CIRCULANDO ANO 14 NÚMERO 399
JORNAL-LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIVALE - MARÇO/ABRIL DE 2012
DISTRIBUIÇÃO GRATUITA
Falta pouco para o 2º turno das eleições Para atingir os 200 mil eleitores necessários para um 2º turno das eleições municipais, a Justiça Eleitoral e a Câmara de Vereadores promovem campanha para conscientizar os jovens a emitirem o título de eleitor Arquivo Justiça Eleitoral
O Carioca de Valadares Arquivo pessoal
Duas grandes paixões de sua vida foram o futebol e o jornalismo. A carreira nos gramados começou nos idos de 1946, no Esporte Clube Democrata, mas o destaque como jogador veio mesmo no Esporte Clube Pastoril. Em 1950, migrou para o universo do jornalismo integrando, primeiramente, a equipe do Tribuna Fiel, passando pelo rádio até chegar ao Diário do Rio Doce, onde atuou por quase meio século. Prestes a fazer 81 anos, Sebastião Pereira Nunes, o Carioca, juntamente com seus filhos, rememora saudosas histórias e declara que a sua vida “foi muito bem vivida e se pudesse viveria Carioca nos tempos de jornalista tudo outra vez!”. Página 7
Atualmente, Governador Valadares conta com 195.561 eleitores, o que significa que bastaria a emissão de 4.439 novos títulos para tirar a iniciativa do papel. A estratégia encontrada pela Justiça Eleitoral e Câmara para alcançar a marca dos 200 mil eleitores é mobilizar os jovens, de 16 e 17 anos, a obterem o documento. A questão do 2º turno das eleições divide opiniões e causa polêmica entre juízes, vereadores, presidentes de partidos e a população em geral. Confira reportagem completa na Página 3.
Profissionais apostam em títulos acadêmicos como diferencial Cursos de mestrado e doutorado eram procurados, até pouco tempo atrás, por pessoas que queriam seguir a carreira acadêmica, seja como professor ou pesquisador. Contudo, essa realidade vem mudando e, cada vez mais, profissionais de diversas áreas optam pelos títulos como um diferencial no mercado de trabalho. O retorno financeiro é animador; no caso do mestrado, pode chegar a 30%. Segundo pesquisa do Ministério da Ciência e Tecnologia, as mulheres são maioria. Página 4
Carlos Olavo da Cunha Pereira faz aniversário e o Circulando resgata um pouco da história desse importante jornalista Página 8
Você tem medo de ir ao dentista? Esta angústia é muito comum entre crianças, porém, muitos adultos têm pavor ou ficam ansiosos com a ideia de visitar o consultório odontológico. A maior parte dos que sentem medo afirma já ter vivenciado uma situação traumatizante relacionada ao tratamento odontológico. Página 6
OPINIÃO
Até novembro de 2011, foram realizadas visitas a dez escolas das três zonas eleitorais de Valadares
Para os amantes da sétima arte, a estudante do 2º período de Pedagogia, Geanne D’arc de Carvalho, traz uma resenha sobre o filme Alexandria. A trama destaca a história da professora de filosofia Hipátia que, diferente das mulheres de seu tempo, não desejava casar-se e se dedicou unicamente ao estudo e ao magistério. Sua preocupação era com o movimento da Terra. Página 2
Adaptação é desafio para universitários Página 5
Arquivo pessoal
Como cuidar bem da memória Engano de quem pensa que lapsos de memória são exclusividade apenas da terceira idade. Segundo a neuropsicóloga Denise Vilela Silva (foto), o estresse, a ansiedade, a má alimentação e a privação do sono interferem negativamente no processo de memorização. A recomendação é simples, mas difícil de colocar em prática em meio à correria do dia-adia: adotar um estilo de vida saudável. Página 6
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OPINIÃO
ARTIGO Arquivo pessoal
HD humano? ANA CAROLINA OLIVEIRA / 5O PERÍODO DE JORNALISMO
A quantidade de informações geradas todos os dias é superior à capacidade de absorção das pessoas. A especialização da notícia, a agilidade na divulgação e a diversidade de plataformas são os causadores da superprodução de mensagens. A forma de interagir mudou e compreender as ferramentas utilizadas faz-se necessário. A evolução da comunicação pode ser compreendida traçando-se um paralelo entre a realidade de 1830 e o ano de 2011. Uma pessoa postava uma carta na Inglaterra e a correspondência gastava de cinco a oito meses para chegar à Índia. A resposta demorava até dois anos devido às monções no Oceano Índico. Há alguns anos, novos métodos de transmissão e recepção, de códigos possibilitaram a interação rápida. Atualmente, esse processo é
instantâneo. Dentro de algum tempo o avanço tecnológico se encarregará de criar novos mecanismos, como o de projeções holográficas. Por mais que uma pessoa goste de ler e disponha de muito tempo para essa atividade, o conteúdo disponibilizado é inatingível. O importante é aproveitar ao máximo e extrair o melhor daquilo que se lê, ouve e o que assiste. Uma pessoa informada tem assunto para conversas entre amigos, colegas de trabalho e família. O hábito da leitura estimula a mente, a formação crítica, melhora a fala e a escrita. Mesmo aqueles que não possuem recursos financeiros para acesso às mídias pagas, podem utilizar as gratuitas. O ideal é conhecer de tudo um pouco, mas a seleção de conteúdo é uma maneira de ficar antenado nos acontecimentos do cotidiano. Ao mesmo tempo em que a modernidade amplia o universo comunicativo, expande-se também a necessidade de suprir a demanda. A corrida dos profissio-
nais de comunicação é intensa: material informativo para jornais, revistas, internet, celular, rádio, televisão; notícias nacionais e do resto do mundo; linguagens específicas do esporte, da política, da cultura, da economia, da sociedade e do lazer. A mente humana é fonte de pesquisa. Embora alguns cientistas falem em números, a capacidade ainda é um enigma. Ela retém milhares de informações. Contrastar mensagens é possível graças a essa qualidade. As recordações servem de instrumento na hora de associar ideias e estabelecer uma relação. Esquecer é um ato para limpar a mente, “excluir arquivos”. As limitações de acesso ao conteúdo e armazenamento não são desculpa. Mesmo que o tempo seja curto, para todos os lados, existem informações e fontes geradoras. O mundo não para e os fatos transformam vidas. Conhecimento não é acessório que se exiba entre amigos, mas fica bem em qualquer um.
Fundação Percival Farquhar Presidente Edvaldo Soares dos Santos Universidade Vale do Rio Doce Reitora Profa. Ana Angélica Gonçalves Leão Coelho Diretora de Área das Ciências Humanas e Sociais Profa. Cláudia Gonçalves Pereira Coordenadora do Curso de Jornalismo Profa. Nagel Medeiros Editora e Jornalista Responsável Profa. Fernanda Melo (MG11497/JP) Revisão Textual José Ilton de Almeida (5º Período de Letras) sob a supervisão da Profª Elisângela Rodrigues Andrade Vieira Helal Editoração Eletrônica Prof. Brian Lopes Honório (Editora Univale) Impressão / Tiragem Inforgraf / 500 exemplares Redação Laboratório de Jornalismo Carlos Olavo da Cunha Pereira Rua Israel Pinheiro, 2.000, Bairro Universitário - Campus Antônio Rodrigues Coelho - Edifício Pioneiros, Sala 4 - Governador Valadares/Minas Gerais - CEP: 35.020-220. Contatos: (33) 3279-5956 / circulando@univale.br
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RESENHA
O Jornal-Laboratório Circulando é uma publicação bimestral do Curso de Jornalismo da Faculdade de Artes e Comunicação (FAC).
Hipátia de Alexandria GEANNE D’ARC DE CARVALHO / 2O PERÍODO DE PEDAGOGIA
Lançado no Brasil em 2009, o filme Alexandria, do diretor espanhol Alejandro Amenábar, relata a história da filósofa Hipátia (Rachel Weisz), professora de filosofia, matemática e astronomia, que viveu entre os séculos IV e V de nossa era. Diferente do que se espera das mulheres de seu tempo, ela não deseja casar-se, mas se dedica unicamente ao estudo e ao magistério. Sua principal preocupação, no relato do filme, é com o movimento da Terra. Entre seus alunos estão Orestes (Oscar Isaac), que a ama sem ser correspondido, e Sinésio (Rupert Evans), convertido ao cristianismo e defensor do mesmo. Hipátia não permite que as constantes disputas religiosas entre judeus, cristãos e politeístas greco-romanos que agitam a cidade de Alexandria cheguem às suas aulas, desestimulando-as sempre que ocorrem. Outro que nutre um amor secreto pela filósofa é o escravo Davus (Max Minghella). A paixão por sua senhora é o que a princípio o impede de se converter ao cristianismo. Numa época em que política e religião estão profundamente acopladas, Hipátia se recusa a tomar uma posição religiosa, optando pela neutralidade e pelo amor à filosofia, porque sua visão de mundo é puramente filosófica e não há espaço para religião. Além de narrar a vida dessa famosa
professora, pode-se observar de forma nítida, no filme, o conflito entre cristãos e não-cristãos e a forma como a mulher era vista, pois, segundo os ensinamentos cristãos "a mulher deve obediência ao homem" e Hipátia, pelo que se pode observar, não se permitia ser subordinada a ninguém. A imagem do cristianismo como instrumento de acusação e perseguição foi muito bem representada na película, tanto por Teófilo (Manuel Cauchi) quanto por Cirilo (Sami Samir), que ao substituir seu tio, tornou-se o grande propagador da proposta da conversão obrigatória: quem não aceitasse a fé cristã automaticamente deveria ser apedrejado. Alejandro Amenábar conseguiu transpor para as telas de cinema toda a força dessas personagens históricas, criando um épico inesquecível. Com maestria, mostrou de forma sensível, porém verdadeira, a trajetória de uma mulher à frente de seu tempo, que teve a coragem de lutar por seus princípios. A escolha das belíssimas locações na Ilha de Malta, o cuidado com os figurinos e cenários, o primoroso roteiro original assinado por Amenábar e Mateo Gil, fazem desse, um filme digno de nota e aplausos. Mais do que um magnífico drama histórico, Alexandria é uma excelente fonte de lazer, cultura, reflexão e debate filosófico.
FICHA TÉCNICA: Título em Português: Alexandria. Título Original: Agora. Direção: Alejandro Amenábar. Elenco: Rachel Weisz, Max Minghella, Oscar Isaac, Ashraf Barhom, Michael Lonsdale, Rupert Evans, Richard Durden, Sami Samir, Manuel Cauchi. Gênero: Drama/História/Romance. País de Origem: Espanha. Idiomas: Inglês e Português. Duração: 126 min. Ano: 2009. Classificação: 14 anos. Distribuição: Flashstar Filmes. Resenha produzida para a disciplina Comunicação Oral e Escrita, ministrada pela professora Elisângela Rodrigues Andrade Vieira Helal. *
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POLÍTICA
2º turno das eleições de 2012 em Governador Valadares divide opiniões Arquivo Justiça Eleitoral
DENISE FERRARI 5º PERÍODO DE JORNALISMO
A Justiça Eleitoral e a Câmara Municipal de Governador Valadares iniciaram, há 6 meses, campanhas nas escolas para conscientizar os jovens de 16 e 17 anos a fazerem o título de eleitor. O objetivo é atingir a marca dos 200 mil eleitores para que a população, pela primeira vez nos 75 anos de fundação do município, respire as emoções do segundo turno na disputa para prefeito. E a cada dia a meta parece estar mais próxima de se tornar realidade. Atualmente, Valadares conta com 195.561 eleitores, o que significa que bastariam a emissão de 4.439 novos títulos para tirar a iniciativa do papel. No entanto, a contagem regressiva rumo ao segundo turno ainda divide opiniões. Entre 2007 e 2008, quando Roberto Apolinário de Castro era juiz eleitoral, dedicou parte do trabalho forense para ir às escolas convencer os jovens a antecipar a retirada do título. “Envolvemos o Interact e o Rotaract, que são dois grupos de jovens do Rotary, e conseguimos a adesão de seis mil estudantes que, com certeza, fizeram a diferença nas últimas eleições para prefeito na cidade. Mas, infelizmente, não conseguimos atingir a marca dos 200 mil eleitores para chegar ao Jovens entre 16 e 17 anos são o público-alvo da campanha da Justiça Eleitoral e da Câmara de Vereadores para atingir os 200 mil eleitores segundo turno”, lamenta. O juiz explica que, em 2011, participou de algumas reuniões com o presidente da Câmara Municipal de GoO povo está incrédulo em O segundo turno é muito O valadarense só tem a ganhar, vernador Valadares, vereador Heldo porque o segundo turno dá democrático. Podemos anaArmond (PTB), com o objetivo de re- relação à política, e esse desespetir a iniciativa. “O segundo turno é tímulo passa para o jovem. Eu lisar todas as propostas e ter condições para o eleitor avaliar muito democrático. Podemos analisar adoraria saber que os jovens e reavaliar as propostas dos mais tempo para escolher o todas as propostas e ter mais tempo candidatos. Talvez o eleitor que é melhor para a cidade. para escolher o que é melhor para a ci- de nosso país estão preparados dade. Por isso a participação do jovem para votar, mas infelizmente até mude de opinião devido (Roberto Apolinário de Castro) é muito importante”, defende. Apolinão estão. aos projetos lançados nas nário ainda diz que o voto do jovem é campanhas eleitorais. (João Emídio Rodrigues Coelho) mais qualificado, é um voto espontâneo e livre de obrigações. “Para mim, (Geovanne Honório) o jovem está muito bem preparado. É um sonho antigo e tenho certeza de que vamos atingir o segundo turno país estão preparados para votar, mas dadania e escolher o futuro prefeito Cerca de 1.000 jovens das três zonas infelizmente não estão. Tenho receio da cidade é de fundamental impor- eleitorais de Valadares aderiram à em Valadares”, aposta. desses jovens acabarem escolhendo o tância. “Eu me sinto preparado para campanha. candidato errado”, avalia. votar e vou saber escolher o melhor Contra candidato para administrar nossa ci- Baixas Mas a proposta do magistrado não dade sem precisar consultar a minha Segundo o diretor do Fórum da parece convencer o presidente do Apoiadores família”, sustenta o jovem. E garanComarca de Governador Valadares, Já o presidente do PT de ValadaPSDB municipal, João Emídio Rodrite que não é o único. Ele conta que Marcelo Carlos Cândido, as campares, vereador Geovanne Honório, gues Coelho. Para ele, o segundo turno não deve ser encarado como uma manifesta otimismo em relação ao boa parte dos amigos também teve nhas de conscientização nas escolas prioridade política na agenda da cida- segundo turno. Para ele, mesmo com consciência de que, mesmo numa estão sendo um sucesso, mas não tem de. “A política tem que ser mais séria. os empecilhos, Governador Valada- idade em que o voto é facultativo, certeza de que através delas irão conO segundo turno aumenta o número res deve atingir a marca dos 200 mil a escolha pela cidadania deve pre- seguir atingir os 200 mil eleitores. “O de candidatos e acabam surgindo con- eleitores. “O valadarense só tem a ga- valecer. A escolha de Hubert surgiu número de baixas em nosso cartório chavos entre os candidatos para con- nhar, porque o segundo turno dá con- exatamente a partir de uma visita da está grande por causa de eleitores que seguirem ganhar a eleição, e isso não dições para o eleitor avaliar e reavaliar Câmara de Vereadores em parceria residem em outras cidades e pedem as propostas dos candidatos. Talvez o com a Justiça Eleitoral em escolas transferência de domicílio eleitoral, é bom para a cidade”, sustenta. e também dos óbitos. Talvez seja um O dirigente acrescenta que os vala- eleitor até mude de opinião devido da cidade. A atendente de cartório da zona dos empecilhos para suprir os 4.439 aos projetos lançados nas campanhas darenses não necessitam do segundo 118, Alessandra Siqueira César, con- eleitores que faltam para chegarmos turno, mas da conscientização sobre eleitorais”, acredita. Em meio às divergências, o estu- firma o sucesso das campanhas. Até ao segundo turno”, admite. Mesmo a importância do voto. “O povo está incrédulo em relação à política, e esse dante Hubert Silva Marques, de 16 meados de novembro de 2011, foram assim, deixa claro que não irá desanidesestímulo passa para o jovem. Eu anos, optou por tirar o título de elei- realizadas visitas a dez escolas, tan- mar, e garante que as visitas às escolas adoraria saber que os jovens de nosso tor. Para ele, exercer o papel de ci- to na zona urbana quanto na rural. vão continuar até o mês de abril.
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MERCADO DE TRABALHO
Títulos acadêmicos mais valorizados pesquisa. “O mestrado é mais voltado para o ensino, já o doutorado, para a pesquisa. O custo do financiamento dessas pesquisas é muito alto. Para Mais mulheres Uma pesquisa feita recentemente despertar o interesse de investidores, pelo Ministério da Ciência e Tecnolo- preciso publicar, no mínimo, três argia, através da Coordenação de Aper- tigos por ano em revistas especializafeiçoamento de Pessoal de Nível Supe- das”, explica. “Mas as empresas e as rior (Capes), apontou que, de 2004 a fundações universitárias sempre pre2010, foram beneficiadas com o douto- cisam de pessoas com esse perfil, por rado 35.626 mulheres, frente a 33.765 isso, doutorado é um ótimo investihomens, número 5% maior. Já no mes- mento”, garante. O retorno financeiro do título trado, a diferença é ainda mais visível: 117.382 mulheres contra 100.202 ho- acadêmico no currículo profissional Juliana Vilela durante apresentação de sua pesquisa de mestrado sobre mídia e migração é animador. Em alguns casos, um mens, o que representa 17% a mais. Natural do Equador, a professora doutor chega a ganhar 37% a mais GEORGE GONÇALVES relembra. Hoje, com o título de mes- e também pesquisadora da Univale, do que uma pessoa que só tem a gra5º PERÍODO DE JORNALISMO tre, divide a rotina entre duas paixões: Gulnara Patrícia Borja Cabrera, for- duação; já para os mestres, o acréslecionar e exercer a profissão que esco- mou-se em medicina há 22 anos, mas cimo é de 30%. Bastou um mês com o diploma de lheu. Além de dar aulas em um curso não parou por aí. Depois do mestraO gerente de Recursos Humanos, graduação nas mãos e a jornalista Ju- de pós-graduação, também é assesso- do e doutorado em Patologia, chegou Paulo César Pereira, lembra que, deliana Vilela Pinto, 24 anos, não perdeu ra de comunicação de uma altarquia ao pós-doutorado em 2003, expres- pendendo da área, outros cursos de tempo; ingressou logo no programa federal na cidade. “Durante o mestra- são máxima da academia. “Na sala especialização são mais vantajosos. de mestrado em Gestão Integrada do do, me dediquei mais à pesquisa, por do doutorado, por exemplo, 90% dos “O MBA [Master Business AdminisTerritório, concluído em abril de 2011, isso, não experimentei o dia-a-dia da alunos eram mulheres. Até mesmo no tration], por exemplo, é mais voltado pela Universidade Vale do Rio Doce profissão que gosto tanto. Agora, pos- setor que trabalho na Univale - Labo- para a realidade do comércio. Quem (Univale). O interesse pela área aca- so fazer isso”, comemora. ratório de Imunologia - todos os dou- quer se aperfeiçoar e ter um salário dêmica surgiu ainda no tempo de uniE como Juliana, milhares de brasi- tores são do sexo feminino”, afirma. melhor, sem passar pelo mestrado ou versidade. “Meus professores falavam leiros em todo o país optam pelos tíEla lembra que, na condição de doutorado, pode investir nesse tipo de que eu levava jeito para a docência”, tulos acadêmicos como um diferencial pós-doutora, precisa ter uma linha de pós-graduação”, orienta.
ACS/Univale
na hora de enfrentar o mercado de trabalho, principalmente as mulheres.
Ganhando a vida sobre duas rodas Apesar dos riscos, a profissão de mototáxi atrai cada vez mais pela possibilidade de dinheiro rápido e autonomia
Jéssica Scarabelli
JÉSSICA SCARABELLI 5º PERÍODO DE JORNALISMO
Pelas ruas da cidade, faça sol ou chuva, sempre estão trabalhando. Acostumados com a velocidade e a pressa de alguns clientes, os mototaxistas sobrevivem assim, de passageiro em passageiro e, com isso, conhecem todos os cantos da cidade. A palavra que dá nome à profissão foi estabelecida no Brasil a partir do sufixo moto que é uma redução da palavra motocicleta. É um tipo de transporte público que se tornou muito utilizado devido à facilidade de escolher o local de embarque e desembarque pelo cliente, que paga apenas a distância percorrida, ou seja, não há um local específico de chegada e partida, como por exemplo existe no caso do ônibus ou do metrô. Em Valadares, a predominância do serviço é alta, traz benefícios para profissionais e passageiros, mas também oferece alguns riscos. Hoje, praticamente em todas as cidades brasileiras é registrado esse tipo de serviço. Em Valadares, o serviço é muito utilizado por todos os tipos de pessoas, sejam estudantes ou trabalhadores. Até mesmo quem não sabe o endereço certo para onde quer ir apela para o auxílio de um mototáxi. Para muitos, a profissão é provisória, como no caso de Daniel Souza, 36 anos, que sempre trabalhou como caminhoneiro. Ele afirma ter
entrado nesse ramo há pouco tempo. “Para mim, é falta de outro serviço. Pretendo ficar assim até conseguir outra coisa [trabalho]”, diz. Normalmente, o valor cobrado pelo serviço é seguido por tabela para distâncias semelhantes. “É cansativo trabalhar assim, mas ao final de todos os dias tenho dinheiro no bolso”, conta Presley de Souza, de 42 anos, que sempre trabalhou como autônomo e agora está há um ano como mototaxista. Souza sempre trabalhou informalmente e vê na atual profissão um meio rápido de se obter dinheiro. Apesar disso, considera o ofício perigoso. “Corremos riscos de várias formas. Primeiro, por estarmos carregando pessoas que não conhecemos direito, depois, porque o trânsito, em geral, é muito turbulento em determinados momentos e oferece um grande perigo. Há pessoas que falam mal do motoqueiro, mas na verdade, os motoristas são os que menos respeitam a sinalização”, reclama. Outro mototaxista, Mikel Abrantes, diz não ser patrão, mas se define como uma pessoa que toma medidas cabíveis em caso de algum tipo de negligência. Ele trabalha como mototaxista há dez anos e revela que o lado bom da profissão é o fato de o funcionário chegar quando quer e trabalhar no dia que quer. “O patrão é o nosso cliente. Ele é quem paga nosso saláA profissão permite fazer o próprio horário de trabalho e garante dinheiro ao final do dia rio”, exemplifica.
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EDUCAÇÃO
Adaptação, a maior prova do ensino superior ANA CAROLINA OLIVEIRA 5º PERÍODO DE JORNALISMO
Chegar ao ensino superior não é fácil. Além de investimento financeiro é necessário muito estudo e força de vontade. A vida do aluno muda bastante para atender às necessidades acadêmicas, o que exige adaptação. Sacrifício do lazer, muitas atividades, livros para ler, trabalhos. A primeira mudança é a ligada ao saber, pois as maneiras de ensinar e aprender são bem diferentes do ensino médio. A outra é a social, ligada aos relacionamentos com professores, colegas, além da vida externa, também distinta dos tempos de escola. A aluna Aminy Anny Teixeira Gusmão, de 20 anos, ingressou na universidade logo após a conclusão do ensino médio. Encontrou um ambiente bem diferente do colégio. “No começo do curso foi bem difícil. Antes tinha a cobrança dos professores e até mesmo dos colegas; na faculdade não existe essa preocupação. Se fiz, ótimo, se não fiz, o problema é meu”. Após alguns ajustes, Aminy já não tem muita dificuldade. Ela entendeu que se não conseguisse se adaptar não conseguiria seguir adiante com os estudos. Mas a aluna acredita que quando o professor busca uma forma mais dinâmica de apresentar a matéria, cativa mais o aluno, além de ajudá-lo bastante na aprendizagem. O administrador Antônio Mário de Oliveira, 38 anos, esteve fora das salas de aula por muito tempo. Quando ingressou no ensino superior estava com mais de 30 anos. Ele não teve dificuldades quanto ao relacionamento com colegas e professores, mas a adaptação acadêmica foi “complicada”. Para Mário, “tudo parecia diferente do que havia aprendido na escola”. O desejo de aprender e crescer na vida era intenso, mas “abrir mão de momentos com a família foi extremamente difícil”. Logo que voltou a estudar o administrador estava com uma filha ainda bebê e “perder os momentos mais in-
nos mais novos, que podem sofrer pela falta de maturidade, ou os de maior idade, por estarem há muito tempo longe dos estudos. “A adaptação não diz respeito apenas aos alunos, é também uma questão da instituição de ensino superior, nos processos administrativos e pedagógicos” quanto aos processos, à postura dos professores, às atividades e avaliações. No ensino superior, o aluno será menos acompanhado e suas atividades e horários serão pouco supervisionados. O estudante de uma faculdade tem um espaço de maior autonomia, porém, os educadores precisam participar da construção dessa autonomia estando atentos aos processos vivenciados pelo estudante. Uma das maiores reclamações dos alunos é a falta de tempo, mais um aspecto de adaptação, comentado por Gabriela. “Certamente existe tempo para tudo, e o estudante deverá saber identificar as prioridades em cada situação.” Quando o aluno não se ajusta à realidade da universidade, podem acontecer dificuldades no ensino ou ainda a evasão que, conforme as observações da professora, é um fenômeno visto em pesquisas. “Acontece, principalmente no primeiro e segundo semestres, e pode ser causada pela não adaptação ao novo contexto acadêmico”. Para ajudar aos alunos que estão Danilo Guimarães com dificuldades, a pesquisadora deixa algumas orientações: o primeiro teressantes da criança foi muito mar- regras, procedimentos e posturas dife- passo é entender que esse processo é cante”. Mesmo com toda dificulda- rentes”, que deve ser observada desde normal, é muito comum a pessoa sende encontrada, está formado há dois a matrícula até as avaliações. Através tir-se “fora do lugar” no início do curanos e já vê resultados de seu esforço, de seus estudos, a pesquisadora veri- so de graduação; é preciso calma e ao que embora tenha sido muito grande, ficou que “os autores da Sociologia da mesmo tempo procurar inserção nas “realmente valeu a pena”. Educação que discutem esses aspectos atividades. Realizar os trabalhos de falam em um processo de ‘afiliação’, acordo com a orientação dos profesque é fundamental para o sucesso do sores é outro passo importante. Para Novos aprendizados A professora do curso de Pedago- estudante no ensino superior.” Gabrie- a instituição de ensino também deixa gia da Universidade Vale do Rio Doce la ressalta que as mudanças provocam recomendações: é preciso o reconheci(Univale) e pesquisadora da educação um estranhamento, que é observado mento desse processo “dando atenção no ensino superior, Maria Gabriela em alguns alunos com maior inten- aos estudantes que demonstram diParenti Bicalho, afirma que “estar na sidade, e em outros em menor grau. ficuldades acadêmicas, e apresentam universidade requer aprendizagem de Dentro dessa análise, existem os alu- ausências frequentes”, conclui.
O Laboratório de Jornalismo Carlos Olavo da Cunha Pereira (LabJor) abre suas portas nesse semestre para uma nova equipe de trabalho. Os alunos do curso de Jornalismo terão a oportunidade de aprender sobre a produção de veículos impressos, bem como planejar e executar novos produtos de comunicação. Em andamento, já se encontra a elaboração de um jornal-mural voltado para o público estudantil da Universidade Vale do Rio Doce (Univale). O projeto é desenvolvido em parceria com o Laboratório de Design (LD). A coordenadora do Laboratório de Jornalismo, professora Fernanda de Melo Felipe da Silva, explica que o ambiente é um espaço pedagógico de ensino, pesquisa e extensão e visa mediar práticas comunicativas. “Um dos objetivos deste ambiente é estimular os alunos na busca de uma postura autônoma, criativa, questionadora, ética e cidadã. É fundamental que eles sejam pró-ativos e experimentem ao máximo as possibilidades do universo da comunicação”.
ACS/Univale
LabJor renovado
O Laboratório de Design (LD) é parceiro do LabJor no projeto de um jornal-mural
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SAÚDE
Medo de ir ao dentista não tem idade
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O importante é que a criança seja levada ao consultório do odontopediatra ainda bebê, para que os cuidados com a higiene oral sejam passados para o responsável e ela cresça familiarizada ao ambiente do consultório.
motorzinho, quando comecei a sentir dor, pois o efeito da anestesia já tinha passado. A dentista logo aplicou mais anestesia, mas foi o suficiente para ter medo até hoje”. A estudante Jennifer Marques de Almeida, 18 anos, faz de tudo para evitar a ida ao consultório. “Sempre inventei todas as desculpas possíveis para não ter que ir ao dentista, tenho muito medo de sentir dor”. No caso de Jennifer não resolveu muita coisa, pois, como usa aparelho ortodôntico e precisa ir ao dentista todo mês. A cirurgiã-dentista e coordenadora do curso de Odontologia da Universidade Vale do Rio Doce (Univale), Érika de Aguiar Miranda Coelho, explica Danilo Guimarães que, na maioria das vezes, um pouco de paciência e até mesmo experiênCÁSSIA CARIOCA DE ALMEIDA A servidora pública Clara Alcânta- cia do profissional pode ser o grande 5º PERÍODO DE JORNALISMO ra de Oliveira, de 32 anos, conta que diferencial nessa situação. “Pacientes tem pavor de ir ao dentista. “Sei que assim não devem ser atendidos na Quem nunca teve medo de ir ao é fundamental, mas quando vai cheprimeira consulta. Todo procedimendentista? Esta angústia é muito co- gando o dia marcado, já vou ficando to deve ser muito bem explicado, asmum entre crianças, porém, muitos ansiosa e com medo. O dia de ir ao sim como os instrumentos que serão adultos têm pavor ou ficam ansiosos dentista é muito difícil para mim”. empregados para a realização do tracom a ideia de visitar o consultório Quando criança, Clara teve uma extamento”. A cirurgiã-dentista comenodontológico. A maior parte dos que periência “muito ruim” no dentista ta ainda que existem alguns casos sentem medo afirma já ter vivenciado que a marcou profundamente. “Estaextremos nos quais os pacientes são uma situação traumatizante relacio- va tratando uma cárie; já estava muiatendidos sob sedação, mas são ocornada ao tratamento odontológico. to nervosa com aquele barulho do rências raras nos consultórios. Érika
acredita que, muitas vezes o medo de ir ao dentista pode ser passado pelos pais. “Constantemente presenciamos pais ameaçarem os filhos dizendo que se alguma ordem não for obedecida serão levados ao dentista ou ao médico para tomar uma ‘injeção’. Ou seja, sem querer os pais acabam sendo os vilões da história”. Em todo caso, a professora lembra ainda que cabe ao dentista compreender e entender o seu paciente. Ao ser atendido de forma mais tranquila, a pessoa torna-se mais cooperativa. O dentista não pode ignorar a parte emocional dos pacientes, pois essa é primordial para o tratamento odontológico. Para quem sofre desse medo, a coordenadora do curso de Odontologia dá um conselho. “A dica é procurar um profissional capacitado; apto a atender às necessidades do paciente. No relacionamento entre profissional e paciente precisa existir empatia e confiança. O importante é que a criança seja levada ao consultório do odontopediatra ainda bebê, para que os cuidados com a higiene oral sejam passados para o responsável e ela cresça familiarizada ao ambiente do consultório”, orienta.
Hábitos saudáveis para uma boa memória CRISTYANE ANDRADE MONTEIRO 5º PERÍODO DE JORNALISMO
de ansiedade também são grandes vilões da memória”, explica. O neurologista Francillon Roberto Quem não tem, ocasionalmente, Silva Lopes, ressalta que a qualidade esforçado para se lembrar da senha de vida do indivíduo pode interferir do caixa eletrônico, onde colocou o ce- em sua saúde e desencadear doenças. lular, a chave e até mesmo encontrado “O estresse é um importante fator de com uma pessoa conhecida e não sa- risco das doenças cardiovasculares, de ber o nome dela? origem mental e física em geral”. De Segundo especialistas, esse mal acordo com Lopes, o transtorno cognão é exclusividade da terceira idade. nitivo leve, doença neurológica idenQualquer pessoa, independente da tificada pela sigla TCL, pode ser um faixa etária, pode experimentar difi- sinal de certos tipos de doenças que culdades como essas em seu dia-dia. roubam a mente, mas enfatiza que De acordo com a neuropsicóloga esse problema só ocorre em pessoas Denise Vilela Silva, os problemas de acima de 60 anos. “Pode ser um sinal, memória estão muito relacionados aos mas não tem como predizer das peshábitos de vida e podem ser agravados soas que tem TCL quais irão evoluir por uma série de fatores. “O hipocam- para Alzheimer”, explica. po é uma área que está localizada no centro do cérebro e tem o papel crucial Prevenção nesse processo de memória, de aprenO remédio para os indesejáveis dizagem. Então, ele é muito suscep- lapsos de memória é bastante simples: tível aos efeitos tóxicos do álcool, do adotar um estilo de vida saudável. “É tabaco e de outras substâncias que preciso que o indivíduo organize a sua podem interferir negativamente nesse rotina de maneira que não se sobreprocesso de memorização. Distúrbios carregue com elevadas multifunções; no sono, níveis elevados de estresse e minimize os efeitos do estresse atra-
vés da atividade física e até da própria respiração, e que também passe a dormir melhor, porque é através do sono que se consolida a memória; tenha uma alimentação balanceada, pois os nutrientes fornecem ao cérebro aquilo que ele precisa”, orienta Denise. A especialista ainda acrescenta a importância de sair da mesmice e realizar coisas novas. “O cérebro tem aversão àquilo que é hábito. Por exemplo, se você começa a escrever com a mão que não é a dominante, o cérebro vai estabeler outras conexões neuronais e, assim, ele vai ativar células que estavam paradas”. Ana Carolina de Oliveira, 30 anos, editora de imagens e universitária, conta que desde a infância é dona de uma memória privilegiada e, atualmente, apesar da rotina agitada, consegue se sobressair em suas atividades diárias. “Minha mãe costumava me pedir para guardar os números para lembrá-la depois. Guardava na cabeça telefones e documentos”. Carolina ressalta que sempre foi muito observadora e tem facilidade em registrar
conversas, rostos e acontecimentos. Diariamente tem que se lembrar de senhas de banco, da internet, três contas de e-mail, acessos de cadastros, entre outras. A enfermeira Débora Cristina de Azevedo, 29 anos, diz que sofreu um desgaste físico e mental intenso no período em que fazia faculdade e trabalhava ao mesmo tempo. “Sabe quando o pendrive está com a memória cheia e não há mais espaço para informações? É mais ou menos isso que acontece”, brinca. A sobrecarga mental fez com que Débora perdesse até o rumo de casa. “Peguei o ônibus errado e ainda esqueci minha bolsa com todos os meus documentos dentro. Então, pequei um mototáxi e fui parar em um bairro do outro lado da cidade; foi uma maratona”, conta. Apesar de muitas atividades durante o dia, a enfermeira procura ter uma vida saudável. “Trabalho no Hospital Municipal e nos meus horários de intervalo faço academia, corrida e ando de bicicleta. Ainda faço hidroginástica duas vezes por semana”, contabiliza.
CIRCULANDO
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ESPECIAL
SebastiãoCariocaNunes
De jogador de futebol a “conselheira sentimental” POR LORENA DUARTE REPÓRTER
Atlético C
lube Pasto
ril
Época do Rádi
o
Quando comecei a escrever este texto me perguntei várias vezes como fazê-lo com a graça e responsabilidade de contar a história de alguém tão reconhecido em nossa cidade. Alguém que já recebeu tantas homenagens e teve sua vida recontada várias vezes. A resposta foi simples, precisava apenas narrar uma vida cheia de acontecimentos como foi a de Sebastião Pereira Nunes, ou simplesmente, Carioca. Fui recebida com um sorriso maroto de um menino de 80 anos. Carioca ainda terminava de tomar o café da manhã com pão, sua comida predileta, e estranhou tão cedo alguém já chegar com um ‘interrogatório’, querendo saber de seus feitos durante a carreira como jogador de futebol e jornalista. Passado o susto, a conversa teve início. Daí em diante, foi um passo para um longo bate-papo em meio às fotografias. A memória de Carioca já não é a mesma. O atleta que nunca bebeu ou fumou, hoje sofre com uma doença chamada Hidrocefalia de Pressão Normal. Foi com a ajuda de um de seus quatro filhos, Kássio de Freitas Nunes, e de sua cuidadora, Maristela Dias da Costa, que consegui juntar partes dessa longa história.
Futebol
Como Nádia Maria
Com os fi
lhos
O garoto que nasceu em 5 de abril de 1931, quando Governador Valadares ainda se chamava Figueira do Rio Doce, começou a carreira como jogador de futebol no Esporte Clube Democrata, em 1946. Depois, jogou no Atlético Clube Pastoril, onde ele mesmo diz que conseguiu destaque para a carreira. Após a saída do Pastoril, teve o América Mineiro como destino. E foi quando falávamos da carreira futebolística que Kássio relembrou uma das histórias que ouvia envolvendo seu pai e a bola. “Minha avó lavava roupas para ajudar na renda familiar e meu pai era o responsável pelas entregas, mas a paixão pelo futebol era tão oce D io R grande que, ao invés de entregar as rio do No Diá trouxas, ele corria para o campo para jogar futebol”. Aliás, o apelido ‘Carioca’ veio dos amigos da bola. O jovem que passara algum tempo em Vitória retornou para GV puxando o “s”, e não deu outra, aconteceu o batismo. Em 1950, a vida de jogador chegava ao fim, mas o esporte ainda continua a fazer parte do dia a dia do ex-atleta, que passou a integrar a equipe de jornalistas da Tribuna Fiel, atuando também nas rádios Educadora e Por Um Mundo Melhor. Em 1959, entrou para o jornal Diário do Rio Doce. Foi no DRD que além de marcar sua participação como comentarista esportivo, também viveu um de seus papéis
mais intrigantes. E aqui preciso abrir um parênteses, pois nesse momento da entrevista Carioca relutou, sorriu muitas vezes, até responder à pergunta que fazia desde o início da entrevista. Sebastião Pereira Nunes foi por muitos anos a conselheira sentimental Nádia Maria. Personagem herdado do companheiro de trabalho Marcondes Tedesco, que recebia na redação do DRD muitas cartas com questionamentos sobre o amor. Carioca e Kássio relembram que a maioria das dúvidas era de jovens grávidas, e também sobre jovens que estavam se relacionando com homens casados. Muito religioso, ou melhor, religiosa, Nádia aconselhava os jovens correspondentes a procurarem uma orientação espiritual. Durante a conversa sobre Nádia Maria, pergunto sobre a vida amorosa do Sebastião jovem e, com uma carreira de sucesso falar de amor era preciso. Aos 80 anos, Carioca não hesitou em dizer que era namorador e fazia sucesso com as meninas. Sorrindo, Kássio conta mais uma das peraltices do pai. “Quem queria um lugarzinho escuro para namorar era só chamar o Sebastião, ele também era craque na arte de quebrar lâmpadas para ajudar os casais a terem um lugarzinho mais reservado para paquerar”.
Despedida Foram 45 anos trabalhando no DRD, dando os conselhos de Nádia Maria, falando sobre esporte, principalmente o futebol, que sempre foi a paixão de ‘Cari’, como também é carinhosamente chamado por Maristela, até que chegou a hora de dizer adeus também às redações. Eu pergunto a Carioca do que mais sente saudade, se do futebol ou do jornalismo? Ele é direto ao dizer sem meio termo: do futebol. Mas para quem pensa que o menino travesso, o jovem conquistador, não era um rapaz sério, está muito enganado. Carioca, como todo romântico à moda antiga, gosta de ouvir Roberto Carlos, foi casado uma vez, por 30 anos, com Maria Selma de Freitas Nunes. Kássio diz que o pai foi namorador enquanto solteiro, após o casamento se tornou um marido responsável e um pai de dedicação inigualável. O jovem diz que a responsabilidade do pai com o trabalho e a família ensinou a ele e aos irmãos valores muito preciosos. Carioca já não tem mais os movimentos da perna e o problema de saúde já levou parte das lembranças. Só que durante toda a conversa ficou claro como é impossível separar o ex-atleta da paixão. A saudade do futebol, as histórias de Nádia Maria, os amigos que fez durante toda a vida que, como ele mesmo exclama, “foi muito bem vivida e se pudesse viveria tudo outra vez!”.
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COTIDIANO
O dia a dia dos vendedores ambulantes EDERSON FERREIRA 5O PERÍODO DE JORNALISMO
Eles estão por toda parte, dos bairros mais periféricos aos mais nobres da cidade. Comercializam verdura, legume, fruta, churros, picolé, salgado, desinfetante e muitos outros produtos. De dentro de casa, é possível ouvir seus anúncios com frases feitas para chamar a atenção da clientela. São os vendedores ambulantes, que animam e colorem as ruas dos bairros e do centro da cidade. Em um dos bairros mais populosos de Governador Valadares, o Santa Rita, atua Geraldo Anedino Rosa, de 56 anos. Ele vende verduras, frutas e legumes há cerca de 15 anos. Com alto astral e carisma percorre as ruas do bairro com sua bicicleta carregada de couve, alface, almeirão, salsa, alface americano, rubra, agrião, couveflor, banana, cebolinha, coento, espinafre, tomate, repolho, água de coco e demais verduras que variam de R$ 0,50 a R$ 3,00. “Compro as verduras de Caratinga, mas não tenho e nem quero ter a minha própria plantação, pois as verduras de lá já vem bonitas, limpas e com uma qualidade muito boa”, explica Anedino que hoje tem clientes fixos e durante todos os anos de trabalho como vendedor nunca ouviu uma reclamação da clientela. O trabalhador, que foi criado na roça, declara que sempre lutou, junto com a esposa e os filhos, para conquistar tudo o que tem hoje e é agra-
decido pela vida que leva. Ele explica que sua vida sempre foi corrida, mas nunca deixou de atender os clientes com atenção e cordialidade. Já Júlio César Gomes de Almeida, de 45 anos, há cinco percorre com seu carrinho de mão vários bairros da cidade para vender desinfetante. Antes, Júlio era pedreiro, mas depois de algum tempo sem conseguir trabalho, resolveu se tornar autônomo e começou a produzir desinfetante caseiro. Ele fez o teste e garante que deu certo. “Eu trabalhava como pedreiro, mas o dinheiro não dava para pagar todas as despesas de casa. Então pensei: o que dá pra eu fazer sem gastar muito dinheiro? Um dos meus amigos me deu a ideia de fazer desinfetante caseiro. Não sabia como, mas ele me explicou tudo. Hoje, faço vários litros e revendo. Cada um custa R$ 4,50; vendo uns 15 por semana, o que dá um total de R$ 67,50”. O trabalhador avalia que consegue tirar uma boa renda com a venda dos desinfetantes, mas não o suficiente para as despesas da família. “Continuo sendo pedreiro, mas não paro mais de vender os desinfetantes, pois gosto disto e meus clientes também”. César conclui que, mesmo com todas as dificuldades, o melhor a fazer é persistir. “A vida nunca é fácil, mas quando se quer alguma coisa temos que lutar para conseguir; e a melhor maneira é trabalhando. Quando fecha um lado temos que procurar ouHá cerca de 15 anos, Geraldo Anedino Rosa vende seus produtos pelas ruas do bairro Santa Rita tro”, finaliza.
Carlos Olavo da Cunha Pereira
Ele marcou profundamente o jornalismo, a política e os rumos da história de Governador Valadares. Nascido em 16 de março de 1923, em Abaeté, o jornalista Carlos Olavo da Cunha Pereira chegou à cidade em meados da década de 1950. Aqui, fundou o jornal satírico O Saci que tinha como slogan “Fala de todos, não briga com ninguém”. Nesse período, em Valadares e região, a luta pela terra, o assassinato de posseiros, a exploração dos trabalhadores urbanos, as ações policiais arbitrárias e a corrupção de políticos foram ocupando as páginas do jornal. Então, O Saci foi reformulado e nas-
ceu o semanário O Combate, com o slogan “Não conhecemos assuntos proibidos”. A atuação do periódico foi interrompida no dia 31 de março de 1964, quando teve sua sede praticamente destruída por um grupo paramilitar a serviço de setores latifundiários locais. Após o golpe militar de 1964, Carlos Olavo foi exilado na Bolívia e no Uruguai, retornando ao Brasil em 1979. Atualmente, vive em Belo Horizonte na companhia da esposa e de sua filha mais velha. Os muitos episódios da disputa pela terra no Vale do Rio Doce foram imortalizados no romance Nas Terras do Rio Sem Dono, publicado pelo jornalista em 1988. E é por essa densa história de vida que, em 2001, o Laboratório de Jornalismo Impresso foi batizado pelos alunos da primeira turma do curso de Jornalismo com o seu nome. Por isso, nesta edição do jornal-laboratório Circulando, não poderíamos deixar de parabenizar Carlos Olavo pelos seus 89 anos.
Flávia Xavier
Carlos Olavo no sossego da varanda de sua casa, junto à máquina de escrever comprada na Bolívia
Ederson Ferreira
Quando menos se espera, eles aparecem com diversos produtos para tirar as donas de casa do sufoco