UseFashion Journal - Julho de 2010

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ANO 7 • nº 78 • julho 2010 • Edição Brasileira

moda profissional

verão 2010/11

temporada brasileira

R$20,00

Bolsas para homens | pág. 30 Corpo e alma do inverno 2011 | pág. 44 Mary Arantes mostra seu estilo | pág. 61

ISSN 1808-6829

Fashion Rio + SPFW | pág. 64




nesta edição

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Capa: Ronaldo Fraga mergulha na cultura popular, faz coleção ultrafeminina e capta brasilidade em versão pop. 22

na capa 30

MASCULINO Homens se rendem às bolsas.

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REPORTAGEM Corpo e alma do inverno 2011.

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Mary Arantes, da Mary Design, em 5 itens de estilo.

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EDITORIAL DE MODA Temporada brasileira Verão 2010/11.

curtas 22 ACESSÓRIOS

As novas camélias da Chanel e mais flores. 26 RADAR INTERNACIONAL Universo vitoriano no inverno 2011. 28 RADAR NACIONAL Elementos da natureza no verão 2010/11.

06 PORTAL USEFASHION.COM

07

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34 INFANTIL

Militarismo na moda das crianças. 58

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61 44

moda 12 VESTUÁRIO

O melhor da Casa de Criadores. 18 CALÇADOS

Casuais descolados: novidades do Fashion Rio. 20 BOLSAS

Bem agarradinhas: mochilas divertidas no Fashion Rio.

gente 08 É MODA

Bastidores do Fashion Rio e da SPFW. 10 PAPARAZZI

Puro glam nas celebridades da SPFW. 54 PERFIL

Renata Rubim, a primeira a falar sobre design de superfície no Brasil. 61 ESTILO Conheça o estilo de vida de Mary Arantes.

Eventos de julho no portal usefashion.com. DICAS DA REDAÇÃO Exposição The American Woman; Exposição American High Style, Acervo de Isabella Blow arrematado. ACONTECE Os lançamentos do Fashion Business, do SICC, da Fenim e da Denim by Première. CAMPUS Vencedora do Moda Inclusiva; Premiada no Festimalha; Workshop no Instituto Rio Moda; Santa Marcelina adquire livro de Yves Saint Laurent. MEMÓRIA 40º aniversário de morte de Jimi Hendrix 78


expediente visual de loja

Diretor-Presidente Jorge Faccioni Diretora Alessandra Faccioni Diretor Executivo Wilson Neto Diretora de RH Patrícia Santos Diretora de Pesquisa Patrícia Souza Rodrigues

40 visual de loja

Tempo de liquidação. Dicas para fazer boas vitrines no período.

design

Núcleo de Pesquisa e Comunicação

50 design

Especial Fashion Bottles.

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negócios 56 negócios

A polêmica das liquidações. Acompanhe a opinião de especialistas sobre as vantagens e desvantagens para o varejo.

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opinião Pontos sem nó. Por Eduardo Motta.

60 opinião

Fashion Rio e SPFW sob o ponto de vista do consumo. Por Ana Paula de Miranda.

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ao leitor

Seguimos a edição colocando em evidência as matérias-primas do inverno 2011 em nossa Reportagem. Nela, começamos relembrando os temas analisados pela UseFashion para as megatendências da temporada. Em seguida, partimos para uma amostra dos lançamentos de algumas das melhores empresas de matérias-primas para o setor de vestuário com atuação nacional. Veja as novidades em tecidos, fios e fibras que estarão dando corpo e forma às novas coleções, com um ano de antecedência.

Editora-Chefe Journal Inêz Gularte (Mtb 7.775) Edição de Moda Eduardo Motta (consultoria) Editora do Portal Aline Ebert (Mtb 13.687) Redação Fernanda Maciel (Mtb 13.399), Juliana Wecki (Mtb 14.781), Eduardo Pedroso (assistente). Núcleo de Design Carine Hattge (coordenadora de design), Aline Gonçalves (diagramadora), Jucéli Silva, Thaís Teckmeier e Vanessa Machado (web designers), Daiane Padilha, Daiane Nogueira, Francine Virote, Patrícia Hagemann, Renata Brosina e Vivien Hackenhaar (classificação e tratamento de imagens). Equipe de Pesquisa Náthali Bregagnol (coordenadora de Pesquisa), Natalia Bertolo (analista) e Thaís de Oliveira (estágio de design de moda). Consultores Angela Aronne (malharia retilínea e underwear), Daniel Bender (inovação), Eduardo Motta (vestuário feminino e masculino), Juliana Zanettini (beachwear e jeanswear), Kamila Hugentobler (calçados), Nájua Saleh (bolsas), Paula Visoná (malharia circular), Renata Spiller (infantil, acessórios, surfwear) e Vanessa Faccioni (visual de loja). Colaborou nesta edição Ana Paula de Miranda.

UseFashion Journal (ISSN 1808-6829) é uma publicação mensal do Sistema UseFashion de Informações

52 cultura

A temporada brasileira de moda verão 2010/11 é capa desta edição. Selecionamos para você o que de mais importante passou pelas passarelas cariocas e paulistas. Fashion Rio mostrou um romantismo naturalista embalado por estampas suaves, bem no clima da estação. SPFW veio cheio de urbanidade investindo na construção apurada, na matéria-prima e na sustentação conceitual. Em uma análise apurada, apontamos estilos, pontos fortes e coleções de destaque, para depurarmos o que você não pode deixar de saber sobre a temporada nacional.

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No Masculino, abordamos as necessidades da era da tecnologia que aproximaram os homens das bolsas. Afinal, todos precisam levar consigo seus aparatos tecnológicos! Veja como as bolsas masculinas se tornaram uma necessidade e como estão virando itens de estilo. Leia ainda nesta edição: o melhor da Casa de Criadores (em Vestuário); as celebridades que passaram pela SPFW (em Paparazzi); as novas camélias da Chanel e mais flores (em Acessórios); o estilo de Mary Arantes (Estilo) e as liquidações, abordadas em dois momentos – em Visual de Loja, com ideias de vitrines, e também em Negócios, com um questionamento sobre fazer ou não fazer liquidação. Conheça a opinião de especialistas e tenha mais subsídios para formar a sua.

Tiragem: 10.000 exemplares Impressão: Midia Gráfica - RBS Vários dos conteúdos que abordamos nesta edição podem ser complementados no portal usefashion.com. Alguns são de acesso exclusivo para assinantes do portal. Ligue 0800 603 9000 e veja como acessar. Os textos dos colunistas e colaboradores são de responsabilidade dos mesmos e não representam necessariamente a opinião da empresa. Todos os produtos citados nesta edição são resultado de uma seleção jornalística e de consultoria especializada, sem nenhum caráter publicitário. Todas as matérias desta edição são de responsabilidade do Núcleo de Pesquisa e Comunicação da UseFashion. Proibida a reprodução, no todo ou em parte, sejam quais forem os meios empregados, sem a autorização por escrito do Sistema UseFashion de Informações.

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Tudo isso e muito mais no UseFashion Jornal deste mês. Boa leitura e ótimos negócios!

Jorge Faccioni Diretor-Presidente

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por tal u se fa s hion .com

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co n t e ú d o pa r a a s s i n a n t e s

foto: © Agência Fotosite

Por Aline Ebert

UseConnect, entre nesta rede social de moda! UseConnect, a rede social da UseFashion, já está no ar com centenas de inscritos até o fechamento desta edição. O endereço www.usefashion.com/useconnect é aberto para qualquer pessoa criar um perfil e trocar informações em fóruns, comentários, vídeos, fotos e outras plataformas. Acesse e faça parte também.

foto: reprodução

Miami SwimShow

Moda praia e moda íntima A cobertura de duas feiras de moda praia e lingerie, neste mês, promete muitas novidades. Miami SwimShow acontece entre 17 e 20 de julho, enquanto Body Look, entre 25 e 27. Ambas apresentam lançamentos de verão 2011/12.

Área Técnica

Home>Feiras foto: reprodução

Todo conteúdo técnico do portal, que antes era publicado em Notícias, agora pode ser encontrado no link Área Técnica, no menu superior. Fichas infantis, jeans e moda praia, e receitas de jeans e couro rendem ideias importantes para desenvolvimento de produtos antenados com as tendências. Home>Área Técnica

foto: reprodução

Twitter: siga e concorra a prêmios

Julho

calendário 03 05 05 07

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Playtime Desfiles de Alta-Costura Francal Bread & Butter

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a 08 - Pitti Filati e 20 - Miami SwimShow a 21 - Spin Expo NY a 24 - SIMM

25 e 27 - Body Look 25 a 28 - JA NY Summer Show

@usefashion é o twitter do portal e journal UseFashion. Diariamente, são postadas notinhas de até 140 caracteres, resumindo notícias e outras novidades que a redação fica sabendo. Ou seja, quem segue, fica atualizado antes mesmo do recebimento da newsletter diária. Em julho, uma ação premiará seguidores com brindes. www.twitter.com/usefashion


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dicas

da redação The American Woman: Fashioning a National Identity

foto: Alex Hills/divulgação

Até o dia 5 de agosto o Metropolitan Museum of Art, em Nova York, apresenta a exposição The American Woman: Fashioning a National Identity. A mostra destaca o desenvolvimento da percepção da mulher norte-americana entre 1890 e 1940, através dos estilos que revelam as revoluções femininas ao longo do período através da sua emancipação sexual, política e social, que de alguma fora contribuíram para a mulher de hoje. Uma verdadeira aula de história! Saiba mais em: http://www.metmuseum.org/special/

foto: reprodução

American High Style: Fashioning a National Collection Paralelamente a exposição do Met, o Brooklyn Museum traz sua Costume Collection na exposição American High Style: Fashioning a National Collection, que ficará até o dia 1º de agosto. São aproximandamente 85 vestidos e uma seleção de chapéus, sapatos, croquis e diversos outros acessórios de moda. Entre as peças, criações de Bonnie Cashin, Hawes Elizabeth, Claire McCardell, Charles Frederick Worth, Elsa Schiaparelli, Jeanne Lanvin, Paquin Jeanne, Madeleine Vionnet, Christian Dior e outros que tiveram grande influência sobre as mulheres americanas e a moda. Na imagem, vestido de Charles James - 1906–1978). Acesse: http://www.brooklynmuseum.org/exhibitions/ american_high_style/

Isabella Blow: leilão do acervo foto: reprodução

A casa de leilões Christie’s South Kensington, em Londres, havia marcado para o dia 15 de setembro o leilão do acervo fashion da editora e ícone da moda internacional, Isabella Blow, falecida em 2007. Porém, a multimilionária Daphne Guinness comprou o lote, pois, segundo ela, o DNA de Blow não deveria ser espalhado aos quatro ventos. “Quero manter o acervo como um monumento’, disse ao The New York Times. Entre as peças, 90 criações do também falecido Alexander McQueen – que, diga-se de passagem, era muito amigo de Blow -, 50 chapéus do designer Philip Treacy, e peças de John Galliano e Manolo Blahnik.


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F a Maria Eugênia Suconic, hostess e produtora de moda, esteve no Fashion Rio e mostrou que, mesmo na cidade maravilhosa, onde o tropical toma conta, o estilo rock ‘n’ roll imperou.

Fedora preto com apliques de pirâmides deixa claro o estilo pesado que o acessório quer passar. Ele poderia carregar o visual, mas, com a sutileza do look e o hairstyle liso, fica perfeito. O batom rosa, bem atual, reforça a feminilidade.

Pele branca em contraste com o black total! Microvestido tomara-que-caia com franzidos (essenciais no trabalho de superfície), delineia o corpo esguio. O casaco de paetês, também preto, destaca o brilho e faz uma mistura indiscutível de glam rock.

Ankle boots de verniz preto salientam o brilho e favorecem os pés femininos. Geralmente, caem bem com roupas curtinhas, pois, do contrário, dão a impressão de pernas menos longas, encurtadas.

Tarefa difícil é conseguir equilíbrio entre leves e pesados. Mas, aqui, o resultado ficou incrível. As inúmeras pulseiras metaleiras entram em sintonia com o chapéu e dão ainda mais personalidade ao visual. As unhas pretas reafirmam o dark da produção.


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Com chapéu, hairstyle chanel e franja curtinha, Mayana chama atenção na primeira fila do evento. O batom vermelho Dior 857 é o destaque da make, com sucesso, claro!

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O blazer de alfaiataria curto tem aplique de metais diferenciados, nas formas e banhos. A gola smoking dá o charme na peça.

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Mayana Moura, a estilista Milena da novela Passione, esteve presente no desfile de Tufi Duek e arrasou em seu preto total sofisticado com pegada rock.

As unhas da atriz são inspiradas nos anos 1920, com francesinha invertida.

A bolsa de camurça preta, com aplique de metais e alça composta por corrente dourada, abusa do contraste e da mistura do metal com o sofisticado.

Seguindo com o preto, mas agora com um brilho fosco, a meia-calça ganhou espaço sutil na produção.

Para pernas longas como as dela, as botas over kness agregam valor ao visual.


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p ap ara z zi fotos: © Agência Fotosite

Puro glam na SPFW Por Nájua Saleh

Paris Hilton

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Raquel Zim

Três mulheres badaladas do mundo fashion chamaram a atenção nos backtages dos desfiles. Raquel Zimmermann, que desfilou para Animale, apareceu com look minimalista e rocker, com destaque para o colete com metais aplicados. Gisele Bündchen, que segue sendo a cara da Colcci, posou com o look da marca para os fotógrafos. Enquanto isso, Paris Hilton vem com microvestido estampado de fogos de artifícios. Pura festa na SPFW.

Gisele Bün

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ve s t uário

p o n to d e v i s ta

Casa de Criadores Evento traz equilíbrio entre conceito e experimentação Por Henriete Mirrione

Yoon Hee Lee - Projeto Lab

fotos: © Agência Fotosite


A 27ª edição da Casa de Criadores, realizada no final de maio, no Centro de Convenções Frei Caneca, em São Paulo, apresentou um line-up mais enxuto do que a edição anterior, desta vez com 16 marcas. Desfilaram estreantes vindos do Projeto Lab como Danilo Costa, Arnaldo Ventura e Karin Feller, e estilistas veteranos como Geraldo Couto, os designers Mark Greiner e Weider Silveiro, da Purpure, e as irmãs Carolina e Isadora Fóes Krieger, da marca Gêmeas. Na primeira noite, os principais highlights foram os trabalhos de Mario Francisco, da Der Metropol, com uma coleção masculina de forte apelo comercial, inspirada na cultura do antigo Egito, mesclada de um streetwear com construções em alfaiataria. Os vestidos de festa perfumados pelo folclore da Hungria, numa combinação requintada de transparências, brilhos e matérias-primas nobres, foram pontos altos de R. Rosner. O estreante no line-up oficial, Jadson Raniere, buscou na postura do homem atual inspiração para criar silhuetas que carregam proporções em experimentações exageradas ou estruturadas. A segunda noite foi marcada pela apresentação de Rober Dognani, com peças de apelo contemporâneo, baseadas numa colagem de ideias e com silhuetas carregando volumes na parte inferior do corpo, além de desconstruções e sobreposições, tudo em malha finíssima, ao lado de cetim de seda pura, tafetá, brocado e algodão. Outro destaque da noite foi a excelente apresentação dos jovens talentos estreantes no Projeto Lab. A coleção da tímida Yoon Hee Lee, indicada pela designer Thais Losso para integrar o projeto e única convidada pela organização sem passar pelo processo de seleção, chamou a atenção com peças conceituais e tridimensionais, inspiradas na “Viagem Astral”, na qual o espírito se desprende do corpo, numa combinação instigante de leveza, transparência, volume e rigidez. Já os demais integrantes do Lab - Luiz Leite (vencedor da primeira edição do Fashion Mob, realizado em novembro de 2009); JUSS, da ex-publicitária Juliana Souza; Cynthia Hayashi e

Gabriela Sakate mostraram coleções equilibradas, ora ousadas e experimentais, ora permeadas de um mix vibrante de conceito, desejo e estilo comercial. O pernambucano Gustavo Silvestre abriu as apresentações da última noite com uma coleção revigorante, inspirada no carnaval de rua de Olinda, mostrando silhuetas com movimento, como vestidos fluidos carregando estampas multicoloridas, se contrapondo a outras que marcam o corpo, especialmente em peças com bordados em fios brilhantes ou em patchwork de denim reaproveitado. Encerrando, Walério Araújo brilhou com um desfile para lá de especial, comemorando o aniversário de 40 anos. Entre amigos e clientes, o designer apresentou roupas que mesclam sensualidade e ingenuidade, exploradas por meio de transparências e decotes, com estampas e bordados coloridos de desenhos infantis sobre tecidos nobres, além de outras peças e adereços de cabeça com cristais, bordados e pérolas, numa alusão a docinhos de festa. Para as próximas edições da Casa de Criadores, André Hidalgo (organizador e idealizador do evento) promete incrementar ainda mais o Projeto Lab, trazendo para o line-up da edição de inverno 2011, em novembro, o vencedor de um concurso para novos designers de Santa Catarina, o Salão de Novos, que será realizado dentro do ‘Moda Vanguarda’, em Guaramirim, sob o comando do próprio empresário. Em agosto, Hidalgo pretende lançar ainda o projeto de uma feira de negócios - por enquanto, sem nome - que deverá abranger o design de moda em roupas, sapatos e acessórios, visando ampliar o lado comercial da CdC. O salão deverá ser realizado em paralelo à edição de verão 2011/12, em maio de 2011, com aproximadamente 40 marcas participantes. Também no ano que vem, o evento ganhará uma edição itinerante, prevista para viajar por quatro capitais do Brasil. “Na verdade, estas edições funcionarão como ‘laboratórios’ dos quais serão escolhidos novos criadores que participarão dos desfiles em São Paulo”, conta Hidalgo.


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ve s t uário

p o n to d e v i s ta

Feminino carregando drapeados de tule ou desenhos delicados, ou shorts de efeito paetizado com regatas de ar fresh. No quesito high-low, roupas que combinam malhas finíssimas com tecidos nobres, ou malhas mais encorpadas com imagens multicoloridas, em formas amplas (em vestidos soltos e macacões, uma das peças-chave da estação), carregando detalhes de

apelo sustentável como lona resinada e cordões. Já, quando o assunto é experimentar, a ideia é investir em volumes, proporções exageradas, deslocamentos ou de efeito tridimensional, trabalhados em materiais como tela grossa, para dar forma, couro sintético, sarja acetinada e outros tecidos planos.

fotos: © Agência Fotosite

brilho, tecidos nobres, transparência, volume e requinte

Para o verão 2010/11, os estilistas da Casa de Criadores apostam na dualidade de estilos. Isto é, dá para abusar de roupas com babados, cores intensas, brilhos, bordados, transparências, plumas, rendas, volumes e maxiestampas, principalmente para os dias de festa, ou optar por um look mais despretensioso, com peças que combinam conceito e apelo comercial, como vestidos mais curtinhos,

R. Rosner

Walério Araújo


hi-low | combinação de matérias-primas

conceito e comercial

Jadson Raniere

calçados

Cynthia Hayashi - Projeto Lab

Arnaldo Ventura

Rober Dognani

experimentação e ousadia

Gustavo Silvestre

Yoon Hee Lee - Projeto Lab

Definitivamente os designers da Casa de Criadores querem colocar as mulheres em saltos altos. A maioria das propostas vem em meia-pata embutida, aparente ou tipo ‘mega’ plataforma, com saltos que vão dos mais experimentais e inusitados, passando pelo fino com detalhes, até os mais grossos. No cabedal, destaque para as tiras, inclusive as transparentes. Nas matérias-primas, vale tudo: metal, acrílico, madeira, couro liso, com textura ou metalizado e tecidos bordados.


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p o n to d e v i s ta

Masculino

Arnaldo Ventura

Luiz Leite - Projeto Lab

camisaria e alfaitaria | brincadeira com clássicos

A proposta é de uma roupa contemporânea, descompromissada, com lembranças de alfaiataria clássica, pontuada por detalhes inesperados como combinações de tecidos femininos e masculinos numa única peça, recortes sobre denim orgânico, adornos metalizados e mix suave de cores num mesmo look. A camisaria carrega adornos sutis como recortes, faixas, dobras e detalhes em fitas trançadas, acompanhadas de shorts com pregas anticonvencionais. Calças, bermudas e shorts com bolso faca também estão em evidência.

Der Metropol

Juss - Projeto Lab


Caimi&Liaison

MOSCHINO

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PRIMAVERA VERÃO

COLEÇÃO

*imagens meramente ilustrativas extraídas da internet. A Caimi&Liaison e a Bureau Design não possuem quaisquer direitos e tão pouco se responsabilizam sobre as imagens contidas nesse anuncio.

CAIMI&LIAISON

2011

DE

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LAM

MATRIZ: RS 239, 5966 - ZONA INDUSTRIAL CAMPO BOM/RS FONE: (51) 3204-3400 SHOW ROOM JAÚ: (14) 3622-0527 SHOW ROOM SÃO JOÃO BATISTA: (48) 3265-2052 FEMININO•MASCULINO•ESPORTIVO•MOVELEIRO | PRODUTO ALTERNATIVO AO COURO NATURAL

VERSACE

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c alç ado s

Urbanos e descolados Rio e os novos casuais por Eduardo Pedroso consultoria: eduardo motta

Redley

As passarelas cariocas de verão 2010/11 trouxeram as novas propostas de calçados casuais, aqueles inspirados nos tênis esportivos, em várias coleções. Sinal dos novos tempos, em que a vida nas grandes metrópoles precisa aliar conforto, praticidade e estilo. Com referências vindas direto das quadras, os novos calçados feitos para os “atletas do asfalto” ganham estampas divertidas, cores ousadas e detalhes que fazem a diferença. A New Order apostou nos modelos de canos mais longos, com tons vivos metalizados de

azul e rosa, além de versões estampadas com motivos florais, inclusive em material transparente. A R. Groove optou por tênis All Star monocromático, com construção simples e cano bem curtinho. A Redley propôs tênis iate com cano médio, com detalhe em vazado, para os homens. A TNG misturou referências e se inspirou em movimentos musicais e de rua, dos anos 1950 aos anos 1980, como psicodelia, punk e new wave, o que resultou em tênis esportivos bicolores com pespontos largos.

R. Groove

New Order

TNG

fotos: © Agência Fotosite/divulgação e reprodução

New Order

New Order


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A escolha de alguns estilistas confirma a influência da moda derivada do universo esportivo que, outra vez, sai das quadras para virar tendência. Pelos bastidores do Fashion Rio, Lucas Nascimento, por exemplo, apostou em um modelo Pierre Hardy, feito em nobuck de cores suaves e inspirado na obra da dupla de artistas contemporâneos Gilbert and George. Daniel Rodrigues, estilista da Printing, optou por um sneaker Terminator High, um modelo clássico do acervo da Nike, e que está completando 25 anos em 2010.

Lucas Nascimento

Daniel Rodrigues

Curiosidade fashion

Casual com jeito esportivo

Vistos pela primeira vez nas quadras norte-americanas de basquete na década de 1950, os tênis de cano alto ganharam adeptos por firmarem mais os pés e evitarem torções. Já em 1980, eles foram incorporados por tribos como roqueiros e skatistas devido ao estilo diferenciado. Em temporadas recentes, os calçados voltaram aos pés dos fashionistas com força total.

Fora das passarelas, a Topper sai das quadras e lança seu primeiro modelo casual exclusivamente para o público brasileiro após seu reposicionamento de mercado. O Goal Mid tem cano alto e mistura cores, texturas e tecidos. Produzido em lona, com detalhes em raspa de camurça, une aspectos futuristas com o característico desenho de suas chuteiras. Germán Pipet, gerente da Topper no Brasil, dá detalhes sobre a novidade:

Na moda, o modelo ficou consagrado através de marcas como Converse e Nike, mas foi com a californiana Supra que atingiu o seu auge. Batizada de Skytop, a versão desenhada pelo skatista profissional Chad Muska revolucionou o mercado por ser ainda mais alta que os modelos convencionais. O tênis recebeu da revista Complex, de Mark Ecko, o prêmio de sneaker do ano em 2008 e influenciou diversos lançamentos ao longo de 2009.

UseFashion: O que fez a Topper investir nestes novos modelos? Germán Pipet: A ideia era traduzir a força da marca para esse tipo de produto. Os calçados casuais com visual esportivo passaram a ser uma peça fundamental no guarda-roupa das pessoas. Antes, esses tipos de tênis eram desenvolvidos para a prática de esportes, mas hoje, com a utilização de novos materiais e cores, eles passaram a ser usados como calçados casuais, para uso diário. UF: Qual o público-alvo? GP: O público-alvo é principalmente o jovem, que está na faixa etária entre 15 e 25 anos, seja ele homem ou mulher. UF: Topper, Rainha e Mizuno são marcas esportivas do mesmo grupo. Os modelos de cano alongado objetivam uma diferenciação maior destas marcas? GP: Cada marca tem sua função específica dentro do portfólio da companhia para sua atuação no mercado esportivo. Os modelos de cano alongado

são hoje uma tendência, especialmente quando a utilização é para o uso casual. UF: Muito da estética de chuteira foi mantida nos tênis de cano alto. Qual a intenção da marca ao optar por este visual? GP: É muito importante para a estratégia da Topper mostrar a evolução da marca com esse tipo de produto, assim mantemos a identidade da marca e também aproveitamos para mostrar a fortaleza que temos com o futebol. Desta forma, nos apresentamos aos nossos consumidores como uma marca renovada e inovadora.


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bol s a s fotos: © Agência Fotosite

Bem agarradinhas Mochilas divertidas, coloridas e lindas por inêz gularte consultoria: eduardo motta O Fashion Rio mostrou maximochilas supercriativas, com opções para atender a muitos estilos. Só não vale ser muito tradicional. As novas propostas que passaram pelas passarelas cariocas abusaram das cores, dos brilhos, das misturas de materiais e dos detalhes divertidos. Nada quis ser muito básico.

New Order

Redley

Mara Mac

Espaço Fashion

Tudo junto

Mistura perfeita

Casual sofisticado

Se a construção for tradicional, é hora de encher o modelo com várias bolsinhas de um jeito bem deslocado. Não há de faltar lugar para nada!

A bolsa saco ganha tecido nobre, misturado à camurça e uma área toda em paetês. Tudo no mesmo tom de azul-bebê.

O material tem textura réptil, mais moderno impossível. A cor viva e quente avisa: é tudo sobre modernidade.


Redley

New Order

Caixa de surpresas

Acampamento chic

Uma envolve a outra, como se fosse uma coisa só. Mochila bem esportiva, revestida por uma estrutura rígida que lembra uma pasta.

Metalizado azul bem macio e maleável, para levar tudo com muito estilo.

Cantão

New Order

Jardineira

Efeito escovado

Estampa liberty para florir tudo. A construção não podia ser mais simples e original. Sem bolsos ou fechos aparentes, nem grandes detalhes. Apenas cordas coloridas para fechar.

Dourado com efeito escovado. Tradição na construção, inovação nas texturas.


foto: © Agência Fotosite

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aces sórios Alta-Costura | Verão 2010/11

Broches | Verão 2010/11

Camélia Pura provocação foto: reprodução

Por Inêz GULARTE Consultoria: Renata Spiller Não tem mesmo como ver um colar de pérolas, um calçado bicolor, uma bolsa matelassada daquelas com alça de corrente, um terninho de tweed, sem lembrar dela. E o que dizer do corte de cabelo que leva o seu nome? Não tem quem não conheça. Coco Chanel deixou sua marca na moda e no comportamento feminino emplacando ícones de estilo, que até hoje, definem uma mulher bemresolvida, independente, corajosa, assim como sua alma idealizadora. E, no meio disso tudo, encontramos outro símbolo da personalidade tão marcante da estilista. “Andrógena e ambígua, a camélia tem uma imagem de flor proibida que ecoa com o gosto de Mademoiselle Chanel para a provocação. Sem perfume, sem espinho, a camélia seduz também por sua simplicidade”. Assim a grife define a inspiração para a coleção de joias lançada recentemente. São as novas camélias da marca, em reinterpretações múltiplas do estilo que a consagrou.

Blake Lively

Coleção Camélia | Verão 2010/11


23 fotos: reprodução

A

história da Chanel com a moda é interessante porque tudo que ela criava era pensando em proporcionar conforto. E acabava agradando não apenas a ela mesma, mas também a uma clientela fiel. Como aconteceu com os chapéus, com a blusa listrada, os cortes masculinos, a calça montaria, entre tantos outros. As camélias da Chanel vêm de um momento pessoal da vida da estilista. Tudo começou com um buquê de flores que ela ganhou do inglês Boy Capel, seu verdadeiro amor. Era inteiro de camélias e com uma simplicidade ímpar. Este foi o start para que a flor, tida como símbolo da prostituição no século XIX, ganhasse outros ares. Em 1954, quando a Maison Chanel reabriu após a Guerra, os broches de camélia invadiram a moda. Foi então que a flor ganhou status de sofisticação, como tudo ligado à Mademoiselle. fotos: © Agência Fotosite

ão 2010/11

Vitrine | Ver

Ready-to-wear | Verão 2010/11

shion foto: UseFa


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aces sórios fotos: © Agência Fotosite e UseFashion

Floridas Das camélias aos jardins em flor Nós já falamos delas nos calçados e nas bolsas para o verão 2010/11. Pois, nos acessórios, elas também estão em alta, tanto neste inverno quanto no próximo verão. Em tiaras, colares, anéis, pulseiras, tudo são flores. Em tecidos, gemas, metais... Vale tudo pra deixar a vida mais florida.

Roberto Cavalli

Lanvin

Gabriela Aidar

Marni

Marni

Oscar de la Renta

Roberto Cavalli

Miss Selfridge

Louis Mariette

Chloé

Bottega Veneta


The Latin American Textile Event

Feel it DESCUBRA TODAS AS TEXTURAS, CORES E NUANCES DO OUTONO / INVERNO 2011.

Participe da 2ª edição do Première Brasil, um evento com a chancela do Première Vision – o maior salão do segmento têxtil, com foco em negócios e informação de moda.

21 e 22 de julho de 2010 Transamerica Expo Center, São Paulo

www.premierebrasil.biz

Apoio

Promoção e Realização


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rad ar intern ac ion al i n v e r n o 2011

Universo vitoriano Por Kamila Hugentobler

fotos: © Agência Fotosite

Metais, pregas, design rebuscado, peles e materiais texturizados. O inverno abriga, nas passarelas, o estilo vitoriano, que vem decupado em formas, nem sempre óbvias, mas deixa implícito, no contexto geral, a tradução da época dos bordados, fivelas e do ouro velho.

Alexander McQueen | Paris

Lie Sang Bong | Paris

Sass and Bide | Londres

Alexander McQueen | Paris

Cerruti | Paris

Vanessa Bruno | Paris

Moschino | Milão



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r ad ar n ac ion al v e r ão 2010/11

Elementos da natureza Por Kamila Hugentobler As questões ambientais trazem para as passarelas temas relacionados à natureza revertidos em formas, linhas, cores, traços e materiais focados na sustentabilidade. Dentre estes temas, o elemento terra foi um dos destaques nos desfiles do Minas Trend Preview. Acompanhe como os profissionais da moda desenvolveram a inspiração que vem da terra em suas coleções. Cila

Mary Design

fotos: © Agência Fotosite

Claudia Marisguia

Apartamento 03

Chicletes com Guaraná

Ninfa de Gaia

Patricia Motta

Fruto do Mar


THE NATURAL BALANCE OF FASHION AND SCIENCE A circulação sanguínea é ativada. Melhora a eliminação de toxinas. Aumenta a energia corporal. Facilita as trocas celulares e se produz uma melhor oxigenação. Aumenta o senso de equilíbrio.

www.tavex.com


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m a s c ulino

novos tempos bolsas ganham status de indispensáveis para o homem moderno Por Fernanda Maciel Consultoria: Nájua Saleh Acessório indispensável na composição de um look feminino, a bolsa tem marcado presença também no universo masculino. Timidamente, os homens estão fazendo dela um item necessário para seu dia-a-dia e muitos já não saem de casa sem uma. A designer de bolsas e Gerente de Produto da Santino Comercial e Distribuidora, Patrícia Machado, diz que, desde os primórdios até os dias de hoje, a bolsa masculina sempre teve uma função utilitária. “O homem primitivo usava receptáculos confeccionados em pele de animais com o objetivo de carregar alimento. Na Idade Antiga, usava Alforje, bolsa transversal ou usada na cintura, para levar dinheiro. Durante a Idade Média, andava com o Almoniere, uma pequena bolsa de couro, suspensa pelo cinto onde carregava as moedas. E, com o passar do tempo, as bolsas masculinas foram mudando de tamanho e de função. Se antes o objetivo era levar dinheiro e documentos, hoje, com o avanço da tecnologia, a necessidade está em carregar pertences tecnológicos”, diz.

fotos: sxc.hu/reprodução e © Agência Fotosite

A praticidade sempre foi característica intrínseca ao homem, seja no âmbito pessoal ou profissional, o sexo masculino se veste, faz compras, arruma a mala – tudo apostando no seu lado prático, talvez, uma das grandes vantagens do mundo masculino. “O homem costuma ser mais prático que a mulher. Se ele precisa usar uma bolsa, escolhe uma que goste, que seja prática, e pronto. Não troca de bolsa o tempo todo. Acredito que ainda não haja it-bags no universo masculino. As bolsas são adotadas pelos homens porque eles precisam carregar coisas e não tanto como um diferenciador social”, reforça Marco Sabino, estilista, designer de acessórios e autor do livro Dicionário da Moda.

Costume Nacional | Milão


Mais urbana do que nunca Embora a função utilitária seja um item indispensável para o uso da bolsa, muitos modelos marcaram década e estiveram intimamente ligados às mudanças do comportamento masculino. Conforme Marco Sabino, os jovens usavam muito bolsas a tiracolo no final dos anos 1960 e início dos anos 1970. Conta que muitas eram feitas de couro e até de pele de carneiro. Vale contextualizar que era um tempo de ditadura, em que muitos jovens participavam de manifestações estudantis. Era também época do movimento hippie. Desde este período, por sua praticidade e liberdade de movimento, deixando os braços e as mãos livres, a bolsa a tiracolo ou transversal fez tanto sucesso que se tornou um clássico até os dias de hoje. Nos anos 1980, de acordo com Patrícia, aconteceu o grande diferencial para o uso das bolsas masculinas. Segundo ela, o modelo capanga era usado somente pelos mais velhos, já as pochetes eram usadas pelos mais jovens. O modelo da bolsa era quase que um item de passagem do universo adolescente para o adulto. Um mais extravagante, outro mais comportado. Reflexo de uma década marcada pela retomada da democracia, pela “liberdade” de escolha, em que os mais jovens se expressavam através das cores, dos exageros, e os mais velhos continuavam mais contidos.

Mario Queiroz | SPFW

Com a globalização, no início dos anos 1990, os modelos de bolsas masculinas foram se multiplicando. Grifes famosas, por exemplo, passaram a diversificar. A boa e velha mochila ganhou novas propostas, item que, segundo Patrícia, “é grande aliado da indumentária masculina no século XXI, para todas as idades e classes sociais, ou seja, um acessório indispensável no dia-a-dia”. O estilista Mario Queiroz, que até então confeccionava vestuário masculino, agora também está apostando na produção de bolsas. No último SPFW, realizado em junho, trouxe sua primeira coleção para o verão 2010/11. Para ele, a bolsa é um item importante, principalmente, num cenário urbano.“Como estamos observando um momento em que o homem está mais aberto à moda e aos acessórios, a bolsa ganha destaque”. Para o estilista, o mercado masculino tem ainda

Burberry | Milão

Mario Queiroz | SPFW

muito preconceito, porém, o próprio mercado manipula bem isso a seu favor. “Todo homem já teve uma mochila. Os executivos sempre usaram as suas malas de viagem. Então, seja pela necessidade, ou pela possibilidade de novas alternativas na moda, as bolsas masculinas têm tudo para continuarem ganhando cada vez mais adeptos e mercado”, ressalta.

Etro | Milão


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m a s c ulino

Linha do tempo por Nájua Saleh

idade antiga O Alforje era um saco de couro que podia ser usado na cintura, nos ombros ou na sela dos animais. Era utilizada para levar dinheiro.

pré-história O homem primitivo usava receptáculos feitos em pele de animais, que eram apoiados em um galho ou bastão. Eles serviam para carregar alimento. Por isso, a bolsa desempenhou papel totalmente funcional desde os primórdios.

século xvii a xix

idade média Os homens usavam a Almoniere, uma pequena bolsa de couro, suspensa pelo cinto onde carregavam as moedas. Nesta época, as bolsas já garantiam status e virilidade, deixando de lado a função de ser apenas útil. As masculinas, maiores que as femininas, eram geralmente feitas de couro, peles, tecidos ornados com franjas, pingentes, bordados em fios de ouro, prata e pedrarias. As pochetes eram pequenas e chatas, presas bem rentes à cintura. Os sacos eram maiores e suspensos por longos cordões, muitas vezes, chegando abaixo do joelho.

No século XVII, muitos homens se dedicaram às descobertas científicas e artísticas. O estilo barroco denominava o comportamento como “sensorial”. Nas bolsas, o homem carregava um saco cheio de bordados, alguns com brasões da família indicando status. No século XVIII, já havia o modelo para guardar documentos, usado por ambos os sexos. A partir do século XIX, os bolsos foram introduzidos no vestuário masculino para carregar moedas e objetos. Malas para viajar ou pastas de vendedor ganharam importância na época.

século xX Neste período, mochilas, bolsas atravessadas, pochetes e pastas tinham objetivo de suprir as necessidades diárias, de acordo com o seu trabalho ou estudo.

século xXI Com apelo forte à moda, as bolsas se tornam itens indispensáveis para eles, pois a vida está mais agitada, tanto para o esporte como passeio e trabalho. Bolsas de mão, atravessadas e pastas para notebooks são os principais modelos atuais.



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in fant il

i n v e r n o 2011 foto: plavalaguna/reprodução

Arsenal da moda Militarismo dá o tom das próximas temporadas Por Fernanda Maciel Consultoria: Renata Spiller As referências militares são presença marcante na moda para as crianças. A influência dos uniformes, da qual o rock se apropriou em décadas passadas, está em evidência para o inverno 2011.

militar

foto: UseFashi on

A tendência está presente nos casacos com muitos botões, que podem vir em diversos tamanhos, cores e materiais. Outro ponto importante desponta nas jaquetas com martingales em evidência. Entram em cena tecidos lisos, especialmente em cores neutras, como preto, cinza e marrom, e também a renovação na malha circular, trazendo mais conforto e visual despojado.

Pepe Jeans | Pitti Bimbo

Miss Grant | Pitti Bimbo

Pepe Elsy | Pitti Bimbo


camuflados

Eles não podiam faltar. Os camuflados na legging multicolorida, da Miss Grant, fogem do tradicional verde-militar. Os babados do vestido, remetem à doçura do universo infantil. Na Monnalisa, a preferência foi pela estampa em tons de cinza e verde, explorando as sobreposições e os acessórios.

Miss Grant | Pitti Bimbo

fotos: © Agência Fotosite

Monnalisa | Pitti Bimbo

Monnalisa | Pitti Bimbo


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in fant il

v e r ão 2011/12

Novos bichos no front Camuflados também são tendência para verão 2011/12. Mas aqui, o que vale é misturar estampas de bichos com as referências militares tradicionais. Tudo meio estilizado e com cara de novo.

apelle

Comertex | Line

Comertex | Line

apelle

-Ideacomo

Multipunt | Milano Unica

fotos: UseFashion

Forum Seduction

| Première Vision



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acontece

Cinco temas direcionam coleções Denim by Première Vision | inverno 2012

A feira apontou cinco temas que darão o norte para as coleções de inverno 2012. O primeiro, Autenticidade Nobre, enfatiza acessórios de metal pintados em cores vintage e com acabamento fosco, erosões low-key em fivelas. Materialidade Suave é o tema que apresenta algodões generosos, Lyocell ou misturas de seda e cetins, além de aveludados e escovados que desgastam e amaciam os tecidos. O tema Imperfeição e Fios Visíveis reforça as tramas irregulares reveladas em acabamentos slubbed ou knopped. A quarta temática, Ultrastretch, aposta no power stretch e bi-stretch. Já o Ecológico traz fibras ecofriendly, tratamentos sustentáveis para tecidos orgânicos, materiais reciclados e corantes naturais. Dentre os expositores, a Global Denim deu ênfase na tinturaria, com jatos de cor localizados, branqueamento, stone wash, efeitos de marmorizados e empoeirados, sujos e releituras do militar em camuflados estonados. Em oposição, peças coloridas delavê, tons suaves e opacos de textura macia, ultraconfortáveis. A Vicunha Têxtil apresentou

fotos: UseFashion

Abrangendo toda a cadeia têxtil de desenvolvimento, a 6ª edição da Denim by Première Vision, realizada entre os dia 2 e 3 de junho, contou com a participação de produtores de fibras, tecelagens, especialistas em confecção e acabamentos, lavanderias, tinturarias e fabricantes de aviamentos, que mostraram as novas tecnologias para o denim. Sartex

Global Denim

oito artigos em destaque: Astro, novo índigo blue, 100% algodão, mais denso e, ao mesmo tempo, de peso leve (9,5 oz); Bettola, índigo blue com stretch, overdyed misturado com um novo verde-cáqui; Bettola Wax, jeans com um acabamento de cera; Denia, ready-to-dye, com high stretch e um peso de 10,0 oz; Montgo, jeanslike winter high-stretch com peso 10,0 oz; Saturn, pouco leve, de construção 9,5 oz, com acabamento limpo, índigo escuro e coberturas cinza-claro; Saturn Wax, é o mesmo saturn, mas

Vicunha Têxtil

com acabamento de cera; e Russel ODG, azul índigo profundo em 11 oz com overdye cinzaescuro, revestimento mais escuro e lavado. Já a empresa Sartex, se inspirou nos trabalhadores de minas e no conceito “clean”, com o retorno do tradicional jeans vintage. Coleção com ênfase em tratamentos de lavanderia e tinturaria e detalhes de acabamento com puídos, lixados, tags, pacthes e corroídos. Mais novidades do evento, acesse www.usefashion.com link Feiras.

Evento reuniu 600 marcas Fenim | verão 2010/11 A 3ª Fenim Primavera-Verão (Feira Nacional da Indústria da Moda), que aconteceu entre os dias 15 e 18 de junho, em Gramado (RS), reuniu cerca de 600 marcas que apresentaram os principais lançamentos dos segmentos da moda infantil, infanto-juvenil, masculina, feminina, íntima, fitness e praia. Alguns destaques do evento ficaram por conta de

marcas como Scala, que promoveu desfiles em seu espaço, lançando a coleção que traz como uma das inspirações o campo e as estampas liberty. Na moda feminina, Dzarm se destacou pela sua coleção vintage chamada “volta às raízes”, ressaltando peças modernas com o bom gosto dos detalhes antigos. A Puc inovou lançando peças em 3D, que acompanham óculos, e

também peças que brilham no escuro, divertindo a garotada. No jeanswear, a Sawary trouxe apliques de metais e foco nas lavagens, salientando que não segue um padrão por temporada, já que produzem, em média, 40 modelos/dia. Outras marcas no portal usefashion.com.

fotos: UseFashion

Scala

Dzarm

Puc

Sawary


Saltos bem altos e tênis coloridos

A Via Marte apostou no estilo natural chic. Seguindo essa tendência da verticalização, a grife traz novas alturas de saltos e solados, especialmente para as anabelas e meias-pata. Destaque para os vazados e para os detalhes a laser. Tons neutros, como sorbet e beges, e intensos como rosa, amarelo e coral predominam na cartela de cores. Inspirada na rusticidade mesclada com o chic tradicional da marca, a Werner focou sua coleção nas cores e nos saltos ousados. Nos efeitos, destaque para os cortes a laser exclusivos da marca. Nas cores, framboesa, amarelo, cela, verde, azul e flúor. Entre os materiais, trucom (imita madeira), camurça, cetim e couro escovado. Tendo como norte as coleções norte-americanas, a Converse All Star destacou a combinação de cores em quatro linhas: Light, com a sola mais baixa; Slim, de lona mais sequinha; Multiyelet, em lona e muitos ilhoses no atacador; e Xadrez speciality, que aposta nos abotinados. Violáceos, rosês, lilás e tons pastel e fluo compõem a cartela. A Sugar Shoes ressaltou os detalhes para chamar a atenção na sua coleção de verão. Cristais, paetês, metais aplicados, xadrezes, listrados foram as aplicações utilizadas. Nas cores, chiclete, pétala (rosa), céu (azul), lavanda (lilás), preto e grande

Via Marte

Werner

1MAIS1.COM.BR

O SICC (Salão Internacional do Couro e do Calçado), abrigou 240 expositores, que apresentaram 750 marcas, durante os dias 1º e 3 de junho, no Serra Park em Gramado (RS). Entre os lançamentos para o verão 2010/11, duas tendências foram ressaltadas: os saltos altíssimos e os tênis supercoloridos.

fotos: UseFashion

SICC | verão 2010/11

A mais completa linha de botões da América Latina

Sugar Shoes

Converse All Star

aposta nos cítricos. Lona, laminados e couro foram os materiais mais utilizados na coleção. A próxima edição do SICC acontece entre os dias 31 de maio e 2 de junho de 2011. Mais estandes, acesse o www.usefashion.com, link Feiras.

Feira recebe maior investimento Senac Rio Fashion Business | verão 2010/11

Entre as tendências apresentadas pelos expositores, destacaram-se os babados, rendas, modelagem saruel, africanidades e cores vibrantes. A grife Nicole Abramoff reforçou a feminilidade com o tema “A menina sonhadora”. A inspiração foi no movimento Impressionista, além dos filmes “O jardim secreto”

Lucidez

foto: © Agência Fotosite

A Marina da Glória foi palco da 16ª edição do Senac Rio Fashion Business, realizada entre os dias 17 e 21 de maio, em 30 mil metros de área construída, mais que o dobro da última edição, totalizando um maior investimento, chegando a R$ 11,5 milhões. Cerca de 600 compradores nacionais compareceram em busca das novidades de 230 expositores no salão principal e 50 no Fashion Business Tech, uma área nova que reúne serviços e maquinário. O layout inspirado no tema "Energia e Renovação" fez com que o evento fosse totalmente pautado pela sustentabilidade. Foram criados espaços lúdicos e sensoriais, com soluções de pouco gasto energético e que usam o design como ferramenta de materialização e engajamento ecológico.

e “Orgulho e preconceito”. Já a Lucidez, trabalhou sob inspiração de mulheres fortes e dinâmicas. Luiza Brunet, Elis Regina e Twigg estão presentes em estampas junto a paetês, laços e babados. Quer saber sobre outras marcas que estiveram no Fashion Business? Acesse o link Feiras do usefashion.com.

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v i s ual de loja

o ã ç a d i u q i l e d Tempo s os estoque m o c r a b a ac istíveis para Vitrines irres

as poder receber seu estoque e r” pa ário ss im “l ce ra jas, é ne ções pa em todas as lo ecidas liquida m nh ce co te as os on m ac am ça e s fa s qu lecion a. Por isso, se porada, as loja os e promoçõe nhar a temátic os preços baix s trocas de tem pa na tre om e, en . ac r, qu as ia e ve nd nc ax de m de ve Já é de pr poder se difere rno, que també ra este evento estação. Para tar as lojas pa do espaço inte en er bi ec am qu es de peças da nova m ra Se ho referência na ja bem criativa. ra servirem de que a vitrine se pa as ei id es nt e difere algumas boas arq faccioni | por Vanessa

uiteta


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fotos: UseFashion

Adesivos e painéis A adesivagem é um dos melhores - e mais utilizados - recursos para estes momentos de queima de estoque. Mas, mesmo sendo um elemento frequentemente utilizado, a criatividade e a inovação não podem ficar de lado. Vale buscar o uso de cores diferentes fugindo do tradicional vermelho usado nestas ocasiões. Como, em liquidações, as peças não precisam ficar expostas, o que vale é atrair o cliente para dentro da loja. Painéis com os valores das peças, ou uma moldura, no melhor estilo “sale total”, também são ótimas opções.

Ann Taylor|New York

Pull and Beer|Londres


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v i s ual de loja

Diesel|Londres

Questão de estilo Também nas liquidações, deve-se observar as características e posicionamento da grife. A Diesel, por exemplo, conhecida por um vitrinismo mais conceitual, seguiu a mesma linha ao criar as vitrines de liquidação, sem expor nenhum produto, mas conseguindo o destaque necessário. Kosiuko|Buenos Aires

Maria Vazquez|Buenos Aires

3D Usar recursos como 3D, nas letras e nos números, ou em alguma peça de cenário, pode ser ótimo diferencial. Também vale investir em elementos aéreos e até mesmo no aspecto desarrumado, que nos remete à queima de estoque. (Leia mais sobre liquidações na página 56, em Negócios.)



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repor tagem

Corpo e alma do inverno 2011 Os materiais que vão dar forma às roupas da nova estação Por Fernanda Maciel Consultoria: Equipe de Pesquisa UseFashion A cada temporada, as novas tecnologias se tornam as maiores aliadas da indústria têxtil. Um fio inovador, uma textura diferenciada, um artigo exclusivo – aspectos que fazem a diferença na escolha da matéria-prima na produção de uma coleção. Nesta reportagem, o UseFashion Journal retoma as megatendências, “Ação do Tempo e Natureza”, “Tradição e Renovação”, “Conforto e Sensibilidade”, “Excesso e Expressão”, já analisadas pela nossa equipe de pesquisa, e apresenta os principais lançamentos em matérias-primas que a indústria preparou para a temporada no Brasil.


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fotos: © Agência Fotosite e sxc.hu/reprodução


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repor tagem

De volta ao futuro Não dá pra falar do futuro da moda sem falar nas megatendências. Na edição de abril deste ano, quando tratamos do Preview de inverno 2011, mostramos a ampla disponibilidade de aspectos, texturas e estilos que a nova estação assumiria. Reunindo características técnicas, táteis, visuais e estilísticas, antecipamos o que os lançamentos em matérias-primas trariam e começamos a revelar o corpo e a alma da nova estação. Abaixo, um breve resumo das propostas.

Em Tradição e Renovação, ganharam força os clássicos de alfaiataria e as padronagens que nunca saem de moda. Tudo com releituras modernas, criando peças resistentes, de caimento pesado, sem perder o aspecto sedoso.

O toque suave e a tecnologia aparente evidenciaram o tema Conforto e Sensibilidade, seja em fios naturais, misturados e até mesmo sintéticos. A atenção se voltou para o nylon sedoso, para os tecidos finos e, para os fios delicados.

Em Excesso e Expressão, foi a vez dos brilhos e de outros materiais de forte impacto visual. Acetinados, tramas cheias, estamparia vistosa, paetês e cristais na trama foram explorados.

fotos: © Agência Fotosite e UseFashion

A megatendência Ação do Tempo e Natureza propôs materiais com aparência de envelhecidos, mas com aspecto natural, como que intocados pela máquina.


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Ganhando corpo Têxteis do inverno 2011 Mas como estas tendências se confirmarão na estação? Graças às indústrias têxteis, já podemos vislumbrar alguns dos principais lançamentos que darão corpo à produção dos estilistas. Os desfiles das coleções de inverno 2011 só acontecem em janeiro, mas feiras, como a Première Brasil, que acontece no final deste mês, adiantam como estes temas estão se desenvolvendo na produção têxtil. É o corpo e a alma do próximo inverno tomando forma!

11 3595-9997

Conversamos com algumas das mais importantes empresas da área, que atuam no país, para saber o que elas estarão propondo em suas coleções para o inverno 2011. Algumas empresas ainda nem tinham imagens dos lançamentos, mas nos adiantaram informações preciosas sobre o que estão preparando. Acompanhe! Antex A Antex traz uma proposta ecológica com fios 100% reciclados feitos com matérias-primas pós–industriais como garrafas PET, fiapos, entre outros materiais. Estes fios podem ser texturizados por falsa torção, a ar, torcidos ou em combinações destes processos. Podem também ser tintos em banho ou em massa (solution dyed), numa ampla gama de títulos. Além disso, a empresa aposta em fios com irregularidades físicas, óticas ou ambas; fios com misturas de opacos, brilhantes e superbrilhantes, e fios superstretch, tanto em poliéster como em poliamida 6.6. Cedro Têxtil Entre as novidades da Cedro, estão Índigos flat, artigos X COMFORT, com maior potencial de elasticidade, denim leves e em várias tonalidades que remetem ao azul-vintage. Sarjas com novos acabamentos resinados pigmentados, ou com efeito de brilho molhado. Cootegal A Cootegal (Cooperativa Têxtil Galópolis Ltda), empresa que atua no ramo de tecidos de lã e mistos, destaca velours, sarjas, maquinetados, pied-poule, príncipe de Gales, espinha-de-peixe, tweeds e outros clássicos. Os principais lançamentos são tecidos mistos de lã/viscose e lã/poliéster, além dos tradicionais pura lã com um toque aveludado e macio. Na cartela de cores, tons naturais, terrosos e uma profusão de verdes e azuis, que vão desde os muito escuros aos luminosos.

Dalila Têxtil Entre os lançamentos da Dalila Têxtil estão malhas de aspecto manual rústico (estilo crochê) com tramas mais abertas, malhas mesclas, fibras de efeitos irregulares; peças que simulam e exibem desgastes de uso, malhas com texturas ritmadas, formando pequenos gomos, efeito enrugado. Além de plush cotelê, plush em efeitos de dupla cor e, a grande tendência da temporada, o plush que remete ao veludo. No quesito tecnologia, a empresa apresenta malhas ultramacias, com acabamento especial e malhas aromatizadas. Já na questão sustentabilidade continuam em destaque a produção de A linha Recycle Line®, feita a partir de fios derivados de garrafas PET, e a Organique®, uma malha elaborada com algodão orgânico, produzido e cultivado sem o uso de agrotóxicos, ou de adubos químicos. Na cartela de cores, tons terrosos, nude, azul, turquesa, violáceos, avermelhados, laranja, verde, cinza e preto. Doptex Tecidos A Doptex Tecidos destaca o algodão, viscose, poliamida, poliéster e lycra® e a misturas destes, a fim de proporcionar toques diferenciados, resistência, caimento e conforto. A empresa continua com seus artigos básicos considerados de linha, alguns com 100% fibra natural. Glow Tecidos A empresa do grupo Covolan propõe versões de metalizados, texturas, algodão encorpado, tricolines, sedas, transparências e chambray. Na estamparia, xadrez, listras, florais estilizados e aquarelados, estilização geométrica, estampas de felinos e liberty. Nas cores, preto, mescla, cinza, bege, camelo, marrom, vermelho, pinho, verde e azul.

Cootegal Dalila Têxtil

Glow

Versatilidade em Denim


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repor tagem

Ganhando corpo Têxteis do inverno 2011 Lenzing

Palagi & Palagi

Salotex

Duas grandes novidades da Lenzing para a estação: Viloft® (viscose térmica) e ProModal® (funcionalidade e suavidade). A primeira é uma fibra de viscose com corte transversal plano da fibra modificado. Os tecidos fabricados com a fibra VILOFT® possuem níveis de isolamento e aquecem sem serem pesados. É a fibra ideal para as estações de frio. Já a ProModal®, é a união da Lenzing Modal® e TENCEL® - duas fibras já consagradas no mercado têxtil.

A Palagi & Palagi comercializa filmes termotransferíveis (transfers) para aplicação em tecidos, couros, materiais sintéticos e metais, detendo exclusividade da fabricante italiana Menphis no Brasil e em alguns países da América Latina. Um dos seus lançamentos é o Transfer Summit, com os desenhos diferenciados leve brilho de verniz, tendo como principal característica, alta solidez à luz. Além do Summit, o Unitrans Colorido Bege (filme de poliéster estampado com resina pigmentada) é destaque em várias cores para a estação.

O principal lançamento do inverno 2011 é o “FAST FIO PRATA”, que segundo a empresa, é o primeiro tecido com fio prata do Brasil. Esse tecido, com 3,8% de fio de prata, tem efeito bactericida/antiodor, proporciona conforto térmico e é antiestático. As cores são: capri 508 (azul-turquesa); branco 003, urban 883 (cinza), red 107 (vermelho), gérbera 766 (laranja), marinho 201, preto 002.

Os tecidos criados com a nova fibra apresentam grande resistência após processos como a mercerização e garantem maior qualidade no acabamento. A mistura dela com outras fibras como o algodão, por exemplo, oferece novas características têxteis, especialmente, no que diz respeito à absorção de umidade, que sofre visível melhora, proporcionando mais funcionalidade. Maruwa Maruwa é uma fábrica japonesa de tecido, especialmente de fios tingidos, que utiliza na sua coleção de inverno 2011 materiais naturais como algodão, linho, lã rami, entre outros. A empresa adota um estilo casual com muitos padrões vintage.

Regil A Regil Representações Têxteis traz os lançamentos que estão em voga na China e dá a eles cara de Brasil. Em termos de tecidos, as novidades estão nos acabamentos como o PU, que cria o aspecto do couro. Destaque também para o jersey, com novas aplicações, e o suede. Na cartela, tons camelo, verde-militar mais fechado, azuis e uva.

Lenzing

Maruwa

Maruwa

Salotex

Palagi & Palagi Palagi & Palagi

Palagi & Palagi

Sultextil A Sultextil apresenta tecidos de malha circular com acabamentos e estruturas diferenciadas, destacando os felpudos, as malhas 100% algodão, os listrados, os piquês, as malhas estruturadas para a moda feminina, malhas em viscose MVS e microfibras de poliéster para a temporada. Em sua coleção, reforça a tecnologia das malhas com acabamento Silk Skin, ou pele de seda, que utiliza na sua fabricação equipamentos especiais com compostos de carbono para dar ao tecido o efeito desejado. O Silk Skin alia aspecto suave e conforto com acabamento desgastado. Nas cores, tons naturais, acinzentados, tons terrosos, de verde, branco, marfim, algodão, vermelho, marinho e preto.


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Tavex

Texprima

Entre os principais lançamentos da Tavex para o inverno 2011 estão as lycras leves e ultrastretch (família Ultra Stretch Denim®), os Denim Black e os produtos com azuis intensos e escuros. Além disso, empresa continua com o foco na coleção de produtos sustentáveis, como o Alsoft Amazontex®, Bio Denim. Entre as apostas para a linha jeanswear, a Tavex apresenta um conceito com foco em bem-estar (Wellness). A companhia investe em efeitos manuais mais evidentes, tais como bigodes, lixados, used, contrastes, além dos sobretingimentos e resinas.

Para a temporada, a Texprima dará continuidade ao grupo de tecidos naturais, como o linho, que aparece na coleção em lisos. As peles e couros são destaques, assim como também os tecidos nobres e os tecidos direcionados para a alfaiataria. Nos estampados, é usado o processo digital em bases como o geogert yoriu, o cetim de seda e o crepe de chine, tudo em 100% seda.

Tecelagem Panamericana A Tecelagem Panamericana destaca novidades nas cinco linhas de produtos: Portinari, Florença, Vegas, Caribe e, em especial, na linha Cavalcanti que estará com novo visual, para atender o segmento sportswear. As linhas Cavalcanti, Portinari e Vegas usam fios 100% algodão. A linha Caribe, aposta no algodão e no linho. A Florença, algodão, poliamida e elastano.

Têxtil Farbe Uma das grandes apostas da Farbe são as misturas com Micromodal, e a malha produzida a partir da fibra de proteína do leite. Nas cores, tons de cinzas, neutros e terrosos, sem esquecer das cores quentes.

são o brilho, o toque frio, caimento perfeito, a sofisticação do couro natural. Conforme a empresa, o Carbolumem é ideal para ser utilizado na forma amaciada, em que é possível obter efeito de marcação de costura, com contrastes de brilho e opacidade. Werner Tecidos Para a estação, a Werner mantém suas clássicas bases em seda pura e renova o tafetá de seda mista, utilizando um fio metalizado, conferindo um efeito de metal desgastado. Além disso, destacam-se misturas diversas como seda com viscose e lã, ou viscose com linho, as viscoses diferenciadas com acabamento de seda, misturas com algodão, linho e lã, e as fibras sintéticas para a obtenção de superfícies diferenciadas e tecnológicas como brilhos metalizados.

Vicunha A Vicunha lança o Carbolumem composto por quatro artigos em denim elastano e três da linha do brim. As características desse lançamento

Tecelagem Panamericana

Vicunha

Texprima

Têxtil Farbe Têxtil Farbe

Têxtil Farbe


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des ign

E s pe c i a l Fa s h i o n B ott l e s por Carine Hattge

fotos: divulgação

Por causa da concorrência no mercado, empresas e marcas precisam, constamente, se reinventar e agregar valor ao seu nome, fazendo que o seu produto seja obviamente comprado, mas também divulgado, e que gere, no público-alvo, curiosidade e desejo. Perrier, Avian e Coca-Cola são marcas que resolveram inovar no design de seus produtos apelando para o conceito fashion, confira:

Rótulos diferenciados A francesa Perrier, símbolo de status, requinte e bom gosto, já era reconhecida no mundo inteiro quando convidou Paul & Joe, Agnès b., e Custo Barcelona para recriar seus rótulos. Paul & Joe estamparam três latas com estampas divertidas e festivas, enquanto Agnès b. ornamentou as embalagens com rosas e padrões geométricos e, ainda, estampou a silhueta de um lagarto, símbolo da marca. Custo Barcelona aplicou a estética psicodélica, nas cores amarela, verde e roxo em três rótulos da Perrier. http://www.perrier.com

Público antenado Assim como a Perrier e Evian, a Coca-Cola buscou associar seu produto light com o público antenado na moda. Para isso, grandes nomes do cenário fashion foram chamados para ilustrar a garrafa mais famosa do mundo. A última grande parceria foi com Karl Lagerfeld, que desenhou sua silhueta na embalagem. Além dele, várias personalidades da moda já imprimiram a marca de sua grife, como Donatella Versace, Alberta Ferretti, Anna Molinari para a marca Blumarine, Veronica Etro, Silvia Venturini para Fendi, Consuelo Castiglioni para Marni, Angela Missoni e Rossella Jardini para a Maison Moschino, além de Nathalie Rikiel, Manolo Blahnik, Zac Posen, Ashley Isham, Ellen von Unwerth, Roberto Cavalli e Patricia Field. http://www.coca-cola.com


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Ícones Outra marca de água mineral, a Evian, também apostou em criações com estilistas para algumas edições limitadas. Christian Lacroix e Jean Paul Gaultier criaram garrafas que viraram ícones da marca. Lacroix criou a versão prêt-à-porter da garrafa, totalmente estampada com uma renda branca que lembra os looks de noivas do estilista. Gaultier estampou a garrafa com as listras da clássica camiseta “la marinière” e depois, junto com a Baccarat criaram cinco edições limitadas de garrafas, com bolhas e gotas de cristal. Recentemente, a Evian chamou Paul Smith para injetar jovialidade nas embalagens. Listras coloridas contornaram a clássica garrafa Evian com senso de diversão e otimismo. http://www.evian.com


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c ul t ura

p o r E d ua r d o Motta

Pontos sem nó

Os dias ficam agitados entre uma semana de moda e outra. Sempre em trânsito, com os pés em lugar nenhum e sob o efeito da visão excitante de roupas cruzando a passarela, é fácil perder-se em pensamentos sobre a impermanência das coisas. Daí é um passo até surgir o desejo por algo menos instável que o texto rápido da resenha e questionar-se sobre o metiê de escrever sobre moda. Para evitar a progressão e o destino previsível dessa linha de pensamento, em hora inadequada, consolei-me com a ideia de que superfície e profundidade são dimensões de uma mesma coisa, que transitoriedade é tão real quanto seu contrário e que os lugares, assim como os amores eternos, as tendências de moda e as convicções mais sólidas, irão todos desaparecer um dia, no fundo das gavetas e da memória, derretidos como um sorvete ao sol. No antepenúltimo dia da competente temporada de moda brasileira, a dose de realidade destes pensamentos foi providencial. Segurei a onda, projetei a necessária ancoragem para outra data e abdiquei da busca precoce por um dia inteiramente à toa, retomando com gosto o vai-e-vem dos desfiles. Semanas de moda são acontecimentos exigentes. Entendam, deixam-nos assim, alimentados de

belas imagens e também corridos e suscetíveis. Vêm daí estas digressões. Acontece que, se você está lá, é irresistível ficar com o nariz colado nelas e o risco que se corre, ao ver tão de perto, é ver demais. A começar pelas coisas simples. O line-up, por exemplo, aparentemente uma lista inocente, esconde outras ordenações, que não as dos dias e das horas. Dissimula o fato de que as marcas se distanciam umas das outras feito gente, ou seja, com personalidades distintas e complexas. Enquanto os desfiles se sucedem e profissionais e público comparecem em peso, urge trabalhar sem refresco, com o objetivo de esclarecer este e outros fatos para aqueles que, longe dali, lêem, compram e usam a moda. Para se manter fora da zona do stress, em uma temporada de moda, coisas que dão ressaca não funcionam bem. Nem distrativos poderosos. Melhor deixar alguns livros e filmes do lado da cama, assim, meio que à deriva. É alternativa certa para trocar o canal das imagens e das ideias nas poucas horas de noite e reclusão. Proximidade oceânica Nos últimos dias da SPFW, em um destes raros e necessários momentos de flutuação, topei outra

vez com o J.M. Coetzee, o escritor sul-africano que ganhou prêmio Nobel e escreve com realismo cirúrgico sobre a sociedade pós-apartheid. Coetzee enxerga de novos pontos de vista e não carrega nas tintas. A imparcialidade dele é tão desconcertante quanto generosa. Explico os dois adjetivos: sem filtros tendenciosos, a realidade soa absurda. Sem julgar, ele deixa livres os acessos para aquilo que documenta. Em noite paulista e fria, lá estava eu, a uma distância imaginária oceânica das salas de desfiles assistindo Desonra, filme que é uma adaptação mediana de um livro do Coetzee, de mesmo nome. A história se passa na África do Sul de hoje, realidade pedreira de se entender. No papel de um professor universitário destemperado, o John Malkovitch só complica a tarefa. Ele interpreta um dos personagens brancos negociando como pode, com o novo tecido social, tramado às custas da inevitável perda de poder e de espaço em um contexto pós-colonial, no qual ele é atirado a situações de pura indignidade. Estas situações devem ser, não exatamente toleradas, mas vividas, como única forma de sobrevivência - ou de expiar uma culpa histórica - e de participar de algo em formação. O quê exatamente, ninguém sabe. Nem exato é. Os otimistas enxergam o nascer de uma nova ordem social, os pessimistas, desonra e caos.


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fotos: © Agência Fotosite

Quem viver, lerá

crítico atemporal e interdisciplinar.

Alertei sobre a necessidade de escapes em meio às fashion weeks. De deixar a imaginação passear, seja pela realidade, ou pela ficção. Depois dessa travessia do Atlântico até à África do Sul, que não cause espanto que este texto saia de lá para uma viagem no tempo. De volta à época em que os textos produzidos a respeito da moda no Brasil, eram econômicos, em análises críticas, e perdulários em elogios.

No caso dos textos sazonais, a não isenção aproximava o resultado de uma terceira vertente, a do texto publicitário (que se transformaria em um gênero de escrita muito engenhoso depois). O texto acadêmico, por sua vez, tardaria a reconhecer que o fenômeno moda era real. Por isso, precisou correr atrás do prejuízo mais tarde. Mas, eis que, assim como hoje se vai à luta e ao sexo mais cedo, a moda brasileira encorpou precocemente, alterando sua condição de objeto da propaganda de um e de estudo de outro. Até que o texto de moda, finalmente, se libertou, para dispor as coisas como elas são e abordar a moda como ela realmente se apresenta. Escrevendo críticas realistas sobre um desfile, por exemplo.

Sem a dramaticidade da realidade abordada pelo Coetzee, os personagens desta história brasileira também estavam envolvidos com a preservação de um habitat frágil e em formação. E negociavam com ela.

Cabia ao mercado confirmar a lucidez ou a insanidade dos nossos escritos sobre o assunto, pois circulava sangue ralo pelas duas possíveis vertentes do texto da moda: a da crítica especializada e sazonal, e a do pensamento

Fazia frio em Joanesburgo. Para ver o jogo do Brasil e fazer bonito na televisão global, os sul-africanos tinham caprichado, vestindo coloridos agasalhos de nylon. O técnico da seleção brasileira escolhera um modelo Herchcovitch e os jornais comentavam a maneira elegante de se vestir da delegação alemã. Enquanto a câmara acrobática ia da vista aérea às pernas dos jogadores, gerando imagens em alta-definição, me dei conta de que, entre uma Copa e outra, a moda adentrara um dos últimos espaços refratários a ela. Este texto é que dá pontos sem nó. A moda não.

É como alguém disse: “Quem viver, lerá”. Epílogo Na segunda-feira, dia 14 de junho, a SPFW chegou ao fim. Na terça, dia 15, enviei os últimos escritos sobre os desfiles. Em seguida, atravessei a cidade para assistir ao primeiro jogo do Brasil na Copa. De novo na África do Sul. Ao som das vuvuzelas e vendo a jabulani correr. Concluí, enquanto saboreava estas duas

Eduardo Motta é designer, consultor de moda da UseFashion, com formação em Artes Plásticas e autor do livro “O Calçado e a Moda no Brasil - Um Olhar Histórico”.

foto: Pedro David/divulgação

Naquela época, igual a qualquer organismo novo, a moda brasileira tinha que ser amparada por estes cuidados. Precisava ser adubada nas suas fragilidades, paparicada nos seus feitos e tolerada nos seus caprichos. Em grande parte foi, protegida por esta blindagem, que ela adquiriu o tônus invejável que exibe hoje.

palavras, sensuais e retardatárias, que aterrissam no português séculos depois que a escravidão trouxe as outras.


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p er f il

Renata Rubim Pioneira no design de superfície no Brasil por inêz gularte Ela nasceu no Rio de Janeiro, foi para Porto Alegre quando tinha 11 anos e, após idas e vindas, se estabeleceu no sul do país, na capital gaúcha, onde mora até hoje. A designer de superfície e consultora de cores, Renata Rubim, foi criticada quando ousou denominar o que fazia como “surface design”. Ela conheceu o termo quando estava no exterior. Bolsista da Rhode Island School of Design, em Providence, nos Estados Unidos, lá que pela primeira vez ouviu falar do design de superfície e, imediatamente, percebeu que era exatamente isso que fazia. Na década de 1980, numa época em que pouco se entendia a importância do designer e a profissão era vista como supérflua. Autora do livro “Desenhando a Superfície”, lançado em 2005, ela foi a primeira a escrever sobre o tema no país e deu a largada para que o mercado entendesse quem era este profissional, qual a sua importância e o que ele fazia. Recentemente, uma exposição, na ESPM carioca, mostrou pontos altos de sua carreira. Designer premiada, ela atua em segmentos diversos indo, desde revestimentos cerâmicos, passando por malhas têxteis, até móveis e superfícies plásticas. Vendo o seu trabalho, não dá pra não entender a importância do designer de superfície e como este tema está presente em nossas vidas.

UseFashion: Como foi sua trajetória profissional até conseguir a bolsa para cursar uma escola de design nos Estados Unidos?

Durante anos, após a minha volta ao Brasil, isso não foi reconhecido, nem aceito. Meu trabalho era considerado desnecessário, superficial, cosmético.

vez mais como elemento arquitetônico, em revestimentos, em fachadas, em ventilação, indo além da função estética.

Renata Rubim: Nasci no Rio, fui morar em Porto Alegre com 11 anos, fiz o segundo grau e me mudei para São Paulo aos 18 para fazer um curso de design. Formada, morei no Rio e trabalhei por alguns meses na loja de joias de Haroldo Burle-Marx e, em seguida, fui morar e trabalhar em Gramado, na serra gaúcha, criando móveis, tecidos e tapetes artesanais. Depois de 11 anos, decidi ser designer têxtil para indústrias grandes e atuei como free lancer para a Hering, em Blumenau (SC). Foi aí, em 1984, que ganhei a bolsa.

UF: Quem é o designer de superfície? Que requisitos são necessários para ser um profissional desta área?

Acho ainda, que o design de superfície deve ser um elemento de acessibilidade importante, por exemplo, na deficiência visual, quando se trabalha com superfícies táteis. Assim como você pode contemplar uma superfície que apresente textura (imagem necessária), a pessoa que possui deficiência visual também pode fazê-lo.

UF: De que maneira este período estudando fora do país lhe influenciou? RR: De várias maneiras, pessoal e profissionalmente, mas as duas coisas mais importantes, sem dúvida, foram aprender um método específico de criação que me alargou totalmente a compreensão sobre a criatividade, e ser reconhecida pelo meu trabalho, valor e talento, fora do lugar em que eu já era conhecida. O reconhecimento no exterior se dava autenticamente e, não por outros valores tais como ter o nome conhecido, pertencer à determinada família de prestígio, ou algo assim. Isso me deu mais segurança em relação ao meu trabalho. UF: Você é considerada responsável pela introdução do termo Design de Superfície no Brasil. Conte um pouco como isso aconteceu? RR: Bem, é que, assim que cheguei na Rhode Island School of Design e fiz a entrevista com a minha orientadora, Maria Tulokas, ela me encaminhou para as disciplinas do Surface Design Department. E, quando eu ouvi “surface design”, me dei conta que nenhum termo podia ser mais exato para definir o que eu fazia (e faço até hoje)! Então, a partir daquele momento, nunca mais me denominei uma designer têxtil, mas sim, uma designer de superfície.

RR: O designer de superfície é o profissional que projeta superfícies em geral. Muitas áreas precisam de formação específica (cerâmica, por exemplo) e, nesses casos, ou ele trabalha com um técnico do setor (engenheiro, químico), ou ele próprio domina e tem o conhecimento necessário. É importante salientar que todo designer precisa se familiarizar com a indústria para a qual ele trabalha, portanto, temos que nos manter informados de muitas etapas do processo produtivo. Eu diria que os requisitos básicos são os mesmos de outros designers: entender de projeto, ser apaixonado por design, ter um bom senso estético, conhecimento e cultura de arte, marketing, meio ambiente, ou seja, ser alguém interessado pelo mundo e focado no que ocorre à sua volta. UF: De que maneira podemos identificar a importância do trabalho do designer de superfície em nosso dia-a-dia? RR: Bem, a importância se dá por diversos motivos. Por exemplo, quando o projeto tem o foco na cor, sabemos que ela desempenha um papel fundamental, podemos deduzir. Também podemos saber quando falamos de texturas táteis (plásticos, cerâmicas, vidros). Ou, quando a superfície tem um diferencial agregador, que atrai o olhar e dá mais força ao produto. Você irá escolher o que mais é atraente para você. Tenho vários exemplos disso no meu trabalho e posso citar as “Necessárias” da Coza, que são bidimensionais. Em alguns casos, o design de superfície é o produto em si, como no caso de revestimentos ou artigos têxteis. O design de superfície também participa cada

UF: A questão da sustentabilidade é um ponto importante em seu trabalho? Cite alguns exemplos de projetos em que o conceito ecofriendly foi aplicado. RR: Sim, a questão da sustentabilidade é uma das coisas mais importantes na minha vida, consequentemente, também no meu trabalho. O meu estilo de vida tem como princípio ser ambientalmente cuidadoso ao máximo. Então, eu levo isso ao meu trabalho. Nos pisos cimentícios da Solarium, empresa de produtos ecológicos para pisos e revestimentos, alguns dos meus projetos foram além da matéria-prima do produto. Pensei também na drenagem do solo como um fator básico de contribuição, somando a inteligência à estética. O primeiro desses produtos foi o Ellos, já premiado como conceito e design. UF: Como você vê esta área do design se desenvolvendo no que diz respeito ao ensino no Brasil? RR: Vejo em franco crescimento! Felizmente! Há 20 anos, o design de superfície não existia, não era considerado nem no meio acadêmico, nem em concursos. Hoje isso mudou muito! UF: De 1 a 10, em que posição o Brasil está em termos de design de superfície? Em qualidade? Temos exemplos de designers de superfície excelentes, mesmo que, nem sempre, vistos ou conhecidos pelos empresários ou pelo mercado.


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fotos: divulgação

Caixinhas multiuso da linha "Necessárias" da Coza | 2009

Já, em termos de ser reconhecido como uma área de design, eu não sei, mas ousaria arriscar que estamos com um 6, talvez. Minha resposta é totalmente empírica, não tenho dados para afirmar. É que, ao ver a sua pergunta, lembrei de uma ocasião, há uns 10 anos atrás, em que recebi uma visita de uma designer alemã de papelaria (papéis de presente, guardanapos, jogos americanos) e perguntei como ela chamava sua atividade profissional. Ela respondeu que era uma designer têxtil! Quando eu sugeri o termo superfície (surface), ela ficou entusiasmada!

Porcelanas Del Porto | 2010

UF: Você já trabalhou com produtos bem distintos entre si, como por exemplo, móveis e revestimentos. Quais os desafios em atuar sobre materiais tão diferentes? RR: O primeiro desafio é se interessar e conhecer muito bem o cliente e o mercado em que ele atua. A continuação do processo é igual para qualquer designer: produto, matéria-prima, filosofia da empresa, perfil do consumidor, etc. UF: Na moda, como o design de superfície é explorado? RR: De diversas maneiras, nas estampas de roupas, sapatos, acessórios, em tudo o que você puder ver como uma superfície. UF: Em que projetos está trabalhando atualmente? RR: Estou sempre trabalhando em vários e diferentes projetos. Continuo fazendo superfícies para produtos da Coza, estou finalizando uma nova coleção (superfícies de móveis e tecidos) para a Habitart, que se chamará Fragmentos Compostos, estou desenvolvendo novas ideias (bem novas, mesmo) para a Solarium, estou criando mantas diferenciadas para móveis em parceria com a Kátia Kayser, de Caxias do Sul (RS). Também estou com outro projeto inédito, em parceira com Tânia Porcher, montando workshops para o Pólo de Moda de Caxias do Sul e para o Instituto Rio Moda, no Rio

Pisos projetados para a calçada do Café do Porto | 2009

Piso Ellos, da Solarium | 2007 Vencedor do prêmio Bornancini de Design 2008, na Categoria Design de Superfície.

de Janeiro, além de um grande trabalho para o II Fórum de Superfícies, que acontece em São Paulo, no início de agosto. UF: Cite um livro que está sempre em sua cabeceira? RR: Tenho vários. Um deles é A Arte Cavalheiresca

do Arqueiro Zen, de Eugen Herrigel. UF: Cite um ídolo? RR: Roberto Burle-Marx. UF: E um lugar? RR: Minha casa (ou casinha!).


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negóc ios foto: sxc.hu/reprodução

A polêmica das liquidações Liquidar é uma boa estratégia? por daniel bender Dizem que a dimensão de uma liquidação é proporcional à falta de habilidade na hora de comprar, ou de vender. Apesar disso, todo final da estação, é a mesma coisa. As vitrines de moda, geralmente sofisticadas, elegantes e descoladas, ganham letreiros enormes anunciando descontos e exibindo margens pequenas para os lojistas que não se planejaram adequadamente. É período de liquidação, de esgotar os produtos da temporada que está acabando para liberar espaço – e dinheiro – para a coleção da próxima estação.


Prós e contras

Para não liquidar

Apesar dos pesares, liquidar é preciso e benéfico em muitos casos. Na opinião de Gilmar Marques, professor de marketing estratégico da ESPM/SP, há pelo menos três bons motivos para liquidar. Ele ressalta que é preciso girar o estoque e liberar espaço para itens novos, com preços diferentes e mais atrativos. Diz ainda que é preciso gerar caixa para investir em itens novos. E cita mais um bom motivo: é preciso renovar a loja, pois ponto de venda também é entretenimento, pelo menos para os clientes mais consumistas.

Há duas formas de não fazer uma liquidação. A primeira, e mais interessante, é evitando sobras de estoque, para não fazer a liquidação de fato. “É preciso comprar bem”, ensina Takano. “Para qualquer loja de moda funcionar de forma satisfatória, é preciso que a equipe de compras, marketing e operações estejam perfeitamente integradas. Produto ruim não vende e um ponto de venda bem planejado, só faz com que ele pareça ainda pior”. Para Takano, a integração entre as equipes é a chave do negócio. Um ponto de venda excepcional pode deixar ainda mais em evidência as fragilidades de um produto ruim. Ele ainda complementa: “O sonho do varejista deve ser colocar os lançamentos da estação na loja no mesmo momento em que os outros estão liquidando os estoques da estação passada”, diz Takano.

No entanto, mesmo que atenda estes objetivos, uma liquidação mal-executada pode diminuir o potencial de geração de valor do negócio. “Fazer liquidações com muita frequência, ou com uma duração muito extensa, pode acostumar mal os clientes, que passam a perceber o ponto de venda como especializado em preços baixos, mesmo que não seja”, explica Marques. “Outro problema é arranjar os produtos de forma a desvalorizá-los. Por exemplo, colocar um cartaz ‘tudo por R$ 19,90’ pode dar a impressão de que todos os itens são iguais”. No longo prazo, segundo o professor, faz sentido tornar as liquidações em eventos únicos, personalizados para o público ou marca. “Todo mundo faz ‘liquidação de Natal’ ou ‘liquidação de inverno’, mas só existe uma ‘liquidação da Macy´s’”, afirma. Para o arquiteto Julio Takano, da Kawahara | Takano, que desenvolve projetos de visual merchandising para o varejo, “não se deve fazer liquidações, o ideal é esgotar os estoques, antes de encerrar o ciclo médio, com preço cheio”, afirma. No lançamento, o lojista pode cobrar acima do preço cheio. Uma ou duas semanas depois, já deve começar a dar alguns descontos aqui e ali. Gradativamente, deve aumentar os descontos à medida que o estoque vai se reduzindo. No final, quando há poucos itens e a grade já está severamente incompleta, é o momento de liquidar. Um erro comum, por exemplo, é aproveitar ofertas de fabricantes e comprar uma quantidade muito maior de um item do que seria o ideal. “Se a empresa vendeu 5 mil calças por inverno nos últimos 5 anos, não há como imaginar que venderá o dobro nos próximos anos”, afirma Takano. Ele, no entanto, não é contra períodos de descontos, mas acredita ser necessário garantir geração de valor para a loja. Na prática, é como oferecer gravatas com desconto de 50% para aumentar a venda de camisas com preço cheio. Ou, como sugere professor Ramos, dar de presente um produto que entraria em liquidação para ajudar um cliente que está indeciso se compra ou não um outro de valor (e margem) mais elevado. Nas palavras dele, “se o senhor levar estas duas camisas de R$ 300 levará de presente uma gravata para combinar”.

O professor Marques tem uma opinião diferente. Ele insiste que o importante é manter o foco no comercial. “Uma equipe de vendas com poder de decisão é um diferencial imenso para que o estoque não encalhe”, alerta.

Veja o que não se deve fazer em uma liquidação: • Colocar os produtos fora do ponto de venda, como por exemplo, perto da porta da loja ou na rua. O lugar do produto é na loja. • Expor produtos diferentes, com valores idênticos, no mesmo espaço, como gravatas e cintos por R$ 19,90. Cada produto deve ter seu preço e espaço. • Fazer liquidações mais longas ou frequentes do que os concorrentes (a não ser que faça parte da estratégia da empresa). • Manter preços fixos durante a estação e dar descontos extremos em períodos de liquidação. Descontos devem aparecer com frequência crescente, culminando na liquidação. • Comunicar a liquidação de forma inadequada. Em promoção, não há certo ou errado, mas bexigas e papel picado pelo chão, provavelmente, não vão funcionar para uma butique de luxo. • Não personalizar os períodos de liquidação. É importante que o cliente veja a temporada de ofertas como sendo daquela loja em especial. (Na página 40, em Visual de Loja, acompanhe ideias para montar vitrines de liquidação.)


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c am pu s foto: divulgação

2º Concurso Moda Inclusiva Vencedora é premiada com estágio de um mês na Vicunha O Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, foi o palco da 2ª edição do Concurso Moda Inclusiva, no dia 7 de junho, com um desfile para a mostra de vestuário voltado a pessoas com deficiência. Ao total, 20 finalistas apresentaram suas criações, cujo intuito foi proporcionar maior autonomia na hora de se vestir e promover a discussão sobre a necessidade de se pensar em uma moda mais abrangente. Com um look inspirado nas grandes metrópoles, a estudante do último ano do curso de Design de Moda do Centro Universitário Belas Artes, Letícia Nascimento, 21 anos, venceu em primeiro lugar e faturou o prêmio de um mês de estágio na Vicunha Têxtil. A jovem, que desde o terceiro semestre da graduação dedica-se ao estudo de roupas para

portadores de necessidades especiais, criou um bolero confeccionado com o brim Renoir da Vicunha com desenho de animal print na própria construção da sarja. A peça auxilia na sustentação do corpo da cadeirante e ainda possui ilhoses nos bolsos para acomodar fones de ouvido. O artigo Berry da linha Power Stretch foi utilizado na calça de modelagem cenoura com zíper frontal para facilitar o manuseio. “O estágio na Vicunha significa a continuação do meu trabalho de pesquisa”, revela Letícia. Durante os 30 dias na empresa, ela acompanhará os processos de desenvolvimento dos índigos e brins da empresa. “Oferecemos essa oportunidade ao vencedor, pois consideramos importante reconhecer os criadores que se preocupam em fazer um trabalho destinado à moda inclusiva”, frisou Renata Guarniero, gerente de Marketing da Vicunha Têxtil.

Look vencedor do moda inclusiva 2010

Prêmio Festimalha Ganhadoras são premiadas com cursos e auxílio estudantil fotos: Mauro Stoffel/divulgação

Como já é tradição, durante o Festimalha, feira de malhas em tricô realizada em Nova Petrópolis (RS), acontece o Prêmio Festimalha que tem o intuito incentivar a produção de estudantes no segmento da malharia retilínea, através da busca constante de inovações tecnológicas pautadas nas premissas do design. Nesta 8ª edição, um desfile especial apresentou 12 peças elaboradas pelos alunos vencedores da primeira etapa do concurso. Shelin Korth da Silva, da UCS (Universidade de Caxias do Sul), faturou o primeiro lugar, seguida por Ana Paula Griesang, também da UCS, em segundo, e Tainá Teixeira Pedroso, da Uniritter, terceira classificada. As ganhadoras foram contempladas com os seguintes cursos: Extensão em Modelagem da UCS, curso na área de Moda da Feevale e curso Personal Stylist – 80 horas Senac/RS, além de um auxílio estudantil de R$ 500.

1ª colocada

2ª colocada

3ª colocada

Design de Moda e Cultura Material Workshop é promovido pelo Instituto Rio Moda O Instituto Rio Moda realiza no dia 24 de julho, das 9h às 18h30, o workshop de Design de Moda e Cultura Material com Sheila Gies, PhD no assunto. O workshop traz a Cultura Material e suas bases nos estudos de História da Arte e Arqueologia como uma abordagem recente no estudo da moda. A proposta é que cada participante perceba seu papel social não apenas como receptor moldado por valores culturais pré-estabelecidos, mas, sobretudo como agente responsável e provocador de mudanças sociais no contexto cultural da moda contemporânea no Brasil. Para se inscrever, acesse o site www.institutoriomoda.com.br ou ligue (21) 2523-9975 e 2522-2620 para mais informações.


www.farbe.com.br

Uma peça Branchée Veja o trabalho da vencedora do concurso da marca fotos: divulgação

A Universidade Veiga de Almeida (UVA) e a marca Branchée anunciaram o resultado do concurso “Quer ter uma peça sua comercializada pela marca Branchée?”. A grande vencedora foi Raquel Damasceno, estudante do 6º período do curso de Design de Moda da UVA. “Busquei inspirações em pequenos tesouros do passado como fotos, cartas e lembranças de momentos felizes. Fiz uma pesquisa para conhecer o estilo da marca e criar um produto comercial diferenciado, com um ar retrô”, disse Raquel sobre o tema “Baú de Memórias”, proposto pelo concurso. Com a vitória, ela irá comercializar sua peça na Branchée, marca de roupas exclusivas e limitadas. Vale ressaltar que a escolha levou em conta a opinião de uma comissão formada por integrantes do curso da UVA, da Branchée e também da votação no blog da marca. ceno

Raquel Damas

Baú de Memórias | Concurso Branchée

Santa Marcelina adquire livro de Yves Saint Laurent Faculdade é uma das poucas que adquiriram a obra O livro “Yves Saint Laurent Haute Couture: L’Oeuvre Integral - 1962-2002”, publicado pela Editora La Martinière e pela Fondation Pierre Bergé-Yves Saint Laurent foi a grande aquisição da Faculdade Santa Marcelina. A obra, limitada em 500 unidades numeradas, é composta por quatro volumes com pranchas de trabalho, da primeira coleção ao último desfile, além de um livro prefácio.

foto: divulgação

Para a Faculdade Santa Marcelina, a aquisição do livro de Yves Saint Laurent foi uma conquista para o curso de moda. “Ficamos emocionados com o recebimento da coleção e os alunos puderam ver de perto a obra do renomado estilista”, afirma Raquel Valente Fulchiron, coordenadora do curso. “O material enriquece ainda mais o acervo da biblioteca e oferece aos alunos a oportunidade de poder consultar e pesquisar uma obra tão importante como esta recente publicação”.


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opinião

foto: © Agência Fotosite

Walter Rodrigues|SPFW

Materialidade e conceito Fashion Rio e SPFW sob o ponto de vista do consumo Por Ana Paula de Miranda A dinâmica do processo de adoção de moda entra no momento “a fila anda” e, o que era visto como sofisticado vira massificado. Tudo que é ausente de afetação é presença de bom gosto.

de peças tão simples que a dificuldade de chegar ao resultado de uma imagem de impacto, sem usar o artificio do “ão”, chega a assustar. É o fim do superlativo. A roupa sem manual de procedimento.

As palavras de ordem agora são beleza, praticidade e descomplicação. Pelo menos foi o que nos disse o topo da pirâmide fashion, ao desfilar suas coleções no Fashion Rio e na São Paulo Fashion Week, naquela mistura fina que leva ao consumo da moda: materialidade (o visto) e conceito (o sentido).

Funcional? O que dizer de maiôs e biquínis com bolsos? Mais praticidade impossível. Voto para a Movimento.

Como isso foi materializado? Como fuga da elaboração artística e zelo total na execução das peças. Modelagens para vestir, andar, sentar e até pendurar no cabide! A expectativa sobre como as “roupas de desfile” serão adaptadas para consumo na loja caiu vários pontos nesta estação. Walter Rodrigues, Nica Kessler, Acquastudio, Mara Mac, Graça Otoni e Carlos Tufvesson nos falam

Moda é universo. Relações infindáveis. Portanto, o novo sempre acontece. A matemática desta análise combinatória de elementos é elevada ao infinito. A repetição cheia de novidade do sistema da moda.

Não tem Fashion Show? Claro que tem. A Do Estilista apresenta seus ciganos-fashion-disco-club para uso imediato na balada de sua preferência. Lúdico é a palavra. Ronaldo Fraga faz sua performance poética em bordados e rendas sem provocar estranheza. E a dúvida é: a criação de Ronaldo está mais próxima do público, ou o público está mais próximo da criação de Ronaldo? Momento Tostines!

foto: divulgação

Cada vez mais, vemos a relação imagem e produto. Performance sim, mas o consumo acontece pelo objeto que deve estar pronto para ser consumido. Degustação feita da patisserie (autoral e releitura) até a padaria da esquina da sua rua (cópias, réplicas, clones, falsificações). O que isso quer dizer? Que o primeiro passo do movimento de adoção de moda, que é apresentar o novo, ou seja, inovar, foi dado com os olhos bem fixos no objetivo final do processo: pessoas na suas vidas cotidianas desfilando nas ruas, casas, trabalhos, lugares de lazer. Ser carteira de identidade e instrumento de interação para todos e não apenas para o chamado grupo de formadores de opinião que vai acenar se sim ou não e dizer aos demais o que vão achar bonito e desejável nesta temporada.

de consumo: colares-bolsa da Ori, sapatos de Jailson Marcos, costureiras de Quipapá, bordadeiras de Passira.

E o azul da Osklen? Tingido manualmente pela própria equipe de criação cujos macacões de trabalho estarão expostos nas vitrines das lojas junto com a próxima coleção. Que texto é esse?! Estilo de vida Osklen em cor, forma e processo. Roupa que conjuga bom gosto, sofisticação e masculinidade? É possível em Mario Queiroz. Qual é o elemento de ligação entre a maioria das coleções? Simplicidade nas formas do vestuário, sofisticação com brilhos e textura dos bordados, rendas, tingimentos e sobreposições delicadas trabalhadas nos tecidos, com o algodão sendo a grande celebridade da estação, e loucura total nos acessórios que viram as estrelas que atribuem individualidade ao look. Elemento de ligação entre as coleções? Parcerias. Criadores e criaturas que não dão nome ao desfile, mas que garantem a construção do desejo

Ana Paula de Miranda é professora da UFPE e sócia da Modus MKT & Semiótica. É doutora pela FEA-USP com tese em consumo de marcas de moda. Publicou mais de 30 estudos em congressos, encontros e revistas científicas no Brasil e exterior. Autora de Consumo de Moda: a relação pessoa-objeto, co-autora do livro “Moda é Comunicação: experiências, memórias, vínculos”, e “46 Livros de Moda que Você Não Pode Deixar de Ler”. Membro da Comissão Científica do Colóquio de Moda e do conselho editorial da revista dObra[s].


es t ilo

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MARY ARANTES O estilo da idealizadora da Mary Design em 5 itens

foto: Weber Pádua/divulgação

Carteira “Na carteira carregamos aquilo que é mais que precioso, o que nos identifica: carteira de identidade, de motorista, dinheiro e objetos preciosos de valor afetivo. Tenho verdadeiros tesouros de papel que carrego comigo: a foto dos três homens da minha vida, barquinhos de papel feitos pelo Moreco, minha santa favorita e um verdadeiro amuleto - um crucifixo que foi de um terço que meu avô fez. Não ando sem ele.”

Ela é uma dentista que virou designer de acessórios. Conta que não sabe desenhar, mas que “pega e faz”. Com 53 anos e há 30 fazendo bijus, Mary Arantes comemora o sucesso da sua marca, a Mary Design, com peças selecionadas pelas novelas, filmes e editoriais de moda nacionais e internacionais. Além disso, confecciona coleções exclusivas para marcas como Maria Filó, Farm, Uncle K, Printing, dentre outras. “Faço minhas bijus como se estivesse brincando, me divertindo. Sempre que estou frente a algo difícil, abandono, pois tenho certeza que estou tentando colocar mais no produto do que deveria. Por isso é preciso escutar as peças, elas te falam o que querem ser”. Mulher simples, daquelas que querem envelhecer de cabeça branca, fazendo o que mais gosta, no caso, bijus, Mary diz que é preciso ter humildade até para delegar. “O que me fez descobrir valores que estavam ali do meu lado, pois é necessário deixar que outros cresçam”, complementa. Em cada coleção, ela escolhe temas que acredita que devem e precisam ser revistos. Em sua última coleção, por exemplo, o tema “Comida e Sentidos” a levou para junto de pessoas cegas, desenvolvendo uma oficina de bijus sensoriais. “Ver que já tenho uma bagagem e que posso passá-la pra frente é coisa que me agrada. Lancei um livro em 2009, já tive filhos e já plantei uma árvore. Teoricamente, já estou apta a morrer. Só teoricamente, pois, na prática, sou uma amante da vida.”

Viajar

Horta “Como nasci no interior, quintal para mim é extensão do meu corpo, tenho necessidade de colocar o pé na terra e as mãos também. Passo os fins de semana podando, colhendo e mimando minhas plantas. Horta para mim é lugar sagrado, em que aromas penetram corpo adentro temperando a alma.” fotos: divulgação

Biblioteca “Se pudesse escolher, moraria dentro de uma biblioteca. Ler para mim é tão essencial quanto beber água. Faço aulas de oficina literária há uns quatro anos e troquei o consumo de roupas por livros. Devo confessar que ando mais feliz.”

“‘Viajar, perder países, ser outro constantemente’, é minha frase preferida e de minha família também. Viagem é patrimônio que ninguém tira da gente. Nas viagens que faço de pesquisa, quase nunca fotografo vitrines. As cenas de rua, as flores e os detalhes das coisas sempre foram meu foco. No início, minha equipe de estilo se assustava, agora, já nem esperam por bijus.”

Mesa “Que mesa é lugar de encontro todo mundo sabe. Não tem nada melhor que receber amigos em torno de uma mesa com uma boa comida. Depois de 14 anos de curso de culinária, faço isso com segurança e com muito prazer.”


Extraordinรกrio



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Fa s hion R io | S P F W

Temporada brasileira verão 2010/11 Hora de falar de moda Direção de Pesquisa: Patrícia Souza Rodrigues Textos e Edição de Moda: Eduardo Motta fotos: © Agência Fotosite

Lino Villaventura | SPFW

Se, nesta edição do Fashion Rio, a moda tende a um romantismo naturalista, animado pela estamparia de colorido suave da estação, na São Paulo Fashion Week, a pegada urbana prevalece e a tônica é dada pela construção, pela matéria-prima e pela sustentação conceitual. As duas grandes cidades brasileiras têm personalidades historicamente distintas e impõem-se sobre a produção. Esta avaliação não pretende reforçar clichês, mas reconhece um dado objetivo. São Paulo e Rio de Janeiro representam muitos lados do país, na verdade, lados de uma coisa só, e exercem enorme influência sobre o imaginário de quem pensa e faz moda no Brasil e também de quem consome esta produção. Ao final da temporada de desfiles, cada uma destas cidades tem algo a oferecer e é desejável que seja assim. Consideradas estas particularidades, o melhor da temporada é o fato de que a moda brasileira nunca esteve tão bem posicionada e, ambas as semanas chegaram a um ponto inquestionável de amadurecimento, no que diz respeito à organização. Então mãos à obra que o quadro é mais que positivo para a sedimentação do made in Brazil. Com mais de 80 desfiles corridos, já passa da hora de saber tudo sobre o que rolou nas passarelas e o que deve chegar às lojas. É hora de falar de moda.


edi torial de mod a

t e m p o r a da b r a s i l e i r a | v e r 達o 2010/11

Alexandre Herchcovitch | SPFW


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Fa s hion R io

New Order

Redley

rio 360°

O irretocável aparato técnico e profissional em torno do Fashion Rio sustentou cerca de 40 desfiles envolvendo centenas de profissionais e um público contabilizado aos milhares. Tudo para confirmar a lista de hits que deverão alimentar o mercado na próxima estação. Falando exclusivamente de moda, o Fashion Rio encerrou sob o signo do comedimento. Além da competência e salvo exceções significativas, correu-se menos riscos na semana carioca. A questão que se coloca, é que desfiles são acontecimentos extraordinários. Há todo aquele ritual da sala escura e das luzes que se acendem direcionando a atenção para o espetáculo. Depois destas preliminares, e com a expectativa formada, espera-se outra coisa além da roupa estritamente comercial. Pois até ela, com suas vantagens óbvias, sai ofuscada pelo mise en scéne da passarela. Felizmente, nem tudo é assim tão cauteloso. A moda tropical e inteligente que o Rio oferece, desta vez, amenizada pela cartela suave da estação, impôs momentos memoráveis nesta edição. Confira cinco estilos identificados na semana carioca. Eles apontam as principais orientações para o mercado na estação. Em seguida, na edição por itens, você pode conferir vários pontos fortes, fundamentais para a compreensão do que rolou por lá. Nesta seleção, é possível identificar de modelagens a detalhes decisivos, com direito a dicas sobre calçados e bolsas. Nas páginas seguintes também comentamos 12 coleções do Fashion Rio. Elas foram editadas da seguinte forma: - Três coleções com propostas associadas à depuração de formas e elementos que privilegiaram o conforto, respaldadas por elegância e naturalidade. Esta é uma vertente em que a moda nacional tem apresentado bons projetos, emplacando uma outra identidade na cena internacional. São elas a Lenny, a British Colony e a Graça Otoni. (página 68). - Três coleções relacionadas às imagens de tropicalidade, com elementos de tendências que estão em alta e que aprofundam a ideia de brasilidade. Todas elas relacionadas ao exuberante e ao colorido. Confira, aqui, Cantão, Isabela Capeto e Têca. (página 69). - Seis coleções em que o exercício de moda resultou em certo nível de inovação técnica e/ou formal, associado à urbanidade. São elas: Lucas Nascimento, Mara Mac, Maria Bonita Extra, Melk Z-da, Patachou e Filhas de Gaia. (páginas 70 e 71). Vale ressaltar que, a não ser nos pontos acima identificados, não existe a intenção de sugerir outras proximidades entre as marcas aqui reunidas.

Como um Jardim Filhas de Gaia

Top Meia-Taça Filhas de Gaia

Alongado +Bermuda

Efeito Lingerie Giulia Borges

Ultracurtos Cláudia Simões

Alfaiataria Leve

New Order

Hot Pants Maria Bonita Extra

Cintura Marcada

Printing

Decote V Isabela Capeto

Décor


edi torial de mod a

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t e m p o r a da b r a s i l e i r a | v e r ão 2010/11

Têca

Militar Light

Tribal Mood Cantão

Falso Tomara-Que-Caia Alessa

Madeira

Walter Rodrigues

Retrô Romãntico

Juliana Jabour

Um Ombro Só

Nica Kessler

Tomara-Que-Caia

New Order

Cabedal Cheio

Andrea Marques

Mara Mac

Mistura

de

Materiais

Isabela Capeto

Babado Walter Rodrigues

Artesanato

Andrea Marques

Evasê Juliana Jabour

Novos Metais


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Fa s hion R io

Lenny

Graça Otoni

British Colony

A grife de moda praia encerrou o segundo dia com apresentação impecável. Desta vez, o traço característico de arquitetura modernista cedeu lugar para as linhas suaves e arredondadas de dunas do deserto, e para elementos tribais, conferindo um toque acalorado e orgânico para a coleção. No controle de materiais tidos como inadequados para moda praia, inclusive chamois com película metalizada e georgete de seda, a marca sedimentou a merecida fama do incensado beachwear nacional. Na foto, o top assimétrico e a calça folgada nos quadris, look tão elegante quanto confortável que confirma a excelência do trabalho de Lenny Niemeyer também na formatação de um estilo pós-sol.

Partiu do trabalho do fotógrafo Pierre Verger e das paisagens vazias do filme Casa de Areia, de Andrucha Waddington, e abriu seu desfile com modelagem solta como na foto. Na sequência, engatou calça ampla e camisa mostrando silhueta farta, leve e radicalmente branca. A partir daí, desfilou seu repertório de suavidades e aparentes improvisos das formas, que ela sustenta meticulosamente. Sobre o branco imaculado, as estampas surgiram como vestígios esmaecidos em gradações do cinza. Cor que aparece suave nestas duas peças em seda, de ótimas proporções e soltas do corpo. Ela encerrou o desfile com looks em preto, fechando o ciclo de contaminação da pureza do branco inicial.

De volta às semanas de moda, a marca passou bonita e inspirada na passarela. Sem grandes gestos, mas eficiente e relaxada no melhor dos sentidos. O estilista Maxime Perelmuter mostrou sensibilidade ao desejo por estilo aliado a conforto e exibiu formas amplas que rimam com bom desenho, e simplicidade que não quer dizer falta de graça. Apresentou bonitos vestidos assimétricos, de profundo decote V, e coletes e bermudas de cintura clochard, sempre de proporções interessantes, em malhas e planos leves. Na sequência, entrou a alfaiataria, com resultado mais para o moderno que para o clássico. Toda a calma e elegância não é apenas medo de correr riscos. Na verdade, eles são assumidos todo o tempo, mas sem grandes alardes, com delicadeza nas formas, nos materiais e, acima de tudo, com boa dosagem na invenção.


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Cantão Estreando na direção criativa, Renata Simon aliviou a carga folk da coleção em favor de um romantismo equilibrado pelo sportswear e com uma abordagem nova de elementos açucarados. Os babados, por exemplo, mudaram de lugar. Os espaçamentos entre eles aumentaram viabilizando um caimento novo. As bermudas tipo ciclista mantiveram sob controle as vestes alongadas e vaporosas. Outras peças foram estampadas com nuvens, sinalizando que o céu era o tema da coleção, enquanto o decote nadador e os zíperes dinamizavam o conjunto. Neste jogo de afofa e seca, a coleção resultou otimista e vendável. Estas sim, características preservadas pela marca carioca em meio a uma grande variedade de materiais: linho, tule, seda, nylon transparente, musseline, tricô, sarja resinada, sarja com aplicação de foil, couro e lona com foil.

Isabela Capeto Ela reencontrou o Rio depois de seis anos desfilando em São Paulo e trouxe uma moda ultradecorada para celebrar a ocasião. O apreço da estilista pelos anos 1970, por flores, babados e artesanias é notório, como também é de conhecimento que, gradativamente, e com mais ou menos êxito, ela imprime a este repertório uma camada de sofisticação crescente. Esta trajetória atingiu um estágio notável nesta estação. Os bordados têm um preciosismo a mais, as cores idem. A estilista obtém uma variação de texturas com materiais como a ráfia que são de encher os olhos. Alguns shapes dos anos 1960 e 1980 “corrigem” os cortes previsíveis dos anos 1970 e acrescentam graça à modelagem, em comprimentos mais curtos, e em evasês e godês. No mais, é tudo sobre superfícies ricas e movimentadas, com dourados, turquesas, conchas e corais em profusão.

Têca Para o militarismo light do desfile da Têca, inspirado na presença de uma base aérea americana no Rio Grande do Norte, durante a Segunda Guerra Mundial, o peso foi aliviado por outras referências. O calor extremado da região e os uniformes, provavelmente, tiveram que entrar em acordo na época, e é esta nota que a coleção assume com alguns bons acertos e vestidos desejáveis. Além da depuração formal, a mistura mais visível se deu com as estampas florais. Em seguida, entraram rendas brancas e cores, refrescando de vez qualquer traço de agressividade. A composição acima trata a camisaria com transparência, encolhe e estampa a saia de cintura alta e arremata o conjunto com plataforma alta de cabedal de lona e couro.


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Fa s hion R io

Lucas Nascimento

Mara Mac

É a segunda vez que ele mostra seu trabalho no Brasil. Saiu-se bem, como na primeira. Os formatos são minúsculos, com vestidos e conjuntos de saia e blusa de medidas calculadas em centímetros, em tricô de grande leveza e execução impecável. Os volumes são discretos, voltados mais para construir texturas que formas no espaço. E este é um dos pontos altos do trabalho dele. Outra nota forte fica por conta da radicalidade. É óbvio que várias daquelas peças e tamanhos não são viáveis, mas, exatamente por ele deixar isto claro, os vestidos “difíceis” ascendem à outra categoria, a de projetos conceituais consistentes, com potência para falar do que o estilista é capaz de fazer e de como ele faz. A ideia está vendida. O resto vem depois. Outros vestidos, nestas proporções proibitivas, passaram pelo Fashion Rio alheios a sua real condição. Tão distraídos na impropriedade, que não convenceram. Não é o caso destes.

Deslocando o impacto das apresentações para a teatralidade, com cubos vermelhos em suspensão e queda sobre toda a passarela, em cenário assinado por Bia Lessa - a Mara Mac desfilou os exercícios formais rigorosos, de corte elegante e tropicalidade idealizada que a clientela fiel aplaude com gosto. O peso da tradição modernista oferece um repertório consistente para a marca, definindo um traço estilístico e sustentando uma longevidade considerável, qualidade e condição raras no país. A contrapartida é que a roupa da marca corre o risco de se manter excessivamente atrelada a si mesma. Perigo driblado, nesta edição, com a ajuda de texturas e transparências em camadas, de refinada investigação têxtil, como podemos ver no vestido usado por Aline Weber.

Maria Bonita Extra A marca apresentou o estilo gracioso, refinado e contido de sempre. Foi esta a impressão deixada pelo desfile romântico, salpicado de mangas bufantes, transparências, flores e laços, citando jardins e calma como fontes de inspiração. Para corrigir o rumo e não enjoar, a MB Extra alternou looks enxutos e lânguidos. Entrou com peças ajustadas, em meio às soltinhas, secando partes da silhueta. Introduziu o zíper aparente e ensaiou casacos leves, semiestruturados e de alma utilitária. A opacidade do linho resinado e a translucidez da organza desempenharam este mesmo papel de equilibrar opostos. Exercitando-se de um lado e de outro, com domínio técnico superior, a coleção emplacou sem causar surpresas à poesia discreta de suas garotas bem-comportadas.


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t e m p o r a da b r a s i l e i r a | v e r ão 2010/11

Melk Z-da Mirando em outro alvo, que não o da moda para ser produzida em volume, o estilista se saiu bem em construções complexas e detalhadas. Outra qualidade da coleção foi o trato com os materiais regidos com competência em registros diferentes de textura e peso. Incluindo tapetes de banheiro e organza. O estilista é de Pernambuco e uma singularidade de sua modernidade é dizer de onde veio sem recorrer a alegorias. Desta vez, as danças folclóricas é que deram substância à coleção, revelando os laços estreitos com a cultura popular. E serviram de mote para um exercício no mínimo audacioso de moda. De colorido, apenas um vestido vermelho intenso e uma ou outra faixa na cintura. No mais, tudo foi branco na coleção.

Patachou O fotógrafo londrino Nick Knight, responsável por imagens icônicas de punks dos anos 1980 e pelas flores negras da capa do Massive Atack, entre tantas outras, aparece citado no release da marca, agora sob comando da Érika Frade. A estilista aprofundou a distância entre a Patachou de origem, aquela dos tricôs imbatíveis, e esta de hoje. Em busca da nova identidade, trouxe vestidos e shorts curtos e estruturados, hot pants radicais, apostou no tomara-que-caia, em um ombro só e nas estampas florais, que fizeram a ligação com o Nick Knight. A roupa da Patachou tem aquela maturidade que está eternamente em falta no mercado e esta coleção exibe uma dinâmica nas formas. Mas, ainda não foi desta vez que emplacou uma ideia coesa do que a marca é ou pretende ser.

Filhas de Gaia A oposição de materiais armados e fluidos, de opacidade e transparências, e as grandes aranhas negras passeando sobre a roupa, configuraram o melhor do desfile da Filhas de Gaia. O pano de fundo, mais uma vez, esteve nas flores e nos jardins, a tendência inspiracional deste Fashion Rio. Marcela Calmon e Renata Salles entraram com o toque dissonante dos insetos repulsivos. O truque das diferenças justapostas, conduzido por elas, foi um tanto mais longe do que a forma adotada por outras marcas. Os cortes retos, a linha em A e as vestes retas e alongadas, usadas sobre bermudas grudadas nas pernas, geometrizaram a silhueta. Mas a cintura alta e marcada fez subir a temperatura em desenhos para lá de ondulantes.


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SPFW

Tufi Duek

"ANIMA" SÃO PAULO São Paulo, como se sabe, é plural. A metrópole é destino certo de gente e de culturas dos quatro cantos do país. Uma vez lá, a máquina econômica e cultural processa e assimila o caldeirão de diversidades, enquanto confronta e pensa, cada uma das contribuições no que ela tem de singular. É assim que São Paulo se tornou o país inteiro e que a moda apresentada por lá se tornou um painel de modulações e diferenças. O que junta as peças é a mesma cidade que divide o que acolhe, pois lhes dá espaço de expressão. A São Paulo Fashion Week, que é outro retrato acabado da cidade, apresentou, nesta edição, estilos urbanos, etnográficos e outros tantos, abrigados sob a influência da arte. Confirmando a vocação global da capital paulista e, de resto, da moda produzida no país. Confira cinco estilos da SPFW e, em seguida, fique com a criteriosa seleção de pontos fortes. Nas demais páginas, comentamos 12 coleções. Elas refletem a diversidade da semana paulista, definida também pelas assinaturas inconfundíveis de estilistas de linguagem madura e posicionamento de mercado consolidado. Nas páginas 74 e 75, estão seis coleções de alma construtiva e urbana, associadas ao contemporâneo, que é tecnológico, industrial e relacionado ao design. São elas: Alexandre Herchcovitch, Reinaldo Lourenço, Gloria Coelho, Animale, Priscilla Darolt e Alexandre Herchcovitch Masculino. Nas páginas 76 e 77, acompanhe uma mescla de coleções masculinas e femininas, de estreantes e autores experimentados. Embora com diferenças significativas na abordagem, todas elas partem da brasilidade cool, que tem definido parte da produção nacional. São elas: Fernanda Yamamoto, João Pimenta, Maria Bonita, Osklen, Mario Queiroz e Ronaldo Fraga.

Anos 1960 Erika Ikezili

Vestido Do Estilista

Viés em Contraste

Priscilla Darolt

História

da

Arte

Gloria Coelho

Calça Justa e Alta Ronaldo Fraga

Artesanais

Neon

Saia Cintura Alta Rosa Chá

Bordados

Triton

A Linha Evasê Colcci

Estampas Florais


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t e m p o r a da b r a s i l e i r a | v e r ão 2010/11

Maria Bonita

Cavalera

Etnográfico

Princesas Ellus

Inspiração Camisaria

Tufi Duek

Vazado e Transparência

Animale

Estampas Gráficas

Osklen

Movimento

Rosa Chá

Acesso Reinaldo Lourenço

Transparência Pura Cavalera

Pumps Fechados

ao

Corpo

Alexandre Herchcovitch

Mangas Incríveis Animale

Saltos Arrasadores

Movimento

Bolsos + Senso Utilitário Ellus

Formatos Menores


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SPFW

Alexandre Herchcovitch

Reinaldo Lourenço

Gloria Coelho

Partindo do expressionismo abstrato norte-americano e bebendo no universo dos pintores Mark Rothko e Barnett Newman, foi um Herchcovitch poético o que se apresentou nesta edição. Trata-se de um exercício em trânsito entre formas depuradas e construções complexas. As mangas bufantes com recortes bem posicionados elevam o tom da modelagem, com desenhos muito particulares. Os cortes retos são em proporções levemente amplas e as linhas de base têm gosto anos 1960. O que ele faz com a modelagem, faz com a cor, partindo de tons pálidos até mais fortes. E repete o mesmo com as estampas, regendo-as entre a geometria e a mancha e entre a presença e a ausência. Na medida em que desenvolve roupas sobre temas que parecem mobilizá-lo de verdade, o Alexandre ganha ainda mais substância e apresenta-se como que banhado de autenticidade. Impecável o conjunto, com ressonâncias de fases anteriores ecoando sutilmente nesta bela e, de certa forma, melancólica coleção.

Design do automobilismo, Kustom Kulture, alta-costura dos anos 1960 e estética da contracultura pop. Esta lista de referências é a que está no release do Reinaldo e é o que ele apresentou no desfile. O que a lista não explica é como a virilidade do design de carros se junta com alta-costura e com os anos 1960. E nem esclarece como é que, com toda a discrepância, entre uma e outra coisa, a coleção funcionou tão bem. O que o estilista fez foi mixar sem fundir. A partir deste princípio, justapôs materiais armados e fluidos, transparência e opacidade, p&b e cor, linhas e formas geométricas e dinâmicas, com delicada textura de rosas construída no tecido translúcido. Qualquer comentário a respeito da roupa do Reinaldo Lourenço já parte de um outro patamar. Mas fica o registro: apesar dos momentos inspirados e da excelência técnica, o repertório de modelagem passou um tanto curto e repetitivo.

Gloria se diverte com esta coisa de inspiração. Mistura o logotipo do patrocinador, no caso a Eletrolux, com minerais, anos 1960, arquitetura, visão biológica da natureza e evolução do clássico. Provavelmente, tem um pouco disso tudo na coleção, contudo, a esta altura, o que uma coleção Gloria Coelho tem é mais Gloria Coelho. A estilista moldou um mundo só dela e desdobra cada detalhe deste universo estação após estação. Estão lá as fitas horizontais e verticais que sustentam umas às outras até deixarem de pé as prodigiosas construções. Sempre tão minuciosas e tão bem executadas que não há como botar reparo técnico. Ela mostrou também calças de cintura alta e variações dos seus vestidos-armaduras, desta vez, tão leves, que contrariam a referência que um dia foi belicosa. Tudo em cores de uma delicadeza etérea em que o preto é só um contraponto. Se não há como apontar algo exatamente novo, há, sem dúvida, mais de um mesmo que é bom.


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t e m p o r a da b r a s i l e i r a | v e r ão 2010/11

Animale Desfile bonito, aberto para o parque da Ibirapuera, o que deixou a luz natural entrar, aliviando o clima de sala escura e fechada. A ideia anunciada era falar de simplicidade estética, mas não foi exatamente isto o que aconteceu. Entretanto, o que passou, passou muito bem: um voluptuoso desdobramento de formas e recortes, enquadrados por linhas esportivas e experimentações têxteis bem-sucedidas. Esqueça a Animale exuberante e excessiva. A palavra de ordem agora é experimentação. Sexy e de bom gosto, a silhueta próxima ao corpo e em comprimentos curtos ganhou folga leve na região dos quadris. O mesmo recurso de empregar um pouco mais de material aparece em detalhes na região dos seios e em círculos logo abaixo da cintura. A predominância é de formas estruturadas, construídas por recortes de formas assimétricas e materiais de texturas diferentes. As muitas partes são unidas como em um encaixe. É complexo e é bonito.

Priscilla Darolt A estilista tem uma concisão rara e aposta nesta qualidade, na marca que leva seu nome, guardando alguns excessos para a intrépida e audaciosa Animale que ela também assina. Desta vez, é o art déco que dá régua e compasso para a coleção. Falar nestes instrumentos soa anacrônico, em tempos que as tecnologias são outras, mas, no caso, não é só um trocadilho. O déco é mesmo um estilo geométrico, quase sempre simétrico e composto, como a roupa que a estilista apresentou. Da geometria desta corrente artística, ela retirou micro comprimentos e muitos vestidos. Na linha de frente, estão eles: armados, de estrutura simplificada, mas com linhas de contorno nem tanto. O mais interessante acontece não na forma, mas na superfície do couro, que ela monta, remonta e estampa em fosco e brilho para criar linhas largas e lados espelhados de visualidade arquitetônica e convincente. Talvez os centímetros a menos na modelagem, sirvam para compensar o aspecto um tanto pesado. Excluindo esta sensação, passaram muito bem.

Alexandre Herchcovitch masculino Mal o primeiro garoto usando chapéu coco e com um taco de basebol dourado suspenso sobre o ombro, entrou na passarela, baixou sobre o ambiente o impacto do Laranja Mecânica, o cult movie de Stanley Kubrick. A partir daí, de maneira inteligente, Alexandre fugiu de imagens literais, para se concentrar em alusões sutis e realizar todo um figurino novo para Alex e sua ameaçadora gang de delinquentes. Ficaram o chapéu coco, em versão mais alta, com algo do surrealista Magritte, o taco transformado em objeto atraente, e a linha dândi incorporada à alfaiataria, captando bem a concepção elegante que Kubrick imprimiu aos seus marginais violentos. O tema entrou em sincronia com os desfiles viris e energéticos que o estilista tem realizado, desta vez, ampliando estas sensações pela memória de turbulência que o filme desencadeia. Um toque chapliniano adoçou a agressividade, sem arrefecer a potência desta excelente apresentação, com roupa de primeira linha do começo ao fim.


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SPFW

Fernanda Yamamoto Com a cidade de São Paulo, vista do alto como tema, o vôo da Fernanda Yamamoto subverte a precisão do registro com desfoques e manchas, forçando uma visão poética da densa e acidentada malha urbana. Lá de cima, e sob o olhar dela, desaparecem o concreto, o ferro e o aço, e a cidade surge em linhas soltas e formas delicadas, com um quê de informalidade artesanal embaçada pela atmosfera. O resultado sai dos tecidos fluidos e translúcidos, e dos volumes aéreos que ela impõe à silhueta. O mesmo efeito é dado às saias, de aspecto delicado e usadas com regatas ajustadas, que também acompanham bermudas de tricô e hot pants. São bonitas as sobreposições e os franzidos, em combinação com as matériasprimas, construindo volumes líquidos nos vestidos vaporosos, com detalhes de construções em camadas e em desenhos retos e arredondados. Falta apenas elas se encorparem à coleção, que é curta e linear.

João Pimenta Tão bem-sucedida a apresentação de estreia do João Pimenta, que as opiniões nem se concentraram na viabilidade comercial, ou na possível inadequação com os padrões de masculinidade, mas sim, na competência com que ele deu forma ao tema. Uma utópica fusão de indumentárias da côrte portuguesa com street e surfwear foi a inspiração sobre a qual ele desenvolveu roupas com traços de época, camisas, casacos e coletes adornados e com grandes decotes. Não é de se esperar nenhuma corrida a estas peças, nem às calças amplas de cintura alta, mas o exercício formal é rico e convincente. Ele conseguiu formatar um universo novo, recheado de imagens de moda que fazem valer o ritual do desfile e o aparato da sala escura, com todos os seus clicks e textos decorrentes. Vai dar o que falar, as fotos vão correr mundo e a moda masculina, no line-up principal da São Paulo Fashion Week, espera-se, ganhou, de forma permanente, mais um nome de peso.

Maria Bonita Poética, etnográfica e singular, Maria Bonita fez um dos melhores desfiles da São Paulo Fashion Week, com composição equilibrada e grande efeito decorativo. Na base da pesquisa, está o trabalho da fotógrafa Anna Mariani, que registrou fachadas de casas nordestinas e mostrou o resultado na Bienal em 1987. Só o primoroso trabalho com lâminas de madeira, que é coisa para se ver de perto, já valeria o desfile. Mas aí entraram as cores lavadas, em perfeita sintonia umas com as outras, evocando o Nordeste brasileiro, a roupa de trabalho no campo, o verão, o sol e a mais completa elegância que é possível extrair de tamanho despojamento nas formas, na modelagem, nos acabamentos. Tem algo de fusão entre casa grande e senzala. Desta última, vêm quase tudo: os inacabados, os amassados e a absoluta economia de recursos. Da casa grande, vem o refinamento e uma lição madura e delicada sobre o que é realmente trabalhar com referências nacionais.


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Osklen Com um tema simples, Um Mergulho no Azul, a marca serviu um banquete infindável de tremulações, ondas e volteios, simulando todos aqueles movimentos breves e delicados que se observa na superfície das águas. Todos eles reproduzidos em texturas obtidas com sensibilidade em malhas finas de algodão orgânico, tricôs construídos em malha cortada a fio, tule de seda e organza de seda. No lugar de estampas, entraram acabamentos e tingimentos resinados, em gel, corte a laser, efeitos de devorê, corrosão e sobretingimento. Sem repetir formas, a modelagem acontece como um fluxo, contornando o corpo em movimentos contínuos e sem se prender a ele, em constante estado líquido de fluidez. Estilo, a Osklen tem de sobra e, quando esta qualidade é abordada com tamanha concisão, é um descanso para os olhos e soa como música para os ouvidos. Bonito de verdade e Osklen como nunca.

Mario Queiroz Mario Queiroz acertou o tom em coleção despretensiosa e agradável inspirada na cultura turca. A silhueta é trabalhada com volumes amplos nas camisas e ajustados para os casacos e calças. O detalhamento da coleção é bem interessante, com nervuras e recortes em forma de peitilho nas camisas e bolsos funcionais nas calças. De maneira inversamente proporcional, na medida em que as camisas são alongadas, as calças encurtam. E tome caftans, calças de gancho baixo, tricôs leves e estampas de arabescos vindas de azulejos. Tudo em tons claros, brancos, beges e azuis frescos. Os materiais são o algodão, seda e linho, malha circular e retilínea, cambraia, telas leves e denim. Um bom endereço este ao qual Mario destinou sua coleção nesta estação. É o passado sem ranço e o novo sem desejos por modernidades de última hora.

Ronaldo Fraga Entre 1927 e 1929, o escritor Mario de Andrade realizou uma viagem pelo Nordeste brasileiro registrando os bordados, rendas, canções e a culinária popular. Deixou um material tão impregnado de admiração, pelo seu objeto de estudo, que ajudou a moldar a forma como o Brasil hoje se vê. Ronaldo Fraga revisitou estes registros e embarcou na viagem etnográfica do escritor modernista. E vem dessa experiência, particularmente de Pernambuco, a beleza que sequestrou o interesse do estilista impondo-se sobre o estranhamento usual. O saldo deste escambo foi uma das coleções mais bonitas que Ronaldo Fraga já fez. Superposta à passarela, recoberta de azulejos hidráulicos, a coleção entrou como mais uma camada no delicado e suntuoso espetáculo decorativo. Com transparências de asa de borboleta, Ronaldo desenhou modelos líricos, de intensa feminilidade, alguns com formas dos anos 1950, emplacando mais um grande trabalho.


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memória fotos: reprodução

Jimi Hendrix 40 anos sem o guitarrista que revolucionou a música e influenciou a moda Por Juliana Zanettini A cena rock tem sido, há algumas estações, inspiração para diversos designers de moda. Na inserção dos anos 1990 como referencial para as tendências, Kurt Cobain, líder do Nirvana, é o primeiro que nos vem à mente. Apesar da maneira irreverente de se vestir e da atitude transgressora do músico de Seattle, é importante lembrar outro ídolo, que se tornou popular cerca de 30 anos antes de Kurt e, que assim como ele, também nasceu nesta cidade, era canhoto, influenciou toda uma geração e, como Kurt e outros tantos, morreu aos 27 anos de idade. O ano de 2010 é marcado pelo 40º aniversário de morte. Estamos falando de Jimi Hendrix, considerado o maior guitarrista da história. Mas o que ele tem a ver com a moda? Tudo - seria a resposta certa. Ele reformulou o conceito de rock’n’roll por meio de acordes musicais estridentes e esteve à frente de seu tempo, conduzindo toda uma geração de jovens sedentos por transformações sociais. Hendrix viveu parte da infância no Canadá com a sua avó, uma índia. Ele também era descendente de mexicanos e africanos. Talvez por isso o mix de etnias estava tão presente em seu figurino. O menino, que nunca aprendeu a ler partituras, mudou o conceito de como tocar uma guitarra. Ainda aos 16 anos, começou a tocar violão numa banda chamada Velvetones. Já aos 17, ganhou do pai sua primeira guitarra elétrica e

passou a tocar no grupo Thomas & The Tomcats. Em 1961, abandonou a escola para se alistar ao exército. Contudo, em virtude de um acidente num salto de paraquedas, sofreu uma fratura no joelho e precisou ser afastado da carreira militar. Aqui, podemos referenciar a relação do músico com os trajes típicos militares. Em 1962, Jimi Hendrix foi descoberto pelo mundo durante uma apresentação num bar do Greenwich Village, bairro que fica no coração de Nova York. Numa de suas apresentações no Cafe Wha? estava Chas Chandler, baixista da banda The Animals. Chandler encantou-se profundamente com o potencial musical de Hendrix, convidando-o para viajar com ele para a Inglaterra, onde formariam a legendária banda The Jimi Hendrix Experience. Em uma época em que a efervescência londrina apontava novas diretrizes para a cena artística e também para a moda, Hendrix não poderia estar em melhor lugar. Lá ele gravou álbuns e fez turnês europeias. Em 1967, no The Monterey Pop Festival, vestindo uma jaqueta pintada por Chris Jagger – irmão de Mick Jagger - o músico incendiou uma guitarra frente a um público ensandecido. Em 1969, no Woodstock, subiu ao palco para protagonizar uma das cenas mais marcantes da história do rock mundial. Com a sua nova banda, a Gypsy Suns and Rainbows, o guitarrista improvisou o hino nacional norte-americano através da música The Star

Spangled Banner, que foi distorcida de forma a simular os sons da guerra. Naquele momento, ele vestia uma túnica toda franjada, ornada por contas de vidro azul e similar as trajes dos índios norte-americanos. A herança que Hendrix deixou para a moda é vasta. Reza a lenda que, ao chegar a Londres, ele foi imediatamente para algumas das inúmeras lojas especializadas em moda vintage da capital britânica, como a Lord Kitchener e a Granny Takes a Trip, a procura de novas roupas. Lá, ele comprou pelo menos dois casacos de exército, causando fúria em alguns militares da época, que diziam que a atitude do músico era uma ofensa para aqueles que já tinham usado os uniformes. Hendrix também adorava acessórios como, por exemplo, lenços, anéis, broches, chapéus e medalhões. Indo ao encontro da moda psicodélica da época, ele também optou por estampas coloridas e trajes exóticos com destaque para as calças pantalonas, para as camisas leves e para os coletes. Em 2007, seu meio-irmão Leon, divulgou cerca de 40 looks, que se acredita que tenham sido desenhados pelo músico nos anos 1960. Os modelos, intitulados “Art of Jimi Hendrix”, foram compostos por calças jeans, jaquetas e blusas para ambos os sexos. Prova de que, pelo menos aos olhos de Jimi Hendrix, a moda e a música sempre andaram juntas.




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