Palácio de Cristal

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PALテ,IO DE CRISTAL


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TÍTULO Palácio de Cristal AUTORA Vanessa Marques ORIENTAÇÃO Professor Mário Moura IMPRESSÃO Laser TIRAGEM Dois

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HENRY COLE enry Cole nasceu em Bath, Londres, foi um Inglês funcionário e inventor que facilitou muitas inovações no comércio e na educação, no século XIX na Grã-Bretanha. Iniciou a sua carreira aos 15 anos na Public Record Office, onde se tornou assistente e responsável pela reforma da organização e preservação dos arquivos nacionais britânicos. De 1837 a 1840, trabalhou como assistente de Rowland Hill e desempenhou um papel fundamental na introdução do Penny Post. É também creditado pelo design do primeiro selo postal do mundo, o Penny Black. Em 1843, Cole apresentou ao mundo o primeiro cartão de Natal comercial, comissariado pelo artista John Callcott Horsley para fazer a arte-final. Cole tinha um especial interesse no design industrial, e sob o pseudónimo de Felix Summerly projectou uma série de itens que produziu.

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LEGENDA Em cima, retrato de Henry Cole (15 de julho de 1808 18 de Abril de 1882).

Envelope Americano Selado

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Através da sua adesão à Sociedade para a Promoção das Artes, Manufacturas e Comércio , Cole e esta sociedade pressionaram o governo para

Grande Exposição dos Trabalhos da Indústria de todas as Nações foi realizada no Palácio de Cristal, em Hyde Park , Londres, entre 1 de Maio e 15 Outubro de 1851, e foi um enorme sucesso popular e financeiro, em parte devido à gestão inteligente de Henry Cole. Como um dos comissários, Cole foi fundamental na decisão de que os lucros da Grande Exposição seriam usados para melhorar a ciência, a arte e a educação no Reino Unido. Cole foi responsável pela construção de instituições educacionais e culturais e, mais tarde, foi nomeado o primeiro Superintendente Geral do Departamento de Prática de Arte, criado pelo governo para melhorar os padrões de arte e ensino de design na Grã-Bretanha, com referência à sua aplicabilidade para a indústria.

EXPOSIÇÕES o apoio à sua campanha com o fim de melhorar os padrões de desenho industrial. O apoio foi manifestado e sob o patrocínio do príncipe Alberto, Cole organizou uma Exposição de Arte de Fabrica que foi um sucesso em 1847, com exposições alargadas pelos dois anos seguintes. Cole visitou, em 1849, a quinquenal Exposição de Paris, e apercebeu-se da falta de uma exposição aberta a participantes internacionais. Em 1850 a rainha Vitória garantiu também o seu apoio e estabeleceu uma Comissão Real para a Exposição de 1851. A

Envelope Americano Selado

LEGENDA O sucesso da Exposição de 1851 deve atribuir-se ao bom planeamento e dedicação dos seus promotores e organizadores e ao projecto arquitectónico. Henry Cole é um dos principais responsáveis pela realização desta exposição.

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PALÁCIO DE CRISTAL LEGENDA A 1 de Maio de 1851, Londres abre ao público, “A Grande Exposição dos Trabalhos da Indústria de Todas as Nações”. Resultado de pequenas feiras nacionais, limitadas pelos produtos expostos, que começaram a atrair potenciais interessados.

The Crystal Palace (Palácio de Cristal) era um grandioso edifício londrino que foi construído em plena Era da Revolução Industrial. Esta enorme construção em ferro fundido, vidro e madeira, erguido no Hyde Park, em Londres, destinou-se a albergar a Grande Exposição de 1851, incorporando produtos de países de todo o mundo. A sua montagem foi rápida, tendo durado apenas 6 meses, isto devido à grande exactidão de montagem permitida pela utilização de módulos e duma estrutura em grelha montada em série - construção estandardizada. O Palácio possuía uma espécie de sistema de climatização. Era decorado com diferentes cores como o azul, vermelho e ama-

A fonte central em plena exibição 6


relo. Tinha também alguns elementos do estilo gótico, apesar da sua racionalização e simplicidade. Nos 92.000 metros quadrados (990.000 pés quadrados) de espaço de exibição foram acolhidos mais de 14.000 expositores vindos

de todo o mundo, onde foram mostrados exemplos das últimas tecnologias desenvolvidas na Revolução Industrial. O edifício tinha 564 metros (1.851 pés) de comprimento, com uma altura interior de 33 metros (108 pés).

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Nave da galeria superior


EXPOSITORES LEGENDA Dentro de cada secção nacional, incluindo a Britânica, a Comissão tinha igualmente regulamentada a divisão e distribuição dos objectos por secções: maquinaria, a norte; matérias-primas e produtos agrícolas, ao sul; e, por fim, os produtos artísticos e manufacturados, no meio.

MONTAGEM EM SERIE

Wates stand do construtor Norbury

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SISTEMA DE CLIMATIZAÇÃO

LEGENDA Destacou-se na exposição a inovação de um dos objectos que mais chamou a atenção devido à sua versatilidade. Foi um martelo movido a vapor, da autoria do Sr. Nasmith, que tanto tinha a capacidade de partir a casca de um ovo como o ferro mais resistente. Mais à frente, o “Illustrated London News”, era impresso ao ritmo de cinco mil exemplares por hora pela impressora de Aplegarth & Cowper.

Traseira do Tribunal gótico

GÓTICO 1930

LEGENDA Foi visitada por mais de seis milhões de visitantes e teve de lucro cento e oitenta e seis mil libras.


JOSEPH PAXTON

LEGENDA Em cima, retracto do arquitecto e jardineiro Joseph Paxton responsável por projectar o Palácio de Cristal.

O criador do Palácio de Cristal, Joseph Paxton, foi honorificado Cavaleiro como reconhecimento do seu trabalho. Paxton foi jardineiro em Chatsworth House, no Derbyshire. Ali experimentou o uso do vidro e do ferro na criação de grandes estufas, e viu algo na força e durabilidade dos mesmos, conhecimentos que aplicou aos planos do edifício da Grande Exposição. Os planeadores procuravam força, durabilidade, simplicidade de construção e rapidez, e encontraram isso nas ideias de Paxton. O projecto de engenharia ficou a cargo de Sir William Cubitt. O Palácio de Cristal foi construído por cerca de 5.000 trabalhadores (mais de 2.000 no local ao mesmo tempo). Os construtores do ferro foram Fox e Henderson. Os 84.000 metros quadrados (900.000 pés quadrados) de vidro foram providenciados pela Chance Brothers, em Smethwick, Birmingham. Foram os únicos trabalhadores de vidro capazes de cumprir tão colossal encomenda, mas ainda tiveram que importar vidro de França para reunir toda a encomenda a tempo.

Coros reunidos vistos do camarote real no Cruzeiro Central

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O Palácio de Cristal também apresentou as primeiras casas de banho públicas ao mundo, as Retiring Rooms, nas quais o engenheiro sanitário George Jennings instalou os seus Water Closets. Durante a exposição, 827.280 visitantes pagaram um penny cada para usá-las, e por esse valor tiveram um assento limpo, uma toalha, um pente e uma limpeza de sapatos. É esta a origem do eufemismo “to spend a penny” (gastar um penny). Ao término da Exposição, em 1854, o Palácio de Cristal, uma jóia dos primórdios da

arquitectura do ferro e uma das construções mais notáveis da época vitoriana, foi integralmente desmontado e transferido para Sydenham, na periferia sul de Londres - um local que passaria a ser conhecido por Crystal Palace. Nesta época, o edifício foi ampliado, tendo atraído muitos visitantes de todos os níveis da sociedade.

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Fixação dos andaimes sobre o Transepto Central

Teste Able

À procura de painéis rachados no cruzamento do transepto do Sul e da Nave 11


No dizer empolgado de GibbsSmith: “Pela primeira vez na história do mundo, os homens das Artes, Ciência e Comércio foram autorizados pelos seus respectivos governos a reunir-se para discutirem e promoverem os objectivos para os quais as nações civilizadas existem”.

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Crystal Palace fotografado do telhado do MinistĂŠrio PĂşblico, Swan House

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ACESSOS LEGENDA Em baixo, fotografia da Low Level Station (Estação de Nível Baixo) que ainda está em uso na Crystal Palace Railway Station.

Duas estações ferroviárias forma abertas para servir a exposição permanente, a Crystal Palace Rail Station e a Gypsy Hill Rail Station. A Low Level Station (Estação de Nível Baixo) ainda está em uso na Crystal Palace Railway Station, e parte da High Level Station (Estação de Nível Alto), a partir da qual uma passagem subterrânea dá acesso à área Parade, ainda pode ser avistada, com os seus telhados de mosaicos italianos, apesar de ter sido encerrada na década de 1950.

» High Level Station (Estação de Nível Alto)


Isambard Kingdom Brunel foi consultado e surgiu com os planos para duas torres de água, uma no extremo norte e outra no extremo sul do edifício. Cada uma delas suportava uma tremenda carga de água, a qual era recolhida por três reservatórios, um em cada extremo e outro no meio do parque. Dois anos depois, as grandes fontes e cascatas miríade de fontes e cascatas foram novamente inauguraque abundava no parque do das na presença da Rainha Palácio de Cristal. Os dois jac- Vitória. tos principais tinham 76 metros (250 pés) de altura. Inicialmente, foram construídas torres de água, mas o peso da água nos tanques erPreparação para a manutenção guidos causou o seu colapso. Joseph Paxton teve grandes problemas com o abastecimento de água. Tal foi o seu entusiasmo que foram necessários milhares de galões de água para abastecer a

ÁGUAS

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Enquanto o palácio original custou 150.000 libras, a deslocalização para Sydenham ascendeu a 1.300.000 libras, sobrecarregando a companhia com uma dívida que nunca reembolsou. Esta situação foi agravada pela incapacidade de obter visitantes ao domingo: muitas pessoas trabalhavam todos os dias à excepção de Domingo, quando o palácio estava sempre fechado. Apesar dos protestos, o palácio foi aberto aos domingos durante o mês de Maio de 1861, tendo recebido 40.000 visitantes num único domingo. Mais tarde, em 1911, o Festival of Empire (Festival do Império) foi realizado no edifício para marcar a coroação de Jorge V e da Rainha Maria. Durante a Primeira Guerra Mundial o palácio foi utilizado como estabelecimento de treino naval sob o nome de HMS Victory VI, informalmente conhecido como HMS Crystal Palace. Com o encerramento das actividades de treino foi reaberto como o primeiro Imperial War Museum. Sir Henry Buckland tomou posse como Administrador Geral e a situação começou a melhorar, com muitas das antigas atracções a serem novamente assumidas.

LEGENDA Ao lado o Palácio de Cristal a ser consumido pelas chamas, 1931.

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Apesar das tentativas para revitalizar o Palácio de Cristal, no dia 30 de Novembro de 1936 chegou a catástrofe final: o fogo. Em poucas horas o palácio foi destruído. Tal como em 1866, quando o transepto norte ardeu, o edifício não estava assegurado para cobrir os custos da reconstrução. A revista Life dedicou um artigo fotográfico de três páginas ao incêndio, intitulado “London’s Biggest Fire...” (O maior incêndio de Londres”), publicado no dia 21 de Dezembro de 1936. Apenas as duas torres de água se mantiveram de pé, contudo

foram demolidas durante a Segunda Guerra Mundial. A razão invocada prende-se com o facto de os alemães poderem usá-las para navegar no seu caminho para Londres. A torre norte foi demolida com explosivos em 1941; a torre sul foi desmantelada devido à sua proximidade com outros edifícios. Depois da guerra, o lugar foi usado para vários propósitos. Entre 1953 e 1973, um circuito de corridas de carros motorizados operou no local, e algumas das corridas foram apoiadas pelo Conselho da Grande Londres. O nome Crystal Palace (cunhado pela satírica revista Punch) foi mais tarde usado para indicar esta área do sul de Londres e o parque que a rodeia, casa do Crystal Palace National Sports Centre (Centro Nacional de Desportos do Crystal Palace).

INCÊNDIO

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POSTER

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PORTO LEGENDA Este Plácio contou com 3.139 expositores, dos quais 499 franceses, 265 alemães, 107 britânicos, 89 belgas, 62 brasileiros, 24 espanhóis, 16 dinamarqueses e ainda representantes da Rússia, Holanda, Turquia, Estados Unidos e Japão.

A arquitectura do Palácio de Cristal serviu de inspiração para a criação de diversos edifícios semelhantes, por exemplo no Porto. O Palácio de Cristal Portuense (1865 — 1951) foi um edifício que existiu no antigo campo da Torre da Marca, na freguesia de Massarelos, na cidade do Porto, em Portugal. Inaugurado em 1865, o Palácio de Cristal original acabou por ser demolido em 1951 para dar lugar ao Pavilhão dos Desportos, hoje Pavilhão Rosa Mota. O Palácio de Cristal, da autoria do arquitecto inglês Thomas Dillen Jones, foi construído em granito, ferro e vidro, tendo o Crystal Palace londrino por modelo. Media 150 metros de comprimento por 72 metros de largura e era dividido em três naves. A construção do Palácio teve inicio em 1861, sendo inaugurado a 18 de Setembro em 1865 pelo rei D. Luís. Este foi concebido para acolher a grande Exposição Internacional do Porto, organizada pela então Associação Industrial Portuense, hoje Associação Empresarial de Portugal. A Exposição Industrial, para além de contar com a visita oficial do rei D. Luís, de Dona Maria Pia e do príncipe herdeiro, contou ainda com 3.139 expositores, dos quais 499 franceses, 265 alemães, 107 britânicos, 89 belgas, 62 brasileiros, 24 espanhóis, 16 dinamarqueses e ainda

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representantes da Rússia, da Holanda, da Turquia, dos Estados Unidos e Japão. Em 1933, o edifício e os respectivos jardins foram adquiridos pela Câmara Municipal do Porto. Ao longo dos seus 86 anos de existência, o Palácio de Cristal acolheu muitas outras exposições, destacando-se a exposição das rosas, em 1879, a exposição agrícola, em 1903 e a Exposição Colonial, inaugurada em Junho de 1934. Desta última exposição sobrevive o Monumento ao Esforço Colonizador Português, actualmente colocado no topo oeste da Avenida do Marechal Gomes da Costa. O Palácio de Cristal foi ainda

um importante espaço de cultura, contendo um órgão de tubos, um dos maiores do mundo. Foi neste palácio que se realizaram importantes concertos do compositor Viana da Mota ou da virtuosa violoncelista e portuense Guilhermina Suggia. O palácio foi destruído em 1951, dando lugar a uma nave de betão armado, à qual foi dado o nome de Pavilhão dos Desportos, segundo projecto do Arquitecto Carlos Loureiro e a pretexto do Campeonato Mundial de Hóquei em Patins. O edifício foi por fim demolido. Devido à contestação popular perante demolição, a designação Palácio de Cristal tem sobrevivido até hoje.

Fachada do Palácio de Cristal do Porto

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Gravura do Palácio, 1864,Archivo Pittoresco

LEGENDA Este conceito expositivo, traduzido para o campo político viria dar origem à Liga das Nações, e às Nações Unidas, embora a necessidade destes organismos só fosse provada após as duas guerras mundiais. Preparação dos expositores

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Nave Central do Pรกlรกcio de Cristal

Uma tarde infantil na nave do Palรกcio de Cristal

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