Live Versus #53

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Wave-Gotik-Treffen XXII SWR Barroselas Metalfest

Kamelot Morbid Fest 5 / VERSUS MAGAZINE

Angelus Apatrida Possessed


MORBID FEST - I AM MORBID/ ATROCITY/ VITAL REMAINS/ SADIST/ ARCANUS 12/05/19 - Lisboa Ao Vivo

Reportagem e fotografia: Nuno Lopes

Este era um concerto há muito aguardado pelo vosso escriba, por todos os motivos e mais alguns, como tal, nem mesmo uma alteração, de última hora, na hora de início dos concertos me fez perder pitada deste evento que contava, acima de tudo, com grandes nomes da cena Thrash, Death. Numa só noite Sadist, Vital Remains, Atrocity e, claro o Senhor Mórbido, David Vincent, a tocar o reportório dos enormes Morbid Angel. Mas, antes de tudo isto, e enquanto se entrava na sala lisboeta os Arcanus apresentavam-nos o seu Death/ Thrash que, pese o esforço da banda, passou em vão, pois as impressões deixadas pela banda acabam por ecoar nas quatro paredes da sala lisboeta. Ainda estávamos no início e, mal os italianos Sadist subiram ao palco, se percebeu que, agora sim, os concertos iam arrancar. com um alinhamento alicerçado no último (e excelente) disco, «Spellbound» o quarteto apresentou-se em grande forma e onde, finalmente, se teve medo, muito medo, até mesmo no cheiro a motor quente que saia da moto-serra de Trevor Nadir enquanto debitava os temas de uma carreira que leva já, quase, três décadas. Os Sadist continuam a ser uma autêntica máquina e, entre o horror e o suspense a banda tem uma actuação que, de tão intensa, soube a pouco. Falar de intensidade é, igualmente, a melhor forma de falar sobre a actuação dos Vital Remains. Uma autêntica lição de Death oldschool destes norte-Americanos que regressaram a Portugal. em cima do palco (e também fora dele) Brian Werner é um animal à solta, ainda que, inicialmente, descontente com alguns problemas de som. No entanto, o que fica desta actuação é a dureza com que a banda atira os seus temas para um, já mais bem composto LAV. Quem também se atirou foi Werner, trazendo um enorme pedaço de nostalgia, foram os sucessivos Stagedives e um, impressionante, salto do andar superior da sala...memorável. Temos Death Metal. O mesmo se pode dizer dos germânicos Atrocity, liderados, como sempre, pelo incomparável Alex Krull e que, trouxe consigo os temas do mais recente «Okkult II». numa actuação pautada por um som algo estranho (um pouco ruim), a banda lá foi debitando temas clássicos, intercalados com os mais recentes e onde «Gates to Oblivion», um dos temas da noite. ficou a sensação de esta ter sido, talvez, uma noite menos inspirada dos germânicos que, mesmo assim se atiraram ao passado. Finalmente o momento da noite, aquele em que a nostalgia se fundiu com a expectactiva, afinal estávamos em presença de Sua Alteza Real David Vincent que, verdade seja dita, está a ter um ano de 2019 de respeito. Depois de surpreender através de Vltimas, é em I Am Morbid que se faz acompanhar de músicos cuja competência é inquestionável e, principalmente, um baterista do demo. Ele é os solos de Bill Hudson, a sobriedade de Ira Black e, claro, a potência de Tim Yeung (também ele outrora membro dos Morbid Angel). Os temas sucedem-se a catadupa e o público está rendido ao primeiro tema. Sente-se a vibração no ar. O baixo de Vincent penetra nos nossos poros nos temas extraídos de uma carreira iniciada há mais de 30 anos. Foram 45minutos de Death Metal segundo as regras ditadas pela banda e o que se percebe é que temas como «Rapture», «Dawn of Angry» ou, a faixa que dá nome ao conjunto, que se tornaram intemporais. Este foi um concerto que soube a pouco para os mais exigentes mas que, sobretudo, mostrou que para David Vincent há vida além dos Morbid Angel. Uma grande noite de Domingo!

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XXII SWR BARROSELAS METALFEST 25 a 28 de Abril - Barroselas, Viana do Castelo

Reportagem e Fotografia: Emanuel Roriz

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Foi entre os dias 25 e 28 de Abril de 2018 que, uma vez mais, milhares de apreciadores da música extrema, e cada vez mais curiosos, rumaram à Vila de Barroselas para a 22ª edição do festival SWR! É comum chegar a Barroselas e encontrar várias caras conhecidas, que não descansam enquanto não estivermos todos de copo (cheio) personalizado na mão. Contudo, apesar deste ano não me ter cruzado com alguém estreante, acredito existirem apreciadores desta arte que ainda aguardam por se deixarem surpreender neste místico certame. É já uma tradição o dia 0! E antes que se pense que possa ser uma espécie de aquecimento, é preciso dizer que este é um momento onde já apanhamos com boas surpresas nas orelhas! Em 2019, materializava-se também aqui a final nacional da Wacken Open Air Metal Battle. Saíram vencedores os Grog e serão eles os representantes da nossa bandeira, no dia 1 de Agosto, na final internacional em pleno Wacken Open Air, na Alemanha.

Não posso avançar com este texto sem deixar aqui o convite/desafio a todos aqueles que nunca tiveram a coragem (provocaçãozinha) de pegarem na tenda e saco-cama, para viverem um pouco do SWR. Sejam curiosos, experimentem, adorem ou odeiem. Vai ser uma verdadeira experiência, genuína, e não vão ficar indiferentes. Foi na sexta-feira, dia 26 de Abril, que se abriram os 3 palcos desta 22 ª edição do SWR. Um cartaz ambicioso q.b., que encarrilou pela brutalidade com os concertos de Woslom e dos contagiantes Analepsy, os primeiros a pisar o Warriors Abyss, palco principal do SWR. E se nos focarmos nesta parte inicial dos dias de festival, bem que devemos também referir as actuações dos regressados Namek, dos Vacivus e dos carismáticos Martelo Negro. Já lá vou aos nomes sonantes, mas antes disso, vou tentar ainda despertar mais curiosidades… O fascínio por este festival vai buscar também fundamento à premissa de que há sempre um nome, ou dois… isto no mínimo dos mínimos…, que nunca tinha ouvido falar anteriormente, mas que passo a ser seguidor após o fim de semana do SWR. Seja o nome de uma banda que integra o cartaz, ou simplesmente um nome trocado a meio de uma conversa no SWR Café. Foi pena os Venenum não terem conseguido equilibrar a sua sonoridade o quanto necessitavam para nos terem deixado com um concerto inesquecível. Apesar disso, cativaram e fizeram-me voltar a ouvir o Trance Of Death, de 2017, vezes sem conta. Para muitos sei que será um sacrilégio ouvir-me dizer que os Demilich foram a banda que mais prazer me deu descobrir neste SWR. É verdade, ouvi falar dos finlandeses, mestres do death metal, por diversas vezes, mas nunca tinha ido ao encontro da sua música. Depois do concerto de

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sábado ao início da noite, não mais ficarei indiferente aos seus riffs imprevisivelmente únicos. Dos Midnight já esperava um concerto bastante agitado e que me cativasse. Mesmo assim, a adrenalina que distribuíram pela plateia foi além do esperado! Voltem depressa, deixaram saudades. Queremos todos voltar a cantar «You Cant’t Stop Steel» até nos faltar o ar nos pulmões!...Algo do género que aconteceu também com os Skull Fist, embora em escala reduzida, no palco 2 – LOUD! Dungeon – quando se entoou o refrão de «No False Metal». Pelo meio de toda a rapidez e brutalidade de maior parte dos concertos, houve ainda espaço para os Dopelord me conquistarem pelas suas harmonias e melodias, aliadas ao peso sulista das suas guitarras.

E é assim que se vai experienciando o Steel Warriors Rebellion, sempre no conforto de um recinto funcional, com campismo, zona de petiscos e de convívio, à distância de meia dúzia de passos. E entre isto tudo existe ainda a SWR Arena. Uma zona de acesso gratuito onde os curiosos vêm também espreitar, e onde muitos assistiram aos concertos dos Humanart, Son Of Cain, Grindead ou Greengo. Se as contas de olho não enganam, esta terá sido certamente uma das edições com maior afluência de público! As plateias numerosas repetiram-se em muitos dos atos. A curiosidade pela fúria e hiperatividade dos norteamericanos The Black Dahlia Murder foi vista de perto e perscrutada pela atenção de muitos, apesar de não ter sido dos concertos com melhor definição. Pouco depois assistia-se a um momento, que foi por diversas vezes referido como pouco provável de acontecer em Barroselas, mas, os míticos Godflesh mostraram que assentam justo e de forma elegante neste ambiente. Foi um enorme check presenciar ao vivo a execução dos clássicos do Streetcleaner, de 1989. Mass o rei foi mesmo o death metal. A recordação dos concertos dos Benediction, dos Vomitory e dos já referidos Demilich fica mesmo bem em linha, como se estivessem na nossa estante preferida em exposição lá em casa. Pena novamente que se tenha confirmado que os Craft ainda precisam de muita rodagem de palco para que consigam fazer jus às grandes malhas registadas em White Noise And Black Metal, mas mesmo assim, o riff principal de «Again» ainda fez mexer uma boa quantidade de pescoços. E como a diversidade é um prato servido com capricho, a cada edição do festival, os velhotes Saint Vitus, sim pode ser feita a analogia com o vinho do porto com toda a segurança, deram uma autêntica masterclass de vitalidade, longevidade e rock ‘n roll; enquanto isso, a brasileiras Nervosa mostraram que a música extrema não é só para meninos! Estamos no Alto Minho, terra de tradições fortes e que perduram no tempo. Ora, diz a tradição que dos últimos concertos se deve esperar grind festivo e feito segundo a regra, que pode ela mesmo ser, fugir à regra. Foi servido o Serrabulho e a festa continuou até ao sol ameaçar aparecer. Vemo-nos no XXIII SWR Barroselas Metalfest?

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KAMELOT / REVERENT TALES 16/06/2019 - Hard Club

Reportagem: Bruno Manarte / Fotografia: Eduardo Ramalhadeiro Após terem sido cabeças de cartaz no Vagos Metal Fest, eis que os Kamelot regressaram a Portugal. A sala principal do Hard Club estava muito bem composta e as hostilidades foram iniciadas com os portugueses Reverent Tales. Com a sua voz gutoral e intimidatória, Raquel Nunes comandou o quintento e abriu alas para a chegada dos Kamelot. «The Shadow Theory» já tem, sensivelmente, ano e meio mas o setlist não se confinou a este trabalho mas antes, abarcou praticamente todos os álbuns posteriores ao «Karma», um autêntico Best of “The Great Pandemonium”, “When the Lights are Down”, “Karma” ou “Liar Liar”, só para citar alguns. O som estava muito bom e, como era de esperar a actuação foi irrepreensível, técnica e cenicamente. O jogo de luzes foi do melhor que já se viu no Hard Club. De destacar, a presença em alguns temas de Lauren Hart e a estreia de um novo baterista: Alex Landenburg. Mais um concerto no Hard Club para não esquecer.

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ANGELUS APATRIDA / REVOLUTION WITHIN 03/05/2019 - Hard Club

Reportagem: Bruno Manarte / Fotografia: Eduardo Ramalhadeiro Os Angelus Apatrida passaram pela sala 2 do Hard Club, envolvidos na Le tour de la guillotine que suporta o seu mais recente álbum «Cabaret De La Guillotine». A primeira parte ficou a cargo dos Revolution Within - amigos de longa data destes nuestros hermanos. Como é seu apanágio a banda lusa pôs a malta em total alvoroço com o seu thrash metal puro e duro, aproveitando para apresentar o seu novo guitarrista Loki. A noite de fraternidade acabou com a participação de Diogo Pardal a fazer companhia ao Raça. Com o pessoal já “quentinho” e embalado, qual camião desgovernado colina abaixo, surgem os nuestros hermanos Angelus Apatrida e Guillermo Izquierdo com uma garrafa de litro de cerveja - hidratação é preciso. Apesar da digressão se centrar no último álbum, a banda deambulou por «Give’em War», «The Call» e «Hidden Evolution». Concerto brutal, ou como diz o “filósofo”: “firmes e hirtos como uma barra de ferro”. Numa curta conversa que tivemos com o J. Izquierdo ficámos a saber que tocariam pela primeira vez uma balada “Farewell” e que «Cabaret De La Guillotine» estaria a ter uma excelente recepção. No fim, saímos do Hard Club como que atingidos pelo camião no fim da colina... grande bujarda!

POSSESSED / ALCOHOLOCAUST 19/06/2019 - Hard Club

Reportagem: Bruno Manarte / Fotografia: Eduardo Ramalhadeiro Mais um concerto que iria prometer uma grande bujarda... Os Possessed, padrinhos do Death Metal, convocaram a horda e esta não se fez rogada. A noite começou com os nacionais Alcoholocaust que durante 40 minutos aqueceram as hostes e quase rebentaram com a sala com o seu Satanic Thrash/Death Metal. Os Possessed apresentaram-se pela segunda vez em Portugal e desta vez vieram apresentar o seu mais recente álbum, «Revelations of Oblivion», inseridos na digressão Devils Over Europe. No entanto, foi também dado grande destaque ao primeiro álbum «Seven Churches». Clássicos como “Pentagram”, “The exorcist”, “Death Metal”, “Evil Warriors” puseram o público do Hard Club em alvoroço. Jeff Becerra é a simpatia e o carisma em pessoa, sempre comunicativo com os fãs mais próximos do palco. Embora a sala não estivesse cheia, isso não impediu de ser uma excelente noite de Death Metal, no entanto, o som poderia estar bem melhor mas mesmo assim foi uma grande bujarda desferida pelos Possessed

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WAVE-GOTIK-TREFFEN 7/06/2019 – 10/06/2019 - Leipzig

Reportagem: Eduardo Rocha / Fotografia: Tilly Domian

São já 28 as edições do maior festival Gótico do mundo que todos os anos atrai cerca de 20 mil pessoas, oriundas de todos os cantos do mundo, à cidade de Leipzig situada na Alemanha de Leste. Um festival multifacetado que prima por uma multitude de estilos e artistas de fazer qualquer outro festival da mesma vertente corar de inveja! A edição deste ano contou com nomes sonantes entre os quais Cradle of Filth, Carach Angren, Eluveitie, Wolfheart ao lado de Agonoize, dos Portugueses Urze de Lume, Solar Fake e The Adicts, entre muitos outros. É, portanto, fácil de perceber toda a variedade estilística que o festival tenta abraçar! O que compensa pois confere um toque bastante sui-generis a um festival, já de si, bastante único. O primeiro dia inicia-se, como é já tradição, com o pitoresco piquenique Victoriano que decorre todos os anos num dos maiores parques da cidade. A Versus não faltou a tal evento e deixou-se invadir por toda esta onda Victoriana! Vários dos presentes exibem belos vestidos típicos da época enquanto outros exploram uma veia mais Steampunk ou Gótica. Um verdadeira espectáculo para os olhos! De seguida, e devido à hora tardia a que partimos do mencionado piquenique apenas conseguimos assistir ao concerto dos lendários In Extremo na bela vila medieval, na parte sul da cidade. O recinto estava completamente lotado o que deu o perfeito mote para um excelente concerto cheio de energia e empatia entre público e banda. Por entre clássicos tais como “Herr Mannelig” ou “Feuertaufe”, os In Extremo demonstraram a razão de tamanha longevidade com um concerto de fazer levantar pó na bela vila medieval. No dia seguinte deslocamo-nos ao mesmo recinto para ver as excelentes atuações dos Welicoruss e dos Eluveitie. Os primeiros, sediados em Praga mas cujo membro fundador é oriundo da Sibéra, iniciaram um concerto demolidor ao som de “Siberian Heathen Horde”, tema título do mais recente álbum. A reacção de todo o público foi arrebatadora e foi excelente ver que a popularidade dos Welicoruss tem crescido significativamente! De facto, desde a sua última atuação no mesmo festival, há cerca de 2 anos atrás, é notória a renovada dimensão e força destes Russos/Checos! O concerto contou ainda com temas tais como “Slava Rusi” e “Sons of the North” a fechar o mesmo. De seguida, a banda mais esperada da noite para muitos dos presentes incluindo este vosso escriba. Os Suíços Eluveitie regressam a este festival com um lineup completamente renovado e com dois álbuns novos na algibeira: o acústico “Evocation II” e o mais recente “Ateganatos”. Tendo este vosso escriba, tal como certamente muitos dos presentes, visto os Suíços com a sua formação anterior, havia algumas dúvidas por

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esclarecer. Dúvidas essas que foram de imediato dissipadas com uma entrada arrebatadora ao som da faixa título do último registo seguida da devastadora “King”. A formação Helvética encontra-se ainda mais coesa e arrasadora, levando-nos a concluir que talvez todas as mudanças recentes fossem, de facto, necessárias para a longevidade da banda. “The Call of the Mountains”, que puxa pelo lado mais comercial da banda, foi recebida com euforia sendo que “Deathwalker” e “Worship” mostraram que o mais recente álbum foi já assimilado pela grande maioria dos seus seguidores. Pelo meio do concerto tivemos direito a um brilhante solo de bateria em que Alain Ackermann mostra que é, sem sombra de qualquer dúvida, dos melhores bateristas de toda a cena folkmetal. A fechar a noite tivemos os Alemães Schandmaul, banda reconhecida de folk rock, que teve a difícil tarefa de subir ao palco depois dos Eluveitie. Ficou evidente, principalmente por parte dos presentes provenientes de outros Países (entre os quais este vosso escriba), algum descontentamento por tamanha descida de “agressividade”. O sexteto deu um concerto bastante competente, animando todos os presentes que se deixaram ficar para a sua actuação. Com clássicos como “Froschkönig”, “Vagabunden” ou “Auf und Davon” foi interessante ver os Schandmail a jogar em casa e dar um bom concerto mas algo desapontante não dar aos Eluveitie as honras de fechar este palco. O terceiro e último dia, para nós, do festival foi o mais pesado. O cartaz era daqueles de respeito: os Thy Antichrist, Wolfheart e Carach Angren arrancavam a sua digressão Europeia sendo esta a data a primeira de toda a tour. Os Colombianos Thy Antichrist tocavam pela primeira vez em solo Europeu e que grande concerto foi este! Apesar de alguns problemas, típicos de primeiro concerto de digressão, e de um som por demasiado alto (a roçar os 103 dBs medidos na meda de som!!), os Thy Antichrist deram um concerto devastador! Com um black-metal rápido e intenso, a banda coberta em corpsepaint de cortar a respiração e apanhou todos os incautos de surpresa. A promover o recente “Wrath of the Beast”, que tem sido bastante bem recebido por toda a imprensa especializada, este concerto foi curto mas bastante eficaz tendo a banda presenteado os presentes com temais entre os quais “Metal to the Bones” e “A World Burnt to Ashes”. Os finlandeses Wolfheart, os seguintes a tomarem o palco de assalto, deram também um concerto devastador! Já bastante reconhecidos entre todos os presentes, os Finlandeses iniciaram o seu ritual ao som de “Everlasting Fall” e “Aeon of Cold”. O vocalista Tuomas Saukkonen assume o papel de frontman distante e frio, deixando toda a interacção com o público para os restantes elementos da banda. Foi notória a adesão por parte dos presentes, já bastante aquecidos pelos anteriores Colombianos, mostrando que os Wolfheart já têm uma pegada notável na cena. O quarteto presenteou-nos com um excelente concerto e um som notável, deixando antever uma brilhante digressão por todo o continente Europeu. A terminar o concerto, o hit “The Hunt” que deixou todos os presentes sedentos por mais mas estava na hora de os Holandeses Carach Angren subirem ao palco. Estes apresentam-se desta como cabeças de cartaz da digressão. Tendo este vosso escriba visto o excelente black-metal sinfónico destes Holandeses na edição deste festival de 2017, foi notória a evolução dos mesmos tanto em termo de presença de palco como em termos sonoros. O seu black-metal amadureceu e os apurados apontamentos orquestrais de Ardek enquanto que Seregor vocifera todas as histórias de terror que os Holandeses tanto gostam de nos contar foram um deleite para todos os presentes. Tecnicamente, os Carach Angren tornaram-se ainda mais ousados, como se isso fosse possível dada a audácia da banda desde a sua criação. “The Sighting is a Portent of Doom” e “General Nightmare” deram o mote de arranque para um grande concerto. “Strange Presence Near The Woods” foi outro dos grandes temas enquanto que Seregor degolava uma boneca e extraía os seus órgãos, um por um,

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para espanto de todos. No encore, o tema em alemão “Bitte Tötet Mich” e a certeza que estes Holandeses nos vão presentear com muitos e excelentes álbuns. Antes do headliners e lendários Cradle of Filth, tivemos a oportunidade de ver um concerto bastante interessante não só pela parte musical, mas também por toda a presença em palco, bem como por todas as polémicas em torno da banda devido à saída do fundador e guitarrista Krzysztof Drabikowski. O vocalista Bartłomiej Krysiuk ficou com os diretos em relação ao nome e discografia da banda, dando origem a uma batalha legal entre o vocalista e guitarrista que se adivinha ainda longe do fim. Ambas as “versões” da banda lançaram, entretanto, discos novos o que se acendeu ainda mais a mencionada batalha jurídica bem como as discussões entre fãs de ambas as facções. É notório que Krysiuk se assume agora como figura central da banda em palco, deixando os restantes elementos para posições bastante mais discretas. A entrado do vocalista dá-se ao som de cânticos litúrgicos, tão associados à sonoridade dos Polacos, enquanto o mesmo acende, uma por uma, as dezenas de velas presentes no palco. Somos assim iniciados na cerimónia a que Krisiuk nos pretende transportar e o novo álbum “Hospodi” é-nos apresentado de forma competente. Notou-se alguma apreensão por parte dos presentes, muito por causa das polémicas acima discutidas bem como devido à sonoridade mais simplista e directa deste encarnação dos Polacos. O concerto foi bastante competente e Krisiuk empenha-se bastante na parte estética da banda, deixando um pouco a desejar na parte musical. Um bom concerto com um sabor estranho que nos deixa a pensar no que seriam capazes estes Polacos se estes não se tivessem separados do seu membro fundador. Ficamos a aguardar pela decisão jurídica enquanto acompanhamos ambas as versões destes Batushka. Por fim, os Britânicos Cradle of Filth que nos surpreenderam com vintage setlist a propósito da celebração dos mais de 20 (!!!) anos do lançamento do seminal “Cruelty and The Beast”. E de facto, os 4 primeiros temas do concerto foram os inicias do álbum mencionado para loucura completa de uma sala completamente esgotada! Os Cradle of Filth, fruto de um line-up mais estável e dos recentes excelentes álbuns, tornaramse uma máquina destruidora de palcos. Destaque para as brutais interpretações de “Cruelty and The Beast” e “Beneath the Howling Stars” que levaram muitos dos presentes ao saudoso ano de 1998 e à irreverência desses esmos anos. Depois foi o regresso ao mais recente “Cryptoriana – The Seductiveness Of Decay” por mão de “Heartbrake and Seance” para depois viajarmos pela época de “Dusk and Her Embrace” ao som de “Malice Through the Looking Glass”. A longa “Bathory Aria” foi interpretada de tal forma que nos pareceu que estes mais de 20 anos que passaram não tiraram nenhuma da pujança e beleza a ambos tema e banda! “The Promise of Fever” levou-nos à época de “Damnation and a Day” para depois nos deleitarmos ao som de “Nymphetamine (Fix)”. “Saffron´s Curse” e “Her Ghost in the Fog”, do saudoso “Midian”, antecederam uma das faixas mais polémicas da banda que dá pelo título de “From the Cradle to Enslave” para um final de concerto apoteótico! Um grande concerto, talvez o melhor de todo este festival, por uma banda veterana que não cessa de nos surpreender apesar da já longa carreira. Mais uma excelente edição deste festival que, para nós, se encurtou devido a um programa menos apetecível no último dia mas que ainda assim se mantém, para nós, como um dos mais multi-facetados, completos e ousados festivais dos dias de hoje. Ficamos a salivar pelo que virá no próximo ano!

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