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Valor Local

Jornal Regional • Periodicidade Mensal • Director: Miguel António Rodrigues • Edição nº 24 • 17 Abril 2015 • Preço 1 cêntimo

Radiografia dos parques infantis na região

Págs. 12, 13, 14 e 15

Especial 25 de abril:

As memórias de João Benavente

Clube Taurino Alenquerense não cumpre protocolo Novo cemitério de Azambuja pronto no verão

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Investigação

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Arqueólogos descobrem vestígios do povo fenício em toda a parte no Estuário do Tejo ortes indícios da presença fenícia foram confirmados por uma equipa de arqueólogos da Universidade de Lisboa em vários concelhos do estuário do Tejo. Um dos locais mais determinantes desta descoberta aconteceu no concelho de Alenquer, no Castro do Amaral, em Santana da Carnota, onde foi recolhida uma variedade de objetos muito rica, que comprova a passagem daquele povo pelo nosso país. A proliferação de artefactos em toda a região está a tornar esta uma descoberta muito importante para a comunidade científica ligada a este tipo de investigações. Neste local, a título de exemplo, foi encontrada uma fíbula- tipo alfinete com 2700 anos que não costuma aparecer com frequência neste tipo de escavações. Oriundos do atual Líbano, os fenícios estiveram no nosso território (séculos VII e VI a.c) e Ana Margarida Arruda, docente da Facul-

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dade de Letras da Universidade de Lisboa, que coordenou os trabalhos de campo, explica ao Valor Local, que “a orientalização do Estuário do Tejo foi muito marcante”. No caso do Castro do Amaral que foi escavado durante três meses pela sua equipa, proporcionou “o aparecimento de muito material arqueológico, desde a Idade do Bronze, e com evidências de uma presença de populações oriundas do Mediterrâneo, neste caso fenícias, mas também romanas e da Idade Média”. “Foi uma surpresa boa, ainda que o local se encontre muito afetado pela atividade agrícola, com os materiais a apresentarem-se demasiado triturados”. Este projeto conduzido pela Universidade de Lisboa com o apoio da Fundação para a Ciência e Tecnologia teve uma duração de dois anos, e esteve também presente nos concelhos de Alpiarça, Almeirim, Cartaxo e Salvaterra de

Magos com o objetivo de decifrar a presença fenícia ao longo do estuário do Tejo, dado que este povo fixou-se sobretudo junto aos grandes cursos de água na sua passagem pela Europa. Azambuja, apesar de se situar num importante ponto do Tejo, ficou de fora, mas Ana Margarida Arruda diz, apenas, que não se proporcionou, principalmente por causa do orçamento. Ainda este ano será publicado um livro sobre esta investigação, e neste âmbito evidencia, a título de exemplo, “o apoio inexcedível da Câmara de Alenquer”. No nosso país há fortes vestígios da passagem deste povo no Guadiana, e no Sado, mas não tão evidentes como no Tejo, “devido à riqueza agrícola incomparável destes solos”, mas também “porque o rio era navegável e dava acesso aos territórios das beiras, onde os fenícios procuravam o estanho, que dava origem ao bronze”.

foto uniarq Castro do Amaral em Alenquer

Equipa da Universidade da Beira Interior quer salvar casas em madeira dos avieiros Universidade de Beira Interior prepara-se para ir para o terreno em outubro deste ano com o objetivo de estudar as habitações palafíticas dos avieiros do Tejo e reunir um conjunto de contributos com o envolvimento de uma equipa multidisciplinar composta, entre outros, por engenheiros, biólogos, passando por urbanistas e arquitetos, no sentido da preservação da matriz das casas avieiras, nomeadamente as mais antigas, assentes em palafitas de madeira. Este projeto chama-se DECAUBI, e Ana Lídia Virtudes, professora do departamento de Engenharia Civil e Arquitetura da Universidade da Beira Interior, que está à frente do mesmo refere que as cinco aldeias avieiras do Tejo localizadas nos concelhos de Santarém (Caneiras); Salvaterra de Magos (Escaroupim); Azambuja (Lezirão); Palhota (Cartaxo); e Patacão de Cima (Alpiarça) serão alvo de intervenção num total de

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90 edifícios e 300 habitantes. A especialista, ao Valor Local, considera que a matriz vernacular das palafitas está em vias de extinção devido ao “contínuo abandono e negligência” motivados por “instrumentos de planeamento territorial inoperantes, inadequados e inexistentes”, ao contrário do esforço que tem vindo a ter lugar em países, onde ainda podemos encontrar aquele tipo de estruturas, como a França, a Noruega ou Itália. Hoje, muitas dessas habitações, em Portugal, são apenas uma pálida imagem daquilo que já foram, pois em muitos casos, os avieiros fizeram a substituição da madeira por alvenaria, levando à descaracterização daquele património. O projeto de salvaguarda das habitações avieiras mais antigas compreende o desenvolvimento de uma “plataforma TIC (tecnologia de informação e comunicação) designada por Smart-plan com o intuito, em primeira análise,

de avaliar urbanisticamente as palafitas fluviais do Tejo, e com isso fazer-se o levantamento das que estão em pior estado e qual o tipo de intervenção a efetuar”. Por outro lado, pretende-se a intervenção propriamente dita e a aproximação à matriz original da casa, agora já no âmbito dos pla-

nos diretores municipais, planos de urbanização ou de pormenor que venham a ser definidos para cada aldeia. O projeto arranca em outubro de 2015, e terminará em março de 2017. E envolverá para além de uma equipa de investigadores, urbanistas, arquitetos, engenheiros

civis e informáticos da Universidade da Beira Interior; especialistas da Faculdade de Arquitetura da Universidade de Lisboa, técnicos do Laboratório Nacional de Engenharia Civil, e especialistas em madeira, dado ser o principal material usado naquelas habitações, bem como, as cinco autarquias

Palhota, no concelho Cartaxo será uma das aldeias a intervir

locais referidas acima, mais a CCDR-LVT. “Pretende-se que o projeto possa continuar mesmo depois do seu términus, e que os seus resultados possam servir de guia de boas práticas na proteção territorial à escala municipal para cada uma das aldeias”. Ainda no aspeto prático dos resultados que o estudo possa concluir, prevê-se “a participação de uma empresa local com experiência no desenvolvimento e aplicação de software de modo a permitir que o conhecimento gerado possa vir a ser transferido do meio académico para o meio empresarial, ou seja para a economia real e consequentemente contribuir para gerar riqueza e alavancar a economia regional no domínio das novas tecnologias”, conclui Ana Lídia Virtudes. No total este projeto tem um financiamento de 110 mil 852 euros da Fundação para a Ciência e Tecnologia.


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As esculturas da discórdia ¢ Miguel A. Rodrigues s obras de requalificação do Largo da República, em Aveiras de Cima, feitas em 2009 estão debaixo de fogo por parte dos autarcas e de alguma população local.O espaço que até, àquela altura, era dominado por um monumento de homenagem aos combatentes, foi alterado para receber a nova Casa da Câmara, que hoje já não funciona devido à falta de utentes, mas sem arredar pé permanece um arranjo urbanístico composto por um conjunto escultórico da autoria do artista plástico azambujense Canau Espadinha que nunca entrou nas boas graças da população. Já em 2009 a obra tinha recebido algumas críticas, nomeadamente, porque o Largo da Republica não dispunha de sombras e tinha pouco espaço para algumas atividades, como se tem vindo a comprovar com a crescente realização de espetáculos no local António Torrão, presidente da Junta de Freguesia de Aveiras de Cima, considera que a obra lá colocada é importante, mas vinca a necessidade de mais manutenção do espaço e a criação de algum tipo de soluções que permita que o mesmo seja utilizado para outras atividades. O Largo da Republica é de resto o único local central da freguesia; e por isso o presidente da junta garante já ter encetado algumas negociações com a Câ-

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mara, no sentido de uma alteração. O assunto que já não é novo, é de resto sempre recordado quando há necessidade de montar um palco: “que acaba por ficar num plano demasiadamente elevado, por causa do conjunto escultórico”. Tal causa na sua opinião “algum desconforto para quem está a assistir”. O autarca lamenta não haver outro tipo de arrumação para o palco. A solução poderia passar pela “remoção das esculturas durante estes eventos, para um espaço da Junta ou da Câmara Municipal, para à posteriori voltarem ao seu lugar”. António Torrão salienta também que a freguesia de Aveiras fica prejudicada, vincando, igualmente, que já abordou o presidente da Câmara sobre o assunto, mas que até ao momento não obteve qualquer resposta. O autarca refere que a junta está aberta a soluções, e considera que tem de ser encontrado um compromisso para aquele largo. António Torrão acredita que com tempo, chegar-se-á a um entendimento que permita que os palcos a serem montados no local possam ficar mais ao nível do alcance visual do público, e as esculturas eventualmente removidas temporariamente. Em cima da mesa, pode estar também a deslocalização do conjunto escultórico para outro

local da vila. António Torrão salienta que a junta poderá vir a propor um referendo à população sobre o assunto. “Até achamos que este conjunto fica melhor à entrada da vila, em outros espaços com áreas maiores, porque as esculturas são bonitas mas não para um local tão pequeno como o Largo da Republica.” Outra preocupação prende-se com a iluminação. As estátuas possuem iluminação incluída, mas há vários anos que não funciona. Para além disso, também falha a própria eletricidade pública nos candeeiros da EDP. António Torrão salienta que já tentou o contacto com a empresa, mas até ao momento aguarda uma resposta, vincando “que não é fácil ultrapassar barreiras com a EDP”. Silvino Lúcio, vice-presidente da Câmara de Azambuja, confirmou ao Valor Local o teor das conversas com o presidente da Junta de Aveiras de Cima. O vice-presidente salienta que a Câmara está aberta à mudança daquele conjunto escultórico para outro espaço, “mas é preciso ouvir a população em primeiro lugar. Depois temos de ver onde vamos colocar a estrutura”, refere o autarca. Aliás Silvino Lúcio destaca que se fosse fácil retirar temporariamente o conjunto escultórico, a Câmara já o teria feito, mas o facto de estar assente numa estrutura de betão, torna a situação mais definitiva. Por outro lado, diz ter a informação de que o autor da obra, o escultor Canau Espadinha, não vê com bons olhos a mudança para outro local, todavia diz ter esperanças de que a ideia de mudar as estátuas “possa ter sido mal explicada ao autor”. Ao Valor Local, Silvino Lúcio destacou ainda que a autarquia está a preparar-se para recuperar a iluminação do espaço. O vice-presidente destaca que a

António Torrão demonstra que as estátuas condicionam o palco iluminação que foi colocada no interior das estátuas está com algumas infiltrações e assim que a avaria esteja reparada, poderá ser reposta nos monumentos. Nesse sentido lamenta que a falta de iluminação prejudique as próprias esculturas, já que são fundamentais para que “se perceba o que está ali. Sem luz, as estruturas perdem o significado” vincou. Opiniões da população Desde a sua inauguração que este conjunto de esculturas com características um tanto ou quanto futuristas também tem causado alguma perplexidade junto dos habitantes locais que nunca simpatizaram completamente com esta ideia de Joa-

quim Ramos, anterior presidente da Câmara. O grupo escultórico não passa despercebido, muito menos durante a Ávinho, no mês de abril, pois fica localizado em frente ao palco que é montado todos os anos para a festa. A população da freguesia gosta do grupo escultórico, mas não propriamente do local escolhido para o efeito. O Valor Local foi conversar com alguns residentes da freguesia para saber a sua opinião em relação a este assunto tão polémico, e um dos residentes, José Gaspar, diz que “o local escolhido para o palco não é o mais adequado, e no caso das esculturas ainda pior”. “Nunca deveriam ter sido colocadas nesta praça, mas noutro sítio, por exemplo num largo aqui próxi-

mo que permanece vazio”, lança a ideia. Outro habitante de Aveiras de Cima, Joaquim Gaspar, partilha da mesma opinião e ainda refere: “Tiraram a alma aqui a este lugar onde se fazem as festas. As estátuas só prejudicam. Até os forasteiros referem que o conjunto escultórico estragou o largo.” “Só estorva”, acrescenta por seu turno Luís Torrão, outro freguês de Aveiras de Cima. Apesar de a crítica em relação ao posicionamento do grupo escultórico, a sua estética contudo, até consegue ser admirada pelos residentes: “Gosto, tratase de um conjunto engraçado, mas o local foi mal escolhido”, volta a acrescentar Joaquim Gaspar. com L.C.

Populares não simpatizam com a localização das esculturas


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Clube Taurino Alenquerense falha protocolo ¢

Sílvia Agostinho Clube Taurino Alenquerense está a falhar em toda a linha com o que se comprometeu em protocolo assinado com a autarquia de Alenquer em 2009 no que diz respeito ao desenvolvimento de iniciativas de índole tauromáquica ou outras no âmbito da sua atividade no espaço cedido pela Câmara no interior da Quinta do Brandão, nomeadamente, no terreno de 8300 m2 e na adega que circundam o solar existente. Este, ainda, na alçada da autarquia. De acordo com o atual presidente da Câmara Municipal, Pedro Folgado, o clube não está a cumprir com esse protocolo, já que

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não são conhecidas atividades naquele espaço. “Podíamos quebrar o protocolo, mas isso ainda não está equacionado, dado que como é evidente queremos saber o que o clube taurino tem para nos dizer, dado que praticamente não foram realizadas iniciativas”. Folgado diz ainda que “pode haver o interesse de um investidor naquela localização, e temos esse problema com o clube taurino”. Para já, Pedro Folgado não tem conhecimento de interessados. Quanto a uma recuperação do solar, a Câmara não tem condições para fazer obra no que respeita ao edifício. Por enquanto, o autarca diz estar à espera dos próximos capítulos no que

toca às responsabilidades da coletividade no que lhe diz respeito no protocolo. O protocolo previa ainda que este clube mantivesse o espaço em perfeito estado de conservação, limpeza e salubridade. Estivemos no terreno, e facilmente é constatável que se encontra invadido por vegetação diversa. Contactámos a presidente do clube taurino, Alexandra Ventura, que usou da ameaça no trato com o nosso jornal; e quanto ao facto de não estar a cumprir com o protocolo se limitou a referir que ainda não foi contactada pelo presidente da Câmara sobre esta questão, não querendo prestar mais declarações.

Terreno em causa

Novo cemitério de Azambuja entra em funcionamento no verão ¢

Miguel A. Rodrigues Câmara Municipal de Azambuja prevê abrir o novo cemitério na sede de concelho, em junho ou o mais tardar em julho, o qual se situa na estrada que liga a Socasa a Casais de Britos. O espaço que foi concluído ainda nos anos 90 nos mandatos de João Benavente, já esteve para ser colocado ao serviço da população, em diversas ocasiões, mas “o velho cemitério para o bem e para o mal tem vindo a colmatar as necessidades da sede de freguesia”, refere Silvino Lúcio, vice-presidente da Câmara. Contudo, salienta que o levantamento das ossadas, mesmo com a aplicação do químico que

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acelera a decomposição, tem-se mostrado “bastante inoperante porque as terras estão completamente saturadas”. Ao Valor Local, Silvino Lúcio salienta que a abertura do novo espaço que foi adiada vários anos é a solução. Com os terrenos completamente saturados, a alternativa era remover as terras, algo que seria bastante mais “oneroso e penoso para os familiares daqueles que jazem naquele espaço”. Silvino Lúcio vinca que esta é uma situação urgente e que o novo cemitério será agora requalificado para entrar em funcionamento já em junho ou julho deste ano, vincando que as questões ligadas aos aspetos

fúnebres “são sempre complicadas porque mexem com os sentimentos das pessoas e nós como responsáveis temos de ter essa questão em perspetiva”. O autarca vinca entretanto que a mudança era inevitável: “Achamos que é este o momento certo até para podermos ter tempo para corrigir algumas situações que possam aparecer”. O vice-presidente destaca, entretanto, que para além da requalificação interior do espaço, já foi autorizada a abertura de um concurso para os arranjos exteriores, de modo a torná-lo “mais aprazível”. “Por isso acho que estão criadas as condições para se acomodar com a devida dignidade as pessoas que parti-

Novo cemitério fica a caminho de Casais dos Britos

ram”. Todavia, Silvino Lúcio esclarece que a autarquia tem presente a possibilidade de que as pessoas poderão não corresponder muito bem no que toca a esta mudança, já que o novo cemitério está

longe do centro urbano de Azambuja, mas também por isso numa primeira fase a autarquia irá disponibilizar um autocarro para as deslocações nos serviços fúnebres. Silvino Lúcio refere que noutras

freguesias há cemitérios situados a alguma distância dos centros urbanos, citando por exemplo os de Quebradas ou Manique do Intendente, e vinca ter a convicção de que a situação será entendida pela população.


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Grupo de pais de Santana da Carnota lança de novo mãos à obra grupo de pais de Santana da Carnota que venceu o projeto do Orçamento Participativo de Alenquer com a construção de um parque Infantil na localidade, está agora numa nova missão. A iniciativa deste grupo de pais passa agora por dotar de novas janelas a atual escola do primeiro ciclo de Santana e para isso levaram a cabo uma aula de Zumba no edifício Fórum Romeira em Alenquer, na tarde do dia 12 de abril. Luis Fernandes, um dos pais envolvidos neste projeto, destacou à reportagem do Valor Local que esta iniciativa vem no seguimento das outras levadas a cabo pelo grupo. A recuperação do es-

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paço escolar na freguesia é agora uma meta importante para este grupo, que pensou noutras iniciativas, todavia o fato de a Zumba estar na moda, acabou por ditar que seria esta uma das melhores formas de se angariar verbas para recuperar as janelas. Ao todo o grupo de pais precisa de cerca de 2000 euros para as seis janelas, e este foi o primeiro passo nesse sentido. A escola ainda se encontra dotada das mesmas janelas da sua inauguração há 72 anos atrás. Luís Fernandes destaca também que a iniciativa à qual compareceram 270 pessoas no Fórum Romeira em Alenquer, conseguiu juntar

cerca de 961 euros e para chegar aos mil euros “três familiares colocaram do seu próprio bolso a verba remanescente”. Luís Fernandes salienta ainda que o êxito da iniciativa ultrapassou todas as expectativas. O porta-voz dos pais de Santana da Carnota vinca que com cerca de 15 minutos decorridos da abertura da iniciativa, já estavam quase 200 pessoas na aula de zumba. Para 24 de maio, o grupo vai levar a cabo um almoço solidário no centro de convívio dos Casais de Marinela, com o mesmo objetivo, vincando que a publicidade ao evento está nas redes socias e nos órgãos de comunicação como o Valor Local.

O encontro foi muito concorrido

Passeio dos bombeiros de Samora rende mais de sete mil euros uatro centenas de amantes das motos 2/4 e quads participaram no dia 12 de abril no 13º Passeio dos Bombeiros Voluntários de Samora Correia. A iniciativa, organizada pelo Fundo de Apoio ao Bombeiro, rendeu mais de sete mil euros que serão aplicados na compra de uma nova ambulância seguindo a tradição de cada encontro ter um objetivo solidário com a associação. O passeio com cerca de 100 km decorreu num cenário de beleza natural na charneca da Companhia das Lezírias onde foram acauteladas as devidas medidas de segurança para proteger os participantes e o património na-

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tural existente onde nidificam espécies raras e protegidas. “É o melhor passeio que temos em todo o Ribatejo. Está um dia espetacular e este ambiente é ótimo. A organização é muito cuidada e temos um percurso seguro e bem sinalizado”, explica José Barros, 61 anos e um habitual frequentador dos passeios em todo o país. As famílias estiveram em força na iniciativa com alguns a terem de recorrer a ajuda para transportar as motos que não aguentaram os 100 quilómetros. “Não fizemos a revisão e partiuse a corrente”, lamentava um dos participantes que teve de regressar no carro de apoio.

Ao longo do passeio, os participantes desfrutaram de um pequeno-almoço campestre servido num espaço de natureza depois de cumprida mais de metade da jornada. O passeio terminou com o tradicional almoço convívio na Escola de Samora Correia e no final a maioria manifestou vontade de voltar em 2016. A organização fez um balanço positivo do evento que envolveu mais de 50 voluntários na preparação e acompanhamento da iniciativa. “Todos colaboram com prazer porque está em causa o prestígio da associação do corpo de bombeiros e de Samora Correia.”, explica Nuno Rolo, um dos

A iniciativa contou com uma significativa adesão

Nova associação em Alcoentre

“Queremos pensar a freguesia como um todo” onstituída há um ano, a Associação de Desenvolvimento Local, em Alcoentre, pretende afirmar-se como uma força ativa na freguesia. Ernesto Morgado, ligado a esta nova coletividade, explica que a aposta centrou-se numa entidade que pudesse levar a cabo um trabalho diferente em prol de Alcoentre fora do espírito das tradicionais coletividades desportivas e recreativas. “Queremos pensar os problemas da freguesia como um todo, e encontrar solução junto da população e dos vários parceiros de Alcoentre, e com isso poder-se encetar um conjunto de atividades para se chegar a esse propósito”, refere Ernesto Morgado. E para isso promover a fixação da população jovem é um dos

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objetivos, quer integrando projetos educativos, mas também na própria estrutura económica da freguesia e passa a explicar como isso pode ser feito – “Introduzir alguma inovação nas atividades tradicionais tornando a freguesia mais apetecível para os mais jovens”. Contudo, a associação espera pelo efetivar do conselho consultivo que será criado no seio da associação, com a participação das forças vivas da terra, quer será o ponto de partida para que mais ideias possam ir para a frente. A associação também tem vindo a promover sessões de informação e esclarecimento junto da população, como a ocorrida durante o mês de março relacionada com a internet, mas outras vão-se seguir. No dia 21 de mar-

ço, a associação promoveu a iniciativa – “Walk for the D CauseDiabetes”, seguida de caminhada, almoço convívio, torneio de sueca; e a 18 de abril vai promover a sessão de esclarecimento sobre “IRS e IMI”. Mas também formação certificada para entidades empregadoras – “É uma das atividades que queremos desenvolver”. A associação celebrou no fimde-semana de 20 a 22 de março o seu primeiro aniversário, com a divulgação de um projeto no âmbito do programa Erasmus – relacionado com o intercâmbio de jovens estudantes a nível da União Europeia. Nos tempos mais próximos, a associação também estará presente nas tasquinhas de Alcoentre que se realizam nos últimos dias de abril.

Sessão de esclarecimento levada a cabo na biblioteca


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“Dá a mão à floresta” em Azambuja á a mão à floresta” é o nome da iniciativa que a Câmara Municipal de Azambuja acolheu através de uma parceria com o grupo Portucel Soporcel, ligado à indústria da pasta de celulose, energia e papel, no dia 14 de abril. Este é o quinto ano consecutivo do projeto que se desenvolve desde 2011, sendo a primeira vez que foi promovido no concelho de Azambuja no Jardim Urbano “Dr. Joaquim Ramos”. Muitos foram os que passaram pelo local, e puderam receber gratuitamente uma árvore para plantar. Estas ações de sensibilização são realizadas em localidades onde se encontram as unidades de fabrico da Portucel; e em locais onde existe alguma mancha florestal que o grupo gere em conjunto com os concelhos, como é o caso da Câmara Municipal de Azambuja com um gabinete técnico florestal comum. Falámos com a representante do grupo Portucel Soporcel que esteve no local, Ana Nery, diretora de comunicação, que nos explicou qual o objetivo desta campanha: “Queremos, fundamentalmente, sensibilizar a comunidade de Azambuja para a importância que as florestas têm em todo o país através da distribuição gratuita de diversas plantas da floresta portu-

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guesa com um folheto explicativo dos cuidados a ter e algumas curiosidades”. Mas também com “ações didáticas para cerca de 300 alunos do primeiro ciclo das escolas do concelho”. Ana Nery sublinha, ainda, que “hoje em dia a maior parte das pessoas desconhece que o setor florestal pesa mais de nove por cento nas exportações portuguesas, sendo portanto um setor proporcionador de riqueza a nível económico e ambiental e ainda gerador de emprego.” Quanto às atividade programadas, chegaram a estar previstas para 21 de março, dia da árvore mas como coincidia com as férias escolares, adiou-se, então, a atividade para 14 de abril. A responsável de comunicação explicou que, entre outras atividades, as crianças podiam brincar, ao longo do dia, com a mascote “a coruja”, “que é um elemento afetivo e simbólico ligado à floresta”, bem como oportunidade para lhe tirar fotografias e as levar para casa, jogar ao ‘Jogo da Glória’ com temas da floresta, como a questão dos incêndios, as necessidades ligadas às limpezas naqueles espaços, os desperdícios, entre outros”. Tendo sido também distribuído o “Caderno da Floresta” que se trata de “uma nova atividade que prima pela interativi-

dade, desenvolvida neste ano que contém informação sobre as espécies que se encontram nas florestas, e permite às crianças desenhar, escrever e colocar folhas que apanham no dia-a-dia”, esclareceu Ana Nery. Este evento contou ainda com a presença do vice-Presidente da Câmara Municipal de Azambuja, Silvino Lúcio, que presidiu à inauguração da atividade, e afirmou que “tudo o que esteja relacionado com a preservação de florestas

para nós é muito importante devido à grande mancha florestal do concelho, e porque sensibiliza numa primeira fase as crianças e posteriormente as suas famílias. “Floresta Segura” Ainda no concelho de Azambuja decorre, no dia 18 de abril, o evento de lançamento da campanha “Floresta Segura” na sede da União de Freguesias de Manique do Intendente, Maçussa e Vila

Nova de São Pedro, também no âmbito desta parceria com a Portucel. Este projeto a nível nacional teve início em 2012 e foi desenvolvido pela Escola Nacional de Bombeiros (ENB) que constituí uma parceria com o Grupo Portucel Soporcel. Com o programa “Floresta Segura”, a ENB e o grupo Portucel Soporcel pretendem assumir um papel ativo na prevenção dos incêndios florestais e na proteção das populações, nomeadamente atra-

Crianças das escolas convidadas a estarem presentes

vés da realização de ações teóricas e práticas em várias localidades. O protocolo do projeto Floresta Segura entre a ENB e o Grupo Portucel Soporcel conta com as presenças do Secretário de Estado da Administração Interna, João Pinho de Almeida, do Presidente da Câmara Municipal de Azambuja, Luís de Sousa, do Administrador da Portucel Soporcel Florestal, João Lé e do Presidente da ENB, José Ferreira.


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Ecologistas arrasam Câmaras que formaram grupo pela despoluição do Rio Maior oi criado no final do ano passado o Grupo Intermunicipal para a Sustentabilidade Ambiental do Rio Maior e da Atividade Pecuária que integra os municípios de Rio Maior, Azambuja (Vala Real), Santarém e Cartaxo, e conta desde já com a integração da Federação Portuguesa De Associações de Suinicultores e do Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária. Para uma segunda fase, sustenta o grupo, ficarão os movimentos ecologistas dos vários concelhos que desde há anos lutam contra a poluição causada a vários níveis pelas suiniculturas da região. Estes ouvidos pela nossa reportagem sentem que não vale a pena fazer parte deste processo. António Costa, do Movimento Cívico Ar Puro, de Rio Maior, a propósito desta notícia, define o facto desta forma – “Se não fosse grave dava para rir!”. Até porque os propósitos daquele grupo de entidades passam pela caracterização da atividade pecuária nos quatro municípios, que António Costa, refere, que já foi “feita vezes sem conta”. “A caracterização e os diagnósticos estão concluídos há décadas. Apenas pretendem esbanjar dinheiro, e no concreto nada se faz”. O que tem acontecido na sua opinião e na dos outros dois elementos de movimentos em defesa do Rio Maior, José Lousa da Eco-Cartaxo; e Manuel João Sá do Movimento Ecologista de Vale de Santarém – também ouvidos nesta entrevista conjunta pelo Valor Local – é uma espécie de “empurrar com a barriga” do problema desde há muitos anos, com as suiniculturas e não só a poluírem os lençóis freáticos e a contaminar aquele curso de água. “Estivemos ainda há algum tempo reunidos com os grupos parlamentares, onde até nos disseram que não dava para fazerem mais etars por causa da crise, mas antes da crise também não resolveram nada”, aponta António Costa. “Mas ressalvo que não queremos ser convidados para nada, só desejamos a resolução dos problemas. A constituição desse grupo não passa de uma mera carta de intenções”, refere o representante do concelho de Rio Maior e remata a este propósito – “Não há um mínimo de credibilidade nesse propósito dessas entidades”. Manuel João Sá confidencia que a vereadora da Câmara de Santarém lhe atirou

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– “Lá mais para a frente os senhores vão ser chamados!”, e desabafa que a resposta surgiu pronta – “Provavelmente, nessa altura já não fará sentido sermos chamados para coisa alguma”, e prossegue: “Não há nenhuma intenção objetiva, as entidades no seu íntimo apelidam-nos de chatos, e olham-nos de lado porque movimentamos as populações e as informamos, levandoas a olhar de frente para a porcaria que é enviada para os rios”. Por tudo isto, não tem dúvidas – “Para eles seria bom que nós nem sequer existíssemos”. Os elementos dos movimentos dão conta de muitas inspeções que têm sido levadas a cabo ao longo dos anos, nomeadamente, em São João da Ribeira, Rio Maior, onde trabalha uma indústria, mas “a Procuradoria-Geral da República arquiva as denúncias, porque nunca foi detetada qualquer doença, nem houve mortes por causa da má laboração. Certas entidades como a CCDR continuam a ter a ousadia de dizer que não há anomalias”, quando o delegado de saúde, “regista evidências fecais, ratazanas, e cheiros nauseabundos”, descreve António Costa. Ao longo dos anos, no concelho de Rio Maior, de acordo com o representante do movimento local, que as suiniculturas laboram a seu bel-prazer com a cobertura do poder local, e dá um exemplo – “As suiniculturas vazavam os efluentes e não os entregavam na estação, principalmente as grandes empresas desse género, isso foi sempre ignorado pela Câmara. Um responsável do executivo até dizia que levantávamos problemas: o senhor Carlos Frazão, que também é suinicultor. No início, essas empresas nem tinham licença para laborar como suiniculturas”. Até na questão dos maus cheiros que as entidades dizem ser algo impossível de eliminar por completo, António Costa sustenta que é falso, porque “há exemplos no estrangeiro, nomeadamente, na Dinamarca, que desmontam essa opinião”. “É possível minimizar ainda mais esses impactes”. “Esse país é o maior produtor europeu de porcos e não têm lá deste tipo de problemas, não fazem explorações em cima das populações, não libertam cheiros e ainda produzem energia”. “Podia-se optar por fito-etars que se constituem como uma solução barata”, junta José Lousa.

José Lousa, Manuel João Sá e António Costa As grandes empresas usam o “argumento falso” de que “não têm dinheiro”, mas seria “mais barato” tratar os efluentes. “Praticam também o espalhamento dos efluentes nos terrenos e com isso continuam a contaminar os lençóis freáticos, e a água potável cada vez mais escassa”. Por tudo isto, a defesa do meio ambiente e de um recurso escasso como a água, entronca na “permissividade, no colaboracionismo e em interesses cruzados”, nomeadamente, “quando o suinicultor tem amigos nas autarquias”, refere Manuel João Sá. Estas questões da poluição são tão velhas que passaram quase a ser tidas como “normais”. “Há um clima de normalidade tolerada, normalidade anormal que encobre atividades que estão contra todas as regras”. Mas no concelho do Cartaxo e no de Azambuja, “a agricultura também tem contribuído para o estado de coisas. E se os terrenos estão a ser regados com aquela água é tempo de pararmos para reflectir, pois é impossível termos produtos de qualidade quando a água se encontra cheia de detritos e de espuma castanha”, elucida José Lousa. “É na altura do tomate, que mais peixes morrem”, refere Manuel João Sá a propósito da fábrica de São João da Ribeira, a que se junta “o deficiente trata-

mento dos esgotos urbanos com as etars a trabalharem mal, nomeadamente em Santarém”. É nos cidadãos que os movimentos encontram o seu suporte, tendo em conta que se chegou ao ponto de já ser impossível “suportar os maus cheiros e toda a imundície”. A revolta tem vindo à tona de água, e ações concertadas entre os três movimentos, envolvendo o máximo possível de elementos das po-

pulações, têm sido possíveis. Num futuro que se acredita mais ou menos longínquo, este trio de movimentos gostaria que se concretizasse o sonho comum de uma ecovia a ligar os 70 quilómetros do Rio Maior que atravessa os quatro concelhos, e que em Azambuja é conhecido como Vala Real, com ciclovia, via pedonal, e locais de convívio. “Há muitos exemplos deste tipo em todo o mundo, onde é

possível percorrer todo o rio com estas ecovias”, observa Manuel João Sá. Este trio procura encontrar mais um colega para defender o Rio Maior, em Azambuja mas até à data ainda não foi possível – “Ainda não desistimos, cremos que com certeza haverá quem se importe com estas questões em Azambuja e gostaríamos de contar com pessoas desse concelho também”, deixam o apelo.

Opinião:

O Tejo precisa de uma urgente revisão da Convenção de Albufeira água armazenada nas barragens da província de Cáceres é de 82,33% em 31 de Março de 2015, estando a barragem de Cedilho no máximo da sua capacidade de armazenamento e a barragem de Alcântara, aquela que apresenta maior capacidade de armazenamento, apresenta níveis de armazenamento de água de cerca de 83,48% (fonte: Barragens de Cáceres http://www.embalses.net/provincia-4caceres.html). A verdadeira razão para os baixos caudais registados durante este ano de 2015 advém da retenção de água nas barragens da província de Cáceres com vista a potenciar os lucros da exploração hidroeléctrica privilegiando os caudais “energéticos” em detrimento dos caudais ecológicos. Neste sentido, o proTEJO – Movimento Pelo Tejo considera que existem condições para Espanha cumprir a Convenção de Albufeira no rio Tejo bem como para rever a Convenção com caudais mínimos superiores aos atuais, tendo apresentado as seguintes propostas quanto à revisão da Convenção de Albufeira que se encontram contidas nas alegações ao Plano de Gestão da Região Hidrográfica do Tejo: O estabelecimento de indicadores do estado ecológico das massas de água transfronteiriças; a determinação do estado ecológico no relatório sobre o cumprimento da Convenção de Albufeira; a determinação de caudais ambientais nos vários troços do rio e na chegada à foz em função do objectivo de estado ecológico; a aproximação do caudal ambiental ao caudal instantâneo (duplicação dos atuais caudais trimestrais e semanais para alcançar 80% do caudal anual); a quantificação dos caudais ambientais em hm3 e em m3/segundo; instaurar sanções por incumprimento da Convenção de Albufeira de carácter financeiro e ambiental, em termos de restauração fluvial. O Tejo merece! Paulo Constantino

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Valor Local

Valor Desportivo

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As memórias de Marco Chagas atural de um concelho com fortes tradições no ciclismo, quase se podia dizer em tom de brincadeira que Marco Chagas só podia ter enveredado por uma carreira na modalidade. O primeiro convidado da rubrica “Perfil Desportivo” do site Valor Desportivo, seguiu a roda do seu tio, Ramiro Martins que andou pelo mundo das bicicletas, mas também de Luís Domingos, e Fernando Baptista, igualmente do concelho cartaxeiro. “Desde os tempos do Nicolau e do Trindade que o Cartaxo tem grandes nomes no ciclismo”, relembra, enfatizando que o concelho conseguiu nove vitórias na Volta a Portugal. Ao desfiar as suas memórias, Marco Chagas lembra-se de ter sido campeão nacional de fundo aos 17 anos. Representou várias equipas portuguesas e passou um ano no estrangeiro como ciclista, mas não guarda mágoas de, na altura, não ter seguido uma carreira internacional. “Tenho alguma pena de não ter estado mais tempo, mas na altura tive um apelo para regressar a Portugal com bons valores do Futebol Clube do Porto e como estava em início de vida e era pai, voltei”, recorda mas acrescenta – “Depois ganhei quatro voltas a Portugal, se não regressasse provavelmente não ganharia nenhuma”. Os tempos do ciclismo português quando corria, entre finais da década de 70 e inícios de 80, não conseguiam trazer ao país os nomes estrangeiros com algum nível de reconhecimento, ao contrário de hoje. Marco Chagas concorda que à época o país não era suficientemente organizado, não havia alojamento, e as estradas não tinham condições. “Vinham cá sobretudo equipas de menos valia, ao contrário de hoje, excluindo a Volta a Portugal, onde de facto não temos cá esses corredores, mas na Volta ao Algarve conseguimos nomes importantes”. Por outro lado, desvenda que até a mudança política trazida pela Revolução dos Cravos teve influência no ciclismo. “Acabou-se na altura com o profissionalismo, e com o regressar à estaca zero. Havia muito amadorismo. Chegámos a ir correr a França de armas e bagagens dentro de um carro, quando nos outros países já andavam de avião. Por vezes ir a Espanha já era uma aventura”. Chegou a correr ao lado do malogrado Joaquim Agostinho, o que se constituiu “como um cenário de sonho que se viria a tornar um pesadelo”, (tendo em conta a morte do ciclista de Torres Vedras em 1984 ao sofrer uma queda fatal numa prova). Hoje o nome do ciclista Rui Costa, que conseguiu alcançar o título mundial, tem estado na berra, e há quem compare o

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O antigo ciclista venceu 4 vezes a Volta a Portugal palmarés deste corredor ao de Joaquim Agostinho, mas Marco Chaga acredita que é difícil estabelecer termos de comparação, até porque são de épocas distintas. “Joaquim Agostinho era uma força da natureza, com uma capacidade fora do comum, ma não teve escola nem técnica, enquanto o Rui Costa é um atleta mais trabalhado”. Hoje quando se fala de ciclismo, é impossível contornar o tema do dopping, e recentemente foi avançado que em 50 ciclistas é inédito encontrar algum atleta cem por cento puro. “Hoje em dia, os suplementos vitamínicos estão incluídos na dieta do ciclista, na minha altura consumíamos fruta, cubos de marmelada, açúcar, fruta cristalizada e até canja, isto hoje parecerá a qualquer um completamente anedótico”. Quando se fala em Armstrong, desmistifica até certo ponto a sua culpabilidade na história do dopping – “Ganhou sete vezes a

volta, mas acabou por se tornar uma espécie de bode expiatório da modalidade. Não foi pior nem melhor do que tantos outros.” Marco Chagas terminou a carreira aos 33 anos em 1990, e ainda teve uma curta incursão como treinador de ciclismo, mas rapidamente percebeu que não tinha vocação para tal – “Cada um de nós nasce para o que nasce, sempre fui apaixonado pela modalidade. Mas nos cinco anos em que fui treinador, acabei por perceber que quando a exigência é maior (no caso da Sicasal-Acral onde estive) a pressão também aumenta, e quando dependemos dos resultados dos atletas, somos responsabilizados por isso. Quando vencemos é ótimo mas o segundo lugar significa ser o primeiro dos últimos”. Hoje possui um clube de praticantes de ciclismo numa vertente de recreio e lazer, “composto por pessoas de várias idades, que pedala quando pode, que tem as suas vi-

das profissionais”, mas destaca, a título de exemplo, uma prova que teve um número de quatro aderentes da sua equipa como o “MadridLisboa Non Stop”, ou o “Algarve Bike Challenge” no BTT. “Já estivemos no BTT de Caspiada em parceria com a filarmónica, na freguesia de Pontével”, destaca entre outras. Para a Volta a Portugal de 2015, há três nomes bem colocados para vencer a prova principal do ciclismo no nosso país- Alexandre Marque, Gustavo Veloso e Ricardo Mestre. “São sérios candidatos. O Mestre porque regressa à sua equipa de origem, o Tavira. O Marque é um sério candidato, se a corrida for menos montanhosa”. So-

bre o futuro da prova e alguma notoriedade que seria desejável que alcançasse a nível do panorama internacional, Marco Chagas não entrevê que tal possa mudar, mesmo com uma mudança do calendário da prova para não ficar ofuscada pela Volta a Espanha ou pelo Tour de França. “Em agosto não se consegue ter cá os melhores corredores. Não temos um grande peso internacional, e as equipas que vêm, são as que não conseguem entrar nas grandes provas, e mesmo aí há quem procure a Volta à Polónia”. Sobre a opção do ciclismo para uma carreira, Marco Chagas não consegue deixar uma mensagem o mais aliciante possível. Mas não

tem dúvidas que enquanto praticada como atividade de lazer é das mais interessantes pois permite um contacto com “as gentes, os locais, nas mais diversas regiões”. “É uma modalidade que não cria lesões, e ajuda mesmo a curar as mazelas de outras, o desgaste do equipamento é relativamente pequeno. Não é preciso comprar-se uma bicicleta muito cara”. Se encararmos o ciclismo como uma opção de carreira, “os jovens terão de perceber que vão ter de abdicar de muita coisa em prol da modalidade”. “Contudo considero que é uma modalidade sã, com um grande espírito de competitividade, mas também de entreajuda incrível entre os que a praticam”.


Cultura

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Valor Local

Leonardo Charréu, professor de Ilustração Científica

“Um bom desenho pode informar mais do que uma foto” icenciado em Belas Artes, e professor, atualmente, na Universidade Federal de Santa Maria no Brasil, Leonardo Charréu, natural de Glória do Ribatejo, no concelho de Salvaterra de Magos, falou com o Valor Local sobre este desafio além-fronteiras nomeadamente, o trabalho que tem desenvolvido na vertente da ilustração científica, uma das suas áreas de eleição. Recentemente esteve em exibição uma mostra de trabalhos desenvolvidos pelos seus alunos com o tema “Ornitologia do Brasil” na falcoaria em Salvaterra de Magos O académico refere que “a ilustração científica era, até meados do século XIX (invenção da fotografia) a única ‘tecnologia’ de representação da realidade, pelo que era comum, as primeiras expedições científicas na América e em África fazerem-se acompanhar pelo ilustrador.” “Mais tarde com a generalização do uso da fotografia documental, a ilustração decaíu um pouco para ser de novo retomada, sobretudo, a partir do interesse pela ilustração de parte das grandes publicações científicas presti-

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giadas. Na verdade, paradoxalmente, um bom desenho tem a capacidade de informar mais determinados aspetos da realidade do que uma fotografia. Com um desenho podemos, ‘abrir’ a barriga de um peixe, fazer um corte transversal num animal, para o ‘ver’ por dentro. Enquanto a fotografia fica, geralmente, pela superfície das formas”, descreve. Mas Leonardo Charréu confessa que o seu gosto pela ilustração científica começou nos anos 80, quando estudou nas Belas Artes do Porto. Mas antes, na disciplina de História da Arte, do ensino secundário, já ilustrava desenhos à pena dos portais manuelinos, da talha barroca que constituíam os conteúdos do programa de estudos. Profundo observador dos aspetos naturais que o rodeiam reconhece que a sua região de origem é de uma “beleza ímpar”, mas considera que tal não foi determinante para ter optado pelas Artes Visuais, mas antes o seu “interesse obsessivo pela banda desenhada que consumia em quantidades industriais”. “A minha pintura, muito he-

terogénea, sempre teve derivas abstratas e embora goste de desenhar à vista, sempre vi essa prática mais como um exercício mental, não como uma proposta artística séria e profunda”. Mas não deixa de considerar que na sua terra “são as pessoas e alguma ingenuidade pura e intensa da cultura popular”, o que o inspira. “Sou um deles que bateu asas, mas que volta sempre.” Tendo lecionado durante vários anos em Portugal, no ensino superior, decidiu emigrar e aceitar a proposta brasileira porque se encontrava descontente com as regras de progressão na carreira, e porque a oferta monetária também era melhor. No Brasil para além de ter fundado o Núcleo de Estudos e Pesquisas em Ilustração Científica, refere outros projetos em curso: o AVICES (Arte, Visualidade e Ilustração Científica na Escola), que “vai permitir colocar, a partir do final deste mês, um aluno bolseiro a realizar tarefas de ilustração científica para apoio a conteúdos escolares da área das ciências naturais, numa escola secundária da cidade

de Santa Maria.” Mas também o MEPEAE (Metodologias Emergentes de Pesquisa em Arte Educação) que tem também uma bolseira de pesquisa e é um projeto que procura mapear e aprofundar as novas metodologias de pesquisa mais adequadas aos artistas, bem como, o projeto PROMUJA (Projeto Mundos Jovens e Adolescentes) que visa estudar as culturas juvenis da cidade, em particular, os lugares onde constroem as suas visões do mundo. É um projeto que cruza a cultura visual e a sociologia da cultura. “Estou neste momento a procurar financiá-lo e julgo que vou conseguir pelo apoio imenso que aqui existe para a investigação.” Quanto a outros projetos para o futuro, neste momento, Leonardo Charréu tem entre mãos um trabalho com as espécies botânicas do jardim da Universidade Federal de Santa Maria e a coleção de aves de rapina da Falcoaria de Salvaterra, onde pretende regressar com uma exposição em fevereiro de 2016, havendo a possibilidade de se exporem também esses dese-

O autor (ao centro) com a vereadora da Cultura e o presidente da Câmara de Salvaterra nhos de Botânica, na Casa do Brasil, em Santarém. “Em setembro deste ano estamos a projetar uma grande exposição de ilustração científica para coincidir com um dos maiores congressos de investigadores em Artes Plásticas brasileiros que aqui se vai realizar”. Depois de muitos anos a ensinar os caminhos da arte a jovens por-

tugueses, reflete que não encontra muitas diferenças entres os alunos brasileiros e os alunos portugueses. “A mesma facilidade em chegar à informação e em lidar com as novas tecnologias, mas uma dificuldade extrema na escrita e no raciocínio argumentativo. Uma característica da juventude global dos tempos atuais”, sintetiza.


Valor Local

Especial 25 de Abril

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Preso em Alcoentre, João Benavente recorda 25 de abril m vésperas de se assinalar mais um aniversário sobre o 25 de Abril, o Valor Local conversou com João Benavente, antigo presidente da Câmara de Azambuja, até aos anos 90, preso durante 10 dias em Alcoentre nos tempos logo a seguir ao fim da ditadura. Não foi um dos presos sonantes do país, mas considera-se a sim mesmo como um resistente do fascismo, e acredita que tem o seu lugar na história desta luta a nível regional. Explica que o seu encarceramento partiu de uma mentira de um conterrâneo. O antigo autarca lembra que numas das suas viagens de comboio, assistiu em Vila Franca de Xira a uma situação de confronto entre alguns simpatizantes do MRPP na estação e muitas outras pessoas de Vila Franca que lhe queriam bater porque eram acusadas de andarem por cima dos telhados e afins. “Como nunca gostei de ver a força aproveitar-se da fragilidade; acho que as pessoas devem ser tão fortes com os fracos como com os fortes, levantei a voz porque estavam lá mais de cinquenta a baterem em cinco”. Na altura tinha 29 anos, e lembra que “aquilo era a força da juventude e da liberdade.

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Se se tinha feito o 25 de abril há onze meses atrás, era para que as pessoas pudessem expressar as suas ideias”. As palavras de Benavente suscitaram entretanto uma situação complicada: “Naquele confronto, um indivíduo de Azambuja que vivia em Vila Franca, quando me viu começou a gritar que me conhecia; que eu era de Azambuja e filho de um latifundiário, mas o meu pai tinha a terceira classe e trabalhava no armazém do sal”. A situação descontrolou-se, e João Benavente acabou por ser detido com outras seis pessoas. O passo seguinte foi a prisão de Alcoentre: “Fomos vítimas dos mandatos em branco assinados pelo Otelo Saraiva de Carvalho”. Já em Alcoentre as pessoas estranharam a presença de Benavente, que nunca se identificou e até o diretor da cadeia ficou apreensivo. Benavente não tem dúvidas de que foi “um preso político” nos pós 25 de Abril. Benavente relembra as dificuldades porque passou na altura com a esposa grávida de oito meses e o desconforto que a situação causou à família e amigos. O antigo autarca refere, no entanto, que nunca mais dirigiu a pala-

vra ao homem que o acusou em Vila Franca, e que mais recentemente numa Feira de Maio voltou a vê-lo. Cumprimentou apenas os seus irmãos, que na época tinham repudiado a atitude do mesmo, e não lhe falou ignorando-o. O antigo presidente da Câmara Municipal de Azambuja, agora afastado de cargos políticos, salientou que nunca teve a ambição em ser presidente da autarquia, lugar que ocupou por 16 anos até integrar em 1999 as listas do PS à Assembleia da Republica, tendo sido eleito deputado pelo círculo de Lisboa. Já quanto à Revolução de 74, João Benavente soube da revolução no comboio. Não acreditou à primeira porque tinha havido uma tentativa de golpe de Estado antes e a situação não tinha evoluído. Todavia naquela manhã, Benavente ia a caminho do emprego em Cabo Ruivo e o comboio parou. A sua preocupação era o trabalho, porque era responsável da fábrica. Entretanto apareceu uma pessoa com um rádio “a gritar que havia uma revolução em Lisboa, que havia um golpe de Estado, mas já quase meia hora depois de o comboio estar parado”.

O comboio acabou por arrancar e pelo caminho via-se muita gente nas estações e apeadeiros. “Saímos em Cabo Ruivo e continuava a romaria de pessoas. Cheguei à fábrica era quase dez e meia e ninguém sabia o que havíamos de fazer”. João Benavente fez parte também da primeira comissão administrativa da Junta de Freguesia de Azambuja, mas destaca que terá sido escolhido para essas funções, não se tendo proposto para o cargo. Quanto ao facto de ter sido escolhido para a junta de Azambuja, Benavente que trabalhava como técnico industrial numa empresa de esquentadores na Póvoa de Santa Iria, vinca que foi a sua esposa que o avisou de que tinham “ido lá a casa o Casimiro Paulo dos Santos e o irmão, porque tinha havido assembleia popular no antigo celeiro dos trigos, agora EPAC, e que eu tinha sido eleito para a comissão administrativa da junta de freguesia”. O antigo autarca refere que na altura ficou preocupado, pois levantava-se todos os dias pelas cinco da manhã e chegava a casa pelas nove da noite e portanto “não tinha tempo para isso”. João Benavente lembra que a es-

colha da sua candidatura foi tomada tendo em conta as suas posições políticas. O antigo autarca recorda que antes do 25 de Abril era comum falar de política no comboio a caminho do emprego.

Era uma situação delicada, mas talvez porque o fruto proibido é o mais saboroso, era quase inevitável. Veja este entrevista na integra em vídeo em: www.valorlocal.pt

João Benavente passa em revista a sua história do 25 de abril

E o Abril do nosso descontentamento… á 41 anos um jovem que tinha “devorado” os excertos do livro “Portugal e o Futuro” escrito por António Spínola e publicados no então “revolucionário” jornal Expresso, acordava para a esperança de um outro tempo. Aquela manhã do “aqui Posto de Comando do Movimento…” lançava-o para a aventura de uma vida inteira. Partilhou sorrisos e esperança, gritou palavras de ordem ridículas como cartas de amor sabendo que o amor nunca é ridículo. Andou mundo, muito mundo… foi camponês sem o ser, criou jornais e participou neles com a caneta prenhe de tinta vermelha e tornou-se irmão de todos e todas que sorriam, sem perceber bem porquê, sabendo apenas que podiam livremente sorrir para o futuro. Mas foi então que vivendo todas as ilusões, a geração desse jovem quis cortar caminho, na sua ingenuidade tornou-se presa de interesses com experiência de todos os “mundos” e sucumbiu à facilidade de promessas de “Europas” transformadas em “Mecas” de bem estar sem esforço e sem cidadania….! E esse jovem viu-se perdido num tempo já sem tempo de uma geração

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que se perdeu e traiu o futuro. Cometeu erros, muitos erros, correu “de cá para lá e de lá para cá” na busca de um equilíbrio que já não existia. Foi derrotado… derrotou-se! Mas a derrota contém em si ensinamentos, fermento de um “pão” que é preciso voltar a “amassar” com carinho e persistência na certeza que disso depende a vida. A nossa, dos nosso filhos e dos nosso netos… e é por isso que temos de ter consciência que…. este não é um qualquer Abril… este não é mais um Abril da Revolução do Cravos, da Democracia, em que olhávamos o passado e o interpretávamos de acordo com as nossas ideologias, as nossas expectativas, os nossos fracassos ou as nossas vitórias! Hoje este é outro Abril, o Abril do nosso descontentamento em que medimos a regressão nos padrões mínimos de vida em termos civilizacionais e em termos de desenvolvimento humano. Este é o Abril do desemprego, da discussão sobre os limiares de pobreza, da indignidade que nos é imposta por um governo que há muito tempo ultrapassou os limites da lei e da honra! Um governo que para ser eleito procla-

mou, a memória não pode ser curta, que sabia ao que vinha, conhecia a situação e que não arranjaria desculpas. Ao invés disso, todos os dias há desculpas, confusão, malabarismos, mentiras e um revanchismo social que atinge sempre os mesmos! E tudo em nome que “os portugueses gastaram demais e viviam acima das suas possibilidades”! Traduzindo: tínhamos melhores serviços de saúde, educação e segurança social… no fundo, aquilo que distingue os países civilizados! E em torno disto foram construindo uma teia, que aproveitando o pântano político resultante do socratismo, nos procura todos os dias convencer da “verdade da mentira”! Na verdade, este país gastou realmente demais e sobretudo desgastou-se demais. Desgastou-se demais quando permitiu a destruição do seu aparelho produtivo, na construção naval, na metalomecânica, na indústria de bens transaccionáveis, na agricultura… em suma, em todos os sectores que economicamente definiam a soberania nacional. E sim, gastou demais em auto-estradas para satisfazer as construtoras do “regime”, em parce-

rias público-privadas para satisfazer os gestores e as famílias financeiras do “regime”, em obras e políticas com propósitos eleitorais que conquistaram para os partidos do “arco do poder”, nas câmaras e na administração central, sucessivas maiorias… mas também na propaganda de um excessivo consumismo patrocinado para dar uma falsa sensação de bem estar que impedisse as pessoas de olhar de frente o que se passava. Ao mesmo tempo dava-se rédea solta ao sistema financeiro que com omissão criminosa da regulação do Banco de Portugal entrou em esquemas de risco e até em burlas como os BPN, BES e BPP, por onde fundamentalmente se escoou e escoa o dinheiro que eles dizem que nós gastámos. Porque, e mais uma vez invoco a memória colectiva, os ordenados em Portugal sempre foram bastante abaixo dos padrões europeus, as assimetrias entre os mais ricos e pobres sempre foram das mais elevadas da OCDE! Que a memória não seja curta e releve quem realmente gastou e sobretudo quem ganhou demais! Mas a culpa não morre solteira, Cavaco Silva

idealizou e construiu este “regime” onde PSD, PS e a bengala CDS se foram revezando na destruição de um país e na ida a um pote onde parecia que o mel nunca mais acabava. E chegámos hoje aqui… 25 de Abril de 2015… com um governo que em poucos anos destruiu o que restava da nossa economia (temos a 4.ª pior economia do mundo… ), protegeu os bancos e aumentou exponencialmente a dívida pública portuguesa que atinge agora 130% da riqueza produzida. Impõe-se mudar este caminho, encontrar outras soluções! Esse é o desafio que se coloca hoje: a construção de uma alternativa que rompa com o descrença, com o conformismo, mobilize uma maioria social e sobretudo saiba discutir, aprofundar e apresentar aos portugueses, um plano estratégico novo para a nossa economia, relevando as nossas mais-valias e tendo como base o desenvolvimento económico, a dignificação do trabalho e do emprego (ao contrário do que muitos dizem não é a riqueza que produz trabalho mas o trabalho que produz riqueza e isso faz toda a diferença…) e a protecção a uma vida que mere-

ça ser vivida na juventude ou na velhice. Precisamos hoje em Abril, de uma transformação social profunda a todos os níveis, de uma Revolução! E citando Miguel Portas, falecido há três anos, “as revoluções não se fazem com heróis mas sim com as pessoas comuns” e numa outra frase, “nunca desisti de nada”… ! Hoje, recuperando a cidadania, precisamos dizer: “as Revoluções fazem-se com pessoas comuns que não desistem de nada”! Seja em Abril ou Setembro, num qualquer dia, de qualquer mês, de qualquer ano! Lá nos encontraremos um destes dias….! (Adaptado de uma intervenção feita numa sessão solene do 25 de Abril… que mantém hoje ainda maior actualidade…) Daniel Claro


Destaque

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Obras no parque da Cova da Faia em Muge

Madeiras arrancadas em parque de Aveiras

Valor Local

Família de Aveiras costuma frequentar o parque muitas vezes

Radiografia dos parques infantis da região:

Autarquias obrigadas a fazer obras Um pouco por toda a parte na região, deparamo-nos com um cenário de degradação dos parques infantis, ou quando não é o caso estão mal ajustados às necessidades da população infantil ou não cumprem as regras exigíveis por lei quanto à segurança, nomeadamente, a distância a que se encontram das estradas. Por este conjunto de fatores, muitas autarquias estão a ser obrigadas a mudar grande parte destes equipamentos existentes nos seus territórios. Muitos pais estão insatisfeitos e a juntar a isto o vandalismo que grassa naqueles locais. ¢ Sílvia Agostinho o concelho de Azambuja, a totalidade dos equipamentos vai ser alterada. Um dos que tem suscitado alguns comentários localiza-se na Urbanização dos Chães em Aveiras de Cima. O Valor Local conversou com alguns residentes naquele local. Paula Moreira considera que, apesar de reduzido, este parque consegue cumprir no que respeita a alguns momentos de lazer com os seus dois filhos mais

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novos. Apenas lamenta os constantes atos de vandalismo, “levados a cabo pelos rapazes mais velhos”, mas também critica os donos de cães que ao deixarem os seus animais à solta dão azo a que se encontrem “fezes num local onde brincam crianças”. Mas lamenta que o parque não seja maior, “com mais balouços”, por exemplo, até porque não consegue deslocar-se para fora de Aveiras de Cima ao fim de semana dado

não ter transporte próprio para levar as crianças. Leandro e Leonardo Moreira, os filhos de sete e seis anos de idade, também gostavam de poder usufruir de mais brincadeiras, com mais equipamentos para o efeito. “Se o parque fosse um pouco maior não se perdia nada, mas o que mais me preocupa são os atos de vandalismo”, refere o morador Luís Miguel que já teve filhos a frequentar o parque embora no seu caso até lhe seja fa-

vorável a localização, contígua ao seu prédio. José de Almeida, residente naquela urbanização, pelo contrário discorda e fez mesmo chegar à nossa redação um conjunto de documentos a comprovar o seu lamento pela opção tomada pela Câmara de Azambuja quando procedeu, há poucos anos atrás, à construção daquele parque infantil, por se encontrar numa área exígua (12/7 metros), entre dois blocos de apartamentos

que não distam mais de 15 metros entre si. José de Almeida refere que o terreno escolhido na altura deveria ter sido o que se encontra mais abaixo, junto ao bloco 7. “Assim continuamos com um pseudo parque infantil, porque a Câmara cometeu um crime de lesa propriedade e abuso de confiança ao instalar o equipamento sem consultar os moradores dos apartamentos”, refere, até porque cada morador, nas

suas contas, ao adquirir uma casa, pagou também o terreno envolvente e teria direito a uma parcela maior para área de lazer. De acordo com o presidente da Câmara de Azambuja, Luís de Sousa, o parque vai continuar, e até é um dos primeiros equipamentos do concelho a remodelar que vai contar com um padrinho que patrocinará essa obra, neste caso a CLC de Aveiras de Cima. As obras deverão arran-

DECO reforça que a nova lei não significa mais segurança o epicentro da discussão sobre o tema dos parques infantis, está a lei de 2009, considerada por vários agentes como inaplicável na maioria dos casos, e se cumprida à risca levaria ao encerramento de muitos daqueles equipamentos. O Valor Local tentou ouvir a ASAE, a entidade fiscalizadora, que não respondeu às nossas questões. A Deco pela voz de Teresa Belchior, técnica da área da Seguran-

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ça Infantil, é da opinião de que a transferência das ações de fiscalização do Instituto de Desporto de Portugal para a ASAE levou a que mesma tivesse de fazer um grande esforço para estar à altura das exigências, quando “os elementos do instituto tinham muita experiência no terreno.” A especialista aponta algumas questões na nova lei que carecem ainda de algum tipo de reformulação, e a título de exemplo salienta-

mos algumas delas, nomeadamente, no que toca à questão dos baloiços vedados: “do ponto de vista técnico, é desnecessário e pode até ser ainda mais perigoso”. “Segundo a antiga norma, os baloiços deviam ter um espaço de utilização a toda a volta, para impedir choques com outras crianças ou com o equipamento. Além disso, continua a ser obrigatório dividir os espaços para utilizadores com mais e menos de três anos.

Seccionar ainda mais o recinto não vai diminuir os acidentes, até porque podem aumentar os choques contra as vedações.” No que toca às obrigações do responsável, “estas mantêm-se, como, por exemplo, assegurar que todos os equipamentos têm as menções exigidas, fazer a manutenção do recinto e contratar um seguro”. Contudo salienta: “continua a não haver uma listagem com todos os parques do país, por

exemplo, disponível no sítio da ASAE na Internet. Tão pouco foram acauteladas medidas para obrigar os responsáveis a darem conhecimento à fiscalização antes de abrirem um parque”. Quando se fala de coimas, “cada responsável tinha 180 dias para adaptar-se às novas regras. No entanto, não há punições para quem não cumprir, o que torna a medida ineficaz. No regulamento de 1997, quando estavam em cau-

sa questões de segurança, o valor das coimas era superior, algo compreensível tendo em conta que a correta conceção, instalação e manutenção faz a diferença no tipo e gravidade dos acidentes”. Entretanto, “os montantes foram reduzidos com o argumento de que a nova lei já reforça o nível de segurança. O Governo prejudica o regulamento, ao deixar no ar a ideia de que o desrespeito traz magras consequências.”


Valor Local

Destaque

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Na Lapa parque a cerca de cinco metros da estrada

Parque da Socasa já não tem crianças

Parque infantil de Samora tem feito as delícias de todos

car em breve, já que o projeto se encontra concluído, no valor de 8 mil euros. O presidente da junta de Aveiras de Cima, António Torrão, é da opinião de que a Câmara deveria ter sugerido a remodelação do parque infantil da escola de Aveiras, maior e que abrange mais crianças, mas Luís de Sousa desvaloriza, argumentando que quis mostrar todas as hipóteses à CLC. “Não estamos em condições de exigir!”. A Câmara teve de pagar uma coima no valor de 11 mil euros à Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) relativa ao facto de o parque infantil situado junto à Nacional 3 em Azambuja não cumprir com os requisitos mínimos de 50 metros de distância impostos por lei, “apesar do gradeamento e arvo-

Atelier de Tempos Livres para crianças, em Azambuja, refere que desistiu de qualquer tentativa de proporcionar bons momentos ao ar livre aos frequentadores do seu espaço. No caso do parque da Socasa refere que prima pela “falta de segurança”, e que o pavimento se encontra “bastante danificado”. Por outro lado, na zona designada de Água Férrea, “é normal encontrar no parque dejetos animais”. Por último, e no que toca ao parque infantil situado junto à Capela de São Sebastião, e o mais antigo da freguesia, possui “apenas um escorrega e um balouço e também não se torna atrativo para as crianças”. Voltando à freguesia de Aveiras de Cima, António Torrão, presidente da junta, mostrou ao nosso jornal, um pequeno parque

vente, os parques infantis estão sob a alçada das juntas. Em Samora Correia foi construído recentemente um dos poucos parques sensoriais para crianças no país. Hélio Justino, presidente da junta, exemplifica que o espaço em causa permite “uma fruição sem limitações”, nomeadamente, às crianças possuidoras de necessidades especiais. “Permite despertar alguns estímulos nessas crianças”. O parque foi inaugurado há poucos meses. Esta obra aliada a um parque de fitness contíguo, pavimento, calçada portuguesa, e mobiliário urbano custou à junta 35 mil euros. O autarca não tem dúvidas de que valeu a pena a aposta, e apenas lamenta os atos de vandalismo que “nos deixam desanimados”. “Não baixamos os

redo que funcionavam como barreira”. Luís de Sousa adianta que, ainda, chegou a contestar mas sem efeito. Para já estará previsto converter o espaço num pequeno campo de basquete, e o novo parque será construído nas traseiras da Pousada da Juventude. Todos os parques do concelho serão remodelados, sendo que a Câmara espera aplicar os saldos de gerência de 2014 nestas obras. Ainda no que toca aos equipamentos para crianças deste tipo na sede de concelho, o Valor Local pôde testemunhar o estado de degradação de um parque infantil na zona da Socasa, Azambuja, com o pavimento quase totalmente levantado, mas Luís de Sousa refere que desconhecia o caso, mas que vai averiguar. Ana Reis, proprietária de um

numa urbanização perto do quartel da GNR que resultou de uma cedência de terrenos, que previa uma obra com outro tipo de aparência, e não o que se pode ver no local: apenas dois balouços, num local que ainda conta com uma quantidade apreciável de famílias, e que pudemos constatar encontra-se deteriorado com o arranque de alguns materiais, como tábuas levantadas, com potencial de risco para os frequentadores. Também neste caso, foi o Valor Local a informar Luís de Sousa que se comprometeu a ir verificar o caso. Vandalismo rima com parques infantis no concelho de Benavente No caso do concelho de Bena-

braços, porque a população está muito agradada”. Quanto a soluções para o vandalismo, Hélio Justino não acredita que seja com mais vigilância que os problemas se possam resolver. “Temos sofrido bastante com esse tipo de atos, só numa noite vandalizaram 23 aspersores de rega, agora faça as contas porque cada um custa 25 euros”. No que diz respeito às ações de fiscalização levadas a cabo pelas entidades competentes, refere que como os parques infantis da freguesia estão sob a alçada da junta, cabe à Câmara fazer cumprir as normas através de inspeções periódicas – “No nosso caso, tentamos obedecer aos relatórios enviados, e fazermos uma manutenção diária que por vezes choca com os equipamentos vandalizados”.


Destaque

14 Ouvimos a opinião de Helena Ferro, avó de duas crianças, que apresenta uma opinião favorável acerca do novo espaço – “Muito bonito!”. Nunca quis levar as netas ao parque existente anteriormente porque tinha areia e “não gostava”. “Este parece-me muito bom, acessível e venho quase todos os dias. Todas as crianças aproveitam bastante.” No caso da freguesia de Benavente, Pedro Santos, membro do executivo da junta, refere que o vandalismo também é o principal inimigo do bom funcionamento dos parques infantis existentes. Nos últimos tempos, este tipo de acontecimentos tem tomado proporções preocupantes para os eleitos na freguesia, que de acordo com Pedro Santos, tentam acudir em tempo útil a um ou outro balouço que vai aparecendo destruído nos diferentes parques. A junta está a planear uma série de intervenções e refere que o parque situado junto ao CRIB de Benavente já foi “intervencionado a fundo duas vezes”. “No espaço de um mês foi arranjado,

para logo a seguir ficar completamente danificado, com brinquedos completamente destruídos”. Por isso, refere que atualmente a junta pode não estar a cumprir com a legislação, “mas não por culpa nossa”. “Posso dizer que num destes dias desloquei-me a um dos parques, e vejo dentro de uma casinha existente no espaço, completamente remodelada pela junta recentemente, jovens com idades por volta dos 16 anos com navalhas a fazer buracos no chão desse pequeno equipamento”. Ainda na freguesia, Pedro Santos refere que foi remodelado também há pouco tempo o parque infantil da Quinta da Palmeira, e a próxima obra será no equipamento inserido no Parque 25 de abril, que será completamente modificado, dado que a junta quer dar cara nova ao local, através de uma intervenção que compreenderá a inclusão de mais brinquedos para crianças com deficiência, com um custo a rondar os 40 a 50 mil euros, mas que incluirá também obras em todo espaço circundante. A junta espera que a obra

fique concluída antes do fim do verão. Na urbanização da Quinta Nova, a junta prevê construir “um parque infantil para bebés” que não existe no concelho, cujo custo rondará os 15 a 18 mil euros. No que respeita à lei, entende que “se trata de um documento algo severo mas necessário, pois estamos a falar de crianças, que em princípio não se devem magoar. O nosso grande problema é de facto o vandalismo, sempre a acontecer nos equipamentos, com os mais velhos a fazerem trinta por uma linha nos brinquedos”. Apenas o parque de Foros de Charneca tem escapado aos atos de delinquência juvenil. Cartaxo: Parque Infantil da Lapa ao arrepio da lei No caso do concelho do Cartaxo, a Câmara Municipal refere que desde 2014 que está elaborado um relatório exaustivo sobre o estado de conservação dos parques infantis e as necessidades de intervenção para cumprimento das normas exigi-

das. A autarquia diz que o calendário para as intervenções tem estado a ser cumprido e compreende seis espaços. “Em 2014 estava previsto desmantelar o parque da Quinta do Brito e colocar vedações nos parques da Quinta das Pratas e da Quinta das Correias, o que foi feito. Em 2015, as intervenções vão ser mais relevantes no que se refere ao pavimento, estando previstas intervenções de maior dimensão em três parques – Quinta das Correias, Quinta das Pratas e Jardim do Valverde”, refere o município. No que se refere à nova lei, a autarquia reflete que não encara “a legislação como demasiado exigente, porque é importante haver rigor quando se trata da segurança de crianças”. “O que está em causa é que precisamos ter o tempo para encontrar os recursos necessários para cumprirmos todas as exigências”. A autarquia prevê gastar em média 15 mil euros em cada equipamento. Neste concelho, fomos alertados para o caso de um parque

Valor Local infantil inaugurado em 2013, na Lapa, e que à partida não está a cumprir com o regulamentado por lei, dado que não possui qualquer tipo de isolamento através de uma cerca ou outro meio, encontrando-se a poucos metros de distância, menos do que os exigíveis por lei, de uma estrada municipal com algum movimento automóvel. Trata-se de um pequeno parque construído em Casais da Lapa. Salvaterra de Magos: Arrancaram as obras no parque infantil da Cova Faia No caso do concelho de Salvaterra de Magos, a autarquia tem em curso um programa de requalificação dos parques infantis do concelho, para além de ter construído dois parques novos, nos dois centros escolares. Estão de momento em curso os trabalhos de recuperação do Parque Infantil da Cova da Faia em Muge. Em princípio seguirse-ão os trabalhos no Parque Infantil de Marinhais, “após o que se procederá a nova avaliação para priorizar e programar

juntamente com os senhores presidentes das juntas de freguesia, as intervenções seguintes”, diz a autarquia. Quanto à atuação da ASAE e à carga de fiscalização inerente à lei, a Câmara é da opinião de que “o elevado grau de exigência contribuirá a prazo, senão, para o encerramento dos existentes, pelo menos ajudará a evitar o aparecimento de novos.” No que respeita aos custos que a autarquia prevê despender, refere que “ainda não está inventariada a totalidade das intervenções e elas são muito diferentes de recinto para recinto, sendo fatores diferenciadores a idade e a utilização dos equipamentos, não se podendo apresentar um custo médio”. Por exemplo em Muge, “foram removidos todos os equipamentos que ali existiam, foi substituída a vedação; estão em curso os pavimentos em pavê, e as superfícies de impacto (material à base de borracha), e serão instalados novos brinquedos, e ainda o tratamento dos espaços ajardinados envolventes.”

Nove parques vão fechar no concelho de Vila Franca ste é um tema que está a suscitar forte e acesa polémica no concelho de Vila Franca de Xira, e a causar algumas fraturas entre algumas juntas de freguesia e a Câmara Municipal, que alega ter facultado verbas àquelas autarquias para procederem aos necessários arranjos nos seus parques infantis, mas que terão gasto as verbas em outras rubricas. A CDU no concelho alega que terá de ser a Câmara a

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assumir os custos dessas intervenções de maior porte, pois é a proprietária em última instância. Certo é que neste concelho dos 107 parques existentes, nove devem encerrar definitivamente porque não cumprem as regras legais e não terão condições para a sua recuperação, conforme indica um relatório dos serviços camarários. Mário Cantiga, presidente da União de Freguesias de Alhan-

dra, São João dos Montes, e Calhandriz, salienta que “não está em causa se a verba é ou não insuficiente”. “Poderão alegar que assinámos os protocolos para sermos nós a pagar os arranjos dos parques, mas no meu caso não tinha um conhecimento profundo dos parques em todas as freguesias, e não queríamos colocar em causa o documento por causa de apenas uma rubrica”, descreve, e acrescenta que as

verbas postas à disposição das juntas “eram insuficientes para colocar os parques com todas as condições”. Mário Cantiga refere neste aspeto que a lei de 2009 impõe alterações substanciais e onerosas até do ponto de vista legal, nomeadamente, em Adanaia, Calhandriz onde um parque “foi encerrado por se encontrar muito próximo de uma estrada”. No caso desta freguesia, foi aconselhada

Empresa portuguesa aposta nos materiais naturais e na areia

ara percebermos um pouco acerca da evolução, nos últimos anos, neste setor, do ponto de vista das empresas que fornecem os equipamentos, e o modo como têm lidado com as exigências legislativas ao longo dos tempos, falámos com a empresa FL Gaspar que tem procurado diversificar o seu produto junto dos potenciais clientes com aposta em materiais naturais, como troncos de árvores na execução dos brinquedos, e não abdicando da velha conhecida: areia, rejeitando os pavimentos em borracha. José Caldeira, diretor de serviços de mobiliário urbano e Paisagismo, daquela empresa, refere ao Valor Local que “a evolução do recreio começou a ser transversal a vários grupos etá-

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rios, porque as pessoas vivem cada vez mais na rua, e porque as cidades começam a ser também zonas de estar, nomeadamente, com a prática de desportos ao ar livre, e novas tendências surgem neste campo, para os mais velhos, mas também para as crianças”. “Começam a surgir parques ditos infantis temáticos e com estruturas diferentes, na ótica do playart, com troncos de árvores, por exemplo, mas também outros materiais pouco convencionais como redes e instrumentos metálicos diferentes”, enumera. O responsável refere que este caráter mais ou menos excêntrico da oferta da empresa não significa que seja mais caro, “até porque lidamos hoje com as juntas de freguesia com menos capacidade

económica e tivemos que nos adaptar também a esta realidade”. Confrontado com a questão de muitas autarquias escolherem espaços exíguos para levarem a cabo obras de implantação de parques infantis, como apresentamos nesta reportagem, desvaloriza – “por vezes podem significar um desafio”, sendo que “há que respeitar a vontade de quem quer construir, desde que haja um respeito pelas normas de segurança”. Completamente cercadas por uma profusão de mundos visuais, as crianças pedem cada vez mais que esse tipo de ambientes possam também ser recriados ao ar livre, e neste âmbito a FG Gaspar também tem estado atenta, e colabora com uma marca dina-

marquesa que fornece equipamentos para parques com características digitais.

a intervir em quatro parques, um deles em Trancoso, em “ótimas condições, mas por se encontrar junto a um parque de ginástica para adultos, a lei determina que se tenham de fechar os dois, até porque este último possui chão em tijoleira”. Remodelar alguns parques da freguesia pode custar entre cinco a seis mil euros, embora algumas intervenções sejam mais pequenas e com um valor relativamente baixo.

Sobre esta polémica, a Câmara Municipal telegraficamente responde e volta a reiterar que são da responsabilidade das juntas estes equipamentos, (à exceção dos que se localizam nos jardins e parques públicos municipais), no âmbito dos acordos de execução e contratos interadministrativos celebrados. Sendo que o levantamento efetuado sobre as condições dos parques foi entregue às Juntas de Freguesia.

“Pessoalmente não sei se será o caminho desejável, até porque o recreio deve ser ativo e não con-

templativo, na senda dos tablets”. Quanto ao uso da areia, é um acérrimo defensor, porque “há uma preferência por materiais naturais, mas também porque é mais barata, e a borracha degrada-se mais, facilmente com o nosso clima, e por último a própria areia é mais lúdica e segura”, e dá o exemplo – “Experimente por um miúdo a saltar de um metro e meio e a ter de optar entre a areia ou a borracha, não fica com muitas dúvidas, até porque conhece melhor a areia, pelas idas à praia”. A sua superfície de impacto “serve perfeitamente”. Quanto às normas legais, “preferimos usá-las de um modo criativo, mas com respeito pelas mesmas”.

Parque infantil desta empresa


Valor Local

Destaque

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Barrada no Carregado é ponto crítico osé Miguel é avô de duas crianças que costumam frequentar os parques infantis existentes na Barrada, no Carregado, Alenquer, e diz-se desgostoso com a falta de conservação dos equipamentos em causa. Zona de vandalismo por excelência, são poucas as paredes dos prédios que escapam aos que fizeram da destruição do espaço público um modo de vida. No caso dos parques infantis, a situação agudizase: pavimentos removidos; balouços partidos, e segurança é algo difícil de se sentir. Local onde residem muitas famílias, não há um espaço em condi-

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ções para que as crianças possam usufruir livremente deste tipo de oferta. “Não há nada para os pequeninos, principalmente os mais novinhos”, lamenta-se José Miguel. A proximidade em relação a um campo de futebol para os mais crescidos também não ajuda – “Caem muitas bolas para o parque e pode suceder que alguma criança se magoe, isto foi mal pensado”. Por esta ordem de razões, este avô confessa – “Quando aqui venho tenho de ter mil olhos”. José Miguel acredita que o parque já devia ter sido interditado, até o mobiliário urbano adjacente está destruído, e conta que chegou a

arranjar umas tábuas para um balouço. “As pessoas queixam-se mas as entidades, não sei se a junta ou a Câmara, fecham os olhos”. E não tem dúvidas – “A ASAE fecha os olhos a isto, os pais que trazem para aqui os filhos correm riscos”. Este residente no Carregado lamenta que em Alenquer existam parques infantis em condições, quando o Carregado continua a ser “desconsiderado”. Próximo, mas ainda na Barrada, encontra-se outro equipamento que compreende apenas um balouço junto a um parque de máquinas de ginástica, inaugurado há poucos anos, mas já alvo de van-

APSI: “A lei é ridícula” Associação para a Promoção da Segurança Infantil (APSI) também levanta algumas reservas quanto à nova lei, e desde 2009 que tem pedido a suspensão e revisão da mesma porque “certas normas não foram cumpridas” e até “limitaram a circulação das crianças” nos espaços em causa, como a vedação individual de cada balouço, “criando ainda mais riscos”, nas palavras da responsável da associação Sandra Nascimento. No caso das escolas, considera a APSI que nem sequer faz sentido a existência de uma vedação, e até quando necessária poder-se-á optar por uma barreira natural, com vegetação, “para que as crianças não estejam propriamente dentro de jaulas”; até porque nesse sentido, a lei de 2007 conseguiu um bom avanço nos espaços de recreio com equipamentos mais seguros, e o abandono dos antigos de ferro, mais potenciadores de acidentes. Hoje, “a lei em vigor é ridícula”. Sandra Nascimento tem a ideia de que “as ações de inspeção por parte das Câmaras não são levadas a cabo com a devida regularidade”, apesar de a lei ter um caráter coercivo. “Recebemos muitas vezes desabafos das câmaras quanto às dificuldades que sentem no seu cumprimento”. Mas Sandra Nascimento é da opinião de que “deveremos estar verdadeiramente preocupados com o que é essencial na segurança destes equipamentos e não fazer apenas uma espécie de check-list da lei”.

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dalismo. “Já viu que isto não tem condições nenhumas, pouco espaço, só cabem meia dúzia de crianças, nem se sabe para que serve este parque”, acrescenta José Miguel, que não tem outra solução senão levar os netos para “os parques de Alenquer e de Vila Franca”. “Não temos nada que preste”, conclui. A gestão dos parques infantis é da responsabilidade da Câmara de Alenquer, mas segundo o que pudemos apurar não estão previstas intervenções no curto prazo nos dois parques da Barrada, pese embora ser das zonas com mais população do concelho. A Câmara esclarece que definiu já um calendário de intervenções, sendo que de momento dois parques estão neste momento a sofrer obras no concelho, um deles no Carregado, mas não na zona retratada na reportagem. “A intervenção dos restantes parques está programada e será realizada mediante disponibilidade financeira.”, diz a autarquia. Recentemente foi fechado o parque infantil das Paredes, outra zona de forte densidade populacional, que a Câmara adianta se encontrar em manutenção. Quanto à lei de 2009, considera este município como sendo “extremamente exigente mas que tenta salvaguardar a segurança de me-

nores de 12 anos. E portanto, o seu espírito é perfeitamente compreensível. No entanto, obriga a um esforço financeiro acrescido para os municípios, o que numa

época de contenção não é propriamente fácil de satisfazer.” A Câmara prevê gastar entre cinco mil a 15 mil euros na requalificação de cada espaço.

José Miguel mostra balouço danificado


Opinião

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Valor Local

Virar a página rês anos de ajustamento forçado transformaram Portugal. Para melhor, dizem uns. Para pior, dizem outros. A pobreza aumentou. O desemprego (embora esteja agora, com mais ou menos sobressaltos, em rota descendente) atingiu níveis outrora considerados inimagináveis. Muitos jovens não tiveram alternativa à emigração. Boa parte dos trabalhadores do setor público e dos reformados e pensionistas ainda têm o rendimento cortado. A classe média empobreceu, graças sobretudo a uma carga fiscal historicamente elevada. Também é verdade que a economia portuguesa está agora mais equilibrada. As exportações ganharam peso. O país tem agora saldo positivo com o exterior. As

T

contas do Estado caminham para o equilíbrio. Se não fossem, aliás, os encargos com os juros da dívida existiria excedente orçamental e não défice. Portugal consegue agora financiar-se nos mercados com juros historicamente baixos. Sublinho: consegue financiar-se. Já não depende da ajuda do FMI e dos parceiros europeus. Reconquistou a independência financeira. E esse será porventura o principal ganho após o ajustamento. Tudo isto são factos. Dizer se o país está melhor ou pior depende obviamente dos olhos de quem analisa (e muito provavelmente das convicções político-partidárias). A verdade é que a alternativa ao ajustamento seria a bancarrota, com tudo o que isso implicaria a nível social. Portanto, pare-

ce-me inútil discutir se o país está melhor ou pior. Está -isso sim seguramente diferente. Não havia alternativa ao ajustamento e nunca nenhum ajustamento se fez sem dor. Importa agora virar a página e olhar para o futuro. Importa termos a certeza de que não repetiremos, enquanto país, os erros do passado recente. Termos a certeza de que não vamos necessitar de um novo ajustamento com mais sacrifícios para todos. Nesse virar de página destaco alguns aspetos que me parecem importantes. É preciso, tão depressa quanto possível, baixar os impostos para que o Estado deixe de atrofiar a economia. O processo de redução da carga fiscal para as em-

presas já se iniciou. É preciso também que os impostos baixem para as famílias, tanto ao nível do IRS como do IVA. Com realismo, não com facilitismos. Para que essa descida seja duradoura e estrutural e não uma mera operação cosmética de quem quer ganhar eleições. É preciso estimular o investimento das empresas. São elas que criam riqueza. São elas que criam emprego. Desse ponto de vista, é fundamental aproveitar o potencial dos fundos comunitários para os próximos sete anos com bons projetos. O programa Portugal 2020 (que sucede ao QREN) disponibiliza 25 mil milhões de euros, que se destinam sobretudo às empresas. É muito dinheiro. É preciso aproveitá-lo bem e não

Segredos da Justiça

A chamada “Lista de Pedófilos” Governo aprovou recentemente uma proposta de lei que altera o Código Penal para prevenir a repetição de crimes de natureza sexual contra crianças e menores. Esta alteração legislativa ainda carece de ser aprovada pela Assembleia da República e já está a ser analisada, em sede de especialidade, pela Comissão Parlamentar de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias. A proposta de lei consagra três grandes inovações, a saber: (i) a criação de uma base de dados contendo a identificação e o concelho de residência de condenados por crimes sexuais contra menores, (ii) a inibição de uma pessoa condenada por este tipo de crimes ao exercício de atividades profissionais ou voluntárias que impliquem contactos com crianças e menores e (iii) a criminalização de novas formas de abuso e de exploração sexual facilitadas pela utilização das tecno-

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logias da informação, como por exemplo o aliciamento de menor através da internet, os espetáculos pornográficos em tempo real na internet, ou o acesso, com conhecimento de causa e intencionalidade, à pornografia infantil alojada em determinados sítios da internet. Pelo manifesto impacto mediático e as dúvidas constitucionais que têm sido suscitadas quanto à criação da base de dados, que tem sido popularmente chamada de “Lista de Pedófilos”, optei por aqui descrever de forma muito sucinta esta nova medida de prevenção e minimização dos riscos da prática de infrações de natureza sexual contra crianças. Antes de mais, sublinho que esta medida não surge isolada no panorama europeu, sendo inspirada nas experiências consolidadas do Reino Unido e da França, que criaram sistemas de registo de condenados com obrigações de comunicação periódica que permi-

tem o controlo e a monitorização de deslocações ao estrangeiro e procuram prevenir o contato profissional destes condenados com crianças. Estes sistemas já foram objeto de análise pelo Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, que aceitou a natureza do registo enquanto medida preventiva da reincidência, não tendo considerado a inscrição no registo e as obrigações de comunicação como uma pena acessória aos condenados por crimes sexuais contra menores. Nos termos da proposta de lei e do seu anexo, o sistema de registo que será criado em Portugal constituirá “uma base de recolha, tratamento e conservação de elementos de identificação de pessoas condenadas por crimes contra a autodeterminação sexual e a liberdade sexual de menor”, que contém nomeadamente nome completo, residência e domicílio profissional, data de nascimento, naturalidade, número de identificação

civil, número de passaporte e referência à respetiva entidade e país emissor e número de segurança social de todos aqueles que forem condenados pela prática deste tipo de crimes. A inscrição no registo não é permanente, pois é cancelada assim que decorram os prazos que estão fixados na proposta de lei ou quando se verifique a morte do pedófilo. Assim, o tempo de permanência na base de dados depende em concreto da gravidade da condenação: por exemplo, quem for condenado até 1 ano de prisão ficará 5 anos na lista, mas se a pena aplicada for superior a 10 anos o registo na lista será de 20 anos. A informação constante da base de dados é sigilosa. Mas, obviamente, em determinadas condições é possível que certas entidades ou pessoas possam aceder àquela informação, como os magistrados judiciais e do Ministério Público (para fins de investigação

cometer erros do passado, em que, muitas vezes (demasiadas vezes mesmo...) os dinheiros da Europa foram usados em projetos inúteis que apenas serviram alguns “chico-espertos”. Neste sentido, há uma área que também me parece fundamental. Ao longo dos anos muito se tem falado na formação dos trabalhadores. E é decisiva. Porque mãode-obra qualificada potencia a atração de mais e melhor investimento. Porque são as pessoas com menos qualificações que ficam mais tempo desempregadas. Mas é preciso também apostar a sério na formação dos gestores e empresários. O Banco de Portugal e o FMI já levantaram a questão. E parece-me muito importante. Há em Portugal excelentes

Rui Veloso Editor de Economia-RTP empresários e gestores, que em contexto difícil souberam dar a volta. Mas num país onde mais de 90 por cento das empresas são micro e PME há também muitos que têm muito a aprender. E está provado que os trabalhadores portugueses se forem bem geridos são tão bons ou mesmo melhores do que quaisquer outros.

António Jorge Lopes Advogado criminal, de instrução de processos criminais, de execução de penas e de decisão sobre adoção, tutela, curatela, acolhimento familiar, apadrinhamento civil, entrega, guarda ou confiança de menores ou regulação do exercício das responsabilidades parentais), as Comissões de Proteção das Crianças e Jovens (no âmbito da prossecução dos seus fins) ou até quem exerça responsabilidades parentais sobre menor até aos 16 anos de idade. Ou seja, quem exerça responsabilidades parentais (desde logo, os pais), pode pedir o “acesso” a parte da informação que consta da “Lista de Pedófilos”, devendo para tal dirigir-se à autoridade policial da área da sua residência. Este pedido tem de ser devidamente fundamentado e alegar situação concreta que justifique um fundado receio de que determinada pessoa conste do registo por ter sido condenado por crimes contra a autodeterminação sexual e a li-

berdade sexual de menores e que tenha residência no concelho do requerente ou no concelho onde se situe o estabelecimento de ensino frequentado pelo menor. Um último apontamento de carácter pessoal. Como pai e como advogado fico muito contente com o reforço do combate à pedofilia. Como pai, por razões óbvias! O abuso sexual de crianças é das situações mais abjectas e nojentas que existem. Como advogado, porque noutra “encarnação” profissional e numa fase ainda preliminar desta alteração ao Código Penal tive oportunidade de dar o meu modesto contributo para esta nova legislação.


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Opinião

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25 de Abril

Quarenta e um anos depois oje dei por mim a reparar que o 25 de Abril é mais velho que a minha filha mais velha. E tal como faço com tantas etapas da minha vida, decidi fazer um balanço do que efectivamente mudou na sociedade portuguesa ao longo destes quarenta e um anos. Acho saudável que por vezes se façam estes exercícios de avaliação não só de nós próprios mas também da comunidade onde nos inserimos, seja ela um país, um município ou uma família. Eu diria que nestas quatro décadas, Portugal evoluiu de forma notável em três campos : no plano material e nos reflexos que essa evolução teve na qualidade de vida dos portugueses, nos direitos inerentes à democracia e no reconhecimento do papel de Portugal e dos Portugueses no Mundo. A evolução no plano material foi notória. Não há praticamente família portuguesa que não tenha toda uma bateria de electrodomésticos, carros, televisões, computadores; todo um conjunto de bens que se foram democratizando mas que no princípio da década de setenta ou ninguém tinha – caso óbvio dos computadores –

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ou eram detidos por uma minoria que a eles tinha acesso. Hoje, cerca de oitenta por cento dos portugueses têm casa própria e muitos segunda habitação. Hoje as situações de fome, embora conjunturalmente dramáticas, não são generalizadas como no tempo da ditadura. Hoje, duma maneira geral, toda a gente tem acesso à saúde, à educação, à justiça, à protecção social, a um mês de férias. E é preciso lembrálo para que a memória não seja curta e para que se não crie o ambiente que, por exemplo, permitiu qualificar Salazar como o mais distinto dos portugueses… Notória também foi a revolução ao nível dos costumes e das práticas sociais permitida pela Democracia. Podemos optar. Optar em diversas facetas da nossa humanidade : política, religiosa, sexual, profissional. Podemos discordar, protestar, militar, escolher, reunir, conspirar – coisas que, antes da restauração da democracia, a acontecerem, davam pelo menos direito `a António Maria Cardoso (sede da PIDE, onde hoje se ergue um condomínio de luxo…) ou a Caxias. É verdade, sim, jovens que não viveram esse tempo.

Protestar, reunir, discordar, davam direito a perda de emprego, exclusão social e, muitas vezes, prisão! Como Nação, importante foi também para nós o reconhecimento mundial de Portugal. Do nosso passado, como o povo que deu a conhecer novos mundos ao Mundo. Do nosso presente, como Nação que foi capaz de resistir e enfrentar várias formas de ditadura, concretas ou tentadas; como berço de tantas pessoas que nas ar-

tes, na ciência, na política internacional desempenharam ou desempenham papéis de notoriedade mundial. Do nosso futuro, como espaço de tolerância e liberdade a todos os níveis, plataforma de encontro de continentes, terra de convivência e miscigenação de raças e culturas. E ao nível das referências e dos valores? Aí, lamento dizê-lo, mas estes quarenta anos assistiram a uma queda abissal dos valores

que nos regiam e das nossas referências enquanto Nação. Perdemos a noção de qualidade e de honra, e avaliamos as pessoas e os seus actos não em função do seu valor intrínseco mas sim da sua proveniência: uma pessoa ou uma coisa é boa se é da nossa ideologia política ou religiosa, da nossa família ou do nosso círculo de amigos. Daí que a mesmíssima coisa possa ser boa ou má – depende da proveniência. Deixámo-nos progressivamente ir sendo governados por gente que desconhece em absoluto a vida real, do homem comum, porque toda a sua carreira foi política, desde as juventudes partidárias até aos partidos dos crescidos, e não sabe fazer outra coisa. Por isso temos uma classe política que se autoflagela, legalmente mal paga, subserviente e respeitadora do chefe porque se perde o “ emprego “ fica irremediavelmente desempregada. Deixámos que a intriga, o boato, a acusação anónima, o superficial, tomasse conta da nossa vida política e social. Fazemos a vida negra, por inveja, a quem sobressai da mediocridade generalizada em qualquer campo, seja ele artístico, po-

Joaquim António Ramos lítico ou empresarial. E depois ficamos muito admirados que os nossos grandes artistas, filósofos, médicos, arquitectos se estabeleçam nos países que os acarinham, que os nossos empresários se deslocalizem e que os mais capazes fujam da política como o diabo da cruz. Quem quer hoje a responsabilidade dum cargo executivo em Portugal ? Por isso eu acho que nesta dicotomia programática que se antevê para as próximas eleições e que vai opor a estafada e malfadada austeridade do PSD/CDS ao crescimento do PS, há uma terceira via que tem que constar do programa de qualquer partido como prioridade absoluta : devolver aos Portugueses os valores e as referências inerentes ao facto de sermos a Nação mais antiga da Europa. Sem isso, nada resultará!


Negócios com Valor

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Valor Local

“Agência do Cidadão” na Castanheira do Ribatejo á abriu em Castanheira do Ribatejo, Vila Franca de Xira, a nova loja da rede de promotores externos do Banco Santander Totta. Trata-se de um espaço de apoio integrado na “Agência do Cidadão” da Castanheira do Ribatejo. Este é um conceito que visa a criação de condições para que os cidadãos e empresários possam tratar de um conjunto alargado de serviços num único local. Segundo Mário Nuno Duarte, responsável do espaço, a ideia passa pela possibilidade de a “agência se tornar conhecida como um parceiro inovador, fiável, direcionado para a estabilidade do relacionamento com os potenciais clientes, possibilitando o desenvolvimento de parcerias específicas para cada negócio”. Este espaço apresenta-se amplo

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com uma área de atendimento ao público, onde, entre outros serviços, o cidadão encontra um balcão de atendimento, com pagamento de serviços e centro de cópias. Para além destas funcionalidades, o cliente tem ao seu dispor, ainda, áreas de negócio distintas, nomeadamente, a área financeira Santander Totta, a contabilidade e fiscalidade, gestão de imóveis, mediação de seguros, recrutamento de tecnologias de informação, e área de sala de reuniões. A loja Santander da Castanheira do Ribatejo tem como objetivo fomentar a captação de novos clientes para o balcão “através da oferta de uma gama diversificada de produtos, nos segmentos de particulares e negócios”, tendo em conta “o acompanhamento de proximidade e a sua fidelização”,

esclarece Mário Nuno Duarte. Neste espaço, o cidadão pode aceder à abertura de contas, cartões, poupança, crédito pessoal e crédito habitação, investimentos, seguros, imobiliário e outras soluções para particulares e empresas. Na área da fiscalidade e contabilidade, a agência do cidadão de Castanheira do Ribatejo terá também gabinete de trabalho com atendimento ao público por técnico oficial de contas. A Agência do Cidadão de Castanheira do Ribatejo disporá de um serviço de gestão de imóveis, vocacionado, sobretudo, para o mercado do arrendamento e legalização de imóveis, para os concelhos de Vila Franca de Xira, Alenquer Arruda dos Vinhos e Azambuja. Esta opção, segundo o responsável, proporcionará ar-

rendamentos habitacionais e comerciais, cobrança e atualização

de rendas, bem como o pagamento de taxas e contribuições e

certificação energética de imóveis.

Inauguração do espaço em Castanheira do Ribatejo

Visão Futura dá cartas no mercado das viagens om sede em Aveiras de Cima, concelho de Azambuja, a empresa “Visão Futura” tem vindo a dar cartas no mercado. Gerida por José Maria Conceição, e Maria Conceição, apareceu no ano de 2003. A empresa que começou por ter como área de negócio a contabilidade, acabaria por dar um salto importante no ramo das agências de viagem em 2010. Primeiro laborou através de um franchising, todavia um ano depois, em 2011, já dava os primeiros passos como “Visão Futura”, um feito que segundo José Maria Conceição, significou um grande momento de orgulho. Desde há quatro anos que a Visão Futura tem vindo a conquistar novos clientes. Na maioria são “portugueses, grande parte de fora do concelho”. Contudo José Maria Conceição desconhece as

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causas e interroga-se “Não sabemos os motivos, mas muita da população que viaja aqui na zona ainda não nos procura”. Ainda assim, os clientes “sabem com o que podem contar” quando se deslocam à Visão Futura. O gerente da empresa lembra que os destinos mais procurados “acabam por ser também os mais próximos, como Cabo Verde, Baleares, Canárias e ilhas portuguesas”, acrescentando, contudo, que a procura pelas Caraíbas, os circuitos pela Europa, e destinos menos conhecidos “têm tido lugar de destaque nos últimos tempos”. O responsável pela empresa salienta por isso que o comportamento dos portugueses quanto aos destinos de viagem está a mudar. José Maria Conceição lembra que “aquilo que é menos conhe-

cido começa a suscitar também alguma adesão” e vinca por isso que “as pessoas querem fugir da rotina mesmo nas férias e portanto tendem a procurar destinos menos massificados” Uma procura que tem sido consistente ao longo dos últimos anos. Neste caso a crise parece ter passado ao lado do setor, apesar de se registarem, por vezes, “meses mais baixos, o que é normal neste ramo”. Todavia “desde o início do ano, que a procura tem sido bastante significativa” o que na opinião de José Maria, é sintoma de que “a economia está a recuperar”. Quanto às denominadas épocas fortes, o empresário vinca que em regra “estaríamos a falar dos meses de verão, mas no nosso caso não o podemos afirmar, pois pelos nossos estudos, e desde que

estamos abertos, que a concentração da procura nunca foi cons-

tante”; e exemplifica “Desde o início do ano de 2015 que a procura

tem sido mais significativa do que em alguns meses do verão”.

José Conceição e Maria Conceição são os rostos da Visão Futura

Zoo da Vila agora também em Azambuja “Zoo da Vila” surgiu em Aveiras de Cima em abril de 2013. A empresa familiar que já se dedicava à criação de cães de raça São Bernardo, Beagles e Pinschers, sentiu “a necessidade de alargar o leque de oferta”, salienta Rui Simão que em conjunto com a esposa, Sónia Botas, partilham o gosto pelos animais. Depois do sucesso que a loja teve em Aveiras de Cima, o caminho era o do crescimento. Por isso encontra-se a funcionar desde final do mês de março um novo estabelecimento na zona do Rossio em Azambuja. No Zoo da Vila, podem ser adquiridos aves, peixes, roedores, repteis, para além, dos tradicionais cães e gatos. O obje-

O

tivo, segundo Rui Simão e Sónia Botas, consistiu em manter os mesmos produtos e a mesma qualidade para Azambuja. Contudo nem todos os animais que podem ser comprados pelo cliente se encontram em exposição nas duas lojas, mas no seu “habitat natural”, “uma vez que seria impossível termos toda a variedade que oferecemos à disposição imediata em loja ao nosso cliente”. Sendo o “Zoo da Vila” uma loja destinada aos melhores amigos do homem, dispõe de uma vasta gama de produtos “para os vários tipos de animais domésticos e de quinta”. São produtos, segundo os proprietários, das melhores

marcas nacionais, que estão no topo das preferências dos clientes. Para além destes produtos, o “Zoo da Vila” tem ainda o serviço de banhos e tosquias “com a vantagem para o cliente, de poder ir buscar o animal a casa”. Esta é no entanto uma atividade que estabelece padrões altos ao nível da segurança e bem-estar dos animais. Há normas apertadas, no que toca aos animais exóticos até porque estamos a falar de animais vivos e “existe um enorme esforço financeiro para serem respeitadas todas as necessidades básicas, manter os mesmos em boa saúde, higiene e num ambiente acolhedor”.

Rui Simão apresenta nova loja de Azambuja


Valor Local

Saúde

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Ministério da Saúde volta a prometer mais médicos para a região s representantes dos municípios de Alenquer, Arruda dos Vinhos, Azambuja, Benavente e Vila Franca de Xira, abrangidos pelo Agrupamento de Centros de Saúde Estuário do Tejo, reuniram-se mais uma vez com o ministério da Saúde, desta vez com o secretário de estado adjunto, no dia dois de abril. Em cima da mesa, a eterna questão da falta de médicos nos centros de saúde nestes concelhos, questão da qual o Valor Local fez tema de capa na edição do mês de março. No âmbito da mencionada reunião, foram colocadas ao secretário de Estado as dificuldades que existem no âmbito do ACES Estuário do Tejo, no que diz respeito à falta de médicos de família, no total de 38 médicos, correspondendo a cerca de 72 mil utentes naquela situação. Outra questão, que também foi colocada, refere-se à falta de pessoal de enfermagem, no total de 95 enfermeiros. No decurso da reunião, o secretário de Estado manifestou “sensibilidade para as preocupações apresentadas bem como disponibilidade para, a médio prazo, serem encontradas e implementadas soluções para os problemas em causa”, que têm afetado as populações dos vários municípios abrangidos pelo ACES Estuário do Tejo, tendo, a este respeito, formulado as seguintes considerações: No que concerne à ausência de médicos de família, a questão não será de índole económica, prendendo-se com a manifesta falta de médicos. Quanto à questão da falta de enfermeiros será de mais fácil resolução, considerando que em breve o assunto poderá vir a ser solucionado ou, pelo menos, minorados os seus efeitos. Em próximos concursos destinados ao recrutamento de médicos, o critério será o de colocar os mé-

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dicos em zonas de maior carência, como é o caso dos municípios abrangidos pelo ACES Estuário do Tejo. O representante do ministério da Saúde, para o efeito mostrou a disponibilidade para a análise da criação de incentivos remuneratórios. Para estimular a respetiva colocação em zonas de maior carência, pretende-se implementar uma medida consistente no acompanhamento e afetação do cônjuge do médico de família a colocar à mesma zona a que este é adstrito, caso possua vínculo jurídicolaboral com a Administração Pública, pelo que o casal ficará a exercer funções na mesma área geográfica. Referiu também que se encontra pendente de promulgação, por parte do presidente da República, um diploma legal que permitirá a contratação de médicos jubilados no âmbito do Serviço Nacional de Saúde, com a atribuição de benefícios retributivos. Foi adiantado ainda que pretende, igualmente, o ministério da Saúde continuar a contratar médicos estrangeiros com vista a atenuar e minorar as carências existentes. O Ministério da Saúde pretende igualmente analisar as condições legislativas que permitam aos Agrupamentos de Centros de Saúde maior autonomia em termos de contratação pública, e vai continuar a recorrer à contratação de empresas de prestação de serviços com vista à colocação de médicos; Por outro lado, e no sentido de minorar o problema, o secretário de Estado solicitou aos municípios representados que procedessem a contactos com as Instituições Particulares de Solidariedade Social que atuam nos respetivos territórios, no sentido de identificar médicos que prestem serviço nas mencionadas Instituições, a fim de poderem integrar o

contingente de médicos de família. A este respeito, no ponto antecedente, foi proposto ao Secretário de Estado, tendo em conta que muitos dos utentes das instituições de apoio aos idosos revelam problemas crónicos de saúde, que o Estado pudesse apoiar financeiramente essas instituições, de modo a que todas elas possam ter médicos ao seu serviço. Esta proposta permitirá alcançar os seguintes objetivos, de acordo com as partes envolventes: “por um lado, será garantida a prestação de um serviço de saúde de melhor qualidade, como algumas Instituições, na área do apoio aos cidadãos idosos, já providenciam; por outro lado, evitar-se-á que centenas de utentes recorram de forma sistemática e persistente aos centros de saúde, em ordem à realização de consultas médicas, libertando os recursos aí

existentes” Em conclusão, os municípios consideram que a reunião realizada foi importante, no sentido de que permitiu apresentar ao secre-

tário de Estado “uma caracterização das dificuldades e problemas em cada um dos municípios que integram o ACES Estuário do Tejo, ficando a expectativa de

que, em breve, as situações reportadas, em alguns casos caóticas, possam ser solucionadas ou, pelo menos, atenuadas e mitigadas”.


Acisma

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Valor Local

Arrendamento: prova da qualidade de microempresa Nova declaração e regras para entrega do pedido Através da Portaria n.º 69/2015, de 10 de março, foram definidas novas regras relativas aos meios admissíveis para a prova de que o arrendatário é uma microempresa, no âmbito da atualização da renda, decorrente das obrigações previstas no Novo Regime de Arrendamento Urbano (NRAU). Microempresa é a empresa que, independentemente da sua forma jurídica, não ultrapasse, à data do balanço, dois dos três limites seguintes: - total do balanço: 2.000.000 euros; - volume de negócios líquido: 2.000.000 euros; - número médio de empregados durante o exercício: 10. Refira-se que o conceito de microempresa relevante para os fins do

NRAU inclui hoje situações de transmissão por morte em que o sucessor exerça, há mais de três anos, profissão liberal em comum com o arrendatário. Deixou de se restringir aos casos em que se explore um estabelecimento comercial, com antes se previa. Assim, a prova de que o arrendatário é uma microempresa pode agora ser efetuada por qualquer meio legalmente admissível. As novas regras entram em vigor dia, 11 de março e alteram o diploma que rege o pedido de declaração relativa ao rendimento anual bruto corrigido do agregado familiar do arrendatário, e estabelece os procedimentos de entrega do pedido e de emissão da de-

claração. No âmbito do arrendamento para fim não habitacional, segundo o NRAU, a atualização da renda depende de iniciativa do senhorio. Na sua resposta, para limitar o valor do aumento de renda durante cinco anos, os arrendatários podem invocar a qualidade de microempresa do estabelecimento comercial aberto ao público existente no local arrendado. Com a última revisão do NRAU em 2014, a figura de microentidade foi suprimida, pelo que atualmente a prova faz-se relativamente a microempresas. (Fonte: Boletim Empresarial)

Novo modelo de ficha de aptidão para o trabalho Através da Portaria n.º 71/2015, de 10 de março, foi aprovado um novo modelo de ficha de aptidão para o trabalho, que irá substituir, a partir de 9 de abril, o modelo atualmente em uso, no âmbito do cumprimento do regime jurídico da promoção da segurança e da saúde no trabalho. O novo modelo inclui algumas novidades, das quais se destaca a inclusão de recomendações do médico do trabalho para a saúde, segurança e bem-estar do trabalhador, que receberá uma cópia. A ficha de aptidão para o trabalho passa também a integrar o estudo do posto de trabalho, por se entender que é determinante para aferir as condições reais de exposição do trabalhador a riscos profissionais e suas consequências na saúde. De acordo com o referido

regime, a ficha de aptidão revela a aptidão ou inaptidão do trabalhador para a função ou atividade de trabalho proposta ou atual e deve ser preenchida face ao resultado do exame de admissão, periódico ou ocasional efetuado ao trabalhador. Nas situações de inaptidão, se for o caso, o médico do trabalho deve indicar outras funções que o trabalhador possa desempenhar. O documento deve ser preenchido pelo médico do trabalho face ao exame de admissão, periódico, ocasional ou outro do trabalhador, sem prejuízo do regime simplificado para a prestação de cuidados de saúde primários do trabalho. Portanto, o médico do trabalho informa ainda o trabalhador do resultado da vigilância da saúde e presta, sempre que necessário, indicações

sobre a sequência desta vigilância, para além de poder estabelecer recomendações de prevenção de riscos profissionais e de promoção da saúde. Também a partir de 9 de abril o novo modelo aprovado de ficha de aptidão para o trabalho é aplicável, com as necessárias adaptações, à prestação de cuidados de saúde primários do trabalho. A ficha de aptidão para o trabalho deve ser dada a conhecer: - ao trabalhador, mediante a sua assinatura e data em que tomou conhecimento; - ao responsável do serviço de segurança e saúde no trabalho; - ao responsável pelos recursos humanos da empresa. (Fonte: Boletim Empresarial)

As novas obrigações dos senhorios AA reforma do IRS aprovada em finais de 2014, trouxe algumas alterações para os senhorios, as quais implicam mais obrigações declarativas e que estão a gerar algumas dúvidas. Vejamos o que muda. A reforma do IRS trouxe a possibilidade de os senhorios poderem deduzir mais despesas no IRS. Passam a ser dedutíveis todos os gastos necessários para a obtenção dos rendimentos prediais. No entanto, electrodomésticos, artigos de decoração e mobiliário excluem-se, tal como os encargos financeiros assumidos pelo proprietário junto do banco para pagar a casa. Além disso, passam a ser dedutíveis as obras de reparação e conservação feitas nos dois anos anteriores ao início do arrendamento e desde que o prédio não tenha sido utilizado para outros fins. Esta medida tem efeitos na declaração a entregar no próximo ano. Os senhorios passaram a poder optar pelo englobamento ou por aplicar aos rendimentos ganhos com os prédios arrendados uma taxa de tributação autónoma de 28%. Cada caso é um caso, mas regra geral, a taxa de tributação autónoma é vantajosa para os

proprietários com rendimentos mais altos (cuja taxa de IRS é superior a 28%). Se o contribuinte optar pela tributação autónoma, aos rendimentos ganhos serão deduzidas as despesas suportadas e será então aplicada a taxa de 28%. Por exemplo, se o proprietário receber 20 mil euros por ano de rendimentos prediais e tiver gasto oito mil euros com a casa, aplicam-se os 28% aos 12 mil euros. Logo, o IRS a pagar será de 3.360 euros. Já se a opção for o englobamento, os rendimentos prediais serão somados aos rendimentos de trabalho dependente ou pensões. Note-se que até aqui quem optasse pelo englobamento teria de somar também os outros rendimentos (capitais, maisvalias, etc.). Contudo, a reforma do IRS que terá efeitos práticos em 2016 alterou esta norma e os contribuintes podem agora escolher os rendimentos a englobar. Na declaração de IRS deste ano, relativa aos rendimentos de 2014, os senhorios podem optar, ou não, por englobar, os rendimentos sem terem de pedir aos bancos a declaração de retenções na fonte, os depósitos ou outras aplicações que possuam. A situação gerou confusão no ano passado, porque o prazo para pedir a declaração era 31 de Janeiro e poucos se aperceberam. Estes contribuintes tiveram então de escolher a tributação autónoma. Os proprietários com casas arrendadas passaram a ter de entregar ao Fisco através do Portal das Finanças uma declaração com o montante das rendas recebidas este ano. Mas este documento só têm de ser entregue em 2016, até 31 de Janeiro. A declaração será entregue com a informação sobre os valores anuais recebidos, individualizados com a identificação do imóvel e o número de contribuinte dos inquilinos. É através desta informação que o Fisco terá acesso aos valores que os inquilinos vão depois poder deduzir quando preencherem a sua declaração de IRS. E caso os montantes não sejam comunicados às Finanças pelos senhorios, terão de ser os arrendatários a fazê-lo sob pena de não terem depois direito à dedução das despesas com a casa. Os senhorios podem considerar os rendimentos prediais como rendimentos de categoria B (trabalho independente), mesmo que tenham rendimentos de trabalho por conta de outrem, de pensões ou outra actividade como trabalhadores independentes. No entanto, alerta-se para o facto de esta possibilidade gerar ainda alguma confusão, já que a forma de apurar o rendimento não será a da categoria B - como é feito para a contabilidade organizada ou regime simplificado), mas para a categoria dos rendimentos prediais (da categoria F). (Fonte: Boletim Empresarial)

De 28 de Maio a 1 de Junho, integrada na Feira de Maio/2015, vai realizar-se a Mostra de Actividades Económicas. Esta Mostra está aberta a todas as empresas da região que poderão inscrever-se e conhecer as normas de participação no site www.acisma.org


Valor Local

Política

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Sonho da Câmara de Azambuja de aplicar quase 2 milhões em obra em risco oposição na Câmara de Azambuja não acredita que o executivo consiga fazer uso do 1 milhão e 900 mil euros de saldos de gerência de 2014 para aplicar em obra ao serviço do município. Esta verba com a qual Luís de Sousa está a contar serviria para entre outros fazer as obras das piscinas, parques infantis, reparação de estradas, e apoio às coletividades, mas a dívida da EMIA pode causar uma grande reviravolta já que há três milhões 591 mil euros negativos nos resultados transitados que impossibilitarão o desbloqueamento à partida da primeira verba, isto de acordo com a oposição. Em causa está então a integração dos ativos e passivos da EMIA, que não entrou em 2013 (altura da sua extinção) nem em 2014 mas que entrará nas contas em 2015. O vereador António Jorge Lopes, da Coligação pelo Futuro da Nossa Terra, traçou um quadro negro das contas

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apresentadas, ao salientar que os empréstimos aumentaram, bem como o passivo; e a autonomia financeira diminuiu. “Isto é um conjunto de trapalhadas”, disse. Na resposta, o presidente da autarquia, Luís de Sousa, apenas referiu: “Não me espanta o que diz, admirava-me é que dissesse bem”. David Mendes da CDU também manifestou as suas reservas perante o documento. “Vou votar contra porque do ponto de vista ético não concordo com o apresentado.” Os técnicos da autarquia não conseguiram adiantar se o saldo de gerência servirá para pagar dívida a bancos ou fornecedores, ou na melhor das hipóteses para investimento, até porque receberam informação do POCAL para rever as contas. Contudo referiram que a dívida da EMIA se trata de uma questão patrimonial e económica que “não deverá interferir com os saldos de gerência”.

Foi ainda referido que a Câmara está a acautelar 17 mil euros tendo em conta os processos judiciais em que está envolvida e a

possibilidade de ter de pagar indemnizações, recorde-se que alguns deles estão relacionados com a “Águas do Oeste”.

O documento foi votado favoravelmente com os votos contra de toda a oposição. Continuou no ar a dúvida quanto à possibilidade

de uso da verba de quase 2 milhões em prol da população ou não.

Eleitos votaram as contas

Protocolo entre Poisada do Campino e Câmara Azambuja para a Feira de Maio suscita dúvidas Câmara de Azambuja e a Poisada do Campino assinaram um protocolo que prevê que a organização da Feira de Maio passe por aquela associação, apesar de a Câmara continuar a financiar e a fornecer os meios humanos e materiais. Tal documento suscitou dúvidas por parte da oposição numa das últimas reuniões de Câmara. Jorge Lopes da Coligação Pelo Futuro da Nossa Terra questionou o enquadramento legal da Poisada quanto a pareceres a emitir para os concursos e demais procedimentos inerentes a alguns eventos da feira. A maioria PS referiu que esse parecer não terá carácter vinculativo, cabendo à Câmara a últi-

A

ma palavra, e que serão os próprios funcionários da autarquia a assegurarem algumas atividades. O vice-presidente, Silvino Lúcio, respondeu logo - “Quem manda (neste caso a autarquia) é quem paga”, perante algumas dúvidas dos eleitos da oposição quanto a saberem qual das entidades passaria de facto a dar a última palavra na Feira de Maio, se a Câmara ou a Poisada. O presidente da Câmara, Luís de Sousa, referiu que este protocolo se tratará de uma experiência. Certo é que até uma das dirigentes do Centro Hípico compareceu na reunião de Câmara, numa tentativa de defender a sua dama, para questionar se a Poisada também ficaria com a

organização de provas equestres já que tal também estava escrito no protocolo. Em plena reunião de Câmara, Luís de Sousa emendou e referiu que se tratam apenas de atividades de campinagem, numa tentativa de não ferir suscetibilidades. A dada altura e com tantas alterações ao protocolo, e face ao esvaziar notório da preponderância da Poisada neste documento, David Mendes da CDU até questionou - “Mas afinal o que é que a Poisada do Campino vai fazer na feira?”. Ao mesmo tempo Jorge Lopes não deixou que a proposta fosse votada enquanto não fossem efetuadas várias correções, nomeadamente, a salvaguarda de que a Câmara não

tem de pagar qualquer verba à Poisada se em anos vindouros não continuar a cooperar com a

mesma. Contudo a Câmara não deixou que a coligação introduzisse a cláusula quanto à reno-

vação automática do protocolo. No final, o mesmo foi aprovado por unanimidade.

Poisada do Campino na organização da Feira de Maio

Sessão Solene do 25 de abril em Azambuja descentralizada para Aveiras de Cima nos 41 anos da efeméride A iniciativa foi do presidente da Assembleia Municipal, que quis com esta mudança dar um novo impulso aquela reunião que tem muito significado A sessão solene do 25 de Abril em Azambuja vai, este ano, decorrer em Aveiras de Cimas. António José Matos, presidente da Assembleia Municipal (AM), destaca a importância desta iniciativa, tendo em conta que a descentralização se faz pela primeira vez

em 41 anos de democracia. Com este acção, o presidente da AM, acredita que o evento vai voltar a ter “um incremento qualitativo não só pela mudança” mas porque “vamos deixar de estar a falar apenas uns para os outros”. Matos acha que este tipo de comemorações com esta simbologia não se perderão, mas “estão a captar cada vez menos o interesse das pessoas e penso que não podemos deixar que

isso aconteça”. “Quem nasceu em democracia pensa que foi sempre assim e que não é possível um regresso ao passado ou a algo pior, temos o dever de alertar constantemente as pessoas para o facto de a democracia ser um edifício em constante mutação e que nunca está acabado. No dia em que pensarem que está findo esse edifício da democracia, aí sim este tipo de ações perde-se, porque se perdeu a democracia”,

refere. Segundo António José Matos, o critério utilizado com a opção pela Casa do Povo de Aveiras de Cima “deveu-se ao facto de Aveiras ser a segunda freguesia com mais população”. “Logo na primeira conversa, obtivémos um excelente acolhimento da parte do meu amigo e presidente de junta de Aveiras de Cima António Torrão. Claro que como anfitrião serão dele as primeiras palavras”.

Para além das palavras do anfitrião, a sessão solene contará com a participação da Banda Filarmónica de Aveiras de Cima, que abrirá e encerrará os trabalhos com musicas alusivas ao 25 de Abril. Já o presidente da Junta de Aveiras de Cima, ao Valor Local, destacou a importância desta descentralização. O autarca congratulou-se com a escolha da sua freguesia, e diz esperar que com

esta descentralização, a sessão solene mais simbólica do ano, possa ser revitalizada “e não ser apenas uma pessoa a falar e seis a ouvir, esperemos que sejam muitas mais”. O presidente da junta salienta que ao fim de “41 anos achamos que esta é a altura certa para levar a sessão solene a outras freguesas” salientando igualmente que tal traz mais credibilidade à própria iniciativa.


Personalidades

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Valor Local

Cavaleiro azambujense vai tentar feito raro na América ¢ Miguel A. Rodrigues cavaleiro azambujense Paulo Jorge Ferreira está a comemorar dez anos de carreira nos Estados Unidos da América, no estado da Califórnia. Nesse sentido, já anunciou uma corrida, apenas com intervenientes portugueses para o próximo dia seis de junho. Ao Valor Local, Paulo Jorge Ferreira salienta que vai tourear pela primeira vez na sua carreira e na história da tauromaquia da Califórnia “seis toiros em solitário”. Tratou-se de um desafio lançado pelo seu apoderado, e aceite de imediato, até porque considera que este é o momento certo para o fazer. Todavia, e embora reconheça a importância do desafio, Paulo Jorge Ferreira, lamenta que tal corrida “seja tão longe” da sua “querida Azambuja”; tornando impossível que todos os seus amigos, familiares e aficionados possam assistir a esse momento. Paulo Jorge Ferreira vai tourear sozinho seis toiros da ganadaria Hilmar. Nesta corrida, atuarão os Forcados do Aposento do Barrete Verde de Alcochete e os Amadores de Turlock. Abrilhanta a corrida marcada para as 8 da noite, hora local, a Filarmónica Açoria-

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na. Paulo Jorge Ferreira faz de resto um balanço positivo destes dez anos de carreira nos EUA. O cavaleiro considera que tanto a nível pessoal como profissional as sua carreira tem sido feliz: “Continuo a ser o cavaleiro que mais toureia, sou o toureiro que, na história, mais corridas realizou nos Estados Unidos. Consegui construir uma quadra com muita qualidade. Também consegui entrar no mercado do Dressage onde nem esperava chegar tão longe em tão pouco tempo.” A aventura começou há 10 anos atrás Mas nem tudo foi fácil aquando da sua chegada aos EUA. Paulo Jorge Ferreira tinha 22 anos “não conhecia ninguém, não sabia para onde vinha, ou o que encontraria, mas sabia que vinha para casa de pessoas sérias que acima de tudo me tratariam sempre bem”. Todavia, Paulo Jorge Ferreira teve dificuldades em se habituar à comida, já que trazia de Portugal o hábito dos cozinhados da mãe e a juntar a isto a barreira linguística também foi difícil de ultrapassar

inicialmente. “Quando cheguei não falava Inglês, sendo que a distância da família e dos amigos tornou tudo muito mais difícil. Tão difícil que ao fim de 10 anos ainda não consigo deixar de ter saudades das pessoas que comigo cresceram; que comigo brincavam e que me apoiavam quando não tinha nada; ou até mesmo quando andava triste e desanimado. Essas nunca mais esquecerei na minha vida pois estiveram sempre ao meu lado nos meus momentos mais difíceis.” O cavaleiro lembra que arranjou coragem para emigrar porque “queria vencer na vida, fazendo aquilo que mais adoro, e que com tanto esforço e sacrifício consegui alcançar”. Ainda assim recorda que as coisas nem sempre foram fáceis, principalmente antes de abandonar o país - “Na altura fazia cerca de cerca de 35 corridas em Espanha, e outras 8 a 10 em Portugal. No final do ano, tinha perto de três mil euros no banco “e isto porque os meus pais pagavam ferrações e a comida dos cavalos, porque se assim não fosse, não chegava nem para o começo. Queria pro-

var a mim mesmo que agarraria a próxima oportunidade e que venceria, e assim foi”, recorda-se. O cavaleiro lembra Manuel Jorge de Oliveira a quem chama de “mestre” que sempre o apoiou; e que nas suas palavras, o fez ver a realidade. O cavaleiro destaca que o antigo cavaleiro sempre o terá alertado para as dificuldades da profissão. “Hoje reconheço que foi muitíssimo importante”. Paulo Jorge Ferreira diz que não teve um começo fácil de carreira, recorda que chegou a dormir no camião dos cavalos, a comer os cozinhados que a mãe enviava para os cerca de sete dias que passava em Espanha, e a tentar “esticar” o que auferia para que sobrasse o máximo de dinheiro possível para levar para casa. Paulo Jorge Ferreira vinca que a Califórnia se revelou uma terra excelente para apostar na sua carreira. “ Lido com pessoas muito sérias. Quase que não precisamos de fazer contratos escritos, não há nada mais sério do que a palavra. Não falham em nada naquilo que se comprometem”. Nesta altura já existem cerca de 20 ganadarias, com cinco grupos de forcados e em média realizam-se vinte corridas por ano. Paulo Jorge Ferreira destaca que a maioria dos espetadores nos EUA são portugueses oriundos de todas as ilhas dos Açores. “São pessoas que passaram dificuldades; que foram à procura de uma vida melhor e que trouxeram as

Já leva 10 anos de carreira na Califórnia suas e as nossas tradições que implantaram num país sem tradições taurinas”. O sonho de se estrear na arena de Azambuja Mais uma vez o cavaleiro azambujense não vai estar em Azambuja por altura da Feira de Maio. Aliás Paulo Jorge Ferreira ainda não conhece a praça de toiros Ortigão Costa, mas refere que foi de novo convidado por António José

Matos a estar presente na corrida de toiros à portuguesa realizada no domingo de feira. “Adoraria estar presente. Mas com tempo e com Deus o dia chegará e nessa altura será uma alegria enorme poder voltar a tourear para todos aqueles que tanto me deram carinho, força de vontade e muitas alegrias – o povo da minha terra”, salienta Paulo Jorge Ferreira que garante que a sua primeira corrida quando regressar a Portugal será na praça de Azambuja.

Paulo Jorge Ferreira vai tourerar sozinho seis touros


Valor Local Retratos da Nossa Terra

Instantâneos

Agarrem-me se não eu fujo Muito inquietos os bancos de jardim que estão em frente à sede da Junta de Freguesia de Olhalvo, tiveram de ficar “presos” preventivamente. Segundo apuramos, os ditos bancos de vez em quando vão “dar uma volta” fazendo muita falta aos fregueses. Vai daí, não houve outro remédio se não agarrá-los a cadeado, impedindo as suas “voltinhas” pela freguesia.

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Terra Velhinha Bombeiros Voluntários de Azambuja Procissão anos 40-50

Foto de João José Elias Santos publicada por António José Soares, 7/3/15 Segundo António José Soares “Bombeiros Voluntários de Azambuja, numa procissão Sr. Jesus dos Passos, anos 40-50, foto cedida por João José Elias Santos (Chegadinho).”

Ninguém escapa às multas em Alenquer Em Alenquer ninguém está acima da lei. A prova disso são as multas que têm surpreendido quem visita a vila presépio. Com o pagamento do estacionamento suspenso durante muito tempo, os alenquerenses e forasteiros já se tinham habituado a estacionar à borla e em qualquer lado. Mas de repente a autarquia mudou a estratégia e todos os automóveis estacionados sem pagar, levam uma recordação para casa. Neste caso nem os jornalistas escaparam, como demonstra o veículo da representante da agência Lusa “brindado” com um testamento. Todavia, o “atrevimento” da autarquia já foi minimizado. Os jornalistas que tratem de assuntos na câmara estão isentos do pagamento de estacionamento desde esta altura. Os outros munícipes, não!

Márinho da Boina no Largo do Rossio

Foto de António Ribeiro e publicação por António Ribeiro, 15/3/15 Segundo António Ribeiro “Anos alguns...e o Largo do Rossio... local de eleição para a fotografia. O Rossio que muitos já não lembram e o Marinho de boina o ícone da juventude. Há uma semana passei por ele junto ao Valverde. Bem-disposto, não apresentando que se encontra a caminhos de noventa quatro anos. Votos que continue por cá muito tempo.” Segundo Jorge Miranda “Ah grande Marinho Cacete.”

Vandalismo à solta no Cartaxo O estado da urbanização que era para nascer nas imediações do Parque de Santa Eulália no Cartaxo chegou a um estado tal, que até as caixas destinadas às futuras instalações elétricas foram vandalizadas. A degradação do espaço é evidente e para isso muito contribuíu uma obra que praticamente não arrancou.

Águas da Azambuja na Ávinho O tema das águas está sempre presente no concelho de Azambuja, e nem mesmo num certame dedicado ao vinho, as “águas” deixaram de dar um ar de sua graça, como o prova este cartaz, como se o protagonismo que tiveram no último ano já não tivesse sido mais do que suficiente.

Ficha técnica: Valor Local jornal de informação regional Administração: Quinta da Mina 2050-273 Azam-

buja Redação: Travessa da Rainha, 6, Azambuja Telefones: 263 048 895 - 96 197 13 23 Correio eletrónico: valorlocal@valorlocal.pt Site: www.valorlocal.pt Propriedade e editor: Associação Comércio e Indústria do Município de Azambuja (ACISMA); Quinta da Mina 2050-273 Azambuja. NIPC 502 648 724 Diretor: Miguel António Rodrigues CP 3351- miguelrodrigues@valorlocal.pt Colaboradores: Sílvia Agostinho CO-1198 silvia-agostinho@valorlocal.pt, Vera Galamba CP 6781, José Machado Pereira, Daniel Claro, Rui Alves Veloso, Augusto Moita, Nuno Filipe Vicente multimedia@valorlocal.pt, Laura Costa lauracosta@valorlocal.pt Fotografia: José Júlio Cachado Publicidade: Eduardo Jorge Correio eletrónico: eduardojorge@valorlocal.pt Telefone: 932 446 322 Serviços administrativos: ACISMA N.º de Registo ERC: 126362 Depósito legal: 359672/13 Impressão: Gráfica do Minho, Rua Cidade do Porto –Complexo Industrial Grunding, bloco 5, fracção D, 4710-306 Braga Tiragem média: 5000 exemplares

Família no Pavilhão da Caridade

Foto de António José Soares e publicação por António José Soares, 16/3/15 Segundo António José Soares “A Família a provar os sabores de Azambuja, no velho Pavilhão da Caridade.” Segundo Isabel Mota “ Linda esta Foto.” Segundo Isabel Ancião “Que saudades desse tempo.” Segundo João Benavente “Grandes Amigos, que saudades, descansem em paz.” Segundo Filomena Matos “ Recordar é viver.”


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