Jornal Valor Local - Edição Setembro 2020

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Jornal Regional • Periodicidade Mensal • Director: Miguel António Rodrigues • Edição nº 91 • 24 Setembro 2020 • Preço 1 cêntimo

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Valor Local Regresso às aulas em tempo de pandemia

Encarregados de educação e alunos tentam adaptar-se à nova normalidade Aterro de Azambuja: Silvino Lúcio e Rui Corça sobre as polémicas, a petição e os processos em tribunal

Destaque da 12 à 14

Parques solares na Torre Bela e em Vila Nova da Rainha dão polémica Ambiente na 20 e 21

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Presidentes de junta lançam farpas à Infraestruturas de Portugal por atrasos nas obras s presidentes das Juntas de Freguesia de Azambuja, Vila Nova da Rainha e do Carregado têm em comum o atravessamento das suas freguesias pela Estrada Nacional 3. Esta é uma via perigosa, onde diariamente passam milhares de veículos pesados em direção, quer à entrada da autoestrada, quer em direção à zona logística, onde estão algumas das maiores empresas que fornecem os supermercados na Grande Lisboa. Em entrevista à Rádio Valor Local, todos os autarcas concordaram: a perigosidade da estrada e o facto de o Governo não ter feito mais do que promessas quanto à colocação, numa primeira fase, de duas rotundas. Tal minimizaria a ocorrência dos acidentes, com viragens à esquerda perigosas, com os condutores a serem obrigados a fazer inversão em pleno traço contínuo. Inês Louro, presidente da junta de Azambuja, aproveitou a inauguração da Rádio Valor Local, para mostrar ao secretário de Estado Duarte Cordeiro o mural existente na nossa redação onde figura a capa onde estão fotos de familiares de vítimas e sobreviventes dessa estrada. A autarca que lamenta o facto de o Governo ainda não ter olhado para este assunto com deveria, apontou ao secretário de Estado essa necessidade, tendo recebido da parte do governante a garantia de que verificaria a situação, tendo em conta o Orçamento de Estado que está a ser ultimado

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Autarcas preocupados com o volume de trânsito na nacional

na Assembleia da República. Inês Louro salienta que o movimento Nacional 3 tem tido “algumas pequenas vitórias” mas ainda assim sustenta que a grande vitória “não será quando as obras começarem, mas quando terminarem para que as pessoas tenham o direito de circular naquela estrada em segurança”. Na sua opinião, contudo, a maioria dos acidentes acontecem devido ao descuido das pessoas, mas a

qualidade das vias não ajuda. Para Inês Louro a estrada em causa não está “dimensionada para a quantidade de tráfego que ali se gera”. Também Mário Parruca, presidente da Junta de Freguesia de Vila Nova da Rainha, alinha pelo mesmo diapasão. O autarca refere que a existência de um separador central faria toda a diferença na segurança da estrada, e vinca igualmente que “a falta de civismo” está na origem de gran-

de parte dos acidentes. “A maior parte dos nossos condutores não respeita as regras e a partir disso a estrada torna-se muito perigosa”. José Martins, Presidente da União de Freguesias do Carregado e Cadafais, há vários anos que luta com o mesmo problema. O autarca lamenta que a Infraestruturas de Portugal não saiba onde fica a região, e só isso explica o facto de terem respondido que “a Nacional 3 ao quilómetro 22, junto

ao Cartaxo, não se constituía como perigosa”. O autarca refere que “em Lisboa não devem ter lido bem”. “Calculo que tenha sido uma gralha, pois estamos a falar no quilómetro 2.2 ou 2.1 que será mais ou menos no Casal Pinheiro”, local para onde estão prometidos há vários anos semáforos. Neste caso, José Martins aponta para a perigosidade da estrada entre a BP e os armazéns a caminho do Carregado. Os acidentes naquele troço acontecem com

frequência, e isso faz daquele um ponto negro, que as autoridades “teimam” em negar. José Martins salienta que na freguesia também o troço “entre muros” que fica no final na Nacional 1 junto ao cruzamento que liga à Nacional 3 oferece perigosidade. O facto de não existirem passeios, já levou a vários atropelamentos no passado. No entanto considera que neste caso, bastaria à empresa negociar com os proprietários de ambos os lados da estrada algum terreno que permitisse um passeio e mais segurança para as pessoas. Em janeiro de 2017 o Valor Local escrevia que a Infraestruturas de Portugal se preparava para investir cerca de dois milhões de euros no troço entre Azambuja e Carregado na Nacional 3. Trabalhos que seriam desenvolvidos num trajeto de 15 quilómetros e que afetavam cruzamentos e arruamentos laterais à Nacional 3. Estava prevista a reformulação do ilhéu na rotunda da Repsol no Carregado e zonas adjacentes, numa extensão de cerca de 300 metros; a instalação de sistema semafórico no Carregado, o tratamento nas zonas urbanas e a reformulação de vários cruzamentos e entroncamentos ao longo de 15 quilómetros da estrada abrangendo os concelhos de Azambuja e Alenquer, num investimento estimado em 1 milhão de euros. A informação foi prestada ao Valor Local pela entidade em causa. A obra deveria ter começado em 2019.

Trabalhadores da Avipronto em vigília junto à Câmara de Azambuja contra a retirada de direitos pela empresa s trabalhadores da Avipronto vão cumprir uma vigília, a partir das 17 horas, da próxima sexta-feira, dia 25 de setembro, frente à Câmara de Azambuja. Em causa segundo Rui Matias do Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura e das Indústrias da Alimentação, Bebidas e Tabacos de Portugal (SINTAB) está o surgimento de um braço de ferro entre os colaboradores daquela empresa do setor do abate de aves e a administração que evoca a caducidade do contrato coletivo de trabalho, e com isto pretende deixar de pagar as horas extraor-

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dinárias a 100 por cento para pagar apenas a 25 por cento, socorrendo-se da lei geral neste argumento. Em declarações à Rádio Valor Local no programa Especial Covid-19, Rui Matias diz que a empresa quer mudar as regras do jogo a meio e fala de uma chantagem perante a qual os trabalhadores não vão ceder. Rui Matias não quer pensar que esta é uma forma de retaliação da empresa perante a crise Covid na fábrica que resultou num processo no Ministério Público em que muitos trabalhadores estão a testemunhar contra as chefias

tendo em conta o seu procedimento considerado como negligente durante o surto, mas diz que vai até onde for possível para salvaguardar os direitos dos trabalhadores. Antes da manifestação dos trabalhadores da Avipronto junto à Câmara de Azambuja, Rui Matias pretende ainda reunir-se com o presidente da Câmara de Azambuja, Luís de Sousa, para dar a conhecer a realidade que os trabalhadores estão a passar, visto que na sua grande maioria são também munícipes daquele concelho.

Começou um braço de ferro entre o SINTAB, os trabalhadores e a Avipronto


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Green Ibérica continua a adiar a saída dos contentores do Carregado ontinua num impasse a questão da deslocalização do parque de contentores do Carregado. O Valor Local noticiou em primeira mão que a Green Ibérica já chegara a acordo com a Câmara Municipal de Alenquer para sair das atuais instalações da antiga PERI, mas até ao momento ainda não ocorreram efeitos práticos dessas negociações. Em causa o impacto visual, e as questões de segurança relativos à atividade da empresa que se situa paredes meias com a escola básica 2,3 do Carregado. Em declarações à Rádio Valor Local, Pedro Folgado recordou o primeiro contacto com a empresa Green Ibérica à qual foi dito, desde o início, que o local em causa não era o indicado por se situar em zona de Reserva Agrícola e Reserva Ecológica Nacional. A empresa ignorou as palavras do autarca e assentou arraiais na antiga PERI de forma ilegal. “Em poucos dias apercebemonos que havia movimentações nesse local com tráfego muito in-

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tenso de contentores, e nessa altura colocámos os pés ao caminho para tentar perceber o que se estava a passar”. A autarquia passou duas contraordenações por ocupação ilegal do terreno e pelo desenvolvimento de atividade não legalizada, que esbarra com a RAN e o PDM. Foi também reportado o caso à Direção Regional de Agricultura e Pescas. Recorde-se que estamos a falar do denominado ALB Carregado. Este mesmo porto tem uma área total de 55000.00m², com uma capacidade de cerca de 40000.00 TEU (twenty-foot equivalent unit). Pretende substituirse ao parque de contentores atualmente na Bobadela, freguesia de Santa Iria da Azoia, São João da Talha e Bobadela, no concelho de Loures, para o Carregado. Para se justificarem os responsáveis da Green Ibérica alegaram junto da Câmara que estavam confiantes que o RERAE emitido pela autarquia para a antiga PERI, ou seja estamos a falar do

Contentores no Carregado estão para lavar e durar

regime excecional de regularização de atividade, continuava a vigorar para a nova atividade dos contentores, contudo cessou com o abandono daquelas instalações, no Carregado, por parte da anterior indústria, não tendo caráter transmissível para a Green Ibérica. “Segundo eles a PERI

transmitiu-lhes que podiam ir para ali sem problemas”, refere o autarca. Foi solicitado à empresa para que apresentasse um cronograma com vista à saída do local, até 15 de setembro, data do regresso às aulas, mas que não foi cumprido. Em resposta a empre-

sa assumiu que sairia mas não apresentou o cronograma. “Argumentaram que andavam à procura de um novo espaço. Contestaram as contraordenações referindo que não eram conhecedores da situação, mas isso não nos resolve o problema”. O autarca não enjeita a possibilidade de recorrer

à justiça, mas face às demoras que este tipo de questões costuma ter nos tribunais, essa não será a melhor solução – “Pode arrastar-se durante anos. Por isso temos de arranjar aqui um equilíbrio neste jogo de forças”. A empresa assumiu que está a negociar localizações com a Câmara de Vila Franca de Xira, pelo que o município de Alenquer espera que seja célere nesse intento. Através de requerimento, O Bloco de Esquerda na Assembleia da República questionou, mais recentemente, o Governo sobre o que pretende fazer face à denominada ocupação ilegal por parte da Green Ibérica, com um parque de contentores paredes meias com a escola básica, na antiga PERI no Carregado. Aquele partido pergunta se o Governo pretende, entre outras questões, repor a legalidade e desocupar o parque de contentores marítimos daquela localização. E se assim for quando tenciona tomar essas medidas.

Aveiras de Cima: Obra do Parque da Milhariça avança s obras do parque Urbano da Milhariça em Aveiras de Cima devem começar nas próximas duas semanas. A garantia foi deixada pelo presidente da Câmara de Azambuja Luís de Sousa, durante o ato de consignação à empresa que venceu o concurso. Luís de Sousa destacou, ao Valor Local, que esta era uma obra há muito pretendida pela população e pelos autarcas dado que aguardava por uma intervenção há muitos anos. O local que já serviu de mercado mensal à localidade, será agora um dos centros de atividade de Aveiras. A obra que foi custeada apenas pela autarquia, prevê vá-

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rios espaços. Desde um local para uma ponte pedonal mas também estacionamento, um parque de jogos e áreas de lazer, bem como sombras e locais de descanço com várias bancadas. O novo Parque da Milhariça terá ainda circuitos pedestres e um espaço com máquinas de manutenção, pronto a servir uma população que há anos reclama o mesmo tratamento que outras localidades à volta. O projeto que tem um custo aproximado de um milhão de euros, surge numa altura em que cresce a procura para espaços de lazer em família e em segurança, sendo essa, segundo António Torrão,

presidente da Junta de Freguesia de Aveiras de cima, uma das ideias que prevaleceu neste projeto. Em “sintonia” o presidente da Câmara de Azambuja e o presidente da Junta de Aveiras de Cima, esclarecem que este é o projeto que faz falta à localidade e enaltecem igualmente a qualificação do Largo da República que vai ao encontro da recuperação do cinema da localidade. Quanto ao Parque Urbano da Milhariça, António Torrão declarouse feliz “por ver a obra a avançar” ressalvando que ficará mais contente e confiante “quando vir as máquinas no terreno”.

Pontapé de saída na obra do parque da Milhariça

Pandemia

Cruz Vermelha de Aveiras transportou 103 doentes durante o período de emergência Cruz Vermelha de Aveiras de Cima esteve na linha da frente no combate à Covid-19. A instituição foi responsável, a par de outras, do transporte de suspeitos de estarem infetados com a doença nos trajetos para os hospitais da região. Foram tempos novos, de adaptação e de uma formação intensa para este desígnio, conforme focou Pedro Vieira em entrevista à Rádio Valor Local. No total, e para o período de 13 de março a 16 de abril, a CVP de Aveiras fez 103 transportes de doentes suspeitos de te-

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rem contraído o vírus, num total de 503 horas, 14 mil 300 quilómetros entre os distritos de Lisboa, Santarém, e em parte para o de Leiria, sempre acionados pelo INEM. As viaturas da Cruz Vermelha tiveram de ser adapatadas ao transporte dos doentes, nomeadamente, com a necessidade de isolar o espaço entre o socorrista e os passageiros, e colocar ventiladores e ar condicionado nas devidas condições. Essa adaptação teve de ocorrer numa questão de poucos dias ou mesmo horas. A

nível da formação, essa teve lugar uns dias antes do decretar do estado de emergência, em Coimbra. Essa formação que durou 24 horas passou por saber como vestir o equipamento de proteção individual (EPI); fazer o transporte propriamente dito e a parte da desinfeção quer antes quer depois do transporte do doente, algo que Pedro Vieira considera ser “o mais importante”. O vírus mereceu sempre “muito respeito” pelos membros da instituição. Alguns doentes transportados “iam desabafando amíude

com os elementos da Cruz Vermelha”. Face à incerteza e à possibilidade de estarem infetadas “as pessoas iam questionando sobre para onde iam, e qual o tratamento”. Os serviços destinavam-se na sua maioria para os Hospitais de Santa Maria, Curry Cabral, Egas Moniz, Coimbra, Caldas da Rainha, ainda antes de Vila Franca ter começado a receber estes doentes. Atualmente o transporte de doentes Covid está a incidir sobretudo em pessoas que vão fazer o teste ou no caso das altas hospitalares

Pedro Vieira fala num esforço acrescido durante o periodo de emergência


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Parques Solares na Torre Bela e em Vila Nova da Rainha dão polémica município de Azambuja deu luz verde em reunião de Câmara a dois megaprojetos de energia fotovoltaica no concelho – o primeiro em Vila Nova da Rainha pela Iberdrola Renewables Portugal SA num total de investimento avaliado em 170 milhões de euros, a construir em 200 hectares de terreno. Pretende vir a dar emprego a 260 pessoas na sua fase de construção. No local junto à A1 estão previstos 152 mil 440 painéis solares. Já em Alcoentre, na Torre Bela, o projeto é de envergadura mundial, proposta das empresas CSRTB e da Aura Power Rio Maior previsto para uma área de 775 hectares, num investimento de 170 milhões de euros com a criação de 1000 postos de trabalho na fase de construção e 10 postos permanentes após esta fase. A central está prevista para a quinta na parte em que fica de frente para a Companhia Logística de Combustíveis prolongando-se até à entrada de Alcoentre para um total de 638 mil 400 painéis solares. A proposta contou apenas com os votos a favor do PS, sendo que CDU e PSD votaram contra. Rui Corça, do PSD, diz ao Valor Local que a Câmara está a mostrar a mesma incompetência com que lidou com o caso do aterro. Já Luís de Sousa diz que o vereador laranja mais parece do Bloco de Esquerda ao estar contra um investimento desta dimensão no concelho. Quer um investimento quer o outro estão sujeitos a constrangimentos de Reserva Agrícola Nacional e espaço florestal. Sendo que em reunião de Câmara foi conferida a declaração de interesse público municipal a ambos, seguindo agora os dois projetos para a assembleia municipal. No caso do complexo que a Iberdrola quer construir em Vila Nova da Rainha o município pede para que a proposta seja aperfeiçoada com a indicação do número de postos de trabalho após a construção sendo que é imperativo que a empresa fixe a sua sede no concelho. No caso do investimento para a Torre Bela os constrangimentos são maiores à partida pois também está previsto para espaço de Reserva Ecológica Nacional. No total este parque fotovoltaico pode produzir energia elétrica suficiente para abastecer anualmente uma cidade com 110 mil habitantes. A área é a equivalente a 775 campos de futebol, mas choca com o facto de aquele ser um território florestal, agrícola, rodeado por uma unidade de paisagem particular. O grande desafio será passar no crivo do estudo de impacte ambiental onde várias entidades podem pronunciar-se.

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para o Facebook da Câmara durante a última reunião. Nós no PS não somos nenhuns patós que aqui andamos. Já virámos frangos há muito tempo”, conclui.

Oitenta por cento da Torre Bela será constituída por painéis solares

Associação ambientalista Zero diz que avaliação de impacte ambiental é decisiva e país alcatifado a centrais não é boa ideia

Sendo que o Valor Local apurou junto da associação ambientalista Zero que a mesma não deixará de dar o seu contributo neste processo. Os solos da Torre Bela estão apenas previstos para uso agrícola admitindo-se outros usos como o habitacional, ou o turístico sendo que uma instalação deste tipo terá de reunir um largo consenso para ir em frente na fase do estudo de impacte ambiental, e quando submetida a entidades como a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo ou a Agência Portuguesa do Ambiente. Aquela localização está ainda sujeita a servidões como a conduta do Alviela, área de sobreiro e azinheira, linhas de água entre outras. O investimento a sul no concelho apresenta menos condicionantes, mais delimitado pela questão da proximidade à autoestrada e por estar integrado, se vir a luz do dia, em leito de cheia. Ambos os terrenos são propriedade de proprietários privados que os vão alugar aos grupos deste setor das energias alternativas. No caso da Quinta da Torre Bela os proprietários vão lucrar “neste arrendamento cerca de um milhão de euros por ano”, conta Rui Corça que manifesta - “É apetecível claro está!”. Rui Corça considera que “a Quinta da Torre Bela vai desaparecer” e com esta aprovação “a Câmara abre um precedente para que outros se instalem no concelho”. “Vai nascer um sol artificial ali entre Aveiras e Alcoentre porque este projeto na Torre Bela ocupará 80 por cento da quinta”. Para o autarca o investimento em especial o do norte do concelho não vai trazer benefícios, porque “são 10 postos de trabalho, e não sabemos que taxas é que vamos ganhar com isto, sendo que mesmo após a

conclusão e no que toca a impostos indiretos também vem muito pouco para o município”. Como tal “não nos podemos dar ao luxo de abrir uma porta desta dimensão”. O autarca diz que não está contra a produção de energias alternativas e amigas do ambiente “mas escusava de ser à custa do concelho de Azambuja”, elencando ainda a devastação em perspetiva da “fauna e da flora”. “Infraestruturas deste tipo nos Estados Unidos e embora de pequena dimensão têm levado à morte de milhares de pássaros por ano”, junta. O impacto “só para dar alguns exemplos causará uma descaracterização do concelho e com consequências nas vinhas e nos pomares adjacentes bem como no Paul de Manique pela intensidade do calor produzido”. Por outro lado, “este tipo de projetos não costumam ser implantados em zonas próximas de núcleos populacionais”. Segundo o autarca “na assembleia municipal tudo faremos para que os projetos sejam chumbados” e para que “Azambuja não seja agora o El Dorado da energia solar pelos piores motivos”. Aos promotores

“este investimento com cerca de 30 a 40 anos de vida útil pode render mil milhões de euros fazendo a conta por baixo”. O projeto da Torre Bela quando a funcionar vai conseguir satisfazer 10 por cento da necessidade de energia solar produzida por fontes não poluentes do país, e como tal no entender da Câmara de Azambuja é bem-vindo. Luís de Sousa, presidente da autarquia, ao Valor Local estranha a posição do vereador do PSD e refere que a procissão ainda agora vai no adro pois não faltarão pareceres das mais diversas entidades. Quanto aos benefícios ou prejuízos do projeto diz-se neutro – “No meu entender nem fico satisfeito nem insatisfeito se forem para a frente”. Contudo refere que “não são conhecidas ilegalidades”, e portanto diz não compreender a aversão do PSD a estes projetos, sobretudo “quando é um partido de direita”. Luís de Sousa refere que está a tentar perceber a experiência do município de Santarém neste campo, pois para aquele concelho está previsto um investimento semelhante mas para 330 hectares. O

Zona de implantação da central em Alcoentre

autarca refere que a sua maior preocupação são as taxas a pagar pela empresa “porque de resto nada mais me preocupa”, não havendo até à data dados quanto a previsões no arrecadar de receitas. Luís de Sousa considera que o município está a estudar o que pode negociar, sendo que em cima da mesa está a criação de uma cortina arbórea na 366 e minimiza a questão da devastação florestal pois “em grande medida estamos a falar de eucaliptos que são árvores que pouco interessam por causa dos incêndios, e que sugam as linhas de água necessárias à prática agrícola”. Contudo no projeto pode ler-se que em causa estão também sobreiros, espécie protegida, mas não é adiantado o número de exemplares a deitar abaixo se a central for para a frente. Quanto a contrapartidas, o autarca refere que está a tentar beber da experiência de Santarém para tentar perceber até onde pode ir. “Não vale a pena estarmos a fazer desde já um filme de terror à volta disto, ou um teatro como é o caso do vereador Rui Corça quando foi

O Valor Local contactou as duas principais associações ambientalistas do país: A associação Quercus diz desconhecer o projeto e referiu que poderá falar do assunto em altura posterior quando já existir mais informação. Já a Zero- Sistema Terrestre Sustentável através do seu presidente, Francisco Ferreira, saúda este tipo de energia alternativa não poluente “até porque Portugal é um dos maiores produtores de energia solar e com um grande potencial pois estamos a falar de uma fonte barata e amiga do ambiente”. O futuro passa por aqui até porque está na mira o fecho de centrais a carvão no país. A demanda por mais produção elétrica está na ordem do dia e como tal “a energia solar contribui para a descarbonização” não obstante “alguns cuidados que têm de existir porque não devemos entrar em conflito com a necessidade de preservação de terrenos agrícolas ou de reserva ecológica”. “Alcatifar extensas áreas com centrais solares deve merecer grande ponderação”, conclui. Como tal a avaliação de impacte ambiental vai ser determinante para este tipo de projetos com vários passos a dar. “É um requisito indispensável e no passado já tivemos centrais viabilizadas e outras que não foram aprovadas”. Uma avaliação “transparente e honesta é o que desejamos neste processo”. A Zero “quis identificar junto do Governo quais as áreas no território adequadas à implantação de centrais solares, e com menos impacto no território, mas a nossa pretensão não foi aprovada”, lamenta Francisco Ferreira. Quanto ao facto de a central de Alcoentre estar prevista para uma zona próxima de núcleos populacionais, Francisco Ferreira diz que “não há problemas nenhuns no que diz respeito a impactes negativos para além do paisagístico” mas “se essa é uma zona de bons solos agrícolas talvez não se justifique ser invadida por painéis solares”. Já no caso do famigerado caso de morte de aves por painéis solares, o ambientalista diz que não é algo valorizável, embora esta seja uma questão na ordem do dia em todo o mundo quando falamos no impacto dos painéis solares.


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Jorge Ribeiro, presidente da União de Freguesias Póvoa-Forte

“Retirámos toneladas de monos da rua durante o confinamento” om 93 infetados e 424 doentes recuperados, à data de fecho desta edição, o presidente da União de Freguesias de PóvoaForte, Jorge Ribeiro, reflete que a pandemia tem sido uma “grande aprendizagem para todos”. Dois funcionários dos serviços administrativos daquela autarquia testaram positivo ao vírus no mês de julho o que obrigou a um maior esforço e à realização de testes a cerca de 10 pessoas que trabalham naquele setor. O maior desafio foi para a limpeza e higiene urbanas face ao aumento da colocação de monos na via pública. Nesta nova fase em que a segunda vaga da doença está à porta, na mesma altura em que ocorre o regresso às aulas, o autarca considera que é tempo de cada um fazer a sua própria proteção indi-

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vidual de forma a que os contágios possam ser mitigados ao máximo. Com 40 mil 404 habitantes à data dos censos de 2011, a União de Freguesias tem um esforço redobrado “porque os dois agrupamentos de escolas têm mais alunos do que muitas freguesias em número de população aqui à volta”. Para o autarca, é importante que as aulas decorram dentro daquilo que é normal, e para já sem recurso à tele-escola. “Não podemos pensar em parar tudo porque isso seria andar para trás”, refere. Durante o período de emergência, o trabalho da autarquia na limpeza urbana foi mais exigente, e obrigou ao desdobramento das equipas em horários divergentes. Foi adquirida uma máquina varredoura, “porque há trabalhos que não

param”. Muitos foram os cidadãos da freguesia que ficaram em casa nos primeiros meses da pandemia, e por isso “foi notório o aumento da produção de lixo”, o que obrigou a mais trabalho para os Serviços Municipalizados de Águas e Saneamento de Vila Franca de Xira. Também aumentou o fenómeno da colocação de monos na via pública. Cerca de 20 viaturas recolheram cada uma delas 3500 quilos desse tipo de desperdício. “As ruas andavam mais limpas porque não havia praticamente circulação de pessoas na via pública nessa altura, mas aumentou a recolha de monos”. “Retirámos toneladas desses resíduos”. A autarquia em causa tem sido confrontada, sobretudo desde a agregação entre Póvoa e Forte da

Casa, com as críticas dos fregueses face à higiene e limpeza urbana como sendo deficiente. Jorge Ribeiro reconhece essas fragilidades, e diz que tem existido “uma política de se tentar modernizar essa área com aquisição de mais aparelhos como aspiradores, e agora com a nova máquina varredoura com a comparticipação da Câmara Municipal”. Um dos surtos mais conhecidos na área da união de freguesias deu-se num lar de idosos privado em julho com 20 doentes e 12 funcionários infetados. Um facto que foi acompanhado pela junta que “forneceu desde o início da pandemia material de proteção individual. Monitorizámos algumas situações mais preocupantes como essa que felizmente se regularizou”.

Junta de Aveiras defende mudança das esculturas do Largo da República para a zona do novo cinema presidente da Junta de Freguesia de Aveiras de Cima, António Torrão, vê com bons olhos a mudança dos conjuntos escultóricos do Largo da República para um outro local nas imediações. Em declarações à Rádio Valor Local, o presidente da junta salienta que a requalificação do cinema de Aveiras de Cima e da zona adjacente, poderá ser usada para esse fim. A obra foi encomendada ao artista plástico azambujense António Canau Espadinha. O conjunto escultórico, inaugura-

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do em conjunto com a Casa da Câmara, uma antiga taberna recuperada em 2009, que representa os trabalhadores rurais, que naquele largo que até aos anos setenta esperavam pela “jorna”, nunca foi consensual, com o antigo presidente da junta, Justino Oliveira, a apelidar a obra de “caixotes”. Ainda assim a população foi-se habituando a ver as esculturas naquele espaço, uma situação que pode agora mudar, já que António Torrão, diz esperar que a Câmara de Azambuja tenha isso em con-

ta. Para o presidente da junta, aquelas esculturas nunca deveriam ter ocupado aquele espaço. Para além de limitarem o uso do Largo da República, o autarca considera que deveriam merecer um “local mais digno”, até porque “à medida que fomos acrescentando obras ao largo, as esculturas foram perdendo a visibilidade”. Nesse sentido, o autarca acentua a necessidade de aproveitar este projeto para se enquadrar as esculturas noutro local, como por

exemplo aconteceu em 2009 quando o monumento aos combatentes da grande guerra, teve de ser deslocada para outra parte da freguesia, deixando o Largo da República livre para o conjunto escultórico de Canau Espadinha. António Torrão gosta da ideia de existir um centro cultural concelhio em Aveiras de Cima, e lembra por exemplo que a localidade está no meio do concelho e que está bem servida de acessibilidades, com destaque para a auto estrada do norte.

Paul de Manique já é ponto obrigatório na rota dos fotógrafos de libelinhas e não só espaço envolvente ao Paul de Manique do Intendente foi requalificado e é agora um posto de observação de aves. O Valor Local foi conhecer este projeto. O Paul de Manique é um ponto de passagem de várias espécies, nomeadamente, algumas aves que não era costume andarem, antes, por estas bandas, mas que devido às alterações climáticas começaram a visitar esta que é já uma das últimas zonas húmidas da região. Até lontras já foram captadas pela objetiva de um fotógrafo. Neste sítio foram colocadas alguns infraestruturas de apoio aos amantes da natureza que ali se desloquem. Esta ação que fez parte de uma candidatura ao Fundo Ambiental,

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mas que não obteve financiamento, e comportou a aquisição, por parte do município, dos terrenos no valor de 80 mil euros, e a construção do passadiço e do observatório bem como a sinalização e colocação de painéis informativos com um custo de 14 mil euros. Para conseguir uma massa significativa de água que possa ser mais atraente enquanto habitat das espécies, o município, de acordo com o vereador do Ambiente, Silvino Lúcio, refere que “foram efetuadas obras” no sentido de aproveitar um excedente de água de uma captação da União de Freguesias de Manique do Intendente, Maçussa e Vila Nova de São Pedro bem como de uma rotura de uma conduta da EPAL.

“Há ainda hipótese de se recorrer a uma ribeira local para criação de um açude de modo a criar-se um belíssimo espelho de água”. Segundo Diana Loureiro, engenheira do Ambiente do município, estão identificadas 120 espécies de aves pelo Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) “mas existem mais”. Algumas são protegidas por lei como o caimão, a cegonha preta, os íbis pretos, pernilongos, e o colhereiro. Recentemente uma cria de uma lontra nasceu no paul. Para além disso há muitas outras espécies comuns a este tipo de habitats como rãs, sapos e libelinhas que recentemente atraíram um conjunto significativo de fotógrafos daquele tipo de insetos ao local.

Um dos objetivos passa por aumentar o volume da massa de água


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Depois de três casos de infeção

Centro Social e Paroquial de Castanheira do Ribatejo continua na luta contra a pandemia rês pessoas ficaram infetadas com Covid-19 no Centro Social e Paroquial Casa de São José na Castanheira do Ribatejo, duas funcionárias e uma utente, no passado mês de julho. Num total de 20 utentes e 19 funcionários, a IPSS não voltou a registar casos. Paulo Horta, vice-presidente da instituição, à Rádio Valor Local, recorda que a utente de 83 anos estava assintomática, recuperou da doença, mas veio a falecer mais recentemente derivado a outras complicações de saúde pré-existentes ao coronavírus. Naquela altura, refere Paulo Horta, a instituição cumpriu com as recomendações da delegada de saúde. Não houve mais casos. Já tiveram lugar várias rondas de testes para além de uma primeira logo em abril, e daquela que foi

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desencadeada em função dos três casos, “até porque a utente que deu positivo demorou bastante tempo a dar negativo, e nesse meio tempo optámos por efetuar mais testes”. “Sempre que algum funcionário fica fora do lar por um período prolongado ou sempre que admitimos alguém são sempre feitos testes”, acrescenta. Na tentativa de mitigar focos de contágio o centro social e paroquial limitou as visitas, mas também passou a desinfetar qualquer tipo de mercadorias que entrem na instituição e que agora passam a ser deixadas no seu exterior. Por outro lado, é tirada a temperatura aos utentes e funcionários com regularidade. Recentemente, o Governo anunciou a criação de uma linha de

apoio aos lares de idosos neste contexto da pandemia e das possíveis dúvidas que possam surgir no enfrentar da doença nestas instituições. Na opinião de Paulo Horta, trata-se de algo “positivo”, “pois tudo o que for para ajudar é bem-vindo”. Quanto a visitas são feitas nesta altura à distância sem que os familiares possam ter contacto aproximado com os utentes. “É levado a cabo um esforço redobrado no acompanhamento psicológico dos idosos porque sentem a falta da família, e vamos tentando utilizar as videochamadas”. Muitos não conseguem entender o que se está a passar, principalmente as pessoas já com quadros de demência, e de alzheimer. São dias difíceis que a IPSS “vai tentando gerir da melhor forma.”

Paulo Horta fala nas medidas mitigadoras da Covid - 19.

Outubro com “Dias da Música” no Concelho de Azambuja Câmara de Azambuja vai promover, durante o mês de outubro, uma iniciativa intitulada Dias da Música. O mote é trazer as bandas filarmónicas e as orquestras para a rua, com o duplo objetivo de reaproximar a música do público e minimizar os riscos da pandemia que continua a condicionar imenso as atividades socioculturais.

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Para estimular a retoma dessa atividade, a autarquia, em articulação e consenso com as associações participantes, planificou um conjunto de concertos e arruadas que pretendem recuperar a dinâmica perdida nos tempos de confinamento. Músicos, maestros e dirigentes voltam, assim, a ter oportunidade de mostrar, em espaço público

e aberto, os seus talentos e os frutos da sua dedicação à arte da música. O evento tem a sua estreia no Dia Mundial da Música, 01 de outubro, com uma atuação da Orquestra Lusitanus, no adro da Igreja Matriz em Azambuja. No dia 05, feriado nacional, haverá três momentos. A partir das 15h00, a Banda da Escola de

Música da ADR “O Paraíso” fará uma arruada pelas artérias de Vale do Paraíso; às 16h30, terá início um concerto pela Filarmónica Recreativa de Aveiras de Cima, no Largo da República da sua terra natal; e para as 18h00, está marcado um concerto da banda do Centro Cultural Azambujense, no espaço do Jardim Urbano de Azambuja.

Estes “Dias da Música” prosseguem a 09 de outubro, sexta-feira, com a exibição da banda do Centro Cultural Azambujense, pelas 21h00, desta feita em Vila Nova da Rainha, no largo frente à Junta de Freguesia. O programa completa-se com duas atuações no domingo, dia 18. A partir das 11h00, a banda

da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Alcoentre fará entoar a sua música ao longo das ruas da vila de Alcoentre e, por fim, quando forem 16h00 terá início o concerto da Banda da Escola de Música da ADR “O Paraíso”, no jardim de Casais da Lagoa, lugar pertencente à Freguesia de Aveiras de Baixo.

Inauguração da ponte pedonal de Arruda dos Vinhos oi inaugurada, no passado dia 4 de Setembro, um jardim e uma ponte pedonal entre a urbanização do Casal do Telheiro e a zona comercial da Fresca, em Arruda dos Vinhos com a presença do Secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Duarte Cordeiro. Segundo as palavras de André Rijo, presidente da Câmara “a autarquia tem trabalhado com as pessoas e para as pessoas, e esta obra é o exemplo claro disso que é uma pequena obra para o município, mas é sem dúvida algo que vai fazer a diferença na vida das pessoas”, trazendo um aumento da “qualidade de vida, de bem-estar e de acesso a produtos e serviços essenciais”. O autarca recorda que “esta é a terceira ponte pedonal, neste mandato, inaugurada dentro da bacia hidrográfica do Rio Grande da Pipa. Esta permitirá o acesso à zona comercial e industrial, “geradoras

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de emprego”, bem como ao serviço de creche e parque escolar. referiu ainda que foram dados passos na “mobilidade sustentável, e eficiência energética” motivo pelo qual “todos estão de parabéns”. Para Duarte Cordeiro, “Arruda é um concelho em que se tem plena noção de que se vive bem, que tem qualidade de vida, e isso vê-se nas grandes e pequenas coisas, como por exemplo nestas obras que valorizam os espaços verdes, o ambiente, a mobilidade suave, a circulação pedonal, e por bicicleta. Estes pequenos pormenores acrescentam muito à vida das pessoas, especialmente no contexto em que vivemos hoje”. “É fundamental mais do que nunca a valorização de espaços como este, pois teremos que gerir a compatibilização entre algum isolamento, com a fruição de espaços públicos. Nesta fase precisamos de saber viver com

equilíbrio. O espaço público é uma extensão de nossas casas, sendo de todos, se for de quali-

dade, acabamos por melhorar bastante a vida em sociedade, e a vida que podemos todos par-

tilhar. Não é por acaso que Arruda dos Vinho tem crescido, não é por acaso que isto acontece,

André Rijo e Duarte Cordeiro na inauguração da nova obra

e se se continuar a apostar nos espaços públicos, é um concelho com muito futuro.”, concluiu.


8 Economia

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Ageira quer fixar talento em Alenquer mas diz que é necessário apostar na habitação Raquel Ribeiro esteve na Rádio Valor Local onde falou dos objetivos da associação

Miguel António Rodrigues concelho de Alenquer tem desde há poucos meses uma nova associação empresarial. A AGEIRA – Associação de

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Gestão Empresarial e de Inovação da Região de Alenquer surge assim para dirimir alguns dos principais problemas com que se debatem os empresários lo-

cais, sendo a falta de recursos humanos a principal dor de cabeça destas empresas. Com uma lista de 12 empresas fundadoras, a associação tem PUB

vindo a crescer rapidamente tendo mais do que duplicado os seus associados nos últimos meses. Raquel Ribeiro, presidente da direção da AGEIRA, salientou em entrevista ao Valor Local, que a associação não tem planos para já para se expandir a outros concelhos, como é o caso por exemplo do de Azambuja, que tem uma forte zona industrial associada à logística e que há muito desespera por uma intervenção forte deste tipo de estruturas. No entanto, na mesma entrevista que pode ouvir em podcast no site radiovalorlocal.com, Raquel Ribeiro vinca que as empresas de fora do município de Alenquer que tenham qualquer tipo de relações comerciais com as associadas, podem também elas fazer parte da estrutura. A presidente da direção sustenta que o nascimento da AGEIRA está diretamente ligado com a necessidade da existência de uma rede de negócios que se cinja ao grupo de empresas de Alenquer, sem que tenha de existir a necessidade de se procurar soluções fora destes mesmos associados “numa lógica de proximidade e de crescimento sustentado em conjunto”, explica Raquel Ribeiro, que adianta que este foi “um desafio conjunto entre os empresários e a Câmara de Alenquer, para que fôssemos ao encontro das necessidades de um tipo de empresariado que não encontrava a resposta àquilo que pretendia”.

Para além da troca de serviços entre empresários, esta associação tem como objetivo ajudar à formalização de propostas para concursos e fornecimentos vários. Raquel Ribeiro sublinha ainda que nos objetivos da AGEIRA está também a realização de consórcios “que possam ser formados para se concorrer a projetos mais vastos” tendo em vista, por exemplo a internacionalização das empresas. O aparecimento da AGEIRA vem agora agilizar as parcerias entre empresas. Até aqui os empresários procuravam soluções sozinhos sem consultadoria, algo que a associação agora pretende fazer diferença na vida destas empresas que passam a ter uma ajuda suplementar. Até aqui os empresários estavam limitados a algumas associações empresariais “nos concelhos limítrofes, mas que tinham apenas soluções genéricas” e o que a AGEIRA se propõe fazer, é um acompanhamento mais específico junto das necessidades dos associados nos vários domínios. A AGEIRA tem, no entanto, outro desafio para vencer junto dos seus associados. Raquel Ribeiro sustenta que nesta altura está a ser difícil às empresas manter trabalhadores qualificados dado que existe alguma disputa com empresas dos concelhos mais próximos. À Rádio Valor Local, a diretora da associação, sublinha que existe alguma competição com

os concelhos de Oeiras, Cascais e Torres Vedras, no que toca à atração de quadros de topo para essas mesmas empresas. Segundo a a responsável “perante a possibilidade de desenvolverem uma carreira profissional num cargo de relevância, há executivos que têm preferência por outras zonas residenciais, assim como, as famílias”, sendo que esta é uma premissa que o município de Alenquer precisa de desenvolver. A juntar aos quadros mais altos, está igualmente a estabilização do leque de colaboradores qualificados. Raquel Ribeiro destaca que, neste caso, as acessibilidades fazem muita diferença. “Muitas destas empresas são indústrias e partilham connosco ser difícil que os trabalhadores fiquem a viver em Alenquer porque também aqui o parque habitacional é diminuto, e as rendas de casa são elevadas”. A responsável pela AGEIRA acrescenta, entretanto, que “o mercado de arrendamento é muito fechado na região” sendo por isso, na sua opinião, “necessário investir num parque habitacional a custos controlados para fixar população aqui, já que os transportes públicos parecem não ser suficientes”. Outra das matérias é a formação. Existem já entidades a fazê-lo, aliás algumas das empresas têm os sus próprios centros de formação, que são mais especializados e que poderão ser abertos a outras empresas do concelho e da região.


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Dossier: Águas 9

Clientes da Águas de Alenquer e de Azambuja estão muito satisfeitos com o serviço durante a pandemia egundo um estudo da Aquapor, grupo do setor das águas e saneamento, que presta serviço, entre outros concelhos, em Alenquer e Azambuja, 88 por cento dos seus clientes, distribuídos pelas 12 concessionárias no país, avaliam de forma “positiva ou muito positiva a qualidade dos serviços prestados” durante o Estado de Emergência. Os resultados são de um estudo da consultora Nielsen, realizado em julho de 2020, sobre o trabalho desenvolvido pelas concessões do Grupo Aquapor nos municípios de Cascais, Gondomar, Setúbal, Alenquer, Azambuja, Figueira da Foz, Tondela, Mortágua, Santa Comba Dão, Tábua, Carregal do Sal e Vila Real de Santo António. Apesar de ser voz corrente a insatisfação das populações dos concelhos que estão na área de abrangência do Valor Local, servidos pela Aquapor, Azambuja e Alenquer, de acordo com o mesmo estudo, o nível de confiança na qualidade da água fornecida aumentou, “sendo que 73 por cento dos inquiridos afirmam beber água da torneira, quando, em 2018, eram 55 por cento”. O grupo Aquapor sustenta ainda que a maioria dos clientes considera justo o preço que paga pela água, 41 por cento dizem que o serviço melhorou face ao último ano e 91 por cento mostram-se extremamente satisfeitos com a

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António Cunha, CEO Aquapor Foto Nuno Costa

clareza, transparência e organização das faturas. Ao Valor Local a assessoria de imprensa da Aquapor refere que foram entrevistados para este estudo 200 consumidores no concelho de Azambuja e outros 200 no concelho de Alenquer. O Grupo Aquapor serve mais de 1,5 milhões de habitantes em

Portugal e é um dos principais players do mercado português. Para António Cunha, CEO do Grupo Aquapor, “os resultados deste estudo confirmam que estamos no caminho certo quanto ao trabalho que temos vindo a desenvolver nas diversas concessões de Norte a Sul do país”. E acrescenta: “Estamos empe-

nhados em melhorar o serviço e a qualidade da água, dotando cada vez mais as nossas infraestruturas de apoio, continuando a investir e a desenvolver tecnologia de última geração, com total preocupação pelas questões ambientais. O nosso compromisso é com os clientes, a quem continuaremos a garantir um ser-

viço de excelência a um preço justo”. Pela melhoria da qualidade dos serviços, o Grupo Aquapor “introduziu novos processos operacionais e apostou em investimento nas redes, permitindo aumentar a regularidade de abastecimento”, sustenta o comunicado. Lançou uma plataforma de controlo

de consumos por telemetria, que veio reforçar o atendimento eletrónico, e procedeu a uma revisão dos processos comerciais e operacionais no contexto pandémico. O Valor Local questionou sobre quais as questões que foram colocadas aos munícipes, sendo que foram entrevistadas 1.600 pessoas em oito concessões distintas. Em cada uma das concessões foram realizadas 200 entrevistas, para um intervalo de confiança de 95% proposto e confirmado pela empresa Nielsen. Este estudo, segundo a Aquapor, ao Valor Local, abrangeu doze municípios e foi realizado através de uma entrevista telefónica individual e anónima de cerca de 15 minutos. Os inquiridos responderam a 61 questões, sobre vários aspectos, tais como: qualidade da água, regularidade no abastecimento, resolução de avarias ou falhas de água, serviço de saneamento, atendimento, clareza da informação prestada, entre outros. “Este estudo é feito de dois em dois anos, com o objetivo de conhecer o nível de satisfação global dos nossos clientes, nas mais variadas vertentes do serviço que prestamos e identificar aspectos, em cada uma das concessões, onde podemos melhorar, para continuarmos a merecer a confiança dos nossos clientes”, refere.

Câmara de Alenquer satsifeita com conclusões do estudo da concessão das águas stá praticamente concluído o estudo efetuado pela Câmara de Alenquer junto de um dos académicos mais reputados do setor das águas, Joaquim Poças Martins, acerca das questões mais prementes que rodeiam a concessão de águas no concelho de Alenquer. Uma delas diz respeito ao valor que a Câmara teria de pagar no caso de rescindir contrato com a Águas de Alenquer. Falou-se na hipótese da indemnização chegar aos 60 mihões de euros. Por outro lado, o estudo pretende avaliar o pedido de reequilíbrio financeiro pedido pela concessionária que nesta altura evoca a necessidade de subir as tarifas na casa dos 54 por cento. Sem querer adiantar resultados antes de os transmitir em assembleia municipal, Pedro Folgado

E

confidencia que as conclusões obtidas por Poças Martins, que recorde-se foi presidente do conselho de administração quer da Águas de Portugal quer da Empresa Portuguesa de Águas Livres (EPAL) e secretário de Estado do Ambiente num dos governos de Cavaco Silvo, são a contento do município. Em declarações à Rádio Valor Local, Pedro Folgado, presidente da Câmara de Alenquer, refere que objetivo é que se faça o estudo da concessão e implicações no caso de renúncia do contrato. “Independentemente deste estudo, sempre disse e continuo a dizer que não vou comprometer o município com uma indemnização de 60 milhões de euros, pondo em causa orçamentos e até o pagamento de vencimentos dos funcionários”.

Conclusões do estudo serão apresentadas em Assembleia Municipal


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Política 11

Azambuja

Silvino Lúcio é vice-presidente, em fim de mandato, mas Matos e Sílvia Vítor também cobiçavam o cargo

Sílvia Vítor

Silvino Lúcio

epois de quase três anos sem vice-presidente, Luís de Sousa, presidente da Câmara de Azambuja, nomeou Silvino Lúcio para o cargo que já assumiu no mandato anterior entre 2013 e 2017. Em declarações em primeira mão ao Valor Local, o presidente da câmara de Azambuja referiu que esta era uma forma de “passar os dossiers” uma vez que não se vai recandidatar para um próximo mandato. Já em entrevista posterior à Rádio Valor Local, o atual presidente da Câmara explicou, em declarações exclusivas, que não nomeou qualquer vice-presidente no início de mandato, devido a “guerras” entre os vereadores. O autarca refere que embora não tivesse um “vice” rodeou-se sempre da vereadora Sílvia Vítor, que ia em segundo lugar nas listas para as autárquicas de 2017, quando necessário Ao fim de três anos, Luís de Sousa revelou ao Valor Local que no início do mandato “os vereadores Sílvia Vítor, Matos e Silvino manifestaram interesse no lugar

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de vice” e foi por causa “desses interesses e das lutas pela candidatura à Câmara em 2017 que o atual presidente terá decidido não nomear ninguém para o lugar”. Recorde-se que Sousa e Silvino protagonizaram o mo-

António José Matos

mento escaldante das autárquicas de há três anos quando ambos queriam ir como cabeças de lista do PS. O atual presidente foi em número um, e Silvino Lúcio no terceiro lugar da lista. “Não quis melindrar nenhum de-

les. Somos uma equipa. Temos trabalhado os quatro. Fui mantendo isto ao longo dos anos” até porque como refere nunca viu essa necessidade. Agora e como o PS já reconheceu Silvino Lúcio como candidato oficial, entendeu

passar os dossiers àquele que já tinha sido vice no mandato anterior. O autarca vinca que se o PS voltar a ganhar as eleições, será Silvino Lúcio a liderar os destinos da autarquia e que por isso esta nomeação é importante, referindo que os tempos conturbados vividos no passado quando disputaram o lugar de cabeça de lista do PS, “já lá vão”. No entanto, Luís de Sousa assegura que esta nomeação “não significa que abandone o mandato antes do fim”. O autarca recorda: “As pessoas votaram e mim e por isso vou honrar o seu voto”. “Não quis melindrar nenhum deles. Somos uma equipa. Temos trabalhado os quatro. Fui mantendo isto ao longo dos anos” até porque como refere nunca viu essa necessidade. Agora e como o PS já reconheceu Silvino Lúcio como candidato oficial, entendeu passar os dossiers àquele que já tinha sido vice no mandato anterior. Luís de Sousa, diz não ter dúvi-

das que o Partido Socialista irá ganhar as eleições e por isso, refere que não considera um problema a passagem dos assuntos nesta altura. Ouvido pelo Valor Local, Silvino Lúcio refere que esta nomeação é a prova de que os “ânimos estão sanados” dentro do PS, aludindo ao passado recente em que disputou com Luís de Sousa a possível liderança de uma lista à Câmara nas últimas eleições em 2017. Silvino Lúcio fala num processo natural que encara “com grande responsabilidade” salientando que o que está em causa é apenas o facto de ficar com um conhecimento mais profundo dos dossiers. Silvino Lúcio será assim o candidato do PS, e levará consigo António José Matos e Sílvia Vítor, como adiantou em primeira mão ao Valor Local. O atual vice-presidente ainda não tem a lista fechada, mas já tem poderes para negociar os restantes elementos, uma vez que já foi votado pela concelhia de Azambuja. PUB


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Regresso às aulas em tempo de pandemia

Encarregados de educação e alunos tentam adaptar-se à nova normalidade umprir o maior distanciamento físico possível, usar máscaras, ter aulas em salas fixas e durante apenas meio dia, bem como o estender dos períodos de almoço são apenas algumas das recomendações da Direção Geral dos Estabelecimentos Escolares (DGESTE) sob as orientações da Direção Geral de Saúde neste contexto atípico de regresso às aulas sob o signo da pandemia. Em Azambuja, Sandra Seabra, encarregada de educação, falou com a nossa reportagem nos primeiros dias de aulas. Conta que foi chamada a uma reunião de pais que decorreu uns dias antes e diz ter ficado esclarecida sobre como vai funcionar o ano letivo de 2020/2021. Com filhos a frequentar o 5º e o 10º anos em escolas diferentes em Azambuja, conta que as preocupações com a Covid-19 existem, e a alteração das rotinas normais na escola será “significativa”. “Vão deixar de poder brincar como antes na altura do recreio, de conviver com os amigos e colegas”. Quanto aos possíveis riscos de contágio, diz ter ficado tranquilizada depois da reunião a que assistiu – “Penso que a escola está preparada a nível dos cuidados exigidos e organizada de forma a evitar o contágio”. Sandra Seabra conta que lhe foi mostrado que os espaços exteriores estão divididos por turmas. “Pelo que percebi não pode existir convívio entre colegas de turmas diferentes nos intervalos. Cada turma terá o seu cantinho e isso está desenhado mesmo no chão”. Só haverá segundo esta encarregada de educação, “um intervalo de 15 minutos no exterior” ao contrário dos habituais intervalos a todas as horas como era prática antes.

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Sandra Seabra e os seus filhos no início de um atípico ano escolar

“Os outros intervalos serão feitos dentro das próprias salas de aula”. A filha mais nova que vai frequentar o 5º ano “ficou um pouco frustrada por não poder estar junto dos amigos das outras turmas mas compreendeu”. Segundo se apercebeu, os auxiliares de ação educativa também

estão a par das suas tarefas na vigilância dos alunos e no cumprimento das regras. Foi dito ainda na reunião “que as entradas e saídas serão feitas por portas diferentes, e que os alunos passam a sentar-se no topo das mesas e não lado a lado”. Na disciplina de Educação FísiPUB

ca, “haverá uma auxiliar a tomar conta das garrafas de água devidamente identificadas, bem como um saco individual para colocação das máscaras durante as aulas”. Por outro lado foram excluídos destas aulas, os desportos de equipa como basquetebol ou voleibol, ou seja os que impliquem a partilha de um objeto por todos. Com três filhos em idade escolar, em que para além dos que frequentam o ensino obrigatório em Azambuja, tem uma filha na faculdade, conta que durante o confinamento estiveram todos “agarrados às novas tecnologias para conseguirem seguir as aulas via internet”. Como estava em layoff do seu trabalho conseguiu prestar o acompanhamento aos filhos naquela altura, mas confessa que foi difícil lidar com a situação de isolamento e o abandono das rotinas normais em que os filhos deixaram de poder conviver com os colegas na escola. “Passámos a estar mais tempo juntos em casa, o que an-

tes não acontecia da mesma forma. Foi bom, mas ainda bem que já passou e que vamos retomar a normalidade”. As aulas foram dadas via zoom e de acordo com Sandra Seabra “decorreram sem constrangimentos”. “Depois da aulas e se tivessem dúvidas podiam ligar às professoras e pedirem para esclarecer este ou aquele ponto, não houve problemas nenhuns. Foram todos excecionais”, lembra Sandra Seabra. “Fiquei agradada com o que me foi explicada neste regresso às aulas, e penso que os outros encarregados de educação também, apenas ficámos frustrados pelo facto de as crianças ficarem impedidas de conviverem umas com as outras com normalidade”. Já Ana Rita Costa, aluna do 12º ano na Escola Secundária de Azambuja, diz que num dia normal e no regresso às aulas tem logo à entrada, “depois de picarmos o cartão uma funcionária a aplicar gel desinfetante a todos

os que chegam”. Esse procedimento é feito com os alunos em fila indiana à espera da sua vez. Só depois seguem o trajeto rumo ao edifício escolar. Distanciamento é palavra de ordem e nas salas que são mais pequenas “as mesas foram colocadas de forma a assegurar que os estudantes não estão demasiado juntos”. Ana Rita Costa refere que “mesmo sendo a sala pequena coubemos todos”. Ao contrário de outras escolas, na Secundária de Azambuja, existe o mesmo tipo de rotatividade entre salas de aula à semelhança do que era a vida antes da pandemia. “Vamos mudando de sala de acordo com o que está no horário e consoante as disciplinas”. Mas ao contrário de antes da pandemia, “deixámos de ter intervalos a todas as horas, passámos a ficar duas horas dentro das salas”. Neste regresso às aulas e tendo em conta as novas regras para os espaços de recreio e as pausas, “é estranho não poder cum-


Setembro 2020 primentar as amigas como antigamente, sobretudo quando estivemos tanto tempo sem nos encontrarmos”. Usar máscara durante todo o dia é outra das dificuldades “especialmente quando se usa óculos e ficamos com as lentes todas embaciadas”. Nas horas de almoço, e no refeitório “tivemos de esperar um pouco pela abertura, mas depois foi como antes no processo de ir para a fila, tirar um tabuleiro, receber o prato”. Já no espaço de refeição “nas mesas onde antes estavam quatro pessoas passaram a ficar apenas duas”. Contudo e à medida que a sala ia enchendo “dava a sensação de que os alunos iam ficando demasiado juntos”. Na altura em que a aluna almoçou não viu nenhuma auxiliar a controlar aquele espaço em causa. Ana Rita Costa confessa que não sentiu, ainda, que houvesse mais auxiliares a controlar e a supervisionar os alunos nos diferentes espaços por onde se movimentam “exceto hoje de manhã durante as aulas de Educação Física”. No dia 18 de setembro, um dos primeiros dias de aulas em Azambuja, só tinha sido dada uma máscara a cada aluno, quando terão direito a três máscaras sociais por cada período. Ana Rita Costa diz que por enquanto apenas recebeu uma. Segundo Sílvia Vítor, vereadora da Educação na Câmara de Azambuja, houve alguns atrasos

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Destaque 13

Períodos de recreio foram limitados devido à pandemia

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14 Destaque no fornecimento das demais máscaras motivados pelo fornecedor. Ao Valor Local refere que “não será por culpa das escolas ou de higienização que as crianças ficarão infetadas com a doença, e por isso vamos continua a transmitir uma mensagem de tranquilidade aos encarregados de educação” pois “toda as auxiliares receberam formação sobre as regras a seguir e temos as necessárias condições nas escolas”. Para além disso cada agrupamento tem o seu plano de contingência que “é alterado consoante novos factos e o que vai acontecendo dia-a-dia”. Nos refeitórios, conta, que são higienizados várias vezes durante o dia à medida que as diferentes turmas vão sendo encaminhadas para aquele espaço. Os almoços começam mais cedo e terminam mais tarde do que antes. A autarquia colocou nas escolas mais 30 auxiliares de ação educativa neste ano letivo, sendo certo “que vamos continuar a contratar” para reforço das equipas nas escolas. Ouvimos ainda outras autarquias da região. Assim e no caso de Alenquer e segundo Pedro Folgado, presidente da Câmara Municipal, o município está a acompanhar a problemática diária inerente à forma como os quatro agrupamentos do concelho estão a viver a experiência do regresso às aulas e a Covid-19. A Câmara facultou meios de higienização, equipamentos de proteção individual, mas Folgado considera urgente que o Governo reforce a verba destinada à contratação por parte das Câmaras, que nesta altura já receberam a transferência de competências, no sentido de poderem admitir mais auxiliares de ação educativa. “O orçamento da Câmara não estica para tudo e quando estamos numa pandemia há que ter mais pessoal auxiliar nas escolas para que possamos fazer face às circunstâncias”. O município vai colocar nas escolas do concelho mais assistentes operacionais e assistentes técnicos mas sem adiantar para já quantos. Já Pedro Ribeiro, presidente da Câmara do Cartaxo, fala num

Valor Local trabalho prévio com a proteção civil e com a saúde pública para que a abertura do ano escolar, a 17 de setembro, decorresse sobre rodas. Sabendo da necessidade do cumprimento do distanciamento social, o autarca acredita que tem de continuar a existir o convívio natural entre crianças, e a estratégia passa por “monitorizar a cada dia o que vai acontecendo nas escolas e por isso todos os dias às 18 horas reunimo-nos em brífingue com a proteção civil, presidentes de junta, presidente da assembleia municipal, vereadores com pelouro, saúde pública para avaliarmos como está a decorrer este processo em cada uma das escolas”.. “Penso que mais ninguém na região, ao nível de outras Câmaras está a fazer isto”, diz. Em Arruda dos Vinhos, segundo o presidente da Câmara local, André Rijo “foi levado a cabo um conjunto de diligências que considerámos muito importante, como a constituição de um grupo multidisciplinar no âmbito do Conselho Municipal da Educação do qual fazem parte entidades ligadas à saúde, à proteção civil, ao município e às escolas, forças de segurança e associações de pais. Durante os meses de verão “fizeram um trabalho notável no terreno com deslocações a todas as escolas, e a partir daí compilámos um manual de procedimentos tendo em vista o ano letivo de 2020/2021 que foi aprovado no Conselho Municipal de Proteção Civil, no Conselho Municipal de Educação e em reunião de Câmara”. “Recebemos um conjunto de inputs e de intervenções que resultaram em medidas práticas que passaram por reajustamento de horários, e no caso de atividades paralelas como as relacionadas com as atividades extracurriculares foram deslocalizadas para fora da escola para não afetarem a população escolar a frequentar o mesmo espaço”. Caso surja algum caso de Covid-19 nas escolas numa determinada turma que obrigue ao isolamento dos alunos “temos no manual de procedimentos prevista essa situação e a possibilidade de intervenção

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Honório Vieira fala num início de ano escolar normal dentro do possível

da autoridade de saúde para que consiga confinar esses alunos de modo a que as aulas das outras turmas não sofram com isso”. Nas escolas, a Câmara tem ao dispor dos alunos cerca de 750 tablets, e se necessário for vão ser distribuídos no caso de os alunos regressarem às aulas via online. “No próximo orçamento municipal, é natural que reforcemos esta componente para acautelar o futuro, mas a nossa ideia passa por montar o sistema de novo caso exista essa eventualidade”. Colégio José Álvaro Vidal preparado para regressar às aulas online se necessário Com vertente de ensino em to-

dos os graus: da creche ao secundário, o Colégio José Álvaro Vidal da Fundação CEBI, em Alverca, também levou a cabo uma série de iniciativas tendo em vista a adaptação à pandemia. Com cerca de 1400 crianças e jovens a frequentar as aulas na instituição, Honório Vieira, diretor-geral da fundação, revela ao Valor Local que há uma normal ansiedade no seio dos vários atores escolares, desde os professores, passando pela direção, assistentes operacionais, alunos e pais. “Contudo julgo que foram tomadas todas as medidas necessárias para se evitarem riscos de contágio por Covid-19”. Para já as aulas estão a funcionar em pleno “com toda a vitaliPUB

dade”, refere, não escondendo que é difícil fazer cumprir a regra do distanciamento social “quer nas aulas, quer no recreio ou no refeitório”. Para evitar esse tipo de situação, “tivemos de nos adaptar com alteração de horários para evitar aglomerações de alunos em determinadas horas, e para isso passámos a abrir mais cedo e a fechar mais tarde, sendo que no refeitório adaptámos também os espaços de circulação e quando antes uma mesa dava para quatro agora apenas se sentam dois alunos”. Contudo “o colégio está preparado para voltar a uma situação de aulas online se assim tiver de ser”, refere o diretor geral da instituição. Na escola em causa ninguém entra sem máscara. No caso de aparecerem novos casos de Covid-19 na comunidade que exijam que algum aluno, ou turma tenha de ficar de quarentena, o colégio está preparado para que esses estudantes possam continuar a ter aulas via online, como decorreu de resto durante o período de emergência. “Recebemos muitos elogios por parte dos encarregados de educação nessa altura, e pelo nosso trabalho desenvolvido nessa componente do ensino à distância”. Com recurso “à imaginação e a meios técnicos”, e graças “ao nosso departamento de sistemas de

informação conseguimos operacionalizar essa vertente”. “Sobretudo estamos a passar a mensagem aos pais de que estamos preparados se for necessário para voltarmos a ter aulas online”. As preocupações são muitas e “obviamente que muitos encarregados de educação quiseram ver pelos seus próprios olhos como nos adaptamos a estes novos tempos, quiseram perceber onde estavam as setas no chão, quantos alunos levará cada sala de aula, e a distribuição de mesas e de lugares no refeitório o que entendemos perfeitamente”, alude. Foram realizadas reuniões online com os pais de toda as turmas, e “segundo me deu a parecer estão descansados porque confiam no nosso trabalho”. Fora do recinto escolar onde por vezes surgem com frequência os denominados ajuntamentos de alunos, Honório Vieira sabe que isso acontece sobretudo nos alunos mais velhos e por isso mais autónomos que não necessitam que os pais os vão buscar à escola, mas diz que não tem presenciado esse tipo de concentrações nas imediações do colégio. “Todos os alunos receberam aulas de cidadania no sentido de estarem alerta para os comportamentos a adotar no âmbito da pandemia”, refere.


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16 Cultura

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Curt’Arruda: O cinema permanece depois da morte de um dos seus fundadores Sílvia Carvalho d’Almeida ecorrerá nos próximos dias 16, 17 e 18 de outubro mais uma edição do festival de curtas metragens Curt’Arruda, em Arruda dos Vinhos. Este é o primeiro festival após o falecimento de um dos seus fundadores, Joel Rodrigues, que morreu em outubro do ano passado. André Agostinho, outro dos fundadores, é perentório: “Sem ele não é nem nunca será a mesma coisa, é algo com o qual ainda estamos a aprender a lidar, porque o espírito do Joel ainda está muito enraizado no festival. Ele era muito divertido, animado e um pouco trapalhão também, mas era isso que lhe dava um enorme carisma e uma forte presença”, recorda. André Agostinho lembra que ambos complementavam-se “muito bem”. “Ele era muito extrovertido e eu mais introvertido, acabávamos por ter um equilíbrio no conjunto. Temos de seguir em frente e continuar a prestar-lhe homenagem”, resume. Já quanto ao festival propriamente dito as pré-inscrições já estão abertas no site, sendo que cada sessão terá um custo de dois euros, mas para os verdadeiros

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Para André Agostinho a continuidade do evento é uma forma de homenagear Joel Rodrigues amantes de cinema há ainda um passe para todo o festival no valor simbólico de 10 euros. Cada sessão terá entre três a seis filmes de curta metragem. Haverá sessões no dia 16 às 14h30, às 16h30, às 18h30 e 21h30, e ainda a das 23h00, na qual será exibido o vídeo-álbum dos First Breath After

Coma, realizado pelos Casota Collective. O local será o de sempre, o Clube Recreativo e Desportivo Arrudense. No dia 17 haverá a sessão Curt’Arruda em Família, das 11h30 às 12h15 no auditório municipal. Na componente dedicada aos mais novos, serão exibidos filmes

de animação. Em seguida, também para o público infantil, terá lugar o Laboratório Curt’Arruda, em parceria com o Indie Lisboa Júnior, onde serão desenvolvidas atividades relacionadas com ilusão de ótica, processo que faz parte da criação do cinema. “É importante explicar às crianças como é que,

as cerca de 25 fotografias por segundo que são necessárias para fazer um filme, dão a impressão de movimento”, diz André Agostinho, diretor artístico do evento. Neste mesmo dia haverá ainda sessões às 14h30, 16h30, 18h30 e 21h30. No último dia do festival volta a haver uma sessão para os mais novos às 11h30, seguindo-se as sessões das 14h30, 16h30 e 18h30. Às 21h30 será a sessão de encerramento, na qual se anunciam os vencedores do Curt’Arruda (dedicado ao tema da ruralidade), e do Film’Arruda (para o melhor filme que poderá ter sido feito em Arruda dos Vinhos, ou sobre esta localidade). O vencedor do Film’Arruda é selecionado pelo público, enquanto que o Curt’Arruda terá um júri convidado, nomeadamente, e nesta edição de 2020, a atriz Maria João Luís, o realizador Pedro Florêncio e o ilustrador Vasco Gargalo. O prémio para esta categoria será no valor de 1500 euros. História do festival Foi em 2014 que surgiu este projeto. Dois anos antes, Joel Rodri-

gues e André Agostinho, que têm formação em cinema, tinham feito uma pequena mostra, uma sessão apenas para os amigos, na qual exibiram os seus filmes. André relata que a sala ficou cheia, com cerca de 120 pessoas, para assistir a um filme de 10 minutos apenas. O mesmo aconteceu noutra na qual mostraram também os filmes de amigos. Isto levou ao convite do presidente da Câmara, André Rijo, para que fizessem um evento a nível nacional. Daí surgiu a ideia de organizar um festival, “uma coisa mais séria”, na qual abriram inscrições para participantes portugueses e estrangeiros. Nesta edição serão exibidos filmes de 14 países em 15 sessões. Durante o percurso deste festival, um dos factos que André Agostinho se recorda foi quando encontraram nos arquivos do antigo cinema de Arruda dos Vinhos, na sala de projeção, um filme antigo, o Manhã Submersa de Lauro António, que viria a ser o padrinho deste festival. Este poderá ter sido um dos últimos filmes a ter sido exibido nesta sala, que deixou de ser cinema há cerca de 40 anos.

Glória do Ribatejo em grande destaque em série da Netflix Sílvia Carvalho d’Almeida á começaram as gravações da primeira série original Portuguesa da Netflix. Esta co-produção da RTP com a produtora SPi, do grupo SP Televisão, terá a duração de 10 episódios. Gravada parcialmente em Glória do Ribatejo, terá como cenário o antigo complexo Americano da RARET, através do qual se transmitia a extinta rádio Europa Livre (Free Europe). De acordo com a sinopse a que tivemos acesso, “Glória é um thriller de espionagem histórico centrado na RARET, o escritório secreto de retransmissão Livre”. Em pleno Portugal nos anos 60, a série mostra como Glória, uma pequena aldeia do Ribatejo, se tornou um improvável palco da Guerra Fria, onde as forças americanas e soviéticas lutaram através de perigosas manobras de sabotagem para obter o controlo da Europa. No centro desta história está João Vidal, um jovem de família com ligações ao regime fascista português, que é recrutado pelo KGB depois de se politizar a Guerra Colonial. João ver-se-á envolvido nas intrincadas teias do jogo da espionagem e, no final de contas, compreenderá que, seja qual for o lado em que esteja, que o mundo, principalmente o da espionagem, nunca é a preto e branco.

J

Escrita por Pedro Lopes e realizada por Tiago Guedes, contará com um elenco de atores nacionais e internacionais, no qual se encontram vários artistas conhecidos do grande público, tais como Miguel Nunes, Carolina Amaral, Victoria Guerra, Afonso Pimentel, Adriano Luz, Joana Ribeiro, Marcelo Urgeghe, Sandra Faleiro, Carloto Costa, Maria João Pinho, Inês Castel-Branco, Rafael Morais e Leonor Silveira.

De acordo com José Amaral, Director Executivo da Spi, “trata-se de um trajeto e de uma visão estratégica de expansão internacional que temos vindo a percorrer.” “Enquanto produtores, este momento representa igualmente para o mercado audiovisual português o início de um novo ciclo, já que posiciona o nosso país no caminho das grandes produções internacionais que a Netflix tem vindo a preconizar, e à qual temos o privi-

légio de poder contar com a participação da RTP, que tem sido um grande parceiro neste posicionamento internacional.” Para José Fragoso, Director dos canais RTP1 e RTP Internacional, “o início da rodagem da série ‘Glória’ representa a chegada da ficção televisiva portuguesa a um novo patamar de qualidade e exigência.” Nuno Artur Silva, Secretário de Estado De Cinema, Audiovisual e

Trata-se da primeira série portuguesa a ser incluída no catálogo do serviço de streaming. Foto Blog restos de Coleção

Media, espera que “esta primeira produção, que conta com o apoio do Fundo de Turismo, Cinema e Audiovisual, seja seguida de muitos outros projetos que venham dar visibilidade à criatividade de argumentistas, realizadores e produtores portugueses, e imprimir ao cinema e audiovisual do país um novo dinamismo.” A série e a autarquia Esta série foi também um dos assuntos levados à reunião de câmara de Salvaterra de Magos. O presidente da Câmara, Hélder Esménio, reiterou o apoio à produção, disponibilizando sempre que necessário, técnicos municipais nas áreas de História e do Turismo, afirmando que não haverá qualquer custo para a autarquia. Manifestou “disponibilidade para analisar conjuntamente o eventual envolvimento municipal na divulgação da série, desde que ela ocorra no território do município”, e falou ainda na “possibilidade de isentar de taxas municipais essas filmagens, em face do interesse e do contributo que a série dará” para promover o “município, o património e o território” de Salvaterra de Magos. Paulo Cação, do PS, mostrou contudo preocupação com o conteúdo

da série, dizendo que em países como a Rússia, sempre que a verdade é deturpada e a versão da história denigre a imagem da terra e das gentes, as filmagens são proibidas. Teme assim que Glória do Ribatejo seja associada negativamente à Guerra Fria, que opôs os Estados Unidos e a Rússia. A vereadora Ana Cristina Ribeiro, do Bloco de Esquerda, subscreveu as palavras de Paulo Cação, e mostrou também a sua preocupação de que a série não reflita verdadeiramente as gentes e os costumes da zona, dando o exemplo da telenovela “Quer o destino”, da mesma produtora, que passa atualmente na TVI, ( que também foi flimada em Salvaterra de Magos), cuja estória é do seu ponto de vista repleta de violência, “com violações e homicídios” à mistura. Luís Gomes do mesmo partido mostrou preocupação com o corte de árvores no local a favor da produção o que na sua opinião é proibido. Em resposta a estas intervenções, Hélder Esménio retorquiu que não é função nem dele nem de outro presidente de Câmara interferir com a produção cultural de qualquer tipo, que a série não se trata de um documentário histórico, mas sim de ficção, o que certamente será do conhecimento público.


Valor Local

Setembro 2020

Reuniões: Sim ou não? resposta à questão em título é, claramente, o sim! Embora muitos dirigentes questionem, ainda, a utilidade das reuniões. De facto, as reuniões são uma das ferramentas de gestão, imprescindível em qualquer organização que se preze, seja ela de economia tradicional (fins lucrativos empresas), seja de economia social (instituições de apoio social – IPSS – e agremiações recreativas, culturais ou desportivas, etç.). Assim sendo, esta crónica pretende sensibilizar os céticos. Então; reuniões só se devem realizar quando observados os seis fatores críticos de sucesso, a saber: 1º. Assumida a pertinência e a premência dos assuntos em agenda; 2º. Encontrado o local, data, hora e condições para a sua realização; 3º. Definidos e convocados os participantes indispensáveis; 4º. Promovida a divulgação atempada da agenda da reunião 5º. Preparação do líder/promotor para a condução da reunião. 6º. Traçado o perfil (características) do líder, que irá conduzir a equipa, se e como necessário e de forma sinótica mas concisa (mental ou por escrito). E assim, estarão criadas as condições para reuniões bemsucedidas! Contudo, a não verificação de algum dos fatores críticos de sucesso poderá provocar uma disfunção organizacional que obstaculize a dinâmica da organização, tais como: 1ª. Términus da mesma com uma sensação de vazio, de tempo perdido pelos participantes, por total ineficiência. 2ª. Transformar-se ela própria, num obstáculo às tomadas de decisão, por incompatibilidades insanáveis (inconclusas) ou, se se vier a verificar uma delegação inapropriada. 3ª. E, terão de ser impactantes, i.e., que constituam um desafio para as organizações e para o líder/promotor, e isto porque, podem facilmente, descambar em maratonas intermináveis (vulgo:

A

“partir pedra”), sem que se alcance à posteriori um impacto sustentável na operacionalidade organizacional. Para obviar uma disfunção organizacional, existem regras que deverão ser escrupulosamente observadas pelo líder/promotor da reunião. a) Competências requeridas: é o principal fator crítico de sucesso! Um líder/promotor bem preparado para a abordagem dos assuntos é meio caminho andado para uma reunião bem-sucedida! É imperativo, também, que possua competências de organização e de condução de reuniões e, que seja proativo, entrópico, resiliente e se automotive. Idealmente, deve possuir competências comportamentais - soft skills -, tais como: criar um clima a propósito, sabendo como quebrar o gelo (à-vontade, humildade, segurança, empatia, simpatia e humor); capacidades: de escuta ativa e atenta, mesmo das “vozes” discordantes (não ostracizar. Incentivar diferentes pontos de vista) e, de tirar ilações (e.g.: linguagem não-verbal e as emoções), de analisar, argumentar e persuadir, de motivar, de gerir o tempo e os conflitos (ações de apaziguamento e de cooperação), de negociar (estratégica e taticamente até encontrar o ponto de equilíbrio) e de compatibilizar as propostas de resolução escritas e/ou verbalizadas; de identificar perfil (características), nomear e delegar responsabilidades e por último, de formular as tomadas de decisão. b) Quando, como e onde, convocar uma reunião: só deve convocar uma reunião, quando esta seja estritamente necessária e nunca porque faz parte de uma agenda para cumprir calendário. Qualquer reunião tem custos elevadíssimos, sobretudo, quando realizadas em horário laboral ou, em ambiente externo à organização e, portanto, é forçoso que seja conclusiva. Na convocatória deve

indicar o local, o dia e a hora em que a mesma se realizará e assegurar que tudo estará em ordem no dia da reunião (o tipo de sala, disposição espacial dos lugares dos participantes em função, os meios tecnológicos, quadros e/ou outros dispositivos e o economato, necessários), para que tudo decorra dentro da normalidade e eficácia. c) Quem são os participantes: é primordial a convocação só de quem é absolutamente indispensável, i.e., possua as competências técnicas e comportamentais para a discussão do(s) assunto(s) em agenda. Se assim não for, pode acontecer que, uma parte significativa dos participantes na reunião, nada tenha a ver com os assuntos a tratar e, quantos mais forem os presentes, mais complexa e exaustiva se tornará a reunião e, naturalmente, inconclusiva. Se se tratar de uma reunião para informar/comunicar algo importante sobre a organização, então é desejável que todos os colaboradores estejam presentes. No entanto, competirá ao líder/promotor esse entendimento, o que lhe permitiria incrementar os índices de motivação, de espírito de grupo e do envolvimento/comprometimento, visando o alcançar dos objectivos e/ou metas empresariais/organizacionais, através da interacção, da explicitação, da argumentação e da persuasão. Contudo, pode o líder/promotor concluir que, existem outros meios de “divulgação global”, que sejam igualmente eficazes para passar a mensagem que pretende, devendo ter o especial cuidado com a forma e o conteúdo da mesma, porque tem de levar em linha de conta os seus destinatários. d) Evitar, tanto quanto possível, reuniões por videoconferência: só em situações excecionais i.e., quando seja impraticável a presença de todos os participantes convocados, por se

encontrarem em locais díspares. Sabemos quão importante é, pelos indicadores que fornece ao líder/promotor, a linguagem nãoverbal (gestual e corporal) e o comportamento observados, o que facilitará a selecção do líder. e) Elaborar e comunicar o plano de trabalho: concomitantemente com a convocatória, deve preparar a Ordem de Trabalhos (O.T.) organizando-a pelos tópicos em discussão, elencando-os em função do seu grau de importância e de urgência. Deve apensá-la à convocatória e partilhá-la com todos os participantes, com antecedência (não inferior a 72 horas), visando a disponibilidade e preparação dos mesmos para os assuntos em discussão (eventualmente levantar questões, discordar, esclarecer dúvidas e/ou propor resoluções). Só em caso de urgência ou reunião de brainstorming (discussão de ideias não necessariamente pré-definidas – apelo à criatividade, inovação e ao empreendedorismo) estas regras, poderão não ser cumpridas. No preâmbulo da reunião deve estimular os participantes a apresentarem as suas propostas de resolução escritas ou orais (tomar a devida nota) tendentes à melhor tomada de decisão, e colocá-las em cima da mesa, bem como, apresentar as suas, se as tiver, elevando assim os índices motivacionais que promovam o estabelecimento de uma base de trabalho participada (democrática), cuja apreciação, discussão, consensualização e validação, seja uma realidade, visando a fluidez da reunião. Com esta “filosofia”, pretende-se otimizar o tempo da reunião, eliminando à partida, o tempo perdido com assuntos irrelevantes. Deve definir um horário de início e de términus, mesmo que não se venha a cumprir, balizando assim, o tempo a despender. Se necessário, deve estabelecer um

Opinião 17 Augusto Moita tempo máximo de intervenção por participante. f) Cuidados a observar no cumprimento dos horários: deve ter o cuidado de convocar a reunião para um horário que seja compatível com as obrigações profissionais de todos ou, da maioria dos participantes e, deve ser rígido na pontualidade. Não perca tempo nem faça os outros participantes perder, à espera de retardatários. Neste caso, nunca repita o que já foi dito ou volte ao início da reunião, siga em frente (respeito pelos presentes e ação pedagógica). g) Foco nas soluções e não nos problemas: naturalmente, as reuniões são convocadas para discussão e resolução de problemas práticos previamente diagnosticados e que requerem, tanto quanto possível, tomadas de decisão rápidas e exequíveis. É exatamente na resolução do(s) problema(s) que os participantes se devem focar. Assim, o foco deverá estar: 1º. Na análise e discussão sérias das propostas de resolução, e/ou propor alternativas. 2º. Dirimidos todos os fatores divergentes, optar por aquela proposta de resolução que tenha sido a mais consensual para a tomada de decisão. Se não for possível a consensualização democrática, competirá ao líder/promotor ter a última palavra; 3º. O líder/promotor no trabalho com o responsável nomeado ou o líder da equipa na formulação, como necessário, das bases teóricas/técnicas para a materialização da tomada de decisão deliberada (quem, quando, onde): h) Como executar, nomear e delegar responsabilidades: deve nomear um responsável pela concretização da tomada de decisão deliberada/validada ou se necessário, devido a inconclusividade, por desacordo insanável, pela dimensão ou pela complexidade da resolução, deve promover um «projeto

para estudo de resolução para tomada de decisão – (assunto)», criando para o efeito, uma equipa de trabalho, delegando responsabilidades no líder indigitado em conformidade com o perfil (características) pré-definido, bem como, nos elementos que constituirão a equipa nomeada pelo seu próprio líder. Se necessário, deve estabelecer um calendário para a eventual apresentação de “relatório de necessidades” para a prossecução do “projeto de estudo” i.e., os recursos financeiros, humanos, materiais e outros. Naturalmente, deve estabelecer uma data de início e outra de conclusão e também a da apresentação dos resultados, em relatório, para validação superior e posterior prossecução. Epílogo: muito mais haveria a escrever sobre as diversas variáveis desta interessante temática, aparentemente simples. A matéria é apresentada de forma desconstruída e didática para melhor perceção do leitor, não familiarizado, mas potencialmente interessado. Que tenha utilidade! Não apresento referências bibliográficas, porque se tratou de um exercício de “repescagem” na minha memória remota (longo prazo), trazendo “à tona” todo o conhecimento teórico adquirido em simbiose com o conhecimento empírico. Se os céticos seguirem estas regras, as reuniões não constituirão uma disfunção organizacional, mas sim, uma função estratégica e essencial na vida de qualquer organização!


18 Opinião

Monsanto

stive em Monsanto uns dias. Não aquele Monsanto pulmão de Lisboa que conheci durante tantos anos e sobre o qual tive alguma responsabilidade. Especialmente em abri-lo ao público, dotá-

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lo com infraestruturas amigas do Ambiente, sim, mas atrativas ao lisboeta comum. Sou do tempo em que preservar o Ambiente era esconder, proibir que se usufruísse. Era o tempo em que Ecologia era

Valor Local

Setembro 2020 Joaquim António Ramos

sinónimo de não. Não se podia fazer nada porque não, pronto. Monsanto, o de Lisboa, era apenas percorrido pelos carros que passavam pelas estradas que inevitavelmente o cruzavam e pelas prostiPUB

tutas de refugo, que não tinham dinheiro para a “pensão”. Tinha um código de vigilância e um rol de proibições que faziam inveja a Pinheiro da Cruz ou Vale dos Judeus. Hoje, Monsanto, o de Lisboa, está cheio de vida e, muito antes da pandemia, já milhares o procuravam para passeios de ar puro, Sábados e Domingos familiares ao ar livre, parques ecológicos e infantis, atividades diversas, modalidades variadas de desporto. Mas eu passei uns dias no outro Monsanto, o da Beira, Concelho de Idanha-a-Nova. Um monte de pedrarias de granito que se ergueram do meio da terra e se foram amontoando umas por cima das outras. Depois, os homens aproveitaram os espaços deixados livres pelos pedregulhos gigantes e, recorrendo ao que mais havia na região – a pedra- acrescentaram paredes de blocos de granito, utilizaram os pedregulhos como uma parede de casa, outros como teto e assim se construiu uma aldeia onde a paisagem natural se confunde com a intervenção do homem e que foi considerada a aldeia “mais portuguesa de Portugal”. Num concurso organizado ainda no tempo do Estado Novo, que em quarenta e tal anos teve tempo e engenho para organizar apenas um concurso desses. Agora organizam-se quarenta e tal por ano sobre o mesmo tema ou temas parecidos. Estive numa casa pequena de pedra, com um pedregulho a entrar por ela dentro quer na sala com kitchinette do rés-do-cão, quer no quarto com casa de banho, todo em madeira, por onde se sobe por uma escada. O dono mora ao

lado. É professor universitário, mas foi marinheiro. Apaixonou-se por Monsanto e desatou a comprar casas velhas e ficou a viver por lá. Reconstruiu-as ele próprio, com as suas mãos e reconstruiu-se a si próprio. Mudou de vida e veio viver para Monsanto. É duma cultura estonteante: sabe falar sobre tudo. É duma diversidade desconcertante: tanto o via a passar no carro para a faculdade de ciências em Lisboa, como no dia seguinte com umas calças de ganga rotas e uma T-shirt a carregar baldes de argamassa para a sua obra, como umas horas depois com um cesto carregado de vegetal e fruta criados na horta que ele e a mulher cultivam. Diz que a energia lhe vem das pedras, que aqueles pedregulhos emanam boas energias e até por lá apareceu um estrangeiro com um aparelhómetro para medir a energia emanada de cada calhau. Mas também vi muita dinâmica empresarial em Monsanto : pessoas que se adaptaram aos novos tempos da pandemia e abriram negócios florescentes cujo êxito se baseia em terem por origem produtos locais, respeitarem os usos e as tradições locais e reconstruirem o seu património mantendo as caraterísticas ancestrais, embora com as modernas necessidades da vida doméstica. Não o vi só em Monsanto – embora por lá seja mais visível, dada a fama alcançada no tal concurso e a divulgação e promoção que daí adveio. Vi-o também nalgumas das aldeias que visitei: Idanha-a-Velha, Penha Garcia, Salvaterra do Extremo e Sortelha. Há muitos anos que, ao contrário da maioria dos portugueses, não hesito em escrevê-lo, visito e faço pequenas incursões pelo interior de Portugal. Conheci esta zona há mais de quinze anos. Eram aldeias em ruínas onde praticamente só viviam velhos e velhas – mais velhas…-. Hoje continuam a ver-se ruínas e velhos e velhas mas respira-se uma dinâmica nova: há casas a serem reconstruídas, alojamentos locais, restaurantes a abrirem e outros com filas à porta, lojas que expõem e vendem produtos locais de forma inovadora. O segredo do renascimento destas aldeias da raia das Beiras é terem apostado no que é genuíno: vendem peras, romãs e figos de cacto em vez de mangas ou abacates, empenhamse na construção ou reconstrução das casas com materiais e técnicas de sempre, dotam restaurantes com pratos da região, lojas com produtos culinários ou de artesanato que fazem parte da memória do seu povo. Não se ouvem por lá a palavra sushi nem shopsoi, mas há várias modalidades de cabrito, borrego e o omnipresente

bacalhau rematadas com papas doces de farinha milha. Decidiram apostar nessa estratégia de desenvolvimento e tem resultado. Particularmente neste ano de 2020, porque apareceu um agente que lhes deu um grande empurrão para que se lançassem na senda deste tipo de desenvolvimento sustentado, que começa a fixar os jovens e a atrair os citadinos : o SARS-Cov 19. Não criou só a Covid 19; deu também o grande impulso para que o interior do País se começasse a mostrar ao Turismo, mais ao nacional do que ao internacional que já de há muito lhes conhecia as potencialidades em termos de qualidade de vida – há aldeias inteiras abandonadas vendidas a holandeses, alemães e espanhóis, especialmente. Mas, este ano, foram os portugueses que, obrigados pelo “distanciamento físico e etiqueta respiratória” se abstiverem de enxamear o Algarve, entupir a Costa da Caparica e a Linha de Cascais, encher os voos low-cost. Vieram conhecer o interior de Portugal, as nossas aldeias, as nossas tradições e, com isso, dar um grande contributo para o desenvolvimento desta, bem como de outras, região interior. Quem diria que Monsanto, Salvaterra ou Sortelha deviam estar agradecidas ao Covid 19. Há males que veem por bem. Nota: por estes dias, centenas de milhares de crianças e jovens voltam às aulas presenciais. É um grande desafio. O eterno dilema entre os que defendem o confinamento e a necessidade do regresso da Humanidade à vida comum. Alinho por estes últimos e também tenho netos na escola. Mas fui testemunha de alguns distúrbios emocionais que o convívio permanente com pais e avós provocou. Distúrbios que espero sejam passageiros e conjunturais. Acho que vale a pena correr o risco, mas não tenhamos ilusões: vão explodir as contaminações. Felizmente acontece com este vírus o mesmo que aconteceu com os seus primos da peste negra ou da gripe espanhola: vai perdendo letalidade, como já estamos a ver. Por essa mesma razão que é a lei da vida, para sobreviver. É que não interessa nada ao vírus que o hospedeiro morra – inactiva-se ele próprio também. Faço votos para que as medidas tomadas e a prática do dia a dia causem os menores danos possíveis até o SarsCov 19 se desactivar.


Valor Local

Setembro 2020

Por linhas direitas

Opinião 19 António Jorge Lopes*

Negociatas de verão… hamem-lhe “Fado”, “Destino”, “Karma”, “Fatalidade” ou até “Delírios de Verão”! Mas o certo é que, nestes últimos 20 anos, as decisões mais importantes da Câmara de Azambuja em matéria de ambiente e de ordenamento do território são aprovadas ou têm o impulso processual decisivo nos meses de Verão. E esta é uma verdade histórica! A decisão de concessionar a recolha de lixo a uma empresa privada foi tomada no Verão. Talvez por ser tempo de temperaturas altas, pouco propícias para o trabalho e o estudo, esta “negociata” da recolha de lixo foi decidida sem ter por suporte qualquer parecer técnico e foi embalada nas costumeiras promessas de que “ainda vão ser negociadas contrapartidas” e “a sede da empresa vai mudar para a Azambuja”. Como é óbvio, mesmo no Verão as promessas são levadas pelo vento e as ditas contrapartidas ninguém (?) as viu e a empresa concessionária nunca mudou a sua sede para cá… Também a concessão do abastecimento de água às Águas da Azambuja foi decidida em pleno Verão. Tal como aconteceu, uns anos depois, com a rene-

C

gociação do dito contrato de concessão. Novamente, as temperaturas quentes “derreteram” qualquer tentativa de análise cuidada a mais esta “negociata”, que foi decidida pela Câmara de Azambuja sem qualquer estudo técnico credível. Também foi no Verão que a Câmara de Azambuja aprovou a declaração de interesse público municipal que permitiu a instalação do Aterro/ Lixeira às portas

de Azambuja. Aprovação sem qualquer estudo ou parecer técnico isento, com as habituais promessas estivais de “muitas contrapartidas”, que nunca ninguém (?) vê… Os resultados concretos de cada um destes “delírios de Verão” da Câmara de Azambuja são conhecidos de todos. A recolha de lixo está pior! A água que consumimos está absurdamente cara! Azambuja tem uma lixeira à sua

porta! As prometidas contrapartidas nunca são vistas por ninguém (?)! As empresas nunca mudam a sua sede para cá! E os postos de trabalho criados nunca chegaram às duas dezenas! Mas a “amplitude” destas três “negociatas” é superior a 100 milhões de euros! Portanto, é legítimo que cada um de nós pergunte o seguinte:

Afinal, quais foram os “ganhos” directos para as famílias e as empresas com estas “negociatas de Verão”? Vem tudo isto a propósito da “negociata do Verão de 2020”… Também este Verão a Câmara da Azambuja tomou uma decisão que tem um enorme impacto no ordenamento do nosso território municipal e, consequentemente, na qualidade de vida das nossas populações. Mais uma vez sem qualquer estudo técnico de suporte e com vãs promessas de contrapartidas que ninguém (?) conhece, a Câmara aprovou a declaração de interesse público municipal para duas centrais solares compostas por milhões de painéis fotovoltaicos, que serão instaladas em Aveiras de Cima (na Quinta da Torrebela) e em Vila Nova da Rainha (junto à A1). Em Vila Nova da Rainha serão colocados painéis em 200 hectares de terreno agrícola de excelência e na Torrebela os painéis vão ocupar 775 hectares. Somando estes projectos ao que já existe nas Quebradas e àqueles projectos que estão a ser analisados pela Câmara, muito rapidamente 6 a 7% do nosso território municipal será

ocupado por milhões e milhões de painéis, descaracterizando a nossa paisagem e impactando negativamente no desenvolvimento das nossas comunidades. Sublinho que também a “negociata” deste Verão só é possível porque a Câmara aprovou a respectiva declaração de interesse público municipal… tal como sucedeu no processo do Aterro/Lixeira!... E tal como aconteceu nas anteriores “negociatas de Verão”, esta proposta apenas foi aprovada com os votos dos autarcas do Partido Socialista, recebendo o “chumbo” dos vereadores do PSD e da CDU. Lamentavelmente há quem goste de repetir os erros do passado, condenando o nosso futuro colectivo à custa deste género de “negociatas estivais”. Apenas gostava de saber porque o fazem e no interesse de quem o fazem…

Morrem dezenas de milhares de norte-americanos por ano “apenas” porque não podem pagar cuidados de saúde

João Santos

ilhões de americanos adiam a obtenção de ajuda médica devido ao custo dos serviços de Saúde. Um estudo de dezembro de 2019, conduzido por uma empresa de estudos de opinião norteamericana (Gallup Pool), concluiu que 25% dos americanos admitem ter já adiado tratamentos médicos a doenças graves devido às despesas que teriam de suportar. Um outro estudo, conduzido pela American Cancer Society, em maio de 2019, refere que 56% da população adulta nos Estados Unidos relata sentir dificuldades financeiras quando se trata de recorrer a cuidados de Saúde. No mesmo estudo, os investigadores deixam um alerta: a não ser que sejam implementadas políticas concretas em sentido contrário, este problema continuará a agravar-se no futuro. Ainda assim, apesar de milhões de norte-americanos adiarem tratamentos médicos devido aos respetivos custos, os Estados Unidos continuam a despender mais dinheiro com a Saúde do

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que qualquer outra nação desenvolvida. No entanto, a despesa total registada neste setor abrange apenas uma franja reduzida de cidadãos norte-americanos. A este nível, as desigualdades sociais são gritantes. Por esta razão, o país apresenta piores resultados gerais em matéria de Saúde do que muitos dos seus pares. Um outro estudo, de 2017, conclui que os Estados Unidos ocupam, à escala global, o 24º lugar no cumprimento das metas de Saúde estabelecidas pela Organização das Nações Unidas. É indiscutível que os elevados custos da Saúde estão a contribuir para que os norte-americanos abdiquem de cuidados médicos. Esta conjuntura favorece o agravamento das condições de saúde. São muitos os exemplos documentados de cidadãos norte-americanos que adiam, evitam ou interrompem o acompanhamento médico porque não conseguem suportar as despesas associadas aos tratamentos. Por exemplo, um doente oncoló-

gico no Estados Unidos, para além de pagar o seguro de Saúde, tem ainda de suportar, na maior parte dos casos, várias despesas e dívidas médicas não cobertas pelo seguro. A juntar a tudo isto, mantêm-se as normais e incontornáveis despesas familiares. Para muitas famílias, não resta outra alternativa senão fazer escolhas. Moralmente, não é admissível. “Pago a faculdade do meu filho ou realizo o exame que me permite confirmar se tenho ou não uma doença oncológica?” As famílias norte-americanas não deveriam ter de fazer estas escolhas. Moralmente, não é aceitável. Um estudo menos recente, desta vez de 2009, conduzido pela Harvard Medical School (de Boston, Massachusetts, nos Estados Unidos), refere que morrem por ano 45.000 americanos “apenas” porque não possuem qualquer seguro ou plano de Saúde. São inúmeros os registos de norte-americanos que morrem por

doenças não tratadas em tempo útil. Em muitos desses casos, as doenças só são descobertas quando os doentes, já muito debilitados fisicamente, dão entrada nas urgências nos hospitais. Por não possuírem seguro de Saúde ou pela impossibilidade de suportar os custos a partir dos seus rendimentos pessoais, estas pessoas nunca tiveram oportunidade de consultar um médico no estádio inicial das suas doenças. Em 2018, encontravam-se nestas condições cerca de 30 milhões de norte-americanos. São situações incompreensíveis de desumanidade em pleno sé-

culo XXI. Atualmente, a Saúde nos Estados Unidos da América é uma das questões mais controversas em debate nas eleições presidenciais de 2020. Por um lado, o Partido Democrata defende políticas que reduzam o custo dos cuidados médicos e expandam o acesso universal à Saúde. Os democratas defendem já há muito um sistema de saúde financiado pelo governo, com cobertura universal para todos os norte-americanos. Já o presidente Donald Trump e os seus apoiantes continuam empenhados em adiar para depois

da eleição presidencial de 2020 qualquer decisão a este nível. Enquanto esta discussão se vai fazendo, milhões de americanos - cerca de 25% da população vão adiando a obtenção de cuidados de Saúde devido aos custos associados. Em muitos destes casos, o adiamento do diagnóstico e dos eventuais tratamentos subsequentes acabará por ser fatal.

Retificação Na sua edição de agosto, erradamente colocámos no título da notícia sobre a reestruturação da dívida da ABEI em Vila Franca de Xira que a associação tinha beneficiado de um apoio em contraste com o que estava explícito no texto do nosso jornal que de forma correta falava em reestruturação da dívida, pelo lapso o título não espelhava o que constava do corpo de notícia, e como tal apresentamos esta retificação

Ficha técnica: Valor Local jornal de informação regional Propriedade e editor: Propriedade: Metáforas e Parábolas Lda – Comunicação Social e Publicidade • Gestão da empresa com 100 por cento de capital: Sílvia Alexandra Nunes Agostinho; NIPC 514 207 426 Sede, Sede do Editor, Redação e Administração: Rua Alexandre Vieira nº 8, 1º andar, 2050-318 Azambuja Telefones: 263 048 895 - 96 197 13 23 Correio eletrónico: valorlocal@valorlocal.pt; comercial@valorlocal.pt Site: www.valorlocal.pt Diretor: Miguel António Rodrigues • CP 2273A • miguelrodrigues@valorlocal.pt Redação: Miguel António Rodrigues • CP 2273 A • miguelrodrigues@valorlocal.pt • 961 97 13 23; Sílvia Agostinho • CP 6524 A • silvia-agostinho@valorlocal.pt • 934 09 67 83 Multimédia e projetos especiais: Nuno Filipe Vicente multimédia@valorlocal.pt Colunistas: Rui Alves Veloso, Augusto Moita, Acácio Vasconcelos, José João Canavilhas, António Salema “El Salamanca” Paginação, Grafismo e Montagem: Milton Almeida • paginacao@valorlocal.pt Cartoons: Bruno Libano Departamento comercial: Rui Ramos • comercial@valorlocal.pt Serviços administrativos: Metaforas e Parabolas Lda - Comunicação Social e Publicidade N.º de Registo ERC: 126362 Depósito legal: 359672/13 Impressão: Gráfica do Minho, Rua Cidade do Porto –Complexo Industrial Grunding, bloco 5, fracção D, 4710-306 Braga Tiragem média: 8000 exemplares Estatuto Editorial encontra-se disponível na página da internet www.valorlocal.pt


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Silvino Lúcio e o aterro da Triaza

“Já sei que vou ser o bode expiatório daqui para frente até às eleições” Numa altura em que só falta um ano para as eleições autárquicas, Silvino Lúcio, vereador da maioria socialista na Câmara de Azambuja, cabeça de lista daquele partido às eleições de 2021, e Rui Corça, vereador do PSD e possível candidato do PSD, esgrimiram argumentos nas últimas reuniões de Câmara sobre uma petição levada a cabo por municípes do concelho com o objetivo final de parar a atividade da Triaza. O ponto em que estamos no longo dossier do aterro de Azambuja e a renovação ou não da licença ambiental são o mote para este tomar de pulso junto dos dois autarcas. vice-presidente da Câmara de Azambuja, Silvino Lúcio, considera que o PSD deu um tiro nos pés ao fazer uma questão política do caso da petição em que foram reunidas 300 assinaturas de cidadãos de Azambuja para que a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional cancelasse as licenças com vista à expansão do aterro - dos 4,5 hectares para só 16 hectares - por violar o PDM. “Não vale a pena andar aqui a levantar lebres e lebrinhas porque a verdadeira questão é que estamos todos no mesmo barco”, refere ao nosso jornal. Silvino Lúcio diz que a Câmara errou ao acolher o projeto da MotaEngil para a zona da Quinta da Queijeira para um período de 30 anos, que visa receber resíduos industriais não perigosos para uma área total de 16 hectares. “Não digo que fomos enganados, mas surpreendidos com o que lá se está a depositar”. O autarca dá conta dos esforços do escritório de advogados que está a liderar o processo e que este é o tempo de cerrar fileiras entre todos os partidos. Recorde-se que a empresa de Tratamento de Resíduos Industriais de Azambuja colocou a Câmara em tribunal no caso da renovação do alvará. A empresa pretendia fazer prolongar no tempo os pedidos de autorização para abertura das células. O processo para a segunda célula de 2018 para 2020, e para a tercei-

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Silvino Lúcio diz estar disposto a tudo para travar o aterro ra célula de 2021 para 2024, com o intuito de ganhar margem de manobra para conseguir renovação da licença ambiental que caduca a 20 de maio de 2021, sem a qual não vai conseguir prolongar a atividade até ao fim dos 30 anos previstos. Silvino Lúcio considera que a declaração de interesse público municipal para o aterro conferida em 2008 deita por terra qualquer pre-

tensão de ver abortar o caso, um instrumento que tanto é válido para aterros como para outros projetos de expansão no território sempre que o PDM não o permita. Se votasse favoravelmente a petição dos munícipes, tal significaria que a própria Câmara admitiria a violação do PDM o que podia dar perda de mandato, no entender de algumas vozes. Silvino Lúcio diz que não se votou a favor não por

causa dessa hipótese mas porque não há conhecimento por parte dos eleitos socialistas quanto a esse quadro apresentado pela petição. Contudo o vereador do ambiente acrescenta que dificilmente a CCDR admitiria algum erro no processo dado que foi a própria que viabilizou o aterro até aos 16 hectares. A Câmara atribui a exclusividade do licenciamento do aterro para 16

hectares à CCDR, mas foi o próprio município, segundo o proprietário do terreno da Quinta da Queijeira, Pedro Ribeiro, a entidade que baseada na cartografia apresentada pela Triaza aprovou no mesmo dia todo o processo que viria a ser remetido para a CCDR, e que permitiu a evolução dos iniciais 4,5 hectares para os 16 hectares Silvino Lúcio diz que “este é o tempo de toda a gente dizer que o culpado sou eu, desde as águas ao aterro, mas cá estou para responder e para usar de todas as minhas forças para impedir a expansão do aterro”. Não serão tempos fáceis para o município os que se avizinham, até porque recentemente a Triaza conseguiu uma vitória na justiça no caso do arranque de sobreiros e na ação interposta por Pedro Ribeiro, proprietário da Quinta da Queijeira, no badalado licenciamento do aterro e o argumento de que podia ter sido violado o PDM, em que o Ministério Público deu cobertura ao facto a declaração de interesse público datada de 2008 acabar por influenciar a afetação da zona para espaço de indústria extrativa, facto corroborado pela CCDR-LVT em ofício enviado ao tribunal. A revogação daquela declaração em 2014 não tem efeitos retroativos. Silvino Lúcio refere que não está a alimentar as expetativas dos moradores da vila de Azambuja ao

afirmar-se confiante na não continuidade do aterro após maio de 2021. Quando questionado sobre a possibilidade de indemnizar o gigante do setor dos resíduos, proprietário da Triaza, o grupo MotaEngil diz que “pode ser uma possibilidade como outras no caso de se chegar a acordo para a saída do aterro de Azambuja”. Para já e sem possibilidade de se expandir, a atividade da Triaza está confinada à única célula disponível em aterro, sendo visível que já se encontra subdimensionada para a quantidade de resíduos que ali está a ser depositada o que faz recear pelo pior no que concerne à tela que impermeabiliza a estrutura em causa. “Vamos oficiar junto da Agência Portuguesa do Ambiente nesse sentido”, diz. Mais recentemente Silvino Lúcio e o presidente da Câmara, Luís de Sousa, encontraram-se com o ministro do Ambiente Matos Fernandes e com a secretária de Estado da mesma tutela, Inês Santos Costa, sendo que o vice-presidente da Câmara ficou incomodado com a indiferença e com a ligeireza com que o ministro está a tratar dos problemas do aterro em Azambuja- “Lá foi dizendo que está tudo a correr bem quando assim não é, teve de ser a senhora secretária de Estado a dizer que estão a trabalhar, mas não gostei da atitude dele, claro que não, ainda por cima sendo do meu partido”.

Bloco e Esquerda queixa-se da limpeza das ruas e valetas em Salvaterra de Magos Sílvia Carvalho d’Almeida vereador do Bloco de Esquerda na Câmara de Salvaterra, Luís Gomes, considera que a limpeza urbana encontrase num estado lamentável. Em reunião de Câmara, relatou que “as ruas da Vila de Salvaterra de Magos estão cheias de lixo, passeios com ervas altíssimas por cortar e as sarjetas inundadas de lixo”. Deste modo “o cheiro que vem das sarjetas é tal que os moradores são obrigados a manter as janelas fechadas”, reforçando que “o problema da recolha de lixo dos contentores está

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aquém das necessidades, para além de que muitos daqueles equipamentos estão partidos e sem tampas.” Luís Gomes lamentou que “a proposta do Bloco de Esquerda para o reforço da limpeza e recolha de resíduos sólidos urbanos durante o período da pandemia devido à alteração dos hábitos da nossa população e aumento considerável de produção de resíduos sólidos urbanos não tenha tido eco.” Revelou ainda descontentamento pelo que chama de “abandono do concelho” por parte da em-

presa intermunicipal Ecolezíria, e insistiu “na manutenção, substituição e reforço dos ecopontos por todo o território, assim como, na recolha dos mesmos”, destacando que é do conhecimento geral que tem havido um aumento significativo do material reciclável, sendo este de 45 por cento a nível nacional. Lamentou ainda que os monos se encontrem frequentemente junto aos contentores de lixo, e apela a que se sejam tomadas medidas junto das juntas ou uniões de freguesia para melhor perceber “quais os problemas que estão a

impedir o exercício destas funções” e garantir a sua recolha. Em resposta, o presidente da Câmara, Hélder Esménio, explicou que a gestão dos ecopontos é feita pela Ecolezíria, uma empresa detida agora pela Resiurb, numa associação de municípios, que tem apenas capitais públicos, “e que esta tem tido dificuldades em manter os ecopontos nas condições ideais”, também devido ao “acréscimo de produção de lixos na altura do confinamento, com aumentos na ordem dos 25 a 30 por cento, a que se juntou a dificuldade dos próprios

operários, desenvolverem essas tarefas naquele período mais crítico.” Refere que por este motivo, a Câmara Municipal optou por não entregar também a esta empresa a recolha de resíduos sólidos urbanos, ao contrário de outros municípios que o fizeram. Tendo a Câmara Municipal de Salvaterra esta responsabilidade, foram adquiridas duas viaturas, uma municipal e outra de recolha, e foi lançado um concurso público para a aquisição de uma nova viatura bem como para cantoneiros de limpeza. Hélder Esménio considera “mé-

dia” a qualidade do serviço prestado pela autarquia. Disse ainda que as dificuldades que enfrenta são comuns a outros municípios na questão dos ecopontos. Relativamente à recolha de monos tem “a convicção que os parceiros, que são as Juntas de Freguesias, estão a dar o máximo”. “O que acontece é que de facto há um comportamento da população que criou a rotina de depositar resíduos sistematicamente ao lado dos contentores” ao invésde “contactar as Juntas de Freguesia para fazerem a recolha domiciliariamente”.


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Rui Corça, vereador do PSD, e o aterro de Azambuja

“Gestão da Câmara socialista mais parece o programa Perdoa-me” ui Corça, vereador do PSD, lamenta que a petição não tenha sido votada em reunião de Câmara, e que a questão da perda de mandato pela admissibilidade de violação do PDM é uma extrapolação dos objetivos do documento, mas que não deixa de estar contemplada. “A Câmara ao não agendar na ordem de trabalhos perdeu a oportunidade junto da CCDR de pedir a cessação das licenças de exploração do aterro para além dos 4,6 hectares”. O autarca não esconde que a petição da forma como estava escrita “admite a violação do PDM” e perda de mandato. Como foi a CCDR a aprovar a área de 16 hectares não é crível que admitisse esse erro, mas Rui Corça lembra que a comissão de coordenação não está sozinha“Houve uma reunião com elementos da Câmara em Lisboa em julho de 2010 na qual foram esclarecidas cabalmente todas as dúvidas sobre a localização, e portanto é preciso saber quem representou o município e que compromissos foram assumidos nesse dia”. Luís de Sousa, presidente da Câmara de Azambuja, disse que não esteve nessa reunião, na qual à época era vice-presidente de Joaquim Ramos, que também não esteve presente nem o técnico que estava à frente do departamento do urbanismo naquela altura, Marques dos Santos. O vereador Silvino Lúcio que também fazia parte daquele elenco camarário no mandato 2009-2013 idem. “Sabemos que esteve a

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Para Rui Corça, autarcas como Silvino Lúcio deveriam demitir-se e dar o lugar a outros

CCDR, a Suma-Mota Engil, mas não sabemos quem esteve da parte da Câmara pois não há uma ata”. Rui Corça não esconde que a petição é mais uma forma de pressão e que votá-la na ordem de tra-

balhos em reunião de Câmara seria “um modo de manifestar respeito pelos cidadãos”, mas “o município fugiu a tomar posições”. Questionado sobre um possível alimentar de expetativas junto da população pelo partido que gover-

na a Câmara e pelo principal partido da oposição, face a maio de 2021, quando o Ministério Público deu razão à Triaza na justiça, recentemente, no caso do processo dos sobreiros e principalmente no do licenciamento, neste último até

com elogios à forma como o administrador da Triaza, Rui Pedro Santos, apresentou os argumentos da Triaza, Rui Corça prefere dizer que está confiante na vitória de Azambuja. O vereador do PSD desvaloriza

essas vitórias da Triaza, e reforça que está a ser seguida uma estratégia de concertação pelos três partidos- PS, PSD e CDU. Um acordo que se espelha na não divulgação de uma alegada estratégia por parte da equipa de advogados. Sobre a hipótese de uma indemnização à empresa (para que saia de Azambuja) no caso de revalidar a licença ambiental, Rui Corça não adianta se essa pode ser uma estratégia ou não no caso de o PSD ganhar a Câmara. “Não vou anunciar nada para que quem está do lado de lá não se precavenha perante essa eventualidade”. O autarca consubstancia- “Estamos perante um aterro em que todo o processo é escandaloso, e este executivo socialista mais parece o programa Perdoa-me, sempre a desculparse e a dizer que se enganaram. Os azambujenses esperariam mais cuidado aos decisores na tomada de decisões. Têm de tirar consequências, e não chega pedir desculpa, e quem assim o fez tem de se afastar e dar o lugar a outros”.

Comissão de Ambiente da Assembleia Municipal deixou para as calendas gregas relatório sobre o licenciamento do aterro Valor Local tentou obter junto de António Jorge Lopes (PSD), presidente da Comissão de Ambiente e de Ordenamento do Território da Assembleia Municipal de Azambuja uma posição sobre as conclusões do Ministério Público, nomeadamente, no processo do licenciamento, mas o autarca preferiu não tecer considerações nem comentários sobre este assunto que diz respeito a esta comissão. Segundo apurámos tem existido dificuldade de reunião dos seus elementos: António Jorge Lopes (PSD); Marcelo Oliveira (PS), José Carlos Matos (CDS), António Nobre (CDU) e Daniel Claro (BE). O presidente da assembleia municipal, António Manuel Duarte, garantia ao nosso jornal em agosto de 2019 que os deputados estavam com receio de se pronunciar face ao andamento dos dois processos em tribunal e a investigação da Polícia Judiciária. O Ministério Público acabou por concluir que não foram provados os crimes de corrupção ativa e recebimento indevido de vantagem pela Triaza. A produção de um relatório pela comissão e apresentação dos resultados ficou para as calendas gregas até ver.

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Quercus diz que foi precipitado proibir os aterros de receber amianto associação ambientalista Quercus veio recentemente a público qualificar como precipitada a decisão do Governo em proibir a deposição de amianto em oito aterros do país, nomeadamente, nos da região. Para a Quercus a decisão está a motivar o abandono de resíduos de fibrocimento contendo amianto na natureza. Em entrevista ao Valor Local, Carmen Lima, especialista em resíduos daquela associação, afirma que deveria ter sido dado mais tempo aos operadores no sentido da adaptação à lei para que construam novas células apena destinadas àquele fim. Recorde-se que foi a Zero, outra associação ambientalista, que veio despertar a atenção para a mistura do amianto com biodegradáveis nos aterros do nosso país,

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em incumprimento com a lei 183/2009, na sequência de reportagens levada a cabo pelo nosso jornal, no ano passado, onde demos conta do modus operandi da Triaza no aterro de Azambuja. Em fevereiro deste ano, a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) veio dar razão à Zero ao admitir que a lei não estava a ser cumprida e efetuou uma recomendação técnica no sentido da proibição da deposição de resíduos de fibrocimento nos oito aterros em questão. Carmen Lima desvaloriza a possibilidade de contato entre os resíduos biodegradáveis e os sacos de amianto, referindo que é diminuta a possibilidade de libertação de fibras daquele material cancerígeno. Para a ambientalista “é preferível que continuem a ser co-

locados em aterro como estava a ser efetuado até aqui – dando alguma margem aos operadores para se adaptarem – do que deixar esses resíduos abandonados, como estamos a verificar, em pedreiras, matas, ou nos contentores do lixo sem qualquer tipo de proteção”. A ambientalista vai em sentido contrário ao que outros especialistas advogam – “O amianto tem um impacto negativo na saúde das pessoas e não no ambiente”, e como tal “o que importa assegurar é que os trabalhadores que o manuseiam estejam devidamente protegidos”. Carmen Lima refere que esta é uma opinião partilhada por alguns dos principais especialistas internacionais que fazem parte da Rede Internacional do Amianto. “Desde que não se verifiquem

grandes assentamentos no funcionamento do aterro e sem compactação do material, que não é prática comum nos aterros portugueses, não identificamos especiais problemas”, sentencia. A redação do nosso jornal já recebeu fotografias a evidenciar o contrário: sacos de amianto rasgados por ação das máquinas que se deslocam à superfície dos lixos depositados no aterro da Triaza. Carmen Lima defendo que o problema é a compactação dos resíduos de amianto “que devia ser evitada”. Para a ambientalista, e em contraponto com o alegado pela maioria, diz que também não há perigos de contaminação dos lençóis freáticos pelo amianto porque os aterros estão protegidos com tela que permite o tratamento de lixiviados.

Carmen Lima apresenta nova tese para o amianto em aterros


22 Eventos

Valor Local

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Câmara de Vila Franca cancelou Feira de Outubro e Salão do Artesanato Câmara Municipal de Vila Franca de Xira decidiu cancelar a realização da tradicional Feira de Outubro e Salão do Artesanato. Numa conferência de imprensa realizada a 15 de setembro, o presidente da autarquia, Alberto Mesquita, sustentou “não estarem reunidas as condições” para que o certame tivesse lugar, aludindo à pandemia causada pela COVID – 19. A Feira de Outubro e o Salão do Artesanato estavam previstos para os dias 1 até 11 de setembro. A Câmara de Vila Franca fica assim à espera que 2021 seja um ano de um novo arranque do tradicional certame. O autarca explicou que a Câmara reuniu-se com todos os serviços e entidades de saúde para avaliar a situação, tendo inclusive vários cenários preparados, no entanto foi com “tristeza” que alega ter anunciado o cancelamento. Alberto Mesquita salientou que embora todos os cenários estivessem em cima da mesa “as fortes restrições que desde logo se impunham motivaram uma forte adesão por parte dos feirantes” sendo que este foi um dos motivos que terá levado à atitude da

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as circunstâncias o permitirem” voltará um Colete Encarnado muito forte em 2021. PCP opõe-se ao cancelamento da Feira de Outubro e Salão do Artesanato

Câmara chegou a anunciar a realização do evento mas voltou atrás Câmara. Por outro lado, o autarca explicou também que depois das várias reuniões com as autoridades de saúde, ficou explícito que “não seria possível a realização de esperas e de largadas de toiros”. Para o autarca, este é um momento crucial nestes festejos, que dada a pandemia, nunca seria exequível, e salienta que “seria impossível evitar a aglomeração

de pessoas ou garantir o distanciamento físico devido a um envolvimento emotivo e apaixonado por todos os que participam nestes momentos”. Destacou que a não realização das esperas, levaria a que fosse “prejudicada fortemente a identidade da nossa feira anual”. Outro dos fatores prendeu-se com a lotação. Tal estaria imposto pela Direção Geral de Saúde, nomeadamente, no que toca à presença

de público e de feirantes, quer no recinto da feira, quer no Salão de Artesanato, facto que motivou desde logo uma fraca adesão e interesse por parte de feirantes e artesãos. Sublinhando que “o mais importante de tudo é a saúde das pessoas”, o presidente da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira alertou para a necessidade de se continuarem a adotar atitudes de grande res-

ponsabilidade no combate à pandemia, apelando à mobilização coletiva e individual para esse combate. Anteriormente, Alberto Mesquita, em declarações à Rádio Valor Local, sublinhou que o facto de o Colete Encarnado ter sido eleita uma das 7 maravilhas da Cultura Popular, foi uma mais valia para a festa brava. Sem Colete Encarnado em 2020, o autarca anunciou que “se

Em comunicado, o PCP lamenta a decisão de não se realizar da centenária Feira de Outubro em Vila Franca de Xira. Para os comunistas trata-se de “um erro, pela oportunidade perdida de demonstrar que é possível desenvolver actividade, cumprindo todas as regras definidas e adaptando à nova realidade, e com isso criar confiança e exemplo”. É também um erro para aquela força política porque significa “um rombo na actividade económica e na vida concreta de centenas de pessoas”, e “porque não defende a componente cultural e de tradição fundamental à nossa vida social”. “Tal decisão prova o quão gasta, exausta, estagnada, incapaz, alinhada com outros interesses que não o dos trabalhadores e do povo está esta gestão de Alberto Mesquita, do PS e PSD à frente da Câmara Municipal”, conclui o comunicado. PUB


Valor Local

Setembro 2020

Editorial Miguel António Rodrigues:

Rádio Valor Local um mês de muitas emoções á está no ar a Rádio Valor Local. Foi um sonho, que tal como eu, outros sonharam, mas que só foi possível graças a um trabalho de equipa e aos empresários que acompanham há vários anos as edições do jornal Valor Local. Numa altura em que cresceu o número de ouvintes em projetos exclusivamente online (1 milhão e 900 mil pessoas diariamente segundo a Marktest) importa aproveitar as novas tecnologias disponíveis e trazer para a internet aquilo que nos idos anos 80 se levou para o FM. Esta parece uma nova era. Uma era em que testámos tudo, experimentámos tudo e em que quase tudo é possível, assim como no início em 1987 nos tempos das rádios piratas. Somos alguns os que voltamos a fazê-lo. Agora de forma legal e legítima. A Rádio Valor Local é um produto legal e prometese bater com as suas concorrentes, seja no mercado comercial, seja no mundo das audiências. Desde março, que começámos a colocar em prática este projeto. Um projeto que começou a ser desenhado em setembro de 2019 e que demorou um ano para ser concretizado. Mas as coisas são assim. No papel é fácil, na prática nem por isso. Mas tal não nos demoveu e cá estamos para o futuro. O desafio será entrar na casa das pessoas por uma porta pouco habitual: a internet. Muitos já ouvem. Por isso associamos ao jornal este produto, para que à distancia de um clique no site do jornal, possa

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Duarte Cordeiro e Luís de Sousa foram os primeiros entrevistados na Rádio Valor Local ter acesso à rádio em direto, aos programas e reportagens gravados, no caso de não ter tempo ou possibilidade de ter ouvido em direto. O nosso mês está a ser um sucesso. De todos os lados vêm palavras de incentivo para uma ideia que não é mais que um meio de comunicação mas numa plataforma diferente. Das conversas que temos tido, alguns dizem que estamos muito à frente e que é tudo uma novidade. No entanto alguém tem de dar o primeiro passo e assumir que é possível ter uma Rádio Online como se tivéssemos uma antena, com noticiários obrigatórios, reportagens, animadores, jornalistas encarteirados como manda a lei e sobretudo uma programação diversificada. Pensamos ter conseguido isso tudo, mas ainda faltam mais programas. Faltam fóruns. Programas com a sua participação e que farão a diferença e que arrancarão em breve na nossa grelha. Programas que debaterão a nossa realidade e

os problemas que nos afligem, com responsáveis pelos vários setores e uma panóplia de especialistas que asseguram credibilidade e a isenção da notícia. Não fizemos este projeto a pensar em umbigos nem em guerras políticas, fizemos a pensar nas pessoas e na necessidade que vamos verificando no dia a dia de uma ideia deste género em que tenhamos alguém do outro lado a dar os bons dias. A Rádio Valor Local está pronta para ir à luta. Neste primeiro mês, produzimos muita informação e isso viu-se no primeiro dia. Duarte Cordeiro, Secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares deu o mote e descerrou com o presidente da Câmara de Azambuja a placa inaugural dos nossos estúdios. O governante credibilizou assim com a sua presença a nossa causa, o que para nós é importante, pois independentemente do partido que representa, representa o Governo de um país que é o nosso. Durante este mês, passaram

pelo nosso estúdios, presidentes de câmara de Azambuja e de Alenquer e muitos presidentes de junta de freguesia da região. Mas passaram também outros atores não políticos que falaram das suas associações e projetos, que são mais do que bem vindos quando a sociedade civil tenta fazer algo e não consegue porque está a braços com a pandemia. Começamos também a preparar a rentrée política tendo em vista as autárquicas do próximo ano. Ouvir rádio nunca foi tão importante, afinal estamos ao alcance de um dedo no telemóvel, no tablet e no computador, e uma coisa podemos garantir, o que vai ouvir aqui, não ouvirá em mais lado nenhum. Queremos e vamos fazer a diferença. Acreditamos nisso, e acreditamos que com o empenho de todos vamos conseguir atingir novas metas e entrar em patamares almejados por muitos, mas difíceis de conseguir. Por isso os próximos tempos serão um desafio… mas o que é a vida sem desafios?

Secretário de Estado, Duarte Cordeiro, inaugura estúdio da Rádio Valor Local eve lugar no dia 4 de setembro a inauguração da Rádio Valor Local. Um projeto ambicionado pela equipa que agora vê a luz do dia. Na inauguração, Duarte Cordeiro, secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, saudou o projeto, enalteceu o papel da comunicação social local, e enfatizou o “serviço público” levado a cabo pelo nosso jornal em particular durante as crises da Covid-19 registadas no concelho de Azambuja, primeiro na Avipronto, depois na Sonae e no bairro social da Quinta da Mina. Já o diretor da Rádio e Jornal Valor Local agradeceu a todos os que fazem parte de ambos os projetos, os que cá estão desde o início, e os novos que também vieram para vestir a camisola. Miguel António Rodrigues apelou ao governante para um olhar mais atualizado do fenómeno da comunicação social local/regional face à distorção levada a cabo no meio radiofónico, na última década, com a deslocalização dos alvarás e fre-

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quências de algumas rádios locais para fora das respetivas localidades, compradas por grupos de media com outro poder financeiro, acabando desta forma o serviço público ali prestado, embora os novos proprietários continuem a usufruir de apoios estatais mormente em época de eleições autárquicas através da inserção dos denominados tempos de antena nessas mesmas rádios que “desertaram” das suas terras de origem. Um fenómeno que acontece

de norte a sul do país. Verbas essas que poderiam ser canalizadas para jornais ou mesmo rádios online, estas últimas desde que cumpram serviço informativo. Após os discursos, e o descerrar da placa de inauguração seguiuse a visita ao estúdio da Rádio Valor Local, e a entrevista com Duarte Cordeiro em conjunto com o presidente de Câmara de Azambuja, Luís de Sousa, na qual ambos refletiram sobre o momento em que a Covid-19 entrou em força em duas empresas sedeadas

No momento do descerrar da placa

no concelho. Passados quatro meses ainda nem tudo terá sido dissecado quanto ao facto de em Azambuja se terem registado os maiores focos de Covid-19 a nível nacional no que ao setor das indústrias e da logística diz respeito. O secretário de Estado que é também responsável pela coordenação do combate à pandemia no distrito de Lisboa por parte do Governo, desvalorizou as polémicas do Avante e sugeriu que o evento pode também significar um novo normal no futuro para outras realizações que, por norma, acontecem de norte a sul de Portugal desde que sejam cumpridas todas as regras relativas à pandemia. Duarte Cordeiro quis ainda tranquilizar os encarregados de educação tendo em conta o regresso às aulas e considerou que, nesta altura, o Governo já tem outra bagagem para enfrentar uma possível segunda vaga da Covid-19, embora esta possibilidade não deixe de ser motivo de preocupação

Rádio Valor Local 23


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