Jornal valor Local Edição Abril 2023

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Valor Local

Casas para arrendar a preços loucos na região

Moradores de Vila Nova da Rainha arregaçam as mangas contra traçado do TGV

Moradores de Vila Nova da Rainha arregaçam as mangas contra traçado do TGV

Almoçar na cantina passou a ser cool em Benavente

Regional • Periodicidade Mensal • Director: Miguel António
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2023 •
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Rodrigues • Edição nº
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Destaque da 16 à 21
25 Abril na 24
Empresas de refeições foram dispensadas e mais alunos comem agora na escola Sociedade na 9 Sociedade
na 10 Mulheres na vida autárquica As janelas que Abril abriu
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Luís Montenegro compara estado da saúde em Azambuja ao dos concelhos do interior profundo do país

Olíder do PSD, Luís Montenegro, dedicou, esta última quarta-feira, à saúde na região de Lisboa. O responsável, visitou os centros de saúde de Azambuja e de Vila Franca de Xira e o hospital Beatriz Ângelo em Loures. Em Azambuja, Montenegro, visitou também a Cerci Flor da Vida, que aguarda uma resposta por parte da ARS de Lisboa e Vale do Tejo para a contratação de médicos.

Em declarações ao Valor Local, o líder do PSD sublinhou a qualidade de instalações do centro de saúde de Azambuja, enquanto lamentou a falta de utilização das mesmas.

No final da visita, Montenegro, afirmou-se “muito preocupado” depois da reunião que teve com os responsáveis do centro de saúde de Azambuja. “Comprovámos que é uma daquelas zonas do país, e infelizmente são muitas, que sofre de uma forma muito profunda com a inexistência de médicos de família que o governo prometeu para

todos os portugueses”.

O líder dos social democratas enfatizou ainda mais a sua preocupação, ao constatar que “88 por cento das pessoas do concelho não têm médico de família atribuído”, fazendo com que “tenham de recorrer ao setor privado ou social”. Para Luís Montenegro “é possível resolver este problema” e defende uma complementaridade “entre o setor social e privado no serviço público que é prestado aos cidadãos nos cuidados de saúde primários”, e acrescenta que tem esperança de que também em Azambuja seja implementado o projeto bata branca que anunciou há cerca de um ano como um caminho viável, “e com a colaboração das IPSS para dar médico de família a quem não o tem”.

O líder do PSD enfatizou a qualidade das instalações que contrasta com a sua falta de utilização “o que é naturalmente alvo de grande perplexidade”. “Temos o essencial, que é o espaço físico, precisamos agora de recursos humanos”.

Também Montenegro defende a

utilização de incentivos “que possam trazer os médicos”. “Estamos a falar de uma localidade que fica a menos de 50 quilómetros de Lisboa”, e acrescenta que tem verificado este tipo de situações “no interior mais profundo de Portugal, e ver um quadro semelhante tão perto da capital do país, é um sinal de que que o problema é estrutural e afeta toda a população”.

Luís Montenegro, que visitou também a Cerci Flor da Vida, destacou o trabalho de recuperação financeira ali efetuado. O responsável destacou o novo projeto do Complexo Social e de Saúde que se encontra em curso como positivo. “Só posso dar uma palavra de reconhecimento e alento aos seus dirigentes pelo trabalho que estão a fazer e que querem implementar”.

Rui Corça, vereador do PSD na Câmara de Azambuja e presidente da concelhia laranja, destacou a vinda do líder nacional como positiva. Rui Corça salientou que ambas as reuniões com os responsáveis do Centro de Saúde e da

CERCI foram importantes, tendo em conta que assim “conseguiu-se um contacto direto com os nossos problemas e com a incapacidade que o nosso Estado tem de os resolver”, e por isso “estamos convictos que esta visita possa colocar os nossos problemas mais uma vez na agenda”.

José Manuel Franco, presidente do Conselho de administração da CERCI, agradeceu a visita de Montenegro, a quem terá exposto

algumas das dificuldades que a IPSS tem enfrentado. Desde logo o protocolo ainda não assinado para a contratação de médicos.

José Manuel Franco refere, ao Valor Local, que ainda não teve qualquer contacto por parte da ARS para que o protocolo seja colocado em prática. O responsável lamenta a ausência de resposta e salienta que a CERCI está ainda disponível para contratar médicos para que as populações possam ter acesso

à saúde no concelho. José Manuel Franco salienta que tudo está ainda em jogo, e embora se recuse a atirar a toalha ao chão, diz que a última informação que tem é que os médicos contratados pela IPSS para prestar serviço ainda estão disponíveis, ainda assim, vinca que embora a CERCI possa avançar já amanhã, também a instituição poderá mudar de ideias, e fala num desrespeito por parte da ARS, nesta ausência de resposta.

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Miguel António Rodrigues Montenegro incluiu Azambuja no seu périplo pelo distrito de Lisboa

Passeio Ribeirinho da Póvoa de Santa Iria

chega ao Parque das Nações em Junho

Oconcelho de Vila Franca de Xira deverá ficar ligado ao concelho de Loures, na zona do Parque das Nações, já em junho. Esta é uma velha aspiração de Vila Franca, desde a altura em que foi construído o primeiro troço do passeio ribeirinho que ligava Vila Franca a Alhandra. Com a vitória do PS na câmara de Loures, os entendimentos entre as autarquias agilizaram-se e as obras no troço que está a ser desenvolvido no concelho vizinho estão agora a correr a bom ritmo. Em junho o passeio ribeirinho da Póvoa chega ao Parque das Nações em Lisboa.

Já em 2021, Fernando Paulo Ferreira, à época candidato à Câmara, exortou o na altura candidato socialista a Loures, para levar a cabo este projeto, algo que veio a acontecer agora e mesmo em véspera das Jornadas Mundiais da Juventude que decorrem naquela zona fronteiriça, entre os municípios de Lisboa, Loures e Vila Franca de Xira. Com as obras a decorrer, e em reunião de Câmara, Vítor Silva da Coligação Nova Geração, questionou o presidente da Câmara sobre os materiais a utilizar pela

autarquia vizinha de Loures. Para Vítor Silva, a obra é importante, mas importa igualmente harmonizar os detalhes para que a passagem de um município para o outro, seja feita sem grandes alterações no projeto inicial e claro na paisagem.

Fernando Paulo Ferreira explicou

que da parte do município vizinho “houve um cuidado no desenho do seu caminho, e o respetivo encaixe no percurso de Vila Franca”. O autarca referiu ainda que os projetos não são exatamente iguais, “porque apesar de tudo a margem ribeirinha tem diferenças, e tiveram de encontrar ou-

tras soluções construtivas para esse caminho”. De acordo com o presidente da Câmara de Vila Franca, o município de Loures teve dificuldades no percurso paralelo ao IC2. Tal fez com que em parte o passeio do lado de Loures passasse por cima do rio Tejo, e como tal obrigou a outras solu-

ções e claro outros materiais. Ainda assim, o autarca vilafranquense garante que “não é uma continuação arquitetónica do que já existe, porque os tempos de construção são diferentes”, mas garante: “Estão absolutamente compatibilizados os percursos para que fiquemos ligados a Lisboa, que era uma ambição muito antiga”, remetendo para junho a ligação ao Parque das Nações “em caminho pedonal e ciclável”. Esta é uma aspiração antiga, mas ainda existem alguns projetos importantes como a união de toda a frente ribeirinha do concelho. Para já, vai avançar a ligação entre Alverca e Póvoa de Santa Iria.

Vala do Carregado pode ser próximo passo

Neste projeto de ligação da frente ribeirinha do Tejo, existe também um estudo para a ligação da frente ribeirinha entre Vila Franca, Castanheira do Ribatejo e Vala do Carregado. Contudo, e embora referenciado pelos autarcas, nomeadamente Alberto Mesquita, anterior presidente da Câmara de Vila Franca, e Pedro Folgado, atual presidente da Camara de

Hospital de Vila Franca de Xira continua a ser procurado por grávidas fora da área de influência

Cerca de 25 por cento dos partos realizados no Hospital de Vila franca de Xira são de parturientes de fora da área de influência daquela unidade de saúde. A informação foi avançada pelo Hospital de Vila Franca de Xira ao jornal Valor Local, tendo em consideração a última reunião do executivo do município de Vila Franca.

Na resposta a uma questão levantada pela oposição, e tendo em conta a recente reunião entre os

autarcas e o ministro da saúde, o presidente da Câmara elogiou o desempenho daquela unidade hospitalar, referindo mesmo que é procurada por muitas parturientes de fora do concelho o que “atesta a sua qualidade”.

Nesta reunião, onde ficou decidida uma auditoria ao funcionamento dos Centros de Saúde do concelho de Vila Franca de Xira, Fernando Paulo Ferreira, alertou o ministro para a qualidade do serviço nas urgências obstétricas e

Novo circuito pedonal junto ao Mercado da Merceana agrada à população

pediátricas e que, portanto, na sua opinião não fará sentido existir uma redução do funcionamento nestes serviços. O autarca salientou que por dificuldade de atendimento dos centros de saúde, “as pessoas vão ao hospital que serve a área da sua residência” como é o caso de Vila Franca. Nesse sentido, o autarca revela agora a necessidade de garantir “o regular funcionamento das urgências obstétricas e pediátricas, tanto mais que a maternidade do

Aobra decorrente do Orçamento Participativo de 2015 «Percorrendo o Mercado da Merceana - Requalificação do espaço do mercado da Merceana e circuito pedonal» e a obra municipal «Ligação Pedonal Periurbana do passo da Merceana», situadas na localidade de Merceana foram inauguradas no passado dia 25 de março.

A ligação pedonal periurbana do passo da Merceana amplia a rede pedonal da Merceana, fazendo a ligação entre o centro da localidade e a Santa Casa da Misericórdia e zona comercial adjacente. Esta obra aconteceu no seguimento das obras de requalificação da Estrada Nacional 9 que incluíram este troço, e foi assumida pelo município de Alenquer. Já a outra obra contempla equipamentos de ginástica e uma ciclovia tendo em vista a prática da atividade física. A população ouvida pelo Valor Local apreciou a obra, pese embora o intervalo de tempo que demorou a colocar de pé devido a questões de ordem logística e do próprio concurso da obra

hospital de Vila Franca de Xira “tem funcionado sempre com grande qualidade e atratividade” pese embora a falta de médicos em várias outras especialidades. Nos últimos três anos, o número de grávidas não oriundas dos cinco concelhos a procurar a unidade rondou os 25 a 30 por cento para dar à luz. No ano de 2020, ainda durante a parceria públicoprivada, e ano de pandemia, foram registados 1912 partos, sendo 1551 realizados a parturientes

Alenquer, este é um projeto que ainda não saiu do papel, pois, segundo apurou o Valor Local, ainda nem sequer tem uma candidatura feita para fundos comunitários.

Contatado pelo Valor Local, o presidente da Câmara de Alenquer, Pedro Folgado confirmou que já existiram conversações com o atual presidente da Câmara de Vila Franca, Fernando Paulo Ferreira.

Ambos os municípios pretendem intervencionar a zona ribeirinha entre concelhos e nesse sentido já estão a tomar diligências. Houve uma primeira reunião com a ministra da Coesão e com o ministro do Ambiente, sendo que este último remeteu para a Agência Portuguesa do Ambiente este projeto.

Os autarcas procuram agora financiamento, que poderá ser através da APA, que segundo Pedro Folgado, não terá fechado as portas. O autarca revelou ao Valor Local a existência de um estudo prévio para a requalificação desta zona do Tejo. No futuro, este é um projeto que se pode estender a Cascais e a Azambuja.

da área de influência do Hospital, e 361 correspondentes a grávidas fora da sua área de influência.

Já em 2021, ano em que o hospital regressou ao modelo de entidade pública empresarial a meio daquele ano, os serviços do hospital, registaram 1573 partos, sendo que 1331 foram realizados a parturientes da área de influência do hospital e 242 partos realizados a grávidas fora da área. No ano passado, 2022 existiram no total 1654 partos. 1348 foram

com parturientes da área de influência, 306 partos foram realizados a grávidas fora da área de influência.

Nos primeiros três meses deste ano, os serviços do hospital já fizeram 355 partos, 290 partos realizados a grávidas residentes na área de influência, e 65 realizados a grávidas de fora da área de influência, ou seja externas aos concelhos de Azambuja, Alenquer, Arruda dos Vinhos, Benavente e Vila Franca de Xira.

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A ligação ao Parque das Nações era uma ambição antiga

Kempo de Aveiras de Cima forma atletas há 13 anos

D esde 2010 que a Casa do Povo de Aveiras de Cima tem a arte marcial do Kempo nas suas instalações. A modalidade tem conhecido bons resultados nas diversas faixas etárias entre os 6 e os 17 anos quer a nível regional, quer nacional, em que se incluem alguns resultados em taças de Portugal. Praticam a modalidade cerca de 20 jovens. É uma modalidade “que forma o carácter e a responsabilidade”, salienta a Sifu (mestre) Mariana Santos.

Afonso Martins, 16 anos, está há oito anos no Kempo em Aveiras de Cima. Há um ano que é cinto negro mas ambiciona chegar mais longe. Pratica a modalidade cerca de duas vezes por semana. Em Espanha, recentemente, conseguiu dois primeiros lugares e um segundo lugar na sua faixa etária: 16-18 anos. “Esta modalidade tem estado cada vez mais em voga. Normal-

mente quem conhece pouco das artes marciais apenas fala do Karaté, mas o Kempo tem esta-

do em grande evidência e sempre a crescer”. O jovem pretende continuar a ser praticante e

espera conseguir aumentar o seu palmarés. Rodrigo Fidalgo, 25 anos, é pra-

ticante de kempo há 10 anos e conta que sempre praticou desporto. “Quis fazer alguma alta

Aumenta o número de acidentes no Casal Pinheiro Presidente da União de Freguesias Carregado/Cadafais acusa IP de ser criminosa

Um acidente com uma vítima mortal, envolvendo um motociclo e um ligeiro, foi o mote para voltar a despertar a indignação dos autarcas e da população que diariamente circula na Estrada Nacional 3. Há muito que os autarcas de Azambuja e Alenquer pedem medidas para combater a sinistralidade, nomeadamente, na zona entre Azambuja e Carregado, com especial incidência na zona industrial de Vila Nova da Rainha e no Casal Pinheiro, onde no passado dia 18 de março, um motociclista perdeu a vida.

Este acidente fez de novo despertar uma preocupação premente por parte dos autarcas locais, levando o presidente da União de freguesias de Carregado e Cadafais, José Martins, a enviar às en-

tidades competentes uma carta onde mostrou a sua indignação por aquilo que considera ser o “abandono da freguesia” por parte dessas mesmas entidades.

A preocupação já não é de agora. Tem anos. Algumas melhorias foram feitas, com a colocação de sinalização com o objetivo de reduzir as velocidades praticadas, no entanto, só isto parece “saber a muito pouco” aos populares e aos familiares das dezenas de vidas que os bombeiros de Alenquer e Azambuja já tiveram de socorrer naquele local, e muitas vezes sem sucesso.

José Martins, presidente da junta, lamenta o estado a que chegou a Nacional 3 e recorda que “quando se fala de trânsito é uma coisa, mas quando se fala em perda de

vida humanas é uma catástrofe”. O autarca refere que já perdeu a conta aos acidentes que aconteceram no Casal Pinheiro. “São muitos acidentes com feridos graves. É quase dia sim, dia não, que temos ali um acidente, principalmente no cruzamento junto às bombas da BP”. Ainda assim, salienta a existência de outros locais complicados na Nacional 3, sem deixar de referir que no caso do Casal Pinheiro “estamos a falar de um quadro dentro de uma localidade, onde a velocidade devia no máximo ser de 50 quilómetros hora” e a situação não se resolve. O presidente da junta recordou ao Valor Local as inúmeras reuniões na IP, as várias manifestações e concentrações que se fizeram pelas vítimas da Nacional 3 em con-

junto com Azambuja, e lamenta “realmente que já não exista respeito”. José Martins diz que tem a responsabilidade de presidente de junta e alerta: “Morrem pessoas na Nacional 3. Continuam a morrer e não se faz nada” lamenta.

Para o autarca “isto é um crime” e acrescenta: “O senhor ministro e o senhor secretário de estado que têm a tutela desta área, ao não fazerem nada, constituem-se quase como criminosos”.

O autarca recorda que o trânsito vai ainda aumentar mais por via da abertura de mais empresas na zona de Vila Nova da Rainha, e compara com a estrada que liga o Carregado a Arruda dos Vinhos, “que tem sinalização semafórica, em que quem entra a mais de 50 quilómetros à hora é obrigado a

competição e decidi vir para aqui. Os meus pais incentivaram-me. Este desporto dá-me confiança e vontade de experienciar coisas diferentes”. É primeiro Duan e espera voltar a entrar em competições dado que teve uma lesão que o obrigou a ter de abdicar dos campeonatos. “O principal é que somos uma família aqui na Casa do Povo, e será para continuar”.

O Sigung Mário Marques, responsável por esta secção, explica que a arte marcial em causa, o Kempo Kajukenbo teve origem após a segunda guerra mundial no Hawai e baseia-se no uso da força do adversário a seu favor. A modalidade estende-se a todo o mundo. O seu grande dinamizador Foi Ed Parker nos Estados Unidos a partir dos anos 50. Em Portugal cerca de nove a 10 mil pessoas praticam esta arte marcial, “o dobro do judo”, enfatiza Mário Ribeiro.

abrandar a velocidade”, algo que José Martins defende por exemplo para o troço que passa pelo Casal Pinheiro.

José Martins diz que as entidades como a IP ou a Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR) não respondem às autarquias quanto à necessidade da colocação de limitadores de velocidade na via.

Para o autarca, estamos perante “um desinteresse completo, uma autêntica falta de respeito, uma falta de tudo. Falta de princípios e de responsabilidade”.

O autarca revela que a Câmara de Alenquer e até a junta poderiam de per si encontrar soluções junto das empresas e colocar sinalização, mas refere que não é possível.

“Não podemos porque a tutela é

da Infraestruturas de Portugal, que neste momento devia ser extinta, como aconteceu ao SEF”. Para o autarca há falta de vontade política, e existem outras situações na freguesia como o caso da Nacional 1 que passa a dada altura entre muros. De um lado está uma paragem de autocarro, do outro uma paragem e a entrada para a urbanização da Barrada. Este é um espaço onde a junta já pediu para intervir e que até ao momento, continua a ser um outro fator de perigosidade para as populações, que passam a estrada no local, apesar de existir uma passadeira. O autarca gostava que fosse feita uma passagem aérea, no entanto tem esbarrado também com a falta da resposta das várias entidades responsáveis.

Capela de Santo António requalificada é nova sala de visitas de Manique

ACapela de Santo António, em Manique do Intendente, já está recuperada e disponível. É mais uma sala de visitas na freguesia. A junta de Manique do Intendente adquiriu o imóvel por 12 mil euros e levou a cabo a sua recuperação, que ultrapassou os 70 mil euros. A inauguração teve lugar no mês de janeiro com um concerto dos bombeiros de Alcoentre. José Avelino Correia, presidente da União de Freguesias de Manique do Intendente, Maçussa e Vila Nova de S.

Pedro, refere ao Valor Local que o local chegou a ser um armazém e um palheiro, tendo sofrido ao longo dos tempos um desgaste acentuado e repetidos atos de vandalismo. O edifício permaneceu abandonado durante mais de 20 anos.

Depois de várias tentativas de aquisição do espaço, foi finalmente comprado pela junta de freguesia em 2017 a particulares que estavam na posse do imóvel. O autarca lembra as dificuldades em adquirir o monumento, tendo em con-

ta a existência de vários herdeiros, o que terá dificultado as negociações. O estado de abandono do edifício e as portas arrombadas permitiram que o pouco que restava do seu património fosse delapidado.

O autarca explica que a recuperação da capela, um imóvel querido da população, não obteve apoios financeiros, pelo que a junta foi recuperando o espaço à medida das suas possibilidades nos últimos anos. “Praticamente pusemos tudo

de raiz, porque a única coisa que se aproveitou foram as paredes”, refere. O edifício está preparado para receber palestras, conferências, concertos entre outras atividades.

A documentação aponta para a existência desta capela no século XVIII, inicialmente do domínio público e com o nome de Capela de São Miguel, adquiriu mais tarde a designação de Capela de Santo António, tendo sido pertença da Casa dos Condes de Abrantes.

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Afonso Martins e Rodrigo Fidalgo dois apaixonados da modalidade Espaço foi requalificado e está pronto a receber diversos eventos

Vila Franca recebe o primeiro Núcleo Local de Garantia para a Infância do país

Oconcelho de Vila Franca de Xira tem, segundo os últimos dados 2172 crianças em risco de pobreza. Este levantamento levado a cabo pelos serviços do município e do ministério da Segurança Social faz parte de um universo nacional, em que o Governo estima existirem cerca de 135 mil crianças em risco.

Nesse sentido, o concelho de Vila Franca de Xira deu o primeiro passo na criação do Núcleo Local de Garantia para a Infância, cujo documento foi assinado, no passado dia 20 de março, e apadrinhado pela ministra do Trabalho e Segurança Social, Ana Mendes Godinho.

Ao todo este novo programa de apoio vai instituir uma verba anual de 1200 euros por criança em risco de pobreza e já sinalizada. Os montantes são mensais, e segundo a ministra do Trabalho, significa um pequeno passo para a garantia de um futuro destas crianças e um alívio financeiro para as respetivas famílias.

Fernando Paulo Ferreira, presidente da Câmara de Vila Franca de Xira, enalteceu o programa e também os parceiros do município, nomeadamente as IPSS, já que são estas o veículo de ajuda a estas famílias. Para o autarca, a rede social criada nos anos 90, ainda por Maria da Luz Rosinha, tem feito toda a diferença nos apoios às famílias mais vulneráveis. O autarca não esquece, por

isso, a contribuição destas instituições, às quais agradece o empenho e o esforço, fazendo, estas, “muita diferença” no dia a dia das famílias de Vila Franca de Xira.

O autarca salientou que o facto de existir já um trabalho feito nesta área desde cedo, acaba por ser uma mais-valia “para nos atirarmos de cabeça para novos projetos piloto” como este, “melhorando as respostas do município na área em causa”. Para o autarca “este protocolo configura uma oportunidade de dar um

passo importante na estruturação de respostas locais adaptadas, caso a caso, nesta ou naquela comunidade, e no caso daquelas em que já lá estamos então que façamos melhor ainda”.

Segundo a ministra do Trabalho, este projeto nasceu durante a presidência portuguesa da União Europeia. Ana Mendes Godinho recordou que este foi “o processo legislativo mais rápido na UE”, vincando que o mesmo era consensual junto de todos os envolvidos, e sublinha que foi “aprovado por unanimidade por todos os

O sono em idade escolar

Um bom sono é imprescindível para o crescimento saudável. Mas porque ouvimos tanto isto? O cérebro desenvolve-se enquanto a criança dorme e, portanto, o sono é essencial para o crescimento e desenvolvimento físico, mental e emocional. Influencia a concentração, a memória, as emoções e a aprendizagem. É também durante o sono que o corpo garante a capacidade de defesa de infeções e recupera energia.

Para considerar que a criança “dorme bem” devemos ter em conta não só a quantidade de horas de sono, mas também a sua qualidade, o que implica dormir um número de horas apropriado à idade com uma distribuição ajustada ao longo do dia e noite. Na idade escolar, altura em que geralmente a criança já não dorme a sesta e muitas vezes recusa a ida para a cama, conseguir um sono adequado

estados-membros”.

Um dos objetivos passa agora por um diagnóstico social para que sejam identificadas as carências do município nesta área

O objetivo, é agora segundo a ministra, criar respostas e identificar as necessidades das crianças em risco, para garantir que as mesmas continuam, no mínimo, em igualdade de circunstâncias com outras crianças.

O projeto “Garantia para a Infância” abrange todas as crianças em risco de pobreza extrema até aos 18 anos de idade. Ao todo são 135 mil e segundo a governante “isto obriga-nos a agir”. A partir de agora os núcleos locais passam a ter a lista de todas as

pode tornar-se um desafio. A Sociedade Portuguesa de Pediatria estabeleceu algumas medidas para uma boa higiene do sono: o horário de levantar e deitar deve ser semelhante todos os dias, mesmo no fim de semana e férias; o tempo de convívio com os pais no fim do dia é fundamental, mas antes de deitar deve haver uma rotina estabelecida, por exemplo: banho, jantar, lavar os dentes, ida para o quarto, leitura ou música relaxante; o quarto deve ser silencioso, escuro e de temperatura amena; os écrans devem ser desligados no mínimo 1 hora antes de dormir e devem ser deixados fora do quarto; os alimentos estimulantes como refrigerantes, batatas fritas e chocolates devem ser evitados, especialmente depois do lanche; não devem ser ingeridos líquidos em excesso ao deitar ou durante as horas noturnas já que a necessidade de ir à casa de banho pode levar a despertares repetidos; o exercício físico é muito benéfico, mas as atividades vigorosas não devem ser realizadas 2 horas antes de deitar. É muito importante definir regras simples, claras e fazê-las cumprir. Deve haver flexibilidade em estabelecer rotinas que a criança goste, deixando-a participar de forma ativa, escolhendo, por exemplo, a ordem das atividades para preparação do sono ou qual história ler. O espaço para negociação diária pode existir, mas o processo deve ser semelhante e previsível. Assim, é mais provável que a criança adira de forma positiva.

A principal causa para os problemas do sono é a ausência destes hábitos! As consequências foram amplamente estudadas e podem passar por comportamento mais inquieto, birras, dificuldade em terminar tarefas, agressividade,

crianças em situação de risco. O desafio é que este projeto não seja apenas uma prestação social de ajuda financeira “pois deve ser mais do que isso”. “Que seja um motor de ação para que cada um destes jovens que estão nesta lista, tenham uma intervenção focada e personalizada com a responsabilidade coletiva de todos nós”.

O protocolo em questão estabelece as competências e as ações específicas a desenvolver pelo futuro núcleo no âmbito da implementação do Plano de Ação da

Garantia para a Infância 20222030. Entre as ações previstas, destaca-se a realização de um diagnóstico social, do qual constará a caracterização do fenómeno de pobreza infantil, assim como as problemáticas identificadas ao nível do acesso efetivo, ou afetivo e gratuito, à educação e acolhimento na primeira infância, à educação e a atividades em contexto escolar, a, pelo menos, uma refeição saudável por dia letivo, a cuidados de saúde, a uma alimentação saudável e a uma habitação adequada.

Valor Científico

sonolência diurna, diminuição da destreza motora e mais quedas. A longo prazo tal pode ser responsável por pior desempenho escolar, aumento do risco de perturbação da hiperatividade e défice de atenção, ansiedade, depressão e obesidade.

O sono deve ser uma prioridade de toda a família. O sono inadequado influencia a vida dos pais, afetando o seu bem-estar e desempenhos pessoal e profissional, com aumento do risco de disfunção familiar.

Aprender a ter um sono de qualidade é fundamental para a uma criança feliz e para a continuação deste padrão na idade adulta.

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Inês Pereira Soares, Interna de Formação Específica de Pediatria
Parceria entre o jornal Valor Local e o Hospital de Vila Franca de Xira
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Cerci Flor da Vida lança primeira pedra do novo Complexo Social e de Saúde

Já foi dado o primeiro passo para a construção do novo Complexo Social e de Saúde da Cerci-Flor da Vida em Azambuja.

A obra que vai custar cinco milhões de euros, foi apadrinhada pela Secretária de Estado da Inclusão, Ana Sofia Antunes, que marcou presença no lançamento da primeira pedra desta obra, no passado dia 25 de março, a qual promete revolucionar a prestação de serviços à população com necessidades especiais não só de Azambuja mas da região tendo em conta a oferta que promete vir a dar.

Com várias valências, esta é uma obra importante para a instituição, que tem vindo a crescer nos últimos dois anos. José Manuel Franco, Presidente da Cerci, relembrou o passado e a gestão dos antigos diretores, sublinhando que a gestão praticada por si e pela sua equipa é totalmente diferente, vincando “os bons resultados”. O responsável afiança que a instituição está no bom caminho, e sublinha a ambição do projeto que vai agora ver a luz do dia, vincando que o caminho teve altos e baixos, mas que acabou por chegar a bom porto.

A obra está para já parcialmente financiada, mas existe ainda um

dos projetos que não dispõe de verba. Ainda assim Ana Sofia Antunes, secretária de Estado da Inclusão, reiterou a sua confiança na direção, dizendo não ter dúvidas sobre a criatividade dos dirigentes para ultrapassar este obs-

táculo.

Para a secretária de Estado, este “foi um processo desafiante, e muitas vezes as soluções não estão feitas à medida do que queremos, e, portanto, um projeto desta dimensão com a quantidade de

valências que abarca, dificilmente cabia em qualquer modelo de financiamento de uma vez só”. A responsável salientou que das valências candidatadas, algumas são tuteladas por diferentes ministérios, o que aumenta a complexi-

dade do processo.

Ainda assim Ana Sofia Antunes, referiu que nesta altura “temos todas as peças do puzzle”. “Há uma que ainda está a faltar, vamos ver como resolvemos. Mas se não conseguirmos, certamente a insti-

tuição, de forma criativa, encontrará forma de lá chegar”.

Para José Manuel Franco, presidente da IPSS, o objetivo passa agora por ter um edifício que dê conta das necessidades da instituição e das pessoas. O espaço vai ter várias camas, terapias, piscina, fisioterapia, terapias ocupacionais, eletroterapias, ateliers, entre outras. O complexo pretende também minimizar as contas de eletricidade, apostando nas energias renováveis através de painéis solares. Este edifício vai incluir também uma clínica com gabinetes médicos e de enfermagem.

Silvino Lúcio, presidente da Câmara de Azambuja, enalteceu a história da Cerci, vincando também o apoio do município neste projeto que pretende fazer a diferença no município e na região.

A Cerci Flor da Vida esteve, nos últimos anos debaixo de fogo, devido à sua situação financeira. A IPSS chegou necessitar do Fundo de Emergência Social da Segurança Social, no entanto passados quase 3 anos, o atual presidente fala em “águas passadas” e num futuro promissor para esta IPSS que tem como objetivo a respostas a pessoas com deficiência.

Arrudenses podem recorrer ao futuro Hospital do Oeste no Bombarral

Oestudo elaborado pela Universidade Nova de Lisboa sobre a localização do futuro Hospital do Oeste, que aponta o concelho do Bombarral como a localização mais adequada, inclui a possibilidade de o concelho de Arruda dos Vinhos, atualmente servido pelo Hospital de Vila Franca de Xira, poder deslocar utentes para a futura unidade de saúde. O vereador do PSD na Câmara de Arruda dos Vinhos, João Rodrigues, ques-

tionou numa das últimas reuniões do executivo, se o Bombarral pode ser o futuro hospital de referência do concelho.

Sobre este tema, o presidente da Câmara, André Rijo, considera que não há motivos para que o concelho passe a ser servido por outro hospital que não o de Vila Franca de Xira, sendo que parte da população a sul do concelho até se encontra mais próxima do de Loures. Contudo, especificou, que a construção

de um novo hospital na região Oeste com o objetivo de servir os seus 350 mil habitantes, dotado de diferentes valências que possam ser “interessantes”, tal acaba por ser “mais uma ferramenta, mais um serviço e mais uma disponibilidade que os arrudenses terão”. Por isso, “tudo o que seja dar mais soluções e com mais qualidade aos habitantes de Arruda deve mobilizarnos a todos”. “Limitar à partida esse acesso aos arrudenses se-

ria pior”.

A discussão em torno do novo Hospital do Oeste já tem mais de 20 anos, e continua a não ser consensual entre os municípios. Se em 2010, altura em que o projeto esteve mais perto de ser concretizado, a disputa pelo novo Hospital do Oeste Norte fazia-se entre Caldas da Rainha e Alcobaça, desta vez o município caldense o de Óbidos, e o de Rio Maior estão contra a localização no concelho do Bom-

barral. Já foi apresentada uma petição na Assembleia da República para que seja reconhecida a necessidade deste hospital e para que o Bombarral seja a localização final em virtude de “serem reconhecidas as conclusões, técnica e cientificamente sustentadas, do estudo da AD Nova IMS – Associação para o Desenvolvimento da Nova Informação Management School, da Universidade Nova de Lisboa”, pode ler-se no texto da petição

que exige ainda que seja definido e tornado público o calendário das ações subsequentes até ao lançamento do concurso da correspondente obra.

As Assembleias Municipais de Alenquer, Arruda dos Vinhos, Bombarral, Cadaval, Lourinhã, Peniche, Sobral de Monte Agraço e Torres Vedras deliberaram em reuniões dos respetivos órgãos a aprovação da localização no Bombarral, exceto Caldas, Óbidos e Rio Maior.

Protocolo para a contratação de médicos ainda não saiu foi assinado ARS-LVT defrauda expetativas da Cerci e da Câmara de Azambuja

Oprotocolo que a Cerci Flor da Vida já deveria ter assinado com a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARS-LVT) com o objetivo de servir de intermediária na disponibilização de mais médicos para o concelho de Azambuja ainda não assinado. O processo caiu num impasse e as entidades de saúde depois de terem concordado com a contratação desses médicos, afinal está impedido de prosseguir devido a um suposto imbróglio jurídico, dado que os médicos que já são pa-

gos pelo SNS não podem receber a dobrar pela mesma entidade.

Os autarcas de Azambuja não compreendem esta pedra no sapato quando no concelho vizinho de Benavente, tal não constitui impedimento para a Santa Casa da Misericórdia local cumprir este papel, que a Cerci se propõe a efetuar nos mesmos moldes. Ouvido pelo Valor Local, Silvino Lúcio, presidente da Câmara, refere que vai expor este assunto em breve numa reunião que vai juntar o ministro da Saú-

de, Manuel Pizarro e os cinco autarcas dos concelhos que fazem parte da sub-região de saúde do Estuário do Tejo. Quanto a Sofia Theriaga, que ao que apurámos está de saída do Agrupamento de Centros de Saúde do Estuário do, Tejo e Luís Pisco, diretor da ARS-LVT, “já nem sequer me atendem o telefone”, desabafa o autarca. Numa das últimas reuniões de Câmara, o vereador do PSD, Rui Corça, exortou Silvino a pedir uma excecionalidade para o concelho ao ministro. Também a vereadora do Chega,

Inês Louro, demonstrou a sua impaciência com o estado em que se encontra este dossier.

José Manuel Franco, presidente da Cerci, refere ao Valor Local, que ainda não teve qualquer contacto por parte da ARS para que o protocolo fosse colocado em prática. O responsável lamenta a ausência de resposta e salienta que a CERCI está ainda disponível para contratar médicos para que as populações possam ter acesso à saúde no concelho. José Manuel Franco salienta que tudo está ainda em

jogo, e embora se recuse a atirar a toalha ao chão, diz que a última informação que tem é que os médicos contratados pela IPSS para prestar serviço ainda estão disponíveis, ainda assim, vinca que embora a Cerci possa avançar já amanhã, também a instituição poderá mudar de ideias, e fala num desrespeito por parte da ARS, nesta ausência de resposta. O responsável já tinha conseguido garantir a disponibilidade de seis clínicos para prestarem estas consultas, e faz as contas: “Desde o dia 27 de feve-

reiro, data em que realizámos o encontro com as entidades, e que ficou decidido que podíamos avançar com esta modalidade para suprimir as carências quanto a médicos, que já perdemos 1400 consultas só nestas semanas”. “Há uma pessoa dentro do SNS (numa referência a Luís Pisco) que ainda não deu o pontapé de saída nisto tudo. A Cerci já fez o que era possível, os médicos ainda estão todos disponíveis, e estamos prontos para arrancar amanhã se for necessário”.

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Ana Sofia Antunes marcou a presença em Azambuja no lançamento da obra

Moradores de Vila Nova da Rainha arregaçam as mangas contra traçado do TGV

Anotícia foi um balde de água fria para a população de Vila Nova da Rainha. A possibilidade de a linha sul do TGV passar a escassos metros das suas habitações fez soar todas as campainhas, e segundo os moradores ouvidos pelo Valor Local, não estão descartadas formas de luta. O comboio de alta velocidade pode passar a cerca de 46 metros das vivendas da Urbanização Corte das Freiras, ou até menos. O presidente da junta de Vila Nova da Rainha, Bruno Borda de Água, esteve na sessão de apresentação do traçado por parte da Infraestruturas de Portugal (IP), em finais de março, e espera que seja possível desviar a linha para 300 metros a sul da localidade, como de resto foi sugerido por outros autarcas do concelho na mesma reunião.

Para Bruno Borda de Água não há sistema de insonorização ou túnel que aguente “uma proximidade como aquela que está desenhada em relação à vila”, o que no seu entender pode tornar a vida insustentável na freguesia. A deslocalização da linha em cerca de 300 metros pode no seu entender atenuar o impacto do projeto, embora não deixe de estar presente. Nas proximidades da futura linha de TGV moram cerca de 200 pessoas. O autarca ficou preocupado tendo em conta que já existe um projeto, embora a IP tenha referido que ainda se encontra em fase de estudos.

Carlos Teixeira, morador na freguesia, refere que recebeu a notícia com um misto de preocupação e de humor. Também eleito na assembleia de freguesia, esteve na reunião com a Infraestruturas de

Portugal (IP) e convidou “os senhores da Infraestruturas de Portugal” a deslocarem-se a sua casa para imaginarem o cenário futuro. O morador não tem dúvidas – “Vamos ter aqui um monstro a 11 metros de altura”, referindo-se ao viaduto do TGV que vai, na sua opinião, ter um impacto visual forte na freguesia. Carlos Teixeira adianta ainda que o projeto elaborado pela IP não contemplava a existência das linhas de muito alta tensão que passaram a fazer parte da paisagem da localidade, devido ao projeto da Central Fotovoltaica da Cerca, o que na sua opinião apenas prova que houve falta de estudo e de trabalho no terreno, até porque “vão conflituar com toda a certeza com o projeto em altura do TGV”. Carlos Teixeira não tem dúvidas de que toda a população se vai mobilizar em torno desta nova frente de batalha. “O

desenvolvimento é preciso, mas não é a qualquer preço”, lembrando ainda que a população já sofre bastante com o ruído da Nacional 3.

André Caixeiro, outro dos vizinhos, acredita que a obra em perspetiva vai ser um grande fator de perturbação também a nível da movimentação de terras, tendo em conta “que as casas já sofrem uma grande trepidação devido à Nacional 3, e vão sofrer ainda mais danos, podendo começar as paredes a estalar e os prédios a ceder”. Para além disso, já imagina a sua vida num inferno com os comboios a passar a todas as horas do dia e pela madrugada fora. O morador conta que se ouve os comboios que passam a 500 metros, e mesmo que a linha recue 300 metros pode tornar-se um incómodo, sendo que para contornar esta questão a insonorização

deve ser tratada convenientemente. A ideia é que o traçado seja redesenhado para lá das linhas de muito alta tensão numa zona erma entre a localidade e Casal Pinheiro já no concelho de Alenquer, onde à partida não causará incómodo às populações daquela área. O morador José Carlos Valete também se encontra desgostoso, porque “este projeto vai cortar as pernas aos moradores”. “Todos temos o coração nas mãos. Até a nível dos animais vai ter impactes porque temos aqui várias espécies protegidas”.

Já a casa de José Formigo, na Estrada da Várzea, fica mesmo no atravessamento da possível linha férrea. O presidente da junta mostra preocupação quanto ao caso deste morador que ao Valor Local se afirma desolado – “Chegaram ali, inventaram a linha e já está. Não quero nada disto ao pé da mi-

nha porta. Já basta as linhas de alta tensão que puseram aqui recentemente”.

Durante a reunião com os autarcas, a IP referiu que que a deslocalização da linha poderia ser difícil dada a existência de uma captação de água da EPAL, encostada à linha ferroviária do Norte, contudo a mesma encontra-se desativada, pelo que Silvino Lúcio, presidente da Câmara de Azambuja, já assegurou em reunião do executivo que vai promover um conjunto de reuniões para que a IP articule a passagem do traçado para uma localização mais distante da pretendida.

O traçado do TGV, comboio de alta velocidade, foi dado a conhecer pela Infraestruturas de Portugal numa reunião que juntou o executivo municipal, oposição e presidentes de junta do concelho de Azambuja, e logo as campai-

Maçussa: Quando uma bomba de gasolina é ponto de encontro para uma freguesia isolada

Depois de seis meses fechado, reabriu o posto de abastecimento de combustível da Maçussa, na União de Freguesias de Manique do Intendente, Maçussa e Vila Nova de S. Pedro. O local que é também ponto de encontro da população já fazia falta, segundo o que se percebeu numa deslocação da reportagem do Valor Local às denominadas “bombas” da localidade.

Avelino Correia, presidente da união de freguesias, não tem dúvidas de que este “é um cantinho da população”. Os próprios agricultores da localidade agora já não têm de se deslocar a outros concelhos vizinhos como Cartaxo ou Rio Maior para abastecer as suas viaturas. A junta concessio-

nou a bomba à Tfuel por 600 euros + iva por mês. A própria autarquia investiu 14 mil euros na compra de novos equipamentos para o posto de abastecimento de combustível com bombas novas de gasóleo e gasolina. O autarca atribui à má gestão das antigas concessionárias o facto de o espaço ter estado encerrado em diversas ocasiões ao longo dos anos, mas espera agora por um bom trabalho por parte da Tfuel. Marisa Onofrei, em representação da Tfuel, faz para já um balanço positivo dos primeiros 15 dias. “Temos recebido muitas pessoas da localidade e das aldeias vizinhas”.

Quisemos saber quais as conversas de café que por estes dias

nhas soaram quando se percebeu que a linha construída em viaduto “pode passar a cerca de 10 metros das habitações de Vila Nova da Rainha”, estas foram as contas feitas por Rui Corça, vereador da oposição PSD, tendo em conta a proximidade a um estabelecimento de pneus. A opção de traçado apresentada deixou os autarcas apreensivos.

Noutras partes do concelho, é previsível que a linha de TGV passe por trás da CLC, sendo que a opção naquela zona mais a norte da área do município azambujense é que atravesse junto à Torre Bela ou vire a poente/nascente em Alcoentre. Já na zona mais a sul desenrola-se entre a Quinta da Alegria e a Nacional 3 com o viaduto a ser construído em zona de Lezíria.

Segundo o que o Valor Local apurou o documento entrará em Avaliação Ambiental Estratégica a breve trecho, pelo que o tempo está a contar desde já para que Azambuja leve para a frente as suas pretensões. O projeto do TGV no que ao concelho de Azambuja diz respeito faz parte do troço SoureCarregado e deverá arrancar até 2026. A construção de uma nova Linha ferroviária de Alta Velocidade, ligando as duas áreas metropolitanas do Porto e de Lisboa, é um projeto previsto no Plano Nacional de Investimentos 2030 (PNI2030).

A concretização final do projeto vai permitir uma redução do tempo de viagem entre as duas principais cidades do país, das atuais 2h49 do serviço Alfa Pendular para apenas 1h15 numa viagem sem paragens.

dam a reabertura da bomba de combustível, que é “o braço direito” da Maçussa, exemplificaram. “Representa tudo o que é a Maçussa”, ilustram. Desde 1986 que existe esta valência na freguesia, implementada pelo então presidente de junta Mário Gonçalves.

A localidade tem cerca de 330 eleitores, poucos jovens, “mas também não deixam construir em várias localizações da terra por isso é difícil conseguimos mais população”, lamenta Emanuel Alves. Uma agente imobiliária da Remax que se encontrava no local, no dia da nossa reportagem, Liodimila Mango, acrescentou que há muita procura de casas para recuperar na freguesia e na região, mas a oferta é escassa.

“Muitas pessoas dos centros urbanos querem vir para aqui porque é mais barato”.

A falta de médicos de família é outra das preocupações. Reformouse o médico que estava na extensão de Manique, “e o que lá está agora apenas serve para abrir a porta ou nem isso”, acrescenta Rui Vieira, referindo-se à circunstância de que parte dos clínicos que se encontram nas extensões do concelho apenas podem passar baixas e renovar receitas médicas. “Mandaram-me uma carta para casa a dizer que se quisesse consulta teria de ir a Benavente”, lamenta-se Rui Vieira. “Temos de evitar estar doentes. Somos a parte esquecida de Azambuja”, conclui Emanuel Alves.

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animam a bomba da Maçussa. Numa mesa Luís Patrício, Rui Vieira e Emanuel Alves discutiam o estado da saúde. Todos saú- Moradores de Vila Nova da Rainha ficaram perplexos com o anúncio do traçado da linha de TGV Reabertura do espaço deu-se em finais de março

Empresas

Almoçar na cantina passou a ser cool em Benavente

AEscola Básica Duarte Lopes, em Benavente, já não fornece refeições escolares contratadas a empresas do ramo. Agora a cantina escolar é um espaço diferente, foi remodelada, está mais atrativa, fornece opções vegetarianas e o espaço de refeições começa a ser escasso para a quantidade de alunos que aderem nesta altura à comida da cantina. No passado, houve muitas queixas, a comida era de fraca qualidade e servida em pequenas quantidades. A revolução alimentar em curso na escola em questão já duplicou o número de alunos que todos os dias vão almoçar à cantina que serve toda a comunidade escolar da sede de concelho.

As refeições são agora mais caseiras e equilibradas. No dia da nossa reportagem o almoço consistia em bacalhau cremoso com cenoura e espinafre, havendo ainda uma opção de quiche de atum e camarão, e uma jardineira primaveril como sugestão vegetariana. Mas em outros dias a ementa pode passar por hambúrguer de aves com molho de cebola e arroz alegre, feijoada de legumes e cogumelos, carne de vitela com esparguete, ou lombos de salmão no forno com arroz branco. Embora

os custos tenham aumentado, o balanço é positivo de acordo com a nutricionista do município, Rute Espanhol. A Câmara de Benavente chamou a si a gestão direta das refeições escolares no âmbito da transferência de competências e criou três centros de confeção, sendo que as refeições que chegam à Duarte Lopes são provenientes do centro situado no Porto Alto que fornece ainda a escola local e a João Fernandes Pratas em Samora Correia. Por dia são con-

fecionadas 2200 refeições na área do município. No espaço de um ano, passaram a fazer as refeições na escola Duarte Lopes 200 alunos, quando anteriormente eram cerca de 100.

Rute Espanhol não tem dúvidas de que este projeto-piloto que está a ser articulado com a Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação do Porto está no bom caminho, embora não seja fácil competir com a fast-food que se vende no exterior. Foi realizado um estu-

do aos alunos do concelho e verificou-se que 40 por cento tinham excesso de peso. Os encarregados de educação são também aliados nesta estratégia de que mais alunos façam as refeições na escola, “até porque por um 1 euro e 46 cêntimos não se almoça em lado nenhum”, acrescenta Sónia Machado, professora coordenadora da Escola Básica Duarte Lopes. Mário Santos, diretor do agrupamento de escolas de Benavente, acrescenta que “o balanço é muito

positivo desde que a gestão passou a ser direta e são as funcionárias da escola que confecionam as refeições”. Cerca de 10 encarregados de educação já participaram no programa “Refeitório Aberto” que lhes permite almoçar na escola para comprovar da qualidade do que é servido. Outra componente do projeto que tem registado sucesso prende-se com o quiosque da fruta em que os alunos podem servir-se daquele alimento sem pagar.

Georgina Rodrigues é mãe e já esteve duas vezes a almoçar na cantina. Tem um filho no 6º e outro no 9º ano e não poupa elogios à qualidade da comida que é servida. Os pais são ainda convidados a participar em workshops de alimentação. Recentemente decorreu um sobre pratos vegetarianos. “Pelo que vejo existe uma grande variedade e qualidade das refeições escolares, o que é muito bom. Os miúdos vão puxando os amigos para começarem a comer na escola. Anteriormente a qualidade do que era servido era má, com muito pouca quantidade, e ao longo do tempo foi-se afinando esta matéria. Este é também o tipo de pratos que costumo fazer em casa, comida mais caseira”.

Para Sónia Machado esta é uma batalha que se vai travando aos poucos, até porque logo em frente à escola secundária há vários estabelecimentos que servem as ditas refeições menos saudáveis e não é fácil fazer com que os alunos ganhem o ritmo de comer na cantina. “A oferta lá fora é sempre menos saudável. Queremos fidelizá-los a este projeto. Da escola secundária vêm almoçar cerca de 40 alunos todos os dias, quando antes não vinham praticamente nenhuns. Preferiam ir a esses restaurantes ou ao Pingo Doce buscar comida, mas hoje reconhecem que não conseguem almoçar com esta qualidade e variedade em lado nenhum”.

O Valor Local falou com vários alunos do ensino básico ao secundário que comprovaram a qualidade da nova alimentação nesta cantina em particular. São entusiastas dos pratos servidos, acabam muitas vezes por repetir e pedem à família para que replique alguns dos pratos que comem na escola. Um dos alunos diz mesmo - “É muito cool vir aqui almoçar”. Em breve o espaço será alvo de mais uma intervenção, porque os alunos sugeriram uma esplanada na parte exterior com música ambiente.

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de refeições foram dispensadas e mais alunos comem agora na escola
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Alunos de Benavente satisfeitos com a nova oferta da cantina da escola Duarte Lopes

Hubs Lisbon, a incubadora fantasma de Azambuja

Foi referenciada como uma incubadora onde a inovação e a tecnologia se aliavam. O Hubs Lisbon, projeto do município de Azambuja, encontra-se estagnado. Depois de anunciado com pompa e circunstância nos últimos anos, sendo que em 2020 foram conhecidas 10 empresas que passariam a ficar incubadas no espaço, de preferência fisicamente, como foi sempre a vontade do antigo presidente da Câmara, Luís de Sousa, eis que o edifício do INASI, adquirido pelo município também a pensar na incubadora que teve um custo de 500 mil euros, não regista qualquer atividade para este efeito. A incubadora que deveria fervilhar de empresas a laborar rendeu-se ao que se passa em muitas outras do país, serve apenas de caixa postal de empresas, algumas delas sedeadas em Lisboa e noutras paragens do país que nem no seu site fazem qualquer referência a Azambuja. Uma delas, a Reshape Ceramics, aquando do nosso contacto nem sabia que constava do portfólio de empresas do Hubs Lisbon, conforme se pode verificar no site da incubadora, nem nunca tinha ouvido falar deste projeto da Câmara Municipal de Azambuja. O projeto da incubadora que faz parte do Programa “Pensar o futuro em torno da Inovação” colocado em prática por Rui Pinto, professor universitário, e que assumiu ainda durante o primeiro mandato de Luís de Sousa (2013-2017) a função de gestor da inovação sofreu várias etapas. O objetivo, conforme o Valor Local, chegou a noticiar pretendia colocar o enfoque nas áreas logística, agroalimentar e química. O desiderato era ambicioso até porque a ideia era mesmo trazer essas empresas fisicamente para o espaço, numa lógica para além da mera caixa de correio. A incubação virtual também fazia parte do projeto, mas de preferência a Câmara queria ter no Largo do Esteiro, na antiga INASI, empreendedores a trabalharem todos os dias, a criar riqueza e de preferência postos de trabalho. Para selecionar as 10 empresas que estariam no arranque de todo o projeto, a Câmara pagou uma verba de 10 mil euros junto do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa para efetuar esse estudo, que teve direito a apresentação pública dos no-

vos empreendedores do Hubs Lisbon. A grande maioria dessas empresas enquadrava-se no desígnio da inovação e do conhecimento, sublinharam as várias entidades presentes. Rui Pinto dizia, numa reportagem publicada pelo nosso jornal em março de 2020, que o objetivo era levar para a incubadora, projetos que respeitassem o lema “Smart Economy; Smart Environment e Smart Leisure” ou seja “Economia Inteligente; Meio Inteligente, e Lazer Inteligente”. Numa visita pela página na internet da incubadora, hoje verificamos que a promessa de trazer para Azambuja empresas inovadoras em determinadas áreas não vingou. De facto, ainda estão presentes algumas parceiras com essa componente, contudo e numa breve visita pelas páginas na internet dessas empresas não é feita qualquer referência ao Hubs Lisbon nem a Azambuja. No caso da Reshape Ceramics, uma das que salta à vista, por ser a primeira a figurar na página do Hubs, uma das suas diretoras, Inês Tavares, contactada pelo Valor Local, teve de pedir mais informações a Rui Pinto sobre o facto de existir uma

referência à empresa no site da incubadora. Não estava a par desta possível parceria que foi efetivada em tempos, numa fase inicial da empresa, em 2016, mas que não teve continuidade, ao ponto desta diretora que entrou para a Reshape Ceramics, nos últimos anos, desconhecer a associação entre o Hubs Lisbon e a empresa. Contactámos ainda a empresa Metal and Wood, uma das poucas que no seu site refere que a morada é na Inasi, mas quando falamos com o seu diretor, Paulo Carias, este adianta que apenas se desloca a Azambuja para ir buscar o correio. A fábrica localiza-se no Cartaxo. Conta que chegou a reunir-se com Rui Pinto há uns anos, numa altura em que a empresa se encontrava a mudar de sede, mas Azambuja acaba por ser, atualmente, a localidade onde de 15 em 15 dias vai levantar a correspondência. Refere que não paga qualquer valor por este serviço, embora inicialmente se tenha falado que cada empreendedor deveria suportar 25 euros de pagamento ao município. Hoje a Hubs Lisbon conta com uma amálgama de empresas onde se misturam conceitos díspares:

podemos encontrar uma empresa de limpezas, outra de babysitting, restaurantes, e até um jornal local.

O Armazém da Bolota, empresa ligada à engenharia alimentar, ou a “4 FREE”, um projeto assente na troca de bens via online ao estilo OLX que eram jóias da coroa numa fase inicial do Hubs e que foram destacadas pelo Rui Pinto ao nosso jornal, hoje nem sequer fazem parte do portfólio que se pode encontrar no site.

O Valor Local ouviu a Câmara de Azambuja sobre o ponto de situação do Hubs Lisbon, numa altura em que a avença com Rui Pinto, o rosto de todo o projeto, foi renovada em 65 mil 400 euros para 36 meses, em janeiro último. O presidente da Câmara, Silvino Lúcio, não quis fornecer as explicações que se impõem remetendo mais esclarecimentos para o próprio gestor da inovação. O autarca concordou que a incubadora se encontra numa fase de estagnação, que existe um projeto ambicioso para o espaço da INASI, mas que de momento não há planos para que possa ser efetivado. Já Rui Corça, vereador do PSD, força política que, ao longo dos su-

jogar com várias peças no tabuleiro, até tentando fixar esses empreendedores oriundos de Lisboa no concelho, passando a residir aqui”.

cessivos mandatos, sempre viu na contratação de Rui Pinto pouca substância, dá a entender que o Hubs Lisbon promoveu até à data uma mão cheia de nada “e que no fundo serve apenas para justificar alguns ordenados”. Para Rui Corça não é possível criar um projeto com rumo neste domínio do apoio a empresas “só com a prata da casa”, carecendo todo este dossier de uma reflexão e de um investimento à altura, “porque há empresas com know-how na matéria que podem fazer esse trabalho bem feito”. “Não temos muita informação enquanto vereadores sobre o que se passa na incubadora. Possivelmente porque ela não existe”. Para Rui Corça “é uma evidência que Rui Pinto não tem condições para fazer este papel”, porque “encontra-se há vários anos neste projeto e os resultados não se veem”. No futuro e no seu entender, o município “deve esforçar-se por encontrar as empresas adequadas, que tenham de facto um escritório em Azambuja e se possível com trabalhadores, e rejeitar o facilitismo de uma incubadora que sirva apenas de ‘caixa de correio’ dessas empresas. Temos de

Já a vereadora do Chega, Inês Louro, também refere que a informação é escassa, não sendo dados a conhecer relatórios por parte do município. A autarca também acredita que o caminho tem de passar pela presença física das empresas no Hubs Lisbon. Sobre o desempenho de Rui Pinto, Inês Louro acredita que “a falta de evolução do projeto deve-se menos a este, e mais à própria Câmara que não tem vontade política de levar a incubadora ao próximo patamar”. Rui Pinto, ouvido pelo Valor Local, refere que a heterogeneidade das empresas inscritas no site da incubadora deve-se ao facto de “haver sempre negócios a entrar e a sair”, sendo que existem algumas que preferem não figurar no site. Ao contrário do passado, o gestor da inovação diz agora que os critérios quanto às empresas a selecionar não pode ser apertado, “porque é dever do município apoiar todas aquelas, independentemente do ramo, que necessitam da nossa ajuda numa fase como esta em que estamos a passar uma crise”. O gestor da inovação desvaloriza o facto de muitas das empresas nem sequer fazerem menção a Azambuja nos seus sites. Quanto à incubação física “tenho ordens do senhor presidente para não criar nenhum espaço nesse sentido. Estamos apenas a fornecer incubação virtual, o que não quer dizer que quando criarmos os escritórios para cada uma delas, sejam essas 19 que estão no site a ir para lá”. Não estão previstas obras para tornar este projeto de incubação física, “mas garantidamente teríamos empresas já hoje que podiam encher a antiga INASI”. O gestor da inovação responde ainda que o projeto que tem vindo a desenvolver no concelho não pode ser apreciado apenas do ponto de vista da incubadora, reforçando, só para dar alguns exemplos, que tem sido criado networking com as empresas sedeadas no município através dos lanches empresariais ou conforme está previsto em breve “a instalação no concelho de um curso de Logística a nível do ensino superior por parte do Instituto Politécnico de Santarém”.

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Rui Pinto começou a trabalhar com o município ainda no primeiro mandato mas é acusado de mostrar poucos resultados

Pedro Folgado assegura que obras do PEDU vão ficar na história de Alenquer

Com um ano e pouco de mandato, e sem se poder recandidatar de novo ao cargo de Presidente da Câmara de Alenquer, Pedro Folgado, faz um “balanço positivo” do mesmo. Numa entrevista à Rádio Valor Local, o autarca aponta ainda assim algumas situações que considera importantes e que não correram como previsto pela autarquia. No entanto, Pedro Folgado, baseia a sua atitude positiva nos resultados das eleições de 2021, tendo conseguido o melhor resultado para o PS nos últimos 10 anos, ao vencer com maioria absoluta as eleições e tendo conseguido eleger 5 vereadores.

O autarca fala em mais responsabilidade, mas também na “possibilidade de dividir mais trabalho e de haver um acompanhamento mais próximo de todas as matérias que temos vindo a desenvolver desde 2013”.

O presidente fala em obras importantes, e que na sua opinião ganharam mais agilidade com este executivo “reforçado”. Há, no entanto, alguns desafios que apareceram. O fim da pandemia e as consequências económicas e psicológicas para as famílias e empresas, merecem de Pedro Folgado e do executivo um olhar diferente. Para o autarca “as pessoas ainda sofrem com o que foi a pandemia”, garantindo que o município vai acompanhar os problemas tentando minimizar o impacto da mesma.

O fim da pandemia trouxe mais gente para Alenquer, e por isso Pedro Folgado, sublinha a necessidade de tentar acompanhar essa tendência de crescimento, já traduzida nos últimos censos.

Para o presidente da Câmara há que apostar em mais equipamentos de saúde e no parque escolar, com a necessidade de construir mais uma escola na zona do Carregado. A falta de médicos é também uma preocupação que o autarca em conjunto com os outros presidentes de câmara do ACES do Estuário do Tejo, e por isso, refere, que tem vindo a trabalhar, neste caso para a construção de uma nova unidade de saúde familiar na freguesia de Abrigada, e a requalificação da extensão do Centro de Saúde em Olhalvo.

A juntar a isto, também os serviços do município, têm, segundo o autarca, tentado responder ao

crescente aumento da população e das suas necessidades. O autarca refere a importância de planificar e antecipar algumas questões “que são colocadas por estas novas pessoas, que não são de Alenquer, mas que passaram a viver em Alenquer”.

Com a chegada de muitos imigrantes ao concelho, Pedro Folgado fala num desafio social. A ação social do município anda no terreno, e agora com a descentralização de competências do Governo nesta área “o município que já respondia a muitas questões, passou a responder a ainda mais matérias neste domínio”. No que toca ainda a desafios, Pedro Folgado, sublinha entre

outros, as obras do PEDU, que foram feitas em tempo de pandemia, e com alguns atrasos, que por várias razões vieram a alterar o calendário e onerar mais ainda o projeto, que crê, vai ficar na história de Alenquer, até porque a requalificação daquela zona da vila, já era esperada há muito tempo.

Neste propósito, Pedro Folgado sustenta que o grande atraso foi mesmo a requalificação do Mercado Municipal, e que essa obra tem sido uma fonte de desafios, mas que estará definitivamente concluída ainda neste ano de 2023.

Acumulando a presidência da Câmara Municipal de Alenquer

com a presidência da Cimoeste, Pedro Folgado, sublinha a necessidade de uma nova política de transportes. Dá como exemplo a Carris Metropolitana na Área Metropolitana de Lisboa e diz que esse deverá ser também o caminho no Oeste. Algo que vai beneficiar todos os municípios e que estará ainda em fase de estudo.

A aquisição de uma companhia de transportes é algo de que se fala há vários anos, mas por enquanto esse é um projeto que está em fase de negociações.

O Hospital do Oeste é outro projeto em curso, assim com a otimização das verbas comunitárias para a criação de conteúdos nos municípios, na área das Smart

Cities.

Pedro Folgado pouco presente em Alenquer

Têm sido muitas as críticas de que Pedro Folgado está pouco presente na Câmara de Alenquer, devido aos seus afazeres em outras entidades de que faz parte.

As críticas têm sido veiculadas pela oposição, nomeadamente, Nuno Miguel Henriques, eleito pelo PSD.

Pedro Folgado, que sublinha ao Valor Local a sua total confiança na equipa que escolheu em 2013, refere também que quando não está presente, a equipa de vereadores faz-lhe o ponto de situação diariamente.

O autarca diz que está a par de tudo o que se passa, e sublinha que as críticas fazem parte do papel da oposição: “Têm de dizer alguma coisa. Eu não levo a mal”.

Pedro Folgado está na política há cerca de 12 anos. Primeiro como chefe de gabinete de Jorge Riso, e depois como presidente de Câmara. Da passagem de diretor de escola até autarca, foram uns escassos quatro anos, mas considera “fazer sentido haver oposição porque nos desperta para algumas coisas”. Por outro lado, “o que não levo a bem é que exista politiquice barata” .

O presidente diz que faz parte de todas as decisões tomadas pelo executivo. “Faço questão de saber tudo o que se passa”, referindo que pequenos assuntos, que são do dia a dia, ficam entregues aos vereadores.

Ouça esta entrevista na integra em podcast em www.radiovalorlocal.com

Armando Martins assume direção do Centro Cultural Azambujense

Prestes a completar 122 anos, foi fundado em maio de 1901, o Centro Cultural Azambujense (CCA) popularmente conhecido como “a banda”, inicia agora um novo ciclo com a eleição de uma nova direção, empossada no passado dia 27 de março, e que vai gerir os destinos da coletividade durante pelo menos o próximo biénio.

O novo presidente, Armando Martins, na companhia do vice-presidente, Francisco Carniça, estiveram na Rádio Valor Local para dar conta deste novo desafio. Armando Martins, durante 15 anos, foi responsável pela escola de fado do CCA, e segundo o mesmo, após ter saído em 2019, não pensava regressar tão cedo ao centro cultural. Armando Martins aceitou

o desafio para presidir aos destinos da coletividade que lhe foi diri-

gido por Francisco Carniça, após alguma convulsão interna, que le-

vou à demissão das duas anteriores direções.

Um dos problemas maiores porque passa o CCA, segundo os dois diretores, é a falta de músicos. Existe apenas cerca de uma dúzia de músicos permanentes e como uma banda numa saída deve ter pelo menos trinta, é preciso recorrer a músicos contratados o que nem sempre é fácil, fora a despesa que tal acarreta.

A intenção desta direção passa por criar outras atividades que façam movimentar a coletividade. Assim, além das aulas de ballet que já se iniciaram, pretende-se ainda fazer regressar a escola de fado, o festival da canção infantil e desenvolver contactos para uma escola de danças na associação. Outra intenção é trazer os sócios de volta ao CCA. Francisco Carniça, que além de diretor também é músico

na banda, e como tem um longo percurso na música e ligação a quase todas as bandas da região, o que o faz ter um grande conhecimento da realidade regional, diznos que um dos desejos desta direção é fazer regressar alguns músicos que saíram e tentar captar novos elementos, apesar de se ter noção das dificuldades que existem. Mas não há que desistir. No meio de tanta contrariedade, nem tudo é mau e a banda, dirigida pelo Mestro Rui Sousa, alcançou recentemente alguns prémios em certames internacionais quer seja no Reino Unido, quer na Suíça.

Pode ouvir toda a entrevista em Podcast em www.radiovalorlocal.pt Nuno Vicente

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Armando Martins e Francisco Carniça deram conta dos seus projetos para o CCA Autarca faz balanço positivo do primeiro ano e meio de mandato

Viva o 25 de Abril

As décadas de proximidade com aqueles que nos permitem hoje estar aqui, foram para mim um privilégio e é com elevado orgulho que me permito escrever a V. Exas, na condição de cidadão eleito, não descurando o Capitão que fui, os valores deontológicos associados à profissão castrense e a responsabilidade que trago comigo enquanto pessoa.

É do nosso conhecimento que o 25 de Abril de 1974, de Movimento Militar de jovens capitães rapidamente se converteu em Movimento Revolucionário.

Especial saudação aos Capitães de Abril, quarenta e nove anos depois, é um dever de todos os que, em Portugal, vivem a ambicionada Democracia que aquele gesto patriótico permitiu instaurar.

Saudar o Povo, que assumiu esse testemunho e o converteu em fundamento do Estado Social de Direito que hoje temos, é assinalar o primado da soberania popular.

Desde logo, expressa na primeira eleição livre para a Assembleia da República, há precisamente, quarenta e sete anos.

Todo o movimento revolucionário, ao longo dos tempos, consistiu em várias revoluções, sendo que a Revolução de 1974 e 1975 foi, também ela, fruto de muitas revoluções.

A Constituição da República Portuguesa, promulgada em 2 de abril de 1976, acolheu o compromisso possível entre diversas revoluções, depois de 25 de novembro de 1975.

O compromisso de 1976 viria a ser reformulado em sucessivas revisões, com especial relevo para as de 1982, quanto ao regime político e ao sistema de governo, de 1989, quanto ao regime económico, e de 1997, quanto a vertentes políticas e sociais.

Mas, como um todo, a Revolução

de 25 de Abril de 1974, na versão compromissória do constitucionalismo de 1976, acabou por abrir a Portugal os horizontes que dominaram as décadas que se lhe seguiram.

De forma resumida, descolonização, democratização, integração europeia e construção de uma nova economia, foram alguns dos principais eixos de atuação, Descolonização, entre 1974 e 1975, tardia, realizada no meio de uma Revolução, culminando na independência dos Estados irmãos na língua e em tanta mundividência, e alterando perfis económicos e sociais na Comunidade que éramos.

Democratização, concretizada por fases, e em que a transição para o poder político democrático eleitoral conheceu a sua expressão plena seis anos depois de 1976.

Integração europeia, decidida em 1977 e formalizada oito anos volvidos, em 1985.

Mudança da economia, em ciclos muito diversos – o primeiro, da rutura dos laços coloniais e das nacionalizações e expropriações; o segundo, o das reprivatizações para mãos portuguesas, com apoio público; o terceiro, o da transferência para mãos estrangeiras em setores-chave, num contexto de extrema crise financeira e económica.

Quando os mais jovens, olham para o balanço destas quase cinco décadas, com sentido muito crítico, para não dizer quase total incompreensão, há que chamar a atenção para o tempo que não conheceram e para o que foi o percurso que para todos eles é já préhistória.

Não sabem o que é ditadura, censura, elevadíssima mortalidade infantil, escolaridade obrigatória não totalmente cumprida de seis anos, um milhão de emigrantes numa

década, começo do despovoamento de um interior continental e de áreas das atuais Regiões Autónomas.

Impera por isso, que com verdade se reconheça que a Democracia permitida pelo 25 de Abril representou uma realidade sem precedente na nossa História políticoconstitucional, em participação no poder central, regional e local, em independência dos tribunais, em autonomia política dos Açores e da Madeira e autonomia administrativa do Poder Local, em liberdades fundamentais, em mudança drástica dos indicadores de saúde, em democratização no sistema de ensino, em profundo avanço no papel da mulher na sociedade portuguesa, em abertura externa e circulação de pessoas e ideias, em preocupações intergeracionais e de qualidade de vida. E até na projeção internacional de tantos dos nossos melhores, sem precedente na História contemporânea. Só que esta mesma verdade manda que se diga que os desafios enfrentados em tão concentrado espaço de tempo tiveram elevados custos de vária ordem, que, somados a crises externas e a fraquezas internas legitimam queixas e frustrações em muitos Portuguesas e Portugueses.

O Portugal Democrático tem de repensar o fechamento no sistema de partidos e nos parceiros sociais, recriar formas de aproximação entre eleitores e eleitos, ser mais efetivo no combate à corrupção e muito mais transparente na vida política.

O Portugal que acredita na Europa tem de lutar por uma Europa menos confidencial, menos passiva, mais solidária, mais atenta às pessoas, e sobretudo que não pareça aprovar nos factos o oposto daquilo que apregoa nos ideais.

O Portugal do desenvolvimento

tem de dar horizontes de esperança, que não sejam o ir sucessivamente de crise em crise até à incerteza total. Sem ficar refém pela órfã dívida ou pela dependência intoleráveis, afirmando-se capaz de crescer, competir, criar emprego, dar futuro aos Portugueses.

Os Portugueses têm a capacidade de fazer mais e melhor, com a coragem que a história nos caracteriza.

Coragem Legislativa Coragem Judicial Coragem Executiva

É de todo injusto negar o que todos devemos ao interesse nacional e coragem do 25 de Abril de 1974.

A liberdade de hoje, tem um preço altíssimo que não estava na ordem de operações dos referidos jovens capitães.

O saldo é claramente positivo, para quem tiver a memória dos anos 70. Mas pode começar a ser preocupantemente descorçoante para quem só se lembrar dos anos 90 e da viragem do século.

A solução não passa, porém, por pessimismos antidemocráticos, por populismos antieuropeus, por tentações de culpabilização constitucional.

Todos nós sabemos, que estes tempos não são fáceis, extremamente agudizados com este último acontecimento mundial que nos fragilizou de forma contundente. Mas, é neste quadro que nos movemos, hoje, em Portugal.

Os erros do passado são as lições para o futuro.

A Democracia faz-se de pluralismo, de debate, de alternativa. Assim, quem se pretenda alternativa, de um lado e de outro, demonstre, em permanência, a humildade e a competência para tanto.

Temos hoje algum reconhecimento pelo papel do poder local, assim, assente no amplo acordo entre as

Que Juntas de Freguesia queremos para o futuro?

Quarenta e sete anos após a implementação em Portugal do Poder Local Democrático existe uma temática que deve merecer de todos uma reflexão - Que Juntas de Freguesia queremos para o futuro?

A Junta de Freguesia de Alverca do Ribatejo e Sobralinho e responde diariamente a 40 mil habitantes que se distribuem por 24 Kms2. Sendo maior que 75% dos Municípios do País, a União de Freguesias é composta pela Cidade de Alverca do Ribatejo, pela Vila do Sobralinho e mais 7 lugares, 5 deles com características rurais. Para esta gestão dispomos de um orçamento que pouco

ultrapassa os dois milhões de euros, sendo que quase 60% deste valor se destina aos encargos com pessoal.

Para melhor ilustrar as disparidades existentes nos diferentes níveis da nossa Administração Local, indico a título de exemplo os orçamentos de pequenos Municípios: Município de Sobral de Monte Agraço (11 mil habitantes – 14 milhões de orçamento) Município de Moura (13 mil habitantes – 35 milhões de orçamento)

Município de Constância (4 mil habitantes – 8,5 milhões de orçamento) Município de Barrancos (1500 habitantes – 7 milhões de orçamento).

Pode sempre ser argumentado que se tratam de Municípios e que mesmo de reduzida dimensão têm muitas competências que as Juntas de Freguesia não têm e quadros de pessoal muito superiores às Freguesias, nem sempre isso acontece, o Município de Barrancos tem no seu quadro de pessoal um número de colaboradores inferior ao da Junta de Freguesia de Alverca do Ribatejo e Sobralinho. A nossa Administração Local precisa urgentemente de uma reforma séria e honesta, não de fogos-de-artifício como a reforma Relvas de 2013, ou da confusão generalizada provocada pela Lei

39/2021 da responsabilidade do atual governo. É necessária uma reforma corajosa, que seja pensada, não para agradar a este ou aquele quadrante político, mas que seja benéfica para o País –extinguindo Municípios se necessário for – promovendo a eficácia, a eficiência e o melhor serviço às nossas populações. O País não deve avançar para um processo de Regionalização, quando temos Municípios minúsculos a receberem milhões e Freguesias gigantescas a receberem tostões. Pela mão dos Governos do Partido Socialista, no âmbito da Legislação que promoveu a descentralização e transferência de compe-

partes, por um lado, e na coragem legislativa pelo outro, o paradigma de poder local vive distintos modelos de governação local, ajustados às características geográficas e demográficas envolvidas, entre outras.

O poder local exige estabilidade política, crucial para a estabilidade económica e social. O estar adquirida, finalmente, essa estabilidade é um sinal de pacificação democrática que deve reconfortar os Munícipes, uma lição de confiança.

Neste 25 de abril de 2023, quarenta e nove anos depois do 25 de Abril de 1974, essa lição é um sentido de vida para tempos difíceis, a apelarem à sensatez, bem como à real avaliação das necessidades básicas das pessoas que parecem estar esquecidas nas agendas políticas nacionais, sejam elas na área da saúde, educação, cidadania ou outras de vital importância para o país.

Unamo-nos no essencial. Sem com isso minimamente negarmos a riqueza do confronto democrático, em que executivos aplicam as suas ideias e oposições robustecem e enriquecem as suas alternativas.

Troquemos as emoções pelo bom senso, troquemos a cor pela razão, a humildade deve imperar de forma reconhecidamente construtiva.

Naqueles que devem governar, com voluntarismo mas com especial atenção a que o possível seja suficiente, e mais do que isso, seja do interesse local e nacional. Naqueles que devem contestar, com firmeza mas com a noção de que o tempo não muda convicções, mas pode alterar ou condicionar soluções.

A Democracia criada a partir do 25 de Abril de 1974 tem de ser recriada, todos os dias, para também,

todos nós, honrar-mos a Democracia e servi-la, renovando o que importa renovar, debatendo o que há a debater, sonhando o que há a sonhar, sempre em prol de todos e não apenas por alguns.

O 25 de Abril de 1974 não pode ser propriedade de ninguém, tal seria desvirtuar o espírito de Abril, o Abril de 1974. Foi esta a herança do jovem Capitão Salgueiro Maia, aquele que contribuiu de forma decisiva para que aqui estejamos hoje. Aquele que durante as horas difíceis, decidiu com a coragem exigida e liderança respectiva, o rumo Nacional. Aquele que rejeitou honras e cargos. Aquele que não deixou qualquer divida democrática ao seu País. Aquele que liquidou até ao último suspiro o preço da nossa liberdade. Aquele a quem todos os portugueses devem ainda hoje o merecido respeito pela mediação exemplar que permitiu legitimar a passagem dos destinos nacionais.

HONRA-SE A PÁTRIA DE HOMENS COMO SALGUEIRO MAIA Obrigado meu Tenente Coronel pela obra e pelo exemplo que nos legou Devemos olhar, para o exemplo dos mais simples e humildes, para o Povo que é a verdadeira origem do poder.

Preservando sempre a unidade no essencial. A pensar em Portugal e no interesse nacional! Viva o 25 de Abril, Viva Portugal * Major do Exército na Reforma Presidente da União de Freguesias de Carregado e Cadafais

tências, as Freguesias foram dotadas de mais competências próprias com verbas transferidas diretamente pelo Orçamento Geral do Estado, mas … e tudo tem um mas … essas transferências estão dependentes das indicações, cálculos e rácios das Câmaras Municipais.

Os Presidentes de Junta de Freguesia foram tão eleitos quanto os Presidentes de Câmara Municipal, e não deveriam precisar de “andar de mão estendida” para garantirem a disponibilidade financeira essencial para a boa concretização das tarefas que têm a obrigação e o dever de executar para bem dos seus Fre-

gueses.

É urgente que o Governo e a Assembleia da República corrijam esta situação promovendo as alterações legislativas que sejam necessárias e que, pelo menos as verbas transferidas pelo Orçamento Geral do Estado, sejam alvo de revisão, atualização uniformização e justiça, sem depender das diferentes formas de cálculo e das boas ou más vontades das Câmaras Municipais. Presidente da União de Freguesias Alverca-Sobralinho

13 Valor Local jornalvalorlocal.com Opinião Abril 2023
José Martins Cláudio Lotra

A Metáfora do navio Mondego

Eu ainda sou do tempo da escola antiga primária nos anos de transição da escola do Estado Novo para a escola do pós 25 de Abril. Nesse tempo aprendíamos História e Geografia de Portuga. Aprendíamos que Portugal foi fundado em 1143, ano da celebração do Tratado de Zamora, assinado entre D. Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal, e Afonso VII de Leão e Castela, reconhece o estatuto jurídico de Portugal como reino independente. Em 1179 esse estatuto foi confirmado pelo Papa Alexandre III. Somos assim uma das Nações mãos antigas da Europa e do Mundo, perto de celebrar 9 séculos de existência. Nesse tempo também aprendíamos Geografia de Portugal e como os rios e as serras influenciam o território e a vida dos países e dos povos. Em Portugal há cinco grandes rios, sendo dois deles nacionais e três internacionais, porque nascem em Espanha. Quanto às serras, predominam a norte do rio Tejo, sendo a mais

alta, em território continental, a Serra da Estrela. Aprendíamos que o Rio Mondego é o quinto maior rio português e o primeiro de todos os que têm o seu curso inteiramente em Portugal. Nasce na Serra da Estrela, mais propria-

mente na freguesia de Mangualde da Serra, concelho de Gouveia. Percorre toda a região Centro e tem a sua foz no Oceano Atlântico, junto à cidade da Figueira da Foz. Faço este breve intróito para chegar ao triste episódio do navio

NRP Mondego. Este tipo de navios de patrulha costeira têm como missão principal a de busca e salvamento marítimo e fiscalização marítima, com incidência na faixa costeira continental e do arquipélago da Madeira. O navio

pode ainda integrar estruturas internacionais, como a Agência Europeia de controle de fronteiras externas da União Europeia. Há alguns dia 13 militares da Marinha Portuguesa recusaram cumprir uma missão de acompanhamento de um navio russo, a norte da Ilha de Porto Santo, alegando que o navio apresentava falhas várias ao nível da segurança que podiam comprometer a segurança dos homens e do navio. Chegámos a este ponto. Os hospitais, para além da falta de pessoal médico e de enfermagem, têm ruturas em medicamentos e material clínico, porque está causa três mil milhões de dívidas dos hospitais a fornecedores. Atualmente há 1,4 milhões de portugueses sem medico de família atribuídos nos centros de saúde.

Na área da educação mais de 26 mil alunos estiveram sem aulas no ano letivo passado por falta de professores, revela o relatório “Estado da Educação”. Sucedem-se as greves sem fim à vista

Relatórios do Tribunal de Contas alertam para a falta de conservação da rede viária, com indicações de risco material nomeadamente o conjunto das obras de arte (pontes, viadutos e túneis). Igual retrato pode ser feito da ferrovia por todo o pais.

No fundo o pais está como o navio Mondego. É o resultado da governação socialista desde 2015, com falta de investimento em várias áreas, com as célebres cativações e com a marca socialista, bloquista, comunista e verde dos últimos anos. A realidade a imporse com toda a força. Mais uma vez acabou-se o dinheiro e está a acabar a festa socialista.

O navio Mondego é um retrato de Portugal!!

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Lélio Lourenço
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Casas para arrendar a preços loucos na região

A lei da oferta e da procura de casas, no caso concreto do arrendamento, está completamente desequilibrada na região. No período de um ano, o preço do arrendamento de determinados imóveis subiu para mais do dobro. Agora é comum encontrar na nossa região, em sites da internet, casas construídas na década de 90 ou nos primeiros anos de 2000 com rendas acima dos 1000 euros. Comprovámos que há listas de espera para se visitarem imóveis, e as exigências dos senhorios estão ao nível de um crédito bancário para compra de casa. A crise também tem os seus reflexos e há proprietários que tentam rentabilizar ao máximo os arrendamentos, porque até para eles não está fácil pagar contas. Por outro lado, cresce o fenómeno dos quartos para alugar, onde até se exigem rendas de caução, mas não se passa recibo. Numa altura em que as soluções escasseiam, fomos saber em que ponto se encontra o programa 1º Direito de rendas acessíveis levado a cabo por vários municípios da nossa região.

Lubélia Santos tem 69 anos e vive em Sesimbra. Tem o sonho de vir viver para o concelho de Vila Franca de Xira, onde reside o filho. Desde há algumas semanas que se encontra a procurar casa, mas não está fácil. À nossa reportagem refere que o seu orçamento para arrendamento não pode exceder os 500 euros, contudo e segundo a pesquisa que tem levado a cabo, o preço médio das rendas neste concelho ronda os 900 euros. Lubélia Santos está em vários grupos de Facebook de arrendamento de casas na região e tem deixado a mensagem de que precisa com urgência de uma habitação com uma renda um pouco mais acessível. O facto de muitos dos anúncios pedirem duas rendas de caução a que se junta uma terceira torna incomportável qualquer tentativa de arrendamento de uma casa. “Quero

sair de Sesimbra e ir para Vila Franca que tem outro tipo de acessibilidades e para ficar mais perto da família, mas não temos tido sorte. As rendas apenas descem um pouco para locais mais ou menos isolados na periferia de Vila Franca, mas isso não é tão interessante para nós”, refere. Este é o retrato dramático de muitas famílias na região que não conseguem suportar valores de renda muito acima do que era expectável até há alguns meses. Os valores no mercado de arrendamento estão pela hora da morte e as exigências dos senhorios são cada vez maiores. Querem perceber se os futuros inquilinos têm contrato de trabalho, mas são também comuns os anúncios em que se pede os últimos recibos de vencimento, o último IRS e respetiva nota de liquidação, a que se juntam três rendas para que o imóvel seja alugado, sendo duas de caução. Jorge Simões, agente

da Remax Vantagem Planície, ouvido pela nossa reportagem refere que se tornou pedra de toque, sempre que em cima da mesa está um contrato deste tipo, os senhorios pedirem o que designa de uma “qualificação financeira” dos candidatos para “maior segurança” quanto ao cumprimento dos contratos. Aquilo que podia significar uma intromissão na vida privada dos candidatos acaba por ser aceite dadas as necessidades, refere, salvaguardando que essas matérias “são tratadas diretamente entre os inquilinos e os senhorios”. Este é o mesmo expediente que é usado pelos bancos quando é pretendido um empréstimo para a compra de casa, mas também refere que há alguns anos “não era pedida tanta documentação aquando do arrendamento de casas”. Este é um facto resultante das circunstâncias atuais do mercado.

De acordo com o Instituto Nacio-

Rendas de quartos para alugar atingem valores estratosféricos e senhorios não passam recibo

Na impossibilidade de alugarem casa, há quem veja no aluguer de quartos uma última solução. Com rendas a chegar aos 400 euros em vários pontos da região, acabam por ser normalmente alugados a cidadãos imigrantes desesperados. Também nestes casos há quem exija mês de caução, e nem sequer passe recibo. O Valor Local contatactou, nos últimos dias, alguns proprietários, muitos deles com dificuldades financeiras que encontram nesta forma de aluguer um modo de subsistência. Na Póvoa de Santa Iria, o aluguer de um quarto junto à estação estava ao preço de 350 euros fora as despesas de água, luz e internet que, disseram-nos, teriam de ser pagas à parte. Quando questionámos sobre se a proprietária passava recibo a conversa não foi prosseguida por parte da mesma.

Telefonámos para outro contacto que falava de um quarto para alugar em Povos, Vila Franca de Xira. Neste caso o valor da renda era de 300 euros, e sem necessidade de mês de caução, com despesas já incluídas. Também aqui o proprietário que vive na casa com os filhos não passa recibo. Noutra casa em Vila Franca de Xira, no Bom Retiro, o quarto rondava os 200 euros, mas só com cama e mesa de cabeceira, sem roupeiro. Para entrar teria de pagar uma caução no mesmo valor. O aluguer do quarto implicaria ainda dividir a habitação com vários outros inquilinos. O proprietário contou-nos que tinha vários quartos alugados. Fomos ainda aconselhados a participar na limpeza semanal dos espaços comuns. “Não posso fazer mais barato porque também tenho despesas para pagar”, disse-nos o nosso interlocutor. Aqui também não se passa recibo. Noutra chamada telefónica, desta vez para a vila do Carregado uma proprietária elucida-nos que o anúncio de aluguer de quartos para casal dirige-se sobretudo para imigrantes. No caso da nossa interlocutora, alugava-nos o quarto por 350 euros se fosse só para uma senhora mas a renda podia eventualmente subir: “Para começar será esse valor, mas se for uma pessoa que esteja no banho durante imenso tempo com a água a correr terei de aumentar, porque já se sabe como é que está o preço do gás”. “Se as coisas dispararem lá terei de aumentar”, é taxativa esta proprietária que vive sozinha com o filho. Refere que se dedica a esta atividade há pouco tempo, sendo uma fonte de rendimento extra. Contudo, esclarece, que não exige mês de caução. “Algo que a maioria está a pedir e que considero um abuso”. No seu caso também não passa recibo, “porque não se justifica”. “Os que andam a pedir dois ou três meses de caução com água e luz à parte é que deveriam ser obrigados”. Já em Alverca, o aluguer de um quarto numa moradia estava a 350 euros mais caução que podia ser repartida por dois meses com despesas incluídas na renda. Baixar a renda estava fora de hipótese “porque há que fazer face às despesas”. Referiu a nossa interlocutora que não passa recibo até porque a moradia onde vive está-lhe arrendada e seria punível por lei se fizesse um subarrendamento.

nal de Estatística (INE), o valor das rendas situa-se acima da média nacional nas sub-regiões Área Metropolitana de Lisboa (10,38 euros por metro quadrado), Algarve (8,06 euros por metro quadrado), Área Metropolitana do Porto (7,62 euros por metro quadrado) e Região Autónoma da Madeira

(7,54 euros por metro quadrado).

Só no concelho de Vila Franca de Xira, os valores do arrendamento subiram em flecha registando um aumento de 24,4 por cento. Atualmente o preço do metro quadrado para arrendamento neste concelho fixa-se nos 10,1 euros, o que representa um aumento conside-

rável em relação aos 8,1 euros/metro quadrado registados em março de 2022. Na nossa infografia (ver páginas 18 e 19) rapidamente constatamos que aquilo que era uma exceção em 2021 (podendo nós extrapolar os valores até dezembro de 2022 – data da última atualização da Porda-

Mário Frota da APCD: “Senhorios estão a fazer exigências inadmissíveis”

Mário Frota, presidente da Associação Portuguesa de Direito do Consumo, não tem dúvidas em salientar que a exigência inicial que está a acompanhar os novos contratos de arrendamento que levam ao pagamento de um número “avultadíssimo” de renda à cabeça não é legal. Há casos de quem peça um ano de rendas adiantado. Com a nova lei, os senhorios apenas podem pedir dois meses de renda antecipadas e a caução.

Segundo Mário Frota “encontra-se para além do admissível este conjunto de cautelas por parte dos senhorios” que exigem entre outra documentação, em muitos casos, os últimos recibos de vencimento quer para inquilino, quer para o fiador; a existência de um contrato de trabalho; os últimos IRS e as respetivas notas de liquidação, entre outros comprovativos. A lei, salvaguarda, é omissa a este respeito. “Estamos perante um quadro de invasão da privacidade do inquilino quando se exige saber quanto é que ganha por mês, ou quanto é que declara à autoridade tributária. Este é um terreno resvaladiço e efetivamente a roçar a ilegalidade”, ilustra. A lei de proteção de dados é evidente, na sua opinião, que está a ser infringida com este tipo de atuação “de devassa da vida privada”.

Decorrente da interpretação do regulamento geral de 2016 da proteção de dados “não é legal pedir esse tipo de informação” aos futuros inquilinos com o objetivo “de se assegurar da solvabilidade dos mesmos”. “Essas exigências praticam-se efetivamente à margem da lei e como tal puníveis na justiça”.

Sobre a realidade do arrendamento de quartos sem contrato e com a exigência de um mês de caução, Mário Frota é taxativo que “não pode haver locação de uma parte da casa sem que haja um contrato”, tendo de ser observadas ainda “as condições de habitabilidade”, pois “colocar num mesmo quarto várias pessoas em beliches em condições indignas”, tal “configura mais uma ilegalidade”.

16 Valor Local jornalvalorlocal.com Destaque Abril 2023
Sílvia Agostinho Concelho de Vila Franca regista as rendas mais altas de toda a região

Abril 2023

ta/Censos) em que nalguns concelhos se contavam pelos dedos de uma mão as casas com rendas superiores a 1000 euros, hoje é uma realidade cada vez mais acentuada principalmente no concelho de Vila Franca de Xira. Atualmente concelhos como Azambuja, Benavente, Alenquer praticam valores muito superiores no arrendamento. Jorge Simões reporta que escassas são as habitações cujas rendas se situam entre os 500 e os 600 euros, quando ainda há dois anos constituíam o grosso dos arrendamentos (ver infografia), O Valor Local contactou algumas imobiliárias na tentativa de visitar vários apartamentos em que os preços se apresentavam com valores consideráveis. A Hipoges Iberia que ainda tem algumas casas para alugar nas denominadas Torres em Azambuja acima dos 800 euros possuía lista de espera de interessados. O condomínio Bella Guarda em Vila Franca de Xira, onde há queixas quanto ao ruído provocado pelo trânsito que circula na A1, tem apartamentos com rendas a rondar os 2 mil euros. Também neste caso não conseguiram agendar a nossa visita, dado o número de candidatos que já mostraram interesse em ficar com os apartamentos apesar dos preços elevados.

Jorge Simões não esconde que pode haver algum aproveitamento

por parte de alguns senhorios, que na Remax “procuramos contornar avisando que, às vezes, é preferível baixar um pouco as expetativas em prol de uma maior segurança quanto às pessoas que determinado senhorio vai colocar a habitar a sua casa”. Contudo, esclarece, o mercado está em ebulição e mesmo com preços altos, “o produto é consumido”, ou seja, “apesar de os ordenados não terem subido a tal ponto que dê para se pagarem determinadas rendas”, é certo que “o mercado de arrendamento não está parado”, e as casas vão sendo escoadas por esta via. Jorge Simões atribui a esta circunstância, quer em Azambuja, quer nos concelhos vizinhos, ao facto de nesta altura apesar de mais caras as casas na nossa região, estas acabam por ter preços para renda mais baratos em comparação com Lisboa, o que faz com que “muita gente da capital esteja a querer vir para cá”. “Se para nós azambujenses uma renda de 700 pode ser chocante, para alguém que neste momento more e trabalhe em Lisboa acaba por ser acessível”. Por outro lado, “o fenómeno da imigração também pesa, não se importando alguns senhorios de arrendarem casa a vários casais de brasileiros ou paquistaneses na mesma habitação” que entre eles acabam por conseguir reunir cerca de 900 euros, valor que acaba por ser

corriqueiro por estes dias no mercado de arrendamento de Azambuja. “É a estratégia de cada um”, resume assim esta política de alguns senhorios. Contudo ressalva que por aquilo que tem ouvido falar este tipo de prática tem trazido maus resultados – “Porque uma coisa é o desgaste dos bens do imóvel por parte de um casal, outra é quando existe o dobro ou o triplo das pessoas na mesma habitação”.

Destaque

Jorge Simões especifica ainda que nem tudo no mercado de arrendamento significa ganância dos senhorios, porque nesta altura “e só para dar um exemplo uma saca de cimento aqui numa loja em Azambuja, no ano passado, custava 2,80 e agora chega aos 5 euros”. Isto para ilustrar que na transição de um inquilino para outro, os senhorios “acabam por fazer elevados investimentos nas casas que querem voltar a colocar

no mercado”. Depois a nível fiscal “a carga de impostos subiu consideravelmente para quem faz do arrendamento uma atividade”. Jorge Simões exemplifica que as mais valias geradas por quem está no negócio da habitação são tributadas pelas Finanças em 28 por cento ao ano, ou seja, grosso modo “dois meses do ano são apenas para pagar impostos, restam dez meses de lucro”. O agente acredita que o mercado

ainda se vai manter com preços elevados decorrente do facto de a procura estar sempre à frente da oferta nos últimos anos. “Cada vez há menos construção nova, e qualquer imóvel que seja para reabilitação e colocado no mercado de arrendamento comporta um investimento que não é tão baixo quanto isso. Por isso se o senhorio não refletir esse investimento na renda acaba por não ter rendimento nenhum”.

17 Valor Local jornalvalorlocal.com
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Jorge Simões ajuda-nos a compreender o estado em que se encontra o mercado de arrendamento
18 Valor Local jornalvalorlocal.com Destaque Abril 2023 PUB PUB
19 Valor Local jornalvalorlocal.com Destaque Abril 2023 PUB

Casas de Vale de Judeus a caminho da posse da Câmara serão entregues a mais 80 famílias

Para colmatar a falta de habitação social no município, a Câmara de Azambuja foi uma das que na região lançou mão do Programa Primeiro Direito, cuja assinatura de protocolo entre a então secretária de Estado, hoje ministra da Habitação, Marina Gonçalves, o Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU) e a Câmara teve lugar em finais de 2021. O município propõe-se encontrar soluções de alojamento para 115 agregados familiares carenciados já identificados que passarão pela reabilitação de 100 habitações do antigo bairro dos guardas junto à cadeia de Vale de Judeus; sendo que 20 já estão ocupadas; a construção de seis novas habitações na Socasa 2 em Azambuja; 15 habitações em Vila Nova da Rainha no Bairro da Socasa em lotes propriedade do município, e para finalizar a requalificação de 8 casas no Bairro do Outeiro em Alcoentre. Neste leque estão englobadas quer famílias que vivem atualmente em condições de habitabilidade precárias e como tal o programa assenta na recuperação das suas casas, mas também se propõe a desenvolver a valência de arrendamento a custos controlados para agregados carenciados que se encontrem a aguardar por habitação.

Silvino Lúcio, que esteve com a reportagem do Valor Local, em Vale de Judeus, lamenta que “haja tantas habitações devolutas, nomeadamente, as que são propriedade do Estado na freguesia de Alcoentre quando a procura de casas no nosso concelho é enorme”. Há vários mandatos que a Câmara tenta ficar com a posse das habitações propriedade do ministério da Justiça, mas tem sido uma luta infrutífera até à data. Silvino Lúcio refere que o Estado nunca teve bem a noção de que tem este património no concelho, mas demonstrou interesse em passar para a alçada da Câmara aquele património. Segundo ficou a saber “a senhora ministra da Justiça já deu ordens para que os imóveis sejam transferidos para o município, através da Direção-Geral de Reinserção e dos Serviços Prisionais” para que mais tarde “possam ser colocados no mercado de arrendamento a preços acessíveis”. Atualmente a larga maioria das casas encontra-se devoluta, mas acessível, e alguns bens têm sido subtraídos ao longo dos anos do seu interior pelo número residual

de habitantes do bairro, “sempre que há necessidade por exemplo de uma torneira, ou se parte uma sanita, ou outro bem desse género”, exemplifica. Atualmente vivem 20 pessoas no bairro. O investimento global neste programa do 1º Direito no concelho ronda os 5 milhões de euros (4 milhões 976 mil 600 euros). O plano financeiro define várias fontes de financiamento, em que o IHRU disponibilizará uma verba de 2 milhões 513 mil 240 euros a fundo perdido e, ainda, 1 milhão 950 mil 925 euros a título de empréstimo bonificado. O valor restante, na ordem de 512 mil euros, será assegurado por autofinanciamento, sendo que o município espera conseguir essas verbas também através do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Nesta fase, a Câmara já recebeu as propostas por parte das empresas de arquitetura, “de modo a arrancarmos com a execução dos projetos”, salienta o autarca. Os primeiros a executar serão os de Vila Nova da Rainha e de Azambuja. O autarca espera lançar as obras em inícios de 2024.

Câmara aprova Carta Municipal de Habitação

Por proposta da vereação PSD, foi aprovada a Carta Municipal de Habitação no final do mês passa-

do, em reunião do executivo. Entre outras propostas, propõe-se a efetuar o diagnóstico das carências de habitação no concelho e

Há vários anos que o município tenta negociar a transferência destas habitações de Vale de Judeus para a sua propriedade

em articulação com o novo PDM reforçar as áreas habitacionais.

O município deve ainda declarar carência habitacional para ter

acesso a programas de financiamento destinados à habitação, reabilitação urbana e integração de comunidades desfavorecidas,

e será constituído um conselho local de habitação que participe na elaboração da Carta Municipal de Habitação.

20 Valor Local jornalvalorlocal.com Destaque Abril 2023 Azambuja
Autarca de Azambuja espera que os projetos de Vila Nova da Rainha e Azambuja arranquem em primeiro lugar

Trinta e quatro novos alojamentos no antigo Hospital da Flamenga em Vialonga

Noconcelho de Vila Franca de Xira, o município assinou acordo com o Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU) para alojar 111 famílias num investimento de 10 milhões de euros repartido pela requalificação e nova construção em Vialonga e Vila Franca de Xira. O presidente da Câmara, Fernando Paulo Ferreira, refere que os ter-

renos da Flamenga, Vialonga, onde será construída nova habitação no espaço do antigo hospital passaram para a posse da Câmara. Naquela localidade serão construídas 34 novas habitações para além de servir ainda de polo da junta e outros serviços. O município prepara-se ainda para reabilitar edifícios no centro de Vila Franca de Xira na

Avenida Cândido dos Reis e na Avenida Pedro Víctor, servindo não só para habitação, mas também para comércio, com sete fogos e dois espaços comerciais. O autarca especifica que o novo projeto para Vialonga “evocará” o antigo Palácio da Flamenga mas não pretende apostar na requalificação do imóvel, porque “está em ruínas”. “Provavelmen-

te conseguiremos aproveitar alguma coisa, mas o projeto ainda está em elaboração, pelo que ainda não consigo dizer qual será o formato final”. O autarca espera que os projetos saiam do papel no início do ano que vem para que as obras sejam lançadas.

A Estratégia Local de Habitação em Vila Franca de Xira para

além do 1º Direito para agregados carenciados, assenta ainda, segundo o autarca, no reforço da habitação para a classe média e para os jovens através de rendas acessíveis, através da requalificação das cerca de 14 antigas vivendas da OGMA em Alverca, isto quando aquele património passar para a posse do município, conforme a autarquia já ma-

Câmara do Cartaxo vai disponibilizar 38 novas casas requalificadas a famílias carenciadas

O programa 1º Direito no concelho do Cartaxo arrancou ainda no anterior mandato, e tem sido consolidado durante a gestão do PSD de João Heitor.

O autarca refere que a verba atribuída através do IHRU é de 4 milhões e 200 mil euros sendo que até à data foi gasto cerca de meio milhão de euros, investido na aquisição de sete casas que vão ser reabilitadas destinadas a agregados carenciados. No total do programa serão intervencionadas 69 habitações, 21 já ocupadas, mas que se encontram em condições indignas de habitabilidade. Serão disponibilizadas 38 habitações a ser alvo de requalificação a agregados já identificados.

João Heitor, presidente da Câmara, explica que a Estratégia Local de Habitação assenta sobretudo na requalificação de imóveis e não na construção de raiz numa lógica “de não criação de ghettos”. As sete casas adquiridas até ao momento a privados localizam-se na sede de concelho, mas a Câmara tem

outros imóveis em vista nas restantes freguesias do concelho.

O município tem ainda algumas habitações suas em Valada e pretende requalificar também uma escola primária ao abrigo deste programa. “O que pretendemos é que as pessoas se mantenham nas suas localidades, no seu núcleo social”. Nesta altura, estão a ser executados os projetos com vista às obras pretendidas, que devem arrancar à partida no próximo ano.

O município diz estar a acompanhar o mercado e “à procura de oportunidades no sentido de serem adquiridas novas habitações com vista à sua requalificação”. O autarca diz-se preocupado com a falta de oferta a nível a habitação, porque “há uma pressão vinda de sul com muita gente de Lisboa a procurar os concelhos da região”.

João Heitor espera que o mercado reaja com a construção de novos fogos, e “criando mais habitação no concelho do Cartaxo”.

nifestou vontade. A Câmara espera ainda intervir na requalificação dos bairros dos avieiros em Vila Franca, Póvoa e Bom Retiro, ultrapassado que esteja o imbróglio com a massa falida da empresa proprietária, a Promocasa. “Estamos a fechar negociações com o IHRU para que venham à posse da Câmara Municipal”.

21 Valor Local jornalvalorlocal.com Destaque Abril 2023
Presidente da Câmara do Cartaxo fala de uma pressão que vem de sul e que já afeta também este concelho ribatejano Fernando Paulo Ferreira dá a conhecer os vários projetos em curso Em Vialonga, no antigo sanatório, será construída habitação de raiz

Alenquer implanta ecocentros para controlar flagelo dos monos

ACâmara de Alenquer assinou uma parecia com a Electrão tendo em vista a reciclagem de resíduos de equipamentos elétricos/ eletrónicos, pilhas, lâmpadas e acumuladores, nas freguesias, através da criação de mini-ecocentros. Para já aderiram Meca, Ribafria/Pereiro de Palhacana, Aldeia Gavinha e Aldeia Galega que vão receber os primeiros equipamentos com vista à reciclagem. Também as duas corporações de bombeiros do concelho (Alenquer e Merceana) já fazem parte da iniciativa. Um dos grandes objetivos passa também pelo controle da deposição de monos, um dos grandes problemas ambientais do concelho, que o vereador Paulo Franco, em declarações ao Valor Local, espera poder ver minimizado de futuro. O objetivo é alargar este programa às demais freguesias até ao final do ano.

Para tal, e segundo o autarca, cada freguesia deverá dispor de um espaço para o efeito devidamente vedado, bem como passar a gerir este equipamento, através do acerto de um horário de acesso aos ecocentros. Este programa tem ainda uma componente social, dado que as verbas resultantes do encaminhamento dos eletrodomésticos e equipamentos

eletrónicos reverterão a favor das associações de bombeiros do concelho.

O autarca espera de facto poder combater a realidade dos monos no concelho, “onde persiste a falta de cuidado e de cidadania com o despejo destes resíduos”, de que são exemplo os restos de

obras “abandonados por determinadas entidades que os deveriam encaminhar, e que assim obrigam a Câmara a fazê-lo, assumindo o município essa despesa que deveria caber ao privado”, resume. Recentemente a Câmara também apostou na renovação da sua rede de oleões. Nesta altura,

são 36 o número de oleões, estando ainda perspetivado o aumento da rede de ecopontos. Ricardo Furtado, em representação da Electrão, citado em comunicado de imprensa do município, salientou a importância de encaminhar bem os resíduos elétricos e eletrónicos por via da adequada

reciclagem. “Há situações em que temos de salvaguardar e garantir que estes resíduos [REEE e RPA] são adequadamente recolhidos e encaminhados, a Electrão garante também que o país dá resposta àquilo que é a legislação comunitária em matéria destes resíduos”, reforçando a importância

Quercus acusa o ICNF de compactuar com os interesses da central fotovoltaica Escalabis

AQuercus foi alertada pela indignação de populares sobre o abate de cerca de 200 sobreiros numa área de espaço florestal, onde foi aprovada a construção do mega parque solar da Escalabis Solar e da Energi Innovation localizado nos concelhos de Santarém e do Cartaxo, mas que faz fronteira com a União de Freguesias de Manique do Intendente, Maçussa e Vila Nova de São Pedro, já no concelho de Azambuja. Domingos Patacho, daquela associação, diz ao Valor Local que já foram pedidos esclarecimentos junto do Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) mas até ao momento não foram dadas as respostas quanto à autorização obtida. Segundo o ambientalista, não deveriam ter sido arrancados exemplares em zonas dispersas, sendo que requereram ao ICN essa autorização "que foi dada sem qualquer tipo de justificação".

O projeto da central fotovoltaica que está em marcha consiste na instalação de um parque solar de 189 MWp de potência total insta-

lada que estima produzir cerca de 390 GWh/ano, aproveitando a energia solar, com tecnologia fotovoltaica tradicional de painéis solares. Localiza-se numa vasta área com cerca de 568 hectares nas freguesias de Vila Chã de Ourique e União das freguesias do Cartaxo e Vale da Pinta, no concelho do Cartaxo e na freguesia de Almoster, Póvoa da Isenta e União de Freguesias da Cidade de Santarém, no concelho de Santarém.

O Parque Solar Escalabis foi aprovado, em grande parte, em terrenos rústicos da Quinta do Falcão de Cima, junto da A1, em Almoster, entre o Cartaxo e Santarém, onde até recentemente existia um grande eucaliptal gerido pela Altri Florestal, o qual está agora a ser convertido numa nova área industrial forrada a painéis.

A Declaração de Impacte Ambiental (DIA) favorável, emitida a 26 de abril de 2021, referia que a implantação do parque solar devia respeitar, sempre que possível, “a máxima preservação de

exemplares da espécie ‘Quercus Suber’ (sobreiro) e outras árvores como o carvalho cerquinho e o pinheiro manso”. Apesar das afirmações descritas no Estudo de Impacte Ambiental pelo promotor Escalabis Solar, S.A, e das medidas de minimização obrigatoriamente a introduzir

no projeto, conforme o Título Único Ambiental e a Declaração de Impacte Ambiental, “o certo é que foi promovido o arranque dos sobreiros fora dos povoamentos e núcleos, de cerca de 200 sobreiros”, continua a sustentar a Quercus em comunicado de imprensa.

do trabalho conjunto para “um ambiente melhor para todos”. O município acrescenta ainda, em comunicado de imprensa, que o ecocentro do município de Alenquer, localizado no complexo municipal Quinta do Barnabé (Alenquer), está em funcionamento de segunda a sexta-feira, sendo possível depositar: Papel/Cartão; Embalagens de Plástico e Metal; Embalagens de Vidro; Mistura de Plástico (conhecido como plásticos rígidos); Mistura de Vidros (como espelhos, janelas, etc.); Resíduos de Equipamentos Elétricos e Eletrónicos (REEE); Resíduos de Madeiras; Monstros/monos (colchões, móveis, etc.); Óleos Alimentares Usados (OAU); Metal; Resíduos de construção e demolição de pequenas obras de bricolage; Pilhas; Lâmpadas usadas; Pneus de veículos ligeiros; Óleos lubrificantes; Resíduos verdes (relva, troncos, ervas, etc.). Os Paços do Concelho, as Bibliotecas Municipais de Alenquer e Carregado, o Espaço de Cidadania da Barrada (Carregado) e todas as sedes/delegações das juntas de freguesia (exceto as que já têm ecocentro, com depósito próprio) também recebem lâmpadas e pilhas com a finalidade de encaminhá-las para reciclagem.

A Quercus manifesta-se “contra esta atuação da empresa que promoveu o abate ilegal de sobreiros, em incumprimento com o descrito nas condicionantes do projeto”, pode ler-se no mesmo comunicado.

A Quercus exige agora que para além da Direção-Geral de Ener-

gia e Geologia, entidade licenciadora da central, a Agência Portuguesa do Ambiente, enquanto autoridade “efetue uma auditoria detalhada sobre os incumprimentos ao estabelecido no projeto e os divulgue publicamente para o cabal esclarecimento dos responsáveis”.

22 Valor Local jornalvalorlocal.com Ambiente Abril 2023
Protocolo assinado entre a autarquia e a Electrão A execução do parque solar da Escalabis está em marcha e envolto em polémica
23 Valor Local jornalvalorlocal.com Publicidade Abril 2023 PUB PUB

Mulheres na vida autárquica

As janelas que Abril abriu

Antesdo 25 de abril, as mulheres não podiam exercer qualquer cargo político. A mulher não podia aceder a este setor da sociedade e da vida pública. O Valor Local entrevistou duas presidentes de junta da nossa região. Uma tinha 13 anos quando se deu o 25 de Abril e a outra três. A primeira é Liseta Almeida, autarca de Ventosa, um dos territórios rurais da nossa área de influência, a segunda é a presidente de junta da união de freguesias mais populosa – Póvoa-Forte. As diferenças na governação de duas realidades díspares, o papel da mulher na política, o percurso pessoal, as preocupações com os seus territórios neste Especial 25 de Abril e as Janelas que Abril abriu. Tinha apenas 13 anos quando se deu o 25 de Abril. Liseta Almeida, presidente da junta de freguesia de Ventosa, concelho de Alenquer, lembra-se bem daquele dia. Frequentava a escola na sede de concelho e os professores mandaram os alunos para casa, porque a Revolução dos Cravos estava em curso. Vivia naquele tempo na Labrugeira, aldeia da mesma freguesia onde hoje exerce funções. Quando chegou a casa, os vizinhos estavam todos a ouvir a rádio, porque a televisão era ainda um eletrodoméstico raro na freguesia. O seu interesse pela política surgiu também naqueles anos a seguir, quando começaram a surgir reuniões nas coletividades

Ana Cristina Pereira

e a necessidade de alfabetização daqueles que durante o anterior regime não tinham tido acesso à educação. Teria já os seus 16 anos quando deu aulas de alfabetização na Labrugeira. Muitos queriam tirar a quarta classe, o antigo ensino obrigatório. Liseta Almeida recorda aqueles ventos de mudança em que também nos meios mais rurais as pessoas de várias idades tinham necessidade de evoluir e de ter acesso a algo melhor para as suas vidas, depois de décadas de ditadura. Nas primeiras eleições em liberdade, recorda-se, “as pessoas faziam fila para ir votar”. “Lembro-me muito bem desse cenário na Cortegana, aqui na freguesia”.

Mais tarde casou aos 18 anos, e teve o seu filho aos 20. Tem trabalhado até hoje na Escola Secundária Damião de Góis em Alenquer, primeiro como auxiliar de ação educativa, e mais tarde como administrativa após concluir o 12º ano. Vai reformar-se em breve. “Estou a aguardar ansiosamente para poder usufruir mais da vida”, refere.

É desde 2013 presidente da junta, mas desde 2001 que fazia parte das listas, tendo sido tesoureira até ir como cabeça de lista pelo PS nas últimas três eleições autárquicas. Liseta Almeida assume ainda o lugar de segunda-secretária na Assembleia Municipal de Alenquer e confessa que o bichi-

nho da política já era antigo. O convite deu-se por parte de antigos colegas na junta, e embora não se visse a ter um cargo político numa autarquia decidiu aceitar.

A experiência tem-se revelado como “boa”, exceto, ressalva, durante o mandato de 2009-2013 quando a crise financeira acabou por condicionar também o normal funcionamento das juntas. “Foi um período terrível, porque não tínhamos dinheiro, nem a Câmara para nos ajudar. Sofri bastante nessa altura”. Decidiu aceitar o repto para ser a cabeça de lista em 2013. “Como tínhamos superado aqueles anos que tinham sido tão maus, muitas pessoas incentivaram-me a assumir a candidatura, apesar de estar esgotada”. Já como presidente de junta destaca o combate à Covid-19 como um dos principais desafios, altura em que andou “sempre na rua”, porque havia que fazer a desinfeção das localidades, e acudir às diversas situações.

A freguesia de Ventosa conta atualmente com 2002 pessoas menos 171 do que nos Censos de 2011, embora note que nos últimos tempos a população tem aumentado graças à imigração sobretudo de cidadãos brasileiros, e alguns chineses. A autarca tem esperança que mais pessoas venham viver para a freguesia, dado que algumas casas devolutas estão a ser recuperadas. Algum trabalho que ainda subsiste em vi-

“Desagregação das freguesias não faz sentido na P

Nasceu em 1971, pelo que as memórias do 25 de Abril são praticamente inexistentes.

Ana Cristina Pereira é, desde as últimas autárquicas, presidente de junta na União de Freguesias Póvoa-Forte. Veio para o Forte da Casa com nove anos, e foi aqui que fez grande parte da sua vida. O facto de os pais terem sido operários leva a que tenha memórias de “greves e de movimentos de operários”, característicos do pós 25 de Abril. Lembra-se ainda de muitas paredes pintadas com “frases fortes e de luta”. Estudou na Póvoa, depois na Gago Coutinho em Alverca. Fez o curso de Relações Internacionais em Lisboa, e trabalhou desde o ano 2000 na Autoridade Tributária. Casou, teve uma filha. O convite para a política deu-se nas eleições autárquicas de 2001 para fazer parte das listas do PS à então junta de freguesia

do Forte da Casa. “Desde miúda que sempre tive muito interesse pelo que se passa à minha volta. Durante o tempo da faculdade estava na ordem do dia a luta pela independência de Timor-Leste, a guerra do Iraque, e sempre tive muita curiosidade pela política nacional e internacional. Em 1997, passei a militar no Partido Socialista, com o qual me identifico”. Ana Cristina Pereira manifestou o seu interesse em participar na vida política local. Foi terceira na lista do PS em 2001 com António José Inácio como cabeça de lista, o qual está hoje do outro lado da barricada depois de ter saído do PS e ter fundado um movimento de cidadãos. O partido ganhou a junta e Ana Cristina Pereira era a tesoureira naqueles primeiros anos da década de 2000. “Foi uma grande aprendizagem logo de início, conheci muitas pes-

soas”, recorda. Ao longo dos anos foi sempre fazendo parte das listas ora na junta, ora na Assembleia Municipal.

Um dos temas que tem estado na ordem do dia prende-se com a desagregação das duas freguesias que acabou por ser re-

provada pela Assembleia Municipal de Vila Franca de Xira.

Para Ana Cristina Pereira não faz sentido proceder-se à sepa-

ração, “porque estamos perante um território contínuo urbano que sempre partilhou equipamentos e serviços”. Com a união de freguesias “acabámos por aumentar o número de trabalhadores e dar mais resposta às necessidades, também com economia de escala”. A desagregação no seu ponto de vista não levaria “a que se pudesse servir melhor a população das duas freguesias”.

Com uma população de 40 mil 871 habitantes, a principal preocupação da população da freguesia prende-se atualmente com a falta de médicos de família, nomeadamente, no Forte da Casa, onde apenas se prestam serviços mínimos de saúde. “As juntas do concelho em conjunto com a Câmara já deram conta das suas preocupações ao ministro da Saúde. Foi prometida uma auditoria aos centros de saúde que será importante para

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Ana Cristina Pereira acredita que mais mulheres são necessárias na política

nhas e quintas das proximidades tem contribuído para essa fixação, mas também há quem venha de Lisboa e esteja a escolher a freguesia como segunda habitação. Para incrementar a natalidade na freguesia, a junta lançou mão do programa “Nascer em Ventosa”, o denominado cheque bebé, composto por artigos de puericultura. A farmácia local e uma loja de gás também contribuem para o pecúlio numa lógica de comunidade. O investimento é de cerca de 250 euros.

O estado da saúde na freguesia é uma das suas preocupações. Os habitantes da freguesia têm de se deslocar às extensões de saúde do Olhalvo e da Merceana, mas não há médicos de família. A situação tem sido mais ou menos dirimida com médicos aos sábados através de um protocolo da

Câmara de Alenquer, mas a autarca espera por soluções mais definitivas, assim como, no caso do principal problema ambiental da freguesia que se prende com as descargas da suinicultura da Berbelita, que já devia estar encerrada, mas que teima em arrastar-se pelos tribunais. “Ainda há pouco tempo tivemos aqui o Festival das Sopas na Adega Cooperativa da Labrugeira, e o cheiro era insuportável. Toda a gente se apercebeu. Não compreendo como nunca se faz nada. Continuamos sem colocar termo a este problema”. Quanto às queixas da população refere que uma das principais relacionase com a necessidade de limpeza dos caminhos vicinais. A junta de freguesia por vezes, refere, acaba por ser mais um consultório onde as pessoas se dirigem, “porque têm necessidade de

Póvoa e no Forte”

determinar o que corre menos bem. O ministro referiu que os concursos são abertos, mas não aparecem interessados em vir para estes concelhos da zona de Lisboa”. Cerca de 25 mil pessoas no território da união de freguesias não têm médico de família.

A necessidade de um nó de ligação à A1 e a questão do estacionamento estão entre as situações que a junta gostaria de ver resolvidas. A proliferação de monos na freguesia “é outra das lutas contínuas” da junta, tendo em conta também a falta de recursos humanos para acudir a todas as situações. A incúria parte dos cidadãos individualmente, mas também de empresas que não têm pejo em fazer aquele tipo de deposição ilegal.

A junta está a trabalhar na sensibilização “para que se limite ao máximo o número de monos na via pública”.

ser ouvidas e acabam por desabafar sobre os seus problemas pessoais, como foi o caso recente de um cidadão que entrou por aqui adentro muito alvoraçado, muito chateado, e no fim acabámos por ter uma boa conversa. A esposa desse senhor estava com cancro e daí a atitude menos correta que teve inicialmente. A tarefa de um presidente de junta acaba por ser também essa - a de ouvir as pessoas”.

Liseta Almeida considera que as mulheres também têm as mesmas oportunidades dos homens a nível político no seu concelho, e mais concretamente no PS, mas “o problema é que nem sempre querem vir para a política”. Com a implantação das quotas, concorda que acaba por ter de haver equidade nem que seja do ponto de vista legal.

Sendo uma freguesia com uma elevada densidade populacional, acredita que muitos cidadãos da união de freguesias sabem que é a presidente da junta, “talvez sobretudo no Forte da Casa dado que foi lá que criei as minhas raízes, mas também na Póvoa. Estou muito presente na vida das associações, das escolas, e muitos já me conhecem”. A autarca acredita que o movimento associativo é vital para que persista o sentimento de comunidade numa cidadedormitório como é o caso da Póvoa, sobretudo. Com o mercado da habitação a entrar numa espiral louca na região, Ana Cristina Pereira não esconde que a junta é cada vez mais procurada pelos fregueses aflitos com a possibilidade de serem despejados. O mercado do arrendamento atinge patamares nunca vistos. “Somos uma freguesia muito urbana, cada vez mais

procurada. Todos os dias temos imigrantes a querer vir viver para cá. Estamos ao mesmo tempo a receber pessoas de Lisboa, onde as rendas ainda são maiores do que na Póvoa e no Forte, embora os preços na nossa freguesia já estejam muito altos. A pressão imobiliária é cada vez maior”. Ana Cristina Pereira acredita que as mulheres têm tido oportunidades no Partido Socialista, embora “sejam precisas mais”. “Temos aqui no concelho a grande referência que é Maria da Luz Rosinha, antiga presidente da Câmara, e atual deputada. A nível não só do PS, mas também de outros partidos houve várias candidatas às juntas nas últimas eleições. Acredito que o facto de as mulheres terem de conjugar a vida pessoal com a profissional seja um entrave para que muitas possam vir para a política”.

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Liseta Almeida está a meio tempo na junta de freguesia de Ventosa

PSD de Vila Franca acusa Inestética de transformar Palácio do Sobralinho numa vergonha

OPSD de Vila Franca de Xira acusa a Companhia Teatral Inestética de não fazer uma adequada gestão do espaço do Palácio do Sobralinho, estrutura municipal que foi cedida àquela entidade pela Câmara através de um contrato de comodato que prevê a sua utilização até seis noites por ano. Em reunião de Câmara, David Pato Ferreira, daquele partido, deu a conhecer fotografias de paredes sujas, rachadas, com manchas de humidade, sintoma de que as manutenções não estarão a ser feitas pelo município, mas também a transformação de vários espaços em autênticos estaleiros por parte da companhia teatral.

Apesar do protocolo ser explícito quanto ao número de dias que a infraestrutura municipal está cedida à companhia teatral, David Pato Ferreira refere que ficou surpreendido porque na visita ao local, foi constantemente alertado que não podia entrar em determinadas salas ou espaços do palácio porque estavam adstritos à

Inestética. O vereador entende que o equipamento não pode ficar capturado pela gestão que a companhia faça no local. David Pato Ferreira prossegue: “A Inestética ocupou espaços de corredor que estão transformados numa espécie de armazém da companhia, e

deixou a biblioteca do Palácio do Sobralinho num estado lamentável, bem como o denominado quarto de Salazar”, cujas paredes estão carregadas de humidade. O autarca referiu que não é contra a concessão de espaços públicos para utilização das entidades do

concelho, “mas em condições, com respeito e consideração pelo património público”, porque “o que está a acontecer no Palácio do Sobralinho é uma vergonha”. “Se temos mão de ferro com alguns grupos teatrais e agentes culturais também deveríamos ter neste

caso”. Na resposta, o presidente da Câmara de Vila Franca de Xira, Fernando Paulo Ferreira, desvalorizou as críticas. David Pato Ferreira acrescentou ainda que a Câmara perdeu o controle do que a Inestética passou a fazer no Palácio do Sobralinho. O Valor Local

contactou a companhia teatral que não se mostrou interessada em falar sobre esta polémica. O município para além de ter um protocolo com a Inestética para cedência do Palácio seis noites por ano, apoia anualmente a associação com 30 mil e 600 euros.

26 Valor Local jornalvalorlocal.com Política Abril 2023 PUB PUB
Aspeto de uma das paredes Estado em que se encontra a biblioteca do Palácio

João Santos saiu “por não querer lutar contra quem lhe atirou lama”

Olíder da concelhia socialista de Vila Franca de Xira, Paulo Afonso, abre o livro sobre o mais recente acontecimento que abalou aquela estrutura partidária, a renúncia ao mandato de João Santos da presidência da junta de freguesia de Vila Franca, na sequência da polémica em que terá acumulado indevidamente o ordenado a tempo inteiro de presidente de junta com a docência numa universidade. A junta teve de pagar 3619 euros por João Santos ter recebido durante cinco anos um salário superior ao que diz a lei para este tipo de casos. Para Paulo Afonso, a saída de João Santos também assenta na premissa de que “não vale a pena lutarmos contra pessoas que gostam de atirar lama para cima dos outros, primeiro porque saímos sempre sujos, e depois porque elas gostam” numa referência à CDU de Vila Franca. Quanto ao facto de a concelhia se ter limitado à altura dos factos, fevereiro deste ano, a apenas um breve comunicado, refere que “foi pensado” e em concertação com o próprio João Santos. No seu entender, João Santos não sai por não ter aguentado a pressão, mas “por querer salvaguardar a sua

vida profissional e pessoal”.

Já sobre a alegada falta de assiduidade do ex-presidente de junta na autarquia apesar de estar a tempo inteiro, desvaloriza adiantando que outros autarcas acabaram por gozar da mesma fama, “como Jorge Ribeiro, antigo presidente na junta da Póvoa de Santa Iria”, ou como são os casos atualmente de “João Tremoço em Vialonga, e Ana Cristina Pereira na Póvoa”. “Os mesmos que dizem isso são os perdedores, os que não conseguiram ganhar as juntas”.

Ricardo Carvalho que agora ocupa o lugar de João Santos pode ser o candidato nas autárquicas de 2025, mas isso depende “da vontade dele e da secção, porque ao contrário de outros partidos não decidimos estas coisas centralmente”.

Já quanto à possibilidade de integrar as listas do PS à Câmara de Vila Franca, atualmente governada por Fernando Paulo Ferreira (PS), prefere não falar em falta de convites para um possível lugar de vereador, recusando entrar em detalhes quanto às suas reais ambições políticas quer no concelho, quer como deputado à Assembleia

da República em futuras eleições legislativas. Apesar de ter integrado a lista do PS ao Parlamento nunca chegou a ser eleito. “Estarei onde o PS quer que eu esteja, mas também só estou onde quero”, dá a entender. Para já não refere se será recandidato à concelhia do PS de Vila Franca de Xira cujas eleições serão para o ano. Apesar de ter vencido a Câmara de Vila Franca de Xira mais uma vez e de ter conquistado pela primeira vez todas as juntas do concelho, o PS tem enfrentado diversos casos. Ainda antes da renúncia de João Santos, deu-se a rotura de Célia Monteiro com o partido. A ex-presidente das Mulheres Socialistas de Vila Franca deixou o PS no verão passado, acusando a concelhia de “falta de decoro, promiscuidade e devassa da vida privada”. Acusações graves que segundo Paulo Afonso, o principal alvo daquelas palavras da antiga eleita do PS, que se mantém na Assembleia Municipal como independente, já foram alvo de reflexão. Segundo Paulo Afonso, a sua antiga camarada de partido teria expetativas que não podiam ser satisfeitas, relacionadas “com a sua profissão de arquiteta e a indi-

cação a um dos grupos de trabalho da assembleia” o que podia gerar “conflito de interesses”, algo que não foi bem percebido pela eleita.

Corrida à câmara de Alenquer já se joga nos bastidores

Com a saída de Célia Monteiro do PS, mas que permanece como deputada independente na Assembleia Municipal, o partido para continuar a assegurar a maioria tem

Pedro Folgado assegura que vai levar mandato até ao fim e não arrisca favoritos

Pedro Folgado não assume nenhuma preferência sobre o futuro candidato à Câmara Municipal de Alenquer pelo Partido Socialista. Em entrevista à Rádio Valor Local, o autarca que não poderá ser recandidato devido à lei, assegura que não é candidato a qualquer outro cargo político, pelo menos no que toca ao atual momento. Folgado também deixa claro que não pretende abandonar o mandato para o qual foi eleito, referindo ainda que está fora de hipótese sair para dar lugar ao vice-presidente da Câmara, Rui Costa. Uma prática que acontece em muitos concelhos do país por parte dos vários partidos políticos. “Essa nunca foi a estratégia”, esclarece. Com um cenário onde existem vastos candidatos à Câmara, Pedro Folgado joga pelo seguro e embora admita que gostaria de ver o seu legado perpetuado, não se deixa influenciar pelos senhores que se seguem.

Desde 2013, altura em que Folgado se candidatou pela primeira vez, sucedendo a Jorge Riso, que

a equipa se tem mantido, e na prática, todos são candidatos à Câmara, ou como o atual presi-

dente refere, “podem não ser candidatos a nada, dependendo da vontade de cada um”.

Certo é que a especulação em torno dos restantes vereadores do executivo e do atual e único

contado com o apoio da eleita do CDS-PP, Filomena Rodrigues, que entrou em rota de colisão com o PSD e tem garantido a passagem de algumas propostas socialistas, depois de desfeito o acordo com o seu parceiro natural. Paulo Afonso nega que haja um acordo formal ou informal – “Não houve aqui nenhuma troca de favores”.

Em dezembro último, a Assembleia Municipal votou contra a desagregação das uniões de freguesia de Póvoa-Forte; Alverca-Sobralinho e Castanheira-Cachoeiras, com o Partido Socialista a reprovar as propostas secundado por outros partidos consoante os casos. O mesmo PS que fez aprovar a nível nacional a lei 39/2021.

Questionado sobre este contrassenso, Paulo Afonso escuda-se referindo que “no concelho nenhuma freguesia teria condições para cumprir todos os requisitos”, e que “foram encontradas economias de escala na gestão dessas freguesias nos últimos anos”, o que na sua opinião é um dos motivos para que a desagregação não faça sentido. O líder da concelhia lamenta, ainda, que a discussão em algumas das freguesias “tenha descambado para o populismo”.

deputado eleito pelo Oeste, tem sido tema de conversas de café, autênticos debates políticos, com as preferências de cada um a virem à tona.

Mas se esta é uma discussão que não se aplica pela falta de rigor, o mesmo não se pode dizer das intenções de cada um, que nesta altura, ainda não foram manifestadas.

Se a tradição fosse seguida, como noutros concelhos, Rui Costa seria o senhor que se segue. Pedro Folgado admite que esta é uma questão que “mexe com as emoções”, no entanto assegura que Rui Costa “é quem está mais bem preparado para levar até ao fim ou recomeçar um projeto”. “Rui Costa conhece todos os dossiers, exceto ao nível da Comunidade Intermunicipal”.

No entanto, enfatiza que tal passa também pela “vontade do próprio em ser candidato” e depois há que contar com o apoio da população.

No que toca ao restante executivo, nomeadamente, Paulo Franco, Tiago Pedro ou Dora Pereira,

Pedro Folgado refere que “estão todos em boas condições de serem candidatos”. O que é certo é que na corrida para 2025, estão os elementos do executivo, mas é de fora deste elenco que surge o nome mais forte. João Nicolau, atual deputado na Assembleia da República, é um dos nomes mais consensuais para suceder a Pedro Folgado.

O deputado socialista tem feito uma carreira fora do concelho, enquanto acompanha o dia a dia de Alenquer na Assembleia Municipal. João Nicolau é um nome a considerar de acordo com o atual presidente da Câmara. O deputado “conhece menos as matérias da Câmara Municipal, mas conhece o concelho e tem até uma visão mais abrangente da região”.

Também o vereador Tiago Pedro merece uma palavra de Pedro Folgado. O atual presidente da Câmara sublinha o bom conhecimento do vereador que tem uma visão mais abrangente até porque foi seu adjunto e conhecia muitos dos dossiers que acompanhava.

27 Valor Local jornalvalorlocal.com Política Abril 2023
concelhia do PS de Vila Franca
Paulo Afonso, presidente da
Paulo Afonso refere-se aos casos mais quentes que têm abalado o PS de Vila Franca No seu último mandato não tem planos para se candidatar a outros cargos políticos

“Descentralidades” está de regresso a Alverca/Sobralinho

Afreguesia de Alverca/Sobralinho recebe até outubro a segunda edição do programa cultural e desportivo: “Descentralidades”. A iniciativa que foi “um sucesso no ano passado”, arrancou no dia 16 de abril e deverá figurar no calendário da freguesia, durante os próximos anos, tendo em conta o “bom acolhimento registado”, de acordo com a autarquia.

Segundo Claúdio Lotra, presidente da Junta, o “Descentralidades” revelou-se uma boa aposta ao ponto de a junta de freguesia ter registado o nome deste programa. O autarca refere que o registo do nome servirá para “que se mantenha na posse da junta de freguesia, sendo que com o sucesso que a iniciativa teve na primeira edição, poderiam outras autarquias, ficar tentadas a adotar o mesmo nome”.

O autarca revela que a edição deste ano conta com várias surpresas

que passam pela realização de mais de 30 eventos culturais e desportivos, organizados pela própria junta de freguesia e também pelo movimento associativo, que se associa a esta programação, ao qual o autarca reconhece “o esforço”, salientando o seu “papel importante para a concretização e para o sucesso da iniciativa”. Para além do desporto e da música, o teatro também vai marcar presença, bem como a dança. Na edição de 2023, há lugar também à gastronomia, com a “Festa do Torricado” em Arcena ou a “Caça ao Caracol”, também nesta localidade.

Cláudio Lotra sublinha que a primeira edição teve um balanço muito positivo, e por isso a existência desta segunda edição. O autarca recorda que o “Descentralidades” teve um bom acolhimento também por parte da das várias culturas e

comunidades que habitam a freguesia de Alverca/Sobralinho às quais este programa também se dirige.

Ao todo participam 12 associações nesta iniciativa. A edição de 2023 tem mais associações aderentes, sendo que a junta apenas organiza diretamente quatro iniciativas, as restantes, mais de 25, são levadas a cabo pelas coletividades. Para o futuro, o presidente da junta garante que a iniciativa veio para ficar, mas assegura que será natural que cresça para outros locais, para além de Alverca e Sobralinho. “A freguesia de Alverca e Sobralinho é bastante vasta e com muitos aglomerados populacionais, e a nossa intenção é levar os eventos no âmbito do ‘Descentralidades´ ao maior número de locais”.

Ouça a entrevista na íntegra em www.radiovalorlocal.com

Festa do Vinho do Cartaxo celebra

Exposições, venda e provas de vinho, cozinha ao vivo e harmonizações entre vinho e gastronomia, tasquinhas regionais, o melhor das casas agrícolas, das adegas e das empresas do setor vitivinícola do concelho do Cartaxo, a par do artesanato, música tradicional e concertos, são as propostas da XXXIII edição da Festa do Vinho.

Em palco, destaque para o concerto de David Antunes & The Midnight Band no sábado, dia 29 de abril e de Os Azeitonas, no domingo, dia 30 de abril, ambos às 22h00, e para os DJ que ocuparão o palco sexta, sábado e domingo, sempre às 24h00.

A Festa do Vinho do Cartaxo tem inauguração marcada para as 19h00 do dia 28 de abril, sexta-feira, com a atuação de Acrodance, do Ateneu Artístico Cartaxense. No

palco, o primeiro dia da Festa, vai ter o concerto Um Brinde a Vós, da Banda da Sociedade Filarmónica Incrível Pontevelense, agendado para as 22h00. Às 24h00, será o DJ Vassalo a assumir a animação da Praça das Tasquinhas. No dia 29 de abril, sábado, a festa oferece três provas de vinho comentadas, que darão destaque aos vinhos Ode Winnery, Quinta da Lapa e Quinta da Badula – às 15h00, 16h00 e 19h00, respetivamente. Em palco, às 22h00, estará David Antunes & The Midnight Band. Às 24h00, DJ O Munas assume a animação da Festa. No domingo, dia 30 de abril e véspera de feriado nacional, a Festa do Vinho convida o público a participar em dois showcookings, o primeiro, às 17h00 – Os detalhes de uma harmonização – com o restaurante Copo 3 e a Adega do Car-

néctares do concelho

taxo, o segundo, às 18h30 – Uma harmonização arrojada –, com o Restaurante 1143 e os Vinhos Franco. No palco, a noite conta, às 22h00, com o concerto de Os Azeitonas e a partir das 24h00, com o Dj Tolan.

Na segunda-feira, dia 1 de maio, a festa celebra o Dia do Trabalhador com as tradições e a cultura ribatejanas. Logo pela manhã, às 10h00, será o cortejo etnográfico a levar campinos, amazonas, cavaleiros e ranchos folclóricos às ruas engalanadas da cidade. Às 15h00, o palco recebe a atuação dos ranchos folclóricos do concelho enquanto, na Praça de Touros, a partir das 16h00, se cumpre a tradicional corrida de touros. A Banda da Sociedade Cultural e Recreativa de Vale da Pinta, sobe ao palco às 21h00, para encerrar a Festa do Vinho do Cartaxo 2023.

Está de regresso mais uma edição do festival “Políticas à P’Arte” do concelho de Arruda dos Vinhos. A iniciativa que já vai na terceira edição, conta com várias iniciativas, que vão desde a música ao cinema, passando pelo debate de ideias. Este é um festival promovido pelo Município de Arruda dos Vinhos, através do Centro Cultural do Morgado.

Pela primeira vez, o festival “Políticas à P’Arte” vai ter cinema documental, algo que acaba por ser também uma mais-valia no que toca à programação.

Carlos Alves, vice-presidente da Câmara Municipal de Arruda, refe-

re que a “máquina” já está oleada. A bilheteira online começou a vender os primeiros bilhetes para os espetáculos de João Afonso e Samuel Úria que este ano assumem as rédeas como artistas convidados.

O autarca refere que este é um certame que deverá crescer ainda mais no futuro, focando que a mostra de cinema documental acaba por ser igualmente uma montra importante, e destaca o documentário “José e Pilar” no Auditório Municipal do Morgado, mas ao mesmo tempo decorre um vasto programa do Instituto Português do desporto e da Juventude (IPDJ)

que terá um programa específico destinado aos mais jovens neste evento, onde se falará de política.

Carlos Alves chama a atenção para a necessidade de se falar de política, para além da mera partidarização, pois o que se pretende “é pensamento crítico e educação para a cidadania através da arte”. Este é um conceito artístico que engloba a programação de espetáculos de música, exposição, talks e cinema e que arranca a 23 de abril e prologa-se até 1 de maio.

Ouça a entrevista na integra em podcast em www.radiovalorlocal.com

28 Valor Local jornalvalorlocal.com Eventos Abril 2023
“Políticas à P’Arte” na sua terceira edição começa a 23 de abril
À semelhança do ano passado não faltarão vários concertos no Descentralidades
David Antunes é um dos artistas que vai passar pelo palco do evento Samuel Úria é um dos convidados musicais desta edição

Festas do Império do Divino Espírito Santo de regresso a Alenquer

Estão de regresso as Festas do Império do Divino Espírito Santo (FIDES) a Alenquer. Durante os 50 dias que separam o Domingo de Páscoa do Domingo de Pentecostes, de 9 de abril a 28 de maio, várias atividades estão programadas. Recorde-se que o município candidatou estas festas a Património Cultural Imaterial Nacional.

Com celebrações semanais, que incluem missa, procissão e bodo, pelas diversas aldeias do concelho onde existe este culto, é no fim de semana de 26 a 28 de maio que as FIDES ganham maior expressão, com a Festa da Luz, o Bodo típico Terceirense ou a Festa do Espírito Santo da vila de Alenquer. Do programa faz parte ainda a apresentação da candidatura das FIDES a Património Cultural Imaterial Nacional,

a apresentação do Estudo “As Festas do Império do Divino Espírito Santo” seguida da Inauguração da Sala do Império do Divino (sita nos Paços do Concelho), e a apresentação do livro “A cada canto seu Espírito Santo”, a par com diversas atividades de cariz cultural e turístico que compõem este programa.

Pedro Folgado, presidente da Câmara de Alenquer, citado em comunicado de imprensa, reflete sobre a classificação destas festas, que cumprem 702 anos em 2023, como Património Cultural Imaterial Nacional, afirmando que “faz todo o sentido que a candidatura seja apresentada primeiramente a Património Cultural Imaterial Nacional e posteriormente a Património Mundial”.

Pedro Folgado frisa ainda a importância da atribuição destes ga-

lardões a estas festas, que “colocam Alenquer no mapa”, destacando a questão identitária subjacente ao sentimento de pertença por se tratar de “algo nosso”. Revelou ainda que, na edição deste ano, vai existir um reajuste do percurso da procissão de dia 28 de maio, em virtude das obras que atualmente decorrem, e que será oportunamente divulgado. Fruto de uma tradição com mais de 700 anos, com génese em Alenquer, este culto foi reavivado no ano de 2007, tendo como principais impulsionadores o pároco e provedor da Misericórdia de Alenquer, José Eduardo Martins e D. Manuel Clemente, atual CardealPatriarca e à data Bispo de Lisboa, tendo vindo a consolidar-se não apenas na vila de Alenquer, mas também nas várias aldeias com tradições neste culto.

Com celebrações semanais, que incluem missa, procissão e bodo, pelas diversas aldeias do concelho

A Evolução da Proteção Social no concelho é o mote das comemorações de Abril em Salvaterra

Social – Evolução

histórica no concelho de Salvaterra de Magos” é o tema das comemorações do 49º Aniversário do 25 de Abril, que decorrem de 21 de abril a 1 de maio, dinamizadas pela Câmara Municipal de Salvaterra de Magos, em parceria com as uniões e juntas de Freguesia, associações e coletividades do concelho.

Sábado, 22 de abril, pelas 9h00, terá lugar o projeto Praça ComVida no Mercado Municipal de Salvaterra de Magos e à tarde, 16h, na Biblioteca Municipal de Salvaterra de Magos vai decorrer a apresentação do livro “A morte tão perto que não a vemos” do escritor Domingos Lobo.

À noite, 21h30, na Casa do Povo de Muge haverá concerto com “Ín-

dios da Meia Praia” – Tributo a Zeca Afonso e aos Amigos da Luta.

Para 23 de abril, 15h30, no Espaço Jackson, em Glória do Ribatejo, está marcada a inauguração da exposição “CBES Glória do Ribatejo: 38 anos a promover a solidariedade na comunidade” e homenagem ao Dr. Rogério Monteiro. Na ocasião vai atuar a Tuna da Universidade Sénior de Salvaterra de Magos, seguindo-se o concerto “Cantigas de Abril”.

No dia 25 de abril, pelas 10h15, o Mercado de Cultura de Marinhais vai receber a Sessão Solene da Assembleia Municipal, precedida da abertura da exposição “A Proteção Social – Evolução histórica no concelho de Salvaterra de Magos” com momento musical a car-

go de Laura Macedo e Ricardo Neiva.

No mesmo dia, pelas 16h00, no Parque de Merendas de Muge será inaugurado o Campo de Padel, numa parceria da Junta de Freguesia local e da Câmara Municipal.

De 21 de abril a 1 de maio irão também decorrer diversas atividades desportivas, recreativas, culturais, gastronómicas e de solidariedade organizadas pelas Juntas de Freguesia e movimento associativo.

Exposições:

- “CBES Glória do Ribatejo: 38 anos a promover a solidariedade na comunidade” – 23 de abril a 5 de setembro – Espaço Jackson, Glória do Ribatejo

- “A Proteção Social – Evolução

histórica no concelho de Salvaterra de Magos” – 25 de abril a 5 de julho – Mercado de Cultura de Ma-

rinhais

- “Falcoaria, a minha arte e a minha terra” – de Ana Teresa Pontí-

fice – Até 18 de maio – Galeria de Exposições da Falcoaria Real de Salvaterra de Magos.

29 Valor Local jornalvalorlocal.com Eventos Abril 2023
“AProteção
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Comemorações do 25 de Abril com várias atividades até maio
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