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Religiosidade e Vocações

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4 Ano Novo

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pelo Bispo em 10 de agosto de 1965, Dom Anselmo Pietrulla criou a Paróquia de Cristo Rei, confi ando-a aos Padres do Sagrado Coração de Jesus.

O primeiro vigário foi o Padre Carlos Enderlin63, empossado no dia 15 de agosto de 1965. Todos quantos o conheceram lembram-se dele como um exemplo de fé e de oração. Celebrava com muita solenidade as festas e preparava sempre bem a liturgia. Conduziu com zelo e dedicação a vida pastoral da paróquia. Em sua biografi a se lê:

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Profundamente bom, calado e silencioso, era, no entanto, um homem tenso e sofrido. Anos a fi o carregou o doloroso problema de nervos que o consumia. Qualquer barulho o perturbava. Sofria de insônia frequente. Apesar de seu sofrimento, que também afetava a população local, era muito respeitado e fez amigos em Botuverá e Praia Redonda.64

O primeiro Conselho de Fábrica65 da Paróquia Cristo Rei esteve assim composto: Boaventura Back, Leopoldo Rocha, Antônio Scho en, Longino Eyng e Martinho Stüpp. Estes fabriqueiros exerceram seu mandato até 1979.66

Já idoso, o Padre Carlos retirou-se em 1972 e foi substituído pelo Padre Flávio Morelli (1972-1975). Este pároco, muito trabalhador e de espírito criativo, mexeu profundamente com a tradição religiosa do povo. Procurou revitalizar as práticas pastorais à luz do Concílio Vaticano II, renovou todos os aspectos da vida cristã da paróquia, sobretudo a liturgia e a catequese. Fundou também grupos de jovens em todas as comunidades. Conhecido como padre construtor, coube-lhe o mérito da construção do “Salão Beira Rio”. Todavia, este edifício que abriga um clube social, embora construído pelos paroquianos e em terreno da Mitra Diocesana, deixou de pertencer à paróquia. Mais tarde foi construído atrás da igreja o centro paroquial de catequese.

63 Padre Carlos Enderlin, religioso, membro da Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus, nasceu em Freiburg im Breisgau (Alemanha) a 2.2.1906. Veio como estudante para o Brasil e foi ordenado sacerdote em 1940. Trabalhou durante muitos anos em Botuverá. Em viagem de férias, faleceu em sua cidade natal no dia 22.12.1973 e está sepultado na localidade de Stegen, Alemanha. 64 OLIVEIRA, Padre José Fernandes de. Necrológio e notas biográfi cas, p. 80-81. 65 A diretoria da igreja era conhecida antigamente pelo nome de Conselho de Fábrica e, por isso, os membros eram denominados Fabriqueiros. A denominação atual é CAEP (Comissão para Assuntos Econômicos da Paróquia). 66 Em 1968 entraram Albino Eff ting e Zeno Back em substituição a Martinho Stüpp.

Padres que trabalharam na paróquia Cristo Rei em São Martinho: 1. Carlos Enderlin (1965 – 1972) 2. Flávio Morelli (1972 – 1975) 3. Pedro Mathias Engel (1975 – 1983) 4. Eduardo Knob (1983 – 1989) 5. José Francisco Alves (1989 – 1992) 6. Cenários Hanauer (1992 – 1997) 7. João Hoepers (1997 – 2001) 8. Francisco Hellmann (2001 – 2004) 9. Lucas Scheid (2004 – 2011) 10. Silvino Hoepers (1.2.2011 – 7.2.2015). 11. José Livinos Jochem (8.2.2015 – ...).

A paróquia de São Martinho conta com cinco capelas: Alto São Martinho, Rio Gabiroba, Rio São João, São João do Capivari e Rio Carolina (oratório). As duas últimas se situam no município de Armazém.

Igreja Matriz da Paróquia “Cristo Rei”, de São Martinho

Religiosidade e Vocações

O povo de São Martinho, como em todo o Vale do Capivari é, por tradição, muito religioso. A herança mais preciosa e duradoura trazida pelos imigrantes, tanto católicos como luteranos, é a fé e a religiosidade. A grande maioria frequenta os sacramentos e participa da missa ou do culto dominical.

Existe, porém, difi culdade de renovação, porque sua religiosidade é de caráter tradicional. Não há uma evangelização em profundidade, seja por omissão do clero, seja por desinteresse ou por acomodação dos fi éis. Enquanto moram em São Martinho, as pessoas cumprem com regularidade os preceitos religiosos, mas quando se mudam para outra localidade, principalmente para um centro urbano maior, facilmente abandonam tudo.

Para muitos, a igreja representou ao longo dos anos um forte apelo social. Ia-se à igreja para estar em dia com as obrigações religiosas e sociais. A frequência à igreja era também um momento de encontro social, para ver e ser visto. Muitos iam à igreja, mas fi cavam junto à porta, debaixo do coro. Outros sequer entravam. Preferiam fi car do lado de fora, sentados nos degraus do templo e conversar amistosamente. Esta realidade mudou radicalmente. Atualmente vai à igreja quem sente o apelo da fé e quer cumprir seus deveres religiosos. Difi cilmente alguém se sente censurado se não comparece no encontro dominical do culto ou da missa.

Na tradição dos imigrantes havia o costume de os homens ocuparem os bancos no lado direito e as mulheres no lado esquerdo. As crianças ocupavam os primeiros bancos na frente e atrás delas vinham os jovens, enquanto os adultos ocupavam os demais bancos. Ultimamente, tal costume caiu em desuso, principalmente por parte da população mais jovem, e os casais – marido, mulher e as crianças menores – preferem fi car juntos durante a celebração religiosa.

Até por volta de 1970, as famílias conservaram o salutar costume de rezar à mesa, antes e depois da refeição. A partir daí percebeu-se um rápido declínio da vida religiosa no âmbito doméstico. Uns atribuem esse fenômeno à difusão generalizada da televisão que ocupa lugar proeminente na sala de refeição. A laicização da sociedade como um todo também contribui para o abandono das práticas da religiosidade doméstica.

O município de São Martinho, englobando as duas paróquias de Cristo Rei e de São Sebastião de Vargem do Cedro, impressiona pelo número de vocações religiosas, masculinas e femininas, que ali surgiram. Por isso, a região é conhecida como “Celeiro de Vocações”. Em Vargem

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