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6 Escola de Ensino Básico “Fridolino Hülse” (São Martinho
muito bravo e severo. Em 1922 mudou-se de Rio Gabiroba para Rio Café, no município de Rio Fortuna, continuando a trabalhar no magistério. O motivo de sua saída teria sido um desentendimento entre ele, Drechsel, e Frederico Scho en por causa do gado que invadia as roças do professor. Durante uns quatro a cinco anos a escola de Rio Gabiroba fi cou fechada por falta de professor. Nesse período alguns pais enviaram seus fi lhos à escola de Rio São João, distante 8 a 10 quilômetros e outros para a recém-fundada Escola Estadual Gabiroba, em Baixo Rio Gabiroba, onde lecionava a professora Emília (Ludmila) Lezack Suck.43
Em 1918 a comunidade iniciou a construção de uma capela, pois até então os fi éis se reuniam para o culto na escola ou se dirigiam a Rio São João. Terminada a construção do templo, foi construída nova escola, perto da igreja, de tijolos à vista e com estrutura de madeira, localizada exatamente onde se encontra a atual igreja católica.
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Na nova escola lecionou inicialmente, durante alguns anos, Pedro Scho en e, depois, de 1931 até início de 1942, Emílio Israel. Antigos alunos deste professor contam que “era professor esforçado, mas sem muitos conhecimentos”. Sendo de origem alemã, Emílio foi afastado de suas funções durante a guerra. Em seu lugar lecionou Silvalina Mendes de março até agosto de 1942, quando foi transferida para Rio São João. Sucedeu-lhe no ano seguinte Custódia Fraga que lecionou menos de um ano. Os alunos que naquela época frequentaram a escola perderam dois anos, pois como as professoras deixaram a escola antes do fi m do ano, não foram aplicados os devidos exames e, com isso, os alunos não podiam iniciar outra série no ano seguinte.44 Em meados de 1943, Emílio voltou a lecionar até 1948 quando deixou o magistério e se mudou para Papanduva, no município de Itaiópolis.
43 Emília (Ludmila) Lezack Suck, casada com José Suck, era natural da República Tcheca.
O casal veio para o Brasil em 1912 estabelecendo-se na colônia Anitápolis. Como tantos outros imigrantes, a família Suck abandonou a colônia Anitápolis em 1915 e foi morar em Rio Gabiroba onde ela substituiu o professor Hermann Gross. Em 1925, quando foi fundada a Escola Mista Estadual de Gabiroba (Baixo Gabiroba), Emília foi ali professora (a primeira) até 1929. Em seguida, de 1930 a 1937, lecionou na escola de Rio Indaial.
Posteriormente a família mudou-se para Braço do Norte onde ela, Emília, faleceu. O marido, José Suck, acompanhou seu fi lho (José) quando este se mudou para Graciosa, no município de Paranavaí-PR. 44 Depoimento de Silvestre Scho en em 8.4.2012.
Após a guerra, em 1946, por causa do número cada vez maior de alunos, a escola foi desdobrada, com uma turma de manhã e outra à tarde. Neste ano Verônica Laureth assumiu uma das turmas e lecionou até 1968.
A antiga escola, situada no lugar da atual capela, estava muito danifi cada e prestes a ruir. Por isso, os alunos passaram a ter aula na igreja (a antiga, junto ao cemitério). Em 1953, a comunidade construiu um salão, no lugar do atual salão, e nesse edifício foi instalada a escola.
Como uma das turmas estava sem professor, assumiu, em 1954, Sírio Eff ting. Este jovem, de brilhante inteligência e que estudara por quatro anos no seminário com os Padres Franciscanos em Rodeio e Rio Negro e que depois se preparou para o magistério estudando no “Colégio Regional Dom Daniel Hostin” em Forquilhinha. Sírio lecionou para a 3ª e 4ª séries e adotou como programa para a 4ª série o conteúdo do livro Admissão ao Ginásio. Era uma espécie de ano preparatório para quem quisesse frequentar mais tarde o curso ginasial. Sírio soube incentivar os alunos a continuarem nos estudos tão logo terminassem o 4º ano. Efetivamente, dos 8 alunos que em 1954 frequentaram a 4ª série, 5 continuaram os estudos em colégios de outras cidades. Entre eles encontrava-se o autor deste livro.
Na década de 1960 e 1970 havia na comunidade mais de 60 crianças em idade escolar. Por isso, em 1968 foi construído novo prédio para a escola e a “Escola Mista Estadual” foi transformada em Escola Reunida, com um professor para cada série. Na mesma ocasião a escola teve seu nome mudado para Escola Reunida “Gregório Steiner”. Era então professor da escola Silvestre Scho en45 que lecionou de 1964 a 1968.
A partir da década de 1990, o número de alunos foi diminuindo progressivamente. Em 1994, 35 alunos frequentavam a escola de 1ª a 4ª séries e as professoras eram Ivoneti Scho en Laurindo, que respondia pela direção, Stella Maris Damian Eff ting, Ceneide Laurindo, Lisandra Buss e Maria Sehnem Schumacher. Em 2010 a escola “Gregório Steiner” de Rio Gabiroba foi desativada. As crianças passaram a ser transportadas em ônibus especial para São Martinho onde frequentam a Escola de Ensino Básico “Fridolino Hülse” e a Escola de Ensino Fundamental “Rodolfo Rocha”.
O prédio escolar passou a ser utilizado pela comunidade como Centro Catequético, Clube de Mães e local de reuniões.
45 Silvestre Scho en estudou dois anos (1953 e 1954) no “Colégio Regional Dom Daniel
Hostin”, em Forquilhinha recebeu boa formação para o magistério.
6 Escola de Ensino Básico “Fridolino Hülse” – São Martinho
Desde a chegada dos primeiros imigrantes em São Martinho, muitas famílias se estabeleceram no lugar mais tarde conhecido como Praia Redonda. A antiga escola na foz do rio Capivaras, além de deteriorada, não correspondia mais às necessidades da população, por causa de sua localização. Por volta de 1918, os moradores decidiram construir outra escola em lugar mais central, na margem esquerda do rio Capivari, perto da ponte da estrada estadual que liga Praia Redonda a Imaruí.46 A escola, até então comunitária e mantida pelos pais dos alunos, foi transformada em escola pública, pois o governo assumira as escolas comunitárias após a Primeira Guerra Mundial. A escola passou a se chamar “Escola Mista Estadual Rio Capivaras.” Neste ínterim, Fridolino Hülse47, que voltava de Blumenau onde se preparara para o magistério no Colégio Santo Antônio, assumiu a escola, mas por pouco tempo. Por motivo de serviço militar, o recém-formado professor foi substituído temporariamente por Antônio Hülse. Terminado o serviço militar, Fridolino reassumiu a escola.
Após a abertura da estrada de Florianópolis para Tubarão, a escola foi transferida, em 1938, para a vila de Praia Redonda. A nova localização facilitava o acesso das crianças à escola, pois era lá que se concentrava a maioria das famílias. A comunidade construiu um prédio que servia ao mesmo tempo como salão e escola. O professor Fridolino Hülse edifi cou sua residência ao lado da escola para melhor atender seus alunos. Lecionou em Praia Redonda até 1940 quando, por motivo da perseguição aos alemães e seus descendentes, foi transferido para a escola situada na Fazenda São Paulo, perto de Imaruí, onde a totalidade da população era luso-brasileira. Apesar de ser de origem alemã, foi bem aceito e muito estimado pela comunidade; além de professor, era também catequista e capelão. Era voz corrente entre o povo: “O Fridolino só não reza missa; o resto ele faz tudo.” A transferência de Fridolino tinha – segundo as autoridades do governo – a fi nalidade de “abrasileirá-lo” pelo convívio com os luso-brasileiros e as professoras, por sua vez, tinham a incumbência de
46 A escola situava-se no outro lado da ponte, numa pequena lomba, lado direito da estrada, onde há ainda vestígios do fundamento do prédio escolar. 47 Fridolino Hülse (*5.3.1899 – †1.12.1964) era fi lho de José Hülse e de Clara Arns. Casou com Cristina Eing (*19.9.1903 – †29.12.1992), fi lha de Johann Heinrich Eing e Joana
Wiemes.
“abrasileirar” as crianças de Praia Redonda, consideradas alemãs. Nesse período, várias professoras de Imaruí lecionaram na escola de Praia Redonda, mas por breves períodos, às vezes só alguns meses ou semanas. As pessoas por nós entrevistadas não se lembravam do nome completo dessas professoras e argumentaram que, sendo elas luso-brasileiras, não conseguiam se adaptar aos costumes da população de origem alemã de São Martinho. Terminada a guerra, Fridolino Fridolino Hülse, professor e líder voltou a lecionar em Praia Redonda até em Praia Redonda 1949, quando se aposentou. Este professor, de nobre personalidade, deixou signifi cativas marcas na educação do povo de Praia Redonda. Mais tarde, e com justa razão, a escola recebeu seu nome, bem como a rua que leva até a escola.
Além de professor, Fridolino foi destacado líder na comunidade. Era admirado por sua capacidade e por sua inteligência. Exerceu os cargos de escrivão e de juiz de paz. Como bom conhecedor de música, participava do canto coral na igreja e promovia a música folclórica nas rodas de amigos. Era muito procurado para apaziguar inimizades entre as famílias. Amante do esporte, foi sócio fundador do “América Futebol Clube”, do qual foi o primeiro presidente. O clube, com quadra de esporte e sede própria, ainda existe em São Martinho.
Com a saída de Fridolino, a escola passou por um período de difi culdades. Vários professores e professoras se sucederam, dos quais não há registro. No início de 1951 veio uma professora designada de Florianópolis, conhecida como Dona Santa e permanecia em Praia Redonda durante a semana. Seu período de magistério foi breve, pois numa das viagens de Florianópolis à Praia Redonda ela faleceu no ônibus “Rápido Sulino” nas proximidades de Santo Amaro da Imperatriz. A pedido da comunidade, Alfredo Hülse, irmão de Fridolino, assumiu interinamente a escola até a nomeação de outra professora. E a professora nomeada veio, mas sem muito êxito no magistério. As pessoas entrevistadas alegam vários motivos que a teriam levado a abandonar a escola no fi m