Municípios de Alagoas - 2006

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Maio | 2006 ㄰

Municípios de

ALAGOAS

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A p r e s e n t a ç ã o ㄰

Municípios Alagoanos

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P A T R O C Í N I O

Economia Geografia

O

CONSTRUINDO O DESENVOLVIMENTO

História

Instituto Arnon de Mello, através de sua presidente, Jornalista Ana Luísa Collor de Mello, e de seu vice-presidente, Carlos Alberto Mendonça, está entregando ao público o mais completo conjunto de informações já reunidas acerca dos 102 municípios alagoanos. Uma equipe de especialistas - os professores da Universidade Federal de Alagoas, Douglas Apratto Tenório, Cícero Péricles de Carvalho e Rochana Campos de Andrade Lima, todos doutores em suas áreas de conhecimento, ficaram responsáveis pela elaboração do perfil de cada uma dessas unidades administrativas do ponto de vista de sua História, Economia e Geografia. Este trabalho tem como princípio o fato de que o município é o núcleo básico da organização administrativa, econômica e política estadual. De seu conhecimento depende, portanto, a compreensão do conjunto da unidade federativa. No município, podemos identificar os elementos que, reunidos, resultam em defeitos ou virtudes em níveis mais amplos desse conglomerado. Como o corpo humano, as sociedades podem ser melhores conhecidas quando entendemos o seu funcionamento. E conhecer é fundamental para atuarmos na correção dos defeitos e na melhoria da qualidade. Enquanto a medicina moderna se serve de complexos equipamentos a fim de entender o funcionamento de cada órgão em particular, para um diagnóstico adequado, é consenso entre os administradores públicos que, sem dados técnicos e estatísticos é impossível gerenciar com eficácia os aglomerados humanos contemporâneos. Portanto, com base nessa visão moderna das ciências da sociedade é que estamos oferecendo ao público leitor da Gazeta de Alagoas um trabalho inusitado sob muitos aspectos em nosso Estado. Ele incorpora à visão histórica da formação de nossos

municípios uma abordagem econômica com base em elementos estatísticos contidos em gráficos, que traduzem aspectos esclarecedores do funcionamento da vida nessas unidades administrativas. Somando-se a isso, temos um rico e tecnicamente avançado conjunto de informações geográficas, premiadas com as mais avançadas conquistas alcançadas pelos recursos da informação por satélite e da computação gráfica. Estamos no século XXI. Há algum tempo vivemos aquilo que se convencionou chamar de a Era da Informação e da Comunicação. Nessa nova realidade, o conhecimento é o elemento essencial para definir nosso lugar na sociedade. Trata-se de um período completamente novo vivido pela Humanidade, em que a tecnologia assume um papel crucial, influenciando todos os aspectos de nossas vidas. Contudo, revelando a extrema complexidade do ser humano, hoje, mais que em qualquer outra época, os elementos que influenciam de forma subjetiva a existência, como a cultura, nunca foram tão determinantes. Assim, podemos dizer que na época da globalização, da transnacionalização, o município, a aldeia em sua forma, administrativa, tornou-se um fator de capital importância em nossas vidas. Daí, encontrará o leitor nos fascículos dessa coleção uma abordagem integrada de cada município, em que História, Cultura, Economia e Geografia se fundem em busca de um perfil mais completo de nossa terra e de nossa gente. Trata-se de 12 fascículos semanais, cada um deles reunindo municípios de uma ou mais microrregiões, com base em critérios geográficos e da conseqüente integração que daí decorre. Completa, a coleção se converterá num painel atualizado de Alagoas.

Stefani Brito Lins - Jornalista, Coordenador Editorial do Projeto, Professor do Departamento de Comunicação da Ufal, com Cursos de Doutorado pela Universidade Autônoma de Barcelona, Espanha.

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A História

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36ºW Curva do rio Jacuípe NORTE (8º48'52" S e 35º28'12" W)

P ER

S I N U NG

A

E ST

Foz do Rio LE Persinunga (8º54'51" S e 35º09'09" W)

340 km PERNAMBUCO

STE OE

Antiga confluência do rio Moxotó com o rio São Francisco (9º19'44" S e 38º14'15" W)

0,33% do Brasil 1,79% do Nordeste A= 27.767,66 km²

Represa de Xingó

O S

O

I

Lg. Mundaú Lg. Manguaba Maceió

Ã

Arapiraca

O F R AN

C

IC

R

882m

09ºS

Serra das Guaribas Município de Quebrangulo

Represas de Paulo Afonso e Moxotó

BAHIA

R I O

Lg. do Roteiro

T

09ºS

I

S C

Lg. de Jequiá

O

10ºS

CAPITAL SEDE MUNICIPAL LIMITE INTERESTADUAL PONTO CULMINANTE

SERGIPE

Fonte: BRASIL, IBGE. Malha Municipal do Brasil (2005) em formato shapefile; ALAGOAS, SEPLAN. Estado de Alagoas Mapa Político - escala 1: 400.000 (1993); SEPLANDES, Estado de Alagoas. Anuário Estatístico. Mapa do Estado de Alagoas, por micro-regiões homogêneas e municípios - escala aproximada 1: 1.440.000 (1998); BRASIL, SUDENE. Cartas topográficas - fls.: Paulo Afonso, Serinhahém e Piaçabuçu, escala 1:100.000 (1985/1986).

Pontal da Barra (10º30’28” S e 36º22’56” W) SUL

Pontal do Peba

㜵 10ºS

37ºW

N

Imagem de satélite - Fonte: Embrapa - Monitoramento por satélite - Landsat 38ºW

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37ºW

N

Colaborador: Eugênio Dantas Gomes, Auxiliar de Pesquisa. Administrador de Empresas (UFAL)

38ºW

MO XO TÓ

nacionais: IBGE, SEBRAE, INSS, Secretaria do Tesouro Nacional, Ministério do Desenvolvimento Agrário e INCRA, Ministério do Desenvolvimento Social, Instituto Nacional de Educação Profissional/INEP do Ministério da Educação, Tribunal Superior Eleitoral, o DATASUS do Ministério da Saúde e Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento/PNUD. Essas informações são públicas e podem, a qualquer momento, ser atualizadas pela leitura dos sites dessas instituições, disponíveis na Internet. A função do Atlas também é essa: provocar no leitor a curiosidade para compreender melhor a história, a geografia e o desenvolvimento econômico e social de seu município.

três horas em relação ao meridiano de Greenwich. A região costeira do Estado de Alagoas apresenta uma série de lagunas e feições morfológicas resultantes do afogamento de antigos vales e estuários, decorrente da evolução paleogeográfica. Lagunas são depressões geralmente rasas, localizadas na borda litorânea, contendo água salobra ou salgada. A separação das águas da laguna com as do mar é feita, normalmente, através de barreiras (restingas, recifes de arenito, recifes de coral ou ilhas), sendo comum a existência de canais (inlets) pondo em comunicação as duas águas. Sua população estimada (IBGE, 2005) é de 3.015.912 habitantes. A capital é Maceió com 903.463 habitantes. Outras cidades importantes: Arapiraca (186.466), Palmeira dos Índios (68.060), Rio Largo (62.510), União dos Palmares (58.620), Penedo (56.993), São Miguel dos Campos (51.456), Coruripe (48.846), Delmiro Gouveia (42.995), Santana do Ipanema (41.485), Marechal Deodoro (35.866) e Porto Calvo (23.951).

RIO

Coordenador de Economia, Doutor em Economia pela Universidade de Cordoba, Espanha. Professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEAC) da UFAL. Autor da vários livros sobre a economia alagoana.

N

a área econômica, a coleção traz informações sobre a participação de cada setor na economia local, a renda per capita municipal, o número de micro e pequenas empresas e a estrutura da agricultura. Na área social, expõe os indicadores de educação e saúde, a importância da previdência social na vida da cidade, o índice de desenvolvimento humano, a presença dos programas sociais e o perfil educacional do eleitorado. Cada tabela ou gráfico do Atlas permite comparações, ora com o próprio desempenho do município em anos anteriores, ora com o mesmo indicador no âmbito estadual ou nacional. O conjunto de indicadores foi construído a partir de bases de dados de instituições

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Cícero Pericles de Carvalho

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A Economia

Equipe de Geografia Maria do Rosário de Oliveira Graduada em Geografia pela Universidade Federal de Alagoas; Especialista em Geografia pela UFAL; Mestre em Geografia, área de concentração Regionalização e Análise Regional pela UFPE; Consultora do Ministério da Educação e Cultura (MEC) para autorização e credenciamento de cursos de graduação. Ricardo José Queiroz dos Santos Graduado em Geologia pela Universidade Federal de Pernambuco; Especialista em Aproveitamento em Recursos Hídricos pela UFAL; Mestre em Geociências, área de concentração Hidrogeologia pela UFPE; Prof. da Fundação Jayme de AltavilaCCET/CESMAC; Geólogo do Instituto de Meio Ambiente (IMA-AL). Sinval Autran Mendes Guimarães Júnior - Graduado em Geografia pela Universidade Federal de Alagoas; Especialista em Geografia: Análise Ambiental pela UFAL; Prof. do Instituto de Geografia, Desenvolvimento e Meio Ambiente; Membro do Laboratório de Geoprocessamento Aplicado, LGAIGDMA-UFAL. Esdras de Lima Andrade Graduado em Geografia pela Universidade Federal de Alagoas; Especialista em Geografia: Análise Ambiental pela UFAL; Membro do Laboratório de Geoprocessamento Aplicado, LGA-IGDMA-UFAL. Carlos Alberto Inácio da Silva e Diego José Ramalho Pimentel da Silva - Estagiários, Graduandos do curso de Geografia do Instituto de Geografia, Desenvolvimento e Meio Ambiente-IGDMA/UFAL.

Alagoas

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Nave central da Igreja dos Remédios, em Coqueiro Seco

Brasil

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Francisco Reinaldo Amorim de Barros, jornalista, pesquisador da Fundação Getúlio Vargas, pósgraduado em Ciências Políticas e autor do "Dicionário biobibliográfico ABC das Alagoas".

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Colaboradores: Álvaro da Silva Queiroz, professor do Cesmac e do Seminário, Metropolitano de Maceió, membro do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas e autor de várias obras, entre elas "Clero e Política nas Alagoas", "Episódios da História de Alagoas" e "A Missão de Porto de Pedras".

O

Estado de Alagoas situa-se na porção centro-oriental do Nordeste brasileiro, localizandose entre os paralelos 8º 48'52'' e 10º 30'28'' de latitude sul e os meridianos 35º 09'09'' e 38º 14'15'' de longitude oeste. As maiores distâncias são no sentido nordestesudoeste 212 km e leste-oeste 340 km. Limita-se ao norte com o estado de Pernambuco; ao sul com Sergipe; a leste com o Oceano Atlântico e a oeste com Pernambuco e Bahia. Seus pontos extremos são: ao norte, uma curva do rio Jacuípe, no município de mesmo nome, na divisa com Pernambuco; ao sul, o Pontal da Barra, na desembocadura do rio São Francisco, limite com o estado de Sergipe; a leste, a barra do rio Persinunga, na fronteira com Pernambuco e a oeste a represa de Moxotó, antiga confluência deste com o São Francisco, na fronteira com a Bahia. Apresenta forma triangular, com um dos vértices coincidindo com a foz do rio São Francisco. Tem uma área de 27.767,66 km2, da qual 82 km2 de águas que formam lagunas e lagoas, que deram nome ao estado. O seu ponto culminante é a serra das Guaribas com 882 metros, localizada no município de Quebrangulo. Sua área equivale a 0,33% do território brasileiro e 1,79% do nordestino, constituindo-se na segunda menor unidade da Federação, dividida político-administrativamente em 102 municípios. Legalmente encontra-se na faixa do 2º fuso horário, que representa menos

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Coordenadora - Graduada em Geologia pela Universidade Federal de Pernambuco; Especialista em Aproveitamento em Recursos Hídricos pela Universidade Federal de Alagoas; Mestrado em Geociências, área de concentração Geologia Sedimentar pela UFPE; Doutora em Geociências, área de concentração Geologia Sedimentar e Ambiental pala UFPE; Profª. do Instituto de Geografia, Desenvolvimento e Meio Ambiente IGDMA-UFAL; Pesquisadora do LABMAR-UFAL setor de oceanografia geológica. Jovesi de Almeida Costa - Graduada em Geografia pela Universidade Federal de Alagoas; Especialização em Sensoriamento Remoto pela UNESP; Mestre em Geociências, área de concentração Geomorfologia pela UFBA; Coordenadora do setor de Geologia do Museu de História Natural da UFAL.

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poesia, lírica e épica”. É importante conhecer nossos vultos, nosso povoamento, nossa raízes, nossas cidades. Antes dos homens, os lugares onde eles surgiram ou se destacaram. Nas cidades transformadas em municípios estão parte do todo que forma Alagoas. Cada burgo, uma história, uma história sintetizada no simbolismo de sua bandeira onde estão projetadas as três vilas que deram início à formação da então Comarca de Alagoas, Alagoas do Sul, Porto Calvo e Penedo.

21 2k m

Coordenador da Equipe de História - Doutor em História pela Universidade Federal de Pernambuco, pesquisador sênior, autor dos livros Capitalismo e Ferrovias no Brasil, A Tragédia do Populismo e Metamorfose das Oligarquias, entre outros. Membro da Academia Alagoana de Letras, da Academia Brasileira de História e do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas e do Instituto Histórico Brasileiro.

ão se pode estudar a história do nosso país esquecendo Alagoas. Foi um dos primeiros pontos a serem visitados pelas naus lusitanas, em 1501, que atingiram os rios São Miguel e São Francisco. Tivemos presença marcante no período de domínio holandês, onde avulta a figura de Calabar. Fomos teatro do Quilombo dos Palmares, bastião da liberdade e contra a escravidão nas Américas. Tivemos engajamento nas lutas libertárias contra a opressão metropolitana. Autonomia em 1817. Palco da insurreição cabana nas matas de Japaratinga, Porto Calvo e Maragogi. Participação na Guerra do Paraguai com um dos maiores contingentes de Voluntários da Pátria. Presenças nas campanhas abolicionista e republicana. Tivemos três presidentes da República, um dos quais foi o seu proclamador. Na cultura, fornecemos nomes do quilate de Graciliano Ramos, Arthur Ramos, Jorge de Lima e Nise da Silveira. Como bem assinalou Octavio Brandão, “Alagoas é uma terra de raízes profundas na História do Brasil. É berço de tradições heróicas e imortais, patrióticas e progressistas. É um manancial de

Rochana Campos de Andrade Lima

E

Douglas Apratto Tenório

C

A Geografia

O

36ºW


Divisão do Estado em Regiões

Microrregião Serrana do Sertão Alagoano ㈵

Mata Grande

Canapi Inhapi

Pariconha

Poço das Trincheiras Santana do Ipanema Dois Riachos

Sen.Rui Palmeira Olho d’água do Casado

Estrela de Alagoas

Cacimbinhas

Belém

Olivença São José da Tapera

Olho d’água das Flores Monteirópolis

Pão de Palestina Açucar

Microrregião Alagoana do Sertão do São Francisco

Jacaré dos Homens

Pindoba

Craibas

Taquarana Coite do Nóia Limoeiro de Anádia Arapiraca Lagoa Girau do Ponciano da Canoa Feira Grande São Campo Sebastião Grande

Batalha

Belo Monte

Microrregião de Batalha

Colônia Ibateguara Leopoldina

Branquinha

Traipu

Maragogi

Porto de Pedras São Miguel dos Milagres Passo de Camaragibe

São Luís do Quitunde Messias

Cajueiro Capela

Barra de Santo Antônio Paripueira

Rio Largo

Atalaia

Microrregião do Litoral Norte Alagoano

S.Luzia Satuba do Norte Pilar Coqueiro Seco Boca da Mata Marechal Deodoro São Miguel dos Campos Campo Alegre Barra de São Miguel Roteiro

Maceió

Anadia

Jequiá da Praia

Microrregião de Traipu Olho d’água Grande São Brás

Porto Calvo

Flexeiras

Junqueiro Teotônio Vilela

Mesorregião Geográfica do Sertão Alagoano

Jundiá Matriz do Camaragibe

Joaquim Gomes

União dos Palmares

Murici

Viçosa

Microrregião de Arapiraca

Jaramataia

Campestre Jacuipe Novo Lino

Japaratinga Chã Preta

Tanque Maribondo d’Arca

Major Isidoro

São José da Lage

Santana do Mundaú

Paulo Palmeira Jacinto dos Índios Mar Vermelho

Igaci

Carneiros

Piranhas

Microrregião Serrana dos Quilombos

Quebrangulo Minador do Negrão

O

Microrregião da Mata Alagoana

Microrregião de Palmeira dos Índios

Maravilha

Agua Branca

Delmiro Gouveia

Mesorregião Geográfica do Agreste Alagoano

Microrregião de Santana do Ipanema

Ouro Branco

Meio Ambiente

Para fim de planejamento, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divide o Estado em três Mesorregiões: Sertão Alagoano, Agreste Alagoano, Leste Alagoano e 13 Microrregiões Geográficas:

Coruripe

Microrregião de Maceió

Mesorregião Geográfica do Leste Alagoano

Igreja Nova

N

Microrregião de São Miguel dos Campos

Porto Real do Colégio Penedo

Feliz Deserto Piaçabuçu

Microrregião de Penedo

38ºW

37ºW

36ºW R I O

ESTADO DE ALAGOAS MICRORREGIÕES GEOGRÁFICAS

RIO

09ºS

MO XO TÓ

Mata Grande

Canapi

São José da Lage

Campestre Jacuipe

Colônia Leopoldina

Novo Jundiá Lino Porto Calvo Matriz de Camaragibe

Ibateguara Joaquim Gomes

Santana do Mundaú

P ER

S I N U NG A

Maragogi 09ºS

Japaratinga

União dos Palmares Passo de Porto de Pedras Inhapi Camaragibe Pariconha Chã Preta Maravilha Branquinha Flexeiras Água Branca São Miguel Quebrangulo Poço das Estrela São Luís do dos Milagres Dois Represas de Paulo Afonso Minador Quitunde Murici Trincheiras Riachos do Negrão de Alagoas e Moxotó Messias Cajueiro Paulo Barra de Sen.Rui Jacinto Viçosa Capela Santana do Delmiro Palmeira Santo Antônio Palmeira Cacimbinhas Ipanema Gouveia Olho d’água Mar dos Índios Rio Largo do Casado Pindoba Vermelho Carneiros Paripueira São José Atalaia da Tapera Igaci Major Belém Tanque d’Arca Olho d’água S.Luzia Satuba das Flores Maribondo Isidoro do Norte Piranhas Pilar Lg. Mundaú Represa de Xingó Monteirópolis Coite Anadia Craibas Coqueiro Jacaré dos Maceió Taquarana do Nóia Lg. Manguaba Seco Jaramataia R Homens Boca da Mata I Batalha Palestina Limoeiro O Marechal Deodoro São Miguel de Anádia Pão de Açucar dos Campos Arapiraca Campo Alegre Lg. do Roteiro S Girau do Lagoa à Belo Monte Barra de São Miguel O Ponciano da Canoa Roteiro Junqueiro F Feira R A N Lg. de Jequiá C Teotônio Grande I Traipu S São Vilela Jequiá da Praia C N Campo O Grande Sebastião Olho d’água Grande Coruripe São Brás BAHIA Igreja Nova

PERNAMBUCO

Estações Ecológicas, 01 Reserva Biológica, 01 Área de Proteção Permanente - APP - e 01 Reserva Extrativista), sete estaduais (05 Áreas de Proteção Ambiental - APA, 02 Reservas Ecológicas), três municipais e sete Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN). A atuação de grupos organizados da sociedade civil está sendo de fundamental importância na conscientização para preservação do meio ambiente. A partir daí surge a idéia de conciliar o desenvolvimento com a preservação ecológica e com a melhoria da qualidade de vida, base para o conceito “desenvolvimento sustentável”.

diversidade de ecossistemas e belezas naturais

No Litoral Norte, a exuberante Barra do Camaragibe

10ºS

A

10ºS

T

L

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N

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IC

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Ouro Branco

Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal (MMA) propôs em 1995 a divisão do país em nove conjuntos de ecossistemas, conceituados como macrounidades territoriais, as quais podem ser subdivididas, desde que agreguem certas características básicas para a gestão. Ecossistema pode ser definido como um conjunto formado pelos elementos abióticos (água e minerais) e os elementos bióticos (plantas, animais, bactérias e fungos) que num determinado meio fixam matéria e energia. Embora tratem de vários elementos como relevo e clima, os ecossistemas na verdade se utilizam da classificação de vegetação para melhor evidenciar as diversas paisagens naturais, também conhecidas por biomas (conjuntos de ecossistemas). No estado de Alagoas os ecossistemas encontrados são: Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica e Zona Litorânea. Segundo Menezes et al. (2004), são 24 Unidades de Conservação inseridas na área de abrangência da Mata Atlântica no Estado, sendo sete unidades federais (02 áreas de Proteção Ambiental - APA, 02

Litoral Alagoano:

O

A

E

N

Porto Real do Colégio

C

Penedo Feliz Deserto Piaçabuçu

O

SERGIPE

㈵ 38ºW

37ºW

36ºW

Fonte: BRASIL, IBGE. Malha Municipal do Brasil (2005) em formato shapefile; ALAGOAS, SEPLAN. Estado de Alagoas Mapa Político - escala 1: 400.000 (1993); SEPLANDES, Estado de Alagoas. Anuário Estatístico. Mapa do Estado de Alagoas, por micro-regiões homogêneas e municípios - escala aproximada 1: 1.440.000 (1998). Cartografia: Geógrafos Esdras de Lima Andrade (CREA 6270-D/AL) e Sinval Autran Mendes Guimarães Júnior (CREA 6265-D/AL).Abril de 2006. Apoio: Laboratório de Geoprocessamento Aplicado - Instituto de Geografia, Desenvolvimento e Meio Ambiente - Universidade Federal de Alagoas (LGA-IGDEMA-UFAL)

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No Litoral Sul, a Laguna Manguaba e seu entorno, um santuário ecológico


Os Municípios

Os fascículos

Cidade

Água Branca Anadia Arapiraca Atalaia Barra de Santo Antônio. Barra de São Miguel Batalha Belém Belo Monte Boca da Mata Branquinha Cacimbinhas Cajueiro Campestre Campo Alegre Campo Grande Canapi Capela Carneiros Chã Preta Coité do Nóia Colônia Leopoldina Coqueiro Seco Coruripe Craíbas Delmiro Gouveia Dois Riachos Estrela de Alagoas Feira Grande Feliz Deserto Flexeiras Girau do Ponciano Ibateguara Igaci Igreja Nova Inhapi Jacaré dos Homens Jacuípe Japaratinga Jaramataia Jequiá da Praia Joaquim Gomes Jundiá Junqueiro Lagoa da Canoa Limoeiro de Anadia MACEIÓ Major Isidoro Mar Vermelho Maragogi Maravilha

População

PIB (2003)

18 660 17 849 186 466 40 552 11 351 6 379 14 799 5 919 6 822 24 227 11 325 9 552 18 975 6 223 41 028 9 134 17 334 18 693 6 585 7 760 11 993 17 493 5 134 48 846 20 789 42 995 11 066 16 341 21 270 3 836 11 979 29 574 15 105 25 584 21 451 17 768 5 720 7 313 6 868 5 788 * 21 488 4 680 23 832 19 988 24 263 797 759 17 639 4 078 21 832 13 687

30 398 24 447 506 621 65 292 24 492 23 953 35 180 8 940 15 574 41 445 14 608 15 063 27 947 8 304 53 349 13 589 20 008 28 313 9 951 16 836 20 871 29 390 8 572 143 043 31 349 136 348 15 962 23 871 38 320 6 953 16 065 52 342 21 705 51 486 46 039 21 519 16 020 11 470 15 545 11 933 16 577 28 468 7 274 36 492 31 531 32 699 5 806 094 26 938 8 630 39 886 20 640

Cidade

População

Marechal Deodoro Maribondo Mata Grande Matriz de Camaragibe Messias Minador do Negrão Monteirópolis Murici Novo Lino Olho d'Água das Flores Olho d'Água do Casado Olho d'Água Grande Olivença Ouro Branco Palestina Palmeira dos Índios Pão de Açúcar Pariconha Paripueira Passo de Camaragibe Paulo Jacinto Penedo Piaçabuçu Pilar Pindoba Piranhas Poço das Trincheiras Porto Calvo Porto de Pedras Porto Real do Colégio Quebrangulo Rio Largo Roteiro Santa Luzia do Norte Santana do Ipanema Santana do Mundaú São Brás São José da Laje São José da Tapera São Luís do Quitunde São Miguel dos Campos São Miguel dos Milagres São Sebastião Satuba Senador Rui Palmeira Tanque d'Arca Taquarana Teotônio Vilela Traipu União dos Palmares Viçosa

35 866 15 145 25 032 24 017 11 990 5 399 7 240 24 671 10 375 19 417 7 059 4 847 10 369 10 077 4 523 68 060 24 351 10 086 8 049 13 755 7 485 56 993 16 775 31 201 2 926 20 007 13 222 23 951 10 238 18 355 11 902 62 510 6 985 6 388 41 485 11 534 6 551 21 071 27 562 29 543 *51 456 5 860 29 124 12 555 11 979 6 594 17 046 36 881 23 439 58 620 26 263

PIB (2003) 302 241 27 257 36 348 34 092 20 236 9 160 10 432 31 156 16 674 60 771 16 139 8 018 12 827 14 574 7 331 165 169 42 411 15 828 19 214 21 976 11 058 138 762 28 287 171 346 5 245 31 273 17 435 46 412 16 189 36 716 17 582 159 680 8 298 16 518 72 260 31 646 12 183 34 760 37 502 64 817 287 996 10 138 52 078 25 804 15 078 9 220 46 965 53 661 40 003 147 240 49 554

A

coleção Municípios de Alagoas tem 12 fascículos totalizando as 102 unidades administrativas do Estado. Cada fascículo trará um conjunto de municípios que guardam diferentes níveis de identidades, organizados a fim de atender à necessidade de divulgação semanal, que será feita a partir do dia 10 de maio, sempre às quartas-feiras. Uma capa permitirá colecionar os fascículos em forma de brochura. Trata-se do mais completo acervo de informações históricas, econômicas e geográficas selecionadas com vistas à compreensão pelo leitor das particularidades dos municípios de Alagoas, capazes de permitir uma visão abrangente de seu conjunto.

1

Dia 10/05

FASCÍCULO

2

Dia 17/05

FASCÍCULO

3

Dia 24/05

FASCÍCULO

*Com a criação de Jequiá da Praia, desmembrado de São Miguel dos Campos, o IBGE fez, para 2005, a seguinte projeção: Jequiá da Praia - 12.926 hab.; São Miguel dos Campos 43.338 hab.

Microrregião Maceió I A

Presidente de Honra - Jornalista Ana Luísa Collor de Mello Presidente do Conselho Estratégico - Carlos Alberto Mendonça Diretor Executivo - Luis Amorim Coordenador Editorial - Ênio Lins

- Presidente - Jornalista Ana Luísa Collor de Mello

MUNICÍPIOS DE ALAGOAS

- Coordenação Geral - Leonardo Simões - Coordenação Editorial - Stefani Brito Lins - Coordenador de Economia - Cícero Péricles de Carvalho - Coordenador de História - Douglas Apratto Tenório - Coordenador de Geografia - Rochana Campos de A. Lima - Consultores de Texto - Cássia Oliveira José Luiz Pompe Patrícia Barros - Coordenador de Fotografia - José Ronaldo - Fotógrafos - Thiago Sampaio Hamilton Cruz da Silva

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- Editoração Eletrônica - Daniel Barros Souza Wellington Charles Cavalcanti - Direção de Arte - Cícero Rodrigues - Tratamento de Fotos - Igor Leonardo Pereira - Impressão - Moura Ramos Gráfica Editora - Tiragem - 30.000 Exemplares

Endereço - Avenida Aristeu de Andrade, 355 - Farol Maceió /AL - Cep 57051-090 Telefone/Fax - (82) 4009.7777 / 4009.7756 E-mails - gazeta@gazetaweb.com comercialga@gazetaweb.com

A Microrregião Maceió foi dividida em dois fascículos. O de número 1 reúne um conjunto de nove municípios, tendo como centro Marechal Deodoro, berço histórico da Alagoas contemporânea, verdadeiramente onde Alagoas nasceu. O fato de Maceió reunir 56% do PIB do estado justifica que a capital alagoana seja objeto de um fascículo à parte, encerrando a coleção, o de número 12. O Fascículo de número 1 compreende os municípios de Marechal Deodoro, Barra de Santo Antônio, Barra de São Miguel, Coqueiro Seco, Paripueira, Pilar, Rio Largo, Santa Luzia do Norte e Satuba, integrantes da Microrregião Maceió, que apesar do nome de referência, não incluirá a capital alagoana. Sob o aspecto geográfico, a Microrregião Maceió pertence à Mesorregião Geográfica do Leste Alagoano.

Microrregião Litoral Norte/Mata Alagoana I O Fascículo 2 trará 10 municípios das microrregiões Litoral Norte e Mata Alagoana I, pertencentes, também, à Mesorregião Geográfica do Leste Alagoano: Maragogi, Japaratinga, Passo de Camaragibe, Porto de Pedras, São Miguel dos Milagres, Jacuípe, Jundiá, Matriz de Camaragibe, Porto Calvo e São Luiz do Quitunde.

Microrregião Penedo/Traipu Como particularidade traz o fato de incluir microrregiões de duas mesorregiões diferentes: Mesorregião Geográfica do Leste Alagoano: Penedo, Feliz Deserto, Igreja Nova, Piaçabuçu e Porto Real do Colégio; e a Mesorregião Geográfica do Agreste Alagoano, composta pelos municípios de Olho D'Água Grande, São Brás e Traipu.


4

Dia 31/05

FASCÍCULO 㜵

5

Dia 07/06

FASCÍCULO

FASCÍCULO

6

Dia 14/06

Maceió

Microrregiões Serrana do Sertão Alagoano e Alagoana do Sertão do São Francisco Nesse fascículo estão incluídos os municípios de Água Branca, Canapi, Inhapi, Mata Grande, Pariconha, da Microrregião Serrana do Sertão Alagoano; e Delmiro Gouveia, Olho D'Água do Casado e Piranhas, que integram a Microrregião Alagoana do Sertão do São Francisco.

7

Dia 21/06

FASCÍCULO

Carneiros, Dois Riachos, Maravilha, Ouro Branco, Palestina, Pão de Açúcar, Poço das Trincheiras, Santana do Ipanema, São José da Tapera e Senador Rui Palmeira. Integra a Mesorregião Geográfica do Sertão Alagoano.

8

Microrregião Arapiraca Arapiraca, Lagoa da Canoa, Campo Grande, Coité do Nóia, Craíbas, Feira Grande, Girau do Ponciano, Limoeiro de Anadia, São Sebastião e Taquarana. Essa microrregião faz parte da Mesorregião Geográfica do Agreste Alagoano.

10

Dia 28/06

FASCÍCULO

Dia 12/07

FASCÍCULO

Microrregião de Batalha

Microrregião de Santana do Ipanema

11

Dia 19/07

FASCÍCULO

Dia 05/07

Marechal Deodoro

Belém, Cacimbinhas, Estrela de Alagoas, Igaci, Maribondo, Mar Vermelho, Minador do Negrão, Palmeira dos Índios, Paulo Jacinto, Quebrangulo e Tanque d'Arca. Mesorregião Geográfica do Agreste Alagoano.

12

Dia 26/07

FASCÍCULO

Microrregião Mata Alagoana II Atalaia, Branquinha, Cajueiro, Capela, Campestre, Colônia Leopoldina, Flexeiras, Joaquim Gomes, Messias, Murici e Novo Lino. Microrregião que pertencente à Mesorregião Geográfica do Leste Alagoano.

Microrregião Serrana dos Quilombos Chã Preta, Ibateguara, Pindoba, Santana do Mundaú, São José da Laje União dos Palmares, Viçosa. Mesorregião Geográfica do Leste Alagoano.

Rio Largo

Satuba Santa Luzia do Norte Coqueiro Seco

Pilar

Barra de São Miguel

Microrregião Palmeira dos Índios

Anadia, Boca da Mata, Campo Alegre, Coruripe, Jequiá da Praia, Junqueiro, Roteiro, São Miguel dos Campos, Teotônio Vilela. Pertence à Mesorregião Geográfica do Leste Alagoano.

Paripueira

Maceió

FASCÍCULO

Microrregião São Miguel dos Campos

Batalha, Belo Monte, Jacaré dos Homens, Jaramataia, Major Isidoro, Monteirópolis, Olho d'Água das Flores e Olivença. Mesorregião Geográfica do Sertão Alagoano.

9

Barra de Santo Antônio

Microrregião de

Microrregião Maceió II A Microrregião Maceió II trata da capital de Alagoas, centro administrativo, econômico, populacional e cultural do Estado.

História

Economia

Geografia

O

s municípios que compõem a microrregião de Maceió possuem três traços fortes: a proximidade com o Complexo Lagunar MundaúManguaba ou com o litoral, as vastas plantações de cana-de-açúcar e a forte relação com a capital de Alagoas. A proximidade com as lagoas e com o mar produz a economia da pesca; as usinas e as destilarias, com suas demandas por matéria-prima, determinam a paisagem rural canavieira. Esses municípios têm, na maior parte das vezes, uma relação de dependência com o setor de serviços e o comércio de Maceió. A mesma paisagem tropical e a história comum, o potencial turístico, as possibilidades da agricultura de tipo familiar, a pequena indústria e as outras atividades produtivas dão a essas localidades a uniformidade desse território.

O

ocalizada na porção central do litoral, compreende uma faixa de planícies costeiras onde se situam as lagunas Mundaú/Manguaba e Roteiro e os estuários dos rios Pratagy, Meirim e Santo Antônio. Aparecem também recifes de franja e paralelos próximos à linha de costa. Para o interior, a área é dominada pelos tabuleiros costeiros. Faz parte desta microrregião os municípios: Barra de Santo Antônio, Barra de São Miguel, Coqueiro Seco, Marechal Deodoro, Paripueira, Pilar, Rio Largo, Santa Luzia do Norte, Satuba e Maceió. A aglomeração urbana de Maceió mantém certa continuidade espacial com parte dos municípios de Satuba, Rio largo, Marechal Deodoro e Pilar.

s municípios que formam a Microrregião Maceió I, centralizados em Marechal Deodoro, têm uma identidade que decorre de semelhanças em sua história, formação geográfica e desenvolvimento econômico. A cana-de-açúcar, que foi o forte componente inicial da colonização, influenciou essa microrregião, moldando praticamente todos os aspectos de sua vida. A geografia, por sua vez, ao contemplar esse território com um rico complexo hídrico, marcou profundamente seu desenvolvimento. Nesse habitat, a ocupação humana se fez presente sob forte influência desses condicionantes que, sob vários aspectos, tiveram papel determinante na estruturação do sistema de organização político e social aí instalado

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Mesorregião Geográfica do Sertão Alagoano

Mesorregião Geográfica do Leste Alagoano

Mesorregião Geográfica do Agreste Alagoano

Microrregião da Mata Alagoana

Microrregião Serrana do Sertão Alagoano

Mata Grande

Microrregião de Santana do Ipanema

Canapi Ouro Branco Inhapi

Pariconha

Sen.Rui Palmeira Olho d’água do Casado

Poço das Trincheiras Santana do Ipanema Dois Riachos

Estrela de Alagoas

Cacimbinhas

Igaci

Paulo Palmeira Jacinto dos Índios Mar Vermelho Belém

Olivença São José da Tapera

Olho d’água das Flores Monteirópolis

Pão de Palestina Açucar

Microrregião Alagoana do Sertão do São Francisco

Jacaré dos Homens

Chã Preta

Tanque Maribondo d’Arca

Viçosa Pindoba

Major Isidoro

Microrregião de Arapiraca

Jaramataia Craibas

Taquarana Coite do Nóia Limoeiro de Anádia Arapiraca Lagoa Girau do Ponciano da Canoa Feira Grande São Campo Sebastião Grande

Batalha

Belo Monte

Microrregião de Batalha

São José da Lage

Santana do Mundaú

Quebrangulo Minador do Negrão

Carneiros

Piranhas

Microrregião Serrana dos Quilombos

Microrregião de Palmeira dos Índios

Maravilha

Agua Branca

Delmiro Gouveia

Campestre Jacuipe Novo Lino Colônia Ibateguara Leopoldina

União dos Palmares

Jundiá

Porto Calvo

Matriz do Camaragibe

Joaquim Gomes

Maragogi

Japaratinga Branquinha

São Luís do Quitunde

Murici Cajueiro Capela

Porto de Pedras

Flexeiras

Messias

Barra de Santo Antônio Paripueira

Rio Largo

Atalaia

São Miguel dos Milagres Passo de Camaragibe

Microrregião do Litoral Norte Alagoano

S.Luzia Satuba do Norte Pilar Coqueiro Seco Boca da Mata Marechal Deodoro São Miguel dos Campos Campo Alegre Barra de São Miguel Roteiro

Anadia

Maceió

Microrregião de Maceió

Junqueiro Teotônio Vilela Traipu 38ºW

37ºW

36ºW

ESTADO DE ALAGOAS MICRORREGIÕES GEOGRÁFICAS 09ºS

09ºS

Jequiá da Praia

Microrregião de Traipu Coruripe

Olho d’água Grande São Brás

Igreja Nova

Microrregião de São Miguel dos Campos

Porto Real do Colégio

PERNAMBUCO

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Feliz Deserto

Piaçabuçu O

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Microrregião de Penedo

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10ºS

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SERGIPE

38ºW

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36ºW

Fonte: BRASIL, IBGE. Malha Municipal do Brasil (2005) em formato shapefile; ALAGOAS, SEPLAN. Estado de Alagoas Mapa Político - escala 1: 400.000 (1993); SEPLANDES, Estado de Alagoas. Anuário Estatístico. Mapa do Estado de Alagoas, por micro-regiões homogêneas e municípios - escala aproximada 1: 1.440.000 (1998). Cartografia: Geógrafos Esdras de Lima Andrade (CREA 6270-D/AL) e Sinval Autran Mendes Guimarães Júnior (CREA 6265-D/AL).Abril de 2006. Apoio: Laboratório de Geoprocessamento Aplicado - Instituto de Geografia, Desenvolvimento e Meio Ambiente - Universidade Federal de Alagoas (LGA-IGDEMA-UFAL)

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㤵 38ºW

37ºW

36ºW R I O

ESTADO DE ALAGOAS MAPA POLÍTICO E RODOVIÁRIO

PERNAMBUCO

Maravilha

Água Branca Represas de Paulo Afonso e Moxotó

Delmiro Gouveia

Santana do Ipanema

Sen. Rui Palmeira Olho d’água do Casado

Carneiros São José da Tapera

Represa de Xingó

BAHIA

Chã Preta

Poço das Trincheiras Dois Riachos

Piranhas R

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Jacaré dos Homens Palestina

Pão de Açucar S

Cacimbinhas deEstrela Alagoas

Major Isidoro Jaramataia

Batalha

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Craibas

Mar Vermelho

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Coite do Nóia

Atalaia

Taquarana

Anadia

Boca da Mata

Limoeiro de Anádia

Lagoa da Canoa

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Traipu

Satuba S.Luzia do Norte Lg. Manguaba Coqueiro Seco Marechal Deodoro

Campo Grande

São Miguel dos Campos

Lg. do Roteiro

Barra de São Miguel

Roteiro

Feira Grande São

Junqueiro

Sebastião

Teotônio Vilela

Maceió

Lg. de Jequiá

Jequiá da Praia

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Coruripe

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São Brás

Feliz Deserto

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Penedo

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Fonte: BRASIL, IBGE. Malha Municipal do Brasil (2005) em formato shapefile; ALAGOAS, SEPLAN. Estado de Alagoas Mapa Político - escala 1: 400.000 (1993); SEPLANDES, Estado de Alagoas. Anuário Estatístico. Mapa do Estado de Alagoas, por micro-regiões homogêneas e municípios - escala aproximada 1: 1.440.000 (1998). Cartografia: Geógrafos Esdras de Lima Andrade (CREA 6270-D/AL) e Sinval Autran Mendes Guimarães Júnior (CREA 6265-D/AL).Abril de 2006. Apoio: Laboratório de Geoprocessamento Aplicado - Instituto de Geografia, Desenvolvimento e Meio Ambiente - Universidade Federal de Alagoas (LGA-IGDEMA-UFAL)

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SERGIPE

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Igreja Nova

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Porto Real do Colégio

10ºS

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Olho d’água Grande

São Miguel dos Milagres

Lg. Mundaú

10ºS

CAPITAL SEDE MUNICIPAL LIMITE INTERMUNICIPAL LIMITE INTERESTADUAL RODOVIA FEDERAL RODOVIA ESTADUAL LEITO NATURAL LINHA FÉRREA

Barra de Santo Antônio Paripueira

Rio Largo

Pindoba

Campo Alegre Girau do Ponciano

Messias

Cajueiro Capela

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Belo Monte

Passo de São Luís do Camaragibe Quitunde

Pilar

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Viçosa

Belém Tanque d’Arca Maribondo

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Flexeiras

Murici

Paulo Jacinto

Palmeira dos Índios

Olivença

Olho d’água das Flores Monteirópolis

Branquinha

Quebrangulo

Minador do Negrão

Japaratinga Porto de Pedras

Inhapi

Pariconha

09ºS

Matriz de Camaragibe

Joaquim Gomes

União dos Palmares

Santana do Mundaú

Maragogi Porto Calvo

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Ouro Branco

Canapi

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Jundiá

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Mata Grande

Novo Lino

Colônia Ibateguara Leopoldina

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09ºS

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Campestre Jacuipe

Imagem de satélite - Fonte: Embrapa - Monitoramento por satélite - Landsat

38ºW

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36ºW

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História

Clima Área População Eleitorado

Construções antigas e modernas se fundem no ambiente urbano de Marechal Deodoro, que ainda tem uma vida pacata de cidade do interior

Quente sub-úmido 334 km² (IBGE, 2005) 42.793 hab. (IBGE, 2005) 24.683 (TRE-AL, 2006)

Aqui nasceu Alagoas Marechal Deodoro é um dos sítios históricos mais importantes do Estado. Em 1591 já estava consolidado o seu núcleo urbano inicial conquistado aos caetés. Foi sede de comarca e capital da província. Berço de alagoanos ilustres como Tavares Bastos, Alexandre Passos, Melo Morais, Rosalvo Ribeiro e também do clã dos Fonseca: o Major Manoel Mendes, a matriarca D. Rosa, os filhos e, dentre eles, o mais notável: Marechal Deodoro da Fonseca. Além de berço de Deodoro e dos Fonseca, foi a primeira capital de Alagoas. O nome da cidade é homenagem ao Proclamador da República brasileira. Após a instalação do novo regime, em 15 de novembro de 1889, a velha Alagoas passou a ter a atual denominação. Antes era conhecida como vila de Santa Maria Madalena da Lagoa do Sul, ou simplesmente, Madalena. A padroeira é Nossa Senhora da Conceição. HISTÓRIA - Patrimônio histórico de Alagoas e do Brasil, foi também berço da colonização da parte austral da antiga Capitania de Pernambuco. O nome inicial traz a marca da musicalidade e da fé. O nome de hoje reforça o glorioso passado do mais venerado de seus filhos. Há controvérsias sobre a data exata de sua fundação. Mas é inquestionável que foi um dos primeiros núcleos para onde o donatário precursor de Pernambuco enviou colonos, logo após sua posse, conquistando o lugar dos caetés. O fato de ter o terreno levemente acidentado e a relativa distância da costa, banhada pela Lagoa Manguaba, per mitia melhores recursos defensivos numa época em que os franceses aterrorizavam as costas brasileiras em busca do precioso pau-brasil. O local da aprazível praia do Francês, próximo à cidade, era, na época, movimentado entreposto daqueles europeus gauleses. Da nova povoação instalada 12

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No Trevo do Francês, destaca-se a figura do Marechal Deodoro da Fonseca, do mestre Deodato

devem ter partido as expedições que expulsaram os franceses que sabiam manter boas relações com os índios. A descoberta de sambaquis em seu território demonstra a preferência pela região lagunar por parte dos povos primitivos. Ali havia animais de caça, frutos silvestres e principalmente águas piscosas, onde peixes e mariscos eram abundantes. Os montes de conchas e moluscos, os vestígios de alimentação humana encontrados na localidade chamada Caboclo e o lugar onde se encontra hoje o cemitério de Massagueira, denominado Padre Silvestre, atestam a preferência dos homens pré-históricos e, mais tarde, dos caetés e tupinambás que se digladiavam em disputa pelo rico território. Em 5 de agosto de 1591, defendem alguns, já existia uma escritura pública na

Convento de Stª Maria Madalena, que remonta ao Brasil Colônia e à vila como capital da Província de Alagoas

Museu de Arte Sacra, que reúne parte do rico acervo de obras religiosas da antiga capital de Alagoas

qual o procurador do donatário, Jorge de Albuquerque Coelho, sobrinho do dirigente da Capitania, fez, a Diogo de Melo Castro, “a doação de cinco léguas ao longo da costa, sendo três de boca da lagoa Manguaba para o lado do sul e para o norte, sete para o Sertão, a fim de fundar ali uma vila que denominaria Madalena”. É provável não ter sido possível fazer o empreendimento naquela data. As coisas não eram fáceis: recursos, colonos, franceses, índios. O certo é que em 1611 aparece nova doação, em escritura, para fundar a povoação tão importante para a estratégia de estabelecimento dos pioneiros de Olinda. O historiador Pedro Paulino, que foi nosso primeiro Governador republicano e irmão de Deodoro, atesta o documento existente, confirmando Gabriel Soares, filho de Diogo, como novo agraciado para fundar a vila e tomar posse de sua sesmaria. Voltou a doar terra para a fundação da vila. A escritura estabelecia a obrigação de que os foros das ditas terras se tirassem sempre para a confraria de Nossa Senhora da Conceição. Impulsionado pela atenção dos responsáveis pela Capitania, que desejavam ter um posto estratégico no meio do território antes do seu extremo sul, no rio São Francisco, com fácil acesso a embarcações, o povoado floresceu. Seu crescimento foi abalado com a invasão holandesa. Por volta de 1636, a pequena vila foi invadida e saqueada pelos holandeses. Os moradores sofreram toda espécie de privações. Cerca de 100 casas incendiadas, prisão, tortura, morte e o símbolo maior da desdita: as labaredas criminosas consumindo a querida Igreja de Nossa Senhora da Conceição. À época já era freguesia, criada em 12 de abril de 1636, o que evidencia o seu progresso. O golpe sofrido nos tempos dos flamengos não impediu a retomada de seu crescimento. A vila era extensa e abrangia áreas dos atuais municípios de Pilar,

Maceió, Rio Largo, Murici, União dos Palmares, São José da Lage, Atalaia, Capela, Viçosa, Palmeira dos Índios, Quebrangulo, São Miguel dos Campos, Coruripe e parte dos municípios de São Luís do Quitunde, Anadia e Limoeiro. Atalaia e Poxim foram desmembrados da superfície original. A historiografia alagoana apresenta grande deficiência ao não estabelecer de forma clara a espaciologia da colonização. A documentação escassa não impediu o surgimento de trabalhos com informações sobre os dois pólos de ocupação que se formariam nos extremos de seu território: Penedo, em 1570, e Porto Calvo, em 1590. O pólo intermediário, porém, que se estabeleceria em Alagoas, ao Sul, em 1611, incorporando o breve período de fastígio de Santa Luzia de Siracusa (1608), ambos situados na região das lagoas, não teve a mesma atenção dos dois primeiros. E é justamente nele que surge a área mais dinâmica do modelo espacial colonizador da terra alagoana. A paisagem onde a sociedade colonial açucareira se edificaria com mais fortaleza e concentraria, a despeito do dinamismo de Penedo, sua administração, na região que englobaria a primeira e a segunda e última capital. Ali, com todas as limitações de um modelo espacial urbano, distante de centros mais desenvolvidos como Recife e Salvador, se construiria a base da sociedade escravagista alagoana, regime de família e propriedade, num núcleo urbano que concentraria a máquina administrativa da representação real no período colonial e da coroa imperial brasileira, a partir de 1822. Ali teríamos o início da literatura, do ensino e das artes com o convento sanfranciscano e as dezenas de igrejas reunidas na vila de Santa Maria Madalena da Lagoa do Sul, rivalizando com o distante burgo sanfranciscano. Não é por acaso que o nome Alagoas vem da antiga sede da comarca e da sua primeira capital. O porto do Francês e a

FOLCLORE E CULTURA Marechal Deodoro tem uma variedade de manifestações folclóricas que ajudam a vêla como uma verdadeira capital cultural: Guerreiros, Cocos de Roda, Pastoris, Bandas de Pífano, Baianas, Cavalhadas. Os visitantes se deixam impressionar também pelo seu artesanato, que tem rendas, o labirinto e o filé, duas atividades facilmente encontradas na cidade e nos pequenos povoados em volta. Outras variantes de sua cultura, herdadas dos conventos e de suas dezenas de igrejas, são as manifestações musicais das famosas filarmônicas Santa Cecília e Municipal. O Baile Histórico é evento tradicional. A Casa de Deodoro e o Museu de Arte Sacra atraem a atenção dos turistas que chegam à cidade, dividindo sua atenção com as águas atraentes de sua praia mais famosa e dos canais de sua lagoa. O casario colonial apresenta-se como um conjunto arquitetônico de grande valor, patrimônio histórico nacional.

Rendeiras de Marechal Deodoro: o artesanato tem origem na habilidade manual da população e na rica cultura local

GASTRONOMIA - No paraíso ecológico da Ilha de Santa Rita e especialmente no povoado de Massagueira, há dezenas de restaurantes servindo iguarias que nada devem a nenhum centro gastronômico do país: ostra, sururu, ova de peixe, camarão, siri, lagosta, guaiamum, uçá, taioba, maçunim e, como sobremesa, deliciosas cocadas. ㄰

O caranguejo é um dos pratos típicos da culinária da região das lagoas

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grande via lagunar seriam, a partir do século XVII, os corredores de exportação dos produtos da terra, principalmente o mais valorizado deles no mercado internacional: o açúcar. Nas terras situadas às margens das duas lagoas mais importantes, a do Norte (Mundáu) e a do Sul (Manguaba), a matriz alagoana adquiriu muito de sua uniformidade e coesão. O desprotegido conjunto arquitetônico colonial da cidade ainda hoje guarda os resquícios de uma época áurea como pólo administrativo, político e econômico do território austral da Capitania de Pernambuco. A vila que tanto brilho oferecera à Comarca, abrigando os principais proprietários rurais e a intelectualidade, viria a ser elevada à categoria de cidade em 1823. Desde a emancipação política de Alagoas, em 16 de setembro de 1817, funcionaria como a capital da nova comarca e, depois, província. Aos poucos, porém, devido ao seu porto privilegiado, mais adequado ao calado dos navios maiores surgidos com a revolução comercial, Maceió tomou-lhe a dianteira. Esta posição privilegiada viria a perder de vez em 1839, quando houve a mudança da capital para Maceió. Depois desse tumultuado episódio que gerou luta e divisão entre as lideranças alagoanas, a antiga capital começou a definhar, só voltando a adquirir novo impulso nas últimas décadas do século passado. Alçados à condição de mais nova unidade provincial do Império, recebemos os influxos das transformações operadas em todo o Brasil. Assistimos à irradiação do capital britânico e dos ares respirados no mundo. Era imperativa a transferência do pólo administrativo e político das lagoas para a promissora restinga maceioense. Os embates de lideranças

políticas e os interesses econômicos fazem parte dessa luta que ficou conhecida como “a mudança do cofre”. Era um movimento sedicioso tentando impedir a mudança da Tesouraria da Fazenda Geral da província. Os que se opunham à transferência, como Tavares Bastos e o Major Manoel Mendes da Fonseca, comandantes das armas, sabiam que isto acarretaria no ocaso da velha capital. Os que desejavam a transferência, como Sinimbu, sabiam que o progresso da província e os imperativos do nosso destino exigiam que se desse a mudança. A verdade é que a escolha de Maceió, antes do golpe mortal do Governador Agostinho da Silva Neves em 1839, foi determinada desde o dia em que Sebastião de Melo e Póvoas, primeiro Governador nomeado e neto do Marquês de Pombal, chegou ao Porto de Jaraguá, em 27 de dezembro de 1818, desencadeando as primeiras desavenças. Póvoas demorou-se em Maceió antes de tomar posse em Alagoas, encantado com a topografia e as condições do local. Hoje, o isolamento geográfico não mais existe. A rodovia construída nos anos 80 coloca a antiga capital a minutos de distância de Maceió. A economia, baseada na cultura da cana de açúcar e nas suas unidades industriais, revigora-se. O ainda incipiente pólo petroquímico e o turismo da região de Massagueira, os canais lacustres e a paradisíaca praia do Francês permitem ver uma cidade diferente da triste e decadente urbe que não se conformou em ter de si arrebatada a condição de sede administrativa de sua unidade política regional.

Prédio do antigo Palácio do Governo provincial, reformado, abriga a prefeitura do município 14

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FIGURAS ILUSTRES

Grande dignatário das Ordens da Rosa, do Cruzeiro do Sul e de Aviz, Manoel Deodoro da Fonseca, Marechal do Exército, nasceu em 5 de agosto de 1827 e faleceu em 23 de agosto de 1892. Generalíssimo de Terra e Mar, Proclamador da República e primeiro Presidente do Brasil. Sua vida foi cheia de abnegação e amor à pátria. Além das inúmeras batalhas em que tomou parte, sempre com demonstrações de heroísmo, foi presidente da Província do Rio Grande do Sul e comandante das Armas de Mato Grosso. Seus pais, D. Rosa da Fonseca e o Major Manoel Mendes da Fonseca, são outros nomes importantes da história alagoana. D. Rosa encarnou a heroína e o exemplo da mulher brasileira. O Major Mendes lançou o célebre Manifesto da Independência num ato de coragem cívica que se antecipou aos 7 de setembro e insurgiu-se contra a mudança da capital. O casarão da rua dos Mortos, nº 92, de arquitetura portuguesa, foi o ninho escolhido pelo casal para dar ao Brasil, além de Deodoro, outros filhos ilustres, como Hermes Ernesto (Marechal do Exército), Severiano Martins (Marechal e Barão de Alagoas), Pedro Paulino (Coronel e primeiro governador de Alagoas), Hipólito Mendes (Capitão, herói da Guerra do Paraguai e como os outros irmãos, morto em combate, em Curupaiti), Eduardo Emiliano (Major, herói de guerra, igualmente morto em combate, na batalha de Itororó), João Severiano (General-médico, Patrono do Serviço de Saúde do Exército, combatente na mesma Guerra), Emília Rosa, Amélia Rosa e o mais novo dos filhos, o Alferes Afonso Aurélio, outro herói de guerra, morto aos 21 anos na sangrenta batalha de Curupaiti. Outras figuras de projeção da cidade são Antônio Teixeira da Rocha (Barão de Maceió), José Tavares Bastos, inflamado orador

Marechal Deodoro da Fonseca, de uma tradicional família militar alagoana, entrou para a história como o Proclamador da República

e líder político, pai de Cassiano Cândido Tavares Bastos (jurista e senador federal) e Aureliano Cândido Tavares Bastos (deputado geral, jornalista e autor de obras memoráveis no campo das ciências políticas). Também o são Alexandre José de Melo Morais (historiador, uma das grandes figuras da intelectualidade brasileira), Rosalvo Ribeiro (pintor de renome nacional), Luiz Monteiro de Amorim Lima (político e professor), Arriete Vilela (escritora), José Alexandre Passos (escritor), Antonio Plácido e Manoel Sabino Souto (médicos), Aristides Leite Barros e Edson Camilo de Morais (ambos músicos conceituados), Cícero Santeiro e o símbolo da arte deodorense de hoje, Nelson da Rabeca.

PATRIMÔNIO - A cidade é uma relíquia barroca e colonial a ser preservada. Seus inumeráveis monumentos arquitetônicos são verdadeiras jóias do mais alto valor cultural e histórico. Lembram um passado distante, cheio de glória, as origens da formação de um povo. Quem por lá passar, além do Museu de Arte Sacra e da Casa de Deodoro, não pode deixar de visitar: A Igreja e o Convento de Santa Maria Madalena - Construção iniciada em 1660, onde havia recolhimento de frades franciscanos e cuja obra durou mais de um século. Tendo como características o estilo barroco do século XVI, de 1821 a 1839 serviu como quartel militar. Ordem Terceira de São Francisco Anexa à Igreja e ao Convento anteriormente citados. Construção do século XVIII. Fachada de traços elegantes e harmoniosos. Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição - Construída para substituir a primitiva Matriz, que foi incendiada pelos holandeses em 1633, só teve suas obras terminadas em 1783. Nela ocorreu a posse do primeiro Governador de Alagoas, Sebastião Francisco de Melo e Póvoas. Só com a cobrança de tributos e a produção de aguardente, azeite, sal e vinho, a população teve a sua igreja maior terminada.

Igreja do Antigo Convento do Carmo - Do século XVIII, fundada pelos carmelitas entre 1754 e 1819. A ordem não se fixou na cidade, deixando no abandono este belo monumento arquitetônico. Igreja de Nossa Senhora do Amparo - Construída pela irmandade de N. Sra. do Amparo, confraria de mulatos. Data do fim do século XVIII e início do século XIX. A pedra fundamental data de 1757. Está em ruínas. Igreja de Nossa Senhora do Rosário Também em ruínas. Foi edificada pela Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos em 1834 para substituir outra de porte menor. Ordem Terceira do Carmo - Ao lado do Convento e Igreja do mesmo nome, está este monumento, infelizmente, também em ruínas. Edificado no local da antiga capela de Nossa Senhora do Ó. Igreja do Senhor Bom Jesus do Bomfim - Localizada no povoado de Taperaguá. Cadeia e Casa da Câmara Construção de 1850, de autoria do engenheiro José Carlos de Carvalho. Antigo Palácio Presidencial - Sede do Governo Provincial até a transferência da capital em 1839. Construção simples e austera, é monumento de extraordinário valor arquitetônico. Casa de Deodoro - Típica construção colonial com telhado de biqueira e traçado simples com duas portas e duas janelas. Conserva a fachada original e funciona como um memorial do Proclamador da República, que ali nasceu e passou a infância com os irmãos.

Interior da Matriz de N. Sra. da Conceição, cenário da posse do 1° Governador de Alagoas 15


Geografia ㄰

Laguna, rios e reservas ecológicas Localizado na Mesorregião do Leste Alagoano, na Microrregião Geográfica de Maceió, limitando-se ao norte com os municípios de Satuba, Santa Luzia do Norte e Coqueiro Seco; ao sul com São Miguel dos Campos e Barra de São Miguel; a leste com o Oceano Atlântico e a oeste com o município Pilar. O município situa-se na margem direita da laguna Manguaba e tem uma área de 334 km² (IBGE, 2005), distando 28 km de Maceió. A sua altitude máxima é de 94 metros no tabuleiro e na planície costeira varia de 3 a 12 metros, na Ilha de Santa Rita. Suas principais vias de acesso são as rodovias BR 101, AL 101 SUL e AL 215. Os principais rios do município são o Sumaúma Grande e seus afluentes, que desaguam na laguna Manguaba, ao sul da área urbana, e ocupa uma área de 186 km²; o rio dos Remédios com desembocadura no Canal de Dentro, entre as ilhas do Lisboa e a de Santa Rita. Sua bacia ocupa uma área de 48 km²; e o riacho do Broma que lança suas águas no

Canal de Dentro, em frente a ilha de Santa Rita. No município encontra-se a Área de Proteção Ambiental (APA) de Santa Rita (Lei. n°4607) e a Reserva Ecológica Saco da Pedra (Dec. 6.274). O clima caracteriza-se, segundo a classificação de Thornthwaite, como megatérmico sub-úmido com excesso hídrico no inverno e deficiência no verão com temperaturas médias mensais entre 24° C e 28° C e total anual de chuvas em torno de 1.400 mm. Geologicamente o município está inserido na Bacia Sedimentar de Alagoas, onde afloram as formações: Poção, Coqueiro Seco, Barreiras e os Sedimentos de Praia e Aluvião (terraços marinhos pleistocênico e holocênico, depósitos flúvio-lagunares, mangues e dunas). As principais ocorrências minerais são o gás natural e o petróleo. Quanto ao relevo, observa-se a existência de um baixo planalto sedimentar (tabuleiro), dissecado pela ação erosiva dos rios Sumaúma, dos Remédios e Niquim, que dá origem a

interflúvios tabuliformes dissecados. No interflúvio entre a laguna Manguaba e o rio dos Remédios, encontra-se instalado o Pólo Cloroalcoolquímico. A planície lagunar ocupa as duas margens da laguna, onde são encontrados terraços e os depósitos flúvio-lagunares. A planície marinha é composta por dois níveis de terraços, o primeiro com altitude de 8 a 12 metros, visível na Ilha de Santa Rita e Taperaguá, e o segundo com 3 a 5 metros de altitude, bem representado na praia de Francês e em Massagueira. De acordo com o CENSO 2000, a população era de 35.866 habitantes (17.801 homens e 18.065 mulheres), a população urbana era de 29.837 e a rural de 6.029. Com relação às religiões, 25.516 eram católicos, 3.088 evangélicos e 7.215 professavam outras religiões. Segundo o IBGE 2005, a população estimada é de 42.793 habitantes. O município apresenta 128 habitantes/km², com índice de urbanização de 49,53% (IBGE, 2000) e taxa de crescimento de 6,15.

Laguna Manguaba

Pilar

Coqueiro Seco ㈵

Marechal Deodoro

São Miguel dos Campos

Ilha de Santa Rita

Oc ea no At lân tic o

Santa Luzia do Norte

Praia do Franês

Barra de São Miguel

N

POPULAÇÃO 45.000

35.000 29.837

1,42%

25.516

25.000 18.065 17.801 15.000 ㄰

6.029

5.000

7.215 㤵

3.088

Apreciada pela qualidade de suas águas mornas e pela beleza do cenário na qual está inserida, a praia do Francês é internacionalmente conhecida. 16

䵁剅䍈䅌⁄䕏䑏剏弰 獥硴愭晥楲愬‵⁤攠浡楯⁤攠㈰〶‱㈺㔱㨲

População estimada (IBGE, 2005) e % relativa ao Estado Mulheres (censo 2000) Homens (censo 2000) População urbana (censo 2000)

População rural (censo 2000) Religião católica (amostra, censo 2000) Religiões evangélicas (amostra, censo 2000) Outras religiões (amostra censo 2000)

Gráfico da população estimada 2005 e do CENSO 2000 do município de Marechal Deodoro.

17


Economia

Diversidade: açúcar, álcool, petróleo, Um dos mais ricos municípios alagoanos, Marechal Deodoro tem uma economia diversificada. A agricultura está centralizada na cana-de-açúcar, que tem sua industrialização na Usina e Destilaria Sumaúma, fundada em 1970. Na safra 2005/06 a usina produziu 14 milhões de litros de álcool e 1,8 milhões de sacos de açúcar. A pesca do bagre, carapeba, siri, tainha e camurim é uma atividade centenária. A presença do petróleo traz benefícios como o pagamento de royalties. Em 2005, o município recebeu R$ 3,3 milhões da Petrobrás. A Unidade de PVC da Braskem é a maior indústria local. A ela se agregam outras pequenas indústrias químicas, formando o Pólo Multifabril, antigo Distrito Industrial de Marechal Deodoro, distante apenas 28 km de Maceió. O turismo é uma fonte importante de emprego e renda, destacando-se o conjunto de hotéis, pousadas e restaurantes presentes na Praia do Francês, com mais de 50 unidades; o Pólo Gastronômico da Massagueira (mais de 30 estabelecimentos); a Barra Nova e a parte urbana da antiga capital de Alagoas. Por sua destacada posição geográfica, vizinho a sete municípios, cortado por estradas asfaltadas e conectado pela lagoa Manguaba, Marechal Deodoro vem atraindo muitos investimentos imobiliários. A potencialidade da economia local está voltada para os empreendimentos turísticos nas áreas do litoral, da lagoa ou da parte histórica; o desenvolvimento do artesanato; a instalação de novas indústrias na área do seu Pólo Multifabril; a produção de alimentos industrializados de origem vegetal; a produção de pescado e, pela proximidade de Maceió, na área da construção civil.

MARECHAL ALAGOAS NORDESTE BRASIL

Indústria

140000

98 (37%)

120000 100000

32

80000 60000

(12%)

40000

136 (51%)

20000 0

Indústria

MARECHAL MACEIÓ ALAGOAS

Empresas Empregos 639 4.860 21.160 112.384 42.702 246.414

PEA 13.033 345.732 1.133.000

Nº de Estabelecimentos Crédito (2005) Serviços

IDH

Situação dos domicílios (2006) Coleta de lixo

72,5

Esgoto sanitário

6

Água

70,3 0

10

20

30

40

50

60

70

MARECHAL MACEIÓ ALAGOAS

Município 1990 2000 0,538 0,649 0,559 0,485 0,620 0,700 0,688 0,509 3786º 8º

2003 7.502 3.505 4.306 8.694

Pop. de 1 a 19 anos Pré-Escola Fundamental Médio EJA

2002 1.302 8.498 1.504 1.893

ALAGOAS 2000 0,649 0,598 0,646 0,703 26º -

71 MARECHAL 105.305 ALAGOAS

14 7.966

Valor R$

38.973,16 39 35.066 68.631.671,17

Finanças municipais/previdência (2003)

R$ (2003) 6.918.058,29 1.983.716,96 6.564.531,56

Previdência Receita Tributária FPM Indicadores municipais de saúde

Analfabetos com mais de 15 anos (2000)

1991 49,54 22,17 45,32

80

Total Renda Longevidade Educação Ranking no Brasil Ranking no Estado

Agricultura/crédito PRONAF (2005)

Serviços

Hospitais

Perfil educacional do eleitorado (2006)

2000 33,99 16,87 31,91

Superior

MARECHAL ALAGOAS

720 (2%)

2º grau

LEITOS

(por 1.000 habs.)

1 27

17 unidades 172 unidades

38,8 23,2

Programas sociais (2006)

(17%)

9.600 2005 18.742 1.396 9.589 1.756 1.402

0,4 4,3

Rede Mortalidade Ambulatorial Infantil (2002)

Sem instrução

4.250

Alunos matriculados

2002 5.692 3.012 3.694 7.631

Empresas e empregos formais (2006)

Familiares Patronais Contratos

2001 5.176 2.631 3.255 6.954

Comércio

Agricultura

Número e perfil das MPE’s

Setores da Economia (R$) (2002)

PIB municipal (per capita)

2000 7.997 2.471 3.014 6.473

turismo e indústrias

(40%)

10.150 (41%)

FAMÍLIAS NO MUNICÍPIO FAMÍLIAS POBRES Bolsa Família Outros programas ATENDIDAS (%)

Famílias 9.265 4.167 4.122 2.209 98,9%

R$ (mês) 266.594,00 35.100,00 301.694,00

1º grau Fonte: DATASUS - MEC/INEP - FAO - INCRA/MDA - IPEA/PNUD - MDS - SEBRAE - TRE/AL - IBGE - STN - INSS Os dados se referem às publicações mais recentes dessas instituições

18

䵁剅䍈䅌⁄䕏䑏剏弰 獥硴愭晥楲愬‵⁤攠浡楯⁤攠㈰〶‱㈺㔱㨳

19


História

Clima Área População Eleitorado

PIB municipal (per capita)

Quente sub-úmido 249 km² (IBGE, 2005) 32.421 hab. (IBGE, 2005) 23.380 (TRE-AL, 2006) A Igreja Matriz de Nossa Senhora do Pilar, vista desde a Praça Marechal Deodoro

Dinâmico entreposto comercial A explicação lendária diz que uma imagem de Nossa Senhora foi encontrada por agricultores na mata que predominava na região, em cima de um pilar. Retirada e levada para uma capela próxima do lugar, no dia seguinte misteriosamente a imagem sumiu da igrejinha onde fora deixada, sendo encontrada no mesmo local do dia anterior em cima do pilar abandonado. O fato repetiu-se mais de uma vez, até que os colonos, primeiros habitantes dispersos do sítio que tinha a lagoa como referência, entenderam que o povoado deveria ser edificado naquele lugar. Daí o nome Pilar. O mais correto é supor que Alarcão Ayala, o proprietário do Engenho Velho, de sangue espanhol, tenha escolhido Nossa Senhora do Pilar para padroeira da igreja colonial em torno de seu engenho de açúcar. E daí tenha se originado a primitiva povoação. A santa é muito venerada pelos hispânicos e

A cidade do Pilar, tendo ao fundo a bela lagoa Manguaba, que deixou profundas marcas em sua história, economia, cultura e gastronomia

Zaragoza, cidade onde começou o culto, foi no passado, e é até hoje, um dos mais importantes santuários marianos da Europa. Pilar é, portanto, originário de Nossa Senhora do Pilar, santa de

devoção espanhola. Em 1944, teve seu nome modificado para Manguaba, em virtude da lagoa do mesmo nome, principal acidente geográfico do município. Voltou cinco anos mais tarde,

em 17 de setembro de 1949, a ter sua denominação original. HISTÓRIA - O singelo conjunto de habitações de pescadores por onde passavam os produtos das vilas ribeirinhas do vale do Paraíba, como Atalaia e Paraíba, atual Capela, em direção à poderosa Alagoas, só começa a ofuscar Santa Luzia do Norte e a florescer no começo do século XIX. A povoação teve início com um engenho movido à água pertencente a José de Mendonça Alarcão Ayala, um dos antepassados do Barão de Mundaú. Segundo o censo realizado em 1860, citado por Tomás Espíndola, sua população na segunda metade do século XIX era de 9.806 pessoas, sendo 8.458 homens livres e 1.348 escravos. Superava Santa Luzia do Norte e rivalizava com outras cidades importantes. A situação estratégica no extremo norte da lagoa Manguaba, a estrada que se comunicava com as localidades do vale do Paraíba e a capital, a importância da navegação lacustre que depois seria beneficiada ainda mais com o vapor, o incremento do

comércio incentivado pela Grã Bretanha e seus interesses modernizadores no Brasil, alavancaram a vida do pequeno burgo iniciado com o Engenho Velho. Um mapa dos engenhos existentes em 1854 mostra a pujança de sua economia: 16, em plena atividade, produziam cerca de 49.900 arrobas de açúcar e 94.700 canadas de mel. Eram eles: Lameirão, Novo, Grujaú de Baixo, Grujaú de Cima, Boacica, Terra Nova, Flor do Paraíba, Pilarzinho, Brejo, Camurupim, Salgado, Pilar, Volta, Quebra Carro, Chã de Terra Nova e Subaúma Mirim. A dinamização do comércio passou a mudar seu pacato modo de vida. Produtos importados chegavam junto com hábitos das grandes metrópoles. Pianos nas casas das famílias mais abastadas, saraus, livros, associações operárias e lítero-recreativa-musicais. E jornais, muitos jornais. Pilar foi atingida pelo boom da imprensa mais do que qualquer outra cidade alagoana. Há até manifestações nacionalistas contra a preeminência britânica, cuja interferência

Economia

2002 3.255 3.012 3.694 7.631

2003 5.358 3.505 4.306 8.694

Pilar é um dos municípios alagoanos beneficiados pela presença do petróleo e gás natural. Em 2005, recebeu de royalties mais de R$ 4,3 milhões. A indústria está marcada pela Unidade de Processamento de Gás Natural (UPGN), da Petrobrás. Esse investimento de R$ 75 milhões tem capacidade de processar 2 milhões de metros cúbicos de gás por dia. Diariamente, a produção do Pilar abastece a Algás, com 400 mil metros cúbicos, e Pernambuco com 1,4 milhão metros cúbicos de gás.

R$ (2003) 9.690.291,97 410.322,51 5.839.865,61

Previdência Receita Tributária FPM

Empresas e empregos formais (2006)

Empresas Empregos PEA 373 1.381 10.574 21.160 112.384 345.732 42.702 246.414 1.133.000

PILAR MACEIÓ ALAGOAS

Situação dos domicílios (2006) 85,5

Coleta de lixo

6,5

Esgoto sanitário

78,1

Água

0

10

20

30

40

50

60

70

80

Alunos matriculados

Pop. de 1 a 19 anos Pré-Escola Fundamental Médio EJA

2002 851 7.805 1.129 644

2005 15.058 1.493 7.020 1.446 630

Analfabetos com mais de 15 anos (2000)

Riqueza está no gás e no petróleo ㄰

2001 2.902 2.631 3.255 6.954

Finanças municipais/previdência (2003)

2000 2.293 2.471 3.014 6.473

PILAR ALAGOAS NORDESTE BRASIL

Outra grande unidade industrial é a Usina Terra Nova, que se encontra desativada. Já a produção de leite é direcionada para os laticínios Pajuçara e Manguaba. Outras pequenas fábricas compõem o parque industrial pilarense. Na década passada, foi construído um Distrito Industrial na Chã do Pilar, num esforço para atrair novas empresas. Sua agricultura gira em torno da cana-de-açúcar, além de coco, feijão, milho e mandioca. A pesca é tradicional: bagre, carapeba e tainha. O comércio

local está distribuído nos dois pequenos pólos: um na cidade antiga e outro na Chã do Pilar. A potencialidade da economia local vem do turismo na região da lagoa Manguaba e da produção de alimentos industrializados de origem agrícola ou do pescado local. A dependência financeira das transferências federais é alta.

Número e perfil das MPE’s

Setores da Economia (R$) (2002)

Serviços

70000

Indústria

PILAR MACEIÓ ALAGOAS

1991 50,32 22,17 45,32

2000 37,07 16,87 31,91

28

60000

(26%)

50000

12

40000 30000

66

20000

(11%)

(63%)

10000 0

Agricultura

Indústria

Serviços

Comércio

Programas sociais (2006)

FAMÍLIAS NO MUNICÍPIO FAMÍLIAS POBRES Bolsa Família Outros programas ATENDIDAS (%)

Famílias 8.034 3.835 3.401 2.092 88,7%

R$ (mês)

205.762,00 33.910,00 239.672,00

㈵ Fonte: DATASUS - MEC/INEP - INCRA/MDA/FAO MDS - SEBRAE - TRE/AL - IBGE - STN - INSS Os dados se referem às publicações mais recentes dessas instituições

20

偉䱁剟〱 獥硴愭晥楲愬‵⁤攠浡楯⁤攠㈰〶‱ㄺ〶㨴

21


na vida da província era notada desde a mudança da capital para Maceió. Como no frontispício de um deles, “A Cidade do Pilar”, que se dizia uma folha livre e independente: “não se filia a partido algum dos militantes atualmente e não deixará de censurar a este ou aquele que pretenda calcar os pés nos desfavorecidos da fortuna, bradará incessantemente contra a estulta pretensão de meia dúzia de ingleses que querem a forciori cortar o nosso colégio e a nossa indústria”. A Fábrica Pilarense de Fiação e Tecidos, constituída em 1892, e a Fábrica de Rendas e Bordados, em 1909, consolidaram-na como centro operário até o desaparecimento das duas. Nas eleições, seu eleitorado obreiro era disputado. O progresso tem o seu preço. Foi fortemente atingida pela epidemia do cólera morbus no ocaso do período imperial. Foi sacudida naqueles anos pelo movimento dos Quebra Quilos e a insatisfação dos caixeiros que queriam gozar o justo descanso dos domingos e

Casa da Cultura Arthur Ramos, referência ao antropólogo nascido no município

feriados religiosos. A população também reagiu contra os responsáveis pela escassez de farinha de mandioca e contra os comerciantes exploradores que aumentavam o preço, devido à Guerra do

Paraguai, à epidemia e à falta de braços nos campos, uma vez que o município passou a vender escravos para o Sul. As sociedades libertadoras também encontravam adeptos na cidade, apesar

da resistência dos proprietários rurais, a classe mais poderosa. Foi no Pilar que se registrou a última pena de morte no Brasil. O escravo de nome Prudêncio, propriedade do senhor João Lima, reuniu-se ao escravo Francisco, propriedade do Dr. Joaquim Thelesphoro Ferreira Lopes, médico afamado e político de prestígio, e em companhia do escravo Vicente resolveu matar os patrões. Foram ao estabelecimento comercial de João Lima e mataram-no, atraindo ao local a esposa sob a alegação de que o marido estava doente, matando-a também. O Dr. Thelesphoro conseguiu escapar da cilada: desconfiado, respondeu, ao ser chamado alta madrugada, que não podia sair pois estava tomando um “escalda pé”, muito usado pela medicina na época. Os escravos fugiram. Prudêncio escondeuse no Monte do Pavão, em Pernambuco, e enfrentou a força policial. Dois soldados morreram na operação. O Dr. Thelesphoro foi ao Imperador e pediu a pena de morte para Francisco, que foi enforcado em praça

Geografia

pública na cidade. Ao atendê-lo, D. Pedro II teria dito: “Sim, concedo, porém, será a última no Brasil”. O Imperador esteve no Pilar quando de sua visita a Alagoas. A memória local guarda como um dos fatos mais importantes de sua história. Ele chegou pelo navio Pirajá e se hospedou no Sobrado do Barão, que diziam ser assombrado. O prédio foi demolido para a construção de um ginásio. O Imperador recebeu dos pilarenses um vaso de ouro maciço como presente. O apogeu do município deu lugar ao declínio após a crise que atingiu os bangüês, o aparecimento dos engenhos centrais, o advento da era das estradas ferroviárias e das estradas de rodagem e o conseqüente esvaziamento do transporte lacustre, onde o porto tinha lugar de destaque. Pilar foi elevado à vila em 1º de maio de 1857 e à cidade em 16 de março de 1872.

N

Rio Largo Atalaia

No estuário do rio Paraíba do Meio

Considerada pelo geógrafo Ivan Fernandes Lima como uma importante cidade de fundo-de-estuário, por sua situação no estuário do rio Paraíba do Meio, faz parte da Microrregião Geográfica de Maceió, limitando-se ao norte com o município de Atalaia; ao sul com Marechal Deodoro; a leste com Rio Largo e a oeste com Boca da Mata. O município tem uma área de 249 km² (IBGE, 2005), distando 36 km de Maceió. Com altitude que varia de 130 metros no tabuleiro a 9 metros na planície flúvio-lagunar, tem como principais vias de acesso as rodovias BR 101, BR 316 e AL 407. O município é banhado pela laguna Manguaba e pelas bacias hidrográficas dos rios Sumaúma e seus afluentes, Paraíba do Meio e seu afluente Tangi e riachos da bacia do Complexo Estuarino Lagunar Mundaú-Manguaba (CELMM). Destes, o principal é o rio Paraíba do Meio, que drena no

município uma área de 190 km², seguido do Sumaúma com uma área drenada de 50 km². No município encontra-se a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), fazenda São Pedro (Port. 012/95). O clima, segundo a classificação de Thornthwaite, é megatérmico subúmido com excedente hídrico no inverno e deficiência no verão com temperaturas médias mensais superiores a 24 °C e precipitação superior a 1.300 mm. Quanto à geologia, o município situa-se no domínio dos sedimentos da Bacia Alagoas, onde afloram as formações Poção, Ponta Verde, Coqueiro Seco, Barreiras e os Sedimentos de Praia e Aluvião (depósitos flúvio-lagunares) e das rochas cristalinas, representadas por biotitagranito. As ocorrências minerais principais são o gás natural e o petróleo. Seu relevo compreende dois

compartimentos: um baixo planalto sedimentar (tabuleiro) e a planície flúvio-lagunar. O planalto corresponde aos sedimentos da Formação Barreiras, com topo sub-horizontal, tem suas encostas trabalhadas pela ação da chuva que dão origem a depósitos colúvioaluvionares no sopé. A planície, resultado da acumulação fluvial e lagunar, é cortada por meandros que contornam terraços e baixas colinas. Com base no CENSO 2000, a população era de 31.201 habitantes (15.384 homens e 15.817 mulheres), a população urbana era de 28.166 e o rural de 3.035 habitantes. Quanto à religião, 23.935 eram católicos, 2.326 evangélicos e 4.795 professavam outras religiões. Segundo o IBGE 2005, a população estimada é de 32.421 habitantes. O município apresenta 130 habitantes/km², com índice de urbanização de 49,53% (IBGE,2000) e taxa de crescimento anual de 0,80.

Pilar Boca da Mata

Laguna Manguaba

POPULAÇÃO 35.000 28.166 25.000

15.000

23.935

1,07% 15.817 15.384

3.035

5.000

População estimada (IBGE, 2005) e % relativa ao Estado Mulheres (censo 2000) Homens (censo 2000) População urbana (censo 2000)

2.326

FIGURAS ILUSTRES - Arthur Ramos (um dos cientistas sociais mais renomados do país), Adelino Ramos (poeta e músico), Augusto de Andrade (poeta e comediógrafo), Antonio Sapucaia (jornalista e desembargador), Benigna Fortes (professora e advogada), Costa Rego (um mestre do jornalismo nacional e político que deu exemplo de ética e coragem), Enoque Barros (promotor de justiça), Fernando de Mendonça (poeta), Heitor Alves (tipógrafo e filólogo), José Francisco da Costa Filho (escritor), Manoel Ramos (médico), Nilo Ramos (poeta e músico), Paulo Ramos (militar, expedicionário da FEB), Pedro Camelo (engenheiro e professor), Zadir Índio (jornalista) e Zito Cabral (jornalista).

F O L C LO R E Há uma diversidade de folguedos e manifestações populares: Pastoril, C avalhada, B aiana, G uerreiro, Chegança e Zabumba. GASTRONOMIA - Iguarias da lagoa Mundaú, ensopado de siri e moqueca de peixe ao molho de coco. O prato mais conhecido é o bagre ensopado, tão festejado que os pilarenses são conhecidos como “cabeças de bagre”.

Marechal Deodoro

São Miguel dos Campos

4.795

População rural (censo 2000) Religião católica (amostra, censo 2000) Religiões evangélicas (amostra, censo 2000) Outras religiões (amostra censo 2000)

PATRIMÔNIO - A lagoa Manguaba fornece uma visão digna de ser vista pelos turistas, além de oferecer pesca e passeio de lanchas e canoas. A festa da Padroeira, Nossa Senhora do Pilar, é em 10 de outubro. Destaque para as casas grandes dos antigos engenhos bangüês, principalmente o Lamarão, o Terra Nova e o Salgado, e para as construídas no início do século XX, como a Casa de Arthur Ramos, onde funciona um Centro Cultural. Destaque também para as Igrejas do Rosário e de São Benedito e para a Matriz de Nossa Senhora do Pilar.

Gráfico da população estimada 2005 e do CENSO 2000, do município de Pilar.

22

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História

Clima Área População Eleitorado

Quente sub-úmido 309 km² (IBGE, 2005) 67.889 hab. (IBGE, 2005) 45.619 (TRE-AL, 2006)

Berço da indústria alagoana

Sua história, inicialmente, é a história de Santa Luzia do Norte, à qual esteve ligado até a chegada da ferrovia, quando passou a prosperar e chegou a ultrapassar de longe a vila sede. Banhada pelo rio Mundaú, seus primórdios remontam à existência de um engenho de açúcar, pertencente à família Calheiros de Melo. Passou a despontar como importante centro industrial após a inauguração da estrada de ferro, o aproveitamento da energia hidráulica das pequenas cachoeiras em seu território e da instalação de indústrias de fibras têxteis. Sua denominação se deve a um engenho inicial que foi o núcleo da povoação edificado no local onde o rio Mundaú se apresenta com maior largura entre as margens. HISTÓRIA - Como tantas outras localidades, inclusive a capital do Estado, a

cidade de Rio Largo, cuja padroeira é Nossa Senhora da Conceição, origina-se de um engenho próximo a uma via hidrográfica, que facilitava o transporte do açúcar e dos gêneros produzidos na propriedade e tinha fácil a oferta de água para seus moradores e para a unidade industrial ali instalada. No registro historiográfico de João Ribeiro está a informação de que, no ano de 1611 “Diogo Gonçalves Vieira, filho e herdeiro de Miguel Gonçalves Vieira, que obtivera anteriormente de Jorge de Albuquerque Coelho uma doação de terras na extensão de cinco léguas de costa, desmembrara de uma herança uma légua quadrada às margens do rio Mundaú, dela fazendo dádiva a Antonio Martins Ribeiro para este construir um engenho naquele sítio”. O referido bangüê recebeu a denominação de “Rio Largo”. Era mais um dentre os muitos engenhos de Santa Luzia do Norte. Mais um de seus povoados. Diz a memória oral que naqueles tempos de pioneiros o engenho passou a ser propriedade de descendentes dos Calheiros de Melo, sendo fracionado por herança e a propriedade reconstituída depois por diversas compras efetuadas por D. Felipe Antonio de Brito. Foi, na seqüência, adquirido por D. Rosa Lima Lins, igualmente descendente da primeira família citada.

Centro de Rio Largo, onde se concentra o comércio da cidade

FOLCLORE - Durante o ano realizam-se apresentações de diversos grupos folclóricos na cidade e em seus distritos, destacando-se Pastoril, Chegança, Reisado, Guerreiro, Quadrilha e Cavalhadas.

Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição

Nos últimos anos do século XIX, duas companhias (Cachoeira e Progresso Alagoana), depois fundidas em uma só a Companhia Alagoana de Fiação e Tecidos - compraram propriedades do antigo Engenho Rio Largo e do Engenho Cachoeira do Regente, vizinho à cidade, e montaram fábricas para industrialização de fibras têxteis. O local foi escolhido pelos empresários devido ao potencial a ser aproveitado da energia hidráulica proveniente das pequenas cachoeiras existentes em seu território. Messias

Geografia

A segunda população da região metropolitana

Criado em 1830 e instalado em 1831, é o terceiro município mais antigo da Microrregião Geográfica de Maceió. Limita-se ao norte com os municípios de Messias e Murici; ao sul com Satuba, Santa Luzia do Norte e Pilar; a leste com Maceió e a oeste com Atalaia. O município tem uma área de 309 km² (IBGE, 2005), e dista 27 km de Maceió, tendo como suas principais vias de acesso a BR 104 e a AL 210, que cortam a sede municipal. Sua altitude varia de 20 a 130 metros na área urbana. Os trens urbanos que a ligam à capital têm seu ponto final no distrito Lourenço de Albuquerque. A pequena distância da capital torna Rio Largo uma cidade-dormitório, semelhante à cidade de Satuba, também localizada na Microrregião Geográfica de Maceió. O município é banhado pelas bacias hidrográficas dos rios Mundaú, Pratagy e Meirim. O Mundaú drena uma área de 251 km² no município, seguido do Pratagy com 16 km² que compõem uma Área de Proteção Ambiental-APA Estadual (Dec. 37.589). O clima, de temperaturas elevadas durante todo o ano, tem médias mensais em torno de 25°C, precipitação anual variando entre 1.390 mm a 1.490 mm

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POPULAÇÃO 70.000 60.000 49.919 50.000 40.000

40.099

2,25% 30.600

31.910

30.000 20.000

População estimada (IBGE, 2005) e % relativa ao Estado Mulheres (censo 2000) Homens (censo 2000) População urbana (censo 2000)

12.591

10.189 12.121

População rural (censo 2000) Religião católica (amostra, censo 2000) Religiões evangélicas (amostra, censo 2000) Outras religiões (amostra censo 2000)

Gráfico da população estimada 2005 e do CENSO 2000, do município de Rio Largo.

Murici

concentradas entre abril e julho. De acordo com a classificação de Thornthwaite, o clima é megatérmico sub-úmido com grande deficiência no verão e excedente hídrico no inverno. Afloram no município as rochas cristalinas, representadas pelo Complexo Migmatítico-Granítico, rochas estas, que são extraídas nas pedreiras, e os sedimentos da Bacia de Alagoas, representados pelas formações: Poção, Barreiras e os Sedimentos de Praia e Aluvião (Depósitos Fluviais). O contato geológico entre as rochas cristalinas e os sedimentos encontra-se representado no município por falha geológica dando origem a cachoeiras. Seu relevo de colinas, modelado sobre as rochas cristalinas, apresenta-se capeado pela Formação Barreiras. No sopé das encostas sedimentares, aflora a Formação Poção dando forma côncavo-convexa às mesmas. A planície fluvial quaternária é cortada

Atalaia

Maceió

Rio Largo Pilar

N

Satuba

pelo rio Mundaú apresentando terraços e meandros. Com base no CENSO 2000, a população era de 62.510 habitantes (30.600 homens e 31.910 mulheres), a população urbana era 49.919 e a rural de 12.591 habitantes. Quanto à religião 40.099 eram católicos, 10.189 evangélicos e 12.121 professavam outras religiões (figura 9). Segundo o IBGE 2005, a população estimada é de 67.889 habitantes. O município apresenta 219,70 habitantes/km², com índice de urbanização de 47,70% (IBGE, 2000) e taxa de crescimento anual de 1,74.

PATRIMÔNIO - Com referência ao ecológico, citamos o Rio Mundaú (que desemboca na lagoa do mesmo nome), os rios Satuba e dos Remédios e os riachos Timbó, Pau Amarelo, Utinguinha, Macacos, Carrapatinho e Padre Nosso. Merece destaque, ainda, a queda d’água no local Gustavo Paiva, o açude e a ilha Angélica, situada no leito do rio Mundaú. Quanto ao patrimônio histórico, temos o Obelisco 2 de Outubro (edificado em comemoração ao centenário da fábrica Cachoeira), o Busto do Comendador Teixeira Bastos (oferta do povo riolarguense ao fundador da Companhia Alagoana de Fiação e Tecidos, inaugurado em 26 de abril de 1936), o Busto do Comendador Gustavo Paiva (homenagem do operariado de Rio Largo em 11 de setembro de 1946 ao grande empreendedor que marcou a história do município com sua visão social), a Estátua do Padre Cícero (venerado pela população) e a Igreja Matriz. FIGURAS ILUSTRES -O Comendador Gustavo Paiva tem o seu nome indelevelmente ligado à história da cidade. Foi um dos grandes expoentes do desenvolvimento econômico e social de Alagoas, com um trabalho que o imortalizou. O Comendador Teixeira Bastos, fundador da Companhia Alagoana de Tecidos, é outra figura sempre lembrada na cidade, também pelo pioneirismo de suas ações e a importância de seus empreendimentos. O trio se completa com o nome de Arnon Afonso de Farias Mello, que nasceu no Engenho Cachoeirinha, foi Governador do Estado e Senador da República, além de ter sido jornalista de renome nacional, homem de letras e pioneiro das comunicações no Estado. Pertenceu a diversas instituições culturais, como a Academia Alagoana de Letras, e mantinha correspondência com os grande nomes da cultura brasileira de sua época. Além deles, é justo mencionar Mateus Casado de Araújo Lima Ar naud, Comendador da Imperial Ordem da Rosa (político que tomou parte ativa nos acontecimentos de 1839, que culminaram com a mudança da capital para Maceió), Francisco de Paula Leite e Oiticica (intelectual ativo, deputado provincial, deputado constituinte e Senador da República, além de membro do Instituto Histórico e Geográfico Alagoano), Manoel Augusto de Oliveira (professor e juiz de Direito no Ceará), Nilton Magalhães Cavalcante (militar), Moacir Vaz de Almeida (advogado), Evanda Carneiro de Vasconcelos (educadora), Antonio Lins de Sousa (político) e Dione Moura (professora e líder classista que foi Diretora Estadual de Ensino e Secretária de Educação do Estado).

25


O interesse das unidades industriais ligadas à tecelagem foi sintoma do crescimento da cultura algodoeira que tomou conta do Estado, rivalizando com o açúcar, produto tradicional, desde a Guerra da Secessão norte-americana até aqueles anos. A primeira industria têxtil de Alagoas foi a Sociedade Anônima Companhia União Mercantil, de Fernão Velho. Embora constituída em 24 de outubro de 1888, a Companhia Alagoana de Fiação e Tecidos só começou a funcionar em 1890. Outros fatores fortaleceriam a cidade que florescia e superava Santa Luzia do Norte. Um deles foi o surgimento da Usina Santa Clotilde e da Usina Utinga Leão, esta uma das primeiras unidades de fabricação de açúcar a constituir-se em usina central, englobando os engenhos da região. O advento das ferrovias foi o preponderante para a sua decolagem, já que os trilhos corriam através de sua região central. A ferrovia iria modificar completamente o equilíbrio de forças entre os dois núcleos urbanos. Antes, a área em torno das lagoas era o maior pólo de desenvolvimento, só que o traçado da estrada de ferro cortava engenhos e valorizava as terras por onde passava. Ganhava Rio Largo, perdia Santa Luzia. A criação da freguesia, sob a invocação de Nossa Senhora da Conceição, a ligava à

Situação dos domicílios (2006)

Em meados do século passado, quando a energia elétrica era escassa, a geografia favorável do Rio Mundaú, com suas quedas d´água, favoreceram a instalação de fábricas têxteis em Rio Largo

Arquidiocese de Maceió. Se até 1853 fez parte da comarca de Alagoas, naquele ano passou a fazer parte de Maceió. Ao ser criada em 1862, a comarca de Pilar tomou sua jurisdição como termo. Em 1931 teve incorporada à sua jurisdição o termo de Murici, perdendo-a quando aquela cidade teve restaurada a sua condição de comarca. Em 1943, através do decreto-lei de 30 de dezembro daquele ano, tomou finalmente a denominação de sua sede, isto é, mudou de Santa Luzia para Rio Largo,

consolidando definitivamente sua hegemonia sobre sua antiga matriz. A constituição de centro industrial, principalmente da Companhia Alagoana de Fiação e Tecidos, CAFT, que teve como incorporadores o Comendador José Antônio Teixeira Bastos, o Dr. Propício Pedroso e José Antônio de Almeida Guimarães, fez com que Rio Largo atingisse o seu apogeu. Um centro obreiro. Uma cidade com avanços extraordinários, em saúde, educação, lazer e previdência,

farmácias, hospital, postos de saúde, creches e distribuição de material escolar gratuito. Conjuntos musicais, bandas de música, cassino, piscina, cine-teatro, tipografia, jornal, restaurante. Uma autêntica vila operária que tinha até uma seção de aposentadorias e auxílio a parturientes. Uma banda de música feminina era o orgulho da cidade. Exibia-se em Maceió, em outras vilas operárias, ganhando até um convite para se fazer presente nas comemorações do 1° Centenário de São Paulo. A menção do desenvolvimento social de Rio Largo para quem não conhece sua história, é uma verdadeira surpresa, já que a cidade hoje é considerada uma cidade dormitório, sem o esplendor dos dias passados, pálida sombra do que foi em épocas distantes. Uma das figuras responsáveis pelo florescimento da cidade naqueles tempos idos foi o Comendador Gustavo Paiva, um industrial a quem a morte surpreendera na fase de esplendor de uma obra admirável, que se destacou como

um expoente do progresso industrial e social da cidade e do próprio Estado, compreendendo a verdadeira função do capital na vida do Estado moderno, um seguidor dos postulados da encíclica papal e dos ensinamentos de Leão XIII e do solidarismo cristão. Com o declínio do algodão e dos parques têxteis, a cidade teve seu surto de progresso interrompido. Outra causa de seu ostracismo foi a decadência do t r a n s p o r t e f e r r ov i á r i o, ironicamente a causa também de seu desenvolvimento. A cidade hoje deseja recuperar o seu antigo esplendor e luta na justiça para recuperar o domínio do Aeroporto Zumbi dos Palmares, anteriormente instalado em seus domínios. Dentre as aglomerações urbanas do município destacam-se os povoados de Utinga, Pau Amarelo, Águas Claras, Gustavo Paiva, Lourenço de Albuquerque e o Tabuleiro do Pinto, além do aglomerado formado pela Usina Santa Clotilde.

Economia

Influência da Capital é cada vez maior

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71,6

Água

0

10

20

30

40

50

60

70

80

Finanças municipais/previdência (2003)

R$ (2003) 32.353.649,44 1.230.869,91 8.754.360,15

Previdência Receita Tributária FPM

PIB municipal (per capita)

2000 1.792 2.471 3.014 6.473

RIO LARGO ALAGOAS NORDESTE BRASIL

2001 2.153 2.631 3.255 6.954

2002 2.235 3.012 3.694 7.631

2003 2.421 3.505 4.306 8.694

Empresas e empregos formais (2006)

RIO LARGO MACEIÓ ALAGOAS

Empresas Empregos PEA 787 10.970 22.623 112.384 345.732 21.160 42.702 246.414 1.133.000

cana para produzir 1,7 milhões de sacos de açúcar e 14 milhões de litros de álcool. Uma produção tão alta que exige a compra de cana-de-açúcar de municípios vizinhos. A economia foi determinante na vida de Rio Largo. Seu nome originouse de um engenho de açúcar às margens do rio Mundaú. No fim do século XIX, nas terras pertencentes a antigos engenhos, foram estabelecidas duas fábricas têxteis: Cachoeira e Progresso Alagoano. No passado, a dinâmica da industrialização têxtil e agroindustrial, mais uma diversificada produção agrícola, fizeram de Rio Largo uma cidade de população crescente, com uma disputada feira

semanal. Com a ampliação da área canavieira e a diminuição das plantações de culturas alimentares, com o fechamento das indústrias têxteis e a melhoria das estradas de Maceió para outros municípios, Rio Largo foi perdendo importância econômica para se transformar numa cidade de serviços, dependente cada vez mais da dinâmica da capital. Do mesmo modo, o Distrito Industrial de Rio Largo, localizado no Tabuleiro do Pinto (parte alta do município, em direção à capital), não conseguiu se expandir e possui poucas indústrias expressivas, como a Frascalli, de engarrafamento de água mineral.

Famílias 16.937 7.149 6.278 2.368 87,8%

FAMÍLIAS NO MUNICÍPIO FAMÍLIAS POBRES Bolsa Família Outros programas ATENDIDAS (%)

140000 120000 100000 80000

21,5

Esgoto sanitário

Programas sociais (2006) Setores da Economia (R$) (2002)

Rio Largo é o município economicamente mais ligado a Maceió, chegando a compartilhar com a capital o Aeroporto Internacional Zumbi dos Palmares. A proximidade de apenas 27 km permite à população de Rio Largo (a quarta maior de Alagoas) trafegar diariamente, via estrada e ferrovia, para Maceió, onde exerce atividades profissionais, comerciais ou estudantis. Rio Largo é um dos maiores municípios alagoanos da área canavieira. Na última safra, a Usina Leão, fundada em 1894, esmagou 1 milhão de toneladas de cana e produziu 2,1 milhões de sacos de açúcar e 25 milhões de litros de álcool. Já a Usina Santa Clotilde, fundada em 1952, moeu 900 mil toneladas de

81,9

Coleta de lixo

R$ (mês) 361.845,00 38.445,00 400.290,00

60000 40000

Analfabetos com mais de 15 anos (2000)

20000 0

Agricultura

Indústria

Serviços

RIO LARGO MACEIÓ ALAGOAS

Perfil educacional do eleitorado (2006) Superior

621 (1%)

2º grau

Sem instrução

8.475 (33%)

20.818 (47%)

2000 26,99 16,87 31,91 ㄰

Alunos matriculados

(19%)

14.703

1991 36,64 22,17 45,32

Pop. de 1 a 19 anos Pré-Escola Fundamental Médio EJA

2002 2.502 13.811 1.891 1.727

2005 29.022 3.090 15.732 2.675 2.023

1º grau

Fonte: DATASUS - MEC/INEP - INCRA/MDA/FAO MDS - SEBRAE - TRE/AL - IBGE - STN - INSS Os dados se referem às publicações mais recentes dessas instituições

27


Quente sub-úmido 138 km² (IBGE, 2005) 13.812 hab. (IBGE, 2005) 7.382 (TRE-AL, 2006)

Sob bandeira holandesa O nome do município, um dos mais jovens do Estado, desmembrado de São Luís do Quitunde, é originário do rio Santo Antônio, que banha todo seu núcleo urbano e o divide, formando duas partes distintas. Dele, a população tira boa parte de seu sustento. HISTÓRIA - Começa a ser mais conhecido a partir do período da invasão holandesa, pois tanto o rio que lhe deu nome era um importante corredor de transporte como suas terras ficavam na passagem entre Porto Calvo e o sul do território. O desbravamento da área precede à chegada dos flamengos. Albert Dorth desembarcou naquelas plagas em 1624, quando viajava em direção a Salvador. Já existia ali um povoado indígena, chamado “Poço dos Veados”, versão européia da denominação tupi, em função desses animais procurarem o rio para matar a sede. As tropas de ambos os lados em conflito passavam por seu território, a exemplo de Von Schopp quando saiu em perseguição a Matias de Albuquerque, após ter tomado Porto Calvo e o próprio Matias em outras ocasiões. O local era movimentado. Ali próximo, à margem esquerda do rio Sauaçuí, o pavilhão holandês tremulava em um forte construído com todo esmero, desafiando os oponentes. Mesmo após a expulsão dos neerlandeses, a povoação constituída de pequenas casas de taipa dos pescadores não desapareceu. Em ritmo lento, mas constante, foi crescendo, tornando-se um núcleo da freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Passo, sendo fixado um cruzeiro para a saída da procissão de Bom Jesus dos Navegantes, de grande movimentação. Tanto o cruzeiro como uma capelinha dedicada à Nossa Senhora Auxiliadora desapareceram com o tempo. O padroeiro é São Sebastião. Por volta do século XIX existiu um estaleiro que fabricava barcos, barcaças e navios de pequeno porte, ocasionando um 28

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O turismo é o futuro A pesca artesanal, a produção de coco na parte mais litorânea e a cana-de-açúcar nas áreas mais distantes da praia fazem a vida econômica da Barra de Santo Antônio. A pesca é tradicional: agulha, camarão, pescada, sardinha, vermelho e xaréu. O município vem desenvolvendo o seu conjunto turístico formado por hotéis, pousadas, bares e restaurantes. O atrativo principal são as belas praias, entre elas Carro Quebrado e Tabuba, na foz do rio Sapucaí. Dividido pelo rio Santo Antônio, o município possui vários pontos de visita, desde a parte urbana até a Ilha da Crôa, banhada pelo rio e onde se concentram os bares e restaurantes, uma rede de serviços ainda artesanal, longe do potencial de desenvolvimento. As construções de veraneio, voltadas para a classe média, abrem oportunidades para maior movimento fora da alta estação do turismo. As praias mais distantes, porém, ainda conservam características primitivas. O futuro econômico depende da melhoria da produção pesqueira e da industrialização dos produtos agrícolas. Integra o projeto “Costa dos Corais”, do Prodetur, que, com recursos do BID, desenvolverá o setor turístico, capacitando a população para concorrer com outros pontos de Alagoas e do Nordeste. Perfil educacional do eleitorado (2006) Superior

180 (2%)

2º grau

Sem instrução

886

(12%)

3.675 (51%)

2.526 (35%)

Barra de Santo Antônio: entre o rio e o oceano, a Ilha da Crôa exibe toda sua beleza tropical

surto de progresso que encheu de otimismo a população. Cada barco que seguia para o Recife em um rebocador era motivo de grande festejo. O movimento de emancipação política do então distrito de São Luís foi encabeçado pelo Sr. Manoel Monteiro de Carvalho, que viu sua luta alcançar êxito em 20 de agosto de 1960, através da lei estadual n° 2.285. Logo após, tornou-se o seu primeiro prefeito. FOLCLORE - A Chegança e o Zabumba são os mais notados. A R T E S A N AT O - Peças executadas a partir da casca do coco e da palha do ouricuri. GASTRONOMIA - Entre a enorme variedade de peixes, mariscos e crustáceos, o maçunim ao coco é muito apreciado.

PATRIMÔNIO - Os manguezais, as praias de Tabuba e Carro Quebrado e a Ilha da Crôa são atrações naturais. A Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, cuja construção é erroneamente atribuída aos holandeses, povo protestante em guerra com os portugueses e espanhóis, intransigentemente católicos, data do ano de 1753 e é o monumento histórico mais apreciado pelos visitantes. Nela existe como atração principal uma imagem de madeira sem cabeça de Santo Antônio, que teria sido encontrada, segundo a voz popular, no rio que leva o nome do santo. Vale destacar também o Porto das Ostras, na margem do rio Santo Antônio, lugar onde os colonizadores cultivavam ostras para comerciar as valiosas pérolas.

Geografia

Barra de Santo Antônio

Maceió

1º grau

Finanças municipais/previdência (2003) 14.000

R$ (2003) 1.719.905,01 120.673,49 3.496.070,26

Previdência Receita Tributária FPM

N

Ilha da Crôa

Rios que correm para o mar Localizado no extremo norte da Microrregião de Maceió, limita-se ao norte com o município de Passo de Camaragibe; ao sul com Paripueira; a leste com o Oceano Atlântico e a oeste com o município de São Luís do Quitunde. A Barra de Santo Antônio está inserida na Área de Proteção Ambiental (APA) Federal Costa dos Corais. O município tem uma área de138 km², distando 37 km da capital e sua altitude máxima é de 50 metros no tabuleiro e 8 metros na planície costeira. Suas principais vias de acesso são as rodovias AL 101 Norte e a AL 413. O principal rio do município é o Santo Antônio Grande, e seu afluente Caiana e os afluentes do baixo curso da margem esquerda do rio Sapucaí. Seu clima, de acordo com a classificação de Thornthwaite, é megatérmico sub-úmido, com excesso hídrico no inverno e deficiência no verão. As temperaturas médias mensais variam de 24°C a 28°C e a precipitação é superior a 1400 mm anuais. O município está inserido na Bacia Sedimentar de Alagoas, no domínio geológico dos sedimentos Terciários da Formação Barreiras e dos bancos arenosos, depósitos de mangues, recifes, depósitos flúvio-lagunares e terraço

Oc ea no At lân tic o

Clima Área População Eleitorado

Economia

História

Passo de Camaragibe

São Luis do Quitunde

Paripueira Tabuba

holocênico de idade Quaternária. A Formação Barreiras, de idade PlioPleistocênica, depositada em ambiente continental, forma os tabuleiros, sendo constituída por uma alternância de siltes, argilas e areias finas a grossas, de coloração predominante avermelhada, possuindo espessuras de até 80 metros, diminuindo em direção ao oceano. Seu relevo caracteriza-se pela presença de interflúvios tabuliformes disssecados no baixo planalto e pelas planícies fluvial e marinha na parte baixa. Os interflúvios são modelados na Formação Barreiras, em geral estreitos e com rios encaixados. A planície fluvial é ampla e penetra nos afluentes do baixo curso e a planície marinha corresponde a uma restinga que desvia a embocadura do rio para sudoeste, uma das características dos rios do litoral alagoano. De acordo com o CENSO 2000, a população era de 11.351 habitantes (5.740 homens e 5.611 mulheres), a população urbana era de 9.574 e a rural de 1.777. Com relação às religiões, 9.127 eram católicos, 1.328 evangélicos e 816 professavam outras religiões. Segundo o IBGE (2005), a população estimada é de 13.812 habitantes. O município apresenta 100 habitantes/km², com índice de urbanização de 47,70% e taxa de crescimento anual de 5,31%.

POPULAÇÃO 9.574

10.000

9.127

PIB municipal (per capita)

B. ST. ANTÔNIO ALAGOAS NORDESTE BRASIL

2000 1.506 2.471 3.014 6.473

2001 1.440 2.631 3.255 6.954

2002 1.682 3.012 3.694 7.631

2003 1.895 3.505 4.306 8.694

6.000

60,9

76,8

Água

20

30

40

50

60

1.328

816 㜵

0

1,4

10

1.777

2.000

Coleta de lixo

0

5.740 5.611

Situação dos domicílios (2006)

Esgoto sanitário

0,46%

70

Fonte: DATASUS - TRE/AL - IBGE - STN - INSS Os dados se referem às publicações mais recentes dessas instituições

80

População estimada (IBGE, 2005) e % relativa ao Estado Mulheres (Censo 2000) Homens (Censo 2000) População urbana (Censo 2000)

População rural (censo 2000) Religião católica (amostra, censo 2000) Religiões evangélicas (amostra, censo 2000) Outras religiões (amostra censo 2000)

Gráfico da população estimada 2005 e do CENSO 2000, do município de Barra de Santo Antônio.

29


Quente sub-úmido

77 km² (IBGE, 2005) 7.274 hab. (IBGE, 2005) 4.470 (TRE-AL, 2006)

O balneário mais badalado

Antes da emancipação pertencia a São Miguel dos Campos. Destacado balneário do Estado, local de inigualável beleza, é entrada de um porto natural e foz do rio São Miguel, um dos primeiros pontos explorados pelos portugueses, através do piloto italiano Américo Vespúcio, em 29 de setembro de 1501. HISTÓRIA - A área que compreende hoje o atual município foi até meados do século XVI uma aldeia caeté. A versão transmitida de geração em geração, não amparada por nenhum documento, é de que ali os índios teriam trazido aprisionado de Coruripe o Bispo D. Pero Fernandes Sardinha e devorado o prelado e sua comitiva em um banquete canibalesco, no Alto de Santana. Próximo às ruínas da centenária capela de Santana há uma pequena ladeira que termina numa chapada, onde um pedaço de terra vermelha, em “forma de elipse”, permanece desde aquele momento sem

A beleza de suas praias de águas calmas, faz da Barra de São Miguel o mais procurado balneário de Alagoas

Entre a laguna e o mar

POPULAÇÃO 8.000 7.000

Localizado no extremo sul da Microrregião de Maceió, situa-se na margem esquerda da laguna do Roteiro, limitando-se ao norte com Marechal Deodoro; ao sul com Roteiro; a leste com o Oceano Atlântico e a oeste com São Miguel dos Campos. Tem uma área de 77 km² (IBGE, 2005) e dista 36 km de Maceió. A sua altitude máxima é 74 metros no tabuleiro e na planície costeira varia de 6 a 15 metros. Suas principais vias de acesso são as rodovias AL 101 Sul e AL 220. Os principais rios são o São Miguel, que drena uma área de 15 km², e o Niquim com 4 km². No município, encontram-se inseridas a Reserva Ecológica Lagoa do Roteiro (Dec. 32.355), a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) e a Fazenda Rosa do Sol (Port. 119/94). Seu clima, segundo a classificação de Thornthwaite, é megatérmico sub-úmido com excesso hídrico no inverno e deficiência no verão com temperaturas médias mensais entre 24° C e 28° C e total

30

䉁剒䄠䑅⁓썏⁍䥇啅 獥硴愭晥楲愬‵⁤攠浡楯⁤攠㈰〶‱ㄺ〱㨱

6.000 5.000

5.241

0,24% 3.206

4.000 3.000

4.759

3.173

2.000

1.328

1.108

1.138

1.000 0 População estimada (IBGE, 2005) e % relativa ao Estado Mulheres (censo 2000) Homens (censo 2000) População urbana (censo 2000)

População rural (censo 2000) Religião católica (amostra, censo 2000) Religiões evangélicas (amostra, censo 2000) Outras religiões (amostra censo 2000)

Gráfico da população estimada 2005 e do CENSO 2000, do município de Barra de São Miguel.

anual de chuvas em torno de 1400 mm. Geologicamente o município encontra-se nos sedimentos Terciários da Formação Barreiras e nos terraços marinhos Quaternários (Pleistocênico e Holocênico), depósitos fluviais, arenitos de praia e mangues que formam a planície costeira. O relevo apresenta dois tipos de modelado: de dissecação, encontrado nos interflúvios que têm forma tabular com encostas de origem fluvial e estrutural e de acumulação, na planície lagunar, onde predominam os manguezais e terraços flúvio-lagunares e a planície marinha, composta por dois níveis de terraço, testemunhos das duas últimas variações do nível do mar, o mais antigo com altitude de 8 a 15 metros, do Pleistoceno e o mais recente com

Uma cidade voltada para o turismo

Barra de São Miguel é cidade balneária moderna, point do turismo estadual desde os anos noventa. A rede de serviços, como o terminal turístico, equipamentos para práticas de esportes náuticos, hotéis, pousadas, bares e restaurantes, assim como a infra-estrutura urbana, é mais articulada e possui mais qualidade comparada com a maioria dos municípios alagoanos. O município ainda tem uma forte base agrícola, com destaque para a produção de cana-de-açúcar, complementada pelas culturas de coco, milho, mandioca e feijão. A produção de pescado é outra atividade significativa, destacando-se camarão, maçunim, pescada, tainha, sardinha e vermelho. O município, na sua parte litorânea, sofre pressão da intervenção imobiliária, que vem valorizando os terrenos mais próximos ao patrimônio natural, a faixa arenosa das praias. O potencial da Barra de São Miguel está relacionado ao turismo e à pesca. Sua posição privilegiada, na zona costeira, abre espaços para o aproveitamento da pesca. O Projeto Oceanus, implantado no município com apoio do BID, prevê ações para a produção de ostras, uma das maiores do Nordeste. A cidade, líder no cultivo de ostras, chega a comercializar uma média de 24 mil unidades por mês.

Perfil educacional do eleitorado (2006) Superior

345 (7%)

2º grau Sem instrução

768

(16%) 1.618 (34%)

São Miguel dos Campos

Geografia

Economia

Clima Área População Eleitorado

inconformados com a perda do amado distrito. Hoje é a praia mais freqüentada de Alagoas e um dos mais conhecidos cartões postais do país. FOLCLORE - Chegança, Baiana, La Ursa e Pastoril como os mais destacados. A cidade sofreu grande impacto cultural com o turismo e sofre com a importação dos costumes trazidos pelos visitantes e pelos proprietários de casas de veraneio, geralmente pessoas de hábitos cosmopolitas. O artesanato geralmente é originário de cidades vizinhas e de outros Estados. GASTRONOMIA - Por conta da grande movimentação turística, a Barra de São Miguel dispõe de restaurantes com culinária variada, especialmente mariscos e frutos do mar. PATRIMÔNIO - O Rio Niquim, o Riacho Branco e a Lagoa Niquim destacam-se ao lado dos manguezais e das praias cristalinas, compondo uma verdadeira sinfonia à natureza. A Igreja de Santana, construída no começo do século XX pela população, em mutirão, é o principal monumento histórico. FIGURAS ILUSTRES - O armador Manoel Gonçalves Ferreira; Milton Gonçalves Ferreira (primeiro vice-reitor da Ufal); e Leonita Vieira Cavalcanti (matriarca que teve importante papel na luta pela autonomia do município).

Marechal Deodoro

2.094 (43%)

Barra de São Miguel N

Laguna do Roteiro

Oc ea no At lân tic o

História

nenhuma vegetação. Dizem, ainda, que o primeiro bispo brasileiro levava consigo uma imagem de Nossa Senhora de Santana, que teria sido abandonada no local e, quando encontrada pelos moradores, levada a uma capela e escolhida como padroeira do povoado. Favorecido pelas matas vizinhas e pela situação geográfica, com seu porto natural, o movimentado núcleo de pescadores passou por uma fase de desenvolvimento quando Manoel Gonçalves Ferreira montou um estaleiro. Várias g erações de construtores navais passaram por ali. Um dos últimos foi Salvador Apratto, que veio da Campanha e do porto de Salerno para construir e lançar muitas embarcações. Outros construtores famosos foram João Florêncio de Lima Barroso e João Felipe dos Santos. A produção de barcos era conhecida em todo país e os principais estaleiros do litoral brasileiro passaram a contar com os experientes mestres navais da Barra de São Miguel. O surgimento de estaleiros em outras cidades brasileiras e dos caminhões causaram o declínio daquela pujante indústria. O maior navio nordestino da época era o “Sane Duarte” e o maior iate o “Cláudio Dubux”, ambos construídos na Barra. A elevação a município ocorreu em 2 de agosto de 1963, através do deputado Diney Torres, que foi muito criticado pelos conterrâneos miguelenses,

3 a 5 metros datado do Holoceno. Segundo o CENSO (2000), a população era de 6.379 habitantes (3.173 homens e 3.206 mulheres), a população urbana era 5.241 e a rural de 1.138 habitantes. A religião predominante é a católica com 4.759 adeptos, evangélicos 1.328 e 1.108 professam outras religiões. A população estimada (IBGE, 2005) é de 7.274 habitantes. O município apresenta 94,46 habitantes/km², com índice de urbanização de 52,42%, e taxa de crescimento de 0,87.

1º grau

Finanças municipais/previdência (2003)

R$ (2003) 565.095,17 634.677,88 2.189.673,01

Previdência Receita Tributária FPM PIB municipal (per capita)

2000 2.901 2.471 3.014 6.473

B. SÃO MIGUEL ALAGOAS NORDESTE BRASIL

2001 2.321 2.631 3.255 6.954

2002 3.480 3.012 3.694 7.631

2003 3.446 3.505 4.306 8.694

Situação dos domicílios (2006)

Coleta de lixo

81,3

17

Esgoto sanitário

83,9

Água

0

10

20

30

40

50

60

70

80

Fonte: DATASUS - TRE/AL - IBGE - STN - INSS Os dados se referem às publicações mais recentes dessas instituições

31


Clima Área População Eleitorado

Quente sub-úmido 40 km² (IBGE, 2005) 5.353 hab. (IBGE, 2005) 3.581 (TRE-AL, 2006)

Economia

História

N

Terra do coco e da pesca

A tradição oral diz que a origem do nome do município está ligado a um velho coqueiro, já seco, que passou a ser dentro da região, possuidora de um vasto coqueiral, um ponto de referência para os que passavam pela margem ocidental da Lagoa do Norte. Atraía aquela árvore de aspecto singular os pescadores de outros lugares ao seu derredor, que se fixaram ali com as suas casinhas devido à fertilidade da terra e a facilidade da pesca. O nome foi estendido ao sítio e à primeira povoação que se estabeleceu nele. Uma versão mais antiga afirma que dois marcadores se encontraram no local onde foi construído o primeiro núcleo da cidade, comerciando com os moradores que viviam esparsamente na região lagunar. Ao se despedirem combinaram: “ No próximo mês, o encontro será aqui, neste coqueiro seco”. Foram infrutíferos os esforços dos missionários franciscanos de mudar a sua denominação para Monte Santo. HISTÓRIA - Um registro histórico diz que a Matriz foi construída no século XVII pelo português José Cabral, deduzindo-se, por via de conseqüência, que suas origens remontam há vários anos atrás. No traslado da escritura de doação do patrimônio da capela de Nossa Senhora Mãe dos Homens, padroeira do lugar, fornecido em 9 de março de 1862, verifica-se que em 23 de agosto de 1790, José Carlos Marinho e sua mulher, D. Thereza Maria de Jesus, residentes na povoação de Coqueiro Seco, à época termo da comarca de Santa Maria Madalena da Lagoa do Sul, doaram cem braças para nela ser edificada a capela e que o padre Bernardo José Cabral , pároco do lugar, teve de comprar diferentes partes de terras para completar o patrimônio. Abelardo Duarte diz que no Diário de Viagem a Alagoas do Imperador Pedro II consta sua admiração pela beleza do lugar e o registro da igreja no alto com duas torres, que possuía 12 imagens bem feitas, principalmente as de São Francisco de Assis e de Paula, trabalhadas pelo escultor 32

䍏兕䕉剏⁓䕃传䍏剒䕔 獥硴愭晥楲愬‵⁤攠浡楯⁤攠㈰〶‱ㄺ〲㨴

Igreja de Nossa Senhora dos Remédios restaurada recentemente pelo Instituto Arnon de Mello

que fez a de São Pedro Alcântara, do convento de São Francisco, em Salvador, escolhidas pessoalmente pelo padre Bernardo José Cabral, na Bahia. Thomaz Espíndola acrescenta que “outrora dedicavam-se ao serviço daquele templo um grupo de mulheres piedosas que se denominavam beatas, sem todavia, terem

clausuras, votos explícitos e regras monásticas, vivendo a maior parte em suas casas e as demais, no templo, onde se entregavam ao inocente trabalho de cultura de flores para ornamento dos altares e, a horas determinadas, reuniamse todas para orar.” Quando da chegada do Imperador D. Pedro II, em 1860, as beatas do padre Cabral já se encontravam octogenárias e outras não as substituíram no seu mister. No povoado de Coqueiro Seco, o soberano despertou sua atenção para a beleza do templo e a coleção de imagens vindas da Bahia. Originalmente era uma das seis povoações de Santa Luzia de Siracusa. Foi elevada à condição de vila, mas em 1943 passou a pertencer a Rio Largo e, em seguida, a Satuba (1960). Em 23 de agosto de 1962 conquistou sua autonomia, passando à condição de município. FOLCLORE E CULTURA Chegança, Baianas, Bumba Meu Boi, Quadrilha Junina. Destaque para a Sociedade Musical, que tem sido um celeiro formador de talentos. GASTRONOMIA Peixes e mariscos da lagoa, principalmente o famoso sururu.

Atividades primárias Apesar do nome, que lembra a presença da palmeira tropical (o cocoda-baía ou coco nucífera), o município de Coqueiro Seco tem na cana-deaçúcar sua principal cultura agrícola. O coco, feijão, banana e mandioca completam a produção agrícola local. Depois da agricultura, a pesca é o setor de maior movimento. São centenas de pescadores registrados que extraem da Lagoa Mundaú o seu sustento: bagre, camarão, ostra, pescada, siri, sururu e tainha, conseguindo vender parte da produção para o mercado próximo. Apesar de estar ligado ao principal mercado alagoano, o de Maceió, por via lacustre e terrestre, a economia local não consegue aproveitar esse aspecto para dinamizar uma agricultura, que é de baixa produtividade, nem o potencial turístico, voltado ao aproveitamento da orla lagunar. A terra rica, banhada por rios perenes, não produz o suficiente para se tornar um pólo dinâmico da agricultura metropolitana. O comércio é restrito e a indústria inexiste. Por sua pouca dimensão populacional e suas dificuldades financeiras, Coqueiro Seco tem uma economia que depende de articulação com os municípios vizinhos e com o poder público estadual e federal para enfrentar e romper os obstáculos ao desenvolvimento. Perfil educacional do eleitorado (2006) Superior

70

(2%) 2º grau Sem instrução

506

(14%)

1.408

Geografia

Santa Luzia do Norte

Laguna Mundaú

Coqueiro Seco

Um dos menores municípios de Alagoas

Marechal Deodoro

Um dos menores municípios do Estado, localizado na margem direita da laguna Mundaú, faz parte da Microrregião Geográfica de Maceió, limita-se ao norte com os municípios de Maceió e Santa Luzia do Norte; ao sul com Marechal Deodoro; a leste com Maceió e a oeste com Santa Luzia do Norte e Marechal Deodoro. Possui uma área de 40 km² (IBGE, 2005), distando 35 km de Maceió e tendo como principais vias de acesso as rodovias BR 316 e AL 401. Apresenta altitudes de 98 metros no tabuleiro e 5 metros na planície flúvio-lagunar,. O município é banhado pela laguna Mundaú e riachos da bacia do Complexo Estuarino Lagunar Mundaú-Manguaba (CELMM). O clima é quente, com temperaturas variando de 24°C nos meses mais frios e em torno de 27°C nos mais quentes. As chuvas concentram-se nos meses de abril a julho e a precipitação anual é em torno de 1400 mm. De acordo com Thornthwaite seu clima é megatérmico sub-úmido com deficiência hídrica no verão e excedente

no inverno. Geologicamente o município situa-se sobre a Bacia Sedimentar de Alagoas, aflorando a Formação Barreiras e os Sedimentos de Praia e Aluvião (depósitos flúvio-lagunares e de mangues). As principais ocorrências minerais são o gás natural e o petróleo. Seu relevo compreende dois compartimentos: um baixo planalto sedimentar (tabuleiro) representado pelos interflúvios, entre o rio dos Remédios e a laguna Mundaú, e a planície flúvio-lagunar, resultante da acumulação dos sedimentos fluviais do rio Mundaú e da laguna. Com base no CENSO 2000, a população era de 5.134 habitantes (2.605 homens e 2.529 mulheres), a população urbana era de 4.574 e a rural de 560 habitantes. Quanto à religião, 4.018 eram católicos, 500 evangélicos e 542 professavam outras religiões. Segundo o IBGE 2005, a população estimada é de 5.353 habitantes. O município apresenta 133,82 habitantes/km², com índice de urbanização de 52,42% (IBGE,2000) e taxa de crescimento anual de 0,19.

(38%)

1.680

POPULAÇÃO

(46%)

5.000 4.574

1º grau

Finanças municipais/previdência (2003)

4.018

R$ (2003) 338.049,91 83.735,01 2.188.589,99

Previdência Receita Tributária FPM PIB municipal (per capita)

COQUEIRO SECO ALAGOAS NORDESTE BRASIL

2000 1.699 2.471 3.014 6.473

2001 1.631 2.631 3.255 6.954

2002 2.022 3.012 3.694 7.631

2003 1.625 3.505 4.306 8.694

Coleta de lixo

73,6

Esgoto sanitário 0,3

78,4

Água 0

10

20

30

40

3.000

2.000

0.18% 2.605 2.529

1.000

560

500

542

0

Situação dos domicílios (2006)

A impressionante beleza lagunar faz de Coqueiro Seco um município com vocação turística

4.000

50

60

70

80

Fonte: DATASUS - TRE/AL - IBGE - STN - INSS Os dados se referem às publicações mais recentes dessas instituições

População estimada (IBGE, 2005) e % relativa ao Estado Mulheres (censo 2000) Homens (censo 2000) População urbana (censo 2000)

População rural (censo 2000) Religião católica (amostra, censo 2000) Religiões evangélicas (amostra, censo 2000) Outras religiões (amostra censo 2000)

Gráfico da população estimada 2005 e do CENSO 2000, do município de Coqueiro Seco.

33


Quente sub-úmido 93 km² (IBGE, 2005) 8.762 hab. (IBGE, 2005) 6.332 (TRE-AL, 2006)

A tradicional praia de veraneio

A região de Paripueira era habitada pelos índios, que comercializavam paubrasil com os franceses antes da chegada dos portugueses. Há três versões sobre o significado da palavra, de origem tupi. A mais conhecida, oriunda da tradição popular e registrada por Paulino Santiago, diz ser “praia das águas mansas”. A segunda, defendida por Dirceu Lindoso, afirma ser a junção de pari = tapagem, com cuera = algo que não mais existe. Assim seria “ a tapagem destruída”. Contudo, no conceituado Vocabulário Tupi-GuaraniPortuguês, do Prof. Silveira Bueno, há o registro da corruptela de “Paycuera”, que quer dizer “o que é padre e deixou de sêlo”. Certamente em função de algum dos muitos padres que vieram para a região, movimentada com o comércio do paubrasil, e se rendeu aos encantos e sortilégios das nossas atraentes nativas, deixando a batina e lá se estabelecendo.

Com suas 25 piscinas naturais, Paripueira é uma das praias mais procuradas do litoral norte

HISTÓRIA - Desmembrado do município de Barra de Santo Antônio, Paripueira, que tem Santo Amaro como padroeiro, está inserida no “teatron” da história do período holandês em Alagoas, que povoa intensamente o seu imaginário com histórias e lendas da época dos louros neerlandeses. Parte do caminho dos flamengos era passagem obrigatória de suas tropas e também rota de seus oponentes ibéricos e dos nativos, que se entrecruzavam em perseguições e fugas, ora de um lado, ora de outro, de acordo com o resultado de cada batalha. Para consolidar sua posição, em seu território foi construído pelos invasores um forte, por volta do século XVII, na embocadura do rio Sauaçuí, que era mais conhecido pelos antigos como “o rio do Forte”. Em 1940, o proprietário do local chamado Sítio Velho, ao escavar o terreno para construir uma residência, encontrou alguns objetos do forte h o l a n d ê s. Po s t e r i o r m e n t e , a Universidade Federal de Alagoas r e a l i z o u a l g u m a s e s c ava ç õ e s , encontrando novos ar tefatos. Atualmente não existe mais nenhum indício da edificação que mereça um projeto de escavação pelos arqueólogos de instituições de ensino superior ou dos Serviços de Patrimônio Estadual ou Federal para explorar o sítio com a importância que ele merece. É um dos municípios mais novos de Alagoas, criado pela Constituição Estadual de

1988. Importante balneário, distante apenas 27km da capital, cujos habitantes invadem semanalmente suas praias e as 25 piscinas naturais situadas a apenas um quilômetro da sua costa. FOLCLORE - Coco de Roda, Pastoril, Caboclinho. O Carnaval é uma forte expressão cultural e é considerado um dos mais animados do Estado. GASTRONOMIA - Camarão e Lagosta. A Agulhinha tem um lugar especial, tanto que anualmente é realizado o Festival da Agulha, que atrai gente de todas as partes. PATRIMÔNIO - As 25 piscinas naturais marinhas, a ponte do rio Cachel, construída no final da segunda década do século passado, na gestão do Governador Fernandes Lima. Realce especial para o Parque Nacional Marinho, onde funciona um projeto de preservação do peixe-boi marinho, e o mais antigo dos raros monumentos ainda de pé, a Igreja de Santo Amaro, construída pelos portugueses no período colonial. A comunidade realiza anualmente a Festa do Padroeiro, Santo Amaro, em concorrida celebração. FIGURAS ILUSTRES - O poeta Nilo Borges, o artista plástico Marcos Albuquerque e o teatrólogo Bráulio Leite Júnior, que adotou Paripueira há muitos anos como sua cidade e atrai para o Sítio Velho, onde mora, os intelectuais mais importantes do Estado, para concorridas reuniões aos sábados.

Economia

História

Clima Área População Eleitorado

Turismo como vocação Paripueira é um município com imagem associada ao turismo regional e à praia com extensos recifes de coral. A pesca artesanal é o esteio da população litorânea e a cana-deaçúcar é a principal cultura agrícola, acompanhada do coco, milho, feijão e mandioca. A produção de pescado é significativa: cavala, pescada, sardinha, tainha, vermelho e xaréu. O setor de serviços está marcado pela crescente presença de turistas, principalmente os visitantes que chegam dos municípios vizinhos. O comércio tradicional é desenhado para atender à população local, mas o turismo impulsionou o aparecimento dos “mercadinhos”. O potencial de Paripueira está diretamente ligado ao ordenamento do turismo e da pesca. O município, localizado numa Área de Preservação Ambiental (APA Costa dos Corais) possui o Parque Municipal Marinho de Paripueira. Este patrimônio natural faz parte do corredor turístico do litoral Norte de Alagoas, denominado Costa dos Corais, às margens da Rodovia AL 101 Norte, região integrada ao Projeto de Desenvolvimento Turístico - Prodetur, que implantará toda a infra-estrutura básica para o incremento das atividades turísticas. O Projeto Oceanus, financiado pelo BID, prevê ações de pesca sustentável, cultivo de ostras e algas marinhas.

Perfil educacional do eleitorado (2006) Superior

330 (5%)

2º grau

Sem instrução

936

(15%)

2.881 (46%)

2.154 (34%)

Geografia

POPULAÇÃO 8.000 7.085

7.000

Situado entre os rios Sapucaí e Sauaçuí , limita-se ao norte com o município da Barra de Santo Antônio; ao sul com Maceió; a leste com o Oceano Atlântico e a oeste com São Luís do Quitunde. Paripueira é o limite sul do Projeto Costa Dourada, fazendo parte da Área de Proteção Ambiental (APA) Costa dos Corais e integrando o Parque Municipal Marinho (Lei.12/93). Com uma área de 93 km², a cerca de 27 km de Maceió, faz parte da Mesorregião do Leste Alagoano e integra a Microrregião Geográfica de Maceió. Suas principais vias de acesso são as rodovias AL 101 Norte. Seu clima é quente com temperaturas médias que variam de 23°C a 26°C e precipitação anual superior a 1.400 mm, classificado, de acordo com Thornthwaite, como megatérmico sub-úmido com deficiência hídrica no verão. O município é banhado pelos rios que compõem

6.000

0,29% 4.759

5.000 4.103

4.000 3.946 3.000

2.016

2.000 964

1.000

1.260

0 População estimada (IBGE, 2005) e % relativa ao Estado Mulheres (censo 2000) Homens (censo 2000) População urbana (censo 2000)

População rural (censo 2000) Religião católica (amostra, censo 2000) Religiões evangélicas (amostra, censo 2000) Outras religiões (amostra censo 2000)

Gráfico da população estimada 2005 e do CENSO 2000, do município de Paripueira

34

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as bacias do Sapucaí, ao norte, e a bacia do Sauaçuí ao sul, e drenado, também, pelo riacho da Feira que deságua próximo ao acampamento Batista. Quanto à geologia, o município está inserido na Bacia Sedimentar de Alagoas, aflorando a Formação Barreiras e os Sedimentos de Praia e Aluvião. A Formação Barreiras atinge altitudes de 20 a 80 metros, e os Sedimentos de Praias e Aluvião, de idade Quaternária, apresentam altitude média de 5 metros. A principal ocorrência mineral é a halita (sal-gema). Seu relevo pode ser dividido em duas unidades bem delimitadas: o tabuleiro costeiro e a planície litorânea. O primeiro, apresenta topos planos e estreitos, bastante erodidos pela ação fluvial e a planície costeira, composta de terraços marinhos (Pleistocênico e Holocênico), recifes de coral e algas, arenito de praia e mangues.

N

Paripueira Maceió

Oc ea At no lân tic o

Área de Proteção Ambiental (APA) e Parque Municipal Marinho

Barra de Santo Antônio

1º grau

Finanças municipais/previdência (2003)

R$ (2003) 561.682,05 181.713,23 2.188.589,99

Previdência Receita Tributária FPM PIB municipal (per capita)

De acordo com o CENSO 2000, a população era de 8.049 habitantes (3.946 homens e 4.103 mulheres), a população urbana era de 7.085 e a rural de 964. Com relação às religiões, 4.759 eram católicos, 1.260 evangélicos e 2.016 professavam outras religiões. Segundo o IBGE 2005, a população estimada é de 8.762 habitantes. O município apresenta 94,21 habitantes/km², com índice de urbanização de 52,42 % (IBGE, 2000) e taxa de crescimento de 3,12.

PARIPUEIRA ALAGOAS NORDESTE BRASIL

2000 3.441 2.471 3.014 6.473

2001 2.109 2.631 3.255 6.954

2002 2.879 3.012 3.694 7.631

2003 2.259 3.505 4.306 8.694

Situação dos domicílios (2006) 㜵 Coleta de lixo

66,3

0,8

Esgoto sanitário

52,4

Água

0

10

20

30

40

50

60

70

80

Fonte: DATASUS - TRE/AL - IBGE - STN - INSS Os dados se referem às publicações mais recentes dessas instituições

35


Clima Área População Eleitorado

Geografia

Quente sub-úmido 29 km² (IBGE, 2005) 6.759 hab. (IBGE, 2005) 5.034 (TRE-AL, 2006)

Vila de resistência e de fé Este importante burgo histórico, às margens da Lagoa do Norte (como era chamada antigamente a Lagoa Mundaú), deve seu nome ao milagre da cura de um cego, fundador da cidade, atribuído a Santa Luzia na época colonial. Antes deste episódio, em anos ainda mais longínquos recebeu o nome de Outeiro de São Bento devido à existência no alto da povoação de um convento beneditino. Após o cego ter recobrado a visão e se estabelecido ali em princípios do século XVII, segundo a tradição e a informação de Melo Morais, baseado em Gabriel Soares, recebeu o nome de Santa Luzia de Siracusa e Vila Nova de Santa Luzia. HISTÓRIA - O registro de sambaquis na região lagunar mostra a existência dos primeiros grupos humanos, pré-históricos, indígenas, aproveitando os recursos naturais da região, de alimentação farta e abundante. O início da colonização pelos portugueses nas duas grandes lagoas do norte e do sul deveu-se às atividades agrícolas e pesqueiras com população rala e esparsa. No precioso mapa 14 do Livro que dá Razão do Estado do Brasil, datado de 1612, Santa Luzia do Norte, nome também da padroeira, é a única localidade encontrada ali como vila e nela encontram-se identificados os engenhos Nossa Senhora da Encarnação e Nossa Senhora da Ajuda. O pitoresco burgo, hoje com ares de decadência, já teve seus dias de glória. Disputa a antigüidade de sua formação com Penedo e Alagoas do Sul, embora haja versões de que o povoado é anterior aos dois núcleos citados. O próprio Varnhagen, respeitado por seus escritos, defende essa posição, colocando os anos de 1584 ou 1587, mas há contestações. Há documento apontando, já em 1608, a “povoação de Nossa Senhora da Luz da Vila Nova de Santa Luzia”. Jerônimo de Albuquerque, irmão de D. Brites, poderosa donatária da Capitania de Nova Lusitânia, como era chamado naquele tempo Pernambuco, é apontado como seu primeiro desbravador, quando liderava a guerra contra os índios caetés, após o episódio do naufrágio de D. Pero Fernandes 36

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A Matriz de Santa Luzia marca a paisagem urbana

As ruas da cidade têm pouco movimento de pessoas, mesmo em sua área central Sardinha, no Pontal do Coruripe. Antonio Martins Ribeiro, um dos pioneiros, recebeu de Miguel Gonçalves Vieira, morador e possuidor de casas na região, uma légua de terras com a finalidade de “levantar engenho e fazer vida”. Estas terras foram por sua vez desmembradas de uma sesmaria de cinco léguas que o mesmo Miguel recebera, por serviços prestados, de Jorge de Albuquerque Coelho, pessoa de prestígio na Capitania. A povoação teria importante papel durante a guerra holandesa travada em território alagoano, quando os flamengos que para lá se dirigiram, após incendiar o povoado de Alagoas, foram combatidos heroicamente pelos seus moradores. Os holandeses não esperavam encontrar tão encarniçada resistência da população do velho Outeiro de São Bento, liderados por Antonio Lopes Figueiras, que conseguiu derrotar os invasores, mas morreu em combate, tornando-se um dos mártires do conflito. Sob a proteção da Igreja e com seus próprios recursos, a população organizou uma companhia de

milícias que serviu ao lado de outras três remanescentes e lutou ao lado do Conde Bagnuolo que, batido em Porto Calvo, se refugiara na povoação. De qualquer forma, outros ataques vieram e fizeram sofrer a sua gente. A casa de recolhimento dos beneditinos no local sugerido pela tradição, ou seja, “ao longo do rio neste outeiro”, destinada aos monges encarregados da administração dos bens da Ordem, certamente desapareceu naquele período. Três engenhos foram destruídos e outros danificados no decorrer da guerra cruel que deixou a região desorganizada. Em seguida, os quilombolas palmarinos se constituíram numa nova fonte de perturbação para os proprietários. Detentor de muitos engenhos e de boa produção de açúcar, o vilarejo floresceu, apesar dos reveses da guerra, e consolidouse como entreposto comercial de açúcar, algodão, madeira e outros produtos dos vales do Mundaú, Satuba e Paraíba, que se encaminhavam primeiro para a velha capital, Alagoas, e depois para a nova, Maceió. Chegou até a experimentar em suas terras novas técnicas para a cultura da cana-deaçúcar e a plantar café em 1876, no Engenho Riachão, do fazendeiro Barnabé Elias da Rosa Oiticica, apóstolo da cafeicultura local. Sua importância foi a c a b a n d o, i n i c i a l m e n t e c o m o desenvolvimento do Pilar, que passou a ocupar sua posição na área. Depois recebeu o golpe de misericórdia com o deslocamento da capital para Maceió, com o advento do transporte ferroviário e rodoviário e o declínio do transporte lacustre. Veio a decadência, mais profunda que a da antiga capital, sem ter desfrutado de prestígio igual, mas sua importância histórica e sua antigüidade são inegáveis. Foi elevada à categoria de vila em 10 de dezembro de 1830 e o município foi criado em 23 de agosto de 1862. FIGURAS ILUSTRES - Cidade de tradição musical, tem no Maestro Otaviano Romeiro o seu nome mais conhecido, ao lado de Luís Acioli, escritor, que pertencia às instituições culturais mais importantes do Estado.

Maceió

Cenário é moldado pela Laguna Mundaú

Rio Mundaú Satuba

Santa Luzia do Norte

Laguna Mundaú N

Marechal Deodoro Coqueiro Seco

Localiza-se na Mesorregião do Leste Alagoano, na Microrregião Geográfica de Maceió, limitando-se ao norte com o município de Satuba; ao sul com Coqueiro Seco; a leste com Maceió e a oeste com Marechal Deodoro. Situado na margem direita da laguna Mundaú, tem uma área 29 km² (IBGE, 2005), distando 27 km de Maceió. Com altitude de 8 metros na planície flúviolagunar e 100 metros no tabuleiro, tem como principais vias de acesso as rodovias BR 316 e AL 401. Entre os cursos d'água que drenam seu território destaca-se o rio Mundaú, que drena uma área de 20 km² e forma na sua embocadura um delta interior. É drenado, também, por uma série de riachos e rios menores que fazem parte da bacia do Complexo Estuarino Lagunar Mundaú-Manguaba (CELMM). Seu clima é megatérmico sub-úmido com excesso hídrico no inverno e deficiência no verão com temperaturas médias mensais entre 24° C e 28° C e total anual de chuvas em torno de 1.400 mm.

Geologicamente, o município está inserido na Bacia Sedimentar de Alagoas, onde afloram a Formação Barreiras e os Sedimentos de Praia e Aluvião (depósitos flúvio-lagunares e de mangues) apresentando ocorrência de gás e petróleo. Quanto às formas de relevo, apresenta duas unidades: a planície flúvio-lagunar de idade quaternária, que ocupa grande parte da área do município e o interflúvio tabuliforme terciário, entre a laguna Mundaú e o riacho dos Remédios. Segundo o CENSO 2000, a população era de 6.388 habitantes (3.161 homens e 3.227 mulheres), a população urbana era de 5.446 e a rural de 942 habitantes. A religião predominante é a católica com 5.125 adeptos, 576 evangélicos e 670 professam outras religiões. A população estimada (IBGE, 2005) é de 6.759 habitantes. O município apresenta 233 habitantes/km², com índice de urbanização de 52,42 % e taxa de crescimento anual 0,09.

Economia

História

Um desenvolvimento ainda elementar

Apesar de localizada numa região próxima a Maceió, a economia de Santa Luzia do Norte não tem o grau de desenvolvimento compatível com suas condições naturais. A agricultura está concentrada na cana-de-açúcar, produzindo um pouco de mandioca, coco e banana. A indústria é pouco presente, destacando-se a fábrica de adubos Profertil, a maior de suas unidades. O comércio é restrito e o setor de serviços atende à pequena população local. A potencialidade de Santa Luzia do Norte está voltada para a produção de alimentos industrializados, tanto originários da pesca como de sua agricultura; ao turismo na região lagunar, à produção de flores tropicais e outras atividades relacionadas aos seus ricos recursos naturais.

Perfil educacional do eleitorado (2006) Superior

80

(2%) 2º grau Sem instrução

688

(14%)

2.020 (40%)

2.244 (44%)

1º grau

Finanças municipais/previdência (2003)

7.000

POPULAÇÃO

6.000

5.446

R$ (2003) 800.484,66 148.213,63 2.189.949,55

Previdência Receita Tributária FPM

5.125

5.000 PIB municipal (per capita)

4.000 3.000

0.22%

3.227

2000 2.703 2.471 3.014 6.473

STA LUZIA N. ALAGOAS NORDESTE BRASIL

3.161

2.000

2001 3.284 2.631 3.255 6.954

2002 4.014 3.012 3.694 7.631

2003 2.493 3.505 4.306 8.694

942

1.000

576

670 㜵

Situação dos domicílios (2006)

0

Coleta de lixo

População estimada (IBGE, 2005) e % relativa ao Estado Mulheres (censo 2000) Homens (censo 2000) População urbana (censo 2000)

População rural (censo 2000) Religião católica (amostra, censo 2000) Religiões evangélicas (amostra, censo 2000) Outras religiões (amostra, censo 2000)

Gráfico da população estimada 2005 e do CENSO 2000, do município de Santa Luzia do Norte.

83,8

5,3

Esgoto sanitário

74,3

Água

0

10

20

30

40

50

60

70

80

Fonte: DATASUS - TRE/AL - IBGE - STN - INSS Os dados se referem às publicações mais recentes dessas instituições

37


Clima Área População Eleitorado

Economia

História

Quente sub-úmido 43 km² (IBGE, 2005) 14.666 hab. (IBGE, 2005) 8.073 (TRE-AL, 2006)

Por onde passam os caminhos Segundo a professora Carmem Lúcia Dantas, “o povoado passou a ser chamado de Satuba, que se acredita ser uma corruptela de saúva, ou saúba, espécie de formiga que muito incomodava os operários que abriam a trilha férrea da Great Western”. HISTÓRIA - Originalmente o atual município de Satuba era um povoado conhecido como Carrapato. Suas terras pertenciam à vila de Santa Luzia do Norte e depois a Rio Largo, de onde foi desmembrado. Dois sítios e dois engenhos provocaram o aparecimento do povoado que recebeu esse nome devido à presença desse inseto em suas matas, antes de sua denominação atual. Não há registros dos dois pequenos bangüês, um dos quais localizava-se no terreno onde funciona hoje o Centro de Educação Técnica Agrícola Floriano Peixoto, anteriormente chamado Escola Técnica Agrícola de Satuba. Algumas casas de taipa e cobertas de palha deram início ao primitivo núcleo, cujos pioneiros foram familiares do Senhor Manoel Joaquim de Barros e de sua esposa D. Úrsula de Melo Barros. Quando isto ocorreu, edificou-se uma

Ao lado dos trilhos, a estrada municipal; sobre o viaduto, a BR-316, que corta Alagoas. Uma vocação ditada pela posição geográfica do município 38

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Cana-de-açúcar domina a economia

Geografia Rio Largo

A economia de Satuba está centralizada na agricultura da cana-deaçúcar, que ocupa 90% da área agrícola, complementada pela produção de coco, feijão, milho e mandioca. O município faz parte da região metropolitana de Maceió, à qual está ligado por 22 km de estrada asfaltada e pelos trilhos urbanos da CBTU. Essa proximidade explica o intenso movimento dos habitantes de Satuba para Maceió em suas atividades de trabalho e estudo. Com um comércio pequeno, Satuba necessita de indústrias. No passado, o município foi um dos pólos de produção de cerâmica para a construção civil. Apesar de estar próxima da lagoa Mundaú, a pesca é uma atividade pouco significativa. Satuba poderá desenvolver a produção de flores e de frutas tropicais, de mel e de hortícolas voltadas ao abastecimento regional. Do outro lado, a abundância das águas de rio e lagoa viabiliza os modernos projetos de produção de aqüicultura. Para a realização desses projetos de diversificação, Satuba conta com a presença da Escola Agrotécnica Federal. Fundada em 1911, com cursos técnicos em agricultura e pecuária e um curso superior em tecnologia de laticínios, a instituição se apresenta como um dos componentes da infra-estrutura necessária para um projeto de desenvolvimento local. Perfil educacional do eleitorado (2006) Superior

118 (1%)

2º grau Sem instrução

1.534 (19%)

2.918 (36%)

3.514

Hoje, os trilhos da CBTU são uma pálida lembrança dos tempos áureos da Great Western, que deu origem à cidade

capela no local onde hoje está construída a Igreja Matriz, que teve Nossa Senhora da Guia, a padroeira, como protetora. A navegação lacustre, em sentido primitivo, com pequenas embarcações, fazia a comunicação com Santa Luzia, Coqueiro Seco e Maceió. Crescimento lento, o povoado deixou de obter um ritmo de progresso acentuado durante muito tempo por sua localização, mudando, porém, quando os trilhos ferroviários da Great Western passaram em seu território, mais adiante reforçado pelo surto de estradas de rodagem que ligava a capital ao interior, principalmente para o Agreste e o Sertão. O primeiro comerciante a se estabelecer na localidade foi o Senhor José Ferreira de Barros, e a agência dos Correios, o primeiro serviço público instalado. O desenvolvimento natural da povoação incentivou algumas lideranças

a pleitear sua emancipação, o que foi alcançado em 23 de julho de 1960, através da Lei Estadual n° 2.265. A proposta da comunidade foi abraçada pelos políticos Aristeu Lopes de Oliveira e Walter Figueiredo, este então deputado estadual por Rio Largo. FOLCLORE - Do folclore local destacam-se a Cavalhada, o Pastoril e as Quadrilhas na época das festas de São João, em junho. PATRIMÔNIO - Ecológico, a Lagoa Mundaú, o Açude e o Rio do mesmo nome, o rio Satuba e o riacho Carrapatinho. Histórico, a Igreja Matriz. FIGURA ILUSTRE - A mais conhecida é Heckel Tavares, o extraordinário músico e maestro famoso, de renome internacional.

(44%)

1º grau

Finanças municipais/previdência (2003)

R$ (2003) 2.035.798,44 159.275,36 3.034.861,52

Previdência Receita Tributária FPM PIB municipal (per capita)

2000 1.496 2.471 3.014 6.473

SATUBA ALAGOAS NORDESTE BRASIL

2002 1.995 3.012 3.694 7.631

2003 1.856 3.505 4.306 8.694

86,9

Coleta de lixo

52,8

Esgoto sanitário

70,7

Água

0

10

20

30

40

Maceió N

Santa Luzia do Norte

50

60

70

80

Fonte: DATASUS - TRE/AL - IBGE - STN - INSS Os dados se referem às publicações mais recentes dessas instituições

Marechal Deodoro

depósitos flúvio-lagunares (Quaternário). Quanto ao relevo, observam-se colinas que mostram no sopé afloramentos da Formação Poção e no topo a Formação Barreiras, colinas estas modeladas, provavelmente, nos períodos interglaciais, em que o nível do mar esteve bem mais alto. Ocupa ainda o baixo planalto sedimentar (tabuleiro) com suas encostas côncavo-convexas. A planície flúvio-lagunar encontra-se encaixada no vale do rio Mundaú apresentando terraços e meandros divagantes. Com base no CENSO 2000, a população era de 12.555 habitantes (6.162 homens e 6.393 mulheres). A população urbana era de 9.975 e a rural de 2.580 habitantes. Quanto à religião, 9.094 eram católicos, 2.151 evangélicos e 1.298 professavam outras religiões. Segundo o IBGE 2005, a população estimada é de 14.666 habitantes. O município apresenta 341 habitantes/km², com índice de urbanização de 49,53 % (IBGE,2000) e taxa de crescimento anual de 3,47.

14.000 12.000 9.975

0,49%

6.000

9.094

6.393

8.000 6.162

4.000

2.580

2.000

Situação dos domicílios (2006)

POPULAÇÃO

10.000

2001 1.630 2.631 3.255 6.954

Satuba

Integração com a Capital O município faz parte da Microrregião de Maceió, que integra a Mesorregião do Leste Alagoano. Limita-se ao norte com o município de Rio Largo; ao sul com Santa Luzia do Norte; a leste com Maceió e a oeste com Marechal Deodoro. Com área de 43 km² e uma distância de 22 km de Maceió, tem como principal via de acesso a BR 316, que corta a sede do município. Devido a sua proximidade com Maceió e o uso do meio de transporte ferroviário, Satuba tornou-se cidade-dormitório, isto é, boa parte de sua população trabalha na capital. As principais bacias hidrográficas no município são as do rio Mundaú e seus afluentes, que drenam uma área de 35 km², tendo como tributário mais importante no baixo curso o rio Satuba que conflui com o primeiro 3 km antes de desaguar na laguna Mundaú, e a do rio Pratagy. Seu clima caracteriza-se por temperaturas elevadas, com médias mensais em torno de 25°C e precipitação superior a 1.300 mm anuais. Segundo Thornthwaite é megatérmico sub-úmido com grande deficiência hídrica no verão. Geologicamente afloram no município as formações: Poção (Cretáceo), Barreiras (Terciário) e os

2.151 1.298

0 População estimada (IBGE, 2005) e % relativa ao Estado Mulheres (censo 2000) Homens (censo 2000) População urbana (censo 2000)

População rural (censo 2000) Religião católica (amostra, censo 2000) Religiões evangélicas (amostra, censo 2000) Outras religiões (amostra censo 2000)

Gráfico da população estimada 2005 e do CENSO 2000, do município de Satuba.

39


Microrregião

Paço Imperial, parte do rico acervo arquitetônico da cidade de Penedo.

Litoral Norte e Mata Alagoana I

Jacuípe

Maragogi

Jundia

Porto Calvo Matriz de Camaragibe

Japaratinga

Porto de Pedras São Luís do Quitunde

História

Economia

Geografia

A

s dez municípios do Litoral e da Mata Alagoana que formam a parte Norte do Estado têm algumas características comuns: a pesca litorânea, os coqueirais que desenham a paisagem tropical das suas praias, os imensos canaviais que movimentam as três usinas instaladas na região e a forte relação com a economia pernambucana. A cana-de-açúcar exige, desde os anos 90, um padrão de qualidade e um custo de produção incompatíveis com a topografia irregular da maior parte dos municípios. Esse recuo permitiu, ao mesmo tempo, o crescimento da pecuária (que, diferentemente da agricultura familiar, não gera emprego nem renda suficientes para o desenvolvimento da região) e o surgimento de movimentos camponeses em busca de terra para trabalhar. A paisagem tropical vem permitindo o crescimento do turismo e das atividades imobiliárias e, conseqüentemente, a modificação da economia local.

O

ocalizada no extremo nordeste do litoral alagoano, compreende uma faixa estreita de planície costeira onde se situam os estuários dos rios Salgado, Manguaba, Tatuamunha e Camaragibe e os recifes de arenito e de coral e algas, constituindo várias linhas paralelas à linha de costa na plataforma interna. Inclui, também, os tabuleiros costeiros limitados por falésias, às vezes cortadas por vales fluviais. Para o interior, a microrregião é dominada por rochas cristalinas. Compõem a microrregião os municípios de Maragogi, Japaratinga, Porto de Pedras, São Miguel dos Milagres e Passo do Camaragibe. Em sua maior parte, os municípios desta microrregião se assentam sobre as rochas sedimentares da Bacia de Alagoas. A Formação Barreiras, que forma os tabuleiros costeiros, ao contrário do que ocorre na área de Maceió, apresenta pequena espessura, refletindo na baixa produtividade dos poços tubulares perfurados nesta microrregião.

região do Litoral Norte, que se estende de Maragogi a São Luiz do Quitunde, teve Porto Calvo como epicentro de sua colonização. A forte presença indígena aparece em nomes sonoros como Japaratinga, Jacuípe e Maragogi. A influência hegemônica portuguesa e da Igreja Católica em Matriz, Passo e São Miguel dos Milagres. E a contribuição negra, herdada dos escravos africanos, é assinalada em Quitunde. A chamada Alagoas Boreal, expressão cunhada pelo historiador Dirceu Lindoso para a região do litoral norte, foi um lugar de matas úmidas e da terra “massapê”, ideal para o plantio da cana-de-açúcar. Nela situavam-se as famosas Matas do Tombo Real. Abrigou uma sociedade escravagista, senhorial, florescente em seus primórdios. Viveu a aventura das guerras holandesas e foi berço da discutida figura de Calabar, um ícone da região. Em sua rica história, além das guerras com os nativos, há a ocorrência dos movimentos sociais como o dos Cabanos.

72

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São Miguel dos Milagres Passo de Camaragibe

L

41


traz informações históricas, culturais, econômicas e geográficas sobre 10 municípios que integram a Microrregião Litoral Norte/Mata Alagoana I, com relatos escritos por especialistas, além de gráficos informativos.

O município vem sendo contagiado pela onda turística que ocorre no Litoral Norte de Alagoas. Fica às margens da AL435, conhecida como Rota Ecológica, estrada que liga Passo do Camaragibe, São Miguel dos Milagres e Porto de Pedras, atravessa o Rio Manguaba e se estende até Japaratinga e Maragogi. A costa municipal, com belas paisagens tropicais de praias pouco habitadas, começa a ser ocupada por hotéis (Tarumã e Costa dos Corais) e pousadas (Do Toque, Côte Sud, Amendoeira e Do Caju). A existência desses empreendimentos explica a recente entrada de São Miguel dos Milagres na Associação de Hotéis de Maragogi e Japaratinga (Ahmaja). A inexistência de infra-estrutura é evidente. O comércio é pequeno e as atividades agrícolas estão centradas na produção de coco, cana-deaçúcar e complementada nas culturas de subsistência (feijão, milho, mandioca e banana). A pesca artesanal é uma atividade importante, com destaque para a produção de agulha, cavala, dourado, lagosta, sardinha, tainha, vermelho e xaréu. O potencial do município está voltado para a exploração de seus recursos mais importantes: a industrialização de produtos da agricultura e da pesca e o aproveitamento do turismo que impulsiona o artesanato e a rede de serviço. Perfil educacional do eleitorado (2006) Superior

99

2º grau

(2%)

762

Sem instrução

(16%)

1.865 (40%)

1.955 (42%)

Recifes modelam a linha da costa Localizado na Mesorregião do Leste Alagoano, faz parte da Microrregião do Litoral Norte, limita-se ao norte com o município de Porto de Pedras, ao sul e leste com o Oceano Atlântico e ao oeste com o município de Passo de Camaragibe. Como os demais municípios da Microrregião, São Miguel dos Milagres está inserido na Área de Proteção Ambiental (APA) Federal Costa dos Corais (Port. 012/95) e na Reserva da Biosfera de Mata Atlântica (RBMA). O município possui uma área de 65km², distando 85km da capital e suas principais vias de acesso são as rodovias AL-101 Norte e a AL-435. A altitude máxima é de 80 metros no tabuleiro e 4 metros na planície costeira. O principal rio é o Tatuamunha, cuja bacia drena uma área de 27,2km². Seu clima, quente durante todo o ano, apresenta temperaturas médias mensais acima de 23° C e precipitação anual superior a 1.600mm. O clima, de acordo com a classificação de Thornthwaite, é megatérmico sub-úmido, com deficiência hídrica no verão. O município também está inserido na Bacia Sedimentar de Alagoas, no domínio geológico dos sedimentos cretáceos da Formação Maceió, terciários da Formação Barreiras e dos bancos arenosos, depósitos de mangues, recifes,

São Miguel dos Milagres

㜵 N

At lân tic o

Municípios de Alagoas

Matriz de Camaragibe

Geografia

Passo de Camaragibe

Oc ea no

Economia

Coco, pesca, turismo e gastronomia

depósitos fluviais e terraço holocênico com cordões litorâneos, que compõem os Sedimentos de Praia e Aluvião de idade Quaternária. Seu relevo compreende dois compartimentos: o baixo planalto sedimentar, com topo tabuliforme, dissecado por pequenos cursos d'água que nascem no tabuleiro e deságuam no oceano; os vales dos rios são largos em relação a sua capacidade erosiva atual, isto é, resultantes do afogamento durante a última transgressão marinha, quando foram escavados e posteriormente entulhados por sedimentos. À medida que o mar recuava, surgiram as atuais planícies fluviais. A planície costeira é um terraço de 4 a 5 metros de altitude, testemunho da última regressão marinha. Os recifes são feições presentes no litoral do município. De acordo com o CENSO 2000, a população era de 5.860 habitantes (2.950 homens e 2.910 mulheres). A população urbana era de 1.744 e a rural de 4.116. Com relação às religiões, 2.935 eram católicos, 834 evangélicos e 2.086 professavam outras religiões. Segundo o IBGE 2005, a população estimada é de 6.463 habitantes. O município apresenta 99,43 habitantes/km², com índice de urbanização de 49,53% e taxa de crescimento anual de 1,30%.

1º grau

Finanças municipais/previdência (2003)

Previdência Receita Tributária FPM

R$ (2003) 539.323,83 35.639,91 2.360.471,74

7.000

2002 2.565 3.012 3.694 7.631

4.000

POPULAÇÃO

6.000 5.000

4.116

PIB municipal (per capita)

P A T R O C Í N I O

SÃO M. MILAG. ALAGOAS NORDESTE BRASIL

2000 1.509 2.471 3.014 6.473

2001 1.210 2.631 3.255 6.954

2003 1.623 3.505 4.306 8.694

3.000 2.000

0,21% 2.935

2.950

2.086

2.910 1.744

834 1.000

Situação dos domicílios (2006)

Coleta de lixo

27,8

0

Esgoto 0,1 sanitário ㈵

Água

69,8 0

10

20

30

40

50

60

70

80

Fonte: DATASUS - TRE/AL - IBGE - STN - INSS Os dados se referem às publicações mais recentes dessas instituições

População estimada (IBGE, 2005) e % relativa ao Estado Mulheres (Censo 2000) Homens (Censo 2000) População urbana (Censo 2000)

População rural (censo 2000) Religião católica (amostra, censo 2000) Religiões evangélicas (amostra, censo 2000) Outras religiões (amostra, censo 2000)

Gráfico da população estimada em 2005 e do CENSO 2000, do município de São Miguel dos Milagres.

71

僡杩湡猠㐲⁥‷ 獥杵湤愭晥楲愬‸⁤攠浡楯⁤攠㈰〶′ㄺ㈲㨳


História

Clima Área População Eleitorado

Microrregião da Mata Alagoana

Quente sub-úmido 65 km² (IBGE, 2005) 6.463 hab. (IBGE, 2005) 4.681 (TRE-AL, 2006)

Jacuipe

A cidade da Rota Ecológica Chamava-se antes de Nossa Senhora Mãe do Povo. Mudou sua denominação, segundo a tradição, depois que um pescador encontrou na praia uma peça de madeira coberta de musgos e algas marinhas. Ao levá-la para casa e fazer a limpeza da mesma, descobriu que ela era uma imagem de São Miguel Arcanjo, que provavelmente caíra de alguma embarcação. Ao terminar o trabalho de limpeza, o pescador descobriu, espantado, que uma ferida persistente que o afligia há tempos estava totalmente cicatrizada. A notícia logo se espalhou e começou a aparecer pessoas também em busca de cura para suas doenças e de novos milagres. História - Sua colonização tomou corpo durante o período da invasão holandesa, quando moradores da sofrida Porto Calvo fugiram de lá em busca de um lugar seguro para abrigar suas famílias e avistar com antecipação a chegada dos inimigos. A capela inicial, que deu origem à freguesia estabelecida pela Igreja Católica, foi dedicada a Nossa Senhora Mãe do Povo. Sua história está ligada, pela proximidade, à de Porto de Pedras e à de Porto Calvo, antigo Santo Antônio dos Quatro Rios ou, ainda, Bom Sucesso. Disputa com a primeira a primazia de ser a sede do Engenho Mata Redonda, onde ocorreu a célebre batalha do mesmo nome travada entre o exército holandês e as forças lusoespanholas, vencida pelo general Artikchof. É compreensível a querela, uma vez que os atuais municípios não estavam formados e os limites eram imprecisos. Por muito tempo, o Engenho Democrata foi destaque na produção de açúcar da região. Igualmente, o povoado foi líder na produção de cocos. Foi elevada à vila em 9 de junho de 1864 e, a partir de 1914, iniciou a luta para obter a sua autonomia, o que só se verificou muitos anos mais tarde, em 7 de junho de 1960. Folclore - Zabumba, Bumba-meu-boi, Baianas, Coco-de-roda, Caboclinhos e um 70

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Jundiá

Porto Calvo Maragogi

Matriz de Camaragibe

Japaratinga

Porto de Pedras São Luís do Quitunde Passo de Camaragibe Praias desertas e tranqüilas caracterizam o litoral de São Miguel dos Milagres

folguedo inusitado, de quem os seus habitantes falam com o orgulho de ser há mais de duas décadas o único no gênero no Estado, o hilariante Pastoril dos Homens. Artesanato - O município se destaca pelo grande número de pessoas dedicadas ao artesanato de madeira de coqueiro, de palha e do cipó. No povoado de Porto da Rua, utilizam a palha do ouricuri para confeccionar vassouras. Existem também exímias bordadeiras que utilizam a técnica de retalhos chamada “fuxico”. Gastronomia - O município tem uma das culinárias mais ricas e variadas da região, aproveitando a piscosidade de suas águas e a habilidade de seus pescadores. Os estabelecimentos hoteleiros, que fazem parte do circuito conhecido como das “pousadas do charme”, aproveitam, com seus moradores, as delícias da fritada de caranguejo, moqueca de aratu, moqueca de beijupirá, as patolas de uçá, lagostas cozidas,

agulhinhas fritas e peixes variados. O bolo de milho, a canjica e a pamonha aparecem por ocasião das festas juninas. Patrimônio - A árvore do Alto do Cruzeiro, que seus moradores dizem ter mais de dois séculos e que foi plantada para servir de ponto referência para os navegadores; a Igreja Matriz de Nossa Senhora Mãe do Povo; o Engenho Boa Vista, no povoado Toque; o Engenho Bom Destino, no povoado Porto da Rua; o Cruzeiro, construído no início do século XX. O seu formoso casario guarda também marcas de seu passado e da trajetória de sua colonização. Figuras ilustres - Maria José Marinho (educadora); Maria Casado Lamenha Couto (professora); Padre Vigário Belo; Carlos Paiva da Guia (militar); Abel Divino (militar); Élcio Verçosa (educador emérito); Ivanilda Verçosa (professora).

São Miguel dos Milagres

Microrregião do Litoral Norte Alagoano REALIZAÇÃO

A Avenida Aristeu de Andrade, 355 - Farol Maceió /AL - Cep 57051-090 Telefone/Fax - (82) 4009.7777 / 4009.7756 E-mails: gazeta@gazetaweb.com comercialga@gazetaweb.com


Clima Área População Eleitorado

Economia

História

Quente sub-úmido 334km² (IBGE, 2005) 25.233 hab. (IBGE, 2005) 13.633 (TRE-AL, 2006)

A capital da Costa dos Corais Outro nome de município que é herança dos nossos antepassados indígenas. Referese ao rio que banha a cidade e a região e é corruptela da palavra “ma-ra-ú-hy”, ou seja, rio das “maraúbas”, ou melhor, “rio dos maracujás”. Em momentos de sua rica história nos períodos colonial e imperial, foi nomeada pelos governantes de Gamela e depois Vila Isabel. Quando promovida à cidade em 1892, consagrou a denominação que era mais lembrada e prezada pelo povo do lugar: Maragogi. História - Parte destacada da chamada Alagoas Boreal. Dirceu Lindoso diz sobre o lugar que “Maragogi não nasceu uni-rua,

que lhe deixou espaço para várias vielas o avanço do lagamar do Gamela, a larga enseada de seis quilômetros de fundo, fechada por um paredão de recifes”. Ao contrário de Porto de Pedras, não tem ria, mas vários lagamares. Incorporada nos seus primórdios ao núcleo pioneiro de Porto Calvo, em seu modelo sesmeiro-escravista, assistiu à consolidação desse núcleo colonizador, o surgimento de seus primeiros canaviais, os embates sangrentos e a derrota dos antigos ocupantes da terra (caetés e tupinambás) e o desembarque contínuo de levas de escravos negros africanos pelo seu porto natural de Barra Grande.

Despontando no meio da esplêndida e longa enseada que se curva ao norte, foi chamada inicialmente pelos colonizadores de Gamela, um povoado formado à beiramar que se beneficiou da potencialidade de seus dois portos naturais. Tomou parte ativa nas lutas travadas contra os holandeses. Em seu solo aconteceram grandes combates, pois as tropas que vinham de Olinda e Recife com destino a Porto Calvo desembarcavam antes no Porto de Barra Grande. Dizem, também, os antigos que os flamengos, quando passaram por lá, fizeram na propriedade chamada Cachoeira, no pé do morro, uma entrada subterrânea, com a

Cana-de-açúcar: atividade dominante É um município de economia tipicamente canavieira. A área plantada com cana-de-açúcar diminuiu em um terço na última década. Esse espaço foi ocupado pela pecuária bovina, que duplicou de tamanho, impedindo assim o desenvolvimento de novas culturas e a ampliação das plantações tradicionais, que continuam secundárias na atividade rural (mandioca, feijão e milho). A produção canavieira está destinada à Usina Santo Antônio, fundada em 1952, que na safra 2005/2006 esmagou 1,5 milhão de toneladas de cana-de-açúcar e produziu três milhões de sacos de açúcar e 40 milhões de litros de álcool. Para alcançar essa produção, a usina compra cana de municípios vizinhos: Matriz e Passo do Camaragibe, São Miguel dos Milagres, Flexeiras, Joaquim Gomes e Barra de Santo Antônio. A pecuária do município tem uma especificidade: a criação de búfalos. Mais de um milhão de bubalinos fazem parte da paisagem rural e a criação desses animais já se espalha pelos municípios vizinhos do Litoral Norte. Uma fábrica de queijos de búfalo é uma das raras inovações na agricultura municipal. O potencial de São Luiz do Quitunde está no aproveitamento das condições naturais (qualidade da terra e abundância de água) para a produção diversificada na agricultura. Perfil educacional do eleitorado (2006) Superior 2º grau

146 (1%)

1.779

Sem instrução

(9%)

5.844 (29%)

12.134 (61%)

1º grau

Joaquim Gomes

N

Geografia

O vale da pecuária bubalina

Matriz de Camaragibe

Flexeiras

São Luiz do Quitunde

O município faz parte da Mesorregião do Leste Alagoano, integrando a Microrregião da Mata Alagoana. Situa-se à margem do Rio Santo Antônio Grande, limitando-se ao norte com o município de Joaquim Gomes; ao sul com Barra de Santo Antônio; ao leste com Matriz do Camaragibe e Passo do Camaragibe e ao oeste com São Luiz do Quitunde. O município faz parte da Reserva da Biosfera de Mata Atlântica (RBMA). Com área de 404km², distante cerca de 52km de Maceió, tendo como principais vias de acesso as rodovias AL-101 Norte, AL-413 e AL-430. O município é banhado pela bacia do Rio Santo Antônio Grande e seus afluentes, rios Poço Cortado, Castanheira e Jitituba e o Riacho Santa Helena. Possui ainda as quedas d'água São Francisco da Cachoeira, Feijó e Santa Helena. Com clima quente durante todo o ano e total de precipitação anual superior a 1.500mm, concentrada no outono e inverno, apresenta excedente hídrico no inverno e deficiência no verão. Segundo a classificação de Thornthwaite, o clima é megatérmico subúmido, com déficit hídrico no verão. Geologicamente, o município localiza-se em sua maior parte sobre as rochas sedimentares da Bacia Alagoas, cujo limite com as rochas cristalinas do Maciço Pernambuco-Alagoas se faz por uma série de falhas de gravidade. As rochas sedimentares

Passo de Camaragibe

Barra de Santo Antônio

aflorantes compõem as formações Poção, Maceió, Barreiras e os Sedimentos de Praia e Aluvião, compostos pelos depósitos fluviais do Rio Santo Antônio Grande. O município apresenta caulim, areia e argila como ocorrência mineral. O relevo apresenta dois compartimentos, o baixo planalto sedimentar denominado tabuleiro costeiro, dissecado intensamente pelo Rio Santo Antônio Grande e seus afluentes, que formam colinas alongadas capeadas pelos sedimentos da Formação Barreiras. Nos terrenos cristalinos, que fazem parte da depressão oriental, o relevo é movimentado com a presença de serras. A planície fluvial é ampla e bastante alagada, e nela se desenvolve a pecuária bubalina (búfalos). Segundo o CENSO 2000, a população era de 29.543 habitantes (15.076 homens e 14.467 mulheres). A população urbana era de 17.525 e a rural de 12.018 habitantes. A religião predominante é a católica com 17.596 adeptos, seguidos por 3.360 evangélicos e 8.376 que professam outras religiões. A população estimada (IBGE, 2005) é de 28.481 habitantes. O município apresenta 70,49 habitantes/km², com índice de urbanização de 49,53% e taxa de crescimento anual -1,42%.

Finanças municipais/previdência (2003)

R$ (2003) 9.193.276,94 259.928,79 5.395.523,52

Previdência Receita Tributária FPM

SÃO LUIZ Q. ALAGOAS NORDESTE BRASIL

2001 2.492 2.631 3.255 6.954

30.000 25.000

PIB municipal (per capita)

2000 2.573 2.471 3.014 6.473

POPULAÇÃO 35.000

2002 2.885 3.012 3.694 7.631

2003 2.246 3.505 4.306 8.694

20.000 15.000

0,94%

15.076 14.467

17.596

17.525 12.018

8.376

10.000

Situação dos domicílios (2006) 㜵

Coleta de lixo

5.000

49,3

Esgoto 1 sanitário Água

35,3

0

Fonte: DATASUS - TRE/AL - IBGE - STN - INSS Os dados se referem às publicações mais recentes dessas instituições.

Para orientar o crescimento urbano, a cidade investe em infra-estrutura e na qualidade de vida 44

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10

20

30

40

50

3.360

0

60

70

80

População estimada (IBGE, 2005) e % relativa ao Estado Mulheres (censo 2000) Homens (censo 2000) População urbana (censo 2000)

População rural (censo 2000) Religião católica (amostra, censo 2000) Religiões evangélicas (amostra, censo 2000) Outras religiões (amostra, censo 2000)

Gráfico da população estimada em 2005 e do CENSO 2000, do município de São Luiz do Quitunde.

69


História

Clima Área População Eleitorado

Folclore - Chegança, Pastoril, Bumbameu-Boi e Samba do Mulato.

Quente sub-úmido 404km² (IBGE, 2005) 28.481 hab. (IBGE, 2005) 19.903 (TRE-AL, 2006)

Gastronomia - Ostras, fritadas de aratus, polvo, maçunim, lagostins, carapebas fritas e uma infinidades dos chamados peixes de lei.

Artesanato - Esculturas em jaqueira que retratam cenas do cotidiano, do imaginário religioso e folclórico da cidade. Trabalhos feitos com conchas e palha e casca de coco.

A cidade do alto da montanha O primeiro nome é homenagem a São Luís, rei da França. Dizia-se antes que Quitunde é uma corruptela de “condunde”, palavra africana, herança dos escravos negros existente nos engenhos da região, atribuído a um peixe encontrado no Rio Santo Antônio. Nei Lopes, contudo, diz, com sua autoridade, que condunde, palavra de origem bantu, quer dizer montanha. Dirceu Lindoso tem uma terceira versão. Ele defende a tese que Quitunde surge para designar o baixio fluvial onde surgiu o antigo povoado, uma paliçada de mucambo, portanto, um quilombo fluvial. História - Cidade e município à margem direita do Rio Santo Antônio Grande, o seu território começou a se devassado antes da invasão holandesa. As crônicas assinalam a presença desses invasores, principalmente na área onde hoje fica Barra de Santo Antônio, então parte de seu território. Existem vestígios da passagem dos batavos, entre os quais um canal no Rio Getituba, no Engenho Guindaste, com parte forrada de ladrilho, parecendo ter assim sido feito para evitar que viesse a ser forrado. Ali se processava o embarque de madeira por meio de um guindaste tosco, que motivou o nome daquele engenho. Em 1832, com seus vizinhos povoados da Barra de Santo Antônio e Paripueira, abrigou fugitivos da revolução Cabanada, que os tangeu de Porto Calvo e Porto de Pedras. Em 1834, tomou parte no movimento denominado de Lisos e Cabeludos, facções que disputavam a hegemonia política da Província. O engenho Santo Antônio Grande, de propriedade do poderoso coronel José Paulino, chefe de uma das correntes em luta, foi atacado, havendo, na ocasião, grave derramamento de sangue. Sabe-se da existência, em 1843, de uma pequena povoação no engenho Castanha Grande, afluente do Santo Antônio, que servia de ponto de escoamento dos produtos das terras adjacentes. Este núcleo inicial teve seus moradores transferidos para o engenho Quitunde, por iniciativa de seu proprietário, Joaquim Machado da Cunha Cavalcanti, em 1780, que encarregou um 68

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O planejamento urbano feito pelo engenheiro alemão Carlos Baltenstern, em 1780, pode ser percebido em algumas ruas engenheiro alemão, Carlos Baltenstern, de realizar o traçado da nova povoação. Dada a vantajosa situação do local, este teve rápido incremento, porquanto, um ano depois sua população já atingia perto de mil almas. Pouco depois possuía quatro trapiches para recebimento de açúcar. Aliás, Dirceu Lindoso atiça uma bela polêmica sobre a origem da cidade quando diz que “a consciência branca atribui ao senhor de engenho Joaquim Cavalcanti, poeta e boêmio, a fundação da cidade. A consciência negra, entretanto, atribui a um antigo mucambo escondido nos palmares do rio, de onde saiu a povoação de mestiços”. A sua freguesia foi criada em 22 de junho de 1882, sob o patrocínio de Nossa Senhora da Conceição. Foi elevada à categoria de vila em 2 de junho de 1879 e, finalmente, à categoria de cidade em 16 de maio de 1892. É a primeira cidade planejada em Alagoas, com planta assinada pelo engenheiro alemão Carlos Baltenstern. Folclore - Baianas, Guerreiro, Banda de Pífanos, Pastoril e Coco-de-roda. Gastronomia - Sarapatel de miúdos de búfalo, cozido de carne com pirão de farinha de mandioca, caranguejada de guaiamum, feijoada com pé de porco.

Patrimônio - Natural: rios Santo Antônio, Castanha e Jetituba; riachos Santa Helena e Amolar; Serras Mariquita e Maricota; Cachoeiras de São Francisco e Santa Helena. Histórico: Matriz de Nossa Senhora da Conceição e capela de Nossa Senhora Santana; os antigos armazéns de açúcar; engenho Castanha Grande e engenho Roncador, antes chamado Santa Regina. Figuras ilustres - Joaquim Cavalcanti (fundador da cidade); Rodolfo de Albuquerque Lins (advogado e político); João Barafunda e Aloísio Branco (poetas); o general Pedro Aurélio de Góis Monteiro (militar com importante participação na política do Brasil); seus irmãos Ismar de Góis Monteiro e Silvestre Péricles de Góis Monteiro (que foram governadores e senadores da República). O clã dos Góis Monteiro ainda teve Edgar e Manoel, o primeiro interventor do Estado e o segundo médico, diplomata e senador. O município ainda apresenta duas figuras importantes da política alagoana, os governadores Antonio Semeão Lamenha Filho e Divaldo Suruagy. O primeiro foi proprietário rural e o segundo é economista, foi prefeito de Maceió, deputado estadual, deputado federal e senador da República por mais de uma vez.

O barco de pesca descansa em águas rasas depois de mais um dia de trabalho

curvatura de um arco, em alvenaria. A versão é reforçada pelos objetos antigos encontrados pelos proprietários quando escavaram o lugar. Conta, ainda, a tradição que para a praia do atual povoado de São Bento chegou um emigrante do alto sertão, acompanhado de sua família, fugindo da seca e de uma epidemia que assolava as plagas sertanejas. Tendo escapado da moléstia, cumpriu a promessa de construir uma igreja sob a invocação de São Bento, que se tornou o patrono do município. Alguns historiadores defendem que na crônica dos feitos de Alagoas e do Brasil deveria haver um lugar de honra para a vila, pois sua gente foi responsável pela derrota, por duas vezes, dos invasores h o l a n d e s e s, i m p e d i n d o - o s d e desembarcar e de tomar conta da terra. Lutando com destemor e com parcos recursos bélicos, conseguiram impedir o domínio batavo sob a região. Os soldados da Companhia das Índias Ocidentais procuravam a riqueza dos engenhos que, além do açúcar, podiam

lhe fornecer víveres e mantimentos. No seu território, abrigavam-se moradores de outros lugares que desejavam fugir dos horrores da guerra. Os refugiados, aliando-se aos índios, edificaram pequenas povoações à beiramar, nas imediações do Riacho Corre Água e do Rio dos Paus. Em diversos outros acontecimentos históricos, como a Guerrilha dos Cabanos, dos temíveis papa-méis, nas revoluções de 1817 e 1824 e na Praieira, o município teve participação. Caxias, por exemplo, desembarcou em seu porto principal, quando atacava os inimigos do Império. No fim do século XIX, já havia na vila, que chegou a ser chamada Isabel, em pequeno espaço de tempo, diversas casas de negócios que recebiam mercadorias da praça do Recife, devido à dificuldade de comunicação com Maceió. Era Curato, no século XVII. Em 1718 já era Freguesia, sendo São Bento a sede. Em 24 de abril de 1875 foi criada a vila com o nome de Isabel, mas passou a se chamar Maragogi, no ano seguinte, e em 12 de maio de 1892 elevada à categoria de cidade.

Patrimônio - Natural: Montes do Cruzeiro e São Bento. Rios Maragogi, Formoso, Persinunga, Salgado, Manguaba e dos Paus. Lagoas Marinha, do Neto e Danta. Entretanto, suas maiores atrações são as Galés, corais que formam piscinas naturais, a seis quilômetros da costa. Arquitetônico - As ruínas de São Bento e do Cemitério, construção provavelmente do século XVII. No alto, um bonito panorama das praias da região e como curiosidade a frente do mosteiro voltada para Portugal. Engenho Jenipapo, que data de 1806, e o Engenho Marrecas, com sua casagrande e sua bem cuidada capela que hoje faz parte de um complexo hoteleiro, o Salinas. Também destaque para o Engenho Papagaio e a Igreja de Nossa Senhora da Guia, construção do século XVII. Figuras ilustres - Francisco Nogueira Castelo Branco (vice-presidente da Província, no Império); João da Rocha (advogado); João Batista Acioly (governador do Estado e senador da República); Thomaz Cisneiros Wanderley (juiz); Francisco da Rocha Holanda Cavalcanti (deputado estadual); Esperidião Nogueira (juiz), Dirceu Lindoso (um dos maiores historiadores do Estado).

Cenários como este confirmam a excelente rede hoteleira de Maragogi, que rivaliza com a de Maceió

O artesanato tornou-se mais uma atividade econômica

45


Manter a qualidade do seu litoral, onde afloram paisagens como esta, é o maior desafio do município, que tem no turismo e na pesca importantes fontes de renda

Economia

O segundo pólo turístico de Alagoas

A descoberta do turismo e a construção de bons hotéis (Salinas, Praia Azul, Vila Tropical, Marrecas, Areias Belas, Praia Dourada e Village Galés) e um conjunto de pousadas (Barra Velha, Canto da Sereia, Chalé Dourado, Mariluz, Miramar, Olho d’Água, Praia de Peroba, Solar da Praia, Shalom Beach, Verdes Mares e Sol e Mar) gerou um pólo turístico de prestígio nacional, o segundo de Alagoas, depois de Maceió. A beleza de seu litoral e a eqüidistância de Recife e Maceió (125km) tornaram o mercado imobiliário de Maragogi atraente. Os terrenos e os imóveis são alvos de constantes valorizações. Os recursos do Prodetur chegaram efetivamente àquela localidade e toda a parte urbana foi saneada. Esse é o primeiro caso em Alagoas. Em função do turismo, o artesanato, a produção de alimentos típicos e a rede de serviços de Maragogi foram valorizados. Alguns problemas persistem: o aumento extraordinário da população na última década não teve correspondência na economia, a pesca continua com seu caráter artesanal, a produção da agricultura familiar não

responde satisfatoriamente à demanda local e os empreendimentos voltados para a industrialização da produção não aconteceram no ritmo necessário. A agricultura comercial é fortemente marcada pela cana-de-açúcar e pelo coco. Mais recentemente, duas novas culturas vêm apresentando resultados: o maracujá e a laranja. A produção agrícola é complementada por feijão, mandioca, milho e banana. A pesca artesanal está representada na produção de agulha, camarão, cavala, lagosta, dourado, sardinha, vermelho e xaréu. O potencial de Maragogi está voltado para a industrialização de sua produção agrícola (a exemplo da nova fábrica de beneficiamento do coco, implantada em 2005), para o desenvolvimento da agricultura familiar (como na produção dos assentamentos que vêm dinamizando a feira semanal) e para o crescimento do turismo. Conheceu uma revolução nas duas últimas décadas. Com a impossibilidade da produção canavieira nas condições das terras irregulares, muitas de suas fazendas de cana-de-açúcar foram desativadas e passaram a ser objetos de

disputa entre proprietários e ocupantes sem-terra. O resultado: o município tem a maior concentração de assentamentos de Alagoas (1.800 famílias vivendo em 16 núcleos rurais), ocupando um terço da área agrícola. Esse reordenamento agrário acontece em todos os municípios do Litoral e da Mata Norte de Alagoas: em Maragogi, a reforma avançou nas áreas de antigos engenhos (Buenos Ayres, Bom Jesus, Massagana, São Pedro, São Vicente, Melos, Espírito Santo e Água Fria) e de fazendas de cana (Itabaiana, Conceição, Mangebura, Samba, Pau Amarelo, Caramuru, Costa Dourada e Javari), transformando-os em assentamentos. E seguiu em outras localidades: Matriz do Camaragibe (Paraíso, Santa Cruz do Riachão e Macapá), Porto de Pedras (Lucena, Boa Vista e Areias), Porto Calvo (Maciape, Conceição e Boa União), São Miguel dos Milagres (Jubileu), São Luiz do Quitunde (Santa Luzia, Riachão, São Frutuoso, Papuan e Sílvio Viana) e Jacuípe (Canafístula, Boa Vista e São Francisco).

Jundiá

Economia

de Porto Calvo, por alvará régio de 5 de dezembro de 1815, elevada à vila, depois foi anexada ao Passo, fez parte da Comarca de Alagoas do Sul, depois a Maragogi, então chamada de Isabel. Foi elevada à categoria de cidade em 9 de junho de 1921. Folclore - Cabindas, Coco-de-roda, Baianas e Pastoril. Gastronomia - Frutos do mar, especialmente polvo, lagosta, maçunim e camarão. Os sequilhos de goma e o doce de jaca também são famosos. Patrimônio - O Engenho Mata Redonda, local onde ocorreu a batalha do mesmo nome; a Cadeia Pública, que data de 1630; a Capela de São Gonçalo, em Tatuamunha, de 1610; a Estrada Real, construída pelos escravos, a mando de D. Pedro II; os oitizeiros centenários, cuja sombra D. Pedro II descansou quando de sua passagem por ali; a fonte de água dos franceses; o cajueiro centenário do Morro do Farol; As Igrejas de Nossa Senhora da Piedade e de Nossa Senhora da Glória e o Sítio Taquanduba, local da antiga capela dos frades franciscanos que deu origem à cidade. Figuras ilustres - Ciridião Durval (advogado e escritor); Moreira e Silva (político e intelectual); Sebastião da Hora (médico e professor); Almirante José de Lima; João Martins (médico e político); Padre Sizenando da Silva (também professor); Padre Alípio Marins do Rego.

Turismo começa a ser uma opção

Há séculos a economia sobrevive da pesca, do coco e da cana-de-açúcar. A pesca ocupa parte da população litorânea e produz, de forma significativa, dourado, sardinha, xaréu e vermelho. A agricultura dominada pela cana-de-açúcar está longe de apresentar uma produção diversificada que corresponda aos fartos recursos naturais, principalmente terra fértil e água abundante. A cana e o coco formam o conjunto das culturas comerciais e a produção agrícola está complementada por feijão, mandioca, milho e banana. Na última década, Porto de Pedras perdeu metade da área plantada com canade-açúcar, mas aumentou a área da pecuária, que triplicou o plantel bovino. O turismo está encaixado nos Roteiros de Charme, uma série de pousadas nos municípios do litoral indicadas por sua alta qualidade. As mais destacadas pousadas de Porto de Pedras são: Aldeia Beijupirá, Costa das Pedras e Um Milhão de Estrelas. Os investimentos imobiliários, comandados tanto pela construção de casas de veraneio como pela demanda de terrenos para futuros projetos hoteleiros, estão tomando todo o Litoral Norte. O potencial de Porto de Pedras está na diversificação da agricultura (mel, flores e frutas tropicais), na ampliação da pesca voltada para a comercialização regional e no turismo que poderá impulsionar a rede de serviços e a produção artesanal.

Perfil educacional do eleitorado (2006) Superior

129

2º grau

(2%)

819

Sem instrução

(14%)

2.656 (45%)

2.281 (39%)

Porto Calvo 1º grau

Cretáceos da Formação Maceió, Terciários da Formação Barreiras e dos bancos arenosos, mangues, depósitos flúviolagunares e terraço holocênico que compõem os Sedimentos de Praia e Aluvião, de Idade Quaternária. A Formação Maceió aflora nas escarpas das elevações que bordejam as planícies dos rios Manguaba, Tatuamunha e afluentes, e na base da escarpa do morro do farol. Os bancos arenosos, mangues, arenito de praia, depósitos flúvio-lagunares e terraço holocênico, de idade Quaternária Recente, formam a Planície Costeira. O relevo apresenta, na sua parte mais elevada, interflúvios tabuliformes alongados e estreitos, intensamente dissecados, com afloramentos da Formação Maceió na base das encostas e no topo, a Formação Barreiras. A parte mais baixa é composta pela planície fluvial e a costeira. A primeira aparece ao longo do baixo curso dos rios Manguaba e seu afluente Canavieira, e do Tatuamunha, onde se desenvolvem os manguezais sob a influência

Rio Manguaba

Matriz de Camaragibe N

São Miguel dos Milagres

Oc ea no At lân tic o

plantation e os engenhos e permitir o trânsito às povoações de Alagoas do Sul e do Alto São Francisco. Por ocasião do domínio holandês, pagaram os seus habitantes o tributo de sangue e o ardor patriótico nas lutas travadas, pois pelo seu porto passavam ou ancoravam os barcos flamengos, conduzindo tropas e munições para atacar Porto Calvo, bastião da resistência comandada por Matias de Albuquerque. Como represália aos ataques provenientes da antiga Vila de Bom Sucesso, no dia 14 de maio de 1633, guiados por Calabar, agora engajado em suas fileiras, entraram os holandeses no ancoradouro com seis navios e oito barcaças, destruíram três embarcações portuguesas e travaram sangrenta luta com os habitantes de Porto de Pedras, juncando o solo com o sangue dos seus habitantes, derrotados diante da surpresa e do maior número de homens armados. Outro episódio importante acontecido em seu território foi a batalha de Mata Redonda, ocorrida em 18 de janeiro de 1636, onde as forças lusoespanholas saíram derrotadas, lá perdendo a vida o general espanhol D. Luiz de Rojas e Borjas, comandante das tropas ibéricas, e do outro lado o sobrinho de Nassau, Príncipe Carol. É uma das mais expressivas batalhas travadas em território nacional. No século XVIII, teve estaleiros para constr ução de pequenas embarcações. Após o desmembramento

Porto de Pedras

marinha e onde se instalou o sítio urbano de Porto de Pedras. Na planície costeira, o terraço holocênico é testemunha da última transgressão marinha do quaternário, com os recifes, o que lhe dá características próprias. De acordo com o CENSO 2000, a população era de 10.238 habitantes (5.328 homens e 4.910 mulheres). A população urbana era de 5.198 e a rural de 5.040. Com relação às religiões, 6.441 eram católicos, 1.240 evangélicos e 2.557 professavam outras religiões. Segundo o IBGE 2005, a população estimada é de 10.628 habitantes. O município apresenta 39,95 habitantes/km², com índice de urbanização de 47,70% (IBGE, 2000) e taxa de crescimento de -0,26%.

Finanças municipais/previdência (2003)

R$ (2003) 355.471,67 25.175,02 2.918.120,05

Previdência Receita Tributária FPM PIB municipal (per capita)

2000 1.621 2.471 3.014 6.473

PORTO DE P. ALAGOAS NORDESTE BRASIL

2001 1.760 2.631 3.255 6.954

2002 1.764 3.012 3.694 7.631

2003 1.544 3.505 4.306 8.694

Situação dos domicílios (2006) Coleta de lixo

15,2

Esgoto 0,5 sanitário Água

16,8 0

10

20

30

40

50

60

70

80

Fonte: DATASUS - TRE/AL - IBGE - STN - INSS Os dados se referem às publicações mais recentes dessas instituições.

46

僡杩湡猠㐶⁥‶ 獥杵湤愭晥楲愬‸⁤攠浡楯⁤攠㈰〶′ㄺ㈶㨱

67


História

Produção agrícola (2004) Clima Área População Eleitorado

Quente sub-úmido 266km² (IBGE, 2005) 10.628 hab. (IBGE, 2005) 5.885 (TRE-AL, 2006)

MUNICÍPIO Jacuípe Japaratinga Jundiá Maragogi Matriz de Camaragibe Passo de Camaragibe Porto Calvo Porto de Pedras São Luiz do Quitunde São Miguel Milagres TOTAL

O porto de Águas Belas A história de Porto de Pedras está intimamente ligada à de Porto Calvo, cujo território integrava, fazendo parte de suas glórias e de seus sofrimentos. Era chamada antes de Porto Real e depois de Águas Belas. O ciclo missionário a relaciona como um de seus destinos preferidos. O terceiro e derradeiro nome foi dado em função de lá haver um porto que atraía os interessados, quer por meio das águas do Oceano Atlântico, quer por meio das águas do Rio Manguaba, além de estar situado entre o mar, o rio e uma encosta de pedras. História - O povoado, situado na foz do Rio Manguaba, comprimido entre o mar e as pedras, nasceu em torno de uma missão evangelizadora franciscana, incentivada por Cristóvão Lins e seu irmão Sibad Lins, que desejavam domar os insubmissos potiguares, que causavam prejuízos com sua resistência aos donos de engenho da região de Porto Calvo. A catequese não foi feita, contudo, com os ensinamentos cristãos, mas

CANA-DEAÇÚCAR

COCO

2.640 1.203 2.608 4.990 9.500 7.600 9.100 3.000 19.900 297 60.838

3 710 2 700 40 615 410 620 21 862 3.983

BANANA

MANDIOCA

140 28 35 210 50 28 260 138 95 20 1004

120 35 24 500 40 33 71 50 38 12 923

MILHO

80 70 40 120 55 55 70 95 21 20 626

60 30 15 70 30 17 60 50 60 25 417

Alunos matriculados

2002 497 6.460 583 747

Pop. de 1 a 19 anos Pré-Escola Fundamental Médio EJA

2005 12.200 678 6.740 648 1.003

Analfabetos com mais de 15 anos (2000) A pequena cidade surge com toda sua beleza na margem direita do Rio Manguaba

imposta com violência pelos milicianos armados dos sesmeiros e da Coroa portuguesa, que praticaram toda sorte de iniqüidades para tomar-lhes a terra, como a degolação de homens e a transferência

O estuário do Rio Manguaba

FEIJÃO

Fonte: IBGE/PAM (2004)

1991 54,87 22,17 45,32

MARAGOGI MACEIÓ ALAGOAS

forçada de mulheres e crianças nativas para o colégio dos padres. Era também uma decisão tomada pelo donatário da Capitania de Pernambuco, que desejava consolidar a colonização com a

2000 40,14 16,87 31,91

Finanças municipais/previdência (2003)

R$ (2003) 3.833.621,41 743.185,65 4.384.663,40

Geografia

Empresas e empregos formais (2006)

CULTURA AGRICOLA (hectares colhidos)

Faz parte da Mesorregião do Leste Alagoano, integrando a Microrregião geográfica do Litoral Norte. Limita-se ao norte com os municípios de Porto Calvo e Japaratinga; ao sul com São Miguel dos Milagres; ao leste com o Oceano Atlântico e ao oeste com Matriz do Camaragibe, fazendo parte da Área de Proteção Ambiental (APA) Federal Costa dos Corais (Port. 012/95) e da Reserva da Biosfera de Mata Atlântica (RBMA). Possui uma área de 266km² (IBGE, 2005) e distante cerca de 100km de Maceió, tendo como principais vias de acesso as rodovias AL-101 Norte, AL-460 e AL-435. O município é banhado pelas bacias dos rios Tatuamunha e seus afluentes, os riachos Pau Amarelo, Manjericão e Triunfo, que drenam uma área de 163,2km² e Manguaba e seus afluentes Roncador, Floresta, Apara e Canavieira, com uma área drenada de 40km². Apresenta temperatura acima de 23° C em todos os meses do ano e precipitação anual superior a 1.500mm. Segundo a classificação de Thornthwaite, o clima é megatérmico sub-úmido, com deficiência hídrica no verão. O município também está inserido geologicamente na Bacia Sedimentar de Alagoas, no domínio geológico dos sedimentos

Previdência Receita Tributária FPM

POPULAÇÃO 16.000

僡杩湡猠㐷⁥‶ 獥杵湤愭晥楲愬‸⁤攠浡楯⁤攠㈰〶′ㄺ㈷㨱

PIB municipal (per capita) 2000 2001 1.700 1.772 MARAGOGI 2.471 2.631 ALAGOAS 3.014 3.255 NORDESTE 6.473 6.954 BRASIL

2002 1.942 3.012 3.694 7.631

2003 1.662 3.505 4.306 8.694

Programas sociais (2006)

FAMÍLIAS NO MUNICÍPIO FAMÍLIAS POBRES Bolsa-Família Outros programas ATENDIDAS (%)

R$ (mês)

Famílias 5.180 2.745 2.580 1.394 94,0%

171.897,00 23.400,00 195.297,00

Número e perfil das MPEs Indústria Serviços

52

17

(47%)

(15%)

42

(38%)

14.000

Perfil educacional do eleitorado (2006)

35000

10.000

30000

0,35%

4.910 5.328

6.441

5.198

(2%)

1.512

15000

5.040

0

Agricultura

Indústria

Gráfico da população estimada 2005 e do CENSO 2000, do município de Porto de Pedras.

7.141 (52%)

Serviços

4.774

Situação dos domicílios (2006) População rural (censo 2000) Religião católica (amostra, censo 2000) Religiões evangélicas (amostra, censo 2000) Outras religiões (amostra censo 2000)

5000

1.240

0

Sem instrução

(11%)

10000

2.557

População estimada (IBGE, 2005) e % relativa ao Estado Mulheres (censo 2000) Homens (censo 2000) População urbana (censo 2000)

206

20000

4.000 2.000

Superior

2º grau

25000

8.000 6.000

Comércio

Setores da Economia (R$) (2002)

12.000

(35%)

Coleta de lixo

46 ㈵

Esgoto 0,5 sanitário

1º grau

Água

42 0

10

20

30

40

50

Os dados se referem às publicações mais recentes dessas instituições.

66

MARAGOGI MACEIÓ ALAGOAS

Empresas Empregos PEA 236 794 7.107 21.160 112.384 345.732 42.702 246.414 1.133.000

60

70

80

Fonte: DATASUS - MEC/INEP - INCRA/MDA/FAO - MDS - SEBRAE - TRE/AL - IBGE - STN - INSS

47


Piscinas naturais-Galés O município faz parte da Mesorregião Geográfica do Leste Alagoano e integra a Microrregião do Litoral Norte Alagoano, tendo como limite norte o município pernambucano de São José da Coroa Grande, ao sul o município alagoano de Japaratinga, ao leste o Oceano Atlântico e ao oeste os municípios de Jacuípe e Porto Calvo. Maragogi tem uma área de 334km² (IBGE, 2005), distante 120km de Maceió e tem como principal via de acesso a rodovia AL-101 Norte. Sua altitude varia de 100 metros nos morros situados a noroeste, a 5 metros na planície costeira. É banhado pelas bacias hidrográficas dos rios Salgado, que drena uma área de 94,8km², Maragogi, com 108km², dos Paus, Tabaiana e Persinunga, este último sendo o limite com o Estado de Pernambuco. É o segundo pólo turístico do Estado de Alagoas, está inserido na Área de Proteção Ambiental - APA Federal Costa

dos Corais (Port. 012/95) e faz parte da Reserva da Biosfera de Mata Atlântica (RBMA). Ao longo do seu litoral, a presença de recifes de coral e algas propicia a formação de piscinas naturais (galés) de águas mornas e límpidas, uma das atrações turísticas do Estado. O clima, com temperaturas máximas acima de 26°C, apresenta baixa amplitude térmica anual. Segundo a classificação de Thornthwaite, é megatérmico sub-úmido, com excedente hídrico no inverno, deficiência no verão e precipitação anual superior a 1.400mm, concentradas de abril a julho. Quanto à geologia, o município situase no domínio dos sedimentos da Bacia de Alagoas, onde afloram as formações Maceió, Barreiras e os Sedimentos de Praia e Aluvião e no domínio das rochas cristalinas, representadas por intrusivas ácidas do Maciço Pernambuco-Alagoas. O relevo do município apresenta formas distintas sobre os terrenos

cristalinos no oeste e sedimentares no leste, onde a Bacia Sedimentar Alagoas alcança sua porção mais estreita. As feições desenvolvidas no Maciço PernambucoAlagoas se apresentam sob a forma de morros e colinas com altitude atingindo os 100 metros. O relevo sedimentar apresenta colinas de topo tabular recortadas pelas planícies fluviais. A planície costeira corresponde ao terraço holocênico, sobre o qual se desenvolveu o sítio urbano. Com base no CENSO 2000, a população era de 21.832 habitantes (11.112 homens e 10.720 mulheres). A população urbana era de 12.902 e a rural de 8.930 habitantes. Quanto à religião, 13.425 eram católicos, 4.889 evangélicos e 3.471 professavam outras religiões. Segundo o IBGE 2005, a população estimada é de 25.233 habitantes. O município apresenta 75,54 habitantes/km², com índice de urbanização de 49,53% (IBGE, 2000) e taxa de crescimento anual de 6,58%. Foto: Marcos Antônio

Marcos Antônio

o comércio da venda de escravos africanos e da exportação do açúcar produzido pelos engenhos do vale que tem o nome de seu rio. O povoado teve início no século XVII, com a cidade vizinha que ficava à margem do Rio Camaragibe em torno da igreja do alto do morro, por isso chamada Matriz. Parte de seus moradores, no entanto, mudou de imediato para o lugar onde o rio oferecia passagem mais fácil às embarcações que vinham da Capitania de Pernambuco. Ali, naquele local, foi construído um grande armazém, onde eram guardados os gêneros em embarcados e desembarcados, secundando outros menores, como o de Barra do Camaragibe. Chamaram esse lugar de Passo. Pela sua importância comercial, foi ponto estratégico fortificado e disputado pelas duas facções em luta, pois, quem detivesse a sua posse, impedia a comunicação com o sul. Em 1636, assistiu ao embate das tropas comandadas por Arkchoff contra as lusoespanholas de dom Luiz Rojas e Borjas. Com a morte deste último, muitas barbaridades foram cometidas contra seus habitantes, havendo até matanças de senhoras e crianças. Dizem os antigos que havia no Passo, na época, uma enorme lagoa, onde se travou, na ocasião, uma batalha naval. Na documentação colonial, confunde-se a sua localização com sua vizinha Matriz. Foi elevada à categoria de vila em 28 de junho de 1852 e à cidade em 14 de junho de 1880. Folclore - Caboclinhos, Coco-de-roda, Cavalhada, Guerreiro e Pastoril. Gastronomia - Destaque para os frutos do mar e doces caseiros. Artesanato - Cerâmica, especialmente panelas e potes de barros, e um tipo de bordado, o tenerife.

Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição

Patrimônio - O Coreto da Praça, inaugurado em 1822. A Igreja de São José, de Barra do Camaragibe, construída em 1885, e as Igrejas de Nossa Senhora das Candeias e Nossa Senhora da Conceição. As Ruínas do Engenho Buenos Aires, construído em 1597, a casa-grande do Engenho Santa Justina e os engenhos São José do Patrocínio e Várzea de Souza, este último um dos primeiros a moer a vapor e a ter piano na casa-grande. Digno de registro ainda é a Várzea do Bernardo Gomes, onde se acredita ser o local da batalha naval travada entre holandeses e portugueses. Existem naus soterradas no lugar. Figuras ilustres - Esperidião Eloi de Barros Pimentel (presidiu as províncias de Alagoas, Bahia, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul); Messias de Gusmão (intelectual e político); Fernandes Lima (vice-governador e governador do Estado, chamado de Caboclo Indômito) e Aurélio Buarque de Holanda (renomado escritor e dicionarista, conhecido como O Mestre, pertenceu à Academia Brasileira de Letras). Matriz de Camaragibe

As piscinas de Maragogi são uma atração à parte que atraem os turistas para a cidade o ano inteiro

48

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depósitos flúvio-lagunares e terraço holocênico. A Formação Maceió aflora nas escarpas e nas praias de Barra do Camaragibe e Morros de Camaragibe, onde apresenta arqueamento antiforme (dobramento de concavidade voltada para cima) em falésias vivas. Prolongase até a plataforma rasa, separando as praias dos Morros ao norte da Praia do Carro Quebrado, ao sul. Os bancos arenosos, mangues, arenito de praia, depósitos flúvio-lagunares e terraço holocênico, de idade Quaternária Recente, formam a Planície Costeira, sendo constituída por areias finas e médias com fragmentos de concha e matéria orgânica. Seu relevo apresenta um compartimento mais elevado, dissecado pelos rios e riachos dando origem a interflúvios com encostas fluviais cortadas na Formação Maceió, principalmente no Vale do Camaragibe. O compartimento de menor altitude é representado pela planície fluvial do Camaragibe e pela planície costeira. A primeira ampla adentra o continente, chegando às rochas cristalinas. A planície

São Miguel dos Milagres

Cana, coco, pecuária e turismo

Tem na agricultura sua principal base econômica. A cana-de-açúcar, destinada às usinas de municípios vizinhos, é dominante. O coco é outra cultura comercial, mas com menor importância, ao lado da tradicional produção familiar (mandioca, feijão, milho e banana). A pesca ocupa a mão-de-obra local, produzindo agulha, camarão, carapeba, cavala, dourado, lagosta, pescado, sardinha, tainha, vermelho e xaréu. O projeto Oceanus, com o apoio do Sebrae, desenvolve a produção de ostras em tanques. Apesar de estar localizada no roteiro da Costa dos Corais, a estrutura do turismo ainda é incipiente, com um pequeno número de pousadas: Barramar, Chalé e Foz do Camaragibe. O potencial da economia local está na industrialização de sua produção pesqueira, na diversificação agrícola (mel e flores tropicais) e no turismo.

Perfil educacional do eleitorado (2006) Superior 2º grau

68

(1%)

796 (9%)

Sem instrução

2.826

5.600 (60%)

(30%)

1º grau N

Passo de Camaragibe São Luiz do Quitunde Barra de Santo Antônio

Economia

Geografia

co nti tlâ A no ea Oc

costeira tem altitude de 4 a 5 metros e testemunha a última transgressão marinha. De acordo com o CENSO 2000, a população era de 13.755 habitantes (7.071 homens e 6.684 mulheres), a população urbana era de 5.751 e a rural de 8.004. Com relação às religiões, 10.349 eram católicos, 1.702 evangélicos e 1.634 professavam outras religiões. Segundo o IBGE 2005, a população estimada é de 13.544 habitantes. O município apresenta 72,42 habitantes/km², com índice de urbanização de 47,70% e taxa de crescimento anual de 0,20%.

Finanças municipais/previdência (2003)

R$ (2003) 1.516.711,47 86.767,93 3.709.251,31

Previdência Receita Tributária FPM PIB municipal (per capita)

PASSO CAM. ALAGOAS NORDESTE BRASIL

2000 1.558 2.471 3.014 6.473

2001 1.639 2.631 3.255 6.954

2002 1.895 3.012 3.694 7.631

2003 1.613 3.505 4.306 8.694

Situação dos domicílios (2006) Coleta de lixo

50,5

Esgoto 0,2 sanitário Água

32,1 0

10

20

30

40

㈵ 50

60

70

80

Fonte: DATASUS - TRE/AL - IBGE - STN - INSS Os dados se referem às publicações mais recentes dessas instituições

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História

Clima Área População Eleitorado

Quente sub-úmido 187km² (IBGE, 2005) 13.544 hab. (IBGE, 2005) 9.290 (TRE-AL, 2006)

PERN AMBUC O

Jacuípe

O porto da Árvore Amarela

Maragogi

Japarating

Microrregião da Mata Alagoana Jacuipe Maragogi

Jundiá Matriz de Camaragibe

POPULAÇÃO A ponte arqueada sobre o Rio Camaragibe deve sua construção ao governador Fernandes Lima, nascido no Passo

O município faz parte da Mesorregião do Leste Alagoano e inserido, também, na Área de Proteção Ambiental (APA) Federal Costa dos Corais (Port. 012/95) e na Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (RBMA). Limita-se ao norte com os municípios de Matriz de Camaragibe e São Miguel dos Milagres; ao sul com Barra de Santo Antônio e São Luiz do Quitunde; ao leste com o Oceano Atlântico e ao oeste com os municípios de São Luiz do Quitunde e Matriz de Camaragibe. Possui uma área de 187km² (IBGE, 2005), distante 64km da capital e suas principais vias de acesso são as rodovias AL-101 Norte, AL-435 e a AL-105. Sua altitude varia de 2 metros na planície fluvial a 80 metros no tabuleiro. As principais bacias hidrográficas são as dos rios Camaragibe, Tatuamunha e Santo Antônio Grande. Seu clima é quente, com temperaturas superiores a 23° C e precipitação acima de 1.500mm. Segundo a classificação de Thornthwaite, o clima é megatérmico sub-úmido, com excedente hídrico no inverno e deficiência no verão. Geologicamente, o município está inserido na Bacia Sedimentar de Alagoas, no domínio geológico dos sedimentos da Formação Maceió, Barreiras e dos bancos arenosos, mangues,

16.000

35.000

Microrregião do Litoral Norte Alagoano

20.000

13.000

15.000

12.000 10.000 8.000

Japaratinga Porto de Pedras

São Miguel Passo de Camaragibe dos Milagres

25.000

POPULAÇÃO

Porto Calvo

São Luís do Quitunde

30.000

Praias de falésias vivas

Oc ea no At lân tic o

Porto Calvo

Geografia

N

O termo “passo”, segundo o dicionário português de Moraes e Silva, de 1844, quer dizer, literalmente, “estrada aberta que dá passagem”, ou ainda, “espaço por onde alguém há de sair, entrar, passar porto em terra, ou no mar” e abona, segundo Dirceu Lindoso, a citação do clássico Damião de Góes “... o porto e passo por onde havia de sair por terra, já que seu navio estava cercado por outros”. Como passo, na “última flor do Lácio” não é o mesmo que armazém, explica o mestre maragogiense, é, nada mais nada menos, que o conjunto formado pelo porto de estuário da região, razão da estratégia comercial lusa e pela passagem de terra que dava entrada as mercadorias e as levas de escravos para os engenhos de açúcar e aos povoados e vilas interiores do fértil vale do Rio Camaragibe. A palavra Camaragibe, por sua vez, quer dizer em tupi “árvore amarela”. História - Outro município de forte tradição histórica. Assistiu a lances grandiosos durante a presença holandesa em nosso território. Estandartes e bandeiras inimigas desfraldadas, comércio, combates, ocupação, fuga, saques, incêndios, trégua, coexistência. Sua origem é o seu porto primitivo, utilizado pelos barcos que faziam

10.349

0,45%

6.684

6.000

10.720 11.112

8.930 4.889

5.000

5.751

13.425

12.902

10.000

8.004

7.071

0,84%

3.471 ㄰

4.000 2.000

1.702

1.634

0 População estimada (IBGE, 2005) e % relativa ao Estado Mulheres (censo 2000) Homens (censo 2000) População urbana (censo 2000)

População rural (censo 2000) Religião católica (amostra, censo 2000) Religiões evangélicas (amostra, censo 2000) Outras religiões (amostra censo 2000)

População estimada (IBGE, 2005) e % relativa ao Estado Mulheres (censo 2000) Homens (censo 2000) População urbana (censo 2000)

População rural (censo 2000) Religião católica (amostra, censo 2000) Religiões evangélicas (amostra, censo 2000) Outras religiões (amostra, censo 2000)

Gráfico da população estimada em 2005 e do CENSO 2000, do município de Maragogi.

Gráfico da população estimada em 2005 e do CENSO 2000, do município de Passo de Camaragibe.

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Quente sub-úmido 260km² (IBGE, 2005) 24.761 hab. (IBGE, 2005) 18.127 (TRE-AL, 2006)

Economia

História

Clima Área População Eleitorado

A terra de Calabar A origem é lendária. Dizem que antes da chegada de Cristóvão Lins para assumir as terras que ganhara da Coroa, às margens do Rio Manguaba, morava um velho calvo nas redondezas. O Porto do Calvo ficou conhecido desde então. Quando a povoação se consolidou, após a criação dos primeiros engenhos, foi elevada à vila com o nome de Bom Sucesso, em regozijo à vitória obtida contra os holandeses. Mais adiante, foi denominada Santo Antônio dos Quatro Rios, devido aos cursos d'água que a rodeiam. Todavia, a denominação original prevaleceu arraigada que estava no coração de sua gente. História - Quem quer que passe pela estrada litorânea que liga Alagoas a Pernambuco, viajando de Maceió, na região balizada por morros e rios, antes de Japaratinga e Maragogi, avista uma cidade que imediatamente traz recordações de grandes acontecimentos históricos. Desde a fase da expansão dos engenhos, passando pelo período de domínio holandês, ela esteve, indelevelmente, ligada à história do Nordeste e do Brasil. Parece ao viajante ouvir ruídos e vozes distantes, falas estranhas e ininteligíveis de índios, portugueses, negros, espanhóis e flamengos, com seus desejos, medos e ambições. Tantos personagens, tantas emoções, que ele conclui que ali há um túnel do tempo, uma outra dimensão ou um museu vivo invisível. Na bandeira e no brasão de Alagoas, somente ela e mais duas cidades têm o privilégio de ter o seu escudo colocado em realce. Herança da engenharia heráldica holandesa, o primitivo brasão foi idealizado por Maurício de Nassau, que reconheceu a sua importância e destacou os três morros postos em faixa, típico de sua formação montanhosa. Para diferenciá-los do antigo símbolo holandês, nossa bandeira e brasão atual trazem quatro faixas ondadas de azul que representam os quatros rios dali: o 50

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Tradição açucareira

Superior

57

(0%)

1.658

Sem instrução

(11%)

8.276 (55%)

(34%)

portugueses e dos negros africanos trazidos à força de sua distante terra. Posto intermediário onde se detinham os que vinham da sede da Capitania em demanda a Alagoas do Sul e ao seu ponto extremo, Penedo, do São Francisco, tinha Porto Calvo, pela base populacional expressiva de mulatos, resultante dos cruzamentos entre os brancos senhoriais e os negros, postos em servidão nos numerosos bangüês existentes em sua área geográfica. Calabar, ícone da região e uma das figuras mais controvertidas da história brasileira, é um exemplo de mulato, filho de senhor de engenho e escravo, o que explica muitos fatos de sua vida, seu comportamento e o desejo de independência e respeito pessoal. Duarte Coelho já teria percebido o valor estratégico da localidade quando

Terra da cachoeira Serra d’Água

Matriz de Camaragibe

São Luiz do Quitunde

Porto de Pedras

Passo de Camaragibe

sedimentares aflorantes são das formações Poção, Barreiras e Sedimentos de Praia e Aluvião, compostos pelos depósitos fluviais do Rio Camaragibe. O município apresenta argila como ocorrência mineral. Seu relevo compreende a Depressão Oriental, marcada pelos morros de encostas convexas que formam as serras do Espinhaço, d’Água e da Mariquita. Nos terrenos sedimentares, o relevo é representado pelo Baixo Planalto Sedimentar dissecado pelo Rio Camaragibe e capeado pelos sedimentos da Formação Barreiras, sendo as encostas côncavo-convexas modeladas sobre a Formação Poção. A planície fluvial é ampla e apresenta terraços e leques aluviais. Segundo o CENSO 2000, a população era de 24.017 habitantes (11.970 homens e 12.047 mulheres), a população urbana era de 18.262 e a rural de 5.755 habitantes. A religião predominante é a católica com 12.925 adeptos, 4.626 evangélicos e 6.334 professam outras religiões. A população estimada (IBGE, 2005) é de 25.816 habitantes. O município apresenta 78,23 habitantes/km², com índice de urbanização de 49,53% e taxa de crescimento anual 0,06%.

POPULAÇÃO

Finanças municipais/previdência (2003)

25.000

R$ (2003) 4.328.307,50 275.908,70 5.109.882,35

20.000

Previdência Receita Tributária FPM

15.000

2001 1.627 2.631 3.255 6.954

2002 1.974 3.012 3.694 7.631

18.262 12.925

PIB municipal (per capita)

2000 M. CAMARAGIBE 1.695 2.471 ALAGOAS 3.014 NORDESTE 6.473 BRASIL

Joaquim Gome

Localizado na Mesorregião do Leste Alagoano e na Microrregião Geográfica da Mata Alagoana, limita-se ao norte com os municípios de Novo Lino e Jundiá; ao sul com Passo de Camaragibe; ao leste com os municípios de Porto Calvo e Porto de Pedras e ao oeste com Joaquim Gomes e São Luiz do Quitunde. Com uma área de 330km² e distante cerca de 68km de Maceió, suas principais vias de acesso são as rodovias AL-101 Norte, AL105 e AL-205. O município apresenta altitude máxima na Serra do Brejo (335m) e na Serra d’Água (255m), onde se encontra em implantação uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPM) e ainda faz parte da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (RBMA). Os principais rios do município são o Camaragibe e o Santo Antônio Grande, na divisa com o município de São Luiz do Quitunde. Seu clima apresenta temperatura média acima de 23° C e precipitação superior a 1.400mm. De acordo com a classificação de Thornthwaite, o clima do município é sub-úmido. Quanto à geologia, o município se localiza, em sua parte oeste, sobre as rochas intrusivas ácidas do Maciço PernambucoAlagoas, constituídas por migmatitos e granitos. A parte leste se assenta sobre as rochas sedimentares da Bacia de Alagoas, cujo limite com o cristalino se faz por uma série de falhas de gravidade. As rochas

1º grau

No curso do tempo, a cidade foi crescendo morro abaixo, como demonstra o casario irregular

Tapamundé, o Moicatá, o Comandatuba e o Manguaba, alusão ao antigo nome da sesmaria doada a Antônio de Barros Pimentel, que era chamada de Santo Antônio dos Quatro Rios. Renomada por sua antigüidade e por feitos imorredouros ao longo de sua trajetória colonial, a segunda cidade mais antiga do Estado edificou-se a partir de uma sociedade patriarcal, voltada para a cultura da cana-de-açúcar, com a hegemonia de um patriciado rural sustentado pelo trabalho escravo. Avulta nela a grande propriedade que tinha o engenho bangüê como centro e a capela e a senzala como elementos indispensáveis também ao projeto de colonização, implantado de forma autoritária para os atores índios que viviam no local antes da chegada dos

㄰ N

Perfil educacional do eleitorado (2006)

5.037

Porto Calvo

Geografia

É agrícola por excelência. A canade-açúcar domina a paisagem rural, complementada com as culturas tradicionais da pequena produção familiar (mandioca, feijão, milho e banana). Na última década, a cana-deaçúcar recuou em um quarto de sua área, abrindo espaços para a pecuária bovina, que triplicou seu plantel. O município é sede da Usina Camaragibe, fundada em 1943, que, na safra 2005/2006, esmagou 500 mil toneladas de cana-de-açúcar para produzir 1,1 milhão de sacos de açúcar. A empresa compra cana de municípios vizinhos: Porto Calvo, Joaquim Gomes e Porto de Pedras. A usina é uma das empresas do Grupo Santo Antônio, criado por Ernesto Gomes Maranhão em 1957, quando adquiriu a Central Açucareira Santo Antônio. O comércio e o setor de serviços atendem a população. Algumas pequenas empresas cerâmicas atendem à demanda local. O potencial da economia está no aproveitamento da produção agrícola que pode ser diversificada, como nos casos das flores tropicais, do mel e da ovinocaprinocultura.

2º grau

Jundiá

Novo Lino

0,86 11.970

2003 1.355 3.505 4.306 8.694

12.047

10.000

5.755 5.000

6.334 㤵

4.626

0

Situação dos domicílios (2006) Coleta de lixo

População estimada (IBGE, 2005) e % relativa ao Estado Mulheres (censo 2000) Homens (censo 2000) População urbana (censo 2000)

67

Esgoto sanitário

4

Água

55,9 0

10

20

30

40

50

60

70

80

Fonte: DATASUS - TRE/AL - IBGE - STN - INSS Os dados se referem às publicações mais recentes dessas instituições

População rural (censo 2000) Religião católica (amostra, censo 2000) Religiões evangélicas (amostra, censo 2000) Outras religiões (amostra, censo 2000)

Gráfico da população estimada em 2005 e do CENSO 2000, do município de Matriz do Camaragibe.

63


História

Clima Área População Eleitorado

Artesanato - Abanos e vassouras de palha.

Quente sub-úmido 330km² (IBGE, 2005) 25.816 hab. (IBGE, 2005) 15.028 (TRE-AL, 2006)

A antiga povoação do Norte Em 1850, a povoação de Camaragibe quilombo negro. Pediu e obteve dos Patrimônio natural - Rio já constava, no Convento Franciscano de padres a imagem do santo para levá-la até Camaragibe; os riachos Cristóvão da Olinda, da relação das paróquias da parte o local da batalha, devolvendo-a quando Rocha, Batinga, Tatuamunha e Jatobá; as austral da Capitania de Pernambuco. O de sua volta. O nome Matriz reconhece a lagoas do Faleiro, Alagadiço e Uruá. primeiro núcleo da povoação se instalou influência religiosa do velho burgo. No Arquitetônico - A Igreja do Bom na parte alta do lugar, chamado de Alto do lugar chamado de Grumgum, também Jesus, que deu origem à povoação, datada Outeiro ou Alto da Igreja Velha, onde foi conhecido como Terreno dos Frades, do século XVII. A Igreja do Rosário, edificada a sua matriz, daí o nome que a existiu um convento dos franciscanos. O também chamada de São Benedito, diferencia do Passo, burgo irmão, quase da Engenho Buenos Ayres, um dos primeiros construída pelos escravos no mesmo mesma época de fundação, quando ambos engenhos alagoanos, foi construído em século. eram conhecidos pela denominação do rio 1560 por Cristóvão Lins e a vocação da Figuras ilustres - José Caralâmpio que banha a região. região como produtora de açúcar é de Mendonça Braga (advogado e mantida até os dias atuais. História - Um dos mais antigos político); Antonio Satur nino de O município foi criado em 24 de abril núcleos populacionais do território Mendonça Júnior (escritor e político, foi de 1958, desmembrado do Passo. alagoano. Documentos históricos revelam presidente da Academia Alagoana de ter havido ali uma das mais velhas Folclore - Chegança, Cambindas, construções, a Igreja do Senhor Bom Letras); José Ignácio Uchoa (ministro do Pastoril e Guerreiro. Jesus, que é do início dos anos de 1700. Supremo Tribunal Federal); Antonio Artesanato - Cerâmica decorativa, Seu desenvolvimento, enquanto povoado, cestos utilitários, crochê e bordados. Saturnino de Mendonça Neto (deputado deu-se, como já se disse, no então Alto do Gastronomia - Os pratos mais estadual e federal, orador, intelectual); Outeiro, hoje Alto da Igreja Velha, onde famosos são o sarapatel, a buchada e a Maurício Melo Júnior (jornalista e crítico está instalado um cruzeiro. Ao receber carne de carneiro feita bem condimentada. literário); Gilberto Braga (jornalista). como doação de sua irmã, D. Brites Pimentel, viúva do Alcaide Mor Cristóvão Lins de Vasconcelos - grande proprietária de terras e de sete engenhos de açúcar resolveu fazer a doação de um deles, o Bom Jesus, também conhecido como Engenho do Meio, ao seu irmão, José de Barros Pimentel. Este, em sua primeira visita à região, doou uma parte de suas terras a Gonçalo Moreira, para que ali fosse construída a nova Igreja de Bom Jesus, uma vez que a primitiva tinha desaparecido. Portanto, pode-se afirmar que é tão antiga quanto Marechal Deodoro, Penedo e Porto Calvo. Em uma das surtidas finais contra Palmares, o capitão-mor Fernão Carrilho, enviado pelo governador D. João de Sousa, em 1677, passou pela povoação, assistindo, na ocasião, a uma missa votiva em homenagem ao Senhor Bom Jesus, pedindo para ser bem-sucedido na guerra que iria travar para destruir o famoso A praça com a Matriz do Senhor Bom Jesus, que marcou o início do povoamento 62

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A Praça Apolinário de Gusmão é um dos locais de lazer dos moradores da cidade

percorreu a sua capitania costa abaixo, “entrando nos portos todos de seus domínios”. As diversas tentativas de estabelecer um posto avançado de Olinda só se concretizariam quando Cristóvão Lins, a mando de Jerônimo de A l b u q u e rq u e, n ovo d o n a t á r i o, substituindo sua irmã que falecera, percorreu o litoral, chefiando uma bandeira para combater os índios resistentes encarniçados ao projeto de colonização, que queria tomar-lhe as terras para plantio da cana. Como prêmio ao sucesso de sua cruzada, recebeu a vasta sesmaria que ia da foz do Manguaba até o cabo de Santo Agostinho.

Igreja Matriz de Nossa Senhora da Apresentação (1610)

Casado com D. Adriana de Holanda, o nobre e condotiero Florentino fez prosperar a sesmaria e edificou sete engenhos e uma capela, desenvolvendo a agricultura, tornando-se o pioneiro da indústria açucareira, após expulsar os potiguaras. Recebeu o título de Alcaide Mor. Estava iniciada a colonização. Dirceu Lindoso opina que, embora ela seja a segunda povoação mais antiga, depois de Penedo, foi, no entanto, a primeira comunidade política estabelecida na parte austral de Pernambuco e que “de uma fortaleza militar ela evoluiu para uma

cidade defendida e depois para o centro político principal de Alagoas Boreal”. A ocupação da colina, segundo ele, foi antes um ato militar de ocupação. Se o patriarca Cristóvão ficou para estabelecer as bases do povoamento, responsável pelos primeiros engenhos que fizeram florescer o valioso burgo, a partir de 1560, coube, todavia, a seu neto, o jovem Cristóvão Lins de Vaconcelos, eternizar-se adiante, quando das lutas de restauração do território contra os holandeses, liderando seus habitantes contra os invasores dos Países Baixos. A consolidação do novo centro econômico, político e militar da capitania foi ameaçada por lutas e revoltas, ao longo do tempo, uma delas nesse período. Sua bravura foi cantada por Frei Manoel Calado, entusiasta da expulsão dos flamengos, de língua diferente e religião inimiga da Igreja Católica. No livro O Valoroso Lucideno, espécie de Ilíada dos portugueses, que claro, dá a versão portuguesa e maniqueísta do conflito, há a seguinte estrofe: “Não me posso escusar de dar louvor A um mancebo de tão tenra idade. Com quem o esforço, o brio e o valor Confirmam da nobreza a qualidade. Foi desta povoação descobridor: Cristóvão Lins, exemplo de bondade. Porém se pelo avô foi conquistada. Também foi pelo neto restaurada.” A restauração de Porto Calvo, com a de Penedo, foi um marco divisor da guerra, interrompendo a gangorra de vitórias e derrotas de ambos os lados. A comoção causada pela prisão, pelos batavos, do fidalgo portocalvense Rodrigo de Barros Pimentel, casado com dona Jerônima de Almeida, matriarca de grande prestígio, e a aliança de Cristóvão com Vasco Marinho Falcão, encorajou os habitantes da vila no enfrentamento decisivo, atraindo gente de todos o

Patrimônio Natural: Rios Manguaba, Tapamundé, Comandatuba e Mocaitá; Riachos Surubana, das Cobras, do Meio, Pebuçu, Apara, Roncador e Coruripe; Serras do Café, Urubu, Caboatã, Primavera, Água Fria, Bom retiro e Surubana; Ilhas fluviais do Teixeira e do Guedes. Do patrimônio histórico, a mais significativa é a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Apresentação, construída em 1610 pelos frades beneditinos e tombada pelo Patrimônio Histórico. É a mais antiga de Alagoas. Sofreu consecutivas descaracterizações, mas a estrutura da porta é primitiva e possui imagens de grande beleza e valor. Tem ainda o Engenho Comandatuba, que pertenceu a Calabar; o Engenho Águas Frias, o Caxangá e o Estaleiro, este último, ainda em condições de funcionamento. Do Engenho Escurial, considerado um dos mais antigos do país, existe apenas o antigo bueiro do núcleo original. Está completamente descaracterizado, mas há muitos visitantes interessados em conhecer o local. Figuras ilustres - Além das figuras já citadas anteriormente, temos José Ângelo Martins (sócio fundador do Instituto Histórico de Alagoas, deputado provincial e da Câmara dos deputados, cujo discurso “Resposta à Fala do Trono” tornou-se um fato político no Império); Guedes de Miranda (bacharel, jurista e notável orador. Chegou a ocupar por algum tempo o governo do Estado); Newton Sucupira (educador de renome, com vários trabalhos em sua área de estudo); Matheus de Albuquerque (diplomata e escritor); Manoel Ferreira de Barros e João Morais (políticos).

51


Geografia

Campestre Novo Lino

Jundiá

Jacuípe

Na Depressão Oriental

Porto Calvo

Matriz de Camaragibe

A geografia da cidade, no alto do morro, resulta em ruas sinuosas

lugares da região, armados com espingardas, dardos, espadas, paus, facões, foices, arcos, flechas e todo tipo de arma disponível. Um barco holandês foi capturado no Rio Manguaba conduzindo víveres e munições. Após 42 dias de sítio a cidade é retomada pelos nativos. Em 17 de setembro de 1645, o pavilhão flamengo é arriado sob o olhar pesaroso do coronel Calram Florins e substituído pelos dos quinas, como eram chamados os restauradores. Naqueles dias incertos e tempestuosos, imor talizavam-se pelo heroísmo demonstrado nas batalhas as figuras de Felipe Câmara, a sua mulher dona Clara Camarão, Henrique Dias, Jerônimo de Albuquerque e o mais controvertido deles, Domingos Fernandes Calabar, considerado pelos portugueses um traidor e um herói por muitos historiadores. Portador de incrível coragem e conhecedor do terreno, mudou o curso da guerra ao escolher as hostes holandesas. Traído por um morador, entregou-se durante o cerco à cidade para poupar seus novos companheiros. Foi enforcado e esquartejado em sua cidade natal, onde hoje é glorificado. Chico Buarque de Holanda escreveu um trabalho sob o sugestivo título de O Elogio da Traição. Há vários livros sobre o tema, como Calabar, o Patriota, de Hercules Pinto, e a significativa frase de José Bonifácio, o moço, interrogando, “A quem traístes herói?”. Outro fato que merece registro na cidade são as passagens dos visitadores do Santo Ofício perseguindo pessoas por heresia e comportamento inconveniente. Há alguns casos de denúncia de portocalvenses que redundaram nas duras penas da terrível Inquisição, em Lisboa. 52

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Outra menção indispensável é o papel desempenhado no século XVII, por ocasião dos ataques à fortaleza do Quilombo dos Palmares, pois lá era a base onde se concentravam as forças reais que partiam para tentar destruir a famosa cidadela da liberdade. De lá saíram, por exemplo, em 1677, a primeira expedição pelo sargento-mor Manoel Lopes Galvão e a do capitão Fernão Carrilho, que, por ter vencido pela primeira vez os denodados negros, imaginou erroneamente que tinha acabado com a chamada Tróia Negra. Ainda podemos assinalar no século XIX a participação nos movimentos da independência, com a criação da primeira junta governativa emancipadora, na presença no movimento revolucionário de 1824, na guerra dos Cabanos, de 1831 a 1834, e, ainda, na Revolução Praieira, de 1848 e 1849. Folclore - Pastoril, Quadrilha, Dança do Boi, Burrinha, Coco-de-roda e Cambindas, que é uma dança cortejo, sem enredo nem drama, que cultua São Benedito e que tem como personagens rei, rainha, vassalo, mestre, puxa cordão, baiana e tocadores. Os músicos tocam como instrumentos o ganzá, a gaita, o bombo e a cuíca. Gastronomia - A farinha d’água, os beijus, um tipo de bolo de mandioca chamado manuês, os pés-de-moleque enrolados na palha de bananeira e as tapiocas. No município, ainda são muito apreciados a buchada de carneiro, o sarapatel de porco, o feijão de corda verde e a carne de charque assada com macaxeira cozida. Artesanato - Abanos e vassouras de palha.

Patrimônio natural - Rios Manguaba, Tapamundé, Comandatuba e Mocaitá; Riachos Surubana, das Cobras, do Meio, Pebuçu, Apara, Roncador e Coruripe; Serras do Café, Urubu, Caboatã, Primavera, Água Fria, Bom Retiro e Surubana; Ilhas fluviais do Teixeira e do Guedes. Do patrimônio histórico, a mais significativa é a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Apresentação, construída em 1610 pelos frades beneditinos e tombada pelo Patrimônio Histórico. É a mais antiga de Alagoas. Sofreu consecutivas descaracterizações, mas a estrutura da porta é primitiva e possui imagens de grande beleza e valor. Tem ainda o Engenho Comandatuba, que pertenceu a Calabar; o Engenho Águas Frias, o Caxangá e o Estaleiro, este último ainda em condições de funcionamento. Do Engenho Escurial, considerado um dos mais antigos do país, existe apenas o antigo bueiro do núcleo original. Está completamente descaracterizado, mas há muitos visitantes interessados em conhecer o local. Figuras ilustres - Além das figuras já citadas anteriormente, temos José Ângelo Martins (sócio-fundador do Instituto Histórico de Alagoas, deputado provincial e da Câmara dos Deputados, cujo discurso Resposta à Fala do Trono tornou-se um fato político no Império); Guedes de Miranda (bacharel, jurista e notável orador) chegou a ocupar por algum tempo o governo do Estado); Newton Sucupira (educador de renome, com vários trabalhos em sua área de estudo); Matheus de Albuquerque (diplomata e escritor); Manoel Ferreira de Barros e João Morais (políticos).

Município localizado na Mesorregião do Leste Alagoano e na Microrregião Geográfica da Mata Alagoana, limita-se ao norte com os municípios de Campestre e Jacuípe; ao sul com Matriz do Camaragibe e Porto Calvo; ao leste com Jacuípe e Porto Calvo e ao oeste com Novo Lino. O município faz parte da Reserva da Biosfera de Mata Atlântica (RBMA). Com área de 120km², distante cerca de 107km de Maceió, tendo como principais vias de acesso as rodovias BR-101, AL480, AL-101 Norte e AL-105. O município é drenado pela bacia hidrográfica do Rio Manguaba e seus afluentes São Miguel, Manguabinha e São João. Seu clima, com temperaturas superiores a 20 °C durante todo o ano, precipitação anual entre 1.390 e 1.490mm, fraco déficit hídrico e bom excedente hídrico anual, é classificado, de acordo com Thornthwaite, como megatérmico sub-úmido, com pequena deficiência hídrica no verão. Geologicamente, Jundiá também está situado sobre as rochas cristalinas intrusivas ácidas que compõem o Maciço

Pernambuco-Alagoas, constituído por migmatitos e granitos. O relevo apresenta formas arredondadas com encostas convexas e rampas de colúvio trabalhadas pela ação do intemperismo químico. Situa-se na chamada Depressão Oriental, que se estende de nordeste para sudoeste desde a fronteira com Pernambuco até as cabeceiras do Rio São Miguel, na Microrregião de São Miguel dos Campos, destacando-se as serras do Espinhaço e Primavera. Segundo o CENSO 2000, a população era de 4.680 habitantes (2.499 homens e 2.181 mulheres). A população urbana era de 2.148 e a rural de 2.532 habitantes. A religião predominante é a católica com 3.805 adeptos, seguidos por 595 evangélicos e 275 que professam outras religiões. A população estimada (IBGE, 2005) é de 3.809 habitantes. O município apresenta 31,74 habitantes/km², com índice de urbanização de 47,75% e taxa de crescimento anual -0,12 %.

Economia

N

Cana, pecuária e êxodo rural

Sempre esteve ligado à economia do Sul de Pernambuco. A paisagem é dominada pela cana-de-açúcar, complementada por culturas de subsistência (mandioca, feijão, milho e banana). Assim como Jacuípe, Novo Lino e Campestre, Jundiá fornece cana para as usinas pernambucanas Pumaty e 13 de Maio e para as alagoanas Santa Maria e Taquara. Com o fechamento de usinas de Pernambuco, a exemplo da Santa Terezinha e da Central Barreiros, e o abandono das áreas inviáveis para a produção canavieira, o espaço ocupado pela cana-de-açúcar recuou em um terço do total, sendo substituído pelos pastos de uma pecuária bovina, que duplicou o plantel, não permitindo o surgimento de alternativas agrícolas intensivas de mão-de-obra, empobrecendo ainda mais a economia local. A falta de indústrias e um comércio pouco dinâmico, além das estradas deficientes, fizeram com que a população do município não encontrasse alternativas econômicas e fosse regularmente diminuindo.

Perfil educacional do eleitorado (2006) Superior 2º grau

32

(1%)

310 (9%)

Sem instrução

1.772 (53%)

1.251 (37%)

1º grau

Finanças municipais/previdência (2003) 7.000

POPULAÇÃO

R$ (2003) 721.744,89 79.807,70 2.697.774,05

Previdência Receita Tributária FPM

6.000 5.000

2.181

3.000 2.000

PIB municipal (per capita) 2000 2001 2002 1.661 1.890 2.851 JUNDIÁ 2.471 2.631 3.012 ALAGOAS 3.014 3.255 3.694 NORDESTE 6.473 6.954 7.631 BRASIL

3.805

4.000

2.499

2.532 2.148

0,13%

2003 1.764 3.505 4.306 8.694

595

1.000

275

0 População estimada (IBGE, 2005) e % relativa ao Estado Mulheres (censo 2000) Homens (censo 2000) População urbana (censo 2000)

População rural (censo 2000) Religião católica (amostra, censo 2000) Religiões evangélicas (amostra, censo 2000) Outras religiões (amostra, censo 2000)

Gráfico da população estimada em 2005 e do CENSO 2000, do município de Jundiá.

Situação dos domicílios (2006) Coleta de lixo

43,9

Esgoto sanitário

1,3

Água

20,4 0

10

20

30

40

50

60

70

80

Fonte: DATASUS - TRE/AL - IBGE - STN - INSS Os dados se referem às publicações mais recentes dessas instituições

61


História

Clima Área População Eleitorado

Geografia

Quente sub-úmido 120km² (IBGE, 2005) 3.809 hab. (IBGE, 2005) 3.365 (TRE-AL, 2006)

㄰ N

O burgo da Alagoas Boreal Vem do tupi Yundi-á ou Nhandiá, que é a denominação genérica do bagre dada pelos índios. O peixe era encontrado em abundância no Rio Manguaba, que percorre o território desse município da zona norte de Alagoas. História - A antigüidade de Jundiá é atestada pelo fato de as primeiras escrituras de suas terras encontrarem-se registradas em estabelecimentos notariais de Olinda, a cidade que antecedeu o Recife como capital da capitania, da qual Alagoas fazia parte. Nunca mudou sua denominação, embora recebesse o nome de Vila de Jundiá quando foi elevada àquela categoria por decisão real. Sua localização de difícil acesso e sua situação geográfica longe dos centros mais dinâmicos não permitiram uma participação mais ativa na história de Alagoas. Por sua proximidade de Jacuípe, cerca de 28km, e do núcleo hegemônico de colonização portocalvense, a 45km, é lícito pensar, contudo, que de alguma maneira esteve integrada à história daqueles dois burgos, principalmente com relação ao abrigo dos “papa-méis” e dos redutos cabanos. A extensão da Mata do Tombo Real, o grande contingente da população indígena da região e o Rio Manguaba, utilizado como fácil meio de transporte, comprovam a idéia difícil de ser refutada. Sua ligação a Pernambuco, principalmente com Palmares, Xexéu e Água Preta, mostra que o norte é uma região peculiar, dando razão ao historiador Lindoso ao chamá-la de Alagoas Boreal. Se pensarmos num paralelo a partir do Quilombo dos Palmares, em União, até o litoral norte, veremos que a região tem identificação entre os municípios que a compõem e que alguns autores têm certa dose de razão ao dizer que os cabanos poderiam ser remanescentes palmarinos. É consagrada a tese de que a colonização, iniciada com a formação do primeiro agrupamento composto de

60

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Jacuípe

Menino pesca no rio;abundância de bagres deu nome ao município

algumas casas apenas, começou a partir de uma fazenda pertencente aos proprietários Gregório e Vitoriana Alves. Ele foi estimulado pela expansão da cana-deaçúcar, após a derrota dos índios, dos “papa-méis” e dos moradores dos pequenos sítios de subsistência, que perderam suas propriedades com a polêmica Lei de Terras, que só admitia a posse com escritura lavrada. São lembrados os nomes dos pioneiros, entre eles, José Alves de Lima, Pedro Alves e Antônio Buarque de Lima, este último foi quem abriu a primeira casa comercial. Em 1926 foi construída a primeira igreja pelo padre Francisco Gerardi, que dava assistência religiosa em Colônia Leopoldina. O distrito de Campestre, hoje emancipado, rivalizava com a cidade, mas contribuía para o progresso do município. O fato histórico mais destacado é a passagem do imperador D. Pedro II, acompanhado da imperatriz, D. Leopoldina, em 1860. Ali ele fez uma pequena refeição e descansou, antes de viajar a Colônia Leopoldina. Teve tempo,

entretanto, de fazer doação de algumas terras da Coroa para pessoas da região, incentivando a colonização do lugar. Em 26 de agosto de 1960 sua emancipação política foi alcançada, desmembrando de Porto Calvo. Folclore - Cavalhada, Guerreiro, Pastoril e Quadrilha. Patrimônio natural - Rio Manguaba; Riachos Brejinho, Manguabinha e Lava-Pé; Açude Promontório; Serras das Pedras e Serrinha. Histórico: Igreja Matriz. Figuras ilustres - Tertuliano Turíbio e João Batista de Morais (líderes da luta pela emancipação).

Ruas desertas demonstram o esvaziamento populacional

Via pioneira do escoamento do açúcar É um dos mais antigos núcleos de povoamento do território alagoano. Localiza-se na Mesorregião do Leste Alagoano e Microrregião da Mata Alagoana, limitando-se ao norte com o município de Jacuípe, ao sul com Porto de Pedras, ao leste com Maragogi e Japaratinga e ao oeste com Jundiá e Matriz do Camaragibe. O município faz parte da Reserva da Biosfera de Mata Atlântica (RBMA). Com área de 260km², distante cerca de 91km de Maceió, tendo como principais vias de acesso as rodovias AL101 Norte, AL-413, AL-105 e AL-465. A altitude máxima verificada é de 128 metros nos topos das colinas da Formação Barreiras. O município é banhado pelos rios que compõem as bacias do Rio Manguaba, que os limita com Porto de Pedras, e Rio Salgado. O clima do município apresenta médias mensais de temperatura superiores a 23°C durante todo o ano e superiores a 26 °C de janeiro a março, e sua precipitação anual média fica entre 1.400 e 1.500mm. O déficit hídrico, porém, é maior que o excedente hídrico anual, permitindo classificá-lo, segundo a metodologia de Thornthwaite, como megatérmico sub-úmido, com excedente hídrico no inverno e deficiência no verão. Quanto à geologia, o município se localiza, em sua parte noroeste, sobre as rochas intrusivas ácidas do Maciço Pernambuco-Alagoas, constituídas por migmatitos e granitos. O restante do município se assenta sobre as rochas sedimentares da Bacia de Alagoas, cujo limite com o cristalino se faz por uma série de falhas de gravidade. As rochas sedimentares aflorantes compõem as formações Poção, Barreiras e os Sedimentos de Praia e Aluvião compostos pelos depósitos fluviais do Rio Manguaba. O município apresenta a argila como ocorrência mineral. Quanto ao relevo, sobre as rochas cristalinas ocorrem colinas capeadas pela Formação Barreiras e ao leste da

Jundiá 㜵

Maragogi ㈵

Porto Calvo

Matriz de Camaragibe

Japaratinga Porto de Pedras

depressão oriental, sobre as rochas sedimentares, desenvolve-se o baixo planalto (tabuleiros costeiros), com altitudes inferiores a 100 metros, dissecado pelos cursos d’água que o cortam de oeste para leste, os quais os retrabalharam no fim do Terciário e durante o Quaternário, fazendo aflorar os sedimentos da Formação Poção, nos médio e baixo cursos do Rio Manguaba e seus afluentes. Os interflúvios são alongados, ocorrendo em alguns pontos capeamento da Formação Barreiras. O núcleo urbano desenvolveu-se à margem do rio Manguaba e situa-se sobre terrenos sedimentares da planície fluvial e afloramentos da Formação Poção. A planície fluvial do Rio Manguaba é ampla e apresenta características de antigo vale afogado durante as últimas transgressões.

Rio Manguaba

Segundo o CENSO 2000, a população era de 23.951 habitantes (12.132 homens e 11.819 mulheres). A população urbana era de 14.983 e a rural de 8.968 habitantes. A religião predominante é a católica com 17.008 adeptos, seguidos de 4.090 evangélicos e 2.061 que professam outras religiões. A população estimada (IBGE, 2005) é de 24.761 habitantes. O município apresenta 95,23 habitantes/km², com índice de urbanização de 49,53% e taxa de crescimento anual -0,26%.

POPULAÇÃO 45.000 40.000 35.000 30.000 25.000 17.008

20.000 15.000

0,82

12.132 14.983

11.819 㤵

10.000

8.968

5.000

População estimada (IBGE, 2005) e % relativa ao Estado Mulheres (censo 2000) Homens (censo 2000) População urbana (censo 2000)

4.090

2.061

População rural (censo 2000) Religião católica (amostra, censo 2000) Religiões evangélicas (amostra, censo 2000) Outras religiões (amostra, censo 2000)

Gráfico da população estimada em 2005 e do CENSO 2000 do município de Porto Calvo.

53


A falésia encontra o mar

Cana, álcool e gado

Sua vida econômica se confunde com a cana-de-açúcar. Quatro séculos depois de introduzida pelos portugueses, esta continua sendo a cultura agrícola dominante. A maior parte da produção canavieira é destinada à Usina Santa Maria (antiga Usina Santana, construída em 1930) que na safra 2005/2006 moeu 600 mil toneladas de cana e produziu 1,1 milhão de sacos de açúcar e 16 milhões de litros de álcool. No começo dos anos 90, outra unidade industrial, a destilaria Maciape, foi desativada. A agricultura é complementada por culturas de subsistência (mandioca, feijão, milho, banana, batata e arroz). Na última década, a área plantada com cana-deaçúcar diminuiu em 30% devido às condições desfavoráveis do terreno, permitindo a ampliação da pecuária, que quase duplicou o plantel bovino. O comércio permanente urbano é pouco dinâmico e inexistem outras indústrias. O potencial econômico de Porto Calvo está na diversificação de sua agricultura (flores e frutas tropicais e mel), e na pequena produção industrial voltada para a comercialização regional, aproveitando a feira semanal, que é a maior daquela região.

Setores da Economia (R$) (2002) 40000 35000 30000 25000 20000 15000 10000 5000 0

Agricultura

Indústria

Situação dos domicílios (2006) Coleta de lixo

60,2

Esgoto sanitário

2

Água

56,1 0

10

20

30

40

2001 1.717 2.631 3.255 6.954

60

70

1991 54,61 22,17 45,32

2000 39,48 16,87 31,91

2002 2.187 3.012 3.694 7.631

2003 1.897 3.505 4.306 8.694

Pop. de 1 a 19 anos Pré-Escola Fundamental Médio EJA

80

7.000

POPULAÇÃO 4.357

5.000 4.000

3.383

2002 1.130 6.847 1.003 1.598

2005 12.108 958 6.577 1.213 1.681

2.000

2.511

1.244

54

僡杩湡猠㔴⁥‵ 獥杵湤愭晥楲愬‸⁤攠浡楯⁤攠㈰〶′ㄺ㌶㨲

1.132

Superior

111

2º grau

(3%)

548

(11%)

Sem instrução

2.507

1.702

(52%)

(35%)

1º grau

Finanças municipais/previdência (2003)

R$ (2003) 1.204.588,30 112.204,36 2.188.775,96

PIB municipal (per capita) 2000 2001 2002 JAPARATINGA 1.776 2.743 3.179 2.471 2.631 3.012 ALAGOAS 3.014 3.255 3.694 NORDESTE 6.473 6.954 7.631 BRASIL

Coleta de lixo

0 População estimada (IBGE, 2005) e % relativa ao Estado Mulheres (censo 2000) Homens (censo 2000) População urbana (censo 2000)

Perfil educacional do eleitorado (2006)

2003 2.293 3.505 4.306 8.694

Situação dos domicílios (2006)

1.000

População rural (censo 2000) Religião católica (amostra, censo 2000) Religiões evangélicas (amostra, censo 2000) Outras religiões (amostra, censo 2000)

Gráfico da população estimada em 2005 e do CENSO 2000, do município de Japaratinga.

Forma com Porto de Pedras, São Miguel dos Milagres e Maragogi a área de maior interesse do turismo no litoral norte alagoano. Eqüidistante de Recife (140km) e Maceió (120km) e favorecido por estradas asfaltadas (AL-101 e AL-435), Japaratinga recebe turistas o ano inteiro, principalmente na alta estação, que vai de novembro a março. A atividade imobiliária é comandada por investimentos pernambucanos, principalmente a construção de casas de veraneio destinadas à classe média. A partir dos anos 90, a construção de hotéis (Bitingui e Albacora) e pousadas (Igarakuê, Do Alto, Doze Cabanas, Lua Cheia, Paraíso dos Coqueirais, Bangalôs do Pontal, Dos Mares e Enseada dos Coqueiros) viabilizam o fluxo turístico regular. O empresariado local organizou, com o setor turístico de Maragogi, a Associação dos Hotéis e Pousadas de Maragogi e Japaratinga (Ahamaja). No entanto, a economia local permanece comandada pelo binômio agricultura/pesca. A agricultura comercial tem na cana-de-açúcar sua principal cultura e o coco como a segunda atividade, complementada por culturas típicas de subsistência (feijão, milho, mandioca e banana). Nos anos 90, foi desativada a única unidade industrial do município: a Destilaria São Gonçalo. Tal como os demais municípios da região, Japaratinga também diminuiu sua área canavieira, aumentando a pecuária bovina, que duplicou de tamanho nessa última década. Já a pesca é outra atividade tradicional, com a produção de peixes da região: cavala, vermelho e xaréu.

4.453

3.485 0.22%

Turistas o ano todo

Previdência Receita Tributária FPM

6.000

3.000

Alunos matriculados

PIB municipal (per capita)

2000 PORTO CALVO 1.569 2.471 ALAGOAS 3.014 NORDESTE 6.473 BRASIL

50

Analfabetos com mais de 15 anos (2000)

PORTO CALVO MACEIÓ ALAGOAS ㄰

Serviços

Japaratinga O município, que se localiza na Mesorregião do Leste Alagoano e na Microrregião Geográfica do Litoral Norte Alagoano, limita-se ao norte com N Maragogi, ao sul com Porto de Pedras, ao Porto de leste com o Oceano Atlântico e ao oeste Pedras Rio Manguaba com Porto Calvo. Está inserido na Área de Proteção Ambiental (APA) Federal Costa dos Corais (Port. 012/95) e na Reserva da Biosfera de Mata Atlântica Boqueirão (bica da Casal). Em outros (RBMA). setores do município, seus afloramentos são Possui uma área de 86km² (IBGE, melhores expostos nas escarpas das 2005), distante 110km de Maceió, tendo elevações e nos vales fluviais. As principais como principal via de acesso a rodovia ocorrências minerais no município são areia AL-101 Norte. Sua altitude varia de 5 e argila. metros na planície costeira a 85 metros Seu relevo, em forma de interflúvios no tabuleiro. tabulares, foi dissecado pela ação dos rios. Os principais rios do município são o A noroeste do município verifica-se a Salgado, com área drenada de 51km², e o ocorrência de colinas com encostas Manguaba, com 25km², além de riachos convexas e topos tabulares. As planícies menores como o Jacaré, Bitingui, Ilha, encravadas nos interflúvios são amplas e Tapado e Gulandim. os rios apresentam características de Seu clima é megatérmico sub-úmido, estuários, afogados durante as segundo a classificação de Thornthwaite, transgressões quaternárias. A planície com excedente hídrico no inverno e costeira corresponde ao terraço deficiência no verão, e temperaturas médias holocênico e os recifes são feições mensais entre 24° C e 28° C, com total marcantes no litoral do município. anual de chuvas em torno de 1.400mm. Segundo o CENSO 2000, a Situa-se na Bacia Sedimentar de população era de 6.868 habitantes Alagoas, no domínio geológico dos (3.485 homens e 3.383 mulheres). A sedimentos Cretáceos da Formação Maceió, população urbana era de 2.511 e a rural Terciários da Formação Barreiras e dos de 4.357 habitantes. A religião Sedimentos de Praia e Aluvião, de idade predominante é a católica, com 4.453 quaternária, representados pelos depósitos adeptos, seguidos de 1.244 evangélicos e flúvio-lagunares, terraço holocênico, arenito 1.132 que professam outras religiões. A de praia, mangues e bancos arenosos, que população estimada (IBGE, 2005) é de formam a planície costeira. A Formação 6.727 habitantes. O município apresenta Maceió encontra-se abaixo da Formação 78,22 habitantes/km², com índice de Barreiras e aos Sedimentos de Praia e urbanização de 52,42% e taxa de Aluvião, tendo uma bela exposição em crescimento anual 1,20%. falésia viva na localidade de Barreiras do

Economia

Maragogi

Porto Calvo

Geografia

Oc ea no At lân tic o

Economia

40,5

Esgoto 0,9 sanitário

Água

28,8 0

10

20

30

40

50

60

70

80

Fonte: DATASUS - TRE/AL - IBGE - STN - INSS Os dados se referem às publicações mais recentes dessas instituições

59


História

Clima Área População Eleitorado

Quente sub-úmido 86km² (IBGE, 2005) 6.727 hab. (IBGE, 2005) 4.868 (TRE-AL, 2006)

Serviços ㈵

Número e perfil das MPEs Indústria

O Sítio dos Arcos dos Tupis Da mesma região indígena de Jacuípe, com idêntica participação nos movimentos revoltosos como o dos Cabanos, Japaratinga significa em tupi Sítio dos Arcos (yapara + tiba), ou seja, “o lugar onde a tribo fazia arcos e flechas com a madeira das suas matas”. Japaratuba foi seu primeiro nome. História - Os japaratinguenses não se orgulham apenas de suas fascinantes paisagens, sua diversidade de ecossistema, suas águas mornas e calmas e de suas pousadas, um bom número delas fazendo parte do chamado “circuito turístico do charme”. Desmembrado de Maragogi e próximo a Porto Calvo, o município de Japaratinga é lembrado, por seus moradores, pela sua descendência indígena, sua ligação a fatos históricos importantes que ocorreram na região, como a revolta dos “papa-méis”, os chamados cabanos, e, principalmente, a presença holandesa, povo a quem erroneamente atribuem a construção de sua Igreja Matriz, há quase quatro séculos, o que é improvável pelo antagonismo de sua formação religiosa, no caso protestante. Mas é verdade que a região conheceu muitos lances do período neerlandês, uma vez que a área era rota de passagem de soldados e colonos. Após o período colonial, pouca coisa restou dos antigos agrupamentos indígenas. Pequenos sítios explorados por nativos com culturas de subsistência e palhoças esparsas de pescadores se espalhavam pelo seu território. Um agrupamento maior deles se instalou no local onde funciona a edilidade, dando início ao povoado. Tem-se como certo que a ampliação do povoado se deu por volta de 1880, quando a produção de cocos, abundantes na região, atraiu mais gente para lá. O Sítio Salgado, de propriedade de Pedro Lins de Melo e de seus herdeiros, era apontado como o seu maior produtor. No ano de 1935, um pequeno estaleiro sobressaía-se com a construção de barcos de pequeno porte e barcaças à vela, muito utilizados no transporte de cocos e açúcar. Ajudou também o surto de progresso do pequeno 58

僡杩湡猠㔵⁥‵ 獥杵湤愭晥楲愬‸⁤攠浡楯⁤攠㈰〶′ㄺ㌷㨱

27 (18%)

Empresas e empregos formais (2006)

Empresas Empregos 3.644 PORTO CALVO 280 21.160 112.384 MACEIÓ 42.702 246.414 ALAGOAS

11 (7%)

114 (75%)

PEA 7.402 345.732 1.133.000

PORTO CALVO 473 105.305 ALAGOAS

IDH

povoado uma estrada que dava passagem apenas a animais e que a ligava a Porto de Pedras. No final do século XX, a AL-101, estrada principal que passa por Porto Calvo e a pavimentação da antiga via Porto de Pedras, deram novo impulso ao burgo. Sua autonomia administrativa deu-se em 23 de julho de 1960. Folclore - Os tradicionais Pastoril, Baianas, Guerreiro e Caboclinhos. Mas é a Dança da Peneira a mais diferente e famosa. Gastronomia - Macaxeira frita com

agulhinha, peixes variados, siris, caranguejos, beijus na folha da bananeira, cocadas e sequilhos. Patrimônio natural - O Rio Manguaba, que o separa de Porto de Pedras; a Barreira do Boqueirão, praia extensa que possui duas fontes de água natural e falésias. Arquitetônico - A Igreja de Santa Luzia. Artesanato - Mobiliário com tronco de coqueiro, esteiras, samburás e artigos de palha trançada.

Nº de Estabelecimentos Crédito (2005) Comércio

De beleza deslumbrante, o mar de Japaratinga é responsável por seu potencial turístico

Agricultura/crédito PRONAF (2005)

Familiares Patronais Contratos

Município 1990 2000 0,516 0,599 0,498 0,477 0,594 0,677 0,455 0,641 4687º 37º

Total Renda Longevidade Educação Ranking no Brasil Ranking no Estado

ALAGOAS 2000 0,633 0,597 0,597 0,703 26º -

80 7.966

Valor R$

33.000,00 33 35.066 68.631.671,17

Finanças municipais/previdência (2003)

R$ (2003) 14.808.215,13 401.229,89 5.117.752,41

Previdência Receita Tributária FPM Indicadores municipais de saúde Hospitais

Perfil educacional do eleitorado (2006)

PORTO CALVO ALAGOAS

Superior 2º grau

183 (1%)

1.990

(37%)

1 27

2,2 4,3

Rede Mortalidade Ambulatorial Infantil (2002)

6 unidades 172 unidades

36,5 23,2

Sem instrução

(11%)

6.682

LEITOS

(por 1.000 habs.)

Programas sociais (2006)

9.272 (51%)

FAMÍLIAS NO MUNICÍPIO FAMÍLIAS POBRES Bolsa-Família Outros programas ATENDIDAS (%)

Famílias 5.676 3.211 3.098 1.521 96,5%

R$ (mês) 200.824,00 25.425,00 226.249,00

1º grau Fonte: DATASUS - MEC/INEP - FAO - INCRA/MDA - IPEA/PNUD - MDS - SEBRAE - TRE/AL - IBGE - STN - INSS Os dados se referem às publicações mais recentes dessas instituições.

A gastronomia de frutos do mar também é de origem indígena

55


Clima Área População Eleitorado

Quente sub-úmido 217km² (IBGE, 2005) 7.208 hab. (IBGE, 2005)

4.948 (TRE-AL, 2006)

As Matas do Tombo Real

A denominação foi adotada desde os primórdios da povoação nascente e foi atribuída em razão do rio do mesmo nome que nasce em seu território e deságua no Rio Una. Os índios que o habitavam o chamavam de Jacuhype. Jacu é uma das muitas aves da região, pertencente ao grupo dos cacídeos, e ipe quer dizer lugar. História - Local de g rande concentração indígena, ficou muito conhecido a partir da Guerra dos C a b a no s. A s f a mo sas e quase impenetráveis Matas do Tombo Real abrigaram os negros papa-méis e os índios que enfrentaram durante anos as adestradas tropas da Coroa brasileira. Eram chamados “guerrilheiros do Imperador”, pois o movimento, inicialmente conduzido pelos senhores de engenhos, pretendendo o retorno de D. Pedro I de Portugal, teve sua liderança

A Igreja Matriz de São Caetano

substituída por outros atores sócios, chegando a cercar Maceió, a ocupar o vice-consulado inglês na capital e oferecer heróica resistência às tropas regulares. O povoado começou como um aldeamento. Uma capela construída para São Caetano pelo sargento-mor Cristóvão de Mendonça Arraes, em 1698, iniciou a colonização. Sua fundação foi ordenada por Carta Régia de 12 de março de 1707 ao governador de Pernambuco, Sebastião de Castro Caldas, que o fez com os índios e os homens pagos da companhia da guarnição pertencentes a Porto Calvo. O capitão do Terço dos Paulistas, Miguel de Godói Vasconcelos, recebeu doação de terras. O lugar, habitado por índios e negros fugidos que

A pequena Jacuípe é uma típica cidade da zona canavieira alagoana

Economia

História

aproveitavam a sua mata quase indevassável, sempre foi um foco de tensão e resistência, gerando revoltas como a que ocorreu em 1832, com o recrutamento forçado dos índios de Jacuípe, sem a autorização de seus líderes, o que redundou na morte do Cacique Hipólito, capitão dos mesmos, e um morticínio sem precedentes. Esteve muito tempo mais ligado a Pernambuco pela dificuldade de comunicação com Alagoas, o que terminou com a construção da rodovia AL-201. A criação do município se deu em 15 de julho de 1958 e sua denominação inicial era Arraial de São Caetano de Jacuípe. Folclore - Pastoril, Vaquejada, Cavalhada, Quadrilha e Esquenta-Mulher. Patrimônio natural - Os rios Jacuípe e Manguape; os riachos Salgado e Duas Bocas; a serra Pindoba. Arquitetônico: a primeira capela existente próxima ao cemitério é um lugar de importância histórica. A sua matriz foi edificada em 1946. Figuras ilustres - Vicente de Paula (o famoso caudilho, chefe do m ov i m e n t o c a b a n o ) ; H o r á c i o Pedrosa, Miguel Morais e Graciliano Pedrosa (pioneiros); Wilmário Acioli Wanderley (militar); Miguel Teodósio (médico); João Buarque de Gusmão (agrônomo); Alcides Moreira (político) e Miguel Morato.

Entre a cana e a pecuária Faz parte de um conjunto de localidades alagoanas (Campestre, Jundiá, Novo Lino e Maragogi) conectadas fortemente à economia pernambucana. A cana-de-açúcar domina a paisagem agrícola e sua agricultura é complementada por culturas típicas de subsistência (mandioca, feijão, milho, banana e batata-doce). A produção canavieira é direcionada para as usinas do Sul de Pernambuco (Pumaty e 13 de Maio) e Norte de Alagoas (Santa Maria e Taquara). Na última década, a área de canavial, prejudicada pela topografia irregular, recuou em um terço, abrindo espaços para a pecuária que triplicou o número de bovinos. O comércio é pequeno, a indústria inexiste e as ligações viárias com outros municípios alagoanos são precárias. O potencial da economia local está vinculado à diversificação agrícola e ao aproveitamento industrial dessa produção.

Perfil educacional do eleitorado (2006) Superior 2º grau

25

(1%)

383

Sem instrução

(8%)

2.763 (55%)

1.777 (36%)

N

Geografia

O extremo norte de Alagoas

Localiza-se na Mesorregião do Leste Alagoano, na Microrregião Geográfica da Mata Alagoana, limitando-se ao norte com os municípios pernambucanos de Água Preta e Barreiros, ao sul com Porto Calvo e Jundiá, ao leste com Maragogi e ao oeste com Campestre. O município faz parte da Reserva da Biosfera de Mata Atlântica (RBMA). Tem uma área de 217km² (IBGE, 2005), distando 139km de Maceió e tendo como principais vias de acesso as rodovias AL-101 Norte, AL-115 e AL-201. Possui altitude de 138 metros acima do nível do mar. O município é banhado pelos rios São João, afluente do Manguaba; Jacuípe (divisa com Pernambuco); Salgado e seu afluente Riacho Manhoso (divisa com Maragogi); Riacho das Moças, afluente do Rio Manguaba, e a Lagoa São Francisco. As altas temperaturas às quais está submetido o município, o total anual de precipitação, entre 1.390 e 1.490mm, a taxa de evapotranspiração anual, menor que a precipitação anual, e o balanço hídrico com excedente

1º grau

POPULAÇÃO 8.000 7.000 6.000 5.000 4.000

5.400

0,24% 3.851 3.462

3.969 3.344

3.000 2.000

1.213

1.000

522

0 População estimada (IBGE, 2005) e % relativa ao Estado Mulheres (censo 2000) Homens (censo 2000) População urbana (censo 2000)

População rural (censo 2000) Religião católica (amostra, censo 2000) Religiões evangélicas (amostra, censo 2000) Outras religiões (amostra, censo 2000)

Gráfico da população estimada em 2005 e do CENSO 2000, do município de Jacuípe.

anual superior ao déficit, Jacuípe Campestre permitem classificar o clima, segundo Thornthwaite, como megatérmico sub-úmido, com pequena Maragogi deficiência hídrica no verão. Situa-se geologicamente sobre as rochas cristalinas intrusivas ácidas que Jundiá compõem o Maciço Pernambuco-Alagoas, Porto Calvo constituídas por migmatitos e granitos. Quanto ao relevo, encontra-se na que variam de 200 a pouco mais de Depressão Centro-Oriental, também 300 metros. chamada de Depressão Periférica e Segundo o CENSO 2000, a Depressão Sublitorânea. Refere-se a um população era de 7.313 habitantes (3.851 compartimento do relevo alagoano homens e 3.462 mulheres). A população desenvolvido entre a Bacia Sedimentar de urbana era de 3.344 e a rural de 3.969 Alagoas e a Encosta Oriental do Planalto habitantes. A religião predominante é a da Borborema, que se caracteriza pela católica com 5.400 adeptos; 1.213 são presença de relevo movimentado evangélicos e 522 professam outras desenvolvido sobre rochas cristalinas, sob a religiões. A população estimada (IBGE, ação do clima quente e úmido, do tipo 2005) é de 7.208 habitantes. O município “mar de morros”. Em seu território, apresenta 33,21 habitantes/km², com destacam-se as serras da Cabota, do índice de urbanização de 52,42% e taxa de crescimento anual -0,81%. Café e Alto das Neves, com altitudes

Finanças municipais/previdência (2003)

R$ (2003) 812.930,81 28.775,46 2.293.872,70

Previdência Receita Tributária FPM PIB municipal (per capita)

JACUÍPE ALAGOAS NORDESTE BRASIL

2000 1.683 2.471 3.014 6.473

2001 2.446 2.631 3.255 6.954

2002 2.394 3.012 3.694 7.631

2003 1.583 3.505 4.306 8.694

㜵 41,9 2,4 ㈵

29

56

僡杩湡猠㔶⁥‵ 獥杵湤愭晥楲愬‸⁤攠浡楯⁤攠㈰〶′ㄺ㌸㨱

57


Microrregião

Penedo/Traipu

Igreja Nova

Porto Real do Colégio

Usina de Angiquinho, marco pioneiro do aproveitamento hidrelétrico da Cachoeira de Paulo Afonso, obra do empresário Delmiro Gouveia

Penedo

Feliz Deserto

Piaçabuçu

Traipu

Olho d’Água Grande São Brás

História

Economia

Geografia

O

s oito municípios das microrregiões de Penedo e de Traipu têm pontos em comum: a presença do Rio São Francisco e do litoral atlântico, que implica na importância do pescado (camarão, peixes, crustáceos) e na possibilidade da agricultura irrigada; a existência de amplos canaviais para atender as usinas e destilarias instaladas na região; um patrimônio natural (paisagem tropical com praias, dunas, ribeira do São Francisco, Várzea da Marituba) e arquitetônico (Penedo e cidades menores) com forte potencial turístico para um projeto integrado e um conjunto de mais de 10 mil pequenas propriedades familiares que poderá se constituir num sistema produtor de agricultura comercial competitiva. Por enquanto, esse potencial caminha lentamente. Essas microrregiões convivem geográfica e economicamente com as cidades sergipanas que margeiam o São Francisco, numa interação econômica que fortalece a dinâmica de seu desenvolvimento.

O

ocalizada na porção sudoeste do Estado, a Microrregião de Traipu é drenada pelo Rio São Francisco e seu afluente. Compõem essa microrregião os municípios de Olho d'Água Grande, São Brás e Traipu. Os municípios assentam-se sobre rochas cristalinas, aflorando a Unidade Porto da Folha e a Formação Santa Cruz, ambas sobrepostas ao embasamento cristalino. A Serra da Priaca constitui uma fonte de riqueza, pois, além de ter seus quartzitos extraídos como pedra ornamental para pisos (decks de piscinas), constitui um aqüífero (rocha armazenadora de água). A Microrregião de Penedo compreende área do Baixo São Francisco, composta pelos municípios de Feliz Deserto, Igreja Nova, Penedo, Piaçabuçu e Porto Real do Colégio. É drenada pelas bacias dos rios Itiúba, Boacica, Perucaba, PiauíMarituba, Batinga e Conduípe. A microrregião apresenta falésias mortas, campos de dunas, cordões litorâneos e várzeas como a da Marituba com suas lagoas que formam o pantanal alagoano e são as principais feições morfológicas, decorrentes da evolução paleogeográfica no Quaternário. 73

Rio São Francisco é um elo que une os municípios das microrregiões de Alagoas que têm Penedo como pólo e compreendem os municípios de Feliz Deserto, Igreja Nova, Piaçabuçu, Porto Real do Colégio e ainda Olho d'Água Grande, São Brás e Traipu, os três últimos do agreste sanfranciscano. O “Opara” - como o chamavam os indígenas que viviam em seu território - tem sua importância ressaltada no presente, quando ameaças de transposição e agressões ambientais levam a temer o futuro, exigindo imediatas providências para sua revitalização. A descoberta do Rio São Francisco pelo navegador italiano Américo Vespúcio, no dia 04 de outubro de 1501, é um fato importante na história do Brasil e de Alagoas. Graças ao grande curso fluvial, tivemos, nos tempos coloniais, os primeiros pólos de colonização na região, os celeiros onde os colonos se abasteciam e em cujas margens plantavam. Dele foram explorados os campos de pastagens naturais para a criação de bovinos e cavalos, fazendas e currais. Por seu intermédio, surgiram os ciclos do gado e do couro, com suas peculiaridades.

㄰ 㤵 㜵

104

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L

㄰ 㤵 㜵


㤵 㜵

Municípios de Alagoas traz informações históricas, culturais, econômicas e geográficas sobre oito municípios que integram a Microrregião Penedo/Traipu com relatos escritos por especialistas, além de gráficos e mapas informativos.

Microrregião de Traipu

Traipu

A freguesia foi criada por Lei Provincial em 19 de maio de 1875. A elevação à Vila se deu em 28 de junho de 1889. Após marchas e contra marchas de autonomia, anulação, anexação, desanexação e desmembramento, foi finalmente considerada a sua autonomia como município pela Constituição Estadual de 1947, com o fim do Estado Novo. FOLCLORE - Chegança, Pastoril, Quadrilha e Vaquejada. PATRIMÔNIO - Ecológico: O Rio São Francisco, que percorre o município numa extensão de 24 quilometros; o Rio Boacica e os riachos Cafundó, Marabá, Sampaio e Tibiri; as serras Urtiga e Esperança; a ilha de Nossa Senhora do Rosário; as lagoas Várzea, de Baixo, Saco do Marciano, Grande, do Morro do Santo, Comprida, do Giti, dos Tapuios, São Domingos e dos Cajueiros. Histórico: A igreja-matriz de São Brás. FIGURAS ILUSTRES - Otávio Gomes, poeta e juiz; Perilo Gomes, ministro plenipotenciário do Brasil na Inglaterra; Cícero Santos, jornalista; monsenhor Francisco de Assis e monsenhor Fernando Santana; José Correia Tavares, médico e fundador do sanatório de Garanhuns; Edualdino Ferreira, engenheiro; Rodolfo Santos, político; Aloísio Tavares, militar; Jurandir Gomes, jornalista.

Economia

São pronunciadas ao tempo em que o sofredor recebe tapas nas costas para que o incômodo objeto seja expelido. O culto ao santo é tradição no lugar onde se realizava anualmente a “procissão da garganta” no dia do padroeiro do município. São Brás desenvolveu-se sob forte influência de Porto Real do Colégio. A cidade está ligada à expansão do ciclo catequizador e da economia do pastoreio, que foi o forte do “rio dos currais de gado”, como também era conhecido o São Francisco. De colégio vinham os colonos que ali instalaram suas fazendas. O povoado crescia numa elevação à margem do São Francisco e entre as lagoas Tapuio e do Santo. A violência sem limites empregada pelos bandeirantes contra os índios das tribos Tupinambás, Carapotós, Aconans e Cariris, enviando os remanescentes para a Aldeia do Colégio, duas léguas acima do grande rio, foi substituída por uma convivência de servidão entre estes e os proprietários que necessitavam de vaqueiros para cuidar dos animais. Substituía a dura disciplina da escravidão empregada na zona dos engenhos. Era conveniente para o projeto colonizador na região um tratamento diferente com índios e mestiços, pois quem cuidava do gado precisava de certos limites de liberdade para desempenhar o ofício. Os anais da história local lembram a passagem do Imperador D. Pedro II, que lá deixou a quantia de 300$000 para ser distribuída aos pobres.

Pesca empresarial São Brás é um município sertanejo de base agropecuária, situado às margens do Rio São Francisco. O arroz vem perdendo importância a cada ano. Ainda assim, o acesso ao crédito rural (Pronaf) vem sendo ampliado. A pecuária bovina extensiva tem baixa produtividade e o leite é comercializado nos municípios vizinhos ou aproveitado na produção local e semi-artesanal de queijo dos tipos coalho e muçarela. Há um esforço institucional, por parte do BNB, Sebrae, Seplan/AL e Codevasf para desenvolver a pesca regional por meio do Arranjo Produtivo da Aqüicultura no Baixo São Francisco. As ações vão desde a preparação de mão-de-obra à comercialização do pescado, passando pela produção de alevinos, implantação de tanques-rede e da indústria de beneficiamento. No entanto, a produção ainda é pequena. No Baixo São Francisco existem 125 empreendimentos, produzindo 500 toneladas de peixes (tilápia, tambaqui, curimatã e piau) com 1.400 m³ de tanquesrede. Mas há perspectiva de ampliação, com a construção de um conjunto de obras no perímetro irrigado de Marituba, que permitirá o aproveitamento de 900 hectares para a produção de peixes. O potencial da economia de São Brás está no aproveitamento industrial da pesca e da produção agropecuária.

São Brás

㄰ 㤵

P A T R O C Í N I O

Superior 2º grau

31

(1%)

502

Olho d’Água Grande

1.809

Olho d’Água Grande

Perfil educacional do eleitorado (2006)

Sem instrução

(11%)

Traipu

2.250 (49%)

(39%)

megatérmico semi-árido, com grande deficiência hídrica. As temperaturas médias mensais ficam entre 23° C e 28° C, com total anual de chuvas em torno de 700mm. O município assenta-se sobre os micaxistos e gnaisses da Unidade Porto da Folha em quase toda sua totalidade e do granitóide Tipo Glória, localizado no sudeste do município no limite com Porto Real do Colégio. A principal ocorrência mineral no município é o amianto. São Brás está totalmente localizado no patamar colinoso do São Francisco. Apresenta formas em colinas alongadas, com perfis convexo e côncavo-convexo. A drenagem é homogênea, com vales de fundo chato e preenchidos por sedimentos. Segundo o CENSO 2000, a população era de 6.551 habitantes

São Brás

1º grau

Finanças municipais/previdência (2003) Rio São Francisco

SERGIPE

Porto Real do Colégio

R$ (2003) 524.898,01 13.330,80 2.189.528,16

Previdência Receita Tributária FPM PIB municipal (per capita)

(3.334 homens e 3.217 mulheres). A população urbana era de 3.021 e a rural de 3.530 habitantes. A religião predominante é a católica com 5.363 adeptos, seguida de 299 evangélicos e de 872 que professam outras religiões. A população estimada (IBGE, 2005) é de 6.700 habitantes. O município apresenta 47,85 habitantes/km², com índice de urbanização de 47,70% e taxa de crescimento anual de 1,15%.

SÃO BRÁS ALAGOAS NORDESTE BRASIL

2000 1.984 2.471 3.014 6.473

2001 1.856 2.631 3.255 6.954

2002 2.431 3.012 3.694 7.631

2003 1.833 3.505 4.306 8.694

㄰ 㤵 㜵

42,2 1,3 ㈵

69,4

103

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História

Clima Área População Eleitorado

Microrregião de Penedo

Quente semi-árido 140km² (IBGE, 2005) 6.700 hab. (IBGE, 2005) 4.592 (TRE-AL, 2006)

À margem do “rio dos currais” Segundo a professora Cármen Lúcia Dantas, a denominação decorre da lenda de que uma imagem de São Brás foi encontrada por jovens em passeio numa ilha de igual nome, próxima à comunidade. Impressionada com o achado, a população do nascente povoado construiu uma capela e depois a matriz com o nome do santo. HISTÓRIA - A tradição das devoções aos santos enraizou-se nas cidades alagoanas em formação, trazida por nossos ancestrais portugueses. Algumas lendas estão vinculadas à vida dos próprios santos, como São Brás, bispo e mártir da Igreja Católica Romana que, ao salvar uma criança engasgada com uma espinha de peixe, tornou-se o protetor da garganta, assim como Santa Luzia é protetora dos olhos. Quadrinhas populares transmitidas por antigos da região dizem versos como: “Por minha garganta, São Brás, interceda por mim junto ao meu pai” ou “São Brás do Mato, São Brás do Mato, desengasga ele e meu gato”.

Igreja Nova

Porto Real do Colégio

Feliz Deserto Penedo

A igreja-matriz de São Brás reverencia o padroeiro que deu nome à cidade

Geografia

Começo da Adutora do Agreste

Piaçabuçu

POPULAÇÃO 8.000 7.000

Localizado na Mesorregião do Agreste Alagoano e na Microrregião Geográfica de Traipu, limita-se ao norte com os municípios de Traipu e Olho d’Água Grande, ao sul e oeste com o Rio São Francisco e ao leste com Porto Real do Colégio. Possui uma área de 140km² (IBGE, 2005) e está distante 202km de Maceió, tendo como principais vias de acesso as rodovias BR-101 e AL-115. As principais bacias hidrográficas que drenam o município são as do Rio Tibiri e Itiúba. Possui também as lagoas Várzea, de Baixo, Saco do Machado, Grande, Comprida do Morro, do Santo, dos Reis, do Oiti, dos Tapuias, São Domingos, dos Cajueiros, do Meio, Santa Fé e da Enxada. Na margem do Rio São Francisco, tem início a captação de água pela Companhia de Água e Saneamento do Estado de Alagoas-Casal, para a adutora do Agreste, que segue em direção à cidade de Arapiraca. Seu clima, segundo a classificação de Thornthwaite, é 102

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5.363

6.000 5.000 3.530

3.334

4.000 0,22%

3.217

3.021

3.000

2.000 1.000

872

REALIZAÇÃO

299

㤵 㜵

0 População estimada (IBGE, 2005) e % relativa ao Estado Mulheres (Censo 2000) Homens (Censo 2000) População urbana (Censo 2000)

População rural (Censo 2000) Religião católica (amostra, Censo 2000) Religiões evangélicas (amostra, Censo 2000) Outras religiões (amostra, Censo 2000)

Gráfico da população estimada em 2005 e do CENSO 2000, do município de São Brás.

A Avenida Aristeu de Andrade, 355 - Farol Maceió /AL - Cep 57051-090 Telefone/Fax - (82) 4009.7777 / 4009.7756 E-mails: gazeta@gazetaweb.com comercialga@gazetaweb.com


A capital barroca do São Francisco Em excelente posição estratégica, majestosamente situada à margem esquerda do Rio São Francisco, 44 quilômetros da sua foz, primitivamente edificada numa pequena colina cuja rocha lhe empresta o nome, a cidade, que é o maior centro de arte barroca e neoclássica do Estado de Alagoas, já foi povoado, Vila de São Francisco, Vila do Penedo do Rio São Francisco, e, finalmente, Penedo, denominação oficializada em 1842. Penedo é sinônimo de pedra, de rocha, portanto, seu topônimo é em razão do grande penedo sobre o qual se assenta. Origem - A origem de Penedo é repleta de incertezas, a exemplo de cidades lendárias como Roma ou Atenas. Os melhores nomes da historiografia alagoana trazem informações contraditórias sobre a data de sua fundação. Tomás Espíndola, Moreno Brandão, Diégues Júnior, Craveiro Costa e José Próspero Caroatá, cada qual se insere numa corrente e tem a sua versão. Abelardo Duarte defende que o fato se deu nos idos de 1535. Já Werther Vilela Brandão afirma não haver nenhuma documentação comprovando o aparecimento do burgo no século XVI. A bandeira dos irmãos Albuquerque teria sido apenas um trabalho de contato com a terra e de confronto com os nativos. Controvérsias à parte, o certo é que o povoado já estava criado quando o sesmeiro Cristóvão da Rocha, que recebeu as terras da Coroa, em 1613, ergueu a igreja em homenagem a Santo Antônio, um ano depois. HISTÓRIA - Sua história é um livro dourado marcado por acontecimentos importantes. O domínio holandês atingiu a cidade de 1637 a 1645. Maurício de Nassau, que se demorou algum tempo ali, mandou construir um forte que denominou Forte Maurício. Esta fortificação serviu para derrotar as tropas do Conde Bagnuolo, que, batido, fugiu para Sergipe. Mas são muitos os acontecimentos históricos da cidade. Falar ou escrever sobre Penedo é cair no tópico. Desde que Duarte Coelho Pereira, para consolidar seu domínio sobre 76

䙡獣楣畬漠㌠灡杳‷㙟㄰ 珡扡摯Ⱐㄳ⁤攠浡楯⁤攠㈰〶‱㔺㄰㨲

Economia

Quente sub-úmido 689km² (IBGE, 2005) 59.968 hab. (IBGE, 2005) 35.368 (TRE-AL, 2006)

Desmembrou-se de Penedo e foi alçada à condição de vila por Lei Provincial de 31 de maio de 1882 e à categoria de cidade em 1º de janeiro de 1939. A freguesia é de 1859 e seu orago é São Francisco de Borja. FOLCLORE - Chegança, Pastoril, Baiana, Reisado e Quadrilha. ARTESANATO - Cesta, chapéus, redes, vassouras, tendo como matériaprima o cipó e a palha. Pode-se destacar também brinquedos de madeira e esculturas de coco. GASTRONOMIA - O município é conhecido pela abundância de peixes e mariscos, mas o prato mais famoso é o camarão. PATRIMÔNIO - Ecológico: As alvíssimas dunas da Praia do Peba e o rosário de ilhas que se estende até a foz do São Francisco encantam os viajantes. A área faz parte de uma Área de Proteção Ambiental (APA) instituída em 1983 pelo governo federal. No seu território, são destaques, além do Rio São Francisco, os rios Marituba e Canduípe; as ilhas Negra, Fitinha, Alecrim, Bertoldo, Monte Gondim, Barro e Andorinhas; as lagoas Salgada, Redonda, Caboclos, dos Cavalos, Salsas, Soares e Maçaranduba. Histórico: A Matriz de São Francisco de Bórgia é a principal atração. O santo é padroeiro da cidade e sua festa é comemorada em 10 de outubro.

Pesca e turismo Na área que abriga o maior banco de camarões do Nordeste, dezenas de barcos capturam, anualmente, mais de 1.500 toneladas do camarão branco, rosa e espigão, este exportado para outros estados brasileiros. A atividade pesqueira é complementada pelo cação, manjuba, bagre, pescada, serra e xaréu. Sua agricultura está marcada pelos extensos coqueirais, por uma produção limitada de arroz que vem diminuindo a cada ano e por pequenas áreas com manga e banana. A cana-de-açúcar, ainda que tenha presença significativa nos municípios vizinhos, não encontrou solos apropriados em Piaçabuçu. O desenvolvimento do turismo no litoral sul de Alagoas (Feliz Deserto e Coruripe) vem impulsionando a criação de pousadas no Pontal do Peba: Chez Julie, Do Maninho, Praiana e Parque dos Coqueiros. Em Piaçabuçu, o turismo ecológico deverá ser privilegiado por várias de suas paisagens, incluindo o patrimônio imaterial, como uma paisagem única que engloba a foz do São Francisco, mangues, mata atlântica, coqueirais e 30km de dunas, encaixados numa Área de Preservação Ambiental com um perímetro de 74km, administrada pelo Ibama. Na região, também está localizada a Área de Proteção Especial da Orla Marítima da Praia do Peba, com 2.778 hectares, onde funcionam o Centro de Estudos de Migração de Aves (Cemave) e o Programa Nacional de Conservação e Manejo das Tartarugas Marinhas (Projeto Tamar). Perfil educacional do eleitorado (2006) Superior

Penedo Rio Marituba

187

2º grau

Feliz Deserto

(2%)

1.396

Sem instrução

(12%)

5.690

Piaçabuçu O Convento de Nossa Senhora dos Anjos, de imponente arquitetura barroca, é uma das inúmeras construções coloniais desta cidade-monumento

Mauricio de Nassau, o príncipe que deu nome ao forte erguido em Penedo pelos holandeses

O município situa-se na Bacia Sedimentar de Alagoas, no domínio geológico dos Sedimentos de Praia e Aluvião, incluindo a zona úmida (paleolaguna) localizada na várzea da Marituba, terraço marinho holocênico, registro da Última Transgressão e dunas compostas, interdunas vegetadas e lençol de areia. As principais ocorrências minerais são o petróleo, o gás, a argila e a ilmenita (titânio). Quanto ao relevo, o município encontra-se assentado totalmente sobre os sedimentos quaternários da planície do São Francisco, apresentando formas de acumulação fluvial, marinha e eólica. A primeira corresponde às planícies dos riachos Batinga e Potengy, afluentes do São Francisco, além das ilhas no leito do São Francisco e da Várzea da Marituba. A planície marinha bastante extensa apresenta terraço pleistocênico na base da encosta do interflúvio e terraço holocênico, sobre o qual desenvolvem-se

SERGIPE Rio São Francisco

4.410

Pontal do Peba

Oc ean oA tlâ nti co

História

Clima Área População Eleitorado

Os holandeses conheceram bem “a passagem geral do caminho” e deixaram nos tipos minoritários de aloirados com olhos azuis a marca de sua presença. Ao contrário de algumas povoações ribeirinhas como Porto Real do Colégio, há ponderável presença negra em sua formação. Vizinho a Coruripe, vale fértil onde vicejaram engenhos importantes na economia alagoana, o bangüê na povoação foi um ponto de convergência para a vinda de uma população relativamente numerosa de escravos. Por via de conseqüência, pode-se dizer que na formação social da cidade houve o cruzamento dos três contingentes raciais: o índio, o africano e o europeu. Afirma-se que o negro já tinha vindo antes, quando da expedição exploradora de Jerônimo de Albuquerque, em 1557. Dizem seus defensores, como Alceu Maynard de Araújo, respaldado na obra clássica de Manoel Diégues Júnior O bangüê nas Alagoas, que eles estavam naquela expedição em reduzida participação e que voltaram em contingentes maiores quando foram lançados os fundamentos da primeira capela em Piaçabuçu, um século depois. Provavelmente, quem erigiu a capela foi o já citado capitão André da Rocha Dantas, comandado do mestre-de-campo, general Francisco Barreto, sendo depois substituído pelo tenente Jácome Bezerra na investida intentada contra o Quilombo dos Palmares, que, nessa época, deveria ter cerca de vinte mil guerreiros.

cordões litorâneos entremeados de lagoas e duas gerações de dunas. Segundo o CENSO 2000, a população era de 16.775 habitantes (8.334 homens e 8.441 mulheres). A população urbana era de 10.154 e a rural de 6.621 habitantes. A religião predominante é a católica com 13.489 adeptos, seguida de 760 evangélicos e de 2.426 que professam outras religiões. A população estimada (IBGE, 2005) é de 16.688 habitantes. O município apresenta 69,53 habitantes/km², com índice de urbanização de 47,70 % e taxa de crescimento de 1%.

(48%)

(38%)

1º grau

Finanças municipais/previdência (2003)

R$ (2003) 6.109.244,92 276.142,93 3.709.251,31

Previdência Receita Tributária FPM PIB municipal (per capita)

2000 1.619 2.471 3.014 6.473

PIAÇABUÇU ALAGOAS NORDESTE BRASIL

2001 1.706 2.631 3.255 6.954

2002 2.260 3.012 3.694 7.631

2003 1.692 3.505 4.306 8.694

㄰ 㤵 㜵

Situação dos domicílios (2006) Coleta de lixo

76,9

Esgoto 1 sanitário

83,2

Água 0

10

20

30

40

50

60

70

Fonte: DATASUS - TRE/AL - IBGE - STN - INSS Os dados se referem às publicações mais recentes dessas instituições.

80

101


História

Clima Área População Eleitorado

Quente sub-úmido 240km² (IBGE, 2005) 16.688 hab. (IBGE, 2005) 11.683 (TRE-AL, 2006)

㄰ 㤵

Porto camaroneiro de Alagoas Ao contrário de outros municípios que tiveram várias denominações ao longo dos anos, jamais trocou o seu nome inicial, de procedência indígena. Diferente da versão mais conhecida de que o nome estaria relacionado à existência de piaçavas ou piaçabas na região, planta muito usada no artesanato de vassouras, Piaçabuçu seria “Palmeira Grande”. Na verdade, é uma corruptela de pe-haçab-uçu, que significa, segundo os especialistas da língua tupiguarani, “passagem geral do caminho”. HISTÓRIA - Piaçabuçu foi fundada em 1660 pelo explorador André Rocha Dantas e é uma das cidades centenárias do nordeste brasileiro. Era o local preferido daqueles que atravessavam o rio quando viajavam para um ou outro lado em pequenas canoas e toscas jangadas, que ali ficavam mais a salvo do rio caudaloso em virtude da existência de duas grandes ilhas no local que tornavam a passagem menos perigosa para os viajantes. Indubitavelmente, os primeiros habitantes

Como nos primórdios da cidade, ainda hoje o Rio São Francisco é uma importante via de comunicação

Pequenas embarcações da frota pesqueira de Piaçabuçu descansam ao fim de mais um dia de trabalho

de suas paragens foram os índios. Os valentes caetés foram escorraçados da região após o episódio do Bispo Sardinha. Os portugueses, contudo, ao dar início ao

povoado, procuraram aliar-se aos cariris, de origem caraíba, pois, como dizia o capitão Alexandre Moura, “a maior de todas as fortalezas é viver e estar bem com os naturais”.

Geografia

As dunas costeiras

㄰ 㤵 㜵

Localiza-se no litoral sul alagoano na Mesorregião do Leste Alagoano e Microrregião de Penedo, limitando-se ao norte com os municípios de Penedo e Feliz Deserto, ao sul com o Rio São Francisco, ao leste com o Oceano Atlântico e ao oeste com Penedo. Com área de 240km² (IBGE, 2005) e distante 135km via litoral e 183km pela BR-101 de Maceió, suas principais vias de acesso são as rodovias BR-101, AL-110, AL-225 e AL-101 Sul. A sua altitude varia de 32 metros nas dunas a 2 metros na planície do São Francisco. O município inclui a Área de Proteção Ambiental Federal (APA) de Piaçabuçu (Dec. 88.421), a Estação Ecológica Federal Praia do Peba (Dec. 88.421) e a Área de Proteção Ambiental Estadual (APA) da Marituba do Peixe (Dec. 35.858). Encontra-se também inserido na Reserva da Biosfera da Mata Atlântica em Alagoas (RBMA). Os principais rios são o Piauí/Marituba, com área drenada de 25km², e os rios Batinga e Conduípe, com uma área drenada de 215km². Seu clima apresenta temperaturas elevadas durante todos os meses do ano e precipitação em torno de 1.090mm anuais, concentrados nos meses de abril a julho. Segundo a classificação de Thornthwaite, seu clima é megatérmico sub-úmido seco com deficiência hídrica moderada no verão.

100

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POPULAÇÃO 16.000 13.489

14.000 12.000

0,55%

10.154

10.000 8.000

8.384

8.441

6.621

6.000 4.000

2.426

2.000

760

0 População estimada (IBGE, 2005) e % relativa ao Estado Mulheres (Censo 2000) Homens (Censo 2000) População urbana (Censo 2000)

População rural (Censo 2000) Religião católica (amostra, Censo 2000) Religiões evangélicas (amostra, Censo 2000) Outras religiões (amostra, Censo 2000)

Gráfico da população estimada em 2005 e do CENSO 2000, do município de Piaçabuçu.

a capitania que dirigia, navegando rio acima até seu ponto mais austral, chegou, em 10 de outubro de 1555, ao lugar onde seria o núcleo inicial da cidade. Uma bela história de aventura humana na região teve início, mesclando índios, portugueses, holandeses, negros e mestiços, muitos atores em um só cenário. Agrupamento indígena, feitoria para armazenar pau-brasil e outros produtos da terra, Forte Maurício, Vila do São Francisco, Vila do Penedo, porto aberto à navegação, centro dinâmico do Rio São Francisco, sede do governo imperial quando recebeu Sua Majestade D. Pedro II, Conselho de Intendência, diocese e município republicano são algumas das etapas percorridas pela barroca urbe nordestina, legítima capital de todo o exótico e belo universo sanfranciscano. Quando se caminha hoje pelas ruas de Penedo, pode-se sentir entrar nos ouvidos o som de muitos séculos, de muitas fases de sua história, de povos e gerações diversas. De gente anônima e também de figuras ilustres que a ajudaram a transpor etapas, tornando seus nomes referências na vida da cidade. Cada página de sua história é um nome a lembrar, são momentos gravados que se tornaram perenes desde a entrada de Duarte Coelho no rio e a escolha do sítio inicial na penedia de visão estratégica. Muitos outros passaram e ficaram. A memória penedense é um amálgama de histórias de onde se pode obter o corte vertical da vida alagoana de todos os tempos. Desde a sua pré-história, dos primitivos

habitantes, das nações e tribos que hoje são nomes distantes, quase desconhecidos: abacatiaras, caetés, aconans. Das origens místicas do Opara às lendas fantásticas e absurdas que despertaram a cobiça dos navegadores europeus, sempre sonhando com a visão de nativos ricamente adornados com jóias, carregando cestas cheias de ouro e prata. Das feitorias disputadas pelos países poderosos da época. Dos corsários franceses que se alojaram nas franjas do rio e no seu nicho de pedra para fazer o comércio do paubrasil com os índios. Penedo ganhou atestado de batismo dos irmãos Coelho de Albuquerque, da Nova

Igreja de Nossa Senhora do Rosário, Catedral Diocesana

Lusitânia, que vislumbraram desde logo a importância estratégica de seu sítio para a penetração e vigilância da região. Penedo da controvérsia sobre a data de sua fundação e da ligação forte com o rio carinhosamente chamado de “Velho Chico”, a grande porta de entrada para o interior, para o sertão. Penedo de ampla influência religiosa, do curato de Santo Antônio e do primeiro orago, da matriz de Nossa Senhora dos Remédios, das ordens e confrarias, da florescente vila agraciada com o título de “muito nobre e leal”. Vila que conheceu a invasão dos flamengos e seduziu o Príncipe de Orange, que fundou um forte com o seu nome. Teatro de combates e lutas que redundaram na expulsão dos holandeses, onde avultou o heroísmo de Valentim Rocio no Campo Alegre. Penedo conheceu a rebeldia indômita dos quilombos: participou do período de afirmação política da capitania, das lutas da independência, das crises política e militar da Revolução de 1817, que resultou na emancipação de Alagoas de Pernambuco, dos enfrentamentos no episódio da transferência da capital para Maceió, dos movimentos republicano e abolicionista, das grandes transformações materiais do século XIX que tiveram no advento da navegação a vapor um dos pontos mais destacados. Impulsionada pelo porto e pelos currais do rio, mais ligada ao sertão e ao ciclo do gado, participou também do ciclo do açúcar com seus engenhos, casas-grandes e senzalas aparecendo em sua zona rural. A importância do núcleo habitado por comerciantes e artesãos cresceu gradativamente. No período 77

㄰ 㤵 㜵


Economia

㄰ 㤵 㜵

Dependência do crédito agrícola

Perfil educacional do eleitorado (2006) Superior

17

(0%)

195 (5%)

Sem instrução

2.249

1.208

(62%)

(33%)

1º grau

Penedo:o conjunto arquitetônico que já se tornou Patrimônio Nacional se debruça sobre as águas do São Francisco

㄰ 㤵 㜵

do Império e começo da República, era considerada uma autêntica capital e a única rival de respeito do porto marítimo de Maceió, que substituiria a antiga cidade das Alagoas como sede dos poderes político e administrativo da antiga província, pois, com um próspero parque comercial e industrial, detinha, em seu território, fábricas diversas e seu movimentado porto fluvial era um verdadeiro pólo de atração das cidades sanfranciscanas, com ligações estreitas com Sergipe e Bahia. Desde as eras colonial e imperial, o burgo se destacava como um celeiro de lideranças. Essa vocação continuou ainda no início do período republicano, quando diversos penedenses se colocaram à frente da administração estadual, ultrapassando até quadros tradicionais da poderosa área 78

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canavieira. Dos cinco primeiros governadores do Estado de Alagoas, três estavam diretamente ligados à cidade. O que não foi conseguido com a emancipação em 1817, a transferência da capital provincial, a abolição, a mudança do regime político em 1889 e o advento do transporte ferroviário, foi conseguido com uma inovação. O período de esplendor da cidade terminou com um novo quadro conjuntural em meados do século XX: o aparecimento das rodovias com a conseqüente marginalização dos transportes fluvial e marítimo e o surgimento das cidades novas nos entroncamentos rodoviários e da ponte de Porto Real do Colégio. Penedo sofreu, então, um processo de esvaziamento

econômico que só há algumas décadas começou a se reverter. A implantação das unidades de agroindústria do açúcar revivendo os tempos do eng enho bangüê, o desenvolvimento da sua instituição de ensino superior trazendo alunos de outros municípios e estados vizinhos e a redescoberta dos seus tesouros em uma cidade rica em patrimônio histórico e cultural, trouxeram a esperança de um novo tempo para a mais bela urbe alagoana. Restauram-se igrejas e prédios históricos; mecenas constroem museus, espaços culturais e casa de memória; conserva-se sua vocação musical; florescem as artes. Orgulhosa de seu passado, a cidade teve o seu tombamento

R$ (2003) 456.315,61 116.344,99 2.189.949,55

2000 1.527 2.471 3.014 6.473

2001 1.580 2.631 3.255 6.954

2002 2.582 3.012 3.694 7.631

2003 1.597 3.505 4.306 8.694

São Brás

13,6

Serras Quartzíticas Localizado na Mesorregião do Agreste Alagoano e na Microrregião Geográfica de Traipu, limita-se ao norte com o município de Campo Grande, ao sul com São Brás, ao leste com Porto Real do Colégio e ao oeste com Traipu. O município está inserido na Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (RBMA). Possui uma área de 119km² (IBGE, 2005) e está distante 183km de Maceió, tendo como principais vias de acesso às rodovias BR-101, AL-220 e AL-115. As principais bacias hidrográficas que drenam o município são a bacias do Itiuba, do Tibiri e do Cedro. O município é cortado pela adutora do Agreste, que tem sua tomada d’água em São Brás, ao sul, e segue para Arapiraca, ao nordeste. Seu clima é megatérmico semiárido, com grande deficiência d’água no verão, segundo a classificação de Thornthwaite, e temperaturas médias mensais acima de 20°C, com total anual de chuvas em torno de 700mm. 7.000

34,4 0

10

20

30

40

50

60

70

80

Fonte: DATASUS - TRE/AL - IBGE - STN - INSS Os dados se referem às publicações mais recentes dessas instituições.

O município assenta-se sobre as rochas granulíticas que formam o Grupo Girau, constituindo o embasamento cristalino e ocupando toda a porção norte do município. Além dessas, os quartzitos da Formação Santa Cruz formam lentes alongadas nas direções NW e ENE, aflorando na sede municipal, e a sul, afloram os micaxistos granatíferos e gnaisses da Unidade Porto da Folha. A principal ocorrência mineral se relaciona aos quartzitos. Segundo o CENSO 2000, a população era de 4.847 habitantes (2.441 homens e 2.406 mulheres). A população urbana era de 1.077 e a rural de 3.770 habitantes. A religião predominante é a católica com 4.278 adeptos, seguida de 65 evangélicos e de 504 que professam outras religiões. A população estimada (IBGE, 2005) é de 5.119 habitantes. O município apresenta 43,0 habitantes/km², com índice de urbanização de 52,42% e taxa de crescimento anual 1,86%.

POPULAÇÃO

6.000 5.000 4.000

4.278

3.000

3.770 0,21% 2.441

2.406

2.000

1.077

504

65

0

Esgoto 0 sanitário Água

Porto Real do Colégio

1.000

Situação dos domicílios (2006) Coleta de lixo

PIB municipal (per capita)

OLHO D´ÁGUA ALAGOAS NORDESTE BRASIL

Olho d’Água Grande

Finanças municipais/previdência (2003)

Previdência Receita Tributária FPM

Campo Grande

A agricultura é a base da riqueza de Olho d'Água Grande, município de características sertanejas às margens do São Francisco. O município produz pequena quantidade de coco, laranja, manga, arroz, mandioca e fumo. As culturas tradicionais de subsistência feijão e milho vêm caindo de volume por falta de crédito, assistência técnica, canais de comercialização e infraestrutura. A pecuária ocupa grande parte da área agrícola e vende sua produção leiteira para municípios vizinhos ou a transforma em queijo coalho e muçarela numa produção semi-artesanal. O município praticamente não possui fábricas nem comércio significativos e sua população depende fortemente dos pagamentos do INSS e das transferências dos programas sociais federais. O potencial da economia local está voltado para o fortalecimento da agricultura familiar, com um melhor aproveitamento do crédito agrícola (Pronaf) e o desenvolvimento de sua produção industrializada.

2º grau

Traipu

Geografia

População estimada (IBGE, 2005) e % relativa ao Estado Mulheres (Censo 2000) Homens (Censo 2000) População urbana (Censo 2000)

População rural (Censo 2000) Religião católica (amostra, Censo 2000) Religiões evangélicas (amostra, Censo 2000) Outras religiões (amostra, Censo 2000)

Gráfico da população estimada em 2005 e do CENSO 2000, do município de Olho d´Água Grande.

99


História

Clima Área População Eleitorado

Quente semi-árido 119km² (IBGE, 2005) 5.119 hab. (IBGE, 2005) 3.669 (TRE-AL, 2006)

A cidade do ciclo do gado Seu nome deve-se à existência no solo de várias fontes d'água que pareciam ser uma só, de grande proporção. HISTÓRIA - Embora não tenha seu território banhado pelo São Francisco, pois São Brás (de onde foi desmembrado) lhe impede o contato direto com o chamado “rio da unidade nacional”, o município tem sua história ligada ao pólo de colonização que tem Penedo como centro irradiador. Verdadeira estrada hídrica de penetração, o São Francisco permitiu aos colonizadores o acesso às savanas sertanejas, onde de início iam fazer o reconhecimento da área, depois aprisionar índios para a lavoura em povoações da mata e finalmente estabelecerse em fazendas na região sanfranciscana. Campo de pastagens naturais para criação de gado e de cavalos, Olho d'Água Grande, que outrora fazia parte de São Brás, tem sua história ligada ao ciclo do gado e é integrante da grande área de pastoreio sanfranciscana. Seus antigos moradores foram grupos indígenas, de origem tapuia, que tiveram suas terras tomadas e os sobreviventes reunidos para a catequese ou transformados em servos dos novos proprietários. As terras dos aconans, cariris e outros grupos nativos atraíram a atenção por ser uma vasta planície onde a água era abundante e onde se destacava um enorme olho d'água, que até hoje abastece a cidade. O povoado foi formado quando a família de Francisco Cordeiro se fixou na região. Antes de ser alçado à condição de distrito de São Brás, era conhecido como Olho d'Água da Abóbora, pois havia na área muitas plantações de jerimum. A fertilidade das terras concorria para as safras gigantescas do produto (muito apreciado em Alagoas e em todo o Nordeste), bem como da mandioca (herança indígena que permite várias utilidades e é valorizada com a produção de farinha, alimento indispensável na região). O progresso do distrito atraiu moradores de lugares próximos, culminando com o movimento pela 98

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emancipação, o que se deu em 22 de agosto de 1962, por intermédio da lei estadual 2.462, sendo sua instalação ocorrida em 14 de setembro do mesmo ano. A mudança da

denominação “Olho d'Água da Abóbora” para “Olho d'Água Grande” ocorreu quando da elevação à condição de distrito. FOLCLORE Zabumba e Pastori

Igreja de Nossa Senhora da Corrente, cuja construção foi iniciada em 1764

A igreja de São José se destaca na paisagem singela da cidade sanfranciscana

Atmosfera romântica na margem do rio

Elysio de Carvalho, filósofo de alma inquieta

A praça e a rua: tranquilidade interiorana

aprovado e foi considerada, por decreto federal, patrimônio histórico nacional. Foi elevada à categoria de cidade pela Lei Provincial n° 3, em 18 de abril de 1842. FIGURAS ILUSTRES - Barão de Penedo, diplomata e estadista; Sabino Romariz, poeta; Elysio de Carvalho; Miguel Veloso, revolucionário; dom Jonas Batinga; dom Adelmo Machado; dom Constantino Luers e dom Valério Breda, bispos; José Próspero da Silva Caroatá, historiador; Júlio Fídias e C e s á r i o P r o c ó p i o, e s c u l t o r e s ; Clementino do Monte; Antonio Freitas Cavalcanti, tribuno; Gilberto de Macedo e Sílvio de Macedo,

professores; Fernandes de Barros, cientista e político; Enaldo Cravo Peixoto, engenheiro; comendador José da Silva Peixoto, empresário; frei João Capistrano; frei José de Santa Engrácia; frei Antonio Paraíso; Carlos Santa Rita, escritor; ex-governadores Gabino Besouro e Moacir Andrade; Deraldo de Souza Campos, médico e educador; Ângelo Monteiro, poeta; Alfredo Leahy Ramalho; Júlio Catarina; mestre Antonio Pedro; Alcides Andrade e Helio Lopes, políticos; Raimundo Marinho, professor, dentista e político; Cármen Lúcia Dantas, museóloga; Francisco Alberto Sales, médico e intelectual; Lysia Marinho e Antonio Manuel Freire, dirigentes educacionais.

FOLCLORE - São muitas as manifestações folclóricas da cidade: Chegança, Pastoril, Baianas e Guerreiro. O calendário de festas é variado e registra muita animação por parte dos penedenses. Na Festa de Tradições Populares mostra todo seu colorido e arte. Os Bonecos Gigantes se constituem numa marca registrada da terra. ARTESANATO - Imagens sacras de madeira, cerâmica ou de pedra calcárea; carrancas, renda de bilro e bonecas de pano. GASTRONOMIA - Camarão, peixes de água doce, como surubim e pilombeta, além da carne exótica do jacaré. PATRIMÔNIO - Ecológico: Rio São Francisco que, ao banhar Penedo, alarga-se com a proximidade da sua foz. Até metade do século XX, havia linha regular de navegação que subia o rio até Penedo. A margem alagoana é rochosa. Diz-se que há um túnel que desemboca perto da cadeia pública, dando saída subterrânea para o rio. A lenda ainda diz que o túnel construído pelos frades vai até o Convento de São Francisco. Histórico: Cadeia Pública com arquitetura tipicamente colonial, construção concluída em 1664; Oratório da Forca, construído em 1769 pelo sargento-mor João Araújo. Destinava-se às preces dos presos e dos condenados à forca; Convento de São Francisco e Igreja de Nossa Senhora dos Anjos. Em 1657, os habitantes de Penedo pediram o estabelecimento da Ordem Franciscana, sendo atendidos em 1661. Os aspectos da construção do convento são correspondentes ao século XVII. No entanto, foi bastante reformado no século XVIII. Existem belos exemplares de imagens em seus altares; Casa de Aposentadoria. Sua construção iniciou-se em 1781; Teatro Sete de Setembro, inaugurado em 1884. Propriedade da Imperial Sociedade Filarmônica Sete de Setembro, cujo título de Imperial foi concedido por D. Pedro II. Foi o primeiro teatro construído em Alagoas; Igreja de São Gonçalo Garcia. Os trabalhos de construção foram iniciados em 1770, parecendo terem sido concluídos em 1777, data escrita no pórtico. As torres são do século XIX. A fachada é esculpida em pedra calcárea da região. Existe, nesta Igreja, um conjunto de imagens representando os Passos, como também a imagem mais antiga da cidade, denominada Ecce Homo; Igreja de Nosso Senhor dos Pobres. Data do século XVII; Igreja de Nossa Senhora da Corrente. Construção iniciada em 1764. As paredes internas apresentam lindo conjunto de azulejos policromados, raros hoje em dia. Altar-mor, púlpitos e tribunas em estilo rococó; Igreja Nossa Senhora dos Pretos. Na parede do corredor esquerdo consta a data de 1775, mas já em 1634 encontram-se assentamentos da Irmandade de Nossa Senhora dos Rosários dos Homens Pretos; Sobrado do Barão de Penedo. Pertenceu ao ilustre diplomata penedense Francisco Inácio de Carvalho, o Barão de Penedo; Igreja-Matriz de Nossa Senhora do Rosário. Iniciada em 1690 e só concluída em 1808; Igreja de Santo Antonio; Paço Imperial, onde está hoje funcionando um Museu e o Memorial Raimundo Marinho, ambos pertencentes à Fundação Educacional do Baixo São Francisco, dotados das condições museológicas mais modernas; Casa do Penedo, onde funciona uma Casa de Cultura, bem aparelhada, que tem como objetivo a preservação da memória da cidade; Igreja de Santa Luzia; Igreja de São Benedito. 79

㄰ 㤵 㜵


㄰ 㤵 㜵

Turismo, açúcar, álcool, frutas e arroz Penedo, com sua posição geográfica privilegiada, logo cedo se transformou num entreposto comercial, tornando-se uma das mais antigas cidades alagoanas, ao lado de Marechal Deodoro e Porto Calvo. Por isso, mantém um conjunto arquitetônico que lhe garantiu o status de Patrimônio Histórico Nacional. O município foi, por muitos anos, o ponto de passagem entre Alagoas e Sergipe. No entanto, a inauguração, em 1969, de uma ponte rodo-ferroviária de 800 metros de comprimento sobre o Rio São Francisco, ligando os dois estados pela BR-101, na altura de Porto Real do Colégio, deslocou o movimento e marcou uma era de dificuldades para Penedo. Pioneiro na rede hoteleira estadual (o Hotel São Francisco foi inaugurado pelo presidente João Goulart, em 1963), Penedo ainda não aproveitou o potencial turístico, composto pela beleza urbana de uma cidade colonial às margens do Rio São Francisco. Seu potencial vem das ilhas, prainhas e lugarejos interessantes; da proximidade com o Litoral Sul (apenas 40km do Pontal do Peba); dos locais tradicionais de artesanato e da culinária típica; e de áreas de visitação atrativa, como a Várzea da Marituba, considerada o “Pantanal” de Alagoas. Apesar desse potencial, Penedo possui uma estrutura turística - hotéis e pousadas - bem menor que a de alguns municípios litorâneos de exploração mais recente, que inclui o elegante São Francisco e um modesto Hotel do Turista, além das pousadas Colonial, Vale do São Francisco, Colina do Outeiro e Styllus. Penedo possui uma rede de serviços e comércio urbano permanentes, assim como o expressivo mercado popular, com centenas de feirantes, formando um pólo composto, principalmente, por serviços comerciais, bancários, médicos e educacionais que atrai o público da região do Baixo São Francisco. A agricultura de Penedo está marcada pela ampla presença da cana-de-açúcar. A produção canavieira é destinada a Penedo Industrial S.A./Paisa, do Grupo Toledo, que, fundada em 1976, apenas como destilaria autônoma, transformou-se em moderna usina em 2003. A usina esmagou, na safra 2005/2006, 470 mil toneladas de cana para produzir 770 mil sacos de açúcar e 15 milhões de litros de álcool. A produção agrícola é complementada pelo arroz, com um volume que representa metade da obtida anos atrás, e por uma produção diversificada, que vem da mandioca, banana, coco, laranja, manga e maracujá (destinada à Cooperativa Pindorama). As tradicionais culturas de subsistência milho e feijão - perderam metade da produção na última década. Penedo é sede da 5ª Superintendência Regional da Codevasf, Companhia do Desenvolvimento do Vale do São Francisco, órgão federal que administra as obras do Programa de Revitalização do Rio São Francisco, como a de saneamento básico (tratamento de esgotos sanitários) da cidade de Penedo e desassoreamento do Rio São Francisco, no trecho da travessia até Neópolis, em Sergipe. A Codevasf gerencia, também, os Perímetros Irrigados (Itiúba, em Porto Real do Colégio, e Boacica, entre Penedo e Igreja Nova e Marituba, em Penedo). O perímetro da Marituba, com 3.100 hectares e 310 lotes irrigados, tem uma situação particular: está localizado na Área de Proteção Ambiental do Marituba do Peixe (APA) e, por isso, necessita do Plano de Manejo que ainda está em processo de aprovação. O potencial da economia local está voltado para o aproveitamento de sua produção agrícola diversificada, da pecuária de leite que é comercializada pelo laticínio da Cooperativa Pindorama, da pesca (com o fortalecimento das cooperativas Coopeixe e Coopenedo e colônias de pescadores) e a conclusão da Unidade de Beneficiamento de Peixe; das atividades comerciais e do turismo, aproveitando a presença da rede bancária instalada no município. 80

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Setores da Economia (R$) (2002) 160000 140000 120000 100000 80000 60000 40000 20000 0

Agricultura

Indústria

Serviços

Situação dos domicílios (2006) Coleta de lixo

71,4

Petróleo é a maior receita A pesca artesanal, o coco e a cana-deaçúcar fazem a economia de Feliz Deserto. A cana-de-açúcar é destinada às usinas instaladas nos municípios vizinhos e o coco é comercializado nas indústrias localizadas em Maceió. A agricultura de subsistência é inexpressiva. Com uma das menores populações municipais do Estado, Feliz Deserto não possui indústrias e seu comércio é reduzido. A dependência dos recursos transferidos pelo governo federal é total. O seu território faz parte do campo de exploração da Petrobras, tendo como centro a cidade de Coruripe. Por isso, recebeu de royalties, em 2005, R$ 700 mil, três vezes mais que outra fonte de receita municipal, o repasse de ICMS do Estado, e bem mais que os recursos do programa Bolsa-Família (R$ 450 mil). O turismo ainda é típico de passagem, de pessoas que, vindas de Coruripe ou Piaçabuçu, passeiam pelas dunas de areias móveis, conhecem a Praia do Maçunim e se hospedam em instalações locais, como a pousada do Sinésio. A ausência de plano diretor municipal e de instituições que façam valer esse código legal, tanto em Feliz Deserto como em Piaçabuçu, permite a expansão desordenada das atividades imobiliárias, transformando, de maneira negativa, a paisagem local, a exemplo de outras localidades do litoral alagoano. Perfil educacional do eleitorado (2006)

Esgoto sanitário

7,2

Superior

35

2º grau

(1%)

287

Água

(11%)

80,3 0

10

20

30

40

50

60

70

Analfabetos com mais de 15 anos (2000)

1991 40,68 22,17 45,32

PENEDO MACEIÓ ALAGOAS

Pop. de 1 a 19 anos Pré-Escola Fundamental Médio EJA

1.445 (53%)

(35%)

㄰ 㤵

Penedo

Feliz Deserto

Cordões litorâneos

Piaçabuçu

Localizado no litoral sul alagoano, na Mesorregião do Leste Alagoano, e inserido na Microrregião de Penedo, limita-se ao norte com o município de Coruripe, ao sul com Piaçabuçu, ao leste com o Oceano Atlântico e ao oeste com Penedo. Com área de 92km² (IBGE, 2005), localiza-se a 155km de Maceió. A sua altitude máxima é 43 metros no tabuleiro e na planície costeira é de 5 metros. Suas principais vias de acesso são as rodovias BR-101, AL-105, AL101 Sul e AL-455. Os principais rios são o PiauíMarituba, que o separa do município de Penedo, e Conduípe e Japú. O município encontra-se inserido na Reserva da Biosfera da Mata Atlântica em Alagoas (RBMA). Seu clima apresenta-se quente durante todo o ano, com temperaturas médias acima de 23° C durante todos os meses do ano. Com base na classificação de Thornthwaite, o clima é megatérmico sub-úmido com excesso hídrico no inverno e deficiência no verão. Situa-se na Bacia Sedimentar de Alagoas, no domínio geológico dos sedimentos Terciários da Formação Barreiras e dos Sedimentos de Praia e

Aluvião, de idade Quaternária, representados pelos terraços pleistocênico e holocênico, cordões dunares vegetados e cordões dunares ativos que formam a planície costeira. O relevo é formado pelo tabuleiro costeiro, que compreende o interflúvio tabuliforme entre o Rio Piauí-Marituba e o Coruripe, e a planície fluvial com depósitos quaternários de pântanos e terraço pleistocênico que se estende do limite da planície marinha, bordejando a encosta até o Vale da Marituba. O outro compartimento, a planície marinha, forma um terraço holocênico e cordões dunares de direção nordeste-sudoeste. Segundo o CENSO 2000, a população era de 3.836 habitantes (1.928 homens e 1.908 mulheres). A população urbana era de 2.848 e a rural de 988 habitantes. A religião predominante é a católica com 3.343 adeptos, seguida de 189 evangélicos e de 303 que professam outras religiões. A população estimada (IBGE, 2005) é de 4.085 habitantes. O município apresenta 44,40 habitantes/km², com índice de urbanização de 47,75%, taxa de crescimento de 0,99%.

1º grau

POPULAÇÃO

Finanças municipais/previdência (2003)

2000 30,17 16,87 31,91

Alunos matriculados

2002 2.374 16.058 3.319 2.760

Sem instrução

960

80

Coruripe

Geografia

Oc ea no At lân tic o

Economia

Economia

2005 27.676 2.857 14.389 4.116 1.769

R$ (2003) 231.350,59 115.409,14 2.189.949,55

Previdência Receita Tributária FPM

5.000 4.000 3.343

PIB municipal (per capita)

2000 FELIZ DESERTO 1.913 2.471 ALAGOAS 3.014 NORDESTE 6.473 BRASIL

2001 1.749 2.631 3.255 6.954

2002 2.499 3.012 3.694 7.631

3.000

2003 1.740 3.505 4.306 8.694

2.000

2.848 0,14% 1.908

1.928

988

1.000

Situação dos domicílios (2006)

189

Coleta de lixo 1,2

93,2

Água 0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Fonte: DATASUS - TRE/AL - IBGE - STN - INSS Os dados se referem às publicações mais recentes dessas instituições.

303

0

81,8

Esgoto sanitário

População estimada (IBGE, 2005) e % relativa ao Estado Mulheres (Censo 2000) Homens (Censo 2000) População urbana (Censo 2000)

População rural (Censo 2000) Religião católica (amostra, Censo 2000) Religiões evangélicas (amostra, Censo 2000) Outras religiões (amostra, Censo 2000)

Gráfico da população estimada em 2005 e do CENSO 2000, do município de Feliz Deserto.

97


História

Clima Área População Eleitorado

Quente sub-úmido 92km² (IBGE, 2005) 4.085 hab. (IBGE, 2005) 2.727 (TRE-AL, 2006)

PENEDO ALAGOAS NORDESTE BRASIL

Indústria

2000 2.047 2.471 3.014 6.473

Número e perfil das MPEs Serviços

PIB municipal (per capita)

A cidade das dunas móveis

109 (23%)

38 (8%)

2001 2.246 2.631 3.255 6.954

2002 2.625 3.012 3.694 7.631

2003 2.356 3.505 4.306 8.694

Empresas e empregos formais (2006)

㄰ 㤵 㜵

Fato real transformado em lenda e conservado pelo povo de geração a geração: sobreviventes de um naufrágio conseguiram chegar a uma praia deserta e encontraram à sombra de um cajueiro uma imagem de Nossa Senhora Mãe dos Homens. Felizes por terem sobrevivido e encontrado a imagem, decidiram ficar no lugar, dando início à povoação. HISTÓRIA - Antes de sua ocupação pelos primeiros colonizadores, era área dos índios caetés, que escolhiam bem a localização de suas aldeias. Áreas onde tinham boa caça e também peixe e mariscos com abundância, principalmente o maçunim. Penetravam na mata e buscavam na praia a sua alimentação. Além dos caetés, havia também índios das nações Prakios e Tupinambás. Os índios foram dizimados e expulsos para o sertão. Em 1645, após as invasões holandesas, passava pelo litoral uma embarcação portuguesa, capitaneada por Domingos Mendes. A região que vai do Vasa Barris ao São Francisco era famosa pelo perigo que causava às embarcações. Houve um naufrágio nas imediações da Praia das Flexeiras, salvando-se alguns de seus passageiros, dentre os quais o próprio Domingos Mendes e sua mulher Maria Mendes, que decidiram ficar no local, formando o primeiro núcleo populacional da região. Mendes teria também erguido a ermida de Nossa Senhora Mãe dos Homens. Há versão, não comprovada, de que o pioneiro era holandês ou mercenário espanhol, a serviço dos Países Baixos. Aos índios e portugueses juntaram-se os negros para trabalhar na condição de escravos nos engenhos da região, os quais, embora de influência reduzida frente aos currais de gado, principal esteio da economia sanfranciscana no período colonial, tiveram sua importância. O historiador João Lemos menciona em suas obras a presença dos sertanejos, que, tangidos pelas secas inclementes, contribuíram para a formação do homem da região e de sua miscigenação. Vieram, a seguir, atraídas pelas boas novas da terra, as 96

䙡獣楣畬漠㌠灡杳‸ㅟ㤶 獥杵湤愭晥楲愬‱㔠摥慩漠摥′〰㘠ㄶ㨳㌺㔹

327 (69%)

PENEDO MACEIÓ ALAGOAS

IDH

famílias Possidônio, Felix, Pacife, Cabrito, Coelho, Lessa, Ferreira e outras, as primeiras do lugar que ia progredindo até chegar à condição de município independente em 23 de julho de 1960. Muitas etapas foram vencidas até a separação de Piaçabuçu, a quem pertencia o povoado. Desde 1945 havia um forte sentimento de independência entre seus habitantes. Outra hipótese citada pelo mesmo historiador João Lemos que explicaria o povoamento de Feliz Deserto é a de que o lugar ficava na chamada “Rota do Camarão e do Sal”, que começava em Alagoas do Sul e terminava em Penedo, constando nos mapas geográficos e militares da época colonial. Homens das tropas em conflito iam ficando pelo caminho, em lugares desertos, para abrigar-se dos inimigos e cuidar dos ferimentos, dando origem a pequenas povoações, como Feliz Deserto. Era lugar ideal para servir de esconderijo para negros fugidos da escravidão e índios perseguidos pelos colonizadores, o que explica o surgimento de alguns mocambos e palhoças reunidos como aldeias mirins. Tomás Espíndola registra que em meados do século XIX havia mais de 100 fogos na povoação.

FOLCLORE - Dança do coco, Guerreiro, Pastoril, Chegança e Maracatu. A R T E S A N AT O - O b j e t o s confeccionados com as palhas da taboa e do ouricuri. PATRIMÔNIO - Os manguezais, o R io Marituba, os riachos Canduípe e Manoel Lopes, a lag oa das Marrecas, a Matriz Nossa Senhora Mãe dos Homens e os cruzeiros. GASTRONOMIA - Maçunim, camarão e cambuí (fr uto de uma planta nativa). FIGURAS PRINCIPAIS - Dona Silvia Ferreira Lima, Mestra Irene Silva, político e químico industrial Nelson Simões Costa, professor Claudionor de Jesus, pesquisador José Derival da Silva Nunes, poeta e escritor Edivânio Coelho dos Santos, comerciante Vanutério de Almeida, desportistas Antonio Vitorino e Ernandes Correia Barros, músicos Milton Vital, Luiz Gonzaga e Antonio dos Santos e prefeita Rosiana Beltrão (presidente da Associação dos Municípios Alagoanos).

PEA 19.422 345.732 1.133.000

Agricultura/crédito PRONAF (2005)

Comércio

Igreja-matriz de Nossa Senhora Mãe dos Homens, na Praça Domingos Mendes

Empresas Empregos 951 6.718 21.160 112.384 42.702 246.414

Nº de estabelecimentos Crédito (2005)

Município 1990 2000 0,570 0,665 0,544 0,580 0,559 0,673 0,608 0,742 3541º 6º

Total Renda Longevidade Educação Ranking no Brasil Ranking no Estado

ALAGOAS 2000 0,633 0,597 0,597 0,703 26º -

Familiares Patronais Contratos

PENEDO ALAGOAS

533 105.305

37 7.966

Valor R$

615 3.081.339,25 35.066 68.631.671,17

Finanças municipais/previdência (2003)

R$ (2003) 32.558.533,58 1.773.118,19 7.957.682,21

Previdência Receita Tributária FPM

Perfil educacional do eleitorado (2006)

Indicadores municipais de saúde

Superior 2º grau

1.267

Hospitais

(4%)

Sem instrução

7.433 (21%)

14.032 (39%)

12.636 (36%)

1º grau

PENEDO ALAGOAS

LEITOS

(por 1.000 habs.)

2 27

3,2 4,3

Rede Mortalidade Ambulatorial Infantil (2002)

30 unidades 172 unidades

24,59 23,2

Programas sociais (2006)

FAMÍLIAS NO MUNICÍPIO FAMÍLIAS POBRES Bolsa-Família Outros programas ATENDIDAS (%)

Famílias 14.379 7.052 5.448 1.807 77,3%

R$ (mês)

349.183,00 25.560,00 374.743,00

㤵 㜵

Fonte: DATASUS - MEC/INEP - FAO/INCRA/MDA - IPEA/PNUD - MDS SEBRAE - TRE/AL - IBGE - STN - INSS Os dados se referem às publicações mais recentes dessas instituições.

81


Economia

Geografia

Sobre os rochedos de arenitos Localizado no litoral sul alagoano, na Mesorregião do Leste Alagoano e inserido na Microrregião de Penedo, o município limita-se ao norte com São Sebastião e Coruripe, ao sul com o Rio São Francisco, ao leste com Feliz Deserto e Piaçabuçu e ao oeste com Igreja Nova. Com área de 689km² (IBGE, 2005), está distante 170km via litoral de Maceió e suas principais vias de acesso são as rodovias BR-101, AL-110, AL105, AL-225 e AL-101 Sul. A sua altitude máxima é de 142 metros no tabuleiro e mínima de 2 metros na várzea da Marituba. O município inclui a Área de Proteção Ambiental Estadual (APA) da Marituba do Peixe (Dec. 35.858) e encontra-se inserido na Reserva da Biosfera da Mata Atlântica em Alagoas (RBMA). Os principais rios são o Piauí/Marituba, com uma área drenada de 275km², o Perucaba, com uma área drenada de 170km² e o Boacica, com uma área drenada de 40km², todos pertencentes à vertente do Rio São Francisco. Quanto ao clima, apresenta durante todo o ano médias mensais superiores a 23° C. As chuvas concentram-se de abril a julho, período em que ocorrem 70% do total anual da precipitação. Com base na classificação de Thornthwaite, o clima é megatérmico sub-úmido seco com deficiência hídrica moderada no verão. Penedo situa-se na Bacia Sedimentar de Alagoas, no domínio geológico dos sedimentos clásticos das formações Batinga, Aracaré, Bananeiras, Serraria, Barra de Itiuba, Penedo, Barreiras e os sedimentos fluviais. Os arenitos da Formação Penedo afloram às margens do Rio São Francisco como rochedos, onde está situada a sede do município. A Formação Barreiras é aproveitada como aqüífero com bom potencial e água de excelente qualidade. As ocorrências minerais são o cascalho e a argila, além dos arenitos que são utilizados como rocha ornamental (pisos) e para esculturas. 82

䙡獣楣畬漠㌠灡杳‸㉟㤵 珡扡摯Ⱐㄳ⁤攠浡楯⁤攠㈰〶‱㘺㈶㨳

O relevo é formado pelo tabuleiro costeiro, que compreende o interflúvio tabuliforme dissecado pelos rios PiauíMarituba, Perucaba e Boacica, onde se instalaram as planícies fluviais. O limite entre o tabuleiro e a várzea da Marituba é feito por intermédio de falésia fóssil, seguida de terraço marinho pleistocênico depositado durante a Penúltima Transgressão com altitude de 8 a 12 metros e zona úmida (paleolaguna). No leito do São Francisco, ao longo de todo o limite municipal desenvolvem-se ilhas fluviais.

Segundo o CENSO 2000, a população era de 56.993 habitantes (27.891 homens e 29.102 mulheres). A população urbana era 41.545 e a rural de 15.448 habitantes. A religião predominante é a católica com 48.036 adeptos, seguida de 3.141 evangélicos e de 5.646 que professam outras religiões. A população estimada (IBGE, 2005) é de 59.968 habitantes. O município apresenta 87 habitantes/km², com índice de urbanização de 71,79%, taxa de crescimento de 1,07%.

Empresas e empregos formais (2006)

Arroz irrigado

Empresas Empregos PEA 140 5.604 PORTO REAL C. 138 21.160 112.384 345.732 MACEIÓ 42.702 246.414 1.133.000 ALAGOAS

Porto Real do Colégio é um município ribeirinho do São Francisco, mas é de sua agricultura que depende a economia. Apesar de ser o maior produtor de arroz do lado alagoano do rio, a rizicultura vem num lento processo de decadência regional. As margens do Baixo São Francisco são compostas de várzeas onde, secularmente, pratica-se a rizicultura, comandada pelas oscilações de nível do Rio São Francisco. As obras de regularização e de geração de energia (Paulo Afonso, 1954; Paulo Afonso II, 1961; Paulo Afonso III, 1971; Moxotó, 1977; Sobradinho, 1979; Itaparica, 1988; e Xingó, 1994) modificaram o regime de níveis no Baixo São Francisco. De forma pontual, a Codevasf construiu sistemas de proteção, drenagem e irrigação, com obras de engenharia, numa tentativa de diminuir os efeitos negativos daquelas obras. Os perímetros irrigados existentes no lado alagoano do Baixo São Francisco, Itiúba, Boacica e Marituba são a parte mais visível dessa atividade. O perímetro de Itiúba, localizado em Porto Real do Colégio, foi instalado em 1975 e tem 840 hectares distribuídos por 227 famílias. Na área agrícola do município, a cana-de-açúcar vem conseguindo espaços ao lado das culturas tradicionais de subsistência, como feijão e milho, que estão caindo de volume. A pecuária extensiva está presente com um numeroso plantel bovino. A atividade agrícola é complementada pela mandioca e pelo fumo (cultura comercial que produz em pequena quantidade ao lado de Igreja Nova e Olho d’Água Grande). O potencial de Porto Real está voltado para o aproveitamento de sua agricultura, que, com um número grande de pequenas propriedades familiares, vem obtendo acesso ao crédito rural (Pronaf), além da pesca e das atividades direcionadas ao turismo rural, integrado à região ribeirinha.

Programas sociais (2006)

FAMÍLIAS NO MUNICÍPIO FAMÍLIAS POBRES Bolsa-Família Outros programas ATENDIDAS (%)

R$ (mês)

Famílias 4.561 2.981 2.111 1.234 70,8%

PIB municipal (per capita) 2000 2001 1.770 1.661 PORTO REAL C. 2.471 2.631 ALAGOAS 3.014 3.255 NORDESTE 6.473 6.954 BRASIL

146.127,00 17.835,00 163.962,00

2002 2.210 3.012 3.694 7.631

2003 1.966 3.505 4.306 8.694

Finanças municipais/previdência (2003)

R$ (2003) 3.867.612,51 10.230,84 4.379.058,42

Previdência Receita Tributária FPM

Perfil educacional do eleitorado (2006) Superior

2º grau

85

929

(1%)

(8%)

Sem instrução

Situação dos domicílios (2006) (23%)

32

8.495

(68%)

Esgoto sanitário

6,7 1º grau

Água

Agredido pela ação do homem, o rio sofre com a poluição e o assoreamento

2.821

Coleta de lixo

55,1 0

10

20

30

40

50

60

70

80

Fonte: DATASUS - MEC/INEP - INCRA/MDA/FAO MDS - SEBRAE - TRE/AL - IBGE - STN - INSS Os dados se referem às publicações mais recentes dessas instituições.

95


A Serra da Maraba

Coruripe

Apresenta como ocorrências minerais o cascalho e a areia. O relevo compreende três unidades. Ao sul e ao leste do Rio Itiúba apresenta-se plano ou suavemente inclinado, modelado em interflúvios tabuliformes dissecados pelos afluentes dos rios Boacica e Itiúba; ao norte compreende o patamar colinoso da margem do São Francisco, apresentando colina e cristas, e no extremo norte ocorre a Depressão Sertaneja, com relevo aplainado e formas isoladas.

Igreja Nova

Olho d’Água Grande

Porto Real do Colégio Igreja Nova

Piaçabuçu

Rio São Francisco

SERGIPE

Segundo o CENSO 2000, a população era de 18.355 habitantes (9.140 homens e 9.215 mulheres). A população urbana era de 5.960 e a rural de 12.395 habitantes. A religião predominante é a católica com 15.367 adeptos, seguida de 549 evangélicos e de 2.286 que professam outras religiões. A população estimada (IBGE, 2005) é de 18.855 habitantes. O município apresenta 78,56 habitantes/km², com índice de urbanização de 47,70% e taxa de crescimento anual de 1,46%.

8.000

60.000

A navegação fluvial une Porto Real do Colégio (AL) e Propiá (SE), nas margens opostas do rio

48.036

50.000 40.000 30.000

41.545 1,99% 29.102 27.891

20.000

15.448 ㄰

15.367

0,63%

9.140

5.646

10.000

12.395

9.215

3.141

5.960

2.286

4.000 ㈵

Rio São Francisco

70.000

16.000 12.000

Piaçabuçu

POPULAÇÃO

獥杵湤愭晥楲愬‱㔠摥慩漠摥′〰㘠ㄶ㨳㌺㈲

Penedo Feliz Deserto

20.000

䙡獣楣畬漠㌠灡杳‸㍟㤴

Feliz Deserto

Penedo

24.000

94

Porto Real do Colégio

São Brás

28.000

Microrregião de Penedo

POPULAÇÃO

Igreja Nova

São Sebastião

SERGIPE

Está localizado na Mesorregião do Leste Alagoano e na Microrregião Geográfica de Penedo, limita-se ao norte com o município de Feira Grande; ao sul com o Rio São Francisco; ao leste com São Sebastião e Igreja Nova e ao oeste com Campo Grande, Olho d’Água Grande e São Brás. Possui uma área de 240km² (IBGE, 2005) e se localiza distante 172km de Maceió, tendo como principal via de acesso a rodovia BR-101. As principais bacias hidrográficas que drenam o município são as do Rio Itiúba e a do Rio Boacica. A maior altitude atingida no município é de 1.328,74 pés na Serra da Maraba. O município apresenta temperaturas médias superiores a 22° C durante todo o ano, com máximas em janeiro e fevereiro e mínimas em julho e agosto. A precipitação varia entre 890mm e 990mm. Segundo a classificação de Thornthwaite, o clima é megatérmico sub-úmido seco com deficiência hídrica moderada no verão. O município assenta-se geologicamente no limite entre a Bacia Sedimentar de Alagoas e as rochas cristalinas, aflorando os clásticos das formações Batinga, Aracaré, Bananeiras, Serraria, Barra de Itiúba, Penedo, Barreiras e os sedimentos fluviais da planície do Rio São Francisco. As porções norte e oeste do município situam-se no domínio das rochas cristalinas, representadas pelos micaxistos e gnaisses da Unidade Porto da Folha, os granulitos do Grupo Girau que formam o embasamento cristalino, os quartzitos da Formação Santa Cruz e o Granitóide Glória.

Campo Grande

㤵 㜵

São Sebastião

Feira Grande

Geografia

549 População estimada (IBGE, 2005) e % relativa ao Estado Mulheres (Censo 2000) Homens (Censo 2000) População urbana (Censo 2000)

População rural (Censo 2000) Religião católica (amostra, Censo 2000) Religiões evangélicas (amostra, Censo 2000) Outras religiões (amostra, Censo 2000)

População estimada (IBGE, 2005) e % relativa ao Estado Mulheres (Censo 2000) Homens (Censo 2000) População urbana (Censo 2000)

População rural (Censo 2000) Religião católica (amostra, Censo 2000) Religiões evangélicas (amostra, Censo 2000) Outras religiões (amostra, Censo 2000)

Gráfico da população estimada em 2005 e do CENSO 2000 do município de Penedo.

Gráfico da população estimada em 2005 e do CENSO 2000, do município de Porto Real do Colégio.

83


História

Clima Área População Eleitorado

Quente semi-árido 698km² (IBGE, 2005) 23.915 (IBGE, 2005) 16.440 (TRE-AL, 2006)

㄰ 㤵

Abastecedora da zona do açúcar Região de concentração indígena. A palavra é de origem tupi, como mostra o especialista Teodoro Sampaio em seu abalizado dicionário. É uma corruptela de “ytira ypu”, que quer dizer “fonte do morro” ou “olho d'água do monte”. Em seus primórdios, durante o século XVII, era um morgado estabelecido na região pelo mestre de campo e grande proprietário de terras Pedro Gomes. Este deixou para seus descendentes seus bens vinculados, inclusive o nascente povoado que recebera o nome de Porto da Folha. Em 1870, mudou a denominação para Traipu, empregada pelos índios da região.

HISTÓRIA - Está assentada sobre uma pequena colina às margens do São Francisco, distante 14 léguas de cidade de Penedo, centro dinâmico de toda a região. Tomás Espíndola registra em 1871, em sua obra Geografia Alagoana, que a localidade se situava entre a Lagoa do Carlo e a Lagoa da Igreja, defronte à grande Serra da Tabanga, que é lavada em sua base pelo rio e que, para os nativos, marca o início do sertão. Foi elevada à categoria de vila com o nome de Porto da Folha por intermédio da Lei n° 19 de 28 de abril de 1835, recebendo o nome atual, tanto a freguesia quanto o município, em 30 de abril de 1870.

O estudioso Bomfim Espíndola diz: “Naquela ocasião, a vila teria uns 300 fogos, 1.500 almas, algumas casas comerciais e duas escolas primárias para ambos os sexos. O seu termo é o mais apropriado para a criação e é o que tem maior número de fazendas de gado. Todavia, há lavouras de legumes de toda espécie, mandioca e algodão em grande escala.” O Imperador Pedro II, em seu périplo por Alagoas, parou na vila, visitou sua matriz, como era praxe, e percorreu as ruas e as duas escolas, conversou com algumas lideranças locais e ao sair deixou 350$ para os necessitados.

Da antiga estação ferroviária restou o prédio que hoje abriga a Casa da Cultura da cidade

ataques dos bandeirantes, mas a conseqüência foi a desarticulação de seu universo místico e a desagregação de sua sociedade. Até o século XIX, as paredes do edifício estavam intactas, segundo testemunho dos cronistas da época, mas hoje não há sequer vestígios da construção. Sua história é, por conseguinte, a história do desbravamento da região sanfranciscana. Ali foram implantados o núcleo populacional original e uma capela em louvor a Nossa Senhora da Conceição. Conta-se que bandeirantes e jesuítas adquiriram uma extensa faixa de terra, chamada “urubu-mirim” para não ser confundida com a cidade de Propriá, do vizinho Sergipe, que também era chamada “Urubu”. Mais tarde, os padres fundaram o convento e o colégio. Pedro Paulino da Fonseca, em seu livro Conventos de Alagoas, diz que ali eram ensinadas línguas, entre as quais o latim, e

O artesanato de argila é produzido na região

FOLCLORE - Pastoril, Quadrilha, Reisado e Caboclinho. Abrigando um grande número de remanescentes cariris e de outras tribos, é possível ver sempre o Toré, dança ritual indígena, nas celebrações. ARTESANATO - Bordados e Cerâmica, principalmente louça, feitos por mulheres. As artesãs conhecem a técnica do levantamento ou cordel, que consiste na modelagem de peças utilitárias partindo de um rolo de barro, sem auxílio do torno, requerendo muita habilidade. A decoração se faz com tauá, espécie de calcário branco que, diluído em água, é usado como tinta. Os motivos são baseados nos símbolos e no dia-a-dia da comunidade. GASTRONOMIA - São apreciados os peixes chira, piau, mandim, surubim e piranha. Tatu e veado são carnes consideradas saborosas. PATRIMÔNIO - Ecológico: Destaque para os rios São Francisco e Itiúba e para os riachos Areia, Cacimbão, Taquara e Sampaio, na divisa com São Brás; para as lagoas Grande, Porta, Cangote Tapera, Caldeirão e Cajaibas; e para a Serra Matabá, que faz divisa com Olho d’Água Grande. Histórico: A Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição. Há mais 19 capelas no município.

㄰ 㤵 㜵

que alguns alunos do colégio, os que mais se sobressaíam, foram enviados para terminar seus estudos em Recife. Tudo isso ficou no abandono, a partir do século seguinte, com a expulsão da ordem dos jesuítas, por determinação do Marquês de Pombal. A cidade recorda a visita do Imperador Pedro II e comitiva, em 1859, quando se dirigia à Cachoeira de Paulo Afonso e fez ali uma parada. No seu diário de viagens, o velho monarca diz que se emocionou quando foi recebido festivamente pelos índios pintados, portando arco e flecha, demonstrando carinho pela figura real. Em 1760, o lugar obteve instituições canônicas pela Santa Sé. A freguesia saiu em 1763. Desmembrada do município de Penedo, foi elevada à vila (com os limites definidos pela Lei n° 850, de 17 de julho de 1880) e à comarca em 11 de novembro de 1952.

Barcos e canoas, habituais meios de transporte, ancorados no São Francisco 84

䙡獣楣畬漠㌠灡杳‸㑟㤳 獥杵湤愭晥楲愬‱㔠摥慩漠摥′〰㘠ㄷ㨰㈺㌲

Igreja-matriz de Nossa Senhora da Conceição

FIGURAS ILUSTRES - Antonio Bernardes, bacharel e professor; Olímpio Vieira Dantas, advogado e magistrado; Teófanes Brandão, professor do Colégio D. Pedro II, no Rio de Janeiro; José Cruz de Oliveira, magistrado e escritor; Firmo de Castro, político. 93

㄰ 㤵 㜵


História

Clima Área População Eleitorado

FOLCLORE - Pastoril, Quadrilha e Vaquejada. ARTESANATO - Trabalhos em couro, lã, linha e madeira. Peças bordadas, tapeçarias e móveis.

Quente sub-úmido 240km² (IBGE, 2005) 18.855 hab. (IBGE, 2005) 12.330 (TRE-AL, 2006)

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Nas ruas calmas, o tempo parece não passar

A vila do Colégio da Missão Seu território, às margens do Opara, como chamavam o São Francisco, abrigava várias tribos indígenas: cariris, carapotás, aconãs e tupinambás, todas vivendo da caça e da pesca. Os bandeirantes, em busca de escravos, desarticularam a antiga vida tribal com sua cobiça. Os jesuítas vieram em seguida com o objetivo de catequizar os nativos e agrupá-los em uma aldeia central por intermédio de um colégio onde ensinavam língua e religião. O colégio e o aldeiamento ficavam próximos ao rio e de um porto a sua margem, protegidos pela coroa real portuguesa. Daí o nome. HISTÓRIA - A antiga Aldeia do Colégio ou Porto Real povoou-se sem uma contribuição maior de sangue africano. Pouquíssimos foram seus engenhos de açúcar. Pelo menos uma tentativa foi registrada, tendo os portugueses trazidos escravos negros, mas não deu resultado. Edificada sete léguas acima de Penedo, mantinha no passado bom comércio com os 11 povoados circunvizinhos, todos participantes da primeira etapa da colonização de Alagoas. Seus habitantes são descendentes principalmente dos tupinambás e de outras tribos da região, na maior parte mestiços e mamelucos, que foram os primeiros aldeiados sob inspeção de um diretor nomeado pelas autoridades brancas. Além da violência imposta pelos colonizadores, havia grandes rivalidades e lutas entre as tribos cariris, aconãs e carapotás. Os jesuítas pisaram a região com instrução de fazer a catequese dos gentios, pacificá-los e reunilos em torno de um estabelecimento central: o colégio. Eles o erigiram em uma elevação com uma capela rústica, sob a invocação de Nossa Senhora da Conceição, marco inicial do projeto missionário. Supõe-se que a povoação foi fundada em meados do século XVII pelos jesuítas de Pernambuco, que lá começaram a construir um convento com um colégio para cumprir sua missão, ensinando língua e religião aos nativos. O objetivo era poupá-los de novos 92

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A Maria Fumaça é relíquia do antigo caminho de ferro

Descendentes das várias tribos que habitavam a região sanfranciscana no Descobrimento lutam hoje para recuperar sua identidade

Há uma controvérsia dos historiadores sobre sua fundação. João Alberto Ribeiro adota a versão de que Pedro Gomes teria ali estabelecido o seu morgado para seus herdeiros, dando início ao povoado chamado Porto da Folha. Versão rechaçada por Wenceslau de Almeida, que afirma ter sido o morgado realmente instituído, porém não na margem alagoana, mas na sergipana, não sendo admissível que os limites do mesmo se estendessem para o território de Alagoas. Ar noldo Jambo, em sua Encicloplédia dos Municípios Alagoanos, analisando as duas teses, deduz que, diante da influência do poderoso fidalgo e proprietário de terras que era mestrede-campo na Bahia em 1680 e Governador do Rio de Janeiro em 1681, “é possível que esse prestígio contribuísse para que a extensão deste seu latifúndio se alargasse, sem problemas ao local onde se assenta atualmente a cidade de Traipu”. Certo é que em 17 de março de 1713, no Porto da Folha, na parte norte, ou seja, área que fica em Alagoas, o lugar foi conferido em sesmaria a João Dantas, a Manuel Braz Pedrosa e a Caetano Dantas Passos. Parece ser a concessão desta sesmaria o documento mais antigo disponível do lugar que passou a ser chamado Traipu por estar próximo à barra do rio do mesmo nome. E com essa denominação foi elevada à cidade pela Lei n° 14, de maio de 1892.

Cidade e rio numa só paisagem

Território indígena, sua ocupação obedeceu aos mesmos métodos empregados na região: guerra sem quartel riscando do mapa os chamados gentios, escravismo mal sucedido com os índios remanescentes e agrupamento dos mesmos em aldeias e colégios para catequese e criação extensiva de gado solto. Em 1844, o presidente da Província dizia num opúsculo (um dos primeiros documentos historiográficos produzidos em Alagoas) que “esta vila tem em semicírculo de si muitas fazendas de criar gado vacum, cavalar e das espécies menores; que belos requeijões, lingüiças e carne de sol não fornecem estes lugares às diferentes feiras que se fazem nas margens deste Rio São Francisco não só do lado desta Província, como do lado de Sergipe!” Os próprios frades, que exerceram muita influência na formação da cidade, exploravam a pecuária em suas fazendas, pois “a região dos currais” era a abastecedora da zona do açúcar, produto preferido pelo patriciado dos engenhos, no litoral. O Seminário de Olinda e Conventos eram mantidos com impostos e taxas provenientes da comercialização da carne. Sua cozinha era baseada nos peixes dos dois rios e também em muita carne, farinha e arroz, não faltando leite e queijo. Verduras, praticamente não produzidas, eram pouco consumidas. Frutas, só as nativas, como o caju.

Paróquia de Nossa Senhora do Ó

A mão habilidosa borda o pano reproduzindo ensinamentos do passado

PATRIMÔNIO - Ecológico: Rios São Francisco e Traipu; riachos Marcação, Rabelo, Lagoa Funda, Peteca e Bom Jardim; lagoas Várzea do Traipu, Sacão, Bom Jardim, Saco Grande, Funda Rabelo, Pé do Banco e Marcação; serras da Priaca, Mombaça, Santa Cruz e Patos. Histórico: A igreja-matriz, onde se destaca a imagem da padroeira Nossa Senhora do Ó. Causava muito orgulho aos seus habitantes o casarão onde se hospedou D. Pedro II quando de sua passagem para visitar a Cachoeira de Paulo Afonso. FIGURAS ILUSTRES - O nome mais lembrado é o do padre Francisco José Correia, que, embora natural de Penedo, foi o grande artífice junto ao Conselho Geral da Província para a criação da Vila e da freguesia de Nossa Senhora do Ó. Há muitos outros como José Leopoldino de Barros, músico de renome; Luis Rodrigues, advogado e juiz de Direito; dom Hermeto José Pinheiro, professor no Seminário de Olinda e bispo da Diocese de Uruguaiana; cônego Teotônio Ribeiro e Silva, poliglota e doutor pela Universidade Gregoriana de Roma; Agnelo Rodrigues de Melo, jornalista e poeta famoso que usava o pseudônimo de Judas Isgorogota; Luís Novais Tavares, chefe político; Luís de Medeiros Neto, orador destacado e professor universitário que foi sacerdote e deputado federal por quatro legislaturas; Rui Medeiros, advogado e jornalista de renome nacional; José Medeiros, seu irmão, médico, professor universitário, deputado estadual e secretário de Estado de Educação e Saúde; José Carlos Santa Rita, advogado, secretário de Administração de Alagoas; Benone Rodrigues, músico; Benito Freitas Melro, juiz de Direito; Maria Eulina dos Santos, política; Gonçalo Dória, médico, professor universitário e secretário de Saúde do Estado, e Eduardo Tavares Mendes, promotor público. 85

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Geografia São Sebastião

As riquezas da Serra Localizado na Mesorregião do Agreste Alagoano e na Microrregião Geográfica de Traipu, limita-se ao norte com o município de Girau do Ponciano e Jaramataia, ao sul com o Rio São Francisco e São Brás, ao leste com Girau do Ponciano, Campo Grande e Olho d’Água Grande, e ao oeste com Batalha e Belo Monte. Possui uma área de 698km² (IBGE, 2005) e se localiza distante 188km de Maceió, tendo como principais vias de acesso as rodovias BR-316, AL-110, AL115 e AL-487. Destacam-se no município as serras da Priaca (320 metros de altura), Mombaça (270 metros) e Santa Cruz (250 metros). O município é drenado pelas bacias dos rios Traipu, Cedro, Itiúba, Jacobina e Tibiri, todos afluentes da margem esquerda do São Francisco. A principal subbacia é a do Rio Traipu, que drena no município uma área de 538km², e possui regime temporário, destacando-se como

subafluente o Riacho Priaca. Ocorrem, ainda, uma série de lagoas como a Várzea do Traipu, Cabeceira, Jacobina, do Saco, Funda, Rabelo e Marcação. O clima do município é tropical quente e seco, variando de semi-árido a sub-úmido. As temperaturas são elevadas durante todo o ano, com mínimas de 20° C e máximas de 40° C. Segundo a classificação de Thornthwaite, o clima é megatérmico semi-árido, com deficiência hídrica no verão. O total de precipitação anual é em torno de 686mm. O município assenta-se predominantemente sobre os micaxistos e gnaisses da Unidade Porto da Folha, os granulitos do Grupo Girau, que formam o embasamento cristalino, e os quartzitos da Formação Santa Cruz, que dão lugar à Serra da Priaca e constituem uma importante reserva de água, principalmente por sua excelente qualidade, além de serem aproveitados como placas laminadas

Porto Real do Colégio

para revestimento. Ocorrem ainda o ferro, o amianto e a argila. O relevo do município faz parte do patamar colinoso do São Francisco. Apresenta-se com colinas dissecadas de fraca a média densidade de drenagem e a planície fluvial do Rio Traipu apresenta-se larga, com presença de terraços e várzeas. O núcleo urbano de Traipu desenvolveuse no entorno da planície fluvial do Rio Traipu, à margem do São Francisco. Segundo o CENSO 2000, a população era de 23.439 habitantes (11.820 homens e 11.619 mulheres). A população urbana era de 7.131 e a rural de 16.308 habitantes. A religião predominante é a católica com 22.628 adeptos, seguida de 436 evangélicos e de 375 que professam outras religiões. A população estimada (IBGE, 2005) é de 23.915 habitantes. O município apresenta 34,26 habitantes/km², com índice de urbanização de 49,53% e taxa de crescimento anual -0,67%.

Igreja Nova

Penedo

Rio São Francisco SERGIPE

Jaramataia

POPULAÇÃO POPULAÇÃO

Batalha Girau do Ponciano

35.000

30.000 Belo Monte

30.000

25.000

22.628

25.000

17.018

20.000

20.000 15.000

35.000

16.308 0,79% 11.619 11.820

10.000

15.000

7.131

5.000

375

0,74% 10.593 10.858

10.000

Rio São Francisco

436

19.381

5.000

Traipu

4.433 470

1.503

População estimada (IBGE, 2005) e % relativa ao Estado Mulheres (Censo 2000) Homens (Censo 2000) População urbana (Censo 2000)

População rural (Censo 2000) Religião católica (amostra, Censo 2000) Religiões evangélicas (amostra, Censo 2000) Outras religiões (amostra, Censo 2000)

Gráfico da população estimada em 2005 e do CENSO 2000, do município de Traipu.

86

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SERGIPE Olho d’Água Grande

São Brás

População estimada (IBGE, 2005) e % relativa ao Estado Mulheres (Censo 2000) Homens (Censo 2000) População urbana (Censo 2000)

População rural (Censo 2000) Religião católica (amostra, Censo 2000) Religiões evangélicas (amostra, Censo 2000) Outras religiões (amostra, Censo 2000)

Gráfico da população estimada em 2005 e do CENSO 2000, do município de Igreja Nova.

91


Economia

Geografia

Terra de lagoas e ilha fluvial Localizado na Mesorregião do Leste Alagoano e na Microrregião Geográfica de Penedo, limita-se ao norte com o município de São Sebastião, ao sul com o Rio São Francisco, ao leste com Penedo e ao oeste com Porto Real do Colégio. Possui uma área de 429km² (IBGE, 2005) e está distante 167km de Maceió, tendo como principais vias de acesso as rodovias BR-101, AL-225 e AL-110. O município também está inserido na Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (RBMA). As principais bacias hidrográficas que drenam o município são as do Rio São Francisco e seu afluente Rio Boacica, com uma área de drenagem de 250km², englobando as lagoas do Curral e Boacica, e o Rio Perucaba, com uma área de drenagem de 115km². A altitude varia de 100 metros na região das rochas cristalinas, ao norte do município, a 6 metros, na Ilha do Aurélio. O município apresenta médias térmicas nos meses mais frios em torno de 22° C e nos messes mais quentes em torno de 28° C, com precipitação variando de 990 a 1.090mm. Segundo a classificação de Thornthwaite, o clima é megatérmico subúmido seco com deficiência hídrica moderada no verão. O município assenta-se geologicamente sobre a Bacia Sedimentar de Alagoas, aflorando os clásticos das formações Batinga, Aracaré, Bananeiras, Serraria, Barra de Itiuba, Barreiras e os sedimentos fluviais da planície do Rio Boacica. A porção norte do município situa-se no domínio das rochas cristalinas que afloram como um domo (estrutura intrusiva do embasamento). A Formação Serraria constitui um aqüífero de bom potencial, abastecendo a Destilaria Marituba com água de excelente qualidade. O município apresenta como ocorrências minerais o cascalho, a areia e a argila refratária. O relevo distribui-se em três compartimentos, o Baixo Planalto Sedimentar, com seus interflúvios tabuliformes dissecados pelo Rio Boacica e seus afluentes na parte sul do 90

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Empresas e empregos formais (2006)

Queda no IDH

TRAIPU MACEIÓ ALAGOAS

A economia da Traipu está marcada tanto pelo grande número de pequenos estabelecimentos rurais como pelo binômio pecuária extensiva/culturas de subsistência, em que se destacam um grande plantel de bovinos e a pequena produção familiar: feijão e mandioca. É um sistema que apresenta uma limitada produção agrícola comercial, com a presença de pequenos excedentes comercializáveis de arroz, algodão e feijão. O município não tem nenhuma indústria relevante, com exceção do pequeno laticínio Santa Bárbara, que compra e empacota o produto para o Programa do Leite. O comércio da cidade é reduzido. Apesar de sua proximidade com o Rio São Francisco, a agricultura irrigada e a pesca artesanal não são atividades expressivas. O Índice de Desenvolvimento Humano de Traipu revela sua pobreza: em 1991 era o 83º colocado em Alagoas; uma década depois, caiu 18 posições e ficou como último colocado no ranking estadual.

Empresas Empregos PEA 8.905 21.160 112.384 345.732 42.702 246.414 1.133.000

PIB municipal (per capita) 2000 2001 1.827 2.235 TRAIPU 2.471 2.631 ALAGOAS 3.014 3.255 NORDESTE 6.473 6.954 BRASIL

2002 2.148 3.012 3.694 7.631

2003 1.685 3.505 4.306 8.694

Programas sociais (2006)

FAMÍLIAS NO MUNICÍPIO FAMÍLIAS POBRES Bolsa-Família Outros programas ATENDIDAS (%)

Famílias 5.271 3.819 3.560 1.350 93,2%

R$ (mês) 260.242,00 20.095,00 280.337,00

Perfil educacional do eleitorado (2006) Superior

2º grau

119

1º grau

(1%)

1.296 (8%)

Sem instrução

Igreja Nova: as construções se fundem com o verde da paisagem urbana

município; o Patamar Colinoso da margem do São Francisco na porção central, onde aparecem cristas e colinas; e no extremo norte, encontra-se a Depressão Sertaneja com relevo aplanado e formas residuais em cristas e inselbergs. Segundo o CENSO 2000, a população era de 21.451 habitantes (10.858 homens e 10.593 mulheres). A população urbana era

de 4.433 e a rural de 17.018 habitantes. A religião predominante é a católica com 19.381 adeptos, seguida de 470 evangélicos e de 1.503 que professam outras religiões. A população estimada (IBGE, 2005) é de 22.455 habitantes. O município apresenta 52,34 habitantes/km², com índice de urbanização de 49,53% e taxa de crescimento anual de 2,57%.

3.777

Situação dos domicílios (2006) Coleta de lixo

(23%)

11.248

(68%)

19,2

Esgoto 0,1 sanitário ㈵

Água

16,5 0

10

20

30

40

50

60

70

80

Os dados se referem às publicações mais recentes dessas instituições. Fonte: DATASUS - MEC/INEP - INCRA/MDA/FAO MDS - SEBRAE - TRE/AL - IBGE - STN - INSS

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História

Clima Área População Eleitorado

Economia

Quente sub-úmido 429km² (IBGE, 2005) 22.455 hab. (IBGE, 2005) 15.585 (TRE-AL, 2006)

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A colônia de pesca do Oitizeiro Sua fundação é atribuída a pescadores penedenses em busca de novas áreas de pesca. A piscosidade da Lagoa Boacica atraiu a atenção dos vizinhos. O lugar era inicialmente chamado Ponta das Pedras devido à grande quantidade desse mineral em seu solo. Depois ficou conhecido como Oitizeiro por causa de uma árvore que chamava a atenção por seu gigantismo. Foi elevada à condição de vila em 1892 com a denominação de Triunfo. O nome atual foi dado em 1907 devido ao templo novo edificado na povoação pelos paroquianos, em substituição à velha igreja existente. HISTÓRIA - Tomás Espíndola, em sua obra datada de 1871, faz menção à povoação que tinha na época cerca de 300 fogos (residências), algumas casas de comércio e uma cadeira de primeiras letras para o sexo masculino, destacando ainda o plantio de arroz em seus arredores. Outro cronista, duas décadas antes, chama-a de “fagueira povoação”, registrando a singeleza e a cordialidade de sua gente e “o fabrico do licor de cambuim de cujo fructo abundão as terras vizinhas”. Não há muitas informações substanciais sobre sua história. Está ligada, por sua proximidade, à história de Penedo. De lá saíram seus povoadores, quase todos unidos por parentesco de consangüinidade ou afinidade. No lugar onde havia um grande oitizeiro, existia uma pequena capela ou ermida sob o padroado de São João. Após um inverno rigoroso, as chuvas intensas arruinaram aquele templo e os moradores da povoação pesqueira construíram um maior em 1908, o que conseguiram com doações arrecadadas entre eles. Passaram a chamar Igreja Nova, abandonando o nome Oitizeiro. A povoação foi desmembrada de Penedo e teve seus limites fixados pela Resolução provincial n° 849, de 1880. Seus habitantes não conseguiram sucesso nas primeiras tentativas de elevar o povoado a vila em 1885 e 1889, o que só conseguiriam em 11 de setembro de 1890. GASTRONOMIA - Destacam-se as carnes de perdiz e tatu e, principalmente, os peixes piau, chira e traíra, além do camarão. FOLGUEDOS - Guerreiro, Pastoril e Quadrilha. PATRIMÔNIO - Ecológico: O Rio Boacica e o Rio São Francisco, que passa a 24 quilômetros da sede municipal; os 88

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riachos Taquara, Ipiranga, Limeira e da Cruz; as lagoas Boacica, Mocambo ou Caetano; o Açude de Jacaré; as serras Morro das Antas e Cova da Onça. Histórico: A ig rejamatriz de São João Batista.

PRINCIPAIS FIGURAS - Sergio de Oliveira Costa, líder do movimento para elevação do povoado à vila e depois a município (foi seu primeiro intendente); Manoel Santos Filho, político; Francisco Pinheiro Tavares, advogado; Hidelbrando Falcão, fiscal de consumo e político.

Empresas e empregos formais (2006)

Boacica estimula agricultura familiar

Empresas Empregos PEA 2.758 6.735 IGREJA NOVA 119 21.160 112.384 345.732 MACEIÓ 42.702 246.414 1.133.000 ALAGOAS

Igreja Nova é um município de base agropecuária, localizado às margens do Rio São Francisco. A cana-de-açúcar é a principal cultura, mas a produção de arroz continua expressiva, apesar do declínio da cultura pela redução do volume obtido nos anos 90 devido aos baixos preços e à má qualidade do grão produzido. Esse declínio explica o fechamento da Unidade de Beneficiamento do Arroz. Sua agricultura é complementada por banana, coco, laranja, mandioca e manga. As tradicionais culturas de subsistência feijão e milho vêm caindo de volume. A pecuária extensiva está presente com seu plantel bovino. A maior unidade industrial é a Usina e Destilaria Marituba, do Grupo Carlos Lyra, fundada em 1982, que, na safra 2005/2006, esmagou 730 mil toneladas de cana e produziu 1,3 milhão de sacos de açúcar e 20 milhões de litros de álcool. O potencial de Igreja Nova está direcionado para o aproveitamento industrial de sua produção agrícola e pesqueira. O grande número de pequenos agricultores e o apoio institucional da Codevasf e do BNB têm permitido a ampliação do acesso ao crédito rural (Pronaf). A Codevasf está presente no município por meio do perímetro de Boacica, que fica entre Igreja Nova e Penedo, numa área de 2.100 hectares, e conta com 770 famílias de agricultores. O perímetro, iniciado em 1984, ainda continua em construção, e surgiu como forma de reordenamento agrário. Graças a ele, 1.300 famílias podem ter acesso à terra, ao crédito rural e à assistência técnica, diversificando a produção e promovendo mudanças na monótona paisagem agrícola da região (coqueiro, pasto e cana-de-açúcar), com a introdução e a ampliação de novas culturas comerciais, além da exploração da piscicultura. No entanto, devido aos problemas acumulados ao longo de duas décadas, 90% dos agricultores dos perímetros estão inadimplentes com entidades financeiras, não possuem assistência técnica e mantêm uma relação precária com o mercado, revelando um frágil indicador de associativismo. Por isso, mais da metade deles dependem de ajuda federal (BolsaFamília) e do INSS para sobreviver.

PIB municipal (per capita) 2000 2001 IGREJA NOVA 1.975 2.098 2.471 2.631 ALAGOAS 3.014 3.255 NORDESTE 6.473 6.954 BRASIL

2002 2.777 3.012 3.694 7.631

2003 2.084 3.505 4.306 8.694

Programas sociais (2006)

FAMÍLIAS NO MUNICÍPIO FAMÍLIAS POBRES Bolsa-Família Outros programas ATENDIDAS (%)

R$ (mês)

Famílias 5.085 3.427 3.103 515 90,5%

198.804,00 7.350,00 206.154,00

Finanças municipais/previdência (2003)

R$ (2003) 8.521.949,59 708.809,62 4.416.480,83

Previdência Receita Tributária FPM

Perfil educacional do eleitorado (2006) 2º grau

Superior

187

878

(1%)

(6%)

Sem instrução

Situação dos domicílios (2006) Coleta de lixo

5.170

19,1

(33%)

9.350

(60%)

Esgoto 0,3 sanitário

0 Igreja-matriz de São João Batista, um dos referenciais da cidade

1º grau

48,1

Água 10

20

30

40

50

60

70

80

㈵ Fonte: DATASUS - MEC/INEP - INCRA/MDA/FAO MDS - SEBRAE - TRE/AL - IBGE - STN - INSS Os dados se referem às publicações mais recentes dessas instituições.

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Barra de Santo Antônio

Microrregião

Maceió II

Paripueira Rio Largo

Maceió Satuba Santa Luzia do Norte Coqueiro Seco

Pilar

Marechal Deodoro

Barra de São Miguel

Rua Sá e Albuquerque - Jaraguá

P A T R O C Í N I O

História

Economia

Geografia

M

aceió é o centro econômico de Alagoas. Com suas indústrias, pontos comerciais e, principalmente, sua rede de serviços, a cidade destaca-se na economia regional, gerando mais da metade da riqueza estadual. A capital alagoana comanda, a partir da Região Metropolitana, um mercado com mais de três milhões de consumidores. A Capital cresce velozmente, mas com um aspecto problemático: as áreas mais pobres da cidade crescem ainda mais rápido que os bairros mais ricos ou de renda média. Com seu patrimônio e suas dificuldades, Maceió, no século XXI, tende a modernizar-se, combinando a intervenção pública na área social com o crescimento da área comercial, que se expande para todos os bairros, e um setor de serviços que fica cada vez mais complexo, desenvolvendo assim sua vocação econômica, que é a de se fortalecer como um pólo dinâmico no setor terciário nordestino.

M

Microrregião Geográfica de Maceió foi dividida em dois fascículos. O primeiro reuniu os municípios de Marechal Deodoro, Barra de Santo Antônio, Coqueiro Seco, Paripueira, Pilar, Rio Largo, Santa Luzia do Norte e Satuba. O município de Maceió, que se localiza no centro da microrregião, e por ser a capital do Estado, centro administrativo, econômico, populacional e cultural será descrito de forma mais ampla neste último fascículo da Enciclopédia Municípios de Alagoas. Geologicamente, o município assenta-se preferencialmente sobre a Bacia Sedimentar de Alagoas e, em menor proporção, sobre as rochas do embasamento do Maciço Pernambuco-Alagoas. O relevo é ondulado no extremo norte do município sobre rochas cristalinas.

aceió, a capital de Alagoas, não é só o seu centro administrativo e de governo, não é só o seu incontestável metacentro político e cultural, nem o hegemônico pólo econômico estadual. É muito mais que isso. É o lugar onde a História de Alagoas encontra seu movimento mais frenético e dinâmico. Foi nas suas ruas e praças que ocorreram as transformações mais importantes da sociedade caeté, onde a vida social da província emergiu e o mundo urbano tardiamente apareceu com sua inquietude cosmopolita fazendo contraponto ao seu universo rural e senhorial. De Bebedouro a Fernão Velho, do Tabuleiro a Ipioca, de Jaraguá ao Vergel, do Clima Bom à Grota do Cigano. De suas incontáveis favelas ao seu antigo núcleo comercial, que nem os shoppings nem a expansão imobiliária na Ponta Verde e Jatiúca conseguiram acabar, existe uma cidade cheia de histórias e mistérios.

A

361

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O Mapa do Caminho A

o chegarmos ao final desta Enciclopédia Municípios de Alagoas cabe uma reflexão, prezado leitor. Durante 12 semanas percorremos, uma a uma, cada unidade administrativa, das 102 existentes. E com isso, formamos um painel do que a História, a Cultura, a Geografia e a Economia, em síntese, a experiência comum de nossa gente convencionou chamar de Alagoas. O sentimento de pertencer é fundamental ao ser humano. É a força gravitacional que nos dá a identidade, sem a qual ficaríamos à deriva nessa imensa constelação de grupamentos humanos que são os povos. Eis, portanto, a primeira qualidade desta Enciclopédia: a possibilidade de construir um conjunto (Alagoas) através de cujas características (virtudes e defeitos), ao olhá-lo, possamos dizer: eu sou a imagem dele; ele é a minha imagem. A esse sentido de destino comum, chamamos pertencer. É fato que amamos mais aquilo que conhecemos. Quem se der ao prazer de percorrer as páginas de Municípios de Alagoas confirmará esse axioma. Essa viagem pelo túnel do tempo levará cada um de seus passageiros ao cerne dos núcleos populacionais que deram origem aos atuais municípios. Uma aventura de cinco séculos protagonizada por nossos antepassados. A Geografia nos dará a anatomia da terra, assim como a História nos deu a de sua gente. A descrição do relevo, acidentes geográficos, sistema hídrico, clima e vegetação nos situará no cenário com o qual o Alagoano interagiu no curso do tempo a fim de construir sua Civilização. Do litoral de águas tépidas à Zona

Rua do Comércio - Maceió - 1954 362

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da Mata; daí, ao Agreste, área de transição, e, finalmente, o Sertão, áspero e cáustico. A Economia mostrará os caminhos percorridos pelo Alagoano na construção da riqueza. O esforço para submeter a natureza aos seus desígnios, impondo-lhe a racionalidade na luta pelo pão da vida. A pesca no litoral; a onipresente cana-de-açúcar na Zona da Mata; o fumo no Agreste; o gado e as culturas de subsistência no Sertão. O leitor verá que, à semelhança das pessoas, as sociedades também nascem e crescem. E aí, emergirá a Alagoas atual, nascida desse passado em que realidade e fantasia se confundem. Verá que, na vida, indivíduos e povos pagam um inexorável tributo ao passado. Assistirá como se formatou pelas mãos do Estado português o modelo de sociedade excludente atual. Assim também, o esmagamento da lúdica cultura indígena, o que nos privou da riqueza metafórica e melódica de uma língua ainda hoje registrada em nomes como Pajuçara, Jaciobá e Japaratinga. Poderá, enfim, fazer uma leitura mais precisa da Alagoas contemporânea através dos indicadores sociais de Educação e Saúde, especialmente. Verá como carregamos, em pleno Século XXI, a chaga do analfabetismo. Mas, se olhar os caminhos do futuro, verá que novas alternativas econômicas estão sendo criadas aqui e ali, principalmente em Maceió. Que fatores exógenos como a globalização e a comunicação, modernizam com rapidez a sociedade, criando novas oportunidades. Finalmente, unindo o conhecimento do passado ao presente, poderá vislumbrar com mais precisão o porvir.

Stefani Brito Lins - Coordenador Editorial, Jornalista, Professor do Departamento de Comunicação da Ufal, com Curso de Doutorado em Ciências da Informação pela Universidade Antônoma de Barcelona - Espanha

419


O bairro do Farol, que deve seu nome ao farol outrora alí implantado, foi ocupado, a princípio, pelas populações de classe média e alta. Estendia-se ao longo da linha de bonde que unia o centro à sua parte alta. Encontram-se neste bairro alguns colégios tradicionais, faculdades particulares, cinemas, shoppings centers, os principais hospitais do Estado, bem como o Quartel do 59º Batalhão de Infantaria Motorizada e, ainda, um grande Complexo Educacional, o Centro de Estudos Antônio Gomes de Barros (CEAGB). Hoje, o principal eixo de acesso ao bairro, a Avenida Fernandes Lima, tem suas antigas residências substituídas por estabelecimentos comerciais, instituições públicas e privadas e escritórios, constituindo um verdadeiro corredor de serviços. Segundo maior bairro em população absoluta, o Tabuleiro do Martins teve seu crescimento ligado à implantação do Distrito Industrial Governador Luiz Cavalcante, na década de 60, e posteriormente, com a localização do Campus Universitário A.C. Simões, no início dos anos 70. Com a criação da Companhia de Habitação Popular de Alagoas (COHABAL), em 1965, teve início a construção de habitações para a população de menor poder aquisitivo. A partir daí, surgiram os conjuntos residenciais na parte alta da cidade, como o Salvador Lyra, Dubeaux Leão, José Maria de Melo, Henrique Equelman, Graciliano Ramos, Village Campestre, Colina dos Eucaliptos, Osman Loureiro, Eustáquio Gomes de Melo, Inocoop, Cidade Universitária, Carajás e o Parque Residencial Benedito Bentes (alguns, inclusive, atualmente são bairros). Na planície costeira, foram construídos os residenciais Jardim Beira-Mar e Presidente Castelo Branco. Os bairros da Pajuçara, Ponta Verde, Jatiúca, Cruz das Almas e Mangabeiras são mais novos, com exceção da Pajuçara, que sempre representou a área de veraneio para 418

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cidade

os habitantes de outros bairros da cidade e evoluiu a partir dessas segundas residências. Caracterizam-se por um crescimento vertical, onde o solo é mais valorizado, notadamente na orla marítima e suas proximidades. Estão aí localizados os grandes hotéis, o que demonstra a atual função econômica da cidade, o turismo. No bairro de Mangabeiras localiza-se o Shopping Center Iguatemi, o de maior porte da cidade. Jacintinho é o terceiro maior bairro em densidade demográfica e caracteriza-se pela profusão de pequenas ruas e pelo comércio adaptado às necessidades de seus usuários, possuindo ainda agências bancárias. As ruas são estreitas e com trânsito caótico e são comuns as vielas. Barro Duro e Serraria são bairros similares, que tiveram seu crescimento impulsionado no final da década de 70, com

a abertura da Avenida Menino Marcelo (Rodovia BR-316, Via Expressa) e com o prolongamento da Avenida Rotary e da estrada da Gruta de Lourdes, que liga os interflúvios das bacias dos rios Reginaldo e Jacarecica. Nos últimos 20 anos, com a ocupação das encostas, dos vales que cortam o planalto e das áreas alagadiças à margem da laguna por aglomerados subnormais (favelas), vários outros conjuntos têm sido construídos com o objetivo de retirar a população dessas áreas de risco, surgindo assim, conjuntos residenciais como o Freitas Neto, Cleto Marques Luz, Rosane Collor e outros, que tentam minimizar o déficit habitacional do município. Como a maior cidade do Estado, Maceió acumula as funções de centro político-administrativo-econômicofinanceiro-industrial e cultural de Alagoas. Por sua posição geográfica privilegiada, entre dois ecossistemas aquáticos (o oceano e a laguna), Maceió tornou-se também um pólo turístico nacional. Pode-se dizer que a cidade de Maceió é também fruto da realização humana. Esta realização foi sendo moldada ao longo de um processo histórico num sítio natural de rara beleza e que ganhou materialização diferenciada em função de determinantes geográficos e históricos.

Maceió é uma corruptela do tupi “maça-y-ok”, que significa “o que tapa o alagadiço”, em função de sua área inicial ser uma grande restinga habitada pelos índios. Até as primeiras décadas do século XIX falava-se Maçaió. Substituiu, em 1839, Alagoas do Sul, atual Marechal Deodoro, como capital da província. O excelente porto natural sempre foi o seu diferencial. Os nativos já utilizavam a enseada de Jaraguá, antes da chegada dos portugueses, para comerciar com os franceses, que trocavam suas mercadorias pelo valioso pau-brasil, extraído de sua Mata Atlântica.

Uma

origem esquecida História

alta

Os bairros da

Clima Quente sub-úmido Área 513,55km² (IBGE, 2005) População 903.463 hab. (IBGE, 2005) Eleitorado 455.370 (TRE-AL, 2006)

Avenida Fernandes Lima, eixo rodoviário que interliga os bairros do Farol e do Tabuleiro do Martins

N

asceu espúria a cidade, no páteo de um engenho colonial, sem a ascendência conhecida e assentamento autorizado nas crônicas do período histórico da luta pelo domínio do gentio e conquista da terra”. A poética e deter minante introdução do historiador Craveiro Costa sobre a origem do povoado em sua admirável obra “Maceió” pode ser questionada. Por outro lado, traz ela também em suas páginas a marca do esquecimento das nossas raízes indígenas. Nenhuma palavra sobre elas. Desde o fundo dos tempos sempre houve alguém antes de nós, alguém a quem esquecemos ou desprezamos, alguém a quem marginalizamos, alguém com que lutamos e com quem antes e depois nos defrontamos. O maceioense é eminentemente mestiço, mas a preeminência européia de portugueses e outros brancos não conseguiu abafar nossas origens indígenas e negras. Persistentes, elas se revelam fora do

palco principal, como grandes atores que não estão diretamente atuando sob as luzes dos refletores, mas que estão na retaguarda oferecendo apoio e lições, sem o que a peça não se desenvolveria com sucesso. Pajuçara, Pratagy, Jacarecica, Ypioca, Jacutinga, Guaxuma, Sauaçuí, Jatiúca, Manguaba, Mundaú, Massagueira, Cambona, Gulandim, Guaxinim. É tão forte a presença indígena na toponímia e na etimologia local e, no entanto, nós nem associamos esses nomes à herança de nossos antepassados em muitos hábitos e atividades. O próprio nome da cidade, como já foi dito antes, vem da restinga onde nossos avós caetés viviam antes da chegada dos conquistadores portugueses, dedicados à caça, à colheita de frutos silvestres e, principalmente, à pesca nas suas piscosas lagoas e no mar que lhe cerca e embeleza.

Douglas Apratto Tenório Coordenador de História - Doutor em História pela Universidade Federal de Pernambuco

363


Na pré-história,

Porto da Levada, que serviu ao comércio desde os primórdios da cidade

sambaquis e sambaquieiros

É importante salientar as características do complexo lagunar comunicado com o Atlântico, que representa um ecossistema rico em recursos naturais de flora e fauna e que foi, desde a pré-história até os dias atuais, uma região de atrativos para as populações. Antes mesmo da chegada dos avós caetés, nossos bisavós préhistóricos já haviam percebido isso há mais de dois mil anos. Os desconhecidos senhores do território maceioense começaram a fazer montes nos quais deixaram registrada a sua passagem por aqui há muito tempo atrás. São conhecidos pelos arqueólogos como sambaquieiros, ou construtores de sambaquis. Palavra que vem de samba (mariscos) e ki (amontoados) na língua tupi. Na verdade, eles já eram um mistério para

os índios que os sucederam na posse da terra. Quando a primeira leva de portugueses aqui chegou, já haviam desaparecido há mais de mil anos. Sabe-se quase nada daqueles nossos bisavós que um dia ergueram montes na forma de cuscuz, feitos de conchas de ostras, sururus, maçunins, outros mariscos e restos de animais, utensílios e mesmo de sepultamento dos seus integrantes. Viviam à beira-mar, não tinham estresse e se instalavam nas margens das lagoas e nas matas da encosta, o que lhes garantia comida o dia inteiro. Há registro de sambaquis em Maceió, hoje desaparecidos completamente com a ocupação feita do território. Em escavações realizadas no antigo prédio de nº 55 da Rua do Comércio, foram encontrados restos de animais pré-

históricos, segundo relatório apresentado em 1882 pelo secretário perpétuo do Instituto Histórico, Dias Cabral. Os índios que vieram se estabelecer aqui o fizeram pela natureza generosa e foram insuperáveis observadores de seu meio ambiente. Ocas e tabas se multiplicavam. Antes da crueldade dos colonizadores, após a morte de Dom Pedro Fernandes Sardinha, tiveram relações comerciais com os franceses, interessados na preciosa madeira vermelha do pau-brasil.

364

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A cidade

bairro a bairro Numa análise atual dos diversos bairros de Maceió, pode-se observar o seguinte: o bairro do Centro é o seu centro histórico e se caracteriza pela localização do comércio de varejo. É também o centro financeiro e de serviços administrativos, contando ainda com um pequeno número de residências. Nas suas imediações, encontra-se o bairro de Jaraguá, que cresceu em função da localização do porto, na enseada do mesmo nome. Este porto, o segundo maior do país em exportação de açúcar, é dotado de modernas instalações. O bairro encontra-se, atualmente, em fase de recuperação. Os antigos armazéns estão sendo restaurados para outras funções, dentro de um projeto mais amplo de revitalização de áreas históricas da cidade. O bairro de Bebedouro, o mais antigo bairro residencial da cidade, data do início do século XX e desenvolveu-se seguindo a linha férrea que ligava Maceió à cidade de Recife e ao interior do Estado. Localiza-se à margem esquerda da Laguna Mundaú, entre esta e a encosta do baixo planalto, antiga rota dos animais que transportavam açúcar dos engenhos ao porto. O local constituía um bebedouro natural, daí seu nome. Com uma arquitetura característica do início do século, apresenta grandes residências de antigos “senhores de engenho”, hoje, transformadas em clínicas de repouso e repartições públicas. Neste bairro está localizado o Parque Municipal. Em sua área residencial apresenta uma organização social semelhante às comunidades interioranas. Bebedouro encontrase ligado ao centro da cidade pelos bairros do Mutange e Bom Parto, de forma linear e com as A rápida expansão urbana de Maceió criou novos bairros, impulsionou o crescimento de outros e provocou a estagnação de áreas tradicionais

416

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mesmas características. Por outro lado, os bairros de Ponta Grossa e Vergel do Lago caracterizam-se por residências de classe média e baixa. Abrigavam, inicialmente, pessoas que vinham para Maceió trabalhar e/ou estudar. Hoje, estão invadidos pelo comércio, num processo de substituição de funções do uso do solo. O Vergel, nos seus primórdios, serviu como porto de hidroaviões e foi base de apoio ao Exército americano durante a Segunda Guerra Mundial. As ruínas dos alojamentos dos soldados eram encontradas no bairro até pouco tempo e foram transformadas em abrigo para a população de baixa renda. O Trapiche da Barra, predominantemente residencial, originou-se num pequeno porto de embarcações que ligava Maceió, através dos canais das Lagunas Mundaú e Manguaba, aos municípios do interior. O bairro, que no início abrigava a população de classe média a alta, sofreu o impacto da instalação de uma indústria química de grande porte, provocando a desvalorização do solo e causando prejuízo à sua função residencial. Há uma total incompatibilidade de funções, pois alí se localizam o Estádio de Futebol da Federação Alagoana de Promoções Esportivas (FAPE), o Ginásio de Esportes Presidente Fernando Collor de Mello e o Pavilhão Multieventos do SESI, o único Pronto Socorro da cidade, a Escola de Medicina do Estado, o Hospital de Doenças Tropicais, o Quartel da Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros. Localizado entre o Trapiche e o Centro, o bairro do Prado tem como uma de suas características a localização dos dois mais tradicionais cemitérios da cidade, aquele que atende à população pobre e o das famílias tradicionais. Deve sua origem à presença do Parque de Exposições de Animais, onde são realizados festejos ligados à pecuária.

O

olhar

tardio

dos colonizadores Como uma jóia rara e bela que se guarda bem escondida para não atrair olhares cobiçosos, Maceió só foi percebida pelos colonizadores algum tempo depois de sua chegada. Os núcleos formadores iniciais da sociedade alagoana - Porto Calvo, Santa Maria Madalena da Lagoa do Sul e Penedo - já se encontravam em plena expansão e nenhuma referência dos documentos da época se fazia à restinga tão querida dos caetés. Nada na primeira incursão exploradora de Vespúcio, em 1501, quando ele passou perto, descobrindo os rios São Miguel e o São Francisco. Nada no Tratado Descritivo do Brasil, em 1587, com roteiro da costa brasílica, de Gabriel Soares e Sousa, nem nas descrições de Joannes de Laet, cronista da Companhia das Índias Ocidentais, que indicam minuciosamente os portos favoráveis e os povoados que surgiram “dentre a esperança radiosa dos canaviais” e não cita o ancoradouro de Jaraguá. Câmara Cascudo, notável pesquisador contemporâneo, examinando o documento holandês “Itinerário desde a cidade Maurícia até o Forte Maurício (Penedo) junto ao São Francisco”, admirável pelas informações da região nele contidas, notando a omissão à cidade que admirava como a sua Natal, exclamou desolado “nem sinal onde surgiria a linda Maceió”. Mas os relatos dos religiosos, com presença cada vez mais freqüente e numerosa na terra alagoana, de alguns viajantes perdidos, navegadores e também colonos, vão tirar da região o véu do esquecimento. Os holandeses, nas cartas geográficas de Maregrafe e de Gaspar Barléus, mencionam já as pontas de Ioçara e Jaraguá, os rios e lagos e o canal do Pontal da Barra, mas calam a respeito de seus habitantes. Os franceses devem ter ficado profundamente agradecidos, pois continuaram o lucrativo comércio da ibirapitanga da cor de fogo com os índios, até que os soberanos portugueses decidiram fechar a porta aos negócios feitos à revelia da Coroa. Uma nova página era aberta e os primeiros sesmeiros e colonizadores chegavam.

O Salgadinho (primitivo Maça-y-ok), riacho referencial da civilização maceioense

Maça-y-ok

O

deu nome à cidade

A

lém da jangada, embarcação típica da região, também está presente nos símbolos de Maceió a representação do mar, da lagoa e da restinga, esta última para lembrar o riacho que deu nome à cidade, seguindo a tradição de nossos antepassados indígenas, uma feliz valorização da sua geografia. Absolutamente correto. Talvez os homens públicos e a geração atual se conhecessem nossa origem devotassem uma maior atenção àquele riacho, infelizmente poluído e desprezado. Até as primeiras décadas do século passado, um rio de águas cristalinas, onde se pescava peixes com abundância e onde embarcações de pequeno porte transportavam pessoas de uma margem a outra. Banhava parte da cidade. Nasce no Tabuleiro do Martins, formado por dois braços, os córregos Pitanga e Pau d´Arco. Serpenteia depois pelo vale, denominado em antigos documentos como Rego da Pitanga, e vem desaguar no mar após um curso de aproximadamente 10 quilômetros. Ao sair do vale, nas imediações do atual bairro do Poço, ele não seguia direto para o oceano, como acontece hoje, mas inclinava-se para a direita, indo desaguar no trecho entre o Clube Fênix Alagoana e a Faculdade de Medicina. Foi este último trecho que impressionou os índios, seus primeiros habitantes, que o denominaram Maça-y-ok, “o que tapa ou represa o alagadiço”. Alagadiço que se estendia do Poço até sua foz. Uma feliz descrição da topografia da cidade que iria se formar.

O Salgadinho atual ainda mostra sua beleza; o curso d’água que deu nome à cidade tornou-se o maior símbolo da degradação ambiental de Maceió

365


diário

O registro no

No longínquo ano de 1640, por ocasião da invasão holandesa, uma tropa de reconhecimento dos flamengos percorreu a costa alagoana desde Porto de Pedras, fazendo anotações que servissem para operações de guerra. Atravessaram de canoa os rios Santo Antonio Mirim e Pratagy e seguiram a marcha pelo caminho do Poço e Mangabeiras até o Carrapato, hoje Jatiúca. Descobriram com a ajuda dos batedores uma linda enseada de águas cor de turquesa. “Aqui é Ioçara. Ali é Jaraguá”, diz um batedor índio no diário batavo. Com a maré cheia, fizeram uma hora de marcha da Ponta Verde a Jaraguá; do contrário o fariam em meia hora pela areia dura da praia. Seria um armazém onde antes se fazia o embarque do pau-brasil. Ou seria a famosa casa de telhas de Manuel Antônio Duro, de telha e tijolo? Maça-y-ok era o nome da restinga dado pelos índios. Maça-y-ok era o nome do riacho cristalino, hoje tão poluído pela insânia dos homens. Massayó foi também o nome do engenho de açúcar do qual se originou a cidade. Antes disso, porém, no período anterior à invasão holandesa, lá pelos idos de 1609, havia em Pajuçara, perto da enseada das canoas, onde os caetés pescavam e vendiam a ibirapitanga aos franceses, uma casa de telhas pertencente a Manuel Antônio Duro, a quem Diogo Soares, Alcaide-mór de Santa Maria Madalena doara uma sesmaria. Escritura pública de 1611 afirma já existir dois anos antes essa casa, falando aquele documento num outro homem que se estabelecera ali legalmente e que o sesmeiro era obrigado a respeitar, caso a demarcação que ia ali se realizar lhe alcançasse os limites do sítio em questão. Sabe-se, pelas mesmas informações, que a sesmaria de Manuel Antonio Duro foi transferida a seguir para o capitão Apolinário Fernandes Padilha, antigo proprietário de terras em Maceió, que substituiu o primeiro sesmeiro na posse. 366

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holandês Divisão da área urbana

Detalhe do Atlas Miller de Lopo Homem dos Reis, de 1519, século XVI, da Biblioteca Nacional da França, revelando a grande exatidão com que os levantamentos da costa brasileira eram feitos

Após a expulsão dos holandeses e da sangrenta guerra que assolou o território alagoano, pois éramos parte do território pernambucano, teatro da invasão batava, a coroa portuguesa decidiu prevenir-se de novas investidas estrangeiras, providenciando em alguns pontos de sua colônia, algumas fortificações militares. Em 1673, o rei D.

Pedro II, de Portugal - não confundir com o imperador brasileiro do século XIX ordenou ao Visconde de Barbacena a fortificação do porto de Jaraguá para coibir pela força o contrabando do pau-brasil, tão valorizado na Europa e que era feito com a ajuda dos índios. Os recursos não vieram, e a obra foi adiada.

BAIRROS

POPULAÇÃO TOTAL

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50

Antares Barro Duro Bebedouro Benedito Bentes Bom Parto Canaã Centro Chã da Jaqueira Chã de Bebedouro Cidade Universitária Clima Bom Cruz das Almas Farol Feitosa Fernão Velho Garça Torta Gruta de Lourdes Guaxuma Ipioca Jacarecica Jacintinho Jaraguá Jardim Petrópolis Jatiúca Levada Mangabeiras Mutange Ouro Preto Pajuçara Pescaria Petrópolis Pinheiro Pitanguinha Poço Ponta da Terra Ponta Grossa Ponta Verde Pontal da Barra Prado Riacho Doce Rio Novo Santa Amélia Santa Lúcia Santo Amaro Santos Dumont São Jorge Serraria Tabuleiro do Martins Trapiche da Barra Vergel do Lago

9.193 10.597 10.523 67.964 13.549 4.187 3.710 16.843 11.469 52.269 47.858 9.250 17.343 25.386 5.655 1.889 13.687 2.223 5.944 5.093 77.849 4.219 3.969 33.758 10.582 3.952 2.528 4.066 3.229 2.115 15.765 19.667 5.053 20.195 9.132 24.186 16.361 2.331 17.925 2.917 5.743 8.236 18.844 1.846 13.792 4.309 16.170 55.818 24.257 32.307

ÁREA Km² DENSIDADE DEMOGRÁFICA HAB/Km² 6,05 2,40 2,25 24,62 0,55 0,60 1,60 1,30 0,71 20,40 4,70 2,24 3,00 2,60 2,66 2,00 3,20 5,00 20,05 3,23 3,70 1,35 2,70 2,90 0,87 0,81 0,54 0,53 0,66 4,00 4,70 2,00 1,01 2,00 0,42 1,30 1,40 3,00 1,50 10,04 3,00 2,35 4,02 0,26 7,10 2,24 7,55 8,57 1,80 1,40

1.519,50 4.415,42 4.676,90 2.760,52 24.634,54 6.978,33 2.318,75 12.956,15 16.156,52 2.562,20 10.182,55 4.130,00 5.781,00 9.763,85 2.126,00 944,50 4.277,20 444,60 296,46 1.576,80 21.040,30 3.125,20 1.470,00 11.640,70 12.163,22 4.880,00 4.681,50 7.672,00 4.893,00 528,75 3.324,26 9.833,50 5.003,00 10.097,50 21.742,86 18.604,62 11.686,43 777,00 11.950,00 290,54 1.914,34 3.505,00 4.687,57 7.100,00 1.942,54 1.923,67 2.141,72 6.513,20 13.476,11 23.076,43

A parte alta da cidade se debruça sobre as planícies costeira e lagunar

A atual divisão da área urbana de Maceió em

50 bairros

foi realizada pelo Instituto ㄰

de Planejamento e

Ações Regionais

(IMPAR, 2000) da Prefeitura Municipal de

Maceió, com apoio do

IBGE.

415


Um município em

NÚMEROS

Pintura antiga retrata núcleo original de Maceió, local onde hoje se situa a Catedral Metropolitana, com casario, na ladeira para o Farol 35º45’

35º58’

9º30’

Segundo os dados do CENSO 2000, a

população de Maceió era de 797.759

povoadoinicial

O

habitantes (376.572 homens e 421.187 mulheres), sendo a população urbana de 795.804 pessoas e a rural formada por 1.955 habitantes, com uma densidade demográfica urbana de 1.553,42 habitantes/km², índice de urbanização NT ICO

de 99,75% e taxa de crescimento anual de católica, com 576.130 adeptos, havendo

ATL Â

2,46%. A religião predominante é a ainda 121.627 evangélicos e 100.002

OCE AN O

Laguna Mundaú

pessoas professando outras religiões. A população estimada (IBGE, 2005) é de 903.463 habitantes, apresentando uma

Ilha IlhaLisboa Lisboa

densidade demográfica para o município de

N

1.759,25 habitantes/km².

LEGENDA 1890 Melo Póvoas (IHG)

1940 Fotografia (GEM) 1970 IBGE

Ilha de Santa Rita

POPULAÇÃO

1Km

0

1Km

9º 46’

Fonte: Oliveira (1993)

1.000.000 900.000 795.804

800.000 700.000

29,96%

576.130

600.000 500.000

421.187

400.000

376.572

300.000 200.000

121.627

100.000 0 População estimada (IBGE, 2005) e % relativa ao Estado Mulheres (Censo 2000)

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100.002

1.955 Homens (Censo 2000) População urbana (Censo 2000) População rural (Censo 2000)

Gráfico da população estimada em 2005 e do CENSO 2000, do município de Maceió.

414

1990 SMDU/FERGON

Religião católica (amostra, Censo 2000) Religiões evangélicas (amostra, Censo 2000) Outras religiões (amostra, Censo 2000)

Foi exatamente após o fim do domínio flamengo que teve início o primeiro núcleo de colonização de Maceió, através da construção do engenho de açúcar que tomou emprestado o nome indígena dado ao território da restinga, no local onde hoje está situada a praça Dom Pedro II. Certamente algum sesmeiro de Santa Luzia do Norte resolveu procurar novas terras para expandir sua produção, fundando um engenho de açúcar e, nas proximidades do Riacho Maça-y-ok, construiu o pequeno conjunto industrial canavieiro. Há quem questione a existência do engenho, mas a tradição e as referências são maiores que meras suposições. Até meados do século XVIII, Maceió seria uma modesta povoação em torno daquele bangüê, célula-mãe da nossa capital. Havia ali uma pequena capela dedicada a Nossa Senhora dos Prazeres, anteriormente sob a proteção de São Gonçalo do Amarante, santo de devoção do primeiro proprietário. O historiador Moacir Medeiros de Santana, ao encontrar em 1972 um documento nos arquivos do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas (IHGA), trouxe inestimável contribuição para o esclarecimento das origens e formação da capital alagoana. Tratava-se do testamento ditado pelo capitão de Ordenanças, Apolinário Fernandes Padilha, “nesse Massayó, Capella de Nossa Senhora dos Prazeres e São Gonçalo, aos quinze dias do mês de setembro de ano de mil setecentos e vinte e quatro”. Testamento esclarecedor O testamento esclarece que o engenho havia moído apenas por dois anos, por ter sido edificado em terreno impróprio para o

cultivo da cana. Naquela data, já estava de fogo morto, desativado, e, por via de conseqüência, não teria sido o fator determinante, do ponto de vista econômico, para a formação e consolidação do povoado. Moacir Santana ainda defende que o capitão Padilha, ao construir o engenho, por volta de 1708, já encontrara sob o orago de Nossa Senhora dos Prazeres a povoação de Maceió, antigo reduto de remanescentes indígenas e pescadores e ainda um modesto entreposto de venda e embarque de mercadorias, após o fim do ciclo de extração do pau-brasil, tendo sido a situação privilegiada do porto de Jaraguá a principal causa da origem do povoado. Entendemos que as duas correntes não encontram abismos intransponíveis a separá-las, pois mesmo com vida curta, está comprovada a existência do bangüê com a descoberta da boca de fornalha, quando eram escavados os alicerces do prédio onde funciona a Assembléia Legislativa, em 1851. No final do século XVIII e começo do século XIX, Maceió era um pequeno burgo sem a importância de Penedo e de Alagoas do Sul, mas com sua formação consolidada e com potencial para expandir-se. Era um conjunto de ruelas e habitações simples, com a mata quase à beira do casario, rodeando as casas dos moradores um terreno pantanoso chamado de Boca de Maceió e os mangues da lagoa. O movimento comercial ia aumentando, pois se tornara um grande depósito de mercadorias da produção agrícola que se desenvolvia pelos férteis vales do Paraíba e do Mundaú, cortado por dois grandes caminhos abertos ao acaso da penetração pela zona do Sertão, com vários núcleos açucareiros marginais a lhe procurar

instintivamente para o escoamento da produção. A grande vantagem do burgo era o porto de Jaraguá, que definiria a sua importância como pólo econômico e administrativo. Era inevitável passar por Maceió para embarcar os produtos no porto de Jaraguá. O povoado ia crescendo e competindo, até ultrapassar em importância a velha capital à margem da lagoa. Em 5 de dezembro de 1815, ela alcança o seu primeiro grande impulso. Dom João VI assina o alvará-régio, desmembrando-a da antiga Vila das Alagoas e elevando-a à condição de vila, exigindo, porém, para a efetivação do privilégio “a construção do seu Pelourinho, da Casa da Câmara, da Cadeia e mais oficinas necessárias”. O Ouvidor Antonio Ferreira Batalha, um nome inesquecível na luta pela emancipação de Alagoas, dois anos depois daquela data, tomou todas as providências exigidas pelo soberano português - agora radicado no Brasil, forçado pelo império das circunstâncias - para validar o documento real. Um pelourinho de tijolo foi levantado às expensas do cidadão Antonio Firminiano de Macedo Braga, no pátio da capela dedicada a Nossa Senhora dos Prazeres e a São Gonçalo. Neste mesmo local, outro comerciante, José Elias Pereira, doou uma casa para servir de cadeia e cedeu o seu sobrado à Câmara. Craveiro Costa, no seu livro “Maceió”, diz que “o pátio da capela, depois Largo do Pelourinho, Praça da Matriz, e por fim, Praça Dom Pedro II, era o centro social, o coração da vila, primazia que lhe vinha por direito de nascimento do antigo engenho de açúcar a que substituíra”. 367


A cidade arcaica: o cavalo ainda era o principal meio de transporte urbano no começo do Século XX

Alagoas se emancipa; Maceió cresce Quando Alagoas se emancipou de Pernambuco, em 1817, Maceió estava em pleno desenvolvimento urbano, percebido pelo movimento dos carros-de-boi rangendo pelo seus arruados. Importante também era sua ligação com duas das três principais vilas da época, Porto Calvo e Alagoas do Sul. Açúcar, algodão, madeira, cereais e couro procedentes do interior, chegavam e eram comprados por comerciantes mais ricos do pequeno burgo, que os revendiam aos veleiros que vinham com certa regularidade a Jaraguá, conduzindo os produtos para Recife e Salvador. Pouco a pouco, a outrora esquecida povoação ia perdendo sua feição rural para transformar-se em um pequeno centro urbano comercial, com uma população menos estratificada, com outras profissões e classes que não eram só de senhores e escravos. A mudança da capital O episódio central da história de Maceió é, sem dúvida, o da transferência da capital, ou como preferem alguns historiadores, da mudança do cofre. Tem tudo para um enredo de novela ou romance histórico: rivalidade, intriga, ardil, traição, luta, violência e prisão. Com a separação da capitania de Alagoas, em 1817, o natural seria a consolidação de sua capital, que naquela época era Alagoas do Sul, sede militar, judiciária e religiosa. Mas, desde a gestão de Sebastião de Melo e Póvoas, em 1818, que o interesse pelo burgo maceioense, que tinha um excelente porto natural, causava ciúmes entre os habitantes da velha capital. Houve

até um movimento sedicioso tentando impedir a mudança da tesouraria da Fazenda-geral provincial de Alagoas para Maceió. Póvoas viu logo as vantagens que o pequeno povoado portuário oferecia em termos de topografia e facilidade para a arrecadação de renda. Ali fez instalar as repartições fiscais e sua residência. Sem querer uma ruptura naquele momento, o que seria desinteressante para a gestão dele como primeiro governador da nova capitania, preparou, contudo, os passos iniciais da transferência e ficou administrando daqui, até a proclamação das Cortes portuguesas, em 1821. A interdição do porto do Francês tornou Alagoas do Sul dependente economicamente de Maceió. Tanto por causa do controle fiscal como pelas dificuldades topográficas oferecidas pelo porto. Por outro lado, a ampliação do comércio internacional e o forte prestígio dos setores ligados à exportação, liderados pela metrópole inglesa, exigiam uma mudança de rumo para fazer face ao incremento da economia. Em 1839, quando a presidência da província era exercida por Agostinho da Silva Neves, deu-se o impasse esperado e tantas vezes adiado: finalmente a eclosão da crise que vinha se arrastando há anos e envolveria setores importantes da sociedade alagoana. Um bloco defendendo a mudança, outro absolutamente contrário, cada um defendendo seus interesses, seus negócios e a localidade preferida pelo bolso e pelo coração. O presidente da província, como assim era

chamado o governador de então, analisou a situação e decidiu pela mudança. Entretanto, a reação dos que não a queriam foi imediata. Ele foi aprisionado no próprio Palácio Provincial após uma rebelião liderado pelo pai do futuro Marechal Deodoro, o Major Manoel Mendes da Fonseca e pelo notável tribuno Tavares Bastos. Um era comandante das armas e o outro influente deputado, pai também de outra figura eminente, o pensador e cientista político Aureliano Cândido Tavares Bastos. O presidente foi forçado a renunciar e levado pelos rebeldes para o porto do Francês e daí embarcado, também à força, para a capital do Império. Uma verdadeira guerra foi declarada, dela participando a maioria das vilas e cidades de Alagoas. As lideranças políticas, a população e as tropas se dividiram. A rebelião foi vencida pelos partidários da mudança, capitaneados pelo vice-presidente, João Lins Vieira Cansanção de Sinimbu, o futuro Visconde de Sinimbu. Este ordenou a interceptação do patacho, navio que conduzia o alto mandatário, com instruções expressas para o comandante parar em Maceió e reempossou-o com todas as honras. A Coroa Imperial apoiou os mudancistas, suas tropas marcharam sobre a velha capital, sendo os revoltosos presos. Manoel Mendes da Fonseca, que era militar, sofreu punição e foi enviado para o Rio de Janeiro, o que explica a saída de Alagoas de todo o clã dos Fonseca. Em 9 de dezembro de 1839, a resolução nº 11 decidia o impasse, tornando Maceió, oficialmente, a capital de Alagoas.

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A história vira a página, Maceió se torna

Recifes de

corais algas

Os recifes de corais e algas afloram entre o Porto de Maceió e as enseadas da Pajuçara e Ponta Verde e na Ponta do Percevejo, na praia de Jatiúca. Encontram-se ligados à praia (recifes tipo franja), formando promotórios na Ponta Verde ou bancos isolados, que circundam a enseada da Pajuçara e apresentam o topo erodido, mostrando cavidades que são cobertas por crosta algálica e corais vivos. As dunas, atualmente restritas ao bairro do Pontal da Barra e que até a metade do século passado ocupavam parte dos bairros do Pontal da Barra, do Trapiche da Barra, do Prado e do Centro, hoje ocupam uma área de aproximadamente 1km² e são fixadas pela vegetação, apresentando cotas de até 13 metros acima do nível do mar. Os depósitos de mangues ocorrem nas ilhas de Santa Rita e do Lisboa e na foz dos rios, circundando o sistema estuarino lagunar Mundaú. Os bancos arenosos são formados por sedimentos cascalho-arenosos atuais, com bastante fragmentos de conchas e conchas preservadas. Ocorrem no canal de fora, que liga a Laguna Mundaú à sua desembocadura. As praias formam um depósito contínuo, por toda a extensão da costa, composto de sedimentos arenosos constituídos por quartzo e fragmentos de concha. Estendem-se desde o nível de maré baixa até a linha de vegetação permanente ou à escarpa de praia. Na área submersa, a plataforma continental é estreita, com aproximadamente 20km de largura, onde ocorre a presença de recifes de arenitos e de corais e algas até a isóbata (linha) de 10 metros. O segundo nível, com altitude de 8 a 10 metros, corresponde ao Terraço Pleistocênico. Tem início no cruzamento da rua do Imperador com a Barão de Atalaia e estende-se até a Santa Casa de Misericórdia, limitado por esta última e pela rua Pedro Monteiro. Segue em direção à laguna, terminando na rua Dias Cabral, que o limita até o cruzamento com a rua Senador Mendonça, por trás do Teatro Deodoro. Nesse nível, localiza-se o centro comercial e equipamentos urbanos importantes como o Quartel da Polícia Militar, o Tribunal de Justiça, o Teatro Deodoro, a Academia Alagoana de Letras 412

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a capital

e

que afloram

e a Câmara Municipal de Maceió, além de bancos e repartições públicas. Foi nesse terraço que surgiu o engenho que deu origem à cidade de Maceió. Quanto ao terceiro nível, com altitudes que variam de 40 metros na borda da encosta a mais de 80 metros na Cidade Universitária, corresponde a uma das atuais áreas de expansão urbana. Trata-se de um Baixo Planalto Sedimentar, também chamado Planalto do Jacutinga. Forma interflúvios tabuliformes dissecados por cursos d'água que correm em direção ao oceano e à laguna. As encostas deste nível, quando voltadas para o mar, recebem a denominação de paleofalésias ou falésias fósseis, por estarem separadas do oceano pelos depósitos quaternários. Essas encostas, que limitam os interflúvios e que são áreas de preservação permanente, infelizmente vêm sendo ocupadas, principalmente, pela população de baixa renda, transformando-se em áreas de risco, o que tem gerado problemas graves nos períodos chuvosos.

A enseada da Pajuçara e o recife de franja da Ponta Verde estão entre as mais belas feições do Brasil

Página ao lado: Piscina natural da Pajuçara (bancos de areia e corais)

E não poderia ser de outra forma. Pelo alvará-régio de 5 de dezembro de 1815, deu-se a sua elevação a vila, sendo-lhe doadas sete léguas de costa, desmembradas do distrito da antiga Vila de Alagoas. No ano de 1817, o Ouvidor Antonio Batalha deu-lhe a maioridade, proclamando-a oficialmente como vila independente, calculando-se que tinha naquela ocasião cerca de 5.000 habitantes, uma vez que na contagem realizada em 1825 registrou-se a existência de 9.109 habitantes. Em 1833, nova promoção. O termo de Maceió era elevado à categoria de comarca.

As lutas de independência e a lusofobia Por ocasião da emancipação política de Alagoas, em 1817, Maceió não tinha a importância de Alagoas do Sul nem de outras cidades como Penedo e Porto Calvo, mas já se fazia notar o seu florescimento. Nos embates que se seguiram à Independência do Brasil, em 1822, o pequeno burgo já mostrava a sua vocação irredenta. Sua manifestação em favor da autonomia brasileira era contundente. Os portugueses e seus aliados não tiveram tréguas. Em 1831, por exemplo, após a abdicação do Imperador Pedro I, preocupados os seus cidadãos com as ameaças externas e em voltar o Brasil à condição de colônia, uma multidão revoltada atacou um quartel de artilharia, apoderando-se de todo o armamento e munição. Liderava a irada população o padre Francisco Badaia Rego, político inflamado que dirigia o jornal Federalista Alagoano. A sublevação conseguiu contagiar outras vilas. Exigia-se a demissão dos cargos públicos e a retirada de todos os portugueses das terras alagoanas. As manifestações anti-portuguesas, verdadeira lusofobia, foram intensas em Maceió. Estes procuravam abrigo em suas casas, onde se trancavam com toda família, buscando refúgio também nas igrejas e nas matas. Uma igreja de Jaraguá foi palco de lamentáveis acontecimentos, como o trágico episódio que ficou conhecido como “mata marinheiro”.

Lisos e cabeludos, a imprensa: o fermento da rebeldia As seqüelas da transferência permaneceram por muitos anos. Os partidários de Tavares Bastos e Sinimbu permaneceram em conflito. A imprensa, recentemente desenvolvida, acompanhou os rumos do novo processo político em curso, engajando-se em cada bloco formado. O jornalismo iniciante era panfletário e porta-voz de governistas e oposicionistas. As lutas pelo poder entre as facções se deram com disputas acirradas. A disputa entre lisos e cabeludos, como se chamavam os maiores partidos da época, gerou nova rebelião que deixava às vezes um rastro de sangue pelo caminho. Eram liberais e conservadores liderados por seus dois vultos maiores que incendiavam a opinião pública, começando na Capital e atingindo todo o interior. Na verdade, era um choque entre clãs e oligarquias que não queriam perder o poder político. Quando do início

do funcionamento do Legislativo, a chamada Assembléia Provincial, provisoriamente instalada na Igreja do Rosário, houve séria crise. Em seguida, em 1844, quando o governo liberal nomeou Bernardo Souza Franco presidente da província, no rodízio partidário que era comum no Império, nova sedição estourou em Maceió. Revoltosos cercaram e depois entraram na nova capital com suas tropas e deu-se o combate em Bebedouro. Os sediciosos tomaram a cidade e Souza Franco refugiou-se num navio que estava ancorado em Jaraguá. Prometeu anistiar os rebeldes e fazer concessões, mas os combates continuaram em vários pontos de Maceió, até que reforços vindos de Pernambuco conseguiram restabelecer a ordem. Outros movimentos sacudiram a capital, onde a fermentação política sempre foi constante. Na Guerra dos Cabanos, no movimento dos Quebra-Quilos, no recrutamento de voluntários para a Guerra do Paraguai, na Campanha Abolicionista ou na Campanha Republicana.

O núcleo urbano se expande e Maceió se afirma como centro político e administrativo de Alagoas (Praça Wanderley de Mendonça), no início do Século XX

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A forte contribuição negra Apesar de sua turbulência política, Maceió atraía estrangeiros que passavam por aqui ou se fixavam para fazer lucrativos negócios. Os ingleses, que tiveram a hegemonia do comércio internacional, participaram ativamente da vida local com seus investimentos. Trouxeram hábitos que se incorporaram à nossa cultura, como o futebol, a religião reformista e a modernização do comércio. Chegaram a ter um cemitério perto do atual Canal do Salgadinho, na Avenida da Paz, onde se enterravam os súditos de Sua Majestade britânica Outros povos europeus emigraram para cá, como espanhóis, italianos e franceses, radicando-se aqui, constituindo família e deixando descendentes e alguns costumes de seus países. Chegamos a ter vários consulados e legações diplomáticas em Jaraguá. Alguns se foram logo, mas deixaram registradas em diários suas impressões, como Robert Ave Lalement, Mary Grahan e Daniel Kidder. Este último descreveu a cidade com muito encantamento: “Mesmo a mais bela ilha dos Mares do Sul dificilmente apresentaria aspecto mais pitoresco que o porto de Maceió. A praia se alarga terra adentro, em semi-círculo. A areia tem a alvura da neve e parece ter sido branqueada pelas espumas que as ondas atiram incessantemente sobre ela. Um pouco atrás, plantada sobre o flanco de uma colina, eleva-se a cidade, habitada por quase três mil almas...” De todas elas, a influência inglesa foi a mais poderosa. A sede da Estação Ferroviária, antiga Alagoas Railway, é uma reminiscência desse período áureo. Mas a preeminência britânica entre nós, se trouxe benefícios com a modernização que a sua economia e os serviços obtiveram nos meados do século XIX, foi também um agente da política de dominação mansa - o imperialismo econômico. Casas inglesas incentivavam e tutelavam o comércio. Maceió tinha navegação direta e regular com portos transoceânicos como Liverpool, Gibraltar e Alexandria. O predomínio dos gêneros de exportação em detrimento dos gêneros alimentícios, cujo cultivo era posto de lado, provocava o aumento dos preços dos víveres básicos, causando dificuldades nas classes mais desfavorecidas, não vinculadas aos lucros das atividades de exportação. Por isso, a população ironizava com uma rima engraçada:

“Não se pesca mai de rede não se pode mai pesca, qui já sube da nutiça qui os ingrês comprou o mar” 370

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A presença negra É imperdoável falar da composição racial e da cultura maceioense e esquecer a presença negra. Apesar da vocação portuária comercial, Maceió teve o papel vanguardista de agente da urbanização tardia de Alagoas e esteve plenamente inserida na formação da chamada civilização senhorial em função dos engenhos que abrigava em seu território. Em conseqüência, o elemento africano aqui estava, no coração da cidade, nos distritos, nas fazendas. Na região norte, em Ipioca, e mesmo na região lagunar, algumas unidades de fabricar açúcar faziam parte de sua economia. Eram engenhos como o Garça Torta, dos familiares de Floriano Peixoto, e o Boca da Caixa. Era tão forte que o número de escravos excedia, na metade do século XIX, em mais de 12% o da população livre. Ora, se naquele momento, já consolidada em sua função de

livres, segundo o censo citado por Tomás Espíndola. Entre estes últimos contavam-se os alforriados, ou seja, aqueles que tinham conseguido comprar ou obter a liberdade. Lembremo-nos da mão-de-obra escrava como força de trabalho responsável por toda riqueza produtiva e também das atrocidades do sistema escravista. A despeito da condição de escravo que o limitava na medida em que lhe era arrancada a liberdade de transmitir na plenitude os valores de sua cultura, a herança negra sobreviveu e se fez presente em nossas vidas. Na cultura, no vocabulário, nos hábitos alimentares, na dança, no folclore, no esporte e nas artes. Foi além do processo de miscigenação, tão visível nos rostos da população. Quem não gosta dos carinhosos diminutivos “painho, voinha, mainha, netinho, filhinha”? Da pimenta malagueta, do inhame, da feijoada,

Presença marcante: os negros contribuíram não só com o trabalho físico, mas também com a música e a culinária

centro administrativo ligada ao setor de exportação e com as restrições impostas ao tráfico de escravos, ainda havia esse percentual, é de se imaginar que nos anos e séculos anteriores o número poderia ter sido maior. Quando em meados do século XIX, Maceió já contava com 53 ruas, povoações e arrabaldes em torno do seu perímetro urbano, a mesma Ipioca, que fazia parte da freguesia de Maceió, destacava-se por ter uma alta taxa de escravos em sua população: 3.326 deles para 10.66 homens

do sarapatel, do molho pardo, das ervas medicinais, das lendas, da música, todas impregnadas da nosssa negritude? Nas ruas da capital, os negros de ganho vendiam refrescos, guloseimas, anunciavam seus ofícios e, por força de uma formação histórica errônea que se perpetuou depois da abolição em 1888, continuaram como a grande parte da população excluída, abrigada nos bairros inóspitos, mais distantes, desempregados e sem terra. Carentes dos elementos básicos da cidadania.

dos terraços pleistocênicos ou pela ação fluvial, sob a forma de deltas intralagunares, deixando também como registros os recifes de corais, as algas coralígenas e os recifes de arenitos. Com o recuo do mar, o evento de maior destaque é o assoreamento a partir dos deltas intralagunares das lagunas formadas anterior mente, onde muitas áreas desenvolveram pântanos e turfeiras. A regressão posterior ao máximo transgressivo ocasionou a deposição dos Terraços Marinhos Holocênicos com altitudes de 3 a 5 metros e o fechamento cada vez mais intenso das desembocaduras das lagunas, favorecendo o desenvolvimento de manguezais, dunas e canais de maré, configurando a linha de costa atual. Das unidades geológicas citadas anteriormente que ocorrem em Maceió, algumas possuem importância fundamental no que diz respeito ao fornecimento de um dos minerais mais necessários ao desenvolvimento futuro: a água subterrânea. As formações Barreiras e Marituba são responsáveis por mais de 70% do abastecimento público de água, sendo esta captada por mais de 200 poços da Companhia de Abastecimento d'Água e Saneamento do Estado de Alagoas - CASAL. Além destes, baterias de poços particulares abastecem vários conjuntos residenciais e condomínios na cidade, além de indústrias, casas comerciais e particulares. Essa mesma água subterrânea também é envasada por sete indústrias de água mineral, tendo mais três em processo de avaliação. Maceió possui uma situação geológicoestrutural favorável ao acúmulo de água subterrânea, cuja tectônica de quebramento propiciou a formação de blocos de sedimentos com boa espessura de areias, como ocorre no Tabuleiro do Martins/Distrito Industrial. Essas reservas de água subterrânea, no entanto, encontram-se comprometidas pelo mau uso do solo, seja pela super-exploração (bombeamento), seja pela deposição de efluentes industriais e sanitários diretamente no solo, sem medidas de proteção e com a possibilidade de infiltrar e atingir o aqüífero. A própria expansão urbana compromete sobremaneira a recarga do aqüífero, não só pela retirada da vegetação, mas, principalmente, pela compactação e impermeabilização do solo, males das grandes cidades e causas das inundações, devido ao aumento do escoamento superficial. Geomorfologicamente, o município de Maceió estende-se por três compartimentos bem caracterizados, o que lhe concede uma situação espacial privilegiada. Cada um desses compartimentos distribui-se em níveis topográficos distintos: o primeiro deles, mais

recente, é datado de aproximadamente 5.000 anos A.P., corresponde aos depósitos holocênicos (com altitude que varia de 3 a 5 metros) e estende-se por todo litoral e margem lagunar, do qual faz parte a praiaterraço da Pajuçara e a restinga, faixa arenosa que tem início na rua Zacarias de Azevedo e estende-se até o Pontal da Barra. Nele, estão localizados bairros antigos como os da Levada, Ponta Grossa, Prado, Trapiche da Barra e Pontal da Barra, na parte sul; e Jaraguá, Centro, Pajuçara, Ponta Verde, Ponta da Terra, Jatiúca e Cruz das Almas, além de toda área litorânea de expansão urbana, na zona norte da cidade. Ocorrem também nesse nível, os depósitos flúvio-lagunares que circundam a Laguna Mundaú desde o delta interior do Rio Mundaú e que formam a Ilha de Santa Rita, estando também alojados nos vales fluviais e nas zonas baixas alagadiças.

As populações do entorno da Laguna Mundaú dela se utilizam para o transporte e a pesca

0 -50

8944000

202000

Escala vertical metros em relação ao nível do mar

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Superfície de contato entre as formações Barreiras e Marituba

- Fonte: Santos (2004)

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Os avanços do

mar A evolução geológica de Maceió está associada à formação da planície costeira durante o Terciário, sob influência das variações climáticas e, durante o Quaternário, sob influência das flutuações de nível do mar, evidenciadas nas variações da linha de costa e nas feições geomorfológicas. No Terciário, sob clima semi-árido e chuvas esporádicas e violentas, a deposição dos sedimentos detríticos da Formação Barreiras, no sopé das encostas, sob a forma de leques aluviais, se estendeu até a plataforma continental, devido ao fato do nível do mar estar, no mínimo, a 100 metros abaixo do atual, configurando a primeira linha de costa. Em Maceió, existem registros de três marcantes avanços do mar sobre o continente (transgressões marinhas) durante o Quaternário. Na Transgressão mais antiga, com o clima mais úmido, ocorreu a erosão de parte da Formação Barreiras, deixando como registro uma linha de falésias, como pode ser verificado ao longo da

avenida Gustavo Paiva, nos bairros do Poço, de Mangabeiras e Ipioca. A fase subseqüente, de recuo do mar (regressão marinha), propiciou a formação de depósitos de leques aluviais no sopé das falésias da Formação Barreiras, sob um clima semi-árido. Tais depósitos foram identificados nas margens da Laguna Mundaú. Na penúltima Transgressão - 120.000 anos Antes do Presente (A.P.), o mar alcançou seu nível máximo, erodindo total ou parcialmente os leques construídos anteriormente. Os baixos cursos dos vales fluviais foram afogados, originando o sistema estuarino-lagunar Mundaú. Na regressão subseqüente, tem origem a formação dos Terraços Pleistocênicos, que apresentam atualmente uma altitude de 8 a 10 metros. Esses terraços arenosos preenchiam o sopé das encostas, os vales e as desembocaduras. Registros desses depósitos foram encontrados nas proximidades do Palácio do Governo, no centro de Maceió, na Ilha de Santa Rita e ao sul da desembocadura da Laguna Mundaú, próximo à Praia do Francês. Esses terraços constituem parte da barreira arenosa que fecha o sistema lagunar Mundaú-Manguaba e que atualmente estão total ou parcialmente recobertos pelos sedimentos mais recentes ou pela expansão urbana. A última Transgressão ( 5.000 A.P.) cobriu a planície costeira pleistocênica, os vales dos rios foram afogados e novas configurações de estuário ocorreram, como uma linha de ilhasbarreira que abrigam as lagunas, onde foram depositadas as areias e as argilas retrabalhadas

Ferrovias e

mudanças

urbanas Trapiche da Barra, Poço, Bebedouro, Mangabeiras e o comércio no Centro se consolidavam como áreas urbanas no período de grandes transformações que foi a segunda metade do século XIX e que tinha como epicentro Jaraguá, “porto e porta” dessas mudanças, parodiando o poeta Ledo Ivo, admirador de sua cidade natal. A era de melhoramentos materiais que se abria para o Brasil e alterou o cenário urbano nas províncias imperiais, foi vivida pela capital alagoana com intensidade. A implantação do primeiro ramal ferroviário de 6 quilômetros de extensão, ligando a ponte de desembarque de Jaraguá ao Trapiche da Barra, em 25 de março de 1868, e depois de um outro, que ia da rua do Livramento até Bebedouro, foi a arrancada da chamada modernização da capital alagoana. Tudo o que a nova era mundial apresentava de mais avançado em termos urbanos poderíamos encontrar em Maceió naqueles dias, tendo como vitrine privilegiada o seu bairro portuário, convertido em “city” financeira e no centro do comércio: ruas iluminadas por lampiões a gás, calçamento das ruas principais, ponte de desembarque de ferro, rede telegráfica, jardins nas praças, casas bancárias e seguradoras, navegação a vapor, trem e as principais repartições públicas instaladas em prédios sólidos e vistosos como o Consulado Provincial, a Alfândega, Repartição do Selo, Capitania do Porto, Assembléia Provincial, Palacete do Barão de Jaraguá, onde hoje funcionam o Arquivo e a Biblioteca Pública, Delegacia Fiscal etc. Navios de várias bandeiras zarpavam do porto levando algodão, açúcar, madeira, carne, couro, coco, azeite de mamona e os chamados “gêneros exóticos”, vinhático,

óleo de copaíba e paina de barriguda. Em compensação, o comércio foi inundado de artigos estrangeiros, como roupas de lã e seda, tecidos de algodão, azeite de oliva, vinhos, ferragens, drogas medicinais, bacalhau, cigarros, brim, linho, chapéus franceses, chitas, percalinas, chapéus-de-sol e paletós de casimira. A visita do casal imperial Um acontecimento destacado pelos anais daquela época foi a visita do Imperador D. Pedro II a Maceió, quando acompanhado da Imperatriz, Dona Teresa Cristina, em 31 de dezembro de 1859, presidiu a solenidade de inauguração da atual Catedral e hospedou-se no palacete do Barão de Jaraguá, ficando sua passagem marcada por um monumento que se encontra fincado na Praça Dom Pedro II.

O início tempestuoso da República Maceió, mais cosmopolita, acompanhou a memorável Campanha Abolicionista que redundou na libertação dos escravos, em 13 de maio de 1888. As idéias libertárias eram defendidas na imprensa em jornais como O Lincoln, a Gazeta de Notícias, o Gutenberg e o Correio de Maceió e instituições como o Instituto Histórico e Geográfico, fundado em 1868, na esteira das mudanças. O movimento contrapunha-se à resistência dos proprietários de terras que não queriam perder o que investiram na compra de negros, e que sustentavam com o nefando instituto da escravidão a economia local. A Capital igualmente apoiou o Movimento Republicano que foi vitorioso em 15 de novembro de 1889, no Rio de Janeiro, chefiado por um ilustre alagoano, Deodoro da Fonseca, nascido na antiga capital. O velho Porto de Jaraguá, um antiquado terminal de passageiros e mercadorias, em 1935

A restinga ocupada pelos bairros do Pontal da Barra, Trapiche da Barra e Prado se comprime entre a laguna e o oceano 410

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LEGENDA

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Embasamento Cristalino

Passeio à beira-mar: a cidade mostra suas primeiras preocupações com o embelezamento do espaço urbano

A antiga vila se moderniza A capital alagoana, que no começo republicano ainda media forças com algumas cidades interioranas, como a aristocrática Penedo e a lacustre Pilar, consolidou-se definitivamente no início do século seguinte como urbe moderna e incontestável centro político, econômico e administrativo. O alargamento das ruas, o surgimento das praças onde se reuniam os munícipes, deixando a reclusão de suas casas, e a construção do Palácio Floriano Peixoto, do Teatro Deodoro e do Tribunal de Justiça marcaram o ingresso de Maceió na chamada “belle époque” tropical. Tempos urbanos por excelência. Endireitavam-se as velhas vias cheirando a peixe frito, a tapioca e a arroz-doce vendidos nas esquinas em tabuleiros enfeitados por negras trajando coloridos xales e turbantes. Agora, eram cavalheiros de chapéu-coco e bengala postados solenemente nas calçadas, à porta da Maison Elegante, da Casa Zanotti, da High Life, da Casa Eugene Goestchel ou do Café Colombo. As damas não dispensavam coletes, mantilhas ou pequenos leques. Maceió ganhou até um hipódromo, o Prado Alagoano, que mais tarde se chamaria Jockey Clube e que deu 372

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origem ao atual bairro do Prado. Dançava-se nos intervalos das corridas de cavalos ao som de conjuntos e orquestras. Apareciam os clubes de futebol, CRB e CSA. O cinema atraía a atenção, inicialmente mudo, com músicos a entreter os freqüentadores nos intervalos. Multiplicavamse as sociedades recreativas, o Clube Fênix, a Terpsychore Jaraguaense, o Montepio dos Artistas, a Sociedade Perseverança e Auxílio, sociedades recreativas de toda ordem. A cidade, mais suscetível às novidades, ia abrindo brechas na rígida sociedade conservadora, agrária, adotando inovações e tomando carona nas transformações que o novo século ia oferecendo. O outro lado da medalha: os excluídos Nem tudo era festa. As senzalas tinham sido oficialmente extintas, mas permaneceu bem vivo o poder da casagrande, a segregação, os privilégios nas relações sociais. A “belle époque” não chegara para todos, assim como as promessas igualitárias republicanas. Maceió, estuário dos sonhos de grande parte da população alagoana, não oferece a todos suas benesses. O mundo dos despossuídos não estava nos belos

sobrados, nem entre os elegantes senhores de fraque, nos costumes refinados importados dos salões europeus. Para a maioria da população, a casa de tijolo e alvenaria era algo inacessível. Ela construia seus abrigos como mocambos, em lugares mais longe, desvalorizados, entre os pescadores em Pajuçara e Ponta de Terra ou, mais adiante, às margens da lagoa ou nas encostas perigosas de Bebedouro. Igualmente o fazem próximo às áreas de movimento, como o embarcadouro da Levada, Jaraguá ou no Centro, em cortiços, galpões de madeira subdivididos internamente e n t r e f a m í l i a s nu m e r o s a s q u e superlotavam os cubículos e brigavam por qualquer motivo a todo instante. Gente sofrida, mestiça, descendente de escravos e índios, precocemente envelhecida, que lava e faz biscates para sobreviver. Eles eram os clientes habituais dos asilos de mendicância, as vítimas das altas taxas de mortalidade e de doenças mentais. Pagavam tributos a enfermidades como tuberculose, varíola, cólera, gripes, uma delas chamada espanhola, trazida dos campos de batalha da Europa, que dizimou milhares de maceioenses. A capital alagoana mudava com o novo século, inseria-se na “belle époque” com sua beleza e miséria, ora em ritmo lento, ora mais veloz, mas sempre com o pensamento voltado para as mudanças surgidas no mundo e as novidades trazidas pelo regime republicano.

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Organizado por Lima, Santos e Costa (2006)

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Os gansos

Quanto à

geologia Maceió está assentada preferencialmente sobre a Bacia Sedimentar de Alagoas, porém, o extremo norte do município compreende o limite com o complexo de rochas do embasamento do Maciço Per nambuco-Alag oas, limite este determinado pela Falha da Usina Cachoeira do Meirim (Mapa Geológico e Geomorfológico, pág. 409). As rochas cristalinas são aproveitadas como rochas ornamentais (na produção de mesas e revestimentos) e as rochas da bacia sedimentar fornecem, no campo Tabuleiro do Martins, petróleo e gás natural, além de areia, argila e água mineral. A Bacia Sedimentar de Alagoas é uma depressão resultante da separação dos continentes Americano e Africano, onde se depositaram rochas sedimentares reunidas em grupos e formações geológicas, desde o Paleozóico Superior até os dias atuais (sedimentos quaternários). No município de Maceió, a bacia apresenta uma profundidade de mais de 3.800 metros, observada em poços da Petrobras, ocorrendo como unidade mais antiga a Formação Penedo, datada do Cretáceo. A bacia assenta-se sobre rochas do embasamento e, acima destas, deu-se a deposição das formações Penedo, Coqueiro Seco, Ponta Verde, Maceió e Poção, do Grupo Coruripe, correspondente à fase de intensa atividade tectônica. Ainda no Cretáceo Inferior, depositouse o Grupo Piaçabuçu (formações Calumbi, Mosqueiro e Marituba) que, em Maceió, como no restante do Estado, não é encontrado em superfície. No final do Terciário (Plioceno) e início do Quaternário (Pleistoceno), foram depositados os clásticos da Formação Barreiras, que serviram de cobertura para o registro sedimentar da bacia e ultrapassaram o limite com o embasamento cristalino, sendo constituída por uma alternância de siltes, argilas e areias finas a grossas, de coloração predominantemente aver melhada, possuindo espessuras de até 120 metros em Maceió, diminuindo em direção ao oceano e formando os tabuleiros costeiros. Finalmente, culminando o processo de deposição, a variação do nível do mar e os

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agentes de erosão propiciam, até hoje, o acúmulo dos sedimentos marinhos, fluviais, eólicos e flúvio-lagunares que compõem a planície costeira quaternária. Os Terraços Marinhos Pleistocênicos e Holocênicos, depósitos flúvio-lagunares, recifes de arenito, recifes de coral e algas, dunas, mangues e praias atuais formam a planície costeira, com espessuras de 25 metros na Ponta Verde, 49 metros no Pontal da Barra e até 80 metros no Trapiche da Barra.

do

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“A Bacia Sedimentar, em Maceió, apresenta uma profundidade de mais de 3.800 metros”

Após o governo da salvação de Clodoaldo da Fonseca, vieram Batista Acioli e uma disputa eleitoral que durou quase todo seu mandato e, finalmente, as gestões de Fernandes Lima, que deu prioridade às estradas e cujo slogan era “rumo aos campos”. Mas o seu sucessor foi mais polêmico e um divisor na política com seus atos fortes. Assim como a poderosa Roma dos Césares teve em sua história os gansos do Capitólio a alertar contra a invasão bárbara, a “cidade-sorriso” teve os gansos do Salgadinho. O governador durão, o pilarense Costa Rego, com seus costumes cosmopolitas, primando pela autoridade do cargo e ferrenho inimigo do jogo do bicho e do sindicato do crime, decidiu romper com o seu antecessor, Fernandes Lima, que queria tutelá-lo, com muita gente importante, como políticos e os famosos coronéis rurais, e até com os seus colegas jornalistas. Uma certa noite, estava ele descansando na casa de uma amiga francesa nas imediações do Riacho Salgadinho, próximo a Jaraguá, quando foi alertado da presença de estranhos através dos insistentes ruídos dos gansos da casa vizinha, salvando-se milagrosamente de um atentado a tiros, que chegaram a ser disparados, encomendados por um dos seus muitos inimigos. A revolução de 30, uma nova ordem O movimento dos tenentes encerrou o período chamado de República Velha, em 1930, com a tomada da Capital pelos revolucionários e a fuga do governador Álvaro Paes. Surpresa geral, pois um dia antes, o governador, que era uma figura estimada, fizera após o expediente a sua costumeira caminhada vespertina pela Rua do Comércio com o seus auxiliares. Sucederam-no vários interventores: Hermilo Freitas Melro, Tasso Tinoco, Afonso de Carvalho e Osman Loureiro, que representavam a nova ordem chefiada por Getúlio Vargas.

A época de ouro da cultura Nas décadas de 20 e 30, Maceió viveu a sua fase mais destacada na cultura. Já no final da década anterior, em 1918, com a fundação da Academia Alagoana de Letras, prenunciava-se uma era de forte ebulição nas letras e nas artes. Intelectuais participavam ativamente da vida política e administrativa, tais como Jorge de Lima, Povina Cavalcanti, Demócrito Gracindo, Costa Rego, Guedes de Miranda, Lima Júnior, Jayme de Altavila e muitos outros. Os ecos do modernismo chegaram até aqui. Rompia-se com os padrões clássicos e debatia-se o regional. Na Rua do Comércio, nas imediações do Ponto Central, podia-se encontrar um Graciliano Ramos e um Carlos Paurílio tomando café e conversando com Raquel de Queirós, José Lins do Rego, Santa Rosa ou Jorge Amado. Jovens, Diégues Júnior e Arnon de Mello fundavam associações, o Grêmio Guimarães Passos e a Academia dos Dez Unidos. Revistas de vanguarda eram publicadas. Lourenço Peixoto lançava o Paralelismo. O Instituto Histórico, a mais antiga instituição cultural, e a Academia Alagoana de Letras tinham suas reuniões muito movimentadas. Bebebouro: a chama da cultura popular Bebedouro, bairro tradicional, famoso por seu embarcadouro para a lagoa e pelos casarões das famílias importantes que lá moravam, destacava-se pelas festas populares que promovia. O Major Bonifácio Silveira é figura inesquecível para os que amam o folclore alagoano. Pastoril, Taieira, Baiana, Reisado, Chegança, Guerreiro, o Coco-de-Roda, as Bandas de Pífanos e as Cavalhadas encontravam lá o seu grande palco e atraíam gente de todos os arrabaldes maceioenses e cidades vizinhas. O ciclo natalino, o Carnaval e as festas juninas eram celebrados com o mesmo fervor, em Bebedouro, sobrepujando outros bairros que também faziam suas comemorações.

Ogum - Escultura ritual (Coleção Perseverança)

O quebra-quebra dos terreiros Diz-se com muita propriedade que o século XX começou efetivamente em Alagoas no ano de 1912, com a derrubada de Euclides Malta e o advento das chamadas Salvações, liderado aqui por Clodoaldo da Fonseca e Fernandes Lima. Naqueles dias agitados, onde Maceió era uma verdadeira praça de guerra, houve um episódio triste: a perseguição aos terreiros da religião afro, uma espécie de inquisição alagoana. Violências, prisões, tiros, comícios e manifestações aconteceram em vários pontos, com a população participando daquele movimento político que galvanizava as atenções gerais. A morte do secretário do Interior e do estudante Bráulio Cavalcante, homenageado em uma praça onde hoje funciona a OAB, são tristes recordações da época. Os terreiros voltariam a funcionar anos depois com os seus adeptos. Por outro lado, os católicos tiveram a alegria de ver sua Diocese criada pelo Papa Leão XIII, em 2 de julho de 1900, e a inauguração do prédio do Seminário, quatro anos mais tarde, para formar sacerdotes para a nova diocese. Outras religiões como o kardecismo, que apareceu também no final do século XIX, e as chamadas igrejas reformadas, apareceram na capital de Alagoas, ganhando muitos adeptos. Estas últimas, com notável crescimento: A Batista, em 17 de maio de 1885; a Presbiteriana, em 11 de setembro de 1887, e a Assembléia de Deus, em 1910. 373


e o mar

A cidade tranqüila: bonde, poucos automóveis e uma vida urbana pacata que atraía intelectuais de fora

O Estado Novo e a II Guerra Mundial A cidade despertou da vida bucólica com o novo conflito na Europa (II Guerra Mundial), coisa que não acontecera na I Grande Guerra. O conflagração foi percebida com mais proximidade. O treinamento de soldados para o front, apagões noturnos, balões vigiando as praias, cultivo de hortas nas casas, falta de víveres importados. O torpedeamento de navios brasileiros em costas nordestinas levou a população de Maceió às ruas em gigantescos comícios pedindo a entrada do Brasil na guerra. A presença de soldados 374

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norte-americanos era explicada pela ameaça nazista. O Vergel do Lago e o Tabuleiro tomaram impulso com os campos de pouso. A juventude e a intelectualidade também queriam a exploração do petróleo descoberto em Riacho Doce. O assunto galvanizou as atenções do país, pois geólogos norteamericanos diziam que Alagoas não possuía reservas petrolíferas. Um intelectual Rodriguez de Melo, foi um dos líderes da campanha nacionalista que tinha como slogan “O petróleo é nosso” e

que contou com apoio de intelectuais de fora, como Monteiro Lobato. Estávamos em plena ditadura do Estado Novo. A crítica ao governo, opiniões independentes ou simples acusações decorrentes de denúncias de desafetos ou invejosos, eram punidas com rigor e as pessoas sofriam constrangimento, processos e prisões. Graciliano Ramos, que era diretor da Instrução Pública, e Alberto Passos Guimarães, foram presos sem motivo e sem julgamento.

vários tributários nos seus alto, médio e baixo cursos, formando uma planície inundável a partir da cidade de Rio Largo e, chegando ao litoral, desaguando no sistema estuarino lagunar Mundaú em três pontos distintos, dando origem a um delta interior. Antigo afluente do Rio Mundaú, o Rio Reginaldo nasce no próprio município de Maceió, no tabuleiro costeiro próximo ao Distrito Industrial. Caracterizado como um rio influente (aquele que alimenta o aqüífero), deságua na praia da Avenida da Paz, separando os bairros de Jaraguá e Centro com um curso de aproximadamente 10km. Ao alcançar o bairro do Poço, recebe o nome de Salgadinho, em virtude da salinidade de suas águas pela influência das marés. Esse rio também tem como característica as enxurradas nos meses de inverno ou durante as chuvas esporádicas de verão, carreando resíduos sólidos e sedimentos para a planície costeira. Com sua bacia inserida no município de Maceió, o Rio Jacarecica ocupa uma área de 40km², sendo um rio efluente (aquele que é

alimentado pelo aqüífero) e, por isto, perene, de drenagem dendrítica, com vale em “V” nos alto e médio cursos, estando no baixo curso bastante assoreado por resíduos, estes lançados pela população que ocupa suas margens. Sua foz passa por migrações constantes, associadas aos processos da dinâmica costeira e/ou ao escoamento superficial. O município apresenta temperatura média anual em torno de 24,2°C. Durante o mês mais quente (fevereiro), as médias alcançam 25,5ºC e, no mais frio (agosto), desce a 22,4ºC. Quanto à precipitação anual, varia entre 1.400mm e 1.500mm, concentrada de abril a julho, quando chove mais de 70% do total. A evapotranspiração potencial é alta, sendo maior de novembro a março, coincidindo com o período de menor precipitação, ocorrendo um total, durante o ano, de 1.208mm. Suas temperaturas são amenizadas pelos ventos de Sudeste, que sopram de março a setembro, e pelos ventos de Nordeste, que atuam de novembro a março. O clima de Maceió é classificado, de acordo com Thornthwaite, como megatérmico sub-úmido, com déficit hídrico no verão e excesso durante o inverno.

O litoral, com seus recortes, forma uma paisagem de rara beleza

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A redemocratização de

1945

Entre Laguna Mundaú: massa de água que integra o fantástico sistema hídrico que banha a capital alagoana

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município está localizado na Mesorregião do Leste Alagoano e na Microrregião Geográfica de Maceió, limitando-se ao norte com Flexeiras, São Luis do Quitunde, Barra de Santo Antônio e Paripueira; ao sul com Coqueiro Seco, Marechal Deodoro e o Oceano Atlântico; a leste com o Oceano Atlântico e a oeste com Messias, Rio Largo, Satuba e Santa Luzia do Norte. Maceió possui uma área de 513,55km², sendo 191,79km² na área urbana, 298,5km² na área rural e 23,26km² de área lagunar (Prefeitura Municipal de Maceió, 2005). As distâncias para os municípios extremos do Estado são de 120km até Maragogi, 99km até Novo Lino, 96km até São José da Laje, 266km até Mata Grande, 294km até Delmiro Gouveia, 172km até Porto Real do Colégio e de 135km até Piaçabuçu. Suas altitudes variam de 304 metros (máxima), na Serra da Saudinha, a 127 metros, no tabuleiro próximo ao Aeroporto Inter nacional Zumbi dos Palmares. Apresenta variação também de 2 a 8 metros na planície costeira.

O município integra a Área Piloto da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (RBMA), a Área de Proteção Permanente (APP) do IBAMA (Dec. Federal 1.709), a Área de Proteção Ambiental Costa dos Corais (Dec. Federal s/n), a Área de Proteção Ambiental de Santa Rita (Lei Estadual 4.607), a Área de Proteção Ambiental do Catolé (Lei Estadual 5.343) e o Parque Municipal de Maceió (Lei Municipal 2.541). As principais bacias hidrográficas que drenam o município são as dos rios Sauaçuy, Meirim, Pratagy, Jacarecica e Reginaldo, e as dos riachos Estivas, do Senhor, Doce, Garça Torta, Guaxuma, das Águas Férreas, do Sapo, Gulandim, do Silva e Catolé; e ainda os canais da Levada e do Trapiche. O Rio Mundaú é o mais importante tributário do sistema estuarino-lagunar Mundaú, à margem do qual desenvolveu-se a cidade. Sua bacia situa-se na região norte do Estado, sendo sua nascente localizada na parte sul do Planalto da Borborema, próximo à cidade de Garanhuns, no vizinho estado de Pernambuco. Trata-se de um rio perene, com aproximadamente 194km de extensão, tendo

O fim da guerra apressou a derrubada de Getúlio Vargas e juntou os antagonistas comunistas e udenistas em uma frente ampla contra o adversário comum: a família Góes Monteiro, que vinha dirigindo o Estado desde a Revolução de 30. Foi uma época de muita inquietação e sobressaltos na Capital, no governo Silvestre Péricles. Grandes concentrações públicas eram feitas em Maceió e os comícios no Parque Gonçalves Ledo, Praça do Pirulito e Rua do Comércio arrastavam multidões. Após tanto tempo rigidamente controlada, a política voltava a entusiasmar os maceioenses. Uma grande tragédia marcou também essa época, quando uma tromba d´água caiu sobre a cidade, soterrando casas e matando muitas famílias nas imediações do atual Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet). O primeiro prefeito eleito Um outro fato a ser destacado nessa nova fase foi a eleição do primeiro prefeito constituinte de Maceió, em 6 de outubro de 1953, uma vez que tanto os intendentes como os prefeitos, até então, eram nomeados. Neste memorável pleito para a história política da Capital, sagrou-se vencedor o coronel José Lucena Maranhão, que tinha sido antes prefeito de Santana do Ipanema e ficou famoso por ter comandado as volantes que combateram e liquidaram Lampião e seu bando de cangaceiros. Surpreendentes mudanças em 50 A década de 50, que começou com a surpreendente vitória do liberalismo udenista do jornalista Arnon de Mello sobre o silvestrismo, registrou importantes mudanças em outros campos. Na questão populacional, por exemplo, Maceió vai simbolizar essas modificações com o crescimento urbano e a migração de numeroso contingente de pessoas do interior, pulando para 121.000 habitantes. A Capital vai deixando os seus resquícios rurais e torna-se mais urbana ainda e mais aberta aos novos costumes que o Brasil conhecera no pós-guerra. A influência francesa cede lugar ao prestígio da cultura norteamericana. Na política, vive-se uma dramática experiência com a ascensão do populismo, representado pelo governador Muniz Falcão, que sucede a Arnon de Mello. Pela primeira vez, um governo é eleito saído das

entranhas da massa trabalhadora e ousa confrontar-se com as elites liberais e a aristocracia açucareira, que secularmente controla as rédeas do poder local. O impeachment Na sexta-feira, 13 de setembro de 1957, Maceió foi notícia internacional com um conflito que ficou conhecido como a tragédia do “impeachment”. As atenções nacionais voltaram-se para a Assembléia Legislativa, onde estavam altas personalidades da política brasileira. Votava-se o impedimento do governador Muniz Falcão no parlamento local quando foi deflagrado violento tiroteio entre deputados governistas e da oposição, transformando o prédio da câmara estadual em verdadeira praça de guerra, com direito a barricadas de areia, deixando a cidade conflagrada e atônita com a tensa crise política que terminou com um deputado morto, vários feridos gravemente e o decreto de intervenção federal assinado pelo presidente da República, Juscelino Kubitschek. Depois houve o julgamento nas esferas judiciais, com a vitória do governador, que retornou triunfalmente ao cargo. As vilas operárias e o voto urbano Uma das transformações operadas na década de 50 foi a igualdade de votos entre as populações urbana e rural. O eleitorado mais independente da Capital e das vilas operárias, como Alexandria, Fernão Velho e Saúde, passaram a constituir um peso importante nas eleições. Foram eles que sustentaram o “getulismo” e o “munizismo” e, anteriormente, Silvestre Péricles, que os chamava de “poeira de ouro”. Deve-se registrar também que o movimento sindical que ressurgiu no fim da década de 40 tem uma história de luta bem mais antiga. As primeiras greves surgiram no começo do século passado. Na década de 20, os inimigos Euclides Malta e Fernandes Lima juntaram-se para combater uma greve portuária que paralisou Jaraguá. Por outro lado, a existência de uma classe média, a concentração de professores, estudantes e intelectuais e a criação da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) em 1961, com um contingente de massa crítica mais atuante, ajudaram a formar na Capital aquilo que se denomina opinião pública. Gente menos comprometida com os coronéis rurais, donos da vida e da morte das pessoas.

O Gogó da Ema Um coqueiro esquisito recebeu o nome de Gogó da Ema (foto acima) e se tornou símbolo de Maceió, objeto de admiração dos visitantes e tema de muitas canções e poesias. Ficava na Ponta Verde. Nas praias, o banho de mar começava timidamente a se tornar um hábito.

Três livros essenciais Três livros, três verdadeiras obrasprimas, retratam bem esse período e são os romances por excelência de Maceió. Neles encontramos a geografia da cidade, seu jeito de ser, seus tipos inesquecíveis, sua arquitetura, seus caminhos, sua alma, sua psicologia. São eles: Angústia, Ninho de Cobras e O Anjo Americano, respectivamente dos escritores Graciliano Ramos, Ledo Ivo (foto acima) e Luiz Gutemberg. Quem quer que se disponha a conhecer Maceió do século passado, não pode prescindir da leitura dessas três obras. 375


No final do século XX, o poeta José Góes da Silva, o Tunguê,

Maceió descreveu assim

Flexeiras Messias

São Luís do Quitunde

Rio Largo

Paripueira

Com o advento do regime militar em 1964, a população maceioense deixou de escolher seu dirigente pelo voto. Abelardo Pontes Lima governara a Capital pelo voto direto, a ele sucedera Sandoval Caju. Suruagy também governou Maceió, sendo o último prefeito eleito. Os militares haviam conseguido a cassação de Sandoval Caju pela Câmara Municipal, em maio de 1964, tomando posse o vice, Vinícius Cansanção. Sandoval era um prefeito populista que sabia exercer bem a arte de comunicação com o povo e deixou muitas praças construídas. Divaldo Suruagy, por sua vez, iniciou a construção de conjuntos habitacionais para a população e alçou vôos mais altos, chegando ao governo do Estado por três vezes, exercendo um domínio de mais de três décadas na política alagoana, superando Euclides Malta, Fernandes Lima e os Góes Monteiro. Em seguida, ocuparam a 376

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prefeitura João Sampaio, Dilton Simões, Fernando Collor de Mello, Corintho Campelo e José Bandeira, cada um procurando melhorar as condições da cidade e atender às muitas demandas de uma população que crescia a taxas muito acima da média esperada. A era do medo O longo período que vai de 1964 até o início da década de 80 foi uma época de medo e incertezas. O regime ditatorial tratava duramente qualquer tentativa de oposição. Maceió resistia com sua juventude, seus jornais alternativos e suas lideranças sindicais. A OAB, a Igreja, as entidades estudantis, os partidos proscritos, a Sociedade dos Direitos Humanos, as associações de moradores e os núcleos femininos passaram a oferecer um contraponto à violência, à falsa unanimidade oficial e à falta de

democracia. Os movimentos sociais e a sociedade civil organizada surgem como esperanças de novos dias. Nas eleições municipais de 1982, o eleitorado de Maceió se manifesta de forma categórica. O Movimento Democrático Brasileiro (MDB), que se contrapunha à situacionista Aliança Renovadora Nacional (ARENA), elege uma forte representação oposicionista para a Câmara de Vereadores, ajudando ainda na eleição para a Assembléia Legislativa, com a vitória de vários nomes comprometidos com a abertura democrática. A campanha pelas Diretas Já recebe na Capital adesão impressionante nos comícios. Na seqüência, a volta da autonomia municipal se dá em acirrada eleição, consolidando a abertura política com a eleição do prefeito candidato da oposição, o ex-deputado Djalma Falcão.

Satuba

Santa Luzia do Norte

Coqueiro Seco

Cenário paisagístico Encravado em planos e planaltos, Elevadas chãs. Sob o olhar sereno, Dos teus milhares de fãs, Sorris no sorriso, de todas as manhãs. Conteúdo geográfico de real grandeza Recheado de encantos mil, Teus filhos se ufanam de tua beleza Que, entre belezas tantas, Realças o perfil Do nosso querido Brasil!

A charmosa Praia da Avenida, em 1963: a cidade provinciana tinha uma boa qualidade de vida

A longa noite

Geografia

Barra de Santo Antônio

Laguna Mundaú

Maceió

Ilha Lisboa Marechal Deodoro Ilha de Santa Rita

Rochana Campos de Andrade Lima Coordenadora de Geografia - Graduada em Geologia pela Universidade Federal de Pernambuco; Especialista em Aproveitamento em Recursos Hídricos pela Universidade Federal de Alagoas; Mestre em Geociências, área de concentração Geologia Sedimentar, pela UFPE; Doutora em Geociências, área de concentração Geologia Sedimentar e Ambiental, pela UFPE; Profª. do Instituto de Geografia, Desenvolvimento e Meio Ambiente IGDMA-UFAL; Pesquisadora do LABMAR-UFAL, Setor de Oceanografia Geológica.

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Os teus valores ornamentais Que a natureza te ofertou Foram as bases estruturais Para, através das paisagens que as formaram, Receberes a merecida láurea Que o fluir do tempo te reservou. Os encaixes da tua alegre moldura São produtos da escultura Que possui perfeição escultural. Por isso vives a atrair o olhar, De quem visita os teus recantos, Oh! charmosa capital! Eis a razão que anima O povo alagoano a vibrar Porque a tua beleza Possui ares de nobreza, Apoiada pela própria Natureza, Do alto do teu pedestal. O teu elegante perfil, Ponta Verde e a enseada de Pajuçara Juntam-se aos teus encantos mil, Ao mar, às praias, à piscina natural, às chãs E ao colorido dos raios solares Todas as tardes, todas as manhãs.

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Royalties pagos pela Petrobras às Prefeituras (2005)

MUNICÍPIO ÁGUA BRANCA ANADIA ARAPIRACA ATALAIA BARRA DE SANTO ANTÔNIO BARRA DE SÃO MIGUEL BATALHA BELÉM BELO MONTE BOCA DA MATA BRANQUINHA CACIMBINHAS CAJUEIRO CAMPESTRE CAMPO ALEGRE CAMPO GRANDE CANAPI CAPELA CARNEIROS CHÃ PRETA COITÉ DO NÓIA COLÔNIA LEOPOLDINA COQUEIRO SECO CORURIPE CRAÍBAS DELMIRO GOUVEIA DOIS RIACHOS ESTRELA DE ALAGOAS FEIRA GRANDE FELIZ DESERTO FLEXEIRAS GIRAU DO PONCIANO IBATEGUARA IGACI IGREJA NOVA INHAPI JACARÉ DOS HOMENS JACUÍPE JAPARATINGA JARAMATAIA JEQUIÁ DA PRAIA JOAQUIM GOMES JUNDIÁ JUNQUEIRO LAGOA DA CANOA LIMOEIRO DE ANADIA MACEIÓ MAJOR ISIDORO MAR VERMELHO MARAGOGI MARAVILHA

404

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LEI 9.478 88.219,85 9.432,36 422.331,27 12.183,48 8.253,32 7.860,29 55.137,41 33.082,43 33.082,43 10.611,42 8.253,32 44.109,91 9.825,41 7.860,29 12.183,48 44.109,91 77.192,36 9.825,41 33.082,43 7.860,29 44.109,91 9.432,36 25.556,57 14.407.015,61 66.164,88 110.274,80 44.109,91 55.137,41 77.192,36 676.302,95 8.253,32 88.219,85 9.039,35 88.219,85 10.218,39 66.164,88 33.082,43 7.860,29 7.860,29 44.109,91 47.674,01 10.218,39 7.860,29 10.218,39 66.164,88 77.192,36 1.231.837,38 66.164,88 33.082,43 10.218,39 55.137,41

LEI 7.525 66.164,88 756.975,73 121.302,29 66.164,88 33.082,43

77.192,36 44.109,91 66.164,88 33.082,43 99.247,30

66.164,88 44.109,91 77.192,36 33.082,43 121.302,29

33.082,43 66.164,88 55.137,41 77.192,36

44.109,91 33.082,43 44.110,28 77.192,36 55.137,41 77.192,36

1.890.869,74

77.192,36

Royalties pagos pela Petrobras às Prefeituras (2005)

MUNICÍPIO

LEI 9.478

LEI 7.525

MARECHAL DEODORO MARIBONDO MATA GRANDE MATRIZ DE CAMARAGIBE MESSIAS MINADOR DO NEGRÃO MONTEIRÓPOLIS MURICI NOVO LINO OLHO D’ÁGUA DAS FLORES OLHO D’ÁGUA DO CASADO OLHO D’ÁGUA GRANDE OLIVENÇA OURO BRANCO PALESTINA PALMEIRA DOS ÍNDIOS PÃO DE AÇÚCAR PARICONHA PARIPUEIRA PASSO DE CAMARAGIBE PAULO JACINTO PENEDO PIAÇABUÇU PILAR PINDOBA PIRANHAS POÇO DAS TRINCHEIRAS PORTO CALVO PORTO DE PEDRAS PORTO REAL DO COLÉGIO QUEBRANGULO RIO LARGO ROTEIRO SANTA LUZIA DO NORTE SANTANA DO IPANEMA SANTANA DO MUNDAÚ SÃO BRÁS SÃO JOSÉ DA LAJE SÃO JOSÉ DA TAPERA SÃO LUÍS DO QUITUNDE SÃO MIGUEL DOS CAMPOS SÃO MIGUEL DOS MILAGRES SÃO SEBASTIÃO SATUBA SENADOR RUI PALMEIRA TANQUE D’ARCA TAQUARANA TEOTÔNIO VILELA TRAIPU UNIÃO DOS PALMARES VIÇOSA

3.113.210,90 66.164,88 88.219,85 10.611,42 8.253,32 44.109,91 33.082,43 10.611,42 8.253,32 66.164,88 33.082,43 33.082,43 44.109,91 44.109,91 33.082,43 154.384,72 77.192,36 44.109,91 102.248,00 8.646,35 44.109,91 12.969,53 9.432,36 4.050.416,31 7.860,29 66.164,88 55.137,41 10.218,39 8.253,32 9.825,41 55.137,41 228.083,94 11.033,08 7.860,29 110.274,80 8.253,32 33.082,43 10.218,39 88.219,85 11.004,44 4.425.481,33 7.860,29 88.219,85 560.640,69 44.109,91 33.082,43 66.164,88 11.790,47 77.192,36 12.969,53 10.611,42

99.247,30

77.192,36 44.109,91

88.219,85 66.164,88

33.082,43 66.164,88 121.302,29 66.164,88 88.219,85 33.082,43

77.192,36 66.164,88 132.329,76 33.082,43 33.082,43 55.137,41 77.192,36 99.247,30 132.329,76 44.109,91 55.137,41

99.247,30 132.329,76 88.219,85

A porta do poder Maceió, em sua história republicana, teve muitos dirigentes, mas poucos eleitos pelo voto popular: foram vinte e quatro intendentes municipais, como eram chamados os chefes da municipalidade desde o período monárquico, começando por Ricardo Brennand Monteiro, membro da Junta Governativa Republicana, em 30 janeiro de 1890, e terminando pelo Coronel Crisanto de Carvalho, em 1924. A denominação mudou para prefeito, com a indicação de Moreira Lima naquele ano de 1925, mas eles continuaram sob a tutela do governo estadual, escolhidos de forma indireta. Há um hiato com a eleição do Coronel Lucena Maranhão, em 1953, novamente interrompido em 1964, e a retomada no período da abertura. Portanto, dos 64 dirigentes de Maceió, apenas 11, se contar a reeleição de Kátia Born e com o atual prefeito Cícero Almeida, foram ungidos em eleição direta. Na segunda metade do século XX, a conquista da Prefeitura de Maceió sempre foi a porta aberta para o governo do Estado na eleição futura. Por isso, o empenho dos partidos em mantê-la ou derrubar aquele que a detém. O cargo dá extraordinária visibilidade ao seu ocupante. Dele saíram governadores Divaldo Suruagy, Fernando Collor de Mello e Ronaldo Lessa. Collor galgou a Presidência da República, sendo o primeiro presidente eleito pelo povo após o regime militar de 64. Suruagy chegou a ser candidato a vice-presidente na chapa de Mario David Andreazza. Guilherme Palmeira, que também foi eleito prefeito de Maceió, que fora governador e senador, foi cogitado para vice-presidente na chapa de Fernando Henrique Cardoso, sendo escolhido, posteriormente, para o cargo de Ministro de Tribunal de Contas da União. A presença feminina O final do século XX foi movimentado no burgo preferido por Melo e Póvoas,

quando nomeado para dirigir a emancipada Alagoas. A cidade manteve-se fiel à tradição de rebeldia e vanguarda das mudanças políticas e sociais do Estado, iniciadas com a transferência da sede do governo, em 1839. Surgiram com foros de afirmação e resgate o movimento negro, o movimento indígena, a passagem constante do Movimento Sem-Terra pelas suas ruas, com apoio da Igreja Católica. Também foi importante a ascensão de políticos de esquerda à frente da prefeitura municipal e o movimento popular de 17 de julho de 1997, que redundou no afastamento do governador Divaldo Suruagy, então à frente do seu terceiro mandato no Palácio dos Martírios, após grave crise que afetou o comércio e o funcionalismo público.

O fato mais destacado, porém, foi a trajetória vitoriosa do movimento feminista, iniciado na década de 30 com a Federação do Progresso Feminino. As mulheres maceioenses decidiram quebrar as amarras da hegemonia masculina, organizaram-se em conselhos e associações e conseguiram importantes vitórias desde os tempos pioneiros de Lily Lages e Linda Mascarenhas. Elas estão hoje em todos os setores, no Senado da República, representando o Estado, na Justiça, no parlamento, nas prefeituras, nas empresas. A Prefeitura de Maceió elegeu uma viceprefeita, Heloísa Helena, na chapa de Ronaldo Lessa, e em seguida, a dentista Kátia Born, reelegendo-a na eleição seguinte, outro fato político inovador, pois até então não havia o instituto da reeleição. Nesse pleito, duas mulheres disputaram a chefia da municipalidade. Na sucessão, três candidatos mobilizaram o eleitorado: o situacionista, um engenheiro negro; um médico, que ganhou a simpatia da classe média, e um radialista de origem humilde, Cícero Almeida, que venceu a eleição no primeiro e segundo turnos, e que é o atual prefeito.

A Maceió moderna: centro político, econômico e populacional de Alagoas

377


O déficit social

exclusão ea

Indicadores econômicos e sociais ALAGOAS

VALOR DA TERRA NUA (VTN/ha)

permanecem

A cidade cresceu. Hoje beira quase um milhão de habitantes. Modernizou-se. Já não é a pacata cidadezinha em que todos se conheciam e conversavam nas cadeiras à frente de suas casas no começo da noite. São muitos, inumeráveis, os bairros novos. Uma metrópole. Ponta Verde e Pajuçara são os seus cartões postais. Mas nem tudo é beleza, há grotões e favelas por toda parte. Há uma outra forma de coronelismo renascendo, o urbano. Os graves e antigos problemas se multiplicaram. As desigualdades e a exclusão social se agravaram. A maioria da população não tem os direitos básicos de cidadania, o que é um desafio para os dirigentes e para a comunidade. FOLCLORE - Abrigo e palco luminoso de todas as manifestações folclóricas alagoanas, a Capital tem inúmeros grupos nos seus bairros e distritos, que mantêm viva a tradição e a cultura popular. Reisado, Chegança, Guerreiro, Pastoril, Quilombo, Cavalhada, Zabumba, Coco Alagoano, Caboclinhos e Festa de Reis. GASTRONOMIA - A culinária maceioense é variada e oferece aos apreciadores mais exigentes muitas opções de aromas e sabores. De suas piscosas lagoas e de seu mar generoso provêm deliciosas iguarias como o sururu, o maçunim, a lagosta, o camarão, a ostra, a agulhinha, o siri e peixes de todas as espécies. Algumas são de origem indígena e africana, como a tapioca, cuscuz de milho, de massa puba, arroz-doce, batatadoce, inhame e macaxeira com carne-desol, beiju, grude de goma, pé-de-moleque, mungunzá, canjica e pamonha. Riacho Doce e o Pontal são dois pólos da culinária local. A cozinha nacional e a internacional estão igualmente bem representadas nos seus incontáveis restaurantes. 378

䙡獣弱㉟灡杳″㜸⁥‴〳 煵慲瑡ⵦ敩牡Ⱐㄹ⁤攠橵汨漠摥′〰㘠ㄵ㨴㘺㈱

MICRORREGIÃO GEOGRÁFICA Lagos do São Francisco Serrana do Sertão Santana do Ipanema Bacia Leiteira Médio São Francisco Arapiraca Palmeira dos Índios Agreste Intermediário Serrana dos Quilombos Mata Alagoana I Mata Alagoana II Mata Alagoana III Mata Alagoana IV Costa dos Corais Maceió São Miguel dos Campos Penedo Pontal do Peba

MÍNIMO

MÉDIO

MÁXIMO

280,50 280,50 280,50 280,50 280,50 561,00 336,60 1.402,50 1.275,00 1.955,00 1.700,00 1.700,00 1.275,00 1.105,00 1.275,00 2.125,00 1.105,00 280,50

700,00 700,00 630,00 700,00 805,00 3.185,00 1.295,00 2.310,00 2.275,00 3.780,00 2.450,00 2.450,00 2.100,00 2.030,00 2.625,00 3.850,00 2.205,00 1.260,00

825,00 825,00 742,50 825,00 990,00 4.125,00 1.650,00 2.475,00 2.500,00 4.250,00 2.500,00 2.500,00 2.250,00 2.250,00 3.000,00 4.250,00 2.750,00 1.650,00

Perfil Educacional do Eleitorado

Alagoas: Número e Perfil das MPE’s

Superior

Catadores de sururu: parte dos que sobrevivem a duras penas no cotidiano da cidade

50.334 2° Grau

Serviços

Indústria

2,8% Sem Instrução

7.687 (31,8%)

298.677 16,7%

819.131 622.070

2.515 (10,4%)

13.938

45,8%

(57,7%)

34,7% 1° Grau

Comércio ㄰

Alunos matriculados

Favela do Lixão: miséria e exclusão social para as vítimas do inchaço urbano

Pop. de 1 a 19 anos Pré-Escola Fundamental Médio EJA* Fonte: INEP/MEC *Educação de Jovens e Adultos

2002 67.453 718.589 104.797 98.824

2005 1.361.433 91.709 716.907 130.593 103.926

Alagoas: Programas sociais (2006)

FAMÍLIAS POBRES Bolsa-Família Outros programas ATENDIDAS (%)

Famílias R$ (mês) 344.428 285.573 18.203.231,00 65.687 1.070.000,00 83% -

Fonte: MDS

403


Indicadores econômicos e sociais MACEIÓ

PIB (per capita)

Setores da Economia (R$) (2002) 2500000

2000 3.895 2.471 3.014 6.473

MACEIÓ ALAGOAS NORDESTE BRASIL

2000000 1500000 1000000

2001 4.233 2.631 3.255 6.954

2002 4.787 3.012 3.694 7.631

2003 6.710 3.505 4.306 8.694

500000 0

Agricultura

Indústria

Situação dos domicílios (2006)

Serviços

Coleta de lixo

Programas sociais (Abril/2006)

FAMÍLIAS NO MUNICÍPIO FAMÍLIAS POBRES Bolsa-Família Outros programas ATENDIDAS (%)

Famílias R$ (mês) 224.625 68.732 42.316 2.434.682,00 249.320,00 15.431 61,6% 2.684.002,00

Empresas e empregos formais (2006)

MACEIÓ ALAGOAS

Empresas Empregos 21.160 112.384 246.414 42.702

PEA 345.732 1.133.000

93,3

Esgoto sanitário

23,2

81,7

Água

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Alunos matriculados

Pop. de 1 a 19 anos Pré-Escola Fundamental Médio EJA Número e Perfil das MPE’s

2002 12.960 148.316 40.574 23.513

2005 348.282 17.311 157.171 44.226 21.044

Perfil Educacional do Eleitorado (2006) Superior

Serviços

Indústria

34.308 (7,5%)

Finanças municipais/previdência (2003)

Previdência Receita Tributária FPM

R$ (2003) 421.205.231,66 74.405.359,78 114.706.815,85

5.375 (39,2%)

1.565 (11,4%)

145.072

6.784 (49,4%)

402

䙡獣弱㉟灡杳″㜹⁥‴〲 煵慲瑡ⵦ敩牡Ⱐㄹ⁤攠橵汨漠摥′〰㘠ㄵ㨵㤺〸

94.702 (20,8%)

(31,9%)

181.288 (39,8%)

Comércio

Fonte: DATASUS - MEC/INEP - FAO/INCRA/MDA - IPEA/PNUD - MDS SEBRAE - TRE/AL - IBGE/PAM - STN - INSS Os dados se referem às publicações mais recentes dessas instituições.

Sem instrução

2º grau

PATRIMÔNIO ECOLÓGICO Lagoa Mundaú ou do Norte; Ilhas Grande, do Peixe, Andorinha, Pontal do Breda, do Fogo, Bonfim e Cadoz; Lagoas da Anta, Peixinhos, Diogo Azul, Queima Roupa, Ouro e Caçamba; Rios Santo Antônio, Sauaçui, Jacarecica, Reginaldo, Garça Torta, Ipioca, Ipioquinha, Mirim, Pratagy, Santo Antônio Mirim, Senhor e Guaxuma; Riachos Bebedouro, Bomba, Catolé, Doce, Estiva, Jenipapo, Jacaré; Lago do Meio, Messias, Pitanguinha, Prata, Prazeres, Oriente, Braço Frio, Gameleira, Água Negra, Brejo dos Passarinhos, Saúde, Bom Jardim, Ibura, Bosque Cemitério, Aurora, Maria Ribeira, Açudes Boca, Catolé e Rio da Silva; Gruta Pedra de Amolar; Canais das Levada, Trapiche e Bebedouro; Serras Bititinga, Capinzal, Caranguejo, Raiz, Pacavira e Pedra Preta. FIGURAS ILUSTRES Maceió tem um elenco de figuras grandiosas, desempenhando papel na História do Brasil e de Alagoas, em diferentes campos de atuação. Seria difícil enumerar todas elas, mas registramos aqui parte delas. A primeira delas é a de Floriano Peixoto, nascido em Ipioca e cognominado “o Marechal de Ferro” por sua atuação como consolidador da República; Sebastião Cícero Guimarães Passos (poeta e jornalista, um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras); José Maria Goulart de Andrade (poeta reconhecido, foi eleito para a Academia Brasileira de Letras); Ladislau de Souza Neto (naturalista, cientista de renome); Orlando de Araújo (bacharel e político); Arroxelas Galvão (jornalista e jurista); Adriano Augusto de Araújo Jorge (historiador e polígrafo); Inácio de Barros Acioli (poeta); Francisco Calheiros da Graça (almirante); Floriano José de Miranda (bacharel); João Craveiro Costa (Historiador e estatístico); Ledo Ivo (poeta, eleito para a Academia Brasileira de Letras); Valdemar

Cavalcanti (jornalista); Manuel Diégues Júnior (antropólogo); Carlos Moliterno (poeta); Ib Gatto Falcão (médico e educador); Afrânio Lages Filho (advogado e político); Rosália Sandoval (escritora); Aída Wucherer (poeta e professora de música); Clara Sharf (ativista política); Linda Mascarenhas (atriz); Heliônia Ceres (escritora); Ilza Porto (escritora); Anilda Leão (poeta); Lourenço Peixoto (pintor); Pierre Chalita (pintor); Venuzia de Barros Melo (professora de música); Tânia Pedrosa (pintora); Selma Brito (pianista); Theomirtes Barros Malta (escritora). PATRIMÔNIO HISTÓRICO Forte São João, construído em 1819, hoje dependência militar federal; Forte de São Pedro, construído em 1822 para guardar o porto de Jaraguá, no seu local funciona hoje a Capitania dos Portos; Catedral Metropolitana, primitiva capela que abrigava São Gonçalo, alguns anos mais tarde ermida sob a invocação de Nossa Senhora dos Prazeres. Após 19 anos de esforços, foi inaugurada em 31 de dezembro de 1839, pelo Imperador D. Pedro II, a Igreja de São Gonçalo, adaptação do antigo paiol de pólvora da cidade. Igreja do Bom Jesus Senhor dos Martírios, Igreja de Nossa Senhora da Guia, Igreja de Nossa Senhora dos Rosários dos Pretos, Igreja do Livramento, Conjunto Arquitetônico de Jaraguá, Palácio Floriano Peixoto, Assembléia Legislativa Estadual, Cemitério Público de Nossa Senhora da Piedade, com notáveis mausoléus, o Coreto da Avenida da Paz, Academia Alagoana de Letras, Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas, Associação Comercial, Museu Pierre Chalita, Museu Théo Brandão, Palacete do Barão de Jaraguá, onde funcionam a Biblioteca Pública Estadual e o Arquivo Público, Edifício do Tesouro, Teatro Deodoro, Tribunal de Justiça, entre muitos outros.

Academia Alagoana de Letras

Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas

Museu Théo Brandão

Palácio Floriano Peixoto - sede histórica do poder em Alagoas

1º grau

379


Diversidade religiosa Com uma história marcada pela predominância do Catolicismo, Alagoas passou a conviver, principalmente ao longo dos últimos 20 anos, com a diversidade religiosa, concentrando na capital, Maceió, a área mais fértil para a expansão de novas crenças. O surgimento de novas vertentes religiosas foi iniciado pelo movimento protestante, com a criação das igrejas chamadas evangélicas. A primeira a se instalar no Estado, há 146 anos, foi a Igreja Batista. Fundada pelo ex-padre católico Antônio Teixeira de Albuquerque, a igreja, que foi a primeira a fazer a pregação do Evangelho no Nordeste e é considerada uma das mais tradicionais, reúne atualmente 26.508 adeptos em Alagoas (IBGE, 2000). Tendo como princípio a exaltação da fé para aproximar o fiel de Deus, a Assembléia de Deus, como representante maior no Estado das igrejas pentecostais, inicia suas atividades em 1915 com a vinda do missionário Gunnar Vingren, que trouxe consigo o casal sueco Otto e Adina Nelson, precursores da Missão Fé Apostólica em terras alagoanas. Neste começo de evangelização, o ponto de partida foram

Igreja Assembléia de Deus

seis crentes em Maceió; hoje, segundo o IBGE (2000), somam 140.104 adeptos, espalhados por 570 templos, 220 deles na Capital. Seguindo a linha de expansão das igrejas evangélicas no país, a Universal do Reino de Deus, fundada em 1977 no Rio de Janeiro pelo bispo Edir Macedo, também fincou raízes na Terra dos Marechais, onde chegou há 20 anos. Em Alagoas, a igreja lista 16 mil membros efetivos. Ao relacionarem o poder de Deus a curas milagrosas e sessões de exorcismo, seus pastores reúnem, só no templo central, no bairro do Farol, a cada terça-feira e domingo, uma média de quatro mil pessoas por culto.Tem 82 templos no Estado, 32 deles em Maceió, onde se destacam os dos bairros de Ponta Grossa, Tabuleiro, Farol e Jacintinho. Fazendo um contraponto a essa “arrancada” evangélica, as religiões afrobrasileiras também mantêm núcleos significativos na capital, tendo nos bairros do Vergel, Jacintinho, Village Campestre e Trapiche da Barra, alguns dos terreiros mais representativos, tanto de Candomblé quanto de Umbanda. Originários das raízes africanas, somadas à prática do Catolicismo

(caracterizando assim o sincretismo), esses cultos têm no Estado, registrado pelo IBGE (2000), 1.043 e 778 adeptos, respectivamente. Mesmo tendo como adversários os integrantes do Catolicismo e do Protestantismo, o Espiritismo também pôde espalhar sua ação evangelizadora pelo Estado. O primeiro centro espírita, que posteriormente recebeu o nome de um de seus fundadores, (Manuel Pinto de Melo Maia) surgiu em 1889. Com uma doutrina baseada na crença em um Deus único, no amor e ajuda ao próximo, a religião, também vista como filosofia e ciência, tem suas ações voltadas à comunicação com os mortos e a salvação pela caridade. Atualmente, soma 9.991 adeptos (Censo, 2000), 8.483 deles em Maceió, que se reúnem em 35 centros espíritas.

Cerimônia afro-religiosa, na Praia da Jatiúca (à direita)

Igreja Batista do Farol

A Fábrica de Fernão Velho A Fábrica Carmen, inaugurada em março de 1857, completou 149 anos de existência, tornando-se a indústria têxtil mais antiga em atividade no Brasil. Fundada com o nome de Companhia União Mercantil, foi adquirida, em 1943, pelo grupo empresarial pernambucano Othon Bezerra de Mello, passando a se chamar Fábrica Carmen. Até a década de 60 do século passado, funcionando com mais de 800 operários, foi a indústria de manufatura mais importante de Alagoas. Fez parte da história das comunidades de Fernão Velho, Goiabeiras, ABC e Rio Novo. E, em 1997, mudou outra vez de dono, permanecendo até hoje com o nome Fábrica Carmen Fiação e Tecelagem S/A. Atualmente, produz e exporta tecidos para vários estados brasileiros.

Usina Cachoeira do Meirim Fundada em 1959, é a única empresa do setor sucroalcooleiro localizada no município de Maceió. A usina foi comprada pelo Grupo Carlos Lyra, em 1986 e, desde então, tem modernizado suas instalações e ampliado sua produção, transformando-se numa das maiores unidades do setor em Alagoas. Na safra 2005/06, esmagou 1,1 milhão de toneladas de cana-de-açúcar e produziu 2,3 milhões de sacas de açúcar e 22 milhões de litros de álcool.

Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias

Federação Espírita de Alagoas

Catedral Metropolitana de Maceió

380

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401


Braskem Instalada em Maceió desde 1976, a Braskem é a maior empresa de Alagoas. Em 2004, já possuía duas unidades industriais: a planta produtora de cloro e soda cáustica, que é a maior do continente americano, e a unidade de produção de PVC (polipropileno), produto do qual a Braskem é líder na América Latina. No ano passado, investiu R$ 90 milhões, passando de 200 para 250 mil toneladas/ano na unidade de produção de PVC. Produz também 520 mil ton/ano de DCE (dicloretano), 460 mil ton/ano de soda cáustica e 400 mil ton/ano de cloro. Conta com 400 empregos diretos e faturou, no ano passado, R$ 1,05 bilhão.

Sococo

Fundada em 1966, a Sococo foi adquirida, em 1982, pelos grupos proprietários das usinas Seresta e Triunfo. É hoje a maior e mais moderna fábrica de derivados de coco do mundo, com capacidade de processamento de 280 mil cocos por dia (envasa 50 milhões de garrafinhas de leite de coco por ano), comercializados em todo o Brasil e no Exterior. A empresa tem uma fábrica em Alagoas e duas no Pará e detém mais de 40% do mercado nacional de produtos derivados da fruta. A fábrica da capital alagoana utiliza as matérias-primas já processadas no Pará, onde possui a maior plantação do Brasil, com 1 milhão de coqueiros. No ano passado, faturou R$ 250 milhões. O Grupo também possui a Amacoco/Água de Coco da Amazônia, criada em 1995 como joint-venture entre a Sococo e o grupo mineiro Regon. A empresa é responsável por 70% do mercado nacional de água de coco envasada, com uma produção de 2,5 milhões de litros/mês, em suas unidades de Petrolina (PE) e do Pará.

400

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381


Prédios em construção, na Ponta Verde, que vive boom imobiliário

Setor imobiliário Economia

M

Cícero Péricles de Carvalho Coordenador de Economia - Doutor em Economia pela Universidade de Córdoba, Espanha. Professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEAC) da UFAL.

aceió concentra em seu território metade da população urbana do Estado e está caminhando para ter um milhão de habitantes. Fundada como uma área de ligação entre a produção agroindustrial (localizada no interior do Estado) e seu porto exportador (Jaraguá), a capital alagoana se constituiu, desde suas origens, como uma economia de comércio e de serviços. As iniciativas industriais, sempre pontuais e localizadas, não geraram uma dinâmica industrializante, não obstante se situar em Maceió a mais antiga indústria têxtil em funcionamento no Brasil, a Fábrica Carmen. Fundada em 1857, instalada em Fernão Velho. Avenida Fernandes Lima, no Farol, bairro que é o novo foco da expansão imobiliária

382

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Maceió é uma cidade em plena construção. Hoje, ela comporta 250 mil imóveis. Alguns bairros da Capital principalmente na orla marítima e nas margens da Avenida Fernandes Lima têm recebido fortes investimentos imobiliários, com destaque para os edifícios e condomínios de classe média e média alta. São muitas as construtoras que, lideradas por um grupo mais dinâmico - Cipesa, Meta, V2, Falcão, Placic, Delmann, Record -, vão transformando a fisionomia da cidade. A construção civil gera empregos urbanos e alimenta uma forte rede de compras através de sua cadeia produtiva. Essa vasta rede, centrada nos fornecedores de material de construção, nas incorporadoras e corretoras de imóveis, nos escritórios de engenharia e de arquitetura,nas lojas de decoração e de mobiliário, fazem com que o setor seja considerado um dos mais dinâmicos

do Nordeste. Nos bairros periféricos, a construção popular dinamiza um outro tipo de mercado: o varejo da construção civil e os empreendimentos informais, presentes em quase todas as partes da cidade. A construção civil alagoana é conhecida pela capacidade técnica, originária das faculdades de engenharia e de arquitetura e das escolas técnicas que funcionam há décadas na Capital. Empresas alagoanas já constroem em outros estados brasileiros, comprovando a capacidade empresarial do setor. Muito influenciada pelo turismo, o produto imobiliário de Alagoas atende, hoje, a um mercado com um percentual crescente de compradores oriundos de outras unidades da federação e do estrangeiro.

399


A economia de Maceió não conheceu um ciclo de industrialização, criação e atração de um grande conjunto de indústrias que aumentasse a riqueza da população local, permitindo o surgimento de uma classe trabalhadora numerosa, um empresariado moderno e setores de classe média vinculados a essa produção. Em vez disso, Maceió sempre foi a cidade dos serviços e do comércio. A carência de infra-estrutura, de capital local, de mercado mais amplo que consumisse parte dessa produção e a

Marcos da

industrialização concorrência de cidades próximas e maiores, como Recife e Salvador, dificultaram, ao longo de décadas, a geração e a atração desses investimentos fabris. No entanto, neste século e meio de história da indústria em Maceió, instalaram-se na capital algumas grandes empresas, a exemplo da Fábrica Carmen, Sococo, Braskem e a Usina Cachoeira do Meirim. Esses quatro símbolos da indústria maceioense demonstram a possibilidade dessa industrialização e, ao mesmo tempo, revelam as dificuldades de se criar um parque industrial maior, voltado para as demandas regionais e gerador de riqueza econômica e mais dinâmica social.

Maceió Capital política Sede administrativa Centro econômico

398

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383


A cidade do

comércio e dos serviços Mesmo contando em décadas passadas com outras unidades têxteis importantes (Alexandria, em Bom Parto, e o Cotonifício Nogueira, em Ipioca), Maceió não assistiu à formação de um parque industrial significativo. Os setores comercial e de prestação de serviços, somados à burocracia estatal, são os grandes elementos da economia local. Nem mesmo a tentativa de se criar um distrito industrial, a partir de 1960, foi bem-sucedida. A falta de capital local e de um mercado regional, e a forte competição industrial de outras regiões, impediram esse intento. O modelo de sociedade que aqui se implantou é o mesmo que o Brasil conhece desde o tempo colonial, caracterizado pela distribuição desigual da renda, concentração das terras e dos espaços urbanos, traços estes mais fortes no Nordeste. Com um terço da população total de Alagoas, Maceió tem o 384

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privilégio de, desde o século XIX, centralizar quase toda a administração federal e estadual, além de sua própria prefeitura. São mais de 80 mil funcionários públicos vivendo na cidade. Uma em cada três famílias na Capital tem um servidor público entre seus integrantes. Ao longo de décadas, implantou-se em Maceió um setor de serviços e uma rede comercial desenhados para servir a todas as regiões do Estado. Esses setores são os grandes empregadores da mão-de-obra local, tanto no setor formal, com trabalhadores de carteira assinada, como na economia informal. As localidades do interior se constituíram, desde séculos, num mercado permanente para Maceió, conectadas por caminhos de terra batida, por via lacustre, pela rede ferroviária e, no século XX, por estradas asfaltadas. As poucas indústrias alagoanas fora do setor sucro-alcooleiro, estão quase todas em

A hotelaria responde por um grande número de empregos

A melhoria da urbanização (calçadões) no centro da cidade, fortaleceu sua vocação comercial

Maceió. Dois grandes símbolos da industrialização setorial, como a Braskem e a Sococo, estão na Capital. O maior distrito industrial de Alagoas, com 60 unidades fabris e três mil trabalhadores, encontra-se no Tabuleiro do Martins. Maceió é o segundo município pesqueiro de Alagoas. A pesca artesanal é uma atividade empregadora de muita mão-de-obra, tanto em bairros lagunares (Bebedouro, Bom Parto, Pontal da Barra, Vergel do Lago e o distrito de Fernão Velho) como litorâneos (Ipioca, Pescaria, Pajuçara e Riacho Doce). Às margens da Lagoa Mundaú ou da orla atlântica, milhares de homens extraem, anualmente, a segunda maior quantidade (depois de Piaçabuçu) e a mais diversificada produção de pescado estuarino e marítimo do Estado: arabaiana, atum, bagre, camarão, carapeba, cavala, dourado, maçunim, ostra, pescada, sardinha, serra, siri, sirigado, sururu, tainha, vermelho e xaréu. A comercialização é realizada quase toda na própria Capital.

O setor gastronômico alavanca o crescimento da economia de Maceió

397


O mercado de

trabalho eo

Em Maceió também está situado o principal pólo turístico do Estado (hotéis e restaurantes) e o setor comercial mais importante. Com o somatório de todas as condições citadas, a Capital produz mais de 56% da riqueza estadual. E isso traz um problema crônico: por ter mais vantagens competitivas, como a melhor infraestrutura e mercado consumidor amplo, a cidade continua atraindo mais empreendimentos e aumentando a concentração de riquezas. A falta de alternativas no interior do Estado e a dinâmica econômica municipal

um pouco superior à média estadual, vêm penalizando Maceió com uma forte migração rural (direta do campo) e com deslocamentos das cidades do interior alagoano em sua direção. O município conhece esse processo de urbanização desde a transferência da primeira capital de Alagoas (hoje Marechal Deodoro) para Maceió, em 1839; e sofreu uma ampliação fulminante nas quatro últimas décadas do século XX, quase quadruplicando sua população. A cidade cresceu rapidamente, mais foi “ruralizada” pela presença massiva de uma população originária do campo

alagoano, que trouxe para a Capital suas práticas e valores, determinando o cotidiano da vida de bairros inteiros. Desde a transferência da capital para Maceió, a cidade se transformou num município-pólo com influência regional. Dada a importância adquirida pela Capital ao longo desse período, pode-se afirmar que o desenvolvimento de Alagoas passa, obrigatoriamente, por Maceió.

FUTURO da cidade

Dois terços da mão-de-obra de Maceió encontram-se na informalidade. Esse é um reflexo de uma economia que no seu ambiente estadual depende de setores que têm alta e baixa estação ou safra e entressafra, como a cana-de-açúcar e o turismo. A época das chuvas coincide com o fim da alta estação do turismo e o fim da safra da cana. A partir de setembro, recomeçam a fase alta do turismo, do corte da cana e das vendas de fim de ano. No primeiro tempo, temos mais desemprego formal; no segundo, mais contratações. Maceió não possui muitos setores econômicos estáveis. A urbanização avançou sobre sua extensa área rural, extinguindo sítios e pequenas propriedades responsáveis por uma agricultura familiar produtora de alimentos, policultora e pluriativa, que empregava o ano inteiro e ajudava a abastecer a cidade. Maceió também carece de um forte setor industrial que gere empregos com relativa estabilidade (como é o caso dos três mil trabalhadores do Distrito Industrial). A dinâmica do setor comercial se ressente dessas ausências e, por isso, é também um empregador sazonal. No presente, o desemprego ou o vínculo precário é um 396

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MACEIÓ: Pirâmide Etária (2005) 50 anos ou +

Shoppings: templos do consumo de massa que geram empregos e movimentam a economia

30-49 anos 20-29 anos 0-19 anos POPULAÇÃO

0

100.000

problema que atinge dois terços da mãode-obra de Maceió. No futuro, a questão tende a se tornar ainda mais difícil, tendo em vista o perfil juvenil da população da capital alagoana. Em meio a essas dificuldades, Maceió vem encontrando um destino econômico, que é o de permanecer como uma cidade de comércio e serviços. É o setor terciário que mais movimenta a economia, emprega e gera renda no município. O problema central desse setor é o mercado estreito e muito disputado. Nos últimos anos, esse mercado vem sendo ampliado, influenciado

200.000

300.000

400.000

pela conjuntura nacional. Com essa ampliação, a tendência é o crescimento de mais unidades, resultando na formalização de empresas e da mão-de-obra. A área de comércio e serviços instalada em Maceió tem alguns pólos modernos e permanece como o eixo dinâmico da economia, sendo responsável - juntamente com o setor público - pela melhoria das condições de vida da cidade.

MACEIÓ: A RIQUEZA CONCENTRADA NA CAPITAL PIB DE ALAGOAS Alagoas: renda per capita PIB DE MACEIÓ Maceió: renda per capita % do PIB de Alagoas

2000

2001

2002

2003

7.023.000 2.471 3.149.735 3.895 44,8%

7.569.000 2.631 3.501.799 4.233 46,3%

8.767.000 3.012 4.050.592 4.787 46,2%

10.325.908 3.505 5.806.094 6.710 56,2%

ALAGOAS: URBANIZAÇÃO DA POPULAÇÃO (1970/2005) 2.100.000 ㄰

1.800.000 1.500.000

1.200.000 㜵

900.000 600.000 300.000 ㈵

1970

1980

URBANA DE ALAGOAS

1990

2000

2005

RURAL DE ALAGOAS

MACEIÓ

Fonte: IBGE

385


A economia

informal

A capital alagoana, entre 1970 e 1980, com o apoio de muitos investimentos federais, teve um crescimento econômico extraordinário. Registram-se nesses anos a instalação da Braskem (ex-Salgema e Trikem); a inauguração ou ampliação de algumas fábricas, tanto no Distrito Industrial como fora dele; a modernização do Porto de Maceió, com a instalação do terminal açucareiro; a construção de vários conjuntos habitacionais populares, com recursos do então Banco Nacional da Habitação (BNH); o começo das obras de saneamento (que atendem a 27% da população da Capital); a ampliação da rede de abastecimento d´água; a abertura de vias de transportes, como a Leste-Oeste, o Dique Estrada e a Via Expressa,

Consumo popular, um segmento em franca expansão

O comércio informal emprega milhares de pessoas

Região metropolitana,

64%

Barra de Santo Antônio

Messias

da economia Em Alagoas, a concentração espacial e de renda são muito maiores que a média nacional e até mesmo do que a nordestina. Ocupando apenas 7% do território, a Região Metropolitana de Maceió (RMM) concentra 37% da população alagoana e 64% da riqueza do Estado. Do total de 10,3 bilhões de reais do Produto Interno Bruto (toda riqueza criada em um ano), em Alagoas, R$ 6,6 bilhões foram gerados na área metropolitana de Maceió.

Paripueira Rio Largo

Maceió Satuba Santa Luzia do Norte

Pilar

Coqueiro Seco Marechal Deodoro Barra de São Miguel

Região Metropolitana de Maceió

altas taxas de crescimento do comércio de varejo. Em regiões pobres como Alagoas, os segmentos mais ricos, com suas necessidades mais ou menos satisfeitas, poupam parte do que ganham e investem parte da renda obtida; nos setores mais pobres, o dinheiro vai todo para o consumo de bens que estão há tempo na lista de compras futuras. Uma elevação de renda nos segmentos C e D implica aumento no consumo de alimentos, roupas, remédios e material de construção. Essa mesma elevação no segmento A quase não altera o consumo. Em Maceió, os setores industriais e comerciais que mais crescem são justamente aqueles que atendem às demandas do público mais pobre, produzindo os chamados “bens populares”. A multiplicação de pontos de vendas - mercadinhos, mercearias, sacolões e feiras livres - é o melhor indicador. As feiras de bairros - Tabuleiro dos Martins, Jacintinho, Levada, Benedito Bentes,

Bebedouro e Jatiúca - assistem a um crescimento acelerado, de tal forma, que vêm criando problemas de gestão para a Prefeitura de Maceió. Nos bairros da Capital, fábricas de produtos populares seguem a linha de crescimento. As “sulancas”, produtoras de confecções sem marca e com preços acessíveis, estão ampliando as vendas. As lojas de materiais de construção a varejo aumentaram sua capilaridade em função desse aumento da renda. As tubaínas (refrigerantes populares) ocupam lugares nos mercadinhos e mercearias. Os produtos de

limpeza e de higiene pessoal são itens comuns nas compras dos segmentos de menor renda. As vendas diretas, de porta em porta, tiveram um crescimento exponencial nestes três últimos anos. A venda de meios de transportes individuais, como bicicleta e motocicleta vem se expandindo. Da mesma forma, a rede de serviços desenhada para atender a esses segmentos.

Potencial de consumo Classes A B C D E Total

DOMICÍLIOS 13.010 43.619 95.679 85.502 11.487 249.297

POTENCIAL DE CONSUMO/2006/R$

CONSUMO MÉDIO DOMICÍLIO/R$

1.482.215.006 1.794.925.862 1.759.642.595 652.002.374 46.373.357 5.735.159.194

114.016 41.150 18.391 7.625 4.037 185.219

386

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395


Maceió

A

E

D

B

5% 5%

E 1%

17%

26%

34% D

A

11% 31%

39%

C

31%

C B

% de cada segmento de consumidores

Poder de compra

por segmento da população

Puxada pelo

consumo popular Maceió concentra metade da população urbana de Alagoas: 250 mil domicílios. Desses, 96 mil pertencem ao segmento de consumo chamado de C; 85 mil ao segmento D; e 12 mil ao E. A estratificação social é muito clara: 13 mil famílias pertencem ao público A e apenas 43 mil famílias são do segmento B. A classe A recebe acima de 20 salários mínimos, ou seja, acima de 7 mil reais. A classe B recebe de 10 até 20 salários mínimos, ou seja, de 3. 500 a 7 mil reais. A classe C recebe de 4 a menos de 10, que varia de 1.400 a 3.500 reais. A classe D desce um pouco: entre 1 e 4 salários, ou seja, entre 350 e menos de 1. 700 reais. A classe E se baseia no salário mínimo. Fato novo no mercado consumidor de Maceió é o aumento constante e

expressivo dos segmentos mais pobres. É um fenômeno detectado pelas associações de supermercados, instituições que fazem pesquisas de mercado, agências de propaganda e meios de comunicação de massa. Nos segmentos mais pobres, os programas sociais de transferência de renda têm exercido um papel fundamental nesse processo. As políticas permanentes de educação e saúde também são responsáveis pela transferência de renda e, claro, a Previdência Social. Mas, no tocante aos segmentos C e D, outros elementos também têm trabalhado a favor: a estabilidade financeira alcançada nos últimos anos, que permite realizar compras a longo prazo; o crescimento recente da economia brasileira; a melhoria da renda dos setores assalariados; os aumentos

seguidos do salário mínimo; e a ampliação do crédito consignado. As lojas de departamento, as redes de supermercados e as empresas de bens de consumo, que antes eram consideradas as mais elitistas, estão direcionando seus esforços para atender a esse novo tipo de consumidor. Os novos empreendimentos comerciais estão trabalhando nessa direção. Eles compreenderam que 80% dos consumidores alagoanos fazem parte das classes mais pobres e que, em Maceió, o poder de compra dos segmentos C e D, que têm níveis de consumo muito próximos, é de R$ 2,4 bilhões. O IBGE e as instituições setoriais (em Maceió, a Federação do Comércio, que realiza pesquisas regulares) buscam compreender esse fenômeno recente das

conectando partes da cidade; a urbanização fiscal como a que passou Alagoas nesse mesmo espaço econômico, algumas e a iluminação da orla marítima; a período, nem suas capitais conheceram plantas industriais modernas (a maior construção de equipamentos modernos taxas tão altas de crescimento populacional indústria de cloro e soda cáustica da (para a época) como o mercado da CEASA como as de Maceió. E o resultado é América Latina, um distrito industrial e a rodoviária intermunicipal; e a ampliação conhecido: a capital alagoana, em 2000, dominado por pequenas unidades fabris da rede hoteleira, padrão que se mantém até registrou o IDH mais baixo entre todas e a maior beneficiadora de produtos de hoje. as capitais brasileiras, ficando numa coco do mundo) convivem com uma área Nesse mesmo período, outro aspecto desconfortável colocação (2181º) entre rural ocupada por canaviais, destinados a chama a atenção: o ritmo da migração que os municípios do País. uma usina de açúcar (Cachoeira do chega do interior do Estado. Uma cidade que Meirim), e com a criação de rebanho tinha 242 mil habitantes em leiteiro cuja a produção é 1960, passou a quase um milhão ALAGOAS E MACEIÓ: EVOLUÇÃO DA POPULAÇÃO voltada ao setor de laticínios. de pessoas em 2005. É um Apesar de ser o mais populoso e ANO ALAGOAS MACEIÓ % MACEIÓ /ALAGOAS mais rico município do Estado, ritmo acelerado para as poucas condições financeiras da possui uma economia baseada na 19% 242.987 1.258.107 1960 prefeitura da Capital e da imensa rede de serviços e 22% 351.299 1.588.109 1970 máquina estadual. Ao longo dos comércio, com predominância do 25% 514.671 1.982.591 1980 anos 90, esse nível de setor informal, apresentando, por crescimento econômico, sua vez, baixa produtividade. Ruas 30% 776.079 2.514.100 1991 centrado em muitas obras de inteiras e parte dos bairros 30% 903.464 3.015.901 2005 engenharia, foi quebrado com a periféricos têm nessas atividades a Fonte: IBGE (2006) crise fiscal, mas a população não sua razão de sobrevivência parou de crescer. Em 1960, econômica. A imensa economia Maceió representava menos de informal convive com parte da um quinto da população de Alagoas e, economia formal, esta última, em número O município de Maceió apresenta-se atualmente, concentra quase um terço da menor e mais rica, possuindo setores com a dinâmica própria de uma região população total. Os outros estados modernos e competitivos no plano subdesenvolvida e, por isso, possui uma nordestinos não vivenciaram uma crise regional. economia tomada de paradoxos. No

A REGIÃO METROPOLITANA DE MACEIÓ (RMM) MUNICÍPIOS

Barra de Santo Antônio Barra de São Miguel Coqueiro Seco MACEIÓ Marechal Deodoro Messias Paripueira Pilar Rio Largo Santa Luzia do Norte Satuba REGIÃO METROPOLITANA ALAGOAS % DA RMM/ALAGOAS

AREA (km²) POPULAÇÃO (2005)

138,0 76,6 40,3 510,7 333,5 112,9 92,7 249,0 309,4 28,5 42,6 1.934,2 27.767,0 7%

13.812 7.274 5.353 903.463 42.793 12.883 8.762 32.421 67.889 6.759 14.666 1.116.075 3.015.901 37%

PIB (2003)

24.492 23.953 8.572 5.806.095 302.241 20.236 19.214 171.346 159.680 16.518 25.804 6.578.151 10.326.906 64%

O fenômeno da criação ou do deslocamento da riqueza para municípios do interior, principalmente por meio da “interiorização” de indústrias, comum em outros Estados, não ocorreu em Alagoas. Pelo contrário, Maceió ampliou seu índice de concentração estadual, que é atípico mesmo para o Nordeste, a exemplo de Aracaju, que representa 30% do PIB de Sergipe; de Recife, 25% do PIB de Pernambuco; e de Salvador, com apenas 15% da riqueza baiana. A explicação é relativamente simples: nessas onze localidades da área centralizada por Maceió, estão concentradas as poucas indústrias do Estado, o setor de serviços mais dinâmico, o maior pólo turístico, o comércio mais ativo e a agroindústria voltada para a exportação. ㄰

Maceió: População Economicamente Ativa - PEA (2000/IBGE)

PEA PEA Desocupada PEA Ocupada Trabalhadores Formais

HOMENS 191.512 39.463 152.049 71.439

MULHERES 154.220 41.405 112.815 47.336

TOTAL 345.732 80.868 264.864 118.775

394

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387


Nas últimas quatro décadas, Maceió cresceu e passou a apresentar uma série de vantagens comparativas e competitivas: uma vasta rede comercial e um conjunto hoteleiro/gastronômico relativamente desenvolvido; aeroporto internacional e porto marítimo modernos; uma infra-estrutura viária razoável, que reforça sua posição geográfica privilegiada no Nordeste do Brasil; um destacado complexo de saúde e uma rede de ensino superior que já incorpora mais de quarenta mil alunos etc. Com essas vantagens, Maceió é o maior núcleo de desenvolvimento regional de Alagoas. A cidade cresceu e se transformou num centro prestador de serviços de qualidade nas áreas do comércio, saúde, educação de nível técnico e superior, turismo e gastronomia, tecnologia da informação e da produção cultural e artística, o que lhe confere relativa competitividade no plano regional nordestino. Localizada na faixa litorânea da Zona da Mata, Maceió estende sua influência ao Agreste e Sertão, na fronteira com Pernambuco, Sergipe e Bahia. Essa presença regional está ancorada em alguns setores fortemente competitivos nas áreas de comércio e de serviços.

Aeroporto Internacional Zumbi dos Palmares

Um novo pólo

de serviços de qualidade vendas e a ampliação para os bairros da cidade. A maior demonstração de força do comércio local é a promoção anual “Liquida Maceió”, envolvendo mais de mil e quinhentos pontos de comercialização.

Setor Comercial Maceió é o maior centro comercial atacadista e varejista de um mercado com mais de três milhões de habitantes. É, também, sede de grandes empresas comerciais responsáveis por uma forte competição local na área de supermercados tanto dos gr upos nacionais e multinacionais (Bompreço/Wal Mart, Extra/Pão de Açúcar, Makro) como das redes estaduais (Via Box, Unicompra, Palato). Todas as grandes empresas nacionais, os grupos industriais e as firmas de serviços, têm representação na cidade. O antigo centro comercial de Maceió está passando por um processo de modernização infra-estrutural que deve beneficiar dezenas de ruas comerciais. Por outro lado, o maior shopping da cidade, o Iguatemi, está, também, em processo de ampliação. Nas últimas décadas, dois fenômenos marcaram o comércio da Capital: a diversificação dos pontos de 388

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Setor de Saúde Com uma grande variedade de especialidades e de serviços, Maceió tornou-se um importante centro de saúde do Nordeste, com crescimento regular e constante. Com dezenas de unidades hospitalares (com destaque para as grandes unidades, como o Hospital do Açúcar, A Santa Casa de Misericórdia, O Arthur Ramos, o Universitário, a Unimed, e o Sanatório), casas de saúde, clínicas especializadas, laboratórios, centros de diagnóstico, todos dotados dos recursos mais modernos em exames e cirurgias, e milhares de trabalhadores especializados (médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, nutricionistas, dentistas, etc.), além de

quatro mil leitos distribuídos pela rede pública, privada ou filantrópica. Maceió disputa com outras capitais nordestinas o privilégio de ser um núcleo competitivo de prestação de serviços na área de saúde. O setor é hoje alvo de fortes investimentos, tanto na ampliação das unidades existentes, como em novos empreendimentos.

Setor de Educação O ensino superior de Maceió, nas vertentes politécnica e universitária, revelase um componente estratégico imprescindível ao desenvolvimento da cidade, evidenciado pela perspectiva de crescimento a curto prazo, com a instalação de novas faculdades isoladas e universidades particulares. Na capital alagoana, aproximadamente 300 mil crianças, jovens e adultos estudam regularmente: 18 mil crianças nas creches e pré-escola, 160 mil alunos no ensino fundamental e técnico, 45 mil estudantes

renda que dinamiza a vida local. Maceió tem uma economia influenciada fortemente por essa renda sem produção. O grande problema central da cidade, a pobreza em larga escala, é, ao mesmo tempo, uma grande oportunidade de desenvolvimento. Para atender às demandas listadas acima, são necessários fortes investimentos que, aplicados de forma combinada entre infra-estrutura e geração de emprego e renda, podem gerar um novo ciclo de crescimento. Um exemplo claro é a habitação popular. Maceió é a capital nordestina com o terceiro maior déficit habitacional. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), há uma carência de 160,6 mil domicílios no Estado - cerca de 25% dos quais em Maceió. A falta de condições de moradia atinge 92% da população com faixa salarial de até 3 salários mínimos, 5% da faixa que recebe de 3 a 5 salários e 3% acima de 5 mínimos. Ou seja, é um problema social. No enfrentamento dessa questão, o Ministério das Cidades investiu R$ 200 milhões entre os anos 2000 e 2006, para construir 28 conjuntos habitacionais através do Programa de Arrendamento Residencial (PAR), dinamizando a construção civil na Capital e tirando seis mil famílias do aluguel. As políticas de formação profissional, de assistência e de crédito empresarial que são concretizadas nos programas

populares para atender a essa maioria pobre da cidade, são avaliadas de maneira positiva, como as experiências realizadas através do microcrédito produtivo, do Banco do Nordeste do Brasil (BNB) e do Banco Cidadão e o apoio aos pequenos negócios, do Sebrae. O Banco Cidadão é uma organização da sociedade civil que trabalha com recursos públicos e que já realizou mais de dez mil empréstimos de valores reduzidos a empreendedores de pequeno porte, com uma taxa de inadimplência considerada exemplar.

Em primeiro plano, a Prefeitura de Maceió

Palácio do Governo do Estado

393


O

Estado onipresente

Maceió, no final do século XIX, era públicos, ciclovias) e infra-estrutura urbana uma pequena cidade de 30 mil (saneamento, água, asfalto, iluminação) habitantes. O Censo de 1920 registra entre as duas partes da cidade. que 74 mil pessoas viviam na capital A Prefeitura de Maceió possui quinze alagoana. Três décadas depois, em 1950, mil funcionários e tem a maior arrecadação a população alcançava 120 mil pessoas. entre todas as prefeituras alagoanas. No Esse crescimento dispara a partir de entanto, esse orçamento não consegue dar então: 240 mil pessoas em 1960, meio conta de todas as demandas da população. milhão em 1980 e 903 mil em 2005. O somatório anual dos principais tributos Neste último período, a cidade cresceu arrecadados pela prefeitura da Capital em direção ao Litoral Norte e à parte (Imposto Predial Sobre Patrimônio alta. Entre 1970 e 1996, alguns bairros Urbano, Imposto Sobre Serviços, Imposto da Capital obtiveram taxas espetaculares de Transferência de Bens Imobiliários, de crescimento, de mais de 1.000% Taxa de Localização e de Funcionamento, (Barro Duro, Tabuleiro e Mangabeiras) ou mais de EVOLUÇÃO DOS PRINCIPAIS TRIBUTOS E DO FPM - 2002/2005 500% (Ponta Verde e Cruz das 2002 2003 2004 Almas). Por outro lado, outros IPTU 19.787.788,63 25.967.584,36 21.112.942,06 bairros tiveram taxas negativas 36.863.566,80 30.803.024,97 45.047.229,69 de crescimento (Centro, ISS 5.724.051,97 4.801.278,95 ITBI 6.174.209,67 Levada, Mutange e Poço), TLF 3.607.913,74 2.040.322,65 3.054.197,78 d e s e n h a n d o a s s i m , a TAXA DE LIXO 3.704.846,42 3.446.412,99 4.587.188,17 f i s i o n o m i a d a c i d a d e DÍVIDA ATIVA 15.297.351,94 9.866.939,70 20.771.969,83 86.310.672,93 socialmente dividida que existe TOTAL 70.745.767,89 105.602.379,50 97.472.466,82 93.038.899,95 107.454.296,23 atualmente. De um lado, a FPM cidade rica e “formal”, com Fonte: SMF/Maceió e STN suas “ilhas valorizadas” e Taxa do Lixo e Dívida Ativa) é sempre registradas no espaço do mercado menor que a quota-parte do Fundo de imobiliário, cercada pelos bairros Participação dos Municípios (FPM) a que estagnados e pobres. No outro pólo, a Maceió tem direito. parte dominada pela ocupação ilegal e No ano passado, o total de recursos irregular do solo urbano, desconhecida até transferidos pela União para Maceió, em mesmo pelos órgãos responsáveis pelo todas as suas rubricas (saúde, educação, controle urbanístico. infra-estrutura, assistência social etc), A prefeitura da Capital, pressionada inclusive o FPM, totalizou R$ 489 milhões nas definições de seus gastos públicos, de reais, ou seja, o equivalente a quatro muitas vezes realiza investimentos que vezes a arrecadação própria do município. valorizam as zonas já bem servidas de Esse fato normalmente ocorre nos infra-estrutura, aprofundando ainda mais a pequenos e pobres municípios do interior diferença entre a parte rica e a pobre, do Estado. Maceió, no entanto, arrecada deixando de lado as áreas-problemas, ou somente 5% de seu Produto Interno Bruto seja, a maior parte da cidade. E, por isso, é (PIB), por conta das limitações das grandes grande a diferença de equipamentos empresas exportadoras, que gozam de públicos (escolas, praças, parques, passeios isenções; da fragilidade do conjunto de 392

䙡獣弱㉟灡杳″㠹⁥″㤲 煵慲瑡ⵦ敩牡Ⱐㄹ⁤攠橵汨漠摥′〰㘠ㄵ㨴㜺㐰

empreendimentos de pequeno porte; e, principalmente, da pobreza, o que explica a isenção ou inadimplência de mais da metade de seus 250 mil domicílios, que não pagam o IPTU, diminuindo o volume de seu principal imposto. Nesta cidade rica, mas com 70 mil famílias consideradas “excluídas” (com renda per capita abaixo de R$ 100,00, e, portanto, alvos do Programa BolsaFamília), a presença federal, por meio das políticas sociais e dos programas assistenciais de distribuição de renda, transformou-se em parte constitutiva e fundamental do sistema produtivo local. Os 55 mil beneficiários do Programa 2005 Bolsa-Família, moradores da 30.229.573,61 Capital, recebem por mês, R$ 3 56.860.713,36 milhões, totalizando R$ 36 6.947.435,84 milhões ao ano. Em 2005, os 3.474.163,62 100 mil aposentados e 5.298.784,51 pensionistas do INSS 20.720.221,58 residentes em Maceió 123.530.892,52 138.159.255,25 receberam o equivalente a R$ 500 milhões de reais. Como cada beneficiário do Programa Bolsa-Família ou cada previdenciário (aposentado ou pensionista) tem família com uma média de três a quatro pessoas, esse dinheiro público atende, direta ou indiretamente, a mais da metade da população. A existência e o funcionamento da economia dos bairros periféricos e das áreas ainda mais pobres não podem ser compreendidos sem dois elementos fundamentais: as políticas sociais públicas e as transferências federais. São eles que dinamizam o comércio popular, permitindo a sobrevivência das pequenas empresas informais que ocupam um enorme contingente de trabalhadores com pouca qualificação profissional, gerando a

Rede hoteleira e de gastronomia

no nível médio, 22 mil no ensino de jovens e adultos e mais de 45 mil cursando o nível superior (graduação e pós-graduação). Esse contingente encontra, no ensino universitário, o seu núcleo mais dinâmico e atraente (Ufal, Cesmac, Fal, Cefet, FAT, FAA, Seune, Unicisal, ESAMC, Unifal), oferecendo praticamente todos os cursos de graduação e um crescente leque de alternativas na pós-graduação. Empresas de Tecnologia da Informação Maceió vem se destacando regionalmente, já há algum tempo, pela presença de um conjunto criativo e dinâmico, que agrupa um significativo universo de aproximadamente 200 empreendimentos de base tecnológica: empresas integradoras e produtoras de hardware, de software e web; prestadoras de serviços; empresas da cadeia produtiva de tecnologia da informação; serviços de apoio e empresas de setores correlatos, além de incubadoras e condomínios empresariais. Maceió apresenta uma

grande rede de alta tecnologia como a eletrônica, informática ou biotecnologia. O relativo adensamento urbano, a mãode-obra qualificada e os investimentos em infra-estrutura garantem o sucesso desses empreendimentos. Além do sistema de ensino superior liderado pela Universidade Federal de Alagoas, o Estado abriga avançada estrutura de instituições voltadas para a formação de mão-de-obra de nível básico e médio, destacando-se o SENAI e o C e n t r o Fe d e r a l d e E d u c a ç ã o Tecnológica (CEFET).

Artístico-Cultural Maceió é conhecida como uma cidade de muitos artistas e intelectuais. A capital alagoana também é lembrada pelas múltiplas expressões culturais populares. Um rico acervo dessas tradições consta em livros, vídeos e outros materiais. A tradição e o patrimônio acumulados fizeram de Maceió a capital cultural de Alagoas, formada por um grande número de artistas plásticos, ateliês e galerias; cantores, compositores e um razoável número de locais para apresentação pública (casas de espetáculos); editoras locais (Edufal e Catavento) escritores;

Maceió conta hoje com mais de seis mil leitos em dezenas de unidades - hotéis e pousadas - com qualidade equivalente a duas ou mais estrelas. Uma rede que tem quase meio século de experiência acumulada e que atingiu seu momento de maior expansão nos anos 1980-90, com a construção da maioria das unidades hoteleiras existentes no município (Jatiúca, Matsubara, Meliá, Ponta Verde, Ritz, Holliday Inn, Tambaqui, Enseada e Maceió Mar Hotel). Nos últimos anos, por falta de novos investimentos, assiste-se a uma relativa estagnação do setor. Ainda assim, é um dos maiores conjuntos hoteleiros do Nordeste brasileiro. Maceió pode ser considerada também um grande pólo gastronômico do Nordeste: a cidade oferece mais de uma centena de restaurantes especializados, desde a cozinha baseada nos pratos regionais aos mais finos cardápios internacionais, capazes de produzir um roteiro competitivo no âmbito regional. Essa infra-estrutura hoteleira-gastronômica ajuda a manter Maceió como um dos pólos turísticos mais demandados do País.

alguns teatros - Deodoro, Gustavo Leite (foto abaixo), SESC, Arena - e grupos teatrais regionais; escolas de música, de dança e de artes plásticas; gravadoras, livrarias (Caetés, Sodiler, Nobel, Paulinas) e alfarrábios (no centro da cidade e em Jaraguá); museus ( Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas - IHGAL, Pierre Chalita, Associação Comercial, Museu da Imagem e do Som (MISA), Théo Brandão) e cinemas (Iguatemi, Galeria Pajuçara, Sesi, Shopping Farol e Cidade) que fazem de Maceió o maior centro artístico-cultural de Alagoas. Hotéis: potencial econômico ㄰

Gastronomia: apelo comercial

389


Economicamente

RICA, socialmente

Maceió é o 22º mais rico entre os 5.560 municípios brasileiros e sua renda per capita é quase o dobro da média alagoana. No entanto, a cidade vem sofrendo com o crescimento populacional acelerado, que aumenta a pobreza urbana e responde pela ampliação constante da economia informal. A pobreza da maioria esmagadora da população e a exclusão social quase absoluta dos habitantes das 186 aglomerações subnormais são elementos que se contrapõem à riqueza da capital alagoana. Essa contradição faz com que Maceió tenha uma posição desfavorável no seu Índice de Desenvolvimento Humano (2.181º lugar) embora esteja entre os mais ricos municípios brasileiros. A cidade é esta Muitas vezes, em função do esforço positivo de divulgar a cidade turística, Maceió é vista e vendida - apenas como a orla marítima. Ela é, contudo, mais que isso. É impossível homogeneizar e colocar num mesmo nível as diferentes situações e perfis que refletem os bairros mais ricos e valorizados (Ponta Verde, Jatiúca, Pajuçara, Gruta, Murilópolis), os bairros de renda média, antigos e estagnados (Jaraguá, Poço, Ponta da Terra, Ponta Grossa e Trapiche) e esse amplo cinturão de pobreza, formado pelos aglomerados subnormais que, geralmente incrustados nos bairros mais pobres, crescem mais rapidamente que a cidade. Cada bairro ou, pelo menos, cada bloco, revela a extrema diferença social e espacial dentro da cidade.

POBRE

A acelerada urbanização da Capital, com o crescimento dos bairros antigos e a criação de novos núcleos habitacionais, trouxe problemas evidentes. Mesmo sendo a cidade mais rica do Estado, o orçamento municipal, as verbas estaduais e os programas federais não conseguiram, nem conseguem, atender a todas as demandas por emprego, habitação popular, educação, saúde pública, transporte, saneamento, coleta de lixo, tratamento d´água, iluminação, segurança e outros itens da infra-estrutura e serviços urbanos. E os problemas, com o tempo, foram se acumulando. O aspecto mais importante desse crescimento urbano acelerado é o fato de ele acontecer de forma desigual, com o ritmo mais forte nas áreas dos aglomerados subnormais (favelas, palafitas, grotões, encostas, cor tiços, loteamentos clandestinos, etc.) e nos bairros mais pobres e periféricos do que na parte rica da cidade (os bairros de classe média e os condomínios fechados). A polarização, centrada no cenário econômico, exclui a parte majoritária da população dos

benefícios de viver na Capital e tem desdobramentos sociais (incluindo a violência urbana) e ambientais (como a degradação de encostas e riachos) gravíssimos. Essa polarização social crescente é o principal problema enfrentado pela cidade. Não há planejamento nem operação urbanística que resistam a um mundo tão polarizado. Em 1982, um documento da Prefeitura Municipal de Maceió, “Assentamentos Urbanos de Baixa Renda em Maceió: caracterização e dimensionamento”, já registrava a existência de 42 aglomerações de baixa renda na cidade. Vinte e quatro anos atrás, o estudo constatava que 34% da população da Capital vivia em habitações consideradas “subnormais”. Seis anos depois, um documento do então prefeito Djalma Falcão ao Presidente José Sarney solicitando ajuda para Maceió, detectava 60 dessas aglomerações, afirmando que o número “evidencia um crescimento galopante dessas áreas-problemas”. O Censo Demográfico de 1991 registrou 47 aglomerações. Número menor que o da

Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)

Município Total Renda Longevidade Educação Ranking no Brasil Ranking no Estado

1990 0,687 0,680 0,636 0,743 -

2000 0,739 0,715 0,667 0,834 2181º 1º

ALAGOAS 2000 0,633 0,597 0,597 0,703 26º -

prefeitura, porque o IBGE tem como exigência mínima para caracterizar uma aglomeração subnormal o número de 51 unidades domiciliares. No entanto, a maior parte das “vilas”, “favelas”, “encostas”, “cortiços e assemelhados”, “grotões” e “palafitas” não atinge esse número mínimo. Anos depois, em 1996, a Secretaria das Regiões Administrativas da Prefeitura Municipal de Maceió, num estudo mais amplo sobre a exclusão social na Capital, chegava ao número de 121 dessas aglomerações, ou seja, uma quantidade três vezes maior que a encontrada pela primeira pesquisa, em 1982. Numa atualização realizada em 2002, o número subiu para 186. E, mais recentemente, em maio de 2006, a Secretaria Municipal de Habitação, com base em levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Administração Municipal, anunciava que mais de 150 mil famílias moram em áreas de risco, em Maceió. O crescimento rápido, registrado no documento de 1982, foi confirmado nos dados de 2006. A crescente polarização social e espacial é conseqüência do modelo de desenvolvimento excludente. A cidade polarizada Quando se verifica a distribuição de renda nos bairros da capital, descobre-se que a cidade fica dividida em blocos. O mais rico - a parte reconhecida pelo mercado imobiliário por sua infraestrutura, rede de serviços e comércio mais sofisticada - está estruturado em torno da orla marítima (do Centro a Jacarecica, passando pela Pajuçara, Ponta Verde, Jatiúca, Cruz das Almas e Mangabeiras), ou da avenida Fernandes Lima, na parte alta (do Farol a Santa Amélia, passando pela Pitanguinha, Pinheiro, Gruta, Jardim Petrópolis e Serraria). Essa parte contempla apenas 20% da população maceioense. O segundo é formado pelos bairros de renda média/baixa, vizinhos ao bloco mais rico. Alguns mais antigos (Jaraguá, Trapiche, Poço, Ponta da Terra, Ponta Grossa e Prado), outros nas áreas de expansão recente (Antares, Barro Duro, Cidade Universitária, Feitosa, Garça Torta, Guaxuma, Santos Dumont e Tabuleiro do Martins). O segundo bloco abriga 34% da população da Capital. O terceiro bloco é formado pelo conjunto de bairros pobres que

margeiam a Lagoa Mundaú (Pontal da Barra, Vergel do Lago, Levada, Bom Parto, Mutange, Bebedouro, Chã da Jaqueira, Chã de Bebedouro, Rio Novo e Fernão Velho), pelos bairros de expansão recente, marcados pela presença de conjuntos habitacionais populares (Benedito Bentes, Canaã, Clima Bom, Jacintinho, Ouro Preto, Petrópolis, Santa Lúcia, Santo

Amaro e São Jorge) e por uma parte menor do Litoral Norte, ainda habitada por uma população de pescadores e outros trabalhadores pobres (Ipioca, Pescaria e Riacho Doce). Neste bloco, com 46% da população de Maceió, está localizada a maioria absoluta das “áreas de risco” e dos aglomerados subnormais da capital alagoana.

MACEIÓ: BAIRROS POR HABITANTES E RENDA (2000) BAIRRO

HABITANTES

RENDA FAMILIAR

Antares Barro Duro Bebedouro Benedito Bentes Bom Parto Canaã Centro Chã da Jaqueira Chã de Bebedouro Cidade Universitária Clima Bom Cruz das Almas Farol Feitosa Fernão Velho Garça Torta Gruta de Lourdes Guaxuma Ipioca Jacarecica Jacintinho Jaraguá Jardim Petrópolis Jatiúca Levada Mangabeiras Mutange Ouro Preto Pajuçara Pescaria Petrópolis Pinheiro Pitanguinha Poço Ponta da Terra Ponta Grossa Ponta Verde Pontal da Barra Prado Riacho Doce Rio Novo Santa Amélia Santa Lúcia Santo Amaro Santos Dumont São Jorge Serraria Tabuleiro do Martins Trapiche da Barra Vergel do Lago Sem especificação

9 193 10 597 10 523 67 964 13 549 4 187 3 710 16 843 11 469 52 269 47 858 9 250 17 343 25 386 5 655 1 889 13 687 2 223 5 944 5 093 77 849 4 219 3 969 33 758 10 582 3 952 2 528 4 066 3 229 2 115 15 765 19 667 5 053 20 195 9 132 24 186 16 361 2 331 17 925 2 917 5 743 8 236 18 844 1 846 13 792 4 309 16 170 55 818 24 257 32 307 2 006

691,36 938,82 462,98 357,52 366,07 354,24 1 130,60 284,98 297,61 523,86 409,30 1 631,89 1 642,75 721,52 331,57 539,28 2 021,82 828,56 377,57 1 137,99 364,96 724,65 4 146,28 1 917,35 444,01 1 732,93 300,41 374,59 1 805,16 299,79 484,81 1 265,92 1 205,91 994,99 659,35 506,46 3 916,06 487,50 750,10 489,26 287,19 1 008,22 446,13 370,65 749,52 420,34 1 118,98 505,47 519,12 351,91 205,41

DOMICÍLIOS

2 263 2 605 2 530 16 408 3 408 1 042 1 017 3 997 2 776 12 195 11 830 2 617 4 616 6 263 1 317 472 3 386 516 1 368 1 419 18 905 1 141 927 9 302 2 667 1 218 629 957 921 503 3 853 5 027 1 278 5 363 2 274 6 277 4 947 578 4 801 716 1 360 2 207 4 738 428 3 432 1 062 4 535 13 806 5 752 7 701 384

390

䙡獣弱㉟灡杳″㤰⁥″㤱 煵慲瑡ⵦ敩牡Ⱐㄹ⁤攠橵汨漠摥′〰㘠ㄵ㨴㜺㈴

391


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