Valor Local Jornal Regional • Periodicidade Mensal • Director: Miguel António Rodrigues • Edição nº 36 • 22 Abril 2016 • Preço 1 cêntimo
GNR Azambuja: Denúncia de abusos de poder
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Trabalhadores desesperam por soluções
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Obras no antigo quartel dos bombeiros de Salvaterra Parques infantis
Escola de Música sonha com recuperação total do edifício ¢ Sílvia Agostinho Associação Cultural e Musical de Salvaterra de Magos procura dar uma nova cara e melhores condições às suas atuais instalações – o antigo quartel dos Bombeiros Voluntários de Salvaterra. A associação conseguiu obter um apoio da Câmara no valor de três mil euros, mais mil euros da junta de freguesia de Foros/Salvaterra para as obras. Os bombeiros assumem ainda um encargo também no valor de três mil euros. A Associação Cultural e Musical de Salvaterra surgiu em 2011, após se ter desvinculado enquanto banda dos bombeiros locais, e sonha com a recuperação total do antigo quartel para já impossível. O primeiro andar do antigo edifício que carecia de algumas pinturas e reformulações está a ser alvo de diversas intervenções. No rés-dochão ficará o museu da corporação salvaterrense. Hernâni Damásio, vogal da associação, passa em revista a história da banda que pertenceu aos bombeiros mas que nem sempre foi bem acarinhada pelos soldados da paz como faz questão de frisar, “talvez porque muitos bombeiros fossem na altura analfabetos, ao contrário dos músicos, e esse estigma atravessou gerações”. Nas paredes da maior sala de ensaio podemos observar fotografias de antepassados da banda que marcaram a sua história. Tudo começou com “Os Persistentes” numa espécie de “jazz band” com “José Luís Borrego, e José Miguel Travessa”. “Estávamos no longínquo ano de 1935, quando os jovens em questão decidiram fundar a ‘Banda dos Rapazes’ que depois originou o Grupo Musical Salvaterrense. Justiniano Ferreira, era presidente dos bombeiros, e convidou o grupo para se juntar à corporação”, relata. A relação entre a banda e os bombeiros duraria até 2011. No ano de 2006, os bombeiros
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Hernâni Damásio tem uma vida ligada à banda mudaram-se de armas e bagagens para as novas instalações junto à nacional 114-3, e “ a banda ficou aqui porque se calhar acharam que não cabíamos lá ou não fazia sentido lá estarmos”; relembra, evocando ainda a história de um antigo comandante distrital, Joaquim Chambel, que “queria acabar com as bandas nos corpos de bombeiros”. “Criámos na altura bandeiras, estandartes e emblemas para a banda a pensar nessa possibilidade, mas depois lá nos disseram que não havia necessidade de nos autonomizarmos”. Não obstante, a banda gastara à volta de 300 euros a pensar no pior. “Dinheiro que não tínhamos”; frisa para reforçar a dificuldade que teve para fazer face a esse quadro. Hernâni Damásio recebeu a solidariedade de Carlos Leonel que estava na direção dos bombeiros, e continuou. A ruptura quando se deu há cinco anos atrás deveu-se “à descapitalização por completo dos nossos fundos”. “O presidente da corporação não conseguia pagar os ordenados aos bombeiros, e num dia em que fui à contabilidade para pedir os ordenados dos professores da banda, informaram-me que as verbas tinham ido para os salários dos efetivos, e para material
das ambulâncias”. Os montantes para pagar salários aos professores “eram provenientes das mensalidades dos alunos, e se eu não lhes pagasse iam-se embora no mês seguinte”, acentua. Para piorar o quadro, os bombeiros “na altura em que começaram a sentir dificuldades e a desviar dinheiro ficaram ainda com os apoios da Câmara que contemplavam também a banda”. Rapidamente, a banda desvinculou-se dos bombeiros, “até porque ficou provado que nunca existira investimento da corporação ou de algum dos seus presidentes na academia, logo o património pertencia-nos em exclusivo”, adianta o responsável. Hoje ao olhar para trás não lamenta a saída da esfera dos bombeiros: “Ficaria mais triste se tivesse de abandonar este edifício”, afiança. Conta que a antiga presidente da autarquia, Ana Cristina Ribeiro ainda lhe sugeriu o edifício da antiga escola primária do parque, “mas tal acabou por não acontecer”. Durante a campanha eleitoral, o atual presidente do município, Hélder Esménio, prometeulhe ajuda para recuperar o edifício antigo, “e assim foi”. “. Eu tinha apresentado uma proposta no valor de 11 mil euros para pinturas, e arranjo dos tetos, e casas de ba-
nho. Era o orçamento mais baixo. A Câmara conseguiu arranjar quatro mil euros”. Depois de deitar mãos à obra, a associação percebeu que os estragos provocados pelo passar do tempo, tinham sido mais profundos. “Fomos dar com barrotes podres, ripas e telhas partidas”. O reboco entretanto ficou a cargo dos bombeiros (que ficou segundo o protocolo com o edifício a seu cargo no que respeita à sua manutenção) no valor de três mil euros com a colocação das letras que identificavam o edifício na frontaria do mesmo. A junta de Salvaterra adianta uma verba de 1100 euros. Para ilustrar a falta de condições do prédio, inaugurado em 1939, Hernâni Damásio recorda que os bombeiros antes de abandonarem as antigas instalações, “chovia num dos gabinetes ao ponto de os tacos andarem a boiar”. Nos sonhos da academia estaria a recuperação integral do edifício que poderia ser levada a cabo mediante uma candidatura aos fundos estruturais, “que poderá efetivar-se quando os bombeiros transferirem para a associação a posse do edifício, nem que seja temporariamente, mas até hoje não foi possível chegar a acordo, talvez por má vontade”, desabafa.
O Mundo do Lego em Santarém casa do Campino em Santarém recebe ate ao próximo dia 25 de abril a Exposição Nacional de Legos “Santarém Fan Event – for Lego Lovers”. A iniciativa é da responsabilidade da ALFALUG (grupo de construtores LEGO), da Câmara Municipal de Santarém e da ADN –
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Agência de Comunicação Global, em parceria com a Escola de Línguas Grau de Prova. Nesta exposição poderão ser apreciadas construções feitas em LEGO, que representarão cidades em várias escalas, bem como piratas, vikings, castelos de princesas, entre muitas outras
novidades, incluindo alguns monumentos da cidade. Aproveitando a coincidência com o fim-de-semana prolongado de 25 de abril, a exposição incluirá ainda construções dedicadas à Revolução dos Cravos. O espaço contempla também uma zona dedicada às crianças,
e estará equipada com videojogos, piscinas de bolas e insufláveis onde os mais pequenos se podem divertir. Haverá ainda uma playzone com muitos milhares de peças de Lego para estimular a criatividade das crianças, uma zona de restauração, entre outras diversões.
de Azambuja em obras om um saldo de 2 milhões 982 mil euros no ano de 2015, a Câmara de Azambuja prepara-se para investir parte dessa verba na reconversão de diversos parques infantis no concelho. O repto da autarquia no sentido de encontrar padrinhos que pudessem ajudar na comparticipação das obras foi bem-sucedida. Em marcha estará a breve trecho a construção de um novo parque em Aveiras de Baixo, com a recuperação do espaço Agostinho Lavrador no valor de 8 mil 592 euros. Em Alcoentre, o parque infantil local também será recuperado. A obra tem um custo de 4 mil 555 euros. Em Azambuja, terá lugar a execução do parque infantil São Sebastião junto à capela com o mesmo nome. A Numil Inspeções Periódicas aparece como um dos padrinhos, neste caso no parque infantil do Jardim Urbano Dr. Joaquim Ramos, junto à Casa da Juventude. O valor da obra é de 13 mil 780 euros, sendo que a empresa financia em 10 mil euros este parque infantil. A Suma, ligada ao projeto do aterro, vai apoiar por seu turno um parque de máquinas para ginástica de manutenção cujo custo oscila entre os 16 mil e os 20 mil euros, também no jardim urbano. Para o parque infantil de Vila Nova da Rainha estão previstos 4 mil 150 euros. A obra de maior vulto vai nascer na Urbanização dos Chães no valor de 72 mil 80 euros, tendo como padrinhos a Gepack e a CLC, e inclui ainda a construção de um polidesportivo. Posta de parte está agora a obra de recuperação de um parque infantil no meio de dois blocos de apartamentos conforme noticiou o Valor Local na nossa edição de abril do ano passado. O dito parque também era para ser apadrinhado pela CLC e a sua reabilitação tinha um custo de 8 mil euros. A ASAE continua atenta ao estado dos parques infantis em Azambuja. O município teve de pagar recentemente uma multa no valor de 10 mil euros.
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Vai nascer o “Parque Biológico de Azambuja” á exatamente três anos, o Valor Local avançou com a notícia de que se estavam a estabelecer os primeiros contactos entre a Câmara de Azambuja e o Governo no sentido de a autarquia passar a gerir o espaço dos antigos viveiros de Aveiras Baixo. Agora, parece haver finalmente fumo branco e a autarquia prepara-se para avançar com a criação do “Parque Biológico de Azambuja” no local. Segundo Luís de Sousa, presidente da Câmara de Azambuja, este não é um daqueles antigos projetos que perdura há muito tempo no papel, embora já estivesse pensado há vários anos. A reabilitação do espaço será uma realidade, e neste momento a autarquia define os últimos pormenores com o ministério da Agricultura e com o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas. O presidente da autarquia conta ao Valor Local que serão desenvolvidos percursos pedestres, zonas de arvoredo, posto avançado para os bombeiros, um parque de merendas, um café/restaurante, área para pesca recreativa, área para observação de aves, gestão de resíduos verdes. As possibilidades que o espaço pode oferecer a nível de atividades lúdicas apontam para diversos eventos como “festas de aniversário”, “criação de hortas pedagógicas”, “atividades equestres”, “jogos do tipo caça ao tesouro”, “demonstrações de falcoaria”, “observação astronómica”. O projeto compreende também a reabilitação do centro aquícola. Em 2013, o vice-presidente Silvino Lúcio apresentava na altura a intenção de que este projeto fosse semelhante a um levado a cabo em Vila Nova de Gaia com a possibilidade das atividades descritas acima. A concretizar-se o município passará a dispor de uma mega área de lazer. O espaço dos viveiros apesar de abandonado continua a apresentar potencialidades normalmente apenas exploradas na Semana da Primavera Biológica.
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Cartão Jovem Municipal em Arruda município de Arruda dos Vinhos acabou de lançar o Cartão Jovem Municipal. Até aos 29 anos, os jovens do concelho podem usufruir de descontos no comércio do concelho, que variam entre os 10 e os 25 por cento. Já teve lugar uma apresentação do cartão lançado em parceria com a Movijovem junto dos alunos da Escola Gustave Eiffel e do Externato João Alberto Faria. O cartão funciona com os conhecidos descontos nas pousadas da juventude e outros no âmbito da Movijovem um pouco por toda a Europa, mas no concelho dá acesso a 25 por cento de desconto nos equipamentos municipais (campo de jogos, piscinas municipais, Invest Arruda, entre outros). O presidente da Câmara refere que o cartão por ter sido lançado há pouco tempo, ainda não se consegue dar um número de adesões entre os jovens. André Rijo contudo ficou “surpreendido” com a adesão dos comerciantes, cerca de 155 estabelecimentos até à data.
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Blogger de Vila Franca faz sucesso no mundo da cozinha uma das bloggers do momento no universo dos blogs de culinária, Susana Veloso, de 39 anos, de Vila Franca de Xira, revela alguns dos seus segredos e como começou a sua aventura na blogosfera. A também assessora de comunicação tem o “Deliciosa Paparoca” desde 2013. Em média possui 130 mil visualizações no blogue, mais de 4100 seguidores no facebook e mais recentemente dezenas de seguidores no Instagram. O mundo da cozinha tornou-se nos últimos anos glamouroso, desejado, e também cada vez mais acessível a milhares de cozinheiros amadores. Para Susana Veloso, a culinária foi sempre uma paixão e até confessa que conseguiu catrapiscar o seu marido através do estômago. O facto de também gostar de comunicar e de escrever tornou a aventura no blog como natural. Os que seguem o seu blog são mais ativos no facebook, onde o convívio com a autora é mais fácil. “Apercebo-me, na conversa com as pessoas, que muitas experi-
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mentam as receitas e seguem o blog diariamente, quando fazem comentários são muito simpáticas e também colocam algumas dúvidas”. Os doces são os que causam mais furor nas suas publicações: “Acho imensa graça ao facto de as pessoas serem muito gulosas. Querem é bolos. Posso fazer um prato principal fantástico com um empratamento que me deu imenso trabalho, e o retorno às vezes é mínimo, mas quando publico o bolo mais simples deste mundo, todos se ficam a babar, comentam, vão logo experimentar, enviam fotos!”, descreve. A inspiração surge das mais diversas formas, e Susana Veloso conta que já lhe aconteceu pensar numa receita e ir imediatamente coloca-la em prática como aconteceu com “um bolo de batata-doce delicioso” que levou para o aniversário de um amigo e que continua a fazer sucesso sempre que o confecciona. No que diz respeito não à arte de cozinhar mas ao ato de comer, a blogger confessa-se uma amante
dos petiscos, “Sem dúvida que sou mais de salgados do que de doces”. “Sou louca por queijo”, diz ainda. “Para me impressionar uma sobremesa tem de ser espetacular. Não é necessário ser muito complicada mas tem que me cair no goto”. Convites para fazer da culinária uma profissão também já aconteceram. “Um amigo ofereceu-se para investir num negócio de restauração para mim, mas não quis porque nunca tive o desejo de fazer disto profissão. Isso implica cozinhar por obrigação e não é isso que me dá prazer, não seria feliz. Cada vez mais gosto de cozinhar o que me apetece, quando me apetece e para quem me apetece que, normalmente, são as pessoas que mais amo.” Se tivesse de acontecer algum tipo de nova abordagem passaria por algo que conciliasse a culinária e a comunicação como workshops, livros, ou programas de televisão. Neste aspeto, Susana Veloso já esteve presente em alguns concursos do género na televisão,
nomeadamente, com uma “Tarte de Pêra Rocha do Avenal”, tendo conseguido alcançar um segundo lugar em mais de 500 receitas e os elogios “do chef Cordeiro e do Chef Kiko”. Também já esteve presente em showcookings ao lado de figuras como o chef José Avillez que “é uma panela (bem funda) de sabedoria, simpatia, genialidade e generosidade em ensinar”. Fazer tudo com amor, dedicação e sinceridade diz ser a chave do sucesso do seu blog. “As pessoas que seguem o meu trabalho reco-
Susana Veloso também já particpou em programas de TV nhecem que sou dedicada e dizem-no, e isso para mim é sucesso. Nunca deixo uma pergunta ou
um comentário sem resposta, empenho-me em acompanhar quem me acompanha.”
Cinco milhões e meio para requalificar Alenquer e o Carregado Câmara Municipal de Alenquer apresentou o seu Plano Estratégico de Desenvolvimento Territorial que prevê um investimento de 22 milhões de euros até 2020 num conjunto de oito eixos. Cinco milhões e meio serão canalizados para a requalificação urbana do Carregado e Alenquer. Neste aspeto, o presidente da Câmara Municipal de Alenquer, Pedro Folgado, esclarece que não se trata de criar uma espécie de mega urbe no espaço que medeia os dois núcleos urbanos. O autarca refere que a requalificação do espaço urbano será importante no sentido de se poder ordenar o crescimento desordenado que se tem operado com a construção “ora de mais uma fábrica ora de mais um lote”. Em Alenquer, são para já prioritárias as requalificações do mercado municipal, do Largo Rainha Santa Isabel, ou a Chemina. Neste caso, está em causa a sua conversão a espaço público. Nesta altura, já não será possível a sua venda a privados. “Vamos ver o que a população também deseja para aquele edifício, o nosso desejo é o de manter as fachadas, e não causar a sua demolição”. Um milhão 700 mil euros estão destacados para a recuperação da Chemina. No Carregado, as verbas vão para a requalificação da Barrada, através do eixo dos fundos comunitários que estabelece apoio às comunidades desfavorecidas. “Neste caso podemos fazer obras em vários espaços públicos existentes no bairro”. O estado em que se encontra a Quinta do Brandão em Alenquer fica para já fora da possibilidade de ser contemplada por quaisquer verbas, embora continue a ser uma zona que tende a degradar-se a olhos vistos. “O assunto como se sabe continua em tribunal. As construções foram embargadas. Continuamos à espera de saber o que se vai seguir”.
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“Arruda 2025” quer ser mais do que uma carta de intenções hegou ao fim o ciclo de debates que visam pensar Arruda dos Vinhos a 10 anos. Temas como a Educação, a Cultura, o Desenvolvimento Económico, a Saúde, o Turismo, e o Ambiente foram focados ao longo de três meses em debates que para além de autarcas, governantes, e agentes locais contaram com a presença de personalidades conhecidas em cada uma das áreas. No seu discurso de encerramento do périplo efetuado pelo concelho no âmbito do “Arruda 2025”; o presidente da Câmara, André Rijo, salientou as principais linhas de atuação em cada um dos setores, garantindo que o documento que será presente à Câmara e Assembleia Municipal “é muito mais do que uma mera carta de boas intenções”. Durante este período, a autarquia recolheu também as opiniões dos munícipes através de um questionário enviado com a fatura da água. Sendo Arruda dos Vinhos o único, segundo estudos efetuados pela PORDATA, da região Oeste que apresentou um crescimento populacional nos últimos anos, a autarquia coloca o acento tónico na educação, nomeadamente, na aposta nos cursos profissionais, “ e em todos os graus de ensino, e quem sabe um dia até o ensino superior”, referiu André Rijo. O empreendedorismo volta a ser pedra de toque do município tendo em conta que há projetos no terreno, contudo a ambição passa por criar “uma academia do empreendedorismo”, até porque como disse, António Câmara, fundador da Ydreams, num dos debates, “estamos num mundo simultaneamente perigoso mas incrivelmente desafiante com inúmeras oportunidades locais que se podem transformar em negócios mundiais”. Para além de traçar diversas linhas orientadoras da ação da Câmara nas diferentes áreas, o presidente da autarquia deu também a conhecer alguns projetos concretos que espera vir a concretizar como seja – no caso da preservação do património – “o desenvolvimento da ‘Arruda Base’ que possa reconstituir digitalmente e a três dimensões, aspetos como as linhas de torres, o aqueduto, o portal manuelino da igreja”, entre outros. Noutro sentido, reforçou ainda a importância de uma casa-museu Irene Lisboa, e a casa da Bruxa. A requalificação do espaço público, por seu turno, deverá passar pelo Bairro João De Deus, “de habitação social que, neste momento, não oferece condições de dignidade a quem nele reside”. O PDM é outra das preocupações e neste âmbito, o autarca alertou para uma revisão do PROT. Concluir a variante rodoviária interior da zona industrial das Corredouras, bem como promover uma circular de ligação entre esta zona industrial e que se situa à entrada da vila, junto ao cemitério é outra das apostas.
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Comandante do posto da GNR de Azambuja acusado de abuso de poder ¢ Miguel A. Rodrigues ¢ Sílvia Agostinho e acordo com uma carta anónima feita chegar às nossas instalações, situações de abuso de poder estarão a ser práticadas no quartel da GNR de Azambuja. O comandante do posto é acusado entre outras situações de gerir questões da vida no posto em função de proveitos pessoais para o mesmo e com recurso a atitudes coercivas. O processo foi arquivado pelo comando geral. A exposição foi feita chegar a outras instâncias para além da própria Guarda segundo apurou o nosso jornal. O comandante é acusado também de cometer ilegalidades, “como por exemplo não autorizar que os militares gozem de folga após o termo das férias, ou ir contra a lei que regulamenta o serviço de gratificados, obrigando a que o militar o faça após as 8 horas de serviço”, pode ler-se na carta. Ainda no que aos gratificados diz respeito, o comandante é acusado de autoescalar-se para além do tempo limite de serviço, de que são exemplo os jogos de futebol, beneficiando “assim na questão monetária”. O comandante segundo a carta é
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também alguém que impõe a sua lei através de explicações que se resumem ao “porque eu quero”, manifestando por isso “uma prepotência a todos os títulos lamentável”. Os supostos abusos passam ainda por “o comandante de posto, adjunto e sub-adjunto serem escalados de folga e de pronto aos finsde-semana e/ou feriados sendo que efetivamente nenhum deles vem ao posto, tratando-se na verdade de folga com o único objetivo de receberem o respetivo subsídio de alimentação (27/28 dias mensais), enquanto os restantes militares recebem apenas 22/23 dias mensais e só têm um dia de folga semanal”. Sendo também “escalados de patrulha só para ganharem o respetivo subsídio”. Mas o clima de cortar à faca estende-se ainda à circunstância de “o comandante não se importar que quase diariamente os militares se desloquem ao supermercado para fazer compras para o almoço e que posteriormente procedam à confeção do mesmo, umas vez que cozinham para ele, não havendo assim problema algum por a patrulha estar ocupada durante
Carta denuncia situações diversas duas ou mais horas”, mas o mesmo critério não é seguido para os militares que em patrulha conjunta com o posto vizinho são obrigados a respeitar alguns escrúpulos quanto aos seus horários e tempo despendido na alimentação. O militar que comanda o posto de Azambuja é ainda acusado nesta carta de fomentar uma espécie de competitividade entre os guardas quanto ao número de autos pas-
sados, existindo mesmo um quadro com “o funcionário do mês” neste aspeto. Diz o autor da carta anónima que na maioria os autos “são duvidosos”, dando origem a que “a população reclame no posto bem como na Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária contribuindo-se assim para o descrédito da Guarda”. E neste aspeto da relação com a população, a carta prossegue – “O
comandante do posto e o adjunto não promovem uma boa relação entre a população e a GNR havendo até moradores do bairro onde se situa o posto a equacionarem a hipótese de elaboração de um ‘abaixo- assinado’ contra a GNR, nomeadamente o comandante e o adjunto por se aperceberem que os mesmos usam os militares do posto como meio de alimentar o litígio com a população”. Por último, a carta faz menção de um caso de abuso de poder contra um cidadão aparentemente embriagado que se recusou a fazer o teste do balão. O comandante deteve o indivíduo que não estava a conduzir, levou-o ao posto e ordenou que os militares que se encontravam de serviço se deslocassem ao Hospital de Vila Franca de Xira afim de efetuarem o teste sanguíneo, acusando o indivíduo de desobediência, “sendo que o mesmo nunca soprou em qualquer aparelho para deteção de álcool, contudo parece haver três talões de sopro insuficiente”, aparentemente fabricados. O Valor Local contactou o Comando Geral da Guarda Nacional Re-
publica que é a entidade com a qual se relacionam os meios de comunicação social, e a única autorizada a prestar declarações aos media no seio da hierarquia da Guarda no âmbito desta carta anónima, enviando-a na íntegra para o serviço de relações públicas da GNR. Em resposta, o Major Marco Cruz da GNR responde que a missiva em causa “já tinha sido enviada, em período anterior, ao Comando Territorial de Lisboa.” “Com base nessa carta foi iniciado de imediato um processo interno de averiguações, para apurar a veracidade de todos os factos denunciados. Após terem sido realizadas todas as diligências de instrução desse mesmo processo de averiguações, foi o mesmo arquivado sem que se tivessem encontrado quaisquer infrações ao que se encontra definido na legislação sobre cada uma das matérias denunciadas”, elucida a GNR. Ao que o Valor Local, entretanto soube, militares que à partida seriam indispensáveis para o apuramento dos factos não foram ouvidos. O nosso jornal sabe ainda que a mesma carta seguiu também para o Tribunal de Alenquer.
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Vinho vai ser a alma da Festa no Cartaxo pavilhão de exposições da cidade do Cartaxo recebe no próximo dia 28 de abril, mais uma edição da Festa do Vinho. À semelhança de anos anteriores, esta edição que assinala 28 anos de existência, vai ter em destaque as empresas vitivinícolas locais e regionais bem como a gastronomia tipicamente ribatejana, assegurada pelas tasquinhas que estão presentes no certame. Para além da comida, a bebida é também um destaque importante, já que na Capital do Vinho, vão provar-se os melhores néctares provenientes das casas agrícolas da região. Todavia, estas iniciativas terão
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uma componente bastante diferente, já que as provas de vinhos serão levadas a cabo com a ajude de enólogos. Nesta edição haverá também momentos de show cooking, com chefs de cozinha que mostram ao vivo como preparar uma refeição dedicada a um vinho especial, ou como escolher o vinho certo para aquele prato que tanto aprecia. São algumas das propostas da Festa. Segundo uma nota da autarquia, estas provas de vinho terão participação gratuita e têm como objetivo “abrir o apetite para os pratos tradicionais que as tasquinhas oferecem”. Entre os destaques gastronómi-
cos, salienta-se “o sável e a açorda preparada com as suas ovas ou as enguias frescas” ou “o ensopado de borrego bem apurado ou o magusto que acompanha carne frita, e ainda bacalhau assado”. A culminar o manjar que se espera dos deuses estarão os néctares da região, estado à disposição do visitante um dos muitos vinhos que premiados nacional e internacionalmente. Nesta edição há lugar também para o aspeto musical e lúdico. Para além das bandas filarmónicas, atuarão grupos de cantares tradicionais, e ranchos folclóricos. Na vertente da dança, destaque
Os néctares da região em destaque ainda para as danças de salão, “que vão também passar pelo recinto das tasquinhas durante a tarde e à hora do jantar”. As noi-
tes serão marcadas por outra música. Destaque para a noite de sexta-feira com a banda Alma Jah e o Dj Nuno Calado, no sá-
bado o concerto Bandas Rock’n Cartaxo. Nesta edição destaque também para a presença de casas agrícolas e empresas no Pavilhão Municipal de Exposições. O município e a Associação de Municípios Portugueses do Vinho (AMPV), organizam o seminário “Cortiça e Vinho – uma união natural”. Este é um seminário que decorrerá no Auditório Municipal da Quinta das Pratas, a 29 de abril, a partir das 14h30 e integra a cerimónia de entrega dos prémios do Concurso de Vinhos da Campanha 2015/2016 do Melhor Vinho na Produção do Concelho do Cartaxo e da Região Tejo.
Vila Chã de Ourique homenageia antigos ciclistas do Cartaxo freguesia de Vila Chã de Ourique no concelho do Cartaxo vai homenagear no próximo dia um de maio o antigo ciclista António Martins. Mais conhecido por “Quiças” é filho da terra e correu no Benfica, tendo conseguido um terceiro lugar na Volta a Portugal em Bicicleta. Esta é uma homenagem antecedida pela 31ª prova de ciclismo da freguesia que terá como patrono o antigo ciclista, e encontra-se integrada nas comemorações do 1º de maio.
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Vasco Casimiro, presidente da Junta de Freguesia de Vila Chã de Ourique e também presidente da comissão de 2016 dos “Cinquentões”, explicou ao Valor Local que a junta delega nas respetivas festas a sua organização, pelo que esta iniciativa conta apenas com o apoio da autarquia, mas tem organização daqueles que completam este ano 50 anos de idade na freguesia. Vasco Casimiro sustenta que esta iniciativa tem como ponto alto a homenagem ao “Quiças”
mas também a todos “os outros antigos ciclistas do concelho do Cartaxo, não só de Vila Chã”, explica o responsável que salienta que o facto de existir um antigo ciclista da freguesia no lote de campeões do concelho “é algo especial”. Todavia “Quiças” não é o único ciclista da freguesia “mas é talvez o que tem maior palmarés, excetuando o José Martins, que é mais antigo e tem um segundo lugar na volta a Portugal, mas o ‘Quiças’ tem muitos outros pré-
mios embora nunca tinha sido homenageado”. Vasco Casimiro recorda a altura, nos anos 60 e 70, em que “Quiças” ia de bicicleta para o Estádio da Luz em Lisboa para treinar. Um facto contado pelo próprio ciclista em 1997 ao jornal Vida Ribatejana. O presidente da comissão salienta que esta homenagem surgiu de “forma natural” porque tanto “o Quiças como o José Martins fazem parte da vida atual da freguesia.”
Para além das homenagens ao “Quiças” e a José Martins, serão ainda alvo de consagração, outros ciclistas do concelho do Cartaxo, como Marco Chagas, José Maria Nicolau, José Marquez, Ezequiel Lino, Alfredo Trindade, Fernando Maltez, Eduardo Nicolau, Ramiro Martins, Francisco Valada, António Vitorino, Luis Carvalho, Hermínio Marcelino, José Xavier, Luis Domingos, Fernando Batista, Gonçalo Amorim e Renato da Silva.
Feira Rural regressa a Arruda dos Vinhos rruda dos Vinhos prepara-se para receber a segunda edição da Feira Rural. Esta iniciativa do município tem como mote central a tradição equestre, mas aposta igualmente na gastronomia e nos vinhos locais. Segundo uma nota de imprensa, este certame que se realiza pela segunda vez, e que decorrerá entre os dias 29 de abril e 1 de maio, contará ainda com música e artesanato, valorizando igual-
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mente o património cultural e tradicional daquele concelho. Segundo o presidente da Câmara Municipal de Arruda dos Vinhos, André Rijo, a edição de 2016 contará com “um reforço não só na aposta na vertente equestre, como também nos aspetos ligados ao património e à cultura”. Este é um certame que tem como objetivo “reavivar as características rurais de um concelho que se localiza numa zona de
transição entre o Oeste e Lisboa, a região Saloia e o Ribatejo” salienta uma nota do município que reforça a existência “no seu código genético da agricultura, com destaque para o cultivo da vinha”. A iniciativa com entrada gratuita, decorrerá no pavilhão multiusos de Arruda dos Vinhos, sendo a sua inauguração às 3 da tarde de sexta-feira dia 29. Todo o programa, está disponível na internet em www.cm-arruda.pt
Atividades a cavalo em destaque
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Trabalhadores da Impormol desesperam por soluções ¢ Sílvia Agostinho or estes dias vive-se um clima de apreensão na empresa Frauenthal Automotive mais conhecida por Impormol, no concelho de Azambuja. Há trabalhado-
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res que não estão a aguentar a pressão, e sem saber o que vão fazer às suas vidas, tendo em conta que muitos deles sempre sempre ali trabalharam. A fábrica de produção de molas
para o setor automóvel deixa 180 trabalhadores no desemprego. A comissão de trabalhadores recusa-se a falar em encerramento, e enquanto as autarquias de Azambuja e do Cartaxo têm andado
Fernando Pina anuncia novo plenário para o final do mês
numa roda-viva de contactos ora com a administração da empresa, ora com trabalhadores, e até com o Governo, os trabalhadores continuam de pedra e cal à porta da Frauenthal. O Valor Local esteve nas instalações. Depois de uma primeira tentativa frustrada para que a empresa em Portugal respondesse às nossas questões, o Valor Local contactou o gabinete de relações públicas da empresa na Áustria, que redirecionou as nossas questões para Azambuja na pessoa do diretor da empresa em Portugal Walter Manns que assegura estar disponível para que a fábrica continue a produção caso apareça alguma saída. “Estamos abertos para todos os lados e não nos fechamos para uma solução que apareça”. O responsável diz continuar à procura de luz ao fundo do túnel para a Frauenthal, sendo que o fim de contrato de fornecimento a um dos principais clientes está na origem do encerramento da fábrica. Quanto ao que se pode seguir depois do fim deste mês, o diretor repete o que tem sido dito aos trabalhadores. “Dado que estamos à procura de uma solução,
o que quer que se siga depois de abril não é possível prever”. “A empresa quer enlouquecer-nos” Uma vida inteira ao serviço da empresa e de um dia para o outro tudo acaba. O Valor Local falou com alguns dos trabalhadores da Impormol, na área que se situa fora dos portões por imposição da direção que não permite a entrada de jornalistas. O futuro é uma incógnita. A fábrica viveu sucessivos períodos de lay-off, um despedimento coletivo de 27 pessoas em dezembro, mas sempre houve esperança de que ainda era possível dar a volta. “A empresa continua tão só a falar de dispensa de trabalhadores”, refere Fernando Pina do sindicato e da comissão de trabalhadores. Sobre a compra da totalidade das ações a um fundo, a comissão não tem mais informações do que aquelas que já existem. A dúvida paira no ar, e a empresa continua a alimentar a incerteza. “Apenas queremos que a produção seja retomada, se vai ou não haver despedimentos é especulação. A em-
presa apenas nos diz que está à espera de mais indicações além fronteiras”. Nas redes sociais e em outros fóruns circula a informação de que aquilo que a empresa pretende é fazer uma espécie de reset de forma a despedir alguns trabalhadores para depois ressurgir, eliminando automaticamente a antiguidade dos que podem vir a continuar, com o objetivo de assim começar a pagar menos, já que a Impormol sempre teve a fama de praticar salários acima da média. “Isso não passa de um boato. Essa realidade já se passou noutras empresas, mas não adianta nada especularmos”. Vasco Ruivo há 38 anos que está na Impormol e diz que já se habituou aos períodos conturbados da empresa, até porque acabaram por aparecer investidores. Não nega que a Frauenthal sempre praticou bons salários, mas a produtividade também não fica atrás. Em cinco anos registou um aumento de quatro por cento. Todos os trabalhadores com quem falámos são unânimes na forma como se expressam em relação ao quanto têm dado à fábrica ao lon-
Valor Local
Economia
Trabalhadores têm-se mantido na empresa go dos anos. “Entrei para aqui com 23 anos, tenho quase 61, passei aqui a minha vida inteira quando isto era apenas uma chafarica”, refere Vasco Ruivo, e deixa o apelo – “Somos uma empresa certificada, com trabalhadores altamente qualificados, e que está preparada para tudo o que os investidores quiserem fazer com ela”. Belmiro Melo, também do concelho do Cartaxo, veio para a Impor-
mol há 25 anos atrás. “É triste o que estamos a viver, porque sempre demos tudo do bom e do melhor por esta empresa, e não merecemos a forma como estamos a ser tratados, depois de tanto suor para que a Frauenthal fosse para a frente. Já me custou muito o despedimento de 27 colegas em dezembro, e agora estamos a viver a mesma coisa. Há muitas famílias que dependem desta fábrica. Não é só o ordenado, é a nos-
sa vida.” O trabalhador não compreende de todo o que se está a passar, até porque havia uma encomenda de 11 mil toneladas. “Não nos dizem nada neste momento. No dia um de abril disseram-nos que estava tudo bem com os contratos, e no dia sete chega uma carta a pedir a suspensão”. Por tudo isto não tem dúvidas em considerar – “Querem enlouquecer-nos. Isto não se faz a quem trabalhou aqui uma vida in-
teira”. Francisco Torres, de Azambuja, há 28 anos que trabalha na Impormol. Foi quase o primeiro emprego e na altura veio ganhar 27 contos e 500, o que já era um bom, ordenado. “Simplesmente chegaram ao pé de nós no outro dia, e disseram: ‘Parem a produção que isto vai fechar’”, atesta. O trabalhador vai mais longe nas críticas à Frauenthal: “Só quiseram vir para cá para vender os nossos contratos, desfazerem-se dos nossos postos de trabalho, até ficarmos apenas com dois tipos de molas, penso que a da Mercedes que é a que está agora em causa deve ter sido bem vendida”. Toda a política da empresa concorre na opinião do trabalhador no sentido de “se livrarem da fábrica”, até quem sabe “porque se calhar acham que somos bem pagos demais. Pode ser uma hipótese”, deixa no ar. José Bexiga, também de Azambuja, trabalha na fábrica há 15 anos e corrobora “o aumento da produtividade na empresa, pois mesmo nas horas das refeições rendíamonos uns aos outros, isto para que se pudesse satisfazer as encomendas dos nossos clientes. Ninguém percebe o que aconteceu”.
9 Ministro da Economia quer ajudar a encontrar uma solução Esta terça-feira dia 19 de março, o presidente da Câmara de Azambuja, Luís de Sousa, e o seu colega do Cartaxo, Pedro Ribeiro reuniram-se com o ministro da Economia. Luís de Sousa confessou ao Valor Local que sai da reunião com alguma expetativa e otimismo face à disponibilidade demonstrada por Manuel Caldeira Cabral, ministro da Economia. Na reunião, o titular da pasta fez saber que vai estreitar contactos com a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) no sentido de se encontrarem possíveis clientes para a compra do produto “mola” da empresa, ou eventualmente quem esteja disposto a adquirir a empresa com a mão-deobra incluída. Cerca de 70 pessoas do concelho laboram na empresa, que emprega na sua maioria habitantes do concelho do Cartaxo, 111 pessoas. O presidente da Câmara do Cartaxo, Pedro Ribeiro também registou a disponibilidade do ministro, no sentido de conseguir encontrar algum tipo de solução, “mas sabemos das enor-
mes dificuldades”. “Estamos solidários com os trabalhadores e procuraremos estar ao lado deles já que são muitas as famílias do nosso concelho afetadas por esta situação”. Neste momento, as autarquias não conseguem ter a certeza do que se seguirá após o mês de abril, altura em que a Frauenthal diz assegurar o salário do mês e o subsídio mas a vida depois de maio é uma incógnita. Nas reuniões, a empresa vai comunicado que não tem encomendas, o cliente que representava 98 por cento da produção total cessou contrato, e sendo assim a empresa entregou 49 por cento das suas ações ao Heavy Metal Invest, que já detinha os restantes 51 por cento, sediado no Liechtenstein, que não terá interesse na manutenção da fábrica. Fernando Pina, do Sindicato das Indústrias Transformadores de Energia e Ambiente, também esteve reunido com o ministro da Economia e recebeu do governante as mesmas palavras de compromisso e de olhar atento perante a situação, e espera que no caso de ser apresentada uma solução que possa agradar à empresa que ainda possa haver esperança.
Abertura para breve do Centro POAO stará para breve a inauguração do centro POAO no Porto Alto. Trata-se de um investimento chinês com 170 lojas no valor de 40 milhões de euros. Aos jornalistas, e à margem da inauguração das novas instalações da Serviroad, Carlos Coutinho, presidente da Câmara de Benavente deu conta de que se perspetiva para os próximos
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tempos a abertura do mega centro comercial. O Centro possuirá mais de 525 lugares de estacionamento (289 lugares térreos e 236 subterrâneos) e 7 lugares para camiões TIR. Com uma superfície total de mais de 77 mil m2 e uma área bruta de 56 mil m2, o Centro POAO terá no total 265 armazéns/lojas. É um dos maiores
centros grossistas desta natureza. O investimento é visto com grande otimismo pelo município face à perspetiva de incremento económico que vai trazer ao concelho, bem como pelos postos de trabalho que poderá propiciar. A Câmara espera, agora, que a empresa responsável pelo projeto instale também a sua sede
social no concelho. Neste aspeto as acessibilidades também serão melhoradas, nomeadamente, com a construção da rotunda na Nacional 10 na zona do hipermercado Continente, a meio do separador central de quatro quilómetros e meio, “algo que será estruturante”, de acordo com o presidente da autarquia.
Centro possui 170 lojas
Serviroad inaugura investimento de 6 milhões 400 mil euros empresa de import/export em Benavente inaugurou as suas novas instalações no Edifício Mulemba, em Benavente. Trata-se de um investimento de
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6 milhões 400 mil euros. A Serviroad nasceu há quatro anos com o objectivo de apoiar o processo de exportação dos seus clientes. Desde o início, houve
uma forte incidência nos mercados africanos, sendo que em 2014 essas exportações representavam 95% de um volume de negócios da empresa que ul-
Inauguração contou com o secretário de Estado do Comércio
trapassava os 13 milhões de euros. Bruno Santos, responsável da empresa que viveu durante parte da infância e juventude em Angola, tendo regressado à terra natal nos últimos anos, focou aos jornalistas que a exportação de produtos do ramo alimentar é uma das principais áreas da empresa que procura exportar para o mercado africano bens de origem europeia e portuguesa. A empresa está a tentar conseguir ganhar também quota de mercado na Holanda e na Alemanha. Durante o primeiro trimestre de 2016 alcançou uma faturação de quatro milhões de euros. A cerimónia de inauguração contou com as presenças do Secretário de Estado Adjunto e do Comércio, Paulo Alexandre Ferreira, que salientou “o dinamismo da empresa”, e do Presidente da Câmara Municipal de
Benavente, Carlos Coutinho, que “evidenciou o facto de a empresa proporcionar 60 postos de trabalho”. “É de salutar o regresso destes jovens com know-how e capacidade. Trata-se de uma etapa importante no nosso concelho”. A Serviroad dispõe de 12000 m2 de armazéns de mercadoria diversa e congelada e de um equipamento composto por uma frota de 20 camiões. As princi-
pais áreas de actuação são: alimentar e produtos refrigerados; limpeza industrial e doméstica; farmacêutica e produtos diversos. Os serviços prestados aos clientes compreendem transporte terrestre; marítimo; contentor completo; contentor parcial; serviço combinado; por medida; transporte especial; despachos aduaneiros; consultoria e aconselhamento; e export e import.
Dossier: Águas
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Valor Local
Águas do Ribatejo gera lucros de 1 milhão e meio de euros empresa intermunicipal, no seu habitual balanço anual, deu a conhecer aos jornalistas em conferência de imprensa, que con-
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seguiu atingir um saldo positivo no valor de um milhão e meio de euros, verba que será indispensável para se avançar com obra a nível
dos vários concelhos que compõem a estrutura, uma vez que os fundos europeus passaram a funcionar a título de empréstimo.
Francisco Oliveira, presidente da Águas do Ribatejo, informou que os tarifários não vão registar subidas junto dos 75 mil clientes (150
Empresa continua disponível para receber novas Câmaras
Águas da Azambuja prepara investimento na rede “Águas da Azambuja” (ADAZ) prepara-se para fazer um investimento especial envergadura nas redes de abastecimento de Água entre Alcoentre e Aveiras de Baixo. O nosso jornal sabe que esse investimento ascende a mais de um milhão de euros. A empresa prefere para já não avançar com informações adicionais dado que o plano de investimentos foi submetido à autarquia e à comissão de acompanhamento para apreciação. Segundo o presidente da autarquia, Luís de Sousa, a ADAZ apresentou um conjunto de obras que visam melhorar o abastecimento, “ e que correspondem ao valor que estava no caderno de encargos da concessão”, “talvez seja um pouco mais elevado, mas não significativamente, isto porque vão fazer a rede em tubagem gravítica ao invés de bombagem”. A empresa vai melhorar entre outras zonas, a do abastecimento à zona industrial de Aveiras de Cima, Alcoentre, e Quebradas, mas sem necessidade de recorrer à construção de um depósito como chegou a estar previsto. De acordo com o presidente da Câmara, “ a rede tem sofrido remendos, e o que se pretende agora é uma obra nova que atravesse estas freguesias”.
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mil habitantes) nos concelhos de Almeirim, Alpiarça, Coruche, Benavente, Salvaterra de Magos, Chamusca e Torres Novas. Na calha estará para entrar na empresa o município da Golegã, que abandonou a estrutura quando esta ainda dava os primeiros passos. O interesse de Santarém ainda se mantém, mas como afirmou o presidente da empresa, “há namoros que vão durando mais do que outros até chegarem ao casamento”, para se referir ao facto de a Golegã repentinamente estar a um passo de entrar na estrutura, enquanto o município scalabitano continua a falar da vontade de integrar a AR mas sem oficializar esse interesse. A empresa deu ainda conta das grandes mudanças a nível ambiental operadas com a despoluição do Almonda,e Sorraia, recorrendo mesmo ao “tamponamento de empresas poluidoras”, e também no Tejo, integrando, desde há pouco tempo, um grupo de estudo do ministério do Ambiente para o objetivo da melhoria da qualidade da água no principal rio português. Também em Torres Novas, a reserva do Paúl do Boquilobo beneficiou da qualidade do tratamento
da água. No total, e num balanço de seis anos de atividade a AR deu a conhecer perante a comunicação social a execução de 46 estações de tratamento de águas residuais, 306 quilómetros de rede de saneamento, 67 reservatórios, 18 estações de tratamento de água, 267 quilómetros de rede de abastecimento num total de investimento de 115 milhões de investimento. O eterno problema do Manganês Apesar dos investimentos em estações de tratamento de água, o problema do manganês não parece ter a curto prazo um fim definitivo à vista. O Valor Local pediu a Francisco Oliveira um ponto de situação relativamente a este tema, que tem motivado várias críticas junto de algumas populações: “Continuamos a proceder à construção dessas estações de tratamento, fazendo também descargas para a rede de modo a possibilitar que esse manganês seja libertado, de forma a tratarmos a água. Embora não seja fácil, devido à grande acumulação daquele metal nas redes”.
Valor Local
Saúde
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Alhandra
“Hospital dos Pequeninos” ensina a tratar da saúde município de Vila Franca assinalou em conjunto com o hospital de referência as comemorações do Dia Mundial da Saúde. A iniciativa com o título “Hospital dos Pequeninos” decorreu em Alhandra na Sociedade Euterpe Alhandrense, no passado dia 9 de abril, onde participaram várias crianças daquele concelho. Na prática, os futuros clínicos deram a conhecer aos mais novos, de forma didática, algumas das formas de minimizar “o medo” que as crianças têm de ir ao médico, uma situação que é conhecida como o “síndrome da bata branca”. Esta iniciativa contou igualmente com demonstrações práticas onde foram mostrados alguns aspetos relacionados com “a prevenção da diabetes”, já que este é o tema definido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para assinalar este dia em 2016. Pedro Bastos, presidente da comissão executiva do Hospital de Vila Franca de Xira, explicou ao Valor local que esta iniciativa visa a aproximação à comunidade, tendo em conta uma parceria com os vários municípios da área do hospital e do ACES do Estuário
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do Tejo (Agrupamento de Centros de Saúde), “pois é assim que queremos estar na comunidade”, referiu. Esta ação que decorreu em Alhandra teve como intuito a “prevenção e o rastreio” junto da comunidade”. “Neste caso mais focada nos pais tendo em conta a problemática da diabetes ao nível nacional”. Pedro Bastos salientou por isso a necessidade de bons cuidados de saúde primários. “Tudo o que fizermos na prevenção em conjunto com o ACES, e diretamente na comunidade é muito importante”. Já Alberto Mesquita, presidente da Câmara Municipal de Vila franca de Xira, destacou ao Valor Local a importância desta parceria. O autarca considera que esta estratégia é importante junto dos mais novos, daí a iniciativa “Hospital dos Pequeninos” com os estudantes de medicina “que resultou e está a resultar muito bem”. O autarca é da opinião de que as idas ao hospital por parte das crianças “devem ser mostradas como algo que é normal que aconteça”, vincando a atitude pedagógica dos estudantes de medicina nesta iniciativa em particu-
lar. Aliás o presidente da Câmara considera que este modelo é um sucesso e por isso anuncia a sua repetição noutra freguesia do concelho já no próximo ano. Por outro lado, Alberto Mesquita desvaloriza o facto da gestão do hospital de Vila Franca de Xira estar no domínio público/privado. Ao Valor Local, o presidente do município considera que esta tem sido “uma excelente parceria e devemos desmistificar essas questões”. “O que queremos é cuidados de saúde de qualidade, e é isso que este novo hospital disponibiliza à população”. O presidente da Câmara salienta que as vozes mais discordantes deste modelo, que ainda existem, mesmo tendo passado quase três anos da sua inauguração, devem ser desvalorizadas e refere que o município “está muito satisfeito no geral” até porque os utentes “também estão muito satisfeitos com os cuidados de saúde que lhe são prestados”. Alberto Mesquita vinca a aproximação entre o hospital, os centros de saúde e as unidades de saúde familiares, e embora refletindo que existe um bom nível na
Unidade de Saúde Familiar de Vialonga no ninho de empresas lberto Mesquita salienta que o edifício onde funciona atualmente a Unidade de Saúde Familiar de Vialonga está mal localizado “até porque as acessibilidades não são fáceis”. Nesse sentido o presidente da Câmara anuncia, ao Valor Local, que esta unidade vai passar a ocupar o antigo edifício do ninho de empresas que hoje acolhe provisoriamente alunos da escola EB 2 de Vialonga que aguardam pela construção da sua nova escola. O presidente do município diz já ter um projeto de alteração, e que em curso está a avaliação no sentido de se saber se “aquele espaço tem condições para receber a USF de Vialonga”. “Estou convencido disso, e portanto vamos trabalhar para que aquele espaço tenha melhores condições do que o atual”, conclui. Ao mesmo tempo, o município debate-se com o eterno problema da falta de médicos. Seriam necessários na área do município mais 20 clínicos. Os centros de saúde da Póvoa de Santa Iria e Alverca continuam a apresentar as maiores fragilidades a este nível, mas “o problema verifica-se em quase todos os centros de saúde”. O presidente da Câmara de Vila Franca salienta que no âmbito do ACES faltam também cerca de 95 enfermeiros para que a resposta às populações seja mais eficaz. Alberto Mesquita salienta ter esperança que a situação melhore, até porque em conjunto com outros autarcas, fez saber das suas preocupações ao ministro e secretário de estado adjunto da Saúde. O autarca esclarece que tem agora indicações de que as carências podem vir a ser “minimizadas”. “Resolver por completo o problema já era ser muito otimista”, conclui.
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Crianças aprendem cuidados de saúde prestação de cuidados de saúde primários, refere que “para além do esforço entre as várias entida-
des, subsistem ainda obstáculos.” Alberto Mesquita reforça, por isso, a necessidade do Ministério da
Saúde colocar os médicos de família em falta no ACES Estuário do Tejo.
Velho Hospital de Vialonga aguarda melhores dias Velho sanatório ou hospital de retaguarda como era conhecido o hospital de Vialonga não deverá voltar à área da saúde. Alberto Mesquita refere que o edifício devastado por um grave incêndio em 2013 está agora nas mãos da “imobiliária” do Estado, a ESTAMO, que se dedica à colocação e comercialização de edifícios estatais. O autarca salienta que o município chegou a ter planos em tempos para aquele espaço, nomeadamente, com a instalação de uma nova escola nos terrenos adjacentes, mas o aproveitamento do edifício está fora de questão. “Até porque se apresenta muito degradado, e devido ao incêndio, acredito que não se possa recuperar a fachada”. O edifício foi encerrado há mais de 20 anos, sendo que ao longo dos últimos tempos aconteceram casos de assaltos e de vandalismo. Em 2008 o edifício foi entaipado para evitar roubos, “mas mesmo assim em 2011 descobriu-se Hospital da Flamenga ainda sem soluções que alguém tinha roubado os azulejos da capela avaliados em mais de 40 mil euros. Foram furtados cerca de 2000 azulejos do século XVII, que representavam cenas da vida de Santo António”. Para o local, esteve igualmente prevista uma Unidade de Cuidados Continuados a edificar pela Fundação CEBI, ideia essa entretanto abandonada.
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Destaque
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Valor Local
Novos e Velhos artistas partilham histórias de vida ¢ Sílvia Agostinho e Miguel A. Rodrigues
Nos últimos anos aumentou o número de portuguese que fazem da arte a sua profissão. Os dados são recentes, e na nossa reportagem foi ao encontro de alguns nomes da nossa região em áreas diversas. Desde os mais novos aos mais velhos, passando pelos menos e os mais experientes, fomos conhecer as motivações, os anseios, os sonhos e também as frustrações de quem já teve ou ainda persegue um lugar ao sol em profissões onde o sonho raramente combina com sucesso financeiro, e que soluções encontram para isso. oaquim Salvador em criança organizava pequenos teatrinhos com os amigos em Samora Correia. O bichinho da representação nasceu consigo, e depois de frequentar um curso, as luzes dos holofotes do Teatro Politeama com Filipe la Féria significaram o apogeu da sua carreira. Fez teatro e muita televisão. Mas há mais de 10 anos que deixou de ser uma vedeta nacional, “em que era abordado constantemente na rua” para continuar a ser apenas vedeta na sua terra, onde tem a sua companhia de teatro e o trabalho como animador cultural do município. Confessa que se sente bem no novo fato, depois de ter atingido uma popularidade inesquecível em programas de televisão líderes de audiência. Na Covilhã a Câmara local até chegou a colocar na rua um outdoor com a personagem do Kiko Prancha que Joaquim Salvador interpretava na escolinha do Baião no Big Show Sic. O ator foi também o fundador, em 1986, da Companhia de Teatro “Os Revisteiros” que de revista possui apenas o nome, já que se-
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gundo Salvador tem apresentado, ao longo dos anos, espetáculos de diverso cariz, tendo mesmo sofrido episódios de censura no seu início. A companhia tem conseguido fidelizar o público, “e nunca teve muitos problemas em captar pessoas para virem assistir às peças”, refere. Quando começou a trabalhar com La Féria estávamos em 1995. Hoje com 45 anos, o ator refere que na altura “não tinha consciên-
um período de paixão pelo que fazes, acontece que um dia já não estás no sítio certo, nem encontras a pessoa certa, e as oportunidades no meio podem acabar”. Sair da ribalta foi sendo um percurso natural a partir de certa altura – “Fui conseguindo encontrar outra estabilidade, a estar bem comigo mesmo, até porque essa vida que tinha era muito instável”. Entretanto, “o Filipe la Féria cansou-se de me convidar até ao
“Rejeito completamente aquela ideia de que determinado autor é tão elitista e quanto menos público melhor, porque nem toda a gente percebe aquilo que eu faço, e que isso é que me dá valor” cia se podia ou não viver da representação. Já era tudo muito difícil e efémero. Era apenas movido pela paixão”. O seu trajeto profissional, nessa altura, foi sempre a subir com trabalho na televisão, que não podia deixar de ser compensador financeiramente. Contudo, as frustrações muito inerentes à vida dos atores também são um dilema,– “Quando as luzes se apagam, é complicado. Depois de
ponto de nos afastarmos”. Joaquim Salvador que é também ligado a grupos de teatro nos Açores refere que o público hoje em dia tem uma apetência maior por comédias, “um formato que entretanto se perdeu”, e recusa a diferença entre público citadino e rural. “Rejeito completamente aquela ideia feita de que determinado autor é tão elitista e quanto menos público melhor, porque nem toda
a gente percebe aquilo que eu faço, e que isso é que me dá valor e por isso é que sou bom”, ilustra, concluindo: “Isso não faz minimamente parte da minha forma de estar. O espetador pode sair do meu espetáculo sem gostar, mas que pelo menos saia de lá a pensar em qualquer coisa. É essa a minha conceção”. Ocupando uma posição privilegiada para dar uma opinião sobre como decorre a adesão às atividades culturais que se vão efetuando no concelho de Benavente, no domínio da Câmara e não só, Joaquim Salvador acredita que “as pessoas têm consciência da oferta que existe e vão aderindo, tendo em conta também o enquadramento de muitos espetáculos e exposições em espaços com história do concelho como o Palácio do infantado, ou o cinema de Benavente. Também se faz muito teatro na rua por exemplo. É muito agradável estares na Fonte dos Escudeiros e teres ali montes de pessoas a assistirem ao nosso espetáculo no verão, apesar dos mosquitos todos”; diz rindo-se ao
Joaquim Salvador concebe várias exposições no Palácio do Infantado referir-se à sua faceta de criador artístico. Fazer teatro na província pode ser também muito motivador – “Amigos meus quando têm 20 pessoas numa sala em Lisboa ficam contentes, eu com menos de 300 fico mesmo muito mal disposto. Penso que os Revisteiros ao longo dos anos com um programa
diversificado onde tão depressa temos comédia de situação ou algo mais alternativo foram conseguindo fazer uma corrente, talvez porque temos uma longa história e beneficiámos de ter surgido numa altura em que a nossa ingenuidade nestas coisas acabou por vingar”.
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Paulo Brissos recorreu ao crowdfunding um dos casos de persistência no panorama musical português. Apesar de nunca ter alcançado um êxito estrondoso com os seus discos, Paulo Brissos, de Vila Franca de Xira, nunca deixou de ser músico e a carreira tem sido contínua, com destaque nos últimos anos para a incorporação de canções suas em bandas sonoras de telenovelas do prime time português. A música nasceu consigo, devido também a influências familiares, e como muitos músicos fez o circuito dos bares, e apareceu no Festival da Canção. Paulo Brissos lança agora mais um disco, com recurso também às novas tecnologias com o “Crowdfunding”, que permite a angariação de meios financeiros através de uma plataforma para o efeito na internet, especialmente dirigida ao apoio de projetos da área da Cultura e da Solidariedade. O primeiro trabalho que lançou foi em 1993, “contudo não foi um sucesso, passou apenas em algumas rádios”. Para se ter um “êxito estrondoso” Paulo Brissos entende que também é preciso ter sorte, sendo que as rádios nem sempre acarinham os cantores portugueses nesse âmbito. “Estão muito formatadas à música anglo-saxónica, altamente produzida e é difícil que haja espaço de mano-
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bra para a música pop portuguesa. Se a nossa música não é divulgada como é que as pessoas vão conhecer?”, interroga-se. Nos anos 80 e 90 “havia mais programas de autor na televisão e na rádio para esse efeito. Hoje o que vimos na televisão é uma palhaçada e não enaltece a música portuguesa. Muitos talentos em Portugal não dispõem do tempo de antena que mereceriam”. Em contra-
“Tenho o meu lado filosófico e sentimental que também precisa de existir, quando chegamos à conclusão de que não vale a pena iludir algo em nós que é tão forte, a opção de voltar à música foi natural” ciclo parece estar apenas “o fado que agora conheceu uma nova notoriedade face há alguns anos atrás. O estigma do fado acabou e isso é positivo”. Na indústria portuguesa “quando nem o pop é sustentável, a erudita e a mais alternativa ficam ainda mais frágeis, e isso cria um fosso no mercado”. Na década de 90, o lançamento de “Criação” foi um marco na sua carreira, e a balada “Serás tu” a
assumir-se como um dos maiores sucessos da carreira do músico vilafranquense. Com uma carreira a chegar aos 30 anos, Paulo Brissos considera que ganhar dinheiro nesta área só mesmo “com concertos ao vivo”. As editoras ficam sempre com a fatia de leão das vendas, até porque o investimento é difícil de pagar, e para o músico alcançar dividendos financeiros com isso só mesmo quando consegue vender bem. “Mas neste momento nem as editoras ganham dinheiro”. No seu novo trabalho intitulado “Brissos Conselheiros de Estrada”, em que através do crowdfunding o músico conseguiu alcançar uma soma na casa dos quatro mil euros com o objetivo de apoiar a divulgação e comercialização do seu trabalho. Apenas contou com uma editora para a sua distribuição “mas com investimento total” seu. “Mais uma vez está a ser difícil colocar o meu trabalho nas rádios, mas estamos a apresentar-nos nas fnac’s e a fazer concertos acústicos, para além de já termos alguns espetáculos marcados”. O trabalho está à venda na Fnac e em outras lojas do género. Já houve tempos mesmo depois de se ter lançado no mercado, onde retornou ao circuito dos bares, ou desistiu mesmo da músi-
ca, mas regressou porque entende que não vive sem a arte . “Tenho o meu lado filosófico e sentimental que também precisa de existir, quando chegamos à conclusão de que não vale a pena iludir algo em nós que é tão forte, a opção de voltar à música foi natural, e continuar por esse caminho. Se não posso ter um carro topo de gama ou uma casa melhor, faço a minha gestão e tento viver com
um bocadinho menos. São opções de vida. Não funciona para toda a gente o chavão de estudar, arranjar um emprego bem pago, e ter casa própria e um bom carro. Essa imposição pode ser altamente frustrante para muitos”. Para conseguir viver da música assumiu para além da vertente de cantor, a de produtor, tendo por isso colaborado com a Plural ligada ao mercado das telenovelas.
“Ser artista é um risco, e é preciso gostar mesmo”, conclui. Paulo Brissos também não estranha o facto de haver mais portugueses com a profissão de artista – “Hoje em dia o ordenado típico é de 500 euros, ora quem tem um bocadinho mais de capacidade, escolhe fazer o que gosta. Já que é para ganhar mal ao menos enveredase por aquilo que é a vocação e o gosto de cada um”.
Paulo Brissos e Companheiros da Estrada lançaram cd em março
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João Mário, pintor naturalista
Uma história de vida que cabe dentro de um museu m pequeno nunca fui um aluno de sucesso porque só pensava em fazer desenhos e bonecos”. É assim que começa a história de João Mário, um dos principais nomes portugueses da pintura naturalista. Podia ser a história de apenas mais uma criança que nasce com jeito para desenhar, mas o alenquerense “nascido em Lisboa por mero acaso”; como gosta de frisar, acabou por ir mais longe. Nas décadas de 50 e 60, o naturalismo atingiu o seu apogeu, e o glamour das exposições frequentadas por quem tinha posses na altura, permitiam-lhe viver tranquilamente da arte, algo que hoje é impossível para qualquer artista. O seu mestre foi Álvaro Duarte Almeida a quem recorreu depois de uma incursão pela Sociedade Nacional de Belas Artes onde o desenho de nus e de naturezas mortas não o seduziu. Com o seu mestre pode exercitar a sua veia artística na plenitude, e lembrase de pintar a cidade de Lisboa e as suas paisagens ainda na zona do aeroporto “mas quando aquilo era tudo mato”. “Devo tudo ao meu mestre, que depois também veio viver para Alenquer com a família. Aqui passámos a receber os alunos vindos de Lisboa”, recorda-se. Os tempos de hoje contrastam em absoluto com os de antigamente quanto à venda de quadros. A sua primeira exposição foi em 1954, e basicamente expunha duas vezes por ano nas principais cidades do país. “Quando abria as exposições, os quadros já estavam todos vendidos, mas hoje nem pensar nisso”. João Mário é um dos principais nomes da corrente naturalista, e nas décadas de 50 e 60 as suas obras “alcançaram uma cotação muito elevada, isto sem prosápia nenhuma”. Os tempos de ouro já lá vão, e embora continue a viver da arte e do seu museu, João Mário traça
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um cenário negro para o mercado de venda de obras de arte no que à pintura diz respeito: “Hoje, não se vende quadros de espécie nenhuma, e por outro lado as pessoas nem sequer vão às exposições, se porventura aparecem já esfregamos as mãos de contentes, até porque actualmente frequentar espaços de arte é sinónimo de snobismo, de que se está bem na vida, e que determinado indivíduo tem dinheiro, e há quem procure fugir desse estereótipo”, descreve, e vai mais longe: “Quando se fala que determinada galeria é muito frequentado não é mais do que fogo-de-vista”. Por ser um dos rostos (e talvez o mais importante atualmente) do naturalismo, João Mário não hesita em referir que este género de pintura mais popular sempre foi vista como menor pelos críticos e por outras correntes de pintura. “Há o receio de dizer bem de quem tem sucesso como Salvador Dali ou Picasso que foram figuras notáveis, e é muito difícil quebrar-se essa barreira”. Os abstracionistas “normalmente têm sempre os críticos do lado deles”. Para João Mário, estas gavetas só prejudicam, até porque e como dizia o seu amigo José Hermano Saraiva “existe a arte que fica para toda a vida e a que passa”. As paisagens são a sua predileção, mas a vila de Alenquer é a
têm vindo experimentar as possibilidades da Vila Presépio. A última exposição de João Mário deu-se em finais do ano passado, mas já não expunha há três anos, dedicando-se em exclusivo à sua Casa Museu com cerca de 800 quadros e aos vários cargos que ocupa em associações locais e na Misericórdia de Alenquer onde é provedor. O pintor confessa que conseguiu vender 12 quadros, mas sem baixar preços, “ao contrário do que fazem alguns colegas, que baixaram o valor monetário das suas obras para mais de metade, ora isso desvaloriza completamente o quadro”. As profissões artísticas sofrem em grande parte do sintoma das ditas borlas, e a pintura não é exceção. A crise terá também agudizado esta questão, e João Mário lamenta: “Quando se pede uma borla, mas ontem até se vendeu quatro ou cinco quadros e amanhã vendemos mais uns, não tem problema nenhum fazer algo de graça, caso contrário é muito difícil, até porque as pessoas precisam de comer”. E vai mais longe: “Conheço colegas que estão muito mal, que pensaram no suicídio.” Sendo de uma geração mais velha de artistas, João Mário ilustra que “há os pintores que um dia venderam muito, e que hoje já não conseguem, mas que adaptaram o seu estilo
“Hoje frequentar espaços de arte é sinónimo de snobismo, de que se está bem na vida, e há quem procure fugir desse estereótipo” grande inspiração de João Mário, por ser “extremamente pictórica”, e onde até à data já deverá ter feito “mais de 200 ou 300 quadros” na parte mais antiga. “É algo inacreditável, mas no mesmo metro quadrado consegue-se pintar seis quadros diferentes”. A fama de Alenquer já ultrapassou fronteiras, e muitos pintores espanhóis colegas de João Mário
de vida; os que exerciam outras profissões e têm a sua reforma, e depois temos esses casos críticos”. Para além das artes, João Mário teve também uma passagem pela Câmara de Alenquer nos finais da ditadura, mas não se considera político, e até se lembra de um diálogo com um ministro de Marcelo Caetano que que-
O pintor é uma das figuras maiores do naturalismo português ria que se candidatasse a outra Câmara, e que se não o fizesse quando chegasse a Alenquer já não era presidente, mas João Mário não se intimidou. Só saiu da autarquia com o 25 de abril, mas diz que não guarda mágoas do seu saneamento. Os anos passaram e voltaram a convidálo, inclusive o PCP de Alenquer mas recusou. “Achei um disparate”, ilustra rindo-se perante o inusitado. 500 visitas por mês à Casa Museu O espaço está de portas abertas há 26 anos e nele encontra-se reunido um vasto espólio com algumas das obras mais importan-
tes de alguns pintores portugueses e também estrangeiros, como Malhoa ou Silva Porto. À volta de 500 pessoas visitam todos os meses o espaço, talvez o único museu privado de pintura figurativa na Península Ibérica desta dimensão. No ano passado, a Câmara que assume parte das despesas com o museu diminuiu as verbas a atribuir, contudo João Mário desdramatiza conformado, e com a sua bonomia característica: “A Câmara não tem vintém, não levo a mal, aliás sou amigo deles todos”. O museu João Mário tem conhecido histórias de pessoas que por ali passaram e que apresentam um cariz quase cinematográfico como a de um menino sobredo-
tado, o Rui, da Amadora, que um dia em excursão de tão maravilhado que ficou com o museu, que prometeu que um dia voltaria a Alenquer para agradecer os momentos proporcionados com uma prenda. “Três anos mais tarde entrou por aqui adentro e deume um pequeno dinossauro de plástico. Era o brinquedo mais importante para ele”, conta, referindo que mais tarde foi à Amadora à sua procura, “mas tinha ido para Bragança com a mãe”. Há também a história da menina espanhola que lhe pediu para o mestre lhe dar a mão na visita à exposição e depois escreveu no livro de visitas: “que eu para a idade estava um gajo porreiro”, rise.
Sociedade Euterpe Alhandrense com 300 alunos no conservatório ão pouco mais de 300, o número de pessoas que frequentam atualmente o conservatório da Sociedade Euterpe Alhandrense (SEA). A coletividade passa por um momento bastante ativo, também impulsionado pelos sonhos dos jovens e menos jovens que encontram ali um local para explorar e desenvolver os seus dotes artísticos. Jorge Zacarias, presidente da SEA, explicou ao Valor local que estes 300 alunos estão já divididos nos cursos de música e de dança. O responsável salienta que “procuramos gente com vocação e o que temos feito nos últimos anos é procurar massificar a abertura do conservatório para que cada vez mais os alunos tenham acesso a este projeto, e a partir daqui descobrirem se têm vocação”. Segundo o presidente, a SEA tem a preocupação de formar artistas, mas também “ouvintes e homens e mulheres para amanhã. Porque a música é fundamental para a vida das pessoas”. Zacarias explica saídos daquele conservatório, muitos já estão na vida ativa e seguiram mesmo para o ensino superior, e outros “permanecem no mundo da música com muito êxito”. De acordo com o responsável, “mais de uma dúzia singraram no meio profissional, uns são professores outros músicos profissionais”. Há no entanto alguma preocupação dos professores para tentar explicar, sobretudo aos pais, que “nem todos conseguirão singrar na música enquanto profissionais. Mas que todos vão receber algo do mundo da música que os vai ajudar na vida ativa no futuro” esclarece Jorge Zacarias. Numa altura em que florescem programas de novos talentos na televisão, esta passa a ser uma preocupação dos professores e até dos responsáveis pelas instituições. Zacarias refere que é fundamental para a instituição e até é “um orgulho sabermos que pessoas como Albano Jerónimo, Catarina Gonçalves ou o Elmano tiveram aqui a sua formação e que a Euterpe teve a sua participação nisso”.
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Valor Local
Destaque
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Rita Pea, a poetisa premiada mas pouco conhecida om 29 anos, a escritora e poetisa Rita Pea, de Aveiras de Cima, já deu nas vistas no panorama dos novos autores de poesia no nosso país. Conseguir viver apenas do seu trabalho e da sua arte seria o sonho de Rita, que não tem dúvidas em confessar que será algo muito difícil. Rita Varino, o seu nome verdadeiro, já conseguiu alcançar prémios internacionais na América Latina mas como não dispõe de condições económicas suficientes já chegou ao ponto de não conseguir ir buscar esses prémios que venceu graças ao seu talento. A escritora que escreve nua e que descobriu a vocação “durante os rebeldes 13 anos”, como gosta de afirmar é um caso de persistência de quem ama o que faz. Recentemente lançou “Nu Avesso das Palavras” na sua terra natal e apresentará em breve a obra em Setú-
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bada e parti nessa descoberta”, descreve não escondendo “o estrondo” que a poesia “provocou” em si. “Comecei a escrever em todo o lado: nas paredes, nas mesas”. Eugénio de Andrade, Florbela Espanca, Miguel Torga, Herberto Hélder são apenas algumas das suas referências, bem como, Clarice Lispector, autora brasileira, com a qual se diz identificar especialmente. Adepta do verso branco (sem rima), a autora consegue encontrar qualidade num poema “desde que o mesmo provoque um sentimento e uma magia que acabe por nos deixar fascinados”. Rita Pea, cujo apelido vai buscar ao inglês na palavra ervilha e que resultou de uma brincadeira entre a mesma e uma amiga também do mundo da poesia, abraçou igualmente a dramaturgia social no projeto “Teatro Humano”, “que traba-
“O meu trabalho encontra-se bem divulgado no Brasil e nunca tive dinheiro para ir buscar alguns prémios que lá ganhei. Fui nomeada para integrar a Academia de Artes e Letras de Buenos Aires na Argentina e não tive condições financeiras para fazer essa viagem e poder participar na cerimónia” bal e Cartaxo. “A adrenalina que começo a sentir nas veias quando leio outros poetas e quando escrevo é algo muito íntimo. Tenho-me como uma pessoa com uma curiosidade exacer-
lha histórias das comunidades”. “Escrevo histórias reais das pessoas que existem nessas comunidades. Trabalhei por exemplo com bairros sociais, e com pessoas que na nossa região vivem ao lado do
Tejo. O que fazemos é construir as suas raízes através de uma peça de teatro”. Um dos últimos trabalhos consistiu na adaptação de dois dos Sete Pecados Mortais, de Brecht, “a gula” e “a ira” ao cenário de crise no país e à realidade da comunidade ribeirinha de Alhandra, o que só podia resultar “num grande desafio”. Rita Pea frequenta ainda uma licenciatura em Estudos Portugueses na Universidade Nova, depois de ter deixado para trás outras duas licenciaturas na Universidade de Évora. Desde há três anos que se dedica em exclusivo à escrita ora na dramaturgia, ora na poesia. A autora encontra-se a escrever também uma peça dramática inspirada no passado de uma refugiada líbia atualmente em Portugal “com uma história de vida impressionante para qualquer ser humano”. Com tantas atividades, o facto de não conseguir “de todo” viver apenas da sua arte contando com ajuda financeira da família, não fez com que baixasse os braços, até porque tem noção de que está no início da carreira. “O meu trabalho encontra-se bem divulgado no Brasil e nunca tive dinheiro para ir buscar alguns prémios que lá ganhei. Fui nomeada para integrar a Academia de Artes e Letras de Buenos Aires na Argentina e não tive condições financeiras para fazer essa viagem e
Rita quer deixar a sua marca na poesia poder participar na cerimónia. Também faço parte de uma academia semelhante em Itália” “Temos pena”, refere conformada mas sem se deixar abater. A falta de reconhecimento do país para com as artes é transversal a todos os que produzem Cultura, na sua opinião, e isso “é um sintoma de que estamos doentes”, porque “a alma também se alimenta”. “Temos ótimos profissionais mas o
nosso país não apoia a Cultura”. Os públicos na sua opinião “estão demasiadamente formatados”. “Evidentemente que tenho muita gente que me diz que não vou conseguir viver disto, que não vou conseguir comprar casa e ter uma vida independente. Dou-lhes razão. Até porque no nosso país é assim que funciona, e não há mecanismos de fuga para os artistas. É uma pena porque a nossa histó-
ria é feita de grandes personalidades, e hoje há uma descrença enorme na Cultura, na Arte e na Educação. Todos nós artistas sentimos isso”. Nos meios mais pequenos, “os artistas também podiam ser melhor aproveitados pelos municípios”. “A cultura deveria ser fomentada também nas pequenas cidades ou nas pequenas vilas. Se nada for dado às pessoas elas também não vão conhecer o trabalho dos artistas. Todo o burro come palha, depende da forma como lhe dás, já dizia um amigo meu. Se uma dada pessoa que trabalhe no campo na nossa região nunca pôde assistir uma peça de teatro ou a um espetáculo de ópera, como é que pode formar o gosto?”. “Assim nunca se vai criar públicos”, deduz. Rita Pea já está a escrever um novo trabalho. Desta vez na prosa, e não esconde que é com a intenção de poder vender mais, “porque está sempre na moda e facilmente alguém compra um romance”. “Espero publicá-lo no próximo ano. A história aborda a violência doméstica. Até lá vou também terminar o meu trabalho com a bailarina refugiada”. Um amigo disse-lhe um dia que quando percebesse a diferença entre literatura e mercado editorial “teria muito sucesso”. “Não sei se vai acontecer ou não. A poesia e o romance são diferentes, e acho que me exponho mais no segundo”.
Vasco Gargalo
Viver dos cartoons não é fácil e há que ser versátil asco Gargalo é hoje um dos mais conhecidos cartunistas do panorama nacional. Todavia nem sempre foi assim e é o próprio que lembra as dificuldades que passou para manter a “arte” bem viva e para tentar viver dela. Gargalo que integra pela segunda vez o leque de cartunistas do Cartoon Xira diz que tudo começou quando era “miúdo” e lembra que desde essa altura que gosta de desenhar. “É uma vocação que se mantém até aos dias de hoje”. Vasco Gargalo confessa que nem sempre os tempos foram fáceis. Houve alturas em que não publicou nenhum cartoon, o que o levou a procurar emprego fora da área para sobreviver. Dos pais, refere o apoio, embora tenha ouvido sempre alguns conselhos sobre a forma que escolheu para governar a sua vida. No início do seu percurso, Gargalo chegou a ter dúvidas, mas refere que conheceu um maior impulso na escola, e através da caricatura, onde começou no fundo. Vasco recorda que o pai levava o jornal para casa e ele desenhava caricaturas das pessoas que vinham no jornal, tendo como referência Mário Zambujal, cartunista à época do
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jornal “A Bola”. O cartunista chegou a trabalhar em cenografia na televisão, e numa empresa de higiene e segurança. Mesmo quando teve de assumir esses trabalhos nunca deixou de desenhar. “Nunca deixei de sonhar até porque essa era e é a minha paixão”. Contudo, nem só de vocação vive o artista que passou por vários cursos para aperfeiçoar a sua técnica e completar a sua parte académi-
tantos cartunistas, tem de estar preparado para os acontecimentos. Até porque, os jornais deixaram de apostar, como antes, nos cartoons e por isso as oportunidades são aproveitadas quase ao minuto. “Já me pediram um desenho em quatro horas”, refere Vasco Gargalo para quem estar informado do que se passa no país e no mundo é vital para o seu trabalho. “Gostava de sentir o frenesim de
“Gostava de sentir o frenesim de uma redação de um jornal diário. Acompanhar a vivência de uma redação, as conversas com os jornalistas e ir beber café ou fumar um cigarro aproveitando os momentos de pausa, e poder usufruir desse convívio” ca que confessa ainda não estar finalizada. No entanto, Vasco Gargalo refere que ainda não consegue ter trabalho exclusivamente na área do cartoon, e salienta o seu trabalho em ilustração de livros, ou em trabalhos encomendados por empresas já que isso é de certa forma o garante da sua subsistência financeira. Gargalo vinca a necessidade de uma existência versátil no mundo artístico. À semelhança de outros
uma redação de um jornal diário. Acompanhar a vivência de uma redação, as conversas com os jornalistas e ir beber café ou fumar um cigarro aproveitando os momentos de pausa, e poder usufruir desse convívio, mas como sei que é difícil haver comprometimento a esse nível por parte da imprensa devido às dificuldades que atravessa, mantenho o meu trabalho no meu gabinete” confessa o artista que diz gostar de trabalhar sobre pres-
são. Aliás a vida de Gragalo é essencialmente isso, várias horas a desenhar, todos os dias, mesmo quando não tem a quem vender um cartoon. Confessa que “é raro rasgar um desenho” e que todos os dias faz mais do que um, acompanhando assim o tal “frenesim de notícias” que é essencial para a sua inspiração. Mas o trabalho em Portugal não é fácil. Embora tenha publicado vários trabalhos em revistas nacionais já que teve recentemente dois cartoons nas primeiras páginas do Sol e do I, bem como nas de um importante jornal francês, o autor diz que essa publicação não é fácil “porque os jornais também não têm dinheiro”, e recorda além disso um outro trabalho que esteve a horas de ser publicado num semanário, mas que “por falta de espaço não saiu”. Ainda assim, Vasco Gargalo está também presente no movimento “Cartoon Movement” onde publica alguns dos seus trabalhos online, e expõe igualmente todos os dias no seu blog pessoal, a maioria dos seus cartoons. Para o autor, os atentados em
França à redação do “Charlie Hebdo” acabaram por significar uma viragem no mundo dos cartoons e na forma como hoje é vista essa arte. Gargalo que refere ter renascido para a arte há três anos atrás, vinca que essa viragem trouxe uma nova visibilidade à profissão que escolheu, levando-o a fazer traba-
lhos ainda com mais paixão. O autor confessa não estar arrependido do caminho que escolheu, mas salienta que as dificuldades ainda persistem. Ainda assim Vasco Gargalo, tem um estilo próprio, e recorrendo à metáfora, consegue impactos muito positivos no que toca ao efeito dos seus cartoons.
Gargalo procura lugar ao sol
Ambiente
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Valor Local
Tejo: Um Rio de potencialidades
defesa do Tejo e dos seus valores foi o mote para um encontro promovido pelo CDS-PP de Azambuja. Quando o debate gira em torno da poluição no principal rio português, o encontro (que começou com uma visita por locais emblemáticos da beira-rio no concelho de Azambuja) serviu também para lembrar as potencialidades do Tejo não só do ponto de vista económico, e ambiental, mas também cultural e paisagístico . Lurdes Véstia do projeto “A Cultura Avieira a Património Nacional” deixou aos presentes uma apresentação sobre a história da presença das comunidades piscatórias vindas de Vieira de Leiria ao longo das diversas localidades ribatejanas banhadas pelo Tejo, relatando as suas vivências e costumes. A estudiosa deu ainda a conhecer a forma como estas comunidades vivem a fé, havendo inclusivamente o culto à imagem de “Nossa Senhora dos Avieiros”, “uma manifestação até há poucos anos inexistente”, tendo surgido a ideia de criar esta santa “no seio do Instituto Politécnico de Santarém”. É sabida a existência de uma relação
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muito forte entre estas comunidades e os membros da candidatura avieira a património nacional, que deu também azo ao abraçar desta espécie de nova crença pelos pescadores avieiros, “havendo inclusivamente relatos de alguns milagres”, deu a conhecer Lurdes Véstia. O manancial do Tejo é também explorado de alguma forma também por agentes económicos, e neste âmbito Madalena Viana da empresa de turismo náutico Ollem falou do muito em voga touring cultural e paisagístico, em que o turista procura experiências de descoberta das identidades do território, e alertou ainda para a necessidade de serem melhoradas as infraestruturas e as condições de acesso a algumas aldeias avieiras, nomeadamente, a Palhota, “onde o desembarque é sempre uma aventura”. A empresa de ultraleves, Aerodreams, também se alia à exploração da vertente turística do Tejo, dado permitir o avistamento do Tejo e das suas particularidades de uma outra forma: “A paisagem está sempre a mudar, e isso é mui-
to interessante”, referiu Jaqueline Costa da empresa que também frisou a importância de os ultraleves poderem prestar um serviço importante “na deteção de alterações no rio, como manchas de poluição ou mesmo ajudar na comunicação do salvamento de pessoas e embarcações”. A riqueza da biodiversidade que o rio apresenta foi focada pelo ornitólogo Vítor Encarnação, que referiu ser o Tejo um dos hotspots a nível europeu naquele âmbito, e que podia ser ainda mais aproveitado no âmbito do chamado turismo de fotografia, sobretudo na captação de imagens de aves migratórias. O estudioso acentuou neste âmbito as potencialidades da Vala Real, “um dos recursos mais interessantes para a exploração turística”. “A História da Vala Real está completamente ao abandono, são 25 quilómetros de pura maravilha que podia ser valorizada do ponto de vista turístico, inclusivamente na observação de cavalos”. A Geóloga Anabela Cruces fez por seu turno uma apresentação sobre o Tejo como ferramenta para a divulgação científica, dando a co-
Aspetos culturais e ambientais do rio foram destacados nhecer as especificidades da morfologia do rio ao longo de várias eras, com a particularidade de o concelho de Azambuja possuir como uma das suas fronteiras administrativas um dos limites geológicos do rio. A estudiosa que leva a cabo o seu trabalho em diversas bacias fluviais do país, acenou com as várias possibilidades de este rio ter muito ainda para contar no que respeita à sua história.
“Uma prova de motonáutica no esteiro de Azambuja seria uma maravilha” Mário Gonzaga Ribeiro, conhecido desde sempre por estar ligado aos desportos motorizados e à organização do campeonato nacional de motonáutica, não tem dúvidas de que “o esteiro em Azambuja teria excelentes condições ara receber uma prova de motonáutica”, bastando para isso uma limpeza e
adaptação do local. A proximidade da estação da CP “seria ainda uma enorme mais-valia”. Em 2016, o campeonato de motonáutica vai abandonar o concelho de Vila Franca de Xira, onde sempre chamou muitos adeptos da modalidade para rumar a Vila Velha de Ródão. “Para haver provas tem de existir apoios das entidades públicas como as Câmaras. Com grande desgosto vou abandonar Vila Franca”.
Poluição Ribeira do Sarra
Empresas já foram notificadas erca de 57 empresas que laboram nas imediações da Ribeira do Sarra, no Carregado, foram notificadas pela Câmara no sentido de se dotarem dos meios necessários com o objetivo último de se colocar termo à poluição e aos maus cheiros provenientes daquele curso de água nas imediações do qual residem centenas de famílias que reclamam há anos do estado de coisas. Na última reunião de Câmara de Alenquer, o executivo deu conta da intenção de se avançar com as contraordenações junto das empresas que não cumpriram com o exigido, sendo que todas já foram alvo de notificação tendo-lhes sido
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dado um prazo para total regularização. Neste rol estão não apenas as putativas poluidoras como as que não cumprem com as exigências legais para a sua laboração. O vereador do PSD, Nuno Coelho, alertou até para a circunstância de existir uma empresa de abastecimento de gás que teve direito a uma inauguração com pompa e circunstância mas que não possui licença de utilização. “Pelos vistos andavam demasiado ocupados com a festa”, disse o vereador. A própria autarquia terá de operar no sentido de implementar uma rede de saneamento em articula-
ção com a Águas de Portugal e Águas do Oeste de forma a ultrapassar o problema. O presidente da autarquia, Pedro Folgado, deu conta dos avanços nessa matéria. De acordo com um documento ao qual ao Valor Local teve acesso diversas são as empresas em incumprimento destacando-se a Nally com descargas no domínio hídrico e sem ligação ao coletor público, com uso ainda por regularizar, bem como outras do complexo Ota Park. Mas o destaque vai ainda para uma empresa de fabricação de cozinhas, portas e roupeiros, Lucavale, situada num antigo pavilhão em frente a um supermercado do Carregado.
Empresas foram intimidas a apetrecharem-se em condições
Valor Local
Cultura
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Bienal 2016
Vila Franca quer respirar fotografia
Responsáveis apostam em edição mais ambiciosa Bienal de Fotografia de Vila Franca de Xira pretende este ano dar um passo em frente. Em conferência de imprensa, no dia 12 de abril, a autarquia e o curador do evento, David Santos, antigo diretor do Museu do NeoRealismo, vincaram “a ambição” do programa deste ano, cujo destaque vai para as mini exposições de fotógrafos com créditos firmados que podem ser apreciadas em diferentes espaços da cidade de Vila Franca. Von Calhau, Mónica de Miranda, Salomé Lamas, Pauliana Valente Pimentel, Daniel Blaufuks são apenas alguns dos nomes. Para Alberto Mesquita “é importante” que a autarquia continue a dar primazia a esta arte “em que o momento aprisiona a mensagem”. Mais parcerias com instituições académicas e associações de fotografia são bem-vindas. O
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evento este ano sofre algumas transformações que passam pelo facto de “não existirem lugares cativos” na final. Ao longo dos anos, associações do concelho e escolas passavam diretamente à final sem antes serem alvo do crivo do júri. A autarquia pretenderá assim colocar todos os concorrentes em pé de igualdade. De outubro de 2016 a janeiro de 2017, a bienal faz-se das intervenções fotográficas de autores consagrados patentes em locais como o Pavilhão Multiusos, Hostel DP, escadaria dos paços do concelho, antigo posto de turismo, fábrica das palavras, museu municipal, mercado municipal, Museu do Neo-Realismo, Galeria Paulo Nunes, Clube Vilafranquense, Café Puro, entre outros. “Vila Franca respirará fotografia”, expressou o vereador da Cultura Fernando Paulo Ferreira a este
respeito. Desta forma, a Câmara também pretende elevar a fasquia das candidaturas que se apresentem a concurso Ao mesmo tempo, o Celeiro da Patriarcal abarca à vez e não todas ao mesmo tempo, (e aqui está uma das principais novidades) as três exposições que normalmente resultam dos três concursos. A exposição geral de tema livre com um prémio no valor de cinco mil euros realiza-se entre 19 de novembro 2016 e 8 janeiro de 2017. A exposição dedicada a Vila Franca, e a exposição evocativa da arte tauromáquica (tem lugar de quatro de fevereiro a 19 de março de 2017), mas com prémios no valor de mil euros para cada um dos autores vencedores. Ao contrário do que já vinha sendo hábito desde a primeira edição da bienal em 1989, os fotógrafos concorrentes deve-
rão enviar o seu portfolio, e não três fotografias emolduradas. Ainda no que toca à fotografia, o município prepara-se para inau-
gurar uma exposição dedicada às vivências no concelho nos anos 40 e 50. “Trata-se de uma janela de conhecimento para a forma
como se vivia no nosso concelho, e as modificações trazidas pela segunda guerra mundial”, referiu o vereador da Cultura.
Opinião
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Valor Local
Os jovens artistas portugueses dmito, com alguma consternação porque contraria o conceito de progresso por que todos lutamos, que a vida está mais difícil para as actuais gerações da faixa dos vinte aos quarenta do que para os mesmos jovens da minha geração. Acho até que a minha geração foi das mais privilegiadas : em termos sociais e de liberdade, embora reprimidos, apanhámos em cheio, e participámos na sua construção, com a libertação rebelde e a contestação do final dos anos sessenta. E, por tabela, com todo o seu desfile de reivindicações de direitos de toda a ordem, , lutas por igualdade, manifestações artísticas, visões e formas diferentes de vida, solidariedades, tolerâncias. Em termos materiais, beneficiámos da plena maturidade do boom económico que se seguiu ao fim da Segunda Guerra Mundial e não tivémos dificuldade em arranjar empregos – duma maneira geral, depois do 25 de Abril, todos se empregavam no dia seguinte a sair da Escola, em tarefas estáveis e minimamente remuneradas para uma vida condigna e um olhar de segurança sobre o futuro. Não é isso, infelizmente, o que espera os jovens de hoje. Refirome à segunda questão que levantei anteriormente, a questão material e da segurança. Hoje em dia a realidade – triste realidade – e´-nos posta perante os olhos pelos números avassaladores do desemprego jovem e da nova onda de emigração. Ain-
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Joaquim Ramos
da por cima, uma sangria emigratória diferente das anteriores, pois quem é obrigado a fazer vida no estrangeiro são jovens altamente qualificados, nos quais o País, isto é, nós todos, investiu muito dinheiro e do qual, por incapacidade, não recolhe qualquer fruto – a não ser as remessas que esse novos emigrantes ainda vão enviando para cá. Mas desconfio bem que, com o grau de confiança que a Banca portuguesa inspira, qualquer dia nem desse benefício usufruí-
mos. Mas a dificuldade aguça o engenho e a criação artística jovem em qualquer campo tem conhecido uma enorme expansão nos últimos anos, quer em quantidade quer em qaualidade. Nós temos hoje em dias jovens portugueses que dão cartas em qualquer canto do Mundo, não só em qualquer ciência ou profissão, mas também em qualquer ramo da criação artística : música, dança, literatura, cinema, desporto e outras formas
contemporâneas de expressão artística. E também, cá dentro, existe uma número crescente de talentos que vão felizmente encontrando um público cada vez mais atento às suas capacidades, embora os sucessivos Governos tenham, como prova da sua própria incultura, dado uma papel de “sobras” à promoção da Cultura, e especialmente ao estímulo da cultura jovem. Mas os jovens de hoje têm mais uma capacidade que na minha
geração ainda começava apenas a despontar : a capacidade de fazer qualquer coisa, de se adaptar às circunstâncias da vida, a descobrir formas de intervenção que nem passavam pela cabeça dos jovens do meu tempo, ainda não libertados dos conceitos de classe de do parece bem ou parece mal. É óbvio que muitos poucos jovens sobrevivem apenas pelo exercício da sua arte. Mas são capazes de “inventar” formas de a pôr em prática e lutar por ela.
Tenho um filho que é músico. Naturalmente que se vivesse de tocar piano, já teria sido obrigado a emigrar. Mas descobre formas de intervir, cria conjuntos e propõe espectáculos, toca em casamentos e batizados, piano portátil na mala da carrinha, dá aulas em várias escolas e em casa e é capaz, pelo Natal, ele e os seus amigos, de comprarem uns barretes de Pai Natal no Chinês e irem cantar à entrada das igrejas e nas estações de Metro, com uma caixinha de papelão para onde os passantes e ouvintes lhes atiram moedas (às vezes, uma ou outra notita...). Os jovens artistas portugueses de hoje, para além do desafio que é a constante evolução da sua arte, têm por acréscimo que inventar formas inéditas de fazer chegar a sua marca ao público. Não podem ser só artistas. Têm que ser também inventores. E duma vez por todas, os Governos (que ainda não o entenderam) e as Autarquias Locais (que, sempre pioneiras, já o praticam em maior ou menor escala), têm que perceber que a base duma Cultura é a promoção dos seus próprios talentos.
É sempre tempo de viver e fazer reviver a arte omo uma luz saída da festa da porta da casa dos trabalhadores, junto à fonte do Gorjão, Joaquim já brilhava, sentado na bossa de um sobreiro centenar, ali para os lados da Ribeira de Almofala, não muito longe da herdade ganadaria de Carlos e Manuel Veiga, mais precisamente nas Talasnas, junto ao famoso Marmeleiro, na freguesia do Chouto. Ali cantarolando para as mondadeiras do arroz, “montargileiras” e gente local, já recebia algumas moedas, que a sua irmã Leonor recolhia, ao mesmo tempo que dava um jeito no coro. Eram pequenos laivos de solidariedade repartidos. As mondadeiras aliviavam as dores nas costas e nas pernas, e a saudade de casa, e os jovens cantadores repartiam o seu prazer da música e do seu simples estar. O estigma do Artista perseguia-o, estava
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sempre presente na sua imaginação. Pela sua sagacidade, inquietude, força de vida, obra tentada, obra feita. E sempre o brilho do seu olhar, o seu coração bom e a simplicidade, que despertaram o interesse dos professores, que sugeriram aos pais outros voos para aquele rouxinol de livre pensar. Referiram que aquela imaginativa e dinâmica criança deveria ir estudar para a Cidade. Era da opinião dos professores que ele deveria seguir qualquer área, e naturalmente em qualquer área artística. Parafraseando, o país dele não deixou. Nem por mais horas na oficina, nem por mais searas de milho e arroz, nem por mais horas na cozinha ou a organizar casamentos, os pais não conseguiam colocar o Joaquim numa escola que o conduzisse à Luz, mesmo que ela já existisse no seu olhar e
mesmo que da Alma não lhe fugisse. Mas existiam mais seis irmãos, aos quais a família teria de alimentar, pois naqueles anos, antes de abril, o país pouco, e a poucos deixava … Os primeiros brinquedos que tive, um trator de cortiça e uma bicicleta de arame de ferro, foi aquele jovem, com cerca de nove anos, que os fez com a sua imaginação e mãos hábeis. Já antes me tinha ofertado um cavalo de barro, mas era uma arte efémera, que por não estar a matéria transformada cozida, desfazia-se, e logo ali, o que muito enervava o artista, dava-lhe uma veneta, dizia-se, e partia tudo. Tão importantes como estes brinquedos, obras de puro artesanato, apenas relembro, um carro de lata pintado, que o meu pai me ofereceu pelo Natal, o avião de motor de elástico que uma irmã me ofere-
ceu, o livro “Constantino, guardador de vacas e de sonhos “ de Alves Redol, que a minha irmã mais velha me ofereceu. Outros tive, quase sempre oferta dos irmãos, mas marcou-me principalmente, a arte do jovem que transformou a cortiça e o arame de ferro, em arte, para agradar e entreter este seu irmão mais novo, num tempo em que as pinhas e as bolotas, devidamente trabalhados, transformavam-se em brinquedos, e traziam a alegria das crianças que não sabiam que existiam “barbies” nem Armazéns do Chiado. E passou mais de meio século, o jovem já foi pai, e avô. Fez da sua Vida um palco para a modificar e a ganhar. Na ponta de um martelo de aço, transformou lágrimas em brilhantes, deixou que chapas de aço às suas mãos ganhassem outra vida e alterando-se produziam
pão, madeira para móveis, tonéis para vinho, e muito mais o que a indústria permite. Quis a Vida, que a Arte, quase prisioneira dentro de si não o abandonasse. Na verdade, de soslaio, namorava-o, e com a cumplicidade, daquele homem, de profissão carpinteiro, que curiosamente tem a profissão do seu pai, envereda por procurar a disciplina do ensino da Arte de cantar o Fado, na Escola de Fado de Alvequense (ARDCEFA). Inicia, assim, como amador, o renascimento da sua arte musical, que embora esquecida na Charneca Ribatejana, se reconstrói e reaparece, para em muitas tertúlias de amigos, e outros espaços próprios, partilhar, “a moda” de cantar o fado “à ribatejana”. Joaquim Samuel nunca esquece, nem renega as suas origens, e não admite que existem ideias, artes ou memórias
José João Canavilhas* perdidas. É lutador e continua, eleva-as e numa sempre pronta coragem, diz aos jovens que é sempre tempo de Viver e fazer reviver a Arte, mesmo que “o nosso país não deixe”. E as tuas outras Artes Joaquim? -Não se perdem! – Responde – Um dia destes reaparecem como são, ou reinventam-se, pois a Alma de um Artista e a sua Arte é património de todos, e nunca morrem, apenas por vezes, hibernam, como que à espera de melhores oportunidades. É por isso que um Artista sonha e nunca desiste.
Valor Local
Opinião
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Nós, o País de Abril e o… Facebook... á sempre um tempo nas nossas vidas em que começamos a fazer o balanço dos caminhos que percorremos, os erros que nos definiram, as causas que defendemos, as pessoas que nos marcaram pelo seu exemplo e as que ambicionámos influenciar e nunca conseguimos. Num dia de Abril que queríamos multiplicar por mil, sonhámos uma liberdade que nos foi sendo cada vez estranha numa busca incessante de conceitos em que a minha geração foi presa fácil de interesses e onde se derrotou, derrotando-nos…! 40 anos depois tornámo-nos azedos, muitas vezes mesquinhos, demasiadas vezes arrogantes num pragmatismo sem princípios. Os últimos anos – não, não vou voltar a falar daquilo que se passou politicamente e que cada um interpreta à sua maneira e com o “olhar” que foi construindo nos atalhos da vida – colocaram-nos, a muitos de nós, em “trincheiras” onde miramos os nossos alvos com “espingardas de franco atirador” tentando acertar em todos os que passem ao alcance da nossa frustração. Olhamos para a “Política” já sem qualquer preocupação de a diferenciar da… “política”... feita com um “p” tão pequenino que deixou de ser ciência e se tornou literatura de cordel, influenciada por uma imprensa que, na generalidade, deixou de ser há muito o 4.º poder e cada vez mais se as-
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Daniel Claro
sume como aparelho ideológico de uma classe dominante que já não esconde a voragem com que vai depredando os recursos humanos, sociais e económicos, numa caminhada que apenas será detida se a nossa consciência nos conduzir à recuperação dos conceitos de cidadania que estiveram na base de um sonho de Abril, feito revolução num dia 25. Progressivamente fomos abandonando as estruturas de convívio pessoal colectivo e esse espaço na nossa vida foi sendo ocupado por outras formas de relaciona-
mento que promovendo uma proximidade artificial nos desviaram, cada vez mais, da participação cívica! Um exemplo disso é o Facebook do qual nos aproximámos com a curiosidade feita de horizontes novos mas que depressa nos apropriámos para nos tornarmos – cada um de nós – em seres humanos cheios de boas intenções que não praticamos e de grandes princípios que não resistem ao esforço de levantar do sofá…! Nesta altura dirão os leitores já fartos de tanta lamúria: “mas olha lá... não há esperança…?” Claro que
sim…! Há dias envolvi-me numa pequena polémica no Facebook sobre uma proposta de um partido (declaração de interesses: eu sou aderente desse partido) para que, e tendo em vista novas políticas em termos de igualdade de género na administração pública consagradas quer em resoluções europeias, quer em documentos do anterior governo, o “cartão de cidadão” um dia viesse a chamar-se “cartão de cidadania”, mais consentâneo com os dois géneros que abrange. Acresce que o partido em causa,
nessas matérias, tem apresentado várias propostas bem como outras dirigidas à violência doméstica, ao crime de violação, etc. sendo que esta resolução será talvez a menos determinante e apenas uma pequena peça de um puzzle mais geral mas ainda assim perfeitamente integrada nos interesses que o partido sempre manifestou e defendeu. O Facebook, por seu lado, explodiu em expressões dirigidas aos proponentes e apoiantes da proposta de resolução, com epítetos em que os mais simpáticos eram “palermas”, imbecis” e o
meu favorito”vão trabalhar...”! Nesta altura dirão os leitores: “pois, pois, mas se calhar tu fazes o mesmo quando são os outros...”! É verdade... eu também já o terei feito e por isso não faço julgamentos de carácter ou outros… no entanto e como matéria de reflexão quero contar-vos o seguinte: publiquei na minha página daquela rede social uma opinião concordante com essa mudança do nome do cartão e teve cerca de duas dezenas de comentários… no dia seguinte publiquei a notícia de uma proposta do mesmo partido (essa sim já apresentada e votada) sobre a distribuição de “bombas de insulina” a crianças e que o parlamento até aprovou por unanimidade… não teve um único comentário! Creio que isso diz algo sobre o patamar de consciência que atingimos e sinceramente a minha esperança, neste país em Abril, advém do facto de ainda haver gente – em todos os partidos, certamente – com a ousadia de propor um qualquer “Cartão de Cidadania” que nos relembre a igualdade de direitos e deveres que devemos usar em liberdade e na qualidade inalienável de cidadão ou… cidadã!
Hospital de Vila Franca de Xira… O que mudou que mudou no Hospital de Vila Franca Elogiar não dói, mas é muito mais confortável e prático criticar. Quantos de nós já usámos o livro de elogios? Está ali mesmo ao lado do livro de reclamações. Corre-me a pena desta forma depois de mais uma manhã passada no Hospital de Vila Franca de Xira. Enquanto espero pela consulta numa sala confortável, com um ambiente agradável, uma decoração simpática e sem odores a hospital, escuto os desabafos dos que me acompanham. Frequentei durante 25 anos o velho Hospital de Vila Franca de Xira e não tenho saudades. O novo Hospital abriu-nos as portas em abril de 2013. Foi uma mudança significativa para a vida de quase 250 mil potenciais utilizadores. A unidade serve “clientes”, sim somos mesmo “clientes”, dos concelhos
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de Vila Franca, Alenquer, Arruda dos Vinhos, Azambuja e Benavente. A abertura desta unidade foi uma rotura com o passado. Não mudou apenas o espaço físico com um Hospital moderno, bem equipado, confortável e seguro. A maior mudança foi na gestão e operacionalidade dos recursos humanos. Não é fácil mudar mentalidades, mas até os mais resistentes já se habituaram às regras e são hoje colaboradores mais bem preparados, mais empenhados, mais dedicados, mais produtivos e mais educados. Nunca é tarde para se melhorar e da mesma forma que o mal se contagia, também as boas práticas podem ter o efeito do contágio pela positiva. O Novo Hospital de Vila Franca de Xira é gerido através de um modelo de parceria entre o Estado Português e o Grupo José de
Mello Saúde. Vencido o tempo dos sustos do papão dos privados, quase todos entenderam que mesmo na saúde é importante haver uma gestão empresarial sem perder a responsabilidade de um serviço público, universal e acessível a todos. Frequento hospitais privados onde os serviços são muito bem pagos e confesso que nunca senti diferenças significativas. Quem faz a diferença nos hospitais são as pessoas que lhes dão vida. No Hospital de Vila Franca temos profissionais de excelência com competência, dedicação, espírito de serviço e respeito pelo doente. Temos o direito de exigir, mas também temos o dever de colaborar para a melhoria da eficiência dos serviços. Acreditem que da mesma forma que há maus profissionais de saúde também há doentes maus, com-
plicados, demasiado exigentes e nada colaborantes. São estes que mais facilmente promovem a crítica, a maledicência e tentam generalizar a partir de um caso prático, como se todos os profissionais deste hospital fossem maus. É injusto, tremendamente injusto! Quando alguma coisa corre mal reclamamos e vamos para a comunicação social promover a censura do serviço ou da unidade. E quando somos bem tratados, como devemos ser sempre? Dizemos que “não fazem mais que a sua obrigação. É por isso que eles ganham o dinheiro.” Não conheço ninguém que não goste de um elogio. Por vezes é mais confortante que uma melhoria do salário ou uma promoção. Ouvir alguém dizer estou-lhe grato por me ter salvado a vida por me ter aliviado o sofrimento toca a alma de quem
escuta. É um estímulo. Neste hospital há nove salas de bloco operatório onde se salvam vidas e aliviam-se dores e sofrimentos. São 233 camas de internamento quase sempre ocupadas. Temos 24 especialidades médicas em mais de 30 gabinetes. Aqui neste edifício alto com vista soberba sobre o Tejo e a Lezíria, salvamse pessoas e brotam novas vidas nas seis salas de partos onde se ouve o primeiro eco de um novo bebé. Talvez não saiba, mas o Hospital de Vila Franca é um dos mais seguros do país. É Acreditado pela Joint Commission International (JCI), a mais prestigiada organização acreditadora na área da saúde, a nível mundial. Tem a classificação máxima, de nível de excelência clínica III, em Cirurgia de Ambulatório, Cuidados Intensivos, Ginecologia e Ortopedia coo revela o
Nelson Silva Lopes * SINAS - Sistema Nacional de Avaliação em Saúde, da Entidade Reguladora da Saúde. As especialidades Neurologia Obstetrícia e Pediatria obtiveram o nível II de excelência clínica. Nada disto acontece por acaso. É fruto duma boa organização e duma otimização dos recursos humanos feita à custa de enorme sacrifício de médicos, enfermeiros, técnicos, auxiliares, administrativos, operacionais e demais colaboradores do hospital. Só me apetece dizer. Bem hajam todos! *Jornalista/consultor de comunicação
Política
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Valor Local
Reparar a Ponte Dona Amélia custa um milhão de euros
s Câmaras de Salvaterra e do Cartaxo ponderam reparar o piso da Ponte Dona Amélia. A informação foi avançada no âmbito de um périplo de deputados da Assembleia da República e autarcas do PS pelo concelho de Salvaterra no dia 4 de abril. O presidente da Câmara de Salvaterra, Hélder Esménio, ao Valor Local, referiu a importância regional daquela travessia, ao mesmo tempo que vincou a necessidade de um estudo preliminar. “É preciso ter noção da grande responsabilidade que existe, hoje, ao manter a ponte aberta sem um estudo preliminar de base científica que demonstre o estado em que se encontra” referiu o deputado António Gameiro. Também o presidente da Câmara Municipal de Salvaterra de Magos, Hélder Esménio, referiu a necessidade de envolver o Governo nesse mesmo estudo, para o qual já foi chamada a empresa de construção Teixeira Duarte para fazer uma caracterização daquela ponte. O autarca salientou que, nesta al-
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tura, a Câmara de Salvaterra está a realizar o estudo à superfície, enquanto a câmara do Cartaxo leva a cabo o estudo em profundidade para averiguar se existem problemas com as fundações e pilares da ponte. Para Hélder Esménio é agora necessário “encontrar um modelo que possa permitir reparar algu-
mas placas no pavimento, bem como as guardas que protegem as pessoas que circulam na ponte e nos passeios” e para tal espera contar com a parceria, “por exemplo, do Instituto Superior Técnico.” O autarca reforçou também a ideia da necessidade de se encontrar financiamento para esta obra junto do Governo, em conjunto com a
Visita da comitiva socialista ao local câmara do Cartaxo já que os financiamentos da União Europeia, nomeadamente o Portugal 2020 não
privilegiam obras deste tipo. O autarca esclareceu ainda que esta intervenção não tem ainda
um custo definido, mas poderá estar entre meio milhão e um milhão de euros.
Daniel Branco diz que ainda recebe convites de Vila Franca fastado da Câmara e do concelho de Vila Franca de Xira há cerca de 16 anos, Daniel Branco confessa que não acompanha “bem “ o que se passa naquele município que geriu para a CDU durante mais de 20 anos. Com efeito o antigo autarca que agora é vereador da oposição em Oeiras, salienta ao Valor Local que apenas amiúde, lá vai sabendo algumas coisas daquele município que perdeu em 1998 para a socialista Maria da Luz Rosinha. Daniel Branco confidencia ao Valor Local que não manteve muitos contactos com a sua sucessora Maria da Luz Rosinha, mas que ainda mantém “contatos com o atual presidente da Câmara, Alberto Mesquita”, explicando que o mesmo tinha sido seu vereador em Vila Franca. “Ainda hoje temos uma relação cordial”, salientando que tem recebido muitos convites de iniciativas naquele concelho. Excetuando esses convites, e algumas conversas amiúde com eleitos locais que vão colocando o antigo autarca a par de algumas atividades, Daniel Branco admite não acompanhar mais do que isso. Daniel Branco que recusa um regresso político ao concelho de Vila Franca de Xira, salienta que em Oeiras a CDU é completamente diferente: “Temos eleitos em todos os órgãos autárquicos, mas enquanto em Vila Franca tivemos a maioria na Câmara, em Oeiras é um trabalho completamente diferente e mais difícil, mas de que gosto e que tenho vindo a desempenhar da melhor maneira possível. É outro desafio” recorda. Daniel Branco Sobre a CDU em Vila Franca, Daniel Branco diz que acompanha a “evolução de Nuno Libório”-. O antigo autarca lembra que mantem ainda a ligação ao cabeça de lista comunista nas últimas eleições em Vila Franca. Aliás Daniel Branco diz que como Libório trabalha numa Câmara na margem sul esse contacto é frequente, isto para além da própria organização partidária a que pertencem. Por outro lado, o antigo autarca vinca estar a par através de Nuno Libório das “guerrilhas e de situações em que acusam a CDU de ser a culpada disto ou daquilo” e remata dizendo: “Não tenho disponibilidade para entrar em algum tipo de argumentação, que não se justifica minimamente com as posições que o PSD tem assumido”.
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Valor Local
Política
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Azambuja avança para contratação de serviços para revisão do PDM Câmara Municipal de Azambuja prepara-se para contratar serviços de apoio para execução do Plano Diretor Municipal, que de acordo com o site da Comissão de Coordenação da Região de Lisboa e Vale do Tejo (CCDR-LVT) encontra-se inativo no concelho de Azambuja no que respeita às diversas comissões que o devem acompanhar, nomeadamente, a comissão consultiva e a técnica. No total, a Câmara vai pagar 130 mil euros pela contratação destes serviços. Em declarações ao Valor Local, o presidente da Câmara de Azambuja, Luís de Sousa, refere que vão ser abertos concursos para di-
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versas áreas, dado que a autarquia não tem técnicos suficientes para levar a cabo a revisão do PDM. Numa das últimas reuniões do executivo, o vereador da coligação de centro-direita, Jorge Lopes, questionou a Câmara sobre o estado em que mergulhou este processo, a que se juntam os planos de pormenor de Aveiras de Cima e de Azambuja, bem como as modificações de RAN e REN, normalmente, levadas a cabo por uma empresa contratada pelo município. “Seria de questionar se a empresa apenas elabora os projetos ou se depois também os acompanha a nível da CCDR, até porque
não acredito que a CCDR tenha algo contra o município de Azambuja para o facto de não ter havido continuidade quanto a estes planos de pormenor e cartas de reserva agrícola e ecológica que acabam por não passar do papel”. David Mendes, da CDU, também deu uma achega quanto a esta matéria, referindo que se os planos de pormenor não avançaram foi “porque os promotores privados deixaram de ter condições para andarem com os processos para a frente”. “Mas compreendo a sua relutância (de Jorge Lopes) em atribuir as culpas aos promotores”, referiu. O vereador comunista também não entende a opção de con-
tratação de serviços externos quando “os mesmos poderiam ficar na alçada dos trabalhadores da Câmara, contribuindo-se assim para o aumento de know how da autarquia nesta matéria” Por seu turno, o presidente da Câmara, Luís de Sousa, adiantou que “a Câmara já conseguiu efetuar algum trabalho que se encontra bastante adiantado”, quanto ao PDM. Ao Valor Local, João Pereira Teixeira, presidente da CCDR-LVT não considera que o município de Azambuja esteja especialmente atrasado nesta matéria: “Em março de 2015 realizou-se nesta CCDR uma reunião com a Câmara de Azambuja, em que se abor-
dou a sequência deste processo, tendo ficado acordado que a constituição de nova Comissão Consultiva (CC) seria promovida em data
próxima da realização de nova reunião”, sendo que “está dependente do desenvolvimento da proposta pela autarquia.”
Luís de Sousa identifica avanços no PDM
Revisão do PDM em Salvaterra de Magos e Cartaxo em curso N
outros concelhos da região, a revisão do Plano Diretor Municipal também se encontra em andamento. O novo Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial (RJIGT) estipula que os planos municipais, no prazo máximo de cinco anos, (desde 2014) devem estar concluídos, sob pena de no limite as Câmaras sofrerem penalizações a nível dos fundos comunitários. No concelho de Salvaterra, o processo foi iniciado em 2005, conheceu depois uma fase em que ficou estagnado, sendo que atualmente encontra-se em elaboração a Carta Municipal da Reserva Agrícola Nacional, e por novo parecer da CCDR-LVT e Agência Portuguesa do Ambiente a proposta de Reserva Ecológica Nacional bruta. Simultaneamente está em preparação proposta de
ordenamento para entrega na CCDR-LVT. O município optou por uma solução mista quanto à contratação de serviços externos, por ausência de recursos próprios e específicos, tendo em consideração o reduzido número de técnicos municipais e respetiva disponibilidade e a capacidade científico-técnica para a realização de trabalhos de ordenamento do território, ambiente e urbanismo. O valor dos serviços externos perfaz um total de 133 mil 560 euros. Por um lado, recorreu a firmas de consultoria para a elaboração de elementos do processo de revisão do PDM. Por outro lado, encontram-se a ser utilizados funcionários municipais, para a elaboração das cartas municipais da RAN e da REN e de Riscos (naturais, tecnológicos e mistos). A
Câmara não consegue para já adiantar uma data para as sessões públicas que deverão ocorrer na sequência do deferimento pela CCDR da proposta de plano entregue. Quanto a novas zonas industriais está prevista uma nova área junto ao nó da A13 em Foros de Salvaterra. Contudo não se preveem novas zonas habitacionais. Porém, pretende-se conferir, em termos de ordenamento, classificações de solo que visem salvaguardar as áreas edificadas dispersas (rurais ou urbanas) e os aglomerados rurais existentes, no sentido de valorizar o território e, por conseguinte, as pessoas e atividades económicas. A autarquia não possui ainda uma data para a conclusão da revisão do plano, tendo em conta que são 17 as entidades, a maio-
Telmo Correia prevê repetição de coligações nas autárquicas CDS e o PSD deverão voltar a concorrer à Câmara de Azambuja em conjunto. A informação foi avançada pelo líder da distrital de Lisboa, Telmo Correia, durante um encontro promovido pelo partido sobre o Rio Tejo em Azambuja. Telmo Correia não especifica concretamente esta situação, mas vinca que a distrital dá “total liberdade” às concelhias de escolherem o seu caminho. Aliás o deputado e presidente da distrital de Lisboa vinca que quando se trata de eleições autárquicas “o CDS não tem um modelo único”, e vinca que “em concelhos onde a coligação corre bem, e onde exista vontade local dos partidos há razões para continuar”, e dá como exemplo a candidatura à Câmara de Cascais em conjunto com o PSD, “onde as coisas correram bem.” No caso de Azambuja, tudo indica que a coligação voltará a uma candidatura conjunta. Segundo sabe o Valor Local, essa parece ser a vontade de alguns responsáveis de ambos os partidos, pese embora Telmo Correia explicar que ainda nada foi decidido sobre essa matéria. O deputado salienta que se trata de especulação jornalística quando se afirma que Assunção Cristas, a nova líder do partido, já tomou a decisão de se candidatar à Câmara de Lisboa. Telmo Correia adianta que devem prevalecer as vontades das populações e das concelhias, sendo que existiram casos nas eleições passadas onde as coligações foram desfeitas. É o caso de Vila Franca de Xira, onde o CDS e o PSD concorreram de forma independente, e “onde eu achava que podia haver um acordo de coligação”, refere Telmo Correia que reconhece que a votação final não foi boa para ambos os partidos. Ainda assim, o presidente da distrital de Lisboa salienta o crescimento do CDS em Vila Franca e a representação que conseguiu na Assembleia Municipal. Por outro lado, o responsável vinca que o CDS poderá apoiar candidaturas independentes, como é o caso de Rui Moreira no Porto, ou outras soluções, defendendo que o partido deverá apostar em candidaturas fortes como no caso de Lisboa. “Não entraremos em conversas dos outros partidos. A seu tempo veremos isso” salienta Telmo Correia referindo-se ao facto de o PSD ter rejeitado coligações com o CDS à frente, e frisa que no que toca aos acordos, estes vão ser avaliados caso a caso.
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ria delas da administração central que compõem a comissão de acompanhamento e que se deverão pronunciar. No que concerne ao concelho do Cartaxo, o município procura encontrar a solução de um PDM que responda às necessidades da população, que seja “amigo e não um obstáculo” da dinâmica económica local, “mas que salvaguarde um equilíbrio ambiental e paisagístico dos nossos valores naturais e que acima de tudo, nos ajude a gostar mais dos nossos sítios porque os vamos tratar melhor (arborizar, ter infraestruturas, cuidar da imagem dos edifícios, fazer obras de reabilitação e pintar os edifícios, executar passeios, valorizar os pequenos largos e os espaços de descompressão)”. A autarquia entende que seria positivo que o PDM já estivesse concluído no final do primeiro trimestre de 2017, tendo em conta que são diversas as dificuldades e condicionalismos que a Câmara enfrenta na sua execução. “O principal problema que incide so-
bre o processo de revisão do plano está focalizado numa aparente contradição no nosso sistema legal de ordenamento e planeamento do território”. “De um lado as orientações de política de ordenamento do território a nível nacional e regional, por exemplo o Programa Nacional de Política de Ordenamento do Território ou o Plano Regional de Ordenamento do Território do Oeste e Vale do Tejo, que sugerem formas de contenção de perímetros urbanos e modelos de organização espacial que não encontram qualquer correspondência com a ocupação atual do solo.”, esclarece o município. Por ambas as posições “serem compreensíveis o processo negocial será, certamente, exigente.” Até à data, a autarquia já levou a cabo diversas ações no âmbito da revisão do instrumento como a delimitação da REN bruta já submetida à CCDR e APA. Neste momento estão a ser concretizadas as alterações pedidas. O mesmo trabalho está a ser feito para a RAN mas tendo como
interlocutores a CCDR e a Direção Regional de Agricultura e Pescas. Elaboração de estudos de caracterização, mapas de ruído, e relatórios no âmbito da avaliação ambiental estratégica foram também feitos chegar às entidades. Neste momento, a Câmara também já recorreu a serviços externos tendo contratualizado um valor total de 82 mil 074 euros com empresas relacionadas com consultoria e planeamento, e de medições acústicas. Nesta fase, a autarquia já leva a cabo sessões públicas de apresentação das alterações ao PDM, sendo que “todos os contributos resultantes desses fóruns estão a ser analisados e ponderados”. Após todo o processo negocial, e antes de o mesmo ser submetido a aprovação em assembleia municipal, “haverá novamente um período onde todos podem novamente avaliar e analisar a proposta de plano e sugerir ou reclamar por possíveis alterações tendo em conta os seus interesses particulares”.
Aterro da Queijeira volta à baila presidente da Câmara de Azambuja, Luís de Sousa, refere que já não há volta a dar no que toca ao processo que prevê a instalação de um aterro de resíduos não perigosos da Suma na Quinta da Queijeira, em Azambuja. Todas as ações estão devidamente licenciadas, de acordo com as suas palavras. “Sendo que não cabe à Câmara autorizar não mais do que os anexos, (o que já foi feito) e não a laboração do aterro”. Sendo que nesta altura do campeonato, o consórcio Suma que vai explorar o aterro já conseguiu mais uma prorrogação no que toca à sua atividade junto da CCDR e APA. Não se sabendo muito mais acerca do que estará para vir em termos da atividade e dos impactes que poderá ou não vir a causar. O vereador da Coligação Pelo Futuro da Nossa Terra, Jorge Lopes, questionou a Câmara sobre a declaração de interesse ambiental já que na sua opinião a revogação que impossibilitava o aterro teve lugar não só na assembleia mas também na Câmara, e junto do advogado do município quis perceber até que ponto é que será possível ou não dar a volta à questão e se foram atendidos os devidos fundamentos legais no processo. O vereador em reunião de Câmara expressou que a resposta face a esta questão continua “a ser insuficiente e não responde” às suas perguntas. Recorde-se que o processo de instalação do aterro recebeu os votos favoráveis no mandato de Joaquim Ramos, tendo sido revogado no atual mandato, mas de acordo com a Câmara sempre prevaleceu junto das entidades estatais a primeira votação/decisão. O Valor Local questionou ainda o presidente da Câmara sobre se já foi chamado pelas instâncias judiciais no que concerne à carta de um cidadão do concelho ao Ministério Público a denunciar as possíveis ilicitudes do processo, mas Luís de Sousa diz que até à data ainda não houve contactos.
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25 Abril
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Valor Local
Renato Campos, 1º presidente da Câmara do Cartaxo, depois da Revolução
“Faltava fazer tudo no concelho” ¢ Miguel A. Rodrigues 25 de Abril de 1974 trouxe a nu muitas das dificuldades pelas quais as populações passa-
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vam, mas de que ninguém falava. Foi assim de norte a sul do país e tronaram-se mais visíveis com as primeiras eleições autárquicas no
Um dos autarcas de Abril
período pós revolução. Nessa altura, fervilhavam as reuniões políticas um pouco por todo o lado e o “apetite” pela causa pública era
sem dúvida bem diferente dos dias de hoje. Foi assim no Cartaxo, onde Renato Campos se tornou o primeiro presidente de Câmara eleito. Em entrevista ao Valor Local, o antigo autarca lembra que a sua atividade política já vinha da luta académica dos anos 60. Nessa altura andava envolvido “no meio e nos principais acontecimentos” com “as correspondentes represálias por parte da polícia política”. Tal situação levou-o a ter uma vida mais ativa no mundo da política depois da Revolução. Renato Campos lembra que aderiu ao Partido Socialista a 1 de maio de 1974, tendo aberto a primeira sede do PS alguns meses depois. É por isso que refere com orgulho – “Atualmente, somos os militantes mais antigos do distrito de Santarém. Portanto o ‘bichinho’ da política já vinha de longe”. Todavia, e apesar do envolvimento no mundo da política de forma mais ativa refere que nunca pensou participar em nenhum órgão autárquico mas “numa noite, já próximo do fim do prazo para a apresentação de listas, vieram a minha casa, dizendo-me que só haveria lista do PS se eu a encabeçasse”, lembra-se. “Não estava à espera, balbuciei um não indeciso, mas acabei por aceitar participar nessa nova aventura política, que para todos nós, afinal, era uma estreia absoluta”. Renato Campos diz que não sabe de cor todos os nomes que participaram na primeira comissão administrativa. Já no que toca ao pri-
meiro executivo camarário eleito a memória é mais viva - “Lembro-me muito bem de todos eles, três dos quais, infelizmente, já falecidos. Portanto, além de mim, estavam Anselmo Rocha (PS), Maria José Campos (PS), Josefino Parente (PS), Felisberto Martins (FEPU), José Gonçalves (FEPU) e Fernando Luís (PPD).” Renato Campos recorda que durante a campanha que decorreu em novembro de 1976, “o PREC estava mais calmo, e as pessoas, na generalidade, já se respeitavam melhor dentro das regras democráticas”. Se bem que, a acrescentar “à divisão ideológica, ainda houvesse um bairrismo exacerbado que, por vezes, dificultava essa convivência”, ainda assim “tudo decorreu sem incidentes de monta.” Renato Campos venceu as eleições, e a 2 de janeiro de 1977 tomou posse o Governador Civil de Santarém, que à época era Fausto Sacramento Marques. Renato Campos lembra que depois e já como deputado “seria o proponente e relator do projeto de lei que criou a região demarcada do vinho do Cartaxo, englobando também o concelho de Azambuja”. O antigo presidente da Câmara do Cartaxo recorda-se bem das dificuldades do início da democracia para as populações pois “não existiam finanças locais e, em alguns casos, os funcionários tinham dificuldade em passarem por cima de burocracias antigas, que lhes ensinaram como tabus”. Por isso era difícil responderem com “entusiasmo e celeridade às exigências de uma nova fornada de autarcas impacientes por resolverem depressa os inúmeros problemas que todos os dias lhes eram postos”. O concelho do Cartaxo, à semelhança de tantos outros concelhos tinha muitas insuficiências. Renato Campos prefere falar do que não tinha o município em vez do que lhe fazia falta, e recorda por exemplo que o abastecimento de água só cobria “e mal o centro urbano do Cartaxo”. O saneamento básico não passava dos 10 por cento e não tinha qualquer tratamento. Quanto ao ensino, este terminava na antiga quarta classe e não existiam postos médicos. Quanto à rede viária, imperavam o “macadame e os buracos” e não existia um edifício municipal em condições. “Enfim, costumo evocar como exemplo do atraso que fomos encontrar, o facto de dez anos depois de o Homem ter ido à Lua e de estarmos num concelho a 60 quilómetros da capital, ainda ser preciso inaugurar a eletricidade em várias povoações rurais. Nem fazia ideia desse estado tão carente, e no ato inaugural, pedia sempre
desculpa às populações por esse atraso civilizacional”. O executivo teve então de colocar mãos à obra e começou como prioridade, entre outras, a modernização da estrutura municipal “e pô-la a funcionar em novos moldes”. O antigo autarca recorda que, por fases, o município foi construindo a rede de águas e saneamento a par da recuperação da rede viária do concelho, “dando preferência aos maiores aglomerados populacionais”. “Isto tudo de forma responsável e faseada, pois nunca quisemos que a Câmara constituísse mais um problema para a economia do concelho, mas sim que fosse um fator da sua dinamização, já que, tal como hoje, os tempos eram muito difíceis. Como exemplo digo-lhe que os pagamentos ao comércio local eram imediatos, e os restantes não passavam em média, os 45 dias”. Não foram tempos fáceis, pois todos os dias, recorda o antigo autarca “choviam denúncias de carências e a exigência da sua resolução imediata”. “As reuniões camarárias tinham multidões a reivindicarem melhoramentos para as suas terras”, algo que foi sendo resolvido com a “colaboração das populações, disponibilizando mãode-obra, tratores, donativos”. Com efeito o concelho do Cartaxo é um dos poucos da região, talvez a par com Alenquer cuja gestão tem sido sempre feita pelo Partido Socialista. Renato Campos diz que sobre isso ”será melhor perguntar ao eleitorado”, atribuindo o facto “talvez à reconhecida capacidade de os autarcas socialistas se identificarem corretamente com as populações e com os seus anseios”. Já quanto às dificuldades financeiras do município com a gestão de Paulo Caldas a ser o alvo de todos os focos, Renato Campos escusase a comentar “por uma questão de ética”. Mas reconhece que a atual situação financeira do município “é muito difícil e muito limitadora da atuação que o presente executivo queira realizar” Quanto à gestão de Caldas, refere que talvez este “tenha querido concretizar no concelho, decerto com boa intenção, um modelo de desenvolvimento, cuja dimensão não estava conforme com os meios de que dispunha” e atribui também responsabilidade à oposição já que “também não existiu por parte dos demais partidos políticos uma posição firme de inviabilizar ou de chamar a atenção para certas coisas que vieram a não dar certo e a criar as atuais dificuldades”, vincando no entanto o esforço do atual executivo para ultrapassar “a gestão menos conseguida de Paulo Caldas”.
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Instantâneos
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Retratos da nossa terra Editorial assados três anos, desde o lançamento do Valor Local, importa agora mais do que nunca olhar para o futuro, tendo presente o nosso passado. Foram três anos pouco fáceis, mas independentemente de qualquer traço de imodéstia podemos dizer que os passámos com distinção. Para o futuro importa, mais do que anunciar novos projetos, fazer algum tipo de exercício mental, desvendando alguns dos desafios que pensamos enfrentar no próximo ano. Independentemente de tudo o que se possa dizer relativamente aos jornais e à sua sobrevivência, importa salientar o caráter gratuito do Valor Local. A venda de jornais está em queda. Por todo Miguel António Rodrigues o lado, ouvimos sempre a mesma conclusão de que já ninguém compra jornais. E aqueles que apontam o dedo à gratuitidade dos jornais, também já chegaram à conclusão que de que estávamos certos e que assim chegamos a mais pessoas. Preferimos por isso que o jornal desapareça de uma qualquer prateleira do que fique à espera de ser devolvido à procedência. Obviamente que o controle de custos está sempre presente, e por isso apostamos na edição impressa uma vez por mês com notícias próprias e com enfoque na grande reportagem. A nossa periodicidade acaba por não ser um obstáculo mas uma oportunidade de desenvolver um trabalho diferente. Parece-nos para já o modelo adequado aos tempos que correm. É por isso que consideramos que a batalha nos próximos anos será entre os jornais de expansão nacional contra os regionais, tentando os primeiros conseguir quota de mercado no mesmo espaço onde se movimentam os jornais regionais, como já temos vindo a assistir. O Valor Local é nos dias de hoje um produto sóbrio. É um produto com provas dadas, mas que ainda tem muito para aprender. Sabemos que o nosso caminho é longo, mas a satisfação dos nossos leitores e parceiros é para já um grande alento. Obrigado
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m Azambuja e separados por uma ilha ecológica muito ciumenta, dois contentores tentavam há dias uma aproximação entre si. Não conseguimos saber o teor da discussão, mas pela foto percebe-se que um pau de cabeleira é sempre indesejado…
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executivo socialista da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira aceitou pousar para a objetiva do Valor Local aproveitando uma pausa num destes fins-de-semana de atividades naquele concelho. Alberto Mesquita chamou o momento de “o descanso do guerreiro”, mas ao que tudo indica… eram três os guerreiros a descansar. Calculamos que um dia Alberto Mesquita possa declarar aquele banco do passeio ribeirinho de Alhandra, como o “banco presidencial”….
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Tauromaquia Azambujense ¢
António Salema “El Salamanca”
Mês da Cultura Tauromáquica hega Maio. Em Azambuja temos o Mês da Cultura Tauromáquica; e a Tertúlia Tauromáquica Azambujense, vai apresentar uma exposição alusiva ao tema, que vai ter lugar na Galeria Municipal Maria Cristina Correia em Azambuja. A exposição que pretende mostrar a tauromaquia através dos tempos, presta homenagem aos antepassados da Quinta da Fonte Pinheiro, onde nasceu a coudelaria e ganaderia de divisa vermelha do Dr. Ortigão Costa, se bem que hoje, os toiros (que no seu início eram oriundos da ganadaria de Maria da Cruz Gomendio), pastam na Herdade de Alcobaça, em Elvas. Também homenageados serão Manuel Jorge de Oliveira e a sua Quinta do Açude, local de onde já saíram alguns grandes valores do toureio Português. Convidamos desde já todos os leitores a visitarem esta exposição.
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Memórias I (Manuel Azambuja) o dia 31 de março, passou mais um aniversário do nascimento de Manuel Joaquim Martins Dias, o “Manuel Azambuja”. Este Azambujense, crítico tauromáquico, foi o criador do programa radiofónico, Sol e Toiros, um dos mais conhecidos espaços taurinos da rádio Portuguesa.
N Presidente da Câmara Municipal de Salvaterra de Magos, Hélder Esménio, foi o único autarca a preocupar-se com a sua imagem para a foto de família da Águas do Ribatejo. Enquanto os outros autarcas que posaram para os jornalistas depois de uma conferência de imprensa na empresa Águas do Ribatejo descuraram a sua imagem, Esménio mostrou sem medos que não é feio um homem ajeitar o cabelo em público.
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Ficha técnica: Valor Local jornal de informação regional Administração: Quinta da Mina 2050-
273 Azambuja Redação: Travessa da Rainha, 6, Azambuja Telefones: 263 048 895 - 96 197 13 23 Correio eletrónico: valorlocal@valorlocal.pt; comercial@valorlocal.pt Site: www.valorlocal.pt Propriedade e editor: Associação Comércio e Indústria do Município de Azambuja (ACISMA); Quinta da Mina 2050-273 Azambuja. NIPC 502 648 724 Diretor: Miguel António Rodrigues CP 3351- miguelrodrigues@valorlocal.pt Colaboradores: Sílvia Agostinho CP-10171 silvia-agostinho@valorlocal.pt, Vera Galamba CP 6781, José Machado Pereira, Daniel Claro, Rui Alves Veloso, Augusto Moita, Nuno Filipe Vicente multimedia@valorlocal.pt, Laura Costa lauracosta@valorlocal.pt, António Salema “El Salamanca”Paginação, Grafismo e Montagem: Milton Almeida: paginacao@valorlocal.pt Fotografia: José Júlio Cachado Serviços administrativos: ACISMA N.º de Registo ERC: 126362 Depósito legal: 359672/13 Impressão: Gráfica do Minho, Rua Cidade do Porto –Complexo Industrial Grunding, bloco 5, fracção D, 4710-306 Braga Tiragem média: 5000 exemplares
Memórias II (Recordar Georgino Falcão - Parte 4) Falcão era um homem bom, amigo de ajudar o próximo, era frequente vê-lo acompanhado de pessoas mais novas. Ora um célebre domingo, juntou-se uma rapaziada para ir até Espanha, assistir a uma corrida em Mérida. O almoço esse nunca variava, pataniscas, carapauzinhos fritos, pão, vinho e alguma fruta. O grupo estava ansioso, pois tratava-se de um cartel de luxo para a época. Entretanto a caminho da capital da Extremadura, vimos um pinheiro com sombra abundante e resolvemos parar para almoçar. Era eu que levava a carrinha e quando a desliguei notei que tinha uma avaria, pois a bateria tinha problemas com o alternador. Quando disse isso aos meus colegas, o Falcão disse logo, que se fosse preciso comprava-se outra. Estava logo pronto a resolver o problema. Todos nos entreolhamos, mas eu disse que almoçávamos e depois via-se o que podíamos fazer. O almoço durou para aí umas duas horas e meia, no fim resolvi experimentar como estava abateria, meti a chave e a carrinha começou logo a trabalhar. Eu disse-lhe estamos safos, mas agora até Mérida, luzes ligadas para compensar o desgaste. Chegámos a Mérida, vimos a corrida e regressámos sem problemas. Foi esta uma das aventuras com este amigo dos toiros e de todos que era o Georgino Falcão.
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