ANTONIO BOKEL, NA PERIFERIA DO MUNDO, POR VANDA KLABIN, 2014

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NA PERIFERIA DO MUNDO Antonio Bokel / Curadoria Vanda Klabin


NA PERIFERIA DO MUNDO / Antonio Bokel

Observa-se nas obras de Antonio Bokel um constante cruzamento entre a arte e o tecido da vida urbana, como partes constitutivas do seu universo simbólico. Recorre a essa experiência da cidade como sequências existenciais - ali constrói o seu espaço referencial, ali parece inventar um território, ali pretende constituir uma extensão estética e espacial em uma dimensão mais ampla. Nessa zona de interseção, está presente uma capacidade de improvisação poética a partir da assimilação dos mais variados materiais e suportes, tais como objetos enigmáticos, utensílios urbanos, inserção de letras, jogos de palavras ou fragmentos literários, que transitam nas pinturas murais, nas superfícies das telas, nas fotografias, nas esculturas ou nas instalações espaciais. Mas é na sua pintura que encontramos os acordes do seu campo de ação, indicativos de uma força integradora de suas inquietudes estéticas, ao equilibrar cores, formas e volumes em um mosaico de pinceladas rítmicas que trazem à tona as assimetrias do mundo. Nesse conturbado território, o artista evoca uma reflexão sobre o espaço urbano contemporâneo. A sua produção artística não é um fenômeno isolado no ateliê, mas realiza a sua inscrição no mundo, em uma esfera pública, ao corporificar sua emergência nos muros da cidade – ambos acolhem simultaneamente sua prática pictórica e criam uma fusão entre a obra e o mundo. Antonio Bokel reivindica um estar no mundo, aglutinar experiências, deixar traços visíveis no olhar público e não apenas entre quatro paredes. As suas obras são verdadeiros manifestos visuais e apesar de apresentarem uma rica diversidade, se agrupam através de uma linguagem comum, ao reivindicar um sentido plástico vinculado às imagens e dissonâncias da vida urbana. A sua estratégia de leitura da figuração se manifesta através de aspectos provenientes da linguagem da arte pop, de uma visível influência de Andy Warhol, Jean Michel Basquiat e Keith Haring; no uso de elementos da cultura popular, como as ilustrações de revistas, jornais e suas expressivas composições - são portadores de uma impetuosidade emocional, trazem símbolos e motivos aleatórios com fortes conteúdos críticos, que são confrontadas com a crueza e rudeza dos muros urbanos. O artista converteu a pintura desenhada na sua principal técnica, ao dissolver os sistemas figurativos e redefinir as formas no espaço, produzindo uma nova geração de imagens. O desfazer progressivo passa a ser um exercício constante e a coexistência de formas díspares anuncia um pensamento de descontinuidade e ruídos visuais incorporados à sua cultura visual.


Sua pintura gestual, instintiva, espontânea, encontra suas raízes na sua admiração por certos artistas que pontuaram a vanguarda da contemporaneidade e passa a observar o vocabulário ligado à tradição construtiva. Entre as sua afinidades eletivas estão Amílcar de Castro e Mira Schendel. As formas, agora dispostas através de um jogo de derivações geométricas, estão associadas a uma natureza controlada, mais ordenada, diversa da urgência da pichação. A construção composicional traz uma matéria opaca, protagonizada pelo acréscimo de uma espiral de sucessivas camadas que criam uma superfície convertida na densidade de um muro, um interminável palimpsesto de cores acrescido pela presença de formas geometrizadas, que se avolumam através de tensões dinâmicas. Antonio Bokel atua no contexto da fotografia e adota um procedimento que acumula uma espécie de olhar memorialista, ao capturar o instante primeiro da pichação direta nos muros da cidade. Bokel recupera a imagem por ele criada e a reinscreve através da recuperação fotográfica. Uma espécie de desconstrução de imagens que não parecem interessadas em se definir, como se fossem fragmentos em constante desconstrução, sempre no ambíguo limite da efemeridade e da permanência. Na sequência, o artista utiliza experiências gráficas ou a própria serigrafia e finaliza com a intervenção pictórica na conclusão do seu processo artístico. Antonio Bokel apresenta, nessa mostra cerca de 35 trabalhos entre ointuras , esculturas , fotografias e video , um conjunto de obras que revela um gosto pelo improviso, pela urgência, pela intensidade e pela força estética. Obras que são unidades intensas, que detêm um conteúdo, uma história e uma verdade que são impressas no mundo e germinam novas experiências perceptivas, para compreender a relação da arte com a sociedade, a partir da apropriação de elementos do caos urbano. É nesse espaço de experimentação que a sua produção artística atua, possibilitando a experiência da percepção sensível de espaços antes invisíveis.


Karma 2014 escultura Cimento e bronze


Riso Gera Vida 2014 TĂŠcnica mista sobre tela 200cm x 150cm


Díptico construtivista 2014 Téc mista sobre tela 200 x 350 cm.


AB 2014 TĂŠc mista sobre tela 300cm x 250 cm.


Poli Pixo Téc mista sobre tela 200 x 200 cm.


Harmonia Oculta 2014 TĂŠc mista sobre papel 112 cm x 76 cm.

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Harmonia Oculta 2014 TĂŠc mista sobre papel 112 cm x 76 cm.

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Harmonia Oculta 2014 TĂŠc mista sobre papel 112 cm x 76 cm.

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Harmonia Oculta 2014 TĂŠc mista sobre papel 112 cm x 76 cm.

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Harmonia Oculta 2014 TĂŠc mista sobre papel 112 cm x 76 cm.

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Cartaz rua 2014 Fotografia de intervenção urbana 120 cm x 200 cm.


Cartaz rua 2014 Fotografia de intervenção urbana 120 cm x 200 cm.


Black Bloc 2014 TĂŠc mista sobre tela 200cm x 200 cm.


Tríptico Rua 2014 Fotografia 3x (160 cm x 120 cm).


Mind 2014 Fotografia 120 cm x 90 cm

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Clark 2014 Fotografia 90 cm x 120 cm

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Homen Natureza e pichação 2014 Téc mista sobre tela 200 x 200 cm.


Homen Plantação 2014 Fotografia 180cm x 120 cm. Despertar 2013 Escultura Cimento e bronze


Construção destruição 2013 Bronze e tronco de madeira


Vai Idade Escultura Crâneo de resina cimento e espelho

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Respiro Escultura Cimento e bronze

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Spray concreto 2014 Escultura Cimento e bronze

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Britadeira x regador Video

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VANDA KLABIN

Nasceu, vive e trabalha no Rio de Janeiro. É cientista social, historiadora de arte e curadora de artes plásticas. Trabalha como consultora e curadora independente para diversos museus, instituições e editorias de revistas e catálogos de arte. Formada em Ciências Políticas e Sociais/ PUC-RIO, é também graduada em História da Arte e Arquitetura, pela UERJ com licenciatura em Educação Artística. Pós Gradução em História da Arte e Arquitetura ,PUC-Rio> Coordenadora assistente do mesmo curso, de 1983 /1990. Em 1996, assume a diretoria do Centro de Arte Contemporânea Hélio Oiticica,/RJ, onde realiza exposições de artistas brasileiros como: Antonio Manuel ( 1997); Mira Schendel(1998); Eduardo Sued (1998), José Resende (1998); Hélio Oiticica e a Cena Americana (1998 ); Amílcar de Castro (1999); , Iberê Camargo/ Gravuras (1999); Nuno Ramos (1999); e estrangeiros como: Richard Serra (1999); Luciano Fabro (1997); Guilhermo Kuitca (1999) ;Mel Bochner (1999). Como curadora independente, realizou diversas exposições: Arte/Política, Carlos Zílio ( MAM/ RJ- MAM/SP- MAM/BA ); A Modernidade em Guignard ( RJ / BA ):Eduard Sued, ( MNBA- RJ); Goeldi Ilustrador (PUC/ CEF - RJ ); Carlos Vergara/Gabriela Machado ( CEF -RJ );Goeldi através do seu arquivo pessoal ( PUC-RJ ); Antonio Dias, Carlos Zílio, Eduardo Sued, Iole de Freitas, Tunga, Waltercio Caldas ( CEF –RJ ); Frank Stella / Nuno Ramos, Carlton Encontro com Arte, em SP ( 2004) ; Eduardo Sued: a Experiência da Pintura, CCBB /RJ ( 2004); Jorge Guinle/ Belo Caos, Fundação Iberê Camargo/ Poa, Mam /SP, MAM/ RJ ( 2009); Alfredo Volpi: as Dimensões da Cor, Institutuo Moreira Salles/RJ, 2009 ; A Vontade Construtiva na Arte Brasileira, 1950/1960”, Art in Brazil, Festival Europalia – Palais des Beaux – Arts (Bozar) – Bélgica, Bruxelas ( 2011) ;Nuno Ramos /Fruto Estranho MAM/ RJ, 2010; Gramáticaurbana, Centro de Arte Contemporânea Hélio Oiticica/RJ,(2012); Henrique Oliveira, Centro de Arte Contemporânea Hélio Oiticica/RJ, (2012); Alexandre Mury,/Fricções Históricas, Caixa Cultural / RJ ( 2013); Daniel Feingold, MAM/ RJ, 2013/ Antonio Bokel , Na Periferia do Mundo, Centro Cultural da Justiça Federal , RJ (2014)


ANTONIO BOKEL

Nasceu no Rio de Janeiro, em 1978. Formou-se em design gráfico pela Univercidade, em 2004. Realizou a sua primeira exposição individual em 2003, na Ken’s Art Gallery, em Florença, Italia, onde residiu e fez cursos de fotografia e história da arte. No Rio de Janeiro, teve aulas de modelo vivo com Bandeira de Mello e fez cursos de pintura, com João Magalhães, e de arte, com Luiz Ernesto, na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, Rio de Janeiro. Ao longo das duas últimas décadas, tem apresentado seu trabalho no Brasil e no exterior, em galerias e em intervenções urbanas , Fazendo a ponte entre a arte de Rua e a arte contemporânea. Em 2008 participou da exposição de Verão na galeria Silvia Cintra + Box 4 , neste mesmo ano e no e anos seguinte participou da SP arte , representado pela mesma, atingindo grande sucesso de vendas em 2009. Em 2010, realizou as exposições Cruzes e Credos, na Jaime Portas Vilaseca Galeria, Rio de Janeiro, e AAAAA No Thing But Truth, na Sid Lee Collective Gallery, em Amsterdam, Holanda. Em 2011, participou da 1ª exposição ARTUR - Artistas Unidos em Residência, em Lagos, Portugal. Neste mesmo ano, também realizou duas exposições individuais: Corpus Cordex, no Centro Cultural Solar de Botafogo, Rio de Janeiro, e Grafitti Error, na FB Gallery, Nova York. Em 2012, participa da exposição Gramática Urbana,no Centro de Arte Hélio Oiticica, Rio de Janeiro. No mesmo ano fez sua individual , Transfiguração do Rastro , no mesmo museu. 2013 participou da exposição e residência artística Movimentos Paralelos na República Dominicana. Em 2014 mais uma exposição individual Na Periferia do Mundo com curadoria de Vanda Klabin , onde ocupou 5 salas do Centro Cultural Justiça Federal no Rio de Janeiro , foram no total 35 obras entre pinturas , fotografias , esculturas e vídeo. Seu trabalho já foi publicado nas revistas brasileiras Zupi, Vizoo e Santa, e na espanhola Rojo. Seus trabalhos estão nas maiores coleções Brasileiras , como a de Gilberto Chateubriand e BGA Investimentos. Bokel tem alguns trabalhos no acervo do MAN, museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.


CLIPPING

Jornal O globo 2014


Caderno Ela Luxo / Jornal O globo 2014 Caderno Ela Luxo / Jornal O globo 2014


Coluna Gente Boa / Jornal O globo 2014


RG ON LINE http://siterg.terra.com.br/news/2014/04/05/antonio-bokel-individual-ccjf-rj/ COLUNA LU LACERDA http://lulacerda.ig.com.br/caveira-se-questiona-diante-de-um-espelho/?doing_wp_cron VEJINHA (tá no roteiro de exposições da edição impressa): http://vejario.abril.com.br/arte-e-cultura/roteiro/exposicoes-rj-778953.shtml REVISTA SECRETARIA DE CULTURA DO RIO DE JANEIRO http://www.cultura.rj.gov.br/programacao-cultural?page=4 COLUNA GENTE / BOA O GLOBO http://oglobo.globo.com/blogs/blog_gente_boa/posts/2014/04/04/pincelando-dancando-529866.asp JB / COLUNA ANA RAMALHO http://www.jb.com.br/anna-ramalho/noticias/2014/04/01/antonio-bokel-apresenta-na-periferia-do-mundo/ REVISTA NOO http://noo.com.br/antonio-bokel/ A COR DA CASA http://acordacasa.com.br/2014/04/11/antonio-bokel-no-ccjf/ HELOISA TOLIPAN http://www.heloisatolipan.com.br/arte/na-periferia-mundo-antonio-bokel-inaugura-exposicao-que-comemora-seus-10-anos-de-carreira/


www.antoniobokel.com.br antoniobokel@gmail.com


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