Valor Local - Maio 2014

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ACISMA

Valor Local Jornal Valor Local • Periodicidade Mensal • Director: Miguel António Rodrigues • Edição nº 13 • 23 Abril 2014 • Preço 1 cêntimo

Azambuja de gala para mais uma Feira de Maio

Págs. 8, 9 e 10 Foto: José Júlio Cachado

Silvino Lúcio abre o livro Pedro Ribeiro sobre Águas da Azambuja Buraco da dívida no Págs. 6, 7 e 8

Cartaxo não tem fim

Págs. 4 e 5


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Desporto

Valor Local

O brilharete dos júniores do Aveiras

epois de dois anos de portas fechadas, o Aveiras de Cima Sport Clube voltou à prática e à competição desportiva. Na última época, os júniores do clube, que estavam extintos há 12 anos, conseguiram ficar em oitavo lugar na competição. Segundo o treinador, Nuno Cláudio, tratou-se de um desafio enorme. “Tive que recorrer a jogadores oriundos de muitas terras aqui à volta, a maior parte dos quais nem se conheciam. E muitos deles jogaram futebol a sério este ano pela primeira vez, aos 17 e 18 anos de idade”. Para além dessas dificuldades, o clube tem superado muitas outras. Segundo o técnico nem tudo foi bem feito no passado: “O clube cultivou nos últimos anos uma imagem de distância em relação à comunidade local, ao mesmo tempo, que se foram degradando as condições estruturais do campo”. Uma das situações prendeu-se com o relvado sintético oferecido ao clube. Nuno Cláudio destaca que “a colocação do relvado sintético por parte da autarquia resultou numa situação similar à de um pai que oferece um carro sem motor a um filho”, e vai mais longe – “Quando o filho descobre que o carro não tem motor e confronta o pai, este manda-o trabalhar para arranjar dinheiro para comprar o motor. Como é evidente, desta forma o pai não ajudou em nada o filho, que provavelmente teria preferido continuar sem a carcaça do carro; bem pelo contrário, arranjou-lhe mais uma despesa e mais uma dor de cabeça”. O treinador explica que na sua opinião, “colocar um relvado sintético sem a respectiva iluminação e

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Ficha técnica:

sem cuidar de garantir que haveria balneários a funcionar, tendo em conta o estado dos mesmos à data em que foi colocado o relvado, é o mesmo que colocar quase 500 mil euros num caixote de papelão suspenso por cima de uma fogueira, preso por um fio de costura”. “A verdade é que estamos sem capacidade para criar a plenitude destas infra-estruturas, sem as quais não é possível continuar a actividade do clube. E se um dia não nos restar outra alternativa senão entregar as chaves à autarquia, por não termos condições, quero ver como vai ser paga a renda do terreno. É que se a renda não for paga, a dona do terreno pode reavê-lo a qualquer momento, e estão lá investidos cerca de 500 mil euros do dinheiro público. O tal carro sem motor que nos foi oferecido”, desabafa. Ao nível desportivo, o técnico refere que tudo começou quase do zero. “mas o resultado não podia ter sido melhor”. Nuno Cláudio vinca que o clube esteve sempre a crescer: “Ganhámos a todos os adversários, excepto aos três da frente, que eram de facto muito fortes, de outro campeonato, e ao Venda do Pinheiro que, no entanto, ficou atrás de nós na classificação”. De acordo com as estatísticas, o clube conseguiu o 6º melhor ataque “com a marcação de golos a todas as equipas”. “Fomos oitavos classificados, a sete pontos do quarto lugar. Mas o mais importante de tudo foi o ambiente de balneário: excelente. Todos os jogadores que são juniores para o ano quiseram ficar, o que atesta o bom ambiente que sempre tive-

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mos”. O Aveiras ficou a sete pontos do quarto lugar. Estes são resultados importantes, tendo em conta que o clube estava ainda a construir uma equipa, para a qual precisava de tempo. Não foi só a construção da equipa que condicionou o Aveiras, mas também as condições logísticas que marcaram toda a envolvência dos novos dirigentes, desde as “obras nos balneários, que não funcionavam; ou a construção da bancada e do bar, a parte eléctrica, as canalizações, os carpinteiros, os serralheiros”. “Enfim, tivemos que reerguer o clube, que estava absolutamente morto”, desabafa Nuno Cláudio, que lamenta não ter conseguido dedicar-se durante esse tempo à formação do plantel a tempo inteiro, lembrando que o Aveiras perdeu na altura muitos pontos, “mas isso também não foi importante, porque o Aveiras não ambicionava subir de divisão, evidentemente”. “Isso seria quase uma irresponsabilidade, tendo em conta a realidade do clube. Primeiro, as bases. E depois, então, tenta-se construir o edifício. Caso contrário, ao mínimo terramoto cai tudo”. Todavia o clube conseguiu transformar as dificuldades e superálas. De acordo com o capitão da equipa, Duarte Sequeira, a equipa

foi mais fraca na primeira metade do campeonato, todavia Nuno Cláudio explica que neste caso “a grande diferença do Aveiras para as restantes equipas é que os nossos adversários têm a formação a funcionar há muitos anos, a maior parte desde sempre” coisa que não acontecia no Aveiras de Cima Sport Clube. A juntar a isso, há ainda o facto de os jogadores nunca terem jogado juntos. Aliás o próprio capitão de equipa admitiu ao Valor Local que

essa foi uma das dificuldades, que ainda assim foi sendo colmatada com o tempo, e na fase final do campeonato, já havia mais entrosamento. Duarte Sequeira atingiu já uma idade em que não lhe é permitido continuar no clube e outros jogadores também terão de sair. O clube não tem séniores e no caso do capitão, nesta altura, ainda nem tem clube para onde ir jogar. Nuno Cláudio salienta que tem pena que jogadores como “o

Época positiva do GDA A

Duarte, o André, o Roberto, o Lameiras, o Vasco e outros terminem desta forma o seu percurso na formação, passando a seniores. O Aveiras não tem, neste momento, capacidade organizativa nem dinâmica para assegurar uma equipa a competir no escalão sénior” até porque segundo o técnico “ os custos são tremendos e o Aveiras não conseguiu ainda organizar-se tendo em conta as exigências que se colocam a esse nível”.

última época do Grupo Desportivo de Azambuja, foi bastante positiva. O clube que tem apostado nas ditas modalidades amadoras, tem dado nas vistas a nível nacional ganhando algumas provas e conseguindo bastantes lugares de pódio. Em jeito de balanço, o GDA, acumula vários primeiros lugares nacionais, nomeadamente na modalidade de taekwondo. Resultados da época: OPEN INTERNACIONAL CIDADE DE PENICHE - 12 E 13 ABRIL 2014 POOMSAE: Sofia Pais- 2º Lugar; Vitaliy Vasylyshyn - 3º lugar; Nazaré Costa- 1º lugar TRIO: Bruno Cabrita, Dan Cristian e Tiago Silva- 2º lugar. COMBATE cadetes: Dan Cristian ( - 49kg) - 3º lugar; Rui Sousa ( - 49kg)- 3º lugar. Juniores: Dan Cristian ( - 51kg) -2º lugar Vitaliy Vasylyshyn (-45kg) - 1º lugar. Sénior: Susana Mascata (+73kg)- 3º lugar Veteranos: Luís Rodrigues (-70kg)- 3º lugar. CAMPEONATO DISTRITAL LISBOA POOMSAE - 26 ABRIL 2014 Sofia Pais - GDA - 2º Lugar - Vice-campeã Distrital Dan sub 17 - Apurada para Nacional dia 21-06-2014 – Nazaré: Alexandra Rocha -GDA - 3º Lugar - Bronze Distrital Dan sub 30 - Apurada para Nacional dia 21-06-2014 – Nazaré: Catarina Miranda - GDA - 1º Lugar - Campeã Distrital sub 30 - Apurada para Nacional dia 21-06-2014 – Nazaré: Dan Cristian - GDA - 3º Lugar - Bronze Distrital sub 14 - Apurado para Nacional dia 21-062014 – Nazaré: João Fernando Santos - GDA – Participação. CAMPEONATO DISTRITAL LISBOA COMBATE SUB 21 - 26 ABRIL 2014 Alexandra Rocha - GDA - 1º Lugar - Campeã Distrital - Apurada para Nacional dia 10-05-2014 – Gaia: Catarina Miranda - GDA - 1º Lugar Campeã Distrital - Apurada para Nacional dia 10-05-2014 – Gaia. 2º OPEN INTERNACIONAL DE SINTRA - COMBATES - 02 MAIO 2014: INFANTIL Tiago Sousa - 1º Lugar; Pedro Rodrigues - 1º Lugar. CADETE: João Fernando Santos - 1º Lugar; Rui Tiago Sousa - 1º Lugar; Dan Cristian - 1º Lugar. JUNIOR: Sofia Pais - 3º Lugar; Vitalis: Henriques - 4º Lugar; João Santos - 4º Lugar; Dan Cristian - 3º Lugar. SÉNIOR: Alexandra Rocha - 3º Lugar


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Entrevista

Valor Local

Presidente da Câmara do Cartaxo a braços com casos de mandatos passados

Buraco da dívida não tem fundo Economista de profissão, Pedro Ribeiro, presidente da Câmara do Cartaxo tem a espinhosa tarefa de conseguir diminuir o valor da dívida. Cercado por todos os lados pelos credores, o autarca diz que consegue dormir de noite, mas o nível de preocupação é elevado. Há 60 milhões para pagar mas os problemas não param por aqui: em breve serão conhecidos os contornos do negócio da “Caminhos do Campo”. O anterior presidente de Câmara, Paulo Varanda, é alvo de todas as críticas, e de ter posto em causa o concelho, nomeadamente, na renegociação do contrato das águas. ¢ Sílvia Agostinho Valor Local – O valor da dívida é de 60 milhões de euros, o que traçou desde já para conseguir abater este montante, tendo em conta a pressão dos bancos, os juros relativos a empréstimos e naturalmente as dívidas a fornecedores. Pedro Ribeiro – Temos feito um grande esforço a nível das despesas correntes, da contratação, e temos tido também uma grande preocupação em diminuir custos com o pessoal, nomeadamente, horas extraordinárias, cerca de 40 por cento em relação ao ano passado. Este é um indicador importante quando negociamos com credores e com a banca, pois exigem saber se a Câmara está a fazer o que deve ser feito. Temos procurado com os técnicos fazer um plano de organização de trabalho, de modo a diminuirmos ao máximo o trabalho extraordinário. Qual o montante da dívida que espera abater até ao final do ano? Não lhe sei dizer. Fazemos um esforço de contenção máximo. Não conseguimos quantificar porque estamos a negociar planos prestacionais com credores. Estamos a discutir a adesão ao Plano de Apoio à Economia Local (PAEL) bem como ao Fundo de Apoio Municipal (FAM). Por qual das duas modalidades, o município deverá optar? Fui recebido há dias pelo director do Tribunal de Contas, sendo que já me tinha reunido, antes, com o secretário-estado da Administração Local. Foi-me dito que de momento o único instrumento disponível é o PAEL. O Tribunal de Contas tinha suscitado em Fevereiro uma série de questões sobre o PAEL que não tinham sido respondidas no anterior mandato. Da reunião com o Tribunal de Contas saíram uma série de vontades co-

muns de forma a agilizar este instrumento, mas sem perder de vista as vantagens do FAM. A Associação Nacional de Municípios referiu na semana passada que há câmaras que não estão a conseguir pagar os ordenados. O município do Cartaxo passou por algo semelhante este mês devido aos juros do Totta. Inevitavelmente, o Governo vai ter de mudar as regras do jogo e franquear as portas às autarquias sob pena de alguma insustentabilidade. Temos como obrigação evitar o pânico, mas estamos muito preocupados. A nossa prioridade é sempre a de assegurar os salários, os acordos de execução com as juntas e pagar aos credores. Nunca devemos perder de vista as nossas responsabilidades, mesmo levando em linha de conta que o Governo possa de alguma forma franquear as portas. Afirmou-se perplexo com o montante da dívida da Câmara do Cartaxo, sendo que parte dela foi gerada durante os mandatos de Paulo Caldas, um dos quais integrado por si, na altura já pressentia esta escalada? Na altura tive uma posição de força, porque era visível que só podíamos chegar a este ponto, e daí a minha saída. Admito que também fiz parte dessas responsabilidades. A partir de determinada altura, houve um deslumbramento e um descontrole, em que já se adivinhava que algumas coisas não podiam correr bem Tentou incutir alguma calma, na altura, a Paulo Caldas quanto aos gastos desenfreados? Sim. Em dois mandatos saíram vários vereadores e presidentes da assembleia municipal. Já se pressentia que íamos entrar num caminho de precariedade, mas importa agora apostar no futuro e trabalhar pela nossa terra. Consegue dormir de noite com

todas as preocupações da dívida? Consigo, embora com alguma apreensão, até porque há credores que estão a passar dificuldades por causa das nossas dívidas para com eles. Gostava de ter mais para ajudar as associações, contribuir de outra forma para a limpeza, higiene urbana, iluminação pública, entre outros. Mas encarámos este desafio sabendo das dificuldades. Estamos satisfeitos com a aposta das pessoas em nós. No que diz respeito à reintegração dos trabalhadores, na autarquia, da empresa municipal “Rumo 2020” que será, entretanto, liquidada, qual é neste momento o ponto de situação? Estamos bastante preocupados. Efectuei diligências junto do secretário de Estado procurando sensibilizá-lo para a importância daqueles trabalhadores em equipamentos da Câmara. O governante manifestou interesse em ajudar, mas quem decide é o ministério das Finanças face ao quadro de dívidas, que não permite a contratação de novos trabalhadores. Outro dos assuntos por resolver neste âmbito prende-se com a extinção da “Caminhos do Campo”. Há poucos dias um dos vereadores da oposição afirmava desconhecer quem eram os seus sócios. Evidente que há uma certa nebulosidade acerca da mesma… A “Caminhos do Campo” tem sido uma desagradável surpresa para os que têm estudado a sua actividade. Estava ligada à “Rumo 2020”, e enfrenta neste momento um processo de insolvência entre os seus sócios, a Câmara detinha 49 por cento da mesma. Até ao desfecho final queria reservar-me, enquanto o dossier não estiver fechado Houve algum tipo de favorecimento no anterior mandato a esta empresa?

Ribeiro lança críticas ao mandato de Paulo Varanda Não quero fazer esse tipo de considerações. Apenas aguardo as conclusões do grupo de trabalho. O seu mandato servirá pouco mais do que para pagar dívida, com a quantidade de “buracos” que vão surgindo? Em primeiro lugar temos de restaurar a credibilidade perdida da nossa Câmara, que é vista como um mau pagador. O segundo objectivo passa por mobilizar os nossos recursos para cuidar das nossas freguesias. Num terceiro ponto temos de conseguir rever o PDM, que data de 1998, e que tem sido um forte constrangimento para o nosso desenvolvimento económico. No dossier da “Cartágua”, o senhor presidente tem-se reunido com a empresa consecutivamente. O que espera destas ne-

gociações, que o preço da água desça, por força das pressões que tem efectuado? Esse é um processo muito complexo, agravado pelo anterior presidente da Câmara com a assinatura de um contrato adicional, que foi escondido das pessoas, e que traduzia um agravamento de 34 por cento para os próximos seis anos, através de uma cláusula escondida, num anexo. Não houve transparência, e nada disso foi fruto do acaso, porque estávamos em ano de eleições, e como tal só vigoraria a partir deste ano. Por outro lado, os serviços municipais nunca tiveram conhecimento do acordado. A empresa evocou a cláusula do reequilíbrio financeiro, porque em tempos de crise há menor consumo, até aqui tudo bem, o que é estranho é a Câmara aceitar de mão beijada esses aumentos. A troco de quê Paulo Varanda aceita, sem qualquer parecer técnico, este aumento? Até se recusou a responder a uma deputada do Bloco de Esquerda sobre esta mesma questão. Mas houve um parecer da Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR)? Já tive uma reunião com o vicepresidente da ERSAR, que me transmitiu que a partir do momento em que há acordo entre as duas

partes, depreende-se que houve uma verificação de todos os parâmetros de todas as partes. A ERSAR só vai ver se a fórmula está correcta, mas cada um acautela a sua parte. A ERSAR disse que pode, no entanto, reavaliar face à nossa contestação actual. No entanto, e a verificar-se que a empresa possa vir a condescender no valor dos tarifários previstos, vai querer, possivelmente, contrapartidas, como pagar menos rendas à autarquia, que por seu lado precisa de dinheiro. Esse é o grande problema. Até porque nos contratos adicionais a Câmara perdeu em rendas entre 8 a 9 milhões de euros, mais 100 m3 de água para o seu uso. Nas sucessivas reuniões com a Cartágua, esta mostrou disponibilidade para negociar. Negociar até onde? Pedimos à Cartágua que demonstre a justificação do aumento em causa. Se isso for provado cabalmente, partimos para a negociação e pedimos para que o aumento seja esticado para além dos seis anos para mais anos. Será difícil para a empresa provar que precisa desse aumento, quando os lucros da Cartágua triplicaram em 2011. Essa é uma das nossas questões,


Valor Local e por isso queremos um árbitro, e a Cartágua não conseguiu provar que precisa de aumentar o tarifário. Colocámos em cima da mesa, recorrer às entidades, face aos diferentes pontos de vista, nomeadamente, junto do Tribunal Administrativo de Leiria. Na sexta-feira, também transmiti este dossier ao presidente do Tribunal de Contas que também se mostrou disponível para analisar o processo e ver até que ponto a razão nos assiste. Também acompanhou este processo de privatização no mandato de Paulo Caldas, foi dos que aconselhou o caminho da concessão ou preferia a “Águas do Ribatejo”. Paulo Caldas encomendou um estudo que apontava o modelo da concessão a um privado. Na minha declaração de voto, na altura, apontei as reservas que agora se estão a verificar, nomeadamente, os aumentos do tarifário que deviam estar enquadrados na realidade regional, sem que fosse também prejudicada a normal retribuição da autarquia. Até porque a Cartágua não fez até à data o volume de investimentos previsto para estes primeiros anos da concessão. Também é verdade, embora goste de distinguir as duas coisas, porque numa fase inicial foi pedido tudo à empresa e é justo dizê-lo, nomeadamente, 45 por cento das rendas para um contracto a 35 anos. Nos primeiros quatro anos, a empresa foi sobrecarregada, porque teve de entregar 45 por cento das receitas; bem como uma boa parte dos investimentos. Não podemos é perder de vista que a empresa tem accionistas privados que defendem os seus interesses, e quem tinha de defender os interesses do município não esteve à altura de o fazer. Repare que não é normal que a comissão que estava incumbida de fazer relatórios sobre o contracto e a concessão não tivesse entrado em actividade nos primeiros anos da privatização, apenas no ano passado. Este processo está ferido de irresponsabilidades. Se Paulo Varanda teve esse comportamento danoso de que

fala, a que atribui isso a desconhecimento ou foi de propósito? Não foi por esquecimento, com certeza. O que me faz mais confusão é a ocultação deste processo, a falta de um parecer técnico e a falta de transparência. O nosso gabinete jurídico e divisão de obras foram afastados e isso foi assumido por Paulo Varanda. Pergunto a troco de quê, isto foi feito nas costas e na escuridão, porque é um aumento que afectará desde os mais ricos aos mais pobres. Algumas escolas do ensino básico, de acordo com o ministério da Educação vão ter de fechar, como está a gerir este dossier? O Governo avançou com o fecho de seis escolas. O critério é o da lei, o de uma escola com menos de 20 alunos deve ser encerrada, e com isso serão afectados os estabelecimentos de Casais Lagartos, Casais Amendoeira, Casais Penedos, Ereira, Valada e a nº2 de Vila Chã de Ourique. O nosso critério é a defesa do interesse dos alunos, das suas famílias. É consensual para toda a gente que escolas com 10 ou 15 alunos, do 1º ao 4º ano, inseridos numa única turma, prejudica a aprendizagem. Sensíveis a isto estamos a tentar salvaguardar a questão junto do ministério, com base também em projecções demográficas. Vamos tentar salvar algumas. Mas é uma questão que levantará sempre alguma polémica junto dos encarregados de educação. É natural que sim, Lisboa não é a mesma coisa que o concelho do Cartaxo, e dois quilómetros em meio rural fazem toda a diferença. A nova esquadra da PSP tem também estado envolta em alguma polémica. Recebemos um comunicado do movimento “Cartaxo Cívico” de Paulo Varanda que faz uma série de associações que levam ao nome de Pedro Ribeiro, nomeadamente que o director detido pela PJ, há dias, por suspeita de corrupção, trabalhava lado a lado com a irmã de Pedro Ribeiro, no gabinete de Conde Rodrigues. Paulo Varanda faz ainda outras

Entrevista associações - “Que Pedro Ribeiro foi vogal do Instituto de Gestão Financeira do Ministério da Justiça, e que os engenheiros do ministério em causa foram súbditos de Pedro Ribeiro enquanto este ocupava aquele cargo”. Como comenta? Não consigo comentar. Não vou ser meigo nas palavras. Não tenho memória de ter visto algo tão sujo desde que estou na política, ano de 1996, como esse comunicado. Não vou alimentar coisas desse género, ao nível da política de sargeta, que também foi a votos nas últimas eleições, e as pessoas disseram exactamente o que não queriam. Foi a primeira vez que um presidente em funções perdeu eleições. Não teme que o clima possa estar tenso no dia da inauguração da esquadra, (passado dia 20 de Maio)? Vai ser um dia de celebração. Foi feita uma inauguração do equipamento que não estava pronto, na véspera de eu tomar posse. A própria polícia foi proibida de marcar presença. O que vamos fazer é a abertura de uma obra finalmente pronta. Não estamos obcecados com placas de inauguração. A forma de estar na política de Paulo Varanda tem sido desconfortável para si? Temos sempre dois caminhos, recuso-me a alimentar esse tipo de política que se alimenta de insinuações e acusações. Procuro fazer antes o caminho do trabalho, por vezes em silêncio Já ponderou algum processo tendo em conta o teor das acusações? Tudo isso está a ser ponderado, pois quando nos sentimos ofendidos na nossa honra, quando os ataques pessoais se estendem à nossa família, com cartas e emails anónimos, com perfis anónimos no facebook... Mas tudo isso parte de Paulo Varanda? Até há poucos dias esses ataques eram anónimos, mas finalmente caiu a máscara, todos já perceberam de onde vinham. Confio na inteligência dos nossos concidadãos para perceberem o que está em

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O autarca aguarda luz verde do PAEL causa, e que já a tiveram em Setembro aquando das eleições. Tenho mantido uma excelente relação com todos os partidos, nenhum outro presidente da Câmara do Cartaxo convocou tantas vezes as outras forças partidárias como eu, para darem opinião sobre os dossiers estruturantes. Esse movimento dito independente continua a assumir esse tipo de posturas não dando contributos para resolver os assuntos do nosso concelho. Logo no início do mandato falou connosco sobre a Carta do Investidor e do Valleypark, qual o ponto de situação? A Carta do Investidor está a ser trabalhada pelo nosso departamento de desenvolvimento económico e empreendedorismo. Quanto à zona empresarial do Valleypark trata-se de um processo diferente com o qual estamos bastante preocupados, mas esperamos ter novidades dentro de um mês. Estamos a falar de matéria delicada relacionada com os accionistas. Ainda alvo de auditoria foi também o projecto Valada XXI

Sempre se falou muito nesse projecto, mas nunca se viu nada. Já falámos com a CCDR, para se procurar soluções para que investidores e casais jovens se fixem em Valada. Queremos licenciar a fluvina, passar as antigas instalações da hidráulica para alçada da Câmara, organizar também um festival de música em Valada. Mais do que grandes chavões, estamos empenhados em resolver os problemas. Toda a gente gosta de um power point muito bonito, e no Cartaxo fizeram-se muitos com a “Cidade do Conhecimento”; “Escola Superior de Negócios”, e o próprio “Valada XII” que deram em nada. Enquanto vereador de Paulo Caldas, à época, já pressentia que alguns não iam de facto dar em nada? Alguns já não são do meu tempo, pois entretanto sai. Hoje verificamos que não deram em nada. O nosso foco é resolver problemas concretos das pessoas, cuidar dos nossos jardins, passeios, pintar passadeiras, dar condições aos cemitérios São coisas concretas mas qua-

se da alçada de um presidente de junta, dada a falta de dinheiro é impossível sonhar mais? Não são coisas menos dignas, e se há algo que temos de aprender é que a nossa gestão tem de ser com os pés assentes na terra. Surgem-nos muitas questões relacionadas com o emprego, e daí a importância do Valleypark, da zona de actividades económicas do Casal Branco, da Carta do Investidor, atrair empresas é muito importante. Como vai conseguir fazer isso, se por força das dívidas, o Governo impõe que o município fixe as taxas mais elevadas, tendo em conta neste caso a derrama? Não temos varinhas mágicas, as taxas de derrama não são determinantes. O Cartaxo tem vantagens, duas saídas de auto-estrada, estamos a meia hora do aeroporto e do porto de Lisboa. Possuímos uma posição geográfica favorável, temos de trabalhar acima de tudo Assista ao vídeo desta entrevista na íntegra em www.valorlocal.pt


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Política

Valor Local

Novo tarifário da Águas da Azambuja

Câmara abre o livro sobre relatório da ERSAR A Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (Ersar) arrasa no seu relatório a minuta de aditamento ao contrato de concessão da “Águas da Azambuja”, celebrado entre a mesma e a Câmara. O relatório fala de diferentes prejuízos para a população do concelho caso o novo tarifário vá para a frente. Há quem fale de aumentos superiores a 100 por cento. Em exclusivo ao Valor Local, a Câmara que tem adiado explicações públicas, abre pela primeira vez o livro sobre este polémico relatório através do vereador com o pelouro das águas e saneamento, Silvino Lúcio. ¢ Sílvia Agostinho Há dois meses disse-nos em entrevista que a Ersar ao ler o acordo entre a Águas da Azambuja e a Câmara, disse que este era um bom acordo e que estava satisfeita, mas não é nada disso que temos aqui neste relatório. A Ersar por vezes tem opiniões contraditórias, a informação que tínhamos é que o parecer não era vinculativo, mas entretanto por força de uma nova lei aprovada, a entidade quer dar um

parecer limpo em relação a este acordo. O decreto-lei de 194 de 2009 dava um período de carência de três anos para que as autarquias e concessionárias se adaptassem ao mesmo. Ao abrigo do contrato assinado com a Águas da Azambuja, esta tem possibilidade de fazer um pedido de reequilíbrio financeiro quando os desequilíbrios são superiores a 20 por cento. Isto cai ao mesmo tempo que o decreto-lei nos nossos braços. Mas a Águas do Oeste (AO) é que vem contribuir para toda

esta oneração, e no fundo contribuir para que a Águas da Azambuja tenha esta possibilidade legal para pedir uma renegociação, pois a empresa intermunicipal não fez um conjunto de obras comprometido. Por outro lado, temos aquelas nuances relacionadas com o aumento populacional do aeroporto da Ota que não se verificaram. Mas essa desculpa com a Águas do Oeste é desvalorizada pela entidade que diz que não pode ser avaliada a relação causa-efeito da mes-

ma. A Ersar não valoriza porque não lhe interessa, mas esse evento é dos mais importantes. Mas isso explica tudo para que haja este aumento? A retracção que há em termos de colecta da receita aliada ao contrato que fala dos 20 por cento de prejuízo pode ajudar a contribuir para essa explicação. Quanto às alterações de tarifas, como tenho dito o preço da água vai baixar o que sobe é o saneamento. Mas estamos sempre a falar de uma proposta


Valor Local de trabalho que tem de ser ajustada para que o parecer seja limpo, sem nódoas. Mas este pelos vistos está bastante sujo (usando a sua terminologia), porque arrasa completamente com uma série de componentes. É caso para se dizer que se podia ter feito um melhor trabalho. Vai ver que há coisas aí que são de pormenor. A água vai baixar cinco por cento, vai aumentar o saneamento em 20 por cento sobretudo nas indústrias, com uma almofada de amortecimento para os pequenos comerciantes, mas também para os munícipes em termos globais. A Águas da Azambuja aumentaram esta componente em 6.93%, e a AO em 29.30%, para além da questão dos mínimos. Então como se explica que se fale de aumentos de mais de 100 por cento. Há um valor estabelecido para o nosso concelho de facturação média de 7,2 m3 por família, e o aumento final é de 1,55 euros. Fazendo um exercício mais ou menos rudimentar mas o

mais prático possível, imaginando que uma família paga em média 13 euros por mês, em média quanto vai passar a pagar, tendo em conta todas as varáveis da factura? Já com tudo associado inclusive o IVA e tarifas que são cobradas por entidades estatais, que não são da nossa responsabilidade, uma família que pague 13 vai pagar 15 euros, tendo em conta também o índice de preços ao consumidor, que aumenta todos os anos. No entanto este relatório diz que os aumentos previstos podem ser alvo de contestação por parte da população, e não serem vistos dessa forma tão simplificada como está a falar. Nem eu nem o senhor presidente somos kamikazes. Não aumentamos porque gostamos, seja um ou 20 por cento. Durante muito tempo, não se actualizaram as tarifas. Não houve aumentos nos dois primeiros anos da concessão. Auditores externos dizem que o aumento foi de 4,7 por cento nos quatro anos, enquanto a Águas do Oeste au-

Política

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Silvino Lúcio acusa Águas do Oeste de não terem feito obras no território concelhio mentaram 17.30%, na água. Não somos parvinhos nem tontinhos para querermos aumentar só porque sim. Aliás, se eu lhe mostrasse o que a ERSAR

nos aconselha para cobrar a nível dos resíduos sólidos, dá vontade de bater na entidade, tendo em conta esse relatório que tem na mão, pois quando

Horas extraordinárias abaixo de um euro S

se fala de resíduos para as contas estarem equilibradas tínhamos de cobrar por ano 1 milhão 600 mil euros, quando apenas conseguimos 770 mil euros, e

este ano com os aumentos ficaremos na casa dos 800 mil. Por outro lado, à data da concessão e até aos dias de hoje há menos 500 consumidores no concelho. Continua è

e a empresa é alvo de polémica e de contestação entre os munícipes do concelho de Azambuja, no seio da mesma há trabalhadores que estão descontentes com o tratamento dado pelos seus administradores. O Valor Local teve acesso a documentos que comprovam que a empresa que segundo a DECO tem a quinta água mais cara do país, chega a pagar as horas extraordinárias abaixo de um euro, em alguns casos, até mesmo no período nocturno. Noutros o valor não sobe muito para além desse montante. Recorde-se que a Aquapor, detentora da empresa, prometeu criar na altura da assinatura da concessão 20 postos de trabalho, e actualmente laboram na empresa cerca de uma dúzia de pessoas. O Valor Local tentou um contacto com a empresa para esclarecimento de todas as questões relativas ao parecer da ERSAR, sendo que desta vez nem por escrito nos responderam, já que continua a não existir abertura para uma entrevista presencial, apesar de todas as insistências por parte da nossa redacção.


8 Mas são riscos da concessionária. Claro, mas como estão a ultrapassar a banda dos 20 por cento podem pedir reequilíbrio, e com as novas regras do decreto-lei 194, tudo piora, até porque vem na senda do utilizador-

Política pagador imposta pelo Governo. A Águas do Oeste compra à EPAL o m3 a 38 cêntimos, que por sua vez revende à concessionária de Azambuja a 64,38. O consumidor acaba por pagar só mais 13 por cento, 78 cêntimos por m3, queremos baixar

para 73 %. No saneamento, há outro dado preocupante –há pessoas que não querem fazer as ligações, mas um dia a Ersar pode obrigar a isso. Faz-se um investimento louco e há quem não se queira ligar, e isto é complicado para o empresário. Esses 500 não pagam taxa de RSU. Por outro lado, e ainda no saneamento, a ERSAR critica que o novo contrato coloca os beneficiários do tarifário social a pagar o mesmo que o consumidor normal. É mais um ponto que então temos de corrigir. Mas que podia ser evitado, é mais um puxão de orelhas da Ersar. Se quiser falar de puxão de orelhas fale, mas não entendo a questão dessa forma. Ainda temos aquela velha questão de a empresa facturar ao dia, este mês por acaso facturou menos de 30 dias e a factura é mais suave, mas para o mês que vem factura a 40 dias, como já é costume, as pessoas sobem de escalão e pagam mais. Fiz esse cálculo com as minhas facturas, e chego à conclusão que as contas da empresa estão certinhas. Mas por que não o são da forma o mais transparente possível? Há dois leitores cobradores que

não conseguem fazer perto de 10 mil contadores no mesmo dia. Se somar os dias todos das facturas, como foi no meu caso, tenho um dia a mais no total do ano, para o ano ser-me-á descontado esse dia. Mas a própria Ersar apresenta reservas quanto a esse tipo de procedimento. Não recomenda mas também não aponta outro caminho. Podemos fazer por estimativa, com facturação ao mês, que é como faz a EDP. Mas depois não se queixem da “porrada” nos acertos. A Ersar vê-se ainda na necessidade também de criticar a circunstância segundo a qual a Câmara tem um tarifário igual aos das instituições de solidariedade, culturais e desportivas, quando o Estado preconiza que as autarquias não podem ser beneficiadas com este tipo de coisas. Não me lembro que a questão seja exactamente assim, apesar de reparar que é o que está escrito nesse relatório, no fundo o que pretendíamos era criar um escalão intermédio, para não ficarmos equiparados aos industriais, porque senão pagaríamos 100 mil euros de água por ano. Ainda em conclusão, não está na nossa génese aumentar o que quer que seja, estamos a tentar criar a melhor almofada possível para os munícipes.

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Casa Colombo – Vale do Paraíso

Sessão comemorativa do Tratado de Tordesilhas o âmbito da programação anual N da Casa Colombo - Vale do Paraíso, a Junta de Freguesia e a Câmara Municipal de Azambuja vão comemorar mais um importante acontecimento histórico, com direta relação na audiência que D. João II teve com Cristóvão Colombo (Colon) em Vale do Paraíso, em Março de 1493. Com o sucesso e adesão que teve a «ALVORADA DO NOVO MUNDO» no ano transato, para comemorar os 520 anos desse encontro histórico, Vale do Paraíso quer desta vez ficar por um dia no centro das comemorações do principal tratado internacional que dá início à Idade Moderna e com uma nova divisão do Mundo entre Portugal e Espanha. Na tarde do próximo dia 7 de Junho, dia que em Tordesilhas foi assinado o Tratado entre Espanha e Portugal, na Casa Colombo de Vale do Paraíso, vão falar sobre o tema os seguintes especialistas, já confirmados: «De Vale do Paraíso (Março de 1493) a Tordesilhas (Junho de 1494)» José Machado Pereira Doutor de Educação Patrimonial, Historiador e Museólogo. Conceptualização, Planificação e Gestão dos conteúdos do Centro de Interpretação. “O Mundo Moderno também começou aqui no século XV” - Casa Colombo – Vale do Paraíso. «Martin Alonso Pinzón dio la primera noticia del Descubrimiento» Maria Montserrat León Guerrero Professora de Didáctica de las Ciências Sociales. Universidad de Valladolid. «Colón na España do século XV» Jesús Varela Marcos Catedrático de História Moderna na Universidad de Valladolid. Diretor do Centro de Estudios de Iberoamérica em Valladolid e da «Casa del Tratado» e «Casa Colón» de Tordesillas. É a primeira vez que na Península Ibérica e a nível internacional, se irá unificar no mesmo evento, o conhecimento produzido sobre este tema nos dois países envolvidos numa nova divisão do Mundo em finais do século XV.


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Instantâneos

Terra Velhinha A Terra Velhinha já vai sendo conhecida de todos, é sabido que já temos uma edição solidária em papel mas a oportunidade que este importante jornal da região nos dá no seu cantinho continua a ser um factor preponderante na divulgação da memória e identidade da nossa Terra. Desta forma e porque a Feira assume para a Terra Velhinha elevado estatuto, plasmamos aqui algumas das publicações dos nossos membros em prol da Feira Mais Castiça do Ribatejo. Boa Feira!

9 Gerardo na Feira de Maio Publicada por António Ribeiro, 09/10/13 Foto de António Ribeiro Segundo Isabel Nolasco “Todos os anos levava tareia do toiro! E ía sempre lá! Era uma figura típica de Azambuja. Andava por diversas tabernas e quando chegava à do meu avô António Isidro, já com uns copitos a mais, pedia mais um. O meu avô respondia-lhe que não lhe vendia mais aí o Gerardo dizia. Ah não? O pelourinho está ali à sua espera. Enforcou-os a todos, você o Meia Unha e o António Lourenço!” Segundo António José Soares “Que grande figura Azambujense, merece uma homenagem condigna”

Largada de Toiros Publicada por António Pereira, 24/09/13, Foto de António Pereira Segundo António Pereira “Lado esquerdo o prédio do Dr. Mayer lado direito padaria e mercearia do João da Silvina”

Entrada de toiros conduzidos por campinos Feira de Maio na Velhinha Fonte de Santo António Publicada por António Ferreira João Buzaco, 11/10/13 Foto de António Ferreira João Buzaco

Publicada por Ana Cristina Silva, 28/11/13 Foto de Ana Cristina Silva


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Destaque

Foto: José Júlio Cachado

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Foto: José Júlio Cachado

Azambuja veste o seu melhor fato A vila de Azambuja recebe de 29 de Maio a 2 de Junho mais uma edição da centenária Feira de Maio. O certame volta a ser o ponto de encontro de muitos aficcionados ribatejanos e não só. Fomos conhecer alguns aspectos deste evento como uma das mais antigas tertúlias, e uma exposição evocativa da feira. As corridas de touros são elemento fundamental durante a Feira de Maio, e por isso damos a conhecer: o ponto de vista de um veterinário de corridas sobre o touro. A pensar na feira, foi também inaugurado nos últimos dias um novo espaço comercial, a “Mercearia” onde podem ser adquiridos produtos locais. ¢ Miguel A. Rodrigues ¢ Sílvia Agostinho omo é hábito, a Feira de Maio faz-se com as habituais noites de fados, nos largos e ruas típicas azambujenses e com as largadas de toiros que são de resto a grande atracção deste evento. Ao longo de todos os dias da festa, haverá concursos e provas de perícia de condução de cabrestos, e muitas outras manifestações agregadas à festa brava. Azambuja veste-se também de tradições, com os concursos de montras, a par da ornamentação disposta ao longo de largos, ruas e fachadas com motivos alusivos à festa brava, que todos os anos é motivo de competição entre os vários concorrentes a digladiarem-se, quanto mais não seja pelo diploma entregue no último dia de feira no largo do município. A destacar nesta feira como é há-

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bito, a distribuição gratuita de sardinhas, pão e vinho na noite de sexta-feira dia 30 a partir da meianoite, nas ruas e largos mais típicos de Azambuja. Mas para além destes aspectos, a Feira de Maio apresenta outras atracções que têm vindo a implantar-se nos últimos anos. É o caso da Praça das Freguesias, que decorre no campo da feira de Azambuja, onde cada dia da festa é dedicado a uma das agora sete freguesias do concelho. Nesta iniciativa, as colectividades locais são convidadas a representar a sua freguesia através de uma tasquinha onde os lucros da venda dos acepipes colocados à disposição da população servem para ajudar financeiramente as respectivas associações. Este ano, também a funcionar nos dias da feira uma “Mercearia” com produtos típicos da região numa parceria entre a Associação Comércio, Indústria e

Serviços do Município de Azambuja (ACISMA) e o município, instalada na Praça do Município. Para além dos comes e bebes, a praça das freguesias apresenta igualmente animação musical, com os ranchos folclóricos das respectivas freguesias, ginástica rítmica, fados, bandas filarmónicas, e muitas outras iniciativas que prometem animar os cinco dias de festa. Ao lado da praça das freguesias, poderá encontrar o pavilhão das actividades económicas, da responsabilidade da Acisma onde estarão presentes algumas empresas com actividades existentes no concelho de Azambuja. Neste espaço, poderá encontrar também alguns objectos artesanais, oriundos, não só, dos vários pontos do município de Azambuja, mas também um pouco de toda a região. Para além da festa na rua, vai haver também a habitual corrida de

toiros à portuguesa, na Praça Dr. Ortigão Costa, A corrida que se realiza a um de Junho vai ter em praça os cavaleiros, Rui Salvador,

Paulo Jorge Santos e Duarte Pinto, onde serão lidados 6 touros de várias ganadarias nacionais. Em praça estarão os Forcados Ama-

dores de Azambuja, do Ribatejo e de Arruda dos Vinhos, sendo que o preço para entrar nesta corrida ronda os 10 euros.

Veterinário de corridas salienta:

“O touro sente dor mas não tem sofrimento” N

o dia 16 de Maio, no âmbito de uma das iniciativas do projecto “Musealogando” levadas a cabo no Museu Municipal Sebastião Mateus Arenque, durante o “Mês da Cultura Tauromáquica”, em Azambuja, falou-se de tauromaquia e do papel do médico veterinário antes e após as corridas de touros. Jorge Moreira da Silva falou do seu papel e dos preparativos que antecedem a festa brava. “Temos de pensar no touro como um super atleta que foi criado em três ou quatro anos para mostrar em 15 minutos o que vale, e que o público pagou o seu bilhete para assistir a um espectáculo”, referiu. Antes de cada corrida, o animal tem de obedecer a uma série de critérios, desde logo o peso, “havendo lugar à passagem de autos a ganaderos que apresentem animais com peso abaixo dos 400 quilos”, “que são impedidos de entrar no espetáculo”. “Temos de verificar se há lesões no animal, como estão os olhos, se tem os dois testículos, ou até a existência de abcessos, sendo que ainda recentemente um dos touros previstos para uma corrida em Vila Franca teve de voltar para trás, por causa disso”. O veterinário compara os tempos actuais em que todas as inspecções são rigorosas e o nível de conforto e de segurança no transporte do touro tem de ser acautelado ao máximo, “para evitar o stress do animal”, que “antes vinha para as praças em autênticas frigideiras com os membros todos assados”. Uma vez na praça de touros “precisa de se ambientar durante três a quatro horas no local”, por forma “a descansar o suficiente para que quando saia para a corrida esteja no seu estado normal”. Relativamente aos movimentos contra as touradas, Jorge Moreira da Silva, enfatiza – “Não somos bárbaros nem sanguinários. O touro tem dor, mas não tem sofrimento, é o que posso assegurar. Por se tratar de uma raça brava enfrenta de forma mais forte o que lhe é infligido em comparação com uma raça como a charolesa ou as vacas frísias”. Sobre a polémica questão dos touros de morte em arenas, refere que o importante é que se proceda sempre após a corrida ao abate de urgência, “pois o animal não pode ficar à espera que o matadouro abra no Veterinário deu a conhecer a sua experiência dia seguinte”.


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As memórias da Tertúlia “Velha Guarda” undada há mais de 20 anos, a tertúlia “Velha Guarda” é já um ponto de passagem obrigatório em Azambuja. Lourenço Luzio é o orgulhoso proprietário deste espaço que encerra muito da história da festa brava azambujense. Tudo começou por razões familiares. Lourenço Luzio, que desde sempre esteve ligado ao mundo dos toiros, salientou ao Valor Local que a sua passagem pelos Forcados Amadores de Azambuja, marcou definitivamente a sua vida, ao ponto de se juntar aos velhos companheiros e nomear a Tertúlia de “Velha Guarda” numa alusão aos tempos “dourados” dos forcados de Azambuja, nos anos 60, 70 e 80. Ao longo dos anos, alguns membros da “Velha Guarda” foram desaparecendo, mas a sua memória está bem patente nas paredes da tertúlia que fica em plena rua principal em frente à biblioteca municipal. Com uma decoração bem típica, o espaço é decorado com vários objectos alusivos à tauromaquia, nomeadamente, com cartazes de corridas em Azambuja e outras por

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onde passou o grupo de forcados local. Aliás a tertúlia “Velha Guarda” foi pioneira na organização de vários colóquios sobre a tauromaquia em Azambuja. Nos últimos anos, com a excepção do último ano devido a questões familiares, “o espaço ficou conhecido pela qualidade dos intervenientes e dos painéis que apresentou”. Este é aliás um projecto que muito orgulha o seu proprietário, lembrando que antes da sua organização, os colóquios eram poucos ou nenhuns,. É com saudade e paixão que Loureço Luzio recorda outros tempos da Festa Brava em Azambuja. O antigo forcado foi também toureiro apeado, tendose estreado na inauguração de uma das primeiras praças de toiros de Azambuja, em Outubro de 1967, a Monumental “Caixote”. Loureço estreou-se ao lado de figuras como Carlos Pimentel, Manuel Tavares, ou Ana Maria. Diz ainda assim que não se arrepende da escolha, vincando que o destinou o levou aos forcados. Hoje em dia é um dos únicos directores oficiais de corridas de toiros.

Tertúlia é das mais reconhecidas de Azambuja

Mercearia de produtos locais D

urante os dias da Feira de Maio, está a funcionar em espaço cedido pela Santa Casa da Misericórdia, uma mercearia de produtos locais, numa parceria entre a ACISMA e a Câmara de Azambuja. A inauguração teve lugar no dia 16 de Maio, e contou com a presença de elementos da Câmara de Azambuja, Assembleia Municipal, forças vivas, entre outros. Está representado todo o concelho de Azambuja, de norte a sul, através dos seus vinhos, cerveja artesanal, compotas, mel, queijos e doces. O objectivo desta iniciativa passa pelo investimento na promoção das capacidades locais como elemento diferenciador fundamental para o desenvolvimento económico, cultural e turístico. Não estando posta de parte a possibilidade de o espaço continuar a funcionar após a feira de Maio, como mais um polo dedicado ao turista e não só.

Mas foi no Grupo de Forcados Amadores de Azambuja, onde viveu as maiores emoções. Loureço Luzio esteve 18 anos no grupo: “Foi uma época de ouro”. Ganhou muitos prémios, embora sendo um grupo de segundo plano, tinha corridas, e actuou em muitos pontos do país e não só. Os forcados de Azambuja também se aventuraram em Espanha, onde fizeram alguns brilharetes, ao ponto de terem na

altura um empresário no país vizinho para agenciar as corridas. Mas os dias de hoje não são imunes ao tempo e à crise. Lourenço Luzio lamenta que as corridas mistas tenham deixado de ser frequentes, até porque como diz “90 por cento das corridas são só a cavalo, raramente aparece o toureiro apeado”; no entanto, a Moita ou o Campo Pequeno são uma “excepção “ou o Sobral de Monte Agraço que no

25 de Abril dá uma oportunidade aos novos, bem como o Cartaxo, mas no panorama taurino português o toureio a pé aparece muito pouco”, lamenta. O aficionado enaltece a nova praça de toiros de Azambuja, mas não deixa no entanto de lamentar que a sua construção não tenha tido em conta os espectadores. Em causa estão as primeiras filas da praça, que não têm visibilidade para a arena.

Por causa disso, Lourenço Luzio, que desvalorizou o problema, pediu a alteração de lugares para a direcção da corrida, pois no local em causa só se via a arena parcialmente. Ainda assim o aficionado considera que Azambuja merece o espaço, que na sua opinião até poderia ser mais rentabilizado. Veja esta entrevista completa e em vídeo em: www.valorlocal.pt


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Destaque

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Feira de Maio recordada em exposição stá patente na galeria da Biblioteca Municipal de Azambuja uma exposição colectiva da autoria de Luís Miguel Mora Carlos e José Júlio Cachado. O tema como não podia deixar de ser é a “Feira de Maio - Momentos Para Recordar”. Ao todo são 35 fotografias de dois jovens autores de Azambuja, que se juntaram e acederam ao desafio do município. Na inauguração, sem a presença de José Júlio Cachado devido ao facto de estar a trabalhar, Luís Carlos destacou a sua paixão pela fotografia e pela aficcion, vincando esperar que esta exposição seja também didáctica para todos os que a visitam. Ambos os autores já há muito

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que fazem fotografia, contudo pela primeira vez decidiram expor os seus trabalhos. A destacar que José Júlio Cachado, foi o autor da foto da primeira página do Valor Local da edição de Maio do ano passado, assim como este ano. A exposição tem entrada livre, e pode ser vista até ao próximo dia 10 de Junho. António Amaral, vereador com o pelouro da Cultura da Câmara Municipal de Azambuja, destacou por seu lado o empenho dos autores, salientando que “pela primeira vez em dois anos, a galeria da biblioteca municipal de Azambuja, vai estar permanentemente ocupada com exposições de artistas azambujenses até 2015”.

Um dos autores com o vereador da Cultura


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Agricultura

Italagro vai fornecer McDonalds Portugal Italagro vai investir numa nova linha de produção, neste caso de Ketchup. A empresa da Castanheira do Ribatejo assinou um contracto com a McDonalds, o que vai possibilitar a entrada de 24 novos trabalhadores para uma produção diária de quatro toneladas de tomate fresco. O contrato assinado no dia 14 de Maio, no valor de um milhão de euros, vai permitir à Italagro fornecer todos os restaurantes em Portugal do gigante americano. A iniciativa que decorreu nas instalações da empresa com a ministra da Agricultura Assunção Cristas, revestiu-se de algum simbolismo, até porque como fez notar o director da McDonald´s Mário Barbosa, a parceria com produtos nacionais tem sido um procedimento habitual nos últimos anos.

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Mário Barbosa vincou que a McDonald´s tem adquirido aos produtores locais a maioria dos seus produtos, salientando a alface, os hamburgers, o pão, e agora o tomate para ketchup. Há 23 anos atrás, aquando da implantação da cadeia de restauração em Portugal todos os produtos eram importados, mas nos dias que correm “ a empresa já está enraizada na economia portuguesa, ocupando um lugar na restauração nacional com 139 restaurantes espalhados no continente e nas ilhas com mais de seis mil funcionários”. Mário Barbosa salientou que a McDonald´s já compra produtos a cerca de 30 empresas portuguesas, o que representa cerca de 1/3 dos fornecedores da marca, aos quais se junta agora a Italagro como o novo fornecedor de ket-

chup exclusivo para Portugal. Martin Stilwell, presidente do HIT, grupo ao qual pertence a Italagro, destacou que a Italagro vai entrar agora numa nova fase, com uma produção de mil toneladas de ketchup anuais. “É mais um passo importante no nosso crescimento nos últimos anos”, vincou o presidente do grupo que destaca a duplicação da facturação. “No ano passado ultrapassámos a facturação de 65 milhões de euros, e este ano vamos passar a barreira dos setenta milhões”, sendo por isso importantes as parcerias, como aquela já firmada com a McDonald´s. O presidente do Grupo HIT, vincou também que para os resultados positivos da empresa, muito contribuíram as parceiras já firmadas com 240 produtores de tomate

“que são dos melhores da Europa a fazer esta cultura, são os mais produtivos e os maiores em termos de dimensão, ainda assim atrás dos congéneres californianos”. Já Assunção Cristas, ministra da

Agricultura, que apadrinhou esta iniciativa, destacou que esta parceria se trata “ de um bom exemplo do caminho que estamos a fazer no nosso país”. Aliás a ministra destacou como positivo o trajecto da McDonald´s. Assunção Cristas

deu como exemplo o facto de a empresa utilizar produtos nacionais nas suas refeições, como são os casos das sobremesas, onde a título de exemplo citou o gelado Sundae feito com pera rocha do Oeste.

Mário Barbosa, Assunção Cristas, Martin Stilwell

Confederação dos Agricultores de Portugal

“Profissionalismo é o caminho”

margem da apresentação de mais uma edição da Feira Nacional de Agricultura, Luís Mira, da CAP, em entrevista ao Valor Local referiu-se ao actual momento da Agricultura em Portugal salientando que de facto “a actividade está em contra-ciclo em relação a outros sectores, com o au-

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mento das exportações”. Um dos factores que para tal contribuiu está relacionado com o facto de muitos agricultores se terem associado, e ganhado mais dimensão. “Para se ganhar dinheiro com a agricultura tem de se ser muito profissional, e apostar na susten-

tabilidade a vários níveis, não basta ter um terreno, caso contrário só vai arranjar problemas”. Questionado sobre o facto de muitos licenciados estarem à procura de um caminho profissional na agricultura, depois de constatarem que não conseguem emprego nas suas áreas de forma-

ção, Mira deixa um conselho – “Essas pessoas têm boas capacidades intelectuais, mas também têm de perceber que não conseguem vingar na agricultura de um momento para o outro, têm de reunir condições como dimensão económica, conhecimento do mercado e saber produzir”.

Muito em voga estão agora as ditas culturas da moda, como os frutos vermelhos ou os cogumelos, Mira considera que são apostas que estão a ser bem-sucedidas em algumas zonas do país, mas mais uma vez refere que “todos os negócios são bons na agricultura desde que se ganhe

margem de lucro”. Uma das questões que mais preocupa os produtores prendese com os pagamentos dos hipermercados, sendo que “já foi conseguido um passo positivo junto de um dos grupos do país que avança com o pagamento a 10 dias”.


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Agricultura

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Prove em Alenquer

“Estamos nisto com espírito de missão” oram poucos os agricultores de Alenquer (três até à data) que aderiram à iniciativa “Prove” que na região está a ser conduzida pela Leader Oeste, e neste caso em específico com o apoio do município de Alenquer. Consiste na venda de produtos horto-frutícolas, todas as semanas, no mercado de Alenquer através de cabazes para o efeito. Disponibilizar ao consumidor produtos produzidos através das técnicas da dita agricultura tradicional é o objectivo. Pedro Franco Duarte, residente no concelho de Alenquer, foi um dos produtores que aderiu à iniciativa após verificar que não havia interessados. Insatisfeito com a fraca adesão, decidiu arregaçar as mangas e participar. Conta que já plantou vários hortícolas que deverão ser canalizados para o primeiro dia em que a venda de cabazes terá lugar, a 23 de Maio. O agricultor considera que na base da fraca adesão está o facto de “o Prove por si só não ser um grande ‘negócio’, caso contrário muitos teriam aderido”. A iniciativa faz-se mais por “amor à camisola e à causa da agricultura tradicional”. “Vendemos cabazes a sete

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e a dez euros, que, à partida, e se fizermos as contas por alto conseguiremos um retorno de 100 euros por semana para cada um, e quando a qualidade dos produtos é a melhor.”, explicita e adianta: “Tendo em conta a mão-de-obra, a preparação dos cabazes, o tempo dispensado na sua venda no mercado, com mails e telefonemas pelo meio, com uma forte aposta na personalização, acaba por não ser compensatório desse ponto de vista”. O agricultor contudo mostra-se entusiasmado perante a ideia de fornecer bons produtos à população. “Estamos nisto com um espírito de missão, sabemos que não vai dar uma grande fortuna”, dá conta o agricultor já reformado, que decidiu abraçar a causa com mais duas produtoras. Mas se a adesão dos agricultores de Alenquer não foi até à data a mais satisfatória, o mesmo não se pode dizer dos consumidores interessados nestes cabazes, dado que 36 pessoas, até à data desta reportagem, já tinham contactado a iniciativa com o objectivo de todas as sextas-feiras levarem para casa um cabaz do Prove.

Rute Ferreira, residente no concelho do Cartaxo, integra esta, ainda, pequena equipa de produtores e acabou por dar a cara ao manifesto tendo em conta a fraca adesão dos produtores do concelho, conforme referido acima. A agricultora já produz para

o mercado, nomeadamente, hortícolas, e encara este desafio do Prove no sentido de poder dar os melhores produtos aos futuros consumidores, até porque estar neste meio não é fácil e “a moda das hortas familiares passa depressa quando as pes-

Agricultores que integram o projecto

soas se apercebem do trabalho que dá a que se junta a clássica falta de tempo”. Contudo, os dois agricultores não consideram que os futuros interessados nos cabazes sejam necessariamente ex- hortelãos. “São sobretudo pessoas com

falta de tempo, com horários apertados e que naquele dia e a determinada hora (todas as sextas, entre as 17 e as 19 horas) sabem que têm produto de qualidade à sua disposição, só não é levado a suas casas porque o projecto assim o determina”.


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Sociedade

Últimos retoques no novo edifício da Cerci

inda sem data para a inauguração oficial, no novo edifício da Cerci-Flor da Vida de Azambuja dão-se os últimos retoques para receber os utentes daquela instituição. O novo edifício com capacidade para 40 utentes na área da actividade ocupacional e mais 12 em sistema de residência, custou perto de um milhão e duzentos mil euros, e constitui o realizar de um sonho antigo da instituição. O presidente da cerci, vincou que este “sonho” só terá sido possível com os apoios da Segurança Social, mas sobretudo com o apoio e financiamento da Caixa de Crédito Agrícola de Azambuja e da autarquia. Carlos Neto, presidente da Cerci, que vinca o carácter social e importante do novo espaço que fica paredes meias com o edifício da

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Associação Comércio e Industria do Município de Azambuja (ACISMA), destaca igualmente que se trata “de um edifício feito de raiz, sem barreiras arquitetónicas”, com “tudo o que é preciso para apoio à deficiência”. O novo espaço é dotado de valências relacionadas com as áreas de terapia, com tanque terapêutico, fisioterapia e ginásio. Numa altura em que a Cerci dá um passo de gigante para avançar para o novo espaço, surgiram iniciativas propostas pela sociedade civil, no sentido de apoiar as causas que que esta instituição serve. São apoios bem-vindos, segundo Carlos Neto, que destacou ao Valor Local, que a comunidade azambujense tem sido uma maisvalia para a instituição colaborando através das diversas campanhas,

como é o caso, por exemplo da campanha do pirilampo mágico. Todavia, nos últimos meses, apareceram outras formas de apoio da sociedade civil. Uma delas tomou a forma de uma revista, depois de ter nascido nas redes sociais. Trata-se do projecto “Terra Velhinha”, cujos proveitos da venda da sua revista, foram entregues à instituição, cerca de três mil euros. Também o agente da Remax, Mário Simões decidiu apoiar a instituição, nomeadamente, a colónia de férias da Cerci, através de uma campanha de angariação de fundos nas lojas da Remax, e do seu espaço comercial no Valor Local, para incentivar a ajuda da sociedade civil para esta causa. Mário Simões salientou que por razões familiares, dado que o seu filho é aluno da instituição, terá tido

conhecimento de que “praticamente nenhuma das crianças podia passar uns dias diferentes na colónia por falta de condições financeiras das famílias e também porque a Cerci não pode suportar a

totalidade de cada uma delas”. Nesse sentido, vinca que fazia todo o sentido ajudar a Cerci. “Desde que nasceu o meu filho, que me tornei mais humano e porque trabalho e represento uma ins-

tituição que também ela me ensinou a ajudar o próximo, mas acima de tudo, porque percebi que para muitas destas crianças estes são os cinco dias mais felizes do ano inteiro”.

Novo edifício da Cerci

Associação de Meca lança marca “Bem Maior” A Associação de Apoio a Idosos e Jovens da Freguesia de Meca (AAIJFM) lançou, no passado dia 30 de Abril, a sua marca solidária “Bem Maior” e inaugurou o seu “Espaço Solidário Bem Maior”, no centro de Alenquer. Nelson Oliveira, técnico da associação, durante a apresentação, deu a conhecer que “todos os dias há

muitos que batem à porta da AAIJFM e daí a tentativa através do lançamento destas marcas de podermos ajudar mais pessoas”, nomeadamente, através da venda de trabalhos feitos pelos utentes da associação. No espaço recém-inaugurado, na Rua dos Guerras em Alenquer, está a funcionar uma loja de tra-

balhos realizados na associação; loja de serviços de estampagem (t-shirts, canecas); centro de recolha de materiais para reciclagem e utilização na produção de novos trabalhos; oficina de trabalhos manuais aberta ao público e gratuita, bem como loja de marcas que se associaram à associação e como tal ganharam o ró-

tulo de marca solidária. Todos os valores apurados reverterão para a AAIJFM. Presente na cerimónia esteve a chefe do sector territorial de Vila Franca de Xira da Segurança Social, Teresa Teixeira, que ficou agradada com o projecto e com as instalações, saudando também “a sua originalidade” e o fac-

to de a AAIJFM ter “decidido arriscar”, porque “não pode ser sempre o Estado a ajudar as associações, estas também devem promover uma mudança de paradigma no que a apoios diz respeito”. Também o presidente da Câmara de Alenquer, Pedro Folgado, elogiou o projecto e “a persistência dos membros da associa-

ção”. José Santos Ferreira, presidente da associação, lembrou “os esforços encetados nos últimos dois anos que permitiram apoiar, hoje, cerca de 200 pessoas”. “Somos exigentes com o nosso trabalho e podemos garantir que os fundos obtidos serão bem aplicados”


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Sociedade

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Dois anos de Apolo Azambuja

Levar a dança mais longe ompletou dois anos de existência em Janeiro, a escola Apolo Azambuja, onde para além dos ritmos clássicos das danças desportivas, são ensinadas as novas danças que têm causado furor nos últimos tempos como a Zumba, o Bokwa e Kizomba. Nomes desconhecidos para alguns, mas que registam uma significativa adesão por parte das gerações

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mais novas, em todo o país, e também em Azambuja. A escola tem cerca de 40 alunos. Miguel Nabeto, director da escola e dançarino ligado à conhecida escola “Alunos de Apolo”, diz que a dança em Azambuja, como um pouco por todo o país, “já conheceu outros tempos mais áureos”, mesmo assim o interesse pela área mantém-se, “daí a abertura

da escola” em causa. Miguel Nabeto refere que “em meados de 2013 com muito esforço e dedicação” dos professores ligados ao projecto, “esta modalidade começou a crescer e a desenvolver-se no concelho de Azambuja”, sendo que é desde já possível confirmar que em 2014 “a ‘Apolo Azambuja’ vai contar com a presença de vários pares em competição a nível nacional.” Os alunos da Apolo que vão competir naquelas provas são acompanhados por dois conhecidos professores da modalidade, José Carlos Rodrigues e Alberto Rodrigues. Este último fez parte do júri do programa “Dança com as Estrelas”.

Entre os projectos para o futuro está, como referido acima, o incremento das aulas de dança nas modalidades já existentes, mas também proporcionar actividades de dança, numa das modalidades, a “pessoas mais velhas”. Brevemente, “a Apolo Azambuja vai realizar mais uma grande prova do circuito nacional de Dança Desportiva e um Open WDSF (World Dance Sport Federation) onde esperamos contar com a presença de vários pares internacionais entre eles o campeão do mundo na categoria de Adultos”, adianta. Sempre que se fala de danças de salão, é comum pensar-se que há sempre mais disponibilidade por parte das mulheres para alinha-

rem neste tipo de andanças, mas Nabeto desmistifica: “Posso afirmar que a Apolo Azambuja na modalidade de dança desportiva já teve mais homens do que mulheres. Normalmente, os que vêm para a escola são mais perfecionistas; e muitos deles melhores do que as meninas. Elas por vezes acabam por desistir e eles continuam. Acho que os homens deviam tirar essa ideia da cabeça, o meu pai também queria que eu fosse futebolista e acabei por ser dançarino.” O professor de dança reflecte que “Azambuja, sempre foi uma terra com excelentes praticantes de dança, que em alguns casos chegaram a campeões nacionais”.

“Double D” e o sonho de dançar s Double D são um grupo de jovens ligadas à Associação de Casais das Boiças, em Alcoentre, que recentemente se formaram. A dança e a música é o que une as 28 raparigas de diversas idades. A mentora do grupo é Joana Marques que pegou no grupo após a extinção das danças de salão na colectividade local. Há cinco anos que tinha abandonado a dança, mas aceitou de imediato o convite, e o grupo tem feito os seus espectáculos nas localidades vizinhas, tendo inclusivamente contado com um pequeno espaço durante a última edição das tasquinhas de Alcoentre. “É algo fora de série ter este grupo. O Double D vem do sonho de dançar – ‘Dream Dancing’.” A música moderna é a inspiração do grupo, tudo o que vem a seguir é o improviso e o espectáculo.

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Miguel Nabeto e o seu par

“Achamos que com os novos tipos de dança que passamos a ter, aparecerá mais gente interessada. Vamos continuar a levar bem longe o nome do concelho de Azambuja, com esta nova equipa. E ainda por cima com a vantagem de termos este protocolo com os Alunos de Apolo”. Entretanto, o projecto Apolo Azambuja inaugurou um novo espaço onde a dança e a música serão o prato principal. O espaço em si, denominado como “Espaço 9” oferecerá outras festas das mais diversas modalidades existentes na escola como música ao vivo e o tão conhecido jogo interactivo que hoje domina a maioria dos bares pelo país.


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“Casal da Fonte” em expansão nacional

riundos das encostas de Vale do Paraíso, concelho de Azambuja, os vinhos “Casal da Fonte” começam a dar cartas no mercado nacional. José Carvalho, um dos proprietários, destacou ao “Negócios com Valor”, que por razões familiares esteve sempre ligado aos vinhos. José Carvalho salienta que a marca “Casal da Fonte” explora vinhas desde o tempo do seu pai. José e a sua esposa Olga têm ligações fortes a Vale do Paraíso. José Carvalho embora de nacionalidade francesa e Olga, nascida em Vale do Paraíso, têm tentado manter a “paixão” pelo vinho numa empresa que começou quase de forma artesanal e que agora já quer dar os primeiros passos na distribuição nacional. José Carvalho destaca que a empresa só está no mercado desde 2010, mas já dá trabalho a perto

O

de uma dezena de pessoas, e não tem dificuldades aquando das vindimas. Com um mercado cada vez mais competitivo, “Casal da Fonte” tem apostado na vanguarda ao lançar novos produtos no mercado com alguma frequência. Foi o caso do lançamento do vinho Abaladiço em finais de 2013 e mais recentemente o Cabernet Sauvignon. “Em 2014 lançámos mais dois produtos, só tínhamos uma referência e passamos a ter quatro, um branco, um rosé e dois tintos”, explica o responsável, que salienta o facto de a empresa ter crescido nos últimos tempos. Aliás o vinho Abaladiço Cabernet Sauvignon recebeu mesmo a medalha de prata, no concurso “Wine Masters Challenge 2014”. Todavia no ano anterior o mesmo vinho, mas em versão tinto tam-

bém alcançou igual galardão. José Carvalho vinca, entretanto, a qualidade dos solos calcários de Vale do Paraíso, sendo que a barreira natural da Serra de Montejunto, que protege das más condições climatéricas, também propicia a excelência dos vinhos em causa. Recentemente a empresa deu mais um passo em frente. O responsável diz que a abertura da loja de vinhos, na principal rua de Aveiras de Cima, tirando também partido da “Ávinho” e da “Vila Museu do Vinho” foi fundamental para a estratégia de comunicação da empresa. Esta loja serve como montra dos produtos produzidos por “Casal da Fonte”. Mas essa é apenas uma das principais montras de divulgação, não sendo a única. José Carvalho salienta igualmente “a participação em feiras e a

publicidade no Valor Local”. Os vinhos em causa também podem ser adquiridos no espaço de produtos locais em Azambuja, denominado “Mercearia”, até finais da Feira de Maio. Por ora, “Casal da Fonte” quer expandir o seu negócio em Portugal, posteriormente não descura a hipótese de começar a apostar na exportação dos seus vinhos. Aliás José Carvalho salienta mesmo que a empresa já apostou no aumento da produção. Actualmente produz 25 mil litros por ano, mas esse valor terá forçosamente de aumentar, sendo que a empresa já está nesta altura a plantar uma nova vinha “para ter mais dois hectares de vinha, de forma a aproveitar terrenos que estavam desprezados com vinha antiga, sendo que este ano dever-se-á passar para o dobro da produção”, finaliza.

As jóias da coroa do proprietário

“Bolina” a cerveja artesanal em Azambuja omeçou a laborar há um mês em Azambuja uma fábrica de cerveja artesanal nas antigas ins-

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talações da EPAC. Alguns conhecimentos na zona, trouxeram um conjunto de sócios para o conce-

Os dois responsáveis junto à produção

lho. A empresa está a dar os primeiros passos, e ainda é desconhecida para muitos, sendo que numa das últimas reuniões de Câmara nem o presidente se lembrava da marca em causa- Bolina. Miguel Menezes, sócio, conta que as instalações foram cedidas gratuitamente em troca de obras de melhoramento, já efectuadas. A empresa também vai criar uma área de museu para visitas das escolas. “O edifício estava mesmo em pré-ruína”, conta José Costa, um dos sócios. O protocolo firmado foi assinado por 20 anos, e compreende a manutenção do edifício a cargo da Bolina. A empresa tem neste momento uma capacidade de produção de

30 mil litros anuais. Para já está à venda em Azambuja, nomeadamente na loja de produtos locais – “Mercearia”, em alguns pontos de Lisboa e também de Cascais. O fabrico de cerveja artesanal enquadra-se num movimento que começou nos países do norte da Europa e que se começou a expandir para sul, “Portugal não fugiu à regra e nesta altura já há cinco empresas deste género no país, praticamente todas no norte”, acrescenta José Costa. “A oferta de cerveja era pequena, para além da industrial, e nota-se, actualmente, uma procura de novos sabores, aromas, tal como já acontece no vinho”, refere Miguel Menezes. “Para além de que, no fabrico artesanal apenas entram

os produtos naturais, maltes, cereais, lúpulo e leveduras, e água, como é óbvio, não sendo a cerveja pasteurizada ou filtrada para que dure mais tempo”, diz Miguel Menezes. “Procuramos produzir a melhor cerveja possível independentemente dos custos”, acrescenta José Costa. Uma garrafa de 0,33 cl de Bolina ronda os 2,30 a 3,50 euros, “se for num restaurante”. Até à data, “tem havido consumidores para a Bolina. É como no caso do vinho, há quem queira pagar cinco euros por uma garrafa como há quem pague 25 euros”. No que se refere ao projecto para museu, José Costa esclarece que vai ser instalada uma zona para

explicação do fabrico da cerveja. “Vamos introduzir um ambiente explicativo da evolução da cerveja. Pretendemos colocar tudo a postos até final do ano, mas sempre com a introdução de novos elementos ao longo do tempo, de modo a melhorar o núcleo”. Para já, a fábrica ainda não possui trabalhadores a tempo inteiro, mas espera vir a admitir em breve duas pessoas. Neste projecto foram gastos em investimento 300 mil euros “que saíram do bolso dos sócios sem apoio dos bancos”. “Mesmo com a crise vale a pena investir num produto como este”. A aposta passa também na diversificação do produto com novas cervejas tendo em conta a época do ano.


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