Versus#53

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EDITORIAL

vErSUS MAGAZINE

V E R S U S M A G A Z IN E Rua José Rodrigues Migueis 11 R/C 3800 Ovar, Portugal Email: versusmagazinept@gmail.com

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D IR E C Ç Ã O

... e lá vamos nós outra vez! Provave lmente a nossa époc a favori t a do a n o! Com a l g u n s p ro b le mas à mi st ura lá passou o VOA - He av y

Adriano Godinho, Eduardo Ramalhadeiro & Ernesto Martins

G R A F IS M O Eduardo Ramalhadeiro

COLABORADORES

ta rda na d a te remos o Vagos Met al Fest .

Adriano Godinho, Carlos Filipe, Cristina Sá, Dico, Eduardo Ramalhadeiro, Eduardo Rocha, Elsa Mota, Emanuel Roriz, Ernesto Martins, Frederico Figueiredo, Gabriel Sousa Helder Mendes, Hugo Melo, Ivo Broncas, Nuno Kanina, Paulo Freitas Jorge e Victor Alves

Agora, não façam como “A Maria Vaidosa” que, nas palavras

F O T O G R A F IA

Ro c k Festiva l, d est a vez pela Alt i ce Are n a - ponto a l to: a d e s ped id a d o s Sl ayer dos palcos nac i on a i s . Ne s t a e di ç ã o te m o s a re p o rtagem ao SWR Bar roselas Met a l Fe s t e n ã o

d e l a , “ há u ns a nos at rás parec í amos un s t ra mbol h os a i r a o s fe stivais”. Vá, v i st am o vosso mel h or t ra j e , toca a to m a r b anho e e n c ham- se de perfume p orque i s to de i r a u m festiva l d e músi ca ou concerto para ouv i r mús i ca dá

Créditos nas Páginas | Capa: Tallee Savage Todos os direitos reservados. A VERSUS MAGAZINE está sob uma licença Creative Commons Atribuição-Uso Não-ComercialNão a Obras Derivadas 2.5 Portugal.

O U T IL IZ A D O R P O D E :

m ui to tra b alho e não é uma cena cool.

copiar, distribuir, exibir a obra

Ou i s so o u ma nd ar foder est a t rambolha a i n da e ra pouco!

S O B A S S E G U IN T E S C O N D I ÇÕES: AT R IB U IÇ Ã O - O uti l i za dor deve

Bo a m ú sica, Eduardo Ramalhadeiro

dar crédi to ao autor o r iginal, da for ma especi fi cada pel o aut or ou l i cenci ante.

U S O N Ã O - C O M E R C IA L . O ut ilizador não pode uti l i zar esta obr a par a fi ns comerci ai s. N Ã O A O B R A S D E R IVA D A S . O uti l i zador não pode al terar, transfor mar ou cri ar outr a obr a com base nesta.

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50

SABATON Foto: George Grigoriadis

C O N T E ÚDO Nº53 07/19

0 4 N O TÍC IA S

30 SKÁL D

6 5 M IG U E L T IA G O

0 6 S P IRITS OF F IRE

35 NUNO L O P E S

1 0 T R IA L B Y FIR E

36 ALBUM V E R S U S

1 2 T R IS TE TE RR E

38 CRITIC A V E R S U S

7 3 G R Ê L O S D E H O RT E L Ã

1 6 K R IS VE RWIMP

48 SAXO N

7 4 C IN E M U E RT E

2 1 H O ME M DA MO TOSERRA

57 PLAYL IS T

7 7 G A B R IE L S O U S A

2 2 P E N SÉ ES NOC TU RNES

58 DIAM O N D H E A D

7 8 PA L E T E S D E M E TA L

2 8 R I C A R D O PE RE S TATU A G E N S

62 POSTA S D E P E S C A D A

SEM TÍTULO

66 BOOBY TRAP

MOSH

7 0 C A P IT Ã O FA U S T O

SAXON

IVO B. | EDUARDO R.

92 GARAGE POWER

POL ITICAME N TE (IN )CORRECTO

(SU)POSIÇÕES

A DREAM OF POE

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NOTÍCIAS Confess - Banda Iraniana condenada a 14 anos de prisão A banda Iraniana Confess foi sentenciada a 14 anos de prisão e Nikan Khosravi, frontman, foi ainda condenado a 74 chicotadas. O crime? Blasfémia e propaganda contra o sistema. A pena de morte não foi executada devido a uma ambiguidade na lei. Aqui fica o segundo single para o novo album «Revenge at all costs»: Confess - Evin

Vagos Metal Fest 2019 Já falta menos de um mês para o Vagos Metal Fest! Esta edição, mais uma vez com quatro dias, tem como principais atracções os Candlemass, Six Feet Under, Satyricon e Stratovarius. A organização apresenta um vasto rol de melhorias e novidades no recinto: • Este ano, e pela 1ª vez em toda a História do festival, será possível dar um mergulho e descontrair à margem do Bôco - o rio que “banha” o recinto do Vagos Metal Fest. • A possibilidade de provar cervejas artesanais • Campismo gratuíto • Pontos de electricidade para carregamentos de telemóveis • Um mini-mercado • Food trucks e... hidromel André Matos - RIP No dia 8 de Junho a tragédia abateu-se sobre o mundo da música quando se soube do falecimento de André Matos. Cantor, compositor, maestro, produtor e pianista era, sem dúvida, uma das mais proeminentes figuras do Metal Brasileiro e vocalista de bandas como Angra, Viper ou Shaman. Desde 2006 dedicava-se à sua carreira solo e a participações importantes em projectos como Avantasia e Aina. Deixa um legado enorme e, em sua homenage, o dia 8 de Junho será considerado o “Dia do Metal“.

Overkill - Killfest Tour Os lendários thrashers norte-americanos OVERKILL, um dos mais respeitados nomes no espectro da música pesada, acabam de anunciar a sua mais recente incursão pelo velho continente. Nesta mais recente rota, a KILLFEST TOUR 2019, o grupo liderado por Bobby “Blitz” Ellsworth e D.D. Verni junta-se aos não menos influentes DESTRUCTION e FLOTSAM AND JETSAM, num cartaz capaz de satisfazer qualquer apreciador de música extrema ou aficionado dos sons rápidos e agressivos popularizados durante a década de 80. O embate destes três titãs do som eterno com o público nacional está agendado para 12 de Setembro, com um espetáculo único agendado para o Hard Club, no Porto.

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Combinação e plosiva

x

Entrevista: Eduardo Ramalhadeiro Fotos: Alex Solca

… acerca dos Spirits of Fire

Nem sempre um conjunto de grandes músicos faz uma grande banda… exemplos há por aí “aos montes”. Mas no caso dos Spirits of Fire, o que se ganha se juntarmos Tim “Ripper” Owens, Chris Caffery e Steve DiGiorgo? Uma Superbanda do c@ralho com a mais refinadíssima mescla entre os Savatage e Judas Priest.

Primeiro que tudo, parabéns por este projecto. O álbum está excelente. Como foi a recepção por parte dos media e fãs? Obrigado pela entrevista. Estou muito contente como as pessoas têm reagido ao álbum, os fans e jornalistas em geral têm dito coisas boas. Claro que como qualquer disco há sempre alguém que afirma que poderia ter feito melhor mas é por isso que não são eles a fazer e a única coisa em que são bons é dar a opinião. Quando e como é que percebeste que projecto poderia ser uma realidade? Na realidade estava em conversações com a Frontiers acerca de alguns álbuns relacionados com Doctor Butcher mas isto não foi para a frente. No entanto, surgiu a ideia de gravar algo com o Ripper, juntamente com o Mark e o Steve. A partir daí e quando falámos todos em conjunto, o projecto começou a andar. Outra das razões porque ansiava por este projecto foi o facto da produção do disco ter sido entregue ao Roy Z. Spirits of Fire é composto por músicos de excelência: Como é trabalhar com este pessoal? Foi fácil e natural. Este pessoal é do melhor que existe e eu só tive

de me sentar e ouvir as partes deles… depois foi só gravar. Como é que foi trabalhar sob as ordens do Roy Z? Foi muito bom e correu muito bem. Ele não só produziu e misturou o álbum como também escreveu três temas com o Ripper, portanto, foi uma grande oportunidade para mim, não só por o ter como produtor mas pela sua contribuição ao nível da composição. Podemos dizer que grande parte da sonoridade e personalidade deste álbum, também se ficou a dever ao trabalho do Roy? Na verdade, acho que é um pouco minha e dele juntamente com o Tim. Eu escrevi 4 dos temas e os outros quatro escrevi só a música. O Tim produziu e gravou as suas próprias faixas vocais, e por isso, todos nós contribuímos no aspecto da composição. Além disso, gravei as minhas guitarras no meu estúdio. O som geral final foi da responsabilidade do Roy, ele fez a mistura e no que diz respeito à sonoridade da bateria, escolheu aquele que melhor se adequava e combinava com o som da banda. Ele só tinha algumas ideias para o que ele queria da tarola e do som geral da bateria. Mas também o Mark e Steve gravaram as suas próprias partes, então, se realmente queres saber quem criou o som, fomos nós os cinco!

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«Spirits of Fire» tem, obviamente, muitas influências de Savatage/ TSO e Judas Priest. Este DNA foi encontrado e desenvolvido antes ou depois do Tim se ter juntado à banda? Bem… a banda formou-se de uma só vez e eu fiz o que faço sempre: escrevi do coração e é daqui que as influências emergem. Muitos projectos deste tipo não sobrevivem ao primeiro álbum ou morrem logo a seguir ao segundo. O que podemos esperar dos Spirits of Fire nos próximos anos? Bem, espero não morrer! (risos) Para já estou a escrever o próximo álbum. Agora eu acho que o futuro é sobre se vamos ou não tocar ao vivo!

Relativamente ao processo criativo e à composição do álbum Foste tu o responsável pelo

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Foi-me dada uma ideia de como a Frontiers queria que a banda soasse. Algo que os fãs de Savatage e Priest gostariam.

processo criativo? Foi-me dada uma ideia de como a Frontiers queria que a banda soasse. Algo que os fãs de Savatage e Priest gostariam. A partir daí eu escrevi cerca de 16 músicas e metade foram usadas no álbum. Como foi o modus operandi para compor as músicas? Foi muito trabalho através do envio de ficheiros via e-mail. Tanto eu como o Roy escrevemos músicas e o Ripper completou 7 das músicas lírica e melodicamente. Eu escrevi 4 delas completamente e dei algumas ideias na melodia da “The Path”, a partir das minhas demos originais. Como é que os outros músicos contribuíram? O Mark e Steve tiveram total liberdade para gravar a bateria e baixo! Eu acho que houve talvez

2 ou 3 partes de bateria que pedi para alterar, só para que se aproximasse um pouco mais daquilo que tinha idealizado nas minhas demos, mas foram eles que gravaram tudo. Haverá alguma digressão de apoio a este álbum? Eu gostava muito e é só uma questão de acertarmos as agendas e claro, ter as ofertas certas. Tenho conhecimento de alguns festivais que adorariam ter-nos nos cartazes porque podemos, ainda, adicionar temas dos Priest, Savatage, Testament e Fates Warning ao nosso setlist. Seria um concerto de metal muito engraçado!

Savatage Há alguns meses atrás tive a oportunidade de entrevistas Alex Skolnick que tocou no primeiro


álbum dos Savatage, logo a seguir ao falecimento do Criss - «Handful of Rain». Tu, por sua vez, substituíste o Alex em «Dead Winter Dead». Lembras-te de como te sentiste quando surgiu a oportunidade de substituir o Cris Oliva? A minha oportunidade de substituir o Criss foi mais como uma oportunidade de regressar a casa para os Savatage. Ainda assim tiveste oportunidade de o conhecer? Na tua opinião, o que o tornou assim tão… extraordinário? Vou continuar a última pergunta aqui: Eu toquei com o Criss durante quatro anos nos Savatage 1987-1990. Respondendo à tua pergunta, sim, conheci-o e ele era um dos meus melhores amigos. Ele foi meu mentor e professor. Logo, eu queria regressar aos Savatage e continuar a herança dele. A minha alma e coração estão com os Savatage… no passado, presente e futuro. Nessa altura estava num trabalho temporário, entre bandas e regressei a casa. Eu saí dos Savatage antes da morte do Criss e perdi a convivência com ele nos seus últimos anos de vida, isto eu nunca mais vou recuperar mas posso fazer sempre tudo o que estiver ao meu alcance para perpetuar a sua memória e para que as pessoas se lembrem dele. Eu tenho vivido os Savatage faz mais de 30 anos. Ele era tão bom porque ele… era ele. Um inovador. Ele não queria ser ninguém além do Criss Oliva, o que o tornou especial. O som dele… os riffs… eram todos dele. O Jon (Oliva) irmão dele também é assim, como cantor e escritor. Os Oliva eram completamente originais e únicos. Assim como Paul O’Neill, que fez com que Savatage e TSO fossem tão especiais. Os Savatage regressaram para um concerto em 2015, no Wacken Open Air. Achas que haverá a mínima hipótese de haver uma reunião ou talvez algo mais? Eu, tal como qualquer fã dos

Savatage, só pode esperar que a resposta seja afirmativa. No entanto, e neste momento, não há nada em concreto Eu tenho uma opinião muito particular acerca dos Savatage: são das bandas mais subestimadas na história do Rock/Metal. Concordas comigo? Eu diria que são menos conhecidos do que subestimados. As pessoas que nos conhecem gostam da música mas muita gente nunca ouviu os Savatage, daí o nosso pouco reconhecimento.

Trans-Siberian Orchestra Eu sinto que sou uma pessoa com sorte, porque há alguns anos eu entrevistei Joel Hoekstra e no ano passado Alex Skolnick. Então, és o terceiro músico da TSO com quem falo! A primeira coisa que gostaria de te perguntar é: por que razão não há quase concertos na Europa? Nós começámos a fazer as digressões europeias muito tarde, porque tínhamos o tempo todo preenchido nos Estados Unidos e no estúdio. Ainda teríamos tocado muito mais não fosse a trágica morte do Paul (O’Neill). Nos concertos ele sempre quis que tivéssemos um certo nível de produção e estava a trabalhar em algo realmente especial para a Europa. Então, começamos nossa digressão na Europa mas nunca tivemos a oportunidade de continuar. Tu tocaste ao mesmo tempo com o Joel e o Alex? Sim, fiz todas as digressões com eles os dois e estivemos no palco com os TSO-East, em que toco anualmente. A banda que fez a digressão pela Europa foi a versão original do TSO, que tem o Al Pitrelli e eu nas guitarras. Numa conversa sobre música, disse a um amigo meu que os TSO têm duas bandas que tocam em diferentes partes dos EUA – A opinião dele é que isso é como que… desvirtuar a banda. Como

é que nos EUA as pessoas vêem uma banda com duas formações? (A propósito, matei o gajo e enterrei-o bem fundo... (risos)) (risos) Nós temos que ter essas duas formações para satisfazer a procura dos concertos. Ambas as formações têm 19 anos ou mais, então, as pessoas estão já familiarizadas com as duas mas, na realidade, são exactamente iguais, só que com diferentes vocalistas e músicos. Alguns músicos já tocaram em ambas as formações. É tudo uma grande família. No Wacken, as duas bandas estiveram em palcos diferentes mas a tocar ao mesmo tempo! Essa foi a única vez que todos puderam ver os TSO completos! Foi mágico! Os concertos dos TSO são enormes. Tu fazes algum tipo de preparação especial antes das digressões ou dos concertos? Todos os anos os concertos são organizados pelos mais incríveis designers e directores musicais do mundo. A visão era do Paul mas continuamos a trabalhar para manter a sua herança viva. Muito antes dos ensaios há uma enorme quantidade de pessoas que se reúne para organizar as digressões - som, luzes, pirotecnia, encenação, lasers, encontrar secção de cordas em cada cidade, catering, equipa técnica, hoteis, camiões, monitores vídeo, equipamentos de palco, set lists, músicos... meses e meses de preparação são gastos todos os anos. Chegamos a uma sala de espectáculos e passamos cerca de um mês a completar os cenários e a ensaiar. É um tipo muito particular de concerto que acaba por tomar uma grande parte das nossas vidas, como músicos e membros de uma equipa. Mas também é uma enorme parte para milhões de pessoas que frequentam este tipo de concertos, já é uma tradição familiar ver os TSO todos os anos no inverno!

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Trial by Fire Obra - Prima

5

Excelente

4

Esforçado

3

Esperado

2

Básico

1

Adriano Godinho

Carlos Filipe

Eduardo Ramalhadeiro

Emanuel Roriz

Ernesto Martins

Gabriel Sousa

Hélder Mendes

MÉDIA

3.0

3.0

2.0

4.0

3.5

2.0

4.0

3.1

2.0

5.0

4.0

3.0

4.5

4.0

3.0

3.6

4.0

3.0

2.0

3.5

4.0

2.0

3.0

3.1

2.5

2.0

2.5

2.5

1.0

4.0

2.5

2.4

1.5

1.0

1.5

3.0

3.0

1.5

3.5

2.1

ABBATH Out st rider (Season of Mist)

ARCH/M AT HE OS W int er Eth e re a l

(Metal Blade)

FLESHGOD APOCALYPSE Veleno (Nuclear Blast)

SOTO O rig ami (InsideOut Records)

SUN O))) L if e M et a l

(Southern Lord)

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Um jovem erudito Pode parecer um paradoxo, mas não é, já que o desejo de saber e a vontade de refletir não conhecem idades. Entrevista: CSA

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Saudações, Naâl! Temos aqui uma verdadeira “grande obra”! O Gérald de LADLO diz-nos que tens 22 anos de idade. Podes explicar-nos que percurso seguiste para conseguires realizar um trabalho tão sério com essa idade? Naâl – Tenho precisamente 21 anos! Segui o percurso habitual de quem começou na música de forma quase autodidática, que fez da criação um divertimento e que nunca procurou produzir só para produzir. Depois tive a sorte de poder estudar música: desde musicologia (História, Análise, etc.) até ao Conservatório, em que estou a estudar composição clássica, orquestração, direção e canto lírico. Calculo que estas são as componentes teóricas e “eruditas” da música que conferem seriedade ao meu trabalho. Diz-nos também que és membro de outras bandas além de Triste Terre. Podes dizer-nos quais? Atualmente faço parte da formação de Dysylum. Também tenho outros projetos, mas, de momento, ainda não se concretizaram. Procuro explorar musicalmente vários domínios e tenho, nomeadamente, um projeto de Metal Extremo Sinfónico, que infringe os códigos de um género que não tem verdadeiramente consciência do que é. E por que deste essa designação ao teu projeto? Tratarei o assunto pormenorizadamente mais abaixo, mas posso ir já dizendo que o conceito de Grande Obra vem da filosofia subjacente à alquimia. Durante a preparação da Grande Obra, uma das etapas consiste em eliminar as escórias de que somos feitos. Essas escórias – imperfeições e defeitos – são designadas por terra negra. Portanto, retomei essa terminologia e interpretei-a à minha maneira. Como foram recebidos os EP que lançaste antes do álbum? Não tinha expetativas específicas relativamente ao lançamento desses EP, era apenas um trabalho de preparação para «Grand Oeuvre». São o resultado da minha procura de texturas sonoras, de arranjos e de composição musical. Inicialmente, este projeto era o meu laboratório. E que expetativas tens para «Grand Oeuvre»? Uma coisa é certa: nunca esperei uma reação da dimensão da que se verificou. Estou surpreendido por ver que o meu trabalho atraiu atenções. Esperava sobretudo uma certa incompreensão. Para começar, esta diria respeito ao título, o que acabou por acontecer, já que há quem me ache “arrogante”. Depois, diria respeito também à dimensão musical, visto que tive a ousadia de combinar a estética do Black Metal com o estilo de composição próprio da música clássica. Portanto, estava consciente de que este álbum seria difícil de ouvir. Por fim, devo dizer

[…] Considero este álbum como uma síntese da ideia e do conceito que pretendo aprofundar ao longo dos anos. […]”

que a única certeza que tinha é que teria orgulho neste trabalho e isso aconteceu efetivamente. Do título global às letras que escreveste para as faixas desta obra passando pelos títulos das próprias canções, tudo evoca o oculto, mais concretamente a maçonaria. É mesmo assim? Eu diria que são antes as correntes filosóficas que deram origem à Maçonaria que se inspiraram no conceito que eu abordo. O título e todo o conceito do álbum estão imbuídos de hermetismo e alquimia. Todos os textos os textos estão orientados para a Grande Obra, que é a criação da pedra filosofal. Aqui dou conta da minha investigação, para permitir aos ouvintes que se interessam pelo meu conceito seguirem o seu próprio caminho iniciático nesta demanda espiritual sem retorno.

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[…] Segui o percurso habitual de quem começou na música de forma quase autodidática, que fez da criação um divertimento […] Depois tive a sorte de poder estudar música […]

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O que te levou a fazer um álbum como este no momento em que nos estamos a aproximar do fim da segunda década deste triste século? Sou guiado pelo gosto pela renovação, pela vontade de criar uma simbiose musical dos dois géneros mais expressivos que conheço. E sobretudo pelo desejo de propor um caminho que possa guiar o adepto em direção à luz – se for seguido com seriedade. O passo lento, o ritmo obsessivo e os vocais dramáticos e dilacerantes, tudo isto transmite uma sensação de solenidade e grandiosidade. Era este o efeito que pretendias obter? Sim, em parte é. Foi por isso que utilizei um contrabaixo e um órgão. A forma de compor também contribui muito para esse efeito e sai inteiramente do repertório clássico. Mas continuo convencido de que poderei levar estes sentimentos a níveis ainda mais extremos nos futuros lançamentos de Triste Terre. Não será mais adequado falar de Doom que de Black Metal? Não penso que se possa falar apenas de Doom Metal. Tirando a sonoridade pesada e os tempos relativamente lentos, o álbum mantém uma dimensão própria do Black Metal, na minha opinião, na medida em que penso que este género musical representa o lixo de cada humano. Para retomar a metáfora que já usei, assimilo facilmente este género às escórias do humano. Portanto, este álbum tem um lado visceral que, a meu ver, o associa a essa estética. E a capa? - Foste tu que a fizeste? Todo o visual do álbum foi criado por Marianne Plasse. Apenas trabalhei com ela para a elaboração dos símbolos relacionados com as obras. - Que representam os símbolos que figuram nela? De que forma estão ligados ao conceito de “grande obra”? Os símbolos presentes nas gravuras saíram da iconografia alquimista do Renascimento. Cada símbolo é paráfrase visual de um conceito de Grande Obra. Por exemplo, uma das etapas da Grande Obra consiste em tomar conhecimento e consciência do aspeto andrógino do ser humano representado pelas metades de corpos de um lado e do outro do interior do Digipack, que, aliás, se juntam para formar um único. As suas faces simbolizam a nossa parte feminina, representada pela lua, e masculina, representada pelo sol. Portanto, cada símbolo resultou de uma opção bem definida e destina-se a ilustrar as três etapas deste álbum: corrupção, transcendência e sublimação. Tens dois músicos contigo: um baterista e um contrabaixista. - Deste-lhes a oportunidade de participar na criação do álbum de alguma forma?

- Por que te pareceu que eles seriam os melhores companheiros para Triste Terre no palco (partindo do princípio de que dão concertos)? O único que faz parte de Triste Terre é o contrabaixista. Selecionei-o, porque tem a mesma visão sobre a música que eu tenho e também porque vem do meio clássico. Dá-me uma perspetiva diferente, crítica sobre as minhas obras. O baterista que podes ouvir no álbum é um músico de estúdio. Eu nunca conseguiria tocar as partes de bateria. Escolhi-o sobretudo pelo seu incrível domínio do instrumento e ecletismo. Precisava que este álbum respirasse e a sua forma de tocar adapta-se perfeitamente às passagens muito intensas e às mais calmas. Nos concertos, serei acompanhado pelo meu contrabaixista e por músicos de sessão, todos excelentes e desejosos de contribuir para dar uma segunda vida musical a «Grand Oeuvre», desta vez no palco. Que planos traçaste com a LADLO para dar a conhecer o primeiro álbum deste projeto? Tive muita sorte com este álbum, porque o Arnaud (que fez a mistura) me deu uma grande ajuda, para contactar editoras. Tendo recebido várias propostas, optei pela LADLO, para ter a oportunidade de levar a minha música onde quero que a ouçam. Que vais fazer depois de «Grand Œuvre»? Este título tem um ar bem terminal! «Grand Œuvre» é apenas o começo de um longo caminho. Considero este álbum como uma síntese da ideia e do conceito que pretendo aprofundar ao longo dos anos. Portanto, pretendo continuar a compor para Triste Terre. Uma pequena curiosidade: fizeste estudos de música? Sim, mas a lista é mais longa do que os exemplos que apresentei no início desta entrevista. Estudei composição clássica (tipo Bach, etc.) e moderna (do género Schoenberg, Messiaen, etc. …) e orquestração (o que dá a noção do equilíbrio), Mas, para compreender tudo isto e também para me inspirar nos conceitos clássicos, estudo também análise musical (compreender como funcionam as peças quanto à harmonia e à forma), história e direcção. E – para terminar – podes explicar-nos o que podemos ver no logo da banda e dizer-nos quem o criou? Fui eu que criei o logo de Triste Terre. Apresenta o nome da banda em caracteres herméticos antigos e também numerosos símbolos. Vou revelar apenas um: a forma em pirâmide do logo significa que Triste Terre está orientada para algo superior, divino. Obrigado por esta entrevista. Youtube

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[…] O meu estilo resulta de uma vida de experimentação, de uma demanda incessante e de um grande desejo de criar. […] 1 6 / VERSUS MAGAZINE


Kris Verwimp Entrevista: CSA

Poesia gráfica Ver os trabalhos deste artista gráfico belga mergulha-nos num universo maravilhoso, que evoca poesia perdida nos séculos. Saudações, Kris. O teu trabalho é sensacional. Até já tenho o título para esta entrevista: Poesia gráfica. Quando estava a analisar o teu portefólio, encontrei algumas fotos de ti a trabalhar, que me deram ideias sobre a tua técnica. - Pareceu-me que usas principalmente lápis de grafite na tua arte, não é? Nem por isso. Uso sobretudo tintas acrílicas e óleos que se podem misturar com água. Só uso lápis para detalhes e para criar textura extra. - Usas tinta-da-china para fazer os contornos? Depende do tipo de arte que estou a fazer. Se é banda desenhada, sim. Mas para capas de álbuns quase nunca uso tinta preta. - E lápis de pastel para as cores? Não, quase nunca uso esse

material. Prefiro tintas como acrílico, óleo ou guache. Usas computador ou software de desenho? Tentei usar algum software há alguns anos atrás, mas não gostei dos resultados, portanto desisti dessa ideia. Só uso o computador para digitalizar os meus desenhos e ajustá-los ao tamanho desejado. Por vezes, também o uso para apagar algumas partes, ou acrescentar coisas, ou ainda alterar as cores. Mas parto sempre de um desenho original, nunca desenho diretamente no computador. Como descreverias o teu estilo? Não é fácil responder a essa pergunta. O meu estilo resulta de uma vida de experimentação, de uma demanda incessante e de um grande desejo de criar. O meu objetivo é sempre contar uma

história através da minha arte, ou injetar-lhe várias camadas de significado: umas vezes através do simbolismo, outras de forma mais óbvia, dependendo do título do álbum e da natureza da música. Tenho sempre a esperança de conseguir criar algo intrigante, um artwork que pareça conter segredos, que não será possível desvendar inteiramente em simultâneo. É por isso que gosto tanto de fazer trabalhos muito detalhados, mas, ao mesmo tempo, vagos. Quando cada detalhe é 100% visível, não há mistério. Também dou muita atenção à composição. Se observares com atenção o meu artwork, acabarás sempre por encontrar muitas formas geométricas. Não as uso de forma consciente, mas antes de modo intuitivo. 17 / VERSUS MAGAZINE


Onde encontras a inspiração para os teus desenhos? [Fazemme lembrar pintura britânica ou francesa do fim do séc. XIX (por exemplo, dos Pré-rafaelitas ou de simbolistas como Gustave Moreau). Mas também me recordam capas de coleções de ficção científica do séc. XX (por exemplo, dos anos 60).] Na verdade, a minha inspiração vem-me de todo o lado. Filmes, banda desenhada, livros, jogos, mas também outros artistas, a História e a natureza. É claro que adoro ficção científica, mais exatamente o género de espada e feitiçaria. Prefiro Robert E. Howard a Tolkien. Mas também gosto muito de mitologia, Quando era criança, adorava ler as bandas desenhadas do meu pai. Como vivo na Bélgica, não estou a referir-me às bandas desenhadas americanas de superheróis, mas às séries belgas como “De Rode Ridder” ou “Thorgal”. Acho que a única série americana que li foi “Prince Valiant”. A arte dessas bandas desenhadas é de um nível bem superior à das histórias desenhadas de super-heróis e sempre me inspirou. Estudaste arte para te tornares num artista gráfico? Que parte do teu trabalho é autodidática? Na escola, estudei contabilidade e economia, algo completamente diferente do que faço. Mas, da forma como vejo as coisas, passei toda a minha vida a estudar para ser um artista gráfico e não acredito que te possas alguma vez “licenciar” nisso: há sempre algo novo para aprender. Mas nunca frequentei uma escola de arte, logo sou um completo autodidata. Sei que tens um projeto gráfico intitulado «Realms of Odoric». - Diz-nos em que consiste esse projeto. Odoric é a personagem de banda desenhada que eu criei no início dos anos 80. Nessa altura, usava só pena e tinta. Produzi três títulos da série nesse estilo até 1991. Depois comecei a pintar e fiz uma nova história de Odoric a cores. Foi a

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minha primeira história publicada e intitulava-se “The Wall of Doom”. Mas depois comecei a ter cada vez mais encomendas para capas de álbuns e rapidamente deixei de ter tempo para trabalhar nas histórias de Odoric. Mas o desejo não se extinguiu e, como gosto muito de bandas sonoras, veio-me à cabeça a ideia de criar uma para Odoric. Portanto, falei desta ideia a várias bandas e algumas ficaram mesmo interessadas no projeto. Tive algumas “falsas partidas” com Axamenta e Dagorlad. Foram escritas algumas canções, mas nenhuma das colaborações durou tempo suficiente para se conseguir lançar algo. Passado algum tempo, fiquei novamente assoberbado pela criação de capas para álbuns e, sem que me apercebesse disso, passaramse vários anos e eu desisti por completo dessa ideia. Até que, um dia, o Arkadius Antonik de Suidakra começou a enviar-me composições orquestrais, perguntando-me se eu conseguiria fazer uma história para as acompanhar. Há mais de 10 anos que fazia artwork para a sua banda e tinha mesmo escrito histórias e letras para os seus últimos álbuns, portanto não foi difícil para mim ajudá-lo. Mas, ao fim de algum tempo, comecei novamente a pensar no meu projeto de banda sonora para o meu Odoric e apresentei essa ideia ao Arkadius. Ele adorou-a e começámos a trabalhar nela. Criámos uma página no Facebook chamada “Realms of Odoric” e começámos a escrever música e arte novas, que se inspiravam mutuamente. Estava destinado a ser um projeto de lazer, sem restrições, prazos ou intenções comerciais, portanto não estávamos à espera de lançar nada. Mas a MDD interessouse pelo projeto e, de repente, tínhamos encontrado uma editora para gravar. Esta colaboração deu origem ao lançamento dos álbuns «First Age» (2014), «Second Age» (2016) e «Thir Age» (2018). - Vi no teu portefólio que vais retomar esse projeto ainda este


Também dou muita atenção à composição. Se observares com atenção o meu artwork, acabarás sempre por encontrar muitas formas geométricas. 19 / VERSUS MAGAZINE


banda conseguir adiar o prazo de entrega, para que me fosse possível pintar a capa para esse álbum e as ilustrações para o livrinho. Intitula-se «Fornaldarsagor» e trata de antigas sagas escandinavas relativas aos Vikings. Cada canção tem a sua história e as suas ilustrações. Portanto, foi um projeto muito interessante.

ano, não é? De facto, planeamos reeditar o primeiro CD com um livro de arte adequado, como fizemos para os lançamentos de «Second Age» e «Third Age». Por conseguinte, haverá ilustrações completamente novas e as canções vão ser refeitas. Portanto, este lançamento vai acabar por ficar muito diferente da versão original. Também comecei novamente a trabalhar no segundo livro de banda desenhada da série Odoric, que se intitula “The Heart of the Serpent”. - A tua arte para este projeto fazme lembrar o trabalho de Vincent Segrelles. Concordas comigo? É possível, porque a série de banda desenhada da sua autoria – “Mercénaire” – exerceu realmente uma forte influência sobre o meu trabalho. Sempre fui grande fã da sua pintura e comprei vários dos seus livros. O teu último artwork parece ser o que fizeste para o último álbum de Månegarm. O que nos podes dizer sobre esse projeto? Fiz a maior parte das capas dos álbuns de Månegarm (exceto a do primeiro), portanto fiquei muito contente quando me convidaram novamente. Infelizmente, estava tão ocupado com «Realms of Odoric» que quase não tinha tempo de o fazer. Contudo, a

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Há algum trabalho que vejas como especial? Mais do que um? As pinturas que fiz para o primeiro álbum que ilustrei continuam a ser as mais especiais para mim, por causa de todas as memórias ligadas a elas. Cada uma tem a sua própria história. A capa do álbum «The Diabolic Serenades» dos Ancient Rites foi a minha primeira encomenda e chamou a atenção da editora francesa Osmose, o que me deu a oportunidade de trabalhar para bandas como Marduk e Absu. Também fiz muitos desenhos de t-shirts para a Osmose. Esses primeiros trabalhos estavam certamente longe da perfeição, mas continuam a ser os meus favoritos. Alguma vez expuseste o teu trabalho? Em toda a minha vida, só fiz duas verdadeiras exposições: uma grande em 2005, organizada pela cidade de Antuérpia, e uma mais pequena, na cidade de Genk, no ano seguinte. Não sou o tipo de artista que cria arte para fazer exposições. Não vendo os meus originais, portanto não faz muito sentido para mim organizar exposições, até porque isso só me faria gastar muito dinheiro. Tive algumas propostas de festivais para aparecer e expor o meu trabalho, mas geralmente são demasiado longe e eu não gosto de viajar. Já estava a esquecer-me de que fiz uma terceira exposição no Graspop Festival, há alguns anos. Os trabalhos foram apresentados no espaço reservado aos artistas e só apresentei algumas impressões de trabalhos meus. Pouca gente os viu.

Já tens uma carreira longa. Há algum sonho que ainda não tenhas realizado? Dantes tinha uma lista de bandas com quem gostaria de trabalhar, mas, por sorte, já consegui fazê-lo com quase todas elas. Atualmente, não há nenhuma banda que me agrade tanto ao ponto de eu sonhar em trabalhar para ela. Há muita música de qualidade a ser lançada, mas muita dela perdese na imparável corrente dos novos lançamentos. Já não há nada que se destaque realmente. Além disso, também não gosto de fazer trabalhos para lançamentos digitais, porque ninguém se importa com o artwork ou em saber de onde ele veio. Muitas bandas limitam-se a usar algo que encontraram na net e a pôr o seu logo. Por outro lado, hoje em dia, os lançamentos físicos têm muito menos significado, até porque já quase não há lojas de discos. Converteu-se em algo quase exclusivamente para colecionadores. Um dos meus sonhos era fazer design para filmes, mas, depois de ter trabalhado em alguns projetos de pequena dimensão, concluí que, na realidade, cerca de 90% dos filmes nunca chegam a ser terminados. Parece-me uma grande perda de tempo trabalhar em algo que nunca chega a ser lançado, mesmo que me paguem. Portanto, penso que o único sonho que ainda tenho por cumprir tem a ver com «Realms of Odoric» e esse está quase a tornarse realidade. Neste momento, só tenho de acabar o art book para «First Age» e retomar a série de banda desenhada sobre Odoric. Finalmente, penso que posso dizer que a ideia de terminar a história de banda desenhada intitulada “Heart of the Serpent”, a que dei início em 1996, vai ser um sonho convertido em realidade! Facebook Link1 Facebook Link2 Realms Of Odoric


O HOMEM DA MOTOSERRA Ideias tristes em horas bizarras

Que o gasóleo esteja convosco! Caríssimos e caríssimas! Eis que volto após um pequeno interregno devido a forças maiores: caganeira. Ok, talvez não tenha sido bem isso, mas o importante é que voltei ao planeta dos vivos a tempo de presenciar a bonita luta entre o maior prepotente da Tv Portuguesa e o partido dos urbano-depressivos que só comem alface. Mas esta bonita troca de palavras provavelmente nunca aconteceria se não houvesse combustível fóssil para os partidos fazerem campanha. Ou talvez aconteceria à mesma, mas isso agora é irrelevante. Como bem se lembram, vimo-nos a braços com uma greve dos transportadores de matérias perigosas que levou à escassez de combustíveis e quase parou o país. Arriscome a dizer que num país nórdico esta greve passaria quase despercebida à população. Aqui no bonito Portugal reunem-se todas as condições para o caos: Entramos facilmente em pânico Guardamos tudo para a última “hora” Há “Chicos espertos” que comem tudo e não deixam nada. Para andarmos 300 metros, vamos de carro. Até fazemos sexo no carro e falta de combustível implicava…. E assim, de um dia para o outro, vimo-nos com uma escassez de combustível que até afetou voos e poderia ter inclusivamente afectado transportes públicos. Todos os pontos descritos ajudaram para se instalar uma mini crise, porém o ponto 3 teve muita importância. Houve aves raras, bestas, energúmenos, jumentos, ASNOS, e BESTAS (eu sei que já disse bestas, mas gosto do termo), que ao invés de se abastecerem normalmente, atestaram o carro quando não precisavam de o fazer!! Quem são estes/estas reais animais? (não os animais que o PAN gosta. Aqueles que ninguém lhes acha piada como… sanguessugas. E lesmas também.) Quem será esta gente miserável e desprezível que teve este comportamento quase ordinário? Quem pergunto eu? QUEM?! Eu.

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Sim, eu, por exemplo. E depois?! Atestei o depósito e isso deu-me uma óptima sensação de poder… Um dia hão de experimentar. Dizem que o poder nos muda e é verdade. Quando todos andavam a pé, eu andava de carro. Abria a janela e dizia para os conhecidos “Queres boleia? Tenho muito gasóleo!” Passava pela bombas de combustível, punha o carro em ponto morto e acelerava. Quando me perguntavam se estava tudo bem, respondia: “Tudo óptimo! Só tenho é muito gasóleo. O carro fica muito pesado…. Estou a ver se o gasto mais depressa.” Outras vezes, se tinha espaço, fazia piões logo ao lado das bombas. Uns bons 10/15 minutos de piões, e depois arrancava enquanto soltava um riso maquiavélico janela fora. No dia em que haviam filas de vários Quilómetros para as bombas, gostava de abordar cada um dos condutores desesperados e dizer: “Importa-se que passe à frente? Só queria mesmo um chocolate. Porque eu gasóleo tenho muito! Ui!!!! Tenho gasóleo para mais de 800 km! Mas assim à vontade!” Lá dentro, perto da caixa, fazia também questão de mostrar que não estava a tirar o lugar a ninguém: “Oh chefe! Deixaram-me passar à frente, ok? Eu não quero combustível. Isso tenho eu para 800 e tal km! Nem sei quando dou conta daquilo! Eheh!” Para além de toda a diversão, esta situação trouxe-me outras vantagens: levou-me para aprimorar as minhas técnicas de fuga com veículo automóvel e foi também benéfica para a minha saúde, no sentido que melhorei bastante a minha capacidade sprint. E pronto, agora com tudo regularizado, sem ser necessário operações especiais com condutores mascarados para transportar o bendito gasóleo dos portugueses, sou só mais um condutor na reserva. Para sempre ficarão sempre as caras em fúria de condutores e as suas palavras de carinho para comigo, tais como: “Tens mais chifres que uma travessa de caracóis, oh palhaço!” Um grande bem-haja, e que o gasóleo esteja convosco. Despeço-me a 10km da bomba com combustível para 9km. O Homem da Motoserra

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O circo do horror 2 2 / VERSUS MAGAZINE


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Estes dois ingredientes – aparentemente antagónicos – combinamse na perfeição na arte musical – e teatral – de Pensées Nocturnes. Entrevista: CSA

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Saudações, Vaerohn! Eis aqui um tema genial: o Grand Guignol! Podes explicar aos nossos leitores (que não sejam franceses): - O que é o Grand Guignol? Vaerohn – O teatro do Grand Guignol era uma sala de espetáculos de Paris especializada em peças de teatro gore e macabras. O público da época divertia-se com os calafrios que estas desencadeavam. - Quais das suas características levaram uma banda de Black Metal tão original como Pensées Nocturnes a fazer dele o tema de um álbum? O título Grand Guignol evoca mais propriamente o lado gore e ousado desta instituição do passado que uma verdadeira homenagem. Trata-se também de uma evocação nostálgica dessa França antiga, que se divertia a ter medo. Mas foi sobretudo a mistura de cómico e de violência representada por esta instituição que chamou a atenção de PN. - Que relação se pode estabelecer entre esta entidade e o circo (o tema central de Pensées Nocturnes)? Como é que estas carcaterísticas que chamaram a tua atenção estão representadas na música que compuseste para este álbum? A ligação diz respeito principalmente à encenação, à procura do espetacular e do teatral, que se vão revelando ao longo do álbum, mas também no palco. Que papel desempenha a tua voz – com todas as suas variações quase delirantes – neste universo musical? Sempre procurei desenvolver e diversificar a minha voz, bem como apostar no contributo de vozes externas muito diferentes. A voz é um instrumento que oferece uma panóplia de possibilidades extremamente vasta e exprime as emoções de forma notoriamente mais precisa que os outros. Todas estas variações são também uma forma de evitar o aborrecimento que pode ser causado pelos

vocalistas monótonos, como acontece, por exemplo, no Death Metal, em que frequentemente se usa um único tipo de canto. Por fim, permitem encarnar um sem número de personagens e conferir à música uma dimensão teatral tão apreciada. Quem gravou a bateria para este álbum? E como correu esse trabalho? [Segundo a LADLO, foi a única coisa que tu não fizeste.] A bateria foi gravada pelo Tariq Zulficar, um baterista egípcio com quem já tinha podido trabalhar no último álbum de Way to End. Como é meu hábito, componho de forma muito precisa todas as partes de bateria juntamente com a música para os outros instrumentos, mas dei-lhe a liberdade de se apropriar delas como melhor entendesse. Perante o resultado final, penso que tomei a melhor decisão. O seu estilo, que implica acrescentar pormenores por todo o lado, adapta-se na perfeição à minha forma de ver o projeto. Também tem a vantagem de ter discernimento na forma como acrescenta os pormenores, inserindo-os de forma perfeita nma estrutura geral da música. Também escreveste as letras para o álbum como é costume. Não as pude ler, mas – de acordo com os títulos das canções – vejo que o álbum trata temas que têm tudo a ver com o universo do Grand Guignol. - Onde encontraste inspiração

para as escrever? Os textos foram escritos em Francês e transbordam de jogos de palavras, cada um mais retorcido que os outros. - Correspondem mesmo a uma narrativa ou até a uma peça de teatro? [reparei na nota presente na capa, que diz ”Une boucherie dans le cirque, une pièce saignante en 10 actes.” (Trad.: ”Uma carnificina no circo, uma peça sangrenta em 10 atos.”] Não se trata exatamente de uma peça de teatro. Cada canção desenvolve um tema particular, frequentemente muito complexo e salpicado de humor negro. No seu conjunto, os textos abordam temas relativamente clássicos para PN (comida, bebida, sexo, colunista amador, ...), comportando sempre uma boa dose de subversão, dirigida inclusive contra o próprio Black Metal. Mas voltando ao Grand Guignol, procursa-se sobretudo mergulhar no ambiente característico desse tipo de teatro, que combinava o humor negro com o horror. E – a propósito – a capa do álbum – da autoria de Came Roi de Rats – é verdadeiramente genial. Representa o circo, mas, ao mesmo tempo, inspira uma sensação de horror (apesar do palhaço ou se calhar por causa dele, que agita uma maça muito típica do Black Metal). - Quem teve a ideia original? Tu? Came? Os dois? Esta é a nossa terceira colaboração,

Os textos foram escritos em Francês e transbordam de jogos de palavras, cada um mais retorcido que os outros. 2 5 / VERSUS MAGAZINE


de tocarmos juntos, que se sente claramente quando nos ouvem ao vivo. Porque, ao contrário dos nossos confrades e das expetativas dos metaleiros em geral, nós não procuramos transpor para o palco uma cópia fiel do que se passa no estúdio recorrendo a samples ou outros artifícios fora de moda, mas antes uma adaptação livre e fluida. Assim, damos imporância à improvisação no palco. Em breve, iremos tocar em Paris, Bruxelas, Tilburg, no Tyrant Fest, Into The Void... Encontrarás todos os pormenores na nossa página no Facebbok. Além disso, estamos a preparar uma digressão para o mês de outubro. dado que ele já fez o artwork para «Nom d’une Pipe!» e «À Boire et à Manger». Conseguimos trabalhar em verdadeira osmose, porque o Came tem a capacidade de se integrar no projeto, deixando-se impregnar pelas particularidades do álbum. Consegue integrar as ideias e instruções que lhe dou, apesar de manter o seu estilo próprio. A ideia do palhaço a acolher o espetador diante do chapitô ocorreu-me depois de várias tentativas infrutíferas. Esta proposta gerou imediatamente ressonância na cabeça do Came e ficou logo tudo resolvido. A Grande Roue é uma referência ao ambiente dos arraiais e o chapitô encimado pelo dístico a dizer ”Circo” torna a coisa ainda mais clara. O livrinho que acompanha o álbum é apresentado como um prospeto, que seria entregue aos

espetadores antes de virem assistir à peça de teatro. A referência indireta à bandeira francesa, cujas cores também descrevem muito bem o universo do circo, é uma maneira de sublinhar a forma francesa como PN se apropria do Black Metal. Na minha opinião, não haveria nenhum interesse em copiar servilmente os costumes dos nórdicos. A julgar pelas fotos promocionais, Pensées Nocturnes faz bastantes concertos. - Quem sobe ao palco contigo? Os membros de sessão de PN oficiam todos noutras bandas mais ou menos conhecidas. Na sua maioria, são amigos com quem já toquei noutros projetos en que dão todos cartas nos seus respetivos domínios. Daqui resulta uma certa naturalidade na forma

A ligação [entre o álbum e o circo] diz respeito principalmente à encenação, à procura do espetacular e do teatral [...]

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Imagino que os concertos da vossa banda são bastante dramáticos. Que pode dizer-nos sobre isso? De facto, procuramos conferir um lado teatral aos nossos concertos. Nunca paramos de desenvolver cenários e de criar situações insólitas. O objetivo é perturbar o mais possível os espetadores e garantir que não se vão aborrecer se vierem rever um dos nossos concertos. Estamos sempre a trabalhar novas ideias em termos de cenários, instrumentos ou encenação e a experimentá-las no palco, para decidir se vamos retê-las ou pô-las de parte. Atualmente, até procuramos pôr em cena figurantes externos, incluindo espetáculos de fogo, para tornar os nossos concertos mais interessantes. Para além dos concertos, quais são os planos da LADLO para promover este exclente álbum de Pensées Nocturnes? Tenho de confessar que os concertos são a nossa principal ocupação neste momento. Também temos um projeto para fazer um clip, mas a ideia de base requer muitos meios, pelo que, de momento, estamos em fase de reflexão. Facebook Youtube


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Quero fazer uma tatuagem. E agora? Por: Ricardo Pires

Quando decidimos fazer a nossa primeira tatuagem é como se a tatuagem já estivesse feita, todos os tatuados passaram por essa experiência. Não vamos descansar enquanto não a tivermos, ponto. Situação que por vezes nos leva a tomar decisões menos racionais em relação ao que queremos pôr no nosso corpo e onde o fazemos. Então vamos por partes: Qual o motivo que nos leva a tatuar? Podemos tatuar para imortalizar um dado momento da nossa vida, prestar memória a alguém que nos tenha influenciado ou puramente por sentido estético, todos os motivos são válidos. Normalmente os clientes baseiam a sua escolha pelas tattoos que diariamente vêm nas redes sociais e é normal até apresentarem essas imagens como se de um catálogo se tratasse, surgindo assim as chamadas “tattoos da moda”. Têm este nome dentro do mundo das tattoos porque já é normal passearmos, por exemplo na praia, e vermos várias pessoas com o mesmo desenho tatuado. Quem é que não se lembra do belo diabinho com o tridente ou então do golfinho com a palmeira? Durante a minha carreira já vi várias modas a aparecer, e a dar lugar a outras. Portanto temos de ter a certeza se queremos ter uma tattoo igual a tantas outras ou se realmente queremos um trabalho personalizado e único com a assinatura artística de um tatuador que gostamos. Depois desta decisão, que deveria ser ponderada e na maior parte das vezes não é, vamos em busca do nosso tatuador. Como humanos que somos e não conseguindo fugir ao facto de sermos pessoas de hábitos e por vezes preguiçosos na nossa busca do que queremos, caímos no erro de optar pela solução mais prática numa decisão que é para o resto da vida. É claro que hoje em dia existem formas de remover tatuagens, mas não é esse o objectivo quando tatuamos. Quando fazemos uma tatuagem o objectivo é que ela fique bonita e que tenhamos orgulho em mostrá-la e não o contrário. É bastante recorrente a procura do “cover up” e, quando questionadas do porquê de terem feito a tattoo com alguém que não tinha capacidades, nota-se uma grande falta de conhecimento do que é uma boa tattoo ou não, e por vezes nem sequer deram uma vista de olhos no trabalho do tatuador, para ter a certeza de que é o adequado para fazer a tattoo que pretendem. Para mim não há situação pior do que alguém fazer a sua primeira tatuagem e, em vez de ficar fã das tatuagens, passar a odiá-las. Quando isto acontece a meu ver temos de dividir as culpas entre o cliente, que não pôs muito esforço na sua procura, e no suposto tatuador (que se calhar deveria repensar a sua carreira profissional e dedicar-se à pesca, digo eu). O meu maior conselho será, devemos procurar o artista certo para o tipo de tattoo que queremos fazer. Um tatuador pode ser muito bom num determinado estilo e noutro nem por isso. Saber em que condições é que trabalha e se o estúdio onde tatua oferece todas as condições de segurança e higiene, para que tudo corra bem, sem dar lugar a arrependimentos. Normalmente os estúdios têm vários artistas e todos eles com estilos diferentes de trabalho. É certo que se a procura for feita com ponderação, mais tarde ou mais cedo vão encontrar o tatuador ideal. Se a vossa escolha for certa de certeza que vão voltar para uma segunda e terceira tattoo.

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O apelo do Norte Para esta banda francesa, todos nós temos uma costela viking e devemos homenagear a herança cultural e musical da poesia escáldica. Entrevista: CSA | Fotos: Die Frau

Saudações a todos! O vosso álbum é verdadeiramente curioso e super melódico. Como se encontraram? E como se juntaram neste projeto musical? Mattjö – O Christophe e o Pierrick conheceram-se num festival. Começaram logo ali a partilhar a sua paixão pelos textos poéticos antigos da Escandinávia medieval e pelos instrumentos tradicionais. Acontece que o Christophe Voisin-Boisvinet é um produtor, realizador e compositor de renome. Deram-se conta de que ambos tinham vontade de criar um projeto vocal e musical inspirado nos Vikings. De seguida, o Pierrick apresentou a Justine ao Christophe, que ficou imediatamente rendido ao timbre da sua voz. Quanto a mim, encontrei o Christophe num estúdio na região parisiense. Trocámos algumas ideias rápidas sobre a mitologia nórdica e a ambição de a evocar através de um projeto contemporâneo. E foi aí que eu me juntei a esta aventura. Justine – Desde criança que nutro uma grande paixão pela música do mundo e a História medieval, no sentido lato. Sempre acalentei o sonho de um dia cantar nesse registo. O meu encontro com o Pierrick deu-me a oportunidade de dar os primeiros passos nesse universo. Depois, encontrámos o produtor Christophe Voisin-Boisvinet, que nos juntou – o Pierrick, o Mattjö et eu – e tivemos a sorte de poder gravar este primeiro álbum: «Le Chant des Vikings». Desde aí tudo se precipitou. Pierrick – Como sempre adorei a música tradicional escandinava, fui um multi-instrumentalista e um cantor, há vários anos que queria criar uma banda, cujo tema principal seria a mitologia nórdica. Como o Mattjö já explicou, o meu encontro com o Christophe

Voisin-Boisvinet, que tinha exatamente o mesmo projeto em mente, permitiu concretizar esta ideia. A Justine é uma cantora excecional com quem eu já tinha trabalhado. Portanto, pareceu-me natural apresenta-la e ela concordou logo. Por que razão um grupo de franceses decidiu formar uma banda consagrada aos Vikings? [Eu sei que a Normandia era um feudo viking situado em França de onde partiu o exército que conquistou uma parte do atual Reino Unido e isto antes da existência da série “Vikings”.] Mattjö – O facto de sermos franceses não é importante, na realidade, porque estamos mergulhados nessa poesia, nessa mitologia e nessa história desde a infância. A história da Normandia pode legitimar a nossa ideia, é verdade, mas não podemos esquecer que a palavra “viking” significa partir em expedição, à procura de aventuras. Eu associo-a à vontade de descobrir a riqueza de outras culturas, de outros mundos. Com base nesta ideia, todo o poeta-aventureiro inspirado pelas sagas nórdicas está autorizado a cantar a sua beleza. Pierrick – Do mesmo modo que não é necessário ser jamaicano para tocar reggae, não é obrigatório ter origens nórdicas para musicar a poesia escáldica. Posto isto e sabendo que os Vikings exploraram e amaram uma grande parte deste mundo, podemos imaginar que muitos de nós têm a correr nas suas veias um pouco de sangue “nórdico”. É fácil verifica-lo, recorrendo aos testes de ADN que estão na moda… Na informação sobre a banda é dito que vocês provêm de três universos musicais diferentes. Podem falar-nos um pouco dessa característica de Skáld? Pierrick – Eu faço parte da cena Metal há muito tempo e sempre tive uma grande preferência pelas

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[…] não podemos esquecer que a palavra “viking” significa partir em expedição, à procura de aventuras. Eu associo-a à vontade de descobrir a riqueza de outras culturas, de outros mundos

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bandas norueguesas. Também sou uma grande fã de música tradicional escandinava e toco vários tipos de violinos nórdicos (como a talharpa e a nyckelharpa). Justine – É verdade que vimos de três universos musicais diferentes e muito variados. Eu prefiro o Metal ambiente, a música do mundo e tradicional. Aprecio particularmente a música vocal. Os cantos folclóricos e os rituais recitativos (como as polifonias russas, ucranianas, búlgaras, húngaros, romenos). Passemos agora ao vosso primeiro álbum – «Viking Chants». - Fiquei com a impressão de que as letras das canções saíram de antigos poemas vikings. É mesmo assim? Pierrick – Mais ou menos. Os nossos textos provêm de várias recolhas de textos escritos do séc. XIII, portanto não datam exatamente da era dita “viking”. Em contrapartida, fazem parte de uma duradoura tradição oral, que data da época viking ou mesmo de antes dela… Esses textos foram transcritos e salvaguardados por Snorri Sturluson, uma figura política muito importante da Islândia medieval. Devemos a ele todo esse saber. - Cantam na língua nórdica arcaica? Há algum Francês no vosso álbum? Se sim, quem fez a tradução e como? Mattjö – Inspirámo-nos na “Edda”, uma recolha de poesia escáldica escrita em língua nórdica arcaica. Os textos foram selecionados pelo Christophe, com o apoio do Yves Kodratoff, no que toca à adaptação e à escrita. Pierrick – O álbum foi lançado como “livro-disco” e contém as traduções de todos os textos para Francês. Portanto, há um pouco da nossa língua neste lançamento. De acordo com os títulos, as canções deste álbum tratam de temas ligados à cultura viking. Podem explicar-nos de que falam as várias faixas? Mattjö – “Enn átti Loki fleiri börn”: Este texto é uma predição do Ragnarök, ou seja, do fim do mundo dos deuses, na cultura dos antigos escandinavos. Mattjö – “Rún”: Este canto fala da memória, do despertar para a magia escandinava. Enumeram-se as runas que formam um alfabeto chamado “Futhark” e que são também poderosos símbolos mágicos. Pierrick – “Valfreyjudrápa”: Este cântico é dedicado a Freia, a deusa do amor e da fecundidade, que decide o destino dos guerreiros no campo de batalha. Pierrick – “Níu”: Esta composição interpretada em coro constitui uma invocação de Njörd, deus do mar e dos ventos. Os povos vikings imploravam a sua proteção antes de partirem em expedição. O seu nome também significa “nove”, porque está associado às nove filhas do gigante Aegir, que são nove vagas, já que esse gigante também é uma personificação do mar. Mattjö – “Flúga”: É uma canção que faz referência à criação do martelo de Thor, o Mjöllnir.

Pierrick – “Gleipnir”: Refere-se ao lobo Fenrir e ao laço que o mantém preso. Pierrick – “Krákumál”: Esta canção é um lamento que Ragnar Lodbrok entoa antes de morrer. Mattjö – “Ó Valhalla”: Esta faixa faz referência ao salão para onde serão levados os guerreiros valorosos pelas valquírias e à honra que representa ser convidado a ficar no salão de Odin. Mattjö – “Ec man iötna”: Esta é cantada a cappella, o que lhe dá um ar muito etéreo e é um canto tradicional dos Varègue (os vikings que partiram para o leste). O texto foi tirado da Völuspá (“Os ditos da vidente”), que é um poema cosmogónico, que se refere especialmente às ações dos gigantes e ao papel que estes desempenham no universo cultural viking. Pierrick – “Yggdrasill”: Fala dos cosmos, que é representado por uma árvore assim chamada, composta por nove mundos. Pierrick – “Ódinn”: Constitui uma poderosa homenagem a Odin e conta as suas histórias. Mattjö – “Ginnunga”: Relata a forma como os antigos escandinavos viam a criação do mundo. Mattjö – “Jóga”: É o último título do álbum e retoma uma canção de Björk, cantora e símbolo da cultura islandesa atual, na qual deixamos a nossa marca. Usamos instrumentos tradicionais para recriar o tema original e as sonoridades modernas deram lugar a ritmos concretizados através de materiais orgânicos como, por exemplo, como chifres de gamo. E de onde vem a música? Quem a compôs? Pierrick – O Christophe é o principal compositor do álbum. A pedido dele, eu compus três canções: “Krákumál”, “Flúga” e “Valfreyjudrápa”. Todas as outras canções são da autoria do Christophe VoisinBoisvinet, que é também o realizador do álbum. Os instrumentos exóticos que se ouvem no álbum são extraordinários. - Onde os encontraram? Pierrick – Tivemos de recorrer a luthiers especializados. E, quando não dominamos algum aspeto, recorremos também a instrumentistas talentosos. Temos a sorte de conhecer alguns músicos especialistas em instrumentos tradicionais que nos acompanham. - Já alguma vez construíram algum com as vossas próprias mãos? [Em Portugal e em Espanha, há bandas que cantam canções inspiradas em velhos cânticos – geralmente celtas – e que, por vezes, fabricam os seus próprios instrumentos. Aliás, já entrevistei a banda francesa Ar Bard, que está ligada a um atelier de construção de liras gaulesas.] Pierrick – Tenho a sorte de viver perto de Mirecourt, a capital dos luthiers, onde Jean-Claude Condi, o luthier francês especialista em nyckelharpa (violino sueco), dinamiza estágios de construção de instrumentos. Aproveitei logo a oportunidade e fiz a minha própria nyckelharpa.

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trabalho. Ficamos muito surpreendidos por saber que o seu último álbum se intitula «Skald», mas é claro que não tem nada a ver connosco. As nossas inspirações e as nossas intenções são as mesmas. Logo, é normal que os títulos e os nomes se cruzem. Aliás, isso acontece com um bom número de outras bandas que fazem parte da mesma linha.

[…] há vários anos que queria criar uma banda, cujo tema principal seria a mitologia nórdica.

- Quem toca esses instrumentos? E como aprenderam a tocá-los? Pierrick – Durante os nossos concertos, eu mudo de instrumento praticamente a cada canção. Por isso, tenho de viajar com muita bagagem: talharpa, jouhikko, citole, lyre, nyckelharpa… E não sou o único a andar carregado de velharias. Os nossos percussionistas estão tão carregados como eu ou até mais! Tocamos desde sempre e acabamos por ser autodidatas, no que diz respeito a tocar esses instrumentos de outra era… Neste álbum, pode-se dizer que a voz é verdadeiramente um instrumento (mais propriamente as vossas três vozes). Como se organizaram para as combinar? [O efeito obtido é fantástico.] Pierrick – Os nossos timbres são muito diferentes, mas também complementares. O segredo consiste em ter a sorte de trabalhar com as pessoas certas. O Christophe soube tirar o melhor de cada um de nós e a só a sua direção poderia levar-nos a alcançar esse resultado. Justine – Skáld é uma banda vocal, antes de mais. Logo, há imensas harmonias, além de técnicas vocais e vozes diferentes próprias de cada um de nós (canto gutural, Kulning, etc., ...). Sentem-se ligados de alguma forma a uma banda como Wardruna, que procura fazer renascer a antiga cultura musical e poética dos Vikings? [Entrevisteios acerca de «Yggdrasil». Em, curiosamente, o seu último álbum chama-se precisamente «Skald».] Mattjö – É certo que Wardruna é uma inspiração para mim. São pioneiros neste género e adoro o seu

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Na capa do álbum, aparece uma foto dos três. - Fizeram investigação para encontrar vestuário adequado? Mattjö – Queríamos que os nossos fatos representassem o nosso espírito musical. Portanto, partimos de uma base histórica e depois acrescentamos elementos que refletem a nossa interpretação onírica. Justine – As nossas roupas, tal como a nossa música, não são puramente históricas, antes fazem parte de um espírito e de uma intenção artística que são exclusivo nosso. A música, tal como o cinema, existe para nos levar a outros universos e fazer sonhar. A estética e o visual de Skáld são para nós uma forma de expressão, que nos transporta ao nosso universo mitológico. - O que significa o símbolo que serve de logo à banda? Mattjö – É uma “Bind rune”, que eu desenhei. Cada runa que a compõe representa os quatro e a união converte-se num talismã, que nos dá força e nos protege. Invocamos assim a magia dos antigos escandinavos, para obter a proteção dos deuses. - Nas fotos promocionais, vemos mais dois outros homens (à parte Pierrick e Mattjö). Quem são eles? Pierrick – Fazem parte das pessoas que sobem ao palco connosco. - Que papel desempenham na banda? Pierrick – É o que vais descobrir, quando vieres ter connosco durante a nossa digressão! - Quem fez essas fotos? Uma artista que usa o nome de Die Frau. - O que há no livro que acompanha o CD) [É bastante grande, tem 32 páginas.] Pierrick – Além das traduções e das informações sobre quem faz o quê, apresenta um artwork magnífico e fotos sublimes. Têm concertos previstos para promover este álbum? Pierrick – Sim. O primeiro teve lugar no La Cigale, em Paris, e foi uma experiência fantástica! Temos bastantes datas anunciadas no nosso site (www. skaldvikings.com). Podem também seguir-nos no Facebook, para terem a certeza de não perder nada. Estão também a chegar datas no estrangeiro e esperamos que isso continue a acontecer. Gostamos de viajar e estamos ansiosos por partir para ir ao vosso encontro. A saga «Le Chant des Vikings» só agora começou! Facebook Youtube


VIRGO OFFENDI Por: Nuno Lopes

E pronto, é isto! Depois de séculos de evolução na espécie humana, após todas as dissertações de Darwin e todos os desenvolvimentos no ser humano neste calhau a que chamamos Terra, eis que surge Portugal. Um país de clima ameno, com quase 900 anos anos de história (é verdade, nem sempre existiu futebol!) e onde impera uma nova estirpe no Metalhead tradicional desse país, à que designamos por Virgo Offendi. É comum encontrar-se, nas modernas Redes Sociais muita desta espécie que, por qualquer razaão canibaliza as suas vitimas (da mesma espécie) ao pequeno-almoço, acompanhadas por um sumo de veneno do mais puro ácido. Um outro aspecto do Virgo Offendi é o facto de nunca nada estar bem, e o poder de conseguir fazer sempre mais e melhor. Uma espécie de Velho do Restelo, ou de Gandalf do Restelo! (não, não é uma alusão ao VOA!) Estamos a falar de uma espécie que se encontra em muitos dos eventos que se vão sucedendo mas tem em particular o facto de vaguear pelos grandes gigs. É comum ver esta espécie em concertos de Iron Maiden ou, principalmente Metallica. Sendo menos provavel encontrá-los em salas pequenas a apoiar o undeground. Contudo isto não é uma ciência exacta e ainda estamos em fase de estudo. Anteriormente esta espécie incidia sobre a disputa entre o underground e o Mainstream, apesar de, nos ultimos anos a disputa estar a ser contra as bandas de versões. O pior disto é que esta espécie, o Virgo Offendi, não tem algo que a identifique, pois está demasiado misturada no meio e desenvolveu diversas camuflagens, de músicos a meros opinadores, passando por (talvez) um desconhecimento sobre o que se passa. Isto é um retrato do Heavy Metal que temos, da tal comunidade que é venerada por bandas, cujo publico é adorado em todo o Mundo e que perde tempo com um ambiente de guerrilha, encontrando farpas em todo o lado. Aqui a única vitima é este género adorado que move os corações sangrentos e é isso que este conjunto de Virgo Offendi propagam. Seria de esperar que a mesma estivesse já extinta, contudo, fica provado que há sempre um bom motivo para nos sentirmos assim, é como uma espécie de ADN. Como conclusão fica aqui uma questão colocada a toda a comunidade Metal nacional: Será que não ficariamos todos melhores se soubessemos apreciar o que nos é dado ou, por outro lado, será preferivel voltar aos anos 80 e 90 quando o deserto de concertos pairava no nosso território?

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ALBUM VERSUS S AXON

«The Eagle Has Landed 40 (Live)» (Silver Lining Music / Militia Guard)

Estávamos em 1982, em plena onda da NWOBHM e os Saxon promoviam o seu quarto álbum: «Denim and Leather», lançado um ano antes. Desta digressão nasceu um dos mais emblemáticos álbuns gravados ao vivo: «The Eagle Has Landed». Passados 40 anos… sim, quarenta… os Saxon decidem comemorar esta efeméride da melhor maneira: «The Eagle Has Landed 40 (Live)». Se o primeiro «The Eagle Has Landed» foi gravado no Hammersmith Odeon, esta versão comemorativa foi gravada ao longo de onze anos – entre 2007 e 2018 – em vários países e diferentes tipologias de concertos, desde o Wacken, Bang Your Head ou cidades como Londres, San António ou Berlim. O setlist abarca temas desde os primórdios temporais da banda, começando com «Wheel of Steel» e acabando em «Thunderbolt», embora nem todos os álbuns estejam representados. No entanto, todos os temas emblemáticos estão presentes e não me parece que valha a pena mencionar. Quem não conhecer que enriqueça a sua cultura musical e toca a ouvir Saxon – um dos pilares da “New Wave of British Heavy Metal”. No fundo, The Eagle Has Landed 40 (Live) celebra todos os clássicos da banda, desde de seus primeiros anos e ainda os clássicos modernos que continuaram a definir Saxon como uma lenda. Há dois aspectos que impressionam nesta tripla edição: o som global está de tal forma coerente que praticamente não se notam as passagens entre os locais onde os concertos foram gravados; a longevidade dos Saxon, o carisma e a voz de Biff Byford. Dois pontos muito altos e, de certa forma quase que podemos ver isto como uma homenagem aos Motörhead, é a participação de Phil Campbell - “747 (Strangers in the Night)” e Fast’ Eddie Clarke no hino intemporal “The Ace of Spades”. Tudo o que se pode querer num álbum ao vivo, está aqui representado… também não poderia ser de outra forma, pois os Mestres sabem o que fazem. «The Eagle Has Landed 40 (Live)» não será como o mítico primeiro mas mostra que a banda está viva, que a NWOBHM ainda se faz sentir por esse mundo fora…. E que raio, que melhor forma poderiam os Saxon ter escolhido para comemorar estes 40 anos? [9/10] EDUARDO RAMALHADEIRO

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CRITICA VERSUS

AB B ATH

ALBEZ DUZ

BLODHEMN

«Outstrider»

«Enigmatic Rites»

«Mot Ein Evig Ruin»

(Season of Mist)

(Listenable Records)

(Soulseller Records)

O successor de «Abbath» (parecendo que não, já data de 2016) é um trabalho superior ao disco de estreia em nome próprio do ex-Immortal. Pronto, está feita a crítica, podem ir já a correr comprar o CD. Bem, agora mais a sério: «Outstrider» ganha em maturidade e faixas memoráveis ao já de si muito interessante «Abbath», mostrando que o músico norueguês não perdeu a mão e é capaz de, aos 45 anos, continuar a fabricar excelentes malhas de black metal melódico, adicionando aqui e ali apontamentos de heavy metal tradicional ou, se preferirem, NWOBHM. O contributo do novo guitarrista Ole André Farstad não deve ser, a este respeito, esquecido, pois os seus solos (em, por exemplo, “Bridge of Spasms”, “Land of Khem”, “Scythewinder”) remetem-nos para sonoridades oitentistas, sem que no entanto se possa falar apenas em saudosismo ou revisitação do passado. Nesse aspecto, Abbath segue as pisadas de Quorthon (já lá vamos…): não que Abbath soe particularmente bathoryano (à excepção de… bom, a sério, já lá vamos!), mas o modo como o músico norueguês assimila e integra, em «Outstrider», as influências mais tradicionais para criar o seu black metal muito identificável recorda, em muito, o modus operandi do genial Quorthon. E, agora sim, chegamos ao ponto prometido: em jeito de homenagem, este segundo álbum termina com uma versão para “Pace ‘till Death” dos Bathory, o que é uma maneira de resumir a sensação que «Outstrider» incute: um disco que é uma espécie de vestido-último-gritoda-moda mas feito artesanalmente e com um corte clássico. [8.5/10] HELDER MENDES

Quarto disco para estes alemães que desde 2016 se apresentam como uma força do Doom/ Gothic Metal. «Enigmatica Rites», novamente com selo Listenable Records é um disco que começa forte com «Rites of Hidden Souls» e que nos empurra para um disco coeso, onde a densa poeira ganha contornos roxos. Existem momentos em que os germânicos, liderados por Alfonso Brito, se transformam em algo mais Stoner e experimental, talvez devido à entrada de Julian Müssler para a guitarra. Em 7 malhas, sendo que «Only Lies» é uma faixa bónus, os Albez Duz mostram aqui um som mais coeso e, talvez, um maior à vontade em sair da zona de conforto. Pesado o suficiente, porém, com todos os ingredientes do Doom, «Enigmatic» é um disco para os amantes de missas soturnas com o incenso a queimar as entranhas do céu. [7/10] NUNO LOPES

Desde 2004 no activo este projecto a solo de Invisus volta aos discos após «H7» (2014) e, podemos mesmo dizer que a espera é recompensada. Uma vez mais o músico, que é responsável por todos os instrumentos, apresenta neste disco um poderoso manifesto do caos instalado. Podendo ser, de forma livre, traduzido como «Uma Ruína Eterna», o disco é isso mesmo, gélidos pedaços de pedra sobre o calor da pele. Começando desde logo em «Ruin», com uma bateria que faz lembrar o Thrash que a banda praticava no passado, o disco vai trazendo até nós uma coerência conceptual e ao mesmo tempo um equilíbrio de tudo o que é Invisus. «Nordhavs Speil» é outro dos destaques de um disco que pode, muito bem, ser considerado o melhor de uma carreira que vai já no seu terceiro disco. «Mot Ein Evig Ruin» é um convite para o lado negro, que feitas as contas, não está assim tão longe. [7/10] NUNO LOPES

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CRITICA VERSUS

B U Y J U P IT E R

BO O B Y T RAP

B U C K C H E R RY

«Stand Up and Fight»

«Warpaint»

«Eclipse»

(Firecum Records)

(Century Media)

(Apathia Records)

Três anos após «Overloaded» os aveirenses estão de regresso e com eles trazem mais um disco de poderoso Thrash/Crossover como já vem sendo habitual ao longo de uma carreira que fala por si. Podemos dizer que esta segunda vida da banda é a prova de que a persistência e a revolta podem andar de braço dado com a boa disposição. com uma mensagem que tem tanto de corrosiva e caustica os Booby Trap arrancam, desde logo, com a música que dá nome ao disco, uma faixa que no seu riff inicial faz lembrar aquilo que um dia foram os Metallica. Não sendo propriamente original, nem os aveirenses pretendem isso, os Booby Trap assumem as rédeas de um género que em Portugal sempre foi bem recebido e que, por aqui encontram inspiração na actualidade e (sempre) com um desejo de revolução e revolta, ouça-se, por exemplo, «Set The World on Fire», «Full of Shit» mas, principalmente o grande hino que é «O bom, O Mau e o Filho da Puta», porém, há espaço para respirar e «a Message of Love» ou «Alcohol» promovem esses momentos. O quarteto dispara em todas as direcções sem dó nem piedade, sem tabus ou papas na língua. Um disco que atesta a competência e a vitalidade de uma banda cujo culto fala por si. Este é um disco que faz mossa. Afinal a canção (ainda é) uma arma. [7/10] NUNO LOPES

Sabem aquela inocência de quando se ouve um disco rock pela primeira vez? Pois bem, é isso mesmo que este «Warpaint», novo disco dos norte-americanos Buckcherry. Não vamos estar a falar de quem é a banda pois logo na faixa-título ficamos apresentados neste oitavo registo da banda que iniciou actividade em 1995. Sabedor dos terrenos que pisam, os Buckcherry fazem aquele Rock que se escuta bem em qualquer altura do ano, isto porque sabem (como ninguém) fazer grandes malhas de Rock, porque é disso mesmo que trata. Entretanto há uma «Head Like a Hole» que, em nada desfavorece o original e a calma de «Favorite Song», malhadão meloso que em tempos idos teria direito a airplay, ou ainda «The Vaccum». Claro que, como sempre, nada é perfeito, por isso momentos como «No Regrets» ou «The Hunger» que, não sendo a «praia» da banda, revelam o talento destes senhores, entrado por outros caminhos sem manchar a identidade da banda. O que fica deste «Warpaint» é o retrato de uma vida de Rock que é igual a qualquer uma das nossas, mas pela visão de um Josh Todd mais velho, mais sábio, talvez com demasiadas camadas. Ainda há inocência no Rock. [8.5/10] NUNO LOPES

Mais um EP que nos chegou à mão com a qualidade da Apathia Records. Os Buy Jupiter são uma banda proveniente de Lyon, França e inspiraram-se no romance do mesmo nome escrito por Isaac Asimov. «Eclipse» é o encerrar da trilogia que começou, também, com o EP «Departure» de 2005 e continuou com «Crossworlds». Musicalmente falando, «Eclipse» é constituído por quatro temas do que agora se chama metal moderno mas com um toque progressivo. Fugindo um pouco aos meus gostos musicais mas analisando os temas de uma forma justa e honesta, os Buy Jupiter são uma banda composta por músicos bastante competentes com uma técnica acima da média - daí o toque progressivo - e que, dado aos meus gostos pessoais, salva-se a música. No entanto, para quem aprecia este género de metal moderno, com a voz bastante agressiva tem aqui uma banda e um EP com muita qualidade. [7.5/10] EDUARDO RAMALHADEIRO

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CRITICA VERSUS

D EF LO R E & J A Z COLEM AN

DES T R O Y E R O F L IG H T

D O WN FA L L O F G A I A

«Party In The Chaos»

«Mors Aeterna»

«Ethic of Radical Finitude»

(Subsound Records)

(Argonauta Records)

(Metal Blade Records)

Os texanos Destroyer of Light estão a consolidar-se como uma força a ter em conta dentro do espectro doom metal de matriz sabbathiana e candlemassiana. «Mors Aeterna» é já o terceiro longa-duração e tratase de um álbum ousado, navegando pelo conceito de alguém que desce aos infernos e se vê condenado a aí permanecer para o resto da sua vida, quer dizer, morte. Temas como “Afterlife”, “Burning Darkness” ou “Loving the Void” reflectem, na sua sonoridade, a viagem conceptual que subjaz ao disco, pois passam por diversos estados e ambientes, e isto quer no aspecto instrumental quer no que respeita às vocalizações de Steve Colca, ajudando a que «Mors Aeterna» não seja tão monolítico quanto outros trabalhos de doom metal. No entanto, este introduzir de alguma versatilidade, como no final a piano e violino de “Eternal Death”, não obnubila o core business dos Destroyer of Light: isto é nitidamente doom, sem disfarces, e não pode ser classificado de outra forma. Aliás, com letras como “Is this a dream/Or not/Can’t tell/ My pain is real” (de “Burning Darkness”), não há mesmo que enganar. No geral, «Mors Aeterna» é um bom disco de doom e pede, à falta de um deserto como o do Texas, para ser ouvido durante largos passeios pelas longas, desoladas e monocromáticas – mas belas precisamente por isso – planícies alentejanas, com uma garrafa de uísque pela mão e um cigarro/charuto/charro/cachimbo (riscar o que não interessa) a pender dos lábios. [7.5/10] HELDER MENDES

Quinto registo para este quarteto germânico que ao longo da ultima década se transformou num fenómeno do Post-Black Metal. Novamente lançado pela influente Metal Blade este «Ethic of Radical Finitude» é a afirmação que faltava aos Downfall of Gaia (DoG), desde a sua abertura com «Seduced By...», o ouvinte é levado para uma montanha-russa de sentimentos e texturas. Entre camadas de caos e vertigem somos, igualmente envoltos, em sombras e poeiras do que um dia fomos. Este será, porventura o disco mais ambicioso e, ao mesmo tempo, o mais equilibrado da banda. Isto também é fruto da diversidade a que a banda se deu e que pode ser comprovado nas faixas «We Pursue the Serpent of Time» (com Nikita Kamprad dos Der Weg Ein Freiheit) que entra nos caminhos do spoken word que nos remete para os silêncios que, de tão vazios, se tornam incómodos. em suma, este quinto álbum é um passo seguinte de uma banda que teima em arriscar e que se assume, cada vez mais, como uma banda se emoções. Este é um disco tumultuoso, mas bom. [8.5/10] NUNO LOPES

Apresentações: Os Italianos Deflore são uma mistura explosiva de grooves electrónicos, distorção e ruído atmosférico psicadélico; Jaz Coleman foi um dos fundadores dos Killing Joke. «Party In The Chaos» nasceu da cooperação destas duas “instituições” e quem melhor que Jaz para compor esta dicotomia musical? O título em si define na perfeição a fusão de Math Rock, elementos electrónicos a rodos e ruído atmosférico: isto é mesmo uma “festa” no meio de tanto “caos”. O EP tem três temas e o tema que dá o nome ao álbum é uma “trip” desenfreada, sem começo nem fim, quase uma ode à destruição sonora. “Sunset in the West” é um instrumental que põe travão à vontade de partir tudo o que nos rodeia mas com riff final absolutamente fantástico que funciona como auguro da desgraça para o terceiro e último tema “Transhuman World”. E aí volta a “trip”, se bem que um pouco mais calma, suportada pelas guitarras distorcidas, (quase) sempre sob a batuta do mesmo riff mas tão poderoso, épico e cinemático. Que pena só um EP… mas «Party In The Chaos» não deixa um catalisador bastante inflamável de destruição. Quero mais! [8/10] EDUARDO RAMALHADEIRO

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CRITICA VERSUS

E NCH A NTYA

FLES H G O D A P O C A LY P S E

«On Light and Wrath»

«Veleno»

«Wolf God»

(Inverse Records)

(Nuclear Blast)

(Nuclear Blast)

Antes de avançar para um olhar sobre este regresso dos Enchantya fica a nota para a perseverança de Rute Fevereiro ao longo dos anos, quer fosse nas Black Widows como nos Echantya, onde a palavra ganha uma outra dimensão. Perseverança porque Rute ficou sozinha e, após a debandada que desmembrou, que obrigou a vocalista a encontrar novos elementos para a sua visão, sendo este «On Light and Wrath» o regressar das cinzas com todo o vigor. Os nossos músicos, com destaque para o guitarrista Bruno Santos (ex-Autopsya, ex-FullMoonChild) mas onde também encontramos Fernando Barroso (My Enchantment), Ferrnando Campos (Leather Synn), Bruno Guilherme (Cruz de Ferro) e Pedro Antunes nas teclas. Este é um disco pessoal e transmissível e que carrega todas as dores de Rute ao longo destes anos, fazendo deste segundo disco algo de emocional, seja com a raiva inerente a sonhos desfeitos ou a vertigem de uma nostalgia. com um conjunto de temas bem trabalhados e sabiamente produzido por Fernando Matias, este é um disco que nos agarra, nos prende e onde a vocalista prova, uma vez mais o seu talento, enquanto soprano ou enquanto growler, isso pode ser facilmente ouvindo em temas como o single «The Beginning» ou «Near Life Experience» mas que atinge o seu auge nas brilhantes (e viciantes) «Poet’s Tears» ou «Deception». «On Light and Wrath» é um excelente regresso que se aplaude e é mais uma prova da vitalidade do nosso Metal. Em estreia para a finlandesa Inverse Records, os Enchantya, colocam as garras de fora e mostram do que são feitos. Sejam bem-vindos a uma nova vida. [8.5/10] NUNO LOPES

Uma banda com Fleshgod tem já muito pouco a provar aos seus fãs, e talvez até poderíamos dizer para o público de música extrema em geral. É um facto que a biodiversidade que constitui a esfera de ouvintes de música extrema (e não só, mas foquemo-nos) tem as suas orientações e preferências mas de forma alguma a qualidade de uma banda deveria ser posta em causa quando subjugadas por preferências pessoais. Não digo isto porque Fleshgod Apocalypse sofre em específico de qualquer destas apreciações erróneas, mas porque o sub-género orquestral poderá ser mal interpretado por poder conter certos tons de sobre-importância-com-altitude ou snobismo. Seja como for, àpartes à parte, este «Veleno» é mais uma estalada na cara destes italianos que nos vão habituando a trabalhos enormes, majestosos - não estaríamos à espera de outra coisa a esta altura do campeonato. A qualidade dos arranjos orquestrais não só enchem a música de volume como traz novos desenlaces na progressão da música - Um excelente trabalho de Francesco Ferrini que trata dos arranjos orquestrais - mas o ponto fulcral é mesmo a osmose entre a voz, os instrumentos e a orquestra. As músicas deste trabalho têm um foco diferente dos trabalhos anteriores, o ambiente não é bem o mesmo, o sentimento que deixa é algo mais obscuro e perplexo, deixando um trago a magia, ilusionismo ou até artes circenses (talvez a capa tenha a sua quanta-parte de culpa). Um trabalho sem dúvida de grande qualidade, que requer várias audições para absorver tudo o que se passa neste dilúvio de ilusões, de uma banda que já brinca com a nossa mente. [8.5/10] ADRIANO GODINHO

Quando bandas que namoraram a excelência durante vários anos começam a lançar álbuns desinspirados, instala-se no ouvinte uma espécie de sensação de impotência e/ ou de revolta, semelhante à que um adepto fervoroso do Barcelona ou da Juventus teria se visse os seus ídolos Messi ou CR7 falharem vários golos de baliza aberta durante 90 minutos. «Wolf God», o novo disco dos Grand Magus, é uma faca no coração de quem os vem acompanhando, reforçando uma tendência que de resto já se havia instalado: o trio sueco soa gasto, banal e cansado. Este cansaço, aliás, é notório sobretudo na voz de JB Christoffersson, faltando-lhe a garra e a vontade dos tempos de, por exemplo, «Iron Will» (parece até ironia…). Quando canta, em “Brother Of The Storm”, “A secret/That will put me to the test/And guide me/So much stronger than the rest”, só apetece perguntar aonde foram realmente parar a força e a chama que apimentavam o som heavy doom dos Grand Magus. Porque é precisamente isto que se encontra ausente de «Wolf God», um trabalho que cumpre tecnicamente mas ao qual falta aquele factor UAU capaz de impressionar os apreciadores deste género musical. E quando um disco com menos de 40 minutos de duração soa – há que dizêlo – chato, contrariando o tom da última faixa de «Wolf God», “Untamed”, isso é sinal de que algo não vai bem na carreira dos suecos, pois deixaram-se domesticar. Resta saber se voltarão a ser selvagens como outrora foram. [6/10] HELDER MENDES

GRAND MAGUS

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CRITICA VERSUS

IN FL AM ES

MY E N C H A N T M E N T

«I, The Mask»

«Saligia»

«Adore»

(Nuclear Blast)

(Independente)

(Season of Mist)

Os In Flames estão de volta com mais um álbum de originais. Desde há alguns anos - ou se quiserem, desde a partida de Jesper - que cada lançamento é a desculpa para fazer correr muita tinta e alvo das mais variadas críticas. Desta forma e desde «Sounds of a Playground Fading», que recebo cada novo álbum com grande cepticismo, devo admitir. «I, The Mask» não foge à regra. Para os fãs mais antigos, não, não é um regresso às origens… e agora digo, infelizmente. O álbum tem um punhado de boas músicas, atreveriame a dizer… nada de “especial de corrida”, salta logo à vista um pouco mais de força na bateria, os riffs de guitarra são discretos, mais uma vez, nada de especial ou memorável. Quase intragável é o tema (This is Our) House, sem assunto absolutamente nenhum, com um coro de crianças (?) que enerva o mais calmo dos metaleiros e que nem chega a ser aquele tema mais comercial… No fundo, «I, The Mask» é um álbum sensaborão, insípido, somente com um punhado de bons temas cinco, a primeira metade do álbum - mas que, mesmo assim, não será algo que possamos exclamar: UAU!! Ganda Malha! Os restantes ficariam bem para “encher” alguns chouriços em lados B de um qualquer single que pudesse ser lançado. [6.5/10] EDUARDO RAMALHADEIRO

Os Sete Pecados Mortais sempre foram uma fonte de inspiração para as mais diversas formas de entretimento. Da música ao cinema, passando pelo teatro e livros. Pois bem, «Saligia» é isso mesmo, um disco em torno dos pecados capitais que pairam na nossa aura e que são, dilacerados, nesta missa negra, pela qual se aguardou longos anos. «Saligia» é um disco pensado ao pormenor e que vem apresentar uns novos My Enchantment. Após uma introdução com «Limbo», o sexteto arranca para um disco diverso e que conjuga com a música, autênticas peças de teatro, como num «Fantasma da Ópera», de contornos mais densos. Talvez por todos ingredientes e a forma inteligente como a banda intercala os temas entre si, o que fica é a vontade de fazer algo diferente do que alguma vez tenha sido feito em solos nacionais. Saúda-se o facto da banda ter arriscando e de, com isso fazer um disco que não se esgota à primeira (nem à segunda ou terceira) audição. Quando «Cocytos» termina e ecoam as teclas de Rui Gonçalves sabemos que a missa acabou, porém muitas missas se virão a seguir! Paz à nossa carne feita de pecado. [9/10] NUNO LOPES

Foi com estrondo que os canadianos Numenorean se apresentaram há 3 anos com «Home». Muito se falou sobre a capa, esquecendo muitas vezes o essencial, a música. Nesse ponto, para quem ouça este segundo disco poderá pensar que estamos perante uma banda nova. ao contrário do seu antecessor este «Adore» é um disco menos áspero, mais directo, porém, mais melódico, sensível ou, divergente. Podemos mesmo dizer que os Numenorean de «Adore» são um encontro de Harakiri for The Sky com Alcest. Enquanto que, no disco anterior, os Numenorean nos infligiam uma dor (quase física) este segundo também o é, contudo de uma forma sensorial, como se de uma Purga se tratasse. Ouvir estas 10 faixas de forma individual é perder um disco apaixonante e, ao mesmo tempo, parte da magia que o mesmo contém. São 10 temas que se fundem num só tema. Os Numenorean cresceram e soltaram as amarras. Este é um dos grandes discos de 2019 que muitos deixarão passar. [9.5/10] NUNO LOPES

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NUMENOREAN


CRITICA VERSUS

NY S S

O K K U LT IS T

O V E R K IL L

«Dépayser»

«Reinventing Evil»

«The Kings of War»

(Avantgarde Music)

(Alma Mater Records)

(Nuclear Blast)

Nyss é um projecto de Þórir, músico francês que toma as rédeas dos seus envolvimentos musicais, digo isto porque é daqueles músicos que “faz tudo” numa banda; canta, toca todos os instrumentos. Será isto sinónimo de controlo excessivo sobre o que faz? Dizem que a obsessão leva os seres a ultrapassar os seus limites. Ora limites eles há! E no black metal limites é algo que a malta não gosta. Nyss vem, portanto, obstruir o maior dos limites deste género musical extremo: o preconceito, mas sem tocar no sagrado: é black metal, não se equivoquem, meus caros leitores. Este projecto francófono teve início em 2016 (pelo menos são as datas dos primeiros lançamentos) com 4 EPs até atingir maturidade suficiente para uma longa-metragem com «Princesse Terre» em 2017 e agora temos este «Dépayser» (“desacostumar”, numa crua tradução) que arremata perfeitamente com a minha introdução deste texto mais acima: o “tirar do costume” que Nyss nos propõe com 4 temas de duração longa (o tema mais curto dura quase 8 minutos). As paisagens bucólicas, as texturas suaves violinadas com guitarras calmas contradizem-se aqui e ali com explosões de black metal para mostrar que se trata de música extrema. Mas compor temas que durem quase um quarto de hora sem pôr a audiência em lágrimas, leva os músicos a divergirem e explorarem diferentes contornos e linhas não tão explícitas para dar vida a ideias que não seria sustentável de outra forma. Nyss ou devo dizer Þórir fá-lo aqui com bastante fluidez, fazendo deste «Dépayser» uma viagem a texturas escaldantes. [7.5/10] ADRIANO GODINHO

Este é um registo histórico. Para além de ser o primeiro disco da banda lisboeta este é, igualmente, o disco que marca a entrada em cena da Alma Mater Records de Fernando Ribeiro. Posto isto (como seria natural) a expectativa em torno deste disco foi crescendo proporcionalmente à curiosidade em torno do mesmo. Talvez por isso mesmo este «Reinventing Evil» acabe por não corresponder às expectativas geradas. não quer isto dizer que o resultado seja mau (longe disso), aliás, fica bem patente que o «Reinventing Evil» transporta para o ouvinte toda a qualidade dos músicos envolvidos e demonstram, acima de tudo, que os mesmos sabem as linhas com que se cozem. Este é um disco que varia entre o Black Death Metal tenho pelo meio algumas nuances de Thrash, tudo isto servido numa bandeja oldschool que confere uma aura nostálgica a estes nove temas (onde se inclui a versão de «Satan is My Master» de Bathory). Há por aqui boas ideias e um trabalho bem sustentado, porém, talvez devido à fórmula, este registo acabe por não trazer nada de novo. Mas, cada coisa a seu tempo e, sendo este o primeiro registo há, ainda, muito para crescer e, certamente que o futuro dos Okkultist será brilhante. [7/10] NUNO LOPES

Não vamos estar aqui a gastar o nosso português para falar da banda de Bobby Blitz e DD Verni, pois já pouco há a dizer destes, verdadeiros monstros, do Thrash Metal. O que aqui importa salientar é que, ao contrário de outras bandas do mesmo estatuto que alteraram ou se decidiram render a uma mesma fórmula, os Overkill fazem-no de outra forma, dando o passo seguinte. É claro que estão cá todos os ingredientes que mantiveram a banda no activo ao longo destas décadas, seja o baixo saltitão de Verni ou, a sempre estridente (porém grandiosa) voz de Bobby. O que os Overkill querem é o mesmo de sempre, que os deixem em paz com o seu Thrash. Por isso há aqui temas que acabam por soar diferentes num conceito musical que já nada tem a acrescentar e que quem quiser ouvir já sabe ao que vai. Um aparte para as novas bandas, este senhor fez recente 60 anos e juntos os Overkill estão juntos há (quase) quatro décadas. Pormenores! [7/10] NUNO LOPES

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CRITICA VERSUS

P R IMAL S TATIC

PSYCHOT R O P IC T R A N S C E N D E N TA L

«The Corrupting of the Revolution»

«... lun yolina un yolina thu Dar-davogh ...»&«Ax Libereld...»

«Third Age»

(Independente)

(Independente)

(MDD Records)

Quando este EP nos chegou às mãos era totalmente desconhecido. Era! Os Primal Static são um duo composto pelo americano escritor de canções, vocalista, guitarrista G.T. e pela chinesa HouFei que é responsável pelas teclas e baixo. Portanto, já estão a ver que estamos perante algo diferente… de facto, os Primal Static fogem ao convencional e abraçam os “universos” da música electrónica e do Rock Alternativo, assim como o Blues Rock. Estes “universos” que de alguma forma correm paralelos e intocáveis, algures por esta galáxia infinita a que chamamos música, cruzam-se em «The Corrupting of the Revolution». Um som único, eclético e cru de emoções revelouse uma bela e surpreendente combinação, muito devido ao choque de culturas e influências musicais deste duo. No entanto, e com muita pena minha, «The Corrupting of the Revolution» é APENAS um EP com 4 temas… 4 temas que deixam a desejar por mais… um álbum a sério! [7.5/10] EDUARDO RAMALHADEIRO

Para ser franco: não faço a minima ideia de como este duplo CD me chegou às mãos. Por isso aqui vai uma pequena introdução… pequena até porque a informação é algo escassa. Os Psychotropic Transcendental vêm directamente da Polónia e foram formados em 2000. Na sua discografia contam com dois lançamentos: «Ax Libereld...» que foi o álbum de estreia (e agora remasterizado) e «... lun yolina un yolina thu Dar-davogh ...», lançado algures em 2018. Como curiosidade as letras são escritas em var-inath, uma linguagem criada por Gnat, o que confere uma pronúncia “áspera”, assim… algo parecido com o alemão. O estilo de música é um pouco sui generis, há referências a Rock/Metal Progressivo, a própria banda define-se como narcotic porn Metal… eu vejo isto como um estilo Gótico “mais musculado”. Portanto, já estão a ver que a música dos Psychotropic Transcendental pode estar sujeita a várias interpretações. De qualquer das formas, para um duplo CD que, simplesmente, apareceu na caixa do correio vindo dos confins da Polónia até me deixou agradavelmente surpreendido. …. E ainda, o interessante é que pelas múltiplas interpretações que este álbum pode ter, cada audição é uma descoberta e, por isso, tem tocado com alguma insistência pelos diversos aparelhos áudio. Sendo assim, estes Polacos merecem a devida atenção da vossa parte. [7.5/10] EDUARDO RAMALHADEIRO

Terceiro e último de uma aventura que se iniciou em 2013 e que junta o talentoso Arkadius Antonk (Fall of Carthage, Suidakra) ao ilustrador Kris Verwimp, ilustrador responsável por inúmeros artwoks. Para quem tem acompanhado este projecto este «Third Age» não será uma novidade, contudo não deixará de guiar o ouvinte por uma viagem que atravessa a lenda de Odoric, personagem que Verwimp criou e que encontra na música de Arkadius o complemento perfeito para as ilustrações mágicas que compõem o livro deste terceiro capítulo. Odoric cresceu e, a música de Arkadius é o acompanhamento perfeito para algo grandioso, épico. A juntar tudo isto a dupla muniu-se de um conjunto de músicos com um talento enorme e que elevam a qualidade de uma história que termina. Magistral. Finda esta trilogia fica a sensação que mais irá vir desta dupla, nós agradecemos. Numa altura em que tantos choram o final de «Game of Thrones», fica a sugestão de se deixarem levar por Odoric numa viagem onde a imaginação é rainha e a música é rei. Deslumbrante. [8.5/10] NUNO LOPES

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R E A L M S O F O D O RI C


CRITICA VERSUS

SH A B TI

SUNN O)))

«Trembling and Shorn»

«Life Metal»

«Visitors»

(Last Mercy Emissions/Earsplit)

(Southern Lord)

(Small Stone Records/Earsplit)

Das origens mais obscuras chegam-nos, por vezes, grandes surpresas. É o caso deste álbum dos Shabti, um trabalho notável de death metal, enegrecido com doses generosas de black, e pautado frequentemente por tiradas de pendor progressivo. O elemento progressivo e técnico é, aliás, aquilo que distingue a música deste trio norte-americano da concorrência. A base musical, poderia dizer-se, é um death melódico de estilo sueco, carregado de blast beats, que a banda expande com grande competência e criatividade. O tema de abertura “Shrouded and veiled”, com o seu inequívoco riff em tremolo a fazer lembrar os saudosos Dawn, e os onze minutos de “Below deck”, ilustram da melhor maneira o talento do colectivo de Portland para criar uma selvajaria sónica de intensidade sufocante, mas plena de musicalidade. “Sanctify”, além de contar com um riff de abertura soberbamente memorável, evidencia claras influências exteriores ao estilo, sendo talvez o mais proggy em oferta. “Seven billion souls” sobressai também pelos riffs conseguidos e os licks bem colocados, e é outro excelente resultado da composição liberal característica deste grupo liderado pelo guitarrista/vocalista Rob Cook, que tem um registo laríngico muito ao estilo de Proscriptor McGovern (dos Absu). A qualidade de «Trembling and Shorn» deve muito ao naipe de excelentes executantes dos Shabti mas também à produção do famigerado Colin Marston que consegue fazer o melhor da sonoridade rombuda típica do old school. É uma das propostas mais recomendadas de metal extremo dos últimos tempos. [9/10] ERNESTO MARTINS

Os Sunn O))) já têm uma carreira suficientemente longa (no pun!) dentro do nicho drone/doom para tornar óbvio o que esperar deste novo álbum. As guitarras arrastadíssimas de O’Malley e Anderson, os ambientes opressivos e o convite a pôr o botão de volume mais e mais alto mantêm-se; de resto, surpreendentes só a colaboração vocal de Hildur Gudnadottir em “Between Sleipnir’s Breaths” e, claro, o nome de Steve Albini (sim, esse mesmo!) associado ao cargo da produção. No total, quatro faixas espalhadas por praticamente 70 minutos: isto são os Sunn O))) e quem gosta vai sem dúvida apreciar este «Life Metal», quem não gosta dificilmente se sentirá tentado a mudar de ideias. Iniciando-se com um ambiente muito bathoryano, a já citada “Between Sleipnir’s Breaths” é, pela doçura saída da voz de Gudnadottir, a faixa que mais facilmente salta ao ouvido: “Troubled Air”, “Aurora” e os 25 minutos de “Novae”, cujos momentos finais remetem para texturas quase cinematográficas, são tipicamente Sunn O))), e mesmo os menos familiarizados com a sonoridade dos norte-americanos já sabem o que isto quer dizer. Aliás, essa constitui, porventura, a grande lacuna de «Life Metal»: do muito que se ouve aqui, já se ouviu igual, ou até mesmo melhor, noutros discos deste colectivo. Não que os Sunn O))) estejam em modo “piloto automático”; o que se passa é já não parecerem capazes de provocar o mesmo tipo de impacte que, anos atrás, provocavam. [7/10] HELDER MENDES

Fortemente inspirados nas jams psicadélicas de bandas de culto dos anos 60 e 70, os norte-americanos Tia Carrera fazem um enérgico stoner rock instrumental que tem o condão de nos fazer recuar no tempo, numa verdadeira trip ácida até essa época de ouro do século passado. Formados em 2003 pela dupla Jason Morales (guitarra) / Erik Conn (bateria), exploraram inicialmente um vertente bluesy, enveredando depois por sonoridades mais heavy com a entrada do baixista Curt Christenson. Este EP é o primeiro registo de estúdio do trio de Austin desde que lançaram em 2011 o aclamado álbum «Cosmic Priestess», contando com dois temas e um total de 34 minutos de desbunda desenfreada, onde não faltam, pelo menos aparentemente, boas doses de improviso. A primeira faixa, “Visitors”, faz-se conduzir por uma guitarra esmifrada, psicadélica, planante, cheia de wah-wah, e uma secção rítmica criativa que vai pontuando o tema com uma profusão de variações mantendo-o apelativo na totalidade dos seus 18 minutos. “Early purple” inclui alguns segmentos mais espaciais ou fuzzy, mas distingue-se particularmente por se basear num daqueles riffs que cativa ao primeiro contacto, sendo na generalidade um número mais groovy e imediatista. Produzido por Jerry Tubb (Willie Nelson, Lynyrd Skynyrd, Johnny Cash), «Visitors» é um disco exclusivamente para nostálgicos indefectíveis do rock electrizante de formações seminais como a Jimi Hendrix Experience, os Cream ou mesmo Led Zeppelin. [8/10] ERNESTO MARTINS

T IA C A R R E R A

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CRITICA VERSUS

T IME L UR K E R / CEPHEIDE

TRAUMA

TREP

Split

«As The World Dies»

«Lucian»

(LADLO Productions)

(Pure Steel Records)

(Independente)

Cada banda contando apenas com um álbum de originais editado, os Time Lurker e os Cepheide resolveram juntar forças neste split lançado pela Les Acteurs de L’Ombre, em mais um exercício da vitalidade que o black metal francês vem atravessando. Começando pelo fim, os Cepheide brindam-nos com “Lucide”, uma faixa de 19 minutos que se inicia com matizes quase pinkfloydianas para logo de seguida passar a um black metal atmosférico, com letras que recordam Ulisses e a sua Odisseia: “Écoute-moi encore bien que mon nom soit Personne/Ici les étendues sereines désormais se vallonnent/ La lune tourne. L’air s’épaissit, il s’englue/ Je t’appartiens mais je tremble pourtant à ta venue”. Com um polimento, isto é, produção, mais sujo do que os seus colegas de split, “Lucide” não desagrada, mas perde quando posta em comparação com o que se ouve antes. Ora, os Time Lurker, a one-man band de Mick, também se movem pelo black metal atmosférico e aqui atiram duas boas faixas, “No One Is Real” e “Unstable Night”, que à maneira dos Time Lurker do cd de estreia homónimo utilizam a voz como mais um instrumento, procurando gerar ambientes em lugar de narrar algo. Em particular, “Unstable Night” é muito bem conseguida nesse aspecto, exibindo cambiantes vocálicas que jogam, muitas vezes em pano de fundo, com as mudanças rítmicas sucedidas ao longo dos seus cerca de 5 minutos e meio. Em resumo, um split suficientemente interessante para cair nas graças dos fãs de black metal e que deixa boas indicações quanto ao futuro dos Time Lurker e dos Cepheide, ainda que a competição seja feroz. [7.5/10] HELDER MENDES

Quando se pensa em Thrash Metal é bem provável que o nome Trauma não seja um dos primeiros a surgir, no entanto, convém recordar que foi nesta banda que surgiu, pela primeira vez, o nome de Cliff Burton que, anos mais tarde, se viria a transformar na lenda que se conhece hoje. Juntando a isso, os Trauma são, igualmente, responsáveis por um dos melhores discos Thrash de que há memória, falamos, claro de «Scratch and Scream» (1984). Apresentada que está a banda, olhemos então para este «As The World Dies», terceiro disco de um quarteto, refrescado com as entradas de Joe Fraulob (ex-Danzig), Steve Robello e Greg Christian, e que é um disco de bom Thrash oldschool e que nos faz esquecer todo esse manancial de bandas que tenta, por todos os meios, recriar o espírito do género. «As The World Dies» abafa tudo isso e mostra como é que se faz Thrash. Este é um disco que se rege pelas leis criadas pelos Trauma nos anos 80 e que respira e nos faz transpirar. Com uma produção moderna mas com um sentimento oldschool, este é um disco que não se esgota nas primeiras audições e que, pasme-se, tem uma mensagem bem mais actual do que muitas bandas apregoam fazer. Hillier tem uma voz que assombra e todos os elementos o acompanham de forma brilhante, seja em temas como «From Here To Hell», «Run For Cover» ou «Gun To Your Head». Claro que vão existir momentos em que nos podemos lembrar de Overkill, Testament e outros nomes do género, contudo, a sonoridade do quarteto é... Trauma até ao osso e, como tal, não se pode comparar líderes com seguidores. Demorou a surgir, mas surge na altura certa. Os Trauma são Thrash e o resto que se lixe. [8/10] NUNO LOPES

Os TREP são um trio oriundo do País de Gales e «Lucian» é um EP que estava “há séculos” no monte de CD’s para audição. A edição é de Março deste ano mas dada a sua qualidade fui compelido a escrever algumas palavras… De uma forma muito geral poderemos dizer que os TREP nos entregam um EP criativo o suficiente, de cinco temas de Rock Alternativo, com umas harmonias de guitarra e vozes bem sacadas, temas com bastante groove e composição muito coerente e bem acima da média – “Silence the Crows” ou “Architect” são dois excelentes exemplos. As letras também não foram deixadas ao acaso e o assunto revolve a distopia, ditadura e o uso da tecnologia de forma a criar um mundo melhor – algo cliché, talvez. Os TREP estão ainda a dar os primeiros passos – foram formados em 2017 – mas são uma banda a quem devem dar uma oportunidade de, pelo menos, escutar os temas do EP. Apesar de Independente está aqui um EP com uma qualidade bem agradável e o que é mais interessante é que «Lucian» nos deixa com “água na boca”. [7/10] EDUARDO RAMALHADEIRO

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CRITICA VERSUS

T YR

USURPER

ZAUM

«Hel»

«Lords of the Permafrost»

«Divination»

(Metal Blade Records)

(Soulseller Records)

(Listenable Records)

No norte da Europa existe um conjunto de ilhas que só raramente ouvimos falar, pessoalmente só ouço deste território em duas situações, ou quando se trata de futebol ou, talvez mais importante, quando os Tyr lançam um novo disco. Já se percebeu que estamos a falar das Ilhas Faroé. Contudo, mais importante do que falar do território é preferível falar deste novo disco dos faroenses. Hel é uma palavra que, na mitologia nórdica, define diferentes situações e a banda prova isso mesmo através de um disco que encontra nessa mesma mitologia a sua força maior e encontra na diversidade a sua maior qualidade. Desde logo com «Gates of Hel» percebemos que o quarteto apresenta no seu oitavo disco o mais diverso e, ao mesmo tempo (talvez) o mais poderoso da banda, facto que fica bem evidenciado em «Gates of Hel» brilhante faixa de abertura e onde fica, desde logo, bem patente a contribuição de Gunnar Thomsen, exímio baixista que vem elevar a toada mais experimental e «clássica» destes nórdicos. São13 temas quentes, ora cantos na língua nativa ora em inglês e onde cabem (ainda) duas baladonas «à antiga». Fica provado o enorme talento desta banda e a certeza que, mesmo sem trazer novidades ao género, os Tyr merecem estar no patamar onde se encontram. Há por aqui tanto de viking Metal, como de Heavy Metal e é essa diversidade que confere a «Hel» o estatuto de pérola de 2019. Um postal musical do que é as Ilhas Faroé e da sua mitologia. [7.5/10] HELDER MENDES

Este disco vem colocar um ponto final a um período de silêncio que já imperava desde 2005 com «Cryptobeast». Ao mesmo tempo este «Lords of the Permafrost» é a afirmação de uma band cujo legado começou em Chicago, nos inícios dos anos 90. «Lords of the Permafrost» tem tudo aquilo que um apreciador de Metal gosta e, a banda não perde identidade, apesar de alguns encontros (aqui e ali) com o Death Metal, mas onde a mistura entre o Black etal se fundo com o Thrash característico que já fazer parte do imaginário da banda liderada, como sempre, por Rick Scythe. Não é, de todo, um disco perfeito mas, é um disco que agarra no que a banda já fez e dá o passo seguinte. Ao sexto disco o quarteto apresenta-se em grande forma e temas como «Beyond The Walls of Ice» ou «Warlock Moon» vão fazer as delícias dos apreciadores. Com mais de 25 anos de existência, os Usurper parecem querer ocupar um lugar que é deles. Um disco que define o que é Metal. [7/10] NUNO LOPES

Ao longo dos anos fomos sendo surpreendidos pelo catálogo da independente francesa Listenable Records. Quer isto dizer que os canadianos Zaum são um daqueles segredos bem guardados na caixa do underground. «Divination» é o terceiro disco de uma banda que encontra no Drone e Doom mais pesado a sua inspiração. Composto por três temas (perfazendo um total de pouco mais de 40minutos) «Divination» não é um registo de fácil digestão. Se por um lado a música consegue trazer as emoções para à «flôr da pele», por outro as paisagens densas e negras do Drone poderão causar algum desconforto (mesmo físico), contudo, esse é um dos prazeres da música (pelo menos deveria ser!). Tal como nos seus antecessores a banda dá aqui o passo seguinte numa carreira que os coloca no mesmo patamar de uns Wyatt E, por exemplo. Este é, sobretudo um disco para quem pretende estar só, livre de pensamento e que pretenda encetar numa viagem que (pode) não ter retorno. [7/10] NUNO LOPES

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And the band(s) played on Se atenderem à letra, nada como este tema do álbum «Denim and Leather» para definir os Saxon Entrevista: Eduardo Ramalhadeiro

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Olá Biff, como vais? Desde já obrigado por responderes às nossas questões Olá, muito bem e eu é que agradeço 40 anos, 40 temas: Qual foi o critério de escolha destes 40 temas a partir da vossa vasta discografia? (Infelizmente, “Requiem” ficou de fora…) Na realidade não houve regras foi quase uma escolha natural que procurou abarcar estes 40 anos dos Saxon, tanto os mais clássicos como os mais modernos. Obviamente que os nossos temas mais emblemáticos tinham de ser incluídos e alguns tiveram de ficar de fora. De entre as edições não vi nenhuma versão em Blu-Ray. Porquê? Haverá a possibilidade de gravarem nos três concertos “Castles & Eagles”? Bem… na realidade nem te sei dizer porque não existe uma versão em Blu-Ray desta edição. Para estes três concertos ainda não sabemos, poderá ser uma possibilidade. … Mas a versão 747 Signature Edition é absolutamente fantástica e custa 140 libras, à volta de 157€. Duas questões numa: - Não tens receio que o alto preço possa afastar os fãs da compra e o que tem esta edição de tão especial que a torna única? Não, nem por isso. Esta versão é mesmo fantástica, são cinco vinis, um artwork maravilhoso e mais algumas coisas exclusivas, estas 747 cópias estão-se a vender muito bem. É uma edição que vale bem o preço. Podem ver aqui: https://saxon747live.com/ Neste triplo CD aparecem 3 convidados muito especiais: o vosso produtor Andy Sneap, Fast Eddie e Phil Campbell. Como é que foi partilhar o palco com estes músicos, especialmente Fast Eddie que faleceu poucos meses depois? Bem… foi espectacular! Nós já os conhecemos há muitos anos e é

sempre um prazer poder partilhar o palco com o Andy e o Phil. Infelizmente, passados uns meses o Eddie faleceu e foi uma grande perda para nós como amigo e músico. Nesta edição da Versus Magazine entrevistei, também, o Brian Tatles dos Diamond Head e fiz-lhe duas perguntas acerca da New Wave of British Heavy Metal. As mesmas questões que te vou fazer agora: Se tu tivesses que escolher 4 bandas que representassem a NWOBHM num concerto, quais escolherias? - Bem… um pouco complicado escolher no meio de tantas e tão boas. Mas eu diria: Saxon, óbvio (risos), Iron Maiden, Diamond Head, Def Leppard… ah… vou escolher mais uma, serão cinco: Girlschool. Estas seriam as bandas que escolheria para representar a NWOBHM - Achas que em 2019 ainda se faz sentir este movimento? Definitivamente, basta ver que a maior parte das bandas que foram percursoras desse movimento ainda estão no activo. As bandas também foram evoluindo, nós fomos evoluindo e não é só o pessoal daquele tempo que ouve o tradicional Rock Britânico, se assim lhe quiseres chamar. Agora com a internet massificou-se e muita malta nova tem acesso facilitado e curiosidade em descobrir o que raio é isto. Portanto, o movimento foi-se mantendo. “Princess of the Night” é, absolutamente, um dos meus temas favoritos. Quem é esta “princess of the Night”? “Princess of the Night”, na realidade é um comboio a vapor mas se quiseres estender o seu significado, pode ser aquilo que tu quiseres, fica sempre um pouco dado à interpretação de cada um. A ideia surgiu-me quando estávamos na digressão do «Strong Arm of the Law», em 1980, creio eu. Era algo com que eu cresci, num sítio onde íamos ver os comboios a passar e

num cemitério de comboios… As ideias para o tema foram surgindo e isto foi a minha forma de celebrar aqueles tempos. (Um exercício de imaginação) Em 1979, quando começaste, tinhas ideia de que 40 anos depois ainda estarias a fazer música? Não, de maneira alguma! (risos) Formámos a banda quase como uma brincadeira e não era suposto durar muito tempo. No entanto, as coisas foram evoluindo e… cá estamos nós! (risos) Agora, olhando para trás 40 anos, tens algum tipo de arrependimento no que diz respeito aos Saxon? Não, não tenho arrependimentos de qualquer espécie e fizemos aquilo que deveríamos ter feito. Passámos por bons momentos e nos maus, aguentamo-nos com todas as forças, sempre fieis a nós próprios, fazendo música, criando álbuns e dando concertos. Por isso, não me arrependo de nada! Num futuro próximo vês algum sinal de STOP? (risos) Não vejo nenhum sinal de STOP, só de andar e continuar com os Saxon e daqui a uns tempos pensar já no próximo álbum! Agora, para terminar, acho que me deves um pedido de desculpas. (risos) Aqui há uns anos – 2013, salvo erro - os Saxon seriam cabeças de cartaz do Vagos Open Air mas magoaste as costas e tiveram de cancelar o concerto. Eu e mais uns milhares de pessoas ficaram tristes. (risos) Quando é que teremos oportunidade de ver os Saxon em Portugal? Sim, isso foi verdade. Se bem me lembro aleijei-me nas costas e não pudemos ir a Portugal, infelizmente. Deixo aqui o meu pedido de desculpas (risos) e esperamos ir aí a Portugal para compensar o concerto perdido. (risos) Facebook Youtube

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Foto: Timo Isoaho

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H

istoriadores

Os Sabaton são já uma certeza no panorama Metálico mundial, não só porque são excelentes músicos e compositores mas também porque são exímios contadores de historias. Os temas abarcam desde guerras, a heróis ou sangrentas batalhas. Em Fevereiro estrearam o seu próprio canal de História, onde explicam o que está na base de todo o enredo lírico. «The Great War» é o mais recente “manual escolar” sobre a Primeira Grande Guerra e, como sempre, recomendadíssimo. Entrevista: Eduardo Ramalhadeiro

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Novo álbum Olá Pär, como vais desde a nossa última conversa em… 2016? Na nossa última entrevista comecei por te perguntar relativamente à recepção do «The Last Stand», mas este novo álbum só tem saída prevista para Julho. Estás nervoso com a sua recepção? Pär: Não, já não estou nervoso. Quando o gravámos estávamos nervosos, mas agora e depois de já termos falado com tantas pessoas e de termos tocado o álbum ao vivo e como o feedback tem sido positivo, já não estou nervoso. Para já tenho pouca informação relativamente ao álbum tirando o nome do mesmo, «The Great War», e que está relacionado, em termos conceptuais com os Sete Pilares da Sabedoria de T.E. Lawrence ou o Lawrence da Arábia, o Barão Vermelho sobre o Manfred von Richthofen e os Campos de Verdun sobre a batalha com o mesmo nome. O que é que nos podes dizer sobre as letras e todo o conceito por detrás deste «The Great War»? É um álbum conceptual sobre a Primeira Guerra Mundial (WWI). Não é a primeira vez que os Sabaton cantam sobre a WWI. Acreditamos que é um excelente tema para nós. É um período bastante negro e destrutivo e dá boas músicas. Sempre pensámos em fazer um álbum conceptual sobre isso, só não sabíamos quando, por isso quando falámos

em fazer o novo álbum, havia tantos temas possíveis, mas como estava-se a aproximar o 100º aniversário do fim da primeira guerra, pareceu-nos a melhor altura para o fazer. Tenho estado a ouvir o «The Great War» e é um grande álbum e a Nuclear Blast disponibilizou a versão histórica do álbum. Achei algo curioso e muito porreiro. Esta versão será lançada oficialmente? Sim, vai ser. Os nossos fãs sempre referiram aquilo que tínhamos feito no «The Art of War» e achamos interessante voltar a fazê-lo e colocar narrações entre as músicas. Foi algo divertido de se fazer e creio que ficou muito bom. A ideia é alguém que queira pegar numa música e coloca-la na sua playlist pode fazê-lo com a versão base, mas se alguém quiser ouvir o álbum do início ao fim, então aconselho a versão com a narração, é muito mais interessante. Quantas versões do álbum serão lançadas? Três versões, porque há uma que é a banda sonora para o «The Great War» e este será mais instrumental e orquestral. Soará completamente diferente e não será para todos. Além do tema “Bismarck” vocês fizeram um vídeo para «Fields of Verdun». O que nos podes dizer sobre isso? Esse vídeo foi produzido por nós. Eu escrevi o guião e foi mais… fazível. É uma música e

um vídeo brutais e que mostram a brutalidade da guerra. Não queríamos contar a história toda numa canção, a batalha de Verdun foi a mais longa da guerra, até porque não caberia toda numa música. Assim procurámos mostrar a brutalidade da batalha. Outro aspecto que é uma marca registada dos Sabaton, e não sei se concordas comigo, são os coros épicos. Como foram feitos, são sintetizados ou é um coro real? São as mesmas pessoas que usamos desde «Primo Victoria». São um par de mulheres que vêm da nossa terra natal, alguns amigos, o meu antigo professor de matemática, a minha mãe… Existe uma banda de rock que se chamam «The Eternal» e já tocaram connosco algumas vezes nos concertos. São muito simpáticos e muito bons músicos e como vivem junto ao estúdio também costumam participar nas gravações. Temos ainda os membros da banda que são bons cantores. É uma mistura de todos e acabamos com um coro. Penso que este álbum terá sido, mais uma vez, produzido por Peter Tägtgren, é isso? Não, este álbum foi produzido por Jonas Kjellgren que trabalha no mesmo edifício do Peter o que faz com que frequentemente trabalhem juntos, como o fizeram em vários álbuns dos Sabaton. Quando lançamos a cover dos Manowar «Kingdom Come», o

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É um álbum conceptual sobre a Primeira Guerra Mundial [...] É um período bastante negro e destrutivo e dá boas músicas.


Jonas foi o produtor e tivemos muito boas críticas pelo que decidimos tentar trabalhar com ele num álbum, e foi este. Não é uma diferença muito grande, há umas diferenças, mas não são assim tão grandes. Vai ser interessante ver qual a reacção das pessoas.

Bismarck Lançaram como single, a o tema «Bismarck», mas este não pertence a um álbum, nomeadamente este. Porque é que lançaram esta música, quando inclusive a história do «Bismarck» pertence à WW2? É verdade, não pertence ao álbum. Esta «Bismarck» já foi gravada há muito tempo, e a ideia de a lançar agora foi com o intuito de, e se pensares que os Sabaton fazem 20 anos, ser uma forma de celebrar o apoio dos fãs. Não podemos oferecer flores nem chocolates, mas o que os fãs querem mesmo são músicas dos Sabaton e decidimos, olhando para os mails dos fãs sobre ideias que nos deixaram, verificando que em primeiro lugar estava o Star Wars (risos) e como não queríamos fazer uma música sobre Star Wars, olhámos para o segundo tema mais apresentado que é o «Bismarck» e pensámos que seria uma óptima história e assim decidimos que a iríamos fazer agora. Depois surgiu a oportunidade de colaborar num vídeo com uma companhia chamada War Gaming que têm um jogo chamado War Tanks, com quem aliás, já tivemos no passado algumas cooperações e como têm um jogo chamado World of Warships, quando falava com eles sobre esta música eles acharam

uma boa ideia e disseram que nos ajudavam a fazer o vídeo. Desta forma conseguimos ter um vídeo bastante forte para coincidir com o tema. Foi difícil para vocês estarem a bordo de um barco enquanto gravavam o vídeo? Estava muito frio, mas ao mesmo tempo gosto destas coisas, de fazer coisas diferentes e de ver de que forma os profissionais não ligados à música trabalham. Estamos habituados a ver nos concertos e na estrada como é que o pessoal da música trabalha, mas isto foi diferente. E esta foi uma grande produção, e nós estamos habituados a fazer vídeos pequenos e simples. Por isso foi muito interessante e não conseguia deixar de olhar para o que se estava a passar.

Guitarristas O Tommy Johansson é novo na banda, isto é, foi o primeiro álbum gravado com ele. Houve contribuições da parte dele para este «The Great War» Quando o Tommy se juntou à banda sabíamos que não estávamos a receber apenas um guitarrista, mas também um compositor e um cantor. Não queremos que ele tenha as vozes principais nos Sabaton, isso ele pode fazer na sua própria banda, mas é um gajo muito talentoso e contávamos que ele pudesse contribuir e de facto contribuiu. Umas das primeiras composições para o álbum foi o «A Ghost in the Trenches» e o Tommy escreveu-a.

Em algumas músicas encontramos solos mais clássicos. Estou a pensar na «Fields of Verdun», «A Ghost in the Trenches» e talvez na «The End of the War to End All Wars». Muito interessante mesmo. Agora, entre os dois guitarristas, qual tem as maiores influências clássicas? Ambos têm várias influências mas não te sei dizer ao certo.

Ideias Já nos tinhas referido que muitas das ideias que têm partem das sugestões de amigos e fãs que vos enviam emails. Este álbum teve início numa dessas situações? Nem por isso. Claro que recebemos algumas ideias, mas a maioria parte de nós e daquilo que queremos escrever. Vemos muitos documentários e tivemos um consultor, que trabalho no nosso canal de história, relativamente à estrutura das ideias e da linha condutora a seguir. Mas, por exemplo, sem a ajuda dos fãs provavelmente não teríamos sabido do ataque do homem morto. Vocês conseguem-se ver a escrever algo que não tenha uma relação com a guerra? Para já não, não estou interessando em mais nada e há tantas histórias que podem servir como base para novos trabalhos que não nos vemos a trabalhar com outros temas.

Canal História Sabaton Como não bastava terem um festival com o vosso nome, agora também tem um canal de história.

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Podes nos contar como do que trata este canal e como começou? Foi uma ideia que tivemos há muito tempo. Queríamos explicar o que está na base das canções dos Sabaton. Nas músicas nem sempre dá para explicar tudo. É um conjunto de documentários no nosso canal do Youtube, com cerca de 15 a 20 minutos cada e explicam os temas dos Sabaton, bem como os pensamentos da banda relativamente a isso e os factos históricos por detrás dos mesmos. Só dura há uns meses, mas vai durar porque vamos cobrir todas as músicas de Sabaton por isso esperamos que dure ainda muitos anos. Pode parecer fácil porque apenas aparecem duas pessoas, mas há muitas pessoas envolvidas no projecto.

músicos de heavy metal e se me perguntares o que quero fazer no resto da minha vida, vou-te responder que quero estar num palco e não quero ser professor de história. Mas vem com tudo o que o canal trás. Leva-te a outro nível, mas gosto muito de o fazer.

mundo. Querem-nos em todo o lado e queremos ir a todo o lado. Por isso é que este álbum levou três anos em vez dos dois habituais, as digressões estão cada vez mais longas e não queremos ignorar ninguém. Temos planos de ir a todo o lado e vai levar tempo.

Com as digressões e agora com o Canal de História e o Sabaton Open Air, como é que tens tempo para outras coisas que não estejam relacionadas com os Sabaton? Neste momento tudo na minha vida está relacionado com os Sabaton e vou mante-lo assim durante algum tempo. Estou contente com isso.

Em 2016 questionei-te relativamente às músicas e às letras e respondeste-me que acima de tudo se viam como músicos de heavy metal e não tanto como historiadores ou professores. Agora com o Canal de História já se vêm mais como históricos e professores que em 2016? Hmm… pergunta interessante. Creio que sim, que nos vemos um pouco como historiadores e professores, mas creio que no fundo continuamos como

Li algures que esta digressão vai ser bastante grande. Têm alguma coisa especial preparada e têm ideia de vir a Portugal? De momento temos os concertos de Verão, e ainda temos as digressões da américa do Norte e da Rússia, mas estamos a preparar muitos mais. Há tantos locais onde queremos tocar e vamos ter de fazer por partes, não vamos conseguir fazer tudo seguido. O mundo cresceu com os Sabaton. Em 2010 era praticamente apenas a Europa, mas agora é todo o

Estamos a pensar em colocar os Sabaton como capa na nossa próxima edição. Tens alguma coisa a dizer aos nossos leitores? Estou entusiasmado por falar contigo. Fomos sempre muito bem recebidos em Portugal e acho que vos subestimámos. A primeira vez que fomos a Portugal fomos com os Edguy e de todos os concertos que tocámos, o de Portugal foi o melhor. Sempre falamos em voltar, mas foi sendo difícil porque as pessoas não sentiam que os portugueses estariam entusiasmados para nos ver, mas a verdade é que os portugueses são sempre fantásticos e já voltámos algumas vezes e corroborámos isso, que são fantásticos. Esperamos voltar.

Foto: George Grigoriadis

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Digressão

Muito obrigado e espero voltar a ver-vos em Portugal. Obrigado, eu também. Facebook Youtube | Sabaton History Channel


Playlist Carlos Filipe

Ernesto Martins

Moon Far Away - Athanor Eurasia Stille Volk - Milharis Grand Magus - Wolf God Arch/Matheos - Winter Ethereal Illimitable Dolor - Leaden Light Dreamslave - Rest In Phantasy Royal Republic - Club Majesty

Tia Carrera - Visitors Wormwitch - Heaven that Dwells Within Vltimas - Somthing Wicked Marches In Elton John - The Best of Step in Fluid - Back in Business Fleshgod Apocalipse - Veleno

Cristina Sá Abbath – Outstrider Árstíðir Lífsins – Saga á tveim tungum I: Vápn ok viðr Denial of God – The Shapeless Mass In Flames – I The Mask Requiem Laus – The Future

Eduardo Ramalhadeiro Judas Priest - Painkiller Alestorm - No Grave but the Sea Majestica - Above the Sky Savage Messiah - Demons Overkill - The Wings of War

Emanuel Roriz Slayer - Reign In Blood Nirvana - Nevermind Skunk Anunsie - Post Orgasmic Chill Faerie Ring - The Clearing Pinkish Black - Concept Unification

Gabriel Sousa Joanne Shaw Taylor – Reckless Heart Tesla – Shock Creye – Creye Sabaton – The Last Stand Herman Frank – Fight The Fear

Helder Mendes Slayer - Seasons In The Abyss Craft - Fuck The Universe Zeal & Ardor - Live in London 2 Wolves - ...Our Fault Abbath - Outstrider

Ivo Broncas Tool - Aenima Gojira - Magma Lamb of God - Resolution Moonspell - 1755

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elhos sĂŁo os trapos Entrevista: Eduardo Ramalhadeiro


Os Diamond Head, são uma das bandas que ajudaram a criar aquilo a que ainda hoje se chama a New Wave of the British Heavy Metal - NWOBHM Em Maio, passados uns “míseros” quarenta e três anos desde o início da banda, foi lançado o oitavo álbum de originais - «The Coffin Train». Obviamente, não podíamos perder a oportunidade de conversar com um dos fundadores e único membro original, Brian Tatler que acerca do novo lançamento admitiu não “estar nervoso” mas “não espero muito dele, só pelo simples facto de que o álbum anterior foi tão bem recebido que pôs a fasquia muito alta. De qualquer das formas, espero que «The Coffin Train» seja também bem recebido” «The coffin Train» é o segundo álbum de Rasmus Bom Andersen e, mais uma vez, chama a si toda a responsabilidade de produzir os Diamond Head – “o Ras produziu, misturou e masterizou o álbum e é uma parte muito importante dos Diamond Head. O Ras entende perfeitamente a filosofia da banda, ao mesmo tempo que lhe dá uma sonoridade mais moderna.” Algo a que chegámos a acordo de imediato – Evolução. «The Coffin Train» é um álbum com sonoridade e produção modernas mas sem perder a identidade e a sonoridade características pelas quais ficaram conhecidos os Diamond Head - “Eu poderia-te dizer que está na linha dos nossos três primeiros álbuns: «Lightning to the Nations», «Borrowed Time» ou «Canterbury», com a tal filosofia old school da NWOBHM mas ao mesmo tempo com uma sonoridade moderna. É um álbum do qual nos orgulhamos muito.” Com o sangue novo de Ras, perguntámos como «The Coffin Train» se enquadrava na discografia dos Diamond Head – “Eu poderia-te dizer que está na linha dos nossos três primeiros álbuns: «Lightning to the Nations»,

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Eu poderia-te dizer que (The Coffin Train) está na linha dos nossos três primeiros álbuns: «Lightning to the Nations», «Borrowed Time» ou «Canterbury» «Borrowed Time» ou «Canterbury», com a tal filosofia old school da NWOBHM mas ao mesmo tempo com uma sonoridade moderna. É um álbum do qual nos orgulhamos muito.” Álbum este que foi criado e gravado como tantos outros: “foi composto aqui em minha casa… eu tocava uns riffs e depois os temas iam evoluindo a partir daí. Andámos nisto algumas semanas. Foi assim que trabalhámos e estamos muito satisfeitos com o resultado.” Não havendo um conceito que suporte as letras estas foram da responsabilidade de Ras, “São letras muito obscuras e que abordam muito a questão da morte, como podes ver por temas como “Belly of the Beast”, “The Coffin Train” ou “Death by Design”. O Ras inspirou-se no filme Dune, realizado pelo David Linch e onde entra também o Sting. Se conheceres bem o Dune há até algumas passagens nas letras de alguns diálogos. “Shades of Black” é uma homenagem ao Chris Cornell que, como sabes, suicidou-se o ano passado. O Ras é muito fã dele e dos Soundgarden.”

Seria um pecado falarmos com o Sr. Brian Tatler e não falar das suas próprias influências ou da influência que os Diamond Head tiveram nos Metallica e na fundação da NWOBHM: “... Deep Purple, Led Zeppelin, Black Sabbath – estas são as minhas principais, mas também poderei incluir UFO, Judas Priest ou Rush. Também vou ouvindo AC/DC ou Tygers of Pan Tang. São tudo bandas dos anos 70 – considero que foi a época dourada do Rock e do Metal, isto porque a minha adolescência foi passada nessa década, cresci e ouvi estas bandas.” Muitas das bandas que sobrevivem quarenta anos, evoluem (?) ou deixam-se influenciar por sonoridades ou bandas mais actuais mas Tatler quer manter a sua sonoridade old school, no fundo aquilo que os fez ser Diamond Head - “não quero ter a tendência para me deixar influenciar por outro tipo de sonoridade ou música, nomeadamente, estas novas bandas. Não é que não tenham qualidade mas poderá haver a tendência para nos deixarmos levar e eu não quero isso.” Obviamente, que não podemos contar a história da banda sem falarmos no álbum «Lightning to the Nations» e no que representou na história e sonoridade dos Metallica. “Sim, foi uma parte muito importante para nós e temos muito orgulho naquilo que fizemos e no que representamos para uma banda como os Metallica. Eles fizeram 4 versões do álbum «Lightning to the Nations» e ainda recebemos direitos por esses temas, isso é visto a cada seis meses. Mas também te posso dizer e nem posso negar que em termos financeiros isso foi muito bom para os Diamond Head. Posso dizer-te que estas 4 versões que os Metallica fizeram e que saíram em CD, por exemplo, no Garage Days e no Garage Inc. geraram mais dinheiro do que todos os temas dos Diamond Head juntos. (risos)” … então, sendo assim, perguntam vocês: como é possível uma banda que, foi uma das fundadoras do maior movimento do Rock/Metal surgida nos anos 70, que influenciou – talvez – a maior banda de metal do mundo e arredores, não ser mais conhecida ou não ter a mesma fama que os Maiden ou Priest? Sobre isso Tatler foi bastante claro sobre as razões: “Nós demorámos muito tempo para arranjar uma editora.” Houve ainda a “ingenuidade, se assim lhe quiseres chamar, da gestão da nossa carreira, concertos, etc.... que era feita pela mãe

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do Sean Harris. Eles na altura não percebiam grande coisa do assunto e isso prejudicou-nos muito.” Tatler referiu ainda o óbvio, algo que, realmente só poderia advir da ingenuidade da banda e pessoal que geria a carreira: “outro grande factor, foi o facto de nunca termos efectuado concertos, nem sequer uma digressão pelos Estados Unidos. Só nos inícios dos anos dois mil, acho... é que demos lá o nosso primeiro concerto e só em 2011 é que efectuámos a nossa primeira digressão.“ Portanto, já estão a ver que seria complicado os Diamond Head darem-se a conhecer. Mas quando isso aconteceu, durante a primeira digressão, “o público até reagiu bem.” A primeira vez que a banda tocou foi num festival. “Repara que eles não conheciam rigorosamente nada de nós, nunca tinham ouvido os Diamond Head, a não ser pelas versões dos Metallica. Por exemplo, o álbum «Canterbury» até a essa altura nunca tinha saído no Estados Unidos, nunca.” Tantas vezes falámos na entrevista sobre a New Wave of British Heavy Metal que não poderíamos deixar de perguntar a opinião sobre a (ainda) existência, ou não, deste movimento em 2019: “Sim, considero que ainda existe este tipo de movimento. É incrível que após 40 anos ainda existam muitos meios de comunicação social que falem sobre isto – quer seja rádio, televisão, internet... em entrevistas fartam-se de me perguntar “aquilo e aqueloutro” sobre esses tempos. E é muito bom saber que estas bandas que foram percursoras deste movimento, por exemplo, nós, Maiden, Saxon ou Def Leppard ainda existam cheias de energia e a encher as salas ou estádios por onde passam.” … e os Big Four? Para Brian Tatler quem seriam os Big Four da NWOBHM? “Maiden – é óbvio que os teria de considerar e incluir; depois, Def Leppard, Saxon e... Diamond Head!” Pegámos num verso e “provocámos” Tatler :“Every night alone, I sing my songs just for fun; Only time will tell if I make it myself someday; The stage is mine, music is my destiny”. Serão estas palavras representativas de uma forma de vida em 2019? - “Isso é do “Helpless”, certo? (risos) Sim, isto ainda é verdade...“ Confirmámos… “é uma forma de vida. Isto é um sonho que espero ainda concretizar.“ Não são os Metallica ou Iron Maiden, são os Diamond Head e a vida na estrada é complicada e cansativa: “Desde que ando na estrada só por duas vezes usámos um autocarro, todo este tempo foi passado em carrinhas, dormindo desconfortavelmente, somos nós que carregamos e descarregamos todo o material...” Mas tudo tem valido a pena “isto é também o que nos dá alegria: conviver com o pessoal da banda e das imensas bandas com que tocamos, fazer música... Mas um dia ainda espero ser famoso e rico (risos) fazer as digressões num autocarro confortável e ter essas mordomias todas. Foi um longo caminho desde que formámos a banda em 76 e alguns anos mais tarde lançámos o «Lightning to the Nations». Estamos orgulhosos no nosso caminho.” This is the 8th album. How does «The Coffin Train» fits in the band’s discography? Eu poderia-te dizer que está na linha dos nossos três primeiros álbuns: «Lightning to the Nations», «Borrowed Time» ou «Canterbury», com a tal filosofia old school da NWOBHM mas ao mesmo tempo com uma sonoridade moderna. É um álbum do qual nos orgulhamos muito. Tantas vezes esta pergunta foi feita e não saberemos se respondida da mesma forma: “Are you evil?” (risos) ”Realmente, já foram tantas as vezes que nem posso contabilizar... mais de trezentos?! (risos)”. Saia, então, a Trecentésima e uma, “Ah... não, não sou nada disso (risos) sou um gajo porreiro mas, como toda a gente, tenho os meus momentos. O truque está em saber dosear e controla esses momentos para não fazer nenhum disparate. Acho que tenho conseguido! (risos)” Facebook

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Postas de pescada “Postas de Pescada: devaneios de dois energúmenos sobre personalidades da música” será um espaço partilhado, entre dois “jornalistas”, onde se falará sobre músicos, bandas, acontecimentos e outras coisas que tais... Para abrir as hostilidades, nada melhor que falar sobre o “Steve Jobs do Thrash Metal”: Lars Ulrich. Uma vez que temos aqui muita “madeira para baquetas” isto vem dividido em pelo menos duas partes... Para a próxima edição escreve o outro

Lars Ulrich: “Steve Jobs do Trash Metal”?? Por: Ivo Broncas | Eduardo Ramalhadeiro

O megalómano baterista do Metallica nunca foi, nem será, uma figura consensual. Nem entre os fãs, e segundo alguns rumores que circularam, nem mesmo no seio da banda que ele próprio formou. A sua qualidade enquanto músico, ou falta dela, tem sido exaustivamente debatida. Não obstante todas as polémicas, o seu estatuto de liderança dentro dos “the four horsemen” parece imune a todas estas questões. Afinal, porque é que um músico cujas habilidades e algumas decisões são tão criticadas, continua a ter um papel tão preponderante numa das maiores bandas de Metal do mundo? Creio que não há uma resposta concreta, mas vou procurar fornecer algumas ferramentas para que possam vocês próprios tentar responder a esta questão. Parte 1: A árdua viagem até ao estrelato Lars Ulrich é quase o exemplo perfeito do “sonho americano”, e sê-lo-ia em toda a sua plenitude se não fosse proveniente de uma família abastada. Dinamarquês, filho único de um Tenista profissional, quando assistiu aos dez anos de idade a um concerto de Deep Purple no seu país natal ficou absolutamente deslumbrado tanto pela música, como pelo espectáculo em si. A experiência foi de tal forma marcante que, segundo o próprio, foi nesse momento que decidiu que o seu futuro iria passar pelas artes musicais. Certamente por influência do Pai ainda foi considerada uma carreira no ténis. Porém, os maus resultados obtidos em alguns torneios na sua adolescência levaram-no a desistir do desporto profissional e a dedicar-se de alma e coração à sua grande paixão.

Foto: Jeff Yeager

O jovem Dinamarquês sempre foi muito focado nos seus objectivos, e as lacunas que demonstrava em termos técnicos foram compensadas por uma enorme determinação, ou se preferirmos, obsessão, em singrar como músico. Por isso, e pela sua energia contagiante e capacidade de persuasão que muitos consideram acima da média, conseguiu feitos impressionantes. Sendo a história dos Metallica sobejamente conhecida, vou apenas focar alguns pontos que me parecem relevantes para relembrar a importância de Lars na formação e ascensão dos Metallica.

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Em idos tempos, em que a internet e o Youtube não permitiam fácil acesso às música, a escolha de um bom nome para banda era ainda mais importante. Um nome apelativo era mais de meio caminho andado para suscitar a curiosidade dos ouvintes. “Metallica”, é de facto um nome cativante, muito embora, como bem sabemos, não teve origem na mente hiperactiva de Lars. Quando um amigo lhe pediu uma opinião sobre que título atribuir a uma “fanzine” que ia escrever, este induziu-o a dar um título menos sonante à publicação, enquanto guardou para si este nome, que planeou utilizar para quando formasse uma banda. Foi algures nesta linha temporal que Lars Ulrich se conseguiu inserir no underground da música metal em Los Angeles, altura em que também se cruzou pela primeira vez com James Hetfield. Este último viu um anúncio num jornal local em que um baterista procurava tocar com músicos que partilhassem determinadas influências musicais. Como sempre houve alguma escassez de bateristas, ainda mais um que partilhasse os mesmos gostos musicais (“New Wave of British heavy metal), resolveu fazer-lhe uma audição. Não surpreendentemente, dirão alguns, as suas qualidades não convenceram o guitarrista. Esta rejeição foi, contudo, apenas um ligeiro contratempo para alguém que precisava, obviamente, de melhorar a sua técnica. Pessoalmente não tenho registo de que o tenha tentado fazer. Ao invés disso, sabe-se que acompanhou parte da digressão Europeia dos Diamond Head, conseguindo mesmo a proeza de privar e de partilhar estadia com a banda. Desde cedo se percebeu que o pequeno nórdico tinha um talento inapto para conseguir atingir os seus objetivos. De volta a Los Angeles, e sendo-lhe informado que um seu conhecido, Bryan Slagel, estava a organizar uma compilação de músicas de bandas locais para posteriormente a publicar, conseguiu persuadi-lo a reservar uma faixa para a sua banda, que…. ainda não existia. Nada que fosse impeditivo, obviamente! Apesar da rejeição pensou em James Hetfield para cantar e tocar guitarra e baixo. Foi assim que Lars Ulrich, porque não dizê-lo, “recrutou” James Hetfield para fazer parte do projecto “Metallica”. Estavam lançadas as bases daquela que veio a ser (ou será), a maior banda de metal do mundo. Põe-se, e bem, a questão: Afinal Lars “só” formou os Metallica, ou teve um papel mais preponderante para a sua ascensão? O sucesso inicial da banda prendeu-se muito com o facto do som apresentado ser então inovador. Longe do “Glam rock” típico de Los Angeles, era bem mais rápido e agressivo, o que lhe garantiu um lugar de destaque no início da década de 80. É de frisar que sempre se soube rodear de grandes músicos. Há quem atribua inclusivamente a entrada de Cliff Burton na banda à insistência e incapacidade de ouvir “não” por parte de Lars. Não nos podemos esquecer também de Dave Mustaine, cujos “riffs” lançaram a base do álbum “Kill’em all”, foi uma contratação que teve, como em tudo na banda, o seu avale. Por tudo isto pode-se pensar que foi uma questão de perspicácia para escolher as pessoas certas, e estas, com a sua criatividade, traçaram artisticamente o caminho para o reconhecimento mundial. Contudo, David Ellefson, baixista dos míticos Megadeth, proferiu num documentário sobre o Trash metal uma afirmação curiosa: “Lars Ulrich é o Steve Jobs do Trash Metal”. Segundo o mesmo: “É o tipo que tinha a visão daquilo que devia ser o género. Os Metallica criaram por si só um terreno enorme que todos nós pudemos seguir”. A partida de Dave Mustaine fez literalmente correr milhares de páginas, pelo que falar nela torna-se redundante. Nos últimos anos Ulrich tem-se como que posto à parte de uma quezília que chegou a tornarse incomportável entre o líder dos Megadeth e James Hetfield, optando por uma posição neutral, como que a dizer “Não partiu de mim a decisão de despedir Dave Mustaine”. Mas… com três enormes egos na banda, Lars conseguiria manter o controle se todos permanecessem como membros activos da mesma? Embora tenha recentemente assumido esta posição neutra, existem teorias que o apontam como um dos grandes mentores do seu despedimento, até pela forma quase maquiavélica como procederam: acordaram-no ainda embriagado, reuniram as suas coisas, compraram com antecedência um bilhete de Fonte: link avião só de ida, e colocaram-no no aeroporto sem

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sequer o terem ajudado a mudar a roupa. Ah! E dias antes chamaram Kirk Hammett para uma audição. Posso estar enganados, mas de facto isto envolve todo um planeamento no qual Ulrich é se revelou perito. Finda a era Mustaine, o estilo musical dos Metallica mudou. “Ride the Lightning” foi uma viragem em termos artísticos, atribuída por alguns à cada vez maior influência do génio musical de Cliff Burton. Coincidência ou não, o álbum foi gravado na Dinamarca. Todos os fãs sabem o quão interventivo é Lars Ulrich em todo o processo de gravação, composição, decisões comerciais… enfim, em tudo o que envolva os Metallica. Está longe de ser um segredo o que Hetfield disse recentemente à revista Rolling Stone: “Lars age como ‘tenho que fazer tudo, senão está errado’. Ele sente o peso sobre ele.” Talvez por isso mesmo correram rumores que apontavam para uma insatisfação a banda em relação ao enérgico baterista. Scott Ian na sua autobiografia, “I´m the man” conta que os outros elementos dos “the four Horsemen”, após a tour de Master os Puppets, iriam “dispensá-lo”. As razões em particular nunca foram muito claras, mas apontam para que esta suposta intenção não tivesse a ver exclusivamente por razões técnicas de Ulrich enquanto músico, mas também por questões de gestão de carreira e personalidade. Hammet recentemente, no seu típico registo conciliador, afirmou que se tratou tudo de um mal-entendido. Segundo o mesmo estariam de alguma forma desagradados com ele numa certa fase, mas foi tudo muito empolado e não correspondia à verdade. Não deixa de ser curioso que mesmo após o estrondoso êxito do seu melhor álbum, Master of Puppets, onde se verificou um enorme crescimento da banda em termos de popularidade, influência e vendas de discos, tenha havido esta “revolta” contra a liderança de Lars. Há quem diga mesmo que a trágica morte de um dos melhores músicos que o metal já conheceu, Cliff Burton, lhe veio salvar o lugar. “And Justice for all” é um marco na história da música metal. Se teve imenso sucesso, como seria se o baixo de Jason Newsted fosse audível? Esta decisão de apaga-lo completamente da gravação final foi, como se sabe hoje em dia, da exclusiva responsabilidade do músico que não queria as linhas deste instrumento a ofuscar a sua bateria. Apesar de James Hetfield ter apreciado o trabalho feito pelo seu novo baixista, não houve, ao que parece, contestação ou indignação da sua parte ou do resto da banda. Pelo menos nada tão significativo que impedisse que tal acontecesse. Isto traduz a força de quem se parecia afirmar cada vez mais como o líder incontestado dos Metallica, apesar de apenas dois anos ter sido, aparentemente, fortemente contestado. Esta terá sido apenas a primeira de muitas decisões questionáveis e polémicas da sua parte que chegaram à praça pública. Apesar desta atitude deplorável, a reputação da banda permaneceu quase inalterada. No álbum homónimo, conhecido como “Black Album”, houve também uma tentativa de baixar o volume das guitarras. Essa batalha foi perdida, felizmente para todos os músicos, pois com este trabalho atingiram um nível de popularidade estratosférico. Mas para tal também ajudou, e muito, uma criteriosa estratégia de marketing que terá tido o cunho muito pessoal do cérebro comercial da banda. De repente os Metallica estavam em todas as revistas, em todas as televisões, em tour por todo o mundo... e o mundo era deles. Com um plano cuidadosamente preparado há vários anos, o Dinamarquês mais famoso da música conseguiu os seus objetivos. Nesta fase, ninguém tinha razões duvidar da sua capacidade de liderança. Eram a maior banda de Metal do mundo.

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sem título talvez eu seja as dez primeiras páginas do livro que decidiste a custo ler porque era um clássico e apenas possas das minhas linhas conhecer os nomes de um ou dois protagonistas talvez eu seja o orvalho que se demora nas folhas com o verde da manhã os fugazes minutos da alvorada da meia-estação talvez nem os relógios contem o tempo do presente que trago nos braços e não dou a ninguém talvez nem te lembres dos olhos semicerrados ou dos beijos desamparados talvez a música esteja para acabar e eu seja aquele fim de noite meio difuso meio embriagado sem manhã nem por isso um minuto a menos nem por isso um café por passar nem que nos fechem o adamastor.

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O “ouro da casa” Pela sua resiliência e coerência, os Booby Trap já merecem passar de “prata” a “ouro”! Entrevista: CSA

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Olá, Pedro e Wild! Mais um álbum de Booby Trap, mais um lançamento da Firecum, mais uma entrevista na Versus! Três anos depois de «Overloaded», temos «Stand Up and Fight». - Como foi recebido o álbum anterior? Pedro – Muito bem. Sentimos que a cada lançamento que fazemos as pessoas começam a entender um pouco mais a nossa forma de fazer Crossover ou, como eu gosto de nos definir, Speed Metal Punk. Já não baralhamos tanto o pessoal, que não entendia como é que se consegue tocar (e gostar) de Thrash, Hardcore, Heavy Metal e Punk ao mesmo tempo. No geral, acho que já todos perceberam que, quanto mais bêbedos estiverem, mais percebem o nosso som…

Apesar de tudo, penso que agora, à distância de 3 anos, algumas coisas no «Overloaded» poderiam ter sido feitas de outra maneira. Mas, no geral, continuo bastante satisfeito com o resultado final e a verdade é que conseguimos chegar a mais gente e mais locais. Esse álbum abriu-nos algumas portas e permitiu-nos tocar em alguns dos maiores festivais nacionais e provar das mais variadas cervejas. - Por onde andaram a apresentálo (para além do Vagos Metal Fest 2018, em que vos pude ver)? Pedro – Viste-nos no Vagos? Então eras tu uma das 3 pessoas que lá estavam a assistir à abertura do festival…. Agora a sério: adorámos tocar no Vagos, as condições e infraestruturas à nossa disposição foram de topo e, contra as minhas melhores espectativas, abrimos

o festival já com uma moldura humana magnífica e a reagir da melhor forma à nossa atuação. Além do Vagos, durante esta época de promoção ao «Overloaded», tocámos em alguns festivais bastante importantes: Mangualde Hardmetal Fest, Laurus Nobilis Famalicão, LVHC Fest (Linda-aVelha), Tondela Rocks, além de muitos outros pequenos concertos (basicamente onde houvesse cerveja grátis) de norte a sul do país na companhia de excelentes bandas nacionais. Falemos agora de «Stand Up and Fight»? - O que há de novo no último lançamento de Booby Trap? Wild – Há 13 novos assaltos sonoros fresquinhos, capazes de fazer borrar a cueca de medo ao

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Chuck Norris, e ao teu vizinho do lado. Há um artwork lindíssimo, de ver até chorar por mais, capaz de amedrontar a super avózinha e fazer rir o Grumpy Cat. Há um booklet no CD e um insert no disco em vinil com poesia de fazer corar a Cicciolina e fazer Camões dar voltas no caixão. No cardápio, há também uma cover de Gang Green de se lhe tirar o chapéu e levantar um copo de Capri Sonne. Há 40 minutos à tua espera de uma experiência que têm de ser apalpada, snifada, vista, ouvida e digerida. E, quando acabar, vais querer que tudo comece outra vez. Há 2 anos de preparação, investimento e criação, mais meio ano de gravação, produção, polimento, promoção e edição, que ninguém vai notar, mas que estão lá e que se traduzem simplesmente no melhor trabalho de Booby Trap de sempre, se não me falha o memofante.

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- Por que sentem a necessidade de lutar? Wild – Porque não nos conformamos com políticos corruptos, que não param de nos extorquir dinheiro pela via dos impostos, para redistribuir a nossa riqueza por eles e pelos amigos/ as, através de retórica de pura demagogia. Porque vivemos num mundo de bullies e gente capaz de se aproveitar de ti sob um qualquer manto ilusório de superioridade ou autoridade. Porque tens contas para pagar e, por mais que trabalhes honestamente, parece que só quem rouba, aldraba e se corrompe está bem na vida. Porque parece que existe uma justiça para os ricos e uma justiça para os pobres. Porque não queremos ser vítimas de lavagem cerebral religiosa, nem da propaganda e controlo mental governamental: queremos ser livres

de pensar. Porque queremos liberdade e a liberdade conquista-se. Podíamos cruzar os braços, fazer filhos para viver do RSI, passar a vida no Facebook a colocar posts a glorificar a nossa linda vida de sofá, ou colocar fotos sexy de bikini no Instagram... podíamos, mas não era a mesma coisa. - Como correram as gravações? [Imagino que tenha sido uma aventura, porque nenhum de vocês deve ter muito tempo para dedicar a essas atividades, já que é muito difícil viver da música em Portugal, muito menos na cena Metal.] Wild – É sempre uma operação delicada, pois implica virar o estúdio de pantanas para as captações, mas, como já fizemos isto outras vezes, sabemos o que fazer. Ainda assim, não há dois trabalhos com exatamente os mesmos posicionamentos de captação e só isso muda logo à

Sentimos que a cada lançamento que fazemos as pessoas começam a entender um pouco mais a nossa forma de fazer [...] Speed Metal Punk.


partida algumas características sónicas de um trabalho para outro, ora porque queremos corrigir alguma coisa em relação ao trabalho anterior, ora porque queremos experimentar algo novo, seja equipamento ou técnica. Em resumo, parecendo que não, é sempre uma aventura nova, mesmo sem introduzir a componente da disponibilidade humana de cada elemento da banda. A rapaziada sente-se motivada por isso, balda-se às responsabilidades mundanas para se meter nesta cena e arranja tempo para concertos e gravações onde parece não haver tempo. Claro que não vivemos da música e ainda bem. Penso que o nosso fígado era incapaz de aguentar esta vida mais que dois dias seguidos! Simplesmente entretemo-nos com a ideia de viver do Rock’N’Roll. Além do mais, o mundo não está preparado para viver com Booby Trap a tempo inteiro. - A capa está realmente muito adequada ao álbum. Podem falar um pouco dela. Pedro – A capa ficou mais uma vez a cargo do Deivis Tavares, que já trabalhou connosco no «Overloaded» e nos EPs «Drunkenstein» e «Fuck S.P.A.». O homem é um artista nato e o seu background ligado ao hardcore faz com que seja muito fácil para ele perceber aquilo que queremos transmitir com uma capa. Sou da opinião de que as capas dos álbuns devem logo transmitir aquilo que a banda tem para dizer e eu, como colecionador de discos que sou, dou muita importância à arte das capas. Muitas vezes, vou checkar este ou aquele álbum só porque a capa me chamou a atenção e já tenho tido muito boas surpresas com bandas totalmente desconhecidas. A verdade é que, desde meados dos anos 90, o artwork começou a tornar-se um pouco estéril, frio e abstrato, o que não me agrada absolutamente nada. Felizmente, nestes últimos anos, com esta nova vaga de old school Thrash Metal e de Heavy Metal tradicional,

as capas épicas e carregadas de intencionalidade voltaram também à ribalta, praise the Heavy Metal Lord. Que expetativas têm para o novo álbum em comparação com o seu predecessor? Wild – Esperamos que os nossos fãs fiquem tão orgulhosos do novo álbum como nós, que gostem tanto de o ouvir como nós gostámos de o gravar e gostamos de o tocar. Que os motive naqueles dias difíceis do mês e – quiçá – da vida. Temos a certeza de que entrará nos anais da história, como o farol da Barra do Metal aveirense. Por fim, temos a expetativa de que venda mais que o «Overloaded» e que fique mais conhecido que os ovos moles de Aveiro. O concerto de lançamento foi em Aveiro (a 24 de março). Podem falar-nos um pouco de como correu o concerto (incluindo as bandas que vão partilharam o palco com Booby Trap? Pedro – É verdade, apresentámos o novo álbum na íntegra ao vivo no Avenida Café-Concerto, foi a um domingo e decidimos fazer uma matiné, para que não digam que só nos embebedamos à noite, quando está escuro, e também para que – como já somos uma banda da terceira idade – os nossos queridos fãs podessem levar os seus filhos ao concerto. Além da bela mescla Crossover dos Booby Trap, tivemos os Zurrapa - que nos chegaram diretamente de uma qualquer destilaria viseense - com o seu Rock apunkalhado, pela primeira vez na terra dos ovos moles. Tivemos também os Albert Fish, que estiveram de regresso a Aveiro passados 9 anos e aproveitaram para apresentar a nova formação, a qual integra a nova vocalista Inês, que só por acaso é uma das convidadas especiais do nosso novo álbum. Os Scúru Fitchádu com o seu Punk Funaná, que tem tanto de “dançavel” como de corrosivo, também abrilhantaram a festa. Não faltou a Super Bock e

Moscatel porque não queremos que ninguém passe sede (credo!) Têm outros concertos previstos em datas mais ou menos próximas? Pedro – Sim. Já estão agendadas as nossas participações em alguns festivais – o Um Metaleiro Também Chora Fest, o Rock Dos Romanos e o Bairrada Metal Fest – assim como uma atuação em Lisboa, que ainda não pode ser divulgada, e, com certeza, mais uns quantos concertos por diversas tascas por este Portugal fora. Vão bisar no Vagos Metal Fest por terem um novo álbum e serem uma banda da região? Pedro – Acredita que voltava lá de bom grado já este ano, nem que fosse pela cerveja grátis. Mas eu conheço a política da organização e não faz muito sentido estar a repetir bandas de um ano para o outro. Um dia quem sabe lá voltaremos! Nessa altura estaremos a promover o nosso 8.º álbum de estúdio, que já está programado e já tem título e tudo. Mas fico feliz em ver que o Vagos continua a dar algum apoio às bandas da região. Além de nós, já por lá passaram os Godvlad e este ano teremos os Infraktor, que vão representar o poder aveirense muito bem. Que outras ações vai a Firecum desenvolver para promover «Stand Up and Fight»? Pedro – A Firecum tem para este álbum uma parceria com a GlamO-Rama, que será responsável pela distribuição. Por isso, tenho a certeza que o encontrarão à venda em todos os lugares de interesse, como os supermercados LIDL ou em qualquer balcão dos CTT. E sei que ainda está a ser negociada a venda na Rede Nacional de Farmácias, mas os tipos pretendem que apenas seja prescrito mediante receita médica devido aos efeitos secundários e eu não sei se queremos ceder nesse ponto. Youtube

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empre a inventar bem

Entrevista: Emanuel Roriz | Foto: Matilde Travassos

A «Invenção do Dia Claro» é o quarto trabalho de originais dos Capitão Fausto e nele continuam a fazer bom uso da língua portuguesa, para chegarem até nós com uma mensagem muito própria. Este novo rebento serviu de linha condutora a esta conversa onde se falou do momento actual dos Capitão Fausto e também do estado da cultura em Portugal. Fiquem então a conhecer esta invenção em forma de homenagem.

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Os espectáculos de promoção ao novo disco «A Invenção do Dia Claro» parecem estar a correr muito bem, muitas datas esgotadas… como tem estado a correr esta digressão? Domingos: Tem estado a correr muito bem obrigado! Sentimos que já estamos a fazer justiça às canções quando as tocamos ao vivo, e já sabemos como elas se encaixam como as músicas dos outros discos. Temos sentido que a cada concerto temos melhorado, e que aparecem cada vez mais pessoas para nos ouvirem, estamos por isso muito contentes. Podemos dizer que existe, cada vez mais, um circuito nacional de concertos que permite aos músicos, sejam eles portugueses ou que venham de fora, mostrarem-se a mais gente e com maior qualidade de espetáculo? Mais ou menos. Existe um circuito de festivais alargado e cada vez maior que aposta cada vez mais em música nacional, e isso é incrível e tem vindo a melhorar deste que começámos a fazer música. Com este crescimento aumentou muito o número de bandas e de artistas e a diversidade musical no país. Mas esse circuito alcança bandas de média/grande dimensão. Talvez ainda falte um circuito de Clubes mais sólido de Norte a Sul para as bandas mais pequenas que muitas vezes têm dificuldade em sair das suas cidades porque muitas vezes têm de pagar para tocar. Como consequência disto imensos miúdos talentosos acabam por não considerar a música como uma saída viável - nem possibilidades têm de insistir muito. Estas coisas por vezes alimentam-se umas às outras, são simbióticas: mais venues de concertos contratam mais bandas, mais bandas tocam mais e melhoram, aumenta a qualidade e o público vai aumentando com a maior oferta e diversidade. É uma opinião fundamentada nas experiências que tenho tido em organizar digressões para bandas da nossa Editora.

Se a procura de espetáculos ao vivo parece estar em ascensão, também têm notado algo semelhante na procura de música em formato físico (cd, vinil…)? No nosso caso há uma procura grande de Vinil. No entanto também costumamos vender nos nossos concertos CD’S (mais do que vinis, mas proporcionalmente com um peso bem menor). Temos público que ainda se interessa pelo lado material, físico da música. Sabemos que é um mercado em queda, mas acho que como banda devemos ter disponíveis os objectos que as pessoas quiserem - também temos cassetes por essa razão. O Vinil é o grande vencedor nos últimos tempos, que tem registado subidas nas vendas globais, ou seja, nem é uma opinião, é um facto. Têm datas agendadas até ao mês de Outubro, quando vão tocar no festival Rock In Rio no Rio de Janeiro. Para além desta experiência fora de portas, há mais planos no sentido da internacionalização, seja com realização de concertos ou da edição do disco noutros países? Temos planos, mas ainda são apenas isso. Ainda estamos numa fase de definição da estratégia para o ano de 2020 mas provavelmente essa internacionalização irá acontecer, só não temos ainda a certeza em

que moldes - mas é nosso desejo levar a nossa música a quem a quiser ouvir. O novo disco tem o mesmo título que um livro escrito por José de Almada Negreiros. Existe um paralelismo entre as duas obras? Existe um paralelismo não intencional mas que nos fez sentido - o Tomás encontrou semelhanças não de estilo mas de conteúdo na escrita do Almada e achou por bem fazer a homenagem numa altura em que ainda não tínhamos nome para dar ao conjunto de 8 canções que tínhamos finalizadas. Na altura sentimo-nos confortáveis com a escolha e fez-nos sentido. Depois fomos um pouco à procura de toda a estética modernista para a capa. Ao quarto trabalho de originais, a música dos Capitão Fausto continua a seguir uma linha evolutiva bem estruturada. Consideram que têm aqui o vosso conjunto de canções mais maduras? Sim, mas na verdade duvido que alguma banda alguma vez dissesse que não, na

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[…] este disco tem uma abordagem mais simplista nas canções do que o anterior, o que se revelou um desafio muito interessante]…]

medida em que se parte um bocado do princípio de que aquilo que fazemos novo, para nós, tem necessariamente de ser melhor do que aquilo que fizemos anteriormente. Naturalmente pode não ser assim para quem nos oiça - e talvez nalguns casos a intenção principal do movimento artístico não seja melhorar ou amadurecer mas para nós a postura tem de ser esta: tentar ser melhores, aprender com o passado e construir coisas novas com as quais nos sentimos confortáveis e desafiados. De “Gazela” para “Pesar o Sol”, e deste para “Capitão Fausto Têm os Dias Contados” foi sempre notório uma diferenciação ao nível da composição e das características dos temas. Contudo, em “A Invenção Do Dia Claro” diria que ficaram mais próximos do disco anterior. Encontraram aqui um planalto de conforto e criatividade que querem continuar a explorar? São bem diferentes, mas talvez haja uma ligeira aproximação de alguns sons e métodos de trabalho e composição - no entanto este disco tem uma abordagem mais simplista nas canções do que o anterior, o que se revelou um desafio muito interessante de contenção e de controlo de silêncios, de equilíbrio de arranjos tivemos mais atenção à quantidade de informação que cada um de nós debitava nas coisas que fazíamos nas canções - e isso fez com que conseguíssemos ter uma visão mais macro das canções - um processo mais apurado de altruísmo.

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Anteciparam o lançamento do novo disco e deram-lhe força, assim que saiu, com a apresentação de singles e videos para as músicas “Sempre Bem”, “Amor, a Nossa Vida” e “Boa Memória”. A realização dos vídeos é mais um compêndio criativo que sentem necessidade de explorar ou acreditam que os vídeos continuam a ser uma força motriz importante na divulgação do vosso trabalho? No disco anterior lançámos a canção que provavelmente teve maior sucesso, a Amanhã Tou Melhor, sem vídeoclip. Não somos propriamente da opinião de fazer as coisas de forma certa ou como deve ser - antes preferimos fazer um vídeo se de facto existir uma ideia ou uma imagética - e não nos sentirmos obrigados porque assim funcionam as coisas - isto retira a pressão e no limite melhora a qualidade. Fazer as coisas quando se sente que elas têm razão de ser. Felizmente tem-se assistido também a um ressurgir de programas televisivos com espaço para a música portuguesa. Na RTP o programa Eléctrico ou a passagem para o ecrã do A3.30 de Fernando Alvim são excelentes exemplos disso. O que acham que pode e deve ainda ser feito para que a cultura se difunda mais facilmente no quotidiano português? Acho que é importante que existam essas iniciativas e acima de tudo é importante constatar aquilo que para mim é já uma verdade

inquestionável: há cada vez mais música e cada vez mais diversidade cultural no nosso pequeno país e é preciso apoiar essa riqueza com espírito aberto e variado. Não se pode obrigar ninguém a gostar de música feita em Portugal apenas porque ela é Portuguesa ou porque devemos fazer isto ou aquilo - mas podemos dar mais acesso para muitas e talentosas pessoas (que vivem muitas vezes no anonimato ou no underground de qualquer área musical) a mostrarem aquilo que fazem e investir na sua divulgação - temos de garantir oportunidades a todos os que se querem expressar artisticamente promover a simbiose de todos os agentes culturais, integrar a arte e a cultura por exemplo nas escolas, e estrategicamente perceber a relação de diferentes artes com público-alvo e gerar interesse mútuo entre promotores, venues, bandas e espectadores. Aí sim estamos a garantir um início igual a todos - e aquilo que fica no fim é a decisão das pessoas em ouvirem ou não ouvirem aquilo que bem entenderem. E se vos perguntarmos o que têm andado a ouvir ultimamente? Alguma nova descoberta dos últimos tempos? Ou clássicos que não devem nunca sair das nossas listas de reprodução? Tenho andado a ouvir Les Baxter, e voltei a ouvir o Sunflower dos Beach Boys. Facebook Youtube


Grêlos de Hortelã Por: Victor Alves

Politicamente (in)correcto

Meus amigos. Agora vivemos no mundo do politicamente correcto, até os concertos de rock já começam a cheirar mal. Temos atitudes cívicas e praticadas pelos intelectuais que o divertimento começa a ser controlado de forma vergonhosa. Tudo agora é vivido de forma inteligente e culta Menos: A discrepância social Os direitos humanos As lacunas na justiça A exploração patronal Os problemas climáticos (que são cada vez mais e não vejo atitudes inteligentes em prol deles) (pois é verdade, a economia não permite.) Enfim... O habitual mete nojo a toda gente. Mas somos civilizados Ter um livro na mão é sinónimo de cultura. Imagens cada vez mais falsas Vá meus amigos o caminho é em linha! Como adoro o homem tolo sendo apenas parvo!

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DO CAOS... À HARMONIA

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Mais uma proposta nacional que nos chegou às mãos, mais uma proposta nacional de grande qualidade, mais uma proposta de uma banda que não pode cair no esquecimento. Estes são os CineMuerte. «Refúgio» é um dos discos do ano. Entrevista: Eduardo Ramalhadeiro

Antes de mais, obrigado pelo vosso tempo a responder às nossas perguntas. Como são estreantes na Versus Magazine, digam-nos: Quem são os Cinemuerte, de onde vêm e para onde vão? Sophia Vieira - Somos uma banda de rock portuguesa, criada em 2002 pelo João e por mim. Vínhamos de um projecto anterior (os NUA). Para onde vamos? Queremos continuar a criar o nosso caminho- um caminho de dedicação, amor à arte que fazemos, e mantendo os nossos princípios que são a autenticidade e integridade. Na biografia que nos chegou às mãos, vem escrito que vocês fecharam um novo capítulo criativo e embarcaram numa nova viagem sonora. Que capítulo foi este que vocês fecharam e o que nos espera desta nova aventura dos CineMuerte? O capítulo encerrado, foi paralelamente encerrado com um capítulo ao nível pessoal de todos os elementos da banda: atravessámos uma dura caminhada no deserto com perdas pessoais. Agora, sentimo-nos a emergir, do caos à harmonia. E com toda a bagagem emocional que trazemos nos bolsos, temos muito para dar. Também na bio vem que «Refúgio» marca o abandono à vossa sala de ensaio, após 18 anos. Em que medida é que este abandono tem a ver com este novo capítulo que se abre? (Se é que tem…). Referes bem e nada é por acaso. Temos de nos lançar para a frente e agora sair da nossa zona de conforto, sendo que é um parto

difícil, mas temos fé, muita fé nesta obra que é “O Refúgio” e com ele, neste novo capítulo que marca a despedida de um lugar mágico, que foi tão nosso. Aliás será sempre nosso, faz parte da nossa história. É nele que nos recolhemos e compusemos tantos e tantos temas ao longo da história dos Cinemuerte. Não esqueceremos este espaço abaixo do solo, no coração da Lapa, onde afogámos tanta dor mas onde também vivemos os melhores momentos. Recebemos aqui tantos amigos, tantos músicos, demos os maiores pregos, e entoámos grandes momentos musicais, irrepetíveis, com pena minha. É como a vida com tudo o que ela tira e dá. As letras deste álbum baseiam-se em algum tipo de conceito? O conceito inerente é a transformação dos seres do ponto de partida que é o Caos ao ponto de destino que é a Harmonia. O título do álbum está em Português mas os temas estão escritos em Inglês. Porquê este tipo de abordagem? O importante é não nos prendermos a nada no momento da criação. A criação é para brotar na medida da inspiração sem filtros. Não pensamos muito no momento da criação. Não idealizamos nada. Quando te refiro o conceito do Caos à Harmonia, não o idealizámos. Surgiu. E assim surgiu um título português com letras em inglês. Nós somos isso tudo e muito mais. A capa é muito interessante, qual o significado e de que forma está enquadrada com a temática da música e das letras?

O artwork foi feito pelo Fred (Gonçalves, guitarrista). Aliás, o desenho da capa foi um desenho feito pela mãe dele quando ela tinha dezasseis anos. Foi uma proposta dele. É a nossa “Joconde” com todo o mistério que ela nos traz. Vocês têm um curriculum já de alguma forma invejável: abriram para os Him e My Chemical Romance e participaram em alguns tributos… The cure, The Misfit, Mão Morta e têm também uma versão da Kim Wilde. - Destas bandas algumas fazem parte das vossas influências musicais? Nem todas. Him e MCR foram fruto do acaso. Foi muito bom dar a conhecer o nosso som aos fãs destas 2 grandes bandas. Os tributos, já não são fruto do acaso. Um tributo é sempre uma expressão de reverência. - Estiveram também no tributo ao GRANDE António Sérgio. Chegaram a conhecê-lo pessoalmente? Não o conhecemos pessoalmente mas ele divulgou a nossa banda anterior que te referi anteriormente. Faz muito falta. Diria que hoje não me parece ser possível encontrar alguém nas rádios com o seu carisma. Dava oportunidade a todos, sem julgamentos ou rotulagem. Onde quer que estejas, obrigada António. Em 2011 ou 2012 vocês assinaram contrato com a Sony Music Entertainment para uma distribuição pelo mundo inteiro. Deve ter sido um grande passo na vossa carreira. Ainda estão sob esse contrato? O contracto cingiu-se ao album

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“Wild Grown”. Infelizmente, não teve o retorno expectável em termos de projecção. Corrijam-me se estiver enganado: Vocês estiveram sempre ligados à Raging Planet Records mas «Refúgio» foi lançado pela vossa editora Core Artists - Quando é que a vossa editora foi criada? A Core Artists é uma label criada por nós por altura do lançamento do álbum “Aurora Core” para a parte do booking, management e merchandise da banda. O disco é uma edição de autor. - Quando é que decidiram que era altura de mudar? Aos poucos, fomos percebendo que era altura de mudar. À medida que fomos avançando no nosso trabalho de promoção, de produção, fomos-nos questionando para que precisávamos de uma editora sobretudo no contexto actual. Estamos muito gratos por tudo o que a Raging Planet investiu em nós. A Raging é uma grande editora e percebe-se quando se olha para o catálogo de bandas que a integram. - O que é que a vossa editora pode trazer aos CineMuerte como vais valia? A possibilidade de lidar com os nossos sucessos e fracassos, com autonomia. - Têm mais algumas bandas sob a vossa alçada? Não. É a label dos Cinemuerte. «Refúgio» saiu em Janeiro, como está a correr a divulgação e aceitação do vosso trabalho? A aceitação do nosso disco está a correr bem e acima das nossas expectativas. “O Refúgio” é um disco muito amado por todos aqueles que estão a descobrílo. Digo “estão a descobrí-lo” porque tenho a certeza que à medida que o vão ouvir cada vez mais, irão descobrir mais qualquer coisa em relação à primeira escuta. É um disco muito particular com muitos apontamentos díspares. Muito pouco “oferecido”. Difícil, belo, profundo, para escamar. Segue-se uma digressão. Vocês vão andar só em Portugal ou também pelo estrangeiro? Queremos tocar para todos aqueles que tiverem a curiosidade de descobrir “O Refúgio”. Estando sediados em Portugal, como é (sobre) viver fazendo (ou tentando) fazer da música uma profissão? O importante mesmo é que a música viva. O resto, são outros campeonatos, para os quais não estamos inscritos. Obrigado pelo vosso tempo e «Refúgio» é um excelente álbum – Estará na minha lista para álbum do ano! Obrigada. Um forte abraço para a Versus e para os seus leitores. Facebook Youtube

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A criação é para brotar na medida da inspiração sem filtros.


(Su)Posições - Hard N’ Heavy Por: Gabriel Sousa

O Hard Rock e as bandas novas Serve a (su)Posição desta semana para vos dar a conhecer 4 bandas de Hard Rock surgidas no século XXI que poderiam ter atingido o mainstream caso surgissem numa época em que o Hard Rock fosse mais valorizado.

A primeira banda que me urge destacar é a banda JoanOvArc, uma banda Britânica com uma formação 100% feminina. O som desta banda é o mais puro Hard Rock, enérgico, vibrante, sem fazer concessões às modas nem ao som que o mainstream pede. A banda surgiu em 2004 mas só em 2009 é que se tornou o quarteto que conhecemos actualmente. Para resumir o som desta banda posso dar-lhes o epíteto de “AC/DC de saias”.

Fonte: Link

A segunda banda que eu quero fazer menção é a banda The Struts, uma modernos. Surgidos em 2009 os também Britânicos The Struts fazem do sua imagem de marca, apesar do seu som nos remeter aos anos 60 e 70 de uma forma unidimensional como acontece com outras bandas.

espécie de Queen dos tempos ecletismo (dentro do Rock claro) a ele não apresenta essa influência © Foto: Anna Lee | Fonte: link

A terceira a que quero dar destaque na (su)Posição de hoje é a banda liderada por Rodrigo Marenna. Surgida em 2014 para dar ânsia ao desejo AOR/Hard Rock Melódico, com uma pitada de modernidade que faz com cópia de influências dos anos 80.

Marenna. Banda Brasileira, de dar ao público uma mistura de que a banda não seja uma mera

Fonte: link

A última banda que quero destacar hoje são os Asphalt Horseman. Eles são Húngaros mas o som sulista que eles apresentam faz-me pensar que são do Alabama ou do Mississippi. Hard Rock com mistura de Blues e Southern Rock, carregado de energia, algum peso e aquelas melodias cativantes que só as bandas sulistas como ZZ Top ou Blackberry Smoke nos dão. Fonte: link

Poderia ter destacado muitas outras bandas neste artigo mas hoje são estas que merecem as minhas palavras, se eu tivesse realizado este artigo numa outra hora, é bem provável que houvesse alguma alteração nas bandas que quero destacar. Rock On.

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PALETES Por: Carlos Filipe

emocionantes e uma atitude punk suficiente, a sua composição toca em algo essencial e primordial sobre rock pesado. (All Noir)

The Moth Gatherer - «Esoteric Oppression» (Suécia, Atmospheric sludge/doom/post metal) THE MOTH GATHERER é uma banda de géneros variados, centrada em torno da atmospheric doom, sludge and post metal. «Esoteric Oppression» segue a mesma direção dos anteriores trabalhos da banda, a qual passou por uma transformação, deixando cair o seu co-fundador Alex. (Agonia Records) Blodhemn - «Mot Ein Evig Ruin» (Noruega, black metal) Após o debut EP «Brenn Alle Bruer» (2010) e os dois álbuns «Holmengraa» (2012) e «H7» (2014), a terceiro longa-metragem dos BLODHEMN, «Mot Ein Evig Ruin», foi forjado numa das capitais do metal nórdico, Bergen, e oferece músicas únicas e excepcionais de black metal. A força do norte do trovão ataca novamente! (Soulseller Records) Hey Zeus - «X» (EUA, heavy rock) HEY ZEUS, tem em «X» o seu álbum de estreia e continuarão a sua missão: salvar a sua alma com Rock & Roll! Com elementos do clássico e do moderno, músicas

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Morild - «Sa Kom Morket» (Dinamarca, black metal) «Så kom mørket ...» foi escrito após o lançamento de «VI», sendo composto por seis músicas que os MORILD gravaram, produziram e mixaram. MORILD aprecia o seu tempo, empatia e capacidade imaginativa, enquanto ouve o disco. (All Noir)

Saor - «Forgotten Paths» (Inglaterra, Atmospheric Folk/ Black Metal) Forjado pela visão do fundador da banda, Andy Marshall, SAOR (que significa “livre” em gaélico escocês) tem uma abordagem singularmente expressiva que mergulha profundamente em temas líricos baseados em literatura, paisagens, história, tristeza, natureza. Habilmente fazendo a transição entre o Black Metal atmosférico, o Celtic Folk e os sons escoceses tradicionais - a música exploradora da SAOR não conhece limitações. (Avantgarde Music)

The Sonic Dawn - «Eclipse» (Dinamarca, heavy fuzz rock) O trio dinamarquês de rock pesado THE SONIC DAWN está prestes a lançar o tão aguardado terceiro álbum, «Eclipse». Oscilando entre a luz e a escuridão, o seu som queima com uma intensidade que coloca a banda entre os principais actos psicadélicos de seu tempo. «Eclipse» é uma jornada cinematográfica em technicolor sonoro com melodias fascinantes. (All Noir)

Vltimas - «Something Wicked Marches In» (Portugal, Blackened Death Metal) Depois de alguns anos de ausência da cena do black metal, o guitarrista Rune Eriksen (exMAYHEM) decide voltar às paisagens sonoras pelas quais é conhecido. Eriksen procura unir o clássico e frio escandinavo com um ar de escuridão e a força marcante do death metal. A base para VLTIMAS foi lançada quando Rune, após coletar alguns riffs, apresentou o baterista Flo Mounier com a ideia de formar uma banda juntos. (Season of Mist)


Abyssic - «High The Memory» (Noruega, funeral death/doom) Abyssic é uma simbiose única de abordagens atmosféricas de funeral death/doom, com influências black e prog. A assinatura é reforçada por orquestrações com Mellotron, Minimoog e contrabaixo. Abyssic é o resultado de uma colaboração entre Memnock (Susperia), Elvorn (Susperia) e André Aaslie (Funeral), e junto com Asgeir Mickelson (ex-Borknagar, Ihsahn). (Osmose Productions) Werian - «Animist» (Alemanha, Black/Doom Metal) O trio alemão WERIAN tem o orgulho de anunciar o lançamento do seu álbum de estreia, «Animist». Combinando o black metal atmosférico e o doom com as experiências psicadélicas do rock e do jazz fusion, WERIAN cria uma introdução estelar usando temas do xamanismo, licantropia e consciência. (Eisenwald)

Puppy - «The Goat» (Inglaterra, Rock) Uma fusão de riffs que arrebentam a terra, melodias de earworms e experimentação de qualquer coisa, o tão aguardado álbum de estreia dos PUPPY, «The Goat», é uma prova da atitude de go-italone. É uma mistura sonora que certamente chocará - num mundo de imitadores de rock modernos, os Puppy soam como nada mais há por aí. «The Goat» tem muito para oferecer a todos - de metalheads com cinto de bala a amantes de

fuzz de shoegazing, sendo um disco que valoriza a abordagem caleidoscópica à criatividade. (Spinefarm Records) Thornbridge - «Theatrcial Masterpiece» (Alemanha, Power Metal) O novo álbum dos THORNBRIDGE, «Theatrical Masterpiece», tem power metal escrito por todo o lado. As novas músicas acabaram sendo mais sofisticadas, e Sebastian “Seeb” Levermann aumentou ainda mais o som. «Theatrical Masterpiece» é um álbum enérgico e cativante, sem nenhuma balada! (Massacre Records) Ad Patres - «A Brief Introduction To Human Experiments» (França, Death Metal) Longe de todas as tendências, AD PATRES continua com «A Brief Introduction To Human Experiments»: o glorioso caminho do Death Metal no qual brutalidade e técnica são usadas como meios, não como objetivos. Muito mais agressivo do que o redundante Slam Death, muito mais direto e intransigente do que o chato Tech Death e sem um pingo da nostalgia regressiva da “Velha Escola”, AD PATRES cria o equilíbrio perfeito entre musicalidade e peso. (XENOKORP) Defecal Of Gerbe - «Mothershit» (França, Grindcore) Aqui está: pairando, ameaçador e pronto para soltar toneladas de gases nocivos sobre a humanidade! Depois de quase uma década e meia de envelhecimento através de um processo delicado de putrefação intestinal, DEFECAL OF GERBE traz as fezes para as massas com o lançamento da sua estreia purulenta a todo o comprimento. Prepare-se para um ataque de versões regurgitadas, re-comidas, re-digeridas e redefecadas de sucessos da era demo, bem como novíssimos resquícios de matérias marrons para dezessete “brainfarts” de Goregrind gutural retardado.

XENOKORP Dead Witches - «The Final Exorcism» (Inglaterra, Occult Doom Rock) Vocais assombrosos, riffs pesados, baixo distorcido, bateria selvagem, os DEAD WITCHES levar-lhe-ão para outro mundo ... um mundo de trevas. Os novos epos «The Last Excorsism» capturou um mundo de demonios e possessões. (All Noir) Damnation’s Hammer - «Unseen Planets Deadly Spheres» (Inglaterra, Heavy Metal) DAMNATION’S HAMMER foi formado como uma homenagem ao metal avant-garde dos anos 80. A visão da banda foi sempre criar metal sombrio e cheio de doom, incorporando atmosferas surreais. Influenciado pelo Celtic Frost e inspirado pelo Black Sabbath, «Unseen Planets, Deadly Spheres» não é um álbum de doom metal, nem é um álbum de death ou thrash metal - é uma combinação de todos esses elementos. (Massacre Records)

Nyos - «Now» (Finlândia, Instrumental) «Now» é o quarto álbum da dupla instrumental finlandesa NYOS. O foco principal enquanto escreviam «Now», foi trabalhar sem limites para tornar o disco mais criativo e variado possível, afastando-se de dinâmicas previsíveis e de músicas estereotipadas. O álbum leva o ouvinte através de uma variedade real de humor e emoções durante os 39 minutos que decorre. (All Noir)

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Imperia - «Flames Of Eternity» (Internacional, Gothic Metal) As 12 músicas deste álbum são um passeio intenso por todos os diferentes tipos de emoções humanas. A música cobre uma ampla gama de atmosferas; há faixas pesadas e agressivas, ritmos rock acelerados ou músicas que chegam com uma vibe industrial. O desempenho ultra-tight e energético prepara o palco para a incrível voz de Helena, que cobre toda a faixa de suave e sensível a poderosa e agressiva, dramática ou operística, até mesmo para grunhir aos vocais às vezes. (Massacre Records)

de Burzum ao lado de vocais virulentos cantados em polonês. (Pagan Records)

Akrotheism - «The Law Of Seven Deaths» (Grécia, black metal) Akrotheism formaram-se em 2012 para realizar black metal violento, mas experimental, explorando as profundas questões de esoterismo e filosofia. Akrotheism tem estudado cuidadosamente o seu segundo álbum, «The Law of Seven Deaths», é um verdadeiro labirinto de atmosfera além da cortina e agressão dinâmica e estonteante. (Osmose Productions)

Cerebrum - «Iridium» (Grécia, Technical Death Metal) Os aficcionados técnicos de death metal lançam um álbum alucinante de intensa e complexa música death metal que não abandona os valores soul e emotivos em favor da tecnicalidade. Este é um death metal pesado, rítmico e visceral que continua a ser um desafio. Tudo é garantido para fornecer máxima clareza, apesar do caos prevalecente (e essencial). (Transcendin Obscurity Records)

Narrenwind - «Mojej Bolesnej Snie Dobra Smierc» (Polónia, black metal) NARRENWIND (wind of fools) é mais uma banda vinda da cena polonesa do Black Metal. Apresentando o multiinstrumentista Ævil e Klimørh nos vocais, a banda evidencia a boa influência e velha mescla dos Bathory com a aura sombria

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Master - «Vindictive Miscreant» (Rep. Checa, Death Metal) As lendas do Death Metal, Master, desencadeiam o tão aguardado novo álbum intitulado «Vindictive Miscreant». Este é o encapsulamento perfeito do seu corajoso som de marca registrada com experiência e habilidades. Poucas bandas foram capazes de

continuar no caminho em que foram esculpidas, e mais de três décadas e meia depois, os Master ainda fazem isso com notável desenvoltura. (Transcending Obscurity Records) Illimitable Dolor - «Leaden Light» (Australia, Atmospheric Death Doom Metal) Mestres australianos da cena atmospheric death/doom metal retornam após lançar uma brilhante álbum de estreia que foi louvado em todo o mundo por sua sinceridade e pureza de expressão. «Leaden Light» continua onde ficaram, encharcados de melancólica melancolia e despertando memórias desbotadas. O som é mais puro, mais refinado e mais claro em expressão do que antes, e permanece por muito tempo em seus pensamentos. (Transcending Obscurity Records)

Nattravnen - «Kult Of The Raven» (Inglaterra, Dark Death Metal) Nattravnen é sobre a lenda de Night Raven, para o qual Kam escreveu uma história real, além de completar as letras do álbum. Jonny Petterson e Wombbath criarma uma música sublime que é death metal misturada com elementos black metal e doom atmosférico, sendo devastadoramente pesada num estilo que será a sua marca registrada. Juntos, a dupla inventou não apenas um dos álbuns de death metal mais interessantes de hoje, mas também um com raro


valor duradouro e musicalidade superior. Este é essencialmente death metal obscuro com melhor expressão e escopo. (Transcending Obscurity Records) Veilburner - «A Sire To The Ghouls Of Lunacy» (EUA, Experimental Black Death Metal) Veilburner aceleraram o seu crescimento e apresentaram versões mutantes de sua infame cacofonia de black / death metal. Esta é uma música complicada, imprevisível e francamente inovadora neste estilo - não há duas músicas iguais e partem em direções diferentes depois de conjurar algumas das músicas mais grotescas e vis. Esta é uma música experimental do mais alto nível que consegue misturar passagens estranhas, solos distorcidos e até mesmo cantar nesta intensa música black / death metal, algo que poucas bandas conseguiram alcançar sem perder coerência e integridade. (Transcendin Obscurity Records) Dun Ringill - «Welcome» (Suécia, Doom Metal with Folk influences) Para tornar este projeto emocionante, a banda uniu-se a alguns dos melhores músicos que a cena de Gotemburgo tem a oferecer. Do que começou como um projeto sombrio e doomático com influências folclóricas nórdicas, criar música com grandes harmonias e apresentá-las com letras, na terra do mal e da escuridão, que estavam escondidas atrás de uma porta fechada na mente de Winberg, tournou-se algo maior: DUN RINGILL. (All Noir) Okkultist - «Reinventing Evil» (Portugal, Death Metal) OKKULTIST, as feras Death Metal portuguesas, lançaram o seu aguardado álbum de estréia «Reinventing Evil». Inspirados pelos gostos de Master, Abomination, Morbid Angel, Death ou Dismember, OKKULTIST pega no Death Metal impuro dos anos 90. OKKULTIST tornou-se

a primeira banda a assinar pela editora de Fernando Ribeiro, ALMA MATER RECORDS. É melhor estar preparado para algumas vibrações infernais e uma marca mortal de Death Metal. (All Noir)

Crypt Trip - «Haze County» (EUA, Hard Rock) Os Crypt Trip estão de regresso! Após o seu último álbum, «Rootstock», os roqueiros do Texas entregam mais sons americanos cósmicos diretamente aos seus ouvidos, mente e alma. O novo álbum, «Haze County», sonora e liricamente explora as complexidades do espaço e do tempo, misturando elementos de hard rock, música psicadélica e rural, onde cada faixa é única e tem algo diferente a dizer. (All Noir) Drawn Into Descent - «The Endless Endeavour» (Bélgica, Black Metal) Fiel às suas raízes, os belgas continuam a mergulhar nas águas escuras entre o black metal atmosférico, o blackgaze e o pós-rock. «Drawn Into Descent» são cinco músicas por mais de quarenta e cinco minutos de jogo, naturalmente de batidas explosivas e gritos desesperados. «The Endless Endeavour» é esculpido num som único e pessoal, lidando com as tristes e despreocupadas emoções da vida. Uma dualidade aparentemente conflituante, assim como as suaves guitarras do blackgaze oposto à raiva do black metal atmosférico. (Avantgarde Music)

Enisum - «Moth’S Illusion» (Itália, atmospheric black metal) De volta da floresta do Piemonte estão os ENISUM, mais uma vez, entregando o seu black metal atmosférico infundido pela tradição. O quarto álbum desde a mudança do projeto de “one-man” para uma banda completa, «Moth’s Illusion» no animado underground extremo italiano, a banda construiu um som e personalidade próprio. (Avantgarde Music) Phobonoid - «La Caduta Di Phobos» (Itália, cosmic / industrial black metal) Phobonoid é o projeto do “oneman” de Lord Phobos, multiinstrumentista originário das Dolomitas, no nordeste da Itália. «La Caduta Di Phobos», “A Queda de Phobos”, é um álbum conceitual de ficção científica sobre a futilidade da busca humana por respostas aqui representadas através de “uma viagem espaçotemporal através de planetas e asteróides”. (Avantgarde Music) Deserted Fear - «Drowned By Humanity» (Alemanha, Death Metal) Ao longo de três álbuns brutalmente bons, os Deserted Fear tornaram-se no mais brilhante dos death metal do seu país. Com este novo álbum, «Drowned by Humanity», o trio baseado na Turíngia está-se a preparar para expandir a sua marca de death metal carregada de groove ao mundo. (Century Media)

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Hexvessel - «All Tree» (Finlândia, Psychedelic Forest Folk Rock) Fundada nas florestas mágicas da Finlândia, através das terras verdes e agradáveis da ​​ Inglaterra e da Irlanda, HEXVESSEL é um povo comum. Estabelecendo-se num país onde a mitologia, a tradição e a herança pré-cristã ainda estão bem vivas, HEXVESSEL encontrou consolo na constante reflexão do passado pagão da Finlândia, despertando o conhecimento secreto. (Century Media) Helheim - «Rignir» (Noruega, Viking/Black Metal) Por mais de duas décadas, HELHEIM representou a herança nórdica através de músicas e letras, com uma autenticidade e uma integridade que é frequentemente diluída nos chamados gêneros “Viking”. Com «Rignir», a banda voltou-se novamente para a sua herança ao escrever os poemas que formam a letra do álbum, inspirando-se no ljóðaháttr, uma forma de verso alterativo nórdico antigo usada amplamente nos Eddas. Este é o décimo álbum completo dos Helheim. (Dark Essence Records) Latitudes - «Part Island» (Inglaterra, Sludge/Post-Metal) No quarto álbum, os LATITUDES tecem o poder metálico emotivo e a vulnerabilidade do estado de sonho. Inserindo os vocais em todas as faixas do álbum pela primeira vez nos 12 anos da banda, o «Part Island» é uma coleção dinâmica cheia de tristeza e arrependimento. Encabeçado por uma performance de pura honestidade do vocalista Adam Symonds, o disco incorpora violão, piano e sintetizador analógico dentro de volutas melódicas do Black Metal, pesadelos contemplativos e a melancolia das composições indie, folk e shoegaze. (Debemur Morti Productions) Aoratos - «Gods Without Name» (EUA, Black Metal) A mais nova oferenda crepuscular

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de Naas Alcameth, «Gods Without Name» é a primeira descida às profundezas distorcidas de uma nova entidade criativa, AORATOS. Um redemoinho de tremendos riffs hipnotizantes e aterrorizantes, percussão implacável, e os uivos sempre torturados de Naas Alcameth permeiam esse abismo musical, um contraponto penetrante ao zumbido ondulante e paisagens sonoras ambientes obscuras. (Debemur Morti Productions)

Asthma Castle - «Mount Crushmore» (EUA, stoner metal/ sludge) Auto-descrito como “metal pesado”, os ASTHMA CASTLE manifestam uma mistura única de heavy metal / rock, heavy metal, prog e sludge. «Mount Crushmore» é um rastro de seis pistas e trinta e sete minutos. Sejam os grooves mais pesados, os gemidos enfurecidos, os riffs agressivos, uma coisa é certa, será sempre um bom tempo roubar as almas com o ASTHMA CASTLE. (Earsplit) Dead To A Dying World - «Elegy» (EUA, elemental dark metal) Seguindo o ambicioso álbum de 2015 «Litany», «Elegy» vê o septeto levar o seu espírito criativo a uma nova apoteose, resultando numa obra mais focada e comovente até o momento. Com «Elegy», DEAD TO A DYING WORLD fabrica uma vasta paisagem auricular em tal florescimento, sendo um dos principais componentes musicais do álbum, os surtos melódicos

monolíticos que prosperam em todo o seu discurso, seja através dos floreios metalúrgicos pós-black mais agressivos que se contrapõem aos componentes melódicos mais melancólicos. (Earsplit) Shabti - «Trembling And Shorn» (EUA, technical black/death metal) O tão aguardado segundo álbum de SHABTI, «Trembling And Shorn», emprega quarenta e dois minutos de death enigmático precisamente calculada e selvagemente executada, numa manopla de riffs técnicos de arame farpado entregues com a força percussiva. (Earsplit)

Lucy In Blue - «In Flight» (Islândia, psychedelic and progressive rock) A cena rock / metal islandesa tem prosperado nos últimos anos, mas ainda não vimos muitas bandas de rock progressivo e psicadélico. Assim, chegaram os Lucy In Blue, um jovem quarteto que realmente fez uma óptima mistura inspirada nos primeiros trabalhos do Pink Floyd, King Crimson, Camel e os grandes mestres psicadélicos e progressistas do final dos anos 60 e início dos anos 70. (Karisma Records) Fervent Mind - «Tranquilize» (Noruega, progressive rock/metal) Fervent Mind é uma nova banda progressiva, dinâmica e cativante da florescente cena musical de cross-genre de Oslo, Noruega. Formada pelo cantor e compositor Live Sollid em 2014, eles desenvolveram um som único e original. A sua música equilibra


o áspero e o delicado, com elementos de pós-rock e metal, bem como dream pop, hop trip e jazz contemporâneo. (Karisma Records)

Caravela Escarlate - «Caravela Escarlate» (Brasil, symphonic prog) «Caravela Escarlate» é o segundo álbum da banda de mesmo nome, originalmente lançado no Brasil em 2017, é um grande passo à frente do álbum de estreia «Raschuno». Onde a estreia foi mais acústica, «Caravela Escarlate» é muito mais voltada ao teclado e o rock progressivo clássico. (Karisma Records) Sol Sistere - «Extinguished Cold Light» (Chile, Atmospheric Black Metal) É preciso amar um álbum com um título como «Extinguished Cold Light». Ele diz muito sobre o que se pode esperar do registro em termos de densidade e paisagens sonoras sobrenaturais. Os Sol Sistere aproveitam tudo isso e, com ousadia, acompanham tudo o que o título do álbum tem para oferecer e mais um pouco. «Extinguished Cold Light» equilibra elegantemente a escuridão e a luz, usando melodias-chave menores e guitarras trêmulas para criar paisagens sonoras poderosas que contam uma história. (Hammerheart Records) Undead Prophecies - «Sempiternal Void» (Internacional, Old school Death Metal)

Os aficionados do Death Metal da velha escola, sabem do quão relevante o género ainda significa hoje, em oposição ao insanamente sofisticado technical death metal que gentilmente foi aparecendo nos últimos anos. Seguidores entusiastas de genuínos death metal originais encontrarão em Undead Prophecies a revitalização que honra o autêntico Death Metal da velha escola. (Listenable Records)

Waylander - «Erius Wheel» (Irlanda, Folk Metal) Os WAYLANDER ganharam uma posição de destaque na nova cena Folk Metal, graças ao acréscimo de um elemento novo de timewhistle no line-up. «Ériú’s Wheel» é o primeiro álbum conceitual da banda que trará o ouvinte numa jornada aos comandos do ano pagão, começando no Samhain e terminando no Equinócio de Outono. As 9 composições encapsularão a atmosfera das estações em mudança, assim como a vibração festiva, porém solene, dos quatro festivais de fogo, solstícios e equinócio. (Listenable Records) The Munsens - «Unhanded» (EUA, Stoner/Doom Metal) Os MUNSENS fazem barulho de uma masmorra da Colfax Avenue, tendo construído um lugar próprio na muito elogiada cena do metal de Denver nos últimos anos. O seu álbum de estréia, «Unhanded», é um passo numa nova direção, fundindo elementos das primeiras

influências dos membros no punk, black metal e hardcore. (Earsplit) Dying Gorgeous Lies - «The Hunter And The Prey» (Alemanha, Female Fronted Thrash Metal) Os DYING GORGEOUS LIES continuam a sua evolução musical, notando-se isso claramente no novo álbum. Com a adição do tecladista / pianista Jay’Na D., as músicas mostraram-se mais abertas e melódicas, sem perder o seu peso. A voz de Liz também continua crescendo e crescendo, tornando-se ainda mais brutal e variada do que antes! (Massacre Records) Thormesis - «The Sixth» (Alemanha, Pagan/Post Black Metal) THORMESIS é uma instituição da cena alemã do Black Metal e estabeleceu-se com a sua própria referência em termos de liberdade criativa e estilo inconfundível entre as mais diversas características musicais do género. Com o seu sexto álbum de estúdio, «The Sixth», os alemães do sul provam mais uma vez que não estão prontos para serem empurrados para uma gaveta. Entre o moderno Post, e o Pagan Black Metal de seus primórdios, o Thormesis conseguiu criar o seu próprio lugar para a sua música com as suas composições sofisticadas. (MDD Records)

Tyr - «Hel» (Ilhas Faroé, Progressive/Folk Metal) Com «Hel», os Týr das Ilhas Faroe

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fornecem evidências ainda mais irrefutáveis de ​​ que estão na vanguarda do metal Escandinavo. O seu oitavo LP é uma coleção de folk metal impiedosamente melódico e irresistivelmente irresistível, que irá ressoar imediatamente com qualquer um que tenha seguido a banda durante as duas décadas de carreira célebre que levam. (Metal Blade) Aenimus - «Dreamcatcher» (EUA, technical deathcore) Com um arsenal de habilidades técnicas prontas para serem lançadas ao mundo, os nativos da Bay Area, AENIMUS, trouxeram um estilo único e progressivo de música que está a começar a estabelecer um sério senso de vibração em toda a comunidade do heavy metal. (Nuclear Blast)

Beast In Black - «From Hell With Love» (Finlândia, Melodic Heavy/ Power Metal) Continuando com o mesmo estilo de composição que começaram, os BEAST IN BLACK criaram uma nova série de canções viciantes e implacáveis. A banda secretamente forjou 11 novas faixas que compõem o altamente esperado novo álbum, «From Hell With Love». (Nuclear Blast) Bloodthirst - «I Am Part Of That Power Which Eternally Wills Evil And Eternally Works Wrong» (Polónia, Thrash Metal) O quarto LPda banda de thrash metal polonesa BLOODTHIRST, chama-se « I Am Part Of That

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Power Which Eternally Wills Evil And Eternally Works Wrong». Este álbum conceito contém 9 faixas cheias de filosofia Nietzschean e Thrash Metal agressivo. (Pagan Records)

Drudkh - «A Few Lines In Archaic Ukrainian» (Ucrânia, Black Metal) A formação ucraniana de black metal DRUDKH, apresenta poesia black metal no seu melhor. « A Few Lines In Archaic Ukrainian», reúne uma coleção de faixas muitas vezes negligenciadas, que devem ser ouvidas por qualquer fã do trabalho de Sayenko. Os DRUDKH são sem dúvida, influentes e únicos na cena black metal. O som de DRUDKH é igualmente baseado numa base sólida que consiste na tradicional variante nórdica desse estilo, assim como na interpretação “eslava” individual da banda. (Season of Mist) Sinmara - «Hvisl Stjarnanna» (Islândia, Black Metal) Os Sinmara voltam com o seu muito aguardado segundo álbum «Hvísl Stjarnanna»! Um monumento à deusa bruxa das trevas do grupo, guardiã da espada maligna Lævateinn, «Hvísl Stjarnanna» é unida tematicamente por mitos relacionados a sereias, fantasmas e espíritos malévolos que chamam o além. Musicalmente, o álbum vê a banda progredir no estilo anterior, vindo a banda infundir o seu caótico e poderoso Black Metal com uma riqueza melódica que remonta aos ancestrais tradicionais do estilo escandinavo. (Ván Records)

Booby Trap - «Stand Up And Fight» (Portugal, Crossover/ Thrash Metal) Os Booby Trap continuam a apostar no seu característico Crossover / Thrash com uma forte influencia no final dos anos 80 anos. Em termos líricos, a banda continua a ter o papel de alguns segmentos da sociedade desde sempre o povo e a liberdade de pensamento; religião, guerra, política e há algumas coisas no desenho. (Independentes) Triste Terre - «Grand Œuvre» (França, Occult atmospheric Black Metal) «Grand Œuvre», que poderia ser traduzido tanto pela “Grande Obra” como pela “Obra Prima”. Um baptismo acima da fonte de arrogância ou auto zombaria para o primeiro álbum dos Triste Terre. Um black metal atmosférico ressoando nos ecos clássicos das horas mais sombrias de Bach. Vibratos internos de clareza excruciante e grandes rugidos dignos de um profeta rompem conceitos e liturgias, aspirando sempre a esferas superiores. (LADLO Productions) Numenorean - «Adore» (Canadá, Post black metal) Contrastando a desolação de seu álbum de estreia «Home», os canadianos NUMENOREAN, apresentam um pós-black metal que marca o seu segundo trabalho «Adore», numa série de tons mais claros, sem nunca perder a intensidade. Formando a antítese


do álbum anterior, «Adore» adopta uma abordagem mais vibrante, tanto musical quanto temática. (Season of Mist)

Ligfaerd - «Den Ildrode Konge» (Dinamarca, Black Metal) O terceiro álbum do trio dinamarquê LIGFAERD intitulado «Den Ildrøde Konge» está a chegar. Na tradição da banda, as letras não vêm apenas em dinamarquês, mas continua o seu caminho na mais obscura arte do metal e entrega uma besta feroz do puro mal. (All Noir) Little Villains - «Philthy Lies» (EUA, heavy rock) Como se fossem enviados pelo Rock ‘n Roll Heaven, fãs de todo o mundo poderão experimentar o distinto e feroz talento do falecido Phil “Philthy Animal” Taylor mais uma vez! A música de Philthy vai brilhar no verdadeiro espírito de MOTÖRHEAD com a sua excepcional performance no álbum»Philthy Lies», demonstrando que suas explosivas técnicas de bateria estavam mais do que intactas. Apesar das circunstâncias pessoais que impediram a banda de irromper, o grupo decidiu que a música merece ser ouvida como testemunho do falecido membro fundador. (All Noir) Sadness - «Rain» (EUA, Depressive Black Metal) Padrões embaçados de bateria eletronica, sintetizadores pouco claros e gritos de outro mundo ainda são a marca registrada do

Sadness ao longo dessas seis novas faixas de «Rain», com menos de quatro a quase dezessete minutos de duração. Black metal depressivo e blackgaze fundem-se ao longo de cinquenta e três minutos, e mesmo que as letras sejam mais uma vez não reveladas, o clima sombrio e etéreo do álbum torna as palavras apenas acessórias. (Avantgarde Music)

Backyard Babies - «Sliver Gold» (Suécia, rock’n’roll) Há 30 anos, Backyard Babies oferece o melhor do rock’n’roll, tanto ao vivo como gravado. Enérgico e poderoso, a banda prova que estão em melhor forma do que nunca e certamente tem material suficiente para durar pelo menos mais 30 anos. (Century Media) Buckcherry - «Warpaint» (EUA, Hard Rock) Pergunte a Josh Todd sobre a inspiração por trás do «Warpaint», o oitavo álbum de estúdio dos Buckcherry. «Warpaint» oferece um soco aural, uma ousadia refrescante - mesmo nas baladas e apresenta um excelente trabalho de guitarra. (Century Media) QUEENSRŸCHE - «The Verdict» (EUA, Heavy/Power/Progressive Metal) Facto: QUEENSRŸCHE nunca foi uma banda para descansar nos seus louros. Numa carreira marcada pelo cenário de caos cultural do novo milénio, eles permaneceram constantes;

musicalmente inovador e liricamente instigante. Um dos nomes mais respeitados do rock que resistiu à tempestade e tem agora com «The Verdict», um álbum que ecoa as três décadas de pontos altos da carreira dos QUEENSRŸCHE. (Century Media) The Picturebooks - «The Hands Of Time» (Alemanha, Hard Rock) Os PICTUREBOOKS voltaram ao seu próprio estúdio de gravação, impulsionado por inspiração e autoconfiança. O objetivo era adicionar uma nova vibe à sua música, mantendo-se fiel à estética sonora que criaram. Eles usaram a sua inspiração para trabalhar mais na produção de «The Hands of Time» e experimentar um som característico e até introduzirem novos instrumentos como piano ou sinos tubulares. (Century Media) Sšhnopfer - «Hic Regnant Borbonii Manes» (França, Melodic Black Metal) A visão única e criativa do multiinstrumentista Ardraos, está bem patente em «Hic Regnant Borbonii Manes» e vê os SÜHNOPFER dispara a todo o gás, criando o seu lançamento mais virtuoso até hoje. Um tour de force de Black Metal melódico, «Hic Regnant Borbonii Manes» é um redemoinho de majestade capetiana, uma união de raiva profana e beleza melódica crua. Sinfonias empoladas de várias guitarras dominam este álbum do começo ao fim ao lado de explosivos rítmicos de artilharia e gritos estentores. (Debemur Morti Productions) Haze Mage - «Chronicles» (EUA, Stoner/Doom Metal) Os HAZE MAGE criaram um metal de fantasia anti monológico que transporta os ouvintes para um mundo de antigas florestas sombrias, feras selvagens e paisagens peculiares, engolfadas por um miasma ameaçador de neblina assombrosa. (Earsplit) Romasa - «Cheering Death» (EUA, Sludge Metal/Crust)

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O trio de sludge/crust ROMASA, tem aqui o seu primeiro LP «Cheering Death». ROMASA - que significa bela e sugere que há uma beleza distorcida inerente à imundície - foi forjada como uma tentativa de aplicar um filtro único a uma fusão de crust, sludge, hardcore dos anos 90 , old school death metal e pós-metal, entre várias outras influências. (Earsplit) Thunderclap - «Inebriocean» (EUA, Doom/Sludge Metal) Suavemente fundindo elementos de metal e rock clássico numa espessa camada de sulcos groove e doom, os THUNDERCLAP combinam poesia e música com diferentes movimentos, tons e emoções, reunindo uma experiência completa para os ouvintes, em vez de apenas uma música unidimensional. (Earsplit) Totaled - «Lament» (EUA, blackened hardcore) Expirando as cinzas da acrimônia, TOTALED materializou-se em 2017 e gravou o seu álbum de estreia, ferozmente num tom blackned-hardcore, «Lament». Explosões e d-beats batendo em órbitas perifericamente orbitantes do negro pixelado, sob a densidade pulverizadora da distorção niilista do baixo, numa oferta triste de sombrias tensões fúnebres. (Earsplit) Cirith Gorgor - «Sovereign» (Holanda, Black Metal) Os Cirith Gorgor consolidaram a sua posição como a banda número 1 de Black Metal do Benelux ... «Sovereign» deixa apenas terra arrasada! Dentro da cena do Black Metal da Holanda, Cirith Gorgor é a banda mais respeitada, de longe e sem nenhuma competição e com um som e estilo mais old-school. (Hammerheart Records) Oceanwake - «Lights Flashing In Mute Scenery» (Finlândia, Progressive Death/Doom Metal/ Post-Metal) Os cinco músicos da cidade costeira de Luvia atraem uma atenção desconfortável e

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imprevisível. O caminho dos finlandeses nunca continua em linha recta. Galhos permanentes, linhas paralelas e caminhos dificilmente reconhecíveis garantem o progresso. Portanto, é importante permanecer atento e prestar atenção a todos os sinais e sons. A arte multicamadas dos OCEANWAKE inclui música, letras, conceitos e encenações. Ao longo dos anos, os finlandeses encontraram um Som pesado orgânico experimental e progressivo e abrangente que se destaca por si mesmo. (Lifeforce Records)

Realms Of Odoric - «Third Age» (Bélgica / Alemanha, Classical/ Soundtrack) Depois de 2 anos de trabalho, preenchido pelo MCD «Era Cymbric», com «Third Age» é o quarto e último capítulo da saga Odorica. O excepcional projeto do artista Kris Verwimp e o músico e compositor Arkadius Antonik, chega a este álbum para uma conclusão digna da história que Kris Verwimp criou. Com composições multi-camadas e orquestrais de Arkadius, as numerosas ilustrações de Kris Verwimp, como uma banda sonora épica, os Realms Of Odoric estão cheios de vida. (MDD Records) Vargsheim - «S”Hne Der Sonne» (Alemanha, Black Metal/Black ‘n’ Roll) Quatro anos após o seu último álbum, «Träume der Schlaflosen», o quarto álbum da

banda VARGSHEIM, intitulado «Söhne der Sonne». Este último trabalho é uma jornada blackmetalic que liricamente trata da superestimação das próprias capacidades, da autoconsciência, da arrogância humana e da devastação do tempo. (MDD Records)

Overkill - «The Wings Of War» (EUA, Thrash Metal) Numa época em que a música está disponível instantaneamente e as bandas aparecem e desaparecem rapidamente, o poder e resiliência permaneceu tão resoluta como sempre. Novas fronteiras não são muitas vezes conquistadas no mundo moderno do heavy metal, mas os OVERKILL permanecem imperturbável pela crescente presença dos medias sociais, internet moderna, demanda por serviços de streaming e um senso geral de competição entre o mar de outras bandas de metal tentando para fazer um nome para si, hoje. «The Wings Of War» é o seu 19º álbum é a combinação definitiva de brutalidade repugnante e melodia viciante. (Nuclear Blast) Whitechapel - «The Valley» (EUA, Deathcore) A produção dos Whitechapel foi encoberta na escuridão, nunca habitando eles um território mais negro do que o que os encontramos neste 7º LP, «The Valley». Os titãs de metal de Knoxville têm uma nova coleção de músicas sob o seu cinturão, onde cada registro que a banda faz é um


passo importante na construção o legado dos Whitechapel, e «The Valley» não é uma excepção. (Metal Blade) Holding Absence - «Holding Absence» (Pais de Gales, Metalcore) Holding Absence entende, aprecia e adora o sentimento do amor e investiga as profundezas obscuras sobre isso, e o seu auto-intitulado álbum de estreia, que levou dois anos a desenvolver, é um trabalho que puxa as cordas do coração em todas as direções com total facilidade e um que viu o vocalista Lucas Woodland levar ao limite absoluto de suas capacidades emocionais. (Nuclear Blast) In Flames - «I, The Mask» (Suécia, Metalcore/Alternative Rock) Neste ponto, os IN FLAMES é menos uma banda do que uma instituição musical no mundo da música pesada. Desde que ajudaram a criar o lendário “Gotemburgo Sound” da Suécia, há três décadas, a seu status atual de monólitos de metal melódico, vai evitando as tendências a fim de forjar seu próprio caminho musical. Isso é evidente no seu 13º LP «I, The Mask». (Nuclear Blast)

Frozen Crown - «Crowned In Frost» (Itália, Power Metal) «Crowned In Frost» é o novo álbum dos Frozen Crown, vindo um ano após o muito bem sucedido álbum de estreia «The Fallen King», que deu à banda enorme exposição. Desta vez, o mentor e compositor

Federico Mondelli ampliou os componentes Classic / Heavy e Power Metal da banda, fazendo de «Crowned In Frost» um álbum mais agressivo e monolítico, mantendo o ouvinte envolvido num som rico e de grande variedade músical. (Scarlet Records)

como um mínimo de zumbido experimental, hoje ele inaugura uma nova era de experimentação com «Deer Pink», que oferece seis faixas exuberantes que proporcionam diversos tons e movimentos avant / experimentais. (Earsplit)

Saint Vitus - «Saint Vitus» (EUA, Doom Metal) Com Thrash Metal numa ascensão furiosa, o som ultra-pesado dos SAINT VITUS foi apreciado principalmente por conhecedores de Doom e um dedicado seguimento underground. Desde os primeiros acordes de guitarra, aquele inconfundível som de assinatura de Dave Chandler, qualquer adepto do clássico doom metal saberá imediatamente: isto é SAINT VITUS. (Season of Mist) Sataray - «Nocturnum» (EUA, dark ambient) Nos últimos anos, SATARAY vem compondo, executando e gravando a sua própria música, focando intencionalmente num som específico. As suas exibições ao vivo criam um ambiente e uma atmosfera ritualísticos, muitas vezes incluindo elementos de arte performance, como dança butoh e outras inspirações de movimento. (Earsplit)

ZVI - «Deer Pink» (EUA, Experimental Music) ZVI é o eclético projeto solo do multi-instrumentista Ron Varod. Enquanto o material de ZVI anterior pode ser interpretado

Protector - «Summon The Hordes» (Alemanha, Thrash/Death Metal) O novo álbum dos veteranos do Thrash Teutonic PROTECTOR, completa o que se pode descrever como um hat-trick clássico. Depois de um glorioso retorno à forma original em «Reanimated Homunculus», Martin Missy e companhia novamente acertam o olho proverbial com «Summon the Hordes», um epítome de consolidação e rejuvenescimento. (Independentes) Deep Sun - «Das Erbe Der Welt» (Suiça, Symphonic Metal) Os DEEP SUN queria basear o seu terceiro álbum «Das Erbe der Welt» num conceito. Como todos os membros da banda estão interessados ​​em inteligência artificial e em todo o progresso tecnológico, o DEEP SUN decidiu basear o tema do álbum nesses tópicos. É por isso que o álbum - tanto musical quanto lírico recebeu um toque novo e um pouco futurista em comparação ao som anterior do DEEP SUN. (Massacre Records) Any Given Day - «Overpower» (Alemanha, metalcore) Em «Overpower», Any Given

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Day aperfeiçoou a mistura única de brutalidade indisciplinada, melodias irresistíveis e uma atração inacreditável. Cercado pela grande musicalidade, o vocalista Dennis Diehl, lida com os dois grunhidos e vocais limpos. Basta ouvir qualquer uma das faixas do álbum, para ver o poder de metal moderno. (Nuclear Blast)

Exumer - «Hostile Defiance» (Alemanha, Thrash Metal) «Hostile Defiance», o quinto LP dos Exumer, é exatamente o que o título sugere. Um total de 42 minutos no ataque, a facção thrash não detém nada enquanto desencadeiam o inferno como só eles podem, ainda com mais variedade e dinâmica do que nunca. O resultado é uma mistura de material composto por números rápidos e thrash, ganchos melódicos e músicas de ritmo médio. (Metal Blade) Children Of Bodom - «Hexed» (Finlândia, Black Metal) Formados em Espoo, na Finlândia, em 1993, originalmente sob o nome de Inearthed, os CHILDREN OF BODOM tiveram um extraordinário início de carreira. 2019 acena com uma nova era para o revitalizado e sanguinário Hate Crew, que apresenta o seu 10º álbum de estúdio «Hexed». (Nuclear Blast) Fallujah - «Undying Light» (EUA, progressive death) Os californianos de progressive death metal FALLUJAH estão a

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subir e a aventurar-se no novo álbum, «Undying Light». Com o novo vocalista firme numa posição e num ataque de compositor que não preenche todos os obstáculos, «Undying Light» não é a continuação de «Dreamless», é sim um enorme salto em frente. (Nuclear Blast) Crowhurst - «III» (EUA, PostBlack/Sludge Metal) Torturado e quebrado, Crowhurst é um metamorfo em música extrema; do noise ao drone, sludge ao black metal. Cada pedaço de música é tem a sua própria página na história de Jay Gambit. A sua música tece influência de géneros variados ao longo de décadas. «III» é um disco verdadeiramente surpreendente. Brutal e atada à dor, uma nova estrutura melódica é descoberta a cada escuta. Elementos de black metal misturam-se perfeitamente com o noise severo dos Crowhurst, sem sacrificar a melodia, já que cada faixa fala com a sua própria voz. (Prophecy Productions) Laster - «Het Wassen Oog» (Holanda, Atmospheric Black Metal) Os Laster evoluíram para uma besta magnífica e indomável no reino da vanguarda e pós black metal. O trio holandês distorceu e ampliou o quadro de metal extremo com o músculo do rock pós-jazz, shoegaze e pop de arte em dois álbuns mais um EP dividido. Agora com seu terceiro álbum «Het Wassen Oog», a banda traz as suas qualidades cineastas para lhe dar um efeito completo. (Prophecy Productions) Sermon - «Birth Of The Marvellous» (Inglaterra, Progressive Metal) SERMON é uma força musical baseada em Londres, e dedicada a pregar o conceito de equilíbrio espiritual e teológico. Num mundo de opinião divisiva e de fé imprudente, a sua produção visa criar uma interseção ponderada para todas as crenças. «‘Birth Of

The Marvellous» é, sem dúvida, uma das estreias mais ambiciosas do Reino Unido nos últimos anos. É uma experiência única, insinuando influências extremas do metal enquanto é construída a partir de fundações alternativas e progressivas. (Prosthetic Records)

Atlas Pain - «Tales Of A Pathfinder» (Itália, Epic-Pagan Metal) «Tales Of A Pathfinder» é o segundo álbum da banda italiana de Epic Pagan, Atlas Pain. Após a impressionante aceitação mediática de «What The Oak Left», a banda está pronta para proporcionar uma experiência única e maravilhosa. Como o resultado dos esforços durou dois anos, o conceito em torno de ‹Tales Of A Pathfinder› encontra sua base em um conto de fadas épico, como o ouvinte será levado numa viagem no fim do mundo, fazendo-o descobrir terras desconhecidas e culturas ocultas. (Scarlet Records) October Tide - «In Splendor Below» (Suécia, Melodic Death/ Doom Metal) Com uma história que remonta ao epicentro do death metal melódico na Suécia, os OCTOBER TIDE percorreram um longo caminho e gerou uma faísca que é fortemente sentida na energia da cena. «In Splendor Below» é a mais recente adição à sua vibrante discografia de arte de death / doom metal, emotiva e impulsionada pela guitarra. Eles preferem que a música fale por si mesma, sendo


o novo álbum é um pouco mais agressivo, um pouco mais death metal, e com uma sensação geral mais fria do que os álbuns anteriores. (Agonia Records) Sabbath Assembly - «A Letter Of Red» (EUA, Psychedelic Rock) «A Letter of Red» é o sétimo álbum dos Assembléia Sabatina. A música de The Letter of Red deve mais ao hard rock galopante dos anos 70 do que aos progressivos meandros de Rites of Passage. Sabbath Assembly tem a honra de apresentar o seu sétimo capítulo. (All Noir) Lice - «Woe Betide You» (Suécia, Avantgarde Black Metal) Os LICE oferecem exatamente o que é necessário na atual cena do metal: Uma dolorosa honestidade. «Woe Betide You» gira em torno de temas atemporais, como a beleza estonteante da decomposição, a sabedoria eterna da faca do assassino. Pouco se sabe sobre as atividades deste coletivo desigual, exceto que Niklas Kvarforth (SHINING) e J (TEITANBLOOD), são dois temíveis monstros de comportamento sábio. (Season of Mist) Violet Cold - «Kosmik» (Arzebeijão, blackgaze / postblack metal) Quantas bandas extremas conhece vindas do Azerbaijão? Sim, é mesmo isso. Só este facto poderia ser suficiente para se interessar por Violet Cold, o projeto de estúdio de um homem, Emin Guliyev, em 2013. O homem super-criativo de Baku lançou vários álbuns e eps e inúmeros singles nos últimos seis anos, mas nada como «kOsmik». Por uma vez, aqui realmente está uma banda que atrai influências de tantos géneros diferentes, nunca deixando de criar músicas que vão variam livremente entre elas. Violet Cold percorreu diferentes estilos ao longo de sua curta carreira, mas «kOsmik», o oitavo álbum de estúdio, é um dos lançamentos mais consistentes da banda até à data. (Avantgarde Music)

Novarupta - «Disillusioned Fire» (Suécia, Blackened Sludge Metal) A principal constante dos NOVARUPTA é Alex Stjernfeldt. Quando deixou The Moth Gatherer, Stjernfeldt ficou desiludido enquanto enfrentava um futuro incerto e sombrio. Alimentado pela depressão e frustração e pela necessidade de explorar uma direção musical mais profunda e sombria, ao mesmo tempo em que retorna às raízes de onde veio, assim nasceu NOVARUPTA. (Earsplit)

Smoulder - «Times Of Obscene Evil And Wild Daring» (Canadá, epic doom/power metal) Impulsionada pelo sucesso de sua demo «The Sword Woman», chegam os SMOLDER, um quinteto de doom / power metal épico canadiano que combina um conhecimento de metal obscuro com histórias brilhantes no seu primeiro LP, «Times of Obscene Evil e Wild Daring». (Cruz Del Sur Music) Spirit Adrift - «Divided By Darkn» (EUA, Doom Metal) O terceiro álbum do SPIRIT ADRIFT, «Divided By Darkness», cumpre a promessa revelada pela primeira vez em «Curse Of Conception» e, em seguida, avança muito além dele em todos os sentidos, alcançando um álbum atemporal. Entre as muitas divergências estilísticas dentro do rock e do metal, «Divided By Darkness» dos SPIRIT ADRIFT entende que não

há substituto para a ambição enorme, o lirismo com alma e, mais importante, a capacidade de um riff imaculadamente escrito e um refrão apaixonado para alterar corações e mentes. (Earsplit) Vaura - «Sables» (EUA, Avantgarde/Post-Black Metal) O quarteto sempre em evolução, VAURA, segue o álbum de 2013, «The Missing», quase seis anos depois, com «Sables», o seu lançamento mais refinado e contemplativo até hoje. Introspectivo e sombrio, «Sables» descobre que a banda está abandonando a maior parte do seu peso pós-metal em favor de experimentalismos e elementos mais vanguardistas. O que continua a impulsionar a banda é a sua paleta sonora cada vez maior. (Earsplit) Lee Mckinney - «Infinite Mind» ( Progressive Metal Instrumental) Lee McKinney já é bem conhecido, pela sua banda BORN OF OSIRIS, mas agora McKinney mostra o seu verdadeiro arsenal de composição de canções de guitarra com o expansivo lançamento a solo «Infinite Mind». Com este trabalho, McKinney usa vários estilos musicais com cada faixa, sempre numa vertente totalmente instrumental, constituindo um passeio emocionante do começo ao fim! (Independentes) Obzerv - «Acherontia Atropos» (Grécia, Progressive Math Metal) Uma sinfonia de intimação sonora, exploração lírica e destreza técnica, os metaleiros gregos Obzerv lançam um som que avidamente atrai a atenção, mas igualmente, furtivamente persuade e seduz com uma imaginação voraz. O novo álbum «Acherontia átropos» é a música do quinteto de Creta que é mais misteriosa e aventureira. (Independentes) Per Wiberg - «Head Without Eyes» (Suécia, ROCK / STONER / DOOM) A estreia a solo de Per Wiberg com o álbum «Head Without

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Eyes», abre as portas para o multi-instrumentista que tocou teclas, baixo e guitarras com várias bandas. O músico sueco vive da maioria das coisas pesadas nos últimos 30 anos. «Head Without Eyes», é o resultado de uma vontade de avançar constantemente artisticamente. Combine isso, com uma vida inteira de vício em música e colecionar discos, e terá um amálgama de catchy hooks e melodias memoráveis sobre sons agitados que exploram os lados mais experimentais do rock. (Independentes)

Ola Englund - «Master Of The Universe» (Suécia, progressive rock/metal) O guitarrista e produtor sueco Ola Englund, lançará o seu primeiro álbum a solo «Master of the Universe». De acordo com Ola Englund, o álbum solo é algo diferente do que já havia lançado e onde o estilo poderia ser descrito como uma mistura de rock progressivo e metal com influências dos anos 80 e 90, mas numa vertente mais moderna. (Independentes) Kampfar - «Ofidians Manifest» (Noruega, Pagan Black Metal) Aproximando-se dos 25 anos de existência e tendo crescido para se tornar uma das melhores músicas ao vivo, Kampfar parecia pronto para ir e dominar os próximos anos. Este trabalho marcou uma mudança no estilo e expressão da banda, tornando-se a estrela

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principal para os discos que estão por vir. (Indie Recordings) Paragon - «Controlled Demolition» (Alemanha, Heavy Speed Metal) Em tempos, quando as bandas de metal ficam mais suaves, os teclados enfraquecem o som pesado, as composições são feitas de acordo com o livro e todos tentam encobrir músicas medíocres com uma imagem tola! Eles querem provar que o tempo ainda não acabou, mesmo que estejam por aí há mais de 30 anos, escrevendo músicas com a mesma quantidade de paixão e toneladas de diversão de antes. OS PARAGON incorporaram ainda mais velocidade e elementos de thrash no seu som clássico de heavy metal. PARAGON nunca soou tão pesado e brutal, mas também não tão orgânico e verdadeiro como antes! (Massacre Records)

Delirium - «Urkraft» (França, Pagan Metal) Os Francêses Delirium tem estado na estrada no cenário alemão desde 2006 e apresentam o seu aguardado segundo LP com «Urkraft». Aqueles que conhecem a banda sabem o que os aguarda: 8 músicas de Pagan Metal extremamente variadas com muita devoção por grandes melodias, cobrindo um estilo espectro do caos do black metal aos riffs de rock linear. (MDD Records)

Fractal Universe - «Rhizomes Of Insanity» (França, Progressive/ Technical Death) A segunda longa-metragem da Fractal Universe bate tão intelectualmente quanto sonoramente, afirmando o lugar do quarteto francês no mapa progressivo do death metal. «‘Rhizomes of Insanity» é um álbum conceitual baseado num experimento mental em torno do conceito de insanidade. Do começo ao fim, o álbum é uma coleção imersiva, complexa e ao mesmo tempo acessível, rica em melodia, invenção e repleta de riffs. (Metal Blade)

Cellar Darling - «The Spell» (Suiça, progressive folk rock/ Metal) O segundo LP dos CELLAR DARLING, «The Spell», cria um conto de fadas sombrio para a era moderna, contada através de um pesado e intrincado folk rock progressivo, encantando a arte visual e narrativa totalmente imersiva. Em «The Spell», CELLAR


DARLING cimentou o seu som, justapondo a escuridão e a luz, o álbum sobe com melodia, bombeia com passagens pesadas e é salpicado com floreios progressivos, interlúdios folclóricos e elementos clássicos, bem como o uso de instrumentos de sopro e flauta. A banda começou em 2016, depois que Anna Murphy (vocal, malandro), Merlin Sutter (bateria) e Ivo Henzi (guitarra e baixo) deixaram o ELUVEITIE, que todos tocaram por mais de uma década. (Nuclear Blast) Forever Still - «Breathe In Colours» (Dinamarca, Alternative rock metal) O novo álbum mergulha em momentos mais épicos. Para «Breathe In Colors», a banda decidiu trabalhar com um tema futurista e distópico. Depois do suor, do sangue e das lágrimas e do uso surpreendente de um terim, o resultado dos esforços da FOREVER STILL para romper o cinzento anestesiante é um álbum surpreendentemente diversificado e maduro que respira ar fresco - e cores - na cena do rock. (Nuclear Blast)

The Machinist - «Confidimus In Morte» (EUA, Deathcore) Nascidos do ódio e coragem de Nova York, esse quarteto feroz e violento parte a loiça toda com os dedos do meio voando. O seu primeiro LP é «Confidimus in Morte». O álbum homônimo de 2016 acompanhou a onda de deathcore groovy e melódico,

mas o som deles já amadureceu. Num tempo atormentado pela monotonia das tendências, cada banda deve enfrentar o desafio da originalidade, aprimorando cuidadosamente seu som. (Prosthetic Records) Tripsitter - «The Other Side Of Sadness» (Austria, Black Metal, Shoegaze e Hardcore) Os TRIPSITTER começarem em 2014 na Áustria, atraindo fortemente o black metal, shoegaze e hardcore para criar um som único. Eles queriam capturar a sua música num momento, numa cápsula do tempo. Eles acreditam que este modo impulsivo de gravar destaca as suas falhas e habilidades, e ligam-se com os temas do álbum que apresentam perfeições e imperfeições humanas reais. (Prosthetic Records) Gaahls Wyrd - «Gastir Ghosts Invited» (Noruega, Black Metal) Desde que ganhou destaque com sua primeira banda Trelldom, o lendário cantor, frontman, artista e compositor, Gaahl, tem sido um dos músicos de metal extremo mais falados e respeitados da Noruega. É considerado como um dos melhores que a cena black metal teve a oferecer. (Season of Mist) Arstidir Lifsins - «Vapn Ok Vidr» (Islândia, Pagan Black Metal) Os destacados cantores alemães / islandeses Árstíðir lífsins regressam com o seu muito aguardado 4º álbum intitulado «Saga á tveim tungum I: Vápn ok viðr». Desde 2008, a arte de Árstíðir lífsins respira a história dos nórdicos antigos em todos os níveis. Inteiramente cantado em Old Icelandic e geminado com o seu álbum irmão «Saga á tveim tungum II: Eigi fjoll né firðir», «Vápn ok viðr» leva-o numa jornada para as tentativas de poder brutal de (in) famoso rei norueguês Óláfr helgi Haraldsson no início do século XI, como é retratado nas fontes escandinavas medievais vernaculares. Musicalmente,

Árstíðir lífsins prova com «Vápn ok viðr» a sua capacidade de produzir qualidade auditiva: desde padrões de folclore arcaico, suportados por cantos escuros e instrumentos clássicos, até elementos modernos e clássicos do Black Metal, as habilidades musicais materializam. (Van Records) Antropomorphia - «Merciless Savagery» (Holanda, Death Metal) No ano que marca o décimo aniversário de seu reencontro, Antropomorphia entregou um opus de metal extremo que mais do que mantém os altos padrões sustentados ao longo de sua história. Construindo ainda mais sobre os sons monstruosos de « Sermon Ov Wrath» de 2017, « Merciless Savagery» faz jus ao seu nome, atacando com ferocidade impenitente e não retendo nada. (Metal Blade) Battle Beast - «No More Hollywood Endings» (Finlândia, Heavy Metal) 100% heavy metal - 0% bullshit! A fórmula dos BATTLE BEAST é simples, mas muito eficaz; e com músicas extremamente fascinantes, repletas de riffs e a voz única de Noora Louhimo, esses jovens finlandeses tornaram-se um porta estandarte do heavy metal moderno dos últimos anos. Com «No More Hollywood Endings», o grupo cimenta o seu status como força imparável, mostrando o seu toque mágico para escrever músicas intermináveis ​​novamente, sem se repetirem. (Nuclear Blast)

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GARAGE POWER O Sonho comanda a vida E ajuda esta banda de qualidade, mas bem underground, a persistir na luta por um bem merecido lugar ao sol, agora que está perto de comemorar 15 anos de carreira. Entrevista: CSA & Eduardo Ramalhadeiro

Eduardo – Antes de mais, parabéns por mais um excelente lançamento. Como é que está a correr a promoção e divulgação de «The Wraith Uncrowned»? Miguel – Obrigado! Está a correr dentro do previsto, com uma maior aposta na divulgação através das redes sociais. Tem ajudado o facto de haver oportunidades para entrevistas e também várias reviews extremamente positivas. Contudo ainda há muito trabalho a ser feito, muitos mercados e pessoas a quem quero chegar. Eduardo – Quem compõe a banda atualmente? Miguel – O núcleo dura da banda continua o mesmo. Sou eu a escrever as músicas e o Paulo Pacheco a escrever as letras. Depois, em estúdio, temos o Kaivan Saraei, que tem dado voz aos temas desde o álbum« An Infinity Emerged» e que também já escreveu alguns temas para a banda, como é o caso de “A Eulogy For The Weary”. Em relação a atuações ao vivo, depende sempre da disponibilidade dos músicos, mas, na última vez, que tocamos ao vivo, juntaram-se a mim e ao Kaivan o James Skirving (guitarras), o Ewen Cameron (baixo) e o Euan

McPherson (baterista). Para os concertos de celebração dos 15 anos de A Dream of Poe, em 2020, tenho já a confirmação de que o Euan McPherson fará parte da banda. Resta saber quem se juntará a nós. Uma coisa é certa: vou necessitar de mais um guitarrista, pois, em 2020, vou deixar as guitarras para me dedicar apenas e só aos guturais. Eduardo – Para os nossos leitores, como defines a música de A Dream of Poe, nomeadamente, «The Wraith Uncrowned»? Miguel – É uma mistura equilibrada entre o Doom e o Gothic. São temas mais curtos e diretos do que os anteriormente compostos. São mais dinâmicos, mais vivos, mais compactos. Eduardo - «A Waltz for Apophenia», o álbum anterior, foi o culminar de uma trilogia. Podemos considerar que foi fechado um ciclo e que «The Wraith Uncrowned» marca um novo caminho? Paulo Pacheco – Em termos líricos, o TWU não é o início de um arco de uma história. No entanto, é um novo caminho de experimentação, com histórias mais compactas.

Miguel – A nível de instrumental, é apenas uma evolução, da mesma forma que houve uma evolução entre os álbuns «The Mirror Of Deliverance» e «A Waltz For Apophenia». A base continua a mesma, continua a ser Doom com traços de Gothic. Neste último álbum, houve uma aposta mais forte no lado Gothic da banda, em elementos sinfónicos, fazendo melhor uso das capacidades vocais minhas e do Kaivan. É muito provável que num futuro álbum esses elementos continuem presentes e sofram outra evolução, mas isso é assim mesmo, creio ser bom sinal. Veremos onde o futuro nos leva! CSA – Por que decidiram dedicar este álbum ao vosso amigo que já não faz parte do mundo dos vivos? Por serem uma banda de Doom Metal, logo propensa a temas tristes? Porque ele estava ligado à banda? Por outros motivos? Miguel – É verdade. O Luís “Nox” Amaral, infelizmente, já não está entre nós e acabámos por decidir dedicar-lhe este álbum, tendo como tema geral a mortalidade. Não tem nada a ver com o estarmos inseridos no panorama Doom Metal, tem sim a ver com

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Neste momento a minha ambição passa por conseguir um bom número de concertos para o ano de 2020 onde iremos festejar os 15 anos da banda.

a arte em que estamos incluídos: neste caso, a música. Tal como um escritor homenageia através de um livro, um pintor através de uma tela, nós como músicos decidimos homenageá-lo através daquilo que fazemos, da nossa música, do nosso álbum. Não havia uma ligação direta entre o Nox e a banda, “apenas” uma grande amizade com quase 20 anos. CSA – Que critério(s) tiveram em conta para a seleção dos tópicos a abordar nas canções que fazem parte deste álbum? Paulo Pacheco – O único critério foi o falecimento de um amigo, como inspiração para o tema geral da mortalidade, em torno do qual giram as diferentes músicas. CSA – E quem vos fez a capa para o álbum? Como a relacionam com o conteúdo musical e lírico deste vosso trabalho mais recente? Miguel – A capa ficou entregue ao grande Augusto Peixoto. Já é a terceira vez que estamos a trabalhar com o Augusto: primeiro com o álbum «The Mirror of Deliverance», depois com o «A Waltz For Apophenia» e agora com o «The Wraith Uncrowned». Representa o “monstro” que na

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“At The Cape of Good Hope, The Wraith” consome e aprisiona as almas dos que lá naufragaram. Eduardo – O Paulo Pacheco escreveu as letras e tu a música. Como te sentes ao cantar as palavras escritas por outra pessoa? Miguel – Super bem, até porque eu sou terrível a escrever letras! Hahaha! A última que escrevi para ADOP foi em 2006, na demo «Delirium Tremens»! Aliás, é até um prazer poder dar vida as letras fantásticas que o Pacheco escreve! Acaba por ser também um desafio, pois, às vezes, tenho uma melodia/ritmo na cabeça, mas, quando recebo as letras do Pacheco e tento incorporar a letra na melodia/ritmo, nem sempre funciona da melhor maneira. Aí tenho de trabalhar e adaptar a minha ideia à letra. Mas bem, eu acabo por apenas me focar nos guturais e, como foi o caso do novo álbum, na criação de coros. Por isso, aqui fica a opinião do Kaivan. Kaivan – Não me importo, desde que consiga “sentir” as letras. As letras do Pacheco são muito bem escritas e isso ajuda-me a construir as linhas de voz e torna-las mais pessoais. Criar linhas de voz é

algo que me sai naturalmente, não sinto dificuldade alguma. Por isso, é também fácil adaptar as minhas melodias à letra. A parte complicada para mim é escrever letras com que esteja 100% satisfeito. É sempre um desafio ter de escrever as letras para a minha banda – In Absence – pelo que até é bom não me ter de preocupar com isso em A Dream of Poe. CSA – Não se pode considerar que há um ligeiro toque de Folk neste álbum? [Estava a pensar, por exemplo, no penúltimo tema.] Miguel – Talvez, sim. Apesar de isso nunca me ter vindo à mente, consigo imaginar onde se ouve esse toque de Folk. A mistura já é tanta, já são tantas as influências que inconscientemente começam a ser traduzidas na música que escrevo. Mas acho que isso acaba por ser um elemento de identificação do som da banda. Em vez de se tornar algo confuso e sem identidade definida, acaba por ser algo que começa a definir o som, o caracter da banda. Eduardo – Porque é que decidiste abandonar a Solitude Prod e lançar este álbum de forma independente? Miguel – Apesar da Solitude


Prod ser uma grande editora no universo underground do Doom Metal, achei que acabou por me limitar em algumas coisas, como, por exemplo, datas de lançamento, promoção dos álbuns, etc. A Solitude Prod é uma excelente editora, se só pretenderes ter o álbum editado e distribuído em formato físico, pois acabas por poupar muito nessa parte. Contudo, de forma a ter maior controlo sobre a data de lançamento e promoção do álbum, resolvi que este teria edição de autor. Claro que acabei por ficar prejudicado no que toca a custos com a edição física, mas, por outro lado, há que considerar que cada vez mais plataformas como o Spotify começam a substituir os formatos físicos. Não tens o mesmo retorno financeiro que o formato físico proporciona – nem de longe, nem de perto – mas consegues chegar a muita mais gente. Para já não tenho data para um lançamento físico do álbum, apesar de já ter o formato definido (100 cópias em Digipack com booklet de 12 páginas). Ainda não consegui juntar os fundos suficientes para o fazer. Por outro lado – e aqui quem ficou a ganhar foram os fãs da banda – assim que os masters ficaram completos, o álbum foi imediatamente lançado! Terminei os masters no dia 6 de abril à noite e, no dia 7, o álbum ficou disponível em várias plataformas para todos ouvirem.

quando começa a mexer com a carteira. Hahaha! Acabo por estar amarrado atualmente, pois as bandas começam a investir muito em vídeo clips para promoção. Uma coisa é dividir os custos por 5 ou 6, outra é dividir os custos por... 1... Portanto, uma editora que tivesse capacidade para proporcionar a gravação de vários vídeo clips seria uma enorme ajuda! Por enquanto vou ter de continuar a fazer os meus vídeos de forma muito amadora com o meu telemóvel. Hahaha! Eduardo – Qual é a maior ambição de A Dream of Poe neste momento? Miguel – Neste momento, a minha

ambição passa por conseguir um bom número de concertos para o ano de 2020, em que iremos festejar os 15 anos da banda. É minha ambição conseguir, FINALMENTE, tocar em Portugal Continental, pois foi coisa que nunca tivemos oportunidade de fazer. Seria cereja no topo do bolo terminar as celebrações na minha terra natal, em São Miguel, uma vez que sou açoriano e que os meus primeiros concertos foram lá. Esta seria a melhor forma de terminar as celebrações dos 15 anos.

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CSA – E qual seria a editora que vos faria sonhar? Miguel – Não tenho uma específica em mente, mas a editora ideal seria uma que promovesse ADOP a sério, que colocasse ADOP nas mais diversas compilações, com promoções nas mais diversas publicações do meio metálico, que, ao fim ao cabo, conseguisse proporcionar a ADOP uma verdadeira rampa de lançamento para que banda atingisse outros voos. Isso sendo um projeto a solo é muito giro, mas não é nada giro

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