Valor Local Jornal Regional • Periodicidade Mensal • Director: Miguel António Rodrigues • Edição nº 25 • 22 Maio 2015 • Preço 1 cêntimo
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“Caixa Agrícola de Azambuja”
88 anos ao serviço do desenvolvimento do Concelho
“Um banco de proximidade de pessoas para pessoas” dos diferentes Fundos Comunitários que beneficiam o Concelho como zona privilegiada, agora que fazemos parte da grande região Alentejo e hoje com as novas tecnologias de informação tudo está mais facilitado. O Gabinete de Apoio ao Investimento é peça fundamental nesta estratégia de apoio ao desenvolvimento mas terá de ser tecnicamente bem apetrechado, atualizado e eficaz. A Caixa Agrícola aqui, com apoio das suas estruturas nacionais, pode dar um apoio significativo a nível técnico, de divulgação e no financiamento de futuros projetos. Nessa mesma apresentação, referiu um excerto do estudo do Eng Augusto Mateus para Azambuja, que aponta como imprescindível o envolvimento do município nesse Gabinete de Apoio, com o apontar de caminhos, mas sobretudo com a informação do que o município pode oferecer às novas empresas. Parece-lhe que esse é o passo mais acertado, ou se a existência de um organismo independente emanado da sociedade civil seria mais assertivo? Sou defensor que este tipo de estruturas devem ser emanações da sociedade civil, mas à falta destas, não me repudia que seja uma entidade pública, como a Câmara a assumir a iniciativa. Não tenho complexos ideológicos nessa área. Sou keynesiano quanto baste e suficientemente liberal e defensor da iniciativa privada para não excluir o papel do Estado seja a nível nacional ou autárquico, quando necessário para suprir ou complementar a sociedade civil, como é o caso. Nos últimos anos a economia de Azambuja teve vários setores. Começamos com a agricultura, passamos ao setor automóvel e agora temos a logística como grande parte do emprego no concelho. Parece-lhe que são sinais dos tempos, ou há ainda espaço para a coabitação entre setores no concelho. A pergunta revela que as sociedades não são imutáveis e as economias, em especial as atividades das pessoas e das empresas são dinâmicas e respondem aos estímulos do mercado. Mas Azambuja precisa também é de criar áreas de localização empresarial para Pequenas e Médias empresas, como recomenda o Professor Augusto Mateus em estudo recente feito para a Câmara da Azambuja. A agricultura e a logística serão sempre, até pela qualidade dos solos do concelho e pela sua localização geoestratégica no retângulo nacional, áreas relevantes da nossa economia. Em época de Feira de Maio, qual a importância deste certame para a economia do concelho, a par da Ávinho, em Aveiras de Cima? Tudo o que for feito para a promoção do Concelho é louvável, as duas iniciativas referidas são já bandeiras culturais e históricas, mas há que ser mais exigente, ambicioso e desenvolver outras iniciativas viradas para a economia, para as empresas, para o turismo e também para a cultura ao longo do ano. Touros e vinho como “fazer render” estes produtos âncora do concelho para além dos dois certames em causa? Touros e vinho, para um apreciador como eu, são duas referências âncora que há que preservar, dignificar e divulgar as duas grandes iniciativas – Feira de Maio e Ávinho. Agora também me parece que se pode desenvolver outras iniciativas com importância económica e turística em torno do conceito do “Torricado da Azambuja”, tipificando-o e desenvolvendo um projeto que envolva basicamente restaurantes do Concelho, um vinho específico e credenciado, um pão característico e adequado e em volta destas ideias básicas, montar um projeto turístico que certamente não deixaria de ter crescente procura, visitantes curiosos e apreciadores e vir a constituir um fator diferenciador e competitivo do Concelho. Para completar este projeto justifica-se a existência de uma Associação específica e de uma Confraria do “Tornicado da Azambuja”. Trata-se de um projeto socioeconómico, cultural e turístico para o qual a Caixa Agrícola não deixaria de dar a sua modesta contribuição. Uma iniciativa que considero importante é a criação de um Mercado de produtos agrícolas locais, que será apoiado pela atual geração de Fundos Comunitários e que o Concelho tem grandes potencialidades nesta área. Outra iniciativa que penso poderá ser explorada é em torno do “Pinhal da Azambuja”, do seu enquadramento histórico, do aproveitamento do Tejo e com uma forte componente turística e gastronómica. Existem assim, áreas onde se podem desenvolver através de Protocolo de Cooperação com a Câmara Municipal, e no âmbito da intervenção e das atribuições da Caixa Agrícola, iniciativas julgadas apropriadas, nomeadamente em investimentos municipais e
outros projetos que possam contribuir para o desenvolvimento económico e social do Concelho e que sejam de iniciativa pública municipal ou com a participação e iniciativa privada. Numa época de crise, e depois das notícias dos últimos tempos envolvendo outras instituições bancárias, como se credibiliza este setor perante a opinião pública, habituada durante muito tempo a confiar no seu banco, mas que de um momento para o outro coloca tudo em causa? A opinião pública não coloca tudo em causa, mas o mediatismo atual das notícias a incúria e má gestão de alguns banqueiros levaram, infelizmente, no nosso País, ao descrédito e até à falência de um banco de referência. No entanto, havendo problemas, como sempre houve e haverá no sistema financeiro, agora com a União Bancária, as suas apertadas regras e o crescente escrutínio da gestão dos bancos, está a tornar-se cada vez mais rigorosa a gestão das suas atividades, desde a decisão do crédito, aos seus produtos e ao controle dos financiamentos. Apraz-me registar e referir que, recentemente, numa sondagem feita por uma das mais credíveis empresas portuguesas da especialidade, o Crédito Agrícola foi, entre as instituições bancárias privadas a operar em Portugal, aquela que mais confiança merecia por parte dos portugueses, só sendo ultrapassada pelo Banco do Estado. No nosso Concelho, também sentimos que a Caixa Agrícola vem crescentemente reforçando a sua credibilidade, consolidando a sua posição e reforçando a confiança dos seus depositantes e a procura dos seus serviços pela generalidade das pessoas, com especial referência para a população jovem. A Caixa Agrícola da Azambuja é, de facto, o Banco do Concelho e para o Concelho.
Francisco João Silva Presidente do Conselho de Administração
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O Credito Agrícola de Azambuja, fundado em 1927 tem sido um parceiro importante na economia local. Nos últimos anos, tem ajudado ao crescimento de novos projetos em várias áreas. Quais as áreas e projetos que pode destacar? Francisco João Silva: Durante muitos anos a Caixa Agrícola só podia financiar a área da agricultura e algumas áreas relacionadas com o bem-estar dos seus associados. Foi o período em que financiou muitos dos projetos de investimento desenvolvidos no Concelho, com especial relevância na viticultura, pecuária, instalação de pomares, tomate, aquisição de máquinas e equipamentos. Posteriormente foi legalmente permitido o financiamento de outras áreas de atividade, o que vem crescentemente acontecendo, com forte incidência na habitação e em especial para os jovens. A ideia errada que a Caixa Agrícola é só para a agricultura, definitivamente morreu. Hoje é cada vez mais uma instituição de crédito universal, mas com características específicas e diferente dos outros bancos. O termo “agrícola” associado à designação de um banco é segundo um antigo Presidente da República francesa sinónimo de honradez, confiança e responsabilidade. O Crédito Agrícola, aposta também no financiamento de instituições de Solidariedade Social, como foi o caso da CERCI. Este tipo de apostas e de financiamento só é possível dado o fator proximidade entre a Caixa de Azambuja e as IPSS? As Caixas Agrícolas, regem- se por princípios éticos e de compromisso, pertencem como instituições de crédito à grande Família da Economia Social, onde estão também as CERCI’s como Cooperativas de Solidariedade. Foi para a Caixa Agrícola dignificante financiar a construção da nova sede da CERCI da Azambuja. A questão de proximidade é outro princípio da Banca Cooperativa, pois são instituições que estão próximas dos seus clientes e é fundamental conhecer bem as pessoas, as empresas e os projetos. A Caixa Agrícola é um Banco de proximidade de pessoas e para as pessoas. Ainda no que toca aos financiamentos, o Crédito Agrícola de Azambuja, consegue financiar muitos dos projetos sem ter de recorrer a dinheiro da Caixa Central. Isso significa que o município possui alguma riqueza, ou deve-se à gestão da Caixa de Azambuja? A Caixa Agrícola não precisa de recorrer a recursos da Caixa Central, o que só acontece excecionalmente para algumas operações especiais para as quais não está legalmente autorizada ou devido aos montantes envolvidos e ainda em operações de parceria. A Caixa hoje detém um confortável rácio de transformação (relação entre a captação poupança/empréstimos) que oscila conforme a época do ano entre 70 a 80%; portanto existem significativos meios financeiros excedentários para financiar, claro desde que se trate de operações credíveis e viáveis, onde neste campo de ação somos cada vez mais rigorosos na apreciação e decisão das operações. O Crédito Agrícola tem apoiado inúmeras iniciativas. Apoiou o debate do Jornal Valor Local em Dezembro, sobre os novos fundos comunitários e mais recentemente a apresentação do organismo que pretende acelerar a implantação de startups em Azambuja. Parece-lhe que estas duas iniciativas vão ao encontro das necessidades do concelho? Todas as iniciativas que vão no sentido do desenvolvimento económico e social do Concelho fazem sentido. A Caixa participou de forma empenhada e participativa nas iniciativas referidas que, na nossa opinião, são parte de um conjunto cada vez mais vasto de iniciativas que o Concelho cada vez mais carece, pois nesta fase de vida do País, em que a competitividade está sempre presente entre países, regiões e concelhos; Azambuja, pela sua invejável localização geoestratégica não pode ficar indiferente. Na sua apresentação, fez uma menção à criação do Gabinete de Apoio ao Empresário. Parece-lhe que tal é a base para fomentar a implantação de empresas? Defendi no citado colóquio, a necessidade de um Gabinete de Apoio ao Investimento, como peça e instrumento de grande importância no presente e para o futuro. Cada vez mais Municípios que elegem como prioridade o desenvolvimento económico, o investimento e o empreendedorismo estão a criar e desenvolver estruturas semelhantes. Quem quiser investir no Concelho, tem de saber de forma expedita, rápida e ter respostas para algumas questões como: como criar uma Empresa no Concelho da Azambuja? Quais os apoios e incentivos existentes no Município para os investimentos (ex: fiscais, taxas, licenças, tempo para obter respostas, burocracia, etc). O investidor precisa de ter acesso rápido a informações úteis e atualizadas, nomeadamente ao nível dos sistemas de incentivos
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Falta pouco para os grandes dias da Feira de Maio
Págs. 12, 13, 14 e 15
Grande Reportagem na Cadeia de Alcoentre
Entrada de Azambuja na CIMLT foi Pág. 8 há 11 anos Miguel Carrinho é o novo presidente da comissão das águas Pág. 10 Orçamento Participativo de Alenquer com boa adesãoPágs. 8
Economia
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Valor Local
Acelerador de logística promete inovar concelho de Azambuja
Luís de Sousa aposta no projeto para mudar o panorama atual ¢ Miguel A. Rodrigues município de Azambuja tem desde a passada semana o “primeiro acelerador de logística do Sul da Europa”, de acordo com os seus promotores, e foi dado a conhecer numa cerimónia e debate públicos no dia 8 de maio. A iniciativa está integrada na estratégia do concelho para promover o empreendedorismo e a inovação, pretendendo assim atrair startups nacionais e internacionais que se foquem em resolver problemas e desafios das
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empresas de logística, sediadas na região. Com efeito, este programa que tem como objetivo o fomento à criação de novas empresas, nesta área, conta com o apoio da Beta-i, empresa que estará envolvida na conceção, implementação e gestão do programa no concelho. Segundo os responsáveis, a Beta-i “vai apoiar dez empresas de cada vez, durante um mês e meio por edição”. Luís de Sousa, presidente do município de Azambuja, destacou como importante para o
fomento da economia local, esta parceria. O autarca lembrou de resto a tentativa falhada para a instalação de um viveiro de empresas no ano passado. O presidente da Câmara salienta que apesar das “adversidades, foi possível chegar ao atual ponto”, tendo sempre em conta “a implementação de medidas concretas para a valorização da inovação no município de Azambuja”. Nesse sentido, o autarca lembra como crucial a atração de novos talentos oriundos “não só do pró-
Oradores deixaram várias sugestões para a inovação no concelho prio concelho, mas também de fora”, tendo em conta as diversas áreas, “da economia à educação, passando pela ciência e pela cultura”. O presidente da Câmara, diz que esse caminho está a ser percorrido e que já foi implantado “um departamento da inovação, para que possa ser criado um observatório que vá ao encontro das necessidades da população”. Com o atual programa, o presidente da Câmara destaca a necessidade de atração de iniciati-
vas económicas e inovadoras, bem como a atração de profissionais qualificados, “ao mesmo tempo que se pretende qualificar os protagonistas locais”. Quanto ao parceiro nesta iniciativa, o Credito Agrícola de Azambuja, o presidente da Caixa, Francisco João Silva, destacou a importância do acelerador de logística, tendo em conta os novos desafios por um lado e os velhos desafios por outro. Francisco João Silva lembrou “a necessidade da criação de um gabinete de apoio ao empresá-
rio”, ao mesmo tempo que destacou o papel da Caixa de Azambuja na comunidade local, “como banco de proximidade”. Para o responsável, o estudo encomendado pela autarquia a Augusto Mateus que alertava para a necessidade de apontar caminhos para a instalação de empresas no concelho, está mais do que atual, sendo por isso necessária “a criação de um estrutura que diga aos empresários o que o município pode dar ou facilitar às novas empresas que se queiram fixar no município”.
A Inovação no Município de Azambuja R
Rui Pinto foi designado como gestor da inovação no concelho
ui Pinto, o novo gestor para a Inovação do concelho de Azambuja e responsável por este programa, destacou ao Valor Local que já se encontra elaborado um estudo sobre o setor das empresas no município. Segundo o responsável, o tecido empresarial de Azambuja é marcado por uma predominância de micro e pequenas e médias empresas, à semelhança do território nacional, em nome individual ou com uma gestão em geral de nível familiar, sobretudo orientadas para os mercados locais e regionais. Nesse sentido, lembra que no início do ano foi levado a cabo um inquérito através de um questionário às empresas do concelho e que estará pronto no final de maio. Rui Pinto vinca que com os dados recolhidos “poderemos interpretar quais as necessidades das empresas, assim como, perceber com alguma profundidade que tecido empresarial temos no município”. Rui Pinto diz acreditar na existência de massa crítica no município para levar a cabo um dos pilares relacionados com a inovação. O gestor vinca que “temos pessoas de enorme qualidade e valia que todos os dias inovam e diferenciam-se nos seus produtos”. “É na colaboração e internalização de novos métodos no nosso concelho que o nosso desiderato poderá acontecer. Pois o processo de inovação não é linear. A imprevisibilidade é grande. Não é uma ciência exacta. Mas estamos desde o início deste ano numa curva de aprendizagem que permite criar um padrão – base do sucesso”, explica. Trocando por miúdos, o novo responsável apresenta alguns exemplos do que pode ser feito: “deteção de ameaças e oportunidades”, (como se diz em linguagem de marketing), no que toca à implementação dos negócios; procurar a obtenção de meios que viabilizem uma resposta eficaz para garantir a sustentabilidade de Azambuja; atrair e desenvolver na região iniciativas económicas inovadoras, bem como captar para a região profissionais especializados, qualificando, ao mesmo tempo, os protagonistas locais no sentido da criação de comunidades de conhecimento, entre outras. Rui Pinto vinca ainda que uma das apostas prende-se com as escolas, “promovendo o agregar do capital humano aí existente e com isso capitalizar os jovens para o florescimento da inovação em Azambuja”. Por outro lado, o gestor destaca que “na verdade, não é uma startup que se pretende implementar em Azambuja. Este projeto que queremos implementar vai tornar o concelho a âncora regional e nacional para a implementação e dinamização da inovação no que concerne à logística”. Por isso destaca que “um dos pressupostos para este objetivo estrutural é a criação de uma incubadora/viveiro de empresas que inclua um programa de aceleração para startups na área da logística/cadeias de abastecimento”. Sendo que o programa de aceleração “terá uma duração de três meses“. “O LogA (logistics accelerator) oferece aos empreendedores a oportunidade de estarem em sessões de mentoring com as maiores figuras nacionais e europeias no que toca às cadeias de distribuição e de logística. Contudo o mais importante é que este acelerador permite às startups testarem as suas ideias e os seus produtos em contexto real e se estas soluções forem eficientes poderão ainda conseguir os primeiros clientes”. Segundo o presidente da câmara de Azambuja, ao Valor Local, Rui Pinto não vai auferir para já qualquer remuneração.
Valor Local
Sociedade
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A doceira de Benavente que vende para todo o país ¢
Sílvia Agostinho s doces tradicionais de Gertrudes Fernandes já ultrapassaram as fronteiras do município de Benavente. São famosas as suas broas da Lezíria, as delícias de Benavente e até as suas empadas. E no livro de honra do estabelecimento constam comentários de clientes de todo o país e pasme-se até de Passos Coelho e Manuel Alegre. Pelo menos neste ponto os dois antagonistas políticos concordam: os produtos de Gertrudes Fernandes são bons e de chorar por mais. O Valor Local foi conhecer a doceira de Benavente. Pesquisadora de receitas antigas, em cima de uma das mesas do seu estabelecimento repousam algumas “bíblias” da culinária, como o livro da cozinha tradicional portuguesa de Maria de Lurdes Modesto entre outros. Foi nele que se inspirou para repescar as delícias de Benavente, que levam batata, que não se nota no paladar. A doceira dedica-se há longos anos a esta arte, antes passou pelo trabalho no campo. “Aos 16
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anos fui servir em casas ricas. Andava sempre a espreitar a cozinha e fui apanhando o jeito, nunca pensei que aprendia. Mas
aos 28 anos, estive na cozinha do irmão do Frei Hermano da Câmara num clube de bridge, onde se faziam bons lanches, e
boas sobremesas, e foi assim que aprendi”, recorda-se. Regressou mais tarde a Benavente, após o 25 de abril, onde pas-
Gertrudes Fernandes e os seus doces
sou a confecionar “iguarias para casamentos, almoçaradas, batizados”. “Em 1989, já tinha Benavente na mão, trabalhava em casa para fora, com muitos pedidos”. Hoje e com estabelecimento aberto há vários anos, é com frequência que recebe telefonemas de todo o país a pedir os seus produtos. “Pessoas que vão em direção ao sul ou para estas bandas dão um pulinho a Benavente para virem buscar empadas e doces. O Manuel Alegre é cliente das minhas empadas, assim como, um grupo de amigos dele. Quando regressam das caçadas passam por aqui”. No livro de honra, o poeta até escreveu – “As melhores empadas que comi, e a proprietária recebe muito bem”, lê orgulhosa – “Gosto de ler estas palavras que nos confortam”, acrescenta. Mas divulgar a terra é outra das forças que a move, “pois Benavente não tem estado no auge, falta divulgar mais a nossa gastronomia. Falta alma às pessoas”. Gertrudes Fernandes entende que o Ribatejo tem ficado
esquecido no mapa da gastronomia portuguesa. “Apenas é lembrado o norte, o interior, Alentejo e Algarve, e é de lamentar; porque nós também trabalhamos. Até o presidente da entidade de turismo já disse que temos de trabalhar com mais paixão, e em Benavente isso tem de acontecer”, dá conta – “Tenho lutado muito para que mais eventos se façam no concelho, de modo a chamar mais turistas. Cheguei a sugerir uma semana da fava, porque se em Salvaterra de Magos a enguia é um sucesso, aqui também se deveria pensar nisso”. E dá conta do potencial do concelho – “Temos a sopa de chispe, a galinha de fricassé, arroz de feijoca, enguias fritas, e sável”. Cansada de alguns certames; é por exemplo uma crítica, em certo ponto, da festa da sardinha assada de Benavente. “A festa da sardinha assada é mais copos do que sardinhas, porque sobram poucas. Há muita gente a roubar as sardinhas, e a confusão é enorme. Trabalhamos debaixo de bebedeiras, e passamos dias muito apertados durante essa altura”.
Joana, vítima de violência no namoro ó em 2014 a PSP recebeu 1549 participações de violência no namoro, mais 499 do que em 2013, quando deram entrada naquela força de segurança 1050. 699 foram denunciadas por estudantes e em 1.457 casos as vítimas eram estudantes. Joana, residente no Cartaxo, contribuiu também para estas estatísticas. Hoje com 20 anos, conta ao Valor Local, que aos 17 quando namorou com um rapaz dois anos mais velho foi parar ao hospital, numa das ocasiões, com a cana do nariz partida. Foram dois anos e meio de namoro com constantes ameaças e violência psicológica. Os maus tratos físicos chegaram
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quando a relação tinha cerca de seis meses. Estranhamente o exnamorado desta jovem não demonstrava ser agressivo com outras pessoas, pautando o seu comportamento pela boa educação, nomeadamente, com os familiares de Joana. “Nunca foi agressivo à frente de outras pessoas”. “Demonstrava ser muito ciumento quando não concordava com algo que eu queria fazer, bateu-me várias vezes e numa dessas ocasiões fui para o hospital com o nariz partido”. O medo também se apoderou de si durante a relação, com medo das reações do namorado, pois evitava responder aos
insultos, com medo de ser agredida. Antes de começar a namorar com o rapaz em causa nunca suspeitou que pudesse assumir este tipo de comportamento. Era um jovem normal, que já trabalhava enquanto Joana ainda andava a estudar. Quanto aos insultos e agressões verbais, foram uma constante e hoje confessa-se mais atenta tendo em conta relações futuras. “Ainda não assimilei tudo o que se passou comigo, mas ele não teve um comportamento digno de um homem. Para já, penso que não vou deixar que se aproveitem de mim, e se souber que alguém
pode ser violento não arriscarei”. A problemática da violência no namoro foi definida pela Polícia de Segurança Pública como uma das “primeiras prioridades” para o ano letivo 2014/2015, tendo em conta que a exposição a fenómenos de violência doméstica em ambiente familiar é propiciador de replicação entre os mais jovens nas relações de namoro e, no futuro, nas relações mais próximas de conjugalidade. Joana acredita que pelo facto de o ex-namorado também ter assistido a cenas de violência doméstica entre os pais que tal também abriu caminho a que adotasse semelhantes práticas.
Casos de violência no namoro estão a aumentar
Barco Vala Real mais perto Reposição da iluminação de ser reparado pública ainda a meio gás A A
Câmara Municipal de Azambuja está expectante quanto a uma possibilidade de a reparação do barco que fazia a Rota dos Mouchões ser uma realidade. O presidente da Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo, Ceia da Silva, tem-se comprometido o mais possível em conseguir fundos comunitários para tal, cerca de 60 mil euros, enchendo de expetativas a autarquia de Azambuja. Luís de Sousa, ao Valor Local, refere que outra das soluções poderá passar pela exploração da rota por um particular, e no último ano muitos têm sido os empresários que contactaram a Câmara. Ainda recentemente reuniu-se com um desses empresários tendo em vista um protocolo. Muito se fala da navegabilidade do Tejo, e dos caudais estarem cada vez mais secos, contudo para o Vala Real tal não se constituiria como um grande entrave, dado que se trata de um barco “bastante direito que navega bem em pouca água”. A Rota dos Mouchões foi um dos ex-libris do concelho, quando Azambuja teve uma palavra dizer, há uns anos atrás, sempre que se fala em turismo fluvial, e o barco “Vala Real” adquirido pela autarquia dava nas vistas. Contudo, e algum tempo depois, a rota tornou-se deficitária. O barco está agora nuns estaleiros na margem sul à espera de voltar ao Tejo.
inda está em marcha, o plano para a iluminação pública no município de Azambuja, que numa fase inicial optou por deixar “poste sim, poste não” com a luz ligada, mas tal revelou-se ineficaz. Agora a política parece ser deixar a iluminação ligada onde há pessoas a residir ou em locais de passagem frequente. Contudo, as queixas têm sido mais ou menos constantes sobretudo em zonas de pequenos aglomerados populacionais: casais, quintas, entre outros. “Estamos a retificar em muitos locais, apagando umas e ligando outras luzes”, diz o presidente da Câmara, Luís de Sousa. Já houve lugar à reposição em Vale do Paraíso; algumas partes de Aveiras de Cima, e em Casais de Baixo, mas Vila Noiva da Rainha ainda não foi alvo de reposição. “Mas também alertamos a população para que contacte a Câmara”. “Mas não nos digam que andamos a voltar a acender a luz em alguns locais por amizades, como já tenho ouvido por aí”, desabafa. Luís de Sousa refere que tem tido o melhor acompanhamento por parte da EDP no diálogo estabelecido, mas reconhece que por vezes a empresa demora demasiado tempo a efetuar as operações necessárias à reposição da eletricidade nos postes pretendidos.
Sociedade
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Valor Local
Jovens filósofas do Cartaxo brilham nos campeonatos da disciplina aria João Robalo e Patrícia Silva da Escola Secundária do Cartaxo brilharam nas mais recentes olimpíadas nacionais de Filosofia. A primeira participou por estes dias numa competição internacional na Estónia, e a segunda ganhou uma menção honrosa na competição nacional. O Valor Local esteve à conversa com estas alunas do 10º ano e com o professor de Filosofia, Manuel João Pires. Patrícia Silva conta que o seu interesse pela disciplina foi “aumentando consecutivamente”, ao longo do ano letivo. Sendo que não contava com o resultado alcançado. Numa altura, em que subsiste na opinião pública a ideia feita de que os mais jovens têm dificuldade em articular um discurso e interpretar textos, esta aluna reforça que no seu caso possui um particular interesse por debater as mais diversas questões e tentar encontrar argumentos que fundamentem as suas razões. Durante as Olimpíadas de Filosofia, teve de elaborar, entre outros, um ensaio acerca da consideração ética sobre os animais.
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Neste caso “defendi que temos de ter consideração por alguns animais, mas não todos, apenas os que são capazes de sentir dor e que podem ser prejudicados ou beneficiados pelas nossas ações”. No caso da vencedora da medalha de ouro, foi uma completa surpresa. “Demorei muitos dias a assimilar”, refere Maria João Ro-
balo. Esta reportagem foi feita dias antes da partida da aluna para a Estónia, que considerou a possibilidade de estar presente numa prova internacional como um grande desafio. “É algo único!”. Durante o ano, despertou o seu interesse o capítulo dedicado ao livre arbítrio e à Ética. “Cheguei à conclusão de que não somos livres”. Foi esta a teoria que
defendeu na prova que pelos vistos convenceu o júri. Depois do ensino secundário, as duas alunas gostariam de continuar a estudar Filosofia mas conjugar este interesse com a especialização noutra área. “Avaliar a consistência da reflexão filosófica destes jovens” é o objetivo das Olimpíadas acrescenta o professor Manuel João
Maria João Robalo, Manuel João Pires e Patrícia Silva
Pires. Quanto aos resultados das alunas em causa, “acabaram por ser surpreendentes para a escola”, até porque estavam em competição 75 alunos de todo o país. Os 10 melhores ensaios foram avaliados por uma comissão constituída por professores universitários. “Fiquei surpreendido mas tinha uma grande confiança nas capacidades filosóficas delas, e que não seria totalmente impossível este resultado”. Este docente acredita que nem todos os alunos possuem as mesmas capacidades filosóficas, mas que a ideia instalada de que a maioria dos jovens não consegue estruturar as suas ideias ou interpretar textos devidamente “é um mito”. “É necessário que também lhes sejam dadas condições. Obviamente que nem todos, no caso da minha disciplina, criam uma desejável empatia com a dimensão filosófica, mas afirmar que não sabem pensar ou refletir é excessivo. Temos de saber se foi dado a esses alunos o espaço e o tempo para o conseguirem fazer”. Neste âmbito, considera que a nível do ensino no país, “os pro-
gramas do ministério da Educação podiam ser melhor pensados, e as escolas também convergirem nesse aspeto da potenciação da reflexão”. Nesta escola, funciona um clube de filosofia, cujas portas “estão abertas para os que o queiram frequentar, sem quaisquer tipo de imposições”. Portugal tem tido boas prestações portuguesas nas olimpíadas internacionais de Filosofia, e Manuel João Pires lamenta que o país não aposte mais nos filósofos e licenciados em Filosofia. “Noutros países, os filósofos estão presentes nas mais diversas áreas, que consideram fundamental um pensador na dinâmica das suas organizações. “No Reino Unido, a taxa de empregabilidade é elevadíssima, há filósofos a trabalhar no marketing e publicidade”, por exemplo. Mas em Portugal a visão é restrita, e as saídas limitam-se quase ao ensino. “Os filósofos são capazes de pensar todas as possibilidades, e dar um contributo decisivo na teoria da decisão, ajudando o gestor a decidir e a dar um upgrade na análise da realidade”, considera.
Exposição “Pão e Vinho” na biblioteca de Salvaterra A té 29 de maio, a Biblioteca Municipal de Salvaterra de Magos apresenta a exposição, inserida na Feira de Magos, subordinada ao tema “Pão & Vinho”. Trata-se de uma mostra das padarias mais antigas, ainda ativas, de cada freguesia e das casas agrícolas produtoras de vinho do concelho. De acordo com a vereadora da Cultura do município, Helena Neves, ao Valor Local, esta exposição elenca as padarias mais antigas do concelho de Salvaterra de Magos: Francisco Mendes Sardinheiro no Granho; Pão de Magos II em Foros de Salvaterra;
Sociedade Panificação Central, em Marinhais; Liga Panificadora
Salvaterrense em Salvaterra de Magos. São padarias moderniza-
das que possuem todos os equipamentos necessários ao fabrico do pão como divisoras pesadoras, amassadeiras, estancadores, balanças, fornos de prateleiras contudo mantém ainda algumas características das padarias originais como os fornos a lenha. Além das fotografias dos espaços, esta exposição oferece ainda uma visita às padarias através dos objetos expostos. No que respeita às casas agríco-
las presentes na exposição, destaca que atualmente o concelho de Salvaterra de Magos possui duas casas produtoras de vinho: Casa Cadaval, em Muge e Areias Gordas, em Salvaterra de Magos. Neste ponto, a exposição apresenta uma pequena mostra dos vinhos que produzem, assim como alguns objetos utilizados na produção dos mesmos. Esta exposição teve como ponto
de partida o livro “Pão & Vinho” de Paulo Moreiras, que esteve presente na inauguração no passado dia 9 de maio, para a apresentação desta obra, que como afirma o autor “com crise ou sem ela, o pão e o vinho nunca faltaram na mesa dos Portugueses”. A Biblioteca Municipal de Salvaterra de Magos utilizou este livro como base para esta exposição, numa altura em que está a comemorar 30 anos de existência.
Aumento de pedidos para estufas Instrumentos antigos de fabrico na exposição
Câmara Municipal de Azambuja recebeu nos últimos tempos cerca de 14 pedidos prévios para a instalação de estufas no concelho. Um desses pedidos contemplava a montagem de uma estrutura daquele tipo em zona da Reserva Ecológica Nacional (REN). “O projeto tinha alguma dimensão mas foi impossível aprová-lo, ainda sugeri aos promotores que desviassem um pouco a localização das estufas no terreno em causa, mas não optaram por tal, pois dava-lhes mais jeito ao pé da estrada, mas nesse caso o terreno estava condicionado”, refere o presidente da Câmara, Luís de Sousa. Quando os interesses desses empresários esbarram nos condicionalismos da CCDR, pouco tem sido possível fazer, até porque apertou nos últimos tempos a legislação sobre a REN. No entanto, e dentre esses projetos que chegaram à Câmara, já estão de pé para já apenas duas estufas, uma em Maçussa da empresa Hortitorcato e outra na zona de Alcoentre. Houve pedidos para instalação de estufas em Manique, Aveiras de Baixo, Tagarro.
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Ficha técnica: Valor Local jornal de informação regional Administração: Quinta da Mina 2050-273 Azambuja Redação: Travessa da Rainha, 6, Azambuja Telefones: 263 048 895 - 96 197 13 23 Correio eletrónico: valorlocal@valorlocal.pt Site: www.valorlocal.pt Propriedade e editor: Associação Comércio e Indústria do Município de Azambuja (ACISMA); Quinta da Mina 2050-273 Azambuja. NIPC 502 648 724 Diretor: Miguel António Rodrigues CP 3351- miguelrodrigues@valorlocal.pt Colaboradores: Sílvia Agostinho CO-1198 silvia-agostinho@valorlocal.pt, Vera Galamba CP 6781, José Machado Pereira, Daniel Claro, Rui Alves Veloso, Augusto Moita, Nuno Filipe Vicente multimedia@valorlocal.pt, Laura Costa lauracosta@valorlocal.pt Fotografia: José Júlio Cachado Publicidade: Eduardo Jorge Correio eletrónico: eduardojorge@valorlocal.pt Telefone: 932 446 322 Serviços administrativos: ACISMA N.º de Registo ERC: 126362 Depósito legal: 359672/13 Impressão: Gráfica do Minho, Rua Cidade do Porto –Complexo Industrial Grunding, bloco 5, fracção D, 4710-306 Braga Tiragem média: 5000 exemplares
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O Mundo dentro da Prisão de Alcoentre ¢ Sílvia Agostinho crime não compensa, mesmo!”. Esta é uma daquelas frases batidas, mas que no caso de Paulo, 36 anos, natural dos Açores, e a cumprir pena no Estabelecimento Prisional de Alcoentre assenta que nem uma luva, pelo menos é o que nos garante. A droga é que o levou a cumprir pena. “A minha vida estava mais ou menos estabilizada, mas cometi um erro e vim cá parar. Caí na burrice de experimentar as drogas pesadas, para manter o meu consumo fui obrigado a vender-me”. Tem preenchido os seus dias a tirar um curso profissional de mecânica automóvel que lhe pode dar acesso ao mercado de trabalho uma vez em liberdade. Contudo, adianta que já tem uma vacaria montada pelo pai à sua espera na terra natal, e o curso tirado em Alcoentre pode ajudar “na manutenção das máquinas” da empresa. As saudades são muitas, e as visitas poucas, dada a distância. “É sempre importante aprender coisas novas, e estes cursos são fundamentais, tirei o nono ano”. Há um ano e quatro meses a cumprir pena em Alcoentre, espera sair em 2017. “Espero que isso aconteça, não me tenho metido em barulhos, e porto-me razoavelmente bem”. Para já tem a primeira condicional em novembro- “Quero ver se vou a casa no Natal, tenho dois filhos, um de cinco e outro de 15, e não os vejo há algum tempo. O meu mais velho quer ser músico, já atuou em Coimbra”, diz orgulhoso. À semelhança de Paulo, grande parte da população prisional de Alcoentre, composta por 600 reclusos, pratica atividades nos cursos de formação profissional, nas atividades de agropecuária, mas também na serralharia, entre ou-
“O
Obras realizadas pelos reclusos tras. Para além de lhes proporcionar alguma autonomia, e ajudar a passar as longas horas na prisão, também lhes pode abrir portas uma vez em liberdade. Ainda a nível das atividades agrícolas e para além da vinha onde é produzido o já muito afamado vinho desta prisão, o Chão de Urze, há uma horta cujos produtos são destinados ao Banco Alimentar de Santarém, onde são produzidos tomate, courgette e abóbora. João e Ivo Rafael, à semelhança de Paulo, também se encontram na oficina automóvel, e confiam que uma vez em liberdade poderão ter alguma possibilidade no mercado de trabalho graças ao curso. E até contestam o facto de nos últimos tempos, a grave dos guardas prisionais ter afetado o normal curso das aulas. “As mudanças de horário fazem com que tenhamos de faltar algumas aulas”, diz João. “Este curso de dois anos permitiu-me tirar o nono ano e ter acesso a uma profissão. Gostava muito de trabalhar nesta área se me derem emprego”. Ivo Rafael também é da mesma opi-
nião – “Sem dúvida que gostava muito, porque sempre gostei desta área, pessoas da minha família já trabalham neste ramo, ganhei experiência”. Falta-lhe um ano para cumprir pena- “Este curso foi um achado para mim”. O mesmo é cumprido ao abrigo do Centro Protocolar de Formação Profissional para o Setor da Justiça. “É essencial para os presos que cá estão que cumpram hábitos de trabalho, e horários, que são importantes para a sua reinserção lá fora”, refere António Leitão, diretor da cadeia, tendo em conta que muitos dos presos foram ali parar porque nunca deram valor ao trabalho, e acabaram atrás das grades devido a episódios de furtos, por exemplo. O Valor Local percorreu os diversos corredores do Estabelecimento Prisional de Alcoentre desde as salas de aula onde a população pode terminar os estudos, até à cantina nova, pronta a estrear, que espera por melhores dias para ser inaugurada finalmente, isto na nova ala recentemente inaugurada. As celas deste estabelecimen-
to já eliminaram definitivamente o balde higiénico que acabou no sistema prisional. Numa das celas, um placard de cortiça com muitas fotos da família de um recluso e uma pequeno televisor ajudam a passar os dias e trazem um pouco do mundo de fora para o interior da cadeia. António Leitão refere que todos podem trazer aquele eletrodoméstico para as suas celas. Contudo, a internet está vedada. A célebre solitária também tem um aspeto mais simpático do que aquele que vemos nos filmes- Em quase tudo idêntica às celas normais, mas neste caso, os reclusos não podem trazer televisão. Tratase de uma divisão assética mas onde a luz do sol entra. Vão para estas celas, os presos que “se portam mal”. Em média, cumprem no máximo cerca de 20 dias nestes compartimentos. Há também uma sala de visitas grande, em que à volta de pequenas mesas, o recluso recebe a visita dos seus familiares, revistos à entrada através de aparelhos eletrónicos e apalpação. Um dos guardas confidenciou à nossa reportagem. “Por vezes
dizem que nós deixamos passar pessoas com droga, mas não há maneira de controlar isso por completo, há senhoras que até a trazem na vagina, e mesmo com câmaras na sala, conseguem fazer passar o produto”. Pelos corredores deste estabelecimento vêm-se homens de todas as idades, alguns mais velhos têm toda uma “carreira” ligada ao crime, outros foram traídos pelas circunstâncias da vida e pela mente na hora errada, e cometeram o erro de matar um vizinho, ou a mulher. Em média, os reclusos da prisão de Alcoentre têm uma pena média para cumprir entre cinco a dez anos. Trata-se de um estabelecimento destinado a acolher a média criminalidade. Mas há também alguns casos de presos por crimes sexuais, neste caso a direção tenta mantê-los um pouco mais à parte de outros presos, pois práticas de violação ou pedofilia “são muito mal vistas por outros reclusos”. António Leitão diz mesmo que, por vezes, um assassino que comete um crime passional é melhor encarado do que um criminoso sexual. Pelos corredores, António Leitão é tratado por “senhor doutor” pelos presos, e durante esta reportagem não raras vezes é abordado por um outro recluso que lhe pergunta sobre o andamento dos processos. Há quem se queixe do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, outros da pressa que têm em aceder à liberdade condicional, por exemplo. A prisão de Alcoentre é em si mesmo um mundo. Desde o ginásio à lavandaria passando pelos serviços clínicos, parque oficinal, armazém, é uma espécie de cidade em miniatura. Simão Garcia, é um dos civis que trabalha com os presos na secção de serralharia, e enten-
de a experiência como positiva – “Aprendemos sempre alguma coisa com eles, já passaram por aqui bons profissionais, que normalmente agradecem esta oportunidade”. Nesta cadeia, os presos têm acesso a médico de clínica geral, estomatologista, psiquiatra, psicólogo entre outras especialidades. Funciona uma escola com seis salas, com horários e programas como lá fora, com protocolos com a escola de Rio Maior. Cerca de 150 reclusos frequentam o ensino no estabelecimento. Trabalham mais de 200 pessoas na prisão. Os amantes do artesanato também têm um espaço próprio. Numa sala, fomos encontrar três homens que se dedicam- todos os dias a fabricar desde caixinhas feitas com papel de jornal destinadas às jóias das senhoras, até quadros, e telhas pintadas que refletem a luz fazendo um bonito candeeiro improvisado, com motivos desde animais a flores. As peças são vendidas aos visitantes, e um deles à nossa reportagem demonstra “pena” por ainda não terem conseguido uma loja que adquira e venda as suas peças. Sentem-se valorizados, e o tempo não custa a passar. “Através de papel do jornal, fazemos um pequeno rolo, aplicamos a cor que desejamos, leva um endurecedor, o verniz e o desenho escolhido, recorrendo a técnicas de craquelê. Demoro a fazer esta caixinha cerca de quatro dias”, refere um recluso que nunca tivera a oportunidade de fazer este este tipo de trabalho antes de vir para Alcoentre. E vai mostrando todas as suas pequenas obras. Este ateliê é dominado por uma profusão de materiais reciclados, onde tudo se aproveita até tubos de papel higiénico. “Estou aqui há dois anos,
António Leitão, diretor da cadeia há 5 anos
“É impossível controlar a 100 por cento a entrada de droga” R ecentemente uma estação de televisão fez uma reportagem que dava conta da entrada fácil de estupefacientes na cadeia de Alcoentre, alegando que no interior da mesma facilmente os reclusos faziam grandes regabofes e o acesso a telemóveis era fácil, tudo mais ou menos com a conveniência de um ou outro guarda prisional. Acerca desta reportagem, o diretor refere que “todos os dias são efetuadas buscas, ou devido a algum comportamento suspeito, ou porque essa informação nos foi transmitida”. Assegura ainda que no que toca a droga e a telemóveis, “os números das apreensões são significativos”. Contudo refere que o regime aberto em que estão alguns reclusos pode facilitar a entrada de matéria proibida, “não
deixando esses reclusos de serem submetidos a testes com muita regularidade”. “Por outro lado, os métodos de introdução estão cada vez mais sofisticado, nomeadamente, através do corpo, quer quando as pessoas vão a casa, ou nas visitas. Os reclusos podem ser revistados pormenorizadamente, mas os familiares não, até porque estamos a falar de zonas íntimas.” Contudo salvaguarda – “O que se passa aqui não é muito diferente do que se passa noutros estabelecimentos. É uma luta diária na tentativa de se controlar o que aqui vem parar, mas sabendo sempre que os estupefacientes não vão deixar de entrar”. António Leitão não tem dúvidas – “Onde houver um consumidor, a droga chegará lá! Porque os trafi-
cantes vão arranjar uma forma de o fazer. Em Portugal e em nenhuma parte do mundo há sistemas que impeçam a cem por cento isso”. O facto de o nosso sistema apostar na humanização da relação com os reclusos, pode ser si-
António Leitão
nónimo de mais permissividade. “Mas por muito que se queira combater, os reclusos vão fazer de tudo para arranjar uma forma de driblar o sistema, contudo posso dizer que não negando a existência de consumos no interior da cadeia, são em muito menor quantidade do que há mais anos atrás”. “Comparativamente com outras épocas, via-se mais indivíduos com elevada dependência de droga e isso era notório nas cadeias, mas atualmente os consumos são muito mais baixos. As situações sinalizadas pelos serviços clínicos dão conta disso mesmo. É impossível banir a droga das prisões”. Por outro lado, refere que a proximidade em relação à estrada, dá azo a que amigos ou familiares de detidos arremessem produtos ilíci-
tos para os reclusos do regime aberto. Portugal foi o primeiro país do mundo a abolir a pena de morte, e o regime das prisões portuguesas é mais suave quando comparado com outros no mundo, nomeadamente, o norte americano mais musculado e duro, como é possível observar em muitos programas na televisão por cabo. António Leitão é da opinião de que se a pena de prisão tem por objetivo evitar a reincidência, não há estatísticas no mundo que provem que os sistemas mais severos conseguem evitar que o recluso uma vez em liberdade não volte a reincidir. A crise por si só também não veio na sua opinião aumentar o número de crimes de roubo e com isso a população prisional, embora reco-
nheça que há mais cidadãos nas cadeias, embora não associe à crise. Com 50 anos, natural de Ansião, está ligado ao meio desde 1990. Já foi diretor da cadeia de Vale Judeus, nomeado em 2003, e em 2010 veio para a de Alcoentre, passou antes pelas de Leiria e Caxias. Há 25 anos anos ligado às prisões, refere que o padrão do recluso mudou em alguns casos, mas o ligado ao crime de droga e roubo mantém a sua máxima popularidade, se bem que o crime passional, na sua opinião, tem alcançado nos últimos anos “mais protagonismo”, aliado ao de violência doméstica. “No passado, a opinião publica não censurava, e a evolução da sociedade veio a censurar esse crime. Foi uma conquista civilizacional.”
Valor Local
Grande Reportagem
Curso de pintura automóvel
Outra das atividades ao ar livre o trabalho na oficina ajuda a passar o tempo, embora seja das poucas coisas que posso fazer, pois foi-me diagnosticado cancro. Tenho também hérnia e sou cardíaco, não posso fazer tarefas muito duras, tomo 30 comprimidos por dia. Estou proibido de pegar em pesos, já tive muita sorte em o senhor diretor me ter deixado vir para aqui.” “Acaba por ser terapêutico”, junta António Leitão. “Adoro fazer isto, passo aqui a vida”. Um colega de prisão peruano desenhou-lhe entretanto o retrato de uma das netas, que será agora colocado numa moldura. Reclusos, diretor e guardas que se juntaram nesta sala gabam o jeito do cidadão estrangeiro. “Bastou dar-lhe a fotografia dela”, concordam.
As vendas revertem a favor dos reclusos, neste como nos outros trabalhos remunerados existentes na prisão, metade das verbas vai para uma espécie de pé-de-meia ao qual só podem aceder uma vez em liberdade, a outra metade serve para comprarem o que precisam a nível de bens de consumo acessíveis numa loja no interior da prisão. Numa das extremidades do complexo prisional, um conjunto de pré-fabricados alberga os reclusos em regime aberto. Alguns trabalham fora dos muros da prisão em atividades de limpeza em colaboração com autarquias da zona, ou nas atividades ao ar livre ligadas ao estabelecimento, no total, cerca de 40 a 50 pessoas. Os quartos
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são triplos, e num deles fomos encontrar António, de 58 anos, de Azambuja. Na cadeia entrega-se às funções de limpeza dos espaços. Quase a acabar a pena, todos os meses vai a casa para depois regressar. A família já nem o visita, tendo em conta que as precárias se têm sucedido. “Já estou na cadeia há quatro anos”, refere. No regime aberto, “a malta está mais junta, temos mais um bocadinho de tudo, e só o fato de irmos mais vezes a casa ainda é melhor”. Os dias não custam tanto a passar desde que foi para os pavilhões, porque “nas alas era muito pior”. “De manhã faço as limpezas, à tarde vou apanhar sol, ou faço uma sestada, ou então opto por ler um bocado ou ver televisão”. Diz
que não conta os dias para ir a casa, como se já fosse uma rotina quase banal entrar e sair quase todos os meses ou de dois em dois meses. Quando se lhe pergunta se fez amigos na prisão, responde – “Aqui não há amigos, só conhecidos ou os chamados amigos de ocasião”. No final da visita, o Valor Local esteve na menina dos olhos do estabelecimento, a vinha onde é produzido o “Chão De Urze”, bem afamado, que passa pelas mãos dos reclusos desde a apanha da uva até ao seu embalamento. Em 2012, um dos melhores anos, produziu-se 170 mil litros, mas num ano normal chega aos 120 mil. “O trabalho na agricultura pode tornar-se numa porta aberta uma vez
lá fora, pois ficam com uma ideia como se faz fertilização de solos, podas, vindimas. Como há falta de mão-de-obra para a agricultura, tal poderá ser uma saída”, refere José Narciso, formador de operador agrícola. A vasta complementaridade de atividades aliada às produção animal, e agrícola, sobretudo os vinhos faz com que este estabelecimento seja o que a nível do país apresente uma faturação superior, cerca de 150 mil euros anuais. “A nossa principal fonte de receitas vem de facto do vinho, diversificámos este setor com brancos, rosés, tintos, brandys”, diz António Leitão. Mesmo junto à cadeia, outro grupo de reclusos tomava conta de um
grupo de vacas, por sinal amistosas. “Até lhes damos a comida à boca”, referiu um deles. Desde 2013, a cumprir pena em Alcoentre, Paulo, 39 anos, licenciado em Design, nunca imaginou vir parar a uma prisão. Sem querer adiantar os motivos para tal, refere que também fez atividades de limpeza na enfermaria e na escola da prisão. “Vamos para a rua às 8h45 e voltamos ao fim da tarde”, refere. Faltam oito meses para acabar a pena, e em princípio tem um trabalho à sua espera. “Não me vou meter de certeza em mais nenhuma alhada lá fora, porque estar aqui não é uma experiência bonita, o que tem de bom é que conseguimos ocupar o tempo com várias atividades”.
Política
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Valor Local
Azambuja há 11 anos na CIMLT, o que mudou? Azambuja saiu há 11 anos da Área Metropolitana de Lisboa para integrar a então antiga Comunidade Urbana da Lezíria do Tejo, que entretanto mudou a designação para Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo. Esta mudança significou mais-valias para o concelho ou tudo não passou de algo apenas administrativo. E a nível dos fundos estruturais, Azambuja soube aproveitar a maré da nova integração. Foi o que quisemos saber junto das forças políticas concelhias bem como do anterior presidente da Câmara, à época, Joaquim Ramos. Silvino Lúcio, PS O facto de termos, ao tempo, mudado demonstra que passados 11 anos a nossa visão era correta. Pois o enquadramento sóciocultural dos territórios onde atualmente nos encontramos inseridos tem mais a ver com a nossa realidade. Era também do nosso conhecimento que a Área Metropolitana (AM) devido ao elevado patamar de desenvolvimento, não seria contemplada com os novos fundos que se aproximavam. Essa foi também uma das razões objetivas da nossa tomada de decisão. A qual, até à data, foi consensual em termos políticos. Conseguimos atingir os objetivos que tínhamos em mente, quer ao nível dos financiamentos, quer ao nível de projetos. Na AM eramos o concelho mais pequeno em termos populacionais. Atualmente na nossa Comunidade quer em termos populacionais, quer em termos de área, os 11 municípios são muito iguais entre si. Facto que também contribui para uma melhor ligação entre todos. Para além disso, o município de Azambuja não se sentiu penalizado pelo facto de não pertencer ao distrito de Santarém. Sentimo-nos ribatejanos, continuamos a defender as nossas raízes culturais e a honrar o nosso passado. Maria João Canilho, Coligação Pelo Futuro da Nossa Terra Se encararmos a questão da CIMLT apenas do ponto de vista da captação dos fundos comunitários, então o concelho de Azambuja não tem razões para sorrir! Na verdade, desde sempre que Azambuja não é um bom exemplo de captação de fundos comunitários. Ao contrário de outros concelhos, não soubemos aproveitar a torrente dos chamados fundos comunitários de 1.ª geração (que no tempo coincidem com os mandatos do antigo presidente João Benavente). Também nos mandatos do presidente Joaquim Ramos, o recurso aos fundos europeus foi mínimo, tendo-se optado antes pela criação da empresa municipal EMIA e o recurso ao crédito bancário para garantir a realização de algumas infraestruturas. Agora, com a alteração do paradigma dos próprios fundos comunitários, Azambuja continuará a não estar no centro dos fundos comunitários. Quando não se sabe o que se quer dificilmente se consegue o que se precisa! Azambuja saiu da chamada “Área Metropolitana de Lisboa” por duas razões principais: a inclusão de Azambuja na chamada NUT III durante o Governo Durão Barroso, o que permitiria à Azambuja ter acesso a mais fundos comunitários (a Área Metropolitana é NUT I pelo que
Azambuja não poderia continuar nesta entidade). A segunda porque a nossa identidade cultural é ribatejana. O que tem penalizado o concelho de Azambuja é que há muitos anos não existe “liderança, equipa e projeto”. Enquanto assim for nunca conseguiremos afirmar Azambuja no plano regional e nunca vamos deixar de ter índices de desenvolvimento sócioeconómicos sofríveis ou medíocres. Joaquim Ramos, presidente da Câmara na altura da transição Considero muito positivo para o concelho de Azambuja o facto de termos saído da Área Metropolitana de Lisboa e integrado a então Comunidade Urbana da Lezíria do Tejo, desde logo por razões de paridade de dimensão, de semelhança da estrutura económica e social e de afinidades culturais. Fiz essa proposta ao fim duma profunda reflexão que me levou à conclusão de que tínhamos muito mais a ver, àqueles níveis, com municípios como Cartaxo, Almeirim, Salvaterra, Benavente do que com Lisboa, Amadora ou Odivelas. Mas também por razões de estratégia de desenvolvimento do concelho. Nos quadros comunitários que se seguiriam, a área metropolitana não teria acesso a fundos de coesão, enquanto a Comunidade da Lezíria continuaria a ter – Creio que foi e é unanimemente reconhecido, até pela oposição, que soubemos aproveitar ao máximo os fundos comunitários. E não só os dos Fundos de Coesão a que tínhamos direito ( mais de dez milhões de euros) como também de outros programas a que nos candidatámos autonomamente, como o POLIS ou o Programa Operacional do Desporto. Aliás, a prova disso é o facto de termos beneficiado da chamada reserva de eficiência, uma verba adicional para os municípios que tinham alcançado os objetivos a nível de utilização de fundos. Nunca senti que fôssemos prejudicados por ser o único município da Lezíria a pertencer ao distrito de Lisboa, e não ao de Santarém. A nossa capital cultural sempre foi Santarém e quando acabaram os distritos a questão morreu, mesmo a nível formal. David Mendes, CDU Cheguei a referir a hipótese de um referendo, à época, para também responsabilizar os munícipes, embora a mudança fosse para uma área com a qual a população se identificaria mais à partida. Embora o sul de Azambuja esteja muito habituado à urbanidade de Vila Franca e de Lisboa, e também por isso sugeri o referendo. Dar voz às populações ao fim ao cabo, algo que nem sempre
se faz. Quanto ao balanço nessa nova estrutura, há elementos positivos e negativos. Até porque quando falamos de algo que resultou de emanação superior, normalmente acaba coxo, como no caso dessa estrutura administrativa. Se fosse uma comunidade intermunicipal na sua verdadeira aceção teria resultado de uma união de livres vontades das Câmaras. A coisa foi começada pelo telhado. A central de compras da CIMLT, por exemplo, é positiva, mas ao gerirem milhões, dão origem ao aparecimento de muitas empresas contratadas que inflacionam preços, o que acaba por ser prejudicial para a gestão da coisa pública. Se alguns dos dossiers como o da alimentação das escolas estivesse apenas entregue à Câmara de Azambuja poderia proporcionar que empresas do concelho pudessem concorrer, e isso desenvolveria a economia local, impedindo que matérias como essa ficassem nas mãos dos monopólios nacionais. No que respeita aos fundos comunitários são discutidos ao rateio, ficámos beneficiados, com a mudança, porque já não havia dinheiro em Lisboa, só por isso. Daniel Claro, Bloco de Esquerda A estratégia de aderir à CULT (CIMLT) e consequente saída da AML justificou-se pela necessidade de, face ao quadro comunitário, se potenciar o acesso a alguns programas que de outra forma estariam vedados. Desse ponto de vista, foi uma boa decisão embora chocasse sempre com o facto de as maiores empresas do concelho, a nível da sua estratégia económica e social, continuarem a privilegiar a AML. Esse constrangimento deveria e poderia ter sido objeto de um tratamento mais cuidado através da criação de um verdadeiro Gabinete de Apoio à Atividade Económica. Em termos do aproveitamento dos fundos comunitários, do ponto de vista quantitativo, a Azambuja soube fazer um bom aproveitamento. Em termos qualitativos ficámos muito aquém. Na verdade, como o Bloco de Esquerda sempre afirmou, a falta de um plano estratégico que aferisse das potencialidades e debilidades concelhias de um ponto de vista social e económico levou a que os investimentos efetuados, com exceção do parque escolar, privilegiasse na maior parte das vezes uma visão de aproveitamento eleitoral, com a disseminação de investimentos que hoje, alguns deles, se encontram com pouca utilização. Um dos problemas do concelho de Azambuja e que ainda hoje carece de solução, é precisamente o facto de ser um concelho periférico qualquer que seja a zona de estratégia geográfica onde se insira. Foi assim na AML e é assim na CIMLT. Não raras vezes, em termos de organização social, no capítulo da segurança social, do instituto de emprego ou da educação, vamos, institucionalmente, sendo “atirados” para diferentes órgãos responsáveis com as inevitáveis consequências ao nível do planeamento. Cremos que a única forma de ultrapassar este constrangimento seria a regionalização.
Orçamento Participativo de Alenquer com boa adesão E
stá a decorrer desde o dia 6 de maio mais um conjunto de sessões do Orçamento Participativo de Alenquer, na sua segunda edição. Este ano a verba é de 500 mil euros a distribuir pelos projetos que serão mais votados, propostos pelos habitantes das freguesias do concelho. Paulo Franco, vereador que coordena esta iniciativa autárquica pela segunda vez, refere que para já “o balanço é extremamente positivo”, com um “acréscimo de população superior ao registado em 2014”. No dia da entrevista do Valor Lo-
cal a Paulo Franco já se tinham desenrolado quatro sessões: em Cabanas do Chão na União de Freguesias de Abrigada e Cabanas de Torres; União de Freguesias de Aldeia Galega da Merceana e Aldeia Gavinha; Carregado e Cadafais; e Casal das Eiras em Santana da Carnota. À semelhança do ano passado, a União de Carregado e Cadafais revelou uma menor predisposição para participar na iniciativa, “talvez por ser a maior e mais urbana”. Para já as primeiras conclusões permitem observar que as popu-
lações estão interessadas em obras na reabilitação de escolas primárias mas também projetos que já vinham do ano passado, como a construção de um parque temático na Merceana voltaram a ser referidos. O teto máximo para cada projeto no ano passado era de 60 mil euros, este ano passa a ser de 100 mil o que abre portas para que alguns que não saíram do papel possam este ano sair como vencedores. Não têm faltado também propostas a exigir obras em questões mais elementares como o arranjo de estradas. “Ainda temos esse tipo de
situações para resolver, e as pessoas aproveitam para reivindicar obras, o que é natural”, acrescenta o vereador. Muitos foram também os que se mostraram esperançados em conseguir ver aprovados projetos que apresentaram no ano passado. Ouviu-se muitas vezes: “Vamos lá ver se é desta!”. Quanto aos projetos vencedores do orçamento do ano passado, Paulo Franco esclarece que em cada sessão procura-se fazer o ponto de situação, e neste caso, todos os escolhidos em 2014 no valor total de 300 mil euros en-
contram-se em fase de contratação pública. Todos deverão estar
prontos em 2016, mas três deles devem terminar ainda em 2015.
Sessão de esclarecimento em Casal das Eiras, Santana da Carnota
Valor Local
Política
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Plano de combate a incêndios apresentado na Câmara de Salvaterra postar fortemente na sensibilização da população é o que preconiza o último plano de intervenção e prevenção de incêndios florestais desenhado para os concelhos de Salvaterra de Magos, Benavente e Coruche, dado a conhecer numa das últimas reuniões de Câmara de Salvaterra. No terreno, os objetivos passam por diminuir o tempo médio de ataque, abaixo dos 10 minutos; reduzir o total da área ardida nos três concelhos abaixo dos 35 hectares, e o número de ocorrências abaixo das 60. A Comissão Intermunicipal de defesa da Floresta dos três municípios pretende dar a conhecer entre a comunidade as diferenças entre queima e queimada e com isso diminuir o número de ocorrências. Mas a sensibilização também pode passar por campanhas, e no horizonte estará a divulgação de um folheto junto com a fatura da Águas do Ribatejo. O plano preconiza ainda a conceção de espaços de estacionamento definidos para as viaturas de modo a que o socorro possa chegar com mais prontidão aos
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locais. Pretende-se atender por esta ordem às premissas: da planificação, vigilância, primeira intervenção, combate, rescaldo, e novamente vigilância. Fundamentais serão também os locais onde estarão à partida intervenientes de prontidão a algum incêndio que possa ocorrer, nomeadamente, os bombeiros dos vários concelhos nos respetivos quartéis; a Casa Cadaval na propriedade em causa, o Clube de Caçadores de Glória e Granho na Estrada do Junco, União de Freguesia de Glória do Ribatejo e Granho, Associação de Produtores Florestais de Coruche em localidades como Cascavel, Azerveira, Branca e Alto da Mata. No concelho de Benavente, tudo a postos no Campo de Tiro de Alcochete e Companhia das Lezírias. Em reunião de Câmara de Salvaterra, o vereador do Bloco de Esquerda, Luís Gomes, referiu que a associação de caçadores não tem estado no local. O presidente da Câmara, Hélder Esménio, garantiu já se ter reunido com o clube de caçadores que demonstrou a sua disponibilidade em co-
laborar, embora se tenha queixado de que em anos anteriores a Câmara não cooperou como desejável nomeadamente no pagamento de combustível para as
deslocações. Por parte da representante da comissão presente, foi deixado o compromisso de que se fará um contacto por estes dias no sentido de se auscul-
tar do grau de compromisso quanto a estarem ou não presentes no local em causa. Quanto ao difícil tema da limpeza das faixas de gestão de combus-
tível referiu que são da responsabilidade das Câmaras que não podem fazer muito mais nos terrenos, que devem ser limpos pelos particulares.
Eleitos esclareceram dúvidas sobre o que está concertado para o concelho
Dossier Águas
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Valor Local
Miguel Carrinho é o novo presidente da comissão da “Águas da Azambuja” ¢ Sílvia Agostinho epois de um processo que demorou praticamente um ano, eis que finalmente foi anunciado o nome que sossegou para já as hostes políticas de Azambuja, e que vai presidir à comissão de acompanhamento do contrato de revisão das águas e saneamento de Azambuja, Miguel Carrinho. O também diretor financeiro da Águas do Ribatejo tem um percurso quase desconhecido, quando comparado com o nome
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inicialmente destacado para a função, Cunha Marques, considerado uma das vozes mundiais do setor, mas altamente repudiado pelos vários partidos políticos da oposição de Azambuja. A Coligação Pelo Futuro da Nossa Terra chegou mesmo a referir-se ao mesmo como “uma raposa no meio de um galinheiro”. Na base das críticas, o facto de ter estado na escolha da Aquapor para gerir o sistema em baixa de Azambuja, que na opinião da oposição se tem revelado como uma “opção
fatal” que só tem “prejudicado os interesses do município”. O professor do Instituto Superior Técnico viria a por o lugar à disposição, depois das muitas críticas que lhe foram dirigidas. Miguel Carrinho constitui-se para já como uma surpresa. Chegou há pouco tempo ao setor, em 2009, aquando da entrada em funcionamento da Águas do Ribatejo, não isento de algumas críticas, por ser filho de Sérgio Carrinho, antigo presidente da Câmara da Chamusca, município
Miguel Carrinho diz-se preparado para o escrutínio político de que vai ser alvo
que também integra a empresa em causa. Licenciado em gestão de empresas pela Universidade de Coimbra, Miguel Carrinho, para além de diretor financeiro da Águas do Ribatejo (AR), (depois de ter passado pela comunidade intermunicipal), é também a cara do projeto “Watersense” (biosensor que monitoriza as águas subterrâneas) implementado na AR, distinguido com o prémio Eureka em 2012, e também no “European Projects Awards”. Miguel Carrinho vai auferir 250 euros por mês ao serviço do concelho de Azambuja nesta comissão. Valor bastante mais abaixo dos honorários que Cunha Marques pediu (cerca do dobro) tendo em conta o seu currículo internacional. “Recebi um convite da Câmara de Azambuja para esta posição na comissão das águas, porque conheço o setor e a região, até porque também trabalhei na comunidade intermunicipal e tive entre mãos projetos relacionados com Azambuja”, refere ao Valor Local, Miguel Carrinho. O novo responsável da comissão das águas dá conta que só há pouco tempo começou a debruçar-se sobre o processo de revisão do contrato e de todas as questões que o rodeiam, sendo que também os contatos com a administração da “Águas da Azambuja” são recentes. “Aguardo a entrega da informação para aprofundar o histórico de todo o processo, e tentar fazer o melhor
possível no que a comissão pode intervir”. Miguel Carrinho diz-se, ainda, preparado para todo e qualquer escrutínio que o seu trabalho possa suscitar, tendo em conta que tudo o que diga respeito à concessão costuma estar sobre a luz forte dos holofotes políticos que querem ver até onde este técnico conseguirá defender os interesses da população. “Admito sempre esse escrutínio, e todos na comissão temos essa consciência”. Embora salvaguarde que “as decisões cabem às partes, e a comissão não é um órgão político. Cumpre a legislação e dá todo o apoio que Câmara e concessionária precisem”, diz. “O que se passou antes ficou no passado e vamos pensar que o futuro possa ser o mais simpático possível”, refere em relação à onda de críticas que avassalou a concessionária em 2014. Questionado quanto à forma como a entidade patronal “Águas do Ribatejo” reagiu ao facto de Miguel Carrinho fazer agora parte da comissão das águas, responde que não foi observada “incompatibilidade de funções”, pois ambas as empresas possuem territórios diferenciados, com modelos diferentes. “Mas também estamos a falar de uma comissão ad-hoc, sem funções subordinadas, não temos patrão, estamos ali, individualmente, enquanto pessoas indicadas pelas entidades, e livres para fazer o nosso trabalho”, elucida, esclarecendo:
“Houve o compromisso de que estas minhas novas funções não colidiriam com as que exerço na Águas do Ribatejo”. Diogo Faria de Oliveira, administrador da Aquapor que gere a Águas da Azambuja, refere que a nova comissão é bem-vinda, até porque já devia ter sido constituída em 2012. Depois de ter dito em entrevista ao nosso jornal, que Cunha Marques era uma espécie de José Mourinho do setor, é politicamente correto ao referirse ao nome de Miguel Carrinho – “Foi o nome proposto. Conheci-o agora nestas novas funções. Fará certamente um excelente papel”. Quanto ao elemento designado pela Câmara Municipal de Azambuja, António Nobre, deputado da CDU, partido que normalmente alinha contra qualquer tipo de modelo de privatização mormente também no setor das águas, reflete apenas – “Também é muito bem-vindo! Fará com certeza o papel de zelar pelos interesses da concedente”. Sobre a saída de Cunha Marques – “Mais importante do que o nome é o perfil, e na minha opinião o presidente desta comissão deve reunir as seguintes qualidades – ser especialista no setor das águas e saneamento; perceber de regulação e em último lugar compreender os contratos de concessão e o seu modelo de financiamento”. O último elemento da comissão é Enrique Castiblanques designado pela “Águas da Azambuja”.
Obras: Limpos todos os reservatórios de água na crise da legionella T
endo em conta a onda de alarmismo suscitada pelo foco de legionella no concelho de Vila Franca de Xira, a “Águas da Azambuja” procedeu a uma limpeza e higienização de todos os reservatórios de abastecimento de água em janeiro de 2015. No que se refere a obras de saneamento em falta no alto do concelho de Azambuja, das quais se tem falado nos últimos tempos, a empresa refere que ainda se encontram por terminar pontos de ligação à rede em alta da responsabilidade da Águas do Oeste nomeadamente em Tagarro, Espinheira e Casais das Boiças, prontas desde há vários anos na baixa por parte da “Águas da Azambuja” Recorde-se que a empresa intermunicipal colocou um processo de injunção, relativo a uma dívida de 1 milhão 330 mil euros, a que se soma outra de dívida vencida de 2 milhões 453 mil à “Águas da Azambuja”, contudo a Câmara de Azambuja deu luz verde à adesão ao novo sistema multimunicipal em perspetiva, desde que a empresa intermunicipal faça estas e outras obras da sua competência.
Parecer da ERSAR E
ntretanto a empresa aguarda que a Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR) dê finalmente luz verde quanto à proposta de aditamento ao contrato que tem sido sucessivamente enviada para o regulador que tem pedido vários esclarecimentos. Faria de Oliveira refere que o último parecer da ERSAR não foi no sentido de dar essa luz verde, porque as partes decidiram antes ir pelo preconizado pelo Tribunal de Contas, “que vai contra o entendimento do regulador”, nomeadamente, no que respeita “à retirada da banda de consumos, ou seja colocar todo o risco da procura do lado da concessionária”. A ERSAR refere ser insuficiente pois não deixa antever a possibilidade de fenómenos como a subsidiação cruzada, entre outros.
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15 anos de alternativa de Ana Batista cavaleira tauromáquica de Salvaterra de Magos, Ana Batista, comemora este ano os 15 anos de alternativa. Ao Valor Local, Ana Batista assume que faz o que gosta e que nem mesmo as dificuldades geradas pela profissão, são suficientes para abrandar a paixão pela arte. Para a cavaleira, toda a última época tem um balanço positivo. Ao todo foram 30 corridas. “Foi uma temporada bastante ponderada porque estamos em crise”. Para trás ficam 15 anos de alternativa e uma larga experiência profissional. Para trás ficam também centenas de corridas, vincando que nunca sentiu qualquer discriminação pelo facto de ser uma mulher entre muitos homens. A cavaleira lembra uma corrida no Campo Pequeno de oportunidade aos jovens com cavaleiros praticantes. “Eu era a mais nova e amadora com 14 anos, com toiros grandes e muita responsabilidade. Mas as coisas correram bem e ganhei o Troféu Incentiva”. A partir desta corrida, Ana Batista descolou e acabou por ir para Espanha onde surgiu a grande oportunidade de integrar o quarteto “Amazonas del Arte”, e a partir daí, a cavaleira vincou, de-
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finitivamente, o seu respeito no panorama nacional e internacional. “Como éramos quatro mulheres, isso deu-nos uma perspetiva totalmente diferente” nomeadamente em Espanha, “onde os diversos tipos de público são mais variados”. “Nem tudo foram facilidades”, salienta a cavaleira, todavia o seu percurso acabaria por ser importante na carreira. Por tudo isto, Ana Batista preferiu tomar a sua alternativa em Portugal. “Sempre quis que o público olhasse para mim enquanto toureira e não apenas por ser mulher. Quis fazer sempre um toureio sério e acho que as pessoas perceberam isso”, destacando que é no norte “onde sentimos mais o apoio das mulheres”. Desde que se iniciou nas corridas, Ana Batista tem tido uma convivência razoável com os contestatários das corridas de toiros, sendo politicamente correta nas respostas, salienta – “Aparecem mensagens no facebook, mas é-me indiferente”.” Às vezes, no Norte deparamo-nos com eles, tratam-nos mal, mas estamos ali para fazer o nosso trabalho. Respeito as ideias deles, e espero que respeitem as minhas, isso às vezes não acon-
tece, mas ignoro”. Ana Batista considera, entretanto, que a crise tem afetado as touradas em Portugal. Não só no que respeita ao preço dos bilhetes, mas também no que se re-
fere aos hábitos que se criaram. A cavaleira lembra uma corrida no México, onde a população esperou durante duas horas dentro da praça até que a arena secasse, pois tinha chovido mui-
to. “Naquele país existe uma afición diferente”, argumentando que “onde há afición, o conforto da praça não é o mais importante”. Mas Ana Batista não teria su-
Ana Batista na sua quinta onde também recebe muitos jovens em estágio
cesso se não fossem os seus cavalos. Os animais são de certa forma seus confidentes, e a 13 de Junho de 2013, despediuse “de um grande amigo”. Um cavalo com o nome de Obelix, de 16 anos. Este foi um dos cavalos mais importantes da sua carreira. Todavia este animal teve dois filhos que já fazem parte da sua quadra (Obélix II e Obélix III) e vinca a necessidade de confiar nesses cavalos. “São quase a nossa família, passamos e treinamos muito tempo com eles. Ver a evolução dos cavalos é como um pai ver um filho a progredir na escola”. vinca Ana Batista. Sair com um cavalo para a praça “pela primeira vez é espetacular” realça a cavaleira, que destaca a ajuda do marido na preparação dos animais. Questionada sobre onde gosta mais de atuar, se em Portugal ou no estrangeiro, a cavaleira de Salvaterra de Magos responde de uma forma politicamente correta: “Gosto de atuar em todo o lado”. Em Julho vai tourear uma corrida em Salvaterra de Magos, sua terra natal, “particularmente especial”, porque pretende assinalar os 15 anos de alternativa numa praça que lhe traz grandes recordações.
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Falta pouco para os grandes dias da F De 28 de maio a 1 de junho, está aí a altura do ano pela qual os azambujenses mais anseiam. Para além das novidades deste ano, e de uma conversa com o presidente da nova associação das tertúlias, falámos com alguns azambujenses que dão a conhecer memórias de outras feiras. ¢ Miguel A. Rodrigues* Feira de Maio está de regresso a Azambuja. O certame centenário há muito que é aguardado pelos munícipes e pelos visitantes, que contam os dias sobretudo a pensar nas largadas de toiros. Ao Valor Local, Luís de Sousa, presidente da Câmara Municipal de Azambuja, destacou que a Feira de Maio “já é conhecida internacionalmente”, vincando que o grande chamariz do certame são exatamente as largadas de toiros e a tradição a elas associada. A Feira que decorre de 28 de maio a 1 de junho, é composta mais uma vez por largadas de toiros, gastronomia, representada na Praça das Freguesias pelas respetivas freguesias e pelos aspetos ligados não só à tauromaquia, como ligados também ao mundo equestre. Este ano a Feira tem uma nova componente. É a primeira vez que as tertúlias se juntam para dar uma nova cor à festa. Durante o último ano, foi criada a União de Tertúlias
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de Azambuja (UTA), que é composta pelas tertúlias que participam no certame, e que também levam a cabo algumas iniciativas laterais. Em anos anteriores, as tertúlias juntaram-se e levaram a efeito algumas iniciativas, nomeadamente, torneios de futebol disputados entre as mesmas, mas este ano, já organizadas em associação, vão promover pela primeira vez uma largada de “touro à corda” algo mais tradicional nos Açores, mas que chega, pela primeira vez a Azambuja. Sobre esta iniciativa, Luís de Sousa, destaca a sua importância no enriquecimento da feira. Para o autarca, esta actividade acaba por ser mais um chamariz para o certame de Azambuja, destacando que o público ao qual se dirige, tem “bastante apetência para este tipo de divertimentos”. Aliás, Luís de Sousa que destaca a afición dos azambujenses, vinca igualmente que praticamente durante todo o ano, “tudo em Azambuja gira à volta da feira”. A partir do momento em que se começam
a colocar as tronqueiras, no início de maio, “aparecem também os primeiros assadores à porta das tertúlias, e começa aí um ambiente espetacular que só se vive em Azambuja”. Esta é de resto uma edição onde as restrições financeiras vão continuar. Apesar do município ter melhorado as suas contas, o que é certo, é que a autarquia ainda não voltou a investir no certame como no início dos anos 2000, na altura em que Luís de Sousa era apenas vice-presidente e Joaquim Ramos, presidente. Luís de Sousa vinca contudo que o orçamento subiu em relação ao ano passado, o que “por si só já é positivo”. Porém a Feira de Maio não se resume só aos toiros. O certame conta mais uma vez com a participação da Associação Comércio e Industria de Azambuja (ACISMA), que é responsável pelo pavilhão das atividades económicas montado todos os anos no Campo da Feira de Azambuja. Como habitualmente o pavilhão vai ter um misto de atividades económicas,
com a representação de empresas e também de alguns artesãos que demonstram ao vivo a sua arte. Mesmo ao lado, a Praça das Freguesias é a montra das freguesias do concelho de Azambuja. Cada dia é dedicado a uma localidade, com demonstração de folclore, bandas de música e ginástica, numa autêntica romaria das gentes das demais freguesias à sede de concelho. Em paralelo, vão ser realizados concursos equestres, e os habituais concursos de montras, fachadas, largos e ruas com motivos alusivos à Feira de Maio. Luís de Sousa, espera este ano que o tempo volte a ajudar e que voltem a ser milhares os forasteiros que visitam a vila nestes dias de festa, com o destaque para a “Noite da Sardinha Assada” que se realiza na sexta-feira, com a distribuição gratuita de sardinhas, pão e vinho. Este ano, os valores mantêm-se, sendo que só as sardinhas, resultam em quatro toneladas de distribuição gratuita. *com Laura Costa e Nuno Vicente
Câmara não alterou significativamente o orçame
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do mundo taurino Feira de Maio Preciosidades no espólio de Salema
ento
ntónio Salema é sem dúvida uma figura de destaque na vila de Azambuja, pelo seu percurso ligado à tauromaquia. É uma personagem que muitos consideram ter incrementado as tradições taurinas na vila. O Valor Local decidiu ir conversar com ele, nesta altura do ano. Fomos até à sua Casa Museu onde nos recebeu de braços abertos e nos descreveu todo o seu espólio: “Tudo o que tenho nesta casa vem desde o meu tempo de juventude. Comecei por colecionar programas, fotografias e a contatar pessoas do meio taurino, e com isso fui ganhando bastante conhecimento ao longo de todos estes anos.” Para além de todos os elementos materiais, António Salema também possui outro património – uma vasta memória de tudo o que seus olhos viram: “Em Portugal vi 77 corridas, em Espanha 200 corridas.” Em Azambuja, ainda não existe um museu da tauromaquia, mas segundo António Salema, a terra merece sem dúvida um espaço daquela natureza pois está mesmo situada no coração do Ribatejo. Mas para tal seria “preciso um pouco mais de união por parte das pessoas da tauromaquia”,
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não hesita em confessar. Memórias da feira são muitas, e António Salema recorda-se da feira de antigamente quando “os touros eram enjaulados, e ninguém calcula o que era ver as ruas cheias de pessoas para verem os toiros a serem enjaulados”. “Era algo impressionante”, recorda-se. Pedimos ainda a António Salema, uma visita guiada à sua casa museu, para nos mostrar um pouco mais do seu mundo. Em primeiro lugar, deu-nos a conhecer algumas fotos de Alexandre Vieira, o primeiro toureiro azambujense, e de seguida de Ana Maria d’Azambuja a primeira mulher toureira em
Portugal. Mas neste mundo muito próprio deste azambujense há também retratos de Carlos Pimentel, Etelvino Laureano, Maria Cristina Correia – pintora de toureios, Manuel Tavares, Manuel Jorge de Oliveira e José Tavares, sempre protegidos pela imagem da Virgem de Macarena que é a padroeira dos toureiros. Outra das fotos significativas do seu espólio trata-se de uma de Penha “Curro Romero” em Espanha. Ou uma foto da cavaleira peruana Conchita Cintrón, a toureira feminina mais conhecida da história da tauromaquia. Guarda ainda uma foto da antiga tertúlia tauromáquica azambujense e em destaque uma
foto de Ortigão Costa, que dá nome à praça de touros de Azambuja. Mas as relíquias de Salema não se ficam por aqui. Exposto também um programa da corrida de touros nas arenas de Valencia, na Venezuela, onde Etelvino Laureano toureou com Cesar Giron, um dos toureiros mais conhecidos da Venezuela. Deu-nos a conhecer alguns dos livros que editou para toureiros como Ana Maria d’Azambuja, Etelvino Laureano e Manuel Jorge D’Oliveira. Em 2001, foi realizada em sua homenagem uma corrida de toiros, e também guarda essa recordação.
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UTA quer revitalizar a festa os últimos anos a Feira de Maio de Azambuja tem ficado marcada pelo número de tertúlias que tem vindo a crescer. Com esse crescimento, surgiu a necessidade de mais organização, já que muitas apenas registavam alguma atividade durante a Feira. Foi tendo em conta esta realidade que foi constituída a União Tertúlias de Azambuja (UTA) presidida por João Alves. Embora o balanço no que toca à adesão à associação seja positivo, João Alberto Alves refere que a representatividade a nível de associados ainda não é muito expressiva. Mas quando falamos nos eventos realizados pela UTA, “a adesão é significativa”, “mesmo por parte de quem ainda não se associou.” A título de exemplo destaca a “Festa Campera” organizada no
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dia 29 de março, que contou com a presença de 200 pessoas, “mesmo com a realização nesse dia da Procissão do Senhor dos Passos em Azambuja”. Com a Feira de Maio à porta, João Alves diz-se expectante quanto à possibilidade de mais tertulianos se juntarem à associação. “Pois certamente que para além das vantagens que terão em se associar, também nos dão mais força para a realização de eventos”. Quanto aos objetivos, o presidente desta associação, com meia dúzia de meses, destaca que o principal objetivo passa pela promoção do convívio entre os associados. Para além disso, a UTA aposta na dinamização da Feira de Maio de Azambuja e na promoção das tertúlias azambujenses desde que se “enquadrem no verda-
deiro espírito do significado de ‘tertúlia’ ou seja: organizar, promover e apoiar todo o tipo de eventos relacionados com a festa brava bem como as tradições que se lhe encontram intimamente ligadas, procurando ao máximo honrar e distinguir o nome da nossa vila”. Tendo em conta o número de aficionados da festa brava existente em Azambuja, o presidente da UTA destaca que a associação tem como objetivo também contribuir para o fomento da afición. Assim, vinca: “Sabemos do que o povo gosta, conhecemos o caminho que temos de seguir”. “ Progressivamente, as pessoas e as coletividades vão-nos conhecendo e sabendo que podem contar connosco para colaborar e organizar eventos relacionados com a festa brava”.
Tertúlias querem dinamizar Feira de Maio Todavia a UTA está também aberta à restante comunidade, como a escolar. João Alberto Alves adianta ao Valor Local, que está em curso uma parceria com as escolas de Azambuja “com o lançamento de um concurso para que os alunos desenhem a nossa bandeira”. “Recebemos mais de 100 participa-
ções, trabalhos fantásticos que vão estar expostos no pavilhão das freguesias durante o período da feira”. Outra das novidades da Feira de Maio deste ano é a realização do “Toiro à Corda”. Tal é uma tradição dos Açores, mas a UTA quer apostar na diversidade, e por isso mesmo leva a
cabo pela primeira vez este evento na rua principal da vila, no próximo dia 23 às 21h. A ideia de trazer este evento para a Feira de Maio nasceu no ano passado, mas vinca que tal iniciativa não tem como objetivo alterar as tradições de Azambuja, ou implementar as tradições de outros “mas sim mostrar diferentes culturas”. “Somos gente jovem com ideias novas e válidas, queremos a divulgação da nossa terra, e apoiar o comércio local, no fundo agitar as águas para que a festa também saia da rotina”, elucida, acrescentando: “Não queremos ir contra ninguém, nem sequer ferir quem quer que seja, mas não nos podem criticar a ambição de fazer mais e melhor, e se o conseguirmos, quem ganha é Azambuja”.
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Memórias da feira Mário Fernando Pinto, 64 anos “Estive 23 anos ligado ao mundo tauromáquico, nomeadamente, aos Forcados de Azambuja, e tive várias lesões. Quando era forcado, recordo-me que numa ocasião fomos pegar a Alter do Chão e depois da corrida fomos jantar. Quando terminámos a refeição, o nosso cabo dos Forcados, que na altura era o José António Carlos, foi falar com o empresário da praça e quando saíu do restaurante, a conta já estava paga. Deixámos o cabo em Alter do Chão, que teve de vir no dia seguinte de comboio.” Manuel Rosa, 63 anos “Recordo-me bem de uma feira, embora não saiba precisar o ano, quando os touros andavam juntos ao contrário do que acontece hoje e chocaram um com o outro. No ano passado, lembro-me de um toiro bastante maroto que deu uma pancada ali na tronqueira junto ao meu estabelecimento e a portinhola foi ao ar. Eu fiquei a olhar para o bicho muito calmo e sereno, mas apanhei um susto. Sabia que ele não entrava no meu estabelecimento, no entanto assustei-me.”
Vítor Teixeira, 79 anos “Por hábito tenho uma tertúlia junto da biblioteca onde passamos os cinco dias da feira, a comer, a beber, e a dar as boas vindas aos forasteiros que vem até a esta vila. Lembro-me que houve uma Feira de Maio logo após o 25 de abril, na qual fui o tesoureiro, e nessa altura conseguíamos fazer o certame com apenas 70 contos ou menos que isso.”
João Luís Simão, 75 anos “Há uns anos atrás, quando iniciei a minha profissão, a feira era diferente, sobretudo no trabalho que era mais abundante naquele tempo. Trabalhávamos muito para as empresas de cavalaria e agora isto está muito fraco. Até chegámos a vender na Feira, o artesanato que tínhamos. Lembro-me que numa ocasião, estava na rua a brincar com os toiros, queria fugir tive praticamente de ‘voar’ para o touro não me apanhar”
Joaquim Ramos, antigo presidente da Câmara de Azambuja “A Feira de Maio na minha opinião é realmente ‘a mais castiça do Ribatejo’, se compararmos com outras feiras verificamos que esta é de fato um ponto de encontro de afetos, onde a cultura ribatejana explora todas as suas diversas vertentes, e onde já vem pessoas de todo o país inclusive do estrangeiro. Gostava de partilhar o empenho das pessoas relativamente à Feira de Maio, a união das freguesias era algo notável na praça das freguesias, e enquanto antigo Presidente da Câmara estas são as melhores memórias que tenho. João Benavente, antigo presidente da Câmara de Azambuja “Houve uma situação, nas largadas, em que fiquei pendurado num antigo portão, e ao fugir do toiro, saltei e agarrei-me a esse portão e cortei as mãos. Também houve uma situação, quando eu fiz uma visita à Tertúlia dos Forcados, e quando o último touro ia ser recolhido, o João Alves veio à porta chamar o touro, e este apanhou-o e partiu-lhe a perna. Ficou com uma fratura exposta, os amigos com as lágrimas nos olhos, e ele gritava: Não chorem, viva a Feira de Maio! Foi um dos momentos mais marcantes para mim enquanto azambujense” Inês Louro, presidente da Junta de Freguesia de Azambuja “Quanto a uma boa recordação da Feira de Maio, lembro-me que de uma de infância que costumo partilhar frequentemente: houve um ano em que a parte dos carrosséis foi na Água Férrea, exatamente em frente à casa da minha mãe, e foi terrível para ela pois eu queria estar lá constantemente. Mas as memórias da Feira de Maio são sempre idênticas: Receber os nossos amigos e familiares, sendo a feira uma ocasião para criar e fortalecer laços de amizade.”
João Alves, 71 anos “Tenho muitas expectativas para a Feira de Maio deste ano, tenho expectativas muitos suscetíveis, e viva a feira de maio” Tenho um episódio que posso contar: Naquela altura, há anos atrás, as tronqueiras ainda eram feitas de varolas de eucalipto e o largo da Câmara estava fechado, a Câmara só tinha um piso. Fui brincar com o toiro, escondo-me na porta da câmara e o touro vem atrás de mim para dentro do edifício, o presidente da Câmara da altura até me quis mandar prender!”
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Centro Hípico Lebreiro cativa os jovens de Azambuja Centro Hípico Lebreiro de Azambuja continua a dar cartas no setor. Rui Santos, da direção da associação, explicou ao Valor Local, que um dos objetivos é o fomento do gosto pelos deportos equestres, e que isso tem-se notado, não só, através do número de alunos que estão no centro, como também através dos prémios arrecadados pelos seus pupilos. Numa destas manhãs de sábado, a reportagem do Valor Local testemunhou isso mesmo em loco. Algumas dezenas de crianças praticavam atividades equestres nas instalações do centro, com preços que rondam os 40 euros mensais, “que, contudo, mal dão para as despesas correntes”, refere o dirigente. Esta é de resto uma realidade comum a muitas assocializações. “Manter esta casa não é fácil, sabemos que a situação económica e social do país não é das melhores, mas infelizmente não podemos dar aulas de forma gratuita. Também temos as despesas com o treinador, os tratadores, os cavalos e sabemos que os alunos também têm dificuldades, mas ainda assim, levamos a casa para a frente”, refere Rui Lopes, que confessa não assistir a um grande entusiasmo por parte do mecenato local. “Não fora o empenho dos diretores, treinadores, e alunos, a tarefa seria bastante mais difícil”. Contudo, os responsáveis salientam os resultados que “enchem” de orgulho aqueles que diariamente vestem a camisola do “picadeiro”, como de resto é conhecida a associação. Rui Santos vinca o trabalho feito junto das crianças que todas as semanas estão presentes nos treinos, mas destaca igualmente que o centro também tem adultos na sua escola. “Temos cerca de 45 a 50 alunos inscritos neste momento. As aulas de equitação são três vezes por semana e os resultados estão à vista”. O responsável anunciou que, nesta altura, o Centro Hípico tem alguns participantes no Circuito Ensino do Ribatejo: “Temos tido belíssimos resultados nas várias modalidades desse campeonato, com destaque para os alcançados no dia nove de maio, na Escola Superior Agraria de Santarém, onde conseguimos os primeiros três lugares na prova de preliminar 1, o que na nossa opinião é bastante bom, tendo em conta o valor da concorrência”. Rui Santos salienta que um dos objetivos é a promoção dos desportos equestres, e nesse capítulo, considera que os resultados estão a ser cumpridos. O responsável vinca que a associação tem conseguido “tirar os nossos jovens da rua e ligálos às nossas culturas, ao cavalo e ao touro”. Sendo que no aspeto do touro, “há outras associações com mais apetência para essa vertente que está bastante bem entregue aqui na nossa vila”. Rui Santos salienta entretanto que a grande aposta do centro é que cada aluno tenha o seu próprio cavalo, embora acentue que a associação dispoDirigente salienta os resultados nibiliza também os animais.
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obtidos pelos jovens
Negócios com Valor
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Construaza há 24 anos no mercado da construção Há 24 anos no mercado, a Construaza tem-se vindo a afirmar como empresa de referência nas áreas da construção, requalificação e remodelação. Com sede em Azambuja, a firma, propriedade do Engº Orlando Monteiro e Fernanda Monteiro, aposta igualmente na elaboração de projetos de arquitetura e engenharia. Valor Local: A Construaza tem sido uma empresa muito presente em Azambuja e na região. Como é que nasceu? Fernanda Monteiro: A Construaza nasce com a pretensão do Eng. Orlando Monteiro que após ter estado onze anos numa empresa de construção civil, decidiu trabalhar por conta própria, criando a empresa. Foi fundamental a formação de engenheiro para dar este passo? Sim. A sua licenciatura em Engenharia Civil do ISEL e o mestrado da Universidade de Coimbra pesaram nessa decisão. Então já foi há algum tempo? A Construaza constituiu-se em Janeiro de 1991, tendo alvará, desde essa altura. Na empresa trabalha, para além da Fernanda e do seu marido, o vosso filho. Podemos dizer que é uma empresa familiar? É uma empresa familiar, sendo uma sociedade por quotas, integralmente do casal, Orlando e Fernanda Monteiro, tendo entrado este ano o filho mais velho, Guilherme Monteiro, após ter terminado a licenciatura e o mestrado em Engenharia Civil no IST. Começou, assim, a dar os primeiros passos com o pai. A empresa tem um efetivo de 18 funcionários. A vossa empresa acaba por ser bastante versátil no que toca ao género de obras que realiza. Reconstruções, construções, ou remodelações fazem parte desse leque. Era esse o caminho, que idealizaram, ou é uma nova tendência? Quando diz reconstrução está-se a referir a reabilitação. Tem sido um dos objetivos ao longo destes anos. Fizemos várias reabilitações em edifícios habitacionais
em Lisboa (Avenida Conde Valbom, Praça de Alvalade e Praça Luís de Camões). Recentemente em Azambuja, reabilitámos um edifício no Largo da Igreja Matriz. Atualmente, encontramo-nos a reabilitar a “Casa Azul” na Rua Eng.º Moniz da Maia, em frente ao Edifício Atrium Azambuja. Para além da reabilitação, na parte da construção, construímos um total de 150 fogos para venda em Azambuja e em Aveiras de Cima. Outra vertente da nossa atividade são as empreitadas particulares, nomeadamente, as maiores para a TOUL, CAMPIL e ainda a JODEL Produtos Químicos. As mais pequenas envolvem várias moradias unifamiliares em Azambuja e na Ramada – Odivelas. Para estas obras, tem havido a necessidade de contratar outras empresas para trabalhos mais específicos? Estamos ligados a diversas empresas específicas relacionadas com a aplicação de estuque, eletricidade, pintura, AVAC (ar condicionado), rede de águas e esgotos, caixilharias (alumínio, PVC), metalomecânica. As vossas obras têm um selo de qualidade, que enaltecem a vossa marca. Há por isso critérios apertados, na hora da escolha desses parceiros? Sim. Essa é uma preocupação da Construaza. Os parceiros são selecionados mediante as garantias que nos possam dar, tanto na qualidade, como na resolução de problemas futuros. Tem no currículo obras importantes a nível social, como as da Santa Casa da Misericórdia, a da Cerci ou a da Associação Nossa Senhora do Paraíso. Este poderá tornar-se num setor onde a empresa possa apostar mais, tendo em conta
o vosso know-how? Claro que sim. Nos últimos anos temos adquirido bastante experiência ao nível do funcionamento das I.P.S.S.’ s. São obras ganhas em concurso público, que dão muito trabalho na elaboração das propostas, mais especificamente, a colocação das mesmas nas plataformas electrónicas. Posso citar entre outras o Centro Infantil da Santa Casa da Misericórdia de Azambuja. Para além disso, construímos também o edifício do Centro de Atendimento Ocupacional e Lar Residencial da Cerci Flor da Vida em Azambuja, e procedemos à ampliação do edifício destinado a Centro de Dia da Nossa Senhora Paraíso e Serviço de Apoio Domiciliário de Vale do Paraíso. Reabilitamos ainda o centro de recolha da Santa Casa da Misericórdia, a Casa Dr. Jaime. Nos últimos anos, o setor da construção caíu muito. Todavia, a Construaza parece não se ter ressentido dessa crise. Como fez para passar um pouco ao lado da situação? A Construaza também se ressentiu desta crise. Alguns clientes, nomeadamente da parte fabril, deixaram de fazer as obras de que necessitavam por receio e por dificuldades financeiras e algumas acabaram por encerrar. Temos tido dificuldade nas vendas dos apartamentos do Edifício Moderno, junto à Estação de Comboios, em Azambuja, não por falta de clientes, mas por falta de financiamento aos clientes por parte da Banca. Tentamos passar ao lado, trabalhando, com mais exigência ultrapassando a burocracia, que é cada vez maior, concorrendo a concursos públicos que noutra conjuntura não teríamos necessidade de o fazer. Uma das obras mais emblemá-
ticas foi o Centro Comercial Atrium Azambuja. Que balanço faz deste empreendimento? Como empresária e sócia da Construaza, o balanço é negativo do ponto de vista financeiro. Também para a família o balanço é negativo, os problemas existem durante as 24 horas ininterruptamente. Manter um edifício destes
pois nós quisemos, como sabe, dotar Azambuja deste espaço, que fazia muita falta a todos. Como resultante desses atos de vandalismo, fomos obrigados a colocar algumas regras, tanto aos nossos condóminos como ao público. Uns entendem, outros não. O empreendimento trouxe para
Fernanda Monteiro, sócia gerente da empresa a funcionar é complicado. A logística é difícil, e muitas pessoas, não compreendem isso. O Centro já foi alvo de atos de vandalismo? Sim é verdade. O que é triste,
Azambuja um tipo de negócio que não existia. O cinema foi uma das inovações. Hoje faria tudo exatamente na mesma? Quanto ao comércio e às inovações, nomeadamente o cinema,
Grau de Prova proporciona férias divertidas P
ais e familiares que não saibam o que fazer para ocupar os seus educandos nas férias de verão, têm agora na oferta do Grau de Prova, Escola de Línguas e Centro de Estudos, no Cartaxo, um programa recheado para os mais pequenos. As inscrições já estão abertas e disponíveis na sede da Escola. As atividades, que irão decorrer de 15 de junho a 11 de setembro, passam por conjunto de visitas de estudo por vários locais do nosso país, desde Coimbra,
Lisboa, Tomar, Alcobaça, Santarém, Montemor-o-Novo, mas também por ateliers diversos com o intuito de continuarem a aprender brincando. Nas viagens vão conhecer o Portugal dos Pequenitos, o Exploratório, o Parque Verde, o Planetário Calouste Gulbenkian, o Oceanário de Lisboa, o Museu Nacional de Arquelogia, o Mosteiro dos Jerónimos, a Torre de Belém, o Pavilhão do Conhecimento, o Museu da Marinha, o Jardim Botânico Tropical, o Jar-
dim Zoológico de Lisboa, o Museu Militar, o Museu da Eletricidade, o Museu dos Comboios, o Parque dos Monges, o Castelo de Tomar, o Convento de Cristo, o Monte Selvagem, entre outros. Em cada semana haverá um dia com uma saída para fora do Cartaxo, outro dia com visitas guiadas pelos locais mais emblemáticos da cidade do Cartaxo, nomeadamente, os Bombeiros Municipais, o Museu do Vinho, a Quinta das Pratas e a Galeria José Tagarro. Os restan-
fizemos o que achámos ser o melhor, tanto para nós como para a população de Azambuja. O Atrium Cinema encontra-se encerrado por não haver verba para substituir a máquina que temos que projeta filmes em formato 35mm por uma para formato digital na ordem de 40 mil euros. Não está prevista uma alterna-
tes dias serão dedicados ao Lego, aos Jogos Tradicionais e informáticos, ao Cinema, ao Zumba, às Ciências, ao futebol e muito mais. Outra das grandes novidades será o espaço onde vão decorrer as atividades. Na escola já está quase tudo preparado. As crianças que já frequentam os cursos e o apoio educativo foram convidadas a participar na decoração dos muros do pátio que servirá de sala de aula ao ar livre.
tiva à máquina, por exemplo através de protocolos com a câmara? Nesta altura, estamos a estudar todas hipóteses. Tudo está em aberto.
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Eventos
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Feira da Agricultura com 1 milhão de euros de orçamento Feira Nacional de Agricultura tem lugar de seis a 14 de junho, e vai para a sua edição nº 52, no Cnema em Santarém. A organização a cargo da CAP possui um orçamento de 1 milhão de euros, mais 100 mil do que no ano passado, e anunciou algumas das novidades para este ano, nomeadamente, uma aposta na melhoria das condições de organização e de logística com mais zonas de sombra nos restaurantes. Na zona de pecuária vão ser instaladas novas estruturas, que irão permitir melhores condições aos animais, melhor organização e concentração numa só zona dos efetivos em exposição com um novo layout. Deste modo, os visitantes poderão apreciar equinos, bovinos, caprinos, ovinos e suínos, entre outras espécies, sem percorrer grandes distâncias. A organização pretende ainda reforçar a aposta na colocação de mais sinalética bem como na reciclagem. Só em 2014, foram produzidas 110 toneladas de lixo. Em parceria com a Resitejo – Associação de Gestão e Tratamento dos Lixos do Médio Tejo, o re-
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cinto terá diversas “baterias” para separação dos resíduos (papel, vidro e embalagens). Neste contexto, a Resitejo e a Sociedade Ponto Verde, vão dinamizar um espaço com 150 m2 cujo objetivo é alertar para a importância desta temática. Paralelamente, e em colaboração com a empresa Rui Neta, Lda, também se fará a recolha de óleos alimentares. Na edição deste ano, a Feira Nacional de Agricultura e a CP estabeleceram para este evento uma parceria que permitirá aos visitantes do certame viajar de comboio com bilhetes mais baratos. Neste âmbito, a CP – Comboios de Portugal proporcionará aos visitantes da Feira 30% de desconto, em viagens de ida e volta, em qualquer classe, entre os dias 5 e 15 de junho de 2015, nos comboios Alfa Pendular, Intercidades, Regionais e Inter-regionais. O desconto é válido para viagens com destino/origem - a estação de Santarém, não sendo cumulativo com outros descontos ou promoções em vigor. À semelhança dos outros anos, decorrerá em paralelo a Lusoflora; a Fersant; o Salão Prazer de Provar entre outras iniciativas.
Este ano, e a nível dos debates e colóquios, a floresta portuguesa estará em destaque. “Embora a feira coincida com o início da fase crítica dos incêndios, contudo a data do certame é algo que não mudamos”, referiu Mira, em conferência de imprensa. A nível dos esperados concertos, atuam na feira: The Gift a seis de junho; Tiago Bettencourt a 9; David Antunes no mesmo dia; os Azeitonas a 12 e Anselmo Ralph a 13 de junho. Com mais de 203 mil visitantes registados na edição anterior, incluindo 30 mil profissionais, “a Feira Nacional de Agricultura é a mais importante e representativa montra da agricultura portuguesa”, refere a organização. Recorde-se que nas três últimas edições cerca de seis mil profissionais participaram nestas iniciativas. A Feira contará com a participação de várias personalidades, marcando a agenda política e económica ao longo dos nove dias do evento e contribuindo também para o debate em torno dos programas e das políticas do setor agrícola. O certame conta, na zona exterior, com uma expo-
Azbeer, a festa da cerveja artesanal em Azambuja A vila de Azambuja recebe no próximo dia 4 de julho, a primeira edição do AZBeer. A iniciativa que vai decorrer no Páteo do Valverde tem a sua apresentação formal marcada para o dia 4 de junho na Cerveteca em Lisboa. De acordo com Marta Figueiredo, responsável da imagem e divulgação do evento, esta iniciativa surgiu num convívio de amigos, que em comum têm o facto de fazerem cerveja em casa. Esses amigos trouxeram da República Checa , durante a altura em que frequentavam programas europeus de intercâmbio, “vários estilos de cerveja”. Explica Marta Figueiredo que o sabor de todas as cervejas que iam criando fascinou-os pelo que passaram a querer consumir cerveja artesanal sempre que iam a restaurantes. Dessa iniciativa nasceu a necessidade de divulgar a cerveja artesanal, “pois ainda são poucos os locais de restauração que a conhecem e que apostam neste recente conceito”. “A cerveja artesanal pode ser tão cara como um bom vinho mas uma coisa não tem de substituir outra”.
Quanto aos objetivos deste festival, Maria Conceição, relações públicas do evento, destaca que entre os principais está a divulgação da cerveja artesanal e a dinamização do concelho de Azambuja. Todavia salienta: “Sabemos que são muitas as pessoas que fazem cerveja e vendem-na sem critérios de qualidade, e por isso passou a ser um objetivo nosso (AZBeer) juntar as melhores marcas do país, com a melhor qualidade/rigor e com provas dadas fora de Portugal”, enaltecendo os casos das cervejas “Maldita, Vadia, Passarola, Mean Sardine, entre outras, que vão estar presentes
nesta primeira edição”. Reforça ainda a ideia de promover também e em primeiro lugar “a cerveja de Azambuja” Nesta primeira iniciativa, vão participar doze marcas nacionais e duas “Craft Beer Shop que nos vão dar a conhecer algumas cervejas artesanais internacionais” oriundas da Dinamarca, Escócia e Holanda. Quanto aos maiores desafios, a organização aponta para a dificuldade em encontrar alguns apoios na divulgação. “A cerveja artesanal ainda está a crescer e é difícil inserir o conceito craft beer sem as pessoas o conhecerem”, refere Marta Figueiredo.
sição de maquinaria agrícola que permitirá aos visitantes observar e experimentar os modelos inovadores.
A Associação para a Competitividade da Indústria da Fileira Florestal vai estar presente na Feira com um espaço dedicado à flo-
resta, contando com a participação de algumas das empresas mais representativas do setor.
Apresentação à imprensa de mais uma edição do certame
Ambiente
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Valor Local
Arrancaram os trabalhos de campo no Canhão Cársico da Ota á começaram os trabalhos de campo no Canhão Cársico da Ota, Alenquer, com o objetivo do estudo e caracterização daquela paisagem natural. De facto, José Carlos Morais, biólogo e proponente desta ideia (à qual foi atribuída uma verba de 45 mil euros na primeira edição do Orçamento Participativo de Alenquer) revela que logo após a divulgação da nossa reportagem, na edição de janeiro, e foi imediatamente contactado pela Câmara com vista ao início dos trabalhos. José Carlos Morais falava nessa entrevista na urgência que sentia quanto à necessidade de se partir para o terreno o quanto antes. Neste momento, decorre a contratação das equipas de trabalho que vão assinar contrato, através de uma plataforma de compras públicas. Estão definidos os coordenadores de arqueologia, botânica, fauna e de geologia. Já há trabalhos a decorrer e embora as conclusões ainda possam ser extemporâneas já foi possível observar pormenores muito interessantes desta paisagem importante, embora ameaçada pela laboração das pedreiras.
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Em princípio, os 45 mil euros vão chegar nesta fase. “Penso que vamos conseguir fazer um trabalho em condições no prazo de dois anos, o período apontado para o consagrado no nosso projeto, sendo que não abdicamos da edição de brochuras, exposição e seminário de divulgação”, refere José Carlos Morais. A título de exemplo, refere que a equipa abdicou de algum material mais dispendioso como um detetor de morcegos por sonar, de forma a não ultrapassar o orçamento. Para já, foi definido o caderno de encargos, e a equipa. José Carlos Morais expressara em entrevista ao nosso jornal, no início do ano, querer contar com especialistas do concelho, e neste âmbito, o responsável pela arqueologia é de Ota, o de Geologia é de Alenquer, e na parte da biologia, o coordenador também é da casa- Ota. A equipa é apoiada também por especialistas da Sociedade Portuguesa de Botânica, e Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves. “Há um misto de conhecimento científico aliado ao conhecimento local que me parece que vai resul-
tar muito bem”. Os jovens cientistas são recém-licenciados nas suas áreas, “algo positivo pois como se sabe é muito difícil para os mais novos conseguirem emprego”. “A única coisa que, neste mo-
mento, faz com que o nosso estado de espírito não seja o mais exuberante possível prende-se apenas com alguma burocracia normal nestes processos”, confessa. No terreno, foi para já descober-
ta a existência de uma planta rara no país, “uma população de arabis verna”; também foi avistada uma das maiores aves de rapina do mundo, o bufo-real, bem como a espécie gineta também designada por gato bravio. A ní-
Canhão Cársico já começou a ser estudado pelas várias equipas
vel da arqueologia, “também há surpresas, mas ainda não se determinou a sua importância”. “Tudo o que estamos a encontrar vem de encontro ao que de importante já sabíamos existir no local”.
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Desporto
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Valor Local
Miguel Rodrigues, O “Rei” Pescador e a participação numa grande competição internacional é o sonho de qualquer atleta, então o jovem azambujense Miguel Rodrigues está prestes a realizar esse sonho pela terceira vez. O jovem pescador do Grupo Desportivo de Azambuja, que se iniciou nas lides da pesca quan-
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do tinha três anos de idade ao acompanhar o pai e o avô nas pescarias familiares; e que entre os cinco e os seis anos de idade entrou na pesca de competição, vai, agora, passada uma dezena de anos representar mais uma vez a selecção nacional de sub 18. O campeonato mundial de pesca desportiva
disputar-se-á no próximo mês de agosto na Sérvia. Miguel Rodrigues repete, assim, a participação de 2014, a que se junta uma anterior participação em 2012 no mundial de sub 14. Mas não se pense que é fácil, o treino exige muita entrega e é desgastante a nível físico pois é preciso contar com longas des-
locações para se treinar nos melhores locais. Apesar de Azambuja estar junto ao rio Tejo e com a Vala Real aos seus pés, é impossível treinar ali pelas condições existentes - “Num treino na Vala Real, o pescador arrisca-se a deixar no local cerca de 20 euros em material perdido entre bóias, fios e anzóis. E com todas essas perdas, acaba por ser mais barato gastar apenas o combustível necessário à deslocação para outro ponto de pesca”. Por outro lado, outro fator que obriga a que o treino seja efetuado noutras zonas do pais, relaciona-se com a circunstância de este atleta praticar uma pesca de pista, com es-
pecificidades que não existem num rio devido a diversos fatores tais como as correntes e as marés. Segundo o atleta e o seu treinador Alexandre Rodrigues, em Portugal, a pesca desportiva é uma modalidade amadora, e desta forma, vive à base da boa vontade de alguns clubes e dos pescadores. “Como não é uma modalidade mediática que arraste multidões, os patrocínios são difíceis de obter”, constatam. Por outro lado, a pesca de alta competição, segundo Alexandre Rodrigues, não é uma modalidade barata: “Uma cana pode custar entre 1000 a 5000 euros,
a que acresce todo o outro material para treino e competição, como iscos, anzóis, engodo, fios; sem esquecer as despesas com a alimentação e as deslocações para treinos.” No caso de Miguel, este estima que semanalmente tenha uma despesa de cerca de 80 euros com a modalidade. Mas todos estes sacrifícios compensam, como provam os resultados alcançados por Miguel Rodrigues desde 2008, nos quais se contam um título regional de sub 14, dois regionais de sub 18, num percurso que foi coroado no ano de 2014 com o título de campeão nacional de sub 18.
Prova de motonáutica que causou polémica no Escaroupim já tem nova data erá a 26 de setembro que se vai realizar a etapa que chegou a estar programada para junho do campeonato nacional de motonáutica, no Escaroupim. Na base da mudança de data, a circunstância de se ter verificado que a prova coincidia com o período de nidificação das aves que escolhem aquele local da paisagem de Salvaterra de Magos que motivou uma onda de protestos da Quercus. A Câmara e a federação de motonáutica voltaram atrás na decisão, mas agora já foi dada a conhecer a nova data que à partida não será suscetível de novos protestos por já não chocar com o ciclo de nidificação das aves que povoam aquela paisagem. O presidente da Câmara, Hélder Esménio, referiu que “nunca teve intenção de interferir de forma negativa com o normal habitat das espécies”, salientando que todas as entidades envolvidas Câmara, federação e Quercus acordaram na nova data. Sublinhou o autarca, em reunião de Câmara, realizada no dia 6 de maio, que a federação procura reduzir os impactes ambientais nas suas provas, com a utilização de óleos biodegradáveis e tapetes absorventes. Prova passou de junho para setembro
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Miguel Rodrigues e um dos seus troféus
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Opinião
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A feira de maio stamos às portas de mais uma Feira de Maio. Da Centenária Feira de Maio de Azambuja. Mas como todas os acontecimentos centenários, a nossa Feira evoluiu, à medida que foram evoluindo a vila, a vida das pessoas, a sociedade, a estrutura do Concelho e as características da sua população. Tenho algum orgulho em poder afirmar que, durante os meus doze anos de mandato como Presidente da Câmara, a Feira de Maio alargou os seus horizontes, expandiu-se para o Ribatejo, o País e até o estrangeiro, diversificou-se e adaptou-se aos tempos modernos, sem perder as suas características nucleares de certame de exaltação e vivências ribatejanas. Hoje, a Feira de Maio é um grande certame, nas rotas do turismo cultural nacional, num trabalho de promoção organização e divulgação que, é justo referi-lo, foi iniciado por quem me antecedeu na
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Câmara e ao qual tem sido dada continuidade entusiástica por quem me sucedeu. Particularmente, e para além das diversas iniciativas da Feira – agradam-me mais umas que outras, como em todas as coisas da vida…-, existem alguns aspectos que julgo dever realçar. A Feira de Maio é, naturalmente, uma manifestação coordenada e executada em termos logísticos pelo Município, mas o que lhe atribui um carácter peculiar é o facto de ser participada por toda a população. Não é uma festa que apareça feita, é um processo que se vai fazendo ao longo de todo o ano, que acelera e Março e Abril e no qual todos participam. A Feira de Maio contribuiu, para além dos seus aspectos festivos e dos seus componentes sociais, duma forma definitiva para três grandes objectivos estratégicos no período em que presidi à Câmara: preservar a nossa identidade en-
quanto comunidade, fomentar o convívio dos azambujenses e aproximar todas as pessoas das diversas Freguesias, fomentando assim a coesão do Concelho de
Azambuja, de Vila Nova da Rainha a Vila Nova de S. Pedro. Penso que a marca cultural da Feira de Maio contribuiu e contribui muito para que Azambuja não
Valor Local seja engolida pela expansão da grande Lisboa (do ponto de vista cultural, evidentemente). O fomento da convivência entre os Azambujense, até na vertente intergeracional, dos emigrantes que regressam na Feira, dos amigos que se reencontram, é bem patente no incremento que o movimento Tertuliano teve ao longo dos últimos anos. Hoje, é impossível pensar a Feira de Maio dissociada da centena de Tertúlias que se foram constituindo e são hoje os principais dinamizadores da Feira. Por último, a iniciativa da Praça das Freguesias, para além de dar a conhecer a todos a gastronomia e a cultura particular de cada freguesia, é também um local de reencontro de amigos, de coesão social, de defesa daquilo que é a nossa cultura específica. Naturalmente que muito mais haveria a dizer sobre a nossa Feira de Maio, mas como diria Camões, melhor é experimentá-la que julgá-
Joaquim António Ramos la e já se contam pelos dedos das mãos os dias que faltam para que esta grande festa de exaltação do Ribatejo, de reencontros e alegrias,de aromas e sabores, encha as ruas de Azambuja. PS: Apesar de, a partir de ontem, o (des)acordo ortográfico, passar a ser obrigatório, continuo a escrever da mesma forma. Primeiro, porque burro velho não aprende línguas. Segundo, porque respeito a versão brasileira da língua portuguesa, mas não me ajoelho perante ela.
Segredos da Justiça
O recibo eletrónico nos arrendamentos C
om a entrada em vigor da Portaria n.º 98-A/2015, de 31 de março, a emissão do recibo de renda eletrónico passou a ser obrigatória desde o dia 1 de janeiro de 2015, devendo os recibos de rendas relativos aos meses de janeiro a abril, inclusive, ser passados conjuntamente com o recibo a emitir no presente mês de maio. Apesar deste prazo, o Governo veio clarificar que até ao dia 01/11/2015 não há lugar ao pagamento de qualquer coima caso os recibos entretanto entregues pelo senhorio não tenham sido emitidos através do Portal das Finanças Sublinhe-se que nem todos os senhorios estão obrigados a emi-
tir recibo de renda eletrónico, encontrando-se dispensados desta obrigação todos aqueles que cumulativamente (i) não possuam, nem estejam obrigados a possuir caixa postal eletrónica, nos termos do artigo 19.º da Lei Geral Tributária, (ii) e não tenham auferido, no ano anterior, rendimentos prediais (categoria F) em montante superior a duas vezes o valor do IAS (838,44 €) ou, não tendo auferido naquele ano qualquer rendimento desta categoria, prevejam que lhe sejam pagas ou colocadas à disposição rendas em montante não superior àquele limite. Também os senhorios que tenham idade igual ou superior a 65
anos (aferidos a 31 de dezembro do ano anterior àquele a que respeitam os rendimentos prediais) estão dispensados da obrigatoriedade de emissão do recibo de renda eletrónico, mesmo que possuam a caixa postal eletrónica (serviço ViaCTT). Esta dispensa abrange igualmente as situações de contratos de arrendamento de imóveis pertencentes a uma herança indivisa e cujo cabeça de casal tem mais de 65 anos de idade. Outra questão que importa destacar é a de que a emissão do recibo de renda electrónico não é apenas obrigatório para os rendimentos provenientes de contratos de arrendamento. De facto, a
emissão do recibo de renda eletrónico é igualmente obrigatória para (i) as importâncias relativas à cedência do uso do prédio ou de parte dele e aos serviços relacionados com aquela cedência, onde se inclui o arrendamento, bem como a promessa do arrendamento com a entrega do bem locado; (ii) as importâncias relativas ao aluguer de maquinismos e mobiliários instalados no imóvel locado; (iii) a diferença, auferida pelo sublocador, entre a renda recebida do subarrendatário e a paga ao senhorio; (iv) e as importâncias relativas à cedência do uso, total ou parcial, de bens imóveis para quaisquer fins especiais, designadamente publicida-
António Jorge Lopes Advogado
de; (v) as importâncias relativas à cedência do uso de partes comuns de prédios em propriedade horizontal. Como é óbvio, não existe a obrigação de emissão do recibo quando não se tiver recebido qualquer importância, pois o recibo – seja ele eletrónico ou não - é um documento de quitação, pelo que o mesmo só deve ser emitido quando existir recebimento de uma determinado valor. Por isso, no caso de ter sido emitido um recibo de renda eletrónico pelo senhorio e o inquilino não pague a renda, é sempre possível anular esse recibo até ao final do prazo de entrega da declaração de IRS Modelo 3 do ano a que
respeita a renda a anular, sendo que essa anulação tem de ser solicitada pelo emitente do recibo no Portal das Finanças e determina a comunicação desse facto, pela Autoridade Tributária e Aduaneira, à pessoa/entidade a quem o recibo havia sido emitido. E aqui concluo os breves apontamentos sobre o novo regime do recibo de renda eletrónico.
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O Tesouro da Feira de Maio
m Maio de 2009 a Câmara Municipal de Azambuja publicou um livro para crianças, cujo título era “Em Busca do Tesouro da Feira de Maio”. Esse livro relatava a ansiedade que toma conta de nós quando se aproxima mais uma Feira de Maio, as brincadeiras que as crianças têm na escola e que aqueles que vieram para Azambuja, muito recentemente, não percebem, “brincar aos toiros”. Fala também da satisfação que é receber familiares e amigos, que se juntam a nós, em nossa casa, para assistir aos toiros, das paredes das tertúlias repletas de fotos e cartazes, dos lenços das mais variadas cores que identificam a tertúlia a que determinada pessoa está mais ligada. Também refere como nesses dias temos as nossas casas a abarrotar, algumas são pessoas amigas de longa data, outros nem tanto, mas todas são recebidas de igual forma.
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A determinada altura, o pai de uma das crianças do livro disse aos filhos que lhes ia confiar um segredo muito importante sobre a Feira de Maio. “Existe um tesouro na Feira que só os bafejados pela sorte e com um espirito aberto conseguem encontrar. É um tesouro infinito, mas que torna todos os que o descobrem mais ricos e felizes.” Começou a odisseia dos miúdos, tentar encontrar tão fabuloso tesouro. Para os ajudar o pai deu-lhes o mapa da vila de Azambuja, porque o tesouro poderia estar em qualquer lugar. Procuraram incessantemente pelo tesouro, só abrandavam a procura quando as largadas começavam. Quando não havia touros na rua ou atividades com campinos, procuravam em todo o lado e perguntavam às pessoas com quem falavam se os podiam ajudar a encontrar o tesouro. Um tio com quem falaram disse que conhecia o tesouro da Feira de
Maio, mas não os podia ajudar, que teriam de encontrar o tesouro sozinhos. Deu-lhes apenas uma pista: o tesouro que procuram pode estar em qualquer lado. Chegou o domingo de manhã e do tesouro, NADA… No fim do dia de segunda-feira, estavam muito preocupados, divertidos, mas preocupados, a Feira estava a terminar e não conseguiam encontrar o tesouro. A Feira tinha sido fantástica, eles tinham-se divertido muito e antes de se despedirem resolveram fazer um pacto de amizade, esticaram todos os braços, de punhos fechados e disseram: “Um por Todos e Todos por Um, Amigos para Sempre”. Sem darem por isso, o pai de um deles entrou na sala e disse: “Vejo que encontraram o tesouro”. Os miúdos pensaram que o pai estava afetado da cabeça com tantas noites mal dormidas. Onde é que ele estava a ver o tesouro? O pai sorriu e respondeu
que o tesouro era a Amizade. Mais que tudo o resto, a amizade que nos une nestes dias suplanta tudo, mas como diz no livro não está ao alcance de todos… A Feira de Maio não é propriedade de ninguém, a Feira de Maio não reconhece patrões, todos somos iguais, ainda que alguns, com mais responsabilidades, mas porque as quiseram ter. Nunca aqueles que há muito descobriram o tesouro da Feira de Maio permitirão que a mesma seja usada como arma política, para servir mesquinhos interesses que em nada dignificam a nossa Feira. Diz o meu parente e amigo Sebastião Mateus Arenque que enquanto houver campinos não morre o Ribatejo, todos temos o dever de defender o Nosso Ribatejo. Temos um governo que tudo vigia, tudo quer controlar. Até ao ano passado os campinos da Feira de Maio recebiam uma peque-
Razões para preocupação com a reestruturação do setor das águas Q uando se estuda o setor das águas percebe-se que se trata de área muito propensa a emoções e pouco virada para a implementação de soluções racionalmente concebidas e discutidas. Meios-termos, múltiplos objetivos, complexidade de modelos e falta de clareza na definição das funções dos intervenientes e na comunicação de soluções expõem o setor a acessos e pouco esclarecedores debates. Importa recordar que em termos organizacionais, desde a conceção de um modelo complexo na primeira metade da década de 1990, tem-se assistido em Portugal a sucessivos avanços e recuos na matéria. O assunto voltou a estar na ordem do dia desde a apresentação em 2014 de um plano de reestruturação do setor das águas (e do grupo Águas de Portugal - AdP) pelo Governo português, em consequência dos resultados insatisfatórios, em matéria organizacional e
tarifária, do Programa Estratégico de Abastecimento de Água e de Saneamento de Águas Residuais (PEAASAR II). O plano de reestruturação apresentado tem sido justificado com argumentos de promoção da eficiência e sustentabilidade económico-financeira, entre outros. Em consequência, duas ordens de preocupações emergem: a primeira relacionada com a necessidade e a adequação do modelo de reorganização aos objetivos definidos e a segunda com a potencial preparação da privatização da AdP. No que toca à primeira preocupação, o problema não está, em abstrato, nos objetivos definidos no plano, reconhecidas que são, designadamente, as virtudes da gestão integrada do recurso ou as caraterísticas de monopólio natural, de base local ou regional, do setor. O problema parece estar antes na capacidade do modelo traçado
para assegurar, em particular, a sustentabilidade económica defendida. De facto, a agregação dos atuais 19 sistemas multimunicipais em 5 mega sistemas não garante per se a promoção de tais objetivos. Neste sentido, é preciso perceber que as economias de escala, de gama e de processo não são infinitas, pelo que se as escalas eficientes forem ultrapassadas entrarse-á em zonas de rendimentos decrescentes. A própria lógica da gestão integrada do recurso, necessária para a recuperação integral de custos (conforme imposição da Diretiva Quadro da Água), que faz todo o sentido à escala da bacia hidrográfica, é amplamente extravasada pelo modelo de fusão defendido, que vai para além do domínio, não só da bacia, como da região hidrográfica. Em relação aos receios relacionados com a privatização (ainda que a mesma tenha sido negada, já em
2015, tanto pelo ministro do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia, como pelo presidente da AdP) este também não é tema novo em Portugal. Desde 1993 é permitida a participação privada no setor, sob a forma de concessão do direito de exploração (privatização em sentido lato). Acresce que a preocupação com o saneamento financeiro do grupo AdP parece seguir outros exemplos da história recente de Portugal, com o saneamento financeiro de empresas públicas a preceder a sua privatização. Para além disto, exemplos internacionais, como o caso inglês, seguiram um processo semelhante: agregação e posterior privatização da propriedade. Neste âmbito, a teoria económica permite-nos perceber que não é o tipo de propriedade que condiciona a promoção da eficiência mas antes a concorrência. E aqui chegados, o problema ganha nova dimensão, na
na gratificação por participarem nas atividades da Feira, essa gratificação era paga como prémio. Este ano já não poderá ser assim, todos os campinos, dos mais novos aos mais velhos, para receberam essa pequena gratificação teriam de ir às Finanças e à Segurança Social buscar uma declaração de não dívida às mesmas. Alguém de bom senso acredita que eles o fariam? Correríamos sérios riscos de não poder contar com alguns, mas como a Câmara e todos nós queremos contar com todos os campinos e eles merecem essa pequena gratificação, decidiu a Câmara fazer um protocolo com a Poisada do Campino para mais facilmente poder fazer chegar essa gratificação aos mesmos. Qual é o problema? O problema são as mesmas pessoas de sempre, que em tudo vêem problemas, o objetivo é sempre e apenas um, meter areia
medida que não existe campo para a promoção da concorrência em situações que uma única empresa gera a solução mais eficiente. Preocupações com a reestruturação do grupo AdP e, mais em concreto, com a resolução do défice tarifário, estão reveladas em legislação recente, por exemplo na Lei da Fatura Detalhada (Lei n.º 12/2014 de 6 de março). Esta Lei impõe que as faturas detalhadas aos utilizadores finais incluam a decomposição das componentes de custo do serviço prestado, designadamente o custo do serviço em “alta”. Define também que a percentagem do produto da cobrança de cada fatura emitida pela entidade gestora do sistema municipal a afetar ao pagamento dos serviços prestados pela entidade gestora do sistema multimunicipal é de 50 % sobre o valor da fatura, em caso de dívidas dos municípios à AdP (decorrentes, muitas vezes,
António José Matos na engrenagem… Mas eles estão identificados… são sempre os mesmos… por isso nunca mereceram e dificilmente merecerão a confiança do povo do Concelho de Azambuja. Vamos ter o espirito aberto, fazer desta Feira de Maio um Hino à Amizade, e que o Largo do Município seja pequeno para tantos campinos. Nesta Feira, se Deus quiser, que ninguém se magoe. Viva Azambuja, Viva o Ribatejo, Viva a Feira de Maio.
Rita Martins* da imposição de consumos mínimos inadequados nos contratos de concessão). Não será, porém, a obrigatoriedade de afetação de metade das receitas dos sistemas em “baixa” ao pagamento de dívidas aos operadores da “alta” que irá resolver a sua sustentabilidade económica a médio e longo prazo e, ainda menos, se se persistir em avançar com um modelo de agregação que ultrapasse as escalas eficientes. *Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra
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Breve resenha histórica
Caixa Agrícola de Azambuja
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A caixa de Azambuja foi constituída a 13 de Dezembro de 1927. Consta da 1º Acta da sessão ordinária da Direção realizada a 12 de Janeiro de 1928 que “Tomaram conhecimento do ofício nº 452 da Direção Geral do Crédito Agrícola 1º divisão, comunicando que por despacho Ministerial de 14 de Dezembro de 1927 foram superiormente aprovados os estatutos, por que se deve reger a Caixa de Crédito Agrícola Mútuo do Concelho de Azambuja que foi publicado no Diário do Governo nº286 – 2º Série de 20 de Novembro de 1927”. Esta sessão foi presidida pelo “director mais velho” João Gerardo Garcia da Maia. Além do presidente, faziam parte da direção os senhores, Nuno Paulo da Silva de Noronha e Pedro António Abreu, que na ocasião “prometeram todo o seu esforço e boa vontade no sentido de conquistar o maior número de interesses para esta Caixa e também a confiança absoluta de todos os associados”. É uma instituição especial de Crédito sob a forma Cooperativa, cujo objetivo era apenas o exercício de funções de crédito agrícola em favor dos seus associados. Atualmente pratica todos os demais atos inerentes à atividade bancária, e rege-se pelas normas aplicáveis às Instituições de Crédito e Sociedades Financeiras e pelo Regime Jurídico do Crédito Agrícola. Tem como órgãos superiores de representação e coordenação a FENACAM – Federação Nacional das Caixas de Crédito Agrícola Mútuo e a Caixa Central, e pertence ao sistema Integrado do Crédito Agrícola Mútuo, constituindo um grupo que se tem modernizado em consonância com o reforço dos seus laços com as comunidades locais, em cujo seio teve a sua origem. A FENACAM coordena e representa as Caixas Agrícolas a nível Nacional e Internacional, e promove auditorias, e apoio técnico de retaguarda, e produção documental. A Caixa Central, representa as Caixas, que são bancos rurais e locais, junto do Banco de Portugal, administra os excedentes líquidos das mesmas, podendo investir em mercados de capitais. Tem o dever de orientação e fiscalização dos serviços a nível Nacional, e procede a todas as operações bancárias incluindo as de âmbito Internacional. A caixa de Azambuja, cuja sede atual foi inaugurada em 23 de Outubro de 1983, tinha em 31 de Dezembro de 2014, 2.013 associados. Além do Balcão Sede, dispõe de mais 4 Delegações: - Alcoentre, inaugurada em 27 de Junho de 1982; - Aveiras de Cima, inaugurada em 3 de Outubro de 1982; - Manique do Intendente, inaugurada em 2 de Fevereiro de 1986; - Vila Nova da Rainha, inaugurada em 2 de Fevereiro de 2002. Atualmente a Caixa de Azambuja, para além das operações de âmbito estritamente agrícolas – investimentos, atividade produtiva e de bem-estar rural, está autorizada pelo Banco de Portugal a executar operações não agrícolas a não associados e associados, dentro de determinados limites impostos por lei. A gestão cabe a uma Administração eleita em Assembleia Geral por períodos de 3 anos, Administração essa, composta por um presidente e dois vogais. - Como órgão de fiscalização, também eleito em Assembleia Geral por igual período, possui um Conselho Fiscal composto por um presidente, e dois secretários, e ainda um revisor oficial de contas, eleito pela assembleia geral sob proposta do Conselho Fiscal. - Entre outras competências importantes, cabe à Assembleia Geral, a apreciação e votação do Relatório e Contas, do plano e orçamento e a eleição dos órgãos sociais da Caixa.
A Subgerente da Caixa de Crédito Agrícola de Azambuja, Sónia Real
O responsável da delegação de Alcoentre, Firmino Morgado
O responsável da delegação de Aveiras de Cima, Joaquim Varino
A responsável da delegação de Manique do Intendente, Ana Paula
A responsável da delegação de Vila Nova da Rainha, Anabela Anastacio
4 Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Azambuja
Desde 1927
O Gerente da Caixa de Crédito Agrícola de Azambuja António Silva
Conselho de administração Caixa Agrícola de Azambuja José Silva Rocha - Vogal, Francisco João Silva - Presidente, Lourenço José Luzio - Vogal
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A Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Azambuja é uma instituição de Crédito sob a forma cooperativa, fundada a 13 de Dezembro de 1927. O objetivo inicial era apenas o exercício de apoio financeiro às atividades agrícolas, limitações então vigentes sobre todo o Crédito Agrícola em Portugal. Com o tempo a persistência, e o reconhecimento da sua forma tradicional de atuar, virada para o cliente e não para os acionistas, o Crédito Agrícola em Portugal, à semelhança dos seus parceiros Europeus, foi conquistando o seu espaço no panorama financeiro Português, posicionando-se atualmente como um grupo capaz de dar respostas a todas as questões que em termos de operações bancárias, possam ser colocadas. A Caixa Agrícola de Azambuja integrante do Crédito Agrícola em Portugal, faz parte dos Bancos cooperativos Europeus que historicamente têm desempenhado um papel importantíssimo e central no desenvolvimento das economias locais, designadamente no apoio à agricultura, à indústria e ao comércio. Atualmente os Bancos cooperativos Europeus Representam 40% do sector financeiro Europeu. Nalguns países, como é o caso da Alemanha e da França, os Bancos cooperativos representam já 60% a 70% do sector financeiro desses países. Os bancos cooperativos demonstraram grande resiliência na recente crise financeira. A caixa de Azambuja tem como órgãos superiores de representação e coordenação a Caixa Central e a FENACAM – Federação Nacional das Caixas de Crédito Agrícola Mútuo - que atualmente a Caixa de Azambuja preside. A Caixa de Azambuja pertence ao Sistema Integrado do Crédito Agrícola Mútuo (SICAM) grupo este, que tem vindo a modernizar-se não só como resposta às exigências cada vez maiores e mais complexas dos reguladores, mas também, para manter e ampliar o seu espaço num mercado cada vez mais concorrencial. Dentro da sua área geográfica de atuação, a Caixa tem vindo a conquistar mercado tanto na captação de recursos como na concessão de financiamentos, dispondo de capacidade de análise e razoável assunção de riscos, aplicando os recursos disponíveis de acordo com as regras de boa gestão e políticas de desenvolvimento do território; é pois um banco com fortes ligações ao tecido produtivo local, com uma rede de cinco balcões cobrindo todo o território do Concelho de Azambuja e que apoia não só os sectores específicos ligados aos investimentos agrícolas e agroalimentares mas também todos os outros sectores de atividade e que se pauta por um posicionamento de proximidade ligado sempre aos interesses e iniciativas locais, aos atores sociais e à solidariedade.