Desnivel02

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ELETRÔNICO Informativo da União Paulista de Espeleologia - Volume 1 - Número 2 http://www.upecave.com.br

- Junho/Dezembro de 2004

Foto: Marcelo Gonçalves

Índice 21 Editorial

A espeleologia Brasileira Perde um de seus idealizadores.

22 XIV - EPELEO 2004 Como foi a Participação da UPE!

29 Paralelo Zero Uma das Clarabóias da Gruta Areado Grande III

Visita a uma província espeleológica no Equador.

32 Expedição Areado Comissão Editorial Ricardo Martinelli; Gabriela Slavec; Renata Shimura; Jacques Lepine; Leandro Valentim; Eduardo Portella; Paulo Jolkesky; Valfredo Pires

Resultados, impressões e descobertas.

38 Simbologia UIS Tradução para o Português.

Expediente União Paulista de Espeleologia Endereço para correspondência: Rua Loefgreen 1291, Cj 61 CEP: 04040-031, São Paulo/SP Desnível é uma publicação eletrônica semestral da União Paulista de Espeleologia (UPE). As opiniões expressas em artigos assinados são de responsabilidade dos respectivos autores. As matérias não assinadas são de responsabilidade dos editores e não refletem necessariamente a opinião da UPE. Artigos publicados no Desnível podem ser reproduzidos na íntegra desde que citados fonte, autor, URL e data de consulta na web. Reproduções parciais somente com autorização prévia dos editores. O informativo em formato PDF podera ser repassado para outras pessoas e listas de discussão. Para enviar um artigo utilize o e-mail: desnivel@upecave.com.br. As datas limite são os meses de junho e novembro. O Desnível se encontra em regularidade com as leis antispam. Se deseja não mais recebê-lo, favor enviar e-mail para: remover@upecave.com.br.

Veja Também

25 Memória 26 EspeleoPhoto 30 Equipamentos 39 Log de Atividades 40 Maillon Rapid 41 Foto do Semestre


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Editorial A espeleologia Brasileira perde um de seus idealizadores Texto: Ricardo Martinelli Contate o autor rsmartinelli@globo.com

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mais possua membros fundadores da SBE, e mesmo hoje, nós que somos jovens e estamos mais “ativos”, respeitamos este passado. Depois dos problemas ocorridos em Januária, durante o Congresso Brasileiro de Espeleologia, Guy Collet assumiu interinamen-

em que participei com Guy, percebi nitidamente que ele não entendia este momento conturbado da espeleologia, estava com um número impresso do Conexão Subterrânea na mão, dizia que era ótimo, e nos perguntava se isso não poderia ser feito em conjunto, dividindo tarefas e funções, sempre pensando no bem comum. Guy estava “vários” degraus acima de tudo isso! Com sua partida, perdemos um grande amigo e sócio dedicado, porém tenho certeza que todos os espeleólogos brasileiros ganharam um grande anjo da guarda! Voltando ao Desnível Eletrônico, nesta edição teremos o relato do que aconteceu durante o último Epeleo em Rio Claro, organizado pelo Egric, assim como a Expedição Areado, a aventura em uma caverna no Equador de nossa sócia Harumi Ashida e a tradução para o português da simbologia utilizada pela UIS, além é claro de nossas colunas e sessões permanentes. Foto: Acervo Akakor

uy Cristian Colett e espeleologia, como separar os dois; impossível. Poderia ficar aqui escrevendo páginas a fio sobre seus feitos, descobertas, explorações, achados e contribuições para o desenvolvimento da espeleologia Brasileira, porém isso não é necessário, são poucas as pessoas onde o pronunciar de seu nome já explica tudo, e este certamente é o caso de Guy. Um idealista convicto, esta era a imagem que nos passava, sempre empolgado com suas incursões, deixava tudo escrito em forma de relatórios e artigos, e sempre nos alertava para publicar, pois só assim no futuro saberão o que você fez. Muito da vontade de retomar a publicação do Desnível veio do exemplo e das colocações de Guy, vendo seus relatos e seu legado. Na atual situação política da espeleologia brasileira, muitos questionam a posição da UPE de participar tanto da SBE quanto da Redespeleo Brasil, porém estas mesmas pessoas esquecem que a UPE, em seu quadro associativo, é talvez o grupo que

te a presidência da SBE, e o fez como membro da UPE, como não poderíamos apoiá-lo? Aliás, mesmo sem participar de nossas reuniões a algum tempo, Guy sempre fazia questão de dizer que era membro da UPE, onde quer que estivesse, em qualquer coisa que escrevesse, e isso nos orgulhava muito. Na última reunião da SBE

Boa Leitura!


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XIV EPELEO

Como foi o Encontro Paulista de Espeleologia de 2004 Texto e Fotos: Gabriela Slavec Contate o autor slavec@geribello.com.br

XIV EPELEO realizado em Rio Claro - SP

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ealizou-se nos dia 23 e 24 de Outubro o EPELEO 2004, em Rio Claro, que reuniu espeleólogos de diversos grupos de São Paulo e outros interessados na atividade espeleológica. A UPE participou do evento ativamente, ministrando os cursos de topografia em cavernas e orientação por carta e bússola, além de participar das palestras de geologia para

espeleólogos, workshop de técnicas verticais e excursão para cavernas da região”. Os integrantes da UPE que participaram do evento foram: Fábio “Coringa” Kok Geribello, Gabriela Slavec, Ronald “Ronny” Welzel, Eduardo Portella, Elvira Maria, Mauro Zackiewicz, Ricardo “Caramujo” Araújo, Gabriela La Villa, Ricardo Dutra, Patrícia Claudia e Gisele Catarino.

Curso de Topografia - UPE O curso de Topografia foi ministrado pela Gabriela e pelo Coringa e contou com 16 participantes. A maioria era de não pertencentes a grupos de espeleologia. Dos membros da UPE, o Mauro e a Patrícia foram os únicos a participar deste curso. De outros grupos, tinham dois participantes do GESMAR, um do GEGEO e dois que participam eventualmente de saídas do EGRIC. No geral, os participantes não tinham experiência ou mesmo noção de topografia em cavernas, mas a maioria vêm realizando saídas turísticas na região do PETAR. Um dos integrantes do GESMAR realiza topografia de trilhas, outro participante já realizou topografia junto com o GPME e outro se interessa por topografia em cavernas subaquáticas. Durante o curso foram levantadas algumas questões interessantes que valem a pena serem relatadas. Um exemplo é como a medição da altura de um salão poderia ser realizada com uma bexiga cheia de hidrogênio, que pode ser obtido a partir de uma reação química com uma barra pequena de

metal mergulhada em ácido.O Flávio ficou de verificar as reações e procedimentos para testarmos em campo, se for o caso.Foi comentado que se anotarmos as alturas dos condutos nas bases, podemos criar um arquivo de bases virtuais no survex, que representará um perfil sobre a linha de trena; isso ajudaria bastante na visualização tri-dimensional da caverna. A parte prática do curso de topografia contou com a ajuda do Ronny e foi realizada na área do estacionamento. O grupo foi dividido em equipes e obtivemos quatro topografias diferentes, que foram processadas posteriormente, em conjunto com os participantes, discutindo e avaliando erros e comentando as dificuldades do trabalho. Na nossa avaliação, o curso foi bastante produtivo e cumpriu seus objetivos. Colocamo-nos à disposição de todos para auxiliar em trabalhos de topografia e alguns participantes já comentaram seu interesse em participar de saídas da UPE.

Navegação Terrestre O curso de Navegação Terrestre foi ministrado pelo nosso sócio Portella e contou com 11 participantes, na sua maioria não pertencentes a grupos de Espeleologia. Dos membros da UPE, a Elvira foi a única a participar deste curso. No geral, os participantes não tinham experiência ou mesmo noção de navegação e a maioria tem interesse de participar de Corridas de Aventura. Inicialmente foi apresentada a parte teórica onde percebeu-se que poucos estavam acompanhando o instrutor. Logo após foi solicitado que todos se juntassem em círculo e iniciou-se a parte prática, onde apareceram muitas dúvidas e o curso previsto para 4 horas durou 5h30. A parte prática do curso de Navegação Terrestre foi realizada na área externa. O grupo foi dividido em 2 equipes que conseguiram acertar um percurso pré-marcado. Na avaliação do Portella, o curso cumpriu seus objetivos. Apesar de todos terem recebido a Apostila, eles pediram para repassá-la por e-mail, o que já foi feito. O Portella também se colocou à disposição de todos para quaisquer outros esclarecimentos.

Espeleo -Socorrismo : Estrutura Espanhola A palestra foi apresentada pelo Ricardo Perez, que participou pela SBE do curso de espeleosocorrismo realizado na Espanha, em Setembro de 2004. Ele comentou como foi a semana de preparação e realização do curso, as experiências trocadas com os ins-


23 trutores e espeleólogos espanhóis e a realização das atividades práticas, em uma das cavernas da região. A palestra foi bem ilustrativa, com fotos de detalhes dos equipamentos e métodos utilizados. Após a apresentação o Ricardo comentou que provavelmente em janeiro os espanhóis virão para cá na intenção de ministrar mais três cursos de 40 Horas. Com custos entre R$ 250,00 e R$ 350,00. Posteriormente a SBE irá passar maiores informações.

Coringa durante o curso de topografia dado no EPELEO

Áreas de Atuação da UPE Procurando resgatar a idéia original do EPELEO, a Gabriela apresentou junto com o Coringa, no mapa do PETAR, quais são as áreas de atuação na UPE, atualmente. Comentamos sobre a região do Areado, Cabana e Ouro Grosso, principalmente. Em seguida, pedimos para que um representante de cada grupo presente comentasse as atividades que vêm sendo realizadas: EGRIC: O Rogério comentou que o EGRIC é um grupo universitário, fundado em 1979, que vive momentos de altos e baixos, já que depende do interesse dos estudantes. Atualmente, não têm realizado saídas como grupo para cavernas, mas alguns integrantes têm participado de saídas junto com outros grupos, como UPE e GPME. O Reinaldo “Tender” comentou, inclusive, que realizou uma saída conjunta com a FEALC, onde a interação entre espeleólogos de diferentes nacionalidades foi bastante proveitosa; TRUPE VERTICAL: O Marcelo Rasteiro comentou que, apesar de não estar atuante, a Trupe ainda existe como grupo; GESMAR: O Robson comentou que o Gesmar foi fundado em 1984 e é também um grupo ligado à universidade, no caso a Faculdade Santo André. O grupo não é exclusivamente de Espeleologia, mas sim, um grupo de estudos da Serra do Mar. Atualmente, estão realizando trabalhos em cavernas de granito na região da Serra do Mar, além de estudos de fauna e flora; ECA: apesar do grupo ter participado do EPELEO, não havia nenhum representante presente no momento da discussão.

Durante essa apresentação, também foi colocada por nós a questão do CNC e discutiu-se os prós e contras da existência de diversos cadastros de cavernas no Brasil. A conclusão foi que a Espeleologia nacional só perde com a existência de diversos cadastros e devemos procurar alguma forma de integração entre os existentes. Durante o primeiro dia, a UPE foi citada diversas vezes, tanto pela SBE, como pelo EGRIC e GESMAR, como um exemplo positivo de atuação no meio espeleológico; o grupo foi parabenizado pela contribuição que vêm oferecendo, formando novos topógrafos, orientando novos espeleólogos e incentivando outros grupos a crescerem, melhorarem seus trabalhos e continuarem atuantes na Espeleologia Brasileira!

A estrutura da UIS José Ayrton Labegalini é o atual presidente da UIS, União Internacional de Espeleologia e apresentou uma palestra institucional, contando um pouco da história da entidade, de suas atividades, objetivos e futuros encontros. Interessante foi saber que atualmente qualquer espeleólogo pode participar das discussões e grupos de tra-

balho da UIS, através de discussões via internet. Outra questão colocada foi sobre a anuidade cobrada, que é de US$ 50, 100 ou 200, como o país preferir. Só a título de comparação, a anuidade da SBE é de 1/3 do salário mínimo, sendo atualmente de R$ 78,00; a anuidade da UPE é de R$ 50,00; e a anuidade da Redespeleo é de R$ 240,00, ou seja, mais cara do que

todas as outras, o que não incentiva os grupos a participarem. Uma das perguntas colocadas foi sobre a questão da representação nacional na UIS, no caso de um país ter duas entidades nacionais de Espeleologia, citando especificamente a existência da SBE e Redespeleo. A resposta foi sensata, dizendo que é o país quem deve decidir quem é o delegado oficial que o representará na UIS.


24 Capacidade de carga de atividade turística em cavernas A palestra foi apresentada pelo Prof. Dr. Paulo Boggiani, da USP, tratando de um assunto cuja importância vêm crescendo a cada dia. Foi uma palestra bastante esclarecedora e motivadora, no sentido de sensibilizar os presentes para o assunto da conservação das cavernas. Comentou sobre os métodos existentes para cal·

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cular a capacidade de carga nas cavernas e apresentou um estudo de caso realizado na região de Bonito, que incluiu trabalhos na Gruta do Lago Azul, que já tem visitação turística, e Gruta da Nossa Senhora Aparecida, que será aberta para visitação em breve. Pontos que podem ser citados são:

A dinâmica ambiental da caverna deve se estudada, verificando parâmetros de temperatura, umidade, fauna, etc. O turismo e a visitação de cavernas deve sempre respeitar a dinâmica ambiental da caverna; A Caverna do Diabo é um exemplo ruim de turismo, pois não respeita a dinâmica ambiental. Os holofotes, por exemplo, permanecem ligados o tempo todo, permitindo o crescimento de samambaias. A construção de uma barragem com cachoeira também impede a circulação de micro-organismos naturais da caverna; As cavernas estão sujeitas ao licenciamento ambiental, através de EIA-RIMA, e devem ser protocoladas no IBAMA, que repassa ao Depto. de Licenciamento Ambiental; O turismo organizado tem impactos positivos (preservação, monitoramento, etc.) e negativos (utilização de material externo, como madeira, para montar a estrutura do caminhamento, que interfere no meio interno – matéria orgânica é fonte de alimento para os troglóbios, por exemplo) para a caverna. Diretrizes para uma Política Nacional de Ecoturismo 1994: “Segmento da atividade turística que utiliza, de forma sustentável, o Patrimônio Natural e Cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista através da interpretação do ambiente, promovendo o bem-estar das populações envolvidas” A definição de Ecoturismo acima não é aplicada nas Unidades de Conservação, principalmente no que diz respeito ao retorno e bem estar das populações envolvidas, inclusive da população local. Os únicos exemplos positivos no Brasil são a Reserva Maniraná, no Amazonas, e a Serra da Capivara, no Piauí. A questão da cobrança para visitação turística também tem sido amplamente discutida e, sendo a caverna um bem da União, deve ser cobrado apenas o serviço que está sendo oferecido, como o serviço de guia, infra-estrutura externa, etc.

Palestra realizada pela UPE no EPELEO. Classe cheia!

Excursão para as Cavernas da Região – Fazendão, Boca do Sapo e Paredão Após o término das apresentações do domingo, a maioria do grupo seguiu para as cavernas da região. De acordo com o relato da Patrícia, a saída atrasou uma hora. O ônibus contribuiu ainda mais para o atraso geral da saída, pois era um carro bem velho. O grupo seguiu para Ipeuna, cerca de 40 pessoas. Da UPE participaram da saída a Patrícia e a Elvira. O grupo foi dividido em dois. Patrícia e Elvira foram para a Gruta do Fazendão, no grupo guiado pelo Tender, geólogo da UNESP, o que tornou o passeio bastante instrutivo. A caverna é arenítica, seca, com pequenos salões, blocos abatidos e areia ou sedimento. Apresenta desenvolvimento de aproximadamente 200m e está completamente degradada (PIXAÇÕES). Ao retornar para o local onde o ônibus ficou estacionado, houve um pequeno desentendimento, pois o grupo que havia ido para a Gruta do Sapo retornou antes do grupo da Fazendão e decidiu não visitar esta caverna, pois o horário já havia estourado. Contudo, alguns integrantes do nosso grupo, resolveram ir por conta para a Gruta do Sapo causando o constrangimento de um dos guias que teve que literalmente “sair correndo” atrás dos incautos.

Geologia e Morfologia de cavernas em rochas siliciclásticas O Channel foi quem apresentou o trabalho, comentando sobre a formação e morfologia das cavernas em arenito e quartzito, comuns na região e de ocorrência freqüente em diversas áreas do território nacional.


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MEMÓRIA

Grutas da Região do Areado (Grande)

Nesta edição teremos um relatório histórico de Peter Slavec, da primeira saída do CAP Clube Alpino Paulista, à região do Bairro Areado.

RESUMO Esta região está situada numa faixa calcária bastante extensa ao sul da cidade de Guapiara, indo até o Rio Temimina, na direção sul/oeste, e até o rio Pilões, ao leste. Pertence ao município de Iporanga, Estado de São Paulo, e o melhor acesso na década de 70, era a partir da cidade de Guapiara, de onde saía uma estrada de terra, que seguia até o povoado do Areado (altitude 710 m) e, além deste, mais uns 2 km, perfazendo um total de 30 km. A primeira exploração à região se deu entre os dias 12 e 17 de julho de 1975, pelo CAP, Clube Alpino Paulista. Havia indícios de pelo menos 3 grutas e vários sumidouros a explorar. Sendo o Ribeirão do Areado o maior da região, seguimos o mesmo por uma picada marginal e logo descobrimos que o mesmo penetra em terra três vezes seguidas, ressurgindo em seguida, formando três pequenas grutas durante o seu percurso subterrâneo. A primeira dela possui aproximadamente 250 metros, a segunda 80 metros, e a terceira cerca de 200 metros, totalizando 530 metros. Entretanto, é no seu quarto sumidouro que começa realmente a Gruta do Areado, cuja exploração foi iniciada imediatamente.

Grutas da Região do Areado (Grande)

S

meado mecânico da expedição. Ele e John resolveram sair na véspera, assim garantiriam a chegada até Guapiara, não passando de 60 km/h no asfalto. Era uma manhã bela e ensolarada e às 10:00h, conforme combinamos, nos encontramos no posto de gasolina de Guapiara. Passamos toda a bagagem para o jipe, tomamos mais um cafezinho no bar do posto e adeus civilização por uma semaFonte: Acervo Peter Slavec

egue abaixo a transcrição de trechos do artigo “Clube Alpino Paulista – 35 anos de Espeleologia”, escrito por Peter Slavec, em 1994, mesclado com o relatório que ele próprio escreveu na época da primeira incursão à região. “Julho de 1975. O espeleo-grupo do CAP queria explorar a nova região de cavernas. Há dois anos estávamos de olho na região do Areado Grande, pois, observando os mapas aerofotogramétricos daquela área, tudo indicava a existência de pelo menos uma gruta promissora. Infelizmente a região fica isolada pelo sul, onde costumávamos explorar grutas nos fins-de-semana. Para atacar daquele lado seria necessário fazer uma caminhada de dois dias pela flo-

resta sem picadas ou trilhas; seria muito difícil daquele lado. Recolhemos algumas informações locais na parte norte, nas fazendas e pequenas aglomerações à beira da estrada entre Guapiara e Apiaí, antes de julho. Foram suficientes para resolvermos dedicar uma semana das férias para explorar a região do Areado Grande à procura de novas grutas. Era possível chegar até lá de jipe, saindo de Guapiara; o lugar ficava entre 25 e 34 km, iniciando a contagem desde Guapiara. Passo seguinte, organizar a expedição. Éramos três os participantes. Jonathan Thornton, que tinha um jipe, Álvaro Bento de Jesus, mais conhecido como Spagueti, e Peter Slavec. Data de saída: 11 de julho. Por precaução, sairíamos com dois carros, pois o jipe estava em condições que inspiravam certa desconfiança, a ponto que resolveu ir conosco também Peter Barry, no-

Foto antiga de uma das cavernas do areado.


26 da água seguindo pela picada o nosso novo guia, Bertolino. A uns duzentos metros a água se enfiltra entre as pedras, correndo assim por uns 250 m, voltando à superfície. Mas uns 100 m adiante há novo sumidouro entrando mais profundamente e atravessando pequena elevação por 50 m. Por enquanto não merecia exploração. Andamos ansiosos por mais uns 200 m, onde o Rio Areado desaparecia novamente embaixo da terra. Foi aí que o moço parou. Perguntamos se adiante não aparecia novamente à luz do dia. A resposta foi positiva, mas ele nunca fora ver o local. Pedimos que nos levasse até lá. Foi a somente uns 300 m e fazendo picada para chegar no fundo de pequena depressão, que ficava a uns 15 m abaixo do nível do vale, onde encontramos a saída do rio, uma boca de uns dois por dois metros aberta na rocha calcária. Para nossa surpresa, logo adiante havia uma entrada similar por onde entrava calmamente o rio. Não havia dúvida. É aqui que devemos entrar e iniciar a exploração. Ainda era cedo, o sol brilhando no céu azul e até o acampamento eram apenas vinte minutos de caminhada. Resolvemos fazer uma

EspeleoPhoto “Pintando com a Luz” Por Paulo Jolkesky jolk@uol.com.br

Foto: Gabriela Slavec

na. Conforme passávamos pelas moradias dos caboclos, colhíamos informações sobre grutas que por ventura existissem nas proximidades. Duas vezes passamos com carro por dentro do Rio Pilões, pois as pontes não existem. A estrada ficava cada vez mais tortuosa e íngreme, subindo e descendo os morros cobertos de mata virgem. De repente um vale maior, umas cinco casas. Paramos novamente e perguntamos a um rapaz que se fazia procurar qualquer coisa nas imediações, mas seu interesse estava realmente em nós: —”Oi, moço, como se chama este lugar?”, perguntei. —”Areado”, respondeu. —”Conhece por aí alguma gruta?” —”Tem uma aí onde some o Rio Areado”. Foi uma resposta suficiente para nos animar. Do nosso lado estava o Rio Areado, fazendo uma suave curva para fora da estrada e, entre ambos, um magnífico gramado plano, ideal para o nosso acampamento de base. Não havia dúvida. Meia hora depois o acampamento estava montado e estávamos de saída para ver aonde o rio sumia. Acompanhamos o curso

Uma interessante técnica de iluminação

utilizada

em

estúdio, principalmente para reprodução de obras de arte, pinturas e fotos antigas chamase “light painting”, e pode trazer resultados muito criativos se utilizada numa caverna. Você vai precisar, além da câmera em “B” num tripé, de uma lanterna forte e de foco regulável, e alguns filtros coloridos. Agora que tudo está pronto, é só iluminar as partes da cena que você quer que apareçam com o foco da lanterna, como se fosse um pincel, e colocar os filtros coloridos na frente da luz para conseguir paredes e detalhes de cores múltiplas, como se fossem as tintas. As partes onde o foco não alcançar aparecerão totalmente pretas no fotograma, e com isso um

Mosaico com fotos das primeiras investidas espeleológicas no bairro do areado grande Fonte: Acervo Peter Slavec

mesmo cenário pode originar fotos totalmente diferentes. Bons Cliques!


27 rápida exploração lá dentro para ver se a gruta oferecia condições físicas para a exploração. Tivemos que nos molhar até quase a cintura ao entrar. O rio corria em forma de um cotovelo e atravessando-o já nos encontrávamos num pequeno salão. Seguimos o curso do rio, que a uns 50 m sumia entre as rochas de uma parede. Mas à direita a galeria continua sem problemas e de longe se escuta novamente o rio saltando pedras. Foi suficiente para saber que tínhamos diante de nós uma boa caverna. O dia seguinte foi dedicado inteiramente à exploração da gruta. Sua entrada situa-se a 635 metros, a temperatura da água na entrada foi medida, encontrando-se o valor de 11º C. John e Peter Barry faziam a parte explorativa, Spagueti e eu seguíamos, levantando a topografia da gruta com uma bússola, trena e altímetro. Depois de cada puxada e esticada de trena, novas emoções, nova visão do até então desconhecido, inviolado mundo por seres humanos; estreitamento de fendas, pequenas cascatas ou corredeiras de rio, gigantescas estalagmites e estalactites, ou delicadíssimas formas de espeleotemas, tudo merece ser fotografado, pesquisado e observado nos mínimos detalhes. De repente a gruta se estreita numa fenda de uns 15º, mas era alta, talvez uns 20m; mais um pouco um alargamento característico formando um lago lodoso de água parada. Ainda foi possível ver uns peixes meio despigmentados, depois a água ficou turva e na nossa frente um sifão intransponível. Seria o fim da gruta, o fim da exploração. Até aqui topografamos 360m desde a entrada da gruta. Mas havia muito mais a ser explorado. Escalamos as

paredes quase verticais e 8m acima do leito do rio encontramos nova galeria, seca, mas bastante promissora. Era um antigo leito do rio. Havia trabalho para mais um dia de exploração. E hoje, afinal, era domingo, merecia um bom jantar com vinho para comemorar. O dia seguinte dedicamos à exploração externa da região, pois nossos mapas indicavam a possibilidade de existirem se não grutas, pelo menos alguns sumidouros que mereciam ser visitados. O tempo estava ótimo e as primeiras horas da manhã dediquei ao povoado e sua gente. Areado, como dizem, ou Areado Grande, conforme indicado no mapa, já foi um próspero povoado há uns 50 anos. Algumas casas estavam em ruínas, entre as quais os pássaros faziam seus ninhos. No meio do “polje” há um pequeno brejo, onde, à noite, os sapos cantam suas intermináveis serenatas. Fiquei surpreso ao constatar, numa das lagoas do brejo, peixes vermelhos, usados normalmente para decoração. Provavelmente alguém, há muito, tenha soltado um casal deles. Adaptaram-se magnificamente bem e hoje servem inclusive de “prato típico” aos caboclos do Areado. No portão da casa do Seu Amaral havia ainda indício da festa de Sto. Antonio e São João, uma árvore com galhos secos e apontados, onde estavam espetadas laranjas enfeitadas com fitas coloridas de papel crepe; num canto da pequena sala com chão de barro batido estava encostada uma sanfona. Assim se repete, ano após ano, no último meio século, enquanto o homem civilizado das cidades se preocupa com cibernética, problemas urbanos... Seu Amaral nos levou a conhecer uma outra gruta, cuja

entrada conhecia. Infelizmente era só uma fenda comprida, e ele não conhecia outras grutas ou sumidouros. No entanto, seguindo pela estrada, saindo do povoado do Areado mais 1 km aproximadamente e entrando em uma picada em direção oeste fomos averiguar 2 pequenos sumidouros. Os leitos do curso d’água estavam secos e não foi possível entrar. Acima do morro dos sumidouros encontramos uma grande entrada com boca de aproximadamente 10 metros de altura e 4 de largura, situada a 684 metros, e com desenvolvimento de 122 metros. Trata-se de uma pequena gruta, mas que impressiona por suas dimensões, pois toda ela é formada por um enorme salão seco cuja abóbada está a 25 metros de altura. Para se chegar ao fundo da gruta, há um desnível a partir da entrada, de aproximadamente 14 metros. Não apresenta ornamentação digna de maior interesse. Foi chamada de Gruta do Jeep. Seguindo mais em direção sul-oeste por picada aberta, chega-se a uma dolina bem característica, no fundo da qual se encontra o córrego do baixão. Seguindo seu percurso numa vegetação densa, chegase até um paredão embaixo do qual desaparece a água em direção de 265º espalhando-se em toda a largura permitida, ou seja, uns 5 metros, mas sem profundidade. Aparentemente é impossível entrar devido ao teto baixo. Sabendo da existência de uns buracos em cima da caverna, subimos a serra e realmente encontramos, 40 metros acima do leito do rio uma enorme depressão que tem comunicação com a gruta. Uns 80 metros adiante ainda encontra-se outro buraco que é um abismo vertical com diâmetro de uns 15


28 metros e profundidade de uns 30 metros, acessível somente com escadas. Deste local que está em ponto bem alto, é possível avistar os vales do rio Temimina e do Rio Pilões. Voltamos a entrada do rio e conseguimos entrar, arrastando-se pelo leito do rio, mas logo a altura do teto chega a uns 20 metros. A gruta, cuja origem foi uma fenda, está completamente alargada por ação da água, tendo a largura média de uns 6 metros. A 225 metros da entrada descobrimos que estávamos realmente numa galeria lateral de uma enorme caverna. Adiante estava um enorme salão com diâmetro de uns 25 metros e altura de 60 metros. O fundo do mesmo era um profundo lago no qual caía uma cachoeira de 30 metros formada pelo córrego do baixão. Daí para frente começa a verdadeira exploração desta gruta, pois possivelmente captou a rede hidrológica de vários sumidouros impenetráveis na superfície e se dirige para o vale do Rio Temimina. No dia seguinte continuamos explorando a gruta da Areado Grande, menos Peter Barry, que já tinha sido levado antes para Guapiara, pois tinha que voltar para São Paulo. Foi mais um dia cheio de explorações. A temperatura média registrada no ar na gruta foi de 14ºC. Resolvemos, logo no segundo salão, entrar para uma galeria superior à direita e após uma hora chegamos a outra galeria, que julgávamos já conhecer. E realmente o lugar onde nos encontrávamos ficava a apenas cinco metros do marco que fizemos na exploração anterior. Logo depois encontramos bonitos travertinos cheios de água cristalina e adiante escutamos o barulho do rio. Encontramos a galeria que servia de conduto ao Rio Areado.

Prendemos uma escada que se transporta em rolos de 10 m dentro da mochila e descemos até o leito do rio. Andando contra a correnteza, achamos depois de algum tempo o sifão. Estava feita a comunicação pelo rio. Agora era só seguir o curso da água para ver aonde ia. Prosseguimos rapidamente e de repente percebemos a luz do dia. Vinha lá do teto, era uma clarabóia. Enquanto John subia, Spagueti procurava a continuação da galeria e eu, deslumbrado, fotografava uma linda planta que crescia na quase total ausência de luz numa fenda de calcário, onde prendia suas raízes em um pouco de areia úmida. Foi a primeira vez que vi uma planta de uns 25cm, quase despigmentada por falta de fotossíntese, crescer quase em completa escuridão. Achamos a passagem entre o pequeno desmoronamento e seguimos o rio por mais algum tempo. Mas logo adiante estava o fim. Lá estava o temível desmoronamento obstruindo a passagem enquanto a água se infiltrava silenciosamente entre os rochedos. Foi aí que terminou para essa vez a exploração da Gruta do Areado Grande. Ainda na mesma noite, à luz do lampião, fiz o mapa topográfico da gruta. Estava com 1283 m explorados, o que coroava nossa expedição. Estávamos satisfeitos!

rias horas de chuva, fomos surpreendidos por algo que nos deu uma sensação estranha, mas de extrema satisfação; durante horas, caía no silêncio da tarde uma pesada nevada que cobria levemente com seu manto branco a região das cavernas do Areado Grande.” As explorações na região continuaram durante os anos que se seguiram, resultando em importantes descobertas, como a Gruta Areado Grande I e II, Gruta do Baixão, Abismo do Baixão, Gruta Quebra Vento, Gruta do Jeep. A mais importante, além do Areado Grande II (SP-78), foi a descoberta da Gruta da Cabana (SP-108), cujo córrego, sem nome, corria dentro da gruta por 4185 m sempre em direção sul, indo de encontro à Gruta Desmoronada, entre os rios Temimina e Pescaria, em Caboclos. Por coloração comprovamos realmente que o córrego da Gruta da Cabana é um afluente do Rio Temimina. Desenhavam-se para o futuro novas explorações naquela região. Para tanto foi feita através de uma picada, com caminhada de 4 horas, a ligação entre os bairros Caboclos e Areado Grande.

Observação:

Devido às temperaturas registradas, extremamente baixas em relação a outras grutas do Alto Ribeira, convém notar que no dia 17 de julho, em longa caminhada de volta, após vá-

Peter Slavec


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Paralelo Zero Uma experiência espeleológica no Equador Texto: Harumi Asahida

Contate o autor harumi@itec.com.br

ABSTRACT Living in outside of Brazil for professional reasons the author reports an interesting incursion to a karstical region of Ecuador. There she founds a landscape very similar to the Alto Ribeira region and a very interesting cave. Quito, 26 de setembro de 2004.

or motivos profissionais, acabei longe de uma das atividades que mais me atraem seja pelo lado esportivo, como pela emoção dos novos ambientes ou pelo desestressante que é, ou ainda pelos bons amigos que fazemos, as viagens, sem contar os inesquecíveis bons momentos de ralação, de se perguntar “o que estou fazendo aqui no meio deste frio e com esta lama toda” e que, ao final, resulta sempre naquela boa sensação de ter ido, de ter feito e de ter compartilhado tal “tortura” com outros iguais. E claro que, não deixamos de comentar esta atividade por aí, o que faz com que muitos nos olhem com aquela cara de interrogação a dizer, mas afinal, o que é que lhe atrai nesta atividade? Por quê? Bom, só quem faz e gosta, sabe.

P

Fonte: Site do Ministério das relações Exteriores

E foi assim, que comentando sobre isto num país estranho, onde a atividade não é desenvolvida, que acabei recebendo um convite de ir conhecer uma região onde há algumas cavernas, entre as quais, uma chamada Jumandi (GPS 0º52’31”S 77º47’30”W – Datum WGS 84 - altitude 667m). Depois de adiar algumas vezes, por problemas de chuvas locais, fomos passar o fim de semana na região, considerada remota pelos equatorianos. São três horas e meia de viagem para fazer menos de 200 quilômetros, então já dá pra imaginar as condições da estrada, típica do acesso às regiões cavernosas. Claro, trouxe na mala mi-

nha carbureteira amiga, mas quem disse que tem carbureto no país? Bom, vamos de iluminação elétrica mesmo! Saímos às 10 da manhã, mas até chegar e localizar uma boa pousada, finalmente às 15:30 nos instalamos, numa cabana muito simpática a 5 minutos do complexo, com o tempo avisando que poderia vir chuva das boas. O proprietário das cabanas cria cobras (jibóias – e lhes dá de alimento franguinhos vivos... que me abstive de presenciar a refeição) e mais de 80 macacos, que segundo ele, o pessoal da região lhe traz, por motivos diversos, e ele os mantém alimentados, tanto que a Pousada se chama “Isla de los Monos” com mais de 14 espéci-


30 es e alguns já muito acostumados com as visitas. Neste primeiro dia, devido ao curto espaço de tempo que tínhamos e o cansaço da viagem, aproveitamos para visitar uns petroglifos, umas marcas profundas em pedras ao tempo, que atribuem talvez a ETs. Não me pareceu muito convincente mas, enfim, a região está dentro do Vale da Anaconda, pela sinuosidade de seu caminho e tais pedras estão ao longo deste caminho, desde a Venezuela até o Peru, passando justamente pela região que visitamos. Apenas para situar, este pequeno país chamado Ecuador, em área é menor que o nosso Estado de São Paulo, apresentando 3 geografias totalmente distintas: a Costa, altitude zero, com desenvolvimento econômico médio; a Serra, atravessada pelas cordilheiras (Oriental, Central e Ocidental), altitude média das cidades em torno de 2.000 a 3.000 metros, com alto desenvolvimento econômico (para os parâmetros do país), e a Amazônia, com altitudes em torno de 500 metros, com desenvolvimento econômico tendendo a zero, representando quase 50% da área do país. Saindo de Quito, a capital do país a 2.800 metros de altitude em plena Cordilheira Central, atravessamos a Cordilheira Oriental em sentido W, subindo a mais de 4.000 metros de altitude e baixando a 660 metros, rumo Sul. No caminho, além da paisagem fantástica quando se cruza o ponto mais alto da cordilheira, temos uma cidade de termas, onde águas provenientes do vulcão saem a uma temperatura de mais de 30 graus tendo ao lado

um rio de águas geladas, excelente para fazer um bom contraste – vale a pena a parada nestas termas. Desse ponto, se vai montanha abaixo, por uma estrada muito irregular, às vezes muito ruim e com muito cuidado para não errar a direção, pois ao Norte se vai à Colômbia, região onde somente os envolvidos com as petroleiras freqüentam, pois é área das FARCs, onde o risco de um seqüestro é altíssimo. Mas rumo ao Sul, se está dentro do contexto normal do país que é bastante pacífico e procura evitar este conflito com a Colômbia. No dia seguinte, finalmente fomos a tal caverna que me despertava curiosidade e sem dúvida, saudades do PETAR. Vale ressaltar que é a caverna mais conhecida e divulgada, mas existem várias outras no país e na região em particular, até por que apresenta uma paisagem e solo muito similar ao Alto Ribeira. É uma pena, mas a atividade espeleológica não é desenvolvida. A surpresa é encontrar a entrada da caverna dentro de um balneário turístico com tobogãs, piscinas, restaurante, enfim, uma área de lazer que aproveita a água que sai da caverna. Nem precisa comentar que a entrada da caverna é totalmente construída. O guia que nos levou, um menino que não sabia nada sobre espeleologia (podem imaginar a curiosidade que provocava meu capacete com iluminação... isto não existe no local... não usam capacete, o pessoal vai de sandálias e lanternas de mão – aliás a lanterninha do guia, mal iluminava). Vale mencionar ainda que pessoal que me levou tampouco conhece a atividade e me contaram sobre sua visita anterior, que

Conservação de equipamentos metálicos Por Eduardo Portella eduportella@ajato.com.br

Quando o equipamento não estiver realmente sujo, passe um pano úmido e em seguida um seco. Para os equipamentos “muito sujos”, a melhor maneira de lavar é no tanque, escovando as partes mais sujas com uma escova macia (Use apenas sabão neutro quando necessário). Seque o equipamento imediatamente com uma toalha e deixe secar por algumas horas na sombra (processo que pode demorar até um dia), jamais no sol ou em qualquer tipo de estufa ou secadora. Após a limpeza, nunca esquecer de lubrificá-lo com óleo Singer (ou similares), utilizando um pano para remover o excesso. Nunca use abrasivo. O ideal é guardar seu equipamento sempre no escuro, pendurado, em local de boa ventilação e logicamente, limpo.


31 avalio foi de altíssimo risco por dois motivos, primeiro, o guia – imaginem, sem uma perna, que perdeu por picada de cobra, vai de muletas e lanterna na mão, e para cruzar os pontos de natação, vai de lanterna na boca..., e segundo por que este mesmo guia, levou o pessoal (uma família) para dentro da caverna, em pleno dia de chuva com alta possibilidade de crescer o rio e arrastar as pessoas. Adentramos a caverna e a filha do casal desistiu de nos acompanhar pelo trauma da vez anterior. Seguimos uns 5 minutos, com uma entrada que lembra um pouco a entrada da Santana, e depois se desenvolve muito parecida com a Água Suja. A uns 5 minutos da entrada, se torna necessário uma natação básica para ultrapassar um poço de uns 5 metros de diâmetro e subir uma cascatinha de pouco mais de um metro. Este foi o maior obstáculo que identifiquei.Todo este caminho é acompanhado pelo tubo de captação de água do reservatório da cidade próxima chamada Archidona. A uns 150 metros da entrada existe uma outra boca a uns 10 metros de altura e uma subida íngreme. Seguindo em frente, numa passagem estreita para o lado direito, abre-se novamente, e há outra subida à esquerda que leva também a outra boca ao lado da anterior. Seguimos por mais uns 50 metros até chegar ao represamento. A água era bem límpida, o que observei, pois como havia possibilidade de chuva era uma referência a ser monitorada para que não se passasse o que o casal me relatou. Na sua outra estada, demoraram 2 horas para fazer este mesmo trajeto que fizemos em 15 minutos, pois a água se encontrava em

nível muito mais alto e mais veloz por causa da chuva. Seguramente nem têm idéia do alto risco que correram. Seguimos o curso do rio até a marcação dos 300 metros (feito por uma equipe de franceses que explorou o local). Normalmente o guia retornaria neste ponto, mas aceitou nos levar adiante. O ambiente não se altera tanto. Típica formação de calcário, onde as chuvas devem estar constantemente alterando o ambiente com a elevação do nível de água, mostrando-se relativamente instável. A caverna possui uma fauna que merece atenção, nesta pequena incursão pude observar um bagre cego bem gordinho com uns 12 cm de comprimento, outros peixinhos de uns 5 a 6 cm, aranhas várias, diferentes dos opiliões que tenho visto, até finalmente ver um pequeno crustáceo (poderia ser uma Aegla). Logo depois do pequeno lago, já há mais de 500 metros da entrada (estimados), existe um quase sifonamento que se poderia facilmente ultrapassar e seguir em frente, mas preocupou-nos a possibilidade de chuvas externas, que poderia nos bloquear, e ali não havia muito refúgio, se as águas crescessem repentinamente, assim, decidi olhar melhor, identificando que se poderia prosseguir sem dificuldades, se não fosse este risco de chuvas, e decidimos regressar. Foi uma boa decisão, uma vez que realmente choveu. Além disso, por ser passagem do rio, existem várias plantas que não sei como sobrevivem dentro da caverna. As folhas com um verde muito claro, mas vivas. Enfim, ficou para uma próxima visita, em temporada de menos chuvas, tentar explorar

mais adentro, uma vez que o guia nos comentou que a caverna teria uns 1.800 metros de desenvolvimento. Meus amigos comentaram que o outro guia (o de uma perna só) chegou a levá-los num salão onde havia uma formação de couve-flor e cortinas. Infelizmente, o guia daquele dia não nos levou apesar de em duas ocasiões eu lhe indicar que poderia haver uma alternativa de derivação, porém, a fim de não causar problemas ao guia, mantivemos o curso indicado por ele. Saímos pela boca intermediária que sobe uns 10 metros íngremes e caminhamos externamente, o que seria a parte inicial da caverna numa região que tipicamente me lembrou o PETAR. Esta incursão levou 2 horas e meia. Pagamos ao guia, tirei umas fotos mais, marcamos o GPS. Regressamos à cabana e depois de um bom banho e um bom almoço, regressamos à Quito, onde chegamos às 7 da noite. Agora, é só marcar a próxima incursão à região. Primeiro, procurar quem goste deste tipo de atividade, que por aqui não é dos mais apreciados pelo pessoal de Quito.


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EXPEDIÇÃO AREADO 2004 “Incursão a uma das mais belas e promissoras regiões do PETAR” Texto: Paulo Jolkesky & Ricardo Martinelli Contate os autores jolk@uol.com.br rsmartinelli@globo.com

ABSTRACT The authors report what happened during the 2004 Expedition to the Areado region. It was found four new caves and surveyed more than 1000 meters of subterranean galleries and more than 9 kilometers of trails on the surface.

H

também por esta razão não daria para ir de carro. Cada um carregou-se com duas mochilas e depois de andar 15 minutos; chegamos numa casa fechada - o Gastão não estava. Como havia um outro carro na estrada, imaginamos que o Gastão pudesse ter ido indicar a trilha e logo voltaria, mas havia algo estranho, pois havíamos deixado tudo combinado e passado todos os planos da nossa expedição, ele deveria estar nos esperando. Mas não estava. Planejamos então avançar até algum ponto da trilha e acampar, esperando encontrar o Gastão na volta de sua possível excursão, porém antes resolvemos ir até a portaria do parque saber de quem era aquele carro e também notícias do Gastão. Nossa notícia não foi nada animadora; fomos Foto: Paulo Jolkesky

á tempos planejávamos retomar os trabalhos da UPE nesta promissora região do PETAR, uma das mais remotas e preservadas, esconderijo de grandes cavernas a serem redescobertas e de possíveis novas cavidades com grande potencial de desenvolvimento. Nos anos 90 várias equipes realizaram trabalhos de topografia e exploração, porém já havia algum tempo que não investíamos por aquelas bandas. Finalmente no ano de 2004, entre os dias 24/07 e 01/08, motivados pelos 10 anos da UPE e pelo crescente número de sócios interessados em atividades de exploração e topografia, conseguimos reunir um

número significante de pessoas para compor uma equipe que passou dez dias na região. Um primeiro grupo chegou ao Núcleo Caboclos na madrugada do sábado, com o plano de acordar cedo no dia seguinte, encontrar o Gastão em sua casa e tomar a trilha para atingir a região. Para quem não conhece, o Sr. Gastão é um morador antigo do Vale do Ribeira que ajudou gerações de espeleólogos a abrir trilhas e localizar cavernas em todo o PETAR. Voltando a expedição, eram 11:00 da manhã quando chegamos no Gastão, e com a lama que havia se formado pela longa temporada de chuva nos dias anteriores tivemos que deixar o carro na estrada, e seguir a pé a trilha até sua casa. Estranhamente o portão estava fechado, e

Foto 1: Acampamento próximo ao córrego do Areado


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Mapa 1: Gruta Areado Grande I

Fonte - Mapoteca UPE / Melhor visualizado em: http://www.upecave.com.br/mapas/areado1desn.jpg

da tarde estávamos nos preparando para dormir num cômodo da casa onde se secava feijão e se estocava abóboras e cachaça, a fim de ganhar tempo para o dia seguinte. Finalmente, no domingo às 8:00 estávamos em nosso rumo. A lama predominava na trilha, e nossas mochilas pesadas aumentavam o desafio que era ficar em pé. Com o Gastão à frente abrindo o caminho, e carregado com uma mochila de 40 quilos com barraca e comida, o que não aliviou muito o peso nas nossas próprias mochilas, chegamos à área previamente escolhida para acampamento em cinco horas e meia de caminhada, e Foto 2: Área de banho e lavagem de louça toda aquela Foto: Paulo Jolkesky informados que ele passara por ali indo para Guapiara, e que voltaria na segunda-feira para levar o grupo da UPE como combinado (Como assim, segunda-feira como combinado?) . Saímos com o carro à toda pela estrada, por sorte encontramos com o Gastão. Levamos o homem até a casa da família, e para garantir que ele não nos daria o cano, ficamos esperando na porta. Voltamos para o parque já com o dia perdido, e no final

conversa de deixarmos as mochilas, montarmos acampamento e sairmos para explorar e encontrar as primeiras cavernas foi por água abaixo. Tudo o que fizemos ao chegar foi montar as barracas, deitar e dormir. A área escolhida foi uma planície marginal ao córrego areado, de vegetação terciária, com

Foto 3: Pórtico da Gruta Areado Grande I Foto: Arício Filho


34 Foto 4: Galerias da Gruta Areado Grande II. Clarabóias, quebra-córpos e outros obstáculos nesta bela cavidade do PETAR.

Foto: Arício Filho

árvores esparsas e pouca vegetação rasteira. Essa área sensível em muitos aspectos já se recuperou de uma degradação cessada há 20 anos, quando a região abrigava uma pequena vila, da qual ainda se percebe o grande impacto causado à mata nativa. Tais características nos deram condições de montar um acampamento com pouco impacto ao ambiente, pois os espaços entre as árvores permitiam a montagem das barracas (Foto 1), com apenas umas rasteladas no chão para retirada de tocos, pequenos gravetos, ramos e algumas pedras. Abrimos uma trilha para chegar ao rio, que estava a 50 metros das barracas, e embora a vegetação esparsa permitisse que se fizesse qualquer caminho, caminhávamos apenas pela trilha que demarcamos com fitas plásticas zebradas. Havia uma demarcação para o acesso da trilha principal ao acampamento, outra para chegarmos do acampamento ao rio (Foto 2) e outra para uma área reservada ao “WC”, se é que se pode chamar assim. Dessa forma, toda a região

ficou preservada, com o mínimo de pisoteamento. O sabão que usávamos para banho, louça e roupas era o mesmo, bom e velho sabão de coco, pois é neutro, sem fragrâncias ou compostos químicos muito agressivos ao meio ambiente; e todas as necessidades fisiológicas devidamente enterradas em locais demarcados. Nessa mesma noite, sem guia nem referências concretas, mais dois integrantes da UPE deram um belo susto ao aparecerem de repente, com gritos e assobios. Apenas percebemos do que se tratava quando vimos suas luzes. O que veio depois foi

Foto 5: Salão dos travertinos na Gruta Areado III. Divérsas e belas formações dos salões superiores. Foto: Ricardo Martinelli

um prato de massa, uns goles de cachaça e cama. No dia seguinte, depois de uma seção de catação de carrapatos (daquele miudinho que mal se enxerga, o tal do micuim), finalmente saímos para nossa primeira exploração, na região em torno do rio. Passamos boa parte do dia rondando aquela região onde o bairro se estendera, tentando ordenar o que víamos com as coordenadas e dicas que tínhamos. Nos dividimos em duplas, e abrimos várias novas trilhas, mas nada de caverna. Resolvemos descer o rio indefinidamente até topar com algo, em certa altura foi encontrada uma trilha e o grupo se dividiu, após poucos minutos identificamos como sendo o caminho para alguma cavidade, e logo encontramos a caverna. Praticamente ao mesmo tempo o outro grupo chegou à boca pelo rio. Estávamos certos de que aquela era a Areado que saímos de São Paulo para encontrar, deixamos a exploração para o dia seguinte, quando descobrimos que esta era apenas a Areado I (Foto 3), uma pequena passagem com cerca de 70 m, e que já havia sido topografada pela UPE em 1996 (Mapa 1). A equipe de exploração, que havia saído para outras bandas com o Gastão, voltou anunciando a descoberta de duas novas cavidades, uma seca, que seria batizada de “Tobogã”; e outra cortada por um riacho, ainda sem


denominação e topografia. O dia de exploração terminou com o grupo todo unido em busca da “Gruta do Jeep” (Gruta pequena, explorada e mapeada pelo CAP na década de 70, mas que serviria de referência para a exploração de outras cavernas da região); tomamos a trilha que volta a Caboclos e seguimos por ela cerca de 30 minutos desde o acampamento, até nos embrenharmos na mata num ponto indicado pelo Gastão. Subimos a encosta do morro, e lá nos separamos a fim de circular o paredão rochoso que aflorava. Num ponto mais promissor blocos desmoronados e correntes de vento indicavam a possibilidade de alguma caverna, mas como a

descrição da “Gruta do Jeep” não batia com o que estávamos vendo, e não esperávamos novidades naquele morro, decidimos direcionar os esforços de todos em busca da Areado Grande II. A terça-feira começou com a chegada do último grupo de espelólogos, totalizando 10 integrantes da UPE. Depois de mais uma seção de comilança e de montar o resto do acampamento, saímos em busca da caverna e dessa vez na direção certa. Tomamos a trilha do dia anterior, que tinha alguns trechos que haviam sido demarcados com fitas (estas marcações estão certamente sendo feitas por algum “outro” espeleólogo

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que andou “invadindo” uma área de visitação restrita do PETAR, sem autorização da direção do parque), e que nos levaria direto para a primeira das cavernas do Córrego do Areado. Depois da pequena gruta, uma parte da água do rio some por entre as pedras num ponto onde há um pequeno salão, com acesso por um quebra corpo e capaz de abrigar umas cinco pessoas. Deste salão, a água cai por um conduto vertical onde é possível descer preso a uma corda. Ficamos de voltar lá. Mas as descobertas dos dias que seguiram não nos deram mais esta opção. Continuamos pela trilha que, com algum esforço, terminava numa boca de caverna que fez a equipe de

Foto 6: Topografia realizada na Gruta Areado III. A bela ornamentação dos salões superiores torna o trabalho mais “agradável”.

Foto: Arício Filho


36 Foto 7: Gruta do Tobogã. A denominação faz mensão à entrada da caverna, parecendo um g r a n d e escorregador.

Foto: Ricardo Martinelli

topo dar pulos de alegria, sacar o material de medição e desenho, e descobrir que a tal caverna tinha incríveis 5 metros de desenvolvimento! Enquanto a equipe de topo explorava cada centímetro dessa nova cavidade, os demais se dividiram em duplas a fim de bater mato em torno das encostas que acompanhavam o rio, quando duas equipes simultaneamente chegaram onde queriam: Estava lá a Areado Grande II. A Gruta Areado Grande II (Foto 4) foi mapeada na década de 70 pelo CAP, porém existia a dúvida da sua junção ou não com a Areado III. Na topografia feita na época, considerou-se as duas cavernas como sendo uma só, o que não corresponde com a realidade. Agora, com o mapeamento feito durante a expedição (para visualizar o mapa acesse o link abaixo), a Areado II possui cerca de

470 metros de desenvolvimento linear, e não os mais de 3000 metros existente no cadastro nacional. Após o término dos trabalhos na Areado II, seguimos o rio e encontramos a Areado III, bem próxima, e segundo lembranças de alguns integrantes da expedição, tratava-se de uma grande cavidade. Não entramos na caverna neste dia. Toda a quinta feira foi reservada para o início da topografia (duas equipes) e exploração (uma equipe). A Areado III é uma caverna grande para os padrões do PETAR, possuindo salões superiores gigantescos com muita ornamentação (Fotos 5 e 6), uma descrição mais detalhada de sua morfologia deverá ser feita mais para frente, após a conclusão da topografia. Uma das equipes de topografia mapearam o

trecho inicial da caverna, incluindo um pequeno salão superior, entrando na galeria do rio até uma base fixa deixada pela segunda equipe que chegou até um sifão, local este que da acesso aos grandes salões, neste dia também foi feita uma exploração onde se encontrou novamente o rio, após o sifão, chegava até um desmoronamento que não foi forçado pois a equipe estava cansada. Na sexta feira optamos por topografar o abismo do Tobogã (Foto 7), encontrado pela equipe de exploração nos primeiros dias da expedição e depois finalizar algumas pendências geradas na quinta feira na Areado III. Imaginávamos terminar rapidamente o mapeamento da Tobogã (Mapa 3), no entanto demoramos muito para finalizar a topografia, fazendo com que apenas uma equipe rumasse para a Areado III. A

http://www.upecave.com.br/mapas/areado2desn.jpg


37 equipe de exploração retomou a abertura da trilha que supostamente os levaria até o rio Pilões, e ficaria bem próxima a ressurgência do Córrego do Areado, porém não conseguiram chegar até lá, desistindo em certo trecho. O trabalho da equipe de exploração deve ser enaltecido, graças a eles agora entendemos melhor a região e nas próximas investidas poderemos estar traçando uma trilha até a ressurgência da AreadoIII, o que irá facilitar a continuidade das explorações. Sábado foi dia de d e s m o n t a r m o s acampamento, recolher tudo e encarar uma trilha pesada

de 5 horas até a casa de pesquisa de caboclos. Todos chegaram bem para o famoso e delicioso banho “gelado” do núcleo, e para algumas garrafas de vinho e um bom “rango”, agora preparado em uma mesa, e com cadeiras, algo que muitos de nós não via a pelo menos 9 dias! Acordamos domingo com a sensação do dever cumprido e com as lembranças de uma região de belíssimas cavernas e de natureza praticamente intocada. A expedição gerou um conhecimento enorme para a UPE, tanto em termos topográficos quanto geográficos, chegamos em São Paulo com mais de 9

quilômetros de trilhas no tracklog do GPS, com 1000 metros de galerias topografadas, 4 novas cavernas descobertas e a relocalização de outras 3. No momento em que escrevo este artigo mais duas incursões já foram realizadas para a Gruta Areado III, e importantes descobertas foram feitas na região após a expedição, porém este é um assunto para o próximo Informativo!

Mapa 3: Gruta do Tobogã. Cavidade encontrada durante a expedição areado.


38 Simbologia utilizada pela UIS - Union Internationale de Spéléologie Traduzido para o Português por Fabio Kok Geribello (UPE) Contate o autor fabio@geribello.com.br

Símbolo: Formação do teto Planta

Perfil

A A simbologia para o formato do teto da caverna é também usada para a linha de gotejamento e para chaminés.

Símbolo: Scallops, Marmita, Direção do Paleo-fluxo Planta

Perfil

Scallops: Conforme anterior.Marmita: a diferença entre marmitas erosivas e corrosivas foi excluída, pois especialmente com marmitas em paredes laterais, elas não podiam ser identificadas corretamente. O novo símbolo pode ser rotacionado; se o semi-círculo está em cima, ele mostra uma marmita no teto, etc. Paleo-fluxo: Este símbolo é muito útil e não somente usado com scallops, mas também com outras feições relacionadas. Adicionalmente podem ser usados em tubos de lava para se mostrar a direção do fluxo de lava.

Esta é apenas uma amostra da simbologia adotada pela UIS, para ter acesso a todo o conteúdo traduzido para o Português, acesse:

http://www.upecave.com.br/desnivel/simbologiauis_portugues.doc


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Log de Atividades Tudo o que a UPE fez ou participou no segundo semestre de 2004 Coordenação: Leandro Valentim (lvalentim@craft.com.br)

28 de Junho

21 de Agosto

02 de Outubro

Participantes: Leandro Valentim; Mauro (EGJ); Jony (EGJ); Juliano (EGJ); Marcelo Gonçalves. Município:Apiaí/Iporanga - SP Região: Santana/Caboclos Caverna(s): Diversas Atividade:Exploração e aquisição de coordenadas (Morro do Chumbo, Vale da Ilusão, Lajeado e Passa Vinte).

Participantes: Fabio Geribello; Gabriella Slavec; Jacques lepine; Ronald Welzel; Ariane Welzel; Paulo Jolkesky;Renata Shimura; Ricardo Araújo; Magnus; Ricardo Martinelli; Alessandra Martinelli; Cristina. Município:São Paulo - SP Região: Morumbi Caverna(s): Treino de Vertical Atividade:Ensinamentos básicos para aqueles que não tem conhecimento das técnicas verticais e treino para os mais experiêntes.

Participantes:Leandro Valentim; Mauro (EGJ); Juliano (EGJ); Marcelo Gonçalves. Município: Iporanga - SP Região: Passa Vinte Caverna(s): Pedra Branca Atividade:Topografia parcial, ficaram alguns condutos pendentes.

11 de Julho Participantes: Fabio Geribello; Gabriela Slavec. Local: Austrália Caverna: Jenolan Caves Atividade:Visitação turistica e estudo dos procedimentos de visitação na Austrália.

24 de Julho Participantes: Ronald Welzel; Ricardo Martinelli; Eduardo Portella; Elvira Maria; Ricardo Araújo; Renata Shimura; Arício Filho; Mauro Zackiewicz; Rafael Petroni Município: Apiaí - SP Região: Areado Grande Caverna(s): Areado I, II e III; Tobogã; Pedra Inclinada; Três quedas. Atividade:Expedição Areado 2004. Re-encontrar as grutas do córrego do areado, obter coordenadas confiáveis, topografia e exploração da região.

14 de Agosto Participantes: Fabio Geribello; Gabriela Slavec; Jacques Lepine; Leonardo Padeiro; Alberto Krone; Marcelo Gonçalves; Leandro Valentim; Rosana Gaona Município: Iporanga - SP Região: Fazenda Caraíba Caverna(s): Conchal; Missão 1; Quebra Corpo; Cristal Atividade: Reconhecimento da área da Fazenda, exploração e coordenadas das grutas.

08 de Outubro Participantes: Fabio Geribello; Gabriela Slavec; Leandro Valentin; Silmara Zago; Ricardo Araújo. Município: Apiaí - SP Região: Areado Grande Caverna(s): Areado III, IV eV Atividade:Continuação da Topografia da Areado III e localização das grutas areado IV e V.

23 de Outubro

04 de Setembro Participantes: Ronald Welzel; Marcelo Gonçalves; Silmara Zago; Jacques Lepine; Arício Filho; Guilherme; Rafael. Município: Apiaí - SP Região: Areado Caverna(s): Areado III Atividade:Continuação da topografia da Areado III e exploração.

25 de Setembro Participantes: Ricardo Martinelli; Leandro Valentim; Eloy Dorival; Jacques Lepine Município: Iporanga - SP Região: Fazenda Caraíba Caverna(s): Conchal e Quebra Corpo Atividade:Topografia completa da Conchal e início dos trabalhos na Quebra Corpo.

Participantes: Fabio Geribello; Gabriela Slavec; Ronald Welzel; Eduardo Portella; Elvira Maria; Mauro Zackiewicz; Ricardo Araújo; Gabriala La Villa; Ricardo Dutra; Patrícia Claudia; Gisele Catarino. Município: Rio Claro Região: Cidade Caverna(s): EPELEO 2004 Atividade: Realização dos cursos de topografia em cavernas e orientação por carta e bússula. Participação no curso de geologia para espeleólogos, workshop de técnicas verticais, palestras e excursão para cavernas da região. Maiores detalhes ver matéria nesta edição.


40 30 de Outubro

13 de Novembro

Participantes: Ronald Welzel; Marcelo Gonçalves;Ricardo Araújo; Ricardo Dutra; Gabriela La Villa; Vinicios Rodrigues; Mauro Zackiewicz; Rubinho e Silmara Zago. Município: Apiaí - SP Região: Areado Grande Caverna(s): Areado III Atividade:Topografia da linha do rio (rio acima até o sifão e rio abaixo até o desmoronamento). Colocação de bases fixas em uma nova clarabóia/boca. Exploração e teste dos radios desenvolvidos pelo Mauro/Rubinho que emitem sinais para localização das clarabóias pela superfície.

Participantes: Fabio Geribello; Gabriela Slavec; Eduardo Portella; Silmara Zago; Paulo Jolkesky; Elvira Maria; Rogério (Egric); Allan (GPME); Kevin O’Brien (EUA), Jay Jorden (EUA) e Chris Nicola (EUA) Município: Iporanga - SP Região: Núcleo Ouro Grosso Caverna(s): Ouro Grosso (Abismos) Atividade:Ligação das topografias da galeria do rio com os garrafões. Continuação da topografia do salão depois da cachoeira. Mais informações sobre esta saída em “Maillon Rapid”.

Silmara Zago; Lendro Valentin; Marcelo Gonçalves; Ricardo Araújo e Rato. Município: Iporanga - SP Região: Núcleo Ouro Grosso Caverna(s): Ouro Grosso (Abismos) Atividade: Ligação das topografias da Boca Michel (conduto do rio) com a última topografia do nível inferior (rio acima). Acabou por ligar o referido conduto a descida do caixão, devido ao excesso de água nas cachoeiras.Foi feito Tracklog da bifurcação até a boca Michel, passando pelo caixão.

11 de Dezembro Participantes: Ricardo Martinelli;

Maillon Rapid Notícias curtas sobre a UPE e a espeleologia nacional UPE recebe Americanos No mês de novembro a UPE recepcionou em São Paulo três espeleólogos Americanos que viéram para conhecer as cavernas Brasileiras. Por indicação de Bob Simmons, Kevin O’Brien (Espeleomergulhador e co-fundador da revista Immersed Magazine - http:// www.immersed.com/ ), Jay Jorden (dono de uma coluna regular no NSS NEWS) e Chris Nicola (membro da NSS e Diretor da Ukrainian American Youth Caver Exchange Foundation) acompanharam uma equipe da UPE nos garrafões da Ouro Grosso onde foram continuados os trabalhos de retopografia da gruta. A saída também contou com a participação de um membro do EGRIC e outro do GPME. Mais informações no Log de Atividades da UPE.

Intercâmbio SBE X FEE No mês de Agosto três Brasi-

leiros estiveram na Espanha para um curso intensivo de técnicas de resgate em caverna promovido por um intercâmbio entre a SBE (Sociedade Brasileira de Espeleologia) e a FEE (Federação Espanhola de Espeleologia). Entre eles estava Eduardo Portella, sócio da UPE que pode aprender diversas manobras como: polias de reenvio; sistema de contra-peso; sistemas de desmultiplicação de força (polipasto); ancoragem em triangulação entre outras. esperamos em breve estar transmitindo estes conhecimentos a outros espeleólogos Brasileiros.

1º Workshop Manejo de Cavernas Também no mês de novembro a UPE participou do Primeiro Workshop de Manejo de Cavernas e Sistemas Cársticos Uso Público, promovido pela Redespeleo Brasil no Auditório do instituto Florestal em SP.

Maiores informações em: http://www.redespeleo.org/ manejo/index.php

Novo GPS Em dezembro a UPE adiquiriu um novo GPS. Trata-se do modelo Etrax Legend da Garmin. O aparelho ja esta disponível para todos os sócios que estejam em dia com suas anuidades. A UPE possuia dois GPS’s antigos que não atendiam mais às necessidades do clube, fazendo com que em muitas investidas os próprios sócios colocassem seus equipamentos em uso.

Seja mais um sócio da UPE Reuniões toda última quinta feira do mês. Local: Mariana Pizza Bar Rua Joaquim Antunes Nº1195 Vila Mariana - São Paulo Horário: 20 horas Apareça, ou entre em contato pelo mail: upe@upecave.com.br


Foto do Semestre

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Descida do Caixão - Gruta Ouro Grosso

Foto : Paulo Jolkesky

Dados Técnicos:

Máquina - Nikon FM3A / Lente - Nikkor 24/85 - 2.8-4 / Flash - SB22 em TTL / Abertura - 4 / Velocidade: Automatico / Filme Fuji Pro Value 200


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