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Rádio Valor Local - www.valorlocal.pt - Ouça em todo o lado Jornal Regional • Periodicidade Mensal • Director: Miguel António Rodrigues • Edição nº 101 • 29 Julho 2021 • Preço 1 cêntimo
Valor Local Nas “costas” de Santarém, mas no “quintal” de Azambuja, mais um mega parque solar para a região Câmara de Azambuja não foi tida nem achada e presidente não soube de nada União de Freguesias mergulhada em painéis solares por todos os lados
Destaque da 12 à 14
Alenquer: População da Passinha “passa-se” com trânsito pesado
Quarta vaga da pandemia obriga restaurantes da região a reinventarem-se
Especial Covid 19 na 11
Novo traçado alternativo a Casais das Boiças atira votação para depois das autárquicas
Central Solar da Torre Bela volta para a consulta pública Economia na 8
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Parque pesados no Carregado sem infraestruturas à vista parque de pesados do Carregado continua a ser motivo de discórdia. Na última assembleia municipal, o executivo foi questionado pelo CDS-PP sobre o projeto. Desde a aquisição do terreno que as infraestruturas que serviriam de apoio não chegaram a ser construídas e o parque continua a não ser atrativo para os camionistas. Segundo apurámos junto da GNR de 2017 a 2021 apenas foram passadas 55 contraordenações quando o cenário de prevaricação é diário, segundo as últimas reportagens do Valor Local em que ouvimos o administrador de uma empresa de gestão de condomínios com sede no Carregado e moradores da Barrada, onde os camionistas continuam a estacionar bem como na Nacional 3. Pedro Folgado considera, ao nosso jornal, este número muito baixo e refere que pretende levar o assunto a uma próxima reunião com a GNR. Na resposta às questões do CDSPP, Pedro Folgado, presidente da Câmara, lembrou que a intenção era construir no local uma cafetaria, bombas de gasolina, casas de
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Investimento foi de um milhão e 200 mil euros no terreno
banho, e eventualmente “um pequeno hotel”. O autarca diz que contactou os empresários mas a recetividade foi a possível, tendo o projeto sido alvo de “opiniões diversas”. O projeto traria “benefícios, mas também custos” que não quiseram ser assumidos. A autar-
quia investiu um milhão de euros no terreno do parque de pesados, onde apenas se fez o alisamento com vista à receção dos veículos mas sem outras obras à vista. Pedro Folgado confessou que ficou em banho-maria. Adiantou ainda que os serviços do município não
chegaram a fazer um estudo de tráfego, tendo sido apenas observado o trânsito no local pelos serviços camarários. Sobre o estacionamento indevido na Nacional 3, o presidente da Câmara referiu que nunca houve resposta da GNR que empurrou o as-
sunto para a IP. Por seu lado, a Infraestruturas de Portugal adiantou que sendo uma via nacional não necessita de ter sinalização a proibir o estacionamento. Com o parque de pesados, a autarquia teria em mente ultrapassar um problema que teima em arras-
tar-se com dezenas de veículos estacionados nas bermas das vias públicas, complicando ainda mais o trânsito e a vida dos moradores. A GNR estaria incumbida de começar a autuar os veículos em incumprimento com mais assiduidade com o surgimento deste parque, algo que não tem acontecido. Segundo Pedro Folgado, ao Valor Local, a autarquia tem-se empenhado em impedir o estacionamento na Barrada desde colocar sinalização vertical a blocos de cimento, e “investiu um montante considerável para que os camionistas tenham lugar para estacionar”, com a construção do parque TIR. Na sua opinião o que se passa é que como “bons portugueses, gostamos de levar o carro, neste caso, camiões até ao local em que moramos, e neste caso isso não pode ocorrer. Os motoristas têm onde estacionar. Eu estou do lado da população nesta situação, isto não pode ocorrer”. No entanto diz que agora a situação é da competência da GNR, que deve sempre “multar estes cidadãos que estão em contraordenação, tal como se de um veículo ligeiro se tratasse”.
Dezenas de camiões por dia tiram sossego à população
Caos na Passinha pode obrigar Santos e Vale a financiar a resolução do problema T em crescido a contestação ao caos que se está a verificar com o atravessamento de camiões em grande fluxo na Rua dos Bons Amigos, na localidade da Passinha, na freguesia de Alenquer. O destino desses veículos é a empresa Santos e Vale que se instalou paredes meias com a localidade. Já era previsível que esta situação poderia acontecer, mas nesta altura os moradores queixam-se de que até altas horas da noite passam camiões ao pé das suas portas impedindo o normal descanso. A Câmara de Alenquer está a estudar soluções e deixa no ar que aquilo que possa vir a ser decidido pode não ficar apenas a expensas do município.
População vive atormentada pelo fluxo de camiões
Em declarações ao Valor Local, Pedro Folgado, presidente da Câmara de Alenquer dá conta que os serviços estão contabilizar o nú-
mero de veículos pesados que passam naquela rua estreita com destino à empresa. Em comunicado, a autarquia informou que não
dispõe de mecanismos legais que impeçam a construção de empresas em zonas industriais quando acautelam o respetivo licenciamento como foi o caso, através de um Pedido de Informação Prévio (PIP) em 2016. Foi acordado que teria de existir um estudo de tráfego e acessibilidades, melhoramentos da rede viária, construção de uma rotunda galgável e sinalização vertical e horizontal da envolvente. O autarca diz ao nosso jornal que para melhorar o estado de coisas a Câmara está a negociar com os proprietários da Quinta da Telhada de maneira a acordar os termos que possam permitir a construção de uma via alternativa afastada do núcleo urbano.
Numa publicação no Facebook, o deputado do CDS-PP, Galvão Teles, fala em 200 veículos por dia, um número que nada tem a ver com os inicialmente falados, cerca de 20. O autarca apela ainda à proibição de circulação noturna no local. Pedro Folgado diz que vai ter de existir uma conversa com a empresa para se aferir depois da contabilização oficial, sobre quais as medidas que “eles estão a pensar em implementar para minimizar esta situação”, porque “foi com base na estimativa inicial que licenciámos”. Com a aquisição do terreno em perspetiva, a resolução do problema do intenso tráfego no interior da pequena localidade ainda vai
demorar a ser resolvido, pois implica a expropriação de uma vinha. Quanto às obras que possam vir a ser desenvolvidas por conta deste problema “vamos ver quem as vai pagar”, diz Folgado. À partida esta zona da Passinha, Obras Novas, e Casais Novos, será classificada como industrial no novo PDM. “Preciso de saber várias questões neste momento: quantos pesados ali passam, se o proprietário faz uma cedência do terreno ou se quer um valor, e a empresa tem de ser envolvida nesse processo. No fundo: saber se vamos financiar sozinhos ou se a empresa também tem de cooperar”, visto ser a única até à data naquela localização.
Enfermeira do Hospital de Santarém lança livro infantil sobre a alimentação “N
ini e Simão – A Aventura da Alimentação” é o título do livro de Ana Catarina Silva, enfermeira no Hospital Distrital de Santarém (HDS), que, conforme explica, se centra na alimentação e nos bons hábitos alimentares, dirigindo-se às crianças entre os 6 e os 12 anos de idade. Para além do enredo da história, são explicados conceitos relacio-
nados com a saúde de forma simples e através de metáforas e comparações. Através deste projeto, a autora pretende promover a literacia em saúde dos mais novos, passando uma mensagem saudável e com linguagem acessível, possibilitando que imaginem e aprendam simultaneamente. O livro aborda temas como a Roda do Alimentos, a importância da
água, de comer alimentos saudáveis, do exercício físico, dos nutrientes, das enzimas, entre outros. “Por vezes, quando estamos a fazer educação para a saúde em crianças, não conseguimos passar as mensagens de forma fácil de compreender. Com imagens, consegue-se estimular um pouco mais a criatividade e a imaginação e desta forma a adesão a comporta-
mentos saudáveis”, menciona Ana Catarina Silva. “Verificamos que há hoje uma taxa elevada de obesidade infantil e é importante cada vez mais reforçar os bons hábitos alimentares”, acrescenta a autora deste livro infantil. O livro, lançado no passado mês de maio, está disponível nas livrarias do País.
Ana Catarina Silva é autora de livro infantil
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Luís Valença agraciado com prémio da cidade de Vila Franca de Xira Sílvia Carvalho d’Almeida Junta de Freguesia de Vila Franca de Xira galardoou Luís Valença, mestre nas artes equestres, com o prémio de Mérito Identitário, no ano em que o Centro Equestre da Lezíria Grande faz 40 anos de história. “É um dos maiores equitadores nacionais e figura icónica do ensino equestre nacional e internacional”. Assim começa a homenagem a Luís Valença, na gala de comemoração do passado dia da cidade de Vila Franca de Xira, que decorreu no Ateneu Artístico Vilafranquense, no 37º aniversário da sua elevação. Na breve biografia dada a conhecer, foi descrito como “o criador de um primeiro projeto de equitação de formação e de utilidade turística no início dos anos 70”. Nascido a 18 maio de 1946 em Lisboa, Luís Filipe Duarte Valença Rodrigues, antes de se dedicar exclusivamente aos cavalos e equitação, frequentou a faculdade de Veterinária. Conta à nossa reportagem que estava a tirar o seu curso quando se impôs o serviço militar, o que veio de alguma maneira inviabilizar estes planos. Após esse período casou, e começou a ter mais responsabilidades, como
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Luis Valença e o amor imenso à arte e aos cavalos ganhar sustento para a sua nova família, pelo que o curso nunca mais foi uma prioridade. Apesar deste percalço, construiu, ao longo de 60 anos, uma carreira invejável no mundo equestre. Tal como podemos ler na sua página pessoal, iniciou a prática de equitação em 1951, no Picadeiro das Amoreiras de José Mota. Aí recebeu as primeiras lições de Emílio Mota e, mais tarde, na Escola de
Equitação do extinto Colégio Infante de Sagres, propriedade de seu padrinho, Fernando Ralão, a pessoa que mais o influenciou e ajudou na escolha de tão “apaixonante profissão”. Depois, entre outros ilustres, teve a oportunidade e “privilégio de receber classes do último Picador Real, D. José Manuel da Cunha Menezes”, o que quase faz antever o seu percurso ao longo de
seis décadas. Reconhece-se como “uma pessoa de trabalho” e passou, até criar a o seu próprio espaço de ensino, por inúmeros picadeiros, que o levaram a conhecer várias zonas do país, bem como a viajar para Espanha continental, e ilhas Canárias, “onde demonstrou e divulgou as características do cavalo lusitano.” Luís Valença tem a paixão pelos
cavalos no sangue. Quando fizemos esta entrevista, confidenciou com entusiasmo que estava a 60 quilómetros de casa a ver um cavalo novo, ou poldro (equino com menos de um ano de idade), e a euforia na sua voz mais parecia a de uma criança a abrir presentes na noite de Natal. Diz que o que faz é “ser psicólogo de cavalos” referindo-se à arte de adestramento e ensino de equinos, como por exemplo para Dressage, e conta-nos que há 70 anos o cavalo era usado em tudo, desde carruagens, à caça, e ao exército. O que Luís Valença faz sobretudo, neste momento, é preservar a raça lusitana, e não deixar morrer esta arte, ensinando alunos de diversas idades e nacionalidades a montar, e preparando os cavalos e participando em espetáculos nacionais e internacionais de arte equestre. Quanto ao prémio que recebeu agora pela Junta de Freguesia, diz humildemente: “Não sou de prémios, e de exaltações, mas o prémio é um reconhecimento de 60 anos de trabalho com os cavalos e de 40 anos no centro equestre. Quando eu vim para cá não havia hotéis, não havia restaurantes, exceto os tradicionais, de forma que
este centro revolucionou um pouco esta localidade”. E acrescenta: “Quem merecia o prémio não era eu, mas os cavalos, e a equitação, que trazem pessoas ao concelho. Eu sou apenas um ser humano que me dediquei a isso com um grande amor e paixão, mas os cavalos é que são o grande atrativo.” Luís Valença é mestre da Escola Portuguesa de Arte Equestre e mestre de equitação pela Federação Equestre Internacional. Recebeu em 2003 o título de Cavaleiro Honorário pela Escola Portuguesa de Arte Equestre, e entre outros, o troféu Carreira da Golegã em 2001. Foi consultor da Comissão Municipal de Turismo de Vila Franca de Xira, e recebeu em 1998 a medalha de Mérito Municipal da Câmara de Vila Franca de Xira. De 1981 a 1983 empenhou-se na construção e projeção de um projeto de grande envergadura, o atual Centro Equestre da Lezíria Grande (Celg), conhecido internacionalmente. Celebrou recentemente os seus 75 anos, “com muitas décadas de amor ao ensino, à equitação, ao cavalo, e a Vila Franca de Xira” foi referido durante o evento. Uma paixão que continua bem viva e que será para sempre.
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Falta de médicos atinge estado de sítio em Azambuja, Alenquer e Benavente falta de médicos nos concelhos de Alenquer, Azambuja e Benavente já atingiu proporções de estado de sítio. O cenário já é do conhecimento geral, pois os clínicos ficam na região por meia dúzia de meses a um ano, e depois pedem transferência para mais perto da sua zona de residência. As câmaras municipais desdobram-se em ideias mais ou menos criativas para assegurar a continuidade dos médicos, seja pagando renda de casa, oferecendo creche aos filhos, e mais não sei quantas benesses associadas, mas nem isso demove os profissionais de desistirem. Em época de campanha eleitoral, este é um tema que faz parte da agenda de todos os partidos com várias promessas associadas. Em Alenquer, o assunto voltou à baila na última assembleia municipal pela voz da deputada da
A
É o desespero um pouco por toda a parte em vários concelhos da região
CDU, Amélia Caetano, que aludiu ainda à necessidade de obras nas extensões de saúde de Olhalvo bem como a construção do novo posto médico de Abrigada completamente obsoleto para as necessidades da população daquela freguesia, sendo que
ainda serve a de Ota. O presidente da Câmara, Pedro Folgado, referiu que a contratação de médicos não é responsabilidade da autarquia mas da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo e Agrupamento de Centros de Saúde do Es-
tuário do Tejo. As vagas a concurso até são preenchidas, mas por pouco tempo, o que faz com que estes concelhos andem sempre a correr atrás do prejuízo. O autarca de Alenquer e recandidato nestas eleições disse que tem feito de tudo “para minimizar esta questão”, e equaciona recorrer ao Plano de Recuperação e Resiliência, a famosa bazuca, para fazer face à necessidade de obras nos centros de saúde do concelho. Recentemente o centro de saúde de Alenquer passou a Unidade de Saúde Familiar com possibilidade de contratação dos seus próprios médicos, uma solução que se espera possa dirimir a questão. Já em Benavente os ânimos aqueceram durante a última reunião de Câmara com o vereador do PSD, Ricardo Oliveira, a ape-
lidar de vergonha nacional o que está a suceder no país, e em particular no concelho de Benavente, que está completamente desfalcado de clínicos, nomeadamente, no serviço de atendimento permanente. O presidente da Câmara, Carlos Coutinho, concordou mas salientou que o assunto não pode ser usado como arma de arremesso político, e deu a novidade que vai no sentido de o centro de saúde de Benavente passar a ser gerido pela USF de Samora Correia que recorre à contratação de per si e não enfrenta as mesmas dificuldades. Coutinho espera que esta possa ser a solução para o estado de coisas, informando, que nesta altura, vão abrir quatro vagas para Benavente. “Todos os médicos que têm vindo para o nosso município são maioritariamente do norte e querem sempre
regressar às suas terras de origem”. Ao Valor Local deu conta que a Câmara já andou a pagar rendas de casa mas nem isso chegou. Se nem com a solução de gestão a passar pela USF resultar, o autarca já está por tudo – “Tem de existir um levantamento da parte da nossa população”. Ricardo Oliveira disse mesmo que se for preciso vai para a porta do centro de saúde. Já no concelho de Azambuja a autarquia está a criar um regulamento que vai no sentido de pagar 400 euros por mês a cada clínico e fazer uma espécie de contrato para que cada médico fique pelo menos alguns anos a exercer no concelho. A ideia já foi levada a reunião de Câmara, e está no programa eleitoral do PS, mas também dos restantes partidos que já se apresentaram nestas eleições.
últimos anos, já saíram algumas pessoas do corpo ativo e passaram para o quadro de honra. Essas alterações têm provocado algumas baixas, mas ainda assim, no dia a dia, a associação
tem conseguido através dos grupos de bombeiros assalariados vir a colmatar as lacunas existentes. Os bombeiros de Alcoentre têm lutado igualmente para ter um quartel remodelado e sobre esse campo, Eifel Garcia, refere que o mesmo foi projetado nos anos 70 e que nos dias de hoje já se tornou obsoleto. Nesse propósito, refere que já se alteraram dois apartamentos que existiam nas traseiras do edifício e que os mesmos foram transformados em camaratas. Eifel Garcia sublinha o esforço dos bombeiros que comanda, e refere que foram estes que nos tempos vagos remodelaram esta ala do quartel, assim como são eles que fazem a grande maioria das manutenções das viaturas. Ouça esta entrevista na integra em Podcast em www.radiovalorlocal.com
Bombeiros de Alcoentre apelam aos jovens a ingressar na corporação Miguel António Rodrigues s Bombeiros de Alcoentre lutam contra a dificuldade de encontrar novos recrutas para aquela casa. Eifel Garcia, comandante daquele corpo de bombeiros, destacou à Rádio Valor Local que no dia a dia, aquela corporação tem cerca de 70 homens e que a dificuldade de encontrar novos elementos já não é de agora. Alcoentre é uma vila pequena a norte do concelho de Azambuja e por isso os jovens procuram cada vez mais outras localidades para fazer vida. Longe vão os tempos em que as empresas deixavam sair os seus funcionários para uma ocorrência, algo que nos dias de hoje se torna mais evidente que assim não acontece. Contudo Eifel Garcia fala na falta de conhecimento e dos benefícios, inclusive fiscais,
O
que uma empresa pode auferir quando tem um bombeiro integrado na sua estrutura. Para contrariar a falta de homens em 2019, os bombeiros de Alcoentre criaram uma escola, dedicada aos mais novos e onde se fomenta o gosto pelo mundo dos bombeiros. Algo que, segundo o comandante, ficou arredado assim que apareceu a pandemia e que já movimentava mais de 50 crianças. Eifel Garcia diz não desistir da ideia e que pelo Natal, uma equipa dos bombeiros visitou cada uma das crianças, com o objetivo de as relembrar do corpo ativo. Refere à Rádio Valor Local que essa foi uma das formas e “no fundo dar um pequeno miminho” às crianças e às suas famílias, dado que a interajuda é importante neste meio. O operacional recorda, inclusiva-
Para Eifel Garcia tem sido difícil encontrar novos valores para a corporação
mente, que os voluntários “têm colocado anúncios a solicitar às pessoas para se inscreverem”. “Penso que há vergonha em se aproximarem. Alguns não entendem a nossa atividade e outros
pensam que aquilo é um bicho de sete cabeças porque não querem responsabilidades”. Para o comandante, é difícil captar jovens para colmatar as baixas, salientando que ao longo dos
Censos: Arruda dos Vinhos, o que mais cresce. Cartaxo com a maior queda de população P
ortugal tem neste momento 10 milhões 347 mil 892 residentes, segundo os Censos de 2021, o que representa uma diminuição de dois por cento em relação há 10 anos. Os dados foram divulgados esta quarta-feira, dia 28 de julho pelo Instituto Nacional de Estatística. É a primeira vez que o país perde população desde 1970. No retrato dos concelhos na área de influência do Valor Local, há subidas e descidas. O maior aumento vai para Arruda dos Vinhos. O concelho tem agora 13 mil 985
moradores, contra 13 mil 391 em 2011, significando uma subida de 4,4 por cento. Também subiu em número de população, o concelho de Alenquer com mais 2,7 por cento de população, passando de 43 mil 267 residentes em 2011 para 44 mil 428 habitantes em 2021. Benavente é o terceiro que mais sobe com mais 2,5 por cento de população passando de 29 mil 019 para 29 mil 747. Vila Franca de Xira tem um pequeno decréscimo de 0,6 por cento. Em 2011 viviam neste concelho 136 mil 886 pes-
soas, em 2021 são 13 mil 659. Mas há concelhos que também desceram. A queda mais acentuada dá-se no concelho do Cartaxo, onde essa descida é de 5,1 por cento. Residiam neste concelho em 2011: 24 mil 462 pessoas, mas em 2021 são apenas 23 mil 211. Em Salvaterra a descida também não é de somenos, de 22 mil 159 residentes para 21 mil 632. Em Azambuja residem também menos pessoas do que há 10 anos. A queda é de 2,5 por cento, de 21 mil 814 para 21 mil 421.
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Euopastry confeciona bolachas criadas por alunos da Escola de Canados
“Miminhos do Rei” saem finalmente do papel O produto que homenageia as tradições de Alenquer
um sonho finalmente realizado para os alunos da Escola Básica de Canados que no ano letivo de 2015/2016 apresentaram, no âmbito do programa de Empreendedorismo nas escolas lançado pela Câmara de Alenquer, um projeto que consistia na confeção de umas bolachas alusivas ao Cantar e Pintar dos Reis. A ideia ainda chegou a ser levada junto da empresa de confeitaria industrial Europastry, com sede no Carregado, mas sem sucesso. Agora e volvidos cinco anos, a empresa decidiu resgatar a ideia e produzir as bolachas que estão à venda em vários pontos do concelho. A apresentação desta pareceria decorreu este mês e contou com uma saudação especial transmitida em vídeo pelo secretário de Estado da Educação, João Costa que deu conta do seu
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regozijo pelo desenvolvimento deste tipo de projetos na comunidade escolar em causa e por conseguinte no concelho de Alenquer. Paulo Franco, vereador com o pelouro do Empreendedorismo, vincou o apoio do setor empresarial, neste caso a Europastry “que colocou a sua equipa de produto, e de marketing neste projeto, e à qual só temos a agradecer”. O vereador referiu que nem sempre é possível concretizarmos “os nossos projetos no timing que mais desejamos e a vida obriga-nos a esperar pelas melhores oportunidades, e foi um pouco o vosso caso quando não conseguiram há cinco anos”. Contudo “não desistiram e a oportunidade surgiu”. O vereador agradeceu ainda à professora Carla Mourão e à pasteleira Sandra Honrado, “que mostraram sempre grande responsa-
Um dia que vai ficar na memória dos alunos de Canados
bilidade”. Com a comercialização dos Miminhos do Rei, Alenquer consegue ter um projeto concretizado em cada agrupamento escolar, neste caso no de Abrigada. Os restantes são o jogo Além Vou, o Pão Alão também numa parceria com a Europastry, e a edição de um livro de receitas multiculturais. Carla Mourão, professora na escola de Canados, sublinhou que este “projeto serve de inspiração para muitos outros” e “desta aventura fica um ensinamento para a vida destes jovens”. “Agradecer à Câmara e à Europastry que decidiram desde o início que o objetivo era manter a ideia original dos meus alunos”. Em nome dos colegas, a Inês, aluna que desenvolveu com a turma este projeto, mostrou o seu espírito empreendedor citando desde logo o empresário Rui Nabeiro, demostran-
do que foram “capazes de acreditar sempre nos Miminhos do Rei”. “Ficámos desiludidos quando não o pudemos concretizar. Hoje tem ainda mais valor porque sentimos que a nossa fé e o nosso empenho não foram em vão.” Luís Costa, diretor da Europastry, aludiu a este desafio que também significou ir mais além para a empresa e sair um pouco da sua zona de conforto, já que se dedica em exclusivo à pastelaria ultracongelada e não ao fabrico de bolachas. “Exigiria sempre alguma adaptação da nossa parte. Com a fábrica a entrar naquela altura no limite da sua capacidade produtiva tivemos que dar um desgosto a estas crianças. Desafiados recentemente, repescámos os Miminhos do Rei, munimo-nos do que tínhamos ao nosso dispor dentro da empresa e com os par-
ceiros decidimos avançar com o máximo de respeito possível pelo projeto”. Fizeram-se reuniões para se decidir como seria a comercialização. Cada caixa leva doze bolachas umas decoradas com glacé e outras mais simples “para quem gosta de mais ou menos açúcar”. A própria embalagem faz referência à tradição do Cantar e Pintar dos Reis. O presidente da Câmara de Alenquer, Pedro Folgado, referiu-se ao programa de empreendedorismo nas escolas que começou “como um sonho”, mas que hoje tem vários projetos concretizados. “O empreendedorismo nas escolas não é para nós uma moda, foi algo que pensámos e que percebemos que daqui a algum tempo pode fazer a diferença no tecido pessoal e profissional de Alenquer”, e lembrou o caminho trilha-
do “quando no início houve alguma desconfiança porque era tudo muito novo”. “À medida que fomos avançando no tempo cada vez mais turmas e escolas aderiram a este projeto, e não acredito que este programa acabe independentemente de quem esteja na Câmara ou nas escolas”. O autarca acredita que no futuro esta passagem pelos programas de empreendedorismo na escola “vai fazer a diferença na vida destes jovens e crianças quando chegarem à idade adulta e fizerem as suas escolhas”. “Os alenquerenses vão fazer a diferença sem dúvida”. Os Miminhos do Rei vão ser vendidos ao público a partir de dezembro na Confraria do Café, e nas cadeias de supermercados do concelho: Intermarché, Continente e Auchan.
Hospital de Santarém sensibiliza para o recurso adequado às urgências O Hospital Distrital de Santarém (HDS), em parceria com o Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) Lezíria, acaba de lançar uma campanha intitulada “Pulseira verde ou azul?”. O objetivo é informar e sensibilizar a população que deve apenas recorrer às urgências hospitalares em situações de doença urgente. Graça Amaro, diretora do Departamento de Urgência do HDS, citada em comunicado de imprensa, explica que “os utentes menos urgentes, classificados segundo o modelo de Triagem de Manchester com a cor verde e azul, devem ser atendidos na sua unidade de cuidados de saúde primários, pois são estes os utentes que têm de esperar mais tempo para serem
atendidos”. “Existem orientações do Ministério da Saúde no sentido de uma articulação estreita entre os hospitais e os cuidados de saúde primários para que os utentes menos urgentes sejam atendidos na sua Unidade. Daí que uma das medidas já implementadas pelo Ministério da Saúde seja isentar os utentes do pagamento da taxa moderadora na urgência hospitalar se antes se tiverem dirigido à sua unidade de cuidados de saúde primários ou se tiverem contactado a Linha de Saúde 24”, acrescenta a responsável. Durante os últimos meses, o HDS, em articulação com o ACES Lezíria, tem estado a desenvolver um projeto cujo objetivo é que, nas si-
tuações consideradas não urgentes, o utente fique com uma consulta agendada no próprio dia ou no dia seguinte na sua unidade de saúde, recorrendo, para tal, a uma plataforma cedida pela Administração Regional de Saúde de Lisboa Vale do Tejo (ARSLVT). Para a presidente do Conselho Clínico do ACES Lezíria, Marília Boavida, “para que este circuito tenha êxito, é necessário a sensibilização dos utentes e dos profissionais que se trata de um sistema de marcação simples e efetivo entre o Hospital e o centro de saúde”. “Trata-se de uma população que devido à proximidade do Hospital e à dimensão do concelho, tem um peso muito grande na procura de cuidados recorrendo ao Serviço de
Urgência. A expectativa é que com este projeto, os utentes recorram aos serviços mais adequados, de acordo com a sua situação clínica”, acrescenta Marília Boavida. Carlos Ferreira, diretor executivo do ACES Lezíria, assegura: “Vamos continuar a garantir que a prestação de cuidados a estes utentes aconteça no sítio certo, na sua unidade de saúde”. Após um período de testes, a partir de 3 de agosto, este novo procedimento torna-se efetivo para todo o concelho de Santarém. A campanha “Pulseira verde ou azul?” contempla dois tipos cartazes, uns dirigidos aos utentes do Hospital, outros aos utentes das unidades de cuidados de saúde primários.
Pulseiras de Triagem atribuídas a cada nível de urgência
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Presidente da associação de apoio às vítimas arrasa juíza do Tribunal de Loures presidente da Associação de Apoio às Vítimas do Surto de Legionella de Vila Franca de Xira, Joaquim Perdigoto, considera que a juíza que está a conduzir o processo instrutório relativo ao surto da doença dos legionários ocorrido em novembro de 2014 no concelho de Vila Franca de Xira não está a ser isenta. Ao Valor Local refere que a juíza Ana Rita Loja não está interessada em levar o caso a julgamento. Recorde-se que a Adubos de Portugal e General Eletric, as empresas arguidas, já chegaram a acordo com a grande maioria das vítimas. Restam nesta altura nove pessoas, sete familiares de vítimas que morreram e duas que ficaram infetadas. O Tribunal de Loures fixou o valor das indemnizações entre os 12 mil 500 e os 22 mil 500 euros por pessoa e aconselhou os que ainda não chegaram a acordo a fazê-lo. Caiu mal entre a associação a consideração expressa pela juíza na última sessão antes das férias
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Para Joaquim Perdigoto Ramos não está a ser feita justiça
judiciais de que “algumas das vítimas já tinham condições de saúde preexistentes do foro respiratório”. Joaquim Perdigoto diz que a juíza ao referir-se pelo menos a um dos casos em concreto “não tinha de o fazer porque se alguém já estava doente antes, com a legionella ficou pior ainda”. “Claramente que o Tribunal de Loures está a fazer
com que isto não siga para julgamento!”, não tem dúvidas em salientar. Esta pressão resulta no cansaço de quem está à espera de justiça há muitos anos “e os próprios advogados das vítimas estão a aconselhar a que os acordos sejam aceites”. Por outro lado, há outro aspeto das considerações emitidas pela
juíza que deseja ver esclarecido, nomeadamente, “quando ela se refere ao valor das despesas a pagar aos hospitais das Forças Armadas, e Lisboa Norte, no valor de 100 mil e 500 mil euros, respetivamente”. “Estamos a falar da totalidade das 412 vítimas ou só das 73 onde foi encontrado o nexo de causalidade”, questiona-se, dei-
xando a seguinte afirmação – “Se para este bolo contribuem todas as vítimas então temos de implicar essas pessoas todas no processo e não apenas as 73”. Por outro lado, “ela já fez duas ou três propostas de entendimento e não tem de o fazer, assim parece que está a beneficiar os ricos”. Relembra que o surto de legionella teve vários fatores que levaram ao espoletar de casos. Recorde-se que 412 pessoas foram infetadas, e 12 delas acabaram por falecer. “Estamos a ser alvo de uma grande injustiça, e tudo começa na falta de fiscalização por parte do Estado aos edifícios, o não cumprimento dos objetivos ambientais, a que se junta ainda a forma atabalhoada como foram recolhidas as análises com a criação de uma task force que foi para o terreno tardiamente e que não estava preparada para este caso”, descreve, lembrando ainda que “foram perdidas análises durante o transporte do Hospital de Vila Franca de
Xira para o Instituto Ricardo Jorge”. São arguidos neste processo João Paulo Cabral, vogal do conselho de administração da ADP, José Carvalhinho, igualmente responsável da empresa, e Eduardo Miguel Ribeiro. Da parte da empresa General Eletric, incumbida de proceder à limpeza nas torres de refrigeração, são arguidos Ricardo Lopes, Liliana Correia, Maria Viana e Nélio Moreira. Também as duas empresas foram constituídas arguidas pela prática do crime de infração de regras de construção (conservação). Paralelamente, a associação mantém a ação popular em que exige mais de 2,6 milhões do Estado português que entrou em 2019 no Tribunal Administrativo do Círculo de Lisboa. O valor reclamado é de 8050 euros por cada uma das 330 vítimas cujos processos foram arquivados pelo Ministério Público, por não lhes ter sido detetada a estirpe da legionella SP1905.
Comandante dos bombeiros de Azambuja
Combate à pandemia também foi feita com pequenas medidas R icardo Correia, comandante dos Bombeiros de Azambuja, esteve na Rádio Valor Local a fazer um balanço do combate à pandemia e as aprendizagens que vão ficar para esta corporação. Sustenta que todo o apoio dado no início da pandemia, em março do ano passado, foi vital para o conhecimento e a minimização da mesma durante este ano. Para Ricardo Correia exigências que agora parecem longínquas como a limpeza das ruas e a sua higienização, assim como, a limpeza de locais de passagem como foram os casos dos apeadeiros de Vila Nova da Rainha e do Espadanal, em conjunto com as respetivas juntas de freguesia, fizeram a diferen-
Ricardo Correia acredita que todos já estão suficientemente sensibilizados ça. Nesta entrevista, o operacional
sustentou que a presença constante das equipas das juntas de
freguesia e dos bombeiros, foi importante para dar um sinal à população. Um sinal não só de segurança, como de responsabilização de todos. Ricardo Correia recorda que no início pouco ou muito pouco se sabia, por isso acredita que tudo o que foi levado a cabo, teve um impacto “gigantesco” nas pessoas, que dessa forma tomaram consciência deste mundo novo que a pandemia trouxe. O operacional sublinha que apesar de não se conseguir medir os resultados dessas medidas “quanto mais não seja alertou-se para a sensibilização e necessidade das pessoas em tomarem precauções”. Para Ricardo Correia, nos dias
que correm “se calhar ainda nos lembramos de algumas coisas que fizemos e porque não o fizemos de outra forma, mas em verdade, àquela data, qualquer ação que se aproximasse de uma medida que pudesse melhorar as condições de segurança e abrandar a pandemia para nós era importante e tentámos”. Para o comandante, uma das medidas mais importante e tomadas no pico da pandemia, relacionou-se com uma visita ao comércio do concelho de Azambuja. Ricardo Correia recorda a deslocação aos cafés e pastelarias que permitiu esclarecer as dúvidas dos comerciantes “para que pudessem mostrar as medidas que já tinham tomado, o que
já revelava algum orgulho por parte dessas pessoas”. Um ano e meio passado, Ricardo Correia diz acreditar que o empenho dos comerciantes na higienização dos seus espaços e as medidas de proteção, ainda estão em vigor nos respetivos estabelecimentos, até porque acredita que são um dos grupos profissionais mais prejudicados com a pandemia. Ricardo Correia revela agora que já não será preciso voltar a passar a mesma mensagem, até porque o comandante diz crer que a mesma já é do conhecimento geral. Para Ricardo Correia, o que é necessário é aplicar as regras e medidas de autoproteção e de proteção dos outros.
Junta de Vila Franca ganha prémio contra o desperdício alimentar A Junta de Freguesia de Vila Franca de Xira ganhou o selo distintivo “Produção Sustentável e Consumo Responsável contra Desperdício Alimentar”. A atribuição deste selo foi da responsabilidade da Comissão Nacional Contra o Desperdício Alimentar e em causa está um dos vários projetos de solidariedade criados pela Junta de Freguesia. A iniciativa chama-se “Dar Para Receber” em parceria com um supermercado da cidade. Esta é uma iniciativa que envolve as IPSS da freguesia, a junta e o Aldi. Diz respeito à distribuição das unidades de pão e de bolo
que sobram no dia a dia de funcionamento daquela superfície comercial. Durante a semana, a junta articula-se com as IPSS, mas ao fim de semana, essa recolha fica a cargo dos bombeiros de Vila Franca de Xira. Segundo João Santos, presidente da junta, “os produtos do dia que o Aldi não vende, são doados à junta”. Estes não são produtos com prazos de validade ou a atingir o prazo, mas no fundo alimentos que de outra forma iriam para o lixo, apesar da administração do Aldi os distribuir pelos funcionários, contudo o excedente continua a ser assinalável
na maior parte dos dias. O presidente da junta vinca que a entidade articula-se com o Centro Comunitário de Povos e utiliza também a “Despensa Solidária”, um outro projeto da junta, “que serve de ponto de recolha destes alimentos.” Neste caso a despensa é uma velha cabine telefónica recuperada, onde algumas empresas e pessoas, deixam alguns produtos, tendo em conta as famílias mais necessitadas. A qualquer hora da noite ou do dia, as pessoas podem aceder àquela despensa, levando aquilo que mais precisam e que é deixado por ou-
tras pessoas e até pela junta através deste projeto “Dar para receber”. João Santos acredita que assim “contrariamos o desperdício alimentar”, uma ideia comungada pela entidade que agora brindou a junta com este prémio. Aliás a nível nacional, a Junta de Vila Franca de Xira foi uma das 13 galardoadas. Para o presidente da autarquia, este prémio é o reconhecer de um trabalho de uma equipa, mas é sobretudo o reconhecimento “de que esta nossa iniciativa tem um impacto na vida das pessoas”.
Um dos projetos solidários da junta de Vila Franca recebe reconhecimento
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Cruz Vermelha de Aveiras de Cima ajudou mais famílias durante a pandemia Miguel António Rodrigues escassos meses de cumprir o sonho do novo quartel e de começar as obras, a Cruz Vermelha Portuguesa (CVP) de Aveiras de Cima tem vivido estes meses de pandemia a tentar ajudar quem precisa. O atual quartel é pequeno para as necessidades, mas isso não se tem refletido nas ajudas que aquela instituição presta na região. Pedro Vieira, coordenador da CVP de Aveiras de Cima, sublinha que a pandemia veio agudizar os casos de verdadeira necessidade das famílias. Ainda assim, há muitas que por vergonha não pedem ajuda à Cruz Vermelha, e por isso os números apresentados pela instituição podem estar abaixo da realidade. Pedro Vieira, em entrevista à Rádio Valor Local, destaca que com a pandemia, muitos ficaram sem sustento. E que a falta de emprego deu azo a que os pedidos de ajuda viessem a aumentar gradualmente. Segundo o coordenador, durante a fase mais aguda da Covid-19, a CVP chegou a ter duas equipas para levar alimentos e outras ajudas às famílias, não só
Novo quartel é a maior ambição da CVP
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as mais necessitadas, mas também agregados que devido à pandemia não podiam sair de casa. “Fizemos o acompanhamento dessas famílias em conjunto com a junta de freguesia de Aveiras de Cima, que teve um papel importante”. Só na freguesia, refere Pedro
Vieira, a Cruz Vermelha “apoia nesta altura 113 famílias”. No entanto, o coordenador recorda que a CVP não fica apenas circunscrita à freguesia, lembrando que o seu trabalho vai de norte a sul do país se for preciso. A recolha de alimentos foi feita pela sede nacional e via online.
Segundo Pedro Vieira, a sede fez parceria com uma cadeia de hipermercados. As delegações solicitam depois à sede nacional os alimentos em falta e distribuem pela população. Este ano a entrega foi feita através de vales nos supermercados, sendo que a participação
dos portugueses nesta campanha foi importante e decisiva. O sonho do novo quartel A CVP luta contra a falta de espaço diariamente e por isso os socorristas e o próprio coordenador não veem a hora de ter
um novo quartel. A instituição já não tem mais espaço nem para os socorristas, nem para viaturas e muito menos para armazenar o que quer que seja. Nesse sentido, o responsável recorda a ajuda que a Junta de Freguesia de Aveiras tem disponibilizado com “uma casa perto das atuais instalações e que serve atualmente de armazém”. “Trata-se de um espaço pequeno e que está atolado em alimentos para serem distribuídos, ficando a faltar ali espaço para as próprias necessidades da CVP.” Pedro Vieira, recorda ainda nesta entrevista à Rádio Valor Local, que as viaturas permanecem estacionadas ao longo da vila, pelas ruas, e que isso traz constrangimentos, não só à instituição, como aos populares. O coordenador aguarda agora pelo novo edifício, cujo projeto está entregue e que vai ver em breve o arrancar das obras. Primeiro será o muro de suporte, apoiado pela Câmara de Azambuja, e posteriormente a construção em si, sendo que esta carece do lançamento de um concurso específico. As obras que terão um custo de meio milhão de euros, serão suportadas pela instituição.
Casimiro Ramos vai liderar Centro Hospitalar do Médio Tejo O
arrudense Casimiro Ramos é o novo presidente do Centro Hospitalar do Médio Tejo. O agora responsável máximo daquela unidade, tem experiência como gestor e administrador de empresas e “abraça” aquilo que considera mais uma missão que um trabalho. Casimiro Ramos, que usa o tempo livre como professor, a escrever sobre a sua terra natal e os momentos de outros tempos, deixa para traz uma candidatura em 2001 à Câmara de Arruda pelo PS e o trabalho enquanto deputado na Assembleia da República no final dos anos 90.
Casimiro Ramos vai liderar agora uma equipa que no passado foi gerida por Carlos Andrade, que está agora à frente do Hospital de Vila Franca de Xira. Numa entrevista concedida à Rádio Valor Local, Casimiro Ramos fala no espírito de missão necessário para levar a cabo esta nova etapa da sua vida “e é dentro desse espírito que eu ou qualquer pessoa pode aceitar um desafio tão nobre”. O novo gestor do Centro Hospitalar do Médio Tejo aproveitou o momento para “agradecer a todos os profissionais daquela unidade de saúde por aquilo que tem sido
este último ano, ano e meio de sacrifício na vida familiar destes profissionais, em prol de ajudar a minimizar o sofrimento de todas as famílias”. Casimiro Ramos refere que tendo em conta o empenho e o sacrifício dos profissionais das várias áreas da saúde, é importante “dar um abraço a estes profissionais, por aquilo que tem sido o esforço que estas pessoas têm feito”. O novo administrador sustenta que a anterior administração fez um bom trabalho e refere que uma das suas metas parta este projeto passa por envolver todos os players da área da saúde.
“a minha missão é em primeiro lugar, continuar o trabalho excelente que tem vindo a ser feito no centro hospitalar do médio tejo e ser um facilitador e agregador de parcerias com os municípios e com outras entidades de saúde” em causa estão os ACES, os Hospitais de leiria e de Santarém e fazer a ponte #”com todos os profissionais” e explique que “a pandemia veionos dizer que os humanos devemse juntar uns aos outros” ou então “os vírus dominamos isto tudo”. Para Casimiro Ramos, este é “um ensinamento dos vírus e das bactérias e dos micróbios para a nossa vida” esclarece.
Ligado ao ensino está agora à frente de um centro hospitalar, depois de ter passado pela política
Câmara de Vila Franca quer avançar com criação da reserva natural das salinas de Alverca A
Câmara Municipal de Vila Franca de Xira vai avançar com a classificação das salinas de Alverca como reserva natural. Recentemente várias associações ambientalistas lançaram uma petição para a criação da Reserva Natural Local das Salinas de Alverca do Ribatejo e Forte da Casa conta os apetites imobiliários que se vinham a mo-
vimentar nos últimos tempos. A zona em questão integra os 40 hectares mais importantes enquanto zona húmida da margem norte do estuário do Tejo. Em reunião de Câmara, o presidente da autarquia, Alberto Mesquita, assegurou que a preservação daquele ecossistema será salvaguardada através de PDM. Recorde-se que há alguns anos,
em 2014 e em 2018, foram aprovadas moções em assembleia municipal tendo em vista a medida de criação de uma reserva natural, mas sem resultados práticos. Carlos Patrão, vereador do Bloco de Esquerda, deixou o desejo de que a Câmara cumpra “o velho sonho dos munícipes de Alverca para a criação desta reserva natural e a preservação
deste ecossistema”. Mário Calado, da CDU, observou “que há que existir compatibilidade entre o PDM e as infraestruturas como a ETAR já construída ou os canais rodoferroviários que terão que enquadrar as especificidades ambientais em presença” As associações Quercus; a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, a Fapas - Associa-
ção Portuguesa para a Conservação da Biodiversidade, a Associação Natureza Portugal, o Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente, a Liga para a Proteção da Natureza e a associação cívica Os Amigos do Forte instaram o município a tomar medidas, dado que entendem que té hoje o município tem falhado neste pro-
cesso. Neste documento, os ambientalistas relembram que a área em causa está ameaçada na sua integridade e preservação, reivindicando o estabelecimento de um cronograma para a elaboração do plano de ação para a criação da reserva em 12 meses atendendo aos valores naturais em causa.
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Julho 2021
Novo traçado alternativo a Casais das Boiças atira votação para depois das autárquicas
Central Solar da Torre Bela volta para a consulta pública uma das últimas reuniões de Câmara de Azambuja, o executivo preparava-se para votar a declaração de interesse público municipal relativamente aos projetos dos parques solares da Torre Bela e da Cerca. Contudo a falta de um documento a emitir pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA) para o desvio da linha de muito alta tensão do interior de Casais das Boiças para o interior do olival adjacente levou a um adiamento da votação, com a oposição PSD a acusar o executivo de golpe de teatro desnecessário. Recordese que a população de Casais das Boiças tem feito ouvir a sua voz e tem-se debatido pela deslocação da linha para a zona do olival paredes meias com o futuro parque. A pretensão tem a concordância do promotor, as empresas CSRTB Unipessoal e Aura Power, mas segundo a Câmara de Azambuja o processo está a ser obstaculizado pela APA. Luís de Sousa ao Valor Local diz que já está a perder a cabeça com esta aparente má vontade, e diz mesmo que já foi um pouco mais ríspido em conversa com responsáveis do organismo estatal.
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O proprietário teve pressa de desimpedir o terreno para o promotor mas o projeto vai conhecer mais um atraso
O Valor Local questionou a Agência Portuguesa do Ambiente sobre o estado de coisas neste processo, sendo que a entidade adianta em exclusivo ao Valor Local que em face das novas circunstâncias vai ter de voltar à consulta pública. O organismo estatal relembra que o projeto tem parecer favorável condicionado desde quatro de junho de 2021, confirmando que no seu seguimento recebeu uma exposição do município e do propo-
nente para alteração do traçado, questionando a Aura Power e a CSRTB em concreto, qual a eventual tramitação legal necessária à ponderação de uma nova rota das linhas de muito alta tensão. “Face ao exposto, importa clarificar que a avaliação desenvolvida e a Declaração de Impacte Ambiental emitida assentam numa solução de projeto que a não manter-se, carece de nova avaliação, nos termos do regime jurídico de Avalia-
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ção de Impacte Ambiental (AIA) em vigor. Assim, caso o proponente pretenda desenvolver um projeto diferente do avaliado, carecerá da sua submissão a novo procedimento de AIA, cuja tramitação decorrerá nos termos e prazos estabelecidos, incluído a promoção de novo período de consulta pública”, diz a APA na resposta ao Valor Local. O presidente da Câmara de Azambuja, Luís de Sousa, garantiu em
reunião de Câmara e ao Valor Local que não vai dar luz verde ao projeto enquanto não existir um novo traçado. Dá ainda conta que o promotor tem “tido muita paciência e boa vontade”, referindo que está na disposição de “começar a construir a central do lado de Rio Maior”. Sendo certo que a ir de novo para consulta pública serão mais uns meses de compasso de espera, pelo que este projeto sem qualquer sombra de dúvida e a manterem-se as condições do município não será votado antes das eleições. Como a autarquia pretende levar ambas as centrais a votação, em simultâneo, aos órgãos autárquicos tudo ficará decidido depois de outubro na melhor das hipóteses. Dois complexos megalómanos a instalar no concelho de Azambuja Em Manique do Intendente, na Torre Bela, o projeto da centra fotovoltaica está previsto para uma área de 775 hectares, num investimento de 170 milhões de euros com a criação de 1000 postos de trabalho na fase de construção e
10 postos permanentes após esta fase. A central está prevista para a quinta na parte em que fica de frente para a Companhia Logística de Combustíveis prolongando-se até à entrada de Alcoentre para um total de 638 mil 400 painéis solares. O projeto da Fotovoltaica da Cerca prevê uma extensão a nível das linhas elétricas na ordem dos 16,1 quilómetros e a criação de uma subestação em Vila Nova da Rainha, desenvolvendo-se nas denominadas áreas C1 (Azambuja) e C2 e C3 (Alenquer). A central pretende produzir 388 208 MWH de energia elétrica por ano, e vai colocar no terreno 458 mil painéis. Durante a fase de construção a Fotovoltaica Lote A - EDP pretende empregar até 250 pessoas neste projeto. As metas que visam incluir as renováveis em larga escala no dia-adia dos portugueses são ambiciosas. Assim o Governo estipulou que até 2030, com base no pacote legislativo da União Europeia denominado “Energia Limpa para todos os Europeus”, as renováveis possam ter um peso de 47 por cento nos usos que fazemos da eletricidade no dia-a-dia.
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Central da Cerca já foi aprovada mas com muita apreensão por parte dos ambientalistas Comissão de Avaliação do projeto da Central Fotovoltaica da Cerca deu parecer favorável, nos últimos dias, ao avanço deste empreendimento que fica a cargo de uma empresa do grupo EDP Renováveis a implementar nos concelhos de Alenquer e Azambuja. Embora o parecer seja favorável é condicionado a uma série de ajustes emanados pelas entidades do Estado que compõem aquela comissão. No documento ao qual o Valor Local teve acesso é bastante visível o sentimento de apreensão das associações ambientalistas que estiveram no processo de consulta pública, e mesmo ao nível das entidades do Estado é recomendado que ainda muito há para limar neste mega projeto que prevê a distribuição de 458 mil painéis solares entre os dois concelhos. A Zero - Sistema Terrestre Sustentável opina, desde logo, quanto às incongruências do projeto pois é difuso quanto à área que vai efetivamente ocupar nas classes de solo agrícola e natural, tendo em conta que o projeto refere que vai evitar aquele tipo de localizações quando “se assiste a uma concentração de infraestruturas previstas em 50 por cento de floresta de eucalipto, e em 40 por cento em zonas agrícolas de sequeiro e regadio”. Particularmente e naquilo que é o projeto na zona do concelho de Azambuja “assiste-se a uma ocupação em zonas de paisagem notável do ponto de vista agrícola, e silvestre”. A Zero chama a atenção para a Mata das Virtudes e a forma como o projeto pode afetar aquela localização. É preocupação desta associação ainda o abate de sobreiros em perspetiva por não estar muito claro no estudo o número de exemplares, prevendo-se que sejam mais do que aqueles que estão a ser assinalados pela Fotovoltaica Lote A EDP Renováveis. Na consulta pública, a Zero conclui que “os impactes cumulativos são muito superiores aos descritos no Estudo de Impacte Ambiental”. Esta associação é muito mais incisiva e crítica quanto a este projeto em comparação com o da Torre Bela, em que assinala algumas situações a corrigir mas sem o mesmo
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Será a partir desta propriedade em Virtudes que vai nascer um dos projetos mais ambiciosos para a região
nível detalhe, pese embora o que vai ficar localizado entre os concelhos de Azambuja, Caldas da Rainha e Rio Maior ter sido muito mais badalado na sequência da caçada que resultou no abate de 540 animais em dezembro último. Mais presente no terreno, a Associação Ambientalista do Concelho de Alenquer- Alambi, está em primeiro lugar “muito preocupada” com a profusão de centrais daquele tipo previstas para uma parte do território, principalmente e quando em causa estão as zonas naturais do Paul de Ota e do Paul de Archino. A Alambi refere que houve um deficiente trabalho de campo nesta componente por parte do promotor que desvalorizou o valor ambiental dos pauis, que embora “não sejam zonas com estatuto de proteção têm a maior importância para a preservação da vida selvagem e são corredores da avifauna entre o Tejo, a Serra de Montejunto e a Serra de Ota”. Já a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) reflete que perante o número de centrais previsto para esta zona do país, tal deveria merecer um “avaliação ambiental estratégica” mais específica, e pede para que sejam “identificados todos os impactes das centrais do ponto de vista da avifauna, e ocupação do
solo com medidas minimizadoras associadas”. Também a FAPAS Associação Portuguesa para a Conservação da Biodiversidade está preocupada com o efeito cumulativo das centrais para a região e pede igualmente para que seja levado a cabo um estudo estratégico. Avaliação de Impacte Ambiental sublinha necessidade de correções a nível da proximidade das linhas às habitações No documento produzido pela comissão de avaliação composta por entidades do estado e meio académico pode ler-se que entre os efeitos negativos do projeto da Quinta da Cerca estão as atividades de desmatação e desarborização. Mas também há preocupações do ponto de vista da fauna com “afastamento permanente de espécies”, em que “a morte por eletrocussão das aves” é também apontada como uma realidade a ter em conta. Recomenda ainda a comissão de avaliação, a construção de cortinas arbóreas face ao impacte de todo o projeto. Principalmente, é recomendado a esta empresa do grupo EDP Renováveis que proceda a uma alteração do traçado da diretriz das linhas sobretudo no que
se refere aos apoios das mesmas por ficarem “excessivamente próximas de um número muito elevado de habitações”. Sendo particularmente preocupante o caso da localidade do Camarnal, concelho de Alenquer, que ficará na encruzilhada de vários projetos fotovoltaicos previstos, nomeadamente esta central bem como a de Triana. Quanto à ocupação de terrenos, é referido que embora exista um efeito negativo e duradouro a 35 anos, tendo em conta a duração do projeto, é sublinhado que foi evitada a colocação de infraestruturas em zonas classificadas com Reserva Agrícola Nacional.
blico municipal a conferir pela Assembleia Municipal de Azambuja vistas as operações urbanísticas a desenvolver neste território. Diz ainda aquele grupo composto por entidades do Estado que a empresa tem de fazer um plano de monitorização ambiental, não afetar as linhas de água constantes em Reserva Ecológica Nacional, e garantir a compensação necessária no que toca ao abate de sobreiros assim como manter o arvoredo existente na Mata da Virtudes. A empresa está ainda incumbida de reconfigurar os caminhos nas áreas principais do projeto mais sensíveis no que toca à vegetação e linhas de água.
Recomendações que a Fotovoltaica Lote A terá de atender
Recomendações dos municípios afetados
A comissão em causa elucida que uma das medidas que terá de ser cumprida prende-se com a não instalação de painéis fotovoltaicos na Área C3, freguesia de Alenquer, a menos que a Câmara viabilize tal através de alteração do PDM, algo que Pedro Folgado, presidente da Câmara, em declarações ao Valor Local, já disse não estar na disponibilidade de o fazer. Por outro lado é salientado que o projeto tem de obter a declaração de interesse pú-
No que se refere ao município de Azambuja, e na generalidade existe uma boa aceitação do projeto e até saúda a forma “cabal” como o Estudo de Impacte Ambiental se incidiu sobre os vários fatores em causa, “apesar de não concordar com a avaliação de alguns dos impactes”. A Câmara de Azambuja considera que entre os aspetos positivos estão fatores socioeconómicos do projeto como os empregos associados, (embora durante a fase de explo-
ração estes tendam a ser residuais) mas também no que se refere à qualidade do ar e o contributo para a mitigação das alterações climáticas. A Câmara entende como fator negativo, o facto de não se prever o número de sobreiros a abater. Diz o município ainda que o projeto merece a declaração de interesse público municipal em virtude da classe de solos que vai servir para o projeto, dado que esses terrenos não estão sujeitos a servidões ou restrições de utilidade pública. A Câmara de Alenquer também identifica vantagens e já aprovou o projeto em reunião do executivo, algo que ainda não aconteceu no concelho vizinho de Azambuja. A autarquia de Alenquer aconselha entre outros aspetos a adoção de caminhos alternativos durante a fase de construção do projeto dado que aqueles que estão previstos podem trazer vários impactes negativos que implicam o atravessamentos de localidades, pontes estreitas e caminhos vicinais degradados. O município à semelhança da ALAMBI também não deixa de notar que os estudos das espécies a nível da fauna e da flora são deficientes e aconselha “a mais prospeções de campo”. Aconselha ainda a que seja considerada a colocação de dispositivos anti colisão nas linhas elétricas tendo em linha de conta a possibilidade de colisão das aves. A Central Fotovoltaica da Cerca é um projeto de produção de eletricidade a partir da energia solar com uma capacidade instalada de 200 MWP e estima produzir anualmente 388.208 MWH. Pretende evitar a emissão anual de cerca de 120280 toneladas ano de dióxido de carbono para a atmosfera, em cumprimento das diretivas emanadas por Bruxelas para a diversificação das fontes de energia. As metas que visam incluir as renováveis em larga escala no dia-a-dia dos portugueses são ambiciosas. Assim o Governo estipulou que até 2030, com base no pacote legislativo da União Europeia denominado “Energia Limpa para todos os Europeus”, as renováveis possam ter um peso de 47 por cento nos usos que fazemos da eletricidade no dia-a-dia.
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Especial Covid 19 - A 4ª Vaga
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Virologista Paulo Paixão não defende terceira dose da vacina Sílvia Agostinho Sílvia Carvalho d’Almeida m ano e meio depois do início da pandemia de Covid19, que abalou as estruturas políticas e económicas nacionais e internacionais, ao dia do hoje, são cerca de 47000 os casos ativos, cerca de 852000 recuperados, e cerca de 17000 mortos em Portugal, e praticamente 1 milhão de pessoas já teve a doença. No mundo, este vírus mortal ceifou já a vida a 4 milhões e 16 mil pessoas. O Valor Local ouviu neste ponto da pandemia e da denominada 4ª vaga, o virologista Paulo Paixão, também presidente da Sociedade Portuguesa de Virologia. O especialista não esconde que a comunidade científica portuguesa esperava uma baixa de casos com mais pessoas vacinadas e o aumento das temperaturas, dado que “todos os vírus são sazonais” o que acabou por “não se verificar” pelo menos para a variante delta, que é para si, o cerne da questão neste momento. Em Portugal, tal como noutros países europeus, a tendência é de subida do nú-
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mero de casas. No entanto, para o virologista, a situação seria sem dúvida mais grave, se não houvesse vacinação, porque “dessa forma em cerca de 3000 casos teríamos dezenas de mortes”. As mutações, no início da pandemia, não eram de todo expectáveis, no entanto “neste momento temos conhecimento para perceber que este vírus age desta maneira, com todas as variantes que têm surgido”. Paulo Paixão reconhece que não existem termos de comparação deste vírus com outros, pelo que o SARS COV- 2 acaba por ser um desafio inédito para a comunidade científica, à exceção do vírus da gripe que também sofre mutações, mas que acaba por não ter a mesma carga letal. Paulo Paixão especifica que “a taxa de mutação bem como a variação genética é superior no vírus da gripe relativamente ao SARS COV-2.” O que os distingue são as consequências das mutações genéticas no vírus da gripe que “não são tão grandes como as que este vírus está a ter.” Este vírus, é sobretudo atípico, “com um comportamento diferente do que aquele a que está-
Virologista refere que esta doença é um desafio permanente para a comunidade científica vamos habituados”. Paulo Paixão rejeita ainda a suposição de que o SARS COV-2 tenha sido criado em laboratório e que seja algum tipo de arma biológica, porque nenhum virologista poderia prever que este vírus tives-
se este comportamento em humanos. No entanto, não descarta a ideia de que possa ter havido uma fuga acidental do laboratório em Wuhan que trabalha com coronavírus. Sobre o número de tomas da
vacina adequado numa altura em que a Pfizer e a Astrazeneca baixaram a eficácia face à variante Delta estando agora nos 87 por cento e nos 76 por cento respetivamente, diz que ainda é cedo para se falar numa terceira
dose. “Primeiro temos que vacinar toda a gente com as doses já disponíveis”, e depois porque “só faz sentido em pessoas com determinados problemas de saúde graves, tais como transplantados nos quais a resposta imunitária é fraca”. “Neste momento estarmos a falar disso é um disparate, pois temos que resolver primeiramente o problema de base, que é o de todos estarmos vacinados e haver a imunidade de grupo”. Para além disto, “ao avançar-se para a terceira dose, vamos protelar a vacinação dos mais novos, e com isso continuar a alavancar os números de infetados”. No entanto prevê, que à semelhança da gripe, tenhamos que ser vacinados periodicamente, contra as mutações que possam surgir e não para completar um esquema vacinal. Conclui, o virologista, que com a chegada do outono, com o regresso às aulas, possa haver um “conflito de forças”, no qual por um lado temos mais vacinados, mas por outro o vírus pode surgir em grande com o afrouxamento do distanciamento social, e também com o baixar de temperaturas. PUB
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Especial Covid 19 - A 4ª Vaga
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Quarta vaga da pandemia obriga restaurantes da região a reinventarem-se Sílvia Carvalho d’Almeida s medidas atuais de mitigação da Covid-19 preveem a obrigatoriedade de efetuar testes PCR à portas de restaurantes, ou em alternativa mostrar um certificado de vacina válido, nas sextas, sábados e domingos. Conversámos com alguns proprietários e gerentes deste tipo de estabelecimentos, para saber como está a ser gerida toda esta questão, e como se estão a adaptar a esta nova realidade, para além de tentarmos saber as reações das pessoas a estas medidas. Para além disto, entrámos em contato com algumas farmácias para percebermos como tem sido a afluência na procura dos testes. Também contactámos várias unidades hoteleiras na região, algumas recusaram colaborar connosco alegando indisponibilidade de momento, outras acabaram por pedir perguntas por escrito, mas não nos fizeram chegar as respostas. À data de fecho deste jornal, sabe-se que está para aprovação no Conselho de Ministros, esta quinta-feira, dia 29 de julho, a “utilização do certificado digital por rotina nos espaços públicos”, deixando esta medida de ser apenas ao fim de semana, e restrita a restaurantes e eventos. Nuno Almeida do restaurante “A Prensa”, em Alenquer, não faz testes no seu restaurante. Esclarece que não tem formação para o fazer e não compreende esta medida por parte do Governo. Neste estabelecimento de restauração, limitam-se a receber os certificados de vacina que são validados pela aplicação de internet, mas ainda assim diz que “não têm forma de saber se o certificado é da pessoa em questão, pois não é legal pedir identificação, por via da Lei de Proteção de Dados”. Para o proprietário este “é mais um problema” acrescido a tantos outros que a pandemia veio trazer. Tem sentido uma quebra muito grande no negócio, pois muitas vezes, e ao trabalhar essencialmente com famílias, os membros mais velhos trazem certificados, mas os mais jovens não, e os clientes decidem então ficar por casa. Outra coisa que o preocupa é que muitas pessoas não percebem que estas medidas são impostas, e não uma iniciativa do restaurante. O estabelecimento tem três salas, “mas felizmente pode contar com uma esplanada, que é onde a maioria dos clientes opta por estar”. Nuno Almeida confessa à nossa reportagem que não é fácil continuar a levar este barco, até porque se dependesse unicamente dos espaços interiores para servir refeições já tinha fechado. Por outro lamenta que se esteja a “pôr as
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pessoas umas contra as outras” face ao estado de sítio que mais uma vaga da pandemia veio trazer. Na sua opinião, o Governo está a usar os restaurantes como escudo para obrigar as pessoas a tomar a vacina. “O sentimento é o de descrédito no Governo e desânimo com a atual situação dos fins-de-semana, que era quando se faturava mais”. A continuar assim não tem dúvidas de que muitos restaurantes irão à falência. Jaime Canteiro, do restaurante “Oficina dos Sabores”, em Aveiras de Cima, é da mesma opinião do seu colega: Não têm formação para testar os clientes, pelo que não o fazem. No entanto é obrigatório ter a vacina da Covid-19 para que os clientes entrem no restaurante, pelo que pedem o certificado, ou pelo menos o teste negativo. À semelhança de “A Prensa”, não têm como saber se este pertence a quem o entrega, e muitas famílias decidem não frequentar o restaurante pois os elementos mais novos ainda não foram vacinados. Para além disto, este estabelecimento, que realiza batizados e festas, regista por estes dias muitos cancelamentos para estas celebrações que comportam sempre mais convidados, porque as pessoas recusam-se a fazer testes, mesmo com a deslocação de uma equipa de enfermeiros ao local do restaurante. O verão é a melhor altura do ano para a “Oficina dos Sabores” mas a quebra na faturação “tem sido muito grande” face às despesas. Contudo a unidade de restauração tem conseguido manter os postos de trabalho. O restaurante tem take away, mas segundo Jaime Canteiro “não é expressivo”. Neste caso, a estrutura financeira permite que o restaurante não feche, “mesmo que a esplanada não tenha registado muita procura devido ao tempo que se tem feito sentir”. Relativamente aos apoios do Estado, não têm tido problemas, e o acesso tem sido rápido embora não cubra a totalidade dos prejuízos. Delfim Marques do restaurante “O Fuso” em Arruda dos Vinhos conta-nos que esta medida o está a afetar imenso. Os testes que são feitos à entrada, são ao custo de compra, ou seja, não faz lucro com os mesmos, e esclarece que apenas confirma os resultados, uma vez que não tem formação para os aplicar. Diz que esta medida é incorreta porque não faz sentido ser ao fim de semana. Para o gerente, esta é apenas uma forma de o “Governo não ser acusado de não fazer nada.” O problema que evidencia aqui são os jovens não vacinados, mas esclarece que mesmo que estes não frequentem restaurantes “acabam
Setor da restauração sente uma grande revolta
por se juntar em qualquer lado”, muitas vezes em cafés, pelo que não percebe por que razão é que este setor tem que pagar essa fatura. “Estas medidas são completamente despropositadas, isto acaba por ser uma bandeira do Governo para dizer que está a fazer alguma coisa. As medidas que já tínhamos eram suficientes, porque mesmo que estivéssemos fechados, as pessoas jantavam em casa umas das outras e a Covid não deixava de se espalhar”. Não despediu funcionários, pois tinha recursos, nesta casa que tem mais de 50 anos. As ajudas do Estado, enquanto estiveram fechados, foram importantes, no entanto ainda não receberam os apoios à retoma. A mensagem que deixa aos nossos leitores é que “os restaurantes nunca foram o motivo de proliferação do vírus”, pelo que apela a que as pessoas não tenham medo de os frequentar. Farmácias de Benavente são as únicas que aceitaram estar na lista da DGS e não há mãos a medir Segundo nos diz Ana Isaías, diretora técnica da Farmácia Batista em Benavente, tem havido muita afluência de pessoas que pretendem comprar testes. “Vêm de todo o lado, de Salvaterra, de Coruche, de Santarém, de Alpiarça, de Alhandra, Viana do Castelo, Amadora, até mesmo do Norte, pois muitas vezes estão de passagem e decidem testar-se”, possivelmente para poderem ter acesso a espaços da região tais como restaurantes e hotéis. Grande parte de quem visita a farmácia já é vacinado, e quem recorre mais ao teste de PCR são os jovens. Não tem ouvido muitas queixas de potenciais opositores à vacinação porque no fundo a população portuguesa começa a habituar-se a
este novo normal entre testes e vacinas. A venda dos testes está por isso a um ritmo muito acelerado, fruto das medidas impostas pelo Governo, mais recentemente. Para Ana Miguéns, da Farmácia Miguéns, também em Benavente, tem havido muitas solicitações, porém sendo os testes feitos na farmácia, por farmacêuticos e téc-
nicos, estes têm que ser agendados. E as solicitações são muitas, mais do que aquelas que a farmácia pode comportar, especialmente agora, em período de férias, de alguns funcionários. Por exemplo, as chamadas telefónicas são tantas que por vezes não conseguem atender. Isto acontece, segundo Ana Miguéns, depois de os testes terem comparticipação por parte
do Estado, e de o Governo ter obrigado à testagem de todos os que não são vacinados para a entrada em eventos, restaurantes, e unidades hoteleiras. Quem procura mais os testes são os jovens que ainda não têm certificado de vacina, e para além das pessoas do distrito de Santarém, também vem muita gente do distrito de Lisboa. A diretora técnica acredita que em breve não serão apenas duas farmácias em Benavente a efetuar testes rápidos, já que mais estabelecimentos desta natureza começaram a aderir à testagem. As pessoas estão recetivas à vacina, no entanto segundo a farmacêutica, “têm a ideia de que após a sua toma podem andar à vontade, o que não é verdade.” Segundo nos explica, as vacinas não são salvadoras, o ideal é continuar a tomar as medidas de segurança. “A arma mais eficaz é o distanciamento, higienização e a máscara, já que a vacina é uma profilaxia, tal como qualquer vacina.” Compara esta vacina à vacina da gripe, que é uma doença sazonal, e prevê que a Covid-19 terá eventualmente novas estirpes a aparecer, pelo que serão necessárias tomas periódicas, tal como no caso da H1N1.
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Em zona de eucaliptal e junto ao caminho de terra batida vai nascer o projeto
Nas “costas” de Santarém, mas no “quintal” de Azambuja, mais um mega parque solar para a região a fronteira entre os concelhos de Santarém e de Azambuja vai ser edificado mais um mega parque solar na re-
N
gião. Ao todo serão 652 mil painéis em 529 hectares de um projeto que atravessa na sua totalidade as freguesias do Cartaxo,
Vale da Pinta, Vila Chã de Ourique, isto no concelho do Cartaxo. Já em Santarém abrangerá Póvoa da Isenta, União de FrePUB
guesias da Cidade de Santarém, e Almoster paredes meias com Casal de Além no concelho de Azambuja. Alguns autarcas, e moradores deste concelho ficaram estupefactos com o facto de nada se saber sobre o parque que embora em território de Santarém terá superiores impactes na área do município de Azambuja. Na avaliação de impacte ambiental o município não foi tito nem achado, embora o complexo venha a distar apenas um quilómetro da povoação de Casal de Além. Ainda que o parque de painéis solares fique no concelho de Santarém vai impactar a população da pequena aldeia da freguesia de Manique do Intendente, Maçussa e Vila Nova de São Pedro. Nas costas de Santarém mas no quintal de Azambuja, esta é apenas mais uma faceta da realidade dos par-
ques solares cujo impacto está a ser medido de forma muito fechada. Uma avaliação ambiental estratégica para a região já foi pedida por associações ambientalistas, mas também por autarcas. Foi através do presidente da União de Freguesias de Manique do Intendente, Maçussa e Vila Nova de São Pedro que ficámos a conhecer a Quinta do Falcão de Cima que vai receber a central fotovoltaica, em território de eucaliptal, mas que em tempos era dominada por terrenos de cultivo que deram emprego às gentes de Casal de Além. No meio da propriedade há uma casa senhorial em ruínas em que o estudo de impacte ambiental apela à sua conservação. Os impactes previstos aquando da construção do projeto que já obteve parecer favorável condi-
cionado por parte da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) estão na sua maioria voltados para Casal de Além, Vila Nova de São Pedro, Carrascal, e Casal da Charneca com condicionamentos de trânsito nas nacionais 114-2; 365; nacional 3 e A1. O acesso ao parque será feito através da 114-2. O projeto da Escalabis Solar é desenvolvido pelo antigo diretor geral de Energia, Miguel Barreto. A central de 189 megawatts tem como parceira a Energi Innovation que já possui outras centrais solares de menor dimensão em Portugal. O investimento é de 100 milhões de euros. O Parque Solar Escalabis abrange a área da Central Fotovoltaica do Encarnado com potência de 48,5 MW mais dois projetos de centrais com potência semelhante – a de Casal do Paúl e Alforgemel. PUB
Julho 2021 O objetivo do projeto é o de coligir as três centrais. O Valor Local tentou chegar à fala com a Escalabis Solar mas não estão disponíveis quaisquer contactos para além de uma morada física na internet. José Avelino Correia, presidente da junta, não esconde a sua admiração quando confrontado com os mapas em que logo a seguir ao campo de futebol de Casal de Além, que permanece mais ou menos abandonado, começa o parque fotovoltaico que se prolonga até à extrema da propriedade alguns quilómetros mais à frente até chegar à autoestrada, sempre em caminho de terra batida. “Isto é mesmo em Casal de Além. É terrível, porque quem grama mesmo com aquele panorama todo em perspetiva é a população de cá!”, diz estupefacto. O autarca diz que não conhecia o projeto, e que a informação que possuía colocava o parque mais longe em relação à freguesia. Aqui e ao contrário dos projetos da Cerca e da Torre Bela não há muros a dividir. Com facilidade, e apesar de no futuro poder estar prevista a vedação do parque, este vai estar completamente visível para a população de Casal de Além, com todas as consequências associadas. “Na minha opinião eles devem murar o parque porque isto vai ter um impacte enorme”. O vereador da oposição PSD,
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José Avelino Correia analisa localização do parque solar em conjunto com uma funcionária que tem família a viver perto do local Rui Corça, ouvido pelo Valor Local não tem dúvidas – “Será um enorme ónus que vai acontecer àquelas populações, que a poente levam com o parque fotovoltaico da Torre Bela e a norte com este, e quando não estamos a falar de pequenas ou médias estruturas mas em enormes
campos solares. Para qualquer lado que se virem têm painéis solares à vista”. O autarca não tem dúvidas – “Com a nova realidade em perspetiva perde-se qualquer tipo de intenção de melhorar estes territórios, combater a desertificação, pois vão ser completamente artificializados”.
O vereador lembra que ainda nem há dois anos a Câmara liderada pelo PS empreendeu uma vista pelo Alto Concelho com o objetivo de perceber quais os caminhos do seu desenvolvimento que deveria passar pelo fomento do turismo e da cultura “e tudo isso neste momento está
perdido”. Desde logo “espanta-nos e foi uma crítica que fizemos: Como é que estes projetos apenas se circunscrevem aos respetivos limites geográficos sem se atender ao possível impacto dentro de toda uma região nos concelhos limítrofes”, refere Rui Corça,
até porque “o território não pode ser partido em fatias e sem interligação”. Neste aspeto critica o Governo “que atira o problema para as Câmaras e deixa na sua mão o prejuízo de terem de aprovar os projetos”. Confrontado com o projeto em causa, Luís de Sousa, presidenPUB
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Projeto congrega três projetos solares e vai ser um dos maiores da região
te da Câmara de Azambuja, ao Valor Local refere que a informação que lhe chegou foi escassa e minimiza a questão – “Pelo que sei vão existir parques fotovoltaicos nos concelhos todos aqui à volta. Neste caso sei que é apenas no concelho de Santarém, mas próximo de Azambuja”. Já quanto ao facto de a Câmara de Azambuja não ter sido chamada a dar a sua posição face aos impactes quer a nível da construção, bem como no que se refere à questão da interferência visual com o Castro de Vila Nova de São Pedro e com as povoações circundantes em causa, onde estão também assinalados alguns constrangimentos na avaliação ambiental, o autarca responde – “O campo fotovoltaico fica no concelho de Santarém e isso é com o presidente de lá, que também não se veio meter aqui nos nossos projetos. Não temos de interferir com aquilo que vai para os concelhos dos outros”. O autarca desabafa que não foi informado de nada do que respeita a este parque fotovoltaico. Quanto aos impactes ambientais com a proximidade ao vale da Maçussa ou Paul de Manique, este em especial atravessado por espécies de aves protegidas, minimiza – “Esse parque ainda vai ficar muito longe, e pelo que sei não se perspetiva que as aves morram assadas nos painéis fotovoltaicos”. Quanto ao impacte que possa surgir na área do Castro, José Avelino Correia acredita que será mínimo porque não está na linha de alcance visual mais próxima, mas Rui Corça fornece uma visão mais pessimista – “A paisagem vai ficar desfigurada, porque quem for ao Castro nessa altura só vai ver painéis”. Por outro lado, suscita que segundo o estudo “vão existir impactes na Ribeira da Asseca que faz parte do mesmo conjunto da Ribeira
da Maçussa e da Ribeira do Judeu que já vão sofrer prejuízos com com o projeto da Torre Bela”. Por último, Corça lamenta que a Câmara “não saiba nem queira saber o que está a acontecer neste campo. O presidente diz que falou com os colegas da CILMT e pelos vistos conformouse com o que se possa vir a passar”. A perspetiva do Cartaxo No concelho do Cartaxo, o parque solar situa-se nas imediações do Valley Park mas de acordo com Pedro Nobre, vereador do planeamento urbanístico
na autarquia, as consequências não serão importantes a esse nível. Contudo o município ainda não acenou com luz verde ao projeto, dado que existem algumas condicionantes à sua aprovação. O autarca especifica que dos 529 hectares que dizem respeito ao projeto, o maior que deu entrada até à data nos serviços municipais do concelho, apenas 210 hectares dizem respeito à área do município, os restantes ficam no concelho vizinho de Santarém. O território da Quinta do Falcão de Cima tem 2319 hectares pelo que “apenas 22 por cento estarão ligados ao par-
que”. Contudo não esconde que haverá “um grande impacto visual” nomeadamente na freguesia de Vila Chã de Ourique, bem como uma pequena parte em Cartaxo/Vale da Pinta. O autarca refere que a obra ainda não obteve parecer favorável “porque apresenta questões que ainda não estão bem enquadradas ou explicadas”. O município está a ter em linha de conta o PDM em vigor e o regulamento municipal para este tipo de edificações, sendo que ainda vão ser consultadas as entidades do Estado, apesar da APA já ter dado parecer favorável condicionado. O município emitiu parecer des-
favorável no final de junho tendo em conta que o estudo não observa questões como as distâncias em relação aos caminhos municipais, ou as distâncias mínimas para a implantação da vedação em relação ao eixo das vias. O município não pretende ainda que possa vir a interferir com uma variante a construir e que já estava projetada. O projeto tem ainda de obter licença de utilização dos recursos hídricos bem como cumprir com os condicionamentos tendo em vista as obras de construção. A Escalabis Solar entrou com o pedido de licenciamento das obras na Câmara do Cartaxo no início de julho. Este tipo de infraestrutura está em consonância com o PDM do Cartaxo já que de acordo com a nova legislação teria de salvaguardar espaço para este género de investimentos de estruturas amovíveis de energia solar. Apesar de o projeto, segundo o município, não trazer nenhuma mais valia também não vem prejudicar o concelho porque não se situa perto de aglomerados populacionais. Os únicos vizinhos são o Valley Park e a autoestrada. Entre pedidos de informação e licenciamentos já chegaram 22 projetos à Câmara do Cartaxo. Licenciados estão apenas dois, um deles no Alto do Gaio. Francisco Colaço, deputado do Bloco de Esquerda na Assembleia Municipal do Cartaxo, e morador em Casal de Além contesta de viva voz este projeto, tendo sido o único partido a dar conta do seu desagrado quanto ao projeto junto da comunicação
Julho 2021 social, apelidando-o de “aberração ambiental com uma visão monetarista”. O simultaneamente autarca do Cartaxo e residente no concelho de Azambuja ainda se lembra da Quinta do Falcão de Cima ser uma vasta área agrícola, “mas depois deu lugar a uma floresta de eucaliptos para servir as indústrias papeleiras, e acaba agora como campo fotovoltaico numa autêntica barbaridade ecológica”. Neste sentido atira culpas para o Governo e para o ministro do Ambiente Matos Fernandes e não para o município “que não tem capacidade para decidir estas questões”. “Do ponto de vista do enquadramento legal não podia impedir o licenciamento”. No seu entender o município “fez bem em não pedir contrapartidas para manter alguma independência, e no fundo até nem tem consciência do que vai ser esta barbaridade em que se vai cobrir com painéis solares centenas de quilómetros de terras a nível do país”. Para si o que tem de existir “é um forte movimento nacional contra esta estratégia de parques solares em terrenos agrícolas, porque somos uma zona mediterrânica em que o coberto vegetal é necessário para que as terras não entrem em erosão”. No seu ponto de vista, a população de Casal de Além e Vila Nova de São Pedro também “não tem ideia do que vai surgir ali, porque a informação é muito escassa”. Para Francisco Colaço “este ministério do Ambiente devia mudar de nome ou de ministro, porque este senhor não serve”.
Rente à A1 vão ser instalados os painéis solares numa área total de 529 hectares
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A “visão” de transferir vida humana para o Espaço resolverá o problema da sustentabilidade da Terra? Ou pelo contrário?
João Santos
fundador da Amazon foi ao espaço e regressou com a promessa de ajudar o planeta Terra. Será a dinâmica tecnológica dos Humanos suficiente para concretizar o objetivo de “transferir” vida humana para o espaço e com isso melhorar o meio ambiente terrestre? Ou, ao invés, poderá este objetivo contribuir para agravar a conjuntura ambiental da Terra? Jeff Bezos afirma que está comprometido com o combate à emergência climática e que pretende usar o seu projeto como um primeiro passo para colonizar o Espaço em benefício da Terra. “Vamos construir uma estrada para o espaço, para que os nossos filhos, e os filhos deles, possam construir o futuro. Não se trata de fugir da Terra... este é o único planeta no sistema solar que se ajusta às necessidades Humanas e, por isso, temos de cuidar dele”, refere o fundador da Amazon. De facto, a indústria tecnológica tem-se revelado muito interessada na chamada “crise climática”. No entanto, também é precisamente a tecnologia, lado a lado com o modelo económico capitalista, que tem contribuído para a sobreexploração dos recursos terrestres e
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para a desestabilização do equilíbrio do nosso Planeta. A tecnologia digital e a Inteligência Artificial têm potencial para aumen-
restais. Apesar de todas estas aplicações potenciais, e já reais na maioria dos casos, a tecnologia não tem
formas de vida menos prejudiciais para o meio ambiente. Ainda assim, também não será necessário sermos génios para perceber que
tar a eficiência da maioria dos setores de atividade da Terra, desde a energia elétrica, até ao transporte e logística, passando pela gestão energética dos edifícios, pelos automóveis elétricos ou pela monitorização do risco de incêndios flo-
deixado de contribuir, e muito, para a “pegada ambiental” significativa que estamos a deixar na Terra. Numa análise muito superficial, é provável que cheguemos à conclusão de que todas estas possibilidades tecnológicas nos conduzirão a
o caminho mais rápido para um desastre climático será, provavelmente, pactuar com a continuidade do atual modelo económico prevalecente, que assenta na perseguição ininterrupta de objetivos, sobretudo, de lucro. E neste modelo eco-
Tratar a garantia com enorme antipatia s “corta-unhas” com garantia de 3 anos! Uma cabana para a vida não terá mais de 5! A garantia dos bens de consumo está na ordem do dia! O Código Civil dispõe de norma que prevê que a garantia da coisa, a não se achar prevista no contrato, é de seis meses a contar da entrega. Coisas, temo-las móveis e imóveis. Não se suscitavam, em geral, problemas no que toca aos móveis. Porém, não estando prevista expressamente uma garantia para os imóveis, os tribunais superiores oscilaram entre a garantia de seis meses e a de cinco anos, que de-
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corria do regime da empreitada: “se a empreitada tiver por objecto a construção … de edifícios ou outros imóveis destinados por sua natureza a longa duração e, no decurso de cinco anos a contar da entrega…, a obra, por vício do solo ou da construção … ou por erros na execução dos trabalhos, ruir total ou parcialmente, ou apresentar defeitos, o empreiteiro é responsável pelo prejuízo causado ao dono da obra ou a terceiro adquirente.” Houve, estranhamente, decisões num sentido e noutro por parte do Supremo Tribunal de Justiça. Perante a controvérsia, o legislador foi chamado a verter uma nor-
ma que pusesse cobro a tais divergências: e em 1994, veio a estabelecer a garantia de 5 anos para os imóveis. No entanto, uma lide que principiara antes ainda do aditamento da lei, na disciplina da venda de coisas defeituosas, que consagrou 5 anos para a reclamação dos vícios ou defeitos da construção de imóveis, viu consagrada a solução da garantia de seis meses por um acórdão do Supremo Tribunal de Justiça tirado a 04 de Dezembro de 1996: seis meses de garantia para os imóveis. Teixeira da Mota, no Público de 1 de Fevereiro de 1997, dizia com propriedade:
Ficha técnica: Valor Local jornal de informação regional Propriedade e editor: Propriedade: Metáforas e Parábolas Lda – Comunicação Social e Publicidade • Gestão da empresa com 100 por cento de capital: Sílvia Alexandra Nunes Agostinho • NIPC 514 207 426 Sede, Sede do Editor, Redação e Administração: Rua Engenheiro Moniz da Maia, Centro Comercial Atrium , nº 68 Loja 17 2050-356 Azambuja Telefones: 263 048 895 • 263 106 981 • 96 197 13 23 • 93 561 23 38 Correio eletrónico: valorlocal@valorlocal.pt; comercial@valorlocal.pt Site: www.valorlocal.pt Diretor: Miguel António Rodrigues • CP 2273A • miguelrodrigues@valorlocal.pt Redação: Miguel António Rodrigues • CP 2273 A • miguelrodrigues@valorlocal.pt • 961 97 13 23 • Sílvia Agostinho • CP 6524 A • silvia-agostinho@valorlocal.pt • 934 09 67 83 • Sílvia Carvalho d’Almeida • TPE-360 Multimédia e projetos especiais: Nuno Filipe Vicente • Nuno Barrocas • multimédia@valorlocal.pt Colunistas: Rui Alves Veloso • Augusto Moita • Jorge Laureano Jacinto • João Santos • António Jorge Lopes Paginação, Grafismo e Montagem: Milton Almeida • paginacao@valorlocal.pt Cartoons: Bruno Libano Departamento comercial: Rui Ramos • comercial@valorlocal.pt Serviços Administrativos: Metaforas e Parabolas Lda - Comunicação Social e Publicidade N.º de Registo ERC: 126362 Depósito legal: 359672/13 Impressão: Gráfica do Minho, Rua Cidade do Porto –Complexo Industrial Grunding, bloco 5, fracção D, 4710-306 Braga Tiragem média: 8000 exemplares Estatuto Editorial encontra-se disponível na página da internet www.valorlocal.pt
nómico é a tecnologia e a Inteligência Artificial que assumem o protagonismo central. A acumular à evidência acima descrita, o próprio setor de atividade da tecnologia digital, de forma isolada, também impacta diretamente na chamada “pegada ambiental”. A este propósito, a investigadora Kate Crawford (Microsoft) refere que “a criação de sistemas contemporâneos de Inteligência Artificial depende da exploração massiva de recursos energéticos e minerais, da exploração do mercado laboral e de dados em massa”. O elevado consumo de energia elétrica das numerosas “fábricas” de servidores; o minério de lítio em várias partes do mundo; as enormes quantidades de trabalho humano necessário (em muitas circunstâncias, com condições controversas ou condenáveis); a apropriação de dados pessoais; o corrompimento da esfera pública; o enfraquecimento dos processos eleitorais e democráticos através do “efeito câmara de eco”, que é potenciado pela abrangente disponibilidade tecnológica; e o aumento da chamada “obsolescência programada” para um nível nunca antes visto na história da indústria, são exemplos
dos pontos de interrogação que nos são levantados pela odisseia iniciada por Jeff Bezos no dia 20 de julho de 2021. E tudo isto, uma vez mais, resultado de um modelo económico e de sociedade que assenta cada vez mais na tecnologia digital e na Inteligência Artificial. Ainda assim, desde que algumas características da sociedade atual se invertam, a tecnologia digital e a Inteligência Artificial poderão ser decisivas para mitigar as atividades prejudiciais ao meio ambiente. Mas é fundamental fazer uso de racionalidade e de ponderação. O projeto de Jeff Bezos desencadeará dinâmicas económicas colossais, exigindo, por conseguinte, direta e indiretamente, a utilização de muitos recursos terrestres. Em função da expectativa de novidade ou de descoberta que é gerada na opinião pública com este tipo de iniciativas, a probabilidade de o real impacto das mesmas ser devidamente percebido no presente é muito reduzida. Por estas razões, a sociedade deve ponderar convenientemente os custos ambientais e os supostos benefícios de ideias como a de Jeff Bezos.
Mário Frota *
“Com um período de seis meses…, muitas vezes, quando se dava pelas infiltrações de humidade com as chuvadas de inverno, já não era possível reclamar!” A decisão é, em seus termos, muito simples, mas de uma enorme injustiça: “A acção destinada a exigir a reparação de defeitos de coisa imóvel vendida, no regime anterior ao Decreto-Lei n.º 267/94, de 25 de Outubro, estava sujeita à caducidade nos termos previstos no artigo 917 do Código Civil (seis meses). O caso provocou forte celeuma um pouco por toda a parte. Com votos de vencido de Conselheiros com nome e peso: Cardona Ferreira, Sousa Inês e Lopes Pinto. A LDC – Lei de Defesa do Consumidor -, no anteprojecto, conferia 10 anos de garantia na compra e venda de consumo. O Grupo Parlamentar Socialista (Vera Jardim como presidente) denegou esse direito aos portugue-
ses, cortando para 5 anos. E confirmando o prazo da lei de 1994. Inúmeras propostas surgiram, ao longo dos anos, com a chancela da apDC: garantia nos dez anos. Em vão. A “lei das garantias dos bens de consumo” está de novo na iminência de ser mudada. Mas o prazo da garantia dos imóveis não muda. O dos móveis, sim. Um corta-unhas passará a ter uma garantia de 3 anos e, por cada uma das reparações que sofra, somará mais seis meses: logo, se tiver 4 reparações, o cortaunhas passa a ter uma garantia de 5 anos. Tanto como uma moradia, um apartamento… Que o povo se esfalfa para pagar. As economias de uma vida. Ou uma vida com a ‘corda ao pescoço’ para comprar uma casa com crédito hipotecário, pagar 5 ao longo da vida e acabar com uma só, se não houver problemas de insolvência em que paga mais que uma casa, tantas vezes, e fica a
morar debaixo da ponte… A lei está para mudar mas é uma vergonha que a garantia dos imóveis continue nos 5 anos. Uma vergonha! “Que quem já é pecador, sofra tormentos, enfim”, “Mas [os consumidores], Senhor, Porque lhes dais tanta dor, Porque padecem assim”? Nota: No Código dos Contratos Públicos, o Estado chamou a si a garantia, em proveito próprio, para defeitos estruturais, em 10 anos… Legislou em benefício próprio e ampliou a garantia, pois claro! Os cidadãos que se “lixem”! Em que ficamos? Dois pesos, duas medidas? Garantia de 10 anos para os imóveis, já! * apDC – DIREITO DO CONSUMO - Coimbra
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Ainda são desconhecidas causas do incêndio no aterro de Azambuja inda não são conhecidas as causas do incêndio ocorrido no aterro da Triaza em Azambuja, no passado dia 13 de julho. Não chegou a lavrar mais do que um par de horas tendo em conta a prontidão dos soldados da paz, mas deixou muitas dúvidas quanto aos impactes deixados. Isto porque não se sabendo a profundidade exata a que chegou poderá ter comprometido questões como os lençóis freáticos. Ao Valor Local, o presidente da Câmara de Azambuja, Luís de Sousa refere que há suspeitas quanto à origem do fogo, mas prefere não adiantar. Contudo diz que aguarda pela informação que venha a ser produzida pelo SEPNA da GNR. Em reunião de Câmara, Luís de Sousa adiantou que já se reuniu com o proprietário do terreno, Pedro Ribeiro, o qual entrou em dissidência com a Triaza nos últimos anos. O autarca confessa ao Valor Local que não suspeita de fogo posto. Já quanto às consequências que possa ter tido acredita que não serão muitas porque segundo aquilo que viu no terreno o sinistro foi apenas superficial. Já em declarações ao programa
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Grande incêndio na Triaza aumentou as preocupações com o aterro
Hora Local da Rádio Valor Local, Rui Berkemeier, especialista em resíduos, no mesmo dia do in-
cêndio, revelou que estes tipos de ocorrências podiam ser evitadas se não fossem depositados
resíduos orgânicos nestas unidades, situação para a qual a associação que representa tem vindo
a alertar. Perceber até que ponto o amianto que ali se encontra depositado foi afetado pelo sinis-
tro junto da Agência Portuguesa do Ambiente será uma das démarches que a associação pretende efetuar. A combustão de materiais sintéticos poluentes para a atmosfera é também preocupante, embora o incêndio tenha tido uma curta duração. Berkemeier refere que este caso vai ter de ser obrigatoriamente investigado pelas entidades do Estado para se aferir as causas do mesmo. “Este aterro já não devia estar a receber resíduos orgânicos bem como outros no país”, porque “não existe uma correta separação destes resíduos industriais”. O especialista em resíduos espera que a empresa agora avalie até que ponto os taludes e os lençóis freáticos ficaram comprometidos “para se saber se é necessário fazer alguma reparação que não será fácil”. “Há formas de se fazer essa avaliação para se saber o comportamento dos lixiviados, se houve ou não fugas para a zona inferior da célula, sendo por isso importante que as entidades ambientais atuem para se saberem todas as implicações”. Até porque “se a tela foi danificada há um perigo de risco de contaminação das águas subterrâneas”.
Arrancou a obra do esteiro em Azambuja E
stá a decorrer, na zona ribeirinha de Azambuja, uma intervenção designada “Valorização da Vala Real junto ao Palácio”. A empreitada concretiza um protocolo de colaboração, estabelecido entre o Município de Azambuja e a Agência Portuguesa do Ambiente (APA), com um valor global de 210 mil euros financiados na totalidade pela APA. A obra consiste na reabilitação e valorização ecológica do troço que acompanha a Vala Real, desde a ponte junto à foz da Vala do Esteiro até à zona envolvente ao Palácio das Obras Novas. Dos trabalhos de limpeza que estão a ser realizados, fazem parte o corte seletivo e a poda de formação em árvores e arbustos, o controlo de espécies invasoras como as canas e, também, a contenção de silvados, quando necessário. Com vista à estabilização e proteção de taludes e das margens fluviais, serão utilizadas soluções técnicas de engenharia natural, como o enrocamento e o entrançado vivos e as faxinas vivas, para uma proteção contra a erosão. O processo contempla, igualmente, a plantação de árvores e arbustos autóctones promovendo uma renaturalização
Esteiro surgirá de cara lavada a que se juntará uma ciclovia das margens. Esta intervenção de limpeza, manutenção e reforço do coberto ve-
getal adequado ao ecossistema local tem como objetivos assegurar a estabilidade das margens,
evitar formação de zonas de acumulação de detritos flutuantes, mas também melhorar as fun-
ções ecológicas e estéticas da vegetação e proporcionar a criação de um habitat ribeirinho aco-
lhedor para várias espécies. A empreitada prevê, ainda, que todo o troço reabilitado de margem da Vala Real, desde a ponte rodoviária até ao palácio, constitua um trilho para utilização pedonal dos amantes das caminhadas em contacto com a natureza. Na área mais próxima ao Palácio das Obras Novas, está contemplada a instalação de vários pesqueiros e uma zona de estadia com mesas e bancos, churrasqueira, papeleiras e painéis informativos, para que a população possa usufruir deste belo espaço natural. Refira-se que a obra está a cargo de duas empresas especializadas nestas intervenções, e que foram responsáveis pela recente reabilitação e valorização do Ribeiro de Aveiras. A autoria do projeto é da empresa E.Rios, enquanto a execução dos trabalhos cabe à empresa Floponor. De acordo com o planeamento, a empreitada ficará concluída no próximo mês de outubro. Ao abrigo do respetivo protocolo de colaboração, após a realização da obra, financiada a cem por cento pela Agência Portuguesa do Ambiente, o município de Azambuja assumirá a manutenção do percurso e dos equipamentos.
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Inês Louro explica as medidas para combater as famigeradas melgas de Azambuja Sílvia Carvalho d’Almeida atual presidente da Junta de Freguesia de Azambuja, que concorre a estas eleições autárquicas à Câmara como candidata do Chega, foi alvo de chacota nas redes sociais devido ao facto de ter aludido, na apresentação da sua candidatura, ao problema das pragas de melgas e de mosquitos, oriundos dos arrozais, que causam mossa ao invadirem noturnamente a vila de Azambuja especialmente no verão, naquele que é um problema que não deixa de ser sentido pela população. A existência destes insetos por via da existência dos arrozais em grandes quantidades nas localidades de Azambuja e Vila Nova da Rainha é uma situação que tem causado incómodo, segundo Inês Louro, em declarações ao Valor Local, pois “em especial os comerciantes veemse impossibilitados de vender os seus serviços, com especial destaque para os donos de cafés e esplanadas.” Inês Louro descreve esta como “uma situação incomodativa, pois estas populações estão a viver num local onde não se pode ter as janelas abertas, especialmente no verão quando faz mais calor”. Para além disso, esclarece que isto é “algo que prejudica muito o comércio em Azambuja, pois é impossível al-
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Inês Louro é candidata do Chega e deu a conhecer as suas ideias durante a sua apresentação
guém conseguir estar numa esplanada à noite”, por exemplo. Faz ainda uma comparação com
Comporta, no Alentejo, onde existe o mesmo problema, uma vez que também é uma zona de
plantação de arrozais. A sua preocupação não se prende apenas com o lado económico e
dos incómodos pessoais que causa, mas também com questões de saúde pública, uma vez que “estes insetos podem ser vetores de doenças, especialmente quando são oriundos de águas estagnadas” como é o caso. Este problema em Azambuja e Vila Nova da Rainha, segundo a autarca, “tem origem não apenas nas plantações de arroz, mas também no aterro, e nas valas de pecuárias onde há despejos”, sendo estas preocupações ambientais que pretende resolver caso seja eleita. No aterro de Valongo, que à semelhança do de Azambuja é o que fica mais perto das populações no nosso país, por exemplo, são muito comuns os relatos relacionados com o problema dos insetos e o impacto que está a ter na saúde da população que se tem vindo a queixar com muita frequência. “ “Há melgas e mosquitos no verão em todas as localidades, mas não em tão grande número como se vê agora em Azambuja e Vila Nova da Rainha”, desabafa. Quando lhe perguntamos se já tentou resolver este problema enquanto presidente da Junta, relata o que fez: “No ano passado procurei institutos ligados à agricultura, e também, enquanto advogada, pesquisei a nível de leis se haveria algo que proibis-
Coligação liderada por Rui Corça apresenta medidas para mudar o concelho de Azambuja A
Coligação “Sempre ao Seu lado” que integra o PSD, CDS, MPT e PPM, apresentou as suas nove prioridades para o concelho de Azambuja, em comunicado de imprensa. Liderada por Rui Corça, cabeça de lista à Câmara de Azambuja, este movimento tem como objetivo levar a cabo “um projeto de desenvolvimento global para todo o território”. A coligação que vai apresentar-se em todas as freguesias e a todos os órgãos autárquicos, aponta baterias ao que entende serem as principais lacunas de Azambuja, desde a saúde à economia, passando pela área social. No documento a que o Valor Local teve acesso, a coligação diz ser imperioso aproveitarem-se os fundos disponíveis, e as oportunidades do Plano de Recuperação e Resiliência que vem de Bruxelas, vincando que esta é “a chance de preparar o concelho para os próximos 20 anos”. Para Rui Corça esta é uma oportunidade única e por isso conclui que “a
Rui Corça e as suas equipas às juntas e assembleia querem mudar a cara ao concelho modernização e o desenvolvimento não nos pode passar ao lado, como até hoje aconteceu com os fundos comunitários”. Na área da saúde Rui Corça defende a criação de uma Unidade de Saúde Familiar (USF) e um programa para fixar médicos no concelho, e já tem um nome para este projeto. Chama-se “Médicos de Cá” com benefícios para os clínicos e para as suas famílias. A Coligação quer mais casas e a
preços acessíveis e nesse âmbito propõe incentivos à fixação de novos habitantes, bem como a recuperação das casas devolutas do concelho, e a “construção de nova habitação pública e privada” bem como a “revisão do PDM até 2022”. Na área da educação, a coligação defende a “prioridade absoluta na recuperação das aprendizagens perdidas com o confinamento da COVID-19, através de pro-
gramas e da contratação de professores dedicados a esta tarefa”. Rui Corça anuncia ainda o programa “Dar Asas” com o objetivo de aumentar o número de alunos do concelho que entram no ensino profissional e superior. A coligação propõe ainda avançar com a Cidade Educativa - “espaço com nova escola, campo e pavilhão desportivos, auditório e salas técnicas, incluindo Centro Tecnológico da Logística e escola pro-
fissional agregada”. Na área dos transportes, a coligação quer criar um programa de “ida-e-volta” numa rede de transportes municipal, que tenha em conta os horários escolares e da CP, bem como requalificar os parques de estacionamento da CP e criar mais segurança na Nacional 3. Ainda nas acessibilidades, a coligação quer caminhar no sentido de tornar possível uma promessa de décadas: a variante à
se as plantações de arroz de estarem situadas tão próximas das localidades, mas não encontrei nada nesse sentido”. Explica que entrar em contacto com os proprietários é algo que a “transcende” porque não tem como lhes “dar contrapartidas” com o escasso orçamento da junta de freguesia, mas que, no entanto, falou com o presidente da Câmara de Azambuja, Luís de Sousa, sem ter obtido resposta para este problema. Esclarece que “se os proprietários optam pelo arroz é porque estas plantações lhes devem ser mais rentáveis” e caso ganhe as eleições tentará “chegar a algum tipo de entendimento para que plantem outro tipo de coisas, de forma que não fiquem prejudicados, a nível financeiro.” Segundo o que o Valor Local apurou os biólogos que estudam os insetos, os entomologistas, defendem que existem vários métodos de combate a este género de pragas se a causa se dever apenas aos arrozais, nomeadamente com o recurso à pulverização química nas águas onde se sabe serem depositadas as larvas. É um sistema que resulta e não tem qualquer risco para a saúde pública, existindo ainda o método biológico com uso de peixes junto dos arrozais que se alimentam das larvas dos mosquitos.
zona logística de Azambuja e a variante de Aveiras de Cima. Rui Corça quer ainda captar mais empresas com emprego qualificado e promover a reconversão profissional “combatendo o desemprego que será criado pela robotização do sector da logística”. No ambiente, a Coligação pretende “fechar o aterro para sempre e em segurança” embora não dependa exclusivamente de si este desiderato, bem como “rejeitar as mega centrais fotovoltaicas e as redes de muita alta tensão junto às populações” entre outras medidas. Rui Corça que promete ainda baixa de impostos municipais se for eleito, diz querer combater a “crise económica e social no terreno”. O atual vereador na Câmara de Azambuja aponta ainda baterias à solidão dos mais velhos e para isso diz ser necessário criar programas de combate a esta questão. Rui Corça anuncia assim um programa de ação “Vamos Adotar um Avô”.
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Silvino Lúcio apresenta oficialmente a candidatura à Câmara de Azambuja epois de um compasso de espera para candidato, e de problemas de saúde, Silvino Lúcio vai agora a jogo, com o aterro e os parques fotovoltaicos como desafios de um mandato. O PS de Azambuja apresentou, no passado dia 17, a sua equipa completa aos diversos órgãos autárquicos do concelho. Silvino Lúcio, atual vicepresidente da Câmara, sucede a Luís de Sousa na liderança de uma lista que irá a votos no próximo dia 26 de setembro. Uma lista renovada, tanto para a Câmara como para a Assembleia Municipal, e algumas assembleias de Freguesia. No seu discurso e quanto a propostas Silvino Lúcio diz ter ideias para todas as áreas, destacando entre outras o ambiente, a cultura, educação, emprego, apoios sociais e habitação. De fora dos discursos ficaram os temas do aterro, e os painéis fotovoltaicos que têm suscitado celeuma nos últimos tempos. Para o candidato “as propostas são ambiciosas e vão ao encontro das necessidades dos nossos munícipes”, destacando que as mes-
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mas são essenciais para o “desenvolvimento do nosso concelho”. Entre os projetos apresentados pelo candidato, destacou a obra de revalorização do “Esteiro” de Azambuja, e a beneficiação das ruas de Azambuja. Na educação destacou a construção de uma escola “do primeiro ciclo e jardim de infância em Vale do Paraíso”. Na cultura, uma das obras em papel, e já anunciada pelo executivo, “será em breve uma realidade”. Trata-se da construção do Centro Cultural em Aveiras de Cima “um espaço que nos orgulha a todos”. Silvino Lúcio refere como necessidade também a construção de um Pavilhão Multiusos em Alcoentre e recuperar os parques infantis e construir campos de padel. Apoiar as coletividades e instituições é outro objetivo do seu projeto. Entre as obras anunciadas, está a requalificação e aumento das instalações do pavilhão do Grupo Desportivo de Azambuja, a requalificação e construção de novas salas na sede do Centro Cultural Azambujense. A construção do quartel da Cruz Vermelha de Aveiras de Cima e o novo quartel
dos Bombeiros de Azambuja, “são também obras que estão na calha e já há muito desejadas.” Na área social, Silvino Lúcio recordou que em projeto está também a continuidade dos apoios às IPSS do concelho, assim como, às juntas de freguesia. No setor do ambiente e mobilidade, a construção de ciclovias na Estrada do Campo que liga Azambuja ao Palácio e a Valada é uma das prioridades, uma obra de resto já em curso. Na habitação, o PS propõe a construção de novos fogos de habitação para quem se queira fixar em Azambuja, “com rendas acessíveis e a custos controlados”. A noite ficou marcada pelos discursos de Vera Braz, candidata à Assembleia Municipal, Gonçalo Ferreira, líder da JS local e mandatário para a juventude, que quis passar “uma imagem de união entre os mais jovens e o setor mais ‘maduro’ do partido”. Luís de Sousa, atual presidente da Câmara e mandatário de Silvino Lúcio, deixou palavras de incentivo assumindo, que teve divergências nas últimas eleições com o agora candidato, mas que agora e passados
quatro anos, revelou não ter dúvidas de que será o homem certo, se vencer as eleições, para liderar a Câmara de Azambuja.
Silvino Lúcio deu a conhecer os seus projetos e a sua equipa
Silvino finalmente candidato pelo PS Há quatro anos, o autarca tinha sido votado pela concelhia para ser candidato, mas depois de várias lutas internas, acabou por desistir e integrar as listas de Luís de Sousa que entretanto decidira recandidatar-se. Na altura nas eleições de 2009, Silvino ocupou a segunda posição na lista, lugar que perdeu em 2017 para Sílvia Vitor, que, entretanto, não integra as atuais listas à Câmara ou qualquer outro órgão. Com um problema de saúde nos últimos tempos ainda se duvidou se Silvino seria ou não cabeça de lista pelo PS à Câmara de Azambuja, naquela que é a sua ambição de sempre. Recuperado enfrenta agora o desafio numa altura em que a discussão sobre a continuidade do aterro está ao rubro a par da polémica da vinda dos campos solares para o concelho. Silvino
Lúcio enfrenta nestas eleições Rui Corça pelo PSD/CDS-PP, Mara Oliveira pela CDU, António Pito
André Salema aponta falhas de comunicação entre a Câmara de Azambuja e os munícipes O candidato do PS à junta de Azambuja André Salema defende sessões de esclarecimento público para que o município dê a conhecer os seus projetos e recolha contributos dos munícipes. Em entrevista à Rádio Valor Local, o candidato que é da mesma cor política do partido que governa a Câmara (PS) sustenta que existe falta de comunicação entre a autarquia e a população. André Salema dá como exemplo as obras que o município vai lançar como são os casos da revitalização do esteiro e a ciclovia, as obras nas ruas principais da vila, e o asfaltamento da estrada que liga Virtudes a Azambuja. Estes são “grandes investimentos” que segundo o candidato do PS devem ter em conta a opinião da população “pois tem de existir um
André Salema dá a conhecer alguns dos seus projetos debate público sobre isso, porque é preciso explicar às pessoas o que vai acontecer, para que se-
jam devidamente esclarecidas”. Para o candidato socialista, é importante existir esta participação
das pessoas. Sobre a requalificação da rua principal de Azambuja, em que o município quer trocar os paralelos pelo asfalto, André Salema diz que está a favor. O candidato refere que outros municípios já o fizeram, e dá como exemplo a cidade de Vila Franca de Xira explicando que o material que agora será utilizado é mais moderno. À Rádio Valor Local, André Salema refere que em alguns troços da vila, não existiu o necessário compactamento de solo, e por isso o piso começa a apresentar defeitos significativos. Sustenta ainda que a obra de requalificação das ruas principais da vila, feita em 2004 pelo então presidente Joaquim Ramos, “ficou mal feita”. O candidato do PS fala num relatório que aponta deficiên-
cias na obra “já que em diversos pontos existe falta de resistência e compactação em vários níveis e fundações de pavimentação inexistentes”. Por causa deste relatório, Salema refere que o problema deve ser resolvido e de forma definitiva, apontando o asfaltamento como uma boa solução. André Salema defende também a requalificação dos parques de estacionamento junto à estação da CP como forma de minimizar o estacionamento na vila. André Salema quer gerir os parques de estacionamento O candidato não descarta a possibilidade de, se for eleito, colocar a junta de freguesia a gerir esses parques e defende, que antes de
pelo Bloco de Esquerda, e a sua antiga colega de partido, Inês Louro pelo Chega.
colocar estacionamento pago, deve-se tentar requalificar e dar condições de segurança às pessoas nos parques já existentes. O candidato sustenta ainda que, na sua opinião, deve ser criado um corredor entre os parques e a estação, para evitar que as pessoas tenham de se deslocar pela estrada nacional. No âmbito social, o autarca diz querer combater o desperdício alimentar e em conjunto com os supermercados da vila, direcionar as sobras diárias para as IPSS, num programa muito semelhante ao da Junta de Vila Franca de Xira que recentemente recebeu um selo de sustentabilidade e de combate ao desperdício alimentar. Ouça a entrevista na integra em www.radiovalorlocal.com
António Pito candidato do Bloco de Esquerda à Câmara de Azambuja
Partido apresenta novos protagonistas nestas eleições A ntónio Pito residente em Vila Nova da Rainha será o cabeça de lista do Bloco de Esquerda à Câmara Municipal de Azambuja nas eleições autárquicas de setembro próximo. Tem 59 anos. Licenciado em Direito, tem tido uma carreira ligada à Administração Pública, e
também no setor privado.Atualmente desempenha funções de assessor parlamentar na Assembleia da República. O nome do candidato que substituirá Paulo Louro, que ficou a poucos votos de ser eleito vereador em 2017, foi votado pela estrutura local na última sema-
na. Até a data o Bloco de Esquerda nunca conseguiu eleger um vereador para a Câmara de Azambuja, e aposta agora em António Pito para alcançar esse desiderato. Para a Assembleia Municipal, o BE escolheu Firmino Amendoei-
ra como cabeça de lista. Nas últimas eleições foi o cabeça de lista à Assembleia de Freguesia de Azambuja. O Bloco que concorre apenas à junta de Azambuja, escolheu Sílvia Vargas, que atualmente faz parte dos órgãos sociais do Centro Cultural Azambujense.
Residente há escassos anos no concelho, apresenta-se como o candidato do BE
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Luís de Sousa em balanço de carreira diz que vai andar por aí! atual presidente da Câmara de Azambuja, Luís de Sousa, decidiu não integrar qualquer lista nestas autárquicas. Numa entrevista à Rádio Valor Local, o presidente da Câmara sustenta que vai ficar como observador no próximo mandato, e enfatiza que esta saída será temporária e que vai continuar a acompanhar o desenvolvimento do concelho. Numa entrevista à Rádio Valor Local que pode ouvir em podcast, Luís de Sousa, passou em revista os tempos em que foi presidente da junta de Alcoentre, à época pelo PSD e refere que não se arrepende de ter mudado de partido. O autarca diz que no passado existiram “muitas coisas que não correram bem com o PSD e com alguns dos seus responsáveis”, e que no Partido Socialista, foi “bem recebido e acarinhado.” Nesta conversa Luís de Sousa admitiu ter tido “chatices com o João Benavente” presidente de Câmara nos anos 80 e 90. Sousa salientou que durante o tempo em
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Nas eleições de 2017 o PS viveu um turbilhão de acontecimentos, este ano as coisas estão mais calmas que foi presidente da junta eleito pelo PSD nem sempre foi bem compreendido por João Benavente. No entanto, refere que foi o próprio que uns anos mais tarde o viria a convidar para vereador pelo PS, tendo à época ficado para trás o “machado de guerra”.
O autarca de Alcoentre, Luís de Sousa, diz ter feito um percurso importante e que o facto de ter passado pela presidência da junta o ajudou, vincando que essa experiência foi vital para entender o trabalho de um autarca, algo que reconhece a Silvino Lúcio, que
também foi presidente da junta de Aveiras de Baixo e que agora concorre à Câmara Municipal pelo PS, substituindo Sousa, que diz querer passar mais tempo com a família, mas refere que vai participar na campanha, pois é mandatário de Silvino Lúcio. No entanto em 2017 as coisas não foram assim tão simples. Depois de Luís de Sousa ter dito que não se recandidataria em 2017, acabou por mudar de ideias a escassos meses do ato eleitoral, o que provocou uma revolta no seio dos socialistas de Azambuja. À Rádio Valor Local, o ainda presidente de Câmara sublinha que os estatutos do PS eram claros quanto à possibilidade de se recandidatar, mas foram-lhe passadas algumas rasteiras na sua opinião. “Tive de ir para Lisboa várias vezes”. Passados quatro anos, o autarca não esconde que ficou amarrado perante a distrital e pelo PS nacional que lhe impôs os nomes para a sua lista e a ordem de cada candidato. Recorde-se que
Sousa queria colocar Matos à frente de Silvino, mas teve de aceitar na terceira posição o agora candidato e António José Matos em quarto. “Parecia que estava num tribunal. Também lhe digo, que no fim de contas, a ordem não foi aquela que Lisboa queria, como também não foi a que eu desejava”. Sustenta o autarca que lamenta o facto de não se ter entendido da melhor forma os estatutos do PS que referem que qualquer autarca que esteja em condições e possa, seja recandidato. Em 2017, a concelhia deu apoio a Silvino Lúcio. Na altura Silvino era número dois, cargo que viria a perder para Silvia Vitor, que, entretanto, também não irá nas listas do PS nas eleições deste ano. Luís de Sousa refere que, nessa altura, Silvino Lúcio dificultou-lhe a vida, ainda assim sustenta que já fez as pazes com aquele que viria a ser, apesar das atribulações das eleições de 2017, o seu homem de confiança neste mandato, pois é público que teve de-
sentendimentos e até se falou na retirada de pelouros a Matos e Sílvia Vítor. Luís de Sousa refere mesmo que esteve para desistir em 2017, mas que preferiu ser teimoso. O autarca refere ainda que tem orgulho na obra feita e na equipa. Luís de Sousa fez rasgados elogios à vereadora Sílvia Vitor, em quem deposita confiança absoluta. Quanto à sua saída das listas, o autarca refere que esteve sempre a par das ideias de Silvino Lúcio, mas que a decisão só competia a este último. O atual presidente da Câmara diz que em causa estiveram divergências nos lugares à Câmara e que isso condicionou a permanência de Sílvia Vítor. Sobre Inês Louro diz não ter ficado surpreendido com a saída da atual presidente da junta de Azambuja eleita pelo PS para o Chega, e revelou que em causa esteve o lugar para cabeça de lista à Assembleia Municipal, que lhe foi negado, saindo a mesma em retaliação com o partido.
Artur Alves, candidato do Chega em Arruda, quer melhorar o investimento A
rtur Alves foi o nome escolhido pelo partido Chega para ser o candidato à Câmara Municipal de Arruda dos Vinhos. Natural de Arruda e professor, Artur Alves esteve fora durante algum tempo, mas garantiu numa entrevista à Rádio Valor Local que nunca perdeu o contacto com a terra que o viu nascer e muito menos com os amigos chegados. O candidato revelou ter aceitado o convite de André Ventura, tendo em conta aquilo que considera como um concelho “parado no tempo” destacando, entre outras problemáticas, a deficiente cobertura do saneamento básico no território.
Artur Alves salienta ainda assim que o atual executivo tem levado a cabo algum investimento “Nunca dissemos o contrário”. Na sua opinião o PS tem direcionado mal as oportunidades nesse sentido. “Não podemos gastar dinheiro em certo tipo de opções quando o básico como o saneamento não esta concluído”, vincando que “mais tarde ou mais cedo, essas localidades vão ter de ser ligadas”. Ainda assim o candidato admite que a atual taxa de cobertura de cerca de 75 por cento, números da autarquia e da empresa Águas do Tejo Atlântico, pode ir muito mais além e que existem soluções como são os casos das fos-
sas comunitárias para territórios onde a orografia do terreno é mais complicada. O cabeça de lista admitiu que o “Chega” vai concorrer a todas as freguesias e todos os órgãos do concelho de Arruda. Para Artur Alves, as dificuldades para fazer as listas não estão no projeto, mas “no receio das pessoas em figurar nas nossas listas”. O candidato diz que “as pessoas têm vontade, mas também receios de represálias diretas ou indiretas” e explica que muitas simpatizam com o projeto mas “têm negócios com a Câmara e que isso as leva a pensar duas vezes”. Artur Alves explica que na sua
opinião, “e quase 50 anos depois do 25 de abril há quem tenha receio de assumir a sua cor política nomeadamente num meio pequeno” como é Arruda dos Vinhos. A ideia do “Chega” seria uma candidatura a todos os órgãos autárquicos do concelho de Arruda dos Vinhos. No entanto o Valor Local sabe que o partido não conseguiu fazer listas nas freguesias de Cardosas e S. Tiago dos Velhos. O Chega apresenta assim Artur Alves como cabeça de lista à Câmara, António Maria Fonseca para a Assembleia Municipal, João Fernando Lopes para a Assembleia de Freguesia de Arruda Artur Alves é a escolha do Chega para Arruda dos Vinhos e José António Parada para Arranhó.
Benavente
Tribunal arquiva queixa contra vereador Pedro Pereira acusado de difamação O Tribunal de Santarém deu como não provadas as acusações de difamação da chefe dos Recursos Humanos da Câmara Municipal de Benavente, Palmira Alexandre, contra o vereador Pedro Pereira, eleito pelo Partido Socialista, mas que se desfiliou do PS no último ano. A trabalhadora do município de Benavente sentindo-se lesada moveu um processo contra o eleito por injúrias, difamação e ofensa ao bom nome. Os factos reportavam a fins de 2019, mas o tribu-
nal não encontrou matéria criminal suficiente, segundo o processo ao qual o Valor Local teve acesso. Recorde-se que os factos dizem respeito a acusações de que Palmira Alexandre remetera um projeto de ata com afirmações que não tinham correspondência com aquilo que se passou em reunião de Câmara. Pedro Pereira fez sentir através de email e até nas redes sociais que a funcionária, entre outros factos, “acrescentara coisas que não foram ditas” e
como tal “falsificara as atas”. Palmira Alexandre negou em tribunal tais acusações, alegando que não se podem imputar factos sem os provar, e como tal achou que “foi atingido o seu nome e reputação”. A instrução concluiu que “as narrações dos factos consignados no requerimento de abertura de instrução confrontados com os elementos de prova recolhidos na fase de inquérito demandam que se conclua pela inexistência de indícios suficientes para efeitos de sustentação de uma decisão de
pronúncia pelos crimes imputados” pelo que o processo vai ser arquivado. Segundo entendimento do tribunal os crimes imputados, nomeadamente, por não terem sido dirigidos a ninguém em específico e não conterem qualquer juízo de valor, falso ou lesivo, da sua honra não são possíveis de se consubstanciarem num “ato ilícito”, pelo que a “fatualidade imputada ao arguido se inscreve, de modo flagrante num espaço legítimo de crítica política”.
Processo movido pela funcionária contra Pedro Pereira arquivado
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Pintar e Cantar dos Reis de Alenquer é património nacional e já pisca o olho à Unesco oi há escassos anos que começou a tomar forma o projeto de candidatura do “Pintar e Cantar os Reis” de Alenquer a património cultural imaterial nacional. No dia 16 de julho foi anunciada esta inscrição no Inventário Nacional do Património Cultural e o município sonha agora em levar esta tradição, que todos os anos acontece de cinco para seis de janeiro em várias aldeias do concelho, a património da Unesco. “O Pintar e Cantar os Reis” é um ritual sem ensaios ou combinações elaboradas, em que os grupos se juntam espontaneamente e partem pelas ruas das respetivas povoações. Nas fachadas das casas pintam símbolos com um significado característico muitas vezes relacionados com o namoro e a entrada na vida adulta, mas também há elementos ligados às profissões ou tão só os votos de bom ano. Ao mesmo tempo que são entoados cânticos, em muitas casas são servidas ceias aos reiseiros. É assim em Catém, Casal Monteiro, Ota, Abrigada, Olhalvo, Pocariça, Mata e Penafirme, Cabanas de Torres e Paúla. À Rádio Valor Local, o vereador da Cultura sublinhou a importância desta inscrição. Rui Costa fala num aumento de responsabilidade não só para o município, mas também para os que dão corpo à tra-
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Em 2016, Rui Costa e Lúcio Carvalho, reiseiro de Ota, já falavam desta ambição (foto arquivo) dição. A notícia ainda é recente, mas a autarquia pretenderá, de acordo com o autarca, partilhar esta inscrição através de uma cerimónia que possa vir a ser realizada em setembro. A tradição do Pintar e Cantar os Reis perde-se nos tempos, mas conheceu uma inesperada revitalização nos últimos anos com muitos jovens do concelho a aderirem ao cumprimento desta celebração que não encontra semelhanças com outras deste tipo no país, à exceção do Cadaval mas com menos expressão.
A ideia subjacente a este esforço foi no sentido da promoção e salvaguarda da tradição, enquanto manifestação cultural, promovendo o aumento do interesse público e da sua integração e coesão social, com vista à promoção da sua sustentabilidade, conservação e valorização. Foi ainda no mandato de 2013/2017 que o município lançou mão deste trabalho de classificação e reunião de informação com recurso a uma cooperativa cultural, sedeada em Pereiro de Palhacana.
“A cooperativa Memória Imaterial fez um trabalho muito bom de recolha, quase porta a porta, em que ouvimos todas as pessoas que estavam envolvidas nessas celebrações, registando todas as memórias do passado. Muitas pessoas idosas não estiveram envolvidas, mas lembravam-se dos seus pais e avós já terem cumprido essa tradição”. Depois “deu-se a reunião desses dados através da realização de vídeos” bem como a edição de um livro em 2016. A autarquia espera em breve reeditar este livro com um novo prefácio. No
meio deste processo foi ainda inaugurado o Centro de Interpretação do Cantar e Pintar dos Reis em 2018 com o apoio da Fundação EDP. O desígnio maior será consagrar este como património imaterial da Unesco mas o autarca diz-se cauteloso “porque aqui há uns anos quase todas as semanas ouvíamos falar de candidaturas à Unesco”. “Bem aconselhados pela Memória Imaterial decidimos fazer o nosso caminho sem procurar mediatismos. Vamos reabrir o dossier de candidatura e falar com os rei-
De Alenquer para o mundo- Festas do Império do Divino Espírito Santo estão bem vivas A
s Festas do Império do Divino Espírito Santo (FIDES) em Alenquer, que assinalam 700 anos em 2021, têm como um dos pontos altos a exposição “Espírito Santo Migrante” patente no Convento de São Francisco. Foi da Vila Presépio que partiu esta tradição para vários pontos do mundo onde também é assinalada. Fenómeno da globalização permitido pelos Descobrimentos, (quando o termo ainda não tinha sido inventado), num primeiro momento, e mais tarde pela emigração, são festas, ao mesmo tempo, religiosas e profanas e o seu espírito está bem vivo em países como o Brasil, Canadá ou os Estados Unidos. Este ano assinalam-se os 700 anos das festas, e a exposição reúne uma série de documentos escritos, fotográficos, audiovisuais cedidos por entidades e particulares. Fizemos uma visita guiada a esta exposição importada dos Açores, arquipélago que também celebra a tradição do Espírito Santo, com o vereador da Cultura, Rui Costa. “Dar a perceber aos nossos munícipes e a quem nos visita a importância que este culto tem na-
Espírito Santo Migrante é uma exposição que está de portas abertas até 20 de novembro
quelas ilhas, e de que forma e graças à intervenção dos açorianos se espalhou pelo continente americano é um dos principais objetivos”, refere o autarca. Na exposição podemos apreciar um dos símbolos mais evidentes deste culto como as coroas do Espírito Santo, uma pintura do “Milagre das Rosas” associado à figura
da Rainha Santa Isabel, inspiradora de todos este movimento religioso. Datam de 1321, as primeiras festas em honra do Divino Espírito Santo em Alenquer e nesta exposição há um documento a registar essa efeméride. O registo fotográfico mais antigo data de 1945, antes da primeira interrupção que se verificou na celebração das FI-
DES, tendo sido retomadas décadas mais tarde, em 2007, à exceção da celebração religiosa que sempre se manteve. Nessa altura, “podemos verificar que as festas envolviam muita gente do nosso concelho, com bodos e com tudo o que estava relacionado com essas comemorações”. Numa época de fome e de pobreza “era uma
oportunidade para se provar a sopa do Espírito Santo, o pão e o vinho”. Toda a exposição conta com registos áudio e vídeo da festa nos Açores. Para além das ilhas açorianas, e de Alenquer, no nosso país as festas têm também eco em Aldeia do Penedo, Sintra, ainda que num registo menos conhecido. No sul do Brasil, nos Estados Unidos, e no Canadá as Festas do Império do Divino Espírito Santo são vividas ao rubro, e nesta exposição podemos ver fotografias que retratam isso mesmo nas comunidades migrantes com adesão de miúdos a graúdos. “O fenómeno espalhou-se pelas várias gerações de emigrantes, alguns deles já nem falam português”. A festa de Rhode Island nos Estados Unidos é disso exemplo de “uma grande devoção”, “e onde a tradição é comum à de Alenquer com as sopas ricas em carne e o arroz-doce, em que o motor destas festas é sem dúvida a comunidade açoriana que emigrou para os Estados Unidos”. O papel de Alenquer nestas festas parte como colonizador das ilhas. Após o seu descobrimento partiram cerca de 600 pessoas
seiros para percebermos se é isso que eles também querem, e que contributo cada um pode dar para o processo”, descreve. A lista da Unesco que consagra aspetos da cultura dos povos como Património Cultural e Imaterial da Humanidade respeita a ideia da luta contra a globalização no sentido da proteção dos traços identitários de determinada região ou comunidade. José Barbieiro, da Memoria Imaterial, cooperativa que desenvolveu este trabalho, ouvido pelo nosso jornal em 2016 referia-se ao potencial desta candidatura da seguinte forma- “Por este ser um património vivo entre as comunidades que o expressam todas as noites de cinco para seis de janeiro, tal pode vir a ser um dos predicados com mais impacto junto da Unesco, porque não se classifica nada que já não seja praticado, ou que possa ser apenas fruto de uma recriação de algo que houve em tempos”, salientou o investigador. O facto de “as pessoas se reconhecerem nesta celebração, bem como a circunstância de não se realizar em mais sítio nenhum nem no país nem no estrangeiro é outro dos pontos favoráveis”. Chamou, ainda, a atenção da Memoria Imaterial, “a recuperação de práticas muito antigas quanto aos sinais pintados nas paredes”, como é o caso.
para as ilhas, e grande parte dos que foram para São Miguel e Terceira eram alenquerenses, das freguesias da Ribafria e Pereiro de Palhacana e assim começou-se a difundir este culto. “As festas do Espírito Santo são a maior expressão da religiosidade portuguesa no mundo e isso deveu-se sem sombra de dúvida também ao povo açoriano”. A exposição conta com a curadoria de Catarina Faria, formada em Fotografia e licenciada em Antropologia. Especializou-se em Culturas Visuais no âmbito do seu mestrado em Antropologia. A sua ligação com o tema das Festas do Espírito Santo ocorre pela convergência de um fator profissional com um fator pessoal, a sua participação como antropóloga num projeto de pesquisa desenvolvido pelo Centro em Rede de Investigação em Antropologia (CRIA-UNL), sobre as Festas do Espírito Santo na América do Norte, coordenado pelo professor João Leal, e as suas raízes, como filha e neta de açorianos, criada em Ponta Delgada na ilha de São Miguel. A exposição pode ser visitada até ao próximo dia 20 de novembro.
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