Revista Reserva 7

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ANO 4 SETEMBRO → 2015

A​MOR CONCRETO

MART’NÁLIA Ela não liga e segue em frente, trilhando seu caminho único na MPB

O artista Guto Requena transforma emoções em objetos feitos em impressora 3D

DESAPEGO Histórias de quem jogou tudo pra cima e se deixou levar

O INESPERADO É O TEMPERO DA VIDA

QUE SEJA!

AHÁ, UHÚ,

O MARACA O bancO de reservas dO Maraca tá de rOupa nOva. e caiu cOMO uMa luva! É cOM Muita hOnra e alegria que a gente anuncia: a reserva É patrOcinadOra dO bancO de reservas dO teMplO da bOla.

E pra você, que como a gente é apaixonado por futebol, tem loja online no ar com camisetas exclusivas pra craque nenhum botar defeito.

A Reserva tá na área. Literalmente. reservafut.com

EDITORIAL

Me deixa que eu vou

P

ara conseguir se deixar levar, é preciso ir contra os nossos instintos mais básicos de sobrevivência. Não negamos nossa natureza e queremos ter controle sobre tudo (e todos), humanos que somos. Mas, quanto mais nos afastamos da necessidade de sobreviver, mais nos aproximamos da necessidade de dar um sentido à vida. É justamente sobre isso que fala a edição da Revista da Reserva que você tem em mãos. Nós, de O Panda Criativo e da Revista Reserva, recebemos o desafio de olhar para o mundo e encontrar histórias de gente que conseguiu se soltar das amarras do costume, da rotina e do seguro para se entregar ao obscuro e assustador desconhecido. Alguns arriscaram dinheiro, reputação e reconhecimento porque não aguentavam mais a previsibilidade do dia a dia. Outros simplesmente não resistiram ao sedutor chamado do inesperado. Como nós, as pessoas que editaram textos, escreveram histórias, revisaram vírgulas, fotografaram pessoas, desenharam páginas e participaram da confecção desta revista. Começar algo é nunca saber como tudo vai terminar. É assim com a vida, com os relacionamentos, com o trabalho e, claro, com o número atual da Revista da Reserva.

Sobreviver sim, mas sem perder a aventura jamais.

Diogo A. Rodriguez Editor-chefe

Carla Furtado

JORNALISTA O desafio do sossego é aceitar que nada está sob controle. Saber receber o acaso é ter sabedoria de aproveitar as oportunidades.

CHICO FELITTI

REPÓRTER O acaso é a maior bênção, afinal muita gente (como eu) nasceu por acaso e, depois de vivo, tropeçou nele para ganhar as melhores pessoas que assim entram no seu caminho.

FOTÓGRAFO​ Se deixar levar é ​acreditar que não estamos totalmente no comando, fluir no TAO e boas surpresas nos aguardam. Que seja... o presente, única realidade. Viva!

COLABORADORES

DIOGO A. RODRIGUEZ

EDITOR-CHEFE Milhões são dispendidos em remédios, terapias, eletrochoques, justamente para evitar que o inesperado nos dê um pescotapa. No fim, ele tem o poder de criar coisas belas (que a grana acaba destruindo).

GRAZIELA CANELLA

FABIO SEIXAS

AGITADOR CULTURAL Sim, o acaso pode ser uma bênção! Estar aberto ao novo automaticamente nos torna seres mais interessantes.

DANIEL MATTAR

FERNANDA SEGABINASSI

DIRETORA DE ARTE O que muitos chamam de acaso para mim é a forma de interação-integração do universo com a vida de cada ser. E essa relação é uma benção divina, cósmica ou sagrada.

JORNALISTA​ Se deixar levar é ​ter confiança. É como flutuar no mar, a gente só consegue quando para de pensar que está afundando e acredita que, se soltar o corpo, ele volta à superfície.

MARINA ARAÚJO

JORNALISTA Quando penso que tenho rédeas da vida, vem o universo e conspira a meu favor mostrando-se bem mais eficiente do que eu.

Sempre boio sozinha no mar para me lembrar que faço parte de um todo. Há muito mais mistérios entre o céu e a terra...

RAFAEL VETTORI PRODUTOR CULTURAL

Respiro fundo, tento vencer o medo, arrisco sempre o meu melhor. Não se pode domar o acaso, só viver.

VITOR NEVES

FOTÓGRAFO O acaso pode ser uma bênção, depende de como você se preparou e como vai reagir a ele. O importante é deixá-lo jogar ao seu favor.

RICARDO PENNA RENATA D'ELIA

REPÓRTER Não preciso fazer muita força para me deixar levar, só não abro mão de uma placa para o bruxismo. Sob as surpresas e emoções das aventuras livres, uma parte involuntária de mim ainda range pelo controle. É preciso abrir o sorriso íntegro para as mais inusitadas vistas.

FOTÓGRAFO Na maioria das vezes o acaso é uma surpresa boa! Se não, vira uma história para contar. Para deixar a vida me levar, penso menos no futuro. Faço algo porque quero e não porque tenho que fazer. Como disse Alice Morse Earle “Ontem é história. Amanhã é um mistério. Hoje é uma dádiva. É por isso que se chama o presente."

VINÍCIUS FÉLIX

REPÓRTER O acaso pode ser uma benção.

Mas exige cabeça aberta. Quem não presta atenção, não pensa nem duas vezes e não escapa do pensamento rotineiro e perde boas oportunidades todo dia.

EXPEDIENTE

COMPRE ONLINE: USERESERVA.COM LOJAS RESERVA RIO DE JANEIRO Ipanema Rua Maria Quitéria, 77 - loja F | Shopping Leblon 1º piso | Rio Sul 2º piso | Botafogo

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2º piso

SORRIDENTE Rony Meisler

Icaraí Rua Cel. Moreira César, 228 - loja 109 | Plaza Shopping Niterói 3º piso

DIRETOR DE PRODUTO Fernando Sigal

SÃO PAULO

ANO 4 SETEMBRO 2015

Praia Shopping 3º piso | Fashion Mall 2º piso | Village Mall 2º piso | BarraShopping nível Lagoa | Downtown bloco 5 loja 101D | Rio Design Barra 2º piso | Shopping Tijuca 2º piso | Norteshopping BÚZIOS Rua das Pedras Av José Bento Ribeiro Dantas, 73 lojas 06 e 07 NITERÓI

DIRETORA DE MARKETING Karen Arman

Jardins Bela Cintra, 2149 | Iguatemi 1º piso | Shopping JK Iguatemi 2º piso | Market Place 2º piso

GERENTE CRIATIVA Adriana Omena

Morumbi Shopping piso Lazer | Pátio Higienópolis piso Veiga Filho | Alphaville Iguatemi piso Xingú

MARKETING Paloma Terra, Anna Beatriz Assis, Carô Grossi, Camilla Campelo, Letícia Franco, Isa Ismério, Ícaro Santos, Lucas Pimenta, Luiz Gomes e Marcela Petersen.

ESTILO Antônia Farroco, Igor Barros, Felipe Crepalde,

Fernanda França, Gabriela Lomba, Thiago Melo, Caio

RIBEIRÃO PRETO Iguatemi Ribeirão Preto 2º Piso | Ribeirão Shopping Nível Califórnia BELO HORIZONTE Pátio Savassi 2º Piso | BH Shopping Piso Nova Lima | Só Marcas Piso Térreo | Diamond Mall nível Olegário Maciel - em breve | BH Outlet nível 1- em breve BRASÍLIA ParkShopping 1º Piso | Iguatemi Brasília Piso Térreo

Junger, Iuli Vieira, Luiz Magalhães, Pedro Polo.

SALVADOR

IMPRENSA

Shopping da Bahia 3º Piso | Salvador Shopping 2º Piso

Brasil: Multifato

PORTO ALEGRE

Renata Reis e equipe – multifato@multifato.com

Barra Shopping Sul Nível Jockey - em breve

São Paulo: NR – 7 Comunicação

CURITIBA

reserva@nr-7comunicacao.com.br A Revista Reserva é uma publicação semestral produzida pelo O Panda Criativo www.opandacriativo.com

ParkShopping Barigui Nível Superior – em breve RECIFE Shopping Recife 5º etapa 1º piso | Recife - Plaza Casa Forte 1º piso GOIÂNIA Shopping Flamboyant 3º piso BELÉM Shopping Boulevard 3º piso

O PANDA CRIATIVO

FORTALEZA

SÓCIOS-FUNDADORES

Shopping Iguatemi 2º piso

Fabio Seixas e Rafael Vettori

VITÓRIA

EDITOR-CHEFE Diogo Antonio Rodriguez

Shopping Vitória Piso L1 – em breve

COORDENADORAS DE PRODUÇÃO

TERESINA

Carla Furtado, Daniela Somlo e Foca Bacaleinick DIRETORA DE ARTE/PROJETO GRÁFICO Fernanda Segabinassi COLABORADORES [TEXTO] Carla Furtado, Chico Feliti, Gustavo Gitti,

Shopping Rio Poty Piso L2 – em breve NATAL Natal Shopping Piso L2 – em breve CAMPINAS Iguatemi Campinas 1º piso

Marina Araújo, Renata D'Elia, Romeu Andreatta

MANAUS

e Vinícius Félix [ARTE] Mariana Fabio [FOTOGRAFIA]

Shopping Manauara 2º piso - em breve

Danielle Gressoni, Gabriel Wickbold, Rafael Calsinski de Assis, Ricardo Penna, Roberto Vietri e Vitor Neves As famílias tipográficas utilizadas nesta edição são: PF Din Text/Display/Compressed Pro da Parachute Foundry e Intro da Fontfabric Foundry.

Tiragem 10.500 EXEMPLARES Periodicidade SEMESTRAL Jornalista responsável KAREN ARMAN MTB 21894 Impressão Burti

ENCONTRE A RESERVA EM QUALQUER LUGAR! COMERCIAL.ATACADO@USERESERVA.COM FRANQUIAS@USERESERVA.COM FACEBOOK.COM/USERESERVA INSTAGRAM: @USERESERVA @RESERVATWEET BLOG.USERESERVA.COM YOUTUBE.COM/USERESERVA

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Fazendo arte Bruno 9Li mistura formas naturais, grafismos pósmodernos e cultura indígena.

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Carta ao leitor Nosso CEO fala sobre como se deixa levar, o tema desta edição da Revista Reserva.

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Empreendedores Abrir mão da estabilidade pode ser um bom negócio para quem quer empreender.

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Rádio corredor Fique sabendo das principais novidades da Reserva para os próximos meses.

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Que Seja Verão 2016 Convidamos oito amigos instagrammers para criar nossa nova campanha.

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40076 A nova coleção da Reserva tem peças estampadas com temas como igualdade e cidadania.

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Papo reto II Thiago Worcman conta como conseguiu fazer a MTV ressurgir das cinzas.

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Partiu Bruno Feder, o fotógrafo que percorre a África fazendo belas imagens do bem.

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Rebeldes com causa Saiba quais são as novas iniciativas incorporadas ao nosso time de rebeldes.

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Laje Reserva Música, empreendedorismo, cerveja boa e papos de alto nível na loja dos Jardins.

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Quer que eu desenhe?

O amor vira uma coisa concreta nas mãos do arquiteto, designer e artista Guto Requena.

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Faça você mesmo Agora você pode deixar o seu recado nas polos e camisetas da Reserva.

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Quanto mais gente, melhor O álbum de quem passou por nossas lojas, eventos e encontros.

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Solta o verbo O sucesso chegou sem avisar e mudou muito pouco a vida da cantora Mart'nália.

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Papo reto O porteiro do Rio que criou um império da moda suburbana a partir de revistas velhas.

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Esporte Uma tempestade brasileira está criando ondas gigantes no surf internacional.

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Desapego Fomos conhecer pessoas que largaram tudo para viver em paz com o acaso.

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Sala escura Branco Sai, Preto Fica mistura ficção científica com documentário e conta uma história surreal.

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Artigo Gustavo Gitti mostra a necessidade de se preparar para encarar o vazio.

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Som na caixa Sucesso, mulheres e dinheiro?

Nada disso ilude MC Guimê, o rei do funk ostentação.

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Lambança O primeiro coworking culinário do Brasil foi criado por acaso e virou um sucesso.

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Pitaco de mestre A cantora Maria Gadú compartilha conosco como ela se deixa levar.

ÍNDICE

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CARTA AO LEITOR

Que seja...

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RESERVA

N

asci no Flamengo e me mudei na adolescência para o Leblon. Me formei em engenharia de produção na PUC-Rio em 2003 e só saí da casa dos meus pais para me casar com a minha melhor amiga da vida inteira, aos 28 anos, em 2009.

A verdade é que eu sou um filhinho de papai e mamãe.

Sou um playboy da zona sul carioca. Com o maior orgulho do mundo! Não finjo ser fashionista ou diretor criativo de nada, sou só um cara comum que ama o que faz. Nunca peguei onda na minha vida porque tenho medo do mar, uso camisetas pretas porque nelas me sinto mais magro e estou sempre tirando sarro das minhas imperfeições. Um pouco diferente de uma biografia de um homem por de trás de uma marca de moda, né? Pois é… Talvez por isso a Reserva também seja diferente? Dãhrrrr. Óbvio, não? Nem tanto...

Enfim, aos 23 anos comecei a Reserva com o Nandão, meu amigo da vida inteira, e nos chamavam de um monte de coisas: malucos, kamikazes, suicidas… Um grande amigo um dia me ligou para me perguntar porque eu estava largando um emprego estável numa multinacional para colocar de pé uma marca de moda masculina. Quando respondi que não sabia ele me disse: "Sabe por que eu gosto de você? Porque você é um romântico.” Sabe-se lá se isso era uma crítica ou um elogio (risos).

Enfim, o fato é que realmente não sabíamos por que estávamos fazendo aquilo... Financeiramente, tecnicamente, socialmente e sabe-seláoquemente não fazia nenhum sentido.

Até aquele momento, havíamos produzido algumas bermudas e camisetas nas quais desenhamos e escrevemos nos-

sas vontades. Aquilo para nós era tudo, não precisávamos de mais nada, por menos sentido que fizesse. Mas foda-se! Em nós havia nascido um bicho na barriga, meio dormência meio calor, que nos jogava para frente numa vontade enlouquecida de continuar vivendo para nos comunicar através daquelas roupas. Intensamente.

E a grana? Jamais pensamos nela. Não escolhemos a estrada pelo destino. A escolhemos pelo caminho. Pelo tesão do vento que até hoje bate no rosto, pelo prazer de ultrapassar os buracos no percurso, pela adrenalina de pisar fundo no acelerador e, principalmente, pela honra de conhecer centenas de milhares de seres humanos neste percurso. Justamente pelo fato de termos escolhido a incerteza chegamos em um montão de lugares bacanas e continuaremos acelerando pela estrada da vida sem saber exatamente onde chegaremos. Se tivéssemos escolhido a certeza de um destino já teríamos parado nele há muito tempo. Quando o sonho é grande, os obstáculos ficam pequeninos.

Neste percurso nós não apertamos mãos, nós abraçamos e beijamos muito! Não seguimos as regras do jogo, sempre fomos o que somos. Paramos em milhares de mesas de bar onde conhecemos gente diferente de nós e com elas conversamos e aprendemos. Muitas delas conosco seguiram pela estrada tendo como regra única de permanência o AMOR, e, quando o amor acaba, também com amor, agradecemos pela convivência e nos despedimos. Nós nascemos, somos e seremos do bem. E o bem sempre vence!

Quando as empresas crescem, passam a acreditar que, para progredir, devem deixar de ser familiares. Na Reserva

será sempre o contrário: a nossa cultura mora justamente na passionalidade, no amor e na linda incerteza da vida. É óbvio que, para sobreviver, teremos sempre que buscar organizar o nosso caos, mas o bom caos sempre morará em nós. Falamos que nosso processo é “caórtico”.

Hoje eu conseguiria responder ao amigo que citei no início deste texto: largamos tudo porque queremos construir algo que promova o afeto. Num mundo de desafeto queremos dar afeto para as pessoas. E, guiados pelo amor, num mundo de certezas absolutas, descobrimos na prática que a incerteza pode ser sim um caminho a se escolher. Esse é o nosso propósito de vida.

Não somos homens de negócios e sim nós, e as centenas de pessoas que conhecemos pelo caminho, somos o próprio negócio. Gostem ou não gostem de nós, se identifiquem ou não se identifiquem conosco, foda-se (com amor, óbvio), seremos sempre nós.

E sabe o que é mais louco? Quando o lance começa a prosperar as pessoas que nos chamavam de loucos no começo do percurso passam a nos chamar de “gênios visionários”.

Tolinhos. Que nada, estávamos apenas nos deixando guiar pela certeza da incerteza. São eles também que normalmente nos pedem conselhos profissionais: “O que eu devo fazer da vida?” Eu amo quando isso acontece porque tenho a oportunidade de encher o peito de ar e responder: Que seja… (verdadeiramente acredito que mora na reticência o melhor da vida).

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O mundo criou uma nova, importante e poderosa força: a economia criativa.

Neste novo mundo quem quiser terá um restaurante, um carro pra dirigir, um filme pra produzir, roupas pra vender ou até uma campanha publicitária pra veicular. a Reserva nunca quis ser uma marca de roupas. sempre nos enxergamos como um amigo comunicativo e irreverente (ok, por vezes polêmico, rs). A marca nasceu em uma mesa de bar carioca e ganhou o país em apenas 9 anos de vida. e quando nos perguntam como fizemos isso tão rapidamente a resposta é imediata: a mesa de bar cresceu e virou uma multidão de pessoas que gostam de se encontrar pra trocar ideias. Nunca vendemos roupas como causa e sim como consequência desse relacionamento. por isso, neste verão 2016 resolvemos promover a ‘não propriedade criativa’. Se somos amigos e não marca, nosso negócio é fazer junto.

Não criamos esta campanha nem a produzimos; convidamos 8 amigos instagrammers pra isso. e não os brifamos com relação a tema, locação, pessoas ou situações a serem fotografadas. apenas dissemos a eles o que sempre nos motivou criativamente na Reserva: Que seja o Que vocês Quiserem e não importa o Que os outros vão pensar.

Que seja de verdade, Que seja com vontade, Que seja com tesão e muito amor.

Que seja pra valer, Que seja aQui e agora. e assim, sem querer, acabamos escolhendo o maior e melhor dos temas pra nossa campanha: a liberdade.

Foram muitas e muitas fotos incríveis e emocionantes. Tantas, que fizemos uma curadoria pra que coubessem neste editorial. Que seja surpreendente pra você assim como foi pra gente!

Que seja ReseRva, sempRe.

#quesejareserva

Fato relevante: a partir de agora iniciaremos a segunda etapa desta aventura.

Não apenas os 8 primeiros amigos, mas também todos aqueles que, inspirados pela nossa campanha, marcarem a hashtag #quesejareserva nas suas fotos do Instagram, participarão dessa ode à liberdade criativa. Fotógrafos notáveis farão a curadoria das melhores fotos e a Reserva editará um livro com as imagens em 2016, ano em que a marca completa uma década de existência.

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PARTIU?

Luz da m

Uma viagem à África mudou a vida de Bruno Feder. Hoje, o fotógrafo se dedica a viajar pelo continente e a fazer imagens para ajudar quem precisa Por Vinícius Félix

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udança O

que você faz com um punhado de fotos legais? Posta nas suas redes sociais, enquadra para os amigos ou tenta mudar a vida de uma comunidade na África? O fotógrafo Bruno Feder, 31, investiu na terceira opção e transformou seu trabalho em material que ajudou na reforma de uma escola na Uganda. A iniciativa se transformou no projeto Cross Geographic, que agora amplia seus horizontes e ajuda a ONG Children Out of Conflict, no Sudão do Sul. Além do trabalho social, o fotógrafo, que tem na lista de influências grandes nomes como Robert Capa, Cartier Bresson, Sebastião Salgado e Tim Hetherington, busca uma fotografia que não retrate o continente de maneira óbvia. Poucos dias antes da quinta expedição para a África, Feder falou um pouco com a gente sobre o projeto, a fotografia e o continente africano: Você foi para Uganda por acaso? Como foi isso? Imagina se você não topasse?

Em fevereiro de 2014 escolhi ir ao International Center of Photography em Nova York para cursar três workshops ao invés de uma viagem para a África. Lá, conheci uma fotógrafa que estava embarcando para Uganda em algumas semanas e não demorou muito até surgir o convite para ser seu assistente, que aceitei na hora. E as coisas foram acontecendo. Depois de uma temporada em Wanteete percebi que poderia fazer alguma coisa para ajudar a escola que estava em situação muito precária. As primeiras fotos vendidas foram para amigos. Como muitos estavam elogiando as fotos, pedi para que comprassem algumas e assim eu poderia fazer algumas melhorias na infraestrutura. Foram 27 fotos vendidas.

E qual foi a reação dos estudantes ao apoio?

O resultado foi sempre muito positivo. A primeira ação fez toda a mobília da escola. Antes os alunos sentavam no chão para assistir às aulas, quando entregamos as mesas e cadeiras todos ficaram muito animados, mudou a dinâmica. Quando cheguei eram 180 alunos, para o ano que vem a expectativa é de 500!

Com a venda de 27 fotos, Bruno Feder ajudou a reformar uma escola em Uganda. Os alunos ganharam mesas e cadeiras e a expectativa é de aumento no número de matrículas para o ano que vem Fotos: Bruno Feder/Divulgação

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A viagem de Feder virou o projeto Cross Geographic.

O fotógrafo fez uma parceria com a ONG Children Out of Conflict, no Sudão do Sul, país que vive uma guerra civil sangrenta desde 2013

O que você busca para escapar do óbvio em suas imagens?

Realmente não é fácil fugir do clichê, mas aprendi que existe um grande estigma na região central africana, existem muitas histórias tristes, mas sempre tento procurar pelas histórias de sucesso. No Sudão do Sul foi o mais difícil, apesar de índices apontarem o país como o pior para educação de meninas, encontrei uma escola que funciona muito bem.

Para levar a fotografia de hobby à profissão você estudou formalmente?

Fotografia sempre foi um hobby, mas quando percebi que estava ganhando algum dinheiro com ela comecei a prestar mais atenção. Vieram convite de galerias, a primeira exposição com uma série do deserto da Namíbia e então resolvi estudar. Começo em setembro um curso de um ano para me especializar em fotojornalismo, direitos humanos e zonas de conflito.

Quais as principais diferenças que você nota nos trabalhos em Uganda e no Sudão, até pela situação política e econômica dos países?

Uganda é um país relativamente estável e onde não acontece guerra há anos. O Sudão, infelizmente, está em uma situação muito mais delicada. Depois de décadas de guerra civil, conseguiu independência, tornando-se o mais novo país do mundo, mas, em dezembro de 2013 ,um novo conflito eclodiu. São mais de dois milhões de refugiados internos e milhares em países vizinhos. Atrocidades são cometidas diariamente e quem paga é o povo. Fotografar é muito difícil, as pessoas são muito hostis, pois temem ser identificadas por tribos inimigas.

E como você mantém os projetos?

A ideia é que a venda das fotos pague todo projeto, mas nem sempre é possível. Quando faço exposições, consigo vender bastante, pagar pelos meus custos durante a expedição e executar ações. Hoje divido meu tempo entre minha agência de turismo e a Cross Geographic. Também faço trabalho de freelancer para organizações durante meus períodos na África.

Três fotógrafos Transformadores “Entre meus fotógrafos favoritos acho que todos fazem a diferença”, comenta Bruno.

Lynsey Addario Considerada pela American Photo Magazine uma das fotógrafas mais influentes dos últimos 25 anos, o trabalho de Addario, focado em conflitos e direitos humanos, é uma inspiração. “Mesmo grávida, ela foi cobrir Darfur”, comenta Bruno.

Tim Hetherington Outro especialista em fotografar zonas de

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conflito, o premiadíssimo fotógrafo norteamericano morreu enquanto trabalhava na guerra civil libanesa, em 2011.

Sebastião Salgado O fotógrafo brasileiro mais reconhecido no mundo também está na lista de influências de Bruno. Uma semelhança marca a carreira dos dois: começaram a levar a fotografia a sério depois de uma viagem à África.

Fotos: Bruno Feder/Divulgação

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QUER QUE EU DESENHE?

Emoção de tocar

Arquiteto, designer e pesquisador, Guto Requena transformou histórias de amor em objetos de afeto e reflexão Por Vinícius Félix

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esde sempre, Guto Requena sabia que seria arquiteto. Formado pela USP em 2003, decidiu que não se resignaria à segurança de um escritório. Optou por ir à rua ouvir o que a cidade e as pessoas têm a dizer.

Dentre seus vários projetos, Requena criou intervenções que usam a essência do humano como base.

O The Love Project usa justamente as pessoas, mais especificamente suas emoções, para criar designs únicos e cheios de significado. Sensores conectados ao corpo de voluntários captam os sinais corporais e os transformam em peças confeccionadas em uma impressora 3D. O arbítrio do sentimento se transforma em algo tangível, que pode ser colocado numa prateleira e preservado dos caminhos erráticos dos relacionamentos.

Em bate-papo com a gente, Guto Requena explicou essa ideia e falou sobre acaso, tecnologia, o futuro da arquitetura e do design.

Os sentimentos gerados pelo amor são a base para a criação de objetos reais. crédito Foto: Divulgação de foto:

Existe espaço para o acaso no design e na arquitetura ou tudo tem de ser planejado do começo ao fim?

Acredito que existe espaço para o acaso, sim. Acredito que o futuro do design está cada vez mais relacionado ao desenho 33

de sistemas e de interfaces do que ao desenho de produtos. E aí o acaso é um input superpossível. Como, por exemplo, no The Love Project. Ele não é um produto, ele é uma interface, um sistema.

Como o The Love Project nasceu?

Ele é o desdobramento de quinze anos de pesquisa que eu tenho nessa área de tecnologia e design. Primeiro tive a ideia: “E se a gente pudesse criar um sistema que desenha objetos ou que desenha arquitetura a partir de emoções?” E depois convidei o Edson Pavoni, da D3, para trabalhar em colaboração comigo. Trabalho de modo colaborativo em vários projetos, porque em alguns deles é impossível fazer sozinho dentro de um escritório.

Transformar uma emoção como o amor em algo concreto é o contrário do desapego. Na sua opinião, o que há de positivo nisso? E negativo?

Eu acho que, na verdade, é uma grande metáfora, né? É impossível você transformar sentimento em algo material, mas o que eu venho tentando fazer nos meus projetos é tornar tangível algo que é intangível. O que a gente criou foi uma série de regras dentro de um processo computacional que lê os dados emocionais do corpo e transforma isso em dados físicos. A gente não escuta as histórias de amor.

As histórias podem ser tristes, podem acabar em morte, a gente não sabe e não se interessa pelas histórias em si.

Eu tô mais interessado nos padrões de emoção gerados pelo corpo na hora de lembrar da história.

Quais as reações mais interessantes que você notou depois das pessoas verem o objeto pronto?

Quando a gente desenhou isso, a última coisa que queria é o aspecto estético.

Pensamos muito mais no processo. Ele está dentro de uma ideia que eu gosto de falar que é de sustentabilidade afetiva, que é pensar no nosso mundo físico mais a partir de processos afetivos. Ou seja, esse produto vai ter um ciclo de vida muito mais longo que um produto normal, provavelmente. Ele não está sendo comprado porque está na moda, 34

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Sensores coletam sinais do corpo e os reinterpretam de maneira a criar peças únicas, a consolidação do amor

mas porque foi gerado das minhas próprias emoções. Esse é um dos principais argumentos que a gente tem por trás desse projeto, pensar em um futuro que é menos ditado pelo consumo de moda, de tendência, e mais ditado por essa desmaterialização necessária. A gente tem que desmaterializar o mundo, não dá mais para gente viver com tantos objetos e tantas coisas.

O The Love Project também procura democratizar a tecnologia. Você acha que estamos dependentes demais dos nossos aparelhos?

Eu acho que a tecnologia virou algo natural. A tecnologia não está mais tentando dominar a natureza, ela se

tornou enfim algo natural. O próprio celular é o nosso terceiro olho na palma da mão. Vejo a tecnologia como algo orgânico, cada vez mais misturado com o nosso corpo. Então, sim, democratizar essa tecnologia.

E os próximos passos do projeto?

Agora estamos desenvolvendo um aplicativo para celular, permitindo que as pessoas possam gerar objetos.

A gente gostaria de fazer outras experiências. Experiências na escala da cidade, criar fachadas e arquitetura através dessa interface.

Você também tem alguns trabalhos que brincam com o acaso, como

o do hotel da Avenida Rebouças, com luzes que reagem aos sons e à qualidade do ar.

O acaso ali é o próprio tempo, a própria qualidade do ar. A gente não sabe se vai estar ruim ou boa. O nosso grande objetivo é transformar aquela fachada em uma espécie de grande espelho que permite às pessoas se enxergarem.

Portanto, se poluo mais, se uso mais carro, a culpa é minha. Se tiver menos carro, menos poluição, a gente vai ver um prédio verde ali. Então é um convite para as pessoas refletirem. Esse é o futuro da arquitetura e espero poder fazer mais projetos nesse sentido.

Guto Requena é arquiteto de formação, mas seu trabalho hoje mistura design, pesquisa e tecnologia

Isso tem a ver com o conceito de cidade hackeada?

A ideia da cidade hackeada é a gente se apropriar do que já existe e conectar, plugar coisas por cima disso. Por exemplo, interação, jardim vertical, cores, grafite, tudo que a gente pode adicionar em cima do que está pronto para subverter e tornar seu uso original melhor, de forma que a gente consiga melhorar a qualidade de vida da cidade e da arquitetura.

Fotos: Divulgação

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Com PeçaS PRa BeBêS de 0 a 2 anoS, a linHa ReSeRva PRa BeBê tem eStilo, ConfoRto e qualidade de gente gRande.

RJ Shopping Leblon - 1º piso Shopping Rio Sul - 3º piso Barra Shopping - Nível Lagoa Shopping Tijuca - 2º piso SP Shopping Iguatemi - Piso Faria Lima BH Pátio Savassi - 2º piso

SOLTA O VERBO

Mart'nรกlia nรฃo pediu o sucesso, mas aconteceu

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Ela veio ao mundo para se divertir - e para sorrir. Filha do sambista bamba Martinho da Vila, a cantora não gosta de rótulos e quer mais é viver a diversidade musical, social e sexual Por Marina Araújo

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e existe uma pessoa intrépida, leve e autêntica no showbiz brasileiro, é Mart’nália. A cinquentona nos recebeu com um sorriso largo e afável. Ao sentar para a entrevista em um salão chique do Jockey Club Brasileiro, na zona sul do Rio de Janeiro, ela jogou as pernas por cima do braço da poltrona no seu estilo adolescente de ser. A artista é do tipo que não se aporrinha com nada. Chega chegando e sabe a que veio. Por que não a passeio? Mart’nália veio ao mundo pra se divertir.

Ainda jovem, quando não queria nada com a hora do Brasil gostava de praia, cervejinha e noitadas, sempre muito boêmia -, seu pai dizia que ela ainda o sustentaria. Martinho da Vila tinha razão. Nascida e criada no meio da música com uma boa e rara convivência com samba de qualidade, Mart’nália jamais créditoRicardo Fotos: de foto:Penna

pensou que essa seria sua fonte de renda. Primeiro, porque gostava mesmo era de batucar e ficar de bagunça com a turma do fundão nos palcos dos shows. Não levava a vida de músico a sério. Segundo, porque apesar de fazer backing vocal nos shows do pai desde pequena, não achava que tinha voz pra cantar. Quem a incentivou foi Caetano Veloso.

Apesar dos holofotes do sucesso, a orientação sexual de Mart’nália não costuma gerar muita polêmica. Ela é firme. Gosta de mulheres. Desde pequena, queria brincar com os meninos em vez de meninas. Diziam na família que ela tinha nascido trocada, mas sua sexualidade sempre foi aceita em casa. Gostava mais de bola que de boneca. Mas, hoje, carrega o Pedrinho a tiracolo nos camarins. Ele é um boneco negro do tamanho de um bebê, que um Erê (entidade do Candomblé e da Umbanda

que é uma criança) deu para que ela cuidasse. Ela o aceitou, virou seu amuleto e o carrega feliz. Mas ter um Pedrinho de verdade são outros quinhentos. Mart’nália não se acha responsável suficiente para gerar, parir e criar um filho. Só seria viável caso uma companheira quisesse ter a criança. Ela toparia.

A artista sempre preferiu usar shorts a saias. “Eu nasci assim, eu cresci assim / Eu sou mesmo assim / Vou ser sempre assim”, ela brinca com a letra de Dorival Caymmi. No entanto, engana-se quem pensa que essa pessoa despojada não liga para o que veste. Mart’nália gosta de moda, moda masculina com looks confortáveis. Salto e maquiagem, nem pensar! Mas ela acha lindo as mulheres se arrumarem. Sua mãe, Anália Mendonça, - nome que junto com o do marido, Martinho da Vila, deu origem ao de Mart’nália - era cantora e andava de sapato alto até dentro de casa.

Mart’nália é tão bem resolvida que, com ela, não tem esse mimimi de preconceito. Ele é problema de quem tem. A carioca conta que, como nos desenhos animados, ela se blinda com um “campo de força” ao redor do próprio corpo e “desliga o ouvido”. Para ela, o preconceito das minorias também não cola. Aprendeu desde cedo com o pai que “não adianta reclamar que não tem preto no lugar. Vai lá!”

Brizolista, perdeu o gosto pela política lá atrás, quando Lula não fez acordo com o PDT. Para ela, o papo de política é chato.

Antigamente, tudo acontecia por debaixo dos panos. Hoje, está tudo declarado. A cantora diz que é muita coisa absurda para a sua cabeça. Ela lembra bem das reuniões “dos vermelhos” (comunistas) em casa. Cresceu em um ambiente politizado e viu o movimento das Diretas Já acontecer. Hoje, a única saída para a crise, segundo a artista, seria uma revolução na educação.

Os rumos da nação a preocupam. Os rumos da música também. Para ela, a arte se perdeu um pouco diante de um mercado em que muitos artistas de verdade não têm vez. Os grandes compositores tinham ideologias e levantavam bandeiras, mas para Mart’nália, quem for falar de política e crise, hoje, corre o risco de ficar chato. Para se safar do marasmo criativo, busca trazer obras antológicas de compositores e poetas geniais para o cenário atual. E acha graça quando alguém a parabeniza, atribuindo a ela a autoria dessas músicas. Ela gosta da diversidade musical, racial, social, sexual e cultural com a qual sempre conviveu. “Na minha casa todo mundo é bamba/Todo mundo bebe, todo mun-

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do samba”, a artista lembra dos versos da música do pai.

Se seu trabalho tem algum papel nesse mundo caótico é o de divertir. Para o seu álbum mais recente “Em Samba! Ao vivo”, Martinho da Vila, que dirigiu o show, aconselhou a filha a fazer algo que todos pudessem cantar juntos. Deu certo. “Tirar a tensão das pessoas. Afinal, a alegria é o alimento da alma”, conclui Mart’nália.

Em “Pé do meu samba” você iniciou essa forma de fazer show muito à vontade. Sempre foi assim?

Na verdade, foi a forma que eu fui me encaixando. Eu assistia muito show dos outros e achava tudo muito lindo, perfeito, e que nunca iria fazer um negócio desses na vida. Nunca vou conseguir, vou esbarrar, vou cair, vou errar, como acontece (risos), então nesse “Pé do meu samba” foi tudo doido.

O Caetano (que fez a direção musical) me deixou bem à vontade no CD. Eu não achava que minha voz prestava para cantar, então eu preferia ficar só batucando e fazia vocal.

Quando eu fui fazer o CD, o Caetano falou: “A gente sabe que você canta e eu quero que você cante como se estivesse em casa, no botequim, com a sua voz normal.” Aí eu fui fazer o CD com o Celso Fonseca e aquela rapaziada e eu ia pra lá, acordava virada, fumando, bebendo. Eu sempre achava que no final iriam botar tudo bonitinho e iriam consertar tudo (no estúdio) pra ficar lindo, mas resolveram não consertar muito e não mudaram nada. Assim, eu fui me descobrindo no palco. Meu pai às vezes me botava pra frente, mas eu me sentia à vontade lá atrás, onde dava pra conversar com os amigos. Quando você está lá na frente, não pode fazer nada, pois está todo mundo te olhando, é um saco! As pessoas que eu acompanhei e que eu trabalhei sempre foram pessoas sérias do samba e da MPB, então eu gostava de ficar lá atrás tocando e zoando. Quando acabavam meus shows pequenos, sempre achava que tinha sido tudo uma porcaria, que eu errei, que deveria ter me concentrado mais, pois sempre esquecia a letra ou batia com o tamborim no dedo.

Você chamava artistas para dividir o palco com você.

Essa generosidade que existe numa roda de samba deve existir sempre?

Deve! O palco é lugar de amigos! Eu aprendi assim: a roda

crĂŠdito Foto: Ricardo de foto: Penna

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de samba me ensinou muito. A escola de samba é lugar de família. Você chega numa escola de samba tudo vira tia, ninguém pode falar mal de ninguém que dá ruim. É um lugar menos dividido, menos preconceituoso. Eu fui chamando gente pra me ajudar. Aí, fui vendo que as pessoas gostavam de mim, que eram legais. Uns eu já era fã mesmo, eram amigos de festa e de copo. Davam uma canja comigo e eu descobria eles no palco cantando e olhando e “que bacana que essa pessoa veio!”, tipo a Zélia Duncan. Ela foi nesse comecinho uma das pessoas que mais me surpreendeu, pois foi no dia do aniversário dela no lugar onde eu fazia show e eu falei: “Que mulher doida!” Ela nem me conhecia direito. Sabe quando que eu iria fazer isso no dia do meu aniversário? Nunca! E no palco foi tão gostoso, foi tão legal ela olhando pra mim e a gente cantando olho no olho. Você vai descobrindo as pessoas assim.

Você é do tipo “deixa a vida me levar” ou é controladora?

Eu não controlo nada. A gente não tem controle sobre nada exatamente na vida, então eu vou indo assim, tudo o que eu fiz e estou fazendo e vou fazer, quando eu morrer, acabou.

São todas oportunidades que vão pintando, conhecendo pessoas nas festas.

Que participação o seu pai, Martinho da Vila, tem no seu sucesso?

Ele tem total. Ele sempre falou que eu iria sustentar ele.

Foi uma praga que ele me rogou. Eu sempre gostei de não fazer nada. Gostava mesmo é de ficar na praia, dormindo, 42

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acordando, bebendo, indo pro samba, ver os amigos, jogando um frescobol e quando eu posso eu fico fazendo nada mesmo. Eu vou encaixando os trabalhos dentro disso.

Você já sofreu preconceito? Você liga pra isso?

Não ligo não. Eu tenho um campo de força de criança, sabe desenho animado? Eu nem ouço o que estão falando. Meu pai me ensinou a desligar o ouvido. Então, contra o preconceito e essas pessoas todas, você tem que ficar blindado. Não dá pra ficar rebatendo. A pessoa já está ali cheia de problemas.

Não venha com problemas pra cima de mim. O problema é seu se você não gosta de preto, sapatão, viado, gordo, careca. Eu tenho isso tudo na minha família e no samba.

Escola de samba sem viado não existe. A baiana que é a velha que passa mal, mas que sai na avenida, aquilo ali só existe daquela forma, em família, e só é bonito porque é diverso.

Tudo junto e misturado. É o mundo onde tudo é possível.

A sua sexualidade nunca gerou muita polêmica. A que você atribui isso?

Nunca pensei muito nisso não! Acho que “eu nasci assim, eu cresci assim, Gabriela”. Não sei como é isso de verdade.

Veio da sua casa essa aceitação?

Minha família sempre falou: “Ih, essa menina nasceu trocada!”

Minha avó falava: “Não adianta dar boneca pra ela, porque ela não gosta. Vai dar boneca pra ela pra quê, pra deixar a menina triste? Dá logo uma bola pra ela e deixa ela ficar sem camisa Fotos: Ricardo Penna

na rua.” Sempre brinquei com meus primos e não brincava com as primas. Minha família aceitou desde o início, não tinha aquele negócio, era natural. Assim também era com religião, minha casa sempre teve tudo “Todo mundo é bamba, todo mundo bebe, todo mundo samba” e sempre foi isso mesmo.

Eu lembro que todo mundo acordava cedo pra caramba pra ir pra igreja e eu fazia aquele negócio de primeira comunhão e ia eu e meus irmãos arrastados no domingo. A gente era obrigado a ir, aí minha avó, mãe do meu pai, que era bem católica - acho que ela sabia mais reza que o papa - quando teve que fazer a crisma, ela falou que a gente já sabia o que era a igreja e quem quisesse continuar iria. A criança que não quisesse, não acordaria pra ir, deixa ficar dormindo pra não ficar com raiva da igreja. Isso foi uma maravilha, porque pra mim sempre foi muito difícil acordar cedo.

Hoje, qual é a sua religião?

Eu sou da religião brasileira. Sou da macumba e acredito nos orixás da minha forma. Não frequento tanto assim porque é tudo muito esquisito. Eu aprendi com a minha família, então eu tomo meus banhos, alguém me manda um recado, mas não tenho compromisso com barracão nenhum, graças a Deus. Quando eu sinto necessidade, a minha religião é mais família. Rezo pros meus pais, pros meus amigos e tento ficar na religião assim, fico no mar, fico no mato, às vezes está uma chuva gostosa e eu tomo um banho de chuva. Às vezes, uma pessoa me dá um amuleto no palco e eu coloco no bolso e fico.

Falando em amuleto, o Pedrinho (boneco que ela leva para os camarins) é um deles?

Ele é um amuleto mesmo. Uma vez um Erê chegou e falou: “Se eu te der uma coisa, você vai guardar e sempre vai carregar com você e não deixa ninguém te aborrecer nunca, tá? Você tem coragem de levar pra você?” Aí, eu falei que tinha, fiquei com ele, botei o nome de Pedrinho e levo ele sempre. Já botei ele no palco, já tirei ele do palco, levo ele na mochila e dá problema no aeroporto, pois acham que eu estou levando uma criança morta. Eu gosto muito. Me apeguei mesmo, mas fico sem ele também.

Você sente falta da maternidade de alguma forma? Você tem vontade de ter filhos?

Tinha que ter alguém pra fazer a coisa mais séria. Tem umas coisas que são muito punks. Vejo minha irmã com três filhos que, às vezes, ela larga comigo. Sou a tia maluca, pois lá em casa pode tudo, não tem hora pra dormir, mas eu sei que pra criança basta um segundo pra acontecer uma tragédia. Já prendi o meu sobrinho no elevador e ele subia e eu descia, eu subia e ele descia. Já perdi sobrinho na praia, são segundos.

E eu sei como é, pois eu já fui muito peste. Essa coisa da criação é muito braba, você tem que dar valores. Maternidade da minha barriga não, só cerveja. Esse negócio de dor eu não quero. Detesto injeção. Meu pai nunca viu os filhos nascerem e resolveu ter essa experiência com a última mulher e achou lindo. Quando ele saiu da maternidade, a primeira coisa que ela falou foi: “Filha, não dá pra você!” Se tiver uma parceira

"MINHA FAMÍLIA SEMPRE FALOU: 'IH, ESSA MENINA NASCEU TROCADA!' MINHA AVÓ FALAVA: 'NÃO ADIANTA DAR BONECA PRA ELA, PORQUE ELA NÃO GOSTA"

que queira e tenha seriedade pra isso, eu vou ensinar música e as coisas boas que meu pai me ensinou!

Hoje, você se veste só com roupa masculina?

Na verdade, eu não compro roupa. Essa calça foi a namorada que deu, isso (camiseta) ela (a produtora) que comprou pra mim, isso daqui (sandália) foi o cara que me deu. Só não dá pra eu colocar um sapato alto que eu vou cair. Não sei nem andar. Eu adoro ver as mulheres se pintando, se produzindo pra sair, eu acho lindo, mas não é pra mim!

Você gosta de moda?

Eu acompanho. Eu gosto das coisas maneiras assim de se vestir. Acho que o carioca gosta disso. E o conforto que é legal, pois não dá pra você ir pra um lugar e ficar lindo com a calça ou o sapato apertando. A não ser quando você é pobre e tem que usar aquele sapato, porque só tem aquele. Já tive que dividir roupa com os primos, mas sempre foi engraçado e gostoso, nunca foi um problema.

Tem alguma coisa, hoje, que te preocupa? A situação política do Brasil?

Ai! Chato, né? É horrível, pois se eu parar pra ser, eu serei tão chata quanto. Eu já fui daquele tempo das Diretas Já.

Meu pai é muito político, então tive que acompanhar muito.

A informação agora é outra, antes tudo era por debaixo dos panos e agora está tudo declarado. Eu sou brizolista, sou do tempo do Leonel Brizola (PDT). Quando o Lula não fez o acordo com o Brizola, eu parei e falei: “Não dá pra mim!” Eu vou tentando fazer minha política dessa forma, “caminhando, cantando e seguindo a canção”.

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DESAPEGO

Eles abdicaram de cargos, carreiras promissoras ou dezenas de milhares de reais por mês para viver com menos dinheiro e conforto (e mais silêncio e paz de espírito) Por Chico Felitti

MENOS É 46

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O MUNDO É UMA RODA (OU DUAS)

A

ndrea Oliveira aceita dar uma entrevista para falar de um estilo de vida leve (pesando no máximo os 30 quilos da sua bicicleta e os víveres que leva nela). Mas pede desculpas porque terá de ser rápida: está prestes a explorar a Chapada dos Veadeiros em busca de locais de escalada e não tem certeza se poderá contar com uma conexão com a internet por lá.

Faz um ano e meio que a banda larga deixou de ser uma certeza para Andrea.

Bem como a água quente e um colchão confortável onde possa dormir. Nos dez anos de carreira, a jornalista, de 29 anos, havia trabalhado com fotografia, arte e chegado a cargos de chefia em emissoras de TV. Trocou tudo por uma volta de bicicleta por todo o território brasileiro.

A jornada, toda feita sobre duas rodas, nasceu junto com uma paixão, pelo namorado, Bruno Paris, 25. “No dia em que a gente se conheceu, o Bruno tinha saído do emprego dele e eu estava planejando sair do meu. Nós dois também tínhamos a ideia de viajar a longo prazo e cada um de nós já tinha juntado um dinheiro para fazer isso.” O envolvimento foi ligeiro e, poucas semanas depois, os itinerários estavam traçados em uma só rota. “A gente se conheceu em um local de escalada e decidimos que seria legal conhecer o Brasil em busca de diversos lugares de escalada diferentes.”

Quando caíram na estrada, os dois fizeram uma página de Facebook para manter o contato com amigos e admiradores – e quem sabe conseguir apoiadores para o projeto, que batizaram de “Larguei Tudo e Fui”.

MAIS crédito Foto: Arquivo de foto: pessoal

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​Andrea Oliveira e Bruno Paris largaram tudo e resolveram sair viajando pelo mundo com o mínimo para sobreviver

A decisão de sair por aí com uma bicicleta, uma barraca e poucas outras coisas não era final e irreversível. “Fui com a ideia de que poderia até achar que a viagem não era para mim, e depois tentar alguma outra coisa, não precisava me prender também à ideia de completar a volta no Brasil, fazer tudo de bike, enfim, me prender…”

Mas, se o abraço à nova vida não era uma certeza, o tchau que acenou à antiga enquanto montava na bike e partia da maior cidade do Brasil era. “Eu tinha certeza de que não queria mais a vida antiga de trabalho em escritório, cidade grande, caos, trânsito, poluição.” O nomadismo vem funcionando bem no último ano e meio. “Sei que acertei quando estou tomando um banho de cachoeira em plena segunda-feira, sem nem saber direito que é segunda-feira.”

Quando a vontade nômade passar, o casal pensa em “parar em algum lugar tranquilo, com natureza e escalada, viver em uma chácara, produzindo nossos alimentos”. A rotina anterior não é mais uma opção. “Voltar pra vida doida de São Paulo não quero não!”

A viagem de Andrea lembra a de Colin Wright, um americano que deu a 48

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volta ao mundo com 51 itens (a maior parte das pessoas tem alguns milhares em casa.) Ela nunca contou quantos são os apetrechos que tem à mão, mas sabe o espaço que ocupam: “Materialmente, vivemos apenas com o que cabe nos alforges da bike, e às vezes quando algo quebra a gente pensa: ‘E agora? Como vamos arranjar outro desses no meio do nada?’.” A resposta: não arranjam um substituto e improvisam como dá.

“Assim fomos aderindo cada vez mais à flexibilidade das gambiarras e ao de-

sapego de achar que a gente precisa do que tem para viajar.” É um exercício constante, tão difícil quanto pedalar 50 quilômetros por dia, ela diz. “Às vezes, quando a gente está pedalando no sol torrante, com pouca água, dá uma vontade de mudar de ideia e viajar com um carro com ar-condicionado”, ri ela, para logo se emendar: “Mas no final ainda achamos a bike mais incrível, pelo esporte, pelo contato com a natureza e com as pessoas, e por ser um transporte gratuito que não prejudi-

FAZ UM ANO E MEIO QUE A BANDA LARGA DEIXOU DE SER UMA CERTEZA PARA ANDREA. BEM COMO A ÁGUA QUENTE E UM COLCHÃO CONFORTÁVEL ONDE POSSA DORMIR

ca o meio ambiente”.

Estudiosos já se dedicam a desvendar o que leva pessoas que poderiam ter qualquer carro optar por uma bicicleta e se darem por contentes. “Por mais que a gente goste das nossas posses, elas não são parte da gente,” diz Thomas Gilovich, professor de psicologia na universidade de Cornell. O professor Gilovich estuda a ligação de bens materiais com felicidade há mais de uma década, e lista três razões de porque fazer algo dá mais prazer do que ter algo: Foto: Arquivo pessoal

• “Experiências viram parte da nossa identidade, formam quem nós somos” • “Fazendo coisas, temos contatos com outras pessoas. Fazemos também amigos” • “Experiências de vida não despertam sentimentos ruins como inveja ou raiva, que bens materiais podem despertar” “Materialmente, bens estão lá para sempre. Então é comum que as pessoas pensem que eles valem mais do que experiências, que acabam muito rápi-

do. E as pessoas se apegam às posses achando que elas são um investimento melhor de tempo, de esforço e de dinheiro. Mas não funciona assim psicologicamente”, diz Gilovich.

O risco de levar os poucos bens a sério, Andrea avalia, é de uma viagem de desapego gerar mais apego pelas poucas coisas que carregam. “E não é essa a ideia. Já ficamos até com a paranoia de ter medo de quebrar o pé, o braço, e não poder seguir viagem, mas então percebemos também que a viagem está dentro de nós, o importante é seguir em movimento de evolução.”

Uma evolução que vai para caminhos menos lineares do que a financeira.

“Tenho vontade de viver apenas com o que aparecer da natureza, sem carregar nada, como as tribos nômades indígenas que comem as plantas que aparecem no trajeto, bebem as águas de rios, dormem em abrigos feitos de folhas e troncos. Mas ainda não tenho sabedoria e confiança para isso. Quem sabe daqui um tempo ou daqui algumas vidas.”

Enquanto isso, ela cogita estender a viagem para o mundo inteiro quando terminar de rodar o território brasileiro.

“Nunca se sabe…”

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MESMO DEPOIS QUE JÁ ESTAVA SE DEDICANDO À ARTE, ÀS VEZES SE PEGAVA PENSANDO: 'VOCÊ ESTÁ LOUCO? LUTOU TANTO TEMPO POR ISSO E AGORA VAI FAZER O QUÊ?'

ZEUS SAI DO OLIMPO

G.

Comini, 59, "se sentia Zeus"; desde os anos 80 era considerado um dos maiores criadores de identidade visual do mercado brasileiro. Tinha uma cobertura no Conjunto Nacional, um escritório de renome, dinheiro, prestígio e era o único cliente a possuir uma mesa fixa e reservada no Spot, restaurante descolado de paredes envidraçadas a meio quarteirão da Avenida Paulista.

Hoje em dia, ele não tem mais nada disso. “Mas tenho muito mais”, diz o atual artista plástico. Tudo começou com um sentimento abstrato de que algo estava errado com ele no fim da década de 1990. “Achava que era estresse, coisa normal que todo mundo tinha.” O mal-estar evoluiu para uma depressão.

"Eu suspeitava que ela viesse do trabalho. Até porque minha vida era voltada inteira para o trabalho.” G. fechou seu escritório no fim dos anos 1990 com um objetivo: ver o sol se pôr todos os dias.

A epifania de G. Comini se deu quando ele percebeu que queria ver o sol se pôr todos os dias.

Largou o design e se dedicou à arte Foto: Vitor Neves

Após a decisão, que veio de forma natural, houve um momento de adaptação que tardou a chegar. “Existe um período entre ter uma carreira e não ter mais uma carreira em que você fica sem os eixos. Não tem o trabalho nem a nova forma de contribuição. É difícil.”

Até que um dia decidiu relaxar e tomar uma sauna num hotel cinco estrelas. Acabou ficando 15 anos por lá.

Frequentou diariamente o spa do Renaissance, nos Jardins, dos 43 aos 58.

Passou a usar o ambiente para uma nova função: a arte, que havia deixado "com uns 12 ou 13 anos de idade", e emergiu com tudo.

Ele se expressa por meio de colagens que envolvem milhares de pedaços de revistas ou embalagens que recolheu ao redor do mundo, e recorta com tesouras cirúrgicas num trabalho de monge. "Eu sou uma colagem", diz ele. A começar pelo apelido, G., recortado de Geraldo (de quando ele ainda era criança em Minas Gerais) e reduzido a uma só letra.

Mesmo depois que já estava se dedicando à arte, às vezes se pegava pensando: "Você está louco? Lutou tanto tempo por isso e agora vai fazer o quê?" Continuou fazendo suas colagens, que já foram expostas no próprio hotel onde foram concebidas, no cinco estrelas Unique e projetadas em versões interativas, que se moviam, no prédio da Fiesp, na Avenida Paulista. As obras começaram a gerar renda quando foram postas à venda.

Nada que possa se comparar com o dinheiro que ele ganhava na época da moda. “Tive de baixar o padrão em várias maneiras. Como menos em restaurantes bons como o Spot, mas quando como é com gosto.” E, se teve de readequar para baixo o padrão financeiro, elevou outros. “Ganhei muito nos aspectos pessoal, emocional, espiritual. A questão do padrão de vida não é tão grave.”

Mas o grande ponto de mudança na vida de G. não foi a conta bancária. “Não é só o desprendimento material que você tem de praticar. Tem um desprendimento maior: dos anos de esforço que você teve para construir uma carreira coerente, de sucesso. E tudo isso vai ficar para trás." Ele diz que se sente mais leve de ter recomeçado.

E defende que um momento em que a economia do país está frágil pode ajudar quem já pensava em viver com menos. “Nesse ponto, a crise impulsiona.

Vai exigir mais energia e mais tempo das pessoas que querem ser bem sucedidas profissionalmente. Se elas já estão tendo um retorno material menor, por que não encarar o fato de que estão insatisfeitas com o que estão fazendo?

Elas poderiam ter o retorno fazendo algo de coração.”

Antes de terminar uma ligação que durou mais de uma hora, ele pergunta: “Você sabia que o [pintor russo Wassily] Kandinsky era advogado? Imagina se ele não tivesse decidido pintar?”

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Joshua Fields Millburn e Ryan Nicodemus criaram o movimento minimalista, que prega o desapego Ă s coisas materiais

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LAR É UMA CASA VAZIA

Foto: Divulgação

O

s americanos Joshua Fields Millburn e Ryan Nicodemus foram um pouco além de G., que se desfez de alguns bens e hábitos. Os dois amigos de infância, que hoje estão com 33 anos, vivem à base de quase nada.

Em 2009, Millburn perdeu a mãe e foi abandonado pela mulher no mesmo mês. Na época, ele gerenciava uma rede de 150 lojas de tecnologia. Tinha uma casa de três quartos. “Eu tinha tudo o que sempre quis, mas precisei conquistar tudo o que sempre queria para perceber que isso não me fazia feliz”, escreve Millburn.

Então, começou a doar um item por dia. Um dia era uma camiseta de marca. No outro, a TV. Num domingo, um fazedor de smoothies. Depois de meses, a casa tinha ficado grande demais para tão poucas posses. Ele se mudou para uma menor. “Um dia, o Ryan foi me visitar e os olhos dele brilharam.

Ficou com vontade de fazer igual, e eu só disse: ‘Vem’.”

Os dois foram morar juntos e começaram a escrever sobre suas experiências usando a alcunha The Minimalists. Ficaram famosos e ganharam um séquito de seguidores. Não é possível saber quantas pessoas abraçaram a ideia, mas ao menos os admiradores, sim. O site dos amigos, que nasceu em

dezembro de 2010 com 52 visitantes no primeiro mês, hoje tem 2 milhões de visitas anuais. E os dois têm números nada minimalistas nas redes sociais: são 30 mil seguidores no Twitter e 80 mil fãs no Facebook.

O movimento ganhou o nome de Minimalismo, e tem como mote uma versão mais sofisticada do velho “menos é mais”. “A gente gosta de dizer que tirar as coisas em excesso da vida te permite focar no que realmente é importante: amigos, hobbies, viagens e experiências de vida”, escreveu Nicodemus.

“A gente se apega a coisas desnecessárias porque acha que elas serão úteis em um futuro hipotético, um futuro que acaba não chegando”, diz Millburn. “Eu aprendi que as nossas memórias não moram dentro de coisas, mas dentro da gente. Eu tinha me apegado a uma casa cheia de tralhas achando que minha vida estava lá. Mas não. Sabe onde ela está? Dentro de mim.”

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'NÃO POSSO MAIS IR AO RESTAURANTE JAPONÊS DA MODA, PASSAR O MEU CARTÃO E NÃO ME PREOCUPAR COM DINHEIRO, COMO EU FAZIA ANTES.' LIVROS, LIVROS E NADA MAIS

N

a hora de marcar uma entrevista com o dono do sebo Desculpe a Poeira, Ricardo Lombardi, 45, é preciso driblar seus compromissos diários. “Às 10h de amanhã, não posso. Preciso buscar meu filho no judô. A partir das 11h, estou mais tranquilo”, disse o jornalista por e-mail antes do encontro, marcado para depois do horário do judô.

O homem barbudo e tatuado sempre teve a agenda cheia de compromissos, mas eles eram de outra natureza até novembro de 2014. Lombardi havia editado uma das maiores revistas masculinas do país e era diretor do Yahoo! antes de pedir as contas e abrir uma loja de livros usados de 24 m².

A ideia do novo negócio nasceu enquanto ele ainda era empregado. “Fui deixando a carreira me levar, e acabei virando mais um executivo do que um jornalista. Parei de fazer as coisas que tinham me levado a escolher o ofício.”

Em uma visita à familia na Argentina, viu uma loja de livros usados que havia sido montada numa garagem. Pensou em fazer igual. Nas poucas horas que não estava trabalhando, começou a testar a viabilidade do negócio na prática, vendendo pela internet a biblioteca que juntara nas quatro últimas décadas.

Deu certo, o que propiciou uma mudança mais sutil do que as que acontecem por grandes acontecimentos e traumas. “Por que você precisa ficar doente, ter um câncer e se curar dele para mudar de vida? Eu penso muito na finitude.

A gente não vai durar para sempre.”

O Desculpe a Poeira, fica numa ruazinha do bairro de Pinheiros que guarda o máximo de semelhança com uma cidade de interior quanto permite São Paulo. É lá que o dono pede licença para alguns

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títulos que ocupam todas as cadeiras e recebe com café os visitantes, atraídos pelas suas recomendações.

Quando saiu uma matéria noticiando a história do executivo que tinha largado o mundo da internet para viver de vender livros de papel, o sebo passou a ter mais um tipo de clientes. “Algumas pessoas que estavam descontentes com suas vidas, seus trabalhos, começaram a vir para conversar, saber de mim.”

E ele se sentia qualificado para dar conselhos? “Falo um pouco da minha vida, que é a única coisa de que posso falar.” Um desses clientes que queriam consumir mais a coragem do dono do sebo do que os livros perguntou: “Mas você não sente falta do seu cargo?”. Ao que ele responde: “Foi quando eu me livrei do meu cargo que percebi que poderia ser qualquer coisa.”

Antes mesmo de pedir as contas, abdicou do título do clube e a academia foi trocada pela corrida de rua. “Não posso mais ir ao restaurante japonês da moda, passar o meu cartão e não me preocupar com dinheiro, como eu fazia antes.”

Mas pode fechar o sebo no sábado à tarde, rumar para a praia e só voltar na hora do almoço da segunda. Como de fato faz.

Um caso similar ganhou repercursão mundial. Graham Hill, o fundador do site de móveis de design ecologicamente sustentáveis treehugger.com, escreveu para o “New York Times” sobre viver em um apartamento de 40 m2 com dez camisas e 10% dos livros que ele chegou a acumular na vida. Seu texto de opinião “Living With Less” (vivendo com menos) foi um dos mais lidos e compartilhados de 2013 no site do maior jornal do mundo.

“A busca pelo consumo desenfreado é a regra, mas não precisa fazer sentido

para todos. O autoconhecimento pode levar ao preenchimento apenas com a concretização de necessidades mais simples. E há um crescente de pessoas que se dá conta disso”, diz o filósofo Carlos Roberto Drawin, da Universidade Federal de Minas Gerais.

Um investidor já perguntou se ele pensava em abrir uma filial. A resposta ele deu em forma de piada: um executivo em férias encontra um pescador.

“Por que você não compra um barco maior e abre uma peixaria?”, pergunta.

“Pra quê?”, questiona o pescador. “Para poder comprar outros barcos e fundar uma empresa”, explica o homem de negócios. “Mas pra quê?”, pergunta de novo o homem do mar. “Para poder ganhar bastante dinheiro, comprar um barco e poder vir pescar nas férias”.

No lugar de peixe, o dono do sebo diz pescar tempo, espaço e silêncio. “É do que eu mais sentia falta.”

Ricardo Lombardi era diretor de uma grande editora brasileira, mas abriu mĂŁo do cargo e do dinheiro para poder aproveitar mais a famĂ­lia e a vida Foto: Vitor Neves

SOM NA CAIXA

Chegou a vez de Guimê Ícone do funk ostentação, o MC paulista coleciona hits e polêmicas. Depois de parcerias com Neymar e o americano Souja Boy, o funkeiro só quer saber de aproveitar o sucesso Por Renata D'Elia 56

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os 22 anos, ele não tem qualquer pudor em dizer que arrasa na pista, na Range Rover e no conforto da Captiva. Aparece esbanjando dinheiro, rodeado de mulheres e cheio de joias em vídeos como “Plaquê de 100”, que acumula mais de 60 milhões de visualizações no YouTube. No Instagram já são mais de 6 milhões de seguidores – inclusive os que se vestem, se comportam e até se tatuam como ele.

Guilherme Aparecido Dantas, mais conhecido como MC Guimê, deixou a periferia de Osasco, na Grande São Paulo, para uma mansão digna dos rappers americanos ao tornar-se um dos maiores nomes do Funk Ostentação no país. A parceria com Emicida em “País do Futebol”, cujo clipe ganhou a participação de Neymar e virou hit antes da frustrada campanha pelo Hexa na Copa 2014, serviu para selar a fama simbólica de uma geração que se afirma pelo status.

O autor do bordão “Novinha, assim você mata o papai” conta que já saiu com uma mulher por noite, mas diz que suas letras não denigrem o público feminino. Depois de gravar com o americano Soulja Boy, pretende investir na carreira internacional.

Ele conversou com a gente depois de uma apresentação exclusiva para a Reserva.

Um dos expoentes do funk ostentação, Guimê já conseguiu comprar sua Range Rover Fotos: Roberto Vietri

"NUNCA QUIS DENEGRIR A MULHER, NEM HOMENS, NEM RICOS OU POBRES. SEMPRE QUIS FALAR O QUE TODO MUNDO PUDESSE CANTAR" Você é um cara que “arrasa na pista”. Está naquela fase da fama em que sai com uma mulher diferente por noite ou já sossegou?

Sou solteiro, nunca tive envolvimento sério. Então toda vez que ia para a rua ou para um show, queria ficar com uma mulher diferente. Nunca tive vergonha de passar essa imagem. Mas hoje, de tanto trabalho, não é toda noite que consigo. Claro que se vejo uma mina e me interesso e ela também se interessa por mim, com certeza rola.

As mulheres se jogam em cima de você?

Acho que desde que começou esse lance do sucesso, comecei a atrair diversas coisas. Esse lance do assédio das mulheres nunca foi pequeno nos nossos shows, tá ligado? Sempre teve bastante mulher e a gente procura fortalecer isso. Claro que vão ter as que querem ficar. Estamos aí!

Você é um dos expoentes do Funk Ostentação. Há quem aponte em você e na sua geração certa alienação.

Como você enxerga essas críticas?

Toda vez que vem uma parada negativa 58

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dessas, falando que meu trabalho não está certo, procuro filtrar antes de chegar aos meus ouvidos. Nem entendo como crítica, mas só como a visão de alguém que não sabe o que eu vivi. Eles até podem ter fundamento, mas a realidade é uma só. Só eu sei o que sou e o que vivi, o que posso falar e o que me sinto bem falando.

A parada é tão natural que a partir do momento em que me senti bem cantando que tinha dinheiro, isso aconteceu. Provou que nóis era (sic) o que a gente tava falando. Quando comecei a falar “a gente tá patrão”, já tinha visão de que se tornaria uma coisa de grande parte e as pessoas não acreditaram. Mas quando meu vídeo no YouTube dá um milhão de exibições em uma semana, a galera começa a acreditar. Eu nunca falei nada de ninguém, tenho consciência limpa.

Minha realidade era muito adversa, eu não tinha R$ 1 no bolso. Hoje eu tenho dinheiro, por que não dizer isso?

Chegou minha vez! Eu gasto mesmo e faço o que tenho que fazer.

Conseguiu comprar a Range Rover?

Consegui! Comprei casa, carro, tô bem.

As pessoas dizem que o funk denigre a mulher. Você concorda?

Procuro sempre entender a parada que eu tô falando. Nunca quis denegrir a mulher, nem homens nem ricos ou pobres. Sempre quis falar o que todo mundo pudesse cantar. Eu não era rico até ontem e já falava de dinheiro, conto plaquês de 100 perante certas batalhas! Vou ficar feliz se uma pessoa que trabalha de segunda a sábado puder contar os plaquês de 100 dele.

Não é parando de cantar funk que vai parar de ter mulher no baile funk fazendo putaria. Isso é normal, é a vida, o mundo, o século 21. É o viver da minha geração. Tô dentro dela.

Você se vê como um ícone de moda e comportamento para sua geração?

Você tem essa visão quando a parada começa a andar. Se minha parada fosse fraca, eu não teria esse sucesso. Tenho mais de 6 milhões de seguidores no Instagram, posto as fotos com meu estilo sempre. E depois vejo no show todo mundo se vestindo igual e fazendo as mesmas tatuagens.

Mó responsa.

USE O CÓDIGO

VERAORSV

FAZENDO ARTE

B

runo Novelli (mais conhecido como 9Li), 34, é um ponto fora da curva e da paleta de cores da arte brasileira. Vivendo alternadamente em sua casa-ateliê na região central de São Paulo, em Santa Catarina e até na Amazônia. Novelli se alimenta do conflito entre a natureza selvagem e o caos urbano para se inspirar. Incorpora a fauna, a flora, o fantástico e o xamanismo à linguagem gráfica (criada pelo bicho-homem). “Minhas primeiras pinturas figuravam animais. Mesmo tendo sido um adolescente urbano, nascido em Fortaleza e criado em Porto Alegre, fui fundindo a imaginação e refinando meu olhar e minha técnica sobre as formas naturais, buscando a síntese dessas forças”, diz.

Citando a necessidade do tempo, da profundidade e da leitura para seu aperfeiçoamento como pintor, também amplia conhecimentos pela via da Ayuasca, da filosofia metafísica, da psicologia de Carl Jung e do grafismo dos povos ancestrais. 9Li embarcou no mundo das artes ainda jovem, fissurado no universo visual do skate. “Aquilo era motivador. Eu me inspirava nos desenhos dos shapes e pensava em criar camisetas. Foi assim que descobri a serigrafia”, conta.

Foi estudar Design Gráfico na School of Visual Arts de Nova York e chegou

Arte urba nocós mica Misturando elementos da natureza selvagem e do homem civilizado, 9Li cria grafismos baseados no conhecimento de povos antigos Por Renata D'Elia

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Nova Flora Radiante (2014) Acrylic on canvas Materia Radiante series 174cm x 148cm / 68.5 x 58.3in Private Collection

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a abandonar o emprego de garçom em um restaurante da cidade após o menosprezo de um chefe por seu trabalho artístico. Como resposta, escreveu seu nome com molho de tomate no piso branco do local e simplesmente se mandou. “Se não estou entre cores e formas, parece que fico deslocado, fora de mim. Só assim percebo minha presença no mundo. Caso contrário, entro em atrito comigo mesmo.”

Nesse caminho torto e não planejado – “porém sempre rumo ao sol” –, 9Li enveredou naturalmente pelo mundo da moda. Em 2008, criou estampas para a coleção de Rita Wainer na Ellus 2ndFloor. Para a Reserva, acaba de criar três estampas exclusivas a serem lançadas a partir da coleção verão 2015/2016. Uma delas retrata um ziguezague, forma essencial presente no Egito Antigo e nos desenhos indígenas, simbolizando a harmonia entre opostos. “Quis representar essa forma gráfica do sobe desce, a natureza da vida seguindo em ondas, movimentos que confundem o olho e sintetizam o conflito e a matéria viva”, explica. Essas são, segundo ele, as esferas do cósmico e do microcosmo a serviço de um mistério sempre presente.

Casado com Luiza, é pai do pequeno Caetano, de um ano. “Dei a ele umas canetas para brincar, mas parece que ele é mais ligado em música. Gosta do Tom Zé.” À frente da Universidade Autoindicada por Entidades Livres e do coletivo Metagrafismo, 9Li se une a artistas com bagagens em software, música e pintura para “discutir e dar risada” em uma zona autônoma, sem sede fixa ou periodicidade definida, fugindo do ensino rígido numa alquimia de experiências e insights. É assim, anárquica e inquietamente, que o pintor urbanocósmico vai ao encontro a suas sucessivas renovações.

"SE NÃO ESTOU ENTRE CORES E FORMAS, PARECE QUE FICO DESLOCADO, FORA DE MIM. SÓ ASSIM PERCEBO MINHA PRESENÇA NO MUNDO"

Misturando grafismos e elementos baseados na natureza, o artista 9Li faz reverência aos povos antigos brasileiros e de outros lugares do mundo 64

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Pedra Aflora (2014) Acrylic on linen Materia Radiante series 150cm x 90cm / 59in x 35.4in Fundación Artnexus

TRÊS INFLUÊNCIAS: Paschoal, músico 1 Hermeto multi-instrumentista

da Silva, pintor cearense, descendente de índios dos povos 2 Chico 3 Grafismo

“Se eu um dia chegar perto do que ele faz, já estou feliz”

“Autodidata, ele carregava o Brasil profundo para uma técnica refinada, aperfeiçoada com mestres europeus”

“É maravilhoso como as formas ancestrais se manifestam através dos tempos”

Cachoeira Vibrante - Sol Chocante - Flor de Bananeira (2014) Acrylic on canvas Materia Radiante series 176cm x 150cm / 69.3 x 59.1in Private Collection

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PERFIL

Eles perderam o crachá da firma Quatro empreendedores de sucesso contam os desafios e dificuldades de abandonar a estabilidade do emprego para perseguir suas ideias de negócio independente Por Renata D'Elia

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udar. Partir em direção ao novo. Fazer o que gosta. Ousar.

E mais importante, abandonar tudo: o nó na gravata, o crachá corporativo, as baias e o carpete, a cesta de Natal e a festa de fim de ano da firma.

A busca por um sentido no trabalho é um desafio mesmo para os mais ambiciosos. Será possível subir ao topo da maior montanha de um jeito independente, inclusive com mais lucro?

Sonhos e metas descoladas das grandes corporações têm motivado cada vez mais profissionais a deixarem empregos formais e carreiras estáveis pouco atraentes. Apesar dos tropeços e dificuldades iniciais, o esforço em prol de ideias e rotinas mais criativas vale a pena. Conversamos com quatro empreendedores de sucesso que tiveram coragem de deixar pra trás as garantias da carteira de trabalho para inovar no mundo do negócio próprio.

Em comum a todos eles, as mesmas palavras: paixão e inovação.

Daniel Izzo, da Vox Capital Com uma carreira estável ele pilotava um transatlântico potente e seguro em mar amigo, sob o céu azul. Aos 31 anos, Daniel Izzo era gerente da Sundown, líder no mercado brasileiro de protetores solares e parte do bilionário portfolio global da Johnson & Johnson. “Num país tão desigual, fazia pouco sentido gerar cada vez mais lucro para investidores estrangeiros que eu não conhecia, enquanto a pobreza nas ruas de São Paulo era uma realidade tão urgente. Essa dissociação me angustiava”, conta. Após um MBA no Canadá, Izzo voltou decidido a sair do marketing e foi para a área de RH. Em poucas semanas, veio a segunda crise. “Caí em desespero, não estava feliz e achei que havia jogado a minha carreira fora, sem estrutura para voltar atrás. Fui pra casa um dia, no meio do

Foto: Vitor Neves

expediente, e resolvi pedir aos gestores da Sundown para tocar um projeto de sustentabilidade.” Acostumado ao antigo posto no carro-chefe da empresa, Izzo geria um projeto sem grandes atenções e tentava se encontrar quando teve contato com empresas voltadas para o social, como a Artemisia.

“Eu não tinha dinheiro, não conhecia a área financeira, mas queria mudar.”

Assim, em 2009, conheceu os sócios, fez o planejamento estratégico e trocou o e-mail corporativo pela @ da Vox Capital, primeira empresa de investimentos de impacto do Brasil, focando negócios inovadores em larga escala e servindo a população de baixa renda.

Hoje, já são R$ 85 milhões em capital que colocaram a Vox no ranking dos 50 mais dos negócios de impacto no mundo, criado pela organização Im-

pact Assets. “Tudo foi mais lento do que eu esperava. Se antes havia um helpdesk para consertar meu computador, tive que começar a me virar sozinho. Houve as burocracias do CNPJ, da conta em banco. Ainda é desafiador encontrar pessoas capacitadas e motivadas a trabalhar com a gente. Mas toda a paixão valeu a pena.”

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Marcel Leal e Alexandre Olivieri, da Opusphere Eles se conheceram há oito anos durante um fórum de tecnologia em Campinas, interior de São Paulo, quando ainda trabalhavam em grandes empresas. Ali nascia uma parceria de sucesso baseada em competências complementares. Marcel é calmo, mistura capacidade analítica com criatividade e boas ideias. Alexandre é mais metódico, organizado e matemático. “Nossa vida de gestor era muito chata. Enquanto empregados, percebíamos que as empresas eram muito engessadas na gestão de funcionários”, diz Marcel. Se aventuraram então numa startup de realidade aumentada, mas erraram a pontaria.

“Focamos demais no nosso sonho tecnológico e ficamos na zona de conforto, esquecemos de ouvir o mercado.

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Desenvolvemos um negócio que só interessava a nós. Acreditávamos que faríamos parcerias com artistas, por exemplo, mas os anseios deles eram diferentes”, conta Alexandre. Descapitalizados, viram suas ideias brilhantes transformadas em meros moinhos de vento. Mas não desistiram.

Era hora de crescer e amadurecer, embora sempre se divertindo. Loucos por videogame, perceberam que o engajamento dos colegas de trabalho era muito maior nas horas de lazer em jogos online do que diante do sistema de compensações financeiras. Por que não juntar as duas coisas? Escolados, pensaram uma estrutura mais “pé no chão” e criaram a Opusphere em 2013.

A empresa oferece soluções de gamificação para os mercados corporativo

e de educação e pretende avançar em diferentes setores. “Estamos apenas começando. A inovação não ocorre de uma hora para outra. Acreditamos que as características da produção na próxima década serão bem diferentes, mais criativas e estamos só no começo da jornada”, completa Alexandre.

Gustavo Marques, da Livebiz Desde menino, Gustavo Marques tinha um pé no entretenimento e outro no empreendedorismo. Criado e crescido no interior de São Paulo, Marques foi co-fundador de uma das maiores micaretas de carnaval do estado, o Carna Rio Preto. Em 2007, foi convidado pela agência Click (hoje Isobar) para dirigir sua área de novos negócios, atendendo a grandes clientes.

Com o crescimento das redes sociais, percebeu que as marcas questionavam seus papéis, a relevância de seus conteúdos e suas formas de relacionamento. Nessa busca, propiciou em 2011 uma ponte entre a Fiat e a líder mundial do então novo mercado de streaming, a LiveStream, para a transmissão ao vivo de um show do Black Eyed Peas. Depois, veio a transmissão de um show da cantora Maria Rita para um grande patrocinador, ainda de forma incipiente. Em maio de 2012, veio o pulo do gato: abandonar o cargo e oferecer por conta própria outras formas de conteúdo exclusivo, eventos e plataformas de música ao vivo para marcas. Estava criada a Livebiz, que logo de cara ganhou a confiança de importantes empresas nacionais e estrangeiras. “Eu tinha uma visão clara de onde poderia chegar dentro da agência e sabia que me daria bem, mas tomei uma decisão apaixonada e racional ao mesmo tempo”, conta. Desde então, o maior desafio da Livebiz é fugir da acomodação e do piloto automático.

“Estamos crescendo 30% em 2015, mesmo com cortes de verbas de até 50% nos nossos clientes. Encaramos o desafio de criar novas experiências adaptadas a essa realidade. O mais do mesmo vira paisagem. Você precisa desaprender algo para poder aprender e isso pode ser muito mais benéfico a longo prazo”, conta.

Fotos: Danielle Gressoni; Vitor Neves

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40076

Para ir além Por Graziela Canella

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ercorra 40.075 quilômetros sobre a linha do Equador e, ao final, muito possivelmente você terá dado a volta ao mundo, atravessando a circunferência completa da Terra. Então, siga em frente um pouco mais. Essa é a proposta por trás do nome 40076 – o ato simbólico de atravessar aquele “quilômetro extra” de que falam os especialistas em empreendedorismo, em referência à atitude de quem não se limita a oferecer o mínimo necessário. A ideia, em resumo, é ir além.

Fazer um pouco mais pelo mundo.

Nada mais apropriado para o nome da nova marca sem fins lucrativos do Grupo Reserva, estampado nas etiquetas de todos os produtos cuja venda objetiva gerar renda para causas apoiadas pela empresa – instituições como WWF-Brasil, AfroReggae e ainda ONGs de várias partes do pais, selecionadas pelo projeto Reserva Rebeldes com Causa.

Na coleção de estreia, a 40076 terá camisetas e bonés estampados com temas como liberdade de expressão, igualdade, cidadania e ação contra o preconceito. Em uma delas, a transcrição dos primeiros artigos da Declaração Universal dos Direitos Humanos imprime uma mensagem impactante e atual, mesmo 67 anos depois de sua proclamação pela Organização das Nações Unidas. Outra estampa apresenta uma imagem em raio-X sobreposta ao rosto de uma fotografia, só para lembrar que no fundo, ou nos ossos, somos todos iguais. A linha completa inclui sete estampas de camisetas e duas de bonés.

Falcões na quilometragem – Mais do que uma marca ou uma espécie de selo social do Grupo Reserva criado para subsidiar ações das instituições parceiras, o nome 40076 tem dois desdobramentos além desse formato comercial com doação de valores arrecadados, em linhas de atuação distintas. O primeiro já aconteceu – trata-se do Dia 40076, evento anual promovido no último dia da liquidação de verão nas lojas da marca, com entrega do total da venda líquida para instituições. Na primeira edição, em março, o projeto arrecadou R$ 120 mil para 70

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Duas das estampas da primeira coleção 40076: temas importantes que fazem refletir

AfroReggae, Brazil Foundation e Reserva Rebeldes com Causa.

Além disso, o projeto inclui a concretização de um dos compromissos firmados com um “rebelde com causa” – o empreendedor social Eduardo Lyra, do Instituto Gerando Falcões. A parceria prevê a implantação de uma operação comercial na comunidade de Poá, na Grande São Paulo, que permitirá a jovens moradores iniciar a revenda de camisetas e bonés de porta em porta, com primeira remessa consignada. Partindo da analogia de que ensinar a pescar pode ser tão ou mais produtivo quanto doar peixes, a proposta é ceder microcrédito como uma nova oportunidade de geração de renda própria para algumas famílias.

Coincidência ou não, foi também de porta em porta, na periferia de Guarulhos, que Lyra – considerado pela revista Forbes um dos 30 jovens mais influentes do país – conseguiu vender mais de cinco mil cópias de seu primeiro livro, Jovens Falcões, em 2011. Inspiração para um grande número de jovens criados nas mesmas condições de sua própria infância, Lyra resume a história de superação social com uma premissa transformadora, repetida diariamente por sua mãe: “Não importa de onde você vem, o que importa é para onde você vai na vida”.

Fotos: Reserva

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REBELDES 2015

causa é o que não falta para a nossa rebeldia Por Graziela Canella

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terceira edição do evento global de sustentabilidade e inovação Sustainable Brands, no Rio de Janeiro, em agosto, foi o cenário escolhido para fechar o balanço do primeiro ano da campanha Reserva Rebeldes com Causa.

O momento é de começar a colher os frutos dos projetos já executados, criar soluções para viabilizar aqueles que ainda estão no papel e (rufem os tambores) dar boas vindas às novas instituições que chegam para engrossar o time de jovens com causas inspiradoras.

Lançado como campanha institucional há um ano, o projeto nasceu do encontro do CEO da Reserva, Rony Meisler, com o estudante Luti Guedes, que, na ocasião, pediu R$ 50,00 para ajudar a construir uma escola no Pará. Daí veio a ideia de buscar país afora outros exemplos de cidadania e empreendedorismo social. A campanha ajudou a disseminar o trabalho das ONGs e rendeu à Reserva um reconhecimento internacional – em 2014, Rony foi nomeado Gentleman of the Year pela instituição norte-americana Fashion4Development, e este ano a empresa entrou no ranking das mais inovadoras do mundo, feito pela revista Fast Company.

Agora, a Reserva inicia parcerias com quatro novos Rebeldes: Thiago Cavalli, da Casa do Rio, que atua no resgate da memória, interação e geração de renda próximo ao Rio Tupana, na região Amazônica; a artista Panmela Castro, do projeto carioca Nami, que promove os direitos das mulheres por meio da arte urbana; Vherá Poty, da Terra Indígena Tekoá Pindo Mirim, que, junto com o Instituto Sementes ao Vento, forma lideranças comunitárias guaranis para o desenvolvimento da aldeia e proteção ambiental no Sul; e, de Pernambuco, Manoel Silva Filho, do Love.Futebol, que promove a vida ativa e convivência nas comunidades através do esporte.

Conheça os projetos em andamento: ADAPTSURF – Associação criada por Henrique Saraiva para promover inclusão social de pessoas com deficiência por meio do surfe. Obteve com ajuda da Reserva um carro para transporte de equipamentos para surfe adaptado, no Rio de Janeiro.

ADEL – O economista Francisco Wagner Gomes de Souza trabalha no desenvolvimento econômico e social de comunidades rurais do Nordeste, e tem apoio

A Reserva inicia parceria com quatro novas instituições, que se juntarão às oito iniciativas já apoiadas pelo projeto Rebeldes Com Causa

da marca no projeto Ubuntu para capacitação de jovens líderes sociais.

ATADOS – Plataforma social que conecta pessoas para trabalho voluntário criada pelos estudantes Luiz Henrique Madaleno, Bruno Tataren, João Padula, Daniel Assunção, André Cervi e Gustavo Eiras. Depois de São Paulo, Brasília e Curitiba, opera também no Rio de Janeiro a partir de agosto, com apoio da Reserva.

ESCOLA DE NOTÍCIAS – Idealizada pelo jornalista Tony Marlon no bairro do Campo Limpo, em São Paulo, a escola autossustentável ensina jovens estudantes a trabalharem com vídeo, rádio, fotografia e assessoria de imprensa. Seus alunos estão produzindo a campanha da Reserva Mini para o Dia das Crianças.

GERANDO FALCÕES – Autor do livro Jovens Falcões, Eduardo Lyra atua em escolas públicas para motivar jovens a superarem dificuldades sociais.

Fotos: Divulgação

Em parceria, a Reserva está implantando um sistema de revenda de produtos da marca 40076 a preço de custo na comunidade de Poá (SP).

GUERREIROS SEM ARMAS – Os arquitetos santistas Natasha Gabriel, Mariana Gauche Motta, Rodrigo Rubido e Edgard Gouveia criaram um dos principais programas do Instituto Elos para construção de espaços para qualidade de vida nas comunidades. A Reserva integrou o programa Novos Líderes, para formação de empreendedores sociais na periferia de Santos.

LUTE SEM FRONTEIRAS – Jovem embaixador da ONU para Cidadania Global e Educação, Luti Guedes criou projetos de saúde e microcrédito, uma biblioteca e uma escola para a população ribeirinha da Ilha de Marajó, no Pará. Conta agora com a Reserva para promover um festival cultural na região.

RESERVALORES – O biólogo e mergulhador carioca Dudu Lima Filho

atua na limpeza progressiva do mar, areia e entorno de Marapendi, no Rio de Janeiro. A marca apoia o Mergulho Solidário, que capacita jovens da Rocinha na defesa ambiental pelo mergulho científico.

Saiba mais: > adaptsurf.org.br > adel.org.br > atados.com.br > escoladenoticias.org > facebook.com/casadoriotupana > facebook.com/ institutosementesaovento

> guardioesdamataatlantica.org/ projeto-reservalores

> institutoelos.org/gsa > jovensfalcoes.com.br > lovefutbolbrasil.org > lutesemfronteiras.org.br > redenami.com 73

FAÇA VOCÊ MESMO

Deixe sua mensagem

Agora você pode dar o seu recado, vestir uma causa, declarar seu amor, eternizar aquela frase cheia de curtidas que postou nas redes ou até mesmo deixar uma polo básica da Reserva com a sua cara com o novo esquema “faça você mesmo” Por Graziela Canella

Faça você mesmo: customização pra deixar o produto com a cara do cliente

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Reserva acredita na igualdade de direitos humanos, mas não prega a igualdade de opinião.

Identidade, cada um tem a sua, e a grande aposta da marca hoje é valorizar esse conceito e botar na vitrine – ou melhor, estampado no peito – as linhas de produtos customizáveis à venda no site usereserva.com.

Há quase três décadas, especialistas em consumo já falavam de como os sistemas de customização em massa deveriam oferecer características opcionais para consumidores, fazendo do próprio cliente uma ferramenta de inovação. Escolhas que parecem banais nos dias de hoje, como a cor da geladeira ou a configuração do computador, já sugerem há tempos um toque pessoal às escolhas de compra.

Imagine então combinar a cor e o bordado de uma polo da Reserva, com a possibilidade de trocar o pica-pau de lugar com o próprio monograma? Ou ainda a personalização máxima de escrever uma frase, nome, palavra ou qualquer ideia que venha à cabeça na estampa de uma camiseta? Isso é possível com apenas alguns cliques no canal Faça Você da loja virtual.

Atualmente, o site usereserva.com/ usereserva/facavoce oferece serviços de customização de polos, camisetas masculinas, femininas e infantis, e ainda macaquinhos para bebês. Em breve, será possível também dar um toque pessoal a itens da linha Reserva Pra Calçar. O passo a passo é simples e intuitivo – nas polos básicas, é possível imprimir as próprias iniciais na barra ou trocá-las de lugar com o pica-pau, no peito, e ainda selecionar os tons de tecido e bordado. Nas camisetas e macaquinhos, é só soltar o verbo e escolher tamanho e cor.

A produção com tecnologia on demand começa assim que a compra é confirmada, com entrega em três a sete dias úteis, dependendo da localização.

Vale tudo, ou quase tudo – é bom lembrar que os textos são monitorados e o pica-pau não assina embaixo de mensagens ofensivas ou com preconceito de cor, credo ou orientação sexual.

Foto: Renan Oliveira

PAPO RETO

Tudo começou com um concurso anual de modelos na comunidade do Jacaré (RJ); hoje o projeto cresceu

Do lixo ao luxo Morador de favela no Rio, Júlio descobriu a moda quando era porteiro, vendo revistas que suas patroas jogavam no lixo, e criou um projeto para valorizar a comunidade do Jacaré Por Carla Furtado 76

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Julio Cesar expandiu os negócios e a Jacaré É Moda virou um pólo de revelação de talentos da moda.

Os desfiles continuam acontecendo, e o projeto recebe voluntários da área e até agencia potenciais modelos; algumas meninas chegaram a ser mandadas para o exterior para trabalhar

A

primeira vez que Júlio César da Lima, 38, viu grandes revistas de moda, como Vogue e Elle, estava no fim do expediente. Um dia, uma moradora do prédio nobre em Copacabana onde trabalhava como porteiro pediu a ele que retirasse o lixo. Num golpe do acaso, naqueles restos encontrou a fonte de sua maior inspiração.

Com as bíblias da moda em mãos, Júlio nem viu passar as horas que restavam para o fim do dia de trabalho.

O agora fashionista é morador da favela do Jacaré e viu na moda algo além das marcas usadas para ostentação na comunidade. "Eu assistia religiosamente ao Super Pop, um dos únicos programas que falavam de moda na TV aberta, mas tanto lá quanto nas revistas só se falava de um segmento, de gente rica, algo muito distante. Quando eu olhava uma campanha da Calvin Klein, eu pensava que aqueles modelos não pareciam humanos, só deuses!", conta. Foi quando viu a top model Naomi Campbell que teve um lampejo de que havia espaço para ele na moda.

Juntou dinheiro e fez um curso de Produção de Moda no Senac, seu primeiro passo. Criou então o projeto da produtora de moda Jacaré É Moda, que há 13 anos começou como um concurso de modelos. Para financiar o projeto usou rifas e a ajuda dos salões de beleza da comunidade, que emprestavam serviços, prêmios e roupas para o desfile. Foi levando a empreitada anualmente como podia, Fotos: Douglas Vaz, Alexandre Araujo, Divulgação

mantendo empregos paralelos: depois de porteiro, como mestre de cerimônias em bailes de debutantes. Em 2012, o concurso aumentou com participantes de todas as regiões da cidade e foi intitulado "A Mais Bela Entre Elas". O escritório era na casa de Júlio, onde mora com a mulher, diarista, e o filho de 13 anos. Até que o acaso novamente o surpreendeu. Sua ideia foi parar no Caldeirão do Huck, programa da Rede Globo.

Aparecer na TV em rede nacional colocou a comunidade do Jacaré no mapa da moda e a moda na vida de Júlio definitivamente. Hoje, a produtora Jacaré é Moda também oferece oficinas e cursos, como fotografia e produção de moda, e atendimentos com nutricionistas e psicólogos, todos voluntários. Algumas das meninas descobertas e orientadas por Júlio foram contratadas por agências internacionais.

Mais do que um empreendedor do Jacaré, Júlio é inspiração para as pessoas que vivem lá. "Vale muito ver uma criança sonhando porque aqui elas não sonham, não têm expectativas com a vida! Só pensam em abandonar a escola na quarta ou na quinta série para seguir o crime. Quando eu vejo uma menina falar que quer ser modelo, meu olho brilha.

Hoje escuto pessoas que só tinham a Beyoncé como exemplo dizerem que querem ser como eu, que vim da mesma dificuldade que eles! Isso mostra que eles enxergam que um caminho diferente é possível e essa é a melhor recompensa."

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SALA ESCURA

Em Branco Sai, Preto Fica, o diretor Adirley Queirós conta uma história passada em Ceilândia, numa mistura de documentário e ficção

A explosão de Brasília Premiado internacionalmente, mistura de documentário e ficção científica repensa episódio trágico da história do movimento black de Ceilândia, na periferia de Brasília Por Carla Furtado

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Fotos: Divulgação

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26 km de Brasília está Ceilândia, cidade que nos termos do Distrito Federal é denominada como uma "região administrativa". Nos termos comuns, é intitulada "o aborto de Brasília". "É um lugar afastado, não só geograficamente, como também ideologicamente. São 400 mil habitantes e não existe uma sala de cinema.

O tempo é outro, o da correria, do improviso, de sempre estar em busca de uma melhoria de vida.", descreve Adirley Queirós, 45, morador da região e diretor do documentário ficcional "Branco Sai, Preto Fica". Eleito Melhor Filme no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro em 2014, ganhou mais outros 15 prêmios dentro e fora do país.

Em Amsterdam foi listado pela crítica como um dos sete filmes mais importantes do cinema contemporâneo.

A trama resgata o Baile Black do Quarentão, um dos poucos locais de lazer dos jovens de Ceilândia nos anos 80. Marquim e Shokito eram adolescentes assíduos da festa, empenhados em criar novos passinhos de dança a cada noite. "Branco sai, preto fica!" é a frase dita por um policial durante uma violenta repressão ao baile. A ordem era que brancos poderiam ir embora, enquanto os negros ficariam para apanhar. O resultado: desde então, Marquim está em uma cadeira de rodas e Shokito usa uma perna mecânica.

Além de documentar o episódio e suas consequências, o filme vira ficção científica ao dar à trágica história uma resposta fantástica: o agente Cravalanças (Dilmar Durães) faz uma viagem

A trama do longa resgata a história de um famoso baile black, o Quarentão, um dos poucos locais de diversão dos jovens que viviam na periferia de Brasília nos anos 80

ao futuro, a 2070, para buscar provas do episódio do Quarentão e indenizar as vítimas de Ceilândia. "Esse filme só existe porque aceitamos o acaso. O roteiro não é um ponto de chegada e sim de partida. Financiamos o longa através de um edital para documentário, aí o Marquim disse algo fundamental: 'Eu estou numa cadeira de rodas, daqui ninguém me tira. Se é pra fazer filme, então quero voar, dar tiro, explodir!'.

O documentário aponta para o futuro, ressignificando a história. O cinema tem que ocupar este imaginário, não precisa reproduzir a realidade."

No filme, a conta não vem apenas

do futuro, no tempo atual uma bomba é produzida para explodir a segregação e a opressão representadas por Brasília.

Fugindo novamente do convencional, o explosivo é feito de sons da periferia: black, rap, arrocha e o funk "Bomba Explode na Cabeça", de MC Dodô. "O funk é político por excelência porque é ouvido pela quebrada e as pessoas se sentem representadas. Essa música é um tratado político, fala de como a polícia age oprimindo o operário que tenta sair desse espaço de trabalho. Também é lúdica, faz chorar e dançar. Assim como um documentário, não adianta só ser discursivo, tem que ter emoção."

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Wolf Menke tem o olhar afiado para novas ideias: criou o primeiro espaço de trabalho coletivo do mundo totalmente voltado à gastronomia

Fome de empreender Por Vinícius Félix

“O

brasileiro não vê a quantidade de oportunidades que existem no país, ainda mais agora em momento de crise”, avisa Wolf Menke.

O empreendedor tem conhecimento de causa sobre o feeling de encontrar boas chances onde muitos nem olhariam. Depois de trabalhar anos em design, publicidade e até na televisão, ele se interessou por economia criativa e resolveu investir em um projeto pessoal na área, o espaço House of Work. Logo em seguida, criou a House of Food, o primeiro coworking culinário do mundo: amadores e profissionais podem alugar a cozinha e trabalhar em parceria com a casa, que cuida do serviço do salão. Na conversa com a Revista da Reserva, Menke falou sobre suas iniciativas, projetos e ideias.

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3 pessoas criativas para ficar de olho Alexa Clay, pesquisadora e escritora especializada em inovação, mudanças tecnólgicas e econômicas – "Ela é bem interessante, quero trazê-la em dezembro para falar nas casas".

Richard Branson, fundador do grupo Virgin – "Conheci ele em novembro, quando dei um workshop no Open Airbnb.

Também acho um grande exemplo".

Hamilton Henrique, empreendedor social, – "Aqui no Brasil adoro o trabalho que esse jovem tem feito na periferia carioca, conduzindo o Saladorama, delivery de comida saudável em comunidades do Rio de Janeiro. Acho fantástico."

A gastronomia está na moda. Só na TV são dezenas de programas sobre o assunto. Você pensou nisso na hora de montar a House of Food?

Foi pura coincidência. Se eu pensasse só em moda, estava pensando em um negócio que ia durar seis meses.

Não é isso. A gente tem um trabalho contínuo de melhoria de processos, sistematização, curadoria dos chefs, melhorar a entrega deles, otimizar custos. É uma operação, é difícil, mas faz parte do negócio. No fim das contas, é legal.

Não é o único acaso nessa história, certo?

Começou com o coworking, que cresceu muito rápido e logo pensei em expandir.

Na casa vizinha tinha um armazém Fotos: Divulgação

O House of Food é o primeiro coworking culinário do mundo; os chefs que precisam de um espaço para cozinhar alugam a cozinha da mesma maneira que freelancers e pequenas empresas fazem com as mesas de trabalho

gourmet e antes deles fecharem vieram me avisar. Quando fui lá, soube que eles estavam passando o ponto e que eu teria que comprar todos os equipamentos de cozinha se quisesse ficar o com o local. Ia desistir, mas, no momento seguinte, pensei no mercado de nicho para explorar. Transformei o espaço em um coworking culinário e depois acabei descobrindo que foi o primeiro do mundo.

Queria que comentasse sua bio no Instagram, diz muito sobre seu trabalho: "Não sou bom em nada, só me esforço".

Eu nunca quis me especializar em nada, nunca fiz uma faculdade e nunca me passou pela cabeça fazer. Eu acredito em fazer e faço bastante. Então toda vez que eu coloco na cabeça que vou fazer alguma coisa, me esforço muito para fazer direito.

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RÁDIO CORREDOR

hora da festa estamos cada vez mais próximos do nosso aniversário de dez anos e já começaram os preparativos: de contagem regressiva de pica-paus até camisa de maromba, os presentes não param

O pulso ainda pulsa.

Pulseiras de couro, coloridas ou com mensagens.

Tem pra todos os gostos e quanto mais, melhor.

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Acerte na mosca Indeciso? Não quer errar? Tá sem tempo?

Leva um Gift Card! O presente que fica bem em todo mundo. Em breve, em usereserva.com

Beleza que põe mesa Pro churrasco do verão ou pros queijos e vinhos do inverno. Presentes pra conquistar pela boca e pelo coração. Confira em usereserva.com

De cara nova Convidamos um superescritório de design pra dar aquele “tapa” no nosso visual. Afinal de contas, depois de 9 anos de marca, era hora de dar uma renovada. Amadurecemos, mas o espírito irreverente e inovador continua o mesmo de sempre. #QueSejaReserva

Projeto Verão 2050 Com tecidos mais finos e flexíveis, a linha Reserva pra Malhar foi feita pra turma da maromba encarar o treino de todo dia. Ou o treino de "de vez em quando"...

Fotos: Reserva/Divulgação

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RÁDIO CORREDOR

A idade chega pra todo mundo Mas na Reserva quanto mais velho a gente fica, mais vontade de inovar a gente tem. A partir do dia 6/9, bem no nosso aniversário, faremos uma contagem regressiva com 365 pica­-paus. Um por dia, até o nosso décimo aniversário. É ou não é diferente? Fique de olho em usereserva.com para conferir nosso mascote do dia.

Família unida permanece unida Hoje somos um grupo com mais de 40 lojas, mas tudo começou lá atrás com nossos parceiros multimarcas. Durante uma visita a um dos nossos clientes mais antigos, nosso departamento de Marketing deu um presente pra lá de exclusivo agradecendo toda confiança e parceria de anos: uma camiseta personalizadíssima da Reserva. Imagina ter o seu rosto estampado em uma das nossas camisetas? Isso é Família Reserva.

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RESERVA

Pica-pau cheio de amor pra dar A Reserva resolveu comemorar o Dia dos Solteiros de um jeito diferente, pra variar. Em parceria com o Tinder, criamos um perfil e convocamos os solteiros de plantão pra conferir nossas camisetas temáticas.

Ah! Ainda teve desconto depois do match!

Fotos: Reserva/Divulgação

CAMISARIA RESERVA:

NAS LOJAS E EM USERESERVA.COM

RÁDIO CORREDOR

Vale a pena verde novo A Reserva inventou moda mais uma vez. Como se não bastasse fazer uma linha de peças com materiais reciclados e que causam menos impacto na natureza, fizemos um tag com sementes de manjericão. Basta plantar o tag, regar regularmente e esperar ele temperar sua vida em poucos dias.

novas lojas Não importa o sotaque, a gente vai se sentir em casa com vocês. Estamos abrindo e reformando nossas lojas pra melhor te receber. Em breve, uma Reserva perto de você.

Amor é amor!

No dia 30 de junho, os EUA legalizaram o casamento gay no país inteiro, assim como já acontece no Brasil.

Aqui na Reserva tivemos o maior orgulho de celebrar essa iniciativa. Nosso post comemorativo no Facebook teve nada mais nada menos do que 13 mil likes. É curtida até dizer chega. Viva o amor!

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Fotos: Reserva/Divulgação

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PAPO RETO II

No ritmo do tempo Tiago Worcman conta como saber dançar conforme a música foi a chave para levantar a nova MTV e encarar as mudanças na vida Da redação

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uando a MTV encerrou suas atividades na TV aberta, foram muitos os que lamentaram, relembrando com nostalgia a era dos clipes e acústicos convertidos em CDs. Sem se dar conta, no entanto, que essa fase já havia passado antes mesmo do fim ser anunciado, em 2013. Era hora de virar a página, aceitar as mudanças de comportamento e enxergar os novos jovens. Com esta missão, agora na TV paga, foi também preciso um novo líder. Tiago Worcman, 39, era gerente de programação do GNT, da Globosat. Após 7 anos numa das programadoras mais poderosas do país, decidiu mudar de direção. "A proposta era muito desafiadora e foi isso que me fez aceitá-la. Todo mundo estava num clima de que a MTV tinha acabado e vi que a VIACOM queria realmente alguém para dar um novo caminho para a marca. Acredito que nada vem do nada, o que o acaso prepara para sua vida, você está preparado para receber. Eu não estava procurando um novo caminho, mas de alguma forma estava aberto a encarar um desafio como esse", conta Tiago. Em sua liderança, a MTV cresceu 224% e subiu 21 posições no ranking de audiência.

A mudança implicou também numa nova rotina em casa:

A coleção Reserva + MTV vai trazer clássicos como Beavis and Butt-Head e Bob Esponja, além de seus logos icônicos dos anos 80 e 90 Fotos: Vitor Neves; Reserva/Divulgação

o carioca teve que se mudar para São Paulo, mantendo sua família no Rio de Janeiro. Casado com a atriz Carolina Dieckmann, com quem tem um filho, divide-se entre as duas residências toda semana. Não é raro também ter que viajar para fora do país. Em abril, foi promovido a vice-presidente sênior das marcas musicais da VIACOM na América Latina. "Moro no Rio nos fins de semana e segunda-feira saio para algum lugar que pode ser São Paulo, México, Miami, Argentina ou Colômbia. É cansativo, mas é interessante perceber como sempre nos acostumamos e enxergar os pontos positivos. São Paulo é um lugar muito inspirador para trabalhar", afirma.

Saber aproveitar as oportunidades no fluxo de mudanças é uma das chaves para o sucesso de sua administração.

"Nosso público-alvo é muito diversificado, pessoas entre 15 e 30 anos que não se rotulam mais como antigamente e consomem tudo ao mesmo tempo. Mesmo sendo uma geração globalizada, que faz abaixo-assinado para uma banda sueca tocar no Circo Voador, valorizam a cultura local, o funk ostentação, o novo sertanejo", define. "Não vejo mais a MTV apenas como um canal de televisão, é uma marca que se comunica em várias plataformas, de Facebook a Spotify. O público nunca esteve tão próximo." Além das redes sociais, a MTV também vai dialogar com as roupas. Em outubro será lançada a linha Reserva + MTV, inspirada na história da emissora, com estampas que resgatam clássicos como Beavis and Butt-Head, entre outros.

Sobre as novas tendências de canais personalizados, como o Netflix, em que o telespectador monta sua programação em qualquer horário, Tiago ainda aposta no acaso: "Nem sempre é bom controlar tudo, às vezes você quer ser surpreendido. Os canais são uma curadoria, o público quer checar o que cada um tem a oferecer. Acredito que a curiosidade das pessoas faz a TV tradicional resistir firme".

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LAJE RESERVA

Turma inspirada Em junho e julho, A Laje Reserva continuou a todo vapor, misturando música e empreendedorismo para um público interessante e interessado

Ivo Mozart

Por Carla Furtado

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terceiro piso da loja da Reserva nos Jardins, em São Paulo, segue fervendo nas últimas quintas-feiras do mês. Nessas noites, o piso da cobertura é aberto ao público em geral para a Laje Reserva, evento mensal produzido em parceria com a plataforma de iniciativas inovadoras, O Panda Criativo. Trata-se de um happy hour gostoso e gratuito com bate-papo criativo e horizontal. Regado a cerveja Cacildis e aperitivos, o encontro é sempre norteado por um tema. Na edição de junho, foi empreendedorismo, e a convidada para levar a conversa com os participantes, Diana Assennato. Cofundadora da primeira startup de social commerce do Brasil, o Arco, e do ada.vc, website voltado a unir as mulheres com o mundo digital, Diana falou sobre os desafios de ser uma mulher empreendedora no ramo da tecnologia, ainda majoritariamente masculino, tanto aqui como no resto do mundo. "Só quem é criativo e tem jogo de cintura vai sobreviver", disse para o público antenado que lotou a Laje.

Em julho, o cantor e compositor independente Ivo Mozart explorou o tema da música, compartilhando sua relação íntima com a paixão que também é profissão. A fala de Ivo foi um hit entre os presentes: "Estamos aqui trocando experiências perto um do outro, como pessoas iguais, e não perante ídolos inalcançáveis", comentou a cantora Lu Bek. O Panda Criativo, responsável pelo Festival Path, entre outras iniciativas, cuida da curadoria e produção do evento.

Projeto Corrente do Sorriso

Helenita Dias e Priscila Jacob

Silvia Sanches, Irlana Maia, Jessica Areias

Caroline Elkis, Millah, Jessica Rodrigues

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Cervejas antes da conversa

Papo descontraído com Diana Assennato

Palestra intimista

Diana Assennato

Amigos brindando

Por dentro da Reserva Jardins

Daniela Branco

Fotos: Reserva/Divulgação

Acessórios Reserva

Diana fala sobre empreendedorismo

Bate-papo pós-palestra

Cerveja Cacildis e aperitivos 91

QUANTO + GENTE MELHOR

em todos os cantos a reserva estreou no litoral fluminense, homenageou o dia dos pais e fez muita arte no dia do amigo. E, claro, não podia faltar uma bela festa junina no meio do caminho

Chegamos em Búzios!

Nós já invadimos a sua praia e a Rua das Pedras ficou pequena pra Reserva.

Da Redação

Mi casa, su casa O 'Vamo Que Vamo' é uma experiência que fazemos com os novatos da nossa família.

Levamos a turma pra conhecer o escritório e depois os gestores falam um pouco sobre a marca e a nossa cultura. Tudo pra deixar os calouros se sentindo em casa desde o primeiro dia.

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Amigos arteiros Como parceira da Casa Daros e defensora de toda expressão cultural, a Reserva celebrou o Dia do Amigo transformando arte em presente.

Nossos queridos amigos da marca ganharam um par de ingressos pra exposição Made in Brasil e uma camiseta inspirada no universo da arte.

O papo é de segunda, mas a roupa é de todo dia A Reserva tem muito orgulho de ver o quarteto mais irreverente do Brasil com o pica­-pau estampado no peito.

O melhor de mim é você

Em boa companhia A querida amiga e embaixadora da Eva Roberta Sá deu o ar da graça na loja de Ipanema pra comemorar o lançamento da coleção Inverno 15. Ao lado dela, a nossa gerente criativa Priscila Barcelos.

No dia dos pais, convidamos pais amigos da Reserva para fotografarem junto com seus filhos uma campanha muito divertida e carinhosa. Perguntamos aos pequenos: como você vê o seu pai? Uma desenhista escutou os depoimentos da criançada e retratou tudo.

O resultado são ilustrações pra lá de criativas e fotos pra lá de fofas.

Ô Festão bão, sô!

No nosso anarriê teve muita alegria, um padre, milho pra todo mundo e até um tubogã. Sim, um tubogã. Na Reserva é assim, até a festa junina é diferente!

Fotos: Reserva/Divulgação

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ESPORTE

Grupo de atletas brasileiros conhecido como “brazilian storm” chama a atenção da elite do surf mundial Por Romeu Andreatta

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Tempestade brasileira

ós tratamos o surf como tratamos a arte, o cinema e a música. E assim o apresentaremos nas Olimpíadas do Rio de Janeiro. O grupo de jovens surfistas conhecido como “brazilian storm” leva a esse esporte o binômio “paixão e criatividade”, tão próprio da nossa nação. Muito mais do que um time de geniais e virtuosos surfistas competitivos from Brazil, os garotos lidam com as dificuldades vividas usando uma grande diversidade de saídas e soluções, no esporte e no mercado, gerando uma cultura de vida própria.

Milhares de shapers, fabricantes de acessórios, roupas, calçados, mídia, produtores de evento, dirigentes do terceiro setor, estão no meio da tempestade também.

Nossas performances em ondas grandes, no stand up, no 94

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windsurf, nos campeonatos mundiais, também carregam essas nuvens. Elas próprias são carregadas de talento e ousadia.

A onda midiática já percebeu que a força do time se distribui igualmente entre o campeão mundial Gabriel Medina, Filipe Toledo, Adriano de Souza (o Mineirinho), Alejo Muniz, Miguel Pupo, Raoni Monteiro, cada um lotado de ativos e armas letais para 2015. De fato, agora precisamos que se confirme a hegemonia atlântica na World Surf League.

A aposta para 2015 é Felipe Toledo. É nítido seu compromisso com dar verdadeiros shows – algo que esperamos dos campeões. Quebrar limites, impor novos patamares para o esporte. O único que hoje tem feito isso no mundo é esse menino, sempre emocionado e pilhado, que vem do ventre da vitória e da

Mar revolto.

Em sentido horário: Gabriel Medina, Adriano Souza (Mineirinho) e Felipe Toledo, três integrantes do "brazilian storm"

competição nas ondas, de uma verdadeira dinastia das ondas.

Medina, com sua virtuosidade, dará muita alegria e vencerá etapas dramáticas em 2015, assegurando seu trono.

Mesmo se não se sagrar bicampeão mundial, brilhará mais e mais. Impondo novos padrões de comportamento, flertando com a diversidade o tempo todo, ele é o embaixador do “e”, sepultando o “ou”. Ele é isto e aquilo e não isto ou aquilo.

Mineirinho, um veterano absolutamente talentoso, merece tudo o que tem e o que pode vir a ter. Para ele, além do primeiro binômio "criatividade e paixão”, tem outro, que é "perseverança e tenacidade”. Um típico brasileiro, nunca desiste e do limão faz a limonada.

Importante, muito importante em tudo isso é nossa contribuição para o resgate da nossa capacidade de inspiração e a alegria que temos dado nas ondas.

Romeu Andreatta é surfista, criador da Revista Fluir e dono da Alma Surf, que produz a revista homônima e eventos como o Festivalma (festival multiartístico da cultura surf da revista Almasurf) Fotos: Rafael Calsinski de Assis

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ARTIGO

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Ilustração: Caio Junger

Além do planejamento Por Gustavo Gitti

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contece quase sempre: criamos um evento na agenda do Google e, quando chega a hora, nos sentimos ocupados demais, esquecidos de que fomos nós mesmos que montamos essa vida sem disponibilidade. Rapidamente convertemos ações livres em obrigações.

Diante dessa frustração, alternamos entre dois extremos. Um é a postura neohippie "deixa a vida me levar" (ou "que seja o que tiver de ser"), que ignora o fato de que não estamos preparados para namorar sem tanto ciúme ou para morrer com lucidez. Improvisamos com aquilo que treinamos. E qual mente temos cultivado?

Reativa, autocentrada, refém de impulsos e condicionamentos.

O outro extremo é o do controle, das estratégias, das metas de sucesso pessoal.

A fixação ao planejamento nos deixa presos em nossas mentes, sem contato com a realidade fresca, momento a momento. Ao manter teorias sobre como a vida deveria ser, perdemos a vida que se apresenta. Tente encontrar alguém que não esteja pirando em algo, se esforçando para ganhar algum jogo, alguém sereno, como se não precisasse ir a outro lugar, capaz de realmente ouvir você a partir de seu próprio mundo. Boa sorte! Entramos nessas bolhas para tentar nos proteger da simultaneidade caótica de eventos, projetos e relações, assim como um palestrante chega ao público com slides prontos, fala decorada, repetindo ruminações ensaiadas no dia anterior para uma plateia imaginária. Mooji, professor de advaita (não dualidade), costuma brincar: vivemos como uma pessoa que chega em um restaurante carregando seu próprio menu debaixo do braço.

"Prepare-se bem para que na hora você esteja vazio." Foi esse o conselho que ouvi do músico austríaco Reinhard Flatischler, criador da TaKeTiNa, método que usa o ritmo para desafiar nossas estruturas de controle. Lembro dele não somente antes de oferecer workshops de TaKeTiNa, mas antes de qualquer encontro significativo.

Preparar-se significa cultivar uma mente que solta e respira livre das urgências e listas de tarefas, uma mente que não sabe, que se interessa pelos outros e chega vazia, sem preferências. Encontro é isso: cada mão apenas vai em direção a outra, nenhuma leva o som da palma.

Ao transformar tudo em entretenimento, nossa cultura nos mantém em duas posições desconectadas do tempo: a distração (ou correria) e o torpor (ou tédio).

Correria é a sensação de que temos pouco tempo – a hora já passou, estamos atrás.

Tédio é a sensação de que temos tempo demais – a hora ainda não chegou, estamos à frente. São duas faces de nossa condição apática. A alegria não surge daí, mas de uma presença sincronizada: nem antes, nem depois, nem atrás, nem à frente.

Nem mesmo no famoso "aqui e agora", uma abstração tão grande quanto passado e futuro, já que nunca conseguimos apontá-lo. Como diz Octavio Paz, "nós somos o tempo, não são os anos que passam, mas nós que passamos". Nessa presença espontânea, podemos planejar à vontade, mas não vamos nos fixar e perder contato com a realidade, sempre mais ousada do que qualquer planejamento.

Gustavo Gitti é professor de TaKeTiNa (florescimento humano pelo ritmo), coordenador do espaço de transformação coletiva olugar.org e colunista da revista Vida Simples. Seu site é gustavogitti.com

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PITACO DE MESTRE

“Imprevisto é o pé avante do tempo. É onde somos do tamanho do mundo.

Imprevisto é mera distração.”

Maria Gadú, 28, cantora

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Foto: Gabriel Wickbold

NEW BALANCE, NIXON e muitas outras marcas da linha PENETRAS

te esperam nas lojas e em usereserva.com.