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A Forest of Dreams

3459 – Ano fatídico

AFOD soma e segue: quatro álbuns em três anos e a qualidade sempre a subir!

O último álbum – «3459» – obteve aplausos dos fãs e da crítica e marca uma nova etapa na história da banda, ao mesmo tempo que reflete sobre o destino do mundo em que todos vivemos.

Entrevista: CSA

Olá, Mário :-) mais um belo álbum de AFOD. Tu e o Hugo Leal – aka Vulturius – andam imparáveis. Como te disse, quando te pedi a entrevista, estava a ouvir o álbum e as perguntas a nascerem na minha cabeça.

É impressão minha ou este álbum é mais variado do que os anteriores? Parece-me ouvir muitos ritmos diferentes, de canção para canção.

DS13 – Em cada álbum tento manter uma estética sonora única para aquele determinado trabalho. Não tenho regras de composição rígidas, nem normalizadas. Funciona um pouco à volta do tema, tentando explorar o tema abordado tanto musicalmente como liricamente. Daí os temas terem tantas variações de acordo com o sentimento que tentamos obter.

Também me parece que há mais teclados. É ideia minha ou percecionei bem a música de «3459»?

Não foi propositado, mas sim a tentativa de criar ambiências e reforço das minhas guitarras e, se tudo correr conforme, no próximo vai haver mais ambientes. Tento sempre dar um passo mais à frente de trabalho para trabalho.

O facto de ires frequentemente à serra de Sintra tem alguma influência na tua música? Sim, com certeza! Todo o projeto vive e respira em torno da serra de Sintra. Foi lá que o projeto criou raízes e continua cada vez mais enraizado naquela mística muito própria. Desde os samples gravados de ambientes de natureza às sessões fotográficas, tudo tem a ver com Sintra.

Escreveste todas as canções sozinho ou o Hugo colaborou?

O método AFOD consiste no seguinte: as músicas são feitas por mim, tanto na programação como nos temas e ambientes. Depois de a música estar totalmente gravada, o Vulturius vai a estúdio e, num passe de magia, vocaliza tudo aquilo que falta para finalizar cada tema.

E és tu também o autor das letras que o Vulturius interpreta com fervor?

Não, essa responsabilidade é toda do Vulturius e, entre uma cerveja ou um copo de vinho, vamos conversando e discutindo o tema e ele vai escrevendo a letra no momento.

Que mensagem queres passar neste álbum? O que significa este título: «3459»? Imagino que se refira a algo terrível, mas não consigo imaginar o que seja. [Quando o vi, pensei logo em 1349, como a banda norueguesa, mas depressa vi que não tinha nada a ver com isso.]

Este álbum nasce de um sonho meu. Durante o ano, houve um dia em que tive um sonho ou uma visão em que o fim da nossa civilização seria no ano de 3459. Sei que não vou cá estar para o provar, mas o sonho ou visão foi real demais para ser descartado. Daí nasce o nome 3459: foi o ano em que morreu o último ser humano à face da terra. No meu sonho, o ar tinha-se tornado irrespirável e os vírus cada vez mais fortes foram dizimando a população. Nesse ano, falece o último humano.

Reparei que o teu primeiro álbum é só instrumental, mas o segundo – «Sacrum Terram», lançado em 2020, pelo qual te entrevistei também para a Versus Magazine – já conta com letras e a voz e interpretação inconfundíveis do Vulturius. A que se deveu esta mudança? Foi só porque conseguiste a colaboração de um vocalista ou sentiste mesmo a necessidade de completares a tua música com palavras?

A verdade foi que fiz este projeto para trabalhar sozinho, mas uma pessoa amiga, ao ouvir este álbum, disse-me que a voz do Vulturius resultava mesmo bem neste projeto. Daí saiu a ideia de falar com ele, que assumiu de imediato as vocalizações e letras do segundo álbum. Daí para a frente, faz parte integrante do projeto.

Curiosamente, na capa deste álbum, temos uma foto muito ao estilo do Black Metal dos anos

90, em que aparecem os dois membros da banda. Por que razão não usaste fotos de florestas (como nos dois primeiros) ou uma ilustração (como no terceiro)? As sessões fotográficas são uma prenda de anos para mim e foram todas feitas no dia 30 de outubro, no ano passado. Achei por bem incluir o Vulturius, porque já é parte integrante do projeto, e convidei o Pedro Almeida para fazer as fotos. Ao ver os resultados, concluímos que a foto certa era aquela. E sim, sou fã e vivi os anos 80 e 90 e lembro-me de adorar as fotos tiradas nessa altura por Quorthon, Varg, etc… fazem parte da minha história musical.

Adquiri a versão digital do álbum e reparei que cada canção é acompanhada por uma foto, semelhante à que aparece na capa do álbum. A quem recorreste para as fazer?

Como disse mais atrás, foi o Pedro Almeida – grande músico, amigo e fotógrafo capaz de captar a essência que faz parte do ADN de A Forest of Dreams.

Este álbum saiu no fim de outubro. Como foi recebido? Correspondeu às tuas expetativas? E que podes dizer-nos sobre o acolhimento dado pelos fãs e pelos críticos aos álbuns anteriores?

Foi um pouco surpreendente para mim a boa resposta por parte do pessoal, tanto nas encomendas do formato físico, como das t-shirts. Não esperava, mas fiquei muito satisfeito por ter tido boa aceitação. Por parte da critica, foi o álbum do mês de outubro para os críticos dos Caminhos Metálicos.

AFOD só surgiu em 2020, mas já vai no quarto longa duração. Já tens um grupo de seguidores ávido de ouvir nova música da tua banda?

Penso que sim! Sinto – pelo apoio que tenho tido – que já há largos seguidores que esperam ávidos pelo próximo álbum. Isso só serve para me dar mais força, obriga-me a ser melhor de álbum para álbum.

Também me disseste que o quinto álbum já está na calha. Podes falar-nos um pouco sobre ele ou preferes guardar segredo?

Pois, já está pensado. Acho que vai ser mais um passo em frente. O tema principal vai ser Sintra e alguns acontecimentos reais e sobrenaturais que terão ocorrido na região ao longos dos séculos. Vou contar com o Mário Peniche, que gravou os baixos todos do último álbum e, pela primeira vez, vou usar um baterista real e não baterias programadas.

Vais contar com o Hugo? Ele também anda imparável com Irae. AFOD já não faz sentido sem o Vulturius. É ele a voz de AFOD. Não tenho pressa nem datas a cumprir! Nós fazemos os nossos próprios horários para chegar ao final do ano e ter álbum novo.

Tens possibilidades de fazer concertos ou AFOD tem de ser uma espécie de banda de estúdio? A Forest of Dreams é um projeto para gravar pelo menos um álbum por ano. Mas não tenho intenções de levar ao vivo. Até que para mim é cada vez mais inviável tocar ao vivo por diversos motivos! Espero que tenham gostado da entrevista e esperem pelo quinto álbum. Vou dar o máximo para ser mais uma vez uma agradável surpresa para todos nós. Obrigado a todos.

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