Fotografia Contemporânea no Brasil, curadoria Vanda Klabin, Caixa Cultural, 2015 >

Page 1

apresenta

NOVOS TALENTOS FOTOGRAFIA CONTEMPORÂNEA NO BRASIL

curadoria Vanda Klabin

13 ago – 18 out 2015

Alexandre Mury Arthur Scovino Berna Reale Gustavo Speridião Luiza Baldan Matheus Rocha Pitta Paulo Nazareth Raphael Couto Rodrigo Braga Yuri Firmeza 1


A CAIXA Cultural Rio de Janeiro traz para o público carioca a exposição “Novos talentos: fotografia contemporânea no Brasil”, uma coletânea da obra de dez consagrados artistas brasileiros. Com curadoria de Vanda Klabin e coordenação e idealização de Afonso Henrique Costa, a mostra apresenta visões fotográficas variadas, com linguagens e processos de criação únicos que se utilizam de momentos políticos, da mutabilidade da natureza e até do próprio corpo como experimento. Ao patrocinar esta exposição, a CAIXA reafirma seu papel institucional de estimular a disseminação de ideias e expandir o acesso do grande público à produção artística contemporânea. A CAIXA é uma das principais patrocinadoras da cultura brasileira e destina, anualmente, mais de R$ 60 milhões de seu orçamento para patrocínio a projetos culturais em espaços próprios e de terceiros, com ênfase em mostras cinematográficas, exposições de artes visuais, peças de teatro, espetáculos de dança, shows musicais, festivais de teatro e dança em todo o território nacional, e também em artesanato brasileiro. Os projetos são escolhidos por meio de seleção pública, uma opção da instituição para tornar mais democrática e acessível a participação de produtores e artistas de todas as unidades da federação, e mais transparente para a sociedade o investimento dos recursos da empresa em patrocínio. Caixa Econômica Federal

DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO – CIP (Alexandre Bastos Demétrio, CRB10/1519) F224i Farias, Agnaldo Iberê Camargo: século XXI / Agnaldo Farias, Icleia Borsa Cattani, Jacques Leenhardt. – Porto Alegre: Fundação Iberê Camargo, 2014. 416 p.: il. color. ISBN 978-85-89680-48-6 Catálogo em edição bilíngue: português, inglês. Tradução Nick Rands, Fernanda Veríssimo, Dan Gunn 1. Camargo, Iberê. 2. Farias, Agnaldo. 3. Cattani, Icleia Borsa. 4. Leenhardt, Jacques. I. Título. II. Arte Moderna. III. Arte Contemporânea. CDU 73/76 (81)

Nos termos da Portaria 3083, de 25.09.2013, do Ministério da Justiça, informamos o Alvará de Funcionamento da CAIXA Cultural RJ: nº 041667, de 31/03/2009, sem vencimento.

3




Na idealização dessa exposição, verifiquei que se houve uma vertente pela qual a arte contemporânea se expandiu nos últimos anos, sem a menor dúvida, esta foi a foto-

UMA GERAÇÃO DE NOVOS TALENTOS

grafia. É notório, que muitos artistas passaram a também trabalhar com a fotografia como suporte. O mercado cresceu, diversas galerias se especializaram no assunto, leilões e feiras passaram a existir com esse foco exclusivo, e novos colecionadores começaram a brotar, dedicando seus acervos a esse contexto. Até então, eram poucos os colecionadores com dedicação total à fotografia. Hoje esse conceito mudou, e a fotografia está presente de forma vibrante na contempora-

AFONSO HENRIQUE COSTA

neidade do mercado. Dessa forma, estamos não só vendo surgir um número expressivo de artistas que passaram a se dedicar à fotografia contemporânea no Brasil, assim como de colecionadores que abraçaram esse suporte, antes segredo de muito poucos. Dentro deste contexto, idealizamos essa exposição, que reúne dez dos mais relevantes nomes existentes na nossa contemporaneidade. Daí o título “Novos Talentos”, que não só inclui artistas que já tem um percurso determinado, com exposições e premiações significativas; como aponta outros novos nomes, ainda menos reconhecidos, que representam um frescor eivado de renovação, reflexo desse ambiente artístico experimental no qual vivemos. Todos eles, contudo, formam uma geração onde são exemplos do nosso tempo, trazendo uma busca na questão da fotografia experimental diversificada. Afinal, são pelas vertentes de suas obras, que a expressividade brasileira daqueles que escolheram a fotografia como meio artístico revela-se, diante da imensidão da produção, impossível de ser totalmente analisada e resgatada. Na abrangência de um tema tão diversificado, diante desse novo panorama, procuramos buscar a proposição da fotografia como meio de expressão, ou seja, a fotografia compreendida enquanto linguagem. Mesmo porque até então, a fotografia brasileira se encontrava atrelada à sua função documental da realidade nacional, onde a experimentação raramente aflorava, apesar do compromisso social indiscutivelmente presente e relevante. No panorama da fotografia contemporânea brasileira, essa “nova geração”, aqui representada pelos talentos dos dez artistas apresentados – Alexandre Mury, Arthur Scovino, Berna Reale, Gustavo Speridião, Luiza Baldan, Matheus Rocha Pitta, Paulo Afonso Henrique Costa atua como produtor, curador, marchand e consultor no mercado de arte, tendo sido associado a diversas galerias, com as quais realizou antológicas exposições. Participou e ainda é integra a diretoria e o conselho de diversos museus e instituições culturais. Foi responsável pela formação de importantes coleções, entre as quais a Coleção João Sattamini, em comodato no MAC/Niteróri, na qual desenvolveu, sobretudo, seu fabuloso núcleo concreto. Produziu inúmeras exposições no Brasil e no exterior, e foi responsável pelo lançamento de diversos renomados artistas. Nasceu e reside no Rio de Janeiro.

8

Nazareth, Raphael Couto, Rodrigo Braga e Yuri Firmeza - traz o vigor dessa nova fotografia de forma definitiva, cada um dentro de sua questão, e a partir de suas propostas, na contextualização dos rumos da contemporaneidade, apontada pelos valores de suas próprias identidades. Tal diversidade de caminhos, seja pelo viés político, social, estético, construtivo, visceral, performático, ambiental e corpóreo, entre tantos outros; cada qual a seu modo, delineiam e pontuam essa dita ‘nova identidade’, que norteia e reflete os rumos da fotografia no país. Agradeço a Vanda Klabin seu entusiasmo em aceitar a empreitada desta curadoria, e a generosidade de partilhar comigo a seleção dos trabalhos apresentados. E ainda aos dez artistas, que nos apoiaram de forma total e definitiva, tornando possível a realização desse nosso projeto.

9


OUTRAS ESFERAS DO OLHAR VANDA KLABIN

Vanda Klabin, historiadora de arte, é responsável pela curadoria de diversas exposições de arte e autora de artigos e ensaios sobre arte contemporânea. É formada em Ciências Políticas e Sociais pela PUC-Rio e em História da Arte e Arquitetura pela UFRJ. Fez pós-graduação em História da Arte e Arquitetura no Brasil na PUC-Rio. Nasceu, vive e trabalha no Rio de Janeiro. 11


Fotografia é um meio de questionar o mundo e,

Estão presentes os artistas: Alexandre Mury, Arthur Scovino, Berna Reale, Gustavo

ao mesmo tempo, de questionar a si mesmo.

Speridião, Luiza Baldan, Matheus Rocha Pitta, Paulo Nazareth, Raphael Couto,

HENRI CARTIER-BRESSON

Rodrigo Braga e Yuri Firmeza. Nesse diálogo particular, guardam fortes oposições, questionam o mundo real, exibem o mundo em fraturas sem esquemas redentores. O modo de olhar é também uma forma de ação, entra na nossa corrente sanguínea e parece gerar uma grande interrogação para tudo, uma espécie de enervação perceptiva. Pela constelação de sentidos que exploram e pelo turbulento potencial poético

A exposição “Novos talentos: fotografia contemporânea no Brasil” apresenta cinquenta

que deflagram, as obras parecem reafirmar a declaração de Francis Bacon a respeito

trabalhos recentes de dez artistas brasileiros, já com forte evidência no cenário artístico

das fotografias de Muybridge: “muitas vezes, as fotografias são detonadoras de ideias”.

nacional, e que conjugam a articulação da fotografia contemporânea com linguagens e processos de criação experimentais. Cada um tem sua localização singular na trama cultural contemporânea, cada um pontua as suas diferenças e descontinuidades na tensão da convivência e na plasticidade iconográfica do conturbado território do real. O conjunto de artistas aqui apresentados formulou o seu vocabulário na visuali-

BERNA REALE

Suas obras são verdadeiros manifestos visuais, nos quais a tensão do real reverbera

dade contemporânea, porém mantendo certa alquimia de contrastes. Esses artistas

nas suas imagens, que trazem uma aspereza e uma relação conflituosa com o mundo.

repensam, rediscutem e reinventam a extraordinária tradição fotográfica por meio de

Nada parece estar à vontade. Sem meias verdades, tudo nos prende em uma rede de

um pensamento plástico contemporâneo. Atuam através da fotografia como um ter-

inquietações, provoca a nossa saída de um estado de inércia para uma ação estética.

ritório expandido, um universo contaminado por imagens híbridas e outros suportes

Na acentuação do seu discurso político, Berna interrompe a continuidade aparente-

e vêm, ao longo dos últimos anos, consolidando uma crescente e sólida trajetória em

mente pacífica do real, cria redutos de interrogação e, na sua intensidade, ruma para

circuitos públicos, com diversas exposições em galerias e instituições culturais, par-

as periferias da nossa existência em uma espécie de crescendo que atinge o seu clí-

ticipações em bienais e premiações.

max no olhar do espectador. A artista declarou: Eu tenho trabalhos voltados para as

Essas múltiplas visões fotográficas, esses diversos olhares em movimento nas for-

questões da violência e sinto que ela se intensificou desde que me tornei perita criminal.

mas mais plurais, com suas modulações de luz, seja nos momentos políticos conden-

O que mais me incomoda é a violência. O que me incomoda muito é a questão do ser

sados ou nas mutabilidades incessantes da natureza, acabam por revelar uma tensão

humano não se ver no outro, se desconhecer no outro e o que me assusta é a violência se

entre o visível e o invisível, uma surpreendente vitalidade da linguagem fotográfica.

tornar íntima. A série Rosa púrpura lida com questões da violência contra a mulher e

Entender a fotografia nas suas formas e nos seus diferenciados discursos é um exercí-

teve a participação da artista e de 50 jovens de Belém, no norte do Brasil.

cio extremamente complexo. Esta mostra não terá exatamente uma pauta temática, mas diversos dispositivos de linguagem que agenciam os diferenciados conteúdos da produção artística de cada um dos representados, com estética própria e, ao mesmo tempo, quer provocar novas questões e conferir as suas dimensões significantes na experiência da cultura.

Investiga o tecido social pelas imagens centradas em uma vertente política que plasmam um ativismo social e servem como importante fonte de documentação social aliada a um intrínseco valor poético. Speridião nos reensina a ver o mundo, a senti-

A poética desses artistas e o universo de cada um são uma reafirmação constante

-lo como uma cena móvel e traiçoeira, exprime uma grave indagação existencial que

dos valores estéticos contemporâneos, beneficiada pelo caráter aberto e prospectivo

encontra seu abrigo nas crises internas da esfera política, nas florações incômodas e

de suas investigações, que contam com um repertório de tratamentos novos e ricos de

inoportunas que interrogam a brutalidade dos processos históricos. Sua gramática

superfície por meio de técnicas mistas, aumentando a latitude das imagens. Segundo

visual é formulada por manifestações e atritos ocorridos no tecido urbano do México

o filósofo Maurice Merleau-Ponty, no seu livro A prosa do mundo, “não se olha a ima-

e do Rio que fazem parte da série intitulada Movimento – Ayotzinapa vive!

gem como se olha um objeto. Olha-se segundo a imagem”.

12

GUSTAVO SPERIDIÃO

Speridião argumenta: “comecei a ter sentimentos de querer mudar o mundo e pro-

As obras apresentadas servem como interessante panorama de visualização da

curo imagens que refletem o processo revolucionário mundial e outras que, não se

produção da fotografia contemporânea nacional. A ideia da curadoria é tirar parti-

ligando a esse processo pelo tema, estão profundamente tomadas e coloridas pela

do desse frescor em uma exposição que reúne as obras mais próximas do espírito

nova consciência”. Apesar do seu aspecto transitório, essas imagens registram, repre-

inquieto desses artistas, cada um na sua dimensão particular, sempre em incessante

sentam, documentam e fixam algo: experiências intensas, que almejam um âmbito

processo criativo. E, sobretudo, em uma escala pública, que só uma instituição cultu-

público e uma universalidade, aliadas a um intrínseco vigor estético e a uma visuali-

ral consegue alcançar.

dade inquietante.

13


LUIZA BALDAN

Aqui estão presentes as suas passagens por cidades como São Paulo e outras no Chile,

A série Notícias de América, resultante de suas longas peregrinações a pé e de carona pelo

contrapontos para os espaços solitários, onde a sensação de vazio aliada a um silêncio

continente americano onde imagens e acontecimentos se referem a diversas realidades

metafísico circula livremente nesses cenários ora intimistas ora urbanos, que indi-

sociais, com a finalidade de “expandir o seu conceito de pátria”. O artista argumenta que

cam um território ambíguo, de conteúdos reflexivos e de ressonâncias emocionais.

“deseja montar um quebra-cabeças de memórias que foram apagadas [...] a arte tem

Insinua etapas de uma existência transitória qualquer, um mundo cifrado por pre-

que ser viva, mexer, sacudir e virar as pessoas pelo avesso. A periferia é um outro centro”.

senças enigmáticas que poderiam estar presentes em áreas de sombras ou de penumbras. Ali parece inventar um território, ali pretende constituir uma extensão estética e espacial em uma dimensão mais ampla, verdadeiros contrapontos entre elementos

RODRIGO BRAGA

Utiliza a observação da natureza como parte constitutiva do seu universo simbólico

ativos e contemplativos, com alta voltagem poética. Nesse território de ambivalên-

e ali parece inventar outro território repleto de dissonâncias e de improvisações.

cias, está presente uma identidade nas incertezas e é nessas dissonâncias que transita

Seu trabalho explora temas que envolvem uma parceria complexa entre o homem e a

sua força artística. As cenas são atraídas por esse silêncio, por um tempo lógico que

natureza, materiais transfigurados que se referem a experimentos pessoais do artista,

parece se adensar e como a artista afirma, “através de suas fotografias, onde a cena

impregnados de uma carga psicológica ao incorporar a subjetividade no seu plano

fica suspensa e a acumulação do tempo cria um espaço que se contrai e se dilata, uma

visual, utilizar uma fusão de diferentes elementos, articular coisas que não existem,

capacidade de combinar outroras e agoras”.

como antessalas de algo ficcional. Suas fotos sugerem uma pluralidade de significados e se apresenta, às vezes, como um documento visual extremamente perturbador e aparentemente aberto a um terceiro sentido e passível de trazer uma nova porosidade

MATHEUS ROCHA PITTA

Articula uma imersão, uma subversão das normas instituídas, nos interroga diante dos

para a nossa percepção. Seus trabalhos têm desdobramentos nos diferentes locais que

rumos das políticas artísticas e sociais que refuta ou defende. Traz a sua indignação dian-

escolhe para as suas andanças livres e trazem um fraseado particular ao recriar os

te de um mundo desigual de forma contundente e uma ótica de mundo dilatada e vol-

materiais pela sua interpretação através de formas de representações híbridas, como

tada para situação universal do homem. Revela uma consciência cindida, mas afinada

a obra realizada no arquipélago de Anavilhanas, no rio Negro, na qual os urubus da

com o mundo em suas fraturas e não como o lugar dos sonhos. Expressão e significação

região são atraídos por peixes pendurados em uma árvore.

tendem a coincidir ao anunciar a natureza tensa de sua obra que se vê amalgamada nas contradições da trágica decomposição da vida. As indagações de origem política são aqui formuladas e nas suas fotografias alojam-se os temas de violência. Na série Brasil, une e

YURI FIRMEZA

Na série intitulada Ruínas, o artista conjuga suas investigações fotográficas alinhadas

confronta as fatias de carnes vermelhas em um processo mimético com as areias escal-

com as fronteiras sociopolíticas. Os acordes de seu campo de ação trazem à tona as

dantes de Brasília, em referência ao Brasil como brasas que cozinham as carnes, em um

assimetrias do mundo ao teatralizar a natureza e o espaço em torno pelo fato de focar

universo desarticulado, excisões de uma estética em busca de politização. Provocantes,

as paredes espessas de um patrimônio despedaçado e de registar também a decom-

perturbadoras, repletas de substância pictórica, suas obras trazem a violência, o desen-

posição de um tempo suspenso. Yuri coloca um passado próximo para fazer aflorar

canto, a condição da miséria humana para a superfície da fotografia, na qual também

uma obra que mistura cenas exteriores investidas de algumas fraturas do instante

estão presentes os sinais indicativos de uma tensão muscular, plena de efusões cromáti-

presente. Registra as paisagens de ruínas arquitetônicas dos palacetes da cidade his-

cas e um intrínseco valor poético. As imagens nos invadem como agentes de sua drama-

tórica de Alcântara, primeira capital do Maranhão no século XVIII, que foram cons-

ticidade, disseminadoras de uma desordem no mundo. O artista indaga: “como as coisas

truídos pelos barões de Mearim e Pindaré no século XIX, na esperança de hospedar

significam no mundo? ou seja, na cultura? Queremos mudar isso. Quando fazemos arte,

D. Pedro II. Essas ruínas coloniais convivem curiosamente com as plataformas de

queremos suspender como as coisas significam no mundo, na cultura. A cultura vem

lançamento de foguetes do centro espacial ali instalado pela Força Aérea Brasileira,

sempre para domesticar a arte. Qualquer bomba que explode no mundo é uma bomba da cultura, isso não está excluído da cultura”.

em 1990. Está presente aqui um emaranhado temporal, não linear, não cronológico. “É um lugar do curto-circuito dos tempos verbais, foi no futuro, será no passado”. O sentido duplo de gênese e fundação, de regresso a uma ordem anterior, estabelece uma fadiga da história e ao mesmo tempo congela e imobiliza a passagem do tem-

PAULO NAZARETH

14

Amplia as claves que marcam as diversas linhas de investigação fotográfica; questiona

po. Essas fotografias trazem novas formulações plásticas evocativas, memorialistas,

e propõe uma nova construção visual do mundo e sua representação. A órbita poética

criando uma espécie de interlúdio lírico com a natureza. E deixa o espectador encon-

de seu trabalho transita sobre a problemática tarefa incerta de construção do mundo,

trar suas possíveis referências nesse mundo que parece fenecer. Ruínas consiste em

como um ciclo permanente de ida/retorno construído a partir de fragmentos díspares.

pensar criticamente a lógica de crescimento das metrópoles, e como o artista afirma,

Enigmas existenciais que apontam uma consciência de viver em regimes ambíguos,

“na ruína, a matéria é memória. Blocos maciços de pedra que, como totens, sintetizam

permeados de momentos de adesão e corrosão, um repositório de vivências periféri-

e emanam histórias, multitemporalidades. Presente, passado e futuro participam de

cas, enfim, um inventário de desagregações, uma interpenetração entre arte e vida.

outro fluxo temporal que escapa o encadeamento linear de seus acontecimentos”.

15


Os artistas Alexandre Mury, Arthur Scovino e Raphael Couto se contrapõem ao mundo

ARTHUR SCOVINO

O seu pensar artístico traz uma espécie de tonalidade experiencial e atua como um

a partir do próprio corpo, onde as suas práticas artísticas acontecem. Suas fotografias

conjunto visual que configura diferentes áreas estéticas. Scovino mergulha em um ter-

mergulham em territórios ambíguos, pois lidam com o campo da performance, tes-

ritório ambíguo, uma imersão quase litúrgica, como uma oferenda, um ato religioso

tando os limites do corpo em diversas situações estéticas. Apresentam aqui uma con-

que mescla erotismo, rituais e incorporação de mitologias como um meio de conheci-

dição plural de Eus através de uma clave sensorial, apropriam-se de si mesmos, trazem

mento e como uma forma de estar no mundo. Busca um olhar interativo com o espec-

as suas presenças em cena como uma celebração móvel para o registro fotográfico.

tador e ativa uma pulsão pelo caráter híbrido de seu trabalho pois é uma forma de

O artista/protagonista é também o agente de sua acessibilidade corporal. Devassa a

atuação estética vinculada ao campo da performance.

própria intimidade, desloca continuamente a sua identidade, ativa uma pulsão senso-

As fotos da sequência aqui apresentada são como uma estética em repouso, pare-

rial que vai engajar outros sentidos que irão ressignificar e contaminar o nosso olhar.

cem estar numa inesperada serenidade, como se estivessem ali, paralisando a mobili-

No comportamento corpóreo, segundo a historiadora Christine Greiner, “o corpo

dade do mundo. Inertes, estáticas, inanimadas, talvez pressentindo alguma mudança.

do artista é um desestabilizador de certezas, pois o corpo muda de estado cada vez

O olhar fica imerso nesse vácuo, nessa espécie de vazio contido. Evocam um silêncio

que percebe o mundo”. Esse modo de reativar a presença e a consolidação do corpo

e uma oscilação como se quisessem reagir, adquirir uma súbita musculatura e afir-

como elemento constitutivo da imagem a ser capturada, dilata e expande o seu pro-

mar a sua realidade física. O artista esclarece a respeito dessa série Nhanderudson

cesso artístico através de um jogo rítmico e de inquietos contrapontos visuais e aponta

– num ponto equidistante entre o Atlântico e o Pacífico, frase da música “Um índio” de

para um espaço de colisão entre arte e vida. Como afirmou Gregory Battock, “Antes do

Caetano que inspirou esse projeto: O que permeia minha pesquisa é o Centro Geodésico

homem estar consciente da arte, ele tornou-se ciente de si mesmo. Autoconsciência é,

da América do Sul. Escolhi uma imagem central que representa o ritual do Caboclo

portanto, a primeira arte. Em performance a figura do artista é o instrumento da arte.

meio-dia bem no marco desse Ponto, na Chapada dos Guimarães, MT. Um autorretrato.

É a própria arte”.

Esse ponto marca 1.600 km equidistante entre os oceanos Atlântico e Pacífico. As outras imagens falam de rituais para a água. Água doce responsável pela vida na América do Sul. Rios que desaguam nos dois oceanos e o ciclo das chuvas. Como se fosse possível prever o que o índio dirá, que terá sido o óbvio. A falta de chuva em SP e excesso de chuva na Bahia e a poluição e mudança dos rios.

ALEXANDRE MURY

O artista utiliza o seu corpo como eixo condutor para expor os quatro elementos naturais e contraditórios do cosmos – ar, água, fogo e terra – por meio de atmosferas cromáticas, quase como um processo de ascese, uma grande metáfora da ordem universal. O artista francês Yves Klein, que igualmente trabalha com a fisicalida-

16

RAPHAEL COUTO

Suas obras incorporam o corpo como receptáculo, com diferentes possibilidades através de fotografias, vídeos e performances como modos de reativar a sua presen-

de do corpo como moldura para realizar os seus trabalhos, também usou esses ele-

ça na experiência do próprio trabalho. É uma experiência física e não apenas ótica e

mentos da natureza para exprimir a sua força criativa. Nessas obras de Mury, está

tenta ressignificar sentidos a partir de um tipo de construção que é física, mas tam-

presente uma poética da turbulência, em que o seu corpo parece estar vulnerável,

bém simbólica. Parte de uma sensibilidade corporal e acrescenta uma reflexão sobre

num esgotamento de suas forças beirando o limiar do desaparecimento. Mury decla-

a linguagem plástica ao recuperar objetos banais à beira de um colapso, que anseiam

rou: O meu corpo performático não representa, mas se submete à experiência de con-

por consonâncias através de um expressivo processo de acumulação, invadem a sua

tato com elementos diversos. Esse meu gesto não é um ritual... mas um enfrentamento

boca ou a sua pele, para resgatar o sentimento do corpo, quase como uma necessida-

sensorial, testando limites do corpo... ao mesmo tempo em que enceno a harmonia, na

de canibal ou um apetite antropofágico, formando uma construção visual híbrida.

expressão do corpo, em situações extremamente desconfortáveis. Nessa sua experiência

Segundo o próprio artista: O gesto destrutivo se torna também gesto construtivo. Abrir

mística, espiritual, sensual, quase um êxtase subjetivo reunidos em única via, reflete

a pele, cortar, costurar, colar, rasgar a pele/página, folhear: as ações de metamorfose do

um caráter sagrado ao se autorretratar como animal, homem e vegetal integrados em

corpo se dão no detalhe, no fragmento, nos pequenos espaços do corpo. É no detalhe que

uma totalidade em Ossaim/Aroni, obra que desempenha uma função fundamental

se revelam essas brechas da imperfeição humana, que velocidade e lentidão oscilam,

no Candomblé, visto que sem folhas, sem a sua presença, nenhuma cerimônia pode

que se destrói e se desorganiza o corpo natural na busca desse corpo-outro, corpo-artista,

realizar, pois ele detém o axé que desperta o poder do sangue verde das folhas. Cada

eu-corpo.

orixá possui suas próprias folhas, mas só Ossanha ou Ossaim (Òsanyìn) conhece os seus

O artista tem urgência para trazer novos significados ao vincular em uma esfera

segredos, só ele sabe as palavras (ofó) que despertam o seu poder, a sua força. Enceno

comum o corpo como experimento escultórico e ações sobre esse suporte artístico

uma mitologia e uma provocação para refletir sobre os efeitos da relação do homem

que trazem uma dramaticidade no jogo de corte/costura na sua epiderme. Traz uma

com a natureza. Há um discurso político nas imagens que sugerem gênese e apocalipse,

grande interrogação entre o transitório e o permanente com esse constante jogo de

resiliência e resignação.

equilíbrio e de colisão de realidades distintas, quase um epifenômeno.

17


ALEXANDRE MURY

[São Fidélis, RJ, 1976] Artista por vocação, desde criança desenhou e pintou e aos 16 anos começou a fotografar. Em 1997, ingressa na Faculdade de Filosofia de Campos cursando Publicidade e Propaganda, que conclui em 2001. Lecionou em algumas faculdades entre 2003 e 2006, nos cursos de Comunicação Social e Design Gráfico. Atuou profissionalmente como diretor de arte em agências de publicidade de 2001 a 2010. Desde então, dedica-se exclusivamente ao trabalho de fotografia, participando de importantes coleções privadas, como as de Gilberto Chateaubriand e Joaquim Paiva, assim como do acervo de museus como o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio) e do Museu de Arte do Rio (MAR). É representado pela Galeria Athena Contemporânea no Rio de Janeiro, e pela Roberto Alban Galeria em Salvador. Vive e trabalha em São Fidélis, RJ.

1

Ossanha / Aroni, 2014 C-print | 100 x 66 cm

19


20

2

Ar, 2015 C-print | 66 x 100 cm

3

Ă gua, 2015 C-print | 66 x 100 cm

21


22

4

Fogo, 2015 C-print | 66 x 100 cm

5

Terra, 2015 C-print | 66 x 100 cm

23


ARTHUR SCOVINO

[São Gonçalo, RJ, 1980] Nascido na região metropolitana do Rio de Janeiro, mudou-se para Salvador, em 2008 para estudar na Escola de Belas-Artes da UFBA. Desde então, desenvolve suas pesquisas artísticas em torno do ambiente, da cultura e das relações afetivas e sociais na Bahia, sobretudo em Salvador. Trabalha com performance, instalação, fotografia, vídeo e desenho. Investiga estética e pensamento artísticos contemporâneos através de ações performáticas e relacionais. Participou de mostras de performances, exposições individuais e coletivas. Em 2013, recebeu o prêmio do Salão de Artes Visuais da Bahia (Teixeira de Freitas, BA) e em 2014 participou da 3ª Bienal da Bahia (Salvador) e da 31ª Bienal de São Paulo. Nos dois últimos anos foi indicado ao Prêmio Pipa. Atualmente investiga símbolos do imaginário religioso e da miscigenação brasileira. Vive e trabalha em Salvador, BA.

1

Nhanderudson – num ponto equidistante entre o Atlântico e o Pacífico III, 2015 pigmento mineral sobre papel de algodão 100 x 150 cm

25


2

26

Nhanderudson – num ponto equidistante entre o Atlântico e o Pacífico I, 2015 pigmento mineral sobre papel de algodão 100 x 70 cm

3

Nhanderudson – num ponto equidistante entre o Atlântico e o Pacífico II, 2015 pigmento mineral sobre papel de algodão 100 x 70 cm

27


4

28

Nhanderudson – num ponto equidistante entre o Atlântico e o Pacífico V, 2015 pigmento mineral sobre papel de algodão 100 x 70 cm

5

Nhanderudson – num ponto equidistante entre o Atlântico e o Pacífico IV, 2015 pigmento mineral sobre papel de algodão 100 x 70 cm

29


BERNA REALE

[Belém, PA, 1965] Realizadora de instalações e performances, estudou Arte na UFPA, em Belém, e participou de diversas exposições individuais e coletivas no Brasil e na Europa, como a Bienal de Cerveira (Portugal, 2005); Bienal de Fotografia de Liege (Bélgica, 2006); “Amazônia – ciclos da modernidade”, Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro (2012); “From the margin to the edge”, Somerset House, Londres (2012); “Boletim”, Galeria Millan, São Paulo (2013); “Vazio de nós”, Museu de Arte do Rio de Janeiro (2013); “Cães sem plumas”, Galeria Nara Roesler, Rio de Janeiro (2013); “Arquivo vivo”, Paço das Artes, São Paulo (2013); I Bienal de Fotografia Masp-Pirelli, São Paulo (2013). Foi vencedora do Pipa Online 2012 e depois finalista (2013) e indicada (2014) ao Prêmio Pipa; recebeu o grande prêmio do Salão Arte Pará (2009) e foi selecionada para o Rumos Visuais – Itaú Cultural (2012-2013). Este ano representou o Brasil na Bienal de Veneza. A violência tem sido, nos últimos anos, o seu grande foco de atenção. Ela se tornou perita criminal do Centro de Perícias Científicas do Estado do Pará e vivencia as mais diversas questões de delito e conflitos sociais. Suas performances são pensadas com o objetivo de criar um ruído provocador de reflexão. É representada pela Galeria Nara Roesler em São Paulo e no Rio de Janeiro.

1

Rosa púrpura #10, 2014 pigmento mineral sobre papel fotográfico Edição: 4/5 + 2 P. A. | 150 x 100 cm Cortesia: artista e Galeria Nara Roesler

31


2

32

Rosa púrpura #11, 2014 pigmento mineral sobre papel fotográfico Edição: 1/5 + 2 P. A. | 150 x 100 cm Cortesia: artista e Galeria Nara Roesler

3

Rosa púrpura #08, 2014 pigmento mineral sobre papel fotográfico Edição: 1/5 + 2 P. A. | 150 x 100 cm Cortesia: artista e Galeria Nara Roesler

33


34

4

Rosa púrpura #14, 2014 pigmento mineral sobre papel fotográfico Edição: 2/5 + 2 P. A. | 100 x 150 cm Cortesia: artista e Galeria Nara Roesler

5

Rosa púrpura #13, 2014 pigmento mineral sobre papel fotográfico Edição: 1/5 + 2 P. A. | 100 x 150 cm Cortesia: artista e Galeria Nara Roesler

35


GUSTAVO SPERIDIÃO

[Rio de Janeiro, RJ, 1978] É mestre em Linguagens Visuais pela Escola de Belas-Artes da UFRJ (2007). Vem traçando uma trajetória com participações em importantes exposições em museus e instituições internacionais, entre as quais se destacam o Festival Internacional de Cultura Contemporânea, com curadoria de Shinji e Masako Tago, em Kyoto, no Japão; no Museum of Art Park em Doha, no Qatar; “Imagine Brazil”, com curadoria de Gunnar B. Kvaran, Thierry Raspail e Hans Ulrich Obrist, Oslo, Noruega; Bienal de Lion, França; no Instituto Tomie Ohtake, São Paulo; e ainda com itinerância prevista para a Cidade das Artes, Rio de Janeiro; e DHC/ART, Montreal, Canadá. Em 2013 realiza “Geometrie. Montage. Equilibrage.”, individual de fotos e vídeos, com curadoria de Jean Luc Monterosso e Guilherme Bueno, na Maison Européenne de la Photographie, Paris. Integra importantes coleções particulares e públicas, entre as quais as do Museu Nacional de Belas-Artes, da Coleção Gilberto Chateaubriand / Museu de Arte Moderna, do Museu de Arte do Rio de Janeiro, todas no Rio de Janeiro; e do Museu de Arte Contemporânea de Niterói. Recebeu diversos prêmios em sua carreira e este ano foi novamente indicado ao Prêmio Pipa. É representado pela Galeria Anita Schwartz no Rio de Janeiro, pela Roberto Alban Galeria em Salvador, e pela Galeria Superfície em São Paulo. Vive e trabalha no Rio de Janeiro.

1

Rio de Janeiro [2013], da série Movimento, 2015 impressão fotográfica sobre papel de algodão 63 x 92 cm

37


38

2

Manifestação “Ayotzinapa vive” [20 de outubro de 2014] da série Movimento, 2015 impressão fotográfica sobre papel de algodão | 74 x 126 cm

3

Manifestação “Ayotzinapa vive” [20 de outubro de 2014] da série Movimento, 2015 impressão fotográfica sobre papel de algodão | 66 x 86 cm

39


40

4

Manifestação “Ayotzinapa vive” [20 de outubro de 2014] da série Movimento, 2015 impressão fotográfica sobre papel de algodão | 86 x 66 cm

5

Manifestação “Ayotzinapa vive” [20 de outubro de 2014] da série Movimento, 2015 impressão fotográfica sobre papel de algodão | 126 x 74 cm

41


LUIZA BALDAN

[Rio de Janeiro, RJ, 1980] É doutoranda e mestre em Linguagens Visuais pela UFRJ (Rio de Janeiro) e bacharel em Artes Visuais pela Florida International University (Miami). Entre suas exposições individuais destacam-se: “Build up”, MdM Gallery, Paris (2014); “Índice”, MAM, Rio de Janeiro (2013); “Corta luz”, Pivô, São Paulo (2013); “São casas”, Studio-X, Rio de Janeiro (2012); “Insulares e marginais”, Galeria Mercedes Viegas, Rio de Janeiro (2011); “Algumas séries”, MAC, Niterói (2011); Centro Universitário Maria Antonia, São Paulo (2010) e “Sobre umbrais e afins”, Plataforma Revólver, Lisboa (2010). Entre as coletivas estão: “Escavar o futuro”, Palácio das Artes, Belo Horizonte (2013); “Lugar nenhum”, Instituto Moreira Salles, Rio de Janeiro (2013); “Travessias 2: arte contemporânea na Maré”, Galpão Bela Maré, Rio de Janeiro (RJ, 2013); “Collecting collections and concepts”, Fábrica ASA, Guimarães (Portugal, 2012); “O lugar da linha”, Paço das Artes São Paulo e MAC Niterói (2010); “Nova arte nova”, CCBB Rio de Janeiro e São Paulo (2008-2009); “BAC!”, CCCB, Barcelona (Espanha, 2008). Dos prêmios destacam-se: Honra ao Mérito Arte e Patrimônio – Iphan e Bolsa Funarte de Estímulo às Artes Visuais (2013); Rumos Artes Visuais 2011-2013, Itaú Cultural e seleção para a residência no CRAC Valparaíso Chile (2012); XI Prêmio Marc Ferrez de Fotografia da Funarte (2010); prêmios aquisição no 37º Salão de Arte Contemporânea de Santo André, SP, (2009) e na 1ª Mostra de Fotografia CCSP (2008); destaque na revista digital da Fundação Iberê Camargo (2007), e o Brown & Marion Whatley Scholarship (Miami, 2002). Publicou o livro São Casas em 2012. É representada pela Anita Schwartz Galeria de Arte no Rio de Janeiro, RJ. Vive e trabalha no Rio de Janeiro.

1

Sem título, da série Corta Luz, 2013 impressão em jato de tinta em papel de algodão 80 x 120 cm

43


44

2

Sem título, da série Corta Luz, 2013 impressão em jato de tinta em papel de algodão 80 x 120 cm

3

Sem título, da série Leituras de um lugar valioso, 2014 impressão em jato de tinta em papel de algodão 110 x 140 cm

45


4 -5

46

Sem título, da série Leituras de um lugar valioso, 2012 impressão em jato de tinta em papel de algodão 110 x 140 cm

47


MATHEUS ROCHA PITTA

[Tiradentes, MG, 1980] Em curto período e por meio de projetos diversos, sedimentou interesses e estratégias que permitem identificar, em uma obra que se adensa a cada novo trabalho, enunciado crítico sobre os mecanismos de troca que regem a vida comum. Move o artista, em particular, a vontade de explorar e expor a mercadoria – coisa qualquer que o trabalho humano produz e pela qual existe inequívoco desejo de posse – como índice de paradoxos que tais intercâmbios encerram ou engendram. Sem apelar para enunciados discursivos de disciplinas que tomam a mercadoria como objeto de investigação frequente (economia, filosofia, política), articula objetos e imagens que inventa para gerar conhecimento que não cabe naqueles campos de estudo. Em 2011 o artista participou da coletiva “Rendez vous”, no Institut d’Art Contemporain de Lyon e realizou a individual “Provisional heritage”, na Sprovieri Gallery, Londres; em 2012, fez individuais no Paço Imperial, Rio de Janeiro e Fondazione Volume!, Roma. Foi o vencedor do I Prêmio Itamaraty de Arte Contemporânea. É representado pela Galeria Athena Contemporânea, Rio de Janeiro, e pela Sprovieri Gallery, Londres. Vive e trabalha no Rio de Janeiro.

1

Brasil #3, 2013 ilfochrome print | 50 x 50 cm Cortesia: artista e Galeria Mendes Wood DM, São Paulo

49


2

50

Brasil #2, 2013 ilfochrome print | 50 x 50 cm Cortesia: artista e Galeria Mendes Wood DM, SĂŁo Paulo

3

Brasil #4, 2013 ilfochrome print | 50 x 50 cm Cortesia: artista e Galeria Mendes Wood DM, SĂŁo Paulo

51


4

52

Brasil #5, 2013 ilfochrome print | 50 x 50 cm Cortesia: artista e Galeria Mendes Wood DM, SĂŁo Paulo

5

Brasil #6, 2013 ilfochrome print | 50 x 50 cm Cortesia: artista e Galeria Mendes Wood DM, SĂŁo Paulo

53


PAULO NAZARETH

[Governador Valadares, MG, 1977] Seu trabalho se confunde com a sua experiência de vida. A multiplicidade de linguagens e discursos empregados em suas fotografias, vídeos, instalações ou performances denotam seu engajamento não apenas no debate de questões raciais, étnicas e sociais, mas também no esforço narrativo desses temas. Parte de seu próprio corpo e da identidade social associada historicamente a sua existência como mestiço de brancos, negros e indígenas para encaminhar essas narrativas, contar histórias e levantar causas que são esquecidas ou deliberadamente negligenciadas. Participou de numerosas exposições coletivas, incluindo: “Here there” (Huna Hunak), QM Gallery Al Riwaq, Doha, Catar; “All the world’s futures”, 56 Biennale di Venezia (2015); “The Encyclopedic Palace”, 55 Biennale di Venezia (2013); “Museum as Hub: Walking Drifting Dragging”, New Museum, Nova York (2013); “Imagine Brazil”, Astrup Fearnley Museet, Oslo, Noruega (2013); Entre-temps... Brusquement, et ensuite, 12e Biennale de Lion, França (2013); Bienal de Montevideo, Uruguai (2013); Bienal de Benin, Cotonou, Benin (2012-2013); “Il va se passer quelque chose”, Maison de l’Amérique Latine, Paris (2012). Suas mostras individuais recentes incluem: “Genocide in Americas”, Meyer Riegger, Berlim (2015); “Che Cherera”, Mendes Wood DM, São Paulo (2014); “Banderas rotas”, Galleria Franco Noero, Turim, Itália (2014); ”The Journal”, Institute for Contemporary Arts, Londres (2014); Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, São Paulo (2012-2013), no Museu de Arte da Pampulha, Belo Horizonte (2007) e no Centro Cultural São Paulo, São Paulo (2009). É representado pela galeria Mendes Wood DM, São Paulo.

1

Sem título, da série Notícias de América, 2011 impressão fotográfica sobre papel de algodão Edição: 1/5 + 2 P. A. | 75 x 100 cm Cortesia: artista e Galeria Mendes Wood DM, São Paulo

55


2

56

Sem título, da série Notícias de América, 2011 impressão fotográfica sobre papel de algodão Edição: 1/5 + 2 P. A. | 75 x 100 cm Cortesia: artista e Galeria Mendes Wood DM, São Paulo

3

Sem título, da série Notícias de América, 2011 impressão fotográfica sobre papel de algodão Edição: 3/5 + 2 P. A. | 75 x 100 cm Cortesia: artista e Galeria Mendes Wood DM, São Paulo

57


4

58

Sem título, da série Composição com sofás, 2012 impressão fotográfica sobre papel de algodão Edição: 2 P. A. | 75 x 100 cm Cortesia: artista e Galeria Mendes Wood DM, São Paulo

5

Sem título, da série Composição com sofás, 2012 impressão fotográfica sobre papel de algodão Edição: 1 P. A. | 75 x 100 cm Cortesia: artista e Galeria Mendes Wood DM, São Paulo

59


RAPHAEL COUTO

[São Gonçalo, RJ, 1983] É mestre em Estudos Contemporâneos das Artes pela Universidade Federal Fluminense e professor do Colégio Pedro II. Participa de exposições e festivais de performance no Brasil e no exterior desde 2004. Tem trabalhos em diversas coleções privadas, destacando-se as coleções Joaquim Paiva e Gilberto Chateaubriand (ambas em comodato no MAM/RJ). É representado pela Mercedes Viegas Arte Contemporânea no Rio de Janeiro. Vive e trabalha entre São Gonçalo e Rio de Janeiro.

1

Estudo para desenho geométrico #01, 2015 C-print | 66 x 100 cm

61


2

62

Véu, 2015 C-print | 100 x 66 cm

3

Buquê #07, 2014 C-print | 100 x 66 cm

63


4

64

Buquê #09, 2015 C-print | 100 x 66 cm

5

Buquê #08, 2015 C-print | 100 x 66 cm

65


RODRIGO BRAGA

[Manaus, AM, 1976] Nascido em Manaus, logo se mudou para Recife, onde se graduou em Artes Plásticas pela UFPE (2002). Expõe com regularidade desde 1999, e em 2012 participou da 30ª Bienal Internacional de São Paulo. Recebeu Prêmio Marcantonio Vilaça – Funarte/ MinC (2009); o Prêmio Marc Ferrez de Fotografia (2010), o Prêmio Pipa/MAM-RJ Voto Popular (2012) e o Prêmio MASP Talento Emergente (2013). Tem obras em acervos particulares e institucionais no Brasil e no exterior, como MAM-SP, MAM-RJ e Maison Européene de La Photographie, Paris. Este ano, apresentou a instalação Tombo, na Casa França-Brasil, Rio de Janeiro. É representado pela Amparo Sessenta Galeria, em Recife, e pela Galeria Vermelho, em São Paulo. Atualmente vive no Rio de Janeiro.

1

Campo de espera, 2011 impressão em jato de tinta em papel de algodão 80 x 120 cm

67


68

2

Arbusto azul, 2013 impress達o em jato de tinta em papel de algod達o 80 x 120 cm

3

Sentinela do rio, 2010 impress達o em jato de tinta em papel de algod達o 80 x 80 cm

69


70

4

Evento biogeoquímica, 2014 impressão em jato de tinta em papel de algodão 100 x 150 cm

5

llha-mar, 2013 impressão em jato de tinta em papel de algodão 80 x 120 cm

71


YURI FIRMEZA

[São Paulo, SP, 1982] Mestre em Poéticas Visuais pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo/ECA-USP (2008), graduou-se em Artes Visuais pela Faculdade Integrada da Grande Fortaleza (2005). Tem participado de importantes exposições em diversos espaços públicos e privados, e possui obras em vários museus e relevantes coleções particulares. É representado pela Galeria Athena Contemporânea no Rio de Janeiro e pela Casa Triângulo, em São Paulo. Vive e trabalha entre São Paulo e Fortaleza.

1

Ruína #4, 2014 impressão em jato de tinta sobre papel de algodão | 80 x 120 cm

73


74

2

Ruína #3, 2014 impressão em jato de tinta sobre papel de algodão | 80 x 120 cm

3

Ruína #7, 2014 impressão em jato de tinta sobre papel de algodão | 80 x 120 cm

75


76

4

Ruína #1, 2014 impressão em jato de tinta sobre papel de algodão | 50 x 75 cm

5

Ruína #2, 2014 impressão em jato de tinta sobre papel de algodão | 50 x 75 cm

77



ENGLISH VERSION

CAIXA ECONÔMICA FEDERAL CAIXA Cultural Rio de Janeiro brings the exhibit “Brazilian Contemporary Photography: New Talents” to the audience of Rio de Janeiro, featuring a collection of the works of ten celebrated artists in Brazil. Curated by Vanda Klabin, and coordinated and conceived by Afonso Henrique Costa, the show displays heterogeneous views on photography, proposing unique languages and creation processes that address political moments, the changeability of nature, and even the very body as an experimental site, to name a few of their motifs. By sponsoring this exhibit, CAIXA underlines its institutional role of furthering the dissemination of ideas and expanding the access of larger audiences to the contemporary artistic produce. CAIXA is one of the main supporters of the Brazilian culture, annually disbursing more than BRL 60 million out of its budget to sponsor cultural projects in own and third party establishments, chiefly cross-country movie screenings, visual arts exhibits, plays, dance shows, musical concerts, theater and dance festivals, as well as the Brazilian arts and crafts. Projects are chosen through public selection, an institution’s resort to allow a more far-flung and democratic access for producers and artists from all federation units, and for the society at large to more clearly understand how funds are invested by means of sponsorship.

A GENERATION OF NEW TALENTS Afonso Henrique Costa In the conception of this exhibit, I realized that, if actually there has been a line of development for the contemporary art over the last few years, it most certainly was that of photography. It is noteworthy that many artists also started working with photography as a support. The market has grown, several art galleries have been specializing in this niche, auctions and fairs have started working exclusively with it, and new collectors emerged, dedicating their collections to art photography. Until then, few were the collectors who fully dedicated to photography. Nowadays, this perception has changed, and photography has a vibrant performance in the contemporary market. In this sense, we are witnessing not only an expressive number of artists who have recently committed to contemporary photography in Brazil, but also collectors who embraced such support, which once was a secret shared by only few. Our intention was, then, to set this exhibit in this context, by featuring ten of the most relevant representatives of the Brazilian contemporary photography. This is the reason for the title “Brazilian Contemporary Photography: New Talents” given to this show, which includes not only artists who have already followed a certain path, achieving significant exhibits and awards, but also points to other new names, even less recognized, which bring on a feeling of renewal that truly reflects the experimental environment in which we live.

Besides this, all these artists belong to a generation that holds them as an example of our time, because they imply the search for a diversified experimental photography. After all, it is through the lines of development represented by their works that the expressiveness of those who resorted to photography as an artistic media is revealed, given the vastness of the Brazilian production, which is impossible to be fully reviewed and rescued. Owing to the reach of such broad subject, and given the panorama exposed above, we are engaged in the search for a proposition of photography as a means of expression, i.e., as a language. Even because, up to this point, the Brazilian photography have stuck to its role of documenting the national reality, in which experimenting rarely emerged, in spite of the social commitment, undeniably present and relevant. In the Brazilian contemporary photography scenario, such “new generation,” here represented by the ten talented artists featured — Alexandre Mury, Arthur Scovino, Berna Reale, Gustavo Speridião, Luiza Baldan, Matheus Rocha Pitta, Paulo Nazareth, Raphael Couto, Rodrigo Braga and Yuri Firmeza, showcases the vivacity of the new photography in a definitive way, each adding a unique approach, and, by way of their own proposals, helping us contextualize the trends of contemporaneity, pointed out by the values of their identities. Such diversity of paths, through their political, social, aesthetic, constructive, visceral, performative, environmental or corporeal bias, to name a few, each in its own way, outlines and punctuates the so-called “new identity,” which governs and reflects the directions of photography in Brazil. I would like to thank Vanda Klabin, who enthusiastically accepted the enterprise of curating this photography show, and generously shared with me the task of selecting the works now exhibited; as well as the ten artists, who supported us in a full and definite fashion, thus making our project possible.

Afonso Henrique Costa works as a producer, curator, art dealer and consultant in the art market, and has already been associated with several galleries, organizing remarkable exhibitions. Along his career, he participated and still is an Executive Officer and member of the Boards Directors of several museums and cultural institutions. Costa was resposible for the compilations of important collections, including João Sattamini Collection, loaned for use by MAC (Museum of Contemporary Art, in the city of Niterói, State of Rio de Janeiro), chiefly spearheading the organization of its fabulous concrete art collection. He produced a number of exhibitions in Brazil and overseas, lauching several renowned artists. He was born and resides in Rio de Janeiro.

81


OTHER VISIONARY DOMAINS Vanda Klabin Photography is a way of questioning the world and, meanwhile, questioning yourself. HENRI CARTIER-BRESSON

The exhibit “Brazilian Contemporary Photography: New Talents” features fifty works recently developed by ten Brazilian artists who, revered in the current arts scene, conjoin contemporary photography, experimental languages and creation processes. Each of these artists claims his unique place in the fabric of the contemporary culture, vindicating his differences and disruptions in view of the clash between living in the same time, but experiencing the iconographic pliability of a hectic reality. Altogether, they engender a vocabulary out of the current visual imagery, although a certain alchemy of contrasts is still ensured. These artists review, retrace and reinvent an extraordinary photographic tradition via the contemporary thought of plastic arts. They move around photography as an expanded territory, a universe suffused with hybrid images and other supports. Over the last few years, they have been cementing a growing and robust career in the public circuits, gathering a wide array of shows in art galleries and cultural centers, art biennales and awards. These multiple photographic views resort to the most dissimilar forms, and modulate individual shades of light, which are shed either on political moments, or on the incessant changes of nature. They end up revealing a friction between the visible and the invisible, and the astonishing vivaciousness of the photographic language. Understanding photography in its shapes and dissimilar discourses is an industrious task. This show will not have one definite thematic objective, but rather several language devices that give utterance to the peculiar contents of each artistic produce and aesthetics, meanwhile bringing up new questions, bestowed with dimensions of meanings connected the experience of culture. The poetic substance and universes of such artists purport constant reassurances of aesthetic, contemporary values, on account of the open and tentative nature of their etudes, which build up a repertoire of newfangled and rich surface treatments by means of mixed techniques, warranting the images a fair amount of latitude. According to the philosopher Maurice Merleau-Ponty, in his book The prose of the world, “image should not to be looked as an object. It should be looked as an image.” The works here assembled allow visualizing a relevant setting of the domestic contemporary photography. The curatorship’s intent is to benefit from the freshness of an exhibit that gathers the works which are closest to the unsettled spirit of these artists, each with his particular dimension, out of an unremitting creative reservoir; and, even further, reach a vast public, something that only a cultural institution would allow. These are the artists: Alexandre Mury, Arthur Scovino, Berna Reale, Gustavo Speridião, Luiza Baldan, Matheus Rocha Pitta, Paulo Nazareth, Raphael Couto, Rodrigo

82

Braga and Yuri Firmeza. By way of this singular dialog, they punctuate vehement discords, question the real world, and display its fractures bereft of any redeeming filters. The way of looking may also be a form of action; it passes through our bloodstream and puts everything at stake, in a sort of perceptive innervation. Across the constellation of senses explored and their underlying throbbing poetic prowess, these works seem to reaffirm the statement of Francis Bacon about the photos of Muybridge: “they’re often triggers of ideas.” BERNA REALE  Reale’s pieces truly are visual manifestos whereby the tautness of reality reverberates on the images, which convey rawness and entail a contentious relationship with the world. Nothing seems to be at ease. Without half-truths, everything cobwebs us in disquiet, pulls the viewer out of inertia into an aesthetic exercise. By underlining its political discourse, Reale disrupts the apparent seamlessness of reality, contrives loci for interrogation and, in her intensity, heads for the corners of our existence in a crescendo that reaches its climax on the onlooker’s view. The artist averred: I have works that address violence-related issues and I feel that violence has been intensifying since I became a forensic criminologist. Violence is what bothers me the most. A human being that cannot put himself in the other’s shoes, fails to recognize himself in the other, is something that bothers me very much; and frightens me the fact that violence has become intimate. The series Purple Rose touches on the issue of violence against women and counts on the participation of the own artist and 50 youngsters from the city of Belém, in the Brazilian Northern State of Pará. GUSTAVO SPERIDIÃO  Speridião probes the fabric of soci-

ety through images that frame sociopolitical activism, assembling a relevant social documentation, in concert with an intrinsic poetic value. Through his work, he reeducates our vision of the world, so as we may feel it as mutable as quicksand, meanwhile expresses a profound existential question that rests with the domestic political crises, and the obnoxious efflorescences that scrutinize the crudeness of historical processes. His visual grammar is made up of protests and clashes that took place amid the urban fabric of Mexico and Rio, and are featured in the series entitled Movement – Ayotzinapa lives! Speridião argues: “I felt like changing the world, so I engaged in looking for images that mirror the world’s revolutionary process, as well as other images which, not connected to this issue per se, are deeply moved and have the colors of the new consciousness.” Despite their transient status, such images register, epitomize, document and state something: intense experiences, which crave a public and universal place, in connection with an intrinsic aesthetic prowess and a disturbing imagery. LUIZA BALDAN  Baldan’s works convey the artist’s sojourn in the city of São Paulo, along with other cities in Chile, which stand as counterpoises to the lonely spaces where the feeling of emptiness — and the metaphysical silence ensued — freely wanders around sceneries of intimacy and urbanity,

hinting at an ambiguous territory of reflective contents and emotional resonance. In her works, the stages of a transitory existence are somehow implied, and the artist creates a world encoded into enigmatic presences that could indwell in the interstices of shadows or dusk. There, she seems to conceive a territory, there, she intends to institute a lengthy aesthetic and spatial extension, actual counterpoints between active and contemplative elements, at a high poetic voltage. In this territory of ambivalences lies an identity made up of uncertainties, with her artistic strength hinging on dissonances. Scenes are drawn by this silence, by a logic timing that seems to deepen, as the very artist describes: “Through my photographs, the scene is suspended and the accrual of time creates a space that dilates and contracts, upon the capacity of being either hither or thither.” MATHEUS ROCHA PITTA Pitta contrives a plot of immersion, a subversion of the enshrined rules, posing on viewers a question on the courses of artistic and social policies which he either rejects or supports. Having violence as the core motif, these photos intensely portray the artist’s indignation at an unequal world, and a dilated viewpoint, mainly geared towards the universal latitude of men. He utters a divided consciousness, though attuned to the world, in its fractures, and not as the place of dreams. Expression and signification tend to coincide when pointing to the taut nature of his work, which can be seen melted with the contradictions of the tragic decomposition of life. Ponderings of political nature are here formulated, with his photos portraying violence-bound themes. In the series Brazil, he unites and opposes the slices of red meat in a process of mimesis of the scorching sands of Brasília, in an allusion to Brazil like the ashes that cook meat, in a dislocated universe, excisions of an aesthetics en route of politicization. Thought-provoking, disturbing, replete with pictorial substance, his work imprints violence, disenchantment, and human misery on the photographic surface, which also brings the signs indicative of a sort of muscle strain, a plea for chromatic effusions, and an intrinsic poetic value. Images invade us as the agents of their dramatic character, disseminating the world’s disorder. The artist raises the question: “How things mean in the world, i.e., in the culture? We want to change this. When we create art, we intend to put their meaning in the world or culture on hold. Culture always tries a form of taming the arts. If a bomb explodes in the world, it is a bomb developed by culture; it is not detached from it.” PAULO NAZARETH  Nazareth amplifies the clefs that lie under the different lines of the photographic investigation; questioning and proposing a new visual construction of the world and its representation. The poetic orbit of his work revolves around the arduous task of precariously building the world, as in an ongoing cycle toing and froing from dissimilar fragments. Existential riddles that point to the consciousness of living in ambiguous systems, pervaded by moments of adhesion and corrosion, a repository of borderline livings. In sum, an inventory of disintegrations; art and life interwoven. The series News from America result from his longs pilgrimages on foot or taking

rides across the American continent, wherein images and happenings refer to several social realities, with the purpose of “expanding his concept of homeland.” The artist argues that “he wants to devise a mosaic of memories that have been quelled [...] art has to be alive, move, shake and turn people upside down. Periphery is the new center.” RODRIGO BRAGA  The observation of nature is a constitutive part of a symbolic universe where this artist seems to invent another territory replete with dissonances and makeshifts. He addresses themes that entail an intricate partnership between men and nature, transfigured matters that refer to personal experiments, pregnant with a psychic burden by taking the visual level of subjectivity in, resorting to a melting pot of elements, articulating things that are not real, like the anterooms of something fictional. His photos hint at plural meanings, at times introducing themselves as extremely disturbing documents, which are seemingly open for the ascription of a third sense and prone to add yet another porosity in our regard. His works have aftermaths in the different locations chosen for his free wanderings; and convey a peculiar phrasing grounded on the recreation of materials, reinterpreted through the lens of hybrid representations, like the work developed in the Anavilhanas Archipelago, in the Negro River, where the vultures hovering over the region are drawn by fish hung on a tree. YURI FIRMEZA  In the Firmeza’s series entitled Ruins, the

artist establishes a liaison between his photographic etudes and socio-political frontiers. The chords of his field of action help bring to surface the world’s asymmetries through the theatrical mirroring of the surrounding nature and space, by zooming on the thick walls of a shattered heritage, meanwhile registering the decomposition of a suspended time. He avails of a recent past to unfold a work which blossoms in exterior scenes vested with some fractures of the present instant. He records the landscapes of the architectural ruins of palaces in the historic town of Alcântara, the first capital of the State of Maranhão in the 18th century, which were build by the Barons of Mearim and Pindaré in the 19th century, hoping to host Dom Pedro II. Interestingly, these colonial ruins are side by side with the rocket launch pads of the spaceport installed by the Brazilian Air Force there, in 1990. Here, time is entangled, not linear or chronological. “It is the locus of a short circuit of verbal tenses, it was in the future and will be in the past.” The dual sense of genesis and foundation, of return to a previous order, fatigues history, meanwhile freezes and holds the sands of time. These photos bring new evoking and memorial plastic formulations, creating a sort of lyrical interlude for nature. And this leaves the onlookers free to find their own references in a world that seems to be evanescing. Ruins stands as a critique of the logic behind the growth of metropolises, as depicted by the very artist: “In the ruin, matter is memory. Massive stone blocks that, like totems, sum up and emanate histories, crossover temporalities. Present, past and future partake in another temporal flux that slips through the linear chain of events.”

83


ALEXANDRE MURY, ARTHUR SCOVINO AND RAPHAEL COUTO

These artists challenge the world through their own bodies, the very locale of their artistic experiments. Their photographs dive in ambiguous territories, as they deal with the realm of performance, testing the limits of the body in a myriad of aesthetic situations. They introduce plural possibilities wherein their own selves are developed by way of a sensory clef; taking possession of themselves, staged in a mobile celebration for the photographic recording. The headlining artist is also the agent of his own bodily accessibility. He corrupts his own intimacy, continuously dislocates his identity, sets off a sensory drive that goes and engages the other senses to re-semanticize and adulterate our regard. As the historian Christine Greiner asserted, in the bodily behavior,“the artist’s body has destabilizing ways to pervert certainties, as the body moves to another state every time it perceives the world.” This way of reactivating the presence and substantiation of the body as a constitutive element of the image to be captured dilates and expands the artistic process through a rhythmic game and uneasy visual counterpoises, pointing to a space where art and life collide. As Gregory Battock asserted, “Before man was aware of art he was aware of himself. Awareness of the person is, then, the first art. In performance art the figure of the artist is the tool for the art. It is the art.” ALEXANDRE MURY  The artist uses his own body as the linch-

pin of the four natural and contradictory elements of the cosmos — air, water, fire and earth — by way of chromatic atmospheres, almost like an ascesis, a well-rounded metaphor of the universal order. The French artist Yves Klein, who similarly elaborates on the physicality of the body as the frame for his works, also used these natural elements to express his creative strength. These pieces of Mury are characterized by a poetics of turbulence. His body seems to be vulnerable in them, his strength seems depleted, on the verge of disappearing. Mury stated: My performance body does not represent, it undergoes the experience of contacting diverse elements. This gesture of mine is not a ritual... but rather a sensory confrontation, testing the limits of the body... meanwhile I stage the harmony in strikingly unpleasant situations, through the corporeal expression. In his mystical, spiritual and sensual experience, almost a subjective ecstasy with only one way out, he mirrors sacredness when he “self-portraits” as an animal, man and vegetable, consolidated in the figure of Ossaim/Aroni, which plays a fundamental role in Candomblé, given that, without the leaves, without her presence, no ceremony can happen, as she possesses the axé that arouses the powerful green blood of the leaves. Each orisha has his own leaves, but Ossanha or Ossaim (Òsanyìn) alone knows their secrets, only she knows the words (ofó) that awaken their power, their strength. I express mythology and intend to provoke reflection about the effects of the relationship between men and nature. There is a political discourse underlying the images that imply genesis and apocalypse, resilience and resignation. ARTHUR SCOVINO  Scovino’s artistic thought conveys a

unique experiential tonality, and, as a whole, his imagery creates different aesthetic shades. Almost liturgically, he plunges in an ambiguous territory, like an offering,

84

a religious rite that jumbles eroticism, ritualism and the incorporation of mythologies as a learning strategy and a way to be in the world. He seeks an interactive advance towards the onlooker’s regard and triggers a drive through the hybrid character of his work, in a performance-bound aesthetic effort. The sequential photos shown are akin to an aesthetics in idleness, they seem to be unexpectedly serene, as if they were there rendering a mobile world still. They are inert, stationary, and inanimate, maybe sensing a change. Vision is immersed in this vacuum — emptiness by self-​ restraint. They invoke a state of silence and sway, as if they were willing to react, fetching a sudden musculature from within, and standing up for their physical reality. The artists enlightens us on the series Nhanderudson – at an equally-spaced point between the Atlantic and the Pacific, a line of the song “Um índio,” by Caetano Veloso, which inspired this project: The Geodesic Center of South America is the concept underlying my research. The central character of the ritual of Caboclo meio-dia is staged right in this Point, which is located in the tableland known as Chapada dos Guimarães, in the State of Mato Grosso, in a self-portrait. Such point is 1,600 km equidistant between the Atlantic and Pacific oceans. The other images are connected to rituals on the water. The fresh water that gives life to South America. Rivers that flow into the oceans, and the rainfall cycle. As if it were possible to foresee what the native would say, as it would be obvious. The lack of rainfall in São Paulo and the excess of rainfall in Bahia, pollution, and the river displacements. RAPHAEL COUTO  His works turn the body into a vessel, allowing a wide array of possibilities through his photographs, videos and performances, here as a recourse to re-stage his presence by the very performance. It is a physical experience — and not merely optical —, of rearranging senses by a similarly physical and symbolic construction. He departs from the corporeal sensibility and reflects on plasticity by recovering trite objects, on the verge of collapse, which yearn for conformity, through a meaningful process of accumulation. In this process, they penetrate his mouth and skin, to rescue the feeling of the body, almost implying a cannibal need or an anthropophagic appetite, and ultimately delivering a hybrid visual build. According to him: “The destructive gesture is also a constructive gesture. Opening the skin, cutting it through, seaming, gluing, tearing apart the skin/pages, f lipping through them: the body metamorphosis is in the details, fragments, the tiny spaces of the body. It the details, human breaches are exposed, speed and slowness take turns, the natural body is destroyed and disorganized in the pursuit of the other-body, artist-body, self-body.” The artist has an urgent need to deliver new meanings by fastening, in a common dominion, the body as a sculptural experiment and the work on this artistic support, bringing the dramatic cutting/seaming of his own epidermis into play. He introduces a disconcerting interrogation in-between the transient and permanent with the constant attempt of balancing distinct realities and making them collide, on the brink of an epiphenomenon.

Vanda Klabin is an art historian, curator of several art exhibits and author of essays and articles on contemporary art. She holds a Bachelor of arts in Political and Social Sciences from PUC-Rio (Pontifical Catholic University of Rio de Janeiro) and Art History and Architecture from UERJ (State University of Rio de Janeiro). She has completed the Philosophy and Art History Graduate Program at PUC-Rio.

ARTISTS’ BIOGRAHY

ALEXANDRE MURY | São Fidélis, RJ, 1976 Artist by vocation, Mury used to draw and paint since little child and, by the age of 16, he started photographing. In 1997, he enrolled in the Philosophy School of Campos, in the Advertising and Marketing Undergraduate Program, which he completed in 2001. He taught in some colleges from 2003 to 2006, in Social Communications and Graphic Design programs. He worked as an art director in advertising agencies from 2001 to 2010. Since them, he has been solely dedicated to his photographer’s activities, and his work has been included in important private collections, such as those held by Gilberto Chateaubriand and Joaquim Paiva, in addition to the collection of museums as revered as MAM Rio (Museum of Modern Art of Rio de Janeiro) and MAR (Rio Art Museum). He is represented by Athena Contemporânea Art Gallery, in Rio de Janeiro, and by Roberto Alban Art Gallery, in Salvador. He lives and works in the city of São Fidélis, in the State of Rio de Janeiro. ARTHUR SCOVINO | São Gonçalo, RJ, 1980 Scovino was born in the metropolitan region of Rio de Janeiro, moved away to Salvador, in 2008, to enroll in the School of Fine Arts at UFBA. Since then, he has been developing artistic research on the environment, culture and social and affective relationships in the State of Bahia, mainly in the capital, Salvador. His work revolves around performance, installation art, photography, video and drawing. He researches the contemporary aesthetics and artistic thought through performance and relation-oriented efforts. He partook in many performance shows, solo and collective exhibits. In 2013, he was bestowed with the award of the Visual Arts Salon of Bahia (Teixeira de Freitas, BA), and, in 2014, participated in the 3rd Bahia Biennale (Salvador) and the 31st Art Biennial of São Paulo. Over the last two years, he was nominated for Pipa Award. Currently, he investigates symbols of the Brazilian religious imagery and ethnic melting pot. He lives and works in Salvador, State of Bahia.

BERNA REALE | Belém, PA, 1965 Reale is the executor of installation arts and performances, she studied Arts at UFPA, in the city of Belém, and partook in many sole and collective shows in Brazil and Europe, such as Biennial of Cerveira (Portugal, 2005); International Biennial Of Photography And Visual Arts of Liège (Belgium, 2006); “The Amazon: Cycles of Modernity,” Banco do Brasil Cultural Center, Rio de Janeiro (2012); “From the margin to the edge”, Somerset House, London (2012); “Boletim,” Millan Art Gallery, São Paulo (2013); “Vazio de nós,” Rio de Janeiro Art Museum (2013); “Cães sem plumas,” Nara Roesler Art Gallery, Rio de Janeiro (2013); “Arquivo vivo,” Paço das Artes, São Paulo (2013); 1st Masp-Pirelli Photography Biennale, São Paulo (2013). She won Pipa Online 2012 and was a finalist (2013) and nominated (2014) to the Pipa Award; bestowed with the grand award of Pará Art Salon (2009) and was chosen for Rumos Visuais – Itaú Cultural (2012-2013). This year she was the Brazil’s representative in the Venice Biennale. Over the last few years, violence has been her core motif. She has become a forensic criminologist at Centro de Perícias Científicas do Estado do Pará and is acquainted with the most different aspects of crime and social conflicts. Her performances are designed to generate a thought-provoking noise. She is represented by Nara Roesler Art Gallery in São Paulo and in Rio de Janeiro. GUSTAVO SPERIDIÃO | Rio de Janeiro, RJ, 1978 Speridião is Master in Visual Languages from the School of Fine Arts of UFRJ (2007). The artist has been developing a career replete with featurings in important exhibitions in international museums and institutions, namely the International Festival of Contemporary Culture, curated by Shinji and Masako Tago, in Kyoto, Japan; at the Museum of Art Park in Doha, in Qatar; “Imagine Brazil,” with curatorship by Gunnar B. Kvaran, Thierry Raspail and Hans Ulrich Obrist, in Oslo, Norway; Lyon Biennale, France; at the Tomie Ohtake Institute, in São Paulo; and an exhibit touring to the City of Arts, in Rio de Janeiro; and DHC/ART, Montreal, Canada. In 2013, he has “Geometrie. Montage. Equilibrage.”, a photo and video solo show, curated by Jean Luc Monterosso and Guilherme Bueno, staged at Maison Européenne de la Photographie, Paris. His works are included in major private and public collections, including that of the National Museum of Fine Arts, the Gilberto Chateaubriand / Museum of Modern Art’s Collection, Rio de Janeiro Art Museum, all in Rio de Janeiro; and the Museum of Contemporary Art of Niterói. He has been bestowed several awards throughout his career, and the nomination for the 2005 Pipa Award edition has been the last one. He is represented by the Anita Schwartz Art Gallery in Rio de Janeiro, Roberto Alban Art Gallery in Salvador, and Superfície Art Gallery in São Paulo. He lives and works in Rio de Janeiro.

85


LUIZA BALDAN | Rio de Janeiro, RJ, 1980 Baldan is a Ph.D. student and MA in Visual Languages from UFRJ (Rio de Janeiro) and BA in Visual Arts fro, Florida International University (Miami). Her solo exhibits include: “Build up,” MdM Gallery, Paris (2014); “Índice,” MAM, Rio de Janeiro (2013); “Corta luz,” Pivô, São Paulo (2013); “São casas,” Studio-X, Rio de Janeiro (2012); “Insulares e marginais,” Mercedes Viegas Art Gallery, Rio de Janeiro (2011); “Algumas séries,” MAC, Niterói (2011); Centro Universitário Maria Antonia, São Paulo (2010) and “Sobre umbrais e afins,” Plataforma Revólver, Lisbon (2010). Her collective shows include: “Escavar o futuro,” Palácio das Artes, Belo Horizonte (2013); “Lugar nenhum,” Moreira Salles Institute, Rio de Janeiro (2013); “Travessias 2: arte contemporânea na Maré,” Galpão Bela Maré, Rio de Janeiro (RJ, 2013); “Collecting collections and concepts,” Fábrica ASA, Guimarães (Portugal, 2012); “O lugar da linha,” Paço das Artes São Paulo and MAC Niterói (2010); “Nova arte nova,” CCBB Rio de Janeiro and São Paulo (2008-2009); “BAC!,” CCCB, Barcelona (Spain, 2008). Her awards include the following: Honra ao Mérito Arte e Patrimônio (Art and Heritage Award) – Iphan and Bolsa Funarte de Estímulo às Artes Visuais (2013); Rumos Artes Visuais 2011-2013, Itaú Cultural and selection for AIR in CRAC Valparaíso Chile (2012); 11th Marc Ferrez Photography Award of Funarte (2010); bestowed awards in the 37th Contemporary Art Salon of Santo André, SP, (2009) and the 1st CCSP Photo Exhibit (2008); special featuring on the digital magazine of Iberê Camargo Foundation (2007), and Brown & Marion Whatley Scholarship (Miami, 2002). She penned the book São Casas in 2012. She is represented by Anita Schwartz Art Gallery in Rio de Janeiro. She lives and works in Rio de Janeiro. MATHEUS ROCHA PITTA | Tiradentes, MG, 1980 In a short period and through several projects Pitta has cemented interests and strategies which allow spotting, in a work that goes deeper by each new piece, a critical statement about the mechanisms of exchange that govern one’s daily life. The artist is particularly moved by the will to explore and exhibit the merchandise — anything that men’s crafts can do and raises an unambiguous will to possess — as the indicator of the paradoxes that such interchanges entail or engender. Without resorting to the official curricula that address the merchandise an object and countless research (for instance, Economy, Philosophy, Politics), he established liaisons between objects and images prone to generating knowledge which will not fit in any field of study. In 2011 the artist was features in the collective exhibit “Rendez vous,” at Institut d’Art Contemporain de Lyon and developed the solo show “Provisional heritage,” at Sprovieri Gallery, London; in 2012. Additionally, he had solo exhibits stated at Paço Imperial, in Rio de Janeiro, and Fondazione Volume!, in Rome. He was the winner of the 1st Itamaraty Award of Contemporary Art. He is represented by Athena Contemporânea Art Gallery, Rio de Janeiro, and Sprovieri Gallery, in London. He lives and works in Rio de Janeiro.

RAPHAEL COUTO | São Gonçalo, RJ, 1983 Couto holds a MA in Contemporary Art Studies at the Federal Fluminense University and is a teacher at Colégio Pedro II. He participates in performance exhibits and festivals in Brazil and overseas since 2004. He has pieces included in several private collections, namely the Joaquim Paiva and Gilberto Chateaubriand’s collections (both loaned for use by MAM/RJ). He is represented by Mercedes Viegas Arte Contemporânea in Rio de Janeiro. He lives and works both in São Gonçalo and Rio de Janeiro. RODRIGO BRAGA | Manaus, AM, 1976 Braga was born in Manaus, and soon moved away to Recife, where he achieved a BA on Fine Arts from UFPE (2002). He is regularly featured in exhibits since 1999, and in 2012 he had his work displayed in the 30th International Art Biennial of São Paulo. He was bestowed with the Marcantonio Vilaça Award – Funarte/MinC (2009); Marc Ferrez Photography Award (2010), Pipa Award/MAM-RJ Popular Vote category (2012) and MASP Talento Emergente Award (2013). His works have been acquired by private and institutional collectors all over Brazil and abroad, including MAM-SP, MAM-RJ and Maison Européene de La Photographie, in Paris. This year, he presented the installation art Tombo, at Casa França-Brasil, located in Rio. He is represented by Amparo Sessenta Art Gallery, in Recife, and Vermelho Art Gallery, in São Paulo. Currently he lives in Rio de Janeiro. PAULO NAZARETH | Governador Valadares, MG, 1977 Nazareth’s works and life experiences are remarkably interwoven. The multiple languages and discourses underlying his photos, videos, installation arts or performances are a testament to his engagement not only in the debate around ethnic and social issues, but also to his commitment with the narrative development of such subjects. He departs from his own body and social identity, namely his blended Caucasian, Black and Indian heritage, to give utterance to such narratives, tell stories and stand up for causes that are forgotten or intentionally left in oblivion. He was featured in a number of collective shows, including: “Here there” (Huna Hunak), QM Gallery Al Riwaq, Doha, Catar; “All the world’s futures,” 56 Biennale di Venezia (2015); “The Encyclopedic Palace,” 55 Biennale di Venezia (2013); “Museum as Hub: Walking Drifting Dragging”, New Museum, Nova York (2013); “Imagine Brazil”, Astrup Fearnley Museet, Oslo, Norway (2013); Entre-temps... Brusquement, et ensuite, 12e Biennale de Lion, França (2013); Bienal de Montevideo, Uruguay (2013); Bienal de Benin, Cotonou, Benin (2012-2013); “Il va se passer quelque chose”, Maison de l’Amérique Latine, Paris (2012). His most recent solo exhibits include: “Genocide in Americas,” Meyer Riegger, Berlin (2015); “Che Cherera,” Mendes Wood DM, São Paulo (2014); “Banderas rotas,” Galleria Franco Noero, Turim, Ialy (2014); ”The Journal,” Institute for Contemporary Arts, London (2014); Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, São Paulo (2012-2013), in the Art Museum of Pampulha, Belo Horizonte (2007) and Centro Cultural São Paulo, São Paulo (2009). He is represented by the Mendes Wood DM Art Gallery, São Paulo. YURI FIRMEZA | São Paulo, SP, 1982 Firmeza is Master of Arts in Visual Poetics from the Communications and Arts School of the University of São Paulo/ECAUSP(2008), holds a BA in Visual Arts from Faculdade Integrada da Grande Fortaleza (2005). He participated in major exhibits in several public and private centers, and has works in several museums and relevant private collections. He is represented by Athena Contemporânea Art Gallery, in Rio de Janeiro, and by Casa Triângulo, in São Paulo. He lives and works both in São Paulo and Fortaleza.

86

CAPTIONS Alexandre Mury 1 Ossanha/Aroni, 2014 | C-print | 100 x 66 cm 2 Air, 2015 | C-print | 66 x 100 cm 3 Water, 2015 | C-print | 66 x 100 cm 4 Fire, 2015 | C-print | 66 x 100 cm 5 Earth, 2015 | C-print | 66 x 100 cm Arthur Scovino 1 Nhanderudson – at an Equally-Spaced Point Between the Atlantic and the Pacific III, 2015 mineral pigment on cotton paper | 100 x 150 cm 2 Nhanderudson – at an Equally-Spaced Point Between the Atlantic and the Pacific I, 2015 mineral pigment on cotton paper | 100 x 70 cm 3 Nhanderudson – at an Equally-Spaced Point Between the Atlantic and the Pacific II, 2015 mineral pigment on cotton paper | 100 x 70 cm 4 Nhanderudson – at an Equally-Spaced Point Between the Atlantic and the Pacific V, 2015 mineral pigment on cotton paper | 100 x 70 cm 5 Nhanderudson – at an Equally-Spaced Point Between the Atlantic and the Pacific IV, 2015 mineral pigment on cotton paper | 100 x 70 cm Berna Reale [Courtesy: artist and Gallery Nara Roesler] 1 Purple Rose #10, 2014 mineral pigment on photographic paper Edition: 4/5 + 2 AP | 150 x 100 cm 2 Purple Rose #11, 2014 mineral pigment on photographic paper Edition: 1/5 + 2 AP | 150 x 100 cm 3 Purple Rose #08, 2014 mineral pigment on photographic paper Edition: 1/5 + 2 AP | 150 x 100 cm 4 Purple Rose #14, 2014 mineral pigment on photographic paper Edition: 2/5 + 2 AP | 100 x 150 cm 5 Purple Rose #13, 2014 mineral pigment on photographic paper Edition: 1/5 + 2 AP | 100 x 150 cm

Gustavo Speridião Rio de Janeiro [2013], from the Movement series, 2015 photo printing on cotton paper | 63 x 92 cm 2 Street Protest “Ayotzinapa Lives” [October 20, 2014] from the Movement series, 2015 photo printing on cotton paper | 74 x 126 cm 3 Street Protest “Ayotzinapa Lives” [October 20, 2014] from the Movement series, 2015 photo printing on cotton paper | 66 x 86 cm 4 Street Protest “Ayotzinapa Lives” [October 20, 2014] from the Movement series, 2015 photo printing on cotton paper | 86 x 66 cm 5 Street Protest “Ayotzinapa Lives” [October 20, 2014] from the Movement series, 2015 photo printing on cotton paper | 126 x 74 cm 1

Luiza Baldan 1 Untitled, from the series Corta Luz, 2013 inkjet print on cotton paper | 80 x 120 cm 2 Untitled, from the series Corta Luz, 2013 inkjet print on cotton paper | 80 x 120 cm 3 Untitled, from the series Readings of a Valuable Place, 2014 inkjet print on cotton paper | 110 x 140 cm 4 Untitled, from the series Readings of a Valuable Place, 2012 inkjet print on cotton paper | 110 x 140 cm 5 Untitled, from the series Readings of a Valuable Place, 2012 inkjet print on cotton paper | 110 x 140 cm Matheus Rocha Pitta [Courtesy: artist and Gallery Mendes Wood DM, São Paulo] 1 Brazil #3, 2013 | ilfochrome | 50 x 50 cm 2 Brazil #2, 2013 | ilfochrome | 50 x 50 cm 3 Brazil #4, 2013 | ilfochrome | 50 x 50 cm 4 Brazil #5, 2013 | ilfochrome | 50 x 50 cm 5 Brazil #6, 2013 | ilfochrome | 50 x 50 cm Paulo Nazareth [Courtesy: artist and Gallery Mendes Wood DM, São Paulo] 1 Untitled, from News from America, 2011 photo printing on cotton paper Edition: 1/5 + 2 AP | 75 x 100 cm

Untitled, from News from America, 2011 photo printing on cotton paper Edition: 1/5 + 2 AP | 75 x 100 cm 3 Untitled, from News from America, 2011 photo printing on cotton paper Edition: 3/5 + 2 AP | 75 x 100 cm 4 Untitled, from Composition With Sofas, 2012 photo printing on cotton paper Edition: 2 AP | 75 x 100 cm 5 Untitled, from Composition With Sofas, 2012 photo printing on cotton paper Edition: 1 AP | 75 x 100 cm 2

Raphael Couto Study for geometric drawing #01, 2015 C-print | 66 x 100 cm 2 Veil, 2015 | C-print | 100 x 66 cm 3 Bouquet #07, 2014 | C-print | 100 x 66 cm 4 Bouquet #09, 2015 | C-print | 100 x 66 cm 5 Bouquet #08, 2015 | C-print | 100 x 66 cm 1

Rodrigo Braga 1 Waiting Field, 2011 inkjet print on cotton paper | 80 x 120 cm 2 Blue Bush, 2013 inkjet print on cotton paper | 80 x 120 cm 3 River Guardian, 2010 inkjet print on cotton paper | 80 x 80 cm 4 Biogeochemical Event, 2014 inkjet print on cotton paper | 100 x 150 cm 5 Sea/Island, 2013 inkjet print on cotton paper | 80 x 120 cm Yuri Firmeza 1 Ruin #4, 2014 inkjet print on cotton paper | 80 x 120 cm 2 Ruin #3, 2014 inkjet print on cotton paper | 80 x 120 cm 3 Ruin #7, 2014 inkjet print on cotton paper | 80 x 120 cm 4 Ruin #1, 2014 inkjet print on cotton paper | 50 x 75 cm 5 Ruin #2, 2014 inkjet print on cotton paper | 50 x 75 cm

87


NOVOS TALENTOS FOTOGRAFIA CONTEMPORÂNEA NO BRASIL

NEW TALENTS BRAZILIAN CONTEMPORARY PHOTGRAPHY

Presidenta da República President of the Republic Dilma Vana Rousseff Ministro de Estado da Fazenda Minister of Finance Joaquim Levy Presidenta Caixa Econômica Federal President of Caixa Econômica Federal Miriam Belchior

EXPOSIÇÃO E CATÁLOGO EXHIBTION AND CATALOGUE

Fotografia Photography Vicente de Mello

Realização Produced by R&L Produtores Associados

Impressão Printing Office Ultraset

Direção de produção Production Director Rodrigo Andrade

Assessoria de imprensa Press Relations Frase Comunicação

Gestão de projeto Project Manager Lucas Lins

Cenotécnica Scenography Mário Costa | Claquete Iluminação Lighting Milton Giglio | Atelier da Luz

Idealização, montagem e coordenação geral Concept, Design and General Coordination Afonso Henrique Costa

Transporte Logistics Atlantis Seguro Insurance Affinité

Curadoria Curatorship Vanda Klabin Identidade visual e projeto gráfico Visual Identity and Graphic Design Danowski Design Sula Danowski Carolina Müller Machado Biatriz Barbosa Revisão de texto Proofreader Rosalina Gouveia Tradução Translator Márcio Pinheiro

REALIZAÇÃO PRODUCED BY

APOIO SUPPORTED BY

PATROCÍNIO SPONSORED BY

Agradecimentos Acknowledgements Filipe Masini Galeria Athena Contemporânea Galeria Nara Roesler Galeria Millan Mendes Wood DM Neide e Liecil Oliveira


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.