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Rio Gabiroba
Detalhe do mapa da “Empresa de Terras e Colonização de Grão Pará” com os lotes e os nomes dos primeiros proprietários de Rio São João e de Rio Gabiroba. O mapa é uma cópia baseada no original que se encontra no arquivo do “Museu Conde D’Eu” em Orleans
Títulos Defi nitivos de Terras concedidos pela “Empresa de Terras e Colonização de Grão Pará” aos colonos localizados ao longo do rio São José, afl uente do rio São João:
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Nome do morador Localização Área João Mohr margem esquerda 75.000 br² João Mohr (2º lote) margem esquerda 126.000 br² Augusto Schneider margem direita 113.200 br² Augusto Henrique Heerdt margem direita 104.000 br²
Bernardo Rech margem direita 104.000 br² Bernardo Rech (2º lote) margem direita 105.568 br² Bernardo Heerdt margem direita 77.066 br² Augusto Mohr margem direita 96.616 br² Augusto Feuser margem direita –Pedro Schneider margem direita 138.420 br² Augusto Theodoro Mohr margem direita 107.810 br²
Nos primeiros anos os moradores de Rio São João dirigiam-se a Santa Maria ou, eventualmente, a São Martinho para cumprir suas obrigações religiosas. Mas, em poucos anos, com o estabelecimento de novos moradores, o lugar tornou-se um notório núcleo colonial. Decidiram então construir sua igreja, encaminhando pedido de autorização à respectiva autoridade eclesiástica. A resposta não demorou a chegar. No dia 15 de setembro de 1896 os moradores de Rio São João obtiveram licença do bispo diocesano de Curitiba para construir uma capela. Por isto consideramos esta a data como sendo a data ofi cial da fundação de Rio São João. Diz o documento:
“...atendendo ao que nos apresentaram os habitantes do Rio de São João da paróquia de Teresópolis neste bispado: havemos por bem pela presente conceder licença para que no referido bairro se possa erigir e fundar uma capela”.
No ano seguinte, quando teve início a construção da capela, criaram também um cemitério e uma escola. Assim estava formada a comunidade.
Mais ou menos na mesma época, João Rocha abriu uma casa de comércio onde os colonos podiam adquirir gêneros de primeira necessidade. Ele abastecia a venda com mercadorias trazidas de cavalo ou de mula de Teresópolis ou de Florianópolis. O estabelecimento comercial teve sucessivos proprietários e continua funcionando até hoje.
Os evangélicos, embora em menor número no começo, construíram também uma igreja e um cemitério, partilhando com os católicos a área doada pela “Empresa de Terras e Colonização de Grão Pará”. Fontes orais indicam que a primeira igreja evangélica remonta ao ano de 1900 e que até esta data frequentavam a comunidade de Nova Isabel em Rio Sete.
Atualmente a comunidade conta com 80 famílias, das quais umas 20 na vila de Rio São João. Existem no povoado duas igrejas (evangélica e católica), um cemitério (metade reservada ao sepultamento de católicos e metade para sepultamento de evangélicos), uma escola, um salão da comunidade evangélica, uma serraria, uma ofi cina mecânica, uma marcenaria, uma casa de comércio, três bares e um posto de saúde.
Rio Gabiroba
Desde o primeiro momento da chegada no Brasil, os imigrantes entraram em contato com uma fl ora e uma fauna diferente da existente na pátria de origem. Procuraram logo saber o nome das plantas e dos animais e, em pouco tempo, seu vocabulário foi enriquecido com centenas de novos termos até então desconhecidos. Gabiroba é um deles. De origem tupi-guarani, a palavra signifi ca “fruta comestível de sabor amargo”.41 A abundância desta árvore na região deu origem ao nome do lugar.
A colonização do município de São Martinho se deu de modo contínuo e continuado, isto é, cada núcleo colonial novo é um prolongamento do anterior. Assim aconteceu com a localidade de Gabiroba. Os imigrantes, descendo o rio Capivari, estabeleceram-se primeiro em São Martinho. À medida que as melhores terras foram ocupadas, os fi lhos dos imigrantes, ao constituírem nova família, partiram em busca de novas terras localizadas nos afl uentes do rio Capivari. Observando os mapas e relatórios de venda de lotes da “Empresa de Terras e Colonização de Grão Pará”, proprietária das terras banhadas pelo rio Gabiroba, percebe-se que a ocupação se deu subindo este rio em direção à sua nascente.
As primeiras notícias que se têm da região datam de 1875, quando o engenheiro Carlos Othon Schlappal percorreu a área abrindo picadas para localizar os limites das terras da Empresa. A medição e a venda dos lotes aconteceu a partir de 1885 a começar da região do Baixo Rio Gabiroba, onde se localizavam as terras de Henrique Eyng, de Francisco Eyng, as de João Batista May e de Nicolau May. O primeiro morador a obter o título defi nitivo de terra em Rio Gabiroba foi João Rieg, em 1892, onde atualmente mora Silvestre Scho en. Na mesma época mudaram-se para
41 Cf. Dicionário Aurélio: Gabiroba, do tupi wa’bi, “ao comer” e rob “amargo”. Árvore de frutas comestíveis, madeira útil, cuja casca e folhas têm propriedades medicinais adstringentes.