Versus Magazine #34 Março / Maio '15

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Nº 34 Março / Maio 2015

TRI AL BY FIRE ! MI SSI N G I N A CT I O N ! GAR AGE P OW E R ! R E P ORTAGE M : PAW S A ND C LAW S

IA ESPEC

L

L A T ME

S E R O C A,

R IA N O METAL AÇO

NUNO COSTA

JÁ VIRAM ESTE PHILM!? MAIS

ENSIFERUM AMANDA SOMERVILLE SHINING ECLIPSE MOONSHADE BLAME ZEUS DECLINE OF THE I THE GENTLE STORM





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D IR E C Ç Ã O

En t r a m o s a g o ra ma i s a séri o no ano 2015. O ano pa re c e s e r p ro mete d or p oi s mostr a já ser m uito a c t i v o , c o m mui tas n o vi d a d es i nteressantes. Não s e i q u a l é a tu a op i n i ão , ca ro l eitor, em relação á e v o l u ç ã o d o me ta l a té ao s d ias de hoje, m as a m e u v e r a c h o q ue é a l g o muito interessante, s e n d o o m e t al u m g é n e ro musi cal que ainda nos s u rp re e n d e , co m ma rg e m p a ra crescim ento e dive r s i f i c a ç ã o. H o j e em d i a há muitas m ais bandas / p ro j e c t o s , cl aro i mp u l si o n a dos pelas novas t e c n o l o g i a s , ho j e é mu i to fá c i l com por e gr avar e m c a s a , c o m u ma mui to e l evada qualidade, a pre ç o re d u z i d o. Já nã o há en o r mes bandas com o h o u v e h á 3 0 a n o s atrás, co m e stádios esgotados e m c a d a c i d ad e d e u ma to u r mu n dial a dur ar anos. Ho je o p a p e l d as ed i to ras tam bém se adaptou e h á a t é q u em p ub l i q u e o q u e alguns ar tistas c o n s e g u e m p ro d uzi r em c a sa . Não adm ir a que h a ja t a n t a o fe r ta , d e ta n to s países diferentes. A d i f i c u l d a d e ho j e é c o n se g ui r destacar- se da m u l t i d ã o e t e r u ma op or tun i d a d e par a m ostr ar o qu e c o n s e g u ira m. A q ui su rg e o papel da Ver sus, o de d a r a c o n h e c e r p ro j ec to s q u e acham os m erecer s e re m c o n h e ci d os. S ab emos a dificuldade que é o u v i r c o m a m erec i d a a te n ç ã o tanta m úsica a que t e m o s a c e s s o ho j e em d i a , p o r i ss o, caro leitor, em c a d a e d i ç ã o p o d erás e n c o n trar a nossa visão do qu e a c h a m o s se r a músi ca q ue vale a pena ouvir.

Adriano Godinho, Eduardo Ramalhadeiro & Ernesto Martins

G R A F IS M O

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IL U S T R A Ç Ã O Nídia Ideias

COLABORADORES

Adriano Godinho, Carlos Filipe, Cristina Sá, Dico, Eduardo Ramalhadeiro, Ernesto Martins, Hugo Melo, Jorge Ribeiro de Castro, Ruben Chamusca, Paulo Guedes, Victor Hugo, Ivo Broncas, Miguel Ribeiro

F O T O G R A F IA

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uti l i zador não pode al te r ar, transfor mar ou cri ar outr a obr a com base nesta. 5 / VERSUS MAGAZINE



I´ N D I C E Nº34 MARÇO / MAIO 2015

38

NUNO COSTA HISTÓRIA DO METAL AÇORIANO

CON T EÚ D O

E N T REV I S TA S

08 09 12 14 17 28 50

10 18 20 26 30 32 34 44 48 52

N O T Í C I A S V E RS U S T R I A L B Y F I RE B R O T H E R S I N AR M S R O B “ R AWB” K E RS E Y M I S S I N G I N AC T I O N MOSH G A R A G E P OW E R # Handsaw

B LA ME ZEU S D EC LINE O F TH E I E NS I FER U M E QU A LEFT LUCIFERIAN LIGHT ORCHESTRA

MOONSHADE S H INING A MA ND A S O MERV ILLE T HE G ENTLE S TO R M ECLIPSE

2 2 FLA S H R EV IEWS 5 6 A LB Ú M D O MÊS # LUCIFERIAN LIGHT ORCHESTRA

5 7 C R ITI C A V ER S US 6 3 P LAY LIS T V ER S US 6 6 LI V E V ER S U S # Paws and Claws # Jackie D # Corpus Christii

6 8 A G END A V ER S U S 7 / VERSUS MAGAZINE


NOTICIAS

DOLLAR LLAMA LANÇAM A SUA PRÓPRIA CERVEJA Para além de darem cartas no mundo da música, a banda nacional Dollar Llama procura agora dar também dar que falar…. no mundo da cervejaria. A banda lançou oficialmente a sua própria marca de cerveja, a Almighty Red. Trata-se de uma American Pale Ale e é uma edição limitada de uma cerveja artesanal que conta no rótulo com um grafismo inspirado na música da banda. A primeira cerveja “heavy metal” made in Portugal é produzida na capital pela empresa Hop Gear, e, para já, apenas é encontrada nos pontos de merchandise presente nos concertos dos Dollar Llama. Contudo, e para descanso dos fãs, será também disponibilizada noutros pontos de venda que serão brevemente anunciados.

WEB LANÇAM NOVO ÁLBUM A banda de trash metal original da cidade invicta, os Web, irão lançar um novo álbum no dia 23 de Maio. O evento será realizado no Metalpoint, localizado no centro comercial Stop, no Porto. É assim o regresso aos originais da mítica formação portuense criada em 1986, que tem sido um exemplo de força e perseverança. Sobreviveram não só ao sempre difícil teste do tempo, como, recorde-se, conseguiram ter a determinação para superar a tragédia que foi a morte do seu vocalista David Duarte em 2001.

B.B. KING ( 16/09/1925 – 14/05/ 2015) “The blues was bleeding the same blood as me.” - “O Blues sangra o mesmo sangue que eu” B.B. King um dos maiores guitarristas que o mundo da música conheceu e que mais músicos influenciou, morreu no dia 14/05. Riley Ben King era, é, e continuará a ser um dos rostos maiores do Blues, eternamente apaixonado pela sua Lucille. Esteve em Portugal várias vezes e era habitual fazer anos com 250 concertos e foram muitos os que tocaram com ele, os melhores perante o Maior: Eric Clapton, David Gilmour ou George Harrison. “Tem o mesmo lugar nos blues que Louis Armstrong tinha no jazz. É um embaixador para a música.” (Historiador de blues)

8 / VERSUS MAGAZINE


TRIAL BY FIRE S T R E A M OF PASSION

A FOR ES T OF STAR S

A War Of Our Own

TH E GENTLE S T O R M

The Sword You Cannot See

(Viral Propaganda) MÉDIA: 2,6

The Diary

(Prophecy Productions) MÉDIA: 4,0

(InsideOut Records) MÉDIA: 3,3

C A R L O S F.

C A R L O S F.

C A R L O S F.

EDUARDO R.

EDUARDO R.

EDUARDO R.

HUGO M.

HUGO M.

HUGO M.

ADRIANO G.

ADRIANO G.

ADRIANO G.

VICTOR H.

VICTOR H.

VICTOR H.

ERNESTO M.

ERNESTO M.

ERNESTO M.

OUTRE

KARYN CRISIS GOSPEL OF THE WITCHES

Salem’s Wounds (Century Media) MÉDIA: 3,3

DSG

Ghost Chants ( Godz Ov War _ Third Eye Temple) MÉDIA: 3,0

Sti l l A Warri o r (Viral Propaganda) MÉDIA: 2,8

C A R L O S F.

C A R L O S F.

C A R L O S F.

EDUARDO R.

EDUARDO R.

EDUARDO R.

HUGO M.

HUGO M.

HUGO M.

ADRIANO G.

ADRIANO G.

ADRIANO G.

VICTOR H.

VICTOR H.

VICTOR H.

ERNESTO M.

ERNESTO M.

ERNESTO M.

D E C AY ED

EREB ALTOR

Into The Depths Of Hell (Hell Prod) MÉDIA: 2,3

K A MELOT

Nattramn ( Cyclone Empire Records) MÉDIA: 3,3

Haven ( Napalm Records ) MÉDIA: 2,4

C A R L O S F.

C A R L O S F.

C A R L O S F.

EDUARDO R.

EDUARDO R.

EDUARDO R.

HUGO M.

HUGO M.

HUGO M.

ADRIANO G.

ADRIANO G.

ADRIANO G.

VICTOR H.

VICTOR H.

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ERNESTO M.

ERNESTO M.

ERNESTO M.

S I X F E ET UNDER

Crypt Of The Devil (Metal Blade) MÉDIA: 2,7

C A R L O S F.

Obra - Prima Excelente Esforçado

EDUARDO R. HUGO M.

Esperado

ADRIANO G.

Básico

VICTOR H. ERNESTO M.

9 / VERSUS MAGAZINE


ENTREVISTA

“[…] NÃO PODEMOS DIZER PROPRIAMENTE QUE “ESCOLHEMOS” ESTE ESTILO… ALIÁS, NÃO HOUVE UMA META DEFINIDA NA ALTURA EM QUE ESTÁVAMOS A COMPOR… AS MÚSICAS SAÍAM ASSIM […]”

BLAME ZEUS A CULPA NÃO É DE ZEUS O S BLAM E Z E US SÃO UMA DAS MA IS R EC EN T ES B A N D A S N A C IO N A I S . N O EN TANTO, SÃ O CONSTITUÍDOS P O R MÚ S IC O S EX P ER IEN T ES E D E G R A N D E Q U ALI DADE. « IDE NTITY» MARCA O Á LB U M D E ES T R EIA E “ T H E A P P R ENT I C E ” J Á “ROLA” PE L AS PRINCIPAIS R ED ES S O C IA IS . A B A N D A P O RT U EN S E É A P R OVA CLARA QUE NE M SÓ DE M ED IO C R ID A D E V IV E A MÚ S IC A P O RT U G U E S A . Por: Eduardo Ramalhadeiro OLÁ SANDRA! ANTES DE MAIS, PARABÉNS PELO ÁLBUM E OBRIGADO PELA ENTREVISTA! A MINHA PRIMEIRA PERGUNTA IA SER: “BEMVINDOS AO MUNDO DO ROCK” MAS VOCÊS JÁ ANDAM POR ESTAS ANDANÇAS HÁ MUITO TEMPO. OS BLAME ZEUS SÃO UMA BANDA COM MÚSICOS JÁ COM MUITA “TARIMBA” E POR ISSO, IMPORTA ANTES DE MAIS PERGUNTAR-TE: COMO E QUANDO TE SURGIU A IDEIA DE FORMAR OS BLAME ZEUS?

cinzas de uma banda que eu e o Ricardo tivemos anteriormente chamada Hyphen. Sempre quisemos trabalhar na música e ter projectos originais portanto, quando essa banda acabou, decidimos convidar o Luís Carvalho, primeiro guitarrista da banda. Ele trouxe consigo o Diogo Vidinha para tocar baixo, e começamos a compor a partir daí.

SANDRA: Olá a todos, eu é que agradeço! Os

S A N D R A : Antes de mais, o nosso nome não

Blame Zeus nasceram em finais de 2010 das 1 0 / VERSUS MAGAZINE

J Á A G O R A , PORQUE L ANÇAM A CUL PA A Z E US?

tem qualquer conotação religiosa ou mitológica… significa sim que o pobre Zeus é o bode expiatório quando algo corre mal! Mas, na sua verdadeira essência, associamos este nome a uma descoberta, à ideia de que a vida é uma série de aprendizagens e uma viagem de auto-conhecimento… não sabemos de onde vimos ou porque estamos aqui, mas já que estamos vamos adorar cada momento!

GOSTEI DO ÁLBUM E NOTEI UMA SÉRIE DE INFLUÊNCIAS NA VOSSA MÚSICA DE ROCK


“[…] ELE TRADUZ A FUSÃO DAS NOSSAS INFLUÊNCIAS, DAS NOSSAS VIVÊNCIAS E ESTADOS DE ESPÍRITO TRANSFORMADOS EM MÚSICA, EM SUMA, O QUE NÓS SOMOS. […]” CONTEMPORÂNEO, EVANESCENCE E TALVEZ DOS MAIS IRREVERENTES GUANO APES. NÃO SEI SE ESTOU CERTO OU NÃO MAS É O QUE SINTO A OUVIR. VI QUE TENS ALGUMA FORMAÇÃO DE JAZZ E APESAR DE EU ACHAR QUE O VOSSO ESTILO DE MÚSICA NÃO É TOTALMENTE INOVADOR – NEM TERIA QUE SER E NÃO É POR ISSO QUE DEIXO DE GOSTAR DAS MÚSICAS – RECONHEÇO-VOS MUITA QUALIDADE, COMPETÊNCIA E UM ELEVADO NÍVEL TÉCNICO. SEMPRE QUE OUÇO HÁ SEMPRE NOVOS PORME NORES QUE DESCUBRO. SENDO ASSIM, PORQUE É QUE OPTARAM POR ESTE ESTILO DE MÚSICA E COMO SE DEFINEM EM TERMOS MUSICAIS? OU DE OUTRA FORMA, DADA A VOSSA QUALIDADE PORQUE NÃO UM ESTILO MAIS PROGRESSIVO?

SANDRA: Não podemos dizer propriamente

que “escolhemos” este estilo… aliás, não houve uma meta definida na altura em que estávamos a compor… as músicas saíam assim, sem que estivéssemos a fazer um esforço consciente para serem mais ou menos pesadas, mais ou menos progressivas. Por isso é que este álbum é do mais orgânico que podes ouvir, não tem pretensões nem pormenores metidos a martelo porque “no rock ou no metal tem que ser assim”. Falando no exemplo que deste, do Jazz, eu pensei “se eu sei fazer isto, se eu tenho esta cena jazzística porque não utilizar onde sentir que ela fica bem?” Porque não? Por isso confesso que é difícil definirmos o nosso estilo nuclear, porque de música para música ele muda.

«IDENTITY» FOI O NOME ESCOLHIDO. SERÁ A VOSSA ESTREIA O RESULTADO DE UMA MESCLA DAS VOSSAS PERSONALIDADES E INFLUÊNCIAS MUSICAIS?

ESTA É UMA DAS PERGUNTAS QUE COSTUMO FAZER A QUASE TODAS A BANDAS PORTUGUESAS: NÃO VIVEMOS PROPRIAMENTE NUM PAÍS DE OPORTUNIDADES NO QUE DIZ RESPEITO À MÚSICA. A CULTURA É SUBVALORIZADA E É MUITO DIFÍCIL VIVER DA MÚSICA. ACREDITO QUE O CAMINHO NÃO TENHA SIDO FÁCIL ATÉ ASSINAR PELA RAISING LEGENDS E LANÇAR O NOVO «IDENTITY». QUAIS FORAM AS VOSSAS PRINCIPAIS DIFICULDADES? VOCÊS DEDICAM-SE A TEMPO INTEIRO AOS BLAME ZEUS OU TÊM OUTROS TRABALHOS?

S A N D R A : As dificuldades nunca cessaram!

A produção do álbum foi um investimento nosso, com a grande ajuda dos nossos fãs através de um crowdfunding, e com os valiosos conselhos e apoio do André Matos da Raising Legends Records. É muito difícil viver de bandas, principalmente de originais, neste país em que o que é nosso é desvalorizado e a cultura é sempre colocada em último plano. Eu, o Ricardo e André somos professores de música, e temos outros projectos musicais para além de Blame Zeus, vivendo só disso. O Vítor e o Diogo têm outros empregos.

É INCRÍVEL QUE DADA A QUANTIDADE DE MEDIOCRIDADE NO PANORAMA MUSICAL NACIONAL, NÃO SEJAM DADAS MAIS OPORTUNIDADE A PROJECTOS SÉRIOS E COM QUALIDADE. COMO É QUE VÊS A QUALIDADE E O PANORAMA DA MÚSICA EM PORTUGAL?

S A N D R A : Como disse na pergunta anterior,

SANDRA: Exactamente, ele traduz a fusão das nossas influências, das nossas vivências e estados de espírito transformados em música, em suma, o que nós somos.

acho que para os próprios portugueses o que se faz cá não tem valor… o que é mesmo triste. Não há valorização cultural, nem um esforço para desenvolver as mentalidades. É uma pena que, em muitas organizações, utilizem as verbas para trazer bandas estrangeiras e ignorem as bandas portuguesas que têm qualidade.

PENSO QUE TODOS OS MEMBROS DOS BLAME ZEUS TÊM FORMAÇÃO MUSICAL COM EXCEPÇÃO DO DIOGO (BAIXO). COMO É O VOSSO PROCESSO DE COMPOSIÇÃO? TODA A GENTE CONTRIBUIU PARA OS TEMAS?

TUDO ISTO TAMBÉM PASSA PELA PROMOÇÃO E DIVULGAÇÃO. CADA VEZ MAIS AS BANDAS TÊM DE TRABALHAR NESSE ASPECTO. É DIFÍCIL PARA VOCÊS GERIREM ISTO? COMO VÊS O TRABALHO DESENVOLVIDO PELA RAISING LEGENDS?

SANDRA: Claro que sim, cada um faz a parte

S A N D R A : O apoio da Raising Legends tem

relativa ao seu instrumento, pelo menos a base, e depois trocamos impressões e sugestões. Posso dizer-te que, por vezes, a formação musical não é decisiva na altura de criar. O Diogo teve aulas de baixo, apesar de não ser no ensino oficial, e é o ponto de partida para muitas músicas e uma grande força criativa da banda.

DESDE A VOSSA FORMAÇÃO VOCÊS DEMORARAM CERCA DE QUATRO ANOS A LANÇAR «IDENTITY». PORQUÊ ESTE HIATO TÃO GRANDE ENTRE O COMEÇO E O ÁLBUM DE ESTREIA?

SANDRA: Quando começamos, em Dezembro

de 2010, acordamos que iriamos encarar o processo criativo com toda a calma. Aproximadamente 2 anos e poucos meses se passaram até que a nossa música visse a luz do dia, por sua vez já com o André Ribeiro na guitarra. O ano de 2013 foi para rodar as músicas, tocar o mais possível e receber o feedback do público. Em 2014 percebemos que estava na hora de passar para o nível seguinte e registar com o máximo de qualidade possível o trabalho realizado até aí. Claro que ficaram temas por gravar, mas tentamos fazer o álbum o mais completo possível, e que retratasse o que nós somos.

sido incrível, a começar pela produção do álbum e passando pela planificação da tourné em que acompanhamos os R. A. M. P. por todo o país. Claro que também nos ajudamos a nós próprios e assumimos amaior parte da divulgação.

VOCÊS TÊM PLANOS PARA SE LANÇAREM FORA DO PAÍS?

S A N D R A : Queremos, com toda a certeza,

ir além-fronteiras, expandir para outros mercados! Ainda não temos nada seriamente marcado, mas estamos a analisar as possibilidades.

NÃO SEI SE ESTÁS DE ACORDO OU NÃO MAS PENSO QUE AINDA HÁ UM POUCO AQUELE ESTEREÓTIPO QUE O ROCK PESADO É PARA HOMENS. POR ISSO SE FALA, MUITAS VEZES, NO “FEMALE FRONTED METAL BANDS” – ALGO QUE EU ACHO RIDÍCULO E SEM SEN TIDO. CONCORDAS COM ESTA IDEIA? ACHAS QUE EM PORTUGAL SE NOTA MUITO ISTO?

que rock é rock, seja no feminino ou no masculino, o que interessa é libertar os demónios, partir tudo e passar boas energias.

COMO É TRABALHAR NUMA BANDA ONDE ÉS A ÚNICA MULHER?

S A N D R A : Não penso muito nisso por acaso.

Sempre me trataram como um deles, nunca me senti diferenciada por ser mulher. Quanto muito, chamam-me a patroa!

EM ALGUM MOMENTO DA TUA CARRE IRA MUSICAL TU VISTE AS “PORTAS FECHADAS” OU SENTES QUE É MAIS DIFÍCIL PARA AS MULHERES SINGRAREM NA MÚSICA MAIS ROCKEIRA E PESADA?

S A N D R A : Não acho que seja difícil singrarem,

têm é que ser boas (cantoras) e desenvolver um estilo cativante e original. Se algum dia vi as “portas fechadas” foi porque eu própria as fechei… se bem que há sempre factores que podem condicionar-nos e dificultar a tarefa, acho que somos nós, com trabalho árduo e humildade, que fazemos a nossa sorte.

VI A VOSSA AGENDA DE CONCERTOS, BEM PREENCHIDA, POR SINAL – VAMOS LÁ VER SE VOS CONSIGO IR VER AO HARD BAR EM AVEIRO. COMO ESTÁ A CORRER A VOSSA TOURNÉE? O PÚBLICO TEM CORRESPONDIDO NOS CONCERTOS?

S A N D R A : A tourné com R. A. M. P. foi

fantástica! Este ano também já temos alguma estrada, os concertos têm corrido sempre lindamente, embora o público por vezes teime em ficar em casa. Temos que sair de casa pessoal! Apoiar as bandas portuguesas!

DOIS DOS MELHORES TEMAS SÃO, NA MINHA OPINIÃO, “SHOOT THEM DOWN” E “THE APPRENTICE”. EM QUEM É QUE VOCÊS QUEREM ATIRAR E O QUE AINDA TE FALTA APRENDER?

S A N D R A : Eu escrevi a “Shoot Them Down”

quando tinha outro emprego que detestava e, num dia particularmente complicado, resolvi desabafar para o papel. Quanto à “The Apprentice”, estamos sempre a aprender, até à morte, foi isso que viemos cá fazer a este mundo, e isso é o que torna as coisas interessantes.

PARA TERMINAR, QUE CONSELHOS DÁS A ESTA MALTA NOVA (… E NÃO SÓ) QUE QUER SINGRAR E VIVER DA MÚSICA EM PORTUGAL?

S A N D R A : Sejam o melhor que conseguirem,

procurem formação, tenham aulas (podem procurar-nos em facebook.com/encoreschool ) e nunca desistam. Este é um caminho de muito trabalho, muitas horas perdidas, muito investimento e imensas escolhas difíceis, mas acima de tudo, sejam vocês próprios, não se deixem levar pelas convenções e criem o vosso próprio estilo.

“SIM, ACHO QUE EM P O RT U G A L H Á U M ESTIGMA MUITO GRANDE EM RELAÇÃO A BANDAS DE MÚSICA PESADA COM M U L H E R E S A C A N TA R . ”

S A N D R A : Sim, acho que em Portugal há um

estigma muito grande em relação a bandas de música pesada com mulheres a cantar. Se por um lado tens pessoal que adora, por outro tens que pessoal que detesta e/ou não respeita essas bandas. A minha opinião é

WWW.FACE BOOK.COM / BLAM EZEUS HTTPS://YOUTU.BE /B JGDW DI T DUC

11 / VERSUS MAGAZINE


ARTIGO VERSUS

BROTHERS IN ARMS NÓS AQUI NA VERSUS SOMOS BASTANTES ECLÉTICOS. AQUANDO DO LANÇAMENTO DESTA EDIÇÃO, UM DOS MAIS IMPORTANTES ÁLBUNS DE ROCK DE TODOS OS TEMPOS FAZ TRINTA ANOS. «BROTHERS IN ARMS» DOS DIRE STRAITS MARCOU, SEM DÚVIDA NENHUMA, A CARREIRA DA BANDA BRITÂNICA. POR ISSO, E COMO “NEM SÓ DE METAL VIVE O HOMEM”, CONVIDÁMOS ALGUÉM LIGADO À MÚSICA – MAS NÃO AO METAL – QUE NOS ESCREVESSE O QUÃO IMPORTANTE FOI ESTE ÁLBUM. Por: JAOQ Todos temos nossos gostos, preferências na comida, nos carros, nos destinos de férias, e obviamente na música. Não é o facto dos Dire Straits serem a minha banda de sempre, que tal afectará a análise factual da importância e impacto do lançamento de «Brothers in Arms» há 30 anos. Os meus gostos musicais foram evoluindo em função da idade, e amadurecimento dos conhecimentos musicais, por isso, não renego, a minha fase teenager, Duran Duran, a minha fase pós teenager Dire Straits, e os pós 90 com um leque musical abrangente que foi desde o alternativo de Bjork, Radiohead, passando pelo mainstream Coldplay, Keane, Garbage, e novas áreas como acid Jazz, Lounge pop 1 2 / VERSUS MAGAZINE

eletro, bossa new wave. Mas nada disto mudou a marca indelével que a banda de Mark Knopfler deixou para sempre, desde logo sempre me marcou a sonoridade única da banda, o facto de nunca se terem preocupado com os clichês comerciais de um líder visualmente impactante, videoclips dispendiosos, extravagâncias e exigências de estrelas nos camarins pré concertos, limousines, e constante presença na tv e entrevistas nunca foram a imagem de marca de Knopfler, John Ilsley, Mel Collins e Guy Fletcher . Pelo contrário Mark Knopfler um exprofessor que sempre andou de autocarro em vez de limousines, já é uma lenda viva como guitarrista e compositor que ainda hoje, prefere seguir um alinhamento musical fora das

escolhas comerciais e formatos fáceis, percorrendo experiências country, jazz, blues, com colaborações com mitos como Bob Dylan, Van Morrison, Chet Atkins, Eric Clapton, etc.

As músicas dos Straits nunca se preocuparam com formatos standart de 3/4minutos com refrões “catchy” princípio meio e fim. Pelo contrário, comercialmente apesar de não terem airplay nas rádios e tv’s de músicas com 8, 10 e 14 minutos como “Telegraph Road”, “Tunnel of Love”, “Romeo and Juliet” e até “Your Latest Trick” inclusive do álbum hoje em questão... “Brothers in Arms”, os Dire Straits mais reconhecimento merecem por sem usarem estereótipos comerciais e


ARTIGO VERSUS

seguindo uma linha própria e única, terem conseguido já um lugar no Olimpo musical. Os fãs da banda, até podem considerar que «Brothers in Arms» não seja o melhor álbum dos Dire Straits, mas é com certeza o álbum mais marcante e emblemático da banda de Knopfler, um álbum para a posteridade, que definitivamente está para a música com a importância de um «Sargent Peper» dos Beatles, «Thriller» de Michael Jackson, «Dark Side of the Moon» dos Pink Floyd, «Ok Computer» dos Radiohead etc. «Brothers in Arms» é acima de tudo um álbum de total inspiração, poucos trabalhos de qualquer artista reúnem em 9 músicas 6 títulos que atingiram os tops (não que esse critério seja fundamental para reconhecimento da qualidade musical). De musicas imortais como “Money For Nothing” (um dos riffs de guitarra que ficará para sempre na história da musica, e uma intro de pôr qualquer adepto de bom rock com pele de galinha), seguido do irresistível e frenético ritmo de “Walk of Live” passando por “So Far Away” de uma singeleza bela e suave, por um genial “Your Latest Trick” com um dos mais belos solos de sempre de saxofone, percorrendo ainda um “Why Worry” simples mas de uma sensibilidade tocante, culminando no épico titulo

que dá nome ao album... “Brothers in Arms” cuja letra é ainda hoje de uma actualidade total, e de uma inspiração imemorial. Está nos mais importantes 100 álbuns de sempre do Hall Rock of Fame, foi o álbum mais emblemático e de alguma forma responsável pelo início da era digital, e massificação do Compact Disc (vulgo CD), para termos noção do seu impacto na semana passada entrou diretamente para o TOP 30 UK 30 anos após o seu lançamento. Algumas curiosidades a propósito de «Brothers in Arms» que poucas pessoas sabem:

Todas as músicas foram compostas por Knopfler excepto “Money for Nothing” uma parceria Knopfler/Sting que participa inclusive no chorus da música.

«Brothers in Arms» é sem dúvida um álbum para a História... 1985 Ironicamente meio da década de 80, simbolizando o melhor da década dourada. Como diz a musica... “So far away... and here i’m again in this mid old town, and its so far away from me...so far i just can see…” Pois apesar dos 30 anos do seu lançamento, eu ainda consigo visualizar bem o contexto e imagens da época de «Brother’s in Arms»... Os anos oitenta também são marcados por este álbum, mas este trabalho ultrapassou década de 80 e é já hoje um marco na industria fonográfica e com certeza na minha memória musical... Avé Dire Straits, long live the king Knopfler…

9 Semanas número 1 no Bilboard - United States e 34 semanas número 1 no top Austrália 8º Álbum mais vendido de sempre no Reino Unido, e um dos mais vendidos de sempre em todo mundo com mais de 30 milhões de cópias vendidas Vencedor de 2 Grammys em 1986 e melhor álbum inglês em 1987 nos Brit awards.

13 / VERSUS MAGAZINE


ENTREVISTA

“[…] DESENHO TUDO O QUE ME DÁ VONTADE DE RIR OU ME PARECE DRAMÁTICO. […]”

ROB “RAWB” KERSEY (PSYCHOSTICK) UM CÓMICO QUE SE LEVA MUITO A SÉRIO O SEU O BJET IVO É FAZER RIR, MA S LEVA-S E EIS ROB KERSEY ( AKA R AW B), MEMBR O (UMA BANDA QUE FAZ M ETA L H U MOR Í S TI C O ) E

MUI TO A S ÉR I O . DO S PS Y C H O S T I C K A RTI S TA G R Á FI C O .

Por: CSA VI OS TE US CARTOONS E A C H EI- O S R EA LMEN T E ENGRA ÇADOS. E U TAMBÉ M FA Ç O C A RT O O N S E ALGUMAS HISTÓRIAS DE B A N D A D ES EN H A D A , QUE PUBL ICO NUM DOS MEU S B LO G S O U N O FACEBOOK. TE NHO F E ITO A LG U N S C A RT O O N S PARA A VE RSUS.

ROB: Desenhar não é máximo? O QUE TE FAZ DE SE NHAR?

ROB: Trabalhei em websites durante a

maior parte da minha vida e sempre fui um grande fã de websites cómicos. Tive um website (pluh.com) durante muito tempo, antes de Psychostick se tornar a minha principal prioridade. Depois, em 2011,

1 4 / VERSUS MAGAZINE

lancei Alfredo Afro (http://alfredoafro. com), que, recentemente, passou a ser Psychostick: The Comic. O que me faz desenhar é o facto de adorar criar coisas. Desenvolver websites, fazer música e desenhar cartoons e banda desenhada que divulgo na internet são tudo atividades MUITO criativas, que funcionam como uma espécie de “desafio técnico”, que me parece muito apelativo.

EX P R IMES O M E S M O T I P O D E I D E I A S AT R AV É S D O D ES EN HO E D A M Ú S I C A ? O Q U E É D I F E R E N T E D E U M PA R A O O U T R O ?

R O B : Por vezes, sim. No que se refere ao

lado musical, tenho de contar com os meus companheiros de banda. Trabalhamos

de forma colaborativa, criando ideias, brincando com elas e, assim, de algum modo, aparecem as canções/os álbuns.

Os cartoons quase sempre dependem exclusivamente de mim. Tenho aleatoriamente momentos de inspiração, uma espécie de explosão de ideias, ou, então, alguém que eu conheço (da banda ou doutro lado) diz alguma coisa que me faz surgir uma ideia. O N D E E N C O N T R A S A S T U A S I D E I A S?

R O B : Desenho tudo o que me dá vontade de rir ou me parece dramático. Fazem-me frequentemente essa pergunta.


“PORTANTO, AS IMAGENS QUE CRIO SÃO INFLUENCIADAS PELO USO DA COR QUE É FEITO NESTES CAMPOS ARTÍSTICOS. […]” Francamente, não sei onde encontro as minhas ideias. É mais ou menos aleatório. Acontece sempre que algo acontece que me faz vir à cabeça a palavra “CARTOON!” Já tive de deitar fora muitas ideias, devido a não ser capaz de as desenvolver ou por chegar à conclusão de que não prestavam ou não tinham piada. Isto acontece frequentemente. Estou a tentar melhorar a qualidade das minhas ideias, para as tornar tão engraçadas quanto possível.

COM O PRE PARAS OS TE U S C A RT O O N S ? EU “DESENHO” OS ME US MEN TA LMEN T E A N T ES DE OS PÔR NO PAPE L .

ROB: O lado “não técnico” da coisa é a

escrita. Primeiro, tenho a ideia. Depois, escrevo um script. Nessa altura, já tenho a história feita na minha cabeça e começo a esboçar as vinhetas.

EU DESE NHO E M QUAL QU ER T IP O D E PA P EL BRANCO COM UMA E SFER O G R Á FIC A P R ETA . DEPOI S DIGITAL IZ O OS DE SEN H O S N U M V U LG A R SCANNE R. QUE TÉ CNICAS U S A S PA R A FA ZER OS TEUS DE SE NHOS? DE SEN H A S D IR ETA MEN T E NO COMPUTADOR?

ROB:

Eu desenho tudo digitalmente. Uso o computador para tudo, desde o esboço até à cor. Tudo mesmo. Fiz alguns desenhos em papel, mas isso só acontece quando não posso mesmo ter acesso a um computador. Atualmente, como seria de esperar (embora, às vezes, isso não aconteça), uso o Manga Studio 5, para fazer o esboço, o layout, desenhar e colorir. Recorro ao Photoshop para inserir os diálogos e, por vezes, fazer alguns truques com filtros e camadas, se for necessário. O meu hardware é simples: um Surface Pro da primeira geração. Esta coisinha funciona bem e é fácil de transportar. Posso desenhar diretamente no ecrã, que é extremamente sensível à pressão. O Manga Studio e o Photoshop funcionam na perfeição nesse hardware.

PORQUE PRE CISAS DA COR ? N U N C A D ES EN H A S A PRETO E BRANCO?

ROB:

Penso que a cor dá mais profundidade ao desenho, ao cartoon. Já me questionei sobre a possibilidade de usar o preto e branco com mais frequência, mas não me parece que tenham a mesma profundidade que os que são coloridos. Talvez seja porque não desenho suficientemente bem.

COM O DE F INE S PERSONAGE NS?

ROB:

O

E S T ILO

DAS

TUAS

Bem. São uma espécie de cruzamento entre Garfield/Penny Arcade/ eu próprio. É um tanto estranho, não é? Li algures que “A qualidade das personagens de cartoon se mede pela facilidade em as reconhecer APENAS a partir da sua silhueta.” Espero ter conseguido (ou vir a conseguir) atingir esse nível em algum momento.

T EN S A LG UM A P E R S O N A G E M Q U E A PA R E Ç A D E FO R MA R EC O R R E N T E N A S T U A S H I S T Ó R I A S ?

FA Z E S M E R C H A N D I S I N G PA R A A T U A B ANDA O U OUTRAS?

R O B : Sim. Eu. Mmm… narcisismo… Tenho

ROB:

envolvido a minha banda nelas, desde que passei a alojá-las no psychostick.com. Tenho mais algumas personagens que gosto de usar (Lauren, a raparida lerda com o cabelo azul, ou Al, o rapaz com o grande cabelo amarelo). São engraçados, por isso tenho tentado usá-los mais frequentemente nas minhas histórias.

POSSO CONSIDERAR AQUELA PERSONAGEM QUE PA R EC E U M A E S P É C I E D E L Á P I S D E M A D E I R A C O M U MA F O L H A D E Á RV O R E N A “ C A B E Ç A ” C O MO O T EU L O G O ? É M A I S Q U E E N G R A Ç A D A ! ! !

R O B : Tens de me enviar um desenho, para

eu ver o que é. Mas penso que sei do que estás a falar…

A LG U MA V E Z E S T U D A S T E A RT E S O U A L G O Q U E P O S S A T ER - T E C H A M A D O A AT E N Ç Ã O PA R A O S C A RT O O N S ?

R O B : Não. Sou apenas um autodidata

teimoso. Quando quero aprender uma arte, ou qualquer outra coisa que me interesse, limito-me a mergulhar a fundo nela e leio tudo o que encontrar sobre o assunto. Desenhar é uma atividade recente para mim. Tenho-me dedicado a isso desde 2011.

Faço bastantes desenhos para o merchandising de Psychostick. Mas trabalho muito menos para outras bandas. Esta dá-me imenso que fazer.

É S T Ã O C O N H E C I D O P E L O S T E U S D ESENHOS COMO PELA BANDA?

R O B : Não, nem perto disso. Penso que só 1% dos fãs de Psychostick sabe que eu desenho. Os restantes 99% nunca ouviram falar de tal coisa ou estão-se a marimbar para isso.

Q U A L É O T E U M A I O R S O N H O C O M O ARTI S TA GRÁFICO?

R O B : Espero poder um dia participar

em congressos de banda desenhada, vender os meus desenhos, talvez mesmo organizar o meu próprio evento sobre bandas desenhadas malucas. Em suma, gostava de me tornar o “Penny Arcade” do mundo da música”. Mas vamos avançando aos poucos, que é melhor.

H T T P : / / P S Y C H O S T I C K . C O M /P ROMO.PHP

Q U E ES T R AT É G I A S U S A S Q U A N D O T E PA R E C E Q U E VA I S E R D I F Í C I L PA R A T I D E S E N H A R A L G O Q U E T EN S E M M E N T E ?

R O B : Faço esboços, esboços, esboços.

Ainda tenho alguns obstáculos a ultrapassar. É verdade que alguns são mais difíceis de fazer do que outros. (Luto como louco com os fundos. A pintura digital é algo que me está a dar que fazer. É difícil apropriar-me dessa técnica.) Mas tudo é possível, se conseguires esboçar o que queres desenhar. Portanto, faço muitos esboços.

A LG U MA V E Z F I Z E S T E U M F I L M E D E A N I M A Ç Ã O ? OU USASTE ALGUMA DAS TUAS HISTÓRIAS PA R A FA ZER U M D E S S E S F I L M E S ?

R O B : Não. Haha! A única “animação”

que fiz até agora foi o vídeo da CERVEJA e o outro chamado ABCDEAT, para Psychostick. Tens aqui os links: http://psychosHck.com/videos/beer-¬‐ the-¬‐video http://psychosHck.com/videos/abcdeath

J Á A LG U M A V E Z F O S T E C O N V I D A D O PA R A P U B LIC A R O S T E U S C A RT O O N S F O R A D O T E U B LO G U E?

R O B : Não, ainda não. Ainda tenho muito

que fazer antes de chegar a esse nível de qualidade. Espero conseguir escrever um livro semelhante aos meus blogues, um dia.

15 / VERSUS MAGAZINE


“[…] EM SUMA, GOSTAVA DE ME TORNAR O “PENNY ARCADE” DO MUNDO DA MÚSICA”. […]”

1 6 / VERSUS MAGAZINE


MISSING IN ACTION

QUEM?

Grant Hart, Norton

Bob

Mould,

Greg

ONDE?

Estados Unidos

QUANDO?

Década de 80. Activos entre 1979 e 1987.

LANÇAMENTOS

«Everything Falls Apart» | «Zen Arcade» | «New Day Rising» | «Flip Your Wig» | «Candy Apple Grey» | «Warehouse: Songs and Stories».

Hüsker Dü – Ainda se lembram? A história da música nem sempre é justa para com os seus intervenientes. Enquanto uns perduram no tempo, outros, tanto ou mais influentes, permanecem obscuros para uma grande parte dos consumidores e amantes da arte. Seja por problemas internos, interesses comerciais, som demasiado visionário para a sua época, ou por qualquer outra razão, a verdade é que existem projetos que foram uma importante fonte de inspiração para os conjuntos que consideramos hoje em dia referências no meio, e são desconhecidos para o público em geral. São elos fulcrais na cadeia de criatividade que ajudaram a moldar as nossas bandas de eleição, e, por isso mesmo, ter oportunidade de as conhecer é também uma forma de entender melhor a música que nos faz vibrar. Os Hüsker Dü são sem dúvida um desses casos. Formados em 1979 em Minneapolis nos EUA, este trio foi uma das bandas mais influentes, e porque não dizer também, das mais originais, de rock dos anos 80. O nome, muito pouco “rock n´roll”, significa “Ainda te lembras?” em Dinamarquês e Norueguês, e faz alusão a um popular jogo infantil de tabuleiro em voga nos anos 50. As próprias personalidades e estilos dos elementos que compunham a banda não seriam os expectáveis num conjunto que se definia no início da carreira como de punk/Hardcore. Contavam com Bob Mould na guitarra e voz, um fã de wrestling com algum peso a mais, Grant Hart na bateria e na voz, um hippie com cabelos compridos e uma aparente despreocupação quanto ao uso de sapatos, e Greg Norton no baixo, amante de jazz que….bem… digamos que teria entrada garantida na confraria do bigode! Este power trio bastante eclético teve o mérito de inovar a forma como o estilo musical que tocavam era encarado até à data. No início dos anos 80 a banda assinou pela editora SST e lançou o álbum Land Speed Record. Um álbum de hardcore rápido e furioso que difere em muito do estilo que veio mais tarde a notabilizá-los. São 17 canções, disparadas a uma velocidade impressionante durante cerca de 26 minutos. O próprio Bob Mould ao tentar descrever o álbum referiu que “soa como quando tu vais a um concerto e sentes os ouvidos a explodir.” Contudo, não foi esta manifestação de poder que os elevou mais tarde ao estatuto de banda de culto. Influenciados por uma grande variedade de estilos de música, os Hüsker Dü começaram a reduzir a velocidade das suas composições sem deixarem que isso afetasse a agressividade das

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HUSKER DU POR: IVO BRONCAS mesmas. Ao mesmo tempo, introduziram não apenas melodia, como também sons inspirados em géneros musicais que à partida não conjugariam com o seu, nomeadamente jazz, pop comercial, e até mesmo baladas acústicas. Como resultado conseguiram um casamento original entre o som pesado e energia do hardcore com melodias pop, tudo isto narrado por letras introspetivas. As suas músicas evoluíram de uma forma natural e tornaram-se mais longas, mais ricas em contrastes, muito devido também à utilização de alguns instrumentos menos usuais no punk, nomeadamente órgãos, pianos e guitarras acústicas. E assim, gradualmente e ao espelhar nos seus trabalhos a amálgama das mais diferentes influências e personalidades díspares que caracterizava a banda, foram mudando o paradigma do som que uma banda punk pode apresentar. Muitas outras mais tarde lhes seguiram os passos. O seu pico artístico aconteceu em 1984 com aquele que é considerado por muitos como o seu melhor trabalho: Zen Arcade. Este destaca-se não só pela sua qualidade e originalidade, como também por ser um álbum duplo e conceptual onde é descrita a passagem de um adolescente à idade adulta. Um conceito nunca antes abordado por um grupo com o seu background. O sucesso não demorou muito a ser atingido, tendo sido fulcral nesse processo o tempo de antena que tiveram da parte das rádios das universidades, meio pelo qual muitas outras bandas alternativas se conseguiram afirmar. Acabariam por ser uma das primeiras bandas independentes a assinar por uma grande editora, provando que este género musical era comercialmente viável. Com esta maior visibilidade tornaram-se uma referência para o rock alternativo e música independente americana durante os anos 80. Porém, em 1986 começaram a surgir problemas internos que levaram mais tarde à sua dissolução. Problemas com drogas ilícitas e uma “power struggle” entre os dois principais compositores, Bob Mould e Grant Hart deram origem a conflitos constantes. Finalmente, a 25 de Janeiro de 1988,

Bob Mould abandonou a banda, coincidindo este ato com o fim dos Hüsker Dü. Felizmente, a sua influência na música não terminou com a separação. Com o seu sucesso começaram a traçar o caminho para o grande boom de rock alternativo que se verificou nos anos 90, inspirando nomes que já são considerados lendas, tais como os Nirvana e os Pixies. Krist Novoselic, que atingiu o estrelato enquanto baixista dos Nirvana, como que numa devida homenagem e reverência aos seus mestres, afirmou que: “O que os Nirvana fizeram não foi nada de novo. Os Hüsker Dü fizeram-no antes de nós.” Também o seu ex-colega de banda, agora frontman dos mais mainstream Foo Fighters, Dave Grohl, confessou não só a sua admiração pela banda, como fez ver a importância que tiveram na sua carreira pós Nirvana: “No Hüsker Dü, no Foo Fighters.” E foi tão significativa essa influência que Bob Mould chegou a participar em concertos dos Foo Fighters a pedido de Dave Grohl. Também Billie Joe Armstrong dos Green Day confessou a sua admiração pelo trio de Minesota. Mas se nem sempre a história da música é justa para com os seus intervenientes, a verdade é que nunca é tarde para dar o devido reconhecimento a quem o merece. Ao mesmo tempo que é nos é prazeroso descobrir novos projetos que nos entusiasmam, olhar para trás e descobrir os trabalhos marcantes que serviram de inspiração a toda uma geração, não deixa de o ser menos. Os Hüsker Dü são um claro exemplo disso: desconhecidos para muitos, marcaram diretamente uma fase importante do rock, e continuarão a marcar não só a música que muitos de nós ouvimos, como provavelmente tanta outra que ainda não foi criada. E o gostar desta arte também é muito isto: continuar a explorar não só o que há de novo, mas o que de bom se fez e ainda não tivemos oportunidade de descobrir. E posto isto dá vontade de perguntar: Ainda te lembras (Hüsker Dü) quem foram os “avós” do grunge? Quem influenciou gerações e, infelizmente, nem sempre lhes é dado o devido crédito? Não? Ótimo, porque garanto que dá um grande gozo em relembrar ou a (re)descobrir.


ENTREVISTA

“[…] SE PRECISAS DE UMA ETIQUETA PARA A MINHA MÚSICA, SUGIRO ‘BLACK METAL PERTURBADO’. […]”

DECLINE OF THE I SOB O SIGNO DA “TRILOGIA DE LABORIT” DECLINE OF THE I – O PROJETO DE A. K. – FAZ A SÍNTESE ENTRE A MÚSICA, A CIÊNCIA E… A VIDA. Por: CSA APRESENTAM-TE COMO “PÓS-TUDO O QUE É TENEBROSO”. COMPARAM DECLINE OF THE I A BURZUM, NEUROSIS, DEATHSPELL OMEGA. O QUE PENSAS DISTO? QUE IMAGEM DA TUA BANDA GOSTARIAS DE APRESENTAR? A. K. : É sempre difícil descrever a

música usando palavras… logo apostase nas aproximações. Faz-se o que se pode… Pós-xxx significa simplesmente que se considera (certamente com boas razões para o fazer) que não haverá mais formas verdadeiramente novas, pelo que tudo o que existe resulta do “rearranjo” de formas pré-existentes. Desviamos, recortamos, cortamos,

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acrescentamos, etc. Penso que a música vive cada vez mais disso... Mas, por outro lado, irrita-me que “me metam no mesmo saco” que coisas que considero horríveis como Deafheaven ou Liturgy… Se precisas de uma etiqueta para a minha música, sugiro “Black Metal perturbado”.

motivo que apostei numa produção muito orgânica. Quero que se sinta “o cheiro a suor”.

SENTES-TE PRÓXIMO DO ROCK? A TUA EDITORA ANUNCIA QUE ESTÁS DISPONÍVEL PARA DAR ENTREVISTAS A REVISTAS DE METAL, MAS TAMBÉM DE ROCK.

A . K .: Continuo ativo noutras bandas.

A . K . : De certo modo, sim. Temos em

comum uma energia primitiva, que procuro preservar, mesmo que a integre em arranjos complexos. Foi por esse

AINDA TOCAS NOUTRAS BANDAS OU DECIDISTE DEDICAR-TE DE CORPO E ALMA A DECLINE OF THE I? Ainda faço parte de Merrimack, Vorkreist, Malhkebre, Sektarism e Eros Necropsique.

QUE INFLUÊNCIA TÊM ESSAS BANDAS COM AS QUAIS TRABAL HAS (OU TRABALHASTE) SOBRE DE CLINE OF THE I?


“[DECLINE OF THE I E O ROCK] TEMOS EM COMUM UMA ENERGIA PRIMITIVA, QUE PROCURO PRESERVAR, MESMO QUE A INTEGRE EM ARRANJOS COMPLEXOS. […]” A. K.: Não posso negar a sua existência,

mas não sei descrevê-la. De qualquer modo, tudo pode influenciar-me. Acho um disparate pretender-se fazer crer aos outros que algo pode surgir do nada. Somos “trespassados” por imensas coisas e tudo produz algum efeito em nós. No meu caso, o que daí resulta é a minha música, que exprime a minha perspetiva sobre o mundo que me rodeia.

QUAL É O ALVO DA TUA REVOLTA? A. K.: Neste álbum, não se trata de

exprimir a minha revolta pessoal, mas a de todos nós, dos seres humanos em geral, que não querem continuar a ser agredidos e que se revoltam contra o que os rodeia. O primeiro álbum tinha como tema a ideia de se estar impedido de agir, o facto de não se poder fazer nada para sair de algo que não nos agrada e termos de a suportar, o que redunda na autoaniquilação do sujeito.

QUE RELAÇÃO EXISTE ENTRE A TUA MÚSICA E OS TRABALHOS CIENTÍFICOS DE HENRI LABORIT? A. K.: Cada um dos meus álbuns trata

de uma das três reações possíveis a uma agressão, definidas por Laborit: a inibição, a violência e a fuga. Portanto, falta-me explorar a fuga, que será o tema do terceiro álbum de Decline of the I.

ELAS, NAS TUAS VIAGENS PARA PROMOVER DECLINE OF THE I? A . K . : De momento, não há nenhum concerto previsto. Pode ser que venha a haver algum em 2016. Nunca se sabe.

SE SOUBESSES QUE IAS MORRER AMANHÃ, O QUE GOSTARIAS DE DEIXAR FEITO? O QUE É QUE AINDA NÃO CONSEGUISTE CUMPRIR, DE TUDO O QUE PENSASTE FAZER NA TUA VIDA? A. K.:

Não sei responder a essa pergunta. Não penso que seja possível reduzir a existência a uma lista de coisas a fazer, a um conjunto de quadradinhos a assinalar com uma cruz. Afinal, o que conta é sobretudo a forma como vivemos as coisas, sejam elas positivas ou negativas. Eu procuro atingir aquilo a que Nietzsche chamou “amor fati”, ou seja, o “amor pelo destino”, a “aceitação do fado”. Trata-se de amar a vida, com os seus momentos bons e maus. O que importa verdadeiramente é deixar-se imbuir desse poder que é a vida, aprender a descontrair o corpo e deixar-se levar pela vaga do destino, não se queixar, não se lamentar. Mas é algo duro, violento, às vezes assemelha-se à loucura. Muitas vezes, dou comigo a pensar que “a vida não é suficiente”.

ANUNCIA AQUI

POR QUE APARECE UM RATO NA CAPA DE «REBELLION»? TEM ALGO A VER COM A INVESTIGAÇÃO DE LABORIT? O DESENHO ESTÁ MARAVILHOSO. A. K.: Tem tudo a ver com os trabalhos

de Laborit. Desafio os leitores a irem fazer uma pesquisa sobre “inhibition de l’action Laborit” no Youtube. Encontrarão informação detalhada sobre esta experiência, que é fascinante. Ensinanos que, na vida, é preciso, a todo o custo, evitar que nos inibam de agir, sob pena de começarmos a agir de forma insana. Sofremos menos, quando podemos fazer algo, mesmo que essa ação não resolva os nossos problemas. Se não pudermos agir, afundamo-nos na depressão, na doença, no suicídio, na loucura… ou na Arte! Fui eu que tive a ideia e o David Fitt compreendeu perfeitamente o que eu queria exprimir através dela. Foi em pessoa fazer fotos de ratos. Infelizmente, não me lembrei de lhe perguntar como se chamava este rato. Gostava de lhe ter agradecido no livrinho que acompanha o álbum!

VAIS FAZER CONCERTOS FORA DE FRANÇA? VAIS ACOMPANHAR OUTRAS BANDAS OU SER ACOMPANHADO POR

ANUNCIA AQUI “CADA UM DOS MEUS ÁLBUNS T R ATA D E U M A D A S T R Ê S R E A Ç Õ E S POSSÍVEIS A UMA AGRESSÃO, D E F I N I D A S P O R L A B O R I T: A INIBIÇÃO, A VIOLÊNCIA E A FUGA. [ … ] FA LTA - M E E X P L O R A R A F U G A […]”

WW W. FA C E B O O K . C O M / D E C L I N E O F T H E I H T T P S : / / Y O U T U . B E / 9 C 3 J D T- V R N S

ANUNCIA AQUI 19 / VERSUS MAGAZINE


ENTREVISTA

“[…] NOS ÁLBUNS ANTERIORES, USAMOS MUITO MAIS A MITOLOGIA NÓRDICA DO QUE NESTE, MAS HÁ ALGUMA COISA DISSO NELE, SEM DÚVIDA. […]”

ENSIFERUM FAZEDORES DE SAGAS É ASSI M QUE VE MOS E STA B A N D A , Q U E N O S N O VO ÁLBUM COM UMA C A R A C T ER ÍS T IC A G R AVAÇÃO ANAL ÓGICA. LEIA M PA R A

A P R ES EN TA U M S U R P R EEN DE N T E : C O MP R EEN D E R ! ! !

Por: Eduardo Ramalhadeiro & CSA A PRIME IRA COISA QU E ME C H A MO U A ATENÇÃO NA INF ORMAÇÃO D A D A P ELA V O S S A EDI TOR A É O FACTO DE A V O S S A FO R MA Ç Ã O ATUAL INCL UIR ME MBROS D E V Á R IA S O U T R A S BANDAS. COMO CRIARAM A S IN ER G IA Q U E D EU ORI GEM A E NSIF E RUM? PETRI L INDROOS: As principais mudanças na

formação da banda ocorreram em 2004 e, em 2005, já estávamos a tocar com este lline up. Eu já tinha estado numa banda chamada Norther e o nosso baterista tinha tocado em muitas bandas diferentes aqui na Finlândia e o nosso baixista também já tinha feito parte de outras bandas. Tivemos muita sorte em nos termos encontrado em 2004 e 2005. Isso aconteceu certamente, porque

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costumávamos ensaiar no mesmo sítio. Assim, conhecíamo-nos mais ou menos e, por conseguinte, foi fácil integrarmo-nos na banda.

C O MO É T E R M U L H E R E S N A B A N D A ? E M P O RT U G A L, O M E TA L A I N D A É P R AT I C A M E N T E U MA C O IS A D E H O M E N S , U M M U N D O O N D E A S MU LH E R E S A PA R E C E M N O R M A L M E N T E ES C O LTA D A S P O R E L E S . S U P O S TA M E N T E , TA MB ÉM É U M T I P O D E M Ú S I C A S Ó PA R A J O V EN S . P ET R I LIN D R O O S : (Risos) Em Ensiferum, os

teclados sempre foram responsabilidade de uma mulher. Foi assim desde o início e nenhuma mudança do line up alterou isso.

Quando andamos à procura de alguém para esse lugar, queríamos uma mulher e a Emmi já é um dos “gajos” da banda. Até agora, essa parte tem corrido muito bem. Não há divas na nossa banda. Normalmente até são os homens os mais queixosos (Risos).

Q U A N D O O U V I O Á L B U M , U M ASPETO Q UE M E C H A M O U A AT E N Ç Ã O F O R A M A S PARTES ÉPICAS. C O N T R ATA M UMA O RQUESTR A PA R A A S T O C A R O U FA Z E M T U D O USANDO O SINTETIZADOR E OS TECLADOS? P E T R I L I N D R O O S : Recorremos ao sintetizador e aos teclados. Temos ao nosso serviço o Miko Mustonen, que é muito conhecido na Finlândia por usar o computador para criar


“[…] ESTE ÁLBUM É ESSENCIALMENTE CONSTITUÍDO POR HISTÓRIAS INDEPENDENTES, MAS ABORDANDO TEMAS SEMELHANTES AOS DAS SAGAS.” efeitos de orquestração e faz esse trabalho de uma forma muito profissional. É tudo gravado ao vivo, logo fazemos samples a partir de instrumentos reais. É ele que faz isso tudo.

JÁ P E NSARAM EM C O N T R ATA R VERDADE IRA ORQUE STRA?

U MA

PETRI

L INDROOS: Sim, discutimos essa possibilidade, mas concluímos que seria muito dispendioso. Para isso, precisaríamos de ter um orçamento para gravações semelhante ao dos Metallica, por exemplo. Por isso, recorremos ao Miko e ele fez um trabalho fantástico. CALCUL O QUE O ÁL BUM S E R EFER E A U M EPI SÓD IO IMPORTANTE DA MIT O LO G IA NÓRDI CA. É ASSIM? PETRI L INDROOS:

Sim. Efetivamente, nos álbuns anteriores, usamos muito mais a mitologia nórdica do que neste, mas há alguma coisa disso nele, sem dúvida.

PODES E XPL ICAR-NOS DE Q U E FA LA «A X E O F JUDGE ME NT» ? E QUE M É «N EIT O P O H J O LA N »? PETRI L INDROOS: “Axe Of Judgement” é um

tema de guerra, pelo que é uma canção muito agressiva e direta, logo perfeita para abrir o álbum. Dá-nos um bom “pontapé no traseiro”. «Neito Pohjolan» não tem nada a ver com Heavy Metal e é toda cantada em Finlandês. Evoca a nossa música tradicional, portanto é uma faixa 100% finlandesa. O nosso guitarrista Marcus [Toivonen] é o único membro de Ensiferum que esteve na banda desde o início e foi ele que teve a ideia que deu origem a esta canção, imediatamente aceite por todos nós. Pareceu-nos que seria simpático dar aos nossos fãs uma ideia sobre o que é a música finlandesa e a nossa língua. Contudo, fizemos uma versão em Inglês que aparece como uma faixa bónus numa das edições do CD.

NÃO SEI SE CONHE CE M UMA B A N D A C H A MA D A SABATON. NO SE U ÁL BUM «C A R O LU S R EX », LANÇA DO E M 2012, IN C LU ÍR A M D U A S VERSÕE S: UMA CANTADA EM IN G LÊS E O U T R A EM SUE CO. AL GUMA VE Z PEN S A R A M EM FA ZER UM Á L BUM INTE IRAMEN T E C A N TA D O EM FI NLANDÊ S? PETRI L INDROOS: Sim, conheço. Mas não

estava a par desse pormenor desse álbum de Sabaton, nunca o ouvi… Nunca pensamos em fazer isso.

É UM A IDE IA E NGRAÇADA , MA S É ES T R A N H O OUVI R AS ME SMAS C A N Ç Õ ES EM D U A S LÍ NGUAS DIF E RE NTE S. PETRI

L INDROOS: Sim, deve ser muito estranho, principalmente se começares pela versão em Inglês e fores a seguir ouvir a versão em Sueco (Risos). ESCREVE RAM AS L E TRAS PA R A A S V O S S A S CANÇÕE S? USARAM TE X T O S D A S S A G A S ? COM BINARAM AS DUAS SO LU Ç Õ ES ? PETRI L INDROOS: Tal como já referi, desta vez não usamos muito a mitologia nórdica. Este álbum é essencialmente constituído por

histórias independentes, mas abordando temas semelhantes aos das sagas.

O Á LB U M É A P R E S E N TA D O C O M O S E N D O M U I T O A N A LÓ G IC O . O Q U E É Q U E I S T O E X I G I U D A BANDA E DE TODOS OS QUE TRABALHARAM C O N V O S C O PA R A P R O D U Z I R E S T E L O N G A DURAÇÃO? P ET R I LIN D R O O S : Foi o máximo fazer uma

gravação analógica. Muda por completo o sentido do álbum, porque, quando o ouves, sentes que foi tocado por humanos: não usamos triggers ou samples na bateria. Temos recebido comentários de pessoas que dizem que o som da bateria é estranho. Só temos uma coisa a dizer: “É assim que a bateria soa.” Tenho a impressão de que muitas pessoas nunca ouviram o rufar de um tambor. Realmente, não é isso que aparece habitualmente nos álbuns. Neste quisemos apresentar o som natural da bateria.

N O A N O PA S S A D O , E N T R E V I S T E I O D A N S WA N Ö S O B R E A “ L O U D N E S S WA R ” . PA R E C E - T E Q U E ES T E É U M B O M Á L B U M , E M T E R M O S D E D IN Â MIC A ? P ET R I LIN D R O O S : Sim, estou certo disso!

Não quisemos que soasse muito alto, na fase da mistura e da masterização, porque isso arruinaria o som. Ouvi falar dessa “Loudness war” pela primeira vez no estúdio do nosso produtor. Ele pensa que um som menos alto soa melhor e é bem mais agradável de ouvir.

C O MO FOI T R A B A L H A R C O M O G Y U L A H AVA N C S Á K PA R A FA Z E R A C A PA D E S T E Á L B U M ÉP IC O ?

P E T R I L I N D R O O S : Ainda não vi essa série,

mas fiquei baralhado com os comentários que ouvi a algumas pessoas: uns dizem que é muito boa e outros, que nem se dão ao trabalho de ver. Portanto, estou indeciso sobre se devo ou não ver como é.

S E A S P E S S O A S T Ê M O P I N I Õ E S T Ã O D I FERENTES S O B R E A M E S M A C O I S A , E U I R I A ES PREI TAR, PA R A F O R M A R A M I N H A P R Ó P R I A O PI NI ÃO. P E T R I L I N D R O O S : Pois. Estou à espera do momento ideal para comprar o DVD dessa série. Quando tiver visto alguns episódios, comunicar-te-ei a minha opinião (Risos).

“[…] FOI O MÁXIMO FA Z E R U M A G R AVA Ç Ã O ANALÓGICA. MUDA POR COMPLETO O SENTIDO DO ÁLBUM, PORQUE, QUANDO O OUVES, SENTES QUE FOI TOCADO POR HUMANOS […]”

W W W. FA C E B O O K . C O M /ENS I FERUM H T T P S : / / Y O U T U . B E / U V 0CRM94OBE

P ET R I

LIN D R O O S : Ele fez um trabalho sensacional. Foi-nos recomendado pelo nosso agente e também pela nossa editora, a Metal Blade: disseram-nos que ele fazia um trabalho excelente. Começamos por reunir algumas ideias sobre a forma como imaginávamos que poderia ser a capa do nosso álbum e começamos a enviar o milhão de mails que foi necessário para obtermos o resultado pretendido. Adoro a capa, é um trabalho magnífico. A LG U MA V E Z F O R A M C O N V I D A D O S PA R A TOCAR NA TV FINLANDESA? [FIQUEI MUITO S U R P R EEN D I D A P O R E N C O N T R A R N O Y O U T U B E A LG U N S C ON C E RT O S D E B A N D A S D E M E TA L NA TV FINLANDESA, PORQUE A NOSSA G ER A LMEN T E S Ó E M I T E C O N C E RT O S D E R O C K . ] P ET R I LIN DR O O S : Não, nunca tocamos na TV,

nem penso que isso venha a acontecer. (Risos) Não sei por que nunca nos convidaram. Se calhar somos demasiado Heavy Metal para o gosto deles. É um bocado estranho, porque, na semana em que este álbum saiu, fomos logo ocupar o primeiro lugar nas tabelas finlandesas. Estivemos nessa posição pelo menos durante uma semana, o que nos deixou muito felizes. A Finlândia é mesmo um país de Heavy Metal, até poderia haver um programa dessa natureza na nossa TV, sem problemas.

P O R FA LA R D E T E L E V I S Ã O , Q U A L É A T U A / V O S S A O P IN I Ã O S O B R E A M A N I A D O S V I K I N G S O R IG IN A D A P E L O S U C E S S O D A S É R I E S O B R E A SAGA DE RAGNAR LODBROK?

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FLASH REVIEWS BLAM E ZEUS

«Identity» (Raising Legend Records) Os Blame Zeus são uma banda oriunda do Porto que lança em 2015 o seu primeiro álbum. No entanto, a experiência dos músicos já é grande e «Identity» prova, sem dúvida, a sua maturidade musical. Não são inovadores e nem precisam, o seu Rock contemporâneo é seguro e mostra o valor de uma banda recém chegada. Leiam a entrevista e divulguem porque aqui está a prova de que nem só de mediocridade vive a música portuguesa. [ 8,0 / 10 ] EDUARDO RAMALHADEIRO

BY T HE PAT IENT

«Gehenna» (Lifeforce) O arranque energético deste trabalho que não vos faca cair em erro, caro leitor. Esta banda não nos propõe um álbum de death metal corrente; o que nos é oferecido é a possibilidade de cair neste mundo dos “By The Patient” onde reina o sofrimento. Do som. Da intensão. Nada como deixar-se guiar pelas negruras de “Web of Beliefs”, pelas volúpias de “Gehenna” ou pelas torturas de “Snakes”. [ 7,0 / 10 ] ADRIANO GODINHO

DECAYING

«One to Conquer» (Viral/Hellthrasher)

Quatro álbuns em quatro anos, quem diz melhor? Desde 2011 que os finlandeses Decaying fazem death metal. A ideia aqui não é revolucionar mas sim ser consistente e crescer em qualidade. Coisa que fazem bem, este “One to Conquer” toma a liderança após o “The Last Days of War” e continua os trabalhos onde este os tinha deixado. As influências de doom tornam este death mais envolvente, com passagens de guitarras menos cortantes e dão ao aspecto geral um álbum bem conseguido. Pró ano há mais! [ 6,5 / 10 ] ADRIANO GODINHO

JACKIE D.

«Symphonies From The City» (Infected Records)

Os Jackie D lançaram o seu álbum de estreia, “Symphonies From The City”, através da Infected Records e gravado na Ultrasound Studios Moita com a ajuda de Hugo Andrade e Nuno Pardal dos Switchtense. O estilo da banda mistura um pouco de rock clássico com rock moderno, punk ou até um pouco de blues, e tem mostrado potencial nos concertos ao vivo até um dia a Ultrasound Studios aproveitar a oportunidade de trabalhar com os Jackie D. A abrir este grande trabalho, “Middle Finger” a transmitir boa energia das suas influências mp punk. O single “Rat Race” também está incluído, e outras malhas como “Jackie” e “This City”, Jackie D trouxeram, talvez, a nova onda do rock em Portugal e arredores. Um álbum altamente recomendado pela Rock & Metal Worshipers, pelos riffs poderosos, boa música para aqueles que gostam de heavy rock e punk.

[ 7,5 / 10 ] ADRIANO GODINHO

LIFEST REAM

«Post Ecstatic Experience» (Les Acteurs de l’Ombre (LADLO) Productions) Oriundos de frança, encontramos nestes «Lifestream» uma atmosfera negra e melódica. Com uma boa produção, apresentam-nos um som cru, com algumas influências do black metal nórdico. As músicas cheias de tecnicismo, blast beats, e mudanças de tempo, complementadas com letras de base metafísica, debitadas em alternâncias de vozes sussurradas, guturais e algumas simplesmente faladas tornam este «Post Ecstatic Experience», uma boa proposta, e, especialmente para os seguidores de um som mais purista, um álbum a não perder. [ 7,5 / 10 ] HUGO MELO

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FLASH REVIEWS M ARDUK

«Frontschwein» (Century Media Records) É possível que um álbum dos Marduk seja uma valente seca? Sim. «Frontschwein» é mais uma prova que estas lendas do Black Metal não têm reservas em por cá para fora seja o que for – e isso é de louvar! Mas nem sempre a coisa corre bem – este álbum tem pouco mais que um par de músicas boas, sendo que nenhuma delas consegue ser verdadeiramente espectacular ou memorável, para além de que lhes falta alguma dinâmica que poderia ter sido construída adicionando uns solos aqui e ali (fica a sugestão). [ 5,0 / 10 ] VICTOR HUGO

M OONSHADE

«Dream | Oblivion» [EP] (Independente)

O Death Metal melódico tem neste EP dos Moonshade um excelente exemplar nacional. O estilo não é original e eles não o negam, mas o que interessa? «Dream | Oblivion» é espectacular e bombástico; a intro de “Dawn of the New Era” rebenta com a escala sonora e dá o mote para o que se segue no resto do EP. É o único aspecto negativo que encontro... é só um EP. Na entrevista ficamos a saber que o álbum está a caminho. Leiam e divulguem porque aqui está a prova de que nem só de mediocridade vive a música portuguesa. [ 8,5 / 10 ] EDUARDO RAMALHADEIRO

PERFECT BLUE S K Y

«Emerald» (Scarecrow Recordings)

Perfect Blue Sky não parece mas é um super grupo multinacional liderado por Pna Andersson e Jane Kitto que juntou um punhado de de músicos convidados. A inspiração para «Emerald» vem das sonoridades dos anos 60/70, combinando o Rock psicadélico e o Folk com grande mestria, num conjunto de temas (quase) semi-acusticos os quais me agradam de sobremaneira para ouvir em dias mais calmos e introspectivos. [ 8,5 / 10 ] EDUARDO RAMALHADEIRO

SAT HANAS

«Worship The Devil» (Doomentia Records)

São uns veteranos naquele Black Metal com pitadas de Thrash, e parece que com este «Worship The Devil» os velhotes não perderam o jeito. Os Sathanas mostram aqui malhas bem esgalhadas, com uma produção actualizada e, como não poderia faltar, solos de guitarra muito aceitáveis – sem eles as músicas ficariam coxas. Este «Worship The Devil» merece ser ouvido, pois está bastante old school e fará as delícias de qualquer apreciador do género. [ 7,0 / 10 ] VICTOR HUGO

SHINING

«IX – Everyone, Everything, Everywhere, Ends» (Season of Mist)

O Black Metal dos suecos Shining é já conhecido pelos apreciadores que sabem bem como é bem inspirado, trabalhado pelo carismático Niklas. Esta nona proposta da banda não irá desiludir os fãs, e com jeitinho até conseguirá surpreender outros ouvintes. Este trabalho tem muito potencial, com bons riffs, excelentes arranjos e ambientes que ilustram a mente do seu frontman. Recomendado. [ 8,5 / 10 ] VICTOR HUGO

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FLASH REVIEWS T ONY M ILLS

«Over My Dead Body» (Battlegod Productions)

Veteraníssimo no mundo do Rock o britânica Tony Mills lança o seu quarto álbum a solo. «Over My Dead Body» é diversificado quanto baste, bem produzido e interpretado, já a “roçar” o AOR (Album-Oriented Rock). Mills é um excelente vocalista que “não deixa ficar os seus créditos por mão alheias”. Do álbum fazem parte alguns convidados onde se destacam Robert Sall dos Work of Art e Andreas Nergard. Merece ser ouvido! [ 8,0 / 10 ] EDUARDO RAMALHADEIRO

T RISTANA

«Virtual Crime» (Bakerteam Records)

Começaram por tocar um Power Metal bastante comum para a época (2003), mas acabaram por evoluir para algo um pouco distante do estilo. Este «Virtual Crime» já não soa a um clássico Power Metal, mas antes uma mistura desse Power Metal com Groove onde cabem também acordes mais pesados e vozes guturais. O resultado não é mau mas também não surpreende, podendo passar despercebido na imensidão de lançamentos do género. [ 4,5 / 10 ] VICTOR HUGO

WOLFHEART

«Winterborn» (Spinefarm Records)

Finalmente Tuomas Saukkonen (Before The Dawn, Black Sun Aeon...) conseguiu que este trabalho fosse editado, já que no ano passado foi lançado por sua conta. E o que é que este «Winterborn» tem para nos oferecer? Diria que mais do mesmo que o mestre Tuomas nos tem oferecido – compassos ora rápidos, ora lentos; melodias em todos os acordes; voz cavernosa. Bonito, sem dúvida, e ainda por cima bem balanceado. O ponto baixo é que não há nada de novo e o Tuomas mantém sempre o seu registo. [ 7,0 / 10 ] VICTOR HUGO

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FLASH REVIEWS ZOM BIEFICAT ION

«Procession Through Infestation» (Doomentia Records) Terceiro longa duração deste duo Mexicano que se dedica ao Death Metal (versão muito Dark) e a uma temática lírica de Voodoo, morte e... Zombies!!! Apesar de não ser dos meus géneros de eleição, é com relutância que às vezes ouço estas bandas brutais. (Uma questão de gosto pessoal, somente) No entanto, falando numa linguagem pouco coloquial, “Que raio, estou a curtir isto à brava!!” São raros os CD’s que ouço mais que as vezes necessárias para uma boa review mas este vai manter-se a “rolar”! [ 8 / 10 ] EDUARDO RAMALHADEIRO

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ENTREVISTA

“FOI UMA NOITE ESPECTACULAR, GRANDE PÚBLICO, NÃO HÁ PALAVRAS PARA DESCREVER AQUELA NOITE. AGRADECEMOS A TODOS PELO APOIO.‘WE ALL ADAPTED AND SURVIVED’ […]”

EQUALEFT ADAPTAR & SOBREVIVER T IVE M O S À C O N VE RS A C O M M I GU EL ING LÊS , V O C A LI S TA D O S EQ U A LEFT, PA RA NOS FALA R U M P O U C O D A B A N DA , DA FES TA D E LA NÇ A MENTO D O Á LB U M D E ES TRE IA – “ AD A P T & S U RV I VE ” – E DA CO N F I RMA Ç Ã O NO C A RTA Z D O S WR B A R R O S ELA S . Por: Paulo Guedes (em colaboração com a Rock & Metal Worshipers) ANTES DE MAIS, OBRIGADO POR TEREM ACEITE ESTA ENTREVISTA. OS EQUALEFT SÃO UMA DAS BANDAS PORTUGUESAS MAIS RESPEITAS. PODEM FALAR UM POUCO SOBRE VOCÊS?

“ADAPT & SURVIVE FOI LANÇADO ATRAVÉS DA RAISING LEGENDS RECORDS, COMO FOI O PROCESSO DE GRAVAÇÃO? E PODEM-NOS FALAR UM POUCO DA FESTA DE LANÇAMENTO DESTE ÁLBUM?

M I GUEL INGL Ê S: Nós somos uma banda de Groove Metal do Porto/Gaia que nasceu em 2004 das cinzas de várias bandas locais e desde então lançamos o demo, “As the Irony Prevails...” em 2008, o EP “...the truth Vnravels” (2010) e em Maio de 2014 o nosso álbum de estreia, “Adapt & Survive”.

MIG U EL IN G L Ê S : Levou-nos mais tempo do que estávamos à espera com alguns atrasos na gravação e no artwork. Fizemos as gravações na Soundvision Studios com Paulo Lopes e as guitarras gravamos na Raising Legends Studio com André Matos e enviamos para Londres para Pedro Teixeira (Bury

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Tomorrow, Heart In Hand). Não foi fácil, mas fizemos a festa de lançamento com os nossos amigos Tales from the Unspoken, Colosso e Forbidden to Fly e já estava esgotado 3 dias antes do acontecimento, o que nos deixou bastante contentes. Foi uma noite espectacular, grande público, não há palavras para descrever aquela noite. Agradecemos a todos pelo apoio. “We all adapted and Survived”

E JÁ ESTÃO A TRABALHAR NUM ÁLBUM NOVO?


“ NÓS SOMO VICIADOS EM MÚSICA, ESPECIALMENTE METAL, POR ISSO COMO FÃS É BRUTAL PARTILHAR O PALCO COM BANDAS QUE CRESCEMOS A OUVIR. […] ” M I GUEL INGL Ê S: Estamos a prepararmonos para começar uma tour em Abril, muitos concertos estão para vir, mas ao mesmo tempo vamos escrevendo uma ou duas músicas.

FORAM CONFIRMADOS PARA A EDIÇÃO DESTE ANO DO SWR BARROSELAS METALFEST. QUAL FOI A VOSSA REAÇÃO QUANDO RECEBERAM ESTAS NOTÍCIAS? M I GUEL INGL Ê S: Foi muito bom, será a nossa terceira vez a tocar no festival, desta vez será especial estamos mais fortes como banda.

A PROPÓSITO: OS EQUALEFT TÊM TOCA DO EM VÁRIOS FESTIVAIS E JÁ PARTILHARAM O PALCO COM BANDAS QUE OUVIAM MESMO ANTES DE SER BANDA. QUANDO É A SENSAÇÃO DE PARTILHAR O PALCO COM ESSAS BANDAS? M I GUEL INGL Ê S: Nós somo viciados em música, especialmente Metal, por isso como fãs é brutal partilhar o palco com bandas que crescemos a ouvir.

QUAIS SÃO AS VOSSAS INFLUÊNCIAS MUSI CAIS PARA AS LETRAS, QUE ESCREVEM, E PARA O INSTRUMENTAL? M I GUEL INGL Ê S: Tudo o que ouvimos, vemos e sentimos à nossa volta, todos os géneros e misturamos num som. “We are known as The Chameleons”.

OLHANDO PARA TRÁS, VOCÊS LANÇARAM UM EP “…THE TRUTH VNRAVELS”. DESDE ESSA ALTURA ATÉ HOJE EVOLUIRAM COMO BANDA. COMO TEM SIDO O VOSSO PROGRESSO ANTES E DEPOIS DO EP? M I GUEL INGL Ê S: Penso que foi um grande progresso, estamos mais firmes e tocamos melhor do que costumávamos tocar. Estamos mais velhos, mais sábios e aprendemos muito desde então, se virem os nossos concertos conseguem ver que estamos mais contentes por tocar este álbum. O Demo e o EP foram muito importantes para nós, fizeram-nos crescer como músicos e como individuos.

“ E S TA M O S M A I S VELHOS, MAIS SÁBIOS E APRENDEMOS MUITO DESDE ENTÃO, SE VIREM O S N O S S O S C O N C E RT O S CONSEGUEM VER QUE E S TA M O S M A I S C O N T E N T E S POR TOCAR ESTE ÁLBUM. […]” WWW.FACE BOOK.COM/E QUAL E F T

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MAIS UMA VEZ OBRIGADO POR TEREM ACEITE ESTA ENTREVISTA E A MAIOR SORTE PARA OS EQUALEFT. CHEERS \M/ M I GUEL INGL Ê S: Nós é que agradecemos, por haver pessoal a apoior a música. Obrigado e boa sorte. “In groove We trust”

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ARTIGO VERSUS

Nídia Ideias

A POSIÇÃO DE BATERISTA É, APESAR DA SUA IMPONÊNCIA E IMPORTÂNCIA, UMA POSIÇÃO FRÁGIL, NO SEIO DE UMA BANDA, TALVEZ PELA SUA UNICIDADE E CARACTERÍSTICAS É UMA POSIÇÃO INGLÓRIA PARA O EXECUTANTE, MUITAS VEZES VISTO COMO O ELO MAIS FRACO. TALVEZ POR ISSO EXISTA UMA CERTA DANÇA DO BANCO NESSA POSIÇÃO E NÃO SÃO POUCAS AS VEZES QUE CHEGAM ATÉ NÓS NOTICIAS DE TROCAS E BALDROCAS NAS BANDAS E PROJECTOS, MUITAS VEZES CRIANDO AUTENTICAS NOVELAS PELO CAMINHO (QUEM NÃO SE LEMBRA QUANDO NICK BARKER ABANDONOU OS CRADLE OF FILTH?). NOS ÚLTIMOS TEMPOS ALGUMAS SURPRESAS SURGIRAM, SENDO A ULTIMA O ABANDONO DE FREDRICK ANDERSSON DOS AMON AMARTH. TAMBÉM OS SOLSTAFIR, SENHORES DE UMA IDENTIDADE E POSIÇÃO, A TEREM O MESMO PROBLEMA, AINDA SEM MOTIVO APARENTE, COM O ABANDONO DE PÁLMASSON, RESTANDO SABER SE O MUSICO IRÁ REGRESSAR.

A INSUSTENTAVEL LEVEZA…. DE BATER POR: NUNO KANINA

(EM COLABORAÇÃO COM A HINTF) No entanto, nenhum dos casos parece ter paralelismo com o baterista que irá integrar os Megadeth. Muita tinta tem corrido, muitos nomes têm sido escritos e falados mas, a solução parece estar longe de resolvida, ou talvez até esteja. Resta aguardar. Já todos sabemos do feitio de Dave Mustaine, não é segredo para ninguém, muito menos para os músicos e, Mustaine tem, ao longo dos anos cimentado ódios e quezílias um pouco por todo o lado, não é de agora, sempre foi. O senhor tende a ter alguns problemas por onde passa e com quem se dá, seja por excessos, como no caso dos Metallica, onde foi «corrido» devido às substâncias. No entanto, o ego de Mustaine parece ser maior que a musica, maior que os próprios Megadeth, actualmente uma sombra cinzenta do monstro que foi nos anos 80/90. É certo que todas as bandas tem o seu prazo de validade, são muitos os casos mas, fazer de uma posição, neste caso a de baterista, uma forma de aparecer nas noticias, não é, de todo, a melhor solução para ver as

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luzes da ribalta. Desde a deserção de Nick Menza, para muitos o melhor baterista da banda, que a banda se tem visto a braços com uma situação incómoda, aliás, Mustaine, ele próprio se colocou nessa posição, e parece não haver meio da situação ficar resolvida e, nestes entretantos, é o nome Megadeth que anda na lama, a ser motivo de chacota e, pasme-se, motivo de apostas. Seria mais válido para o líder e restantes membros fazerem o que melhor sabem…música e é aí que a coisa descamba, quem se lembra do último bom disco dos Megadeth? A solução vai surgir e a vida vai continuar, mas ver uma banda como esta a ser vítima de um ego dói que se farta. Quanto aos bateristas, já se sabe que a dança vai continuar enquanto existirem bandas (tão válido como para os baixistas, vocalistas e guitarristas) restando, por isso, a solução de continuarem imponentemente a fazer o que melhor sabem… bater. Sabendo que por vezes a coisa pode ser… insustentavel!

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ENTREVISTA

“[…] ESTA ONDA DE BANDAS RETRO, QUE PROCURAM REVIVER O SOM DOS ANOS 70, INSPIRARAM-ME A FAZER QUALQUER COISA COM ESTAS MÚSICAS […]”

LUCIFERIAN LIGHT ORCHESTRA AO SOM DOS ANOS 70 DENTR O D A A CTUAL CORREN TE REVI VA L I S TA D O S A N O S 7 0 , N A S C E M E S T E S « L U C I F E RIAN LIGHT ORCHES TRA» ATRAVÉ S DA M ÃO D E C H R I S T O F E R J O H N S S O N , M E N T O R D O S T H E RION. LANÇA DO ATR AVÉS DE EDI TORA PRÓPR I A , E S T E T R A B A L H O A P R E S E N TA -S E C O M O U MA NOVA INT ERPRETA ÇÃO AO SOM DO GRUPO S U E C O . FA L Á M O S C O M O C H R I S S O B R E E S T E NOVO PROJECTO. Por: Hugo Melo e Victor Hugo NA TUA COMUNICAÇÃO AFIRMAS QUE ESTA PAIXÃO PELOS ANOS 70 JÁ EXISTIA EM 1995 AQUANDO DA SAÍDA DO ÁLBUM THELI. PORQUÊ AGORA, 20 ANOS DEPOIS, A EDIÇÃO DESTE “LUCIFERIAN LIGHT ORCHESTRA”? CHRI STOF E R JOHNSSON:

Sempre compus muitas músicas, no entanto muitas delas não eram suficientemente boas para constarem num álbum de Therion, quer porque tinham 3 0 / VERSUS MAGAZINE

um som demasiado vintage, quer porque requeriam um tratamento de acordo com esse tipo de som, como, por exemplo, a “Venus in Flames”. No geral são boas músicas, mas como tenho andado absorvido com os Therion, nunca pensei dar-lhes qualquer seguimento. Esta onda de bandas retro, que procuram reviver o som dos anos 70, inspiraram-me a fazer qualquer coisa com estas músicas. Estas demos foram gravadas nos tempos livres e muitas delas não ouvia há anos e, quando as fui ouvir fiquei, UAU, algumas são mesmo muito boas e dariam um bom álbum.

AS LETRAS FORAM ESCRITAS AO LONGO DESTES 20 ANOS OU FORAM FEITAS ESPECIFICAMENTE PARA ESTE ÁLBUM? CHRISTOFER JOHNSSON:

As letras foram escritas especificamente para este álbum. Apenas o instrumental foi composto ao longo destes anos.


“[…] A IDEIA FOI A DE EXISTIR UM FUNDAMENTO HISTÓRICO SUBJACENTE ÀS LETRAS […]” ESTAS PARECEM SER MAIS NEGRAS QUE AS DE “THERION”. SE ESTAS SÃO EM GRANDE PARTE METAFÓRICAS, AS DE “LUCIFERIAN LIGHT ORCHESTRA” PARECEM MAIS CRUAS E DIRECTAS. CHRI STOF E R

JOHNSSON : Inicialmente a ideia era fazer algo como os “Black Widow” (n.a.: banda inglesa criada nos anos 60/70 e conhecida por ser percursora no uso da imagem do satanismo e do oculto na música e nas actuações ao vivo), portanto bastante afastado dos “Therion”. Algo na onda de “hollywood 70’s movie occult”, mas como foi o Thomas Karlsson que escreveu as letras, pensei que seria interessante aproveitar esta oportunidade e enveredar por uma via mais intelectual, colocando um twist por forma a não serem tão óbvias. A “Black Mass in Paris”, por exemplo, é baseada na história de um nobre sueco que esteve em Paris, participava em festas com mulheres nuas e organizava missas negras. Ninguém sabe se há verdade nestas histórias até porque nunca houve acusações oficiais, mas a ideia foi a de existir um fundamento histórico subjacente às letras. Neste sentido sim, as letras não são tão profundas como as letras de “Therion”.

PORQUE É QUE O LANÇAMENTO DO ÁLBUM FOI FEITO PELA TUA EDITORA ADULRUNA E NÃO PELA EDITORA DE “THERION”, A NUCLEAR BLAST? CHRI STOF E R JOHNSSON:

A Nuclear Blast gostou bastante do projecto, no entanto para o ano de 2015 já tem o calendário preenchido no que diz respeito a novos lançamentos, o que, para o efeito, é onde este projecto se classifica. Não posso aguardar até 2016 por uma edição pela Nuclear Blast, porque perdi um ano a gravar e, como fui eu quem financiou todo o projecto, tenho de o lançar agora. Recebi uma boa proposta da Napalm Records mas, mais uma vez, não era para um lançamento imediato, daí ter decidido lançálo pela minha editora. O público-alvo, se bem que soe mal falar em público-alvo, mas para se perceber a ideia, o nicho para quem este álbum se destina, são os fãs de “Therion” e, para estes tenho grandes possibilidades de promoção. De qualquer forma este projecto não é pelo dinheiro. Só pretendo que o retorno cubra os encargos que tive.

PODES NOS CONTAR SOBRE O NOME ESCOLHIDO PARA O PROJECTO “LUCIFERIAN LIGHT ORCHESTRA”. CHRI STOF E R

JOHNSSON : Foi por acaso. Gravei com tantas pessoas e todas me perguntavam como se chamava o projecto e, como não tinha nenhum nome definido, por piada, comecei a chamar-lhe “Luciferian Light Orchestra”, relembrando o grupo dos anos 70, “Electric Light Orchestra”. O nome foi ficando e as pessoas foram dizendo que o nome era porreiro e que devíamos chamarlhe isso. Acabou por ficar.

NA COMUNICAÇÃO DIZES QUE OS “LUCIFERIAN LIGHT ORCHESTRA” É COMPOSTO POR MEMBROS E EXMEMBROS DOS “THERION”. HOUVE ALGUMA CONTRIBUIÇÃO, POR PARTE

DESTES, NO PROCESSO CRIATIVO? C H R IS T O FER J O H N S S O N: Não houve grande

contribuição. Simplesmente tocaram e cantaram como lhes pedi. Relativamente à conciliação em trabalhar com tantos músicos, não se coloca, uma vez que não trabalho com todos ao mesmo tempo.

O ÁLBUM TEM UM SOM À ANOS 70. COMO FOI GRAVADO, DE FORMA DIGITAL OU ANALÓGICA? C H R IS T O FER

J O H N S S O N:

Foi gravado digitalmente. Não era viável gravá-lo analogicamente. Não é como uma banda de 5 elementos em que apenas usamos um canal por músico. Um álbum de “Therion”, por exemplo, seria quase impossível graválo nos dias de hoje de forma analógica, uma vez que são necessários mais de 100 canais. Nos “Luciferian Light Orchestra” não são tantos, no entanto existem tantos teclados analógicos e sintetizadores em segundo plano que foram necessários mais de 48 canais. Não vejo como o conseguiríamos fazer de forma analógica, até porque, da forma como trabalho, um canal por cada voz e cada instrumento, tenho mesmo de trabalhar digitalmente. Para mais dou como exemplo a música “Moloch”, que foi gravada num estado alterado. A música é básica, até porque, nesse estado, não se consegue fazer grande coisa, no entanto, e como tinha sido gravada digitalmente permitiume, posteriormente, fazer várias misturas e experiências no som das guitarras.

LENNARD OSTLUND, QUE MISTUROU ÁLBUNS DOS “LED ZEPPELIN” E “ABBA” FOI O ESCOLHIDO PARA MISTURAR ESTE TRABALHO. COMO FOI TRABALHAR COM ELE?

acreditar nos comprovativos do banco e que estes podem ser manipulados. Se uma pessoa for demasiado simpática, outros promotores sem escrúpulos podem aproveitar e tentar fazer a mesma coisa, por isso, agora somos mais cuidadosos e só realmente confirmamos os concertos mediante o depósito efectivo.

UMA VEZ QUE PRETENDES APRESENTAR ESTE TRABALHO AO VIVO, PRETENDES VIR TOCAR A PORTUGAL? C H R I S T O F E R J O H N S S O N: Os “Luciferian Light

Orchestra” irão entrar em tour mas ainda não sabemos como e quando. Para já, vai sair o álbum e vamos andar a promovê-lo em entrevistas e eventos. Só depois vamos iniciar os contactos para os concertos.

“[…] ESTE PROJECTO NÃO É PELO DINHEIRO. SÓ PRETENDO QUE O RETORNO CUBRA OS ENCARGOS QUE TIVE”

WWW.FACE BOOK.COM /L UCIF E RIANL IGH T ORCHEST RA HTTPS://YOUTU.BE /W4B_ UN 9- BJK

C H R IS T O FER

JOHNSSON: Já tínhamos trabalhado com ele na mistura do álbum “Sitra Ahra” e foi óptimo voltar trabalhar com ele. Conhece bem o som que procurava, uma vez que trabalha desde essa altura. Creio que nos “Led Zeppelin” e nos “Abba” ele foi o engenheiro, o que significa que na prática foi ele que fez a mistura, mas não era o responsável. Foi nessa altura que ele aprendeu os truques.

NA SEQUÊNCIA DOS INFELIZES ACONTECIMENTOS DA TUA ÚLTIMA VISITA AO NOSSO PAÍS, PODES NOS ESCLARECER SE HOUVE ALGUM RESULTADO DA ACÇÃO LEGAL CONTRA OS PROMOTORES DO FESTIVAL? J O H N S S O N: Foi aberto um processo, no entanto as pessoas desapareceram. Parece que não foi a primeira vez que essas pessoas abriram empresas e depois declararam falência. Eles, inclusive, não pagaram às pessoas que trabalharam no festival aí em Portugal. Existem maus promotores em todo o lado. O mais triste foi que não tocávamos em Portugal desde 1998 e, após tantos anos, acontecerem esses problemas todos não foi bom. No entanto, o nosso problema é com os promotores e não com Portugal. Esta experiência serviu para aprender outra coisa, que não podemos

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C H R IS T O FER

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ENTREVISTA

ACHO QUE TUDO SE RESUME AO OBJECTIVO ESTÉTICO QUE QUEREMOS CONCRETIZAR (…). EU ACHO QUE O CASO EXTREMO DO “DEATH MAGNETIC” FOI UMA FALHA GRAVE DE PRODUÇÃO, PORQUE SE COMEÇOU REALMENTE A PERDER FIDELIDADE MUSICAL COM O CLIPPING.

MOONSHADE LUA NOVA! MOONSHADE É MAIS UMA ENTRADA NO PANORAMA METÁLICO NACIONAL. APESAR DE «DREAM OBLIVION» SER SOMENTE O SEGUNDO EP DE ESTREIA, OS MÚSICOS JÁ CONTAM COM VÁRIAS EXPERIÊNCIAS ANTERIORES. O DEATH METAL MELÓDICO É UM ESTILO QUE APRECIO MUITO E OS MOONSHADE NÃO NEGAM AS SUAS ORIGENS. APESAR DE NÃO NOS TRAZER NADA DE NOVO SÃO COMPETENTES E O QUE FAZEM, FAZEM-NO BEM. A PROVA DISSO É O VOLUME A QUE «DREAM OBLIVION» ESTÁ A TOCAR!! EXCELENTE! Por: Eduardo Ramalhadeiro OLÁ PE DRO! ANTE S DE MA IS , PA R A B ÉN S P ELA VOSSA E STRE IA. « DRE AM O B LIV IO N » ES T Á A REBENTAR COM AS COL UN A S … ! COM EÇO PE L O QUE ME C H A MO U MA IS A ATENÇÃO: A VOZ ! SE M D ES P R IMO R PA R A O RESTO DOS MÚSICOS MA S É D A S MELH O R ES QUE OU VI ATÉ HOJE NE STE G ÉN ER O . O R IC A R D O FEZ UM TRABAL HO E XCE LEN T E E C O N S EG U E SER BASTANTE VE RSÁTI L. C O MO FO S T E O PRODUTOR QUE ASPE CTO S T IV ES T E MA IS EM CONTA OU Q UÃO D I F Í C IL FO I P R O D U ZIR A

VOZ?

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P ED R O:

Olá Eduardo! Obrigado pela oportunidade de ser entrevistado e por estares a gostar do nosso trabalho. Relativamente à tua pergunta, e correndo o risco de massajar em demasia o ego do Ricardo, sem dúvida que a voz dele é fenomenal e tenho um gosto enorme em o ter como membro da banda e amigo. A produção do registo gutural foi bastante fácil de produzir, pois o Ricardo é muito eficiente neste registo e quase tudo foi feito num take. Ja o registo limpo foi uma aventura. O Ricardo sempre demonstrou interesse em ser um vocalista versátil, e decidimos que no “Dream | Oblivion”

trabalhar numa outra vertente dele, ainda em fase muito bruta. Demorou algum tempo e foi preciso paciência, mas a dedicação dele acabou por dar frutos. É muito fácil trabalhar com ele e isso facilitou todo o processo.

A S V O S S A S I N F L U Ê N C I A S S Ã O B E M EV I DENTES : D A R K T R A N Q U I L I T Y, I N F L A M E S (ERA P RÉ « R E R O U T E T O R E M A I N » ) – V O C Ê S NÃO NEG AM - H AV E R Á M A I S A L G U M A S Q U E P O SSAM S ER I N C L U Í D A S ? T O D A A B A N D A C O N T RI B UI U PARA A M Ú S I C A , T O D O S V O C Ê S T Ê M AS MES MAS INFLUÊNCIAS?


ACHO UM ABSURDO EM QUASE TODAS AS PROPOSTAS QUE ANDAM NO MERCADO, A BANDA TER DE PAGAR PARA GRAVAR UM ÁLBUM, PAGAR A EDIÇÃO DOS CD’S, SEREM OBRIGADOS A COMPRAR UMA GRANDE PARTE DELES À EDITORA (…) ACHO UMA FALTA DE RESPEITO PELO TRABALHO DOS MÚSICOS(...) PEDRO: Eu diria num geral, Amon Amarth,

Insomnium, Be’lakor, Opeth, etc. Somos todos bastante ecléticos no que diz respeito a música, e nas composições toda a banda tem liberdade e possibilidade de contribuir. Somos bastante democráticos nesse sentido.

GOSTO SE MPRE DE SABER C O MO A S B A N D A S TRABAL HAM NO QUE D IZ R ES P EIT O À COM POSIÇÃO. COMO DIS S E N A P ER G U N TA ANTER IOR, TODOS CON T R IB U EM. C O MO É TRABAL HAR QUANDO TODO S Q U ER EM IMP R IMIR O SEU CUNHO PE SSOAL A O S T EMA S ? ELES RESULTAM DE JAM SE SSIO N S ? PEDRO:

O nosso processo construtivo normalmente começa nalgum riff de guitarra ou música que alguém compõe em casa e traz, ainda em fase muito bruta, para os ensaios. Depois vamos mastigando as músicas dentro da sala e opinando sobre o caminho a seguir ou o que mudar. Por vezes também acontece algum de nós ter uma ideia e sair um riff de forma espontânea a meio do ensaio, e começamos a construir em cima disso no momento. Em regra, isto termina comigo a pré-produzir um pouco as músicas em casa e decimos as versões finais a partir daí.

“I NTO THE ABYSS” É O F I N A L D O EP. N O MEIO DE TANTO DE SE SPE RO, O C A O S E A MO RT E H Á LUGAR PARA MOSTRA AS V O S S A S IN FLU ÊN C IA S CLÁSSICAS. QUE M COMPÔ S ? PEDRO: Em ambos os EP’s de Moonshade, todas as intros, interlúdios e secções de teclas em geral são compostos por mim.

JÁ QUE E STAMOS A FALA R EM T EMA S A I NTRODUÇÃO DE “DAWN O F T H E N EW ER A ” REBENTA COM TUDO! NO EN TA N T O , V O C ÊS NÃO C AÍRAM NA TE NTAÇÃ O ( D IG O EU !) D E O FAZERE M “SE MPRE A ABR IR ” E O T EMA A C A B A POR SE R VARIADO, COM UM IN T ER LÚ D IO MA IS CALM O NO ME IO. PODE S FA LA R U M P O U C O M AI S DE STE TE MA? PEDRO: Este tema acaba por ser um pouco

caricato, porque tal como a “Goddess Eternal”, é um tema que era completamente diferentes aquando a sua génese. Quando foi composto, este tema tinha outros leads e outra estrutura que não nos agradava muito. Certo dia, num acesso de inspiração (ou loucura), refiz a música de raiz aproveitando os riffs que gostava e basicamente cheguei ao resto da banda e disse “Pessoal, não estava a gostar muito das músicas por isso, refiz a Goddess e a Dawn, ficaram assim, que acham?”. Da parte da banda todos gostaram e ficou. Confesso que sou um bocado fã de músicas com “altos e baixos”, reviravoltas inesperadas etc, e acabo um bocado por compor dessa forma.

VI NA BIOGRAF IA QUE P R O D U ZIS T E ES T E ÁLBUM E M CONJUNTO C O M O S R ES TA N T ES M EM BR OS. COMO F OI PRO D U ZIR ES T E EP ? QUAI S F ORAM AS PRINCIPA IS D IFIC U LD A D ES ? É M UI TO DIF ÍCIL PRODUZ IR O S T EU S C O LEG A S DE BANDA? PEDRO: Diria que a produção foi mais responsabilidade minha, no entanto os inputs do resto da banda foram sempre valiosos. No que toca a dificuldades, acho que a principal foi o facto de estarmos sem baterista na altura. Tivemos que contactar o nosso amigo Luís Neto para compor e gravar a bateria. Ele

fez um excelente trabalho e isso resolveu muitos problemas. Relativamente aos restantes membros, correu tudo muito tranquilamente. Somos todos bastante humildes e recetivos a críticas. Como foi tudo produzido em casa com calma, não houveram pressões com tempo de estúdio, o que também facilitou o processo.

AQUI HÁ UNS TEMPOS ENTREVISTEI O DAN S WA N Ö A C E R C A D A “ L O U D N E S S WA R ” E S EMP R E QU E E N T R E V I S T O U M P R O D U T O R T EN T O P ER C E B E R E A B S O RV E R U M P O U C O MA IS S O B R E I S S O . T U M I S T U R A S T E E MA S T ER IZA S T E O E P. A M I N H A O P I N I Ã O É Q U E A MÚ SI C A D E V E S E R O M A I S D I N Â M I C A P O S S ÍV EL. T E M O S C A S O S PA R A D I G M Á T I C O S C O MO O «DE AT H M A G N E T I C » Q U E É U M C R I M E SONORO, ONDE A DISTORÇÃO E “CLIPPING” É B EM A U D ÍV E L . O Q U E P EN S A S D E S TA G U E R R A D E “ D I N Â M I C A V S V O LU ME ” E D O FA C T O Q U E H O J E E M D I A É MU IT O NO R M A L O U V I R M O S M Ú S I C A C O M N ÍV EIS A LT O S , A B S U R D A M E N T E C O M P R I M I D A S E S EM D IN Â M I C A ? I S T O N Ã O É D E S V I RT U A R TUDO O QUE A MÚSICA DEVERIA SER? S EN D O A S S I M , C O M O P R O D U Z I S T E « D R E A M O B LIV IO N » E C O M O D E F I N E S , D I N A M I C A M E N T E ES TA TUA CRIAÇÃO (DE PRODUÇÃO, S U B EN T EN D A - S E ) ? P ED R O: Relativamente a esse tópico, acho

que tudo se resume ao objectivo estético que queremos concretizar no que estamos a produzir. Eu acho que o caso extremo do “Death Magnetic” foi uma falha grave de produção, porque se começou realmente a perder fidelidade musical com o clipping. No entanto não me choca nada que existam produções quase sem dinâmica, se for esse o objectivo. Dando o exemplo, comprimir e limitar de forma absurda uma peça de música classica seria um crime, pois iriam-se perder todas as nuances e beleza de execução, todos os momentos em “pianissimo” iriam soar como “fortissimo”, e toda a emoção da peça iria desaparecer. Mas numa música de rock ou metal, será que esteticamente não é o desejado? Ou mesmo numa faixa de techno? É claro que em tudo ha quem exagere ou nao tenha sensibilidade, e consequentemente estrague a música. Mas estraga tanto retirar dinâmica a uma música suave, como estraga deixar muita dinâmica numa música cujo objetivo é ser agressiva. No caso do nosso último EP, sendo muito sincero, não tive muita preocupação com esse aspecto, embora tenha feito um esforço na altura da masterização para não “esmagar” em demasia as faixas. Mas acima de tudo estive mais preocupado como todo o equilibrio da mistura. A minha experiência não é muita, e como tal não quis abusar e estragar o produto final.

ES TA MO S E M P O RT U G A L ( N Ã O É P R O P R I A M E N T E O MELH O R PA Í S PA R A S E V I V E R D A M Ú S I C A ) E V O C ÊS AI N D A N Ã O T Ê M E D I T O R A . P O R Q U E O P TA R A M P R I M E I R O P O R S E R E M V O C Ê S A LA N Ç A R E P R O M O V E R O E P, E M V E Z D E , P O R EX EMP LO , P R O C U R A R E D I T O R A P R I M E I R O ? P ED R O:

Basicamente porque as editoras devido à conjectura que vivemos não estão dispostas a correr riscos. Percebo perfeitamente a posição delas, mas acho um absurdo em quase todas as propostas que andam no mercado, a banda ter de pagar para gravar um álbum, pagar a edição dos CD’s, serem obrigados a comprar uma

grande parte deles à editora, ter que os vender ao preço que a editora quer, e ainda por cima nas vendas ficar com uma pequeníssima parte dos lucros. Acho uma falta de respeito pelo trabalho dos músicos, e sinceramente acho uma forma de trabalhar completamente descontextualizada. Pergunto aos membros das editoras: ao concluírem que a música da banda que querem contratar tem potencial, qual é o vosso risco? Dito isto, convém acrescentar que sermos nós a produzir e vender o CD permitiu-nos vender o nosso trabalho a um preço justo e angariar alguns fundos para suprir despesas que temos com concertos, com mais merchandising e promoção.

O Q U E É Q U E V O C Ê S E S T Ã O A FA ZER EM TERMOS DE PROMOÇÃO? P E D R O: Usamos a nossa página de Facebook

como principal catalizador, e sempre que podemos tocamos em eventos interessantes, ou organizamos os nossos próprios concertos. A nossa música está também disponível no Bandcamp, no Spotify e no iTunes.

O P O N T O A LT O D E S T E A N O S E R Á C E RTAMENTE O VA G O S O P E N A I R . V O U L Á E S TA R PAR A V OS V ER E O U V I R – E N T R E O U T R O S . ( P R O VAVELMENTE D E V O S E R O Ú N I C O F O T Ó G R A F O QUE ESTÁ A C U RT I R A M Ú S I C A E M V E Z D E E S TAR A TI R AR F O T O S ! ) S E R Á E S T E O V O S S O PRI MEI RO G R A N D E C O N C E RT O ? – V Ã O T O CAR NO D I A D E A M O R P H I S O Q U E P O D E M O S ES PERAR DA V O S S A A C T U A Ç Ã O E C O M O É Q U E V OCÊS SE V Ã O P R E PA R A R PA R A E S S E D I A ? P E D R O: Fantástico, irei com certeza procurar

pelo fotógrafo a fazer headbanging! Para nós foi uma grande honra termos sido convidados para tocar no Vagos Open Air, estando no meio de tantas bandas que conhecemos e admiramos. Relativamente à nossa actuação, vamos tentar dar o melhor espetáculo possível e tentar partir aquilo tudo! Ja estamos a trabalhar na setlist com afinco.

V O C Ê S T Ê M P L A N O S PA R A S E AV ENTU RAREM NO ESTRANGEIRO? P E D R O: Para já, não. Não acreditamos que

seja possível fazer digressões por conta própria nesse momento, onde se consigam sequer cobrir os custos das mesmas, e como tal, a não ser que haja um bom convite com o mínimo de condições, deverá ser complicado realizar esse nosso sonho.

O B R I G A D O P E L A E N T R E V I S TA E E S PERO Q UE O Á L B U M N Ã O D E M O R E M U I T O A C H E G AR! P E D R O: Obrigado eu, e agradeço também

em nome da banda! O álbum já esta a ser composto, por isso, aguardem novidades num futuro não muito longínquo!

WWW.FACE BOOK.COM/MOONS HADEOFFI CI AL HTTPS://YOUTU.BE /PSN DBZLZHC0 MOONSHADE OF F ICIAL .BAN DCAM P.COM

33 / VERSUS MAGAZINE


ENTREVISTA

“[…] SE NÃO TIVESSE SIDO A INTERVENÇÃO DO EUGE E O FACTO DE SE TER DIRIGIDO A MIM ESPONTANEAMENTE, NÃO TERIA HAVIDO NOVO ÁLBUM. […]”

SHINING O FRUTO DA “DESINSPIRAÇÃO” « IX – EVERY ON E , E V E RYTH IN G , EV ERY WH ER E, EN D S » É O Q U E E L E FAZ Q UAN DO ES TA “ D ES IN S P IR A D O ” ! Por: CSA OLÁ, NIKL AS! JÁ TE EN T R EV IS T EI P ELO LANÇA ME NTO DE « 8 ½ - FEB ER D R Ö MMA R I VAK E T TIL L STÅND» . C O MO C O R R EU A DI GRES SÃO DE PROMOÇÃO D ES S E Á LB U M? NI KLAS KVARF ORTH: Olá! Sim, lembro-me

dessa entrevista. Obrigado por, mais uma vez, nos dares o teu apoio. A digressão foi horrível. Ao fim dos dois primeiros concertos, que decorreram nas condições mais desagradáveis que já alguma vez enfrentámos, perdi a voz. Alguém são de espírito ou suficientemente esperto para pensar no seu bem-estar teria imediatamente cancelado tudo. É claro que eu não fiz nada disso e essa minha negligência quase me custou perder a voz para sempre. Felizmente,

34 / VERSUS MAGAZINE

só tivemos de cancelar alguns meses de espetáculos da digressão de 2014, embora, para mim, um só cancelamento fosse algo impensável até àquela altura. Portanto, para abreviar, a digressão não correu nada bem. Mas agora, graças a essa mesma experiência, percebemos o que temos de fazer para tocar como deve ser e, por conseguinte, evitar situações desta natureza no futuro. E, é claro, teremos de ser mais criteriosos, quando decidirmos com quem vamos trabalhar.

Q U E S U R P R E S A S T I N H A M N A M A N G A PA R A Q U EM FO S S E A O S V O S S O S C O N C E RT O S ? IN FELIZMENT E , N Ã O P U D E E S TA R P R E S E N T E .

NIKLAS

K VA R F O RT H: Nada de especial, para além da surpresa – desagradável – de não ter podido atuar de forma aceitável, por causa dos problemas de saúde e das horríveis condições de trabalho que nos infligiram, como já referi. Mas, neste momento, estamos a preparar uma série de mini digressões em torno deste álbum. Serão menos digressões, mas mais longas e com concertos em locais mais adequados do que da última vez. Portanto, é melhor esperares pelo seguimento, já que acabaste por não perder nada que valesse mesmo a pena, para ser franco.


“NADA QUE VALHA VERDADEIRAMENTE A PENA FAZER É FÁCIL. POR CONSEGUINTE, […] A CRIAÇÃO DO ÁLBUM FOI PENOSA, TANTO A NÍVEL FÍSICO COMO MENTAL.” TAL COMO PROME TE STE A Q U A N D O D A O U T R A ENTREVISTA, AQUI TE MOS U M N O V O Á LB U M. O QUE HAVE RÁ DE POIS DES T E, U MA V EZ Q U E O SEU TÍTUL O PARE CE ANUN C IA R U M C A P ÍT U LO FI NAL? NI KLAS KVARF ORTH : Ainda é muito cedo para

falar disso. Vai haver muitos festivais e as já referidas mini digressões, que nos ocuparão durante o resto deste ano. Em 2016, temos os 20 anos da banda e há muita expetativa relativamente ao que eu preparei, não só para os nossos fãs, como também para os outros membros da banda. Mas, como já disse, ainda não chegou o momento de falar deste assunto.

ESTE ÁL BUM É UMA AL U S Ã O À IN EV IT Á V EL DESTRUIÇÃO DO MUNDO D E Q U E FA LAVA S N A ENTREVISTA ANTE RIOR? PA R EC E Q U E A FIN A L TI NHAS RAZ ÃO, PORQUE H Á A LG U MA ES P ÉC IE DE GUE RRA POR TODO O L A D O . NI KLAS KVARF ORTH: Acredito que a guerra de

que falas está em curso há décadas, mas só agora é que o Ocidente tomou consciência da gravidade da questão. Como sabes, é habitual as pessoas não se aperceberem de que algo está a correr mal, antes do problema as atingir a elas também. Não me interpretes mal: estou-me a borrifar para a atualidade política, nunca me preocupei com isso, nem tenciono fazê-lo. E as letras das minhas canções passam completamente ao lado dessas questões, embora, por vezes, as pessoas pensem que se referem a elas.

ESTE ÁL BUM É RE AL ME NT E MU IT O C O MP LEX O . PODES FAL AR-NOS UM P O U C O D A S U A ESTRUTURA, JÁ QUE É S A MEN T E B R ILH A N T E POR TRÁS DE SHINING? H Á A LG U MA R ELA Ç Ã O ENTRE O TE MA DE CADA FA IX A E O S EU ES T ILO M USI C AL ? NI KLAS KVARF ORTH:

Como sempre, não controlo totalmente o meu processo criativo. Limito-me a deixar que as trevas se apoderem de mim. No entanto, «IX» distingue-se dos outros álbuns de Shining por um aspeto curioso: não fui eu que desencadeei o processo, mas o Euge [Valorvita, guitarrista da banda]. Andava a sentir uma espécie de bloqueio como escritor há cerca de dois anos e a pensar que a minha inspiração tinha secado, quando ele me enviou um email com algumas canções em que tinha andado a trabalhar e a perguntar se alguma delas se adequava ao universo de Shining. É escusado dizer que, no fim, pouco restou delas, mas encontrei aí um certo riff que me deixou maravilhado e me lançou numa explosão de criatividade obsessiva, que levou a que, três semanas depois, eu tivesse delineado a estrutura deste álbum. Portanto, apesar de ter sido difícil alcançalo, sobretudo para mim, se não tivesse sido a intervenção do Euge e o facto de se ter dirigido a mim espontaneamente, não teria havido novo álbum. Pelo menos, nada que pudesse ser lançado em 2015.

A CRI AÇÃO DE STE ÁL BUM FO I MU IT O EX IG EN T E PARA T I E PARA A TUA BA N D A ? NI KLAS

KVARF ORTH: Nada que valha verdadeiramente a pena fazer é fácil. Por conseguinte, como sempre acontece connosco, a criação do álbum foi penosa, tanto a nível físico como mental.

A D O R EI « I X – E V E RY O N E , E V E RY T H I N G , EV ERY WH ER E , E N D S » . C O M O R E A G I U O P Ú B LIC O EM G E R A L ? N IK LA S K VA R F O RT H: Infelizmente, ainda não

li uma única review. Mas, pessoalmente, nunca estive tão contente com a forma como um álbum nosso soa e o sentimento que transmite. As poucas pessoas para quem toquei algumas das canções são quase todas da mesma opinião. Parece-lhes um álbum muito agressivo, verdadeiramente hostil e alberga algo de maligno que não aparecia nos últimos álbuns. Além disso, remete para quase todos os álbuns anteriores, de forma simultaneamente evidente e oculta, o que é estranho. No entanto, quanto mais penso nisso, mais feliz me sinto.

Q U E R EA Ç Ã O A E S T E Á L B U M E S P E R A S O B T ER ? D E V O D I Z E R - T E Q U E N Ã O É D E “ F Á C I L D IG ES T Ã O ” . N IK LA S

K VA R F O RT H: Francamente, não tenho nenhuma ideia construída sobre esse assunto. Por um lado, parece-me que «IX» é bastante acessível, mas, por outro, vejo-o como provavelmente o mais difícil de apreender. Para mim, isto é muito positivo, porque basicamente isso significa que ele vai aguentar o desgaste do tempo, mas, por outro lado, também pode ser negativo. Por exemplo, a maior parte das pessoas que escrevem as reviews só ouvem os álbuns uma vez e penso que isso não será suficiente para compreender «IX». Na minha opinião, vão ficar confusos, logo vão ter uma opinião negativa sobre o álbum. Mais uma vez, só nos resta esperar para ver o que acontece. R EPA R EI Q UE N E S T E Á L B U M A P R E S E N TA S U M A B O N U S T R A C K E M Q U E C A N TA S A C A N Ç Ã O Q U E AT R IB U Í S T E A O M A N I A C E M « 8 ½ FEB ER D R Ö M M A R I VA K E T T I L L S T Å N D » . P O R Q U E R A ZÃ O E S T E Á L B U M T E M D U A S FA I X A S EX T R A ? N IK LA S K VA R F O RT H: Uma das coisas que mais

detesto na indústria musical da atualidade é a necessidade de incluir material bónus para conseguir vender os álbuns num suporte físico. Compreendo que seja necessário fazê-lo, nas circunstâncias atuais, mas nutro um profundo desprezo por essa artimanha. Mas, para a box e a edição em vinil, tivemos mesmo de fazer 2 faixas extra. A segunda faixa fazia parte do álbum «III». A primeira, que “demos” ao Maniac, era uma demo dessa mesma faixa, mas sem vocais. Ora, quando estávamos no estúdio a experimentar o som da bateria ou algo do género, acabámos por gravar uma versão alternativa dessa canção, dado que a tínhamos alterado desde o tempo em que tínhamos começado a tocá-la ao vivo. Portanto, nem esta faixa, nem a cover de Rammstein têm nada a ver com o álbum. Foram associadas a ele nessas edições pelas razões que já referi e também porque nos pareceu melhor oferecer aos nossos fãs algo especial, em vez de faixas remixadas ou algo igualmente estúpido.

A C A PA D O Á L B U M TA M B É M N Ã O É F Á C I L D E LER . ES C O L H E S T E N O VA M E N T E O M I C H A L PAWLO WS K I PA R A A FA Z E R ? S E A S S I M F O I , C O MO FO I F E I TA D E S TA V E Z ? E L E T I N H A A L G U M A IMA G EM J Á P R O N TA Q U E S E A D E Q U AVA A O Á LB U M? O U P R O D U Z I U A I L U S T R A Ç Ã O D E P O I S D E A T ER DI S C U T I D O C O N T I G O ?

N I K L A S K VA R F O RT H: Não. Enquanto estive

no estúdio, fui pensando em várias opções para a capa do álbum. Mas, como este lançamento assinala a primeira vez que que gravámos algo com toda a formação, pareceu-me que fazer uma capa semelhante à de qualquer um dos álbuns anteriores não permitiria exprimir os sentimentos que este exprime. Por conseguinte, contactei um dos meus pintores contemporâneos favoritos, Daniele Serra, que tinha feito um quadro extremamente perturbador, que eu pedi para usar como capa para o álbum. Como ele declinou a minha proposta, porque já tinha vendido essa obra a uma editora, ofereceuse para fazer algo de raiz especificamente baseado no título do álbum e contemplando as ideias principais das letras das músicas, que eu lhe enviei. Saiu o que se pode ver na capa de «IX», imagem essa que, na minha opinião, representa de forma perfeita a natureza esquizoide, desesperada e sinistra do álbum, embora esteja consciente de que as opiniões dos outros podem divergir da minha. Até há quem pareça estar aborrecido por esta capa não se parecer com nenhuma das dos álbuns anteriores. Mas já todos sabemos que as pessoas estão sempre à espera que mantenhas o som e o visual de 1996.

S H I N I N G É U M A B A N D A Q U E N ÃO S E P ODE I G N O R A R , Q U E R G O S T E M O S DELA , Q UER A D E T E S T E M O S . Q U E R E S C O M ENTAR ESTA AFIRMAÇÃO? N I K L A S K VA R F O RT H: É, ao mesmo tempo,

uma bênção e uma maldição. O que quer que seja que façamos, seremos sempre perseguidos pelo nosso passado. Não vou dizer que estamos a tentar ajustar-nos, mas estamos, sem dúvida, a tentar encontrar formas de evitar certas coisas que podem prejudicar a banda e, particularmente, as pessoas que trabalham connosco. Já aconteceu impedirem-nos de tocar em certos festivais e cidades, devido a algo tão banal como um boato que ande a circular nalguma rede social ou media que esteja na moda na altura. No entanto, recentemente, parece que os promotores e a maioria dos media começaram a perceber que somos gente com quem é fácil trabalhar e que, independentemente das circunstâncias, levamos o que fazemos muito a sério, o que não se pode dizer acerca da maioria das bandas que circulam por aí. Eu penso (ou antes, espero) que, dentro de cinco ou seis anos, teremos convencido toda a gente de que não deitamos tudo a perder cada vez que fazemos algo, mas sinto que o ceticismo em relação a Shining nunca vai desaparecer por completo, apesar de tudo o que temos feito para provar o contrário.

Q U E B A N D A S V Ã O PA RT I C I PA R N A D I GRESSÃO D E S H I N I N G PA R A P R O M O V E R E S T E Á LBUM? N I K L A S K VA R F O RT H: Nenhuma, espero. Nah,

como já disse, doravante vamos tocar em cidades mais pequenas, o que nos vai dar a oportunidade de sermos nós a escolher com quem vamos partilhar o palco e quem queremos manter à distância. Pelo menos, na maior parte dos casos! Mas, neste momento, não posso revelar nada, porque o nosso agente está a meio das negociações.

35 / VERSUS MAGAZINE


ENTREVISTA

“[..] ASSUME-SE COMO] UM ÁLBUM MUITO AGRESSIVO, VERDADEIRAMENTE HOSTIL E ALBERGA ALGO DE MALIGNO QUE NÃO APARECIA NOS ÚLTIMOS ÁLBUNS. […]”

VÊM A PORTUGAL E M 2 0 1 1 ? O S FÃ S PORTUGUE SE S E SPE RAM-V O S A N S IO S A MEN T E \M / NI KLAS

KVARF ORTH: Vamos mesmo! Vamos tocar no SWR Festival e estamos verdadeiramente ansiosos por esse momento. Sempre gostei de Portugal e, como disseste, já passou muito tempo desde que passamos aí na digressão dos Watain em 2011.

ANUNCIA AQUI

POR FAL AR DE F INS: CO MO G O S TA R IA S D E TERM I NAR E STA E NTRE VIS TA ? NI KLAS KVARF ORTH:

Agradecendo-te esta entrevista e aconselhando-te a ires assistir ao nosso concerto no festival já referido, para veres o que esta criatura doentia tem feito desde a última vez que nos cruzámos.

W W W. S H I NING A S Y LU M. C O M

ANUNCIA AQUI

W W W. S H INING LEG IO NS . C O M W W W. FA C E BO O K . C O M/ S H INING O FFIC I A L H T T P S : / / YO U TU . B E/ R S 1 Y T_4 J X 5 Q

ANUNCIA AQUI 3 6 / VERSUS MAGAZINE



ENTREVISTA

NUNO COSTA A HISTÓRIA DO METAL AÇORIANO AOS OLHOS DE UM ESPECIALISTA LON G E M A S SI M ULTA N E A M E N T E PE RTO , O S A Ç O R ES A P R ES ENTA M U MA R IQ U ÍSSIM A HIST Ó R I A A O N Í V E L DO SO M E T E R N O, NEM S EMP R E C O NH EC ID A D O P Ú B LIC O METAL E IRO DO C O N T I N EN TE . M U I TA S BA N DA S , A LG U MA S D ELA S C O M R ELEV O NA C I O NA L E ME SMO INTE R N A C I O N A L – C O M ÓB V I O DE STAQ U E PA R A O S MO R B I D D EATH E O S C LA S S I C RAGE -, FEST I VA I S , C O N CU R S O S E SI T E S D E R ENO ME FA ZEM D ES TA S MA R AV ILH O S A S I LHAS UM CASO ÍMPAR DE DINAMISMO, APESAR DE ATUALMENTE SE VIVEREM TEMPOS MORTOS. PARA AUS C U LTA R A A L M A D O M E TA L AÇ O R I ANO FA LÁ MO S C O M U M D O S MA I O R ES ES P EC IAL ISTAS NA M AT É R I A – A E N CI CL OP É DI A VI VA QU E D Á P ELO NO ME D E NU NO C O S TA , B ATER ISTA DOS STAMPKASE E SANCTUS NOSFERATU, IDEÓLOGO DO MÍTICO SITE SOUNDZONE. O RESULTADO É UM A E X T E N SA E N T RE VI STA Q U E MA I S S E A S S EMELH A A U MA MINI- ENC I C LOPÉ DIA. Por: Dico

38 / e s p e c i a l m e ta l a c o r e s


ANTES DE MAIS, GOSTARIA QUE ME SITUASSES UM POUCO NA HISTÓRIA MAIS REMOTA DA MÚSICA PESADA NOS AÇORES. OS MORBID DEATH FORAM UMA DAS PRIMEIRAS BANDAS A SURGIR, MAS ANTES AINDA SE FORMARAM GRUPOS COMO OS WREK AGE. DAQUILO QUE CONHECES, QUAIS FORAM AS PRIMEIRAS BANDAS AÇORIANAS A FORMAR-SE (E QUANDO) NO CONTEXTO DO HARD ROCK/METAL? NUNO COSTA : Pelos registos disponíveis

(que são quase nulos), podemos concluir que os Wrek Age foram a primeira banda açoriana mais próxima daquilo que se pode considerar heavy metal ou hard’n’heavy. Fundaramse em 1988, mas três anos antes já desenvolviam atividades como Black Diamond. De notar que integrou a sua formação o Paulo Melo, que viria a ser baixista dos influentes Classic Rage. Não tenho conhecimento direto da sonoridade dos Wrek Age, mas sei que deixaram para a posteridade uma demo - «We Love It Loud» -, de 1990. Consta que desenvolviam uma sonoridade melódica mas com guitarras heavy, muito ao jeito do que King Diamond, Iron Maiden ou Whitesnake faziam nos anos 80. A década de 80 fecha com o surgimento dos Stormwind, em 1987. Oriundos da ilha de Santa Maria, tocavam hard rock influenciado por Guns N’ Roses, The Cult e Iron Maiden. Estas acabavam por ser as duas únicas bandas a criar um som mais pesado nos Açores na década de 80. Os Stormwind resistiram até 1996, mas em 2008 reuniram a formação original para um concerto comemorativo dos 20 anos da sua formação.

E DEPOIS DEATH…

VIERAM

OS

MORBID

NUNO COSTA : Em 1990 tudo muda

com os Morbid Death, que são inequivocamente a primeira banda de música pesada dos Açores. Com ou sem a sua influência (até porque estávamos numa altura em que o metal começava a chegar aos Açores através de alguns - poucos - meios de comunicação), os três anos que se seguiram foram férteis no surgimento de bandas igualmente pesadas. A segunda banda de peso a surgir nos Açores terão sido os Necropsia (1991) que tocavam death/ gore e incluíam o baixista Paulo Castro, que viria a integrar os Carnification. Em 1992 surgem precisamente os Carnification, Noxious (que incluíam na formação o Paulo Bettencourt, guitarrista dos Morbid Death; e o Luís Franco, vocalista dos Carnification) e os Blackmass. No mesmo ano, na ilha Terceira, surgiam os R.I.P., mas numa

vertente mais rock/pop ligeiro, ainda que a sua figura central - João Martins (mais conhecido como Kit) continue a ser visto como uma figura importante na música alternativa açoriana. Existe ainda uma banda de que não tenho registo, os N.O.I.S.E., que, consta, foram também das primeiras bandas de metal açorianas.

COMO CARACTERIZAS O CENÁRIO METÁLICO AÇORIANO NOS ANOS 90, QUER EM TERMOS DE QUALIDADE/ QUANTIDADE DE BANDAS QUER A NÍVEL DE ESTÚDIOS, SALAS/ BARES PARA TOCAR, FANZINES, QUANTIDADE DE CONCERTOS, VOLUME DE DEMOS/DISCOS GRAVADOS E DESENVOLVIMENTO DA CENA EM GERAL? N U N O C O S TA : Foi nos anos 90 que

se criou a mística do género nos Açores, como consequência natural da proliferação do metal em termos globais. Embora estivéssemos mais isolados, a informação furava as barreiras da distância e um pequeno mas muito sólido grupo de seguidores do estilo começava a desenvolver muitos projetos. A qualidade era relativa, pelo menos no início dos anos 90. Era muito difícil ter acesso a bons instrumentos e condições para gravar. Os estúdios MMMusic acabaram por ser os mais carismáticos (foi onde gravaram os Morbid Death e Carnification, entre muitos outros. Aí foram também registados os temas incluídos em coletâneas como a «Novas Ondas»). Apesar da escassez de recursos, quase todos os grupos conseguiram deixar um registo para a posteridade. Não existia um local especificamente associado ao género para tocar, mas as bandas de rock e metal acabavam por ter muito boa recetividade. Naquela altura, curiosamente, tocava-se em palcos gigantescos para milhares de pessoas ou em impérios religiosos há quem fale em bandas a tocar em atrelados de tractor [risos]. Outro especto interessante dos anos 90 é que acabámos por ter bandas de variadíssimos subgéneros musicais - num claro sinal de que havia muita vontade mas também atenção às tendências provenientes de todos os cantos do mundo. Tínhamos bandas de death metal, gothic metal, black metal, doom metal, metal/rock progressivo, nu-metal, punk (sobretudo na ilha Terceira) e até mesmo grunge!

EMBORA OS MORBID DEATH E OS CLASSIC RAGE SEJAM REFERÊNCIAS INCONTORNÁVEIS, QUE OUTRAS BANDAS, ASSIM COMO SALAS DE ESPETÁCULOS, ÓRGÃOS DE

COMUNICAÇÃO SOCIAL, ESTÚDIOS E FIGURAS (MÚSICOS, PRODUTORES, DIVULGADORES, RÁDIOS, PROGRAMAS DE RÁDIO, ETC.) DESTACAS DESSA ÉPOCA? NU NO C O S TA : Em termos de bandas,

além dos Morbid Death só mesmo os Classic Rage foram tão grandes e estiveram à beira da internacionalização quando gravaram o seu segundo álbum - «All Rights Reserved» - com o Tommy Newton na Alemanha. Numa “segunda divisão”, existiram imensos coletivos de relevo que podemos subdividir em sonoridades mais extremas e mais modernas. Assim sendo, nas sonoridades mais extremas temos os Obscenus, Prophecy Of Death, Gnosticism, Gods Sin (ilha Terceira), Karma (da ilha Terceira, com o José Pires dos Gods Sin), Opium (com elementos dos Carnfication, Morbid Death, Gnosticism, entre outros, embora nunca hajam atuado ao vivo), Luciferian Dementia, In Peccatum, Deathfull (também provenientes da Terceira) e Sanctimoniously. No plano do metal mais moderno (sim, porque o nu-metal acabou por ter uma influência importante nas bandas locais, embora não propriamente naquela vertente rap metal), tínhamos, em primeiro plano, os Hangover (formados em 95, mudaram a sua designação para Tolerance 0 em 2004). Começaram por desenvolver uma sonoridade punk, mas gradualmente tornaram-se muito mais pesados e técnicos. Na sua formação incluíam o Rui Frias (guitarrista dos Morbid Death) mas em grande destaque estava o Honório Aguiar, que terá sido o melhor frontman das redondezas. Por outro lado, os Kaos eram quase uma banda irmã (o baterista é mesmo irmão do Honório Aguiar e também do João Aguiar, vocalista dos Gnosticism). Em conjunto, os Hangover e os Kaos faziam um cartaz fortíssimo. No plano do rock/grunge, duas bandas foram importantes os Achen’ Hole Sinners e os Shunkstone (inicialmente designados Shunkstonegar). Curiosamente, os Hiffen, que viriam a lançar um dos álbuns mais bem produzidos do metal açoriano, «Crashing» (de 2005), formaram-se em 1996, com uma sonoridade bem mais light e distante do heavy/power/progressivo que apresentaram no disco de estreia. Uma última nota para os Yellow Stone (praticantes de rock alternativo), em que pontificavam o Paulo Bettencourt, Veríssimo Pereira e Pedro Rodrigues dos Morbid Death; e para os Rebeldes, banda de rock de Pedro Andrade (baterista dos Morbid Death).

E RELATIVAMENTE ESPETÁCULOS?

A

SALAS

DE

39 / e s p e c i a l m e t a l a c o r e s


ENTREVISTA

M ORBI D DEATH

C L ASSIC RAGE

NUNO C OSTA :

Em termos de salas de espetáculos, como referi, não haveria uma sala de “culto”. O Coliseu Micaelense acabava por se revestir desse estatuto, uma vez que numerosos concertos lá se realizavam, incluindo os concursos Pop/Rock e o histórico Novas Ondas. Outro evento histórico foi o Rock de Garagem (misto de concurso e festival) que trouxe, em 1997, os Ramp para um memorável concerto em que, dado o entusiasmo, o público literalmente arrancou as grades de proteção. Outro concerto caótico – que, julgo, também ocorreu no Rock de Garagem mas um ano antes, no mesmo local -, foi o dos Sacred Sin. A Calheta de Pêro de Teive, em Ponta Delgada, era também palco de muitas atuações de metal, normalmente durante as Festas de São Pedro. Apesar do contexto popular/religioso, o metal era muito bem recebido e atraía, por vezes, milhares de pessoas. Naquela altura, mesmo os não apreciadores do género ficavam a assistir. Quanto aos meios de comunicação, tenho de referir o Stage Diving e o Overdose (este já no novo milénio), ambos conduzidos pelo José F. Andrade (o último com a colaboração de Nelson Neto, baterista dos Classic Rage). Antes, ainda, o Andrade fundou a fanzine Reino Metálico e apresentou o programa de rádio Rock Station. Além disso, desenvolveu várias colunas 40 / e s p e c i a l m e t a l a c o r e s

T OLERANCE 0

sobre metal em jornais como o Diário dos Açores e Açoriano Oriental, tendo mais recentemente organizado os Prémios Açores Música. O Mário Lino Farias foi outra força motriz na divulgação do metal nos Açores. Fundou o clube de fãs dos Morbid Death em 1993, que daria origem à fanzine Thrash Publishing (mais tarde também distribuidora). Estas figuras revelaramse absolutamente fundamentais para a divulgação do metal nos Açores na década de 90.

EMBORA OS MORBID DEATH SEJAM SEMPRE UMA REFERÊNCIA INCONTORNÁVEL, QUE REGISTOS DESTACAS DESSA ÉPOCA NO QUE RESPEITA AO METAL AÇORIANO? N U N O C O S TA : Com efeito, todos os

“caminhos” vão dar aos Morbid Death. É inequívoco que o registo mais marcante da década - e talvez de sempre - do metal açoriano é «Echoes Of Solitude», mas também os Classic Rage - outro monstro sagrado do heavy açoriano - lançavam, no mesmo ano (1997), «Isolation’s Over». Foram os primeiros discos de música pesada a serem editados em formato CD nos Açores e com uma qualidade mais profissional. Já um ano antes, os Obscenus - uma das bandas mais promissoras da altura

- haviam lançado a demo-tape «Salvatore», seguindo-se, em 1997, «Nocturnus Exordio». De facto, 1997 foi um ano muito importante, tendo os Gnosticism também editado uma demo-tape («Thy Quest Will Never End»). Note-se que por essa altura, o black/gothic metal gozava de uma forte tradição nos Açores, graças à internacionalização dos Cradle Of Filth, com algumas bandas a aproximaremse perigosamente dos tiques da banda britânica. Noutro formato, e no mesmo ano, a revista Açor Jovem editou uma compilação com dez projetos regionais e em 1999, creio, foi editada a compilação em CD «Concurso Novas Ondas», relativa ao certame de 1998. Outra bandas muito ativas em termos de edições na década de 90 foram os Prophecy Of Death, com o expoente máximo a ser «Punished», de 1998. Outros trabalhos de qualidade foram assinados pelos Carnification («Embracing Solitude», em 1998) e In Peccatum («In Beauty», de 1998). Com um pouco menos de popularidade, os Sanctimoniously deixaram também o seu contributo, através da mqueta «The Fire Still Burns», em 1997.

NA DÉCADA DE 2000 ASSISTIUSE A ALTERAÇÕES SIGNIFICATIVAS NO CENÁRIO DE PESO AÇORIANO, NOMEADAMENTE EM TERMOS DE


ENTREVISTA ABORDAGEM ESTILÍSTICA. FALA-NOS DESSA ÉPOCA. NUNO

C OSTA : A partir de 2000 assistimos à marcha ascendente dos Morbid Death e dos Classic Rage, mas também ao desaparecimento de muitas bandas promissoras dos anos 90. Poucas foram as que resistiram, eventualmente por questões pessoais, profissionais, académicas ou (e este pormenor é muito importante) devido à mudança das tendências musicais. Alguns músicos que tocavam metal extremo na década anterior começaram a tocar material mais popular na época, sobretudo metal com groove e fortes influências do nu-metal. Com o lançamento de «All Rights Reserved» os Classic Rage transmitiam a sensação que a insularidade já não era uma barreira. No entanto, a banda despedia-se pouco depois, deixando espaço aos Hangover, que já há alguns anos estavam na dianteira do metal açoriano, embora lhes faltasse uma gravação. Os Hangover (que, aquando do lançamento de «43 Minutes Of Hate», em 2004, já respondiam pelo nome Tolerance 0) tinham a particularidade de arrastar uma fiel legião de fãs e de serem consensuais entre os diversos públicos de metal. Tanta era a convicção e a vontade de chegarem longe que viajaram para o Canadá depois do lançamento do álbum, mas as coisas não correram como o esperado e alguns membros regressaram pouco depois. O grupo não mais se voltaria a juntar. Os Kaos eram outra grande promessa, mas por volta de 2002 cessaram funções sem deixar qualquer registo - a não ser o tema «Four Leaf Clover», incluído na compilação «Concurso Novas Ondas 98». Embora os In Peccatum lançassem o seu primeiro EP, «Antilia» em 2002, é difícil ignorar que a década de 2000 foi claramente dominada por uma geração de músicos influenciados pelo hype dos Limp Bizkit, Korn, Deftones, Slipknot ou Mudvayne. Os Pantera também exerciam grande influência nas bandas açorianas, mas a MTV, sobretudo, criava um enorme deslumbramento nos músicos. Assim, surgiram na primeira metade da década de 2000 bandas como Hemptylogic, Stampkase, Blasph3my, Psy Enemy, Neurolag, Spinal Trip e Trauma Prone (uma espécie de supergrupo com elementos dos Tolerance 0, Kaos e Hemptylogic). É verdade que o nu-metal era o fio condutor, mas felizmente a maioria desses projectos tinha um cariz bem pessoal e não soavam propriamente a rap-metal ou a cópias chapadas dos nomes internacionais, à exceção de um ou dois casos. De salientar ainda que o panorama local continuava a apresentar uma saudável variedade estilística. Longe dos tempos

em que o black, o death e o gothic predominavam, continuamos a ter bandas mais tradicionais, chamemoslhes assim, com os Dark Emotions que lançaram a promo-track «Possessed», os Nableena, Sanctus Nosferatu, Zymosis (estes dois últimos os resistentes do black metal), Summoned Hell ou Sacred Tears. Os Spitshine foram um projecto interessante mas de curta duração. Reunia elementos dos Kaos, Classic Rage, Carnification e mais tarde Crossfaith. O hard’n’heavy era a sua linguagem musical. Os Massive Sound Of Disorder foram um dos nomes mais promissores, sobretudo em termos instrumentais, dada a presença do virtuoso guitarrista Rodrigo Raposo. Tocavam um power metal progressivo. Chegaram a gravar mas o resultado nunca chegou a ser editado oficialmente. Os Hiffen também aperfeiçoaram (e de que maneira) a sua sonoridade, bem patente no álbum «Crashing», de 2005. Outro projeto incontornável da década de 2000 são os terceirenses Anomally, que além da qualidade musical sempre apresentaram uma comunicação e imagem muito profissionais. Em termos de meios de divulgação, e já com a Thrash Publishing apenas como distribuidora, surge a SoundZone em 2003 em formato fanzine. O Metalicidio emerge um ou dois anos depois, tornando-se uma verdadeira enciclopédia do metal açoriano! Por esta altura, ainda o José F. Andrade se mantinha na rádio (com o programa Overdose), ao mesmo tempo que redigia colunas semanais no Açoriano Oriental e coordenava espetáculos como a Maratona Rock e os Prémios Açores Música. Também o site Armageddon viria a ter relevo. De notar que tanto a SoundZone como o Metalicidio e mesmo o Armageddon foram responsáveis por uma grande parte da dinâmica de eventos de metal organizados em São Miguel na década de 2000. Muito interessante também foi a edição da revista anual Metal Bit IX, um projeto apoiado pelo Governo e realizado pela Associação de Juventude Bit IX. Abordava apenas artistas regionais e era impressa com qualidade profissional.

EM TERMOS DE CONCERTOS E FESTIVAI S, A DADA ALTURA AS COISAS TAMBÉM COMEÇARAM A MEXER SIGNIFICATIVAMENTE, COM ALGUMAS GRANDES PRODUÇÕES A TEREM LUGAR. QUE EVENTOS DESTACAS? N U N O C O STA : No virar do milénio surgiu

na Terceira o concurso/festival Angra Rock, o sucessor perfeito do Novas Ondas, e que rapidamente granjeou um estatuto de respeito. Foi aí que

começaram a vir com regularidade aos Açores nomes de relevo do rock e metal internacionais, com especial destaque para os Paradise Lost. Igualmente marcante foi a realização do Roquefest, um evento com algumas limitações estruturais, associado a um Império do Espírito Santo, mas que transpirava um feeling underground muito interessante. Realizou-se em 2005 e 2007 (inclusive com bandas do continente e da Madeira), tendo sido recuperado em 2013. Um dos grandes momentos da década em termos de espetáculos foi a realização do festival Alta Tensão (do António Freitas) no Coliseu Micaelense, que assinalou a primeira vinda de uma banda internacional de metal à ilha de São Miguel - os Mnemic. A partir daí (estávamos em 2007) começou a ser regular a realização de eventos de maior dimensão. Nesse especto, a SoundZone teve um papel particularmente ativo. Se em 2006 já havia trazido os The Temple, em 2008 segue-se outro festival com os internacionais Dagoba e Fear My Thoughts, além dos seus aniversários, que incluíram os Switchtense e, mais recentemente, os espanhóis Angelus Apatrida. Em 2008, o Rui Sousa (teclista dos Hiffen, Crossfaith, entre outros) tornou-se uma das personalidades mais interventivas do metal local, fundando o Live Summer Fest, que cresceria para o plano internacional com os Paradise Lost, Threat Signal, entre outros. Inclusive, o festival foi filmado e transmitido em diferido pela RTP Açores. Outro evento, com menores dimensões mas com um carisma tremendo, foi o October Loud. Realizou-se entre 2007 e 2009 e reunia praticamente todas as bandas de São Miguel em duas ou três noites de espetáculos. Num ambiente mais intimista - o Salão Paroquial de São José - fazia quase lembrar o espírito dos áureos anos 90. De igual forma, o Metalicídio organizou um concurso de músicos e uma compilação, tendo o Armageddon promovido duas edições do Metal Clash com bandas regionais. Além disso, era frequente verem-se bandas de metal inseridas em festas mais populares e fora do contexto do metal - uma tendência que se perderia quase em absoluto a partir de 2010. De salientar a Maratona Rock, que teve edições no Coliseu Micaelense em 2005, 2006 e 2009 e deu origem a um disco ao vivo com mais de uma dezena de bandas. A primeira edição levou à risca o termo “maratona”, com cerca de sete horas de espetáculos que terminaram pelas seis da manhã. Cada banda atuou cerca de 15 minutos. Dada a complexidade do formato, as segundas e terceiras edições do evento foram divididas por dois dias e tiveram mais tempo de espetáculo. Incluíram ainda workshops com Paulo Barros e Hugo Danim. Por falar em workshops, em 2007 a 41 / e s p e c i a l m e ta l a c o r e s


ENTREVISTA

C A R N I FICATION

NUNO COSTA

S A NC TUS NOS F E RATU

professora internacional de canto na área do metal, Melissa Cross, faz a sua primeira aparição na Europa. Foi uma aula ao vivo realizada no Coliseu Micaelense no mesmo fim-de-semana do Alta Tensão. Escusado será dizer que tornou aquele Verão memorável. Foi uma iniciativa da empresa Global Point, um projeto que incluía estúdio, escola, loja de música e editora.

NO QUE RESPEITA A SALAS DE CONCERTOS O COLISEU MICAELENSE TEVE SEMPRE, NATURALMENTE, ACENTUADO DESTAQUE. NUNO C OSTA : O Coliseu Micaelense foi,

sem dúvida, o espaço de culto para os grandes espetáculos, não só a partir de 2000 mas também desde os anos 90. Outros locais, como o Baía dos Anjos e o bar PDL foram fulcrais nesse aspeto. Ocasionalmente o Bar Académico organizava espectáculos, mas arrisco dizer que nunca houve um bar de culto para este tipo de som. Ou fechavam pouco depois ou a gerência deixava de apostar no género. Mais recentemente o bar Evolution e o Steel Rock Bar tentaram afirmar-se, mas tanto surgiram como desapareceram. Basicamente nunca houve uma sala de espetáculos especificamente dedicada a este género, apesar de terem dado grande contributo ao seu desenvolvimento. No 42 / e s p e c i a l m e t a l a c o r e s

STAMPKASE

plano dos produtores e dos estúdios, e apesar do desenvolvimento das tecnologias e da maior facilidade de acesso ao que se fazia lá fora, a década de 2000 não trouxe muitas mais oportunidades de as bandas gravarem. Aliás, apesar do grande número de grupos que surgiram, a percentagem daqueles que conseguiam gravar um EP ou um álbum era muito reduzida - quase nula, para dizer a verdade. Talvez por faturarem pouco ou nada com os concertos, daí que para gravar um registo eram quase imprescindíveis os subsídios do Governo Regional (aqueles que não o conseguiam, acabavam quase sempre por desistir). Haveria também alguma inexperiência e falta de estratégia por parte das bandas. O Eduardo Botelho continuava a ser uma figura incontornável da produção, enquanto o Bruno Santos [A Dream Of Poe, ex-Sacred Tears] começou a revelar-se muito importante nesta área com os seus Spell Productions Studios, gravando num ambiente home studio e com valores necessariamente mais reduzidos, ainda que garantindo uma qualidade muito aceitável. O Ruben Moniz [Shunkstone, A Different Mind] era uma das pessoas mais experientes na área, mas à exceção dos Sanctus Nosferatu e das suas bandas, aparentemente não deixou muitos registos na área do metal. O estúdio

que mais prometia era o PFL, conduzido pelo Paulo Melo [ex-Classic Rage] e pelo Luís H. Bettencourt [ex-Kaos, ex-Sanctimoniously, ex-Spitshine]. No entanto, desapareceu abruptamente, deixando como grande bandeira o disco de estreia dos Hiffen. Nota final para a segunda metade da década de 2000, que terá sido o expoente máximo do desenvolvimento da cena metálica regional. Não só o número de bandas era absurdo como os festivais finalmente aconteciam em bom número e com estruturas altamente profissionais. O ponto mais negativo é mesmo a quantidade de bandas promissoras que desapareceram “misteriosamente”. Nesse aspeto, os anos 90 foram mais pródigos. Ficam para a posteridade os álbuns dos Morbid Death (e o seu DVD ao vivo), o álbum de estreia dos Tolerance 0, as promo-tracks dos Dark Emotions e Sanctus Nosferatu, as demos dos Nableena, os EPs «Antilia» e «MDLXIII» dos In Peccatum, o álbum dos Hiffen, o EP «Mixed Emotional» dos Crossfaith (embora numa onda mais de rock melódico), a demo «Perception, Memory, Cognition» dos Neurolag, o álbum «Once In Hell...» dos Anomally, as duas demos e o DVD ao vivo dos Zymosis, os EPs de A Dream Of Poe e o segundo álbum e o unplugged dos Classic Rage. A salientar ainda o regresso dos Carnification em 2008


ENTREVISTA (eles que andam ainda a preparar o seu disco de estreia).

COMO VISTE O DESENVOLVIMENTO/ TRANSIÇÃO DA CENA AÇORIANA DOS ANOS 90 PARA A DÉCADA DE 2000? NUNO COSTA : Era promissora. Nessa

transição senti que uma nova geração que estava a surgir tinha sangue na guelra e estava altamente motivada por aquilo que os seus conterrâneos tinham feito na década anterior. Havia um legado que estava a passar para outras mãos e que era muito chamativo. É óbvio que algumas bandas importantes da década de 90 ainda resistiram, nomeadamente os Morbid Death, Tolerance 0, Classic Rage, In Peccatum e os próprios Kaos. Infelizmente, outras como os Carnification, Gnosticism, Obscenus ou Luciferian Dementia cessaram funções ou ficaram congeladas. De qualquer forma, havia mesmo uma nova geração de músicos altamente influenciada por aquilo que estava na moda (digase, sem sentido pejorativo), como o nu-metal e o metalcore e daí surgiram muitas bandas em quadrantes bastante distintos daquilo que acontecia com as sonoridades mais negras e extremas na década de 90. Foi na década de 2000 que as tecnologias se desenvolveram e as bandas começaram a ter outra logística para gravar e atuar, à semelhança do que se verificou um pouco por todo o lado. A grande marca da década de 2000 nos Açores foi mesmo o advento dos grandes festivais de metal - pela primeira vez com artistas internacionais - e com regularidade quase anual, tendo começado com o Angra Rock e com relevo na edição de 2003 (em que participaram os Paradise Lost) e depois sobretudo em São Miguel, com eventos organizados pela SoundZone e pelo Rui Sousa através do Live Summer Fest. Digamos que principalmente a segunda metade da década de 2000 foi a época de ouro em termos de concertos. Note-se ainda que durante um largo período as organizações dos festivais municipais - não orientados para este tipo de sonoridade - apostavam no produto local, mesmo no mais pesado. Em termos de lançamentos, curiosamente, tenho ideia que a década de 90 foi mais produtiva. Antes tinha-se o “descaramento” de gravar uma demo por mais rasca que fosse. Na década de 2000 os músicos já zelavam por outros aspetos, ao ponto de adiarem tanto o lançamento dos discos que entretanto as bandas acabavam.

ATUALMENTE, A CENA AÇORIANA PERDEU ALGUM FULGOR. QUE RAZÕES ENCONTRAS PARA QUE TAL SE TENHA VERIFICADO E QUE PONTO DA

SITUAÇÃO FAZES? N U N O C O STA : Basicamente porque não

se renovou uma geração. Sinceramente, para se ter a noção exata do que se passa teria que ter outro convívio com estes novos miúdos. Teria que sair mais à noite ou algo do género, conversar com eles, para perceber se afinal o que se passa se deve mesmo à falta de interesse pelo género ou a mero desconhecimento. Terias que perceber se a falta de iniciativas se deve ao facto de eles não terem conhecimento aprofundado do que é este movimento, até porque foi algo que desapareceu do domínio público e foi abafada por outras tendências. Igualmente, em época de contração económica é natural que as pessoas se foquem naquilo que é rentável. O metal nunca foi um género rentável para muita gente e neste momento a principal preocupação da população é sobreviver. A partir daí, qualquer esforço de tentar remar contra a maré pode ser um ato suicida. Falo por mim, que também não encontro condições para abraçar projetos que tragam riscos financeiros. Se isso será perpétuo? Sinceramente espero que não, mas para que as coisas se invertam a geração anterior e a atual terão que se reunir e lutar com unhas e dentes para restabelecer a normalidade. Vai ser preciso gente corajosa. Muito objetivamente, o que se passou foi que a crise nos retirou os subsídios que eram absolutamente vitais para a realização de certos eventos e, com isso, perdeu-se o hábito de ir a este tipo de eventos. Por outro lado, grande parte dos músicos e agentes que faziam isto girar emigraram ou constituíram família ou simplesmente deixaram de ouvir este tipo de música. De há três ou quatro anos para cá, os eventos e as bandas deste género são quase nulos.

Death. Ninguém se chega à frente neste momento porque há uma grande incerteza quanto ao público que ainda existe. Nunca se sabe se vamos ter sequer 20 pessoas num concerto. No entanto, acredito que tudo isto são ciclos. É preciso descansar a cabeça e refrescar as ideias. A vontade de voltar aos bons velhos tempos vai surgir a qualquer momento.

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COMO PREVÊS QUE A CENA AÇORIANA EVOLUA A CURTO/MÉDIO PRAZO? N U N O C OS TA : A não ser que haja

um surto de revivalismo e agentes fortemente mobilizados para começar a realizar concertos e a formar bandas, creio que não haverá solução. A tendência atual é persistirem meia dúzia de grupos e realizarem-se dois ou três concertos em bares durante todo o ano. No entanto, e para quem gosta realmente disto, a esperança é a última a morrer. Por aquilo que constato, há também uma franja da sociedade que começa seriamente a aborrecerse das bandas de covers e dos DJs. Tenho esperança que de um momento para o outro o pessoal se insurja e se reúna para tentar inverter o rumo dos acontecimentos. Às vezes só é preciso alguém que lance a primeira pedra e essa primeira pedra pode até já ter sido atirada com o regresso dos Morbid

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ENTREVISTA

“POR ISSO, EU JÁ SABIA O QUE ESPERAR MESMO ESTANDO SEPARADOS, ERA ALGO QUE TINHA MUITO PRESENTE, IMAGINÁ-LO NO ESTÚDIO A CANTAR AS PARTES DELE ENQUANTO EU GRAVAVA AS MINHAS.”

AMANDA SOMERVILLE INCONFUNDÍVEL DUO FANTÁSTICO S Ã O D O IS “ V E T ERANOS” DA ROCK! SÃO D U A S P ER S O NALI D A D ES C O M VO ZES A B S O LU TA MEN T E FA N T Á S T I C A S E INCONFUNDÍVEIS. JUNTARA M-SE HÁ UNS ANOS PAR A O PR I MEI RO KI S K E/S O MERV I LLE E E ST Ã O D E V O LTA EM 2015. APESAR D E GR AVAD O EM PAÍ S ES DI FER ENTES, ES TE PR O J EC T O D E S TA C A - S E S O BRET UDO PELA QUÍM ICA R EV ELA D A ENTR E MI C H A EL KI S K E E A MANDA SO ME RV I LLE. Por: Eduardo Ramalhadeiro OLÁ AMANDA! OBRIGADO P ELA EN T R EV IS TA . A PRI ME IRA QUE STÃO É FEITA P ELA MIN H A FI LHA DE 9 ANOS, QUE G O S TA D E O U V IR ESPECIAL ME NTE , “IF I HAD A WIS H ” D O V O S S O PRI M EIRO AL BUM. QUAND O D IS S E Q U E T E IA ENTREVISTAR E L A PE DIU- ME PA R A T E FA ZER ESTA P E RGUNTA: QUANDO E PORQUÊ DE CIDI S T E S ER C A N T O R A ? AM AND A: Bem, na realidade não houve

nenhuma decisão, não houve uma altura em que eu pensei: “Ok, vou-me tornar uma cantora”. De acordo com a minha mãe eu cantava mesmo antes de falar (risos) e também cresci numa família muito ligada à musica. 44 / VERSUS MAGAZINE

PA R A B ÉN S P O R « C I T Y O F H E R O E S » ! G O S T E I IMEN S O . E U A C H O Q U E F O I U M PA S S O E M FR EN T E R EL AT I VA M E N T E A O A L B U M A N T E R I O R . É UM POUCO MAIS PESADO, TÉCNICO MAS MES MO A S S I M M U I T O M E L Ó D I C O . V O C Ê S MA N T IV ER AM A M E S M A F O R M A Ç Ã O D O Á L B U M A N T ER IO R E A S C O M P O S I Ç Õ E S C O N T I N U A R A M A C A R G O D E M AT T S I N N E R E M A G N U S K A R LS S O N . P O R Q U Ê A M U D A N Ç A PA R A U M ES T ILO MA I S P E S A D O E E U R O P E I Z A D O , I S T O N A MIN H A O P I N I Ã O É C L A R O . A MA N D A : Eu não te posso dizer muito no que

diz respeito à composição ou ao planeamento, uma vez que não estive envolvida. Tudo isto

foi feito principalmente pelo Matt e Magnus. Eu e o meu marido (Sander Gommans) temos um tema composto por nós - “Breaking Neptune”. No álbum anterior tivemos três mas eu acho que é uma progressão natural para os músicos. Tu cresces, evoluis e as coisas acontecem. Para obter a resposta certa terá que ser com o Matt ou Magnus.

C O M O É PA R A T I C A N TA R A L G O C OMPOSTO P O R O U T R A S P E S S O A S ? E U A C H O QUE É ALGO E S Q U I S I T O C O L O C A R E S O S T E U S S E NTI MENTOS E M C O M P O S I Ç Õ E S F E I TA S P O R O UTROS. É-TE MUITO DIFÍCIL? A M A N D A : Na realidade não é muito difícil


ENTREVISTA

para mim. Eu acho que muitos vocalistas crescem ou iniciam a sua carreira a cantar temas de outros músicos e em alguma altura, se fores bem sucedido tens que tentar encontrar a tua própria voz. Passa-se o mesmo com o cantar temas compostos por terceiros.

A VE RONICA L UKE SOVA C H A MO U -ME A ATENÇÃO PE L O SE U TA LEN T O . O S EU TRABAL HO NO ÁL BUM É EX C ELEN T E E T EM S Ó VI NTE E DOIS ANOS. VI N O T EU S IT E Q U E A VERON ICA É A PE RCUSSIO N IS TA N A B O H EMIA N SYM PHONY ORCHE STRA. S EN D O A S S IM, Q U EM A DESCOBRIU PARA E STE Á LB U M? AM AND A: Eu acho que foi o Matt que a

convidou... Nós temos trabalhado com ela nos últimos três/quatro anos na tournée do Rock Meet Classic. Eu sei que ela era muito nova quando começou e tivemos estes anos todos para nos conhecermos bem. Ela é muito talentosa, bem parecida e é sempre engraçado ter uma rapariga na bateria. (risos)

VOU-TE DIZ E R O QUE G O S T O MA IS N ES T E ÁLBUM. NÃO É A MÚSICA MA S S IM A Q U ÍMIC A E A CUMPL ICIDADE QUE TE N S C O M O MIC H A EL. EU AC HO QUE E STE S S EN T IMEN T O S S Ã O REFLECTIDOS NA VOSSA IN T ER P R ETA Ç Ã O . PA R A M I M , « CITY OF HE ROE S» É U M “ C A S A MEN T O ” PERFEITO E NTRE O TE U E ST ILO MA IS C LÁ S S IC O E ALGO E TÉ RE O – ACHO QU E T EN S U MA B O N ITA VOZ, MUITO “DOCE ” E “ AV ELU D A D A ” - C O M O EST IL O MAIS ROCKE IR O E MET Á LIC O D O M I CHA E L . COMO É TRABALH A R C O M ELE? AM AND A: É muito bom que as pessoas fiquem

com a impressão que nós estamos juntos, no mesmo estúdio a gravar. No entanto, as gravações foram feitas em países diferente, nos nossos respectivos estúdios. Isto é como um puzzle e é a única maneira que há para fazer projectos deste tipo porque cada um está a fazer as suas coisas e há ainda as questões de tempo e do custo das viagens. Já não é possível fazer isto tudo, todos juntos. De qualquer maneira, este foi mais pessoal que o anterior. Apesar das gravações terem sido à distância, eu e o Matt já fizemos muitas digressões juntos, tornámo-nos muito próximos no Rock Meet Classic e com o Michael já fiz digressões com os Avantasia. Por isso, eu já sabia o que esperar mesmo estando separados, era algo que tinha muito presente, imaginá-lo no estúdio a cantar as partes dele enquanto eu gravava as minhas.

EN T Ã O , SÓ T E E N C O N T R A S T E C O M E L E A Q U A N D O D A G R AVA Ç Ã O D O S V Í D E O S ( … ) ? A MA N D A : Sim, neste caso, sim. ( … ) E TA M B É M C O M O M A G N U S ? A MA N D A : Com o Magnus foi diferente porque

na realidade eu não o conhecia pessoalmente e nunca tive contacto com ele. Principalmente fui eu e o Matt a falar dos temas, negócios e aspectos mais técnicos. Antes de eu conhecer o Magnus pessoalmente, entrei em contacto com ele porque senti que tinha de lhe agradecer pelo extraordinário trabalho que fez a compor os temas e a gravá-los Foi ele que fez as vocalizações nas demos que me enviou e depois encontrámo-nos nas gravações dos vídeos. Ele é amoroso e super-talentoso. Portanto, não foi difícil trabalhar com o Michael e o Magnus.

Q U E P R O J E C T O É E S S E , B O H E M I A N SYMPHONY O R C H E S T R A E O S E S P E C T Á C U L O S ROCK MEET CLASSIC? A M A N D A : É uma orquestra com 45 músicos,

em conjunto com uma banda Rock e um coro de apoio. Eu estou encarregue do coro, encabeçado por lendários vocalistas que cantam os seus temas mais conhecidos.

E R I C M A RT I N ( M R . B I G ) E I A N G I LLI A N (DEEP P U R P L E ) S Ã O D O I S D E L E S . HÁ A LGUMA H I P Ó T E S E D E V E R O R O C K M E ET C LASSI C N O U T R O S PA Í S E S Q U E N Ã O A A L E MA NHA? A M A N D A : Não tenho a certeza, pois não estou

envolvida no negócio ou no agenciamento. No entanto, penso que seria excelente tocar com este projecto noutros países.

T E N S A L G U M P R O J E C T O Q U E CONSI DERES PERMANENTE? PORQUE E S COLHESTE C O L A B O R A R E M P R O J E C T O S E M V E Z DE TERES A TUA BANDA FIXA? AMANDA:

Não acho que tudo seja permanente nesta área, excepto aquilo que sejas tu a fazer. Fico contente por fazer parte de projectos desde que “tenham pernas para andar”, sejam bons e demonstrem vontade em contar comigo, mas nesta área nada é garantido. O meu lema é: “Eu acredito desde que o dinheiro esteja no banco”. (risos)

ESCOLHES OS TRABALHOS PELO DINHEIRO OU PELO PRAZER DE CANTARES? POR EXEMPLO: SE EU TE CONVIDASSE PARA CANTARES NO MEU PROJECTO, MESMO QUE NÃO GOSTASSES DA MÚSICA, AINDA ASSIM ACEITAVAS O TRABALHO? 4 5 / VERSUS MAGAZINE


ENTREVISTA

“(...) COSTUMAVA FAZER ISSO [PARTICIPAR EM PROJECTOS] SÓ PORQUE GOSTAVA DE SAIR DA MINHA ZONA DE CONFORTO. NO ENTANTO, NÃO ERA NECESSARIAMENTE BASEADO NO DINHEIRO MAS TAMBÉM TENTAR FAZER ALGO DE NOVO E DIFERENTE MESMO QUE NÃO GOSTASSE. ”

AM AND A: Bem, eu costumava fazer isso

só porque gostava de sair da minha zona de conforto. No entanto, não era necessariamente baseado no dinheiro mas também tentar fazer algo de novo e diferente mesmo que não gostasse. No principio tinha sempre alguma simpatia e compaixão pelas pessoas porque eu sei como é tentar contratar alguém que admiras ou alguém novo para tentar cantar no teu projecto. Eu gosto de dar o beneficio da dúvida e dei muito mais que agora. Hoje em dia posso darme ao luxo de escolher melhor porque posso. Simplesmente não tenho tempo para integrar projectos que não sejam profissionais, não posso dizer sim a tudo e terá que ser algo que eu goste, que valha a pena e que eu ache ser bom. Basicamente são estas as minhas prioridades.

TU VA IS L ANÇAR UM NO V O Á LB U M E U M DOS MÚSICOS É O TEU MA R ID O . P O D ES DI ZER-NOS AL GO MAIS S O B R E «C O N FO R MIT Y CHALLE NGE D» ? AM AND A: Definitivamente está a fazer jus

ao nome! (risos) Não está a obedecer a quaisquer regras. Estou a fazer o que quero, quando quero. Nesta altura nem todos os pormenores estão decididos, em termos musicais está tudo ainda um “em bruto”. Sou um pouco esquizofrénica (e o resto?…)

O ÁLBUM AINDA NÃO E STÁ P R O N T O ?

46 / VERSUS MAGAZINE

(Risos) Não muito bem. Aparentemente o álbum já era para estar terminado o ano passado e... aqui estou eu... sem estar terminado. (risos) Infelizmente é uma das desvantagens de estar envolvida em tão diferentes projectos, bandas, digressões, especialmente com o Rock Meet Classic. O meu coração sofre e sente-se pressionado, muito pressionado. Mas isso também faz parte do meu percurso visto eu gostar de “por a mão na massa”, fazer as mais variadas coisas e trabalhar com todo o tipo de pessoas. Isto obrigame a esforçar e a sair fora da minha zona de conforto, crescendo e aprendendo. Por isso, a minha música beneficia com isso, apesar de muitas vezes haver retrocesso no calendário. (risos)

É-T E MU IT O D Í F I C I L T R A B A L H A R C O M O T E U MA R ID O ? A MA N D A : Não! Não é nada difícil. Foi assim

que nos encontrámos e acabámos por nos conhecer melhor até nos apaixonarmos... a música unio-nos. Nós trabalhamos muito bem juntos e isto cresceu e cresceu. Eu admiro-o muito, como músico e compositor. Claro que agora não posso dizer muito isto sem as pessoas dizerem: “Yeah, Yeah... É o teu marido” (risos) Aparentemente ele sente o mesmo por mim! É natural que continuemos a trabalhar juntos já que nos damos bem.

EN T Ã O . . . N Ã O H Á D I S C U S S Õ E S ?

AM AND A: Ainda não. ESTÁS A FAZ E R UM Á LB U M COLABORAÇÕE S E P R O J EC T O S . CONSE GUE S FAZ E R ISSO?

A MA N D A :

A MA N D A : (Risos) Nós também podemos EN T R E C O MO

criticar constructivamente e é isso que nos ajuda, complementamo-nos e acabamos por preencher as “lacunas” de cada um.

E M M U I T O S PA Í S E S O M E TA L (A I NDA) É S U P O S T O S E R PA R A H O M E N S E A S MU LHERES A PA R E C E M E M S E G U N D O P L A N O , U M P OUCO NA “ S O M B R A ” . C O M O É S E R M U L H E R NU M MU NDO D E H O M E N S ? T I V E S T E P R O B L EMA S PARA I N G R E S S A R N U M A B A N D A D E M E TAL? A M A N D A : Eu não tive problemas nenhuns. A I N D A P E N S A S Q U E E X I S T E A S SI M TANTAS D I F E R E N Ç A S E N T R E H O M E N S E M U LHERES? A M A N D A : Claro, com toda a certeza! Eu acho

que a forma como as mulheres são tratadas neste contexto está, de alguma forma distorcida. Infelizmente e eu percebo de onde vem esta terminologia da “female fronted band” faz-me sempre rir, isto porque não tens “female fronted pop” ou “female fronted jazz”. Mas até entendo porque o metal - como género - é tradicionalmente duro, rápido, brutal, todas estas coisas que as mulheres não é suposto serem. Conheço muitas bandas que estão nesta cena do “female fronted” e têm um homem a interpretar as partes mais duras e brutais então, têm esta coisa tipo... “A bela e o monstro”. Entendese mas também ajuda a manter vivo este estereótipo que as raparigas têm de ser bonitinhas, suaves e femininas. Mas é aí que aparecem bandas como os Arch Enemy. Claro que estas raparigas demonstram ter tantos “tomates” como muitos homens neste género. (risos) Eu acho que é muito bom as mulheres fazerem-se representar neste tipo de música mais pesada. Eu tive que provar o meu valor, não tenho problemas em fazêlo e não tenho problemas em trabalhar neste género de música mais “máscula”, estou muito confiante do meu valor.


ENTREVISTA

(… ) E É S MUITO TAL E NTO S A AM AND A: (risos) Obrigada! COM O DISSE , E STÁS À ES P ER A D O T EU PRI M EIRO F IL HO. COMO A C H A S Q U E S ER Á A TUA CARRE IRA A PARTIR D O MO MEN T O Q U E NASCE R? AM AND A: Eu acho que ninguém poderá

antever, só podes fazer planos e traçar objectivos. O objectivo que tenho para agora é continuar da mesma forma como tenho sido, estar envolvida nos vários projectos e também acabar o meu álbum a solo. No entanto, como é óbvio, não poderei fazer assim tantas digressões. Não saberei que tipo de criança terei até ao momento que acontecer... Só quero continuar da mesma maneira mas sei que as coisas vão mudar e teremos que arranjar espaço para isso.

M UI TO OBRIGADO PE L A E N T R EV IS TA ! AM AND A: Não tens de quê! Eu é que agradeço.

“O OBJECTIVO QUE TENHO PA R A A G O R A É C O N T I N U A R D A MESMA FORMA COMO TENHO S I D O , E S TA R E N V O LV I D A N O S V Á R I O S P R O J E C T O S E TA M B É M ACABAR O MEU ÁLBUM A SOLO.” HT T P S : / / YO U TU . B E/ EQ D ZL1 TH V B M

QUE PROJECTO É ESSE, BOHEMIAN SYMPHONY O R C H ES T R A E O S E S P E C T Á C U L O S R O C K M E E T C LA S S IC ?

Q U E P R O J E C T O É E S S E , B O H E M I A N SYMPHONY O R C H E S T R A E O S E S P E C T Á C U L O S ROCK MEET CLASSIC?

A MA N D A : É uma orquestra com 45 músicos,

A M A N D A : É uma orquestra com 45 músicos,

ER IC MA RT I N ( M R . B I G ) E I A N G I L L I A N ( D E E P P U R P LE) S Ã O D O I S D E L E S . H Á A L G U M A H IP Ó T ES E D E V E R O R O C K M E E T C L A S S I C N O U T R O S PA Í S E S Q U E N Ã O A A L E M A N H A ?

E R I C M A RT I N ( M R . B I G ) E I A N G I LLI A N (DEEP P U R P L E ) S Ã O D O I S D E L E S . HÁ A LGUMA H I P Ó T E S E D E V E R O R O C K M E ET C LASSI C N O U T R O S PA Í S E S Q U E N Ã O A A L E MA NHA?

A MA N D A : Não tenho a certeza, pois não estou

A M A N D A : Não tenho a certeza, pois não estou

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em conjunto com uma banda Rock e um coro de apoio. Eu estou encarregue do coro, encabeçado por lendários vocalistas que cantam os seus temas mais conhecidos.

envolvida no negócio ou no agenciamento. No entanto, penso que seria excelente tocar com este projecto noutros países.

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em conjunto com uma banda Rock e um coro de apoio. Eu estou encarregue do coro, encabeçado por lendários vocalistas que cantam os seus temas mais conhecidos.

envolvida no negócio ou no agenciamento. No entanto, penso que seria excelente tocar com este projecto noutros países.

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T EN S A LGU M P R O J E C T O Q U E C O N S I D E R E S P ER MA N ENT E ? PORQUE ESCOLHESTE C O LA B O R A R E M P R O J E C T O S E M V E Z D E T E R E S A TUA BANDA FIXA?

T E N S A L G U M P R O J E C T O Q U E CONSI DERES PERMANENTE? PORQUE E S COLHESTE C O L A B O R A R E M P R O J E C T O S E M V E Z DE TERES A TUA BANDA FIXA?

A MA N D A :

Não acho que tudo seja permanente nesta área, excepto aquilo que sejas tu a fazer. Fico contente por fazer parte de projectos desde que “tenham pernas para andar”, sejam bons e demonstrem vontade em contar comigo, mas nesta área nada é garantido. O meu lema é: “Eu acredito desde que o dinheiro esteja no banco”. (risos)

AMANDA:

ESCOLHES OS TRABALHOS PELO DINHEIRO OU PELO PRAZER DE CANTARES? POR EXEMPLO: SE EU TE CONVIDASSE PARA CANTARES NO MEU PROJECTO, MESMO QUE NÃO GOSTASSES DA MÚSICA, AINDA ASSIM ACEITAVAS O TRABALHO?

ESCOLHES OS TRABALHOS PELO DINHEIRO OU PELO PRAZER DE CANTARES? POR EXEMPLO: SE EU TE CONVIDASSE PARA CANTARES NO MEU PROJECTO, MESMO QUE NÃO GOSTASSES DA MÚSICA, AINDA ASSIM ACEITAVAS O TRABALHO?

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Não acho que tudo seja permanente nesta área, excepto aquilo que sejas tu a fazer. Fico contente por fazer parte de projectos desde que “tenham pernas para andar”, sejam bons e demonstrem vontade em contar comigo, mas nesta área nada é garantido. O meu lema é: “Eu acredito desde que o dinheiro esteja no banco”. (risos)

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4 7 / VERSUS MAGAZINE


ENTREVISTA

“O ARJEN E EU FIZEMOS UMA DIGRESSÃO ACÚSTICA MARAVILHOSA ANTES DE EU TER VOLTADO À ESTRADA COM UMA SET LIST MAIS PESADA. MAS FOI UMA EXPERIÊNCIA QUE NÃO VOLTAMOS A REPETIR. O ARJEN NÃO FOI MESMO TALHADO PARA A ESTRADA”

THE GENTLE STORM GENTIL TEMPESTADE É UMA DAS MAIS BELAS VOZES NA SENDA DO ROCK/METAL E JÁ TRABALHOU COM OS MAIS TALENTOSOS MÚSICOS E COMPOSITORES. ARJEN LUCASSEN É UM DOS MAIS TALENTOSOS “PROJECTISTAS”, ENTRE OS QUAIS PODEMOS OUVIR AYREON, GUILT MACHINE OU STAR ONE. DESTA VEZ ESTES DOIS ARTISTAS JUNTARAM-SE EM MAIS UMA COLABORAÇÃO. THE GENTLE STORM TEM “DOIS PESOS E DUAS MEDIDAS” E UM FORMATO QUE NÃO SE VÊ MUITAS VEZES. «THE DIARY» TEM MUITO PARA DESCOBRIR, NÃO SÓ A NÍVEL MUSICAL MAS TAMBÉM CONCEPTUAL. Por: Eduardo Ramalhadeiro SEM SOMBRA DE DÚVIDA, ÉS UMA DAS MAIS BONITAS E TALENTOSAS VOCALISTAS DO MUNDO E É COM O MAIO R DOS PRAZERES QUE REALIZO ESTA ENTREVISTA (VIRTUAL) CONTIGO. ANTES DE MAIS QUERO FELICITARTE POR ESTE NOVO PROJECTO, THE GENTLE STORM, E PELO NOVO LANÇAMENTO, «THE DIARY». Anneke van Giersbergen: Obrigado, Eduardo!

48 / VERSUS MAGAZINE

A TUA RELAÇÃO MUSICAL COM O ARJEN COMEÇOU EM 1998. CONTANOS COMO RECEBESTE O CONVITE PARA FAZER PARTE DOS THE GENTLE STORM. Anneke van Giersbergen: De facto tenho vindo a trabalhar com o Arjen desde 1998. Há cerca de um ano, enquanto lhe escrevia um email, lembrei-me que devíamos voltar a fazer qualquer coisa juntos e por isso sugeri-lhe isso. Ele disse-me que se encontrava a trabalhar naquele momento em algumas canções e que estava exactamente a pensar

em mim para as cantar. Achei que seria uma boa ideia fazer desta vez um álbum apenas a dois, ou seja, só ele e eu. Seria algo diferente daquilo que nos habituamos a fazer. Por isso avançamos com essa ideia e daí surgiu este duplo álbum conceptual que está agora disponível e do qual muito me orgulho.

PARA QUEM AINDA NÃO SABE, ESTE É UM ÁLBUM CONCEPTUAL QUE NARRA A HISTÓRIA DE DOIS AMANTES E O SEU MODO ÚNICO DE COMUNICAÇÃO. É UM DUPLO ÁLBUM, UM TRABALHO


“[THE THEATER EQUATION] O OBJECTIVO DESTE PROJECTO É FAZER UMA ADAPTAÇÃO DO ÁLBUM «THE HUMAN EQUATION» DOS AYREON.” MUITO COMPLEXO QUE VOS LEVOU QUASE UM ANO PARA COMPLETAR. COMO DECORREU TODO ESTE TRAB ALHO? Anneke van Giersbergen: Correu muito bem. O Arjen está habituado a estes grandes projectos e esteve sempre muito concentrado. Eu pude concentrarme a escrever as letras.

QUE PARTES FORAM PARA TI AS MAIS DIFÍC EIS DE CANTAR? Anneke van Giersbergen: Nenhuma em particular, embora tenha sido para mim um desafio transmitir bem as emoções dos diferentes personagens. Não foi propriamente difícil, mas foi muito diferente da situação de cantar letras individuais sem uma história subjacente a ligar tudo.

COMO TE VÊS A TI PRÓPRIA: UMA PESSOA AFÁVEL (GENTLE)? OU UMA TEMPESTADE HUMANA (STORM)? Anneke van Giersbergen: Em geral sou uma pessoa bastante tranquila, mas sei bem o que quero.

SEI QUE PASSAS MUITO TEMPO EM DIGRESSÃO E QUE ÉS CASADA E TENS UM FILHO. SERÁ QUE TE REVÊS A TI PRÓPRIA NA HISTÓRIA NARRADA NO ÁLBUM? Anneke van Giersbergen: Bem, a comunicação é muito mais fácil e essa é a grande diferença. Trocamos pequenas mensagens de texto com frequência, e é dessa forma que me vou mantendo em contacto com a minha família. Esses velhos marinheiros tinham de esperar meses até receberem um sinal de vida das respectivas famílias.

QUAIS FORAM AS TUAS INFLUENCIAS NO PROCESSO DE ESCRITA DAS LETRAS? Anneke van Giersbergen: Vi alguns filmes e li alguns livros. Certos pintores holandeses do Sec. XVII, como Rembrandt e Vermeer, foram também uma grande influência.

SABENDO QUE O ARJEN ESTEVE MUITO TEMPO SEM TOCAR AO VIVO, COMO TE SENTES RELATIVAMENTE AO FACTO DE ELE TER VOLTADO A TOCAR POR RESPEITO A TI? Anneke van Giersbergen: O Arjen e eu fizemos uma digressão acústica maravilhosa antes de eu ter voltado à estrada com uma set list mais pesada. Mas foi uma experiência que não voltamos a repetir. O Arjen não foi

mesmo talhado para a estrada ;-) Sei que ele queria promover este álbum o mais possível e por isso estou orgulhosa por ter decidido fazer este sacrifício de abandonar o seu tão adorado estúdio durante duas semanas.

ENTRETANTO AGRUPASTE UMA SUPER BANDA COM UMA SET LIST QUE IRÁ INCLUIR TEMAS DOS PROJECTOS EM QUE TRABALHASTE: OS THE GATHERING, AYREON E O DEVIN TOWNSEND PROJECT. COMO É TER A RESPONSABILIDADE DE CARREGAR ESTE LEGADO? Anneke van Giersbergen: Sim, acho que formei uma grande banda. São todos músicos com excelentes aptidões, boa presença em palco e são todos tipos simpáticos. Até agora a tour tem sido fantástica.

PORQUE RAZÃO INCLUIS CANÇÕES DE OUTROS PROJECTOS NOS CONCERTOS DOS THE GENTLE STORM? Anneke van Giersbergen: Os The Gentle Storm têm apenas um álbum, por isso faz sentido adicionar mais algumas canções à set list. Além disso, algumas das pessoas que vêm assistir aos concertos têm acompanhado intensivamente a minha carreira, pelo que julgo ser agradável apresentar alguns temas mais antigos.

Anneke van Giersbergen: O objectivo deste projecto é fazer uma adaptação do álbum «The Human Equation» dos Ayreon.

GOSTAVA MUITO DE TE VER AO VIVO EM PORTUGAL EM QUALQUER UM DOS PROJECTOS EM QUE ESTÁS ACTIVA. SERÁ QUE HÁ PLANOS PARA TOCAR CÁ BREVEMENTE? Anneke van Giersbergen: Infelizmente não tenho actuado em Portugal com a frequência que gostaria. O meu irmão viveu em Lisboa durante muitos anos e eu tenho muitos amigos que moram aí. Mas nunca é fácil arranjar maneira que a nossa digressão passe por Portugal. De qualquer modo vou ficar a fazer figas a ver se ainda temos a sorte de voltar a tocar em breve no teu belo país.

“[…] ESTE PROJECTO NÃO É PELO DINHEIRO. SÓ PRETENDO QUE O RETORNO CUBRA OS ENCARGOS QUE TIVE” W W W. FA C E B O O K . C O M / T H E G E NTLES TO RM H T T P S : / / Y O U T U . B E / 2 Q 2W X5H6W KG

NESTE MOMENTO ESTÁS ACTIVA EM VÁRIAS PROJECTOS E ESTE ANO TENS INCLUSIVAMENTE ALGUNS ESPECTÁCULOS AGENDADOS COM OS THE SIRENS. COMO É QUE CONSEGUES GERIR TUDO ISTO, SABENDO QUE POUCOS DIAS DEPOIS DO CONCERTO COM OS THE SIRENS TENS A DIGRESSÃO COM OS THE GENTLE STORM? Anneke van Giersbergen: Já estou habituada a fazer várias coisas ao mesmo tempo. Para mim isso nunca é um problema e até me ajuda a manterme fresca, acho eu.

TENS ALGUM CUIDADO ESPECIAL COM A TUA VOZ? Anneke van Giersbergen: Bem, eu não me meto em festas enquanto estou em digressão e tento dormir o mais possível. Não faço muito para treinar a voz e nem sequer faço um aquecimento muito intenso.

CHAMOU-ME A ATENÇÃO O FACTO DOS THE THEATER EQUATION INCLUIREM O JAMES LABRIE, ENTRE OUTROS. DE QUE SE TRATA ESTE PROJECTO?

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4 9 / VERSUS MAGAZINE


GARAGE POWER

“NESTE MOMENTO A BANDA VIVE NUM AMBIENTE AMBICIOSO E BASTANTE FAMILIAR.”

HANDSAW “RAÍZES DO FUTURO” Q U A N D O FA L A MO S DO M ETAL BRASILEIRO SO MOS REMETI DO S PAR A UMA SÉR I E DE BA NDA S , U MAS MA I S E V I D E N T E S Q U E O UT RAS, COM AS QUAIS CR ES C EMOS . Q U I S ÉMOS FA LA R CO M O S HA NDS AW N Ã O S Ó PA R A T E N TA R P E RCEBER COM O VAI O M ETAL UNDER EG R O U ND NO BR A S I L, MAS TA MBÉM P O R Q U E V I MO S N E S T E S T IP O S , Q UE OFERECEM UM DEAT H META L P ES A D Ã O , UM FUTU R O I NTERES S A NTE. I NTERES S A N T E N O TA R Q U E C O N T INUA A HAVER NO M ETAL BRA S I LEI R O U MA C ERTA P R EO C U PAÇ Ã O C O M AS S U A S R A Í ZES E C O M A C U LT U R A E A SIT UAÇÃO SOCIAL AC TU A L. D ES TA FEI TA QU I S ÉMOS DA R -LH ES VO Z ANTES D A S U A E S TR E I A E M D I S C O. CONVERSÁM OS COM O BA I X I S TA RI C A R D O AMOR I M, NATUR A L DE PO RTU G A L, O VA R . Por: Victor Hugo A MI N HA PRI M E I RA P ER G U N TA : Q U EM SÃO OS H AN DSAW ? C O N T EM A V O S S A HISTÓ RI A . RI CARDO AMORIM:

Bem, os ‘’Handsaw’’ são uma banda que nasceu em 2012, na favela de Curicica/RJ (Rio de Janeiro). Por intermédio de dois amigos de infância, Vitor Arante na bateria e Gabriel Gomes na guitarra. Eles são os dois fundadores da banda. Ambos já tiveram projectos juntos anteriores à Handsaw, logo a química entre os dois é 5 0 / VERSUS MAGAZINE

assombrosa. A ideia primária dos dois consiste em fazer um som mais brutal, pesado e com técnica. O Death Metal foi a opção predominante e mais óbvia para o fazer e tentar, obviamente, fugir ao que a maioria das bandas do RJ faz, que é o dito “Arroz com feijão”. Já com alguns ensaios e músicas compostas, continuavam à procura de um vocalista e baixista para completar a formação. Num curto espaço de tempo descobrem Edson Baros, recém chegado de Recife/PE, dono de uma voz poderosa, que assentava que

nem uma luva no perfil da banda. Faziam o seu primeiro concerto num campo de futebol, pelado, em Curicica, para umas 100 pessoas, com equipamento horrível e um calor do inferno, devido a todo o ambiente. Este foi sem dúvida o primeiro marco da história da banda (Foi a primeira formação oficial da banda). Posteriormente, entraram Paulo Otávio para o Baixo, que gravou o primeiro single denominado “Lacerate the Soul” e consequentemente entra também o nosso segundo guitarrista Leandro Rodrigo, aka


GARAGE POWER “Terrence Hobbs”, do RJ. Ele, que é também amigo de infância do Vitor e do Gabriel. Ambos foram um acrescento enorme à banda, em termos de brutalidade e experimentação na hora da composição. Com a formação finalmente completa surgiram mais concertos. A crítica sobre a banda no “underground” era muito boa e começaram a pensar em gravar um EP, cujo o nome seria o do segundo single da banda - “OSHO”. Mas, no meio das gravações houve mudanças na formação. Paulo Otávio saiu e entrei eu para o baixo, em finais de 2013. Era recém chegado de Portugal, tinha 1 ano e meio de Brasil, e andava à procura de banda para me manter activo na música. O Vitor descobriume por intermédio do facebook num grupo chamado “Bateristas RJ”, ou assim uma coisa. Começámos novamente a fazer concertos, por todo o RJ, eu re-gravei o EP. Quando estávamos à procura de um estúdio para fazer a masterização do EP, surgiu a possibilidade graças a um produtor, de regravar as guitarras e, consequentemente, acrescento de mais músicas no EP. Resumindo, fizemos tudo novamente e surgiu o sonho «OGRE». Pensámos que realmente um álbum tem sempre mais impacto que um EP. Porque, sejamos sinceros e realistas, se não formos uma banda grande, um EP, com 5 músicas, pouco tempo depois passa totalmente ao lado e um album acaba por ser mais impactante. Finalizámos a gravação do álbum num curto espaço de tempo e lançámos o nosso terceiro single, “DEAD (on Asphalt)” num lyric video que podem assistir no YouTube. Neste momento a banda vive num ambiente ambicioso e bastante familiar. Finalizámos no mês passado a gravação de um video de uma música que ainda não posso revelar e a gravação do álbum está a ser finalizada e estamos com muita sede de começar a viajar pelo Rio, Brasil fora, para espalhar o nosso futuro.

OUVI POUCAS M Ú SI C A S V O S S A S , M A S JÁ DEU PARA F I CAR A D ES EJ A R O V O S S O LANÇA M E N TO , « O GRE», Q U E ES TA R Á PARA B RE V E . Q UAN DO S A IR Á O «O G R E»? RI CARDO AMORIM:

Eu penso, e espero, que o álbum esteja disponível em Junho, mais tardar inícios de Julho.

COMO F OI O P ROCE S SO D E C O M P O S IÇ Ã O DO ÁLBUM ? I N S PI R AD O S EM T O D O S O S ENSAI OS? RI CARDO AMORIM:

Sempre inspirados! O processo de composição no geral é de todos: cada elemento coloca um pouco de si em cada música. O Gabriel é o principal compositor dos riffs - a cada ensaio um Riff novo; com Leandro a ajuda a cozinhar os riffs; consequentemente o homem das madeiras faz a base rítmica; eu acompanho e faço um pouco de malabarismos; e o Edson, juntamente com o Vitor, escrevem e fazem a colocação das letras nas músicas.

O QUE C ON TA O V OS S O Á LB U M? T ÊM ALGUM A M E N SAGE M PA R A T R A N S MIT IR ? RI CARDO AMORIM:

Bem, isso é uma Tricky question porque não temos uma mensagem definida no álbum em si, mas em cada música que o representa. Mas vou tentar faze-lo de uma maneira mais geral e com exemplo de algumas das músicas que vão sair no álbum. Os 4 temas principais do álbum são:

Violência, drogas, meditação e o temor pelo desconhecido. A nosso ver são os 4 Taboos da sociedade moderna. Um exemplo: não importa se tu procuras um caminho pela guerra ou pela paz. O caminho entre esses dois campos opostos não pode de maneira alguma consumir-te ou influenciar-te, caso contrário sucumbirás e acabarás por enveredar à loucura e à perda de algo por conta disso. A música “The Revelation” fala exactamente sobre isso: um homem que procurou tudo e perdeu-se no caminho. Mata tudo ao redor, e inclusivamente mata-se a si mesmo. “Why You So Craven” é baseada num álbum de uma banda chamada “Israel Vibration”, cujo nome é o mesmo da nossa música. Fala sobre a revolta com a covardia diária, de como o caminho curto só atinge negativamente os outros. “OSHO” Fala sobre um homem que no desespero encontra no silêncio uma força para consumir toda a sua raiva e aliviar essa insanidade passageira. “Lacerate the Soul” é a continuação do tema “OSHO”. Abrange os pensamentos que acalmam; o homem descrito está mais conformado e nada daquilo fará mais sentido, pois o desespero dele não foi confortado e todos ao redor dele irão morrer. “Palavras Vomitadas” fala sobre matar em nome de uma causa divina, jihad, inquisição ou cruzadas. É a letra mais pesada. Temas como descriminação, padronização de raças, opressão de menores… “Construção maligna a programar, programação pungente a executar, execução bem sucedida, supremacia diante do teu ser” São ordens de guerra. “Predatory Occupation” fala sobre a ocupação e dizimação das tribos indígenas do “Pará”, onde um acordo com o homem branco foi feito, porém não cumprido e encoberto por falsas burocracias.

P O D EM DA R -NO S A L G U M A IM A G E M D A C EN A META L A Í NO B R A Z IL ? C O M O E S TÁ O U N D ER G R O U ND NO B R A Z IL ? Q U A L A V O S S A V IS Ã O ? R IC A R D O A M O R I M :

Bom, eu vou falar por estes 3 anos de Brasil que tenho e tentar falar um pouco pela banda no geral. Pessoalmente tem sido uma aventura fantástica. É totalmente o oposto da nossa realidade ai em Portugal. O apoio ao Underground é muito maior - também um pouco por culpa da densidade populacional do Rio; a escassez de eventos de bandas internacionais que têm vindo a crescer nestes últimos 2 anos, mas que não chegam a certos pontos do Rio de Janeiro; quando há os bilhetes são caros; enfim, muitos factores levam as pessoas a ver o underground. Por isso é que arrisco-me a dizer que a maior parte do pessoal que toca aqui no Rio tem bandas de covers de Iron Maiden, Judas Priest, etc… Porque a vinda de bandas internacionais ao Brasil era tão escassa que essa era a única forma do pessoal ouvir o som ao vivo. A visão e o estado do underground é terrível! Poucos patrocínios, pouco dinheiro, maus equipamentos para tocar, excetuando alguns pontos, panelinhas, cinismo, más línguas, promessas que não são feitas, muito fanatismo e ideologias fixadas, mas, é isso mesmo o underground, aqui e em qualquer parte do mundo. Suor, lágrimas e cerveja, com esperança de algo mais! Obviamente o Brasil é a casa de grandes bandas como Carcassas, Krisiun, Sepultura, Overdose, Ratos de Porão, Garotos Podres. E outras menos conhecidas como Violator,

Ayin, The Oracle, Ágona, Left Handed… etc Boa música não falha.

G O S TAVA M D E V IR TO C A R A PORT UGAL? C O M O É Q U E V O C Ê S V Ê M A C ENA METAL P O RTU G U E S A ? RICARDO AMORIM:

Gostávamos sim, é um sonho e é um dos objectivos da banda fazer uma tour pela Europa. Estamos a tentar coordenar isso para o ano que vem ou daqui a dois anos. E Portugal obviamente poderá ser um ponto de partida. Terá para mim um sabor muito especial. Fiquei algumas vezes surpreendido com alguns amigos e conhecidos que fui ganhando ao longo da minha estadia, que realmente são grandes Nerds do estilo que fazem pesquisa sobre bandas pelo mundo todo e enumeraram algumas bandas portuguesas, tais como os já extintos Gangrena, Pitch Black, Simbiose, Ramp, Sacred Sin, Holocausto Cannibal, que estiveram aqui recentemente, e já falo de Moonspell, porque é o mais óbvio… Enfim, não está esquecida.

C O M Q U E B A ND A S G O S TARIAM DE PA RTIL H A R O PA L C O ? TÊ M BANDAS P R E F E R ID A S ? RICARDO AMORIM:

Gostariamos de partilhar o palco com bandas como Obscura, Cannibal Corpse, Suffocation, Aborted…TODAS!

S E P U LTU R A TA LV E Z S E J A A BANDA QUE NO S L E M B R A M O S E M P R IM E IRO LUGAR Q U A ND O FA L A M O S D O M E TA L B RASILEIRO. V O C Ê S S E NTE M Q U E A S V O S SAS RAÍZES E S TÃ O NE S S E PA S S A D O ? RICARDO AMORIM:

Claro que nenhuma banda oriunda do Brasil escapa ao rótulo Sepultura. Estaríamos a mentir. Foi uma influência para todos da banda e para todo o mundo do Metal. O que eles fizeram muito poucos conseguirão alcançar. Respondendo à pergunta das Roots: se calhar a força que eles tiveram para se reerguer outra vez, sem a formação Max & Igor, faz-nos pensar que as nossas raízes não vivem nesse passado, mas são raízes para um futuro que esperemos nós que seja bastante risonho.

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5 1 / VERSUS MAGAZINE


ENTREVISTA

“QUANDO TRABALHAMOS PARA UM NOVO ÁLBUM, ESTE PODE SAIR MAIS PESADO OU MAIS MELÓDICO. (…) NÃO HÁ SEGUNDAS INTENÇÕES.”

ECLIPSE MODERNAS REMINISCÊNCIAS DOS 80 OS ECLIPSE SÃO U MA BANDA LIDERADA POR ERIK MÅRTENSSON, CUJA TENRA IDADE E A JÁ ENORME CULTURA MUSI CAL DEIXAM ANTEVER UM GRANDE FUTURO. QUEM CRESCEU MUSICALMENTE NA DÉCADA DE OITENTA CONVIVEU, CERTAMENTE, COM O HARD ROCK. «ARMAGEDDONIZE» É UMA VERSÃO MAIS CONTEMPORÂNEA DESSES TEMPOS. SE PROCURAM O QUE PODERÁ SER UM DOS MELHORES ÁLBUNS DE ROCK DE 2015, COMECEM JÁ POR «ARMAGEDDONIZE». Por: Eduardo Ramalhadeiro ANTES DE MAIS, OBRIGADO PELA ENTREVISTA. É UM ENORME PRAZER FALAR CONTIGO.

É BOM SABER! RECEBEMOS O ÁLBUM PARA A VERSUS MAGAZINE E DEMOS UMA CLASSIFICAÇÃO DE 9 SOBRE 10.

Erik Mårtensson: Igualmente!

Erik Mårtensson: É fantástico, obrigado!

COMO FOI RECEBIDO «ARMAGEDDONIZE»?

ESTE

Erik Mårtensson: Tem sido muito bem recebido e tem obtido críticas fantásticas por todo o mundo. A imprensa tem sido unânime em dizer que o álbum está fantástico. Tem sido um prazer ver isso. 5 2 / VERSUS MAGAZINE

OUVI O VOSSO TRABALHO ANTERIOR «BLEED AND SCREAM» E COMENTO NA MINHA CRÍTICA QUE É MAIS PESADO DO QUE «ARMAGEDDONIZE» QUE É MAIS MELÓDICO. PORQUÊ ESTA MUDANÇA?

Erik Mårtensson: Na realidade não foi planeado, apenas escrevemos músicas e as coisas saíram assim. Quando trabalhamos para um novo álbum, este pode sair mais pesado ou mais melódico. Escreves músicas, tentas sempre escrever algo com qualidade e boas melodias; se forem boas, ficamos com elas. Ambos os álbuns soam a Eclipse, não há segundas intenções. Não podes ter sempre ideias fixas como “este vai ser mais pesado”. Se quiseres ter grandes músicas pelo álbum fora, tens de ter boas melodias, são as melodias que tornam a música boa.


“OS ÁLBUNS AO VIVO DE KISS NÃO SÃO AO VIVO; TALVEZ A BATERIA O SEJA (…) O «LIVE AND DANGEROUS» (DOS THIN LIZZY) SÓ A BATERIA É QUE É GRAVADA AO VIVO (…) «UNLEASHED IN THE EAST» (DOS JUDAS PRIEST) FOI TODO REGRAVADO. A MAIORIA DAS BANDAS FAZ ISTO! É TUDO FALSO.” AS GUITARRAS… AS GUITARRAS TAMBÉM ESTÃO DIFERENTES ENTRE OS DOIS ÁLBUNS, CERTO? Erik Mårtensson: Yeah!

… OS SOLOS EM «BLEED AND SCREAM» SÃO MAIS TÉCNICOS DO QUE EM «ARMAGEDD ONIZE»

DO ANO PASSADO É O EM QUE TOCAS COM W.E.T., COM JEFF SCOTT SOTO E OS OUTROS; AINDA TOCA TODOS OS DIAS NO MEU CARRO (MUITO ALTO)

dos Kiss! Nunca foi utilizada por ninguém e como é uma palavra que não existe quando pesquisas na net, vê o que encontras! (Risos) Se procurares por Eclipse, são listadas uma série de assuntos diferentes. (Risos)

AGORA CONTINUAM DIGRESSÃO, CERTO?

COM

A

Erik Mårtensson: A razão disso é porque quisemos um álbum com momentos muito musicais e não apenas porque são tecnicamente difíceis. Tem de haver um propósito na música, para o solo partir tudo tem de elevar mais a música, não deve haver partes para deitar fora. Em vez de ter solos exagerados, onde só há velocidade, decidimos fazer solos mais melódicos, para serem mais marcantes, quase que se podem cantar.

Erik Mårtensson: Sim, voltamos esta semana de Espanha e depois de uma pausa vamos fazer alguns festivais e temos muitos concertos pela frente.

OS ECLIPSE ALCANÇARAM UMA BOA REPUTAÇÃO COM «BLEED AND SCREAM» E AS ESPECTATIVAS ESTÃO ALTAS. COMO FOI PARA VÓS COMEÇAR A TRABALHAR PARA ESTE NOVO ÁLBUM E MESMO ASSIM TER ESSA LIGEIRA MUDANÇA NA COMPOSIÇÃO?

COMO ESTÁ A CORRER A DIGRESSÃO?

Erik Mårtensson: Não pensamos muito nisso, nós apenas começamos a compor. Não tivemos muito tempo, compomos todas as músicas e concluímos as gravações em 3 meses. Por isso não tivemos muito tempo para planear o que fazer. Se não tivéssemos gostado do resultado, teríamos deitado tudo fora e refeito desde o principio. Estávamos focados em fazer boas músicas para ter um bom álbum, não fizemos uma comparação entre trabalhos. Quando se começa uma nova música pensa-se sempre “esta vai ser a melhor música de sempre” e depois acaba por ser uma porcaria (risos); por vezes não se deve premeditar, apenas seguir os nossos instintos.

O NOME «ARMAGEDDONIZE» PODE TER VÁRIOS SENTIDOS; “GUERRA” É UM DELES. PORQUÊ ESTE NOME E QUAL A RELAÇÃO COM AS LETRAS DAS MÚSICAS? Erik Mårtensson: Não tem muita relação, procuramos um nome que fique na cabeça e este é fácil de lembrar. Nunca ouvi essa palavra antes de a inventamos. Quando estávamos à procura de um nome, só surgiam nomes que já tinham sido utilizados por outros. Até o nosso baixista propor “Armageddon” e achamos que seria pouco criativo, porque é uma palavra muito usada. Até surgir a ideia “Armageddonize”, como o «Animalize»

…SÃO MAUS; TEREM TOCADO EM ESPANHA E NÃO TER DADO UM SALTINHO E VIR TOCAR A PORTUGAL. Erik Mårtensson: (Risos) Desculpa, para a próxima vamos tentar passar por Portugal.

Erik Mårtensson: Tem sido fantástico; muita gente em toda a parte. Os fãs parecem ter gostado do álbum. Acabou de sair e já sabem as letras e cantam connosco as músicas novas. A digressão tem sido mais focada nas novas músicas.

VI O VÍDEO DE “I DON’T WANNA SAY I’M SORRY” E DEVO DIZER QUE O ACHO ENGRAÇADAMENTE ESTRANHO. QUEM TEVE A IDEIA PARA ESTE VÍDEO? O WALKMAN DOS ANOS 80, A LUTA ENTRE VÓS... A MINHA PARTE FAVORITA SÃO AS RAPARIGAS EM BIKINI, MAS SÓ APARECEM DURANTE UM SEGUNDO. DEVIAM TER FICADO COM AS RAPARIGAS (RISOS). Erik Mårtensson: Anteriormente aparecíamos sempre muito sérios nos nossos vídeos, toda a gente faz o mesmo género de coisas; poses de durões com ar de maus. Fazemos música porque gostamos, divertimonos quando compomos e quando tocamos ao vivo, aliás somos todos gente divertida. É tão chato ver vídeos de Rock, é tudo igual e parecem-se todos uns com os outros, qualquer banda. Por exemplo escolhe qualquer banda da Frontiers ou qualquer banda de Hard Rock, parecem-se todos uns com os outros e fazem a mesma coisa há 35 anos! Se fazes um vídeo e com isso te divertes e passas um bom momento, então é algo que vale a pena. Se vires o vídeo de “Stand On Your Feet” ao fim de 5 segundos percebes que é mais do mesmo. Estamos fartos de vídeos (risos)!

UM DOS MEUS ÁLBUNS PREFERIDOS

Erik Mårtensson: Isso é muito fixe! Faço sempre os álbuns para que sejam tocados alto. Se o ouves alto e ainda soa bem, então sabes que está bem feito.

QUEM TEVE A IDEIA PARA FORMA OS W.E.T.? Erik Mårtensson: Não houve um plano de raiz. Antes de entregarmos as músicas para o nosso álbum “Are You Ready to Rock?» à Frontiers, perguntaram-me se eu alinhava em escrever seis músicas onde o Jeff iria cantar. Claro que aceitei logo! Ao meu amigo Robert dos Work of Art também foi feita a mesma proposta e assim componhamos o álbum a meias. Depois de entregarmos o «Are You Ready to Rock?» a Frontiers gostou imenso da produção e perguntoume se aceitava fazer a produção do trabalho com a ajuda do Jeff - “Hell Yeah!”. Escrevi algumas músicas e o pessoal da Frontiers ficou louco. As duas primeiras foram “One Love” e “Brothers in Arms”, a primeira foi uma sobra do «Are You Ready to Rock?». Depois encontrei-me com o Robert no meu estúdio e ele mostroume as que tinha composto. Soavam completamente diferente, mais parecido com Work of Art ou Toto. Achamos que ia soar mal porque cada qual tinha as suas músicas, boas músicas, mas que não colavam umas com as outras; ia soar a um projecto. Se ouvires os projetos que se fazem, consegue-se ouvir as diferenças nas músicas, sem ideia por detrás, apenas um desfilar de músicas. Ouves uma música até pode ser boa, mas num todo soa deslocado. Então decidimos compor juntos; enviamos as músicas ao Jeff e ele adorou. Quanto mais trabalhávamos no álbum, mais músicas conseguíamos completar e mais próximos nos tornávamos. Não soa a projecto e por isso é que decidimos ser uma banda. A ideia do nome W.E.T. surgiu (a junção das iniciais de cada banda: «Work of Art», «Eclipse» e «Talisman») e foi perfeito. A ideia na origem é do Sarafino, claro; ele é que começou isto tudo.

ENTÃO W.E.T É ALGO PARA SER TOMADO A SÉRIO OU É APENAS ALGO PARA OCUPAR OS TEMPOS VAGOS EM «ECLIPSE»? Erik Mårtensson: É algo para se fazer no tempo disponível que temos, continuamos focados nos nossos projectos principais. Mas ainda há algumas semanas atrás tive uma

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“[LOUDNESS WAR] NÃO TEM MUITO A VER COM A PRODUÇÃO MAS COM A MASTERIZAÇÃO. O CASO MAIS GRITANTE É O “DEATH MAGNETIC”, DOS METALLICA. QUANDO COMPREI O DISCO PENSEI QUE TINHA ALGUM PROBLEMA COM OS MEUS MONITORES DO ESTÚDIO”. conversa com o Jeff e ele está muito interessado em continuar com um próximo trabalho.

PODEMOS ESPERAR QUE SEJA EM BREVE? Erik Mårtensson: Não em breve, ainda vamos ter de esperar alguns anos. Vamos ter digressões este ano com Eclipse e tenho outros projectos. Estou muito ocupado no meu estúdio para masterizações, álbuns e produções. De facto já falamos sobre isso mas será para mais tarde.

GRAVARAM ESSE CONCERTO PARA DVD, CERTO? ÉS PRODUTOR E PRODUZISTE ESTE ÁLBUM DOS W.E.T. QUAIS SÃO AS DIFERENÇAS ENTRE PRODUZIR UM ÁLBUM DE ESTÚDIO E UM A O VIVO? Erik Mårtensson: Bem, a principal diferença é que na gravação ao vivo só tens aquilo que foi gravado na altura, não o podes mudar ou regravar depois. Claro podes tocar novamente e gravar, há muita gente que o faz. Mas tens aquelas guitarras, bateria, baixo, voz e teclas e mais nada. Não podes ter cinco guitarras ao mesmo tempo a tocar coisas diferentes. De certa forma facilita o trabalho porque estás mais limitado e tens de fazer a gravação soar o melhor possível. Foi muito engraçado, foi a primeira vez que masterizei um álbum ao vivo. Acho que ficou muito bom, soa moderno e porreiro, sem deixar de ser uma gravação ao vivo!

MUITAS VEZES OUVE-SE UMA GRAVAÇÃO AO VIVO E PARECE QUE HÁ ALGO QUE NÃO SOA DIREITO, PARECE PLÁSTICO, NEM PARECE AO VIVO. LEMBRO-ME DE UM ÁLBUM AO VIVO DOS WHITESNAKE QUE SOA MESMO MUITO BEM; DEMASIADO, ATÉ. MESMO TENDO O DAVID COVERDALE À VOLTA DE DE 65 ANOS, SOA COMO SE TIVESSE 30 NUM CONCERTO DE QUASE DUAS HORAS, PERCEBES O QUE QUERO DIZER? Erik Mårtensson: Sim, sim, percebo perfeitamente e não sei como fazem. Claro que podes mudar muita coisa na música. Os álbuns ao vivo de Kiss não são ao vivo; talvez a bateria o seja mas mudam muita coisa nesses álbuns. Se ouvires o «Live and Dangerous» (dos Thin Lizzy) só a bateria é que é gravada ao vivo, o resto é regravado. «Unleashed in the East» (dos Judas Priest) foi todo regravado. A maioria das bandas faz isto! É tudo falso. Mas na gravação deste álbum dos W.E.T. não é nada falso, vê o DVD. Se houve coisas erradas deixamo-las ficar. Se o

baixista toca umas notas erradas de vez em quando, que importa? É uma gravação ao vivo! Toda a gente comete erros ao vivo. Não é perfeito mas faz parte, não importa.

ENTÃO NÃO CONCORDAS COM ESTE “AJUSTE” QUE AS BANDAS FAZEM AOS ÁLBUNS AO VIVO. Erik Mårtensson: As pessoas podem fazer o que quiserem. A única coisa que importa é eles. Soa bem? É um álbum bom ou mau? Não vais querer um álbum ao vivo se os músicos soam desafinados, com muitos erros e a voz a falhar. Claro que tens de o refazer, senão vai soar uma porcaria e quem vai querer ouvir isso? Aí, prefiro ouvir uma gravação com retoques. Não sei o que Coverdale refez nessa gravação e não sei se foi refeito ou não, mas vamos supor que ele cantou mal, porque não regravar as vozes? É melhor soar bem numa gravação ao vivo do que falhar a gravação. Se ele gosta do resultado final, é na boa. Então é um bom álbum, que satisfaz a banda.

COMO PRODUTOR, ENTRE DOIS ÁLBUNS TRABALHAS COM MUITAS OUTRAS BANDAS. FAZES ISSO PORQUE É UMA FORMA DE ESTAR NO MEIO MUSICAL OU PORQUE GOSTAS? OU PARA MELHORAR AS TUAS CAPACIDADES NOS ECLIPSE? Erik Mårtensson: Adoro produzir e escrever para outras bandas, tem sido um enorme prazer. Mas também dá para pagar as contas! Estar nos Eclipse e tocar ao vivo é muito bom mas também é estar no estúdio e escrever para outras bandas, masterizar e produzir um resultado final. Gosto muito de o fazer, caso contrário não seria possível fazer um bom trabalho.

É COMPLICADO PRODUZIR OS TEUS AMIGOS EM ECLIPSE? Erik Mårtensson: Não, na verdade não o é. Se acho que está bom ou mau, digo-o. Se temos uma má gravação das vozes, o Magnus pronuncia-se e regravamos. Somos sempre muito honestos uns com os outros e esta é a única forma de trabalhar num estúdio. Não é difícil, é fácil, até.

ANTERIORMENTE FALASTE DE GRAVAÇÕES QUE SOAM BEM QUANDO TOCADAS BEM ALTO. HÁ ALGUNS MESES ATRÁS ENTREVISTAMOS O DAN SWANÖ SOBRE ALGO RIDÍCULO QUE OS PRODUTORES/MASTERIZADORES FAZEM, CHAMADO “THE LOUDNESS

WAR”, JÁ OUVISTE FALAR? Erik Mårtensson: Sim, claro. Trabalho nessa Guerra todos os dias (risos).

PRODUZES OS TEUS ÁLBUNS PARA SEREM MUITO DINÂMICOS OU PARA TOCAREM ALTO? Erik Mårtensson: Faço-os para soarem bem; penso que uma mistura que abranja ambos irá soar muito bem. Se uma gravação está demasiado alta, vai ser irritante, quem estiver a ouvir vai aumentar o volume e não vai acontecer nada, vai soar a “morto”. Com mais dinâmica é melhor, claro. Mas se for em demasia muitos sistemas de som não vão conseguir reproduzir com qualidade. Vai parecer ter o volume muito baixo e as pessoas vão acha-lo com pouca qualidade. Só os audiófilos, com muito bons sistemas de som é que poderiam tirar partido disso. Mas para a maioria das pessoas o melhor que se pode ter é entre esses dois extremos. Ter mais dinâmica é melhor, mas mesmo assim tem-se de aplicar compressores. Não tem muito a ver com a produção mas com a masterização. O caso mais gritante é o “Death Magnetic”, dos Metallica. Quando comprei o disco pensei que tinha algum problema com os meus monitores do estúdio, o som soava distorcido.

(…) POIS, O EXEMPLO QUE USO É SEMPRE O “DEATH MAGNET IC”. Erik Mårtensson: Sim, é o álbum com pior som que há. Não fazia ideia que o álbum tinha sido masterizado dessa forma, com os volumes altos. Pensei mesmo que as minhas colunas estavam estragadas. Nos monitores do estúdio dá mesmo para ouvir o som distorcer. Para quem tem um sistema de som normal, só vai soa um pouco distorcido. Mas se o ouves num sistema de som onde soa bem, o álbum vai soar bem. Há pessoas que pensam demasiado; o comum dos mortais apenas mete o CD no leitor e preocupa-se com a música, é a única coisa que importa. Podem ter umas colunas muito fracas, mas se ouvirem boa música, ela vai soar-lhes muito bem e vão curtir a música. Há muita gente a falar sobre a tal “Loudness War”, por vezes dão demasiada importância; principalmente quem não percebe nada do assunto (risos). Acho que o novo álbum dos Eclipse tem um nível perfeito. Não está demasiado alto nem demasiado baixo, está no justo meio.

ALGUMA VEZ TE ACONTECEU UM ÁLBUM QUE TENHAS PRODUZIDO TER SIDO ESTRAGADO PELO TRABALHO POSTERIOR NA MASTERIZAÇÃO? 5 4 / VERSUS MAGAZINE


Erik Mårtensson: Bem, sou eu que masterizo os meus próprios trabalhos. Recentemente trabalhei para álbum dos Ammunition, que foi editado este Janeiro. Fomos fazer a masterização num estúdio de enorme reputação, nos estados unidos. Era suposto esse trabalho ser extremamente dinâmico; eles arruinaram completamente o álbum. Fiquei muito chateado com isso e insisti para que fosse tudo refeito até eu achar que estivesse bom. Quando produzo algo, as pessoas têm de ouvir o que tenho para dizer para chegarmos ao resultado que pretendo. Por isso, esse problema nunca me aconteceu. Não podes deixar o teu trabalho a terceiros, que te vai arruinar o que conseguiste. Eu controlo sempre todas as fases do processo, nunca deixo que seja “o que for”, temos de controlar o que é feito desde a composição da primeira música até à masterização final.

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SE EU E A MINHA BANDA FOSSEMOS TER CONTIGO E DISSÉSSEMOS “QUEREMOS QUE PRODUZAS O NOSSO ÁLBUM COM O MÁXIMO VOLUME POSSÍVEL”, MESMO QUE ACHES QUE IRIA ARRUINAR O TRABALHO, ACEITARIAS O TRABALHO? Erik Mårtensson: Sim, claro! Se pagas por algo e queres arruiná-lo, é uma decisão tua. Se vais a um chef de um restaurante e pedes para cozinhar algo cheio de sal até não ser comestível, ele vai faze-lo porque pagaste para ele o fazer. És tu que vais ter de o comer assim como serás tu que vai ficar com um álbum estragado. Claro que iria tentar convencer-te do contrário, mostrando-te que é uma decisão errada. Geralmente as pessoas voltam à razão, por isso nunca cheguei trabalhar em algo perdido, chegamos sempre a um consenso.

A MINHA ÚLTIMA PERGUNTA: O QUE PODEMOS ESPERAR DE TI, NOS PRÓXIMOS ANOS? Erik Mårtensson: Este ano é todo dedicado a tocar as digressões com os Eclipse e promover o novo álbum, fazer as pessoas ouvir este trabalho, conhecer os fãs e divertirmo-nos. Mas também tenho muito trabalho no estúdio, estou a trabalhar em projectos muito interessantes dos quais não posso dizer nada ainda. Tenho gravações e masterizações de sete álbuns; mas também construir um novo estúdio, maior e melhor.

OBRIGADO PELA ENTREVISTA, FOI UM PRAZER. Erik Mårtensson: Eu é que agradeço, o interesse da Versus nos Eclipse e no meu trabalho. 5 5 / VERSUS MAGAZINE


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ALBUM DO MES

LUCIFERIAN LIGHT ORCHESTRA «LUCIFERIAN LIGHT ORCHESTRA» (Adulruna Records)

Numa altura onde cada vez encontramos mais bandas influenciadas pelos anos 70, surgem, pela mão de Christofer Johnsson estes «Luciferian Light Orchestra». Estes são o reflexo de uma paixão que advém da génese dos «Therion», explica Chris, e do facto de, altura do lançamento, de «Theli», ter tido de escolher um caminho para o som que iria desenvolver. Muitas das músicas que compõem este álbum foram descartadas dos álbuns de «Therion» não pela sua qualidade mas por terem um som demasiado oldschool. Qualquer pessoa que conheça minimamente o trabalho

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dos «Therion», facilmente reconhece traços do seu som neste trabalho, basta ouvir o início da «Church of Carmel» para reconhecer uma ambiência característica a estes. Ouvindo este álbum, de facto a qualidade das músicas compostas ao longo destes 20 anos é inquestionável e a ligação das letras, escritas com a colaboração de Thomas Karlsson, com as melodias, torna este um trabalho bastante coeso. Claro que é difícil não fazer comparações entre os «Luciferian Light Orchestra» e os «Therion». Não encontramos neste trabalho as orquestrações e a complexidade a que nos habituaram na segunda, mas o conceito deste projecto também não é esse. Pelo contrário, a ideia é a de dar ao ouvinte uma experiência de uma envolvência marcadamente ligada aos anos 70. O som das guitarras transporta-nos

imediatamente para outra década e, as vozes melódicas e sensuais com algumas letras a convidar o ouvinte para universos mais eróticos tornam estes «Luciferian Light Orchestra» um trabalho a não perder.

[ 9,0 / 10 ] HUGO MELO


CRITICA VERSUS E N S I F E R UM One Man Army (Metal Blade) Devo dizer que os Ensiferum me eram desconhecidos até à data em que tive de fazer a entrevista a Peter Lindroos – a qual podem ler nesta edição. «One Many Army» é uma mescla muito bem elaborada e construída à volta do Viking, Folk, Death e uma “pitada” de Power Metal. Tudo isto perfeitamente interligado e recheado com muita melodia, interlúdios e os habituais growls que tanto povoam estes géneros. As orquestrações estão bem feitas e enquadradas com as músicas, apesar de sintetizadas. «One Man Army» vem um pouco no seguimento do álbum anterior: «Unsung Heroes». Portanto, para quem já conhece os Ensiferum poderá ser o prenuncio de mais do mesmo. Como é muito típico as letras seguem a temática dos contos e mitologia, no entanto, neste último álbum é dada especial relevância aos contos que apesar de independentes abordam uma temática mais geral. O ponto mais alto e que se destaca é mesmo a sonoridade: todo o álbum foi gravado de uma forma analógica, algo muito pouco comum hoje em dia. Por isso, se soar estranho... não estranhem que rapidamente se entranha! «One Man Army» começa de uma forma absolutamente avassaladora - “Axe of Judgement” e “One Man Army” são os temas que se destacam, perdendo algum fulgor nos temas finais. Por conselho de Lindroos destaco também “Two of Spades” que não descrevo para não estragar a surpresa, caso o ouçam. «One Man Army» não deixa de ser um bom álbum para quem não conhecia os Ensiferum; bombástico, irreverente, épico e muito bem elaborado.. Para os outros poderá pecar pela falta de originalidade.

[ 7,5 / 10 ] EDUARDO RAMALHADEIRO

G E O R G E KOLLIAS Invictus (Season of Mist) Que George Kollias dos Nile é um dos mais talentosos e reputados bateristas da actualidade na cena metal, não deve ser novidade para ninguém. Agora que ele é também um executante acima da média na guitarra e no baixo, que é capaz de um desempenho vocal poderosíssimo, e que ainda por cima acumula excelentes qualidades de composição, isso já é capaz de ser uma surpresa para muitos. «Invictus» é, portanto, um disco a solo no sentido mais rigoroso que o termo ‘solo’ pode ter, muito embora Kollias tenha convidado alguns guitarristas para os solos. Claro que um dos pontos altos

aqui é – e dizer isto é praticamente uma redundância – a execução de cortar o fôlego com que Kollias nos brinda por detrás do kit: um doce para os ouvidos. As primeiras impressões poderão remeter para os Nile, mas isso devese apenas à assinatura estilística de Kollias que emerge necessariamente. A música é, no entanto, bastante mais thrashy e de contornos mais definidos do que é habitual na banda de Karl Sanders. Mas o que sobressai neste disco e o que fará dele certamente um sucesso entre os fãs de death metal é a composição bem conseguida. E não se trata de algo muito sofisticado; o elemento chave são os riffs contagiantes e recorrentes em torno dos quais os temas se desenvolvem, a dinâmica dos andamentos, as ideias que surgem aqui e ali na forma de percussões tribais, vocalizações ritualistas de cariz oriental e solos caóticos que funcionam na perfeição, ou simplesmente a muralha rítmica esmagadora que nos agarra pelos colarinhos e nos mantém de ouvido colado. Quem procura o melhor que o death metal tem para oferecer não precisa de ir mais longe.

[ 9,0 / 10 ] ERNESTO MARTINS

I N CA U D A VENENU M In Cauda Venenum (Emanations) É um dos primeiros lançamentos do catálogo Emanations, o recém-criado sub-label da LADLO Productions, e pertence a um obscuro projecto francês criado em 2010 pelos músicos Ictus (guitarra, baixo e voz) e N.K.L.S. (bateria). O álbum de estreia autointitulado (o nome é uma locução latina que significa exactamente o que parece: “na cauda está o veneno”), aparentemente conceptual, é composto por dois únicos temas, “Alpha” e “Omega”, com vinte e poucos minutos de duração cada um, de contornos que podemos definir como post black metal expansivo. Mais concretamente, o que temos aqui é música rica em segmentos atmosféricos e minimalistas que gradualmente se transmutam em descargas intensas e furiosas de blast beats, evidenciando pelo meio um trabalho de guitarra solo e de bateria bastante criativo. “Omega” inclui algumas passagens declamadas e linhas de guitarra que se salientam nas passagens mais arrastadas, mas no geral segue uma estética muito semelhante à outra faixa. A voz de Ictus é, adequadamente, áspera e distante, e as letras discorrem, na língua materna do grupo, sobre utopias, fatalismos e paixões humanas. Adornado com um fabuloso artwork da autoria de Jeff Grimal dos The Great Old Ones (que contribui também com algumas partes de voz), «In Cauda Venenum» é um trabalho de músicos maduros que

dominam claramente a arte que se propõem explorar. Merece por isso toda a atenção que possa ter.

[ 7,5 / 10 ] ERNESTO MARTINS

KA MELOT Haven (Napalm Records) Tive a oportunidade de escrever a primeira review dos Kamelot desde a saída do carismático e talentoso Roy Khan. Estávamos em 2012 e esse álbum foi «Silverthorn». Escrevi n’altura que Tommy Karevik era um substituto à altura e se dúvidas houvesse estas ficaram totalmente dissipadas com «Haven». Não gosto muito de “catalogar” ou “rotular” as bandas como forma de denegrir ou excluir mas sim de enquadrar quando dentro de um estilo ou género específico. No que aos Kamelot diz respeito é-me difícil enquadrá-los em algo como Power Metal. Não o são. Os Kamelot têm aquilo que aprecio muito que é uma mescla musical muito interessante de metal progressivo, sinfónico e neoclássico. Gosto particularmente do ambiente dramático, misterioso e muito cinemático, operático por vezes; da conjugação das melodias mais acessíveis com as mais negras. Tudo isto é perfeitamente enquadrado e complementado com a vertente mais clássica, saída directamente dos teclados de Oliver Palotai. Gostaria, no entanto, de ver um dia um álbum com uma verdadeira orquestra… Algo que vão notar em «Haven» e para mim é o “grande” defeito, é a sua duração nada que belisque a qualidade! Senão vejamos: “Here’s to the Fall” e “Under the Grey Skies” são duas baladas, esta última cantada a meias com Charlotte Wessels, “Haven” e “Ecclesia” dois instrumentais, se juntarmos a isto a curta duração dos temas, chegamos ao fim a “chorar por mais”. No entanto, penso que o baixo poderia sobressair mais um pouco mas… tirando isto, tudo é bombástico, super-pesadão, técnico mas ao mesmo tempo com riffs muito directos e incisivos. Os Kamelot são donos de uma personalidade muito distinta e toda ela é transportada para «Haven». Do melhor que fizeram desde «The Black Halo»

[ 8,5 / 10 ] EDUARDO RAMALHADEIRO

KI S K E/S O MERV I LLE City of Heroes (Frontiers Music) Kiske/Somerville é um projecto que nasce da colaboração destes dois músicos e tem como mentores e principais compositores Magnus Karlsson e Mat Sinner - Kiske não tem

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CRITICA VERSUS participação activa na composição e Amanda contribuiu somente com um tema. «City of Heroes» é o segundo álbum composto bem à medida deste “Duo Maravilha” e consegue extrair o que de melhor tem o Rock/Power clássico de Kiske com a vertente um pouco mais clássica de Somerville. A prova disso é a cumplicidade que emana desde o primeiro segundo de «City of Heroes» sendo que o mais incrível foram as gravações terem sido feitas em países diferentes, ou seja, os músicos só se encontraram aquando da gravação dos dois videos. Por aqui já podem ver que o trabalho de produção é fantástico. Musicalmente, «City of Heroes» é um passo à frente do anterior, muito mais elaborado, atractivo, expressivo, evoluído tecnicamente, (um pouco mais) pesado e bem ao estilo do Rock/Power metal tipicamente germânico. Sendo Kiske/Somerville o centro das atenções, seria de esperar algo muito mais direccionado para as vozes, no entanto, Karlsson tem um trabalho espectacular e... Veronika Lukesova, uma jovem baterista de 22 anos oriunda da Républica Checa que complementa muito bem todo este imenso talento. Nem só de Michael Kiske vive «City of Heroes» e Amanda é genial (entrevista neste número) mas... sou um ávido consumidor e relativamente conhecedor de toda a discografia de Kiske, compreendendo toda a mudança pós-Helloween. A voz, essa, continua imaculada. Por mim já ganhei o ano!

[ 9,5 / 10 ] EDUARDO RAMALHADEIRO

KRAKOW Amaran (Dark Essence Records) Há álbuns cuja audição nos traz um sabor agridoce, e este, infelizmente, é um desses casos. O início deste trabalho é extraordinariamente prometedor. Assim que começam os primeiros acordes de “amaran”, parece que somos levados até dentro de uma narrativa que nos é contada pelos sons e pelas letras destes Noruegueses. Somos envolvidos, inebriados e continuamos a ouvir, sempre expectantes em saber como a mesma se irá desenrolar. As faixas iniciais deste álbum conseguem tudo isso e mais. O experimentalismo está sempre presente nas composições da banda, e é-nos dada a oportunidade de ouvir sons, formas de tocar os instrumentos e arranjos, que provavelmente não estaríamos à espera num álbum desta natureza. É esta maneira muito própria de abordar as músicas que o tornam, inicialmente, muito interessante. Os músicos conjugam, quase na perfeição, o já referido experimentalismo mais melódico e nem sempre convencional, com um som mais pesado e agressivo,

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obtendo como resultado final uma eclética harmonia, original e muito bem-vinda. Contudo, houve a tentação de prolongar os sons mais experimentais. Depois de um começo muito bem conseguido, a atmosfera vai perdendo todo o seu fulgor. Embora não percam a sua identidade como banda, criaram um hiato com uma sucessão de músicas instrumentais, ou praticamente instrumentais, longas, por vezes repetitivas, com grandes períodos sem grande brilhantismo, que beliscam toda a coerência que tinham vindo a apresentar até então. Embora termine com uma música de grande qualidade, a quebra referida faz com que a qualidade do álbum, no seu todo, saia prejudicada. O entusiasmo inicial dá origem a uma desilusão difícil de ultrapassar. Não obstante, é um álbum que nos transporta para um Universo que vale a pena visitar, e só não é brilhante pelas razões expostas. Aguarda-se novo trabalho que pode ser épico. [ 5,5 / 10 ] IVO BRONCAS

MO TO R SI S TER Ride (MetalBlade) Quem se lembra dos Mother Superior, banda de rock dos anos 90? Foi uma banda que alcançou um sucesso considerável e constituiu uma boa legião de fãs. Desde há já alguns anos que não se ouvia nada deles até recentemente (se bem que mantiveramse activos até 2008). Acontece que um enorme fã da banda conseguiu, através da sua própria esposa, entrar em contacto com Jim Wilson (voz) e perguntar-lhe que tal reavivar o projecto? Assim nasce “Motor Sister” com este grande fã a pegar na guitarra (até calhar este ser Scott Ian dos Anthrax), Joey Vera (Fates Warning) no baixo, John Tempesta (White Zombie, The Cult) na bateria e Pearl Aday (esposa de Scott Ian) nas back vocals. O resultado sabe mesmo a revivalismo; do bom, não do seja-o-que-for. Soa mesmo que eles estão a fazer algo com gosto e vontade, a qualidade está toda cá. O tema de abertura “This Song Reminds Me Of You“ é bom espelho disso. A energia em músicas como “A Hole” (ver o vídeo no youtube) mostra como é bom tocarem juntos. O álbum é todo de músicas dos Mother Superior, com uma roupagem diferente, escolhidas pelo Ian e apoiadas pelos outros membros da banda. Mesmo não se tratando de um álbum novas composições, o trabalho é feito por pessoas que tocam juntos há pouco tempo e transmite uma emoção que seria bom ver mais vezes.

[ 8,5 / 10 ] ADRIANO GODINHO

NI GH T Soldiers of Time (Gaphals Records) Os primeiros acordes de «Soldiers of Time» dão-nos de imediato o tom pelo qual se rege os Suecos Night: Heavy Metal old shool à la anos 80 antes da atitude de 81 (como definido pelos próprios). Pure and simple. A debitar música deste 2011 e com um vocalista a fazer querer que é o novo King Diamond, ou seja com uma voz peculiar e a atirar para os falsetes, com riffs e solos a fazerem-me lembrar o metal da época, este álbum é um tributo à nostalgia que há em todos nós, em especial naqueles como eu que tropeçaram neste maravilhoso género nos 80. Com isto, o que se poderá dizer de «Soldiers of Time»? É um álbum particular que dificilmente agradará fora do conceito inerente ao mesmo, uns acharão excelente, outros acharão que estão a copiar os grandes mestres de idos anos, o qual é uma crítica injusta, já que os Night não copiam mais do que o género dando-lhe um cunho pessoal, o que só lhes fica bem e dão-lhes corpo e característica. Eu acho que é um álbum interessante, muito agradável e bem conseguido, que se ouve muito bem e com excelentes pedaços de old shool e a dita voz que sem ser excepcional tem um timbre acutilante que cola na perfeição à música. A música hino é sem duvída “Secret War” e “Waiting For the Time” que dá o mote para o que vem aí. Os Night são uma das melhores propostas neste género revivalista. Viva a nostalgia, viva o neo-heavy metal old school! [ 7,5 / 10 ] CARLOS FILIPE

OV I D ’ S W I THER I N G Scryers of the Ibis (Unique Leader Records) Depois de ter sido alvo, em 2013, de rasgados elogios pela edição de autor original, «Scryers of the Ibis» vê agora a aguardada e merecida reimpressão em larga escala por uma editora que é praticamente um sinónimo de death metal. E death metal – com algum core, como em deathcore ou metalcore – é, sem dúvida, a espinha dorsal do que temos aqui em oferta, havendo, no entanto, muito mais para além do que estes rótulos costumam sugerir. Neste “muito mais” inclui-se desde logo a atmosfera épica induzida por uma forte presença de sintetizadores, bem como algumas passagens sinfónicas, outras semi-acústicas ou apontamentos electrónicos que intercalam ou complementam a esmagadora e intrincada malha de riffs. No que toca às vozes, o grupo evita uma vez mais os lugares comuns, adoptando,


CRITICA VERSUS como contraponto ao clássico registo gutural, uma segunda voz rasgada mais próxima do black metal, que cai bem com tudo o resto. A composição, rica em discordâncias e padrões complexos, não contribui para tornar a disco propriamente friendly, e 73 minutos de duração para música com este grau de exigência pode também não ter sido a melhor opção editorial. Apesar de tudo este é um daqueles raros álbuns que tem o condão de se continuar a revelar mesmo ao fim de múltiplas audições. «Scryers of the Ibis» é um trabalho surpreendente e extremamente ambicioso dentro do panorama death metal que coloca o colectivo da Florida no topo da lista de bandas revelação a ter em conta em futuros lançamentos.

[ 8,0 / 10 ] ERNESTO MARTINS

S O R C E RER In the Shadow of the Inverted Cross

(Metal Blade) Os Sorcerer estão inscritos na história do doom sueco, ou melhor, na história do metal mundial, assim é que é. A banda tem a sua história envolvida com nomes como Tiamat, Therion, The Haunted, Six Feet Under ou até Rob Rock. O projecto começou há milhões de anos atrás, em plena década de 80 e tem tido momentos de intenso desenvolvimento mas também alguns tempos de paragem; algo que sabemos acontece a muitos projectos de longa duração. Uma grande pausa que durava desde meados dos anos noventa foi suspensa no início desta nossa década para reavivar um projecto que conheceu uma receção (inesperada?) única. Um EP re-editado, concertos com público a cantar em coro, grandes festivais conquistados, deu a vontade de voltar ao estúdio e criar este “In The Shadow Of The Inverted Cross” com a ajuda da Metal Blade. É um trabalho que impressiona pela qualidade das músicas e produção (masterizado por Jens Bogren, que trabalhou para Opeth, Amon Amarth ou Devin Townsend), onde é visível os anos de experiencia das pessoas que participam no projecto. É um regresso sem o ser, uma continuação de uma banda que parece nunca ter parado; as faixas mostram um doom não depressivo, diria que tem mais do Heavy Metal com mais “peso nos ombros” (ouvir o tema “In The Shadow Of The Inverted Cross”) mas também o arrastado e introspecção do doom em “Lake os the Lost Souls”. Um álbum que de nublado apenas tem a capa. [ 7,5 / 10 ] ADRIANO GODINHO

S T R E A M OF PASSION A War of Our Own (Viral propaganda)

«A War of Our Own» constitiu o quarto trabalho da banda Holandesa com ascendência Mexicana - A vocalista Marcela Bovio, e, tal como o anterior é mais um pedaço musical que cimenta e consolida a já solida e distinta carreira lançada por Arjen Lucassen em 2005. Parece que foi ontem e já lá vão 10 anos de Stream of Passion(SoP). Musicalmente e liricamente, «A War of Our Own» segue a veia artística iniciada em «Embrace the Storm», presenteando-nos com mais 13 músicas de metal gótico progressivo na mesma ordem, tal como nos têm demonstrado até hoje. A coerência com aquilo que fizeram até hoje é total, mas com a mais-valia de nunca se terem tornados aborrecidos. Ou seja, toda a discografia dos SoP poderia ser ouvida como um enorme álbum. Estes Holandeses são a prova que não é necessário estar sempre a mudar e reorientar a sua música para poder sobreviver ou ser diferente, pegando simplesmente naquilo que os distingue dos outros e construindo nos instancias musicais - músicas - que se vão encaixando perfeitamente uma nas outras. Pode-se manter fiel à sua música e desenvolver novos aspectos da mesma sem a comprometer. «A War of Our Own» não é nem mais nem menos pesado do que os anteriores trabalhos, menos ou mais gótico, menos ou mais progressivo, com mais ou menos texturas musicais, com mais ou menos secções de piano, é simplesmente um excelente álbum que se ouve da 1ª à última música com headbanger à mistura, em particular na música “The Curse” e está tudo talhado de forma magnífica.

[ 8,5 / 10 ] CARLOS FILIPE

S U LP H U R AEO N Gateway to the Antisphere

(Van Records) Após o lançamento do aclamado álbum de estreia «Swallowed by the Ocean’s Tide» em 2013, tinha uma grande expectativa relativamente ao que estes alemães nos poderiam trazer de novo e de que forma manteriam o estatuto alcançado. Esta não foi gorada e manteve este colectivo num patamar que muitos não conseguem atingir, quanto mais, manter. Com este «Gateway to the Antisphere» os «Sulphur Aeon» apresentam-nos a mesma fórmula que os caracterizou e elevou enquanto banda de referência. Após a intro somos presenteados com uma descarga de adrenalina na música «Devotion to the Cosmic Chaos», com momentos de autêntico headbanging através de uma união entre a bateria de D. e a guitarra de T. simplesmente fabulosa. A qualidade e coesão das músicas são evidentes e não é, de forma alguma, fácil de encontrar uma que se destaque das outras. É evidente,

que embora seja uma banda jovem, estamos perante grandes executores, e o instrumental é perfeitamente complementado com as letras e as vozes guturais de M., que eleva a sonoridade destes «Sulphur Aeon», qual puzzle completo, a um outro nível. Com melodias que nos remetem por vezes para a sonoridade de uns Behemoth, estes alemães não deixam de trilhar o seu próprio caminho, marcando o seu som entre as melodias emocionais e os blast beats de raiva. Para os seguidores do género este «Gateway to the Antisphere» é um álbum a não perder e, na minha opinião, posiciona-se com potencialidade para ser um dos álbuns de death metal do ano, sendo para já neste ano um dos melhores até à data. [ 9,5 / 10 ] HUGO MELO

TERR O R EMP I R E The Empires Strikes Black

(Nordavind Records) Felizmente temos sido presenteados com projetos muito interessantes dentro do metal nacional. Os Terror Empire são mais um bom exemplo do que se vem fazendo, e bem, por terra Lusas. Um álbum rápido e pesado como qualquer bom trabalho do género que se preze, mas também cuidado, muito bem gravado, onde parece ter sido prestada atenção a cada detalhe, a cada nota, obtendo-se como resultado final um registo muito sólido. Depois de uma excelente música de introdução, este Thrash Metal “made in Coimbra” chega-nos em força e sem vontade de fazer reféns. Uma energia contagiante e impressionante que nos é transmitida por guitarras rápidas e agressivas, mas que mostram técnica e precisão quando a música assim o exige, sem nunca baixarem a intensidade da mesma. A secção rítmica dá um excelente suporte às composições, salientando-se uma bateria incansável, e um baixo que além de bem tocado e de contribuir e em muito para manter o compasso a que a música se desenrola, é audível! É bom poder ouvir claramente a contribuição do baixo. Tudo isto é rematado com vozes avassaladoras que acompanham na perfeição o que é feito pelos outros elementos do grupo. São músicas bem conseguidas, bem trabalhadas que em nada defraudam os amantes do Thrash metal. Embora as comparações sejam inevitáveis, e as influências nem sempre sejam fáceis de disfarçar, após a audição deste álbum não se fica com a sensação de “deja vu”. Não sendo completamente inovador, a verdade é que o resultado final é muito interessante. Parece haver uma suave fusão entre uma sonoridade mais tradicional com outra mais atual, aqui e ali com pinceladas de outros estilos musicais. Com isto conseguiram uma obra que vai de encontro ao gosto dos amantes mais fervorosos do género, 5 9 / VERSUS MAGAZINE


CRITICA VERSUS mas ao mesmo tempo interessante de ouvir para quem não o é. Uma coisa vos garanto: é impossível não ficarmos contagiados por esta energia.

[ 7,0 / 10 ] IVO BRONCAS

T H E A N SWER Raise a Little Hell (Napalm Records) Desde o início da década passada, estes norte-irlandeses do condado de Down têm tentado provar que o rock ‘n roll ainda não morreu. Desde cedo tiveram algum reconhecimento através do álbum “Rise” de 2006, onde o single “Keep Believin’” foi um hit a nível mundial. A banda recebeu inúmeras boas críticas e prémios (melhor banda de rock, entre outras) o que a levou a ser banda de suporte para vários nomes muito importantes como Aerosmith, Deep Purple, AC/DC (foi banda de suporte durante dois anos, nas tour do “Black Ice”) e Whitesnake. Até Jimi Page reconhece ser fã. Isto apenas para mostrar que os “The Answer” são uma banda de uma qualidade já provada. Este novo «Raise a Little Hell» vem na continuação crescente da qualidade deste quarteto. De facto as primeiras audições deste trabalho não deixam dúvida que eles são muito bons no que toca a deixar as pessoas a mexer. O tema de abertura “Long Live The Renegades” é imperdoável para quem ficar insensível á energia da música. Mas não só de energia é feito o rock, também a melodia faz parte e temas como “Cigarettes & Regret” ou “Strange Kinda’ Nothing” provam como podem baixar o ritmo e libertar uma energia mais sentimental. No final, fico impressionado como numa era onde a originalidade é procurada em estruturas por vezes complexas, com influências oriundas de vários espectros, é pedido aos músicos ir buscar cada vez mais longe algo que surpreenda. Mas este «Raise a Little Hell» prova-nos que não é preciso ir muito longe; com as ferramentas de sempre conseguese ainda criar algo de muito elevada qualidade.

[ 8,0 / 10 ] ADRIANO GODINHO

T H E G ENT LE ST ORM The Diary (InsideOut records) Confesso que à primeira não gostei nada deste novo projecto de um dos meus músicos preferidos... Mas como se diz na gíria, primeiro estranha-se, depois entranha-se. Depois de umas audições, mudei um bocado de opinião e confesso que começo lentamente a gostar deste novo projecto do senhor Ayreon, Anthony A. Lucassen. «The Diary» é um novo projecto - Mais um

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- de Arjen Lucassen desta vez em parceria com Anneke Giersberger, com a temática dos descobrimentos holandeses e vem dividido em dois CDs com exactamente as mesmas músicas, um numa versão mais soft e acustica (Gentle) e a segunda numa versão mais metal (Storm). A ideia dos 2 CDs é boa mas um bocado excessiva, especialmente no que respeita à repetição da música. De resto, quem conhecer o trabalho deste senhor, já advinha o que vem aí, qual a qualidade inerente e principalmente como soa os The Gentil Storm. Ou seja, musicalmente até podia ser um novo álbum dos Ayreon, ou dos The Guilt Machine, ou dos Star one ou mesmo do seu projecto a solo, era só escolher. Este é o maior problema e desafio de The Gentle Storm, a falta de identidade musical relativamente ao seu criador e mentor. «The Diary» é um trabalho competente, bem concebido, bem produzido, nada de mais seria de esperar de Arjen. Falta somente um bocado de punch, de emoção, em especial na parte “gentle”, que se não estivermos com o espírito ou para aqui virados se torna um álbum completamente aborrecido. Sr. Anthony, para a próxima, queremos algo de verdadeiramente novo e refrescante!

[ 6,5 / 10 ] CARLOS FILIPE

MYTHOLOGICAL COLD TOWERS Monvmenta Antiqva (Nuktemeron Productions) Depois da excelente impressão que deixaram em 2011 com o álbum «Immemorial», aí estão novamente os doomsters brasileiros com aquele que é o seu quinto registo de longa duração. Quem os conhece sabe que o sol e a animação que habitualmente associamos ao seu país de origem são como que a antítese da escuridão e do pesar que emana da sua música. E este álbum não foge à regra, embora desta vez a sonoridade se apresente um pouco mais polida e com uma faceta gótica mais proeminente. Os dois primeiros temas, “Beyond the frontspice” e “Vetustus”, com os seus riffs atroadores, melodias maravilhosas, vocalizações trágicas (parcialmente declamadas em “Vetustus”) e muita, muita emoção, têm tudo para cativar de imediato qualquer apreciador de doom que se preze. As seis faixas que se seguem já não são, no entanto, de assimilação tão rápida. “Votive stele” salva-se pelo trabalho de guitarra solo genial que inclui na segunda metade, e “Of ruins and tragedies”, com os seus mantras entoados em vocalizações limpas de tom ocultista, destaca-se como uma das melhores composições em oferta. Os temas exploram perspectivas transcendentes evocadas por ruínas de monumentos milenares, o que

parece funcionar na perfeição com este feeling característico do doom mais romântico onde o colectivo de São Paulo se move com a autoridade de quem sabe o que está a fazer. Com um pouco mais da inspiração que presidiu a «Immemorial» teríamos aqui um álbum de excepção. Sem ela ficamos... resignados à aguardar pelo próximo disco, fazendo votos de que não demore outros quatro ou cinco anos a fazer

[ 6,5 / 10 ] ERNESTO MARTINS


CRITICA VERSUS influentes e famosos guitarristas na década de oitenta. Estilo e sonoridade muito própria fazem-no um dos cinquenta melhores guitarristas pela “Guitar World Magazine” e um dos dez pela Gibson. Mas nem só Sweet e Lynch vive este projecto que é complementado por excelentes e competentes músicos: James Lomenzo e Brian Tichy. É, pois, uma excelente combinação de rock com uma das melhores vozes do rock, bom gosto nas composições, melodias e coros apelativos. Como é óbvio, um dos pontos de interesse, é, e será sempre Lynch. Ouvi-lo tocar, é qualquer coisa de extraordinário, os riffs, solos, as passagens... apesar dos sessenta anos as capacidades estão intactas. Não serei capaz de destacar algum tema em especial, antes todo o álbum. Há pormenores para descobrir em todos os temas. Até parece uma brincadeira mas é divertido ouvir isto que se farta e com um nível máximo de profissionalismo. Geralmente nestes álbuns com grande ênfase em duas vertentes (guitarra/ voz) tende-se a esconder um pouco o resto dos músicos, no entanto, Sweet e Lynch não deixaram isso acontecer e Lomenzo e Tichy estão bem vivos e nada escondidos. Impecável!

[ 8,5 / 10 ] EDUARDO RAMALHADEIRO

V IS IG O T H The Revenant King (Metal Blade) Aos primeiros acordes de «The Revenant King» ficamos de imediato com a sensação de estarmos prerante mais uma banda de viking epic metal - Apesar de querem categoriza-los como heavy metal ou power metal e dado que não existe um visigoth epic metal! - Que não acrescenta grande coisa. No entanto, temos de dar algum crédito a estes Visigoth e deixá-los “tocar” e “riffar” até ao fim. De facto, o som aqui e ali faz lembrar quase todas as bandas Europeias deste estilo, mas eles conseguem dar-lhe uma roupagem própria e arremessar-nos com 9 portentosas e bem conseguidas músicas. No topo, claro está, só podia estar «Iron Brotherhood», um hino daqueles imensuráveis que será obrigatório em qualquer concerto dos Visigoth para sempre, mais ainda, feito à medida da participação do público. Que estrondosa música. Outra música a destacar é «Mommoth Rider», com um riff acutilante que faz jus à parte “Rider”(cavalgada) do nome da musica e o tema de fecho com 10 minutos «From the Arcane Mists of Prophecy», que acentua o estilo viking da banda. Há ainda duas coisas a referir: Os Visigoth são originários de Salt lake City - Utah, América, e este trabalho é o de estreia. «The Revenant King» não deslumbra plenamente, mas também não desilude. É portentoso. É um álbum

de estreia consistente e agradável que se ouve mais do que uma vez, o ideal para fazer headbanger ao som do viking epic metal ou lá o que quiserem categorizar. Os fãs do género vão adorar. [ 7,5 / 10 ] CARLOS FILIPE

NAC H TB LU T Chimonas (Napalm Records) Tudo envolto com Nachtblut respira Alemanha, desde o nome da banda até ao facto de ser totalmente cantado em alemão. A única coisa que não é alemã é a música, a qual se configura como um dos melhores black metal que ouvi nos últimos tempos. Simplesmente brilhante. E o facto anterior da língua, não atenua em nada esta qualidade latente que só enaltece a música dos Nachtblut. Os mais sépticos dirão que aqui ou ali soa à Cradle of Filth dos 90, ou que a componente melódica e por vezes transmuta-se em sinfónica faz-nos lembrar outras bandas Norueguesas de renome, mas, toda a textura musical é aqui exemplarmente combinada e entrelaçada. Primeiro estranha-se, depois entranha-se. Este «Chimonas» é uma magnífica proposta de um black metal “comme il faut” que bebe no melhor que se faz (ou já se fez), dando-lhe uma roupagem mais moderna (melódica) e atual. Já faz tempo que não me aparecia algo tão interessante neste género. Abstenhamse os black metalistas mais radicais e puristas. [ 9,5 / 10 ] CARLOS FILIPE

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CRITICA VERSUS

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PLAYLIST VERSUS C A R LO S F I L IP E

H U G O MELO

NILE «Those Whom The Gods Defest»

WHIPLASH

MOONSPELL «Extinct»

C R A D L E O F F I LT H « V e m p i r e o r D a r k F a e r y t a l e s i n P h a l l u s t e i n »

MELECHEST «Emissares»

S U L P H U R A E O N « G a t e w a y To T h e A n t i s p h e r e »

B AT H O R Y « N o r d l a n d I »

FILII NIGRANTIUM INFERNALIUM «Fellatrix Discordia Pantokrator»

DIMMU BORGIR «Death

IRON MAIDEN «Live After Death»

Cult Armagedon»

MEGADETH

« Yo u t h a n a s i a »

MEGADETH

«Cryting Writings»

ACTURUS

«Cult Of One»

«Sideshow Symphonies»

A D R I A N O G O D I N HO CLIFFORD BROWN

CR I S TI NA SA «A Study in Brown»

ARSTIDIR LIFSINS «Aldafoðr Ok Munka Dróttinn»

DIABOLICAL MASQUERADE «Nightwork»

CORPUS CHRISTII «Palemoon»

K A R Y N C R I S I S G O S P E L O F T H E W I T C H E S « S a l e m ’s W o u n d s »

BONJOUR TRISTESSE «Par Un Sourire»

MOTOR SISTER «Ride»

MYTHOLOGICAL COLD TOWERS «Monvmenta Antiqva»

PA N T E R A « Vu l g a r D i s p l a y o f P o w e r »

MOONSPELL «Irreligious»

VICTOR HUGO

ED U A R D O RA MALH A D EI R O

CLUTTER

ECLIPSE

«Obsidian»

«Armageddonize»

MOONSPELL «Extinct»

OPETH «Pale Communion»

EVERGREY «Hymns for the Broken»

KAMELOT «Haven»

THE PINEAPPLE THIEF «Magnolia»

KISKE/SOMERVILLE «City of Heroes»

AMORPHIS «Circle» K A TA T O N I A « D e a d E n d K i n g s »

ONLINE .PT

A V E R SUS PROCUR A N O V O S C O LA B O R A D O R ES ! SE ESTÁS INTERESSADO EM FAZER PARTE DA NOSSA EQUIPA ENTRA EM CONTACTO PELO ENDEREÇO:

VERSUSMAGAZINEPT@GMAIL.COM 63 / VERSUS MAGAZINE


BEST OF 2014 ADRIANO GODINH O INTERNACIONAL

LOUDBLAST

«Burial Ground»

E OBLIVISCARIS SEPTICFLESH

«Citadel»

«Titan»

TRIPTYKON «Melana Chasmata» VA L L E N F Y R E

VICT OR HUGO

«Splinters»

NACIONAL

A TREE OF SIGNS

«Saturn»

SLEEPING PULSE «Under The Same Sky» WE ARE THE DAMNED «Doomvirate»

VICT OR HUGO

PIORES DO ANO

ANGELICA

«Thrive»

ASTRA

«Broken Balance»

INDICA

«Shine»



LIVE VERSUS

BOOBY TRAP + TEMPLÁRIOS DO ROCK + BLACK SOMBRERO + WATERLAND METALPOINT – PORTO 24.04.2015

PAWS & CLAWS AJUDA OS ANIMAIS... MAIS UMA VEZ No passado 24 de Abril, a Associação Animais de Grijó iniciou a 4ª edição do Paws & Claws, um festival com a finalidade de ajudar os animais. Após anunciarem grandes nomes, na edição anterior, como Kandia, Blame Zeus e Secrecy, este ano não foi exceção para mais nomes de alto calibre do Rock e Metal português desde Waterland, Booby Trap, Catacombe ou até mesmo The Ransack. Os Waterland deram início ao Festival. A banda de Power Metal tocou músicas do álbum anterior, “Waterland”, e fez uma pequena apresentação do recente trabalho “Virtual Time”. Temas que fizeram parte da setlist foram: “Fire Burning”, – primeiro single do novo álbum – “Starlight”, “Prophecy” e “Queen of Light”. Com uma grande postura em palco, a banda de Barcelos mostrou o que valeram todos estes anos de banda: solos de guitarra acompanhados com keyboard, a força dos vocalistas que dão vida ao estilo musical da banda ou até mesmo a voz gutural do baixista. O esforço dos

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Waterland não foi em vão, todo o público mostrou agrado no que viu e ouviu. De seguida, chegaram os Black Sombrero de Vila Nova de Gaia que mostraram o verdadeiro sentido da música: diversão e gosto pela mesma. A banda perguntava ao público conhecido que tema queriam que tocassem, num tom de brincadeira; a brincar ou não, “improvisaram” a setlist da noite, mas sempre com boa disposição e muita genica para mais uma. O próximo gig dos Black Sombrero será na sua terra natal, no Jardim do Morro, para a 1ª edição do InDouro Fest, uma banda que, sem dúvida, quererás ver e/ou rever. A terceira banda foram os veteranos, Templários do Rock, que já levam 10 anos de carreira. A banda trouxe temas novos presentes no próximo álbum, alguns já tocados em concertos anteriores, mas recebendo um feedback bastante positivo. Na bagagem trouxeram, “Templários do Rock”, um tema dedicado à organização tendo

sido interpretada com a ajuda do responsável, Miguel Ribeiro, vocalista dos Secrecy e o nome por detrás da associação organizadora, muito respeitado por Lourenço de Payens dando origem a esta parceria. Uma performance espetacular da “melhor banda de Rock português”. Booby Trap não podiam ter faltado à regra e continuaram a “rockar” com um Crossover/Thrash vindo de Aveiro. Desde a sua última visita à cidade invicta, em 1996, não poderiam desiludir os fãs da banda. Os aveirenses trouxeram ao Porto, pela primeira vez, o álbum de regresso lançado em 2013 – “Survival”. Um concerto que mostrou aos presentes, que a banda não se deixou ir abaixo e, melhor, voltou ainda mais forte.

Fotografia: Paula Cristina (Hintf Webzine)


LIVE VERSUS CORPUS CHRISTII / NEOPLASMH / CRYSTALLINE DARKNESS RCA – LISBOA 10.4.2015

U MA

B ELA C AVA L G A D A Mais uma vez, deslocamo-nos ao RCA (sigla que corresponde a Real Companhia dos Animais e designa um clube situado no Bairro de Alvalade, ou seja, em Lisboa), para um concerto de metal. Desta feita, foi possível fazer a reportagem do evento, que reuniu três bandas, sendo uma delas Corpus Christii, que veio apresentar o seu novo «PaleMoon», o sucessor de «Luciferian Frequencies», pelo qual entrevistamos Alexandre Mota (aka Nocturnus Horrendus), em 2011. Chegamos com a antecedência necessária, para assistirmos ao gradual aumento do número de fãs à porta do clube. Pouco depois de entrarmos, subiram ao palco os Crystalline Darkness perante uma assembleia de proporções bem simpáticas, que acompanhou o trio no seu Black Metal sincopado. O concerto desta banda foi um tanto perturbado pela progressiva chegada de mais público, que ia enchendo o recinto, espaçoso e acolhedor, a fazer lembrar a Sala 2 do atual Hard Club do Porto.

Pouco depois, subiu ao palco, para um sound check, um grupo de pessoas que, em breve, se apresentou como sendo a banda que se seguia. Pela voz da delgada vocalista, fomos informados de que se tratava dos Neoplasmah, “fazedores” de um Death/ Black Metal apresentado como “cósmico”. Seguiuse uma prestação marcada por algum psicadelismo e pelos inesperados rugidos da jovem vocalista. Ao contrário da anterior – que poderíamos classificar de “sisuda” – esta banda mostrou-se muito interativa. No entanto, o ambiente ainda era bem morno. Aqueceu a sério, quando os Corpus Christii se deram por satisfeitos com o som de que iriam usufruir e iniciaram o esperado concerto, começando por alguns temas de álbuns já conhecidos e avançando progressivamente para faixas de «PaleMoon», sobriamente anunciadas por Nocturnus Horrendus, um pouco contra o seu hábito. Nada impediu o público de vibrar com o bom Black Metal desta conhecida banda, sendo os temas interpretados pelo respetivo front man, acompanhado por quatro

CORPUS CHRISTII / NEOPLASMH / CRYSTALLINE DARKNESS RCA – LISBOA 10.4.2015

músicos, que mostraram um excecional empenho. O público presente acompanhou com o habitual entusiasmo a banda de Alexandre Mota e com interesse e curiosidade as composições saídas do novo lançamento, ficando-nos a sensação de que se estava “em família”. Pena é que as pessoas não parassem de circular na sala, o que dificultou um tanto o acompanhamento da prestação da banda e a realização de algumas fotos para ilustrar esta reportagem. Saímos com a sensação de termos estado a assistir a um bom concerto de Black Metal, mas pouco habitual em Corpus Christii, nomeadamente no que tocava à interação com o público, que costuma ser muito animada. Mais tarde, soubemos por um amigo, que estava a pensar em ir assistir, que o concerto marcado para o dia seguinte, no Hard Club do Porto, tinha sido cancelado, devido a problemas de saúde do mentor da banda. Desejamos as melhoras ao carismático Nocturnus Horrendus, esperando que, em breve, os fãs que

tinham previsto ir ver a banda ao palco nortenho, sejam convocados para mais uma celebração em torno deste álbum, em que o Black Metal parece cruzar-se com ritmos de Rock, que conferem a «PaleMoon» um poderoso groove.

Reportagem e fotos: CSA

JACKIE D. / RAMBLE RIDERS / INSANE SLAVE CAVE 45 – PORTO 11.04.2015 NOI TE DE ROCK N ’ R O LL

Dia 11 de Abril, o Cave 45 recebeu uma noite de puro Rock, ou o seu lema não seria House of Rock n’ Roll. Os Insane Slave foram os primeiros a subir ao palco, e tiveram à altura de abrir um evento deste calibre. A banda tocou músicas do seu EP de estreia, “The Night Rider EP” e ainda o seu single “Holes and Stairs”. Uma performance formidável da banda do Porto. Os Ramble Riders que o ano passado apresentaram um EP, “Mexican Ride”, este ano vão andar de norte a sul do país divulgar o seu álbum, “Super Fat Bitch”. E como não poderia faltar pudemos ouvir temas dos dois trabalhos: do EP ouvimos “Breath”; do novo álbum tocaram Super Fat Bitch, Feel Alive e para fechar Long Journey. Os Ramble Riders mostraram uma grande confiança em palco e bom Rock n’ Roll clássico. Para finalizar, Jackie D. para apresentar do álbum, “Symphonies From The City” lançado em Outubro do

ano passado. Para quem já conhecia a banda sabia o que esperar, os restantes ficaram ainda mais fãs após ouvir a versão ao vivo. A abrir “Middle Finger” e ainda pudemos ouvir temas novos entre eles “Yeah Yeah”. Outras músicas que não podiam faltar naquela noite e estão presentes no álbum, foram “Jackie”, “City” e “Leave Me Alone”. Apesar de ter casa cheia, o público presente apoiou 100% as bandas, o que é algo valorizador para as bandas underground receber tal feedback.

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AGENDA VERSUS ARCH ENEMY

[ 21 / 22 DE MAIO ]

SMS FEST 2015 [ 12-13-14 DE JUNHO ]

HELL IN SINTRA

MAI O

JUNHO

JULHO

01 / 02 -

04 -

03 / 04 / 05 -

PRIMORDIAL + ENTOMBED AD + SHINIG + IMPALED NAZARENE + FLESHGOD APOCALYPSE + ENTHRONED + GUTALAX + SKULL FIST + BENIGHTED + AHAB + SKYFORGER + BONG + INTERNAL SUFFERING + NIGHTBRINGER + SUMA + ZOM + INCINERATE + ZATOKREV LVCIFYRE + RDB + CLAUSTROFOBIA + BLEEDING DISPLAY + MIDNIGHT PRIEST + EMPTINESS + KILIMANJARO + GRIME + NEUROMA + EQUALEFT + OROK Barroselas, XVIII SWR Metalfest 09 - CANCER + BLEEDING DISPLAY + DERRAME + SHORYUKEN - RCA Club, Lisboa 15 / 16 HOLOCAUSTO CANIBAL + BASEMENT TORTURE KILLINGS + SWITCHTENSE + FOR THE GLORY + PRIMAL ATTACK + SERRABULHO + CROSSED FIRE + EVIL IMPULSE + PUSH + IRAE + CHALLENGE + EXTREME RETALIATION + GENNOMA + DIABOLICAL MENTAL STATE + IODINE + TABERNA + GATOS PINGADOS - RCA Club, Lisboa 19 - EMMURE + CALIBAN + THY ART IS MURDER + SWORN IN Lisboa

-

21 -

ARCH ENEMY + TBA Garage, Lisboa

22 -

RCA Club,

-

Paradise

ARCH ENEMY + UNEARTH + DRONE

-

Hard Club, Porto 29 - BLAME ZEUS; + MOONSHADE + DEBUNKER + ASHES REBORN Metalpoint, Porto 30 - SONNEILLON BM + FURCAZ + HUMANPHOBIC + REPTILE Porto

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Metalpoint,

WEEDEATER + TODAY IS THE DAY +

WELLS VALLEY

05 05 -

-

RCA Club, Lisboa

BLACKALLICA

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RCA Club, Lisboa

STUCKER + MELGAZARRA - Side B, Benavente 06 - CAMERA + WELLS VALLEY + WRY + TERMO REI + OSSOS D’OUVIDO - Side B, Benavente Reverence Festival Party 12 / 13 / 14 - THE VARUKERS + DESPISE YOU + NORTHLAND + CHILDREN OF TECHNOLOGY + CORPUS CHRISTII + NECRO DEATHMORT + ALBEZ DUZ + QUINTETO EXPLOSIVO + CHIENS + VAITE FODER + REVOLUTION WITHIN + TEETHING + KILLIMANJARO + ABATON + SEDNA + INFRA + JIBÓIA + EQUATIONS + ANALEPSY + MARVEL LIMA + MOTHER ABYSS + INQUISITOR + TERROR EMPIRE + PAULO COLAÇO + COAT OF ARMS + VIKINGORE + MORDAÇA + SATANIZE Beja, Santa Maria Summer Fest 13 - BETRAYING THE MARTYRS + DESOLATED + COLDBURN + THE YEAR + CARCER CITY - RCA Club, Lisboa 14 - THE LAST OF THEM + PUNCHDOWN + ASHES & WAVES + HAPPY FARM Metalpoint, Porto 20 - QUINTETO EXPLOSIVO + TABERNA

[ 03-04-05 DE JULHO ]

SHADOWSPHERE + EQUALEFT + NEOPLASMAH + BLEEDING DISPLAY + VIZIR + BURNDAMAGE + SHOURYOKEN + ADVOGADO DO DIABO + THE LAST OF THEM + THE AUTIST + EMMA + HOURSWILL + SUNYA + OVERCOME THE SKY + FROST LEGION + MADAME VIOLENCE + TREPID ELUCIDATION + MONOLITH MOON + LAYOVER + YETI + KING’S N FOOLS - Sintra, Hell in Sintra 2015 04 - EYEHATEGOD + BESTA + CROSSED FIRE

04 -

-

RCA Club, Lisboa THE QUARTET OF WOAH + CAELUM’S

EDGE + TBA

13 15 -

-

Side B, Benavente

GOJIRA - MEO Arena, Lisboa CANNIBAL CORPSE + SUICIDE

SILENCE - Paradise Garage, Lisboa 15 - CABEÇA DE MARTELO + PETER & THE TEST TUBE BABIES + RENEGADOS DE BOLIQUEIME + FUNERAL DRESS + THE RESTARTS + FACÇÃO OPPOSTA + GRITO! + BOOZE & GLORY + MANCHA NEGRA + THE TOASTERS + KLASSE KRIMINALE + SELF-RULE + NON SERVIUM + BAD CO. PROJECT + ESKIZOFRÉNICOS + COME CACOS + SUBHUMANS Esmoriz, Esmoriz

+ SMASH SKULLS - Side B, Benavente 27 - SATANIC WARMASTER + IRAE + VIZIR + INTHYFLESH + RAVENSIRE + THERIOMORPHIC + CRUZ DE FERRO + MACHINERGY + SPEEDEMON - Side B, Benavente Sardinha de Ferro

27 -

SNOT + SUNFLOWER DEAD Club, Lisboa

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RCA

PRÓXIMA JULHO | 2015

BETWEEN THE BURIED AND ME | WEB POWERWOLF | NATIVE CONSTRUCT SEGUE A VERSUS MAGAZINE NO FACEBOOK facebook.com/versusmagazinepage www.versusmagazine.pt versusmagazinept@gmail.com

6 8 / VERSUS MAGAZINE

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Praia

de




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