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Rio Gabiroba

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4 Ano Novo

4 Ano Novo

Mas a vida religiosa da comunidade de Rio São João não consistiu somente em construir, de tempos em tempos, uma nova capela. Ao longo destes mais de cem anos a comunidade cresceu e se organizou. Adquiriu um melodioso sino que até hoje convida os féis para a prece dominical e acompanha com som plangente os funerais quando morre alguém da comunidade. Adquiriu também um harmônio para embelezar os hinos de louvor nos cultos dominicais e santas missas. Durante anos foi muito florescente a Congregação Mariana. José

ros que reavaliassem essa decisão pois, considerando os custos de reforma e outros aspectos, seria melhor construir uma capela nova. Levando essa opinião à reunião, os representantes das famílias presentes votaram a favor da construção de uma capela nova, a atual. Em seguida surgiu outra discussão: Onde construir? Uns achavam que se deveria demolir a antiga e construir a nova no mesmo lugar. Outros achavam que se deveria construir a nova em volta da antiga, mas nesse caso a nova fi caria grande demais. Optou-se pela construção em outro lugar. Para a terraplanagem, o pároco tentou conseguir um trator, mas sem êxito. Também Helmuth Schmi tentou conseguir um trator, mas também não teve êxito. Então a diretoria decidiu pôr mãos à obra e preparar o terreno com picaretas, pás e carrinho de mão. Os membros da comunidade, que naquela época ainda incluía os moradores de Rio Sete, foram divididos em 6 turmas que se revezaram durante a semana. Finalmente, tudo estava pronto para a festa da pedra fundamental. O Bispo de Tubarão, dom Anselmo Pietrulla, se fez presente e benzeu a pedra. No sermão, pronunciado em alemão, ele teria dito: “fi éis, unam-se e em pouco tempo a capela estará pronta”. A batida com martelo de ouro na pedra fundamental foi arrematada por Fredolino Oenning, de Rio Fortuna, por 4.000,00 cruzeiros (em valores da época). Três anos mais tarde, no dia 6 de maio de 1961, às 9:30 horas, o Bispo encontrava-se novamente presente. Nicolau Heinzen, antigo morador da comunidade, arrematou a chave para abrir a porta. Em seguida o Bispo benzeu solenemente a nova capela. Às 10:00 horas, solene missa rezada pelo Bispo e cantada pelo vigário e coro da paróquia de Rio Fortuna. Às 11:00 horas, bênção especial para todos os padrinhos. A festa durou dois dias, sábado e domingo. A missa de domingo foi presidida pelo Padre Afonso

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Schlickmann, novo pároco de Rio Fortuna, pois o Padre Ludgero Waterkemper havia sido transferido durante o período de construção da capela. No programa constava que todos os festejos externos, tanto do sábado como também do domingo, foram abrilhantados pelos famosos caipiras “Portãozinho e Romeiro”, de Florianópolis. Para a memória do acontecimento, lembramos ainda algumas outras informações: levantaram a capela os pedreiros Conrado Stor e seu fi lho Norberto, auxiliado por

Simão Schmoeller e serventes da comunidade. Depois que a capela se encontrava debaixo do telhado, o acabamento foi feito por Simão Schmoeller e Bernardo Baumann e serventes. Os caibros e sarrafos do telhado foram fornecidos por Raimundo Dirksen que comprou para esta fi nalidade uma árvore, uma pindabuna, de Vendelino Eff ting, em Rio Gabiroba. Também os Irmãos Dirksen fi zeram o assoalho, as aberturas e as portas e janelas. Os bancos foram confeccionados por Irineu Stapazolli. Os tijolos vieram da olaria de Gregório Steiner, em Rio Gabiroba.

Pereira não media sacrifícios para se deslocar, uma vez por semana, de Rio Fortuna, munido de um violino, para ensaiar cânticos. Muito importante para a animação da vida religiosa foram as Santas Missões. Além daquela de 1901 houve missões em outras ocasiões como em 1950 pregada por Frei Salésio Brinkmann e a de 1957 pregada por um padre redentorista.

De 1897 até 1910 a comunidade de Rio São João foi assistida pelos padres franciscanos que vinham de Teresópolis e de Santo Amaro. Em 1910 chegou da Alemanha Padre Augusto Schwirling, do clero diocesano. Inicialmente ele residiu em Teresópolis; depois se transferiu para São Bonifácio quando foi criado o Curato. De 1918 a 1965, a comunidade de Rio São João recebeu assistência religiosa dos padres residentes em Rio Fortuna. Inicialmente vinham padres do Sagrado Coração de Jesus, responsáveis por aquele curato. Entre eles são lembrados os Padres Lourenço Foxius, Carlos Keilmann, Antônio Baumeister e Antônio Wollmeiner. Em 1942 retiraram-se os Padres do Sagrado Coração de Jesus e, em seu lugar, os diocesanos assumiram a paróquia. Os registros paroquiais indicam que os Padres Gregório Locks, Ludgero Locks, Ludgero Waterkemper, Afonso Schlickmann, Silvestre Junkes e Antônio Heerdt atenderam a capela de Rio São João. A partir de 1965, com a criação da Paróquia Cristo Rei em São Martinho, a capela de Rio São João passou a ser assistida pelos padres desta paróquia confiada aos Padres do Sagrado Coração de Jesus.

A visita acontecia de três em três meses, durante a semana, e o padre permanecia dois dias na capela. O trabalho religioso consistia em missas, pregações, confissões, catecismo para crianças, palestras para jovens, reunião e conferência para os membros da Congregação Mariana e do Apostolado da Oração. Era raro alguém da comunidade não comparecer à igreja por ocasião da visita do padre.

Depois da criação da paróquia Cristo Rei de São Martinho, as visitas do padre deixaram de ser em dias semanais e o atendimento espiritual restringiu-se à missa dominical, o que representou certa decadência. A Congregação Mariana e o Apostolado da oração desapareceram e a formação religiosa ficou restrita à missa dominical a cada dois domingos por mês.

Rio São João em 2012. Esquerda, igreja católica. Direita, igreja evangélica. No centro, cemitério dos católicos e dos evangélicos. No alto, entre as duas igrejas, escola e jardim de infância municipal

Rio Gabiroba

Embora o núcleo colonial de Rio Gabiroba tenha sido aberto e povoado quase na mesma época que o de Rio São João, os moradores eram poucos e sem condições para construir uma igreja. No entanto, fundaram logo uma escola, cujo prédio servia também como local para a celebração do culto aos domingos. Nos primeiros anos, em dias de festa ou por ocasião da visita do padre, dirigiam-se a São Martinho. Mais tarde, após a inauguração da capela de Rio São João em 1897, frequentavam aquela capela para a recepção dos sacramentos.

Como os demais colonos do Vale do Capivari, os pioneiros de Rio Gabiroba eram quase todos vestfalianos ou descendentes de vestfalianos e, como tal, católicos tradicionais.44 Sentiam também a necessidade de se reunirem aos domingos num lugar apropriado para santifi car o Dia do Senhor e também para se encontrarem, pois durante a semana

44 Um dos pioneiros de Rio Gabiroba foi Werner Scho en (*31.7.1844 – †14.6.1921), casado com Augusta Üssler (*12.11.1850 – †21.6.1918). Era natural de Baumberg/ Solingen e veio solteiro para o Brasil em companhia da família Johann Wilhelm Engels em 1862. Em Rio Gabiroba, em virtude da convivência no dia a dia com famílias de origem vestfaliana, a família Scho en abandonou o dialeto renano falado em Solingen e adotou o dialeto vestfaliano. Outras famílias pioneiras de Rio Gabiroba foram as de

Antônio Eff ting, Jacob Rech, Johann Rieg, Hermann Eing.

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