As fanzines, publicações independentes e editadas por fãs de um tema em específico, foram o veículo de comunicação que muitos cidadãos europeus encontraram para exprimir os seus pensamentos e opiniões acerca de uma Europa que é nossa mas muitas vezes fica esquecida. Com mensagens bastantes concretas ou com uma linguagem abstrata, esta publicação recorreu a várias formas de expressão no que toca à sua linguagem gráfica, como a pintura, o desenho, a colagem e o stencil, relacionando-se assim com as primeiras publicações deste género. Esta coleção de fanzines resulta do projeto Variações sobre a Europa e integra alguns dos seus temas: “Este país não é para velhos”, “A pele que habito”; “Quo Vadis Europa?” e “Occupy Politics”. Pretende ser um desafio à reflexão e discussão para a construção de uma Europa democrática.
Esta fanzine dialoga criativamente com a intervenção do Eurodeputado Rui Tavares na Conferência ‘Quatro temas em Azul-Europa’, com que inaugurámos este projeto. As inquietações que aqui se revelam remetem-nos para a expressão cidadã na União Europeia: do direito de petição à ocupação do espaço público, que historicamente sempre foi decisivo nas grandes mudanças democráticas. Rui Tavares questiona-se: “O que ocuparíamos se quiséssemos fazer uma manifestação na Europa? (…) A União Europeia é o mais interessante projeto de cidadania transnacional da história e, uma extraordinária oportunidade de enriquecimento cultural e segurança material para cada um de nós. Mas, para isso, a União Europeia deve ser uma democracia, e não um cartel de estados. (…) É necessária uma democracia que seja, não tão democrática como aquelas que temos nos Estados-membros, mas mais democrática. Sem uma esfera democrática europeia, até as democracias nacionais correm riscos.” Nas oficinas participativas, os cidadãos construíram esta fanzine porque, ainda nas palavras de Rui Tavares, “…aquilo de que as pessoas se esquecem acerca da democracia é que é sempre conquistada a partir de baixo. A democracia não é uma coisa que é ganha, é uma coisa que temos que conquistar também com a nossa imaginação.”
Os conteúdos – texto e imagem – vinculam exclusivamente os seus autores, não representando a opinião da União Europeia. A Comissão Europeia não se responsabiliza por qualquer uso que possa ser feito da informação aqui contida.
“Acredito que há um risco, que é o de que as pessoas se indignem, protestem e depois tudo continue na mesma. É preciso que a indignação dê lugar a um comprometimento conjunto.” * Acreditar na democracia é acreditar na complementaridade inegociável entre participação cívica e representação política. * Stéphane Hessel (1917-2013) diplomata, ex-combatente da Resistência, colaborador de De Gaulle, o “cavalheiro indignado” segundo o jornal francês Le Monde, autor do livro Indignai-vos! , inesperado fenómeno editorial mundial. (O título do seu livro viria a ser adoptado pelo chamado movimento dos Indignados, que se fez ouvir em muitas ruas do planeta, sobretudo em países do Ocidente, onde o capitalismo financeiro entrou em crise.)