim de dar visibilidade para o autismo, que é pouco discutido publicamente.

Os sons dos instrumentos musicais são usados como ferramenta para promover o processo terapêutico e auxiliar no tratamento do autismo / Foto: Everton Schmitt


6

Maio 2017

Acessibilidade: o limite das ruas Via principal sempre foi reflexo e palco das principais transformações do Município

Tadeu Janning é obrigado a conviver com as dificuldades de acesso / Foto: Priscila Colognese

Afonso Magalhães Fernanda Marques Priscila Colognese

A cada duas quadras um obstáculo. “Tenho que meter a cara na frente dos carros, correndo o risco de ser atropelado”, conta Tadeu Janning, que enfrenta todos os dias a dificuldade de se locomover pelas ruas de Cascavel. A superação faz parte da história de vida do cadeirante de 52 anos, que teve paralisia na infância e precisou se habituar ao auxílio de muletas. Quando adulto, sofreu um grave acidente de trabalho e desde então a cadeira de rodas virou uma companheira inseparável. Pela legislação nacional, as vias, os parques e os espaços públicos devem ser adaptados para promover ampla acessibilidade as pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida. Mas a realidade enfrentada está bem distante do que está escrito na Constituição Federal. Não precisamos ir longe

para perceber a falta de acessibilidade. sáveis] os engenheiros deviam usar Calçadas sem rampas e totalmente uma cadeira de rodas para ver as difiquebradas estão entre os problemas culdades que a gente tem”, desabafa. mais notórios. A entidade atua Tadeu é intena defesa e garantia grante da Adefica dos direitos da pes(Associação dos soa com deficiência, Deficientes Físicos que hoje somam 1,9 de Cascavel). Ele mil só em Cascavel, e os demais caalém de dar oriendeirantes da cidatação e suporte. “As de enfrentam algo pessoas com deficimuito pior que a ência vêm até nós e limitação física: a são encaminhadas discriminação, inpara onde precisam: clusive do poder médicos, ortopedispúblico, que não tas, fisioterapeutas e consulta o grupo até fazer passe livre”, quando são feitos conta Marcos Antoinvestimentos na nio da Silva, presiinfraestrutura da dente da Adefica. cidade. “Antes de O principal Jucimar de Souza Queiroz aprovarem um proproblema apontajeto [a Prefeitura do pelas pessoas e órgãos responcom deficiência é

Não só no centro precisa haver acessibilidade, porque eu não vivo no centro, eu vivo no bairro

o descaso no sentido de adaptar os ambientes efetivamente ao que elas precisam. “As rampas devem ter 0,5 centímetro por metro de inclinação. Por exemplo, na rodoviária a rampa tem 0,10 centímetro por metro. Isso para um cadeirante é um problema, uns não tem força no braço, então fica muito difícil”. Jucimar de Souza Queiroz, 48, conta que mesmo sendo cadeirante, hoje leva uma vida normal, dentro de suas limitações, mas no primeiro ano, depois de sofrer um acidente, a adaptação foi difícil. “Com o tempo eu fui adquirindo experiência e tocando a vida, mas as dificuldades ainda existem”. Ele lamenta que a acessibilidade na infraestrutura só exista em regiões centrais da cidade. “Hoje nossa briga maior são as calçadas e pontos de ônibus. Não só no centro precisa haver acessibilidade, porque eu não vivo no centro, eu vivo no bairro”.


CIDADE

Maio 2017 NÃO É APENAS ANDAR NA RUA O dia a dia de uma pessoa com dificuldades de locomoção passa a ser mais complicado quando o lugar que ela pode ir é delimitado pela falta de estrutura adequada. E na maioria das vezes a falta de empatia cria a ideia de que o “mínimo” é o “suficiente”, sem a percepção de que as pessoas com deficiência devem ter a mesma condição que os demais. Afinal, elas não precisam apenas das ruas mais acessíveis, mas também de lojas, supermercados, farmácias e restaurantes. “Sinto-me constrangido. Porque quero entrar em uma loja, para comprar alguma coisa, e acabo sendo discriminado, não conseguindo ter acesso ao interior da loja ou departamento. Acabo sendo atendido na calçada”, conta Antônio Ravilson Filipack, 45, que é cadeirante desde o ano de 2001, quando sofreu um acidente. Ele diz que opta por não comprar em estabelecimentos que não tem acessibilidade. Quando o assunto entra em discussão, o poder público ainda enfrenta dificuldades em admitir a falta de

A PSICOLOGIA EXPLICA A autonomia é essencial para qualquer ser humano: da infância até a fase adulta é o que sempre buscamos. Para as pessoas com deficiência o difícil é lidar com o preconceito: elas são vistas pela sociedade, e até dentro de casa, como incapazes de realizar atividades sem auxílio. Para a psicóloga Gislaine Genaro a falta de acessibilidade na cidade faz com que o indivíduo não tenha essa liberdade e acaba se sentindo desvalorizado. “A pessoa fica presa na própria deficiência, dependente de outro para tudo. Os deficientes precisam ter o direito de ir e vir, sem causar constrangimento”, explica. Por conta desses constrangimentos, muitas pessoas com deficiência acabam por se isolar em suas casas e se sentindo um incomodo à sociedade. “É uma dificuldade tão grande sair de casa, depender do outro, que eles acabam ficando sem escolha”, afirma a psicóloga, relatando que é muito comum esses deficientes desenvolverem depressão ou ansiedade.

investimentos em algo simples como uma rampa em uma calçada. O secretário de Planejamento de Cascavel, Fernando Dillenburg, alega que os projetos que hoje estão sendo executados foram elaborados na gestão anterior. “Na medida em que os problemas vão surgindo, nós vamos atrás de soluções. A melhor maneira de resolver isso é ouvindo as pessoas, mas nem tudo pode ser resolvido”. Em relação as obras da Avenida Brasil, por exemplo, os projetos foram aprovados pelo Bid (Banco Interamericano de Desenvolvimento), que liberou o empréstimo para execução do serviço. “Em alguns casos o projeto foi licitado, teve aprovação do banco e a empresa executou. Essas coisas nós não temos como voltar atrás, se não tem que desmanchar e fazer de novo. Isso às vezes causa problemas quase insolúveis”. Nem sempre a culpa pelas falhas na cidade é exclusivamente dos órgãos públicos. Os demais moradores também têm responsabilidade. É o caso das calçadas, por exemplo. Embora exista uma legislação municipal apon-

AMBIENTE ESCOLAR A falta de acessibilidade é verificada inclusive nas instituições de ensino, espaço de direito de qualquer cidadão. Tanto na rede municipal quanto na rede estadual, os avanços ainda não acompanharam as necessidades de quem possui deficiência física. Rozane da Cruz Moraes é professora e pedagoga em salas multifuncionais nos colégios Costa e Silva e Santa Felicidade, em Cascavel. A dificuldade é grande em uma das estruturas. “Para ter acesso à quadra de esportes no Colégio Santa Felicidade, por exemplo, os alunos precisam subir uma grande escadaria. No refeitório as mesas são muito baixas dificultando o acesso da cadeira de rodas no momento do lanche”, relata a professora. O adequado, nos casos de adaptação das escolas, é que a direção solicite uma visita técnica do setor de Infraestrutura do Núcleo Regional de Educação ou do setor de Educação Especial do Municí-

OUTROS GRUPOS Não pense que essas dificuldades em andar nas ruas da nossa cidade afetam apenas os deficientes físicos. Zenilda Ribeiro, 65, diz que é muito difícil andar em locais onde não há acessibilidade. “É necessário renovar todas as calçadas, principalmente as quebradas. Porque a gente tropeça, e acaba

tando um padrão para o passeio público, muitas construções antigas desrespeitam as regras. Em caso de construções novas, a liberação do imóvel pela Prefeitura só ocorre se houver acessibilidade. “O Município tem uma lei que criou um modelo de calçada que tem a guia para cegos e os rebaixamentos para cadeirantes. Existem quatro opções de modelo de calçada. Então hoje, quando se faz qualquer projeto de construção nova, o Município exige que com a obra seja construída uma calçada dentro dessas condições”, esclarece Dillenburg.

7

Integrantes da Adefica (Associação dos Deficientes Físicos de Cascavel) Foto: Priscila Colognese

pio. Em todos os casos, o procedimento é burocrático e por falta de orçamento a solução pode demorar ainda mais. Não são raros os casos em que os próprios familiares de pessoas com deficiências tentem adequar os espaços para o melhor convívio dos filhos. Rozane admite que é normal esse tipo de atitude por parte dos pais. “Tivemos o pai de um aluno cadeirante que reformou um banheiro para, porque o espaço anterior mal cabia a cadeira de rodas”, diz a professora. Rozane alerta ainda que além da falta de infraestrutura, é fundamental a adaptação pedagógica dos professores. “Precisamos ainda evoluir muito no processo de formação para realmente garantir uma aprendizagem significativa a essas crianças”. Para ela, esses profissionais muitas vezes não são preparados para atendê-los “Isso acontece por vários fatores, às más condições de trabalho, falta de formação por parte dos órgãos competentes ou até na formação acadêmica, pela falta desse conteúdo na grade curricular”. caindo. E isso é em vários lugares, não só no meu bairro”, conta a idosa. Falta de rampas, calçadas repletas de buracos e obstáculos no caminho. Tem de tudo: desde materiais de construção, placas de publicidade até mesas e cadeiras de bares e restaurantes. “No meu ponto de vista, a respeito das calçadas, em alguns lugares está péssimo para andar. Conforme o lugar é complicado, já vi gen-

Calçadas destruídas não facilitam a locomoção de pessoas com deficiência Foto: Priscila Colognese

te caindo”, relata Valdevino Villaca, 66. Esses problemas nas vias cascavelenses afetam também os ciclistas, que por falta de faixas exclusivas nos bairros, são obrigados a andar pelas ruas ou calçadas. O ciclista Murilo Ito, 35, comenta que a instalação de ciclovias mudaria a realidade de quem utiliza a bicicleta todos os dias. “Falta também respeito por parte dos motoristas”, comenta o ciclista.


8

Maio 2017

Crítica

M E N A I C

SOCIAL UNIFATOS

de sofá

PROJETO DE EXTENSÃO O novo projeto de extensão da Univel, "Guarda chuva de memórias", desenvolvido pelos cursos de Artes e Pedagogia, convida os jovens de 15 a 24 anos interessados em dramaturgia a participarem das reuniões teatrais. Os encontros ocorrem aos sábados a partir das 10h até 12h, com práticas de teatro, produções culturais, entre outras atividades artísticas. O projeto visa a criação de um grupo teatral com finalidade de desenvolver espetáculos que serão apresentados na casa de cultura Casanoz e no auditório da Univel.

Foto: Ana Carolina Bueno

Foto: Ana Carolina Bueno

NOVIDADE NA WEB

Com o intuito de oportunizar aos alunos a exposição de suas ideias, gerar debates, discussões e reflexões sobre os mais diversos temas do cotidiano, nasce o blog “Foca na Opinião”. Os acadêmicos do quinto semestre de Jornalismo da Univel, sob a orientação do professor Alcemar Araújo, da disciplina de “Tópico Integrador em jornalismo: inovação em mídias de opinião”, apresentam no website textos de cunho opinativo. Produzido para a comunidade em geral, os textos serão postados nas quartas e sextas-feiras. O nome “Foca na Opinião” vem do apelido dado aos novos jornalistas. Os focas te convidam para conhecer o blog, que pode ser acessado pelo link: www.focanaopiniao.blogspot.com.br.

Cine West Side Cascavel Recentemente reinaugurado, o cinema do Shopping West Side, em Cascavel, trouxe novidades para o cinéfilos da cidade. As três salas de cinema, incluindo uma de 3D, são melhores do que outras já conhecidas do público, porém aparentam serem menores. Outra diferença é a arquitetura que com uma boa disposição de cadeiras, benéfica a todos na hora do filme. Se está acostumado a chegar horas antes de o filme começar para conseguir um bom lugar, no West

Side isso não ocorre. As cadeiras são enumeradas por sessão, o que torna tudo mais organizado. Não é necessário correria para conseguir um bom lugar. O espaço também foi melhorado, contando com dois guichês com atendentes e dois de autoatendimento. Vale lembrar que os preços são bem acessíveis. Porém, nem tudo é perfeito: a acústica do cinema deixa a desejar e é possível ouvir sons vindos das outras salas, principalmente se forem sonoras altas, entretanto não é algo que atrapalhe a diversão.

MURAL Fotos: Natalia Paiva

AGENDA 02 JUN, sex – I Love Rock’n Roll (Hooligans) 02 JUN, sex – Volta ao Mundo do Rock (Teatro Municipal) 02 JUN, sex – Apresentação Edance Bruna Bays (Centro Cultual Gilberto Mayer) 03 JUN, sáb – Maurício Meirelles e o Webbullying (Teatro Emir Sfair) 04 JUN, dom – Conferência Estadual de Cultura (Teatro Municipal) 09 JUN, sex – Stand Up Mateus Ceará (Centro Cultural Gilberto Mayer) 10 JUN, sáb – Noite do Flash Back Namorados (Clube Arizona) 16 JUN, sex – Estrelas do Ballet da Russia (Teatro Municipal) 22 JUN, qui – Show Thiago Iorc (Teatro Municipal) 22 JUN, qui – Dança e Arte Jenifer Lima (Centro Cultural Gilberto Mayer)

Wesley Juarez - Acadêmico de Direito

Bruna Fernandes e Nathalia Bracci - Acadêmicas de Direito

Letícia Odorcik - Acadêmica de Gastronomia

Arriele, Ana Carla e Maycon - Acadêmicos de Artes


Maio 2017

TRANSPORTE

9

Trilhos precários barram ligação do Oeste ao Litoral paranaense Transporte de cargas seria mais econômico pela Ferroeste, mas falhas atrasam viagens Daniela Cervi

Um trem é capaz de substituir centenas de caminhões nas rodovias, garantindo eficiência e segurança no transporte de cargas. O sistema ferroviário é um dos meios mais econômicos. Além disso, tem a agilidade e o menor impacto no sistema rodoviário, por exemplo. “O modal ferroviário reduz custos logísticos entre 20 e 30%. O transporte ferroviário é um dos meios mais econômicos e mais ‘limpos’ para o transporte de grãos e commodities em geral, pois agride menos o meio ambiente, tanto no desenho do traçado, menos agressivo à natureza, quanto na operação, pois reduz a emissão de poluentes”, diz João Vicente Bresolin Araújo, presidente da Estrada de Ferro Paraná Oeste S.A. – Ferroeste – fundada em 1988. Mesmo com tantas vantagens, o transporte rodoviário ainda é o mais usado para escoar nossa produção: 80% da carga de soja que chega em Paranaguá é transportada pelas rodovias - mesmo com as pistas simples da BR-277 e o alto custo com pedágios -, em função da ineficiência do transporte ferroviário, que apesar das tentativas, ficou por muito tempo sem investimentos no Paraná. A empresa foi criada para reduzir os custos logísticos do escoamento da produção, ligando o interior do Paraná ao litoral, o que favorece o desenvolvimento do Oeste do Estado, pelo menos em teoria. “O objetivo da empresa, que é operadora ferroviária pública, é oferecer tarifas baratas. Mais dinheiro na mão do produtor local significa mais dinheiro circulando no comércio, com o consequente fortalecimento da economia”, relata o presidente.

ECONOMIA Atualmente o transporte ferroviário é mais barato que o feito pelas estradas. Mas alguns problemas impedem uma maior assistência nas cargas. Diversos pontos nos trilhos prejudicam o transporte. “É notório que o trecho ferroviário entre Guarapuava e Paranaguá apresenta gargalos que prejudicam o escoamento da produção do Paraná, Mato Grosso do Sul e Paraguai até o litoral brasileiro. Estes trechos são antigos e não comportam mais as necessidades econômicas da

TRANSPORTE DE GRÃOS POR FERROVIA AUMENTA 20% Ano passado foram movimentadas 54 mil toneladas de grãos pelos trilhos paranaenses. A previsão para 2017 é movimentar um milhão de toneladas de produtos, 20% a mais que no ano passado. Até agora, as exportações de soja já somam 38 mil toneladas pela Ferroeste. Mas tem muito produto que poderia se beneficiar dos trilhos, mas ainda evita o sistema ferroviário em função de toda deficiência. Segundo o Deral (Departamento de Economia Rural), da Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento, a safra de soja deste ano deve chegar ao recorde de 19 milhões de toneladas. Se somada a safra de verão, que conta com soja, milho e feijão, deve chegar a 23,6 milhões de toneladas, Viagens ficaram mais rápidas e mais seguras Foto: Divulgação 16% a mais que ano passado. De olho na economia, facilidade e INVESTIMENTO região. Para melhorias no médio praagilidade, cooperativas da região tem Embora o sistema ainda seja falho, investido na construção de estruturas zo mantemos diálogo constante com a concessionária da ferrovia responsá- as medidas para fazer funcionar são ao lado da estrada de ferro. A Cotrivel pelo trecho Guarapuava – Parana- implantadas para tornar mais atrativo guaçu, por exemplo, une três grandes o transporte ferroviário. Com a aquisi- grupos: Lar, Copacol e Coopavel, e guá”, afirma João Vicente. O Paraná tem uma grande dificul- ção de novos vagões e locomotivas, a implantou uma câmara de armazenadade para aumentar a procura pelos Ferroeste reduziu o tempo das viagens mento de produtos congelados no tertrilhos na hora de transportar nossas entre Cascavel e Guarapuava, de 12 minal ferroviário de Cascavel. Investiu commodities: duas empresas distintas para nove horas. “Entre 2011 e 2016 os ainda mais com a construção de um atuam na manutenção da estrada de aportes do Governo do Estado na mo- armazém graneleiro, com capacidade ferro: a Ferroeste, mantida pelo gover- dernização da empresa foram 13 vezes de mais de 120 mil toneladas. Outra no paranaense, e a ALL (América Lati- superiores aos aportes do Governo nos que se aproveita destas vantagens é a na Logística), multinacional que opera seis anos anteriores. Os investimentos empresa Agrária, que implantou uma com bitolas de trilhos diferentes, no foram destinados à modernização e fábrica de grits - produtos feitos com trecho entre Guarapuava e Paranaguá. melhoria da ferrovia e material rodan- farinha de milho industrial - interligaEm função dessa divergência entre te”, declara João Vicente. da a Ferroeste O atual presidente da esempresas, em vez de o transporte levar por correias aéum dia no máximo de um lado a outro tatal assumiu a missão de moreas transporO objetivo da do Estado, pode levar até oito dias. Fa- dernizar os trilhos paranaentadoras. “Ainda empresa, que lha que na opinião do atual presidente ses em 2012, quando tinha 25 em Guarapué operadora ainda pode ser corrigida, com a mo- anos. João Vicente Bresolin ava, a Lustoza ferroviária pública, dernização da ferrovia e a compra de Araújo, curitibano, é formado Agrologístié oferecer tarifa novos ativos ferroviários. "Para os pró- em engenharia florestal pela ca investiu na baratas ximos anos está previsto a chegada de UFPR (Universidade Federal construção de João Vicente Bresolin Araújo recursos do BID [Banco Interamerica- do Paraná) e em Administraum novo termino de Desenvolvimento], recentemen- ção, pelo UniFae (Centro Uninal multimodal te anunciados pelo Governo do Estado, versitário Franciscano do Paro d o f e r rov i á para a criação de centros logísticos, raná). Em cinco anos de trabalho, ele rio, o que possibilitou o transbordo estacionamentos e áreas de serviços aponta importantes conquistas. “Pela de cargas de vagão para caminhão em regiões estratégicas para o trans- primeira vez após a construção foram e também de caminhão para vagão. porte de cargas no Paraná. A intenção realizados serviços de alinhamento, ni- Esta parceria criou novos fluxos coé construir esses centros em Cascavel, velamento e socaria de lastro nos tri- merciais, como o transporte de ciMaringá, Ponta Grossa, Guarapuava e lhos da Ferroeste. As viagens ficaram mento de Guarapuava para Cascavel”, mais seguras e mais rápidas", ressalta. Guaíra”, afirma João Vicente. finaliza o presidente da Ferroeste.


10

Maio 2017

Logística: ponto fundamental na construção da Metrópole O potencial econômico da região esbarra em problemas estruturais da BR-277 e do Aeroporto Débora Dias Guilherme Aldenucci Jader Milioransa

Cascavel é uma das maiores e mais importantes cidades do Paraná: destaque no agronegócio, polo industrial e referência universitária. O mu­nicípio é cotado para ser uma futura metrópole. Pela loca­ lização privilegiada, a cidade fica em uma relevante rota do Mercosul, já que está no traje­to que leva a Argentina e ao Paraguai. Não há duvidas quanto ao potencial econômico da cidade, porém drásti­cas falhas na infraestrutura atrasam o progresso da região.

AEROPORTO Fundado no dia 12 de novembro de 1977, o Aeroporto Municipal de Cascavel Coronel Adalberto Mendes da Silva é administrado pela Cettrans (Compa­ nhia de Engenharia de Transporte e Trânsito). Hoje, a média de movimentação é de 600 passageiros por dia, entre em­barque e desembarque. O taxista Vil­mar Teixeira, 39, transporta por dia uma média de cinco passageiros do aeroporto para a cidade. A maioria em­presários e a queixa comum é que o aeroporto não condiz com o potencial do Município. “Precisamos de mais voos ,uma área de embarque e desembarque co­berta para que os passageiros tenham mais conforto”.

A falta de voos diretos acarreta em pensar duas vezes antes de ir para a Cidade. Se fosse para Marcel Barros

Para chegar e sair de Cascavel são dois os modais mais utilizados: a BR277 e o Aeroporto Municipal. A BR-277 é uma das principais rodovias federais do Brasil, por tratar-se de um grande corredor do agronegócio - setor funda­mental para o País. Já o aeroporto de Cascavel está entre as dez estruturas regionais do País com maior poten­cial econômico, de acordo com uma pesquisa realizada pela agência de pesquisas Urban Systems. Mas apesar de toda a já constatada capacidade, tanto a BR-277 quanto o aeroporto deixam a desejar no quesito infraestru­ tura e, por esse motivo, atrasam o de­ senvolvimento da economia regional.

CUSTO ELEVADO O que você faria com R$ 4 mil? O analista financeiro Marcel Bar­ ros compraria um celular de última geração ou faria uma viagem pela América Latina. Se fizer uma boa pes­quisa, dá até para fazer um cruzeiro pela América do Sul. Para sair de Cas­cavel e ir a São Paulo é preci­so desembolsar essa quantia e ainda passar seis horas dentro do avião em cada voo. Para piorar o caos na viação cascavelense, voos foram suspensos nesta época de inverno. A justificativa é a neblina que impede pousos e decolagens. O aumento da demanda no nordeste brasileiro em função do período de férias é omitido pelas companhias que operam na cidade: Passaredo e Azul. No mês de fevereiro, Marcel gastou cerca de R$ 500 na “falecida” ponte aérea, que levava apenas duas horas para chegar em Cascavel e as mesmas duas para chegar em Guarulhos. A ponte com Campinas foi prejudi­ cada com a suspensão do voo diário direto para São Paulo. Essa ficou mais cara e também mais demorada. Os pre­ços partem de R$ 900 e a duração do voo pode chegar a oito horas. “Poderia ir a negócios nesta pro­missora cidade do oeste paranaense, mas a situação do aeroporto impede as viagens”. O Paraná tem alguns polos importantes, onde se concen­tram atividades econômicas relevantes: Curitiba,

Aeroporto não está preparado para receber grandes vôos Foto: Guilherme Aldenucci

Londrina, Maringá e Foz do Iguaçu. Todas essas cidades têm ponte aérea com a principal cida­de do País – São Paulo. A mais barata custa R$ 245 e a mais cara R$ 660. A alternativa para quem mora em Cas­cavel, muitas vezes, é ir para Foz para fazer a ponte com São Paulo. “Não se parece mui­to com um aeroporto. Parece mais um posto de saúde. Falta

um zelo maior em suas estruturas. Poderia ser mais bem organizado e cuidado”, critica Marcel. A companhia aérea “Gol” demonstrou interesse em operar em Cascavel, sob uma condição importante: a existên­c ia de uma faixa de segurança de 150 metros a partir do terminal de passa­g eiros. Até hoje essa faixa não existe.


TRANSPORTE

Maio 2017

REFORMAS O aeroporto passou por obras em 2011, 2013 e a mais recente teve iní­cio em fevereiro de 2014 com custo inicial de R$ 5 milhões: trata-se da construção do novo terminal de passageiros. A en­ trega era para agosto de 2015. Dois anos depois, menos de 40% das obras foram concluídas. Em razão do não cumprimento dos prazos por parte da empresa vencedora da lici­tação, o contrato foi encerrado. Em maio

deste ano, o prefeito Leonaldo Paranhos anunciou a libe­ração de R$ 8 milhões para a rea­lização das reformas no Aeroporto Municipal. O projeto foi reformu­lado e contemplará, além do terminal de passageiros, a cons­ trução do pátio de estacionamen­ to das aeronaves, estacionamento de veículos e a duplicação da via de acesso da BR-277 até o termi­nal, em um percurso de 1.290 metros.

Muito potencial mas uma péssima estrutura

Obras no aeroporto de Cascavel continuam paradas Foto: Divulgação

BR-277/ DUPLICAÇÃO O caminhoneiro Cristian Farias de Souza, 30, utiliza a BR-277 diariamente para o transporte de cargas. O maior problema é o valor do pedágio. “É muito alto. Seria necessária a duplicação”. Enquanto essas obras não chegam de maneira completa de Foz a Curitiba, a duplicação acontece de maneira paliativa. Em Cascavel serão duplicados nove quilômetros - no trecho que co­meça 500 metros adiante do Trevo Cataratas, local estratégico que rece­ be e distribui o tráfego das principais rodovias da região - até a Ferroeste. “O asfalto é bom e a rodovia é bem sinalizada, porém o fato de não ser duplicada e o alto valor dos pedágios são pontos negativos. Por ser pista simples, às vezes tem fila e se perdemos tempo, o que gera um gasto maior. Comparado a outros estados, no Paraná o valor da tarifa deveria ser mais barata”., diz o representante comercial, Helder Scheran, 22.

Duplicação da BR-277 segue a passos lentos Foto: Divulgação

11


12

Maio 2017

Sem previsão para início das obras da Avenida Tito Muffato Projeto engloba instalação de galerias de água pluviais, asfalto novo, meio fio, sinalização, semáforos, travessias elevadas, ciclovias entre outras reformas em geral

A falta de sinalização gera confusão em vários pontos da Avenida / Foto: Debora Elesbão

Debora Elesbão Núbia Hauer

“Se essa rua, se essa rua fosse minha, eu mandava, eu mandava ladrilhar, com pedrinhas com pedrinhas de brilhante para o meu amor passar!”. A música de Mário Lago e Roberto Martins, que integra as cantigas populares brasileiras, está longe de ser uma definição da Avenida Tito Mufatto. Em vez de pedrinhas de brilhantes há muitos buracos. A situação é de abandono: falta sinalização, as galerias de água pluvial estão entupidas e as calçadas estão em péssimas condições. Em meio a circunstâncias que se encontra a Avenida Tito Muffato, os moradores já estão cansados de reclamar. “Há quatro anos eu moro aqui e cada dia a avenida está pior. A condição está precária. A solução seria a revitalização”, sugere o morador Samuel Citon. No percurso há comércios fortes, como farmácias, mercados, posto de combustível, além de duas faculdades interligadas. A Avenida Tito Muffato também dá acesso ao Estádio Olímpico Regional Arnaldo Busatto, além de receber o fluxo de veículos da Aveni-

da das Torres, Avenida Brasil, Avenida Para ânimo dos moradores, no Tancredo Neves e também da BR-277. ano passado foi divulgado o projeto “O fluxo é grande. Tem faculdade, de revitalização, mas até o momento têm colégios, têm as obras não foCmeis. Não tem ram iniciadas. A sinaleiro, não tem nova administraredutor de veloção informa que cidade. Deveria assumiu como ser feito um novo prioridade a reviprojeto, uma nova talização da Aveestrutura”, refornida, mas aguarça a moradora da a verba de R$ Gracieli Dias. 20 milhões do Apesar dos Governo Federal, frequentes conque também sersertos, a fina cavirá para outras mada de lama asobras na cidade. fáltica não resiste “É uma neao movimento cessidade que a intenso. A cada cidade tem já há chuva um novo muitos anos. Nós buraco é aberto. encontramos o “Às vezes é feiprojeto elaborado, to a recapagem, porém os recurmas não resolsos necessários ve o problema. para obra ainda É só chover que não foram viabiliSamuel Citon a água já leva a zados”, salienta o recapagem e volvice-prefeito e setam as crateras”, cretário de Obras, diz Gracieli. Jorge Lange.

Há quatro anos eu moro aqui e cada dia a avenida está pior. A condição está precária. A solução seria a revitalização

RECURSO LIBERADO Em reunião com o governador Beto Richa (PSDB), o prefeito Leonardo Paranhos (PSC) obteve o subsídio para a execução da obra. Porém, não há previsão para início das obras. O anúncio ocorreu pelas redes sociais. “Atendendo a solicitação de recursos feita pelo prefeito Paranhos para efetuar a revitalização da Avenida Tito Muffato, utilizada por muitos jovens para chegarem às faculdades, esse recurso é importante porque vai ajudar Cascavel no seu desenvolvimento”. Já havia uma emenda parlamentar de R$ 4 milhões para a revitalização da Avenida Tito Muffato. Mas como a verba ainda não foi liberada, o recurso utilizado será este do governo estadual.“Para as obras de revitalização da Tito Mufattoo recurso é de R$ 7 milhões. O projeto já está na Sedu[Secretaria de Desenvolvimento Urbano], onde tramitará os processos para realização da licitação”.


INFRAESTRUTURA

Maio 2017 MORADORES NÃO ACREDITAM QUE OBRA SERÁ REALIZADA A preocupação dos moradores não é apenas com as atuais condições da via, mas se realmente a revitalização acontecerá ou não. São mais de quatro quilômetros de via, repletos de buracos e remendos. A sinalização deixa os motoristas confusos. Muitas placas não existem em cruzamentos perigosos. Em outros pontos, o problema é o vandalismo. Há placas que foram derrubadas e que não foram substituídas. Até Magnólia mesmo as pinturas das faixas que dividem a avenida não existem mais. “Fazem três anos que uso a Avenida para chegar a Univel e é completamente um descaso a situação dessa via. Ela está abandonada! Sem contar que ela deveria ser mais larga, porque o tráfego é muito complicado. Principalmente quando tem dois ônibus passando ao mesmo tempo”, comenta a estudante de artes, Thais Martins. A Univel tem o seu acesso principal pela Avenida e os acadêmicos convivem com os problemas diaria-

13

mente. “A instituição faz aquilo que pode, mas às vezes aquilo que não é nosso dever torna-se a nossa responsabilidade, pois não podemos esperar a execução da revitalização. Ha mais de 12 meses foi apresentado o projeto, mas nada foi feito até o momento”, diz Viviane Silva, diretora geral da Univel. Por conta das más condições da via, os atrasos dos alunos e professores são comuns em dias de chuva. “É ainda pior porque o número de carros aumenta e tem que frear a todo o momento por conta dos buracos, da falta de sinalização e das poças de água que juntam no asfalto”, salienBarbosa ta a acadêmica, Thais Martins. A esperança é que o projeto ainda seja realizado. “Faz tempo que a revitalização da Avenida está na promessa e nunca acontece nada! Ela é uma avenida muito usada e o poder público precisa dar uma melhor atenção para nós. Porque moramos aqui e temos o nosso comércio, sem contar que também pagamos os nossos impostos como qualquer outro cascavelense e cadê a nossa atenção? Essa revitalização precisa sair da promessa”, diz a comerciante, Magnólia Barbosa.

Cadê a nossa atenção? Essa revitalização precisa sair da promessa!

Em vários pontos da Avenida não há nenhum tipo de sinalização das faixas de pedestres Foto: Debora Elesbão

TITO MUFFATO

Vice-prefeito e secretário de obras assume como uma das prioridades a revitalização da Avenida Tito Muffato / Foto: Núbia Hauer

O nome de uma das principais avenidas de Cascavel homenageia o empresário José Carlos Muffato (Tito), que há 21 anos faleceu em um acidente aéreo. Tito era um dos grandes empresários cascavelenses, dono de uma rede de supermercados. A herança foi deixada aos filhos Ederson, Everton e Eduardo. Atualmente, os integrantes da família Muffato ainda são grandes empresários da região. Os filhos de Tito agenciam uma das maiores redes de supermercados instaladas em várias cidades do Paraná e fora dele. Também são donos de duas emissoras de TV, dois atacados, um hotel e fazendas no Mato Grosso. Além disso, o irmão mais

velho de Tito, Pedro Muffato, foi piloto automobilístico da Cascavel e político– foi prefeito de Cascavel. A homenagem da Avenida a Tito reforça a influência por ele conquistada. Mas hoje os homenageados são os familiares. “Esta homenagem é para toda a família, pois essa via, que anteriormente era uma estrada rural, leva a chácara que meu saudoso pai David Muffato trabalhou toda sua vida”, diz Pedro. Ele ainda comenta sobre a situação precária que se encontra a avenida e que incomoda os integrantes da família. “É uma via de grande importância e que deve ser revitalizada, por ligar polos universitário de nossa cidade e ser a única avenida transversal da região”.


14

Maio 2017

Línguas estrangeiras somam pontos e qualidade ao currículo Evolução no mercado econômico busca profissionais capacitados em mais idiomas Everton Schmitt

Embora não seja a mais falada, a Língua Inglesa é a que exerce maior influencia em todo o mundo, o que atinge o campo profissional, e se torna uma determinante se o candidato à vaga terá colocação privilegiada no mercado de trabalho. Na disputa por uma boa colocação em uma empresa, quem fala e escreve em Inglês tem mais chances de conseguir o emprego. “Hoje o Inglês é uma língua de acesso à informação mundial como um todo, é a língua das trocas comerciais, econômicas e do próprio processo científico”, diz Cezar Versa, mestre em Letras, professor universitário de línguas estrangeiras. No dia a dia nem nos damos conta de como diversas línguas estrangeiras fazem parte do nosso cotidiano, e destas línguas, a mais presente é o Inglês. Você deve estar se perguntando: mas eu não falo Inglês? Tem certeza? Estamos cercados por palavras, no simples ato de ligar uma TV e ouvir música: on, off, play, pause, e os exemplos são inúmeros, shopping, notebook, pendrive, outdoor, Facebook, WhatsApp etc. Essa presença de palavras estrangeiras é um reflexo da globalização. Mas a quebra de fronteiras não se limita a cultura, existe principalmente no setor econômico, refletindo de forma direta no meio profissional. Trazendo uma facilidade de relações internacionais, logo, o cenário econômico se torna mais amplo, não se limita ao local, regional e nacional, mas amplia-se para horizontes internacionais, e se o mercado evolui, o profissional que faz ou fará parte dele, também, e é aqui que entra a necessidade do conhecimento de línguas estrangeiras.

LÍNGUA ESTRANGEIRA NO BRASIL O Inglês é a terceira língua mais falada no mundo, e o Brasil, hoje, tem índices de proficiência na língua inglesa muito baixos, em comparação com outros países. Um levantamento feito pelo British Council, apenas 5% da população fala Inglês. O Brasil está em 38º no ranking de proficiência em Inglês no mundo, de acordo com a EPI (EnglishProficiencyIndex), em português IPI (Índice de Proficiência em Inglês), realizado pela EducationFirst, empresa de educação internacional que é especializada em intercâmbios.

Para cada falante nativo de inglês, existem três pessoas que falam como segunda língua (Fonte: Professor de Linguística David Crystal) Foto: Everton Schmitt

E o Espanhol, que é a língua oficial de muitos países vizinhos é a segunda mais falada no mundo. Os números de proficiência da língua no Brasil são assustadores, não chega a 1% de falantes.

didático e poucos recursos atrativos. A realidade do ensino público brasileiro quando comparada a outros países de primeiro mundo tem uma lacuna que evidencia o motivo da dificuldade para se aprender uma nova língua. “O Ensino Médio em alguns lugares de países ENSINO DE LÍNGUAS como a Alemanha, Itália e demais países ESTRANGEIRAS NO BRASIL da União Europeia, é em Inglês, mesmo Nem sempre os professores têm não sendo a língua oficial do país. Para preparo para aprender uma assumir uma língua efetivadisciplina de mente é precilíngua estranso vivenciá-la. geira e em Então onde o muitos casos ensino médio as condições é todo em inde aprendiglês, há essa zagem nas oportunidaescolas tamde”, aponta, bém são inVersa. Além s u f i c i e n te s . do exemplo O profissioeuropeu, o nal se depamestre conta ra com salas que nos EstaGiovani Dal Piva com muitos dos Unidos, alunos, falta dentro do Ende material sino Médio,

O mundo hoje está conectado, e você precisa estar preparado para se conectar, senão você fica para trás

os alunos podem optar pelo estudo da língua estrangeira que tiverem interesse. No Brasil, o ensino e aprendizado público de línguas estrangeiras tem sérias falhas. Isso se deve a fatores, como sociais, estruturais, profissionais. Mas o desinteresse dos alunos resulta em uma deficiência na formação do aluno. Segundo Marinês Bonifácio, Professora de línguas estrangeiras de Espanhol e Inglês na rede pública, o ensino não é eficiente e o desinteresse tem motivo. “Eles não gostam por que eles não entendem”. Para a professora, as metodologias de ensino devem ser mais lúdicas, com o objetivo de conseguir a atenção dos alunos, mas é um trabalho difícil, já que as turmas são muito numerosas. Existem programas públicos de ensino de línguas, como o Celem (Centro de Línguas Estrangeiras Modernas), que oferta múltiplas opções de línguas, como Espanhol e Italiano, por exemplo, mas o programa não tem uma grande procura pelos alunos, já que é contraturno, o que mostra um dos aspectos do por que há uma baixa proficiência da população, pois muitas vezes não há interesse.


EDUCAÇÃO

Maio 2017

15

LÍNGUA INGLESA INSEREIDA NO MERCADO PROFISSIONAL O meio profissional está a cada dia se ampliando, e com isso a demanda de profissionais mais completos se torna cada vez maior. Hoje, saber uma língua estrangeira é requisito mínimo. A professora Marinês Bonifácio aponta que a preferência pelo ensino da Língua Inglesa na grade curricular não se trata de preconceito com o Espanhol, mas sim pelo fato do Inglês ser a língua dos negócios. Tendo isso como base, reforça: “Se existem dois alunos: Um que fala Inglês, e um que não, o aluno com esse conhecimento em língua estrangeira tem muito mais chances de ter um cargo melhor no mercado de trabalho”, diz Marinês. “Existem oportunidades onde têm à disposição vagas de trabalho para trabalhar com relações internacionais, de comércio, divulgação e comunicação, onde faltam profissionais, pois poucas pessoas falam ou se interessam em estudar línguas estrangeiras”, exclama Versa. O conhecimento de línguas é um adicional para o currículo. Para Giovani Dal Piva, 31, Gerente de Produto que atua na área da tecnologia há 12 anos, o Inglês é um diferencial que faz diferença na vida profissional. Para ele, falar uma língua estrangeira já não é mais um diferencial, mas uma obrigação. “Você precisa ter conhecimento se quiser ser algo e crescer no mercado profissional. Currículos hoje que não tem conhecimento de Inglês, por exemplo, são vistos em segundo plano, pois há

necessidade de profissionais qualifi- riais relacionados às áreas de conhecados para interagir com parceiros e cimento que busco estão disponíveis apenas em inglês”, reforça. clientes de outros países”. No cenário de ensino superior, as Giovani trabalhou um ano fora do país enviado pela empresa de desen- línguas estrangeiras foram inseridas volvimento de softwares. “Abriu portas pelo MEC (Ministério da Educação), para mim, como por exemplo, a opor- buscando a ampliação do conhecimento profistunidade de sional dos acamorar por aprodêmicos. Cesar ximadamente Versa explica um ano no Vale que depende do Silício, na do curso, mas California, EUA, que o ensino que é um dos de línguas está grandes pólos inserido dentro de inovação e do ensino sutecnologia do perior, como: mundo”, comComércio Exteplementa. Além rior, Secretariadisso, o idioma do Executivo, é usado de forGastronomia e ma constante cursos na área nas relações de Comuniprofissionais cação Social dentro da em(Jornalismo presa. e Publicidade O GerenMarinês Bonifácio e Propagante de produto da).“Em Gasconta que a tronomia os Língua Inglesa alunos estudam permite com que ele possa interagir com clientes Francês, e nas áreas de comunicação e parceiros internacionais. “Além de ensina-se Inglês e Espanhol”, explica permitir com que eu me mantenha Versa. O professor, no entanto, lembra atualizado no mercado, pois a maio- que o ensino instrumental da língua ria do material para estudo, como não torna o aluno fluente, mas capaz vídeos, conferências e outros mate- de ler e interpretar textos.

o aluno com esse conhecimento em língua estrangeira tem muito mais chances de ter um cargo melhor no mercado de trabalho

Língua inglesa se torna cada vez mais importante no mercado profissional / Foto: Everton Schmitt

Os meios para se aprender são vários, e isso também inclui opções sem custo. O MEC e o Capes (Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), através do Programa Inglês Sem Fronteiras, disponibilizam o MEO (MyEnglish Online), um curso de inglês online e gratuito, que é destinado para alunos de graduação e pós-graduação de instituições de ensino superior públicas e privadas. Desde o básico até o avançado, o curso busca preparar os estudantes para exames de língua inglesa solicitados para admissão em instituições acadêmicas no exterior e também para o mercado profissional. Franciele Zanoni, 20, é aluna de Física na UEM (Universidade Estadual de Maringá) e estuda inglês pelo My English Online, ela tem na língua estrangeira uma oportunidade de ampliar a carreira profissional. “A Língua Inglesa é essencial, para relações acadêmicas internacionais, estudo e para o futuro mestrado que planejo”, conta Franciele. A plataforma atende sua necessidade, pois possibilita uma flexibilidade no horário de estudo e é grátis. Além do My English Online, a tecnologia oferece diversas formas de aprender, exemplo disso é o Duolingo. O aplicativo de celular é um dos mais famosos do mercado, e ostenta prêmios na área. Funcional, fácil e didático, o app ajuda muito quem pretende aprender Inglês ou Espanhol.


16

Maio 2017

LITERÁRIO

COLUNA DO DIAGRAMADOR

Labirinto Metálico Lyrian Periolo

Há quanto tempo eu estava andando? Minutos? Horas? Já nem sabia mais. Tudo naquele lugar era igual. As paredes metálicas que se erguiam formando um labirinto assustador, as pessoas vagando que encaravam as paredes como se procurassem algo, um som estridente que vez ou outra ressoava seguido de uma voz fantasmagórica e mecânica que pronunciava coisas que não conseguia entender. Um pesadelo. Era a isso que eu podia resumir aquela situação. Como pude me perder em um lugar assim? Enquanto andava meu olhar se alternava entre o caminho à minha frente e àquele as minhas costas numa busca inútil por algo que me ajudasse a sair daquele lugar sufocante. Sem muito sucesso me concentrei em meus pés, o que foi um erro, pois bati violentamente contra algo duro e frio. Afastei-me enquanto massageava a testa e visualizei o que parecia ser uma jaula. Dentro haviam várias coisas empilhadas e logo uma mulher apareceu, jogando mais um objeto lá dentro. Quando percebeu minha presença fez uma careta. Recuei alguns passos com aquele olhar e já pensava em sair correndo caso ela fizesse qualquer coisa, mas a mulher somente bufou e continuou seu caminho, empurrando sua jaula. Fiquei observando-a até que virasse uma das esquinas do labirinto para continuar meu caminho.

CHARGE

Voltei a vagar sem rumo até que uma coisa me chamou a atenção. Um homem, no fim do corredor em que eu estava. Normalmente as pessoas passavam por mim como se eu nem existisse, mas aquele homem não. Seus olhos me fitavam e aquilo fez meus pelos arrepiarem. Quando comecei a recuar ele começou a andar em minha direção. Meus passos foram ganhando velocidade e os dele também, e quando me obriguei a correr ele gritou para mim, começando a me perseguir. Com a gritaria todos que me ignoravam até então passaram a prestar atenção no que estava acontecendo, alguns até tentaram me impedir, mas consegui escapar. Eu virava corredores e corredores tentando despistar o homem, e quando finalmente não o vi mais atrás de mim uma mão agarrou meu pulso. - ME SOLTA! Eu estava prestes a bater no sujeito quando tive meu outro braço paralisado. - Quer parar com isso?! Abri os olhos instantaneamente, encarando meu irmão. - Alex! – abri um sorriso de alívio e o abracei. - Não posso me descuidar um minuto que você desaparece. E ainda fez o coitado do segurança ficar correndo de um lado para o outro. Desse jeito não te trago mais no mercado.

Vitor Miekzikowski

DERROTA Com um placar agregado de 9 a 0, o Cascavel foi eliminado nas quartas de final do Campeonato Paranaense 2017 pelo Curitiba, no dia 12 de abril. Nada é tão ruim que não possa piorar, e o time da serpente é a prova viva – agora nem tão viva assim – de que isso é real. Como se não bastasse a derrota dentro de casa para o Curitiba no último dia 2 com um placar de 5 a 0, o time conseguiu aumentar o prejuízo perdendo mais uma, agora por 4 a 0. FRUSTRADA O incentivo era grande tanto para os atletas quanto para nós torcedores. Estávamos todos encorajados pelas promessas de um time renovado taticamente, que acompanhasse o progresso e evolução do Estádio Olímpico Arnaldo Busatto. MÁSCARA Não podemos negar que a equipe de dirigentes e diretores da serpente atuaram bem na campanha de divulgação do time. Eles conseguiram mascarar todos os percalços e atrasos da obra de revitalização do Estádio Olímpico, reafirmando a ideia de que todo problema gerado pela gestão do sistema público acaba sendo esqeucida e abafado com o tempo. A casa do FCC (Futebol Clube Cascavel) esteve de portas fechadas durante 14 meses, seis a mais que o prazo inicial estipulado pela construtora responsável pelas obras. SEMIRREFORMA A reforma que ainda não foi totalmente concluída. Limita o número de torcedores em 9.999 pagantes. Isso por conta da falta do sistema de monitoramento do estádio, que segundo a legislação é obrigatória a partir dos 10 mil pagantes. Ainda assim, as obras garantem cadeiras novas na área coberta, vestiários padrão FIFA e cabines de imprensa revitalizadas, entre outras reformas em geral. As melhorias tiveram um custo de R$ 8,374 milhões, R$ 1,7 milhões a mais que o limite estipulado pelo projeto que contava com um caixa inicial de R$ 6,669 milhões. Enquanto isso o projeto que estipulava 27 mil lugares e não dispõe nem de metade desse número, segue em andamento. FUTURO Agora, nada mais resta ao Cascavel além de focar todo seu treino e preparo físico em terminar as obras do Estádio Olímpico. Talvez a equipe responsável pelo fim da empreitada gostaria de ter como companheiro de trabalho, ou até mestre de obras, o ilustre Agenor Piccinini, técnico responsável pela campanha humilhante e vexaminosa do FCC no Campeonato Paranaense 2017.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.