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ÁGUA NO SOLO: DE CONCEITOS BÁSICOS ATÉ APLICAÇÕES
Pr Ticas
Neste
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módulo falaremos sobre os conceitos básicos da água no solo, os diferentes tipos de solos e suas características, a dinâmica da água em cada tipo de solo.
No primeiro módulo vimos que a irrigação é uma técnica que veio para ficar. Nos próximos anos, a tendência é que essa prática seja responsável pelo crescimento da produção de alimentos em muitas regiões do planeta.
Diversos fatores impactam na produtividade das culturas agrícolas. Podemos dividi-los em quatro grandes grupos onde temos a contribuição de cada fator de produção: o clima (50%), o solo (23%), planta/genótipos (13%) e manejo do ambiente (14%) (SENTELHAS, 2018).
A variabilidade climática, que é intrínseca ao clima de um local, possui grande influência na produção. Por isso, deve ser sempre avaliada quando caracterizamos um cenário produtivo. Assim podemos nos preparar para os diferentes cenários que possam ocorrer durante uma safra ou ano agrícola, principalmente quando o assunto é água.
A água é fundamental para o crescimento e desenvolvimento das plantas. No entanto, nem sempre esse recurso está disponível na quantidade e no momento adequado durante o ciclo de uma cultura, seja pela má distribuição das chuvas, pela escassez ou até pela falta dela em determinado período. gânica. A outra metade é dividida entre a fase líquida, composta pela água e solução do solo, e fase gasosa, onde ocorrem as trocas gasosas. Cada fase ocupa um volume entre 25% a 30%, dependendo das condições em que o solo se encontra.
Como minimizar esses problemas?
Uma alternativa para minimizar esses problemas é o uso da irrigação. Contudo, o manejo da aplicação de água no solo não é tão simples quanto parece. Isso porque temos diversos tipos de solos, com características distintas que fazem com que a água se comporte de maneira diferente em cada um.
A interação da água e o solo no sistema solo-planta-atmosfera é regida por alguns fatores, sendo os principais parâmetros físico-hídricos que influenciam são: granulometria das partículas; densidade do solo; condutividade hidráulica do solo; capacidade de infiltração de água e porosidade.
O primeiro passo para entender alguns atributos do solo e como eles interferem na dinâmica da água nesse ambiente é necessário entender como o solo é formado. O solo é considerado um sistema trifásico por conter três fases.
Granulometria
Aproximadamente 50% do volume do solo é ocupado pela fase sólida, composta por minerais e matéria or-
A granulometria diz respeito à distribuição por diferentes tamanhos das partículas minerais que compõem o solo,ou seja, a fração menor que 2 mm de diâmetro é de maior importância agronômica.
Ela é divida em: areia (de 2 a 0,05 mm) silte (de 0,05 a 0,002 mm) e argila que é a menor fração granulométrica do solo (menor que 0,002 mm).
Cabe lembrar que a textura do solo é praticamente invariável ao longo do tempo, ou seja, através de práticas agrícolas não é possível transformar um solo arenoso em argiloso.
Veja gráfico ilustrativo na próxima página.
A textura do solo enquanto propriedade define a quantidade de água que o solo pode armazenar. Esse fenômeno está relacionado com o tamanho das partículas que vimos anteriormente.
Por exemplo: um solo de textura arenosa, composto principalmente de partículas grosseiras, tende a reter menos água que um solo de textura argilosa, constituído por partículas menores, ou seja, quanto maior forem as partículas, menor será a capacidade de retenção e armazenamento de água.
Fonte: Solo Fértil
A partir da análise granulométrica ou análise física do solo, obtemos a textura do solo formada a partir do arranjo entre a proporção de areia, silte e argila. A combinação entre elas, em diferentes proporções, dá origem a 13 classes texturais, mas de maneira geral, podemos dividir essas treze classes em solos de textura muito argilosa, argilosa, média, siltosa e arenosa.
A partir da ligação e organização das partículas sólidas (areia, silte, argila e matéria orgânica) e da ação de microrganismos do solo formam-se agregados.
A junção de agregados dá origem à estrutura do solo. A estrutura do solo nos mostra as condições do solo, ou seja, solos bem estruturados possuem menor densidade, maior porosidade, maior taxa de infiltração de água e maior armazenamento de água para as plantas.
Já solos com estrutura degradada podem apresentar maior densidade devido à compactação do solo, menor porosidade e menor taxa de infiltração de água, além de diminuir a capacidade de armazenamento de água para as plantas.
A densidade do solo
A densidade do solo é a unidade que relaciona a massa de solo em um determinado volume. Como visto anteriormente, a densidade do solo está relacionada com a porosidade do solo e muito associada aos fenômenos de compactação do solo.
Logo, para o mesmo volume de solo, quanto maior for a massa de solo, menor será a porosidade e maior a densidade do solo. Isso afeta a capacidade de retenção e o movimento de água no solo.
Solos argilosos normalmente apresentam densidade de 0,9 a 1,20 gramas por centímetro cúbico. Já solos arenosos apresentam entre 1,25 a 1,70 gramas por centímetro cúbico.
Antes de chegarmos no assunto de água no solo é importante entendermos como os solos são formados, visto que já falamos bastante de solos argilosos e arenosos.
Por conta dos diferentes fatores de formação do solo como clima, organismos, relevo, material de origem e tempo existem diversos tipos de solo. A classificação se baseia através da constituição das camadas ou horizontes.
Logo, solos com estrutura degradada são mais suscetíveis a problemas ambientais, como a erosão hídrica.
Sob uma determinada profundidade, as camadas devem apresentar a mesma característica e as mesmas com- posições em relação à cor, textura, estrutura e outras características.
Um perfil de solo mostra uma sequência vertical de camadas ou horizontes resultante da ação dos processos de formação do solo.
Cabe salientar que nem todos os horizontes principais estão presentes em todos os perfis de solo.
Horizonte A: É um horizonte mineral, situado na superfície que representa a concentração de matéria orgânica decomposta, incorporada pelos microrganismos e misturada com a fração mineral. Normalmente possui coloração mais escura que os horizontes abaixo.
Horizonte B: É um horizonte mineral identificado pela coloração mais viva (vermelha, amarela ou cinza) comparado com o horizonte A ou C. Apresenta agregados estruturais bem desenvolvidos.
Horizonte C: É um horizonte constituído por rocha alterada, pouco afetado pelos processos de formação do solo. Normalmente representa o material de origem do solo.
Rocha mãe - R : É uma camada mineral de material consolidado, constituindo o material rochoso.
Isso tudo que vimos até agora (granulometria do solo, densidade, agregação, a formação e constituição dos diferentes tipos de solos) afetam a água no solo. Para expressar o conteúdo de a água de um solo, é necessário tomarmos conhecimento de outros conceitos, sendo eles:
Limite superior de água disponível ou capacidade de campo (CC): é a condição de umidade do solo após a drenagem interna ter sido reduzida drasticamente, em um solo previamente saturado por chuva ou irrigação.
Limite inferior de água disponível ou ponto de murcha permanente (PMP): representa o limite mínimo de água armazenada no solo que será extraída pelas plantas. Logo, se o teor de água no solo está abaixo do qual a planta não conseguirá retirar água a uma taxa suficiente para suprir a demanda atmosférica, aumentando a cada instante a deficiência de água, podendo acarretar na morte da planta.
Assim, a capacidade de armazenamento de água disponível no solo (centímetro cúbico de água por centímetro cúbico de solo) é expressa através da fórmula:
AD = (CC - PMP)
Onde, CC é o conteúdo de água no solo na capacidade de campo (centímetro cúbico por centímetro cúbico)
PMP é o conteúdo de água no solo no ponto de murcha permanente (centímetro cúbico por centímetro cúbico).
Ao multiplicarmos o valor da AD pela profundidade efetiva do sistema radicular (mm), temos o conteúdo total de água no solo, que é a quantidade de água armazenada até determinada profundidade (CAD).
Geralmente, até a profundidade efetiva do sistema radicular, caso o volume de água no solo seja superior à capacidade de campo, o excedente será perdido, podendo causar danos ambientais, como formação de processos erosivos no solo, além de aumentar o custo da irrigação.
Contudo, a extração de água pelas plantas é dificultada bem antes que o ponto de murcha permanente seja atingido. Quando o teor de água no solo é reduzido abaixo de um valor crítico, torna-se difícil que a água do solo seja transportada até as raízes a uma taxa suficiente para suprir a demanda da transpiração da cultura. Então a planta começa a sofrer estresse devido ao déficit hídrico.
Devido a esse maior grau de dificuldade de extração de água pelas plantas quando o teor de água no solo diminui, definiu-se o termo água facilmente disponível (AFD).
A AFD é utilizada no lugar da CAD porque não se deve deixar que o conteúdo de água no solo atinja o PMP. Por isso, em função da cultura, das condições de clima e solo, é estabelecido o coeficiente de disponibilidade (f), tendo em vista o maior ou menor grau de dificuldade que determinada planta poderá ter para extrair água do solo. Esse valor de umidade irá corresponder à umidade crítica do solo, ou seja, quando o teor de água no solo chegar nesse valor deve-se repor a quantidade de água que representa a fração de água facilmente disponível.
Assim, podemos resumir o que abordamos ao longo da nossa conversa observando a imagem. Ela representa a relação geral entre as características da água do solo e de sua textura. Observe que o ponto de murcha permanente aumenta à medida que a textura se torna mais fina (partindo da textura arenosa e se aproximando da textura argilosa).
A capacidade de campo vai aumentando até se estabilizar, o que ocorre em solos de textura média, similar ao comportamento da capacidade de campo ocorre para a fração de água facilmente disponível, aumentando à medida que a textura do solo se torna mais fina.
No próximo módulo vamos abordar os conceitos da dinâmica da água nas plantas.