ARX, 20 years/20 houses

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2006-2011 CASA LEIRIA HOUSE 2001-2003 CASA ROMEIRÃO HOUSE

2001-2002 CASA MALVEIRA HOUSE

2003-2004 CASA JV HOUSE

1999-2006 CASA NX HOUSE

1997-2002 CASA RM HOUSE

2008-2011 CASA GUIA HOUSE

2008-2011 CASA JUSO HOUSE

2007-2009 CASA LAVEIRAS HOUSE

2000-2007 CASA VM HOUSE

2000-2001 CASA JF HOUSE

2009-2011 CASA EF HOUSE

2000-2001 CASA JC HOUSE

2006-2011 CASA POSSANCO HOUSE

2009-2011 CASA SESIMBRA HOUSE

1989-1992 CASA MELIDES HOUSE 1999-2001 CASA GRÂNDOLA HOUSE 2002-2007 CASA MARTINHAL HOUSE 2009-2011 CASA BARROCAL HOUSE

2006-2008 CASA S. BRÁS HOUSE


José Mateus Nuno Mateus

ARX

Título . Title | ARX 20 YEARS / 20 HOUSES Editor . Editor | JOSÉ MANUEL DAS NEVES Direcção de Arte . Art Director | GUSTAVO SUAREZ Design Gráfico . Graphic Design | virgínia ferreira Coordenação Editorial . Editorial Coordination | joana falcão Coordenação Escritório . Office Coordination | Ana fontes Retroversão . English Translation | arx e Alexandra Andresen Leitão (p. 001, 004-007) Tradução . Translation | alice stilwell (p. 008-011) Revisão . Revision | virgínia palma, pedro mestre Paginação e Arte Final . Pagination and Artwork | susana monteiro Pré-impressão . Pre-printing | uzina ISBN | 978-989-8456-14-4 Depósito Legal . Legal Deposit | 335 983 / 11 Data de edição . Publishing date | Nov. 2011 Edição . Edition | uzina books praça do príncipe real, nº22 - 1º 1250-184 lisboa telef: 351 21 122 4100 fax 351 21 122 4139 geral@uzinabooks.com

© uzina books 2011

Todos os direitos reservados. Todos os textos, imagens, ilustrações, fotografias, marcas e outros elementos contidos nesta publicação designados por “o conteúdo” estão protegidos por lei, sendo expressamente interdita qualquer cópia, reprodução, difusão ou transmissão, utilização, modificação, venda, publicação, distribuição ou qualquer outro uso, total ou parcial, comercial ou não comercial e quaisquer que sejam os meios utilizados, do conteúdo desta edição, publicação e de conteúdos acedidos através desta mesma publicação. All rights reserved. No part of this publication may be reproduced in any form or by any means, graphic, eletronic or mechanical, including photocopying and recording by an information storage and retrieval system, without permission in writing from the publisher. Impresso em Portugal . Printed in Portugal


José Mateus

NUNO MATEUS

Nasceu em Castelo Branco, em 1963 e licenciou-se em Arquitectura pela Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa (FAUTL), em 1986.

Nasceu em Castelo Branco, em 1961 e licenciou-se em Arquitectura, em 1984, pela FAUTL (Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa).

É Presidente do Conselho Directivo da Trienal de Arquitectura de Lisboa e foi Director Executivo da Trienal 2007 e 2010.

Em 1987 fez o “Master of Science in Architecture and Building Design”, na Universidade de Columbia, em Nova Iorque.

Integra o Conselho Editorial do grupo Babel.

Entre outros arquitectos, trabalhou com Peter Eisenman, em Nova Iorque, de 1987 a 1991 e com Daniel Libeskind, em Berlim, em 1991.

Foi presidente da Assembleia Regional Sul da Ordem dos Arquitectos no triénio 2008-2010 e vice-presidente da Direcção da mesma Secção Regional no triénio 2005-2007 É actualmente professor associado convidado de Projecto II de Arquitectura no Instituto Superior Técnico de Lisboa, tendo sido também docente na Escola Superior de Artes Decorativas de Lisboa (ESAD), no Instituto Superior de Ciências do Trabalho e Empresa (ISCTE), e professor convidado na Escola Superior de Arquitectura da Universidade Internacional da Catalunha (UIC-ESARQ), em Barcelona.

É desde 2007 Professor Associado Convidado de “Projecto Final MIArq” na FAUTL e Professor Associado Convidado de “Projecto” na UAL (Universidade Autónoma de Lisboa), tendo igualmente ocupado o cargo de Director do Departamento de Arquitectura desta última entre 2003 e 2007.

Foi autor/coordenador da revista semestral Linha (Arquitectura, Design e Paisagem) do semanário Expresso, assim como autor/coordenador das duas séries do programa de televisão Tempo & Traço para a Sic-Notícias. É participante regular no programa Na Ordem do Dia da TSF.

Foi ainda Professor Convidado de “Proyectos II” na UIC-ESARQ BCN (Universidad Internacional de Catalunya – Escuela Técnica Superior de Arquitectura de Barcelona) entre 2005 e 2006, Orientador Académico de “Projecto VI - Teses Finais” na ESAP (Escola Superior Artística do Porto) entre 1997 e 2009, Professor convidado no College of Architecture / University of Houston, EUA em 2000, assim como Professor de “Projecto II” na ESAD (Escola Superior de Artes Decorativas de Lisboa) no mesmo ano.

Born in Castelo Branco in 1963. Graduated in Architecture from the School of Architecture of Lisbon Technical University (FAUTL) in 1986.

Born in Castelo Branco in 1961. Graduated in Architecture from the School of Architecture of Lisbon Technical University (FAUTL) in 1984.

Chairman of the Executive Board of Lisbon Architecture Triennial and former Executive Director of the Triennial in 2007 and 2010.

In 1987 obtained a “Master of Science in Architecture and Building Design” from the University of Columbia, New York.

Member of the Editorial Board of the Babel Group.

He worked, among other architects, with Peter Eisenman in New York from 1987 to 1991 and with Daniel Libeskind in Berlin in 1991.

Former president of the Southern Regional Meeting of the Architects’ Association for the 2008-2010 triennium and vice-president of the board of the same regional section for the 2005-2007 triennium. He is currently guest associate professor of Architecture Project II at Lisbon Technical Institute and has also taught at the Lisbon School of Decorative Arts (ESAD), at the Institute of Work and Corporate Science (ISCTE), having been guest professor at the School of Architecture at Catalonia International University (UIC-ESARQ) in Barcelona. Author/coordinator of the six-monthly magazine Linha (Arquitectura, Design e Paisagem) in the weekly newspaper Expresso, and also author/coordinator of two series of the television programme Tempo & Traço for Sic-Notícias. He takes part regularly in the programme Na Ordem do Dia on TSF.

Since 2007 he has been guest associate professor of “MIArq Final Project” at FAUTL and also guest associate professor on “Project” at UAL (Lisbon Autonomous University). He was also Head of the Architecture Department of this last university between 2003 and 2007. He was also guest professor of “Project II” at UIC-ESARQ BCN (Catalonia International University – Technical School of Architecture of Barcelona) between 2005 and 2006, academic supervisor of “Project VI – Final Dissertations” at ESAP (Art School of Porto) between 1997 and 2009, guest professor at the College of Architecture / University of Houston, USA in 2000, and also professor of “Project II” at ESAD (Lisbon School of Decorative Arts) that same year.

José e Nuno Mateus fundaram a ARX PORTUGAL ARQUITECTOS Lda. em 1991, actividade profissional a que se dedicam desde então e que tem sido objecto de múltiplas publicações e prémios, nacionais e internacionais. José and Nuno Mateus founded ARX PORTUGAL ARQUITECTOS Lda. in 1991, and have been dedicated to this professional activity since that date, with many publications and national and international awards.


VM NA AROEIRA

JC NA AROEIRA

LEIRIA

POSSANCO

S.BRÁS

JV NO MURTAL

MALVEIRA

ROMEIRÃO

MELIDES

RM NO MURTAL

JV NO MURTAL

GRÂNDOLA

NX NA PAREDE

JF NA AROEIRA

VM NA AROEIRA

JC NA AROEIRA

ROMEIRÃO

MALVEIRA

MARTINHAL

S.BRÁS

POSSANCO

LEIRIA

LAVEIRAS

NX NA PAREDE

GRÂNDOLA

014 JUSO

BARROCAL

JC NA AROEIRA

EF NA AROEIRA

GUIA

MELIDES

MALVEIRA

ROMEIRÃO

MELIDES

RM NO MURTAL

JV NO MURTAL MELIDES

RM NO MURTAL

JV NO MURTAL

JV NO MURTAL

NX NA PAREDE

GRÂNDOLA RM NO MURTAL

JV NO MURTAL

046

LEIRIA

JV NO MURTAL

JF NA AROEIRA

LAVEIRAS

JF NA AROEIRA NX NA PAREDE

GRÂNDOLA

VM NA AROEIRA

JC NA AROEIRA JF NA AROEIRA

VM NA AROEIRA

MELIDES

JC NA AROEIRA

RM NO MURTAL

NX NA PAREDE

GRÂNDOLA

NX NA PAREDE

GRÂNDOLA

SESIMBRA

POSSANCO

LAVEIRAS

032

JV NO MURTAL

ROMEIRÃO

MALVEIRA

JUSO

EF NA AROEIRA

GUIA

MALVEIRA

ROMEIRÃO VM NA AROEIRA

060 GRÂNDOLA

BARROCAL

056

JC NA AROEIRA

ROMEIRÃO

MALVEIRA

LEIRIA

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EF NA AROEIRA

GUIA

NX NA PAREDE

TB EM LISBOA

BARROCAL

EF NA AROEIRA

JC NA AROEIRA

MARTINHAL

GUIA

MARTINHAL MALVEIRA

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LEIRIA

POSSANCO

S.BRÁS MARTINHAL

JF NA AROEIRA

S.BRÁS

074LEIRIA

VM NA AROEIRA

POSSANCO

JC NA AROEIRA

SESIMBRA

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JUSO

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EF NA AROEIRA

SESIMBRA

SESIMBRA LAVEIRAS

LEIRIA

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MARTINHAL

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BARROCAL

EF NA AROEIRA

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JUSO

LEIRIA

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LAVEIRAS POSSANCO

S.BRÁS

GUIA BARROCAL

LAVEIRAS

VM NA AROEIRA

106

090

TB EM LISBOA

TB EM LISBOA

BARROCAL

TB EM LISBOA GUIA

EF NA AROEIRA

084

SESIMBRA

JUSO

BARROCAL

MELIDES

EF NA AROEIRA

RM NO MURTAL

GUIA

JV NO MURTAL

NX NA PAREDE

GRÂNDOLA

110 TB EM LISBOA

JF NA AROEIRA

VM NA AROEIRA

JC NA AROEIRA MELIDES

MALVEIRA

ROMEIRÃO RM NO MURTAL

JV NO MURTAL

MELIDES

MARTINHAL MELIDES

RM NO MURTAL

JV NO MURTAL

122

NX NA PAREDE

GRÂNDOLA

JF NA AROEIRA

VM NA AROEIRA

VM NA AROEIRA

JC NA AROEIRA

JF NA AROEIRA

SESIMBRA JC NA AROEIRA

JUSO ROMEIRÃO

BARROCAL MALVEIRA

EF NA AROEIRA

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JV NO MURTAL

GRÂNDOLA

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RM NO MURTAL

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NX NA PAREDE

GRÂNDOLA

VM NA AROEIRA

JC NA AROEIRA

ROMEIRÃO

GUIA LEIRIA

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134

MALVEIRA

ROMEIRÃO

MARTINHAL

LAVEIRAS

128

POSSANCO

S.BRÁS

LEIRIA

TB EM LISBOA MARTINHAL

MELIDES

RM NO MURTAL

JV NO MURTAL

LEIRIA

POSSANCO

S.BRÁS

LAVEIRAS

JF NA AROEIRA

VM NA AROEIRA

JUSO

JC NA AROEIRA

MELIDES

RM NO MURTAL

BARROCAL

SESIMBRA

140

BARROCAL

ROMEIRÃO

JUSO

NX NA PAREDE

GRÂNDOLA

146 SESIMBRA

SESIMBRA

MELIDES

EF NA AROEIRA

MALVEIRA

JV NO MURTAL

RM NO MURTAL

GRÂNDOLA

GUIA

JV NO MURTAL

EF NA AROEIRA

JUSO

GUIA

BARROCAL

EF NA AROEIRA

MELIDES

RM NO MURTAL

JV

JF NA AROEIRA

VM NA AROEIRA

JC

MARTINHAL

S.BRÁS

PO

JUSO

B

TB EM LISBOA

GRÂNDOLA

NX NA PAREDE

NX NA PAREDE

TB EM LISBOA

TB EM LISBOA

GRÂNDOLA

MARTINHAL

LEIRIA

POSSANCO

S.BRÁS

164 JF NA AROEIRA

VM NA AROEIRA

JF NA AROEIRA

LAVEIRAS

JC NA AROEIRA

VM NA AROEIRA

JC NA AROEIRA

ROMEIRÃO

MALVEIRA

ROMEIRÃO

MALVEIRA

172 SESIMBRA

JUSO

BARROCAL

MARTINHAL

EF NA AROEIRA MARTINHAL

S.BRÁS

POSSANCO

GUIA

S.BRÁS

LEIRIA

194

TB EM LISBOA

JUSO

BARROCAL

TB EM LISBOA

TB EM LISBOA

LEIRIA

LAVEIRAS

182

SESIMBRA

LAVEIRAS

178 SESIMBRA

SESIMBRA

POSSANCO

JUSO

EF NA AROEIRA

BARROCAL

GUIA

EF NA AROEIRA

GUIA TB EM LISBOA


Índice

004

Contents

NOTA DO EDITOR | publisher‘S NOTE José manuel das neves

008

Prefácio | Preface Joseph Grima

014

Casa Leiria | Leiria House

122

Leiria 032

Casa Romeirão | Romeirão House

128

Ericeira 046

Casa Malveira | Malveira House

Casa JV | JV House

134

Casa NX | NX House

140

Casa RM | RM House

146

Casa Laveiras | Laveiras House

164

Casa juso | juso House

172

Casa Guia | Guia House

178

Casa VM | VM House Aroeira

Casa S. Brás | S. Brás House S. Brás de Alportel

182

Quinta da Marinha 110

Casa Grândola | Grândola House Grândola

Cascais 106

Casa Melides | Melides House Melides

Quinta da Moura 090

Casa Possanco | Possanco House Alcacer do Sal

Murtal 084

Casa Sesimbra | Sesimbra House Sesimbra

Cascais 074

Casa EF | EF House Aroeira

Murtal 060

Casa JC | JC House Aroeira

Malveira 056

Casa JF | JF House Aroeira

Casa Martinhal | Martinhal House Sagres

194

Casa Barrocal | Barrocal House Barrocal


Nota do editor

Publisher‘s note

JOSÉ MANUEL DAS NEVES

Foi precisamente por esta altura, faz agora vinte anos, que ouvi falar pela primeira vez, da ARX. Um número especial da revista Architécti , intitulado - Portugal 1991- revelava 49 projectos onde constavam para além dos mestres mais conceituados do panorama da arquitectura portuguesa contemporânea, alguns dos valores emergentes (que começavam a ser conhecidos pelas suas obras) e ainda o sangue novo dos irmãos Mateus. O projecto para a Escola Superior de Tecnologia e Gestão da autoria de José e Nuno Mateus aparecia, marcado por uma representação gráfica distinta que pude associar mais tarde às suas ainda frescas conexões com os gabinetes de Peter Eisemann e Daniel Libeskind. (presente) O registo em formato de livro, dos 20 projectos de casas – construídas, pensadas ou em construção – da autoria da ARX, resulta de um processo lento de conversas e aproximações que fomos fazendo desde há alguns anos. Fui assistindo a muitas das suas ideias materializadas em inumeráveis estudos de maquetas que, tal como os desenhos, iam surgindo desde simples esboços até se transformarem em objectos muito elaborados. Talvez por isso e porque não tenha encontrado uma razão exacta, para elaborar um discurso sobre estas casas (que nunca cheguei a visitar), permiti-me eleger dois acontecimentos recentes que fizeram despertar fragmentos da minha memória. (passado) Acontecimento 1 - Exposição OVER LAPINGS no edifício do Museu da Electricidade em Belém, Lisboa, Outubro de 2011. Uma amostra do engenho da comunicação de seis gabinetes de arquitectura portuguesa. Não estando representados, encontrei-os lá, o José e o Nuno. Memória 1 – Recuei a 1993. “Realidade Real”, a exposição da ARX que inaugurou o Centro Cultural de Belém. Por ser a primeira do género a que assisti, retive até aos dias de hoje, vários “flashes” e “mixes” de informação áudio-visual ali representados. Desenhos, imagens, sons, efeitos multimédia, modelos tridimensionais, em escalas distintas, serviam para representar realidades diferentes entre si e também da própria

004


ARX

JOSÉ MANUEL DAS NEVES

It was just about this time of year, some twenty years ago, that I first heard about AR X. It was in a special issue of the magazine Architécti entitled Portugal 1991 which revealed 49 projects, including not only the most renowned architects in the panorama of contemporary Portuguese architecture but also some of the rising stars (who were then becoming known for their works) as well as the new blood of the Mateus brothers. The project for the Technology and Administration School by José and Nuno Mateus was characterised by a pronounced graphic representation that I was later also to link to their still recently fresh connections with the studios of Peter Eisemann and Daniel Libeskind. (Present) This record in book form of 20 projects built, thought up or currently under construction by AR X was the result of a slow process of conversations and approaches that occurred over the last few years. I witnessed many of their ideas as they materialised in innumerable studies of models which, like the drawings, emerged from rough sketches to become more elaborate objects. Perhaps because of that reason and also as I found no precise reason, to write something on these houses (which I have never visited), I decided to select two recent events which aroused fragments of my memory (past). 1st Event – The OV ERL APPINGS exhibition at the Electricity Museum in Belém, Lisbon in October 2011. A display of the art of communication by six Portuguese architecture studios. Although not represented, I found both José and Nuno there. 1st Memory – I went back to 1993. “Realidade Real”, the AR X exhibition which inaugurated Belém Cultural Centre. Having been the first of its kind that I had ever seen I have retained to this day flashes and mixes of the audiovisual information shown. Drawings, images, sounds, multimedia effects, 3D models in different scales, all served to represent different realities between themselves and also of reality itself. “One or many” models of investigation on display allowed the visitor to take part in a certain

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Nota do editor

Publisher‘s note

realidade. Um ou muitos modelos de investigação expostos, permitiam que o visitante fizesse parte de uma certa cumplicidade conceptual, interagindo com as formas e os volumes e construísse uma realidade também “sua”. Isto, mais que qualquer outro código inerente a este evento ter-me-á impressionado. Acontecimento 2 – “Sangue do meu Sangue”, filme português de João Canijo, Novembro de 2011. Para reproduzir a banalidade de muitas vidas que são uma só, o realizador capta as personagens em planos quase sempre fechados. Sobrepõe os espaços onde se movem, por entre as paredes de casas habitadas. A “câmara” desloca-se lentamente e consegue truncar as pessoas, as conversas, as histórias como se fossem peças únicas, não o sendo, porque se fundem na vida real que continua a acontecer em simultâneo num plano de fundo que não nos é mostrado, mas que estamos sempre a imaginar, a ouvir e a sentir. Uma espécie de real realidade. Memória 2 – Ocorre-me subitamente a imagem da capa de um livro (Interiores+Interiors, edição Estar). Ilustrada com um detalhe de um apartamento remodelado em finais de noventa, pela ARX. Uma fresta rasgada, entre duas paredes, deixa-nos espreitar para o interior da sala de uma casa habitada. Em oposição à obra de Canijo não vejo as pessoas, apenas uma erudição que vem das obras e objectos de arte colocadas na aparente estaticidade do cenário. Movo-me e vou descobrindo novas direcções para o olhar . Procuro o livro em casa, descubro-o, encontro a parede móvel como que “arrancada” e as palavras antigas dos irmãos Mateus, numa actualidade que me deixa mais seguro e tranquilo. “Cumprindo um desejo dos donos da obra, é desenhada uma prateleira de pedra para apoio à sala de jantar. Esta, estende-se a toda a largura da sala de jantar. Trata-se de uma “linha” que percorre o espaço a toda a largura, cuja grossura e geometria se vai transformando ao longo dos planos de parede. Primeiro peitoril, depois saliência/prateleira e por fim prateleira/bancada.” Aconteceu. PS: Em Novembro de 2003 editámos, juntos, uma pequena monografia sobre o Museu Marítimo de Ílhavo que cheguei a visitar algumas vezes.

José manuel das neves nasceu em Lourenço Marques, Moçambique. Licenciou-se em História da Arte pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e seguiu a sua formação com um curso de pintura e desenho, de estética e teorias da arte contemporânea pela S.N.B.A (Sociedade Nacional de Belas Artes). Iniciou o seu percurso no mundo editorial como assistente de direcção da revista Architécti e como colaborador do corpo redactorial (arquitectura e design) das revistas: Arte e Construção, Artes Plásticas, Casa e Decoração e Máxima Interiores. Participou no projecto Fio de Prumo. Foi editor e fundador da área de arquitectura e design na Estar Editora, nas Edições Asa, na Caleidoscópio e na True Team. Autor/Editor do projecto Anuário de Arquitectura (do nº 1 ao nº 11) e director da revista Arquitectura Ibérica (do nº1 ao nº31). Desde 2010 é editor na UzinaBooks continuando a desenvolver investigação e divulgação nas áreas da arquitectura e do design contemporâneo.

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ARX

conceptual complicity by interacting with the forms and the volumes and so building their “own” reality. More than any other code inherent to this event, this in particular greatly impressed me. Event nº 2– “Sangue do meu Sangue”, a Portuguese film by João Canijo, November 2011. To reproduce the banality of many lives which are really only one, the director films the characters in what are almost closed plans. He hovers over the spaces in which they move within the walls of inhabited houses. The “camera” moves slowly and crops people, conversations and stories as if they were unique pieces, which they are not, for they blend into the real life that continues simultaneously in a background which we are not shown but are always imagining, hearing and sensing. A sort of real reality. 2nd Memory – I suddenly thought of the picture on the cover of a book (Interiores+Interiors, ed. Estar). It is illustrated with a detail of an apartment remodelled in the late nineties by AR X. A crack torn between two walls through which we can peak inside the sitting room of an inhabited house. Contrary to Canijo’s work I see no people here but only an erudition that flows from the works and objects of art arranged in the apparent staticity of the setting. As I move I discover new directions for my look. I look for the book at home, discover it and find the moving wall as if it had been “torn out” and the words then spoken by the Mateus brothers, which are so topical that I am left feeling more reassured and relaxed. “At the request of the owners of the house we designed a stone shelf for the dining room; it extends the width of the room. It is a “line” running the width of the space, of varying thickness and geometry as it changes shape along the walls. First the windowsill, then a salience/shelf and finally the shelf/sideboard.” It happened. PS. In November 2003 we published a short monograph together on Ílhavo Maritime Museum which I had visited on various occasions.

José manuel das neves born in Lourenço Marques, Moçambique. Graduated in History of Art by Literature Faculty of Lisbon University, followed by a course in painting, drawing, aesthetics and theories of contemporary art S.N.B.A (Nacional Fine Arts Society). He has began working in the editorial field as an assistant to the board of the magazine Architécti and then went on as a colaborator of the editorial board (architecture and design) of the following maganizes: Arte e Construção, Artes Plásticas, Casa e Decoração and Máxima Interiores. Took part in the Fio de Prumo project. Editor and founder of the archiotecture and design division of Estar Editora, Edições Asa, Caleidoscópio and True Team. Author/Editor of the Architecture Yearbook (from n. 1 to n. 11) and directed the magazine Arquitectura Ibérica (from n.1 ao n.31). Since 2010 he is editor of UzinaBooks and continues to concentrate on investigating and disseminating contemporary architecture and design.

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Prefácio

Preface

Joseph Grima

No âmbito do debate em curso sobre o tema da arquitectura e o mundo editorial, diz-se com frequência que o desafio do editor do livro ou revista é a criação de uma espécie de “ponte”, um tipo de ligação que transpõe a distância física que separa o leitor do artefacto arquitectónico. A realidade é muito mais matizada. O acto de comunicar a arquitectura a duas dimensões, sobre a superfície de uma página, põe em acção um número de opções praticamente infinito. Que fotógrafo? De dia ou de noite? Povoado ou sem a presença humana? Encenado ou espontâneo? Atravancado ou vazio? As fotografias constantes deste livro realçam uma tensão específica entre a realidade e a abstracção existentes na obra de José e Nuno Mateus – uma tensão que faz recordar o texto inicial do livro de Wassily Kandinsky Ponto, Linha, Plano, em que o autor recorre a uma metáfora de arquitectura que diferencia a vivência de um fenómeno: Todos os fenómenos podem ser vividos de duas formas diferentes. Estas duas formas não são arbitrárias, estando no entanto ligadas ao fenómeno – desenvolvendo-se a partir da sua natureza e características: Externamente – ou – interiormente. A rua pode ser observada através da janela, o que reduz o ruído de forma que os movimentos se tornam fantasmagóricos. A rua propriamente dita, observada através do vidro transparente (no entanto duro e firme) parece estar à parte, existindo e vibrando como se estivesse “no além”. Pode dizer-se que o trabalho da ARX invoca este dualismo empírico como artifício para a estruturação da experiência arquitectónica. Linhas distintas/evidentes/ claras – que por vezes podem parecer impenetráveis – demarcam a fronteira entre o interior e o exterior, sem no entanto estarem desligadas: existe uma distância intencional que transforma o mundo exterior, a paisagem circundante e o contexto urbano numa presença “fantasmagórica”. No entanto, como escreve Kandinsky: Assim que abrimos a porta, saímos da reclusão e mergulhamos na realidade exterior, tornamo-nos parte activa desta realidade e vivemos as vibrações com todos os sentidos. As gradações das tonalidades e os ritmos dos sons em permanente mutação envolvem-nos, ascendem espiritualmente e, de repente, sucumbem.

008


ARX

Joseph Grima

In the ongoing debate around architecture and publishing, it is often said that the challenge of the book or magazine editor is to create a “bridge” of sorts, a connection of some kind that spans the physical distance that separates the reader and the architectural artifact. Reality is much more nuanced. The act of communicating architecture twodimensionally, on the surface of a page, calls into play an almost infinite number of options. Which photographer? By daytime or night-time? Populated or devoid of human presence? Staged or spontaneous? Cluttered or empty? The photographs in this book highlight a particular tension between reality and abstraction in the work of José and Nuno Mateus – a tension that brings to mind the opening lines of Wassily Kandinsky’s book Point and Line to Plane, in which he calls on an architectural metaphor to distinguishes experiencing a phenomenon: Every phenomenon can be experienced in two ways. These two ways are not arbitrary, bit are bound up with the phenomenon – developing out of its nature and characteristics: Externally – or – inwardly. The street can be observed through the windowpane, which diminishes its sounds so that its movements become phantom-like. The street itself, as seen through the transparent (yet hard and firm) pane seem set apart, existing and pulsating as if “beyond.” The work of ARX could be said to call on this experiential dualism as a device for structuring the architectural experience. Clear lines – that might sometimes appear impenetrable – demarcate the boundary between interior and exterior. But the two are not diconnected: there is an intentional distance that transforms the outside world, the surrounding landscape and the urban context, into a “phantom-like” presence. But then, as Kandinsky writes: As soon as we open the door, step out of the seclusion and plunge into the outside reality, we become an active part of this reality and experience its pulsation with all our senses.The constantly changing grades of tonality and tempo of the sounds wind themselves about us, rise spiritually and, suddenly, collapse. This sudden “pulsation of the senses” provoked by the buzz and activity of urban life is accentuated not only by the distance between the interior and its surroundings but also by the monochromatic rigour of the architectural form in the landscape.

009


Prefácio

Preface

Esta “vibração dos sentidos” repentina provocada pelo burburinho e actividade da vida urbana é acentuada não só pela distância entre o interior e as suas imediações mas também pelo rigor monocromático da forma arquitectónica na paisagem. Na arte moderna, a pintura monocromática é usada como técnica recorrente para reduzir a experiência do espectador à sua natureza mais básica, deixando entrever a possibilidade da experiência pura. Trata-se de uma estratégia cujo pioneiro foi outro russo, o suprematista Kasimir Malevich (que, à semelhança de Kandinsky, leccionou na Bauhaus), com a sua composição de 1918 Branco sobre Branco, mas que é recorrente numa base regular durante todo o século XX: mesmo em 1951, a comunidade artística do Black Mountain College choca-se com Pinturas Brancas de Rauschenberg – superfícies todas brancas e inflexivas que “eliminam todos os gestos e rejeitam todas as possibilidades de narrativas ou referências externas”. O branco é a cor da neutralidade, da globalidade, a soma de todas as outras cores, a declaração arquitectónica mais intensa e simultaneamente a mais abstracta. Serve seguramente um objectivo prático – o branco e as cores claras reflectem o calor nos climas meridionais – mas constitui também uma afirmação de fidelidade para com os ideais modernistas que engendraram a Cidade Branca de Telavive inspirada na Bauhaus. É a cor através da qual é articulado o investimento sem remorsos do arquitecto na criação de uma experiência espacial pura. A arquitectura debate-se com desafios mais concretos do que a arte, e como tal deve transigir mais. Kandinsky conclui o parágrafo de abertura de Ponto, Linha, Plano desta forma: A obra de arte espelha-se na superfície da nossa consciência. A arquitectura também o faz, embora de uma forma diferente: a sua imagem não desaparece da superfície sem deixar rasto depois de a intensidade da experiência artística subsistir. É uma presença física que deve negociar a sua identidade em relação ao espaço circundante numa base diária. A obra de José e Nuno Mateus está investida nesta mediação e na preservação da intensidade da experiência arquitectónica, tanto externa como interiormente.

JOSEPH GRIMA estudou arquitectura na Architectural Association em Londres e desde então tem seguido uma carreira internacional como curador, ensaísta, crítico e investigador nas áreas da arquitectura e do design. Entre 2007 e 2010, dirigiu a Storefront for Art and Architecture, galeria nova-iorquina mundialmente reconhecida por promover as novas tendências da arte, da arquitectura e do design. Desde Abril de 2011 é editor da Domus. Como curador e investigador independente, concebeu e planeou as instalações para eventos e instituições de relevância internacional, incluindo a Bienal de Arquitectura de Veneza, a Bienal de Urbanismo e Arquitectura de Shenzhen/Hong Kong, e o Museu de Planeamento Urbano de Pequim. É o autor de vários livros, incluindo o Instant Asia (Skira, 2007), uma visão crítica do trabalho realizado por novos e emergentes estudantes de arquitectura na Ásia, e Shift: SANNA and the New Museum (Lars Müller, 2008). Como correspondente especial para a Abitare, publicou ensaios e artigos num elevado número de revistas internacionais, incluído AD, Abitare, Domus, Urban China e Volume, bem como no jornal italiano Il Sole 24 Ore.

010


ARX

In modern art, monochromatic painting is used as a recurring technique to reduce the viewer’s experience to its most essential nature, hinting at the possibility of pure experience. It is a strategy pioneered by another Russian, the suprematist Kazemir Malevich (who, like Kandinsky, lectured at the Bauhaus), with his White on White composition of 1918, but it recurs on a regular basis throughout the 20th century: even in 1951, the artistic community at Black Mountain College is shocked by Rauschenberg’s White Paintings – uninflected all-white surfaces that “eliminate all gesture and deny all possibility of narrative or external reference”. White is the colour of neutrality, genericity, the sum of all other colours, the most intense and at the same time the most abstract architectural statement. For sure, it serves a practical purpose – white and light colors reflect the heat in southern climates – but it also a statement of allegiance to the modernist ideals that engendered the Bauhaus-inspired White City of Tel Aviv. It is the colour through which the architect’s unapologetic investment in the creation of an undiluted spatial experience is articulated. Architecture struggles with more concrete challenges than art, and as such must make more compromises. Kandinsky concludes the opening paragraph of Point and Line to Plane thus: “The work of art mirrors itself upon the surface of our consciousness”. Architecture does too, albeit in differently: its image does not vanish from the surface without a trace when the intensity of the artistic experience has subsided. It is a physical presence that must negotiate its identity in relation to its surroundings on a daily basis. The work of José and Nuno Mateus is invested in this mediation, and in preserving the intensity of the architectural experience, both externally and inwardly.

JOSEPH GRIMA studied architecture at the Architectural Association in London, and since then has pursued an international career as a curator, essayist, critic and researcher in the fields of architecture, art and design. Between 2007 and 2010, he directed Storefront for Art and Architecture, the New York gallery which is globally renowned for promoting new trends in architecture, art and design. Since April 2011, he has been the editor of Domus. As a curator and independent researcher, he has designed and planned installations for events and institutions of international significance, including the Venice Architecture Biennial, the Shenzhen/Hong Kong Biennial of Urbanism and Architecture, and the Beijing Museum of Urban Planning. He is the author of several books, including Instant Asia (Skira, 2007), a critical overview of work by young and emerging architecture students in Asia, and Shift: SANAA and the New Museum (Lars Müller, 2008); he has also contributed to a range of other books and publications. As special correspondent for Abitare, he has published essays and articles in a large number of international magazines, including AD, Abitare, Domus, Tank, Urban China and Volume, as well as in the Italian newspaper il Sole 24 Ore.

011


20 Casas

20 Houses

Conceito

Concept

Reflexão

Reflection

Obra final

Final work

Desenhos técnicos

Technical drawings


Conceito

Concept

JV NO MURTAL

GRÂNDOLA

NX NA PAREDE

JC NA AROEIRA

ROMEIRÃO

MALVEIRA

POSSANCO

LEIRIA

LAVEIRAS

BARROCAL

EF NA AROEIRA

GUIA

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Maquetas de conceito

Conceptual models

Estudos

Studies

Maqueta final

Final model


Reflexão

Reflection

ARX

Casa Leiria House Leiria 2006-2011 CASA Leiria

Leiria HOUSE

A casa localiza-se numa “típica“ urbanização da periferia, na Freguesia de Pousos. Situada num ponto alto, configura uma espécie de miradouro, com uma vista panorâmica sobre Leiria.

The house is located in a "typical" peripheric urbanization of Pousos, a parish of the municipality of Leiria. Situated east of the city and at high ground, it works as a sort of panoramic belvedere over Leiria.

Quando visitámos o local pela primeira vez, já estavam prontos os arruamentos envolventes ao lote. Devido aos desaterros executados para construir as ruas, o terreno erguia-se subitamente a partir do limite do passeio, como uma sugestiva construção de carácter topográfico. Na envolvente, as moradias dos vizinhos estavam construídas formando um “L“ em redor do terreno.

Although each lot allowed for the construction of a basement and two more storeys, usually compacted and isolated in the centre of the lot, this assemblage allowed the possibility of having a lower house, which "embraced" portions of garden space. When we went to the place the first time, the streets surrounding the lot had already been made and, because of the earth displacement necessary for the street making, the land rose suddenly, starting from the sidewalk, like a suggestive construction of a topographic nature. On the surroundings, all the neighbour houses were already built and circled the lot in an "L" shape configuration.

A concepção da casa surge directamente a partir da forma como observámos essa realidade. Tratando-se de uma casa de grande escala para os padrões locais, optámos por dividir o volume da construção em duas partes: Uma - construção enterrada - como um negativo no terreno e assumida como dele fazendo parte. Outra – construção pousada – volume longo e achatado, de betão branco aparente.

The conception of the house emerges directly from the way we observed this reality. Dealing with a single-family house of large dimensions for local standards, we chose to divide the construction volume in two parts. Half of the construction is buried, like a negative of the land, and assumed as being a part of it. Over that half-land, a second volume is placed, long and flattened, in apparent white concrete.

No volume inferior estão integradas as áreas técnicas, de apoio ou de utilização mais ocasional. No volume superior, as áreas sociais agrupam-se em torno do pátio principal e os quartos de um segundo pátio privado.

In the lower volume are located the technical areas, the less used areas or those of support. In the upper volume the socials areas gather around a main courtyard, and the bedrooms around a private second one.

A principal particularidade desta casa está na dialéctica entre a metade subterrânea “natural“ da casa, a metade superior, elevada e “artificial“, entre a face introvertida, intimista, de penumbra ou de luz reflectida, e a sua face aberta, permeável e luminosa, onde se torna possível o olhar para o horizonte longínquo.

After all, the main characteristic of this house is the way its dialectical feature comes about: the underground, "natural" half of the building, its upper half, floating and "artificial", and the life flowing between the two. One face, introverted, intimate, of shadow or reflected light; another, open, glowing, transparent, from where it is possible to enjoy the distant horizon.

Quisemos entender a vida e o temperamento de quem nos procurou para desenhar uma casa, e tentar conferir um novo significado ao seu dia-a-dia.

In the end, we wanted to understand the life and personality of those who come to us in search of a house design, and try to give them a new meaning for everyday life.

YEARS HOUSES

Embora cada lote permitisse a construção de uma cave mais dois pisos em altura, abriu-se com este agrupamento a possibilidade de construir uma casa mais baixa, que “abraçasse“ porções de jardim.

So as to assure for more space and complete access to the faraway view, the owners bought the three lots ahead, over the "cliff".

20

De forma a garantir um maior desafogo e acesso à vista panorâmica, os proprietários da casa compraram os 3 lotes na linha da frente, sobre a “falésia“.

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Obra final

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Final work


Casa Leiria House Leiria 2006-2011

ARX

017


Obra final

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Final work

Alรงado poente da zona social

West elevation of social area

Vista de sudeste

View from southeast


Casa Leiria House Leiria 2006-2011

ARX

Cobertura com vista sobre Leiria

Roof with view over Leiria

Entrada principal

Main entrance

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Obra final

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Final work


Casa Leiria House Leiria 2006-2011

ARX

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Obra final

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Final work


Casa Leiria House Leiria 2006-2011

ARX

Átrio com vista sobre o pátio social

Atrium, view over social patio

átrio

Atrium

Circulações do piso -1

Circulations on level -1

Zona social

Social area 023


Obra final

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Final work

Pรกtio social

Social patio

Acesso ao piso -1

Access to level -1


Casa Leiria House Leiria 2006-2011

ARX

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Obra final

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Final work

Vista da cobertura

View from roof

Alรงado norte

North elevation


Casa Leiria House Leiria 2006-2011

ARX

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Desenhos tĂŠcnicos

Technical drawings

Planta piso -1 Planta piso 0 Planta cobertura

-1 Level plan 0 Level plan Roof plan

PLANTA DE COBERTURA

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0

1

2

5

10m

0

1

2

5

10m

0

1

2

5

10m


Final work

Casa Leiria House Leiria 2006-2011

Obra final ARX

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Final work

A visita a um edifício bem construído produz uma sensação difícil de expressar por escrito. Todos, em algum momento, já sentimos esta experiência incrível, mistura de regozijo pela visão e de reacção quase epidérmica, que desperta, irremediavelmente, uma admiração profunda pelo autor. Tive a sorte de me dedicar a uma profissão que, para além de me empurrar para um processo de enamoramento total pela Arquitectura, me permitiu conhecer de muito perto o complexo, dificílimo e responsável processo que torna um edifício possível.

ARX

Visiting an extraordinary building provokes an intense emotion, difficult to express in words. All of us, at some time, have felt that incredible sensation, a mixture of delight to the eye and almost a tingling of the skin which awakens, irrevocably, a deep admiration for its creator. I have had the good fortune to dedicate myself to a profession which, apart from starting me down a path of utter love for Architecture, has allowed me to get to know in great depth the pro-cess, complex, extremely difficult and charged with responsibility, which makes the reality of a building possible, whatever its scale and country of origin may be.

De facto, utilizar um edifício projectado por alguém que sabe muito do seu ofício é um verdadeiro privilégio. Mas viver, como eu vivo, e em primeira linha, todos os capítulos dessas conversações e dos incidentes e obstáculos que qualquer construção implica, valoriza muito mais intensamente, todo o processo que antecede e determina o desenlace.

Truly, it is a real privilege to use a building designed by someone who really knows his trade. But to live, as I live it, and on the front line, every stage of those discussions, as well as the incidents and obstacles which any construction involves, values ​​much more intensely, the whole process that precedes and determines the outcome.

José Maria Ferreira JOFEBAR

José Maria Ferreira JOFEBAR

FICHA TÉCNICA

TECHNICAL DATA

Localização: Leiria, Portugal Projecto-obra: 2006-2011 Arquitectura: ARX Portugal: José Mateus e Nuno Mateus c/ Sofia Raposo, Bruno Gonçalves, Pedro Jesus Especialidades: SAFRE, Estudos e Projectos de Engenharia Lda. Construtor: Manuel Mateus Frazão Área: 1010 m2 Fotografia: Fernando Guerra | FG+SG · ultimasreportagens.com, ARX Portugal

Location: Leiria, Portugal Project-Construction: 2006-2011 Architecture: ARX Portugal: José Mateus and Nuno Mateus with Sofia Raposo, Bruno Gonçalves, Pedro Jesus Engineerings: SAFRE, Estudos e Projectos de Engenharia Lda. Constructor: Manuel Mateus Frazão Area: 1010 m2 Photography: Fernando Guerra | FG+SG · ultimasreportagens.com, ARX Portugal

Casa Leiria House Leiria 2006-2011

Obra final

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Conceito

Concept

JV NO MURTAL

GRÂNDOLA

NX NA PAREDE

JC NA AROEIRA

ROMEIRÃO

MALVEIRA

POSSANCO

LEIRIA

LAVEIRAS

BARROCAL

Maqueta de conceito

Conceptual model

Estudos

Studies

Maqueta finalGUIA

Final model

Maqueta final com interiores

Final model with interiors

EF NA AROEIRA

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Reflexão

Reflection

ARX

Casa Romeirão House

ROMEIR ÃO HOUSE

O terreno de implantação é caracterizado por uma vincada ruralidade, com as suas hortas, pomares, caminhos cercados com muros de pedra arrumada à mão e casas dispersas. Trata-se de uma encosta íngreme, virada a sul sobre o vale, sulcada por uma ribeira de onde se ergue a montanha que remata a vista.

The site has a strong rural character, with small plantations, orchards and pathways limited by roughly made stone property walls and, once in a while, houses, scattered in the landscape. It is a steep slope facing south over the valley, furrowed by a small river and a mountain in the background.

Na transição entre a metade superior e inferior, existem duas referências claras, que se tornaram o ponto de partida para o projecto: um tanque de rega e uma nogueira. As primeiras visitas ao local sugeriam, quase de imediato, um corpo deitado sobre a pendente, em oposição ao percurso de chegada, que abrigasse a vida na casa dos olhares das casas envolventes e que orientasse as vistas do interior sobre o vale, a sul.

In the transition of the landscape slopes, two clear references became the starting point for the project: a walnut tree and a watering tank. The first site visits immediately suggested a volume lying on the slope, facing the entrance walkway and sheltering the house from the neighbours while opening the interior views to the southern valley.

A beleza do terreno determinou o projecto, e a casa desenvolveu uma relação intimista com o plano de terra: enterra-se à medida que sobe, tornando-se também ela terreno sobre o qual se caminha; descola-se enquanto desce, saliente da pendente. Desenhou-se então um corpo alongado, uma linha dobrada sobre si mesma, e sobre o tanque e a árvore que lhe dá sombra.

The site‘s natural beauty dictated the project. The house develops in an intimate relation with the ground: buried as the slope increases and eventually becoming part of the mountain where one can walk; floating while descending, detached from the slope. A long volume was then drawn, like a line folded over itself and over the water tank and the tree.

Entre eles conformou-se o espaço primordial de estadia no exterior. Ao longo do corpo da casa são “escavados” pátios, espaços de sossego intimista que o local, muito exposto, não possui: o pátio da entrada; o do quarto de hóspedes e o do corredor. As extremidades da forma tubular bifurcam-se e orientam-se para o exterior diferenciadamente: o topo do quarto principal é estreito e alto, “observando” o vale a nascente; o topo largo e achatado contém a sala de estar e “debruça-se” suspenso sobre o vale a sul.

Between those elements the primary exterior space was created. Along the house volume, courtyards were excavated building spaces of intimacy and peace, generally lacking in an overexposed context: the entrance courtyard, the guestroom courtyard and the one of the corridor. The edges of this tubular form bifurcate interacting in different ways with the exterior: the end of the main room is narrow and high overlooking the eastern valley; the wide and low end of the living room is suspended over the southern valley.

A zona de quartos é servida por um corredor austero, com topos caracterizados por realidades opostas: a norte abre-se num pátio afundado no terreno, contido e intimista; no extremo oposto abre-se a uma paisagem de grande profundidade, com a nogueira em primeiro plano e a montanha ao longe.

The private area of the house is serviced by an austere corridor whose ends represent opposite realities: the northern one opens to an intimate courtyard dug on the ground whilst the southern one opens to vast landscape, with the walnut tree in the foreground and the mountain in the distance.

20

CASA Romeir ão

YEARS HOUSES

Ericeira 2001-2003

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Obra final

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Final work

Volume da sala de estar

Volume of the living room

Vista do tanque central e da nogueira

View of central tank and walnut tree

Varanda do quarto principal

Veranda of master bedroom


Casa Romeir達o House Ericeira 2001-2003

ARX

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