ANO 7 • nº 77 • JUNHO 2010 • Edição Brasileira
moda profissional
inverno 2011
calçados e bolsas Selvagem, Rural, Aristocrático, Vintage, Urbano | pág. 64 Maison Charvet, tradição em camisas | pág. 30 Efeito lingerie invade coleções | pág. 44 Direto de Paris, Anne Fontaine | pág. 54
ISSN 1808-6829
R$20,00
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nesta edição fotos: © Agência Fotosite, UseFashion e reprodução
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Capa: Dentre as propostas para o inverno 2011, a Dior aposta em tons terrosos, mais quentes que o usual, bem ao clima western, mas sem exageros.
na capa
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30 MASCULINO
gente 08 É MODA
O templo da camisaria: Maison Charvet.
Looks comentados de Londres.
44 REPORTAGEM
10 PAPARAZZI
Universo íntimo. Como a lingerie está influenciando a moda.
Aposta em jeans dos famosos. 61 ESTILO Conheça o estilo de vida da designer Gloria Corbetta.
54 PERFIL
Direto de Paris: Anne Fontaine, em exclusiva. 64 EDITORIAL DE MODA
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Calçados e bolsas para o inverno 2011.
moda 12 VESTUÁRIO
curtas
Vestida pra casar: New York Bridal. 18 CALÇADOS E BOLSAS
06 PORTAL USEFASHION.COM
Tramas e cortes a laser nas peças.
07
22 ACESSÓRIOS
Cinquentinha: anos 1950 como referência. foto: Lucas Jackson/REUTERS
26 RADAR INTERNACIONAL
Contemporâneo e masculino x Vintage e feminino.
38
28 RADAR NACIONAL
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É tempo de Copa! 34 TEEN
Colorido dos anos 1980 no guarda-roupa teen.
44
37 RADAR INFANTIL
Verde e amarelo para a criançada.
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Eventos de junho no portal usefashion.com. DICAS DA REDAÇÃO Biografia de Alexander McQueen; Grace Kelly em Londres e guarda-roupa ecológico organizado. ACONTECE Os lançamentos do Minas Trend Preview, Dragão Fashion Brasil e Fimec. CAMPUS Seminário Corpo Moda e Ética no Anhembi Morumbi e a faculdade vencedora do Concurso dos Novos no Dragão Fashion Brasil. MEMÓRIA Pierre Cardin: 60 anos.
expediente visual de loja 40 visual de loja
Diretor-Presidente Jorge Faccioni Diretora Alessandra Faccioni Diretor Executivo Wilson Neto Diretora de RH Patrícia Santos Diretora de Pesquisa Patrícia Souza Rodrigues
design
Projetos criativos das lojas Camper.
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Especial Salão do Móvel de Milão.
Núcleo de Pesquisa e Comunicação
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negócios 56 negócios
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Construção de marcas de sucesso na moda.
Editora-Chefe Journal Inêz Gularte (Mtb 7.775) Edição de Moda Eduardo Motta (consultoria) Editora do Portal Aline Ebert (Mtb 13.687) Redação Fernanda Maciel (Mtb 13.399), Juliana Wecki (Mtb 14.781), Eduardo Pedroso e Thamires Tancredi (assistentes). Núcleo de Design Carine Hattge (coordenadora de design), Aline Gonçalves (diagramadora), Jucéli Silva, Thaís Teckmeier e Vanessa Machado (web designers), Daiane Padilha, Daiane Nogueira, Francine Virote, Patrícia Hagemann, Renata Brosina e Vivien Hackenhaar (classificação e tratamento de imagens). Equipe de Pesquisa Náthali Bregagnol (coordenadora de Pesquisa), Natalia Bertolo (analista de Pesquisa) e Thaís de Oliveira (estágio de design de moda). Consultores Angela Aronne (malharia retilínea e underwear), Daniel Bender (inovação), Eduardo Motta (vestuário feminino e masculino), Juliana Zanettini (beachwear e jeanswear), Kamila Hugentobler (calçados), Nájua Saleh (bolsas), Paula Visoná (malharia circular), Renata Spiller (infantil, acessórios, surfwear) e Vanessa Faccioni (visual de loja). Colaborou nesta edição Carolina Murphy. UseFashion Journal (ISSN 1808-6829) é uma publicação mensal do Sistema UseFashion de Informações
opinião
Tiragem: 10.000 exemplares Impressão: Midia Gráfica - RBS
52 cultura
Mr. America. Por Eduardo Motta.
60 opinião 56
O que é a moda sustentável. Por Carolina Murphy.
ao leitor Selvagem, rural, aristocrático, vintage e urbano. Os calçados e bolsas do inverno 2011 assumem personalidades distintas. Todas com potencial mais que suficiente para render belas coleções e bons negócios na estação. Boa parte das tendências olha para o passado. Nesta edição, mostramos como calibrar corretamente toda esta nostalgia. Outro tema em destaque é o efeito lingerie. Acompanhe como o universo da moda íntima está influenciando a moda do prêt-à-porter. Teve até celebridades que apostaram na tendência, vestindo looks inspirados nas lingeries, um dos eventos mais badalados de Nova York. Também nesta edição, conheça a Maison Charvet, templo da camisaria masculina, com quase dois séculos de tradição em Paris. No Perfil, a incrível história de Anne Fontainne. Uma brasileira que conquistou o mundo com suas camisas brancas que dão o que falar.
Até Michelle Obama está entre suas clientes. Em Visual de Loja, veja como as lojas da Camper têm projetos e estratégias diferenciadas. Em Teen, acompanhe a moda colorida dos adolescentes. No Vestuário, o assunto é casamento, ou melhor, as noivas! Selecionamos os modelos que se destacaram no desfile Bridal, de Nova York. E, em Design, acompanhe um especial sobre os lançamentos do Salão do Móvel de Milão.
Vários dos conteúdos que abordamos nesta edição podem ser complementados no portal usefashion.com. Alguns são de acesso exclusivo para assinantes do portal. Ligue 0800 603 9000 e veja como acessar. Os textos dos colunistas e colaboradores são de responsabilidade dos mesmos e não representam necessariamente a opinião da empresa. Todos os produtos citados nesta edição são resultado de uma seleção jornalística e de consultoria especializada, sem nenhum caráter publicitário. Todas as matérias desta edição são de responsabilidade do Núcleo de Pesquisa e Comunicação da UseFashion. Proibida a reprodução, no todo ou em parte, sejam quais forem os meios empregados, sem a autorização por escrito do Sistema UseFashion de Informações.
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Jorge Faccioni Diretor-Presidente
ERRATA: Na página 9, edição de maio, houve um erro de digitação no comentário sobre o look de Londres. O correto é, "ótima opção para composição de looks modernos".
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por tal u se fa s hion .com co n t e ú d o para ass i n a n t es Por Aline Ebert
foto: ©AgenciaFotosite
Quiz, teste conhecimentos e concorra Comemorando 10 anos de empresa, a UseFashion colocou no ar um hotsite gratuito. Um dos quatro links traz um quiz divertido, em que o usuário precisa descobrir de qual estilista é cada look. Quem faz 10 acertos em cada mês, até dezembro, concorre a assinaturas do UseFashion Journal. Participe! www.usefashion.com/DEZanos foto: UseFashion
Ronaldo Fraga | Preview Verão 2010
Fashion Rio, SPFW e suas tendências Denim By Première Vision foto: divulgação
Mais uma temporada de moda brasileira deu início com o Minas Trend Preview (links Desfiles e Feiras têm cobertura), agora é a vez do Fashion Rio (27 de maio a 1º de junho) e SPFW (8 a 14 de junho). Além do link Desfiles, assim que as semanas de moda terminam, UseFashion já prepara as Tendências dos desfiles para todos segmentos. Home>Desfiles e Home>Tendências>Tendências de desfiles
Receitas de couro
Nos dias 2 e 3 de junho, em Paris, aconteceu a 6ª edição da Denim By Première Vision. A temporada é inverno 2012, e UseFashion traz a cobertura dos principais expositores no link Feiras. Quer saber quem são todos os expositores deste importante evento? http://migre.me/CkYj Home>Feiras
foto: ©AgenciaFotosite e UseFashion
calendário
junho
Depois de Receitas Jeans e Fichas Técnicas de vários segmentos, lançamos Receitas de Couro, com o modo de fazer alguns efeitos no material. Além da parte técnica, produtos são sugeridos a partir de imagens atuais de desfiles. Em breve também um link estará sendo disponibilizado somente para o conteúdo técnico. Por enquanto, acesse: Home>Notícias
1º a 3 - SICC 2 a 3 - Denim by Première Vision 15 a 18 - Pitti Uomo 15 a 18 - Pitti Woman Precollection 18 a 20 – Fimi 19 a 22 - Semana de Moda Masculina - Milão 22 a 25 - Fit 0/16 20 a 21 - Bubble London 21 a 23 - Salão Moda Brasil 24 a 26 - Pitti Bimbo 24 a 27 - Semana de Moda Masculina | Paris
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dicas
da redação biografia de Alexander McQueen
foto: reprodução
Menos de seis meses após sua morte, uma biografia do estilista Alexander McQueen já foi lançada. Intitulada Alexander McQueen: Genius of a Generation (gênio de uma geração), a obra foi escrita pela jornalista de moda internacional, Kristen Knox. O livro tem 128 páginas e aborda desde a infância em Londres, onde desenhava nas paredes do apartamento em que morava, sua trajetória como estilista, até a sua última coleção, de inverno 2011, que não pôde finalizar. Além disso, o livro traz imagens das principais criações de McQueen, evidenciando sua criatividade ímpar que revolucionou o mundo da moda contemporânea. Adquira: http://www.amazon.co.uk/Alexander-McQueenGeneration-Kristin-Knox/dp/1408130769
foto: reprodução
Grace Kelly em Londres Até o dia 26 de setembro, os fashionistas e os cinéfilos de plantão poderão conferir a exposição “Grace Kelly: Style Icon” no Victoria & Albert Museum de Londres. A mostra reúne os principais looks de uma das grandes atrizes dos anos 1950 e uma das celebridades mais fotografadas no século XX. Entre as principais peças, tanto de sua fase como atriz quanto da sua fase como princesa de Mônaco, estão vestidos Dior, Balenciaga, Givenchy, Yves Saint Laurent, entre outros. Grace Kelly foi sinônimo de glamour e elegância, características essenciais de uma diva de Hollywood. A exposição é patrocinada pela joalheria Van Cleef & Arpels. Acessa lá: http://www.vam.ac.uk/collections/fashion/gracekelly/exhibition/index.html
Guarda-roupa Ecológico Organizado
Confira: www.suiteatwork.it
foto: reprodução
Criado na Itália, para proporcionar um equilíbrio entre consumo e sustentabilidade, o EGO - Guarda-roupa Ecológico Organizado -, é um serviço que dispõe de roupas, uma para cada dia do ano, em que a cliente escolhe, usa e depois devolve, sem precisar lavar ou passar. O serviço funciona assim: Uma vez por semana, as clientes vão ao ateliê e selecionam um look para cada dia da semana. Após os sete dias, as roupas são devolvidas (detalhe: sem serem lavadas, passadas ou costuradas) e a cliente escolhe mais sete looks para a próxima semana. Estão disponíveis duas coleções por ano, a de outono-inverno e a de primavera-verão, sendo que, em cada uma delas, há 120 itens distribuídos entre os tamanhos 40 a 48, em oito estilos diferentes, para agradar o maior número de clientes possível. O custo do serviço é de 86 euros por mês, mais 89 euros de inscrição anual.
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Na cabeça, óculos Wayfarer, típico dos anos 1950 e um dos mais vendidos até hoje, denota personalidade e ícone fashion.
ELES: De fato, a silhueta masculina tem se ajustado com o passar dos anos. Se antes as modelagens amplas significavam um ar “cool” para eles, hoje peças rente ao corpo e sobreposições ganham o destaque principal.
Jaqueta de couro perfecto é a sensação do inverno 2010. O modelo está mais ajustado do que o usado nos anos 1980 e parecido com o original dos anos 1950. E, como no exemplo desta produção, possui uma blusa com manga alongada que ultrapassa os limites da jaqueta. Com stretch, a calça estonada com lavagem ácida se modela ao corpo e dá um destaque considerável às pernas. Nuances de preto e branco valorizam o estilo rock de londrino.
Botas de cano alto já estão mais do que confirmadas, mas a sugestão dele é deixar o atacador mais aberto que o normal, dando um visual mais “relaxado”.
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Hit da temporada, mais uma vez, as meias estampadas se recriam e se tornam ícone de estilo e originalidade. As coloridas se destacam sobre looks com tons neutros como neste, de azuis, preto e branco.
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ELAS: Ao contrário dos homens, a ala feminina vibra com modelagens assimétricas e amplas que dão total liberdade de movimento. O despojado se encontra cada vez mais na reinvenção da silhueta delas.
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Cabelos curtos e make leve anunciam a androgenia atual.
Com o shape semelhante ao trench coat, o casaco é cortado, com molde em A e mangas 7/8, deixando mangas inferiores à mostra. Esta peça deu à produção pitada clássica. A manta branca se destacou sobre o azul-marinho.
O vestido assimétrico tem modelagem transpassada e foge dos padrões que evidenciam a silhueta feminina.
Com diferença de conceito do masculino, os canos altos das botas femininas chegam ao joelho e são as preferidas da estação.
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p ap ara z zi
Sempre jeans
fotos: Use
Fashion
Por Kamila Hugentobler
Namie Wihby
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No Minas Trend Preview, aproveitamos para conferir o estilo do jeans de algumas personalidades que circulavam por lá. Entre os homens, encontramos peças de cores distintas e com lavagens que apuram a maciez do denim. Mas eles também apostaram em variações de modelagens. Com tantas possibilidades, nada melhor que variar! O estilista Dudu Bertholini optou pelo shape no estilo pantalona com boca larga. Namie Wihby, que trabalha com modelos, veio de skinny em denim escuro, com pontos levemente iluminados. O apresentador Max Fivelinha escolheu uma modelagem mais comfort e relaxada na cor gelo. As barras viradas reforçaram o estilo despojado e informal.
Max Fivelinha
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ves t uário
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Vestida para casar New York Bridal Por Eduardo Motta Já ficou longe no tempo a ideia de que uma noiva era apenas mais uma noiva. No passado recente, guardadas as diferenças sutis que cada uma conseguia impor sobre o “uniforme de casar”, seriam todas iguais ou, no mínimo, muito semelhantes. Hoje, com exceção do branco dominante, o vestido de noiva é um atestado de personalidade de quem usa. Começando pelo comprimento, nos dois exemplos que ilustram estas páginas, já é possível conferir a distância que pode separar uma escolha de outra. Em comum entre eles, entretanto, está a depuração das formas. Em se tratando de um vestido de noiva, mesmo no modelo com exuberante saia construída em cascata de rosas, nota-se esta enxugada na silhueta, acentuada pelo cabelo despojado e pela ausência de outros adereços. Acompanhe a seguir algumas ideias apresentadas no New York Bridal, um dos mais impor tantes eventos para moda noivas do mundo.
fotos: © Agência Fotosite
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Carolina Herrera
Silhuetas generosas As linhas clássicas, desenhadas pela saia rebaixada e volumosa, pelo godê amplo e suntuoso e pelo rabo de peixe ondulante não estão fora de cogitação. Mas observe que, mesmo nestes casos, existe o cuidado em evitar barroquismos desnecessários e é o controle sobre o décor que dá o tom do conjunto.
Carolina Herrera
Silhuetas enxutas e vestidos curtos Imbatível na hora de alongar a figura, o vestido coluna precisa explorar outras qualidades, que não a da forma construída, e apostar no desenho da silhueta. Para não transferir inteiramente a responsabilidade para o corpo de quem o veste, entram aliados discretos e eficientes. No caso, transparências e bordados extremamente delicados. O modelo curto vai por outro caminho. O dos volumes obtidos em torções e assimetria no tecido armado.
Oscar de la Renta
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Vineyard
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Detalhamento Confira uma seleção de detalhes de modelagem, cor e adornos que ajudam a criar o luxo nas tendências atuais.
decotes arrasadores
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Carolina Herrera
Oscar de la Renta
Carolina Herrera
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um toque de cor
Oscar de la Renta
Oscar de la Renta
Inez di Santo
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aplicações, rosas de paetê incolor e laços
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PRIMAVERA VERÃO
COLEÇÃO
CAIMI&LIAISON
2011
MATRIZ: RS 239, 5966 - ZONA INDUSTRIAL CAMPO BOM/RS FONE: (51) 3204-3400 SHOW ROOM JAÚ: (14) 3622-0527 SHOW ROOM SÃO JOÃO BATISTA: (48) 3265-2052
FEMININO•MASCULINO•ESPORTIVO•MOVELEIRO | PRODUTO ALTERNATIVO AO COURO NATURAL
c alç ados e bol s a s
Esconde-esconde Tramas e cortes a laser fazem bonito na brincadeira de cobrir e revelar Por Inêz Gularte Consultoria: Nájua Saleh A tendência de deixar parte da pele à mostra já vinha dando as caras, há algumas temporadas, principalmente por meio das tiras ainda superexploradas. Mas, para o verão 2010/11, em que os saltos continuam robustos, a leveza dos calçados pode ser obtida por meio de matérias-primas com trabalhos vazados. Nos couros e sintéticos, os cortes a laser são os responsáveis pelo efeito “furadinho” que, além deixar os produtos mais fresquinhos, permitindo à pele respirar, também trazem um toque decorativo, fugindo dos lisos perfeitos, ao criar superfícies abertas.
fotos: © Agência Fotosite
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Marni | Mil達o
Apesar do cabedal coberto, vazados trazem leveza ao modelo. A meia destaca ainda mais o efeito decorativo.
Versus | Mil達o
Delicado trabalho de corte a laser faz a diferen巽a no modelo.
Julien Macdonald | Mil達o
Neste modelo, o corte a laser vem combinado a tiras que fazem o fechamento do modelo.
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c alç ados e bol s a s
tramados artesanais
Marni | Milão Aqui o corte a laser vem com forro na mema cor, com sobreposição criando efeito decorativo.
Y-3 | Paris Formas geométricas formam este tramado que deixa à mostra o forro da carteira.
Jill Sander | Milão Corte a laser, sem forro, revela interior da bolsa e o que está por trás dela.
Outro artifício que é sucesso não apenas nos calçados, mas também nas bolsas, é aquele que faz uso das técnicas de produção e confecção para criar o mesmo efeito vazado. O crochê, assim como os tramados artesanais tem todo um charme especial. A maior parte dos modelos deixa a parte interna do forro à mostra, permitindo a brincadeira com as cores.
Chanel | Paris Bolsa em crochê com sutil transparência.
Dolce & Gabbana | Milão O crochê de pontos mais fechados tem forro no mesmo tom da linha criando texturas.
Marc Jacobs | NY Tramas revelam e combinam com o forro e as franjas.
Moschino | MilĂŁo
Com misturas de identidade, Moschino traz o metĂĄlico dourado e deixa o modelo em crochĂŞ mais sofisticado.
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aces sórios fotos: © Agência Fotosit e
Retratos de uma época Os anos 1950 foram marcados por um desejo de volta à feminilidade. As mulheres que haviam ocupado o lugar do homem na década de 1920, por causa da Primeira Guerra, agora estavam cansadas. Queriam ser mimadas e protegidas, ansiando pelo casamento e pela maternidade. Se durante a Segunda Guerra, a escassez de tecido por causa do fechamento das fábricas influenciou o vestuário, nos anos 1950, o new look de Dior veio trazer toda elegância e glamour que as mulheres haviam perdido. Esta nova estética feminina acabou se tornando propulsora para o desenvolvimento de uma nova camada social, a classe média. Foi nesta época que o consumo disparou. Novos eletrodomésticos surgiram para facilitar o trabalho doméstico. As mulheres ganharam mais tempo para se embelezar e cuidar da família, cedendo, sem perceber, o território conquistado e voltando para dentro de casa. A nova estética era retratada nas revistas femininas que buscavam simplificar uma difícil tarefa. Nestes anos, uma mulher chegava a trocar de roupa de seis a sete vezes ao dia, sempre combinando acessórios, cabelo e maquiagem. Tudo para estar convenientemente vestida para cada ocasião.
Cinquentinha A elegância do pós-guerra está de volta por Inêz Gularte Consultoria: Renata Spiller A mulher dos anos 1950 estava sempre bela, conduzia a casa, cuidava da família, tinha muitos eletrodomésticos e era sinônimo de elegância. Jamais saía de casa sem suas luvas e um belo chapéu. Os sapatos sempre combinavam com a carteira (ou a bolsa de mão) e os acessórios, junto com a maquiagem, deviam ser escolhidos nas mesmas cores. Era o tempo do new look da Dior, com cinturas marcadas e saias amplas. Pois, nos desfiles do inverno 2011, percebemos muitas referências da década em questão. A Louis Vuitton talvez tenha sido a grife que melhor traduziu esta vertente. Além de trazer a silhueta da época, marcando as cinturas e ampliando as saias, apostou nas luvas e no padrão de beleza daqueles anos, trazendo para passarela mulheres curvilíneas e mais maduras. Os óculos gatinha, símbolos da década, também estiveram nas passarelas. Como em um revival, marcas como Marc by Marc Jacobs e Prada apostaram no modelo. Outro que voltou foi o Clubmaster, na coleção de Vena Cava. Luvas, cintos e peles também parecem ter se inspirado nos anos 1950, celebrando a elegância da década.
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Óculos O modelo gatinha foi ícone dos anos 1950. Nas novas propostas, ele vem mais ousado. Até mesmo armações maiores, esticaram nas laterais. Marc by Marc Jacobs e Dsquared2 misturaram dois clássicos da época, wayfarer e gatinha. O modelo Clubmaster foi reeditado em novas cores e estampas e fez bonito no desfile de Vena Cavas.
Prada | Milão
Marc by Marc Jacobs | NY
Daks | Londres
Dsquared2 | Milão
Vena Cava | NY
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aces sórios foto: reprodução
Luvas Na década de 1950, as mais longas eram reservadas para festas, enquanto comprimentos médios e curtos eram usados para o dia. Em almoços fora de casa, era recomendado usar luvas de camurça cinza, combinando com o vestido e o casaco na mesma cor. E nada de tirar as luvas para cumprimentar as pessoas. Elas deveriam ser mantidas em sinal de elegância. Etiqueta à parte, os tempos modernos não respeitam mais a rígidas regras. Nas passarelas, encontramos propostas de todos os comprimentos, da mais curtinha até a mais longa. Eterna elegância.
curtas
longas
Emporio Armani | Milão
Gianfranco Ferré | Milão
Cintos Marcar a cintura era essencial. Os cintos médios com fivelas quadradas, em combinação com a estampa da roupa, ou com o calçado, estavam em destaque. Modelos mais fininhos também tinham vez. A história se repete nas passarelas do inverno 2011.
Louis Vuitton | Paris
Caroline Charles | Londres
modamont.com
visiteurs@modamont.com
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DÍAS
FEIRA INTERNACIONAL DE COMPONENTES E AVIAMENTOS PARA A MODA E O DESIGN
14 16 SEPT. 2010
PARIS-NORD VILLEPINTE HALL 3
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fotos: © Agência Fotosite
Contemporâneo e masculino Os sinais são evidentes, quando falamos das mulheres com pitadas masculinas. Não é de agora que elas estão dominando o território deles, mas a certeza é que o inverno 2011 estará encharcado destes sinais. Pastas estruturadas, make e hairstyle, que deixam confundir os sexos, e sapatos tradicionais como oxford garantem o tom contemporâneo nas produções. Destaque para cartolas e austeridade nos looks.
Marni | Milão
Christian D io
Elena M
iro | M
r | Paris
ilão
Lacoste | NY
Cacharel | Pa
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Limifeu | P aris
Arm Emporio
a ni | M
ilão
Hermès | Paris
Vintage e feminino Como já apontamos na editoria de acessórios, nesta edição, a década de 1950 traz à tona uma sensualidade equilibrada baseada em ícones vintage. Luvas de couro, carteiras e bolsas trapézio de mão, scarpin e sapato boneca com meia introduzem o estilo nostálgico e feminino. Atenção também vai para o hairstyle com volume localizado, cintos estreitos marcando a cintura e óculos “gatinha” das jovens da época.
Louis Vuitton | Paris
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Marc Jacobs |
| Paris
NY
L. A .M .B | NY
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Paris
Louis V uit ton |
Paris
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rad ar n ac ion al i n ver n o 2010
Vai lá Brasil! Junho é mês de Copa e, junto com a seleção, milhões de brasileiros embarcam nas emoções dos jogos. É tempo de vestir verde, amarelo, azul e branco, para entrar no espírito da torcida. Propostas é que não faltam!
Swarov
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Dudalina
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Carolin
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West Coast
Ilhabela
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fotos: divulgação
Swarov
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Speedo
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Individual
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m a s c ulino fotos: UseFashion
Maison Charvet Templo da camisaria desde 1838 Por Stella Pelissari | paris Dezoito medidas por cliente, tecidos exclusivos e infinitos detalhes que fazem a diferença. Situada na prestigiosa praça Vendôme, em Paris, encontra-se o casamento perfeito entre sofisticação e savoir-faire na arte de fazer camisas sob medida. Vestindo Reis, Príncipes e Chefes de Estado, há mais de um século, na Maison Charvet, cada camisa é uma peça única.
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esde a chegada de um cliente, o alfaiate compreende perfeitamente quem ele é e abre seu caderno de notas. É o início de uma relação que pode durar anos. Para os mais antigos, junto às suas medidas, o alfaiate anota o que mudou com o passar dos anos – se ele ganhou peso, mudou de estilo. Ao longo da vida, sua história será escrita em uma caderneta de anotações. Nela, estará uma amostra de tecido, com uma descrição completa da peça que foi feita. Afinal, podem ser necessários ajustes nos punhos, ou o colarinho, em quinze, vinte, ou trinta anos. Alguns clientes optam por adquirir alguns metros do tecido, que serão guardados para futuras alterações. Há quem compre apenas uma peça, ou encomende dezenas de uma só vez. A mesma atenção é dedicada a todos. Os homens têm pequenas diferenças: um ombro mais alto, costas ligeiramente curvadas para trás, uma postura assimétrica, diferença no tamanho dos pulsos - detalhes de extrema importância na concepção de uma camisa. “Nós devemos responder a uma necessidade e, sobretudo, dar conselhos acertados”, confirma Anne Marie Colban, herdeira e diretora de Maison. “O cliente pode desejar um colarinho alto, largo, mas é preciso que ele tenha proporções adequadas para isso. Daí a grande responsabilidade de nossos alfaiates. Temos tradição, um nome na história da moda. Confeccionar camisas na Charvet é similar ao trabalho de alta-costura”. O mesmo acontece no que se refere às matérias-primas. A Maison tem ligações privilegiadas com os grandes fabricantes têxteis do mundo. Muitas vezes, tecidos são produzidos, em poucos metros e em pequenas larguras, em nuances e tons inéditos. Peças como estas são capazes de produzir apenas três camisas para cada cliente. Uma raridade e uma das grandes diferenças que a casa oferece. Verdadeira mina têxtil, há mais de 6 mil padronagens exclusivas em seus salões. Um delicioso convite a passar horas selecionando amostras, entre popelines, oxfords, fio a fio, linhos, sarjas, e outros tecidos de trama rara. “Como temos muitas opções, é importante que nossos profissionais auxiliem na escolha. Levamos em conta tudo: o tom de pele, do cabelo, a cor dos olhos e, logicamente, a personalidade da pessoa”, explica Anne Marie. Quase dois séculos de tradição Fundada em 1838, por Christophe Charvet, filho do mestre responsável pelo guarda-roupa de Napoleão Bonaparte, Charvet foi a primeira camisaria a abrir um comércio especializado no mundo. Até então, as camisas eram feitas a domicílio com tecidos fornecidos pelos próprios clientes. Sua longevidade excepcional tornou a Maison um marco na história da moda. Para se ter uma ideia, nobres consideravam que, vestir-se na Charvet, era como definir um estilo de vida. Grandes escritores utilizavam conotações da marca para exprimir traços da personalidade de seus personagens. Especializada em fornecer roupas sob medida para Reis e Chefes de Estado, Charvet adquiriu reputação internacional pelo alto padrão de qualidade de seus serviços e pela vasta paleta de desenhos e cores, ainda hoje, todos exclusivos. Suas sedas tecidas em tramas sofisticadas ficaram tão famosas que seu nome tornou-se um termo genérico para designar um tipo específico de seda destinada à confecção de gravatas. Inovações como o colarinho inverso, ou removível, de onde derivam os colarinhos contemporâneos, são igualmente atribuídas a Christophe Charvet. Em 1965, os herdeiros da família decidiram vender a empresa. O negócio virou assunto de Estado. Inquieto, o general Charles de Gaulle pediu intervenção ao Ministério da Indústria. Denis Colban, um dos principais fornecedores da Charvet, recebeu a missão de procurar um comprador à altura do patrimônio. Conhecedor e apaixonado pelo métier, Denis decidiu adquirir ele mesmo a empresa e promoveu uma revolução na Maison. Os padrões e cores ganharam infinitas possibilidades e surgiram outros produtos, como a alfaiataria sob medida, a camisaria prêt-à-porter, de alta qualidade, e os acessórios masculinos. Depois de sua morte, em 1994, a empresa passou a ser gerida por seus dois filhos, Anne Marie e Jean-Claude.
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m a s c ulino
Seis andares de elegância No primeiro andar, uma explosão de cores. Gravatas tradicionais ou borboleta, foulards, penhoirs, lenços de seda e uma infinita variedade de abotoaduras. O local é um palácio para os amantes do bom gosto, mas também uma fábrica de ideias. As possibilidades são infinitas. No segundo andar, centenas de tecidos são sobrepostos separados por tons, texturas e tramas. Difícil é decidir-se diante de 6 mil opções. Somente da cor branca, são 300 tons. A mesma variedade encontramos para a cor azul. E tudo é exclusivo: a tonalidade dos fios, os métodos de tingimento, a cadeia de tecelagem. Se a Maison Charvet é uma das raras casas no mundo a preservar a tradição na arte de fazer camisas, também oferece outros serviços menos personalizados e mais acessíveis. Nos andares seguintes, há um espaço dedicado às camisas de prêt-à-porter e camisas semi-prontas (o cliente pode fazer algumas mudanças). Há também penhoirs, gravatas, lenços, meias e pijamas. No último andar, encontramos o par perfeito para camisas de luxo. É a alfaiataria que desenvolve ternos com o mesmo controle de qualidade da camisaria. Para a Maison Charvet, a arte do sob medida não vê limites.
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Passo a passo Como acontece com a alta-costura, no primeiro encontro, são tiradas as medidas. Em dez dias, o cliente pode voltar para fazer a primeira prova. Um protótipo da camisa em popeline de algodão branco, muito simples, será executado para que todas as correções sejam feitas nesta ocasião. Em seguida, o protótipo está apto a ir para as oficinas de Indre e, em quatro semanas, estará pronta a camisa de tradição secular. A arte de casar listras é um dos pontos que lhe rende o mérito de única no mundo. Para esses padrões, a espessura e a distância entre as riscas deve ser adaptada para cada cliente. Por exemplo, se a pessoa for mais encorpada, o ideal são listras finas, o inverso também é recomendável. O cálculo na construção das peças é matemático. No caso de uma camisa listrada, a gola deve casar as listras dos dois lados. O mesmo serve para punhos, parte frontal e costas. As listras iniciadas na parte superior dos ombros devem seguir as mangas como uma
única risca e o fechamento frontal deve repetir o padrão do tecido. Tudo é feito como se a peça fosse um produto indivisível, uma peça única e contínua. As costuras também merecem atenção especial na parte interna, pois, quanto mais finas e com menos tecido entre elas, mais confortável será o resultado. Outro ponto importante é a utilização de uma única agulha e de micropespontos. A técnica proporciona um toque suave como se não houvesse costuras. “Fazemos camisas extremamente confortáveis em tecidos sem elastano. Este é o segredo do verdadeiro corte e costura”, revela Anne Marie. Nos punhos, também existe atenção extrema aos pequenos detalhes. Além de infinitas possibilidades de alturas, formatos, número de botões, ou o uso de abotoaduras, o tipo de relógio que o cliente usa pode modificar toda a estrutura do corte. Por isso, no momento de tirar as medidas e fazer provas, é importante que ele traga junto seus modelos habituais.
Celebridades que vestem Charvet Charles Baudelaire, símbolo e criador da elegância Dândi, era um dos habitués da casa. No famoso Museu de Orsay, em Paris, Robert de Montesquiou, em obra de Boldini, foi retratado usando camisa e gravata Charvet. Jean Cocteau se referia à Maison como um local “mágico”. Proust, além de citar a marca em vários de seus livros, costumava dizer que usar Charvet era sinônimo de participar da “alta sociedade”. “Meu pai decidiu que deveria vestir homens do mundo inteiro. Por isso, a grande diversidade de padrões e cores. Vestimos de jovens roqueiros a Presidentes da República, assim como abrimos exceções para damas amantes de belas camisas. O importante é ver nossos clientes felizes e desenvolver peças adaptadas a uma nova demanda”, enfatiza Anne Marie. Personalidades como o presidente Kennedy, Gary Cooper, Oscar Wilde, Claude Monet, Fred Astaire, e todos os elegantes frequentadores do Jockey Club eram clientes exclusivos. Mais na atualidade, François Mitterrand, Jacques Chirac, Ronald Reagan, Bruce Willis, além de grandes estrelas da música, não dispensam a qualidade Charvet. Até mesmo estilistas, como Yves Saint Laurent, John Galliano, Christian Louboutin, se tornaram fiéis à marca. Mulheres, como Coco Chanel, Catherine Deneuve, Sophia Coppola, também não resistiram ao charme do básico impecável e viraram clientes.
Os botões são um charme à parte. Costurados à mão, são em madrepérola oriundas de conchas vindas da Austrália. Tudo para garantir a alta resistência e a cor branca uniforme dos dois lados. A distância entre os botões é modificada de acordo com as medidas e o estilo de vida do cliente. “Alguns preferem usar camisas mais abertas, o que confere certa descontração, outros optam pela sobriedade. Existem clientes adeptos de camisas mais curtas, outros usam calças mais baixas que pedem camisas mais longas. Estamos aqui para solucionar cada desejo e oferecer nossos melhores conselhos”, acrescenta Anne Marie. Nos colarinhos, o forro interno é feito com seis camadas de finíssimos tecidos sobrepostos sem a utilização de cola. Técnica que garante flexibilidade, sem alterar a estrutura. Nas pontas, um reforço costurado à mão garante simetria e caimento perfeito. O detalhe final é o monograma bordado. Em um álbum de capa dura, centenas de diferentes fontes de letras e bordados exemplificam os tipos de monogramas possíveis.
Maison Charvet 28 Place Vendôme, Paris
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teen foto: divulgação
multicoloridos Figurinos de bandas e de personagens de TV reforçam referência oitentista Por Fernanda Maciel Consultoria: Renata Spiller O preto, a maquiagem carregada e o ar melancólico - características dos emos - já são coisa do passado no universo teen. Agora, apesar da moda anos 1980 estar perdendo força entre os adultos, os adolescentes entraram de cabeça nestas referências e estão apostando na extravagância das cores para compor o look. Uma das grandes influências está nos figurinos das novas bandas que andam despontando em turnês pelo Brasil, como a Restart, formada por quatro integrantes: Pe Lu (voz e guitarra), Pe Lanza (voz e baixo), Koba (voz e guitarra) e Thominhas (bateria e synth) - todos com menos de 18 anos de idade. Segundo eles, a proposta é divulgar o “Happy Rock”, termo criado pela banda para definir a
música que tocam, um rock feliz, pra cima, positivo, através de um figurino colorido muito particular. “As roupas coloridas são o complemento do nosso som, o complemento da mensagem que queremos passar, que é: Seja feliz sendo você mesmo. O colorido tem muito do nosso estado de espírito, da forma positiva que procuramos enxergar o mundo sempre”, explica o vocalista e guitarrista Pe Lu. Para ele, a banda, de alguma forma, influenciou na nova maneira das adolescentes se vestirem. “As pessoas perderam o medo de usar a roupa que gostam, seja ela colorida ou não, e acho que ajudamos nisso. O cara vê a gente no palco com uma calça amarela, uma camiseta vermelha e pensa: ‘Pô, se ele usa por que eu não posso?’ Isso
é o mais legal.” Eles contam que o estilo é sempre assim, colorido, mesmo fora dos palcos. “Às vezes, usamos cores sóbrias só pra sermos discretos, dependendo do lugar que vamos. Mas, o natural é ver a gente coloridão mesmo!”, diz Pe Lu. A novela teen da Rede Globo, Malhação, também aposta no multicolorido. “Em todo figurino, temos referência dos anos 80 e este foi o ponto de partida para nossa criação, alguns com mais, outros com menos. Cris (Cristiana Peres) e Bernardo (Fiuk) andam de patins, patins de rodinhas, totalmente anos 80”, reforça a figurinista Tereza Nabuco, que está à frente do figurino de ‘Malhação’ enquanto Ellen Milet, está de licença maternidade.
foto: TV Globo/Márcio de Souza
foto: divulgação
Banda Restart
Bernado (Fiuk), protagonista de Malhação
As camisetas se destacam pelo silks e estampas com elementos de universos digitais. As calças são coloridas e têm modelagem justa. Nos pés, sneakers são os preferidos especialmente na versão com cadarços contrastantes e de tons neon. Estamparia anos 1980: geometrias, cores vivas, combinações chocantes. foto: TV Globo/Alex Carvalho
foto: Beatriz Lefèvre/divulgação
É, os protagonistas da atração adolescente não deixam dúvidas. Entre as peças mais usadas por Cris, estão jeans e camisetões, shorts coloridos e camisetas com ombros à mostra, leggings supercoloridas usadas com collants e saias para os treinos de patinação. Bernardo veste calças coloridas e camisetas em gola V como peças básicas de seu figurino. Segundo Tereza, os próprios atores de Malhação gostam do estilo e até arriscam palpites na produção dos looks. “Temos um elenco na maioria jovem e, como tal, aberto a novidades. Toda criação é sempre muito admirada por eles, que não viveram esta época, mas acabaram se identificando com vários itens. Por conta disso, às vezes vinham ideias e palpites deles também. A gente passa seis dias da semana com estas pessoas, quase um casamento. A relação tem e deve ser bem confortável, a troca e o respeito são fundamentais”. Entre os looks mais comentados da trama, estão as calças e os relógios coloridos e as camisetas de gola V de Bernardo, o colar duplo de coração da Cris e a saia vermelha de boquinhas brancas e cintura alta, comprada num brechó. “Aliás, a personagem Tati (Elida Muniz), dona da saia, tem uma mistura grande de brechó e shopping. A personagem é uma modelo e não tem nenhum problema em ousar”, enfatizou.
Tati (Élida Muniz) personagem de Malhação
Carol (Gabriela Rocha), do filme As Melhores Coisas do Mundo
Sutileza
Cordões com identificação militar são acessórios comuns que remetem ao universo adulto masculino e também aos personagens clássicos dos anos 1980 como o desenho Comandos em Ação.
Cena do filme; no detalhe, o personagem Bernardo.
foto: TV Globo/Renato R. Miranda
No enredo, a proposta do figurino não é se destacar. “O figurino de ‘As Melhores Coisas do Mundo’ não é para chamar atenção. Os jovens são muito críticos. Qualquer acessório que for colocado de um modo diferente do que eles costumam usar, faz com que já não se enxerguem mais ali”, explica a figurinista do filme, Caia Guimarães. “A diferença no figurino dos personagens é sutil, pois o filme gira em torno de uma família e de um grupo de amigos que pertencem à mesma escola e mesmo nível social”, complementa.
foto: Beatriz Lefèvre/divulgação
O filme “As Melhores Coisas do Mundo”, de Laís Bodanzky, que estreou no final de abril nos cinemas brasileiros, trouxe à tona o cotidiano de um adolescente diante das mudanças que estão acontecendo em sua vida. A maioria do elenco é formada por jovens atores estreantes. O longa retrata o universo de Hermano, conhecido como Mano (Francisco Miguez), um adolescente de classe média, filho de intelectuais e irmão mais novo de Pedro (Fiuk), que, ao voltar de um dia normal no colégio, descobre a separação dos pais.
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teen
80's Aspectos do vestuário anos 1980 confirmam preview de materiais do inverno 2011
lavagens ácidas Inspiração nas ideias de herança, funcionalidade e elegância, nas quais tradição e experiência se reinventam para criar histórias e marcar estilos. Volta às raízes do denim, tendo o metal como item importante. Destaque para lavagens ácidas e branqueamentos, manchas e aspecto de usado. Atente para os tratamentos vintage, que priorizam o aspecto de envelhecimento natural do tecido ou geram efeitos especiais com tingimentos localizados.
fotos: UseFashion
fotos: TV Globo/Isac Luz
Bia (Mariana Molina)
superfície glossy Beneficiamentos e tratamentos criam superfícies com efeito glossy, de aspecto brilhoso e plastificado.
foto: sxc.hu/reprodução
Cris (Cristiana Peres)
rad ar in fant il
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i n ver n o 2010 fotos: divulgação
Verde e amarelo Em tempos de Copa do Mundo, a criançada também não podia ficar fora do look canarinho. E para dar um toque de estilo, a aposta é em estamparia com a temática futebol, trompe-l´oeil, aplicações de laços, flores e bordados para os calçados e vestuário dos pequenos. Para eles, o esporte em evidência. Para elas, um toque de delicadeza.
Elian
Puc
Hering kids Bical
Hering kids Bical
Kea
Lupo
Magia Teen Puc
Kidy Baby
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acontece
MTP firma-se no calendário oficial da moda Minas Trend Preview | verão 2011 foto: © Agência Fotosite
Com uma forte indústria têxtil e designers talentosos, os olhos do mundo fashion têm se voltado cada vez mais para a região central do país. Realizada entre os dias 28 de abril e 1º de maio, a 6ª edição do Minas Trend Preview mostrou que o evento colocou o seu nome de vez no calendário oficial da moda brasileira. Sob a curadoria do mineiro Ronaldo Fraga, e com consultoria de Carlos Pazzetto, o evento apresentou uma produção mais arrojada. “Água” foi o tema selecionado. “Escolhemos um assunto que define as questões do nosso futuro. E a água é vital para a sobrevivência humana. É um elemento mágico, sedutor e transformador”, conceitualiza Ronaldo Fraga. Com uma nova empresa à frente da organização, a B\Ferraz, de Nizan Naguaes, o time de tops dos 30 desfiles também mudou, com celebridades de repercussão nacional e internacional. Marcelle Bittar (Fruto do Mar, Preview Urban e Victor Dzenk); Renata Kuerten (Kaleidoscope e Vector); Carol Francischini (Cavalera e Faven) e Raica (Luxury). Paralelamente aos desfiles, a feira de negócios também se destacou pelo movimento nos estandes, tanto de sapatos quanto bijuterias e vestuário. Entre os expositores, Graça Ottoni se inspirou no livro The Circus, que retrata o circo mambembe entre 1870 a 1950, trouxe em sua coleção estampa exclusiva, mistura de tecidos e patchwork. Na cartela de cores, branco, neutro, cimento, laranja e verde. A grife Frutos do Mar fez referência aos florais campestres, às formas abstratas e ao country, destacando biquínis com misturas de materiais em uma cartela onde as cores preto, branco, azul-ibiza, vermelho, rosa hibisco, areia, verde, tons terrosos e púrpuras foram as apostas. Os elementos da natureza e as flores também serviram de inspiração para a marca Confraria, que trouxe para o Minas carteiras e bolsas com junco e bolsas com aplique, ressaltando os neutros, os roses, os terrosos, o amarelo e o azul na cartela da temporada. O romantismo se destacou no estande da Piedad que trouxe acessórios para cabeça e estolas com flores, enfatizando as cores pérola e turquesa na sua coleção de inverno. Já a grife Dilly foi motivada pelo glamour apostando em saltos diferentes, aplicações, flores e fivelas. A marca utilizou couro gravado a laser, vazados, couro de tilápia em cores neutras. Quer saber mais o que rolou no Minas? Acesse o portal www.usefashion.com no link Desfiles, para saber das novidades das passarelas; e o link Feiras para ver os principais lançamentos de verão 2011. Boa pesquisa! Graça Otoni
Fruto do Mar Confraria
Dilly
fotos: UseFashion
Piedad
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Edição ampliada Dragão Fashion Brasil | inverno 2010
Neste período, foram realizados 33 desfiles assinados por designers de moda em ascensão de todo o país, ao lado de outros já reconhecidos, como Lino Villaventura, Mario Queiroz, Walter Araújo, João Pimenta, que participam das principais semanas de moda do Brasil. “O DFB é a união de marcas, empresas e artistas, uma verdadeira usina de conectividade e ponto de convergência de um vasto mercado criativo, dando corpo e força para que a moda local seja uma realidade econômica, cultural e social”, destaca a organização do evento. Além dos desfiles, o evento destacou uma programação paralela, como o projeto Ceará Business, bolsa de negócios; o espaço Casa do Dragão, com área destinada à exposição e comercialização de produtos de estilistas, designers e artesões cearenses; Ilha Digital, área destinada a acesso à internet com visualização e participação interativa no portal e site do Dragão Fashion; os lançamentos do portal do Dragão Fashion – o dfhouse.com.br, e do canal de TV de moda online - o noar.tv/ dragaofashion. O Dragão também foi palco incentivador dos novos talentos, com mais uma edição do Concurso dos Novos (leia matéria na editoria Campus, página 59).
fotos: Roberta Braga Studio/Osvaldo F./Ricardo K.
Diferentes das outras semanas de moda no Brasil, que buscam antecipar coleções, a 11ª edição do Dragão Fashion Brasil, através da proposta de uma moda mais autoral, trouxe o tema “Dragão do Mar - Chico da Matilde” (Francisco José do Nascimento, cearense, jangadeiro e abolicionista, conhecido por sua luta pela libertação dos escravos no Ceará) para a temporada de inverno 2010 apresentada entre os dias 25 e 28 de abril.
Walério Araújo
João Pimenta
O Dragão Fashion Brasil foi organizado pela empresa de eventos Equipe de Produção, com Helena e Cláudio Silveira na direção.
Sustentabilidade foi o foco da feira Fimec |verão 2011 chiclete, verde-água, tons neutros e nude.
Segundo Ricardo Michalsen, diretor-presidente da Fenac, o evento aconteceu em clima de otimismo, confirmando a posição de 2ª maior feira mundial do setor. “Este ano, o foco do evento é a sustentabilidade. Percebemos que as empresas estão preocupadas com isso. Desde os maquinários até as matérias-primas e componentes têm um enfoque ecológico”, explica.
Já a Promex mostrou seus lançamentos organizados em quatro linhas. A primeira, Riviera, traz silhuetas e looks retrô de 1950 e 1960, mas com suavidade, luz e toques modernos; a Campestre destaca um visual country romântico, frágil e delicado; Tropical Natural, reforça a cultura do artesanal, do que exige envolvimento e aproximação; e a linha Solar, é inspirada em diferentes culturas que veneravam o Sol. As cores vão desde tons de vermelhos artesanais como henna e terracota, passando pelo amarelo e laranja até azul-céu, tons pastel esbranquiçados, mesclados com cores fluo.
A empresa Base trouxe tecidos ecológicos - que passam por processo de tingimento por impregnação com ligantes e pigmentos orgânicos, à base de água -, estamparia animal, tie-dye e florais, reforçando o EccoBase como o principal lançamento para temporada. Este tecido é isento de substâncias restritas e feito através da reciclagem de garrafas de plástico, visto que utiliza três garrafas plásticas na fabricação de um metro de tecido. Na cartela de cores, rosa-
A Arte da Pele enfatizou peças com padrões que lembram asas de borboletas, troncos de árvores, cores da libélula, entre outros elementos tendo como referências o livro “Chapada dos Guimarães: Jardim do Cerrado”, de Wieslaw Jan Syposz. Na cartela cromática, laranja e roxo, além de verde e azul, inspirados pelo filme “Avatar”.
Para saber mais sobre os estandes da Fimec, acesse o portal usefashion.com, link Feiras. A próxima edição já tem data: será realizada de 12 a 15 de abril de 2011 e apresentará os lançamentos de verão 2012.
foto: UseFashion
Mais de 40 mil visitantes oriundos de 42 países prestigiaram a 34ª edição da Fimec (Feira Internacional de Couros, Produtos Químicos, Componentes, Máquinas e Equipamentos para Calçados e Curtumes), realizada entre os dias 13 e 16 de abril nos pavilhões da Fenac, em Novo Hamburgo (RS), destacando os lançamentos para o verão 2011.
Promex
Arte da pele
Base
v i s ual de loja
foto: Divulgação
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Camper Criações extraordinárias Por Vanessa Faccioni | Arquiteta A fábrica Camper é bastante antiga. Desde que Antonio Fluxà iniciou o negócio em 1877, o mesmo ideal é seguido, guiando, inclusive, o posicionamento da marca, criada em 1975. Sob o lema, “Extraordinary Crafts” ou, em tradução livre, “Criações Extraordinárias”, suas lojas também acabaram por se tornar bastante ousadas e criativas, inspirando artistas ao redor do mundo. Acompanhe. Após sete anos vendendo em multimarcas, a Camper inaugura, em 1981, sua primeira loja exclusiva, em Barcelona, e revoluciona a forma de apresentação dos espaços comerciais. Com o conceito self-service e uma exposição funcional, em que todos os produtos em diversos tamanhos estão disponíveis no salão, a loja proporciona maior interação entre cliente, produto e marca.
A partir de 1992, o conceito de identidade e diversidade, ganha status de decisão estratégica, com abertura de lojas Camper em diferentes países. A marca opta por não trabalhar com filiais idênticas. A ideia é incorporar, em cada ponto de venda, elementos e características das cidades e países onde eles estão situados. Assim, cada espaço é diferente e exclusivo, tornando a visita às lojas uma experiência única.
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walk in progress foto: Licença Creative Communs/reprodução
Para resolver o problema dos altos custos de implementação de pontos de venda em novos endereços e tornar a expansão internacional mais rentável, a marca cria, no ano 2000, o conceito “Walk in Progress”, que consiste em fazer uma ocupação provisória do espaço. É, basicamente, o mesmo conceito das conhecidas pop-up stores, mas com o diferencial, mais uma vez, da interação dos clientes com o espaço. As paredes recebem a inscrição “Imagine um mundo melhor” e, quem passa pela loja pode registrar suas ideias escrevendo ou desenhando suas impressões nas paredes. As caixas dos sapatos formam uma grande mesa expositora, baixando ainda mais os custos.
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v i s ual de loja Loja de Milão, por Jaime Hayon
Loja de Paris, por Jaime Hayon
Camper projetada por Tokujin Yoshioka em Londres
Together Stores O projeto Together abrange criações de produtos e de lojas em parceria com renomados artistas de todo o mundo. As Together Stores são, na verdade, uma mistura de loja com galeria de arte. Elas levam consigo as características dos artistas e, muitas vezes, as obras criadas por eles ficam evidenciadas no espaço.
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Loja de Tóquio, por Jaime Hayon
circense Uma das mais recentes lojas deste projeto foi criada em parceria com o designer espanhol, Jaime Hayon, para Camper de Tóquio, inaugurada no final do ano passado. Com inspiração no mundo circense, o projeto conta com toques de cor e formas inusitadas - a começar pelos puxadores da porta principal, que reproduzem duas das tradicionais “candy canes” - balas em forma de bengala. Em todo o espaço da loja, não existem cantos, somente formas arredondadas. O branco predominante está também na clássica e requintada cerâmica Bisazza que reveste as paredes e contrasta com os toques de vermelho e amarelo, essenciais para a atmosfera descontraída. As luminárias pendentes sob a grande mesa de muitos pés, que lembra sutilmente uma centopeia, dão um ar glamuroso, reforçado pelo revestimento de espelho bronze no teto e contrastado pelo piso rústico de cimento polido.
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repor tagem
Lingerie para ser vista Por juliana wecki e inez gularte A história da lingerie está intimamente ligada ao comportamento feminino. Não é à toa que as mulheres queimaram os sutiãs em praça pública, no final dos anos 1960, em sinal de protesto. Desde o seu surgimento, dois séculos antes de Cristo, a lingerie é muito mais que uma peça do vestuário destinada a ficar sob a roupa. Por isso mesmo, marcou épocas e passou por revoluções, acompanhando os desafios, os anseios e os desejos das mulheres de cada tempo. Nesta reportagem, o universo da moda íntima mostra toda sua grandeza. Se deixar a lingerie aparecer sob a roupa não é novidade, os estilistas mostram que ainda há muito o que explorar neste mundo tão excepcionalmente rico em detalhes. Acompanhe como essa moda invade as lojas e as ruas depois de uma enxurrada de novas propostas nas passarelas. Veja como materiais, modelagens e construções típicas da lingerie ganham a preferência das celebridades. E acompanhe lançamentos em matérias-primas supertecnológicas, além de novas coleções de lingerie de algumas das principais marcas do mercado nacional.
La Perla | inverno 2011
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Dior | Alta-Costura fotos: © Agência Fotosite
Deixar o sutiã transparecer de forma proposital sob a roupa não é uma coisa nova. Estilistas que usam o underwear como fonte de inspiração também não causam nenhuma surpresa. Quem acompanha moda sabe que a lingerie, volta e meia, despe-se do seu rótulo de “roupa de baixo” e se revela em modelos do prêt-à-porter cujos materiais, modelagens, construções, trazem referências claras ao universo da moda íntima. “A lingerie sempre influenciou o vestuário, marcou épocas e revelou comportamentos”. Para Andrea Moralles, diretora de criação e marketing da Co.Íntimos, não é preciso procurar muito para encontrar exemplos. “Veja os vestidos lindos de Stella McCartney; a última coleção Rosa Chá, por Alexandre Herchcovitch; os corselets, que estão sempre presentes nas passarelas do mundo todo. É um universo muito rico que oferece inspiração de sobra para quem procura inovar e agradar”. Mas então, se o underwear há muito inspira estilistas do prêt-à-porter, o que há de novo? O que faz com que
o efeito lingerie seja identificado como uma tendência para o verão 2010/11? Nós mesmos, aqui na UseFashion, chamamos a atenção do nosso assinante, há mais de um atrás, quando a coleção para o inverno 2009, da Alta-Costura da Dior, trouxe referências do underwear até mesmo nos calçados. Feitos em cetim e couro, eles tinham fechamentos típicos dos sutiãs no lugar das tradicionais fivelas em metal. Aquele foi um dos primeiros sinais do que estava por vir. A invasão das passarelas mundiais do verão 2010/11 por um desejo de feminilidade e sensualidade que nada tem a ver com a mulher-objeto, mas que está, super em dia, com o novo estilo de vida feminino. Inspirados nesta mulher moderna, marcas como Louis Vuitton, Dolce & Gabbana, Valentino, Fendi, Missoni, Jean Paul Gaultier, Louise Goldin, Christian Dior, só para citar algumas, trouxeram para suas coleções todo poder das rendas, dos tecidos vaporosos, dos acetinados, das transparências. Sem falar nas construções. Releituras glamurosas de corselets,
espartilhos, hotpants, vestidos etéreos, detalhes em babados e topes vindos direto do unverso do underwear. Um misto de delicadeza, sensualidade, feminilidade e conforto bem de acordo com os novos tempos. Andrea conta que acredita na lingerie à mostra desde sempre, mas ressalta que, hoje, devemos pensar em algo novo. “A peça não deve fazer da mulher uma personagem. Vez ou outra, vá lá... A lingerie bacana deve ficar em segundo plano e evidenciar a mulher que a veste. Deve complementar o estilo que esta própria mulher criou. Uma alça, uma renda discreta, sob um decote profundo, um pedacinho de um bojo de couro aparente na camiseta (como o que desenhei para Forum Lingerie), sempre vai encantar! Mas acho que devemos ir mais adiante na hora de criar. Pensar no que esta mulher quer vestir, por fora e por dentro, pensar no que a faça se sentir realmente feliz”.
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repor tagem
Para se ter uma ideia de como esta tendência vem se desenvolvendo, fizemos um resumo do que foi mostrado nas passarelas, desde a visionária coleção da Dior, para Alta-Costura, passando pelo verão 2010/11 e se desdobrando no inverno do ano que vem. Veja como a tendência que se inspira na lingerie foi proposta pelos estilistas, como algumas lojas estão desenvolvendo suas ideias e confira as escolhas das celebridades. Dior | Alta-Costura
Dior | Verão 2010/11
Missoni | Inverno 2011
Valentino | Verão 2010/11
fotos: © Agência Fotosite
Fendi | Verão 2010/11
Dolce & Gabbana| Inverno 2011
Louis Vuitton | Verão 2010/11
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Bee Shaffer | Balenciaga
Vitrine Max Mara
Gwen Stefani | L.A.M.B
foto: Lucas Jackson/REUTERS
ChloĂŤ Sevigny | Proenza Schouler
fotos: UseFashion
foto: Jessica Rinaldi/REUTERS
Vitrine Triton
foto: Lucas Jackson/REUTERS
foto: Lucas Jackson/REUTERS
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repor tagem
Com inspiração na deusa da fertilidade, as roupas íntimas começaram a ser usadas cerca de 2 mil anos antes de Cristo, em Creta. “A divindade, conhecida como Deusa da Serpente, era representada por uma mulher de corselet, para sustentar o busto que ficava à mostra”, explica Ida Helena Thön, professora de História da Indumentária, na Universidade Feevale, em Novo Hamburgo (RS). Desde então, o underwear passou por uma evolução, ganhando diferentes modelagens e formatos. Ida explica que, na Idade Média, as mulheres passaram a usar o que chamavam de cota, uma túnica com cordões amarrados na cintura. Mais tarde, veio o bliaud, um tipo de corpete que apertava o busto e era preso a uma saia franzida ou plissada. Houve ainda o sorquerie, também conhecido como guarda-corpo, o surcot, usado por cima do vestido, como se fosse um colete, e o corps piquè, que surgiu no Renascimento, afinando a cintura e apertando o ventre. Segundo Ursula Carvalho, professora e coordenadora do curso de Moda do Instituto Federal de Santa Catarina, credita-se a Mary Phelps Jacob a criação do primeiro sutiã, graças à necessidade de adequar seu espartilho a um vestido transparente que usaria em um baile. “Mary fez em casa uma variação do sutiã moderno, usando dois lenços de seda e algumas fitas de cetim. Ela havia experimentado o vestido com um modelo de espartilho na época, e o efeito por dentro da roupa não a agradou”, explica Ursula.
A partir da Primeira Guerra Mundial, entretanto, é que a lingerie ganha aspectos mais atuais, já que as mulheres começam a precisar ter mais flexibilidade. “É quando Chanel cria roupas de lingerie, que não necessitavam ser passadas e eram de fácil lavagem para facilitar ainda mais a vida das mulheres”, afirma Ida. Com a descoberta do fio nylon, em 1938, as roupas íntimas passam a ser coloridas, tornando-se populares. É aí que começam a fazer parte do fetiche, e as pin-ups são um bom exemplo. Ursula explica ainda que, no período após a Segunda Guerra, houve um fortalecimento muito grande da feminilidade da mulher. Os homens estavam de volta e cabia às esposas serem donas de casa, cuidando do lar, do marido e dos filhos. Nesse mesmo período, surge o new look de Christian Dior, desencadeando todo o padrão estético dos anos 1950. Dior propôs uma moda muito luxuosa, resgatando a feminilidade perdida nos anos de guerra. Em 1960, a onda de feminismo que ocorreu em diversos países colocou em evidência a moda íntima, mas, desta vez, com a queima de sutiãs. As mulheres já não deveriam ser donas-de-casa, mas detentoras de uma vida mais independente e não restrita aos filhos e maridos, condição reforçada pelo início da comercialização da pílula contraceptiva. Impossível mostrar a história da lingerie sem lembrar do sutiã usado por Madonna na turnê Blond Ambition, em 1990. Criado pelo estilista Jean Paul Gaultier, a peça logo se tornou uma forte referência cultural. Nas coleções de verão 2010, grifes como Dolce & Gabbana, Louise Goldin, além do próprio Gaultier, apresentaram novas propostas para o modelo cônico.
fotos: © Agência Fotosite e reprodução
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A ordem da vez para as lingeries é: conforto, tecnologia e sensualidade. Como todo o vestuário, a moda íntima também foi beneficiada com as descobertas tecnológicas em termos de materiais e equipamentos. Uma das grandes contribuições para o setor foi o aperfeiçoamento do fio nylon que, com o passar do tempo, permitiu mais aderência e respirabilidade à pele. Atualmente, a novidade é o fio Tactel®, que possui filamentos muito finos e podem chegar a ser até 30 vezes mais finos que um fio de cabelo. “Eles auxiliam na absorção de umidade e proporcionam mais leveza, secagem rápida e toque agradável”, explica Silvana Eva, gerente de lingerie da Lycra®. Outro destaque para o segmento é a coleção de fios Xtra Fine ®, que garantem mais aderência, secagem rápida e conforto. Com auxílio também do fio Lycra® mais fino, a Santaconstancia aposta em um novo material chamado pele de ovo. Para a marca, estar de acordo com as
tendências atuais para a moda íntima é conseguir aliar peças confortáveis a modelagens elegantes. Pensando nisso, a tecelagem desenvolveu produtos com baixa gramatura e toque macio. O tecido pele de ovo tem suave transparência e, antes, era associado apenas ao segmento de meias-calças. Mas, como pensar em conforto sem associar àquelas peças grandes, com tecido grosso e sem nenhuma sensualidade? Muitas marcas têm provado que dá, sim, para aliar conforto e moda. A Co.Íntimas é um bom exemplo. Está totalmente voltada para grifes fashion, através dos licenciamentos que detém: Forum Lingerie, Rosa Chá Lingerie, miz.;couture, Eckored e Monizac. “Costumo dizer que não vendemos ‘conforto, tecnologia e sensualidade’ porque isso tudo está implícito em nossos produtos. Vendemos moda, conceito, objetos de desejo. Porém, sem o trio conforto-tecnologia-sensualidade, estaríamos fazendo qualquer coisa menos lingerie”, afirma Andrea. Em relação às matérias-primas, utilizam os tecidos convencionais do segmento, além de seda e materiais em matelassê. Andrea destaca o uso do couro como alternativa fashion: “É inusitado pensar em uma lingerie de couro elegante e confortável para ser usada no dia-a-dia de um jeito cool”.
Assim também é a Nu.Luxe, que trabalha com itens de luxo. Segundo a estilista Sandra Bento, a coleção de verão 2010/11 destaca novos materiais e rendas. “São tecidos tecnológicos e extremamente nobres, que são como uma segunda pele. Importados, esses materiais apresentam 60 gr/m2, um diferencial que o mercado brasileiro ainda não tem”, explica. Quando se pensa em apelo de moda, logo lembramos de que a maioria das mulheres não tem o padrão das passarelas. Pensando no público de tamanhos maiores, a DeMillus tem focado boa parte dos lançamentos em sutiãs que atendam pessoas com seios fartos ou que são mais gordinhas. Entre as novidades a serem lançadas, está a coleção Negri, mais sofisticada, confeccionada em microfibra elástica, com detalhes em bordado e transparências. Além disso, a empresa também destaca o sutiã Memofiber. Em vez de espuma, vem com um bojo criado por meio de microfilamentos aerados, que permite mais respirabilidade, leveza, flexibilidade e secagem rápida. Todos com numeração até 54. Já a un.i, também sob o comando de Sandra Bento, é voltada para o segmento de peças casuais e se preocupa em desenvolver produtos de alta tecnologia, reforçando o posicionamento a favor da sustentabilidade. Materiais com secagem rápida e toque macio são os pontos fortes destacados pela marca.
fotos: divulgação
miz.;couture
DeMillus
Forum Lingerie
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des ign
por Carine Hattge fotos: divulgação
Salão Internacional do Móvel Propondo um equilíbrio entre tradição e inovação, a 49ª edição do Salone Internazionale del Mobile (Salão Internacional do Móvel), realizada entre os dias 14 e 19 de abril na cidade de Milão, reuniu mais de 150 mil visitantes, que foram conferir os lançamentos dos mais de 2,5 mil expositores de todo o mundo. A UseFashion marcou presença no evento e selecionou as principais novidades. Confira:
Black is back Com o tema “Black is back”, a Kartell apresentou móveis em paleta monocromática. Destaque para a cadeira Masters e o sofá Magic Hole, de Philippe Starck, e para a luminária Bloom, de Ferruccio Laviani. Confira o catálogo completo em www.kartell.it
Jovem talento A estudante Nao Tamura foi a vencedora do salão Satellite que premia novos talentos do design. O projeto, chamado Seasons, consiste em um utensílio de servir de silicone, inspirado nos doces japoneses embrulhados em folhas de cerejeira. Cada prato lembra uma folha, e chamou a atenção da organização do evento por ser um produto inquebrável, resistente, leve e flexível, pode ser empilhado de forma prática, e ainda, tem um apelo visual marcante. Saiba mais: www.nownao.com
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Blow sofá Um sofá feito com sacos de papel reciclados e ar. Esse foi é o conceito do Blow sofá, do estúdio de design Malafor. Ele tem uma estrutura de metal, cordas elásticas e dois sacos de papel. Após encher de ar esses sacos, um sofá fofo se forma. Acessa lá www.malafor.com
Cozinha futurista A Indesit mostrou eletrodomésticos e acessórios para uma cozinha futurística. O Aqualift, propõe um novo layout para a pia, integrada à máquina de lavar louças, enquanto o forno Vertigo oferece praticidade ao abrir a porta frontal para cima. Destaque também para o Food Avenue, em que o fogão e a mesa de jantar são integrados para combinar a estética, o convívio e o prazer de cozinhar. Confira mais em www.indesitcompany.com
Descanso fluorescente O designer Thomas Pedersen criou para a Fredericia Furniture a cadeira Staygray. É encontrada em várias cores, porém, na feira, a Staygray foi lançada em couro preto, com detalhes de pespontos e descanso em tons de verde fluorescente. Mais informações em: www.fredericia.com
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c ul t ura
p o r eduard o m ot ta
Mr. America O pop é animal que morde o dono, é bonitinho e não perdoa. Para ficar no comando da coisa, tem que ter bem mais que talento, algo que não faltava a Andy Wahrol, e, mesmo assim, o fenômeno que ele ajudou a inventar, volta e meia, ensaia cravar os dentes no legado do seu criador.
A questão é saber se a regra da obsolescência, dos quinze minutos de fama que Wharol previu, vale para ele, que morreu e parou de produzir enquanto a engrenagem continuou a girar. É fato que as marilyns e jackies que ele pintou terminam os dias de glória em reproduções baratas e amareladas no porta-retrato da feira de domingo. Quem compra nem sabe de onde veio. E lá se vai para o tampo do móvel doméstico os cacos cínicos da obra genial. Ainda assim, para ele a lei não se aplica. Mesmo essa digestão inglória estava prevista por este autor da América do Norte contemporânea. Wahrol é tão decisivo para entender o que ela é hoje quanto o Vietnã, Hollywood, Wall Street e Obama. foto: Pedro David/divulgação Eduardo Motta é designer, consultor de moda da UseFashion, com formação em Artes Plásticas e autor do livro “O Calçado e a Moda no Brasil - Um Olhar Histórico”.
“Ele é o fabricante de um produto chamado Wahrol e o publicitário que transforma o produto em imagem e o vende”. Assim Anne Cauquelin, em seu livro Arte Contemporânea, uma Introdução, o define. De fato, um dos pontos mais desconcertantes do repertório de Wahrol é a relação, engenhosamente planejada, com a promoção pessoal pela repetição e através da publicidade. Ele é algo assim como um amplificador da redundância. Não havia nada na obra dele que não se conhecesse de antemão. O que ele introduziu, no sistema da arte e nas redes de comunicação de imagens, foi o produto de supermercado que guardávamos no armário da cozinha, as celebridades que conhecíamos das revistas, a nota de um dólar que tínhamos no bolso e as cenas trágicas dos jornais. A estas imagens, ele juntou a dele e soube torná-la tão reconhecível quanto às outras.
fotos: reprodução
O artista John Baldessari comenta que Wahrol abriu as porteiras e, para o bem ou para o mal, não há mais como fechá-las. E não é assim tão disparatado achar que ele é apenas o pintor de cabelo estranho, ávido por dinheiro, que se tornou famoso retratando latas de sopa e celebridades. Avaliá-lo dessa maneira, até que é legítimo, quase um sinal de respeito à indiferença calculada que ele mesmo professava. Se entendermos este ponto, ficamos liberados para sondar outros entendimentos a respeito da obra deste rei do pop. A mostra “Andy Wahrol: Mr. America”, que esteve em cartaz na Estação Pinacoteca, em São Paulo, foi uma chance, em reais, de encarar esta empreitada. Ela trouxe ao país o Wahrol que também elegeu suicídios, acidentes automobilísticos e blow jobs como cenas representativas da cultura norte-americana. Ele faturou com elas o imaginário global e conseguiu o que dizia querer acima de tudo: encher a conta bancária de dólares.
Generosidade de máquina de xerox
Para alimentar esta voragem, o estúdio de Wahrol, que se chamava Fábrica e operava como tal, encurtava a distância entre os sentidos e os processos do fazer artístico e do industrial. Esta zona espinhosa, no meio da produção do sensível e da produção mecânica, foi o lugar escolhido pelo artista. Dali ele passou a comandar um eficiente sistema de divulgação. Wahrol sabia exatamente quais eram as imagens que todos queriam ver e satisfazia este desejo com generosidade de máquina de xerox. Ele afiou esta habilidade trabalhando no mercado publicitário, inclusive na publicidade de moda. Um dos seus primeiros trabalhos importantes foi uma ilustração para um artigo com o título profético “Success is a Job in New York”, publicado em 1949, na Glamour Magazine. Wahrol previu a dimensão que tomaria a cultura das celebridades rápidas e a supremacia esmagadora do valor de mercado sobre qualquer outro, e tratou do assunto com interesse de patrocinador e indiferença de alienígena. “Não há nada por trás disso. São apenas latas de sopa e garrafas de Coca-Cola”, é o que ele dizia, referindo-se à própria obra com aquela entonação monótona e proposital, deixandonos ainda mais à deriva. Wahrol nunca ofereceu respostas e não tinha nada de compassivo. Não fazer sentido era sua grande provocação e, nem a responsabilidade por esta intenção, ele assumia. E isso, de certa forma, torna patética nossa tentativa de preencher os vazios que ele deixou.
Uncle Sam,1981, Polaroid
A obra deste rei pop, autocoroado com perucas sintéticas, e que conversava com os súditos como se fosse um boneco de ventríloquo, sobe de preço ano a ano, e ele continua estendendo seu manto sobre a cultura global. Ao contrário das coisas descartáveis que elegeu, o Wahrol, por inteiro, não tem nada de inofensivo, permanece vivo e difícil de engolir. Apesar de ficar bonito na parede. Em partes. A mostra encerrou dia 23 de maio, mas o consistente catálogo de quase 300 páginas continua à venda, com textos afiados do curador Philip LarratSmith, Gary Indiana, entrevistas com John Baldessari, Guillermo Kuitca e Jenny Holzer, entre outros. Vale cada um dos 150 reais. Self-portrait in drag, 1980, Polaroid
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foto: reprodução
p er f il
fotos: divulgação
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Anne Fontaine Por trás das camisas brancas, uma guerreira de coração nobre Por Flávia Pollo - Paris Ela é uma apaixonada pela preservação do meio-ambiente, iniciou seus estudos em biologia e chegou, até mesmo, a morar em uma tribo indígena na Amazônia. O que ela está fazendo, então, em uma publicação de moda e não na National Geographic? Eis que, um dia, esta carioca movida a desafios teve uma boa ideia e a colocou em prática. Sem nunca ter feito um curso de moda, hoje ela gerencia um império de 700 pontos de vendas e 80 lojas próprias espalhadas em todo o mundo. Suas criações são compradas por celebridades do quilate de Catherine Zeta-Jones e Michelle Obama. “Mas me toca mais saber que uma dona de casa economizou seu dinheiro para poder comprar uma roupa minha”, afirma esta brasileira que mora na França e deixou gravado o seu nome em uma das principais avenidas de Paris, a Saint-Honoré, com uma loja de 700 m². Seu nome: Anne Adélia Cristina Maria Teresa Fontaine. Sua história: uma aventura de conto de fadas.
UseFashion: A sua aptidão pela moda nasceu na infância? Anne Fontaine: Eu sempre gostei de criar e
refazia alguns vestidos que minha mãe me comprava. As roupas de Yves Saint Laurent me inspiravam, mas nunca achei que moda fosse para mim, pois sabia que era um métier muito difícil. Por isso me voltei aos estudos em biologia, pois era o que eu queria ser. Eu sempre fui muito voltada à preservação da natureza. UF: Tão voltada que chegou a morar em uma tribo na Amazônia, não é? AF: Sim, é verdade. Aos 14 anos, eu descobri que
a minha irmã era, na verdade, a minha mãe, e quem eu pensava que fosse a minha mãe era a minha avó. Quando soube disso, me rebelei e fui atrás das minhas raízes. Meu pai era francês e decidi ir para lá. Mas, antes de conhecer outro país, queria descobrir o meu próprio. Viajei com
um amigo, durante um ano inteiro, pelo norte do Brasil, e estava um pouco decepcionada ao ver índios usando roupas, bebendo em bares e olhando televisão. Até que, o chefe da tribo Kanelas disse que estava a nossa espera e mandou nos chamar. Foram dois dias até chegar à tribo. Lá, sim, eu conheci índios de verdade. Eles nos “adotaram” e moramos seis meses com eles. A minha mãe achava que eu nunca ia tomar jeito. Eu era a ovelha negra da família, mas hoje, ela é toda orgulhosa de mim! Eu não quero que as minhas filhas sejam como eu era com a minha mãe (risos). UF: E o que você aprendeu desta experiência que aplica hoje na sua vida? AF: Tanto na minha casa quanto na minha empresa,
ninguém usa papel em branco, por exemplo, apenas rascunho. Eu mesma nunca desenho em folha branca. Por enquanto, não posso adiantar nada, mas também estou desenvolvendo um grande
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projeto de preservação ambiental da Amazônia. UF: Na tribo você foi apelidada de “Cocoi”, que significa “pessoa que sempre vence”. É um apelido apropriado? AF: É, acho que sou guerreira, eu luto para vencer.
Ao menos estou tentando, né? (risos). É que eu tenho paixão pelo o que faço. Não quero perder este lado brasileiro, da alegria, do contato humano. Aliás, preciso ir ao Brasil, ao menos uma vez ao ano, geralmente à Bahia, onde me revitalizo. UF: E como começaram os negócios com as camisas brancas? AF: Quando fui para a Europa, iniciei meus estudos
desenvolver este nicho. O nosso foco são as lojas próprias. Temos cerca de 80 no mundo. O nosso primeiro mercado consumidor é a Europa, seguida dos Estados Unidos e da Ásia, onde vamos abrir cinco lojas neste ano. O nosso objetivo é nos consolidarmos na Ásia. UF: E o Brasil? AF: O Brasil é um mercado em potencial, mas
temos poucas possibilidades em função dos preços dos nossos produtos, que oscilam entre 200 e 600 euros por camisa. Está muito limitado por enquanto. Vendemos apenas na loja Avec Nuance no Rio de Janeiro.
em biologia e fui trabalhar em uma associação UF: De onde você tira tanta inspiração para fazer de defesa das baleias. Ficava seis meses no mar e diferentes versões de um mesmo produto? dois meses na terra. Em uma destas vezes em terra, AF: Para mim, criar não é um problema. Eu me conheci o meu marido. Foi amor à primeira vista. fecho num escritório, durante uma semana, e Ele não quis mais que eu voltasse ao mar e me desenho de 500 a 700 modelos por estação. pediu em casamento. Eu tinha 22 anos e aceitei. Ele Como nunca fiz curso de moda, nada para mim é tinha uma fábrica quase falida que fazia roupas para impossível. Sempre faço o que tenho grifes. Como eu sempre tive em mente. Além disso, durmo todas este jeito de tentar consertar as noites com um caderno ao lado o mundo, quis ajudar. da cama, pois, muito frequentemente, Para ser sincera, me toca mais Desenhei cinco modelos de eu acordo com uma ideia. O quando eu sei que uma dona camisas brancas. Ele gostou. único requisito é estar no meio da de casa economizou para poder Fizemos cinco exemplares natureza. Eu adoro Paris, mas jamais comprar uma camisa que faço, para de cada peça e os nossos conseguiria viver lá, pois é uma se sentir bem vestida e bonita. representantes venderam cidade que não tem sossego. Como Eu não faço roupas pensando tudo. Decidimos que a minha cabeça está sempre cheia de nas estrelas, mas pensando nas precisávamos abrir uma loja ideias, eu preciso de um lugar vazio. mulheres do dia-a-dia. própria que tivesse a nossa identidade. O problema UF: Quando você começou a diversificar é que a empresa estava os produtos? endividada e nos bancos AF: Eu comecei a produzir os acessórios ninguém quis nos emprestar dinheiro. Pedimos (sapatos, bolsas, cintos) na Itália há dois anos. emprestado aos nossos amigos e familiares e Mas, as cores e as peças diferenciadas das roupas, abrimos uma pequena loja de 22 m² em Paris. Era o comecei há uns dez anos, gradativamente, a cada ano de 1994. coleção. Agora, estou também criando uma linha de cosméticos composta por elementos da Amazônia. UF: O sucesso foi imediato? A minha proposta é fazer com que a mulher que AF: Assim que abrimos, três grupos de japoneses compre a minha roupa se veja como um todo. É gostaram da ideia das camisas brancas e venderam também daí que veio a ideia de ter um SPA dentro no Japão. Foi por causa deles que conseguimos da loja. Quero que minhas clientes relaxem, sintam tocar os negócios, pois dava capital de giro. Foi prazer, se sintam bem. assim que começamos a ter compradores de UF: Você acha que trabalhar com moda é mais lojas multimarcas em toda a Europa. Hoje, temos vocação e talento do que profissão e estudo? cerca de 700 multimarcas, mas não queremos
AF: Eu acho que fazer roupas é como fazer uma
receita. Você junta todos os ingredientes e prepara um prato. Se você é auto-didata, já tem esta facilidade no coração. Tem muita gente que tem talento, mas não tem todos os ingredientes a sua disposição. É também necessário fazer algo que ninguém nunca fez. Eu tinha todos os ingredientes na minha mão e uma ideia diferente. UF: O brasileiro tem talento para moda? AF: Sim, acredito muito no potencial do brasileiro.
Vejo lojinhas que fazem produtos lindíssimos, com criatividade. Temos personalidade para fazer produtos diferenciados, não precisamos imitar o que é produzido na Europa. UF: Muitas famosas compram seus produtos. Isto te envaidece? AF: Eu não tenho nem ideia do nome das novas
atrizes que estão em voga no momento. É claro que sinto orgulho quando vejo uma celebridade usando uma peça que fiz, como, por exemplo, a Uma Thurman, que comprou 26 camisas da minha linha exclusiva. Mas, para ser sincera, me toca mais quando eu sei que uma dona de casa economizou para poder comprar uma camisa que faço, para se sentir bem vestida e bonita. Eu não faço roupas pensando nas estrelas, mas pensando nas mulheres do dia-a-dia.
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Marcas de sucesso Criar uma grife é fácil. Difícil é imprimir identidade, virar conceito Por Daniel Bender “Uma grande marca não sobrevive de números. Ela deve encontrar um modo de se inserir e de influenciar a cultura cotidiana”. Assim Alcino Leite Neto, ex-editor de moda da Folha de São Paulo, atualmente editor do Publifolha, abriu o seminário “Construção de marcas de sucesso na moda”. O evento, que aconteceu no final de abril, reuniu Osklen, Alpargatas, Animale, Richards, entre outros, para discutir o tema. Nós aproveitamos o gancho e decidimos trazer, nesta edição, algumas dicas para quem trabalha no ramo ou está pensando em criar sua própria marca, iniciando um negócio. Acompanhe. Ter história e inspirar pessoas Marca é um conceito vital para a moda”, explica Luciane Robic, diretora e marketing do IBModa. De acordo com ela, neste mercado, praticamente não existem barreiras de entrada. “O desenvolvimento de produtos é bem acessível e, quem quiser fazer uma confecção, só precisa comprar algumas máquinas (ou
terceirizar)”. Ou seja, a concorrência é forte e, cada dia, maiz veloz. “Graças à competência industrial, a lacuna entre o lançamento dos produtores de moda e os copiadores está cada vez menor. Bastam três ou quatro dias para que o melhor da coleção nova de uma grife esteja à disposição de compradores no Bom Retiro”. Por incrível que pareça, criar uma marca não é algo assim tão difícil. Mas requer trabalho. “É preciso ter história. Alguma história. E compartilhá-la entre todos. Quanto mais gente se inspirar por ela, mais forte será a percepção da marca. E, marcas mais percebidas são mais queridas”. Segundo Luciane, é esta história que
“Acredito que a Osklen é um bom case de criação de marca de sucesso. Começou pequena, pelas mãos de um médico, sem formação de moda, e hoje é uma das principais grifes brasileiras.” Luciane Robic
vai humanizar, vai colocar comportamento e deixar claro que a marca é espirituosa, clássica, carinhosa, qualitativa, etc. Mas, e se o negócio é novo e ainda não tem uma história? Luciane ressalta que sempre há uma trajetória a ser contada, mesmo que a empresa seja recente. Basta se fazer algumas perguntas como ‘por que quero estar neste mercado?’, ou ‘o que me motivou a fazer este produto?’. Grandes marcas também já foram pequenas, mesmo assim, contaram a que vieram desde muito jovens. “Acredito que a Osklen é um bom case de criação de marca de sucesso. Começou pequena, pelas mãos de um médico, sem formação de moda, e hoje é uma das principais grifes brasileiras”, conta Luciane. Isto tudo porquê, segundo ela, o tal do médico sem formação na área, fez o dever de casa e cercou-se de pessoas competentes desde o início. “A Osklen traz fundo, no DNA da marca, algo de muito brasileiro.
fotos: divulgação
Uma empresa que nasceu para vender casacos de neve, em Búzios, e acabou criando uma linha completa. Tem olhos no mundo e enxerga o Brasil perfeitamente”. Fábio Rodrigues, designer e professor de moda da Univille, em Joinville, alerta que para criar uma marca é preciso entender muito claramente qual o objetivo em relação a ela e qual o público que se deseja atingir. “Isso representa
uns 80% do trabalho”. Portanto, pesquisar com público, lojistas e representantes é fundamental. “Ter essas etapas bem resolvidas, não só aumenta as possibilidades de encontrar um resultado final mais assertivo, como também torna mais fácil resolver as etapas posteriores de desenvolvimento gráfico da marca, identidade visual e comunicação”, explica.
Erros mais comuns • Pensar apenas na comunicação e deixar o produto de lado. • Focar-se apenas na produção e deixar a marca de lado. • Pensar na marca de forma massificada. • Ignorar a influência dos canais de distribuição. • Apressar as etapas de pesquisa e definição de público. • Acreditar que é possível conduzir sozinho o processo de criação da marca.
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Seminário Corpo, Moda e ética: pistas para uma reflexão de valores Universidade Anhembi Morumbi foi palco do evento Por Juliana Zanettini Com a organização das professoras e pesquisadoras Cristiane Mesquita e Kathia Castilho, a Universidade Anhembi Morumbi sediou, no dia 27 de abril, a 1ª edição do seminário “Corpo, Moda e Ética: pistas para uma reflexão de valores”, com a participação de profissionais atuantes em áreas como nutrição, publicidade, psicologia, antropologia, direito e design.
“Sendo os designers promotores de discurso, cabe a eles a capacidade de criar novos padrões, como por exemplo, roupas adequadas a esta faixa etária, o que não existe”. Ela ainda citou uma previsão da escritora norte-americana Diana Crane, autora do livro "A moda e seu papel social", na qual afirma que no futuro os idosos irão ditar moda, pois irão deter mais dinheiro e senso crítico.
O evento foi dividido em três rodadas. Na primeira, mediada pela professora Marcia Merlo, o tema “Moda entre extremos” foi o enfoque. As palestrantes Lais Fontenelle Pereira, coordenadora da área de Educação e Pesquisa do Projeto Criança e Consumo do Instituto Alana, e Andrea Lopes, Cientista Social que desenvolve trabalhos na área de Gerontologia da USP, deram início às discussões. “Hoje em dia o papel da infância se confunde com o mundo adulto, criando imagens e papéis similares”, enfatizou Lais, que abordou o tema “Moda, publicidade e consumo infantil”. Ela também reforçou sobre o papel do designer, sugerindo que este invista nas roupas mais éticas, confortáveis, e não parecidas com as de adulto para que a criança possa exercer o seu real papel na sociedade. Andrea Lopes, que falou sobre “Moda, envelhecimento e velhice”, ressaltou que, nesta fase da vida, há ínfimas possibilidades de consumo, porém é um segmento pouco explorado, principalmente na moda. Ela enfatizou que, no Brasil, o processo de envelhecimento é visto como algo decadente e fortemente ligado às questões econômicas.
A segunda mesa, coordenada por Gilberto Mariot, graduado em Desenho Industrial e mestrando em Direito da Sociedade da Informação, destacou as “Emergências e valores nas construções das aparências”. Entre as convidadas estavam Sandra Franchini, coordenadora do curso de moda da Cesumar e Tatiana Rovina Castro Pereira, mestranda em Comunicação e Semiótica. Sandra, que falou a respeito de ‘Moda e delito”, explicou sobre a influência da moda perante o adolescente, mais precisamente sobre os hábitos de consumo daqueles de baixa renda. Ela ressaltou que o indivíduo contemporâneo recorre à fugacidade do prazer para associar consumo a felicidade. Os adolescentes tendem a imitação para se submeterem a um determinado grupo e são muito influenciáveis por vestuário. “Estes adolescentes se sentem mais respeitados com roupas de marca, porém não deixam de usar falsificações”. Com o tema “As grifes na real e na intenção de uma facção”, Tatiana abordou sobre a presença dos conceitos de moda nas favelas cariocas,
mais precisamente nas letras de músicas do funk proibido. Ela argumentou que a grife é vista por esses indivíduos como um forte objeto de desejo e é um estímulo de compra aos moradores dessas comunidades. Ela explanou que a estética dos morros é composta por meninas que usam roupas sensuais e rapazes com estilo semelhante ao dos surfistas, usando bermudão, correntes e celulares à mostra. A pesquisadora, que costuma frequentar as favelas para o enriquecimento de seus estudos, apontou que todos os moradores destes locais têm acesso as mensagens de estímulo disseminadas pelas mídias. Sendo que a moda também exerce forte papel de distinção entre as comunidades. Já a terceira rodada, mediada pela professora Luisa Paraguai, teve como enfoque “Mídias, corpo e aceitação”, com as nutricionistas Barbara Lourenço e Fernanda Scagliusi. Ambas afirmaram que as mídias são fontes de manipulação eficazes, agindo principalmente sobre os adolescentes. De acordo com Barbara, atualmente, a mídia retrata como pessoa bemsucedida aquela que é que magra. “Muitas vezes, em função do alavancar das vendas, as mídias dão enfoque aos problemas estéticos das modelos e celebridades, tratando com humor sarcástico a respeito das imperfeições corporais e exigindo um padrão estético”, acrescentou. Para um corpo perfeito, a maioria das imagens publicadas nos veículos é manipulada por ferramentas de edição, sendo esse o enfoque do discurso de Fernanda Scagliusi.
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Por fim, a última mesa de debates, mediada por Mariana Roncoletta ressaltou “O modelo capital”. A convidada Mirian Goldenberg, que é antropóloga e já escreveu diversos livros, dissertou sobre “O corpo como capital”. Mirian tratou sobre os diferentes estereótipos da mulher brasileira, sendo este um bem capital em nosso país. Ela salientou que, mesmo indiretamente, no Brasil, todos nós recebemos influências das novelas, mesmo não assistindo, em função dos padrões culturais. Portanto, aqui, o corpo exerce função de grife, distinguindo o indivíduo como superior ou não. E Silvana Holzmeister, mestre em moda, cultura e arte e editora de projetos especiais da Vogue Brasil, explanou sobre a ditadura da magreza nas passarelas. “Este não é um padrão estipulado pelas mídias, contudo pela sociedade num todo”. Segundo ela, a busca pelo corpo ultramagro teve o seu auge nos anos 1990, com a chegada da modelo Kate Moss. “As mulheres começaram então a flertar com um novo modelo de corpo, que causou desconforto, chegou às campanhas publicitárias, influenciou a passarela e ganhou a aceitação do público em geral”, finalizou.
fotos: UseFashion
Ela argumentou que a manipulação aproxima o leitor ao mundo da fantasia, sendo este elemento algo necessário para o estímulo do desejo e tomada da decisão de compra.
Universidade Federal do Ceará é a vencedora Instituição participou do Concurso dos Novos da 11ª edição do DFB
Conforme a proposta do evento, a participação foi feita em equipes de quatro a seis integrantes a partir do 2º semestre dos ensinos superior ou tecnólogo em moda, estilismo e/ou modelagem, de cada instituição, que deveria apresentar uma coleção a partir do tema “Dragão do Mar – Francisco José do Nascimento, o Chico da Matilde. Cearense, Jangadeiro, Abolicionista”. (personagem da história do Ceará conhecido por sua luta pela libertação dos escravos no Estado). O concurso teve o objetivo de divulgar novos nomes da moda cearense, possibilitando aos estudantes uma experiência profissional de trabalho em grupo, transformando a competição individual em uma ação de coletivos.
fotos: Roberta Braga Studio/Osvaldo F./Ricardo K.
A Universidade Federal do Ceará faturou o primeiro lugar no Concurso dos Novos durante a 11ª edição do Dragão Fashion Brasil. A vencedora apresentou a coleção “Dragão da Matilde, Chico do mar”, com peças assimétricas, apostando nos volumes localizados e na aplicação de taxas.
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opinião
tendências para a indústria têxtil O que é a moda sustentável? Por Carolina Murphy Sabe aquela camiseta de algodão natural do seu armário que traz, geralmente, uma mensagem amigável, insígnia de banda de rock ou política? Na verdade, a camiseta pode ser a roupa ambientalmente mais tóxica que você possui. E, no Brasil, cerca de 450 milhões de peças de camisetas são produzidas por ano. De acordo com estudo do IISD (Instituto Internacional para o Desenvolvimento Sustentável), para confeccionar uma camiseta de 250 gramas, na China, utiliza-se, em média, 160 gramas de agrotóxicos. Uma pesquisa do Departamento Agrícola dos Estados Unidos aponta ainda que cerca de um terço dos pesticidas e fertilizantes produzidos no mundo são pulverizados sobre o algodão. A Organização Mundial de Saúde (OMS) afirma que 25% dos inseticidas produzidos mundialmente são utilizados nas plantações do algodão e que, quase metade deles, é extremamente tóxica. O Aldicarbe (ou Temik 150) é, por exemplo, o segundo pesticida mais utilizado na produção de algodão mundial e, apenas uma gota dele absorvida pela pele, é suficiente para matar um adulto.
Isso explica porque celebridades, como Jason Mraz, apareceram nos Grammys usando ternos de plástico reciclado. Mas o movimento de “ecologização” da indústria da moda levanta uma pergunta ainda mais relevante: o que seria a moda sustentável? Para encontrar respostas coerentes e práticas seria necessário ter a opinião de profissionais do lado menos atraente da indústria da moda, como pesquisadores ambientais e engenheiros de produção especializados na fabricação de tecidos, envolvidos em estudos de impacto ambiental.
moda sustentável, em que designers conhecidos criaram peças de fibras naturais fabricados de forma mais sustentável.
No Brasil, diversos produtores da Paraíba já trabalham com a IFOAM (International Federation of Organic Agriculture Movements) para atender à legislação referente a produtos orgânicos da Comunidade Europeia e dos Estados Unidos. Em 2007, cerca de 7.500 hectares nos Estados Unidos foram dedicados à safra de algodão orgânico. E programas como o “North American Organic Fiber Processing Standards” já estão se popularizando junto à indústria da moda.
Outra alternativa seria o processo de reaproveitamento de produtos descartados como o Upcycling, do qual o terno de Jason Mraz é um bom exemplo. O problema é descobrir como fazer o Upcycling em escala comercial. O importante é a conscientização de que sustentabilidade não se trata de um modismo passageiro, mas sim de um assunto que deve ser abordado de forma coerente e séria.
Em fevereiro de 2010, na Fashion Week de Londres, a exposição “Estethica” foi dedicada à moda ecologicamente sustentável. Em março de 2010, o Fashion Institute of Technology em Nova York, uniu forças com a Universidade de Delaware e com a escola de design Parsons para montar uma exposição de moda sustentável, intitulada “Passion for Sustainable Fashion”, na qual os estudantes criaram roupas com matérias de origem ética e matérias-primas ecologicamente neutras.
De acordo com as projeções do DataMonitor, o mercado varejista de vestuário no bloco BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) deverá chegar a US$ 253,6 bilhões em 2013. Por ser o principal produtor e importador de algodão cru e o maior exportador de tecidos de algodão e vestuário acabado do mundo, a indústria têxtil chinesa tem grandes interesses neste novo cenário. Sendo assim, ela já está se organizando para estabelecer requisitos necessários à obtenção de escala na cadeia de produção de roupas orgânicas. Sua cadeia produtiva já passou por danos que precisam ser resolvidos. O avanço do vasto deserto de Takla Makan, por exemplo, cujas dunas engoliram cidades inteiras e apavoram os moradores dos subúrbios de Pequim, tem sido associado à produção industrial do algodão em larga escala na província árida de Xinjiang ocidental.
foto: divulgação
Levantamento do IISD em conjunto com o Centro para Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente da Academia Chinesa das Ciências Sociais de Beijing revela que o algodão está no topo da lista de produtos que precisam de controle ambiental. Isso porque a água, os agrotóxicos utilizados no seu cultivo, os resíduos deixados nos rios e os restos despejados em aterros fazem com que o ciclo de vida da sua humilde camiseta de algodão tenha deixado um rastro ecológico gigantesco.
Para desenvolver uma peça de roupa verdadeiramente orgânica, que não seja financeiramente exorbitante, designers, estilistas e consumidores de moda, precisam trabalhar em conjunto com profissionais especializados em gestão de sustentabilidade. No entanto, para ser qualificado como orgânico, o algodão ou lã, precisa passar por inspeções e processos sofisticados para não ser tocado por produtos químicos e substâncias tóxicas. Mas, a indústria têxtil mundial encontra grande dificuldade para definir os padrões de qualidade mínimos necessários à criação de um produto realmente orgânico e sustentável.
Além da indústria têxtil, o universo da moda também está se mobilizando. No mês passado, a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento, em Genebra, realizou a EcoChic: um desfile de
Carolina Cabral Murphy é pesquisadora da Columbia University e fundadora da MicroEmpowering.Org, com sede em Nova York (EUA).
foto: sxc.hu/reprodução
es t ilo
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Gloria Corbetta O estilo de vida da designer de joias em 5 imagens Artista plástica, escultora e designer de joias, a gaúcha, Gloria Corbetta, é casada há 20 anos com o arquiteto Pedro Gabriel e tem uma filha, de 16 anos, Florença Miranda e Castro, que considera ‘a luz da sua vida’. Começou na carreira aos 18 anos e, aos 20, já fazia sua primeira exposição individual. Com showroom em Porto Alegre, Gloria viaja bastante. “Uma vez por ano, vou a Nova York para participar da SOFA (Sculpture Objects Funcional Art) e também para fazer aulas de laboratório na universidade GIA (Gemológical Institute of America), considerada o maior centro gemológico do mundo”. Atualmente, está estudando Gemologia. Conheça o estilo desta mulher multifacetada em cinco itens escolhidos por ela.
fotos: divulgação
SOFA | NY “Todos os anos participo da SOFA (Sculpture, Objects Funcional Art), em Nova York, com minha linha de joias. Esta foto é de 2008. Estou usando um vestido que fiz de tela de arame com tiras de alumínio. Ao meu lado, Anoush Waddington, grande artista de joias de silicone e acrílicos.”
Arte “Coleção de santos barrocos, que comecei ainda menina, com 15 anos, quando morei com minha família em Belém do Pará. Admiro a escultura maravilhosa destes santeiros desconhecidos, grandes mestres do entalhe.”
Polenta “Minha cachorrinha Polenta é a companheira das tardes de leitura, aos finais de semana, quando nos sentamos junto à lareira e esquecemos da vida.”
Design renomado “Este colar de ágata tingida, prata e ametistas está no museu da GIA (Gemological Institute of América), na Califórnia. Fica em um espaço intitulado ‘The Soul of Brazil’. Minha obra está ao lado de outras nove joias criadas por designers brasileiros convidados."
Coleção “Minha coleção de botas texanas que comecei a usar quando tinha 18 anos.”
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L.A.M.B | NY
c alรง ados & bol s a s
edi torial de mod a i n ver n o 2011
As muitas faces do Inverno 2011 direção de pesquisa: patrícia souza rodrigues texto e edição de moda: Eduardo Motta fotos: © Agência Fotosite
A moda dá passos largos rumo ao ecletismo, atendendo a necessidade crescente de oferecer produtos para públicos multifacetados. Tem sido dessa forma há um bom tempo e o fenômeno tende a se intensificar. Ainda assim, aqui estão as linhas convergentes, que nos permitem traçar diretrizes com segurança, e, a partir delas obter toda a riqueza de opções que o mercado demanda. Nesta edição, veja as muitas personalidades que as propostas para bolsas e calçados assumem. Todas potentes, todas importantes e fundamentais para se fazer belas coleções e bons negócios na estação. Observe que boa parte das tendências olha para o passado para fazer a moda atual, e entenda como calibrar corretamente toda essa nostalgia.
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Kenzo | Paris
Roberto Cavalli | Milão
Chanel | Paris
Roberto Cavalli | Milão
Iódice | NY
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i n ver n o 2011
Dior | Paris
Louis Vuitton | Paris
Mulberry | Londres
Chanel | Paris
Costume National | Milão
Selvagem O primitivismo envolve a moda em peles falsas, acabamentos aparentemente brutos e gosto, literalmente, não civilizado. É uma forma radical de celebrar e comentar a natureza, tão distante do dia-a-dia e sempre abastecendo o imaginário da moda. Pense em detalhes de pele para botas e bolsas, animal print, clogs robustos, efeitos rasgados. Para entrar no clima da tendência, pense em mulheres fortes e primitivas, de algum ponto no passado, bem antes do mundo organizado como conhecemos hoje.
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Haute | MilĂŁo
Kenzo | Paris Dior | Paris
Matthew Williamson | Londres
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i n ver n o 2011
Rural Para quem não quer radicalizar na mensagem naturalista, um cheirinho de campo já basta. No caso, invista em tons terrosos, mais quentes que o usual, misture-os com cores fortes, use tramas e couros desgastados para fazer sandálias, bolsas e botas de espírito western (sem exageros). Não esqueça das muitas fivelas e dos detalhes tipo polaina, que prometem aquecer a temporada com reminiscências de selaria e antigas fazendas.
Luciano Soprani | Milão
Chanel | Paris
Chloè | Paris
Bottega Veneta | Milão
Julien Macdonald | Londres
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c alç ados & bol s a s
Alexander McQueen | Paris
Alexander Wang | NY
Marc Jacobs | NY
Carolina Herrera | NY
Mary Katrantzou | Londres
Aristocrático Uma das tendências fortes em curso no mercado global é a valorização da tradição. Trazer à tona o melhor do passado e dar a ele uma nova cara é recurso eficiente, transmite segurança ao cliente e seduz com o apelo estável e nobre dos clássicos. Bem, tudo isso é fato, mas, tome cuidado para não se perder e sair empoeirado da experiência. Esta é uma tendência bem-humorada e é assim que deve ser abordada. Ela apela para o que já é conhecido, mas exagera na dose e envereda pela ampliação de enfeites e pelo excesso, a fim de renovar o repertório. É tiro certo, desde que se calibre bem nas medidas.
edi torial de mod a i n ver n o 2011
Valentino | Paris
Paul Smith | Londres
Sophia Kokosalaki | Paris
Louis Vuitton | Paris
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c alç ados & bol s a s Prada | Milão
Louis Vuitton | Paris
Bottega Veneta | Milão
Mulberry | Londres
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i n ver n o 2011
Alviero Martini Prima Classe | Milão
Moschino | Milão
Marni | Milão
Mila Schon | Milão
Vintage Outra olhada para trás, mas de curto alcance. Aqui, vamos esbarrar nos anos 1950 e 1960 e, vão respingar no conjunto, alguma coisa de outras décadas recentes. As bolsas são pequenas, volumosas como valises. Os calçados exibem linhas bem variadas, ora nas curvas sinuosas dos anabelados, ora em botas que lembram Courréges. Também entram na lista, os saltos cortina e as cores fortes nos scarpins. A alma do estilo é pop, é divertida, tem simpatia pelas estampas e brincadeiras formais. É o que acontece na carteira-caderno da Moschino, por exemplo. A palavra de ordem é diversão.
Versus | Milão
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c alç ados & bol s a s
Jill Stuart | NY
Mary Katrantzou | Londres
Jil Sander | Milão
Versus | Milão
Urbano: Militar Os estilos urbanos se multiplicam. Entre eles, é patente a permanência do militar, que comparece na cartela nos botões, na praticidade estratégica e na robustez.
L.A.M.B | NY
edi torial de mod a i n ver n o 2011
Frankie Morello | Milão
Just Cavalli | Milão
Valentino | Paris
Dsquared2 | Milão
Urbano: Dark mood Nem só gótico, nem só rocker, mas um caldo de tudo isso, temperado com elegância e muito preto. Referências originalmente informais se aprumam nesta tendência.
Louise Goldin | Londres
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Versus | Milão
Versace | Mião
John Rocha | Londres
Versace | Milão
Martin Grant | Paris
Urbano: By night Outros brilhos faíscam na noite das cidades. Pense em anos 1990, em metalizados e em mulheres que não precisam mais provar nada para ninguém.
edi torial de mod a i n ver n o 2011
Marni | Milão
Milas Schon | Milão
Just Cavalli | Milão
Fendi | Milão
Urbano: Performance O esporte deixa traços perceptíveis em boa parte da modelagem. Nada é literal, tudo é alusivo. Viver nas cidades não é simples, mas estes são produtos que facilitam a tarefa.
Y-3 | NY
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memória
pierre cardin império comemora 60 anos Por Juliana Zanettini Pierre Cardin é um dos nomes mais conhecidos do universo da moda. Foi um dos primeiros a propagar sua marca pelos quatro cantos do planeta mesmo sem utilizar as técnicas de marketing ou de comunicação que conhecemos atualmente. O costureiro italiano nasceu em julho de 1922, em San Biagio Di Callalta, cidade próxima à Veneza. Filho de pais franceses, Pietro, que é o seu nome de batismo, mudou-se ainda criança com a família para Saint-Étienne, na França. Assim como grandes criadores contemporâneos, o descobrimento no mundo da moda deuse ainda muito cedo, uma vez que o menino costumava desenhar roupas de boneca para as crianças da vizinhança.
Depois das experiências adquiridas, Cardin decidiu abrir seu próprio ateliê no ano de 1950. Assim como André Courrèges e Paco Rabanne, o costureiro fazia parte da tríplice coroa do futurismo da moda, introduzindo, em 1954, o vestido bolha. Seu peculiar estilo futurista logo tomou fama, tendo como destaque as formas geométricas, além de um conceito que antes parecia incabível aos criadores de Alta-Costura, ou seja, a roupa unissex. Além disso, em 1959, ele foi o primeiro a criar uma coleção prêt-à-porter, estabelecendo então padrões de qualidade para as roupas de produção em série. Ele também trouxe cor e formas inusitadas à moda masculina. Em nome da democratização da moda, também em 1959, Pierre Cardin desenvolveu uma coleção para a loja de departamentos Printemps, sendo expulso do Chambre Syndicale de la Haute Couture pelo fato de ter criado uma coleção comercial. Contudo, após o incidente, Cardin logo foi reintegrado, sendo
Com uma visão de futuro apurada, Cardin também foi o primeiro costureiro a enxergar a Ásia como mercado em potencial e, em 1979, fez um acordo comercial com a China para a produção da sua marca, ainda numa época em que a potência asiática não tinha a força que tem hoje. No ano de 1981, Cardin comprou os restaurantes Maxim´s, abrindo filiais do estabelecimento em cidades como Londres, Pequim e Nova York. Na sequência, ele ampliou seu leque de produtos, trabalhando também com perfumaria, artigos domésticos e até bicicletas. Isso tudo sem gastar um centavo com campanhas publicitárias. Em 1991, Pierre Cardin foi ainda o primeiro
costureiro francês a ser homenageado em vida por um dos museu, no caso o Victoria & Albert, em Londres. Em 1992, ele também foi pioneiro, integrando a Academia de Belas Artes da França. Atualmente, a casa Pierre Cardin possui mais de 800 licenças em cerca de 140 países, vendendo até em supermercados. Em 2005, aos 82 anos, Pierre Cardin tornou explícitos os planos de aposentadoria, colocando à venda sua marca, que é uma das mais rentáveis do planeta. Nada mal para o menino que queria ser famoso. Para comemorar 60º aniversário da Maison Pierre Cardin, a editora Assouline lançou o livro Pierre Cardin: 60 Years of Innovation. É um ano de comemoração.
c.hu dução e sx fotos: repro
Quando jovem, começou a trabalhar como aprendiz de alfaiate para ajudar financeiramente a sua família. Depois de ouvir de uma cartomante que seu nome seria um dos mais conhecidos do mundo, Cardin seguiu de bicicleta até Paris em busca de seu sonho. Em função das técnicas conquistadas com a alfaiataria, ele trabalhou com ninguém menos que Elsa Schiaparelli, no ano de 1935. Por conta de sua incrível habilidade, um pouco mais adiante, Cardin encabeçou a equipe de Alta-Costura da maison Paquin, e, em 1946, ajudou a criar o figurino de Jean Cocteau, para filme “A Bela e a Fera”. No ano seguinte, foi responsável pela maison Dior, contudo, não foi aceito pela Balenciaga.
um dos membros do sindicato até o ano de 1993.