Jornal Valor Local Edição Agosto 2022

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Jornal Regional • Periodicidade Mensal • Director: Miguel António Rodrigues • Edição nº 114 • 31 Agosto 2022 • Preço 1 cêntimo PUB Rádio Valor Local - www.valorlocal.pt - Ouça em todo o lado PUB Valor Local Destaque da 16 a 19 Eleições em Angola e no Brasil O Retrato de vida de três imigrantes e o que pensam do momento político nos seus países Maior seca dos últimos 90 anos As preocupações do setor das águas na região Dossier Águas na 26 e 27 Rui Costa, vice-presidente da Câmara de Alenquer, perspetiva enchente no Alma do Vinho deste ano Saúde bate Sociedade na 11 Cultura na 12 no fundo e 88 % dos Azambujasetembrodesemutentesmédicofamíliaem

2 Valor Local jornalvalorlocal.comSociedade Agosto 2022

gem da USF de Benavente a modelo B como já é o caso em Samora, e onde o sistema de incentivos e o trabalho por objetivos obedecem a requisitos mais Carlosexigentes.Coutinho aludiu ao facto de a Câmara de per si não poder arcar juridicamente com esta medida a menos que entre como parceira uma IPSS do concelho com corpo clínico como é o caso da Misericórdia de Benavente – “Vamos ver se existe essa possibilidade. Já nos reunimos várias vezes com a senhora diretora porque não avançaremos com um investimento desta grandeza se não estiverem asseguradas algumas prerrogativas, que passam pelo ACES colocar cá todos os médicos, enfermeiros e assistentes técnicos necessários”, referiu, concretizando – “Para que dentro de um ano ou dois se consiga concretizar os objetivos que venham a ser delineados” e que passarão por proporcionar médico de família a todos os habitantes das duas freguesias, e respetiva colocação no Centro de Saúde de Benavente e respetivas extensões de saúde. Estava programada uma reunião no âmbito da Comunidade Intermunicipal com a ministra demissionária para discussão destas matérias bem como o funcionamento do Hospital de Vila Franca, também alvo de críticas nos últimos tempos. Com a saída do ministério da Saúde de Marta Temido, a Câmara vai apresentar a proposta de protocolo junto de quem venha a ser designado como o próximo titular da pasta.

David Lito quer “desafiar os profissionais do hospital para se diferenciarem em áreas novas, na área da investigação pois, dessa maneira, vamos continuar a proOgredir”.Diretor do Centro de Desenvolvimento e Investigação recémcriado acredita que uma maior diferenciação “vai trazer mais motivação e permitir-nos avançar para áreas que ainda não conhecemos, que ainda não conseguimos desenvolver”, diz David Lito, concluindo esperar “que o Centro de Desenvolvimento e Investigação possa ser a alavanca para os profissionais sentirem que têm as ferramentas para continuarem a diferenciar-se e a apostarem nas áreas que mais lhes interessam”.

Câmara de Benavente disposta a desembolsar 200 mil euros para acabar com a falta de médicos no concelho

Hospital de Vila Franca cria

Presidente espera que o Governo passe a USF de Benavente a modelo B David Lito está à frente desta nova unidade

Centro de Desenvolvimento e Investigação

Professor Reynaldo dos Santos

Passa a funcionar a partir de agora no Hospital de Vila Franca de Xira o Centro de Desenvolvimento e Investigação Professor Reynaldo dos Santos. Uma nova unidade, de acordo com nota de imprensa daquela unidade hospitalar, “que reforçará e qualificará, ainda mais, a resposta às necessidades constantes de atualização formativa existentes nos diferentes serviços assistenciais do hospital e de forma a contribuir para a própria inovação do Serviço Nacional de SaúOde”.Centro de Desenvolvimento e Investigação Professor Reynaldo dos Santos tem, assim, como missão o desenvolvimento profissional, laboral e social dos profissionais do hospital e a investigação clínica e não clínica. Para assegurar a sua missão o Centro de Desenvolvimento e Investigação - Professor Reynaldo Santos tem como objetivos específicos “a formação pré-graduada, a formação graduada, a formação contínua, a promoção e acompanhamento de investigação clínica, a simulação clínica e não clínica, a criação de uma biblioteca digital e repositório institucional e a dinamização de atividades team-builDavidding.” Lito, médico e diretor do Centro de Desenvolvimento e Investigação Professor Reynaldo dos Santos, destaca a importância da investigação como fator de valorização dos profissionais de saúde. “Esperamos que este centro possa estimular a atividade de todos e também dar assistência e apoio logístico a todos aqueles que quiserem fazer formação e in“Nãovestigação”.podehaver uma prestação de cuidados cada vez mais desenvolvida se não houver diferenciação”, sublinha o diretor do Centro de Desenvolvimento e Investigação.

O município de Benavente está disponível para financiar até 200 mil euros por ano os vencimentos dos médicos que estejam disponíveis para integrar a Unidade de Saúde Familiar de Benavente de modo a colmatar as carências de médicos nesta freguesia bem como na de Santo Estevão. Apesar de ter sido criada uma USF, ao contrário do que sucede em Samora Correia, o entra e sai de médicos em Benavente tem sido uma constante e este modelo nunca vingou apesar de proporcionar melhores condições aos profissionais. Em reunião de Câmara, o presidente da autarquia, Carlos Coutinho, referiu que a diretora do Agrupamento do Centros de Saúde (ACES) do Estuário do Tejo, Sofia Theriaga, sugeriu a passa-

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Central Municipal de Operações de Socorro com balanço positivo

4 Valor Local jornalvalorlocal.comSociedade Agosto 2022 Azambuja

O socorro no concelho de Azambuja tornou-se mais eficiente com a CMOS

A Central Municipal de Operações de Socorro (CMOS) de Azambuja já atendeu desde o dia 14 de março, altura em que iniciou o seu funcionamento, quase dez mil chamadas telefónicas que resultaram em serviços para os bombeiros e cruz Emvermelha.média, os operacionais, que estão neste edifício, atendem por dia 72 chamadas, sejam fogos, acidentes ou uma simples abertura de porta. Este é um projeto que tem sido um sucesso e tem despertado o interesse de outros municípios. O equipamento faz a diferença na hora de saber quais os meios disponíveis para um qualquer cenário de emergência, seja um fogo ou um acidente de viação. Ana Coelho, vereadora da Câmara de Azambuja com o pelouro da Proteção Civil, salienta que este projeto que foi inaugurado a 20 de abril com a presença da secretária de Estado Patrícia Gaspar, teve o seu grande teste “na Feira de Maio deste ano com o dispositivo montado na altura, e agora também nos incêndios florestais”. Aliás o início do mês de agosto foi dramático no que toca aos fogos florestais, tendo-se registado um incêndio de grandes dimensões em Caldas da Rainha, que depois alastrou para a zona norte do concelho de Azambuja, nomeadamente, junto à aldeia de Quebradas, na freguesia de AAlcoentre.vereadora vinca que o papel desta central tem sido fundamental, até porque a CMOS foi criada para conjugar os meios das três entidades, nomeadamente, os bombeiros de Azambuja, os de Alcoentre e a Cruz Vermelha de Aveiras de Cima. Todos os meios estão concentrados na CMOS “de forma que os veículos sejam despachados para o terreno de modo mais eficiente, seja nos cenários de fogos, seja na emergência, e por isso o equipamento está a cumprir com os objetivos traçados”. Azambuja é de resto o primeiro município do distrito de Lisboa com esta central única em funcionamento, e isso tem sido uma mais-valia para a eficiência no Asocorro.implantação desta central obrigou a restruturações nos corpos de bombeiros e na Cruz Vermelha. Nesta altura, não existem operadores de comunicações nos quartéis destas entidades, pois todas as chamadas estão redirecionadas para a CMOS, e mesmo essa restruturação “tem corrido muito bem com este entrosamento entre todos”. No entanto admite que há sempre situações a limar, mas que “no geral tem tudo corrido muito bem”.

A descentralização de competências na área da Educação será um dos temas em debate

Carlos Alves, vice-presidente da Câmara e responsável pela pasta da Educação, sublinhou ao Valor Local o caráter importante desta ação para a continuação da política educativa do município “como cluster de excelência que tem vindo inclusive a ser demonstrado pelos resultados dos nossos alunos”. Carlos Alves refere que o caminho é mesmo “afirmar Arruda definitivamente como um território educativo”.

A edição de 2022 das “Jornadas da Educação” decorrem em Arruda entre os dias 13 e 14 de setembro, com destaque para a presença de responsáveis da Direção Escolar dos Estabelecimentos Escolares (DGEST), entre outras personalidades ligadas à educação, sendo que a descentralização de competências nesta área ou a revisão de cartas educativas estarão em destaque neste primeiro dia. As jornadas incluirão ainda outros temas de conversa e a apresentação de vários projetos para além da partilha de experiências entre os vários atores do setor com presença no território de Arruda dos Vinhos. Ao Valor Local, Carlos Alves afirma que a educação é um dos grandes pilares do desenvolvimento local, até porque tem também por base o projeto ArrudaLab. O município quer ainda consagrar o dia 14 de setembro como o Dia Municipal do Educador.

Oconcelho de Arruda dos Vinhos volta a realizar as suas Jornadas da Educação durante este mês de setembro. São trinta dias com inúmeras atividades dedicadas a alunos e professores e a toda a comunidade, com iniciativas que vão desde palestras a atividades desportivas, e claro as jornadas propriamente ditas que este ano regressam num formato físico e presencial, ao contrário da edição de 2021, à época condicionada pela pandemia. Este ano o executivo quis diversificar as atividades, concentrando no mês de setembro, tudo o que se relaciona com o setor para além das jornadas. Entre as atividades, conta-se a Semana Europeia da Mobilidade, a 5ª edição dos Jogos do Concelho, as Jornadas Europeias do Património e muitas outras iniciativas.

Jornadas da Educação de regresso a Arruda dos Vinhos

Presidente da Junta preocupada com o aumento de utentes provenientes de Azambuja e do Carregado no SAP

5Valor Localjornalvalorlocal.com SociedadeAgosto 2022 Centro de Saúde da Póvoa

O apoio da Câmara e da junta “são também fundamentais”. Prevê-se que possam ser ainda organizados espetáculos, bem como pedidos de ajuda para empresas no sentido da angariação de fundos.

Centro Saúde da Póvoa passa agora a receber os utentes sem médico de família de Azambuja e Carregado Piedade Salvador abraça mais uma causa na cidade de Samora Correia

Apresidente da Junta de Freguesia Póvoa - Forte no Concelho de Vila Franca de Xira diz estar “muito preocupada” com o aumento em perspetiva do número de utentes no Centro de Saúde da Póvoa de Santa Iria. Tudo porque quem não tem médico de família no concelho de Azambuja e Carregado (concelho de Alenquer) pode escolher dirigir-se ao centro de saúde da Póvoa como alternativa. “É mais uma preocupação para o nosso atendimento complementar que já serve todo o concelho de Vila Franca de Xira, e agora perspetiva-se que venha a servir utentes de outros concelhos”, lamenta a autarca. Em causa está o facto de o Serviço de Atendimento Permanente (SAP) passar a receber utentes de Azambuja e Carregado. Numa altura em que as dificuldades para dar assistência médica aos residentes que são quase 40 mil (inclui Póvoa e Forte da Casa) está a agudizar-se pela falta de médicos de família, a autarca sublinha que os profissionais têm feito também eles um esforço significativo na medida do possíOvel.que é certo é que as queixas dos utentes da Póvoa são igualmente preocupantes, e foi a própria Câmara Municipal que disponibilizou um toldo para que os utentes não ficassem ao sol ou à chuva num local ao ar livre enquanto esperam pelo atendimento do SAP. Ana Cristina Pereira vinca a necessidade de mais médicos, mas sublinha que estão para entrar ao serviço quatro clínicos que vão minimizar um pouco o impacto da necessidade dos médicos de família na freguesia. Vão ser ainda implantados balcões SNS 24, primeiramente no Forte da Casa, e seguidamente na Póvoa. Com este serviço, os utentes poderão marcar consultas e solicitar receitas, um passo importante, de acordo com a presidente da junta, mas que não elimina totalmente a escassez de profissioDenais.acordo com Ana Cristina Pereira, existem mais de dez mil utentes sem médico de família na freguesia, número que poderá ser minimizado com o reforço dos médicos que estão a caminho. Com uma população de 41 mil habitantes, e com um crescimento bastante ativo nos últimos anos, as atuais estruturas começam a apresentar algumas lacunas físicas e estruturais do ponto de vista de logística. Ana Cristina Pereira fala na necessidade “de termos um segundo centro de saúde”, porque segundo a autarca “o atual foi contruído numa altura para servir determinado número de população, mas neste momento já não é suNesteficiente”.momento, a Câmara de Vila Franca de Xira está a elaborar uma candidatura ao Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), enquanto procura terrenos na Póvoa de Santa Iria “que possam acolher este novo centro de Ouçasaúde”.aentrevista completa em podcast em www.radiovalorlocal.com Monumento de homenagem aos bombeiros em Samora Correia Apoetisa Piedade Salvador, de Samora Correia, em conjunto com um grupo de amigos está a promover uma recolha de bens com o objetivo de financiar a colocação de uma escultura de homenagem aos bombeiros locais num espaço a designar na Avenida de O Século. Para isso foi criada uma comissão que recebe para além de contributos em dinheiro através de um iban criado para o efeito, em troca de um recibo donativo, artefactos para venda na loja da sede da comissão frente ao Novo Banco em Samora Correia. “Pode ser através de pinturas, fotos emolduradas, estatuetas, entre outros objetos, que possam ser alvo de leilão”, refere Piedade Salvador. A comissão ainda está a estudar o local para implantar o monumento. “Estamos numa fase muito inicial, mas os bombeiros acolheram a nossa ideia muito bem”. Quando se fala em solidariedade o nome de Piedade Salvador é incontornável na região. Desde sempre associada a algumas iniciativas que tiveram lugar ao longo dos anos, ainda está na memória de muitos os concertos, e toda a uma série de meios de angariação de fundos que a poetisa de Samora Correia empreendeu para ajudar, por exemplo, a jovem Vânia Correia que ficou tetraplégica depois de um acidente de trabalho. Mas muitos outros foram ajudados por esta senhora das causas, sempre com o apoio inexcedível das várias rádios da região que a foram ajudando nas suas diversas emNestapreitadas.altura “fazia falta uma homenagem aos bombeiros” e por isso “decidimos deitar mãos à obra”. O grupo aguarda pelo orçamento do escultor “que é conhecido por não ser muito caro”.

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Comunidade ucraniana grata pelo apoio da Câmara de Alenquer

Olena Lourenço radicada há vários anos no concelho e Eugenia Tretiak refugiada mostram-se agradecidas ao povo português

ças “um ano letivo tranquilo”, referindo que o material angariado ao longo do mês de setembro, será entregue às famílias, também através do apoio de várias instituições da freguesia que em conjunto com as técnicas de ação social, farão depois a respetiva triagem.

Este centro cultural já tem biblioteca e biblioteca infantil com obras ucranianas, e no fundo será um local de encontro da comunidade ucraniana, mas com as portas abertas para outras nacionalidades. No mesmo dia decorreu uma tertúlia intercultural no espaço da Barrada onde a autarquia tem a funcionar um centro de apoio à comunidade imigrante. A animação não faltou com gastronomia, música e mostra de peças de artesanato. Oleh Hutsko saúda ainda o apoio que o município de Alenquer e no fundo todos os portugueses têm prestado aos refugiados da guerra que teve início após a invasão russa no final de fevereiro. Muitos desses refugiados estão a tentar regressar “porque sentem saudades da sua terra”, apesar da forte instabilidade que se vive em várias regiões da Ucrânia. No concelho de Alenquer vivem muitos ucranianos. Serão centenas que vieram residir nesta zona do país, ao longo dos anos, “porque aqui há trabalho”. Olena Lourenço é um desses casos. Radicada no concelho há vários anos, participou ativamente na integração dos refugiados que chegaram a Alenquer nos últimos meses. Conta à nossa reportagem que tem sido gratificante, apesar dos horrores da guerra. “No início senti-me perdida pois não sabia como podia ajudar, decidi acolher alguns refugiados, dar carinho e proteção”, define assim aqueles primeiros tempos ainda muito recentes. O concelho de Alenquer terá acolhido cerca de 300 refugiados desde o início mas muitos já voltaram para o seu país. “Apesar de sentirem que estavam a ser muito bem acolhidos, ainda têm família na Ucrânia e com medo do que pudesse acontecer aos familiares, regressaram”, indica Olena Lourenço.

AAssociação dos Ucranianos em Portugal SOBOR passa a ter ao seu dispor a partir de agora um espaço em Alenquer. Trata-se de um centro cultural numa antiga escola primária na Passinha, cuja inauguração decorreu no início do mês de agosto. Oleh Hutsko, presidente da associação, diz, em entrevista ao Valor Local que esta associação ainda bateu à porta das câmaras de Vila Franca e de Lisboa na esperança da disponibilização de uma sede mas infrutiferamente.

A Junta de Freguesia de Alverca do Ribatejo e Sobralinho vai lançar uma campanha destinada às famílias com poucos recursos, com crianças em idade Claúdioescolar.Lotra, presidente da Junta, disse na Rádio Valor Local que a junta terá sabido das dificuldades de algumas famílias em adquirir material escolar para as suas crianças e esse foi o mote para lançar esta mesma Claúdiocampanha.Lotra salienta que as técnicas de ação social têm mencionado esses casos “de algumas famílias que estão a passar por momentos complicaOdos”.objetivo é agora aproveitar o início do ano letivo “envolvendo toda a comunidade nesta campanha solidária de angariação de material escolar para depois ser distribuído por essas famílias”, proporcionando às crian-

O autarca revela que “os alverquenses e os sobralinhenses são solidários” e que já provaram isso mesmo noutras ocasiões. Claúdio Lotra sublinha também que as entregas de material devem ser feitas na junta ou nas delegações da juntaespalhadas pela união de fregueDosias.material necessário a junta apela à doação de mochilas, estojos, cadernos, dossiers, separadores, folhas brancas, lápis de carvão, canetas esferográficas, canetas e lápis de cor, réguas, tesouras, cola, borrachas, calculadoras e flautas.

Junta de Alverca Sobralinho lança campanha solidária destinada a crianças

Eugenia Tretiak é uma dessas refugiadas que durante a tertúlia deu a conhecer aos presentes, onde para além dos membros do executivo municipal encontravase ainda a embaixadora da Ucrânia em Portugal Inna Ohnivets, trabalhos de pintura que retratam os seus vários estados de alma durante os últimos meses da guerra e a sua homenagem a todos os que estão a combater e a sofrer. À nossa reportagem esta mulher oriunda de Kiev conta que chegou a Portugal há quase seis meses. Ainda tem família no país. O marido está a combater nesta guerra, e ainda não sabe quando regressará. “Tento não ver as notícias na televisão, é difícil manter-me positiva. Falo com o meu marido e abstrair-me do resto. O meu principal objetivo é criar os meus filhos para já”. Reside atualmente em Aldeia Galega e trabalha numa empresa agrícola do concelho. Quanto ao acolhimento dos portugueses - “Estou profundamente grata aos portugueses, até porque estou a ser ajudada por muitas pessoas”. Durante a iniciativa o presidente da Câmara de Alenquer, Pedro Folgado, e o vereador Paulo Franco enfatizaram que o concelho está de portas abertas para o que esta comunidade necessitar e que o acolhimento aos refugiados tem sido também uma aprendizagem. Já a embaixadora ucraniana agradeceu também a colaboração do município e a disponibilização de um espaço para servir de centro cultural.

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Programa CED já esterilizou 180 gatos assilvestrados

Rodrigues faleceu aos 37 anos, a 5 de outubro de 2019, era músico e foi fundador e diretor do Festival de Cinema Curt’Arruda e da Associação dos Patudos do Vale Encantado.

JoelabrigosRodrigues era um jovem dinamizador da Cultura no concelho que partiu aos 37 anos de idade

8 Valor Local jornalvalorlocal.comSociedade Agosto 2022 Programa CED em Aveiras de Cima Colónia de gatos dos Chães

OMunicípio de Arruda dos Vinhos homenageou no passado dia 12 de agosto Joel Rodrigues, um jovem de 37 anos, filho da terra que faleceu vítima de um acidente de viação. A iniciativa da Câmara decorreu no dia do arranque das festas locais, com uma sentida homenagem a uma das pessoas que nos últimos anos contribuiu fortemente para a cultura local, sendo que ficará para sempre ligado ao festival de cinema “CurtArruda”. A autarquia deu o seu nome ao anfiteatro, situado no Bairro João de Deus e que será inaugurado em breve, provavelmente durante o mês de setembro. Foi numa cerimónia muito emotiva e carregada de simbolismo, que familiares e amigos de Joel Rodrigues, que assinou crónicas de cinema para o Jornal Chafariz de Arruda, pertencente à mesma empresa do Valor Local, lhe dedicaram palavras envoltas em emoAndréção, Rijo, presidente da Câmara, ladeado pela mãe de Joel Rodrigues, emocionou-se ao falar das qualidades do filho. Para o autarca e amigo “o Joel tinha uma capacidade inata, genuína e irrepetível de nos ligar uns aos outros e estabelecer pontes uns com os outros. Para o Joel éramos todos iguais e isso é um legado que é enriquecedor para todos”. O autarca justificou o local escolhido “um bairro social”. porque “o Joel era mesmo assim, acreditava nas segundas oportunidaJoeldes”.

Anabela Gaspar e Anabela Neves são duas das moradoras no Bairro dos Chães em Aveiras de Cima que se dedicam a manter uma colónia de felinos ao abrigo do Programa Captura, Esterilização e Devolução (CED) implementado recentemente pela Câmara de Azambuja, embora o seu trabalho de manter os bichanos errantes das redondezas já seja muito mais antigo, mas ressalvam que não se trata de uma associação, até porque um dos objetivos é também o de controlar a reprodução dentro da colónia e diminuir o número de animais vadios, e não aumentar. “Já estiveram aqui pessoas para deixar os animais o que recusámos”, refere Anabela Gaspar. Há oito anos que começaram “a aparecer alguns gatinhos que nós fomos alimentando. Com este programa surgiu a ideia de legalizar e esterilizar os animais para que não se multipliquem tanto”. Cinco pessoas do bairro tratam dos animais fornecendo comida, e a Câmara paga os cuidados veterinários. São entre 10 a 20 gatos, quase todos esterilizados. Vão-se revezando nos cuidados aos animais e no alimento disponibilizado. “Estão sempre à espera de um arrozinho de peixe que de vez em quando trago”, conta Anabela Gaspar. Na maioria das vezes “comem ração e patezinhos com os quais ficam deliciados. Tentamos ainda ter o espaço limpo”, acrescenta Anabela Neves. Recentemente receberam da Câmara alguns abrigos em madeira para os animais se refugiarem. “Ainda não estão muito habituados, mas com o tempo vão passar a usá-los, sem dúvida”, diz Anabela Neves. A ideia no futuro, “agora que temos as coisas mais bem arranjadas neste espaço é de pedir ajuda a empresas de rações que existem aqui na zona”. Anabela Gaspar tem oito ou nove gatos em casa, mas não se farta e olha também pelos seus gatos de rua. Tem pena que “não haja mais gente com disponibilidade para este tipo de iniciativas, mas se a Câmara se aplicar a fundo nas esterilizações será mais fácil aparecerem pessoas para esta função”. Para Anabela Neves “é terapêutico tratar destes gatos porque são muito gratos, por vezes querem mais festinhas do que comida”. A colónia tem uma página no Facebook –“Os bichos comunitários dos EntreChães”os gatos destacam o Panda, o Caramelo, a Bomboca, o Einstein, o Kiko, a Fénix, o Gordinho, o Pardinho Escuro entre muitos outros. São muitos os animais abandonados em Aveiras de Cima, “sendo que há quem os costume abandonar aqui o que é triste”, constatam.

Desde a implantação do programa CED no ano passado que já foram esterilizados e identificados eletronicamente 180 animais num total de 301 animais assilvestrados identificados no concelho de Azambuja. Segundo a vereadora com o pelouro da Saúde e Bem Estar Animal, Mara Oliveira, “tem sido feito um grande trabalho por parte da nossa veterinária municipal”, o que já permitiu legalizar 43 colónias de gatos, em que por cada uma há pelo menos uma ou duas pessoas encarregues de cuidar dos animais. As colónias estão assim distribuídas pelo concelho: Azambuja tem 17, Aveiras de Cima, 8; Aveiras de Baixo conta com seis; Vale do Paraíso e Vila Nova da Rainha com duas em cada uma das freguesias. Já em Alcoentre são três e na União de FreguesiasAquandocinco.da implantação do programa CED, a política que a Câmara queria seguir foi fortemente criticada pela oposição, dado que o objetivo do município era canalizar todos os animais esterilizados para a associação Tico e Teco sem os devolver à rua, ao contrário da filosofia que este programa preconiza. Nesta altura e com a constituição das colónias, apenas ficam nas associações com as quais a autarquia tem protocolo, segundo a vereadora, “os que por serem jovens ou por estarem doentes não estão aptos para sobreviverem nas ruas. Nesta altura serão cerca de 83. Por vezes ficam demasiado tempo em recuperação o que faz com que se habituem à vida em associação e ao serem devolvidos à rua correm o risco de não serem aceites por outros membros da colónia”. Na sua opinião “o balanço é muito positivo, mas há muito por fazer e vamos efetuar campanhas de sensibilização para o não abandono dos animais”.

Município de Arruda dá nome de Joel Rodrigues a anfiteatro

Anabela Neves e Anabela Gaspar com o gato Kiko junto aos

onde não falta comida nem carinho

Cristina Ribeiro confessa que o seu trabalho em Azambuja foi muito intenso “porque significou o arranque desse tipo de consulta, com muita gente para ser atendida, porque não havia medicina dentária no SNS, e estávamos a lidar com o facto de durantes décadas não ter existido a cultura de cuidar dos dentes”.

Um dos setores que mais se tem ressentido com o caos na saúde seja na Unidade de Cuidados Primários de Azambuja, seja ainda nos centros de saúde de Alenquer e Arruda dos Vinhos prende-se com as consultas de médico dentista, introduzidas nos últimos anos, mas onde tem existido um entra e sai de clínicos inusitado. Uma das causas prende-se com o facto de serem extremamente mal pagos. Os médicos são colocados com recurso a empresas de trabalho temporário e cumprem uma jornada inteira de trabalho, e ganham cerca de 1400 euros por mês, mas a recibos verdes, o que significa que têm de fazer os descontos a suas expensas com os necessários cortes de ordenado. Já outras classes profissionais (assistentes dentários) ligadas a esta consulta chegam a auferir pouco mais de quatro euros à hora. Após os descontos e no final do mês levam abaixo do ordenado mínimo para casa. A medicina dentária encontra-se neste ponto nos centros de saúde da região –Azambuja, Alenquer e Arruda dos CristinaVinhos. Ribeiro, médica dentista atualmente a exercer funções no Norte, mas que foi a primeira colocada neste tipo de consultas, em Azambuja, ainda em 2016, conta que as empresas de trabalho temporário pagam na maioria dos casos tarde. “Os trabalhadores não têm um dia certo para receber o ordenado”. Isto aplica-se quer a médicos quer a outras classes profissionais adstritas aos centros de saúde do Estuário do Tejo com os quais este tipo de empresas trabaBrasileiralha. radicada em Portugal, Cristina Ribeiro desabafa – “Os médicos passam uma vida inteira a estudar e não têm o seu trabalho valorizado”.

Em conclusão deixa alguns recados – “Para além de ser importante saber-se em que condições se contratam as pessoas, é necessário ter noção dos equipamentos, da logística, e principalmente o tempo da consulta, onde existe uma incúria muito grande, porque consultas de 15 em 15 minutos é corremos riscos de má prática”.

Hoje Cristina Ribeiro conseguiu encontrar outras condições no norte do país com contrato direto com a ARS-Norte, mas em Azambuja e a trabalhar por conta da empresa de trabalho temporário “Precise” com contrato com o Estado, as condições eram piores - “Eles exploravam ao máximo. Não se pode culpar apenas o Governo ou só a empresa, porque um é o criador e o outro a criatura”, não se coíbe de enfatizar. Em Azambuja, Cristina Ribeiro começou por auferir 8,5 euros à hora mas a dada altura baixou para 8 euros, “sem que houvesse lugar a qualquer aumento”, e “sem direito a subsídio de férias, subsídio de Natal, e a ter de fazer os descontos para a Segurança Social do meu bolso”. Atualmente ganha 9 euros e 89 cêntimos à hora num centro de saúde da ARS-Norte para um total de 35 horas semanais e não 40 como acontece em Azambuja por intermédio da empresa de trabalho “Otemporário.sonhodos médicos daí do Sul era serem contratados diretamente pelo Estado como acontece aqui, porque pelo menos a jornada de trabalho seria menor, de 35 horas. A única vantagem é essa. Não posso dizer que ganho muito mais aqui, mas se essa empresa é intermediária deveríamos auferir muito Omais”.Valor Local apurou que no âmbito de um congresso de dentistas ocorrido nos últimos tempos, tiveram lugar muitas queixas quanto a este tipo de empresas, sendo que se este intermediário não existisse os assistentes dentários poderiam estar a ganhar 9 euros à hora, e os médicos 15 euros. “Houve uma dentista que se levantou e disse os valores que eram pagos, e ficou tudo de boca aberta, até houve ameaças de abandono desse congresso. Foi um escândalo”, revela ao Valor Local uma fonte que não quis ser identificada.

9Valor Localjornalvalorlocal.com SociedadeAgosto 2022 Azambuja, Alenquer e Arruda dos Vinhos Bastonário da Ordem dos Médicos denuncia precariedade sem fim nas consultas de saúde oral no SNS

Miguel Pavão considera que falharam as consultas de higiene oral no SNS

O Valor Local ouviu o bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas, Miguel Pavão, que corrobora este estado de coisas, e adianta que não têm faltado contactos com o Governo e com as administrações regionais de saúde para que desistam deste tipo de intermediários que apenas trazem “mais precariedade” à profissão. “Os médicos ficam reféns destas empresas”. No fim de contas, os médicos dentistas acabam por “rapidamente quebrarem os vínculos a estas empresas e consequentemente com o Serviço Nacional de Saúde”. O responsável não tem dúvidas que são as empresas que acabam por lucrar mais com este “negócio” –“Apresentam preços competitivos junto do Estado para ganharem os concursos, e claro ao ministério da Saúde interessa pagar o menos possível”. Todo este cenário revela “uma grande desorientação e uma falta de vontade de criar uma carreira dos médicos dentistas no Serviço Nacional de Saúde”. Neste momento, apenas a Administração Regional de Saúde do Norte e a do Alentejo “estão a contratar diretamente os médicos dentistas”. Dos 150 médicos no SNS a nível nacional apenas 38 têm um contrato equiparado a técnico superior de saúde. “Evoluíram nesse sentido, se outras ARS não o fizeram é por falta de vontade e comodismo”. “Há médicos dentistas a ganhar apenas 5 euros à hora” O bastonário refere que sabe de casos em que os médicos não auferem mais de cinco euros à hora e isso é o suficiente “para rapidamente se desligarem do Serviço Nacional de Saúde, porque não vêm futuro nem valorização do seu “Hátrabalho”.uma situação de ilegalidade porque muitos estão a prestar serviço no setor público sem estarem enquadrados numa carreira, e como tal isso já foi denunciado junto da Provedoria de Justiça, que por sua vez reconheceu essa situação de ilegalidade, mas até à data ainda não houve vontade de regularizar”. O bastonário adianta que em audiência com a secretária de Estado da Saúde Maria de Fátima Fonseca questionou sobre as carreiras, mas a resposta “foi um nim”. “Nem quero equacionar que haja aqui um sistema de favorecimento a essas empresas de trabalho temporário”, refere, apesar desse parecer cada vez mais uma evidência, segundo apurámos junto de profissionais contratados pelas Miguelmesmas.Pavão dá conta que a proposta da Ordem passou pela possibilidade de cada administração regional ter pelo menos um médico dentista na gestão, acompanhamento, monitorização e logística nesta especialidade, “porque notam-se lacunas por parte do Estado em questões específicas na gestão de material, orientação para as boas práticas, normalização de orientações internas, entre outras matérias”. “Na ARS-Norte existe esta figura que acaba por ser muito útil a nível de uma consultora interna”.

Foi sugerido junto da ministra, agora demissionária, que se pudesse criar uma comissão que “implantasse um plano estratégico para acompanhamento da medicina dentária no SNS”, mas até à data a ordem não recebeu resposta.

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11Valor Localjornalvalorlocal.com SociedadeAgosto 2022

Desde agosto que os utentes do centro de Saúde de Azambuja e extensão de saúde de Aveiras de Cima, sem médico de família, terão de conseguir obter consulta de recurso ou na Póvoa de Santa Iria no centro de saúde local, ou no de Benavente através do Serviço de Atendimento Permanente. Para Armando Martins do Movimento pela Saúde em Azambuja esta é a pior notícia possível. O representante deste movimento foi informado pela diretora do centro de saúde de Azambuja, Raquel Caetano, no dia 22 de agosto. Nos últimos dias tem diligenciado contactos com o gabinete de apoio ao cidadão do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) do Estuário do Tejo para denunciar a situação calamitosa em que 7944 utentes não têm médico de família. Ana Coelho, vereadora com o pelouro da Saúde no município de Azambuja, esteve no programa Hora Local e confirmou as piores expetativas. O estado da saúde no concelho de Azambuja atingiu o grau zero e em setembro 88 por cento dos habitantes deverão ficar sem médico de família. A autarca diz que o executivo foi apanhado de surpresa com as novidades relatadas pelo Valor Local e encara o quadro geral como “muito preocupante”. Ana Coelho assume que não consegue explicar o estado a que se chegou porque apenas está na Câmara desde as eleições do ano passado. Nesta altura dão consultas na área do município tês médicos a tempo inteiro e uma médica a tempo parcial, sendo que um deles está para se reformar e uma das médicas de Aveiras de Cima pode sair no âmbito do programa de Mobilidade da Função Pública. É dito ao executivo que os médicos não estão interessados em fixar-se a longo prazo no concelho porque o centro de saúde funciona de forma pouco atrativa no que diz respeito aos incentivos e à remuneração. Nunca se conseguiu criar uma unidade de saúde familiar ao contrário do que sucedeu em outros municípios. Ana Coelho entende que o problema da não constituição de uma USF não deverá ser uma responsabilidade assacada ao município, já que é algo que “deve partir da iniciativa dos próprios médicos e enfermeiros”. Segundo o que o Valor Local apurou vários municípios da região tiveram um papel determinante neste domínio. Ainda segundo uma fonte bem colocada neste dossier ao nosso jornal, nos mandatos anteriores, e desde que se fala na possibilidade de constituição de uma USF, que este assunto tem permanecido dentro da gaveta dos responsáveis autárquicos que pela Câmara têm passado, desde presidentes a vereadores com o pelouro da Saúde. Desde 2013, altura em que o nosso jornal surgiu, a necessidade de constituição de uma USF raramente foi aflorada em reuniões de Câmara ou alvo de bandeira política, sobretudo por parte do partido que está no poder, apesar de sempre se ter falado na falta de médicos. Perante este quadro Ana Coelho refere que a melhor opção é deslocar os utentes para Benavente dado que apesar da escassez de médicos também naquela unidade de saúde, o facto de ali funcionar um Serviço de Atendimento Permanente (SAP) de SAP 24 horas por dia dá pelo menos a certeza de que os utentes serão atendidos, pese embora o tempo que possam estar à espera. “Estamos a articular com o ACES no sentido de que nos seja garantido um número de consultas para que a Câmara faça o transporte dos utentes”, expressa. A autarca concorda que tanto a Póvoa como Benavente são localizações “fora de mão” não existindo transportes públicos diretos a partir do concelho de Azambuja. Explica ainda que outros possíveis locais mais próximos como Cartaxo ou Alenquer “foram postos de parte pelo ACES porque enfrentam também muitas dificuldades”. Haverá um circuito pelo concelho em que se assegurará o transporte de utentes inscritos nos respetivos postos de saúde até Benavente. Nos últimos meses, o município aprovou um regulamento em que apoiará com 400 euros cada médico que se instale no concelho para dar consultas, bem como benesses fiscais e um automóvel. Houve contactos com médicos da Santa Casa da Misericórdia de Azambuja para prestarem consultas no centro de saúde, mas infrutiferamente. Para além disto, “temos pressionado as entidades com competência na área da saúde como a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo e o Agrupamento de Centros de Saúde do Estuário do Tejo”, enumera a autarca. A vereadora refere que as três vagas abertas não foram encerradas com a não colocação de médicos durante o tempo em durou o concurso, “por isso a qualquer momento podem entrar médicos”. “São vagas majoradas a 60 por cento pelo Estado” o que funciona como mais um atrativo a juntar à verba que a Câmara disponibilizará para cada clínico. Questionada acerca do facto de o município de Benavente estar na disponibilidade de investir 200 mil euros por ano para garantir médicos suficientes nas freguesias de Benavente e Santo Estevão pagando-lhes os vencimentos e estando este assunto já em discussão junto das entidades de Saúde, Ana Coelho refere que embora as verbas que a Câmara quer disponibilizar sejam inferiores, o município está disponível “para apanhar boleia com Benavente” e fazer algo a um nível mais abrangente. Sobre o alegado mau atendimento das funcionárias que trabalham no centro de saúde, tem conhecimento das queixas e alude a ações de formação que vão ter lugar. A autarca espera ainda que a central telefónica seja instalada o mais brevemente possível para que “os utentes consigam marcar as suas Oconsultas”.ValorLocal contactou Sofia Theriaga para uma entrevista sobre o estado da saúde no concelho de Azambuja, mas também nos concelhos de Vila Franca e Alenquer mas não obtivemos qualquer resposta.

Ana Coelho esteve na Rádio Valor Local para dar conta do ponto de situação e dos esforços da autarquia

dos utentes sem médico de família

Saúde bate no fundo em Azambuja e concelho vai a caminho de 88 por cento

Oposição arrasa executivo socialista e alega que a Saúde bateu no fundo no concelho de Azambuja Os vereadores da oposição foram unânimes no coro de críticas alegando que durante anos a política da Câmara baseou-se no “deixa andar” quanto à escassez de médicos e à necessidade de constituição de uma USF, que se vive há largos anos no concelho, e que desagua agora no facto de mais de 88 por cento dos utentes poderem ficar já em setembro sem médico de família. A situação denunciada em julho pelo Valor Local face ao facto de cada vez mais a população esperar por uma consulta de recurso à porta do centro de saúde pela noite dentro, fez soar as campainhas. Inês Louro do Chega, em reunião de Câmara, referiu que em mandatos passados nunca o executivo “demonstrou vontade de resolver este estado de coisas”, até porque “a dada altura todos os utentes de Azambuja e Vila Nova da Rainha tinham médico de família”, e bastava “esse facto para dar um empurrão na constituição da USF”. “Deixaram o procedimento na gaveta”, Jáaludiu.Rui Corça do PSD enfatizou que a ministra da Saúde que se demitiu no mesmo dia da reunião de Câmara, a 30 de agosto, destruiu o Serviço Nacional de Saúde em Portugal, conjuntamente com o primeiro ministro, e os seus aliados de esquerda. Já quanto ao caso de Azambuja sublinhou – “Tenho vergonha alheia de fazer parte deste executivo por deixar chegar a saúde a este estado de rutura total. Não fizeram nada para que este caos acontecesse”. Rui Corça entende que embora a Câmara não tenha a incumbência de criar uma unidade de saúde familiar “pode e deve ser o catalisador para que isso aconteça”, referindo ainda, por entre críticas de demagogia vindas da bancada socialista, que se tivesse sido eleito presidente de Câmara já teria arranjado médicos para o concelho. O autarca aconselhou ainda o executivo a fazer passar a notícia de que está a dar incentivos à fixação de médicos junto das ordens profissionais dos médicos e enfermeiros e sindicatos para que “não fique de braços cruzados e à espera que apareçam médicos apenas com a publicação do regulamento em Diário da República”

O autarca exemplifica como pode ser passado um dia em família no festival – “Os pais podem deixar os seus filhos a assistir a espetáculos de animação que estão no cartaz acompanhados pelos técnicos municipais, e disfrutar ao longo de 12 horas daquilo que o festival oferece no que respeita aos vinhos desde provas, debates, concursos de vinhos, showcookings”.

A s expetativas estão ao rubro para mais uma edição da Alma do Vinho em Alenquer que este ano se realiza de 15 a 18 de setembro. A presença de vários produtores de vinho do concelho e da região de Lisboa alida a “um cartaz que é de certeza o melhor de sempre e que marca a internacionalização do festival com a presença do artista brasileiro Vítor Kley” faz com que as expetativas estejam “muito altas”, refere Rui Costa, vice-presidente da Câmara de Alenquer ao Valor Local. Atuam ainda no festival Xutos e Pontapés, Luís Trigacheiro, e Fernando Daniel. O autarca revela que já foram “vendidos uns milhares de bilhetes”, sendo que o número já ultrapassa o da edição de 2019, o último antes da pandemia. O preço do bilhete é de cinco euros para quinta-feira dia 15, e de 10 euros para cada um dos restantes dias e permite usufruir de todo o tipo de experiências vínicas que configuram o cartaz, desde que com moderação, assistir aos concertos e demais eventos. Quem estiver interessado em marcar presença em todos os dias do festival, o livre trânsito custa 25 euros, “valor irrisório quando por exemplo a entrada para um concerto do Vítor Kley são 38 euros”.

Presidente da República presente no “Alenquer Presépio de Portugal” O Natal aproxima-se a passos largos e devido aos constrangimentos provocados pelas obras, o desafio é maior. Rui Costa dá conta que está a ser estudado um modelo híbrido de repartição do evento entre a Romeira e o centro da vila, mas nada está ainda decidido. Confirmada está a presença do presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, na inauguração do evento. Como ponto alto ainda este ano, a Vila Presépio vai receber as comemorações dos 200 anos da independência do Brasil. Passando em revista outras áreas do pelouro da Cultura em Alenquer, Rui Costa sublinha a aquisição por parte da Câmara das últimas frações do Convento de Santa Catarina, onde permanece sepultado Salvador Ribeiro de Sousa, português que por volta de 1600 terá sido aclamado Rei em Pegu, reino da Baixa Birmânia. Ainda neste mandato estará concluída a rede de museus do concelho com a muito aguardada requalificação do Museu Hipólito Cabaço. Paralelamente o município encontra-se a trabalhar com a associação Memória Imaterial no processo de candidatura do “Pintar e Cantar dos Reis” a património da Unesco, numa altura em que já foi consagrado como património cultural imaterial nacional. Já quanto às Festas do Império do Divino Espírito Santo (FIDES) um dos principais objetivos passa pela constituição da Rede das Cidades do Espírito Santo de Portugal para levar mais longe estas festividades com um enquadramento também a nível de uma provável candidatura à Unesco.

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Alma do Vinho com maior afluência de público de sempre em perspetiva

“A Alma de um Povo” e as festas de Samora Correia “ A Alma de Um Povo” é o nome da exposição que pode visitar no Palácio do Infantado em Samora Correia que retrata a evolução das Festas em honra de Nossa Senhora da Guadalupe e Nossa Senhora da Oliveira que todos os anos é celebrada durante o mês de agosto, organizada pela associação ARCAS. Desde os antigos cartazes, passando pela inesquecível quermesse, terminando nas fotografias do culto religioso, ou de largadas, e das tertúlias de outros tempos. No fundo, uma viagem na máquina do tempo ao passado destas festas. Joaquim Salvador, que esteve na conceção destas festas e habitual cicerone destas exposições, deu a conhecer alguns aspetos mais pitorescos patentes na exposição, a começar pelo carro de bois adquirido pelo município, e que transportava mercadorias de Alcamé. No início “a festa era apenas um bailarino com concertina e depois começou a evoluir”, referiu Joaquim Salvador com base na pesquisa sobre o evento. As festas remontam às primeiras décadas do século passado e inicialmente celebravam-se em apenas dois dias. Com a vinda da luz elétrica para o concelho, as festas também se expandiram e na década de 50 aumentaram para três dias. “Faziam-se tentas e corridas e as largadas eram onde hoje é a Rua Clara Passos Esteves e em parte no Arneiro”, destacou. Inicialmente não havia campinos, uma figura que apenas “atinge a sua força nestas festas nas décadas de 70 e 80”. Altura em que passa a ser hoCommenageado.aevolução das festas, a própria Companhia das Lezírias envolveu-se mais com a disponibilização, a dada altura, de uma praça de touros improvisada fabricada no interior daquela emPassandopresa. para a quermesse, “as senhoras iam angariando peças junto do comércio e não só durante o ano. Faziam as rifas, e depois decoravam este local que era de facto um sítio de Emconvívio”.finais da década de 60, inícios de 70, começam a ser apresentados programas de variedades com grandes nomes da rádio e da televisão como Maria José Valério, Fernando Faria, Maria de Lurdes Proença, João Viana, Mimi Munhoz, que era mãe de Eunice Munhoz. Joseph de Azevedo, vereador da Cultura, sublinhou que esta exposição é “uma forma de preservar o património local”. Tendo em conta alguma contestação que surgiu quanto aos nomes que atuaram nos concertos, sublinhou que “as festas nunca viveram de grandes momentos musicais, porque o grande pilar das festas são as pessoas da terra e quem cá vive e trabalha”.

Joaquim Salvador deu a conhecer mais uma exposição no Palácio do Infantado

Sendo este um festival de vinhos da região de Lisboa “que não pretende rivalizar com outros semelhantes” como o do Bombarral estão presentes 40 produtores desta zona do país “por questões de limitação do espaço”. Estão presentes, entre outras, as regiões mais representativas como Alenquer, Colares, Bucelas, Torres Vedras, Bombarral, Óbidos, Lisboa e CaOdaval.orçamento do município para este festival “ronda os 375 mil euros, não muito longe daquilo que aconteceu em 2019”. Este é um investimento “na promoção territorial do concelho e nos seus agentes económicos, em que o retorno é sempre muito relativo, mas temos o feed-back de que na restauração e na hotelaria há um movimento incrível de pessoas, com tudo esgotado”.

“Há muita coisa a acontecer durante todos os dias, nos 14 mil m2 do recinto que está aberto para almoços, jantares, com várias novidades, e com mais oferta de vinhos e de street food de qualidade”.

Rui Costa deu a conhecer os principais pontos da edição deste ano do evento Alma do Vinho Exposição patente no Palácio do Infantado

Óbito Uma notícia que não queríamos dar. No passado vinte e quatro de agosto, faleceu vítima de doença prolongada, Rui Casqueiro Haderer, Presidente da Tertúlia Festa Brava e do Concelho Fiscal da Associação de Tertúlias Tauromáquicas de Portugal. Rui Casqueiro, que chegou a colaborar com o Valor Local, tinha sessenta e quatro anos. À família enlutada , manifestamos o nosso pesar.

O vice-presidente destaca a inclusão no espólio de um secador de arroz a trabalhar “que é único no mundo” e com isso “vamos conseguir simular a operação de secagem do arroz até com fumo” o que “vai ser muito importante para a aprendizagem das novas gerações”.

Alimentar Europeia com a transformação

O museu vai ter a mesma vertente de evidenciar a realidade histórica, social, e cultural do município ao longo de várias décadas, mas agora com uma forte vertente tecnológica, “que aposta numa maior interatividade com as pessoas através de vídeos, realidade aumentada”. “No fundo com tudo o que hoje temos ao dispor em outros museus do género no que é mais inovador”, sublinha. Inaugurado a 16 de outubro de 2004, o Museu Municipal de Azambuja elegeu como a sua grande missão trabalhar a identidade e a memória coletiva do concelho.

Aspeto de um dos fragmentos encontrados

Requalificação do museu ultrapassou os 200 mil euros Réplica do que terá sido uma queijeira e o formato atual igualmente cilíndrico

do leite em queijo pelo homem da pré-história

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As escavações no Castro de Vila Nova de São Pedro que este ano aconteceram pela sexta vez revelaram mais um importante traço da sociedade do Calcolítico no III Milénio A.C. Ao que parece a civilização que habitou aquela área, onde foi construída uma muralha que tem sido posta a nu pela equipa de arqueólogos da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, acompanhou a revolução alimentar, que já se iniciara no Neolítico (período que vai do século X antes de Cristo até 1900 a.C) naquilo que hoje é a Europa Central, com o consumo de derivados do leite. Foram encontrados no local, fragmentos de cerâmica das ditas queijeiras destinadas, segundo se pensa, a transformar leite em queijo. Mariana Diniz, professora na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e investigadora do Centro de Arqueologia Uniarq, refere que foram encontrados 600 fragmentos de queijeiras o que faz deste achado em Vila Nova de São Pedro um dos maiores da Península Ibérica e até da Europa. Um dos próximos objetivos de todo o projeto passa pela realização de análises químicas muito específicas aos artefactos para se conseguir descodificar indícios “da presença da gordura de leite nas paredes dos fragmentos cerâmicos”, e no fundo “garantir que essas peças estiveram mesmo associadas à transformação do leite em queijo”. O evento é tanto mais interessante pelo facto de se conseguir localizar que há cinco mil anos uma pequena modificação genética da espécie humana, registada em povos que habitavam uma parte do planeta, permitiu a assimilação de produtos lácteos. “Como mamíferos deveríamos perder a capacidade de absorver o leite a partir dos três ou quatro anos de idade. Ainda hoje há muita gente intolerante à lactose porque essa é uma marca genética.

Em algumas regiões do mundo existe essa mutação genética que é relativamente recente, e que vai do arco da Índia até ao espaço europeu onde todos bebemos leite, ao contrário do que acontece no extremo oriente onde o leite não faz parte da dieta, bem como em África a sul do Saara”. O consumo de leite na Península Ibérica dá-se de forma tardia em relação a outras partes da Europa em que há registos do seu consumo no século VI a.C, sendo que a sua transformação em queijo fazse por permitir uma melhor absorção pelo corpo humano, “e por ser muito mais fácil de conservar”. Os arqueólogos querem ainda perceber se o queijo produzido era para consumo da população local ou para venda através das trocas comerciais muito intensas naquele período da Pré-História. E por outro lado que animal permitia obter o leite, e como eram geridos os rebanhos. No local foram encontrados ossos de ovelha, cabra e Lucasvaca. Barrozo, aluno do Mestrado em Arqueologia da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, é quem tem desenvolvido o estudo sobre as queijeiras e refere que em Portugal até à data ainda não foram desenvolvidas essas análises químicas, “e esse é um caminho que nos falta percorrer neste trabalho”. Os artefactos terão de ser enviados para o estrangeiro porque o país não dispõe dessa tecnologia. O estudante conta que se chegou à conclusão de que estávamos na presença de queijeiras pelos furos para coar os líquidos, e pela forma cilíndrica que ainda hoje é usada para fabricar queijo. “Se comprovarmos que as queijeiras têm esse marcador químico dos laticínios estaremos na presença de um importante dado arqueológico numa lógica de revolução dos produtos secundários à época”. Estes vestígios já tinham sido encontrados nas primeiras escavações levadas a cabo pelo Tenente-Coronel Afonso do Paço entre as décadas de 30 e 60 do século passado, e que estão em exposição no Museu do Carmo em Lisboa. “Contudo agora foi possível estudar esses materiais, e localizá-los em contextos seguros, também graças às campanhas que fazemos desde 2017”, diz Mariana Diniz que acrescenta - “Este sítio pode ser também definido como estando no epicentro da revolução alimentar ocorrida na Península ComIbérica”.mais uma campanha terminada “foi possível recolher ainda mais artefactos e restos de fauna o que nos vai permitir enquadrar de forma cronológica os eventos do sítio, no fundo a biografia deste local”. Será possível responder a questões como: “Quando foram construídas as muralhas? Quando foram restauradas? Quando se deram os processos de abandono, ligando depois toda a arquitetura com a vida quotidiana, e os seus objetos”. É de constatar “que o Calcolítico foi uma altura de enorme aceleração económica, e produtividade agrícola, pastoril, artesanal, metalúrgica, com grande prosperidade no ocidente da Península”. O sítio terá sido ocupado entre 2600 anos a.C até 1300 a.C e “foi sem dúvida uma plataforma giratória muito importante”.

Vila Nova de São Pedro faz parte da Revolução

O estudo do Castro de Vila Nova de São Pedro deve agora passar pela sua musealização e para isso “é importante um trabalho muito grande de conservação porque há muralhas descobertas há mais de 100 anos” expostas aos elementos do tempo. Por outro lado, “é importante recuperarmos as memórias de quem trabalhou nas escavações antigas, e que ainda vive nas aldeias de Torre Penalva e Vila Nova de São Pedro”. Castro de Vila Nova de São Pedro “será a próxima grande aposta do pelouro da Cultura”

António José Matos, vereador da Cultura na Câmara de Azambuja, evidencia o trabalho dos arqueólogos envolvidos já há cinco anos neste projeto, e espera que no horizonte 2030 dos fundos comunitários “haja verbas para a cultura material porque nos últimos tempos, as verbas têm andado muito à volta do imaterial e realidades aumentadas, quando neste caso em concreto temos de intervir no Castro, bem como no Palácio das Obras Novas, ou no Palácio de Pina Manique através de um Plano Estratégico Municipal para a Cultura e Património que queremos conceber”. No caso concreto “temos de salvaguardar o que existe para que não se destrua. Há que criar produto e ver o que o próximo quadro comunitário 2030 nos reserva. O Castro será a próxima grande aposta do pelouro da Cultura. Queremos adquirir mais terrenos contíguos para ali criar uma verdadeira viagem ao Calcolítico junto dos visitantes. Temos muito potencial”.

Museu Municipal de Azambuja reabre dia 17 de setembro com muitas novidades OMuseu Municipal Sebastião Mateus Arenque, em Azambuja, vai surgir no dia 17 de setembro de cara lavada. A infraestrutura municipal sofreu uma grande obra de renovação e segundo António José Matos, vereador da Cultura, os custos ultrapassaram mais de 200 mil euros, totalmente a expensas da Câmara, “porque das duas vezes que nos candidatámos aos fundos comunitários o projeto foi recusado dado que estavam a privilegiar candidaturas na vertente do imaterial”.

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Víctor Mendes e 50 anos de touros que passaram depressa

O toureiro terminou a carreira em 2001. Crédito: "Sol e Sombra"

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anos de toiros, e que passaram muito rápido, diz o Maestro dizendo que foram dez anos, contando com a fase de aprendizagem, primeiro com um sapateiro de Salvaterra, depois com o Maestro José Júlio, na sua quinta que ficava por trás do Monte Gordo. É em Benavente com os irmãos Badajoz que o aconselharam, que seguiu a carreira de bandarilheiro profissional e depois de novilheiro. Mais tarde tomou a alternativa de matador de toiros a treze de setembro de 1981, na Monumental de Barcelona, uma praça que hoje não está a funcionar devido à proibição das touradas na Catalunha, situação que segundo Victor Mendes é mais um conflito político entre o governo regional e o central do que algo que tenha a ver com a tauromaquia em si. Quando lhe perguntamos, o que lhe fez dar o salto para Espanha, a resposta é pronta: “ Se queria ser matador de toiros, e se em Portugal não o podia fazer por causa da lei, tinha de ir para onde fosse possível.” Esse salto dá-se quando conhece Gonzalo Sánchez Conde, o conhecido Gonzalito, numa corrida em Vila Franca de Xira em 1977, e que na altura foi muito polémica, pois os toureiros mataram os toiros e acabaram todos detidos. Victor Mendes que atuou com o bandarilheiro chamou a atenção do famoso moço de espadas de Curro Romero que o ajudou assim no início da sua carreira no país vizinho. Após dez anos de carreira, é feito comendador, para ele uma honra, pela divulgação de Portugal no mundo, em especial nas Américas onde a bandeira portuguesa era içada bem alta nas praças em sinal da presença de um português. Víctor Mendes retirou-se profissionalmente a 30 de setembro 2001 de uma carreira onde lidou mais de um milhar de toiros. 2021, ano em que comemorava os quarenta anos de alternativa, foi-lhe erguida na sua Vila Franca uma estátua, que o deixou muito orgulhoso pela forma como a sua cidade o reconhece. Ouça a entrevista completa em Podcast em www.radiovalorlocal.com Nuno Vicente

Durante o mês de agosto retomaram as escavações arqueológicas no concheiro Cabeço da Amoreira, localizado junto à ribeira de Muge, em terrenos da Casa Cadaval. Os trabalhos estão a ser coordenados por uma equipa pluridisciplinar da Universidade do Algarve, sob orientação científica da Arqueóloga Célia Gonçalves e prolongam-se até à primeira semana de setembro. As escavações têm como principal objetivo a obtenção de dados novos e mais pormenorizados sobre os modos de vida daquelas que foram as últimas comunidades de caçadoresrecoletores do Vale do Tejo. A identificação dos concheiros nesta região remonta a 1863 e deve-se à ação de Carlos Ribeiro que desempenhava o cargo de Diretor da Comissão Geológica que identificou o primeiro concheiro localizado na ribeira de AMagos.descoberta dos concheiros de Muge constituiu um dos mais importantes achados arqueológicos em Portugal do último quartel do séc. XIX marcando o percurso da arqueologia pré-histórica. A primeira monografia arqueológica dedicada à pré-história portuguesa foi precisamente um trabalho de Pereira da Costa dedicado aos concheiros de Muge. Em finais do séc. XIX, os concheiros de Muge alcançaram uma reconhecida importância histórica e científica devido à realização do Congresso Internacional de Antropologia e Arqueologia Pré-Históricas (1880), onde foram mencionados numa comunicação de Carlos Ribeiro e também devido à visita dos congressistas aos concheiros do Cabeço da Arruda e da Moita do SebasDesdetião. finais do Séc. XIX até à atualidade, numerosos estudiosos escavaram ou participaram em escavações arqueológicas nos concheiros, publicando inúmeros trabalhos sobre estas estações arqueológicas. Em 2011 os concheiros foram classificados como Monumento Nacional: os concheiros da Moita do Sebastião, do Cabeço da Amoreira e do Cabeço da Arruda, “que constituem uma das mais importantes estações arqueológicas da pré-história portuguesa, com grande projeção a nível nacional e internacional. Devido ao seu incalculável valor científico, os concheiros de Muge são citados em todos os manuais da pré-história europeia”, enfatiza o município em comunicado.

Escavações arqueológicas no concheiro Cabeço da Amoreira em Muge

N asceu em Marinhais, concelho de Salvaterra de Magos, no dia 14 de fevereiro de 1958 e por ali viveu até aos três anos de idade, altura em que por motivos da profissão do seu pai, que era funcionário judicial, se mudou para Vila Franca de Xira. E foi aí que Victor Mendes cresceu, moldou a sua personalidade e se fez homem, numa altura e numa cidade onde a arte tauromáquica e principalmente os toureios a pé eram vividos de uma forma intensa e a afición se respirava como do ar se tratasse. A junta de freguesia de Vila Franca de Xira homenageou-o Norecentemente.diaemque conversamos, Víctor Mendes, encontrava-se em Bilbau, a acompanhar Gonçalo Alves, um dos seus alunos na Escola de Toureiro José Falcão que no dia seguinte competiria na final do I Certame Memorial Ivan Fandino do qual acabou por ser o grande triunfaCinquentador.

Trabalhos a decorrer no local

Célia Pessanha tem 60 anos. Vive em Portugal há quatro e conta que sempre foi muito envolvida com a política no seu país e que espera também ter esse envolvimento nesta fase da sua vida num país estrangeiro. Com as eleições de novembro à vista e pela primeira vez de forma totalmente eletrónica, a expetativa é muita do lado de cá do Atlântico para ver qual dos dois candidatos será o vencedor: Jair Bolsonaro, o polémico atual presidente, ou Lula da Silva, antigo presidente ligado ao mega escândalo da Operação Lava Jato. Célia Pessanha reside em Azambuja desde que veio do Brasil. Atualmente trabalha na Cerci Flor da Vida como cuidadora, mas já passou por um lar de idosos, empresas de logística e trabalhos como empregada interna. No Brasil, refere que era da classe média alta com cargos executivos na área da Saúde. “Era gerente administrativa do maior centro de saúde da cidade do Rio”. Próxima do poder político no seu país, conta que fez campanha no Rio de Janeiro a favor de Lula nas duas vezes que foi candidato eleito. Hoje tem um olhar pessimista acerca do país que abandonou em 2018, porque a insegurança era muita e não se via a conseguir viver em terras de Vera Cruz durante mais Atempo.imigrante tem a ideia de que o país piorou muito com Bolsonaro no poder, porque “aumentou a miséria”. Espera que as eleições deem a vitória a Lula da Silva, porque apesar “de a gente saber que havia desvio de verbas no tempo que ele foi presidente, continuava a haver investimento na Saúde, nas Forças Armadas, na qualificação dos jovens”. “Quem era pobre conseguia fazer uma vida melhor do que hoje, tinha possibilidade de conseguir um empréstimo num banco, o salário dava para reformar a sua casa e com esse presidente a vida das pessoas ficou muito dificultada”. Célia Pessanha reconhece que a maneira de ser de Bolsonaro e toda a política que teve durante a Covid-19 ao desvalorizar a pandemia são imperdoáveis. “Para o Brasil melhorar o PT (Partido dos Trabalhadores) tem de voltar ao poder caso contrário vamos para uma ditadura militar e será catastrófico”. Quando estava no Brasil esteve envolvida na eleição de “uma amiga preeita de uma cidade com 30 mil habitantes no estado do Rio”. O facto de não poder andar na rua à vontade, de ter medo de se dirigir a um multibanco porque a violência na rua estava ao rubro, e o receio de que algo pior pudesse acontecer à filha nas ruas “porque já sabemos que os jovens não têm medo de nada” fê-la mudar de vida, e abandonar “uma casa muito confortável, com piscina, e um carro novo”. Não esconde que a adaptação foi difícil. “Fui morar num quarto aqui em Azambuja numa casa com mais pessoas. Significou um grande sobressalto na minha vida em comparação com o que eu tinha no meu país. Aqui vivia num quatro compartilhado, e onde me roubavam a comida”. Apesar de ter vindo do Brasil “com uma boa quantidade de euros porque tinha bens no meu país, cheguei aqui e vi que não havia muitas soluções. O hotel é caríssimo e dinheiro é finito. Pensei até em desistir e regressar ao Brasil, mas eu tenho uma grande capacidade de me superar e decidi Foificar”.através de uma pessoa conhecida que veio parar a Azambuja –“Disseram-me que aqui tinha de tudo e que era perto de Lisboa, com centro de saúde, onde e sinceramente pensei que o atendimento fosse outro, comércio, banco, empresas para trabalhar”. Célia Pessanha não tem dúvidas de que hoje a vida dos compatriotas que estão a vir para o país e para este concelho em particular, está muito difícil face à especulação imobiliária que se vive como nunca se viveu em Azambuja. Há quem converta garagens em quartos e peça quantias absurdas. Célia que dividia a casa com mais pessoas pagava em 2018 cerca de 100 euros, “mas hoje quem está a vir para cá já paga 280 e tem de dividir quarto”. O seu primeiro trabalho foi no lar de idosos da IURD em Azambuja através do qual conseguiu alugar um T0 por 350 euros. No mesmo dia em que conseguiu a legalização, inscreveu-se numa agência de emprego, e nesse mesmo dia foi contactada para a vaga de emprego num lar de idosos. No emprego, no primeiro dia, chegou maquilhada e de salto alto, porque não tinha ideia do que fazia uma auxiliar de ação direta neste tipo de empregos. Rapidamente se adaptou porque “estamos a falar de pessoas com muita carência de conversar, de ter mimos, e o meu lado social sobressaiu, porque tenho esta necessidade de ajudar o outro. Estou até envolvida com umas amigas para recolha de bens e roupa, atualmente, para pessoas carenciadas.”

na região desiludidos com poder no seu país não pretendem voltar

Célia Pessanha refere que apesar de ter bons amigos portugueses há preconceito contra os estrangeiros, e neste caso em particular contra os brasileiros, e diz ter sido vítima de bullying. “Lembro até de estar chorando ali na pracinha do Mini Preço, mas graças a deus tive alguns amigos portugueses que me ajudaram, foram até eles que conseguiram com que eu esteja hoje numa nova casa, um T2, que conversaram com a senhoria”.

Célia Pessanha está atenta às eleições no Brasil e espera que Lula ganhe Sílvia Agostinho

Já quanto a algum tipo de progressão social/económica obtendo outro tipo de emprego mais condizente com as suas capacidades e habilitações no Brasil, Célia Pessanha não tem muitas expetativas.

16 Valor Local jornalvalorlocal.comDestaque Agosto 2022 Eleições em Angola e no Brasil Imigrantes

“Tenho equivalência ao 12º ano, documentação em como estou legalizada, mas percebo que não há perspetiva que tal possa acontecer. Para ter equivalência aos curPUB

O Brasil e Angola estão a viver dois momentos eleitorais considerados muito importantes. Em Angola, os eleitores já decidiram manter o MPLA e João Lourenço no poder. Muitos tinham esperança de uma reviravolta política que não aconteceu pese embora as acusações de fraude. Já o Brasil vai a votos em novembro. Muitos brasileiros já não aguentam ver Bolsonaro no poder, mas muitos nem querem imaginar que Lula possa voltar a ser presidente daquele país. Ouvimos três imigrantes, um deles já naturalizado, sobre as suas experiências no nosso país, como assistem ao momento político dos seus países, e que perspetivas têm quanto ao futuro.

Chegou em 2018 e não desistiu perante as adversidades

em dia e com o aceleramento dos preços dos bens devido à Guerra na Ucrânia, com a inflação em alta, Célia Pessanha é da opinião de que as coisas mudaram para pior em Portugal nos últimos tempos, e a sua convicção diz-lhe que “quem está a vir para cá nesse momento é porque deve estar com a vida muito miserável lá no Brasil ou então tem um padrão de vida razoável mas tem cá um amigo que fala maravilhas de Portugal mas não está falando a verdade, porque há quem faça vídeos mostrando uma vida que não corresponde à realidade”. “Aqui em Azambuja sei de casos de senhorios que não se importam de colocar cinco ou seis pessoas num T1 e cobram de aluguer quantias disparatadas”. O que no seu entender é triste, porque “Azambuja é um município ótimo”. “Aqui tem tudo e é muito bom para se viver. Vou a pé em todo o lado. No outro dia vim da Cerci a pé à noite sem problema, o que seria impossível no ContudoBrasil.” a nível laboral, Portugal na sua opinião não desilude. “Não falta trabalho. Ainda agora chegaram compatriotas e o marido já está trabalhando na apanha da pera. A gente lá no Brasil tem a ideia de que chegando cá tem emprego direto em lares de idosos como cuidadora, e isso é uma verdade. Então posso dizer que se a pessoa não for muito esquisita, como se diz cá em Portugal, consegue trabalho sem dúvida nenhuma nesses lares, porque nos armazéns há mais burocracia. Portugal é um país muito envelhecido, basta fazer um cadastro nessas agências e te chamam direto e até para perto do seu local de residênSobrecia.” a ascensão do Partido Chega em que uma das bandeiras do seu discurso passa pela questão da imigração em que o seu líder alega que muitos imigrantes vêm para Portugal para viverem à custa de subsídios, Célia Pessanha não é de meias medidas – “Gostaria muito de interrogar esse senhor. Isso é um preconceito, até porque não tem como viver de subsídio. Nós temos mesmo de trabalhar, até porque você não vê portugueses querendo ir trabalhar na pera, ou na uva, ou nos armazéns. Os estrangeiros pegam esses trabalhos rejeitados pelos portugueses”. Falando de política, Célia Pessanha confessa: “Aliás adoraria me integrar num partido político cá porque adoro política e estou disponível (risos). Durante 16 anos tive cargos de nomeação política muito bem remunerados, porque todos os prefeitos e vereadores que apoiei, todos eles ganharam as eleições.” Sobre Azambuja é da opinião de que “há que atuar rapidamente no centro de saúde porque o que se está passando é vergonhoso e está muito pior do que quando cheguei aqui”. “As próprias funcionárias não têm preparo para atender, assisto ao destrato delas para com as pessoas. Quem sabe se pode fazer contrato com médicos residentes, que estão iniciando a carreira, que foi o que fiz no Brasil enquanto gestora da saúde. Fui buscar nas faculdades. Montem um teleatendimento para as pessoas não irem para a fila de madrugada. O cidadão aqui paga muito imposto e não se admite Ficaristo”. em Portugal é um objetivo, mas “não será fácil com a minha idade ter 15 anos de descontos continuando a fazer trabalho físico como aquele que tenho praticado desde o tempo todo que estou aqui. Teria de encontrar algo mais calmo, se conseguir gostaria de ficar até ao fim dos meus dias”.

17Valor Localjornalvalorlocal.com DestaqueAgosto 2022 sos que tirei no Brasil tinha de passar um ano estudando e parar de trabalhar. Enquanto cá estiver em Portugal tenho de me conformar com a realidade até que alguém me dê uma oportunidade, e pelo que percebo há muitas pessoas portuguesas com formação em Serviço Social, o que torna tudo ainda mais inacessível”. Ao fim de quatro anos, e mesmo tendo descido no elevador social, Célia Pessanha não tem dúvidas de que compensou vir para Portugal. “Hoje eu vejo que valeu a pena pela minha filha, porque ela amadureceu, tem um trabalho fixo, conseguiu carro”. Pese embora a filha ter deixado para trás o seu curso de Biomedicina no Brasil. “Infelizmente não tem como continuar aqui porque ela trabalha por turnos, e não temos condições financeiras para prosseguir os estuHojedos”.

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Também Angola vive um momento político decisivo. As eleições ditaram novamente a vitória do MPLA e do presidente que está no poder, João Lourenço, apesar das acusações de fraude eleitoral por parte do seu opositor, Adalberto Costa Júnior, da Unita. Após a contagem de votos, o MPLA venceu com 51,17 por cento contra 43,95 por cento da Unita, ainda assim o melhor resultado de sempre alcançado. Carmelino Cassessa é um jovem imigrante que reside no Carregado com um olhar atento a estas eleições, e na sua opinião a Unita tem razão e terá havido fraude. Veio para Portugal em 2001 com 16 anos. Tem 37 anos e diz que já se considera em parte mais português do que angolano. A mãe necessitava à época de cuidados médicos que Angola não tinha condições para dar e veio como acompanhante. A mãe regressou, mas Carmelino ficou a viver na casa de uns tios na Póvoa de Santa Iria. O país ainda estava em guerra e teria perspetivas de conseguir uma melhor educação em Portugal do que em Angola. Em Angola a vida não foi fácil. A sua família tinha ligações políticas fortes o que causou alguma instabilidade, principalmente porque o país estava em guerra. Prefere não se lembrar de alguns acontecimentos, dado que o pai era dirigente de um partido da oposição ao MPLA, e a turbulência que isso lhe foi causando no seu percurso enquanto criança e jovem. Em Portugal o seu percurso de vida foi muito mais tranquilo com uma integração na escola que intitula de muito boa. A ideia que tinha de Portugal e que na generalidade os angolanos possuem do nosso país “é de que é um país bom para se viver, onde se vem às compras, quem consegue claro, adquirir bens que lá não existem, onde a discriminação que possa existir nem se compara com a que se vive nos Estados Unidos por Tirouexemplo”.ocurso superior de Audiovisual e Multimédia. Regressou a Angola, trabalhou na área numa empresa privada, a ZAP, de Isabel dos Santos, mas durante pouco tempo. Ainda esteve no Brasil, mas depois regressou de novo a Portugal, onde construiu a sua família e tem uma filha. Trabalha atualmente em programação inforSobremática.o seu país espera que consiga encontrar-se e evoluir. José Eduardo dos Santos, que governou Angola durante décadas, e que morreu recentemente foi uma figura, na sua opinião, “muito controversa”. “Teve coisas boas como manter a estabilidade no país depois do fim da guerra, pelo menos era alguém que tentava encontrar mais consensos e procurava mais o diálogo do que a pessoa que hoje está no poder. Isso está claro para os angolanos.” Atualmente assiste-se a uma “falta de transparência das instituições angolanas, que são controladas e manipuladas pelo partido que está no poNoder”.fim de contas, e passados todos estes anos faz um “balanço mais do que positivo em Portugal”. “É um país que sabe integrar, onde me fiz homem, e já vivo cá há mais tempo do que aquele que vivi em Angola”. No Carregado reside desde 2018. Antes estava em Odivelas, e neste aspeto considera que o Carregado é um centro urbano onde “as crianças ainda podem brincar, e é mais calmo do que as cidades mais próximas de Lisboa”. Na sua opinião “assiste-se a uma cooperação muito grande entre os imigrantes e também com alguns portugueses. Vive-se uma atmosfera familiar no Carregado”. Carmelino conta que as comunidades imigrantes vão convivendo entre si e não estamos a falar apenas das que possuem a mesma língua. “A dinâmica entre as nacionalidades é muito boa”. Pela negativa, refere o consumo de drogas leves por parte da juventude em locais públicos do Carregado, “mas sem que as autoridades façam muito caso”. No seu entender muitas vezes “a GNR passa pela Barrada demasiado armada, quando nem sequer estão a acontecer conflitos, pelo que ainda subsiste preconceito contra os imigrantes”. Mesmo por parte de alguns protagonistas políticos entende que a atitude podia ser outra. “Houve um candidato nas eleições que queria pôr aqui uma esquadra, como se houvesse na Barrada grandes problemáticas. Penso que por parte do poder político que está na Câmara poderia dar mais ao Carregado em comparação com Alenquer, investir mais aqui, criar mais serviços e estar mais presente.”

Carmelino Cassessa fala numa integração que correu bem a todos os níveis em Portugal

Um dos grandes pontos positivos desta zona do concelho de Alenquer prende-se com o facto de ser fácil conseguir trabalho, mas por outro lado vai crescendo o monstro da especulação imobiliária, e aliada a isto “a circunstância de estar a aumentar a discriminação contra os brasileiros, porque as pessoas têm relutância em alugar casas a pessoas desse país.” “Não noto isso em relação a outras nacionalidades em comparação com a brasileira. Penso que no caso das comunidades africanas essa assimilação já se dá naturalmente. No geral também vejo que qualquer imigrante que chegue tem dificuldade em alugar uma casa, mas olhe vamos nos desenrascando, aprendemos esse espírito com os portugueses”, graceja. O surgimento da Associação Multicultural para um Carregado Mais Empreendedor e Inclusivo (AMCEI) na sua opinião tem tido um papel fundamental na integração dos imigrantes. Dispõe de um espaço na Barrada “que é a casa de Atodos”.6237 quilómetros de distância de Angola vê o seu país como tendo o futuro em suspenso “já há muito tempo”. “No meu ponto de vista o governo angolano está a ser pior para os seus concidadãos do que José Eduardo dos Santos, ou mesmo Portugal no tempo do colonialismo. As instituições e a comunicação social que deveriam ser o fiel da balança estão nas mãos do MPLA”.

18 Valor Local jornalvalorlocal.comDestaque Agosto 2022

PUB Carmelino destaca o papel da AMCEI na integração dos imigrantes no Carregado Carmelino já está há mais tempo em Portugal do que aquele que passou em Angola

19Valor Localjornalvalorlocal.com PublicidadeAgosto 2022 PUBPUBPUB

Em Portugal o ensino especial não desiludiu este imigrante que refere que a filha é muito bem acompanhada em todas as vertentes desde a terapia da fala, passando pelo apoio psicológico, cerca de duas a três vezes por semana em Alenquer, “o que é mesmo super e ainda para mais de forma gratuita”. A adaptação a Portugal “não foi má, e aqui sentimo-nos em casa porque a língua é a mesma”. Nem sempre é fácil “porque a terra não é nossa e temos de fazer um esforço para percebermos a cultura e o modo de vida”. Assis tem três filhos e a integração das crianças em Portugal “também está a correr muito bem”.

Assis conseguiu aulas de ensino especial para a filha de forma gratuita… algo impensável em Angola

20 Valor Local jornalvalorlocal.comDestaque Agosto 2022

Quanto a encontrar casa, considera que no início houve algum preconceito por parte de um senhorio em Alenquer no aluguer de uma casa, mas logo de seguida conseguiu um apartamento no Carregado ainda por um preço acessível –375 euros. Atualmente e para o mesmo tipo de imóvel “estão a pedir 600 ou 700 euros”. Assis está a trabalhar na logística como manobrador de máquinas, sendo que a esposa também se encontra a trabalhar num armazém. Tal como os outros imigrantes ouvidos nesta reportagem não tem dúvidas de que nesta zona do país “há emprego e quem tiver disponibilidade é possível que encontre algo para fazer na vida.” Na sua opinião o mercado de emprego em Portugal é aliciante porque “lá em Angola temos a ideia de que só se consegue emprego aqui nas obras, nas limpezas, ou na restauração, mas a minha convicção é que se as pessoas tiverem habilitações e forem atrás do que querem conseguem um emprego melhor”. No seu caso tem um curso médio em computação e o objetivo é ir estudar para tirar uma licenciatura com vista a outras oportunidades na área da informática. Faz um balanço positivo da sua estadia em Portugal e será para continuar. E deixa um conselho para quem quer vir – “É importante as pessoas aproveitarem para fazer formações em certas áreas aqui em Portugal se quiserem melhores oportunidades, como no meu caso em que fiz uma formação para conduzir máquinas”. Sobre o Chega e o seu discurso político contra os imigrantes deduz –“Eu vejo muita gente que não quer trabalhar, mas a maioria até nem é imigrante. Essa ideia de que os estrangeiros querem estar na boa vida não é bem assim. Há portugueses e imigrantes que não querem fazer nada, mas não podemos Quantogeneralizar”.aotemadas eleições em Angola, respira fundo quando lhe perguntamos por este tema, e mostra um ar de desalento, já que na sua opinião o sistema político angolano “está mais do que corrompido”. Não votou, mas se tivesse votado, teria sido na Unita, cujo candidato “ainda mostrou alguma coisa na campanha eleitoral”. “Não havia garantias de que o Adalberto pudesse ser melhor do que os outros, mas tínhamos esperança. O João Lourenço é da mesma escola do José Eduardo dos Santos. É tudo farinha do mesmo saco, embora haja muitos descontentes do MPLA, mas que não dão a cara. O nosso país tem tantas riquezas para explorar e podia ser muito melhor”. Contudo “e infelizmente o angolano não sabe cobrar do Governo as suas obrigações, conforma-se com o que existe”. Já quanto ao comportamento das filhas de José Eduardo Santos “é preciso ter muita lata para andarem agora a reclamar como reclamam depois de 30 anos a viver do bom e do melhor só porque eram filhas do presidente de Angola. É incompreensível”.

PUB Assis encontrou em Portugal as condições ideiais para criar a filha com necessidades especiais No seu entender Angola vive num limbo há muitos anos

Assis José Assis, assim se chama este angolano que veio em 2018 para Portugal. Tem 41 anos. Questões de saúde da filha e a necessidade de um acompanhamento personalizado a nível da sua Educação através do ensino especial fizeram-no emigrar. “A saúde em Angola é muito precária, e como ela nasceu prematura tem problemas de assimilação ao nível cognitivo. Para pagar esse tipo de acompanhamento tem de se ter um bolso cheio em Angola. O meu ordenado lá como assistente de recursos humanos de uma empresa petrolífera não chegava, e mesmo assim a minha empresa ajudou a pagar muitas das despesas”. A fraca evolução do estado da filha em Angola “foi um choque” e então a família decidiu vir para Portugal em busca de outras condições de vida que lhe permitisse ajudar a filha, mas sem custos astronómicos como aqueles que são praticados em Angola. Assis conta que em Angola a família pertenceria à classe média alta, mas “mesmo em Angola quem tem dinheiro não vive bem”. “Infelizmente o meu país não está no patamar que gostaríamos. Basta dizer que não dá para bebermos água da torneira em lado nenhum do país. Temos de comprar cisternas para encher os tanques ou arriscamonos a apanhar malária e diarreias. Ainda vivemos no terceiro mundo”.

A APDA efetuou contribuições privilegiando os seguintes objetivos, considerados estruturais:

Nesta matéria a AR foi pioneira unindo sete concelhos com realidades diferentes numa entidade gestora com um tarifário único que permite a um munícipe do Porto Alto, no concelho de Benavente, pagar o mesmo tarifário que quem vive em Fungalvaz, no concelho de Torres Novas. Juntos, continuaremos a construir o Futuro! * Presidente do Conselho de Administração da AR - Águas do Ribatejo, E.I.M., S.A. * Presidente da Mesa da Assembleia Geral da APDA

c) Reforço do quadro legal e da intervenção institucional e regulatória para atingir esses objetivos; d) Reabilitação das ETAR para otimização do aproveitamento das lamas e de todo o potencial transformando um custo num produto de valor acrescentado e aproveitamento das águas descarregadas para regas, limpezas, combate aos fogos;e)Afetação dos meios financeiros disponíveis (tarifas, taxas, financiamentos comunitários ou nacionais) na cobertura de gastos; A AR acompanha a APDA na necessidade da definição de prioridades tendo em conta a especificidade de cada entidade gestora, dada a grande heterogeneidade do setor, e a escassez dos recursos que contrasta com o plano de necessidades a suprir com carácter de urgência.

Os valores preconizados para a construção de condutas e coletores nos vários ambientes (predominantemente urbanos medianamente urbanos e predominantemente rurais) estão completamente desajustadas dos valores de mercado de construção civil dos últimos anos, que hoje vive uma nova inflação provocada pela escassez de mão-de-obra e matérias-primas, e pela crise de transportes e energia que atravessaAmos.AR congratula-se com a qualidade do projeto de PENSAARP 2030. Trata-se de um valioso instrumento que pela sua amplitude e a sua profundidade será decisivo para o necessário equilíbrio e sustentabilidade do setor em Portugal. Esta é uma missão de todos os atores do setor da água onde as palavras-chave são: Visão, Coesão e Sustentabilidade com a imprescindível solidariedade entre entidades gestoras e Municípios.

A nível internacional, a Águas do Ribatejo (AR) é uma das três entidades nacionais envolvidas no projeto “AQUIFER - Instrumentos inovadores para a gestão integrada de águas subterrâneas”, que junta o Instituto Superior de Agronomia e a Parceria Portuguesa para a Água num contexto de escassez crescente de recursos híOdricos.percurso da AR e o conhecimento adquirido na partilha de informação diz-nos que a sustentabilidade económico-financeira, ambiental e social das entidades é fundamental para uma gestão segura e eficiente do recurso água. A eficiência hídrica em conexão com a eficiência energética e a redução e valorização dos resíduos são pilares de uma estratégia amplamente debatida.

1º A AGIF tem por missão o planeamento e a coordenação estratégica e avaliação do Sistema de Gestão Integrada de Fogos Rurais (...) da avaliação de operações e da intervenção qualificada em eventos de elevado risco, com o objetivo de contribuir para aumentar o nível de proteção das pessoas e bens e de resiliência do território face a incêndios rurais e diminuindo o seu impacto nos ecossistemas e no desenvolvimento económico e social do País.

3º Em 2019, ano baseline, a despesa anual do Sistema de Gestão Integrada de Fogos Rurais cifrouse em 264M€, valor que com o Plano Nacional de Ação (PNA da AGIF) teve um aumento previsto de despesa (pública e privada) de 383M€/ano, passando para um valor anual de 647M€. Este valor representa, nos 11 anos do programa (2019 - 2030), um total de 7.122 M (in PNA AGIF 20-30). Ora este último ponto é fundamental e a questão principal desta reflexão: ora se o plano está a falhar, e é por isso que temos incêndios violentos, e tomando de partido que o papel da AGIF é integrador dos 3 pilares (prevenção, vigilância e resposta) pergunto: Faz sentido que seja a AGIF a investigar as causas dos grandes incêndios quando ela própria tem Nãoresponsabilidades?existeumobservatório técnico independente? Com todas as competências? Com membros técnicos, científicos e até ficoàscomNãoqueFazÉdeos/20200123-OTI-V2.mp4https://app.parlamento.pt/prog.../vi-políticos?porserindependente?sentidooutravezdescobriraterraéredonda?seisevouconseguirdormirtantarespostadifícildeobterinterioresquestões.Noentantomaissatisfeitoporperceber que no meio do fumo, das cinzas e da chama ainda ativa a AGIF afinal ainda Seguerespira.daquimais um abraço a todos os que trazem a roupa, as botas, os pulmões e alma cheios de cinza, com os olhos cravados de marcas de poucas horas dormidas. * Comandante

21Valor Localjornalvalorlocal.com OpiniãoAgosto 2022

Refletir sobre os grande incêndios

2º Com base na missão anterior, consolidada em lei orgânica do instituto AGIF, desde de 2018-0216, data da sua publicação, que a AGIF tem feito o que seria a salvação da pátria e da nação, segundo vozes e letras que foram escritas, utilizando dinheiros públicos. Diria até que após 2017, e os anos de acalmia, foram tirados muitos créditos públicos que apontavam para resultados incríveis que só podiam ter sido obtidos graças à sua criação. Quem não gostou muito desta associação foi o São Pedro, santo responsável pela meteorologia geral, ah e também a História (aliada à estatística), aquela que nos conta que as vagas de incêndios mais violentos são cíclicos, acontecem sempre de x em x anos. A psicologia deverá também ter uma palavra a dizer, uma vez que após 2017 a memória das pessoas moldou os seus comportamentos, o seu intuito de autoproteção e resiliência, algo que iria acontecer desde que criaram o provérbio: casa roubada trancas à porta.

dos Bombeiros de Azambuja Ricardo Correia* Ficha técnica: Valor Local jornal de informação regional Propriedade e editor: Propriedade: Metáforas e Parábolas Lda – Comunicação Social e Publicidade • Gestão da empresa com 100 por cento de capital: Sílvia Alexandra Nunes Agostinho • NIPC 514 207 426 Sede, Sede do Editor, Redação e Administração: Rua Engenheiro Moniz da Maia, Centro Comercial Atrium , nº 68 Loja 17 2050-356 Azambuja Telefones: 263 048 895 • 263 106 981 • 96 197 13 23 • 93 561 23 38 Correio eletrónico: valorlocal@valorlocal.pt; comercial@valorlocal.pt Site: www.valorlocal.pt Diretor: Miguel António Rodrigues • CP 2273A • miguelrodrigues@valorlocal.pt Redação: Miguel António Rodrigues • CP 2273 A • miguelrodrigues@valorlocal.pt • 961 97 13 23 • Sílvia Agostinho • CP 6524 A • silvia-agostinho@valorlocal.pt • 934 09 67 83 Multimédia e projetos especiais: Nuno Filipe Vicente • Nuno Barrocas • multimédia@valorlocal.pt Colunistas: João Santos • Mário Frota • Lélio Lourenço • Rui Alves Veloso Paginação, Grafismo e Montagem: Milton Almeida • paginacao@valorlocal.pt Cartoons: Adão Conde Diretor Financeiro: Luís Plarigo Departamento comercial: Rui Ramos • comercial@valorlocal.pt Serviços Administrativos: Metaforas e Parabolas Lda - Comunicação Social e Publicidade N.º de Registo ERC: 126362 Depósito legal: 359672/13 Impressão: Gráfica do Minho, Rua Cidade do Porto –Complexo Industrial Grunding, bloco 5, fracção D, 4710-306 Braga Tiragem média: 8000 exemplares Estatuto Editorial encontra-se disponível na página da internet www.valorlocal.pt

Francisco Silvestre de Oliveira*

b) Redução das perdas de água com reabilitação das redes, implementação de zonas de medição e controlo, combate ao uso fraudulento da água, substituição de contadores e reforço da sensibilização para o uso eficiente da água;

Portugal em chamas !!

a) recuperação de gastos e redução das assimetrias entre entidades modernizadas e sustentáveis e entidades com tarifários inadequados, sem recuperação de gastos e menores níveis de qualidade de serviços;

Em reflexão o tema: “Grandes incêndios serão investigados pela Comissão Nacional para a Gestão Integrada de Fogos RuNãorais” sei se será o fumo que ainda trago na cabeça, dos efeitos adversos das partículas várias nos pulmões ou dos gases provenientes da queima de várias substâncias diferentes que ainda me circulam no sangue, provenientes da pirólise do material dos incêndios rurais mas... pensemos juntos para ver se faz sentido:

Odrama dos incêndios florestais não deixa de nos atormentar, ano após ano. As tragédias do costume, com as chamas a invadir tudo e a destruir bens e vidas inteiras de trabalho, as pessoas desesperadas num cenário de horror que as televisões mostram à exaustão. E o Estado, cuja principal função deveria ser precisamente a salvaguarda de pessoas e bens aparece aos olhos dos cidadãos, perfeitamente atarantado, literalmente de calças na mão, e sem saber o que fazer. Ano após ano, tragédia após tragédia, falamse em grandes planos, estudos e mais estudos, fala-se em ordenar a floresta, no cadastro, no agora é que vai ser. Foi assim sempre nos últimos anos na sequência dos fogos florestais. Depois dos incêndios de Pedrogão o governo, na altura, prometeu a maior reforma da floresta desde o Rei D. Dinis. Claro que o ministro já não é ministro e o País continua a arder como nunca. Nos últimos anos o bode expiatório foram os eucaliptos, mas neste ano com o imenso desastre da Serra da Estrela a narrativa teve de ser retificada; agora são as ondas de calor e as alterações climáticas e os proprietários que são irresponsáveis e não procedem às limpezas das matas e campos abandonados. Não se fala em falta de meios para não ofuscar a estratégia governamental, mas não escapa á evidencia a desorientação generalizada do governo. A secretária de Estado que diz no meio dum desastre desta dimensão que apenas ardeu 70% daquilo que o algoritmo previa é do domínio da insanidade e revela uma enorme desumanidade e desrespeito pelas pessoas que perderam tudo: casas e armazéns, máquinas e alfaias agrícolas, animais, vinhas, hortas e pomares. Como se com-

A AR - Águas do Ribatejo, E.I.M., S.A., entidade responsável pelo abastecimento de água e saneamento nos concelhos de Almeirim, Alpiarça, Benavente, Chamusca, Coruche, Salvaterra de Magos e Torres Novas tem tido uma participação ativa nas reflexões e debates sobre o plano, seja internamente ou fora de portas. Desde logo com a presença de técnicos e dirigentes da AR nas comissões especializadas da Associação Portuguesa de Distribuição e Drenagem de Águas APDA, instituição que representa a maioria das entidades gestoras portuguesas e onde tenho a honra de ser Presidente da Mesa da Assembleia Geral.

Lélio Lourenço

OPlano Estratégico para o Abastecimento de Água e Gestão de Águas Residuais e Pluviais 2030 (PENSAARP 2030) é o instrumento orientador das políticas para o ciclo urbano da água nesta década, mas é também um foco orientado para o futuro a longo prazo. É imprescindível alterar o modelo de gestão dos recursos naturais, desde logo a água, pela sua importância e finitude.

preende que ardam milhares de hectares na Serra da Estrela e se faça um balanço positivo, com a ministra da presidência a falar em recuperar a Serra dizendo que vai ficar melhor do que estava antes. Num Pais que se indigna quando uma qualquer autarquia pretende arrancar meia dúzia de arvores numa praça para fazer uma intervenção na zona urbana e não se interroga como foi possível perder milhares de hectares de uma área protegida, com ecossistemas únicos. São precisas medidas ativas e efetivas de defesa de prevenção da floresta contra os fogos florestais, por parte dos diferentes ministérios, nomeadamente ambiente e Numagricultura.paísque impõe aos municípios planos diretores castradores do desenvolvimento e impede o crescimento urbano de freguesias rurais, para salvaguarda e proteção das reservas agrícolas e ecológica. Como é possível que não se faça nada para travar este flagelo que provoca cada vez mais fenómenos de desertificação do interior, um maior abandono das atividades agrícolas, silvícolas e pecuárias e no limite significa o abandono duma parte significativa do Umaterritório.palavra de apreço para os bombeiros portugueses que uma vez mais são chamados a combater os fogos e que num contexto de seca severa como temos este ano ainda torna mais difícil o trabalho dos soldados da Paz. Bem hajam!!

Pensar a água com visão e compromisso

A presidente da junta da Póvoa - Forte no concelho de Vila Franca de Xira garante que se a questão da desagregação da união de freguesias for abordada em sede de assembleia da freguesia, o assunto será tratado como previsto na lei 39/2021. No entanto, em entrevista à Rádio Valor Local, Ana Cristina Pereira salienta que o assunto ainda não chegou de forma oficial à assembleia de freguesia, local, onde, caso venha a ser discutido o assunto, será formada uma comissão para dar seguimento ao Amesmo.autarca considera para já extemporânea a questão, uma vez que salienta que as duas freguesias juntas, ganharam “economia de escala”, nomeadamente no que toca aos recursos humanos e materiais que eram díspares entre a antiga junta do Forte da Casa e a da Póvoa de Santa AnaIria. Cristina Pereira vinca que antes da agregação “o Forte da Casa tinha um quadro de pessoal diminuto, não possuía técnicos superiores, com serviços que tinham de ser externalizados, que não se conseguiam resolver internamente”.

Paulo Afonso diz que é possível fazer mais pois “queremos ir mais longe e ter um território onde as pessoas e as famílias estejam satisfeitas, participativas e mais exigentes”. O recandidato à liderança do PS local, assume ser importante dar também mais condições às empresas para que estas tenham melhores condições para prosseguir os seus fins.

Em Alenquer, João Nicolau lidera lista ao PS e Pedro Afonso diz ter unido o PSD Em Alenquer e até ao fecho da nossa edição, João Nicolau atual presidente da concelhia e deputado na Assembleia da República, era o único proponente de uma lista à concelhia local. Ouvido pelo Valor Local, o candidato assumiu a sua candidatura, e referenciou que está preparado para a apresentação oficial, desconhecendo se existem outras lisAotas.nosso jornal, João Nicolau salienta que quer consolidar o trabalho que tem vindo a fazer no PS de Alenquer “através do reforço dos militantes” e do apoio ao executivo socialista liderado por Pedro Folgado no seu último mandaOto.deputado refere que tem acompanhado o trabalho do executivo e que o seu papel e da sua concelhia é de “apoio às políticas desenvolvidas pela Câmara em prol do pelo desenvolvimento do concePedrolho”.

22 Valor Local jornalvalorlocal.comPolítica Agosto 2022 PS e PSD- O que mudou nas concelhias um ano após as eleições autárquicas

Rui Rei diz que é urgente que “Alverca do Ribatejo se afirme como o motor económico do concelho, a capital da aeronáutica de Portugal”, e o sul do concelho composto por Póvoa de Santa Iria, Forte da Casa e Vialonga como “uma nova centralidade na proximidade a Lisboa”. Já no que toca à habitação, comércio e serviços, Rui Rei, entende que “têm que ser valorizados e apoiados em todo o concelho”.

Pedro Afonso que retirou a confiança política a Nuno Miguel Henriques, único vereador eleito pelas listas do PSD na Câmara de Alenquer, revela que não se revê nas posições políticas do vereador, salientando que as mesmas não veiculam o PSD local. Ainda assim, o presidente da concelhia diz ter o partido unido e que tem tido apoio dos militantes em torno do projeto.

O que é certo é que a localidade do Forte da Casa só foi elevada à categoria de freguesia em 1985, corria à época o mandato da CDU no concelho de Vila Franca de Xira, liderado por Daniel Branco, que tinha iniciado funções em 1979. Essa elevação é um dos argumentos em termos históricos para uns apelarem à desagregação e à autonomia, e por outros, nomeadamente o PS, para chamar a atenção para a história da localidade que nem sempre foi autónoma em termos administrativos.

E com os olhos postos nas autárquicas de 2025, Rui Rei também ele comentador da Rádio Valor Local foi eleito no passado dia 8 de agosto para mais um mandato à frente do PSD local. Ao nosso jornal, Rui Rei que encabeçou a lista do PSD à Assembleia Municipal nas últimas autárquicas diz que “o objetivo, neste momento, continua a ser o da afirmação de um projeto político diferente para o concelho de Vila Franca corporizado na ´Nova GePararação´.”oautarca “a cidade de Vila Franca de Xira tem de crescer, regenerar e fixar os filhos da terra”.

A autarca revela que tem alguns serviços descentralizados entre o Forte da Casa e a Póvoa, servindo assim as populações das duas localidades, mantendo “os dois edifícios abertos para um melhor atendimento à populaAnação”.Cristina Pereira considera, por isso, que na sua opinião não faz sentido falar de desagregação, e recorda a história das duas localidades, outrora freguesias autónomas, na utilização de recursos como a estação, as piscinas e até as escolas, “pois quando não havia algo numa localidade, havia na outra”.

O antigo presidente da Câmara de Azambuja e velho dinossauro da política regional, Luís de Sousa, lidera para já aquela que parece ser a lista única candidata ao principal órgão dos socialistas. Afastado desde as autárquicas de 2021, faz passado um ano a sua rentrée no espetro político azamAobujense.Valor Local, Luís de Sousa, que tem estado em papel de “observador” diz ter aceitado o desafio dado que essa foi uma das questões já levantadas nas últimas reuniões do PS. O antigo presidente da Câmara de Azambuja, vincou que tem estado disponível para o partido e sublinha “o bom trabalho” que o atual executivo tem feito. Para o antigo presidente de Câmara, “este executivo está a dar continuidade ao trabalho que tínhamos levado a cabo nos últimos oito anos”. No PSD de Azambuja, Rui Corça vai continuar na liderança da concelhia. O também vereador socialdemocrata liderou uma lista única àquele órgão do PSD. Ao Valor Local, esclarece que “este novo mandato é para o PSD de Azambuja uma altura de transição e preparação” e realça: “Nos próximos dois anos vamos trabalhar para consolidar a posição de única alternativa viável ao poder gasto e cansado do PS que nada traz de novo ao concelho”. Para Rui Corça nas últimas eleições autárquicas “o PSD conseguiu um número recorde de eleitos, muitos são jovens e neles depositamos a esperança no futuro”. O vereador diz quer planear esse futuro, e por isso aposta no apoio, para um bom desempenho, destes novos elementos para que “a próxima comissão política da secção possa a um ano das próximas eleições autárquicas estar na vanguarda da linha de partida e finalmente conquistar a Câmara de Azambuja”.

Presidente da Junta Póvoa-Forte acredita que não há razões para avançar com desagregação das freguesias

Afonso, o atual líder do PSD local, eleito no final do ano passado é critico da gestão do PS, e refere “que neste primeiro ano temos a revelação da falta de planeamento que houve noutros anos”, salientando que o município para não perder o acesso aos fundos comunitários, “teve de concretizar de uma só vez todas as obras que decorrem na vila neste momento ao mesmo tempo”, salientando o impacto que isso tem na vida dos alenquerenses.

Autarca evidencia ganhos em termos de economia de escala nas duas freguesias Miguel António Rodrigues

O também deputado municipal fala igualmente na contribuição do PS local para a vitória nas legislativas e nas europeias, e disse ter avançado depois de ponderado com a família. As eleições para as concelhias marcadas pelos órgãos nacionais são também para as concelhias das mulheres socialistas. O Valor Local sabe que em Vila Franca pode existir a candidatura de Ana Carla Costa, no entanto, não conseguimos confirmar este nome até ao fecho da edição.

Luís de Sousa lidera lista única ao PS de Azambuja

OPartido Socialista vai eleger os órgãos das comissões políticas concelhias no dia sete de setembro. Paulo Afonso será recandidato ao lugar de presidente da concelhia socialista de Vila Franca de Xira. O comentador da Rádio Valor Local é para já o único concorrente para mas mais um mandato. Numa mensagem enviada aos militantes, Paulo Afonso lembra que o PS venceu na Câmara, Assembleia Municipal, e em todas as juntas de freguesia do concelho nas últimas eleições.

Ainda assim há itens obrigatórios para a desagregação das freguesias, como a existência de instalações desportivas e comunitárias, cemitério, bem como o próprio número de população, sendo que por alto, o Forte da Casa não terá para já condições, apurou o Valor Local, para a deNosagregação.entantoa localidade do Forte da Casa, conta com cerca 12 mil habitantes, e tem vindo a perder alguns recursos, nomeadamente agências bancárias. Durante a pandemia, ainda em 2021, antes das eleições, os partidos políticos e a população juntaram-se para evitar a saída do balcão do Montepio, que era o último banco na localidade. A união não deu frutos e o balcão acabaria mesmo por sair, deixando os clientes sem alternativa e levando-os a deslocações à Póvoa ou Alverca. Ana Cristina Pereira lamenta a decisão destes bancos, e refere ao Valor Local, que estas agências têm apostado cada vez mais no digital, vincando que nem todas as camadas da população conseguem ter acesso, por exemplo, a uma caixa multibanco ou mesmo ao homebanking.

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Ou seja, à data de início da reunião, o senhor presidente nem previsão tinha sobre para quando ocorreria a mesma, o que denota que o seu contacto com o LNEC teria, provavelmente, horas”, refere o “Istocomunicado.sóprovaque o Sr. Presidente, à boleia da proposta do Chega que teve conhecimento no dia do envio para o seu gabinete (dia 17/08), decidiu antecipar-se e tornar a proposta do Chega um mero proforma. É assim que o partido socialista, perante uma solução muito bem estruturada e pensada que não sua, decide fazer política.”

anos e uma candidatura aos fundos estruturais”, referiu a vereadoOra.presidente da Câmara, Carlos Coutinho, lembrou que com as alterações climáticas há mais condições para a proliferação daquela espécie, “não obstante algumas intervenções pontuais”. Cada espécie reproduz-se cerca de 70 vezes por mês. Segundo o autarca a candidatura ultrapassa os três milhões de euros por mês para reparação das galerias ripícolas, podas de árvores e criação de condições para que o rio possa ter navegabilidade ao longo dos 50 quilómetros do troço em Recentementecausa.deu-se a abordagem de uma empresa interessada em aproveitar aquela vegetação para produção de fertilizantes, “contudo isso apenas contribuiria para a manutenção e possível multiplicação do problema”. O autarca espera que sejam disponibilizados os meios financeiros, sendo que existe uma equipa no terreno composta por técnicos dos municípios, meio académico, Agência Portuguesa do Ambiente e ICNF.

O plano de ação apresentado pela Cimpor prevê, também, “a instalação de uma rede de sismógrafos na vizinhança da pedreira de forma a monitorizar em permanência as vibrações, sendo os resultados enviados diretamente para os serviços camarários sem qualquer intervenção da Cimpor.”

Jacinto de água uma praga sem fim no rio Sorraia Presidente da autarquia intenta ação popular junto do Tribunal Administrativo do Círculo de Lisboa

Presidente da Câmara de Vila Franca mete Cimpor em tribunal

Ficou ainda decidido que será a Câmara a contratar os serviços com vista ao relatório “e não a empresa como o senhor presidente queria”, de forma que sejam “cumpridos os critérios de isenção”, remata o Chega. Cimporplanodesenvolvedeação Já a Cimpor em comunicado e depois das movimentações da Câmara de Vila Franca de Xira para levar a empresa à justiça, refere que está a desenvolver um plano de ação para avaliar os efeitos decorrentes da atividade da Pedreira do Bom Jesus, que incluirá a elaboração de um estudo de impacte e a implementação de uma rede de sismógrafos. O mesmo comunicado refere que o Presidente da Cimpor reuniu-se, por sua iniciativa, no passado dia 23 de Agosto, com o presidente da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, Fernando Paulo Ferreira, com o propósito de apresentar um plano de ação que identifique, de forma independente, a origem dos danos reportados pela população de DizÀ-dos-Melros.aCimporque a exploração da pedreira do Bom Jesus “cumpre de forma inequívoca os parâmetros legais definidos pela legislação aplicável, assim como os decorrentes da sua licença de ativi“Adade”.Cimpor mede, de modo sistemático, as vibrações decorrentes dos desmontes que são realizados na pedreira, não tendo em nenhum momento sido ultrapassados os limites estipulados para este tipo de atividade. “ Tendo em conta o mal-estar da população, o plano de ação apresentado à Câmara Municipal de Vila Franca de Xira contempla “a realização de um estudo por parte de uma entidade independente de reconhecida credibilidade técnica (Laboratório Nacional de Engenharia Civil) para avaliar os efeitos decorrentes da atividade da Pedreira do Bom Jesus.”

Os incómodos gerados pela laboração da pedreira da Cimpor em A- dos-Melros, localidade na freguesia de Alverca/Sobralinho, motivaram por parte do município uma ação em tribunal. Fernando Paulo Ferreira, presidente da autarquia, anunciou a novidade na reunião de Câmara desta quarAta-feira.Pedreira do Bom Jesus (propriedade da empresa Cimpor – Indústria de Cimentos, SA) tem vindo a causar incómodos à comunidade, que alega danos nos imóveis habitacionais e espaço público, prejudicando, consequentemente, a qualidade de vida dos moradores daquela localidade. O presidente da Câmara instruiu os serviços jurídicos para “prepararem uma ação popular administrativa a intentar no Tribunal Administrativo de Círculo de Lisboa, no âmbito da Lei de Ação Popular, com o objetivo de garantir uma faixa alargada de proteção entre a área de laboração da pedreira da Cimpor e a localidade de À-dosMelros, que garanta segurança das habitações e o direito dos moradores à tranquilidade e ao sosInformousego”. ainda que vai reunir-se com o Laboratório Nacional de Engenharia Civil N para programar a instalação de uma rede de medidores fora da área da pedreira (para monitorizar vibrações) e estruturação da consequente análise do nexo de causalidade de danos verificados, bem como reunir com a população, para que esta se constitua testemunha no processo a intentar e arrole elementos de prova que suportem a ação. Na mesma reunião consensualizou-se com todas as forças políticas representadas na Câmara Municipal (PS, CDU, Coligação Nova Geração e Chega) tomadas de posição por unanimidade, sobre as diversas medidas em curso e a possibilidade de apresentar às entidades da administração central com competência na matéria o aumento das faixas de proteção no âmbito do processo em curso de revisão do “JuntamentePDM.com estas ações continuarão as abordagens com a empresa no sentido de que – voluntariamente – recue a área de exploração da pedreira, aumentando a largura da faixa de defesa relativamente às edificações existentes em À-dos-Melros”, conclui em nota de imprensa o município. Chega reclama paternidade da medida O partido Chega fez chegar às redações um comunicado em que acusa o presidente da Câmara de ter copiado a medida que aquela força política fez chegar junto da autarquia. No dia 17 de agosto, o partido enviou uma proposta à Câmara para que avaliasse entre outras situações o estado “dos muros fissurados” adjacentes às passagens pedonais com a elaboração do respetivo relatório para conhecimento da população. Exigia ainda que o LNEC fosse contactado para avaliar a localidade de A-dosMelros a fim de elaborar também um relatório sobre o estado de coisas, e envolver os bombeiros e proteção civil a fim de serem delimitadas zonas que sejam críticas e sujeitas a derrocadas. “Ontem, em reunião, (dia 24 de agosto) antes da apresentação da proposta do Chega, o senhor presidente decidiu relatar qual a nova estratégia da câmara relativamente a A-dos-Melros e pasme-se, é cópia “ipsis verbis” da proposta do Chega, chegando inclusivamente a dizer que já tinha reunião prémarcada, onde afirma que a resposta de agendamento do LNEC surgiu inclusive durante a reunião.

Praga de jacintos no Sorraia sem fim à vista

24 Valor Local jornalvalorlocal.comAmbiente Agosto 2022

Aproliferação de jacintos no Sorraia continua a ser uma preocupação no concelho de Benavente. Em 2016 e 2019, foi notícia a invasão do curso de água entre Benavente e Coruche por aquela praga o que obrigou a uma grande intervenção por parte do Ministério do Ambiente com maquinaria destinada a limpar o local. Em reunião de Câmara, Sónia Ferreira, vereadora do PSD, questionou o presidente da Câmara, Carlos Coutinho sobre o facto de ter existido uma candidatura aos fundos comunitários com o objetivo de se fazer uma intervenção mais profunda no rio, mas segundo a autarca a oportunidade foi perdida, até à data, pelo município. Sónia Ferreira identificou que o município de Águeda com uma situação semelhante em Pateira de Fermentelos soube aproveitar esses fundos. O tema da invasão de jacintos no Sorraia é recorrente. Em 2018 foi disponibilizada pelo Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) uma verba para efeitos de controle da praga tendo sido identificados oito troços entre Benavente e Coruche. “O senhor presidente disse que haveria equipas no terreno, nomeadamente, no Furadouro e que se prolongaria no tempo, com a constituição de um grupo de trabalho e a definição de um projeto para os próximos

O Presidente da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, Fernando Paulo Ferreira, informou a Cimpor que o município também estaria a desenvolver paralelamente contactos com o LNEC, “tendo ficado acordado entre as partes, a participação conjunta dos serviços técnicos da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira e da Cimpor nas reuniões a realizar.”

A Cimpor suportará “os custos de aquisição decorrentes de ambas as iniciativas”, estando já “a desenvolver os contactos necessários para garantir que, no mais curto espaço de tempo, este sistema de monitorização se encontre operacional e que o estudo seja desenvolvido”, finaliza em comunicado.

O facto de nos últimos anos não terem existido caudais fortes durante o inverno no rio Sorraia, a que se junta uma abundância de nutrientes oriundos destas terras férteis, uma maior luminosidade, a juntar à pouca pluviosidade e às temperaturas amenas, propiciaram as condições para o desenvolvimento dos jacintos-de-água de forma incomum no rio, causando uma verdadeira situação de emergência. Em Portugal e na Europa, esta planta foi introduzida inicialmente para fins ornamentais, devido à beleza das suas flores, todavia devido aos seus impactos na biodiversidade a importação, cultura, multiplicação, venda transporte ou posse foi proibida no nosso país desde 1974. No controle desta espécie, existem vários agentes biológicos (artrópodes e fungos) libertados em vários países com diferentes níveis de sucesso para esta tarefa que estão a ser avaliados para utilização em Portugal.

Condições para o desenvolvimento da planta Oriunda da América do Sul, foi introduzida em Portugal nos anos 30 do século passado. Não tem os ditos predadores naturais pelo que o seu controle torna-se ainda mais difícil, ao contrário do que acontece no Brasil onde a capivara da Amazónia se encarrega desse aspeto. O seu crescimento é extremamente rápido, especialmente na primavera, quando não há geadas e as temperaturas sobem, e nas condições certas pode duplicar a sua população em 4 a 60 dias, dependendo das condições.

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Ao longo dos anos foram efetuadas várias tentativas para se concretizar o plano de gestão e ordenamento da serra de Montejunto, nomeadamente, “um documento muito completo elaborado em 2011, mas que morreu na mesa do secretário de Estado da altura”. A implantação de um modelo de cogestão “pode ser a garantia para assegurar que algo seja feito”. Existe uma associação para esse efeito entre os municípios do Cadaval e Alenquer, que em conjunto com o ICNF tem essa missão “mas pelo que se tem visto até ao momento não tem surtido grande efeito”, acrescenta Francisco Henriques. Por outro lado, o Conselho Consultivo da Paisagem Protegida não se reúne há 20 anos. Poucas ou nenhumas ações de reflorestação têm acontecido “à exceção da plantação de alguns carvalhos em zonas de baldio, mas faz falta uma reconversão florestal da serra “que não é difícil de fazer porque dos 5000 hectares de paisagem protegida, 3500 são baldios do Estado, pelo que esse trabalho está facilitado, falta apenas iniciativa”. No seu entender as autarquias pouco fizeram na Serra de Montejunto, porque “começaram por reconstruir as casas dos guardas e não pela parte natural da serra”. Mais recentemente passou pela paisagem o rally de Lisboa “o que era desnecessário”, mas que “pelos vistos agradou às autarquias”. “O ruído, a velocidade e a agitação causados por este tipo de desportos, constituem fatores de perturbação e de risco para a vida selvagem”, opina a associação.

Muito tem ficado por fazer para defender este território segundo a Alambi Incêndios

ASerra de Montejunto assinala 23 anos de paisagem protegida, mas segundo a Associação para o Estudo e Defesa do Ambiente do Concelho de Alenquer (ALAMBI) muito ficou por fazer, nomeadamente, a criação de um plano de ordenamento e gestão que tem ficado na gaveta do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) ao longo dos anos. “Ficou pelo papel”, refere Francisco Henriques, presidente daquela associação, em entrevista ao Valor Local. Nem mesmo a inclusão daquele território partilhado pelos municípios do Cadaval e Alenquer na Rede Natura tem permitido outros Emavanços.cinco mil hectares de paisagem protegida 900 hectares são ocupados por eucaliptos, espécie considerada como invasora e que tem condicionado o equilíbrio ecológico local, “até porque é proibido proceder a essa implantação em Rede Natura”. “Os eucaliptos são uma espécie exótica altamente ignífuga que apresenta a particularidade de emitir projeções à distância, fatores que certamente contribuíram para que o Regime Jurídico Aplicável às Ações de Arborização e Rearborização proíba, desde a sua revisão de 2017, ações de arborização com árvores desta espécie em espaços da Rede Nacional de Áreas Protegidas e da Rede Natura 2000. Montejunto beneficia de ambos os estatutos, mas, isso não tem sido suficiente para a proteger de ações de florestação com eucaliptos, mesmo em datas posteriores a esta revisão”, adianta a associação em comunicado. Acresce que a área de eucaliptos autorizada para o município do Cadaval (5362ha –Portaria n.º 18/2022) “está esgotada há muito, pelo que a conclusão evidente é que, mesmo povoamentos realizados antes de 2017 estão ilegais e a sua plantação só tem sido possível porque, nem a Câmara Municipal do Cadaval, nem a Direção da Paisagem Protegida, nem o ICNF fazem nada para as impedir”.

Já foi há 19 anos, mas ainda se fala do incêndio de 2003 que atravessou mais de metade dos cinco mil hectares da Serra de Montejunto, e visto como uma das maiores catástrofes ambientais na região nos últimos anos. O estado de coisas quanto ao ordenamento do território é praticamente o mesmo pelo que não foram criadas zonas ou formas de evitar que algo semelhante possa acontecer de novo. “Há algum controle da vegetação junto à berma das estradas e isso é positivo. Este ano a serra foi fechada ao público e ao trânsito nos dias mais quentes. Agora em termos de tornar a serra mais resiliente ao fogo tal não foi feito”. Francisco Henriques assegura que ainda há muito trabalho em termos de recuperação paisagística e conservação da natureza. O ambientalista recorda que o facto de a serra se ter enchido de pasto como muitas outras serras no país faz com que permaneça uma bomba-relógio em matéria de incêndios. “Vale o facto de ter ali perto uma corporação de bombeiros como a de Abrigada que em pouco tempo chega à serra”.

Montejunto continua a ser bomba-relógio

25Valor Localjornalvalorlocal.com AmbienteAgosto 2022 Francisco Henriques com o balanço dos 23 anos da Paisagem Protegida de Montejunto

A maior seca dos últimos 90 anos O que estão a

Oano de 2022 é já um dos mais secos dos últimos 90 anos em Portugal. O Governo tem vindo a anunciar medidas para combater a seca extrema e alguns municípios foram já obrigados a aumentar as tarifas, o que não aconteceu na nossa região, até porque muitos deles já cobram valores acima da média nacional. Para saber de que forma os sistemas de água e saneamento na nossa região estão a lidar com a escassez de água, fomos ouvir as empresas. No caso da Águas do Ribatejo, sistema que alberga sete concelhos, o presidente daquela entidade, Francisco Oliveira salienta que as alterações climáticas estão a trazer cada vez mais desafios. No caso em concreto deste sistema, as origens de água são subterrâneas, com mais de 100 captações em toda a área servida pela empresa. Estas origens são menos “sensíveis” à precipitação de um determinado ano, ao contrário das origens superficiais (barragens, rios), “mas a realidade é que temos vindo a assistir, ao longo dos anos, a um rebaixamento dos níveis freáticos, o que nos coloca perante novos desafios”.

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26 Valor Local jornalvalorlocal.comDossier Águas Agosto 2022

A grande demanda de água para a agricultura na nossa região é entendida pela empresa como um dos principais desafios, porque apesar do setor ter um peso económico fundamental é, também, de longe, o maior consumidor de água. Na maioria dos casos, “as regas agrícolas são efetuadas também com recurso a captações subterrâneas, cada vez mais profundas em virtude do rebaixamento dos níveis freáticos, o que significa que estão cada vez mais próximas dos níveis a que captamos água para consumo humano, situação que não se verificava no passado”, refere com preocupaPorção.isso Francisco Oliveira identifica que “no período das regas agrícolas, entre maio e setembro, registamos nalgumas zonas o rebaixamento dos níveis freáticos entre 20 e 30 metros, o que demonstra bem o impacto desta atividade”. Este ano, fruto da seca que atravessamos, “este rebaixamento foi ainda mais acentuado e mais rápido”. Para o presidente da Águas do Ribatejo, “é necessário refletir sobre o caminho que queremos seguir, quer seja no que se refere às origens de água e a um maior aproveitamento das águas superficiais na agricultura, quer seja sobre o tipo de culturas que fazemos, em face do clima que temos e da água que temos disTambémponível”. no seio dos sete municípios tem-se discutido esta matéria com vista à adoção de espécies vegetais mais adaptadas ao nosso clima “e que precisam de menos água mas também a instalação de sistemas de rega mais eficientes ou o recurso a origens de água alternativas, para não sobrecarregar o sistema público de abastecimento”.

Igualmente a ser estudada “a viabilidade de reutilização de água residual tratada para alguns usos, mas esta é uma matéria complexa cujo quadro normativo e regulamentar é particularmente exigente”, salienta. Para além disso, a empresa continua empenhada na redução das perdas de água. “Apostamos também na sensibilização dos consumidores, para que evitem o desperdício e utilizem a água de forma responsável. Para se ter uma noção da importância desta questão, posso adiantar que, no início do mês de julho, quando se registou uma onda de calor com vários dias consecutivos com temperaturas acima dos 40 PUB

27Valor Localjornalvalorlocal.com Dossier ÁguasAgosto 2022 graus, os consumos de água nalguns locais foram quatro a cinco vezes superiores aos registados no período de inverno. Se assumirmos que os consumos de inverno corresponderão, aproximadamente, ao que se designam por consumos essenciais (água para beber, tomar banho, cozinhar) facilmente concluímos que estes acréscimos de consumo registados no verão respeitam a utilizações não essenciais ou prioritárias, como sejam regas, lavagens de pátios e quintais, enchimento de piscinas, entre outros. “ Para já o sistema intermunicipal teve de suspender regas em espaços públicos nos respetivos municípios e em articulação com as Câmaras, de forma, “a gerir de forma diferenciada as pressões na rede de distribuição e até aumentar a profundidade das bombas de captação de água para não colocar em causa o abastecimento à população”. A empresa não descarta ter de equacionar medidas mais drásticas se a situação piorar. Contudo não há para já motivos para grandes alarmismos, dado que a capacidade dos reservatórios está num nível normal. “Fruto dos investimentos que fizemos, a Águas do Ribatejo tem hoje uma capacidade de reserva para sensivelmente dois dias na maior parte das zonas de abastecimento. Contudo, importa sublinhar que esta capacidade de reserva é para níveis de consumo ‘normais’. Se, de um momento para o outro, tivermos grandes picos de consumo, como os que já se registaram este ano, a situação pode agravar-se rapidamente". Para já os municípios afetos à AR ainda não tiveram de recorrer a camiões-cisterna para o abastecimento, muito se tem falado na necessidade de conter os usos da água em espaço público especialmente quando falamos em usos ornamentais como fontes, cascatas, ou mesmo nos ditos fontanários ou bebedouros. “Ainda que estes pontos de abastecimento possam, num ou noutro caso, ter consumos mais elevados, não será esta a maior fonte de preocupação. Os fontanários ligados à rede pública são importantes para assegurar o acesso a água potável em espaços públicos, o foco tem de estar na eliminação do desperdício, e não do consumo”, destaca. “Temos de pensar hoje o futuro, porque muitas das medidas que adotarmos agora, só terão efeitos a médio prazo. É fundamental trabalharmos em conjunto: municípios, entidades gestoras, Governo, APA, agricultura, indústria, todos têm um papel importante numa matéria que é fundamental para o nosso futuro coletivo”, conclui. Incêndio de agosto em Quebradas foi teste para os reservatórios da Águas da Azambuja

A Águas da Azambuja é responsável pelo abastecimento de água em baixa no concelho de Azambuja, sendo a aquisição de água em alta feita à entidade –Águas do Vale do Tejo. “A menos de três semanas do final do verão, e fruto do trabalho desenvolvido ao longo dos anos, não foram sentidos até ao momento quaisquer constrangimentos no abastecimento público de água à população do concelho de Azambuja, existindo uma relação próxima com o município de Azambuja e a Águas do Vale do Tejo de forma a garantir um serviço de excelência no que concerne ao abastecimento de água aos munícipes de Azambuja”, salienApesarta. de até ao momento não ter sido constatado qualquer problema no que diz respeito ao abastecimento de água a empresa diz que está alerta para a questão da falta de água e monitoriza “atentamente a temática da Seca”, nomeadamente “os estudos mais recentes que referem que os períodos de seca poderão vir a ser cada vez mais frequentes, até mesmo anuais”. Tendo em vista a defesa dos consumidores, “estão a ser debatidas estas questões entre vários interlocutores, de forma a minimizar ou precaver futuros problemas no abastecimento à população do concelho de Azambuja” em que uma das soluções passa pela criação de redundância nos sistemas de abastecimento de água. Está ainda a ser estudado um reforço no que diz respeito ao abastecimento de água em algumas zonas do concelho. Quanto à capacidade dos reservatórios, a Águas da Azambuja possui um sistema de controlo e monitorização de caudais instalado em todos os reservatórios do concelho, que permite saber o nível de cada um em tempo real. O investimento nesta tecnologia “permite à ADAZ ter uma interação contínua em caso de necessidade com a Águas do Vale do Tejo, garantindo de forma eficaz a quantidade necessária do volume de água presente em cada reservatório do concelho, com a possibilidade, em casos urgentes, de uma rápida reposição do nível das células dos reservatórios”. Exemplo disso são os incêndios ocorridos na zona alta do concelho, “onde foi acautelada a reposição de água nestes reservatórios, sem qualquer impacto sentido junto da populaEmção”. caso de necessidade, o abastecimento de água à população por camiões-cisterna é sempre uma das soluções “a ter em conta em situações de emergência, se se verificar algum problema de maior na rede de distribuição de água”. Nesse sentido, convém realçar “a importante relação existente entre a ADAZ, o município de Azambuja, a Proteção Civil, a Associação Humanitária de Bombeiros de Azambuja e Alcoentre e outras entidades”, acrescenta Daniel dos Santos EmboraSilva.

seja uma questão da alçada do município, a ADAZ acredita que existe parcimónia por parte da Câmara para evitar desperdícios de água no que respeita a fontanários públicos ou fontes até porque “há alguns anos foram tomadas diversas medidas de forma a evitar esses desperdícios de água na via pública.”

Quanto a possíveis campanhas de sensibilização junto da população do concelho para um consumo racional da água, a empresa refere que essa é uma estratégia sempre presente, e faz parte da sua rotina diária a análise atenta dos consumos dos clientes, “sendo os mesmos alertados sempre que é registado um consumo fora da média normal, permitindo assim minimizar possíveis roturas nas suas redes prediais, e o desperdício de água”.

“Este conjunto de fatores, este trabalho diário realizado por todos os elementos da ADAZ, nomeadamente na monitorização de caudais, níveis de reservatórios, otimização de pressões nas redes de distribuição, reparação de roturas em tempo quase que real, atualizações cadastrais, entre outros, é que faz com que os valores de perdas da Águas da Azambuja estejam muito abaixo da média nacional. Porque, para a nós a água é o bem mais importante que temos. É preciso que todos lhe deem o valor que ela merece”, conclui apelando ao uso racional e consciente da água por parte dos consumidoOres.Valor Local contactou ainda o gabinete do ministro do Ambiente para uma entrevista sobre a seca e algumas medidas quanto ao futuro do setor, mas foi remetida para uma data posterior

Já no caso da concessionária privada a operar no concelho de Azambuja, a “Águas da Azambuja” as preocupações face ao cenário de seca severa, em que a União Europeia já fala na pior seca dos últimos 500 anos, Daniel dos Santos Silva, diretor da empresa sublinha, que ao longo dos anos a ADAZ “tem desenvolvido uma série de investimentos nos sistemas e redes de distribuição que, por si, são a melhor forma de combater situações de seca e de poupar água, minimizando a possibilidade de impactos negativos no abastecimento público de água aos a azambujenses”.

28 Valor Local jornalvalorlocal.comPublicidade Agosto 2022 PUB

tributo que essas comunidades deram para o desenvolvimento dos nossos territórios”, vincando que esta iniciativa que vai decorrer no pavilhão da junta de freguesia, terá uma primeira edição ainda “muito tímida” e assume querer que “seja o pontapé de saída para levar o evento mais longe e criar uma sinergia diferente e maior”. A primeira edição terá como missão “deitar as sementes daquilo que considero que tem todas as potencialidades para crescer, dado a importância que estas comunidades possuem na nossa fregueSãosia”. de resto comunidades oriundas dos PALOPS, dos países de leste que têm crescido nos últimos anos, bem como a comunidade brasileira e a comunidade cigana. Para o presidente da Junta Alverca-Sobralinho, este festival acaba por ser a melhor forma de homenagear estas culturas, lembrando por exemplo que também a cultura dos PALOPS “tem um bocadinho da nossa cultura, por via daquilo que foi à época a colonização porClaúdiotuguesa”.Lotra fala numa comunidade muito diferenciada ao nível da cultura, mas também bem integrada, referindo o papel que a junta tem junto destas pessoas quando se deslocam a solicitar apoio à autarquia. O autarca evidencia que são comunidades bem organizadas, quer no que toca ao alojamento, quer mesmo no que toca ao emprego. A juntar a estas, Lotra recorda “que é em Alverca que está sediada a comunidade ortodoxa e a igreja ortodoxa no nosso concelho e as restantes comunidades dos diferentes territórios oriundas de Portugal” nomeadamente do Alentejo, das Beiras e Trás-os-Montes, que também terão um papel de destaque nestes “Dias da Multiculturalidade”.

Banda de Tributo Kind of Magic será um dos grupos a atuar no festival

Concelho de Vila Franca de Xira integra bem os imigrantes Ilona Hnevsheva veio da Ucrânia para Portugal com 14 anos com os pais. Hoje com 26 anos diz que a integração correu bem, sobretudo na escola onde teve oportunidade de aprender a língua com alguma rapidez. Destaca que a mentalidade portuguesa é bastante diferente da ucraniana. “As pessoas do meu país são mais diretas, não demonstram tanto as emoções, enquanto os portugueses são muito mais calorosos, pedem desculpa frequentemente”. O mais difícil foi habituar-se à gastronomia. “Na Ucrânia cozinham com banha de porco e em Portugal com azeite, e tinha dificuldade em comer saladas, por Atualmenteexemplo”.viveem Lisboa, mas dividiu a sua vida até há pouco tempo entre Alhandra e Vila Franca de Xira, onde fez o ensino secundário. Sobre o festival multicultural está a acompanhar e encontra-se expectante perante este encontro de culturas em perspetiva. “O concelho de Vila Franca de Xira integra bem os imigrantes, e isso notou-se bastante bem agora com a vinda dos refugiados em que não paravam de chegar bens”.

Miguel António Rodrigues

Homenagem a figuras de Azambuja Seguindo a política de homenagens da freguesia, que no passado com os anteriores presidentes levou a cabo obras de recuperação de fontanários históricos ou a construção de painéis de azulejos como o que homenageia o “Cavalo Ruço”, o atual executivo quer também “imortalizar” figuras que fizeram parte da cultura local.

As diferentes culturas em destaque neste festival

A iniciativa que se vai desenrolar no Campo da Feira de Azambuja tem entradas pagas. Algo que o presidente da junta considera importante, pois o valor é apenas simbólico e será entregue na totalidade aos bombeiros de Azambuja para ajudar na compra de um carro de desencarceramento.

Atrair novos públicos com iniciativas diferentes é o objetivo do “Azambuja CultFest” organizado pela Junta de Freguesia de Azambuja e que terá lugar de 23 a 25 de setembro em Azambuja. Com um orçamento base de 35 mil euros, a iniciativa da junta, promete trazer um festival diferente que assentará na música, cultura e na gastronomia. Em entrevista na Rádio Valor Local, André Salema, presidente daquela autarquia, salienta que este festival, de resto o primeiro deste género a realizar-se dentro da vila, “tem como objetivo principal, oferecer outras vertentes culturais, independentemente, dos gostos de cada um”, refere o autarca que cita a velha máxima“Gostos não se discutem”. Salema salienta que este é “um novo conceito cultural, que não existia até ao momento”, vincando que o seu executivo entende, a par com o executivo municipal que tudo o que está relacionado com a tauromaquia deve estar concentrado no mês de maio, de que são exemplo o Mês da Cultura Tauromáquica e a Feira de OMaio.“Azambuja CultFest” acaba por ser, segundo André Salema, um projeto piloto. O autarca refere que o sucesso do mesmo, poderá condicionar também a política cultural da freguesia, mas as primeiras impressões vindas do público,

Os bilhetes para os três dias podem ser comprados nas juntas de freguesia do concelho de Azambuja, e têm o custo de um euro para cada dia, dando acesso ao recinto onde vão decorrer alguns espetáculos musicais e não só. Do cartaz musical fazem parte a fadista Sara Correia, a banda de tributo aos Queen, Kind of Magic, mas o jazz, o pop, o funk e o folk também farão parte desta primeira Comedição.todas as infraestruturas disponíveis, mas pouco utilizadas, o Campo da Feira foi de resto a escolha óbvia para esta iniciativa. André Salema refere que o Largo da Câmara chegou a ser opção, mas as obras na rua principal da vila, e o possível incómodo aos moradores, levou a autarquia a escolher aquele espaço, onde será mais fácil colocar todos os equipamentos e controlar as enComtradas.dois palcos, o “Azambuja CultFest” terá também DJ’s com música eletrónica e um balão de ar quente que ficará dentro da Praça de Toiros Dr. Ortigão Costa e que possibilitará “aos visitantes verem a nossa vila a cerca de 30 metros de altura”, refere André Salema, que vinca também que para além da música, das exposições, haverá também bancas de street fod, espalhadas pelo recinto do Campo da Feira, assim como “algumas marcas do concelho de Azambuja que possam ser vendidas, pois esta também é uma forma de apoiarmos as nossas empresas”.

Alverca abraça Festival da Multiculturalidade com encontro de culturas Alverca vai receber a 17 e 18 de setembro o primeiro festival dedicado à “Multiculturalidade”. A iniciativa juntará durante dois dias as várias culturas que ao longo dos últimos anos se fixaram na freguesia de Alverca Sobralinho, e pretende, segundo o presidente da Junta, Claúdio Lotra, dar a conhecer um pouco de cada uma e ao mesmo tempo fomentar a partilha. Para o autarca esta iniciativa acaba por ser uma celebração “das várias culturas”, e contará com uma demonstração das mesmas, representadas pelas várias associações e grupos com sede em AlExposições,verca/Sobralinho.gastronomia, música, dança, artesanato e muitas outras formas de arte são o mote para esta primeira edição que conta no dia 17 pelas 10h00 da manhã com um programa ao vivo, transmitido pela Rádio Valor Local. Para Claúdio Lotra o festival “é uma oportunidade para que todos os cidadãos da nossa freguesia e não só, partilhem também estes aspetos que são tão específicos e marcantes das diferentes comuniOdades”.autarca destaca a proximidade a Lisboa e os fáceis acessos à capital, para que se tenha fomentado, nos últimos anos, o fixar destas populações e destaca “o con-

passando pelos patrocinadores, como por exemplo uma conhecida marca de cerveja, dão para o já o mote de que será “um certame bem recebido e com sucesso”.

29Valor Localjornalvalorlocal.com EventosAgosto 2022

Festival “Azambuja CultFest” enche Azambuja de 23 a 25 de Setembro

Na Rua Trás da Igreja, o executivo encontrou um espaço para um “mural de homenagem ao fado e a três fadistas locais”. Será um mural em grafiti de arte urbana, a ser inaugurado no dia 23 de setembro, dedicado às fadistas “Maria do Ceu Corça, Fátima Regateiro e Maria Luzia”. Ouça o programa completo em podcast em: www.radiovalorlocal.com

30 Valor Local jornalvalorlocal.comPublicidade Agosto 2022 PUB

31Valor Localjornalvalorlocal.com Rádio Valor LocalAgosto 2022 Adão Conde descobre paixão pelo Cartoon depois dos 40

Adão Conde sempre foi uma criança que tendencialmente brincava sozinho e o desenho era em grande medida a sua companhia. “Sempre desenhei imenso”, lemObra-se.cartoonista cresceu com esta arte e sempre foi muito incentivado pela família. A partir de certa altura achou mesmo que este era o caminho. Na escola teve a disciplina de Artes até ao 12º ano, tendo seguido para Arquitetura, mas nunca acabou o curso. “Comecei muito cedo a trabalhar em atelier. Fiz o curso quase até ao fim, mas não acabei porque mudei um pouco de vida”, esclarece Adão Conde que refere não se arrepender do perNocurso.entanto e ainda assim colaborou em vários projetos, dois deles com o gabinete que desenhou os bairros da Socasa em Vila Nova da Rainha e em Azambuja. Aliás, Adão Conde já influencia a família - Casado com uma arquiteta, Conde refere que os filhos, Miguel e Laura, já fazem os seus traços no Foipapel.aos 40 anos que Conde decidiu abraçar a arte de vez. O cartoonista passou pela Câmara de Vila Franca como assessor de Rui Rei e mais tarde do vereador João de Carvalho. “Mais vale tarde do que nunca” refere o cartoonista que hoje faz uma série de trabalhos na área da ilustração e do deAsenho.trabalhar em vários projetos em simultâneo, Adão Conde diz estar no seu elemento natural. O cartoonista diz que tem sempre uma fonte de inspiração. “Isto é como um jornalista ou um pintor, quanto mais se estimula a criatividade e mais precisas dela, melhor entendemos as nossas ferramentas. E quanto mais se trabalha, mais associações mentais fazemos e se entende o que funciona melhor”. Adão Conde ainda não foi sondado para o “Cartoon Xira”. O cartoonista do Valor Local diz que essa questão não se coloca para já, mas refere acompanhar o certame desde que se lembra e elogia o trabalho de António e de Vasco Gargalo, dois dos nomes maiores de Vila Franca e do país. Para Conde, “Vasco é um ótimo cartoonista e o António é um dos melhores cartoonistas mundiais”, vincando que “dá um gosto muito especial acompanhar os trabalhos dos Ouçadois”.esta entrevista na íntegra em Podcast em www.radiovalorlocal.com Adão Conde conta com uma carreira curta no Cartoon mas já com alguns sucessos PUB

Ainda com uma carreira curta na área do cartoon, Adão Conde já conseguiu estar nos mais prestigiados salões dedicados ao setor. No passado mês de junho, teve mesmo um cartoon no World Press Cartoon em Caldas da Rainha. O desenho “Verão Assombrado” saiu no Valor Local, e foi um passo importante na sua jovem Colaboradorcarreira. do Valor Local, Adão Conde, tem estado sempre na vanguarda no que toca aos temas abordados em cada um dos seus desenhos. O cartoonista gosta de retratar as notícias do dia a dia, e já tem mesmo colaborações noutros jornais, como o Tal & Qual e o Público, este último incluído num projeto destinado à cidade de LisParaboa. Adão Conde, o desenho é uma forma de expressão. O cartoonista salienta que é em criança que se começa “de tenra idade” a desenhar nem que seja com rabiscos, e só mais tarde é que se percebe se há talento ou não. Mas esta forma de comunicação acaba por ser uma das primeiras que todos os seres humanos têm quando nascem.

Alias Adão Conde refere igualmente que “quem tem necessidade de se expressar pela arte, acaba sempre por encontrar uma forma” e que esta medida “retira mais uma capacidade de comunicação”.

Entre outros projetos, Conde concebeu ainda e durante a pandemia o “Artecedário”. Uma rubrica num canal de Youtube que pretendia dar a conhecer os primeiros passos nesta arte, um projeto que foi um sucesso, não só junto dos mais novos, como de camadas mais velhas, e isso acabou por ser também uma forma didática de “ensinar a arte” refere o autor, que lamenta que no ensino básico uma das disciplinas “obrigue as crianças a desenhar o corpo humano”, o que considera um desenho muito difícil e que pode afastar as crianças desse caminho.

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