Jornal Valor Local - Edição Outubro 2018

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Jornal Regional • Periodicidade Mensal • Director: Miguel António Rodrigues • Edição nº 66 • 25 Outubro 2018 • Preço 1 cêntimo

Valor Local

Destaque na 12, 13, 14 e 15

Canis na região não sentem efeitos da lei que proíbe o abate Região apresenta das melhores médias a nível nacional apesar da sobrelotação

Faltas de água em Aveiras de Cima resolvidas nos primeiros meses de 2019 Dossier Águas na 16

Movimento de cidadãos acusa: Bombeiros de Salvaterra em rutura total

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Vila Franca de Xira

Trabalho de arte urbana “Switch Over” está a dar que falar Sociedade na 3


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Junta de Freguesia de Vila Franca de Xira

Trabalho de arte urbana “Switch Over” está a dar que falar Ana Martins dá nova vida ao tricot numa parede em Vila Franca

Mural é homenagem à infância omentar o que de melhor a cidade de Vila Franca de Xira tem e mostrá-lo ao mundo”, foi o mote da Junta de Freguesia no convite a alguns artistas locais no sentido darem a conhecer os seus talentos no espaço público da freguesia. O mais recente trabalho de Ana Martins na Rua Fausto Nunes Dias é um dos exemplos. A Ana Martins já se juntaram outros trabalhos de ilustres cidadãos locais com provas dadas nas artes como foram os casos de Vasco Gargalo, Ville, Marco Alves dos Santos, Margarida Arcanjo, Leonor Teles, e Ana Cristina Silva. O

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trabalho da designer chama-se Switch Over, e é uma homenagem à infância. Trata-se de um mural com recurso às linhas de tricot com um nível de perfeição que está a atrair a atenção a uma escala que vai além-fronteiras. Ao Valor Local, João Santos, presidente da junta de Vila Franca de Xira, refere que esta ideia “faz parte de um conjunto restrito de projetos que o executivo idealizou e classificou como prioritários”, tendo lançado recentemente também o “#CHALLENGE 2018”. Este é um projeto na área do empreendedorismo, desenvolvido pela Junta de Freguesia de Vila

Franca de Xira, em parceria com a Komodo Investments, sendo que na opinião do autarca “pode vir a acrescentar, efetivamente, valor a Vila Franca de Xira”. Segundo o presidente da junta, “é para o setor do Turismo que Vila Franca de Xira está a encaminhar a economia local”, e por isso convidar os artistas locais foi a fórmula encontrada para “exportar”, por assim dizer, a marca “Vila Franca de Xira”, e por isso mesmo o autarca considera que esta é a forma mais eficiente de o fazer. João Santos fala no sucesso deste projeto e lembra que na página

pessoal de Ana Martins, as fotos do seu trabalho na Rua Fausto Nunes Dias “já foram partilhadas mais de quinze mil vezes.” Um trabalho, que segundo o autarca, já terá sido visto e partilhado “por algumas das mais conceituadas e visitadas páginas web do mundo, que publicam conteúdos oriundos dos mais variados domínios da arte”. João Santos esclarece por isso que “com o contributo da Ana Martins, Vila Franca de Xira chegou aos quatro cantos do mundo, e de uma forma prestigiante” a que se junta a difusão pelos órgãos de comunicação social.

A escolha destes artistas está subjacente “à qualidade inquestionável do trabalho dos mesmos, e ao desejo de desenvolver parcerias em benefício do território da freguesia”. Para o autarca “é a criatividade de ambas as partes que dita as regras em cada projeto e em cada iniciativa” numa lógica de “parcerias com ganhos mútuos (win-win partnerships), em benefício da freguesia de Vila franca de Xira e dos seus artistas”. Para outras edições, a junta pondera convidar outros artistas a participar. O presidente refere por exemplo a existência da cultura

avieira, varina e campina, e as realidades de um conjunto de símbolos como são os casos do Museu do Neo-Realismo, e Cais da cidade, “com uma arquitetura urbana verdadeiramente pitoresca” que podem ser explorados noutros trabalhos. Estes são símbolos, refere o autarca, que inspiram “todas e todos os que nascem com apetência para as mais diversas manifestações artísticas”. E lembra os nomes maiores de Alves Redol e Álvaro Guerra para aludir ao facto de a cidade de Vila Franca não respirar arte só de agora, mas desde há muito tempo.


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Um viver e um amar muito próprio fizeram os bordados da Glória s Bordados da Glória do Ribatejo, um elemento bem distintivo das vivências desta localidade do concelho de Salvaterra de Magos, estão a ser alvo de um processo de candidatura a Património da Unesco, levado a cabo pela Câmara de Salvaterra. Fomos conhecer este trabalho peculiar que tem apaixonado gerações pela mão de Rita Pote da Associação do Rancho Folclórico da Casa do Povo de Glória do Ribatejo. Desde o século XIX que há registos de as mulheres da Glória bordarem estes lenços para oferecerem aos seus namorados. No pano eram bordados símbolos muito específicos que na atualidade, e em alguns casos, têm-se revelado verdadeiros quebra-cabeças sempre que se quer investigar a história de cada lenço. Uma exposição permanente que acompanha a evolução desde o século XIX até apenas há algumas décadas atrás pode ser visitada na Casa do Povo da Glória.

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Um longo trabalho de recolha através da reprodução exata das peças foi possível levar a cabo. “Quem vê o velho e o novo apenas distingue pela clareza do pano, pois estamos a falar de lenços já muito queimados e amarelados”, salienta a responsável. As iniciais dos namorados eram naturalmente bordadas nestes lenços que todas as mulheres jovens, que hoje são avós e bisavós, faziam. Há histórias de mulheres com vastas coleções de lencinhos para oferecer aos namorados, que depois os levavam à cintura. Conceitos como os de fidelidade e do amor eterno aliados ao sagrado adquirem uma simbologia muito própria. “Temos corações com cruzinhas, pombinhas- símbolos da paz com uma corrente e uma cruz, corações com chaves, raminhos que assentam em três hastes (número que simboliza a perfeição)”, descreve Rita Pote. Não há um lenço igual ao outro. Estudou-se esta tradição até comparando com outras tradi-

ções semelhantes no país. Em todos os lenços “há a expressão de um grande amor sempre encarado de forma muito positiva e construtiva para a eternidade”. Em cada lenço eram também bordadas, muitas vezes, e em todo o redor do pano, as iniciais dos amigos – “Era o facebook da altura”. Um dos símbolos particulares é a árvore da vida bordada em espinho, símbolo do amor eterno, bem como a coroa dos namorados, algumas com florinhas do mato. As mulheres quase todas elas analfabetas bordavam letras, muitas ao contrário, o que não deixa de ser um pormenor interessante. Um dos motivos que se revelou mais desafiante para Rita Pote foi o de um bordado de um navio – “Pesquisei muito mas cheguei à conclusão que tinha como objetivo representar a viagem da vida ancorada na segurança”. O dicionário de símbolos é uma das bases bem como o contacto com as pessoas mais idosas. A recolha foi feita pela associação

Uma arte acarinhada pela comunidade

entre 2014 e 2016, e causou grande alvoroço na população que se movimentou em peso para ir buscar os lenços que as mães, avós e bisavós tinham na gaveta. Este é um trabalho que não se pode dizer que tenha continuidade nas jovens da terra, mas as mesmas “dão valor” à tradição. A comercialização destas peças também se resume apenas a uma loja na aldeia até porque segundo Rita Pote, dado o

elevado pormenor e o número de horas gasto, cada uma teria de ser vendida no mínimo por 700 euros, se tivermos como critério a sua autenticidade. “Isto demora mais de um mês a confecionar”. “Não há de todo a massificação deste produto, porque sou da opinião que isso proporciona a degeneração”, diz. O objetivo é apenas o de dar a conhecer e o de honrar a tradição. Para Rita Pote este é um artesa-

nato na senda dos bordados do Minho que as pessoas querem ter mas a preços acessíveis o que no seu entender é incompatível com o grau de preciosismo das peças glorianas e toda a sua tradição, resultante de uma “vida de prática” em que as mulheres começavam ainda crianças a bordar. “Temos um viver e um amar muito próprio que passa para estas tradições, também fruto do nosso isolamento, que resultou na união desta população”. A meio do século XX os bordados surgem com outras tonalidades, quando até ali se faziam apenas em vermelho e azul (cores do sagrado), mas essa transição foi natural. Na Casa do Povo da Glória podemos encontrar ainda em exposição toucas de bebés muito trabalhadas, e verdadeiras relíquias da memória coletiva, bem como a evolução do traje da mulher gloriana e a passagem pelas várias fases da vida: infância, casamento, viuvez.

Fechados há mais de 10 anos, tanques de Alenquer receberam exposição projeto “Memoriamedia” levou a cabo uma exposição com o objetivo de desfiar memórias, vivências e experiências dos habitantes de Alenquer em torno do rio. No final de setembro, esteve patente uma instalação no antigo lavadouro do Lugar das Águas, onde quem passou por ali pôde conhecer essa intensa relação que se estabeleceu. José Barbieri da cooperativa “Memoriamedia” explica que a zona onde hoje se situam os tanques de lavar a roupa, chegou a conhecer uma maior atividade no século passado até aos anos 30 devido à existência de grandes fontes. Era um sítio onde a água brotava como geisers do chão. Hoje dominado pelas capta-

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ções de água da EPAL. Até cabines de banho existiam, mas já não há vestígios. Um restaurante nasceu no local. O projeto entrevistou várias mulhe-

res de mais idade da vila de Alenquer que chegaram a vir lavar a roupa no Lugar das Águas, ao mesmo tempo que convidou o artista plástico Carlos Augusto Ribei-

Memórias dos alenquerenses nos lavadouros

ro que exibiu uma série de desenhos alusivos a essa relação da população da vila com o lugar em si. Quem passou por ali pôde assistir ainda a entrevistas que iam sendo exibidas em formato vídeo a essas mulheres sobre a relação das mesmas com o rio, e o Lugar das Águas. Há mais de 10 anos que o lavadouro está encerrado. “Fiquei surpreendido porque hoje as pessoas não têm essa relação com o rio, que dantes era mais impetuoso, sujeito a grandes cheias, tinha uma enorme quantidade de peixe. Era normal as pessoas pescarem”. Mas ainda hoje esse rio ficou na memória das pessoas, e daí esta exposição. Os habitantes das aldeias mais próximas vinham

Laser Run incluído no programa de Desporto Escolar de Alenquer modalidade de Laser Run, vai ser integrada, num projeto inovador a nível nacional, no programa de Desporto Escolar dos quatro agrupamentos de escolas do município de Alenquer. O agrupamento de Abrigada e Damião de Góis de Alenquer vão ter equipas especificas para esta modalidade, o Carregado vai integrar a prática na equipa de Atletismo e o agrupamento Visconde de Chanceleiros da Merceana na equipa de MultiAtividades. O Laser Run é uma aposta do município de Alenquer, que o ano

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passado assinou um protocolo com a Federação Portuguesa de Pentatlo Moderno, com um conjunto de intenções, entre elas a introdução da modalidade nas escolas do município. Para esta fase de arranque, está prevista a realização de atividades de apresentação/divulgação/angariação de inscrições, para os grupos-equipa em cada agrupamento. Está ainda prevista a realização de um campeonato municipal, um Estágio de Aperfeiçoamento nas férias da Páscoa, e um Campo de

Férias em julho. Para os professores estão também previstas ações de formação acreditadas, especificas para a modalidade de Laser Run. O município de Alenquer vai ainda estabelecer um modelo de articulação e operacionalização da modalidade, entre o Centro de Marcha e Corrida e a Sociedade Recreativa do Camarnal, no sentido de ser elaborado um Contrato Programa de Desenvolvimento Desportivo de promoção da mesma envolvendo todas as entidades e assegurando, no imediato, a pos-

sibilidade de todos os interessados poderem praticar esta modalidade, regular e gratuitamente, no nosso concelho. O Laser Run é uma modalidade relativamente recente, que combina duas modalidades - Corrida e Tiro Laser, e onde o principal desafio é articular a vertente física/atlética da primeira com a vertente técnica/psicológica da segunda. Entretanto a Federação Portuguesa de Pentatlo Moderno quer organizar o primeiro Campeonato Europeu de Laser Run, estando em

lavar a roupa a Alenquer, quando os rios nas aldeias secavam no verão. “Até que apareceram as máquinas de lavar”, graceja José Barbieiri As cheias de 1957 deixaram como seria de esperar uma recordação indelével na população, e esse acontecimento também está bem espelhado nesta exposição. “Temos muitas histórias de sobrevivência”. Resgatar histórias e vivências coletivas é o objetivo deste projeto “Memoriamedia”. “Encontrar esses contadores de histórias e gravá-los é o propósito” e neste caso das memórias do rio não é exceção. A “Memoriamedia” está ainda envolvida no projeto do “Pintar e

Cantar dos Reis” a património Nacional que aguarda luz verde por parte da Direção Geral do Património Cultural. Há mais de um ano que o processo chegou a este organismo do Estado, que tem em cima da mesa cerca de 80 projetos de todo o país. Até hoje, apenas cerca de 10 elementos da cultura e das vivências locais foram alvo de distinção como património nacional. Para José Barbieri, há demasiado tempo que se aguarda por uma decisão que teima em chegar. “Para já seria importante esse reconhecimento nacional, depois de facto podemos pensar numa candidatura à Unesco, sendo que todo o dossier foi pensado também nesse propósito”.

Trata-se de uma nova modalidade em expansão

negociações com o organismo que tutela a modalidade a nível mundial. Alenquer já obteve a ga-

rantia de que será o município a receber este ainda hipotético Campeonato Europeu, já em 2019.


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Movimento de cidadãos acusa: Bombeiros de Salvaterra em rutura total

s Bombeiros Voluntários de Salvaterra de Magos estão debaixo de fogo há vários meses nas redes sociais e não só. Um grupo de cidadãos surgiu entretanto a encabeçar um movimento, o qual se afirma descontente com um conjunto de circunstâncias que, neste momento, rodeia a vida da corporação com implicações no socorro a vários níveis. Num email a que o Valor Local teve acesso do Movimento Pelo Socorro no concelho de Salvaterra de Magos enviado à Autoridade Nacional da Proteção Civil (ANPC), pode depreender-se que o socorro andará pelas horas da morte neste território. A situação será de tal forma, sustenta o movimento, que a associação apenas dispõe de uma ambulância ao serviço, neste momento, dado que as restantes estão avariadas porque “não há dinheiro para as arranjar devido à situação financeira catastrófica”, e por isso sempre que alguém marca 112 muito dificilmente será uma viatura de socorro do concelho a fazer esse serviço. O movimento fala em rutura a todos os níveis e que não será difícil acontecer “um Pedrógão” no concelho O movimento sustenta que a mais-valia são as corporações dos concelhos vizinhos, nomeadamente, a de Azambuja, que no seu entender “é aquela que nunca diz que não”. “Mas para cá chegar tem de demorar 40 minutos e isso é muito para quem está entre a vida e a morte. Felizmente nunca aconteceu nada de pior”, refere Luís Martins daquele movimento ao Valor Local. O movimento apresenta números, e na carta enviada à ANPC refere que desde janeiro até à data fruto de só se encontrar operacional uma ambulância para 20 mil habitantes, os bombeiros de Benavente foram chamados para fazer 60 urgências no concelho de Salvaterra, Samora Correia outras 20, Coruche também 20, Almeirim fez 25, Azambuja 15 e Alpiarça 10. Salienta - o movimento - que foram recusados 220 serviços desde janeiro até à data pela associação dada a escassez de meios. A ANPC, de acordo com estes cidadãos, fez auditorias tendo confirmado da inoperacionalidade do corpo de bombeiros num misto de falta de viaturas e de homens mas a associação humanitária até à data “nada fez para corrigir a situação”. Deriva daqui que “se a associação não consegue cumprir o regulamento interno” a ANPC tem de considerar a execução de medidas mais drásticas, no entender do movimento. João Silva, presidente dos bombeiros, ao Valor Local, diz não esconder os problemas mas que as considerações de que o socorro

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está em causa no concelho são exageradas. “O corpo de bombeiros tem problemas é um facto, mas já foi pior”, diz para se referir às dívidas. João Silva diz que, neste momento, são duas as viaturas afetas ao socorro e não apenas uma. Para além de que “registamos 3 mil chamadas de emergência por ano, o que é muito para este concelho. Tendo em conta que o hospital de referência (Santarém) dista 37 quilómetros, com viagens a durar duas horas com ida e regresso, imaginando oito ou nove chamadas por dia, faça as contas ao número de viaturas que seriam necessárias”. O facto de o concelho de Salvaterra se caracterizar por uma abundância de lares idosos, pese embora a quase totalidade ilegais neste que é um fenómeno aparte, “faz aumentar exponencialmente o número de chamadas para o 112 e daqui para os bombeiros”, constatam o presidente da corporação e o tesoureiro César Diogo. “Não compreendo a polémica porque sempre vieram cá corporações dos outros lados. Tudo o que se está a passar não passa de uma manifestação política, e posso dizer que já meti dinheiro do meu dentro desta casa”, diz João Silva. Confrontado com o facto de este ser um quadro que se está a agudizar cada vez mais segundo o movimento, continua a afirmar não compreender o alvoroço. A acrescer ao facto de a associação não ter verba para fazer face às reparações das viaturas, os organismos do Estado como o Instituto da Mobilidade e dos Transportes estão a fazer perdurar no tempo o licenciamento dos veículos, sendo crescente o número de corporações à espera de luz verde para poderem colocar os transportes ao dispor da população, como é o caso de uma viatura recentemente financiada pela Câmara de Salvaterra. Para além de uma frota operacional exígua no socorro, a associação é acusada ainda não conseguir fazer face às despesas de combustível, e de outros consumíveis como é o caso do O2 “que teve de pedir emprestado a outros colegas”. Para além disso, também possui duas embarcações inoperacionais para socorro no Tejo. “Se a junta comparticipa com uma verba mensal não compreendo o porquê deste facto”; pode lerse no email do movimento. Falta também equipamento de mergulho. Diz o movimento que o sentimento de frustração se abateu sobre o corpo de bombeiros, e que desde o verão seis operacionais já saíram tornando ainda mais precário por conseguinte o socorro em Salvaterra de Magos. A asso-

Movimento de cidadãos teme que um dia aconteça o pior em termos de socorro ciação refere que a falta de consumíveis é mais um dado empolado. No capítulo das dívidas, a associação encontra-se em total falência de acordo com o grupo de cidadãos em causa, com dívidas não apenas ao Estado mas a muitos empresários da região, outros corpos de bombeiros, dos quais destaca os mil euros em equipamentos à corporação de Óbidos, cerca de 22mil 500 euros a um fornecedor local de pneus e mecânica; a que se somam ainda 20 mil euros de dívidas em processos judiciais. Ao Valor Local, este movimento dá conta de um relatório de avaliação de risco financeiro, providenciado online em que a associação aparece como possuindo risco máximo, grosso modo totalmente desaconselhada para possíveis fornecedores. São ainda discriminados alguns processos de empesas que intentaram ações contra os bombeiros como a Anastácio Saldanha Unipessoal; Ramiro Silvestre Nunes, e Praxair Portugal Gases SA, cujo desfecho segundo o relatório a que tivemos acesso é aguardado. “Esta direção tem ainda o problema de apenas contar como dívida o que foi originado desde 2012, o que está para trás não é contado, o que ainda agrava mais o quadro”, diz o movimento. “Isso é falso então como é que apresentávamos os balanços. São feitos por técnicos de contas. O passivo tem estado a ser pago. No ano de 2017, tivemos 57 mil euros de resultados positivos, e 92 mil em 2016. Isso significa que esse lucro foi abatido nas dívidas”, contrapõe César Diogo. Quanto à avaliação de risco e este ser elevado, a suposta falta de crédito nas instituições e fornecedores, mais os processos interpostos pelas empresas acima descritas, César Diogo diz taxati-

vamente que “já está tudo liquidado”. “São dívidas pagas há dois anos”, e “obviamente que conseguimos provar que estamos a dizer a verdade”. Mas o movimento diz que o que se passou de facto é que essas empresas abdicaram de ser ressarcidas porque não quiseram avançar com penhoras sobre os bombeiros “para não darem má imagem perante a sociedade”. Diz o movimento que não estão a ser consideradas as anteriores a 2012 pela associação, mas César Diogo desmente e ilustra desta forma: “Falta pagar às empresas Hélder Tiago, Vasilpneus, Segurança Social (60 mil de descontos + 40 mil juros/coimas atendendo a plano de pagamentos de 120 meses); bem como empréstimos bancários da construção do edifício. São valores que estão sempre a ser ajustados em função do que pagamos e não estamos a deixar para trás”. Os responsáveis referem que na totalidade e fazendo as contas por alto, a autarquia de Salvaterra de Magos despende 12 mil 500 euros por mês a favor da associação, a que acrescerão outros sete mil vindos dos serviços de transporte de doentes, mas maioritariamente das verbas da ANPC e Inem (que, no entanto, demoram a ser libertadas pelo que durante vários meses seguidos este bolo chega a ser manifestamente menor). Cerca de 4500 euros vão para pagar dívidas, e 22 mil euros para pagar aos funcionários (são 22) e segurança social. A associação diz não ter condições para proceder à reparação das viaturas, quando a única verba com alguma representatividade é a municipal na grande maioria dos meses. Quando confrontados com a inviabilidade da atividade da corporação, os responsáveis dizem “que sempre

trabalharam” na corda bamba, mas que não é possível fazer melhor em situações “em que o INEM se atrasa nos pagamentos e quando não paga o preço justo pelo transporte de doentes. Só nos dá 29 euros daqui para Santarém e respetivo regresso, um táxi leva 45”, mostra César Diogo. O transporte de doentes é uma das fontes de rendimento que dá quatro mil euros por mês, mas só o combustível leva outros quatro mil. Mais investimento poderia proporcionar outras fontes de lucro à associação que está de pés e mãos atados em muitas valências. Propalada tem sido a possibilidade de os bombeiros passarem a municipais, sendo certo que a Câmara não manifestou essa intenção. Mas João Silva não tem dúvidas de que seria uma boa ideia. César Diogo desconfia que alguma Câmara queira assumir esse tipo de responsabilidades pois significaria mais problemas e encargos. “Se esse movimento vier para a associação vai ter os mesmos problemas, a não ser que tenham dinheiro para meter aqui dentro. E se assim for, esses senhores façam o favor de se chegarem à frente que nós saímos”, diz João Silva. “Só estamos a perder dinheiro e tempo, e se alguém achar que consegue fazer melhor que assuma isto”, diz César Diogo que desabafa – “Quando as coisas estão mal, a tendência do ser humano é a de espezinhar ainda mais, para parecer pior ainda. Não escondemos que a vida da corporação anda mal, mas também já não é como era dantes. Está provado que descemos a dívida de 500 mil para 200 mil euros”. Mas o grupo de cidadãos volta à carga e diz que “as contas são muito mascaradas e só quando eles um dia

saírem é que se vai descobrir, até lá é tapa de um lado para destapar do outro”. O imbróglio de comandantes Paulo Dionísio, comandante da corporação até ao ano passado, saiu do corpo de bombeiros a meio de 2017, e a corporação foi forçada a readmiti-lo recentemente por decisão do tribunal, com consequente prejuízo financeiro para a associação. Foi aplicado um processo disciplinar ao comandante em causa que foi considerado ilícito pelo tribunal, mas César Diogo sustenta que apenas terá de pagar cinco meses, porque estamos a falar de um período temporal que vai de julho de 2017 a janeiro de 2018, “porque a 9 de janeiro deste ano ele demitiu-se”. Será mais um transtorno para o corpo de bombeiros. “É da vida!”, dizem os nossos interlocutores. O tribunal será informado entretanto pela corporação que com esta explicação fica a aguardar o melhor desfecho. Paulo Dionísio auferia 1500 euros por mês o mesmo que a sua substituta Lurdes Fonseca. Segundo o movimento o comandante terá sido punido por usar uma viatura de serviço numa deslocação pessoal, situação que repetidamente acontece com a nova comandante – “Teve autorização para levar uma viatura de serviço durante o verão, em época de incêndios, para Coruche onde reside, neste momento isso não acontece”, justificam os dirigentes. Lurdes Fonseca é acusada de pecar pela ausência em determinados cenários de incêndio contudo, César Diogo diz ainda que não é obrigatória a sua presença por lei, bastando estar no terreno um bombeiro mais graduado ou um elemento do comando.


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“Mercearia do Peixe” entre os restaurantes distinguidos pela Entidade de Turismo ois restaurantes do concelho de Azambuja estão estre os estabelecimentos certificados pela Entidade de Turismo. Em Azambuja, os restaurantes “Mercearia do Peixe” e “Oficina dos Sabores”, foram os galardoados com esta distinção entregue em mãos pelo presidente daquela entidade, Ceia da Silva. Trata-se uma certificação de qualidade da Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo (ERTAR), que vai dar acesso a que estes estabelecimentos figurem no guia que a estrutura vai lançar a 26 de outubro próximo no Festival Nacional de Gastronomia, em Santarém. Este certificado atesta que estes estabelecimentos estão em conformidade com o designado “Referencial da Restauração da Lezíria do Tejo”, cujo processo de certificação exigia aos restaurantes

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candidatos o cumprimento de um conjunto de requisitos relacionados com a valorização da gastronomia tradicional e dos produtos endógenos da região, tais como os ingredientes utilizados na confeção dos pratos, os vinhos, o ambiente, o serviço ou a decoração. Esta iniciativa que conta com o apoio dos municípios da região, visa valorizar a gastronomia ribatejana dando-lhe maior notoriedade juntos dos mercados nacional e internacional. Nesta nova presença no concelho de Azambuja, o responsável pela Entidade Regional de Turismo deixou, ainda, o anúncio de que todos os estabelecimentos reconhecidos com este diploma irão figurar no novo Guia de Restaurantes Certificados do Ribatejo. O novo guia será apresentado no final deste mês, na edição 2018 do Festival Nacional de Gastronomia, em Santa-

Restaurante consegue importante certificação

rém, e constituirá um importante veículo de promoção dos restaurantes da região e, consequentemente, do potencial turístico do Ribatejo. Luís de Sousa, salientou o bom trabalho desenvolvido por todos

os restaurantes, vincando que a forte aposta na marca “Azambuja Terra do Torricado” é a prova de que o município de Azambuja “segue a mesma orientação e apoia as iniciativas de todos os agentes locais que partilhem o mesmo ob-

jetivo”. Em Salvaterra de Magos a Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo entregou certificados aos restaurantes, “O Escaroupim” e “Quinta do Parque Real”. Presente na ocasião da entrega dos certificados, o Presidente da Câmara Municipal de Salvaterra de Magos, Hélder Esménio, felicitou os restaurantes que obtiveram a certificação e considerou que “esta é mais uma forma de ajudar a divulgar o nosso património, a nossa cultura e a nossa gastronomia porque apoia a economia local e ajuda a trazer mais pessoas ao Concelho. “ Para o autarca de Salvaterra, “há seguramente outros restaurantes no Concelho de Salvaterra de Magos que reúnem os requisitos necessários à obtenção desta distinção, pelo que deixo um incentivo aos seus proprietários para segui-

rem o mesmo caminho”. Já no Cartaxo, a ERTAR entregou diplomas ao restaurante o “Taxo” na categoria Restaurante Contemporâneo e a Taberna do Gaio na categoria Restaurante Familiar. Pedro Ribeiro presidente da Câmara Municipal do Cartaxo, destacou “o rigor e a exigência técnica da auditoria conduzida pela Entidade de Turismo para a atribuição desta certificação”. O presidente da Câmara do Cartaxo, salienta que “estes restaurantes são dois embaixadores da nossa excelente gastronomia e dos nossos extraordinários vinhos. Com esta certificação, vêm reconhecido o enorme esforço que as suas equipas de trabalho desenvolvem diariamente. Que este resultado seja inspirador para todos os que promovem a excelência do nosso território”.

Azambuja lidera projeto de educação europeu- Be More oi apresentado o projeto “BE MORE – Educação pela Arte” em Azambuja. Trata-se de uma vertente do programa Erasmus que envolve o município de Azambuja e os de Castel Bolognese em Itália, e Villa de Moya, em Espanha. Incentivar os jovens para o sucesso escolar através das artes é apenas um dos objetivos. Esta parceria internacional tem como coordenador o município

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de Azambuja que trabalhará as áreas da música e da dança, Villa de Moya, o teatro e o cinema, e Castel Bolognese: as artes plásticas e a fotografia. Um intercâmbio de estudantes daqueles municípios acontecerá já a partir do próximo ano bem como de técnicos de juventude, neste caso ainda este ano. A vereadora com o pelouro da Educação, Sílvia Vítor, mostrou que o concelho de Azambuja é

dos que lidera esta ação do programa Erasmus, dotada de 90 mil euros, por apresentar características que foram tidas em conta como o abandono e o insucesso escolar, o desemprego jovem, apatia e isolamento social. Fatores menos positivos que levaram à introdução deste programa no sentido de promover a mudança. O projeto que tem uma fase de avaliação de dois anos, vai funcionar, por enquanto, e du-

rante este ano escolar para apenas quatro alunos, tendo a Câmara a ambição de poder vir a alargar a mais alunos. Também em Espanha e Itália o mesmo número de alunos é abrangido. Ao longo do ano letivo, alunos entre os 14 e 16 anos dos três países viajam e trocam experiências sendo as viagens, a estadia e outras despesas abrangidas pelo financiamento acima referido, repartido pelas três autarquias.

Incentivar os jovens para o sucesso escolar é o objetivo segundo Sílvia Vítor

Programa de ciclismo nas escolas apresentado na Castanheira do Ribatejo Câmara Municipal de Vila Franca de Xira implantou no passado dia 17 de outubro o programa “O Ciclismo vai à Escola”. Esta iniciativa é uma parceria com a Federação Portuguesa de Desporto e o Agrupamento de

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Escolas D. António de Ataíde, em Castanheira do Ribatejo. Aliás foi nesta mesma escola onde o protocolo foi assinado, na presença das diversas entidades. Vila Franca de Xira é um dos sete municípios piloto do país a fazê-

lo, algo enaltecido pelo presidente da Câmara Municipal, Alberto Mesquita, para quem esta disciplina é importante. Além de permitir a muitas crianças aprender a andar de bicicleta, o programa pretende tornar

mais fácil e segura a prática do ciclismo, cultivando a sua prática, quer a nível desportivo e recreativo, quer enquanto promotora de melhor saúde e melhor ambiente. O presidente do município salientou que a medida reforça a política de promoção da atividade física e da sustentabilidade ambiental, aos quais a Câmara Municipal tem prestado “especial atenção”. Alberto Mesquita vincou a impor-

tância do trabalho que a escola D. António de Ataíde tem vindo a fazer no âmbito do desporto escolar, que para o autarca é “bastante importante”. Alberto Mesquita enaltece o mérito do sucesso desportivo já alcançado pelos alunos da escola em alguns campeonatos, vincando que “o desporto escolar tem um potencial enorme que este agrupamento tem sabido aproveitar”.

Para o autarca, esta iniciativa onde participa a Federação Portuguesa de Ciclismo vai ser importante também para os alunos que não sabem andar de bicicleta, uma tendência desconhecida, porquanto andar de bicicleta sempre foi um passatempo de eleição nas gerações anteriores. Um dado recolhido num inquérito feito às escolas do concelho de Vila Franca de Xira, que o presidente da câmara quer alterar.

Comunidade escolar entusiasmada com a novidade


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“Mercadinho de Arruda” dividiu opiniões Câmara Municipal de Arruda dos Vinhos vai apresentar uma candidatura tendo em vista a requalificação do mercado municipal. A autarquia já fez uma apresentação pública do projeto, que contou com a presença de alguns dos comerciantes que atualmente vendem naquele espaço. Se por um lado, o projeto cativou pelo seu lado funcional, moderno e por ser uma transformação do conceito, por outro levantou dúvidas quanto ao número de bancas e de que forma os vendedores se organizarão no futuro. André Rijo, presidente da Câmara Municipal de Arruda dos Vinhos, foi taxativo: “Não podemos deixar tudo como está e todos temos de nos adaptar” até porque a adesão por parte dos clientes a este tipo de mercados tem vindo a cair nos últimos anos, e o mercado atual da sede de concelho não é exce-

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ção. Numa sessão pública, o autarca referiu-se ao espaço atual como um local que necessita de uma intervenção profunda. Não só por causa deste novo projeto, mas também para criar melhores condições aos vendedores e aos clientes. O espaço que sofreu uma melhoria recentemente, não está, ainda assim, dotado de todas as comodidades de que necessita. O autarca fala numa remodelação mais profunda que inclui, por exemplo, acessos a pessoas com mobilidade condicionada, quer através de uma rampa na entrada do espaço, como através de adaptações necessárias nas casas de banho do novo equipamento. A obra que tem um custo a rondas os 200 mil euros, inclui uma zona de refeição, com um restaurante e uma zona de estar, mantendo al-

gumas bancas do atual e tradicional mercado, como sejam a florista, peixaria e talho. Este será um conceito moderno à semelhança do que já acontece por exemplo no Mercado Municipal de Campo de Ourique em Lisboa e que vai permitir a utilização deste espaço de forma maximizada de uma forma a atrair outro tipo de públicos que chegam cada vez mais a Arruda dos Vinhos. O espaço terá uma enoteca que terá como objetivo dar a conhecer os vinhos de Arruda. Segundo o autarca vão ser criados alguns quiosques ligados à gastronomia nacional e que farão a ligação por exemplo aos vinhos de Arruda, já que este é um conceito que tem como objetivo mostrar o que de melhor se faz naquele concelho. O autarca refere que os produtores locais não estão esquecidos. Para além dos vendedores resi-

dentes, qualquer agricultor de Arruda poderá ter acesso a uma banca para poder “por exemplo vender aqui uma saca de batatas”. O autarca diz querer implantar também feiras temáticas que ocorrerão no exterior do mercado municipal com alguma frequência. As obras do novo espaço que ainda não têm data prevista, serão concessionadas a uma empresa, para que esta possa gerir melhor o espaço e rentabilizá-lo de outra forma. A autarquia garante a fiscalização sobre essa mesma empresa que terá de passar por um concurso público. Os valores que esse concessionário cobrará aos comerciantes terão também de ser controlados pelo município. Vendedores têm dúvidas sobre o novo formato de mercado No entanto alguns dos atuais co-

Autarca apresentou o novo conceito de mercado merciantes já levantaram dúvidas quanto à ideia da autarquia. Os vendedores de peixe questionaram André Rijo sobre a concessão lembrando que apenas uma banca de peixe não garante o melhor preço ao cliente, já que não tem termo de comparação, e quando neste momento são três os peixeiros na praça, e o novo projeto só prevê uma banca. Um dado que levou a um exaltar de ânimos,

com alguns vendedores a exprimirem o seu desacordo. Contudo o autarca remete essas questões para mais tarde e chega mesmo a desafiar os vendedores do mercado a criarem uma candidatura para a gestão do espaço. André Rijo, garante por outro lado, que os vendedores cujo contrato não tenha ainda terminado aquando do arranque das obras, serão indemnizados pela autarquia.

Azambuja: Feira de Emprego com muitos candidatos à procura de trabalho Câmara de Azambuja promoveu a sua primeira feira de emprego. Muitos foram os que ao longo dos dois dias visitaram o certame e deixaram um currículo junto das empresas presentes ou participaram nas sessões de esclarecimento. O vereador António José Matos, ao Valor Local, referiu que este evento surgiu com naturalidade

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ao perceber que empresas da área das logísticas e não só, (que trabalham no concelho), durante a Feira de Maio, aproveitaram a sua presença no pavilhão de atividades económicas com um stand, para dar a conhecer as suas ofertas de trabalho. Assim nasceu a ideia de uma feira de emprego. As empresas participantes apresentaram mais de

Cláudia Pinto dos recursos humanos da Sonae valoriza a forma como o candidato se apresenta nas entrevistas

300 ofertas de trabalho em variadas áreas com propostas para licenciados, para técnicos profissionais, para chefias, para indiferenciados e também para estágios. Rute Quitério, 27 anos, está desempregada. Trabalhava na linha de montagem de uma empresa de embalamento de sandes. A residir no concelho de Azambuja,

tem esperança de conseguir um trabalho na área da logística. Não tem tido sorte, mas espera “ser chamada” depois de passar pela feira e ter deixado a sua inscrição em várias empresas com sede no concelho. Já Sofia Dimas, 25 anos, veio à procura de conseguir um estágio dado que recentemente frequentou uma formação para técnica de logística mas as

Vanessa Nogueira à espera de uma oportunidade em Biologia Molecular

vagas são poucas para estágios, mesmo que não remunerados como é o caso. Já Vanessa Nogueira, 23 anos, terminou há pouco tempo o curso de Microbiologia e Biologia Molecular. Depois de um estágio na Ítalagro veio à feira de emprego, onde deixou currículo. “Talvez a Jodel ou a Avipronto necessitem de alguém com o meu perfil, possivelmente têm laboratório...”, refere à nossa reportagem a jovem que gostaria de encontrar emprego perto de casa. Vive em Vila Chã de Ourique e nos últimos tempos tem-se dedicado ao envio de currículos para as empresas da região. A Sonae Logística é uma das empresas presentes que, neste momento, necessita de embaladores de encomendas tendo em vista o Natal. O número de vagas é bastante alargado e por isso todas as candidaturas são bem-vindas. Cláudia Pinto dos recursos huma-

nos da empresa refere que no entreposto do Espadanal (Azambuja) trabalham 700 pessoas. Para a técnica, é valorizada a experiência mas sobretudo a atitude “Querer trabalhar e ter vontade!”, diz. Quando a questionamos sobre o que é mais importante - o currículo ou a entrevista; não tem dúvidas - “Claramente, a entrevista, vermos a pessoa cara a cara e percebermos as suas motivações”. A empresa de trabalho temporário, Vertente Humana, também deu a conhecer o seu trabalho e as ofertas de emprego por parte dos seus clientes. Sara Alexandre, técnica de Recursos Humanos, refere que nem sempre é fácil conjugar as expetativas de salário de trabalhadores e empregadores e por isso “transparência e comunicação” é o lema da empresa que tenta “não vender ilusões mas explicar sempre a quem nos procura a realidade do mercado”.

Junta de Vila Franca premeia melhores ideias e negócios Junta de Freguesia de Vila Franca de Xira vai levar a cabo a primeira edição do “Challenge de Empreendedorismo e Aceleração 2018”. Esta iniciativa tem como base a dinamização do empreendedorismo, a inovação e a atividade económica. Este é, segundo a junta de freguesia, “um desafio aberto a todos os interessados em promover uma ideia de negócio ou um negócio já constituído”. A iniciativa está aberta a todos, sejam residentes ou não na freguesia, desde que estejam interessados em iniciar um negócio ou que já tenham um negócio estabeleci-

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do neste território. As candidaturas estão abertas até ao dia 23 de novembro e têm como idade mínima os 18 anos. A iniciativa tem um prémio monetário até cinco mil euros, que será dividido pelos vencedores. O prémio destina-se a apoiar o desenvolvimento do modelo de negócio da empresa. Destaca a junta de freguesia, que todos os vencedores contarão com apoio profissional e aceleração dos seus negócios durante um período inicial de 3 meses, que poderá ser estendido para um total de um ano. Os interessados deverão candidatar-se através de email enviado

para challenge@jf-vfxira.pt com o nome, curriculum e a descrição da ideia de negócio ou do negócio já estabelecido. A autarquia vai depois analisar e selecionar as 10 melhores ideias ou negócios para um pitch day. Os melhores serão chamados à fase final deste desafio. Os prémios serão entregues a 12 de dezembro pelas 18h00 no auditório da Junta de Freguesia de Vila Franca de Xira. Um apoio financeiro até cinco mil euros e a oferta de um serviço de mentoria de negócio são os prémios em causa. “Este é um projeto fundado por investidores privados de apoio aos

empreendedores e empresários portugueses, capacitando-os para

o crescimento e apoiando a aceleração dos seus negócios, assim

Câmara Municipal de Vila Franca de Xira apresentou na Quinta da Subserra o seu novo vinho Encostas de Xira. Trata-se da varietal Arinto, branco e cuja produção foi retomada recentemente naquela quinta municipal. O novo néctar foi apresentado pelo vicepresidente da autarquia António Oliveira e pelo vereador António Félix, com a ajuda dos enólogos Mário Louro e João Pedro Passarinho. Esta apresentação foi feita num ambiente descontraído, numa Sunset Party, aproveitando as vinhas envolventes daquela Quinta e da vista para o Rio Tejo e sua lezíria.

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como disponibilizando investimento”, refere a autarquia.


8 Opinião

Violência Sexual odemos, de facto, considerar que a violência sexual se organiza num contínuo em que, num dos seus extremos, encontramos formas de comportamento que não se revelam particularmente severas e, no extremo oposto, comportamentos face aos quais existe unanimidade na condenação social e judicial. O problema reside no risco de os indivíduos, famílias e comunidades poderem desenvolver processos socioculturais de aceitação de formas progressivamente mais graves e frequência de violência e abuso, que possam ser percecionadas como condutas normais. Famílias negligentes crónicas são geralmente multi-problemáticas, com défices persistentes, falta de recursos a todos os níveis, enquanto que as famílias negligentes não crónicas atravessam geralmente períodos de crise que ultrapassam as capacidades habituais de lidar com os problemas. A violência familiar é fruto de uma variedade de fatores não só individuais, mas também sociais, como desemprego, insegurança financeira, difíceis condições de trabalho, problemas de saúde, sendo afetados por estas condições quer marido e mulher, quer os filhos, estes últimos afetados não só pelas dificuldades de vida como pela violência exercida pelos pais, de forma direta e/ou indireta. No seu conjunto, a informação obtida sobre violência sexual acaba por ser uma ponta do icebergue porque, muitas mulheres, por vergonha ou receio de serem culpabilizadas, não denunciam as situações de violência sofridas. E

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José Pires*

apenas recorrem a serviços médicos quando sofrem consequências mais graves, desvalorizando as restantes situações de violência sexual, ou quando, por desconhecimento, já destruíram os elementos de prova do ato de violência sexual, impossibilitando a continuidade do processo criminal. O reconhecimento da violação matrimonial levou à sua criminalização em vários países: Áustria e Bélgica (1989), Irlanda (1990),

ção, a violência sexual permaneceu até muito recentemente socialmente legitimada. A mulher e o seu corpo foram concebidos como propriedade do homem, enquanto a construção da masculinidade acentua a sua sexualidade, justificando em certa medida, a violência sexual contra a mulher. Em relação à geografia da violência e, embora normalmente se associe a ocorrência de violência sexual às grandes cidades, a análi-

Em relação à sua distribuição, constata-se que, em termos gerais, predominam as vítimas residentes na Área Metropolitana de Lisboa e na região Centro. Enquanto as mulheres que sofreram vários tipos de violência estão mais associadas à Área Metropolitana de Lisboa, as que foram vitimadas apenas por violência sexual estão na região Centro. Ao nível do distrito, sobressaem os distritos de Lisboa e Porto (no

Holanda e outros (1994), Alemanha (1997), França (2006), Islândia (2007), porém a violação matrimonial permanece impune em muitos países. No quadro da família (violação matrimonial) e também no exterior da família no contexto da prostitui-

se segundo a dimensão populacional da localidade de residência mostra o contrário. Mais de 80% das vítimas de violência sexual reside fora das cidades de Lisboa e Porto, com especial prevalência nas localidades com população inferior a 10 000 habitantes.

total 44,6% das vítimas). Nota-se ainda que, apesar dos valores em termos absolutos serem baixos, a vitimação por vários tipos de violência associa-se mais a residência no distrito de Setúbal. Assim, e em termos geográficos, os resultados apontam no sentido

A Europa Connosco Partido Socialista assumiu, desde sempre, o desígnio da requalificação urbana do Concelho de Vila Franca de Xira, tornando-o mais moderno e dinâmico. O PS tem a ambição, a motivação e a vontade de continuar a servir o Concelho e o Município de Vila Franca de Xira, a sua população e as suas comunidades, em prol do bem comum e do progresso económico, social e cultural, contribuindo para a construção de um território mais coeso e qualificado.

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Outubro 2018

Valor Local

Ao longo de 20 anos de governação municipal foram aprovados inúmeros e diversificados projetos fundamentais - no âmbito dos Fundos Comunitários Europeus - que permitiram dar continuidade ao desenvolvimento do nosso Concelho nas mais diversas áreas, nomeadamente: na construção, reabilitação ou ampliação de escolas da responsabilidade da Câmara Municipal; na regularização fluvial de rios; na reabilitação urbana do Concelho, na requalificação da EN10; na criação de parques ur-

banos (que são atualmente um ex-libris do nosso Concelho); na reabilitação física, social e económica de bairros PER; na construção de ciclovias; na aposta em projetos municipais de promoção de acessibilidades, da igualdade e do sucesso educativo e de combate ao abandono escolar; na dinamização de atividades recreativas; na criação de eco-bairros; na criação de núcleos museológicos; ou na requalificação da frente ribeirinha. O trabalho desenvolvido pelo

Município permitiu devolver o rio Tejo às populações e conta já com mais de metade da área disponível requalificada. Aqui, no Concelho de Vila Franca de Xira, há Europa. A Autarquia tem ainda, em fase de projeto e sujeito à aprovação, nove candidaturas no âmbito da eficiência energética, duas em bairros municipais e sete em equipamentos da responsabilidade da Câmara Municipal. Porque Somos Europa, o Partido Socialista continuará a projetar e a construir um futuro me-

da presença de vítimas de violência sexual nas localidades de menor dimensão, mas situadas nas áreas de influência das grandes cidades, particularmente na Área Metropolitana de Lisboa. De um ponto de vista geracional, e no que se refere às mulheres mais jovens, não há nenhuma associação com qualquer local onde se ato posso ocorrer. Pelo contrário, para as mais velhas a “própria casa” aparece como o local onde é mais provável serem vítimas. Se associarmos a isso o facto de também terem uma maior probabilidade de serem alvo de relações forçadas, ficamos com uma ideia das violações que podem ocorrer no seio da família, entre parceiros, e que muitas vezes permanecem invisíveis. Fazia parte de um dos estereótipos de género, protegido antes do 25 de Abril de 1974 pela própria lei, e ainda não completamente erradicado da nossa sociedade, que no domínio da sexualidade, a mulher “deveria estar sempre disponível para o marido”. O problema reside no risco de os indivíduos, famílias e comunidades poderem desenvolver processos socioculturais de aceitação de formas progressivamente mais graves e frequentes de violência e abuso, que passam a serem vistas como condutas normais. Na análise apresentada pela APAV (Associação Portuguesa de Apoio à Vítima), é possível observar que, de 2013 para 2016, o número de vítimas, com mais de 18 anos, de Crimes Sexuais que recorreu aos serviços da APAV somou um total de 2.158 casos.

Esta evolução significou um aumento de 53,1% dos casos assinalados. Do total das 2.158 vítimas de crimes sexuais, registadas entre 2013 e 2016, cerca de 95,1% eram do sexo feminino. De acordo com os dados apurados, e no que diz respeito aos crimes e outras formas de violência, há um grande destaque para os crimes de violência doméstica (75,7%). Relativamente à caracterização das vítimas de crime apoiadas pela APAV em 2017, a maioria eram do sexo feminino (82,5%), tinham idades compreendidas entre os 25 e os 54 anos (38,9%). O estado civil destas vítimas dividiase sobretudo entre as vítimas casadas (28,2%) e as solteiras (23,1%). Em termos académicos e profissionais, o ensino superior apresentou-se como o grau de ensino menos referenciado (8,4%). Fontes: ESTATÍSTICAS APAV 2013-2016, CRIMES SEXUAIS >18 ANOS ESTATÍSTICAS APAV, Relatórios ANUAIS, Relatório Anual 2017 *“Filhos da Violência que Perspetivas”, 6º encontro das comissões de proteção de crianças e jovens do Oeste, Cadaval Trafico de mulheres em Portugal para fins de exploração sexual, Coleção Estudos de Género, CIG

Luís Monteiro Carvalho

lhor, assente na visão estratégica que tem para todo o território do Município de Vila Franca de Xira: Um Concelho mais Competitivo, mais Solidário e que assuma a sua Identidade no quadro da Área Metropolitana de Lisboa e do País. O PS continuará a promover o progresso económico, social e cultural, garantindo, assim, uma melhor qualidade de vida e mais igualdade de oportunidade, sempre centrado nas Pessoas, Associações, Instituições, Esco-

las e Empresas Locais, e no desenvolvimento de um Concelho de excelência para todas e todos os Munícipes do nosso Concelho. Esta é a Europa que há em Nós. Connosco, todos os dias!


Opinião

Valor Local

Outubro 2018

Joaquim António Ramos

Animais e as suas leis s leis mudam à medida que a sociedade se altera. Normalmente com atrasos significativos, mas acabam por mudar. O processo de fazer leis é uma caminho frio, cauteloso, oportunista. Antes de se votar uma lei tem que se fazer um longo caminho de consensos, o legislador tem que se rodear das cautelas próprias de quem avalia todas as implicações dum acto que não é facilmente reversível. Mas acima de tudo, tem que se avaliar da oportunidade da futura lei, ou seja, da sua aceitação pela sociedade. Salvo raras exceções, esta avaliação, na prática, resume-se a avaliar se dá ou não mais votos. Por isso o processo legal é oportunista. Mas, na verdade, a maioria das leis

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são empurradas por uma consciência coletiva que traduz uma mudança na forma como se olha para uma minoria, para um semelhante, para um animal. Há vários anos que a sociedade portuguesa vem produzindo leis que protegem e conferem direitos aos animais. Isso apenas significa que, felizmente, pelo menos uma parte significativa dos portugueses ganhou uma nova visão sobre os animais. Há poucas dezenas de anos a função dos canis municipais era guardar cães, muitas vezes em condições “abaixo de cão”, para depois lhes dar um destino final – a morte – caso ninguém os reclamasse num determinado prazo. Era aquilo a que, em saúde pú-

blica, se chamava luta anti-rábica, que justificava a morte dos cães com o controlo da raiva. Houve até um presidente de Câmara que ficou conhecido pelo Mata-Cães, pois a sua obra maior foi livrar a terra duma epidemia canina. Ganhámos uma nova forma de olhar os animais. Não é que eu tenha uma simpatia especial pelo PAN – Partido dos Animais e Natureza -, nem sei o nome do único Deputado que tem. Mas nunca olhei um animal como uma besta de trabalho, um brinquedo, uma fonte de proteínas. Encarei-os sempre como seres com direitos que deveriam ser protegidos. Coloquei-me primeiro num patamar moral, mas cedo percebi que era preciso uma plataforma legal que lhes reconhecesse direitos e os protegesse da brutalidade humana. Talvez porque cresci ao pé das

vacas dos meus avós, conhecia cada uma pelo seu nome, as suas teimas e reações e dormia a sesta no feno da manjedoura, a sentirlhes o calor do bafo. Talvez porque não me lembro de haver um tempo da minha vida em que não houvesse pelo menos um cão em casa – o que me fez, penso eu, considerá-los como “moradores”. Hoje em dia a lei obriga a que os canis municipais, num espaço de poucos anos, tenham condições para que os animais vivam com a dignidade que devem ter e os Tribunais já decretaram penas aos abusadores de animais. É um bom sinal. É a consciência da sociedade a ditar a lei,

como em tudo e, a meu ver, um sinal positivo da evolução da espécie humana. Na minha vida profissional, estou agora envolvido num estudo para um canil intermunicipal que respeita todas as condições que a lei impõe: tem celas individuais amplas e arejadas, espaços comuns de exercício e recreio, enfermaria, sala de lavagens e tosquias e, até, um hotel para cães. Como vão longe os tempos da luta anti-raiva… Tudo começa por uma atitude moral. Uma abordagem diferente. Uma chamada de atenção para coisas que muitas vezes nos escapam. Sim, porque às vezes, basta chamar a atenção. Um dia passava por uma das aldeias do nosso Concelho, e vi um homem ao lado duma carroça puxada por uma burra velhinha, velhinha, daqueles velhinhos de passos miudinhos e casquinhados. Mas o homem queria ir mais depressa e espancava o animal com uma vara- o que não influenciava em nada o andamento, porque a burra não andava mais. Era demasiado velha. “Saltou-me a tampa”, como diz a nova geração, e perguntei-lhe: “O senhor já viu que esta burra tem a idade equivalente à da sua avó? Gostava que fizessem isso à sua avó?”. O homem hesitou, pensou um bocado, fraquejou-lhe a rudez da cara e dos gestos e respon-

O futuro do “ensino sénior” a rentrée de mais um ano letivo e por amável convite do diretor deste mensário, Miguel Rodrigues, sou a escrever sobre uma temática que me é particularmente “cara”: o «ensino sénior». Corporizando este artigo de opinião, começo por enunciar os três pilares fundamentais que, na minha ótica, consubstanciam a sustentabilidade das Universidades/Academias Seniores (U/AS’s), ou seja: a sua missão, a sua visão e os seus valores. Como missão: a promoção do envelhecimento ativo e saudável da população sénior, através da realização de atividades intelectual e socialmente estimulantes, objetivando a melhoria da qualidade de vida da pessoa, no seu equilíbrio psicossomático, consubstanciado em ações de convívio, de atividades físicas e de lazer e de desenvolvimento cognitivo (aprendizagens, habilidades, novas competências, aculturação, comportamentos de interação, novas experiências e a potenciação de capacidades ingénitas não percecionadas), por forma a sentirem-se ainda úteis e realizados, individual (auto-estima) e socialmente.

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A visão está ancorada no humanismo, i.e., sem discriminação de raça, sexo, estatuto social, crença, ideologia política ou quaisquer outras formas discriminatórias e, expressa-se no mais profundo respeito pela dignidade da pessoa em idade sénior e pela manifestação de gratidão e do reconhecimento da sociedade através de cada Instituição, pela sua história de vida e seus contributos para a pátria, a familia e a sociedade. Os valores, estão compaginados no acrónimo, “CHAMAR”: - Comprometimento; Competências; - Honorabilidade (a caminho da excelência); - Altruísmo; Ação de voluntariado; - Matriz social (responsabilidade social , inserção social local e economia social); - Afeto e Amor (solidariedade); - Resiliência. Com base nos três pilares, importa-me sobretudo, ponderar sobre o futuro das U/AS’s. Nesta prospetiva, contribuo com a minha visão, subsidiando uma reflexão e discussão alargadas. Relativamente ao “Ensino Sénior” ministrado nas U/AS’s, tenho a perce-

ção de que será nas próximas décadas (futuro mais ou menos próximo), bem mais exigente, dado o surgimento de uma população sénior cada vez mais informada e escolarizada e, por consequência, mais atenta e ávida de conhecimento, não procurando nestas Instituições apenas a ocupação, a satisfação relacional, social e lúdica, mas algo mais e que tenha a ver com o “preenchimento do seu intelecto”, de uma forma prazerosa e num futuro próximo, mais comprometida academicamente, mas sempre em ambiente geracional, humano e social de proximidade, tendo como meta a aquisição de conhecimentos. Dada a premissa, penso que, novas respostas deverão ser dadas no futuro, pelo que antevejo, a efetivação de parcerias com as Universidades Tradicionais (UT) e com ou através da RUTIS - Rede de Universidades Seniores (preferencialmente – e que se pretende mais participativa e atuante), visando o seguinte: 1. Criação do estatuto do professor do ensino sénior (definição do perfil de candidato a professor do ensino sénior/ reconhecimento oficial da função).

2. Conceção e ministração de cursos de formação pedagógica de professor do ensino sénior devidamente certificados e acreditados pelas UT’s (formação pedagógica específica – CAP – e, sua credibilização. Porque não, investigação a nível universitário por alunos das áreas de educação/pedagogia através da apresentação de trabalhos de grupo e/ou monografias (teses)? 3. Suporte à conceção de U/C’s Unidades Curriculares – módulos e respetivos conteúdos programáticos, pedagogicamente adequados à população-alvo, de caráter geral (matérias com os diferentes graus e tempos de ensino adequados) e outros, contextualizados nas especificidades da envolvência em que se insere cada U/AS e, sempre que possível, ao encontro dos interesses manifestados por cada população-alvo. Os mesmos, devem ser certificados e acreditados pelas UT’s. 4. Apoio às iniciativas das U/AS’s, nomeadamente na disponibilização de oradores (pro bono) para palestras, entre múltiplas atividades que requeiram o apoio de parceria. Na sequência da reflexão/antevi-

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deu-me: “Tem razão. Nunca mais bato à burra!”. Tenho dois cães que são da minha família. Uma é velha, muito velha e vejo nela os mesmos achaques, a mesma sonolência, os mesmos apetites, o mesmo olhar vazio que vejo em muitos homens e mulheres velhos. O outro é novo, e com ele passeio, brinco, desafio para brincadeiras e converso, como o faço com um dos meus amigos. Na verdade, as diferenças são muito poucas… A atitude da sociedade para com os animais está a mudar e o próprio Estado os encara como seres com direitos e necessidades de proteção. Não sou particularmente fã do PAN, como já disse, mas acho que é bom que haja na Assembleia quem defenda os animais. E sim, concordo com a proibição de abate dos animais dos canis municipais e com a cobertura legal que lhes é dada na sua relação com o homem. PS: Eu sei que vão já pensar “Pois, mas mandaste fazer uma praça de toiros…”. Bem, mas isso, como diria um amigo meu, são outros mundos.

Augusto Moita

são admito, com a introdução de UC’s certificadas e acreditadas, a possibilidade de emissão de “Diplomas com Notação”, para alunos interessados nessa variante, ficando naturalmente sujeitos a avaliações (assiduidade, aferições, frequências, exames ou outras formas de avaliação que venham a convencionar-se), e que se designaria de “Diploma de Ensino Sénior” (DES) no âmbito da “Aprendizagem ao Longo da Vida” (ALV). Esta nova situação pressuporá a existência de duas classes distintas de alunos, a saber: 1) Participantes; 2) Discentes. Como consequência, deverão surgir, naturalmente, diplomas distintivos. Reitero, tratar-se de uma visão de médio/longo prazo, onde está implícita, uma “proposta para discussão pública”, se me é permitido tal “atrevimento”. A mercantilização do “ensino sénior” não pode nem deve ser o caminho! O “Ensino sénior” a ser ministrado em Universidades Tradicionais, para além de ser mais oneroso para o discente, enferma de uma proeminente falta de vocação

para esta vertente do “ensino”, porque não está na sua génese (vidé: missão, visão e valores). Às Universidades Tradicionais, élhes proposto cooperarem com as U/AS’s e, nada mais! Naturalmente, impor-se-á uma profunda reestruturação com pendor “profissional” nas U/AS’s, em todas as suas valências, a par da possibilidade de remuneração, ainda que simbólica (e.g.: eventual pagamento da formação e/ou de ajudas de custo/deslocação ou outras) aos professores que a aceitem e, que se apresentem devidamente habilitados, por razões óbvias (mobilização, recrutamento e motivação, entre outras variáveis). Aqui fica o repto a todos os interessados nesta matéria! Utopia? Hum ... Dogma? Talvez ... Visão? Decididamente!


10 Educação

Valor Local

Outubro 2018

Câmara Municipal de Azambuja investe mais de um milhão de euros na Educação Miguel A. Rodrigues m entrevista ao Valor Local, o presidente da autarquia, Luís de Sousa, dá conta dos investimentos levados a cabo nos últimos meses tendo em vista o ano letivo 2018/2019, numa altura em que a Câmara se prepara também para colocar ao serviço o refeitório e cozinha do Jardim-de-Infância (JI) de Aveiras de Cima. Luís de Sousa refere que os anos anteriores foram de consolidação orçamental, e por isso o investimento concretizado foi atempadamente calendarizado, porque já eram conhecidas as carências. “Foi questão de pedirmos aos diretores que nos informassem do que era preciso”, refere. O autarca diz ao Valor Local que não chora esse dinheiro, e que o mesmo representa um esforço na educação dos jovens do concelho de Azambuja, vincando a necessidade de investimento neste setor. Entre os maiores investimentos que se centraram nos pisos dos parques de jogos das escolas de Aveiras de Cima, Manique do Intendente, e Vila Nova da Rainha, a autarquia prepara-se agora para investir na remodelação da Escola de Vila Nova da Rainha que há muito necessitava de uma intervenção urgente, referindo que ti-

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veram lugar obras em praticamente todas as escolas do concelho. Entre as necessidades identificadas, Luís de Sousa refere que houve a necessidade de substituição de algumas janelas, portas, louças de casas de banho, e até o chão de diversas salas de aula ainda com revestimento em tacos, e por isso era urgente dotar esses equipamentos de melhor material tendo em conta o conforto dos alunos e do pessoal docente e não docente. O autarca esclarece que só em Aveiras de Cima foram investidos mais de 500 mil euros, sendo esta uma obra importante e há muito reclamada pelos autarcas locais. Luís de Sousa salienta que ficou desanimado com a adesão da população àquela obra, referindo que havia muita pressão para que a mesma fosse feita, e depois as inscrições ficaram aquém do esperado. O autarca vinca, entretanto, que há umas semanas esteve presente no conselho geral da escola onde teve oportunidade para falar sobre o assunto. Sousa diz que leu numa ata que uma professora contestava as suas declarações ao Valor Local, em que expressava a sua opinião e quis, acompanhado pela vereadora Sílvia Vítor,

Autarca salienta que depois do apertar de cinto quis investir sobretudo nesta área

voltar a falar do assunto mas desta vez em sede própria. Luís de Sousa lembra que Aveiras não tinha opções para as famílias com menos recursos. “Quem tem dinheiro pode inscrever os meninos em qualquer lado. Mas Aveiras não tinha essa opção”, e por isso “foi nesse sentido que nos empenhámos e abrimos a sala. Mas nos primeiros dias vi que não havia assim tantos meninos inscritos. Disse o que disse e voltava a dizer”, expressa. O autarca diz reconhecer que muitas das crianças já estavam inscri-

tas noutros locais aquando da abertura do equipamento, mas tem esperança que de agora em diante, e depois da abertura do refeitório e cozinha, a situação se altere. O espaço que fica dentro dos muros da Escola Básica Integrada de Aveiras de Cima, vai receber também um telheiro para que a entrega de mercadorias, nomeadamente, para o refeitório, não esteja dependente das condições climatéricas. Também o Jardim- de - Infância de Manique do Intendente representa alguma preocupação para autarquia, já que o mesmo inaugurado em 2006 pelo anterior presidente da Câmara de Azambuja, Joaquim Ramos, encontra-se fechado atualmente. Luís de Sousa lembra que quando o equipamento foi aberto deveria servir o pré-escolar, mas as coisas não correram como previsto. O lo-

cal foi cedido em protocolo ao Centro de Dia de Alcoentre, mas como esta última IPSS passou por uma crise, o projeto sofreu um revés, tendo a autarquia tentado protocolos com outras associações, nomeadamente, com o Centro de Dia da Casa do Povo de Manique e com uma instituição da Ereira no concelho vizinho do Cartaxo. Não conseguindo celebrar qualquer outro protocolo, Luís de Sousa viu-se na obrigação de intervir através do município, com a possibilidade de mais-valias para a população, uma vez que enquanto creche municipal “os preços são muito mais baratos”. Ao Valor Local, o presidente da Câmara de Azambuja refere igualmente a existência de um número suficiente de crianças para que este equipamento funcione de acordo com o previsto. O autarca vinca que o espaço não carece de

um grande investimento para ser reaberto, mas admite que “necessite de atualização quanto a alguns equipamentos, nomeadamente, na cozinha”. Já para a remodelação da escola de Vila Nova da Rainha o investimento deverá rondar os 600 mil euros. O atual edifício terá de ser totalmente transformado, já que ainda têm lugar aulas a decorrer num pré-fabricado colocado nas traseiras do edifício que pertence ao Plano Centenário, ou seja contemporâneo do período do Estado Novo. À semelhança de outras escolas do género, este edifício sofrerá obras profundas para estar apto para as exigências atuais. Luís de Sousa refere que terá de ser feita uma planificação das aulas até porque as obras vão durar alguns meses. O projeto terá ainda de passar pelo Tribunal de Contas, mas o autarca acredita que tudo decorrerá como planeado. O edifício vai contar com duas novas salas para o pré-escolar, “sendo que os meninos do JI estão nesta altura em salas pré-fabricadas inadaptadas para os dias de hoje. Posteriormente, passaremos ao edifício exterior que manterá a fachada”. Lá dentro, refere o autarca, existirão as mesmas duas salas, mas com um refeitório novo, casas de banho atualizadas e um parque de jogos, ao mesmo tempo que remover-se-ão todas as estruturas que contêm amianto no edifício. No entanto, refere o autarca, as refeições serão feitas noutra instituição e transportadas para Vila Nova da Rainha.

Mal-estar ente presidente da Câmara e diretor do Agrupamento de Escolas de Aveiras de Cima convivência não tem sido pacífica entre autarca e docente. Em causa estão algumas trocas de “mimos” que começaram com a entrega, por parte da Câmara, de material escolar, nomeadamente, mobiliário que o diretor do agrupamento, António Pedro, não terá gostado, e que terá, mesmo, devolvido. “O copo está a transbordar. Com estas atitudes é muito difícil compreendermo-nos”, disse o autarca em sessão da Assembleia Municipal de Azambuja, onde estavam presentes alguns docentes que protestavam contra a possibilidade de o ensino em Azambuja ser organizado num mega-agrupamento. Nessa sessão, Luis de Sousa, ter-se-á mostrado indignado com a atitude dos professores que apresentaram uma petição contra a alegada intenção do município. Aliás, Luís de Sousa garante que os mega-agrupamentos nunca foram hipótese em Azambuja e por isso diz ao Valor Local não ter entendido o protesto. O autarca refere que a atitude do diretor do agrupamento lhe pareceu “muito mal”. “Tive até oportunidade de o dizer numa reunião com o senhor e onde esteve também a senhora vereadora Sílvia Vítor, para esclarecermos isto e cara a cara”. Luís de Sousa reitera mais uma vez que os mega-agrupamentos nunca estiveram em cima da mesa e que essa seria uma decisão que teria de passar sempre por outros órgãos para ser validada. Na última assembleia municipal, a vereadora da Educação leu uma declaração do coordenador da Carta Educativa, acusado de ser o fomentador da ideia de um mega-agrupamento. Luís Carvalho alega que o seu bom nome está a ser posto em causa pela comunidade educativa do concelho, refutando qualquer tipo de acusação no sentido de querer um mega-agrupamento no concelho. Tendo em conta todas estas questões, Luis de Sousa diz que estranhou “o abaixo-assinado que foi entregue na Junta de Freguesia de Aveiras de Cima.” Depois do desagrado do presidente da Câmara em Assembleia Municipal, “alguns professores vieram pedir-me desculpa”, e acrescenta que os docentes em causa terão mesmo referido “que talvez tivessem sido induzidos em erro”. Nesse sentido, o autarca salienta também ter a convicção de que os docentes envolvidos nesta petição, possam ter sido instrumentalizados politicamente, “Não queria levar para esse caminho, mas penso que sim. Não havia necessidade disso”.

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Valor Local

Outubro 2018

Educação 11

Externato de Arruda dos Vinhos

“É reconfortante obtermos tão bons resultados num meio rural” ano letivo arrancou no Externato João Alberto Faria em Arruda dos Vinhos com algumas novidades para 2018/2019. O diretor do estabelecimento de ensino, Nuno Faria, anuncia aulas de Economia em Inglês a partir do 10º ano, bem como a introdução das novas tecnologias de informação com “o sonho (que ainda não é possível) de um i-pad ou tablet por aluno”. “O meu desejo é que se tornem uma ferramenta normal de trabalho”, diz. Já quanto ao estudo da Economia em inglês no início do secundário diz que faz todo o sentido atendendo que a realidade do ensino naquela área bem como na da Gestão nas universidades faz-se em inglês. Este início de ano letivo ficou desde já marcado pelo atraso na atribuição dos manuais escolares pela plataforma Mega, ao qual o externato também não escapou. Apesar de um conjunto de reuniões em que a escola participou em conjunto com o ministério da Educação para acautelar eventuais atrasos “para sabermos como seria a triagem e a organização à volta dessa tal plataforma”, certo é que o processo conheceu alguns percalços. “Quando o ano letivo começou a aproximar-se, percebemos que a nossa escola

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por ter contrato associação tinha ficado de fora dos vouchers para aquisição de manuais para o 5º e 6º anos. Manifestámos a nossa preocupação junto do ministério da Educação sobre o assunto. Felizmente ficou tudo resolvido. A escola decidiu imprimir todos os vouchers. No nosso caso estamos a falar de 500 vouchers para 500 alunos”, dá conta. Em entrevista, Nuno Faria diz ainda que apesar do propalado uso do livro usado não é totalmente fã desta vertente, pois segundo a sua experiência e prática, “isso pode não funcionar porque muitos pais entendem que os filhos têm de trabalhar nos livros, escrever neles, e de facto muitos manuais possuem essas características de se preencher com possibilidade de se fazerem apontamentos na margem.” Por outro lado, “se o livro usado servir para o percurso escolar em relação a quem tem capacidade para comprar os livros, e ter igualmente sucesso é uma boa opção”, constata, contudo. Mega-agrupamentos: “É importante não nos fecharmos nas nossas quintinhas” Numa altura em que muito se fala

Nuno Faria segue o percurso iniciado pelo seu falecido pai no externato

dos mega-agrupamentos, Nuno Faria refere que não tem uma ideia pessimista do tema, e evidencia que também aí “somos um exemplo”, porque apesar de estarmos a falar em graus de ensino diferentes, “e termos interesses diferenciados, fomos capazes de nos sentar à mesma mesa, e concertar uma estratégia em prol dos alunos”. “Temos um projeto educativo comum que se quiser já trabalha

nessa lógica do mega-agrupamento”, diz. O diretor salienta que o que é importante “é não nos fecharmos nas nossas quintas”. “Já temos o hábito de os nossos professores falarem com os do primeiro ciclo para percebermos o que é preciso fazer. Se é isto um megaagrupamento então que seja bemvindo, se é para criar uma estrutura gigantesca que deixe o professor paralisado então é melhor dei-

xar como está”, refere. O Externato João Alberto Faria tem conseguido ao longo dos anos posições de destaque nos exames do ensino secundário, e Nuno Faria destaca que apesar disso o trabalho de uma escola não se esgota nos rankings, nem nas classificações dos exames, “mas na capacidade de passarmos conhecimento aos alunos”. “Mas é reconfortante percebermos que num

meio rural estamos a lutar taco a taco com escolas de meios urbanos, com maior capacidade económica do que Arruda”. “É notável percebermos que isto se faz com os filhos de todos os habitantes de Arruda, independentemente da sua condição económica”, acrescenta ainda. Uma liderança forte e um corpo docente estável são o segredo do sucesso na sua opinião.


12 Destaque

Valor Local

Outubro 2018

Canis na região não sentem efeitos da lei que proíbe o abate Fomos conhecer a realidade de cinco concelhos na região, as suas dificuldades, a perspetiva sobre a nova lei, e como olham para o futuro. São três modelos em análise neste trabalho: os exclusivamente municipais, o de uma associação, e outro que é gerido entre associação e Câmara. Adoção e esterilização são as palavras que mais se ouvem. Na região o panorama do abate é escasso em comparação com outras zonas do país. Sílvia Agostinho canil da Associação Abrigo é um caso à parte neste trabalho. Com 198 cães e 50 gatos, não poderia deixar de passar dificuldades de diversa ordem. Localizado em Vale do Paraíso, concelho de Azambuja, é gerido por um grupo de voluntárias. Como o concelho não possui canil municipal acaba por ser este o destino de muitos animais abandonados do município e não só. Quem entra no espaço não pode deixar de constatar as diferenças em relação aos canis municipais. Aqui recorre-se mais ao improviso, sem boxes, e embora os animais disponham de mais espaço, este é menos organizado. Ao longo do terreno foram estabelecidas alas mais ao menos ao acaso, mas os animais recebem os necessários cuidados, dizem as voluntárias. Um grupo de mulheres que encontramos não têm mãos a medir. Durante muito tempo estiveram sós nesta luta, apenas no ano

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passado a Câmara de Azambuja decidiu apoiar com 2000 euros mensais, mas 1500 vão só para ração. É uma luta inglória que nem sempre é bem entendida por muitos, confessam-nos as voluntárias. A sobrelotação deixa esta associação com a sua ação a rebentar pelas costuras apesar dos 300m2. Estão a decorrer obras de ampliação mas a associação vai pagando aos poucos. As esterilizações custam 60 euros, mas a Direção Geral de Veterinária comparticipa com apenas 10 euros e a Abrigo ainda tem de pagar o chip às suas expensas. A juntar a tudo isto, nos últimos tempos assiste-se a uma proliferação de ratos que as voluntárias têm procurado colocar cobro. A relação com a autarquia que não dispondo de canil próprio vai à boleia da associação não é a melhor. “O senhor presidente é cinco estrelas, já do vereador do pelouro (Silvino Lúcio) e do veterinário que estava ao serviço da

Abrigo tem grande número de animais já esterilizados

autarquia não posso dizer o mesmo. Aliás impedimos o veterinário

de entrar aqui porque queria matar os cães todos”, diz Paula Figueiredo, uma das responsáveis. Silvino Lúcio não compreende o possível mal-estar da associação quanto à sua pessoa – “Sempre que solicitaram apoio mostrei-me disponível, desde um corte de eucaliptos que contratámos sem custos para a associação, ou problemas com contentores em que nos pediram ajuda!”. O vereador diz que é exigente quanto aos relatórios que pede à associação “porque estamos a falar de dinheiro público”. Lançámos ainda esta questão: Se a Câmara tivesse canil municipal, dois mil euros por mês chegariam? – “Não sei se chegava ou não, certo é que há um acordo para cumprir, temos apenas capacidade para ter 15 cães numa espécie de avançado da autarquia”, resume. Quando se fala de adoção, a associação salienta uma parceria recente com uma associação alemã com o envio dos animais para esse país. Os números de adoção são escassos, pois com uma das maiores sobrelotações da região, este canil só conseguiu dar 30 animais em 2017, embora este ano já vá com 70, mas “muito à conta dos gatos”. O abate mesmo antes da nova lei já não era praticado desde o ano passado na Abrigo. Premente é que a associação consiga, de uma vez por todas, estabelecer uma boa relação com o novo veterinário municipal, “fundamental para levar a cabo as esterilizações dos animais”, sentencia Paula Figueire-

do. Segundo esta responsável, a Abrigo tem conhecido bons casos de adoção mas “especialmente de pessoas vindas de fora do concelho, principalmente de Lisboa, que têm outro tipo de entendimento, porque as de Azambuja só querem animais bebés”. A associação fechou definitivamente a porta quanto a novos animais a não ser os que cheguem aqui em muito mau estado, face à sobrelotação. O abandono no concelho “é gravíssimo”, diz Paula Figueiredo. “Mas não temos capacidade para receber mais cães, até porque as matilhas estão formadas e é sempre com muita dificuldade que introduzimos novos animais”. Paula Figueiredo é confrontada com algumas críticas ouvidas pelo Valor Local de que nem sempre os telefones da associação estão disponíveis – “Não temos rede aqui no canil, e nem sempre ouvimos face ao ladrar dos animais”. Diz Silvino Lúcio que o protocolo implica que a Abrigo recolha todos os animais abandonados de Azambuja e que “sendo assim vamos ter que conversar”. “Não tenho conhecimento de que tenham rejeitado animais levados pelo nosso funcionário, se assim for temos de ver as coisas”. Quando lhe perguntamos que condições a Câmara tem, neste momento, para exigir ainda mais, dá conta que há outras associações no concelho interessadas em fazer parcerias com a Câmara para acolher animais, sendo certo que “a verba de dois mil euros não é

tão escassa quanto isso, mas não quero alongar-me em mais considerações”. No canil em causa, outras realidades perversas têm aparecido às voluntárias e que à partida julgaríamos menos próximas, como o caso de alguns animais que foram entregues em Vale do Paraíso porque o dono os violentava sexualmente. “São cães que não estão disponíveis para adoção. São cães completamente traumatizados que não deixam ninguém aproximar-se”. Há também a cadela Linda, cujo dono a maltratou e que foi o próprio filho que o denunciou às autoridades. O caso de Linda aguarda por uma decisão no tribunal de Alenquer, “até lá está aqui, e não pode sair”. “Com os atrasos da lei, está privada de poder ser levada por alguém e conhecer finalmente um lar”. Sem mais apoios do que os da Câmara, e quotizações, a associação recebeu há pouco tempo um valor de 6 mil euros por parte de um benemérito na Alemanha, mas foi uma exceção – “O mecenato só vai para criancinhas e bombeiros, o que achamos ótimo, mas nós também prestamos um serviço na sociedade, quanto mais não seja na preservação do ambiente e da saúde pública”. Face ao quadro de não existir um canil municipal nem isso estar equacionado de futuro, Silvino Lúcio refere que já foi pensado, mas face aos custos e a outras questões mais prementes da vida dos cidadãos foi posto de parte.


Valor Local

Outubro 2018

Destaque 13

Nova lei não é consensual entre veterinários e associações A Associação Nacional de Médicos Veterinários dos Municípios (ANVETEM) é taxativa quando refere que esta lei é facilitadora de um quadro mais pessimista no futuro, e porque é insuficiente face ao número elevado de animais errantes no país. Em Portugal continental e ilha dos Açores ascendia a cerca de 41 mil em 2017. De acordo com os dados da ANVETEM, foram adotados 18 mil animais, tendo permanecido nos canis 12 mil. Para além de que, “olhando para os números parciais de cada município dos 308 concelhos portugueses, 96 não declararam qualquer número”, diz taxativamente Ricardo Lobo, daquela associação, que sentencia – “Estes municípios não deverão ter números para se orgulharem”. Por outro lado, “há quem pense que vai substituir a eutanásia pela esterilização o que é completamente errado, porque temos cães errantes que andam um pouco por todo o lado que não conseguimos detetar na sua totalidade que não serão esterilizados, porque apenas o são os que estão nos centros de recolha”. Esta lei “foi feita sem conhecer a realidade do abandono animal”. Sobre o facto de os canis da nossa região argumentarem que não há eutanásia, exceto nos casos de animais em sofrimento, considera que o quadro dificilmente será cor-

41 mil animais foram recolhidos das ruas no país em 2017

de-rosa. “Sintra diz que não abate mas o concelho está repleto de matilhas nas ruas. Quem começou a abater menos, é porque já não recolhe na mesma medida do que no passado”. Embora Ricardo Lobo reconheça que os números dos concelhos aqui retratados neste trabalho sejam bons comparativamente ao que acontece em outras regiões do país como no Norte ou na Madeira. “Com esta lei, os municípios que podiam estar a pensar em aumen-

tar a capacidade dos seus canis desistem”. Por isso, este representante da ANVETEM traça um quadro pessimista com a possibilidade de proliferação de matilhas “que atacam pessoas e animais”, e aumento da raiva, apesar de erradicada do país há várias décadas. “Se deixarmos de controlar a população podemos estar a abrir a porta a um quadro desses, basta recordar que no norte de África há raiva e podemos perder o controle desta situação”. Esta lei “não tem

possibilidades nenhumas de ter sucesso no quadro da saúde pública” e “posso afirmar que há deputados dos outros partidos (que não os do PAN) que estão arrependidos e que se sentem enganados”. Esta lei na sua opinião não foi feita em conjunto com a Direção Geral de Alimentação e Veterinária e “por isso estamos em total dissociação entre o Parlamento e a realidade”. A ANVETEM ainda sugeriu um alargamento do período de dois anos, mas o PAN

rejeitou “porque estavam mesmo interessados em aprovar esta lei durante a legislatura porque têm um deputado e estão em risco de o perder nas próximas eleições.” Posição dissonante quanto às mais-valias ou não da nova lei, encontra-se a veterinária do município de Vila Franca para quem houve tempo suficiente de adaptação por parte dos concelhos. Ana Leonardo acredita que não vale a pensa fantasiar cenários alarmistas e diz mesmo “Chateia-me um bocado ouvir isso. No caso de Vila Franca as coisas foram preparadas se outros não o fizeram foi porque não quiseram tomar essa opção”, até porque “durante anos o abate foi praticado e não deixou de existir animais errantes nas ruas”. Já Paula Figueiredo, da Abrigo, afina por opinião contrária – “A esterilização tem de ser mais alargada porque o fim do abate não vai resolver nada, quanto muito vai fomentar o abate ilegal porque deixa de haver controlo”. Na sua opinião, Portugal deveria seguir o modelo inglês com uma espécie de polícia para o abandono animal, “porque o Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente da GNR não faz nada”. Veladimiro Elvas, da Associação de Proteção aos Animais Abandonados do Cartaxo, dá conta que fez parte da comissão política do

PAN mas que decidiu a páginas tantas sair. Esteve no esboço da lei que considera redutora – “Disse mesmo que esta lei a ir para a frente como de facto foi e nestas circunstâncias ia virar-se contra nós”. Veladimiro Elvas defende que a lei devia ter sido acompanhada por um conjunto mais ambicioso de medidas. E dá o exemplo do registo automóvel como uma boa ideia a ser seguida. “Sempre que alguém desse um cão teria de o registar, para não haver risco de coimas (na altura defendi entre dois mil a três mil euros) para o novo proprietário do animal”. O responsável da APAAC defende mais fiscalização através de uma rede articulada em que todos os animais tenham chip e devidamente registados, “porque o que acontece é que face às redes informais de adoção, determinado indivíduo tem uma ninhada e vai passando aos amigos e vizinhos, e só mete chip quem quer”. “A lei deveria ter ido beber ao contacto com associações de animais, juntas de freguesia, Câmaras, veterinários, e até caçadores, porque muitos vão caçar para fora e é normal os animais perderem-se, mas o radicalismo do PAN desagradoume imenso, mostrou-se intransigente nesses contatos. No fundo é hoje um partido da sociedade política e não da sociedade animal”.


14 Destaque

Valor Local

Outubro 2018

Municípios incentivam adoção com cada vez mais divulgação o caso do concelho de Benavente temos cerca de 66 cães no canil. Foram construídas recentemente umas novas boxes, mas como no caso do município de Azambuja, este município aguarda pelo famigerado canil intermunicipal da Lezíria do Tejo. “Está um bocadinho sobrelotado”, graceja o funcionário municipal Manuel Romão que há quatro anos se dedica a esta função. Se os animais falassem poderiam dizer se o seu trabalho é bom ou não, mas pensa que sim, até porque afeiçoa-se a todos, e é com pena que vê quando alguns seguem para adoção e tem de se despedir, mas significará que à partida vão para melhor “Vejo logo se vão ou não ser bem estimados pelo tipo de pessoa dos donos”. “Apenas fui mordido uma vez, dou festas a todos”, conclui. Segundo dados de 2017, da Associação de Médicos Veterinários Municipais, em 2017 este município recolheu 57 animais, adotou 42, e eutanasiou dois, que a Câmara refere serem casos de cães em situação de sofrimento e doença cuja solução acabou por ser o abate, que “há muito tempo foi abandonado no caso dos animais saudáveis”, diz Clarisse Castanheiro, técnica municipal. O canil

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Autarca e veterinária sublinharam número de adoções nos últimos tempos

vés de uma página de facebook criada para o efeito, o município tem conseguido obter sucesso nas adoções. Vila Franca de Xira: Taxa de adoção “feliz”

não consegue aceitar mais animais errantes, exceto os que se encontram feridos na rua. A esterilização dos cães acontece sempre que a adoção existe, tendo como intermediário do município a Associação Refúgio Vital, contudo é intenção da autarquia disseminar esse método a todos os cães que

cheguem ao canil, bem como assumir o pagamento do boletim e do microchip quando o animal é entregue ao adotante. Quando se fala na realidade do abandono animal no concelho, os responsáveis não escondem que este é um fenómeno visível. Muitos vêm deixar os animais à porta do canil. Atra-

No canil de Vila Franca de Xira, cerca de 108 animais estão disponíveis, neste momento, para adoção, segundo a veterinária municipal, Ana Leonardo. Nos últimos anos, a taxa de adoção animal “tem sido particularmente feliz” neste concelho, com animais a sair para novos donos quase todos os dias. Muita divulgação em redes sociais, e nos meios oficiais da autarquia têm permitido esse sucesso. A Câmara de Vila Franca, em alguns eventos, onde possa acorrer um maior número de público, como foi o caso recente da Feira de Outubro, opta por ter um stand com alguns animais do canil no sentido de incentivar a adoção. Neste caso, o canil de Vila Franca também se encontra sobrelotado, sendo que a autarquia privilegia os animais errantes, embora continuem a aparecer casos de pessoas “que querem vir deixar o seu cão no canil ou porque vão mudar

de casa ou vão para o estrangeiro, porque não querem continuar a assumir essa responsabilidade”. “Ainda vai existindo muito aquela ideia de que: afinal não era bem isto que eu queria para a minha vida e o canil vai ter de o receber”, lamenta Ana Leonardo. A realidade do abandono animal no concelho, na sua opinião, é difícil de caracterizar “porque não sabemos no fundo a origem desse cão ou gato, fora aqueles que não conseguimos detetar”. O canil municipal sofreu obras recentemente, e Fátima Antunes, vereadora da autarquia, reconhece que mais pessoas têm procurado este espaço. Nos eventos da Câmara “temos chamado a atenção das pessoas”, embora Ana Leonardo não seja particularmente adepta das adoções por impulso que possam surgir da exposição dos animais nas feiras e eventos. “Os que levámos para a Feira de Outubro já tinham destinatários”. No último mês, foram dados 30 animais. “Vieram pessoas de longe buscar esses animais”. Todos deixam saudades no canil. Vão à partida para melhor, mas vão-se criando laços e todos ganham um nome aquando pela sua passagem neste Centro de Recolha Ofi-

cial. Fátima Antunes refere que tem procurado as melhores referências na gestão do canil, como é o caso do concelho de Sintra, que na sua opinião faz um “trabalho excelente”. Estabelecer protocolos com entidades tendo em vista o apoio à esterilização, tratamentos cirúrgicos e meios complementares de diagnóstico são apenas algumas das medidas. Neste momento, o canil aguarda pela conclusão de uma candidatura para a execução de um bloco operatório. O canil vai também ser remodelado, entretanto, com melhoria de algumas boxes, bem como das condições de trabalho para os funcionários. De acordo com a Associação de Médicos Veterinários Municipais, o município de Vila Franca de Xira em 2017 recolheu 297 animais, conseguiu a adoção de 158. Enquanto 25 foram abatidos. “Estamos a falar de animais em sofrimento extremo ou com comportamento grave que colocasse em causa a integridade do ser humano”, informa a veterinária. “Ainda antes da nova legislação já tínhamos a política de não abate, o que fazíamos encontra-se consagrado no novo documento”, informa Fátima Antunes.


Valor Local

Outubro 2018 Quanto à política de esterilização na área do município, a Câmara de Vila Franca de Xira direciona o seu trabalho, nesta altura, para os animais errantes recolhidos, também com o apoio da Direção Geral de Veterinária, com a particularidade de apenas serem alvo deste procedimento os que são retirados das ruas pela estrutura municipal, não sendo prática no nosso país a esterilização do errante e a sua devolução à rua. Não existe, nesse sentido, legislação para os cães mas apenas para os gatos. “O meu sonho é que isso passe a acontecer com os cães”, refere Ana Leonardo. Apoiar munícipes com parcos recursos na esterilização dos seus animais “é uma hipótese que não está colocada de parte mas para já o nosso foco são os errantes recolhidos pelo canil, acrescenta Fátima Antunes. Alenquer atribui taxa de abate à proliferação de Leishmaniose no concelho Menos sobrelotado o canil da Câmara de Alenquer, alberga, neste momento, 27 animais quando tem capacidade para 41. Paulo Marques, chefe de divisão do Ambiente e Conservação da Natureza, da autarquia explica que a autarquia preparou-se durante dois anos tendo em vista a nova realidade, e deixou de receber todo o tipo de animais. Nesta altura acolhe animais errantes, em situação de doença do dono, ou por imposição

cão”. Por outro lado, o canil deixou de abater animais moribundos a pedido dos donos que agora terão de recorrer ao setor privado. A Câmara vai arrancar com uma campanha de esterilização dirigida a agregados com menos recursos vocacionada para cães e gatos. Uma medida que a autarquia implementará em breve. Quanto aos animais que saem do canil beneficiam da esterilização e vacinação.

Canil de Alenquer é o único que não está sobrelotado das forças da lei, ao contrário do que se passava antes quando o canil acolhia os animais daqueles que já não quisessem ter o animal, o que dava azo à sobrelotação. O responsável não esconde que existia o risco do aumento da proliferação de animais na rua, mas isso não chegou a acontecer. O Centro de Recolha Oficial vulgo canil vai sofrer obras com a construção de um gatil autónomo dentro do complexo, e a instalação de uma sala de cirurgia. Segundo dados da Associação Nacional de Médicos Veterinários Municipais, o canil deste concelho é o que no cômputo dos municípios analisados neste trabalho regista um maior número de eutanásias no ano de 2017 – 117 no total, embora seja também o que possui números mais expressivos de animais recolhidos- 256 no total, entre os quais 143 adotados. “Os números são o que são e são públicos, contudo uma coisa é usar a

eutanásia como forma de controlar o número de população, outra é o saneamento”, diz. Paulo Franco, vereador do município, refere que em zonas rurais junto a cursos de água há mais probabilidades de os animais errantes desenvolverem leishmaniose através da picada do mosquito. Esta é uma doença mortal que num estado muito avançado pode proporcionar o abate dos animais- “Somos transparentes e não negamos os números”, refere o autarca. “São abatidos animais com zoonoses e outras doenças que podem ser complicadas e transmitidas aos humanos. Apenas nesses casos o abate é considerado”. O técnico municipal contudo não deixa de lamentar a falta de civismo e de preocupação dos donos de animais. “Há pouco tempo deixaram-nos à porta um animal agarrado a uma verguinha presa a dois suportes, tivemos de ir buscar um alicate grande para libertar o

Cartaxo diz-se livre de animais abandonados nas ruas A Associação de Proteção aos Animais Abandonados do Cartaxo (APAAC) assenta na gestão de um canil em conjunto com a Câmara do Cartaxo que financia em 4 mil 500 euros por mês a estrutura que possui 93 cães. A APAAC possui ainda uma clínica privada de veterinária que presta gratuitamente os serviços de esterilização e chip aos animais que saem do canil, tendo como base um aumento recente do pecúlio do município à associação. Veladimiro Elvas, presidente da APAAC, diz que o trabalho da sua associação permitiu que “hoje o concelho seja livre de animais abandonados”. Contudo diz que a APAAC tem colecionado críticas injustas, e por vezes surgem “as acusações de que não atendemos o telefone, mas as pessoas que aqui trabalham têm dia de folga, e no meu caso se necessário for levanto-me

Destaque 15 às três ou quatro da manhã para recolher um cão que possa estar com as tripas de fora, atropelado por um carro mas que ainda está vivo, e ajudar a GNR nesses casos”, diz. “Entristecem-me algumas críticas porque atendemos o telefone 24 horas por dia para as entidades, e quando a sociedade também deixa a desejar”. Desde 2003 que o abate acabou no canil, “mas lá fora continua-se a dizer que isso ainda existe mas as pessoas não são conhecedoras da realidade”. E vai mais longe – “Há quem não queira pagar tratamentos na clínica porque as pessoas pensam que tem de ser de borla, dizem que a Câmara ajuda a associação, e portanto as pessoas não devem pagar, mas a autarquia apenas comparticipa as despesas do canil”. Mesmo assim e apesar de tudo “o concelho reconhece o

nosso trabalho”. A adoção animal tem conseguido bons resultados nesta associação com pessoas não apenas do concelho mas um pouco de toda a parte que vêm ao canil à procura de um novo amigo. “Temos um horário da parte da tarde para que as pessoas o façam, das 15h00 às 17h00”. Em outubro deram entrada no canil 71 animais e foram dados 50. Com uma vida dedicada aos direitos dos animais, Veladimiro Elvas deixa a reflexão de quem anda há muito tempo nestas andanças e uma espécie de conselho aos mais novos: “Não podemos querer ser uma arca de noé, é impossível salvarmos todos os animais do mundo, se queremos fazer tudo e mais alguma coisa, vamos quebrar e temos de parar porque assim prejudicamo-nos a nós e a eles”.

No Cartaxo taxa de adoção tem sido expressiva


16 Dossier: Águas

Valor Local

Outubro 2018

Águas do Ribatejo é caso de estudo para missão internacional Banco Mundial apresentou a empresa intermunicipal Águas do Ribatejo (AR) como modelo de estudo para uma delegação internacional com 15 participantes dos governos e entidades reguladoras do setor da água da Albânia, Croácia, Macedónia e Montenegro. A visita da missão internacional decorreu na quinta-feira, 11 de outubro, em Salvaterra de Magos e esteve integrada num programa alargado que decorreu de 8 a 12 de outubro em Portugal. O Banco Mundial é uma instituição que integra 189 países membros e que tem como missão encontrar soluções técnicas e financeiras sustentáveis para reduzir a pobreza e promover o desenvolvimento social e económico. A jornada de trabalho incluiu uma apresentação detalhada da empesa municipal que assegura o abastecimento de água e saneamento a 150 mil pessoas em

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Comitiva de países do leste europeu vieram conhecer o modelo da AR sete concelhos num território de 3200 km2. Francisco Oliveira, presidente da AR, explicou que o modelo da AR já está a ser aplicado em várias regiões de Portugal e que

têm existido várias solicitações por parte de entidades estrangeiras que pretendem conhecer o processo de criação e consolidação da empresa municipal. “É muito bom constatar o inte-

resse do Banco Mundial e das entidades aqui representadas nesta delegação. Desde sempre estivemos abertos para o mundo e todos aprendemos com esta troca de conhecimento e

experiencias”, referiu. Na sessão foi exibido um documentário do Banco Mundial no qual a Águas do Ribatejo é apresentada como um modelo inovador que integra todo o ci-

clo no abastecimento e saneamento. Entre as vantagens da união dos municípios são referidas as economias de escala e de valor geradas pela otimização das infraestruturas e dos recursos humanos e financeiros. Patricia Lopez, do Banco Mundial, considerou que “a AR é um bom exemplo do que os governos locais podem fazer se unirem esforços e desenvolverem uma estratégia com foco na visão, coesão e solidariedade entre os participantes”, diz a empresa em comunicado. A especialista em financiamento de infraestruturas ficou “surpreendida” com a dimensão dos investimentos realizados no período de 10 anos, cerca de 130 milhões de euros com uma “excelente” taxa de execução dos fundos comunitários. “Foi uma jornada muito interessante porque é uma realidade invulgar e que pode ser aplicada nas regiões de origem dos participantes neste evento”.

Faltas de água em Aveiras de Cima resolvidas nos primeiros meses de 2019 problema das constantes faltas de água na freguesia de Aveiras de Cima devido a roturas deverá ficar solucionado nos primeiros meses do ano. Silvino Lúcio, vereador da Câmara de Azambuja, diz ao Valor Local que até abril “e se tudo correr bem” as obras no terreno ficarão concluídas, sendo que neste momento há

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duas frentes de obra na freguesia por parte da concessionária. Falta neste momento construir os ramais na Rua Direita de Alcoentre, e na Travessa dos antigos correios. A obra contempla ainda uma nova conduta de distribuição, e um adutor que trará a água a partir dos depósitos de Alcoentre até Aveiras de Baixo numa inversão

do sistema há muito anunciada. De acordo com o autarca, os constrangimentos da Infraestruturas de Portugal atrasaram em muito o projeto, nomeadamente, a concessionária teve de redefinir o traçado da conduta na zona da CLC – “Felizmente tivemos a concordância da Companhia Logística de Combustíveis”. Silvino Lúcio diz que a

obra até à data registou alguns compassos de espera relacionadas com autorizações por parte da GNR para intervenção no espaço público “mas neste momento a empreitada está a andar” e não se esperam “novas interrupções”. A obra vai terminar junto ao ramal à entrada de Vale do Paraíso na confluência com Aveiras de Baixo

na Nacional 366. O vereador sublinha ainda que o município com esta inversão do sistema passa a receber água de Castelo do Bode a partir de Alcoentre, e deixa de ser abastecido a partir de Vale da Pedra- “onde apesar de a água cumprir os parâmetros não tem a mesma qualidade”, leia-se pior sabor, porquanto

esta é uma das críticas feitas pelos consumidores do concelho: a de que a água da torneira sabe mal. “Estas obras a correrem bem, deverão ditar o fim do problema em Aveiras de Cima.” A Águas da Azambuja pediu uma nova calendarização do cronograma financeiro da obra que não deverá sofrer mais atrasos.


Valor Local

Outubro 2018

Negócios com Valor 17

Fitness Factory abre no Cartaxo cidade do Cartaxo tem desde o passado dia 13 um novo e moderno ginásio para corresponder não apenas às exigências da atualidade como também dos utilizadores. Nuno Barroso, gerente do Fitness Factory do Cartaxo, explicou ao Negócios Com Valor que este conceito há muito que estava a ser amadurecido, e que a procura por um espaço de maior dimensão que acomodasse as mais diversas valências inerentes ao franchising Fitness Factory apenas se tornou mais difícil tendo em conta a necessidade de se ultrapassarem “algumas questões mais burocráticas que atrasaram o projeto”. Nuno Barroso salienta as características do edifício tão próprio desta cidade e do Ribatejo, uma antiga adega, que acolhe o novo ginásio. Esta foi uma escolha ponderada, mas que no fim deixou o gerente e toda a equipa muito satisfeita. No entanto, o novo espaço provocou a curiosidade de muitas pessoas. Durante a inauguração, para alem dos sócios (os primeiros utilizadores do espaço que efetuaram a sua inscrição), muitos foram também os curiosos que quiseram ver o último grito em tecnologia apresentada naquele espaço. Com um inves-

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Nuno Barroso abraça novo desafio

timento significativo, Nuno Barroso, ligado há mais de 15 anos à indústria do Fitness, nomeadamente com um outro ginásio em Azambuja, refere ter em alta as suas expetativas. O local foi escolhido “a dedo” e o facto de ser no interior da cida-

de do Cartaxo também não foi em vão, já que a sua localização central é também uma mais valia para todos os que residem na cidade. “A ideia foi vir para um local que acredito que estava a precisar de um espaço destes”. Nuno Barroso salienta que o gi-

násio tem “uma oferta variada que pode dar aos cartaxeiros e não só um bom centro de fitness e bem-estar”. No dia da inauguração, foram centenas os visitantes deste novo espaço. Ao todo a campanha do Fitness Factory traduziu-

se num “sucesso” com a angariação de cerca de 830 sócios fundadores. O gerente sublinha a ambição “de chegar nos próximos tempos ao milhar de sócios tendo em conta aquilo que conseguimos oferecer”. Nuno Barroso salienta que a es-

colha deste franchising acabou por ser a mais acertada tendo em conta, o que este representa e também o facto de ser amigo pessoal do CEO do Fitness Factory, o que impulsionou mais ainda a adesão a este conceito. O gerente do Fitness Factory do Cartaxo acrescenta ainda que esta marca “tem os processos associados ao exercício físico consolidados”. “De uma forma muito natural os assumi e entendo ser uma fórmula mais consistente para que a nossa intervenção na zona do Cartaxo seja mais eficiente”. Quanto a novidades, o novo espaço apresenta “um circuito funcional que mais parece uma peça de arte enquanto máquina”. O responsável explica que este aparelho representa um formato de treino “inovador e de circuito fora do contexto tradicional do ginásio de peso livre ou de aulas de grupo”. O espaço oferece, ainda, entre outras modalidades o treino de cardiofitness, musculação, e outras aulas de grupo como zumba, pilates e muitos outros, com destaque para uma sala especifica para cycling. O Fitness Factory está implantado numa antiga adega e preenche cerca de 900m2.

Loja do Condomínio do Carregado- Oito anos de sucesso om provas dadas no setor a Loja do Condomínio (LDC) soma e segue na região. A empresa liderada por Mauro Pinheiro nasceu há oito anos, e desde aí, tem sido sempre a evoluir até aos dias de hoje. Segundo Mauro Pinheiro, este tem sido um projeto desafiante. Sobre a equipa que lidera, o proprietário da LDC, enaltece a equipa, pois tudo é feito em conjunto “com grande esforço e dedicação ao projeto e felizmente com sucesso”.. Há oito anos no mercado, a LDC passou por vários picos. A crise que fez definhar alguns projetos

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Loja tem vindo a cimentar a sua posição na região

menos sólidos, não passou pela LDC. Esclarece Mauro Pinheiro que “este sector passou um pouco ao lado da mesma”. No entanto reforça que “por norma é nas dificuldades que as pessoas optam por recorrer aos nossos serviços”, sendo prova disso a solidez do negócio da LDC do Carregado. Com públicos variados, a Loja do Condomínio não faz destrinça de clientes. Para a LDC “todos são importantes, não fazemos distinção entre eles” e explica, Mauro Pinheiro, que “cada cliente tem a sua especificidade e necessidade”, e por isso “esta empresa

apresenta-se com capacidade de atender a todos os clientes que nos chegam”. A LDC tem cimentado, ao longo dos últimos anos, a sua posição na região. Mauro Pinheiro refere que as suas áreas de atuação estão bem definidas, sendo que os concelhos de referência são os de Azambuja, Arruda dos Vinhos, Alenquer e Vila Franca de Xira. A LDC é de resto uma empresa que labora na área da gestão dos condomínios. Nas suas obrigações para além do apoio administrativo que presta, trata igualmente da manutenção e limpeza dos

“Terapias do Agora” esteve na Naturarruda Vila de Arruda dos Vinhos recebeu nos dias 22 e 23 de setembro a NaturArruda, Feira de Medicinas e Técnicas Naturais, que juntou no jardim municipal um vasto leque de oferta naquele domínio das terapias complementares. Sílvia Tavares da Silva, terapeuta da área do biomagnetismo, da clínica “Terapias do Agora”, com sede em Azambuja, e que se baseia na colocação de imanes no corpo do paciente, conforme a

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patologia que se se queira tratar, e com isso chegar-se ao equilíbrio energético da pessoa, referiu à nossa reportagem que este tipo de eventos são sempre de aproveitar tendo em conta que a técnica do biomagnetismo tal como outras será “à partida menos conhecida nestas zonas de interior pelo que faz todo o sentido dar a conhecer”. A terapeuta com consultório em Azambuja participou em conjunto com uma clínica de medicinas

complementares com sede em Vila Franca de Xira, que nesta feira oferecia serviços ligados a outras áreas como o reiki para animais, naturopatia, homeopatia. “As feiras são sempre importantes para divulgarmos os nossos serviços até porque o público que vem até cá normalmente já se encontra vocacionado para as terapias alternativas e complementares”, explicou ao Valor Local.

Terapia do Biomagnetismo divulgada nesta feira

mesmos. Mauro Pinheiro volta a evidenciar que “o cliente sempre foi uma preocupação para nós”, salientando que a LDC opera “numa área onde o conflito e o problema são uma prática comum do dia-adia”. O responsável diz que não há fórmulas mágicas e por isso “tentamos dar o nosso melhor para estarmos ao lado dos nossos clientes e na defesa dos seus interesses”. Mauro Pinheiro para quem o dia-a-dia da empresa gira à volta dos clientes lembra que o lema da LDC: É bom ter clientes assim” é a melhor fórmula para os fidelizar.


18 Economia

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Outubro 2018

Oestecim debate desafios para o futuro Centro Cultural e de Congressos das Caldas da Rainha recebeu o Congresso Empresarial do Oeste. Vários empresários e oradores refletiram sobre o futuro do Oeste na estratégia 2030, com a presença do Ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, na sessão de encerramento. Pedro Folgado, Presidente da Comunidade Intermunicipal do Oeste, e presidente da Câmara de Alenquer, presidiu à abertura do Congresso salientando a forma como a Oestecim tem utilizado os fundos estruturais no apoio ao investimento, à coesão territorial e social e ao tecido empresarial. O presidente da Oestecim aproveitou ainda para referir vários desafios futuros do Oeste, entre os quais - os da competitividade, demográficos, de combate às alterações climáticas, transição energética e melhoria da qualificação da população.

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O Turismo e a Economia foram apenas duas das temáticas em questão

Carlos Miguel, Secretário de Estado das Autarquias, também presente no Congresso, aproveitou para anunciar que a partir de janeiro de 2019 o Governo vai reforçar as competências das CIM em matéria de planeamento regional e que, em termos de exe-

cução de obra, a Oestecim é a segunda CIM da Região Centro com um fundo executado e pago na ordem dos 5 milhões. Numa altura em que o turismo na região se tem vindo a afirmar, o antigo presidente da Câmara de Óbidos, Telmo Faria, um dos con-

vidados e que neste momento está ligado ao projeto Carbono 21, deixou algumas ideias para o incremento do setor na região, tendo como ponto de partida a adaptação dos mecanismos de gestão territorial como o PDM, e deu o exemplo do aproveitamen-

to de vazios urbanos como fábricas históricas, monumentos abandonados, solares, minas, entre outros, que podem funcionar como uma mais-valia no Turismo e não só. Projetos de novos hotéis, restaurantes, ou serviços de animação que privilegiem “o turismo de charme” ou uma agricultura assente na “gastronomia saudável dentro do conceito ‘farm to table’” foram apenas algumas das ideias deixadas pelo antigo autarca. Adolfo Mesquita Nunes, antigo secretário de Estado do Turismo, aludiu neste painel às novas tendências do turismo, mais informatizadas, com oferta específica para o gosto individual, perante as quais terá de haver uma adaptação muito rápida do setor. Na sessão de encerramento o ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, salientou a importância da transição de um sistema económico linear para

um modelo circular. A economia linear, “base de toda a atividade socioeconómica, está a falhar”. Se se quiser “alimentar, vestir, garantir a saúde e a habitação, produzir, comercializar e dar emprego aos 10 mil milhões de pessoas que irão habitar este planeta” é preciso adotar “um modelo de desenvolvimento circular”. Se até 2030 a transição para a economia circular for acelerada a estimativa de ganhos é de “1, 9 biliões de euros, entre 1 a 3 milhões de empregos” e “a redução de quatro por cento do total anual de emissões de gases que produzem efeitos de estufa na Europa.” Portugal não quer ficar de fora deste momento, tendo o Governo já lançado o Plano de Ação para a Economia Circular, em que se inserem as medidas de fiscalidade para os plásticos ou as agendas regionais desenvolvidas pelas Comissões de Coordenação.

NERSANT e IP Santarém identifica “Novas Profissões” na Lezíria do Tejo nova economia digital baseia-se numa revolução tecnológica que tem vindo a alterar a forma como vivemos e trabalhamos. Foi tendo em conta esta premissa que a NERSANT - Associação Empresarial da Região de Santarém e o IP Santarém Instituto Politécnico de Santarém, no âmbito do projeto financiado Get Innovation, realizaram um estudo onde identificaram as profissões emergentes na Lezíria do Tejo. Setor agroalimentar, metalúrgico e metalomecânico são alguns dos setores em evi-

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dência no estudo. A NERSANT e o IP Santarém dinamizaram na sub-região da Lezíria do Tejo, o Get Innovation, programa financiado pelo Programa Operacional Regional Alentejo 2020 que pretende preparar os sistemas organizacionais e produtivos do tecido empresarial da região da Lezíria do Tejo para os princípios da Indústria 4.0, promovendo o desenvolvimento de soluções tecnológicas inovadoras e associandose ao conceito de “fábrica inteligente”. Uma das atividades do

projeto foi o desenvolvimento de um estudo de identificação de “Novas Profissões”, requisitos e exigências, na Lezíria do Tejo. O documento estruturado, já disponível no portal da associação empresarial, em www.nersant.pt, pretende trabalhar a temática da Indústria 4.0 sob o ponto de vista das competências e das profissões que lhe estão ou virão a estar associadas, preparando, assim, as empresas, centradas nos setores agroalimentar, metalúrgico e metalomecânico, para este novo paradigma in-

dustrial e o desafio da digitalização que se lhes impõe. Neste estudo, a NERSANT e o IP Santarém procuraram abordar de forma integrada, as temáticas relacionadas com as questões do emprego vs. desemprego, competências vs. qualificações e mercado de trabalho vs. sistema formativo / educativo no universo 4.0. Neste sentido, ao longo das suas mais de 170 páginas, o estudo aborda as relações laborais no quadro da Indústria 4.0, identifica novas competências e no-

vas profissões e faz ainda um paralelismo muito interessante entre dezenas de categorias profissionais associadas à região da Lezíria do Tejo, com as profissões emergentes. Neste campo específico, é detalhadamente analisado o caso do setor agrícola e dos subsetores industriais agroalimentar e metalúrgico e metalomecânico, com enfoque nas experiências e competências 4.0, nomeadamente automação por via de robôs, soluções 3D, entre outros. Naturalmente, e como consequência, o

estudo realiza ainda uma análise prospetiva aos recursos humanos desta sub-região, bem como necessidades de formação e/ou educação, para fazer face aos novos desafios. O estudo deixa ainda algumas recomendações para a Lezíria do Tejo e seu tecido empresarial, arrumadas em quatro eixos - Oferta Formativa; Laboratórios Colaborativos; Orientação Vocacional e Divulgação - para que a adaptação aos conceito de indústria 4.0 seja “mais uma oportunidade do que uma ameaça”.


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Eventos 19

Festa da Vinha e do Vinho anima Arruda

Pavilhão Multiusos de Arruda dos Vinhos recebe de 15 a 18 de novembro mais uma edição da Festa da Vinha e do Vinho. Trata-se da vigésima primeira edição, de um certame que tem como objetivo a promoção não só dos vinhos locais, como também da gastronomia local e regional. Mário Carvalho, vereador da Câmara Municipal de Arruda dos Vinhos, salientou ao Valor Local, que esta iniciativa tem vindo a consolidar-se nos últimos anos e representa uma mais-valia para o concelho. O autarca destaca que esta festa tem como objetivo primeiro a “promoção do vinho” local, mas este ano o vereador garante que a iniciativa vai receber produtores vindos de fora “nomeadamente de outros pontos do pais, como aliás temos vindo a fazer nos últimos anos”. A ideia é ter “uma mostra de vinhos diferenciados” refere Mário Carvalho que destaca que ao nível dos restaurantes “vamos tentar ter o melhor do que se faz cá em Arruda”, uma vez que existe

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uma ligação direta entre “os vinhos e a gastronomia”. O responsável salienta que à semelhança do que acontece com

os produtores de vinhos, também existirão restaurantes vindos de fora do concelho, para permitir uma oferta mais variada e o co-

nhecimento de outros sabores, diferentes dos habituais. O certame inclui como habitualmente as tradicionais provas de

vinhos dos produtores locais “para darmos a conhecer o que têm de melhor” e destaca o momento em que a Adega Coopera-

Certame espera atrair mais visitantes

tiva de Arruda dos Vinhos exibirá o seu novo vinho, lançado por altura das Festas de Nossa Senhora da Salvação em agosto último. Por outro lado o certame é também enriquecido com algumas apresentações de showcooking “onde será demonstrada a confeção de pratos com a utilização do vinho”. Mário Carvalho destaca que, no fim de semana, alunos do Externato João Alberto Faria vão cozinhar ao vivo, assim como terão também a presença de uma chef com provas dadas. Mas o certame não se vai fazer apenas com comida e bebida. A música será uma forte componente, com a presença de uma banda de tributo a Bryan Adams a abrir os espetáculos musicais, na quinta feira. Olavo Bilac atuará no sábado á noite e haverá ainda lugar à dita música mais tradicional. A iniciativa engloba também a eleição da Miss Festa da Vinha e do Vinho, que será eleita no sábado à noite.

Campanha Gastronómica “A Gula” impulsiona Terra do Torricado em Azambuja restaurante Flor de Sal, no Centro Comercial Atrium Azambuja, é apenas um dos estabelecimentos participantes no certame gastronómico “A Gula”. Este é um certame que visa promover o Torricado e vai culminar com o Festival do Torricado, organizado pelo Rancho Folclórico Ceifeiras e Campinos de Azambuja e o Grupo Desportivo de Azambuja. No entanto para alguns restaurantes como o Flor de Sal esta é uma boa iniciativa e que tem vindo a trazer mais clientes. Alfredo Serafim, gerente deste espaço, considera que esta ideia do município foi uma mais-valia para potenciar a restauração e um prato que há uns anos atrás estava afastado dos restaurantes locais. O responsável salienta que no seu espaço, o Torricado tem saída todo o ano, mas dentro desta

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nova lógica de divulgação do município sai reforçado durante a campanha da “Gula”, sendo que tem registado um aumento de encomendas para fora e reservas de mesas só para saborear o Torricado. Alfredo Serafim sustenta que os clientes aumentaram face ao que tem sido habitual. O responsável refere que tem visto pessoas que não os clientes habituais e considera isso como “um ponto positivo”, garantindo que vai aderir novamente para o próximo ano à iniciativa promovida pela autarquia. António José Matos, vereador com o pelouro da Cultura do município azambujense, vinca que esta iniciativa está a ser um sucesso, e lembra que a origem do Torricado está no concelho de Azambuja e que foi por causa desse facto que se decidiu alargar

a “Gula” a todo o mês, como forma de promoção da “Terra do Torricado” que já é uma marca registada e que culminará com a presença de um representante do Governo, no final da iniciativa, assim como no seu início esteve o presidente da Entidade de Turismo do Alentejo e Ribatejo, Ceia da Silva. António José Matos dá como exemplo o número crescente de refeições servidas pelos restaurantes nestes dias, destacando que, por exemplo, em Vale do Paraíso, durante a Paraisabor, eram muitos aqueles que aguardavam mesa e faziam fila à porta das tasquinhas. Um cenário que tem vindo a repetir-se nos restaurantes do concelho de Azambuja, que têm juntado à gastronomia, algumas componentes musicais com diversos es-

tilos que vão desde o Jazz ao Fado. O vereador fala num sucesso já confirmado, não só pelas opiniões como pela adesão, quer de azambujenses, quer de foras-

teiros, elevando este festival a um outro patamar. Ao Valor Local, António José Matos vinca que a campanha publicitária teve impacto e que por isso

há restaurantes a pedir inscrições para o próximo ano, já que esta aposta da autarquia será em breve acompanhada pela Confraria do Torricado, a anunciar em breve.

Torricado de Bacalhau e Lapardana do Flor de Sal

Tecfresh mostra inovações da tecnologia para a agricultura e 15 a 17 de novembro está de regresso a Tecfresh’18 – Feira Tecnológica para Frutas e Hortícolas, evento que decorre no Centro Nacional de Exposições, em Santarém, “com um vasto leque de oferta a pensar nos profissionais do setor e no público em geral”. O objetivo é divulgar e mostrar as evoluções tecnológicas que acontecem no sector agrícola, promover o encontro de profissionais e ser uma ponte para estabelecer relações comerciais entre empre-

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sas, avaliar a estratégia definida para o futuro e promover parcerias técnico/profissionais. Em nota de imprensa, a organização dá a conhecer, entre outros pontos do programa, um ciclo de conferências e workshops, ações de formação e outros eventos ligados ao setor agrícola, com destaque para a fruticultura e horticultura para que agricultores, profissionais e futuros técnicos possam partilhar experiências e debater o presente e o futuro.

No dia 15 de novembro, realce para o seminário dedicado ao tema «A agricultura de precisão no sector horto-frutícola: como e porquê», organizado pela CAP e que conta com a colaboração do ISA Instituto Superior de Agronomia e da FNOP – Federação Nacional das Organizações de Produtores de Frutas e Hortícolas. Mais do que explicar em que é que consiste a agricultura de precisão, “pretende-se dar pistas para a sua adoção”, assim como, através de

“exemplos práticos de agricultores e organizações que a praticam, transmitir as experiências sentidas quando se passa da teoria à prática nas suas mais variadas verten-

tes”, nomeadamente ao nível das “vantagens, constrangimentos / limitações e resultados obtidos”, pode ler-se. O objetivo é partilhar práticas agro-

nómicas, debater o presente e perspetivar o futuro, de uma forma abrangente por parte de agricultores em geral e dos hortofruticultores em particular.

Quinzena da Codorniz em Alenquer partir de 31 de outubro e até 11 de novembro a codorniz é rainha no município de Alenquer. A iniciativa gastronómica “Quinzena da Codorniz” parte de um desafio do município de Alenquer aos restaurantes do concelho, para criarem um prato original de codorniz harmonizado com vinhos de Alenquer. Esta iniciativa conta com a parceria de uma empresa de comercialização de aves sedeada no concelho, líder na produção da codorniz, e que tem vindo a ganhar cada vez mais adeptos, Este ano são 17 os restaurantes aderentes, que estarão identificados com o selo da “Quinzena da Codorniz”.

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Os conteúdos são da exclusiva responsabilidade da ACISMA - Associação, Comércio, Indústria e Serviços do Município de Azambuja

Candidaturas abertas ao 'Vale Indústria 4.0'

Estão abertas candidaturas ao Sistema de Incentivos ‘QUALIFICAÇÃO das PME - Vale Indústria 4.0’, com aplicação em todas as regiões NUT II do Continente (Norte, Centro, Lisboa, Alentejo e Algarve), no domínio da Competitividade e Internacionalização. As entidades beneficiárias do AVISO SI-53-2018-29 são empresas PME de qualquer natureza e sob qualquer forma jurídica, que cumpram os critérios de acesso e elegibilidade constantes do referido aviso. O Vale Indústria 4.0 tem por objetivo promover a definição de uma estratégia tecnológica própria, com vista à melhoria da competitividade da empresa, alinhada com os princípios da designada Indústria 4.0.

A data de encerramento de candidaturas é a da receção do número máximo de candidaturas indicado no Aviso por Programa Operacional. Este AVISO de abertura de concurso pretende disponibilizar às empresas portuguesas, a elaboração de um diagnóstico que produza um conjunto de recomendações que lhes permitam a definição de um plano de ação conducente à digitalização dos processos, da interconectividade dos produtos e processos do ajustamento do modelo organizacional, de forma a anularem a barreira geográfica, utilizando as novas tecnologias. Consulte no Balcão 2020 Domínio Temático | Competitividade e Internacionalização. Fonte: Portugal 2020

PO ISE lança novo Concurso 'Bolsa Especializada de Voluntariado' A Autoridade de Gestão do PO ISE – Programa Operacional Inclusão Social e Emprego informa que o período de candidaturas ao concurso ‘Bolsa Especializada de Voluntariado’, vai decorrer entre as 00:00 do dia 15 outubro e as 18:00 do dia 15 de novembro de 2018. A Tipologia de Operações 3.12 ‘Bolsa Especializada de Voluntariado’, abertas através do AVISO Nº POISE 35‐2018‐15, é promovida pela CASES - Cooperativa António Sérgio para a Economia Social e cofinanciada pelo PO ISE. Pretende-se, através desta Tipologia de Operações, e nos termos do artigo 217º do Regulamento Específico, apoiar ações de: • Sistematização da oferta disponível e de certificação das entidades com intervenção social, promotoras de voluntariado; • Identificação das necessidades existentes em determinados territórios de procura e de oferta no âmbito do voluntariado;

• Inscrição de voluntários em ações de voluntariado de âmbito social. Concretizadas, conforme o Ponto 4 do Aviso, através: • da criação, funcionamento e divulgação de uma plataforma

e toda a gestão de recursos humanos e equipamentos necessários à sua operacionalidade; • de apoios a conceder às organizações promotoras de voluntariado, acreditadas na plataforma. O AVISO em causa configura um convite para apresentação de candidaturas, tendo sido elaborado nos termos previstos no n.º 6 do artigo 16.º do Decreto‐Lei n.º 159/2014, de 27 de outubro, alterado pelo Decreto‐Lei n.º 215/2015, de 6 de outubro, que estabelece as regras gerais de aplicação dos Programas Operacionais e dos Programas de Desenvolvimento Rural financiados pelos FEEI - Fundos Europeus Estruturais e de Investimento, para o período de programação 2014‐2020. Consulte o AVISO publicado no website do PO ISE em Avisos Abertos ou no Balcão 2020 Domínio Temático – INCLUSÃO SOCIAL E EMPREGO. Fonte: PO ISE

Abertas candidaturas: Plano de Mobilidade Urbana Sustentável - Centros Urbanos Complementares, domínio da Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos Abertas candidaturas: Plano de Mobilidade Urbana Sustentável - Centros Urbanos Complementares, domínio da Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos. O ALENTEJO 2020 abriu o concurso (ALT20-06-2018-35), eixo prioritário da Eficiência Energética e Mobilidade. O objetivo do presente aviso é apoiar a mobilidade urbana sustentável e a descarbonização em centros urbanos de nível complementar. Os beneficiários são os Municípios (Centros Urbanos Complementares). O período de candidaturas decorre entre 15 de outubro e 30 de novembro de 2018. Consulte no Balcão 2020. Fonte: Alentejo 2020

Ficha técnica: Valor Local jornal de informação regional Propriedade e editor: Propriedade: Metáforas e Parábolas Lda – Comunicação Social e Publicidade • Gestão da empresa com 100 por cento de capital: Sílvia Alexandra Nunes Agostinho; NIPC 514 207 426 Sede, Redação e Administração: Rua Alexandre Vieira nº 8, 1º andar, 2050-318 Azambuja Telefones: 263 048 895 - 96 197 13 23 Correio eletrónico: valorlocal@valorlocal.pt; comercial@valorlocal.pt Site: www.valorlocal.pt Diretor: Miguel António Rodrigues • CP 2273A • miguelrodrigues@valorlocal.pt Redação: Miguel António Rodrigues • CP 2273 A • miguelrodrigues@valorlocal.pt • 961 97 13 23; Sílvia Agostinho • CP 6524 A • silvia-agostinho@valorlocal.pt • 934 09 67 83 Multimédia e projetos especiais: Nuno Filipe Vicente multimédia@valorlocal.pt Colunistas: Rui Alves Veloso, Augusto Moita, Acácio Vasconcelos, José João Canavilhas, António Salema “El Salamanca” Paginação, Grafismo e Montagem: Milton Almeida • paginacao@valorlocal.pt Cartoons: Bruno Libano Departamento comercial: Rui Ramos • comercial@valorlocal.pt Serviços administrativos: Metaforas e Parabolas Lda - Comunicação Social e Publicidade N.º de Registo ERC: 126362 Depósito legal: 359672/13 Impressão: Gráfica do Minho, Rua Cidade do Porto –Complexo Industrial Grunding, bloco 5, fracção D, 4710-306 Braga Tiragem média: 8000 exemplares Estatuto Editorial encontra-se disponível na página da internet www.valorlocal.pt


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Cultura 21

Rancho Aveiras de Cima

O Mestre da Cana Rachada tocador de cana rachada é uma das figuras que mais chama atenção nos ranchos ribatejanos. No Rancho Folclórico da Casa do Povo de Aveiras de Cima também é assim. Filipe Carapinha é um dos executantes deste instrumento artesanal. No seu caso foi o próprio que apanhou a cana num caniçal em Aveiras de Baixo. É portanto um produto cem por cento local. Mas só dão boas canas rachadas aquelas que antes de terem sido arrancadas se situavam perto de um curso de água. A boa irrigação dá canas mais fortes e resistentes. Há também uma altura mais propícia para apanhar a cana: quando não está nem muito seca nem muito verde. O meio-termo é o ideal. Filipe Carapinha que está há 13 anos no rancho de Aveiras de

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Cima, já fez 272 canas para este grupo. José Luís Pratas também

do rancho dá a conhecer que nas atuações, principalmente no es-

trangeiro, o rancho dá especial destaque à cana rachada, pela

Instrumento é ex-libris do grupo

sua singularidade e porque à primeira vista quem pensaria que poderia produzir um som tão carismático? Nas suas atuações, a performance produzida pelo som da cana rachada já valeu um terceiro lugar no acompanhamento musical num festival internacional de folclore decorrido em Palma de Maiorca. Conseguiram ainda um primeiro lugar num concurso do Inatel com este instrumento. O grupo de Aveiras de Cima possui entre 45 a 50 elementos, sendo que 15 sabem tocar cana rachada. É Filipe Carapinha quem é incumbido do fabrico do instrumento. “O senhor Filipe é o grande mestre”, acrescenta o seu colega. Já toca cana há 62 anos. E acrescenta neste ponto Filipe Carapinha: “Quando estou no grupo de Aveiras sou conhecido

como o mestre da cana, quando atuo noutro grupo aqui do concelho, no de Casais dos Britos, chamam-me o rei da cana”. A zona do Ribatejo, a partir de Santarém para baixo, é das mais ricas quanto à incorporação da cana rachada nos seus grupos. A tradição tem passado para as gerações mais jovens. O grupo faz questão de ir deixando algumas canas quando visita outros ranchos para que a tradição não se perca. Não é difícil aprender a tocar cana rachada, “é preciso é ter gosto em aprender”, diz o executante. No caso de Filipe Carapinha aprendeu com 17 anos, hoje tem 79. “Como em tudo há que ter ouvido musical, e neste caso há indivíduos com mais queda para a percussão do que outros”, acrescenta José Luís Pratas.

Rita Pea em tournée com “O Espelho da Medusa” ita Pea, a escritora de Aveiras de Cima, acabou de lançar há poucos meses o seu mais recente livro – “O Espelho da Medusa”. Trata-se de mais uma obra de poesia, mas também com alguns textos em prosa da autora que se estreia neste domínio. A sua tournée pelos espaços da cultura um pouco por todo o país, já começou, mas será mais curta do que a do seu livro antecessor – “Nu Avesso das Palavras”, inteiramente em poesia. Ao Valor Local, a escritora afirma continuar na senda da poesia

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Na apresentação do seu livro na junta de freguesia de Aveiras de Cima

Alhandra homenageia Afonso de Albuquerque o âmbito das Jornadas Europeias do Património, a 29 de setembro, a junta de freguesia de Alhandra, São João dos Montes e Calhandriz prestou homenagem a Afonso de Albuquerque com a inauguração de um mural em honra desta figura dos Descobrimentos portugueses, vice-rei da Índia após a descoberta e a conquista daquele território. “Portugal no mundo de Afonso de Albuquerque” assim se chama a nova obra de arte do artista Ville. Luís Farinha Franco investigador deu a conhecer aspetos da vida e da obra de Afonso de Albuquerque num debate que decorreu na sede da Comissão Unitária de Reformados, Idosos e Pensionistas de Alhandra (CURPIFA). Luísa Timóteo da Associação de Malaca evocou os fortes laços que ainda unem os habitantes daquele território indiano a Portugal nos usos e costumes, e na religião.

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Momento da inauguração do mural

erótica, universo no qual se sente mais à vontade. Confessa que o seu livro tem sido muito bem recebido, e que não estava à espera. Pensava que seria desta que se estrearia no romance, mas outras questões impediram esse arranque. A sua nova obra espelha também “um pouco daquilo que tem sido a minha transformação ao longo da vida e nos últimos tempos, no fundo as minhas metamorfoses”. O amor, o sexo, a plenitude, e “todas as emoções humanas estão espelhadas na obra”. “Tenho tido boas críticas,

as pessoas dizem que estou a aprimorar a técnica, e em especial as mulheres são as que se identificam mais com o meu tipo de escrita”. É nos encontros com o público em espaços culturais como bibliotecas, e auditórios, que Rita Pea prefere dar-se a conhecer e com isso ficar a conhecer também um pouco aqueles que querem ir ao seu encontro. Na sua obra anterior conseguiu vender todos os livros. Para a jovem autora, este é o meio que mais aprecia, e não tanto as livrarias.

“O contacto com o público é muito importante, conversar um pouco com as pessoas, quase como numa tertúlia, o que acaba por funcionar muito bem”. “O Espelho da Medusa” está disponível ainda na editora da Lua de Marfim. Rita Pea prepara-se para agora também para escrever um libreto para um trabalho de ópera na Universidade de Castelo Branco. “Trata-se de um desafio, e estou bastante absorvida por este trabalho. Estou ocupada até dezembro. Não é fácil mas estou a adorar”.


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Outubro 2018


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