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Postas de pescada

“Postas de Pescada: devaneios de dois energúmenos sobre personalidades da música” será um espaço partilhado, entre dois “jornalistas”, onde se falará sobre músicos, bandas, acontecimentos e outras coisas que tais... Como devem ter reparado, o “outro” ainda não “mandou as postas”. Para a próxima edição não há a Parte 3 e depois, talvez o “outro” contribua...

Ozzy Osbourne – O fim de uma era?

Por: Ivo Broncas | Eduardo Ramalhadeiro

A notícia embora tivesse impacto, não podemos dizer que foi surpreendente. O “príncipe das trevas” anunciou a sua retirada dos palcos. O fim de uma era?

Ozzy Osbourne é, e será, um dos nomes mais sonantes da música metal. Uma peça fulcral do movimento, não fosse ele considerado por muitos como a primeira voz do Heavy Metal. Seja através dos Black Sabbath, seja pela sua carreira a solo, tem sido um uma importante influência para as novas gerações de músicos, fazendo dele um dos nomes mais respeitados da cena. Pela sua grande e bemsucedida carreira, habituámo-nos a vê-lo sempre no activo. Como que um pilar, estóico, com o seu estatuto sempre inabalável apesar dos novos movimentos musicais que foram surgindo ao longo dos anos. Por tudo isto, o mundo da música recebeu com pesar a sua decisão de abandonar os palcos por questões de saúde. No entanto, a notícia talvez tenha sido tão inesperada quanto previsível. Sim, é um enorme contrassenso.

O príncipe das trevas personificou durante muitos anos o “rock and roll lifestyle”. A alcunha “Madman” assentou-lhe na perfeição. Alguns dos episódios rocambolescos nos quais foi protagonista são do conhecimento público, e foram catalisados na sua maior parte pelo seu consumo industrial de álcool e drogas. A sua vida foi constantemente ameaçada pelos seus vícios, sendo que alguns episódios, tal como a depressão que enfrentou após a morte do seu guitarrista e amigo Randy Rhoads, podem ter contribuído para estes hábitos autodestrutivos. No entanto, e contra todas as probabilidades, Ozzy não só sobreviveu às décadas de 80 e 90, como conseguiu, muito graças a Sharon Osbourne, manter uma carreira de sucesso. Mais recentemente veio o diagnóstico de Parkinson, ou melhor, a confirmação da doença, dado que os sinais estavam todos lá.

Contudo, e desafiando teimosamente o corpo que lhe começou a falhar, continuámos ver esta lenda viva a continuar a lançar álbuns e fazer concertos. E nós, teimosamente também, recusámo-nos a ver as suas debilidades em crescendo. Por isso mesmo, a retirada dos palcos, foi uma notícia que teve impacto no mundo da música. Afinal de contas, é uma lenda que iremos deixar de ver em palcos. Ou pelo menos na maioria, dado que foi confirmado num “super Festival” nos EUA este verão.

De uma forma algo macabra, parece que é, e vou utilizar a expressão “menos difícil”, aceitar que deixemos de ver um artista devido à sua morte prematura, do que uma aposentação por falta de condições físicas ou problemas de saúde resultantes do inevitável processo de envelhecimento. Talvez porque desta forma seja impossível não encarar não só a vulnerabilidade que vai crescendo nos nossos ídolos com o passar dos anos, como também o resultado inevitável que trará, mais cedo ou mais tarde, a nós próprios. Ninguém está preparado para a aposentadoria de um dos nossos ídolos. E embora tenha sido referido por tanto Sharon como por Ozzy que isto não iria acontecer, pelo menos para já, há que tomar consciência que estará para breve.

Há alguns anos atrás, Rob Trujillo contou que teve uma conversa com Ozzy sobre quem poderiam ser os “portas estandartes” do metal quando eles já não estiverem no activo. Esta conversa não totalmente inocente deixa-nos a pensar o que poderá vir? Com a iminente reforma de uma das lendas do metal, quem assumirá o papel de embaixador deste estilo musical? O que nos reservará a próxima era que se aproxima cada vez mais em passos largos?

Cada um terá a sua opinião, eu apenas gostava que Ozzy sua sucessão.

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