Página |1
Por Karolinna Lourenço da Silva
Rose acordou toda suada e presa nas cobertas aquela noite. Não sabia dizer que dia e que horas eram, só sabia dizer que não sentia o calor humano que a envolvia durante o sonho. A frieza da cama vazia fez com que seu coração apertasse e batesse mais forte. Ele não
estava ali, fora tudo um sonho. Estava em dúvida entre o que doía mais: se era o braço quebrado ou o coração depois do fora que recebera noite passada. Lissa tinha dado uma festa para comemorar o sucesso de Rose em uma das várias provas que enfrentaria para saber se poderia realmente se tornar sua guardiã. Elas e seus amigos tinham dançado noite toda, bebido demais, mas todos curtiram a festa, inclusive ele. Ele não tinha bebido, é claro, mas estava aproveitando. Sua obrigação era não deixar que os alunos exagerassem na comemoração, mas algumas coisas fugiram do controle e quase todos ficaram bêbados. Rose sabia muito bem o que o tinha distraído: ela. Ele não assumia, mas sentia alguma coisa por ela, e era com isso que ela estava contando quando o seguiu para fora da festa. Quando saiu do salão procurou em todos os lugares e não o encontrou. Ela sentiu-se meio desapontada consigo mesma, não entendendo muito daquele novo sentimento de perda em seu peito. Ela rodou mais um pouco no jardim, e quando estava quase desistindo ela o encontrou. Encostado na parede banhado pela luz do luar, Dimitri Belikov era a imagem da perfeição. Em algum momento de sua espionagem Rose acabou chamando atenção
para si, fazendo com que Dimitri olhasse para ela pela primeira vez na noite. - Olá, Rose. Não está gostando da festa? – perguntou ele se virando completamente para ela. - Não é isso – respondeu Rose – eu só precisava tomar um ar, sabe como é, muitas pessoas falando ao mesmo tempo e essas coisas. - Dimitri deu uma risada abafada soltando logo em seguida um suspiro de cansaço. – e você, camarada? – perguntou dando um soco de leve no braço dele – cansado de tudo aquilo lá dentro? - Um pouco irritado com algumas coisas do trabalho, sabe como é – disse rindo e fazendo uma imitação um tanto quanto barata de Rose, na opinião dela.
Página |2
- Esse é o problema de ser o melhor guardião dessa escola, camarada – Rose fez um gesto de “pouco caso” com a mão, como se o fato de ter soltado sem querer que ela o achava o melhor guardião não importava muito. - O melhor guardião dessa escola? – repetiu ele com a voz carregada de descrença. - É, você acha que eu aceitaria ser treinada por qualquer um? Não mesmo, cara. Como diria o Mase – ela viu a cara que Dimitri fez quando ela citou o nome de Mason, o que só aumentou suas suspeitas sobre os possíveis sentimentos dele por ela. – você é tipo um deus anti-social. Dimitri riu mais uma vez naquela noite, o que não era uma coisa normal, maravilhando Rose com aquele som. Ele apontou para o banco próximo deles para que eles sentassem. - Um deus anti-social? Legal saber o que dizem sobre mim nas minhas costas – não parecia que ele realmente achava graça naquilo, mas parecia estar se esforçando para manter a conversa.
Rose percebeu que as coisas estavam ficando cada vez mais tediosas e decidiu que era agora ou nunca que ela poderia tentar alguma coisa com ele. Ela não poderia, em tese, tentar nada porque ele era seu instrutor. Mas sua beleza era tanta, e seu sotaque russo, faziam com que ela sentisse vontade de beijá-lo a qualquer hora do dia, e ela pensava que ele também queria, porque sempre que seus olhares se encontravam, ele logo desviava para qualquer lugar. Em um súbito ato de coragem, Rose chegou mais e mais perto dele até que seus lábios se encontrassem. De início ela sentiu que ele retribuía meio relutante, mas mesmo assim o beijo estava ali. Logo depois o encanto foi quebrado; uma voz
estridente gritou o nome dele e eles se separaram. Rose olhou para cima e encontrou com Tasha Ozera, tia de Christian Ozera - que era namorado de Lissa, parecendo muito irritada e com as mãos nos quadris. - O que é que está acontecendo aqui, Dimka? – perguntou para Dimitri, mas mesmo assim olhando para Rose. - Tasha eu... – Rose viu que Dimitri ia realmente falar alguma coisa do tipo “não é o que você está pensando” ou “me deixe explicar”. Então, muito a contra gosto, resolveu
entrar em defesa do professor.
Página |3
- Ele não tem culpa, Tasha. Eu estava apenas pagando uma aposta que fiz com Jesse e Mason. Desculpe-me professor, me desculpe Tasha. – Ela se levantou e voltou para festa, olhando mais uma vez para trás a tempo de ver Tasha beijando Dimitri. O choque que ela levou ao ver aquela cena foi tão grande que não viu que a escada estava escorregadia e acabou caindo um lance inteiro. Quando finalmente chegou ao chão, ela não se sentia muito bem. Seu braço esquerdo doía bastante e algo pegajoso na parte de trás de sua cabeça a incomodava. Seus olhos foram ficando cada vez mais pesados, e
a última coisa de que se lembrava antes de ter apagado, era de Dimitri gritando seu nome. Rose sonhou naquela noite. Era a primeira vez em meses que não acordava por causa dos sonhos de Lissa e sim por causa de seu próprio sonho, onde ela e Dimitri tinham terminado o que tinha começado no jardim. Chegou a conclusão de que saber que Dimitri e Tasha tinham alguma coisa, doía mais do que o braço quebrado. Tentou chamar por alguém, mas parecia que a enfermaria estava vazia, o que era meio estranho, já que sempre tinha alguém passando mal por ter comido demais, ou bebido demais.
Um barulho na porta chamou sua atenção. Ela se levantou meio desajeitada, pegou um bisturi que estava perdido por ali e se escondeu atrás de uma das camas próximas da porta. O trinco virou várias vezes até que finalmente a porta se abriu. Como estava meio escuro, Rose não conseguiu ver o rosto das pessoas que entram na enfermaria, mas a repentina excitação e sensação de adrenalina que a atravessou, denunciaram que eram Lissa e Christian que estavam ali. Ela largou o bisturi a correu para acender a luz, dando um susto nos dois. - Lissa! O que é que você está fazendo? – perguntou dando um abraço na amiga. Deu um olhar repreendendo Christian por levar ela até ali, mas também o abraçou, feliz por serem eles as primeiras pessoas que ela via. - Eu só fiquei sabendo agora que você estava machucada, não podia deixar de te ver. – pelo laço que elas dividiam (que na verdade só Rose podia sentir), Rose percebeu alguma coisa diferente, uma mágica invadindo-a e preenchendo-a. Logo depois uma sensação de traquilidade e paz a invadiu, então a dor passou. Ela viu como o uso da magia deixou Lissa abalada. Ao entrar em sua cabeça, encontrou aquela escuridão familiar que já começava a tomar conta da cabeça da amiga. Tentou tocar nela, fazer ela ir embora, mas nada fazia com que ela sumisse da cabeça de Lissa,
Página |4
que já estava ficando raivosa, do nada. Então sumiu. Do nada, toda aquela escuridão sumiu. Rose se sentiu mais calma, por ver a amiga bem, mas alguma coisa dentro dela estava diferente. A única coisa que ela conseguia pensar era que precisava encontrar Tasha. Enquanto os dois estavam distraídos, Rose saiu pela porta que ainda estava aberta e tentou encontrar Tasha. Vagou pelos jardins até chegar ao dormitório Moroi, que era onde Tasha estava hospedada durante sua estadia pelo colégio. Passou pela – falha – segurança
do dormitório e chegou na ala onde os familiares dos alunos estavam hospedados. Não fazia a menor ideia de qual dessas portas era a de Tasha, mas a cada passo que dava sua raiva aumentava. Rose sentia que poderia matar o primeiro que aparecesse a sua frente, e estava contando que fosse Tasha. Mas não foi. Assim que Rose fez a curva no corredor dos quartos, Jesse Zeklos apareceu. - Ora ora, posso saber o que a está fazendo aqui, Srta. Hathaway? – perguntou e aproximando dela. O humor de Rose não era dos melhores e, apesar de ser um gato, ela não gostava muito de Jesse, o que só fez com que sua raiva aumentasse. Se não podia descontar em Natasha, Iris descontar em Jesse. - Sabe o que é, Zeklos? – disse se aproximando de forma sedutora – eu estava sozinha naquela enfermaria maldita quando resolvi que queria um pouco de diversão. E em quem eu penso quando quero me divertir? – passou a mão por todo o peitoral de Jesse, o que o fez estremecer um pouco. – Claro que é em você. E você sabe muito bem que tipo de diversão eu quero. Jesse a puxou pela cintura e quando estava prestes a beijá-la, sentiu uma dor alucinante vindo do meio de suas pernas. Rose aproveitara a distração dele e lhe deu uma joelhada bem dada em seu tão querido “amiguinho”. Quando ele se jogou no chão, não agüentando mais de dor, foi ai que ela começou a bater de verdade nele. Aquela súbita raiva que a consumia, fazia com que ela batesse cada vez mais forte nele, e ela sentia que nunca iria parar. Bom, ela parou. Quando parecia que Jesse não ia agüentar mais, quando ele estava quase ficando inconsciente, um par de mãos fortes agarrou rose por trás e começou a puxar dali. - Não! Deixe-me bater nele – gritava Rose enquanto era carregada dali – ele precisa pagar pelo que fez a Lissa, ele precisa!
Página |5
Ninguém, além dela mesma e de Lissa, pareciam entender o que ela queria dizer com “ele precisa pagar pelo que fez a Lissa”. Dimitri, que fora quem tirara ela dali, levou ela até o lado de fora do dormitório, onde colocou-a sobre os ombros e seguiu pelo caminho até o dormitório Dhampir, sempre com Lissa e Christian no seu encalço. Quando eles, Lissa e Christian, deram por falta dela na enfermaria e não a encontraram por perto, eles correram chamar o guardião Belikov, que era quem mais parecia entender sobre Rose naquele momento.
- Liss – chamou Christian – o que Rose quis dizer com aquilo? Lissa prendeu a respiração por um momento antes de voltar o olhar para o namorado. Não era uma coisa fácil de esconder de alguém, muito menos contar pra alguém. Ela não se sentia orgulhosa de ter escondido de Christian, mas era o que ela precisava fazer, e agora ela tinha que contar pra ele porque alguma coisa de muito grava estava acontecendo com Rose. - Antes de tudo, você tem que me prometer que não vai sair daqui e ir atrás do Jesse e
do Ralf. Promete? – quando ela disse isso, Christian percebeu que não era algo simples como tentar colar na prova ou algo do tipo. Ele prometeu não sair correndo atrás deles naquela hora, o que não o impedia de ir depois, dependendo do que fosse. – Semana passada, quando a escola te liberou para buscar Tasha, eu e Rose fomos pedir ajuda a eles pra encontrar Jill, porque ela tinha sido vista com eles. Os dois responderam que não podiam nos contar onde ela estava e o que ela estava fazendo. Rose não gostou disso, então ela tentou arrancar a força deles. Eu não me lembro bem o que eles fizeram com ela, só sei que em uma hora ela estava lutando com eles, e na outra estava trancada em
uma sala próxima. – Lissa parou tomar um ar e reorganizar as ideias. Christian não tinha a melhor das expressões, mas ela sabia que só ficaria pior. – Eles decidiram que Rose estava estragando as coisas pra eles, e como sabiam que ela iria revidar se eles tentassem bater nela, eles resolveram bater em mim. Não Fo – - Espera ai – interrompeu Christian – Você está querendo me dizer que aqueles dois filhos da mãe bateram em você?! – sua voz foi ficando cada vez mais alterada, chamando a atenção de Dimitri que estava levando Rose. Christian não sabia de quem tinha mais raiva: de Jesse e Ralf por terem batido em Lissa, ou dela por não ter contado nada. Ele sabia que não era culpa dela, mas precisava parar as coisas por um momento, para poder
Página |6
pensar. – Lissa, a gente conversa depois, ok? Avisa-me se alguma coisa acontecer com nossa pirralha. Lissa viu que ele não estava tão bravo com ela quando chamou Rose de “nossa pirralha”. Ela sabia que precisava dar um tempo pra ele, porque ela ainda tinha outra notícia para dar pra ele. Como se fosse sua deixa, outro enjoo começou, e Lissa precisou sair correndo, deixando Dimitri sozinho com uma Rose a ponto de matar alguém. - Isso tudo é culpa sua, Belikov. – disse Rose batendo as mãos nas costas dele – se você não tivesse vindo pra cá, nada disso teria acontecido. - O que não teria acontecido, Rose? Você não teria espancado Jesse? - Isso eu iria fazer de qualquer jeito – respondeu ela. – o que ele fez com Lissa não foi legal. Ela pode ter se curado, mas isso custou muito dela e do seu autocontrole. Ele acabou fazendo mais mal pra ela do que esperava realmente fazer. - Espera Rose – disse Dimitri cortando ela – O que ele fez com ela? Por que toda essa
vontade de fazê-lo pagar? Rose contou pra ele tudo o que tinha acontecido naquela noite. A reação de Dimitri foi um pouco parecida com a de Christian, mas ele não saiu para tomar um ar. Ele terminou de levar Rose pro quarto e prometeu que as coisas não ficariam daquele jeito. Dimitri sabia que faria qualquer coisa por Rose, e era aí que morava o problema dele se deixar envolver com a garota. Depois do beijo deles há algumas horas atrás, ele não conseguia tirar ela da cabeça. Sabia que era errado, mas não podia se impedir de ficar pensando nela. Ele faria alguma coisa para punir Jesse e Ralf e quem mais fosse que estivesse envolvido nesse ato de covardia. *** Quase um mês se passou depois disso. Alberta, que estava na direção enquanto Kirova estava afastado por motivos pessoais, mandara Jesse e Ralf para casa mais cedo, mandando que voltassem apenas depois das festividades de fim de ano. O Natal estava chegando, e com ele as várias festas que aconteciam em St. Vladimir. Uma delas era a festa de Tasha Ozera. Rose não queria ir, mas Lissa estava quase a obrigando a se arrumar. - Por favor, Rose – chorou Lissa quando as duas estavam no quarto da loira, algumas horas antes da festa. – Eu preciso de você lá. Eu decidi que vou contar hoje por Christian,
Página |7
até porque, eu não consigo esconder mais. – Rose pensou um pouco ates de, finalmente, ceder. - Ok, eu vou. Mas saiba que vou por você. – disse pra amiga que voltava em alguns minutos, iria até seu dormitório tomar um banho e pegar sua roupa. Ela não fazia à menor ideia do que iria vestir. Não era igual Lissa, que tinha milhares de vestidos para milhares de ocasiões diferentes. A roupa mais arrumada que Rose tinha era sua tão amada calça jeans preta e uma blusa vermelha, e era o que ela iria usar. A festa de Tasha não era
exatamente onde a maior parte dos alunos queria estar, por isso seriam poucos na festa, mas Rose sabia que as pessoas nessa festa, seriam as que ela realmente gosta, o que a levava a pensar em ir nessa festa. Já era difícil o suficiente ter que estar com Dimitri todos os dias antes e depois das aulas, não queria ficar no mesmo lugar que ele e Tasha. Rose engoliu seu orgulho, arrumou suas coisas e foi pro quarto de Lissa, mas seu plano de sair do quarto e chegar até ela sem ser percebida não foi muito fácil. Quando estava quase fora do dormitório Dhampir, acabou se esbarrando com Mason, seu fiel escudeiro que tinha uma queda – um abismo – por ela. - Hey Rose – chamou Mason – Você vai à festa da Tasha, não vai? - Eu não queria ir não, sabe. Mas Lissa acabou me convencendo então é provável que eu apareça por lá. – disse enquanto eles seguiam para fora do dormitório. – Estou indo me encontrar com Liss pra gente poder se arrumar. Ei Mase – chamou antes de o garoto sair – você não está pensando em me deixar lá sozinha, não é? - Eu não faria isso, Rose – disse Mason rindo – e, só pra melhor seu humor, eu posso
até arrumar algumas bebidas? - Isso sim seria um ótimo presente de natal – respondeu Rose rindo e saindo. – Mase, te vejo mais tarde? – quando o garoto confirmou, ela seguiu para o quarto de Lissa. Rose gostava muito de Mason, mas não era da forma como ele gostaria que fosse. Ela até tentou uma vez ser mais que amiga dele, mas não deu muito certo, e ele pareceu entender isso, porque ao contrário da maioria dos relacionamentos, eles continuaram amigos. Nesse momento, ela não tinha cabeça pra nada. Tudo o que ficava pensando era
naquele maldito beijo que ela se permitiu dar em Dimitri. Não estava muito claro, mas ela tinha suas desconfianças de que ele a odiava por isso. Depois do beijo, os treinos passaram a ser corridas. Ela corria e ela ficava olhando. Quando estava de bom humor,
Página |8
ele corria junto com ela, fazendo-a correr atrás dele, como se fosse uma competição, o que acontecia uma vez a cada semana. Quando chegou no quarto de Lissa, a loira já estava com tudo que elas iriam precisar: maquiagem, secador de cabelo, alguns prendedores e até algumas roupas fora do armário. - Não e diga que está pensando em usar isso – disse Lissa apontando para a roupa que Rose trouxera. – Eu não vou permitir que você saia do meu quarto com essa roupa, vem. – ela puxou a amiga até alguns vestidos que estavam separados e foi puxando um por um e colocando na frente de Rose. – Como eu imaginei que você iria me aparecer com essa calça, aliás, nós temos que perguntar se Alberta nos autoriza a ir fazer algumas comprinhas antes do ano novo, voltando ao assunto: suas roupas. Eu separei esses vestidos que ficam grandes demais pra mim. Quem quer que tenha me dado eles se esqueceu do meu corpo de Moroi. Lissa parecia tão feliz fazendo de Rose sua Barbie particular, que ela não quis brigar com a miga quando viu que todos os vestidos estavam com etiquetas e que algumas
sacolas de lojas famosas estavam jogadas em baixo da cama. Todos os vestidos eram perfeitos, e Lissa sabia disso quando os comprou. Rose optou por um vestido simples, de cetim vermelho, que não mostrava, mas também não escondia seu corpo. Já Lissa, colocou o vestido mais lindo de todos os outros naquele quarto: prata, com as costas nuas. - Rose, eu vou precisar muito da sua ajuda – disse quando já estavam prontas, quase chegando no local da festa. – Eu não sei como vou contar pro Christian, mas eu preciso, não pode passar de hoje e-
- Liss, respira. – interrompeu Rose – se tudo o que ele sempre falou for verdade, ele vai ficar mais do que feliz e vai te apoiar. Se não for verdade, eu estou aqui pronta e preparada para quebrar não só a cara dele. – quando ela falou isso, Lissa acabou deixando de lado suas preocupações, e Rose sentiu isso pelo laço. – Vai dar tudo certo. As duas entraram na festa, que até que estava cheia, e se separam. Lissa foi encontrar Christian e Rose foi cumprimentar sua mãe, que até então, Rose não sabia que ela estava na escola.
- Mãe? – chamou Rose desconfiada. Quando a mulher baixinha de cabelo curto se virou pra ela, Rose surpreendeu a todos, até a ela mesma, correndo e abraçando ela. – Não acredito que você está aqui, eu senti tanto a sua falta. – Rose não sabia se era o clima
Página |9
natalino ou o que era, ela só sabia que precisava ficar em paz com a mãe, pelo menos naquela noite. As duas passaram a noite toda conversando. De vez em quando, Rose se pegava desviando a atenção dos convidados e se voltando para Dimitri, que estava em um canto afastado com Tasha, e parecia que o clima ali não era dos melhores. Ela se aproximou um pouco deles de forma que conseguisse ouvir as palavras deles, mas que também não parecia que estava espionando. - E o que você pensa que está fazendo, Belikov? – ouviu Tasha perguntando – Você
acha mesmo que alguma coisa vai acontecer? Você a ouviu foi apenas uma aposta idiota de adolescentes imprudentes. – Rose tinha quase toda a certeza do mundo que o assunto da conversa era ela. De repente, uma onda de felicidade a invadiu. Como seu humor não estava muito bom, ela soube na hora que vinha de Lissa, através do laço. Ela procurou por Lissa e a encontrou falando com Christian. Os dois choravam de felicidade, enquanto ele passava a mão pela barriga dela, onde encontrava uma criança com o sangue Ozera e Dragomir. Finalmente ela contou, pensou Rose. Há algumas semanas atrás, Lissa confidenciara a Rose que achava que estava grávida. De uma forma que Rose não sabe qual, Lissa conseguiu um teste de gravidez, desses de farmácia, e confirmou a existência da criança. Perdida em pensamentos sobre Lissa e sua nova família, Rose perdeu a parte onde a discussão de Dimiti e Tasha acabava e ele aparecia ao seu lado. - Você está linda, Roza. – disse Dimitri se aproximando com uma taça de champanhe na mão. Ali estava, o nome dela em russo, o nome que ele só usava quando estavam falando sobre o beijo ou algum assunto do tipo. - Obrigada, camarada – respondeu pegando a taça. A menção do apelido “camarada” fez com que ele revirasse os olhos. - Você também não está nada mal – disse olhando para a usual roupa dele: camisa preta, calça preta, botas pretas, e um, sobretudo marrom, no estilo cowboy. Dimitri mexeu nos bolsos, tentando encontrar em qual deles estava a caixinha que trouxera pra ela. Ele sabia que não era uma coisa cara, mas ele tinha comprado com carinho. Quando finalmente encontrou a caixinha e entregou pra ela, ele disse o que
segurava para si durante algum tempo:
P á g i n a | 10
- Desde aquele dia em que nós nos beijamos... Sim, Roza, ambos beijamos e eu sei que não foi uma aposta... Desde aquele dia eu venho guardando algumas coisas que eu queria falar, e que eu sei que você quer ouvir. – Rose estava com a respiração presa desde o momento em que ele lhe deu o presente: uma medalha, daquelas que se abrem, com um foto dela e de Lissa, e um brilho labial, o preferido de Rose. Ouvir Dimitri falando aquelas coisas bonitas, e olha que ele nem tinha começado ainda, fazia com que Rose desejasse não ser mais nova, desejasse poder ter aquele homem que, agora ela sabia que era verdade, ela amava. – Você deve ter percebido que eu quis aquele beijo tanto quanto você. Foi um erro, eu sei, nunca deveria ter acontecido, mas aconteceu. E eu fico feliz que tenha acontecido. Eu não consigo tirar você da cabeça desde aquele dia, e eu não sei mais o que fazer. Ela também não sabia o que fazer, ou o que falar. Ela sonhara com essas palavras, e agora que finalmente as ouvia, não conseguia falar nada. Mas ela tinha que falar alguma coisa, antes que ele desistisse dela e fosse embora. Chamou-o pra fora e eles foram até o jardim e sentaram-se no mesmo banco onde eles se beijaram. Dali eles tinham uma vista perfeita de onde teria a queima de fogos do natal que começaria as meia noite em ponto. - Você não sabe, ou talvez até saiba, o quanto eu esperei por ouvir isso – disse ela se virando para ele – eu sei que ficar com você é impossível, por causa da diferença de idade, por você ser meu professor e por nos dois sermos os guardiões de Lissa, mas isso não me impede de sonhar, não é – soltou uma risada um tanto quanto nervosa – eu também não consigo parar de pensar no beijo e sim, você está certo, não foi nenhuma aposta. Eles ficaram em silêncio por um tempo, apenas olhando para seus próprios pés, sem
encarar o outro nos olhos, cada um perdido em seus pensamentos. Com um timing perfeito, ele fez com que ela olhasse para ele no exato momento em que a queima de fogos começou. - Feliz Natal, Roza – disse Dimitri antes de puxá-la para um beijo apaixonado. E aquele seria, depois de muito tempo, o primeiro Natal feliz de Rose.