Feira de Outubro de Vila Franca regressa em força
Está de regresso, esta sexta-feira dia 30 de setembro, mais uma edição da centenária Feira Anual em Vila Franca de Xira. O certame vai até dia 9 de outubro e inclui o Salão do Artesanato que, como habitualmente, decorre no Pavilhão do Parque Urbano do Cevadeiro. A iniciativa foi apresentada em conferência de imprensa, onde o presidente da Câmara de Vila Franca de Xira, anunciou uma nova iniciativa que decorre desde o dia 23, dedicada às “Tradições e Tertúlias” a cargo da Associação de Tertúlias Tauromáquicas do Concelho de Vila Franca de Xira.
O autarca espera “milhares de visitantes” num certame que já marca a agenda no país e que tem sido um cartão de visita importante para este concelho. Para além das largadas e corridas de toiros, nas ruas de Vila Franca, a Feira de Outubro, volta a abrir a porta aos comerciantes que vendem por esta altura no Parque do Cevadeiro. São cerca de uma centena os que vão estar presentes este ano “com ofertas desde as diversões às tasquinhas passando pelos produtos tradicionais”, de acordo com o autarca.
Já no Pavilhão, Fernando Paulo Ferreira, anuncia cerca de uma centena de artesãos, muitos deles a trabalhar ao vivo “oriundos de inúmeras regiões”. São artesãos que trabalham materiais como a cerâmica, os têxteis passando pelo vidro, madeira e cortiça. Já no exterior, existirá animação, sendo certa a existência de tasquinhas, asseguradas por associações locais.
No entanto a edição deste ano, se mais liberta da pandemia, não deixa de estar ainda assim sob o olhar atento do município. Fernando Paulo Ferreira destaca, ainda assim, que, no ano passado, a pandemia afetou os certames do Colete Encarnado e Feira de Outubro, mas este ano, acredita, que não afetará em muito a feira. “Estamos, no entanto, preparados caso exista uma evolução na covid – 19, e introduzir as alterações que forem necessárias, mas não o estamos a prever, nem as autoridades de saúde contam com algum tipo de perturbação”.
Por outro lado, e com as esperas de toiros em grande destaque, a autarquia garante que tem vindo a modernizar o sistema de segurança em parceria com a PSP, Bombeiros e Proteção Civil Municipal.
Hospital de Vila Franca adquire um novo equipamento de TAC
OHospital de Vila Franca de Xira vai passar a contar com um novo equipamento de Tomografia Axial Computorizada (TAC), num investimento global superior a 800 mil euros, que inclui a preparação do espaço onde será instalado o novo equipamento. Prevê-se que em janeiro de 2023 já esteja em testes no hospital O presidente do conselho de administração, Carlos Andrade Costa, informa, citado em nota de imprensa, que o investimento autorizado no final do passado mês de agosto, “inscreve-se no plano para o presente ano, e que resulta de um ambicioso programa de investimentos visando a expressiva modernização e diversificação do parque tecnológico afeto às funções de diagnóstico e de tratamento dos utentes que servimos”.
No último ano e meio foi ainda possível adquirir, segundo nota de imprensa daquela unidade hospitalar, um conjunto de equipamentos de diagnóstico e de tratamento, de que é exemplo um parque de ecógrafos, com vista aos serviços de Anatomia Patológica; um hagiógrafo, aparelho de tomografia de coerência ótica, para a Oftalmologia, bem como vários equipamentos de diagnóstico para a Gastroenterologia, um aparelho de mamografia, uma torre de laparoscopia, um simulador pediátrico, entre outras aquisições.
Para o próximo ano de 2023, Carlos Andrade Costa assume “estar previsto o lançamento do concurso para aquisição de um novo aparelho de ressonância magnética, estando já em curso a elaboração das especificações técnicas deste futuro equipamento”.
Para o presidente do conselho de administração, “estes dois investimentos, TAC e ressonância magnética, vão, certamente, elevar as capacidades de diagnóstico e, assim, de tratamento dos nossos utentes”.
Para além do ponto de situação dos investimentos realizados e em curso, a administração espera entregar à tutela até ao fim deste ano um plano para expansão e ampliação da unidade que está a ser preparado pela equipa de arquitetos que projetou o edifício.
Alverca
Jovens ucranianos falam do seu percurso de vida
Illia
Stoliar é um jovem ucraniano que veio residir para Alverca ainda muito novo, com nove anos, em 2009, e que aqui descobriu a sua vocação – É atualmente um dos tenistas em Portugal que tem vindo a dar cartas neste desporto.
Chegou a ser o número um no nosso país, e é atualmente o número 1700 no mundo.
Com a compatriota Ilona Hnevsheva deu-nos uma entrevista no âmbito dos “Dias da Multiculturalidade”, iniciativa da União de Freguesias de Alverca-Sobralinho que decorreu nos dias 17 e 18 de setembro, no pavilhão municipal de Alverca. Illia Stoliar recorda que veio para Portugal porque os tios já residiam em Alverca, pelo que se tornou natural adotarem esta cidade ribatejana também para morarem.
A adaptação foi fácil “apesar de as línguas serem completamente diferentes”. “Surpreendeu-me o facto de as pessoas estarem sempre disponíveis para ajudar, e passados três ou quatro meses já conseguia comunicar em Português”.
Na altura, a família veio para Portugal não por questões de segurança, como hoje acontece, devido à guerra, mas porque já na altura a Ucrânia era um país com poucas perspetivas a nível económico.
“Era um país criado há poucos anos, onde havia muita corrupção. Nós vivíamos numa cidade pequena sem grandes horizontes futuros”.
Tudo começou no ténis através do tio que precisava de um parceiro para jogar e colocou Illia Stoliar a treinar. “Rapidamente apaixoneime por este desporto e quero fazer vida disto”. Já foi número um no circuito nacional de seniores e sonha poder competir no circuito internacional ATP, no qual está ranqueado no número 1700 – “Encontro-me mesmo no fim desse ranking mas o importante para já era fazer parte dele, e a partir daqui ir subindo”. A sua grande referência é Roger Federer, tenista suíço, que anunciou este mês a sua saída dos courts de ténis.
Portugal apesar de ter atletas no ranking ATP nunca conseguiu ter uma estrela neste desporto, no fundo uma referência internacional ao jeito de um Ronaldo do ténis. Em tom de desafio e de brincadeira perguntámos se conseguiremos com Illia Stolar. O jovem ri-se e demonstra: “Nunca se sabe, estou a trabalhar nesse sentido”. O tenista refere que a modalidade “está a crescer muito”. Tem havido “muitos recursos financeiros para ajudar os atletas, mas podemos fazer
muito melhor porque os países do norte da Europa estão mais à frente nesse apoio aos tenistas”. Atualmente treina em Lisboa, durante todo o dia, “porque não dá para ser de outra forma”, embora tivesse treinado durante muito tempo em Alverca. O jovem vai agora ter uma série de torneios no estrangeiro onde irá competir. Ilona Hnevsheva veio da Ucrânia para Portugal com 14 anos com os pais. Hoje com 26 anos diz que a integração correu bem, sobretudo na escola onde teve oportunidade de aprender a língua com alguma rapidez. A família estabeleceu-se em Alhandra, e conta que nunca sentiu qualquer desconforto por ser imigrante. Os dois concordam que o concelho de Vila Franca “é excelente para se viver”. Enquanto jovens ucranianos a viverem em Portugal têm uma visão de quem sente na pele a guerra que se está a viver. “Alguns dias antes do conflito começar ninguém acreditava que a guerra pudesse ser possível. Principalmente sentime culpada enquanto ucraniana por estar num país em segurança,
em que vivo bem, quando milhares de pessoas do meu país estavam a viver os horrores de uma guerra”. Nos primeiros tempos não conseguia comunicar com a família que ficou no seu país, onde tem “avós já com 80 anos, tios e primos, sendo que um deles está na primeira linha de combate”. Todos estão bem atualmente e o cenário de guerra tornou-se numa espécie de “novo normal”. “Falamos sobre as imagens horríveis, sobre as sirenes como se fosse o banal do dia-a-dia, como se não houvesse nada de especial. São mais uns bombardeamentos, mais uns ataques. Adaptámo-nos.”, descreve sintetizando que esta forma resignada de assistir aos acontecimentos é a melhor forma de se conseguir gerir o instinto de sobrevivência daquele povo. Illona Hnevsheva conta que não tardou em deitar mãos à obra e a colaborar com toda a ajuda possível no auxílio aos refugiados da guerra. “Em conjunto com uma associação fomos capazes de organizar cinco voos em que conseguimos trazer muitos refugiados para
cá, crianças e mulheres”. A jovem saúda todos os portugueses, porque o espírito de colaboração “foi brutal, já que ninguém estava à espera de tanta solidariedade, com vizinhos a bater à porta a ajudar com comida, casa, mobília. Sempre me senti muito bem em Portugal, mas todo o apoio foi incrível”. Cláudio Lota, presidente da união de freguesias, acrescenta que neste aspeto a junta também disponibilizou apoio. “Não só através da recolha de bens e de géneros, mas promovendo um atendimento alargado no que respeita a processos administrativos das famílias acolhidas no nosso território no que respeita à inserção em meio escolar das crianças,e no acesso aos cuidados de saúde”. Illia Stoliar ainda tem família na Ucrânia e realça que o importante é que o que se está a passar naquele país não deixe de estar na mira da comunidade internacional. “É importante que se continue a falar e a mostrar o conflito para que não se torne numa banalidade e o resto do mundo continue a apoiar a Ucrânia”.
Jovens ucranianos dão a sua perspetiva sobre a guerra no seu paísSilvino Lúcio dá o dito por não dito e já não vai pagar o passe a 40 euros à população de Virtudes
Em junho passado, o presidente da Câmara de Azambuja fez novamente o ponto de situação quanto ao tema do passe a 40 euros para a população de Virtudes, dando conta que estava a fazer pressão junto do Governo para que finalmente seja uma realidade para aquela população que todos os dias faz uso do transporte ferroviário. Recorde-se que a localidade ficou de fora do Programa de Apoio à Redução Tarifária (PART) lançado em 2019. Há um ano em campanha eleitoral, e numa entrevista na Rádio Valor Local, Silvino Lúcio, o atual presidente e à época candidato, garantia que a Câmara assumiria esse esforço que ronda os 14 mil 300 euros por ano, através dos cofres municipais. Agora o autarca, em reunião de Câmara, neste mês de setembro, deu o dito por não dito, e assegurou que não vai pagar passes a ninguém, ao contrário daquilo que nos garantiu.
O vereador do PSD, Rui Corça, não ficou espantado com o volte face e enfatizou que o Governo jamais terá algum tipo de atenção perante Virtudes, porque a ser assim também teria de beneficiar um sem número de localidades da Área Metropolitana de Lisboa, Ribatejo e Oeste que ficaram de fora em 2019, altura em que arrancou este programa. Abriria assim um precedente que podia resultar num acréscimo de alguns milhões a este programa emblema do atual Governo
Em 2021, foram consagrados 250 milhões de euros para a mobilidade sustentável através do PART. Os investimentos nos transportes públicos tinham já mais do que duplicado entre 2019 e 2020 (de menos de 100 milhões para mais de 200 milhões de euros). Em 2022, dá-se o primeiro corte no Programa de Apoio à Redução Tarifária (PART) nos transportes públicos com um financiamento base este ano de 138,6 milhões de euros, menos 60 milhões do que em 2021, pelo que será ainda mais difícil Silvino Lúcio conseguir convencer quem quer que seja sobre o caso Virtudes e a necessidade de o Governo abrir uma exceção. Contactámos o presidente da junta de freguesia de Virtudes, José Fortunato Martins, que disse estar a par das declarações, mas que para já prefere não comentar, dado que vai ter uma reunião em breve com o presidente da Câmara, na qual o assunto deverá ser abordado.
Balanço positivo das Jornadas da Educação
A s boas-vindas aos professores em Arruda dos Vinhos culminaram com as habituais Jornadas da Educação. A iniciativa do município juntou mais de 200 pessoas do corpo docente do concelho, para além do não docente numa série de iniciativas, entre debates e palestras.
À Rádio Valor Local, o vice-presidente da Câmara, Carlos Alves, faz um balanço “mais do que positivo” de um mês totalmente dedicado a esta área “tão importante para o concelho”. O autarca destaca, entre outros, o dia 13 de setembro, marcado pela análise das políticas da educação com vários oradores, e dedicado ao ensino profissional, ao plano nacional das artes e às cartas educativas.
Outro dos destaques sublinhados pelo vice-presidente foi o ensino profissional. Esta é uma área importante para o município, com uma forte aposta nos últimos anos, e mais recentemente com uma parceria com o Politécnico de Santarém. Para o autarca, este ainda é “considerado o parente pobre da Educação e nós estamos a tentar valorizá-lo porque é extremamente importante para o nosso território”.
E com uma forte aposta na educação, Arruda não poderia deixar de criar um dia dedicado aos educadores. Conforme já tinha avançado em primeira mão na Rádio Valor Local, Carlos Alves, anuncia o “Dia Municipal do Educador”. Trata-se de um projeto que visa a valorização do educador “em que não estamos a falar só de professores, mas de todos aqueles que fazem a diferença na escola”. O dia do educador foi aprovado em reunião de Câmara e será celebrado a 14 de setembro.
População de A-dos-Melros teme enxurradas no inverno se a pedreira da Cimpor continuar a fazer rebentamentos
Apopulação de A-dos-Melros que convive paredes meias com a pedreira da Cimpor e que há cerca de quatro anos é constantemente desassossegada com as constantes explosões, devido ao avanço dos trabalhos a apenas 450 metros das suas habitações, teme que o próximo inverno possa trazer um grande dissabor. É que por força da atividade da Pedreira do Bom Jesus, casas, muros e pavimentos estão completamente rachados. Os danos acontecem um pouco por todas as casas desta aldeia da freguesia de Alverca, onde vivem cerca de 60 pessoas. “A nossa aldeia sobreviveu ao terramoto de 1755. Há relatos escritos disso, não queremos agora que tudo acabe por causa da pedreira", começa por dizer o morador Artur Ferreira. A população teme que aconteça aqui o que sucedeu na Madeira em 2010. O desabamento de terras pode acontecer e levar casas e população atrás a manter-se o estado de coisas. Os moradores não se sentem seguros e vão constituir-se numa associação para reivindicar pelos seus direitos. A Câmara está a organizar-se para apresentar uma ação popular com vista à constituição de uma faixa alargada de proteção entre a área da pedreira e a localidade de A-dos-Melros, de modo a garantir a segurança da população. “Mas isso são coisas que demoram muito tempo e até lá eles acabam com o resto das casas”, referem os moradores à nossa reportagem, enquanto dão a conhecer os danos que os rebentamentos têm feito nas sua casas e quintais. Temem os deslizamentos de terreno, e há quem já tenha pensado em ir embora.
Adelino Cabaço, um dos moradores, diz que ainda não viu ninguém da empresa em A-dos-Melros. Já o presidente da Câmara “também só apareceu depois dos outros todos. Veio aqui uma senhora do Bloco de Esquerda, depois a CDU, e a seguir o Chega”, revela. A Câmara de Vila Franca já anunciou a colocação de sismógrafos para monitorização da atividade da pedreira. O Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) deverá instalar na localidade uma rede de medidores fora da área da
pedreira para monitorizar vibrações. Adelino Cabaço desconfia desta possibilidade, “porque sendo assim vão continuar a fazer rebentamentos, pois têm autorização para isso”. “A licença que eles têm é de 1966, pode ser anulada, não queremos é que isto se transforme num muro de lamentações.
A pedreira tem de tomar outra direção, pois também não é nossa vontade que a Cimpor seja prejudicada, só tem é de ficar o mais longe possível deste lugar”, acrescenta Artur Ferreira.
Os moradores queixam-se ainda do enorme estrondo que é sentido sempre que ocorre um rebentamento. “Em junho deu-se um barulho impressionante, o meu neto até disse que já tinha cá chegado a guerra da Ucrânia”, demonstra Elsa Oliveira. “O meu neto noutro dia ficou tão assustado, as garrafas que estavam dentro do frigorífico estremeceram todas”, acrescenta Leonor Pereiro. Já a moradora Luísa Ferreira mostra-nos fotografias dos estragos provocados na sua habitação com rachas de uma ponta à outra. “O cheiro a humidade nos quartos é horrível e tenho muito medo de quando a chuva chegar e poder abater os terrenos que estão tão frágeis”, acrescenta. António Pedro, outro dos moradores, também desabafa –
“Não têm o direito de partir a minha casa, se precisam de pedra, partam-na à mão”. A nossa reportagem esteve ainda na casa do morador António Damas. Na sala parte dos mosaicos levantaram. O prejuízo é considerável, e o habitante diz estar na expetativa para o que se seguirá daqui para a frente. Refere que o último grande rebentamento se deu a cinco de setembro, quando a população “começou a fazer mais barulho”, mas o futuro é de muita inquietude. Numa das ocasiões “chegaram a dizer que em determinado dia não tinha havido rebentamentos quando toda a gente na aldeia os sentiu”, ilustra, acrescentando que não tem muita fé no trabalho que o LNEC pode vir a desenvolver. “Ouvi dizer que a Cimpor é que vai pagar. Ora no meu caso, não pagaria a uma empresa que pudesse realizar relatórios contra mim, isto sem querer colocar em causa a idoneidade de quem quer que seja. Pode ser que com a associação criada nos deixem tomar assento nessas reuniões entre a empresa e a Câmara”. O morador diz não procurar indemnizações. Vive em A-dos-Melros há 30 anos e só quer que tudo volte ao que era até há três ou quatro anos quando os rebentamentos começaram a ser mais frequentes.
Em entrevista na Rádio Valor Local, o presidente da Câmara de Vila Franca, Fernando Paulo Ferreira, assegurou que vai manterse ao lado da população, estando prevista, nesta altura, a deslocação à localidade de uma equipa de fiscalização técnica para vistoriar os impactes decorridos da atividade da pedreira. O autarca confirmou ainda a instalação da rede de sismógrafos, pretendendo o município recolher toda a informação possível com vista à sua entrega junto de entidades como a Direção Geral de Energia e Geologia, Inspeção Geral do Ambiente, e ASAE. Fernando Paulo Ferreira acredita que a atividade causadora de mal-estar entre a população possa ser suspensa com a reunião dos elementos necessários com vista a tal. Em comunicado, a Cimpor já fez saber que a Pedreira do Bom Jesus “cumpre de forma inequívoca os parâmetros legais definidos pela legislação aplicável, assim como os decorrentes da sua licença de atividade”. A empresa refere que está disponível para efetuar um plano de ação mas que até à data não registou que tivessem sido ultrapassados os limites estipulados para a sua atividade, pese embora o transtorno sentido pela população.
População vive pesadelo em A- dos-Melros Sílvia AgostinhoPresidente da Câmara de Vila Franca anuncia apoios económicos à população para combater a inflação
Acompletar um ano de mandato, Fernando Paulo Ferreira, presidente da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, considera que o município está no bom caminho. Em entrevista exclusiva à Rádio e Jornal Valor Local, o autarca resume este primeiro ano numa palavra… “intenso”. “Um ano muito intenso”.
Fernando Paulo Ferreira venceu as eleições a 27 de setembro de 2021, sucedendo aos também socialistas Maria da Luz Rosinha e Alberto Mesquita. O agora presidente conseguiu um feito inédito para os socialistas vilafranquenses, ao ter vencido em todas as freguesias do concelho, algo que acaba por ser um “trunfo” para possíveis eleições.
O autarca diz-se, entretanto, preocupado com o atual momento vivido com a guerra na Ucrânia e com o consequente estado da economia mundial e claro local. Sobre isso, sustenta que está de acordo com as medidas de apoio às famílias e às empresas tomadas pelo governo de António Costa e que também o município está a estudar um possível apoio às empresas e às famílias naquele concelho. O autarca refere que “este é um assunto já debatido em As-
sembleia Municipal e está muito dependente do quadro financeiro nacional que vai ser discutido na Assembleia da República”. “Iremos tomar as medidas necessárias nessa matéria com o orçamento municipal”.
Ao Valor Local, Fernando Paulo Ferreira destacou a importância de algumas medidas já tomadas no plano ambiental e da mobilidade.
Neste balanço levado a cabo na Rádio Valor Local, o presidente da Câmara colocou ênfase no ambiente e sublinhou a importância de alguns projetos como a mobilidade elétrica e das trotinetes no território.
O projeto foi lançado nos caminhos ribeirinhos de Vila Franca e “tem sido um sucesso”, de acordo com o autarca que refere que a utilização das trotinetes tem sido significativa. “Muitas pessoas aproveitam para começar numa ponta do caminho ribeirinho e fazer todo o percurso”, anunciando por isso novos polos de estacionamento “a pedido de alguns jovens”.
Noutro plano, o autarca refere a existência de um plano de arborização para o município. Fernando Paulo Ferreira recorda que este projeto foi das primeiras medidas que tomou, sendo que esse docu-
mento já está em fase final de elaboração e que será conhecido no próximo mês.
Outro dos projetos, na área da mobilidade, está relacionado com a disponibilização de postos de carregamento para carros elétricos. O concelho de Vila Franca de Xira tem uma forte densidade populacional.
O presidente da Câmara salienta que “estamos a falar de mais 64 postos de carregamento em todo o concelho, o que é muito importante para facilitar a opção pela mobilidade elétrica”. O autarca diz que os novos postos devem estar nas zonas públicas e comerciais,
“mas também é muito importante, no contexto de cidades que tiveram um crescimento muito grande nos últimos anos, em que não eram exigidas garagens nos prédios, que esses postos sejam colocados em zonas residenciais”.
Para o autarca a competitividade das empresas está ligada diretamente à energia, e por isso anunciou que o Plano Diretor Municipal (PDM) já contempla a possibilidade de as empresas poderem produzir energia a partir de fontes renováveis. “Foi uma mudança de paradigma enorme no nosso concelho”, e que de acordo com o autarca “vem demonstrar que é possível investir na indústria e na economia, ao mesmo tempo, que se investe no ambiente, permitindo que as empresas baixem a sua fatura energética e ambiental”.
Ainda no plano ambiental, o autarca reforçou a importância da arborização no concelho. A notícia já não é nova e foi mesmo avançada pela edição de julho do Valor Local. Fernando Paulo Ferreira fala num plano com um custo de cerca de um milhão de euros “com o destaque para a criação de um novo pulmão verde a sul, nomeadamente, na vila do Forte da Casa, que vai mudar também o paradigma daquela zona altamente urbanizada e que terá agora um
Junta de Vale do Paraíso acelera certificação das suas tradições e produtos
Afreguesia de Vale do Paraíso, no concelho de Azambuja, quer apostar nas marcas locais e nos produtos endógenos. Recentemente a junta de freguesia criou a marca “My Vale do Paraíso” que tem como objetivo valorizar aspetos locais ligados ao turismo e à gastronomia, entre outros.
Sérgio Alexandre, presidente da junta de freguesia, referiu na Rádio Valor Local que já estão traçados os primeiros planos a caminho da valorização local, anunciando que está para breve o lançamento da marca “Bolos de Casamento de Vale do Paraíso”. O autarca revela que a marca já está certificada e garante que este que é património gastronómico local não sairá da localidade, sendo que o caminho agora passa por encontrar um processo para que o produto entre nos supermercados.
Este é um bolo feito totalmente à
mão, matriz que o autarca diz querer preservar, enquanto garante que a empresa que for encontrada para confecionar os bolos e os distribuir, tem de respeitar as regras que levaram a que este património local seja considerado uma iguaria, o qual pode ser encontrado por exemplo na próxima edição do certame gastronómico “Paraisabor”. Este é um bolo feito num forno comunitário, que fica nas traseiras da Casa Colombo e serve, segundo o autarca, como forma de financiamento das associações locais.
Festas de 18 de dezembro a Património Cultural Imaterial Nacional
Para além dos bolos de casamento, o executivo liderado por Sérgio Alexandre, quer preservar outros produtos, como a sopa de batata
e de abóbora ou o torricado de bacalhau. No entanto, o trabalho levado a cabo pelo executivo vai ainda mais longe, pois a junta quer certificar, ainda, todas as tradições inerentes à festa de 18 de dezembro.
O autarca diz querer candidatar a Património Cultural Imaterial Nacional as festas em honra de Nossa Senhora do Paraíso, que têm particularidades importantes e que urge preservar.
Para além do património gastro-
novo bosque”.
Ainda com o Mouchão da Póvoa em pano de fundo na senda ambiental, Fernando Paulo Ferreira recorda que todo o processo deu uma reviravolta ao conseguir junto do Ministério do Ambiente “a abertura de um concurso para o projeto para a reabilitação do mouchão, que era uma questão complicada e que se arrastava há anos”. O autarca diz assim esperar que o processo venha a ter um desfecho positivo.
Já no domínio da economia, entre outras questões, o autarca fala na “viabilização do porto fluvial da Castanheira”. Esta estrutura que fica situada na plataforma logística, irá trazer, de acordo com o presidente da Câmara, “uma nova capacidade económica” àquela localização, sendo que existe segundo o autarca “um conjunto de pedidos para aquela zona”. São na ordem das centenas de milhões euros e que se prevê que venham a criar mais de mil postos de trabalho, refere o autarca que acredita que estes investimentos poderão dar “um novo ênfase económico ao concelho de Vila Franca de Xira”, acrescentando a criação de um Conselho de Desenvolvimento Económico, que junta empresários e técnicos, associados à economia social e privada.
Foto de arquivo
começa pela atividade em que o visitante pode assistir ao amassar dos bolos de casamento. Seguese uma visita a uma loja tradicional local e uma breve passagem pelo Café Escondidinho, conhecido pelas suas tostas de galinha. Posteriormente os visitantes são convidados a fazer o seu almoço, composto por torricado e sopa de batata.
O dia acaba com uma palestra sobre as tradições locais. Pelo meio há uma visita ao Rancho Danças e Cantares de Vale do Paraíso, e claro uma visita à Casa Colombo.
nómico, há também um outro aspeto ligado às tradições locais. Integrada na marca “My Vale do Paraíso”, o autarca revela a “Rota dos Sentidos” dedicada aos turistas.
Este itinerário que dura seis horas
O autarca revela que a marca “My Vale do Paraíso” é importante porque conforme explica: “Queremos ser conhecidos por algo”. Já foram feitas camisolas, bonés e coletes, que a juntar a outro merchandising faz o pleno desta localidade.
Miguel António Rodrigues Autarca deu a conhecer os projetos futuros do município Os tradicionais bolos de casamento são agora um produto certificado Miguel António RodriguesSilvino Lúcio quer uma variante da IP para tornar Azambuja, a capital da Logística
ACâmara de Azambuja quer construir numa parceria com a Infraestruturas de Portugal uma variante que vai ligar as zonas industriais de Vila Nova da Rainha e de Alcoentre-Aveiras de Cima.
Esta é uma ideia que tem vindo a ser trabalhada pela autarquia, que assegura ter o desiderato de retirar o fluxo de pesados da Estrada nacional 3. Numa altura em que está a aumentar a procura pela zona industrial de Alcoentre-Aveiras de Cima, considera, o presidente da Câmara, que esta poderá ser uma boa solução. Há muitos anos que este tipo de possibilidade tem vindo a ser falada, e na última campanha eleitoral, a promessa das variantes também foi discutida pelos candidatos.
O exemplo do trânsito de pesados em Vila Nova da Rainha está a servir de mote para que os autarcas gizem cenários alternativos, precisamente para evitar situações de congestionamento, e ao mesmo tempo, possam retirar o tráfego de aldeias como os Casais de Baixo, de Britos ou de
Vale do Brejo. Silvino Lúcio diz que “esta é uma solução exequível” e que poderá
ter que mexer com o PDM. Ao Valor Local, o presidente da Câmara diz que esta foi uma das soluções
abordadas com a Infraestruturas de Portugal (IP). Em causa está o aumento expectável da Zona In-
dustrial de Alcoentre-Aveiras de Cima pelo que a construção desta variante do zero, surge como a melhor solução.
“Já avisámos a IP para estudarem uma solução, que deve passar por exemplo por uma variante, passe ela por onde passar, até porque já existe um traçado prévio na zona da Texuga”, refere, salvaguardando que ambas as zonas industriais estão em expansão.
Em Vila Nova da Rainha, as empresas têm vindo a alargar as instalações. Primeiro a Sonae e agora a Havi, e isso tem um peso significativo no trânsito no local. Na Zona Industrial de Alcoentre-Aveiras de Cima as empresas quem “têm andado a comprar ali terrenos já chegaram a acordo para a construção de uma rotunda na estrada 366, que passa ainda pela construção de uma outra via paralela a esta estrada de modo a que haja uma circulação autónoma para os pesados, rumo às instalações que se venham ali a fixar”, refere o autarca que sublinha que
Azambuja CultFest contou com cinco mil entradas
O“Azambuja CultFest” fechou com “chave de ouro” a sua primeira edição. A iniciativa da Junta de Freguesia de Azambuja juntou centenas de pessoas num evento em que parte da venda das pulseiras foi doada aos bombeiros de Azambuja. No final desta primeira edição, André Salema, presidente da junta, vincou que já está a planear a edição do próximo ano, e que a iniciativa apesar do muito vento que se fez sentir, acabou por corresponder às expectativas, estando já fechadas as datas de 22 a 24 de setembro de 2023.
Ao Valor Local, o presidente da junta destaca que ao longo dos três dias, a organização registou cerca de cinco mil entradas. Os visitantes puderam assistir aos mais variados espetáculos, que foram desde Sara Correia à banda portuguesa de tributo aos Queen
“Kind of Magic”, para além da diversidade gastronómica com street food e outras distrações. Integrado neste certame, a junta
de Azambuja decidiu também através de um mural em azulejo, homenagear três das maiores vozes femininas do fado azambujense de todos os tempos. Foram centenas as pessoas que participaram
numa homenagem, na Rua de trás da Igreja, na noite de sextafeira dia 23, a Maria Luzia, Maria do Céu Corça e Fátima Regateiro. André Salema vincou a justeza desta homenagem, tendo em con-
sideração o que significam estas mulheres para a cultura local. O autarca adiantou também, que esta homenagem é a primeira de outras tantas, aproveitando a arte urbana para transformar algumas
ruas da freguesia, criando assim um roteiro.
Na mesma linha, Silvino Lúcio, presidente da câmara de Azambuja que enalteceu a iniciativa, vincou que também o município tem
está é uma das propostas para fluir o trânsito sem perturbar os veículos que circulam em direção a Alcoentre ou Aveiras de Cima. Silvino Lúcio revela também que as rotundas na Estrada Nacional 3 também vão avançar. O autarca refere que concorreram duas empresas ao concurso lançado pelo Governo e que agora o processo avançará depois de muitos compassos de espera.
Com uma logística cada vez mais modernizada, o autarca fala em tornar Azambuja na “Capital Nacional da Logística” uma ideia defendida por Rui Pinto, o gestor para a inovação do concelho de Azambuja.
O emprego na logística tem vindo a ganhar competências e especializações, e por isso o presidente da Câmara sublinha que “a média de ordenados tem vindo a aumentar, e com isso também o emprego nesta área que estando a quarenta quilómetros de Lisboa, acaba por ser apetecível para as empresas, tendo em conta as acessibilidades.”
vindo a apostar nesta “arte urbana” em locais como o Jardim Dr. Joaquim Ramos ou o Parque D. Sebastião, representando aspetos importantes do concelho de Azambuja.
Câmara de Alenquer quer criar áreas de microreserva no Montejunto
ACâmara de Alenquer pretende criar zonas de microreserva na Serra de Montejunto no enquadramento das alterações climáticas. A Paisagem Protegida da Serra de Montejunto assinala 23 anos desde a sua criação. Paulo Franco, vereador com o pelouro do Ambiente no município, refere ao Valor Local, que continua a existir urgência na necessidade de um plano de ordenamento e gestão “que tem sido pedido insistentemente” junto do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) mas que até à data
ainda não se encontra concretizado”.
Enquanto, o Estado não faz a sua parte, o município, pretende realizar ações de proteção da floresta autóctone, de forma a mitigar a proliferação de espécies exóticas.
Em cinco mil hectares de paisa-
gem protegida 900 hectares são ocupados por eucaliptos, espécie considerada como invasora e que tem condicionado o equilíbrio ecológico local. “Estamos a desenvolver um estudo técnico no sentido de identificar as espécies e proteger as que são locais como o car-
O autarca reconhece que sem o plano de ordenamento e gestão, algo que vem sendo reclamado por ambientalistas e executivos da Câmara ao longo dos anos, não se consegue ir mais longe, “embora existam linhas orientadoras da gestão da serra”. “O ICNF diz para aguardarmos que está a ser estudado”.
valho, o freixo ou o sobreiro. Pretendemos ainda criar faixas de gestão de combustível de forma adequada e fazer restauro de habitats como estamos a efetuar no Canhão Cársico de Ota”.
Silvino Lúcio já alertou a IP que a Nacional 3 não pode continuar a ser sobrecarregada e daí a necessidade de uma variante O mural de homenagem que está a encantar os azambujensesAlenquer cria órgão consultivo para ajudar a fixar empresas no concelho
Omunicípio de Alenquer deu a conhecer, no dia 23 de setembro, o Conselho Estratégico Empresarial Municipal (CEEMA).
O evento procurou ser um encontro de todo o tecido empresarial alenquerense. Paulo Franco, vereador com o pelouro do Empreendedorismo, realçou que com a criação deste organismo “estão abertas as portas para que mais empresas do concelho possam conhecer o caminho da internacionalização”. O autarca saúda a presença dos empresários que aderiram a este projeto e que marcaram presença na sessão de apresentação. Cinquenta empresas responderam afirmativamente ao convite.
“Também apareceram muitas pessoas a título individual à procura de saberem mais sobre o CEEMA”, destaca. Foram eleitos nesta primeira reunião os setores de atividade que vão ser alvo das reuniões do CEEMA, “mas não ficam de fora outros setores que se situem na mesma cadeia de valor”. “Alenquer é do ponto
de vista empresarial muito interessante e isso ficou patente também em mais um Encontro Empresarial Ibérico, organizado pelos municípios do Oeste, que se realizou na mesma altura da primeira reunião do CEEMA” também em Alenquer e no mesmo espaço.
O CEEMA é uma entidade de caráter consultivo e de apoio ao executivo municipal, em matéria de delineação de políticas e ações “com a perspetiva de se obter impacto no desenvolvimento económico do concelho, dotado de total autonomia funcional”. Esta nova entidade tem por missão “acompanhar e aconselhar a promoção e execução de projetos que impulsionem o desenvolvimento económico do concelho. Ao mesmo tempo, funcionará como interlocutor entre a autarquia, empresários e investidores nacionais e internacionais.”
Em sessões bianuais – março e setembro – serão discutidas várias temáticas consideradas
como importantes para o concelho, nomeadamente, para o tecido empresarial, de modo a proporcionar à autarquia “a preparação e definição dos instrumentos que permitam ao município desenvolver políticas e medidas que revitalizem a economia do concelho, fixando as empresas que aqui trabalham e atraindo novos investimentos.”
Como membros permanentes do CEEMA, estão representadas entidades do setor económico, que “vão contribuir para a construção de ideias e para a definição de estratégias orientadoras, juntamente com o município e restante tecido empresarial.”
“As minhas expectativas são enormes, porque acredito muito neste órgão. Isto vai permitir criar rede e abrir pontes, além de criarmos rede também localmente e impulsionarmos a economia local, sempre em linha com aquilo que são as decisões nos setores, a nível nacional”, sublinha o vereador citado em comunicado de imprensa.
Alenquer Obras na Rua Sacadura Cabral terminadas até final do ano
As obras na Rua Sacadura Cabral em Alenquer, no âmbito do Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano (PEDU), deverão ficar concretizadas até ao final do ano, as quais compreendem ainda a envolvente ao mercado, que apenas deverá ser reinaugurado nos primeiros meses de 2023, face a constrangimentos ocorridos com a obra que obrigou a um compasso de espera, porque os pilares apresentavam fissuras o que levou a acertos no projeto. Os constrangimentos que a obra está a causar têm sido levados a reunião de Câmara por comerciantes, como foi o caso nas últimas semanas.
O presidente da autarquia, Pedro Folgado, referiu que seria realizada uma reunião para receber mais contributos dos comerciantes, mas em entrevista ao Valor Local, o vereador com o pelouro das obras, Tiago Pedro, refere que tal já não será possível, porque a obra está
no seu término. “Foram realizadas três sessões em fase de consulta pública e quando a obra estava em projeto, para além de que te-
mos reunido com os comerciantes numa base regular, e esse pedido apenas partiu de um lojista e do marido de uma comerciante”, des-
Paraísabor de regresso
Aaldeia de Vale do Paraíso recebe de 7 a 9 de outubro mais uma edição do Paraísabor.
Trata-se de uma iniciativa da junta de freguesia local e que tem como mote o Festival de Torricado e de Bolos de Casamento.
Sérgio Alexandre, presidente da
Junta de Vale do Paraíso, diz que a expetativa para este certame é grande. As festas populares têm estado com muita afluência e Vale do Paraíso espera que essa dinâmica se estenda ao evento.
O autarca recorda que Vale do
Paraíso encerra “a maior mostra do torricado do concelho”, e que este ano vão colaborar nas tasquinhas seis associações locais que trabalharão na plenitude.
“Algo que não acontecia desde que transferirmos o certame do centro da localidade para junto
valoriza, salvaguardando – “Quem tiver dúvidas e necessitar de informação terei todo o gosto, mas não numa nova sessão de esclareci-
do pavilhão”, dá conta. Estão presentes as coletividades mais representativas da localidade sendo estas a Confraria Nossa Senhora do Paraíso, Rancho Folclórico Danças e Cantares, Associação Nossa Senhora do Paraíso, ARD – O Paraíso com
mentos”.
Se em Azambuja, o município está a asfaltar a principal artéria comercial retirando a calçada, já em Alenquer passa-se o contrário, dado que a Rua Sacadura Cabral vai aparecer de cara lavada e com novo piso em paralelepípedo. “Sabemos que este tipo de piso é inibidor de velocidades, e porque queremos tornar aquela rua mais comercial, escolhemos este material em detrimento do betuminoso, que tem como vantagem ter maior capacidade impermeabilizante”.
Entre os comerciantes há quem concorde e quem discorde. O autarca lamenta que no cômputo geral das obras, ainda não tenham sido colocados à disposição lugares de estacionamento no lado oposto do rio como chegou a ser anunciado, “mas como essa intervenção ainda não arrancou, disponibilizámos, entretanto, o parque de estacionamento do Areal”. A obra da Rua Sacadura Cabral,
com envolvente ao mercado sofre um investimento de 629 mil 855 euros, já o mercado tem um custo de 1 milhão 244 mil euros. O município aprovou ainda um pacote de incentivos através do Fundo de Apoio à Economia Local, ao qual se podem candidatar os comerciantes afetados pelas obras, e que em breve será disponibilizado. O vereador espera lançar entretanto a obra da requalificação da envolvente à Chemina, “que esperamos que arranque em breve em consonância com as obras do próprio edifício”. A Sunshine Life Investimento Imobiliário ficou de apresentar o Pedido de Informação Prévia (PIP), tendo em conta que venceu a hasta pública em 2019, mas nada saiu do papel até à data, para à posteriori solicitar a licença de construção. O autarca espera que ainda no mês de setembro esse dossier seja apresentado, sob pena de ser lançada uma nova hasta pública.
Para além do torricado, que considera o melhor do concelho, o certame inclui ainda concertos e exposições de artesanato ainda no pavilhão municipal. No entanto para o próximo ano, é intenção da junta trazer para a rua a exposição de artesanato, que este ano já junta 30 artesãos. Sérgio Alexandre vinca que o orçamento ainda não o permite, mas para o próximo ano o artesanato ficará no exterior.
as seções de Banda, Futebol e Ginástica e a Associação de Pais.
Vereador Paulo Franco deu a conhecer as potencialidades do CEEMA Obras na Rua Sacadura Cabral têm suscitado críticas de alguns comerciantesInês Ramos lança novo livro
Inês Ramos apresenta, no próximo dia 1 de outubro, o seu segundo livro. “Segue” é o nome deste novo projeto que junta a música aos vários capítulos. Em conversa com a Rádio Valor Local, a autora esclarece que a escrita tem estado na sua vida desde sempre. Foi com o apoio do pai, o antigo presidente da Câmara de Azambuja, Joaquim Ramos que deu os primeiros passos, nunca pensando que depois de um primeiro livro, avançasse para o segundo.
A pandemia e um aneurisma levaram Inês Ramos “quase ao tapete”. A autora assume-se como uma “lutadora” e inspirada naquilo que o pai lhe teria dito, depois de uma recaída, “acordou” e levou a cabo este novo projeto, que não é mais do que uma série de reflexões dedicada a amigos e situações pelas quais passou nos últimos anos.
Inês sempre foi “instigada” pelo
pai a escrever cartas, mesmo quando morava com ele. Esta seria uma forma de cativar a sua veia de escritora e a sua criatividade, algo que nos dias de hoje lhe tem valido de companhia pois assume que sempre leu muito.
A autora refere que este livro vem de um “processo de reconstrução”. “Passei por momentos menos bons. A morte do meu pai abalou-me profundamente. Ele educou-me sozinho. Não tive mãe. Portanto além de ser meu pai, minha mãe e melhor amigo, com a morte dele perderam-se três referências. Fiquei completamente à nora e sem rumo”. Foi na filha que Inês Ramos foi buscar as forças, “nos seus olhinhos esperançosos”. O “Segue” vem nessa mesma linha. Não é, segundo a autora, um livro melancólico, mas “encorajador”.
A autora junta aqui o seu gosto pela música à escrita e por esse mesmo motivo, adiciona um tema
Museu Municipal de Azambuja reabre e combina tradição com tecnologia
Apouco mais de um mês de “atingir a maioridade” (foi inaugurado a 16 de outubro de 2004)
o Museu Municipal Sebastião Mateus Arenque, em Azambuja, reabriu as suas portas ao público no passado dia 17 de setembro após algum tempo encerrado para profundas obras de requalificação. Numa cerimónia que teve como convidado de honra, o ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, ficamos a saber, nas palavras do presidente da Câmara Municipal de Azambuja, Silvino Lúcio, que o museu mantém o título da sua exposição permanente, “Quotidianos: recordar, conhecer, aprender” mas reabre ao público totalmente renovado, com o apoio das novas tecnologias e com elementos de
interatividade com os visitantes do espaço, pretendendo deste modo, um envolvimento das várias gerações, desde os mais velhos aos mais jovens na realidade etnográfica do concelho de Azambuja.
Já o Ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, disse que quando foi convidado para esta reabertura não podia recusar, pois espaços como os deste museu são essenciais para a Cultura. Segundo o governante, “as pessoas associam muitas vezes de uma forma equívoca a cultura às artes, sejam elas música, dança, teatro ou mesmo artes plásticas, mas a cultura não é apenas isso e a etnografia é a cultura de um povo, de uma identidade local e por isso espaços como os deste museu são
essenciais para que essa cultura seja passada às gerações vindouras”, referiu.
Nesta cerimónia foi também evocada a memória de Sebastião Mateus Arenque, o etnógrafo azambujense que dá nome ao museu e um dos grandes responsáveis através das suas recolhas para o nascimento do mesmo. Depois dos discursos da praxe, os visitantes, que não eram poucos, tiveram uma visita guiada pelos técnicos do equipamento e foram brindados com dois apontamentos artísticos, um fado, interpretado por Sónia Gomes e um poema dito por Lourenço Mota, respetivamente, neta e filho do “Mestre Sebastião”.
Nuno Vicentemusical a cada capítulo, encorajando as pessoas à medida que leem este livro, a escutarem músicas tão diversas como os Queen ou os Abba.
A autora contou à Rádio Valor Local que uma das músicas sugeridas é “Under Pressure” dos Queen, precisamente devido à pressão que sofreu aquando da recuperação nos últimos meses da sua recaída. Temos ainda e só a título de exemplo “Chiquitita” dos Abba. Sobre esta canção, enfatiza que quando esteve internada da primeira vez e sem visitas trocava mensagens e músicas com o pai, e esta foi uma delas.
Este é um livro positivo, segundo a autora, que revela pormenores e que é dedicado a algumas etapas na vida, e a alguns amigos. O “Segue” pode ser comprado nas papelarias do concelho de Azambuja, mas também nas lojas online. Ouça a entrevista completa em www.radiovalorlocal.com
Associação Memória é cultura lança desafio Pantógrafo
AAssociação Memória é Cultura deu a conhecer a iniciativa “Pantógrafo Desafio Criativo” no dia 23 de setembro na Sociedade Filarmónica Recreio Alverquense. A associação foi criada para homenagear as vítimas do acidente ferroviário de 1986 ocorrido na Póvoa de Santa Iria no qual faleceram 18 pessoas, deixando ainda muitos feridos, e principalmente muitas marcas que perduram até hoje entre a população do concelho de Vila Franca. Ofélia Janeiro, da associação, e sobrevivente da tragédia, refere que este programa pretende chegar a todos os jovens entre os 15 e os 20 anos, podendo ser estudantes ou não, do concelho de Vila Fran-
ca de Xira no domínio das artes. O programa contará com um programa anual de setembro a maio de cada ano, e não apenas um processo de avaliação dos trabalhos e atribuição dos prémios. Os jovens artistas terão à sua disposição experiências como ações de formação, workshops, visitas a criadores profissionais, exposições e comunicação com a comunidade ao longo de todo o processo. Para isso, a associação está a estabelecer pontes com coletividades, autarquias e meio escolar, que deverão surgir como mentores e catalisadores dos projetos que podem ser nas vertentes de artes de palco, expressão plástica, literatura, audiovi-
sual.
Ofélia Janeiro refere que as entidades contactadas têm manifestado “muita abertura” em participar de que são “mero exemplo a Sociedade Filarmónica Recreio Alverquense ou a Sociedade Euterpe Alhandrense”.
Os jovens que queiram participar no desafio Pantógrafo devem inscrever-se, apresentar o seu projeto, “e depois trabalharemos com as entidades associadas, os tais catalisadores”. No fim, os projetos serão apreciados, e serão conhecidos os vencedores.
Não há prémios ainda definidos, “embora possam ser pecuniários, mas principalmente gostaríamos de oferecer bolsas de estudo, ou
ações de formação”. Ofélia Janeiro refere que “ainda estamos à procura de mecenas”.
A ideia deste desafio “é homenagear a memória e recuperar aquilo que não foi possível para muitos aproveitar e usufruir. Pessoas que não disfrutaram da sua energia, alegria, e empenho porque perderam a vida. Outros tiveram de mudar aquilo que tinham planeado por causa do acidente”. A associação ainda está em fase de angariação de sócios, sendo cerca de 30 atualmente, entre pessoas que estiveram relacionadas com o acidente, mas também quem nada teve a ver com 1986 mas que decidiu abraçar esta causa.
Depois de Larguem-me a Cueca, primeiro livro, aposta agora num registo mais intimista Ministro ficou a conhecer o espólio do museu AcidenteComissões de utentes lançam grito de socorro
Várias comissões de utentes da região vão organizar uma vigília à porta dos respetivos centros de saúde, no dia 30 de setembro, às 18h30. As diversas comissões decidiram que face ao caos em que se encontra a saúde, nos vários concelhos, que só através da união de todos a uma só voz é que conseguirão ter eco junto dos governantes. Para já estão envolvidos nesta ação o Movimento Cívico pela Saúde em Azambuja; a Comissão de utentes da Castanheira do Ribatejo, a comissão de utentes do Carregado e a de Alenquer, a comissão de utentes de Benavente, a comissão de utentes de Vialonga, e a comissão de utentes de Vila Franca de Xira.
Num especial sobre a saúde na nossa região levada a cabo pela Rádio Valor Local, contámos com a presença em estúdio de Pedro Gago, da comissão de utentes da Castanheira e Cachoeiras, que apelou à presença em massa da população na participação neste protesto, “que sai às seis e meia da tarde do antigo centro de saúde rumo às novas instalações, passando em
frente ao quartel da GNR, onde vai ser explicado aos utentes
este tema da falta de médicos”.
A comissão da Castanheira es-
pera que os motards locais se juntem ainda a esta ação.
Com uma população de 8266 habitantes, a União de Freguesias da Castanheira e Cachoeiras conta com quatro médicos, Pedro Gago da Comissão de utentes da Castanheira e António Filipe da comissão de Alenquer estiveram no nosso especial sobre a Saúdequando deveria ter cinco no seu quadro, sendo que uma das médicas vai sair, entretanto, “e sendo assim 3500 utentes vão ficar sem médico de família”. Isto tendo em conta que o rácio estabelecido pela tutela é de 1750 utentes por médico de família. Neste caos em que a saúde está mergulhada, Pedro Gago entende que as autarquias “deviam apoiar mais a população, pois não o fazem”.
Já Armando Martins do Movimento Cívico pela Saúde em Azambuja está expectante quanto à manifestação que inclui uma marcha lenta a partir das 17h30 em Vila Nova da Rainha até ao centro de saúde de Azambuja, onde decorrerá um protesto a partir das 18h30.
“Acredito que vamos ter muita gente na Nacional 3, e que muitos possam aderir a esta ação”.
Nesta altura 88 por cento da população do concelho de Azambuja não possui médico de família, o que se confirma como um cenário catastrófico em que os utentes têm de recorrer ao Serviço de Atendimento Permanente (SAP) em Benavente, ou ao centro de saúde da Póvoa de Santa Iria, em ambos os casos localizações para onde não existe transporte direto pelo menos para grande parte dos habitantes do concelho de Azambuja. Haverá a curto prazo, uma nova
mento bem como outros não depositam grande esperança dado
que a resposta é quase sempre a mesma – Não há forma de se colocarem mais médicos nos centros de saúde da região. “A existir alguma reunião será mais política do que outra coisa, à semelhança do que já tem acontecido, porque o que a diretora bem como o doutor Luís Pisco da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, tentam é desvalorizar a situação, e controlar-nos”, elucida Armando Martins.
Segundo o que o Movimento Cívico pela Saúde em Azambuja apurou na Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados um médico aufere cerca de 2000 a 2500 euros, o que “é uma diferença de três mil euros para os médicos das unidades de saúde familiar tipo B”, onde o nível de vencimentos pode oscilar entre os seis e os sete mil euros, o que é mais do que aquilo que aufere o primeiro-ministro António Costa que dispõe de um salário de 4900 euros brutos mensais. O coordenador de uma USF tipo B pode ganhar cerca de oito mil euros por mês. Regra geral nas USF tipo B – sendo que na área do ACES Estuário do Tejo apenas existem duasem Samora Correia e em Vialonga – a generalidade dos utentes dispõe de médico de família e os cuidados de saúde são assegurados. (Ver caixa so-
bre as condições para se criar uma USF). Já nas do tipo A como são os casos dos centros de saúde de Vialonga, Alenquer ou Vila Franca de Xira, os vencimentos são menores situandose num nível intermédio entre o modelo das unidades de cuidados de saúde personalizados e as do modelo B, e a tomar como exemplo os casos das localidades citadas nem tudo corre bem, e continuam a existir grandes dificuldades quanto à atração de médicos.
“No caso de Azambuja temos a pior situação possível, porque é impossível competir com isto, nem com o sistema de incentivos que a Câmara quer dar conseguimos chegar perto. Não percebemos que tipo de organização é esta da tutela da Saúde. Como é evidente ninguém vem para um sítio onde se ganha dois ou três mil euros de salário, enquanto noutros locais se chega aos seis ou sete mil. A escolha é óbvia”, desabafa Armando Martins.
Pedro Gago já teve ocasião de questionar a ARS-LVT através do seu diretor, Luís Pisco, sobre as discrepâncias salariais. O membro da comissão de utentes da Castanheira/Cachoeiras ficou a saber que há clínicos em regime de recibo verde, contratados pelas empresas de trabalho temporário, que auferem cerca
reunião com a diretora do Agrupamento de Centros de Saúde do Estuário do Tejo (ACES), Sofia Theriaga, na qual este movi- Armando Martins dá a conhecer as discrepâncias salariais entre médicosde seis euros à hora. Isto acontece com clínicos que prestam consultas na Unidade de Saúde Familiar do modelo A na Castanheira do Ribatejo. Sendo que há outros centros de saúde na região que chegam a pagar 15 euros por hora. Segundo informação do Sindicato Independente dos Médicos (SIM) a média no país situa-se entre os 12,22 euros e os 15,84 euros. Também no centro de saúde de Azambuja ficámos a saber que médicos dentistas a prestar serviço naquela UCSP auferiam oito euros à hora.
Pedro Gago questionou da possibilidade de existir uma harmonização para o mesmo valor à hora, “porque assim os médicos já não ‘fugiriam’ para outros lados”, mas até hoje não recebeu resposta. O membro da comissão de utentes lamenta ainda que até à data não tenha sido instalado um balcão SNS 24 na Castanheira, quando já existe nas Cachoeiras. Trata-se de um posto eletrónico em que é possível marcar uma consulta, pedir receitas para medicação crónica, pedir isenção de taxas moderadoras, entre outras possibilidades.
A juntar a tudo isto, há funcionárias no centro de saúde da Castanheira que se dispõem a ajudar “as amigas e os amigos” em que “temos utentes que ligam diretamente e conseguem consulta enquanto outras pessoas passam o dia a telefonar e não conseguem entrar em contacto com o centro de saúde”, dá conta Pedro Gago, e este foi também o
relato da ouvinte Maria Sanches que nos contactou durante o programa. “Já vi uma utente a entregar dinheiro com a mão fechada a uma funcionária”.
Armando Martins ainda se encontra na expetativa quanto à medida anunciada pela Câmara de Azambuja de aquisição de cartões de saúde para a população junto de uma seguradora, permitindo a sua utilização no setor privado. “Os custos podem continuar a ser elevados, porque qualquer exame pode ficar muito caro, mesmo com cartão de saúde. O ideal seria que o Estado fizesse um acordo com as clínicas particulares do concelho em que pudessem passar exames e análises como se do público se tratasse, porque a quase totalidade da população não pode continuar sem médico de família, até que sejam colocados médicos no nosso concelho”.
Sobre o envio de utentes quer para Benavente, na maior parte dos casos, ou Póvoa de Santa Iria continuam a existir muitos problemas, “porque a maioria das pessoas chega lá e não consegue ser atendida”. “Não é uma solução, até porque não cabe na cabeça de ninguém estar a mandar um habitante, por exemplo, de Manique do Intendente para a Póvoa que fica a 70 quilómetros, ainda por cima doente”. Nesta altura o centro de saúde de Azambuja apenas passa receitas e prolonga baixas a quem não tem médico de família. “Pensava que a doutora Sofia Theriaga tinha pelo menos
salvaguardado a existência de uma comunicação entre o nosso centro de saúde e os outros dois no sentido do encaminhamento das pessoas, mas nem isso foi feito”.
Alenquer criou uma USF modelo A mas nada mudou Carregado pode chegar a 100 por cento de utente sem médico de família
Em Alenquer, e após transição para USF modelo A, pouco mudou no centro de saúde. Em Abrigada e Carregado a situação é ainda mais calamitosa, mas António Filipe da comissão de utentes de Alenquer, que marcou presença em estúdio na nossa emissão especial, também não possui motivos para sorrir. Entre as principais problemáticas está a “grande dificuldade na marcação de consultas”, e como em outras localidades da região também em Alenquer dáse o caso de ninguém atender telefones, apesar da muita insistência. Quando se envia um email “respondem, mas passada uma semana, e alegam que ainda vai ser analisado pelo médico”. “Isto não pode acontecer”, sustenta António Filipe. No concelho de Alenquer, num universo de 45 mil pessoas, 54,6 por cento de utentes não tem médico de família. Seriam necessários mais 12 clínicos para este concelho. Segundo António Filipe “essa percentagem pode chegar aos 65 por cento” em março do ano que vem já que se espera que possam escassear mais clí-
nicos até lá, porque “há dois médicos que se vão reformar”. “Para já não se vê resultados nenhuns da passagem a USF”. Como noutros lados, há quem continue a ir de madrugada para a porta da USF para “apanhar uma consulta de recurso”. Para resolver o estado de coisas, a Câmara sugeriu junto da tutela que pudesse articular com unidades privadas do concelho o encaminhamento dos doentes, assumindo o Estado os respetivos custos. António Filipe concorda, mas “desde que seja pontual porque temos de solucionar isto rapidamente”. No Carregado, o caso não é para menos preocupações. À nossa redação chegaram fotografias, num dos últimos meses, de um utente a dormir ao relento em frente ao centro de saúde. Estaria a assegurar vaga para a consulta de recurso no dia seguinte. Hoje os utentes têm de rumar a Alenquer, Póvoa de Santa Iria ou SAP de Benavente se quiserem uma consulta. João Fernando da Comissão de Moradores do Carregado refere ao Valo Local que a concentração de dia 30 de setembro já será a terceira a ser levada a cabo, “porque a situação é caótica”. Neste momento 14 mil 920 utentes dos 17 mil registados na União de Freguesias Carregado – Cadafais não têm médico de família, ou seja “90 por cento desta população”. Um médico vai reformar-se, entretanto, pelo que já em outubro “cem por cento pode ficar sem médico de família”. Por outro lado, é da opi-
nião de que “nesta área os municípios não podem começar a substituir-se ao Governo, em que verbas que deveriam ser direcionadas para outras matérias, são encaminhadas para a Saúde, algo que deveria ser da responsabilidade do Governo”. “Não somos contra que seja encontrada uma solução temporária em que as Câmaras ajudem, mas que não seja para sempre”. Quanto à ação da Câmara de Alenquer, considera que não tem feito muito “para além de uma reunião com a antiga ministra, mas com poucas consequências como se está a ver”.
Barrosa, Benavente e Santo Estevão10 mil utentes sem médico de família
Já no concelho de Benavente assiste-se a duas situações distintas, em Samora Correia, onde não existem questões neste tema, mas em Benavente este centro de saúde não consegue fixar médicos e a Câmara numa tentativa derradeira de mudar o panorama já se afirmou disponível junto do ACES para financiar durante um período o diferencial de ordenado entre aquilo que por norma aufere um profissional de uma unidade tipo A e uma de tipo B, o que feitas as contas dá 200 mil euros por ano, naquilo que será, a ir para a frente, um esforço financeiro de grande monta para este concelho. Domingos Pereira, da comissão de utentes de Benavente, refere que na área da Unidade de Cui-
dados de Saúde Personalizados de Benavente que compreende esta freguesia bem como as de Barrosa e Santo Estevão, há 10 mil utentes sem médico de família. O representante desta comissão dá conta que há uma grande pressão sobre o SAP de Benavente que para além de acolher os utentes sem médico de família do concelho, ainda atende pessoas na mesma situação do concelho de Salvaterra, e agora mais recentemente de Azambuja e do Carregado. “Isto já não era bom e pior ficou. Na minha opinião esta situação tem de ter intervenção direta do senhor primeiro-ministro, porque se não for assim, não tenho esperanças. O que vejo é que o ministro das Finanças anda sempre a cortar aqui e ali, e a saúde acaba por ser descompensada das verbas a que deveria ter direito”. Já quanto ao facto de a Câmara poder arcar com pagamento de verbas “parece que não é a forma mais adequada de resolver o problema, pois vai desviar verbas importantes da autarquia que seriam necessárias para outras funções, quando o Governo é que deveria ter essas obrigações, e deixar de existirem as discrepâncias salariais que estamos a assistir”.
O Valor Local contactou a diretora do Agrupamento de Centros de Saúde do Estuário do Tejo, Sofia Theriaga, para uma entrevista sobre o caos nos centros de saúde da nossa região, mas até ao momento não obtivemos resposta.
João Fernando da comissão do Carregado dá conta de números pessimistas para o futuro Domingos Pereira considera que Câmaras não podem sustentar a saúde que é uma obrigação do GovernoCentro de Saúde de Azambuja Alice Pinto nem em Benavente conseguiu consulta
Alice
Pinto é utente do Centro de Saúde de Azambuja sem médico de família e terá sido das primeiras a deslocar-se ao Serviço de Atendimento Permanente em Benavente, no centro de saúde local, tendo em conta a nova diretiva do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) do Estuário do Tejo para as consultas de recurso. Desde finais de agosto que a Unidade de Cuidados de Saúde Primários de Azambuja não realiza consultas a quem não tem médico de família. Neste mês de setembro, 88 por cento da população de todo o concelho vai fica sem médico de família. Com vários problemas de saúde, esta utente foi a Benavente e mesmo assim não conseguiu ser consultada. Alice Pinto diz-se vítima da falta de informação e da má vontade dos funcionários.
“Como os exames acusaram uns nódulos nos pulmões achei que devia dirigir-me a Benavente”. Uma vez no SAP daquele concelho, “a médica fartou-se de pedir desculpa mas disse que não podia fazer nada, porque obrigatoriamente quem teria de ver e registar os exames seria o doutor Viscainho”.
missível uma coisa destas”. Não chegou a ponderar uma deslocação antes ao centro de saúde da Póvoa “porque disseram-me que se esperava ainda mais tempo”. Uma familiar dias depois teve de ir também a Benavente “e foi muito bem atendida, com pouquíssimo tempo de espera”.
Já o atendimento por parte das funcionárias do centro de saúde de Azambuja “depende muito”. “Algumas são cinco estrelas, mas outras falam para os utentes com sete pedras na mão, e isto não é de agora”. Quanto ao médico de recurso “é muito atencioso e gostava muito que fosse o meu médico de família”.
Depois de ter efetuado exames à
Sem médico de família, desde que “a doutora Áurea se reformou há uns três ou quatro anos”, conta que também passou pelo calvário de ter de ir “às onze da noite ou meia noite para a porta do centro de saúde para apanhar consulta”. Como muitos outros habitantes do concelho, em determinadas alturas, esteve o dia inteiro agarrada ao telefone para conseguir efetuar uma marcação. “Só num dia liguei 58 vezes e nunca me atenderam”. O caso aconteceu há cerca de dois meses.
tiróide e ao coração pedidos pelo médico de recurso, José Viscainho, quando quis obter nova consulta, foi-lhe dito pelas funcionárias do Centro de Saúde de
Azambuja que teria de deslocarse ao SAP de Benavente ou Centro de Saúde da Póvoa, “mas apenas para doenças agudas ou de caráter urgente”.
Nisto voltou a contactar o centro de saúde de Azambuja, que neste momento apenas possui consulta de recurso para situações de baixa e prescrição de medicamentos, e passados uns dias conseguiu a consulta com o médico que a tinha atendido e passado os exames, tendo sido encaminhada para o Hospital de Santa Maria. “O doutor dentro de 15 dias quer ver-me de novo, e disseram para contactar o centro de saúde, mas parece que é assim estilo pela porta do cavalo”. Alice Pinto retira deste episódio que “está tudo muito mal explicado, porque não estamos suficientemente elucidados em que circunstâncias é que temos de ir a Benavente”. “Perdi o meu tempo ao ir para lá. A saúde em Azambuja está uma miséria e mais valia fecharem o centro de saúde. No meu caso ainda tenho transporte próprio, mas no caso de pessoas mais idosas não é ad-
No dia 23 de setembro o Movimento Cívico pela Saúde em Azambuja vai empreender uma marcha lenta na Nacional 3 a reivindicar melhores condições no centro de saúde local, algo que Alice Pinto vê com bons olhos, “porque hoje em dia só quem tem dinheiro é que consegue ter acesso a bons cuidados de saúde”. “No meu caso até podia ir a um privado para uma consulta, mas depois os exames que nos mandam fazer são caríssimos e não tenho como os pagar, mesmo com cartão de saúde. Estamos entregues aos bichos.”, desabafa.
O que são as USF, como funcionam, e como é que um médico ganha mais do que o primeiro-ministro António Costa
Em 2005 foram introduzidas reformas na Saúde que compreendiam o surgimento das Unidades de Saúde Familiar onde a gestão tendia a ser mais profissional e por objetivos. No país existem até à data cerca de 257, a maioria no Norte e nos grandes centros urbanos. Entre os seus principais objetivos estava uma gestão mais descentralizada, menos dependente do poder central e dos seus organismos; o trabalho por objetivos; a existência de lideranças técnicas com incentivos financeiros pelo desempenho em algumas áreas profissionais acompanhada pelo incremento de utentes nas listas de cada médico e o cumprimento de outras metas institucionalizadas.
Apesar do sucesso ou aparente sucesso que este modelo está a ter no país não há bela sem senão e num recente congresso, realizado em setembro de 2021, no qual esteve presente a antiga ministra Marta Temido foi referido que 40 unidades esperavam a passagem
a modelo B, reunindo as condições para tal, mas a governante deu conta que não havia condições para mais do que 20, porque pura e simplesmente não haveria dinheiro para mais. As USF tipo B como as conhecemos podem estar a acabar, o que pode frustrar
expetativas de muitos na nossa região, a começar pela Câmara de Benavente, que está a apostar todas as suas fichas na implantação deste modelo na sede de concelho.
Ao que tudo indica e grosso modo falando a torneira está a secar, se-
gundo a publicação online Health News, num artigo publicado em setembro de 2021, e os elevados vencimentos dos clínicos podem estar na origem. “Não há dinheiro para mais”, disse a ministra citada por aquela publicação. Entre os profissionais há quem diga que é o fim da reforma dos cuidados de saúde primários iniciada por Correia de Campos.
Nestas unidades modelo B, os profissionais têm acesso a um pacote de serviços, semelhante aos da USF modelo A, onde os profissionais possuem autonomia organizacional, mas não têm acesso aos incentivos remuneratórios do modelo B.
Nestas USF, é sempre a somar no que toca aos incentivos, porque podem ser contratadas carteiras adicionais “pagas à peça”. Cada médico tem uma lista de 1550 utentes o que corresponde ao vencimento base de 35 horas semanais com exclusividade. Podem depois “contratar pacotes” de utentes de 55 “unidades pondera-
das”. Por cada “pacote”, até ao máximo de nove, corresponde o acréscimo de uma hora de trabalho até a um limite de 9 horas a mais. Cada hora paga a 130 euros. Mas, as primeiras seis horas, como estímulo ao aumento da lista, são pagas a 234 euros mensais. Os médicos podem ainda ganhar a mais em serviços como o seguimento de diabéticos ou hipertensos, consultas de planeamento familiar, e consultas aos domicílios. Nos locais onde exista alargamento de cobertura, a partir das 20 horas e aos fins-de-semana, o pagamento é feito pelo valor hora de 180 euros e de 230 euros respetivamente. Estes valores são pagos ao grupo pelo que têm de ser divididos pelo número de médicos da USF.
Finalmente, os orientadores de internos do internato complementar de Medicina Familiar têm uma remuneração própria correspondente que pode chegar aos 520 euros, enquanto tiverem um interno, e os coordenadores da USF são re-
compensados com 910 euros. Contas feitas, um médico de família em USF de modelo B, recebe “brutos”, cerca de seis a sete mil euros, podendo os coordenadores chegar aos oito mil euros. O mesmo médico, em modelo A, recebe menos de três mil euros. O atual gestor da Saúde, designado há dias pelo Governo, Fernando Araújo, enquanto secretário de Estado da Saúde entre 2015 e 2018, solicitou às administrações regionais de saúde que procedessem a auditorias às USF modelo B por não estarem a ajustar os horários ao aumento do número de utentes, ou seja não trabalhavam além das 35 horas semanais, mas recebiam como tal, o que resultou num escândalo à época. O despacho nº 5803/2019 pretendia corrigir o estado de coisas mas até à data apenas 2/3 dos médicos das USF cumprem para além das 35 horas semanais quando os das demais USF modelo A e UCSP recebem menos de metade.
Fonte: Health News Alice Pinto desolada com o panorama da saúde no concelho de Azambuja AbusosAutarcas deitam mãos à cabeça e tentam encontrar soluções
Azambuja: O cartão de saúde e as férias da vereadora
No caso do concelho de Azambuja, a falta de médicos de família tem dominado a atualidade. Perante o facto de 88 por cento dos utentes não terem este recurso já levou o presidente da Câmara, Silvino Lúcio, a apresentar como solução um cartão de saúde que estará a negociar com pelo menos uma seguradora que possa beneficiar a maior parte da população “pois sabemos que há pessoas que têm ADSE”, explica em entrevista à Rádio Valor Local. Com este problema a tomar proporções gigantescas, a vereadora com o pelouro da Saúde fez no último mês uma paragem na sua atividade para meter férias. Ana Coelho foi alvo de duras críticas por parte da vereadora da oposição Inês Louro do partido Chega. No seu entender o timing escolhido para estas férias demonstrou que Ana Coelho desvaloriza o que está a acontecer e que a sua atitude lhe dá “vergonha alheia”. Em resposta, Ana Coelho, na Rádio Valor Local, consubstanciou que “não foi por ter tirado uns dias que isso resolveria a questão da falta de médicos”, pelo que a atitude de Inês Louro apenas denota “ignorância”. “O caminho para minorar o estado de coisas pode ser pela contratualização de um cartão de saúde, ou através de um protocolo com a Cruz Vermelha Portuguesa, que passará por um acordo com a ARS-LVT em que possam ser contratados mais médicos pela Cruz Vermelha e colocados ao serviço em Azambuja”, refere Ana Coelho. Ana Jorge, presidente daquela organização, já mostrou abertura. A Câmara fez ainda aprovar um pacote de incentivos de 400 euros mais veículo de serviço para cada clínico que se estabeleça em Azambuja, mas até à data ainda não houve boas notícias. Tendo em conta este estado de coisas, o vereador do PSD, Rui Corça, que interveio no nosso programa, considera que esta é uma questão de fundo, mas em que o Governo PS é em parte culpado, porque destruiu aquilo que ainda ia funcionando no Serviço Nacional de Saúde. Nesta altura é importante “mudar a orgânica do SNS, porque já percebemos que o ACES por exemplo nem percebe o que anda a fazer, como quando mudou utentes de Casais de Baixo para Aveiras de Cima”. “É preciso querer mesmo resolver os problemas porque aquilo a que temos assistido, é que há sempre muitas reuniões, mas que servem apenas para empatar”.
Vila Franca de Xira: Parceria com uma IPSS para abrir atendimento complementar na sede de concelho
Fernando Paulo Ferreira, presidente da Câmara de Vila Franca de Xira, refere que a falta de médicos atinge não só os centros de saúde como as urgências do hospital, e esta é uma questão que vai abordar em reunião já agendada com o novo ministro da Saúde, Manuel Pizarro. Para fazer face ao estado de coisas, anuncia a implantação de balcões de saúde SNS 24, “principalmente nas freguesias mais distantes dos seus centros de saúde”.
Com 137 mil 540 habitantes, perto de 50 mil pessoas não têm médico de família neste concelho. Por outro lado, apenas o centro de saúde da Póvoa pratica atendimento complementar, cerca de 20 consultas por dia para utentes de todo o concelho, a que se juntam agora os do Carregado e Azambuja que ali se deslocarem, pessoas sem médico de família ou portadores de doença aguda. “Essa é uma situação que consideramos inaceitável. Temos vindo a defender junto da ARS-LVT a abertura de mais um atendimento complementar, pelo menos em Vila Franca de Xira de forma a colmatar as lacunas no nosso território.”
O autarca adianta que a solução pode passar por uma articulação através de um protocolo em princípio com uma Misericórdia para se contratarem médicos, na mesma lógica daquilo que Azambuja pode concretizar com a Cruz Vermelha. “Estamos a desenvolver esses contactos!”, finaliza Fernando Paulo Ferreira.
Alenquer: Presidente da Câmara considera que as entidades da saúde estão a faltar ao respeito aos munícipes
Opresidente da Câmara de Alenquer, Pedro Folgado, espera que o novo ministro possa trazer algum tipo de solução a curto prazo pois há situações que são insustentáveis. O concelho de Alenquer tem mais de 50 por cento de população sem médico de família. O autarca já solicitou uma reunião com o novo ministro, “porque não se justifica mandar os utentes do Carregado para a Póvoa ou Benavente, mais valia fecharem o centro de saúde ou fazer de conta que não existe”, desabafa. Com o passar dos anos “as coisas tendem a piorar”, e “as pessoas não estão de facto a ser respeitadas”.
A Câmara já apresentou soluções que poderiam passar por consultas nos privados do concelho, ficando o Estado encarregue desses custos “e assim serem colmatados estes problemas graves”, porque “nem toda a gente tem capacidade para ir ao privado”. “Se houvesse um protocolo com essas entidades poder-se-ia desbloquear muitos destes problemas. Ficámos à espera de uma resposta quando nos encontrámos com a antiga ministra. Agora vamos fazer o mesmo caminho com este ministro e esperar que exista luz ao fundo do túnel”.
Este município também está a preparar um pacote de incentivos a atribuir a médicos que venham para o concelho, mas ainda não foram dados a conhecer, contudo Pedro Folgado não está confiante que isso de per si atraia clínicos, “porque o Estado já classificou este concelho como área carenciada com a possibilidade de majoração dos vencimentos dos médicos em 60 por cento e não apareceram interessados”, tendo como base o último concurso. “Isto tem que ser pensado de forma estrutural”.
Benavente: Câmara disponível para financiar parte dos ordenados dos médicos
Seduzido pela forma como funciona a Unidade de Saúde Familiar Modelo B de Samora Correia, Carlos Coutinho, presidente da Câmara, sonha em ver o mesmo tipo de cenário no centro de saúde de Benavente, que é Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados, mas com os mesmos problemas de sempre. Este município também criou um pacote de incentivos, e com a chegada de duas novas médicas ao centro de saúde de Benavente recentemente foi ainda disponibilizada habitação e transporte a expensas do município. Neste momento a Câmara está na disposição de assumir o diferencial de vencimentos entre uma unidade de tipo A e uma de tipo B, o que pode significar por cada médico mais três mil euros por mês, o que no fim do ano pode equivaler a 200 mil euros de investimento no total do corpo clínico.
“Aguardamos por uma reunião com o novo ministro para propor esta solução, e aguardamos compromissos por parte da tutela em que a Câmara apenas assumisse este encargo por um período intermédio até à passagem a modelo B, ficando o Estado a partir daí com os encargos subjacentes”.
abril não apenas no dia 25, mas todos os dias da nossa vida
Recordar Abril. Ontem, hoje e sempre
A celebração dos 48 de democracia em Portugal é um momento de exaltação dos valores da liberdade, mas também tem de ser um momento de pedagogia política para que ninguém se esqueça do que milhões de portugueses sofreram em ditadura. Um dia que deve ser celebrado e vivido todos os dias da nossa vida.
Como escreveu Sophia de Mello Breyner Andresen: “Vemos, ouvimos e lemos, não podemos ignorar…”. Significa isto que não podemos permitir que a verdade seja branqueada pelos inimigos da democracia. Perante o que se está a passar no mundo, temos hoje maior consciência de que a democracia liberal em que a Europa vive não é um regime adquirido. No contexto em que vivemos e perante a narrativa populista dos saudosistas do fascismo em Portugal, temos obrigação cívica de recordar o que foi viver num regime de ditadura.
Recordar o que foi viver perto de 50 anos de ditadura sem liberdade. Recordar o que foi viver numa ditadura em que os governantes, os autarcas não eram democraticamente eleitos
pelo Povo.
Recordar o que foi viver numa ditadura em que o Povo não tinha voz para dizer o que pensava. Uma ditadura em que mais de 25% da nossa população em 1974 era analfabeta. Uma ditadura sem direitos sociais, onde a liberdade associativa não existia, onde, entre muitas outras atrocidades aos direitos humanos, existia polícia política –a PIDE – que castrava a liberdade de expressão e que promovia a tortura e a morte daqueles que pensavam diferente.
Uma ditadura, onde as mulheres não tinham o pleno direito para votar. Nos muitos exemplos que aqui poderia partilhar nas mais diversas áreas da vida das pessoas, recordar que foi necessário chegarmos ao 25 de Abril para que a Lei estabelecesse um reconhecimento total da igualdade entre homens e mulheres, nomeadamente, em tudo aquilo que diz respeito aos direitos de participação cívica e política.
Enquanto democratas, temos um dever de memória, temos uma acrescida responsabilidade cidadã de explicar às novas gerações, aos mais jovens o que
era o nosso país antes do 25 de Abril e as muitas vidas que o fascismo ceifou até se conquistar a liberdade e a democracia. Que tenhamos todos a consciência de que o 25 de Abril não pertence a uma geração nem a um partido político. Que o 25 de Abril é acima de tudo e cada vez mais daqueles que nem sequer o viveram. A frase que ficou na história: “Quem quiser vir comigo, vamos para Lisboa e acabamos com isto. Quem for voluntário, sai e forma. Quem não quiser sair, fica aqui”.
Foram estas as palavras que há 48 anos, pelas 3 e meia da manhã, o jovem Capitão Salgueiro Maia dirigiu aos seus homens da Escola Prática de Cavalaria de Santarém.
A minha segunda mensagem pretende enaltecer e reconhecer o papel determinante de todos aqueles que responderam de forma afirmativa ao desafio do “Capitão sem medo”. Salgueiro Maia, com apenas 29 anos, em nome de todos nós, em nome de Portugal e do nosso futuro decidiu, com muitos outros jovens das Forças Armadas, erguer-se e tomar o destino nas suas mãos.
A revolução dos Cravos que todos os anos, há 48 anos, assinalamos foi um exemplo de vontade de semear futuro e valores de esperança. A nossa Revolução teve um papel decisivo na história Universal. Contribuiu e influenciou, pelo exemplo, as “transições democráticas” que se lhe seguiram, todas pacíficas, na Grécia, em Espanha e, ao longo dos anos, na América Latina.
Nessas mãos, na coragem e na bravura dos muitos que partiram de Santarém, mas também de Tancos, de Santa Margarida, de Estremoz, de Vendas Novas ou de Mafra em direção a Lisboa, não tiveram medo do futuro e fizeram nascer o sonho de um país diferente para todos nós, um futuro melhor para as novas gerações. O sonho de um país livre e democrático.
O sonho de um país em que todos os cidadãos tenham o poder do voto secreto, livre e democrático para escolher quem o representa. O sonho de um país igual para homens e mulheres.
O sonho de um Portugal mais justo e solidário.
O sonho de um país mais desenvolvido e com mais oportunidades para todos.
O sonho de um país em que a riqueza fosse melhor repartida. 48 anos depois, temos a consciência que este sonho de abril vive momentos de algum desencanto.
As conquistas e os avanços observados nas áreas da educação e da cultura, do serviço nacional de saúde, da proteção social, dos equipamentos e infraestruturas públicos reúnem hoje um amplo consenso político, na comparação com a pesada herança social da ditadura em que vivemos quase 50 anos. Contudo, as persistentes desigualdades sociais, os baixos e desequilibrados níveis salariais e a falta de oportunidades de emprego qualificado para fixar os mais jovens no nosso território, ensombram os sonhos que as portas de Abril abriram.
O sonho deu lugar à forte descrença nas instituições políticas que é refletida em valores de abstenção com valores preocupantes. Deu lugar a um afastamento dos cidadãos daquilo que diz respeito a todos. Não podemos ignorar a desconfiança no sistema de Justiça ou o distanciamento crescente dos cidadãos da vida política e da vida partidária.
Para nós, para os democratas, é totalmente legitimo criticar muitas das opções que se fizeram ao longo destes 48 anos. E
este é um dos valores mais determinantes do nosso regime político: podemos criticar e contestar as opções políticas porque vivemos em liberdade e em democracia. E este ano, primeira vez o número de dias em liberdade ultrapassou o número de dia em que vivemos em ditadura.
Esta data foi assinalada no passado dia 23 de Março, em que registámos 17 500 dias em liberdade, por oposição aos 17 499 dias em ditadura. Todos aqueles que como eu não viveram o 25 de Abril, desconhecem o que é a experiência de viver num regime autoritário.
Desconhecem o que é viver num regime autoritário mas testemunham diariamente, desde o dia 24 de Fevereiro, o que é ter um regime autoritário e autocrático às portas da União Europeia.
A terceira e última mensagem é que a democracia não é um regime adquirido. A barbárie da invasão Russa à Ucrânia tem na sua génese um regime autocrático, construído a partir da destruição dos mais elementares alicerces de uma democracia.
Reforço: A democracia não é um regime adquirido. A democracia liberal em que a maioria dos países da União Europeia vive e que dá como garantida é uma realidade construída apenas no século passado.
A somar a estas circunstâncias históricas temos assistido nos últimos anos ao surgimento de líderes políticos antidemocráticos que estão a combater os princípios constitucionais em que assentam as democracias liberais ocidentais.
Insisto: A democracia não é um regime adquirido e está a ser ameaçada. Marie Le Pen em França, Viktor Orbán na Hungria, Kaczynski na Polónia ou Salvini em Itália defendem hoje princípios completamente opostos às Convenções Internacionais sobre os direitos da humanidade, nomeadamente ao nível dos direitos das minorias que são discriminadas por razões de orientação sexual, religiosas ou de território de origem.
A título de exemplo, muitas das posições da extrema direita em Portugal, colidem com o principio constitucional vertido no Artigo 13.º da nossa constituição, que descreve o “Principio da Igualdade”, e enuncia que “Ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão de ascendência, sexo, raça, língua, território de origem, religião,
convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica, condição social ou orientação sexual.”
Até nos Estados Unidos, a grande casa da democracia há 233 anos, um presidente, Donald Trump, tentou invalidar os últimos resultados eleitorais para se perpetuar no poder. A democracia não é mesmo um regime adquirido. O contexto geopolítico que vivemos, marcado pelas consequências económico-sociais decorrente da pandemia, o Brexit, os avanços da extrema direita, a crise energética e humanitária da invasão Russa à Ucrânia, determinam, hoje, ameaças sérias às democracias liberais ocidentais e ao ambiente de Paz em que vivemos no seio da EU desde a II Grande Guerra Mundial.
Temos de encontrar na Revolução dos Cravos a energia e o alento para estarmos à altura do presente que vivemos. O presente exige de todos nós a mesma coragem para defender a democracia e a liberdade com que temos construído um país e uma Europa livre e democrática. Por isso, defender a democracia, hoje, é aprofundar a cultura de diálogo social para se estabelecerem compromissos que melhorem a vida das pessoas, em oposição ao populismo fácil que tem catapultado as ideologias da extrema direita, que vivem do ódio, da crispação e da divisão social. Defender a democracia, hoje, é reforçar o investimento na escola, na cultura, na cidadania democrática e melhorar os mecanismos de eleição e de fiscalização dos eleitos políticos.
Defender a democracia, hoje, é envolver mais os jovens na vida da nossa comunidade, é darlhes mais responsabilidades para que se sintam, de pleno direito, mas também de pleno dever, parceiros mais intervenientes na definição do nosso futuro coletivo em áreas tão importantes como a sustentabilidade ambiental ou a transição digital.
Defender a democracia, hoje, é estarmos à altura de todos aqueles que há 48 anos acreditaram nos valores da liberdade, não tiveram medo do futuro e foram em busca de um país novo e democrático.
Viva a Liberdade e Viva a Democracia.
Ana BernardinoAcabou o dinhe€iro
OPresidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, conferiu posse ao novo Governo, o terceiro chefiado pelo PrimeiroMinistro António Costa, numa cerimónia que se realizou no Palácio da Ajuda, em Lisboa, no dia 30 de março de 2022. Para além do Primeiro-Ministro, tomaram posse 17 Ministros e 38 Secretários de Estado. Ainda não passaram 6 meses e o governo está esgotado. E é bom recordar de que se trata de um governo de maioria absoluta do Partido Socialista.
É que ao mesmo Partido que governa o país desde 2015, e passados 7 anos não se reconhece um rasgo, uma medida com vista ao futuro, uma reforma estrutural.
E sempre que as circunstâncias o determinam o governo não assume nunca as suas posições de forma corajosa e dando a cara de forma clara perante os portugueses. Depois do que disseram do governo PSD/CDS-PP, nos anos da troika relativamente ao corte
miguelrodrigues@valorlocal.pt
de pensões nas condições que todos conhecemos, (nunca es-
Agostinho
queceremos a bancarrota a que chegámos pelas mãos do gover-
no socialista de José Sócrates), o governo socialista vem agora
de forma sibilina e com pezinhos de lã impor um corte permanente de 1000 milhões de euros nas pensões a partir de 2024.É um corte muito superior ao que foi feito no passado e feito por aqueles que mais o criticaram. Assim, duma penada cortam 5% da pensão a 3 milhões e 700 mil portugueses para toda a sua vida. Depois do que disse o 1º Ministro sobre este assunto. Depois de nos terem impingido a reforma estrutural da segurança social do ministro Vieira da Silva que garantia a sustentabilidade da mesma. Mais do que as medidas em concreto, o que choca mesmo é a falta de coragem para dar a cara perante as dificuldades. E as desculpas sobre a guerra da Ucrânia também não colhem. A espiral inflacionista vinha já do ano passado e nada foi feito para a contrariar. Cortes de pensões e perda de poder de compra para os funcionários públicos são a marca de água da governação socialista. Os portugueses sa-
bem bem que a praia socialista é governar em tempo de vacas gordas e que quando as coisas se complicam tudo se desmorona, o que não pensavam era que o castelo ruísse em tão pouco tempo. Uma nota final sobre a abertura do novo ano letivo 22/23 em que o sr. Ministro da Educação enaltece haver apenas 60 000 alunos sem terem todos os professores, pois as previsões apontavam inicialmente para 100 000 alunos sem professores, um bocadinho na linha da Secretária de Estado que disse perante a tragédia dos incêndios deste verão que o algoritmo falava em apenas 80% de floresta queimada relativamente à previsão inicial.
Não há vergonha!!
Redação: Miguel António Rodrigues
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CP 2273
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Multimédia e projetos especiais: Nuno Filipe Vicente
Mário
Nuno Barrocas
multimédia@valorlocal.pt Colunistas: João Santos
Lélio Lourenço