Desnivel15

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Ano 10- Número 15

ISSN: XXXX-XXX

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E L E T R Ô N IC O

20 anos Informativo da União Paulista de Espeleologia


Foto de capa: Gruta Furo da Agulha—PETAR/SP Autor: Ricardo Martinelli

Apresentação O Desnível é uma publicação eletrônica semestral da União Paulista de Espeleologia (UPE). As opiniões expressas em artigos assinados são de responsabilidade dos respectivos autores. As matérias não assinadas são de responsabilidade dos editores e não refletem necessariamente a opinião da UPE. Artigos publicados no Desnível podem ser reproduzidos na íntegra, desde que citados fonte, autor, URL e data de consulta na web. Reproduções parciais somente com autorização prévia dos editores. O informativo em formato PDF poderá ser repassado para outras pessoas, listas de discussão e redes sociais.

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Próxima página—Foto do Sumário: Gruta Furo da Agulha—PETAR/SP Autor: Ricardo Martinelli


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Desnível 12 http://issuu.com/upecave/docs/desnivel_12r Desnível 13_14 http://issuu.com/upecave/docs/desnivel13_14


Carta ao Leitor Caros amigos e espeleoleitores, após dois longos anos o Desnível Eletrônico esta de volta, chegando a sua 15º edição! Temos um ótimo motivo para voltar, os 20 anos da UPE, grupo que consegue se manter ativo por tantos anos, trabalhando em defesa de nossas cavernas e sempre fomentando trabalhos técnicos e científicos de altíssima qualidade. Este número de nosso informativo é especial, nele além das matérias que você já se acostumou a ler, vai encontrar mapas e fotos históricas, de vários períodos do grupo, mostrando a diversidade e a continuidade de nossos trabalhos. São 60 páginas de pura espeleologia Em nome de toda a comissão editorial, desejo à todos uma ótima leitura!

Atenciosamente, Ricardo Martinelli Editor Desnivel Eletrônico

Comissão Editorial Ricardo Martinelli - Gabriela Slavec Eduardo Portella - Fabio Kok Geribello Revisão Michel Frate—Renata Shimura

União Paulista de Espeleologia Endereço para correspondência: Rua Loefgreen 1291, Cj 61 - São Paulo - SP CEP: 04040-031 O Desnível se encontra em regularidade com as leis anti-spam. Se deseja não mais recebê-lo, favor enviar um e-mail para: remover@upecave.com.br

A UPE é filiada SBE


3 Palavra do Presidente

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13 Crônica Exílio Espeleológico

Memória

17 Exploração Furo da Agulha

31 Eglídeos

39 Abismo do Zero

Veja ainda Maillon Rapid

49

Medicina e Espeleo

50

Humor

51-52

Painel 20 anos

53-54

Log de Saídas

55-56

57 Imagem em Destaque


Palavra do Presidente

São Vicente II—Expedição Goiás 1995 A UPE nascia com vocação para grandes desafios

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Após 20 anos de atividade, podemos afirmar que a UPE é um grupo consolidado no cenário nacional da espeleologia. Sua atuação contínua, produzindo mapas de qualidade e precisão, o desenvolvimento de novas técnicas, a divulgação de nosso patrimônio natural, seja por meio de palestras e cursos, seja pela publicação de informativos ou artigos isolados, a colaboração com as associações, a participação em Planos de Manejo, comissões de órgãos públicos e o constante apoio a atividades de pesquisa, não deixam dúvida a este respeito. Quem conhece bem a comunidade espeleológica sabe que alguns grupos no Brasil, principalmente aqueles com maior tempo de existência, possuem uma identidade, uma característica que é construída e compreendida por seus integrantes e passa instintivamente a nortear suas ações, no nosso caso duas palavras resumem bem isso, a Ética e a Qualidade.

Compartilhar momentos dentro de uma caverna, que para muitos é considerado “insanidade”, para nós é prazeroso, amizades foram construídas, cavernas descobertas pela “equipe”, e não por um indivíduo somente, dividir aquele lanche amassado, aquele amendoim triturado, passar frio, passar calor, ficar totalmente lotado de lama, topar o joelho naquela “desgraça” de pedra durante um longo rastejamento, é, poucos entendem! União Paulista de Espeleologia, nosso grupo tem “união” até no nome, mas também poderia se chamar “Família Paulista de Espeleologia”, pois muitos encontram muito mais que amizades. Alguns não fazem mais parte da UPE, passamos por altos e baixos, como tudo na vida, mas é impossível olhar para frente sem reverenciar o passado e entender que todos ajudaram nesta caminhada, que deve ser lembrada e entendida da forma em que tudo aconteceu, “tim tim” por “tim tim”, isso nos fortalece, nos deixa mais unidos. Estamos prontos para o que ainda esta por vir!


Memória

RELATÓRIO DE CAMPO

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m consequência da brusca modificação de planos do Danilo da UPE, Collet e a equipe adotam a primeira alternativa em caso de falha da principal, a dizer: Reconhecimento de uma caverninha em Itaí ( SP ) onde teriam se escondido fugitivos dos militares mais ou menos em 1969 - Toca Feia, teria também peixes cegos - [ Cadastro SP 102 ]

Localização pelo GPS e verificação de presença ou não de pinturas e gravuras rupestres no Buraco do Jacaré ( SP 029 ) (Itapeva SP ) Verificar a presença ou não de uma caverna na estrada de Barra do Turvo, mais ou menos 16 KM de Iporanga. .


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aída de São Paulo dia 13/12, sábado, sem a participação de Naira ( UPE ) que teve motivos sérios para desistir. Só embarcou Collet, Isabelle Branco, filha de um amigo de Collet. Ela não tinha idade para dirigir. Objetivo: Itapetininga onde encontraríamos o grupo GEL-S ( Grupo de Espeleologia Laje Seca ). Má notícia. Nada de membros do GEL-S. De posse de alguns detalhes para chegar até a cavidade, saímos domingo de manhã, 8:30h após um café com leite fresco da fazenda. Tempo encoberto, choveu a noite. Mais ou menos 145 Km de Itapetininga, Itaí é uma região agrícola, rica em terra argilosa ( demais ao nosso ver, vocês vão saber porque...) que não deixa supor a presença de cavernas. Não tem arenito notável, muito menos calcário.

Após acharmos a fazenda tivemos um certo trabalho para a localização do sumidouro visto o tamanho da propriedade e da pouca precisão das informações. Até que enfím o encarregado nos acompanhou e voltou rapidamente à sua casa, mais ou menos l Km, 5 já que a chuva era iminente.

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esmo assim Collet veste uma roupa de briga, enche de carbureto o gerador e desaparece em um buraco pouco acolhedor de l m de altura e quando muito 1,5 de largura. O leito é recoberto de pedras grossas que não facilitam nem um pouquinho o rastejamento obrigatório.

São 5 metros de "ramping" dentro de 10 a 30 cm de água clara, batendo regularmente no seu capacete. O nome de Toca Feia é amplamente justificado, porém a meu ver, um pouco fraco.

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Memória

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uito preocupado pelo tempo ameaçador e sem possibilidade de escapatória em caso de um repentino pé d'água, não prossegui mais para frente, Só amarrei o fio de "Topofile” e voltei mais rapidamente possível, depois de quase meia hora, com os joelhos e cotovelos doloridos, tomamos nota das informações do GPS S = 23 27 44 W = 49 06 02 SP 102 Altitude ( Mais ou menos ) 725 metros Não é calcário como consta no Cadastro, tem morcegos de um certo tamanho nos primeiros 20 metros ( 13/14 pendurados ). Não tem em absoluto presença de peixes de caverna ( pelo menos nos 95 metros que eu percorri ).

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Não há possibilidade de esconderijo de fugitivos numa cavidade que em tempo de enxurrada deve se transformar em conduto forçado, tendo ciscos enroscados até nas asperidades do teto, o que varre toda e qualquer presença biológica até a ressurgência que é desconhecida porém que deve estreitar para provocar o enchimento, deste tipo de “tubulação de esgoto”. Esta cavidade provavelmente, foi topografada em 1978 por Nelson da Silva César e L. Bayon, que devem ter entregue o original a Clayton quando Nelson ( Nelsinho ) faleceu. Informação Bayon a Collet - DEZ/97. Nesta época os bombeiros foram chamados para entrar lá, porém não se sabe o motivo. Um desaparecido? A sua direção geral é SUL - NORTE, e


não sabemos o seu comprimento total, que deve ser percorrido em época de seca sem ameaça de chuva. O nosso sofrimento só estava no começo. Mal deu para trocar a roupa molhada de suor e da água da caverna, já começou a chover. Tínhamos feito mais ou menos 300 metros quando a argila ( ou era sabão ), não nos deixou mais dirigir a Kombi, que deslizou numa valeta profunda deste caminho no meio do canavial. Rapidamente descemos com pá e picareta afim de tentar repor o veículo no leito da estrada. Após algumas tentativas infrutíferas, a valeta era funda demais, resolvemos seguir a trincheira, cortando o ângulo mais alto para a Kombi não ficar suspensa e em balanço. A inclinação do carro era impressionante, mais valentemente acabou descendo 40 metros até um lugar plano onde com outras muitas dificuldades colocamos as correntes em baixo de uma chuva copiosa. Salvo dois lugares onde deslizamos muito feio, conseguimos alcançar o asfalto distante de l ,5 Km. Ensopados, retiramos as correntes e pegamos o asfalto em direção a Itapeva, distante mais ou menos 85 Km.

Limpamos botas, calças, camisas, tudo que era além de encharcado de água, cheio de barro vermelho escuro; a chuva caiu boa parte da noite, mas pouco importava, estávamos no "duvefem cima de colchões pneumáticos e de barriga cheia. Segunda-feira de manhã 15/12/97 levantamos 06:30h

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earrumação da Kombi, tudo pronto as 9:00h. Direção Itapeva. Novamente chuva as 9:30h - é uma onda de frio: as nuvgs características estão acima de nós. Após procurar a localização, é a seguinte: O Buraco do Jacaré é conhecido na região e se acha na Fazenda Pouso Alto. Conversamos com o encarregado, solicitando a autorização, prontamente dada. Mais ou menos 2500 metros dentro da propriedade ou do asfalto, caminho bom sem perigo de atolar. É uma dolina de desabamento que atualmente é preenchida pela metade ( época de chuva ) de uma lagoa meio podre, esverdeada, de mais ou menos 20 metros de desnível. Porém onde descemos só foram usados 10 metros de escada de alumínio - 1/3 do fundo é coberto de mato - muitas pombas

O nosso sofrimento só estava no começo. Mal deu para trocar a roupa molhada de suor e da água da caverna, já começou a chover.

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stavamos super cansados e não tínhamos trocado de roupa. Depois de meia hora de caminho avistamos uma capela, com um coberto lateral, grande, destinado as festas. Paramos e acampamos muito confortavelmente, no seco, com banheiro, água na torneira de um tanque de lavar. Quase uma miragem!

aninham-se na região. A entrada da cavidade é monumental, tendo uns 25 metros de largura por quase um tanto de altura e 50 de fundo. U grande desmoronamento cobre 2/3 da superfície interna do salão de entrada. Nosso objetivo era de marcar com o GPS suas coordenadas e confirmar se tinha inscrições rupestres em suas paredes.

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Memória Resultado: S = 24 02 42 W = 490223 SP0291970JairoReis Altitude: maios ou menos 762 metros

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ão vimos gravuras nem pinturas rupestres nas paredes acessíveis a nossa visitação, umidade intensa, musgos, liquens, recobrem as rochas tanto verticais como horizontais. Sol fortíssimo na saída da dolina o que ajudou a secar um pouco as roupas esticadas no chão ao redor da Kombi. Entregamos as coordenadas ao capataz que nos informou que o pessoal da USP, em 1995 fez a topografia da caverna e que seu filho andou 420 metros adentro e que a TV filmou parte do percurso sem chegar ao fim. Não sabemos o desenvolvimento total: não mandaram a topografia como prometido - que grupo espeleo foi este?

Volta a Itapeva, completando a gasolina e grande luxo, compramos um saquinho de gelo. A cerveja é garantida!!

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ireção - Apiaí; de novo garoa. A estrada em péssimo estado 41 Km de sofrimento para a Kombi e de cansaço para o motorista. Felizmente não tem pressa e tranquilamente chegamos a Iporanga tendo cruzado só 2 veículos no percurso. Paramos no laboratório entregando mantimentos e roupa para a família que mora nesta baixada - era o Papai Noel um pouco antes da hora. No fim da tarde, chegada na casa do Leandro totalmente vazia, porém com grande vantagem por ser seca, limpa, com luz, banheiro e chuveiro quente! Quer algo melhor que isto ? Comemos bem, bebemos melhor ainda e dormimos como reis. Limpeza da tralha terça de manhã.


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ompra de duas camas, dois colchões, uma mangueira para saber a cor original da Kombi. Avisamos que queríamos falar com o Sr. Prefeito à tarde.

Gritamos, chamamos, berramos...só apareceram 2 cavalos, 5 vacas, um monte de galinhas, porém ninguém. Devem ter levado o almoço e ido para a roça, nas alturas. Após ter esperado quase duas horas, gritado e assobiado de vez em quando, desistimos e

Lá vamos nós. Efetivamente uma estrada vai nesta direção, abandonada já faz 10 anos. 16:00h o MD. Sr. Prefeito Sr. Manoel do Carmo Rodrigues dos Santos, recebe Collet que entrega o projeto do Centro de Apoio a Pesquisas Espeleológicas ( LABOSUB ). O caseiro do Leandro e sua esposa são parentes do prefeito e aproveitamos, já que o Sérgio é Secretário do Esporte, para explicar também a ele o que vai representar o LABOSUB para a comunidade, para o Brasil, e o Congresso em 2001. Quarta-feira Saída para Barra do Turvo. Durante o Espeleo VIII 19 de outubro, Collet tinha dado uma saída nessa região dando uma carona a um velhinho que tinha dito morar do outro lado do rio Turvo, mais ou menos na altura do Km 17 ou 18 saindo de Iporanga e conhecer uma caverna na altura da roça dele. Só que velhos morando nessas bandas são muitos e todos parecidos. Pela descrição devia ser um dos irmãos João ou Gonçalo, confirmado por mais de uma pessoa. Tinha que atravessar o rio Pardo e ele morava por volta de 2:30h de caminhada descendo do outro lado. Lá vamos nós. Efetivamente uma estrada vai nesta direção, abandonada já faz 10 anos. Caminhamos bem. Total: 9 Km lá dentro do sertão. Chagamos na casa deles que se localiza do outro lado do rio!

voltamos, felizmente com o tempo coberto, menos quente que o mormaço da manhã. Ida e volta de mais ou menos 18/19 Km por nada.

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urpresa chegando na Kombi, uns 600 metros da canoa, um dos irmãos estava esperando para voltar para casa. Conversamos e soubemos que não fora nenhum deles que tomou carona com Collet e que não existem cavernas nestas bandas!!! Decepção. Fomos ver um tipo de boqueirão = Andorinhas. Pequeno buraco rochoso com uns lOmetros rachados, por onde passa um córrego formando uma pequena cachoeira de uns 2 metros de altura, lugar simpático onde aninham-se centenas de Andorinhões que dão o nome do lugar e ao bairro vizinho - nada de espeleológico - só turístico. Voltamos cansados, queimados do sol, felizes por tirar os sapatos e de tomar um banho quente. Quinta-feira Visita à Caverna do Diabo ( Tapagem ) Não tinha ninguém, só um ônibus de Eldorado, escolar, estacionado no pátio. Nem todos foram visitar a caverna. Estávamos nos dois nesta vasta e belíssima cavidade, mal iluminada, cheia de concrecões esverdeadas pela vegetação que cresce no interior devido ao holofotes acesos

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Memória

constantemente, tendo visitantes ou não.

Collet deixou:

Chuva fina, céu coberto, não muito quente

l lata grande ( 18 litros ) de látex parede ( mais dois rolos ) l espelho de 20 x 3

Sexta-feiral8/12/97 Arrumação da Kombi, limpeza da casa, deixando um quarto mais ou menos em ordem com duas camas, um tapete e uma folhinha de 98 na parede! É um começo! Falta ainda ( dependendo do número de pessoas ) 1 fogão 4 bocas 2 botijões de gás 4 colchões l mesa para cozinha 6 cadeiras pelo menos l espelho 30x50cm Estante ou armário para cozinha 1 mesa de trabalho (mapas, computador, etc.) 3 estantes de madeira para os quartos 2 jogos de chaves da portas

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A

estrada é bem melhor pelo Sul ( BR 116 ) e sendo dia de semana, passamos pelo litoral ( Peruibe, Itanhaém, Mongaguá...), o que talvez n'Ião seja recomendado nos finais de semana. Chegamos em São Paulo no início da Tarde entregando a minha jovem convidada aos seus pais e descarregando da Kombi só o perecível, deixando para sábado a lavagem da roupa, sapatos, reorganização do material de camping e equipamentos. Saída não muito proveitosa, porém válida pelo fato de ter escapado da poluição, ter usado lanterna a carbureto ( matando a saudade ) e caminhando um bocado na natureza.


20 anos Capa do Informativo da UPE em 1997, época em que era possível imprimir e enviar para os sócios

Fotos: Gabriela Slavec

Iraquara— Bahia—Exploração e Mapeamento da Gruta Torrinha—1997

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Crônica

E SPELEOLÓGICO X Í L I O Texto e Fotos: Marcelo Fontes Neves

O que faz um amante das cavernas, quando se descobre “exilado” das tradicionais províncias cársticas? Ou mesmo exilado de qualquer possibilidade de visita, ao fantástico mundo subterrâneo, seja ele em qualquer tipo de rocha? A resposta não é simples, e nem única. Com certeza deve mudar, de pessoa para pessoa... Mas, para um amante das cavernas, um eventual exílio sempre nos ensina a explorar novas alternativas e caminhos, e a descobrir, ao final, que o dito “Exílio Espelelógico”, pode ser algo que não existe...

“(...) Assim como grande parte do Nordeste (com exceção talvez do Estado da Bahia), o Estado de Pernambuco ainda é praticamente desconhecido dos demais habitantes brasilieiros. (...)” ssim eu começava o meu “Relatório de Estudos do Estado de Pernambuco”, escrito poucos meses depois de eu ter me mudado para Recife, no ano de 1995, em meio ao que eu chamava de “Exilio Espelelógico”. Ainda saudoso do PETAR e das suas incríveis cavernas, o objetivo do relatório, era, conforme descrito nele “divulgar e difundir informações sobre esta região (em especi-

al sobre o estado de Pernambuco), bem como sobre áreas mais prováveis de se ter algum potencial espeleológico, visando com isto facilitar futuras pesquisas e explorações que vierem a serem feitas nestes locais.” Mas, apesar de toda a pompa da descrição, a verdade é que eu utilizava o relatório meramente para convencer, a mim mesmo, de que ainda continuava fazendo algo voltado para espelelogia, longe do PETAR e dos grupos de espeleologia... endo o relatório, ficava claro que o mesmo teria pouca utilidade futura, em termos espeleológicos. E isso ficava evidente, por exemplo, quando líamos sobre o resultado dos estudos, referentes a Zona da


Mata: “(...) Em termos espelelógicos não existe nenhuma área de interesse para pesquisa ou exploração espelelógica. Com exceção talvez da cidade de Santo Antônio, no município do Cabo, que possui uma série de rochedos de granito, erodidos pelas chuvas, e que se assemelham muito com “lapiás”. Porém, só foram detectadas a presença de poços, lapiás, e abrigos; criados em sua maioria por desabamentos, erosão, e excesso de fraturamento da rocha matriz (granito)(...).” uando muito, o relatório seria apenas uma curiosidade, uma crônica talvez, para relembrar desta época interessante. Afinal, já era um fato conhecido, nesta época, de que não existia nenhuma referencia espeleológica na região próxima a Recife, com exceção apenas de algumas breves e curtas menções sobre Felipe Guerra, no Rio Grande do Norte, com suas grutas pequenas e abafadas. Mas, indo para o interior do estado, e entrando na região do Agreste, a situação já começava a mudar (ainda que pouco,

é verdade), para melhor: “(...) Em termos espeleológicos esta é a região mais propícia para exploração. Já foram descobertos maciços areníticos em Buíque (com cavernas pequenas de no máximo 100m) e lentes calcáreas em Santa Maria do Cambucá (por enquanto nenhuma caverna).” “A análise espectografica e química do calcário de Santa Maria do Cambucá revelaram uma taxa de 50% de calcário (para se ter cavernas “exige-se” um mínimo de 30%) aliado a uma série de impurezas como Carvão, Alumínio, Sílica, etc.” “Além disso, durante as visitas a sítios arqueológicos e de pinturas rupestres em Formosa e Buíque, ficou demonstrado o alto potencial dessa área para pesquisas arqueológicas e paleontológicas.” “O Vale do Catimbau (Buíque) demonstrou também ser a primeira região com potencial espeleológico (ainda que pequeno). Trata-se de um gigantesco maciço de arenito, bastante erodido pela ação das chuvas (abundantes em determinadas épocas do ano – Páscoa), e por rios temporários (....)” ra isso ou nada. Cavernas como as do PETAR (embora mais “secas”), só na Chapada Diamantina, a cerca de 17h de carro (direto, revezando na direção). Era acostumar-se com esta região arenítica, no Agreste Pernambucano, ou acostumar-se com as longas viagens em busca das Províncias Cársticas. E foi assim que o completamente desconhecido “Vale do Catimbau” se tornou a principal referência espelelógica para mim, nos próximos 2 anos, com algumas poucas e valorosas exceções (como a longa viagem a Toca da Boa Vista). Em poucos meses eu passei a visitar o local com certa regularidade, chegando até a ser convidado pela prefeitura local (Buique – PE), a apresentar uma palestra sobre o mundo das cavernas. Na época estavam iniciando um movimento para tornar o local um parque (não me lembro se era Estadual, ou Municipal, mas definitivamente um parque, para

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Crônica melhor proteção das Pinturas e Sítios Arqueológicos). E foi justamente neste local que eu descobri o fantástico mundo das pinturas rupestres, divididas na região em 2 grandes representações: Tradição Agreste (com figuras de animais e humanos, e técnicas de desenho e pinturas mais simples, quando comparadas com a Tradição Nordeste, mais antiga) e a Tradição Geométrica (caracterizada por pinturas que representam grafismos puros e algumas mãos, pés, figuras humanas e de reptéis extremamente simples e esquematizados). inturas essas, com até 6.000 anos de idade (!!!), e que me motivaram a entrar em contato com Guy Collet, um espeleólogo completamente apaixonado por elas! Foi um contato extremamente interessante, através de uma curta mais proveitosa troca de cartas (lembre-se que este era o mundo PréInternet), e que me permitiu contribuir para um ramo até então desconhecido, mas relativamente próximo da espeleologia. esta troca de cartas, nas quais lhe enviei fotos das pinturas rupestres do Vale do Catimbau e região, eu descobri que, mesmo estando em São Paulo e próximo ao PETAR, havia também um espeleológo “exilado” do que mais amava: das Pinturas. Reproduzo aqui algumas passagens, das cartas que eu recebi dele, neste período: “(...) Infelizmente recebi um oficio do IPHAN/SP 9 região, condenando a minha atuação em prol da preservação das gravuras que estão se deteriorando no nosso estado (SP). Experiências iniciadas em 1982 e concluídas em 1994 (portanto 12 anos depois), para verificar se o processo empregado não alterava ou deteriorava os sinais seriamente e irreversivelmente ameaçados, foram julgados precipitados (Note: grifo do autor) e inadequados ao problema (sem o IPHAN ter visitado o local!).”

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“Depois de tanta ignorância da parte de nossas autoridades ditas “competentes” desisto de qualquer intervenção, deixando essa autarquia cuidar ela mesmo (ou melhor dito, “não cuidar”) do seu patrimônio, que ela não sabe nem localizar, muito menos preservar, só sabendo criticar e não orientar (...)” Mesmo assim ele continua pouco depois, me motivando a continuar o trabalho em Pernambuco, apesar de tudo. “(...) Espero que as suas “autoridades locais” sejam mais compreensivas a aceitarem ajuda e colaboração dos cidadãos esclarecidos que tentam contra ventos e marés proteger e salvar o que vai se degradando a uma velocidade insuspeitada (...)” É... Cada um tem o seu momento de Exílio. Seja ele do trabalho, do lazer, da família, dos problemas... Mas, no fundo, todos os espelólogos são iguais. Mesmo sofrendo de um Exílio “auto-infligido”, por diversos motivos, estamos sempre buscamos por algo que nos motive a voltar e continuar. Com isso em mente, não foi com surpresa que, apesar de ainda desiludido com o impacto que o oficio do IPHAN lhe causou, eu recebi outra carta dele, algumas semanas depois:

“(...) Não devemos generalizar. No meio desse pessoal (do IPHAN) tem elementos competentes, ativos, compreensivos... Porém, são poucos. Pés e mãos atados pela falta de verbas... Então, por que negar a colaboração gratuita dos “amadores esclarescidos”? “Temos que agir conforme a nossa consciência e salvar o que está ao nosso alcance. (...)”

iquei feliz com a nova carta. Guy Collet foi um grande espeleólogo, que se “Exilou” das Pinturas que tanto amava, num momento de magoa. Mas, como um bom espeleólogo, ele também re-

descobriu o caminho de volta. Assim como ele, eu também voltei, após vários anos, ao mundo da espeleologia. E não posso deixar de repetir a frase dele, como um motivador, para a volta: “(...) Temos que agir conforme a nossa consciência e salvar o que está ao nosso alcance. (...)” Para um Espeleólogo, exilado ou não, esse sempre será o caminho do retorno.

Épílogo: Vale do Catimbau, com 90 mil hectares de área, a cerca de 300 km de Recife, na divisa entre o Agreste e o Sertão, foi transformado em Parque Nacional do Catimbau (o segundo do Estado de Pernambuco, com 62.300 hectares), no ano de 2002. Nele foram localizados mais de 40 sítios arqueológicos, com pinturas rupestres que datam de até 6.000/5.000 anos atrás, sendo atualmente considerado como o segundo maior parque arqueológico do país, ficando apenas atrás do Parque Nacional da Serra da Capivara, no Piauí. Neste incrível local, em meio a um chapadão de Arenito de 147 milhões de anos, já foram encontradas centenas de cavernas areníticas, sendo 28 delas identificadas como cavernas-cemitérios. Em 2008/2009 a 5º Superintendência Regional do IPHAN iniciou um trabalho de levantamento do patrimônio espeleológico local, bem como do estado de preservação dos sítios. Pelo menos 13 sítios arqueológicos sofreram algum tipo de dano e terão que ser reparados. A equipe de pesquisadores, coordenada pelo IPHAN, e composta por arqueólogos, geólogos, e biólogos, elaboraram propostas com medidas preventivas e corretivas, tanto na dinâmica de visitação dos sítios, bem como nas condições físicas dos abrigos sob as rochas, visando a recuperação e preservação dos sítios.

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Sistema Furo — Parada

Divididas por uma grande quantidade de rochas não carbonáticas, as cavernas compõe a rede de drenagem do Vale do Temimina.



Exploração & Mapeamento

S

omente as botas aparecendo, espeleólogo “entalado” no sifão, água congelante........... assim terminava a exploração e topografia da Gruta Meandro, em 2003, totalizando 550 metros de projeção horizontal. Após o mapeamento da Gruta Furo da Agulha às margens do rio Temimina, percebeu-se para onde ia aquela água toda.

Texto: Michel Frate & Ricardo Martinelli Fotos: Ricardo Martinelli Colaboradores: Clever Ricardo Chinaglia Leda Zogbi

U N IÃ O P A U L IS T A D E E S P E L E O L O G

N

IA

O

L

S

Boca C

H

Sifão

3r.15 3r.14u

H’

Gruta do Meandro SP - 278 Gruta Parada do Alívio SP - 413

I’

3r.12 3r.13 3r.11 3r.10

3r.8

K’

J

3r.9

3g 1 r.4 g9 4i 9 1g.50 3 r . 21ug . 4 8 3r.3

I 3r.7

3r.5

3r.6

1g.47 1g.46

3r.4

K

J’

Município: Apiaí - SP Localização: PETAR - Caboclos (Trilha para Temimina)

1g.45

1g.44 1g.43

L

Escala do croquis: 1:500 Litologia: Calcário/Granito

1g.42i

1g.41

G’

L’

1g.40

Coordenadas UTM - Zona 22J

F’

1g.39 1g.38

Boca A 0746141.30 7300742.88 Altitude 578 snm

G

E’ F

1g.37i 1g.35 1g.36

E

1g.34

D’

1g.33i 1 g . 3 21 g . p t 1 2

Boca B 0746184.57 7300819.86 Altitude 562 snm

Galeria Superior - Portico

1g.31 1g.30

1g.29 4r.3u 1g.22

D

44 rr .. 22 u

C`

4r.1 1g.23

Boca C 0746183.00 7300700.00 Altitude 585 snm

1g.21

1g.28

4r.4

1g.20

C 1g.26 1r 4 g.g 22 55 4r.5u

1g.19

Boca A

1r 4 g.g 22 77 4r.10 4r.9 1g.24

Datum WGS 84

1r.4 1r.2

4r.6

Galeria intermediária

B`

1g.11

1r.1

1r.3u

Topografia Grau 5C - BCRA - 25/10/2003 Projecao Horizontal: 550,81 m (descontinuidade) Des: 37,61 m

1r.5

4r.8

1g.18

1r.6

1g.10

1g.17

1r.10u 1r.13u 1r.8

1g.12 1g.13

1g.14 1r.14

1g.9

4r.11u 4r.12 1g.8

Desnível suave

Desnível abrupto

Lama

Areia / Sedimento

Vegetação

Água / Rio

Calcário

A

4r.13 1g.0 4r.14

1r.12 1r.11

Boca B

4r.15 1g.15 1 r . 11 5r u.1 3r 6. u3 5 1g.1r 11 g9 .2 1r g.g 11 66 1r.16u 1r.3 13 4 ru .r 33 44

1g.1

4 r . 1 16 ru . 2 1 1r.19 u 1r.22 1r.18 1r.20v 1g.4 1r.32u 1 r . 1 71 g . 3

1 r4.r3.1s u p 1r.30 1r.23u 1g.7 1r.24 4 r . g p 1s ru . 2 5 u

Granito

1g.5

4r.2 1 r6 26 1r.28 1r.27 4g 1 r.6 g6 4r.17u

Gal. Superior

Detalhe Teto

4r.2 1 r9 29

4r.21

Base Fixa - SP413

4 r . 14 8r . 1 9 4r.20

A 0

10

20

30

40

50 m

05

B

1r.7

Legenda

07

A` 4r.7

1r.9u

A`

B

B`


HISTÓRICO DE EXPLORAÇÕES

D

urante o natal de 1994, uma equipe de quatro integrantes do Grupo CUME de São Carlos visitavam a Caverna Temimina, localizada no PETAR, mais precisamente no Nucleo Caboclos, para tirar fotos. Na volta, resolveram margear o rio Temimina em busca de cursos d´água que viessem da direção do paredão de calcário à direita. Segundo Clever, um dos integrantes do grupo, ninguém esperava que tão próximo da trilha da turística já encontrassem algo. Ao seguirem seu curso se depararam com um desmoronamento na base do paredão, com uma entrada acessível. Imediatamente entraram, chegando ao rio subterrâneo da caverna, infelizmente sifonado. Como notaram que o fluxo de ar era intenso, Fernando forçou passagem por uma rocha solta, e para sua surpresa, a rocha se mostrou uma “porta” para a caverna. Após explorarem mais um pouco a recém-descoberta caverna, acharam melhor voltar. No dia seguinte (Natal), resolveram retornar a caverna, agora explorando toda a galeria. Um baita presente de natal! Batizaram o salão principal da caverna como Três Passos, já que um dos integrantes não entrou na caverna neste dia.

e foi realizado um croqui bem grosseiro dando uma idéia inicial do que era a caverna, para facilitar o trabalho numa próxima investida. A caverna que se desenvolve no contato entre o calcário e o granito é muito bonita, com diversas cachoeiras. O perigo detectado nesta primeira visita, é que como a entrada é feita por um quebra-corpo entre blocos, a topografia só poderia ser realizada em uma época de seca, pois o risco de inundação desse trecho da entrada era muito grande, e poderia bloquear rapidamente a saída dos espeleólogos, em caso de chuva”, descreve Leda Zogbi, um dos integrantes daquela investida. Após esta investida, foram organizadas mais duas expedições para mapear a Furo da Agulha pelo GPME, porém nestas oportunidades, choveu forte, e não foi possível realizar o trabalho.

Em 19 de outubro de 2002, uma equipe do grupo GPME, foi levada à caverna pelos monitores ambientais, porém como a equipe chegou tarde à caverna e não tinha planejado pernoitar nas proximidades, não houve tempo para realizar uma topografia detalhada. “Foi puxada apenas uma linha de trena, medindo das distâncias e azimutes dos condutos principais da caverna,

20


Exploração & Mapeamento

O MAPEAMENTO

A

pós os trabalhos de remapeamento das Grutas Temimina II e II, em decorrência da realização dos planos de manejo espeleológico, em março de 2009, uma equipe da União Paulista de Espeleologia iniciou as atividades de prospecção junto à margem direita a jusante do rio, batendo o paredão de calcário, onde foram descobertas algumas cavidades. Nesta mesma investida a equipe dá inicio à topografia da caverna “Furo da Agulha”, porém a entrada pela ressurgência do rio, forçando uma área instável do desmoronamento se mostrou arriscado, devido a possibilidade de desabamentos e passagens muito apertadas. Uma nova saída foi planeja-

21

da, e nos dias 27 e 28 de Março de 2010 o desmoronamento foi transposto por um acesso superior, mais próximo ao paredão, evitando a parte de maior instabilidade, sendo necessário realizar uma pequena “chaminé” e descer até o leito do rio sem grandes sustos. Depois disso existe uma passagem em teto baixo rente ao rio, um pequeno salão, outro quebra corpo, mais rastejamento na água, mas quebra corpo e depois a caverna começa a abrir e toma dimensões impressionantes. Dois rios alimentam a cavidade. Uma exploração inicial revelou uma noticia animadora sobre suas dimensões, apesar da caverna se desenvolver no sentido do final da lente de calcário: o desenvolvimento total superaria em muito a metragem estimada por explorações anteriores, além da descoberta de salões superiores com grandes blocos de granito. A caverna mostrou-se


22


ricamente ornamentada, com espeleotemas bem preservados e de vários tipos. Paralelamente à topografia, o professor Sérgio Bueno, do IB – USP, que na época estava a procura de cavernas que pudessem apresentar ocorrência de Eglídeos, montou armadilhas em uma área extensa do leito do rio. Após esta primeira impressão, foi solicitado ao Parque atenção ao controle de visitação a esta cavidade que esta

23

bem preservada e possui espeleotemas importantes, porém em locais de fácil acesso. Também pelo fato de estar bem ao lado da trilha da Gruta Temimina II, se não forem tomadas medidas preventivas, esta caverna pode se tornar uma “alternativa” de maior “aventura” para alguns turistas ou guias desavisados, o que teria um efeito maléfico para a caverna. No dia 14 de Maio de 2010, um grande grupo faz nova investida.


Antes de entrar na caverna, por motivos de atualização de cadastro e georeferenciamento, foi feita a aquisição de um novo ponto de GPS e também a ligação deste ponto com a base permanente UPE-574, na entrada superior, e com a base permanente UPE573, na entrada inferior da gruta. Subindo o rio, o grupo seguiu até a bifurcação em que os dois rios se juntam para formar a galeria principal. Neste ponto está a ligação com as to-

pografias que seguem pelos dois condutos, um à esquerda, que é uma continuação da galeria do rio, e outro de menor volume, porém mais comprido, à direita. A primeira equipe segue pela esquerda, evoluindo rio acima, onde há vários pontos em que se consegue subir por blocos abatidos, principalmente granitóides, mostrando a limitação da lente e consequentemente o desenvolvimento do conduto. Pelo lado oposto, uma segunda equipe segue também rio acima por cerca de 300 me-

24


Salão Principal da Gruta Furo da Agulha. Após um difícil quebra corpo, depara-se com este belo e gigantesco salão, uma grata surpresa!

31

Desnível 13/14 - Gurutuva


32 DesnĂ­vel 13/14 - Gurutuva


Exploração & Mapeamento tros, com trechos mais largos e ornamentação em nível mais alto, mas sem muitos condutos laterais. No final da galeria, há muita água descendo pelo lado esquerdo da caverna, saindo de blocos granitóides, que formam grandes desmoronamentos. A topografia havia terminado, restava apenas a exploração do desmoronamento em granito, de onde vertia uma quantidade enorme de água, para tentar encontrar uma via de ligação entre a Furo de Agulha e a Meandro, uma vez que, pelas contas do Survex, as cavernas estão divididas por míseros 28 metros, sendo 10 destes no sentido vertical, porém ainda não seria desta vez, com a equipe estafada, a pendência é deixada para uma outra oportunidade.

A exploração dos blocos em granito se mostrou difícil e perigosa, foram feitas mais duas investidas, trechos desmoronados foram transpostos, porém ao final tudo fecha, terminando em um salão de lama com o teto totalmente instável. A conexão entre as grutas Parada do Alívio e Furo da Agulha permanece um mistério, talvez seja realmente impossível e intransponível a passagem, talvez não tenhamos visto “aquela” pequena passagem, ao pé da rocha, contornando “alguma” formação........talvez!

Esquema mostrando a proximidade entre as cavernas Meandro, Furo da Agulha, Temimina II e III

Foto ao lado:

27

Exploração final da Gruta Furo da Agulha, apesar de todos os esforços, infelizmente não foi possível a conexão com a Gruta Meandro



29


20 anos

30


Evidências na Gruta Furo da Agulha

Por: Sérgio Luiz de Siqueira Bueno Instituto de Biociências Departamento de Zoologia Universidade de São Paulo sbueno@ib.usp.br


40


Ciência

D

Ao contrário dos dois g~eneros marinhos citados, Aegla é encontrado exclusivamente em ambientes dulcícolas. Esta característica torna-se mais marcante se consideentre os repre-

rarmos que este táxon é o único dentre os

sentantes atu-

decápodes anomuros com ocorrência em

ais da fauna de crustáceos decápodes de água doce com ocorrência no continente

Foto: Sérgio Bueno

sul-americano, as eglas representam um grupo que desperta grande interesse como modelo para estudos biogeográficos e preocupação quanto ao estado atual de preservação de várias espécies, principalmente aquelas cuja distribuição é caracterizada por alto endemismo e restrito a ambientes muito específicos e vulneráveis a

perturbações de natureza antrópica. Atualmente, cerca de 70 espécies de eglas foram descritas, porém, o número pode ser considerado como subestimado uma vez que espécies novas tem sido descritas nos últimos anos, outras mais

são conhecidas e aguardam descrição formal e muitas outras ainda estão por ser descobertas. As eglas constituem um grupo com características muito singulares. Em primeiro lugar porque todas as espécies conhecidas pertencem ao gênero Aegla, único táxon pertencente à família Aeglidae

água doce, visto que todos os demais ano-

com representantes na fauna atual. Dois

muros, incluindo os ermitões, os “falsos-

outros gêneros fósseis são ainda reconhe-

caranguejos” porcelanídeos e as tatuíras,

cidos dentro da família, Haumuriaegla e

são marinhos.

Protoaegla, ambos provenientes de sedi-

Outra

particularidade

significante

mentos marinhos na região da Nova Ze-

associada ao gênero Aegla é o fato de es-

lândia

respectivamente

te grupo ser endêmico da região Neotropi-

(Feldmann, 1984; Feldmann et al, 1998).

cal (Schmitt, 1942; Martin & Abele, 1988;

e

do

33

México,


Bond-Buckup & Buckup, 1994, McLaughlin

na região cárstica do Alto Ribeira. São

et al., 2010), incluindo os seguintes paí-

elas: Aegla microphthalma Bond-Buckup

ses: Chile, Argentina, Bolívia, Paraguai,

& Buckup, 1994; Aegla leptochela Bond-

Uruguai e Brasil. A amplitude latitudinal de

Buckup & Buckup, 1994 e Aegla caverni-

distribuição do gênero estende-se desde o

cola Türkay, 1972. Estas espécies apre-

limite meridional representado pela Ilha

sentam diferentes graus de troglomorfismo, como a redução de olhos (pela diminuição no número de omatídios) e da pigmentação da córnea. As respectivas localidades-tipo são representadas pela Caverna Santana (para Aegla microphthalma); Gruta das Areias (para A. cavernicola) e Gruta dos Paiva (para A. leptochela), todas localizadas no município de Iporanga (Bond-Buckup & Buckup (1994). Há ainda na região cárstica do Alto

Ribeira a espécie troglófila, Aegla strinatii,, cuja localidade-tipo é o córrego das Ostras no interior da Gruta da Tapagem (= Caverna do Diabo), município de Eldorado, SP (Türkay, 1972). Esta espécie forma populações auto-suficientes tanto no meio sub-

terrâneo (= hipógeo) como na superfície (meio epígeo), podendo transitar entre os dois ambientes (Rocha & Bueno, 2004). De uma forma geral, os decápodes do gênero Aegla apresentam grande especificidade de habitat, o que explica a distribuição restrita apresentada por muitas esDuque de York (50°33’31”S), no Chile

pécies. A grande especificidade de habitat

(Oyanedel et al., 2011), até o limite seten-

confere uma reduzida plasticidade às po-

trional definido pelo município de Claraval

pulações para superar perturbações ambi-

(20°18’47”S), MG, no Brasil (Bueno et al.,

entais, notadamente as rápidas alterações

2007).

provocadas por ação antrópica. Tais interA fauna de eglídeos do Ribeira do

ferências constituem importantes fatores

Iguape é composta de sete espécies, sen-

envolvidos na redução progressiva ou na

do que três são troglóbias com ocorrência

fragmentação das áreas de distribuição,

34


Foto: Ricardo Martinelli

com sérios efeitos subseqüentes sobre a

de nota que as únicas espécies de eglí-

sobrevivência de populações de Aegla.

deos troglóbios já descritas ocorrem justa-

Considerando o alto endemismo apresentado por algumas espécies da re-

mente apenas nesta região do estado de São Paulo.

gião cárstica do Alto Ribeira e levando-se

Recentemente, uma quarta espécie

também em conta que muitas áreas epí-

troglóbia registrada para a região cárstica

geas e hipógeas nesta região do estado

do Alto ribeira foi coletada na Gruta do Fu-

permanecem inexploradas sob o ponto de

ro da Agulha (Foto). Os exemplares adul-

vista de levantamento faunístico de inver-

tos coletados no ano de 2010 estão servin-

tebrados de riachos, é possível vislumbrar

do de material para a descrição de uma

que a referida região apresenta um eleva-

nova espécie que habita exclusivamente

do potencial para a descoberta de novas

esta gruta. Embora o nome definitivo e as-

espécies de Aegla.

sociado à espécie somente é válido após a

È importante salientar que a já co-

efetiva publicação do trabalho de descri-

mentada riqueza de espécies de eglídeos

ção, o nome da espécie nova já está suge-

da região cárstica do Alto Ribeira deve-se

rido e deverá ser Aegla upe. Este nome

não só a fatores vicariantes associados à

presta homenagem à UPE (União Paulista

formação da bacia do Ribeira do Iguape,

de Espeleologia) e a seus integrantes pro-

mas também à característica cárstica da

fissionais e entusiastas no campo da espe-

região do Alto Ribeira, formada por um nú-

leologia, da exploração e mapeamento de

mero ainda desconhecido de cavernas que

cavernas, cuja colaboração foi fundamen-

servem de abrigo para populações especí-

tal na viabilização da coleta dos exempla-

ficas de eglídeos. Neste aspecto, é digno

res dos eglídeos.

35


Assim como as três espécies trogló-

veis na literatura científica são de espécies

bias já conhecidas, a nova espécie tam-

de ambientes epígeos (Bond-Buckup et al,

bém apresenta evidentes características

1996, Bueno & Bond-Buckup, 1996; Bond-

troglomórficas como a redução da área

Buckup et al, 1999; Francisco et al., 2007).

pigmentada da córnea. Se comparada com as populações de eglídeos que ocorrem

Referências citadas.

em ambiente epígeo, a nova espécie, juntamente com as outras três troglóbias,

Bond-Buckup, G. & L. Buckup. 1994. A

também apresenta um tamanho proporcio-

família Aeglidae (Crustacea, Decap-

nalmente maior dos apêndices locomoto-

oda, Anomura). Arquivos de Zoolo-

res em relação ao tamanho do corpo

gia 32(4): 159-346..

(medida da carapaça).

Bond-Buckup, G., Bueno, A. A. P. &

Na ocasião da coleta de exemplares

Keunecke, K. A. (1996) Primeiro es-

da nova espécie, também tivemos a opor-

tágio juvenil de Aegla prado Schmitt

tunidade de coletar uma fêmea ovígera, a

(Crustacea, Decapoda, Anomura,

qual foi transportada viva para o laborató-

Aeglidae). Revista Brasileira de Zo-

rio na USP. Os jovens que eclodiram tam-

ologia, 13(4), 1049–1061

bém serão utilizados para trabalhos de

Bond-Buckup, G., Bueno, A. P. &

descrição da morfologia. Trata-se da pri-

Keunecke, K. A. (1999) Morphologi-

meira vez que a forma jovem recém-

cal characteristics of juvenile speci-

eclodida de uma espécie troglóbia será es-

mens of Aegla (Decapoda, Anomu-

tudada em detalhes, visto que as todas as

ra, Aeglidae). In: Schram, F. R. & C.

descrições de jovens de eglídeos disponí-

von Vaupel Klein (Ed), Crustaceans

36


Ciência and the Biodiversity Crisis. Proceed-

Martin, J. W. & L. G. Abele, 1988. External

ings of the Fourth International

morphology of the genus Aegla

Crustacean Congress, Vol. 1, 371

(Crustacea: Anomura: Aeglidae).

–381.

Smithsonian Contribution to Zool-

Bueno, A. A. P. & Bond-Buckup, G. (1996) Os estágios juvenis iniciais de Aegla

ogy, 453: 46p. McLaughlin, P. A., R. Lemaitre & K. A.

violacea Bond-Buckup & Buckup

Crandall, 2010. Annotated checklist

(Crustacea, Anomura, Aeglidae).

of anomuran decapods crustaceans

Nauplius, 4, 39–47.

of the world (Exclusive of the Ki-

Bueno, S. L. S.; R. M. Shimizu & S. S. da

waoidea and families Chirostylidae

Rocha, 2007. Estimating the popula-

and Galatheidae of the Galathe-

tion size of Aegla franca Schmitt,

oidea). Part III – Aegloidea. The

1942 (Decapoda,

Ruffles Bulletin of Zoology, Supl.

Anomura,

Ae-

glidae) by mark-recapture technique

23: 131-137.

from an isolated section of Barro

Oyanedel, A., C. Valdovinos, N. Sandoval,

Preto stream, county of Claraval,

C. Moya, G. Kiessling, J. salvo & V.

state of Minas Gerais, southeastern

Olmos. The southermost freshwater

Brazil. Journal of Crustacean Biolo-

anomurans of the world: Geographic

gy, 27(4): 553-559.

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Feldmann, R. M., 1984. Haumuriaegla glaessneri (Decapoda;

n.

gen.

Anomura;

and

sp.

Aeglidae)

from Haumurian (late Cretaceous)

agonian aeglids (Decapoda: Aeglidae). Journal of Crustacean Biology, 31(3): 396-400.

Schmitt, W. L. 1942. The species of Aegla,

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New Zealand Journal of Geology

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and Geophysics, 27: 379-385.

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Feldmann, R. M.; F. J. Vega; S. P. Applegate & G. A. Bishop, 1998. Early Cretaceous Tlayúa

arthropods from the

formation

at

Tepexi

um, 91 (3132): 431-526. Rocha, S. S. & S. L. S. Bueno, 2004. Crustáceos decápodes de água doce

de

com ocorrência no Vale Ribeira do

Rodríguez, Puebla, México. Journal

Iguape e rios costeiros adjacentes,

of Paleontology, 72(1): 79-90.

São Paulo, Brasil. Revista Brasileira

Francisco, D. A.; S. L. S. Bueno & T. C.

de Zoologia, 21(4): 1001-1010.

Kihara. 2007. Description of the first

Türkay, M., 1972. Neue Höhlendekapoden

juvenile of Aegla franca Schmitt,

aus Brasilien (Crustacea). Revue

1942 (Crustacea, Decapoda, Ae-

Suisse de Zoologie, 79(1): 415-

glidae). Zootaxa, 1509: 17-30.

418.

37


20 anos Luminárias/MG — Exploração e Mapeamento de Grutas em Quartzito — 2002

Exploração e Mapeamento do Abismo do Jatobá—1994 Tentativa de conexão com a Caverna Casa de Pedra

38




Exploração & Mapeamento

41


Texto & Fotos: Ricardo Martinelli

C

oordenadas antigas que constam no CNC, cadastro nacional de cavernas da SBE, indicavam uma boa proximidade desta ocorrência. A possibilidade desta caverna tratarse do Abismo do Zero, famoso no meio espeleológico por vitimar um espeleólogo na década de 70 por afogamento (evento nunca confirmado) é significativa. Dificuldade em localizar cavernas cadastradas no passado são frequentes, segue-se um dado, uma referência, conversas com moradores locais são fundamentais e ainda assim existe a possibilidade de não estarmos no lugar correto. O suposto Abismo do Zero localiza-se entre os municípios de Itaóca e Ribeira, às margens de uma pequena estrada vicinal que liga Itaóca à rodovia SP– 250, na divisa entre

Paraná e São Paulo, a ajuda do Sr. Jonas Mendes Junior foi fundamental para a localização da cavidade. Após uma investida inicial bloqueada pela chuva, uma vez que a localidade é um “funil” gigante e a entrada da caverna um quebra-corpo, uma segunda equipe em 2011 finalmente consegue entrar e topografar o abismo sem grandes dificuldades. O Abismo possui um trecho inicial que exige um pouco de rastejamento, um desnível pequeno, alguns quebra-corpos e logo se chega ao primeiro lance, pequeno, cerca de 6 a 7 metros, mas uma pedra grande com um negativo abaixo dificulta um pouco, como tratava-se de uma altura pequena, optou-se por um protetor de corda na borda. Após este pequeno lance atingimos a entrada da descida princi-

42




pal com pouco mais de 20 metros, lá encontramos uma ancoragem artificial em boas condições, confirmando o que já desconfiávamos, o local já havia sido explorado anteriormente. Optamos por utilizar esta ancoragem por se mostrar em boas condições, sem oxidação e também pela escassez de local viável. Após a descida acessamos o salão principal, de grande volume e iniciamos a exploração para tentar encontrar uma continuação, depois de algum tem-

45

po todas as investidas foram frustradas e iniciamos a subida com o mapeamento. Já pelas tantas da madrugada saímos do abismo e descobrimos que uma baita chuva havia caído no local e logo pensamos no afogamento de 1970, nossa sorte foi que todo o terreno estava bem seco, pois não chovia havia bastante tempo, porém, quando o último integrante da equipe saiu da caverna, um pequeno “veio” de água entrou.....bem na hora!


46


47


20 anos Gruta Crystal — Exploração e Mapeamento no entorno do PETAR — 2006

Gruta Engenho do Farto — Exploração e Mapeamento no PETAR — 2009

48


M

R

ILLON

PID

Notícias rápidas sobre a UPE e a espeleologia nacional e internacional

Criado o Conselho Estadual do Patrimônio Espeleológico do Estado de São Paulo—CPE/SP O regimento interno do CPE/SP diz em seu primeiro artigo: Art. 1° - Conselho do Patrimônio Espeleológico do Estado de São Paulo (CPE-SP), é um órgão consultivo da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (SMA/SP), criado pela resolução SMA-87, de 16 de setembro de 2013,tendo como objetivos centrais contribuir para a implementação dos Planos de Manejo Espeleológico e a definição de uma política pública de proteção, pesquisa e manejo responsável do patrimônio espeleológico em seu território. As atividades iniciais do Conselho estão concentradas em 5 pontos: 1.

Inventariar as cavernas do Estado de São Paulo

2.

Auxiliar a Fundação Florestal na implantação de Planos de Manejo

3.

Procedimentos para atividades de Grupos de Espeleologia em UCs

4.

Casos Emergenciais

5.

Políticas públicas

Para tanto foram criados grupos de conselheiros que deverão elaborar planos de trabalho para que se chegue a um resultado dos temas propostos. O Conselho é composto por representantes de diversos segmentos ligados aos órgãos estaduais, como a Fundação Florestal, Reserva da Biosfera, gestores de APA´s, prefeituras, e também representantes da sociedade civil como Grupos de Espeleologia, associações de guias, pousadas, etc...

UPE faz palestra para alunos de Turismo da UFSCAR

No dia 29 de maio de 2014, a convite de um de seus sócios e que também leciona da UFSCAR, Heros Lobo, a UPE proferiu palestra de “Introdução à Espeleologia” aos alunos de turismo desta instituição. Os jovem puderam tomar contato através de fotos e relatos, o que é o universo da exploração de cavernas, seus objetivos, como e onde é praticada a atividade. A palestra teve duração de aproximadamente uma hora e despertou a curiosidade dos presentes que interagiram a toMichel Frate & Heros Lobo

49

UPE faz palestra para o SESC—SP Em seu segundo ano de parceria, a UPE é convidada para realizar palestra sobre as cavernas do Alto Ribeira para um público seleto que irá posteriormente viajar ao PETAR. Desta maneira, o grupo cumpre com um de seus itens estatutários que é o de divulgar a espeleologia e o Patrimônio Espeleológico Brasileiro, contribuindo para sua conservação e preservação para as gerações futuras.


Espeleologia & Medicina

A leishmaniose visceral ou Calazar é uma doença infecto-parasitária podendo ser letal quando não diagnosticada e tratada precocemente. O agente etiológico é um protozoário denominado Leishmania chagasie, sua transmissão ocorre pela picada de fêmeas de flebotomíneos infectadas. Nos últimos anos, mudanças ambientais provenientes ou não de ações antrópicas como desmatamento e crescimento demográfico, têm contribuído para a dispersão de doenças tropicais. Grandes projetos como implantação de usinas e de gasodutos, abertura de estradas, e atividades de ecoturismo, dentre outros, podem levar a disseminação da LV (leishmaniose visceral) para a população canina e humana (AZEVEDO et al., 1996; PATZ et al., 2000) O conhecimento da fauna flebotomínica (Diptera: Psychodidae) e o estudo do comportamento de algumas espécies tem sido objeto de várias investigações (Cabanillas & Castellon 1999, Barata et al. 2004) dado que esses insetos são capazes de transmitir diversas espécies de Leishmania (Lainson & Shaw 1987). Os flebotomíneos são encontrados com freqüência em ecótopos naturais, como troncos de árvores, tocas de animais, folhas caídas no solo, frestas em rochas e em cavernas (Galati et al. 2003, Azevedo et al. 1993), assim como em ambientes rurais e urbanos, caracterizados por abrigos de animais domésticos e habitações humanas, demonstrando que se encontram em processo de adaptação (Tolezano et al. 2001). A doença não é contagiosa nem se transmite diretamente de uma pessoa para outra, nem de um animal para outro, nem dos animais para as pessoas. A transmissão do parasita ocorre apenas através da picada do mosquito fêmea infectado. Na maioria dos casos, o período de incubação é de 2 a 4 meses, mas pode variar de 10 dias a 24 meses.

Sintomas Os principais sintomas da leishmaniose visceral são febre intermitente com semanas de duração, fraqueza, perda de apetite, emagrecimento, anemia, palidez, aumento do baço e do fígado, comprometimento da medula óssea, problemas respiratórios, diarreia, sangramentos na boca e nos intestinos. Diagnóstico O diagnóstico precoce é fundamental para evitar complicações que podem pôr em risco a vida do paciente. Além dos sinais clínicos, existem exames laboratoriais para confirmar o diagnóstico. Entre eles destacam-se os testes sorológicos (Elisa e reação de imunofluorescência), e de punção da medula óssea para detectar a presença do parasita e de anticorpos. É de extrema importância estabelecer o diagnóstico diferencial, porque os sintomas da leishmaniose visceral são muito parecidos com os da malária, esquistossomose, doença de Chagas, febre tifóide, etc. Tratamento Ainda não foi desenvolvida uma vacina contra a leishmaniose visceral, que pode ser curada nos homens, mas não nos animais. Os antimoniais pentavalentes, por via endovenosa, são as drogas mais indicadas para o tratamento da leishmaniose, apesar dos efeitos colaterais adversos. Em segundo lugar, está a anfotericina B, cujo inconveniente maior é o alto preço do medicamento. Uma nova droga, a miltefosina, por via oral, tem-se mostrado eficaz no tratamento dessa moléstia. A regressão dos sintomas é sinal de que a doença foi pelo menos controlada, uma vez que pode recidivar até seis meses depois de terminado o tratamento. Fontes:

  

http://drauziovarella.com.br/letras/c/leishmaniose-visceral-calazar/ http://www.seer.ufu.br/index.php/hygeia/article/view/17019/9385 BARATA et al., Flebotomíneos do Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, MG — Neotrop. entomol. vol.37 no.2 Londrina Mar./Apr. 2008)

50


Humor

51


Foto & produção: Paulo Jolkesky

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MARCHE! Tudo o que a UPE fez ou participou Nos anos de 2011 e 2012

Espeleo-LOG 29/1/2011 a 30/1/2011

10/4/2011

05/2/2011 a 06/2/2011

04/6/2011 a 05/6/2011

Local: P ETAR – Lajeado Objetivo: Reencontrar a Gruta Córrego Fundo Caverna(s): Córrego Fundo Participantes: Michel Sanches Frate Toni Cavalheiro Nivaldo Possognolo Paulo Henrique Pereira

Local: P ETAR —Caboclos Objetivo: Saída UP E—Mirim Caverna(s): A ranhas e Chapéu Participantes: Ricardo de Souza Martinelli Ronald Jorge Welzel Eduardo Tastardi Portella Silmara Zago Heros Augusto Santos Lobo (Nesta saída participaram também os filhos e esposas)

23/2/2011

Local: São P aulo —Sede ANAB Objetivo: Reunião P resencial Caverna(s): Participantes: Ricardo de Souza Martinelli Eduardo Tastardi Portella Paulo de Valhery Jolkesky Marcelo Gonçalves Fabio Kok Geribello

12/3/2011

Local: São P aulo —Sede ANAB Objetivo: Assembleia Geral Eletiva Caverna(s): Participantes: Ricardo de Souza Martinelli Eduardo Tastardi Portella Paulo de Valhery Jolkesky Marcelo Gonçalves Mauro Zackiewicz Michel Sanches Frate Paulo Henrique Pereira Gabriela Slavec Fabio Kok Geribello Nivaldo Possognolo Toni Cavalheiro

02/4/2011

Local: Soro caba Objetivo: Reunião P resencial —Interior Caverna(s): Participantes: Ricardo de Souza Martinelli Michel Sanches Frate Paulo Henrique Pereira Gabriela Slavec Fabio Kok Geribello Nivaldo Possognolo

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Local: P ETAR—Caboclos Objetivo: Topo grafia—Exploração Caverna(s): Furo da Agulha e Abism Fubanga Participantes: Ricardo de Souza Martinelli Nivaldo Possognolo Marcelo Gonçalves Habiba (GEGEO) Chavas (GEGEO) Local: P ETAR—Lajeado Objetivo: Exploração Caverna(s): Córrego Fundo Participantes: Michel Sanches Frate Toni Cavalheiro Nivaldo Possognolo

22/6/2011 a 26/6/2011

Local: M ambaí—GO Objetivo: Expedição M ambaí 2011 Caverna(s): Tarimba e outras Participantes: Ricardo de Souza Martinelli Ronald Jorge Welzel Silmara Zago Michel Sanches Frate Heros Augusto Santos Lobo

21/7/2011 a 24/7/2011

Local: P onta Grossa—PR Objetivo: 30º Congresso Brasileiro de Espeleologia / SBE Caverna(s): Participantes: Silmara Zago Heros Augusto Santos Lobo

23/7/2011 a 31/7/2011 Local: P ETAR — Núcleo Areado Objetivo: Topo grafia Caverna(s): A reado I I I Participantes: Ricardo de Souza Martinelli Marcelo Gonçalves Mauro Zackiewicz Michel Sanches Frate Nivaldo Possognolo Sergio Luiz de Siqueira Bueno

05/8/2011 a 07/8/2011

Local: I tapeva/ Nova Campina Objetivo: P rospecção—Mineração Fronteira Caverna(s): Participantes: Silmara Zago Michel Sanches Frate Heros Augusto Santos Lobo Luis Gustavo “Hawk” Machado


mo da

21/8/2011

Local: Sede SBe —Campinas Objetivo: Reunião P R OCAD Caverna(s): Participantes: Fabio Kok Geribello Ricardo de Souza Martinelli

23/10/2011 a 24/10/2011

Local: I tapeva/ Nova Campina Objetivo: P rospecção—Mineração Fronteira Caverna(s): Participantes: Heros Augusto Santos Lobo Luis Gustavo “Hawk” Machado

20/11/2011

Local: Sâo P aulo —Ap. Martinelli Objetivo: Reunião presencial Caverna(s): Participantes: Fabio Kok Geribello Gabriela Slavec Ricardo de Souza Martinelli Luis Gustavo “Hawk” Machado Paulo de Valhery Jolkesky Marcelo Gonçalves Michel Sanches Frate Eduardo Tastardi Portella

09/12/2011 a 10/12/2011

Local: P ETAR —Caboclos Objetivo: Topo grafia e exploração Caverna(s): Cavernas do rio monjolinho Participantes: Ricardo Martinelli Luis Gustavo “Hawk” Machado Michel Frate Fernando (irmão do Michel) William (amigo do Michel) Paulo de Valhery Jolkesky Gastão

03/3/2012 a 04/3/2012

Local: P ETAR —Caboclos Objetivo: Topo grafia e exploração Caverna(s): Cavernas do rio monjolinho Participantes: Ricardo Martinelli Luis Gustavo “Hawk” Machado Marcelo Gonçalves

14/4/2012 a 15/4/2012

Local: Caverna do Diabo Objetivo: P ROCAD—Topografia, pendências do mapa Caverna(s): Caverna do Diabo Participantes: Leandro Valentim Milanez Marcelo Gonçalves Silmara Zago Michel Sanches Frate Felipe Costa Luis Gustavo Pinheiro Machado Heros Augusto Santos Lobo Nivaldo Possognolo Paulo Henrique Pereira

21/4/2012

Local: Escritório Geribello Objetivo: Curso de primeiros socorros. Caverna(s): Participantes: Fabio Kok Geribello Gabriela de Britto Slavec Ricardo de Souza Martinelli Eduardo Tastardi Portella Leandro Valentim Milanez Marcelo Gonçalves Silmara Zago Mauro Zackiewicz Michel Sanches Frate Luis Gustavo Pinheiro Machado Nivaldo Possognolo Paulo Henrique Pereira

07/6/2012 a 10/6/2012 Local: P ETAR — Núcleo Areado Objetivo: Topo grafia Caverna(s): A reado I V Participantes: Ricardo de Souza Martinelli Eduardo Tastardi Portella Mauro Zackiewicz Nivaldo Possognolo Marcelo Gonçalves Sergio Luiz de Siqueira Bueno

20/6/2012 a 28/6/2012

Local: M ambaí—GO Objetivo: Expedição M ambaí 2012 Caverna(s): Tarimba e outras Participantes: Ricardo de Souza Martinelli Michel Sanches Frate Paulo Pereira Emílio Calvo—GREGO

20/8/2012 a 21/8/2012

Local: P arque I ntervales Objetivo: Saída M irim Caverna(s): Turísticas Participantes: Ricardo de Souza Martinelli Fabio Geribello Gabriela Slavec Marcos Geribello Ronnald Welsel Ariene Welsel Paulo Jolkesky Eduardo Portella Marcelo Gonçalves Heros Lobo Silmara Zago (Nesta saída participaram também os filhos e esposas e amigos)

22/9/2012 a 23/9/2012

Local: P ETAR —Caboclos Objetivo(s): Explo rar e topografar o Abismo Monjolinho Caverna (s): Abismo Monjolinho Participantes: Ricardo de Souza Martinelli Eduardo Portella Nivaldo Possognolo

02/11/2012 a 04/11/2012 Local: P ETAR — Núcleo Areado Objetivo: Topo grafia Caverna(s): A reado V Participantes: Eduardo Tastardi Portella Marcelo Gonçalves Ronnald Welsel Zé Guapiara

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Imagem em Destaque Salão Riva — Mambaí / GO

Fotografia: Ricardo Martinelli - Modelos: Emílio e Gely - Iluminação: Michel e Ronny

Dados Técnicos: Máquina - Nikon D600 / Velocidade - 4seg. / Abertura - f 4 / ISO - 100 / Distância focal - 15mm / Tripé / Iluminação - Flash e Lanternas / Pós Tratamento - Adobe Lightroom


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