Valor local edição dezembro 2016

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Valor Local

Jornal Regional • Periodicidade Mensal • Director: Miguel António Rodrigues • Edição nº 44 • 16 Dezembro 2016 • Preço 1 cêntimo

Legionella, 2 anos depois

Faturas Águas Azambuja: O Desespero

Pág. 10

Págs. 14, 15 e 16

Fumo branco no Caso Cartágua Pág. 11

Memórias do Incêndio no Palácio Infantado Pág. 7


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Crianças de Aldeia Gavinha criam jogo didático município de Alenquer voltou a apadrinhar um jogo didático no concelho. Desta feita concebido pelos alunos da escola de Aldeia Gavinha, agrupamento da Merceana, denominado: “À Conquista de Portugal Continental”. Depois do lançamento do seu congénere “Além Vou”, este jogo de tabuleiro também pretende constituir-se como uma ideia para oferecer neste Natal. Segundo a coordenadora do projeto, Carla Sal, esta ideia praticamente nasceu quase do nada: “Um dos alunos chegou à escola e decidiu inventar este jogo”, recorda. “O Daniel criou o jogo mas faltavam regras”, e foi esse o trabalho seguinte dos alunos e dos orientadores do projeto. “Estamos a falar de um grau de empreendedorismo interessante para estas idades” já que são alunos do primeiro, segundo e terceiro ciclos “com os quais, às vezes, não é fácil de trabalhar”, refere a coordenadora que realça o empenho dos jovens na iniciativa que agora ganha corpo com o apoio da Câmara Municipal de Alenquer. Este é um jogo mais abrangente

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do que o anterior: o “Além Vou”, já que em termos comparativos abraça toda a História de Portugal, ao passo que o anterior apenas se centrava no concelho de Alenquer. Para o Vereador Paulo Franco, este projeto mostra o nível de empenho dos professores e dos alunos. Ao Valor Local, o vereador explica que a comercialização deste jogo está relacionado com o projeto lançado no ano letivo 2014/2015. Esse foi um projeto piloto apenas com três turmas. Passado um ano, a iniciativa já envolve mais de 300 alunos e mais outros três projetos neste âmbito junto das escolas. Paulo Franco refere que o nível de empreendedorismo dos alunos está a responder às melhores expetativas, já que o projeto do município visa fomentar nas escolas essa capacidade junto das crianças. Para o responsável, este projeto visa ajudar as crianças a desenvolver outro tipo de “postura e de cultura”. O vereador acredita que estas iniciativas podem levar a que ganhem mais competências no âmbito “da aprendizagem do Portu-

guês, da Matemática, Estudos do Meio”. Paulo Franco refere que o empenho do município vai no sentido de tentar acompanhar as crianças o mais possível, do primeiro ciclo ao secundário. Por isso está criada já uma incubadora no Carregado e uma outra, recentemente aprovada em Alenquer, para acompanhar o em-

preendedorismo destas crianças. O jogo “À conquista de Portugal Continental” que será comercializado pela Santa Casa da Misericórdia da Merceana, através do Conselho Local de Desenvolvimento Social (CLDS) deverá estar à venda no comércio local do concelho de Alenquer. Todavia, o vereador Paulo Franco considera

que a abrangência nacional deste jogo, poderá leva-lo para o território nacional. Carla Pereira, provedora da Santa Casa da Misericórdia, vinca a importância desta iniciativa e o envolvimento da comunidade na mesma. O jogo que foi apresentado publicamente no passado dia 10 na Merceana e que será

comercializado pela Santa Casa, “é mais um passo no projeto do município de Alenquer para o fomento do empreendedorismo”, junta Paulo Franco. Carla Pereira salienta a importância das instituições trabalharem com as crianças, vincando os bons resultados desta iniciativa no âmbito do CLDS.

A iniciativa é apadrinhada pela Câmara e pela Santa Casa da Misericórdia da Merceana


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Falcoaria de Salvaterra é Património da Humanidade desde o início do mês Falcoaria de Salvaterra de Magos já é Património Imaterial da Humanidade da UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura. A decisão foi conhecida a 1 de dezembro e conclui assim uma etapa nesta candidatura há muito iniciada. A decisão anunciada durante a 11ª reunião do Comité Intergovernamental para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial que decorreu em Addis Abeba, Etiópia, foi de resto muito bem acolhida em Portugal, por todos os setores. Em Addis Abeba a delegação portuguesa, composta pelo presidente substituto da Comissão Nacional da UNESCO, Jorge Lobo de Mesquita; e pelo presidente da Câmara Municipal de Salvaterra de Magos, Hélder Manuel Esménio, entre outros mostrou-se entusiasmada com a decisão, vincando o autarca que esta foi o culminar de todo um processo já de si muito longo. Para Hélder Manuel Esménio “é muito gratificante ver esta candidatura aprovada, é o reconhecimento da sua qualidade e a demonstração de quando se definem objetivos, se reúnem saberes, se trabalha muito, muitas vezes os resultados são positivos, como foi este caso”. “Já em 2014, porque a Falcoaria Real de Salvaterra de Magos é um dos principais cartões-de-visita no

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nosso concelho, é um património ímpar no nosso País e um dos poucos na Europa, registamos Salvaterra de Magos como Capital Nacional da Falcoaria”, explicou o autarca, acrescentando que “esta certificação pela UNESCO será com certeza mais uma oportunidade para promover o país, o Ribatejo e, em particular, o concelho de Salvaterra de Magos, tornando-o num apetecível destino turístico, onde a falcoaria se alia à natureza e ao Rio Tejo, permitindo ainda o desenvolvimento de atividades que reforcem a identificação da população local com a sua história e com o seu património material e imaterial, mantendo viva esta prática milenar que é a caça com falcão e que em Salvaterra tem já séculos de existência”. A candidatura “Falcoaria. Património Humano Vivo” foi liderada pela Câmara Municipal de Salvaterra de Magos, devido à autenticidade que o edifício da Falcoaria Real confere ao concelho, em parceria com a Universidade de Évora e a Associação Portuguesa de Falcoaria (APF), contando ainda com o apoio e colaboração da Entidade Regional de Turismo do Alentejo / Ribatejo. Nas palavras do presidente da Entidade de Turismo Alentejo / Ribatejo, António Ceia da Silva, “a identidade é um valor determinante na diferenciação e certificação de um

Em Adis Abeba a comitiva teve de sofrer para saber o resultado destino, logo o título agora conquistado pela Falcoaria em Portugal vem reforçar, junto dos mercados turísticos, a singularidade e diversidade de um Ribatejo que se posiciona pela excelência e singularidade”.

Esménio acredita que o turismo pode ser incrementado

A Falcoaria, enquanto forma de caça, compreende a parceria entre homem e ave de presa para a captura de um animal selvagem no seu habitat natural, tratando-se de uma forma de caça ecológica, de baixo rendimento, que apela à comunhão com a natureza, procura a estética do lance de caça e cuja prática, a nível nacional, detém características únicas que mereciam o reconhecimento da UNESCO. Pedro Afonso, presidente da Associação Portuguesa de Falcoaria, sublinha que “a inscrição da Falcoaria Portuguesa junto da UNESCO representa uma clara demonstração da importância e relevância desta forma de caça num mundo onde as práticas tradicionais se encontram fortemente ameaçadas pela pressão crescente da globalização”. O presidente da Associação defende ainda que “este é, não apenas, um momento histórico para a Falcoaria em Portugal, mas também uma oportunidade importante para a construção de medidas de melhoria a nível nacio-

nal”. A APF incita, por isso, “a uma reflexão sobre o trabalho que há a fazer para a promoção e desenvolvimento responsável da prática em Portugal”. Filipe Themudo Barata, professor da Universidade de Évora, considera que “é muito agradável chegar ao fim de um projeto de equipa bem-sucedido, quando ele foi por todos reconhecido”. Recorde-se que o processo de recuperação e valorização da Falcoaria Real começou há mais de 60 anos, quando este edifício é classificado como Imóvel de Interesse público em 1953, obrigando a que a sua traça arquitetónica fosse mantida. Na década de 1980, a Câmara Municipal de Salvaterra de Magos consegue comprar o edifício ao seu último proprietário privado, o Conde Monte Real, e no ano de 2009 volta a abrir as suas portas, completamente recuperado. Atualmente, o espaço, local de cultura e lazer, recebe diariamente visitantes que podem conhecer por-

menores sobre a construção do edifício e sobre a fixação da família real em Salvaterra. Ao mesmo tempo podem, com o acompanhamento técnico de um falcoeiro, tomar contato com as cerca de 25 aves de presa de diferentes espécies que vivem permanentemente na Falcoaria Real, incluindo demonstrações diárias de baixo e alto voo. “A Câmara Municipal de Salvaterra de Magos está empenhada em promover a Falcoaria Real, bem como a prática deste tipo de caça, contando com o apoio da Universidade de Évora e da Associação Portuguesa de Falcoaria para desenvolver atividades que possam dar continuidade a este trabalho”, refere o município em comunicado. “O município pretende também que Salvaterra seja um local assíduo para todos os falcoeiros e para novos praticantes, para quem queira aprender mais sobre esta prática e para quem tencione estudar e aprofundar conhecimentos sobre a temática”, conclui.


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Plataforma EN3

Cidadãos unem-se para travar sinistralidade na via

Promotores deram a conhecer os passos que se vão seguir flagelo das mortes na nacional 3 levou um grupo de cidadãos de Azambuja a unir-se em torno do combate a esta realidade. O movimento “Plataforma Nacional 3” apresentou-se no dia 6 de dezembro, no salão dos bombeiros voluntários locais, e deu a conhecer os próximos passos junto de entidades e empresas no sentido de minimizar o elevado número de acidentes registados entre Vila Nova da Rainha e Azambuja. Entre 2000 e 2013, só no troço que compreende o concelho de Azambuja, morreram nesta estrada 30 pessoas, num total de 475 acidentes, 533 feridos leves e 67 feridos graves. Encabeçam este movimento a presidente da junta de Azambuja, Inês Louro, Joaquim Ramos, antigo presidente da Câmara local, e André Salema, presidente do corpo de bombeiros e irmão de um antigo bombeiro que também faleceu na via em questão. “Penso que todos nós chegámos a um ponto de saturação tão grande que chegou o momento de colocarmos o dedo na ferida para que se dê uma ação efetiva neste quadro”, evidenciou Salema.

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O concelho de Azambuja ficou recentemente abalado com um acidente que vitimou mortalmente a jovem Marta Fazendas, de Alcoentre, que seguia num veículo com mais três amigas que ficaram “em estado considerado grave” na opinião do comandante dos bombeiros, Armando Baptista, mas que segundo o INEM, apenas dois desses cinco feridos (as quatro ocupantes do automóvel onde seguia Marta Fazendas, mais o condutor que esteve na origem do despiste) podiam ser considerados graves, outros dois seriam leves, o que permite concluir que “os dados que se referem a feridos leves não são reais”. Recorde-se que no caso das jovens estamos a falar de sinistrados que sofreram traumatismos múltiplos. Os principais pontos sensíveis do trajeto foram evidenciados pelos presentes nesta cerimónia de apresentação pública como o acesso às empresas da Zona Industrial de Vila Nova da Rainha com a dificuldade inerente à mudança de direção à esquerda sobretudo à noite devido à fraca iluminação, mas principalmente a ocupação das bermas que deve-

riam funcionar como corredores de emergência e que face ao estacionamento abusivo por parte de camionistas, na sua maioria, dificulta em muito a chegada aos acidentes quando acontecem. “No acidente de 8 de novembro, o socorrista teve de fazer marcha atrás desde a Avipronto”, constatou Armando Baptista. Joaquim Ramos evidenciou que durante a sua gestão tiveram lugar diversas reuniões com a “Estradas de Portugal” ministros e secretários de Estado mas nunca se conseguiu chegar a bom porto. O estado português tem um contrato assinado com a Câmara para que seja construído o separador central entre a sede de concelho e Vila Nova da Rainha, bem como a duplicação de via mas até à data tal não saiu do papel apesar de ter sido publicado em Diário da República. Até do famigerado plano de compensações da Ota este projeto de melhoramento da Nacional 3 fez parte mas sem consequências, com a possibilidade de ser construída uma variante para pesados que como se sabe acabam por danificar em muito o estado do pavimento face ao elevado núme-

Salão encheu para conhecer a plataforma ro de veículos deste tipo que atravessam a via todos os dias, e que era uma promessa antiga . Depois de construídas as rotundas: poente à entrada da vila de Azambuja, a da Avipronto, a de Casais de Baixo. Faltou concluir a da Siva que em 2005 Joaquim Ramos, então presidente da Câmara, referiu que haveria de ser construída por promotores industriais dos terrenos circundantes mas que acabou por não se concretizar. Ainda se chegou a falar das rotundas nascente de Vila Nova da Rainha, com financiamento a ter que ser garantido pela Câmara, que também não saiu do papel. Nem tão pouco a rotunda poente na Vala do Carregado pela Estradas de Portugal. Uma das formas de luta desta plataforma com o slogan “E se o seu filho fosse assassinado na estrada” passa por entregar uma petição na Assembleia da República para que a elevada sinistralidade na Nacional 3 possa ser alvo de debate entre os deputados. Inês Louro informou que a mesma já vai com 560 assinaturas online. Ainda não foram feitas as contas às recolhidas em papel nos locais

de maior afluência de público. Serão necessárias quatro mil para que o tema chegue ao Parlamento. No imediato, a plataforma deu conta de que se vai reunir com as empresas de logística. Sendo que o facto de não terem sido salvaguardados parques de estacionamento aquando da sua implantação nas zonas industriais contribui também para anarquia reinante. Vários foram os contributos recolhidos pelo grupo de cidadãos (que se uniu em torno deste objetivo) junto da plateia presente onde para além de elementos dos diferentes partidos políticos, autarcas, e cidadãos no geral, também se encontravam alguns familiares de vítimas. Houve quem considerasse o objetivo de um separador central e da duplicação da via demasiado ambicioso e propusesse antes mais iluminação e sinalização bem como a vigilância das autoridades e a atuação em conformidade face ao estacionamento abusivo. Foram ainda evidenciadas outras localizações para além do troço Azambuja/Vila Nova da Rainha, nomeadamente, no acesso ao novo aterro paredes meias com a

sede concelho, e as dificuldades também existentes em Casais da Lagoa/Aveiras de Baixo. A necessidade de mais civismo foi enfatizada por todos. Plataforma divide opiniões em reunião de Câmara Embora saudado por muitos o aparecimento deste movimento cívico, sucitou críticas durante a última reunião de Câmara. O vereador da CDU, David Mendes, não quis deixar escapar a oportunidade de apontar o dedo a Joaquim Ramos como tendo “uma enorme responsabilidade naquele enorme pandemónio”, por ter permitido determinadas realidades na zona industrial em causa “sem que existisse um plano”. “Agora temos o ex-presidente de Câmara a querer cavalgar esta onda mas aqui está a CDU para lhe apontar o dedo”, referiu, concluindo – “Os acidentes são imponderáveis mas haveria muita coisa evitável”. Luís de Sousa, presidente da Câmara também deixou escapar – “Também gostaria que esta plataforma tivesse sido conduzida de outra forma mas mais comentários não faço”.


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Avisan com 20 mil 500 visitantes Avisan - Exposição Nacional de Aves, Animais de Companhia, Equipamentos e Acessórios, certame que se realizou no Centro Nacional de Exposições em Santarém, entre os dias um e quatro de dezembro, recebeu vinte mil visitantes, uma subida relativamente ao ano transacto. O evento registou a presença de 88 expositores e reuniu exemplares das mais variadas espécies, entre aves, répteis, animais domésticos, exóticos e recebeu exposições internacionais de cães e gatos. A 23ª Exposição Canina Nacional de Santarém (três de dezembro) e a 17ª Exposição Canina Internacional de Santarém (quatro de dezembro) contaram com a participação de cerca de 1100 exemplares e as monográficas caninas

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das raças “Bulldog Inglês”, “Dogue de Bordéus”, e “Bassete Hound” tiveram um saldo positivo com a presença de 70 animais. A 6ª Exposição Internacional de Gatos de Santarém (três e quatro dezembro) também conseguiu um registo assinalável com a presença de 380 exemplares. De um a quatro de dezembro, os visitantes puderam apreciar diversas iniciativas como Shows mistos de Araras, Aves de Rapina e Répteis, Mostras de Coelhos Anões, a 7ª Exposição de Pombos de Desporto, a 6ª ExpoAlcac - 2º Concurso / Exposição de Galinhas de Santarém, o 45º Concurso Nacional de Porquinhos-da-India), a 15ª Exposição Nacional do Gloster, o 10º Show Nacional do Periquito Ondulado e Passeios a Cavalo pro-

movidos pelo Picadeiro Quinta de São José. Paralelamente, uma mostra comercial com uma vasta gama de equipamentos e acessórios, permitiu uma escolha variada a profissionais, técnicos ou curiosos que visitaram a Avisan. O evento também foi palco de workshops que decorreram no stand da AlvesPets subordinados a temas como “Quais as diferenças entre um animal exótico e um autóctone?’”, e “Quais as principais razoes de um animal ser considerado invasor?”. O Centro Nacional de Exposições promoveu esta iniciativa junto dos profissionais do ramo, mas também para o público em geral tendo em vista a promoção da natureza e a proteção dos habitats naturais.

Centenas de animais em exposição

O segredo dos bolos de noiva m Vale do Paraíso, a tradição dos bolos de noiva vai passando de geração em geração. Na altura do Natal, o forno comunitário é utilizado por diversas mulheres da freguesia do concelho de Azambuja que usam uma receita antiga, e mais ou menos secreta, segundo as mesmas. Um grupo de funcionárias da Associação Nossa Senhora do Paraíso deixou-nos espreitar estas iguarias que depois são vendidas na freguesia. “Normalmente venho ajudar, não amasso, porque é o que custa mais. E as minhas colegas têm mais jeito. Eu faço o corte da massa e a pincelagem. Aqui em

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Orgulhosas do seu trabalho

Vale do Paraíso todos adoram este bolo”, diz Marlene Pechorro. No dia da reportagem do Valor Local preparava-se para fazer cerca de 300 bolos. Antigamente nos casamentos “eram oferecidos, junto com um prato de arroz doce, e pão de ló”. Era na altura da denominada “boda saloia”. Agora já não se usa fazer este tipo de oferta. As cozinheiras dedicam-se a esta tarefa ao longo dia. O processo de amassar é à mão sem recurso a máquinas. Em outros locais do país, confecionam-se bolos muito parecidos com estes mas Ana Lúcia Baptista não sabe até que ponto Vale do Pa-

raíso foi ou não buscar a receita a outro local, apenas refere que há muito tempo que se fazem bolos de noiva. Os ingredientes “talvez sejam semelhantes, mas possivelmente o segredo está na forma como se amassa”. Este é um processo que dura cerca de hora e meia. A forneira é Maria Adelaide e ainda usa os preceitos antigos de envolver as broas num alguidar com mantas por cima. Também não quer revelar o segredo, até porque quem tempera a massa não é ela, mas lá vai dizendo que todas as amigas têm um ou outro segredo para deixar os bolos o mais apetitosos possível.

que a opção pelo Cartaxo foi normal, e não procurou em Azambuja

porque já dispunha do espaço no concelho vizinho há algum tempo.

Inasi arrenda antigas instalações s antigas instalações da INASI, fábrica de adaptação e viaturas contra incêndios, já estão no marcado de arrendamento. O complexo composto por vários pavilhões apresenta preços entre os três mil e os quatro mil euros.

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São dois armazéns, um deles tem incluído um edifício de habitação. A empresa esteve em Azambuja desde os anos 50 e mudou-se para a zona industrial do Cartaxo recentemente. A empresa manteve os 12 funcionários mesmo com a

mudança para o concelho vizinho. Manuel Júlio, proprietário da empresa, disse na altura ao Valor Local que na base da decisão esteve “na necessidade de ampliação e modernização das instalações”. A Inasi era uma das fábricas com

mais tradição no concelho de Azambuja. Manuel Júlio referiu

Instalações para arrendamento


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A memória do incêndio ainda está bem viva

Incêndio no Palácio do Infantado recordado por quem ajudou a combater as chamas ¢

Sílvia Agostinho a memória dos samorenses mais velhos, o incêndio de 16 de novembro de 1976, que assolou o Palácio do Infantado em Samora Correia, ex-libris da localidade, é daquelas coisas que não se esquece. Muitos ainda se lembram do que estavam a fazer quando começaram a ver a intensa nuvem de fumo, e a ouvir as sirenes dos bombeiros. Em 1998, o palácio foi erguido das cinzas com a traça da fachada a manterse fiel à que existia antigamente. Hoje é um dos palcos da cultura concelhia, e muitos dos habitantes mais velhos dizem-se felizes com o novo destino que foi dado ao espaço que em tempos serviu de habitação, e de escritórios da então designada Companhia das Lezírias do Tejo e do Sado. Este ano assinalam-se os 40 anos do

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incêndio e quisemos repescar algumas memórias junto dos que estão cá ainda para contar a história desse dia. Ivo Henriques lembra-se que tudo começou por volta das cinco horas da tarde daquele dia quando alguém lhe disse que o palácio estava a arder. Não escondeu a grande admiração que sentiu ao ouvir a notícia, mas não teve tempo para pensar e foi um dos que acorreu para retirar o que de valor existia no palácio, que era também o seu local de trabalho, dado ser à época escriturário da empresa que o ocupava. Também José Salvador esteve naquele dia envolvido na recuperação de alguns objetos e papéis de valor do palácio, onde tinha trabalhado até há pouco tempo antes do incêndio, também por conta da companhia das lezírias. “Fiquei bastante

chocado porque não havia possibilidade alguma de salvar o palácio”. Olímpio Nunes trabalhava na construção civil à época e chegou a fazer pequenas reparações no palácio, e também foi tentar ajudar, “mas os bombeiros não nos deixaram chegar muito perto”. “Tentei preservar várias vezes o estado do edifício. Cheguei a arranjar o telhado e as janelas”, conta. Na origem do sinistro, estaria um braseiro antigo do primeiro andar ocupado por particulares. “O fumo saía pela janela que dá para aquela rua estreita”, recorda-se Ivo Henriques, que também dá o veredicto – “Esta casas velhas (o palácio datava de finais do século XVIII) quando têm muito pó, e muitas teias de aranha é como fogo de linguiça. É arder e toca a andar”, ilustra. Felizmente nin-

guém morreu, “só o palácio”, deduz. José Salvador consegue ser mais preciso, e adianta que tudo começou na casa de uma senhora onde existia um aquecedor a brasas tapado por um cortinado “e foi assim que começou”. “Foi num instantinho”. “Mas na minha opinião o palácio ficou melhor com a remodelação”, diz Ivo Henriques. José Salvador partilha da mesma opinião – “foi muito bom para o povo que antes não tinha acesso ao palácio que era privado. Até havia a ideia de que existia aqui ainda muita coisa da realeza mas não era verdade”. Henriques lamenta tão só que o mirante que existia na primeira versão do palácio não tivesse sido reposto após as obras em 1998. Até ao incêndio, o palácio servia para habitação, escritório da com-

panhia das lezírias, consultório médico e biblioteca fixa da Gulbenkian. Sendo que uma das maiores preocupações após o deflagrar das chamas refletiu-se na tentativa de se salvar não só os documentos da empresa mas principalmente o espólio desta biblioteca. “Foi um pandemónio muito grande com muita gente aflita porque o incêndio deu-se de uma maneira muito rápida, não foi lentamente. Parecia que as chamas tinham sido regadas a gasolina”, recorda José Salvador. Contudo este era um cenário expectável: “No sótão havia muito pasto dos pássaros que faziam ali os seus ninhos”. Cassiana Rocha também foi testemunha. Vinha a atravessar ao fim do dia a Ponte Marechal Carmona quando ao longe avistou o fogo que consumia este edifício

de Samora Correia. “Foi um dos dias mais trágicos da história da nossa terra. As chamas eram uma coisa horrorosa, fique aterrorizada”. Patente no Palácio reconstruído está uma exposição (que evoca o dia que a população não vai esquecer) intitulada – “Palácio do Infantado, uma casa com história”. No dia em que se assinalaram os 40 anos do incêndio, teve lugar a iniciativa “O Palácio de Portas Abertas” onde a Cultura aconteceu durante um fim-de-semana com uma série de concertos, poesia, fado. Os bombeiros locais participaram ainda num simulacro a lembrar o que aconteceu em 1976. Joaquim Salvador, autor da exposição, e dinamizador da atividade do palácio, refere que adesão “ficou acima das expetativas”. “O auditório esgotou sempre”.


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Loja Colaborativa em Alenquer esde o dia nove de dezembro que se encontra a funcionar no espaço do mercado municipal de Alenquer a primeira loja colaborativa do concelho. Trata-se de um espaço onde várias marcas locais expõem os seus produtos, resultado do trabalho de novos empreendedores que procuram ser mais conhecidos, e assim escoarem o seu produto. Alguns desses empresários dispunham até à data apenas de um canal de vendas pela internet. O vereador da Câmara de Alenquer, Paulo Franco, destacou que a abertura da loja decorreu de uma solicitação a que

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a autarquia procurou responder positivamente. Por outro lado, espera-se que com esta loja também se possa “alavancar um pouco este espaço do mercado municipal”. Durante um ano, este conceito trabalhará nesta localização sendo que após esse período será avaliado, e se correr bem poderão ser equacionadas novas instalações para a loja. “Estamos na expetativa para o que se vai seguir, pensamos que pode ser muito enriquecedor”, concluiu Paulo Franco. À frente da Loja Colaborativa estão Rosa Mendes e Dora Azevedo

ligadas ao ramos da roupa para crianças, e ao da comercialização de almofadas decorativas, respetivamente. No local e no espírito que rege este tipo de lojas que já se vão encontrando um pouco por todo o país, estão artigos de outros artesãos locais, desde doces, compotas, e enlatados vintage, bem como bijuteria de autor. Alguns são de Sobral de Monte Agraço, Aveiras de Cima e Torres Vedras. Mas o espaço ainda pode acolher mais alguns produtos desde que os empreendedores tenham atividade aberta e a situação fiscal regularizada.

Produtos artesanais à venda

Empresários entregam livros a escolas do Cartaxo O

Alguns dos bens doados a um dos agrupamentos

Centro Cultural do Cartaxo recebeu, no passado dia 9 de dezembro, quase uma centena de empresários do concelho e alguns de concelhos limítrofes, que aceitaram o desafio de participar no projeto Escola com Livros. Acompanhados dos livros que adquiriram ao abrigo do protocolo estabelecido entre a Câmara Municipal do Cartaxo e a Página Editora, os empresários entregaram-nos pessoalmente aos agrupamentos de escolas. Augusto Parreira, da Assembleia Municipal do Cartaxo, frisou a importância do protocolo, estabelecido entre a autarquia e a editora,

para a promoção da igualdade de oportunidades no acesso ao livro e à leitura, atribuindo o “balanço muito positivo do primeiro ano desta parceria, à disponibilidade das empresárias e dos empresários que aceitaram constituir-se como mecenas, adquirindo e hoje entregado largas centenas de livros aos nossos estabelecimentos de ensino.” O administrador da Página Editora, Domingos Castro, destacou a recetividade dos empresários ao projeto, afirmando “fomos recebidos com enorme disponibilidade, numa atitude que louvo porque dela resulta a possibilidade de

entregarmos livros a escolas que têm verdadeira carência – em especial as escolas mais no interior e os jardins-de-infância”. Para o próximo ano letivo, Domingos Castro deixou a certeza de “continuar este projeto, vamos trabalhar para alargar a oferta a materiais didáticos e para trazer ainda mais editoras para o Escola com Livros”, explicando que as editoras “são também elas parceiras, ao disponibilizarem os livros com um desconto mínimo de trinta por cento, mas que pode chegar aos cinquenta ou sessenta por cento”, afirmando que “os livros oferecidos são li-

vros técnicos, não são livros baratos e as escolas não têm capacidade financeira para os adquirir”. O projeto de social de apoio às bibliotecas escolares Escola com Livros, resulta do protocolo de colaboração entre a Câmara Municipal do Cartaxo e a Página Editora Domingos Castro - Edições Técnicas e Culturais, Lda.) e conta com o apoio do comércio tradicional e de empresas do concelho e da região, que se constituem como mecenas, adquirindo livros com descontos relevantes e usufruindo de benefícios fiscais.

Nó do Sobralinho nunca mais desata á anos que os políticos e a sociedade civil pedem a construção do nó do Sobralinho. Perdem-se no tempo as diversas iniciativas da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira e das Juntas de Freguesia para edificar aquela que muitos consideram como a obra mais necessária para desviar o trânsito de pesados da Nacional 10 em Alverca. Este é um “nó” que teima em não se desatar e que deixa “sequelas” na freguesia de Alverca.

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Afonso Costa, presidente da União de Freguesias de Alverca e Sobralinho, considera este “um fator muito importante para poder retirar a grande quantidade de veículos pesados na Nacional 10”. O autarca considera que a zona industrial de ADARSE “está a registar de novo muita procura, e com isso regressa um aumento de pesados à estrada nacional. O que faz com que todas as horas sejam ‘hora de ponta’.” Mas este não é o único problema

da freguesia. Há anos que uma comissão de utentes reivindica o fim das portagens em Alverca e isso tem estado nos últimos tempos de novo na ordem do dia.No concelho de Vila Franca, mais precisamente em Alverca circularam abaixo-assinados a pedir que o assunto fosse de novo discutido no Parlamento. A iniciativa que teve o apoio da Junta de Freguesia local foi bem-vinda, referiu Afonso Costa ao Valor Local. A comissão de utentes tem alerta-

do para o impacto económico da existência da portagem em Alverca. “Algo que não faz sentido, tendo em conta que as portagens de Alverca foram as únicas resistentes à entrada de Lisboa, depois de abolidas as portagens de Sacavém”. População e comissão de utentes há muito que vincam a necessidade de circular de forma gratuita no concelho de Vila Franca, já que isso acontece no trajeto entre Lisboa e Alverca.

Autarca apoia todas as iniciativas

Biblioteca Municipal de Salvaterra de Magos volta a ser palco de mais uma edição da Feira do Livro de Natal. A iniciativa decorre até 7 de janeiro de 2017 e inclui a apresentação de livros, sessões com autores de renome a nível nacional e peças de teatro infantis. “Cinco pais natais e tudo o mais” é o nome do livro de Manuela Castro Neves que será apresentado no dia 17 de dezembro, pelas 15horas, na Biblioteca Municipal de Salvaterra de Magos. Uma

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divertida história que, entre a prosa e o verso rimado em jeito de lengalenga, faz um levantamento dos símbolos de Natal, não deixando de comunicar, de modo breve, algumas mensagens. O livro está integrado no Plano Nacional de Leitura do 3º ao 6º ano. No mesmo dia, 17 de dezembro, pelas 16 horas, a Biblioteca Municipal recebe a escritora e jornalista Isabel Machado, conhecida autora de romances históricos. O primeiro deles, Isabel I e o seu médico português foi publicado

em 2011, seguindo-se Vitória de Inglaterra – A rainha que amou e ameaçou Portugal, em 2014. O ano passado publicou Constança – A princesa traída por Pedro e Inês, cuja ação decorre num período da História de Portugal imediatamente posterior ao de A Rainha Santa, o seu quarto romance histórico.Paralelamente à Feira do Livro de Natal decorre uma exposição e venda de artesanato das Instituições Particulares de Solidariedade Social do concelho.

Foto: http://saladamartareis.blogspot.pt/

Salvaterra de Magos promove Feira do Livro de Natal

"Cinco Pais Natais e Tudo o Mais"um dos livros a ser apresentado


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Últimos momentos junto à cápsula do tempo

Marco Chagas homenageado na sua terra

Comemorações Bicentenário Cartaxo

Homenagem a Marco Chagas marca fim da efeméride uma cerimónia marcada por alguns momentos de muita emoção – como o da homenagem nacional a Marco Chagas, da entrega das Medalhas de Mérito a Edmundo Calisto, a título póstumo e a Mário Júlio Reis, ou da atuação do coro de crianças e jovens que saudaram o Cartaxo e a sua Bandeira, num desempenho que levantou das cadeiras todos os presentes no auditório do Centro Cultural –, foram encerradas, no dia 10 de dezembro, as Comemorações do Bicentenário do Concelho do Cartaxo. O Presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo (FPC), Delmino Pereira, esteve presente na cerimónia para participar na homenagem nacional a Marco Chagas – que a Câmara Municipal aprovou sob proposta do vereador Vasco Cunha, no início do ano. Ciclista inteligente e com uma postura exemplar, que o tornam “figura maior da história do ciclismo em

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Portugal e exemplo para muitas gerações de ciclistas”, foram os atributos que o presidente da FPC, reconheceu em Marco Chagas, lembrando o seu percurso no ciclismo, quer enquanto atleta – que venceu quatro Voltas a Portugal –, quer enquanto comentador e conhecedor profundo do ciclismo, afirmando que “a sua opinião é hoje a opinião âncora no ciclismo, é a voz do ciclismo em Portugal”. Os colegas anónimos que “não ganharam, mas ajudaram a ganhar, os companheiros que me ajudaram ao longo dos anos”, foram referidos por Marco Chagas afirmando que o Cartaxo teve muita gente boa. Visivelmente emocionado agradeceu o reconhecimento que Pontével e o concelho do Cartaxo sempre lhe dispensaram – “basta que eu ande na rua e as pessoas falem comigo, que eu já me sinto recompensado por aquilo que foi a minha vida, e às

vezes foi dura, ao longo destes 60 anos”. As duas medalhas de Mérito foram atribuídas a Edmundo Calisto, a título póstumo, e a Mário Júlio Reis. Por Edmundo Calisto, recebeu a distinção, o seu filho, Paulo Calisto, que agradeceu em nome da família, evocando emocionado a memória do seu pai e como “se ele estivesse aqui, com certeza que as suas primeiras palavras, agradecendo esta homenagem, seriam para os seus pais, para os seus irmãos, companheiros de uma vida, para Pontével, sua terra natal e para todos os pontevelenses, que sentiam e sentem um enorme carinho pelo seu Edmundo”. Mário Júlio Reis agradeceu ao município por se ter “lembrado das pessoas que voluntáriamente, na sombra, fazem mexer a vida cultural do concelho”, afirmando que “estar aqui ao lado do Edmundo, foi a única razão que me fez hesi-

tar na aceitação desta distinção, que eu não queria”. Porque “tudo o que tenho feito não é mais do que uma pequena gota num manancial das ações que centenas de voluntários, que fazem mexer este concelho no que toca à educação informal – o teatro, o ambiente, o desporto, o folclore, a música, a arte”. Dirigindo palavras de reconhecimento ao homenageado, Marco Chagas e aos agraciados com a Medalha de Mérito Municipal, Pedro Ribeiro, presidente da Câmara, afirmou que são “homens que sempre semearam uma cultura de abertura ao outro, sem quaisquer reservas. A grandeza de vidas construídas e sempre vividas ao serviço dos outros com a humildade e a simplicidade dos grandes seres humanos”. À comissão organizadora das Comemorações do Bicentenário, o autarca dedicou a palavra “gratidão. As Comemorações que hoje

encerramos, “cumpriram todos os seus principais objetivos”, referindo os poucos recursos com que a Comissão contou “porque não vivemos tempos de abundância, a programação desenvolvida, soube valorizar e estimular o conhecimento da nossa história, contribuindo para a preservação do património que herdámos e soube cumprir o dever de memória coletiva, quer da memória dos que nos precederam, quer no testemunho a dar às vindouras”. Miguel Montez Leal, presidente da Comissão das Comemorações dos 200 Anos de Elevação do Cartaxo a Concelho, elencou os eventos e atividades desenvolvidos no âmbito do programa das Comemorações, lembrando as exposições temporárias, a homenagem a cartaxeiros ilustres que marcaram a história do concelho e do país, os livros e estudos históricos editados, os espetáculos de cariz folclórico, a criação do coro

polifónico Cosme Delgado, ou a plantação do Bosque do Bicentenário, partes de um programa que “enriqueceu ainda mais a já preenchida agenda cultural e festiva do concelho”. Miguel Leal, afirmou considerar que “foram atingidos os objetivos propostos, na sua plenitude”, deixando um agradecimento aos elementos da comissão, à Câmara e Assembleia Municipal, assim como, a todas as freguesias, instituições e pessoas que se associaram ao programa e nele participaram ativamente. A Cápsula do Tempo, cuja constituição se iniciou em junho passado, durante as Comemorações do Dia Mundial da Criança, ficou disponível ao longo do dia, para que os interessados pudessem colocar os últimos objetos, mensagens ou fotografias no seu interior. A Cápsula foi lacrada no final da cerimónia e só voltará a ser aberta em 2066, quando a o concelho celebrar 250 anos.

Tournée literária de Rita Pea

“Nu Avesso das Palavras” tem feito sensação poetisa Rita Pea, de Aveiras de Cima, que tem vindo a apresentar o seu mais recente livro “Nu Avesso das Palavras” em diversas localidades estará presente a sete de janeiro em Alhandra na Casa Museu Dr. Sousa Martins para mais uma apresentação. Este foi o mote pra uma conversa com a autora que deu conta dos seus mais recentes projetos. Atualmente, e em paralelo com a apresentação da sua segunda obra de poesia, Rita Pea está a escrever o seu primeiro romance, mas junto do público a apresentação de “Nu avesso das Pala-

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vras” tem cativado os leitores, na sua opinião. Até ao momento já conseguiu vender 150 exemplares, em apenas três lançamentos, o que considera “bastante satisfatório e acima das expetativas”. “Fiquei verdadeiramente surpreendida com a adesão, principalmente do público feminino. Muitos maridos compraram o livro para oferecer às esposas já que consideraram que a minha forma de expressão és bastante feminina”. Quanto ao romance estão escritos três capítulos já publicados online numa plataforma de escritores, o que “tem sido uma expe-

riência muito interessante”. O tema gira em torno da violência doméstica, e Rita Pea refere que falou com diversas pessoas que sofreram episódios desse género, “e que gentilmente se disponibilizaram para me ajudar”, e por isso “tem sido algo desafiante”, tendo em conta também que a questão da violência psicológica associada a este fenómeno é algo “muito impressionante e surpreendente”. “Fiquei a pensar que existe quem tenha um grau de crueldade tão grande e tão visível, ao mesmo tempo, mas que de certa força disfarça bem”. A envolvência proporcionada pelo

tema é algo que tem vindo a apaixonar a autora. Por isso, o processo já se fez de muita escrita e reescrita “até conseguir que aquilo que escrevo faça sentido em termos de musicalidade e intensidade das palavras”. Em marcha está também a peça de teatro sobre uma bailarina refugiada, designada “Par 735”, sendo que Rita Pea já tem a equipa montada a nível de encenador e possíveis atores. A autora não esconde que “adoraria” que a sua peça fosse representada na sua terra ou no seu concelho. “Seria um orgulho enorme jogar em casa”, não esconde.

Autora tem em marcha diversos projetos


Dossier: Águas

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Valor Local

Saneamento básico é pago onde não existe

População arrasada e desesperada

José Faustino acha inacreditável o que se está a passar o entrarmos em localidades como Torre Penalva ou Casal de Além o cenário de água a escorrer pelas valetas é já um clássico. Provem das casas dos habitantes de algumas localidades da União de Freguesias de Manique do Intendente, Maçussa e Vila Nova de São Pedro que há vários anos aguardam pela entrada em funcionamento dos esgotos. Esta é uma das formas que a população encontrou para escoar as águas das lavagens das máquinas de lavar, para que as fossas não atinjam o limite da sua capacidade mais depressa. Para as fossas dizem-nos vão apenas as águas das sanitas, Um cenário pouco condizente com o século XXI mas que teima em não dar o passo em frente. Quer no verão ou no inverno, o cheiro chega a ser nauseabundo nestas pequenas localidades, com muitas melgas à mistura, com evidentes prejuízos para a saúde pública. A realidade que já não podia piorar mais, acabou por se tornar desde o verão um pesadelo para os habitantes destas duas aldeias, a que se juntam os de Carrascal e Arrifana, cerca de 800 no total, com a cobrança do saneamento básico onde este ainda não existe. Palmira Conde, residente em Torre Penalva, diz-se completamente desalentada – “Pois claro que já o devíamos ter mas parece que não fazemos parte do mundo. As tampas de esgoto foram colocadas à porta das pessoas mas não servem para nada”, refere e deduz : “Estamos todos à espera do saneamento básico”. O presidente da União de Freguesias, José Avelino Correia, acrescenta que já estiveram em estudo três ou quatro trajetos para o emissário que

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por sua vez será ligado à ETAR de Vila Nova de São Pedro. “As pessoas continuam a ver os esgotos a passar ao pé da porta sem se poderem ligar”, constata. Em localidades como Arrifana, onde o terreno é mais plano, “o envio da água das lavagens das máquinas para a rua leva a que seja mais difícil até para a própria junta fazer a limpeza em condições, devido à acumulação de lixos, ervas e insetos”. Em Casais de Além, o drama continua: José Carlos Faustino refere que o aumento que sentiu na fatura, devido à cobrança de saneamento básico onde a ligação de esgotos não se encontra concretizada, fez duplicar o valor da conta mensal a pagar à “Águas da Azambuja”. Em média pagava 30 euros, agora já vai nos 60 euros –

“Isto são coisas do terceiro mundo, se eu estivesse a pagar mais pela água ainda se compreendia, mas neste caso quando nem sequer usufruo dos esgotos, é caso para dizer que algo assim não deve acontecer em parte nenhuma do mundo”, desabafa. O morador está a pensar em dirigir-se à associação de defesa do consumidor dado o desespero que diz sentir. José Carlos Faustino já fez as contas e o valor que está a pagar mensalmente pela componente da tarifa em questão supera em muito o preço que pagava por um desentupimento da sua fossa. Neste novo acordo, o utente do serviço que peça uma limpeza de fossas não paga e em troca é lhe cobrada a tarifa fixa e de disponibilidade de saneamento básico ao longo do

Palmira Conde estranha ainda não ter esgotos ano, contudo e segundo este munícipe “não compensa nada”. “Normalmente necessito de uma limpeza por ano, que custa 90 euros, ora por este andar vou pagar só de saneamento básico 250 euros ao fim de um ano”. A junta de freguesia decidiu lançar um abaixoassinado em relação a esta matéria que segundo José Avelino Correia já conta com 300 assinaturas. Em seguida a nossa reportagem ouve algumas moradoras ainda na localidade de Casal de Além. Iracema Matias, Antónia Catarino e Maria do Céu também já não suportam o estado de coisas: não ter esgotos e pagar por eles. “Custame muito a questão dos maus cheiros devido ao despejar das máquinas de lavar roupa, por vezes anda para aí um cheirete que

meu Deus! E até me pergunto como é que isto pode ser. Parece que vivemos num bairro de lata”, destaca Iracema Matias. As munícipes referem que de facto a fatura aumentou devido à cobrança de saneamento básico. “Alguns 10 euros a mais”, diz Antónia Catarino. Iracema Matias continua – “Não compreendo por que não colocam o saneamento básico a funcionar. No meu caso não teria quaisquer problemas em pagar para fazer a ligação aos esgotos a partir da minha casa, mesmo que isso tenha custos. Não podemos é continuar a viver desta forma que não é limpa”. Outra residente em Casal de Além acrescenta que chega a pagar 20 euros por mês, o que considera muito tendo em conta que raramente está em sua casa, pois reside com outros familiares. Ainda outra moradora diz que conhece quem pague 100 euros todos os meses, e desde que o novo aditamento entrou em funcionamento “são ainda mais 30 euros”. Recorde-se que em entrevista ao Valor Local, no passado mês de novembro, o vice-presidente da Câmara deu a garantia de que os investimentos e as ligações que ainda faltam concretizar nas localidades referidas vão arrancar no início do próximo ano, tendo em conta mais uma ronda de conversações com a Águas de Lisboa e Vale do Tejo. “Se fosse hoje votava contra o aditamento”

População diz que é difícil acreditar na nova realidade

O presidente da União de Freguesias de Manique do Intendente, Maçussa e Vila Nova de São Pedro deu nas vistas quando há um ano e meio decidiu abster-se du-

rante o processo de votação do aditamento ao contrato que veio a permitir, conforme está escrito, a cobrança do saneamento básico onde as ligações aos esgotos não estão concretizadas. Se fosse hoje, José Avelino Correia garante que votaria contra pois não previu o que se podia vir a passar, e considera que “houve um desrespeito”. Todos os dias e constantemente refere que a população o interroga sobre a cobrança do saneamento básico, e por isso espera que o abaixo-assinado possa significar mais um passo na indignação das populações. Será em breve enviado para diferentes entidades nomeadamente a Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos. “Não tinha ideia nenhuma de que esta situação que está a acontecer pudesse vir a ser real. Senti-me à vontade para votar pois temi que a Câmara pudesse ficar com uma dívida tão grande para pagar à empresa de águas, (se desistisse do contrato), que comprometesse o futuro.” Quando questionado sobre as alegadas benesses que a Câmara lhe prometeu para as suas freguesias, caso se abstivesse na votação do aditamento, como veio a acontecer, diz que tal não corresponde à verdade. “Em outras votações também não votei de acordo com a CDU, por outro lado também não sou chantagista ao ponto de querer abusar de algum estatuto para exigir mais obras para a minha junta, dessa forma até estava a ser desonesto para com os meus outros colegas presidentes de junta, dando a entender que tinha poder sobre a Câmara”.


Valor Local

Dossier: Águas

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Finalmente fumo branco entre a Cartágua e a Câmara do Cartaxo oi até ao cair do pano, (escassos minutos antes de ter começado a última reunião de Câmara do Cartaxo), mas o município conseguiu chegar finalmente, após três anos, a um acordo com a concessionária de águas e saneamento, Cartágua, tendo em vista a aprovação de um novo tarifário, depois de Pedro Ribeiro, depois ter tomado posse como presidente da autarquia, em 2013, se ter recusado a aceitar os pressupostos do anterior acordo assinado pelo seu antecessor, Paulo Varanda, que sendo atualmente vereador, e sem que nada o fizesse prever, bate, agora, palmas ao acordo estabelecido pelo executivo. À partida os diversos atores políticos do concelho, ficaram satisfeitos pelo novo conjunto de aspetos que constituem o documento que será entretanto submetido à Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR) e que deverá entrar em funcionamento, de acordo com Pedro Ribeiro, ao nosso jornal, em março do próximo ano. Entre as condições acordadas está a revisão em baixa do contrato: 0,6 por cento nos próximos seis anos, ou seja apenas 0,1 por cento ao ano; a redução da Taxa de Rentabilidade Interna (TIR) do contrato, grosso modo os lucros da concessionária, de 11,2 por cento para 8,4 por cento; a reposição de todas as prestações mensais que a empresa deixou de pagar ao município durante as negociações e que perfazem 690 mil euros; e assegurar a construção da ETAR de Valada e a reconversão da ETAR de Pontével num investimento de cinco milhões, 800

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mil euros, sem encargos para o município e já com fundos comunitários assegurados com início em 2017, a par da construção da ETAR de Lapa/Ereira até 31 de dezembro, ainda que sem fundos comunitários aprovados. Paulo Varanda foi o principal visado ao longo de todo o processo por, na opinião de Pedro Ribeiro, ter feito um acordo com a Cartágua “sem que tivesse sido dado o parecer por parte dos serviços e dos técnicos da Câmara”, lesando desta forma “o interesse dos cartaxeiros”. No rol de críticas, Pedro Ribeiro juntou ainda o facto de o seu antecessor ter levado a assembleia municipal para discussão e aprovação um documento em que o denominado fator z não estava claro para quem estava incumbido de votar. Incluído no contrato adicional negociado entre a empresa e o anterior executivo, previa um aumento do tarifário suplementar de cinco por cento ao ano, a acrescentar à atualização normal, nos seis anos seguintes. Paulo Varanda, vereador independente, perante os novos factos e em declarações ao nosso jornal refere que está “bastante satisfeito”, e inclusivamente deu os parabéns a Pedro Ribeiro. No seu entender, o município conseguiu um bom acordo para a TIR, que desta forma alcança “uma boa abertura quanto ao respaldo financeiro dos investimentos, bem como diminui o próprio risco do investimento”. Apesar de o tarifário apenas prever uma décima de decréscimo por ano, Paulo Varanda nem nesta parte considera que o acordo podia ter ido mais além - “Não pode-

mos ser minimalistas, pois estamos a falar de uma concessão para 35 anos. O que se conseguiu alcançar vai-se repercutir em futuras não subidas da água”. O vereador pelas suas contas acredita que os consumidores do Cartaxo vão pagar cerca de mais 60 cêntimos por mês (até aos 10m3). O vereador vai mais longe e também refere que sente esta conquista como sua - “Feitas as contas, as minhas declarações foram compatíveis com o alcançado e daí o meu voto de congratulação”, refere rejeitando qualquer derrota neste processo. O vereador do PSD Vasco Cunha refere por seu turno que esperava mais quanto à descida de tarifário. Relativamente aos outros parâmetros do acordo que não estão diretamente relacionados com os custos imputados aos consumidores diz que está na expetativa tendo em conta que ainda não foram entregues os documentos oficiais. O investimento previsto com a ETAR Lapa/Ereira até finais de 2017 está dependente da aquisição do terreno por parte da Câmara Municipal para esse efeito. O novo contrato refere que caso o cofinanciamento comunitário não seja obtido previamente ao início da obra, a concessionária assumirá, conforme previsto, a quota-parte da responsabilidade da concedente (Câmara), com direito a apresentar um novo pedido de reposição do equilíbrio financeiro. Se isto pode significar um regresso à estaca zero, dado estar novamente em causa o reequilíbrio, Vasco Cunha diz que não acredita que isso aconteça “Penso que coloquem os investi-

Consumidores não sentirão no imediato alterações significativas segundo os responsáveis mentos a andar caso contrário a empresa também pode ser penalizada”. O vereador considera ainda que no campo das retribuições à Câmara, o acordo foi o possível. Não foi baixado o valor em relação ao que já estava no contrato em 2013. De 2017 a 2045 a concessionária tem de pagar no total 17 milhões de euros à Câmara. “Podemos questionar é se daqui a mais ou menos 30 anos, quando estivermos a atingir o fim da concessão em que as rendas serão de 200 mil euros anuais, que sentido terá este valor”. Presidente da Cartágua diz que “há uma delapidação fortíssima da empresa” O presidente da Câmara, Pedro Ribeiro, em clima de vitória, consubstancia que foi devolvida a “transparência” a todo este processo, vincando que se conseguiu

uma solução para o médio/longo prazo da concessão nomeadamente no que toca à TIR, que “fará com que os reajustamentos que sejam necessários no futuro possam ser mais ténues”, bem como os investimentos nas obras. Num dos últimos relatórios da ERSAR, a respeito do acordo alcançado entre Paulo Varanda e a concessionária, a entidade alertava para a necessidade de se adaptar o contrato à atividade da limpeza de fossas séticas em locais onde a rede de saneamento não esteja disponível de acordo com a legislação ambiental. No concelho de Azambuja este serviço está a ser debitado em locais onde os esgotos ainda não estão ligados através de um valor na fatura mensal, o que está a causar um grande alarido entre a população. No caso do Cartaxo, Pedro Ribeiro diz que este fator também está a ser estudado, e garante que só “será enquadrado o que decorre da lei”,

sendo que “os juristas da Câmara estão a passar todos a informação a pente fino”. Durante a reunião de Câmara, o presidente do conselho de administração da Cartágua, Carlos Conceição, afirmou que “chegámos a acordo, mas um bocadinho em desacordo”. “Após três anos de intensas, duras, difíceis, disputadas, aguerridas, tensas, reuniões”. Referiu por isso as “30, 40 ou 50 reuniões que tivemos”. “Há aqui um conjunto de pressupostos que assumimos e há aqui uma delapidação fortíssima da Cartágua”. Declarando que a redução da TIR – de 11,4% para 8,4% –, se “somou a três anos sem qualquer atualização do tarifário”, o que disse representar menos um “milhão de euros de faturação pela não atualização da tarifa” – valor decorrente da não aceitação do aumento da água pelo atual executivo, enquanto as negociações decorriam.

Governo deu escassos dias aos municípios

Azambuja aprova adesão à “Águas do Tejo Atlântico” Assembleia Municipal de Azambuja aprovou a adesão de Azambuja ao novo sistema de abastecimento de água e saneamento “Águas do Tejo Atlântico”, no dia sete de dezembro, por cisão do atual sistema. Antes em reunião de Câmara, a Coligação Pelo Futuro da Nossa Terra, através do vereador António Jorge Lopes, considerando que o documento foi apresentado de forma repentina e pouco conclusiva quanto aos interesses do concelho de Azambuja exortou no sentido de serem incluídos os mesmos pressupostos que há ano e meio atrás ilustraram a posição do município aquando da constituição da “Águas de Lisboa e Vale do Tejo”, nomeadamente, e entre outros pontos: as obras em alta no norte do concelho. A su-

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gestão acabou por não ser aceite. O vereador David Mendes, da CDU, também mostrou sérias reservas sobre o documento, nomeadamente, considerou que “a proposta não é real pois fixa as tarifas tendo em conta valores virtuais – número de população e capacitações mal calculadas”. O eleito não tem dúvidas – “ que tudo isto tem como objetivo pagar as dívidas colossais da Águas de Portugal”. Tendo em conta este quadro, “devíamos poder escolher fazer parte ou não desta nova empresa. Somos submetidos a uma prepotência que não é aceitável”, referiu. “Temos uma informação técnica de duas páginas em que não se fez uma análise crítica com o argumento de que só tínhamos 10

dias para a aprovar”, juntou António Jorge Lopes. Luís de Sousa, presidente da autarquia, voltou a focar que os investimentos em falta vão arrancar de uma vez por todas, nomeadamente, em Vila Nova de São Pedro, Espinheira e Casais das Boiças. Os municípios que fazem parte do sistema em alta em questão “Águas de Lisboa e Vale do Tejo”, que vai agora criar este novo braço – no qual se vão passar a incluir os 12 municípios do Oeste, os municípios da Área Metropolitana de Lisboa, e ainda Mafra, Azambuja e Rio Maior – têm vindo a receber desde finais de outubro para aprovação, nos respetivos órgãos autárquicos, o documento em causa remetido pelo ministério do Ambiente, tendo em conta a nova empresa no

qual figuram os estatutos, o contrato de concessão, a estrutura acionista e o acordo parassocial. O governo socialista quer reverter o processo de fusão de sistemas municipais de água e saneamento levado a cabo pelo anterior Governo PSD/CDS-PP, ao criar 19 grandes sistemas no país. Na área de Lisboa e Oeste, a atual empresa Águas de Lisboa e Vale do Tejo resultou da fusão das Águas do Oeste, SANEST e SIMTEJO. A proposta apresentada prevê que a Águas de Portugal detenha mais de 50 por cento do capital da “Águas do Tejo Atlântico”, o que não estará a agradar a todos os municípios nomeadamente Loures, que defende que os municípios deverão deter a maioria do capital da empresa.

Autarquia teve de aprovar proposta rapidamente


Saúde

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Valor Local

Presidente da Abraço, Gonçalo Lobo

Mudança de paradigma do HIV obriga a novas exigências No dia 1 de dezembro assinalou-se mais um Dia Mundial da Luta contra a Sida, e o Valor Local entrevistou o presidente da Associação Abraço, Gonçalo Lobo, que fez o balanço da evolução da doença em Portugal, quais as expetativas para o futuro no combate à doença, e até que ponto as campanhas de informação conseguiram ter um efeito positivo quer na prevenção quer no combate à discriminação. Valor Local - Quais são os desafios da Abraço no atual contexto da evolução da doença que caminhou para um padrão mais crónico e em que as taxas de mortalidade diminuíram acentuadamente? Gonçalo Lobo - Com a mudança de paradigma que a infeção sofreu nos últimos 30 anos, ao passar de uma questão de mortalidade e de pouca esperança de vida, para outra questão, estamos neste momento a trabalhar para garantir que as pessoas envelheçam com o VIH com qualidade de vida numa idade mais avançada, tendo em conta que são doentes que fazem uma medicação crónica e que traz consigo algumas complicações inerentes ao funcionamento sistémico do organismo. No momento atual, considera que o estigma relacionado com o HIV/SIDA diminuiu ou ainda existe muita desinformação? Três décadas depois do registo dos primeiros casos de sida, os infetados por VIH continuam a ser estigmatizados e discriminados, com impacto na sua saúde física e mental. Continua também a existir muita iliteracia no tema do VIH muito concentrada na crença de que esta infeção pertence a grupos específicos, a grupos de risco, a grupos que se comportam de forma desviante da norma. Esta crença é o ponto de partida para uma atitude de distanciamento a esta infeção e consequente estigmatização e discriminação que observamos demasiadas vezes.

Existem grupos vulneráveis para a saúde no global, para o VIH em específico, e precisamos de intervir de forma específica e adaptada. No entanto, quando observamos que mais de metade das novas infeções, durante anos consecutivos, têm sido através de relações heterossexuais, percebemos que não podemos deixar cair a intervenção na população em geral. Observamos um padrão crescente nas novas infeções no grupo: “Homens que têm Sexo com outros Homens” (HSH), verificado a nível europeu. Provavelmente o grupo mais informado em relação a todas as Infeções Sexualmente Transmissíveis (IST). A informação per si não é fator protetor. São do conhecimento geral as formas de transmissão do VIH, é raro a pessoa que não as enumere com facilidade. Noventa por cento das transmissões de novos casos que se apresentam no nosso país são através de relações sexuais desprotegidas. Uma relação sexual é caracterizada sobretudo por afetos e emoções. O conhecimento, no geral, é secundário. Talvez a iliteracia no nosso país não seja no tema do VIH ou outra IST, mas na educação sexual e todos os temas que envolvem a sexualidade humana. A infeção pelo VIH sofreu uma evolução enorme nas últimas décadas. Hoje é considerada uma infeção crónica. Temos de ter a capacidade de adaptar a nossa intervenção e a nossa comunicação à realidade presente, utilizando todas as ferramentas disponíveis.

A nível dos cuidados de saúde que aspetos há a melhorar (hospitais, centros de saúde, acesso aos medicamentos, etc)? O nosso serviço nacional de saúde, no geral, apresenta respostas eficazes na área do VIH/Sida. A comunidade médica em Portugal é de referência e os médicos de doenças infecciosas não são exceção. Para as pessoas diagnosticadas e em tratamento é fundamental a continuidade do mesmo, evitando ao máximo situações de roturas de stock que alterem as dinâmicas estabelecidas na disponibilização da medicação ao utente. A comunidade científica comprova com vários estudos que o diagnóstico e o tratamento devem ser realizados o mais precocemente possível nas pessoas que adquirem esta infeção. A qualidade de vida das pessoas com a infeção, e a diminuição da taxa de incidência no nosso país, depende do trabalho conjunto entre os cuidados de saúde e os serviços de base comunitária na promoção da prevenção primária e secundária. Apenas desta forma os resultados serão significativos. Tendo em conta os diferentes grupos de risco, qual ou quais apresenta(m) taxas superiores de contágio atualmente? Pela análise das tendências temporais é nos revelado que a taxa de novos diagnósticos de VIH/Sida tem decrescido a nível europeu, Portugal incluído, de forma consistente ao longo dos anos, no entanto, no presente, somos um dos

países com a maior taxa de incidência da União Europeia (segundo o Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças em 2014). A transmissão por via sexual corresponde a mais de 90 por cento dos novos casos, concentrando mais de metade das mesmas nas faixas etárias dos 20 aos 44. Um quarto das novas infeções ocorreu em pessoas com 50 ou mais anos de idade. Quanto às três principais categorias de transmissão, foi mantido o padrão registado nos últimos anos. A proporção de novos casos de transmissão através de relações heterossexuais manteve-se estável em cerca de 60 por cento, tendo-se assistido novamente a um aumento da proporção de novos casos de transmissão em homens que têm sexo com homens(HSH), representando 32 por cento. A transmissão verificada em utilizadores de drogas injetáveis continua a diminuir, e ronda os quatro por cento dos novos casos neste último ano. Neste momento, Portugal em comparação com os outros países da União Europeia em que posição fica tendo em conta: aumento de casos; farmacologia acessível, centros de aconselhamento, trabalho desenvolvido ao nível do serviço nacional de saúde? Portugal apresenta níveis de qualidade de resposta nesta área semelhantes aos seus parceiros europeus. As taxas de diagnósticos tardios e incidência, diretamente correlacionadas, continuam a des-

Abraço defende a pílula da sida toar nesta estatística. As políticas nacionais de saúde têm desenvolvido estratégias específicas para alterar esta realidade, com resultados efetivos, que esperamos que tenham continuidade e melhoras ao longo do tempo. Qual a posição da Abraço em relação à denominada pílula da sida? Se se referem ao PrEP, nós ABRAÇO somos a favor. Achamos que existem populações que continuarão a não utilizar preservativo, pelo que o PrEP pode ser apresentada como opção e/ou combinada com outros métodos de prevenção. Tudo o que aumente a panóplia de métodos preventivos será sempre benéfico pois permite-nos chegar a mais pessoas. Os estudos têm incidido essencialmente sobre a população HSH e tem demonstrado resultados eficazes. Na nossa opinião poderá ser aumentado para casais sorodiscordantes (uma pessoa com HIV e

uma pessoa sem HIV) e para outras pessoas de risco mediante inquérito prévio por um profissional de saúde para determinação de probabilidades. As pessoas que decidam fazer PrEP deverão ser testadas previamente e serem acompanhadas de três em três meses para ir buscar mais medicação e para controlo e monitorização. Visto a medicação utilizada, nome comercial Truvada (TDF) provocar alterações renais, quem tenciona fazer PrEP deverá fazer um check-up ao rim antes de iniciar pois poderá não ter critérios clínicos para iniciar devido a patologia renal prévia. Outro efeito secundário que também ainda não está claro, é que o TDF provoca uma redução da densidade óssea, o que pode colocar os sujeitos mais vulneráveis a fraturas. No entanto parece que os resultados ainda não são conclusivos, que este efeito é reversível quando os sujeitos deixam de tomar.


Valor Local

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Destaque

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Legionella 2 anos depois

A Sombra do Cansaço ¢ Sílvia Agostinho assaram dois anos do surto de legionella em Vila Franca de Xira. Apenas este ano a investigação conseguiu confirmar nove arguidos neste processo, entre eles as duas empresas: a Adubos de Portugal e a General Eletric. Morreram 14 pessoas num total de cerca de 403 infetadas. A acusação ainda não foi deduzida e o processo enfrenta neste momento alguns entraves. A Polícia Judiciária refere que a disseminação da bactéria através das torres de refrigeração industrial, “mesmo causando perigo para a vida ou integridade física”, poderá “não constituir crime de poluição com perigo comum”, uma vez que não existe legislação específica – apenas recomendações, sem força de lei. A doença do legionário é provocada pela bactéria Legionella pneumophila e contrai-se por inalação

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de gotículas de vapor de água contaminada (aerossóis) de dimensões tão pequenas que transportam a bactéria para os pulmões, depositando-a nos alvéolos pulmonares. Na altura, segundo o comunicado conjunto da DireçãoGeral da Saúde, do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo e da Inspeção Geral da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território as análises confirmaram “que o isolamento por cultura da legionella encontrada em amostras de água de torres de arrefecimento, apresentava um perfil molecular semelhante ao das estirpes clínicas”. Fomos ao encontro de alguns desses doentes que em 2014 foram vítimas do surto. Todos ficaram com sequelas, especialmente um cansaço constante que os acompanha sempre

como se de uma sombra se tratasse. Motorista de profissão, Joaquim Perdigoto Ramos, morador na Póvoa, ainda se lembra como tudo começou. Foi no dia seis de novembro de 2014 que começou a sentir os primeiros sintomas que se caracterizavam por “febre, dores de cabeça, frio”. Foi ao hospital de Vila Franca de Xira onde lhe diagnosticaram um quadro de pneumonia. O médico receitou-lhe uns antibióticos e garantiu-lhe que podia voltar entretanto ao trabalho. Passados dois dias, o seu estado de saúde agravou-se. Os medicamentos não fizeram “efeito nenhum”. É então nesta altura que começam a surgir as primeiras notícias na comunicação social que davam conta de um surto de legionella no concelho de Vila Franca de Xira. Joaquim Perdigoto Ramos não associou, mas não demorou

muito a voltar ao hospital. “Estava a começar a sentir muita falta de ar, e não melhorava com nada”. “Cheguei ao hospital às 10h00 da noite e à meia-noite recebi o veredicto. Tinham-se passado cinco dias desde que começara a sentir os primeiros sintomas”. No dia seguinte foi transferido para o Hospital São Francisco Xavier. “Quer neste hospital quer no de Vila Franca fui sempre bem tratado, embora muita gente diga que correu mal aqui”. No hospital do concelho, “havia um grande caos mas acredito que se ainda estivéssemos no antigo, tinha morrido mais gente”. Na sua memória, ainda guarda as imagens quase cinematográficas de “cadeirões, sofás, e macas repletos de gente” em que “os médicos e os enfermeiros não tinham para onde se virar”. Nas suas palavras, o que aconteceu em Vila Franca só tem paralelo

com os filmes – “Parecia um autêntico hospital de guerra”. Ficou internado no hospital em Lisboa cerca de 12 dias - “Onde fui sempre muito bem assistido”. Perante as notícias que se iam sucedendo que davam conta da morte de vizinhos e conhecidos às mãos de um vírus improvável, não esconde que “ficava, por vezes, com um bocadinho de medo”. Contudo, e como “ia sentindo algumas melhoras esse fantasma foi desaparecendo, mas não escondo que nos primeiros dias no São Francisco Xavier tinha muita tosse, falta de ar, febre, e mal conseguia dormir.” Mais tarde e depois de recuperado, Joaquim Perdigoto Ramos considera que ficou com a ideia de que o diretor geral de Saúde, Francisco George, e o ministro do Ambiente de então, Jorge Moreira da Silva, “tentaram camuflar as evi-

dências e as responsabilidades”. “De um momento para o outro deixou-se de falar da legionella”, deduz. As sequelas da doença manifestam-se todos os dias – “Era fumador antes do dia seis de novembro. Desde esse dia que nunca mais fumei. Mas se antes quando fumava nunca me cansava, agora ando 50 metros e fico logo cansadíssimo”, descreve e deixa a questão – “Com que fundamento em 2012 se abandonou a lei que impunha a obrigatoriedade de fiscalização do controle de qualidade do ar em empresas como aquelas de que se falou”. Por isso, não considera que “A Adubos de Portugal seja culpada mas o nosso Estado corrupto”. Depois deste surto, “a lei ainda não mudou, quando já devia ter sido”. Motorista da Rodoviária de Lisboa, refere que sete colegas também


Valor Local foram contaminados pelo vírus da legionella, e no seu entender a versão que agora aponta para a possibilidade de a doença ter sido transmitida “pessoa a pessoa” não lhe parece plausível. “Então no meu caso eu teria contaminado todas as pessoas que entram no autocarro nas voltas que faço até Lisboa/Areeiro”. Para a sua empresa, o facto de tantos motoristas terem sido afetados, “pesou mas a empresa apoiou-nos bastante”. Joaquim Perdigoto Ramos é hoje também mais sensível às gripes e constipações e até algumas alergias diz sentir. Tem consulta marcada para o início do ano para monitorização da questão em causa, “mas das últimas vezes disseramme que está tudo bem, apesar das

sequelas com que fiquei”. Quando se fala no apoio dado pelos órgãos autárquicos (junta e Câmara local), este habitante da Póvoa de Santa Iria considera que houve muito “show off e mediatismo da parte da Câmara”. (A Câmara de Vila Franca de Xira assinou um protocolo com a delegação local da Ordem dos Advogados no sentido de prestar apoio jurídico gratuito (durante três meses) às partes envolvidas, aconselhar e encaminhar as famílias que quisessem colocar processos aos suspeitos do foco no município). Quanto à junta, “chamou-me há dias para me incentivar a constituir uma associação de vítimas da legionella”. Joaquim Perdigoto Ramos diz que

Destaque está na expetativa para ver o que se vai seguir, e acredita que o caso possa passar por colocar o próprio Estado em tribunal. Se um dia será ou não feita justiça, não pensa nisso. “Não estou a pensar na indemnização, mas penso antes nos meus filhos e no futuro dos cidadãos do Forte da Casa e da Póvoa porque se ninguém fizer nada os lobbies das fábricas vão continuar impunes”. E neste aspeto deixa o repto – “De dia nada lançam para a atmosfera, mas durante a noite vemos intensas nuvens de fumo de fábricas como a ADP, a Valorsul, a Cimpor, e valia a pena uma visita guiada. Será que estas empresas são fiscalizadas à noite, quanto aos tetos máximos de emissão de gases?”.

Presidente da União de Freguesias defende criação de associação presidente da União de Freguesias da Póvoa de Santa Iria e Forte da Casa, Jorge Ribeiro, acredita que as vítimas de legionella deveriam formar uma associação para que numa lógica de “a união faz a força” poderem lutar pelos seus direitos de uma forma “mais ativa”, porque “não podemos deixar que este assunto caia no esquecimento”, e “a culpa não morra solteira”. Jorge Ribeiro confessa que tem assistido a um misto de atitudes – “por um lado há quem se mantenha perseverante e outros já baixaram os braços”. Prova disso é que apenas uma pessoa decidiu até ao momento levar o processo em frente até às últimas consequências. Os restantes estão integrados na ação conjunta. Quanto ao tempo da investigação refere que “não pode levar a vida toda”, e por isso pede celeridade. No total das duas freguesias 114 pessoas foram infetadas pela doença. O Estado, na sua opinião, também deve ser responsabilizado pela mudança brusca na lei. Sobre o alegado show off da Câmara quanto à ajuda jurídica, desmente referindo que houve quem não percebesse bem o que estava em causa. “As pessoas tinham direito a uma primeira consulta de aconselhamento jurídico, em que lhes foi dito como teriam de agir, mas depois os passos seguintes seriam individuais, não podia ser a Câmara ou a Ordem dos Advogados a seguir com a burocracia.” Jorge Ribeiro sublinha ainda o apoio psicológico que foi dado às vítimas pelos técnicos da autarquia.

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Vítima diz que o Estado também deve ser julgado

Câmara quer mais celeridade judicial Câmara Municipal de Vila Franca de Xira encontra-se na expetativa mas também alerta para o que se pode vir a seguir. O presidente da autarquia, Alberto Mesquita, reforça que já se passaram dois anos, e por isso a justiça deverá ser mais célere, apesar de ser tratar de uma “averiguação complexa”. Sobre a mais recente notícia que dá conta da possibilidade de a ADP e General Eletric não serem responsabilizadas por crime ambiental por falha na legislação e apenas por infrações de regras e dano em instalações, comprometendo-se assim o objetivo final das vítimas, Alberto Mesquita considera que “tudo isso é ainda extemporâneo”, sendo que “há outros enquadramentos legais possíveis a considerar”. Esta é segundo o autarca uma opinião também ela partilhada pela delegação de Vila Franca da Ordem dos Advogados. “De qualquer forma, desde o início deste processo que a Câmara Municipal tem defendido que a legislação ambiental deve ser bem analisada pelo Governo para que se procedam às alterações consideradas pertinentes para a exigência de um adequado controlo ambiental das empresas”, dá a nota referindo-se ao facto de, ao fim e ao cabo, a legislação ter andado para trás a dada altura. A Câmara diz ainda que prestou auxílio através da Ordem dos Advogados às vítimas e famílias, disponibilizando gratuitamente 30 advogados a perto de 200 pessoas, que apresentaram queixa-crime no Ministério Público. Esse apoio foi dado gratuitamente durante três meses, segundo o que chegou a ser anunciado em conferência de imprensa. A Câmara diz que em conversa com a empresa ficou com a convicção de que assumirá a sua responsabilidade “que vier a decorrer da investigação em curso”. Mediante também a acusação que venha a ser produzida “o município considera interpor uma ação a fim de ser ressarcido pelos danos que o concelho foi alvo”.

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Destaque

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Valor Local

Fernando Marques

“Sinto-me sempre fraco” ernando Marques foi também uma das vítimas deste surto epidémico. Ainda hoje as sequelas estão presentes, e tal como os demais afetados pela legionella o cansaço repentino e constante é uma realidade com a qual teve de se habituar a conviver. Naqueles primeiros dias de novembro de 2014, ainda se lembra como tudo começou – “Sentia-me cheio de frio, mesmo muito frio”. Tal como muitas outras pessoas que se sentiram mal, pensou tratar-se de mais uma gripe da estação. Fernando Marques trabalha num café, e para aguentar os dias seguintes sem ter de deixar de trabalhar, achou que vestindo mais roupa o caso podia melhorar de figura mas não foi assim. Rapidamente foi levado de ambulância para o hospital de Vila Franca de Xira, onde lhe foi diagnosticado o quadro de legionella. Lembra-se de uma sala cheia de doentes, “todos mais ou menos desesperados”. De seguida foi enviado para o Hospital São Francisco Xavier, para onde também foram encaminhados os restantes doentes. Aqui ficou internado durante 12 dias seguintes, tendo sido submetido a

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uma série de exames constantes aos pulmões, análises, colonoscopia, e endoscopia. Depois de ter regressado a casa, teve de voltar por causa de uma consulta, e aca-

bou por ser internado novamente por mais 11 dias, “porque um dos pulmões ainda apresentava aquela mancha branca como os médicos lhe chamam”. Quando o pesa-

delo terminou foi ficando a saber que um ou outro vizinho também tinha apanhado o vírus. “Fiquei bastante surpreendido, e troquei algumas impressões com essas

Os primeiros sintomas foram de muito frio mas não ligou

pessoas, acerca dos sintomas e de tudo o que tínhamos passado”. Apesar da dificuldade em debelar o caso, diz que nunca se sentiu em pânico pois tranquilamente foi dando conta de que estava a ser bem seguido pelos médicos do São Francisco Xavier – “Foram cinco estrelas, e por isso fui sempre tratadinho como deve ser”. Diz que nunca pensou na morte, e o nome legionella, confessa que lhe era estranho – “Nunca tinha ouvido falar em tal coisa”. Fernando Marques ainda continua a ser seguido devido ao episódio mas mais espaçadamente do que no início. Este morador da Póvoa diz que nunca se interessou muito por procurar seguir com o caso para a frente a nível judicial. Esteve na junta da Póvoa, onde em conjunto com a população os autarcas “tentaram reunir papelada para preenchermos e pedirmos uma indemnização”. “Acabei por não meter papel nenhum, e pensei que o melhor era estar quieto porque possivelmente não vai dar em nada. Tinha de contratar um advogado e gastar no pagamento de honorários, até que o caso esteja

resolvido, talvez daqui a uns cinco ou seis anos”. Hoje faz a sua vida normal, a fraqueza nas pernas vai acompanhando-o e é um sinal de que um dia fez parte das estatísticas de um dos maiores surtos a nível mundial. A mesma energia dantes, é algo que nunca mais sentiu. “Sinto-me fraco. É o meu estado normal agora”. Embora hoje não perca tempo a pensar no que se passou no sentido de colocar no banco dos réus os culpados e os condenar por isso, não tem dúvidas de que aqueles que perderam familiares devido à legionella devem prosseguir esse intento, bem como “os que ficaram em pior estado do que eu”. Quanto ao papel da junta e da Câmara é da opinião de que “fizeram o possível, se calhar não podiam fazer muito mais”. “Disponibilizaram-se com a papelada, depois cada um teria de seguir o seu próprio caminho”. Se as empresas da Póvoa e do Forte da Casa melhoraram o seu modo de atuação a nível ambiental refere que não tem conhecimentos mas como diz o ditado “depois de casa arrombada trancas à porta”.

Maria Adelaide desistiu da ação judicial

“Indemnização só serviria para pagar ao advogado” aria Adelaide foi também uma das atingidas pelo surto de legionella. Moradora em Azambuja, trabalha num jardim-de-infância na Póvoa de Santa Iria, tendo sido a única na instituição a contrair a doença, “talvez por trabalhar na cozinha onde os vapores se adensam”, disse à nossa reportagem há dois anos por altura do surto. Hoje já em 2016, o cansaço também no seu caso é o “companheiro indesejado” do quotidiano. Começou a sentir os primeiros sintomas no dia oito de novembro, quando surgiram também os primeiros infetados deste surto, mas só foi ao hospital no dia 10. Na altura não prestou muita atenção aos sintomas, e o marido, António Silvestre, que assiste à nossa reportagem não hesita em dizer que é teimosa, “ e que preferiu tomar leite com mel e uns comprimidos apesar de a ter incentivado a ir ao médico”. Maria Adelaide pensava que era febre, mas a verdade é que um dia antes de ir para Vila Franca teve alucinações. “Parecia que ouvia gatunos em casa à noite, fiquei aterrorizada. Era já o efeito da febre”, lembra-se. Na segunda-feira, dia 8, foi ao Hospital de Vila Franca de Xira, onde esperou quatro horas nas urgências. Com o surto instalado já há vários dias, e com centenas de pessoas hospitalizadas, a unida-

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de, segundo a mesma, “não criou qualquer espécie de corredor de urgência para quem chegasse com sintomas de legionella”. “Demoraram hora e meia para triar, e deram-me a pulseira amarela”. Foi entretanto transportada para o Hospital São Francisco Xavier, “onde vinham picar-me de hora a hora”. “Durante o tempo em que fiquei internada, tive expetoração com sangue, e muitas dores de estômago, devido à força da tosse. Passei um mau bocado, fiquei alarmada a pensar que podia não ser só legionella, mas depois lá me sossegaram”, salienta, concluindo que apesar de tudo: “Fui sempre muito bem atendida, calhou-me uma médica espetacular”. Passou oito dias no hospital em causa, e depois regressou a casa. Curou-se e diz que ainda chegou a receber uma carta para efetuar um rastreio no hospital de Vila Franca em conjunto com os demais afetados pela legionella, “mas depois não me chamaram”. Maria Adelaide continua a trabalhar na mesma instituição mas é com as lágrimas quase nos olhos que salienta o facto de as colegas terem alguma paciência para consigo dado que não consegue trabalhar durante muito tempo sem se começar a sentir cansada – “Elas vão-me rendendo e ajudando”, expressa.

Aquando da primeira vez que falámos com Maria Adelaide esta demonstrou a sua vontade de andar com o processo para a frente no sentido de sentar os culpados no banco dos réus, hoje essa hipótese está enterrada e esquecida – “A minha advogada disse que no meu caso, como não fui das mais afetadas não conseguiria mais do que três ou quatro mil euros de indemnização. Ora só para pagar a um advogado teria de desembolsar 80 euros por mês (960 euros por ano). Como isto já se arrasta há dois anos, e ainda deve estar para durar, cheguei à conclusão que não valia a pena”. Por outro lado, a Câmara de Vila Franca “deu a ideia de que ia apoiar todo o processo mas não passou de treta e de conversa”, salienta António Silvestre. Hoje diz que apesar de tudo não ficou traumatizada e ainda brinca com as colegas sempre que abre a máquina de lavar louça e sai de lá de dentro o vapor da lavagem – “Digo que qualquer dia apanho outra vez a legionella”. Bastante crítica da nova lei que diminui a obrigatoriedade das manutenções, aponta a culpa ao anterior Governo. António Silvestre até junta – “Sempre me lembro daquela fábrica, a ADP, parar no verão para as manutenções”, como que a indicar que se está a pagar uma fatura

muito elevada pela negligência que passou a ser quase que autorizada no Governo anterior. “O Estado português devia ser processado”, conclui Maria Adelaide. Nesta reportagem ouvimos ainda o Hospital de Vila Franca de Xira que sublinha, apesar das críticas desta paciente ouvida na nossa reportagem, “a capacidade de identificação do vírus, a excelente resposta clínica, a mobilização interna de todas as áreas do hospital, a articulação e comunicação entre as equipas e com as entidades externas” nomeadamente, “através da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do

Tejo, e com diversos hospitais da rede do Serviço Nacional de Saúde que assumiram uma grande relevância ao longo deste processo”. O Valor Local questionou no sentido de saber que ensinamentos tinham sido recolhidos e caso no futuro aconteça um surto semelhante se haveria algo a corrigir ou de que maneira a resposta seria diferente, mas o hospital não respondeu a esta pergunta, concluindo apenas: “A nossa rápida e eficaz resposta ao surto de legionella foi, aliás, elogiada e reconhecida publicamente pelas diferentes autoridades de saúde e, nomeadamente, pelo ministro da Saúde e pelo

diretor geral de saúde”. O Valor Local contactou, ainda, a Direção Geral de Saúde mas sem resultados. Quanto à ADP e General Eletric, em declarações ao Valor Local, em julho deste ano referiram que “foram cumpridas de forma inequívoca todas as obrigações legais decorrentes da sua licença ambiental que foi renovada em procedimento ordinário e sem qualquer alteração substancial ao seu conteúdo, a 20 de outubro de 2015.” A empresa apenas dois anos depois veio lamentar o sucedido e expressar a sua solidariedade para com as vítimas.

Maria Adelaide fotografada pelo nosso jornal em 2014


Valor Local

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Ambiente

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Valor Local

Apresentação do estudo do Canhão Cársico de Ota

Despoluição do rio é vital tendo em vista o estatuto de paisagem protegida equipa que estudou exaustivamente 100 hectares do denominado Canhão Cársico de Ota, projeto incluído no Orçamento Participativo de Alenquer, deu a conhecer os resultados desse trabalho numa apresentação pública que contou com a presença de responsáveis políticos locais, Governo e organismos do Estado no dia 25 de novembro precisamente em Ota, e segue-se agora a sua classificação como Área Protegida – Monumento Natural José Carlos Morais, coordenador do estudo, em entrevista ao Valor Local, salienta que das descobertas levadas a cabo pela equipa salientam-se dois sítios arqueológicos naquele património natural já visto como a nova jóia do concelho. Em dez locais registaram-se 10 ocorrências arqueológicas importantes. Foram classificados 1700 materiais arqueológicos que vão desde o Paleolítico ao Período Islâmico. Do ponto de vista geológico, o Canhão Cársico da Ota já era considerado o acidente geológico mais importante do país e por isso referenciado como constante da lista de geossítios de Portugal. E uma das preocupações prende-se com o atravessamento deste monumento natural por um rio “bastante poluído”. Na origem estarão algumas pecuárias a montante, “que tentámos apurar mas todos os afluentes vinham bastante poluídos”. Estamos a falar de “explorações ainda dentro do concelho”, entre Ota e Montejunto. Foram detetados “valores muito elevados de bactérias e de coliformes fecais”, salienta. A esperança do bió-

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logo neste momento reside no projeto para a requalificação dos Olhos de Água também em Ota, e na necessidade de limpeza do local. “Só se poderá fazer ali um espelho de água se esse rio for limpo, caso contrário não faz sentido, e acabaremos por criar ali uma espécie de ETAR por decantação”, avança. A flora do local foi também alvo de estudo e 400 espécies identificadas. E entre essas há a salientar 32 que são consideradas raras, ameaçadas, em perigo de extinção, ou endémicas. Sendo que algumas delas só podem ser encontradas no Canhão Cársico de Ota, “nomeadamente as que habitam este tipo de habitats muito específicos como é o caso da nossa cascalheira, em que se adaptam à humidade própria deste relevo”. Do trabalho da Câmara Municipal de Alenquer tendo em vista a classificação do sítio, José Carlos Morais está satisfeito com o seguimento que está a ser dado ao que foi levado a cabo pela sua equipa. “Daquilo que me foi dado a perceber o trabalho do município já deixa algumas pistas, e se for classificado como área protegida de âmbito local tal é muito importante”, nomeadamente quanto a “novos licenciamentos de pedreiras ou extensões de trabalhos que vão ter de deixar de existir”. Esta é uma atividade comprometedora para as melhores intenções quanto ao canhão “mas perspetiva-se que o controle e a regulamentação sobre as que ainda laboram no local será superior”; assim como “também existirá maior controle a nível da visitação do espaço para

Curso de água apresenta sinais de poluição devido às pecuárias evitar que se pisem espécies importantes, as pessoas deverão ser antes guiadas por um especialista, se assim quisermos designar”. A forma como o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas recebeu a intenção da área protegida, “foi muito positiva”, assente na possibilidade daquele património integrar também “a rede nacional de áreas protegidas”. Principalmente, este estudo e o que se pode vir a seguir deixou “as próprias pessoas de Ota mais curiosas por conhecer melhor o canhão, principalmente o seu vale ainda pouco explorado, e relativamente inacessível”. A serra enquanto área de lazer e de passeio

é mais conhecida, a qual a Câmara também quer classificar. Os mais velhos de Ota “gostavam de voltar a ter uma nova área fluvial requalificada na zona da nascente, mas teria de passar por a EPAL deixar de captar, e pela despoluição do rio, daí esse projeto dos Olhos de Água”. Em relação a quem não é de Ota, “aí sim houve um boom de necessidade de conhecimento”. “Estou a lembrar-me de uns dinamarqueses que passaram por Ota à procura do canhão, muitos estrangeiros quiseram chegar até lá”. Um centro de interpretação deverá ser à posteriori o passo seguinte, “na sequência da área protegida”.

Inicialmente cético quanto a uma predisposição da Câmara para este projeto, acredita que desta feita “há uma outra maneira de olhar para estas questões, e sinceramente nunca consegui antes trabalhar com a Câmara, no passado, como aconteceu agora”. “Todos elogiam hoje o projeto apesar de no início ter sido chumbado no OP, ainda bem que recorri, porque caso contrário não tinha existido nada disto”. José Carlos Morais diz que este património “é mais único no concelho do que o vinho e a vinha que há em toda a parte do país”. “Este tipo de património é único. Em toda a parte há vinho. Vejo a Câmara muito foca-

do no turismo, espero que também olhe no futuro para o que temos de mais singular e este é um excelente exemplo”. Uma das preocupações no futuro pode relacionar-se com a comissão de baldios, os donos dos terrenos confinantes com o canhão, mas “este processo em curso vai obrigar a que exista regras e limitações, e vamos ver como essas pessoas compreenderão a necessidade de cumprir o regulamento a ser implementado”. O que é “importante é que o caminho é este, pode ser devagar, mas tem de ser para a frente. Julgo que algumas pessoas vão adquirindo essa noção”.

Viveiros Guarita

Estado deixa a Câmara gerir património mas quer renda em troca epois de ter sido anunciado pelo presidente da Câmara de Azambuja que os viveiros da Guarita, em Aveiras de Baixo, poderiam ganhar uma nova vida com o denominado parque biológico de Azambuja, neste momento o processo atingiu mais uma fase de estagnação com algumas arestas a terem de ser limadas ainda entre o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas e a autarquia. Ao Valor Local, em abril, Luís de Sousa avançou, com a possibilidade de serem desenvolvidos percursos pedestres, zonas de arvoredo, posto avançado para os

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bombeiros, um parque de merendas, um café/restaurante, área para pesca recreativa, área para observação de aves, e gestão de resíduos verdes naquele espaço, com a possibilidade ainda de ali a população poder beneficiar de atividades lúdicas a pensar em “festas de aniversário”, “criação de hortas pedagógicas”, “atividades equestres”, “jogos do tipo caça ao tesouro”, “demonstrações de falcoaria”, “observação astronómica”. Um cenário idílico e há muito sonhado que ainda não tem horizonte para a sua concretização. O projeto da Câmara compreende também a reabilitação do centro

aquícola, e onde foi desenvolvida a ativdade que existiu ali um dia. Em declarações ao Valor Local, a diretora do departamento de Conservação da Natureza e Florestas de Lisboa e Vale do Tejo, Maria de Jesus Fernandes, constata que nesta altura “as conversações pararam”, e por isso “temos de nos voltar a sentar e conversar, mas penso que esta é mais uma questão de agendas”. O Valor Local sabe que o Estado português não vê problemas nas obras e na conversão do espaço por parte da autarquia mas não abdica de uma renda para o efeito. Cerca de dois mil euros, que

pelo que conseguimos apurar, mas a Câmara não está com vontade de aceitar porque tem pela frente uma empreitada de alguma envergadura para requalificar o espaço. Luís de Sousa ao Valor Local confirma que também se encontra na expetativa para ver o que se pode seguir. Questionada sobre o facto de a Câmara ter de dar alguma contrapartida financeira ao Estado para passar a gerir o espaço, Maria de Jesus Fernandes refere que não sabe se a conclusão deste processo passará por tal, apenas deixa no ar que “temos de cumprir as regras do Estado português”.

O espaço apenas é utilizado na Semana da Primavera Biológica


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Ambiente

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Parada limpeza da Ribeira do Judeu

Estado ainda não pagou o que deve ao empreiteiro presidente da União de Freguesias de Manique do Intendente, Vila Nova de São Pedro e Maçussa está desesperado com a circunstância de a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) ainda não ter efetuado os pagamentos relativos à limpeza dos primeiros troços da Ribeira do Judeu também conhecida como Ribeira de Almoster cujo trajeto vai desde Alcoentre até Almoster em Santarém. Depois de a Câmara de Azambuja, os agricultores e a junta terem agilizado no sentido de ali se proceder a uma limpeza que de certa forma libertasse o curso de água de vegetação, (e com isso o evitar de cheias nos campos agrícolas), o ministério do Ambiente através da APA aprovou a limpeza em 2014. O concurso para a obra foi lançado ainda nesse ano, e os trabalhos iniciados pouco depois. O primeiros dois troços (seis quilómetros) foram limpos em 2015, “até à Ponte D. Maria I”, refere José Avelino Correia, presidente da união de freguesias. Faltavam mais cerca

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de cinco quilómetros na parte que vai até Vila Nova de São Pedro. Em Alcoentre, a limpeza é feita pelos proprietários da Torre Bela. “Fiz tudo o que podia fazer para recebermos os 46 mil euros para posteriormente os pagar à empresa. Coloquei o primeiro ofício em maio de 2015, e até hoje não recebemos um tostão”. Olhando para a situação do empreiteiro, a junta adiantou ao mesmo dos seus cofres 20 mil euros. “Achámos que não era justo para o empresário, que mesmo assim ainda nos desculpou os juros, porque o tempo passa e nunca mais recebemos esse dinheiro”. A própria junta ao vir-se desfalcada da verba, refere que tem insistido constantemente. Nos últimos meses, a APA refere que “os papéis para o ministério das Finanças pagar mas já lá vão cinco meses...”. José Avelino Correia contactou o gabinete do secretário de Estado do Orçamento, “mas até à data não me respondeu”. “Não sei se isto está a acontecer por causa do défice mas estamos

a ser prejudicados”. Passado este tempo e com o tempo de paragem da obra, o

presidente da junta concorda que o trabalho realizado “valeu de pouco porque se formos a anali-

Autarquia continua à espera

sar, o ideal seria que tivesse sido concretizado na extensão total, e não desta forma”.

O Valor Local contactou a APA mas não obteve resposta até ao fecho desta edição.


Opinião

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Valor Local

BF16

Registar o tempo. Experienciar memórias. Bienal de Fotografia de Vila Franca de Xira decorre, nesta sua edição e no que respeita ao programa curatorial desenhado por David Santos (curador-geral da BF16), sob o tema “Arquivo e Observação”. Poder-se-ia dizer, se nos ativéssemos a um raciocínio simples, que qualquer imagem é, por si, um arquivo e uma observação. Mas há mais a reter no conjunto das 31 exposições que invadiram a cidade a 15 de Outubro último e que a povoaram com o olhar estético de quem parece pretender, através do registo imagético-artístico do seu trabalho, um certo ordenamento do

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real, esse espaço onde tudo acontece, onde tudo é efémero, onde tudo é imagem, onde tudo é (e está) no que foi. Ana Rito, André Sousa, António Júlio Duarte, Catarina Botelho, Cem Raios T’Abram, Daniel Blaufuks, David-Alexandre Guéniot, Eduardo Matos, Fernando Lemos, João Grama, João Onofre, João Paulo Feliciano, João Tabarra, José Maçãs de Carvalho, José Pedro Cortes, Júlia Ventura, Left Hand Rotation, Luísa Baeta, Mónica de Miranda, Mumtazz, Nuno Cera, Patrícia Almeida, Pauliana Valente Pimentel, Rodrigo Oliveira, Rui Calçada Bastos, Rui Tos-

cano, Salomé Lamas, Susana Mendes Silva, Vasco Araújo, Vítor Pomar e Von Calhau!, responderam ao desafio do curador-geral da BF16 e o resultado aí está: dos espaços mais institucionais (Museu Municipal, Museu do Neo-Realismo, Fábrica das Palavras), às zonas de convivialidade social (Café “Flor do Tejo”), mas também na quase intimidade de casas particulares, a prática fotográfica contemporânea instalouse e exige por parte do observador um olhar atento, crítico, um olhar que introduza na estética de quem criou, a sua própria memória, o seu próprio arquivo de ima-

gens. No fundo, este programa curatorial, solicita ao visitante um momento de diálogo e confronto, um momento de paragem, de interrupção mesmo, relativamente àquilo que, por lhe ser familiar, lhe é já desconhecido ou, por vezes, apenas e só fabricado: a memória. Penetrar nesse universo, tão próximo e distante, graças ou mediante o olhar de um outro (o olhar do outro), sentir-se “tocado” por uma memória que, não sendo sua, passa a sê-lo no momento da apropriação da imagem, constitui, afinal, uma experiência social porque do domínio do comum. A estranheza inicial deste processo

transforma-se, assim, em fruição artística e emocional, cujo potencial criativo vai muito para além da imagem que o artista nos oferece. Porque será essa mesma estranheza a força que impulsiona outros quadros, outros registos, outras memórias, as do observador, que assim complementa a narrativa que a fotografia encerra mas não delimita. Percorrer estas 31 exposições será, antes de mais, permitirmonos esta experiência: a experiência da ordenação de memórias num espaço de arquivo habitualmente caótico porque carente de desaceleração, nesta contempo-

Fátima Faria Roque* raneidade caracterizada pela velocidade. Caberá sempre a cada um a vontade de forçar a necessária pausa, sem a qual a experiência desta viagem será sempre incompleta. *Doutorada em Literatura pela FCSH. Directora do Departamento de Educação e Cultura da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira. (A autora adopta a ortografia anterior ao AO)

A “Plataforma EN3” o passado dia 6 de dezembro, deu-se o lançamento de uma inevitável iniciativa cívica, o movimento “Plataforma N3”. E dizemos inevitável, porque fruto de uma realidade que há muito faz os azambujenses sofrer: a gradual transformação da EN3, numa estrada de morte. Entre 2000 e 2013, só no troço que compreende o concelho de Azambuja, morreram 30 pessoas. Durante a cerimónia de apresentação, foram expostos os principais pontos sensíveis do trajeto, nomeadamente, o acesso às empresas da Zona Industrial de Vila Nova da Rainha com a dificuldade inerente à mudança de direção à esquerda, fraca iluminação, ocupação das bermas que deveriam funcionar como corredores de emergência e, a óbvia falta de civismo dos automobilistas quan-

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do efetuam manobras perigosas, como por exemplo, ultrapassagens mal calculadas. Também o Dr. Joaquim Ramos, um dos impulsionadores desta iniciativa, e antigo edil, explicou que durante a sua gestão o governo central assinou um contrato com a Câmara para a construção do separador central no trecho de estrada entre a sede de concelho e Vila Nova da Rainha, bem como a duplicação de via. Mas, que apesar de todos os esforços desenvolvidos por ele próprio e por atuais governantes autárquicos, nunca conseguiram que tais compromissos saíssem do papel. Igual destino tem tido também o plano de compensações da Ota que prevê a construção de uma variante para pesados. Também de papel se fazem ainda hoje as rotundas que deveriam existir, da

Siva, que em 2005 Joaquim Ramos, então presidente da Câmara, referiu que haveria de ser construída por promotores industriais dos terrenos circundantes; e a nascente de Vila Nova da Rainha, com financiamento da Autarquia. Ou seja, nenhum destes compromissos assumidos com a população de azambuja foi cumprido. Finalmente, ficou claro que a “Plataforma EN3” irá concentrar esforços na defesa do cumprimento daqueles compromissos. E aqui é que discordamos, considero ser de louvar o esforço, e espero muito sinceramente que consigam atingir os objetivos a que se propuseram – sempre com o meu indelével respeito e apoio – mas considero que os compromissos assumidos no passado, foram-no num passado

de “vacas menos magras”, não podemos ignorar que depois da sua assinatura tivemos uma intervenção do FMI em Portugal. As justificações dos obrigados ao cumprimento daqueles compromissos serão sempre as mesmas – não há dinheiro. – E a triste realidade é que no momento em que se escrevem estas linhas, mais um acidente se está a resolver na EN3, segunda-feira de manhã, hora de ponta. É urgente que se tomem medidas adequadas à diminuição desta sinistralidade. Medidas realistas face ao estado atual das nossas finanças e num contexto da pouca vontade política do poder central em investir fora das grandes cidades. E, é nesta perspetiva, que me permito chamar à liça quem nos está mais próximo e, como nós, vive este flagelo diariamente, os res-

ponsáveis autárquicos, para que desenvolvam os esforços necessários e urgentes junto das entidades competentes, financiando se necessário, para implementarem medidas de segurança rodoviária. Apresentei, na altura, algumas alternativas que me parecem adequadas face aos pontos negros identificados, nomeadamente: para evitar a mudança de direção à esquerda, implementar traço contínuo nas entradas para as empresas e construção das duas rotundas previstas; mais iluminação noturna e aumento da fiscalização e educação rodoviária. Outras medidas poderão ser implementadas, não se esgotarão aqui as possibilidades, certamente. Mas não podemos esperar pela concretização de projetos que nunca saíram do papel, porque todos os dias as nossas vidas e

Raquel Laureano as vidas de todos aqueles que por cá passam, correm sérios riscos, já para não falar em todo o desgosto já vivido. Será esta, no meu humilde ponto de vista, a única forma de dormirmos com a consciência de que fizemos tudo o que estava ao nosso alcance para acabar com este morticínio da EN3. Apoiar o trabalho da “Plataforma EN3” e implementar medidas imediatas e tangíveis de segurança rodoviária.


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Opinião

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É tempo de balanço om o fim do ano a aproximarse impõe-se fazer nesta altura um balanço de 2016. Este foi mais um ano em que a “crise” ainda não passou. Independentemente das promessas feitas da esquerda à direita, o que é certo, é que nos bolsos da grande maioria dos portugueses essas alterações ainda não se fizeram sentir. As promessas mais imediatistas do Governo liderado por António Costa têm vindo a ser cumpridas, e sabe-se agora que o Bloco de Esquerda tenciona repor os dias de férias perdidos. Pela região temos a registar o facto de a falcoaria de Salvaterra ter sido considerada Património Imaterial da Unesco. Algo importante para o fomento da economia da região e não só. Esta decisão tomada no início de dezembro, pode vir a catapultar a região e tudo o que a envolve. O Tejo, os doces tradicionais de Salvaterra, os “Barretes” e tudo o que está ligado direta ou indiretamente àquele concelho e a toda a região envolvente, tirando partido do turismo que no ano que agora finda, foi dos setores que mais contribuiu para a nossa economia. Infelizmente na região nem tudo foi boa noticia, principalmente quando falamos do flagelo da sinistralidade rodoviária. Regista-

C

mos a criação da Plataforma Cívica criada para tentar travar as mortes na Estrada Nacional 3, esperando que a mesma consiga atingir os seus objetivos. A ideia é positiva, mas num mundo perfeito tal não seria preciso, pois teríamos estradas perfeitas e comportamentos civicamente aceitáveis nas nossas estradas. Ainda assim, há a destacar as centenas de pessoas que assinaram a petição, esperando nós que a plataforma não esmoreça, como

aconteceu no caso do movimento cívico “Enterrem a Conduta” criado em 2010 para obrigar a EPAL a enterrar a sua conduta à passagem pelo Campo da feira de Azambuja, já que mesmo ao lado viria a ser construída a Escola Boavida Canada. Neste caso, e valendo-me do Blogue Estado Velho, recordo a marcha de protesto pelas ruas da vila. Uma marca que juntou apenas meia dúzia de pessoas, tal era o calor que se fazia sentir.

Não tirando o mérito à plataforma agora constituída e aos seus elementos, é bom também ressalvar o diferente âmbito destas iniciativas, importa lembrar que não só a conduta não foi enterrada, como a escola acabou por ser ali construída. E isto vem a propósito da preocupação dos autarcas de então e de alguns encarregados de educação para o facto de a mesma poder rebentar. Ora o tempo foi passando e para não se perderem os finan-

ciamentos europeus a escola foi construída, na altura pela EMIA. Ainda na altura, e depois da marcha, esteve prevista uma outra iniciativa que implicava até corte de estrada. Ora anos depois, a campanha “Enterrem a Conduta” que até teve honras de um vídeo clipe no youtube morreu. A escola construída e a conduta ainda é vizinha. Isto para referir, que é importante a perseverança. Que os azambujenses sabem fazê-lo. Sabem unirse e que o devem demonstrar não só na Feira de Maio, mas todo o ano e de todas as formas. No final deste ano são ainda notícia as constantes reclamações dos munícipes de Azambuja por causa da taxa de saneamento cobrada, onde não há ligação á rede. É também polémico porque a alteração ao contrato assinado entre a empresa e o município já o previa. O voto de qualidade do presidente da Assembleia Municipal de Azambuja permitiu o desempate, e mesmo com os avisos que esta situação podia ocorrer, o aditamento foi aprovado resultando agora num coro de protestos, que vão da Coligação Pelo Futuro da Nossa Terra, aos comunistas, passando até por alguns deputados e membros do PS. Os protestos continuam como os

mais do que aquilo que nos era devido: as rotundas de entrada e saída de Azambuja foram feitas pela Câmara, bem como a dos Casais de Baixo e a da Modis. Negociámos com todos os promotores a cedência duma faixa de terreno, onde fosse necessário, para o respetivo alargamento. Apresentámos soluções técnicas e muitas vezes vim de Lisboa otimista, sem contar com a hipocrisia de todos os que tinham poder de decisão neste processo. Ingenuidade minha! O que me rói a consciência é o facto de não ter conseguido levar as entidades públicas “ ao tapete”, o que me revolta é ter visto, enquanto nada se fazia na EN 3, ter sido construída, por motivos insondáveis, uma plataforma fantasma na Castanheira – sem querer expressar qualquer falta de solidariedade para com os nossos vizinhos, mas a verdade é essa - , com direito a nó de inserção na A1 e tudo e onde, até hoje, que eu saiba, não se instalou uma única empresa! Por isso, penso que isto já ultrapassa a esfera política e que será a sociedade civil que se terá de organizar para evitar

que continue a matança. Por isso aderi na primeira hora ao movimento cívico Plataforma EN 3 e integro a sua comissão organizadora, juntamente com a Inês Louro e o André Salema (que para além de ter perdido um irmão nessa fatídica estrada, conhece bem, como Presidente dos Bombeiros, os dramas que por ali se desenrolam). Por isso estou disponível para todas as iniciativas que a Plataforma EN 3 resolva tomar, no sentido de obrigar o Estado a honrar os compromissos assumidos em 2008 – com direito a publicação em Diário da República e tudo -, desde os mais suaves ate aos mais radicais. Não sou homem de radicalismos. Sei que há medidas intermédias que podem minimizar os riscos da circulação na EN 3 e com certeza que a plataforma vai tomar iniciativas junto das entidades competentes – Câmara, Estradas de Portugal, Promotores instalados na zonapara que essas medidas sejam tomadas. Mas a solução do problema passa inevitavelmente pelo projeto de fundo que foi contratado com o Governo, e temos que atuar junto de Ministérios , Assem-

Miguel António Rodrigues consumidores a queixarem-se e a pedirem a devolução de somas cobradas, sem que estes tenham tido voto na matéria. Por fim há a lamentar a vandalização da Árvore de Natal em Alenquer. Nos últimos dias alguns não acharam a árvore suficientemente bonita e vandalizaram aquele que era o cartão-de-visita da Vila Presépio para esta quadra em 2016. Este ano a árvore já não tem reparação possível, diz a Câmara, para o próximo ano, pode ser que não seja vandalizada… Quanto ao Valor Local, vamos entrar em mais um ano de atividade, sempre com boas expetativas. Em 2017 garantimos a mesma qualidade de sempre, e agradecemos desde já a preferência dos nossos parceiros e dos leitores. A todos os que ajudam neste projeto, um obrigado muito especial e votos de um Feliz Natal e Bom Ano Novo

“Plataforma EN3” assim termina mais um ano. Sem qualquer intuito de fazer política nesta coluna – no sentido mais estrito da palavra, a política partidária por onde me tenho abstido de enredar -, este ano que agora está prestes a findar foi um ano que fez ressurgir alguma esperança e otimismo para todos nós, portugueses. O nosso País mereceu o reconhecimento internacional de muitos dos nossos compatriotas com enorme mérito, em matérias tão diferentes como o futebol, a investigação científica e culminando com a eleição de António Guterres para Secretário-Geral da ONU, aquele que é – ou deveria ser – o cargo mais importante a nível mundial. Por outro lado, a nível interno, é um facto indesmentível que a nossa situação económica melhorou – não só ao nível de indicadores económicos mas no dia-a-dia do cidadão. As medidas redistributivas e a reposição de alguns rendimentos – não tanto como seria desejável, mas o possível – tornaram a vida dos portugueses, especialmente dos de mais fracos rendimentos, menos insuportável. É claro que há coisas incompreensíveis e revoltantes, como a “comédia”

E

Caixa Geral de Depósitos e os escandalosos vencimentos que foram permitidos à Administração. E deixem-se lá de m…..! Para governar um Banco como a CGA apenas é preciso ser sério e não embarcar em aventuras, muitas das vezes mais determinadas por interessas próprios do que da Instituição. Cá pelo burgo concelhio, a coisa vai quentinha, com o aproximar das Autárquicas e o frenesim partidário que esse facto origina. Mas também o passar do ano arrasta consigo alguns atos falhados e alguns amargos de boca que vão passando de ano para ano – e, neste caso, estou a referir-me ao perpetuar da tragédia que é o estado da Estrada Nacional 3. A EN3 é uma estrada completamente desadequada aos tempos modernos e às necessidades atuais de tráfego automóvel em todo o seu troço entre Santarém e o Carrregado – daí, a existência, há vários anos, de um pré-traçado de alternativa entre estas duas localidades, que remeta o actual traçado para troço secundário e urbano. Mas neste momento o que nos preocupa é o verdadeiro mata-

douro humano em que setransformou o troço entre os Arneiros e Vila Nova da Rainha. Trinta mortos em 15 anos, centenas de acidentes e feridos graves, pessoas que ficaram incapacitadas, famílias destroçadas. E tudo sob o olhar sobranceiro do Estado e dos sucessivos Governos. Durante os doze anos em que fui Presidente da Câmara, desenvolvi uma luta incessante no sentido de esse troço de estrada ser sujeito a uma intervenção de fundo, que passava pela construção de rotundas e separador físico, que inviabilizassem a viragem à esquerda, e a duplicação para quatro faixas. Conseguiu-se assinar um Acordo com o Governo Sócrates, em 2008, em que este se comprometeu a intervir de imediato na EN 3. Tudo em vão, apesar das dezenas de reuniões com Ministros, Secretários de Estado, Directores de Estradas disto e daquilo, Estradas de Portugal. Nada! Tenho a consciência plena que fizemos tudo até aos limites e, por essa razão, não me povoam os sonhos nem me doem na consciência os mortos da EN 3, até porque intervimos muito

Joaquim Ramos bleia da República e Comunicação Social ( o quinto órgão de soberania do País…), nem que para isso tenhamos que ir até às medidas mais radicais. Eu cá por mim, embora já “usado” e desgastado, ainda consigo, com a companhia de alguns conterrâneos, atravessar-me deitado na EN 3 e impedir que Lisboa seja abastecida de tudo o que vai da nossa plataforma logística à custa da morte dos nossos conterrâneos ou de quem circula nessa estrada da morte. Por isso deixo aqui um apelo para que todos os nossos conterrâneos, de Vila Nova da Rainha a Vila Nova de S. Pedro, adiram à Plataforma EN 3, começando por assinar o abaixoassinado por forma a que o assunto seja obrigatoriamente discutido na Assembleia da República.


Política

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Valor Local

Azambuja

Coligação incentiva Câmara a retirar a limpeza urbana à junta e o presidente da Câmara de Azambuja, Luís de Sousa, retirar a competência delegada na junta de freguesia de Azambuja referente à limpeza urbana, a Coligação Pelo Futuro da Nossa Terra anuncia que dará ao executivo PS todo o conforto político e votará favoravelmente essa possibilidade. António Jorge Lopes, da Coligação enfatizou, durante a última reunião de Câmara, que o estado da limpeza apresenta-se como “terrível”, e que chegados a este ponto é tempo de a Câmara ponderar voltar a ter de novo essa competência transferida ao abrigo dos acordos de execução. O vereador disse mesmo que o atual mandato de Inês Louro conseguiu ser pior do que o do seu antecessor António Amaral, atualmente vereador da Câmara. “Pelo menos nessa altura, as ruas andavam limpas”. Luís de Sousa referiu que está seriamente a pensar nessa possibilidade e que tudo será uma questão de tempo até estar operacional um equipamento desti-

S

nado à limpeza urbana. “Uma aspiradora que está impecável e que precisa apenas de uma recuperação numa parte avariada”, deu conta. A Câmara diz que tem orçamento para tal – cerca de 20 mil euros dados uma empresa de Rio Maior que deverá colocar a máquina operacional. (Já em junho deste ano, antes das relações entre Sousa e Inês Louro se terem degradado, o presidente chegou a ponderar entregar esta varredoura à junta e na altura também já tinha este orçamento). Recorde-se que a Câmara nunca conseguiu chegar a acordo com a junta durante este mandato para a componente da limpeza urbana. A junta diz que não desiste dos dois trabalhadores a que tem direito por cedência do município, e “o respetivo valor da indemnização” por nunca terem chegado. A Câmara disse que a junta não quis receber os funcionários que tinham sido indicados pelo município, que alegou não possuir outros. A junta exige uma indemnização que à

data de maio deste ano chegava a 36 mil euros correspondentes a ano e meio de vencimentos

(com base no salário mínimo), subsídios, e outras regalias dos dois trabalhadores que nunca

chegaram à junta. Entretanto a junta viu-se na necessidade de contratar os serviços de uma

Ponto de rutura deu-se com as limpezas da Feira de Maio

empresa privada que atualmente labora na freguesia três vezes por semana.


Valor Local

Política

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Socialistas de Azambuja “apoiam” processo-crime a militante incómodo s militantes socialistas do concelho de Azambuja aplaudiram a iniciativa de Silvino Lúcio e Luís de Sousa de levar à barra dos tribunais um militante que nas redes sociais tem usado da “calúnia”. “Esse militante tem vindo a caluniar-me, bem como ao senhor presidente da câmara, e ao senhor vereador António Amaral”, referiu Silvino Lúcio presidente da concelhia socialista de Azambuja sem nunca dizer o nome do visado. A informação foi avançada aos militantes que estiveram presentes no encontro anual dos socialistas azambujenses, que decorreu no passado dia 24 de novembro na Casa do Povo de Aveiras de Cima. As palavras de Silvino Lúcio, aplaudidas pela plateia, e sem a presença habitual das figuras nacionais do partido, foram enaltecidas por Luís de Sousa que disse não poder deixar em claro quando- “um nosso militante me chama de ladrão e diz que a população de Aveiras de Cima vai mandar-

O

me parar quando passar de carro, e roubar- me-á a roupa “, lamentando que esse mesmo militante não estivesse presente na sala. Numa resposta a um militante presente neste encontro, o presidente da Câmara referiu que a opção pelos tribunais deveu-se ao facto de o conselho de conflitos do PS, órgão que deveria resolver o problema, nada ter feito. Depois, Luís de Sousa não quis responder ao repto do anterior presidente da Câmara, Joaquim Ramos, que o incentivou a anunciar uma recandidatura. Limitou-se a referir que não falava mais do assunto, apontando para a última edição do Valor Local onde reafirma a intenção de o fazer em janeiro. A tarde ficou de resto marcada pela intervenção de Joaquim Ramos que questionou o atual presidente sobre se a Câmara está ou não a seguir o plano estratégico elaborado na sua altura, ao que Luís de Sousa argumentou que o mesmo se encontra desatualizado, e por isso há agora novas linhas de orientação.

Socialistas de Azabuja reuniram-se em Aveiras de Cima No capítulo das eleições, Ramos anunciou estar fora da corrida autárquica, ao contrário do que tinha anunciado no início do ano ao Valor Local, e sugeriu caso venha a surgir mais do que uma candida-

tura, que a estrutura local faça uma consulta aos militantes. Para Ramos, depois da escolha feita, o partido “tem de se unir e apoiar esse candidato”, lembrando que a Coligação Pelo Futuro da Nossa

Terra apresentou no Valor Local um novo rosto para candidato à Câmara “e que pela primeira vez o PSD está unido e tem consigo alguns militantes históricos do partido”.

Outra das novidades, foi o anúncio de Inês Louro, presidente da Junta de Freguesia de Azambuja, que disse estar fora de qualquer recandidatura a qualquer tipo de órgão autárquico.

Rui Corça, candidato Coligação à Câmara de Azambuja

“Eles andam tão cansados que já não aguentam o povo” candidato da Coligação Pelo Futuro da Nossa Terra, Rui Corça, apresentou-se, no dia três de dezembro, aos militantes e simpatizantes numa cerimónia que teve lugar no Centro Cultural Azambujense. Perante a plateia, onde figuravam figuras dos quatro partidos que integram a coligação a nível local, e nacional, foi notada também a presença do candidato do movimento independente que concorreu em 2013 às eleições para a junta de freguesia de Azambuja, Luís Otero. Corça delineou os pilares da sua candidatura assente na aposta nos mais jovens (com a criação de “melhores esco-

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las”), nos mais idosos (apostando “numa relação mais intensa com as IPSS’s e na criação de uma rede social levada a sério por todos”), e nos ativos (indo mais além na possibilidade de proporcionar postos de trabalho, para além da logística). As críticas ao atual executivo não deixaram de se fazer sentir com o candidato a considerar que Luís de Sousa e os seus vereadores andam de tal forma “cansados” que “já não aguentam o povo”. Rui Corça que tem como mandatário o seu tio e conhecida figura da vida azambujense, António Pedro Corça, começou por enumerar

as razões pelas quais decidiu assumir o desafio, referindo que “não precisa de ser presidente da Câmara por razões económicas, sociais”; ou para se sentir “realizado profissionalmente”; nem tão pouco “para não ter patrão”. Corça quer antes recuperar um concelho que “está doente e que precisa de voltar a dar a palavra aos cidadãos”. Um concelho “onde o presidente da Câmara e o vice-presidente apenas vão mandar arranjar um buraco depois de o cidadão evidenciar esse facto, porque se ninguém disser nada o buraco vai continuar lá durante meses ou até anos”. O candidato quer estar mais

perto dos cidadãos e entende que essa aproximação com os munícipes não passa por frequentar as mesmas festas do concelho que o povo. “Não é nesses ambientes que se ouvem os problemas das pessoas, não é aí que se trabalham os assuntos sérios do concelho”. Para além disso constata “Quando lhes fazemos perguntas (ao executivo socialista), ficam muito irritados, andam tão cansados que não aguentam o povo”. Por fim conclui, “não é preciso continuarem a digladiar-se para saber qual é o candidato do PS, porque a Coligação vai vencer as próximas eleições autárquicas”.

Corça apresentou os seus objetivos para as autárquicas

Ribeiro é recandidato no Cartaxo edro Ribeiro vai voltar a candidatar-se pelo Partido Socialista à Câmara Municipal do Cartaxo. O anúncio foi feito pelo própria nas redes sociais, isto depois da concelhia local ter

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aprovado o seu nome por unanimidade. A concelhia do Cartaxo segue neste caso também a determinação do PS nacional, cuja diretiva para o ato eleitoral do próximo

ano assenta na opção pelos atuais presidentes de Câmara, no caso de optarem por voltar a concorrer. Ainda assim, não foram tornados públicos os nomes da restante

equipa, sendo que o seu vicepresidente Fernando Amorim deverá continuar a acompanhá-lo. Em declarações à Tejo Radio Jornal, o candidato afirmou que conta igualmente com Sónia Ser-

ra que atualmente faz também parte do executivo. Pedro Ribeiro disse que embora não fosse obrigatório, preferiu que o seu nome fosse sufragado pelos órgãos do PS local.

Sobre o atual mandato, Pedro Ribeiro disse que “tem sido difícil, mas também compensador dado o equilíbrio que estamos a conseguir nas contas do nosso município” declarou.

Jorge Gaspar cabeça de lista do PSD no Cartaxo orge Gaspar é o candidato do PSD à Câmara Municipal do Cartaxo. O anúncio feito na sua página do facebook, surpreendeu algumas pessoas, pois em outubro deste ano, uns meses antes,

J

Gaspar tinha manifestado a sua indisponibilidade para concorrer como cabeça de lista à Câmara cartaxeira. O anúncio de Jorge Gaspar, já levou a que a concelhia socialdemocrata local emitisse um co-

municado a dar o seu apoio dado que Gaspar, segundo apurámos, só deverá pronunciar-se no início do ano. Jorge Gaspar vive nos Casais da Amendoeira, em Pontével, e profissionalmente é professor

Coordenador do ISEC Lisboa. Recentemente demitiu-se da direção do Instituto de Emprego e Formação Profissional. De acordo com o comunicado da concelhia laranja, esta candidatura “”apoiada pelo Partido

Social Democrata do Cartaxo consubstanciará um projeto autárquico abrangente, aberto à sociedade civil”. José Augusto Jesus, presidente da concelhia, pisca o olho aos independentes, referindo que a candidatura “de-

verá ser capaz de mobilizar a participação de cidadãos independentes que se revejam e queiram contribuir para a construção de uma alternativa política pela positiva e comprometida com o futuro do Cartaxo”.


Acisma

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Valor Local

Em que casos deve ser indicado o preço por unidade de medida? forma, obrigatoriedade de indicação de preços dos bens e serviços colocados à disposição do consumidor no mercado é regulada pelo DecretoLei n.º 138/90, de 26 de abril, com as alterações introduzidas pelo Decreto-Lei n.º 162/99, de 13 de maio. Todos os bens destinados à venda a retalho devem exibir o respetivo preço de venda ao consumidor. Entende-se por preço de venda, o preço total expresso em moeda com curso legal em Portugal, devendo incluir todos os impostos, taxas e outros encargos que nele sejam repercutidos, de modo que o consumidor possa conhecer o montante exato que tem a pagar. Os géneros alimentícios e os produtos não alimentares postos

A

à disposição do consumidor devem conter, também, o preço por unidade de medida. Nos produtos vendidos a granel apenas deverá ser indicado o preço por unidade de medida. O preço da unidade de medida dos géneros alimentícios e dos produtos não alimentares préembalados refere-se à quantidade declarada. Entende-se por preço por unidade de medida o preço total expresso em moeda com curso legal em Portugal, devendo incluir todos os impostos, taxas e outros encargos que nele sejam repercutidos. A indicação do preço por unidade de medida não é aplicável: Aos géneros alimentícios e produtos não alimentares comercializados através de distribuidor

automático; Aos géneros alimentícios e produtos não alimentares comercializados à peça; Aos pratos confecionados ou pratos a confecionar que se encontrem numa mesma embalagem; Aos géneros alimentícios de fantasia; Aos géneros alimentícios ou produtos não alimentares diferentes comercializados numa mesma embalagem; Aos produtos não alimentares destinados a serem misturados para obter um preparado e colocados numa mesma embalagem; Aos géneros alimentícios comercializados em embalagens até 50 g ou 50 ml ou com mais de 10 kg ou 10 l;

Aos géneros alimentícios ou produtos não alimentares dispensados da indicação de peso ou volume, nos termos da legislação em vigor; Ao novo preço da unidade de medida dos géneros alimentícios facilmente perecíveis em caso de venda com desconto justificada pelo risco de alteração; Aos géneros alimentícios e produtos não alimentares quando o seu preço for idêntico ao preço de venda Para efeitos de determinar a forma de indicação do preço, importa ter em conta as seguintes definições: Género alimentício ou produto não alimentar comercializado à peça - um género ou produto que não pode ser objeto de fra-

cionamento sem que isso altere a respetiva natureza ou propriedades; Género alimentício ou produto não alimentar comercializado a granel - um género ou produto que não é objeto de qualquer acondicionamento prévio ou que só é medido ou pesado na presença do consumidor final; Género alimentício ou produto não alimentar pré-embalado um género ou produto que é embalado fora da presença do consumidor, independentemente de ser inteira ou parcialmente envolvido pela respetiva embalagem. O preço de venda e o preço por unidade de medida devem ser indicados em dígitos, de modo visível, inequívoco, fácil e perfeitamente legível, através da utili-

zação das formas abaixo indicadas, por forma a alcançar-se a melhor informação para o consumidor, a saber: Letreiros; Etiquetas; Listas - só devem ser usadas quando se torne materialmente impossível o uso de etiquetas ou letreiros ou como meio complementar de marcação. A indicação do preço deve ser feita na proximidade do respetivo bem ou no local em que a prestação do serviço é proposta ao público, de modo a não suscitar qualquer dúvida ao consumidor. Os bens ou prestações de serviço, vendidos ao mesmo preço e expostos ao público em conjunto, podem ser objeto de uma única marcação de preço. Fonte: ASAEnews

Candidaturas PDR 2020 para Diversificação na Exploração Agrícola stão abertas as Candidaturas para submissão à medida ‘Diversificação de Atividades na Exploração Agrícola’, no âmbito do PDR 2020 - Programa de Desenvolvimento Rural. Os períodos para submissão das candidaturas

E

devem ser consultados no Balcão PDR 2020. Promover o desenvolvimento de pequenos investidores na transformação e comercialização de produtos agrícolas, contribuir para a manutenção ou melhoria do rendi-

mento do agregado familiar, permitindo assim a fixação das populações e a ocupação dos territórios são alguns dos objetivos primordiais da medida. Os apoios são concedidos sob a forma de subsídio não reembolsá-

vel até ao limite máximo de 150 mil euros por beneficiário, devendo o custo total elegível do projecto ser superior ou igual a 10 mil euros e inferior ou igual a 200 mil euros para investimentos a apoiar nas explorações agrícolas. O apoio ao

desenvolvimento rural é um instrumento fundamental para a promoção do setor agro-florestal e do desenvolvimento territorial, sendo decisivo o seu contributo para melhorar a produção alimentar, a criação de emprego nas regiões, a gestão

sustentável dos recursos naturais e o combate às alterações climáticas. Todos os interessados podem submeter o pedido de candidatura através do Balcão PDR 2020. Fonte: PDR 2020


Valor Local

Instantâneos

Passeio idosos de Alverca e Sobralinho Junta de Freguesia de Alverca e Sobralinho juntou no passado mês de novembro cerca de 450 idosos no pavilhão do Futebol Clube de Alverca. Tratou-se de mais uma edição do seu convívio sénior, onde participaram várias associações e coletividades de apoio a seniores da freguesia. Participaram a Associação de Reformados e Pensionistas de Alverca, Associação de Reformados e Pensionistas do Sobralinho, Santa Casa da Misericórdia, Casa de São Pedro, o Centro Social para o Desenvolvimento do Sobralinho, o CEBI entre outros. O momento que contou com a animação de Artur Garcia, serviu para o convívio entre os mais velhos da freguesia.

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Posto médico na junta de Alverca Junta de Freguesia de Alverca e Sobralinho inaugurou no passado mês de novembro um posto médico dedicado aos funcionários. Afonso Costa, presidente da junta de freguesia, destacou ao Valor Local que aquele espaço outrora arrendado, servia de habitação. Contudo o mesmo ficou vago recentemente devido ao falecimento da inquilina e nesse sentido a junta optou por aproveitar o lugar para dar condições à prática da medicina no trabalho. O espaço composto por várias salas, está totalmente equipado com mobiliário adequado, tendo em conta que o mesmo será utilizado no futuro para vários rastreios à população.

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Retratos da nossa terra

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Tauromaquia Azambujense ¢

António Salema “El Salamanca”

Ana Rita esde o passado 24 de novembro, a cavaleira natural de Aveiras de Cima e residente no vizinho Concelho do Cartaxo tem novos apoderados. Deste modo, a cavaleira do concelho de Azambuja, que apesar de na temporada de 2016 não ter toureado em Portugal foi recentemente galardoada com o troféu “Valor e Profissionalismo” nos reconhecidos prémios Tertúlia Festa Brava, e terminou o seu vínculo com o apoderado Francisco Cáceres com quem estava há já algumas temporadas e assinou contrato para as temporadas vindouras com o empresário e toureiro Espanhol Mamerto Lopez Dias e com o conhecido apoderado sevilhano Don José Luis Cazalla. Na assinatura do contrato que teve lugar em Badajoz, esteve presente além de Ana Rita e dos seus novos apoderados, o seu mestre taurino Manuel Jorge de Oliveira Em declarações após a assinatura, Lopez Dias, enalteceu o trabalho feito anteriormente por Francisco Cáceres e disse esperar que com humildade, mas com uma grande ambição, consigam colocar Ana Rita nos postos mais altos do Rejoneio, que é onde ela merece estar. De referir que para 2017, Ana Rita tem já marcadas 7 corridas. Para Ana Rita e para os novos apoderados, um grande Olé!!!

D

Rui Jardim aspirante a toureiro Rui Jardim, que é natural de Azambuja e é aluno da Escola de Toureio da Poisada do Campino, tem grandes qualidades para a profissão. Além de ter bastante quietude e figura também bandarilha muito bem. Em Portugal, é o que se vê no que ao toureio a pé diz respeito. Eu sei que não aparece ninguém que desperte a atenção do público, quem sabe se não seria este Rui que a festa precisava para arrastar gente para as praças, como em outros tempos Pedrito de Portugal. Pensa bem Rui, é preciso acordar os aficionados e os empresários, há que proporcionar matéria lidável à altura dos mesmos, para haver mais espetáculos. Vamos Rui, vamos empresários.

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Parreirita Cigano arreirita tem troféus para receber relativos a 2016. Do Campo Pequeno e da Nazaré! Será que temos de esperar para 2017, para ver essas entregas?

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Joaquim Oliveira já que falamos em troféus, Joaquim Oliveira, foi considerado o melhor bandarilheiro da temporada 2016. Um grande Olé para ti Joaquim.

E izem que as brigas de crianças não duram nem um minuto. Parece que as brigas dos políticos também são de curta duração, basta que haja um parque infantil por perto.

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s alunos das escolas da União de Freguesias de Aldeia Galega da Mercena e Aldeia Gavinha elaboraram diversos presépios, alguns deles bem originais, que ofereceram aos estabelecimentos comerciais locais. A cerimónia teve lugar no dia 10 de dezembro.

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Ficha técnica: Valor Local jornal de informação regional Administração: Quinta da Mina 2050-273 Azambuja Redação: Travessa da Rainha, 6, Azambuja Telefones: 263 048 895 - 96 197 13 23 Correio eletrónico: valorlocal@valorlocal.pt; comercial@valorlocal.pt Site: www.valorlocal.pt Propriedade e editor: Associação Comércio e Indústria do Município de Azambuja (ACISMA); Quinta da Mina 2050-273 Azambuja. NIPC 502 648 724 Diretor: Miguel António Rodrigues • CP 3351 • miguelrodrigues@valorlocal.pt Redação: Miguel António Rodrigues • CP 3351 • miguelrodrigues@valorlocal.pt • 961 97 13 23; Sílvia Agostinho • CP 10171 • silvia-agostinho@valorlocal.pt • 934 09 67 83 Multimédia e projetos especiais: Nuno Filipe Vicente multimédia@valorlocal.pt Colunistas: Daniel Claro, Rui Alves Veloso, Augusto Moita, Joaquim António Ramos, Acácio Vasconcelos, Nélson Silva Lopes, Ana Bernardino, José João Canavilhas, António Salema “El Salamanca” Paginação, Grafismo e Montagem: Milton Almeida • paginacao@valorlocal.pt Fotografia: José Júlio Cachado Cartoons: Bruno Libano Departamento comercial: João Antunes • 960 06 23 75 • joaoantunes@valorlocal.pt • comercial@valorlocal.pt Serviços administrativos: ACISMA N.º de Registo ERC: 126362 Depósito legal: 359672/13 Impressão: Gráfica do Minho, Rua Cidade do Porto –Complexo Industrial Grunding, bloco 5, fracção D, 4710-306 Braga Tiragem média: 8000 exemplares Estatuto Editorial encontrase disponível na página da internet www.valorlocal.pt

O Intermaché de Azambuja entregou no início do mês de novembro cinco equipamentos de proteção individual para espaços naturais aos Bombeiros Voluntários de Azambuja. A oferta foi feita através do proprietário da loja, Manuel Rodrigues e decorre no âmbito da campanha Intermarché/Liga dos Bombeiros Portugueses, com a venda do livro infantil “As profissões de um bombeiro”.


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Associação Nossa Senhora do Paraíso

Recados políticos na tomada de posse osé Eduardo Pereira vai continuar à frente da direção da Associação Nossa Senhora do Paraíso (ANSP) por mais um mandato. No entanto, manifestou interesse em resguardar-se na assembleia geral numa próxima eleição. A Associação Nossa Senhora do Paraíso tem uma nova mesa da assembleia geral e novos elementos e esse “é um fator importante para o rejuvenescimento da associação que presta um serviço muito importante na área dos idosos na região”, salientaram os seus dirigentes aquando da tomada de posse dos novos órgãos, no dia 9 de dezembro. Ana Isabel Calado foi eleita presidente da assembleia geral. Acompanham José Eduar-

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do Serra na direção: Maria Madalena Morgado (secretária) e António José da Silva (tesoureiro). Na cerimónia foram deixados agradecimentos aos antecessores e recados para os políticos. José Eduardo Pereira destacou a importância da associação nos serviços que presta à população da região, já que a mesma não está centrada apenas na freguesia de Vale do Paraíso e no concelho de Azambuja. O responsável lembrou a crise que assolou o concelho com o encerramento das fábricas mais importantes, como foram os casos da Opel, Ford, e mais recentemente da Impormol, atribuindo a estas um papel muito importante na economia

local. José Eduardo referiu, por outro lado, que o encerramento destas empresas acabou por baixar o “rácio” dos ordenados praticados no concelho, lembrando, por exemplo, que muitos dos idosos do município têm pensões muito baixas. Durante a sua intervenção, o responsável anunciou que a nova direção vai enviar para o Governo “uma missiva” na qual pretende ilustrar “algumas situações que afogam estas associações”. Se por um lado, “o Governo enaltece o empenho das associações para ajudar esta camada da população, por outro não participa financeiramente nesta missão”, aludiu, lembrando que “muitos dos

Novo edifício da Cerci finalmente inaugurado oi finalmente inaugurado, no dia cinco de dezembro, o novo edifício da Cerci Flor da Vida, em Azambuja, o Centro de Atividades Ocupacionais, localizado na Quinta da Mina. Apesar de já estar a funcionar, apenas agora se deu a cerimónia oficial. Recorde-se que no passado, o presidente da instituição, Carlos Neto, foi acusado de ter boicotado a inauguração do edifício pelo antigo ministro da Segurança e Solidariedade Social, Mota Soares, aquando de uma deslocação, em 2015, ao concelho para inaugurar outra valência na área da solidariedade social, o lar da Associação Nossa Senhora do Paraíso. (Em declarações ao Valor Local, recusou esse tipo de acusação, dizendo antes que foi avisado muito em cima da hora). O novo edifício, a cargo da empresa Construaza, custou 1 milhão e 200 mil euros, totalmente financiado pela Segurança Social. Tem capacidade para 40 utentes na área da atividade ocupacional e mais 12 em sistema de residência, e constitui o realizar de um sonho antigo da instituição. É dotado das valências relacionadas com a área da terapia, fisioterapia, ginásio, dispõe ainda de espaços comuns de refeição, confraternização, e ateliers diversos. No seu discurso, o presidente da Cerci, falou do “sacrifício e da perseverança da instituição em torno deste objetivo”. Não foram esquecidos os apoios da Câmara, Segurança Social, Caixa Agrícola entre outras entidades e instituições que Durante a visita às instalações ajudaram ao financiamento da obra. Luís de Sousa, presidente da Câmara de Azambuja, deu conta de um apoio na ordem dos 150 mil euros “os possíveis face às dificuldades do município”. Presente na cerimónia, a secretária de Estado da Inclusão das Pessoas com Deficiência, Ana Sofia Antunes, enfatizou a obra sem que no entanto se perca de vista “a necessidade de integração e de contacto com a restante sociedade, nomeadamente, através dos utentes com maior grau de funcionalidade.”

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José Eduardo Serra continua a ser o presidente da associação custos adicionais são suportados por familiares dos idosos que estão nos lares e que até as famílias têm dificuldades em ajudar os parentes mais próximos.” Nesse sentido, José Eduardo considera que “o Governo pode fazer mais”, e destaca que “embora exista uma boa gestão na ANSP, as dificuldades fazem-se sentir e até esta associação conta todos os tostões para conseguir uma gestão eficaz.” Esta é aliás uma obra importante para a região. Armando Calixto, presidente da Junta de Freguesia de Vale do Paraíso, fez questão de enaltecer as qualidades da ANSP e dos seus funcionários. Ao

autarca, juntaram-se as palavras do padre António Cardoso, que embora não tenha qualquer participação na associação, revê-se no seu “espírito cristão e no seu trabalho em prol da comunidade”. Câmara de Azambuja anuncia financiamento de 30 mil euros A Associação Nossa Senhora do Paraíso aumentou recentemente o número de camas. A associação que comemora 25 anos de atividade, tem mais projetos em carteira, sendo que um deles passa por um novo aumento da capacidade de lar com a construção de um outro edifício.

Para este projeto vem mesmo a calhar um reforço de 30 mil euros anunciado pelo presidente da Câmara de Azambuja Luís de Sousa. O autarca já tinha subsidiado a associação com cerca de 32 mil euros, e agora prepara-se para doar mais uma tranche. Luis de Sousa que também foi presidente do centro de dia de Alcoentre, disse conhecer em profundidade os problemas destas associações, e salientou que não foi possível ajudar com mais verba no passado devido ao equilíbrio financeiro da autarquia. Nesse sentido, o autarca anunciou que se compromete a entregar esta segunda tranche até ao final do ano.


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