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Oak Um filho talentoso

Nasceu das sessões de trabalho para o primeiro álbum de Gaerea e depressa se autonomizou. Assim surgiu Oak, o projeto de Pedro Soares e Guilherme Henriques apelidado de Doom Metal, mas com uma sonoridade singular sobre a qual quisemos conversar.

Entrevista: CSA | Foto: Catarina Rocha

Saudações! Portugal é há muitos anos um caso sério no panorama do Metal europeu e mundial (isto só a pensar nas bandas nacionais, porque não podemos esquecer o Brasil). Ao lado de “clássicos” como Moonspell ou Corpus Christii, temos agora Gaerea e Oak, o vosso projeto em duo. Já tive o prazer de entrevistar os Gaerea – depois de inchar de orgulho a ouvir os seus três maravilhosos álbuns – e agora é Oak, uma banda que me foi apresentada pelo Armando Marques da Piranha (a conhecida loja de música do Porto).

Como nasceram os Oak?

Pedro – A banda nasceu das várias jam sessions que fazíamos durante a composição do álbum “Unsettling Whispers” de Gaerea. Como resultado das jam sessions apareceram ideias que não achamos que encaixassem no que pretendíamos para Gaerea. No entanto, gostamos demasiado delas para as deixar cair. Decidimos então fazer mais jams dedicadas a esta nova sonoridade que tinha acabado de surgir e, naturalmente, demos um nome ao projeto: OAK.

A meu ver, a designação de Atmospheric Funeral Doom (referida pela Metallum) assentavos como uma luva. O que pensam desta ideia?

As nossas influências abrangem vários subgéneros incluindo esses que referiste, mas também Death ou Black Metal, por exemplo. A banda bebe de todas estas influências e tem momentos em que explora cada uma delas.

O vosso som é extremamente cativante, porque está cheio de contradições: é lento, mas dinâmico; violento, mas meditativo; tenebroso, mas ao mesmo tempo dele emana uma espécie de “luz sonora”. Como conseguem produzir este efeito maravilhoso combinando a voz e a guitarra [do Guilherme] e a bateria [do Pedro]?

Acho que desde o início estivemos em sintonia e percebemos o som que queríamos fazer, com esses contrastes que referiste e sempre com a intenção de transportar quem ouve para o nosso universo de uma forma quase visual. As músicas surgem de uma forma muito natural e esta sonoridade que construímos, apesar de ter raízes bem sólidas, tem ainda muito por explorar em futuros lançamentos.

Da informação dada pela vossa editora [Season of Mist], depreendi que escrevem em conjunto (tanto a música como as letras). Percebi bem ou o vosso processo criativo desenvolve-se de uma forma diferente?

Sim, ambos contribuímos para todas as fases do processo, até porque muito do trabalho surge em jam sessions imersivas que continuamos a fazer. Depois, toda a composição das cordas e mesmo dos synths acaba por ser trabalhada pelo Guilherme, enquanto eu me foco mais na bateria e em escrever as letras.

O primeiro álbum de Oak [«Lone», lançado em 2019 pela Transcending Obscurity Records] tinha várias canções, enquanto este «Disintegrate» inclui uma só composição com uma duração de quase 45 minutos.

- De onde vos veio esta ideia?

- O que queriam exprimir através dela?

- Como decorreu o processo de criar uma só peça de Metal tão extensa?

- Podemos vê-la como uma narração?

O «Lone» também foi escrito já com esta intenção e, inicialmente, era também ele uma peça só. É uma viagem para se fazer sem interrupções, preferencialmente. Naquela altura decidimos quebrálo em 4 músicas por questões estratégicas e porque nos ajudou a segmentar o álbum, o que fui útil para decidir que partes tocar nos concertos que demos. O «Disintegrate» é a continuação da jornada iniciada no primeiro álbum e, desta vez, extraímos dois excertos do álbum, mas assumimolo como uma peça inteira em vez de o partir.

Vi que a capa deste álbum foi criada pela Belial Necro Arts. Fui ver a página no Facebook e fiquei encantada. Desempenharam algum papel neste processo ou tiveram mesmo de dar carta branca ao Nuno Zuki? Explicamos o conceito ao Nuno e ele teve liberdade para desenvolver a pintura a partir daí.

Foi ele também que assinou a capa do vosso primeiro álbum? [O estilo parece diferente, mas, pelo que vi na página, ele é

multifacetado.]

O autor da capa do «Lone» é o lendário Paolo Girardi.

Estão a pensar em fazer concertos em que toquem esta peça na íntegra? [Já estou daqui a vervos no programa mais noturno do Vagos Metal Fest, onde ouvi bandas como os portugueses Godiva, os holandeses Carach Angren, os suíços Bolzer ou os polacos Batushka, que não são tão festivaleiras, mas não deixam de ter os seus “fiéis”.]

É algo a ver! Esse seria o cenário ideal, mas poderemos ter de ajustar o set dependendo da ocasião.

Há alguma(s) banda(s) que vejam como fonte(s) de inspiração? [Há breves momentos em que o vosso Doom Metal me faz pensar em Desire, mas se calhar é só uma ideia minha.]

Temos muitas referências entre as quais estão, por exemplo, Mournful Congregation, Convocation, Bell Witch, Krypts, Primitive Man e por aí fora, mas temos muitas influências de bandas de Black Metal Atmosférico, Sludge, Post Rock...

Quando lançaram o primeiro álbum, Oak era uma banda da Transcending Obscurity Records (especialista em descobrir talentos) e agora faz parte do catálogo da Season of Mist. Como se deu essa mudança?

Aconteceu de uma forma natural. O nosso ciclo na TOR tinha chegado ao fim e precisávamos de dar um salto. A Season of Mist mostrou interesse no projeto e decidiu apostar em nós. Estamos muito empolgados com o que está por vir.

Qual é a vossa maior ambição na atualidade?

Nós queremos que o nosso álbum chegue o mais longe possível, marcar presença em eventos especiais e continuar a escrever a nossa música.

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