Jornal Valor Local - Edição Agosto 2020

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Jornal Regional • Periodicidade Mensal • Director: Miguel António Rodrigues • Edição nº 90 • 27 Agosto 2020 • Preço 1 cêntimo

Valor Local Rádio Valor Local Perto de Si a partir de 4 de Setembro Destaque da 12 à 16

Uma história de coragem

Escavações na Ota podem significar salto de gigante na arqueologia portuguesa

Vera Fonseca venceu a Covid-19 depois de 11 testes

Sociedade na 5

Cultura na 18 e 19

ERSAR diz que água da região é boa e barata Dossier: Águas na 9 PUB


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Rancho de Benavente não aguenta mais ensaiar numa sede cheia de ratos e osgas sede do Rancho Típico Saia Rodada, em Benavente, grita por obras de fundo há várias décadas. O estado da construção, propriedade da Câmara, pede uma intervenção urgente, e Zulmira Ganhão, vice-presidente, da coletividade, ao Valor Local, diz que as instalações, que já foram posto da GNR, mas onde há 40 anos se encontra o rancho não têm “dignidade”. No local, vêm-se rachas no chão e muitas fendas no telhado. Não há qualquer tipo de aquecimento no inverno e no verão também não existem condições de conforto. O rancho reclamava por um tabuado novo, que já tem, mas por a casa ser tão velha, e porque ficou por cima do que já existia, quando os pares vão dançar o pó salta do chão e torna-se impraticável ensaiar em condições. Com a pandemia não tem havido ensaios, mas a direção do rancho continua a pedir à Câmara de Benavente para que acelere o projeto que prevê a demolição das atuais instalações para que no mesmo local seja construída uma nova sede. O projeto já existe mas aguarda financiamento comunitário com um custo estimado de cerca de 237 mil euros +Iva. José Carvalho, presidente da coletividade, dá conta das difíceis condições para se ensaiar – “De verão é horrível porque fica muito calor, e quando as pessoas que fazem parte do rancho trazem acompanhantes nem com as janelas abertas se consegue estar aqui dentro porque se torna muito abafado. Já no inverno não se consegue trabalhar com tanto frio, sendo que nessa altura do ano fazemos os ensaios durante a tarde, porque à noite é terrível”. O rancho é composto por pessoas de todas as idades, num total de 70

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dançarinos, e a direção salienta que as condições são particularmente penosas para as crianças. As instalações não estão preparadas para ar condicionado e os poucos equipamentos elétricos parecem estar à espera de um curto circuito a qualquer instante. Há uma lâmpada que faz um barulho infernal. O local é lúgubre, sem condições e pelos diversos espaços vão passeando desde osgas a ratazanas. Dizem-nos que a cave está pejada com aqueles roedores. Para além disso chove dentro das instalações, e “há dias em que vem um cheiro nauseabundo das casas de banho porque esta é uma zona histórica onde ainda existem esgotos antigos”, acrescentam. Zulmira Rodrigues esteve, na última reunião de Câmara, onde expôs o assunto e confessa que não gostou da resposta do presidente que na sua opinião insinuou que o grupo, ao longo dos anos, nunca zelou pela conservação do espaço. Esta direção que está à frente do rancho há dois anos alega que os subsídios e os eventos que se podiam promover para se angariarem verbas para obras nunca seriam suficientes face ao estado de degradação do edifício. “Os apoios da Câmara não chegam sequer para cobrir financeiramente as nossas saídas, porque temos de pagar autocarro, as horas do motorista, portagens e gasolina”. Sendo que “nem sempre temos autocarro da Câmara para o efeito”, junta Carla Silva, tesoureira. A direção sustenta que “nem sequer têm um espaço digno desse nome para se realizarem eventos”. Os membros do Saia Rodada dizem que não conhecem nenhuma outra sede de um rancho folclórico nestas condições –

Associação aguarda por melhores dias

“Quando fazemos algum evento tentamos que seja sempre numa sala de espetáculos da Câmara porque não queremos trazer ninguém a esta espelunca. Temos vergonha”, sustenta Zulmira Rodrigues que reitera – “Apesar de o senhor presidente querer dizer que não estimamos o espaço, a verdade é que se num dia limparmos isto tudo, no outro dia está tudo na mesma, por causa dos ratos e do pó”. “Quando estamos a cantar sentimos o pó a entrar pelas goelas”, enfatiza a vice-presidente. O rancho fundado em 1980 integra elementos não apenas do concelho, mas também de Salvaterra de Magos, Vila Franca de Xira, entre outras localidades da região. O grupo anseia por obras e não vê como uma saída passar a usar as instalações do Centro Cultural porque estariam sempre

condicionados pois serve também outras coletividades. Sendo que “essa alternativa significava o adiar eterno das obras aqui”. O grupo alega ainda a “falta de vontade do presidente da Câmara em ajudar o rancho” em algumas pequenas obras, bem como na disponibilização de “umas ventoinhas e de uns aquecedores que não passaram de promessas até hoje”. As respostas têm sido lacónicas – “Vai dizendo que logo se vê e não passa disso”. “Chegámos a pedir tintas à Câmara mas foi um empreiteiro quem nos ajudou”, refere Zulmira Ganhão. José Carvalho acrescenta que as verbas da coletividade “não dão para comprar telhas ou vigas” com o objetivo da concretização de obras de fundo. A direção da coletividade não acredita nas promessas de Coutinho, e considera Hélio Justino, ve-

Coletividade ocupa instalações há 40 anos

reador da Cultura, como “a única pessoa decente que está dentro daquela Câmara” pois “é o único que diz a verdade e nos dá ânimo e alento, enquanto o senhor presidente só diz ‘que quando puder vai fazer’, e com esta idade nunca pensei ouvir da boca dele que não preservávamos o espaço”, argumenta Zulmira Ganhão. A restante direção concorda – “Ele sabe que mesmo com angariação de verbas é impossível fazer dinheiro para o que este espaço precisa”. Em reunião de Câmara, Carlos Coutinho ouviu as críticas de Zulmira Ganhão e referiu que a coletividade tem de continuar a aguardar luz verde dos fundos comunitários, sendo que nesta altura é a única com um projeto candidatado nesse sentido e que está, inclusivamente, à frente da obra de requalificação do Celeiro dos Arcos. Ao Valor Local, o presidente da

Câmara diz não compreender o tom de crítica até porque tem feito “todos os esforços para ajudar a coletividade, até quando a dada altura houve alguns desentendimentos entre os seus elementos, conversei com eles e fiz o possível para contribuir para o espírito de união”. O autarca entende que nunca foi lacónico nas abordagens com o rancho – “Sempre falei a verdade, e a verdade é que nunca prometi que fazia as obras na data x ou y porque não sabemos quando é que a verba ficará disponível pelos fundos comunitários”. Coutinho salienta que a requalificação da sede do Saia Rodada é a única obra numa coletividade inscrita no Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano (PEDU). “Acho despropositadas as afirmações dos responsáveis do rancho, embora perceba o sentimento das pessoas”.

Vila Franca de Xira

ABEI beneficia de apoio no valor de cinco milhões de euros para fazer face às dívidas Associação para o Bem-Estar Infantil de Vila Franca de Xira (ABEI) acabou de ver aprovado o seu plano de viabilidade, tornando-se na primeira IPSS do país a usufruir do mecanismo de saneamento das suas dívidas através do Processo Especial de Revitalização (PER). A ABEI conta com mais de 700 utentes, 230 colaboradores e sete estruturas de equipamentos, sendo que a instituição atua nas respostas sociais da educação, área social e saúde. Com uma dívida acumulada que ascende aos 5 milhões de euros, a ABEI recorreu a este tipo de ins-

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trumento de financiamento “para conseguir viabilizar o seu futuro, garantindo a continuidade da prestação dos serviços à comunidade e os postos de trabalho”, refere a instituição em comunicado de imprensa “Sabíamos desde o início que a situação não era fácil, por isso a encarámos com o realismo necessário, tomando medidas que permitissem desanuviar a situação económico-financeira a curto prazo e a médio e longo prazo - dotar a instituição de uma gestão moderna e sustentável. A responsabilidade é enorme, tendo em conta que mexe com a

vida de muitas famílias, mas o potencial da ABEI e a qualidade do plano apresentado permitiram que este fosse aprovado. Conseguimos esta primeira vitória mantendo todos os colaboradores connosco e é com a ajuda deles e de todas as famílias que confiam no nosso trabalho, que passamos à segunda etapa: pôr o plano em prática, tornando a ABEI sustentável para que respire vitalidade por muito mais décadas”, refere Miguel Branco, presidente da Direção que tomou posse em janeiro de 2019. O plano de revitalização da ABEI foi aprovado com 94% de votos

favoráveis entre todos os credores (mais de 40, dos quais se destacam várias entidades bancárias). O desafio, agora e em contexto de pandemia, passa também por alargar a resposta a mais famílias dentro da comunidade, nomeadamente com a prestação de novos serviços, alguns em parcerias com a autarquia (refeições escolares e prolongamentos – projeto “Escola a Tempo Inteiro”). Também vão ser requalificados e rentabilizados alguns equipamentos, nomeadamente os que se encontram devolutos.

Instituição encara agora com otimismo o futuro


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João Paulo Félix supera com distinção mais uma ultramaratona Sílvia Carvalho d’Almeida ultramaratonista João Paulo Félix não deixa de surpreender, e terminou no dia oito de agosto a prova “Volta a Portugal a Correr”, na qual percorreu 1250 quilómetros em 25 dias, uma média de 50 quilómetros por dia. O atleta, natural de Salvaterra de Magos e sociólogo de profissão, correu pela Estrada Nacional 2 desde Faro até Chaves, e seguiu para o Porto passando por Vila da Ponte e Guimarães. Depois desceu pelo país, passando por várias cidades entre elas Oliveira de Azeméis, Figueira da Foz, Caldas da Rainha, e Loures, terminando em Belém, junto ao Padrão dos Descobrimentos. Nesta prova, tal como noutras que já fez, João Paulo correu por uma causa, neste caso contra a violência doméstica. Correu também para homenagear os profissionais de saúde que neste momento enfrentam o grande desafio de salvar vidas em tempos de Covid. Em 2017 já tinha feito o “Desafio da Estrada Nacional a Correr: Chaves-Faro”, no qual percorreu 739 quilómetros e 260 metros em 14 etapas. O que faz com que tenha sido o primeiro atleta a correr a Nacional 2, que é a maior da Europa e a terceira maior do mundo. Para além deste desafio, fez a “Primeira Volta ao Ribatejo a Correr” num total de 328 quilómetros percurso que demorou três dias a completar.

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Mais uma das muitas ultramaratonas a que se propôs foi cumprida Fez ainda “Porto- Lisboa a correr: da Foz do Douro à Foz do Tejo” num total de 360 quilómetros. Aventurou-se ainda no percurso “Tróia- Sagres a correr” com 224 quilómetros, e preparava-se para fazer este ano a “Volta à Madeira a Correr”, facto não consumado apenas pelas restrições impostas pela pandemia. Em entrevista ao Valor Local, o atleta federado diz que o gosto pela corrida começou “ainda criança na escola primária”, período durante o qual se recorda de ser muito competitivo e de fa-

zer corridas ao redor da escola. Mas foi com 17 anos que começou a fazer provas e a dedicar-se ao jogging, e se apaixonou pela corrida de longa distância. Para o desportista, que está habituado a treinar pelas serras de Trás-os- Montes diariamente depois do trabalho, a disciplina é essencial. Diz que mesmo quando viaja leva as sapatilhas e dedica sempre algum tempo a treinar. Neste desafio em particular, o calor terá sido o maior problema com as temperaturas que se fi-

zeram sentir e que rondaram os 40 graus. Também a gestão das emoções é sempre difícil na corrida longa, especialmente quando se fez 24 ultramaratonas seguidas. A quebra anímica vai ocorrendo e “entre momentos de felicidade muito grandes e momentos em que a pessoa se sente muito em baixo o equilíbrio é o mais importante”. Para ilustrar esta ideia, diz-nos que “o corredor morre e ressuscita muitas vezes em cada corrida”. Confessa que sentiu alguma ansiedade no final de algumas etapas quan-

do percebeu a quantidade de quilómetros ainda lhe faltavam percorrer. A etapa mais difícil foi quando lhe inchou um dos tornozelos ao quilómetro 600, pelo impacto provocado pelo asfalto. Nada que não tenha sido resolvido com um pouco de gelo e anti-inflamatórios, mas sem necessidade de paragens. Apesar de tudo, nunca pensou em desistir. Para quem quiser começar a correr, aconselha, em primeiro lugar, um check-up médico, especialmente acima dos 40 anos

se o indivíduo não tiver nenhum antecedente clínico, e sobretudo é preciso retirar prazer do que se faz. Diz que não é sofredor, pelo que “se não tivesse prazer não corria”. Não ter objetivos demasiadamente rígidos ou ambiciosos logo no início, é outra lição. “Correr é um processo evolutivo e exige paciência. É um caminho que tem de ser percorrido”. Desaconselha a pressa, dizendo que vivemos numa sociedade que considera “frenética”, na qual há uma enorme busca por resultados imediatos. Quando o questionamos sobre o motivo pelo qual elegeu a luta contra a violência doméstica como causa, declara que o objetivo passa por “sensibilizar as pessoas e as comunidades para este fenómeno crescente na sociedade”, o qual é preciso travar. Trabalha enquanto sociólogo com jovens e crianças maltratados, pelo que este é um lado deste flagelo que conhece bem. Homenageia também os profissionais de saúde pelo “extraordinário trabalho” que têm feito. João Paulo Félix deixa ainda a mensagem de que nos tempos que correm é fundamental “as pessoas lutarem por aquilo em que acreditam” mesmo em condições adversas. Deve haver uma “abordagem positiva da vida. Há sempre obstáculos que devemos vencer, mas a vida vale a pena. É bom sentirmo-nos gratos por estar vivos e poder superar desafios.”

Bar em Benavente promove festas até de madrugada população de Benavente queixa-se do funcionamento do bar e esplanada do espaço HB. Têm sido frequentes os relatos de que aquele estabelecimento tem funcionado para além das horas permitidas em tempo de pandemia, e organizou recentemente um evento com dj, em que os ajuntamentos foram a tónica dominante. As imagens foram captadas por uma televisão nacional, e nesta sequência a Câmara de Benavente deliberou, na última reunião do executivo, deliberar pelo fim da atividade de esplanada daquele bar localizado no Jardim da Fateixa, sendo que a

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GNR também já produziu um relatório sobre os incumprimentos em causa. O proprietário terá agora de fazer a sua defesa por escrito. Carlos Martins, gerente do espaço, esteve presente na última reunião de Câmara e fez o mea culpa, contudo será sujeito a uma audiência prévia onde exporá os seus argumentos e onde em conformidade com o relatado pela GNR, a Câmara decidirá se suspende a atividade da esplanada. Recorde-se que chegaram ao conhecimento do município relatos que davam conta de atividade no bar até à uma da manhã com menores no

seu interior. A gota de água terá sido a organização de um sunset durante este mês de agosto. Ao que tudo indica a Câmara de Benavente deverá decidir pelo encerramento administrativo provisório do estabelecimento em causa. Na reunião de Câmara outros proprietários do setor bem como frequentadores saíram em defesa deste tipo de espaços de diversão noturna, desabafando que a Câmara de Benavente não pode ir atrás de “todo o tipo de queixas” só “porque de repente aparece um cidadão ou outro que não gosta de bares ou discotecas”, até porque “o desen-

volvimento do concelho também passa por este tipo de apostas”. Carlos Martins do HB reiterou que não agiu de má fé, mas porque queria ajudar “a promover a nossa localidade”. “Vieram pessoas de fora, e é difícil dizer-lhes para irem embora”. Na noite do Sunset o estabelecimento encerrou durante a madrugada quando apenas podia funcionar até à meia noite. O presidente da Câmara, Carlos Coutinho, reiterou que o Bar HB “violou as regras impostas pela pandemia” e terá de se sujeitar a uma audiência prévia, até porque “houve um comportamento ilegal reiterado”.

Empresário tem agora que responder por escrito face às acusações

Benavente aguarda reforço de efetivos da GNR Câmara Municipal de Benavente continua à espera de um reforço de efetivos por parte da GNR tendo em conta os problemas de segurança relacionados com o comportamento de elementos de etnia cigana. Nas últimas semanas foram efetuadas reuniões com a população e com a

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junta de freguesia bem como com o comando distrital da GNR. Ao Valor Local, Carlos Coutinho, presidente da Câmara, fala num reforço do patrulhamento por parte daquela força de segurança, sendo que no final do mês será efetuado um ponto de situação. Apesar das diligências para um re-

forço de efetivos “foi pedido por parte do senhor coronel da GNR de Santarém um compasso de espera” para que se verifiquem no terreno os reflexos das medidas implementadas, sobretudo através de patrulhamento e ações musculadas, “bem como outras iniciativas consideradas como confidenciais”

com elementos vindos da GNR distrital. Paralelamente o município “está a trabalhar com o Alto Comissariado para as Migrações”, envolvendo “variadas forças vivas da comunidade, assim como com a equipa de saúde, da Segurança Social e as forças de segurança, no fundo”,

em que a própria Câmara Municipal “está a reforçar os seus meios para essa mesma intervenção”. O autarca explicita que há famílias de etnia cigana que estão integradas e que vivem no concelho “há muito tempo”, contudo mais recentemente vieram viver para o município elementos de etnia vindos de ou-

tros concelhos aos quais se atribuem muitos dos comportamentos desviantes que culminaram, em dada altura, em agressões a um proprietário de um café. O município tem-se socorrido nesta tarefa de “alguns interlocutores experientes” no âmbito do Alto Comissariado das Migrações.


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Uma história de coragem

Vera Fonseca venceu a Covid-19 depois de 11 testes era Fonseca tem 40 anos e esteve infetada com coronavírus. A trabalhadora da Avipronto, empresa onde ocorreu um dos maiores surtos no país, diz que é uma mulher que recusa esconder que teve a doença, e acredita que o seu testemunho pode servir para que mais pessoas se consciencializem quanto à Covid-19. Residente em Casais de Baixo, Azambuja, conta que nunca sofreu discriminação mas sabe que ela existe. Valeu-lhe durante as semanas em que esteve em casa confinada o apoio da família, mas também dos vizinhos e amigos. Foi em abril que teve os primeiros sintomas. Estava a trabalhar na secção de frio, naquela altura, e ao fim do dia começou a sentir um “cansaço anormal como se tivesse corrido uma meia maratona e ficasse mesmo exausta”. No dia seguinte “parecia que tinha levado uma tareia”. Foi das primeiras trabalhadoras da empresa a ser diagnosticada. Entre os sintomas também relata “tonturas e perda de equilíbrio”. Logo nesse dia e a conselho do chefe foi ao hospital mas não lhe foi feito o teste para deteção do vírus. “Foi-me dito pelo médico que se tratava de síndrome vertiginoso. Receitou-me uns comprimidos e nada mais”. Depois vieram mais sintomas: “febre e sensação de desidratação na garganta que não chegava a ser tosse, e uma vontade constante de beber água”. Voltou ao hospital para fazer o teste, e dois dias depois sabia que estava infetada com o Sars Cov 2. Face à enorme carga psicológica e social que a doença assumiu em todo o mundo, a sua primeira reação foi entrar em pânico, porque “como sou asmática pensei logo que ia morrer”. Mas decidiu enfrentar a doença de frente – “Respirei fundo e pensei para comigo, o que tiver de ser, será”. Casada e mãe de dois filhos, ficou de imediato em isola-

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Passar pela doença foi como viver um pesadelo inacreditável

mento no quarto. Nessa altura o marido fez o teste que deu negativo, contudo uma semana depois apareceram os primeiros sintomas e nessa altura foi dado como positivo no teste à presença do vírus. Apenas o filho mais velho, com 18 anos, esteve assintomático durante todo o percurso da doença enquanto o mais novo apresentou sintomas de tosse e indisposição. Toda a família dormia em divisões separadas, e a única divisão partilhada era a casa de banho. Com a família infetada, o filho mais velho por ser o único sem sintomas passou a gerir a confeção das refeições e das demais tarefas domésticas. “Sempre que usava a casa de banho desinfetava tudo antes de regressar ao quarto”, conta Vera Fonseca que esteve 10 dias isolada até deixar de ter sintomas. “Não tenho televisão no quarto. Passava o tempo ao telefone e a

fazer vídeochamadas com os meus amigos e familiares. Refugiei-me nas boas memórias da minha vida, a ver fotografias e a ler livros. Mas nos primeiros dias nem conseguia ter forças para reagir, porque só queria estar deitada, pois os sintomas são tão severos que e o mal-estar é enorme”. Vera Fonseca diz que não ficou com sequelas da doença, já o marido não pode dizer o mesmo, pois até hoje não voltou a recuperar o olfato e o paladar – “Os médicos ainda não conseguem explicar se é transitório ou se ficará assim para sempre. Por um lado, tornase complicado porque ele é um bom garfo, por outro lado, a falta do cheiro pode atrapalhar muito a vida de uma pessoa, como está a ser o caso”. Até hoje “não deixou de sentir aquele desconforto físico” muito característico de quem passou por doenças graves do foro

respiratório. A Avipronto registou um dos maiores surtos no setor da indústria em Portugal com 129 pessoas infetadas. Na empresa os trabalhadores vão falando dos sintomas. Vera Fonseca conta que há de tudo um pouco, desde quem não tenha ido além de uma dor nas costas, até aos completamente assintomáticos. Mas houve outros que “ficaram bastante debilitados e até mais novos do que eu, sendo que sou das mais novas que lá trabalha”. Vera Fonseca sentiu alguns dedos apontados a si na fábrica por parte de alguns colegas. “É muito duro ouvir as pessoas comentarem que fui trabalhar infetada e que não disse nada. Já basta a situação em si, e ainda ter de enfrentar essa parte psicológica é pesado, porque não faço ideia como apanhei a doença. Só sabemos que o

vírus anda a circular e que qualquer um num momento ou noutro pode ficar infetado”. Passados quatro meses do surto “ainda predominam alguns pensamentos tacanhos de se atribuir a culpa a este ou àquele lá dentro”. A trabalhadora da Avipronto testou positivo durante dois meses. Fez 11 testes no total. Foi testando intermitentemente positivo e negativo. Só quando testou duas vezes seguidas negativo é que foi dada como curada. Ainda hoje Vera Fonseca cumpre religiosamente a questão do uso de máscara e de desinfeção das mãos. Nunca saiu de casa até ter ultrapassado a doença. “Pedíamos aos amigos para fazerem as compras por nós”. O marido de Vera Fonseca ficou curado ao fim de três testes, contudo as sequelas permanecem. “Um colega da Avipronto também ficou sem olfacto e sem paladar e com dores nas articulações”. Acompanhada pela Saúde Pública, refere que “foram incansáveis”. Aquela entidade e a Avipronto estiveram debaixo de fogo em todo o processo, mas Vera Fonseca admite que não tem razões de queixa de ninguém. “A empresa perguntou-me logo com quem tinha estado em contacto lá dentro quer no trabalho propriamente dito quer durante as refeições, e segundo sei colocaram logo essas pessoas em isolamento, que felizmente testaram negativo”, refere e conclui que no seu caso “foram tomadas todas as medidas necessárias”. Regressou ao trabalho apenas há três semanas, mas com vários receios. “As coisas estão mais calmas agora na fábrica, espaçaram mais os postos de trabalho com divisórias na linha, e que eu saiba não têm aparecido novos casos”. Contudo e pela abrangência do espetro do foco nesta empresa, houve pessoas que ficaram curadas mas que voltaram a contrair a

doença, caindo assim por terra uma das teses da comunidade científica, que vigorou durante algumas semanas, mas que depois foi corrigida, que assentava na ideia de que a mesma pessoa não podia contrair a doença mais do que uma vez. Para além da carga debilitante da doença associada aos impactos sociais e psicológicos não é fácil para estes doentes ouvir poucas ou nenhumas explicações dos médicos, face aos enigmas por decifrar da Covid-19. Quando fez testes atrás de testes, “bastante desconfortáveis e em que parecia que a zaragatoa tocava no cérebro”, apenas lhe foi dito que podiam ser “vestígios do vírus”. “Pura e simplesmente não há explicações”. “Sentia-me bem e pronta para retomar a minha vida normal, mas continuava a dar positivo e isso foi uma frustração enorme”. Residente em Casais de Baixo assume que nunca quis esconder que tinha Covid-19. Diz que todos na comunidade a apoiaram e que não se sentiu estigmatizada, apesar de ter sentido uns olhares de receio que considera normais. “Se fosse ao contrário também teria medo de apanhar a doença”. “Fui muito apoiada por parte das pessoas que estão à frente do supermercado da aldeia, que foram sempre muito prestáveis. Foi importante essa ajuda”. Apesar das boas perspetivas quanto a vacinas, não se pode dizer que a doença já tem os dias contados. Depois de meses de confinamento, há quem arrisque ajuntamentos e alguma negligência nos comportamentos. Vera Fonseca deixa a mensagem – “Vejo que a camada jovem é a mais inconsciente e apelo para que os jovens se protejam, sobretudo tendo em conta as pessoas que eles amam como os pais e os avós, que podem vir a passar mal e a falecer. Tenham consciência!”

Novela dos entulhos de Vila Nova da Rainha ainda sem fim à vista Câmara Municipal de Azambuja está a tentar entrar em contacto com o proprietário do terreno em Vila Nova da Rainha, onde desde o início do ano permanecem entulhos resultantes da atividade da construção civil, entre os quais telhas de amianto, e que ali foram depositados segundo auto da GNR pela empresa Cabena- Cabinas de Benavente Lda. Ao nosso jornal, o vereador do

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Ambiente, Silvino Lúcio, refere que a autarquia tem tido dificuldades em identificar o proprietário, sendo que “está prevista uma reunião a breve prazo entre a autarquia e o herdeiro do proprietário do terreno”. O autarca diz que não tem conhecimento das movimentações da GNR neste caso para além do auto que foi levantado – “Se alguém tem de obrigar a empresa a tirar de lá os entulhos são as forças de segurança”.

Em declarações ao Valor Local, o comandante da GNR de Alenquer, declarava que a Câmara teria de informar sobre o paradeiro do proprietário para que novas movimentações pudessem ser efetuadas. Sendo que o auto de contraordenação foi enviado para a Inspeção Geral da Agricultura, do Mar e do Ordenamento do Território (IGAMAOT), em que para além da coima pode haver lugar à sanção acessória de restituição

do terreno que ainda não teve lugar. O alto de Vila Nova da Rainha é um dos locais do concelho que mais sofre com este tipo de condutas. O terreno em questão apresenta entulhos que terão sido deixados ao longo do tempo, com maior e menor deterioração. A remoção do amianto do local não será fácil dada a posição em que as telhas foram deixadas, no sítio de uma escarpa.

Situação permanece igual desde o início do ano


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Museu da Comida e da Cozinha em Vale da Pinta quer envolver comunidade Sílvia Carvalho d’Almeida stá em fase de financiamento o projeto para a inauguração do Museu da Comida e da Cozinha, em Vale da Pinta, no Cartaxo. A ideia surgiu de Frederico Corado, director e programador do museu, e encenador de teatro da associação de criação artística, Área de Serviço. Tudo começou com algumas peças que foi adquirindo, devido ao interesse no que diz respeito “àquilo que comemos e à maneira como comemos.” A partir daí, pensou reunir num só espaço uma coleção de artigos de interesse museológico relacionados com esta temática. No projeto estão envolvidas figuras da gastronomia, historiadores, investigadores e jornalistas. O museu vai estar dividido em três partes: os produtos, a cozinha e a mesa. Quem o visitar vai poder aprender tudo o que tem a ver com a produção dos alimentos (como se se semeia, como é feito o cultivo). Depois, o visitante passa a saber “como é que os produtos são transformados pelos chefes de cozinha, e como é que são criados os pratos”. Por fim, “como é a nossa alimentação desde a Pré-História, e como eram e são

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Museu da Comida prevê exposições com mesas sobre a alimentação as mesas dos portugueses, as dos restaurantes, e recuando no tempo, as mesas reais”. Uma viagem na história e na geografia da comida, já que o objetivo passa por não se cingir a apenas uma região do país, mas dar a conhecer a gastronomia portuguesa no seu todo, com as suas particularidades regionais. Também é um

objetivo mostrar o que se pode fazer tendo em vista uma alimentação mais saudável, e o que existe ao nível da alimentação sustentável. Haverá uma exposição permanente e exposições temporárias. Na primeira poderão ser observados objetos e utensílios de cozinha, de várias épocas, tão banais

e diversos como coadores, panelas de estanho, e serviços antigos de loiça. Nas exposições temporárias (serão três por ano), teremos uma delas dedicada a um produto alimentar, outra dedicada a um chef ou personalidade da gastronomia, e por fim uma última de carácter mais generalista no universo da comida.

Estão também previstos cursos e workshops: de cozinha vegetariana, de como cozinhar sem desperdício, como fotografar comida, e escrever sobre comida. Estão pensados debates, conferências, um ciclo de conversas intitulado “Não se fala à mesa” que reunirá chefs, historiadores e gastrónomos, “que conversarão sobre a

história da nossa comida”, mas também mostras de cozinha, e um festival de cinema chamado “Sabor”, dedicado à gastronomia. Uma grande aposta do museu será o serviço educativo, dedicado aos mais jovens, com visitas escolares guiadas por especialistas nas diversas áreas, e um ciclo de workshops chamado “Não se brinca com a comida” no qual se explica, por exemplo, o que fazer ao recheio de uma abóbora de Halloween. Mas o espaço será para todos, dos jovens aos menos jovens, no fundo “para toda a família”. Frederico Corado acredita que este museu só poderá acontecer sendo um trabalho conjunto, e embora já conte com a participação de muitos, “encontra-se aberto à colaboração de todos”. O museu encontra-se nesta fase à procura de financiamento público, através de fundos europeus, e de privados: de mecenas ou parcerias com marcas. Está também a reunir o espólio, tendo já contactado com vários colecionadores deste tipo de artigos. O projeto conta com página no Facebook e um email: museucomidaecozinhagmail.com PUB


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Câmara de Azambuja adere ao programa de esterilização de gatos depois de pressão de associação do setor município de Azambuja para além de continuar sem um canil municipal também não aderiu, até à data, ao programa através do qual as autarquias podem beneficiar de apoio financeiro do Estado na comparticipação das esterilizações na ordem dos 15 mil euros. Ao Valor Local, o vereador com o pelouro do ambiente, Silvino Lúcio, entende que “a Câmara não chega tarde à implementação deste programa”, dado que foi aprovada na última reunião de Câmara a adesão ao Programa de Captura, Esterilização e Devolução de Gatos- CED. De acordo com o Movimento Campanha de Esterilização de Animais Abandonados ao Valor Local há uma situação de descontrolo populacional nas colónias de gatos do município particularmente grave em Virtudes, e na Urbanização da Socasa em Azambuja, e como tal torna-se imperativo que o município adira ao programa de apoio às esterilizações que está em causa. O movimento diz ainda que os gatos das colónias do concelho da

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Câmara de Azambuja só agora aprovou adesão ao CED Azambuja têm o direito, assegurado pela Lei 27/2016, de serem esterilizados e restituídos às suas colónias de origem “e não recolhidos por nenhuma instituição uma vez que são animais que não se adaptam à vida em clausura.”

O canil de Azambuja, segundo a associação, que não tem o licenciamento autorizado pela Direção Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) por não cumprir as disposições legais “também não encaminha os animais recolhidos no PUB

canil, cujo número se ignora, para adoção , pois não se encontra a divulgação na internet das suas fotos, características e horário para adoção”. “Aliás, a única informação sobre o canil, encontrada através do Google, é um número

de telemóvel com a indicação ‘Recolha de Animais - Câmara Municipal de Azambuja’, continua a adiantar o movimento. O movimento acusa ainda a Câmara de não ter fornecido no primeiro mês do ano informação à DGAV sobre as movimentações no canil e as esterilizações realizadas pois no relatório elaborado por esta figura a referência “sem informação “. “Numa localidade com 22 mil habitantes e com muitas centenas, senão milhares de animais, com dono e sem dono não é aceitável esta omissão que põe em causa os esforços, públicos e privados, para resolver este grave problema da sobrepopulação de cães e gatos.”, consubstancia o movimento. O vereador Silvino Lúcio informa que durante este ano e tendo em conta que a Câmara só agora aderiu a este programa foram esterilizados 35 cães e 25 gatos. O concelho de Azambuja é dos que na região não possui canil, e tem-se socorrido de algumas associações que recolhem cães e gatos. Neste momento, a Câmara

tem apenas nove boxes, e tem andado ao sabor das promessas da Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo (CIMLT) para a construção de um canil intermunicipal. Já foi falada a hipótese de um canil nos terrenos da prisão de Alcoentre que segundo Silvino Lúcio continua de pé. O autarca refere que a opção por Alcoentre está em andamento dado que já houve conversas com a ministra da Justiça e está em fase de preparação um protocolo. “A obra vai ser lançada no ano que vem”, refere. O projeto inclui a construção de um edifício de raiz com capacidade para 70 cães e 50 gatos, beneficiando o município da mão-deobra da população prisional no âmbito dos programas de ocupação e integração proporcionados pelo estabelecimento prisional em causa. Tudo o resto será a expensas da Câmara. A estrutura de custos está dependente de o edifício ser construído através de uma empreitada, ou mesmo com a própria mão-de-obra prisional, mas deverá rondar os 100 mil euros. PUB


8 Sociedade

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Agosto 2020

Salvaterra de Magos

Confraria do Tomate vai ajudar antigos trabalhadores do setor Sílvia Carvalho d’Almeida Confraria do Tomate já está a funcionar, desde há poucas semanas, na nova sede, na antiga Escola de Santa Maria em Foros de Salvaterra, concelho de Salvaterra de Magos. Tendo surgido a partir de um grupo de pessoas ligadas ao cultivo deste fruto, “e amigos que se foram juntando”, foi constituída formalmente a 23 de setembro do ano passado. Um dos seus objetivos, refere a confraria ao nosso jornal, passa por fazer um levantamento de pessoas do concelho de Salvaterra de Magos que tenham trabalhado na agricultura do tomate, cujas necessidades básicas não estejam a ser supridas, e em risco de exclusão social, para se definir um plano de ação. E dentro de um espírito de amizade e de comunhão que esta associação diz estar a desenvolver várias atividades de cariz social, dedicadas sobretudo aos mais idosos ou no fundo “os que deixaram de ser jovens há mais tempo” e que se desenvolvem em dois vetores: o apoio jurídico, e o psicossocial.

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Confraria do Tomate teve o apoio da junta de Foros de Salvaterra e Salvaterra e do município

Paralelamente, há todo um trabalho de promoção do tomate, seja no incentivo à confeção de pratos que incluam este fruto em restaurantes, seja no apoio às empresas, que pode traduzir-se, por exemplo, em aconselhamento jurídico, e também à sua transformação digital. Segundo Pedro Simões, ligado a esta confraria, “desde a Roma Antiga que as pessoas se reuniam

neste tipo de associação”. O modo “confraria” é por isso um dos mais antigos que se conhece. “Isto acontecia para defenderem o interesse comum, mas também para reforçar os laços de fraternidade, praticarem a solidariedade, e desenvolver a comunidade.” Para fazer parte desta associação, cada potencial confrade passa por dois eventos prévios à formalização do pedido de ingresso: sub-

meter-se à aprovação em conselho de confrades e pagar uma jóia única de adesão de 40 euros, e quotização mensal de cinco euros, sendo que a impossibilidade de pagamento destes valores não é motivo de exclusão. Podem fazer parte da associação desde agricultores a empresários e industriais relacionados com a produção, comercialização e transformação do tomate, de qualquer região do

país. Segundo Nuno Miguel, da confraria, este contacto prévio é necessário para que os proponentes a associados convivam com os membros e percebam os objetivos da confraria. “Há aquela ideia de que as confrarias são grupos de amigos que se reúnem para patuscadas, e seria bom que as pessoas nos conhecessem primeiro para saberem que não é disso que

se trata”. A Câmara Municipal de Salvaterra de Magos e a União de Freguesias de Salvaterra e Foros de Salvaterra decidiram também apoiar, e foi cedido o edifício da antiga escola de Santa Maria, com comparticipação ainda nos custos de água e luz. É do apoio dos confrades e da Câmara que vive a associação, que procura ainda apoio no mecenato que permita financiar os seus projetos. A Câmara Municipal de Salvaterra de Magos, ao nosso jornal, explica que “sendo o nosso concelho um grande produtor de tomate esperamos que a confraria possa estudar, tratar e registar tudo o que diga respeito a esta fileira agroindustrial, contribuindo para o seu conhecimento e para a formação e informação de todos quantos a ela se dediquem e também da população em geral”. O município tem a expectativa que “a Confraria do Tomate possa ajudar nisso, e muito mais do que ser parceira, a Câmara deseja que a sua atividade possa ser útil para os agricultores e as empresas com que que ela interage”.

Espaço Jackson já está ao serviço das coletividades da Glória do Ribatejo Sílvia Carvalho d’Almeida inauguração do novo Espaço Jackson-Pátio das coletividades, em Glória do Ribatejo, estava prevista para o dia 25 de abril, mas as medidas de prevenção da Covid-19 fizeram com que fosse adiada. O evento finalmente aconteceu no dia 15 de agosto. O equipamento é composto pelo Pátio das Coletividades que pretende ser um espaço de trabalho e reunião de seis associações locais, às quais foram entregues as chaves numa cerimónia para assinalar a ocasião. São elas o agrupamento de Escutas nº 1012 da Glória do Ribatejo, a Associação Febre Amarela, a Associação Teatro Paulo Claro – Os Rapazes da Aldeia, o grupo motard “Os Cabras”, as Marionetas Subúrbio e a Comissão de Festas em Honra de Nossa Senhora da Glória. O audi-

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tório conta com “um grande palco que pode ser usado para o interior mas também para o exterior”. Dispõe de um átrio de exposições, “onde se pode ficar a saber mais sobre a chegada dos primeiros americanos à Glória do Ribatejo”. Encontra-se também neste local um polo da biblioteca municipal, um espaço de internet e uma sala multiusos “equipada com instalações de som, de videoprojeção laser, de cortinas cénicas motorizadas e de projetores de teatro, espaço que é apoiado por uma régie e por dois camarins, com capacidade para cerca de duas centenas e meia de pessoas sentadas.” Esta obra de requalificação teve um custo de cerca de 1,5 milhões de euros, tendo sido apoiada por fundos comunitários através do programa Portugal 2020 em 900 mil euros, e financiada pelo muni-

cípio nos restantes 600 mil. Segundo a autarquia “este espaço que terá na sua programação exposições, concertos, apresentações de livros, colóquios, teatro, entre outros espetáculos que o município promoverá, pretende dar ainda resposta cabal às iniciativas das associações glorianas e de outras existentes no concelho”. “É o concretizar de um sonho para autarcas e a comunidade local que espero seja um importante passo na mobilização do movimento associativo e de realização de muitas e variadas iniciativas lúdicas e culturais”, diz o presidente da Câmara, Hélder Esménio, ao Valor Local. História do espaço O espaço requalificado e dedicado à cultura, chegou a chamar-se

Sala de espetáculos do Espaço Jackson servirá as diversas coletividades “Carolinas”. Pertencia à família Roquete e foi vendido posteriormente ao Conde Monte Real, ambos de Salvaterra de Magos. O seu objectivo era albergar os trabalhadores rurais que sazonalmente se deslocavam para traba-

lhar na Herdade Nossa Senhora da Glória, nome pelo qual estava registada em cartório. Em 1951 foi vendido à Sociedade Anónima de Rádio Retransmissão (Raret). Charles Douglas Jackson que foi o Presidente da Rádio Free Euro-

pe (Rádio Europa Livre) entre 1951 e 1952, é uma figura incontornável da história da região, e foi grande a importância que a Raret teve para a comunidade local, pelo que foi dado o seu nome a este espaço.

Covid 19: Um morto e 42 pessoas infetadas no hospital de Vila Franca O

Hospital de Vila Franca de Xira está a enfrentar um dos maiores surtos de coronavírus em ambiente hospitalar no país. O surto começou na terça-

feira. Há a lamentar para já um morto. A unidade de saúde que serve os concelhos de Alenquer, Vila Franca de Xira, Azambuja, Arru-

da dos Vinhos e Benavente já levou a cabo 290 testes de despistagem a toda a população hospitalar. Foram confirmados 238 resultados negativos entre

colaboradores e doentes. Deram positivo 19 pessoas internadas e 23 pessoas que trabalham naquela unidade O óbito ocorreu numa pessoa

com idade avançada com várias doenças associadas. De acordo com fonte do hospital três pessoas com idade avançada encontram-se sob vigilância. A uni-

dade vai reforçar as medidas de higienização e segurança e como tal está suspensa a presença de acompanhantes na medicina interna.


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Dossier: Águas 9

Estudo de benchmarking para os anos de 2014 a 2018

ERSAR diz que água da região é boa e barata Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR) publicou, recentemente, um relatório que coloca em análise comparativa (benchmarking) os vários sistemas que compõem a realidade dos 308 concelhos do país. O estudo foi realizado para os anos entre 2014 e 2018 através do qual podemos perceber quais os sistemas mais eficientes nos mais diversos itens que interessam ao uso que o consumidor faz da água da torneira e a eficiência do sistema de esgotos. Numa primeira análise, a ERSAR concluiu que as faturas da água na média do país são acessíveis à carteira dos portugueses, o que também é válido para a região de influência do nosso jornal. Para além disso o líquido que sai das torneiras é regra geral de boa qualidade. A ERSAR apresenta dados para mais de 20 componentes, sendo que a fiabilidade de algumas respostas é colocada também em causa pelo regulador que adverte para valores que acabam por se contrariar entre eles em diferentes anos entre 2014 e 2018, contudo e a tomar por boas algumas dessas indicações, o Valor Local fez a análise para a nossa área de influência. Assim e olhando para um dos principais aspetos que o estudo evidencia e que diz respeito à acessibilidade física ao sistema, ou seja a percentagem total do número de alojamentos com ligação à rede em alta e em baixa na área de gestão de cada município, concessionária, ou conjunto de sistemas em baixa, é possível perceber que na nossa região, há uma elevada percentagem para não dizer quase total de população com acesso à água da torneira. Nos concelhos de Arruda dos Vinhos, Vila Franca de Xira, Alenquer todos os domicílios têm acesso à água da rede, desde que tenham

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batejo (composta por 11 municípios, sendo que o Valor Local está presente em dois deles-Benavente e Salvaterra de Magos) esse índice é de 96 por cento, e na da Águas de Azambuja de 98 por cento. São valores considerados como bons. Apenas o concelho do Cartaxo com a concessionária local, Cartágua, apresenta um valor considerado como insatisfatório, chegando apenas aos 79 por cento de cobertura. A média do território nacional encaixa nos 96 por cento. No sempre muito polémico item da capacidade que cada consumidor tem para pagar a conta da água, a ERSAR estabeleceu que a aritmética desta componente se estabelece pelo peso do encargo médio para um consumo de 120m3 com base no rendimento também médio disponível por agregado familiar. Segundo o apurado pela ERSAR e ressalvada a fiabilidade que os dados merecem ou não, a análise comparativa dá conta que as famílias nos concelhos de Arruda dos Vinhos (0,49 por cento); Vila Franca de Xira (0,41 por cento); Cartaxo (0,48 por cento); sistema Águas do Ribatejo (0,37 por cento); e Azambuja (0,43 por cento) não têm dificuldades em pagar a fatura no final do mês levando em linha de conta o indicador definido pela ERSAR que vai dos 0 aos 0,50 para uma acessibilidade económica boa, como é o caso dos concelhos acima. Apenas em Alenquer, refere a entidade, é mais difícil pagar a água, sendo que este vetor da acessibilidade económica fica pelos 0,58 por cento naquele concelho, não chegando a ser considerada a percentagem como má ou insatisfatória, mas apenas mediana. Informações que contrastam com o que o nosso jornal tem registado ao longo dos anos, em que o sentimento da população parece estar

Região bem classificada na qualidade da água mas mal na reabilitação de condutas

que diz respeito à qualidade do serviço no que toca às falhas de água, a ERSAR faz a conta ao número de alojamentos que dependem do ponto de entrega para que a água saia da torneira. Neste aspeto, a região não fica bem colocada. É na área do concelho de Vila Franca que há mais faltas de água nos seis concelhos analisados. O índice é de 5,5 (numa escala em que o insatisfatório começa nos 0,20 por cento ou mais) apesar de ser neste município que há mais obras a nível de renovação de condutas. Mas nos demais concelhos os valores não são mais animadores. Arruda dos Vinhos fica-se pelos 1,5 por cento, mesmo assim longe do concelho vizinho de Sobral de Monte Agraço - o campeão do país, no total das 308 autarquias, quando se fala em faltas de água chegando aos 14,1 por cento ; Alenquer – 0,7 por cento; Cartaxo- 0,4 por cento; Águas do Ribatejo (Salvaterra/Benavente) – 0,5 por cento; Azambuja – 1,0 por cento. Sintoma de que muito há por fazer para que a água não falhe nas torneiras na nossa região pelos operadores. Uma das dúvidas do consumidor

camente todas os sistemas da nossa região têm recebido nota máxima nesta matéria, e na análise de 2014 a 2018 não restam dúvidas de que a água que bebemos é de boa qualidade, apesar de notarmos que as populações se queixam frequentemente do gosto. Também é uma realidade que a água da torneira é segura mas são muitos os produtos desinfetantes injetados na rede. É em Alenquer que a água da torneira atinge o pleno para a ERSAR que dá nota máxima- 100 por cento. Depois surge Arruda dos Vinhos (99,88 por cento); Vila Franca de Xira (99,87 por cento); Cartaxo (99,83 por cento); Águas de Azambuja (99,82 por cento) Águas do Ribatejo (99,62 por cento). A ERSAR analisou ainda a percentagem de reclamações e sugestões escritas por parte dos consumidores que obtiveram resposta dentro dos prazos legais. A Águas de Alenquer, a Cartágua no Cartaxo, a Águas de Azambuja e a Águas do Ribatejo fazem o pleno nesta matéria com um índice de 100 por cento, não obstante as críticas a que assistimos com fre-

A melhor água da torneira é a da Águas de Alenquer, mas a gestão mais eficiente é a dos SMAS de Vila Franca. Este operador é o que mais investe nas redes de água e saneamento, destacando-se até a nível nacional. Onde a fatura é mais barata e dentro da média nacional é no sistema intermunicipal da Águas do Ribatejo. Já a mais cara é em Alenquer. Perdas de água são dor de cabeça em Arruda. SMAS de Vila Franca são o sistema com mais dificuldade em responder às sugestões e reclamações dos munícipes. Ligação da população ao sistema de saneamento é mais difícil em Azambuja do que noutros concelhos. No Cartaxo ainda há 20 por cento de população sem água canalizada em suas casas contactado a entidade gestora para o efeito. A ERSAR atribuiu um índice de 100 por cento àqueles concelhos. Na área dos concelhos que compõem a Águas do Ri-

em absoluto desacordo com o apresentado pelo regulador. A média do país é de 0,37 por cento, o mesmo da Águas do Ribatejo. Já no não menos importante item

sempre que abre a torneira em sua casa diz respeito à qualidade da mesma, e se é seguro ou não beber um copo de água da rede. Ao longo dos últimos anos, prati-

quência em relação a esta componente. Apenas a Câmara de Arruda e os Serviços Municipalizados de Água e Saneamento de Vila Franca de Xira ficam mal classifi-

cados com índices de 92 por cento e 34 por cento respetivamente o que equivale na escala do regulador a números insatisfatórios. Já na cobertura de gastos, ou seja a sustentabilidade na gestão do serviço, em que se atende à capacidade de investimento de gerar meios próprios de cobertura de encargos, os SMAS de Vila Franca possuem a gestão mais eficiente de toda a região com um índice a bater no valor máximo possível. O operador de Vila Franca consegue 109 por cento numa escala que vai dos 100 aos 110 por cento. A Cartágua fica igualmente bem classificada com 103 por cento. A Águas de Azambuja tem uma gestão mediana, atendendo à escala de valores da ERSAR para este item entre os 110 e os 120 por cento. A concessionária daquele concelho ribatejano alcança 112 por cento. Com gestão insuficiente (escala entre os 0 e os 90 por cento e os 120 ou mais) ficam a Águas do Ribatejo com 126 por cento; Arruda dos Vinhos com 85 por cento; e Águas de Alenquer com 122 por cento. Uma das dores de cabeça dos sistemas de águas e saneamento prende-se com as perdas de água ou água não faturada em que apesar de ter sido tratada, transportada ou distribuída não foi paga por alguma falha no sistema pelo consumidor final. Neste item todos os concelhos da região. O melhor resultado, ainda assim, é conseguido pelos SMAS de Vila Franca com 18,7 por cento, seguidos pela Cartágua com 22,6 por cento; Águas de Azambuja com 24,8 por cento; Águas de Alenquer com 25,1 por cento. Águas do Ribatejo regista 32,1 por cento e Arruda dos Vinhos obtém o pior comportamento neste domínio ao chegar aos 41,4 por cento de água não faturada. Analisámos ainda a componente da reabilitação de condutas, es-

sencial na renovação das redes. Alguns municípios da nossa região demonstraram nas últimas décadas incapacidade para intervir com robustez neste domínio, tendo abdicado da gestão do serviço a favor da iniciativa privada ou da intermunicipalidade. Assim e neste item destacam-se os SMAS de Vila Franca com uma gestão considerada boa (intervalo de 1,0 a 4,0) sendo o concelho do país com mais intervenção nas redes tendo em conta o número de população. Vila Franca fica à frente de concelhos populosos da Grande Lisboa e do Grande Porto. É apenas superado por concelhos como Góis, Seia, Viana do Alentejo que registam índices maiores, mas onde o número de população é incomparavelmente menor. Nos demais concelhos/sistemas da região os níveis de renovação de condutas são apreciados como insatisfatórios pelo regulador: Arruda dos Vinhos, Alenquer e Cartaxo com taxas de 0,1 por cento quando o mínimo são 0,0 por cento o que quer dizer que não há praticamente investimento entre 2014 e 2018. A Águas de Azambuja regista 0,2 por cento e o sistema intermunicipal da Águas do Ribatejo também é visto como insatisfatório- 0,6 por cento. Por último e na concretização das redes de esgotos e na acessibilidade dos consumidores ao saneamento básico nas suas casas, o concelho de Vila Franca de Xira volta a destacar-se no enquadramento nacional ao chegar ao nível máximo de 100 por cento à frente de municípios como Odivelas, Oeiras e Amadora e a par da cidade do Porto que também bate nos 100 por cento. Os restantes concelhos da nossa região possuem índices medianos segundo o regulador: Água de Alenquer vai aos 85 por cento de cobertura; Águas do Ribatejo fica logo atrás com 78 por cento; depois vem Arruda dos Vinhos com 67 por cento; Cartágua com 66 por cento. Por último temos a Águas de Azambuja, contudo ainda dentro do nível satisfatório ou mediano com 64 por cento. É um facto que a concessionária ainda não completou as obras no sistema de saneamento no concelho, por outro lado esta é uma dor de cabeça estrutural na concessão de Azambuja, dado que muitos habitantes optam por não fazer a ligação à rede, e pagar esse custo, apesar de estar concluída às suas portas, e de poderem vir a pagar multas. O operador em alta Águas do Tejo Atlântico é visto como fazendo um bom trabalho na região ao atingir 98 por cento.


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Dossier: Águas 11

Águas de Azambuja e SMAS de Vila Franca ainda a avaliar os impactes da pandemia no consumo o âmbito da pandemia ouvimos os Serviços Municipalizados de Águas e Saneamento (SMAS) de Vila Franca de Xira e a concessionária privada Água de Azambuja sobre as principais alterações no perfil de consumo e de que maneira estão a ser acautelada as principais premissas da lei 7/2020 que proíbe os cortes de água por incumprimento no pagamento das faturas durante os últimos meses. Segundo António Oliveira dos SMAS de Vila Franca, durante o período de emergência não foi necessário aumentar as capacidades de reserva de água, embora o consumo tenha aumentado. Já no caso da Águas de Azambuja (ADAZ), Grupo Aquapor, Tiago Carvalho, administrador, refere que foram previstas diversas medidas preventivas e operacionais através de um plano de contingência. “Antecipámos as fases mais complexas, criando mecanismos redundantes entre empresas e com os nossos principais parceiros e prestadores de serviços para que os meios e os equipamentos necessários à nossa operação diária não tivessem falhas”. O responsável da ADAZ explica, neste contexto, “a articulação essencial com o município, com as entidades em alta (EPAL/Águas do Vale do Tejo e Águas do Tejo-Atlântico) e com as equipas de reparação de avarias e manutenção da rede de drenagem”. Por outro lado, e no relacionamento com o cliente, e tendo a loja de atendimento fechada ou com acesso limitado, “reforçámos os canais de comunicação não presenciais, articulando em tempo recorde meios de pagamento alternativos aos canais de pagamento habituais.” Diz ainda a concessionária que “o Grupo Aquapor tomou desde a primeira hora a iniciativa de não cortar a água por falta de pagamento, muito tempo antes da legislação que saiu nesse sentido”. Durante as primeiras semanas da pandemia e do período de

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Proibição de cortes de água em vigor até final de setembro

emergência, os SMAS de Vila Franca estimam que dos cerca de 74 mil clientes (ou seja apenas uma pessoa por cada domicílio), houve 200 mil pessoas em casa a consumir, mas não consegue por enquanto referir qual o volume total de água que ficou ao dispor da população durante o mês de abril em plena pandemia. Quanto aos incumprimentos no pagamento de faturas não foram ainda apurados. Os SMAS aguardam pelo final do mês de agosto para fazerem essa conta, sendo que “a entidade tem uma política de ajuda, quando verificado o incumprimento, através

de facilidades de pagamento de faturação (devidamente comprovados esses problemas) tanto a nível doméstico como no tecido empresarial.” Já em Azambuja “podemos afirmar que o comportamento dos azambujenses relativamente ao pagamento das faturas não se alterou significativamente. Existiu efetivamente uma ligeira degradação do prazo médio de pagamentos mas que esperamos recuperar com o retomar do processo completo de cobrança”, refere Tiago Carvalho contudo não são adiantados números à nossa pergunta à semelhança dos SMAS. A concessionária de Azambuja

diz que apesar da comunicação das situações de atraso no pagamento das faturas durante o período de confinamento, a empresa antes de retomar a interrupção do fornecimento por falta de pagamento (os designados cortes) no final de junho “enviou a todos os clientes com faturas em atraso, novo aviso para pagamento, alertando para as prorrogativas decretadas pelo Governo nas situações de desemprego, perda de rendimento ou contágio por Covid-19.” Para além desta comunicação e do arranque dos cortes de água, “existe um procedimento instituído de comunicação personalizada para paga-

mento das faturas em atraso que nunca foi interrompido”, diz. Quanto à totalidade dos consumidores que pediu para não sofrer penalizações ao abrigo da lei 7/2020 por: situações de desemprego ou de perda de rendimentos ou por infeção por Covid-19, os SMAS dizem que estão ainda estão a receber pedidos que não estão totalmente contabilizados. Posteriormente e face aos juros depois de a medida deixar de ter efeito cada caso será avaliado de forma a que se possa ou não implementar um plano de pagamentos. No que se refere à componente do saneamento e a Covid-19, diz

a concessionária de Azambuja que pode o consumidor ficar descansado quanto à eficácia da remoção de vestígios de vírus nas várias etapas de tratamento dos efluentes no sistema. “Essa é uma questão que dominou a comunidade científica do setor e onde a Águas do Tejo Atlântico, entidade responsável pelo tratamento dos efluentes no concelho de Azambuja, se posicionou desde logo na primeira linha, tendo existido inclusive vários artigos na comunicação social sobre o assunto e sobre o pioneirismo desta entidade na monitorização do esgoto nas suas fábricas de água.”

Faltas de água em Aveiras de Cima: Câmara de Azambuja chega a acordo com EPAL s negociações entre a Câmara de Azambuja e a Águas de Lisboa e Vale do Tejo – EPAL estarão a chegar a bom porto no que respeita à ligação do sistema que visa o abastecimento de água desde Alcoentre

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a Aveiras de Baixo após as obras levadas a cabo pela Águas da Azambuja no valor de 2,5 milhões de euros, e cujo um dos objetivos passa por acabar com as faltas de água constantes em Aveiras de Cima. Esta-

vam, por conciliar, alguns aspetos com a entidade que atende o sistema em alta. Sendo que as obras por parte da concessionária local estão prontas há quase um ano. Ao Valor Local, o vereador do

Ambiente, Silvino Lúcio, refere que está previsto que se efetue um novo furo em Alcoentre bem como a recuperação da estação elevatória de Casais da Areia, também naquela freguesia, “onde existem uns reservatórios

que recebem água cujo ponto de origem se situa no concelho vizinho do Cadaval, na localidade do Cercal”, e que chegaram a ser propriedade da Águas do Oeste. “A estação elevatória será objeto de requalificação de

modo a que o sistema possa arrancar em pleno.”, confirma o autarca. Com esta obra fica duplicada a capacidade dos depósitos de Alcoentre. Serão ainda recuperadas as bombas que pertencem a dois furos.


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Ator João de Carvalho, a Voz Oficial da Rádio Valor Local oão de Carvalho é a voz oficial da Rádio Valor Local. O ator que já exerceu funções de vereador na Câmara de Vila Franca, terá agora uma presença constante neste projeto através da sua poderosa voz. João de Carvalho já deu voz a vários anúncios publicitários, sendo que o mais conhecido é o da marca Red Bull, o qual representa em exclusividade há vários anos. Ao nosso jornal, numa breve entrevista, o ator sublinhou ser “uma grande honra” integrar este projeto que terá início a 4 de setembro. “Quando o Miguel Rodrigues me fez a proposta, só perguntei para quando precisas de mim?” salientou João de Carvalho numa entrevista que poderá ouvir no próximo sábado dia 5 de setembro às 10 da manhã na Rádio Valor Local. João de Carvalho sublinhou o carater inédito do projeto, e assegurou ter ficado contente com este convite que o associa a partir de agora a uma rádio que embora online, pretende ser uma referência na região. Quanto à escolha, Miguel António Rodrigues revelou que “o João de Carvalho é um amigo de longa data. Era óbvio que a sua voz seria marcante para este projeto” daí ter feito o convite ao ator. O diretor do jornal e da rádio sublinha ainda que “João de Carvalho tem uma voz que merece respeito. Uma carreira de sucesso e feita com base no trabalho, talento e humildade. Por isso quisemos convidar o João, porque tudo isso é importante para este projeto. João de Carvalho acaba por ser o padrinho da Rádio Valor Local, o que nos enche de orgulho”.

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Vida dos artistas num impasse devido à Covid e ministra da Cultura não se tem “portado bem” Em tempo de pandemia, o ator João de Carvalho lamenta que o Governo tenha decidido fazer exceções no que toca aos espetáculos. Refere que o espetácu-

Ator durante a gravação de alguns jingles no nosso estúdio

lo de Bruno Nogueira no Campo Pequeno não o “encantou”, mas aponta o dedo aos governantes por causa das exceções. “Foi feio!” sublinha João de Carvalho, que recorda que há muitos atores e pessoas do mundo do showbiz que estão parados e “alguns com muitas dificuldades e até a passar fome”. João de Carvalho vinca que no seu caso não está a passar um mau bocado, mas atira que há muitos colegas à espera de trabalho, para depois “sermos confrontados com estes espetáculos feitos fora de tempo”, pois lembra que a pandemia ainda não acabou. “Foi feio por parte dos nossos

governantes. Andámos em contenção porque não sabíamos como se desenvolvia a pandemia”, e acrescenta que tudo o que se passou “foi triste, não da parte de Bruno Nogueira, mas da parte de quem nos governa”. O ator que se mostra crítico da Ministra da Cultura, acentua: “Conheci muitos secretários de estado e ministros da Cultura. Dois bons, a maioria inexistente e alguns maus”, no entanto, “como esta (ministra) nunca tinha visto”. O ator diz que esperava de uma senhora, “uma maior sensibilidade”. “Falhei”, refere o ator que sustenta igualmente que “a senhora ministra

fala sem conhecer”. Joao de Carvalho vai ainda mais longe ao referir que “o episódio do drink ao final do dia é sintoma do absoluto desprezo pela profissão dos artistas, mas depois precisam de nós para ganharem eleições".”. Quanto à cultura na região, o ator que já foi vereador deste setor na Câmara de Vila Franca de Xira, salienta ser quase impossível avaliar, nesta altura, o desempenho do município. A Covid veio baralhar as coisas e por isso João de Carvalho revela ter dificuldades em perceber como “param as modas”. Ainda assim, e como residente no con-

celho, João de Carvalho sustenta saber que o Museu do Neorealismo “ainda assim tem feito algumas coisas”. “Ainda recebo algumas coisas no meu email, mas a atividade é efetivamente pouca”. Facto que atribui à pandemia. O momento não é fácil: “Sabemos que não podemos fazer grandes exposições ou grandes festas porque é complicado, mas espero que isto mais dia menos dia dê a volta. Não vou culpar o presidente (Alberto Mesquita) porque isto não é fácil.” Sobre a Cultura, o ator revela que existem fundos europeus

para espetáculos que têm de ser aplicados até ao final do ano. No entanto esclarece que após vários contactos com municípios apercebeu-se que “as Câmaras ainda estão com medo dos meses de setembro e de outubro”. Este é um problema que afeta a generalidade dos territórios, “inclusive do Sabugal para onde temos dois espetáculos marcados para dois de outubro e que espero que se realizem. Estavam previstos para março, mas a pandemia deu a volta a isto”. João de Carvalho espera conseguir voltar à cena, e assim como os seus colegas, ter um resto de ano o mais normal possível.

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Grupo Desportivo de Azambuja com campeão internacional de Kickboxing à frente da modalidade campeão intercontinental de Kickboxing, Fernando Fernandes, mudou-se de armas e bagagens do Sporting Clube de Portugal para o Grupo Desportivo de Azambuja. O objetivo é criar de raiz uma seção de Kickboxing no clube azambujense, e trazer a modalidade para junto da comunidade local e regional. Em entrevista ao Valor Local, o atleta salienta que este “é um desafio”, mas diz estar pronto para dar tudo em prol de um projeto que acredita ter vindo na melhor altura. Com vários títulos no seu currículo, Fernando Fernandes sagrou-se Campeão Nacional de Kickboxing em 1992, 1993 e 1994. Foi campeão europeu em 1991 e 1993, e campeão intercontinental a par de campeão mundial em 1994, sempre na categoria de menos 76 quilos. Foi ainda Campeão Nacional de Amadores de Boxe em 1995. Realizou 123 combates em Kickboxing, com 84 vitórias das quais 19 por KO, 34 derrotas, e 5 empates. Realizou ainda 21 combates

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em boxe profissional. “Este é um projeto aliciante e com visão de futuro e motivou-me a estar em Azambuja. Vamos ter treinos às segundas, quartas e sábados e espero por isso uma boa adesão”, conta à nossa reportagem. Numa entrevista que pode ouvir no domingo, dia 6 de setembro, ao meio dia, na Rádio Valor Local em valorlocal.pt, o atleta fala do desafio que foi para si esta mudança, mas diz acreditar que o clube tem todas as condições para dar seguimento a este projeto com sucesso. A força de vontade é tudo. Explica Fernando Fernandes que é hora “de avançar com espírito positivo e criativo e com entreajuda entre a equipa” que considera fundamental para o sucesso garantindo que tudo fará para motivar os atletas nas aulas, “para que tragam novos amigos e novos atletas”. Para o campeão de Kickboxing, esta secção tem como principal objetivo ir ao encontro das ambições de cada um, quer seja no plano competitivo quer seja ape-

nas no plano de treino. Fernando Fernandes explica, entretanto, que o GDA tem as condições básicas nesta altura para a prática da modalidade. Os primeiros passos começam já no fim de setembro, mas as inscrições já estão disponíveis na secretaria do Grupo Desportivo de Azambuja. O atleta salienta, entretanto, que considera importante criar condições para que a modalidade no futuro vá em crescendo. Alexandre Grazina, presidente do GDA, vincou a importância para o clube de um atleta como Fernando Fernandes. Ao Valor Local, o presidente da coletividade garante todas as condições para a prática da modalidade e garante o máximo acompanhamento no crescimento da mesma no clube. “Isso vai exigir um maior esforço da nossa parte, mas já estamos habituados a isso”, refere o presidente do clube que vinca que nos últimos anos o GDA tem conseguido alcançar os objetivos desportivos e competitivos nas mais variadas modalidades. PUB

Fernando Fernandes e Alexandre Grazina com novo desafio

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Drones, lasers e tecnologia de ponta

Muro Calcolítico de Ota vai ser balão de ensaio para salto de gigante na arqueologia portuguesa Sílvia Agostinho m ano depois de ter sido colocado a descoberto um dos maiores muros defensivos do período Calcolítico, na Serra de Ota, está de regresso a equipa de arqueólogos que tenta agora apresentar mais e nova informação sobre a comunidade pré-histórica que habitou aquele local há cerca de cinco mil anos. O muro tem 170 metros de comprimento mais cinco metros de largura. A equipa que prefere a designação de muro à de muralha prepara-se, agora, para levar para o terreno nos próximos meses tecnologia de alta precisão com drones que permitem tirar uma radiografia mais profunda ao terreno. Este será um desafio também para a comunidade arqueológica portuguesa já que a Ota servirá de balão de ensaio para o futuro da disciplina em Portugal com este recurso a tecnologia de ponta ao serviço da ciência. André Texugo Lopes, arqueólogo investigador do Centro de Estudos

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Equipa de arqueólogos que integra o projeto Geográficos e do Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa, diz que foi possível para já através do Google Earth descorti-

nar a tal linha branca contínua, que não é natural, e que foi possível identificar no sentido de ali se encontrar o muro pré-histórico dado PUB

a conhecer no ano passado. Um achado que se constitui como um avanço no conhecimento do Calcolítico. É cada vez mais plausível

que se esteja perante uma zona defensiva, delimitada numa das zonas do cabeço por uma estrutura circular. Foi possível encaixar esta descoberta do achado, depois de datação por radiocarbono, num intervalo de tempo mais curto- entre 2500 a 2250 A.C, através da análise de “um osso de um animal, que por norma não tem um período de vida longo”. Perceber o dinamismo construtivo e os modos de vida daqueles antepassados é o desafio. Mais do que objetos ou estruturas o objetivo da arqueologia moderna passa por entender os contextos. André Texugo Lopes dá um exemplo – “Imagine que daqui a milénios uma civilização descobria o Cristiano Ronaldo e como ele era fisicamente, mas não sabia quem tinha sido”. Para já as descobertas no terreno vão dando algumas pistas. Pela orografia da serra é possível perceber que a estrutura defensiva é mais pesada do que as contempo-

râneas do Castro do Zambujal, Torres Vedras ou a do Castro de Vila Nova de São Pedro, em Azambuja. “Já tirámos blocos de pedras daqui com mais de 300 quilos, o que é assustador”, refere o arqueólogo. Em laboratório será possível responder a questões relacionadas com o dinamismo desse muro que surgiu a 170 metros de altura no canhão cársico. Há elementos semelhantes quando se compara esta descoberta com a dos monumentos seus contemporâneos, e no fundo vizinhos, como o Castro do Zambujal ou o de Vila Nova de São Pedro na forma como a arquitetura à época funcionou para os três casos. Mas o muro calcolítico na Ota parece ser antes de mais um sítio de passagem e que por estar num alto servia de controlo a quem passava e “seria importante para trocas comerciais e relações humanas”, estando intimamente ligado também ao Montejunto por esta serra ficar na origem de diversas liPUB


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Agosto 2020 nhas de água. O local mostra ainda disponibilidade de matéria prima para produção de cerâmica, desenvolvida durante este período, bem como a abundância de animais para a caça. A sacralização de uma paisagem natural como a do Montejunto seria também importante do ponto de vista da cultura e dos hábitos daquelas populações. “A relação com as elevações foi sempre muito marcante para todos os povos e ainda hoje é assim”. Muitos enterramentos seriam ainda ali concretizados. Por outro lado, já existiam fronteiras entre os dois lados da serra com comunidades com vidas próprias. “Há materiais que encontramos do outro lado que não existem aqui, e quem vivia do lado de lá também ficava enterrado naquele lado da serra, e vice-versa”. Estudantes de Arqueologia de seis universidades portuguesas e estrangeira estão no terreno. A campanha é apoiada pelo município de Alenquer, junta de freguesia de Ota e comissão de baldios da Serra de Ota. Com o avanço das novas tecnologias será utilizado um sistema de deteção laser de última geração, o denominado LIDAR, e drones de alta precisão, que poderão aglutinar ainda mais os fragmentos de história encontrados. De acordo com Ana Catarina Basílio, arqueóloga do Centro Interdisciplinar em Arqueologia e Evolução do Comportamento Humano da Universidade do Algarve Universidade do

Algarve, “este sítio da Ota será um palco de testes do qual será extraído conhecimento graças a essa tecnologia que depois servirá de base para trabalhos noutros locais”, a juntar à fotografia por satélite e imagem aérea já levadas a cabo no terreno. “A ideia é que o laser atravesse a vegetação e possa dar-nos praticamente um raio x do território, conseguindo aceder a microtomografias e percecionar alinhamentos”. O local foi também palco da ocupação romana do território e levou à descoberta de muitos materiais daquela altura, século I A.C. “com uma presença avassaladora em que se nota bastante bem o contexto militar dado a esta zona, mas com ortogonalidade e a predominância de cerâmica da Campânia, Itália”. Em traços gerais, a Ota “vai ser muito importante para perceber como foi o Calcolítico na Península de Lisboa”, acredita André Texugo Lopes. “A integração com as novas tecnologias do estudo do que aqui temos será algo brutal e com possibilidade de depois ser espalhado para outros sítios”, acrescenta Ana Catarina Basílio. Depois de uma caracterização vem o desafio da compreensão dos sítios escavados até se chegar aos denominados contextos. “Vamos conseguir com essas tecnologias algo de relevo nacional e internacional”, considera a arqueóloga. As comunidades do Calcolítico comunicavam entre si, mas mantinham os seus modos de vida

Cultura 19

Escavações com recurso a tecnologia de ponta serão efetuadas nas próximas semanas constantes- “No sul do país não temos cerâmica decorada ao contrário daqui”. Não haverá explicações. São apenas questões de identidade. Hoje e graças à tecnologia já é possível saber que as populações pré-históricas se deslocavam para outros territórios. Há provas de que quem vivia na zona do que é hoje a península de Lisboa esteve na área das Beiras, ou no Alentejo – “Conheciam periodicamente outras realidades, mas têm noção do que é característico do seu território. Na Ota ou no Zambujal, por exemplo, os temas decorativos são bastante constanPUB

tes”. No fundo “é como hoje essa noção do espaço e do tempo na Cultura de cada um”, concordam. Facto muito interessante e que apenas nos últimos anos a História veio trazer a lume reside na mobilidade dos indivíduos “e prova disso é que há casos em que estas pessoas vão-se enterrar no Alentejo, passo a expressão, e o contrário também existe”. Estávamos na denominada Idade do Bronze quando as trocas comerciais entre os povos começaram a ser intensificadas em que os animais já serviam também como meio de transporte. E como é que

se consegue encontrar no terreno provas deste intercâmbio nesta forma tão concreta em que é possível assinalar a proveniência dos indivíduos numa outra região?. A arqueóloga Ana Catarina Basílio conta que é feita uma análise ao estrôncio na água das plantas ou de animais como os caracóis, porque justamente se mexem pouco, de determinada região “e daí conseguimos descobrir qual a base geológica”. “O valor químico da água fica marcado nos nossos dentes e como por norma temos três molares e nem todos nascem na mesma altura, como é o caso

do siso, conseguimos apurar se determinada pessoa viveu e bebeu água da mesma zona durante toda a vida ou não”. Com uma análise à dentina do dente é possível apurar padrões de mobilidade, assim como, através dos materiais encontrados junto aos restos humanos. “Essas materialidades são também peça chave”, acrescenta André Texugo. No final de setembro, a equipa de arqueólogos vai apresentar resultados das escavações numa cerimónia para comemorar o primeiro aniversário da Paisagem Protegida do Canhão Cársico. PUB


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E depois da Covid? onfesso que as notícias sobre a Covid e tudo o que lhe está relacionado já me enjoam e vou mantendo aberta a televisão à hora do Noticiário das oito apenas desperto para outro tipo de notícias, porque apesar do relativo confinamento físico a que todos estamos ainda sujeitos, o Mundo, felizmente, não é só Covid. Mas a minha cabeça desata logo a divagar por outras paragens quando aparece a senhora da DGS e a Ministra Themido, mais o número de mortos e contagiados, o Lar de Reguengos, as diatribes do Bolsonaro, as calinadas do Trump (um gajo detestável, apesar de os americanos insistirem em elegê-lo, como temo que acontecerá em Novembro). Vagueia-me a imaginação por outros mundos sem SARS Cov 2 quando passam pelo ecrã imagens de ajuntamentos nas praias da Catalunha, bacanais sem máscara em Itália (uma máscara suponho não dar jeito nenhum num bacanal), chafurdices nos mercados chineses, manifestações anti isto e pró aquilo. Estoume nas tintas, pronto! Só me saltam o martelo e a bigorna do ouvido quando ouço a palavra vacina e vou acompanhando com atenção todos os desenvolvimentos que, em diversos continentes, a busca da panaceia vai conhecendo.

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De resto, e apesar do meu alto risco – dizem as autoridades sanitárias- encaro com naturalidade esta fase da nossa vida. Nada que a humanidade já não tenha conhecido. Volta e meia, a espaços de décadas ou de séculos, a Natureza decide avisar-nos de que algo de catastrófico se perspetiva no nosso futuro ou de que estamos a cometer excessos que a capacidade regeneradora da Terra não comporta. Foi assim com as Pestes que nos foram atingindo, com as guerras mundiais a que fomos sujeitos, com o desfile de desastres naturais e ecológicos que se abatem sobre nós. A única diferença é que a explosão do conhecimento científico e da nossa capacidade de intervenção sobre os males que nos atingem são agora incomparáveis com as poucas armas de que dispúnhamos nos tempos da Peste Negra ou da Gripe Espanhola. Nem é preciso recuar muito no tempo. Quando, há quarenta anos, deu entrada no cenário humano o vírus da Sida, foram precisos alguns anos para o identificar e caraterizar e mais de uma década para desenvolver medicamentos que impediram a condenação à morte de quem o contraía. Com este vírus da Covid, aparecido oficialmente em Dezembro do ano passado, bastaram poucos meses para o identificar e descodificar a

sua composição e julga-se que a partir de Dezembro possa começar a vacinação em série. Além do mais, a letalidade do bicho nem é assim tão alarmante – a grande maioria é assintomática e, mesmo para quem o contrai o contrai, a gravidade da doença atinge grupos específicos restritos – velhos, muito velhos, com patologias associadas ou jovens já praticamente condenados com outras doenças congénitas. Não quero com isto dar a entender que a ciência não deva trabalhar até à exaustão para eliminar o risco: bastaria um ser humano vulnerável para que o esforço científico se justifique. Mas devo dizer que acho excessivo – não encontro uma palavra mais sonante- se não mesmo criminoso o alarido que foi feito mundialmente sobre a pandemia, que encontrou na Comunicação Social e nas redes sociais o terreno fértil para instalar o pânico nas nossas vidas. Com a ajuda preciosa de muitos “sábios” desejosos de notoriedade pública – apenas contrariados por alguns cientistas que colocavam o problema e os cuidados preventivos na sua devida dimensão – e de muitos políticos com sonhos de Napoleão que descobriram no terror pelo “bicho” uma forma de restringir a liberdade e os naturais direitos humanos com o pretexto da pandemia. PUB

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Joaquim António Ramos Vai passar. Deixando atrás de si um rasto de destruição, não só em termos de vidas humanas – apesar de eu desconfiar que uma grande parte das mortes atribuídas à Covid sejam na verdade consequência de outras doenças cujo tratamento e prevenção foram totalmente descuradas em nome da Covid – mas também num exército mundial de milhões de desempregados, economias de rastos, multidões abaixo do limite da pobreza, hordas de esfomeados e sem terra que levarão vários anos a repor a situação anterior a Dezembro de 2019. Do ponto de vista social, atribuo também à Covid – ou melhor, ao terror que lançaram propositadamente sobre a Covid- o despontar ou o aprofundamento de tensões raciais, de aquartelamento de credos religiosos, de intolerância face a orientações individuais de qualquer tipo a que temos assistido. Basta para tanto recordar a histeria anti-racista que se apoderou do Mundo : não pode haver um polícia branco a dar ordem de prisão a um criminoso ou prevaricador preto que as televisões não se encham de marchas de protesto e indignação. Quando, na verdade, há polícias brancos a prender, muitas vezes com o necessário recurso â força, criminosos brancos, polícias pretos a prender criminosos pretos ou de cassetete em punho contra prevaricadores

brancos. Ou aquela outra vertigem de loucura que levou à destruição de estátuas e monumentos em que os “conjurados” descortinavam tiques de racismo, felizmente ultrapassada sem que se arreasse o Infante D. Henrique, decapitasse o Vasco da Gama ou pintasse de negro o Pedro Álvares Cabral. E não se aproveite esta argumentação para me empurrar para a extrema direita ou para sugerir que partilho as ideias do André Ventura. Nunca na minha longa vida fui racista em qualquer vertente do conceito. Não conheço a realidade doutros países. Mas em Portugal não vislumbro, exceto em manifestações pontuais de gente desequilibrada, qualquer discriminação baseada na cor da pele. Há é criminosos e cidadãos cuja função é fazer-lhes frente. Independentemente da cor dum ou doutro. Tudo o mais são ressentimentos antigos libertados ou potenciados pela histeria covidiana. E depois, como vai ser? Seguramente que a pandemia vai ser vencida. Resta o modo como vão reagir ao naufrágio as economias mundiais. Será em V? Seguramente que não. Será em W, com uma subida e uma nova queda a pique devido a uma nova vaga? Será em K, como alguns vaticinam, com alguns países – os mais ricos- a recuperarem rapidamente

e outros – os mais pobres- a caírem novamente a pique? Será em U, mas com um período de depressão muito prolongado? Inclino-me mais para esta última hipótese. Mas a questão fundamental prende-se com esta dicotomia: passada a epidemia, voltará tudo a ser como era antes de 2020? Ou pelo contrário, a escala de valores da Humanidade vai inverter-se e onde havia materialismo passará a haver espiritualidade, a ganância dará ligar à solidariedade, a distribuição da riqueza será mais equitativa, os processos económicos e produtivos passarão a ser mais ecológicos, as energias menos poluentes, o respeito pela Terra, pelo clima, pelo Ambiente em geral vai ocupar um lugar cimeiro nas decisões humanas? Gostaria, acho que todos gostaríamos que enveredássemos pela segunda via. Receio, todos receamos, que a bitola humana seja dificilmente mutável e voltemos novamente ao primeiro cenário.

Ficha técnica: Valor Local jornal de informação regional Propriedade e editor: Propriedade: Metáforas e Parábolas Lda – Comunicação Social e

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Nos Estados Unidos da América, o culto do individualismo tem sido um aliado da pandemia s norte-americanos estão a morrer quinze vezes mais por coronavírus do que os europeus ou mesmo do que os seus vizinhos canadianos. Por que razão estará isto a ocorrer nos Estados Unidos da América? A resposta é óbvia: a ansiedade dos norte-americanos pela recuperação económica ganhou a dianteira e a impaciência levouos a hipotecar o futuro próximo do país. Os governantes dos EUA, principais responsáveis pelo restart da economia norte-americana, deveriam ter sido os primeiros a dar o exemplo relativamente às medidas de contenção da Covid-19. Por exemplo, o uso de máscara deveria ter sido incentivado e tornado obrigatório numa fase mais precoce da pandemia. Em vez disso, o presidente dos EUA foi ridicularizando todos aqueles que usavam máscaras, chegando a apelidá-los de “politicamente corretos”. Os aspetos desconhecidos da Covid-19 são tantos e tão pertinentes que se impunha aos decisores políticos norte-americanos prudência em detrimento de ideologia. Mesmo para os “recuperados”, a imunidade não é garantida; a

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reinfeção pode ser possível; após recuperação, não há certeza de que o vírus não possa continuar a viver dentro nós; até os mais jovens são suscetíveis de hospitalização; os sobreviventes podem vir a sofrer consequências de longo prazo; com este vírus não há casos “leves”; não se conhecem atalhos para garantir imunidade. Por tudo isto, é sensatez e ponderação que se exige a quem decide. Mas não foi isso que aconteceu nos EUA. Então, estruturalmente, o que estará a acontecer nos Estados Unidos da América? É que a superpotência norte-americana revelou uma incapacidade inacreditável para fazer face a esta catástrofe sanitária. É certo que não havia (há) uma cartilha para fazer face a um acontecimento trágico com a magnitude da atual crise, mas também não é menos verdade que os norte-americanos têm sido muito menos competentes do que a maioria dos países afetados pela pandemia. Há uma explicação “direta” para o comportamento profundamente autodestrutivo do presidente norte-americano e dos seus apoiantes: o capitalismo e a convicção ideológica de que cada parte da

sociedade norte-americana, movida apenas pelo seu egoísmo natural, acabará por encontrar a melhor de todas as soluções possíveis. Os atuais governantes dos EUA estão comprometidos com a proposição de que, havendo condições para que cada um dos norte-americanos se empenhe desenfreadamente na satisfação do seu interesse próprio, o país se desenvolverá globalmente mais. Segundo esta visão, a maximização ilimitada do lucro pelas empresas e as escolhas livres e não regulamentadas dos consumidores correspondem a tudo o que é necessário para ser possível alcançar a melhor de todas as sociedades. Atrevo-me a escrever que a defesa desta premissa tem tanto de intelectual como de emocional. É certo que a ciência económica atesta os aspetos positivos de alguns dos princípios da economia clássica e do liberalismo económico. No entanto, também não restam dúvidas de que esta corrente de pensamento - defendida pelos atuais decisores políticos nos EUA - tem falhas, e não são pequenas. Chega a ser irracional a intensidade do descontentamento dos

governantes norte-americanos relativamente a alguma regulamentação absolutamente trivial. Na atualidade, já não se compreende a negação de que as ações de certas partes, sendo desregulamentadas, podem gerar consequências negativas para terceiros. Eu diria ainda mais: as ações de cada uma das partes que constituem uma sociedade devem, inclusivamente, considerar o bem-estar de todas as outras. Admito, ainda assim, a propósito desta última afirmação, alguma margem para discussão. A oposição veemente à regulamentação é justificada pelos liberais mais radicais norte-americanos como “defesa intransigente da liberdade de escolha”. No entanto, a fronteira entre “liberdade” e ausência de responsabilidade é, em bastantes casos, muito ténue. Reflitamos, por exemplo, acerca da problemática da poluição e dos que, à escala mundial, teimam em contrariar regulamentação nesta área, insistindo no direito à liberdade de escolha, ou seja, no direito de poluir. Num quadro-limite como o que atravessamos, de pandemia, a política não deve ser emocional; deve ser racional. Trata-se de não deixar margem para dúvidas

Seguradoras: negociar ou abater o prémio de “motu proprio”? aulo de Morais, um dos subscritores da petição acerca dos seguros presente ao Governo, assim se expressava na edição de 27 de Julho p.º p.º do PÚBLICO: “… A redução [do prémio] impõese, desde logo, no plano conceptual. Se entendermos o prémio como o valor que cada um dos segurados paga pela partilha equitativa do risco, deve a diminuição ser proporcional ao decréscimo do risco. Se, por outro lado, entendermos o prémio do seguro como pagamento por um serviço de segurança e tranquilidade pessoal, aquele deve reduzir-se, porquanto sem utilização ou com utilização diminuta do automóvel, o segurado não usufrui do serviço pago. E esta redução do valor dos prémios tem de ser substancial, uma vez que a diminuição do tráfego foi da ordem aproximada de oitenta por cento, durante, pelo menos, o período correspondente ao estado de emergência decretado pelo Presidente. Como este período de quarenta e cinco dias representa cerca de doze por cento de um ano, então a redução do valor dos

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prémios deve ser, no mínimo, a que resulta de aplicar oitenta por cento de desconto a doze por cento da anuidade, i. é, cerca de dez por cento. Serão poupanças globais de cerca de cento e sessenta milhões de euros para os portugueses, uma vez que a estimativa para o valor anual dos seguros automóvel é de mil e seiscentos milhões de euros.” Notícias que nos chegam dão-nos conta, porém, de que as seguradoras vêm dificultando as negociações, negando-se a fazer incidir uma tal percentagem (a da redução do risco) no valor do prémio (do preço pago pelo segurado). Ora, a que provê a lei de 12 de Maio pretérito? Que se encetem diligências de molde a que haja concertação entre seguradores e segurados no que tange aos seguros influenciados pela pandemia. ACORDO ENTRE SEGURADOR E TOMADOR DE SEGURO O Estado como que incentiva as negociações tendentes a um acordo entre segurador e tomador de seguro. - Pode ser acordado entre o segu-

rador e o tomador do seguro um regime mais favorável ao tomador do seguro. - Pode ser objecto de acordo, designadamente, • o pagamento do prémio em data posterior à do início da cobertura dos riscos, • o afastamento da extinção automática do contrato ou da não prorrogação em caso de falta de pagamento, • o fraccionamento do prémio, • a prorrogação da validade do contrato de seguro, • a suspensão temporária do pagamento do prémio e • a redução temporária do montante do prémio em função da redução temporária do risco. O QUE OCORRE COM O SEGURO OBRIGATÓRIO, A NÃO HAVER ACORDO? - Tratando-se de seguro obrigatório, em caso de ausência de acordo, por falta de pagamento do prémio ou fracção na data do respectivo vencimento, o contrato é automaticamente prorrogado por um período de 60 dias a contar da data do vencimento do prémio ou da fracção devida.

- O segurador deve informar o tomador do seguro do regime estabelecido com a antecedência mínima de 10 dias úteis relativamente à data do vencimento do prémio, podendo este opor-se à manutenção da cobertura até à data do vencimento. - A prorrogação do contrato por 60 dias é reflectida no certificado da vigência do seguro, quando exigível. - A cessação do contrato de seguro por efeito do não pagamento do prémio, ou de parte ou fracção deste, até ao final do período de 60 dias, obriga o tomador do seguro (consumidor…) ao pagamento do prémio correspondente ao período em que o contrato haja vigorado. Para que o acordo se alcance, curial será que os consumidores, entre outros tomadores de seguro, expeçam pedido nesse sentido, de harmonia com minuta que disponibilizámos nas páginas da apDC e do NETCONSUMO e do Facebook. Não se justificam as resistências das seguradoras. E indispensável se nos afigura que tanto o Secre-

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relativamente à importância da assunção das responsabilidades individuais. A principal razão pela qual devemos usar máscara ou evitar aglomerações de pessoas não é a autoproteção. O problema é que o compartilhamento do nosso ar coloca os outros em risco. Este é o tipo de preocupação que alguns norte-americanos não aceitam. Na verdade, por vezes, parece que alguns responsáveis liberais se comportam de forma irresponsável. Olhemos, por exemplo, para a postura em público de algumas personalidades políticas norte-americanas e brasileiras durante o período da pandemia. A resistência dos liberais republicanos à responsabilidade social e ao aumento temporário de apoios aos desempregados também tem sido muito evidente. O período que atravessamos é histórico. Os benefícios sociais temporários e de natureza excecional não contribuem para aumentar a relutância dos norteamericanos em aceitar empregos. Esta é uma das ideias subjacentes à conceção liberal no sentido mais clássico (apoio ao capitalismo e ao liberalismo económico). Não é sequer o mo-

mento certo para discutirmos a natureza teórica e ideológica deste tema, mas é importante termos presente que, na perspetiva dos republicanos, apoiar socialmente os desempregados, mesmo que o desemprego resulte de variáveis difíceis de controlar (como é o caso da Covid-19), corresponde à admissão tácita de que os norte-americanos esforçados, trabalhadores ou afortunados devem ajudar os seus concidadãos menos esforçados ou com menos sorte. Alguns liberais são absolutamente radicais a este propósito. Mesmo perante uma conjuntura extrema como a que vivemos, não estão dispostos a abdicar daquele princípio ideológico. Em última análise, o que o coronavírus nos tem revelado acerca dos EUA é a insistência ideológica “cega” dos seus governantes na apologia ao direito de agir exclusivamente em nome do interesse próprio, mesmo que disso resulte inequivocamente prejuízo social e económico para terceiros.

Mário Frota

tário de Estado d(a)… Defesa do Consumidor, com quem nos reunimos a propósito, como a Associação Portuguesa de Seguradores e a Autoridade de Supervisão (entidade reguladora) se envolvam por forma a tornar efectiva a redução do prémio do seguro para que as seguradoras não embolsem 160 milhões de euros de modo injustificado, como parece ser o caso. O jornal i, na sua edição de 28 de Julho p.º p.º, conferia destaque à notícia: “SEGURADORAS JÁ COMEÇARAM A REEMBOLSAR CLIENTES”. Não sabemos se se trata de mais uma estratégia mercadológica das seguradoras, tanto mais que as reticências têm sido uma constante ou, como em vários casos conhecidos, (“trocando as voltas ao quebrado divisor”, como soía dizer-se) exigindo-se que os consumidores individuais, no seguro de responsabilidade civil automóvel, hajam tido uma perda de 40% dos rendimentos sua actividade (facto que terão de justificar) para poderem beneficiar da redução de 10% do

prémio. Quando a norma, que existe, se não aplica patentemente a estas situações, e serve para iludir os incautos, afastando-os do benefício da redução do prémio… A Fidelidade (maior grupo segurador em Portugal) vem sendo protagonista de tão absurdas exigências, tanto quanto julgamos saber pelo testemunho directo dos consumidores lesados. De modo ínvio. A revelar flagrante má-fé. De esperar que firmes tomadas de posição não tardem. Para que os consumidores sintam a redução no prémio dos montantes devidos na exacta medida do injusto enriquecimento das seguradoras. Do que se carece é de informação rigorosa, objectiva, adequada. E às seguradores incumbe prestá-la, coisa que só raramente sucede. * apDC – DIREITO DO CONSUMO - Coimbra


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Festas de Azambuja reforçam parte do sagrado em tempos de pandemia s festas da freguesia de Azambuja em honra de Nossa Senhora da Assunção foram este ano encurtadas devido à pandemia. O facto não afastou os devotos que ansiavam por algum conforto espiritual, tendo em conta que estes festejos juntam o sagrado ao profano, e que de ano para ano têm vindo a juntar cada vez mais pessoas. Inês Louro, presidente da Junta de Freguesia de Azambuja destaca ao Valor Local que se espera uma grande “carga emocional” nomeadamente na procissão que sairá para as ruas da vila no domingo de tarde. A presidente da junta releva o facto de a figura de Nossa Senhora ser transportada numa viatura dos bombeiros de Azambuja, algo que já tinham feito no passado, noutra cerimónia religiosa, e que também juntou algumas centenas de pessoas à janela. Aliás a este propósito, Inês Louro, vinca que a pandemia e o confinamento obrigaram a autarquia a cancelar eventos. São os casos das largadas de toiros e os concertos que eram de resto um dos principais cartões de visita das festas. A autarca salienta que a junta teve em atenção o atual momento que o país vive - “Sempre dissemos que faríamos o que fosse possível em termos legais, que não comprometesse a segurança e a saúde das pessoas”. É por

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A procissão será um dos pontos altos isso que os festejos apresentam um formato reduzido, deixam de ser realizados durante o mês para se resumirem a um fim de semana. A autarca explica ao Valor Local que o programa foi encurtado e que nesse sentido foi dado um maior relevo a outras iniciativas.

O destaque vai para a inauguração do ringue da Ónia com o nome de Alexandre Grazina com cerimónia marcada para dia 4 de setembro pelas 19 horas, uma hora depois da inauguração simbólica das festas no Largo da Câmara de Azambuja. O atual presidente do Grupo Desportivo de

Azambuja, dá assim o nome a um local emblemático no que toca à prática desportiva. Uma escolha “justa” segundo Inês Louro, já que Alexandre Grazina, tem sido um “elemento fundamental” na promoção do desporto no concelho, seja através da sua carreira como desportista, seja enquanto

responsável nos anos 80 e 90 do desporto na Câmara Municipal de Azambuja. “Mais recentemente tem levado o GDA a bom porto”, e segundo a autarca, mesmo com dificuldades, não tem baixado os braços. Mesmo sem largadas de toiros, os festejos não deixam de ter a

sua componente tauromáquica. A poisada do campino recebe este ano a realização do habitual colóquio feito em parceria entre a junta e o jornal Valor Local, que desta vez junta igualmente uma transmissão na rádio com o mesmo nome. Inês Louro salienta a importância da parceria, mas refere igualmente a pertinência de discutir a relação entre Turismo e a Tauromaquia, que é de resto o tema deste ano do debate que junta o cavaleiro tauromáquico Rui Salvador, o presidente da Poisada do Campino, Joaquim Campino, o vereador do pelouro da Cultura, António José Matos e a própria presidente da junta, numa tertúlia moderada pela jornalista da rádio e jornal Valor Local, Sílvia Agostinho. Este é um debate que pode ser visto na página do Facebook do jornal em facebook.com/jornalvalorlocal e no site oficial do Valor Local em valor local.pt. No que toca ao aspeto religioso, a principal nota vai para a missa no domingo dia 5 e para a bênção do gado, que este ano foi alterada para domingo após a missa, para evitar uma grande enchente de pessoas, devido à pandemia. Pela tarde, prossegue a procissão em honra de Nossa Senhora da Assunção, cuja imagem percorrerá as ruas da vila numa viatura dos bombeiros de Azambuja, preparada para o efeito.

Colete Encarnado com passaporte para a final do concurso “7 Maravilhas da Cultura Popular” Festa do Colete Encarnado passou à final das “7 Maravilhas da Cultura Popular” na semifinal que se realizou no domingo, 23 de agosto, em Loulé. Num total de 14 patrimónios culturais portugueses, a festa maior de Vila Franca conseguiu passaporte para a final que se realiza no dia cinco de setembro em Bragança, dado que ficou no grupo dos 7 pri-

A

meiros com acesso direto. A Câmara Municipal, em comunicado, agradece a todos quantos têm votado na festa que homenageia o campino. “Foi graças a este enorme apoio que conseguimos chegar até aqui. Um agradecimento também à nossa madrinha nesta competição, a Dália Madruga Tenório, e a todos os que têm contribuído para promo-

ver esta participação e a levar mais longe este que é, desde há muito, um dos cartões de visita do Ribatejo e do País, mesmo alémfronteiras!” A autarquia espera agora pela derradeira conquista: Ficar no grupo que se constituirá como as “7 Maravilhas da Cultura Popular”. Inicialmente a organização recebeu 504 candidaturas.

Colete Encarnado chega à final depois de passar várias eliminatórias PUB


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