Jornal Valor Local Edição Novembro 2020

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Rádio Valor Local - www.valorlocal.pt - Ouça em todo o lado Jornal Regional • Periodicidade Mensal • Director: Miguel António Rodrigues • Edição nº 93 • 26 Novembro 2020 • Preço 1 cêntimo

Valor Local Vereadoras Enfermeiras

Política na 11

Maria da Luz Rosinha admite que relações com o grupo Mello esfriaram

Na linha da frente no Combate à covid-19 nas autarquias

Dossier: Águas na 16

Entrevista ao presidente dos SMAS de Vila Franca, António Oliveira e o impacto da pandemia

Carla Munhoz em Arruda dos Vinhos e Fátima Antunes em Vila Franca Destaque da 12 à 14

Câmara de Azambuja arrasa Triaza na consulta pública para renovação da licença ambiental Ambiente na 9 PUB


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Seis anos depois do surto de legionella, legislação foi metida na gaveta eis anos depois do surto de legionella que assolou o concelho de Vila Franca de Xira que se traduziu num total de 403 infetados, e 13 mortes, a Associação de Apoio às Vítimas de Legionella refere que apesar de ter sido produzida legislação não há efetiva fiscalização das empresas no que se refere à necessidade de limpeza das suas torres de refrigeração. Joaquim Perdigoto Ramos, vítima de legionella, e um dos fundadores da associação diz mesmo que as coimas são inferiores ao valor que custa fazer uma desinfeção nas torres de arrefecimento todos os anos, pelo que assim “o crime compensa mesmo”. “Passados seis anos, as entidades não aprenderam nada”, refere desgostoso com o estado de coisas e quando o norte do país viveu uma situação semelhante, neste mês de novembro, com 87 infetados e nove mortes. A nova lei de 2018 que estabelece a prevenção e o controlo da doença dos legionários e que obriga a fiscalizações de três em três anos por entidade mandatada pelo Instituto Português de Acreditação “ficou na gaveta”. “Espero que a culpa no norte do país não morra solteira como aconteceu em Vila Franca de Xira. Para já as entidades estão a agir tarde, e aconselho a quem está a ser vítima deste caso de legionella que peça todos os relatórios o mais depressa possível”, enfatiza não escondendo que “já viveu este filme” há seis anos. Um passo essencial para

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Para Joaquim Perdigoto Ramos compensa mais às empresas pagar coimas do que investir em limpeza das torres

o combate a este tipo de casos, seria o registo nacional de todas as torres de arrefecimento das indústrias que laboram em Portugal bem como da respetiva manutenção, “e que tenhamos conhecimento ainda não existe”. Durante este ano e devido à pandemia foram dados escassos passos a nível do processo que corre nos tribunais, ainda sem data marcada para o julgamento que opõe a Adubos de

Portugal (ADP) e a General Eletric às cerca de 73 vítimas nas quais foi provado nexo de casualidade. Os arguidos já chegaram a acordo com 57 vítimas, 32 das quais já receberam uma indemnização de oito mil euros. Há ainda oito vítimas que se constituíram assistentes no processo e com as quais não houve acordo. As restantes oito não são assistentes. O juiz do Tribunal de Loures decidirá entretan-

to se haverá ou não julgamento. ADP já ofereceu 30 mil euros a uma vítima para não ir a julgamento Joaquim Perdigoto Ramos que não está incluído nestas 73 vítimas, está confiante que o caso chegue a julgamento. “Tenho indicação de pelo menos uma pessoa que quer ir até ao fim. É alguém que foi bastante lesado

a nível de saúde, e a quem a ADP já ofereceu 30 mil euros. Espero que seja o suficiente para fazer jurisprudência”. “O dinheiro compra tudo e a ADP preferiu pôr à frente disto tudo uma poderosa sociedade de advogados do que negociar diretamente com as vítimas, porque esquecem-se que nós somos moradores na Póvoa e no Forte da Casa e contribuímos para que eles estejam ali”. No seu caso, e seis anos depois ficou com várias sequelas – “Era uma pessoa saudável e agora ando com uma bomba de ar, outras pessoas ficaram com sequelas semelhantes, mas algumas vítimas mais velhas que já tinham um histórico de doenças, depois do surto pioraram bastante. Tenho conhecimento que 18 dessas vítimas da legionella morreram entretanto”. Paralelamente a associação intentou uma ação popular contra o Estado em que exige 2,6 milhões de euros a distribuir pelas 330 vítimas em que o valor reclamado é de 8050 para cada uma. De acordo com o documento a que o Valor Local teve acesso por parte do escritório de advogados da associação, é referido, entre outros aspetos, que não foram recolhidas análises junto de todas as vítimas, umas foram preteridas em função de outras, tendo sido assim “violado o princípio da igualdade”. “Há pelo menos duas vítimas nesta situação, alguém terá de retratar-se perante isto. Foi o Hospital de Vila Franca que perdeu as

análises?”, questiona Joaquim Perdigoto Ramos, porque alguns desses exames “nunca chegaram ao Instituto Ricardo Jorge”. Por outro lado não foram seguidas, as melhores práticas na recolha de amostras, sem o material adequado e sem conhecimento do respetivo procedimento, o que por si só pode ser “indício de contaminação” e consequente “adulteração da estirpe”. “Chegaram a fazer isso com recurso a uma garrafa de água”. O aviso prévio às empresas inicialmente indicadas como possíveis contaminadoras, deu ainda “tempo para que procedessem à introdução de cloro”, e assim apagarem provas, grosso modo. A associação aguarda por desenvolvimentos na justiça face a esta ação, mas “agora a pandemia agora serve de desculpa para tudo”. Se a associação e as vítimas no geral ficarem descontentes com a decisão do tribunal no fim do julgamento, está no ar a possibilidade de irem até ao Tribunal Europeu dos Direitos do Homem. “É um bocado caro mas só o podemos fazer depois de passar todas as fases no nosso país. Não é algo barato mas o nosso advogado já disse que temos todas as condições para o ganhar”. “Este caso vai ter de ser resolvido, nem que eu seja velhinho vão ter de me aturar”, lança. Mais do que “indemnizações quero que as empresas cumpram com a legislação e o Estado deve obrigar a isso”

Benavente trabalhou o bullying nas escolas e com resultados positivos município de Benavente faz um balanço positivo dos primeiros dois anos do Plano Integrado de Combate ao Insucesso Escolar levado a cabo, também, em vários concelhos da Lezíria do Tejo. Educação positiva e pela inovação foram alguns dos conceitos trabalhados em que um dos objetivos passou por aproximar os encarregados de educação ao meio escolar através da sua participação em workshops e atividades diversas. Uma das vertentes passou por trabalhar os comportamentos de bullying e com resultados. A conclusão de duas salas do futuro com equipamento tecnológico e informático de diversa ordem fez também parte deste projeto. “Foi um projeto muito bem recebido nos agrupamentos, e que conseguiu envolver o público-alvo,

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que já faz parte do nosso território”, refere a vereadora da Educação, Catarina Vale que saúda “o grande empenho de todos os técnicos e professores envolvidos”. Os pais que participaram naquelas atividades, realizadas em grupo, transmitiram “essa vontade na aproximação às escolas e ao percurso dos filhos”. Foi ainda trabalhada a vertente do bullying “e com uma forte marca”, embora “não consigamos quantificar o número de casos que havia antes por oposição à atual realidade”. “A nossa convicção é que houve sucesso nesta área embora não se esgote e continuemos a ser confrontados com estes comportamentos e por isso temos de estar atentos, continuando a capacitar docentes e as nossas auxiliares de educação”.

A mais valia deste plano é que prevê “a intervenção não só nos alunos, mas também nas famílias e na escola”, através de “um olhar abrangente”. “Por vezes e embora o aluno estivesse a cumprir um percurso normal a nível escolar, ao chamarmos os pais percebemos algumas dinâmicas familiares com o objetivo final de acrescentar algo mais ao percurso desse aluno e melhorar ainda mais a sua evolução na escola mas nem sempre é fácil trazer os pais à escola”. As equipas “não trabalharam de forma estandardizada essas mesmas famílias, consoante o meio social e as diferentes problemáticas encontradas utilizámos diferentes recursos, e de forma prática isso aconteceu com muito trabalho a nível emocional com mais apoio psicológico em contínuo a essa família”, refere.

Trabalhar o insucesso escolar foi um dos objetivos


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AMCEI

Carregado, a vila onde se trabalha, se brinca na rua e todos se ajudam Associação Multicultural para um Carregado mais Empreendedor e Inclusivo (AMCEI) surgiu em 2017, sendo que um dos objetivos passa pelo apoio ao fenómeno da multiculturalidade naquela freguesia do concelho, mas sobretudo trabalhar com a comunidade naquilo que são as suas necessidades. São muitas as pessoas vindas dos mais diversos cantos do mundo a viverem no Carregado. A associação está no Edifício Palmeiras, na Barrada, numa iniciativa conjunta com o município de Alenquer. Mais recentemente viram concretizado um dos sonhos, o novo Espaço Radical da Barrada composto por skate park, parque infantil e campo de jovens tendo em conta o incentivo à prática desportiva, apanágio desta associação. Nuno Dias e Sene Dabó fazem parte da associação, e vieram viver para o Carregado nos últimos anos, desde 2012 e 2009 respetivamente. Nuno Dias é português, já o seu colega veio da Guiné Bissau, e são perentórios “o Carregado é bom para se viver e quem procura esta zona para morar é

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quem quer basicamente encontrar trabalho”. Nuno Dias veio com a esposa da Amadora, e foi aqui que acabou por se fixar. “É um sítio onde as crianças ainda podem brincar na rua, apesar de dizerem que é uma zona problemática e suburbana. Podemos dizer que talvez em tempos tenha sido assim, mas para mim essa ideia e tendo em conta a minha experiência pessoal é um mito”. Sene Dabó veio ainda jovem com os pais da Quinta do Mocho, Lisboa, que aqui encontraram trabalho. “Demorei a adaptar-me um pouco mas sempre me senti em casa nesta terra. Fiz amizades na rua. Carregado tem mau nome, mas eu não vejo isso, para mim também é um mito”. Entre as atividades da associação está o apoio aos imigrantes que procuram a legalização e ao mesmo tempo um emprego mas os elementos da AMCEI não escondem que nem sempre é fácil – “Querem trabalhar mas pedemlhes documentos, por outro lado sem documentos não conseguem arranjar emprego, acabam por ficar um pouco no limbo”. Por esta

Nuno Dias e Sene Dabó dão a conhecer esta associação do Carregado altura não é fácil o atendimento no Serviço de Estrangeiros e Fronteiras devido à pandemia, contamnos. A pandemia veio “tirar um retrato ainda mais premente do que são as necessidades das pessoas que aqui vivem”, nomeadamente, “nas situações de fome”. E há fome no Carregado?, perguntamos. “Há em todo o lado”, responde Nuno Dias. A associação nesse caso movimenta-se no que é possível

para oferecer alimentos e outros bens de primeira necessidade. “Não conseguimos muito mais porque não temos meios financeiros para dar dinheiro a essas pessoas, podemos encaminhá-las para outras entidades, e logo num primeiro contacto oferecermos bens alimentares”. Não “chega para matar a fome a ninguém mas tentamos minimizar os danos”. Estamos a falar num leque de pessoas que não passa apenas pela

comunidade de estrangeiros a residir no Carregado, ou seja a população da freguesia independentemente da origem. É na linha industrial que vai do Carregado a Azambuja que está esta espécie de sonho ribatejano para os imigrantes que procuram esta região do país para uma vida melhor. Um emprego numa qualquer indústria é bem-vindo. Nuno Dias é perentório – “Há sempre trabalho para quem quer traba-

lhar”. Por outro lado, antes da pandemia, a associação facultava aulas de Português a esses cidadãos. “Estávamos também com muita atividade com as crianças da freguesia a nível do desporto, dança, capoeira, música, debates, mas tristemente para nós, depois da pandemia parámos com tudo, lamentamos muito pela comunidade”, acrescenta Sene Dabó. A associação também tem tido um papel importante junto de alguns refugiados que o concelho de Alenquer acolheu e há algumas histórias de sucesso “como a de um jovem do Senegal que chegou desamparado, foi acolhido por nós, conseguiu a legalização, e hoje está efetivo no seu trabalho”, diz Nuno Dias sublinhando que este é apenas mais um caso de sucesso entre outros que a comunidade conheceu. “Foi uma vitória para nós”. Mais do que apenas um facto, a multiculturalidade é uma potencialidade do Carregado, “onde existe um espírito de entreajuda entre todo o tipo de pessoas”, e isso “é algo muito interessante e de se valorizar”, sublinha Sene Dabó. PUB


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Filho de utente da Misericórdia de Alhandra lamenta falta de comunicação durante o surto hora de fecho desta edição havia 62 utentes infetados com Covid-19 no lar da Misericórdia de Alhandra a que se somam agora 24 mortos. A instituição chegou aos 116 infetados, entre 86 idosos e 30 trabalhadores nas primeiras três semanas do mês. O Valor Local foi contactado por um familiar de um dos idosos infetados que preferiu o anonimato, por temer represálias para com o seu pai, e que conta que a instituição confiou na sorte, pois meses antes já registara, um ou outro caso esporádico, que debelou e “estava confiante que ia conseguir de novo”. “Tentei entrar em contacto com a instituição para me darem conta do número de casos e do que estava a acontecer mas pouca ou nenhuma informação era dada”, conta este familiar, que recorda “Qual não foi o meu espanto quando recebo uma chamada de um amigo a alertar-me para o facto de o surto estar a ser noticiado em todo o lado. Fiquei em pânico com a notícia da morte de 22 pessoas no lar. Um cenário do qual soube através da comunicação social”. Entretanto o utente, pai desta testemunha ficou também doente com Covid-19 mas sem necessidade de internamento. António vamos chamar-lhe assim é perentório– “Fiquei arrasado com a notícia porque de um momento

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para o outro tínhamos um ou outro caso conforme me foi contado pelo meu pai, e de repente surge esta informação de dezenas de casos e 22 mortos, obviamente que se eu soubesse de antemão a escalada que estava a acontecer tinha sacado o meu pai lá de dentro, quando ainda estava negativo, e ponto final porque nunca o deixaria lá naquela molhada”, lamenta, expressando que “a falta de comunicação” foi o que mais o incomodou por parte da instituição. Quando a notícia salta para a comunicação social, “mesmo assim parece que estavam sempre a tentar não falar do assunto”. Neste momento “o meu pai está no denominado covidário lá dentro da instituição. Há uma separação entre infetados e não infetados, mas a comunicação continua a ser escassa, se eu não telefonar, também não me ligam a informar de nada. Não tenho vida para andar à porta do lar todos os dias, mas é esperar para ver a evolução”. José Alves, provedor da Misericórdia de Alhandra, refere que a avaliação do filho do utente “é válida como outra qualquer” mas rejeita a ideia de que houve facilitismo porque “a situação da pandemia é indomável e mesmo com todos os cuidados é impossível que não aconteçam casos, que só seriam evitáveis de todo

Um dos maiores surtos do país com 24 mortes até à data se ninguém entrasse e saísse do lar nestes meses todos, mas como perceberá tal é impossível porque os funcionários também têm uma vida lá fora”, defende. O provedor admite que já trabalhou com equipas em espelho na primeira vaga da pandemia, com as funcionárias a ficarem vários dias na instituição sendo revezadas ao fim de uma semana ou duas, mas que tal não se afirmou como viável nesta fase. “Contudo as entradas são bastante controladas, com as funcionárias a tomarem banho e a mudarem de roupa assim que chegam”. O responsável diz ainda que “não houve falta de meios, ape-

nas algumas pessoas que trabalham na instituição que tiveram de ficar de quarentena, porque de resto não é preciso fantasiar mais”. José Alves refere que nem a Segurança Social nem a Saúde Pública ou a Câmara falharam. Declarações que contrastam com o que disse inicialmente quando afirmou que as brigadas da Cruz Vermelha demoraram cinco dias a acorrer à situação, algo desmentido por Francisco George, presidente da Cruz Vermelha Portuguesa. As polémicas foram intensas e quando perguntamos a José Alves sobre quem falou verdade ou não neste caso que se traduziu

num dos maiores focos de Covid19 no nosso país, desvaloriza referindo que “todos falaram verdade”. Mas relata desta forma o filme dos acontecimentos – “Demos em primeiro lugar conta do caso à Segurança Social” mas não quer dar a mão à palmatória quanto à origem dos atrasos. “Foi muita coisa ao mesmo tempo, porque também tivemos de gerir a falta de funcionários ao ponto de recorrermos a uma empresa de catering para fornecer as refeições. Como é que conseguimos culpar alguém neste caos?”, questiona, afirmando-se prostrado com a evolução avassaladora daqueles acontecimen-

tos. Nesta altura a instituição conta com o apoio da Cruz Vermelha, e também da Segurança Social que disponibilizou recursos humanos através de um programa do Instituto de Emprego destinado a dar resposta em casos de emergência a equipamentos sociais e de saúde por força da Covid 19. No balanço deste surto, o provedor diz que “é muito difícil fazer mais”, quanto a medidas de prevenção. “Pode ter a certeza que se ninguém de cá tivesse saído desde março que o bicho cá nunca teria entrado, mas as pessoas têm família, tudo o resto é do campo da ficção”.

Câmara de Alenquer vai oferecer Ceia de Natal a cerca de 1200 pessoas Câmara Municipal de Alenquer vai apostar num “Natal Social”. O evento que todos os anos traz o espírito natalício através do “Alenquer Presépio de Portugal” terá uma componente baseada no apoio ao comércio, sobretudo a restauração, e às famílias com menos recursos. Em comunicado, a autarquia refere que 50 por cento da verba prevista em orçamento municipal para as celebrações natalícias de 2020, será canalizada para este novo projeto social, no qual se inclui a oferta da ceia de natal aos mais carenciados. O vice-presidente da Câmara de Alenquer, Rui Costa, em entrevista à Rádio Valor Local, lamenta que este ano o tradicional parque temático fique apenas nas lembranças dos alenquerenses dada a pandemia. O município prepara-se para reforçar a ajuda alimentar aos agregados mais desfavorecidos do

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concelho, que será na ordem dos 35 mil euros, uma verba que acresce ao apoio regular mensal.

Este apoio extraordinário abrange não apenas as famílias que já são alvo desta ajuda, mas tam-

bém outras que possam vir a ser identificadas entretanto. Para além disso, a Câmara pre-

Parque Temático de fora dos eventos de Natal da autarquia

tende ainda oferecer a cada uma destas famílias uma ceia de Natal confecionada pelos restaurantes do concelho, o que significa que desta forma, a autarquia “está a ajudar simultaneamente a economia local e os cidadãos mais carenciados”. No total, cerca de 1200 pessoas receberão em suas casas o tradicional prato de Natal. No contexto da pandemia, o município viu-se confrontado com as dificuldades económicas dos seus habitantes, com o crescimento do desemprego. “Logo em abril houve muita gente a pedir ajuda à Câmara”. Uma das medidas passou pelo decréscimo do tarifário de águas e resíduos, mas “sem a adesão que à partida esperávamos apesar da intensa divulgação que fizemos”. Cerca de 130 novos agregados passaram a beneficiar desse tarifário. Nessa altura foram tomadas me-

didas que passaram pela entrega de cabazes alimentares, cartões para compras nos supermercados “e assim foi possível dar resposta às famílias”. Quanto à restauração, foi criado um apoio às empresas pelo município logo nos primeiros tempos de pandemia no valor de 1 milhão e meio de euros com vários negócios a serem contempladas. “Sabemos que houve restaurantes a receberem verbas desde 800 euros a mais de 1000 e por aí adiante conforme as características do negócio”. O autarca sublinha que o evento Quinzena da Codorniz significou um balão de oxigénio para os restaurantes do concelho, com um acréscimo de público na ordem dos 30 por cento, o que não deixa de ser “positivo numa altura em que o Governo decretou novo período de emergência com implicações para este setor”.


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Câmara de Azambuja quer incluir Paúl de Manique como área protegida nacional Sílvia C. d’Almeida ara os amantes da natureza há um novo local a conhecer. O “Paúl Natura”, situado em Manique do Intendente, no concelho da Azambuja, é uma área de cerca de 18 hectares rico em biodiversidade: em flora e em fauna, nomeadamente, avifauna. São mais de 180 espécies e o seu habitat que importa salvaguardar. A Universidade Lusófona em parceria com a Câmara Municipal da Azambuja criaram o projeto “Paúl Natura- conhecer para proteger”. Face ao que já foi conseguido no espaço, segue-se o sonho da sua classificação como parte da rede de áreas protegidas do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas. Os terrenos foram comprados pela autarquia, e esta tem “feito um esforço na promoção do espaço”, no qual podem ser encontradas cinco espécies “simplesmente únicas” como “o cágado-de-carapaça-estriada, o caimão-comum, a lontra,

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São mais de 180 espécies para descobrir neste local a cegonha-preta e o junco”, foi referido numa sessão de apresentação promovida pelo município in loco. A Câmara apostou ainda na construção duma infraestrutura que permite a observação do espaço, e que foi inaugurada no passado dia 30. Presentes, entre outros, os parceiros neste projeto - Anabela Cruces e Cristina Guerra, coordenadora do projeto e diretora da Faculdade de Engenharia respetivamente, ambas professoras da Universidade Lusófona, mas também

Sílvia da Purificação, diretora do agrupamento de escolas do Alto de Azambuja, e José Ramalho, professor de ciências da escola EBI de Manique e percursor do projeto. Segundo Anabela Cruces, este projeto terá “quatro etapas”. A primeira consistirá em “sessões que visam uma aproximação à comunidade, de participação pública, onde se pretende ouvir os diferen-

tes contributos dos cidadãos e das entidades que têm alguma responsabilidade relativamente a este espaço- a autarquia, a proteção civil, os bombeiros” no que respeita às suas expectativas. Na segunda etapa teremos eventos de formação e capacitação de vários públicos-alvo com o intuito de “divulgar esta iniciativa”, sendo que esta será a terceira fase. Para tal, existem ferramentas que poderão ajudar, “tais como as redes sociais, página web, vídeos, atividades com a comunidade escolar”.

Arruda enfrenta o desafio da adaptação às alterações climáticas Sílvia C. d’Almeida oi sob o tema da adaptação às alterações climáticas que a Câmara Municipal de Arruda dos Vinhos, em parceria com a NOVA Information Management School da Universidade Nova de Lisboa (UNL), realizou no passado mês de Novembro a “Convenção Arruda 2030”. Reduzir as emissões de CO2, combater o fenómeno das cheias e consequente aumento da subida do nível do mar, e apostar fortemente na educação ambiental dos mais novos foram alguns dos conceitos deixados pelos presentes. A Câmara Municipal criou recentemente com o apoio da Uni-

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versidade Nova, o seu Plano Municipal de Adaptação às Alterações Climáticas, que pretende atuar nas várias vertentes deste desafio. Durante a convenção foram vários os especialistas que apresentaram as suas ideias e soluções para a problemática. Abordaramse temas tais como o papel dos municípios no trabalho de adaptação às alterações climáticas, especificamente o caso de Arruda dos Vinhos, como gerir os recursos hídricos face à sua escassez presente, a educação ambiental e de como esta pode fomentar boas práticas ambientais nas gerações

Ambiente em destaque na Convenção Arruda 2030

futuras, mas também o papel da economia circular e da agricultura, e de como se pode minimizar os seus impactes para o meio ambiente. João Pedro Gouveia, investigador do CENSE da Faculdade de Ciências e Tecnologias (FCT) e responsável pela componente de energia e sector energético do Plano Intermunicipal para as Alterações Climatéricas (PIAAC) para a zona Oeste, lembrou as palavras de Barack Obama: Restamnos “três soluções” quando se trata de lidar com alterações climatéricas: “a mitigação, a adaptação ou o sofrimento”. Num aspeto prático alertou para a necessidade de redução das emissões de CO2, melhoria da eficiência energética mas também o controlo das cheias. Outro dos problemas ambientais de grande importância para as gerações presentes e futuras é a iminente escassez de recursos hídricos. Para Pedro Coelho, professor da Universidade Nova, a reflorestação e a proteção da floresta é de grande importância tanto no combate às alterações climáticas como à manutenção dos recursos hídricos, já que zona reflorestada, ou “seja próxima do que poderiam

ser as suas condições iniciais” consegue ser “uma fonte de sequestro de carbono”, e “torna o solo mais arejado, o que vai determinar uma redução do escoamento de superfície, havendo uma maior infiltração e portanto uma maior possibilidade de recarga de aquíferos.” Para João Pedro Gouveia, a mudança de hábitos de consumo, nomeadamente alimentares, e o combate ao desperdício nesta área, são a “solução número um” para a redução de emissões de CO2. Quanto ao que o Governo pode fazer para apoiar os municípios no processo de mitigação e adaptação, André Rijo, presidente da Câmara, aponta que pode passar por mais financiamento, descentralização de competências e enquadramento regulatório. Outro desafio lançado por este debate passa por educar as novas gerações para as exigências que se apresentam em matéria de alterações climáticas como adotar estilos de vida mais saudáveis, apreciar o meio ambiente, e reduzir a pegada de carbono. Isso mesmo foi dado a conhecer por um grupo de oradoras sobre o que se passa nas suas escolas onde aqueles conceitos são postos em prática pelos alunos.

No fundo uma série de estratégias que pretendem colocar, pelas melhores razões, o Paúl de Manique no mapa do que é o património natural de Portugal. “O objectivo final é cuidarmos deste espaço, bem como a sua classificação e integração na rede das áreas protegidas do ICNF (Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas)”. A última etapa passa por “perpetuarmos e replicarmos os valores deste projeto”. Luís de Sousa, presidente da Câmara de Azambuja, não esconde a ambição de levar mais longe o paúl com uma candidatura a área protegida: “Têm sido feitas várias reuniões com esse propósito, no entanto ainda nada está definido”. Ao nível da geodiversidade o projeto terá iniciativas que se focam “nesse bem geológico tão escasso como é a água, mas também nos solos, na paisagem e na ação humana no território”, referiram os académicos presentes. Quanto à biodiversidade, Paulo

Rocha, um fotógrafo e birdwatcher que se apaixonou pelo espaço, explica: “Há aves residentes em grande número, mas também migradoras, hibernantes ou estivais, que vêm fazer a nidificação e passar o inverno ou verão, respetivamente”. Isto está relacionado com o facto de virem de norte ou de sul. O paúl está estrategicamente colocado entre o Tejo e a Costa. Das 263 espécie registadas como sobrevoando em Portugal, existem cerca de 138 espécies no paúl. “Por exemplo, a cegonha preta, que por norma não passa do Tejo para norte foi encontrada com uma cria, e ao fim de um ano ainda continuo a avistar espécies”, deu conta. Grande entusiasta do espaço, José Ramalho professor de ciências da EBI de Manique, conta ao Valor Local que quando veio trabalhar para a escola, percebeu que “havia um espaço onde podia ler e estar sossegado, que não só era bonito mas tinha imensas espécies”.

Atribuição dos prémios da campanha gastronómica da Quinzena da Codorniz no concelho de Alenquer. Uma iniciativa que bateu recordes de afluência


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Medidas do Governo deixam restaurantes da região com a corda pelo pescoço Sílvia C. d’Almeida s mais recentes restrições relativas à Covid-19, impostas pelo Governo, revelaram estar a ter impactos negativos nos restaurantes da região. A quebra nos lucros tem sido significativa com a diminuição do número de clientes, e vários temem o despedimento de funcionários ou mesmo entrar em falência. Recorde-se que ao confinamento de março com implicações que ainda se estão a sentir, e à medida de fecho após as 23 horas, se somaram dois fins de semana nos quais este horário foi até às 13 horas. O jornal Valor Local contactou alguns estabelecimentos, que falaram sobre como estão a fazer face à situação atual de crise pandémica, como consideram os apoios previstos para o setor, e sobre o que pensam que poderia ser feito para atenuar os efeitos das medidas do Estado. Nuno Almeida, gerente do restaurante A Prensa, em Alenquer, está muito apreensivo relativamente a toda esta situação. Conta que tanto no confinamento de março como agora, não houve da parte do Governo resposta eficiente de mitigação dos danos causados.

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Sem muitas alternativas há quem já pense em despedir funcionários “Não nos deixam trabalhar e mantêm a mesma carga de impostos independentemente de estarmos a funcionar ou não. Por exemplo, quando estivemos encerrados em março, e o mesmo se passa agora, pagámos toda a carga fiscal, tal como a Segurança Social, estando ou não a ter rendimentos.” Relativamente aos apoios estatais previstos, Nuno Almeida é perentório:

“Acho que são mais do que inadequados. Há rendas, salários, e outras despesas inerentes, que estando ou não a trabalhar são fixas. Estamos a falar de milhares de euros mensais. No nosso caso em particular, em que estávamos a ter um saldo bastante positivo, esgotámos tudo até ao limite, para cumprir as nossas obrigações.” Sobre o que considera que pode

ser feito da parte do Governo, explica: “No imediato, e quando não estivermos a laborar, eliminar a Segurança Social. Depois, enquanto estivermos a meio gás, baixar o IVA para 6 por cento, o que poderia ser feito até final de 2021. Que baixem a Taxa Social Única e o IRC. Não me interessa absolutamente para nada subsídios a fundo perdido. Nós trabalhamos. Mas

o governo impede-nos de trabalhar, então tem que nos dar condições de proteção enquanto não podemos laborar. Se o Governo quer que tenhamos algum sentido de estado, tem que nos proteger também.” Para Manuel Duarte, do Migas, em Alcoentre, os prejuízos têm sido na ordem dos 80 por cento. Espera agora que os subsídios estatais,

sejam do Governo ou da autarquia, cheguem e permitam melhorar a situação. O que mais teme é “ter que fechar a porta”. Refere à nossa reportagem que tem três funcionários a quem tem que pagar salários, para além do seu próprio vencimento. O que lhe tem valido são as poupanças mas mesmo essas “não duram para sempre.” Carlos Mera, do Fuso, em Arruda dos Vinhos, também considera os apoios ao sector “muito escassos”. Gostaria que estes estivessem a ser “construídos à semelhança do que acontece para o setor noutros países da Europa”. Adverte que face ao andamento das coisas, o mais provável é que “muitas casas tenham que fechar”. A média de prejuízos tem sido na ordem dos 40 por cento, quando lhes é permitido estar abertos. Não sabe ao certo quantos empregados é que de momento estão em risco de ficar sem emprego, mas no total são cerca de 20 os que estão efectivos. “Já não precisamos de tantos funcionários, e não sei quanto tempo mais é que os vamos conseguir manter, ainda para mais porque esta situação não tem fim à vista.”

Ministro Pedro Nuno Santos vai ser invadido por postais da Plataforma Nacional 3 Miguel A. Rodrigues movimento cívico “Plataforma Nacional3” continua a não baixar os braços e a exigir uma Estada Nacional 3 mais segura. Em entrevista à Rádio Valor Local, Inês Louro, um dos elementos deste movimento, atribui a máxima importância à construção das rotundas já prometidas pelo Governo e pede a construção de uma variante entre Azambuja e Vila Nova da Rainha e daí até Aveiras de Cima, como forma de retirar o máximo de trânsito de pesados daquela via. A plataforma criou uma ideia original: en-

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viar postais em catadupa por parte da população, nomeadamente, vítimas da Nacional 3 ou seus familiares para o ministro Pedro Nuno Santos como forma de sensibilizar o Governo e obrigar a agir. Inês Louro que também é presidente da junta de Azambuja sustenta que a primeira vaga da Covid -19 pode estar relacionada com o abrandamento de trânsito naquela via. A autarca sublinha que se notou uma quebra no movimento na estrada na altura, e que tal abrandou também a sinistralidade. Inês Louro recorda

mais uma vez que os acidentes “dão-se por erros dos condutores” e lembra que a construção das rotundas e a colocação de um separador central poderia impedir as viragens à esquerda e com isso diminuir os acidentes. Aliás esta é uma ideia comum a todos os presidentes de junta e câmara cujas localidades são atravessadas pela Estrada Nacional 3. Inês Louro diz entretanto que as rotundas poderão ser uma realidade. A responsável sublinha que já estão no orçamento de Estado para 2021 e que mesmo para conseguir passar do projeto para

o orçamento “foi uma grande luta”. Ainda assim, e com algumas promessas no horizonte, os responsáveis da plataforma dizem não estar demasiado otimistas, aguardando por isso por certezas. No entanto, as ideias continuam e a Plataforma Nacional 3 não quer deixar esquecer a necessidade de criar melhores condições de segurança naquela via. Por isso quer levar a cabo uma série de ações para relembrar isso mesmo. Ao Valor Local Inês Louro fala numa iniciativa sem precedentes

pois “temos uma série de postais para enviar via ctt ao ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos”. Postais que serão manuscritos e que vão conter frases de vítimas ou dos familiares das vítimas como forma de sensibilizar o governante para o problema. Inês Louro diz que a ação está aberta a todos os cidadãos e que para darem o seu testemunho bastará irem à sede da junta de freguesia. Esta é uma iniciativa que está para já parada “porque queremos mandar os postais todos ao mesmo tempo” e por causa da Covid-

19 essa ação não poderá ser feita de forma presencial como estava previsto. Os postais foram doados, e todas estas ações são para já suportadas por um conjunto de cidadãos que de uma fora ou de outra, têm algum tipo de ligação à temática. Inês Louro vinca que esta é uma medida que se encontra em cima da mesa “até porque já temos centenas de postais para enviar”, mas espera conseguir muitos mais. Não há para já datas para os enviar mas Inês Louro assegura que esta é uma meta para cumprir assim que possível.

GDA dá a mão ao comércio de Azambuja Grupo Desportivo de Azambuja (GDA) quer ajudar o comércio da freguesia. Alexandre Grazina presidente da coletividade sustenta que “está na hora do GDA ajudar quem sempre nos ajudou”. Longe vão os tempos dos torneios de futebol de salão onde as principais casas do comércio local participavam afincadamente. Para trás ficam as recordações do antigo ringue a descoberto junto à estação onde, sobretudo, nos anos oitenta, as lojas de Azambu-

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ja disputavam-se desportivamente. Equipas como a Barbearia Fragoso, Cooperativa Nova Esperança, Top – Ten, Snak- Bar Abreu, Super 1º de Maio, A Renovadora, Café o Cortiço, entre outras, fazem parte do imaginário dos azambujenses que não perdiam jogos noturnos, alguns até arbitrados pelo atual presidente da Junta de Aveiras de Cima, António Torrão. Esses tempos seguiram depois de uma forma mais exigente para o

ringue da Ónia, onde as principais equipas continuaram a defrontarse com o desportivismo de sempre. É com esta ideia em mente que o GDA quer agora dar alento ao comércio local e vai fazê-lo com as armas que tem. Alexandre Grazina sublinha que há um passado de interajuda entre o comércio e o Grupo Desportivo de Azambuja, não só nestes torneios, como em todas as outras iniciativas e por isso refere que “o

GDA está muito grato a quem sempre nos ajudou”. Por isso e sem olhar duas vezes o GDA prepara-se para colocar em prática uma campanha de apoio. Não só no ringue através de cartazes como também de publicidade sonora sem qualquer custo para o comércio. Alexandre Grazina refere que nesta altura os jogos estão parados, mas que o GDA tem em plano colocar o apoio ao comércio local nas camisolas dos atletas.

GDA Cooperativa Nova Esperança Torneios GDA futebol salão - Anos setenta


8 Economia

Valor Local

Novembro 2020

Plataforma AZB+ pretende ser um agregador de empresas da região Sílvia Agostinho Sílvia C. d’Almeida ace às dificuldades económicas que o país está a atravessar e neste particular o concelho de Azambuja, o município lançou a plataforma Azb+ destinada ao relançamento dos negócios por parte do comércio e empresas do concelho. Rui Pinto, gestor de Inovação do município de Azambuja, diz que este é mais um projeto da autarquia que arranca na mesma altura do Hubs Lisbon, a incubadora de empresas cujo regulamento será aprovado numa das próximas reuniões de Câmara. Com o confinamento que ocorreu em março devido à pandemia de Covid-19, houve a necessidade também de fazer um esforço para alavancar especialmente o comércio tradicional, pelo que se tem criado conteúdo para estes negócios. Neste momento pretende-se “massificar” a AZB+, de forma a que mais negócios se possam registar - qualquer empresa ou empresário em nome individual. Um dos objetivos desta ferramenta passa pela adaptação ao meio digital, mas também dar a conhe-

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cer, para além das empresas, serviços e produtos, a um maior número de pessoas. “Qualquer comerciante que se inscreva pode selecionar até 18 produtos” que queira vender, com possibilidade de entregas ao domicílio. Sobre a parceria com Alenquer no âmbito do corredor da inovação que os dois concelhos estão a construir ao abrigo do programa “Capacitação e Qualificação de PME’S para a indústria 4.0”, Rui Pinto reafirma o empenho das duas autarquias, lembrando que “houve um tempo no qual os municípios se canibalizavam uns aos outros”. “Isto significava que se um desses concelhos pudesse ficar com uma empresa, fazia de tudo para que não fosse para outro. Os municípios devem também trabalhar as suas complementaridades. Entre Alenquer e Azambuja não existem fronteiras físicas, há empresas que estão simultaneamente nos dois concelhos. Tem toda a lógica arranjarmos pontos em comum entre os nossos concelhos vizinhos. Temos muito mais a ganhar do que a perder. O que há aqui a fazer é somar.” Refere ainda que “é na partilha de informação e do conheci-

tais. Isto é: o trabalhador atual que pega no computador, leva-o para onde quer e trabalha de acordo com o horário que pretende. Cada vez mais existe um conjunto de pessoas que querem sair do perímetro urbano e ir para outras zonas e para espaços como o hubs”. Se o Hubs Lisbon for uma marca na qual “os jovens percebam que podem estar a trabalhar, é bom para todos nós. O que pretendemos no nosso concelho é que não seja apenas o sítio onde se apanha o comboio para Lisboa, mas que possa colocar-se aqui uma bandeira, a do conhecimento.” Sobre o Gestor da Inovação

Rui Pinto evidencia as mais valias do território de Azambuja mento que está o ganho”. Quando se indaga sobre o porquê de ser tão difícil atrair quadros superiores para as empresas da região, Rui Pinto, lembra que a questão reside na falta de habitação que satisfaça esses requisitos, mas por outro lado há toda PUB

uma massa crítica que não é de desprezar e que está a ser absorvida por estas incubadoras de empresas, sendo também essas pessoas quadros superiores nas suas áreas. “Este investimento que a Câmara fez com a aquisição do espaço Hubs Lisbon, veio

ao encontro daquilo que o mercado pede. Cada vez mais as pessoas estão a fugir dos centros urbanos. Estes espaços de co-working, de escritórios partilhados, estão a ser cada vez mais utilizados por um outro tipo de operacionais, os chamados nómadas digi-

Rui Pinto é formado em Física e Química pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, e tem dois mestrados, um em Gestão de Inovação e outro em Gestão de Ciência, Tecnologia e Inovação. Foi docente, formador de professores do secundário, investigador e embaixador da Agência Espacial Europeia. Desde 2014 que trabalha como Gestor de Inovação da Câmara Municipal de Azambuja.

SINTAB confiante que vai ganhar braço de ferro com a Avipronto Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura e das Indústrias de Alimentação, Bebidas e Tabacos de Portugal (SINTAB) está confiante que conseguirá vencer o braço de ferro que opõe os trabalhadores da empresa Avipronto à administração. Em causa o facto de a fábrica do grupo Lusiaves em Azambuja alegar a caducidade do contrato de trabalho, e com isso a redução do pagamento das horas extraordinárias de 100 para 25 por cento, o que em média retira 200 euros ao rendimento que cada trabalhador estava acostumado a levar para

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casa todos os meses. Desde setembro que os trabalhadores estão a fazer greve às horas extraordinárias. O representante do sindicato, Rui Matias, refere que ao longo das últimas semanas a questão tem sido reportada aos diferentes grupos parlamentares que fizeram chegar uma série de perguntas à titular da pasta do Trabalho, Ana Mendes Godinho, que na sua opinião tem “trabalhado bem” junto de algumas entidades como a Autoridade para as Condições de Trabalho. “Estamos à espera que termine a discussão do orçamento

de estado para nos reunirmos com a ministra”. A delegação de Vila Franca da Autoridade para as Condições de Trabalho “já começou a trabalhar” nas palavras do responsável sindical, “que agora se sente pressionada para agir, porque durante muito tempo não fez nada no caso da Avipronto”. Rui Matias considera que “a Avipronto pelo que está a fazer não está a ter muita saída junto do ministério do Trabalho”, e no dia em que “a Autoridade para as Condições de Trabalho fizer com que cumpram o contrato coletivo de trabalho acabou-se a festa”.

Trabalhadores da Avipronto já levaram a cabo diversas manifestações quanto ao banco de horas


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Ambiente 9

Câmara arrasa Triaza na consulta pública e acusa empresa de movimentar terras sem autorização Sílvia Agostinho Câmara Municipal de Azambuja participou, no processo de consulta pública destinado à renovação da licença ambiental da Triaza. De acordo com o documento enviado à Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo ao qual o Valor Local teve acesso, a equipa de advogados evoca entre outras matérias que a empresa violou a lei no que respeita ao Regime de Licenciamento Único Ambiental e Regime de Prevenção e Controlo Integrado da Poluição. Trocando por miudos, a autarquia resume que a empresa que explora um aterro de resíduos não perigosos em Azambuja não está a trabalhar em conformidade com a licença e nos termos da legislação e regulamentação aplicáveis. O município enumera alguns desses argumentos a começar pelos “maus cheiros provocados habitualmente que entram pelas habitações inviabilizando muitas vezes a permanência no exterior das

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mesmas”; mas também dá conta de outras situações: abundância de “roedores, moscas, e mosquitos” possíveis causadores de “contaminação”; proliferação de “gaivotas e cegonhas que se alimentam de lixos putrefactos que acabam abandonados em ruas, quintais ou varandas”; uso de “cinzas na cobertura da célula” causadoras de dificuldades respiratórias; “deposição de amianto na mesma célula dos resíduos orgânicos sem que seja afixada a localização exata desse material no interior do aterro”. Por outro lado, a unidade da Mota-Engil no concelho de Azambuja, “apresenta sinalização deficiente” para quem circula no interior da instalação. Acresce ainda que a “zona de receção de amianto encontra-se em más condições de limpeza e manutenção e a Triaza não promove um correto e adequado manuseio daquele material”, com possibilidade de “derrame para o ar e solo, não promovendo uma adequada triagem”. Por último, a empresa

“não armazena um volume de terras inertes adequado e dimensionado à cobertura frequente, imediata e diária dos resíduos depositados na célula existente, sendo que essas operações são asseguradas com recurso a terras obtidas através de trabalhos de escavação de áreas onde se pode promover a implantação de novas células do aterro”. Silvino Lúcio desesperado com organismos do Estado já diz que põe tudo em causa Sobre este último facto relacionado com o uso de terras com recurso à escavação em outras localizações da Quinta da Queijeira, o Valor Local contactou o vice-presidente da Câmara de Azambuja, e vereador do Ambiente, Silvino Lúcio, que referiu que todas as inconformidades ou violações da lei que a empresa possa estar a cometer no terreno, tendo em conta esta movimentação de terras sem autorização, “são encaminhadas

População tem-se desdobrado em ações pelo fecho do aterro para a equipa de advogados”. Instado se a Câmara não podia agir de per si neste campo com recurso às forças de segurança, refere que também está a ser avaliado esse meio pelos advogados. O autarca mostra-se ainda agastado com o estado de coisas na tutela, pois há cerca de duas semanas, a secretária de Estado do

Ambiente, Inês Costa, enviou para a Câmara um documento no qual afirma que a Inspeção Geral da Agricultura, do Mar e do Ordenamento do Território (IGAMAOT) esteve em maio no aterro mas que ainda não conseguira concluir esse relatório. “De maio a novembro, já vamos com seis meses, e é interessante verificar que das

duas uma: ou há muita irregularidade no aterro ou muita inércia por parte daqueles serviços. Já estamos habituados a que estes patamares intermédios de decisão entre as autarquias e o Governo demorem tempo, mas face a tudo isto pomos tudo em causa”, face ao que possa ser uma decisão a contento do município. PUB

Câmara acusa empresa de retirar terra à revelia de outras células para tapar os resíduos

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10 Ambiente

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António Jorge lopes, deputado do PSD

“Há condições de fechar o aterro dentro de um ano” Comissão de Planeamento Urbanístico, Ordenamento do Território e Ambiente da Assembleia Municipal de Azambuja participou no processo de consulta pública tendo em vista a renovação da licença ambiental do aterro da Triaza, paredes meias, com a sede de concelho. Em entrevista à Rádio Valor Local, o deputado do PSD, e presidente daquela comissão, António Jorge Lopes, teceu, entre outras considerações, que o município tem todas as condições para travar a continuidade da Mota-Engil no exercício daquela atividade, que recorde-se tem motivado um conjunto de queixas da população desde os maus cheiros, à deposição descontrolada de amianto, culminando na degradação da qualidade de vida tendo em conta que está a escassos 300 metros dos núcleos populacionais. Para o deputado, a empresa está metida num imbróglio administrativo ao ter deixado passar os prazos para remeter em devido tempo o processo que levaria à abertura de uma segunda célula, e considera que dentro de um ano a atividade pode mesmo cessar. Foi aprova-

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da, recentemente, a caducidade do projeto de arquitetura por parte da Câmara de Azambuja. O autarca saudou ainda a participação que a consulta pública teve com cerca de 100 contributos. O aterro de Azambuja tem um tempo de vida útil de 23 anos, sendo que a dimensão da segunda célula tem uma capacidade de 1,86 hectares, para 142 mil 086 toneladas, e a terceira célula com 5,60 hectares pode abarcar 827 mil 648 toneladas de resíduos. Este é um dado assinalável que na opinião da comissão compromete a qualidade de vida, e o desenvolvimento de Azambuja a diversos níveis. “O que nós exigimos efetivamente é o fecho do aterro”, salienta o deputado que enfatiza“Se chegarmos à terceira célula ficaremos a não menos de 150 a 200 metros das casas da denominada zona da Estrada de Mata Burros”. O mercado imobiliário de Azambuja já está a sofrer uma forte retração dado que uma das zonas preferenciais de expansão urbanística, a norte da vila, junto à zona do supermercado Intermarché, com

lotes de terreno para construção não avança porque “os urbanizadores têm a noção de que ninguém quer viver ao pé de um aterro”. Recentemente a associação ZeroSistema Terrestre Sustentável, em declarações ao Valor Local, defendeu que no caso de o aterro não receber, de futuro, lixos orgânicos o quadro poderia ser significativamente alterado, pois assim não se produziriam doravante maus cheiros. Sobre estas afirmações, o deputado do PSD diz que faz falta a este tipo de associações “virem ao terreno”. “Gostaria de saber se estariam disponíveis para trocar as suas casas pelas das pessoas que vivem junto ao aterro”, lança. Crítico desde sempre da vinda do aterro para Azambuja, António Jorge Lopes evidencia ainda que esta realidade conseguiu ser “ainda muito pior” do que aquilo imaginou ou antecipou e faz questão de lembrar uma célebre reunião, na qual o atual vice-presidente da Câmara e candidato às autárquicas de 2021, Silvino Lúcio (PS), declarou alto e bom som – “O senhor não percebe nada disto, nós até

fomos visitar um aterro a Leiria e isto é ótimo e fantástico”. “Agora dizem-se arrependidos, mas as decisões foram deles”. Desde o início deste ano que as várias forças políticas se juntaram na tentativa de colocar um ponto final na atividade do aterro, sendo que Câmara Municipal tem vindo a agarrar-se em conjunto com a oposição à circunstância de a empresa ter sido incauta ao deixar passar os prazos para remeter o processo de licenciamento urbanístico com vista à segunda célula, sendo que administrativamente este passo seria crucial para a continuidade dos trabalhos. A empresa do universo da Mota-Engil enfrenta agora um processo de caducidade da aprovação do projeto de arquitetura, ou seja, não tem uma das autorizações para continuar a levar por diante o seu projeto. Esta linha de atuação do município, sublinha Lopes, tem como estratega fundamental o vereador do PSD, Rui Corça. Para o autarca o arrazoado jurídico em que a Câmara se está a alavancar em conjunto com a sua equipa de advogados não é despi-

Lopes sublinha que aterro pode ficar a cerca de 100 metros das casas no futuro ciendo, e “conseguiu com certeza uma vantagem” mesmo quando do outro lado está nem mais nem menos do que o gigante dos resíduos em Portugal. Para António Jorge Lopes “há todas as condições para fechar o aterro dentro de um ano”, declara reforçando que a sua convicção não é emocional, baseada em estados de alma, mas racional e à luz dos dados existentes. Um importante passo a comissão de ambiente da Assembleia Municipal ainda não tomou – a produção do relatório de licenciamento do aterro que tem sido adiada sine die e pelos vistos não será tão breve quanto isso. Confrontado com a pergunta, o presidente da comissão referiu que neste momento

“estamos virados para o projeto dos parques fotovoltaicos no concelho e as respetivas declarações de interesse público municipal”, e para “não entrar em choque com o que está a ser seguido juridicamente no processo que opõe a Câmara à Triaza e que até poderia evidenciar aspetos que não nos interessam que a empresa saiba”, deixa no ar, ressalvando – “Está na hora da CCDR, IGAMAOT E APA investirem seriamente na apreciação deste processo daqui para a frente, e que não fujam às suas competências. Temos uma nova presidente e como diz o povo cada macaco no seu galho, mas que ao menos façam as macacadas como deve ser ao contrário do que aconteceu até aqui”. PUB


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Política 11

Deputada do PS abre o livro sobre os dias quentes da PPP

Maria da Luz Rosinha admite que relações com o grupo Mello esfriaram residente do Conselho para o Desenvolvimento Sustentado do Hospital de Vila Franca de Xira, Maria da Luz Rosinha, antiga presidente da Câmara de Vila Franca e atual deputada do PS, em entrevista à Rádio Valor Local não esconde que o futuro daquela unidade de saúde será uma incógnita, numa altura em que faltam seis escassos meses para a administração voltar em exclusivo para as mãos do Estado, 12 anos depois da entrada do Grupo Mello. Maria da Luz Rosinha confidencia que a relação com o Grupo Mello esfriou a partir do momento em que não teve uma palavra para consigo quando os seus responsáveis anunciaram que não iam aceitar as condições impostas pelo Estado na sequência do anúncio de não renovação da PPP nos atuais moldes. Maria da Luz Rosinha recordou a vinda dos privados para Vila Franca e saudou o papel que todos os presidentes de Câmara tiveram na altura, “inclusivamente o antigo autarca António José Ganhão (CDU) na construção do novo hospital e no estabelecer da parceria públicoprivada” elogiada ao longo dos anos por todos os autarcas dos cinco concelhos servidos pelo hospital, Alenquer, Vila Franca de Xira, Azambuja, Benavente, Arruda dos Vinhos. Papel crucial teve também “o antigo primeiro-ministro José Sócrates sem o qual nada disto teria sido possível”. Em entrevista também na Rádio Valor Local, o deputado na Assembleia Municipal de Vila Franca de Xira, e presidente da concelhia laranja, Rui Rei, considerou que Rosinha terá deixado a desejar quando “o Estado decidiu que a PPP de Vila Franca era para acabar”. “O Grupo Mello andou com Maria da Luz Rosinha ao colo, até lhe deu um cargo no hospital, mas depois não vimos nada”. Recorde-se que a deputada do PS na Assembleia da República, secretária do Parlamento, e próxima de António Costa chegando a fazer parte do seu núcleo duro, foi vista como uma possível esperança quanto à ma-

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Rosinha dá conta do que se viveu entre maio e setembro de 2019 nutenção do hospital nas mãos dos privados. Maria da Luz Rosinha diz que não tem de responder a Rui Rei nem lhe deve satisfações quanto ao seu modo de atuação, recordando que na altura do anúncio a um de junho de 2019, promoveu uma reunião com os cinco presidentes de Câmara. No mês de setembro desse ano, o Grupo Mello formalizava a sua saída em 2021, ao recusar manter-se numa espécie de autogestão por mais dois ou três anos para além dessa data, conforme sugestão da tutela, até que fosse lançado novo concurso ou o regresso às mãos do Estado. Uma decisão que se precipitou e que apanhou na curva a antiga presidente de Câmara de Vila Franca de Xira – “Na altura a minha relação com o Grupo Mello esfriou muito! Considero que deviam ter ouvido o que os autarcas, e o que eu enquanto presidente do conselho tínhamos para dizer. Quando as coisas correram menos bem pediram o nosso envolvimento. Cheguei a ir com eles até à ministra da Saúde, numa altura em que não foi dado esse sinal de que queriam mesmo ir embora. Nada disto é novidade, eles sabem exatamente o que penso, porque já

lhes transmiti em devida altura”. Segundo Rosinha, as conversações entre Estado e privado foram por água abaixo “porque não se conseguiram entender quanto aos custos da parceria com um dos gestores”. Uma das parcelas que acarreta mais despesa para o grupo Mello prende-se com os medicamentos para os doentes HIV que, ainda no tempo do antigo mi-

nistro Adalberto Campos Fernandes, passou a ser suportada pelo privado. Um custo significativo tendo em linha de conta também a população prisional dos dois estabelecimentos de Alcoentre com várias comorbilidades associadas ao HIV e outras doenças infeciosas. Esses tratamentos chegaram a ser pagos pelo ministério da Justiça, mas passaram para a tutela da

Saúde que por sua vez transferiu esse ónus para a José de Mello Saúde, que considerou ser este um prejuízo acumulado impossível de continuar a gerir. “Penso que podiam ter discutido ainda mais este ponto com o Estado. Eles (grupo Mello) asseguram que isso aconteceu, mas que não se chegou a acordo com o gestor do contrato”.

Rui Rei acusou Rosinha de não se ter mexido pela manutenção da PPP

Quando se deu a decisão do Grupo Mello, Maria da Luz Rosinha terá colocado a hipótese junto dos autarcas de se demitir do órgão do qual faz parte e é presidente no hospital, “mas foi decidido que não”, pelo “trabalho desenvolvido com as IPSS nas ajudas técnicas, e agora com as bolsas de estudo atribuídas aos alunos da região”. Passados onze anos do início da PPP de Vila Franca de Xira, ainda no antigo Hospital Reynaldo dos Santos, Rosinha entende que se perde, assim, um capital significativo na área da saúde na região. “Independentemente de quem venha agora, os ganhos foram inequívocos, pois somos o epicentro de várias especialidades até no país, na Oftalmologia, na Dermatologia, onde chegam pessoas de todo o lado”. O Hospital de Vila Franca preparase para virar a página e a sucessão para o setor público está já em marcha com um administrador do Estado a trabalhar de perto com o Grupo Mello tendo em vista a transição. Rosinha lamenta que a PPP não tenha sido renovada, ao contrário do que aconteceu em Cascais ou Loures, mas vinca que há promessas deixadas pelo Partido Socialista, no dia um de junho de 2019, que se prendem com a necessidade de “ampliação das instalações”, porque “desde o primeiro dia que se viu que era pequeno”. “Houve falta de visão e de rasgo”, considera a deputada. Por outro lado, a ministra “prometeu mais recursos humanos e novas especialidades”, o que significa, atira taxativamente, “que quando passar para a esfera do Estado nada vai acontecer e já lhe disse isso diretamente”. A expetativa quanto ao futuro é muita, “mas não nos podemos esquecer que a grande maioria dos recursos humanos ainda vem do antigo hospital e da anterior gestão pública, e que o próprio Grupo Mello afirma que são do melhor que há, portanto a nova gestão que aí venha tem todas as condições para ter sucesso se assim o quiser”.

Rosinha apostada em travar proposta do PAN para as touradas Governo está disponível para acolher a proposta de lei do PAN, que proíbe os menores de 16 anos de assistirem a touradas, no nosso país. Esta medida está a ser vista como contrapartida para aquele partido viabilizar o Orçamento de

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Estado. Um coro de críticas por parte de autarcas ribatejanos não se fez esperar. O PAN estará ainda prestes a conseguir a proibição da transmissão de touradas em canais de televisão de sinal aberto a partir de 2022. Maria da Luz Rosinha, anterior

presidente de Câmara de Vila Franca, aficionada e deputada do PS no Parlamento, não está indiferente ao desenrolar dos acontecimentos. Rosinha rejeita a ideia de que este seja um acordo para negociar o Orçamento de Estado,

“porque há meses que o Bloco de Esquerda entrou com uma iniciativa legislativa semelhante e que eu saiba o PAN ainda não o fez”. “Quando isso acontecer vamos assistir a uma grande divisão entre bancadas, como é o caso da do Partido Socialista,

até porque não vai ser imposto o sentido de voto”. No seu caso votará contra e fará “todos os possíveis para sensibilizar e conseguir que um número considerável de deputados se oponha a esta possibilidade”. Já quanto à ministra da Cultura,

Graça Fonseca, que tem protagonizado alguns episódios onde não se coíbe de demonstrar o seu repúdio pelas touradas, Rosinha já confrontou a titular da pasta fazendo-lhe notar que os seus gostos não devem ser misturados com as suas funções.


12 Destaque

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Vereadoras enfermeiras na linha da frente no Combate à Covid-19 nas autarquias Miguel Rodrigues m tempo de pandemia, o mais difícil é responder de forma assertiva a todas as situações. A Covid-19 ainda é nova para todos e por isso todos os procedimentos continuam a ser estudados. Há quem faça das “tripas coração” para tentar encontrar soluções e resolver os problemas que se vão amontoando pelo caminho, porque ainda ninguém sabe como vai acabar. Fomos conhecer o exemplo de duas vereadoras nas autarquias da nossa região que colocaram o seu percurso profissional na área da enfermagem como uma forma de agilizar processos e encontrar soluções no caos que a pandemia trouxe. Mesmo com a vacina à vista, ainda não se sabe se o resultado será eficaz. Mas no

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dia a dia, no terreno, faz falta experiência, imaginação e muita criatividade, para lidar com as situações mais adversas e para colmatar lacunas que aos poucos vão aparecendo aqui e ali. Se é certo que na primeira vaga, tivemos os jovens em campanhas publicitárias a dizer aos mais velhos para ficarem em casa, agora nesta segunda fase, que esperamos que seja a última, são os mais velhos a pedirem aos mais jovens que se cuidem e que quebrem as cadeias de transmissão, evitando ajuntamentos e saídas desnecessárias. Um dos exemplos vem da Alemanha com um anúncio tocante e emotivo, filmado como se estivéssemos 30 anos mais à frente. Um anúncio que lembra que a pandemia não foi uma miragem nem um pesadelo, mas que foi real e trouxe consequências a todos. Um pouco por todo o lado reproduzem-se campanhas de sensibilização, programas de apoio fi-

nanceiro aos vários setores da economia, que são importantes, no entanto, os municípios tentam a todo o custo quebrar as cadeias de transmissão utilizando todos os métodos possíveis para tal. Entre muitos outros, estão os concelhos de Vila Franca de Xira e de Arruda dos Vinhos, que têm em comum, duas enfermeiras à frente dos respetivos pelouros da saúde que se têm revelado fundamentais para criar conhecimento e contribuir para o desbravar de algumas situações mais agudas que vão aparecendo no terreno. Carla Munhoz de Arruda dos Vinhos e Fátima Antunes de Vila Franca de Xira estão no terreno diariamente. Ambas têm como função tentar resolver os problemas que vão aparecendo. Nem sempre é fácil, mas a experiência que têm na área da saúde acabou por se tornar uma mais valia neste processo pois acabam por ser mais conhecedoras dos diversos procedimentos.

Fátima Antunes é desde há oito anos vereadora da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira. Para trás ficou uma carreira na enfermagem num dos maiores hospitais do país, o Hospital de São José, tendo estado ligada mais recentemente ao Instituto Oftalmológico Gama Pinto. Uma carreira apenas interrompida por ter aceitado integrar o executivo de Alberto Mesquita. Com as áreas da saúde e solidariedade, entre outras, a vereadora assegura que ser também enfermeira tem ajudado no combate à covid-19. “No fundo falamos a mesma língua” refere em entrevista ao Valor Local, aludindo ao facto disso facilitar a comunicação entre as diferentes entidades de saúde envolvidas no combate à pandemia. Fátima Antunes revela que o dia a dia no concelho de Vila Franca de Xira não tem sido fácil. Ainda assim o município colocou em prática um plano de ação possível para minimizar o

impacto da pandemia, que se traduziu numa “grande aprendizagem” com a primeira vaga da doença. A autarca que assumiu as rédeas no combate à pandemia no concelho de Vila Franca de Xira, sustenta que ninguém estava preparado para o que veio a acontecer. Os casos multiplicaram-se e deram origem a alguns surtos, nomeadamente, em Alverca, algo que se traduziu em conhecimento para esta segunda vaga que tem galopado um pouco por toda a parte e que em Vila Franca não é exceção. Um exemplo disso está relacionado, segundo Fátima Antunes, com os planos de emergência que “os possuíamos a pensar em catástrofes como fogos, inundações, ou sismos mas não para uma situação deste género” refere a vereadora que salienta que o município de Vila Franca, à semelhança de outros, teve que lidar com uma situação que não estava prevista. No entanto, garante que para fuPUB


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Novembro 2020

Fátima Antunes sublinha que os hospitais de campanha foram mal concebidos e isso foi uma aprendizagem

turo, estas incidências terão de ficar previstas, esperando, no entanto que “não tenhamos que voltar ao mesmo, depois de passada a pandemia”. O desconhecimento, até mesmo para quem é da área, tem sido uma tónica dominante: “ Todos nós tivemos de nos adaptar a isto”, aludindo aos surtos em lares durante a primeira vaga na Misericórdia de Alverca e agora na segunda em Alhandra. A experiência com a primeira vaga levou a que o município,

conseguisse, entretanto, implantar uma série de medidas nos lares: alas para doentes positivos e negativos foi uma das soluções, refere a vereadora. A juntar a isto estabeleceram-se circuitos, durante o período do verão, para se tomarem “outras medidas para evitar o aparecimento de novos surtos”. No entanto, a vereadora sublinha que nenhuma destas medidas é eficaz a 100 por cento. “Por mais medidas que se tomem e que se reforcem os planos de contin-

gência, não é infelizmente possível evitar novos positivos”, refere. Continua, contudo, a ser importante a formação dada para a colocação de máscaras ou viseiras e equipamentos de proteção individual nas IPSS e noutras instituições e empresas. No entanto, a responsável sublinha que “as coisas estão agora mais rotinadas “e não há tanto stress como existiu na primeira vaga da doença”. “Aprendemos muito!”, constata. Fátima Antunes reconhece que PUB

os conhecimentos que tem ao nível da sua profissão "ajudaram no combate à pandemia". Exemplifica a nível interno quando “foi preciso fazer planos de contingência”. “Acompanhei a elaboração dos mesmos para a Câmara Municipal e para os SMAS”. A vereadora sublinha que o seu conhecimento foi importante na utilização dos equipamentos de proteção individual, para e na sensibilidade necessária ao nível dos circuitos, e mesmo para a aquisição das máscaras, como saber qual o tipo de material correto, entre outras questões. Ao Valor Local, a vereadora refere que o conceito de pandemia foi estudado, mas nunca ao nível daquilo que nos encontramos. Da sua experiência, a responsável pela saúde no município salienta que passou pelas urgências do Hospital de São Jose durante três anos, sendo que esteve ligada a algumas “comissões de controle e higiene o que para este assunto em concreto ajudou bastante”. Sendo o concelho de Vila Franca de Xira urbano e muito populoso, também as empresas tiveram na altura alguma resistência em implantar planos de contingência. Ainda assim a vereadora refere não ter conhecimentos de casos concretos, e na maioria aceitaram as medidas para tentar controlar a pande-

Destaque 13 mia. A falta de equipamentos de proteção individual, máscaras e produtos para higienizar acontecia nas empresas, mas essa dificuldade agora já se encontra debelada. Outro dos “ensinamentos” da primeira fase foi a utilização dos pavilhões para dar suporte aos hospitais. A vereadora refere que mais uma vez aqui os planos de contingência não estavam adaptados às necessidades e recorda, por exemplo, que os pavilhões não permitiam um isolamento eficaz de cada doente, os circuitos não eram distintos e a circulação de ar não era independente, por isso, nesta fase os hospitais voltam a ser cruciais para o tratamento da doença. Fatima Antunes, que refere ficar impressionada com o número de óbitos, sendo esta uma questão complicada ao nível emocional, salienta também que acredita que a maioria das dificuldades está encontrada e que com o grau de conhecimento, já adquirido, será mais fácil combater esta segunda vaga que já é uma realidade. PUB


14 Destaque

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Novembro 2020

Carla Munhoz, vereadora e enfermeira da Câmara Municipal de Arruda dos Vinhos

“A primeira vaga foi uma aprendizagem” município de Arruda dos Vinhos tem contado com a colaboração da vereadora e enfermeira Carla Munhoz na gestão da pandemia no concelho. A autarca, que ainda se mantém nas funções de enfermeira, tem dado uma ajuda na gestão através do seu conhecimento no terreno. Conhecer as instituições de saúde pública, assim como todos os protocolos, tem sido uma mais valia. Carla Munhoz exerce funções no centro de saúde de Arruda dos Vinhos e ainda na VMER (Viatura Médica de Emergência) no INEM a partir do hospital de Vila Franca de Xira. São funções “que não podemos dissociar” esclarece a responsável pela área social e da saúde do concelho de Arruda dos Vinhos. Ao Valor Local, assegura ter dificuldade em entender onde começam umas e acabam as outras funções, uma vez que está a meio tempo em ambas e está a tempo inteiro em todas. Ou seja, com a pandemia, as funções fundem-se, ao ponto de estar em alerta permanente e atenta às dificuldades do dia a dia. Ser enfermeira faz parte da sua vida. Já as funções de vereadora, assumiu-as há pouco mais de três

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anos, altura em que aceitou o desafio de André Rijo, presidente da autarquia, para integrar as listas em 2017. Desde o início da pandemia que Carla Munhoz não tem tido mãos a medir e confessa que “a gestão de uma crise pandémica não passou no sonho de ninguém”. Este é um esforço sobre humano “em termos da energia que isto envolve e de trabalho 24 sobre 24 horas já há oito meses”, desabafa a vereadora à nossa reportagem, que alastra o esforço a toda a equipa do município de Arruda dos Vinhos. Ainda assim a enfermeira vinca que para já, no concelho de Arruda dos Vinhos, apesar da carga horária “é um esforço suportável”. “Aquilo que sinto é que há pilares muito fortes e que estiveram presentes desde o primeiro momento” refere Carla Munhoz que conclui que “ o esforço tem sido das pessoas no seu todo, desde a proteção civil, passando pelo município, saúde pública, bombeiros e as diferentes IPSS e juntas de freguesia” entre outras. São pilares que fazem com que a equipa ganhe coragem no dia a dia para ir resolvendo os problemas que aparecem.

Carla Munhoz fala num desafio em que as duas funções se fundem e quase não se distinguem. Há outro pilar para que as coisas “tenham corrido bem, dentro do género”, refere a vereadora: “Todas as equipas conhecem bem o município, estão bem integradas e conhecem as freguesias”, sendo que a comunicação em saúde “nunca falhou e essa comunicação ajuda-nos a estar à frente na resposta que possa ser trabalhada”. No que toca aos testes à Covid 19, o município já está a testar

funcionários e utentes das IPSS do concelho, no pavilhão multiusos local, uma vitória graças aos seus conhecimentos, segundo apurámos, e que evitou assim migrações entre municípios, dado que por norma os cidadãos de Arruda dos Vinhos teriam de se deslocar a Vila Franca para os fazer. Para a vereadora a primeira vaga no concelho foi “uma aprendizagem”. Há no entanto um melhor conhecimento do comportamento

da pandemia e por isso “há um maior conforto, embora o medo continue a estar presente no dia a dia”. A vereadora sustenta, entretanto, que o facto de “ser profissional de saúde, e enfermeira no concelho de Arruda dos Vinhos, e estando ligada aos cuidados de saúde primários e secundários num hospital de referência, acaba por ser facilitador” refere ao nosso jornal, vincando que a gestão da “transição

segura entre o hospital, comunidade e município é fundamental” para que tudo corra bem. Sublinha ainda que a grande maioria dos utentes de Arruda está referenciada para Vila Franca de Xira, há no entanto uma “franja” que utiliza o hospital de Loures. A autarca e enfermeira recorda que a maioria das pessoas depois de hospitalizada regressa a casa e por isso é cada vez mais importante o conhecimento no terreno e das patologias, porque já têm uma certa idade e por isso estão mais fragilizadas. O conhecimento no terreno é facilitador, e o facto de conhecer os protocolos e as situações na ótica da profissional agilizam procedimentos. Rodeada de emoções durante o dia no seu trabalho, Carla Munhoz não se escusa a referir que são os óbitos que mais a impressionam. A enfermeira e vereadora que contacta diariamente com várias situações, tanto no concelho como na área de intervenção do Hospital de Vila Franca de Xira, refere que cada caso é um caso, mas não fica indiferente aos estragos sociais e humanos que esta pandemia está a causar pelo mundo fora.

Hospital de Vila Franca com 60 camas para doentes Covid Hospital de Santarém com 11 internados Covid m tempos de pandemia tem sido importante, um pouco por todo o lado, a gestão dos recursos humanos e técnicos. Somam-se preocupações

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relativamente ao número de camas disponíveis nos hospitais de referência, com destaque para os edifícios centrais. Fomos saber qual a capacidade de resposta nas principais unidades hospitalares da nossa área de influência, Vila Franca de Xira e Santarém. Em Vila Franca de Xira e quanto ao número de camas, aquela unidade hospitalar refere ao nosso jornal, a existência de um plano de contingência para responder à Covid-19. Segundo o hospital, este plano prevê várias fases de resposta. Numa primeira fase estão “disponíveis 19 camas na área da infeciologia e outras três camas nos cuidados intensivos para estes doentes” em função das necessidades, sendo que “essa capacidade pode evoluir até um total de 53 camas de internamento e 8 camas de cuidados intensivos dedicadas a casos Covid”. Está é a fase “em que nos encontramos atualmente”, ou seja, já no último patamar da sua capacidade. O plano de contingência prevê igualmente que em caso de rutura para o internamento de doentes Covid, e fazendo parte do Serviço Nacional de Saúde, o Hospital Vila Franca de Xira “está articulado com a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo que promove a utilização dessa rede, adequando os recursos disponíveis às necessidades da população”. Com o piso três totalmente adstrito a doentes Covid, a Unidade de Cuidados Intensivos (UCI), o Centro de Hemodiálise e a Urgência Covid, o hospital tem mais de 200 profissionais de saúde alocados a esta área, um número significativo e que engloba auxiliares, enfermeiros e médicos. Ainda assim, o aumento do número de doentes nesta época do ano, tornou-se “um desafio”, sublinha a administração ao nosso jornal. “No mês de novembro estão internados, em média, 48 utentes covid por dia no Hospital Vila Franca de Xira. Este dado coloca grande e constante pressão nas equipas clínicas e obriga a uma gestão muito eficiente dos recursos disponíveis” refere a administração. Ainda assim, e tendo em conta o necessário reforço do quadro clínico, o hospital contratou 26 profissionais “e está previsto um reforço adicional de mais 20”. “A pandemia tem representado um grande desafio ao nível de gestão das equipas hospitalares, dado que se verifica um aumento significativo de ausências, que resultam da necessidade dos profissionais realizarem quarentena ou prestar assistência às suas famílias” e explica a administração que para além das contratações já efetuadas, o “hospital aumentou em 22 por cento a contratação de horas adicionais nos últimos meses, cerca de 53 mil horas extra”. Ao nosso jornal, a administração salienta que para esta segunda vaga, o hospital preparou-se e para fazer face ao aumento significativo da procura registada nos últimos dois meses, “evoluiu para a fase 3 do seu plano de contingência dedicando a totalidade do Piso 3 (53 camas) e da UCI (8 camas) a casos Covid”. A juntar a isto e porque já era uma situação prevista antes da Covid, o Grupo Mello que está de saída no próximo ano da gestão do hospital, iniciou a construção de uma nova ala no serviço de urgência com cerca de 290 m2 que duplicará a capacidade da Sala de Observação para casos Covid. Segundo o hospital “este investimento representa um reforço de 16 postos de observação e estará concluído em meados de dezembro” Para além disto informa que o grupo investiu na aquisição de uma nova gama de testes PCR, “mais rápidos do que os anteriores”. Estes novos testes permitirão uma utilização mais eficiente dos circuitos e espaços físicos adstritos à Covid. Já no que respeita às consultas nas diferentes especialidades e à problemática das listas de espera, no mês de novembro, em média, foram realizadas 682 consultas por dia no hospital, “tendo sido possível eliminar a lista de espera para primeiras consultas a novos utentes em algumas especialidades como a Urologia, Otorrinolaringologia e Dermatologia” refere o hospital que ainda assim salienta a existência de situações pontuais de adiamento de consultas por indisponibilidade do médico, nomeadamente, a ausência motivada por necessidade de quarentena, “mas essas situações serão remarcadas assim que reposta a normalidade” refere.

as sessenta e duas camas destinadas aos doentes Covid, o Hospital de Santarém, tem preenchidas para já apenas 11. Segundo a administração hospital com gestão exclusivamente pública do distrito de Santarém, aquela unidade situa-se no terceiro e último nível de alerta, com “62 camas, às quais se somam as camas de Unidade de Cuidados Intensivos Covid.” Esta unidade, que segundo os dados que nos forneceu, ainda está longe da capacidade total, refere que no caso de se esgotarem as camas, caberá à Administração Regional de Saúde fazer a ponte para outras unidades. Ao nosso jornal, o hospital que respondeu telegraficamente às nossas questões, sublinha que adstritos à Covid-19 “entre enfermarias Covid, urgência Covid e UCI Covid temos 20 médicos, 110 enfermeiros e 60 assistentes operacionais” e vinca que o mesmo número poderá ser aumentado “e distribuídas equipas conforme as necessidades”. Quanto a esta segunda vaga, o hospital declara que “está atento à evolução e avalia diariamente as necessidades” reforçando que “recentemente contratou 57 profissionais, 18 enfermeiros e 11 assistentes operacionais” e que “as contratações futuras estão a ser avaliadas.” Sobre o número de ventiladores disponíveis, a unidade hospitalar salienta ter uma quantidade “superior ao número de camas de UCI”. Quanto ao número de consultas, o hospital salienta que foram reforçadas em contracorrente com outros hospitais. Vinca que “em 2020 foram realizadas 103.036 consultas e estão agendadas até ao final do ano mais 2611 primeiras consultas” ainda assim sublinha que “aumentou a taxa de faltas por parte do utente que atribuímos, em parte, ao receio de vir ao hospital em tempo de pandemia”.

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Valor Local

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Cultura 15

Cegada ganha balão de oxigénio e continua com planos para novas peças Nuno Vicente ascido em 1986, na sequência de uma oficina de teatro que houve na casa da juventude de Alverca, coordenado, na altura, por Ildefonso Valério, o Grupo de Teatro Cegada está prestes a completar 35 anos de trabalho ininterrupto. Para conhecer um pouco mais este projeto, o Valor Local conversou com Rui Dionísio, que como ele mesmo se define é um eternamente jovem vilafranquense, que desde cedo está ligado à Cegada, e após alguns anos, ligado também aos eventos corporativos. Aceitou em 2012, o convite para ser o diretor artístico da Companhia e do Teatro Estúdio Ildefonso Valério. Os últimos tempos têm sido de altos e baixos com algumas polémicas protagonizadas com os agentes que normalmente apoiam a Cultura. Segundo Rui Dionísio, que é o terceiro diretor artístico da companhia, após Ildefonso Valério (falecido em 2005) e José Teles, apesar de nestes 35 anos terem passado já muitos atores pela Cegada, a linha artística e a linha de reportório é a mesma do início. O director da companhia de teatro lembra que apesar de a estrutura

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se ter tornado profissional apenas em 2012, sempre houve mesmo com o estatuto amador “um profissionalismo” em tudo o que faziam, patente, por exemplo, na “Amostra de Teatro de Alverca”, onde durante dois meses se podia assistir à apresentação de várias peças por companhias amadoras e profissionais, algo inédito na época fora dos grandes centros. Em 2005, a companhia passa para as antigas instalações da Sociedade Filarmónica Alverquense, onde ainda se encontra e com a remodelação das instalações surgiu o Teatro Estúdio Ildefonso Valério. Neste espaço, ao longo destes 15 anos foram desenvolvendo um trabalho tanto ao nível do serviço educativo como de espetáculos tanto para a infância como para o público adulto sempre com uma grande corrente de público. No entanto, nem tudo são rosas e em novembro de 2019, e a poucos dias da estreia da “Fronteira Fechada” de Alves Redol, a companhia recebeu com enorme perplexidade, segundo nos diz Rui Dionísio, uma informação da Direção Geral das Artes (DGA) do Ministério da Cultura. Após terem tido um plano de apoio plurianual

que dava todo um suporte à companhia e apesar de cumprirem os requisitos elegíveis, devido aos critérios de atribuição de subsídios, a Cegada fica sem apoio financeiro da parte da DGA. Este corte deixou a companhia apenas com o apoio da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, “que apesar de nunca ter falhado, e de ter sido incansável” é “manifestamente insuficiente para fazer face às despesas de uma estrutura profissional”, e colocou em perigo todo um projeto, chegando até a ser ponderado o encerramento das portas. Segundo o diretor artístico, este apoio representava 60 por cento do orçamento anual que era complementado por 20 por cento de receitas próprias (que não foram possíveis de realizar devido à pandemia) e 20 por cento do município e foi com essa verba que tiveram de iniciar 2020, tendo os elementos fixos da estrutura começado a desenvolver trabalho externo junto de outras companhias, revertendo os seus ganhos para a Cegada, de forma a poderem cumprir todos os compromissos de pagamentos quer à segurança social ou finanças por exemplo.

Rui Dionísio lembra que a Companhia passou um mau bocado mas todos arregaçaram as mangas Uma falha nesses compromissos poderia significar o fim da companhia pois a bola de neve que daí se formaria seria impossível de reverter. Entretanto e após muita luta e insistência, a Cegada, viu

surgir uma luz ao fundo do túnel ao receber a notícia da parte da tutela de que receberia, entretanto, um apoio ao abrigo de mais um dos requerimentos que tinham feito. Rui Dionísio diz que não é mui-

to, mas que servirá de balão de oxigénio até março ou abril de 2021, quando voltarem a abrir os concursos de apoio. Foi já em novembro e após quase 9 meses sem espetáculos, apesar do serviço educativo e oficinas de teatro terem continuando em funcionamento, cumprindo todas os requisitos da Direção Geral de Saúde que o TEIV voltou a abrir portas com o espetáculo “Casal Aberto” de Dario Fo e a sala estava lotada, no sentido das contingências impostas pela pandemia. Rui Dionísio que também é o encenador do espetáculo diz que fazer a desinfeção, higienização à porta, e dar distância aos lugares foi trabalhoso, mas que o prazer de voltarem ao palco e ver a casa cheia superou isso tudo. Quanto ao futuro, a programação está pronta para 2021, assim possa ser posta em prática, pois como diz Rui Dionísio com esta pandemia, tudo muda diariamente e nunca se sabe o dia de amanhã. Um desejo: repor “Fronteira Fechada” de Alves Redol, dar a conhecer o escritor a todas as gerações pois na sociedade de informação em que vivemos, temos muita informação e pouco conhecimento. PUB


16 Dossier: Águas

Valor Local

Novembro 2020

Presidente dos SMAS, António Oliveira

“Água comprada à EPAL vai ser mais cara mas vamos vender mais barata aos clientes” m pouco por toda a parte os acertos nas faturas da água estão a gerar uma onda de contestação por parte dos munícipes, embora de forma menos evidente do que aquilo que está a acontecer na área da Águas do Ribatejo, também há munícipes do concelho de Vila Franca de Xira que estão a sofrer na pele um acréscimo nas faturas depois de não ter havido contagens em abril, maio e junho. António Oliveira, vice-presidente da Câmara de Vila Franca e presidente do Conselho de Administração dos Serviços Municipalizados de Águas e Saneamento de Vila Franca de Xira, em entrevista ao Valor Local refere que a aplicação Aquamatrix permitiu que muitos clientes dessem a contagem e passassem ao lado desse problema. Sendo certo que nem tudo foram rosas, e duplicou o número de pessoas a pedir o pagamento a prestações das faturas, quando “antes tínhamos cerca de 10 pedidos de 15 em 15 dias, agora temos cerca de 20 a 30, e em alguns

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Nesta altura 8 mil dos 70 mil clientes dos SMAS já aderiram à aplicação para smarthphone casos até 12 prestações mensais”. A estimativa funcionou para períodos de 40 dias, ao contrário dos anteriores ciclos de 22 dias, o que “fez aumentar o valor das faturas”.

Enfatiza ainda que durante os 90 dias do período estipulado pelo Governo, “os consumos também aumentaram, foi pedida mais água à rede pelo que o número de pes-

soas em casa também subiu exponencialmente, e a nossa fatura da água comprada à EPAL foi elevadíssima”. Por outro lado, aumentou o número de incumprimentos durante o período de emergência. Apesar deste bolo de encargos à EPAL, os SMAS não vão subir as tarifas, sendo que o aumento para o ano será abaixo do valor da inflação, 0,8 por cento, “ao contrário de outros municípios” e como forma de “ajudar as famílias e as empresas, embora o fornecedor em alta vá aumentar nessa ordem de valores, sendo que nós vamos assegurar esse diferencial”. “É simples: vamos comprar mais caro para vender mais barato”. Num estudo dado a conhecer pela Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos, no final de 2019, o município de Vila Franca de Xira ficou bem posicionado entre os 308 concelhos do país em questões relacionadas com a gestão, a qualidade da água, a sustentabilidade do serviço, acessibilidade física ao saneamento básico, cobertura de gastos, disputando o pódio dos melhores com concelhos como Amadora, Porto ou Odivelas. São dados só possíveis de alcançar “tendo em conta a nossa estrutura interna desde os operacionais aos técnicos que veste a camisola dos SMAS de Vila Franca de Xira”, e enquanto administrador e “no nome de António Félix e Fátima Antunes, também administradores, temos reconhecido esse trabalho”. Num aspeto mais negativo, o regulador aponta que apesar de neste concelho existir frequentemente obra a nível da renovação de condutas, a água falta com regularida-

de nas torneiras. Este é um dado que António Oliveira diz ser resultado da seguinte lógica – “Ao ler o relatório percebemos que tomam em linha de conta a capacidade de resposta a um problema de abastecimento. A ERSAR determina que uma reparação tem de ser feita seis horas após a sua constatação, mas só quem não trabalha neste setor é que pode pensar que se consegue resolver esse tipo de problemas, sempre em menos de seis horas, se se demorar sete ou oito horas já conta como um período de não recuperação”. A ERSAR analisou ainda a percentagem de reclamações e sugestões escritas por parte dos consumidores que obtiveram resposta dentro dos prazos legais, sendo que neste aspeto Vila Franca de Xira e olhando a um cômputo regional analisado para os sete concelhos onde o nosso jornal está presente não fica bem cotada. “O critério é entre seis horas a seis dias consoante o tipo de queixa, mas só quem não conheça as regras do Código de Processo Administrativo é que pode pensar que é possível responder a todos com a mesma brevidade”. A maioria das queixas reporta-se ao valor das faturas, sendo que “quando estamos perante casos sociais não há um único que não tenha sido autorizado em reunião do conselho de administração”. Entre os projetos que os SMAS têm em curso está o processo de certificação de qualidade de todos os serviços, com especial destaque para a qualificação do Instituto Português da Qualidade para um laboratório de contadores com investimento superior a 200 mil euros destinado à reparação e certificação daqueles equipamentos, mas também a acreditação de um laboratório de águas e efluentes que está a aguardar o relatório final do Instituto Português da Acreditação (IPAC). “Dar mais segurança a todos os consumidores é o objetivo final”. O setor das águas e saneamento no país tem ensaiado diversas transformações ao longo dos anos, a mais recente deu-se com a criação de duas entidades em alta, uma para o saneamento com a “Águas do Tejo Atlântico” e outra para o abastecimento com a “Águas de Vale do Tejo”, grupo Águas de Portugal/EPAL que nos dois casos contam com vários municípios associados, nomeadamente, o de Vila Franca, com o objetivo último de contribuírem para a harmonização tarifária, um desi-

derato que não foi alcançado. António Oliveira é taxativo que o concelho não beneficiou com estes ensaios na alta até porque a nível nacional “não está aprovado pela ERSAR um regulamento tarifário” que vincule todas as entidades. O responsável reflete que as realidades no país são tão díspares que torna impossível existir uma uniformização – “A realidade de Vila Franca não é igual à de Azambuja, ou à de Samora, ou Torres Novas”. Apesar da importância deste debate, “verificamos que a componente da água até é um dos itens mais baixos nas faturas, e quando temos agora o desafio dos Resíduos Sólidos Urbanos já com um grande peso, cuja cobrança é indexada ao consumo da água”. Na sua opinião, a Valorsul não tem capacidade para empreender a recolha porta-a-porta ao contrário da Ecolezíria que o vai fazer, pelo que terão de ser as câmaras municipais a fazê-lo e quando o Governo dá cinco anos aos municípios para que deixe de efetuar a indexação à água. “Tenho dito junto da ERSAR para que deixe de colocar o item dos RSU na fatura.” O presidente dos SMAS de Vila Franca diz ainda que o município se sente prejudicado por ter uma taxa elevada de concretização de fundos europeus, e quando necessita de recorrer a essas verbas é ultrapassado por associações de municípios em baixa com mais dificuldades, “percebo o critério mas quando sabemos que as obras em saneamento são extremamente onerosas é mais verba que temos de disponibilizar sem ajudas de ninguém. É caso para dizer que hoje estamos bem mas amanhã não sabemos”, alude dando a entender que recorrer a um privado ou concessão do serviço é sempre uma possibilidade Este setor da Câmara ficou abalado recentemente pela morte de um trabalhador dos SMAS em funções devido a um acidente de trabalho, e segundo o presidente do conselho de administração não veio desmoralizar as equipas, “mas alertar ainda mais para os cuidados de segurança”. O inquérito da Autoridade das Condições de Trabalho está em curso. “O funcionário era experiente, e houve uma descarga elétrica dos cabos de transporte que passam lateralmente nos reservatórios em Alverca, mas há movimentos que têm de ser respeitados para se fazerem as tais análises aos reservatórios, mas as causas apenas serão apuradas pela ACT”.


Valor Local

Novembro 2020

Dossier: Águas 17

Empresa acusada de má fé

Clientes da Águas do Ribatejo criam associação para que as faturas não voltem a “descambar” Águas do Ribatejo reuniu-se com um grupo de cidadãos que através das redes sociais e da comunicação social tem dado eco do seu descontentamento face aos acertos repercutidos nas últimas faturas da empresa intermunicipal. O Valor Local registou o testemunho de alguns desses clientes como Paula Fidalgo e Francisco Rodrigues que falam em faturas com valores exorbitantes que chegam aos 1000 euros fruto dos meses, de março a agosto, em que não houve contagem real devido à pandemia. O movimento de cidadãos organizou-se e em reunião com a empresa intermunicipal apresentou propostas no sentido de tornar a atividade da empresa “mais transparente” na sua relação com o consumidor. Manuel Inácio, cliente da empresa que serve sete concelhos ribatejanos, conta ao Valor Local que há cada vez mais gente “a queixar-se das faturas”, após o recomeço das contagens reais, com as tarifas “a saltarem de escalão”

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no que os consumidores apelidam de um “exercício mal feito e lesivo”. O munícipe do concelho de Almeirim – que tem sido um dos porta vozes dos consumidores dos restantes concelhos – diz mesmo que “não vê uma saída” para solucionar o problema criado. O grupo deu a conhecer algumas reivindicações que tiveram eco nos administradores da empresa como a criação do provedor do cliente, mas também a criação de uma espécie de piquete para as ditas “situações anómalas” ou seja “sempre que seja emitida uma fatura que possa divergir em muito daquilo que é o consumo habitual do será feita uma triagem junto cliente para se perceber o porquê desses valores”. Contudo pouco ou nada haverá a fazer quanto às faturas já emitidas com valores que se revelaram como “escandalosos” na opinião dos clientes ouvidos pelo Valor Local – “A empresa garantiu que não haverá cortes de água e está disponível para fazer planos de pagamento”, resume Manuel

Polémica dos acertos desencadeou terremoto na imagem da empresa

Inácio. Por outro lado, o grupo de cidadãos, que estará prestes a constituir-se como associação, pretende que as estimativas por parte da empresa deixem de basear-se nos últimos dois meses de consumo real, para passar a fazer uma média dos últimos doze meses – “Porque imaginando que nesses dois meses as pessoas consumiPUB

ram pouco, os acertos acabam por ser maiores”, dá conta. Contudo a empresa manteve-se firme quanto aos seus procedimentos: “A forma como eles explicam as estimativas é penalizadora porque não prescindem de as fazer dessa maneira, ou seja não retiram uma vírgula à taxa de saneamento nem à taxa de resíduos sólidos urbanos, que com estes acer-

tos subiram em flecha principalmente para os munícipes de Almeirim e Coruche”, devido à adesão à Ecolezíria. Na reunião foram ainda abordados temas como a correção das fugas de água pela empresa mas também o facto de os novos contadores, sempre que há uma interrupção no abastecimento, continuarem a debitar, independentemente

de a água não correr nas torneiras – “É preciso que os consumidores olhem para os seus contadores quando faltar a água para darem conta desse tipo de situações”. Em conclusão e apesar da reunião promovida – “nada apaga a má imagem dada pela empresa que agiu de má fé perante os clientes, mas cabe à empresa mudar a fotografia se quiser, desde que forneça um melhor serviço”. Uma associação está mesmo nos planos dos consumidores “porque não podemos adormecer caso contrário a situação volta a descambar”. O Valor Local contactou a empresa que afirma que faz as leituras com base no histórico dos clientes, já quanto aos acertos refere que os escalões de consumo são ajustados ao período em questão de forma “a não penalizar os consumidores”, com “homogeneização dos valores com a sua distribuição pelos meses em que houve estimativa”. Uma explicação que não terá convencido estes consumidores ouvidos pelo Valor Local. PUB


18 Opinião

Valor Local

Por linhas direitas

Novembro 2020 António Jorge Lopes*

Paga e não bufes? omeço estas linhas direitas por recordar três evidências. A primeira, o Estado é uma criação do Homem. Não é uma entidade que surgiu da natureza. Antes pelo contrário, é o resultado racional da vontade do Homem que vive em sociedade. A segunda evidência, o Estado central, regional e autárquico depende quase exclusivamente dos impostos, das taxas e taxinhas pagos por cada um de nós e pelas empresas. Seja ele o IRS, o IVA, o Imposto sobre Produtos Petrolíferos ou a taxa de controlo da qualidade que aparece na nossa factura da água, há sempre algo a pagar a esse Estado fiscalmente omnipresente. A terceira e última evidência, tudo o que o Estado dá, seja através do governo, de uma câmara municipal ou de uma junta de freguesia, é aquilo que antes tirou às pessoas e às empresas. A construção de uma escola ou uma estrada arranjada não são

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um favor do poder político, são a devolução em “espécie” daquilo que as pessoas pagaram em impostos, taxas e taxinhas. E esta devolução é um direito dos contribuintes e um dever de quem governa uma comunidade. Sublinho que não tenho uma visão estatizante em que o Estado e o “público” têm de crescer e crescer, nem tão pouco sou defensor de um “Estado mínimo” com claro prejuízo para a função

social que o Estado tem de ter. Por isso, deixo o “estatismo” para quem se revê no PS, no PCP e no BE. E a visão minimalista do Estado fica para quem encontra no Chega o remédio para todos os nossos males. Contudo, não aceito que o poder político por razões de opção estratégica ou de mera incompetência se limite a “sugar” impostos, taxas e taxinhas para “engordar” o tal “Estado” sem que os cida-

dãos recebam a devida contrapartida. Por vezes, até parece que o “Estado” ganha vida própria e apenas “engorda” para se alimentar a si próprio… Certamente haverá mais exemplos no país, mas olhemos para o que se tem passado na Câmara de Azambuja, que é a realidade que melhor conheço. Em 2019, dos 40 investimentos municipais realizados com valores mais expressivos, cerca de 35% destinaram-se à própria Câmara, onde se incluiu a compra do novo BMW presidencial no valor de € 54.734,00. Nesse mesmo ano, os cidadãos entregaram à Câmara de Azambuja o montante de 1.379.733,18 euros por conta do Imposto Único de Circulação. Mas o investimento municipal em beneficiação e conservação de estradas ficou-se pelos 700 mil euros, ou seja, pouco

Dodecálogo ético para presidentes de instituições de economia social o longo de toda a minha vida pratiquei voluntariado, o que me confere alguma autoridade moral para discernir sobre um código ético que denomino de: dodecálogo ético para presidentes de direcção de qualquer Instituição de Economia Social (IES). IPSS e congéneres de ES, como, por exemplo, as Universidades/Academias Seniores e, as associações/coletividades desportivas, culturais, recreativas, artísticas, etc.. Os tempos, há muito, que são de mudança e não se compadecem mais com lideranças impreparadas, atávicas e/ou oportunistas, como ainda hoje, infelizmente, se constata em algumas Instituições e que, por via disso, arrastam as mesmas para a sua descredibilização ou mesmo dissolução por insolvência, dada a incúria das suas práticas de governança, por manifesta incompetência e também, pela permissividade

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dos stakeholders que, não participam nem escrutinam, o que potencia deficiências várias na sua operacionalidade, muitas das vezes em claro contraciclo com o que deveria ser o seu propósito, ou seja, uma clara definição da sua missão, da sua visão e dos seus valores, o que, e infelizmente, ao não acontecer, constitui, mais um fator potenciador de más práticas e de tomadas de decisão erróneas ou irresponsáveis. Para que uma organização funcione de forma eficiente e fiel ao seu propósito, é fulcral uma liderança competente! Consubstanciando a minha perspetiva, eis o dodecálogo ético para presidentes de direção que preconizo: 1º. Compreender e assumir a presidência de direção como uma missão de liderança, na sua plenitude. 2º.Compromisso com os valores do voluntariado: Identidade/ima-

gem; comunicação, apartidarismo, altruísmo, solidariedade, fraternidade, inclusão, afabilidade, empatia, idoneidade, modéstia, tolerância, equidade, igualdade, respeito e lealdade. 3º. Dignificar e honrar o nome da Instituição e do Organismo Tutelar, em qualquer situação, enquanto seu representante máximo, colocando sempre os interesses da Instituição acima dos seus próprios interesses. 4º. Honrar os compromissos assumidos no programa/plano de acção ou de atividades (objetivos, e/ou mudanças organizacionais) e pugnar pela excelência dos serviços prestados. 5º. Comprometimento total com a missão a visão e os valores da Instituição. Guardião do escrupuloso cumprimento das NRD - Normas do Regulamento Disciplinar e, punição, de acordo com o processo sancionatório preceituado nas

Ficha técnica: Valor Local jornal de informação regional Propriedade e editor: Propriedade: Metáforas e Parábolas Lda – Comunicação Social e

Publicidade • Gestão da empresa com 100 por cento de capital: Sílvia Alexandra Nunes Agostinho; NIPC 514 207 426 Sede, Sede do Editor, Redação e Administração: Rua Engenheiro Moniz da Maia, Centro Comercial Atrium , nº 68 Loja 17 2050-356 Azambuja Telefones: 263 048 895 - 263 106 981 - 96 197 13 23 - 93 561 23 38 Correio eletrónico: valorlocal@valorlocal.pt; comercial@valorlocal.pt Site: www.valorlocal.pt Diretor: Miguel António Rodrigues • CP 2273A • miguelrodrigues@valorlocal.pt Redação: Miguel António Rodrigues • CP 2273 A • miguelrodrigues@valorlocal.pt • 961 97 13 23; Sílvia Agostinho • CP 6524 A • silvia-agostinho@valorlocal.pt • 934 09 67 83 Multimédia e projetos especiais: Nuno Filipe Vicente multimédia@valorlocal.pt Colunistas: Rui Alves Veloso, Augusto Moita, Acácio Vasconcelos, José João Canavilhas, António Salema “El Salamanca”, Inês Lourenço, Jorge Laureano Jacinto e Silvia Carvalho Paginação, Grafismo e Montagem: Milton Almeida • paginacao@valorlocal.pt Cartoons: Bruno Libano Departamento comercial: Rui Ramos • comercial@valorlocal.pt Serviços Administrativos: Metaforas e Parabolas Lda - Comunicação Social e Publicidade N.º de Registo ERC: 126362 Depósito legal: 359672/13 Impressão: Gráfica do Minho, Rua Cidade do Porto –Complexo Industrial Grunding, bloco 5, fracção D, 4710-306 Braga Tiragem média: 8000 exemplares Estatuto Editorial encontra-se disponível na página da internet www.valorlocal.pt

NRD. 6º. Incentivar a participação de todos os stakeholders e, outros interessados, na vida da Instituição, designadamente no escrutínio dos atos de governança. 7º. Governança responsável, i.e., com parcimónia, dos recursos financeiros e do zeloso cumprimento de todos os compromissos assumidos, nomeadamente, com os fornecedores. Impoluto e zelador de todo o património material e imaterial da Instituição. 8º. Inspirar e motivar os colegas de direcção e colaboradores a transcenderem os seus interesses pessoais, dando o seu melhor em prol da Instituição e de quem dela necessita. Gerir pessoas. 9º. Agir assertivamente, ou seja, promover os resultados propostos por cada um dos diretores e/ou dos colaboradores, motivando-os e ajudando-os a atingir os objetivos que preconizam ou que tenham sido delineados pela direcção. Promover parcerias que consubstanciem mais-valias para a Instituição. 10º. Comportamento holístico; “uma só imagem da Instituição”, assumindo sempre as responsabilidades do todo por cada uma das

mais de metade daquilo que foi cobrado de IUC. Portanto, não é a falta de verba que impede a realização de obra. Aliás, o quadro que ilustra este artigo demonstra bem que a Câmara de Azambuja passa de ano para ano com mais verba. Se em 2015 ficaram por gastar cerca de 3 milhões de euros e que passaram para o ano de 2016, em 2019 o saldo foi superior a 10 milhões de euros e que transitaram para o corrente ano de 2020 (o saldo que vai passar para 2021 é idêntico). É uma evidência que estes saldos que transitam de ano para ano são o resultado de uma grande cobrança de impostos, taxas e taxinhas a par de uma manifesta incapacidade de realização, de devolução “em espécie” daquilo que foi cobrado aos contribuintes. Tendo este “pano de fundo”, o PSD sugeriu nos últimos dois anos a redução substancial do IMI e da parcela de IRS que é “cobrada” pela Câmara de Azambuja. E há duas semanas, perante o agravamento da situação económica e social provocada pela pandemia do COVID-19, o PSD insistiu na sua opção e propôs uma re-

dução efectiva de 17% no IMI e uma redução de 50% na taxa de IRS que se destina à Câmara. Mas, o PS e a CDU apenas reduziram a taxa máxima de IMI num centésima e mantiveram a taxa máxima de 5% em sede de IRS… Entre a opção de devolver dinheiro às pessoas e a opção de continuar a “engordar” os cofres municipais mesmo já tendo milhões para gastar (em vésperas de eleições?), ainda venceram aqueles que se consideram os “donos disto tudo”. Será que os cidadãos moderados, em particular os contribuintes da classe média, apenas estão disponíveis para “pagar e não bufar” ou estão prontos para exigir que o dinheiro dos seus impostos tem de ser devolvido a tempo e a horas, como em qualquer sociedade moderna e sem estar dependente da proximidade das eleições?...

Augusto Moita

partes. Obtém-se credibilidade institucional e transparece honestidade intelectual. 11º. Assunção de uma liderança transformacional repercutida numa atitude de preocupação sistemática com os outros, de diálogo permanente e de escuta ativa e atenta, numa liderança participativa, empática, calorosa e apoiante; promovendo a motivação, o empenhamento, o bem-estar emocional, o espírito de grupo e o comprometimento; a formação (coaching) dos colaboradores (directores e funcionários), visando o conhecimento das melhores práticas relacionais e eventualmente de gestão e do digital, para um bom clima organizacional, uma boa governança e a coesão grupal. Assunção de uma atitude permanente de proatividade e de resiliência. Assertividade comunicacional. 12ª. Utilizar o poder que a liderança lhe confere, quer na gestão de processos de conflitos de interesse, quer nos de negociação, quer ainda, no encerrar dos processos de resolução e subsequente tomada de decisão (e.g.: voto de desempate). Assegurar internamente

a necessária equidistância políticopartidária na governança da Instituição e, nas relações externas, uma permanente atitude institucional de bom relacionamento com todas as Instituições e entidades (políticas e/ou sociais), públicas e privadas. Epílogo: O verdadeiro voluntário é todo o indivíduo idóneo, que dá tudo o que tem, com orgulho de ser voluntário e, sem esperar receber algo em troca ou retirar quaisquer dividendos. O oportunista é, por norma: convencido, pedante, déspota, laxista e descomprometido, e não obstante, é-lhe permitido, “perpetuar-se no poder”, (sou apologista da limitação de mandatos), pretendendo, não raras vezes, servir-se da Instituição para se alcandorar a um proscénio social, quiçá, com objetivos políticos, e não para servir altruisticamente a Instituição e de quem dela necessita!


Valor Local

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Opinião 19

Os dois pratos da balança do capitalismo:

A Covid-19 e A Vacina esta edição do jornal Valor Local, apresento-vos um texto transcrito da conclusão do meu livro Economia Indispensável, publicado em novembro de 2020. Este excerto ajusta-se com precisão ao período que vivemos à escala global. Atravessamos uma crise sanitária profunda e o recurso ao essencial do capitalismo parece ser a nossa única esperança e o que nos permite vislumbrar a luz ao fundo do túnel. “A redação do Economia Indispensável teve início à saída de uma crise, em 2015, e foi concluída no auge de outra, corria o ano de 2020. A crise de 2020, que co-

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meçou por ser uma emergência sanitária (pandemia devido à doença por Covid-19), veio a transformar-se numa crise económica de contornos históricos. Nesta crise, o consumo, que constitui o dínamo das sociedades contemporâneas, caiu abruptamente, por via das medidas de distanciamento social necessárias à contenção da pandemia. Este acontecimento afetou fatalmente o fluxo circular da atividade económica nacional. Apesar de marcadamente sanitária, terão ou não sido também razões de ordem económica a estar na origem da crise de 2020? Claro que sim, pelo menos con-

ceptualmente. E a escapatória à crise, terá sido concebida com recurso aos fundamentos da economia enquanto ciência? Sim, também, indiscutivelmente. Comecemos pela escapatória à crise, pois é o âmago da economia clássica a preencher o essencial da solução. A indústria farmacêutica, empurrada pela mão invisível de Adam Smith, produziu A vacina contra a Covid19. Num ambiente de concorrência feroz, os diversos investidores, espalhados pelo mundo inteiro, confrontaram-se vigorosamente com um objetivo: alcançar A vacina e o imenso lucro que

desse feito viria a resultar. E conseguiram! É esta a grande virtude do capitalismo. Segundo Adam Smith, um investidor, “na prossecução do seu próprio interesse, promove frequentemente o interesse da Sociedade de uma forma mais efetiva do que quando realmente o pretende fazer.” Quanto à origem da crise e ao puzzle que a configura, a leitura atenta do Economia Indispensável permite-nos compreender uma das peças mais importantes: a livre circulação de pessoas e bens à escala global. No ponto 2.4., é abordado o conceito de vantagem comparativa, que constitui, aliás, um dos prin-

Orçamento 2021 – Um instrumento decisivo sta vai ser uma semana crucial para a vida futura dos portugueses. Não me refiro à situação de emergência em que estamos, aos recolheres obrigatórios e às proibições de circulação, nem sequer ao facto de, com o número de infetados ainda em crescendo, se esperar seja por agora o pico da segunda vaga da epidemia. Como se isto não fossem já razões suficientes para que esta semana fique registada na História de Portugal, também é nela que vai ser votado o próximo Orçamento Geral de Estado que, sendo embora para o ano seguinte ( e que ano vai ser, o 2021…) acomodará também uma série de medidas que, com o apoio da Europa, condicionará o futuro duma geração, pelo menos, e ditará a forma e a maior ou menor rapidez com que vamos retomar a senda do crescimento e do desenvolvimento. Porque vamos retomá-la, não tenho dúvidas. Não sendo eu especialista em nada nem querendo armar em adivinho, o que sabemos hoje sobre as diversas vacinas que provaram a sua eficácia e só por razões cautelares não estão a ser já dadas – algumas até parece que já estão a ser ministradas- permite admitir que para meados do ano que vem a situação já está controlada em

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termos sanitárias. Pelo menos nas zonas mais desenvolvidas do Mundo, que nestas coisas são sempre as primeiras, por muita solidariedade internacional que se apregoe. A propósito e fazendo um parêntesis, alguém já ouviu as televisões e os media falar da Covid na África ou na América do Sul, à exceção do Brasil, por ser o país irmão? Voltando ao assunto, percebemos então o quão importante será o Orçamento que se vai discutir e votar durante esta semana. Convém desde já lembrar que esta crónica está a ser escrita à segunda-feira, com desconhecimento de desenvolvimentos que se poderão verificar até à data da votação global. Em todo este preâmbulo nunca referi o Orçamento que vai ser aprovado, mas sim que vai ser votado. Porque, ao rol de incertezas a que todos temos estado sujeitos desde o início da pandemia, junta-se agora a incerteza quanto à aprovação do Orçamento proposto pelo Governo e sujeito, na discussão na especialidade, a várias alterações. Se o Orçamento não for aprovado, e porque nos próximos seis meses, por razões constitucionais, a Assembleia da República não pode ser dissolvida, estaremos na iminência de, nos pri-

meiros meses do ano, o país ser governado em duodécimos do Orçamento de 2020. Em circunstâncias normais, esta situação já é muito negativa para qualquer país, dado que a realidade política, económica e social estão em constante evolução e a requerer modelos novos para cada ano. Na situação em que estamos agora, em meu entender, será uma tragédia. Imaginem um país a iniciar o refazer dos cacos do tecido económico, do desastre social que o desemprego crescente comporta, da falência coletiva de setores importantes da economia, gerido através dum orçamento feito quando não havia pandemia – como é o Orçamento de 2020 – e apenas corrigido parcialmente pelo orçamento retificativo. O papel do Estado nos próximos meses e anos vai ser suportar e reerguer a economia, acudir aos que ficaram sem trabalho ou sem empresa, lançar as bases para a construção dum modelo de desenvolvimento que se espera diferente do que vigorou até ao início da pandemia, criar mecanismos para que os que resistiram durante confinamentos e restrições sobrevivam ao final das moratórias e cumpram as suas obrigações para com os credores e o Estado. Por isso enten-

João Santos

cípios que orienta este livro. O conceito de vantagem comparativa refere que os países se devem especializar na produção e exportação dos bens e serviços que produzem com custos relativamente mais baixos. Esta lógica, válida para os mercados dos três fatores produtivos (terra, capital e trabalho), impõe a necessidade de circulação de pessoas e bens à escala global. Na realidade, a eliminação de barreiras à livre circulação de pessoas e bens é um processo que tem vindo a intensificar-se desde a revolução industrial. À escala global, seguindo a sina-

lética do capitalismo, circulam os mais variados bens, serviços, pessoas… e vírus! A pandemia por Covid-19 não foi, por isso, uma surpresa por aí além. Será este o modelo de sociedade que melhor serve a Humanidade? Talvez esta seja uma das questões para ‘um milhão de dólares’.”

Joaquim António Ramos

do que é imperativo que o Orçamento para 2021 seja aprovado na Assembleia da República. É um desígnio nacional, vivemos uma situação em que a discussão ideológica tem que ser relegada para segundo plano em nome duma verdadeira emergência nacional. E assistimos a quê? Assistimos aos diversos Partidos a puxarem dos seus galões ideológicos e a tornarem uma decisão que carece de consenso numa luta partidária. Desculpem-me, também desempenhei cargos políticos e sempre fui ferozmente contra aqueles que atribuem aos políticos todos os males e vícios que afligem os portugueses. Mas nesta situação tenho que dizer – é a minha opinião, discutível como qualquer opinião- que os políticos não têm, até agora, estado à altura das responsabilidades que o momento atual exige. Nisso, concordo totalmente com o Presidente da República, que não pode dizê-lo publicamente com esta crueza, mas deixa ler nas entrelinhas exatamente o mesmo sentimento que expressei. É claro que eu não esperava que a extrema direita (CDS, Liberal e Chega) votassem a favor do Orçamento ou sequer se abstivessem. São do contra pela sua própria

Natureza e é por ser do contra que sobrevivem. Sempre acreditei que o inefável Bloco de Esquerda saltasse da “geringonça”, como se veio a verificar. Era claro para mim que também querem congregar o descontentamento que a crise social provoca a quem governa ou a quem apoia o Governo. Não querem ser envolvidos na dureza que a governação que os próximos tempos comporta. Não o fizeram duma forma aberta e clara, mas utilizaram um velho truque político: exigir o incomportável, traçar linhas vermelhas que terão que ser obrigatoriamente ultrapassadas e, com esse pretexto, saltar da carruagem. E temos assim o Governo, o PS e o País reféns do Partido Comunista. Em minha opinião, António Costa, um político hábil, sério, trabalhador e com um ideal de sociedade no seu horizonte, cometeu um erro político terrível: afastar à partida qualquer entendimento com o PSD. As consequências estão à vista: deu a Rui Rio o pretexto lógico para votar contra e tornou-se refém de Jerónimo de Sousa e seus correligionários. Por diversas vezes tenho manifestado a minha consideração por Jerónimo de Sousa, pelo seu passado, pela

sua coerência, por, apesar de velho, ter a cabeça mais aberta do que os novos, geralmente de cabeça velha, que integram o velho Partido de Cunhal. Como a esperança é a última a morrer, mantenho a ténue expetativa de que as negociações que decorrem com o PCP evitem essa tragédia para o País que seria a reprovação do Orçamento. Pode ser que sim. Não sei é a que preço. O PCP sabe perfeitamente que, no contexto político que foi criado, tem a faca e o queijo na mão. Espero que o bom senso impere e que o Orçamento não venha a passar à custa de medidas que afastem ou desmotivem aqueles que são os verdadeiros geradores de desenvolvimento : os empresários, os investidores, os que têm capacidade imaginativa e iniciativa para criar empregos, desenvolver a economia e evitar o caos social que a pandemia pode vir a provocar no ano de 2021 e seguintes.


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Valor Local

Novembro 2020

Rádio Valor Local, uma rádio que quer ser século XXI A aposta numa rádio para o século XXI, a Rádio Valor Local, e a consolidação do jornal Valor Local, são as apostas do empreendedor azambujense Miguel António Rodrigues, que não descura o seu gosto pelo jornalismo: “Uma vez jornalista, é toda a escolha de uma vida”. As razões de quem arrisca e aposta na comunicação social local aqui analisadas. Jorge Jacinto* orge Jacinto - Miguel Rodrigues, casado com Sílvia Agostinho que o acompanha nos desafios da comunicação social e está ativamente presente na construção dos seus empreendimentos, um jornal e agora uma rádio, acaba de lançar a Rádio Valor Local após ter consolidado o seu projeto de imprensa, o jornal mensal Valor Local. Deixou de trabalhar para outros e arriscou no seu próprio negócio, numa área da sua eleição, a comunicação, o jornalismo. Pode ganhar, pode perder. Mas para já, com base em muito trabalho e afinco está a implementar as suas ideias com profissionalismo. A Rádio Valor Local, transmitida pela internet, e que já conta com vários colaboradores de qualidade, nomeadamente, na componente musical e também em rubricas que têm a ver com a cultura ribatejana desta região do país – Azambuja e outros concelhos limítrofes. O colunista desta rádio desafiou Miguel Rodrigues a explicar-se nesta entrevista para que se conheça o espírito empreendedor deste azambujense que arrisca, numa época pouco favorável, nos negócios em particular num sector há muito em crise, a comunicação, nomeadamente, na sua vertente do jornalismo impresso. Mas a qualidade dos trabalhos aí estão, e a publicidade na Rádio Valor Local já é uma realidade. Miguel, obrigado pela aceitação deste desafio. A primeira questão tem a ver com o teu novo projeto: a rádio Valor Local. Porquê uma rádio, com difusão via internet e com outros suportes tecnológicos como o Facebook? Miguel António Rodrigues - Isto foi uma sã loucura. As experiências que adquiri nas rádios por onde fui passando marcaram-me ao longo da vida. Em 2013, abandonei o mundo radiofónico para criar o jornal mensal Valor Local, uma decisão ponderada com um quê de tristeza porque sendo o jornalismo a minha paixão sempre o senti mais vivo numa rádio do que noutros meios. Com o jornal já consolidado, chegou a altura de lançar a rádio e aplicar no projeto o que aprendi no passado tendo em conta as realidades do presente. O que nós temos neste estúdio

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“Aceitei dar esta entrevista não por vaidade mas por ser uma oportunidade de realçar a importância para todo o município de Azambuja, e para os concelhos limítrofes, de ter um órgão de informação, agora dois, que informe com verdade e advogue os interesses dos cidadãos. Fazer informação local com qualidade é contribuirmos, dentro das nossas valências, para o desenvolvimento da nossa região e para a melhoria de vida das populações.” resulta da minha passagem pela Rádio Clube de Azambuja e pela Rádio Ribatejo. A construção da Rádio Valor Local também é uma realidade devido ao apoio de um conjunto de amigos, que nos apoiaram a vários níveis como o do software. - Qual é a matriz da Rádio? A nossa base é a música dos anos oitenta, vive-se nos dias de hoje uma fase de nostalgia, complementada com blocos informativos e de análise que incidem particularmente sobre a zona geográfica em que nos inserimos, e com a presença plural de opiniões q.b. Aliamos esta matriz a plataformas modernas de difusão, já que queremos que a Rádio Valor Local seja um órgão de comunicação social do século XXI. - Trabalhaste na comunicação social local mas também na nacional, a TVI, onde te notabilizaste na cobertura do trânsito, informação essencial para milhares de portugueses que todos os dias se deslocam nas vias da Grande Lisboa. Na comunicação local passaste pela Rádio Clube Lezíria, pela Rádio Cartaxo, Ribatejo, Ateneu entre outros órgãos de comunicação social ao longo destas décadas. E agora tens os teus próprios projetos em associação com a Sílvia e sedeaste-os em Azambuja. Porquê este salto para empreendedor? Fruto das circunstâncias. Sempre gostei de fazer tudo e mais alguma coisa e fui vendo que havia espa-

ço para melhorar. As oportunidades nem sempre eram as mesmas porque os projetos não eram meus e estando eu a fazer experiências em casa alheia, cheguei a uma altura da vida - já com 40 anos -em que achei que era importante experimentar uma coisa nova. Foram vicissitudes que me levaram a este projeto, o Valor Local, que está à vista, e que me levou também a fazer aqui algumas experiências que pelos vistos estão a correr bem. Experiências que nunca poderia fazer num jornal ou numa rádio que não fossem meus.

dorismo? O risco não é muito grande? É. Mas eu acho que sempre fui empreendedor desde que queria ser eletricista. Acho que os anos que levo disto, e já são alguns de carteira e alguns de profissão, levaram-me a experimentar coisas novas. Analisei exemplos no estrangeiro, em rádios e jornais, e pensei porque não adaptar isto à nossa realidade? Dou-te um exemplo, nós temos uma iniciativa no jornal que tem a ver com a poupança da água dedicada aos miúdos do 1º ciclo. Essa iniciativa acontece na edição de março e resulta numa entrega de diplomas à posteriori, mas antes disso há uma espécie de concurso sem caráter competitivo em que as crianças fazem um desenho alusivo à poupança da água e à necessidade de reciclarmos mais através de uma escultura em material reciclável. É importante para fomentar também a consciência das crianças. Tem tido uma aceitação espetacular. Este exemplo vem de um jornal norte-americano; não é nada de extraordinário, claro que a dimensão é totalmente diferente, o nosso produto é totalmente diferente, o nosso jornal está em papel o outro é um jornal online, mas resultou perfeitamente bem aqui. Portanto, eu continuo a achar que os exemplos bons devem ser adaptados, e devem ser naturalmente seguidos tendo em consideração as circunstâncias. Nós avançámos em março de 2017 com esta ideia, correu bem, e fa-

zemos isto todos os anos. - É um bom exemplo, e se o Diretor me permitir um aparte, já que falamos dos Estados Unidos da América, um grande abraço para o meu colega Renato que lá vive, e que também é colunista na Rádio Valor Local, com uma rubrica semanal sobre aquele País; um abraço ao Renato e parabéns ao Miguel por o ter como colaborador e colunista. O Renato é de Azambuja - É de Azambuja! Um facto que nos apraz. Que vai naturalmente dar oportunidades à comunidade portuguesa lá radicada. Mas voltando agora à essência da questão, Miguel, e pegando no teu exemplo, o que me surpreendeu neste regresso a Portugal, foi a qualidade do jornal Valor Local, nomeadamente no aprofundamento dos temas, dos conteúdos. Isto é fácil de fazer na imprensa local? Não, de todo, Jorge. Tu que passaste pelo jornalismo e és uma das pessoas que eu admiro há muitos anos. Não me esqueço que foste um excelente diretor da Valor, revista que entretanto deixou de se publicar. Por isso, sabes bem que fazer bom jornalismo não é fácil tanto no trato das fontes como na captação de investimentos, por exemplo. Este projeto que estamos a fazer resulta do trabalho de toda uma equipe, não é só meu. O mérito do jornal Valor Local tem muito do saber e empenho da Silvia Agostinho

De jornalista a empreendedor - Em Portugal, o espírito empreendedor ainda não está bem fomentado, sedimentado. É maior que há 30 anos, mas ainda não é totalmente autónomo. A sociedade civil ainda não se libertou, ainda estamos totalmente dependentes do Estado. Vem uma crise e toda a gente está à espera do dinheiro que vem de Bruxelas. Perante esta crise e sabendo, por outro lado, que a imprensa nomeadamente a nacional está em crise, aqui e noutros países, devido à concorrência do social media E das “fake news” também… - Das fake news, porque hoje em dia toda a gente escreve e como ninguém assina não se sabe quem é o responsável. Como é que um homem, jornalista, com experiência mas jovem resolve dar o salto para o empreende-

Fui jornalista por 18 anos, profissão que deixei no início de 2000 quando emigrei para Moçambique, o meu outro País, a fim de encetar outras experiências profissionais. Regressei há tempos a Azambuja, e fiquei agradavelmente surpreendido com a qualidade do jornal Valor Local. O seu dinamizador, o Miguel Rodrigues, acaba de lançar uma rádio local, a Rádio Valor Local, o que mais que justifica entrevistar este empreendedor.

que, como editora e chefe de redação, tem disponibilizado o seu espírito forte e rigoroso na busca de notícias, na criatividade. Desde a primeira hora que quisemos fazer um jornal mensal como se fosse uma revista pelo menos na análise dos temas. O Valor Local é um projeto mensal, escrito numa ótica de revista, logo não dá para se tratar os temas do dia-adia como se de um jornal diário se tratasse. O que abordamos são temas de fundo, sendo por vezes difícil chegar às fontes. Aliás, a imprensa nacional tem o mesmo problema, embora as nossas dificuldades sejam o dobro se é que me permites a expressão, porque muitas das vezes na comunidade em que nos inserimos não existe o entendimento do que é a comunicação social, qual a sua natureza e o que faz a comunicação social. Também hoje há muitas confusões entre o que é um jornal e um Facebook. E isso é um desafio permanente! Combater a ignorância é uma tarefa sempre inacabada. Pressões, oblige - Julgo que um jornal de proximidade, porque é disso que se trata de um jornal local como o teu, há a dificuldade acrescida de as possíveis fontes acharem que podem mandar no jornal, e não apenas transmitirem os seus próprios pontos de vista. A nível nacional, há uns anos, quando era jornalista, sentia isso por parte dos grandes decisores nacionais, logo deduzo que este factor em jornalismo de proximidade… É mais grave, sim… - Se é mais complicado… como é que lidas com isso? Não sei… honestamente não sei. Pressões há sempre. Da esquerda, direita, do centro, de cima, de baixo, há sempre. Amarelo, verde, azul… aqui a questão é: temos ou não temos forma de resolver isso? E explicar às pessoas que as coisas não são bem assim como as pessoas pensam. Honestamente nunca tivemos nenhum caso de pressão gritante que nos obrigasse a recorrer a determinadas entidades. O que regra geral nós fazemos é tentar explicar às pessoas que não… porque muitas vezes, aqui na zona onde estamos, não é uma questão de pressão pura e dura para favorecimento. É mais uma questão de desconhecimento, por desconhecimento porque


Valor Local

Novembro 2020 durante muitos anos… Azambuja sempre foi uma terra rica em jornais… Vila Franca, Cartaxo, enfim, sempre houve aqui comunicação social à volta, porque muitas das vezes o que as pessoas julgam é que se faço publicidade no jornal, logo eu mando no jornal. E isso não funciona assim. Temos que separar as águas, temos que separar as coisas, a publicidade é uma coisa, as notícias são outra. Por isso é que temos vários departamentos a tratar dos vários assuntos. A pressão como tu lhe chamas, ou pelo menos esses acessos… - É um termo simpático. É mais por desconhecimento. Porque as pessoas entendem que fazem um telefonema ao diretor e queixam-se ao diretor de certa notícia que estava mal feita, mas que no fundo lhes desagrada. Não significa que não cometemos erros, mas retificamos sempre que se justifica e é justo. Mas nem sempre é fácil. Fiz recentemente uma entrevista a um determinado protagonista que concorria a uma agremiação, à direção de uma coletividade; publiquei-a, e depois fui violentamente atacado por sms, que guardei, para um dia mostrar a quem de direito. A pessoa não tinha razão e é este tipo de ignorância que leva muitas vezes a que nós também tenhamos as nossas pressões… -E também sofrem pressão de assuntos e interesses, digamos, mais pesados, que movem com interesses de grande dimensão? Como no caso do aterro de Azambuja, por exemplo? Sim, e nesse caso concreto também houve pressões de políticos locais (risos). A empresa simplesmente não presta declarações. - Mas o vereador António José

plicado. No dia-a-dia recebemos informações a, b, c, e d sobre o aterro. Todos os dias. É raro que não haja uma informação nova. A questão é depois verificarmos in loco. O trabalho mais difícil é conseguirmos verificar factos para depois não termos que dar a mão à palmatória com uma notícia errada. É um assunto que está na ordem do dia, e do qual tomámos a dianteira desde o início e quando não interessava falar muito quer para o partido que está no poder, mas também no caso de outros partidos da oposição por impreparação técnica, por alheamento da situação, quando apenas um munícipe falava e praticamente todos os eleitos o ignoravam. Houve muita falta de coragem política até e estamos a recuar há cerca de um ano e meio atrás. Até alguma comunicação social alinhava neste diapasão. Estivemos desde o início em contracorrente. Hoje já é notícia em todo o lado, e todos os dias os políticos falam do aterro e todos têm uma ideia e fazem prognósticos quais treinadores de bancada. Durante este ano fomos contactados em duas ocasiões por imprensa estrangeira que também acordou para esta matéria. Fomos citados pela Reuters. Esteve cá uma televisão alemã a filmar, que ficou a saber da notícia das 69 mil toneladas produzida pela nossa equipa no início do ano. É quase impossível fazer mais serviço público nesta matéria. A nossa chefe de redação, a Silvia, tem trabalhado esta matéria com profundidade e com rigor. - Não está em causa pôr em causa uma iniciativa privada, de economia, está em causa sim dar voz aos cidadãos e tentar que o projeto compra os trâmites da Lei e os regulamentos etc

A aposta é numa zona que compreende Azambuja e os seus concelhos limítrofes: Cartaxo, Salvaterra de Magos, Benavente, Vila Franca de Xira, Arruda de Vinhos e Alenquer. Matos foi impedido uma vez de lá entrar… O António José Matos, o próprio presidente da Câmara, o vereador Silvino Lúcio, enfim… e acho que a comissão de acompanhamento do aterro também já teve dificuldades, e isto é algo que é legal porque estamos a falar de uma propriedade privada. Há uma ordem judicial que pode, enfim, contornar isto, e serão essas entidades que terão que pôr, enfim, pés ao caminho… - A propriedade privada mas pode colocar em causa um bem maior, que é um bem público… estamos a falar de saúde coletiva! Exatamente. Mas essa é a atitude que elegemos. É um assunto com-

e que acima de tudo salvaguardar um bem maior… E acima de tudo o nosso papel é esse, é dizer às pessoas tudo o que ali está. Deixa-me fazer uma nota prévia como se costuma dizer. Nós nascemos em 2013 fruto de um conjunto de circunstâncias que eu não quero falar aqui, pois não vale a pena, o que lá vai lá vai, sofremos fortes adversidades nos nossos primeiros quatro anos de existência, mas o bem, como se diz na gíria, imperou. Desde a primeira hora sempre fizemos um trabalho fora do concelho da Azambuja, porque apesar de ser um concelho importante para nós, não era viável este projeto de um ponto de vista apenas local. E por isso estamos em outros sete con-

Rádio Valor Local 21

Estúdio Rádio Valor Local celhos: Cartaxo, Salvaterra de Magos, Benavente, Vila Franca, Arruda dos Vinhos, Alenquer, e naturalmente Azambuja. Concelhos onde estamos e temos presença. A questão aqui é, em 24 páginas que são a nossa média, conseguirmos integrar todo o tipo de informação. Quando surgimos, fizemo-lo com o objetivo de preencher um espaço que existia em vazio a nível da informação. O aterro é a prova disso. Não quer dizer que não exista boa imprensa na região, mas o tratamento da informação não é igual ao nosso na generalidade desses media. Se leres o jornal vês que os destaques são mais aprofundados, há um jornalismo reflexivo. Por outro não dispensamos o trabalho no terreno, não fazemos jornalismo de secretária e isso custa tempo, e custa dinheiro, mas dá um gozo tremendo. - Já reparei que no teu jornal há “opinion makers” que não são da Azambuja; tens, por exemplo um opinion maker da área socialista de Vila Franca de Xira, o João Santos, entre outros. Agora, porquê a definição destes 7 concelhos? Porque é que o jornal quer cobrir estes 7 concelhos e o que é que significam para o editor e diretor Miguel Rodrigues? São os concelhos que estão aqui à nossa volta. Foram escolhidos porque eu numa determinada altura trabalhei noutros projetos e criei uma série de laços afetivos a esses concelhos. São tudo concelhos onde eu gostava de ter vivido. Moro cá, sou de cá, nasci cá há 47 anos mas são sítios onde eu me sinto bem. Arruda onde tenho excelentes amigos, Vila Franca onde cresci profissionalmente em Benavente onde trabalhei também, no Cartaxo onde trabalhei, em Salvaterra. - Miguel, estávamos a falar da proximidade estre estes 7 concelho e dos vasos comunicantes que o concelho da Azambuja tem com esses outros 6 conselhos. Em termos culturais como é que definias esta pequena região? Culturalmente muito rica, se calhar muito subaproveitada também. É muito interessante do ponto de vista da gastronomia e ao nível do turismo, desde os eventos como a Feira de Maio, o Colete Encarna-

do. Estamos a falar da cultura ribatejana. Do ponto de vista gastronómico, temos o Mês da Enguia em Salvaterra de Magos. Gostamos do bacalhau, do Torricado, do Tejo, da lezíria. No jornal está também espelhada a cultura do nosso povo. As festividades religiosas e tudo mais. A cultura em si tem a falha como outros concelhos, na sua vertente mais erudita e fora deste tipo de realizações, que elenquei, mas será assim aqui como no resto do país que é pouco evoluído culturalmente. Poderei salientar sem desprimor para os demais municípios que será em Vila Franca de Xira, Arruda dos Vinhos e Alenquer que se produz mais essa cultura do ponto de vista formador do gosto, com mais opções a nível das diferentes iniciativas que por lá se fazem. Azambuja tem um bocadinho essa falta, mas se calhar de-

vido à falta de uma sala de espetáculos eventualmente. - Tenho reparado que o jornal também aborda outros componentes que não necessariamente as tradicionais Ribatejanas, que incidem sobre as ruínas históricas de Vila Nova de São Pedro… Temos ido a tudo. Em Vila Nova de S. Pedro tem sido um cavalo de batalha nosso porque é um projeto que de vez em quando conhece algum tipo de expedição por parte de arqueólogos e nós temos estado a acompanhar isso porque são as raízes de uma civilização. - Mas vamos agora a outra questão por deformação minha profissional, que é questão económica: imprimir um jornal é caro já que o papel é caro e o vosso jornal mensal é impresso em 4 cores. Como é que viabili-

zas o jornal? Criatividade. Temos uma equipa fantástica, quer a da rádio quer a do jornal, nós fazemos tudo. E o jornal foi crescendo desde a primeira edição que temos vindo a crescer. A primeira edição deu lucros, a segunda edição deu lucro. Com criatividade temos tido momentos bons e momentos maus. - Imagina que eu sou empresário que diz: eu meto x, muito dinheiro em publicidade mas eu quero que vocês todos os meses só digam bem da minha empresa. Isso é algo que era contra a nossa ética. Porque aqui a questão é separarmos as coisas, separarmos o que é o jornalismo do resto. Acho que notícias são notícias. Sejam boas ou sejam más. Isso é um tipo de situação que acredito seja significativa em alguns órgãos de comunicação social mas no nosso preferimos perder o cliente. - Quais são as tuas referências no jornalismo? Em termos de figuras cresci a ver o Mário Crespo, o Carlos Pinto Coelho que tive a oportunidade de entrevistar e foi fantástico. A nível internacional, o Larry King. A entrevistas que me marcou mais foi uma entrevista ao super-homem, o Christopher Reeve, das mais bonitas que já vi, com muita dignidade e que me deixou marca. Muitas vezes, ambiciono seguir as pisadas do Larry King (risos). * com Sílvia Carvalho d’Almeida PUB


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Novembro 2020

Negócios com Valor 23

Magical Spot Eco Car Wash lava carros com apenas dois litros de água á chegou a Azambuja uma fórmula eficaz e ecológica de lavar o carro. A Magical Spot Eco Car Wash abriu, no passado dia 4 de novembro, perante as forças vivas do concelho e da comunicação social. Com efeito este é um método inovador em Portugal e que consegue lavar uma viatura recorrendo apenas a dois litros de água. É com recurso ao vapor e a uma máquina especializada, que António Martins e a sua equipa, consegue esse verdadeiro “milagre”, uma vez que o consumo de água diminui substancialmente, e o método não é agressivo para o meio ambiente, até porque não faz uso de produtos químicos. Esta nova forma de lavar automóveis é inovadora em Portu-

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gal, e embora exista noutros pontos, mas poucos, do país, a Magical Spot Eco Car Wash fálo de forma personalizada e ao pormenor. A limpeza da viatura feita por profissionais recorre a produtos e métodos exclusivos deste tipo de lavagem que consegue, para além de limpar a parte exterior, também o interior com uma eficácia acima do normal, dado que com o vapor, consegue-se chegar a todos os cantos da viatura inclusive às tubagens do ar condicionado onde se situam algumas baterias. Para além de viaturas ligeiras, a Magical Spot Eco Car Wash também faz limpezas mais especializadas em autocarros, carrinhas de transporte e ambulâncias. Uma atenção mais pre-

mente agora em tempos de Covid-19. Numa altura em que a Covid-19 está na mente de todos, a Magical Spot Eco Car Wash dá um passo à frente e assegura a desinfeção de viaturas tendo em conta a pandemia. Sendo que a Magical Spot Eco Car Wash possui um certificado de limpeza Covid, tanto para interiores como exteriores. Com sede em Azambuja, a Magical Spot Eco Car Wash faz ainda uma série de serviços ao domicílio. No caso do proprietário da viatura não se poder deslocar a Azambuja, a empresa assegura a limpeza da mesma ao domicílio. Uma mais valia numa altura de confinamento e em que muitas pessoas precisam da viatura limpa. PUB

Empresa promete revolucionar a limpeza automóvel na região PUB

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