Jornal Chafariz edição Fevereiro 2020

Page 1

Bimestral • Director: Miguel A. Rodrigues • Nº 17 • 14 de Fevereiro 2020 • Gratuito

Chafariz

de Arruda

Basquete do CRDA em pé de guerra com a comissão administrativa

Págs 6 e 7

Pág. 11 Obras na ETAR de Arruda dos Vinhos adiadas

Câmara lança questionário à população sobre alterações climáticas Pág. 11


Chafariz de Arruda

2 Sociedade

Fevereiro 2020

Grupo de Aeromodelismo abandona atividade em Arruda dos Vinhos esde final do ano passado que o Grupo de Aeromodelismo de Arruda dos Vinhos ficou sem pista para a prática daquela modalidade na Quinta da Tojeira, no Lapão. Hélder Madail adianta ao Chafariz de Arruda que ficaram para já goradas todas as hipóteses de permanecer no concelho. Para trás ficam 15 anos no concelho de Arruda, onde o grupo construiu ali a sua pista e uma série de apoios logísticos para os aeromodelistas disporem de todas as condições necessárias. Contudo o proprietário considerou que, nesta altura, não se justificava a permanência daquele tipo de complexo na sua propriedade e o grupo teve mesmo de abandonar o local. O aeromodelista refere também que nos últimos tempos a boa vontade que chegou a existir de parte a parte, neste processo de abandono das instalações, chegou a ficar comprometida. Hélder Madail conta, ainda, que recebeu vários contactos de proprietários mas alguns exigiam rendas avultadas, e noutros casos os terrenos não tinham as condições adequadas para a prática da modalidade. Hélder Madail considera este como “um revés para os amantes do aeromodelis-

D

Local possuia condições ótimas para a prática da modalidade mo da região de Lisboa”, dado que as únicas alternativas estão limitadas às bases aéreas, em que “os constrangimentos são mais do que muitos, tendo em conta a observação de diversas condicionantes como dias e horas específicos”. Face a este quadro e à perda da modalidade no conce-

lho, cerca de 70 por cento dos sócios acabaram por sair do grupo. Hélder Madail conta que a modalidade também ajudava na economia local, sempre que aconteciam torneios ou competições de aeromodelismo, mas tendo em conta a nova realidade isso vai perder-se.

Para trás ficam anos de investimento na pista e nas condições logísticas. O aeromodelista refere que todos os meses o clube pagava uma renda que “não era baixa”, mas os praticantes estavam disponíveis “para pagar um pouco mais se necessário fosse”, para continuarem no local.

Novos cursos superiores a caminho de Arruda dos Vinhos Câmara Municipal de Arruda aprovou um protocolo com o Instituto Politécnico de Santarém, Escola Profissional Gustave Eiffel e o Município de Arruda dos Vinhos, com vista ao reforço da oferta de Cursos Técnicos Superiores Profissionais (TeSP) em Arruda dos Vinhos nas áreas de Redes e Sistemas Informáticos, Restauração e Segurança Alimentar, e Design Digital. Depois de, em 2019, ter sido aprovado o Curso Técnico

A

Superior Profissional de Viticultura e Enologia, este protocolo prevê que sejam ministrados, nas instalações da Escola Profissional Gustave Eiffel, os cursos acima descritos. A autarquia continua assim a sua “aposta em implementar ensino superior no Concelho e de constituir Arruda dos Vinhos como um polo importante na região, nesta área do ensino superior”, refere a autarquia em comunicado de imprensa. A aprovação dos cursos deverá ocorrer durante o mês de abril.

Protocolo com a Escola Profisisonal Gustave Eifel

Na Quinta da Tojeira, a pista construída possuía 250 metros, ideal para a prática da modalidade, com uma lona especial, parque de estacionamento para 100 veículos, e telheiros, entre outros apoios. “No fundo um mini aeródromo”, refere Hélder Madail. Ao longo dos anos, o grupo terá investido neste

projeto cerca de 25 mil euros. O grupo chegou a falar com a Câmara de Arruda e saúda a boa vontade que os responsáveis políticos demonstraram inclusive com alguns contactos de proprietários, mas a modalidade acaba, nesta altura, por sair de facto do concelho.


Chafariz de Arruda

Fevereiro 2020

Sociedade 3

Câmara de Arruda traça linhas para o futuro do concelho rruda dos Vinhos aproveitou o dia do município celebrado a 12 de janeiro para anunciar um calendário de projetos para o ano em curso. A iniciativa que decorreu no pavilhão multiusos da sede de concelho, reuniu também os vereadores com pelouro do executivo liderado por André Rijo (PS). André Rijo aproveitou para lembrar que o dia 12 de janeiro celebra acima de tudo a Restauração do Concelho de Arruda dos Vinhos “que é para nós um dia de celebração convicta e de convicção do que é ser Arruda”. Arruda já assumiu a descentralização de competências do Estado e por isso o presidente da Câmara agradeceu o empenho dos presidentes das quatro juntas de freguesia do concelho “sem as quais não poderíamos levar a cabo este desafio”. O autarca referiu que “em boa hora decidimos aceitar as competências transferidas pelo Estado Central. Negociámos com as juntas de freguesia, e embora umas recebam mais do que outras, todas decidiram abraçar este desafio que é uma forma de aproximar a decisão política das populações”. André Rijo fala num aumento de mais 15 por cento das verbas para as juntas, já tendo em conta os novos projetos de futuro. Nesta intervenção, o presidente da Câmara lembrou também outras iniciativas que o município está a levar a cabo, sendo que uma delas está relacionada com o Programa de Redução Tarifária (PART) e que possibilita o passe pelo valor de cerca de 70 euros aos munícipes nas viagens de autocarro para Lisboa. Este é um projeto realizado em parceria com Comunidade Intermunicipal do Oeste (Oestecim) e que tem sido um dos “cavalos de batalha” dos municípios do Oeste, face aos concelhos que de uma forma ou de outra integram a Área Metropolitana de Lisboa. O autarca refere que esta comparticipação serve para “tornarmos mais acessível a deslocação e a mobilidade”

A

Presidente da Câmara deixou várias medidas para as diferentes áreas do município das pessoas que trabalham fora do concelho. “Com este trabalho que foi feito em conjunto com a OesteCim, temos hoje uma oferta muito superior a toda a que existia em 2013” relembrando que Arruda tem mais 12 autocarros do que há sete anos entre Lisboa e a sede de concelho e vice-versa. No que toca à habitação, André Rijo recordou a requalificação do Bairro Social João de Deus que estará em curso a breve trecho. Ainda neste ano vai estar em marcha um novo bloco de casas, bem como a requalificação das existentes num custo aproximado de um milhão de euros. No plano da mobilidade, André Rijo garante que a variante à vila de Arruda dos Vinhos deverá ser uma rea-

lidade mais breve do que se espera. Sem adiantar prazos, o autarca salienta que “foram dados passos muito significativos” que vão retirar do centro da vila algum trânsito, de modo a proporcionar uma melhor qualidade de vida à população. “A variante é um projeto que já não é um sonho, mas um objetivo”, sublinhando que “nenhum interesse particular” se vai sobrepor a este objetivo “doa a quem doer”. O autarca refere que esta é uma obra que terá um custo de cerca de cinco milhões de euros e que compensará “dado os problemas que pretende resolver a bem de todos os nossos munícipes”. No que toca à educação, Rijo salienta que o “municí-

pio é reconhecido nacional e internacionalmente pela excelência” nesta área, e por isso assegura que esses objetivos serão para manter e melhorar. Por isso e com o ensino superior em pano de fundo, o presidente da câmara revela que esse será um objetivo atingido em breve. O autarca refere que já foram dados os primeiros passos, recordando que existe um curso de Viticultura e Enologia e que em breve existirão mais cursos técnicos referentes a outras áreas. O autarca revelou que para Arranhó vai nascer uma creche e um berçário junto ao centro escolar, numa parceria do município com o ministério da educação. Ainda no que toca aos projetos para o ano em curso, o

presidente da Câmara lembrou a requalificação do mercado municipal, que na sua opinião está desatualizado “no conceito e no propósito” e por isso vai ali nascer “um novo conceito que já existe em Lisboa”. Sem querer fazer comparações, André Rijo fala na necessidade de ter um novo conceito de “Mercadinho de Arruda” ao serviço dos arrudenses, sendo que o investimento estimado é em cerca de 200 mil euros. No que toca às alterações climáticas, o município de Arruda diz estar atento ao fenómeno - nesse sentido que anunciou uma convenção a realizar no dia mundial da Água a 21 de março. O autarca reforça que esta campanha vai traduzir-se também em inquéritos mas-

sivos à população “para que ninguém fique para trás nesta discussão e que possa colaborar com contributos válidos”. O objetivo é que dessa discussão nasça um documento que deverá ser aprovado no fim do ano em reunião de Câmara e Assembleia municipal “para vincular num horizonte até 2030 os grandes objetivos e planos de ação estratégica que teremos no nosso município”. Este será um documento que contará com as participações dos setores social e empresarial do concelho de Arruda dos Vinhos “que são fundamentais para que consigamos ser mais fortes e abraçar este objetivo com o único propósito de dar um futuro aos nossos filhos e nossos netos”.


Chafariz de Arruda

4 Sociedade

Fevereiro 2020

Município de Arruda distinguido como amigo do Desporto distinção foi atribuída pela Cidade Social e pela Associação Portuguesa de Gestão do Desporto (APOGESD), tendo em conta a implementação de boas práticas que potenciam a atividade física regular e o desenvolvimento desportivo. “Este é o reconhecimento do trabalho que tem sido levado a cabo pela autarquia de continuar a promover eventos importantes na promoção do desporto, mas também dos investimentos que têm sido levados a cabo no concelho neste âmbito”, refere o município no seu site. Em reunião de Câmara, o presidente da autarquia sa-

A

lientou que “o trabalho na área do Desporto tem sido uma estratégia da autarquia” quer através de eventos, quer através de equipamentos para a prática ou até apoio aos atletas. André Rijo anunciou que está prevista a construção de um campo de futebol de praia e de uma outra infraestrutura para voleibol de praia, bem como a dinamização de um skate park no Casal do Telheiro dando sequência ao que já foi iniciado com o street basket, “modalidade que está em voga e que vamos querer dinamizar”. “Este reconhecimento da Associação Portuguesa de Gestão do Desporto” deixa-nos satisfeitos”.

Arruda vai ter Orçamento Participativo Jovem ncontra-se em fase de consulta pública o projeto de regulamento para o Orçamento Participativo Jovem de Arruda dos Vinhos, que foi aprovado por unanimidade na reunião de Câmara de 13 de janeiro. O Orçamento Participativo Jovem de Arruda dos Vinhos (OPJAV) visa “potenciar a participação cívica e a cida-

E

dania ativa de todos os jovens na comunidade local, como um mecanismo de democracia participativa, voluntária, no âmbito do qual os jovens podem dar o seu contributo para a definição das políticas do município de Arruda dos Vinhos, com a respetiva adequação orçamental”, diz a autarquia em comunicado. Poderão participar jovens dos 16 aos 30 anos, naturais

ou residentes no concelho, que estudem nas escolas do concelho com as quais a autarquia tenha estabelecido acordo de confirmação de inscrições ou que trabalhem em empresas a laborar no concelho. Prevê-se o lançamento da primeira edição do OPJAV em março de 2020, estando prevista uma verba de 5000 euros para os projetos vencedores.


Chafariz de Arruda

Fevereiro 2020

Saúde 5

Hospital de Vila Franca de Xira considerado mais uma vez dos melhores do país tela decide se lança nova parceria público-privada ou volta a assumir a gestão da unidade, como aconteceu mais recentemente com o Hospital de Braga. 12 mil cirurgias e 19 mil consultas em 5 anos só ao fim de semana

Unidade volta a distinguir-se em mais uma avaliação do SINAS Hospital Vila Franca de Xira acaba de receber da Entidade Reguladora da Saúde a classificação máxima de “excelência clínica” (três estrelas) em seis áreas: Cirurgia de Ambulatório; Unidade de Cuidados Intensivos; Cuidados Transversais (Avaliação da Dor Aguda); Neurologia (Acidente Vascular Cerebral); Obstetrícia (Partos e Cuidados Neonatais) e Pediatria (Cuidados Neonatais), de acordo com os resultados publicados esta semana pelo Sistema Nacional de Avaliação em Saúde (SINAS). É o hospital público com mais áreas com nível máximo de excelência clínica em Portugal. O SINAS atribuiu, ainda, Excelência Clínica de nível 2 (duas estrelas) a sete áreas do Hospital: Cardiologia (Enfarte Agudo do Miocárdio); Cirurgia Geral (Cirurgia do Cólon); Cuidados

O

Transversais (Tromboembolismo Venoso no Internamento); Ginecologia (Histerectomias); Ortopedia (Artroplastia da Anca e do Joelho e Tratamento Cirúrgico da Fratura Proximal do Fémur) e Pediatria (Pneumonia). De acordo com nota de imprensa da unidade de saúde, o Hospital Vila Franca de Xira cumpre com todos os parâmetros de qualidade exigidos por esta avaliação, “na qual participa voluntariamente, não apresentando qualquer área ou especialidade com avaliação negativa”. “Pelo segundo ano consecutivo, o Hospital Vila Franca de Xira encontra-se no topo da excelência clínica em Portugal. Estes resultados que nos deixam muito orgulhosos revelam o compromisso permanente que este Hospital tem com a qualidade do serviço que presta aos seus utentes”, indica João Ferreira, Presidente da Comissão Execu-

tiva do Hospital Vila Franca de Xira. O responsável acrescenta: “um agradecimento especial a todos os profissionais de saúde deste hospital. Estes resultados só são possíveis devido à elevada competência dos médicos, enfermeiros e res-

tantes profissionais de saúde deste Hospital que diariamente se empenham em bem cuidar de quem nos procura”. Recorde-se que esta unidade hospitalar gerida desde 2011 pelo Grupo Mello, passará para as mãos do

Estado em 2021. A ministra da Saúde, Marta Temido, alegou que o hospital não cumpria com as necessidades da população dos concelhos que serve: Azambuja, Alenquer, Vila Franca de Xira, Benavente e Arruda dos Vinhos. Em 2021, a tu-

Desde 2011, altura em que o antigo Hospital Reynaldo dos Santos passou para a ser uma PPP que já levou a cabo mais 12 mil cirurgias só aos fins de semana. Com efeito e segundo apurou o Chafariz, esta prática do Grupo Mello Saúde teve como objetivo agilizar as consultas e cirurgias e diminuir os tempos de espera. Em causa estão cirurgias nas especialidades de Cirurgia Geral, Oftalmologia, Ortopedia, Urologia e Dermatologia. Segundo o hospital de Vila Franca de Xira “o objetivo foi o de melhorar os tempos de espera de algumas especialidades com elevada procura por parte da população”. Desde a entrada deste grupo na administração do hospital, que também foram implantadas algumas consultas externas de especialidade. Em causa estão cerca de 19 mil consultas, sendo estas das especialidades de Oftalmologia, Otorrinolaringologia e Dermatologia.


Chafariz de Arruda

6 Destaque

Fevereiro 2020

Basquete do CRDA em pé de guerra com a comissão administrativa s pais e encarregados de educação dos atletas praticantes de basquetebol do Clube Desportivo e Recreativo de Arruda dos Vinhos (CRDA) estão revoltados com aquilo que consideram ser uma atitude prepotente da comissão administrativa do clube. Em causa está o encerramento do pavilhão para a atividade desportiva, duas vezes por semana, quando até há poucas semanas atrás, os atletas dos vários escalões do basquete da coletividade, praticavam diariamente a modalidade. Segundo apurou o Chafariz, a direção interina do clube encerrou o pavilhão às segundas e quintas e isso deixou, não só os atletas como os pais preocupados, por um lado com o rendimento desportivo dos jovens praticantes, por outro consideram que a comissão administrativa não tem poderes para levar a cabo alguns atos de gestão. Com efeito, esta decisão que os pais consideram ser “prepotente e unilateral” já gerou uma série de manifestações e chegou mesmo a levar à intervenção da GNR de Arruda dos Vinhos no passado dia seis de fevereiro, a primeira quinta-feira de encerramento da atividade,

O

por assim dizer. Os pais e atletas não se conformaram e entraram apesar dos avisos do responsável pelo pavilhão de que estaria fechado à atividade, cumprindo assim ordens da direção interina do clube. No entanto o Chafariz sabe que a GNR esteve no local e terá levantado autos aos encarregados de educação e aos responsáveis pela situação. Segundo apurámos, o facto de os atletas, menores de idade estarem a praticar a modalidade sem a supervisão de um adulto competente, dada a ausência do treinador, foi o mote para que seguisse uma participação das forças policiais ao Ministério Público. Paulo Varandas, um dos pais que está envolvido nesta disputa com a atual comissão administrativa, salientou ao Chafariz que quem está à frente dos destinos da coletividade nunca falou com os pais nem com os atletas, limitando-se a enviar “um recado” através do treinador. Paulo Varandas, que teceu fortes críticas à comissão administrativa liderada pelo anterior presidente da Assembleia-Geral, José Borges, considera que a mesma só está mandatada para atos de gestão corrente e que as atitudes de encerrar e mudar os horários do pavi-

Comissão de gestão estará sob fogo de diversas atividades do clube lhão não se enquadram nesse campo. Paulo Varandas refere, por outro lado, que o basquete não representa para o clube uma “grande despesa”, antes pelo contrário. Embora o Chafariz não saiba de forma oficial quais os argumentos da comissão administrativa para esta alteração de horários, já que não quiseram falar sobre o assunto à nossa reportagem, sabe através dos pais

A marcação de eleições é vista como a única alternativa

que grande parte das despesas são suportadas por estes e não pelo clube. Refere Paulo Varandas que a anterior direção, embora não comparticipasse grande parte das despesas, “era muito mais colaborante do que a comissão administrativa”. Sendo que de acordo com as suas palavras “o clube apenas paga aos treinadores e aos árbitros, e estes não estão presentes em todos os jogos.”

Os pais suportam a alimentação dos filhos e as deslocações, bem como os equipamentos e inclusive, chegaram a adquirir com receitas angariadas entre eles, algumas tabelas de basquete para os escalões mais jovens. Paulo Varandas reforça ainda que as despesas do pavilhão, propriedade do clube, são suportadas pela Câmara de Arruda, através de um subsídio mensal de 1500 euros, sendo que na opinião de Varandas “o clube tem lucro connosco”. O basquete que funciona de forma autónoma no seio das atividades do clube, não estando registada oficialmente esta modalidade como sendo uma secção, movimenta cerca de 100 atletas de vários escalões. Um número de atletas que compete em várias competições e a restrição a dois dias de treino acarreta constrangimentos na vida destes praticantes que segundo Paulo Varandas “têm compromissos e chegaram a um determinado nível que para manter depende em muito da carga de treinos”. Acusam mais uma vez a comissão administrativa de fechar a porta dois dias por semana “sem argumentos”. “Eles sustentam que querem alugar o pavilhão, mas essa situação é em detrimento dos atletas”, e prossegue: “À partida po-

dem ser não sócios que vêm tirar tempo de treino aos atletas e sócios com compromissos de competição”. Paulo Varandas vai ainda mais longe ao assumir que são os pais que procuram os patrocínios para a modalidade e para o pavilhão, algo que não passa pela atual direção, e que tratam de todos os processos inerentes a essa subsidiação. O Chafariz tentou obter uma reação da atual comissão administrativa, mas esta escusou-se a falar sobre o assunto para já. No entanto, apurámos que chegou a marcar atos eleitorais mas não apareceram listas para concorrer. Depois de três tentativas para eleger uma direção, algumas pessoas ligadas às atividades do CRDA vão, agora, avançar com uma lista. Paulo Varandas explicou ao Chafariz que nesta altura essa é uma hipótese que está a ser tratada por um grupo de pessoas com ligações às várias modalidades do clube. “Estamos a criar uma lista com pessoas do basquete, do grupo cénico, e do futebol, para pedirmos uma assembleia geral e solicitarmos a marcação de eleições”, refere Paulo Varandas que acrescenta que aquele grupo de sócios “considera interpor ações judiciais contra a comissão de gestão por lesão aos sócios


Chafariz de Arruda

Fevereiro 2020 e aos atletas” e acrescenta que não está fora de hipótese o pedido de expulsão dos atuais membros da comissão administrativa “por ações lesivas ao clube”. Pedro Pereira, capitão dos sub-18, é um dos praticantes que se diz afetado pelo que a modalidade está a passar. Tem 17 anos e desde os nove que faz parte desta família do basquete de Arruda. “Passei por imensos momentos felizes, como integrar a seleção de Lisboa, mas também, e sem dúvida os amigos que fiz neste grupo. É algo que bate tudo.” Esta situação está “a prejudicar bastante a época, que no início não estava a correr bem, mas nos últimos jogos vínhamos em crescendo, e agora com este problema interno podemos deitar tudo a perder”. O atleta define que “as rotinas e os treinos estavam definidos e parecendo que não ter menos dias, afeta-nos”. “Dois dias fazem mesmo muito mossa, e fazendo as contas desde o início ao fim do ano perderíamos cerca de 40 treinos”, deduz. o basquete é modalidade federada no clube há cerca de cinco anos. Venceram o Torneio Internacional de Tavira, e disputam a taça distrital atualmente. Vigílias junto à sede do CRDA O Chafariz acompanhou ainda uma das vigílias que o

grupo de pais efetuou junto à sede do clube. O braço de ferro parece estar para durar, e neste caso acusam a direção de se furtar a qualquer tipo de esclarecimento. Afonso Manchinha, Maria João Almeida, Sónia Ferreira e Nuno Rodrigues consideram caricato tudo o que se está a passar – “Decidiram unilateralmente encerrar o pavilhão às segundas e quintas, os miúdos não treinam, e o equipamento simplesmente está fechado. Se fosse preciso cedermos para uso de outra modalidade compreenderíamos e faríamos esse ajuste, mas não é o caso”, referem-nos. Os pais confirmam que existe uma lista em marcha e que após a apresentação da mesma, esta comissão tem 15 dias para convocar uma assembleia eleitoral, contudo o grupo acredita que face “aos problemas que estão a colocar por tudo e por nada ainda vai demorar algum tempo até que se proceda a eleições”. Os pais já apresentaram diversas queixas desde a GNR, à confederação das coletividades, ASAE e DECO. Com este cenário “é uma época que está em risco” porque “os miúdos estão nervosos e ansiosos com tudo o que se está a passar”. “A cabeça deles não está no lugar e isso notase”, destaca Afonso Manchinha. Este grupo volta a colocar o acento tónico no facto

Cartazes e palavras de ordem não têm faltado

Destaque 7

Paulo Varandas e o atleta Pedro Pereira evidenciam o descontentamento que reina na modalidade de “o clube não ter praticamente despesas com o basquete pois somos nós que financiamos desde equipamentos, deslocações, alimentação nos dias de jogos, exames, seguros e até tabelas para o basquete”. Por outro lado, “a Câmara dá um subsídio de 1500 euros por mês para as despesas do pavilhão até no âmbito do protocolo com o Externato João Alberto Faria”. Para este grupo de pais “gerou-se uma má vontade inesperada

desta comissão de gestão”, diz Afonso Manchinha. “Há um senhor (José Borges) que é uma espécie de dono disto tudo e os outros que estão na comissão são uns cordeirinhos, não há mais nada a dizer”, acrescenta Nuno Rodrigues. “Ele diz o que quer e toda a gente acata”, acrescenta Afonso Man-

chinha. “Na verdade, nunca pensaram que os pais reagissem”, diz Sónia Ferreira. Por outro lado, “em setembro foi acordado um determinado valor tendo em conta as horas de treino, e agora a meio da época diminuem esse número de horas, e continuamos a pagar o mesmo?” interroga—se Maria

João Almeida que acrescenta – “No meio disto tudo, eu questiono em que assembleia-geral é que foi decretado este tipo de medidas?”. Por tudo isto consideram – “Estão a ir contra os próprios estatutos, só deveriam estar a tomar medidas de gestão corrente. É ilegal o que andam a fazer”.


Chafariz de Arruda

8 Opinião

Fevereiro 2020

Portugal, um país adiado

H

oje, num olha para Que

vivemos país que pouco o futuro. não pre-

para o futuro. As notícias dão-nos conta que a taxa de poupança das famílias está em mínimos. Que a sua taxa de esforço passa

muitas vezes os 60%. E que enfrenta a maior carga fiscal da história de Portugal. Por muito que nos atirem

areia para os olhos, sabemos que as coisas não vão bem. Hoje temos, efetivamente, mais emprego; mas emprego relativamente pre-

cário e manifestamente mal pago, quando comparado com o nível salarial que é praticado nas restantes economias europeias. Na Saúde, aumentam os tempos de espera para consultas e cirurgias, agravamse as dívidas a fornecedores, cresce a desmotivação por força das fracas condições de trabalho, crescem as ameaças à integridade física dos profissionais, faltam recursos humanos e tardam em aparecer os médicos de família para os 700.000 portugueses que não o têm. Na Segurança, com a forte quebra do investimento público, abundam as instalações sem condições e as

Lélio Lourenço falhas de equipamentos fundamentais para o exercício da função. Na Educação avulta a falta de planeamento de recursos humanos, com diversas escolas a não conseguirem funcionar por falta de pessoal auxiliar, quando não mesmo de pessoal docente. Continuamos com um país profundamente assimétrico e desigual. Continuamos com um país adiado. É preciso fazer mais e melhor!!

Ka tar ou Ka não tar o contrário do que seria o habitual, após as últimas eleições legislativas, em vez de serem os partidos maioritários a assumirem protagonismo, acabam por ser os dois partidos nos extremos que têm maior visibilidade. Justiça seja feita que esse protagonismo resulta, fundamentalmente, das duas figuras eleitas pelos partidos que representam ou representavam, como o caso da deputada eleita pelo Livre. Muito se tem falado e escrito sobre a referida deputada e muito se vai continuar a falar. Eu não vou escrever para ela, porque ela não vai ler esta reflexão, mas sim sobre o que ela transmite e representa. E faço-o porque estamos a viver um momento em que a maioria dos portugueses, apesar de se sentirem ultrajados e até ofendidos com a postura e conduta da deputada, não falam abertamente o que pensam com receio de lhes chamarem racistas ou preconceituosos. Eu não tenho receio disso, porque ainda a senhora deputada não era nascida e já eu e milhões de Portugueses vivíamos num País democrático, de liberdade de expressão e pensamento e que permite, por isso mesmo, que ela

A

hoje seja deputada num País onde não nasceu. Não significa isso, de facto, que seja menos portuguesa que eu ou qualquer outra pessoa, independentemente da sua origem, uma vez que tem os mesmos direitos que todos os que têm nacionalidade portuguesa. Mas uma coisa eu afirmo, não é tão portuguesa quanto eu ou qualquer outro cidadão que assuma os deveres de ser português, nomeadamente os de defender os interesses do País onde nasceu, ou onde foi acolhido e, acima de tudo, sentir que esta é a sua pátria. O País que acolheu a senhora deputada é de um povo tolerante, aberto e amigo. Mas não podemos deixar que ela pense que por isso somos tolos ou que não percebemos quando nos querem enganar e que não aceitamos posturas de quem assume que quem não é por mim é contra mim, semeando o ódio entre povos e culturas. Essa é uma mensagem azeda e ingrata para um país que a acolheu e não é mais do que cuspir no prato da sopa. Também lhe devemos deixar claro que não recebemos lições de racismo de ninguém. Sempre fomos um povo multicultural que acolhe imigrantes de todas as partes do

mundo. E no que respeita às ex-colónias, acolhemos nos últimos 20 anos, milhares de alunos que são testemunhas da ajuda suplementar que centenas de professores fazem para que consigam acompanhar os restantes, apesar das dificuldades que a maioria tem em escrever português e na generalidade, com poucas bases para as exigências do ensino superior. Por essas e outras razões não podemos permitir que a conduta da deputada eleita pelo Livre seja a negação a tudo isto, porque envergonha todos aqueles que como ela

Ficha técnica: Jornal Chafariz de Arruda • Propriedade, administração e editor: Propriedade: Metáforas e Pará-

bolas Lda – Comunicação Social e Publicidade • Gestão da empresa com 100 por cento de capital: Sílvia Alexandra Nunes Agostinho • NIPC 514 207 426 • Morada: Rua Alexandre Vieira nº8 1º andar 2050-318 Azambuja • Sede de Redação: Rua Alexandre Vieira nº8 1º andar 2050-318 Azambuja • Telefones: 263 048 895 - 93 409 6783 - 96 197 13 23 • Correio Eletrónico: chafariz@chafariz.pt • Site: www.chafariz.pt • Director: Miguel António Rodrigues CP 3351- miguelrodrigues@valorlocal.pt • Redação: Miguel António Rodrigues CP 3351, Sílvia Agostinho CP-10171 (silvia.agostinho@valorlocal.pt 93 409 67 83) • Multimédia e Projetos especiais: Nuno Filipe Vicente (multimedia@valorlocal.pt) • Colunistas: Hélia Carvalho, Jorge da Cunha, Paulo Beja, António Salema, Casimiro Ramos, Lelio Lourenço • Paginação, Grafismo e Montagem: Milton Almeida: paginacao@valorlocal.pt • Contactos Comerciais: chafariz@chafariz.pt, 263 048 895, 96 19 71 323 • Serviços administrativos: geral@metaforaseparabolas.pt • N.º de Registo ERC: 126987, Depósito legal: 126987/17 • Periodicidade: Bimestral • Tiragem Média: 2000 exemplares • Impressão: Gráfica do Minho, Rua Cidade do Porto – Complexo Industrial Grunding, bloco 5, fração D, 4710-306 Braga • O Estatuto Editorial encontra-se disponível na Página da Internet em www.chafariz.pt

vieram a Portugal para serem ajudados a melhorar a sua condição de vida. Ao longo da nossa história poderemos ter feito muitas coisas mal. Mas quem somos nós para julgar quem antes de nós correu suor, lágrimas e sangue para defender os seus familiares e para unir povos. Essa sempre foi a diáspora Portuguesa. Unir os povos. Ao contrário disso, o comportamento da deputada eleita pelo Livre semeia o ódio entre povos que têm 500 anos de história e faz nascer uma onda de raiva e de intolerância. Como se não bastasse ainda se resguarda no papel de vítima de ser mulher. Uma atitude cobarde de quem somente parece ser uma pessoa mal amada. Mas esse é um problema seu e não do País. Por tudo isso devemos manter o orgulho na nossa histó-

ria e não esquecer que quando os portugueses chegaram a Africa não encontraram uma civilização como a grega, ou a egípcia, ou a Maias, Inca ou Azteca cujo património, esse sim, foi espoliado e os seus povos dizimados. Nunca fomos tiranos comos os romanos, nem colonizadores como os espanhóis, franceses, ingleses ou holandeses. O que os portugueses encontraram em Africa foi um povo ao qual ajudaram a criar um património cultural, ensinaram a ler e a escrever, curaram doentes e ainda hoje ajudamos a alimentar. Propõe agora a senhora deputada, ao que chama: a descolonização da cultura portuguesa, levar dos museus portugueses as peças de “arte” das ex-cólonias. Por mim pode levá-las todas. Mas já agora temos o direito de perguntar: quais peças de arte e feitas por que grandes artistas? E vão para onde? Onde estão os museus nas ex-colónias? Os poucos palacetes que possam existir não estarão ocupados por um déspota ou politico qualquer? Ou é simplesmente para deitarem fora ou destruírem como fizeram a tantas coisas que os portugueses lá deixaram? Devemos fazer perceber à senhora deputada que a ser levado na plenitude o conceito de: Descolonizar a cultura portuguesa, isso significaria que tudo o que ela aprendeu na vida inclusivamente a nossa língua e os títulos académicos, deveria então ela própria renunciar a eles. Mas isso é algo que não entende

Casimiro Ramos* porque se coloca somente do lado dos direitos e não dos deveres. Eu também gostava que a famosa cadeira da Santa que, segundo a lenda, os Franceses levaram da igreja de Arruda voltasse ao seu lugar (se acaso a mesma existe). Mas, terei o direito de defender isso enquanto português, não como francês se por acaso tivesse a dupla nacionalidade. A toda esta insensatez, não temos ouvido os partidos mais representativos pronunciarem-se e isso vai transformar-se numa fatura muito cara. Porque, a conduta ofensiva da senhora deputada faz despoletar do lado oposto, o protagonismo populista da extrema direita, cujos princípios são igualmente reprováveis, mas que se apresentam a defender causas, nas quais muitos dos portugueses se revêm. Se era para isto que a senhora deputada tanto queria Ka tar na Assembleia da República, mais valia não ter sido candidata. *Docente Universitário do Instituto Superior de Gestão em Gestão de Recursos Humanos e coordenador no mestrado em Gestão do Potencial Humano. Investigador em Comportamento Organizacional e Inteligência Emocional.


Chafariz de Arruda

Fevereiro 2020

Irene Lisboa e a Arte debate sobre a relação complexa entre literatura e pintura já não é novo. Tem feito correr muita tinta e palavras de filósofos, artistas, escritores... Como não poderia deixar de ser, Irene Lisboa (1892/1958) não se alheou desta discussão, concluindo: “Eu não acho, porém, que o pintor se avantaje ao literato, nem o contrário” (Lisboa, 1992, p. 142). O seu interesse pela pintura é sobejamente conhecido e ficou espelhado na sua obra. Quanto mais não fosse por ser amiga de várias figuras ligadas ao desenho, ilustração e pintura, desde logo a sua amiga-irmã Ilda Moreira que ilustrou algumas das suas obras; a primeira em 1926, 13 contarelos que Irene escreveu e Ilda ilustrou. Deste entendimento entre a escrita e a ilustração, ou de Irene com Ilda, resultou um equilíbrio que só acontece quando o escritor e o ilustrador se conhecem/compreendem profundamente: “É tal o entrosamento da ilustração com o conto que se lhe segue que, ao recordarmos este último, acaba por nos vir à memória a imagem que lhe corresponde, transformada em espécie de síntese e projeção dos contos” (Florêncio, 1994). Sobre a ilustração deste livro, Irene escreveu uma autocrítica na revista Alma Nova, n.º 7, 1928: “(...) não poderá jamais deixar de impressionar o leitor cada gravura que os precede”. Não é também por acaso que um dos poemas da obra Outono havias de vir... se chame “Pintores”, terminando com um forte desejo, ou apelo, de que a luz da pintura, ou do pintor, permaneça no sujeito poético, ou na escritora, impedindo que a escuridão, ou o quotidiano, regresse: “Não tenho telas, sol, não te vás!” (Lisboa, 1937, p.13). Um dos exemplos paradigmáticos da relação entre literatura e pintura é o livro O retrato de Dorian Gray (1891), do irlandês Oscar Wilde (isto para não falar de Goethe,

O

Pesquisa 9

1774; ou Bessa-Luís, 1982 e 2006). Apesar das críticas sobre a imoralidade da obra, Oscar Wilde defendeu que o texto era moralmente perfeito:

tra de coisa nenhuma (1955), em que um dos fragmentos se intitula “A gravura”: “Sonhei que aquilo tudo era real: via-a animar-se, mexerem-se

realidade, através do sonho, numa tentativa de excitar a imaginação e de prolongar o prazer; depois, porque o sonho liberta a criatividade, as

E porque a literatura e a pintura são artes irmãs, como defendia Horácio; e porque Irene Lisboa foi escritora e pedagoga/professora, conti-

Bessa-Luís, Agustina (2006). A ronda da noite. Lisboa: Guimarães Editores. Florêncio, Violante (1994). A literatura para crianças e jo-

os defeitos e as virtudes são materiais de arte, assim é feito o ser humano. Como perguntava Irene Lisboa: “Nós que somos senão ordem e desordem constante? (Lisboa, 1992, p.159), isto é, alma e corpo, sonho e realidade, luz e escuridão... Wilde estabelece uma representação concreta da alma de Dorian Gray, defendendo que retrato e?, principalmente, a imagem da alma; Irene Lisboa também vê a pintura como representação da alma: “Pintores de almas! Pintores de almas! Pátria verdadeira do meu espírito, sinais do meu tempo!” (Lisboa, 1992, p. 66). A própria Irene Lisboa escreveu um texto, “Sonhos”, em Uma mão cheia de nada, ou-

as figuras...” (Lisboa, 1984, p. 119). A narradora sonhou, ou desejou, que a cena representada na tela se animasse, ou quis transformar a pintura, que estabiliza o momento, em literatura que tenta dar-lhe animação: “A pintura faz o que a literatura tanto pretende e mal consegue fazer: detém, estabiliza a sensação. Do pintado ou do pintor” (Lisboa, 1992, p. 141). Talvez não tivesse sido também por acaso que a autora nos apresentasse este desejo, ou desassossego, através de um sonho. Primeiro, porque a sensação de estabilidade do observável, ou do que se sente, embora a fascinasse, não a convencia: o seu desejo era que a cena impressa na tela se transformasse em ação, ou

emoções, espalha-se com facilidade, é imprevisível, insustentável: “Um cheiro passa, uma nuvem desfaz-se e – um sonho? é muito mais imponderável, insubsistente, muito mais rapidamente dissipável que o cheiro e a nuvem. Mas tentemos” (Lisboa, 1999, p.178). Pois, tentemos, afinal assim foi construída toda a obra e, porque não dizê-lo, a vida desta figura maior da literatura em Portugal. Mas a questão do sonho e da gravura em Irene Lisboa é muito mais complexa. A autora conhecia em profundidade as mais modernas teorias da época sobre o sonho e o desenho, aplicando esses conhecimentos à sua inovadora prática pedagógica e à sua magnífica atividade literária.

nua a fazer todo o sentido lêla e interpretá-la nas escolas e fora das escolas a partir da visão dos artistas de outras artes, como aliás tem acontecido nos últimos anos através das Escolas e da Câmara de Arruda dos Vinhos. Jorge da Cunha Nota: Texto recuperado com adaptações de uma publicação no catálogo da exposição promovida pelo Município de Arruda dos Vinhos numa parceria com a Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, em novembro de 2018. Referências Bessa-Luís, Agustina (1982). Longos dias têm cem anos Presença de Vieira da Silva. Lisboa: Imprensa Nacional Casa da Moeda.

vens em Irene Lisboa. Lisboa: Edições Asa. Goethe, Johann Wolfgang (2009). Werther. Lisboa: Guimarães Editores. Lisboa, Irene (1926). Treze contarelos que Irene escreveu e Ilda ilustrou. Lisboa: Tipografia da ENL. Lisboa, Irene (Falco, João,1937). Outono havias de vir latente e triste. Lisboa: Seara Nova. Lisboa, Irene (1984). Uma mão cheia de nada outra de coisa nenhuma. Barcelos: Editorial Figueirinhas. Lisboa, Irene (1992). Solidão. Lisboa: Editorial Presença. Lisboa, Irene (1999). Solidão II. Lisboa: Editorial Presença. Wilde, Oscar (1988). O retrato de Dorian Gray. Lisboa: Editorial Estampa.


10 Rubricas ACES Estuário do Tejo Unidade de Saúde Pública

Saúde Pública

Augusto Silva e Catarina Soares, Médicos Internos de Formação Geral, em Estágio na Unidade de Saúde Pública do ACeS Estuário do Tejo;

Chafariz de Arruda

Fevereiro 2020

Osteoporose: a “doença silenciosa” A Osteoporose é a doença metabólica dos ossos mais frequente, atingindo cerca de um milhão de pessoas em Portugal, maioritariamente mulheres e pessoas idosas. Uma vez que a esperança média de vida da população tem aumentado, há um maior número de pessoas em risco de desenvolver doenças relacionadas com o envelhecimento, como é o caso da osteoporose. Esta doença, que se caracteriza por uma perda de massa óssea ao longo da vida, não dá sintomas. Assim, caso não se tomem medidas, o osso pode-se tornar progressivamente mais fraco, menos resistente e mais propenso à ocorrência de fraturas. A fratura óssea é habitualmente o primeiro sinal da existência de osteoporose, representando a preocupação mais importante desta doença, uma vez que se encontra associada a risco de morte. Porém, contribui igualmente para a diminuição da qualidade de vida e uma diminuição na capacidade de execução das atividades diárias. Estima-se que a nível mundial ocorra uma fratura a cada três segundos, como consequência da Osteoporose, tornando esta "doença silenciosa" num problema de saúde pública. Como consequência desta patologia, após os 50 anos, cerca de uma em cada três mulheres e um em cada cinco homens irão apresentar uma fratura óssea, a qual requer uma intervenção, tratamento e seguimento adequados. Apesar da osteoporose ainda não ter cura, os dados anteriores revelam a importância de se tomarem algumas medidas simples, para a prevenção desta doença e suas sequelas. Por um lado, evitar a ocorrência de osteoporose, aumentando o crescimento ósseo que ocorre principalmente na adolescência e que previne a ocorrência da osteoporose nas idades mais avançadas. Para essa prevenção, as pessoas deverão, desde a infância e ao longo de toda a vida: • Praticar exercício físico; • Ingerir produtos ricos em cálcio e vitamina D, tais como

o queijo, leite e iogurtes. Por outro lado, quando as pessoas têm osteoporose, é muito importante que o diagnóstico seja o mais cedo possível, para terem cuidados para evitarem que a doença evolua e evitarem a ocorrência de fraturas. Algumas dessas medidas são: • Corrigir a postura; • Praticar exercícios físicos adequados ao(s) seu(s) problema(s) de saúde; • Apanhar sol 15-20 minutos por dia sem proteção solar; • Parar de fumar; • Ingerir pouca quantidade de bebidas que contenham álcool ou cafeína; • Não deixar objetos espalhados pelo chão; • Evitar sapatos de salto alto e com sola lisa; • Não encerar o soalho; • Não deixar tapetes soltos pelo chão; • Não andar em locais pouco iluminados e com chão molhado; • Apoiar-se nos dois lados do corrimão; • Não guardar objetos em prateleiras altas; • Colocar um banco de plástico dentro da banheira para lavar os pés em posição sentado; • Colocar um corrimão ou barras de apoio junto à cama, sanita e na banheira; • Não levantar objetos pesados; • Sempre que necessário usar bengala ou andarilho; • Ter cuidado redobrado quando um medicamento provoque tonturas; • Uma boa visão é fundamental, portanto se necessário deverá consultar um oftalmologista. Em suma, a osteoporose é considerada um problema mundial que ainda não tem cura, mas que é possível prevenir. Se essas orientações forem seguidas, além de uma melhor qualidade de vida, uma pessoa terá igualmente um menor risco de desenvolver a doença e as suas complicações.


Chafariz de Arruda

Fevereiro 2020

Ambiente 11

Arruda agarra o combate das alterações climáticas Câmara Municipal de Arruda dos Vinhos tem em marcha um grande inquérito à população tendo como pano de fundo as alterações climáticas em colaboração com a Universidade Nova de Lisboa através da “Nova Information Management School”. Esse protocolo com a instituição académica visa, segundo o presidente da Câmara de Arruda, André Rijo, fazer o estudo com base num inquérito, e a partir daí organizar no futuro uma convenção com a apresentação dos resultados com painéis temáticos para a construção de um documento estratégico, atendendo ao plano que já existe a nível da Comunidade Intermunicipal do Oeste (Oestecim). O objetivo é que o documento que venha a ser criado tenha um valor vinculativo para as próximas décadas no município, “que una o setor social e empresarial

receber um inquérito junto com a fatura da água com envelope RSF para remeter as respostas para o município. O inquérito também será disponibilizado online. “Este é um tema central e todos devemos estar conscientes

da urgência no seu debate”. André Rijo identifica desde logo alguns setores por onde a mudança deve passar como o domínio agrícola e a adoção de medidas de conservação dos solos, a eficiência energética, a ges-

tão dos recursos hídricos, o uso do transporte coletivo como meio preferencial de deslocação “e em parte é o que já estamos a fazer no seio da Oestecim com o plano de apoio à redução tarifária”. O projeto terá como objetivo a promoção de uma convenção para as alterações climáticas à semelhança daquela que já decorreu no primeiro mandato do autarca, em que através de painéis temáticos se procurará chegar a um documento com os vários contributos sobre a ação futura do municípios e outros agentes neste domínio. Em reunião de Câmara, André Rijo sublinhou que a universidade nova tem-se destacado nestas matérias, e será aquela instituição a monitorizar os dados apurados com vista ao documento estratégico a apurar no final. O vereador da oposição, Luís Rodrigues, também saudou a iniciativa da autarquia.

Águas do Tejo Atlântico, foi concebida para receber águas residuais domésticas, tratadas através do sistema de lamas ativadas com nível de tratamento secundário. No entanto, em 2014 terão

sido efetuadas ligações à rede da zona Industrial das Corredouras que, até aí, descarregavam diretamente para a linha de água. No entanto, a ETAR não está a conseguir fazer o devido tra-

tamento das águas. Frequentemente o Rio Grande da Pipa apresenta grandes machas brancas ou mais escuras bem como maus cheiros que são alvo de denúncia por parte da população.

A

Projeto inicia-se com questionário à população como elementos chave”. Porventura pouco familiarizada com o conceito de alterações climáticas, a população que é chamada a pronunciar-se poderá ter algumas dificuldades em conseguir dar as achegas neces-

sárias. O presidente da Câmara refere que o tema está a ser trabalhado em fóruns locais como o Conselho Municipal da Educação, juntas de freguesia, movimento associativo. Por outro lado, cada agregado familiar vai

Obras na Etar de Arruda adiadas s obras na ETAR de Arruda dos Vinhos que deviam ter sido iniciadas nestes primeiros meses do ano, apenas deverão ter o seu começo no segundo semestre do ano. A Águas do Tejo Atlântico, em resposta ao nosso jornal, refere que após o lançamento do concurso a 26 de setembro de 2019, apenas apareceu um concorrente que acabou por ser excluído por não cumprir o caderno de encargos. O preço base da obra é de 1,9 milhões de euros. A empresa que gere o saneamento em alta em vários concelhos da região vai agora abrir novo procedimento concursal até finais de fevereiro tendo como previsão a entrega de propostas o mês de junho próximo. Este concurso pretende introduzir beneficiações de melhoria dos órgãos de tratamento existentes e a construção de novos equipamentos, na fase líquida e fase sólida, traduzindo-se na melhoria nas condições ambientais das populações servidas. A empresa assegura que

A

em articulação com a Câmara Municipal de Arruda Vinhos vai continuar a trabalhar de “forma articulada como propósito de resolver esta situação com a maior brevidade, tendo como obje-

tivo a qualidade de vida das pessoas e a vertente ambiental.” A ETAR de Arruda dos Vinhos, que entrou em funcionamento em 2004 e cuja empresa responsável é a

Este cenário tem causado preocupação



Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.