Bimestral • Director: Miguel A. Rodrigues • Nº 7 • 7 de Junho 2018 • Gratuito
Chafariz
de Arruda
Junta de Arruda reforça aposta nas festas dos Santos Populares Pág. 3
Impasse nas obras do Chafariz
Págs. 8 e 9
Parque Urbano das Rotas abre ao público a 15 de agosto
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Bairro João de Deus alvo de requalificação Bairro João de Deus vai entrar em obras. Na última reunião de Câmara, a autarquia aprovou o projeto de requalificação de moradias e construção de bloco habitacional neste bairro. A requalificação incide na melhoria das condições de habitabilidade nos 16 fogos existentes, mas também, proceder à construção de um novo edifício que aumentará em mais 15 fogos a oferta de habitação social no local, indo ao encontro da procura existente. Haverá ainda uma requalificação do espaço público envolvente, com a construção de novas infraestruturas de mobilidade e estacionamento, hortas comunitárias e espaço lúdico, do tipo auditório ao ar livre. O projeto contempla a requalificação de 16 moradias existentes, mantendo a traça arquitetónica, que após a in-
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tervenção serão de tipologia T0 (8 fogos) e T1 (8 fogos), com o orçamento previsto para execução das obras incluindo arranjos exteriores de 523 mil 706,01 euros. Está também prevista a construção de um bloco habitacional com 3 pisos e uma ocupação de 5 fogos por piso com as tipologias T1 (3 fogos), T2 (6 fogos) e T3 (6 fogos), num total de 15 fogos, com o orçamento previsto para execução das obras incluindo arranjos exteriores de 949 mil 982,08 euros. O projeto aposta também na eficiência energética e utilização eficiente dos recursos, nomeadamente apostando na utilização das águas pluviais para regas, e de águas para fins de utilização sanitária, prevendo-se também a melhoria em termos de desempenho energético dos edifícios existentes e a classificação de “A” para o novo edifício.
A autarquia vai promover uma sessão pública de apresentação e discussão do projeto no dia 14 de junho, às 19h00 nos paços do concelho. O mesmo foi aprovado por maioria, com o voto contra do vereador do PSD, Luís Rodrigues. O eleito na sua declaração de voto referiu que este é um tema que carece de maior debate público, tendo em conta a futura variante a Arruda e a proximidade ao Clube Recreativo e Desportivo Arrudense (CRDA), só a título de exemplo. “Não basta referir que se encontrava enquadrado no programa eleitoral do PS, até porque como sabemos os eleitores votam mais em pessoas do que em programas”. Luís Rodrigues que salientou a necessidade de se apostar na vertente da habitação social, lembrou que chegou a estar contemplada a possibilidade de serem construídos quatro blocos habitacionais. A vice-pre-
Bairro deverá surgir de cara lavada dentro de alguns anos sidente do município, Rute Miriam, adiantou que esse projeto seria oneroso para o município e que a solução encontrada foi a possível. O autarca do PSD referiu ainda
que o concelho dispõe de outras soluções para habitação social nomeadamente no Bairro Calouste Gulbenkian ou no Bairro Timor Lorosae. A vice-presidente con-
trapôs – “Noutras zonas, as pessoas poderiam ficar mais desprotegidas e assim sentem-se mais incluídas tendo em conta que continuam a habitar no mesmo local”.
Provedor do munícipe já recebeu cerca de 89 queixas rruda dos Vinhos tem um provedor do munícipe desde 2015. Era uma promessa eleitoral do executivo socialista, que acabou na escolha de Jorge da Cunha, professor de Português, coordenador do serviço de Educação Especial, no Externato João Alberto Faria, e figura conhecida na vila de Arruda, para o cargo. Atualmente, são poucas ainda as autarquias que dispõem desta figura na aproximação aos problemas dos munícipes. Jorge da Cunha confessa que tinha pouca informação sobre esta função, mas a designação do seu nome foi aceite pelos demais partidos políticos sem reservas. Desde que foi criada esta figura, que Jorge da Cunha já recebeu cerca de 89 pedidos por parte da população “que têm sido sempre respondidos por parte dos serviços”. Todas as situações foram resolvidas, apenas as que chegaram no último mês ainda não tiveram a sua completa reso-
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lução. Normalmente, os serviços devem responder no prazo máximo de 30 dias às solicitações do provedor. O provedor salienta a sua “independência” tendo em conta que apesar de ter sido escolhido pela Câmara deve tentar abstrair-se de qualquer
tipo de compromisso a não ser o de responder à população. Para fazer a reclamação, o munícipe pode preencher uma ficha disponível no site da autarquia ou dirigir-se ao gabinete do provedor que funciona na biblioteca munici-
pal e preencher uma reclamação em papel. Nesta altura, e depois de uma alteração que saiu em Diário da República, o cidadão pode simplesmente dirigir-se ao provedor na rua e apresentar a sua questão. “Já aconteceu várias vezes”, acrescenta. O
Jorge da Cunha espera que a figura do provedor seja replicada em mais concelhos
facto de antes de ser provedor, ser cidadão de Arruda e uma cara conhecida também é algo que facilita esse contacto. “Sempre participei muito nas atividades que se realizam na vila, de modo que acabo por ser uma pessoa conhecida”. A maioria das reclamações que recebe enquadram-se no âmbito de obras que os munícipes entendem como necessárias, “ou seja aquilo que mais diretamente incomoda as pessoas no seu dia-adia!”. Queixas que passam por um buraco na rua, ou um poste que caiu, mas também queixas ainda relativas à iluminação ou a necessidade de mais segurança. Por vezes há alguma confusão sobre as competências do provedor e não raramente surgem pedidos de emprego, que Jorge da Cunha informa não serem da sua competência. “Contudo, as pessoas têm sempre resposta mesmo que não seja algo dentro daquilo que um provedor pode efetuar”. Quando está em curso a resolução de um pro-
blema mais demorado, “o cidadão também vai sendo informado do curso do que está a ser feito pela autarquia”. Outro aspeto a salientar, é que a partir do momento em que a queixa chega ao provedor, o seu autor passa a ter estatuto de anónimo. “Não é algo que esteja no regulamento, mas com o tempo fui percebendo que as pessoas têm dificuldades em apresentar queixa porque não querem que o seu nome fique associado a esse tipo de situação, daí ter tomado esta decisão”. “É algo que vou manter, a não ser em situações que é indispensável fornecer o nome”. Tendo em conta os anos que tem de experiência neste cargo, Jorge da Cunha revela que tem sido enriquecedor constatar “ a felicidade das pessoas sempre que o seu caso é resolvido”. “Por vezes são coisas tão insignificantes para nós, mas para as pessoas que convivem com esses problemas todos os dias, são coisas importantes”, destaca.
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Impasse nas obras do Chafariz stão suspensas por ordem da Direção Geral do Património Cultural (DGPC), as obras de requalificação do chafariz pombalino de Arruda dos Vinhos, ex-libris local. De acordo com aquele organismo do Estado a Câmara, estaria a efetuar a obra de forma contraproducente ao aplicar materiais que não correspondiam aos utilizados na origem do monumento. Terão sido vários especialistas do “Forum Museum” a alertar para o estado de coisas através do envio de fotografias, segundo informa a agência Lusa. Em declarações ao nosso jornal, André Rijo, presidente da Câmara, adianta que encontra-se a aguardar por um parecer final da DGPC no sentido de retomar as obras interrompidas no início do mês de maio. Recorde-se que o chafariz pombalino de Arruda não recebia obras de beneficiação há vários anos apresentando problemas de retenção de água, e com sinais visíveis de degradação. A DGPC consertara em conjunto com o município o tipo de intervenção a ter lugar, mas confrontada com as fotografais em causa ordenou a paragem da obra. Para André Rijo “não deixa de ser questionável aquele organismo ter ordenado a interrupção da obra sem ter enviado ao local um técnico que averiguasse do estado de coisas”, e vai mais longe – “Ordenou a suspensão tendo em conta imagens que até podiam ser de outro sítio qualquer”, não tem dúvidas em considerar. O autarca esclarece que está de boa-fé neste pro-
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Em causa estão os materiais utilizados na requalificação cesso, até tendo em conta que foi iniciativa da Câmara a solicitação de um parecer prévio à DGPC quanto à intervenção a ocorrer. “Estivemos cerca de um ano à espera desse parecer. Selecionámos uma empresa que é referência nacional nesta área da conservação e restauro, e portanto neste momento aguardamos que a DGPC se pronuncie sobre uma nota técnica produzida por esta empresa sobre as obras em causa”. Em causa
está a substituição de alguns elementos pétreos por lioz, que aparentemente estaria a desvirtuar a conceção histórico-arquitetónica do monumento. Segundo o autarca, “a empresa garantiu que a aplicação do lioz estava fundamentada e encontrava-se adequada”. Daqui para a frente, “ a DGPC deverá decidir ou pela continuidade do trabalho em lioz, ou pelo abandono em favor dos elementos pétreos ou ainda a reposição
do que estava antes, o que desde já estamos em condições de o garantir se necessário”, acrescenta. E por isso “a bola está do lado deles”. Questionado sobre o que levou a Câmara a tentar uma solução mais arriscada arquitetonicamente, e com isso sujeitar-se a este tipo de ação por parte da DGPC, André Rijo salienta que “a autarquia foi aconselhada a ir para o lioz, porque os materiais existentes
estavam de tal forma degradados que já não ofereciam as melhores condições de restauro, e tinham de ser substituídos”. Por outro lado, “ a autarquia também já estava a melhorar algumas zonas de cimento que existiam no local por causa de umas calhas técnicas que tinham sido postas no passado, e que não sabemos precisar quando”. Ou seja “estávamos a colocar mais pedras no local em relação ao que já existia”.
Para o autarca, a DGPC não deixa de estar a mostrar algum “conservadorismo” em relação a este caso, e sustenta que as obras estavam a decorrer de acordo com uma nota técnica da empresa solicitada para fazer esta intervenção. André Rijo refere ainda que “nesta altura as obras já deveriam ter recomeçado mas infelizmente houve pressa para as mandar parar mas não para voltarmos ao trabalho”.
Câmara estuda soluções para saneamento básico em A- do- Mourão Câmara Municipal de Arruda está a estudar uma solução para a necessidade de dotar esta aldeia da freguesia de S. Tiago dos
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Velhos de esgotos. A uma pergunta do vereador do PSD, Luís Rodrigues, durante uma das últimas reuniões de Câmara, o presidente da autarquia, André Rijo, referiu que está em cima da mesa
em articulação com a Águas do Tejo Atlântico o estudo de dois projetos. O terreno naquela localidade apresenta diversas complicações geológicas, pelo que se “está a equacionar que uma parte
venha a ser descarregada onde a gestão é dos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento (SMAS) de Vila Franca de Xira por questões gravitacionais” e a outra parte “na
zona da ETAR que foi construída em S. Tiago dos Velhos na Contradinha”. A Câmara já fez deslocar técnicos ao local com o intuito de proceder aos estudos geológicos em causa, para
que se possa avançar com o projeto. “Ainda não sabemos como vai ser a sua execução, e durante quanto tempo, mas será nessa altura apresentado junto da população”.
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Ensino superior no concelho pode ser realidade em 2020 Arruda Lab, recentemente dado a conhecer, poderá receber um polo/núcleo de formação da Escola Superior Agrária de Santarém, Instituto Politécnico de Santarém, em 2020, com o objetivo de proporcionar formação superior; e criar uma incubadora para a vertente agroindustrial que inclua um laboratório específico; um centro de inovação e tecnologia com ligação ao meio académico científico e tecnológico e proporcionar formação superior e ao longo da vida. André Rijo, presidente da Câmara Municipal, está confiante na concretização deste sonho a médio/longo prazo, e refere que tem agilizado diversas reuniões com a secretaria de Estado do Ensino Superior, e com a Escola Superior Agrária de Santarém, “existindo já um documento de trabalho com essas entidades”. Um dos passos para que tal seja uma realidade no futuro passa pela requalificação do edifício onde outrora funcionou o quartel da GNR, o qual está integrado no plano
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Arruda Lab funcionará no antigo edifício da GNR de regeneração urbana local. No dia 12 de junho, o município vai sentar-se à mesma mesa com a Escola Agrária de Santarém para começar a limar as arestas daquilo que se pretende ve-
nha a ser a criação de um laboratório a funcionar naquele local e no fundo dar corpo à designação “Arruda Lab”. A Câmara espera poder conseguir lançar até 2019 a empreitada de requalificação do
edifício. “Seria muito positivo”, diz André Rijo. Em 2020, o ensino superior no concelho poderia ser uma realidade findas as obras que deverão acontecer ao longo de um ano.
Deverão também ser parceiros do Arruda Lab e deste projeto os estabelecimentos de ensino do concelho, nomeadamente o Agrupamento de Escolas de Arruda dos Vinhos, o Externato João Al-
berto Faria e a Escola Profissional Gustave Eiffel em vertentes como a formação de professores para o ensino das ciências e a possibilidade de aprofundamento de experiências com os alunos.
Junta de Freguesia e Câmara de Arruda
Cascatas de Arruda dos Vinhos de cara lavada
Junta de Freguesia de Arruda dos Vinhos e a Câmara Municipal, levaram a cabo uma limpeza das “cascatas” de Arruda dos Vinhos. Este é um espaço de muitas memórias para os habitantes do “Vale Encantado” que vão poder utilizá-lo de novo. Situadas na Rua 5 de Outubro, as cascatas fazem parte da memória e história coletiva arrudense, um espaço de lazer e convívio de muitas gerações. Segundo um comunicado da Junta de Freguesia de Arruda dos Vinhos, a reabilitação do espaço “foi conseguida no primeiro trimestre deste ano, mantendo a sua traça original, através de ações de limpeza e desassoreamento do leito”.
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Operação de limpeza no local
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Parque Urbano é inaugurado a 15 de agosto Parque Urbano das Rotas será finalmente inaugurado a 15 de agosto, data coincidente com as festas em honra de Nossa Senhora da Salvação. Esta que é uma das obras emblemáticas do mandato entarará assim ao serviço da po-
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pulação, apesar da derrapagem no tempo que sofreu. A novidade foi adiantada em primeira mão ao Chafariz pelo presidente da Câmara, André Rijo. Da autoria do arquiteto Campos Costa, o parque urbano de Arruda teve um custo aproximado de um milhão de euros com financiamento a 85 por cen-
to por parte dos fundos estruturais. A primeira pedra foi lançada em abril de 2017, com a presença do Secretário de Estado do Desenvolvimento e Coesão. Com esta obra Arruda dos Vinhos fica dotada de um espaço verde de cerca de 3ha, para fruição do público, concretizando-se
como uma área de lazer, disponível para a realização de práticas culturais, desportivas ou simplesmente de recriação com a envolvente do Rio Grande da Pipa. Localizado junto a uma zona ribeirinha, o projeto tenta então dar protagonismo ao Rio Grande da Pipa. Numa das últimas reuniões de Câmara
foi aprovada a criação da Operação de Reabilitação Urbana para aquela zona da vila, e que contempla a possibilidade de os proprietários procederem a obras de requalificação dos seus imóveis beneficiando a nível dos impostos locais, IMI mas também no acesso a fundos através do IFFRU. A
autarquia no âmbito desta zona do Rio Grande da Pipa já procedeu à requalificação da Rua Francisco Borges, e à criação então deste parque, havendo agora a ambição, ainda sem horizonte temporal, para se efetuar a requalificação desde a ponte até ao Bairro Policarpo Martins.
Em breve este cenário será uma realidade
Balanço positivo de um ano de Unidade Móvel de Saúde
esde abril de 2017, que a Unidade Móvel de Saúde percorre as freguesias mais distantes da sede de concelho na prestação de cuidados médicos e sensibilização para as diferentes áreas da Saúde junto da população. Carla Munhoz, vereadora com o pelouro da Saúde, faz por isso um balanço positivo. Através de uma equipa multidisciplinar composta por enfermeiro e terapeuta ocu-
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pacional, este equipamento percorre as freguesias três dias por semana, com incidência na população mais idosa, através do projeto “Isso saúde”, com o objetivo de promover a saúde e prevenir a doença. A unidade móvel de saúde está equipada para proporcionar cuidados de enfermagem diversos. Sendo que ao terapeuta ocupacional está reservada a função de prestar esclarecimentos relacionados, entre outros, com a prevenção de quedas no
idoso, e atividades físicas para esta camada da população. Em média são efetuados entre 15 a 20 atendimentos por dia. Este equipamento percorre as diferentes localidades mais isoladas e é possível encontrá-lo em lugares como A-do-Mourão, Adoseiros, Carvalha, ou ainda em sedes de freguesia como Cardosas, Arranhó, S. Tiago dos Velhos. Normalmente, os munícipes procuram informação acerca de doenças como a diabetes ou a hipertensão arterial. “O
Numa ação de sensibilização decorrida junto das crianças de Arruda
feed-back é muito positivo”, refere Carla Munhoz. “Precisam muitas vezes de mais informação sobre as terapêuticas que estão a seguir para determinado medicamento e em função do seu relato procuramos elucidar sobre como fazer”. Ao mesmo tempo têm sido dinamizadas as tardes da saúde, uma vez por mês, um pouco por todo o concelho em que se tem tentado elucidar para a importância dos rastreios a vários níveis. No dia da nossa reporta-
gem, decorria uma ação de sensibilização junto dos mais pequenos que no dia da criança foram convidados a levar ao “médico” o seu boneco. O objetivo foi tão só o de dissuadir receios relacionados com a bata branca. Presente esteve também a vereadora Maria Cecília Moleiro da área da Educação que foi elucidando sobre a necessidade de tornar mais simples a ida ao centro de saúde e às consultas. Esta é uma parceria entre a
Câmara Municipal de Arruda dos Vinhos, a ARS-LVT, ACES Estuário do Tejo, Unidade de Saúde Familiar de Arruda dos Vinhos e Unidade de Cuidados à Comunidade de Arruda dos Vinhos. Com a designação “Saúde em Movimento”, este novo serviço surge no seguimento de uma candidatura a fundos comunitários apresentada pela Comunidade Intermunicipal do Oeste incluindo, para além de Arruda dos Vinhos, os municípios do Cadaval e Bombarral.
Vereadoras Carla Munhoz e Maria Cecília Moleiro deram a conhecer projeto
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Grande Prémio de Ciclismo colocou concelho de Arruda no mapa da modalidade
Organização das juntas de Arruda dos Vinhos e Cardosas oão Letras foi o vencedor do “Grande Prémio” de Ciclismo de Cardosas. A iniciativa que foi realizada pelas juntas de freguesia de Arruda e Cardosas, contou com a participação de cerca de uma centena de atletas, naquele que
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foi o regresso da modalidade à freguesia. Fábio Amorim, presidente da junta de Cardosas, ressalvou como positivo o balanço deste grande prémio. Para o presidente da junta de freguesia de Cardosas, “o evento decorreu com normalidade, e o programa foi
cumprido na íntegra” acrescentando que nesta edição “estiveram presentes fortes individualidades da cena semiprofissional do ciclismo regional”. O autarca sublinhou também a adesão da população, nomeadamente, na meta final instalada no largo principal
CLASSIFICAÇÕES: Geral Masculino. (PRÉMIO REALMACOS) 1. João Letras (ASFIC - GRUPO PARAPEDRA), 2. Paulo Simões (CACB - Alenquer) 3. Pedro Pinheiro (RÓÓDINHAS / Santos Silva). Elites Masculino 1. João Letras (ASFIC - GRUPO PARAPEDRA), 2. Renato Ferreira (Movefree - Torres Vedras), 3. André Costa Masters Masculino. 1. Paulo Simões (CACB - Alenquer), 2. Pedro Pinheiro (RÓÓDINHAS / Santos Silva), 3. Davide Garrido. Geral Feminino PRÉMIO SÃO LAZARO MARKET 1. Cristina Luís (Bike Run Team), 2 - Carolina Moniz (Malaguetini Cycling Club). Elites Femininas Carolina Moniz (Malaguetini Cycling Club). Masters Feminino Cristina Luís (Bike Run Team) Montanha PRÉMIO PAULO VIDUEDO/REMAX Renato Ferreira (MoveFree – Torres Vedras)
O pódio dos vencedores
A frente do pelotão de Cardosas, “com um mar de gente, que não se cansou de apoiar os atletas, em especial o Pedro Pinheiro”, atleta oriundo da localidade, que ao longo da prova, recebeu fortes aplausos e incentivos da população. Aliás, recentemente Pedro Pinheiro sagrou-se campeão regional
da modalidade em Santarém. Quanto ao futuro, Fábio Amorim salienta que “foi lançada a semente do ciclismo de estrada no município”. A organização recebeu “muito feedback do público e dos atletas relativamente à prova e por isso agora é tempo de
analisar e refletir”. O autarca que não esconde a ambição de levar este Grande Prémio para outros voos, sustenta que é possível, contudo vinca que Arruda dos Vinhos tem condições “para ser um agente dinamizador do calendário do ciclismo regional”.
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Cultura 7
Vandalismo nos Fortes da Carvalha e do Cego preocupam autarquia s Fortes das Linhas de Torres, da Carvalha e do Cego, na freguesia de S. Tiago dos Velhos, têm sido alvo de sucessivas ações de vandalismo e o caso está a preocupar os eleitos no município de Arruda dos Vinhos. Na reunião de Câmara descentralizada, decorrida em Adoseiros, o vereador da oposição, Luís Rodrigues, PSD, apresentou uma recomendação, depois aprovada por unanimidade, no sentido de a autarquia pugnar pela valorização e preservação daquele património concelhio. “Possuem um valor histórico e cultural e são um marco do conflito que opôs as forças de Wellington, pela Inglaterra, a Massena, pela França. São o nosso património histórico imortalizado no filme do realizador chileno Linhas de Torres no qual participou o consagrado John Malkovich”, disse a este propósito Luís Rodrigues, salientando ainda “o valor turístico do local”. “O mato nos fortes dá pelo meio do corpo. Não se conseguem ler as referências históricas, nem identificar o paiol existente. Quem for ali ficará desiludido como eu”, referiu. O presidente da Câmara, André Rijo, salientou que a autarquia está a proceder a esse trabalho de conservação e manutenção dos fortes, sendo que estará acautelada nas grandes opções do plano e orçamento, uma
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Foto Facebook Luís Rodrigues
Sinais de vandalismo evidentes verba para uma intervenção nos fortes. “Reconhecemos que o vandalismo tem sido uma constante não apenas no desrespeito da sinalização, mas no uso e abuso daquela zona por jipes e por motos 4. Parece que dá gozo ir para ali brincar aos desportos motorizados”, referiu o autarca, acrescentando que este é um quadro com o qual “não podemos compactuar”. O facto de naqueles locais
funcionar uma zona de comunicações dos bombeiros faz prever o pior. “A questão do acesso das viaturas ao cimo dos fortes é preocupante, porque ainda este fim-de-semana estava uma viatura ligeira no topo que acabou por vandalizar todo aquele percurso, e por consequência o património”, referiu a este propósito, a vereadora da Cultura Rute Miriam, que salientou o lança-
mento de novos pontos/caixas de geocaching no concelho, e nomeadamente nos fortes. (O Geocaching é um passatempo e desporto de ar livre do género caça ao tesouro. O viajante tem como objetivo procurar uma caixa (ou tupperware), fechada e à prova de água, que contém um livro de registro e alguns objectos, neste caso alusivos ao concelho de Arruda). No total do território municipal já
foram espalhadas 73, serão entretanto lançadas mais cem. André Rijo referiu que o projeto Arruda Base, que tem como objetivo divulgar o património histórico e cultural de Arruda dos Vinhos, contempla uma projeto de valorização dos fortes englobando a questão da sinalética, limpeza e acompanhamento arqueológico, tendo também como objetivo criar uma zona
Apresentação do livro “A Noite Não É Eterna” de Ana Cristina Silva autora vai estar presente na sala jardim da biblioteca municipal, no dia 15 de junho, pelas 21h00. A ação da história decorre na Roménia, sob o jugo do ditador Nicolae Ceausescu. Aquele país atravessa um dos piores períodos da sua história, com a popu-
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lação a enfrentar a fome e dominada pelo terror. Seguindo as orientações do Presidente para a criação de um exército do povo no qual os soldados seriam treinados desde crianças, Paul, um ambicioso funcionário do partido, decide levar de casa o filho de três anos e entregá-lo aos cuidados do Estado. Quando a
mãe se apercebe do desaparecimento do pequeno Drago, o desespero já não a abandonará, bem como o firme desejo de acabar com a vida do marido. Correndo riscos tremendos, Nadia não desistirá, porém, de procurar o menino, ainda que para isso tenha de forjar uma nova identidade, de fa-
zer falsas denúncias, de correr os orfanatos cujas imagens terríveis chocaram o mundo e até de integrar uma rede que transporta clandestinamente crianças romenas seropositivas para o Ocidente. Mas será que o seu sofrimento pode ser apaziguado enquanto Paul for vivo? Enquanto o ditador for vivo?
Ana Cristina Silva
de lazer. “Estamos apenas a aguardar pela classificação dos fortes como património nacional por parte da Direção Geral do Património Cultural”. Até que isso suceda, “a Câmara apenas pode intervir no sentido da manutenção”. A Câmara espera receber luz verde quanto à classificação daquele património no sentido de avançar com uma candidatura aos fundos estruturais da União Europeia.
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Junta de Arruda reforça aposta nas festas dos Santos Populares vila de Arruda dos Vinhos celebra de 8 a 12 de junho mais uma edição dos Santos Populares. Tendo como pano de fundo o Santo António, os Santos Populares de Arruda, são um bom exemplo de “harmonia” entre as coletividades e forças vivas que participam na iniciativa. Fábio Morgado, presidente da Junta de Freguesia de Arruda dos Vinhos, vinca que a edição deste ano, será marcada por algumas novidades, sendo que uma delas, levou a que a junta de freguesia, deslocasse pela segunda vez o certame para o jardim municipal. O autarca explica ao Chafariz que subjacente a essa ideia, está o facto de o jardim municipal já possuir todas as infraestruturas necessárias para que as festividades decorram sem sobressaltos. Fábio Morgado lembra que as festas sempre se realizaram todos os anos, mas que
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a ideia é que a partir de agora isso possa ser possível e sem interregnos de maior. O autarca recorda que as alterações no certame, acabam por ser “uma base de experimentação daquilo que queremos que seja a evolução das Festas de Santo António”, reconhecendo ainda assim que “é impossível batermo-nos com as festas de Lisboa que chamam mais pessoas” vincando que estas alterações “são adaptações àquilo que queremos”. Ao nosso jornal, o presidente da junta recorda que o jardim municipal tem condições únicas para levar a cabo os festejos. Salienta por exemplo que o espaço está dotado de condições físicas, sem que seja necessário um gerador de eletricidade extra para todas as iniciativas que ali vão decorrer. Em contraponto, esclarece que seria sempre necessário “alugar um PT (posto de transformação) para as inúmeras iniciativas, caso as festas de desenrolassem
nas traseiras da sede da junta.” Outra das mais-valias, pas-
sa pelo estacionamento. A sede da junta está numa zona antiga e por isso esta-
cionar não é fácil. Todavia ao deslocar as festas para o jardim municipal, o estacio-
namento torna-se mais fácil porque acaba por beneficiar dos parques existentes nas
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redondezas. Outra das mais-valias, é o facto de não incomodar os residentes. Com as festas a realizarem-se nas traseiras da sede da junta, o barulho iria incomodar os habitantes. A junta fica situada numa zona histórica da vila, onde moram muitas pessoas, e muitas delas já com uma certa idade. Segundo Fábio Morgado, esta transição é benéfica também para os residentes daquela zona e explica que junto ao jardim apesar de existir alguma ha-
bitação, o impacto é menor. Na edição de 2018, as Festas de Santo António de Arruda dos Vinhos, contam com mais coletividades. As mesmas vão explorar algumas tasquinhas, o que lhes dá um impacto financeiro nas contas anuais, até porque segundo o presidente da junta, os subsídios são limitados e esta é uma boa forma de financiamento. As novidades este ano passam pela Banda da Santa Casa da Misericórdia local, que vai explorar uma quer-
messe, bem como as presenças da Associação de Jovens de Arruda dos Vinhos (AJAV), do Grupo de Aeromodelismo de Arruda dos Vinhos (GAV), do Clube Desportivo e Recreativo de A-do- Barriga; e da Paróquia da Igreja de Nossa Senhora de Salvação. Para outras coletividades, a junta disponibiliza alguns stands, não no formato de tasquinhas, mas para apresentar e mostrar as suas atividades. Também este ano, a junta
local, volta a disponibilizar sardinhas para todos os que queiram aparecer. No entanto estas terão um preço simbólico para evitar o desperdício. A juntar às sardinhas, a autarquia decidiu disponibilizar porco no espeto como alternativa aos que não morrem de amores pela rainha do verão. “Assim conseguimos alargar o leque de ofer-
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ta”, refere Fábio Morgado que aponta como outro ponto alto as marchas populares que desfilarão pelas ruas da vila em direção à praça de toiros na próxima terça-feira dia 12, pelas oito da noite. A iniciativa que tem vindo a decorrer sem grandes dificuldades todos os anos, conta como habitualmente com a presença das mar-
chas levadas a cabo pelo grupo cénico do Clube Recreativo e Desportivo Arrudense, ao qual se juntam outros quatro grupos. São marchas oriundas de Santo António do Tojal, Loures, Vialonga, concelho de Vila Franca de Xira, Lapa, do concelho do Cartaxo, e da Zambujeira e Serra Calvo, da Lourinhã.
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10 Opinião
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Abastecer ou empobrecer? ez semanas. Foram dez semanas consecutivas em que os portugueses pagaram mais pela gasolina e pelo gasóleo. Para os mais distraídos, os valores que andámos a pagar para abastecer o carro eram os mesmos que em 2014, quando estávamos em plena crise económica. Ora, o Governo apregoou aos sete ventos que estava virada a página da austeridade. Que tinham dado uma palavra e que seria honrada. Mas a realidade mostra-nos um lado diferente. A pressa em repor tudo a todos só poderia ter este resultado: o aumento de um imposto que não faz diferença entre os que podem pagar mais e os que podem pagar menos. Que nem distingue o abastecimento de um carro particular ou de um carro de bombeiros.
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Lélio Lourenço
É certo que o nosso primeiro-ministro tem uma alternativa para quem não pode encher o depósito. Não nos esquecemos do seu célebre
conselho em 2016, quando sugeriu aos portugueses que optassem pelos transportes públicos. Mas claro que nem podemos entrar
por aí, pois os transportes continuam a ser parcos em quantidade e ainda esta semana nos vimos confrontados com mais uma greve do
setor ferroviário que deixou milhares de portugueses apeados. A realidade com a qual nos devemos deparar é que, só
nos primeiros três meses deste ano, o Estado encaixou 9 milhões de euros por dia com o Imposto Sobre os produtos Petrolíferos. Foi bem aplicado? Bem sabemos que não. O desinvestimento na Saúde é gritante. Na Educação, idem. Nas forças de segurança, o mesmo cenário. Em mês de arranque do Mundial, é certo que não nos esquecemos de que há um campeonato em que ainda somos campeões europeus, mas fora dos relvados passamos bem sem ocupar o quinto lugar dos que pagam mais por gasolina na União Europeia e o décimo dos que pagam mais gasóleo.
Sem um PINGO de vergonha… vó: nada de comprar agora no C., no J., no L. ou no I.M., tu vais mas é comprar no P.D.” Ante a arremetida, uma interrogação rodopiou no espírito da avó, distraída das coisas que as televisões vão exibindo correntemente…
“A
E a publicidade infanto-juvenil enxameia a pantalha. A despeito do que prescreve o Código. Compulsa-se o Código da Publicidade e aí, em tema de restrições de conteúdo, depara-se-nos, entre outros, que: A publicidade especialmente dirigida a menores deve ter sempre em conta a sua vul-
nerabilidade psicológica, abstendo-se, nomeadamente, de: Incitar directamente os menores, explorando a sua inexperiência ou credulidade, a adquirir um determinado bem ou serviço; Incitar directamente os menores a persuadir os pais ou terceiros a comprar determinados bens ou serviços.
No dia 28 de maio comemora-se o dia Internacional do Brincar. Brincar é um direito de todos e que a muitos e negado. Muita são as crianças ( demasiadas ) que são vendidas aos 3 , 4 anos para serem mão de obra escrava; Muitas só as crianças que não tem o comer ou beber, quanto mais o direito de brincar; Muitas também são as que por excesso são entupidas de tecnologia e atividades que não lhes deixam espaço para brincar !! Brincar é um direito , faz parte da aprendizagem humana, importante então só para a coordenação motora, como para a socialização em adulto , entre tantas outras coisa que se aprende a brincar !! A Biju da Nini, assinalou esse dia com um "Open Day" dedicado apenas ao Brincar, tivemos brincadeiras livres, pintura de banda desenhada e fizemos bonecos de meia.
“Os menores só podem ser intervenientes principais nas mensagens publicitárias em que se verifique existir uma relação directa entre eles e o produto ou serviço veiculado.” O Comité Económico e Social Europeu, em parecer firmado por Pegado Liz, considerou, a justo título, que: “A publicidade que se serve abusivamente de crianças para finalidades que nada têm a ver com assuntos que directamente lhes respeitem, ofende a dignidade humana e atenta contra a sua integridade física e mental e deve ser banida. A publicidade dirigida a crianças comporta riscos agravados consoante os grupos etários, com consequências danosas para a sua saúde física, psíquica e moral, destacando-se, como particularmente graves, o incitamento ao consumo excessivo conducente ao endividamento e o consumo de produtos alimentares ou outros que se revelam nocivos ou perigosos para a saúde física e mental.” O facto é que quer a exorta-
Ficha técnica:
ção para que os progenitores ou outros familiares comprem produtos em troca de aliciantes “irresistíveis”, quer as mensagens que envolvam a figura terna das crianças como algo de sedutor a incitar a que os adultos adquiram os bens, constituem métodos que também a Lei das Práticas Comerciais Desleais proíbe. Com efeito, na alínea e) do seu artigo 12, figura exactamente a hipótese que segue: “São consideradas agressivas, em qualquer circunstância, as seguintes práticas comerciais: Incluir em anúncio publicitário uma exortação directa às crianças no sentido de comprarem ou convencerem os pais ou outros adultos a comprar-lhes os bens ou serviços anunciados”. O facto é que quer se explore a hipervulnerabilidade psicológica das crianças, quer se empregue em arranjos publicitários crianças, qualquer dos comportamentos é proibido por lei. Envolver crianças em anúncios de automóveis, em detergentes, em campanhas
Mário Frota* de super e hipermercados e do mais, contende com o que a lei pretende preservar. Mas pouco se tem a percepção dos nefastos efeitos exercidos sobre as crianças e os jovens através de procedimentos tais. Se as crianças tivessem, desde tenra idade, acções de educação para o consumo inseridas nos ”curricula” escolares, criar-se-iam condições para que tais proibições se mostrassem supérfluas e confiar-se-ia ao seu poder de autodefesa o mais. Neste quadro é que se não pode admitir que campanhas do jaez destas, que outros empórios também adoptam, circulem sem obstáculos, já que o poder que exercem sobre espíritos em formação é superlativo e contraproducente. * apDC – DIREITO DO CONSUMO
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NA HORA DE COMPRAR CASA...
Fruta da época: A Cereja
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s cerejas são um fruto que se encontra disponível entre o final da primavera e final do verão (de Maio a Julho aproximadamente). Uma dose corresponde a cerca de 20 cerejas.
Curiosidades nutricionais:
Tânia Tomás*
São ricas em antioxidantes como polifenóis e flavonóides. O seu teor em fibra é bastante significativo, bem como de potássio, cálcio, ferro e vitamina C. Apresentam propriedades diuréticas. Cada 100g equivalem a 67 Kcal. Nessa porção estão 13.3g de hidratos de carbono, 1.6g de fibra alimentar e 82.6g de água. Como escolher: Dê preferência às cerejas de tonalidade mais escura por serem as mais maduras e doces, uma vez que estas já não amadurecem com o calor após o processo de colheita. Devem apresentar alguma rigidez, aspecto brilhante e ausência de danos/marcas visíveis no exterior. Como congelar: Uma vez que estão à venda por um período curto de tempo, fica uma dica para poder ter cerejas disponíveis além da sua sazonalidade através da congelação. As cerejas deverão estar maduras e em excelentes condições sem marcas. Opte por congelar as que estão mais escuras uma vez que estão mais maduras e por consequência são mais doces. Lave as cerejas sob água fria corrente. Pode optar por congelar com ou sem os caule e caroços. Deixe secar sobre uma folha de papel absorvente para eliminar a humidade restante. Se colocar num saco de congelação deve organizá-las de forma compacta e retirando o ar do mesmo mas sem esmagar os frutos. No caso de as querer colocar numa caixa esta deve ficar preenchida com o máximo de cerejas possível, tapando de seguida. Após a congelação basta ir retirando a quantidade de que precisa para cada utilização. Tome nota de que se mantêm em boas condições durante cerca de 8 meses no congelador. No frigorífico são possíveis de conservar durante cerca de uma semana. *Nutricionista, Membro efectivo da Ordem dos Nutricionistas tctomas0756@onutricionistas.pt
Rubricas 11
Porquê escolher um Consultor Imobiliário para comprar ou vender um imóvel? Olá a todos, muitas pessoas colocam os seus imóveis em venda por si próprios achando que dessa forma irão “poupar” a comissão que é cobrada por qualquer Imobiliária, e também por acharem “fácil” colocar o imóvel num site e um Paulo Viduedo cartaz com o número do próprio na janela, existem também compradores que querem comprar sozinhos pois acham que estarão a fazer um melhor negócio não havendo mediação imobiliária. Acontece que apesar de alguns casos correrem bem, outros há que se complicam e muito... Na minha opinião existem 5 factores chave para trabalhar com um consultor devidamente credenciado: 1- O cliente não sabe ao certo o valor do seu imóvel no mercado, por vezes coloca valor muito acima o que afasta potenciais compradores, e por outras abaixo do valor de mercado fazendo assim um mau negócio. 2- Deixa entrar em sua casa um perfeito desconhecido com o qual provavelmente só comunicou por e-mail ou por telefone, e como saberá se tem capacidade para comprar a sua casa? (Ao trabalhar com um consultor imobiliário credenciado o mesmo fará uma ficha visita com os dados dos cliente, terá o SR. Vendedor coragem para pedir o Cartão de Identificação antes do potencial comprador entrar em sua casa? O consultor irá filtrar os clientes e só os levará a conhecer a casa se os mesmos tiverem condições para o fazer, poupando o seu tempo). 3- Ao lidar directamente com o comprador vai estar com a pressão de não saber se haverá outro cliente o que poderá levá-lo a fechar um negócio menos benéfico pois se por um lado terá receio de perder dinheiro por outro terá o receio de perder o cliente... 4- Todos os contactos serão canalizados para o consultor imobiliário, que fará todas as perguntas necessárias para qualificar o potencial comprador e fará também todas as visitas, não lhe ocupando tempo e tendo disponibilidade de fazer visitas mesmo no seu horário de trabalho. 5- O consultor imobiliário trabalha com carteira de clientes e em rede com outros colegas, o que aumenta as hipóteses de existir já compradores qualificados e prontos a comprar, o que possivelmente poderá aumentar o valor que esperava na venda do seu imóvel. O mais importante será sempre procurar alguém em quem confie e que apresente resultados Um abraço, Paulo Viduedo Envie as as suas questões para pviduedo@icloud.com
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12 Eventos
Mercado Oitocentista com mais visitantes este ano odos os caminhos foram dar ao Mercado Oitocentista que se realizou de 1 a 3 de junho em Arruda dos Vinhos. Num balanço ao Chafariz, o presidente da Câmara André Rijo, salienta que esta é um evento que tem vindo em “crescendo” quer em número de visitantes quer na quantidade de elementos que compõem a moldura de uma Arruda que recua ao século XIX. O envolvimento da comunidade local é um dos aspetos salientados “que já abraçou este mercado como uma das festas principais do concelho”. Prova disso é a decoração de montras e janelas com elementos alusivos à época.
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Empresas 13
Spinning a pedalar em Arruda há quatro anos á quatro anos que o Bikestudio fomenta o Spinning em Arruda dos Vinhos e em Sobral e Monte Agraço. A atividade tem vindo a crescer entre as duas escolas, às quais se junta agora um polo em Cotovios, concelho de Vila Franca de Xira. Esta é uma modalidade em crescimento em toda a região. Embora nem todos a consigam entender, segundo o professor José Rodrigues, acaba por cativar de uma forma muito especial os praticantes. É tão especial que quem começa, já não a abandona. José Rodrigues e Paula Caciones fomentam todos os dias a prática desta modalidade que começou em Arruda e depois se propagou ao Sobral e Cotovios. Ao todo já são mais de duas centenas de alunos, que procuram neste desporto um “escape” para o seu dia-a-dia profissional. Um “escape” que significa uma viagem durante cerca de uma hora, embora
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os praticantes pedalem sem sequer saírem da sala. Este é de resto o segredo para esta modalidade. José Rodrigues diz que cabe ao professor deixar os seus próprios problemas fora da sala de aulas e focar-se no bemestar dos praticantes. É isso que faz diariamente, fomentando a boa disposição e incrementado à medida que a aula vai decorrendo, um ritmo crescente do exercício físico. José Rodrigues vinca que esta modalidade tem um ponto importante. Fomenta o aspeto cardio, e talvez por causa disso tem sido cada vez mais procurada. Todavia José Rodrigues refere esta modalidade como uma paixão, e lembra que “tem de se aprender a gostar”. “Caso contrário não é uma modalidade fácil” e explica que “estamos fechados numa sala com bicicletas estáticas, e se não gostarmos e não percebermos a sua filosofia, as pessoas ao fim de algum tempo fartam-se”. José Rodrigues salienta en-
tretanto que no seu caso até não é difícil manter o interesse. Para o professor o segredo é simples - “Nós transmitimos aquilo em que acreditamos. Somos muito frontais e diretos sobre o spinning e a forma de o transmitir” e é por isso que acredita que essa “é uma das razões pelas quais as pessoas têm mantido a sua assiduidade”. Para além dos benefícios em que a modalidade é benéfica para o corpo, José Rodrigues destaca também a sua importância para a parte mental. Corpo são e mente sã, acabam por ser itens que levam os praticantes a escolher o spinning como uma modalidade fulcral. José Rodrigues vinca mesmo que “mais de 60 por cento dos benefícios são mentais” e explica que “vimos para aqui durante uma hora descontrair e deixar os problemas lá fora. Os bons e os maus momentos, porque são sessenta minutos só para nós”. Para além da prática da modalidade indoor, o Bikestudio
E importante gostar da modalidade para continuar proporciona verdadeiros momentos de convívio. Há vários eventos onde participa, mas também alguns que organiza, como o BikeTour que se realiza todos os anos na Praça de Toiros de Arruda dos Vinhos e que é único no país. Esta é de resto uma modalidade que é transversal à idade. Entre as cerca de 200
pessoas que frequentam as aulas da Paula e do José Rodrigues, estão pessoas com várias profissões e idades, mas com o spinning como fio condutor. São os casos de Rui Salgado e Ana Francisca. Rui Salgado com 54 anos é praticante de BTT há alguns anos. Por isso o spinning é uma modalidade que já não
lhe é estranha. Técnico de Telecomunicações, Rui Salgado confidenciou ao “Chafariz” que escolheu esta modalidade porque gosta de pedalar e gosta de descomprimir depois de um dia de trabalho. Rui Salgado que pratica BTT ao fim de semana, não deixa ainda assim de pedalar durante a semana nas aulas do Bikestudio, referindo que em Portugal “temos bom tempo, e por isso o spinning é um complemento para as outras atividades que tenho.” Também Ana Francisca classifica a modalidade como importante “para gastar a energia interior e exterior, o cansaço do dia-a-dia e sermos felizes à nossa maneira”. Com vinte anos de idade e estudante de química, Ana Francisca refere que esta modalidade lhe permite ganhar também concentração para os estudos. Ana Francisca recorda que a modalidade “prepara-nos ao nível do esforço e até ficamos mais calmos ao nível do stress”.
Paulo Viduedo ganha distinção internacional da Remax aulo Viduedo foi um dos galardoados com o Prémio Platinum da Remax. O consultor imobiliário da Remax Vantagem de Arruda dos Vinhos, foi um dos poucos a receber esta distinção em Las Vegas nos Estados Unidos da América, numa cerimónia internacional que decorreu no Hall of Fame. Ao “Chafariz” Paulo Viduedo atribuiu a esta distinção um caráter muito importante, pois a ela estão subjacentes os resultados que conseguiu durante o ano e com isso a satisfação dos seus clientes. “Foi algo fora do normal, porque são prémios de carreira” salienta Paulo Viduedo que destaca: “Estes são prémios de topo no nosso ramo. São aquele tipo de prémios que sonhamos quando entramos neste negócio”. Para o consultor, este foi também “um reconhecimento muito importante para mim e para a minha equipa”. Viduedo vinca que o momento foi
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especial, tendo em conta não só os prémios em si, como toda a assistência, com mais de sete mil pessoas e o local emblemático onde tudo decorreu. Todavia, Paulo Viduedo salienta também a importância do grupo “Vantagem” e da loja de Arruda dos Vinhos. O grupo é um dos melhores co-
tados a nível nacional e isso reflete-se nas equipas e claro na loja de Arruda. O consultor lembra que o escritório de Arruda foi no ano passado, “um dos melhores a nível nacional”. Ao “Chafariz” Paulo Viduedo salienta que para tal terá contribuído o facto “de o concelho de Arruda proporcionar
“Estes são prémios de topo no nosso ramo”
uma qualidade de vida acima da média aos habitantes que vêm para ca”, tendo em conta todas a condições ao nível dos serviços, escolas e saúde. O consultor que agradece aos clientes a confiança, salienta que são estes que muitas vezes o recomendam aos amigos: “O facto de valorizarem o nosso trabalho é muito importante. O passa a palavra é muito importante”. Paulo Viduedo reforça entretanto que a marca Remax é sinónimo de credibilidade e isso faz também toda a diferença na hora de procurar um consultou ou uma imobiliária certificada. Nos últimos anos, o setor tem vindo a crescer e com isso têm aparecido algumas pessoas a oferecer os serviços para mediar negócios. Muitas dessas pessoas não estão habilitadas legalmente para o negócio, e com isso vêm alguns problemas. Paulo Viduedo desvaloriza a questão, embora considere importante para o negócio. Ao
invés disso, refere que na sua equipa “o cliente está sempre em primeiro lugar”. Para o consultor não há segredos. Mas se existissem, seria o bem-estar do cliente e procurar fazer por ele o melhor negócio possível e por isso vinca que “mais importante do que o imóvel é o cliente. É isso que nos diferencia neste mercado”. Para o consultor, o negócio vem depois “quase naturalmente” ao ponto de Viduedo já ter feitos vários negócios com as mesmas pessoas ao longo dos anos. Para Paulo Viduedo, o aparecimento de mais freelancers no mercado, tendo em conta o seu crescimento “obriganos a fazer um trabalho cada vez melhor”. “Estarmos cada vez mais atentos ao que se está a passar no mercado e como está a evoluir” refere o consultor que garante que acompanha a lei e todos os seus movimentos. Por outro lado refere que nesta altura já está a trabalhar nos próximos seis meses.
Esse é o caminho que está a trilhar. Trabalhar com seis meses de avanço, permitelhe antecipar algumas condições do mercado imobiliário e com isso proporcionar melhores negócios aos clientes. Todavia, o mercado está sempre em mudança. O consultor refere que por exemplo em Arruda dos Vinhos, não há construção nova que chegue para a procura e por isso os clientes estão agora mais focados na reabilitação. O consultor refere que o município já tem incentivos para a reabilitação de habitações, e que esse é o mercado do momento, vincando que muitos dos clientes já procuram diretamente a reabilitação de casas, quanto até há pouco tempo, preferiam casas novas. Paulo Viduedo refere mesmo que a reabilitação é mesmo a primeira opção, quando antes era escolhida apenas por falta de outro tipo de soluções. Veja esta entrevista na íntegra no site do Chafariz em www.chafariz.pt
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14 Pesquisa
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Irene Lisboa - Parte 1: Vida niciamos a colaboração no jornal Chafariz, nesta edição de junho de 2018, com o intuito de abordar temas relacionados com educação, literatura e cultura antropológica. Durante o presente ano, e depois quando for oportuno, a começar já com este texto e o seguinte, que servirão de introdução, o tema a abordar será Irene Lisboa, uma vez que, este ano, se assinalam os 60 anos da sua morte. Assim, começaremos por apresentar umas breves notas bioblibliográficas desta autora, que foi considerada pelos grandes escritores, poetas e académicos portugueses como uma das maiores escritoras do século XX. José Gomes Ferreira, em 1978, na “Breve introdução à poesia de Irene Lisboa”, referiu em letras maiúscula, como se gritasse: “PARA MIM É A MAIOR ESCRITORA DE TODOS OS TEMPOS PORTUGUESES”. Também Manuel Poppe, jornalista do Diário Popular, em 23 de novembro de 1973, escreveu: “Lembrome muitíssimo bem de ouvir a José Régio o seguinte comentário acerca de Voltar atrás para quê?: ‘Se esta mulher se chamasse Tchekhov, o seu livro impunha-se em qualquer parte do mundo!’ Se esta mulher se chamasse Tchekhov...” Ora, não se chama Tchekhov, mas Irene Lisboa. Por isso, convido-vos a conhecê-la um pouco melhor. Irene do Céu Vieira Lisboa nasceu no dia de Natal de 1892, no casal da Murzinheira, Arranhó, concelho de Arruda dos Vinhos. Este casal e a Quinta de Monfalim eram propriedade da sua madrinha, D. Maria Guilhermina. Ali viveu com a sua mãe, Maria Joaquina (17 anos) até aos três anos. Depois, foi levada para Monfalim, com a irmã Rita,
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onde vivia a madrinha e o pai, Luís Emílio Vieira Lisboa (62 anos). Aos seis anos entra no Convento do Sacramento, em Lisboa. Da mãe, pouco mais se soube, apenas que deixou mais 4 filhos: Romana, Vitória, José Mateus e António. No Colégio do Sacramento, esteve Irene até ao 11 anos, frequentando depois, até aos 13, o Colégio Inglês. Em 1905, o pai juntou-se com D. Maria da Saudade, de
quem teve 6 filhos. Os dois anos seguinte foram dramáticos para Irene Lisboa. Foi tirada do colégio e levada para Monfalim. Esteve quase ao abandono. Aos 15 anos, foi viver com a madrinha para Lisboa e entrou no Liceu Maria Pia. Aqui conheceu Ilda Moreira, de quem foi amiga o resto da vida. Em 1911, ingressou na Escola Normal Primária de Lisboa, onde tirou o curso de professora. Em
1915, terminou o curso da Escola Normal. Em 1920, Irene e Ilda tomaram posse de duas turmas de ensino infantil na Escola da Tapada na Ajuda. Os alunos, muito pobres, tinham entre 5 e 7 anos. Estas duas classes, pioneiras do ensino pré-primário público em Portugal, serviam de modelo a um ensino moderno e inovador. Entretanto, em 1929, Irene Lisboa foi, como bolseira, para Genebra estu-
dar psicologia e pedagogia. Esteve ainda em Bruxelas e Paris a estudar metodologias pedagógicas. Regressou a Lisboa em 1932. Em virtude de terem sido extintas as secções infantis, em 1936, Irene concorreu ao lugar de Inspetora para o Ensino Infantil, tendo ficado com o lugar de Inspetora-Orientadora em itinerância. Por ter sido demasiado inovadora para as mentes pequenas de então, Irene Lisboa foi, primeiro, transferida para um lugar administrativo na Junta de Educação Nacional; depois, em 1940, com 48 anos, deram-lhe duas opções: ficar com um lugar como professora na Escola Normal de Braga, ou reformar-se. Optou pela segunda situação, recusando o degre-
do e negando dobrar-se perante um sistema acéfalo, ou não fosse ela Irene Lisboa. Em 1940 visitou a terra da sua infância e adolescência (Arruda e Sobral), ficando numa casa alugada em Monfalim. Foi então que começou a escrever Voltar a trás para quê? Nessas férias, percorreu os lugares, serras e festas e recolheu fragmentos, depois utilizados em muitos dos seus textos. Leia-se, por exemplo, “Férias no campo”, em que a autora nos apresenta um relato de lugares, pessoas e costumes. E era a este campo da sua infância, trazido pelo “vento da Murzinheira”, que ela regressava constantemente. (Continua no próximo número.) Jorge da Cunha
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Pesquisa 15
O Mestre de Arruda dos Vinhos e a pintura portuguesa do século XVI pintura atribuída ao Mestre de Arruda dos Vinhos, nome de conveniência deste pintor do século XVI, cuja excelente qualidade pictórica se evidencia, a par de um singular estilo de autor, como definiu o Professor Catedrático e Historiador de Arte Vítor Serrão, é composta por cerca de trinta obras documentadas. Registam-se pinturas da sua autoria em locais como: Igreja Matriz de Arruda dos Vinhos, Igreja Matriz de Cascais, Capela do Corpo Santo (Funchal), Igreja de Nossa Senhora da Luz da Ponta do Sol (Madeira), Igreja de Santa Cruz da Graciosa (Açores) e no Hospital da Luz (Carnide). A análise cuidada da sua obra pictural, assim como o seu nível composicional, tipos e formas do desenho, leva-nos a situar este artista lisboeta em meados de quinhentos, sendo ainda desconhecida a sua identidade, cujo nome de Cristóvão Lopes, filho de Gregório Lopes, tem sido apontado. Embora sem se encontrar nenhuma resposta definitiva são ainda tidos em conta pintores como Cristóvão de Utrecht, Cristóvão de Figueiredo ou Brás Gonçalves para a identificação deste mestre. Do mestre português quinhentista estão a ornar a capela-mor da Igreja Matriz de Arruda dos Vinhos (Paroquial de Nossa Senhora da Salvação) sete tábuas: Sant’Ana e S. Joaquim, Visitação, Morte da Virgem, Coroação da Virgem, S. João Baptista, S. Pedro e uma sétima junto ao baptistério, a Assunção da Virgem. Segundo a documentação são conhecidos, ao longo dos
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séculos, quatro oragos da Igreja Matriz de Arruda dos Vinhos: Santa Maria da Arruda, Nossa Senhora do Pranto, Assunção e Nossa Senhora da Salvação. A primeira, invocação do tempo de D. Afonso Henriques, ter-se-á mantido até ao século XV. Nossa Senhora do Pranto, cuja imagem se conserva na capela comunicante do lado do Evangelho, trata-se de uma escultura quatrocentista, gótica e em pedra policromada, foi provavelmente imagem tutelar do templo e alvo de grande devoção no final da Idade Média. Do património pictural que remanesce na igreja encontram-se importantes obras do Mestre de Arruda dos Vinhos cuja Assunção da Virgem terá feito parte de um retábulo que se encontrava no presbitério, do qual se conhecem sete pinturas da época de D. João III, sendo ainda descrita nesta data como “Igreja de Nossa Senhora da Assunção da vila de Arruda”. Os antecedentes formais e expressivos de Cristóvão Lopes, Garcia Fernandes e Diogo de Contreiras estão presentes na obra deste artista, cuja actividade artística se baliza entre 1540 a 1560. O pintor lisboeta de órbita contreiresca insere-se no Maneirismo experimental, dentro do novo gosto do Renascimento com aberturas ao novo figurino do Maneirismo, reflectindo-se nas figuras, adereços, poses, gestualidade, objectos, acessórios, motivos de decoração de tecidos e tipo de casario longínquo. Para o presente estudo importa-nos analisar a série da Igreja de Santa Cruz da Graciosa com fortes paralelismos
Coroação da Virgem - greja Matriz de Arruda dos Vinhos
à de Arruda dos Vinhos. A Igreja da Santa Cruz, de origem quinhentista e muito alterada por reconstrução entre 1722 e 1743, ostenta seis pinturas atribuídas ao Mestre de Arruda dos Vinhos: Pentecostes, Caminho do Calvário, Calvário, Deposição de Cristo, Santa Helena e a Invenção da Cruz e O Imperador Heráclio e a Exaltação da Santa Cruz. O recente restauro destas tábuas coube ao Atelier de Conservação e Restauro de Obras de Arte São Jorge. Em 1941 as pinturas foram pela primeira vez notadas por Hipólito Raposo, advogado e monárquico, exilado ao tempo na ilha. Segundo o autor, a encomenda terá ficado a cargo do capitão-donatário D. Álvaro Coutinho que terá mandado pintar na capital o retábulo desta igreja ao Mestre de Arruda dos Vinhos. Com efeito, os temas iconográficos das seis pinturas remanescentes pertencem ao ciclo da vida de Cristo e em Arruda, as setes mencionadas, ao ciclo da vida da Virgem. A Virgem Maria, rodeada pelos Apóstolos e Santas Mulheres, todos nimbados, recebem a luz e o fogo do Espírito Santo no Cenáculo de Jerusalém, apresenta o Pentecostes, sendo ainda possível observar no pavimento, junto aos pés da Virgem, uma cruz da ordem de Malta. O Caminho do Calvário revela a imagem de Cristo, vergado ao peso da Cruz e flagelado por um dos soldados, vestidos com finas e ricas armaduras, enquanto Simão Cireneu procura aliviar o peso do madeiro. Ao fundo avista-se o típico casario de Jerusalém. Um pormenor de especial interesse diz respeito à cesta de vime com os chamados martírios ou instrumentos da Paixão. O Calvário apresenta elegante modelação do nu e um particular sfumato atmosférico que remete para o Calvário da Igreja de São Quintino (Sobral de Monte Agraço), atribuído a Diogo de Contreiras, anteriormente designado de Mestre de São Quintino, cuja identificação coube ao Historiador de Arte Joaquim Caetano.
Ana Raquel Machado*
Calvário - Igreja de Santa Cruz, Graciosa (Açores) - © Atelier de Conservação e Restauro de Obras de Arte de São Jorge
Calvário - Igreja de Santa Cruz, Graciosa (Açores) - © Atelier de Conservação e Restauro de Obras de Arte de São Jorge
O Imperador Heráclio e a Exaltação da Cruz - Igreja de Santa Cruz, Graciosa (Açores) - © Atelier de Conservação e Restauro de Obras de Arte de São Jorge
Santa Helena e a Invenção da Cruz - Igreja de Santa Cruz, Graciosa (Açores) - © Atelier de Conservação e Restauro de Obras de Arte de São Jorge
A pose dramática das mulheres chorosas é comum às duas tábuas. Na tábua graciosense pode observar-se a Virgem Maria, Madalena e Santas Mulheres, a figura aureolada de S. João Evangelista, José de Arimateia e Nicodemus, cujo céu mostra espessas nuvens e uma trágica escuridão eminente. A Deposição de Cristo, onde o corpo de Cristo se encontra deitado sobre o lençol de mortalha, exibindo ao lado um vaso de aroma ou bálsamo, exibe na cena a presença de quatro Santas Mulheres, São João Evangelista, José de Arimateia, Nicodemus e outra figura de homem.
O Monte Calvário expõe três cruzes erguidas, estando as dos lados pendentes, com os corpos do Bom e do Mau Ladrão. O céu é repetidamente escuro, como acima mencionámos. Santa Helena e a Invenção da Cruz conta o episódio que data de 326 com a descoberta da Cruz de Cristo por Santa Helena, e a recuperação da mesma, em 628, pelo imperador bizantino Heráclio que a reconquistou aos Persas e a levou às costas para Jerusalém, cena patente na tábua O Imperador Heráclio e a Exaltação da Santa Cruz. Na primeira pode observar-se a Imperatriz Helena e o seu
séquito, onde se identifica o Bispo Macário, magistrados e povo. A segunda ostenta um cortejo imperial detido da porta de Jerusalém, fechada, denotando-se o espanto dos soldados. O imperador Heráclio alça a Cruz nos braços, montado no cavalo branco, cuja cena é acompanhada pelo povo e soldados erguendo lanças e bandeiras. * Licenciatura em História da Arte e Mestrado em Arte, Património e Teoria do Restauro pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Pós-graduação em Gestão Cultural pelo ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa.